análise geológico-geomorfológica da bacia hidrográfica do córrego das vacas em diorama go

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS CAMPUS DE IPORÁ GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA DERICK MARTINS BORGES DE MOURA ANÁLISE GEOLÓGICO-GEOMORFOLÓGICA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO DAS VACAS EM DIORAMA – GO. IPORÁ NOVEMBRO 2014 1

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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOISCAMPUS DE IPOR

    GRADUAO EM GEOGRAFIA

    DERICK MARTINS BORGES DE MOURA

    ANLISE GEOLGICO-GEOMORFOLGICA NA BACIA HIDROGRFICA DOCRREGO DAS VACAS EM DIORAMA GO.

    IPOR

    NOVEMBRO 2014

    1

  • DERICK MARTINS BORGES DE MOURA

    ANLISE GEOLGICO-GEOMORFOLGICA NA BACIA HIDROGRFICA DOCRREGO DAS VACAS EM DIORAMA GO.

    Trabalho de concluso de curso apresentado Coordenao Adjunta de pesquisa e Coordenao de TCCem Geografia da Universidade Estadual de Gois-CampusIpor, como requisito parcial, de obteno do grau deLicenciatura em Geografia.Orientador (a): Professor Doutor Flvio Alves de Sousa.

    IPOR 2014NOVEMBRO 2014

    2

  • SUMRIO

    1. Introduo 05

    1.1 rea de estudo 08

    2. Procedimentos metodolgicos 09

    3. Resultados e discusses 10

    3.1. Descrio geomorfolgica 10

    3.2. Descrio geolgica 17

    3.2.1. Grupo Paran Formao Furnas 11

    3.2.2. Grupo Paran Formao Ponta Grossa 11

    3.2.3. Grupo Iva Formao Vila Maria 12

    3.2.4. Granitos da Sute Rio Caiap 12

    3.2.5. Sequncia Metavulcanossedimentar Ipor-Amorinpolis 12

    3.2.6. Sute Sudoeste de Gois 13

    3.2.7. Complexo Alcalino Ipor 13

    3.2.8 . Ortognaisses do Oeste de Gois 13

    4. Consideraes finais 17

    5. Referncias 18

    3

  • ANLISE GEOLGICO-GEOMORFOLGICA NA BACIA

    HIDROGRFICA DO CRREGO DAS VACAS EM DIORAMA GO.

    Geological and Geomorphological analysis in the hidrographic basin of stream of Vacas in

    Diorama Go.

    Derick Martins Borges de Moura1Flvio Alves de Sousa2

    ResumoEste trabalho faz uma anlise da morfologia da bacia hidrogrfica do crrego das Vacas, quese diferencia das demais bacias em volta por demonstrar uma morfologia em forma deanfiteatro, enquanto as demais apresentam limites mais rebaixados e abertos. Dessa maneira opresente estudo teve por objetivo, compreender o processo de formao da bacia de drenagem,e que fatores contriburam para a forma diferenciada da mesma, levando em considerao aeroso diferencial em funo das diferentes resistncias litolgicas ao intemperismo. Paraisso, foram utilizados mtodos geotecnolgicos de mapeamento e revises bibliogrficas paraentender melhor os aspectos geolgicos e geomorfolgicos. Os levantamentos cartogrficos ebibliogrficos tiveram ainda o subsdio de incurso em campo, visando o controle dasinformaes cartogrficas e levantamento de informaes que no foram visualizadas emmapas. Foram confeccionados diversos mapas temticos da bacia, que acompanhado dasanlises bibliogrficas e de campo, auxiliaram a entender que a bacia teve sua morfologiaesculpida por eroso diferencial como as demais, porm, as litologias presentes na bacia somais diversificadas, com diferentes idades e resistncias, dando bacia uma morfologiadiferenciada.

    Palavras-chave: Morfologia. Descrio. Relevo. Bacia.

