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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” DIREITOS HUMANOS NAS RELAÇÕES DE TRABALHO AUTOR THAIS ALVES DE PAIVA ORIENTADOR PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO RIO DE JANEIRO 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

DIREITOS HUMANOS NAS RELAÇÕES DE TRABALHO

AUTOR

THAIS ALVES DE PAIVA

ORIENTADOR

PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO

RIO DE JANEIRO 2015

DOCUM

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

DIREITOS HUMANOS NAS RELAÇÕES DE TRABALHO Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. Por: THAIS ALVES DE PAIVA

3

.

Agradeço à Deus, à minha mãe, mulher forte

a quem devo tudo o que sou, à minha irmã,

por estar do meu lado nos momentos

cruciais, ao meu marido, por ser meu amigo

e companheiro de todas as horas.

4

.

Dedico a todos que torcem pelo meu sucesso e

em especial a minha mãe, a minha irmã e ao

meu marido.

5

RESUMO

A presente pesquisa versará sobre a aplicabilidade dos direitos humanos no direito do trabalho. Para tanto no primeiro momento se estudará o conceito de direitos humanos, a questão dos direitos fundamentais, a organização internacional do trabalho e as convenções internacionais. No segundo momento será analisado o histórico dos direitos humanos do trabalhador, o conceito de principio, sua função e o principio da dignidade da pessoa humana como fundamento dos direitos humanos no direito do trabalho. Por fim, no terceiro momento se analisará o direito à vida, o direito à igualdade, o direito à liberdade, o direito à privacidade e a intimidade, a questão do assedio sexual e da revista pessoal, o direito à integridade física e o direito a saúde.

.

6

METODOLOGIA

Esse trabalho foi desenvolvido primeiramente por meio da análise das

situações fáticas.

A elaboração desse trabalho foi aperfeiçoado a partir de pesquisa

bibliográfica, como em livros, artigos em jornais e revistas, publicações oficiais da

legislação, bem como em web sites. O tema foi aprofundado mediante pesquisas em

livros, artigos e revistas, sendo possível realizar um estudo produzindo um paralelo

entre os fatos do cotidiano e a teoria pesquisada em materiais impressos e via

online.

Em complemento foi realizada análise do direito material pátrio aplicado

às relações de trabalho, por pretender demonstrar a importância de se observar a

aplicação da legislação trabalhista em consonância aos Direitos Humanos.

A presente pesquisa teve origem ainda no método de pesquisa

dogmático, tendo em vista que apresenta o pensamento de estudiosos que

anteriormente realizaram estudos sobre o tema, e positivista, pois demonstra a

correlação intrínseca entre as relações sociais e o Direito do Trabalho e não só entre

este e as relações trabalhistas.

Por meio da pesquisa de Jurisprudências dos Tribunais pátrios, foi

demonstrada ainda as principais formas de se garantir a efetividade dos direitos e

garantias fundamentais asseguradas em nosso ordenamento jurídico consoante os

princípios decorrentes dos Direitos Humanos.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 09

CAPITULO I - OS DIREITOS HUMANOS NAS RELAÇÕES DE TRABALHO

1.1. CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS ............................................................ 12

1.2. OS DIREITOS FUNDAMENTAIS ...................................................................... 16

1.3. A ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO ................................. 17

1.4. AS CONVENÇÕES INTERNACIONAIS ........................................................... 18

CAPÍTULO II - HISTÓRICO DOS DIREITOS HUMANOS DO TRABALHADOR,

CONCEITO E FUNÇÃO DOS PRINCIPIOS

2.1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA ................................................................................. 19

2.2. CONCEITO DE PRINCÍPIO .............................................................................. 20

2.3. FUNÇÃO DOS PRINCÍPIOS ............................................................................. 22

2.4. O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA COMO FUNDAMENTO

DOS DIREITOS HUMANOS NO DIREITO DO TRABALHO ................................... 24

CAPÍTULO III - DIREITOS HUMANOS NO DIREITO DO TRABALHO

3.1. O DIREITO À VIDA ........................................................................................... 28

3.2. O DIREITO À IGUALDADE .............................................................................. 30

3.3. O DIREITO À LIBERDADE ............................................................................... 31

3.4. O DIREITO À PRIVACIDADE E A INTIMIDADE .............................................. 35

3.4.1. Do Assédio Sexual........................................................................................ 36

8

3.4.2. Da Revista Pessoal ....................................................................................... 36

3.5. O DIREITO À INTEGRIDADE FÍSICA ............................................................ 42

3.6. O DIREITO A SAÚDE ....................................................................................... 43

CONCLUSÃO .......................................................................................................... 47

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 50

ÍNDICE ..................................................................................................................... 54

9

INTRODUÇÃO

O objetivo da presente pesquisa foi propor uma reflexão a respeito da

aplicabilidade dos direitos humanos no direito do trabalho.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das

Nações Unidas estabelece que todos os seres humanos nascem livres e iguais em

dignidade e direitos. O direito a um trabalho digno vem a ser uma das mais

fundamentais garantias que um indivíduo pode ter.

A CLT veio a ser um divisor de águas no que tange aos direitos

trabalhistas e a Constituição de 1988 ampliou essas garantias.

Assim, é necessário um estudo demonstrando o quão intrínseco estão os

Direitos Humanos e o Direito do Trabalho.

A presente monografia buscou identificar os problemas sociais e

econômicos decorrentes da inobservância dos Direitos Humanos nas relações

trabalhistas, além obviamente de analisar a aplicação ou não dos Direitos Humanos

nas relações trabalhistas e suas consequências.

A problemática que se buscou investigar é a seguinte: quais são as

consequências sociais e econômicas ao não se ignorar os direitos humanos nas

relações trabalhistas?

O alicerce da dignidade de um trabalhador é a garantia de que o seus

direitos sociais básicos sejam resguardados. Ao se respeitar a dignidade do obreiro,

este passa a fazer parte da sociedade de maneira plena.

A garantia dos direitos fundamentais do trabalhador foi introduzida no

ordenamento jurídico por meio de larga evolução social e histórica, não se

esquecendo de que tal evolução adveio através do fruto decorrente dos conflitos

gerados pelo o abuso dos detentores do poder econômico.

Ao longo da história, podemos observar que quem obtém o poder político

e principalmente econômico tende a explorar a classe menos favorecida, geralmente

a do proletariado.

10

A classe assalariada moderna é privada dos bens de produção próprios,

sendo obrigada a vender a sua força de trabalho para existir, mas isso não significa

que deva ser explorada.

Para evitar o desequilíbrio entre as classes e em especial a classe

assalariada por não possuir poder econômico é que o ordenamento jurídico mundial

e pátrio criou regras de modo a proteger essa classe menos favorecida.

A dignidade do trabalhador somente será protegida se houver o equilíbrio

entre a realidade social e o ordenamento jurídico.

É sabido que um ser humano somente terá liberdade, igualdade e

dignidade se suas necessidades básicas estiverem sendo atendidas. Se algumas

dessas garantias forem violadas o desequilíbrio social poderá ser irreversível de

modo que até em um Estado onde o sistema capitalista for predominante, a partir do

momento em que os indivíduos que fornecem sua força de trabalho forem tolhidos

de suas garantias fundamentais, tal Estado se tornará miserável.

É cristalina a noção de igualdade prevista no artigo 1º da Declaração dos

Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 ao determinar que os homens nascem

livres e iguais em direitos e que as distinções sociais não podem basear-se senão

na utilidade comum.

É dever do poder público assegurar que os direitos naturais e

imprescritíveis do homem e em especial nas relações de trabalho devem ser

respeitados.

Os direitos humanos sociais possuem como consequência a

indivisibilidade dos direitos humanos, ou seja, é necessário que se proteja a

integralidade dos direitos humanos sob a ótica da junção dos direitos civis e políticos

com os direitos econômicos e sociais, inclusos os direitos trabalhistas.

Podemos verificar na própria história do Brasil, onde a abolição da

escravatura não significou propriamente o fim da exploração do trabalho humano. O

que se viu foi o total desequilíbrio social vivido pelos trabalhadores brasileiros que

continuavam sendo explorados, embora sobre outra nomenclatura.

11

Assim, este trabalho tem a finalidade de demonstrar que ao não se

respeitar a dignidade do cidadão nas relações de trabalho, ocorre não só o

desequilíbrio nas relações sociais como nas econômicas.

.

12

CAPÍTULO I

OS DIREITOS HUMANOS NAS RELAÇÕES DE TRABALHO

1.1. CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS

Os direitos humanos são aqueles que são inerentes a todas as pessoas,

não sendo relevante o sexo, a raça, a religião, a nacionalidade ou qualquer outro

requisito.

De acordo com a lição de Mendes:

Os direitos humanos incluem o direito à vida e à liberdade, à liberdade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à educação, entre e muitos outros. Todos merecem estes direitos, sem discriminação. O Direito Internacional dos Direitos Humanos estabelece as obrigações dos governos de agirem de determinadas maneiras ou de se absterem de certos atos, a fim de promover e proteger os direitos humanos e as liberdades de grupos ou indivíduos. Os direitos humanos são comumente compreendidos como aqueles direitos inerentes ao ser humano. O conceito de Direitos Humanos reconhece que cada ser humano pode desfrutar de seus direitos humanos sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outro tipo, origem social ou nacional ou condição de nascimento ou riqueza. Os direitos humanos são garantidos legalmente pela lei de direitos humanos, protegendo indivíduos e grupos contra ações que interferem nas liberdades fundamentais e na dignidade humana1.

Já para Alexandre de Moraes:

Numa perspectiva mais constitucionalista e preferindo a expressão direitos humanos fundamentais, considera-os como sendo o conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano que tem por finalidade básica o respeito a sua dignidade, por meio de sua proteção contra o arbítrio do poder estatal e o estabelecimento de condições mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade humana2.

Dallari considera os direitos humanos como sendo uma “forma abreviada

de mencionar os direitos fundamentais da pessoa humana. Sem eles, a pessoa

1 MENDES, Eduardo Luiz Soares. Conceito de direitos humanos. Disponível em http://www.dudh.org.br/. Acesso em 10 de janeiro de 2015. 2 MORAES, Alexandre de. Direitos Humanos Fundamentais: teoria geral. São Paulo:Atlas, 2002. p. 39.

