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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA MESTRADADO ACADÊMICO EM GEOGRAFIA SÍLVIA TEIXEIRA DE SOUSA CARACTERÍSTICAS TEXTURAIS E GEOAMBIENTAIS DAS ÁREAS DE OCORRÊNCIA DO PEPINO DO MAR, HOLOTHURIA GRISEA (EQUINODERMATA: HOLOTHUROIDEA), EM BITUPITÁ- CEARÁ FORTALEZA-CEARÁ 2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEAR

CENTRO DE CINCIAS E TECNOLOGIAS

PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM GEOGRAFIA

MESTRADADO ACADMICO EM GEOGRAFIA

SLVIA TEIXEIRA DE SOUSA

CARACTERSTICAS TEXTURAIS E GEOAMBIENTAIS DAS REAS DE

OCORRNCIA DO PEPINO DO MAR, HOLOTHURIA GRISEA

(EQUINODERMATA: HOLOTHUROIDEA), EM BITUPIT- CEAR

FORTALEZA-CEAR

2014

SLVIA TEIXEIRA DE SOUSA

CARACTERSTICAS TEXTURAIS E GEOAMBIENTAIS DAS REAS DE

OCORRNCIA DO PEPINO DO MAR, HOLOTHURIA GRISEA (EQUINODERMATA:

HOLOTHUROIDEA), EM BITUPIT- CEAR

Dissertao submetida Coordenao do Programa de Ps- Graduao em Geografia da Universidade Estadual do Cear, como requisito parcial para a obteno do grau de Mestre em Geografia. rea de concentrao: Anlise Geoambiental e Ordenao do Territrio nas Regies Semiridas e Litorneas.

Orientao: Prof. Dr. Jder Onofre de Morais

FORTALEZA- CEAR

2014

Aos meus pais Ray e Clia,aos meus

irmos Rui e Cvita; e ao Jnior.

AGRADECIMENTOS

Ao Deus Pai, Filho e Esprito Santo; que me d a vida e est sempre comigo em

todas as etapas da minha histria. Ele me deu coragem, fora, e perseverana para

finalizar este trabalho.

Nossa Senhora e a todos os santos de minha devoo, por todas as graas

alcanadas por meio de suas intercesses.

Aos meus pais Ray de Sousa e Maria Clia Teixeira de Sousa, por terem me

gerado. Pelo amor, carinho, educao, orientao, dedicao, conselhos, amizade,

pelo exemplo de vida e o total apoio.

minha irm Cvita de Sousa e ao meu irmo Rui Sousa, pela amizade, amor,

apoio, carinho e torcida.

Ao Jos Jnior por seu carinho, amor, respeito, amizade, apoio e compreenso.

Ao professor Dr. Jder Onofre de Morais pela confiana depositada a mim para

desenvolvimento deste trabalho. Por sua orientao, estmulos pesquisa, amizade

e por ter disponibilizado espao para a realizao da pesquisa no Laboratrio de

Geologia e Geomorfologia Costeira e Ocenica- LGCO.

professora Dr. Lidriana de Souza Pinheiro, por todas as contribuies necessrias

e pertinentes a este trabalho.

professora Dr Helena M. Cascon, por suas colaboraes e sugestes para o

melhoramento da dissertao.

Ao Jos de Souza Jnior, por ter confiado a mim o estudo do pepino do mar e pela

proposta de parceria com o LGCO.

Ao Felipe Lauro, Renan Guerra, Airton Viana, Guilherme Adler Alves e Pacheco pelo

auxlio no campo e contribuies na dissertao e ao Luciano de Paula Filho pela

assistncia na preparao do campo.

Ao Rafael Marques, Helder Cordeiro Marinho, rika do Vale, Ramon Vasconcelos,

Antnio Ximenes (Tio) e Oriclio Brindeiro, pela ajuda no processamento das

amostras.

Agradeo ao Marcus Vincius Chagas, Diego Silva, Leonardo Hisley, caro Breno e

Carlos Cattony pela colaborao na confeco dos mapas.

Ao Maciel Moura, Gustavo Rocha, Raquel Cavalcante, Mariana Navarro, Brgida

Miola, Leonardo Freire, Eduardo Lacerda (Dudu), professor Paulo Pessoa, professor

Clairton Ciarline, Patrcia da Luz, Mailton Rocha, Pedro, Carlos Farrapeira, Paulo

Andr, Glaciane de Oliveira, Marisa Ribeiro e Joo Neto por todas as contribuies

na pesquisa.

Liliane Veras, minha gratido pelo fornecimento de materiais necessrios

dissertao.

Ao senhor Edmundo Filho, de Barroquinha, agradeo pela eficincia em obter

informaes, pelo apoio e disponibilidade.

Pelos meus familiares por seus estmulos e torcidas.

Ao senhor Moreira, dona Lcia Arajo, Mnica Arajo e Ricardo Noronha pelo apoio

e incentivo.

Ao padre Albino Bufolli pela amizade e por ser um exemplo para mim.

Ao Joo Jorge, meu prezado amigo, pela ajuda na correo da dissertao.

Maria Jlia Ribeiro, Adriana Livino dos Santos, Maria Aparecida do Nascimento,

senhor Francisco e Dona Rute pela amizade e pelos favores feitos a mim.

A todos os meus amigos pela torcida, preocupao e carinho.

Aos colegas de mestrado, agradeo pelo afeto e a partilha de conhecimentos.

CAPES, pelo aporte financeiro da bolsa.

empresa CRISTLIA, pelos subsdios financeiros imprescindveis realizao do

campo e pela parceria.

Ao Projeto Pepino do Mar - PEPMAR, pelo provimento de elementos importantes

para a pesquisa.

Ao projeto PRONEX/FUNCAP/CNPq - Granulados marinhos, pela oportunidade de

no LGCO/UECE participar dos treinamentos em laboratrio, que fundamentaram

esta dissertao de mestrado.

Ao PROPGEO e por esta instituio de ensino (UECE), pelo conhecimento

fornecido, investimento e incentivo cientfico e tecnolgico.

A todos que de forma direta ou indireta contriburam para a realizao deste

trabalho, muito obrigada!

Peam, e lhes ser dado! Procurem, e encontraro! Batam, abriro a porta para vocs! Pois todo aquele que pede, recebe; Quem procura, acha; E a quem bate, a porta ser aberta.

(Mateus 7, 7- 8)

Para Deus nada impossvel.

(Lucas 1,37)

RESUMO

A importncia farmacutica do pepino do mar (Holothuria grisea) e sua ocorrncia

abundante na zona litornea de Bitupit-Cear, levam necessariamente aos estudos

correlativos sedimentologia e morfologia do piso marinho associado a esse

equinodermo. A rea de estudo concentrou-se entre a praia e a plataforma

continental interna rasa de Bitupit. Na etapa de campo, efetuaram-se 18 extraes

de sedimentos do ambiente litorneo e 6 coletas de pepinos do mar para retirada de

sedimentos do seu intestino. Tambm houve a realizao da topografia com o

Differential Global Positioning System (DGPS), que detectou a cota altimtrica dos

pontos, e Estao Total na realizao dos perfis de praia. A batimetria foi executada

na etapa de campo em mar, assim como 62 coletas utilizando draga Van Veen. Na

etapa de laboratrio, os sedimentos foram analisados por processos

sedimentolgicos e geoqumicos. A maioria dos sedimentos da plataforma

continental apresentou fraes grosseiras (cascalhos, seixos, areia grossa), isto

indica que h uma fonte de beach rocks fornecedora destes materiais nas

proximidades, sofrendo eroso ativa. O grau de seleo e a curtose mostraram que

houve mistura de partculas com tamanhos variados, pouco alterados pelo

transporte. As amostras da praia caracterizaram-se como fraes arenosas

grosseiras, finas e simtricas. Apresentou materiais extremamente mal selecionados

a muito bem selecionados advindos de diferentes ambientes de alta baixa energia.

