o processo de urbanizaÇÃo um estudo de caso vila itajubá iporá - go.pdf

Upload: geografiauegiporagoias

Post on 15-Oct-2015

45 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 0

    UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIS

    UNIDADE UNIVERSITRIA DE IPOR

    FRANK LUIZ R. CHAGAS

    O PROCESSO DE URBANIZAO, UM ESTUDO DE CASO: Vila Itajub

    Ipor - GO

    IPOR

    2008

  • 1

    FRANK LUIZ R. CHAGAS

    O PROCESSO DE URBANIZAO, UM ESTUDO DE CASO: Vila Itajub

    Ipor - GO

    Trabalho apresentado como exigncia para obteno do grau de

    licenciado (a) no curso de Geografia da Universidade Estadual

    de Gois Unidade Universitria de Ipor.

    Orientador: Professor Esp. Marcos Antnio Marcelino

  • 2

    Ipor 2008

    FRANK LUIZ R. CHAGAS

    O PROCESSO DE URBANIZAO, UM ESTUDO DE CASO: Vila Itajub

    Ipor - GO

    Trabalho apresentado como exigncia para obteno do grau de

    licenciado (a) no curso de Geografia da Universidade Estadual

    de Gois Unidade Universitria de Ipor.

    Ipor, ___ de dezembro de 2008

    Banca examinadora

    Prof. Esp. Marcos Antnio Marcelino

    Nome

  • 3

    Prof. Ms. Jlio Csar Pereira Borges

    Nome

    Prof. Ms. Joo Afonso de Souza

    Nome

    Dedico este trabalho a minha

    Me Aparecida e a toda a minha Famlia.

  • 4

    AGRADECIMENTOS

    Primeiramente a Deus, pois graas a Ele consegui suportar as dificuldades e tristezas

    durante o curso, agradeo a Ele tambm pela oportunidade que tive de conhecer pessoas de

    carter, sempre dispostos a me ajudar.

    Tambm agradeo a minha famlia, pois ela foi o meu porto seguro, minha me

    Aparecida com toda pacincia sempre me incentivando rumo a esta conquista, ao meu pai Luiz

    que meu auxiliou durante o curso, seja financeiramente ou em disposio, no posso esquecer

    minha irm Fabricia que teve sempre disposio a me ajudar. No posso me esquecer da minha

    av Lourdes, minha tia Lorena, minha tia Tnia, aos meus primos Pedro e Gustavo.

    Um dos grandes presentes que ganhei durante o curso s chegou no penltimo ano de

    faculdade, agradeo a minha namorada Lucilene que soube suportar minhas reclamaes e

    sempre me incentivou.Obrigado minha pequena!!!!

    Aos professores que estiveram comigo nesta jornada acadmica, para no ser injusto

    com nenhum, estendo o meu muito obrigado!!! Ao professor Marcos Antnio Marcelino que

    foi mais que um orientador foi um incentivador na busca pelo conhecimento, valeu Marco!!!

    No incio ramos um quarteto, mas aps a sada do nosso grande amigo Rodolfo, nos

    tornamos um trio, sempre vou me lembra do exemplo de sinceridade, honestidade e amizade

    que vocs me mostraram, agradeo a vocs Paulo Srgio e Washington Silva pelo o apoio

    durante os quatro anos.

    Para no ser injusto, no vou finalizar meus agradecimentos, sou muito grato a todos que

    fizeram parte de mais esta conquista que tive, agradeo a voc que est lendo este texto, voc

    foi fundamental no sucesso que tenho hoje.

    Muito obrigado a todos!!!!

  • 5

    A cidade enquanto realizao humana, um

    fazer-se intenso, ininterrupto.

    Carlos apud Fogaa (2008)

  • 6

    LISTA DE ILUSTRAES

    Mapa 1 Localizao do municpio e do permetro urbano de Ipor GO 20

    Planta 1 Planta do permetro urbano de Ipor GO 26

    Imagem 1 Antigo escritrio da COHAB-GO. 28

    Imagem 2 Casa do senhor Nivaldo 30

    Imagem 3 Momento de brincadeiras de rua 31

    Quadro 1 Indicadores demogrficos e econmicos dos moradores da Vila Itajub I e II 32

    Imagem 4 P.S.F. e Colgio 32

    Imagem 5 Praas situadas na vila Itajub I 33

    Imagem 6 Rua com broquete 33

    Imagem 7 Praas situadas na vila Itajub II 33

    Imagem 8 Comrcio situado na vila Itajub I 34

    Imagem 9 Moradores conversando no fim de tarde 34

    Imagem 10 Feira 35

    Imagem 11 Comrcio situado na Avenida Rio Claro 36

    Imagem 12 Casa construda na vila Itajub I 36

    Imagem 13 Casa construda na vila Itajub II 37

    LISTA DE SIGLAS

    BEG: BANCO DO ESTADO DE GOIS S/A.

    BNH: BANCO NACIONAL DE HABITAO.

    CEASA: CENTRAIS DE ABASTECIMENTO DE ALIMENTOS

    COHAB-GO: COMPANHIA DE HABITAO DE GOIS.

    CORREIOS: EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELGRAFOS E.J.A.:

  • 7

    EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS.

    FICAM: PROGRAMA DE FINACIAMENTO INDIVIDUAL PARA CONSTRUA

    AQUISIO E MELHORIA DA HABITAO DE BAIXA RENDA.

    IBAMA: INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS

    NATURAIS RENOVAVEIS.

    IBGE: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA.

    INSS: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL.

    IPASGO: INSTITUTO DE PREVIDNCIA E ASSISTENCIA SOCIAL DE GOIS.

    PAIH: PLANO DE AO IMEDIATA PARA HABITAO.

    PLANHAB: PLANO NACIONAL DE HABITAO POPULAR.

    PLU: PROGRAMAS DE LOTES URBANOS.

    PROMORAR: PROGRAMA DE ERRADICAO DA SUB HABITAO.

    PROSINDI: PROGRAMA NACIONAL PARA O TRABALHADOR SINDICALIZADO.

    P.S.F.: PROGRAMA SADE DA FAMILIA.

    SANEAGO: SANEAMENTO DE GOIS.

    Resumo

    A pesquisa aqui apresentada tem como principal objetivo, compreender os modos de produo da rea urbana de Ipor tendo como referncia a vila Itajub I e II, enfatizando seu crescimento espacial e demogrfico. Este por sua vez, apresenta o fator preponderante o crescimento da populao, assim iniciando a edificao de novos loteamentos, no caso a vila supracitada como rea de estudo. E tambm analisar o processo de construo e ocupao do loteamento, mostrando que no visava a insero da vila e seus moradores ao centro, mas sim a valorizar reas prximas a mesma. Para dar suporte a pesquisa foi realizado um planejamento terico referente ao assunto, o que permitiu o dialogo com Roos (1996), Clark (1985), Gomis (1998), Lima (2003), Pereira (2005), Cogoy (2006), Fogaa (2008) e Rabelo (2005). A pesquisa de campo e as entrevistas foram procedimentos metodolgicos que complementaram a pesquisa.

  • 8

    PALAVRAS - CHAVE: Urbanizao, Excluso social e Programas habitacionais.

    SUMRIO

    INTRODUO 10

    CAPTULO I

    1 PROCESSO DE URBANIZAO NO BRASIL 12

    1.1 O Processo de Urbanizao em Gois aps 1930 16

    1.2 O Processo de Urbanizao e o Surgimento de Ipor 18

  • 9

    CAPTULO II

    2 OS LOTEAMENTOS COMO OBJETO DE ESTUDO: O CASO VILA 22

    ITAJUB I E II

    2.1 O Surgimento da Vila 27

    2.2 A Vila no Contexto Social e Estrutural no Perodo entre 1968 a 1990 29

    2.3 A Vila no Contexto Social e Estrutural Hoje 31

    CONSIDERAES FINAIS 39

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 41

    ANEXOS 43

    INTRODUO

    O trabalho monogrfico que se apresenta com o titulo A Vila Itajub no Contexto da

    Urbanizao em Ipor - GO tem como objetivo promover uma discusso sobre o processo de

    segregao urbana no municpio em questo.

