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MAPEAMENTO E ANÁLISE AMBIENTAL DAS NASCENTES DO MUNICÍPIO DE IPORÁ-GO 1 Katyuce Silva [email protected] Diego Tarley Ferreira Nascimento - [email protected] Universidade Estadual de Goiás Campus Iporá INTRODUÇÃO As nascentes, também conhecidas como mananciais, consistem em fontes de água que surge em certos pontos da superfície terrestre, exatamente onde o lençol freático aflora e, por conseguinte, formam os cursos d’água. Elas marcam uma etapa fundamental no ciclo hidrológico, em que a água precipitada, que alcança e infiltra na superfície, aflora e condicionam o início dos cursos de água Figura 1. Figura 1 Diagrama representando o ciclo hidrológico, em que a descarga corresponde ao afloramento da água infiltrada por meio de nascentes. Fonte: http://www.aquafluxus.com.br/wp-content/uploads/2015/10/MA-CicloHidrologico.jpg 1 O presente trabalho conta com apoio financeiro da Pró-reitora de Graduação da Universidade Estadual de Goiás, por meio de Programa de Auxílio Eventos (Pró Eventos).

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MAPEAMENTO E ANÁLISE AMBIENTAL DAS NASCENTES DO

MUNICÍPIO DE IPORÁ-GO1

Katyuce Silva – [email protected]

Diego Tarley Ferreira Nascimento - [email protected]

Universidade Estadual de Goiás – Campus Iporá

INTRODUÇÃO

As nascentes, também conhecidas como mananciais, consistem em fontes de

água que surge em certos pontos da superfície terrestre, exatamente onde o lençol

freático aflora e, por conseguinte, formam os cursos d’água.

Elas marcam uma etapa fundamental no ciclo hidrológico, em que a água

precipitada, que alcança e infiltra na superfície, aflora e condicionam o início dos cursos

de água – Figura 1.

Figura 1 – Diagrama representando o ciclo hidrológico, em que a descarga corresponde ao

afloramento da água infiltrada por meio de nascentes.

Fonte: http://www.aquafluxus.com.br/wp-content/uploads/2015/10/MA-CicloHidrologico.jpg

1 O presente trabalho conta com apoio financeiro da Pró-reitora de Graduação da Universidade Estadual

de Goiás, por meio de Programa de Auxílio Eventos (Pró Eventos).

Desde os primórdios, a ocupação humana se dá quase sempre rente aos corpos

hídricos, sejam nascentes, rios, lagos ou mares, já que por necessidade, suas moradias

deveriam estar próximas à água fácil e abundante.

Contudo, na contemporaneidade, vale ressaltar que quanto maior o agrupamento

de pessoas em determinada área, maior será o consumo de água, e, por conseguinte,

maior será o risco de degradação e exaurimento desse recurso.

A forma insustentável e inadequada pela qual a humanidade vem se apropriando

dos recursos hídricos tem promovido uma série de degradação e ate mesmo o

exaurimento desse recurso, além de outras consequências da ocupação e apropriação da

natureza pela sociedade, como é o caso da compactação do solo, poluição,

desmatamento etc., que geram impactos diversos nos mananciais.

OBJETIVO GERAL

Nesse contexto, o objetivo geral do presente trabalho é realizar o mapeamento

das nascentes situadas no município de Iporá, localizado na porção oeste do estado de

Goiás. Além do mapeamento, pretende-se realizar um diagnóstico ambiental das

nascentes, com vistas a averiguar o estado de conservação/degradação dessas.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para tanto, os procedimentos metodológicos compreenderam, inicialmente,

levantamento bibliográfico a respeito da temática abordada: nascentes e impactos

ambientais em recursos hídricos, com maior ênfase em nascentes.

Em seguida, se procedeu ao uso de programas de geoprocessamento (ArcGIS)

para mapeamento das nascentes, realizado por meio do processamento vetorial da base

cartográfica de drenagens disponibilizada pelo Sistema de Estadual de Geoinformação

de Goiás (SIEG), numa escala de 1:100.000. Para o mapeamento das nascentes, foi

utilizada a ferramenta “Feature Vertices To Points” que insere um arquivo de ponto

(nascente) ao final do arquivo linear (drenagem).

A etapa seguinte consistiu na análise ambiental das nascentes. Considerando a

enorme quantidade de nascentes no município de Iporá, foi selecionada no presente

trabalho apenas nascente representativa de Iporá, sendo ela a nascente do Córrego

Cabeceira-rica, que é um dos afluentes do Córrego Tamanduá que, por sua vez, é

afluente do Ribeirão Santo Antônio, principal curso hídrico fonte de abastecimento da

cidade. A análise ambiental consistiu na realização da análise macroscópica da

nascente considerando os parâmetros definidos pelo Guia de Avaliação da Qualidade

das Águas (2004), adaptados por Gomes, Melo e Vale (2005), indicados a seguir:

Figura 2 – Parâmetros e qualificação empregado para a análise ambiental da nascente

Fonte: adaptado de Gomes, Melo e Vale (2005).

