1ª promotoria de justiÇa da comarca de iporÁ-go … · 2015-06-19 · 75 mg e queriapina 25 mg)...

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1 1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE IPORÁ-GO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DAS FAZENDAS PÚBLICAS DA COMARCA DE IPORÁ-GOIÁS URGENTE Autor: Ministério Público de Goiás Réu: Município de Iporá-GO Natureza: Ação Civil Pública com pedido de antecipação de tutela e condenação em obrigação de fazer O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por seu Promotor de Justiça que ao final subscreve, no uso regular de suas atribuições constitucionais (artigos 129, incisos II e III, da Constituição da República), e legais (artigo 1º, inciso IV e VIII, e artigo 5º, inciso I, da Lei 7.347/85), com fulcro na documentação contida nos autos de procedimento administrativo 201400228547, que instruem a presente inicial, vem perante este juízo propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA E CONDENAÇÃO EM OBRIGAÇÃO DE FAZER EM FACE DO MUNICÍPIO DE IPORÁ, pessoa jurídica de direito público interno, com sede na Avenida São José, nº 11, Centro, Iporá-GO representado pelo seu Prefeito, Sr. DANILO GLEIC ALVES DOS SANTOS, brasileiro, casado, filho de Isabel Aparecida dos Santos, portador da carteira de identidade nº 428921-1/1ª via DGPC/GO e do CPF nº 894.695.691-72, em razão de omissão no cumprimento do dever constitucional e legal de prestar assistência farmacêutica adequada aos cidadãos de Iporá-GO, conforme se passa a expor. Vinícius de Castro Borges Promotor de Justiça __________________________________________________________________ Av. São José, nº 106, Bairro Umuarama, Iporá-GO. Fone: (64) 3674-1874, CEP. 76.200-000

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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE IPORÁ-GO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DAS

FAZENDAS PÚBLICAS DA COMARCA DE IPORÁ-GOIÁS

URGENTE

Autor: Ministério Público de Goiás

Réu: Município de Iporá-GO

Natureza: Ação Civil Pública com pedido de antecipação de tutela e condenação em

obrigação de fazer

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS,

por seu Promotor de Justiça que ao final subscreve, no uso regular de suas atribuições

constitucionais (artigos 129, incisos II e III, da Constituição da República), e legais

(artigo 1º, inciso IV e VIII, e artigo 5º, inciso I, da Lei 7.347/85), com fulcro na

documentação contida nos autos de procedimento administrativo 201400228547, que

instruem a presente inicial, vem perante este juízo propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA

COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA E CONDENAÇÃO EM

OBRIGAÇÃO DE FAZER EM FACE DO MUNICÍPIO DE IPORÁ, pessoa

jurídica de direito público interno, com sede na Avenida São José, nº 11, Centro,

Iporá-GO representado pelo seu Prefeito, Sr. DANILO GLEIC ALVES DOS

SANTOS, brasileiro, casado, filho de Isabel Aparecida dos Santos, portador da

carteira de identidade nº 428921-1/1ª via DGPC/GO e do CPF nº 894.695.691-72, em

razão de omissão no cumprimento do dever constitucional e legal de prestar

assistência farmacêutica adequada aos cidadãos de Iporá-GO, conforme se passa a

expor.

Vinícius de Castro BorgesPromotor de Justiça

__________________________________________________________________Av. São José, nº 106, Bairro Umuarama, Iporá-GO. Fone: (64) 3674-1874, CEP. 76.200-000

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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE IPORÁ-GO

1 - DOS FATOS

O Ministério Público instaurou procedimento

administrativo 201400228547, por meio de seu promotor de justiça com atribuição na

área da saúde, em razão de relatório 37 da Controladoria Geral da União que apontou

que o controle de estoques de medicamentos adotado pelo Município de Iporá-GO

não é fidedigno, tendo sido apurado que o sistema informatizado utilizado na farmácia

central, apresenta falhas que permitem a alteração do estoque, sem informação do

cpf do servidor responsável pela operação, fato que torna frágil e vulnerável o

sistema de controle, permitindo condutas ilícitas e desvios de recursos públicos com

facilidade.

Nas demais unidades da saúde da família e no Hospital

Municipal de Iporá-GO, o controle de medicamentos se dá apenas por anotações em

papeletas específicas, a cada quinze dias, mostrando-se inadequado por apresentar-se

incompatível com o estoque real, durante o período de intervalo em um relatório e

outro.

Durante inspeções realizadas entre os dias 22 de outubro

de 2012 a 26 de outubro de 2012, pela Controladoria Geral da União, constatou-se

alto índice de divergência de estoques de medicamentos, conforme relatório que

instrui a presente inicial de ação civil pública.