    AbstractThis paper presents an analysis of the geomorphology of the Vacas drainage basin. It variesfrom the other basins nearby; it exhibits an amphitheatre shape while the others have recessedand open margins. This study aims to understand the formation processes behind thegeomorphology of the drainage basins and what factors contribute to the Vacas drainage basinshape. Using previous research and geological and advanced mapping methods the rock typeswere determined and from this the differential weathering and erosion rates were calculated.These results, along with previous maps of the area, were used to understand how the Vacasdrainage basin formed a different morphology to the others. It was concluded that thelithologies in the Vacas watershed are more diverse than the other watersheds, with rocks ofvarious ages and strengths, which is why the morphology is bowl shaped.

    Keywords: Morphology. Description. Relief. Basin.

    1 Graduando do Curso de Geografia da Universidade Estadual de Gois Campus de Ipor GO.

    2 Professor Doutor do Curso de Geografia da Universidade Estadual de Gois Campus de Ipor GO.

    4

  • 1. Introduo

    Segundo Jatob e Lins (1998), a geomorfologia encontra-se na interseo entre a

    geografia e a geologia, pois h influncias endgenas e exgenas na formao do relevo. Por

    isso, para obter uma interpretao das caractersticas geomorfolgicas de uma dada rea, faz-

    se necessrio um conhecimento da estrutura geolgica que lhe deu origem.

    Netto (2003), diz que um sistema que frequentemente empregado para delimitar

    pores de estudo a bacia hidrogrfica, que corresponde a uma rea da superfcie terrestre

    que drena guas, sedimentos e materiais dissolvidos para uma sada comum num determinado

    ponto do canal fluvial, e o seu limite conhecido como divisor de guas.

    Silva (2009) ressalta a funo da resistncia diferencial da litologia em elaborar

    superfcies estruturais desniveladas pela eroso em rochas desigualmente friveis, ou

    mantidas no mesmo nvel altimtrico por influncia da estrutura geolgica. A eroso

    diferencial desencadeada pelas condies climticas e pelos diferentes graus de resistncia das

    rochas ao intemperismo contribui para se formar diferentes fisionomias do relevo.

    A caracterizao geolgico-geomorfolgica fica facilitada quando se conhece a

    composio litolgica da rea a ser analisada e tambm as feies geomorfolgicas correlatas,

    o que possvel fazer atravs da relao de mapeamento e expedies de campo.

    Conforme Silva e Rodrigues (2009), para que a anlise geomorfolgica torne-se

    melhor compreendida, a mesma dever vir acompanhada de documentos cartogrficos que

    auxiliem na sua espacializao, pois assim possvel perceber as dimenses das diferentes

    feies e formas, bem como mensurar a sua influncia no espao analisado.

    De acordo com Casseti (2005), a cartografia geomorfolgica um importante

    instrumento na espacializao dos aspectos fsicos do relevo, representando a origem das

    formas e suas relaes com a estrutura e os processos, considerando suas particularidades.

    Demek (1967), apud Machado e Lima (2013), considera que o mapeamento para a

    anlise geomorfolgica tem se tornado o principal mtodo para o estudo e a pesquisa.

    Carvalho e Latrubesse (2004), afirmam que o uso das imagens SRTM (Shuttle Radar

    Topography Mission) tem se tornado cada vez mais frequente em estudos geolgicos,

    hidrolgicos, geomorfolgicos, ecolgicos, dentre outros, em particular para anlises tanto

    quantitativas como qualitativas do relevo e seus agentes modificadores, em especial na

    elaborao de mapas hipsomtricos.

    5

  • Segundo Felgueiras (1997), o MDT (Modelo Digital do Terreno), tambm chamado

    de modelo de elevao do terreno, conhecidos em ingls por DEM (Digital Elevation Model)

    ou modelos numricos do terreno (MNT), possuem diversas aplicaes para a geomorfologia,

    como a elaborao de mapas hipsomtricos, elaborao de mapas de declividade, criao e

    anlises de rede hidrogrfica nos mapas, delimitao automtica de bacias, microbacias e

    reas inundadas entre outras funes.

