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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIS

UNIDADE UNIVERSITRIA DE IPOR

LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA

LETCIA MARTINS SIQUEIRA

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ANLISE DE DOIS MICROCLIMAS URBANOS: UM ESTUDO

REALIZADO EM IPOR E DIORAMA-GO.

IPOR

2012

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIS

UNIDADE UNIVERSITRIA DE IPOR

LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA

15

LETCIA MARTINS SIQUEIRA

ANLISE DE DOIS MICROCLIMAS URBANOS: UM ESTUDO

REALIZADO EM IPOR E DIORAMA-GO.

Trabalho de concluso apresentado

Universidade Estadual de Gois,

Unidade Universitria de Ipor, como

exigncia parcial para a concluso do

curso de graduao em licenciatura

plena em geografia.

Orientador: Prof. Esp. Washington Silva Alves

16

IPOR

2012

17

Dedico

Dedico este trabalho a minha filha Maria Eduarda

minha famlia, amigos, professores

18

E todos os estudiosos da Climatologia Urbana.

AGRADECIMENTOS

A Deus que me concedeu a vida e a fora de continuar aprendendo.

Aos meus pais Sebastio Lemes Siqueira e Santana Martins de Oliveira Siqueira, pelo apoio em todos

os momentos e pelo amor dedicado que me tornou a pessoa que sou hoje.

A minha irm, Larcia Martins Siqueira, pelas horas que dedicou a me ouvir.

A minha filha amada, Maria Eduarda Martins Pires, que por muitas vezes tive que priorizar este

trabalho ficando-lhe ausente o carinho a ateno e dedicao.

Ao meu companheiro e cmplice, pelo apoio incondicional em todos os momentos.

Ao Prof. Do. Valdir Specian, pelo material emprestado que me auxiliou bastante para o

desenvolvimento desse trabalho.

19

Ao Prof. Mest. Washington Alves, pelo aceite de orientao, confiando no meu trabalho enquanto

desbravadora nas questes de Clima Urbano, e acima de tudo pelos ricos conhecimentos no campo

da Climatologia.

A todos os amigos de turma, pelos momentos de alegrias e angstias compartilhadas, frutos de uma

amizade sincera.

todos os meus mestres (do Ensino Fundamental ao Ensino Superior) muito obrigada pelos

ensinamentos e, sobretudo por contriburem para que eu me tornasse mais humana.

E por fim, a todos que utilizaram este trabalho de forma efetiva para o aprimoramento de seu

conhecimento acadmico ou profissional, por tornar esse trabalho til e no reneg-lo a um simples

volume na prateleira da universidade.

20

Quanto mais cidade cresce, menos as condies naturais so nela

respeitadas. Por condies naturais entende-se a presena, em proporo

suficiente, de certos elementos indispensveis aos seres vivos: Sol, espao,

vegetao. Uma expanso sem controle privou as cidades desses alimentos

fundamentais de ordem psicolgica e fisiolgica. O indivduo que perde contato

com a natureza diminudo e paga caro, com a doena e a decadncia, uma

ruptura que enfraquece seu corpo e arruna sua sensibilidade, corrompida pelas

alegrias ilusrias da cidade.

Le Corbusier

(A Carta de Atenas, So Paulo: Hucitec/EDUSP, 1993)

21

RESUMO

As cidades de Ipor-GO e Diorama-GO, localizadas no Oeste goiano, possui um clima

tropical mido com dois perodos bem definidos, perodo de chuva que vai de setembro

abril e o perodo de seca que vai de maio agosto. Segundo Nimer (1979), a regio centro-

oeste caracterizada pelo clima quente, e que os dias possuem temperaturas elevadas que

pode ocorrer mximas de 40C. Nesse contexto, este trabalho tem por objetivo analisar a

influncia das reas verdes na temperatura e umidade relativa do ar em reas urbanas. Foi

adotado neste estudo a anlise rtmica para estudar o microclima de duas reas. Foram

utilizados mini abrigos e termohigrmetros para a coleta de dados para coletar dados de

temperaturas e umidade do ar de duas reas na cidade de Ipor e duas reas na cidade de

Diorama, onde em ambas as cidades foram selecionados dois pontos com arborizao e dois

pontos sem vegetao. A coleta foi realizada por um perodo de 15 dias, que se estende do dia

22/07/2012 a 05/08/2012 em trs horrios distintos, 09h, 15h e 21h. Os resultados nos mostra

que na cidade de Ipor, os ndices de temperatura foram menores na rea arborizada,

chegando a registrar diferenas de 4,4C em relao rea desprovida de vegetao. Os

ndices de umidade permaneceram mais elevados na rea arborizada chegando a obter 17% de

diferena em relao aos ndices registrados na outra rea analisada. Na cidade de Diorama,

os ndices de umidade de temperatura tambm se manteve menor nas reas arborizadas,

chegando registrar diferenas de 3C em relao reas desprovida de arborizao. Os ndices

de umidade permaneceram mais elevados na rea arborizada chegando a obter 10% a menos

que o registrado no ponto 2, fato visto que a arborizao interfere nos padres de temperatura

e umidade relativa do ar entre os dois pontos.

Palavras-chave: Clima-urbano; Arborizao Urbana; Temperatura e Umidade Relativa do

Ar.

22

ABSTRACT

The cities of Ipor-GO and Diorama-GO, located in western Gois, has a humid tropical climate with

two well-defined periods, the rainy season that runs from September to April and the dry season

from May to August. According to Nimer (1979), the Midwest region is characterized by hot weather,

and the days have temperatures that can occur maximum of 40 C. In this context, this paper aims

to examine the influence of green areas on temperature and relative humidity in urban areas. It was

adopted in this study rhythmic analysis to study the microclimate in two areas. We used mini shelters

and termohigrmetros for data collection to collect data from temperature and air humidity in two

areas in the city of Ipor and two areas in the city of Diorama, where the city of Ipor two points

were chosen, one with vegetation and other without vegetation and Diorama also two points with

one another without afforestation and reforestation. Samples were collected for a period of 15 days,

extending the day 22/07/2012 will 05/08/2012 at three times, 09h, 15h and 21h. The results shows

that the city of Ipor, temperature indices were lower in the wooded area, reaching record

differences of 4.4 C in thier area devoid of vegetation. The humidity levels remained higher in the

wooded area coming to get a 17% difference from the levels registered in another area analyzed. In

the city of Diorama, the temperature humidity index also remained lower in wooded areas, reaching

record difference of 3 C in thier areas devoid of trees. The humidity levels remained higher in the

23

wooded area coming to get 10% less than recorded in Section 2, since the fact interferes arborization

patterns of temperature and relative humidity between the two points.

Keywords: Climate-urban, Urban Forestry; Temperature and Relative Humidity of Air

SUMRIO

INTRODUO: ..................................................................................................................... 09

24

OBJETIVO GERAL ................................................................................................................. 11

OBJETIVO ESPECFICO ......................................................................................................... 11

1.O ESTUDO DO CLIMA URBANO ........................................................................................ 12

1.1 O SISTEMA CLIMA URBANO .......................................................................................... 15

1.2 AS ESCALAS DO CLIMA .................................................................................................. 16

1.3 O CLIMA URBANO EM CIDADES DE MDIO E PEQUENO PORTE ................................... 17

1.4 O PAPEL DAS REAS VERDES NOS CENTROS URBANOS ............................................... 19

1.5 OS MECANISMOS DE TEMPO QUE ATUAM NA REGIO

CENTRO-OESTE .................................................................................................................... 20

2. MATERIAL E MTODO ..................................................................................................... 22

2.1. CARACTERIZAO DA REA DE ESTUDO ...................................................................... 22

2.2. METODOLOGIA ............................................................................................................. 24

3. RESULTADOS E DISCUSSES........................................................................30

3.1. RESULTADOS COLETADOS EM IPOR.....................................................30

3.1.1. TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA DO AR S 9h......................30

3.1.2. TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA DO AR S 15h....................33

3.1.3. TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA DO AR S 21h....................36

3.2. RESULTADOS COLETADOS EM DIORAMA.............................................38

3.2.1.TEPERATURA E UMIDADE RELATIVA DO AR S 9H.........................38

3.2.2. TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA DO AR S 15H...................40

3.2.3. TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA DO AR S 21H...................42

CONCLUSO..........................................................................................................44

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.....................................................................46

25

INTRODUO

O presente trabalho tem como objetivo a analise do processo de segregao espacial

ocorrido na cidade de Ipor-GO, tendo como foco a comparao entre dois bairros, o Setor

Bela Vista e o Setor Santo Antonio.