13

humana não consegue existir ou não é capaz de se desenvolver e de participar

plenamente da vida”3.

Perez Luño, considera que:

Suas dimensões históricas, axiológicas e normativas, propõe que os direitos humanos sejam entendidos como sendo um conjunto de faculdades e instituições que, em cada momento histórico, concretizam as exigências da dignidade, da liberdade e da igualdade humanas, as quais devem ser reconhecidas positivamente pelos ordenamentos jurídicos em nível nacional e internacional4.

Paulo Bonavides entende que:

Quem diz direitos humanos, diz direitos fundamentais, e quem diz estes diz aqueles, sendo aceitável a utilização das duas expressões indistintamente, como sinônimas. Porém, afirma que razões de vantagem didática recomendam, para maior clareza e precisão, o uso das duas expressões com leve variação de percepção, sendo a fórmula direitos humanos, por suas raízes históricas, adotada para referir-se aos direitos da pessoa humana antes de sua constitucionalização ou positivação nos ordenamentos nacionais, enquanto direitos fundamentais designam os direitos humanos quando trasladados para os espaços normativos5.

Contudo, Edilsom Farias, acrescenta que:

Os valores fraternidade ou solidariedade, declinando que os direitos humanos podem ser aproximadamente entendidos como constituídos pelas posições subjetivas e pelas instituições jurídicas que, em cada momento histórico, procuram garantir os valores da dignidade da pessoa humana, da liberdade, da igualdade e da fraternidade ou da solidariedade6.

Celso de Albuquerque Mello acentua que “a natureza humana está em

construção, vez que ela apenas pressupõe a sociabilidade do homem, e esta vai

criando novas formas de pensar”7.

3 DALLARI, Dalmo. Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Moderna, 2008, p. 7. 4 PEREZ LUÑO, Antonio Enrique. Derechos Humanos, estado de derecho y Constitución. 3ª ed. Madri: Teccnos, 1990, p. 48. 5 BONAVIDES, Paulo. Os Direitos Humanos e a Democracia. In Direitos Humanos como Educação para a Justiça. Reinaldo Pereira e Silva org. São Paulo: LTr, 2008, p. 16. 6 FARIAS, Edilsom. Liberdade de Expressão e Comunicação: teoria e proteção constitucional. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004. p. 27. 7 MELLO, Celso de Albuquerque. Direitos Humanos e Conflitos Armados. Rio de Janeiro: Renovar, 2007, p. 4.

14

Norberto Bobbio ensina que “estes nascem como direitos naturais

universais, desenvolvem-se como direitos positivos particulares (quando cada

Constituição incorpora Declarações de Direitos), para finalmente encontrarem sua

plena realização como direitos positivos universais”8.

Já para Vieira de Andrade:

Foi numa perspectiva filosófica ou jusnaturalista que os direitos humanos foram primeiramente considerados, ou seja, traduzidos, em primeira dimensão, pelo direito natural, vistos, pois, como direitos de todas as pessoas humanas, em todos os tempos e em todos os lugares, sendo, portanto, absolutos, imutáveis, anespaciais e atemporais. Nesta maneira de ver, são paradigmas axiológicos, anteriores e superiores ao Estado e à própria Sociedade. Para ele, esta perspectiva não desapareceu, sendo a ela que às vezes se recorre ainda hoje, sempre que há deficiências ou dificuldades na aplicação das normas positivas referentes aos direitos humanos. Numa segunda perspectiva, impulsionada pelos efeitos do pós-guerra (II Grande Guerra), os direitos humanos são concebidos como direitos de todas as pessoas, em todos os lugares, sendo declarados, pactuados e convencionados para serem promovidos e protegidos no âmbito da comunidade internacional, numa visão universalista ou internacionalista. E numa terceira perspectiva, os direitos humanos são entendidos como direitos das pessoas ou de certas categorias de pessoas, num determinado tempo e lugar, mais precisamente em seus estados nacionais, como direitos positivos, constitucionalizados, tornando-se, assim, por meio da consagração constitucional, direitos fundamentais, caracterizando uma visão constitucionalista de tais direitos. Hoje, impulsionados por esse movimento constitucionalista, já não existem notícias de constituições que não apresentem disposições que destaquem os direitos fundamentais como direitos humanos constitucionalizados9.

Ingo Wolfgang Sarlet ainda lembra que:

Na sua vertente histórica, os direitos humanos (internacionais) e fundamentais (constitucionais) radicam no reconhecimento, pelo direito positivo, de uma série de direitos considerados naturais do homem, que, neste sentido – em se reconhecendo a existência de direitos naturais e inalienáveis da pessoa humana –, assumem uma dimensão pré-estatal e, para alguns, até mesmo supra-estatal10.

8 BOBBIO, Norberto. A era dos Direitos. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Campus, 1992, p. 17-32. 9 ANDRADE, José Carlos Vieira de. Os Direitos Fundamentais na Constituição Portuguesa. Coimbra: Almedina, 2007, p. 11. 10 SARLET, Ingo Wolfgang. Direitos Humanos. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 62

15

Segundo João Batista Herkenhoff “direitos humanos são, modernamente

entendidos, "aqueles direitos fundamentais que o homem possui pelo fato de ser

homem, por sua natureza humana, pela dignidade que a ela é inerente"11.

Maria Victória Benevides entende que:

Os direitos humanos são aqueles direitos comuns a todos os seres humanos, sem distinção de raça, sexo, classe social, religião, etnia, cidadania política ou julgamento moral. São aqueles que decorrem do reconhecimento da dignidade intrínseca a todo ser humano. Independem do reconhecimento formal dos poderes públicos – por isso são considerados naturais ou acima e antes da lei -, embora devam ser garantidos por esses mesmos poderes12.

Para Selma Regina Aragão “direitos humanos são os direitos em função

da natureza humana, reconhecidos universalmente pelos quais indivíduos e

humanidade, em geral, possam sobreviver e alcançar suas próprias realizações"13.

Tobeñas, afirma que:

Direitos humanos são aqueles direitos fundamentais da pessoa humana – considerada tanto em seu aspecto individual como comunitário – que correspondem a esta em razão de sua própria natureza (de essência ao mesmo tempo corpórea, espiritual e social) e que devem ser reconhecidos a respeitados por todo poder e autoridade, inclusive as normas jurídicas positivas, cedendo, não obstante, em seu exercício, ante as exigências do bem comum14.

Para Louis Henkin:

Os direitos humanos constituem um termo de uso comum, mas não categoricamente definido. Esses direitos são concebidos de forma a incluir aquelas reivindicações morais e políticas que, no consenso contemporâneo todo ser humano tem ou deve ter perante sua sociedade ou governo; reivindicações estas reconhecidas como de direito e não apenas por amor, graça ou caridade15.

11 HERKENHOFF, João Batista. Curso de Direitos Humanos. São Paulo: Acadêmica, 2004, p. 30. 12 BENEVIDES, Maria Victória. Cidadania e Justiça. In revista da FDE. São Paulo, 1994, p. 12. 13 ARAGÃO, Selma Regina. Direitos Humanos na ordem mundial. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 105. 14 TOBENAS, Apud BENEVIDES, Maria Victória. Cidadania e Justiça. In revista da FDE. São Paulo, 1994, p. 13. 15 HENKIN, Louis. The rights of man today. Apud ARAGÃO, Selma Regina. Direitos Humanos na ordem mundial. Rio de Janeiro:Forense, 2010, p. 107.

16

Por fim, vale dizer que a Constituição Federal de 1988 preceitua que as

relações internacionais brasileiras devem ser orientadas por princípios que priorizem

e acatem os direitos humanos, trazendo, para tanto, um rol de direitos e garantias

individuais.

1.2. OS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Os direitos fundamentais estão previstos pela Constituição Federal da

República Federativa do Brasil de 1988, que destacam diversos direitos essenciais

sendo eles uma garantia constitucional que deve ser acatada.

Esses direitos fundamentais usufruem do status de inadmissibilidade de

violação pois a Constituição Brasileira de 1988 veda com veemência a possibilidade

de afrontá-lo devendo em caso contrário, haver manifestação do Poder Judiciário.

Segundo lição de Pfaffenseller:

Os Direitos Fundamentais, sob uma perspectiva clássica, consistem em instrumentos de proteção do indivíduo frente à atuação do Estado. Sistematizados na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, há quem se limite ao elenco de seu artigo 5º, no qual estão previstos os direitos e deveres individuais e coletivos. De certa forma, ali está descrito um vasto rol de Direitos Fundamentais, mas a isso não se restringem, e nem sequer à Constituição Federal ou à sua contemporaneidade. A definição do que sejam os Direitos Fundamentais mostra-se ainda mais complexa quando os mesmos são colocados sob uma perspectiva histórica e social. Uma das principais problemáticas dos Direitos Fundamentais é a busca de um fundamento absoluto sobre o qual respaldá-los, de modo a garantir seu correto cumprimento ou até mesmo como meio de coação para sua observância de maneira universal16.

Quanto a sua origem a mesma autora afirma que:

Partindo-se de uma observação restrita e atual, poderíamos chegar ao entendimento de que os Direitos Fundamentais são derivados da constitucionalização. Entretanto, através de uma análise histórica da evolução do pensamento humano, concluímos que a origem de tais direitos encontra-se muito antes, e que os Direitos Fundamentais positivados hodiernamente nas Constituições são produto de diversas transformações ocorridas no decorrer da História.

16 PFAFFENSELLER, Michelli. Teoria dos direitos fundamentais. Disponível em http://www.planalto.gov.br/. Acesso em 10 de janeiro de 2015.

