a transformação da paisagem resguarda múltiplos espaços e tempos iporá neste contexto

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ CURSO DE GEOGRAFIA A TRANSFORMAÇÃO DA PAISAGEM RESGUARDA MÚLTIPLOS ESPAÇOS E TEMPOS: Iporá neste contexto A LUCIENE DE SANTANA DUARTE IPORÁ 2009

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Geografia

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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIS

    UNIDADE UNIVERSITRIA DE IPOR

    CURSO DE GEOGRAFIA

    A TRANSFORMAO DA PAISAGEM RESGUARDA MLTIPLOS

    ESPAOS E TEMPOS: Ipor neste contexto A

    LUCIENE DE SANTANA DUARTE

    IPOR

    2009

  • LUCIENE DE SANTANA DUARTE

    A TRANSFORMAO DA PAISAGEM RESGUARDA MLTIPLOS

    ESPAOS E TEMPOS: Ipor neste contexto A

    Monografia apresentada Coordenao de Curso de Geografia da Universidade Estadual de Gois UnU Ipor, como requisito parcial para a obteno do t tulo de Licenciada em Geografia.

    Orientadora: Profa. Msc. Jackeline Silva Alves

    IPOR

    2009

  • LUCIENE DE SANTANA DUARTE

    A TRANSFORMAO DA PAISAGEM RESGUARDA MLTIPLOS

    ESPAOS E TEMPOS: Ipor neste contexto

    Monografia apresentada Coordenao de Curso de Geografia da Universidade Estadual de Gois UnU Ipor, como requisito parcial para a obteno do t tulo de Licenciada em Geografia.

    Orientadora: Profa. Msc. Jackeline Silva Alves

    _____________________________________________

    Prof Ms. Jackeline Silva Alves (Orientadora)

    ____________________________________

    Prof. Ms. Michel Rezende da Silveira

    _____________________________

    Prof. Ms. Paula Junqueira da Silva

  • Dedico este trabalho a Deus, por ter me abenoado nos estudos, aos meus professores que tanto contribui na formao dos meus conhecimentos, aos meus amigos pelas horas de alegria que passamos juntos, a minha famlia, especialmente a minha amada me Olidia por ter enfrentado tantas barreiras pra permitir que eu chegasse ate aqui.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo primeiramente a Deus, que iluminou o meu caminho para eu ter chegado a

    esta etapa dos meus estudos.

    A todos os professores que contriburam para formao do meu conhecimento

    especialmente a minha orientadora Jackeline Silva Alves por me orientar nesta pesquisa

    cientifica mesmo estando com a sade frgil.

    Aos meus familiares por terem-me incentivado a lutar pelo meu ideal. E aos meus

    amigos que esteve ao meu lado especialmente a Mrcia Rocha Bahia. E a todos aqueles

    que contriburam para a realizao desta pesquisa cientifica.

  • A percepo sempre um processo seletivo de preservao. Se a realidade apenas uma, cada pessoa v de forma diferenciada.

    Dessa forma, a viso pelo homem das coisas matrias sempre deformada.Nossa tarefa a de ultrapassar a paisagem como aspecto, para chegar ao seu significado.

    Milton Santos ( 1991).

  • RESUMO

    A presente pesquisa se realizou mediante ao levantamento, seleo e leitura das

    fontes bibliogrficas que trata sobre o tem em questo, com levantamento e investigao

    junto as fontes documentais tais como: projetos de Lei do municpio de Ipor que trata da

    preservao histrica, escritos referente a cidade. A pesquisa de campo para melhor

    compreenso de como se deu a origem de Ipor, tambm foi fotografada e analisada o

    estado de conservao da Velha cidade do Comrcio Velho (Distrito do Rio Claro),

    prximo a Israelandia e sua influencia no perodo de minerao, bem como o

    enfraquecimento da minerao e outros fatores que contribui para o surgimento de Itajub,

    Ipor hoje que teve sua origem no referido distrito. A pesquisa de campo tambm abrange a

    Avenida 24 de outubro onde iniciou a cidade bem o crrego Tamandu para registrar a sua

    realidade no momento e fotografar onde iniciaram a cidade de Ipor, as casas antigas para

    constatar seu estado de conservao comparando-as com as casas atuais da cidade.

    Tambm foram analisados as ruas, praas, lago pr-do-sol e outros marcos que tornou

    possvel observar tais transformaes ocorridas. Utilizando-se de fotografias antigas e

    atuais organizando um mosaico que permita o leitor constarem as transformaes

    processadas na paisagem urbana, ressaltando as modificaes que possibilitaram tais

    transformaes. Na pesquisa tambm foi realizadas entrevistas com moradores antigos e

    autoridades da cidade de Ipor afim de relatarem como ocorreu as primeiras

    transformaes da paisagem bem como apresenta no momento.

    Palavras-Chave: transformao do espao, paisagem, cultura.

  • LISTA DE FIGURAS

    1 Mapa que mostra a localizao da cidade de Ipor 022 As infra-estruturas existentes quela poca eram

    precrias.. .

    15

    3 Caminhos em meio ao Cerrado eram abertos para l igar os

    ncleos de povoamento. 15

    4 Dos elementos materiais que marcam onde fora Comrcio Velho, apenas este Cruzeiro permanece de p. Localizado na Fazenda Gastril, cujo proprietrio o Sr. Gaspar, localizada h aproximadamente 5 Km de Israelandia/GO margem do rio Claro.

    16

    5 Anteriormente erguida a Igreja Catlica de Nossa Senhora do Rosrio, temos hoje instalado o Terminal Rodovirio da Cidade. 17

    6 Mostra em primeiro plano o encontro de cavaleiros da localidade no ano de 1941, em segundo plano o casario na 24 de Outubro e ao fundo o Cerrado que era comum na regio.

    17

    7 Grupo Escolar Israel Amorim. 18

    8 Como marcas de resistncia temos uma antiga residncia, hoje com outra funo, que ainda sobrevive em s residncias mais modernas na Av. 24 de Outubro, nas reas prximas onde a cidade fora fundada.

    19

    9 Avenidas largas, sistema de rotatrias e residncias

    imponentes hoje constituem a paisagem do Centro urbano

    de Ipor.

    20

    10 Vista parcial do Lago Pr do Sol, um dos cones da

    cidade. Em segundo plano o Circo Zanquettini, o circo

    ainda faz parte de uma cultura local.

    20

    11 Uma das casas mais antigas encontradas na Av. 24 de

    Outubro.

    21

    12 O telhado ainda o telhado original, a fachada resguarda

    parte da estrutura original, e no interior da casa algumas 21

  • modificaes foram feitas, mantendo-se resqucios do que

    era original no piso, esteios e telhado. 13

    14

    15

    16

    17

    18

    19

    Construo da U.H.Cachoeirinha/Ipor-Gois.

    Resqucios da estrutura da Usina Hidreltr ica

    Cachoeirinha situada no Parque Municipal Cachoeirinha

    Ipor/GO

    Avenida 24 de Outubro Residncia construda por Israel

    Amorim. Traos do Velho e do Novo em sua fachada

    Israel Amorim, importante figura polt ica da localidade.

    O arruamento da cidade Avenidas largas com o sistema

    de rotatrias

    Cine Alvorada. (Sem data), uma das opes de lazer da populao quele perodo.

    Fachada do Cine

    25

    26

    27

    28

    29

    29

    30

  • SUMRIO

    INTRODUO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    .

    01

    A PAISAGEM ENQUANTO CATEGORIA DE ANALISE NA GEOGRAFIA

    1. A transformao da paisagem mediada pela expanso do

    capital

    05

    1.2 O processo de interiorizao do Brasil e o estabelecimento

    das novas dinmicas regionais

    08

    2 COMPREENDENDO A TRANSFORMAO DA PAISAGEM

    DE IPOR/GO ATRAVS DOS DISTINTOS RECORTES

    TEMPORAIS

    2.1 A incorporao das terras goianas e a transformao da

    paisagem: Ipor neste contexto

    16

    3 A PAISAGEM REVELA AO MESMO TEMPO EM QUE

    ESCONDE: o uso de fontes orais e de fotografias para a

    construo do caleidoscpio iporaense

    CONCLUSO

    REFERNCIAS

    ANEXOS

    24

  • INTRODUO

    A cidade de Ipor esta geograficamente localizada na regio

    denominada Centro-Goiano, ou microrregio de Ipor, no estado de Gois,

    entre as coordenadas geogrficas de 16 28 Latitude Sul e 31 06

    Longitude Oeste, conforme mostra a Figura 1. O municpio banhado pelos

    rios Claro e Caiap, os ribeires Santa Marta e Santo Antonio e vrios

    crregos, destacando dentre estes o crrego Tamandu, o qual drena a

    malha urbana.

    Nas ultimas dcadas do sculo XX, a paisagem das cidades

    brasileiras, passaram por constantes transformaes em funo da expanso

    do capital. Diante de tantas modificaes acreditamos ser pertinente pensar

    sobre a importncia em conservam alguns elementos da paisagem que

    resguardam caractersticas histricas da cidade, tendo em vista torn-los

    patrimnio pblico.

    Conforme Santos (1991, p.69) A paisagem deve ser pensada

    paralelamente as condies polt icas, econmicas e tambm culturais.

    Ao observar o processo de transformao da paisagem de Ipor,

    possvel constatar que poucos elementos histricos permaneceram no

    urbano, muitos de seus referenciais histricos foi completamente

    modificado.

    Diante do exposto, este trabalho buscou compreender as

    transformaes ocorridas na paisagem iporaense, em distintos recortes

    temporais, com intuito de no apenas montar um mosaico de fatos, mas

    buscar explicaes para a paisagem apresentada.

    Segundo argumenta Carlos (2004, p.07) a cidade pode ser considerada

    como uma construo, um produto histrico social, e nesta dimenso

    aparece como trabalho materializado, acumulando ao longo do processo

    histrico e desenvolvido por uma srie de geraes.

    Atravs do estudo da Paisagem, descobrimos fatos importantes que

    passam despercebidos pelas novas geraes, as quais no raro,

    desconhecem as origens da cidade. Analisando a paisagem podemos

    estabelecer um olhar crt ico dos elementos e fatos histricos.

  • Figura 1

  • Para recompor a Paisagem histrica torna-se importante observar a

    relao cultural dos momentos apresentados, a relao da cidade com o

    campo, e o modo de vida da poca.