Conforme a pontuação obtida pelo índice de impacto ambiental, a nascente ou

corpo hídrico pode ser enquadrado em determinada classe e grau de preservação

ambiental, conforme quadro abaixo:

Pontuação Classe Grau de proteção

Entre 37 e 39 pontos A Ótimo

Entre 34 e 36 pontos B Bom

Entre 31 e 33 pontos C Razoável

Entre 28 e 30 pontos D Ruim

Abaixo de 28 pontos E Péssimo

Por meio de visita de campo realizada na nascente, foi realizada a avaliação dos

parâmetros indicados pelo índice de impacto ambiental das nascentes e também foram

feitos registros fotográficos.

RESULTADOS PRELIMINARES

O município de Iporá se localiza na região oeste do estado de Goiás – Figura 3.

O principal corpo hídrico que atravessa o município é o Ribeirão Santo Antônio, que

desagua no Rio Caiapó – que, por sua vez, desagua no Rio Araguaia.

Figura 3 – As nascentes constantes no município de Iporá

Elaboração: próprios autores.

O município possui uma quantidade de 884 nascentes, situadas principalmente

na porção sul do município, estabelecendo pequenos afluentes do Rio Caiapó, e

noroeste, na borda da Serra do Jacaré.

Considerando apenas a Bacia Hidrográfica do Córrego Tamanduá, que

intercepta a área urbana de Iporá, são verificadas 15 nascentes, sendo uma delas

referente à nascente do Córrego Cabeceira-rica, alimenta o lago Por-do-Sol, atravessa a

cidade, e desagua no Córrego Tamanduá – Figura 4.

Em visita de campo realizada para se proceder à análise ambiental da nascente

do Córrego Cabeceira-rica apresenta uma escura coloração da água (1), mas sem odor

(3) materiais flutuantes (3), lixo ao redor (3) e despejo de esgoto (3) – Figura 5.

Figura 4 – Bacia Hidrográfica do Córrego Tamanduá, com destaque ao Córrego Cabeceira-rica.

Fonte: Google Earth.

Figura 5 – Água da nascente apresentando coloração escura

Fonte: Katyuci Silva (2016)

Foi notada pouca presença de espuma (2), possivelmente em decorrência de

contaminação orgânica pelos excrementos de animais presentes na localidade (1) –

Figura 6. Há também pouca ocorrência de óleos (2).

Figura 6 – Presença de gado bovino na nascente

Fonte: Katyuci Silva (2016)

O local onde está localizada a nascente possui bastante acesso, sem proteção (1),

correspondendo a uma propriedade privada (2), com residências distantes entre 50 e 100

metros da nascente (2), conforme visto pela Figura 7.

Com relação à vegetação, ao longo do Córrego Cabeceira-rica é possível notar a

manutenção da área de proteção permanente (Figura 8), contudo, no entorno da nascente

a vegetação encontra-se bastante degradada (2) (Figura 9).

Figura 7 – Residências próximas à nascente.

Fonte: Katyuci Silva (2016)

Figura 8 – Vegetação preservada na área de proteção permanente ao longo do Córrego

Cabeceira-rica

Fonte: Katyuci Silva (2016)

Figura 9 – Condição da vegetação degradada no entorno da nascente

Fonte: Katyuci Silva (2016)

As nascentes são de grande importância, tanto para o ciclo hidrológico (fluxo

contínuo da água presente nos oceanos, continentes), como para a sobrevivência

humana, assim sendo, há necessidade cada vez mais de preservação, na redondeza das

nascentes e ao longo dos cursos d’água, pois nos últimos anos vem havendo

levantamentos do desaparecimento de nascentes de água. Um dos grandes fatores para

preservação das mananciais é a recomposição da mata ciliar, pois em associação à

outras técnicas conservacionistas, como proteção e uso adequado do solo, se torna

passível o fortalecimento dos lençóis freáticos, com intuito de assegurar qualidade e

quantidade de água.

Como continuidade desse trabalho, almeja-se estender a análise ambiental para

todas nascentes da bacia hidrográfica do Ribeirão Santo Antônio, que é o manancial de

abastecimento público da água para o município de Iporá, com vistas a apresentar

insumos para políticas públicas por parte dos órgãos desse município para

implementação de estratégias de conservação e uso sustentável.

BIBLIOGRAFIA

GOMES, P. M.; Melo C.; VALE, V. S. Avaliação dos impactos ambientais em

nascentes na cidade de Uberlândia – MG: análise macroscópica. Sociedade &

Natureza, Uberlândia, v.17, n.32, p.103-120, 2005.