    Para Ross (1992), o mapeamento geomorfolgico tem por fundamento a ordenao

    hierrquica dos fatos geomorfolgicos, a fim de que possam represent-los em uma

    metodologia que agrupe os sucessivos conjuntos de modelados de relevo.

    Para Jatob e Lins (1998), o relevo terrestre um importante componente do quadro

    natural e seus aspectos fsicos particulares, condicionam a distribuio dos solos, da

    vegetao e at mesmo algumas caractersticas climticas locais. O relevo participa na

    determinao das possibilidades de aproveitamento dos recursos hdricos, das jazidas minerais

    e do espao para os diversos usos do solo pela humanidade.

    Nesse sentido, analisar a litologia e a geomorfologia numa bacia hidrogrfica tem

    importante justificativa, pois estes aspectos influenciam diretamente no tipo de uso e

    ocupao da mesma, bem como determina os tipos de manejo que devem ser realizados na

    bacia, para que o uso esteja sempre alinhado com a conservao do recursos naturais ali

    existentes.

    A estrutura geolgica-geomorfolgica da bacia hidrogrfica do crrego das Vacas

    apresenta caractersticas geomorfolgicas no peculiares, quando comparada com as demais

    bacias adjacentes. A bacia em questo apresenta divisores assentados sobre estruturas

    remanescentes de maior altitude e de maior resistncia aos processos morfodinmicos, dando

    atravs dos agentes denudacionais uma forma de anfiteatro, no comum em reas granticas,

    como o caso da regio onde a mesma se encontra. A Figura 1 ilustrada a seguir, demonstra a

    morfologia da bacia que se destaca em relao a outras bacias adjacentes.

    6

  • Figura 1: Imagem da Bacia hidrogrfica do crrego das Vacas. Fonte: Landsat8, 2013 e SIEG. Elaborao: Moura, 2014.

    Dessa maneira o presente estudo teve por objetivo, compreender o processo de

    formao da bacia de drenagem, que fatores contriburam para a forma diferenciada da

    mesma, o que foi realizado com o auxlio de dados que tivessem como base, parmetros

    morfomtricos e morfogrficos, extrados do MDE (modelo digital de elevao) TOPODATA

    do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), por dados disponibilizados pela SIEG

    (Sistema Estadual de Geoinformao de Gois), CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos

    Minerais) e por trabalhos de campo, tendo como foco os diferentes graus de resistncia da

    litologia, j que o clima dominante igual em toda a regio, ou seja, Sousa (2013) destaca em

    sua tese um clima tropical submido com duas estaes bem definidas, uma seca e outra

    mida, com chuvas predominando entre outubro a maio e precipitao mdia de 1680

    mm/ano.

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  • 1.1. rea de Estudo

    A rea de estudo compreende a bacia hidrogrfica do crrego das Vacas, localizada

    na regio oeste de Gois, nos municpios de Diorama e Ipor, cerca de 7km oeste do centro

    urbano de Diorama e a 38km de Ipor, e 258km de Goinia, conforme Figura 2.

    A bacia apresenta uma rea de 49,8km e faz parte da bacia hidrogrfica do rio dos

    Bois ou das Almas, que por sua vez, integra a Regio Hidrogrfica do Rio Araguaia. O

    crrego das Vacas drena toda a extenso da rea que delimita a bacia.

    A vegetao composta por cerrado e matas ciliares, e o uso principal da terra por

    pastagem. Considerando que o relevo ondulado, os solos predominantes so Neossolos

    litlicos e cambissolos em funo da declividade das encostas, o cerrado por sua vez

    apresenta caractersticas strictu sensu, com vegetao aberta e estratos arbustivos e

    gramneos, exceto nos sops das encostas, onde predominam solos mais profundos e maior

    umidade, onde possvel perceber vegetao de maior porte e sem caractersticas

    escleromrficas.