Estudar a forma de organizao das cidades tem sido alvo de estudo por parte de

vrios gegrafos, arquitetos urbanistas ente outros estudiosos. Neste sentido compreender a

organizao da cidade e a forma com que ocorre a atuao das polticas pblicas municipais

se torna algo de grande importncia, pois atravs dessas anlises possvel identificar as

disparidades sociais, econmicas e infraestruturais encontradas nas cidades.

Pois como afirma Santos (1996) planejar sem o apoio e a criao de polticas pblicas

que contemplam as proposta do planejamento, a ideia de planejamento fica de forma intil.

Este tema visa refletir a realidade do espao urbano no municpio de Ipor-GO,

visando as contradies geradas pelo crescimento urbano desordenado, o que por um lado

beneficiam alguns, e provoca a excluso espacial de outros. Esta pesquisa permitir a

identificao da relao populacional e suas diferenas dentro do espao urbano, diferenas

estas notveis aos olhos humanos. Visa expor os problemas estruturais e populacionais

buscando destacar sua importncia, alm de levantar alguns dos problemas urbanos presentes

em nossa cidade, principalmente no que se refere segregao espacial.

A metodologia usada tem como base a reviso bibliogrfica de assuntos pertinentes ao

tema trabalhado nesse trabalho e tambm o IBGE. Alm da reviso bibliogrfica essa

pesquisa se baseou em fontes documentais da prefeitura da cidade.

Foi utilizada uma reviso bibliogrfica de vrios autores contemporneos, autores que

abordam o processo de produo do espao e a formao da segregao scio-espacial urbana

como: A cidade: Ana Fani Alessandri Carlos, A Urbanizao Brasileira : Milton Santos,

Moradia nas cidades Brasileiras Arlete Moyss Rodrigues, Geografia Urbana: David

Clark, Roberto Lobato Corra O espao urbano, dentre outros autores que tratam sobre a

temtica caracterizando a formao e estruturao das cidades brasileiras. Com isso busca-se

compreender possveis elementos responsveis pela transformao scio-espacial urbana na

cidade de Ipor. Para isso tambm est sendo realizada uma pesquisa de campo, atravs da

aplicao de questionrios e tambm levantamento fotogrfico.

Procura-se com base nos questionrios entender a estrutura de forma qualitativa, assim

os grupos compostos, de um lado o Setor mais bem estruturado e de outro a classe menos

26

favorecida. Ao analisar as respostas procura-se entender o panorama do processo de

segregao scio-espacial na cidade de Ipor, atentando para suas causas e consequncias na

vida cotidiana dos moradores.

A segregao espacial antes era analisada em cidades com grande porte conhecidas

como cidades grandes, mas com o passar do tempo e com o crescimento notrio das cidades

mdias e pequenas esse processo tambm pode ser observado e visualizado em outras cidades.

Sendo assim, busca-se analisar e aplicar esse conceito em cidades de pequeno porte como a

cidade de Ipor.

Para o alcance do objetivo proposto o trabalho ser estruturado em trs captulos. O

primeiro traz uma reviso bibliografia da viso de alguns autores com Milton Santos (2005),

Corra (1994) Carlos (1992) dentre outros. O primeiro captulo troou um panorama sobre o

processo de urbanizao no Brasil e em Gois. O segundo captulo retrata o uso e ocupao

do solo urbano e as marcas do processo de segregao espacial. O terceiro captulo fez-se uma

descrio dos setores Bela Vista e Santo Antonio, foi realizado um questionrio como auxilio

dos prprios moradores o que serviu para conhecer a realidade presente o que comprovou e

certificou que cidade de Ipor realmente passa por um lento processo de segregao espacial.

OBJETIVOS

Geral

27

Avaliar o processo de segregao scio-espacial na cidade de Ipor-Go.

Especficos

Comparar as caractersticas socioeconmicas e infraestruturais do Setor Bela Vista e do Bairro Santo Antonio.

Analisar a atuao das polticas pblicas municipais para cada bairro;

Buscar consideraes que possam contribuir para o planejamento urbano municipal;

28

1. BREVE HISTRICO SOBRE O PROCESSO DE URBANIZAO NO BRASIL

Vale lembrar que no Brasil o IBGE1 reconhece com cidade, aglomerados que cumpri

o papel de abrigar sede de unidade de gesto administrativa como prefeitura, rgos ou

instituies governamentais, sendo que, o aglomerado que no tiver estes requisitos no cabe

atribuir como nome de cidade.

O processo de urbanizao no Brasil teve inicio no governo de Getlio Vargas, na

dcada de 1930, a economia na poca se baseava na expanso cafeeira o que representa o

primeiro surto para o desenvolvimento industrial.

Com o declnio da economia cafeeira por falta de mercado para comercializao da

produo, devido a quebra da bolsa de valores de Nova York, o que refletiu no mundo todo.

No Brasil principalmente porque os Estados Unidos(EUA) era o maior consumidor e

a Europa, ento governo logo viu a necessidade de investir na industria de base como a

siderurgia e metalrgica para movimentar e revitalizar a economia.

considerado recente o processo de urbanizao no Brasil, especificamente em

Gois o processo de urbanizao esta ligado diretamente ao ciclo da minerao e as atividades

agropecurias, outro fator importante a construo do eixo Goinia e Braslia.

A partir da dcada de 1950 intensificou a luta por um pas industrializado, o governo

de JK(Juscelino Kubitscheck) foi o marco para esse desenvolvimento, o governo JK tinha

como meta 50 anos de progresso em cinco de realizaes, abriu-se as portas do mercado

brasileiro, isso provocou a entrada de indstrias estrangeiras no pas.

Outro plano traado no governo JK era necessidade de centralizar o poder do

pas(econmico e poltico ) ento a atual capital que ficava no Rio de Janeiro passaria a ser

em Braslia, isto porque pretendia-se desenvolver a regio central do pas, ento tratou de

separar regionalmente Braslia(ncleo das decises polticas) do eixo Rio e So Paulo(ncleo

econmico).

O governo bancava o capital para o investimento em infraestrutura e tambm para a

produo de insumos bsicos o que dava condies para o crescimento econmico da regio,

1 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

29

a construo de Braslia tambm propiciou um crescimento em infraestrutura e em

decorrncia disso uma maior ocupao na regio Centro-Oeste, visto que o processo de

industrializao esta ligado diretamente nas modificaes e transformaes das cidades.

Mas foi a partir de 1970 a pouco mais de 40 (quarenta) anos que os dados censitrios

revelam que a populao urbana se tornou maior que a rural, processo esse que ficou

conhecimento com xodo rural, que a vinda do homem do campo para a cidade, em busca

de uma qualidade de vida melhor, essa era a ideologia da poca onde morar na cidade

significava viver bem, isso provocou um inchao nas cidades, pois muitos acreditavam que

agora viver bem era morar na cidade.

Com o avano industrial intensificou a urbanizao o que provocou a sada do

homem do campo para viver na cidade em busca de trabalho, salrio e melhores condies de

vida o que provocaria uma migrao no somente nos grandes centros, mas tambm em

cidades pequenas.

Sendo assim, o processo de urbanizao e a industrializao foram associados

sociedade que se urbanizava na medida em que se industrializava. Surgem ento as grandes

metrpoles com mais de 100mil habitantes, onde Santos (1996) aborda dizendo que: [...] isso

ocorre paralelamente chegada de novas aglomeraes a categoria de cidade grande e de

cidade intermediaria. Um porcentual cada vez mais expressivo da populao que vivem em

ncleos com mais de 20 mil habitantes vai, agora, para as grandes cidades mdias. (SANTOS,

1996, p.93) [...].

Ento, a cidade tida com cidade mdia tem sua importncia na configurao do

espao que se d de forma a sustentao que a cidade desempenha na rede urbana. Essa

urbanizao crescente fez com que as reas metropolitanas tornassem as principais reas

econmicas e administrativas do pas, tornando significativas na oferta de servios e produtos

e na multiplicao do capital, as reas que compe o seu entorno tambm tem papel

fundamental nas aes e intervenes no espao.

