várzea - córrego mooca

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Universidade Anhembi Morumbi Faculdade de Arquitetura e Urbanismo VÁRZEA CÓRREGO MOOCA Reconversão Urbana através da água Projeto apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo. Aline Cristina da Cunha Silva RA. 08192327 Orientador: Claudio Manetti São Paulo 2012

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Projeto apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo. Este trabalho se divide em duas etapas. A primeira consiste na breve análise das características da bacia do córrego Mooca, tendo como objetivos coletar subsídios para uma intervenção na extensão da bacia e na várzea. A segunda parte contém a resposta projetual à série de questionamentos levantados na pesquisa coletiva e individual, tendo como foco de intervenção a área da vár-zea, encontro dos deságues do rio Tamanduateí, córrego Mooca, Moinho Ve-lho e Ipiranga.

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Page 1: Várzea - Córrego Mooca

Universidade Anhembi Morumbi

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

VÁRZEA – CÓRREGO MOOCA

Reconversão Urbana através da água

Projeto apresentado como

requisito parcial para a

conclusão do curso de

Arquitetura e Urbanismo.

Aline Cristina da Cunha Silva RA. 08192327

Orientador: Claudio Manetti

São Paulo – 2012

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Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

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Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 2

VÁRZEA – CÓRREGO MOOCA

Reconversão Urbana através da água

Aline Cristina da Cunha Silva

Projeto apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de

Arquitetura e Urbanismo.

DATA ______/______/______

Claudio Manetti– Orientador – São Paulo

________________________________________________________

Caio Santoamore – Anhembi Morumbi – São Paulo

________________________________________________________

Sérgio Sandler – Escola da Cidade – São Paulo

________________________________________________________

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Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

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Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 4

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Claudio Manetti, pela paciência gigantesca com as três

“meninas da água” e por acreditar em nós e no nosso projeto mais que nós

mesmas acreditávamos. Por nos dar fome de projeto, de mudança, e por nos

mostrar o caminho a seguir quando já não sabíamos mais por onde ir.

Agradeço a Deus, por me dar a oportunidade de estar na caminhada maluca

que é a vida.

Aos meus pais pelo apoio e amor incondicional. Aos demais familiares (Cida,

obrigada pela ajuda na revisão do caderno!) e amigos (em especial a Carla)

que me viram muito pouco nos últimos anos de faculdade, mas que ainda

assim continuaram gostando de mim.

Ao Fabio, pela ajuda com os cadernos, companheirismo, compreensão e pia-

das sem graça.

À Queli pelo otimismo e bom humor inabalável; Raquel e Tamires, por serem

minhas companheiras de projeto e de vida; por me manterem em pé com as

piadas e o bom humor nas horas de maior adversidade. Sem vocês o caminho

teria sido muito mais difícil.

À Mirian, pela compreensão e apoio.

Page 6: Várzea - Córrego Mooca

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Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

Page 7: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 6

RESUMO

Este trabalho se divide em duas etapas. A primeira consiste na breve análise

das características da bacia do córrego Mooca, tendo como objetivos coletar

subsídios para uma intervenção na extensão da bacia e na várzea. A segunda

parte contém a resposta projetual à série de questionamentos levantados na

pesquisa coletiva e individual, tendo como foco de intervenção a área da vár-

zea, encontro dos deságues do rio Tamanduateí, córrego Mooca, Moinho Ve-

lho e Ipiranga.

Page 8: Várzea - Córrego Mooca

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Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

Page 9: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 8

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - A grande estrutura hídrica e o recorte da

Bacia do Rio Tamanduateí, com destaque para a bacia

do córrego Mooca

Figura 02 - A bacia do córrego Mooca, que engloba as

subprefeituras da Mooca e Vila Prudente.

Figura 03 – Novos empreendimentos imobiliários na

Mooca.

Figura 04 – Uso e ocupação do solo .

Figura 05 – Mapa SARA Brasil – 1930.

Figura 06 – Mapa de expansão da Rede Metropolitana

de São Paulo

Figura 07 – Principais vias na Bacia do Córrego Mooca.

Figura 08 – Relevo e pontos de inundação em 1982 e

2002 no córrego Mooca.

Figura 09 – Bacias de retenção propostas nos córregos

Ipiranga, Moinho Velho e Mooca.

Figura 10 – Sistema de corredores verdes propostos na

bacia do córrego Mooca.

Figura 11 - Temperatura da Superfície

Figura 12– Delimitação da área da várzea, foco dos pro-

jetos individuais.

Figura 13 – Vazios urbanos.

Figura 14 – Perímetro da Operação Urbana Mooca-Vila

Carioca

Figura 15 – Projeto conjunto das grandes linhas estru-

turadoras do território.

Figura 16 – Limites da área foco da intervenção urbana.

Figura 17 – Delimitação da área foco da intervenção

urbana.

Figura 18 – Pontos de inundação em 1982.

Figura 19 – Áreas geradas a partir da sobreposição en-

tre pontos de inundação em 1982 e cotas mais baixas.

Figura 20 – Configuração final das águas na várzea.

Figura 21– Áreas de inundação/ dinâmica do sistema

hídrico

Figura 22– Vegetação para proteção da água e para

criação de espaços de lazer.

Page 10: Várzea - Córrego Mooca

9

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

Figura 23– Viário existente e proposto.

Figura 24 – Zeis existentes na área foco de intervenção.

Figura 25– Marquise - cota 735,00 e implantação dos

edifícios no entorno da linha férrea.

Figura 26– Nova estação proposta e praça.

Figura 27 – Planta de Implantação e corte do Terminal

Intermodal Vila Prudente – UNA Arquitetos.

Figura 28– Plano geral, mostrando o ensaio da relação

entre a nova ocupação proposta e a água.

Page 11: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 10

“Não sabendo que era impossível, foi lá e fez.”

(Jean Cocteau)

(mas há quem diga que é do Mark Twain)

Page 12: Várzea - Córrego Mooca

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Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ________________________________________________________________________ 13

BACIA

DIAGNÓSTICO _______________________________________________________________________ 15

CÓRREGO DA MOOCA ________________________________________________________________ 16

OCUPAÇÃO DA BACIA __________________________________________________________ 17

MOOCA _____________________________________________________________________________ 17

INFRAESTRUTURA ______________________________________________________________ 18

PRINCIPAIS VIAS DE ACESSO ____________________________________________________ 18

VILA PRUDENTE ______________________________________________________________________ 20

INFRAESTRUTURA ______________________________________________________________ 21

PRINCIPAIS VIAS DE ACESSO ____________________________________________________ 22

EQUIPAMENTOS ______________________________________________________________________ 23

ENCHENTES/ DRENAGEM _____________________________________________________________ 24

PREMISSAS ___________________________________________________________________________ 26

INTERVENÇÕES ______________________________________________________________________ 27

DRENAGEM ____________________________________________________________________ 28

BACIAS DE RETENÇÃO – LAGOA PLUVIAL ________________________________________ 28

CORREDORES VERDES - BIOVALETAS ____________________________________________ 30

DESTAMPONAMENTO DOS RIOS _________________________________________________ 30

Page 13: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 12

VÁRZEA

VÁRZEA _____________________________________________________________________________ 35

MOOCA – VILA CARIOCA _____________________________________________________________ 37

ANÁLISE DE PROJETOS REFERÊNCIA____________________________________________________ 37

A Várzea do Tamanduateí: Dimensão local e metropolitana ________________________ 38