Na Farmácia Básica Central de Iporá-GO e nas

Unidades Básicas de Saúde da Família, em vistoria realizada no dia 23 de outubro

de 2012 pela Controladoria Geral da União, foram constatados os seguintes

medicamentos em quantidades divergentes com aquela apontada pelo controle da

Prefeitura:

Vinícius de Castro BorgesPromotor de Justiça

__________________________________________________________________Av. São José, nº 106, Bairro Umuarama, Iporá-GO. Fone: (64) 3674-1874, CEP. 76.200-000

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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE IPORÁ-GO

Farmácia Central de Iporá-GO

1) Amiodarona 200mg cpr → 970 medicamentos a mais

do que constava no controle;

2) Sulfato Ferroso 40mg cpr → 1.000 unidades a mais do

que constava no controle;

3) Sinvastativa 40mg (mevilip) → 900 unidades a mais do

que constava no controle;

4) Glibenclamida 5mg (gliconil) → 1.650 unidades a mais

do que constava no controle;

Na Farmácia Básica – USF/Centro

1) Captopril 25mg (captosen) → 88 unidades a menos do

que constava no controle;

2) Metformina 850 mg (glicefor) → 925 unidades a menos

do que constava no controle;

3)Amiodarona 200mg cpr → 40 unidades a menos;

4) Hidroclorotiazida 25mg cpr (diurix) 140 unidades a

menos do que constava no controle;

5) Glibenclamida 5mg (gliconil) 260 unidades a mais;

6) Maleato de Enalapril 20mg → 259 unidades a mais;

7) Prednisona 5mg cpr → 64 unidades a menos.

USF Arco Íris

1) Captoprils 25 mg (captosen) → 786 unidades a mais;

2) Metformina 850 mg → 467 unidades a mais;

Vinícius de Castro BorgesPromotor de Justiça

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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE IPORÁ-GO

3) Amiodarona 200mg cpr → 320 unidades a menos;

4) Sulfato Ferroso 40mg cpr → 50 unidades a menos;

5) Hidroclorotiazida 25 mg cpr (diurix) → 330 unidades

menos;

6) Glibenclamida 5mg (gliconil) → 620 unidades menos;

7) Metildopa 250mg (venopresins) → 60 unidades menos;

8) Maleato de Enalapril 20mg → 220 unidades menos;

9) Prednisona 5mg cpr → 360 unidades menos;

USF Monte Alto

1) Captoprils 25 mg (captosen) → 230 unidades a mais;

2) Metformina 850 mg → 180 unidades a menos;

3) Amiodarona 200mg cpr → 650 unidades a menos;

4) Sulfato Ferroso 40mg cpr → 165 unidades a menos;

5) Hidroclorotiazida 25 mg cpr (diurix) → 170 unidades

menos;

6) Sinvastatina 40mg (mevilip) → 60 unidades menos;

7) Glibenclamida 5mg (gliconil) → 180 unidades menos;

8) Maleato de Enalapril 20mg → 55 unidades menos;

USF Águas Claras

1) Captoprils 25 mg (captosen) → 1.710 unidades a mais;

2) Hidroclorotiazida 25 mg cpr (diurix) → 100 unidades

menos;

3) Metildopa 250mg (venopresins) → 160 unidades mais;

4) Maleato de Enalapril 20mg → 90 unidades menos;

Vinícius de Castro BorgesPromotor de Justiça

__________________________________________________________________Av. São José, nº 106, Bairro Umuarama, Iporá-GO. Fone: (64) 3674-1874, CEP. 76.200-000

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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE IPORÁ-GO

O relatório apontou problemas na alimentação do sistema

informatizado adotado pela Farmácia Básica Central do Município, bem como

problemas no sistema de controle de medicamentos por meio de papeletas, utilizado

nos USFs, verificando alto grau de divergência, fato que interfere na aquisição de

medicamentos, em quantidade adequada, por meio de regular procedimento

licitatório, com graves prejuízos ao planejamento da assistência farmacêutica.

Mesmo que a divergência, em alguns casos, aponte para

quantidade superior àquela indicada no controle de estoque de medicamentos, em

fiscalização realizada em 2012, tal situação pode levar à aquisição de remédios em

quantidade desnecessária, levando ao vencimento de insumos, com prejuízos ao

patrimônio público e ao serviço ofertado aos cidadãos.

A Controladoria Geral da União apontou, à época da

inspeção, que o controle de estoque de medicamentos adotado pelo Município de

Iporá-GO não atende à necessidade de um controle fidedigno, haja vista altos valores

envolvidos nas aquisições de medicamentos, bem como a possibilidade de desvios de

estoques, amparados na reconhecida fragilidade que o controle manual acarreta,

realizado duas vezes por mês (fl. 114 do icp anexo).

Quanto ao sistema informatizado adotado pela Secretaria

Municipal de Saúde de Iporá-GO, apurou-se que mediante um simples comando,

admite-se a alteração da quantidade do estoque, sem a identificação do servidor

responsável pela operação, sem a necessidade de informação do número da nota

fiscal de entrada do medicamento, ou do receituário médico para saída, situação

que evidencia alta vulnerabilidade do sistema, que facilita a prática de desvio de

recursos públicos (fl. 115 do relatório da CGU).