17

Os primeiros mecanismos de proteção individual surgem ainda no antigo Egito e Mesopotâmia, consubstanciados no Código de Hamurabi (1690 a.C.). Surge na Grécia, através do pensamento dos sofistas e estóicos, a noção de lei não escrita que, em contraponto à lei escrita, é reconhecida pelo consenso universal, e não apenas como a lei própria de cada povo. Tais leis possuem um fundamento moral e, como justificativa para sua vigência, começa a ser ressaltado o pensamento religioso, bem como a idéia de direito natural. A concepção derivada do Cristianismo, segundo a qual todos os homens são irmãos enquanto filhos de Deus, foi um dos fundamentos para a construção de uma base de proteção aos direitos de igualdade entre os homens, apesar de todas as diferenças individuais e grupais. Para explicar tal fenômeno, foi adotada a teoria do estado natural, segundo a qual os homens são livres e iguais e têm direitos a eles inerentes, por natureza. O Direito Natural é anterior e superior à ordenação estatal e, por isso, nem o Estado, nem o próprio homem, pode subtraí-lo. Diante dessa vasta evolução histórica, podemos verificar a impossibilidade de ser atribuído aos Direitos Fundamentais apenas um fundamento absoluto. Ainda que a teoria do Direito Natural seja consistente no que diz respeito ao surgimento do pensamento direcionado à proteção da dignidade humana, não é suficiente para explicar todos os Direitos Fundamentais hoje existentes.17

Assim, o direito a saúde está inserido no rol dos direitos fundamentais

devendo, portanto, todo cidadão brasileiro gozar de um acesso eficaz para

tratamento de sua saúde.

1.3. A ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO

A Organização Internacional do Trabalho foi elaborada em 1919 na

Conferência da Paz, momento no qual se aprovou o Tratado de Versailles.

Nesta oportunidade se confeccionou os princípios gerais que todas as

nações deveriam abraçar no âmbito do Direito do Trabalho.

O Brasil adotou tais regras, se obrigando a observar as normas

constitucionais da OIT e aplicando-as no sistema jurídico pátrio.

A OIT é um órgão com perfil universal, cujo objetivo é promover à justiça

social considerando a o aspecto material e espiritual da pessoa humana,

17 PFAFFENSELLER, Michelli. Teoria dos direitos fundamentais. Disponível em http://www.planalto.gov.br/. Acesso em 10 de janeiro de 2015.

18

estabelecendo, para tanto, acato a sua dignidade, liberdade, igualdade de

oportunidades e segurança econômica.

1.4. AS CONVENÇÕES INTERNACIONAIS

As Convenções Internacionais do Trabalho na verdade são Tratados, que

têm força normativa, pois as mesmas incorporam o direito interno das nações

membros.

Elas são ratificadas pelo Estado-Membro, e a partir daí passam força de

lei.

O Estado se submete à Convenção, assinando-a e aplicando-a em seus

sistemas interno.

19

CAPÍTULO II

HISTÓRICO DOS DIREITOS HUMANOS DO TRABALHADOR,

CONCEITO E FUNÇÃO DOS PRINCIPIOS

2.1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA

As relações laborais alcançaram reconhecimento a condição de direito

inalienável desde a época da confecção da Declaração dos Direitos do Homem e do

Cidadão datado de 1789.

Segundo a declaração:

Todo homem pode empenhar seus serviços, seu tempo; mas não

pode vender-se nem ser vendido. Sua pessoa não é propriedade

alheia. A lei não reconhece domesticidade; só pode existir um penhor

de cuidados e de reconhecimento entre o homem que trabalha e

aquele que o emprega.

Adiante, em 1948, agora na Declaração Universal dos Direitos Humanos,

promulgado pela ONU, mais uma vez a os direito do trabalho teve destaque, senão

vejamos.

Artigo 23

I) Todo o homem tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a

condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.

II) Todo o homem, sem qualquer distinção, tem direito a igual

remuneração por igual trabalho.

III) Todo o homem que trabalha tem direito a uma remuneração justa e

satisfatória, que lhe assegure, assim como a sua família, uma existência compatível

com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de

proteção social.

IV) Todo o homem tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar

para proteção de seus interesses.”

.

20

Assim, observa-se que o direito do trabalho é apontado como um direito

social tendo sido, em decorrência disso, inserido nas Cartas de Direitos

Fundamentais da maioria das nações.

2.2. CONCEITO DE PRINCIPIO

Os princípios são normas e estruturas que fundamentam, embasam e

auxiliam o sistema jurídico pátrio.

Diversos doutrinadores já versaram sobre o tema e em suas obras

apresentam as seguintes definições:

De Plácido e Silva afirma que:

Princípios, no plural, significam as normas elementares ou os requisitos primordiais instituídos como base, como alicerce de alguma coisa [...] revelam o conjunto de regras ou preceitos, que se fixam para servir de norma a toda espécie e ação jurídica, traçando, assim, a conduta a ser tida em qualquer operação jurídica [...] exprimem sentido mais relevante que o da própria norma ou regra jurídica [...] mostram-se a própria razão fundamental de ser das coisas jurídicas, convertendo-as em perfeitos axiomas [...] significam os pontos básicos, que servem de ponto de partida ou de elementos vitais do próprio Direito18

O Professor Aurélio Buarque de Holanda Ferreira define princípios com

sendo “momento ou local ou trecho em que algo tem origem; começo. 2. Causa

primária. 3. Elemento predominante na constituição de um corpo orgânico. 4.

Preceito, regra, lei”19.

O mestre José Afonso da Silva ensina que “os princípios são ordenações

que se irradiam e imantam os sistemas de normas, são ‘núcleos de condensações’

nos quais confluem valores e bens constitucionais20.

Já para Roque Antônio Carrazza princípio jurídico é definido como:

Um enunciado lógico, implícito ou explícito, que, por sua grande generalidade, ocupa posição de preeminência nos vastos quadrantes do direito e, por isso mesmo, vincula, de modo inexorável, o

18 SILVA, De Plácido. Vocabulário Jurídico. 18ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 639. 19 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio básico da língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005, p.529. 20 SILVA, José Afonso da. Curso De Direito Constitucional Positivo. 4. ed. Rev. atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p. 206.

21

entendimento e a aplicação das normas jurídicas que com ele se conectam21.

Contudo, Carlos Maximiliano conceitua o instituto como sendo:

Todo conjunto harmônico de regras positivas é apenas o resumo, a síntese, o substratum de um complexo de altos ditames, o índice materializado de um sistema orgânico, a concretização de uma doutrina, série de postulados que enfeixam princípios superiores. Constituem estes as diretivas ideias do hermeneuta, os pressupostos científicos da ordem jurídica. Se é deficiente o repositório de normas, se não oferece, explícita ou implicitamente, e nem sequer por analogia, o meio de regular ou resolver um caso concreto, o estudioso, o magistrado ou o funcionário administrativo como que renova, em sentido inverso, o trabalho do legislador: este procede de cima para baixo, do geral ao particular; sobe aquele gradativamente, por indução, da ideia em foco para outra mais elevada, prossegue em generalizações sucessivas, e cada vez mais amplas, até encontrar a solução colimada22.

Já para Celso Antônio Bandeira de Mello principio é

(....) por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico23.

Por seu turno, Dantas ensina que:

[...] princípios são categoria lógica e, tanto quanto possível, universal, muito embora não possamos esquecer que, antes de tudo, quando incorporados a um sistema jurídico-constitucional-positivo, refletem a própria estrutura ideológica do Estado, como tal, representativa dos valores consagrados por uma determinada sociedade24.

Por fim, Barroso leciona que:

[...] A Constituição [...] não é um simples agrupamento de regras que se justapõem ou que se superpõem. A ideia de sistema funda-se na

21 CARRAZA, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. São Paulo: Malheiros, 2009. 22 MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 295. 23 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. São Paulo: Malheiros, 2010, p.747-48. 24 DANTAS, Ivo. Princípios constitucionais e interpretação constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005, p. 59.

22

de harmonia, de partes que convivem sem atritos. Em toda ordem jurídica existem valores superiores e diretrizes fundamentais que ‘costuram’ suas diferentes partes. Os princípios constitucionais consubstanciam as premissas básicas de uma dada ordem jurídica, irradiando-se por todo o sistema. Eles indicam o ponto de partida e os caminhos a serem percorridos.

Para Antônio Houaiss significa, ainda, “proposição elementar e

fundamental que serve de base a uma ordem de conhecimentos” e, nesta dimensão,

“proposição lógica fundamental sobre a qual se apóia o raciocínio”25.

Como se sabe, os direitos humanos constituem-se em princípios e

embasam dentre outros direitos o direito do trabalho.

Ricardo Lobo Torres, versando sobre a matéria esclarece que os

princípios:

a) fundam-se na liberdade; b) valem erga omnes; c) são universais, no sentido de que tocam a todos os homens,

independentemente de suas nacionalidades ou das classes sociais e econômicas a que pertençam;

d) são negativos, pois exibem o status negativo que protege o cidadão contra a constrição do Estado ou de terceiros;

e) criam também o status positivo libertatis, que gera a obrigação de entrega de prestações estatais individuais para a garantia da liberdade e das suas condições essenciais;

f) postulam garantias institucionais e processuais que provocam custos para o Estado;

g) são plenamente justificáveis; h) independem de complementação legislativa, tendo eficácia imediata; i) positivam-se, entre outros, nas diversas Constituições nacionais (no

Brasil, art. 5º) e na Declaração Universal dos Direitos do Homem da ONU.

Assim, como se observa os princípios direcionam o direito positivo além

de apontar para os valores mais importantes da ordem jurídica.

2.3. FUNÇÃO DOS PRINCIPIOS

Os princípios possuem relevante função no ordenamento jurídico

brasileiro, sendo esta uma opinião unânime na doutrina.

25 HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011, p. 2.299.

23

Celso Antônio Bandeira de Mello deixa bem claro esta importância ao

afirmar que quando se verifica uma afronta a um principio, esta violação representa

uma verdadeira ilegalidade, uma autentica inconstitucionalidade.

De acordo com este autor:

Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra26.

Assim, verifica-se que a função dos princípios tem tanta relevância que

sua afronta representa uma autentica violação aos valores fundamentais e

indisponíveis.

José Afonso da Silva no afã de ressaltar também a essencial função dos

princípios adverte que eles são:

[...] preceitos que tutelam situações subjetivas de vantagem ou de vínculo, ou seja, reconhecem, por um lado, a pessoas ou a entidades a faculdade de realizar certos interesses por ato próprio ou exigindo ação ou abstenção de outrem, e, por outro lado, vinculam pessoas ou entidades à obrigação de submeter-se às exigências de realizar uma prestação, ação ou abstenção em favor de outrem27.