    Carlos (2004, p.35) acrescenta que a paisagem, por sua vez, contem

    mistrios, beleza, sinais, smbolos, alegorias, tudo carregado de

    significados, memria.

    Conforme registros historiogrficos sobre a cidade de Ipor, acredita-

    se que a origem da transformao da Paisagem local desde seu inicio,

    estiveram associados a interesses sociopolt icos e econmicos.

    Atravs da analise da paisagem de Ipor, acreditamos que o passado

    possa ser remontado, e atravs deste trabalho, pretendemos mostrar que

    apesar das transformaes ocorridas na paisagem citadina, a manuteno,

    preservao e restaurao de alguns marcos da paisagem urbana, devem ser

    mantidos como patrimnio histrico e cultural da cidade.

    Santos (1991,p.69) diz que no Brasil se recolhe a historia dos objetos

    presentes, mas no a histria da cidade.

    Tendo em vista alcanar os objetivos propostos neste projeto, o

    trabalho foi desenvolvido de acordo com o seguinte encaminhamento

    metodolgico: Levantamento, seleo e leitura de fontes bibliogrficas que

    tratam sobre o tema em questo, destacando a contribuio de: Carlos A

    (Re) produo do espao urbano (1994), Santos (Metamorfoses do Espao

    Habitado) (1991); Santos (1979) Espao e Sociedade , Carlos (2004) O

    Espao Urbano , Vasconcelos (1999) Novos Estudos de Geografia Urbana

    Brasileira, , Landim (2003) Desenho da Paisagem Urbana: as cidades do

    interior paulista (2003); Estevam (1998).

    Levantamento e investigao junto a fontes documentais, tais como

    projeto de lei, Atas das sees da cmara de vereadores que esto

    arquivados na prefeitura, cmara municipal de Ipor, e tambm junto ao

    cartrio o qual tem arquivado escritura que refere a cidade de Ipor. Como

    registro de documentos das casas antigas de Ipor bem como a quem

    pertenceu estas casas para com isto poder fazer um levantamento dos

    primeiros moradores da Avenida 24 de outubro.

  • Pesquisa de campo, notadamente nos espaos que marcaram o inicio

    da cidade, casas antigas na Avenida 24 de outubro, a fim de observar e

    fotograf-las, evidenciando seu estado de conservao ou deteriorao,

    justif icando de tal modo a preocupao com o patrimnio histrico da

    cidade.

    Observao de acervo fotogrfico junto Cmara Municipal da

    cidade, onde pudemos ler atravs das imagens, tempos diferenciados.

    Atravs da realizao de entrevistas e tambm de relatos escritos por

    pessoas que viveram tais transformaes, pudemos associar as

    transformaes processadas na paisagem da cidade, aos interesses que

    impulsionaram tais modificaes.

    Util izando-se de fotografias antigas e atuais buscamos mostrar ao

    leitor as transformaes processadas na paisagem de um mesmo lugar,

    ressaltando as modificaes que possibilitaram tais transformaes.

  • 1 A PAISAGEM ENQUANTO CATEGORIA DE ANALISE NA

    GEOGRAFIA

    A paisagem se constitui entre uma das categorias de analise utilizadas

    pela Geografia para melhor compreender a organizao do espao

    geogrfico, ou seja, atravs desta categoria podemos conhecer como? e

    porque?, as coisas esto distr ibudas pelo espao geogrfico da forma como

    esto.

    Segundo Corra (2005, p. 289),

    A paisagem se consti tui para a Geografia um de seus concei tos-chave, a ela sendo at r ibuda, [ . . . ] o papel de integrar a geografia ar t iculando o saber sobre a natureza com o saber do homem.

    Para Corra (2005, p, 290), [. . .] a paisagem ao mesmo tempo

    funcional e simblica [. . .] .. Devendo ser compreendida alm de seus

    aspectos visveis, e para ser analisada necessrio compreender a dinmica

    que a Sociedade estabelece ao relacionar-se com a Natureza.

    Cosgrove apud Corra (2005),

    admite que a paisagem geogrfica contem um signif icado s imbl ico, porque produto da apropriao e t ransformao da natureza , na qual foi impressa, a t ravs de uma l inguagem, os s mbolos , os t raos cul turais do grupo, ao gegrafo compet indo decodif icar a paisagem, aprendendo a ler o seu s ignif icado.

    Inmeras so as formas de inferncia do ser humano sobre a paisagem

    natural (meio fsico), com intuito de garantir sua sobrevivncia, criando

    assim paisagens humanizadas, paisagens transformadas pela atuao

    humana.

    As paisagens humanizadas constituem-se por componentes materiais,

    sociais, intelectuais e simblicos, sendo que estas podem ser mantidas e ou

    transformadas conforme os interesses e necessidades criadas pela sociedade

    modificando o espao geogrfico.

    Para Santos (1991, p. 61), a paisagem abarca tudo aquilo que vemos

    tudo o que a nossa viso alcana, pois no formada apenas de volumes,

    mas tambm de cores, movimentos, odores, sons, etc.

  • Neste sentido, podemos entender que a leitura e compreenso da

    modificao da paisagem dependero do modo de ver e apreender que cada

    indivduo possui, de suas experincias vividas e dos laos de pertencimento

    que esta tem com o lugar.

    Assim, o modo como vemos e percebemos a paisagem tal qual se

    apresenta, depender da intencionalidade com a qual observamos a

    paisagem, e das inquietaes que surgem ao observamos tais modificaes.

    Acrescentamos isto, por que, atravs de relatos e entrevistas realizados com

    antigos moradores da cidade de Ipor, pessoas que vivenciaram parte do

    processo de transformao da paisagem citadina, podemos perceber atravs

    destes relatos memrias vivenciadas sobre o como e por qu? O espao

    geogrfico desta cidade foi ao longo dos anos sendo transformados, e

    obedecendo a determinadas lgicas.

    De tal modo podemos afirmar que a paisagem no esttica, estando

    mesma em constante movimento, devendo esta ser lida e apreendida alm

    de seus aspectos visveis, pois representa um movimento maior da

    sociedade e natureza.

    A insero e expanso dos interesses capitalistas, geralmente nos

    auxiliam a compreender as transformaes da paisagem natural em

    paisagens humanizadas, e tais transformaes podem ser evidenciadas

    mediante os interesses dos grupos sociais dominantes (geralmente famlias

    tradicionais e de expressivo poder aquisitivo, grupos empresariais de

    importncia econmica, grupos de interesses polticos majoritrios, etc.),

    pois estes representam de forma significativa maior poder de deciso

    poltica e econmica.

    2. - A transformao da paisagem mediada pela expanso do

    capital

    As paisagens urbanas de modo geral experimentaram importantes

    transformaes, notadamente no perodo Ps-Guerra (1939-1945). No

    Brasil, isto se torna ainda mais evidente se considerarmos que em certa

    medida, isto possa ser compreendido atravs da expanso do processo de

  • industrializao, ou em alguns casos da modernizao da mesma, somando-

    se a isto as migraes campo/cidade, pois at aproximadamente 1930, o

    Brasil era um pas eminentemente rural, sendo poucos os centros urbanos

    com maior representatividade populacional, e estando os mesmos situados

    em grande parte na costa litornea.

    Se observarmos a dinmica de transformao da paisagem no Brasil,

    verif icaremos que estas transformaes ocorrem em ritmos e tempos

    diferenciados. A extenso territorial e a dinmica da produo do espao

    geogrfico justificam o fato que nem todas as regies, estados e capitais

    incorporaram ao mesmo tempo as modernizaes que ditavam as

    transformaes em curso.

    At aproximadamente 1920/30 poucos centros urbanos no Brasil

    incorporaram tais processos, e isso pode ser compreendido em funo do

    processo de urbanizao que posteriormente ofereceu condies para que

    indstrias se instalassem e se desenvolvessem, podendo citar como exemplo

    as cidades de So Paulo e Rio de Janeiro, notadamente. Acreditamos na

    importncia de reforar que o processo de industrializao pode tambm

    forar a necessidade de uma urbanizao com ritmos distintos.

    Processos migratrios campo-cidade possibili taram que vrias cidades

    experimentassem crescimento considervel em suas estruturas fsicas e

    expanso da malha urbana, ocorrendo tambm modificaes ou (re)

    funcionalizaes de muitos dos equipamentos pblicos e infra-estrutura

    urbana existente.

    Ao longo dos anos, foram crescendo as demandas para a incorporao

    de novas reas ao circuito econmico produtivo do pas, e novas

    necessidades foram surgindo, conseqentemente, o processo de

    incorporao das reas interioranas brasileiras (sertes) se tornaram

    necessrias. (ANDRADE, 1998).

    1.2 O processo de interiorizao do Brasil e o estabelecimento das novas

    dinmicas regionais

  • Remontando o histrico do processo de ocupao das terras brasileiras,

    veremos que em primeiro momento a transformao da paisagem ocorreu

    atendendo aos interesses da Coroa Portuguesa. To logo achadas, as terras

    brasileiras comearam a serem explorados os recursos naturais disponveis,

    e tambm escravizados para o trabalho os que habitavam estas terras

    (ndios), visando atender os interesses dos colonizadores. Andrade 1998.

    No lugar das matas que ocupavam quase todo o litoral, ocorreu uma

    ocupao desordenada e predatria, sendo implantadas no lugar destas,

    alguns nucleamento urbanos, e explorados os recursos naturais de interesse

    dos colonizadores, em cada perodo histrico determinadas atividades

    ditavam o ritmo de apropriao terri torial. Andrade (1998) e Diegues

    (1998).

    Conforme Estevam (1998, p. 35),

    A descoberta do ouro em Gois em (1722) int roduziu no cenrio colonial um tercei ro eldorado depois de Minas Gerais (1696) e Mato Grosso (1719). O terr i tr io era at ento unicamente habi tado por indgenas (goyazes) . Mot ivos diversos levaram ao incio da explorao daquelas minas j nas primeiras dcadas do Sculo XVIII.

    Segundo o autor referenciado, antes da descoberta das minas aurferas

    em Gois inexistia modalidade produtiva no terri trio que no fosse dos

    silvcolas nativos.

    De acordo com Estevam1 (1998,),

    A averiguao mais detalhada destes aspectos fornece indicao da origem dos primeiros povoadores de Gois e do carter da atuao do Estado portugus no mbito dos confl i tos coloniais da poca[ . . . ] .