    Ao analisar o histrico dos loteamentos habitacionais, compreendemos que vrios foram

    os planos ou aes para suprir ou minimizar o dficit habitacional, algumas medidas foram

    tomadas, neste sentido Cogoy (2006; p. 29) comenta Para sobreviver, a populao pobre

    necessitava de um teto para morar e um local para produzir meios de subsistncia. A sada

    encontrada foi concentrar em bairros populares. A maioria destes bairros populares no foram

    planejados a fim de suprir todas as necessidades bsicas de infraestrutura (gua, energia eltrica,

    rede de capitao de esgoto, escolas, posto de sade e etc.), sua funo era restritamente reduzir

    o nmero de pessoas sem habitao.

    Durante os governos militares foram iniciadas as polticas educativas sob o domnio

    do Estado, o governo militar utilizava meios de represso e violncia, o Estado inicia projetos

    habitacionais com o objetivo quantitativo e de suprir as carncias de moradia, alem de dominar

    definitivamente o cidado atravs da moradia. Criou-se no ano de 1964 atravs do decreto-lei

    n4320, o Banco Nacional de Habitao (BNH) com a proposta de administrar as polticas

    nacionais de habitao, sua forma de atuao visava o mximo de resultados. Sobre a atuao

    do BNH, Gomes, Silva e da Silva (2003) comentam: [...] Nos primeiros anos de atuao do

    BNH, a poltica Habitacional foi direcionada para atender demanda de classes menos

    favorecidas. [...].

  • 10

    Por volta do ano de 1975 os seguimentos populares foram relegados a um segundo plano,

    pois a poltica habitacional direcionou os programas habitacionais existentes para atender a

    Classe Mdia. O BNH tinha como proposta inicial a reduo do nmero e das dificuldades das

    pessoas de classe baixa em obter a casa prpria, mas devido ao alto nmero de inadimplentes e

    o valor elevado dos juros, inicia-se a construo de conjuntos habitacionais com valores

    inacessveis a esta classe social (classe baixa). Os loteamentos financiados pelo Banco Nacional

    de Habitao Via COHAB tinham como caracterstica a padronizao das moradias e o reduzido

    nmero de infraestrutura, sobre as construes das casas. Roos (1998; p.454) comenta:

    So geralmente construes feitas com materiais de baixa qualidade e situadas em

    terrenos nem sempre de acordo com as exigncias da legislao. Sua padronizao e a

    maneira como so alinhados os edifcios, sem nenhum cuidado na criao de uma

    paisagem integradora do individuo com o seu espao.

    Neste trabalho buscamos compreender as transformaes ocorridas na vila Itajub desde

    sua inaugurao, e tambm quais os possveis acontecimentos que levaram para a sua posterior

    valorizao. Justificamos nossa pesquisa sendo um tema relevante tanto ao conhecimento

    popular quanto acadmico, pois atravs deste loteamento observamos as imposies e agresses

    que o Estado impe sobre os moradores.

    A metodologia adotada para a execuo da pesquisa pautou-se em leituras de textos

    cientficos, documentos no cartrio de 1 ofcio de Ipor alm de conversas com os primeiros

    moradores do local que continuam habitando na vila. Outra leitura do local foi a pesquisa de

    campo tendo em mos foto antigas e atuais alm da planta do loteamento.

    Nossa pesquisa embasou em diversos tericos, analisamos as idias dos seguintes

    autores, Roos (1996), Clark (1985), Gomis (1998), alm de trabalhos cientficos, sendo

    utilizados os seguintes autores, Lima (2003), Pereira (2005), Cogoy (2006), Fogaa (2008),

    Rabelo (2005), entre outros. A leitura destes autores foi de vital importncia para a compreenso

    dos processos habitacionais e sua funo no espao urbano.

    Este trabalho est dividido em dois captulos sendo que o primeiro busca embasar os

    processos de urbanizao no Brasil e em Gois. Alm de tratar sobre os movimentos migratrios

    como tambm a segregao pelas quais estes passam. No segundo captulo abordado o caso

    especfico da vila Itajub onde discorremos sobre o histrico e evoluo da vila.

    Dessa maneira, compreendemos que o contedo abordado nos transmite esclarecimento

    sobre um importante bairro de Ipor, desde o seu surgimento segregado, at os dias atuais, que se

    tornou um bom local de se viver.

  • 11

    1 - PROCESSO DE URBANIZAO NO BRASIL

    Ao se falar sobre a segregao scio-espacial do Brasil contemporneo, necessrio

    afirmar que esse processo resultado de uma atuao histrica do capital no territrio brasileiro,

    j que desde o inicio de sua ocupao pelos portugueses, os espaos mais valorizados eram

    destinados s pessoas mais abastadas e consequentemente os de menor valor era ocupado pela

    populao mais pobre. Esta a dinmica territorial do Brasil atual, que obedece a organizao

    espacial do capital.

    A segregao espacial no Brasil e em qualquer parte do mundo mais perceptvel nas

    cidades j que o aglomerado da populao nos permite selecionar visualmente a infraestrutura

    ou a falta dela no espao urbano. De acordo com Milton Santos (1996), na paisagem da cidade

    esta explicita sua estrutura, sua funo e sua forma.

    Assim ao falar sobre a segregao espacial busca-se fundamentar teoricamente o objeto de

    pesquisa levantado neste trabalho, que o caso da estrutura espacial da cidade de Ipor, com

    nfase as Vilas Itajub I e II, que demonstra uma segregao em relao a maior parte da cidade

    em questo.

    As cidades brasileiras de um modo geral apresentam uma maior urbanizao no

    momento em que as mesmas so atingidas pelo processo de industrializao, Sobre este assunto

    Campus Filho (1992. p.45) discorre:

    Nas cidades brasileiras, a reproduo espacial do processo elitista nacional

    de desenvolvimento, em suas vinculaes, com o processo mais geral de

    industrializao e urbanizao, facilmente visvel. A concentrao de renda em

    poucas parcelas da populao provocou uma concentrao espacial, em algumas partes

    da cidade, especialmente naquelas mais centrais.

  • 12

    Segundo as palavras do autor supracitado o processo de urbanizao brasileiro est

    ligado industrializao, fator que promove uma reestruturao da cidade envolvida. nesse

    momento que se pode perceber a diferenciao entre as classes, pois ocorre um incremento da

    populao, com a migrao no sentido cidade-campo, fato que ocorre com importncia

    econmica maior da cidade do que o campo.

    As cidades industrializadas vo apresentar uma segregao mais ntida, uma vez que sua

    produo espacial privilegia a elite que concentrava em seu poder a riqueza nacional. Neste

    contexto a estrutura da cidade apresenta um arranjo, no qual, os mais abastados residem no

    centro da cidade onde tem infraestrutura que facilita a vida do morador. Por outro lado as

    populaes mais pobres, os trabalhadores da indstria, residem na periferia sem infraestrutura

    e longe da prestao de servio e do comrcio, como bancos, correio, etc., ou seja, alm das

    riquezas, concentravam-se no centro das cidades as atividades, de modo que os outros bairros

    no recebiam com a mesma agilidade os servios pblicos dos que tinham direito.

    A organizao espacial foi se adequando s reas habitadas que tais servios foram

    sendo realizados como: servios de saneamento, energia, sade dentre outros, e tambm os

    rgos polticos e econmicos que geram a economia.

    Com isso o desenvolvimento urbano de algumas regies se destacou e outras ficaram

    prejudicadas, gerando um desequilbrio, ou melhor, uma segregao espacial entre as reas no

    seu entorno e as outras localidades. Com menos investimentos no local, a populao desenvolve

    de maneira mais lenta, aumentando conseqentemente desigualdade social dos indivduos.

    O espao de uma cidade capitalista constitui-se em um primeiro momento de sua

    apreenso, no conjunto de diferentes usos da terra justapostos entre si, tais usos

    definem reas como o centro da cidade, local de concentrao de atividades

    comerciais, de servios e de gesto, reas e contedo social, de lazer e entre outras,

    aquelas de reserva para futura expanso. Este completo conjunto de usos da terra em

    realidade a organizao da cidade, ou simplesmente, o espao urbano. (CORRA,

    2000, p. 7).