Sem polticas que regulamentasse esse crescimento, as cidades cresceram de forma

desordenada com vrios problemas como moradia, sendo que nas grandes cidades a um

aumento muito grande de favelas. Esse crescimento populacional provoca um aceleramento

no processo urbano fazendo com que aumente as redes urbanas, em geral nas cidades medias

e grandes, um fator importante que deve ser considerado que o territrio brasileiro

marcado pelas desigualdades regionais e sociais, e nas atividades econmicas.

30

1.1 O processo de urbanizao em Gois a partir do sculo XX

O sculo XX um marco para o desenvolvimento do Estado de Gois, por que at

ento o estado era visto sem infra-estrutura, sem condies de crescimento, pois o territrio

apresentava uma ocupao rural, agricultura de subsistncia uma vez que a produo local era

direcionada para o consumo, e a pecuria extensiva, at aqui o Estado no tinha despertado

para desenvolvimento econmico, no conseguia acompanhava o crescimento econmico se

comparando com outras regies do pas.

Em 1930 no governo de Getulio Vargas que o Estado comeava a despertar para o

crescimento, governo oficializou incentivo ao povoamento para regio, chamado marcha

para oeste, com isso promoveu a construo de rodovias, ferrovias e eliminou as taxas

alfandegrias, buscava articular a produo principalmente na regio sul e sudoeste.

A busca pelo desenvolvimento agora acontecia de forma articulada e planejada. Esse

planejamento buscava movimentar a economia, de forma que ate o cerrado tornasse uma fonte

de renda lucrativa e produtiva. A cidade passava a ser lcus, e o cerrado foi se transformado e

tornou se um lugar de grandes plantaes, o lugar que antes era considerado rural agora se

tornava agrcola. Segundo Santos (1996, p. 6) apud Alves (2008), Com a descoberta do

cerrado, graas revoluo tcnico-cientfica criam-se as condies locais para uma

agricultura moderna, um consumo diversificado e, paralelamente, uma nova etapa da

Urbanizao.

At a terra que antes era considerada improdutiva, fraca, com o avano tcnico e

cientfico (maquina, calcrio) a terra se tornaria muito produtiva boa para plantao de gros e

mais recentemente a plantao de cana-de-acar e soja o que implantaria tambm o

agronegcio. Vale ressaltar tambm as linhas de crditos e o incentivo fiscal que o governo

federal e estadual destinava.

Gois crescia tanto na agricultura como na pecuria, as tecnologias inseridas no

campo provocou um aumento na produtividade, isso contribuiu de forma incisiva no

desenvolvimento regional. As mudanas que ocorria no Estado devido a modernizao

agrcola, gerada pela Revoluo verde.

Ento Gois com sua economia aberta aos mercados tanto nacional como

internacional tem criado condies de expanso nos setores. Com o desenvolvimento do

Estado e a construo de Braslia no governo JK provocou uma migrao para o centro oeste

goiano no sentido rural-urbano. A economia goiana crescia, crescia tambm o potencial do

31

Estado. Segundo os dados do IBGE no ano de 2005 o Estado torna-se o terceiro maior

produtor nacional de soja.

Devido mecanizao da agricultura, a migrao do campo, isso modifica a

distribuio do crescimento demogrfico do estado goiano, sendo assim, BEAUJEU coloca:

A urbanizao o movimento de desenvolvimento das cidades, simultaneamente em

nmero e em tamanho, isto , o desenvolvimento numrico e espacial das cidades,

ocupa se de tudo o que est ligado a progresso direta do fenmeno urbano, e transforma, pouco a pouco as cidades, ou os arredores e, frequentemente umas e

outras.(BEAJEU, 1980, p.24).

Com todo esse progresso e desenvolvimento, tambm traz consigo os problemas

sociais urbanos, como um aumento das periferias e o processo de metropolizao onde a

capital Goinia passa hoje pelo processo de inchao urbano.

Carlos (1994) afirma que: [...] A cidade enquanto construo humana, produto

social, trabalho materializado, apresenta-se enquanto formas de ocupaes. O modo de

ocupao de determinado lugar da cidade se d a partir da necessidade de realizao de

determinada ao, seja de produzir, consumir, habitar ou viver. (CARLOS, 1992, p.45) [...].

Sendo assim o processo acelerado da urbanizao e da industrializao, e a migrao

campo/cidade ou cidade/campo contribui diretamente para transformaes dentro da cidade,

provocando uma modificao na sua estrutura social. O movimento urbano acontece assim,

tanto de forma espacial quanto numrico, onde as pessoas ocupa se deste lugar visando uma

melhor qualidade de vida e de oportunidades, fazendo com que haja mobilidade na estrutura

da cidade.

32

1.2 - A caracterizao espacial das cidades de pequeno porte

So considerados recentes os estudos realizados sobre cidade de pequeno porte, onde

os estudos esto voltados mais para cidades de mdio e grande porte. Segundo a classificao

do IBGE, so consideradas cidades pequenas aquelas que possui uma populao inferior a

100.000 mil habitantes. Segundo os dados do IBGE (2011) das 5.507 cidades brasileiras,

4.646 so classificas como cidades de pequeno porte.

Isso no quer dizer que as cidades de pequeno porte no faa parte das questes

urbanas, a existncia e formao destas cidades influenciam e causam impactos diretos tanto

no espao fsico, econmico e social. J nas cidades grandes o seu funcionamento complexo

por concentrar maiores nmeros de atividades ligas aos bens e servio, sua economia

moderna o que no visvel nas cidades de pequeno porte.

Para Santos (2005) a cidade grande revela uma crescente associao com a pobreza,

pois se torna lugar de todos, todos os tipos de trabalho, marginais, ou seja, revela sua forma

de urbanizao catica.

Santos (1996) tambm classifica a cidade pequena como um aglomerado, onde se

vive com o mnimo (alimentao, capital, sade) fator que influencia diretamente no

cotidiano, ou seja, no dia a dia destas pessoas, para o mesmo, o crescimento destas cidades

depende diretamente da economia local.

Diante disso observa que os municpios no esto isolados entre si, mas depende

muito do contexto e o perfil econmico, social, que rege o seu entorno ou presente nas regies

prximas.

Outro processo de especializao para as cidades pequenas o company town,

abordada por Corra, (1995) que significa cidade de companhia, onde o local de produo

de uma nica empresa de grande porte, geralmente ligada aos setores de metalurgia e cimento

entre outros, para o mesmo, a especializao resulta no processo de uma base territorial,

criada e financiada para atender a demanda das grandes empresas, isso implica no controle

total da cidade at mesmo no que se refere ao dia a dia da populao.

Isso porque para a produo da cidade necessrio a produo para habitao, e

estas empresas esto ligadas a edificaes das reas residenciais, seja ao grandes proprietrios

(imobilirias) ou pelo pequeno proprietrio (casa).

33

Poderamos introduzir esta comparao na cidade de Ipor, como por exemplo a rede

Smart a qual o Barato faz parte, uma rede de uma grande corporao de Supermercados,

como aborda Corra, estas corporaes vem para as pequenas e mdias cidades em locais

estratgicos e muda completamente a forma e a movimentao dos moradores, quantas

pessoas ou grupos familiares saem das cidades vizinhas e at mesmo os prprios moradores

daqui deixa os pequenos mercados prximo as suas residncias e vem fazer suas compras no

Barato, visto que l quase todos os produtos se encontra em uma grande variedade,

proporciona tambm uma movimentao no setor tercirio, na grande maioria os funcionrios

da cidade ocupa-se destes cargos.

Corra (1995):

Refere se a pequena cidade com aquela que nasce a partir da formao gnica, ao de agentes sociais, elementos motivadores, que provoca a necessidade de

ncleo de povoamento. E por meio deste ncleo, a populao dividi se em propores, e atividades ligadas ao meio urbano e rural. Isso provoca uma ligao

urbano rural, sem que haja um limite para os dois. O autor valoriza a presena das funes polticas administrativas, onde presena da classe dominante interfere diretamente nas questes urbanas. Observa que os pequenos ncleos urbanos

perderam ou deixaram os de lado o carter buclico ou a sua forma pacata, onde

favelas, violncia no existe, mas enquanto problemas estes esto se alastrando de

forma alarmante, e o poder publico continua a sua administrao sem conhecer a

fundo a real necessidade scio - espacial. (CORRA, 2009, p.85-86).

visto que nas pequenas cidades carece de planejamento visando qualidade de

vida da populao, onde o crescimento econmico beneficia um parte da sociedade , deixando

uma outra parte menos desfavorvel, ampliando assim as desigualdades sociais, visto que as

urbes(cidades) apresenta cada vez mais problemas urbanos o que visto visivelmente dentro

das grandes cidades como desemprego, educao entre uma outra serie de fatores.