Os sedimentos do intestino dos pepinos do mar revelaram um ambiente de energia

moderada e tamanho diversos de partculas. A classificao de Folk (1954) indicou

areia lamosa com cascalho. Esse cascalho constitudo, sobretudo, por conchas e

outros materiais carbonticos, o que corroborou com a classificao de Larsonneur

(1977) modificada por Dias (1996). Essa mesma classificao revelou que os

sedimentos do ambiente de estudo so constitudos por materiais terrgenos e

marinhos. A morfoscopia indicou em maior quantidade sedimentos brilhosos devido

viscosidade da gua. Na morfometria os gros apresentaram esfericidade mista

(alta e baixa) e grau de arredondamento rolado e sub-rolado, correspondendo a

partculas inseridas h mais tempo no ciclo sedimentar. O grau muito angular,

angular e subangular mostraram tambm que o depsito foi realizado prximo

rea fonte. A concentrao de matria orgnica nos sedimentos do ambiente

litorneo apresentou-se muito baixa, com 0,628 % (mdia) e 1,821 % nos

sedimentos do intestino das holotrias. O teor de carbonato de clcio atingiu 44,5%

na mdia das amostras, e 52,6 % nos locais de eventos do pepino. O material do

intestino desse animal revelou 98% de carbonato, indicando em sua maioria

sedimentos bioclsticos. A morfologia da praia e da plataforma continental interna

apresentou declividade suave e a presena de beach rocks em alguns trechos.

Estas rochas so fortes influenciadoras nos casos da Holothuria grisea na rea,

devido fornecerem e reterem sedimentos carbonticos, dos quais a referida espcie

ingeri ou est associada. A concentrao desse pepino deve, portanto, estar

associada ao tipo de ambiente de beach rocks, seja de praia ou de fundo raso da

plataforma com afloramentos.

Palavras- chave: Sedimentos. Caracterizao ambiental e Holothuroidea.

ABSTRACT

The pharmaceutical importance of sea cucumber (Holothuria grisea) and its

abundant occurrence in coastal zone of Bitupit- Cear, leads necessarily to the

correlative studies on the sedimentology and morphology of the sea floor associated

with this echinoderm. The study area was concentrated between the beach and the

shallow internal continental platform of Bitupit. In the field step were performed 18

sediment extraction of the coastal environment and 6 collections of sea cucumbers to

remove sediment from their intestines. There was also the realization of topography

with Differential Global Positioning System (DGPS), which detected the altimetry

quota of points, and Total Station in beach profiles. The bathymetry was performed

on field fase at sea as well as 62 sample collection using Van Veen dredge. In the

laboratory the sediments were analyzed by sedimentological and geochemical

processes. Most of the sediments of the continental platform showed rough fractions

(gravels, pebbles, course sand); this indicates that there is a source of beach rocks

supplying these materials nearby, suffering from active erosion. The selected

material and the kurtosis showed that there was a mixture of particles with varying

sizes, little changed by the transport. The beach samples were characterized as

course sandy fractions, thin and symmetrical. It showed extremely poorly selected

materials that were very well selected from different high-low energy environments.

The sediments of the intestines of sea cucumbers have revealed moderate energy

environment and various particle sizes. The Folk classification (1954) indicated

muddy sand with gravel. This gravel is composed especially for seashells and other

carbonate materials, which validated Larsonneur classification (1977) modified by

Dias (1996). This same classification revealed that sediments of the study

environment consist of terrigenous and marine materials. The morphoscopy indicated

a great quantity of shiny sediments due to the viscosity of water. The Morphometry

showed mixed grain sphericity (high and low) and degree of rounding rolled and sub-

rolled, corresponding to particles entered some time ago in the sedimentary cycle.

The degree very angular, angular and sub angular showed also that the deposit was

held next to the supply area. The concentration of organic material in sediments of

the coastal environment appeared too low, with 0.628% (average) and 1.821% of the

sediments in the intestine of sea cucumbers. The calcium carbonate content reached

44.5% in the average of the samples, and 52.6% in cucumber locations. The material

of the sea cucumber showed 98% of carbonate, indicating most of bioclastic

sediments. The morphology of the beach and the inner continental platform

presented low inclination and the presence of beach rocks in some sections. These

rocks are strong influencers in cases of sea cucumbers in the area, due to supply

and retain carbonate sediments, from which the species ingest or is associated with.

The concentration of this cucumber must therefore be associated with the kind of

environment of beach rocks, beach or shallow background platform with outcrops.

Keywords: Sediments. Environmental characterization and Holothuroidea.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Holothuria grisea ................................................................................. 21

Figura 2- Delimitaes do distrito de Bitupit e do municpio de Barroquinha-

Cear ................................................................................................. 25

Figura 3- Etapas para a obteno da cota altimtrica com DGPS: 1- antena do

DGPS receptora de satlite; 2- receptor de informaes de satlite; 3-

marco do IPECE; 4- base de apoio montada sob o marco; 5- receptor

mvel (rover) do DGPS ...................................................................... 38

Figura 4- Perfil de praia: 1- prisma topogrfico; 2- Estao Total; 3- leitura do

perfil de praia ..................................................................................... 39

Figura 5- Etapas da coleta de amostras: 1- embarcao utilizada pela equipe; 2-

preparao da draga VAN VEEN para a coleta; 3- draga contendo

sedimentos coletados ........................................................................ 39

Figura 6- Recife Trs Bandeiras em Bitupit- Cear ......................................... 41

Figura 7- Pepinos do mar dissecados: tegumentos, intestinos, gnada masculina

madura (cor de creme) (1) e gnada feminina madura (cor rosa) (2) 42

Figura 8- Sedimentos retirados do intestino do pepino: 1- amostra refrigerada; 2-

amostra seca preparada para anlises .............................................. 42

Figura 9- Etapas da granulometria .................................................................... 44

Figura 10- Etapas da pipetagem: 1- proveta; 2- oxalato de sdio; 3- retirada do

lquido contendo silte para a colocao do fluido no frasco; 4- cadinho

........................................................................................................... 45

Figura 11- Processo para a obteno do teor de matria orgnica: 1- alguns dos

materiais utilizados; 2- adicionamento de dicromato de potssio; 3-

cido sulfrico; 4- soluo pronta para a obteno da titulao; 5-

viragem da cor escura para verde ...................................................... 46

Figura 12- Carbonato de clcio (1), HCL a 10% (2) e calcmetro de Bernard (3) 47

Figura 13- Locais de ocorrncia da Holothuria grisea em Bitupit- Cear .......... 48

Figura 14- Etapas de anlise da morfometria e morfoscopia: 1- esptula para

manipulao de sedimentos; 2- suporte plstico para analisar as

fraes; 3- microscpio. ..................................................................... 49

file:///C:/Users/Silvinha/Desktop/Slvia-DEFESA%20-%20Corrigida.docx%23_Toc439743237file:///C:/Users/Silvinha/Desktop/Slvia-DEFESA%20-%20Corrigida.docx%23_Toc439743238file:///C:/Users/Silvinha/Desktop/Slvia-DEFESA%20-%20Corrigida.docx%23_Toc439743238