    Para o autor, a presena do Estado Portugus pode ser entendida como

    o pano de fundo que nos auxilia no entendimento do processo de ocupao

    do territrio goiano, interessado em angariar novos descobertos,

    incentivando a procura de ouro no Planalto Central, impulsionando a

    ocupao e o povoamento de Gois. (ESTEVAM, 1998, P. 37)

    1Para conhecer mais sobre o Apogeu e decadncia da minerao em Gois, recorra a Estevam (1998) em sua obra O Tempo da Transformao: estrutura e dinmica da formao econmica de Gois.

  • A partir da corrida pelo ouro e extrao de minerais preciosos (gemas

    preciosas), foram sendo processadas considerveis transformaes da

    paisagem natural e foram ao poucos surgindo os adensamentos humanos.

    O povoamento de Gois, em funo da sua enorme expanso

    territorial, deu-se de forma vagarosa e diversif icada. Estevam (1998, p.

    37)

    Algumas cidades prosperaram a partir da explorao mineratria,

    outros depois de esgotadas as possibil idades de extrao das jazidas, a

    atividade agropecuria passou a dinamizar a economia.

    Algumas cidades que nasceram da minerao prosperaram por

    determinado perodo e tiveram influncia socioeconmica, sobre outras

    localidades.

    Contudo, a partir do escasseamento desta atividade, seja pela ausncia

    de novos descobertos, ou pela dificuldade tcnica de explorao do ouro e

    gemas preciosas, a agropecuria passa a ser uma atividade de considervel

    influncia econmica que dera sustentao e continuidade ao povoamento.

    Vrios ncleos urbanos formados em funo desta atividade acabaram

    por sucumbir. Quando esgotadas as possibil idades de extrao, outras

    estagnaram, quando no, desapareceram.

    2 COMPREENDENDO A TRANSFORMAO DA PAISAGEM DE

    IPOR/GO ATRAVS DOS DISTINTOS RECORTES TEMPORAIS

  • Este trabalho buscou compreender as transformaes processadas na

    paisagem urbana de Ipor/GO, a partir de recortes temporais diferenciados,

    sendo considerado para tanto, os elementos materiais, os interesses

    sociopolticos e econmicos que impulsionaram este processo, originando

    diferentes paisagens culturais e paisagens alternativas 2.

    Ipor uma das cidades que compe a microrregio homnima 3,

    estando a mesma localizada a Oeste do estado de Gois, entre as

    coordenadas geogrficas de 1628Latitude Sul e 31 06 Longitude Oeste,

    como pode ser observado na Figura 1.

    Esta cidade exerce forte influncia na microrregio, pois concentra os

    setores de comrcios, servios, educao e sade, muitos dos quais nem

    sempre so oferecidos nos demais municpios integrantes da microrregio,

    que se servem de Ipor. At mesmo municpios de outras microrregies se

    servem da estrutura disponvel nesta cidade.

    De acordo com Valado, Ferreira, Moraes (2008, p.40),

    Ipor sedia a regional de diversos rgos tanto da esfera federal quanto es tadual , bem como ent idades de classe da sociedade civi l , a tendendo 56 municpios , que es to vinculados a Ipor.

    De acordo com (GOMIS, 1998), os compositores do meio da

    microrregio de Ipor, so essenciais para o entendimento da escolha do

    stio onde seria fundado este nucleamento urbano, pois a disponibilidade de

    gua e a topografia do terreno foram os elementos que justif icaram a

    escolha do lugar onde seria fundada a cidade, sendo o Crrego Tamandu

    um importante smbolo da cidade, pois alm de sua importncia ambiental

    tem tambm uma relevncia sociocultural para a cidade.

    A hidrografia da regio e o subsolo abundante em minerais e metais,

    preciosos possibilitou inicialmente que a garimpagem fora desenvolvida

    nos rios Claro e Caiap. Durante os Sculos XVIII, XIX e at por volta da

    dcada de 1930, garimpagem de ouro e diamante foram praticadas na

    2Corra diz que as Paisagens Culturais e as paisagens alternativas criadas por grupos no-dominantes e que apresenta, menor visibilidade. Corra (2005, p. 291)

    3Compe a microrregio de Ipor, os municpios de Ipor, Amorinpolis, Ivolndia, Cachoeira de Gois, Moipor, Israelndia, Jaupaci, Fazenda Nova, Crrego do Ouro, Novo Brasil.

  • regio, deixando marcas de degradao na paisagem, e resqucios de uma

    cultura do garimpo na regio.

    Em entrevista realizada com o senhor J. A. da S. Sobrinho (67 anos),

    em:[ . . . ] a pr incipal at ividade da regio que j era t radicional at que foi ento desta at ividade que surgiu a cidade ns t nhamos o garimpo, a presena marcante dos garimpos no Caiap, r io Claro e nos pequenos af luentes como Santa Marta que produziu mui to diamante, foi em certa poca antes da minha chegada aqui principal teve garimpo enorme aqui muito grande e forma exaurindo essa produo diminuindo e depois a legis lao apertou at ividade inexis tente hoje, mas o garimpo foi o principal fator da ocupao dos espaos da nossa regio. Ns temos aqui um problema cul tural que eu acho interessante, como a nossa regio foi ocupada principalmente por garimpei ros ento, o garimpo era uma at ividade de ex trat ivismo extremamente importante durante sculos , mais de sculo, no Brasi l dois ou t rs sculos , ns temos a cul tura remanescente do garimpo no Ipor at hoje.

    2.1 A incorporao das terras goianas e a transformao da paisagem:

    Ipor neste contexto

    Instiga-nos pensar as transformaes ocorridas na paisagem urbana de

    Ipor/GO por que revisitando os poucos registros escritos sobre a cidade,

    observando fotografias antigas do local, e tambm atravs dos relatos e

    entrevistas realizadas com antigos moradores, e familiares de pessoas

    ligadas aos grupos dominantes locais, algumas das quais at mesmo

    vivenciaram parte do processo de evoluo urbana da cidade, dentre outras

    fontes consultadas tais como documentos cartoriais (registros de

    nascimentos, casamentos, bitos, escrituras), perceberam que a cidade

    nasce associada dinmica econmica da minerao.

    Para J. da S. Sobrinho,

    O pequeno produtor ocupante dos primeiros espaos aqui se sat isfaz ia com pouco; a grande ambio era ter uma pequena propriedade com um Curral inho com vacas , quando ele t ivesse um rego dgua com monjolo funcionando um chiqueiro cheio de capados, um paiol com milho com palha, ele tava prat icamente real izado no era pessoa de mui tos projetos e muitas ambies e ns sofremos at hoje ainda as conseqncias deste t ipo de cul tura.

  • Assim, a forma diferenciada conforme as economias regionais foram se

    organizando, conferem particularidades localidade, e de tal modo s

    formas materiais, difuso das tcnicas, dos valores, cultura e tradies,

    que fazem parte do conjunto de elementos que consti tui a paisagem. Neste

    sentido, tais elementos nos auxiliam a compreender a mesma os espaos de

    rapidez e lentido Santos (2001) ao tratar sobre as diferenciaes do

    Terri trio.

    Acreditamos que a histria de Ipor e de sua gente possa ser

    compreendida atravs dos elementos e das estruturas da paisagem, em

    distintos recortes temporais, cabendo ressaltar que poucos resqucios dos

    elementos materiais que fizeram parte do passado iporaense resist iram ao

    tempo e parece-nos tambm vontade da populao local, em manter as

    marcas do passado expressas em sua paisagem.

    Algumas famlias de considervel poder econmico e prestgio social e

    pol tico, tiveram durante longa data forte influncia nas decises pol ticas e

    econmicas da localidade.

    Assim, observamos que um misto de tradio (modo de vida) e cultura

    faz parte do cotidiano da populao, sendo possvel observar isto atravs

    das relaes sociais estabelecidas, da no organizao de acervos que

    contem a histria local, da resistncia de muitas pessoas que viveram parte

    deste processo em falar sobre o mesmo, e at mesmo da substi tuio dos

    elementos materiais da paisagem onde o novo aparece em substituio ao

    velho, mas em moldes ainda bastante tradicionais, podendo citar como

    exemplo a util izao das praas, as obras edificadas que registram a marca

    de seus gestores na paisagem, etc..

    As representaes expressas pelo novo so carregadas de

    significados.

    Assim, objetivamos no apenas organizar um mosaico que resgate os

    fatos e transformaes processadas, mas compreender a produo deste

    espao geogrfico, considerando a interferncia de determinados grupos

    tradicionais, a insero do capital, dentre outros elementos que mediaram a

    transformao da paisagem.

  • A importncia da extrao diamantfera na regio como j foi dito,

    consti tui-se como elemento fundamental para que possamos compreender a

    incorporao destas reas ao circuito econmico produtivo, quando os

    Bandeirantes adentraram o serto em busca de novos descobertos.

    (ESTEVAM, 1998)

    Durante as trs primeiras dcadas do Sculo XX os espaos

    continuaram a ser apropriados e transformados conforme a abundncia das

    jazidas aurferas e de minerais preciosos, cuja explorao quele momento

    era feita com a util izao de tcnicas bastante rudimentares.

    Dentre os fatos histricos de relevncia para a organizao do espao

    geogrfico das terras goianas e incorporao do territrio, tem-se a

    construo de Goinia na dcada de 1930. Em 1935 consumou-se a mudana

    provisria de rgo do governo para Goinia. (ESTEVAM, 1998). Em 1942

    foi inaugurada a nova capital do Estado de Gois.

    A transferncia da Capital federal do Rio de Janeiro para o Centro-

    Oeste Brasileiro, atravs da fundao de Braslia em meados da dcada de

    1950, sendo a mesma inaugurada em 21 de abril de 1960, acabou por

    dinamizar e integrar diversas reas do terri trio, pois a mudana para o

    Planalto Central brasileiro, do centro de decises polticas do litoral para o

    interior, fez com que tornasse necessrio integrar o pas, sendo ento

    implementadas uma infra-estrutura tcnica que possibil itasse para ligar o

    centro poltico ao centro econmico do pas, e demais regies, criando

    adensamentos populacionais por onde cortavam as estradas. (BRUM, 1994,

    p.122-123).