Trocas so estabelecidas e feitas, mas a cidade no permanece isolada, seja qual for

sua funo, ela exerce um papel importante dentro da rede que caracteriza ela como uma urbe.

(CORRA, 2004).

Para Beaujeu Garnier (1980) aborda:

O importante considerar que a cidade, concentrao de homens, de necessidades,

de possibilidades de toda a espcie (trabalho, informao), com uma capacidade de

organizao e transmisso, ao mesmo tempo sujeito e objeto. Enquanto objeto a

cidade existe materialmente; atrai e acolhe habitantes aos quais fornece, atravs da

sua produo prpria, do seu comrcio e dos seus diversos equipamentos, a maior

parte de tudo o que eles necessitam; a cidade o lugar que favorece os contatos de

toda a natureza e maximiza os resultados; a cidade contribui essencialmente para a

dupla ligao entre o espao perifrico que mais ou menos domina e o espao

longnquo com a qual mantm ligaes complexas. (BEAUJEU-GARNIER, 1980,

p. 21-22.)

A cidade se torna o espao das relaes seja ela por meio do trabalho ou por meio

das ligaes sociais, visto que a lcus refere se a produo cotidiana das pessoas, o arranjo

34

espacial ocorre em decorrncia dessas atividades, como lazer, trabalho, educao, ou seja,

uma vez humanizado esse espao refletir na sua estrutura, organizao o padro de

desenvolvimento das relaes sociais.

35

2 UMA VISO SOBRE O USO E A OCUPAO DO SOLO URBANO

Para Carlos (1994) a cidade enquanto produo social construo humana, apresenta-

se enquanto formas de ocupaes, onde dentro da cidade em um determinado lugar, a

ocupao se d a partir da ao, seja de produzir, consumir, habitar ou viver.

Consequentemente a isto, o uso do solo urbano se faz necessrio dentro do processo

capitalista da forma de ocupao de um determinado lugar na cidade. Faz-se necessrio

porque o ser humano precisa de um lugar para viver. Mas isso no significa somente o ato em

se de ocupar o espao, mas de produzir neste espao.

Dessa forma o espao urbano valorizado a partir de sua localizao e pela

qualidade de sua infraestrutura seja ela privada ou pblica. Os investimentos pblicos tm

como objetivo garantir a qualidade de vida dos cidados que ocupam um determinado espao

dentro da cidade.

Para Carlos (1994) a cidade antes de tudo uma concentrao de pessoas exercendo

diferentes funes, seja pela diviso social do trabalho ou por atividades complementares

visando uma disputa de usos.

A produo do espao urbano esta inteiramente ligada aos interesses de agentes

ligados ao capital e suas facetas. O espao urbano construdo a partir das relaes sociais

que envolvem este meio considerado artificial.

A utilizao do solo urbano destinado a um determinado grupo de pessoas, sendo

elas consideradas aptas a ter condio de pagar pelo uso do solo urbano, visto que a excluso

social ocorre devido a esse fator, nas cidades grandes isto ocorre de forma mais visvel, mas,

sendo Ipor uma cidade pequena a realidade local proporciona que esses grupos possam

usufruir tambm deste espao, pois trabalham na maioria e possuem uma renda familiar no

final do ms.

Sendo assim o capital reproduz no espao, fazendo com que acontea a

industrializao, urbanizao e a segregao urbana, com isso busca a adequao aos novos

hbitos j que os fluxos populacionais se tornam cada vez mais dinmicos.

36

Carlos (1994) coloca que:

O uso do solo urbano ser disputado pelos vrios segmentos da sociedade de forma

diferenciada, gerando conflitos entre indivduos e usos. Esses conflitos sero

orientados pelo mercado mediador fundamental das relaes que se estabelecem na

sociedade capitalista, produzindo um conjunto limitado de escolhas e condies de

vida. (CARLOS, 1992, p. 46,47).

Sendo assim, a localidade dentro do espao urbano articular a forma e o preo de

uso do solo, isso determinar as desigualdades e as hierarquias dentro da paisagem urbana.

Para Corra (1995) o uso intensivo do solo trata da rea de maior ocupao e

concentrao das atividades econmicas, sendo que o setor tercirio o de maior destaque, j

o uso semi intensivo refere se as atividades comerciais de pequeno porte como atacadistas,

comerciantes e pequenos empresrios que circulam reas prximas aos grandes centros.

A partir disso, o uso do solo esta sendo analisado com base nas classificaes dos

setores produtivos (indstria e comercio) e as reas residenciais.

Nas reas tidas com os processos residenciais necessrio que o proprietrio e

individuo pague por ela seja por meio do aluguel ou compra, para apropriao do produto.

Neste caso tratamos do espao como uma mercadoria, seja pelo valor de compra ou

troca.

Nesse processo de apropriao d-se o direito ao cidado de uma determinada classe

se beneficiar de reas melhores, excluindo os demais para zonas perifricas e longe dos

grandes centros, fazendo com que ocorra o processo de segregao espacial, diferenciado as

classes nos seus poderes econmicos, social e poltico.

Os mecanismos (capital) usados determinaram os grupos sociais, como localizao

do terreno e a distribuio do acesso s reas com maiores regalias tais como: hospitais,

escolas, supermercados, rea para o lazer e infraestrutura como gua, luz, esgoto, ruas

asfaltadas, iluminao, transporte e reas verdes, tudo isso refletir no preo do terreno.

Quanto maior for a reproduo do espao maior ser o seu valor comercial, seja pelo

sistema, grau de crescimento demogrfico, utilizao do solo, ou pelas polticas de

zoneamento.

Para Corra (1995) alguns fatores fazem com que acontece uma maior repulso ou

atrao para reas centrais, so elas:

Fatores de Repulso o aumento do preo da terra, altos impostos, custos elevados do sistema de comunicao e transporte, e perdas e ausncias de

amenidades;

Fatores de Atrao baixos preos acessveis a uma parcela da populao de baixa renda, amenidades. (CORREA, 1995, pag.4).

37

Esses fatores contribuiram diretamente para o processo de atrair ou retrair a

populao, seja pelos fatores positivos ou negativos, levando em considerao os fatores

positivos locais onde possui um bom ndice de emprego, condies e facilidades, sendo os

fatores negativos locais onde o numero de emprego so mnimos ou quase nenhum.

Para Carlos (1992) as reas centrais em sua maioria so habitadas por uma classe tida

como superior, mas nessas reas que afloram aspectos negativos como barulho, poluio

sonora e visual.

E no contexto atual as pessoas esto necessitando de uma qualidade de vida melhor

elas procuram lugares sossegados e tranqilos.

Tal configurao decorre de dois modos de uso do solo: primeiro vinculado ao

processo de produo e reproduo do capital, segundo vinculado a reproduo da

sociedade, tanto da fora de trabalho (enquanto exercito industrial ativo, ou exrcito

industrial de reserva). (CARLOS, 1992, p. 49).

Ento o uso do solo o mecanismo de reproduo do capital, onde ele vai indicar os

modos de produo e a apropriao dentro do espao, implicando assim na vida da sociedade

e nos meios de produo.

Se tratando deste espao como moradia, Moyss (1990) coloca que no possvel

fracionar este espao para o uso como se fosse um sapato, pois no tem como voc comprar a

sola, depois o couro, ou seja, no tem como voc ocupar deste espao por um dia, uma

semana ou at mesmo um ms, desprovidos de condies mnimas para desfrutar deste

espao.

Ento se tratando de espao e uso do solo cabe aos proprietrios e futuros

proprietrios analisar e computar todas as questes enquanto preo da terra, material para

construo, e tambm os financiamentos disponveis.

2.1 - Segregao espacial: Definio e como ocorre?

A palavra segregar vem do latim que significa segrego, que ao ser usado d o

sentido de isolamento ou separao, trazendo para o contexto urbano d o sentido de diversas

sociedades com classes sociais distintas.

Santos (1996) coloca que a cidade advm do capital que possibilita as

transformaes na configurao da funo, forma, processo e estrutura da cidade, ento

atravs da segregao socioespacial a classe alta produz e controla o espao urbano de acordo

com seus interesses.

38

Quando se pensa no crescimento urbano por meio da organizao espacial das

classes vm em mente os inmeros problemas enfrentados de ordem social tais como: misria,

violncia, pobreza, economia, poltica entre uma srie de outros fatores.