Vinícius de Castro BorgesPromotor de Justiça

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O Município de Iporá-GO, por meio de sua Secretária

Municipal de Saúde, foi oficiada a comprovar as providências adotadas para

informatização do controle de estoque em todas as unidades de saúde, via Sistema

Horus, sistema informatizado gratuito disponibilizado pelo SUS, inclusive com

treinamento, indicado pela CGU (ofício de fl. 550).

O Município, por meio da Secretaria de Saúde, informou

não ter implantado o sistema Horus por apresentar um processamento lento de

alimentação de dados (fls. 645/648), não tendo comprovado, no entanto, a resolução

da falta de exatidão do controle de estoque de medicamentos, bem como que tenha

sido corrigida a falha que permite alteração de dados, sem identificação do servidor

responsável pela operação, sem indicação da nota fiscal de entrada e menção a

relatório médico de saída do remédio.

Além de não terem sido resolvidas as deficiências

mencionadas no relatório da Controladoria Geral da União, constatou-se que a falta

de medicamentos da atenção básica nas Unidades de Saúde de Iporá-GO,

tornou-se corriqueira, sobretudo a partir do ano de 2014, fato injustificável diante

de repasses do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual de Saúde para tal

finalidade.

O Município, no ano de 2014, recebeu R$ 163.429,56

(cento e sessenta e três mil, quatrocentos e vinte e nove reais e cinquenta e seis

centavos), no ano de 2014, para assistência farmacêutica, por transferência do Fundo

Nacional de Saúde.

Além do mais, por mandamento constitucional expresso,

deve o Município demandado aplicar quinze por cento de suas receitas no âmbito da

saúde (artigo 77, inciso III, do ADCT).

Vinícius de Castro BorgesPromotor de Justiça

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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE IPORÁ-GO

Diversos atendimentos foram prestados nesta Promotoria

de Justiça, a partir de 2014, em que cidadãos relataram que não conseguiam ter acesso

a medicamentos da rede farmacêutica do Município de Iporá-GO, por falta de

remédios.

Dentre eles, Dirce Maria Alves1 relatou ser portadora de

depressão e que fazer uso de medicamentos de uso contínuo (rovotri 2mp/venlofaxina

75 mg e queriapina 25 mg) tendo procurado a Secretaria de Saúde de Iporá-GO por

três vezes, porém não conseguir acesso aos medicamentos.

Isabel Rodrigue da Fonseca relatou que seu esposo sofreu

AVC e ficou debilitado. Informou que desde maio de 2014 não consegue

medicamentos na Secretaria de Saúde de Iporá-GO (ASS, baclofen, bromprida,

dipirona, ranitidina, frascos de soro).2

Ricardo Corrêa de Lacerda informou que sua esposa é

muito doente e necessita dos medicamentos gabapentina e lyrica, porém não consegue

ter acesso aos medicamentos junto à Secretaria de Saúde do Município.3

Miguel Raul da Costa relatou que não consegue receber os

medicamentos para sua esposa que utiliza nove remédios de uso contínuo, para

tratamento de diabetes, depressão, hipertensão e erisipele, junto à Secretaria de Saúde

Municipal (fl. 508).

Per se vislumbrar que a falta de controle de medicamentos

evoluiu para um quadro grave de falta de medicamentos na rede pública municipal,

1 Fl. 468 do ICP anexo. 2 Fl. 484. 3 Fl. 497.

Vinícius de Castro BorgesPromotor de Justiça

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diante de atendimentos que reportaram a falta de medicamentos para hipertensão, até

mesmo compridos de ASS, dentre outros remédios de baixo custo e de

responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde, juntou-se cópia da lista de

medicamentos básicos do Município de Iporá-GO aos autos do procedimento

administrativo anexo (fls. 598/607), requisitando-se cópia de relatório do estoque de

medicamentos do Município de Iporá-GO à Secretaria Municipal de Saúde (fl. 550),

que instruem a presente inicial.

Também fora requisitada inspeção ao Conselho Federal de

Farmácia para verificar medicamentos do REMUME de Iporá 2013-20164 (fls.

591/607), em falta da rede pública municipal, tendo se constatado, em inspeção

realizada na Unidade Central de Farmácia Básica de Iporá-GO, no dia 12 de agosto

de 2014, que três medicamentos estavam em desacordo com a relação de estoque

impressa no momento da diligência, situação que evidencia que as falhas de

inexatidão do controle de medicamentos, reportadas pela CGU, ainda permanecem:

Esperinolactona 25mgc/30 (sem), -1140 comprimidos;

Furosemida 40mg 500mg (prati) 1500;

Hidroclorotiazida 25mg c/30 (diurix) -5.340

comprimidos.