Proposta Estratégica na Operação Urbana Diagonal Sul ____________________________ 39

Requalificação Urbana da Mooca Ipiranga ________________________________________ 40

PLANÃO _____________________________________________________________________________ 41

ENSAIO URBANO

INTERVENÇÃO NA VÁRZEA ___________________________________________________________ 46

ÁGUA ___________________________________________________________________________ 47

DINÂMICA DO SISTEMA HÍDRICO _________________________________________________ 50

VEGETAÇÃO _____________________________________________________________________ 51

INFRAESTRUTURA ________________________________________________________________ 52

TRANSPOSIÇÃO __________________________________________________________________ 53

FERROVIA _______________________________________________________________________ 54

EXPRESSO TIRADENTES ___________________________________________________________ 55

OCUPAÇÃO

ZEIS _____________________________________________________________________________ 55

QUADRAS _______________________________________________________________________ 55

MARQUISE _______________________________________________________________________ 56

PRAÇA __________________________________________________________________________ 57

PROJETO ADOTADO _________________________________________________________________ 58

CONCLUSÃO ________________________________________________________________________ 60

BIBLIOGRAFIA ______________________________________________________________________ 61

Page 14: Várzea - Córrego Mooca

13

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

INTRODUÇÃO

Assim como citado no caderno coletivo de pes-

quisa, o tema proposto para esse trabalho na

fase individual é a utilização do desenho da á-

gua como instrumento de reconversão da estru-

tura urbana em áreas marcadas pela impermea-

bilização dos solos, retificação dos rios e gran-

des enchentes.

O trabalho na fase coletiva procurou ler e en-

tender o sistema hídrico metropolitano inserido

no meio urbano e as interferências existentes

entre os rios e a cidade.

Partindo do estudo dos afluentes do Rio Tietê

para decidir qual seria a sub-bacia de recorte, o

grupo analisou os rios Pinheiros, Aricanduva,

Tamanduateí e suas bacias, sendo este último

escolhido por suas características geográficas,

tipo de ocupação, importância histórica e con-

tribuição hídrica.

Escolhida a bacia do Rio Tamanduateí, o grupo

buscou uma área e uma opção de enfrentamen-

to que possibilitasse a intervenção na nascente,

ao longo das bacias e na foz de seus tributários.

Foi definida como limite de intervenção a área

demarcada pelos Córregos do Ipiranga, Moinho

Velho, Mooca e a extensão de suas bacias, bem

como o encontro dos três córregos com o Rio

Tamanduateí.

O trabalho individual focou-se primeiramente na

análise da área da bacia dos córregos Ipiranga,

Moinho Velho e Mooca, onde cada membro

estudou um deles a fim de levantar o tipo de

ocupação, as áreas de inundação e equipamen-

tos importantes. A compreensão desses itens foi

imprescindível para a intervenção na bacia dos

três córregos estudados, bem como na área de

encontro dos mesmos, o que constitui a segun-

da parte do trabalho.

Cada projeto individual possui possibilidades de

interconexão, e a somatória dos três configura-

se como um grande plano ora metropolitano,

através das grandes linhas estruturadoras do

território, ora local, dadas suas relações e cone-

xões entre bairro e cidade.

Os objetos de estudo e projeto deste ensaio são

a bacia do córrego da Mooca e a área de encon-

tro entre os córregos da Mooca, Moinho Velho e

rio Tamanduateí.

Page 15: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 14

Figura 01 - A grande estrutura hídrica e o recorte da Bacia do Rio Tamanduateí, com destaque

para a bacia do córrego Mooca.

Imagem produzida pela autora a partir de foto aérea

Page 16: Várzea - Córrego Mooca

15

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

A primeira etapa deste trabalho consis-

te na breve análise das características

da bacia do córrego Mooca. Para isso,

foi necessário estudar o tipo de ocupa-

ção, a infraestrutura de transporte, prin-

cipais equipamentos urbanos e drena-

gem dos distritos da Mooca e Vila Pru-

dente. Esta análise tem como objetivos

coletar subsídios para uma intervenção

na extensão da bacia e na várzea, foco

deste ensaio.

BACIA

DIAGNÓSTICO

Page 17: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 16

CÓRREGO DA MOOCA

O córrego da Mooca é um dos grandes con-

tribuintes da bacia do Rio Tamanduateí e en-

contra-se em galeria em toda a sua extensão.

Seu traçado se desenvolve sob a Avenida Luís

Inácio de Anhaia Melo, cuja abertura data da

década de 1970, bem como a canalização do

córrego Mooca.

Sua bacia engloba as subprefeituras de Vila

Prudente e Mooca. Possui grande extensão

(aproximadamente 14 km²), terraços planos e

amplas colinas. Seus contribuintes são os cór-

regos da Vaca, Bela Vista e Suzano. É uma re-

gião altamente impermeabilizada, com vias de

fundo de vale e córregos canalizados, o que

causa transbordamentos constantes na área.

Figura 02 - A bacia do córrego Mooca, que engloba as subprefeituras da Mooca e Vila Prudente.

Imagem produzida pela autora a partir de foto aérea.

Page 18: Várzea - Córrego Mooca

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Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

OCUPAÇÃO

A bacia hidrográfica do córrego Mooca se ca-

racteriza por ocupação de baixa densidade,

predominantemente mista. A presença de ha-

bitações irregulares ao longo da bacia não é

intensa e se concentra principalmente nas á-

reas de encontro entre os rio Tamanduateí,

córrego Moinho Velho e Mooca. O entorno da

Avenida Anhaia Melo – via de fundo de vale-

possui atividades comerciais de foco automo-

bilístico (mecânicas, funilarias, agências de

automóveis), sendo considerada a região com

maior número de estabelecimentos deste ra-

mo no país. A ocupação industrial também

caracteriza a região, principalmente ao longo

dos principais eixos de circulação.

A área passa atualmente por um período de

transformação, onde torres residenciais e con-

domínios fechados vêm substituindo o antigo

padrão de ocupação (residências e antigas

áreas ocupadas por indústrias). “Seu sistema

viário original foi “rasgado” pelos corredores

que ligam o bairro ao Centro da cidade, às

marginais e às zonas leste e oeste, bem como

ao corredor norte-sul”. (Adilson Costa Mace-

do, Ana Paula Koury, Paulo Eduardo Borzani –

Transformações da Forma Urbana do Distrito

da Mooca).