E por isso que no atual contexto os estudos urbansticos vm se destacando entre o

campo do saberes, e a cidade se torna um agente mediador do seu prprio espao. Isso por

que, sendo a cidade humanizada, esse espao refletir por meio da organizao a

complexidade das relaes sociais.

Com isso, o processo segregao urbana tem uma histria dentro da sociedade, pois

na antiguidade a prpria sociedade da poca j tinha conhecimento das formas de segregao

socioespacial, cidades gregas, romanas, por exemplo, j possua divises polticas e

econmicas.

Neste sentido a segregao pode ser conflituosa e complexa, pois, pode alterar as

caractersticas consideradas tradicionais e socialmente estabelecidas, por isso o estudo de uma

analise das relaes e dimenses so necessrios para uma melhor compreenso, pois a

segregao pode tambm ocorrer de forma estrutural.

A segregao apontada por Clark (1985) o processo pelo qual se refere a

importncia crescente das cidades locais, visto que a concentrao populacional se baseia

numa economia ou em sociedades particulares.

Pois segundo o autor a populao deixa de estar em lugarejos e aldeias e passa a

viver em vilas e cidades. Isso porque ocorre a segregao de uns para que ao mesmo tempo

ocorra a segregao de outros. Ento, a segregao socioespacial a movimentao

populacional dentro do territrio de idas e vindas nos diferentes tempos e formas espaciais

caracterizado pelo uso da terra, razo pela qual o espao urbano produzido por agentes

sociais, e estes exerce o papel de produtores e consumidores do espao.

Visto que a segregao espacial pode ser entendida com diferentes significados

dentro das cincias humanas como deslocamento, movimentao, repartio ela se dividi em

meio s relaes do espao, com a relao entre centros e periferias, diferenciao espacial,

social causando assim a excluso social.

Neste sentido a idia mostrar que os bairros em estudo se diferenciam de um para o

outro com base na relao dos diferentes tipos de segregao.

O primeiro bairro, setor Bela vista, apresenta uma boa infraestrutura publica e

privada, isso no acontece com o Setor Santo Antonio que ainda carente de infra-estrutura.

Sendo a cidade dinmica, pode acontecer que em um momento o espao pode ser

ocupado por um grupo social e em outro dado momento por outro grupo, isso porque pode

39

acontecer que em um determinado momento o espao pode ser mais valorizado que o outro e

vice e versa.

A dinmica espacial sobre a tica imobiliria faz com que acontea a existncia de

novos bairros e novas reas sociais segregadas com um novo estilo de vida sinnimo de uma

diferenciao entre grupos possuidores com rendas e nveis diferentes.

Em Ipor e em outras cidades brasileiras, por exemplo, a populao com menor

poder aquisitivo, reside em reas longe do centro da cidade. Nota se que as reas

Urbanizadas distantes dos centros das cidades so desprovidas de infraestrutura, j no centro

se concentra o comercio local e rgos trabalhistas com operaes financeiras, hospitais, etc.

Dentro dos padres espaciais Kohl (1981) coloca em seu esquema a seguir:

Fig. 1 Esquema de Kohl 1981. Fonte: Corra 1994.

Esquema este, formulado no ano de 1841, onde Kohl caracterizava a formao

espacial das cidades europias e a sua distribuio espacial.

Neste esquema a cidade tinha sua marca com a elite no centro, enquanto a periferia

ficava os pobres, isso porque mobilidade intraurbana era muito limitada, onde o centro era

local de importantes instituies urbanas. Sendo assim, a segregao espacial no ficou

limitada entorno do centro, mas em setores que estavam a partir do centro, enquanto as reas

residenciais com alto status se encontravam em setores de maior amenidade e ao seu redor a

populao de baixo status.

O que podemos observar que, a maneira com que a populao est distribuda

dentro do espao urbano, vai muito pelo acmulo do capital que cada um tem e produz. Isso

no depende somente de caractersticas tnicas, raciais ou culturais, depende muito da forma

de reproduo da fora de trabalho que o capital necessita para reproduzir.

1

2

3

40

A segregao, portanto se d em decorrncia das condies sociais e econmicas,

expresso da organizao social e da produo desigual do espao urbano, que se acentua pelo

processo de (re) estruturao do espao intraurbano, o qual se verifica a redistribuio dos

ricos e a expulso dos pobres, por meio de uma dinmica imobiliria dilaceradora, marcada

pela segregao induzida e pela autossegregao urbana. Se trouxer este contexto para a

realidade da cidade de Ipor, nossa cidade tambm se encontra com a elite no centro e a classe

menos favorecida nas localidades mais afastadas, mas de modo geral, hoje at as classes

consideradas elites, ento vivendo nas regies prximas ao centro da cidade, isso porque a

busca-se uma maior tranquilidade saindo da correria, barulho e da agitao dos grandes

centros.

2.2- Fatores que provocam a segregao espacial

Nas cidades brasileiras as disparidades entre o social e espacial visvel, bairros com

infraestrutura invejvel e com grande luxuosidade e em curta distancia bairros miserveis,

sem nenhuma infraestrutura, graves problemas de saneamento, educao e lazer. Portanto a

segregao urbana relaciona o individuo com o meio no qual ele est inserido, em diferentes

escalas: a rua, bairro e a cidade.

Para Corra (1995) os fatores que provocam e influenciam a segregao espacial

esto inteiramente ligadas s questes que envolvem: Proprietrios e Meios de Produo,

Proprietrio de Terras, Questes imobilirias, O Estado e os Grupos Excludos.

Que aes estes grupos desempenham no papel de fazer e refazer a cidade? Corra

afirma que:

Proprietrios e Meios de Produo consideram as razes de suas atividades onde se consomem um grande espao, onde este espao necessrio que esteja em locais

propicio para suas atividades, sendo eles amplos baratos e que atendam os requisitos

impostos pelas empresas, juntamente prximo a locais onde seja acessvel

populao. Proprietrio de Terras o interesse maior aqui de lucrar em cima de suas propriedades, onde estas tenham o maior nmero de renumerao possvel,

especialmente aquelas de uso comercial ou as de residenciais de auto status. Eles

esto mais focados na questo do valor de troca do que no uso da terra. Isso depende

tambm das polticas que rege o Estado, para que acontea a reproduo do capital,

os investimentos feitos tambm valoriza a terra tais como: campanhas publicitrias,

mostrando e especificando toda a qualidade que a rea oferece. Questes

Imobilirias geralmente as questes imobilirias esto parcialmente ligadas a financiamentos, incorporaes, e em estudos fsicos da rea a ser vendida, visando

uma comercializao do capital mercadoria, para o capital dinheiro, ou seja, o lucro. Geralmente as imobilirias usam de varias estratgias para conquistar o seu

41

cliente tais como: a produo de construo de residncias com o objetivo de atender

a demanda solvvel, e depois juntamente com o Estado torna possvel esta demanda

solvvel para atender outra demanda a no solvvel. Exemplo: FGTS, BNH. Esse

grupo faz com que acontece excluso scio-espacial, onde a classe dominante ter

acesso aos terrenos propicio para rea de lazer, saneamento, rua asfaltada,

iluminao, segurana, transporte, enquanto outra parcela da populao ter acesso a

outros bairros longe do centro da cidade sem ou quase nenhuma infraestrutura. Esse

grupo privilegia somente o capital imobilirio, visto que, as polticas habitacionais

seguem tambm a nova tendncia. O Estado cabe ao mesmo a produo, distribuio e gesto dos equipamentos de consumo coletivo, tambm mediador

para a construo e organizao espacial, onde sua atuao tem sido vista tanto no

tempo como no espao, visto que, a sociedade reflete a parte constituinte. Com isso

o estado dispe de alguns instrumentos como:O direito a terra;Ao uso do solo;Detm

do controle na questo do preo; A limitao da rea de cada

propriedade;Mecanismos de crditos;Abastecimento de gua, luz, telefone, e as

instalaes de redes; quando o mesmo assume este papel cobrado um valor atravs

de impostos e taxas mensais; Sendo que todos os cidados contribuem para a

produo da cidade, seja direto o indiretamente, pagando seus impostos ou taxas ou

na construo de casas.Grupos Excludos so aqueles que no possuem nenhuma condio para alugar ou comprar um imvel. Para Correia este grupo so os

excludos, pois estas pessoas na sua maioria no tem emprego fixo, vive de forma

miservel, vivem em cortios ou favelas. Observa que a pobreza no uma questo

somente econmica, mas, multidimensional, esta ligada diretamente a excluso,

onde acontece na maioria das cidades o crescimento desenfreado, onde esses grupos

so excludos do processo produtivo, sem se quer saber dos seus direitos, sem

identidade, sem acesso as informaes, ou seja, um ser totalmente sem espao.