Na inspeção realizada pelo Conselho de Farmácia, junto às

unidades de saúde de Iporá-GO, constatou-se falta de muitos medicamentos previstos

na lista do REMUME Municipal de Iporá-GO 2013-2016, confirmando-se o relato de

cidadãos atendidos nesta Promotoria de Justiça5:

4 Dentre os medicamentos previstos na lista do SUS de atribuição do Município, considerada a demanda local,no Município de Iporá-GO, no plano da Política de Assistência Farmacêutica, editou a lista REMUME2013-2016, o que deve levar em conta os medicamentos de maior demanda na rede pública municipal.

5 Fls. 591/607, o REMUME do Município constitui a lista de medicamentos que, à luz da demanda doMunicípio de Iporá-GO, se mostram como mais solicitados ao atendimento da população.

Vinícius de Castro BorgesPromotor de Justiça

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Acido Acetil Salicílico 100mg;

Albendazol suspensão oral;

Albendazol comprimido mastigável 400mg;

Alendronato de sódio 70mg comprimido;

Besilato de Anlodipino 5mg comprimido;

Atenolol 5mg comprimido;

captopril 25mg comprimido;

carbonato de lítio 300mg comprimido;

carvedilol 6,25mg comprimido;

cirpofloxacino 500mg comprimido;

claritromicina 250mg cápsula ou comprimido;

guaco solução oral frasco 100ml;

ibuprofeno comprimido;

Losartana Potássica 50mg comprimido;

Netildolpa 250mg comprimido;

Metronidazol 250mg comprimido;

Cloridrato de Ranitidina comprimido;

Sulfametoxaxol + Trimetroprima suspensão;

Durante a fiscalização do Conselho de Farmácia,

constatou-se que no Hospital Municipal de Iporá-GO faltavam os seguintes

medicamentos, em inspeção realizada no dia 12 de agosto de 20146:

1) cloreto de sódio;

2) cloreto de potássio;

3) gluconato de cálcio;

4) omeprazol;

6 Fls. 677/678.

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5) cefalotina;

6) ampicilina 500mg e 1000mg;

7) cefazolina 1000mg;

8) norepenefrina;

9) orastina;

10) selokem 5mg;

11) lisador;

12) metergin;

13) cimetidina;

14) isossorbida;

15) vasopressina;

16) dexacitonerin;

17) efortil;

18) hidralazina;

19) fenergan;

20) dobutamina;

21) trental;

22) Amicacina;

23) Imepenem;

24) Quemecitina;

25) Garamicina,;

26) Clindamincina;

27) Sulfato de Salbutamol;

28) Ranitidinça;

29) Acetilcisteína;

30) Ambroxol;

31) descloferinamina pediátrico;

32) hidróxido de Alumínio;

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33) Metronidazol;

34) Bactrim;

35) Florax;

36) Adalat;

37) Amiodorona;

38) Atelonol;

39) Aminofilina;

40) Anlodipina;

41) Captopril;

42) Colpidogrel;

43) Carvedilol;

44) Dlortalidona;

45) Flunarizina;

46) Isossorbida;

47) Loratadian;

48) Netildopa;

49) Metronidazol;

50) Propanolol;

51) Venovaz;

52) Loszartana;

53) Cinarizina;

54) Ambroxol;

55) Buscopam;

A falta de medicamentos foi reportada, ainda, por diversos

profissionais de saúde, como uma situação corriqueira, fato que evidencia que

Município de Iporá-GO, por meio de seu Prefeito Municipal e da Secretária de Saúde,

agem de forma negligente na assistência farmacêutica dos cidadãos.

Vinícius de Castro BorgesPromotor de Justiça

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O médico Dr. Mac-Mahoen Távora Diniz, ouvido na

Promotoria, por meio de notificação, relatou saber que tem faltado o medicamento

clopidogrel, indicado para pacientes com stent coronário, tendo afirmado que

chegou a recomendar à Secretária, Daniela Sallum, que não deixasse faltar o

medicamento, pois caso não utilizado pelo paciente operado, poderia levá-lo a uma

nova obstrução da coronária, gerando a necessidade de novo procedimento cirúrgico,

que custa em torno de doze mil reais ao Município, além do agravamento do estado de

saúde do paciente.

Outros profissionais da área da saúde, ouvidos por meio de

notificação nesta 1ª Promotoria de Justiça, relataram a falta rotineira de

medicamentos no Hospital Municipal de Iporá-GO, de antialérgicos e antibióticos,

keflin, ceftraxona e fenergan, bem como deficiências do controle de medicamentos, já

averiguadas pela Controladoria Geral da União.

Os profissionais de saúde ouvidos no Ministério Público

relataram, ainda, a falta de medicamentos para pressão arterial, diabetes, losartana,

atenolol, captopril e amildarona, hidróximo de alumínio para gastrite, sulfato de

ferroso, metronidazol7 e propanolol8, dentre outros, há meses, ora faltando um

medicamento hora outro.