Figure 15- Amostras caracterizadas por grande presena de cascalhos grossos e

seixos ................................................................................................. 51

Figura 16- Sedimentos do intestino do pepino, partculas entre 1,0 e 2,0 phi ..... 66

Figura 17- Amostras do ponto P4 estirncio, entre 1,0 e 2,0 phi ......................... 67

Figure 18- Sedimentos do ponto P4 antepraia, entre 1,0 e 2,0 phi. .................... 68

Figura 19- Partculas do ponto PP57, entre 1,0 e 2,0 phi .................................... 69

Figura 20- Amostras do ponto PP58, entre 1,0 e 2,0 phi .................................... 69

Figura 21- Partculas do ponto PP35, entre 1,0 e 2,0 phi .................................... 70

Figura 22- Sedimentos do ponto PP42, entre 1,0 e 2,0 phi ................................. 71

Figura 23- Beach rock no distrito de Bitupit ....................................................... 74

Figura 24- Algas vermelhas foliceas (rodofceas) no estirncio ........................ 75

Figura 25- Eolianitos de Bitupit .......................................................................... 75

Figura 26- Modelo digital 3D batimtrico da Plataforma Continental Rasa de

Bitupit- Cear ................................................................................... 76

Figura 27- Alguns rodolitos e algas, coletados na plataforma interna rasa de

Bitupit ............................................................................................... 76

LISTA DE GRFICOS

Grfico 1- Classificao de Folk (1954), em amostras da plataforma continental 50

Grfico 2- Classificao textural de Folk (1954), em amostras da praia de Bitupit

........................................................................................................... 51

Grfico 3- Amostras da plataforma continental, classificadas segundo o grau de

seleo determinado por Folk e Ward ............................................... 53

Grfico 4- Amostras da praia classificadas segundo o grau de seleo de Folk e

Ward .................................................................................................. 54

Grfico 5- Grau de assimetria dos sedimentos da plataforma .............................. 55

Grfico 6- Grau de assimetria dos sedimentos da praia ...................................... 56

Grfico 7- Curtose de amostras da plataforma ..................................................... 57

Grfico 8- Curtose de amostras da praia.............................................................. 58

Grfico 9- Classificao de Larsonneur (Dias/96), aplicada a sedimentos da

plataforma continental de Bitupit ...................................................... 59

Grfico 10- Classificao de Larsonneur (Dias/96), aplicada a sedimentos da praia

de Bitupit .......................................................................................... 60

Grfico 11- Teor de matria orgnica (M.O) nas amostras da plataforma rasa de

Bitupit ............................................................................................... 61

Grfico 12- Teor de matria orgnica (M.O) nos sedimentos da praia de Bitupit . 61

Grfico 13- Concentrao de matria orgnica (M.O%) em sedimentos do intestino

de pepinos e teor de matria orgnica em amostras dos locais

prximos extrao dos animais ....................................................... 62

Grfico 14- Concentrao de carbonato de clcio (C.A) em amostras da plataforma

de Bitupit .......................................................................................... 63

Grfico 15- Concentrao de carbonato de clcio (C.A) nos sedimentos da praia 63

Grfico 16- Teor de carbonato de clcio (C.A%) de sedimentos do intestino da

Holothuria grisea e sedimentos coletados prximos extrao desse

animal. ............................................................................................... 65

Grfico 17- Perfil PB1 ............................................................................................ 73

Grfico 18- Perfil PB2 ............................................................................................ 73

Grfico 19- Perfil PB3 ............................................................................................ 73

Grfico 20- Perfil PB4 ............................................................................................ 73

Grfico 21- Perfil PB5 ............................................................................................ 74

LISTA DE MAPAS

Mapa 1- rea de estudo compreendida entre a faixa de praia e plataforma

continental interna de Bitupit, distrito de Barroquinha, CE ............... 23

Mapa 2- Pontos de coletas dos sedimentos em Bitupit- Cear ...................... 40

Mapa 3- Classificao textural de Folk (1954) dos sedimentos da praia e

plataforma continental interna rasa de Bitupit .................................. 52

Mapa 4- Concentraes de carbonato de clcio das amostras de Bitupit ...... 64

Mapa 5- Batimetria da rea de estudo ............................................................. 77

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Concentrao de matria orgnica em sedimentos extrados dos

locais de extrao do pepino ........................................................ 62

Tabela 2- Carbonato de clcio dos sedimentos ............................................. 65

Tabela 3- Morfometria de sedimentos do intestino do pepino do mar, com

destaque para a alta esfericidade e subangular; baixa esfericidade

e angular ........................................................................................ 66

Tabela 4- Grau de esfericidade e arredondamento das partculas do ponto P4

estirncio. Destaque para a alta e baixa esfericidade e sub- rolado

....................................................................................................... 67

Tabela 5- Morfometria do ponto P4 antepraia. Os gros mais evidentes

demonstram baixa esfericidade, grau subangular, sub- rolado e

rolado ............................................................................................. 67

Tabela 6- Grau de arredondamento e esfericidade das partculas PP 57.

Possuem esfericidade alta e baixa e maior amostragem de

arredondamento sub- rolado e rolado ............................................ 68

Tabela 7- Morfometria dos sedimentos PP58. Apresenta grau elevado de alta

e baixa esfericidade, sub- rolado e rolado ..................................... 69

Tabela 8- Gros da amostra PP35. nfase para alta e baixa esfericidade, sub-

rolado e rolado ............................................................................... 70

Tabela 9- Amostragem PP42. Evidncia para gros de esfericidade alta e baixa

e grau de arredondamento sub- rolado e rolado ............................ 71

SUMRIO

1 INTRODUO ..................................................................................... 20

1.1 OBJETIVOS .......................................................................................... 24

1.1.1 Objetivo Geral ..................................................................................... 24

1.1.2 Objetivos Especficos ........................................................................ 24

2 CARACTERIZAO GERAL DA REA DE ESTUDO ....................... 24

3 FUNDAMENTAO TERICA............................................................ 27

3.1 GEOSSISTEMA E SISTEMAS GEOAMBIENTAIS ............................... 27

3.2 PLANCIE LITORNEA ......................................................................... 28

3.3 PLATAFORMA CONTINENTAL INTERNA ........................................... 30

3.4 EROSO, TRANSPORTE E DEPOSIO DE SEDIMENTOS ............ 31

3.5 EQUINODERMOS ................................................................................ 32

3.5.1 Registros geolgicos dos equinodermos ......................................... 34

3.5.2 Classe Holothuroidea (pepinos do mar) ............................................ 35

3.5.3 Caractersticas da classe Holothuroidea ........................................... 36

4 MATERIAIS E MTODOS .................................................................... 38

4.1 ETAPA DE CAMPO .............................................................................. 38

4.2 ETAPA DE LABORATRIO .................................................................. 41

4.2.1 Dissecao ........................................................................................... 41

4.2.2 Granulometria ...................................................................................... 43

4.2.3 Pipetagem ............................................................................................ 44

4.2.4 Concentrao do teor de matria orgnica ....................................... 45

4.2.5 Concentrao do teor de carbonato de clcio .................................. 47

4.2.6 Morfometria e morfoscopia................................................................. 47

5 RESULTADOS E DISCUSSES .......................................................... 50

5.1 CLASSIFICAO TEXTURAL DE FOLK (1954) .................................. 50

5.2 GRAU DE SELEO ............................................................................ 53

5.3 GRAU DE ASSIMETRIA ....................................................................... 54

5.4 CURTOSE ............................................................................................. 56

5.5 CLASSIFICAO DE LARSONNEUR (DIAS/96) ................................. 58

5.6 MATRIA ORGNICA .......................................................................... 60

5.7 TEOR DE CARBONATO DE CLCIO ................................................... 63

5.8 MORFOMETRIA E MORFOSCOPIA .................................................... 66

5.9 PERFIS TOPOGRFICOS ................................................................... 72

5.10 PERFIS BATIMTRICOS ..................................................................... 76

6 CONCLUSO ....................................................................................... 78

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..................................................... 81