MOOCA

O surgimento e desenvolvimento do bairro da

Mooca tem sua origem fortemente ligada à

instalação da ferrovia, que trouxe as atividades

industriais e posteriormente os bairros operá-

rios para esta área. As áreas próximas das fer-

rovias foram preferidas pelas indústrias, já que

o transporte das matérias-primas e combustí-

veis importados, bem como a produção para

fora de São Paulo, dependia dos trens.

Figura 03 – Novos empreendimentos imobiliários na

Mooca

Fonte: Google

Page 19: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 18

O atual processo de esvaziamento das áreas

industriais, ocasionado pela valorização do

solo e instalação das rodovias afetou drasti-

camente o bairro da Mooca.

Parte de seu patrimônio industrial está ainda

preservado, mas o mercado imobiliário vem

exercendo forte pressão sobre estas áreas,

visando a implantação de grandes empreen-

dimentos.

INFRAESTRUTURA

O distrito da Mooca é atendido pela Estação

Mooca da linha 10 da CPTM e Estação Bresser-

Mooca da linha 03 vermelha do metrô de São

Paulo. Graças à rápida mudança de usos e ver-

ticalização excessiva a região enfrenta pro-

blemas no que se refere a sua estrutura urba-

na, insuficiente para suportar o aumento po-

pulacional gerado por estes fatores.

PRINCIPAIS VIAS DE ACESSO:

Avenida Alcântara Machado, Viaduto Bresser,

Rua da Mooca, Rua dos Trilhos, Rua Siqueira

Bueno, Avenida Paes de Barros, Rua do Orató-

rio.

Figura 03 – Novos empreendimentos imobiliários na Mooca

Fonte: Google

Figura 03 – Novos empreendimentos imobiliários na Mooca

Fonte: Google

Figura 03 – Novos empreendimentos imobiliários na Mooca

Fonte: Google

Figura 03 – Novos empreendimentos imobiliários na Mooca

Fonte: Google

Figura 03 – Novos empreendimentos imobiliários na Mooca

Fonte: Google

Page 20: Várzea - Córrego Mooca

19

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

Figura 04 – Uso e ocupação do solo – A ocupação dos

distritos da Mooca varia entre predominantemente resi-

dencial e mista. A região da várzea possui uso quase

exclusivamente industrial.

Fonte: Prefeitura de São Paulo

Page 21: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 20

VILA PRUDENTE

O bairro da Vila Prudente tem ocupação re-

cente, como pode ser observado no mapa SA-

RA Brasil de 1930 (figura 05). Seu desenvolvi-

mento inicial se deu principalmente no entor-

no das então praças Jequitahy e Veiga Cabral,

hoje praças Padre Damião e Centenário de

Vila Prudente, importante centro comercial do

bairro (UNA Arquitetos – Terminal Intermodal

de Vila Prudente).

“A partir da década de 1980, a Vila Prudente

deixou de ser uma grande região industrial pa-

ra tornar-se área de perfil residencial, predomi-

nantemente de classe média, densamente po-

voada e provida de atividades de comércio e

serviços, embora a atividade industrial seja ain-

da relativamente importante”. (EMPLASA)

Figura 05 – Mapa SARA Brasil – 1930. Observa-se a instalação das indústrias ao redor da ferrovia e os

distritos da Mooca e Vila Prudente, com ocupação ainda recente.

Fonte: Mapa SARA Brasil, 1930.

Page 22: Várzea - Córrego Mooca

21

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

INFRAESTRUTURA

O distrito de Vila Prudente é atendido pe-

la Linha 2 - Verde do Metrô de São Paulo com

as estações Vila Prudente e Tamanduateí e

pelo Expresso Tiradentes, com a estação Dia-

nópolis. O plano de expansão do metrô de

São Paulo (figura 06) prevê ainda a criação da

linha 15-Branca do metrô, que promoverá a

ligação entre as linhas 2- Verde, 3- Vermelha e

12-Safira da CPTM, indo até a região da Dutra.

Figura 06 – Mapa de expansão da Rede Metropolita-

na de São Paulo

Fonte: Syscrapercity – Thiago Costa

Page 23: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 22

PRINCIPAIS VIAS DE ACESSO:

Avenida do Estado, Viaduto Capitão Pacheco e

Chaves, Rua do Orfanato, Viaduto Grande São

Paulo, Avenida Professor Luiz Ignácio Anhaia

Mello, Avenida Alcântara Machado, Rua dos

Trilhos, Avenida Paes de Barros, Avenida Salim

Farah Maluf.

Figura 07 – Principais vias na Bacia do Córrego Mooca.

Nota-se a implantação das Avenidas do Estado, Anhaia

Melo e Sapopemba, nos fundos dos vales do Rio Ta-

manduateí e córrego Mooca.

Imagem produzida pela autora a partir de foto aérea.

Page 24: Várzea - Córrego Mooca

23

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

EQUIPAMENTOS

A análise da bacia procurou também levantar

os principais equipamentos urbanos para sa-

ber quais são as contribuições e necessidades

de cada região A bacia do córrego Mooca

possui uma grande quantidade de equipa-

mentos municipais, sendo os principais:

-USO ESPECIAL: Crematório Vila Alpina (único da Cidade de São

Paulo).

Cemitério São Pedro.

Igreja São José.

-CULTURA, ESPORTES, TURISMO E

LAZER:

Centro Educacional e Esportivo.

Clube da Cidade.

Estádio da Rua Javari

Campo do Juventus de São Paulo CDM Parque da

Mooca

Teatro Arthur Azevedo

Parque Ecológico Vila Prudente

Clube Municipal Arthur Friedenreich.

Parque Vila Ema

Pátio Oratório do metrô

Terminal Vila Prudente.

-SAÚDE

Hospital de Saúde Mental da Criança e do A-

dolescente.

Hospital Municipal Dr. Ignácio Proença Gou-

vea.

-INSTITUCIONAL:

Secretaria Municipal da Saúde

Clube Atlético Juventus – Sede Social

-EDUCAÇÃO:

EE Oswaldo Cruz.

Universidade São Judas Tadeus

Senai Humberto Reis Costa.

ETE José Rocha Mendes.

Escola Estadual Professor Américo de Moura.

Escola Franciscana São Miguel Arcanjo.

Escola Estadual Professora Olga Benatti.

Emef Irineu Marinho e EMEI Professora Maria Luiza

Moretti Gentile.

Parque Ecológico Vila Prudente.

Pela quantidade e importância destes equi-

pamentos, o projeto considera ligá-los com a

região da várzea, facilitando seu acesso atra-

vés do transporte público, ciclovias e corredo-

res verdes. Estes equipamentos, juntamente

com os novos propostos, atuarão como uma

rede, podendo ser utilizados pelo bairro a que

pertencem, pela ocupação originada através

do projeto na várzea e por regiões vizinhas

mais carentes de equipamentos urbanos, co-

mo é o caso do entorno da bacia do córrego

Moinho Velho.