(CORRA,1995, pag.8-9).

Para Corra este cinco grupos ou estas cinco categorias influenciam diretamente no

processo espacial da cidade, visto que os grupos excludos so aqueles que no tm espao no

poder, isso porque o poder esta inteiramente ligada s foras maiores como a informao,

financiamentos e polticas. Dentro da sociedade atual a uma barreira que impede que a classe

pobre, tida com ignorante e sem cultural, possa ser ouvida ou enxergada.

42

3- UM BREVE HISTRICO DA CIDADE DE IPOR E AS MARCAS DA

SEGREGAO ESPACIAL NA ATUALIDADE.

Consta nos dados histricos que a cidade de Ipor tem sua origem com base nos

Arraiais de Piles, que na poca se encontra as margens do Rio Claro. Com base nos dados da

prefeitura da cidade, Ipor tem suas razes no sculo XVIII, onde neste perodo comeava a

explorao mineral no estado de Gois.

O comercio velho era o nome dado aos pequenos aglomerados de pessoas onde era

representado por grupos de garimpeiros que exploram o minrio da poca que tambm era

conhecido com Rio Claro por estar nas margens do Rio que hoje atual cidade de Israelndia.

De acordo com Gomis (1998) por volta da dcada de 30 surgiu uma nova idia de

mudar o povoado, elegeu uma comisso para organizar e escolher o lugar, onde se tinha o

objetivo de formar novas comunidades urbanas, ento o lugar escolhido hoje a cidade de

Ipor.

Na poca tinham se famlias muitos importantes e de grande nome como Israel de

Amorim que foi decisivo para a existncia da cidade de Ipor, ele era um nordestino grande

consumidor de diamantes que gostou muito de Gois especificamente a cidade de Ipor,

outros que contriburam tambm foi Osrio Raimundo de Lima e Joaquim Paes Toledo que

doou reas para a construo da cidade.

A partir da muitas e novas famlias foram migrando para a cidade de Ipor, onde

Israel de Amorim teve uma grande importncia, pois consta que ele foi o grande divulgador

desta cidade. Segundo relatos da prpria prefeitura, o mesmo lutou pela emancipao da

cidade que tinha como primeiro nome Itajub depois que se tornou Ipor. Segundo relatos do

livro de Gomis (1998) a cidade foi emancipada pela lei Estadual n 249 no ano de 1948

exatamente no dia 19 de novembro de 1948, a 64 (sessenta e quatro anos) atrs.

43

Ao realizar esta analise de dados, tanto histricos como os atuais, percebe-se que a

ocupao das cidades passa por varias transformaes, onde diretamente esta ligada ao capital

e as polticas de habitao que rege estas cidades. Com isso entende-se que a cidade tem na

sua diviso um espao onde de um lado est o capital e de outro o individualismo e o poder

que o setor imobilirio tem hoje no sistema. Devido a estas aes no meio urbano percebe-se

as divises das classes, as altas, mdias e baixas.

3.1 Caracterizaes das reas em estudo

Com base nos dados fornecidos pela Prefeitura de Ipor, os bairros apresentam as

seguintes caractersticas, o Bairro Santo Antonio possui uma rea loteada de 94.483,41m2,

ruas e avenidas com n 44.514.40m2, suas reas verdes de 1.341,89m

2, no sua quantidade total

de lotes tem 224 lotes, sendo 28 de uso comercial e 196 de uso residencial. No loteamento

Jardim Bela Vista, localiza-se entre os loteamentos Vila Maracan, So Vicente, Jardim Arco

Iris, Novo Horizonte II, Mato Grosso e o Terreno da Maonaria (rea onde hoje est a UEG

e a FAI). Possui uma rea de 12.999,29(hectare), com 239 lotes em 18 quadras, sendo que

70,04% so reas residenciais, contendo 26,52% lotes que ainda ento por se tornar

residencial.

Consta nos documentos da Prefeitura que os loteamentos aprovados ps 1980 todos

infligiram a lei federal 67/66 de 79. A lei diz que para fazer um loteamento necessria uma

infraestrutura bsica, contendo gua, luz, Galeria Pluvial, rede de esgoto, asfalto etc; todos

esses requisitos so de obrigao do proprietrio do Imvel, sendo assim, cabe ao poder

pblico cuidar de tudo aquilo que se faz presente dentro do meio urbano.

A figura 3, representada por imagens de satlite, transmite uma visualizao melhor da

rea em estudo, alm de retratar a forma de uso e ocupao do solo em ambos os loteamentos.

44

Fig. 2 Localizao das reas em estudo. Obs: Figura sem escala definida

45

3.2 O Setor Santo Antonio

O bairro Santo Antonio foi aprovado no ano de 1981, possuindo 402 lotes sendo 83

deles ocupados tendo um total de 20,65% o que representa uma pequena quantidade de lotes

residenciais.

Em uma breve conversa com a Dona Francisca que foi a primeira moradora a residir

no bairro ela disse que o bairro era um matagal, ainda no se tinha criado os loteamentos,

quando ela chegou ocupou-se do lugar onde ate hoje ela reside, disse que limpou, roou um

determinado local, um espao de dois lotes e fez uma pequena casa e plantou uma horta para a

alimentao da famlia, local que hoje prprio, pois ela comprou o lote onde at hoje uma

rea da Prefeitura, tem um pequeno espao que uma reserva da mesma. Assim como retrata

a figura 4.

Figura 3: Dona Francisca a primeira moradora do Bairro Santo Antonio. Fonte: Santos/2012.

Dona Francisca disse que quando veio morar no bairro no tinha nenhuma

residncia, era um local abandonado, logo em seguida a prefeitura comeou com o processo

de loteamento do bairro visando uma migrao para o setor. Nessa poca disse ela, tinha-se

um lento processo de expanso urbana, visto que o setor muito afastado do centro e no

46

tinha nenhuma infraestrutura, o que podemos perceber at os dias atuais, pois at o atual

momento somente um rua afastada, onde a Prefeitura construiu dez casas, conforme a figura

5, e as inaugurou neste ano de 2012.

Figura 4: Vila inaugurada pela prefeitura contendo dez casas. Fonte: Santos/2012

Apesar desta inaugurao o setor ainda considerado muito precrio. Os moradores

colocam que necessrio que se faa mais pelo bairro, pois o setor muito bom. Na sua

maioria disseram que um lugar calmo, tranquilo, muito sossegado, apesar de que ainda falta

muita infraestrutura. Alguns disseram que pensam em sair do bairro justamente pela falta de

infraestrutura, mas segundo os moradores eles no possuem condies financeiras para bancar

outro lugar mais bem estruturado.

Segundo a moradora Nilvnia deslocar para outro bairro do mesmo padro d na

mesma, pois tem outros piores, ento melhor ficar aqui mesmo onde posso pagar por aquilo

que tem e usufruo, porque na realidade no se sabe quando o poder pblico resolver estas

questes, porque no somente aqui tem outros bairros que esto na mesma situao ou pior.

47

Figura 5: Ruas precrias, sem pavimentao. Fonte: Santos/2012.

Os prprios moradores colocam que muito comum o poder pblico frequentar o

local somente na poca das eleies, passou esse perodo nenhum rgo vai presenciar a

realidade dos moradores. interessante abordar tambm que ainda no se tem um comercio

no local, causando assim certo transtorno, pois tudo o que eles precisam tem que vir ao centro

da cidade.

O loteamento possui ainda lotes a ser comercializado, e isso nos leva a crer o quanto

o espao urbano heterognio e contraditrio, pois enquanto o setor Bela Vista aumenta sua

estrutura e junto com isso cresce o valor do lote, que varia hoje de 20 a 30 mil reais

dependendo da localizao, no bairro Santo Antonio o valor do lote baixo podendo variar de

10 a 15 mil reais. Ao analisar estas questes podemos constatar que h um processo de

valorizao econmica do setor Bela Vista, levando as pessoas com menor poder aquisitivo a

procurar reas onde o valor do lote seja inferior.