20

1 INTRODUO

No Cear, a explorao dos recursos naturais renovveis e no

renovveis da zona litornea e plataforma continental apresentam grande

potencialidade econmica, pois geram empregos, fortalecem a economia regional e

a ampliam a pauta de exportaes (MORAIS, 2000). Garrison (2010) afirma que os

recursos marinhos podem ser fsicos (gs natural, depsitos minerais, petrleo e a

gua doce do oceano), biolgicos (plantas e animais destinados ao homem) e no

extrativistas (transportes de pessoas, mercadorias, lazer e deposio de resduos).

Na zona litornea e plataforma continental h grande acumulao de

sedimentos que podem ser litoclsticos (sedimentos arenosos e argilosos),

bioclsticos (algas calcrias e fragmentos de conchas) e biodetrnticos (restos de

animais e vegetais). Os sedimentos sofrem transformaes de acordo com as

condies de eroso, transporte e deposio. Os agentes causadores de

modificaes aos sedimentos no ambiente marinho so as ondas, correntes

martimas, mars e ventos.

Associado deposio de sedimentos encontra-se o pepino do mar,

animal da espcie Holothuria grisea (figura 1), pertencente ao filo equinoderma.

Alguns dos animais mais comuns das praias pertencem ao filo Echinodermata (do

grego echinos, espinho; derma, pele). (BRUSCA R.C e BRUSCA, G, 2007, p.

836).

Segundo Chia e Harrison (1994 apud Martins e Queiroz 2006), as

espcies recentes do filo Equinodermata so difundidas em seis classes: Crinoidea

(lrios do mar), Asteroidea (estrelas do mar), Ophiuroidea (serpentes do mar),

Echinoidea (ourios do mar e bolachas de praia) e Concentricycloidea (margaridas

do mar).

21

Fonte: Projeto Pepino do Mar (PEPMAR), 2014.

A Holothuria grisea ocorre no Atlntico oeste desde o sul da Flrida

(EUA) at o sul do Brasil, incluindo o Caribe e no Atlntico leste na costa africana

(HENDLER et al. 1995 apud SAMPAIO 2010, p. 17). No Cear esse animal foi

registrado na Praia de Peroba (Icapu), Praia de Caetano (Itapipoca), Praia do Farol

do Trapi (Camocim), Praia de Bitupit (DIAS, 2009); e em Fortaleza na Praia do

Meireles e na Praia do Mucuripe (LIMA-VERDE, 1969 apud DIAS, 2009).

A espcie pertence classe Holothuroidea e a ordem Aspidochirotida,

podendo ser encontrada principalmente no estirncio, zona da praia que sofre

influncia das mars, e em ocorrncias esparsas da plataforma continental. O

pepino habita a base de rochas e se fixa por ventosas; ficando em contato com areia

de fundo, onde se alimenta nos perodos de imerso. (RIBEIRO-COSTA; ROCHA,

2002 apud COSTA, 2010). Segundo Mendes, Marezi e Domenico, (2006), a

rugosidade das rochas de praia, a batimetria irregular, os buracos e as fendas nas

rochas que funcionam como abrigo; os sedimentos com matria orgnica e as poas

de mar nesse substrato rochoso so fatores importantes que determinam a

densidade populacional dessa espcie. Sampaio (2010) observou a Holothuria

grisea associada areia grossa de poas de mar ou sob fissuras de substratos

consolidados que invadem as poas. Conforme Dias (2009), as Holothuria grisea,

epibentnica ativa, pois utiliza seus tentculos para ingerir sedimentos e detritos

orgnicos.

O pepino do mar possui propriedades antitrombticas e anticoagulantes

de interesse farmacutico, segundo Mouro (2004), os polissacardeos sulfatados

Figura 1- Holothuria grisea

22

pertencentes matriz extracelular de invertebrados marinhos do filo Echinodermata,

so agentes anticoagulantes e antitrombticos.

A presente pesquisa dedicou-se ao estudo de caracterizao do

ambiente em que a espcie Holothuria grisea habita e de sua alimentao para

aplicao dessas informaes no cultivo desse animal. O estudo foi realizado na

regio costeira do distrito de Bitupit, municpio de Barroquinha, Cear- Brasil (mapa

1) entre as coordenadas em UTM ( 24M/ 24700mW 25100mE e 24M/ 9679500mS

- 9683100mN) a fim de caracterizar geologicamente e geomorfologicamente o

ambiente, e verificar a sua possvel correlao com a existncia do pepino do mar,

Holothuria grisea. Este trabalho teve o apoio financeiro da empresa CRISTLIA,

Produtos Qumicos Farmacuticos Ltda.

23

Mapa 1- rea de estudo compreendida entre a faixa de praia e plataforma continental interna de Bitupit, distrito de Barroquinha, CE

Fonte: Elaborado pela autora.

24

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

O estudo teve o objetivo de analisar e classificar geoambientalmente a

rea da regio costeira do distrito de Bitupit, municpio de Barroquinha, Cear-

Brasil, correlacionando a influncia desses estudos com a existncia do pepino do

mar, Holothuria grisea.

1.1.2 Objetivos Especficos

Anlise textural dos sedimentos, incluindo a morfometria e morfoscopia para

correlacion-los com a ocorrncia dos pepinos do mar;

Correlacionar a topobatimetria, o teor de clcio, a matria orgnica e o

contedo intestinal dos pepinos para indicar os seus locais preferenciais de

ocorrncia.

2 CARACTERIZAO GERAL DA REA DE ESTUDO

Bitupit, figura 2, situa-se a aproximadamente 420 km de distncia de

Fortaleza- Cear (DIAS, 2012). Est localizada no extremo oeste do estado do

Cear, fazendo limite com o Oceano Atlntico (Norte), Chaval (Sul), distrito de

Araras (Leste) e Piau (Oeste).

O municpio de Barroquinha subdividido em trs distritos: Barroquinha,

Araras e Bitupit. Fazendo parte da microrregio do litoral de Camocim e Acara

(IPECE e IBGE, 2013). Barroquinha possui 383,46 km de extenso (IPECE e IBGE,

2013) e 14. 476 habitantes (IBGE, 2013). Possui relevo de plancie litornea, glacis

pr-litorneos dissecados em interflvios tabulares e complexo vegetacional de zona

litornea e cerrado. (IPECE e FUNCEME, 2013).

25

Fonte: Elaborado pela autora.

A economia do municpio de Barroquinha fundamentada na pesca,

marisqueiras, catadores de caranguejo e artesanatos locais feitos da palha da

carnaba. (SAMPAIO FILHO, 2003)

Segundo o conhecimento popular, a toponmia Bitupit oriunda do tupi

guarani e significa pancadas de ventos fortes em dunas que se movem. O primeiro

nome dado ao lugar foi Perobas, quando ainda era vila. Ao se tornar distrito pelo ato

estadual de 26-03-1892, e lei municipal n 3, de 30-03-1893, passou a ser

denominado de Almas e pertencia ao municpio de Camocim. (IBGE, 2007).