    Desse modo analisa-se a organizao urbana do Brasil, como um espao construdo com

    locais reservados para as indstrias, outros para moradia, o qual se apresenta organizado de

    acordo com as diferentes classes sociais.

    bom afirmar que ocorre a remodelagem do espao urbano brasileiro, buscando se

    adequar novos usos e fluxos, assim sendo, renovam os hbitos, mesmo porque numa sociedade

    capitalista os usos e fluxos vo se tornando mais dinmico por meio tambm da movimentao

    humana.

  • 13

    Na atualidade a reestruturao espacial das cidades brasileiras apresenta uma nova

    organizao, onde as bordas das cidades que antes eram ocupadas pela classe mais pobre agora

    abrigam condomnios luxuosos onde a populao da classe alta reside, fugindo do centro

    movimentado e violento. Na verdade esse fato reflexo de uma desordem urbana criada pela

    prpria cidade industrializada.

    Para falarmos sobre os processos urbanos atuais necessrio observar como ocorreu este

    processo histrico, observamos que no Brasil o grande fluxo de urbanizao ocorreu aps a

    segunda guerra mundial (1945) sobre esta afirmao Gomes, Silva e da Silva (2003), diz que:

    Depois da segunda guerra, ocorreram vrias mudanas na economia mundial, a qual

    passou a ser comandada pelos Estados Unidos, [...] a expanso da grande empresa

    capitalista. Assim sendo o consumo em massa constituiu um dos vetores bsicos para

    a reproduo do capital.

    Esta expanso do capital pelo planeta favoreceu o Brasil no seu processo de

    modernizao. A urbanizao no Brasil tem no capital externo sua fonte de alimentao, pois

    polticas adotadas levaram ao crescimento e o desenvolvimento das cidades, com medidas

    voltadas para a insero de infraestrutura e investimentos em indstrias ocorreu um alto ndice

    de migrao. Segundo Cogoy (2006; p. 20):

    A industrializao favorecia os interesses da burguesia industrial comercial e, ao

    mesmo tempo, promovia o desenvolvimento rpido das cidades, transformando-as em

    importantes centros de atrao para as populaes rurais.

    Com a idia de ter uma vida melhor ou de conseguir sustentar sua famlia, grande parte

    dos moradores rurais, se dirigiam a cidades sem qualquer conhecimento sobre a realidade

    urbana.

    Aps a chegada da populao rural na cidade ocorreu um alto crescimento demogrfico,

    as cidades no suportavam este crescimento levando ao surgimento de favelas e cortios. Mas

    este crescimento no ocorreu de forma homognea, onde se notou um recuo no nmero de

    habitantes principalmente na regio nordeste e a estagnao destas reas.

    As regies Sul, Sudeste e posteriormente Centro Oeste tiveram seu desenvolvimento

    ligados diretamente construo e a interligao das estradas de ferro promovendo a ligao de

    regies isoladas, outros avanos no quesito interligao foram construo de vrias rodovias

    federais e estaduais, estas vias reduziram as distncias e promoveram a integrao do territrio

    nacional.

  • 14

    Para Romano (2006, p. 86):

    A necessidade premente de unificar o territrio pelos transportes foi objetivo de uma

    planificao, interligadas as estradas de ferro e construindo rapidamente uma rede

    nacional de rodovias [...]. Com o avano dos meios de transportes se tornam viveis e

    possveis o surgimento de pequenos aglomerados e vilas prximas s rodovias e

    ferrovias.

    Com forte investimento em tecnologia e infraestrutura nota-se que aps o golpe militar

    de 1964 a poltica adotava pelos militares subsidiou o pas rumo a uma rpida integrao do

    Brasil ao comercio internacional.

    De acordo com Couto Apud Cogoy (2006, p. 24): Nos governos militares, a utilizao da fora e da represso foram s estratgias mais

    utilizadas como forma de garantir o projeto que pretendia transformar o Brasil em

    grande potncia econmica e realar as condies necessrias a manipulao de sua

    relao com o capitalismo internacional.

    Aps 1964 o pas se torna grande exportador tanto de produtos agrcola como de

    produtos industrializados. Neste perodo ocorreu ampliao dos bens de classe mdia e a classe

    baixa instigada ao consumo, com emprstimos e crditos ocorre um livre aquecimento da

    economia.

    Esta busca pelo consumo fez com que amadurecesse os laos capitalistas onde notamos

    uma busca maior pelos bens de consumo, estes produtos que so consumidos eram produzidos

    utilizando a mo-de-obra dos trabalhadores migrantes.

    Os migrantes deixavam sua cidade de origem ou o campo, com a esperana de uma vida

    melhor nos grandes centros ou na tentativa de fugir de conflitos, Para Roos (1996, p.

    339) [...] tudo leva a crer que as transferncias de uma regio para outra, do campo para a

    cidade foram acompanhadas de grandes conflitos [...].

    Grande parte da populao oriunda do campo ou imigrante passou a residir em cortios

    ou na periferia das cidades, neste momento observa-se que a especulao imobiliria comea a

    ditar nova realidade urbana, ao morar em cortios os trabalhadores ocupavam reas ou imveis

    vazios prximos as indstrias, alm de economizar com transportes, os alugueis eram de baixo

    valor. Na busca pela casa prpria inicia o processo de compra de lotes em reas no legalizadas

    e sem condies de saneamento e infraestrutura, grande parte adquiriu lotes em reas inaptas

    em encostas de morros ou em reas inundveis.

    Sobre os loteamentos Roos (1996, p. 436) diz:

  • 15

    Diferentemente das reas centrais com assentamentos urbanos j consolidados, as

    periferias metropolitanas presenciam formas de assentamento nascidas de sistemas de

    loteamento geralmente feito por empresas clandestinas que, iludindo a boa f das

    populaes de baixa renda, vendem lotes grilados em reas pblicas ou privadas.

    De acordo com a citao temos a confirmao do despreparo das cidades em relao ao

    seu planejamento, com surtos migratrios, vrios so os problemas ocasionados pelo caos

    urbano, com o avano em direo ao centro do pas a regio Centro Oeste se torna alvo principal

    dos investimentos no Brasil.

    1.1 O Processo de Urbanizao em Gois aps 1930

    O processo de ocupao e povoamento de Gois ocorreu no sculo XVIII com a corrida

    do ouro e mais tarde j nos sculos XIX e XX, com a agropecuria tradicional, com a

    colonizao espontnea e oficial em zonas pioneiras do Estado. E tambm ocorreu devido a

    garimpagem de pedras preciosas e cristal de rocha, as ferrovias e as rodovias de integrao

    nacional e a expanso recente da fronteira agrcola baseada nas culturas da soja, cana-deacar

    e na pecuria melhorada. Assim todo o processo de ocupao do territrio goiano desde o

    perodo minerrio aconteceu de forma lenta, porm diversificada. Para Estevam

    (1998, p. 37):

    O povoamento em Gois, em funo de sua enorme extenso territorial, deu-se de

    forma vagarosa e diversificada. Logo de incio com a explorao aurfera ao longo de

    uma ampla superfcie, a coroa sentiu necessidade de aproximar-se com seu aparato

    administrativo. As minas dos Goyazes, que at 1749 haviam pertencido capitanias

    de So Paulo, obtiveram autonomia em meados do ano seguinte e uma das primeiras

    providncias foi a delimitao de territrio.

    O Estado de Gois est inserido no contexto nacional no aspecto que diz respeito ao

    processo de ocupao dos cerrados no Brasil, se deu as migraes que ocorreram em busca das

    riquezas naturais, centrada principalmente no interior do pas. Neste contexto a mudana da

    capital de Gois e a marcha para o oeste vo contribuir para a explorao da regio central do

    Brasil, depois de 1930. Sobre o exposto Peixinho (1983, p. 13) explica:

    No final da dcada de trinta a chamada marcha para o oeste contribui com o impulso

    da dinmica populacional do Brasil central. Mesmo que seus resultados no tenham

    sido os esperados, foi importante para a sinalizao da interiorizao brasileira.

    Mesmo com esses movimentos de interiorizao at a dcada de 40, a regio

  • 16

    centrooeste era considerado pelo IBGE como uma regio natural. Esse quadro vai

    sofrer uma alterao com a mudana da capital federal para o Planalto Central no incio

    da dcada de 1960. A partir da construo de Braslia, criou-se uma ampla rede de

    ligaes entre a regio centro-oeste e o centro sul, integrando Brasil Central ao espao

    mais dinmico do pas. Dentro dessa integrao centrooeste figura o processo de

    ocupao dos cerrados.