Page 25: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 24

ENCHENTES/DRENAGEM

Como citado no caderno coletivo de pesquisa,

ao longo do processo de urbanização, o solo

foi impermeabilizado; as várzeas foram aterra-

das e ocupadas por avenidas de fundo de vale

e moradia de baixa renda; os rios foram tam-

ponados, retificados e estrangulados; as águas

foram poluídas e a vegetação foi dizimada

causando grandes enchentes e retirando

quaisquer condições de vida aquática. O

mesmo aconteceu com a bacia hidrográfica

do córrego Mooca.

A Bacia Hidrográfica de um rio é o conjunto

de áreas dotadas de declividade que realizam

a captação, o escoamento das águas - respei-

tando limites geográficos (os divisores de á-

gua)- e o direcionamento destas águas para

um único ponto de saída, um corpo de água

central. Ou seja, sua área de drenagem natural.

Figura 08– Relevo e pontos de inundação em 1982

(mancha azul clara) e 2002 (pontos em azul claro) no

córrego Mooca.

Imagem produzida pela autora

Page 26: Várzea - Córrego Mooca

25

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

Este processo obedece à topografia da bacia,

orientando as águas das áreas mais altas para

as mais baixas até que elas cheguem ao rio.

Além do relevo, outros pontos como permea-

bilidade do solo, vegetação e temperatura in-

fluenciam na velocidade de escoamento das

águas.

Dada à impermeabilização do solo, escassez

de vegetação e intervenções nos cursos do

Córrego Mooca e seus contribuintes, a região

de sua bacia contém pontos de inundação.

Algumas obras foram realizadas pela Prefeitu-

ra de São Paulo em seu curso, com o objetivo

de tentar conter os transbordamentos.

O Plano Diretor de Macrodrenagem do Alto

Tietê - PDMAT prevê três bacias de detenção

no córrego Mooca – reservatórios MO-2, MO-

4 e MO-5, onde os MO-2 e Mo-5 possuem

tempo de implantação previsto de 10 anos e o

MO-4 de 25 anos. Recomenda ainda a remo-

delação do desemboque do córrego Mooca

junto ao Rio Tamanduateí, que em sua confi-

guração atual ocorre perpendicularmente a

ele.

Essas intervenções produzem melhorias nas

enchentes, mas não solucionam o problema,

pois assim como citado no caderno coletivo

essas obras são pontuais e não levam em con-

ta o sistema hídrico da cidade como um todo.

Page 27: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 26

PREMISSAS

Ainda na fase de pesquisa coletiva, algumas

premissas surgiram. A análise da bacia do Cór-

rego Mooca, já na fase individual, serviu para

confirmar sua necessidade, tendo em vista que

os problemas da cidade se repetem na pe-

quena e grande escala:

Revisão da proposta de canalização e

tamponamento dos rios;

Construção de lugares de apoio ao ci-

clo de concentração hídrica em perío-

dos de chuva;

Proposta de um novo sistema de dre-

nagem de forma sistêmica, consideran-

do intervenções na cabeceira, corpo e

foz dos rios;

Criação de corredores verdes;

“Devolução” do espaço das águas.

A aplicação dessas premissas constitui a base

das intervenções na bacia.

Page 28: Várzea - Córrego Mooca

27

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

BACIA

INTERVENÇÃO

Page 29: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 28

-DRENAGEM

A questão da drenagem é um dos focos da

pesquisa coletiva e dos projetos individuais e

o sistema capilar de contenção de cheias tor-

nou-se uma premissa do grupo. Assim, cada

membro procurou aplicar este sistema nos

trabalhos individuais.

As áreas estabelecidas para atuar como bacias

de retenção1 (ou lagoas pluviais) foram dividi-

das entre bacia e foz. Os pontos de retenção

na bacia se deram a partir dos pontos de i-

nundação levantados e também da disponibi-

lidade de áreas livres, já que a bacia é bastante

consolidada e não permite uma transformação

tão grande quanto permite a várzea.

Na extensão do córrego da Mooca foram pro-

postas cinco áreas para a instalação de bacias

de retenção (figura 09), cujo detalhamento

não está contemplado nesse projeto. Estas

bacias, juntamente com as bacias propostas

nos córregos Ipiranga e Moinho Velho pelas

demais integrantes do grupo “Espaço das á-

1 Importante lembrar: As detenções são reservatórios

urbanos mantidos secos. Já as retenções são reservató-

rios com lâmina de água

guas” em seus trabalhos individuais, formam

um grande sistema de drenagem conjunto.

Através da contenção das águas pelo sistema

capilar, a quantidade de área de alagamento

necessária na várzea consequentemente dimi-

nuiu, o que resultou numa grande área “seca”

para projeto. A relação destes dois elementos

-“seco e molhado”- com as novas infraestrutu-

ras constitui a base do projeto individual na

várzea.

BACIAS DE RETENÇÃO - LAGOA PLUVIAL

“As lagoas pluviais funcionam como bacias de re-

tenção e recebem o escoamento superficial por dre-

nagens naturais ou tradicionais. Uma característica

dessas estruturas é que uma parte da água pluvial

captada permanece retida entre os eventos de pre-

cipitação das chuvas. Dessa forma, essas tipologias

paisagísticas acabam se caracterizando como um

alagado construído, mas que não está destinado a

receber efluentes de esgotos domésticos ou industri-

ais. Sua capacidade de armazenamento acaba sen-

do o volume entre o nível permanente da água que

contém e o nível de transbordamento aos eventos

para os quais foi dimensionada”. Nathaniel S.

Cormier e Paulo Renato Mesquita Pellegrino - In-

fra-estrutura verde: uma estratégia paisagística

para a água urbana.

Page 30: Várzea - Córrego Mooca

29

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

Figura 09 – Acima, as bacias de retenção propostas nos córregos Ipiranga, Moinho Velho e

Mooca. Abaixo, as bacias de retenção propostas ao longo da bacia do córrego Mooca.

Imagem produzida pelo grupo “Espaço das águas” a partir de foto aérea.

Page 31: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 30

-COREDORES VERDES/BIOVALETAS

Os corredores verdes “possibilitam usos e fun-

ções múltiplas, como: manejo das águas das

chuvas, conservação de fragmentos de ecossis-

temas naturais ou recuperados, uso como vias

de transporte alternativo e áreas de lazer, me-

lhora da qualidade de vida dos habitantes, pro-

teção e ligação de importantes áreas culturais e

sejam acessíveis a todas as camadas sociais da

população pela sua proximidade das áreas ha-

bitadas. Devem proteger e sustentar a paisa-

gem, e seus belos cenários, e também podem

conectar áreas urbanas e rurais”. (HELLMUND

e SMITH, 2006; AHERN, 2005; FRISCHENBRU-

DER e PELLEGRINO, 2006).