Observa-se que o professor deixa bem claro que os princípios buscam

tutelar direitos constitucionalmente protegidos e ignorá-los representa um

indiscutível ultraje a uma norma de peso constitucional.

Por fim, Luiz Alberto David Araujo e Vidal Serrano Nunes Júnior

evidenciam a hierarquia valorativa dos princípios afirmando que “podemos falar na

existência de uma hierarquia interna valorativa dentro das normas constitucionais,

ficando os princípios em um plano superior, exatamente pelo caráter de regra

estrutural que apresentam”28.

26 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 12. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2010, p. 749. 27 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 95. 28 ARAUJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso de direito constitucional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p.67.

24

Assim, observa-se que esses autores também ressaltam a importância

dos princípios deixando claro sua função diante do ordenamento jurídico brasileiro.

2.4. O PRINCIPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA COMO FUNDAMENTO

DOS DIREITOS HUMANOS NO DIREITO DO TRABALHO

O principio da dignidade da pessoa humana encontra previsão no art. 1º,

inciso III, da Magna Carta política estando na condição de “princípio fundamental”,

uma vez que surgiu por intermédio da Declaração Universal dos Direitos do homem,

elaborada em 1948 pela Organização das Nações Unidas.

Lima29 ensina que:

Esse princípio de cunho natural, positivado em nosso ordenamento jurídico, ressalta a necessidade do respeito ao ser humano, independente da sua posição social ou dos atributos que possam a ele ser imputados pela sociedade. Logo, sendo o ser humano constituído por si próprio um valor, que deve ser respeitado e preservado, é fundamental que qualquer tipo de relacionamento de seres humanos, desde que lícito, deve ser reconhecido pelo Estado, visto que os valores humanos fazem parte de sua própria essência emocional e intelectual.30

Este princípio tem o objetivo de dar dignidade propriamente dita à pessoa

humana, promovendo para tanto o seu direito básico de usufruir dos mesmos

direitos que as demais pessoas.

O princípio da dignidade da pessoa humana tem sua gênese nos direitos

humanos.

O art. 5º, caput, da CF dispõe:

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e a propriedade.

Nesse sentido o jurista Alexandre Moraes19 esclarece:

O direito à dignidade é um dos mais fundamentais de todos os direitos pois a Constituição Federal Brasileira proclama, o direito à

29 LIMA, Joelma Marcela De. Relação homoafetiva e a Liberdade de escolha: Análise Constitucional. Disponível em: <http://www.faete.edu.br. Acesso em 10 de janeiro de 2015. 30 Ibidem. 19 MORAES, Alexandre. Direito Constitucional, São Paulo: Atlas, 2001, p. 61 e 62.

25

vida, cabendo ao Estado assegurá-lo em sua dupla acepção, sendo a primeira relacionada ao direito de continuar vivo e a segunda de se ter vida digna quanto à subsistência.

Deve-se considerar é que a Constituição Brasileira garante a todos os

seres humanos a dignidade e o direito a viver com dignidade, direito este que deve

ser protegido e, portanto, jamais violado.

Conforme lição de Orlando Gomes31:

Sob a denominação de direitos da personalidade, compreendem-se direitos considerados essenciais à pessoa humana, que a doutrina moderna preconiza e disciplina, a fim de resguardar a sua dignidade.

Já Telles Junior32 afirma que:

O direito objetivo autoriza a pessoa a defender sua personalidade, de forma que, os direitos da personalidade são os direitos subjetivos da pessoa defender o que lhe é próprio, ou seja, a identidade, a liberdade, a sociabilidade, a reputação, a honra, a autoria etc. Por outras palavras, os direitos da personalidade são direitos comuns da existência, porque são simples permissões dadas pela norma jurídica, a cada pessoa, de defender um bem que a natureza lhe deu, de maneira primordial e direta.

Por seu turno, Diniz33 apregoa:

Liga-se à pessoa a idéia de personalidade, que exprime a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações. Deveras, sendo a pessoa natural (ser humano) ou jurídica (agrupamentos humanos) sujeito das relações jurídicas e a personalidade a possibilidade de ser sujeito, ou seja, uma aptidão a ele reconhecida, toda pessoa é dotada de personalidade. A personalidade é o conceito básico da ordem jurídica, que a estende a todos os homens, consagrando-a na legislação civil e nos direitos constitucionais de vida, liberdade e igualdade.

Assim, a dignidade da pessoa humana é um dos princípios norteadores

do homem que envolve os direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais,

onde se torna um requisito da democracia.

Destaca-se o princípio da dignidade da pessoa humana no artigo 1º, III da

31 GOMES, Orlando. Direito Civil. Belo Horizonte: Del Rey, 2009, p. 30. 32 TELLES JÚNIOR, Direito à vida e ao próprio corpo. 2ª ed revista e ampliada. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p. 34. 33 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 49.

26

Constituição Brasileira que dispõe:

A República Federativa do Brasil, formada pela União indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamento: III – A dignidade da pessoa humana.

O trabalhador possui o direito à dignidade, integridade e a cidadania,

devendo receber tratamento digno e respeitoso. Ou, em outros termos, a dignidade

da pessoa deve ser acatada não podendo, portanto, sofrer violações de qualquer

ordem.

Na legislação brasileira, este princípio é preceituado pela Magna Carta

política de 1988 que o insere dentro dos fundamentos do Estado Democrático de

Direito.

O principio da dignidade da pessoa humana visa assegurar todos os

direitos preceituados no citado diploma legal, direitos como a vida, integridade física,

saúde, liberdade, honra, imagem, nome, propriedade, intimidade, dentre tantos

outros previstos pelo art. 5º e seus incisos.

Assim, a pessoa humana, independente de seu credo, origem, raça ou

orientação sexual, deve usufruir de igualdade e dignidade no tratamento, devendo,

portanto, respeitar-lhe a dignidade.

Ou conforme leciona Rios, o principio da dignidade da pessoa humana é

uma norma de direito fundamental que consagra a proteção à dignidade

propriamente dita requerendo a consideração do ser humano como um fim em si

mesmo34.

A Declaração de Direitos humanos objetivou que todas as nações

viessem reconhecer os direitos humanos e as liberdades fundamentais.

Assim a própria Declaração em seu artigo 2º veda qualquer ação ou ato

que venha atentar contra à dignidade da pessoa humana, pois tem esta o direito de

usufruir de todas as liberdades versadas pela Declaração.

A lição de Joelma M. de Lima explica bem a importância deste artigo ao

afirmar que:

34 RIOS, Roger Raupp. A DISCRIMINAÇÃO POR GÊNERO E POR ORIENTAÇÃO SEXUAL. Disponível em www.cjf.jus.br. Acesso em 10 de janeiro de 2015.

27

O princípio que está positivado em nosso ordenamento jurídico, impõe o respeito ao ser humano, independente da sua posição social ou dos atributos que possam a ele ser imputados pela sociedade. Logo, sendo o ser humano constituído por si próprio um valor, que deve ser respeitado e preservado, é fundamental que qualquer tipo de relacionamento de seres humanos, desde que lícito, deve ser reconhecido pelo Estado, visto que os valores humanos fazem parte de sua própria essência emocional e intelectual.35

Ensina Mauro Nicolau Junior:

Na ponderação de que todos os princípios devem estar a ele submetidos, esse princípio sobreleva-se a outros, de forma que a existência digna da pessoa como valor indispensável para pacífica vida em sociedade (contrato social) está a indicar o caminho para que seja preservada a identidade e o direito a personalidade de cada pessoa, sob pena de se estar amesquinhando e diminuindo o valor maior sobre o qual se constrói uma sociedade justa e humana, qual seja o próprio direito à vida.36

Assim, de acordo com esse principio, a trabalhador deve ser respeitado e

ver valorizado seu labor sendo reconhecido também sua importância no âmbito

social.

35 LIMA, Joelma Marcela De. Relação homoafetiva e a Liberdade de escolha: Análise Constitucional. Disponível em: <http://www.faete.edu.br. Acesso em 05 de janeiro de 2015. 36 NICOLAU JUNIOR, Mauro. Paternidade e Coisa Julgada. Curitiba: Juruá, 2007. p. 110.

28

CAPÍTULO III

DIREITOS HUMANOS NO DIREITO DO TRABALHO

3.1. O DIREITO À VIDA

De acordo com a Magna Carta constitucional, art. 5º, caput, todos os

brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil, gozam do direito à vida.

Este é, verdadeiramente um direito fundamental, talvez o mais

fundamental de todos pois originou-se no afã de conceder a todos os brasileiros o

direito a existência propriamente dita, até mesmo porque não teria sentido algum

assegurar outros direitos fundamentais, como a igualdade, a liberdade, intimidade,

dentre outros se não se considerasse como primordial a vida humana.

Martins leciona que:

O direito à vida, talvez mais do que qualquer outro, impõe o reconhecimento do Estado para que tenha os cidadãos brasileiros a devida proteção de suas vidas propriamente dita. Isto quer dizer que assim como os pais protegem a vida de seus filhos logo após o nascimento, haja vista que estes não teriam condições de viver sem tal proteção, dada sua fraqueza, e assim age por imperativo natural, o Estado também deve proteger o direito à vida dos seus administrados. Por esta razão, é que tanto o aborto como a eutanásia são violações ao direito natural à vida, principalmente porque exercidas contra insuficientes37.

A proteção à vida prevista pelo texto constitucional deve alcançar toda a

sua plenitude, não se medindo esforços para tanto e devendo ser sempre

preservada.

José Afonso da Silva lecionando sobre o direito a vida afirma que:

Sua riqueza significativa é de difícil apreensão porque é algo dinâmico, que se transforma sem perder sua própria identidade. É mais um processo (processo vital), que se instaura com a concepção (ou germinação vegetal), transforma – se, progride, mantendo sua identidade, até que muda de qualidade, deixando, então, de ser vida para ser morte. Tudo que interfere em prejuízo deste fluir espontâneo e incessante contraria a vida. Todo ser dotado de vida

37 MARTINS, Humberto. Apud NORBIM, Luciano Dalvi. O direito do nascituro à personalidade civil. Brasília: Brasília Jurídica, 2006, p. 59.