    Uma maior intensificao da ocupao das terras goianas se d atravs da construo de

    ferrovias surgindo pequenos centros urbanos em torno das estaes criando assim, uma relao

    comercial de Gois com os demais estados com a ferrovia que ligou So Paulo a Anpolis. As

    relaes comerciais foram se tornando grandes demais e os transportes ferrovirios no

    atendiam a demanda, e com o projeto para a construo de Braslia o sistema rodovirio comea

    a tomar conta do espao integrando Gois ao comrcio nacional.

    O pacote rodovirio acelerou a integrao de Gois no comrcio nacional e modificou

    as comunicaes infra e inter-regional, povoamento da zona do Mato Grosso, que tornou-se

    economicamente, a zona mais promissora do Estado. O adensamento demogrfico, o acelerado

    desdobramento de municpios e a significativa produo agropecuria na sua abrangncia

    possibilitaram a emergncia e a consolidao de Anpolis e Goinia enquanto vigorosos centros

    urbanos comerciais. (ESTEVAM, Op cit, p.132).

    Com sua possibilidade de desenvolvimento comercial a investir na agropecuria e na

    agroindstria, comea a uma srie de conquistas no campo da indstria e comrcio, tornandose

    assim um Estado em processo de urbanizao.

    Segundo Santos (1996, p. 69), Com a descoberta do cerrado, graas revoluo

    cientifico-Tcnica criam-se as condies locais para uma agricultura moderna, um consumo

    diversificado e, paralelamente, uma nova etapa da Urbanizao.

    O cerrado com grandes reas planas perfeito para a mecanizao. Com o avano da

    fronteira agrcola ocorreu um processo tcnico e de adensamento demogrfico. Para Santos

    (1996, p. 68): E por isso que o Centro-Oeste conhece uma taxa extremamente alta de

    urbanizao, podemos nele instalar, de uma s vez, toda a materialidade contempornea

    indispensvel a uma economia exigente de movimento.

    A regio Centro Oeste diferencia-se da regio Sul e Sudeste, por no possuir

    infraestrutura anterior, os meios de produo modernos ficaram mais receptivos, esta recepo

    oportunizou ao surgimento de grandes aglomerados urbanos.

    A regio Centro-Oeste teve seu processo de urbanizao ligado principalmente aos ciclos

    de minerao e as prticas Agropecurias. No caso especifico de Gois ainda podemos citar

  • 17

    como fontes desse processo as construes de Goinia em 1936 e da nova capital federal,

    Braslia em 1960.

    A construo de Goinia realizado no governo de Getlio Vargas foi um marco divisor

    para o desenvolvimento de Gois, devido antiga capital goiana (Cidade de Gois) ser de

    aparncia atrasada. Vargas inicia a construo de uma nova capital, com ruas largas (diferente

    da antiga capital) e com um padro arquitetnico e cultural inspirado nas grandes capitais

    brasileiras. Outra caracterstica encontrada para a criao de Goinia foi poltica nacionalista

    praticada por Vargas investindo capital no interior do pas alm de enfraquecer os domnios dos

    Coronis ainda existentes na velha capital.

    Devido ao intenso processo migratrio para a nova capital ocorreu um inchao

    extrapolando a rea planejada. Por se localizar no centro de Gois, Goinia ligou estado por

    diversas rodovias, elevando com isso os modos de produo e escoao de mercadorias alm

    de possibilitar o crescimento estadual.

    J com a transferncia da Capital Federal ocorreu um processo de criao de estruturas

    em comunicao, transporte entre outras. Com vrias rodovias ligando o Brasil, Gois tem com

    a chegada do Distrito Federal o ponto de partida das decises polticas e das rodovias federais.

    Com a busca de modernizar o pas Juscelino Kubitschek (JK), busca produzir no

    Planalto Central um dos marcos para justificar seu slogan que dizia desenvolver 50 anos em

    5.

    Tanto Goinia como Braslia foram de vital importncia para o desenvolvimento urbano

    de Gois, pois atravs das duas foi possvel mostrar o poder e a riqueza cravadas no Centro do

    Brasil.

    Atravs deste histrico percebemos que a urbanizao brasileira ocorreu a partir de aes

    dos estados agenciados unido ao capital.

    1.2 O processo de Urbanizao e o surgimento de Ipor

    O municpio de Ipor (mapa 1) tem como origem oficial o arraial de piles localizado na

    margem direita do Rio Claro no ano de 1748. O local era sede da guarnio militar dos Drages

    (policia real portuguesa), no local os irmos Felisberto e Joaquim Caldeira Brant exploravam

    diamantes. De acordo com dados da prefeitura o arraial de Piles:

    Comeou a construo de uma bela da parquia do senhor do Bom Fim, do quartel da

    guarda real e de alguns casares, alem de um monte de ranchos de garimpeiros. Nessa

  • 18

    poca piles teve seus dias de glria. Seu nome atravessou o atlntico e foi conhecida

    at pela corte em Lisboa onde ainda esto guardados muitos de seus arquivos

    histricos. (PREFEITURA MUNICIPAL DE IPOR 2008).

    Atravs da explorao de diamantes o arraial organizou os casares e ranchos a fim de

    extrair o mineral. Aps o perodo de glria o Arraial de Piles passa a fazer o papel de entreposto

    comercial entre Vila Boa de Gois e Cuiab. No ano de 1833 o arraial foi elevado a distrito de

    Vila Boa, o nome dado ao distrito foi Rio Claro, no mesmo ano o povoado foi transferido para

    s margens do crrego do Tamandu pelo decreto-lei n. 1.233 de outubro de 1833.

    O distrito de Rio Claro foi oficialmente transferido para a nova rea de jurisdio

    distrital. Sob decreto-lei n. 557 de 30 de maro de 1938, seu nome foi mudado oficialmente

    pelo decreto-lei n. 1233 de 31 de outubro de 1938 sendo chamado de Itajub, aps sua fundao

    logo chegaram os primeiros moradores, no local havia cerca de vinte residncias sendo na sua

    maioria ranchos cobertos com folhas de palmeiras e apenas trs com cobertura de telhas. As

    casas seguiam o alinhamento da atual Avenida24 de outubro. A mudana do nome Rio Claro

    para a Itajub de acordo com Gomis (1998, p. 58) foi um pedido de Elpidio Paes de Toledo,

    que desejava pessoalmente prestar uma homenagem cidade mineira onde havia passado sua

    adolescncia e juventude. Os interesses particulares so claramente expressados no decorrer

    do histrico de Ipor.

    O senhor Israel de Amorim, amigo do governador Pedro Ludovico, inicia o processo

    de formao do Aspecto urbano e esttico da futura cidade. Conforme citao abaixo, Gomis

    (1998, p. 91) explica a contratao feita por Israel de Amorim:

    Dois engenheiros de Goinia, para demarcar os cem alqueires da sede do patrimnio,

    fazer o loteamento e elaborar um projeto urbanstico moderno e com perspectiva para

    o futuro. Por recomendao pessoal do prprio Amorim, que tinha ojeriza das ruas

    estreitas da antiga capital, e se encantava com os aspectos modernos de Goinia e

    Uberlndia, o projeto previa ruas e avenidas largas e muitas praas destinadas para

    jardim e reas de lazer.

    Com o desenvolvimento econmico e espacial, o nmero de migrantes paulistas,

    mineiros, nordestinos e goianos foi grande, eles viam em Itajub a possibilidade de melhores

    condies de vida, os migrantes vinham em busca de terras frteis [...] febre do cho massap e

    fascinados pelas matas cheias de bacuris [...] Gomis (1998, p. 93). Aps cinco anos Itajub j

    possua a rotina de cidade do Oeste Goiano.

  • 19

    Aps vrios conflitos polticos, na maioria pautada por ambio poltica, iniciou-se um

    estudo produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstico (IBGE) a fim de modificar

    o nome Itajub, devido existncia de uma cidade mineira com o mesmo nome. O decreto-lei

    n. 8.305 de 31 de dezembro de 1948 mudou o nome para Ipor (Rio Claro na lngua indgena)

    retornando ao nome antecessor a Itajub.