Uma enfermeira chefe do USF Arco Íris relatou a falta de

sulfato de ferroso há três meses, quando ouvida no dia 26 de agosto de 20149,

evidenciando-se que o quadro se agravou a partir do primeiro semestre de 2014.

7 Fls. 566/567 e fl. 569. 8 fl. 571. 9 Fls. 566/567.

Vinícius de Castro BorgesPromotor de Justiça

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Assim, após a propositura de mandados de segurança

individuais, a negativa do demandado de assinatura de Termo de Ajustamento de

Conduta, realização de diligências que apontaram valores recebidos pelo Município

para manutenção da assistência farmacêutica e estudo do caso em questão, para

atuação coletiva, tornou-se evidente a necessidade de propositura da presente ação

civil pública, dando-se ciência à CGU e ao Tribunal de Contas do teor do provimento

jurisdicional liminar e final.

2-DOS FUNDAMENTOS

2.1 - Da Legitimidade do Ministério Público

A Constituição da República atribui ao Ministério Público

o dever de defesa do regime democrático e dos interesses sociais e individuais

indisponíveis e, mais ainda, explicita como uma de suas funções institucionais o zelo

pelo efetivo respeito, pelos Poderes Públicos, aos direitos assegurados na norma

fundamental (arts. 127, caput e 129, inc. II, da CF).

A a Lei 7.347/85 confere legitimidade expressa ao

Ministério Público para propor ação principal ou cautelar visando a tutela de direitos

difusos, na forma dos artigos 1º, inciso IV e artigo 5º, inciso I.

A seu turno, o inciso II do artigo 129 da Carta Magna,

assevera que constitui função institucional do Ministério Público: “zelar pelo efetivo

respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos

assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua

garantia.”

Vinícius de Castro BorgesPromotor de Justiça

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1ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE IPORÁ-GO

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio

público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.

Diante dos dispositivos legais supracitados, mostra-se

incontestável a legitimidade ministerial para a propositura da presente ação civil

pública com pedido de condenação em obrigação de fazer e antecipação de tutela, a

fim de se compelir o réu a promover adequações no controle de medicamentos do

Município de Iporá-GO, bem como fornecer os medicamentos da atenção básica

previstas no REMUME de Iporá-GO de 2013/2016.

2.2 – Do dever de prestar assistência farmacêutica

A saúde é direito de todos e dever do Estado, conforme

preceitua o artigo 196 da Constituição Federal.10

Os princípios da universalidade de acesso aos serviços

públicos de saúde e da integralidade da assistência, conforme previsto na Carta

Magna, asseguram acesso a todo e qualquer tratamento adequado ao restabelecimento

da saúde do cidadão, na forma dos artigos 196, 198, inciso II, da Constituição Federal

e artigo 7º, incisos I e II, da Lei 8.080/90.

Tais princípios constitucionais demandam eficiência na

aplicação dos recursos da saúde, visando atendimento universal e integral no âmbito

da assistência farmacêutica, objetivando-se a proteção à vida e à saúde dos usuários

do Sistema Único de Saúde, na forma do artigos 6º, incisos I, alínea 'd' e 7º, incisos I e

10 Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicasque visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações eserviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Vinícius de Castro BorgesPromotor de Justiça

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II, da Lei 8.080/90.

A fim de dar-se cumprimento à assistência farmacêutica no

plano municipal, mostra-se indispensável a adoção de um sistema de controle

fidedigno, que não permita alterações por meio de rasuras, com a identificação por

meio de cpf ou matrícula funcional, do servidor responsável, indicação da nota fiscal

de entrada do produto e do receituário médico de saída.

Não é admissível que o réu, transfira ao cidadão, o ônus de

suportar a falta de medicamentos na rede pública, quando age de forma negligente,

permitindo que se mantenham graves deficiências do controle de medicamentos, bem

como, que falte de forma corriqueira, na rede pública municipal, medicamentos para

diabetes, pressão arterial, gastrite, dentre outros remédios, incumbindo-se ao

demandado, o dever de prestar serviços de atendimento à saúde da população, na

forma do artigo 12, inciso VII, da Lei Orgânica do Município de Iporá-GO11,

incluindo no âmbito farmacêutico12.

Além das falhas no controle de medicamentos, inspeção do

Conselho de Farmácia, verificou a falta de 33 remédios de uma lista de 71

medicamentos do REMUME municipal de Iporá-GO, nas Unidades de Saúde da

Família e de 55 medicamentos no Hospital Municipal, este último, carece até mesmo

de cloreto de potássio, tamanha a omissão municipal.

11

12 Artigos 6º, incisos I, alínea 'd' e 7º, incisos I e II, da Lei 8.080/90

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O dever de prestar assistência farmacêutica pelo Município

e o direito de acesso a medicamentos, pelo cidadão, é amplamente reconhecido pela

jurisprudência dos Tribunais.