Como a bacia do córrego Mooca possui ocu-

pação já consolidada, este ensaio propõe a

implantação de corredores verdes nas nascen-

tes e extensão do córrego Mooca e seus con-

tribuintes (figura 10). Além do manejo da á-

gua, os corredores verdes na extensão de sua

bacia farão a ligação entre áreas verdes e par-

que, propiciando áreas de lazer e minimizando

as ilhas de calor, uma vez que, como visto na

pesquisa coletiva, a bacia do Rio Tamanduateí

é a mais quente do município de São Paulo

(figura 11).

Juntamente com os corredores verdes e lago-

as pluviais, ou mesmo nos locais onde a ocu-

pação não permita maiores intervenções, ou-

tras medidas de manejo de águas pluviais po-

dem ser utilizadas, como as biovaletas, jardins

pluviais, pavimentação drenante e tetos ver-

des.

DESTAMPONAMENTO DOS RIOS

Tendo em vista que a renaturalização dos cór-

regos é ecológica e economicamente favorá-

vel2 e a revisão da proposta de canalização e

tamponamento dos rios é uma das premissas

do grupo, propõe-se o destamponamento do

córrego Mooca e seus afluentes onde for pos-

sível, objetivando a reconversão da relação

entre os rios e a cidade.

2 Ver entrevista com Delmar Mattes no caderno coletivo.

Page 32: Várzea - Córrego Mooca

31

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

Figura 10– Sistema de corredores verdes na bacia do córrego Mooca. Os corre-

dores verdes propostos têm como função ligar as áreas verdes e equipamentos

urbanos e proteger os cursos d’água.

Imagem produzida pela autora a partir do GEOLOG, Wikimapia e foto aérea.

Page 33: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 32

Figura 11 - Temperatura da Superfície

As áreas mais vermelhas apresentam temperaturas mais altas, enquanto as azuis são mais frias.

Observa-se que a Bacia do Tamanduateí é a mais quente do município.

Fonte: Atlas Ambiental, 1999; LUME FAUUSP, 2007

Page 34: Várzea - Córrego Mooca

33

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

A segunda parte deste trabalho consis-

te na resposta projetual à série de

questionamentos levantados na pesqui-

sa coletiva e individual, tendo como ba-

se as premissas já citadas e como foco

de intervenção a área da várzea, encon-

tro dos deságues do rio Tamanduateí,

córrego Mooca, Moinho Velho e Ipiran-

ga.

VÁRZEA

Page 35: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 34

Page 36: Várzea - Córrego Mooca

35

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

VÁRZEA

A área foco dos projetos individuais está inse-

rida no perímetro da Operação Urbana Moo-

ca-Vila Carioca (antiga Operação Urbana Dia-

gonal Sul) e tem como limites a várzea comum

aos córregos Ipiranga, Moinho Velho e Mooca

(figura 12). Se encontra entre três colinas (Mo-

oca, Cambuci e Ipiranga) e é marcada pela

horizontalidade.

“O imenso parque industrial que

se instalou neste território, estritamente ligado

à ferrovia por meio de ramais e pátios privados,

gerou um tecido urbano com feição própria.

Quadras de grandes dimensões, descontinuida-

de do sistema de circulação viária, áreas subu-

tilizadas, drenagem deficiente e densidades

demográficas baixas são algumas das caracte-

rísticas dessa faixa”. (Operação Urbana Mooca-

Vila Carioca, Prefeitura de São Paulo)

Figura 12– Delimitação da área da várzea, foco dos projetos individuais.

Imagem produzida pelo grupo “Espaço das águas” a partir de foto aérea.

Page 37: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 36

A várzea possui grande importância histórica

no desenvolvimento da cidade. Concentra in-

fraestruturas (ferrovias, vias) e indústrias, e

com o esvaziamento das zonas industriais pas-

sou a ser um grande espaço para o redesenho

e transformação, constituindo um dos raros

“vazios urbanos” dentro da cidade já consoli-

dada.

“Nem todos os vazios necessariamente repre-

sentam um problema. Podem ser um respiro,

uma praça, e, neste sentido, estão para a arqui-

tetura assim como o silêncio está para a músi-

ca, ou seja, fazem parte do conjunto e não pre-

cisam ser ocupados”.

(Felipe Sato Akari)

No entanto, muitas vezes esses vazios se tor-

nam espaços desocupados ou subutilizados,

desvalorizando as áreas no seu entorno.

Quando se localizam em meio a regiões pro-

vidas de infraestrutura, como é o caso dos ter-

renos das antigas fábricas e do espaço residu-

al gerado pelas linhas de trem desativadas, os

vazios constituem desperdício econômico,

social e ambiental. Atualmente essas áreas se

tornaram o alvo da especulação imobiliária, o

que, como já visto no caderno coletivo, produz

um tipo de ocupação que não conversa com o

resto da cidade.

Assim, este ensaio pretende, além de recupe-

rar a relação entre águas e cidade, reverter a

atual tendência de ocupação e reparar as fis-

suras geradas por estas áreas abandonadas,

fruto do processo de desindustrialização, atra-

vés do redesenho das infraestruturas e dos

vazios.

Figura 13 – Vazios urbanos. O antigo terreno da Ford

(acima, à direita) é agora o local de implantação do Moo-

ca Plaza Shopping.

Fonte: Panoramio

Page 38: Várzea - Córrego Mooca

37

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

MOOCA – VILA CARIOCA

Como citado, a área foco dos projetos indivi-

duais está inserida no perímetro da operação

Urbana Mooca-Vila Carioca (figura 14). Esta

operação “contempla áreas industriais em pro-

cesso de reestruturação ao longo do eixo ferro-

viário que se estende do Centro até os limites

entre São Paulo e a cidade de São Caetano do

Sul” (Operação Urbana Mooca - Vila Carioca,

Prefeitura de São Paulo) e tem como principais

objetivos a superação da barreira ferroviária,

ampliação de áreas verdes, melhoria dos sis-

temas de mobilidade e acessibilidade, recupe-

ração e reocupação das áreas industriais e su-

butilizadas e a criação de um tipo de ocupa-

ção que dialogue com a cidade.

PROJETOS REFERÊNCIA

Como a várzea de encontro entre o rio Ta-

manduateí e córregos Ipiranga, Moinho Velho

e Mooca é a área limite comum ao grupo Es-

paço das Águas e já foi objeto de diversos

projetos, decidiu-se estudar três das interven-

ções nela propostas:

Figura 14 – Perímetro da Operação Urbana Mooca-Vila

Carioca (cinza escuro) e delimitação da área foco dos

projetos individuais (cinza claro).

Imagem produzida pelas autoras a partir de imagem do

perímetro da operação urbana– Skyscrapercity.

Page 39: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 38

- A várzea do Tamanduateí: Dimensão local

e metropolitana – Ana Helena Villela e Edu-

ardo Ferroni, 2002.