  • 20

    Mapa1- Localizao do municpio e do permetro urbano de Ipor GO

  • 21

    Com a diviso da rea em lotes de at cem alqueires a regio de Ipor se fortaleceu e

    desenvolveu rapidamente devido Agricultura e a pecuria. Ipor era distrito de Gois Velho,

    o decreto-lei de n. 249 de 19 de novembro de 1948, levando o distrito ao patamar de municpio.

    Com a emancipao poltica, ocorre uma forte migrao para a cidade. Com o processo

    de urbanizao, ocorre a necessidade do crescimento urbano, surgindo assim novos setores.

    Como exemplo desse crescimento surge vila Itajub I e II no ano de 1968, a qual discorre no

    capitulo II.

    2 - OS LOTEAMENTOS COMO OBJETO DE ESTUDO: O CASO VILA ITAJUB I

    E II

    Ao analisarmos os processos de ocupao das cidades, percebemos que esta ocupao

    ocorreu atravs de varias transformaes, sendo estas influenciadas pelo capital e pelas polticas

    de habitao, que na sua grande maioria no buscava inserir ou integrar o cidado nem a

    sociedade e muito menos da dignidade aos populares.

  • 22

    O espao urbano repleto de divises, nele percebemos fragmentos de uma sociedade

    individualista e capitalista, onde so emitidas as divises de classes, com seus contrastes

    gritantes e severos. A populao sofre devido ao poder que o capital exerce sobre o espao

    urbano. Este poder faz com que o espao urbano passe a ter um valor diferenciado e que atravs

    desse valor ocorra uma ruptura das reas forando o surgimento de reas valorizadas e no

    valorizadas. De acordo com Costa (1998, p. 4):

    Para que a cidade cumpra bem o seu papel de espao do capita, proporcionando um

    ritmo constante do ciclo produo distribuio, necessria uma organizao do

    espao colocando cada elemento em seu lugar: a indstria, o comercio, o escritrio, a

    escola, o rico, o pobre.

    Esta diviso leva as reas a se diferenciarem devido ao do capital nas mesmas, como

    resultante tem as reas centrais com um valor e reas perifricas com outra. A diferena dos

    valores fruto da especulao imobiliria, seus atores principais so os proprietrios fundirios,

    promotores imobilirios e o Estado Corra (2000) h busca pela maior valorizao a populao

    de classe baixa e media empurrada para reas distantes dos centros quase sempre sem

    infraestrutura, os populares so obrigados a lutar por melhorias como Asfalto, energia eltrica

    e rede de esgoto, estas melhorias quando so conquistadas beneficiam os moradores e tambm

    os especuladores, sobre esta afirmao Gomes, Silva e da Silva (2003).

    No processo de produo do espao urbano, os promotores colocam a venda os

    loteamentos os quais normalmente possuem pouca ou nenhuma infra-estrutura, isso

    significa de varias formas, os compradores se organizam e lutam para obter

    equipamentos e servios coletivos como Asfalto, transporte, luz, gua, escola, creches,

    posto de sade dentre outros beneficiamentos sem duvida aqueles que esto

    produzindo seu espao, mas beneficiam sobre tudo aqueles que deixavam as terras

    vazias aguardando a valorizao.

    O Estado surge como agente promotor e financiador imobilirio durante o regime militar

    no ano 1964, com aes violentas e agressivas, os militares dominavam os trabalhadores seja

    no modo de falar, na forma de se vestir, outra forma encontrada de forar a ordem e dar ao

    trabalhador o sentimento de bem estar foi construo de casas populares, mas o governo

    militar no queria integrar o cidado e sim domin-lo, segundo Costa (1998, p.

    11) na realidade, a casa servia bem mais ao propsito de manter o trabalhador preso sociedade

    burocrtica de consumo dirigido, a propriedade, confortando-o, conformando-o, tornando-o,

  • 23

    seno um aliado do sistema, pelo menos um no-revoltado. Ento o governo militar se utiliza

    de um sonho popular (as casas) para tornar ainda mais dominador.

    Foi elaborado, criado durante o governo militar, o Banco Nacional de Habilitao

    (BNH), sua misso era financiar casas populares. Segundo Costa (1998; p. 11) por um perodo

    de at 25 anos para famlias com renda comprovada de trs ou mais salrios mnimos. Devido

    ao valor salarial para a aquisio das casas a grande maioria dos populares foi segregada,

    enquanto muitas moradias ficaram desocupadas.

    Os recursos para a construo das casas vinham do Fundo de Garantia por tempo de

    servio (FGTS) e das cadernetas de poupanas, o valor recolhido era 8% do salrio mnimo,

    visvel que o prprio trabalhador pagava a construo dos loteamentos e conjuntos

    habitacionais, outra parte dos investimentos do BNH eram destinados para moradias luxuosas

    e apartamentos, que devido ao valor era inacessvel para a grande camada de trabalhadores.

    Os loteamentos acessveis aos trabalhadores eram construdos com materiais de baixa

    qualidade, com pouca ou nenhuma infraestrutura e que levaram muitas famlias ao desespero.

    De acordo com Costa (1998; p. 12) Elas passaram do sonho ao pesadelo: os juros cobrados

    (chegaram a superar a taxa de 100%) deixaram muitas famlias inadimplentes e fizeram com

    que o saldo devedor se elevasse continuamente, chegando a triplicar o preo inicial da casa. O

    pesadelo durou os trabalhadores a se sujeitar e aceitar as imposies do regime militar, durante

    seus 22 anos de existncia, o BNH financiou cerca de 4,5 milhes de unidades habitacionais,

    sendo direcionada somente 250 mil para famlias com renda abaixo de 3 salrios mnimos. O

    restante foi para moradias luxuosas ou para pessoas com renda acima de 3 salrios.

    Com outros nveis de elevao dos juros e o longo perodo para o pagamento dos

    imveis, a expectativa dominadora do regime militar foi conseguida, deixando o trabalhador

    maior tempo em servio e dependente do emprego, evitando com isso qualquer ato rebelde.

    Com o fim do regime militar e a volta do regime democrtico, tem inicio mudanas em

    diversos segmentos da sociedade entre eles o habitacional, em 1986 extinto o BNH, a

    responsabilidade das polticas habitacionais ficou a cargo da Caixa Econmica Federal, se

    tornando o financiador das moradias populares, os recursos novidades como parcerias entre os

    governos Federal, estadual e municipal.

    Ao ver que o sonho da maioria dos brasileiros era a casa prpria, os polticos encontraram

    uma boa fonte de votos e a manuteno do poder poltico nas cidades. A Caixa Econmica

    Federal no conseguiu reduzir o dficit habitacional brasileiro devido a sua forma de atuao,

    as linhas de crdito existentes favorecem trabalhadores com renda respectiva superior a trs

  • 24

    salrios, como forma de baratear e reduzir os custos a Caixa Econmica Federal incentiva as

    autoconstrues e os mutires populares, buscando com isso a reduo dos custos em relao

    s moradias.

    O sonho da populao encarado como instrumento de dominao, seja no regime

    militar ou no regime democrtico, a diferena que no democrtico ao invs de violncia temos

    promessas, para a classe poltica no interessante o fim do dficit habitacional, mas sim a

    manuteno do estado atual, tendo a cada eleio votos cativos, aproveitando do sofrimento

    alheio, seja para ganhar a eleio ou para lucrar com a venda de lotes em reas segregadas e

    inaptas a moradia.

    Com o avano do capitalismo pela cidade morar se tornou uma guerra, pois locais que

    antes eram desvalorizados, com o decorrer do tempo sofrem elevaes em relao ao valor da

    rea, o que leva a acumulao de capital afastando cada vez mais as camadas mais pobres, na

    grande maioria para as reas perifricas, segregando seus moradores pela forma montona e

    no criam uma relao particular e afetiva entre o morador e o local.

    De acordo com Castro (1998, p. 18):

    O estado tem importante papel na programao do cotidiano quando adota estratgias

    como a construo de conjuntos habitacionais, programando o morar do trabalhador

    que amontoado em bairros planejados onde todas as casas possuem o mesmo

    tamanho, a mesma cor, com ruas de traado sempre reto, pouco espao, falta de

    infraestrutura e de reas de lazer.

    Vemos que o Estado vital para a organizao dos conjuntos habitacionais, o grande

    problema est no direcionamento das idias do Estado, na citao acima vemos o capital em

    primeiro lugar, sujeitando a populao ao descaso.