    Atravs da util izao de fontes orais, relatos e depoimentos de pessoas

    que viveram a histria de Ipor, ou que participaram de momentos

    importantes de sua histria, continuando ativos em sua transformao,

    pudemos estabelecer relaes entre as fontes referenciais e os relatos de

    seus atores sociais.

    Em entrevista realizada com J. da S. Sobrinho (67 anos), este nos

    relatou que:

    Eu vim para Ipor numa poca em que pelo mot ivo da construo de Bras l ia havia uma corr ida migratria para o

  • Centro-Oeste em funo do progresso que se esperava pela const ruo da capi tal federal aqui no Planal to Central , ento ns, pequenos produtores l em Minas Gerais meu pai minha faml ia , optamos por vender a propriedade l e , viemos para aqui na poca eu t rabalhava e es tudava tanto, e vim um ano depois que meus pais , chegando aqui em 1962 e f inquei raiz e es tou aqui at hoje.

    Atravs da criao destes dois importantes centros urbanos, muitas

    outras cidades foram surgindo ao longo das vias de ligao, aumentando o

    contingente populacional.

    A implementao de uma infra-estrutura de estradas, tri lhos,

    transportes, meios de comunicao encurtaram caminhos e possibilitaram a

    dinamizao desta poro do territrio, alterando de forma considervel a

    paisagem da mesma.

    Em entrevista realizada com a Senhora O. G. Marques (77 anos), ela

    nos relatou que:

    Na era que eu vim, vim de Goinia, nasci e me criei em Goinia, a minha famlia es ta em Goinia, e da depois meu av e meu pai pra nois vim para Ipor, a i nois vei e no t inha es t rada niuma era di f ci l para poder buscar nois , foi a te Cachoeira (Cachoeira de Gois ) de Cachoeira nois f icou um ms esperando um tio buscar nois de Ipor ate a cachoeira de carro de boi . Nois chegamos aqui em 41 (1941), e em 41 quando chegamos em Ipor era Cerrado purinho [ . . . ] da depois s t inha t rs rancho e uma igrej inha velha, ai nos seguiu pra fazenda ret i rada 18 qui lombo e l nois cheguemo nois decemo a mudana do carro de boi pra dentro de um rancho.E dentro do rancho no t inha nada do que comer, e ra s um velhinho muito velho, faz ia jac, rede pra poder vender, pra poder ter um comezinho al i , pra comprar uns t rens de comer. O velhinho chamava Neca, ele deixou a mulher e os f i lhos pra t raz e dai depois a mulher desse Neca chegou com os f i lhos . Ai nos t inha pra poder comprar o de comer, os homens andava o dia intei ro dentro da mata no meio das onas , num meio de tudo quanto bicho pra poder comprar o de comer, e eles achou um dia um senhor que chamava Domingo, e ento ele t inha um capado pra vender pra nois , e a e ra meu pai e meu av, ai o capado era far tado matava e enrolava tudo com as carnes tudo e punha sal ass im eles fez a negociao do capado.

    Nas Figuras 02 e 03 podemos observar como eram precrias as

    condies de infra-estrutura (pontes, estradas e transportes) quela poca.

  • Este retrospecto sobre a ocupao inicial do territrio goiano e da

    regio em estudo situa o leitor a respeito do objeto de investigao desta

    pesquisa, tendo em vista ocorrncia de riquezas minerais na regio (rio

    Claro e seus afluentes) e a transferncia do Comrcio Velho (Figura 04)

    para Ipor.

    Segundo Gomis (1998, p. 81), a origem de Ipor e, por conseguinte a

    transformao da paisagem local desde seu incio esteve associada a

    interesses polt icos e econmicos.

    Fonte: Cmara Municipal de Ipor/GOFigura02: As infra-est ruturas ex is tentes quela poca eram precrias .

    Fonte: Cmara Municipal de Ipor/GOFigura 03: Caminhos em meio ao Cerrado eram abertos para l igar os ncleos de povoamento. Os meios de t ransportes apesar de modernos para a poca eram tambm bastante l imi tados.

  • A cidade foi emancipada no ano de 1948 pelo prefeito Israel Amorim,

    cuja influncia sociopoltica e econmica na regio fora considervel.

    Ainda nos dia de hoje o nome de Israel Amorim, um nome de

    expressividade na memria local, dada a forte influncia pol tica e

    econmica na localidade, e de elementos matrias da paisagem que levam o

    nome do mesmo.

    De acordo com o autor anteriormente referenciado antes de ser

    emancipada Ipor foi denominada Rio Claro, passando posteriormente a ser

    chamada de Itajub.

    O Oeste-Goiano era influenciado por dois grandes latifundirios

    Odorico Caetano Teles e Joaquim Paes de Toledo, ambos proprietrios de

    grandes extenses de terras na regio. Gomis (1998, p.83-87)

    Figura 04 Dos elementos materiais que marcam onde fora Comrcio Velho, apenas es te Cruzeiro permanece de p. Local izado na Fazenda Gastr i l , cujo proprietr io o Sr. Gaspar, local izada h aproximadamente 5 Km de Is raelandia/GO margem do r io Claro.AUTORA: Duarte , S . L. de, Set . , 2009

    Foram estes dois latifundirios que t iveram a idia de transferir o

    Distrito do Rio Claro (Comrcio Velho), que situava nas proximidades de

    onde hoje a cidade de Israelndia, nas terras de Joaquim Paes de Toledo.

    Os constantes conflitos entre garimpeiros so referenciados como uma

    das motivaes que impulsionaram Paes de Toledo a transferir o Comrcio

    Velho para uma nova localidade. Assim, diante de tal situao a soluo

    encontrada foi transferir o Distr ito do Rio Claro para o local onde se situa

    Ipor.

    Muitas foram s dificuldades encontradas inicialmente para a escolha

    do stio onde seria fundado o ncleo de Ipor. A proximidade de um curso

  • dgua (crrego Tamandu) e tambm a topografia plana do terreno so

    citadas por Gomis (1988) como condies que foram priorizadas para a

    instalao deste nucleamento.

    Na Figura 05 abaixo apresentada, temos onde inicialmente fora

    construda a Igreja Catlica. Atualmente nesta localidade encontra-se

    edificado o Terminal Rodovirio de Ipor. Podemos observar que poucas

    eram as construes em seu entorno.

    Figura 05: Neste local onde fora anter iormente erguida a Igreja Catl ica de Nossa Senhora do Rosrio , temos hoje ins talado o Terminal Rodovirio da Cidade.Fonte: Cmara Municipal de Ipor/GO

    Prximo ao Crrego Tamandu e a beira da velha estrada Imperial que

    ligava a cidade de Goinia Israelndia, situava-se a Avenida 24 de

    Outubro, nesta foram construdas casas de pau-a-pique.

    Poucas evidencias deste perodo podem ainda hoje ser encontradas nas

    proximidades do local. Alguns poucos casarios ainda resguardam

    caractersticas arquitetnicas razoavelmente preservadas. GOMIS (1998)

    As Figuras 06 e 07 mostram um pouco do que foi e de como esta a

    paisagem na Avenida 24 de Outubro.

  • Figura 06: A Figura mostra em primeiro plano o encontro de cavalei ros da local idade no ano de 1941, em segundo plano o casario na 24 de Outubro e ao fundo o Cerrado que era comum na regio.Fonte: Cmara Municipal de Ipor 2009.

    Ao observar a transformao da paisagem em Ipor, possvel

    constatar que poucos elementos materiais resistiram ao tempo e vontade

    da sociedade local em manter tais elementos, acreditamos que isto possa ser

    lido atravs dos diversos interesses sciopolticos implcitos nos discursos

    de cada grupo dominante. Temos na Figura 08, apresentada o Colgio

    Estadual Israel Amorim.

    Os poucos so os smbolos que ainda resistem na paisagem urbana de

    Ipor, que expressam a influencia dos grupos inicialmente dominantes e que

    nos auxilia a compreender a dinmica local.

    Considerando a transformao da paisagem local esta completamente

    modificada. O novo prevalece em detrimento de pouco do velho que deveria

    ter sido conservado para contar a histria do lugar.

    Figura 07: Grupo Escolar Israel Amorim.Fonte: Cmara Municipal de Ipor 2009.

  • Contudo, mesmo que sejam poucos estes registros, a permanncia

    destes, necessria, tendo em vista que guardam a memria da cidade.

    Apesar de ser uma cidade relativamente nova, os elementos materiais de

    sua memria esto sendo apagados, talvez para serem esquecidos.

    Entendemos que as poucas marcas do passado que permanecem na

    paisagem de Ipor possam ser compreendidos em funo das relaes

    socioculturais, econmicas e de poder que vigoraram em perodos

    especficos, bem como as relaes entre o campo e a cidade, e o modo de

    vida da populao nos diversos recortes temporais.

    Na fala de J. da S. Sobrinho, 67 anos,

    Ipor era uma cidade mui to pequena e mais foi sempre uma cidade at iva na poca o comercio se res t r ingia a Avenida 15 de novembro ainda de terra , mas j exis t ia empresas como a Casa Silva e Comercial Barbosa, Armazm Bras l ia , Casas Goianas , lojas pernambucanas, revoluo, ento sempre Ipor foi o Centro comercial relat ivamente importante na regio.

    Figura 08: Como marcas de res is tncia temos uma ant iga res idncia, hoje com outra funo, que ainda sobrevive em s res idncias mais modernas na Av. 24 de Outubro, nas reas prximas onde a cidade fora fundada.Autora: ALVES, J . S . Out . /2009.

  • Pensamos que a reproduo do capital seja elemento fundamental para

    o entendimento da transformao da paisagem da cidade, tendo em vista

    atender as demandas geradas pela expanso do capital. Interesses

    sciopolticos tambm influenciaram na modificao da paisagem, ficando

    expressa na mesma, smbolos, e equipamentos pblicos que em essncia

    resguardam as marcas dos diversos grupos de poder dominante.

    Nas Figuras 09 e 10 apresentadas abaixo, temos referncias do acima

    exposto, pois e que pode ser lido e compreendido a partir de uma

    contextualizao geohistrica.

    Recuando no tempo e uti lizando como suporte metodolgico fontes

    referenciais, fotografias antigas e fontes orais, para melhor compreender as

    transformaes que revelam e ocultam a transformao de sua paisagem

    urbana.

    Figura 09: Avenidas la rgas , s istema de rotatrias e res idncias imponentes hoje const i tuem a paisagem do Centro urbano de Ipor.Autora: ALVES, J . S . Out . /2009.