O trabalho reúne ensaios de projeto realizados

sobre a área da várzea em questão. Com o

intuito de abrir novas conexões entre os bair-

ros e superar o entrave representado pelo

parque industrial, propõe um conjunto de o-

perações associadas: sistema aberto de dre-

nagem, intervenções viárias, parque, praça da

estação e ensaios de ocupação entre a várzea

e a colina.

Em relação à drenagem propõe a construção

de galerias abertas associadas aos passeios

públicos e uma lagoa de retenção das águas a

ser implantada ao longo da linha do trem in-

tegrada com um parque linear.

Quanto à ocupação na várzea, a dupla propõe

reutilizar vários galpões com novos usos e a

construção de edifícios com a mesma altura

dos já existentes para não obstruir a visão do

vale. Os novos edifícios terão uso público no

térreo no intuito de promover uma maior flui-

dez dos percursos entre as extensas quadras

industriais.

Page 40: Várzea - Córrego Mooca

39

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

-Proposta Estratégica na Operação Urbana

Diagonal Sul - Stuchi e Leite Projetos

A intervenção se encontra no perímetro da

Operação Urbana Diagonal Sul e tem como

principais pontos reaproveitar os vazios urba-

nos, reabilitar o rio/água e a ferrovia, reutilizar

as infraestruturas existentes, “ocupar e adensar

áreas subutilizadas ao lado da via férrea, dar

novos destinos aos armazéns e galpões atual-

mente ociosos e recuperar terrenos industriais”

(Stuchi & Leite).

A ocupação proposta possui funções mistas,

como habitação coletiva, serviços e comércio.

Uma grande marquise que abriga atividades,

estações de trem, metrô e VLT é proposta ao

longo da ferrovia, ladeada por um parque li-

near.

O projeto possui 03 fases de implantação e

conta com a parceria público-privado para a

continuidade de projetos que reorganizem os

territórios obsoletos da Operação Urbana Dia-

gonal Sul.

Page 41: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 40

- Projeto de Reurbanização da Mooca e Ipi-

ranga – UNA Arquitetos, 2006.

O projeto do UNA prevê a reurbanização da

várzea da Mooca entre as estações de trens

Mooca e Ipiranga e propõe uma série de in-

tervenções onde a água é o elemento estrutu-

rador da paisagem.

O escritório propõe um parque linear ao longo

da ferrovia, valorizando o patrimônio histórico

e a memória da construção, do desenvolvi-

mento e até da desindustrialização do espaço.

As infraestruturas reorganizam o espaço atra-

vés de um novo traçado viário onde os dois

lados da várzea se tornam comunicáveis. Há

um novo parcelamento das grandes glebas

industriais, implantação de espaços públicos

de estar e lazer, raia para esportes e drena-

gem local e regional, conexões entre estações

de trem e metrô, transposições da ferrovia e

do rio, e habitação de interesse social.

Page 42: Várzea - Córrego Mooca

41

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

“PLANÃO”

Após estabelecer a área da várzea como foco

dos projetos, analisar as bacias individualmen-

te (portanto já de posse das especificidades e

necessidades das regiões estudadas) e estudar

os projetos já feitos na região o grupo se jun-

tou novamente para estabelecer alguns pon-

tos que deveriam ser comuns aos trabalhos

individuais, o projeto conjunto das grandes

infraestruturas, que propõe:

Figura 15 – Projeto conjunto das grandes linhas estruturadoras do território.

Imagem produzida pelo grupo “Espaço das águas” a partir de foto aérea.

Page 43: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 42

1-Mudança do caráter expresso da Avenida do

Estado através da transferência de seu fluxo;

2-Criação de três novas estações de trem na

linha 10 – Turquesa da CPTM;

3-Ligação entre as estações do Expresso Tira-

dentes e da ferrovia;

4-Abertura de novas vias;

5-Utilização da água como elemento de sepa-

ração entre a ferrovia e cidade.

6- Rediscussão do conjunto de ocupações das

edificações fabris, considerando a possibilida-

de de recuperação dessas atividades incre-

mentadas na região e a reconversão de usos

para novas atividades;

Cada item será esclarecido em sua aplicação

nesta intervenção urbana.

Page 44: Várzea - Córrego Mooca

43

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

Page 45: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 44

ENSAIO

URBANO

Page 46: Várzea - Córrego Mooca

45

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

Com os grandes eixos estruturadores do terri-

tório definidos, cada projeto individual consi-

derou estas questões em seu desenvolvimen-

to. A área foco do desenvolvimento desta fase

do projeto individual tem como limites o Vi-

aduto Pacheco Chaves, Av. Dianópolis, Rua

Amparo, Rua Leonor Monteiro da Silva, Rua

Patriarca, Av. Presidente Wilson, Rua Dom Lu-

cas Obes e Av. do Estado, englobando a con-

fluência dos córregos Moinho Velho e Mooca

com o rio Tamanduateí (figura 16).

Figura 16 – Limites da área foco da intervenção urbana.

Imagem produzida pela autora a partir de foto aérea.

Page 47: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 46

INTERVENÇÃO NA VÁRZEA

O projeto urbanístico procurou dar novo sen-

tido a esta área através de intervenções na

escala local e metropolitana, a fim de costurar

o tecido urbano fragmentado pelos elementos

já citados (ferrovia, rio, Avenida do Estado,

lotes industriais), devolver a escala da cidade

ao pedestre e superar a barreira rio/ferrovia.

A região foi dividida em três partes: a área ob-

jeto do projeto, áreas em transformação e á-

reas consolidadas (figura 17). A proposta bus-

ca interagir com a cidade existente, adensando

áreas subutilizadas e reorganizando os ele-

mentos estruturadores que compõe o local.

Espera-se que com o decorrer do tempo a

cidade se aproprie naturalmente das demais

áreas em transformação existentes no períme-

tro da várzea não contempladas neste ensaio.

Como forma de organização, a proposta se

divide em três tópicos, sendo eles: ÁGUA E

VEGETAÇÃO, INFRAESTRUTURA e OCUPAÇÃO.

Page 48: Várzea - Córrego Mooca

47

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

ÁGUA

A água e sua relação com a cidade é o ele-

mento principal da pesquisa coletiva e desse

trabalho individual. A ONG Mata Atlântica es-

tima que até 2030 seja possível pensar em al-

guns rios de São Paulo limpos, mesmo dentro

do perímetro urbano. Deste modo, este ensaio

considera os rios da cidade já despoluídos.

O sistema capilar de retenção de águas ao

longo da bacia dos córregos Ipiranga, Moinho

Velho e Mooca possibilitou mais área seca e

uma área menor de inundação na várzea. As

áreas estabelecidas inicialmente para atuar

como bacias fluviais (bacias de retenção) sur-

giram a partir da sobreposição dos pontos de

inundação em 1982 e 2002 com as cotas mais

baixas no entorno dos cursos d´água, por se-

rem os locais de acumulação natural das á-

guas, como já citado (figuras 18 e 19).