    Surge atravs da constituio de 1988, a obrigatoriedade de cidades com populao

    acima de 20 mil habitantes desenvolverem um plano diretor, sua funo e de reduzir carncias

    e as imposies criadas pelo uso includo do espao urbano.

    Nosso campo de estudo foi loteamento Vila Itajub I e II, neste estudo buscamos ver as

    polticas do Estado que resistem ao tempo e como populao superou as dificuldades

    existentes.

  • 25

    PLANTA 1 Planta do permetro urbano de Ipor - GO

  • 26

    Grande parte das reas habitacionais tem deficincias como falta da rede de esgoto,

    falta de reas de lazer, falta de postos de sade e escolas, nesse sentido as vilas Itajub I e II no

    enfrenta essa problemtica. A histria da rea de estudo fortemente prejudicada devido falta

    de documentos sobre o projeto na prefeitura municipal.

    Parte da pesquisa foi realizada utilizando documentos encontrados no cartrio do 1

    ofcio de Ipor e com depoimentos de pessoas que moram na vila desde sua inaugurao. A

    outra parte se fez atravs de leituras de referencial terico, no mapa seguir temos permetro

    urbano de Ipor (parcialmente) e a delimitao espacial da vila Itajub I e II. (ver em anexo

    alguns exemplos de programas habitacionais realizados pelo poder).

    2.1 O Surgimento da vila

    O projeto de loteamento Vila Itajub tem seu inicio em 19 de novembro de 1968 com

    a compra por parte da prefeitura municipal de Ipor no valor de doze mil cruzeiros, a rea

    adquirida limitava-se com a Avenida Rio Claro e a fazenda Pindaba ou tamandu, sua rea

    corresponde a 73.805,50 m em campo destinado a edificao e sua localizao era na zona

    suburbana de Ipor.

    O proprietrio das terras era o senhor Sebastio Domingues Vargas, a escritura pblica

    de compra e venda foi feito em 11 de setembro de 1968 estando registrado no cartrio do 1

    ofcio de Ipor situado na Rua So Jos N. 26 no setor Iporazinho.

    Sua construo foi possvel devido parceria entre a prefeitura municipal de Ipor, o

    Banco Nacional de Habitao (BNH) e a Companhia Habitacional do Estado de Gois

    (COHAB-GO); a rea foi adquirida pela prefeitura e as edificaes foram realizadas pela BNH

    via COHAB-GO.

    As casas foram construdas atravs de emprstimos, o BNH emprestou 87.395,54

    cruzeiros destinados infraestrutura do local (gua potvel e energia eltrica) alm do

    emprstimo de 595.323,28 cruzeiros para a construo das casas (ver planta da vila em anexo

    II e III), a forma de aquisio das casas era atravs de inscrio de hipotecaria onde o valor do

    contrato correspondia a 560,00 cruzeiros. A cobrana da hipoteca era realizada atravs de guias

    de recolhimento (ver guias de recolhimento em anexo IV) onde o valor correspondia a 7% do

    valor do salrio mnimo.

    O proprietrio havia no perodo do contrato 240 meses (20 anos) para pagar a dvida,

    algumas clusulas para a aquisio orientavam ao possuidor do imvel a no realizar reformas

  • 27

    ou mudanas no projeto original das casas alem de proibir a venda, locao ou concesso de

    posse do imvel, sendo estas aes feitas somente pela COHAB-GO. (Ver em anexo o edital

    do loteamento, anexo-V). Para adquirir o imvel no se fazia necessrio apresentar nenhum

    documento sobre a renda financeira, fiador ou qualquer intermedirio, os interessados faziam

    suas inscries na prefeitura municipal e aguardava a vinda das guias aps a concesso dos

    imveis.

    Inicialmente o pagamento era feito no escritrio da prpria COHAB-GO situado na

    Rua 2 Vila Itajub. Como podemos observar a imagem 1.

    Imagem 1- Antigo escritrio da COHAB-GO Fonte: CHAGAS: Frank Luiz R. (2008)

    Aps fechamento do escritrio o pagamento comea a ser realizado no extinto Banco

    do Estado de Gois S/A (BEG) situado na Avenida Gois esquina com a Rua Esmerindo Pereira

    no Centro de Ipor. Aps a privatizao do BEG o pagamento passou a ser feito no Banco Ita

    situado no mesmo endereo.

    A rea adquirida possua uma nica via de acesso ao centro era um trieiro onde hoje

    a Avenida Rio Claro esse trieiro seguia at a Rua Esmerindo Pereira onde descia em direo

    ao centro, muitas pessoas que recebero as casas e depois de algum tempo abandonavam o

    imvel, a vila era um local desvalorizado, inabitado e com carncia em infraestrutura.

    Como forma de expandir o aglomerado urbano decidiu-se construir o loteamento na

    rea, de acordo com o senhor Urbano funcionrio da prefeitura municipal o local tinha como

    objetivo atrair moradores para o loteamento, aumentar a ocupao da rea urbana, reduzir o

    dficit habitacional do municpio alm de valorizar as reas prximas.

  • 28

    2.2 A vila no contexto social e estrutural no perodo entre 1968 e 1990

    Pela inexistncia de arquivos sobre a vila Itajub nossa pesquisa se pautou inicialmente

    nos depoimentos dos dois primeiros moradores que ainda residem na vila a senhora Alcir (68

    anos) e o senhor Nivaldo (72 anos), seus depoimentos nos revelam o desrespeito logo no incio

    do loteamento em relao aos moradores.

    O senhor Nivaldo natural de Barreiras no Estado da Bahia chegou a Ipor na dcada

    de 1960 onde se casou. Morou por quase um ano na Avenida 24 de outubro no centro de Ipor,

    ele comenta minha casa era um rancho de pau-a-pique com cho de terra batida, l passei

    muitas dificuldades.

    Ao saber das casas, ele logo se inscreveu a fim de receber a to sonhada casa prpria,

    segundo o senhor Nivaldo no foi necessrio nenhum tipo de avalista ou de comprovante de

    renda, nesta poca sua profisso era vender brinquedos e semi-jias em festas tradicionais

    como a festa de maio realizada anualmente em Ipor, ou seja, o mesmo no tinha como declarar

    uma renda fixa.

    Aps sua inscrio ele recebeu a notificao atravs da prefeitura no ano 1969

    comunicando que ele havia sido contemplado segundo ele Eu fui a todas as casas, pois no se

    escolhia a casa e nem o local, rua, nada s fiquei sabendo qual era a minha aps abrir a porta

    com a chave. Na imagem 2 na pagina 29 vemos a casa do Sr. Nivaldo, aps diversas reformas.

    As casas eram de arquitetura iguais, diferenciando somente o nmero dos quartos, os

    beneficiados recebiam somente uma chave, assim os moradores eram obrigados a encontrar a

    casa, nos documentos de notificao no eram expressos o numero, quadra ou rua da casa, com

    isso os moradores se dirigiam nas vrias casas at encontrar a sua.

    Mesmo satisfeito ele lembra que toda a instalao eltrica j estava pronta, mas no

    havia energia no local ao pesquisarmos sobre o assunto descobrimos que no perodo da entrega

    das casas a cidade era iluminada por motores a diesel ou pela usina da cachoeirinha Gomis

    (1998, p. 112) refora a fala do morador.

    A hidreltrica cachoeirinha, construda por Israel de Amorim no rio Santo Antnio, a

    partir de 1945 e concluda em 1948, com recursos particulares, pblicos e atravs de

    mutires, com potncia de 90 kWh. Sua energia atendia o consumo da iluminao

    pblica e domiciliar, e s foi desativada com a chegada da luz de Cachoeira Dourada,

    em 1970.

  • 29

    Imagem 2 - Casa do senhor Nivaldo Fonte: CHAGAS, Frank Luiz R. (2008).

    Com a baixa potncia energtica de Ipor, a Vila ficou sem energia eltrica at 1971,

    a utilizao de lampio, velas e lamparinas era a nica forma de iluminar as residncias, com a

    desativao da hidreltrica da cachoeirinha, Ipor passou a ser abastecido com a energia de

    Cachoeira Dourada, beneficiando os moradores da vila.