29

é indivíduo, isto é, algo que não se pode dividir, sob pena de deixar de ser. O homem é um indivíduo, mas é mais que isto, é uma pessoa. Além dos caracteres de indivíduo biológico tem os de unidade, identidade e continuidade substanciais38.

O direito a vida é preceito previsto pela magna carta política que

determina que ser este um elemento físico, psíquico e espiritual, constituindo fonte

primária de diversos outros bens jurídicos.

Neste contexto, se insere o direito à dignidade da pessoa humana que

conforme leciona Jacques Robert constitui um dos maiores feitos da moderna

civilização.

Assim, estar vivo consiste num direito propriamente dito de estar vivo, de

lutar pela vida, de defendê-la e de manter-se vivo. E, em outros termos, o direito de

não se interromper o processo vital de um indivíduo a ser por morte inevitável e

espontânea.

No âmbito jurídico o direito a vida é preceituado em varias legislações,

sendo, contudo, o direito penal o responsável por assegurá-la, face as punições ali

previstas destinadas àquele que vierem a provocar ou auxiliar no término da vida de

alguém.

A vida constitui, como se sabe, um direito fundamental e indisponível do

indivíduo, sendo também de interesse coletivo por questões de conservação e

preservação da espécie humana.

Daí a relevância dos Direitos humanos no direito do trabalho, afinal, foi

por intermédio desta obrigatoriedade que se impôs no cotidiano trabalhista, ações

que visassem proteger e assegurar a vida e a saúde do empregado, como por

exemplo, o determinado pelo art. 7º. da CF e art. 483 da CLT, que dizem:

Art. 7º. da CF:

XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas

de saúde, higiene e segurança;

Art. 483 da CLT:

O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando: (...);

38 SILVA, José Afonso da. Curso De Direito Constitucional Positivo. 4. ed. Rev. atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p. 206.

30

c) correr perigo manifesto de mal considerável.

3.2. O DIREITO À IGUALDADE

A igualdade é uma orientação prevista pelo Art. 5º da Magna Carta

política de 1988.

No âmbito especifico do Direito do Trabalho, o direito à igualdade se

revela em diversas situações, como por exemplo, na equiparação salarial e no

direito de usufruir de semelhantes oportunidades de permanência empregatícia.

Quanto a questão salarial, a Consolidação das leis do Trabalho prevê:

Art. 5º da CLT:

A todo trabalho de igual valor corresponderá salário igual, sem distinção de sexo.

Art. 461 da CLT:

Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade ou idade.

Art. 7º. da CF:

XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

‘XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;

É vedado igualmente a distinção entre a espécie de trabalho realizado

bem como a diferenciação entre diferentes tipos de trabalhadores, isto em

decorrência do princípio da igualdade, senão vejamos o que diz a lei:

CF, Art. 7º. (...): XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; (...) XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.

A igualdade também proíbe conduta discriminatória, senão vejamos:

Lei 9.029 de 13 de abril de 1999:

Art. 1º Fica proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso a relação de emprego, ou sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar ou idade, ressalvadas, neste caso, as hipóteses de proteção ao menor previstas no inciso XXXIII do art. 7º da Constituição Federal.

31

Há também protetividade ao labor feminino, isto no afã de promover a

igualdade de oportunidades de trabalho entre os gêneros. Para tanto a CLT prevê

seu art. 373-A, que:

Art. 373-A da CLT. Ressalvadas as disposições legais destinadas a corrigir as distorções que afetam o acesso da mulher ao mercado de trabalho e certas especificidades estabelecidas nos acordos trabalhistas, é vedado: I - publicar ou fazer publicar anúncio de emprego no qual haja referência ao sexo, à idade, à cor ou situação familiar, salvo quando a natureza da atividade a ser exercida, pública e notoriamente, assim o exigir; II - recusar emprego, promoção ou motivar a dispensa do trabalho em razão de sexo, idade, cor, situação familiar ou estado de gravidez, salvo quando a natureza da atividade seja notória e publicamente incompatível; III - considerar o sexo, a idade, a cor ou situação familiar como variável determinante para fins de remuneração, formação profissional e oportunidades de ascensão profissional; (...); V - impedir o acesso ou adotar critérios subjetivos para deferimento de inscrição ou aprovação em concursos, em empresas privadas, em razão de sexo, idade, cor, situação familiar ou estado de gravidez;

Outrossim, destina-se proteção ao trabalho do idoso, senão vejamos:

Lei 10.741, de 1.ºde outubro de 2003 (Estatuto do Idoso): Art. 26. O idoso tem direito ao exercício de atividade profissional, respeitadas suas condições físicas, intelectuais e psíquicas. Art. 27. Na admissão do idoso em qualquer trabalho ou emprego, é vedada a discriminação e a fixação de limite máximo de idade, inclusive para concursos, ressalvados os casos em que a natureza do cargo o exigir.

Assim, observa-se que os direitos humanos destinou várias formas de

igualdade no âmbito das relações trabalhistas, tudo com intento único de distribuir

isonomia.

3.3. O DIREITO À LIBERDADE

O direito a liberdade é uma prerrogativa destinada aos indivíduos que

busca resguardar a liberdade individual da pessoa, liberdade esta garantida pela

Constituição Federal de 1988, buscando evitar com isso que qualquer tipo de

vedação a ela ocorra.

No âmbito processual o principio do devido processo legal, previsto no

artigo 5º, LIV, garante às partes litigantes em processo judicial que ninguém será

32

privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal, ou seja, como se

observa, este principio prevê outra forma de liberdade.

Ada Pellegrini Grinover esclarece que:

Vãs seriam as liberdades do indivíduo, se não pudessem ser reivindicadas e defendidas em juízo. Mas é necessário que o processo possibilite efetivamente à parte, a defesa de seus direitos, a sustentação de suas razões, a produção de suas provas. A oportunidade de defesa deve ser realmente plena e o processo deve desenvolver-se com aquelas garantias, em cuja ausência não pode caracterizar-se o devido processo legal, inserido em toda a Constituição realmente moderna. É preciso que o julgamento se desenvolva com as indispensáveis garantias processuais39

Consoante a orientação constitucional todo individuo cidadão nacional

usufrui do direito de ir e vir, gozando de plena liberdade dentro do território nacional.

Via de regra, o mesmo diploma legal veda a privação ou o cerceamento

desta liberdade não devendo e não podendo, portanto, ser a mesma imposta ao

individuo que contra si não carrega nenhuma condenação que a justifique.

Esta é a regra, sendo igualmente abraçada pela doutrina e pela

jurisprudência pátria, ou seja, é vedado qualquer tido de afronta à lei ou a qualquer

um dos princípios constitucionais.

Por isso é que ter liberdade significa ver reconhecidos todos os seus

direitos por intermédio da lei, cuja oficio Estatal é zelar pelo acato a esta orientação.

No âmbito especifico do Direito do Trabalho, se caracteriza quando o

trabalhador tem a liberdade de selecionar qualquer oficio para aperfeiçoar-se, no

direito de exercê-lo e de obter remuneração justa por este trabalho.

A magna carta política comunga com este entendimento tanto que

garante “o direito a qualquer trabalho desde que atendidas as qualificações exigidas

por lei”, senão vejamos o que diz o art. 5º.

Art. 5º XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;

39 GRINOVER, Ada Pellegrini. Liberdades Públicas e Processo penal: as interpretações telefônicas. 2.ed. São Paulo, 2002, p. 26.

33

O trabalho temporário encontra proteção da igualdade quando na lei

6.019/74 prevê:

Lei 6.019 de 3 de janeiro de 1974 Art. 11 - O contrato de trabalho celebrado entre empresa de trabalho temporário e cada um dos assalariados colocados à disposição de uma empresa tomadora ou cliente será, obrigatoriamente, escrito e dele deverão constar, expressamente, os direitos conferidos aos trabalhadores por esta Lei. Parágrafo único. Será nula de pleno direito qualquer cláusula de reserva, proibindo a contratação do trabalhador pela empresa tomadora ou cliente ao fim do prazo em que tenha sido colocado à sua disposição pela empresa de trabalho temporário.

O direito de liberdade será violado sempre que houver uma das seguintes

violações:

1- Imposição a condição análoga à de escravo

Art. 149 do CP

Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. § 1o Nas mesmas penas incorre quem: I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. § 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: I – contra criança ou adolescente; II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.

2- Atentar contra a liberdade de trabalho

Art. 197 do CP

Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça: I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria, ou a trabalhar ou não trabalhar durante certo período ou em determinados dias: Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência; II - a abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho, ou a participar de parede ou paralisação de atividade econômica: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.

34

3- Atentar contra a liberdade de contrato de trabalho e boicotagem

violenta

Art. 198 do CP

Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a celebrar contrato de trabalho, ou a não fornecer a outrem ou não adquirir de outrem matéria-prima ou produto industrial ou agrícola: Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência”.

4- Atentar contra a liberdade de associação

Art. 199 do CP

Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a participar ou deixar de participar de determinado sindicato ou associação profissional: Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.

5- Frustrar o direito assegurado por lei trabalhista

Art. 203 do CP

Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do trabalho: Pena - detenção de um ano a dois anos, e multa, além da pena correspondente à violência. § 1º Na mesma pena incorre quem: I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de determinado estabelecimento, para impossibilitar o desligamento do serviço em virtude de dívida; II - impede alguém de se desligar de serviços de qualquer natureza, mediante coação ou por meio da retenção de seus documentos pessoais ou contratuais. § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental.

Assim, o direito a liberdade do âmbito do direito do trabalho busca

promover o arbítrio de selecionar o seu labor como também de requerer rescisão

contratual se assim desejada.

Sua finalidade é que o trabalhador seja livre e não prisioneiro de uma

condição que o desagrada ou prejudica, como já fora à época da idade média.

35

3.4. O DIREITO À PRIVACIDADE E A INTIMIDADE

A ofensa a honra e imagem dos indivíduos são motivos geradores de

dano moral, pois como se sabe, tanto a imagem, intimidade e honra são direitos

inerentes à personalidade e em decorrência disso lhes são destinadas especial

proteção.

É o que afirma o artigo 5º da Magna Carta, que diz:

Art. 5º. (...) X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.