  • Figura 10: Vis ta parcial do Lago Pr do Sol , um dos cones da cidade. Em segundo plano o Circo Zanquet t ini , o ci rco ainda faz parte de uma cul tura local .Autora: ALVES, J . S . Out . /2009.

    Nas Figuras 11 e 12 temos uma representao do velho que ainda

    permanece como marca de resistncia ao novo no centro urbano iporaense.

    Figura 11: Uma das casas mais ant igas encontradas na Av. 24 de Outubro.Autora: ALVES, J . S . Out . /2009.

  • Figura 12: O telhado ainda o telhado original , a fachada resguarda parte da es t rutura original , e no inter ior da casa algumas modif icaes foram fei tas , mantendo-se resqucios do que era original no piso, es teios e telhado.Autora: ALVES, J . S . Out . /2009.

    Em relato redigido por Z. S. Barbosa ( 57 anos) irm de um ex-prefeito

    de Ipor, Manoel Antonio da Silva, eleito pelo voto direto, que veio para

    colocar ponto final no coronelismo imperado por Israel Amorim.

    De acordo com Gomis (1998, p. 81),

  • A verdade his trica, porm mostra-nos que nenhum dos dois personagens pode ser considerado o ideal izador e fundador original de Ipor, como se af i rma na refer ida discusso sobre o assunto. Eles apenas part iciparam do processo de fundao dando cada um sua parcela de contr ibuio para o surgimento e desenvolvimento da nova cidade.A idia original e os planos originais do centenrio Dist r i to do Rio Claro (Comrcio Velho), para o local onde hoje es ta local izado Ipor, surgiram das iniciat ivas de Joaquim Paes de Toledo (Quinca Paes) e Odorico Caetano Teles (seu Odorico) , por razes pessoais , de ordem econmica e pol t ica.

    Gomis (1998, p. 81) argumenta ainda que dentre as questes que

    mobilizaram a mudana do Distrito de Rio Claro para onde seria fundada

    Itajub (Ipor), esto a inteno de impedir a ascenso da influncia e da

    liderana emergente de Israel Amorim; uma outra considerao que o autor

    faz que Quinca Paes e Odorico temiam perder sua terras para invasores e

    posseiros apoiados por Israel Amorim, e pelo ento Governador Pedro

    Ludovico, ps Revoluo de 1930.

    Neste sentido, conforme leitura que fizemos das fontes historiogrficas

    consultadas, muitas foram s quirelas pol ticas que impulsionaram a

    fundao de Itajub (Ipor).

    O novo Distrito fora fundado na cabeceira da velha estrada imperial,

    o local era prximo ao vau do Crrego Tamandu (onde esta sediada a

    Escola Estadual Dom Bosco e a Praa da Rodoviria).

    As disputas polt icas segundo a entrevistada geraram muita opresso,

    violncia e insatisfao do povo de Ipor.

    De acordo com a mesma, as formas de opresso e perseguio

    chegavam at mesmo na Igreja, em funo das perseguies, as cordas do

    sino eram cortadas para que a populao no o ouvisse tocar, assim no

    haveria missas

    Nos escritos de Z. da S. Barbosa (2009), registra-se que os polticos

    que Ipor j teve at hoje lutaram para melhorar a cidade, mas fica claro

    que estes polt icos tambm tinham interesses prprios na poltica citando

    na poca de Israel, o interesse deste para a explorao de diamantes no rio

    Claro e Santa Marta, mas a polt ica de Ipor desde o seu inicio teve grande

    insatisfao do povo seja pela falta de emprego ou pela pol tica.

  • Um fato interessante o amor dos polt icos por Ipor, desde Israel

    Amorim at o atual prefeito. Mas veja um fato interessante escrito por Z. da

    S. Barbosa (2009), Depois de tudo explorar fica uma terra pequena para

    este povo habitar, o motivo no sabemos nem por qu da questo mas certo

    e que no temos uma vasta regio. Neste trecho do relato a entrevistada

    refere-se diviso da regio de Ipor feito por Israel Amorim que

    emancipou povoados, como Israelndia, Amorinplis e outros que faziam

    parte da regio de Ipor.

    Esta questo j foi apontada em outros trabalhos e precisa ser melhor

    investigada para que possamos entender o decrscimo populacional de Ipor

    em determinados perodos, pois acreditamos que isto possa ser

    compreendidos em funo da diviso terri torial, via emancipao de

    distri tos que pertenciam anteriormente a Ipor.

  • 3 A PAISAGEM REVELA AO MESMO TEMPO EM QUE ESCONDE:

    o uso de fontes orais e de fotografias para a construo do caleidoscpio

    iporaense

    Conforme todas as consideraes que foram postas, observamos que

    apesar de existir uma Lei municipal (Lei. n. 1296/07) que dispe sobre a

    criao do Conselho de Preservao do Patrimnio Histrico, Artstico,

    Arquitetnico e Turstico do municpio, percebe-se que poucos so os

    monumentos histricos e arquitetnicos, que resistiriam ao tempo, ou aos

    interesses dos grupos dominantes para que fossem mantidos, e que

    resguardassem a memria e histria local.

    Ipor no conta com museu ou arquivo pblico, onde possam ser

    consultados os registros que remontam a memria da cidade.

    Segundo Carlos (1994, p. 44), a paisagem no se apresenta como uma

    simples imagem, nem a cidade como mera localizao. Este fato resulta da

    forma como a paisagem histrica vem sendo transformada, pois ao conhecer

    as razes da histria de como o homem transformou a paisagem para poder

    viver, podemos tambm contribuir para a construo de novos

    conhecimentos sobre a realidade da cidade.

    Atravs da util izao de fontes orais pudemos compreender um pouco

    sobre as transformaes processadas na paisagem da cidade, em distintos

    recortes temporais, pois esto presentes nos discursos muito da vivncia

    dos atores sociais que fizeram parte deste processo ou que de alguma

    conheceram de perto o mesmo.

    De acordo com entrevista realizada no dia 08 de outubro de 2009 em

    Ipor com o Senhor A. de F. Leo (71 anos), o mesmo nos relatou que:

    sou natural de Rio verde, ns viemos para Ipor para fundar a empresa Vemil que na poca era dis t r ibuidora dos J ipes Overlan e os Tratores Max Feleson. Ipor era uma cidade de uns sete , oi to mil habi tantes no t inha nenhuma rua pavimentada, no t inha gua t ratada, t inha uma usininha muito rudimentar que quase no i luminava a cidade .

    A usininha qual se refere o entrevistado, foi construda em 1945,

    sendo esta a primeira hidreltr ica do Oeste Goiano, denominada Usina

  • Hidreltrica Cachoeirinha. Esta usina foi inaugurada em 1948, e a energia

    gerada pela mesma atendeu durante anos demandas locais, produzindo

    inicialmente 90 kwh. Na dcada de 1960, quando j no mais conseguia

    atender a demanda local, a potencia de gerao de energia foi ampliado,

    atravs do desvio do Crrego Tamandu para o Ribeiro Santo Antnio,

    sendo reinaugurada em 1968.

    Com o crescimento urbano e tambm devido ao fornecimento de

    energia eltr ica pela Usina de Cachoeira Dourada em 1970, a Usina

    Hidreltrica da Cachoeirinha foi incorporada s Centrais eltricas de Gois

    S/A, sendo ento desativada.

    No acervo da Cmara Municipal, (Figura 13) pode ser observado as

    obras de construo da U.H.Cachoeirinha, durante o pleito de Israel

    Amorim.

    Fonte: Cmara Municipal de Ipor/GOFigura 13: Construo da U.H.Cachoeir inha/ Ipor-Gois .

    Este um dos patrimnios histricos da cidade que pensamos deveria

    ter sido conservado, tendo em vista sua importncia na histria local no

    perodo compreendido entre 1948 a 1960, pois fornecia toda a energia

    eltrica para a cidade.

  • Como nenhuma poltica de tombamento desta estrutura foi realizada,

    apesar de estar situada em uma rea que foi transformada em Parque

    Municipal, mas que tambm, esta completamente degradado, restam apenas

    resqucios da estrutura, como pode ser observado na Figura 14.

    Figura 14: Resqucios da es t rutura da Usina Hidrelt r ica Cachoeir inha si tuada no Parque Municipal Cachoei r inha Ipor/GO.Autora: SANTANA, L. D.de. Out . /2009

    Em conformidade com entrevista realizada com o Senhor A. de F. Leo em 08

    de outubro de 2009, o mesmo diz que:A cidade de Ipor no consegue preservar o pat r imnio histrico cul tural e arqui tetnico por fal ta de uma conscincia pol t ica, porque o patr imnio pbl ico tem que ser preservado e garant ido pela adminis t rao publica, seja ela municipal ou es tadual . A preservao do patr imnio his trico e important ss imo s que parece no deram muita importncia para isto , [ . . . ] .a regio de Ipor tem o passado histrico bonito porque isso aqui habi tado desde 1700 e pouco quando t inha soldado da coroa portuguesa [ . . . ] .

    Em Ipor ainda existem residncias que foram construdas no perodo

    em que a cidade foi fundada como, por exemplo, a casa que pertenceu a

    Israel Amorim4 , conforme pode ser visto na Figura 15, assim como outras

    4Conforme Gomis (1998, p. 69-93), Israel Amorim era natural de Conceio do Araguaia (Par). Ele teria chegado regio do rio Claro e Caiap no ano de 1926. Israel praticava a extrao de diamantes nos rio Claro e Santa Marta, alm de liderar os garimpeiros e posseiros tambm se tornou dono de grandes reas de terra na regio de Ipor.

  • poucas residncias na mesma rua que ainda resguardam traos de pocas

    passadas.

    Santos (1991,p.69) diz que no Brasil se recolhe a histria dos objetos

    presentes, mas no a histria da cidade.

    Figura 15 Avenida 24 de Outubro Residncia const ruda por Is rael Amorim. Traos do Velho e do Novo em sua fachada.AUTORA: Duarte , S . L. de. , Set . , 2009

    Tendo em vista a representatividade do homem pblico Israel Amorim

    para a cidade, pensamos que a manuteno, preservao e restaurao de

    alguns marcos da paisagem citadina, deveriam ser mantidos como

    patrimnio histrico e cultural, como o caso da residncia que foi de

    Israel Amorim.