    O senhor Nivaldo lembra que em frente a sua casa existia somente um ranchinho de

    palha e o cerrado fechado, segundo ele O cerrado isolava a gente, nunca pensei que hoje teria

    casas aqui.

    J para a Senhora Alcir a apropriao da casa foi diferenciada; ela era moradora do

    municpio de Baliza prximo a Torixoru na divisa de Gois com Mato Grosso, casou e veio

    com o marido para Ipor, eles moraram alguns meses no centro em uma casa alugada, seu

    marido j com idade avanada era funcionrio da prefeitura municipal, devido idade ela no

    via a possibilidade de adquirir sua prpria casa.

    Seu marido soube do loteamento e fez a inscrio para receber a casa, ele foi

    contemplado e se mudou rapidamente para a recm inaugurada Vila, ela lembra que o local era

    horrvel e que vrias vezes pensou em mudar, no mudando devido morte de seu marido.

    Criou nove filhos com a penso recebida pela perda do esposo, sua casa era pequena para tanta

    gente, mas com diversas reformas e ampliaes sua casa se tornava mais confortvel.

    Para ela o projeto da casa e da vila no favorecia o bairro, ela comenta que: As casas

    so muito pequenas e o lote sobrou (espao), acho que o engenheiro eu sei l quem fez isso deve

    ter errado na medida. As ruas no sei por que no so da mesma largura se fosse mais igual

    seria melhor.

  • 30

    Ela se lembra das dificuldades para se chegar ao centro, s vezes se perdiam no

    caminho de volta. A gua utilizada na vila era capitada na fazenda do senhor Quinca Paes,

    ocorria falta de gua diariamente sendo sanado o problema aps o abastecimento de gua ser

    feito pela SANEAGO. A gua utilizada pelos moradores da vila era capitada e distribuda no

    local sob a responsabilidade da Prefeitura Municipal.

    Para ela a falta da luz era compensada com vela e lamparina, mas a maior dificuldade

    foi falta de vizinhos, de acordo com Dona Alcir, muitas pessoas pediam as casas, mas a

    maioria nem moravam nelas, ficando vazias ou para alugar.

    Aps a abertura das ruas em direo ao centro e da chegada da luz Dona Alcir no

    desejava mais se mudar da vila, com seus filhos criados, hoje ela mora com um neto na Rua D

    na prpria vila Itajub I.

    Para ela o melhor da vila o sossego a noite, apesar de que durante o dia segundo ela

    os meninos fazem muito barulho vale salientar que a casa de Dona Alcir fica em frente praa

    onde existiam alguns brinquedos como: balanos, escorregador, mas devido ao tempo j foram

    quebrados, mas ainda se encontram ali crianas brincando de bola, entre outras brincadeiras.

    Como observamos na imagem 3 logo abaixo.

    Imagem 3 Momento de brincadeiras de rua Fonte: CHAGAS, Frank Luiz R. (2008)

    2.3 A vila no contexto social e estrutural hoje

  • 31

    De acordo com as pesquisas realizadas sejam em referenciais tericos ou com

    populares, nota-se que a vila apesar de ser um projeto com grandes nveis de desrespeito com

    futuros moradores hoje a grande maioria dos moradores afirmam que o local bom pra se morar.

    A seguir observamos um quadro com dados referentes aos moradores da vila Itajub I e II.

    VILA ITAJUB I VILA ITAJUB II

    N MORADORES 390 303

    N DE CASAS 126 98

    HABITANTES POR

    IMVEL

    3,1 3,1

    FAIXA ETRIA 0 a 60 ANOS 0 a 55 ANOS

    RENDA MDIA DOS

    MORADORES

    2 SALRIOS E MEIO

    (1.037,00)

    3 SALRIOS (1.245,00)

    Quadro 1 - Indicadores Demogrfico e Econmico dos Moradores da Vila Fonte: Agentes de sade do PSF Vila Itajub I Organizao dos Dados: CHAGAS, Frank Luiz R. (2008)

    A Vila Itajub conta hoje com a Unidade de Sade da Famlia (P.S.F.) onde so

    realizadas consultas mdicas, conta tambm com o Colgio Estadual Odilon Jos de Oliveira,

    situado na Rua 2 na prpria Vila, com alunos do ensino fundamental, mdio e atualmente com

    salas de Educao de jovens e adultos (E.J.A.), nas imagens abaixo encontramos o P.S.F. e o

    Colgio Estadual.

    Imagem 4 - PSF e Colgio Fonte: CHAGAS, Frank Luiz R.(2008).

    Encontramos tambm uma igreja catlica e um centro comunitrio alm de quatro praas

    em bom estado, sendo duas na vila Itajub I e duas na vila Itajub II. As vias so estreitas e

    totalmente recobertas por paraleleppedos (broquetes). Como vemos nas imagens a seguir:

  • 32

    Imagem 5 - Praas situadas na vila Itajub I Fonte: CHAGAS, Frank Luiz R. (2008).

    Imagem 6 - Rua com Broquetes Fonte: CHAGAS, Frank Luiz R. (2008)

    Imagem 7 - Praas situadas na vila Itajub II Fonte: CHAGAS, Frank Luiz R. (2008).

  • 33

    So encontrados alguns pontos comerciais, dentre eles: mercearia, salo de beleza,

    bares, oficina de concerto de bicicleta, pitdog, aougue, supermercado, pamonharia, lan house,

    loja de artigos importados, loja de artigos veterinrios e de materiais eltricos e hidrulicos em

    geral. Como observamos a imagem a seguir:

    Imagem 8 - Comrcio situado na vila Itajub I Fonte: CHAGAS, Frank Luiz R. (2008).

    Seus moradores destacam que o sossego que a vila possui cativa a todos, esse sossego

    confirmado pelo grande nmero de pessoas que se relacionam nos fins de tarde nas praas e

    nas portas das casas o nmero de aposentados ou pessoas mais velhas visvel. O bairro

    fortemente habitacional e seus moradores encontram no local, a tranqilidade desejada. Como

    pode ser observado na imagem abaixo:

    Imagem 9 - Moradores conversando no fim de tarde Fonte: CHAGAS, Frank Luiz R. (2008).

    Os primeiros moradores do loteamento no sonhavam com

  • 34

    tamanho desenvolvimento do local, sua influncia gerou um crescimento significativo de bairros

    como Vila Braslia I e II, Expanso leste entre outros.

    Aos sbados realizado tradicionalmente no perodo matutino uma feira localizado na

    Rua 6 onde so comercializados frutas, verduras, salgados e churrasquinho. Os feirantes so

    moradores das reas rurais prximas ao municpio, alm de vendedores que comercializam

    verduras vindas do (CEASA) Como observamos a imagem abaixo:

    Imagem 10 - Feira Fonte: CHAGAS, Frank Luiz R. (2008).

    Outro fato que mesmo sendo um bairro perifrico o nvel de violncia e/ou

    criminalidade praticamente nula, isso reflete na boa recepo dos moradores e na tranqilidade

    dos mesmos, a presena da polcia constante na vila estabelecendo a ordem e a tranqilidade

    do local.

    A Avenida Rio Claro separa a vila Itajub do Setor Central, esta avenida possui a

    caracterstica da expanso comercial (centro expandido), pois nela existem diversas salas

    comerciais como, por exemplo: motos peas e borracharias, padarias, pastelaria, sorveteria,

    salo de beleza, loja de calados, loja de roupas, frutaria, aougue, loja de mveis usados, vdeo

    locadora, correspondente bancrio (Caixa Econmica Federal) e servios de moto taxi.

    Como vemos na imagem seguinte:

  • 35

    Imagem 11 - Comrcio situado na Avenida Rio Claro Fonte: CHAGAS, Frank Luiz R. (2008).

    A diviso da vila Itajub I e II feita pela Rua 2. Algumas diferenas em relao s casas

    podem ser notadas. Na Vila Itajub I as casas foram construdas tendo sua estrutura erguida com

    tijolo e cobertas por telha Plan. Como podemos observar na figura abaixo e na planta1 (ver

    anexo VI).

    Imagem 12 - Casa construda na vila Itajub I Fonte: CHAGAS, Frank Luiz R. (2008).

    1 As casas na vila Itajub I se diferem pela quantidade de quartos, sendo com dois ou trs quartos, na planta em anexo

    esta representada as casas com trs quartos.