Um exame mais atento a estas áreas mostrou

que algumas se encontravam em regiões já

consolidadas da cidade, sendo então transfe-

ridas para locais próximos que possibilitassem

sua implantação.

Surge assim, uma extensão de água que a-

brange o encontro dos córregos Moinho Ve-

lho e Mooca com o rio Tamanduateí e atua

como a grande estruturadora da nova paisa-

gem (figura 20). As áreas naturais de inunda-

ção dos corpos d’água, antes vistas como bar-

reiras urbanas, passam a unificar os espaços e

servir como marcos referenciais na paisagem.

Page 49: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 48

.

Figura 18 – Pontos de inundação em 1982.

Imagem produzida pela autora a partir do GEOLOG.

Figura 19 – Áreas geradas a partir da sobreposição

entre pontos de inundação em 1982 e cotas mais

baixas.

Imagem produzida pela autora a partir do GEOLOG.

Figura 20 – Configuração final das águas na várzea.

Imagem produzida pela autora a partir do GEOLOG.

Page 50: Várzea - Córrego Mooca

49

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

Pontos de inundação existentes (mancha azul escura e

pontos azuis) e o novo espaço das águas na várzea

(mancha azul clara).

Imagem produzida pela autora a partir de foto aérea.

Page 51: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 50

DINÂMICA DO SISTEMA HÍDRICO

Tendo em vista que o nível da lâmina d’água

nos rios e lagoas pluviais propostas varia con-

forme a quantidade e duração das chuvas, o

ensaio procura criar espaços que respondam

adequadamente a esta dinâmica, prevendo

áreas verdes que nos tempos de seca atuem

como parques urbanos e nos dias de precipi-

tação e acúmulo da água como lagoas pluvi-

ais.

ÁREA DE INUNDA-

ÇÃO PERMANENTE

(LAGOA PLUVIAL)

RIO

TAMANDUATEÍ

725,00

727,00

725,00

728,00

727,00

PARQUE URBA-

NO/LAGOA PLUVIAL

Figura 21– Áreas de inundação/ dinâmica do

sistema hídrico

Imagem produzida pela autora.

Page 52: Várzea - Córrego Mooca

51

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

VEGETAÇÃO

Assim como os corredores verdes propostos

na bacia, a vegetação nesta área tem como

objetivos aumentar a permeabilidade do solo,

diminuir as ilhas de calor, criar espaços de la-

zer e proteger os cursos d´água.

Os espaços verdes foram divididos em dois

tipos, conforme sua função:

-proteção/manejo das águas e recuperação do

ecossistema;

-criação e ligação de espaços de lazer e cultu-

rais.

Como a revisão da proposta de canalização

dos rios era um das premissas do grupo, pro-

põe-se a retirada das paredes de concreto da

calha do rio Tamanduateí e sua substituição

por vegetação, a fim de diminuir a velocidade

de escoamento da água, evitar a erosão e re-

cuperar parte de seu ecossistema. As encostas

das lagoas pluviais, espaços públicos e o inte-

rior das quadras também serão densamente

arborizados.

Figura 22– Vegetação para proteção da água (verde escu-

ro) e para criação de espaços de lazer (verde claro).

Imagem produzida pela autora .

Page 53: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 52

INFRAESTRUTURA

VIÁRIO

Uma das problemáticas levantadas na pesqui-

sa coletiva foi a desarticulação viária3. A regi-

ão da várzea possui grandes problemas de

circulação, pois as vias existentes foram aber-

tas para suprir a demanda originada pela in-

dústria e não dialogam com o restante da ma-

lha viária na cidade. A reorganização do viário

surge como meio de articulação entre a malha

existente e a originada pela nova divisão das

quadras.

3 Ver tópico “Problemáticas” no caderno coletivo.

A Avenida do Estado foi parcialmente retirada

do lado do rio para abrir espaço para as áreas

de inundação, e seu fluxo foi divido no binário

das avenidas Presidente Wilson e Dianópolis.

As avenidas que formam o binário- de fluxo

mais intenso- possuem três faixas de circula-

ção, e as vias locais duas, como forma de não

priorizar a circulação viária em detrimento do

passeio de pedestres. O transporte de cargas

foi intensificado na ferrovia, e a via que per-

maneceu ao lado do rio perdeu sua caracterís-

Figura 23– Viário existente e proposto.

Imagem produzida pela autora a partir do GEOLOG.

Page 54: Várzea - Córrego Mooca

53

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

tica de via expressa, servindo como alça do

bairro.

Além desses, outras intervenções viárias foram

previstas na área:

-Abertura de quatro novas vias transversais

para criar uma ligação entre os dois lados da

cidade recortados pelo eixo rio/ferrovia/Av. do

Estado/indústria.

-Criação de nova malha viária dividindo os

grandes lotes industriais em quadras menores,

para adequação da cidade à escala do pedes-

tre.

-Reabilitação das infraestruturas existentes,

priorizando o transporte coletivo.

TRANSPOSIÇÃO

Como forma de transposição viária e de pe-

destres foi proposta uma via transversal que

passa a ligar as ruas Dom Marcos Teixeira e

Saquarema, atravessando toda a área de inter-

venção. Esta via transpõe em nível o rio Ta-

manduateí e a orla, formada pelo rio Taman-

duateí e as áreas de inundação propostas.

Possui grande área de passagem para contra-

por o viário local existente - onde o espaço de

circulação do pedestre é praticamente inexis-

tente - e permite o fácil acesso aos espaços

verdes propostos na orla.

A transposição da linha férrea e da linha de

água criada como elemento de separação en-

tre ferrovia e cidade se dá de duas formas:

Através das vias que cruzam o rio ou por uma

marquise elevada.

Page 55: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 54

FERROVIA

Assim como aconteceu com os rios e a cidade,

a indústria se desenvolveu dando as costas

para a ferrovia, o que permitia facilidade para

o recebimento e escoamento dos produtos4.

Com a desativação das áreas industriais, parte

dos trilhos criados para a carga e descarga das

indústrias se tornou obsoleta. A ferrovia, jun-

tamente com estes espaços inoperantes, ca-

racterizam a Orla Ferroviária.

Dessa forma, a quantidade dos trilhos na linha

ao longo da várzea foi revista. Os trilhos ino-

perantes foram retirados, permanecendo 02

trilhos para transporte comum, 02 para o ex-

presso turístico e 02 para o transporte de car-

4 Ver tópico “Uso do Solo” do caderno coletivo

gas. O elemento de separação entre a ferrovia

e a nova ocupação se dá através de uma linha

d’agua ao longo da via, extinguindo a necessi-

dade de muros ou demais barreiras.

Foram criadas três novas estações de trem,

uma em cada área de projeto individual, tendo

em vista que o projeto de melhorias da CPTM

visa a diminuição da distância entre as paradas

e a modernização das linhas.