Desmembrou-se do municpio de Camocim pela lei estadual n 6385, de 04-07-1963

e tornou-se municpio, mas retornou a ser distrito de Camocim pela lei estadual n

Figura 1- Delimitaes do distrito de Bitupit e do municpio de

Barroquinha Figura 2- Delimitaes do distrito de Bitupit e do municpio de

Barroquinha- Cear

26

8339, de 14-12-1965 porque no foi instalado o municpio. (IBGE, 2007). Em 1989,

passou a pertencer ao municpio de Barroquinha pela lei estadual onde permanece

como distrito at a data atual. (IBGE, 2007).

Essa regio possui temperatura mdia de 26 a 28C com clima tropical

quente e semirido brando (IPECE E FUNCEME, 2013). A mdia de chuva por ano

de 1164,4 mm com perodos chuvosos de Janeiro a Maio (IPECE e FUNCEME,

2013).

Em Bitupit desemboca o rio Timonha que faz parte da bacia hidrogrfica

do rio Corea. A costa do litoral de Bitupit caracteriza-se por possuir praias

dissipativas, onde se encontram terraos marinhos e dunas frontais atuantes no

aporte de sedimentos na praia (MORAIS et al.,2006). Essa rea possui extensa faixa

arenosa na zona entre mars, currais de pesca e manzus de peixes na

arrebentao. (ROCHA-BARREIRA, 2005 apud DIAS 2012). Nessa regio a direo

do vento de leste- oeste e o ambiente apresenta sedimentao intensa. (BENSI;

MARINHO; MAIA, 2005 apud DIAS, 2012).

Bitupit apresenta eolianitos, depsitos elicos cimentados por carbonato

de clcio, que indicam oscilaes do nvel do mar. Eolianitos so rochas

sedimentares depositadas atravs da ao do vento. (SAYLES, 1931 apud

CARVALHO; CLAUDINO- SALES; MAIA e CASTRO, 2008). Os terraos marinhos

compreendidos entre Bitupit e o farol de Camocim so em maioria terraos

holocnicos provenientes de depsitos de praias formados durante a ltima

regresso seguinte ltima transgresso. (MORAIS, 2000).

O distrito tambm apresenta beach rocks (arenitos de praia). Suguio

(2010) afirma que h inmeros afloramentos de rochas de praia (arenitos e

conglomerados) que ocorrem em paralelos ao litoral nas costas nordeste e leste do

Brasil. Os beach rocks geralmente so encontrados em embocaduras de rios ou em

locais onde ocorreram eroso pretrita, como o caso entre o rio Corea e

Camocim. (MORAIS, 2000).

27

3 FUNDAMENTAO TERICA

3.1 GEOSSISTEMA E SISTEMAS GEOAMBIENTAIS

Segundo Bertrand, G. e Bertrand, C.(2007), no existem delimitaes

geogrficas que respeitem os limites prprios para cada ordem de fenmeno no

espao, porm a paisagem pode ser classificada em um sistema taxonmico em

funo de uma escala no tempo e no espao (tmporo- espacial). O Geossistema

se situa na IV V grandeza na escala tmporo-espacial. Ele possui trs

componentes: Abiticos (litosfera, atmosfera e hidrosfera) que formam o geoma,

bitico ou biomassa (fitomassa e zoomassa) que constituem o bioma e componentes

antrpicos.

O Geossistema acentua o complexo geogrfico e a dinmica do conjunto

geoambiental. (SOUZA, 2000, p.6) A anlise do conjunto geoambiental um

zoneamento baseado na percepo geossistmica em que se avalia o potencial

ecolgico (geomorfologia, geologia, hidrologia, fitoecologia e condies de solo),

explorao biolgica e uso e ocupao do solo. Dentro do contexto geoambiental a

rea de estudo est dividida em dois sistemas ambientais: plancie litornea e

plataforma continental.

A zona emersa formada pelo geossistema de Plancie Costeira, ou tambm de Plancie Litornea que envolve as geofcies formadas pela faixa de praia, terraos marinhos e campo de dunas mveis; campo de dunas fixas e paleodunas; falsias, beach rocks e plataformas de abraso; paleolagunas, lagunas, lagoas costeiras; plancies fluviomarinhas. (MORAIS, 2000, p156)

A Zona Costeira sofre influncia de fluxos de sedimentos provenientes do

sistema fluvial, que interagem com os processos litorneos, produzindo diversos

ambientes deposicionais, ocasionando feies geomorfolgicas. (ROSSETTI, 2008)

Morais (2000), levando em considerao o zoneamento geoambiental,

afirmou que plataforma continental cearense com isbata de at 20 metros de

profundidade possui geossistema terrgeno que comporta as geofcies areno-

quartzosas e geofcies areno-lutceas fluviais.

28

3.2 PLANCIE LITORNEA

A plancie litornea um ambiente, onde acontecem constantes

influncias de processos fluviais, fluviomarinhos, pluviais e elicos e que geram

vrias feies geomorfolgicas e geolgicas. Ela possui condies potenciais de

guas subterrneas, minerao, extrao de areia para construo civil e fabricao

de tijolos; aquicultura, salinas, pesca artesanal, potenciais para o turismo, lazer,

artesanato e comrcio. Segundo Souza (2000), a plancie litornea, apresenta um

ambiente instvel com vulnerabilidade alta ocupao e com limitaes de uso para

minerao, agricultura, loteamentos.

Morais (2000) caracteriza a costa cearense como arenosa, retilnea, com

dunas, lagunas, salinas e ocorrncias de falsias. De acordo com Cristofoletti

(1980), a morfologia litornea complexa devido interferncia de processos

marinhos e subareos sobre estruturas litolgicas muito variadas. Souza (1988),

afirma que a morfologia costeira cearense sofre processos de acumulaes aluviais

que geram largos estirncios, acumulaes fluviais e marinhas que formam as

plancies fluviomarinhas e acumulaes provocadas por dinmicas elicas que

originam as dunas.

Segundo Morais (2000), a zona litornea retentora da faixa de

antepraia, estirncio, zona de ps-praia e de dunas. A antepraia o prisma

sedimentar submarino de transio entre a plataforma continental interna e a praia,

possuindo um gradiente topogrfico direcionado ao litoral. (MUEHE, 2006 apud

MACHADO, 2007). O estirncio uma zona que em momentos encontra-se coberta

por gua e outros descoberta, estendendo-se a partir do nvel mdio da mar mais

alta at o nvel mdio da mar mais baixa (POPP, 2010). No ps- praia est inserido

o berma que caracterizado por processos de construo sedimentar e aparece sob

a forma de um banco. (HOEFEL, 1998, apud ALBUQUERQUE, 2008)

Os campos de dunas recentes ou antigos so aquferos, merecendo

destaque na captao de gua subterrnea de qualidade. (BRANDO, 2008) A

evoluo dos campos de dunas no Cear favorecida pelo clima e pelo suprimento

de sedimentos da plataforma interna imediatamente contgua a antepraia.

(MORAIS, 2000, p.153) Nos campos de dunas, a vegetao coloca-se como

29

elemento fundamental para justificar a mobilidade ou a reteno de sedimentos

arenosos. (SOUZA, 2000, p.51).

A zona costeira moderna no resulta apenas de processos atuais, mas

um somatrio de processos ocorridos h milhares de anos. (ROSSETTI, 2008)

Morais (2000), afirma que a costa emersa do Cear predominante Trcio-

Quaternria, com alguns afloramentos do Pr- Cambriano e do Cretceo.