    O permetro da bacia formado por divisores com estruturas diferentes. A leste

    predomina escarpas sustentadas por sedimentos da Formao Ponta Grossa, enquanto a oeste

    e sul, predominam divisores sustentados por estrutura Paleozica predominantemente

    grantica.

    A bacia localiza-se no quadrante de coordenadas 16 12' 00 e 16 18' 20 de latitude

    e 51 24' 00 e 51 18' 00 longitude. A figura 2 mostra o mapa de localizao da bacia.

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  • Figura 2: Localizao da bacia hidrogrfica do crrego das Vacas. Fonte: SIEG e TOPODATA. Elaborao: Moura, 2014.

    2. Procedimentos Metodolgicos

    Um dos procedimentos adotados inicialmente foi o controle de campo em relao ao

    mapeamento geolgico executado pela CPRM, com coleta de amostras de rochas in loco e

    conferindo se a rocha encontrada coincidia com o que foi mapeado pela CPRM. Para isso foi

    feito um percurso em campo abrangendo todas as ocorrncias litolgicas mapeadas. As rochas

    amostradas foram obtidas de cortes de estradas, margens de rios e demais locais de

    afloramento. Posteriormente foram identificadas conforme suas caractersticas morfolgicas e

    mineralgicas e fotografadas. Cada ponto de coleta foi localizado com uso de GPS.

    Para melhor compreenso da rea de estudo, foram elaborados mapas temticos a

    partir de dados disponibilizados pelos rgos INPE, CPRM e SIEG, com o uso de softwares

    geotecnolgicos, como o Quantum Gis e o Terra Hidro. No Quantum Gis foi gerado o MDT

    da rea que compreende a bacia hidrogrfica do crrego das Vacas, a base de dados foi a

    imagem SRTM disponibilizada pelo TOPODATA. No Terra Hidro foram geradas as

    9

  • drenagens a partir da imagem SRTM do TOPODATA. O mapa geolgico foi elaborado a

    partir de dados disponibilizados pela CPRM e pela SIEG, e confeccionado no Quantum Gis.

    Com vistas ao melhor entendimento da eroso diferencial na configurao da

    morfologia da bacia, foi estabelecida uma tabela com critrios numricos para as diferentes

    litologias presentes na bacia. O nmero aumenta conforme aumenta a resistncia da rocha ao

    intemperismo, resistncia esta, estabelecida conforme a composio mineralgica das

    mesmas.

    Atravs dos mapas citados foi realizada a anlise da evoluo do relevo que

    compreende a bacia hidrogrfica.

    3. Resultados e discusses

    3.1. Descrio geomorfolgica

    A bacia hidrogrfica do crrego das Vacas est inserida em uma superfcie regional

    de aplainamento situada no compartimento geomorfolgico regional caracterizado como

    Planaltos e Chapadas da Bacia Sedimentar do Paran Planalto Setentrional da Bacia do

    Paran, descritos por Mamede et. all. (1983), apresentando cotas altimtricas entre 400m e

    850m e desenvolvida sobre rochas que datam do perodo (Pr-cambriano) ao (Cenozico).

    A dissecao varia de fraca a muito forte com declividade entre 3% e 12%, num

    sistema denudacional que gerou relevo entre suave ondulado a escarpado.

    O desnvel do Crrego das Vacas desde sua nascente at sua foz de 240m,

    resultando num gradiente de 12,12m/km, que caracteriza uma dissecao mediana da sua rea

    de drenagem. O padro de drenagem dendrtica e apresenta um canal de drenagem principal

    de 3 ordem conforme classificao de Orton (1956) apud Christofoletti (1980).

    A figura 3 apresenta o mapa hipsomtrico da bacia, destacando o maior

    aprofundamento da drenagem prximo ao divisor de margem oeste, onde h menor resistncia

    litolgica.

    10

  • Figura 3: Altimetria da bacia hidrogrfica do crrego das Vacas. Fonte: SIEG e TOPODATA.Elaborao: Moura, 2014.