O direito à saúde possui assento constitucional, passível de

ser postulado em juízo pelo Ministério Público, quer pela via do mandado de

segurança, quer por meio da presente ação civil pública, conforme julgados abaixo

colacionados:

“ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO

REGIMENTAL NO RECURSOESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.

FORNECIMENTO DE MEDICAÇÃO. DIREITOINDIVIDUAL INDISPONÍVEL.

LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO NADEFESA DE INTERESSES

OU DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS.CONFIGURAÇÃO. PRECEDENTE

DO STJ. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. "O Ministério Público possui

legitimidade para defesa dos direitos individuais indisponíveis, mesmo quando a

ação vise à tutela de pessoa individualmente considerada" (EREsp 819.010/SP,Rel.

Min. ELIANA CALMON, Rel. p/ acórdão Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI,Primeira

Seção, DJe 29/9/08). 2. Agravo regimental não provido.

“AÇÃO CIVIL PÚBLICA FORNECIMENTO DE

MEDICAMENTO. Ilegitimidade ativa 'ad causam' do Ministério Público.

Inexistência. Artigo 127 da Constituição Federal 'Parquet' que se encontra habilitado

para demandar em ações que visem a defesa do direito individual à saúde, em razão

do caráter de indisponibilidade deste direito Precedentes. Ilegitimidade dos réus

Inocorrência Natureza da obrigação de caráter solidário e concorrente. Qualquer

dos Entes da Federação pode ser acionado para alcançar o cumprimento da norma

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constitucional, que garante acesso do cidadão às ações com vistas a resguardar o

direito à saúde.Dever de assistência integral à saúde (CF, art. 196)- Judiciário que

não está agindo de forma arbitrária e que tampouco ignora o princípio da

separação dos Poderes (CF, art. 2º), mas cuida de evitar risco de morte -

Impossibilidade de a autoridade exonerar-se de fornecer medicamentos só porque

não constam em protocolos - Sentença mantida. RECURSOS DESPROVIDOS.” (TJ-

SP - APL: 9160175052006826 SP 9160175-05.2006.8.26.0000, Relator: Cristina

Cotrofe, Data de Julgamento: 04/05/2011, 8ª Câmara de Direito Público, Data de

Publicação: 04/05/2011)

“MANDADO DE SEGURANÇA. CARÊNCIA DE AÇÃO.

NÃO OCORRÊNCIA. FORNECIMENTO GRATUITO DE MEDICAMENTO

INDISPENSÁVEL. DEVER CONSTITUCIONAL DO ESTADO. DIREITO LÍQUIDO

E CERTO DA SUBSTITUÍDA. ATO COATOR OMISSIVO. BLOQUEIO DE VERBA

PÚBLICA. POSSIBILIDADE. 1 - Não há falar em carência de ação, por falta de

interesse de agir, quando restaram demonstradas nos autos tanto a patologia de que é

portadora a substituída e a consequente prescrição do medicamento requestado,

como a necessidade/utilidade do provimento jurisdicional vindicado, diante do ato

coator omissivo praticado pelo ente público. 2 - É dever do Poder Público, em

qualquer de suas esferas (art. 196, CF), assegurar a todos o direito à saúde, de

modo universal e igualitário, incluindo-se aí o fornecimento de medicamento

àquele que dele necessita, na forma prescrita por profissional de saúde, salvo se

demonstrada pela autoridade impetrada a inadequação da prescrição médica. 3 - A

omissão do ente público em prestar terapia medicamentosa adequada à pessoa

enferma, utilizando-se de entraves burocráticos, constitui ofensa a direito líquido e

certo, amparável por mandado de segurança. 4 - É possível (e legítimo), se houver

risco de grave comprometimento da saúde da substituída, o bloqueio de verbas

públicas para o fim de garantir o fornecimento do medicamento indispensável (prece-

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dentes do STJ). Segurança concedida.” (TJGO, MANDADO DE SEGURANCA

120357-66.2012.8.09.0000, Rel. DES. ZACARIAS NEVES COELHO, 2A

CAMARA CIVEL, julgado em 24/07/2012, DJe 1119 de 08/08/2012).

2.3 – Da necessidade de divulgação do estoque de medicamentos e da lista do

REMUME Municipal, via internet para conhecimento da população em geral

Afigura-se como diretriz fundamental à qualidade do

Sistema Único de Saúde, a participação da sociedade, conforme previsto no artigo

198, inciso III, da Constituição Federal13.

A qualidade dos serviços prestados ao cidadão encontra-se

na proporção direta de sua participação nas políticas públicas desta quadra.

Para o aprimoramento do Sistema Único de Saúde torna-se

necessário que o cidadão, no exercício de sua cidadania, realize de forma efetiva o

controle social das ações do poder público municipal.

Para tanto, é indispensável que o demandado divulgue as

informações de interesse particular e coletivo, sobretudo da saúde pública, para

garantir ciência de todos os interessados, permitindo realizar-se o controle social do

SUS.