  • 36

    Na Vila Itajub II as casas foram construdas tendo sua estrutura erguida com lminas

    de concreto e cobertas com telha Eternit. Como podemos observar na imagem abaixo e na

    planta2 (ver anexo VII).

    Imagem 13 - Casa construda na vila Itajub II

    Fonte: CHAGAS, Frank Luiz R. (2008).

    A Vila Itajub I e II so provas de que aes de cunho expecultorio imobilirio fazem

    seus populares passarem por momentos de dificuldade, aps 40 anos de sua inaugurao a

    realidade hoje se difere; mas mesmo assim nos cabe a pergunta os fins justificam os meios?

    Ou males que vem pro bem?.

    A poltica habitacional brasileira no buscou sanar as segregaes habitacionais e

    sociais, somente habitacional, como dona Alci vrios moradores viam nesta vila a nica chance

    de possuir to sonhada casa prpria independentemente do local e da infraestrutura

    oferecida.

    Alguns fatos nos chamaram a ateno durante a pesquisa, ao analisar os documentos

    do loteamento descobrimos que o nome original dado a Vila, pelo desconhecimento dos

    populares vila era chamada de Vila Itajub I (a expanso I) e Vila Itajub II (a expanso II).

    2 As casas na vila Itajub II se diferem pela quantidade de quartos, sendo com dois ou trs quartos, na planta em

    anexo esta representada as casas com trs quartos.

  • 37

    Segundo dados encontrados no cartrio do 1 ofcio de Ipor a Vila Itajub I (a

    primeira) est situada prximo a feira coberta, prximo ao centro da cidade, devido a ligao

    histrica com o reconhecimento popular, modificou-se o nome da vila, em Setor Central, mas

    ainda possvel encontrar placas nas casas com o nome de Vila Itajub.

    De acordo com o senhor Manoel, funcionrio do cartrio do 1 ofcio o local perdeu o

    nome de vila devido proximidade com o setor central e tambm devido ao valor imobilirio

    encontrado nas reas ditas centrais.

    Neste estudo foram mostrados como surgiu as vilas Itajub I e II, dessa maneira foi

    bastante evidenciado tanto o aspecto social e a estrutura fsica do lugar. Portanto a vila antes

    no era vista pelos moradores como local bom para se viver, mais ao longo dos anos devido ao

    fluxos de moradias que se encontram nos bairros prximos, tida como uma das melhores reas

    de se morar.

  • 38

    CONSIDERAES FINAIS

    O estudo realizado nas vilas Itajub I e II localizada no municpio de Ipor-GO, foi de

    grande relevncia, devido ao contexto histrico e segregacional que encontramos na vila, logo

    no incio de sua construo, o qual reunimos dados sobre o surgimento da vila, podendo ser

    utilizados posteriormente para a produo de outros trabalhos acadmicos, sobre o local, alm

    de estudar os processos de segregao durante sua existncia, os abusos e desprezos que seus

    moradores tiveram que vencer.

    Os processos de urbanizao so na sua maioria desordenada, como resultados deste

    desordenamento, as cidades no conseguem administrar os bairros ou no conseguem estruturar

    todos da mesma forma, com o aumento da populao iporaense, inicia se o

    estudode locais para a construo de um novo loteamento,queremos destacar que este

    estudo foi influenciado por diversos fatores,entre eles: O baixo valor da rea onde foi

    construdo a vila, a busca pela valorizao das reas prximas a vila e claro a reduo do dficit

    habitacional em Ipor.

    A contribuio de Roos (1996) sobre este descaso com a populao principalmente a de

    classe baixa, reflete na desordem e na pouca estrutura destas reas habitacionais. Com o

    surgimento do BNH, tem incio a atuao do Estado como promotor e provedor habitacional,

    mas a inteno do Estado durante o governo militar, era de dominar o trabalhador e reprimir

    revoltas. Aps o fim do regime militar o dficit habitacional tornou porto seguro para as

    promessas de polticos e governos, tendo voto de pessoas sem moradia. Tanto no perodo militar

    como no democrtico observamos o descaso em relao aos trabalhadores por parte do Estado.

    Ao analisarmos o caso vila Itajub I e II sobre a tica de Roos (1996), percebemos que

    a construo das casas no tinha como prioridade satisfazer a vontade dos moradores com um

    local agradvel, mas a preocupao do Estado era a reduo de nmeros e no a qualidade de

    vida dessas pessoas; os moradores mesmo com casas para morar so segregados socialmente

    devido as carncias fsicas que os mesmos tem que passar.

    Com o desenvolvimento do comercio local os moradores da vila presenciaram o

    fortalecimento dos diversos seguimentos, com variedade de lojas a populao no necessitava

    dirigir-se ao centro da cidade para fazer compras, este aquecimento da economia local fortaleceu

    o bairro. O Estado no se preocupou com os moradores do loteamento, neles observamos o total

  • 39

    descaso fsico e estrutural, na vila Itajub as casas padronizadas e as ruas desordenadas so

    marcas de um Estado indiferente, que valoriza certas reas e desvaloriza outras.

    Diante dessas consideraes, acreditamos que a forma atual da vila fruto do

    desenvolvimento do municpio e de aes do governo estadual, entendemos que nosso trabalho

    no responde a todas as dvidas, ms vemos este trabalho como fonte de pesquisa para outras

    pesquisas.

    REFERNCIAS

    CAMPOS FILHO, Candido Malta. Cidades Brasileiras: Seu Controle ou o Caos: o que as

    cidades devem fazer para a humanizao das cidades no Brasil (2 edio) editora studio Nobel, So Paulo. 1992.

    CARTRIO DO 1 OFCIO DE IPOR

  • 40

    CLARK, David, Introduo a Geografia Urbana (traduo Lucia helena Gerardi, Silvana Maria Pintaldi) Editora Difel, So Paulo. 1985

    COGOY, Eliana Mourgues, A Habitao Popular e os Desafios da Ao Coletiva

    (dissertao de mestrado) Universidade Catlica do Rio Grande do sul (2006).

    CORRA, Roberto Lobato. O Espao Urbano. So Paulo. Ed. tica 2000.

    COSTA, Carmem Lcia. A cidade e o cotidiano do seu morador. Boletim Goiano de

    Geografia /Instituto de Estudos Scio-Ambientais, Curso de Geografia UFG. Vol. 1, n. 1, 1981 - Goinia v. 18, n. 1, jan./dez. 1998.

    ESTEVAM. L. O tempo das transformaes: Estrutura Dinmica da Formao Econmica

    de Gois. Goinia. 19998.

    FOGAA, Glucia Fernandes de Deus, A Construo Espacial do Setor Oeste em Anicuns. Monografia (licenciatura em geografia) Faculdade de Educao e Cincia Humanas de Anicuns,2008.

    GOMIS, Moiss Alexandre, Uma Viagem no Tempo de Piles a Ipor. UEG, Ipora, 1998.

    INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA ESTATSTICA. Censo populacional 2007.

    Rio de Janeiro: IBGE, 2007.

    PEIXINHO, D. M. A. Ocupao recente dos cerrados. Anuais: Simpsio de Geografia-VII Eregeo-Quirinpolis, 13-20/setembro/2008.

    PEREIRA, Cleudes Donizete, (Re) Produo do Espao Urbano de Palminpolis-GO. Monografia (bacharel em geografia) Faculdade de Educao e Cincia Humanas de Anicuns 2005.

    PREFEITURA MUNICIPAL DE IPOR. Histria do Municpio de Ipor. Disponvel em:

    . Acesso em 25 de out. 2008.

    RABELO, Lcia Helena Maria, Espao de Moradia de Anicuns. Monografia (licenciatura em geografia) Faculdade de Educao e Cincia Humanas de Anicuns, 2005.

    ROOS, Jurandir L. Sanches (org), Geografia do Brasil. 2. Edio, So Paulo 1996. Editora da Universidade de So Paulo.

    ROMANO, Cludia Mrcia Bernardes, A Cidade de Morrinhos: Uma Abordagem

    Geogrfica. Editora grafset-grafica e editora Goinia 2006.

    SANTOS, Milton. A Urbanizao Brasileira. 5 edio. So Paulo: Edusp, 2005.

  • 41

  • 42

    ANEXOS

  • 43

  • 44

  • 45

  • 46

  • 47

  • 48

  • 49