Em face disso, ferir esses preceitos legitimam a vitima buscar o direito de

resposta além do direito de pleitear uma indenização pelos danos materiais e morais

suportados.

Tal fato sucede porque os direitos da personalidade são exatamente

aqueles que resguardam a dignidade da pessoa humana. E são tão relevantes que o

Código Civil também o reafirma e disciplina mediante os artigos 11 a 21.

Como se sabe, a honra da pessoa é uma das características de maior

valor que o ser humano possui e por isso não pode ser violada.

Damásio E. de Jesus conceitua a honra como:

Um sentimento de cada um a respeito de seus atributos físicos, intelectuais, morais e demais dotes da pessoa humana. É aquilo que cada um pensa a respeito de si mesmo em relação a tais atributos. Honra objetiva é a reputação, aquilo que os outros pensam a respeito do cidadão no tocante a seus atributos físicos, intelectuais, morais etc. Enquanto a honra subjetiva é o sentimento que temos a respeito de nós mesmos, a honra objetiva é o sentimento alheio incidido sobre nossos atributos40.

Por isso é que afrontas a esse direito tão sagrado resultam em ações

ressarcitórias por danos morais, inclusive aquelas decorrentes da relação

trabalhista.

40 JESUS, Damásio E. de. Direito Penal. V. IV; 17ª ed; São Paulo: Saraiva, 2012, p. 201.

36

3.4.1. Do Assedio Sexual

O assedio sexual é também outra forma de violação a honra do

trabalhador. Sabemos que o maior interesse que deve prevalecer quando se pactua

um contrato de trabalho é a execução do labor versus o pagamento salarial, todavia,

existem empregadores que aproveitando-se de sua posição hierarquicamente

superior, assediam sexualmente suas funcionárias, ameaçando-a de demissão se as

mesmas se negarem aos favores sexuais.

Isto caracteriza dano moral pois os valores subjetivos da pessoa são

frontalmente violados nessa situação. Esta moral refere-se a dignidade, a boa fama,

a reputação no seu território social e sendo afrontados devem ser indenizados.

Vale ressaltar que no caso específico de assedio sexual, a vitima poderá

ser o empregador e o algoz o empregado, e assim sendo, da mesma forma, estará

sujeito a indenizar o patrão pelo dano causado.

3.4.2. Da Revista Pessoal

A revista intima é a forma pela qual o empregador revista o empregado

com a pretensão de não ser lesado por este, visando a proteção do seu patrimônio.

Todavia, este ato de proteção ao patrimônio do empregador viola o direito a

intimidade do empregado.

A título exemplificativo pode-se citar aqui aqueles casos nos quais o

patrão exige que seus empregados retirem a blusa, abaixe as calças, ou ainda que

fiquem totalmente despidos.

É também caracterizado como revista intima o ato de apalpar a pessoa do

empregado e de revistar os armários individuais destes, suas sacolas pessoais e

bolsas no afã de achar possíveis objetos furtados.

Assim, pode-se afirmar que toda e qualquer revista que venha atingir a

intimidade do funcionário independente deste ser mulher ou homem caracteriza a

revista íntima.

Vale citar que a revista intima é proibida por Lei, pois conforme apregoa o

art. 5º, X, da Constituição Federal a intimidade e a honra das pessoas é inviolável.

37

Ademais, com a inclusão do art. 373-A da Consolidação das Leis do

Trabalho, incluído por intermédio da Lei 9.799/99 que deu nova redação ao artigo,

existe ali uma clara vedação a revista íntima praticada pelo empregador ou seus

prepostos.

Apregoa a lei 9.799/99 que acrescentou o art. 373-A à CLT, que assim

dispõe:

Art. 373-A – Ressalvadas as disposições legais destinadas a corrigir as distorções que afetam o acesso da mulher ao mercado de trabalho e certas especificidades estabelecidas nos acordos trabalhistas, é vedado: [...] VI - proceder o empregador ou preposto a revistas íntimas nas empregadas ou funcionárias.

A partir dessa premissa, um primeiro questionamento que era realizado

antes do Enunciado 15, era sobre a possibilidade de se aplicar a citada norma

laboral a todas as relações trabalhistas ou somente àquelas em que se tratar de

empregada do sexo feminino.

Acerca da dúvida exposta acima, é de se ressaltar que a doutrina

brasileira era omissa, não havendo qualquer obra de expressão que se propunha a

analisar de forma profunda a extensão da mencionada regra. O que se podia

apontar eram as construções jurisprudenciais, por meio dos aplicadores do Direito

quando provocados a se manifestar sobre o tema, ora restringindo ora ampliando a

interpretação do art. 373-A, inciso VI, da CLT.

Assim, a presente vedação deve ser aplicada para ambos os sexos, tendo

em vista sempre que o que se viola aqui é o princípio da dignidade da pessoa

humana e os direitos a intimidade, sendo ambos esses direitos destinados tanto a

homens quanto a mulheres.

Portanto, vale reafirmar que a revista intima é ilegal e viola o direito a

intimidade do trabalhador e por isso gera dever de indenizar por dano moral.

É o posicionamento da jurisprudência, que em diversas oportunidades

assim tem se manifestado:

DANO MORAL. CONFIGURAÇÃO. REVISTA ÍNTIMA. Tendo embora o empregador o direito de resguardar/proteger seu patrimônio, não está por isso autorizado a agir de modo a magoar o direito à intimidade de seus empregados, agredindo,

38

impiedosamente, a dignidade de pessoa humana que todos têm, não a possui menos uma pessoa por ser empregada, procedendo a revistas íntimas de todo em todo constrangedoras. Da r. sentença que julgou improcedentes os pedidos em relação à primeira reclamada e parcialmente procedentes em relação à segunda reclamada, recorre a reclamante, por meio das razões de fs. 511/524, no tocante à indenização à título de dano moral – revista íntima, prescrição quinquenal, aos intervalos intrajornadas, e aos honorários advocatícios. Contra-razões apresentadas, à fs. 528/536 pela Teka. Dispensada a prévia intervenção Ministerial. É o relatório. V O T O: I- Admissibilidade: Conhece-se do recurso, eis que preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL E DANO MORAL: Recorre a reclamante no tocante à prescrição aplicada na origem, sustentando que o dano moral prescreve somente em 10 (dez) anos, eis que se trata de direito personalíssimo, disciplinado pelo Código Civil. Colaciona jurisprudência. Cita doutrina. A hipótese ora versada refere-se a pedido concernente ao pagamento de indenização por dano moral, cujo prazo prescricional continua regulado pelo Código Civil. Para elucidar o posicionamento, transcreve-se a seguinte jurisprudência desta E. Turma, verbis: A meu ver, é absolutamente indiscutível o entendimento de que a indenização decorrente de acidente do trabalho, ainda que oriunda da relação de emprego, não se constitui em crédito de natureza trabalhista propriamente dito, não se confundindo, por consequência, com os eventuais créditos resultantes da relação de trabalho a que se refere o art. 7º, XXIX, da CF ao fixar a prescrição quinquenal. Entendo que a lesão, cujo ressarcimento é vindicado na ação de indenização decorrente de acidente do trabalho, atinge direitos inerentes à vida e à saúde do trabalhador a que a doutrina atribui caráter personalíssimo, ultrapassando, assim, o ramo jus trabalhista e inserindo-se nos direitos de índole inequivocamente civil. Em razão de tal circunstância, a prescrição incidente para essa espécie de ação é a estabelecida no Código Civil. Assim colocado, indene de dúvida que a prescrição, em casos como o proposto, decorre, única e exclusivamente, da natureza da matéria discutida e não da competência do juízo que deva conhecer do pedido formulado41.

Orientação semelhante se verificou no julgado do TST42 que entendeu:

41 PROCESSO Nº. 0232-2008-022-15-00-9 / RO – RECURSO ORDINÁRIO/ RECORRENTE: TERESINHA MARIA DE ASSIS/ RECORRIDO: TEKA – TECELAGEM KUEHNRICH S.A/ RECORRIDO: TÊXTIL HYCON INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA / ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE MOGI MIRIM/ JUÍZA SENTENCIANTE: REGINA RODRIGUES URBANO/ SENTENÇA: FS.521/534 E 543/544 (IMPROCEDENTE EM RELAÇÃO TÊXTIL HYCON – INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. E PROCEDENTE EM PARTE EM RELAÇÃO À TEKA TECELAGEM KUEHNRICH). RECURSO: FS. 511/524 – RECLAMANTE. FRANCISCO ALBERTO DA MOTTA PEIXOTO GIORDANI. Juiz Relator 42 Acórdão de 2/10/2012. TST - RR 411/2004-058-15-85.5.

39

DANO MORAL - REVISTA ÍNTIMA - REPARAÇÃO PECUNIÁRIA. A realização de revistas sem a observância dos limites impostos pela ordem jurídica acarreta ao empregador a obrigação de reparar, pecuniariamente, os danos morais causados.

Em outra oportunidade afirmou o TST43:

DANO MORAL - REVISTA ÍNTIMA - EMPRESA DE CONFECÇÃO. Como expressão do poder diretivo reconhecido ao empregador e ainda com o propósito de compatibilizar os comandos constitucionais de proteção à propriedade e à honra e dignidade do trabalhador, a jurisprudência majoritária tem admitido a possibilidade de o empregador promover, consideradas as características e peculiaridades da atividade comercial explorada, a revista visual de objetos pessoais de seus empregados, ao final do expediente, desde que não ocorram excessos e exposições vexatórias que comprometem a honra e a imagem desses trabalhadores. Nesse cenário, ao realizar revistas íntimas que consistiam em determinar a exposição do sutiã, da calcinha e da meia de suas empregadas, para verificar a eventual ocorrência de furtos dessas peças no interior do estabelecimento, atua o empregador à margem dos parâmetros razoáveis, invadindo esfera indevassável de intimidade e incidindo em abuso que deve ser reparado – Código Civil, artigos 186 e 927.

O TRT da 1ª Região44 julgou:

DANO MORAL - REVISTA ÍNTIMA - PROCEDIMENTO PATRONAL IRREGULAR. Devida indenização por danos morais, se comprovada excessiva fiscalização empresária, exorbitante do exercício regular do poder disciplinar, submetendo o empregado ao constrangimento de se despir diante de encarregados da empresa, na presença de outros trabalhadores.