    No relato de Relato escrito pela senhora Zilda Silva Barbosa (2009), a

    mesma questiona a figura do homem pblico de Israel Amorim, Quem no conhece os l imites de Ipor? Israel de Amorim fundou e afundou o municpio emancipando seus povoados, l imitando a regio. Nossa primeira l inha de t ransporte terres t re via Ipor-Goinia era o expresso Marrequinho, saia da penso do Sr. Jacinto, ao lado da minha casa. Tinha uma companhia area Real, que uma vez por semana, pousava em nossa cidade usando o telegrafo para fazer comunicao dos vos. Os sinais e ram recebidos pelo senhor Cunha, agente responsvel pela companhia, mais tarde Ni l ton Perei ra Cout inho ocupou a funo de telegrafo. O aeroporto se local izava na Av. Caiap onde hoje exis te a torre da antena. Da Av. XV de novembro at o aeroporto era somente cer rado, at ravs de t r i lhas chegvamos aos avies .

  • Tudo era mgico e divert ido ao ver a aeronave pousar decolar. Contvamos com poucos car ros de poca, car ros de bois , carroas , cavalos e bicicletas para formar nossos meios de t ransporte . O carnaval era animado pelo Z Perei ra , organizado pelo senhor Jose Riqueta. Como diverso ex ist ia bai les no salo do bar do senhor Dantas e ao lado um cinema na XV de Novembro. Servio de al to falante, ex ist ia nas igrejas pentecostais e catl icas , usando para anunciar falecimentos , ou qualquer outro comunicado a populao.

    Apesar de ser uma figura pblica enaltecida na cidade, o discurso

    acima mostra que quirelas polticas, permeavam as relaes polticas local.

    Fonte: Cmara Municipal de Ipor/GOFigura 16: Is rael Amorim, importante f igura pol t ica da local idade.

    Conforme o relato do Senhor J. da S. Sobrinho (2009) ao falar sobre os

    aspectos polt icos, diz que:Quanto aos aspectos pol t icos Ipor es tava naquele tempo (1961), em nossa chegada aqui aos 13 anos de emancipao pol t ica, devia es t no 3 ou 4 prefei to da cidade e acompanhei na poca o cenrio urbano da cidade era composto por car ros de bois , animais cavalos que o pessoal vinha montando da zona rural pra c fazer compra principalmente no sbado, a cidade

  • f icava movimentada nos vamos acontecer a cr iao do primeiro colgio es tadual na qual fomos inclusive professor, e vimos acontecer chegando a exis t i r o hospital Evangl ico s que funcionava numa casa improvisada por uns dois anos .

    Em entrevista realizada com A. de F. Leo, o mesmo relata que:Ipor surgiu de uma reclamao do entendente mestre Osrio fez uma reclamao para o interventor D. Pedro Ludovico que a cidade do Comrcio Velho tava dando uma epidemia de febre amarela, febre t i fide. At mesmo o mestre Osrio perdeu a f i lha com esta doena ento. Ento o interventor mandou que ele procurasse um lugar para construi r uma nova cidade, f izeram uma comisso e escolheram a regio aqui . Ipor, com a mudana da cidade do Comrcio Velho para c, a cidade que teve um t raado fei to se no me tenho duvida pelo engenheiro At l io Correia Lima, uma cidade planejada com ruas planejadas , At l io fez parte da equipe urbans t ica de Goinia.

    Autora: SANTANA, L. de. Nov. /2009.Figura 17: O arruamento da cidade Avenidas largas com o s is tema de rotatrias .

    Fundada na dcada de 1930, Ipor foi aos poucos incorporando

    elementos da mesma na atualidade, uma importante cidade da microrregio,

    contudo, uma cidade sem tanta expressividade no contexto da economia

    goiana, se comparada a outras que incorporaram o meio tcnico-cientfico-

    informacional, e que tiveram suas paisagens transformadas em funo da

    insero do capital, como por exemplo, cidades do sudoeste goiano Jata,

    Rio Verde.

  • Fonte: Cmara Municipal de IporFigura 18: Cine Alvorada. (Sem data) , uma das opes de lazer da populao quele perodo.

    Figura 19: Fachada do CineAUTORA: Duarte , S . L. de. , Set . , 2009

    Assim, pensamos ser pertinente que diante de tantas modificaes,

    recuperar e manter determinados marcos na paisagem que nos auxiliam

    compreender a transformao do espao geogrfico, podendo conviver de

    forma harmnica o Velho e o Novo.

    Analisar a paisagem urbana nos atenta para o fato de que no estamos

    descrevendo ou montando um quadro, e sim elaborando uma construo,

    cujo objetivo entender o modo atravs do qual a paisagem constituda,

    como ela se produz sua substncia e contedos a partir de relaes reais.

  • CONSIDERAES FINAIS:

    O objeto geral deste estudo foi o de buscar compreender o processo de

    transformao da paisagem em Ipor apartir de um contexto geohistorico, retrocedendo no

    tempo para melhor entender tais transformaes no espao da cidade de Ipor. Pois atravs

    do auxilio de fotografias antigas, escritos e fontes orais e atuais foi possvel buscar uma

    melhor compreenso de como ocorreu a transformao da paisagem no decorrer do tempo

    e como se apresenta a questo cultural e arquitetnico da cidade em questo apesar da falta

    de documentos que trata sobre o assunto.

    Nesta pesquisa foi constatada a deficincia na questo da preservao cultural

    arquitetnico, pois no h uma ao poltica voltada para a preservao cultural os poucos

    registros resguardada da paisagem local esto sendo destrudos com o passar do tempo. E

    isto acarreta para a cidade uma perca de identidade cultural lamentvel.

  • REFERNCIAS:

    ANDRADE, Manuel Correia de. Populaes Tradicionais em Unidades de

    Conservao: o mito moderno da natureza intocada. So Paulo:

    NUPAUB/USP, 1999, 81 p. (Srie Documentos de Pesquisa n. 1)

    A. D. F. Leo, ( 71 anos) 2009.

    BRUM, Argemiro. O desenvolvimento econmico Brasileiro. 13 edio,

    Ed. Vozes, Petrpolis 1994.

    CARLOS, Ana Fani Alessandri . O Espao Urbano: novos escritos sobre a cidade. So Paulo: Contexto, 2004.

    CARLOS, Ana Fani Alessandri. A (RE) produo do Espao Urbano . So Paulo: EDUSP, 1994.

    CORRA, Roberto Lobato.2005

    DIEGUES, Antonio Carlos S. Populaes Tradicionais em Unidades de

    Conservao: o mito moderno da natureza intocada. So Paulo:

    NUPAUB/USP, 1999, 81 p. (Srie Documentos de Pesquisa n. 1)

    ESTEVAM, Lus. O tempo da transformao: Estrutura e Dinmica da Formao Econmica de Gois. Goinia: Ed. Do autor, 1998.

    GOIS. LEI n 1296/07, 09 de outubro de 2007. Cmera Municipal de Ipor, 2007.

    GOMIS , Moizes Alexandre. Uma Viagem no Tempo: de Piles a Ipor . Ipor: Nova Pgina, 1998.

    JOS Antnio S. Sobrinho ( 67 anos), 2009.

    LANDIM, Paula da Cruz. Desenho de Paisagem Urbana: as cidades do

    interior paulista. So Paulo: Unesp, 2004.

  • OLIDIA, G. Marques, (77 anos). 2009.

    SANTOS, Milton. Espao e Sociedade: ensaios . Petrpolis: Vozes, 1979. Novos Estudos de Geografia Urbana Brasileira / organizado por Pedro de Almeida Vasconcelos, Sylvio Bandeira de Mello e Silva. Salvador: Editora da Universidade Federal da Bahia, 1999.

    ZILDA S. Barbosa, (57 anos).2009.

    SANTOS, Milton. Metamorfose do Espao Habitado . So Paulo: HUCITEC, 1991.

    SANTOS,Milton. O Brasil: territrio e sociedade no incio do sculo XXI,

    Milton Santos, Maria Laura Silveira 2 Ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.

    VALADO, C. M. ; FERREIRA, J. D. ; MORAES, M. das G. F. . O

    TURISMO COMO FATOR DE DESENVOLVIMENTO: Uma possibilidade

    para Ipor?.2008. 102 f. Monografia (Especializao em Desenvolvimento

    Regional e Planejamento Turstico). Universidade Estadual de Gois,

    Unidade Universitria de Ipor, Ipor, 2008.

  • ANEXOS

  • ENTREVISTA

    Nome do entrevistado?

    Idade?

    natural de Ipor?

    Se no de onde , e quando veio para Ipor?

    Porque veio para Ipor?

    Como era Ipor quando voc ou Sr. Chegou aqui?

    Aspectos polticos

    Aspectos econmicos ( a economia local era ancorada (baseada) em que?)

    O comrcio como era?

    As relaes sociais, a convivncia, as relaes de vizinhanas, as festas...como

    eram?

    Porque Ipor no consegue preservar seu Patrimnio Histrico e Arquitetnico?

    Isto no ajudaria a remontar a histria da cidade, tendo em vista que Ipor surge da

    transferncia de Distrito de rio Claro que teve uma importante representao de

    poder poltico, quanto econmico e, tambm geogrfico;

    Existe em Ipor algum projeto de lei que direcione a Preservao do Patrimnio

    Histrico Cultural da Cidade? Notadamente da Av. 24 de Outubro?

    Em relao hoje como percebe estas mudanas?

  • Conforme os registros que ficaram em sua lembrana Ipor hoje esta muito

    diferente, considerando os aspectos que compem a sua paisagem, das construes,

    do casrio, das praas?

    O papel das praas naquela poca? Qual era?

    Sobre a expanso da cidade, como percebe esse crescimento? Um crescimento

    ordenado, desorganizado?

    Os prdios mais antigos no foram preservados, v alguma importncia em no ter

    sido mantido?

    Quais eram os prdios pblicos mais importantes naquela poca.

    Entrevista realizada com o senhor Amilton Leo no dia 08-10-2009

    em sua residncia em Ipor:

    O meu nome Amilton de Freitas Leo , tenho 71 anos, sou natural

    de Rio verde, nos viemos para Ipor para fundar a empresa Vemil que na

    poca era destribuidora dos Jipes Overlan e os Tratores Max Feleson.