13 Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada econstituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I - descentralização, comdireção única em cada esfera de governo; II - atendimento integral, com prioridade para as atividadespreventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III - participação da comunidade.

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Por força de tal norma constitucional expressa, é dever do

réu publicar a lista de medicamentos de REMUME municipal, a fim de informar os

cidadãos sobre os medicamentos fornecidos pelo Município, bem como o estoque dos

medicamentos disponível nas farmácias da rede pública municipal, sem o que,

fica o cidadão impossibilitado de participar ativamente das políticas públicas no

âmbito da assistência farmacêutica do Município, ferindo-se a diretriz da participação

social prevista no artigo 198, inciso III, da Constituição14.

Diante de tal quadro, sem saber qual medicamento é de

atribuição do Município, do Estado ou da União, o cidadão desloca-se até a Secretaria

de Saúde, onde não é adequadamente informado, ficando sem receber medicamentos

por falta em estoque, não sendo informado sequer quando haverá a reposição, situação

que reclama a pronta intervenção judicial, por meio da presente ação civil pública.

2.4 – Da Antecipação dos Efeitos da Tutela

A verossimilhança das alegações assentam-se nos autos de

procedimento administrativo anexo, que comprovam graves deficiências na

assistência farmacêutica de Iporá-GO, que não possui controle adequado de estoque

de medicamentos, não presta informações relevantes em seu site oficial, conforme

mencionado no item anterior e apresenta faltas frequentes de remédios que constam

do REMUME do Município.

14XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de

seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de

responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;

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As normas constitucionais e legais impõe ao demandado o

dever de prestar assistência farmacêutica adequada, conforme já devidamente

ponderado nesta petição de ação civil pública.

O perigo de dano à população local, em caso de não

concessão da antecipação dos efeitos da tutela, se mostra evidente, posto que

continuará desassistida, sem saber quais medicamentos o demandado se comprometeu

por meio do REMUME Municipal a fornecer, sem saber o estoque de medicamentos

no Município, não tendo acesso à terapia medicamentosa, motivo pelo qual,

encontram-se presentes os requisitos do artigo 273 do Código de Processo Civil.

Ademais, a implementação do Sistema Horus, ou sistema

informatizado equivalente, foi recomendada pelo relatório da Controladoria Geral da

União, que instrui a presente inicial, providência que possibilitará que o Ministério da

Saúde tenha acesso, em tempo real, ao estoque de medicamentos do Município de

Iporá-GO, tornando mais efetivo o controle, absolutamente necessário, ante os

constantes desfalques de medicamentos à população.

Por tal motivo, o MINISTÉRIO PÚBLICO requer sejam

antecipados os efeitos da tutela para determinar-se que o Município de Iporá-GO:

a) implante o Sistema HORUS ou sistema operacional

equivalente em todas as farmácias do Município de Iporá-GO, incluindo nos Postos

de Saúde, na Farmácia Central e no Hospital Municipal, devendo disponibilizar no

site da Prefeitura para informação ao cidadão, em tempo real15, o estoque de todos os

15 Além de decorrer a publicidade de mandamentos constitucionais expressos, tal medida tornará maiseficaz o controle social, realizado pelo cidadão e possibilitará a todos os órgãos de controle, tais comoTribunal de Contas, Controladoria Geral da União, Ministério Público e Poder Legislativo, a coibirem,de forma mais eficaz, a prática de ilícitos de desvio de recursos públicos, nesta importante esfera do setor

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medicamentos por unidade de saúde e lista atualizada de medicamentos do REMUME

Municipal, no prazo máximo de noventa dias;

b) mantenha controle fidedigno de movimentação de

estoque de remédios nas unidades de saúde do Município de Iporá-GO (farmácia

central, USFs e Hospital Municipal) para garantia da qualidade e continuidade dos

serviços de Assistência Farmacêutica;

c) forneça, prontamente, os medicamentos previstos na

lista do REMUME de Iporá-GO aos cidadãos, na quantidade e forma consignada em

receita médica, sob pena de multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) para cada caso de

desatendimento;

d) seja comunicado o Tribunal de Contas e a Controladoria

Geral da União do teor da decisão liminar;

3 - DOS PEDIDOS

Ante o exposto, o Ministério Público requer:

a) seja a presente petição autuada, contendo vinte e quatro

laudas, instruída com o procedimento administrativo 201400228547, contendo 738

páginas;

b) seja facultado ao oficial de justiça, para a comunicação

processual, em todos os atos, a permissão estampada no artigo 172, § 2º do Código de

Processo Civil;

público. Não se pode perder de mira que a corrupção se mostra mais presente nos setores daadministração pública em que se constata vulnerabilidades, associada à falta de transparência e ao nãoexercício da cidadania, ou seja, do controle da qualidade do serviço por meio do cidadão (artigo 37, § 3ºe 198, inciso III, da Constituição Federal.