    3.2. Descrio geolgica

    A geologia da bacia est apresentada de maneira mais detalhada, pois representa o

    principal fator no processo degradacional, que nesse estudo est embasado no grau de

    resistncia das rochas aos processos de meteorizao.

    3.2.1. Grupo Paran Formao Furnas

    De acordo com Alvarenga e Guimares (1994), so rochas de Arenitos

    esbranquiados a rseos, sedimentos arenosos mal selecionados, sequncias sedimentares

    consolidadas, areno, sltico, argilo, conglomertica. A Formao Furnas ocorre em reas

    isoladas, como os morros-testemunhos prximos de Arenpolis, Diorama e Ipor.

    Na rea em estudo, a Formao Furnas aparece ao sul e a norte da bacia e

    principalmente a leste da bacia capeando rochas mais antigas e formando o principal divisor a

    leste.

    11

  • 3.2.2. Grupo Paran Formao Ponta Grossa

    Conforme a descrio de Alvarenga e Guimares (1994), a formao Ponta Grossa

    composta de folhelhos cinza a marrom-avermelhados intercalados de arenitos brancos a

    marrons ou esverdeados, finos a muito finos, micceos, feldspticos, finamente estratificados.

    Entre Diorama e Amorinpolis, existe uma superfcie de descontinuidade dos arenitos da

    Formao Furnas e os arenitos e folhelhos com fsseis marinhos da Formao Ponta Grossa.

    A Formao Ponta Grossa aparece a leste da bacia capeando a Formao Furnas e

    formando o reverso de cuesta da margem direita da bacia.

    3.2.3. Grupo Rio Iva Formao Vila Maria

    Faria, (1982) e Gray et al., (1985) descrevem a formao contendo Diamictitos

    vermelho-arroxeados com seixos de diversas rochas, capeados por Siltitos e Folhelhos cinza-

    esverdeados a marron. Para o topo ocorrem Arenitos finos rseo-avermelhados, calcferos,

    laminados, micceos, s vezes feldspticos, com microestratificao cruzada, e intercalaes

    de Siltito e Folhelho.

    A Formao Vila Maria ocorre na bacia hidrogrfica do crrego das vacas, em sua

    poro central, e em menores elevaes, devido menor resistncia do material.

    3.2.4. Granitos da Sute Rio Caiap

    Pimentel e Fuck, (1987a) descrevem que a Sute Rio Caiap um conjunto de

    batlitos que ocorrem nas proximidades de Arenpolis. So rochas intrusivas e metamrficas

    como os Gnaisses do Arco Magmtico de Gois. As rochas dessa Sute compreendem

    Granito, Granodiorito e Monzogranito e Gnaisses.

    A Sute Rio Caiap ocorre na bacia hidrogrfica na poro sudoeste sob forma de

    relevo de topo convexo formando os principais divisores a oeste da bacia.

    3.2.5. Sequncia Metavulcanossedimentar Ipor-Amorinpolis

    Pimentel e Fuck, (1992a) e Franco et al. (1994), descrevem a unidade sendo

    sequncias vulcanosedimentares dobradas metamorfizadas em condies de baixo a mdio

    grau, e constituda por Sericita Xisto, Metaconglomerado, Metagrauvaca, Metariolito,

    Metatufo e Metadacito.

    12

  • A Sequncia Metavulcanossedimentar Ipor-Amorinpolis ocorre na bacia

    hidrogrfica na poro central e sudoeste, representada por Sericita xisto e Metariolito,

    respectivamente, conforme coletado em campo.

    3.2.6. Sute Sudoeste de Gois

    Danni e Campos, (1994) descrevem a Sute como sendo um conjunto de sills, diques,

    stocks e batlitos gabro-diorticos que ocorrem na regio sudoeste de Gois, intrusivos em

    rochas das sequncias Ipor-Amorinpolis. Compreendem Dioritos, Gabros Quartzodioritos,

    Monzodioritos, Hornblenda, Diorito prfiro e Microdioritos.