O Quaternrio o perodo mais recente do tempo geolgico e dividido

em duas pocas: Pleistoceno e Holoceno. (POPP, 2010). Do Pleistoceno Superior

ao Holoceno, tem-se sequncias elicas (no mnimo trs geraes de dunas),

fluviais (terraos baixios e vrzeas), fluviomarinhas (vasas nos esturios dos rios

principais) e marinhas litorneas (beach rocks). (MORAIS, 2000, p.113). Os

terraos holocnicos constituem terraos de construo marinha situados nas

pores externas de idade pleistocnica, e so separados destes por uma rea

baixa preenchida por lamas paleolagunares, superpostas por depsitos paludiais.

(SUGUIO, 2010, p. 212). Os terraos marinhos so formas de relevo pretritas que

registram acmulos de sedimentos, geralmente cordes de praia, que colaboram na

reconstituio evolutiva da zona costeira. (ROSSETTI, 2008).

Fato relevante no litoral oeste so os afloramentos de dunas reliquiares e arenitos dunares, testemunhos de variao nvel do mar na evoluo costeira. Trata-se, portanto, de uma faixa de praia em equilbrio dinmico, alimentada constantemente pelos sedimentos transportados pelas correntes elicas do quadrante leste- sudeste, sendo retrabalhados pela deriva litornea no sentido noroeste, apresentando, no entanto, uma faixa semi- consolidada de arenitos dunares ou eolianitos. (MORAIS, 2000, p.153 e 154)

Os eolianitos foram definidos como depsitos elicos cimentados sobre

carbonato de clcio na costa noroeste do estado do Cear (MAIA, 1997 apud

CARVALHO; CLAUDINO- SALES; MAIA e CASTRO, 2008).

Os beach rocks so conhecidos como rochas de praia ou recifes de

arenito. Eles so rochas constitudas de areia cimentada por carbonato de clcio e

xido de ferro. (MORAIS, 1967 apud SMITH; MORAIS, 1984). Cristofoletti (1980)

argumenta que o beach rock um arenito de praia formado nos perodos de baixa

mar, em condies de clima tropical e concentraes repetidas de gua do mar nas

fissuras dos sedimentos que favorecem a cimentao.

30

As rochas de praia ou beach rocks da regio costeira do Cear apresentam caractersticas muito semelhantes entre si, ou seja, normalmente ocorrem em forma de arrecifes em faixas alongadas e descontnuas paralelas linha de costa ou em blocos associados aos recifes da Formao Barreiras, acentuando-se a idia de que as rochas da Formao Barreiras participam de forma fundamental no fornecimento de materiais para a formao dessas rochas. Sua composio dominantemente quartzo - feldsptica e de alto contedo carbontico. (MORAIS, 2000, p. 162)

O domnio dos depsitos sedimentares Cenozicos constitudo pelas

exposies Tercirio- quaternrias de Formao Barreiras e pelas ocorrncias

subatuais e atuais de paleodunas, colvios, sedimentos de praia e aluvies.

(SOUZA, 2000, p. 18). A Formao Barreiras se caracteriza por possuir um topo

plano e suavemente inclinado para o oceano Atlntico. (SUGUIO, 2010).

A plancie litornea e a plataforma continental interagem entre si. Morais

(1966), afirma que a zona litornea so ecossistemas que abrangem as faixas

praiais, cordes litorneos, dunas, antedunas, plancie litornea, plancie

fluviomarinhas, plancies de mars, pntanos salgados, esturios, zonas deltaicas e

regies de plataforma continental interna com profundidade de at 10 - 20 metros.

3.3 PLATAFORMA CONTINENTAL INTERNA

Popp (2010) explana que, a plataforma continental brasileira

relativamente plana, iniciando-se na praia e inclinando-se suavemente at

aproximadamente 200 metros fazendo limite com o talude continental. De acordo

com Morais e Freire (2003), a plataforma continental do Cear dividida em

plataforma interna (0 a 20 metros), que apresenta geralmente fcies arenosas e

quartzosas e a plataforma externa (20-60 metros de profundidade). A Plataforma

Continental do Cear tem largura mdia de 63 km possuindo maior extenso em

Camocim, com 101 km e mnima de 41 km em Trememb, municpio de Icapu.

(MARTINS E COUTINHO, 1981 apud SOARES, 2012).

Como os estados do rio Grande do Norte, Cear e Piau, tm grande parte de seus rios com nascentes em bacias sedimentares marginais e interiores (planaltos sedimentares), a contribuio de sedimentos arenosos provenientes de descargas fluviais foi preponderante para a grande disponibilidade de areia nas praias e na plataforma continental interna. (MEIRELES; ARRUDA; GORAYEB; THIERS, 2005, p. 119).

31

A sedimentao na plataforma do Nordeste reflete a geologia da rocha

me, condies climticas, sistema de drenagem e arcabouo tectnico. (MORAIS,

2000, p.147). Os tipos de depsitos terrgenos de plataforma variam em funo do

influxo de sedimentos, da estabilidade (rara) ou instabilidade da plataforma e/ou

movimento eusttico do nvel do mar. (POPP, 2010, p. 220)

3.4 EROSO, TRANSPORTE E DEPOSIO DE SEDIMENTOS

Os processos costeiros so a ao de agentes que provocando eroso,

transporte e deposio de sedimentos, levam a constantes modificaes na

configurao do litoral. (MUEHE, 2003, p.257)

Dias (2004), define sedimento como um conjunto de partculas

relacionadas entre si. De acordo com o seu tipo de transporte ou deposio, os

sedimentos podem ser alctones ou autctones. Giannini e Riccomini (2000),

afirmam que alctone um sedimento que sofreu transporte mecnico tendo origem

em um local diferente de onde foi depositado; e o autctone um sedimento

formado no local em que se encontra, ele no sofreu transporte (a no ser inico) e

possui origem qumica ou biolgica.

Segundo Morais (2000), na zona litornea do Cear, o transporte

litorneo acontece em direo a noroeste, e em cada morfologia diferenciada causa

mais ou menos eroso. Os padres de eroso e deposio da linha de costa so

indicadores de alteraes no balano sedimentar. (KOMAR, 1998 apud COSTA,

2009). O balano sedimentar depende do equilbrio entre o fluxo sedimentar

controlado pelo transporte fluvial, a deriva litornea; e as variaes do nvel do mar.

(MORAIS, 2000)

Suguio (2003) destaca que os principais agentes de transporte de

sedimentos podem ser: transporte por guas pluviais e fluviais, correntes costeiras

ou litorneas, ventos e movimentos de massa (a gravidade o principal gerador

desse movimento). O mesmo caracteriza a deriva litornea como uma corrente

longitudinal gerada por frente de ondas, que esto paralelas costa e atuam na

plataforma interna.

32

H vrias categorias de correntes como as correntes de mars, as correntes ocenicas e as correntes geradas por ondas. As correntes de mars so importantes na modificao do transporte de sedimentos pertos dos braos do mar. As correntes ocenicas raramente afetam o transporte litorneo de sedimentos. As correntes geradas pelas ondas so as correntes longitudinais e as correntes de retorno. As correntes de retorno correm da praia para o mar e se dissipam rapidamente depois da linha de quebra das ondas. Para romper a zona de arrebentao elas procuram os locais de ondas mais baixas na arrebentao. Elas podem se tornar no transporte de sedimentos para o largo. As correntes longitudinais so formadas pelas ondas que quebram obliquamente sobre a praia e so geralmente confinadas a zona de surf, sendo as principais correntes nos movimentos de sedimentos. (MORAIS, 1996, p.209 e 210)

Rossetti (2008), afirma que a zona costeira influenciada por fluxos de

sedimentos vindos do sistema fluvial, que interatuam com os processos litorneos,

produzindo uma diversidade de ambientes deposicionais e feies geomorfolgicas.