    Ipor era uma cidade de uns sete, oito mil habitantes no tinha nenhuma

    rua pavimentada, no tinha gua tratada, tinha uma uzininha muito

    rudimentar quase no iluminava a cidade. Era na poca aqui as lideranas

    pol ticas ento era o prefeito senhor Ariston Gomes da Silva e alguns

    vereadores como mario, Ovidio varanda parece que Arthur Barros esse

    a foi em 1963, em 1964 veio a Revoluo de 31 de maro a mudou todo o

    panorama poltico da regio. Assim aqui no teve muita novidade porque o

    ento prefeito senhor Ariston Gomes da Silva continuou, era deputado

    federal representante da regio deputado Rezende Monteiro que muito

    contribui com a regio e em 65 houve a eleio municipal onde foi eleito o

    ento Joo Tavares depois ele renunciou assumiu o ento prefeito vice

    Joaquim Barros.

  • Nessa poca os aspectos aqui era mais os garimpos tanto de ouro

    como de diamante e, a agricultura mais familiar mais de sustentao

    prpria n, s depois do advento de Gois rural que veio o desmatamento

    do cerrado a assim toda regio passou a produzir muito arroz. Ora o

    garimpo, rio de piles era um garimpo mais manual que produzia muitas

    pedras, algema e o prprio ouro em p que eles lavava o cascalho e depois

    vinha peneirando o na bandeira para tirar o ouro em p.

    As convivncias das vizinhaas era muito boa ainda no tinha o

    advento da televiso ento todo mundo jantava e ficava nas portas fazia a

    roda de vizinhos para comentar e bater papo era uma convivncia muito

    boa e nos aspectos social tinha um clube aqui, aqui era o Soanara Clube,

    mas as mania da poca eras as festinhas em casa que era as festinhas de

    famlia que era muito boa por sinal as relaes eram muito armonioza.

    A cidade de Ipor no consegue preservar o patrimnio histrico

    cultural e arquitetnico por falta de uma conscincia poltica, porque o

    patrimnio publico tem que ser preservado e garantido pela administrao

    publica, ou seja, ela municipal ou estadual. A preservao do patrimnio

    histrico e importantssimo s parece que no deram muita alternncia pra

    isso porque historia no reviver o passado no conhecer ate a futura

    porque toda regio tem o seu passado histrico Ipor tem, a regio de

    Ipor tem o passado histrico bonito porque isso aqui habitado desde

    1700 e pouco quando tinha soldado da coroa portuguesa policiando as

    margem do Rio Claro, Piloes para garantir o garimpo que deram a

    conservao para os irmos Antonio e Felisberto Caldeira Brant. Ipor

    surgiu de uma reclamao por ento do entendente mestre Osrio fez uma

    reclamao para o interventor D. Pedro Lodovico que a cidade do

    comercio velho tava dando uma epidemia de febre amarela, febre ti fide,

    cuja ate o mestre Osorio perdeu a f ilha com esta doena ento o

    interventor mandou que ele procurasse um lugar para contribuir uma nova

    cidade fizeram uma comisso e escolheram a regio aqui. Ipor com a

    mudana da cidade do comercio velho pra car. Ipor uma cidade que teve

  • um traado feito se eu no me tenho duvida pelo engenheiro Atilho Correia

    da Costa, pois foi uma cidade planejada com ruas planejadas, Atilho fazia

    parte urbanstica de Goinia. A mudana foi interessante porque saiu de

    uma cidade de margem de rio cheia de problemas e veio pra uma cidade do

    Planalto sem problema nenhum e com a legalizao da terra de Ipor, a

    regio passou a produzir muitos gros. As casas era antiga casaro de

    porta de ferro e janela de ferro, no porta de madeira, janela de madeira,

    procurava na poca fazer as casas mais na beira do crrego (crrego

    Tamandu) .

    Pois hoje nos temos uma arquitetura mais moderna, n os casares

    ficaro nos lembra e tero que preserv-lo, para a historia da cidade. Na

    minha poca que eu chequei aqui no existia ali onde era a rodoviria a

    praa da igrejinha e no sei por que demoliram a igrejinha que era ali um

    marco histrico da cidade de Ipor. Na verdade quando eu cheguei aqui a

    nica praa que tinha aqui j t inha sido invadida era a Praa Eupidio de

    Paes ali foi feito, o prdio do Banco do Brasil, hoje o Banco Ita, foi

    feito o prdio do correio, foi feito o prdio da prefeitura, hoje a regional

    da sade, e eu acho que as praas que existiram na poca foram mutiladas.

    Olha

    O principal na cidade teve um loteamento desordenado aqui mas hoje

    a cidade esta comeando e crescendo ordenadamente, podemos dizer que

    Ipor no tem invaso, no tem ranchos uma cidade bem ordenada.

    A preservao dos prdios antigos e de suma importncia porque eles

    retrata a historia verdadeira da cidade. Naquela poca os prdios

    pblicos, mais importante era a prefeitura municipal, e a coletoria federal

    que hoje no existe mais aqui. A prefeitura municipal ficava na 24 de

    outubro com a Esmerindo Pereira hoje a vidraaria aquarius e a

    coletoria federal estadual, mudava de ponto porque era prdio alugado.

    Entrevista feito ao prefeito de Ipor na prefeitura no dia 14-10-

    2009.

  • Jos da Silva Sobrinho, eu tenho 67 anos e sou natural de

    Comendador Gomes, Minas Gerais , cheguei a Ipor em fevereiro de 1962

    aos 20 anos.

    Eu vim para Ipor numa poca pelo motivo pela construo de

    Braslia havia uma corrida migratria para o Centro oeste em funo do

    progresso que se esperava pela construo da capital federal aqui no

    Planalto Central, ento nos pequenos produtores La em Minas Gerais meu

    pai minha famlia optamos por vender a propriedade La e, viemos para

    aqui na poca eu trabalhava e estudava tanto que eu vim um ano depois

    que meus pais, chegando aqui em 1962 e fiquei raiz e estou aqui ate hoje.

    Ipor era uma cidade muito pequena e mais foi sempre uma cidade

    ativa na poca do comercio se restringia a Avenida 15 de novembro ainda

    de terra, mas j exist ia empresas como a Casa Silva e Comercial Barbosa,

    Armazm Braslia, Casas Goianas, lojas pernambucanas, revoluo, ento

    sempre Ipor foi o Centro comercial relativamente importante na regio.

    Quanto aos aspectos polticos Ipor estava naquele tempo em nossa

    chagada aqui em 13 anos de emancipao poltica nos devia est no 3 ou

    4 prefeito da cidade e acompanhei na poca o cenrio urbano da cidade

    era composto por carros de bois, animais cavalos que o pessoal vinha

    montando da zona rural pra c fazer compra principalmente no sbado a

    cidade ficava movimentada nos vamos acontecer a criao do primeiro

    colgio estadual na qual fomos inclusive professor, e vimos acontecer

    chegando a existir o hospital Evangelho so que funcionava numa casa

    improvisada por uns dois anos. aconteceram a muitas coisas depois

    disto viemos acompanhados essa revoluo chegando de asfalto e energia

    eltrica da cachoeira dourada e nos envolvemos muito cedo na poltica aos

    23 anos de idade, justamente no ano de 1964, eu j era secretaria da

    diretoria local do PSD partido extinto com a revoluo de 1964, ento nos

    teramos muito assunto pra falar na questo dos aspectos pol ticos, mas os

    fatos mas recente vocs tem conhecimento. E quanto aos aspectos

    econmicos nossa na poca era baseada principalmente na abertura da

  • zona rural quando derrubava mato com machado a regio produzia muito

    feijo aqui mais prximo entre Ipor, Amorinplis exist iam cafeicultura,

    cafezais plantados na terra quase vigem depois da derrubada, e Ipor

    chegou a possuir maquinas de beneficiamento de caf coisa que muita

    gente no sabe, e isso e depois houve um estimo do prprio governo federal

    atravs do instituto brasileiro do caf que estimulou a rancar os cafs e

    pagou ento extinguiu os cafezais da regio.

    A economia local era baseada e tinham diferena significativa de

    hoje nos tnhamos uma boa produo de milho e feijo, tnhamos uma boa

    produo de arroz e na zona rural a economia era totalmente diferente de

    hoje, o produtor rural tinha uma alternativa econmica,, no existiam

    naquela poca a produo industrial de leo comestvel, leo de soja estes

    leos industrializados, ento o grande consumo era de banha de sunos,

    ento cada produtor t inha um chiqueiro que engorda capados e, era

    valorizado este produto e tinham mercado muito bom.

    exatamente nos estava ate esquecendo a principal atividade da

    regio que j era tradicional ate que foi em funo desta atividade que

    surgiu a cidade nos tnhamos o garimpo, a presena marcante dos

    garimpos no Caiap, Rio Claro e nos pequenos afluentes como o Santa

    Marta que produziu muito diamante, foi em certa poca antes da minha

    chegada aqui principal teve garimpo enorme aqui muito grande e foram

    eusarindo essa produo diminuindo e depois a legislao apertou uma

    atividade inexistentes hoje, mas o garimpo foi a principal fator da

    ocupao dos espaos da nossa regio. Nos temos aqui um problema

    cultural que eu acho interessante, como a nossa regio foi ocupada

    principalmente por garimpeiros ento o garimpeiro era uma atividade de

    extrativismo extremamente importante durante sculo ate mais de sculo

    mais de um sculo no Brasil dois trs, ns temos a cultura remanescentes

    da cultura do garimpo no Ipor ate hoje.

    E depois disto e que vieram naturalmente este pessoal que eu fazia

    referencia do qual o grupo eu fazia parte, principalmente por mineiro que

  • viam aqui comprava pequenos ou reas medias na regio e fazia abertura

    na regio, mas o pessoal co pouca ambio no tinha uma viso muito

    grande do futuro.

    O pequeno produtor ocupante dos primeiros espaos aqui satisfazia

    com pouco a grande ambio era ter uma pequena propriedade com um

    Curralinho com vacas quando ele tivesse um rego dgua com majoro

    funcionando um chiqueiro cheio de capados, um paiol com milho com

    palha, ele tava praticamente realizado no era pessoa de muitos projetos e

    muitas ambies e nos sofremos ate hoje ainda as conseqncias deste tipo

    de cultura. Embora hoje nos estamos vivendo nesta faze se transio como

    na cidade o engresso a partir da fundao da Feclip hoje a UEG, onde os

    fi lhos esto estudando e o pessoal vai formando ento fatalmente nos

    estamos embora no seja uma coisa muito rpida, nos estamos sofrendo um

    processo de transio positiva na minha viso com vista um grau de

    projetos de vida mais ambiciosas que isto importante, n?