    A sute sudoeste de Gois ocorre na bacia hidrogrfica na poro sul sob a forma de

    Dioritos.

    3.2.7. Complexo Alcalino Ipor

    Segundo Pena & Figueiredo (1972), o complexo compreende pequenas intruses na

    Formao Furnas e unidades mais antigas. composto por Dunitos, Peridotitos, Piroxenitos,

    Serpentinitos, Gabros, Sienogabros, Nefelina sienitos, Silexitos, Carbonatitos, Kimberlitos e

    Lamprfiros. Os corpos localizam-se na regio oeste de Gois onde se destacam os seguintes

    macios: Macio do Rio dos Bois - ncleo de dunito, e Fazenda Buriti - situado a noroeste de

    Ipor e consiste de Olivina clinopiroxenito, Melanogabro, Essexito, Sienogabro e Sienito.

    O complexo alcalino Ipor ocorre na bacia hidrogrfica na poro nordeste sob as

    formas de Dunito.

    3.2.8. Ortognaisses do Oeste de Gois

    Descritos por Pimentel e Fuck (1992b), como ortognaisses neoproterozicos do Arco

    Magmtico de Gois. Compreende Ortognaisse Tonaltico, Gnaisse Ortoderivado e

    Complexos Granito-gnaisse-migmatitos e Granulitos.

    A Unidade Ortognaisses do Oeste de Gois ocorre na bacia hidrogrfica na poro

    noroeste sob a forma de Gnaisse.

    13

  • As diferentes litologias contidas na bacia hidrogrfica do crrego das vacas foram

    identificadas no trabalho de campo, sendo coletadas, fotografadas e georreferenciadas, como

    podemos notar na figura 4.

    Figura 4: Fotografias do trabalho de campo. A: Granito. B: Dunito. C: Diorito. D: Gabro. E: Arenito. F:Gnaisse. G: Folhelho. H: Sericita Xisto aflorando no crrego das Vacas. I: Caos de blocos de Diorito. Fonte: Moura, 2014.

    Podemos verificar com o mapeamento geolgico, que a bacia hidrogrfica do

    crrego das Vacas bastante diversificada, contendo rochas de idades variadas desde o Pr-

    Cambriano at o Cenozico, resultando em composies diferentes e gerando resistncias

    diferentes aos processos degradacionais do relevo. A Figura 5 mostra as unidades geolgicas

    e suas distribuies geogrficas na bacia.

    14

  • Figura 5: Geologia da bacia hidrogrfica do crrego das Vacas. Fonte: SIEG, CPRM e TOPODATA.Elaborao: Moura, 2014.

    Como visualizado atravs da figura 5, existem nove diferentes grupos de rochas na

    bacia hidrogrfica. A litologia foi dividida conforme as unidades geolgicas, a idade das

    rochas atravs dos diferentes perodos e os grupos de rochas foram classificados por ordem

    numrica de resistncia ao intemperismo conforme composio mineralgica.

    O quadro 1 ilustrado a seguir, classifica a litologia contida na bacia hidrogrfica do

    crrego das Vacas conforme os graus de resistncia ao intemperismo, idade, perodo e

    unidade geolgica.

    15

  • Quadro 1: classificao litolgica da bacia hidrogrfica do crrego das Vacas.

    LitologiaUnidadegeolgica Perodo

    Idade (milhesde anos)