.

Foi entendimento do TRT da 2ª Região45 que:

DANO MORAL - REVISTA ÍNTIMA. Configura-se como vexatório e humilhante procedimento adotado pela reclamada, para realização de revista intima, onde o trabalhador é obrigado a ficar completamente despido ou apenas em trajes íntimos, vez que o "homem médio" sente-se constrangido com tal exposição na frente de estranhos e o procedimento configura-se como afronta à sua moral e dignidade, autorizando o pagamento de indenização pelos danos causados. Recurso Ordinário da reclamada não provido.

Já o TRT-4ª Região46 julgou que:

43 Acórdão de 14-8-2012. TST - RR 1069/2006-071-09-00.2. 44 Acórdão de 18-6-2012.TRT-1ª Região - RO 142700-78.2007.5.01.0073. 45 Acórdão de 23-4-2012. TRT-2ª Região - RO 00209-2007-023-02-00-0.

40

DANO MORAL - REVISTA ÍNTIMA - CONFIGURAÇÃO - RESCISÃO INDIRETA. A vida privada, a honra, a imagem e a intimidade do indivíduo são invioláveis, nos termos do artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal. Evidentes o constrangimento e o abalo moral sofridos pela autora em decorrência da revista íntima e seus pertences para apuração de empregada supostamente responsável por deixar absorvente higiênico na parede do banheiro das empregadas da loja, a ensejar a condenação da demandada ao pagamento de indenização por dano moral. Os fatos que motivaram a condenação em indenização por dano moral impõem, ainda, o reconhecimento de rescisão indireta do contrato de trabalho, mormente quando o alegado pedido de demissão não contou com a assistência sindical na forma legal. Recurso desprovido.

Por seu turno, o TRT-5ª Região47 afirmou:

DANO MORAL - REVISTA ÍNTIMA SEM DESNUDAMENTO - COLISÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS. A técnica da ponderação é um instrumento relevante que visa solucionar questões afetas à colisão de direitos fundamentais. A revista íntima sem desnudamento, feita por empresa de segurança e transporte de valores, atende ao princípio da razoabilidade e não ofende a dignidade da pessoa humana.

E mais uma vez entendeu o TRT-24ª Região que:

TRT-24ª Região - RO 66100-25.2009.5.24.2 - Publ. em 28-4-2010. REVISTA ÍNTIMA - DIREITO À HONRA E À INTIMIDADE VIOLADOS - CONFIGURAÇÃO. A revista íntima, por obrigar o empregado a mostrar seus pertences íntimos, notadamente mediante contato corporal, ainda que em caráter geral, caracteriza excesso por parte do empregador, porquanto fere a dignidade do trabalhador, exposto a situação vexatória e constrangedora sem, contudo, poder contra ela se indispor. Dispondo o empregador de outros meios - monitoramento por meio de sistemas de vigilância eletrônicos, por exemplo - que suficientemente possam lhe garantir a segurança de seu patrimônio, torna-se injustificável a realização de revistas íntimas nos empregados, sob pena de afronta ao princípio da dignidade da pessoa humana.

Por fim, o TRT da 15º região48 julgou:

REVISTA ÍNTIMA – COLISÃO DE PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS – PREPONDERÂNCIA DOS VALORES FUNDAMENTAIS INERENTES À DIGINIDADE DA PESSOA HUMANA -

46 Acórdão de 25-5-2013.TRT-4ª Região - RO 1284-2003-006-04-00-9. 47 Acórdão de 1-12-2011.TRT-5ª Região - ED 903-2007-464-05-00-0. 48 Acórdão n. 039419/2012-PATR, processo n. 00181-2005-087-15-00-8-RO, publicado DOE/SP em 25/08/2006, “in” sítio eletrônico do E. TRT-15).

41

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – VIABILIDADE. A atividade econômica nas sociedades capitalistas, regidas por princípios do Estado de Direito Democrático e Social, não se nega ao empresário o soberano poder de organização, direção e controle de sua atividade. Tais poderes encontram fundamento na garantia constitucional da liberdade de iniciativa, da livre de concorrência (CF/88, art., 1º, IV, 3º, II, 5º, XXII e 173), como valores essenciais não só ao desenvolvimento econômico, mas, sobretudo, para a criação e manutenção de postos de trabalho e criar ambiente para inclusão social. São, ainda, instrumentos que visam obter melhor qualidade e maior produtividade de bens ou serviços, a disciplina e harmonia no ambiente de trabalho e zelo pelo patrimônio da empresa. O exercício destes poderes pelo empresário não pode, porém, acarretar a privação ou a diminuição de bens e valores fundamentais à dignidade da pessoa humana, ou de valores fundamentais inerentes à personalidade do cidadão trabalhador, reconhecidos como relevantes, pela sociedade na qual está integrado – que são igualmente tutelados pela ordem constitucional (CF/88, art. 1º, III, IV, 3º, I, 5º, X e 7º, XXX). Na dinâmica da atividade econômica, soe acontecer que o empregador, ainda que de boa fé, acabe tendo conduta que colide com os direitos fundamentais do cidadão. Na hipótese, a conduta patronal, em consequência das revistas íntimas a que foi submetida a reclamante, inclusive por pessoa do sexo oposto, em que funcionárias eram tocadas ou apalpadas em seus corpos, ficou patente a agressão à sua intimidade, fazendo jus a uma indenização reparadora e que venha inibir, no futuro, a conduta ilícita da empregadora. A cidadã trabalhadora tem direito de receber tratamento digno dentro e fora do ambiente de trabalho. Recurso ordinário da reclamada a que se nega provimento, no particular.

Assim, como se observa a jurisprudência é unânime quando se trata de

dano moral decorrente de revista intima.

Por fim, a lei preceitua que:

CLT, Art. 373-A. (...), é vedado: (...); IV - exigir atestado ou exame, de qualquer natureza, para comprovação de esterilidade ou gravidez, na admissão ou permanência no emprego;

No mesmo teor há outro artigo no mesmo texto legal:

CLT, Art. 391 - Não constitui justo motivo para a rescisão do contrato de trabalho da mulher o fato de haver contraído matrimônio ou de encontrar-se em estado de gravidez. Parágrafo único - Não serão permitidos em regulamentos de qualquer natureza contratos coletivos ou individuais de trabalho, restrições ao direito da mulher ao seu emprego, por motivo de casamento ou de gravidez. CLT, Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando: (...) e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama;.

42

3.5. O DIREITO À INTEGRIDADE FÍSICA

Em decorrência da atividade exercida pelo empregado haverá proteção a

sua integridade física, senão vejamos o que diz a lei:

Art. 166 da CLT

A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados.

A regra é repetida de outras formas na CLT:

Art . 191 da CLT

A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá: I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância; II - com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância.

Sua repetição no mesmo texto legal, reafirma assim aspecto seu

princípio:

Art. 157 da CLT

Cabe às empresas: I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho; II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais; (....). Ao próprio empregado também cabe a obrigação de proteger sua própria integridade física, tanto é assim que a não observância desta regra gera justa causa do empregado (par. único): “Art. 158 da CLT Cabe aos empregados: I - observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as instruções de que trata o item II do artigo anterior; (...). Parágrafo único - Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada: a) à observância das instruções expedidas pelo empregador na forma do item II do artigo anterior; b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa.

E a ameaça a integridade física do empregado pelo empregador ou seu

preposto, gera justa causa do empregador:

43

“CLT, Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando: f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;”

3.6. O DIREITO A SAUDE

De acordo com o art. 6º, caput, da Constituição Federal a saúde é um

direito fundamental que deve ser assegurado. É dever do Poder Público promovê-

lo, conforme art. 196, 197 e 198, II da CF.

O fundamento desta obrigação está explicita no artigo 196 da CF que

proclama que “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante

políticas sociais e econômicas à redução do risco da doença e de outros agravos

além do acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para sua promoção,

proteção e recuperação”.

Assim, a saúde é um direito dito fundamental de todos os cidadãos

brasileiros devendo o poder judiciário aplicar todas as sanções possíveis para que

este regramento venha ser protegido obrigando com isso o Poder Público a prestar

os serviços assistenciais que são de sua competência, no afã de obrigar-lhes a

providenciar a devida garantia e efetivação do mandamento constitucional. .

Segundo o direito positivo brasileiro, artigo 5º, inciso XXV da Constituição

Federal, "a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a

direito”. Por seu turno o artigo 75 do Código Civil determina que "a todo direito

corresponde uma ação que o assegura".

Assim, temos meios legais que visam proteger as pessoas de possíveis

violações a seus direitos, inclusive quando esta violação advém do próprio poder

público.

O mestre José Afonso da Silva explica bem em sua lição os denominados

direitos fundamentais do cidadão afirmando:

Os direitos sociais, como dimensão dos direitos fundamentais do homem, são prestações positivas estatais, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais. São, portanto, direitos que se conectam com o direito da igualdade. Valem como pressupostos do gozo dos direitos individuais na medida em que criam condições materiais mais

44

propícias ao aferimento da igualdade real, o que, por sua vez, proporciona condição mais compatível com o exercício efetivo da liberdade”49.

A Magna Carta Política de 1988 destina a devida proteção para buscar a

prevenção e a cura de enfermidades por intermédio de ações que venham

assegurar a integridade física e psíquica do individuo, sendo este um dos

fundamentos do principio da dignidade da pessoa humana.

O Professor Cretella Junior, versando sobre o direito a saúde, leciona

que:

Nenhum bem da vida apresenta tão claramente unidos o interesse individual e o interesse social, como o da saúde, ou seja, do bem-estar físico que provém da perfeita harmonia de todos os elementos que constituem o seu organismo e de seu perfeito funcionamento. Para o indivíduo saúde é pressuposto e condição indispensável de toda atividade econômica e especulativa, de todo prazer material ou intelectual. O estado de doença não só constitui a negação de todos estes bens, como também representa perigo, mais ou menos próximo, para a própria existência do indivíduo e, nos casos mais graves, a causa determinante da morte. Para o corpo social a saúde de seus componentes é condição indispensável de sua conservação, da defesa interna e externa, do bem-estar geral, de todo progresso material, moral e político”50.