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c) seja deferida a antecipação dos efeitos da tutela

pleiteada no item 2.4;

d) seja o réu citado para, oferecer contestação, sob

pena de revelia, adotando-se o rito do procedimento comum ordinário descrito no

Código de Processo Civil;

e) seja o réu condenado nas obrigações de fazer

consistentes em:

1) implantar o Sistema HORUS ou sistema operacional

equivalente em todas as farmácias do Município de Iporá-GO, incluindo nos Postos

de Saúde, na Farmácia Central e no Hospital Municipal, devendo disponibilizar no

site da Prefeitura para informação ao cidadão, em tempo real16, o estoque de todos os

medicamentos por unidade de saúde e lista atualizada de medicamentos do REMUME

Municipal, no prazo máximo de noventa dias;

2) mantenha controle fidedigno de movimentação de

estoque de remédios nas unidades de saúde do Município de Iporá-GO (farmácia

central, USFs e Hospital Municipal) para garantia da qualidade e continuidade dos

serviços de Assistência Farmacêutica;

3) fornecer, prontamente, os medicamentos previstos na

lista do REMUME de Iporá-GO aos cidadãos, na quantidade e forma consignada em

receita médica, sob pena de multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) para cada caso de

desatendimento;

f) seja comunicado o teor da sentença proferida nos autos

epigrafados ao Tribunal de Contas dos Municípios e à Controladoria Geral da União;

16 Além de decorrer a publicidade do estoque de medicamentos e da lista do REMUME de mandamentosconstitucionais expressos, tal medida tornará mais eficaz o controle social, realizado pelo cidadão epossibilitará a todos os órgãos de controle, tais como Tribunal de Contas, Controladoria Geral da União,Ministério Público e Poder Legislativo, a coibirem, de forma mais eficaz, a prática de ilícitos de desvio derecursos públicos, nesta importante esfera do setor público, bem como, que o serviço seja prestado deforma contínua. Não se pode perder de mira que a corrupção se mostra mais presente nos setores daadministração pública em que se constata vulnerabilidades, associada à falta de transparência e ao nãoexercício da cidadania (artigo 37, § 3º e 198, inciso III, da Constituição Federal.

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h) A dispensa do pagamento de custas, conforme o artigo

18 da Lei nº 7.347/85 e artigo 87, caput, da Lei 8.078/90;

Protesta provar o alegado pela juntada de provas

documentais, no curso do processo, inspeções, bem como pela colheita de prova

testemunhal.

Na oportunidade apresenta o rol de testemunhas abaixo

transcrito:

1) Fabiana Miranda Tokumaru, farmacêutica,

lotada no Hospital Municipal de Iporá-GO, podendo ser localizada em seu endereço

funcional, ou na Av. Cândido Vieira, Qd. 43, Lt. 03, Setor Bela Vista, Iporá-GO17;

2) Daniella Gomes da Silva Lemes, farmacêutica

lotada na Secretaria Municipal de Saúde de Iporá-GO, residente na Av. Goiás, nº 04,

Centro de Iporá-GO18;

3) Ricardo Corrêa de Lacerda, residente na Avenida

15 de novembro, Qd. 01, Lt. 15, Centro, Iporá-GO19;

4) Mac-Mahoen Távora Diniz, médico, residente na

Av. Dr. Neto, nº 972, Iporá-GO20;

5) Celso de Oliveira Filho, médico, residente na Av.

Jerusalem, Qd. 23, Lt. 321, Vila Brasília, Iporá-GO21;

6) Thais Regina Paula de Souza Caetano, técnica

em enfermagem, lotada no Hospital Municipal de Iporá-GO, pondendo ser encontrada

17 Fl. 701. 18 Fls. 704/70519 Fl. 707. 20 Fl. 555. 21 fl. 557.

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no seu endereço profissional ou na Av. Orion, Qd. 17, Lt. 310, porque. Das Estrelas,

Iporá-GO22;

7) Lorena Rodrigues Floresta, enfermeira chefe do

USF Arco Íris, pondendo ser encontrada em seu endereço profissional, bem como na

Rua 16 de março, Qd. 05, Lt. 95, Setor Bela Vista, Iporá-GO;

8) Daniela Sallum, secretária municipal de saúde,

Rua Lázaro Vieira, nº 442, Secretaria Municipal de Saúde, a título de depoimento

pessoal, considerando que as deficiências reportadas se referem à secretaria de saúde

da qual é titular, reputando-se por verdadeiros os fatos contidos na inicial, caso,

devidamente intimada, deixe de comparecer, na forma do artigo 343, §3º, do Código

de Processo Civil;

Dá-se à causa o valor estimado de R$ 500.000,00

(quinhentos mil reais) na forma do artigo 258 do Código de Processo Civil.

Requer seja dado ao feito o procedimento comum

ordinário, conforme apontado no artigo 21 da Lei 7.347/85.

Iporá/GO, 16 de junho de 2015.

VINÍCIUS DE CASTRO BORGES

Promotor de Justiça

22 Fls. 559/560

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