    Mas aqui nos falaramos sobre relaes sociais, convivncia e

    relaes de vizinhanas como as festas naturalmente antes do adivento da

    televiso deste meio de comunicaes modernas as relaes humanas eram

    muito mais intensas os vizinhos se visi tavam haviam festas muitas festas

    tanto na zona rural como na cidade festinhas pequenas mais agradvel e a

    harmonia que existia nos no viam falar em drogas naquele tempo, ento

    existiam eu acho naquele ponto um clima de relaes humanas ate mais

    positivas do que hoje mito complementado com tantas interferncias que

    existem n?

    aqui quando faz uma pergunta sobre a preservao do

    patrimnio histrico e arquitetnico, eu queria dizer o seguinte Ipor na

    realidade no uma cidade antiga uma cidade nova n. Nos temos 60

    anos de idade e no nosso programa de governo que para mim o programa

    que eu fiz para disputar as eleies um manual para minha

    administrao, eu persigo existentemente eu releio-o simplesmente, ento

  • contam alguns avanos nesse sentido por exemplo os pretendemos instalar

    em Ipor um museu.

    Museu para esta praticamente nos colher materiais que com que

    agente tem no montam quanto ao tempo mas vai passando mais dif cil se

    perde, ento nos pretendemos fazer funcionar de forma melhor o aspecto

    cultural e ainda nos estamos no primeiro mandato nos teremos um projeto

    nosso pra 4 anos. Esse ano um ano perdido na administrao por causa

    da crise, mas , uma deciso faz parte do nosso propsito faz uma

    signif icativa melhor em relao a aspectos culturais da cidade. E um deles

    preservao de memrias seriam justamente em funo de escolher algum

    local, alguns edifcios alguma coisa para preservar e inclusive a criao

    de, do museu histrico retratando a a revoluo que nos passamos desde o

    inicio. E no existem uma lei municipal que preserve o instituto do

    Patrimnio histrico da Cultura da cidade.

    Pergunta exatamente sobre a 24 de outubro, alguns edif cios j foram

    ate destruindo que seria signif icativa mas existem alguma e nos estamos,

    temos feito contatos, nos temos como eu disse antes, projetos de, de, de, de

    evoluir no sentido de aumentar tanto o grau de memrias da cidade atravs

    de museu de preservao de prdios e outras coisas que a sociedade acha

    que a gente vivem um discusso permanente com a sociedade.

    Eu ouo as pessoas muito quando eu ouo aquilo que interessa, que

    eu acho que eu acho que realmente conveniente normalmente eu agrego a

    isso aos meus propsitos. Em relao a hoje pergunta como recebe essas

    mudanas, eu percebo essas mudanas de hbito como necessrias urgente

    e exemplos as mudanas que eu j falei nos estamos num processo na

    minha viso como a instalao que nos temos a a UEG que precisa evoluir

    em relao a oferta de recurso alternativos outros cursos ate mais

    atrativos, mas nos temos a a FAI que foi recente adquirida pela faculdade

    FMB, e temos a um grande projeto do IFETE uma escola publica federal

    que quem viver aqui em Ipor ver que daqui uns anos nos teremos a em

  • Ipor uma unidade de extrema importncia oferecendo curso tecnolgicos

    tambm curso de graduao superior.

    Registro que ficaram na, lembrana que Ipor hoje muito diferente,

    muito diferente que ate eu j falei sobre isso, sobre o cenrio urbano que a

    gente via, carro de boi e cavalaria pela rua. E hoje nos j tamos inclusive

    j marcado agora para o dia 22 e ate uma oportunidade pra vocs como

    universitrios tomar conhecimento, nos elaboramos um projeto de empresa

    de engenharia contratada pela prefeitura projeto de sinalizao e de

    coordenao do trafico urbano da cidade e no dia 22, as 08:00 horas da

    noite La no espao verde nos estvamos fazendo justamente com a

    comunidade toda uma cerimnia uma audincia publica pra discutir esse

    projeto de sinalizao urbana que ta pronto mais sujeita a preciao da

    populao e aberto a sugestes.

    importante demais, a maior partes dos acidentes que acontece no

    por falta de civil izao por imprudncia, mas essa imprudncia precisa

    ser corrida atravs de educao de trnsito, nosso papel promover isto,

    mas nos sabemos que pedestres , ciclistas, motociclista , motorista todos

    faz parte do transito saiu na rua trnsito n.

    Ento um cenrio diferente enquanto exist iam carro de boi

    cavaleiro agora existe uma cidade onde s vezes no centro voc no

    arranja estacionamento. Quer dizer aumentou demais o volume de veculos

    automveis e tambm aumentou muito o acidente em relao a

    motociclistas, ento a comunidade eu fico decepcionado com a audincia

    publica que vai pouca gente quer dizer vai pouca gente por isso no

    demonstra interesse as pessoas critica muito, mas no participa , o

    momento e este de participar eu gostaria que a populao estivesse

    participando.

    O papel das praas naquela poca praticamente no existiam,

    existiam uns largos que o pessoal falava antigamente que era um espao

  • que era de terra e que no tinha opo de conforto isto inclusive ainda

    temos muita deficincia nesses espaos n?

    Expanso da cidade na expanso da cidade foi de maior pecado da

    cidade que comentou contra Ipor foi quando na f inal da dcada de 70,

    precisamente em 78, 79 e 80, a pretenso de atender interesses particulares

    houve uma extenso extremamente desordenada na cidade ao ponto de

    chegar ate hoje a quase 30 anos depois constatando depois que ainda

    existem em poca mais lotes vagos que lotes construdo gerando um

    problema para a administrao tremendo.

    O cidado constri uma casa La na vila Braslia La longe. Porque o

    lote barato e ele esquece antes tomar a deciso, ele esquece que La no

    tem gua no tem energia, no tem transporte. A partir do momento que ele

    construiu, ai ele procura o poder publico municipal pra fazer infra-

    estrutura que poderia ser exigida quando Fizerem o loteamento dos

    investidores ento um problema gravssimo, o problema da desordenao

    que houve ento o nosso crescimento foi fei to desorganizado.

    O pessoal inicial que fez a planta original da cidade foi ate

    inteligente nossas ruas so largas avenidas tal ento voc pode observar

    os loteamentos de fora so becos, viradas estreitas e tal ruas vielas n. Os

    prdios mais antigos no foram preservados no tem como consertar tem

    algumas coisas aqui, mas hoje ainda tem nos temos identif icado aqui uns

    trs prdios que eu no vou citar ate porque na realidade, quando vai fazer

    isto nos temos que, eu acho que a gente acha que tem que adquirir um

    patrimnio publico que ate difcil pro ce poder usa-lo.

    E a se voc antecipar, mas nos temos ai umas trs unidades de

    prdios que retrata uma arquitetura contempornea da poca do comeo da

    cidade e seria importante pra gente fazer , preservao, igreja por exemplo

    nos temos a crist evanglica parece que uma das mais antigas quer

    dizer quando nos chegamos aqui s tinha uma torre era diferente, mas essa

    a prpria instituio naturalmente preserva n. Os prdios publico mais

  • importante naquela poca, prdio publico daquela poca tinha a prefeitura

    na 24 de outubro onde funcionava parece uma vidraaria, tinha a cadeia

    publica que, era uma cadeinha com as grades e tal foi demolida e

    construda em seu local a agencia regional da sade na 15 de novembro.

    Os prdios mais antigo eu acho que nos tnhamos muita pouca coisa,

    o Israel de Amorim um prdio antigo que j existiam desde daquele

    tempo, ele esta preservando embora as vezes perca um pouco as

    caractersticas original.

    Entrevista realizada no dia 17-10-2009 eu me chamo Olina

    Gonalves Marques, e da depois eu me casei eu chamo Olina Gonalves

    de Souza. Eu tenho 77 anos vou enterar agora no dia 31 de outubro. Na era

    que eu vim, vim de Goinia, nasci e me criei em Goiania, a minha famlia

    esta em Goiania, e da depois meu avo e meu pai pra nos vim para Ipor,

    ai nos vei e no t inha estrada niuma era difcil para poder buscar nos foi

    ate Cachoeira (Cachoeira de Gois) de Cachoeira nos ficou um ms

    esperando um tio me buscar nos de Ipor ate a cachoeira de carro de boi.

    Nos chegamos aqui em 41 (1941), e em 41 quando chegamos em

    Ipor era cerrado purinho em Ipor e da depois s tinha trs rancho e

    uma igrejinha velha, ai nos seguiu pra fazenda retirada 18 quilombo e de

    la nos cheguemo nos decemo a mudana do carro de boi pra dentro de um

    rancho.

    E dentro do rancho no t inha nada do que comer, era so um fechinho

    muito velho, fazia jac, rede pra poder vender, pra poder ter um comezinho

    ali pra comprar uns trens de comer. O velhinho chamava Neca, ele deixou a

    mulher e os fi lhos pra traz e dai depois a mulher desse Neca chegou com os

    fi lhos.

    Ai nos tinha pra poder comprar o de comer, os homens andava o dia

    inteiro dentro da mata no meio das onas, num meio de tudo quanto bicho

    pra poder comprar o de comer, e eles achou um dia um senhore que

  • chamava Domingo, e ento ele tinha um capado pra vender pra nos, e a

    era meu pai e meu av, ai era capado aflautado matava e enrolava tudo

    com as carnes tudo e puinha sal assim eles fez a negociao do capado.

    E a nos j foi sabendo viver, e pra comprar os trem de comer assim

    arroz, fei jo, assim uma fruta que nos era acostumados como manga tinha

    de mais la no meu avo em Goinia perto de Goinia dos quilombo

    ( quilometro). Ai nos comprava os trem de comer levava tudo. E da depois

    eu fui crescendo eu j tava assim moinha assim pequena mais j

    trabalhava, a eu fui me crescendo, e da depois me casei.

    Me casei e me criei trs filhos, de trs fi lhos a eu vim de Goinia e

    meu marido vei da Hidrolandia meu marido era de Hidrolandia e eu de

    Goiania a ele chegou com a mudana e nos chegou bem primeiro. E Ipor