O que podemos observar na pesquisa realizada que cada um na sua forma na sua

maneira tem um apego muito grande pelo o lugar, mesmo o lugar sendo carente de toda a

infra-estrutura ainda assim os moradores colocam que o lugar mesmo bom, eles tem

conscincia da necessidade enquanto o fazer do poder pblico, mas como o lugar ainda assim

oferece a eles o que no momento eficaz, eles acabam deixando de lado o que um cidado

necessita para se ter uma qualidade de vida melhor.

48

3.3 O Setor Bela Vista

Com base nos dados da Prefeitura de Ipor2, o Setor Bela Vista teve sua aprovao

no ano de 1984, com 228 lotes no total, sendo 142 lotes ocupados o que daria um total de

62% dos lotes ocupados. O setor Bela Vista possua caracterstica na poca de uma paisagem

abandona e esquecida, tinha-se muitos lotes baldios, pouqussimas ou quase nenhuma

residncia, gradativamente com o passar dos anos o bairro foi mudando sua estrutura fsica e

econmica. A figura 7 mostra a planta baixa do loteamento em questo

2 Fonte: Setor de Cadastro Imobilirio - Prefeitura de Ipor Setembro de 2011 responsvel: Ruiter Vieira de

Queiroz Fiscal de Tributos

49

Figura6: Planta baixa do loteamento. Fonte Leidiane/2008

50

Hoje basicamente predomina no bairro segmentos sociais mdios a alto, com a

presena de alguns professores e tambm de alguns universitrios, pessoas com

estabelecimentos comerciais e servios no local onde atendem principalmente a populao

que ali reside e dos bairros vizinhos.

Levando em considerao, o bairro possui a presena de casas ou residncias de alto

padro econmico, praticamente todos os moradores entrevistados dizem que possui uma boa

infraestrutura tanto pblica quanto privada, oferecendo a eles todo o conforto bsico para uma

boa qualidade de vida.

O setor disponibiliza de duas Universidades sendo uma publica e outra particular, ao

entorno do setor conta-se com bares, panificadoras, pamonharias e bem prximo um lago

artificial, onde de fcil acesso para os moradores que consideram o lago com um ambiente

de lazer propcio a prtica de atividades fsicas e esportivas. Nas figuras 8 e 9 nota-se o

padro das casas presentes no setor.

Figura 7: Residncia considerada de um elevado padro econmico situada no setor Belo Vista Ipor-GO.

Fonte: Santos/2012.

51

Figura 8: Casa de grande valor financeiro no Setor Bela Vista. Fonte: Santos/2012.

Existem tambm no setor mercados de pequeno porte, sales de beleza, algumas

mecnicas, uma Igreja, um posto de sade, um posto de combustvel, uma escola de tempo

integral que tambm oferece a populao curso gratuito, como de msica, oficinas de artes,

desenhos etc. o bairro tambm conta com uma unidade de sade da famlia, assim como

retrata a figura 10.

Figura 9: Posto de Sade do setor Bela Vista. Fonte: Santos/2012.

52

No setor Bela Vista h uma presena maior de pessoas escolarizadas se o

compararmos com o setor Santo Antonio. Portanto no Setor Bela Vista a maioria das pessoas

possui pelo menos o ensino fundamental completo, outros iniciando o curso superior e outros

em fase de termino e outros j concluram, ser que esse fator esta ligado as diferentes

camadas sociais presente no setor. Observa-se na pesquisa realizada que as profisses de cada

bairro influenciada diretamente ao nvel de estudo, logo abaixo ser apresentado na figura

11, que retrata uma sntese das profisses presentes em cada bairro.

Grfico 1- Profisses presente nos bairros. Fonte: Santos/2012.

Ao analisar o grfico nota-se uma presena de diferenciadas profisses, sendo que o

setor Bela Vista apresenta um nmero maior de profissionais na sua maioria de carteira

assinada e com salrios superiores a dois salrios. Se compararmos tambm o numero de

salrios a uma disparidade enorme de um setor para o outro, ento o grfico apresenta dados

dos respectivos salrios, tendo como base o ganho mensal de cada famlia. Veja a figura 12.

Farmacutico

53

Grfico2 - Ganhos mensais das famlias. Fonte Santos/2012.

Na maioria dos grupos familiares do setor Bela Vista tanto o homem quanto a mulher

tem um ganho mensal o que ajuda na renda familiar, diferentemente do setor Santo Antonio

onde na maioria das vezes somente o homem possui uma renda para toda a famlia, consta

tambm no setor um nmero considerado de pessoas aposentadas, o que visvel no bairro

uma presena maior de idosos o que no se v tanto no setor Bela Vista.

Como o nosso trabalho vem apresentar uma ptica de que a cidade de Ipor esta

vivendo ou ocorrendo mesmo que seja de forma lenta um processo de segregao scio-

espacial, nada melhor que verificar o tempo de moradia presente nos setores. No setor bela

vista apresenta cerca de 50% dos entrevistados vivem a mais de 7a 8 anos no local e no Bairro

Santo Antonio cerca de 55% vivem acima dos 21 anos no setor, isto revela que os moradores

do setor bela vista vivem ali a mesmo tempo enquanto que no bairro Santo Antonio os

moradores reside a mais tempo, outra curiosidade de um bairro para o outro que na maioria

dos moradores que vivem no Bairro Santo Antonio veio da zona rural ou de cidades prximas

como Diorama, Israelndia.

Em busca de respostas sobre o porqu de residir nestes bairros, todos os moradores

em geral disseram que moram porque um bairro tranquilo, calmo, sossegado quase ou no

se fala em furtos, violncia e nada parecido. Mas o que podemos observar de diferente de um

para do outro que o bairro Bela Vista tem a oferecer uma melhor infraestrutura e uma

melhor qualidade de vida enquanto o setor Santo Antonio tem toda uma necessidade de

54

melhorias, isso porque o bairro recebe um numero de pessoas excludas de outras partes da

cidade ou at mesmo os migrantes que possuem um pequeno padro financeiro. A figura 13

retrata esse tempo de moradia.

Grfico 3 - Tempo de Moradias.Fonte: Santos/2012.

Outra questo que muito intrigante a questo habitacional, pois a maioria dos

moradores do setor Santo Antonio tem residncia prpria ou alugada, enquanto os moradores

do setor Bela Vista possui residncia na sua maioria financiada ou prpria.

Isso nos remete a pensar que enquanto distribuio scio-economica o bairro Bela

Vista apresenta pessoas com condies favorveis de pagar prestaes de grande valor e ao

mesmo tempo ter condies de pagar por um espao e por uma residncia com melhor

estrutura fsica. Enquanto os moradores do setor Santo Antonio no tem condies de pagar

por espao com uma boa infraestrutura, pois as casas em sua maioria so bem simples e o

valor do aluguel barato.

Na verdade o que eles podem pagar. A Prefeitura da cidade tambm inaugurou h

pouco tempo no bairro uma vila contendo dez casas e ruas asfaltadas, onde foram

disponibilizadas, segundo alguns moradores, para funcionrios municipais, mas como alguns

que foram colocados no plano j tinham a casa prpria, as casas foram disponibilizadas para

outras famlias, sendo elas tambm pessoas comuns que no so funcionrios do municpio.

Na figura 14 observa-se dados sobre essa questo habitacional nos bairros.

55

Grfico 4 - Situao Habitacional. Santos/2012

Outra questo analisada e que chamou ateno refere-se as moradias e mobilidade.

Pois enquanto no Bairro Bela Vista os moradores consideram que o mesmo de fcil acesso

ao centro, os moradores do Bairro Santo Antonio disseram que difcil o acesso ao centro da

cidade, pois necessrio um longa viagem segundo alguns idosos.

Muitos deles preferem ir a p ou pagar um taxi, outros vo de moto taxi, mas, o que

foi analisado que os moradores do setor Bela Vista, todos em sua maioria possuem carro ou

moto isso torna segundo eles o acesso ao centro mais fcil. Em resposta a pergunta o que

para eles viver bem nos seus receptivos bairros alguns responderam que por causa da

tranqilidade, sossego, calma, conforto, segurana e tambm servios.

No setor Bela Vista muitos disseram ser por causa do conforto, segurana e servios,

j no setor Santo Antonio muitos disseram ser pela calma, tranquilidade e sossego. E quanto

pergunta porque de viver ou residir nos bairros os moradores do Bairro Bela vista disseram

que residiam ali por causa da facilidade ao acesso a escola, Universidade, o bairro oferece o

que os moradores necessitam, pois segundo eles o bairro possui quase tudo aquilo que para

eles de fundamental importncia que so os comrcios, escolas, e o posto de sade.