    Grau de resistncia aointemperismo

    Dunito, GabroComplexo

    alcalino Ipor Jurssico 66 5

    Diorito, GabroSute Sudoeste

    de Gois Jurssico 123 6

    Folhelho, Peltico

    Grupo Paran -Formao

    Ponta Grossa

    Devoniano

    356 3

    Arenito,Conglomerado

    Grupo Paran -Formao

    Furnas 390 1

    Argilito sltico,Folhelho

    Grupo Rio Iva-Formao Vila

    MariaSiluriano

    426 2

    Metariolito,Metatufo,

    Metadacito

    Sequnciametavulcanos-

    sedimentarIpor-

    Amorinpolis -Unidade 2

    Ediacarano

    597 7

    Sericita xisto,Metaconglomerado, Metagrauvaca

    Sequnciametavulcanos-

    sedimentarIpor-

    Amorinpolis -Unidade 3 597 4

    Gnaisse, Tonalito,Granito

    ComplexoPlutnico do

    ArcoMagmtico de

    Gois -Unidade

    Ortognaisses doOeste de Gois

    Toniano

    856 8Granito,

    GranodioritoSute RioCaiap 1000 9

    Fonte: Moura, 2014.

    Observando a dissecao da bacia e correlacionando isso ao grau de resistncia das

    rochas possvel perceber que dois fatores influenciaram na modelagem da bacia, quais

    sejam, o fator altitude e o fator resistncia das rochas.

    O fator altitude predomina no lado leste da bacia onde esto coberturas sedimentares

    compostas pelas formaes Furnas e Ponta Grosa. Embora o grau de fragilidade das rochas

    16

  • seja (1), a ruptura de declive naquela posio assinala com declividades mais acentuadas

    fazendo prevalecer a morfognese, em relao pedognese.

    O fator resistncia prevalece no sentido oeste/centro da bacia, onde possvel notar

    que os divisores a oeste so formados por rochas granticas/gnissicas (8 e 9), havendo um

    decrscimo de altitude e aumento do entalhamento do talvegue em direo ao centro da bacia,

    formando uma sequncia de diminuio da resistncia litolgica conforme a direo do fluxo,

    ou seja, o fluxo do rio principal segue a sequncia de resistncias de maior para menor (6, 4,

    1), como possvel perceber na figura 6.

    Figura 6. Esquema do entalhamento da drenagem em funo daresistncia da rocha e da altitude. Fonte: Moura, 2014.

    4. Consideraes Finais

    A bacia resulta de um entalhamento da drenagem que segue duas leis da

    geomorfologia, quais sejam, a lei da declividade e a lei da estrutura, ambas propostas por

    Gilbert (1877) descritas por Ross (1990), porm, antes de destacar suas aes, necessrio

    destacar a origem estrutural da regio.

    Os movimentos epirogenticos positivos tercirios (Nascimento, 1991) que

    suspenderam a regio do Planalto Setentrional da Bacia do Paran, alteraram todo o sistema

    de dissecao do relevo, reativando os processos de drenagem e favorecendo os processos

    degradacionais. A borda noroeste da bacia sedimentar do Paran onde esto os municpios de

    Ipor e Diorama foi afetada por processos intrusivos de sin-epirognese e idades cenozicas,

    17

  • que levantaram reas de cobertura sedimentar, principalmente formadas pelas formaes

    Furnas e Ponta Grossa e provocaram metamorfizao.

    As reas de maior influncia da declividade (Lei da declividade) foram entalhadas

    primeiramente por influncia da superimposio da drenagem, removendo materiais de menor

    resistncia e exumando rochas intrusivas mais antigas como os granitos.

    A bacia do crrego das vacas tem uma configurao diferenciada das demais em

    funo de um conjunto de eventos ligados eroso diferencial, que lhe proporcionaram uma

    forma mais extica.

    As coberturas sedimentares ao centro da bacia foram exumadas e removidas com

    maior facilidade, enquanto as bordas da margem direita apresentam predominncia de

    maiores declividades, ficando preservadas como divisores de gua e em forma de escarpa

    erosiva em direo ao centro da bacia, formando um reverso de cuesta no sentido leste do

    divisor.

    5. RefernciasALVARENGA, C.J.S. de; GUIMARES, E.M. Siluro-Devoniano na Margem Noroeste da Bacia do Paran,Regio entre Diorama e Amorinpolis, GO. In: Simpsio de Geologia do Centro-Oeste, 4, 1994, Braslia,Anais ... Braslia: SBG, 1994. p. 53-54.

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