A relação entre o e a nova ocupação se trans-

forma, e os edifícios que antes davam as cos-

tas para a linha férrea agora se voltam para

ela. A lâmina d’água e o espaço verde que a

protege formam uma área de convívio e circu-

lação dos edifícios no seu entorno.

MARQUISE

735,00 LÂMINA

D’ÁGUA

ACESSO

VEÍCULOS

730,00

727,00

727,00

732,00

731,00

Page 56: Várzea - Córrego Mooca

55

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

EXPRESSO TIRADENTES

O Expresso Tiradentes foi mantido ao lado do

rio, juntamente com a alça do bairro conser-

vada e suas estações agora se ligam às esta-

ções da ferrovia-Linha 10-Turquesa da CPTM.

Como o projeto da linha branca do metrô pre-

vê uma ligação entre a Vila Prudente e a regi-

ão da Dutra, este ensaio considera a possibili-

dade de estendê-la até a nova estação pro-

posta, tornando desnecessária a alça do ex-

presso Tiradentes que chega até a estação

Dianópolis.

OCUPAÇÃO

ZEIS

A Zona Especial de Interesse Social existente

nesta área engloba áreas industriais com pre-

sença de ocupação irregular.

O ensaio manteve estas áreas como local de

implantação de habitações populares como

forma de garantir a permanência da popula-

ção de baixa renda na região mesmo em meio

aos investimentos imobiliários privados e valo-

rização da área gerada pelas intervenções ur-

banas.

QUADRAS

A ocupação é implantada de modo a criar es-

paços livres dentro das quadras, abertas em

sua maioria. Para evitar a segregação de usos,

os edifícios possuem uso misto, com térreo

público ou público e comercial; os três primei-

ros andares abrigam uso comercial e os anda-

res acima habitações ou serviços, conforme o

local de implantação.

Figura 24 – Zeis existentes na área foco de intervenção.

Fonte: Prefeitura de São Paulo -Planos regionais estra-

tégicos do Ipiranga e Vila Prudente.

Page 57: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 56

Atividades culturais, restaurantes e bares se

espalham pela área da orla ferroviária agora

reconfigurada, garantindo desse modo o con-

vívio e movimento na região à noite e aos fins

de semana.

MARQUISE

A marquise é ladeada pela linha d’água que

separa a ferrovia da circulação e pela vegeta-

ção que, neste caso, atua como elemento de

transição entre ferrovia-água e cidade e cria

uma área de passeio público. O acesso até ela

se dá através de rampas localizadas no interior

dos edifícios, nos passeios públicos e nas vias

que atravessam perpendicularmente a linha

férrea.

Figura 25– Marquise - cota 735,00 e implantação dos

edifícios no entorno da linha férrea.

Imagem produzida pela autora.

Page 58: Várzea - Córrego Mooca

57

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

Além de servir como elemento de transposi-

ção da ferrovia, a marquise cria um eixo de

ligação entre os edifícios, a nova estação e a

praça. As ciclovias e áreas de estar nela im-

plantadas criam espaços onde o pedestre tem

uso exclusivo, já que a circulação nesta mar-

quise não prevê o acesso de automóveis.

PRAÇA

“O desenho do espaço público é o desenho do

vazio”. (Anita Freire, A várzea paulistana: São

Paulo: Várzea: Casa Verde).

A marquise - cota 735 e a praça – cotas 732 e

735 constituem um grande vazio projetado,

um espaço público que possibilita a passagem

e cria espaços de convívio e lazer. A nova es-

tação proposta se instala na cota 735,00, na

conexão entre marquise e praça.

Page 59: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 58

PROJETO ADOTADO

Na fase de estudo de projetos referência, uma

intervenção considerada importante foi ado-

tada e incorporada, por sua colaboração a esta

intervenção urbana:

Terminal Intermodal Vila Prudente – UNA

Arquitetos - 2006

O projeto do UNA Arquitetos prevê a criação

de um terminal intermodal no terreno ocupa-

do pela antiga fábrica de papelão junto à Ave-

nida Luiz Inácio de Anhaia Mello. O projeto

prevê ainda a adequação do programa especí-

fico junto à estação, adaptando-o à realidade

urbana, mercadológica e econômico-

financeira após a definição de usos pertinen-

tes e o estabelecimento dos parâmetros de

projeto, que em 2006, ano de criação do pro-

jeto, ainda não estavam totalmente concluí-

dos.

A adoção deste projeto se deu principalmente

por sua mediação entre as diversas escalas e

pela articulação entre os espaços propostos e

a cidade.

O projeto incorpora dois galpões preservados,

o que contribui para a valorização e reconver-

são do patrimônio industrial, uma das premis-

sas adotadas para este trabalho. A lâmina

d’água prevista no projeto do UNA será incor-

porada neste ensaio como um dos 05 pontos

previstos para instalação de áreas de retenção

na bacia, conforme citado no tópico “Drena-

gem”.

Figura 27 – Planta de Implantação e corte do Terminal

Intermodal Vila Prudente – UNA Arquitetos

Fonte: UNA Arquitetos

Page 60: Várzea - Córrego Mooca

59

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

Figura 28– Plano geral, mostrando o ensaio da relação entre a nova ocupa-

ção proposta e a água.

Imagem produzida pela autora.

Page 61: Várzea - Córrego Mooca

Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR 60

CONCLUSÃO

O ensaio teve como etapas o levantamento

das características, estudo e projeto das vias,

fluxos, relação entre água, espaços públicos e

privados da bacia do córrego Mooca e da vár-

zea de deságue comum ao rio Tamanduateí e

córregos Moinho e Moca.

Este trabalho não é somente o fruto de um

ano letivo, mas de um processo que agora

chega ao fim de sua primeira etapa. Aprendi

muito, neste ano mais que nos outros. Agora

entendo porque mesmo depois de muito

tempo de formados os arquitetos ainda são

intitulados “jovens arquitetos”. Arquitetura se

aprende aos poucos, durante toda a vida.

Somente após 05 longos anos começo a ter a

noção da gigantesca responsabilidade que

nos cabe como profissionais e cidadãos. Num

exercício de sala no primeiro semestre da fa-

culdade, fomos questionados sobre quais e-

ram nossos objetivos como arquitetos. Lembro

que minha resposta foi: criar uma cidade me-

lhor e mudar o mundo!

Essa vontade permanece em mim, embora

agora tenha a consciência de que grandes

transformações levam tempo e que infeliz-

mente dependem de quem nem sempre está

disposto a colaborar.

Mas afinal, ser arquiteto/urbanista não é, aci-

ma de tudo, ser filósofo de coisas tangíveis e

intangíveis, acreditar que as mudanças são

necessárias e possíveis?

Fica em mim a esperança de colaborar ativa-

mente para o surgimento de uma cidade me-

lhor, mais humana e funcional, onde as deci-

sões que afetam o seu destino sejam tomadas

por aqueles que realmente se importam em

fazer cidades de pessoas, para pessoas.

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Várzea - Mooca REABILITAR - RECUPERAR

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