Enquanto que no Setor Santo Antonio os moradores disseram em sua maioria ser por causa

das condies financeiras no permitir residir em outro local. Muitos disseram que gostam

muito do bairro, mas falta tudo aquilo que necessrio para o bem estar dos cidados.

56

Eles colocam que se tivesse escola, creche, ruas asfaltadas, iluminao, rea para o

lazer, posto de sade e o comrcio local o bairro tinha tudo para ser bom, pois os moradores

necessitam de ter no mnimo tudo isso para obterem qualidade de vida.

Notou-se que no h presena em nenhum dos bairros de associao de moradores.

Os moradores do bairro Santo Antonio disseram que at tentaram, mas os prprios moradores

no entravam em consenso, era a maior dificuldade, pois cada um queria uma coisa e nunca se

chegou a lugar nenhum, j no Bairro Bela Vista os moradores nunca tentaram fazer o grupo,

pois acham desnecessrio, pois so satisfeitos em sua maioria com o que j tem no bairro. A

figura 15 mostra dados sobre os motivos que levaram os habitantes a residirem nos bairros.

Grafico5 Fatores que levaram a residirem nos bairros.

Outras melhorias apresentadas em pesquisa pelos moradores de ambos os bairros, no

que se refere ao Poder Pblico a necessidade de Asfalto, iluminao, etc. alguns moradores

colocaram tambm ha necessidade de corte de alguns arvores que esto muito grandes acaba

adentrando as ruas o que provoca uma m visibilidade para os motoristas.

Outro problema abordado a presena de alguns lotes baldios, onde os prprios

moradores aproveitam estes lotes para jogar lixo, causando muito odor e muita sujeira,

acabam virando local propcio para alguns insetos como barata, lacraia, ratos e cobras, alm

de se tornarem ambientes propcios ao desenvolvimento dos vetores da dengue.

Outro questionamento importante que os moradores do Bairro Santo Antonio

abordaram foi necessidade de uma rea de lazer, tanto para os adultos quanto para as

crianas, eles reclamam que as crianas no tem lugar para brincar, o que acaba levando elas a

57

sujeitarem-se nas ruas, muitas brincam nas ruas das prprias residncias, as mes de modo

geral sentem falta de uma creche, escola, o que facilitaria o acesso para as crianas servindo

tambm para o lazer.

Afirma tambm que o bairro no possui um posto de sade, o comrcio nenhum e

sempre que necessitam de alguma coisa eles tm que vir at o centro da cidade. De modo

geral eles reclamam que falta muito ainda para que o bairro se desenvolva, eles afirmam que

os polticos lembram o bairro somente no ano eleitoral passou eles no voltam mais, fazem

muitas promessas que no so cumpridas.

Uma moradora disse prometeram de trazer o asfalto at hoje voc pode ver a nossa

realidade esta que persegue a muitos anos. A figura 16 mostra quantitativamente as

respostas dos moradores de ambos os bairros sobre a atuao do poder pblico.

Grfico 6 - Necessidades do poder pblico.

Ento, de acordo com a anlise dos dados percebe-se que o Setor Santo Antonio

apresenta muita carncia de infraestrutura tanto pblica como privada. Esses fatores

confirmam as caractersticas da segregao scio-espacial na cidade de Ipor.

Pode-se constatar que a cidade de Ipor se enquadra no que diz Carlos (1992) que o

capital reproduz no espao, isso provoca as desigualdades sociais e econmicas, o que

notrio nas realidades dos bairros em estudo.

58

CONSIDERAES FINAIS

Aps realizar o trabalho de campo constatam-se as hipteses levantadas de que a

cidade de Ipor, realmente passa por um processo lento de segregao scio-espacial,

evidencias que foram analisadas pelo referencial terico pesquisado.

Na cidade de Ipor o bairro Santo Antnio apresenta como um espao segregado.

Aspecto visvel atravs dos relatos dos prprios moradores, onde afirmaram que falta muito, o

bairro desprovido de estabelecimentos comerciais como farmcia, mercearias, aougues,

rea para o lazer, mas por outro lado o bairro apresenta ser um lugar calmo, tranqilo bastante

sossegado onde os moradores vivem de uma forma bem simples, todos conhecem todos,

apesar de no se ter um convvio dirio.

H poucas diferenas econmicas entre eles quase todos vivem do salrio mnimo, a

presena de laos de amizades entre os vizinhos e a maioria das famlias possui de trs a

quatro indivduos tpicos das famlias brasileiras. Os prprios moradores reconhecem a falta

de compromisso do poder pblico para com bairro falta interesse disseram eles. A partir

desses dados nota-se algo interessante, no que se refere a relao bairro/cidade. um bairro

muito modesto, com uma rea pequena onde os moradores no fazem conta das subdivises

espaciais urbanas, sendo assim, eles vem a cidade como um todo e no somente como um

espao nico. Neste sentido as pequenas cidades contemplam suas particularidades que so

peculiares, onde o processo ocorre de suas prprias contradies e caractersticas, isso cria um

mosaico diferente dentro do espao urbano e das classes sociais que certamente ir ocup-las.

Dessa forma, conclui-se que a segregao scio-espacial um produto das

desigualdades e dos conflitos sociais, o que quer dizer que as classes sociais espalham pelo

territrio conforme o seu capital. Ento os bairros com melhor infraestrutura, tanto pblica

quanto privada, selecionaro seus habitantes. Fazendo com que haja o processo de segregao

espacial.

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Nesta lgica a cidade de Ipor esta segregando as classes, embora a cidade seja

pequena tem algumas funes centrais como: (Hospitais, Universidades e bancos), isso para

atender a populao que venha a residir na cidade, ainda que se faa necessrio ordenar e

planejar melhor os bairros, isso porque alguns receberam uma melhor infraestrutura que

outros, ou seja, um olhar diferente, fazendo com que ocorra o processo de segregao

espacial.

Entende-se que o outro bairro em estudo, o setor Bela Vista, possui uma

infraestrutura com comrcio local de pequeno porte, escola, ruas asfaltadas, sendo tambm

uma rea mais prxima do centro se comparar com o Setor Santo Antonio, enquanto que o

setor Santo Antonio no apresenta quase nenhuma infraestrutura. Podemos de fato constatar

que o capital est diretamente ligado nesta relao dos fluxos distintos entre os grupos sociais.

Ento a cidade de Ipor est dentro da lgica espacial, no somente nestes bairros em

estudos como em outros certamente, e por isso pode-se afirmar que a cidade est sofre um

processo de segregao scio-espacial.

O pode pblico tem que trabalhar um planejamento melhor e que seja eficaz para

melhorar a qualidade de vida da populao que tanto necessita de polticas pblicas que

realmente faa a diferena em sua qualidade de vida.

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REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS

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ANEXOS

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QUESTIONRIO

1. Nome completo:__________________________________

2. Quantas pessoas, sexo, escolaridade, idade, profisso dos moradores da residncia?

Sexo............ Idade.......... Escolaridade............. Profisso.......................

3. O chefe da famlia qual seu estado civil? Casado ( ) solteiro ( ) vivo ( )

4. Renda mensal da famlia: 1 a 3 ( ) 4 a 5 ( ) mais de seis ( )

5. No bairro possui alguma rea para o lazer?

Qual?________________________________________________________________

__

6. No bairro possui associao de moradores? Sim ( ) No ( )

7. Quanto tempo mora no bairro? Ano ou

meses?______________________________________

8. Porque veio morar no bairro?

9. A casa onde reside : alugada ( ) financiada ( ) compra vista ( )

10. Qual a forma de abastecimento de gua? gua encanada ( ) poo ( ) outros ( )

11. No bairro coleta de lixo? Quantas vezes por semana? Sim ( ) No ( )

12. H presena de telefone pblico? Sim ( ) No ( )

13. Encontra no bairro posto de sade? Se no tem, onde procura atendimento?

14. A presena do comercio? Sim ( ) No ( )

15. Gosta de morar no bairro, porque?

16. O que menos gosta no bairro?

17. O que para voc deveria ser feito para melhorar a infra- estrutura do bairro?

18. O poder publico coloca se a disposio para melhorar a qualidade de vivncia no

bairro?