Os rios so os principais fornecedores de sedimentos terrgenos para o oceano,

essa interao se inicia no esturio.

Esturio um corpo de gua semifechado com interligao livre com o oceano aberto, estendendo-se rio acima at o limite da influncia de mar, sendo que em seu interior a gua do mar mensuralmente diluda pela gua doce oriunda da drenagem continental. (DYER, 1997 apud DIAS,

2005, p.27)

O estudo da hidrodinmica das guas costeiras de fundamental

importncia para a avaliao do transporte de sedimentos, zonas de assoreamento,

zonas de eroso, disperso de poluentes e materiais em suspenso. (MORAIS,

1980, p.73).

3.5 EQUINODERMOS

O filo Echinodermata compreende cerca de 7000 espcies atuais e 13.000

espcies fsseis (PAWSON, 2007 apud DIAS 2012). Os equinodermos predominam

em ambientes marinhos e ocupam diversos tipos de substratos como os rochosos,

lodosos, arenosos, em madeira submersa ou em epibiose. (HENDLER, 1995, apud,

MAGALHES; MARTINS; ALVES, 2005). Martins e Queiroz (2006) afirmam que os

animais do filo Echinodermata podem viver de vrias formas: livremente,

penduculados ou fixos a um substrato.

33

Segundo Amaral, Rizzo e Arruda (2006), os equinodermos compreendem

animais bentnicos marinhos, eles podem ser encontrados desde a zona entre

mars at grandes profundidades em substratos ou ainda associados a outros

organismos. Vivem tambm em substratos no consolidados, em cavidades ou em

fendas de rocha, ou ainda em espaos sob as mesmas. (MARTINS E QUEIROZ,

2006, p. 2000).

A zona entre mars oferece condies favorveis para equinodermos de

vrias espcies. Os fatores fsicos mais importantes para os organismos marinhos

so luz, temperatura, nutrientes dissolvidos, equilbrio, cido- base e presso

hidrosttica (GARRISON 2010, p. 268). Cada tipo de substrato na faixa entre mars

possuem diferentes associaes de animais que dividem a faixa habitada segundo

as exigncias e tolerncias ecolgicas de cada um. (MATTHEWS - CASCON;

LOTUFO, 2006). Nesse ambiente acontece um forte dinamismo principalmente de

ondas e mars. Durante o espraiamento, parte da gua percola atravs da areia,

renovando, dessa forma, a gua intertidal e trazendo nutrientes para a fauna

bentnica. (MUEHE, 2003, p.269).

O espraiamento a gua que sobe at a praia aps a quebra da onda e o

refluxo o retorno dessas guas. (MORAIS, 2000) A maneira como se processa o

ciclo de espraiamento, percolao e refluxo de gua na face da praia pode ser um

fator importante para compreender diferenas na composio, densidade e

diversidade das espcies encontradas, por ser o resultado da interao entre

caractersticas de topografia, granulometria e clima de ondas. (MUEHE, 2003, p.269)

Os equinodermos podem ser epi ou infaunais em substratos no

consolidados. (MARTINS E QUEIROZ, 2006). Esses animais em fase adulta tm

simetria radial, porm algumas espcies tm simetria bilateral. (CURTIS, 1985)

Eles possuem um endoesqueleto calcrio de ossculos nas camadas

drmicas (em alguns equinodermos este constitui quase todo o animal) que

frequentemente associado com espinhos ou tubrculos externos. (RUSSELL-

HUNTER, 1971).

34

3.5.1 Registros geolgicos dos equinodermos

O fator determinante na perpetuao das espcies a capacidade de

adaptao s condies meteorolgicas, geolgicas, geomorfolgicas, qumicas,

fsicas e ecolgicas, o que provoca a evoluo dos seres ao longo do tempo.

A evoluo biolgica compreende a modificao sofrida por populaes

de organismos atravs do tempo; tempo este que ultrapassa o perodo de vida de

uma nica gerao. (FUTUYMA, 1993, apud, IANNUZI e SOARES, 2000, p. 61). As

espcies sofrem modificaes evolutivas provocadas por alteraes genticas.

(IANNUZI e SOARES, 2000). Segundo Carvalho e Cruz (2008), no Cambriano,

houve enorme radiao de invertebrados marinhos, como cnidrios, braquipodes,

moluscos, equinodermas e graptozorios. Supe-se que os equinodermos tenham

evoludo de uma forma bilateral mvel, passando a vida sssil e adquirindo sistema

radial, porm, posteriormente tornaram-se mveis novamente. (CURTIS, 1977)

Os fsseis so registros de espcies que existiram em um determinado

tempo da histria da terra (ROHN, 2000). H tambm um nmero gigantesco de

equinodermos fsseis e vrios grupos deles mantiveram-se como animais marinhos

bem sucedidos por longos perodos de tempos geolgicos. (Russell- Hunter, 1971,

pag. 176). A propagao desse filo se deve s adaptaes que desenvolveram

desde o perodo Pr-Cambriano (700 milhes de anos atrs). (HOOKER 2005 apud

DIAS 2012, p.17).

Os equinodermos esto entre os importantes fsseis guias como

indicadores de idade e de ambiente. (BRITO, 2000). No litoral brasileiro h

evidncias biolgicas representadas por incrustaes de vermetdeos, ostras e

corais, alm de buracos de ourios localizados acima do atual estado de vida desses

organismos. (LABOREL, 1969; 1979 apud SUGUIO, 2010). Brito (2000), afirma que

os equinides deixaram vestgios de sua existncia em buracos de rochas litorneas

ocasionados por eles mesmos, sendo importantes fontes de estudo de variao do

nvel do mar.

De acordo com Carvalho e Cruz (2008), no perodo Ordoviciano h 488 -

443 milhes de anos atrs surgiram vrios invertebrados que se desenvolveram e se

35

diferenciaram uns dos outros. A era geolgica da origem da Holothuroidea a era

Paleozica do perodo Ordoviciano Recente (BRITO, 2000) Isso significa que o

pepino do mar possui grande capacidade de adaptao, pois sobreviveu a

condies ambientais diversas desde perodos geolgicos remotos at os dias

atuais.

Esto hoje, entre os mais diversificados, adaptados e abundantes

organismos das regies abissais, podendo especialmente a Holothuroidea,

representar mais de 1/3 da macrofauna bntica daquelas regies. (TOMMASI, 1999

apud MARTINS E QUEIROZ, 2006, p. 2000).

3.5.2 Classe Holothuroidea (pepinos do mar) Da classe dos equinodermos, a Holothuroidea um dos mais

caractersticos e representativos. (CONNAUGHEY, 1974). O Pepino do mar

conhecido no mercado com o nome francs, bche -de mer, ou trepang, que tem

origem da palavra malaia e se refere holotria cozida, seca ou defumada.

(CONAND, 1990 apud COSTA, 2010). O animal muito apreciado na sia, onde

bastante procurado como iguarias, afrodisaco e por possuir propriedades

medicinais. (CHAOQUN HU et al., 2010). O mercado de pepinos do mar

controlado, sobretudo por comerciantes chineses. (CONAND; BYRNE, 1993).