Outros princípios também fundamentam o direito a saúde. O primeiro

deles é o principio da isonomia.

A isonomia impõe ao poder publico o dever de promover e distribuir

tratamento igual a todos os cidadãos brasileiros, inclusive quanto a questão da

saúde, e o não fornecimento de medicamentos a pessoa necessitada que não

possui condições de prover seu próprio tratamento, constitui afronta direta a este

preceito.

Outro principio que embasa o direito a saúde é o principio da dignidade da

pessoa humana. Previsto pelo inciso III do art. 1º da CF/88 é este um principio

fundamental oriundo da Declaração Universal dos Direitos do homem,

confeccionada no ano de 1948 pela ONU.

49 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 208. 50 CRETELLA JÚNIOR, José. Comentários à Constituição de 1988. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009, p. 43.

45

É destinado a todos os indivíduos, independente de sua classe, gênero,

condição econômica ou raça, e isto quer dizer que poderá a pessoa ser negra,

indígena, mulher, pobre, homossexual, idosa, presidiária, portador de necessidade

especial ou ainda crianças e adolescentes, que igualmente devem ter direito e

acesso a saúde de qualidade, haja vista que a finalidade do principio proteger a

dignidade da pessoa humana.

Processualmente falando os meios legais que se dispõe para promover a

devida proteção judicial do direito à saúde são os denominados remédios

constitucionais cujo objetivo é obter de forma plena e efetiva a assistência que se

necessita.

Assim, como meios de forçar o poder público a promover o direito a saúde

poder-se-á fazer uso dos seguintes remédios jurídicos:

- direito de petição, previsto pelo artigo 5o, inciso XXXIV, da Constituição

Federal;

- mandado de segurança individual, previsto pelo artigo 5o, inciso LXIX da

Constituição, ou mandado de segurança coletivo, previsto pelo artigo 5o, inciso LXX

da Constituição Federal, que visa proteger direito líquido e certo em caso de lesão

do direito à saúde por inércia, ilegalidade ou abuso de poder por parte do agente

público;

- mandado de injunção, previsto pelo artigo 5o, inciso LXXI, da

Constituição Federal, cujo objetivo é forçar a implementação da norma legal

protetiva do direito à saúde, quando falhos são os mecanismos existentes;

- ação civil pública, prevista pela Lei .347/85, que visa forçar o poder

publico a suprir omissões no cumprimento de serviços assistenciais;

- medida cautelar inominada, prevista pelo artigo 798 do Código de

Processo Civil, sempre que verificado fundado receio de omissão de assistência

devida pelo Poder Público;

- ação ordinária declaratória do reconhecimento do direito do doente à

assistência integral pelo Estado;

46

- tutela antecipada, prevista pelo artigo 273 do Código de Processo Civil,

para que o paciente obtenha a titulo de urgência a prestação da assistência

reclamada, evitando-se o perecimento do direito.

Assim, conforme este princípio o direito a saúde é um dos fundamentos

dos direitos do homem e do cidadão, previstos pela magna carta constitucional e

pelos direitos humanos e em decorrência de sua relevância, também encontra

proteção no âmbito das relações trabalhistas pois há normas especificas quanto a

proteção a saúde do empregado.

47

CONCLUSÃO

Os direitos humanos, como vimos são aqueles que são específicos a

todos os trabalhadores, devendo, portanto, ser garantidos em todas as áreas da vida

do cidadão, ou seja, tanto no âmbito social, doméstico como também no âmbito

público.

Desde os primórdios o homem não aceita ser explorado e que como não

é possível a divisão igualitária de bens, sempre haverá a diferença de classes, mas

que isso não significa que uma classe deve ser explorada por outra.

Os Direitos Humanos asseguram que nenhum indivíduo submeta outro a

condições degradantes e isso inclui as relações de trabalho. O Direito do Trabalho

deve ser respeitado seguindo sempre a premissa dos Direitos Humanos, tendo em

vista que a partir do momento em que há o desequilíbrio entre as relações

trabalhistas é refletido em todos os outros setores que regem o Estado.

Se houver esse desequilíbrio o que temos é o atraso do Estado, podendo

chegar a sua aniquilação. Nenhum Estado pode ser forte diante da desigualdade

social e do desrespeito aos Direitos Humanos.

A luta pela igualdade em direitos é inerente, seja nos direitos básicos ou

direitos de primeira geração, seja nos direitos de segunda geração. Socialmente o

Direito do Trabalho possui importância significativa na dignidade da pessoa humana.

Assim, garantir acato aos direitos fundamentais dos trabalhadores é o

mesmo que garantir-lhe o direito à segurança, à vida e a sua integridade física e

psicológica.

A Constituição do Brasil de 1988 garante o direito ao trabalho digno,

tendo em vista ser esse um dos direitos basilares da humanidade e justamente por

ser fundamental, deve ser respeitado e protegido.

É sabido que dentre os direitos sociais previstos da Carta Magna tais

como a educação, a saúde, a moradia, está o direito ao trabalho, salientado-se

ainda que a nossa legislação pátria veda a discriminação no âmbito das relações

trabalhistas.

48

Muitas das vezes vemos esses direitos serem violados, contudo, a

obrigação de todos é que reclamem tais direitos para que os mesmos possam valer,

e em especial na esfera trabalhista, pois é exatamente no local de trabalho que a

grande maioria das pessoas passam grande parte de suas vidas, e por isso devem

sentir segurança nestas localidades.

Os Direitos Humanos têm como escopo dar efetividade no equilíbrio das

relações socialmente injustas, como exemplos na história da humanidade, aquele

que detém maior poder capitalista ou de propriedade tende a ter poder sobre os

demais indivíduos que são desprovidos de tais benefícios.

Para evitar o desequilíbrio e a exploração de uma classe sobre a outra é

que tanto os Direitos Humanos quanto o Direito do Trabalho buscam trazer equidade

entre essas relações.

É necessário que haja consumo para o crescimento de uma nação por

mais capitalista que seja. A partir do momento em que há exploração de uma classe

sobre a outra, em pouco tempo o que se tem é o domínio de poucos sobre muitos e

a consequência é o esfriamento da economia e a estagnação dos avanços

tecnológicos.

Por isso a economia atual não possui o interesse na velha metodologia

burguesa, por ser deveras atrasada e arcaica.

Sempre que um grupo de indivíduos não tem os seus direitos mínimos

respeitados e/ou é explorado que se vê é um Estado mergulhado no caos dentro de

pouco tempo, e por questões óbvias.

O explorado pode permanecer passivo por determinado período de

tempo, mas não eternamente, em determinado momento irá ser revoltar contra o

sistema imposto a ele e nesse momento é que ocorrem os grandes conflitos, muitos

deles capazes de arruinar Estados inteiros.

O grande perigo em não ser respeitar os Direitos Humanos nas relações

de trabalho é justamente criar esse desequilíbrio e um estado de permanente

desordem, afinal, como a lição que foi dada com a Revolução Francesa, o povo não

suporta por muito tempo ser oprimido e pagar pelo bem estar de outra classe.

49

Ademais, se quisermos uma economia aquecida e desenvolvimento de

um Estado é necessário que se tenha mais indivíduos para o consumo e qual a

melhor maneira de se obter isso é possibilitando que a classe trabalhadora tenha

poder aquisitivo.

Os direitos humanos aplicados no direito do trabalho na verdade busca

reafirmar o papel do trabalhador enquanto cidadão, merecedor de respeito, cujos

direitos básicos e fundamentais devem ser acatados.

O empregado sob a ótica da hierarquia social, encontra-se em situação

de desvantagem pois é parte menos favorecido e menor na relação laborativa, daí

adveio a necessidade da legislação estabelecer isonomia na relação através de

seus mecanismos protetores.

Tudo isso no afã de assegurar que ambos estariam em pé de igualdade,

protegidos pela Estado democrático de Direito.

Os Direitos Humanos e as normas trabalhistas devem ser respeitados sob

pena de se ter um Estado desigual e em conflito, que não trará benefício a nenhuma

das classes, ou talvez até a extinção delas.

.

50

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TELLES JÚNIOR. Direito à vida e ao próprio corpo. 2ª ed revista e ampliada. São

Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.

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INDICE

FOLHA DE ROSTO ................................................................................................. 02

AGRADECIMENTO ................................................................................................. 03

DEDICATÓRIA ......................................................................................................... 04

RESUMO .................................................................................................................. 05

METODOLOGIA ...................................................................................................... 06

SUMÁRIO ................................................................................................................. 07

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 09

CAPITULO 1- OS DIREITOS HUMANOS NAS RELAÇÕES DE TRABALHO

1.1. CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS ............................................................ 12

1.2. OS DIREITOS FUNDAMENTAIS ...................................................................... 16

1.3. A ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO ................................. 17

1.4. AS CONVENÇÕES INTERNACIONAIS ........................................................... 18

CAPÍTULO 2 - HISTÓRICO DOS DIREITOS HUMANOS DO TRABALHADOR,

CONCEITO E FUNÇÃO DOS PRINCIPIOS

2.1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA ................................................................................. 19

2.2. CONCEITO DE PRINCIPIO .............................................................................. 20

2.3. FUNÇÃO DOS PRINCIPIOS ............................................................................. 22

2.4. O PRINCIPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA COMO FUNDAMENTO

DOS DIREITOS HUMANOS NO DIREITO DO TRABALHO ................................... 24

CAPÍTULO 3 - DIREITOS HUMANOS NO DIREITO DO TRABALHO

3.1. O DIREITO À VIDA ........................................................................................... 28

3.2. O DIREITO À IGUALDADE .............................................................................. 30

3.3. O DIREITO À LIBERDADE ............................................................................... 31

3.4. O DIREITO À PRIVACIDADE E A INTIMIDADE .............................................. 35

3.4.1. Do Assedio Sexual........................................................................................ 36

3.4.2. Da Revista Pessoal ....................................................................................... 36

3.5. O DIREITO À INTEGRIDADE FÍSICA ............................................................. 42

3.6. O DIREITO A SAUDE ....................................................................................... 43

CONCLUSÃO .......................................................................................................... 47

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 50

ÍNDICE ..................................................................................................................... 54