O pepino do mar possui outros proveitos, vale ressaltar pesquisas

realizadas com espcie Holothuria grisea, que segundo Pereira; Virgens e Cruz

(2009) pode ser utilizada como um bioindicador de metais pesados, pois ao se

alimentar de sedimentos contendo metais pesados liberados por indstrias, lixo

urbano ou atividades agrcolas; as enzimas ALP (enzima sensvel a metais) ficam

inibidas.

Alm disso, pesquisas tm utilizado com xito o pepino do mar em

viveiros de animais como camares, ostras e peixes para remover dejetos e o

excesso de rao de tanques. Segundo Baskar (2004 apud Costa, 2010) a

existncia de pepinos em criadouros, no afeta o cultivo de camaro e auxilia na

manuteno da limpeza dos tanques.

36

Em algumas regies podem ser responsveis por uma carga e redistribuio vertical de sedimentos marinhos. Por exemplo, em certas reas onde existem depsitos de cinzas vulcnicas, no lugar de formao de uma capa bem definida de sedimento que marca o tempo da deposio, as partculas de cinzas se encontram distribudas atravs de considervel acumulao vertical de sedimentos. (CONNAUGHEY, 1974, p.273)

3.5.3 Caractersticas da classe Holothuroidea

A classe Holothuroidea possui tamanhos que variam de menores de 1 cm

at 2 m de comprimento. (BRUSCA, R. C e BRUSCA, G. J. , 2007)

Os pepinos possuem um corpo alongado, podendo ter simetria

pentmera ventral, representada pela presena de 5 pdios (prolongamentos para o

exterior) meridionais para locomoo (ps ambulacrais); enquanto que na superfcie

dorsal os pdios so representados por papilas, possuindo uma simetria bilateral

secundria. (FAO, 2012). As zonas ambulacrais e interambulacrais apresentam-se

em posies meridionais. (BRITO, 2000)

O rastejamento feito pelos ps ou pela ao dos msculos da parede

do corpo. (BRUSCA, R. C e BRUSCA, G. J.2007, p.850). Os ps ambulacrrios e

os tentculos funcionam com sistema hidrovascular. De acordo com FAO (2012), o

sistema hidrovascular do animal um espao delimitado por um celoma mesotlio,

consistindo em tentculos bucais, pdios, canal de gua ao redor do esfago, canais

radiais, o canal ptreo e as vesculas Poli. Segundo Dias (2009), esse sistema

hidrovascular um conjunto de canais do celoma, com prolongamentos ocos (ps

ambulacrais), atuantes na locomoo, captura de alimentos, trocas gasosas e

percepo sensorial.

Os tentculos so pdios bucais utilizados para adquirir alimentos,

principalmente matria orgnica. (FAO, 2012) A Holothuria grisea, apresenta

tentculos peltados (ramificados em forma de escudo), (DIAS, 2009). A maioria dos

pepinos do mar se alimentam de sedimentos de fundo de mar (geralmente, ricos em

matria orgnica) ou em suspenso (principalmente plncton vivo). (BRUSCA, R.C

e BRUSCA, G.J. 2007, p.856). A holotria apresenta a boca voltada para cima,

sendo posicionada opostamente ao nus. (BRITO, 2000).

37

A classe Holothuroidea, se destaca como primorosa escavadora, devido

ser caracterizada por um corpo muscular com ossculos muito pequenos e ter forma

de salsicha, mas sem braos. (RUSSELL- HUNTER, 1971). O esqueleto dessa

classe segundo Dias (2012), formado por ossculos de carbonato de clcio

envoltos por uma matriz proteica. A maioria dos ossculos de tamanho

microscpico e o formato varia de simples a complexo. (FAO, 2012). A Holothuria

grisea apresenta ossculos em forma de torres com espinhos laterais na base e

placas perfuradas. (DIAS, 2009).

Russell-Hunter (1971, p.201), comenta que na maioria das holotrias, h

dois dutos longos ramificados (rvores respiratrias), correndo para dentro a partir

da cloaca. Esse mesmo autor, informa que os rgos de Cuvier, fios pegajosos

reservados para a defesa do animal, esto dentro sistema de rvores respiratrias.

Alguns tbulos de Cuvier podem ser txicos devido presena de uma substncia

chamada holoturina. (HENDLER et al.,1995 apud DIAS, 2009,p.19). Porm, quando

h grande estresse nesse equinodermo, pode ocorrer uma reao que envolve

expulso de todas as vsceras atravs da cloaca, estas podem ser regeneradas em

algumas semanas. (RUSSELL- HUNTER, 1971)

O sistema digestivo composto por uma faringe, esfago, estmago e um

intestino muito longo. (FAO, 2012). A ingesto de partculas grosseiras deve ajudar

na contrao muscular no deslocamento, expulso dos tbulos de Cuvier e na

expulso de gametas durante a desova. (DAR e AHMAD, 2006 apud DIAS, 2012).

O sistema de reproduo das holotrias, consiste em uma nica gnada,

anexada a um mesotlio dorsal que levada fora pelo orifcio genital (gonporo).

(FAO, 2012) A fecundao ocorre na gua (BRITO, 2000), pela liberao dos

gametas da fmea e do macho. (FAO, 2012).

38

4 MATERIAIS E MTODOS

4.1 ETAPA DE CAMPO

Aps levantamentos bibliogrficos, foram efetuados trabalhos in loco, que

consistiram em atividades na praia e no mar nos os dias 14 e 15 de maro de 2013.

Os trabalhos na praia se iniciaram com o Differential Global Positioning

System (DGPS) para encontrar a cota altimtrica de 6 pontos de perfis de praia,

atravs de sinais de satlites (figura 3, passo 1 e 2). A base do DGPS esteve

posicionada sob o marco do IPECE de Referencial de Nvel- RN, PA64A, (figura 3,

passo 3) no Distrito de Bitupit, servindo como base de apoio (figura 3, passo 4).

Atravs dessa base e por meio de um receptor mvel (rover) (figura 3, passo 5),

obtive-se a cota altimtrica de cada ponto dos perfis. Porm, no ponto 6 ocorreu a

perda de sinais dos satlites, por isso, no se conseguiu a cota altimtrica.

Aps esses procedimentos, foram realizados os perfis de praia com uma

Estao Total (figura 4). E por fim, coletaram-se 3 amostras em cada ponto, na

sequncia do perfil de praia: berma, estirncio e antepraia, totalizando 18 amostras.

Figura 3- Etapas para a obteno da cota altimtrica com DGPS: 1- antena do DGPS receptora de satlite; 2- receptor de informaes de satlite; 3- marco do

IPECE; 4- base de apoio montada sob o marco; 5- receptor mvel (rover) do DGPS

Fonte: SOUSA, 2013.

1 2 3

4 5

39

Figura 4- Perfil de praia: 1- prisma topogrfico; 2- Estao Total; 3- leitura do perfil de praia

Fonte: SOUSA, 2013.

Concomitantemente, em uma embarcao (barco lagosteiro) (figura 5,

passo 1) realizaram-se estudos batimtricos, utilizando um ecobatmetro (Ecosonda

Garmin) acoplado ao barco. Tambm foram realizadas 62 coletas (mapa 2) na

plataforma continental interna rasa utilizando uma draga Van Veen em 65 pontos

previamente selecionados (figura 5, passo 2 e 3). Em 3 pontos da plataforma

continental, no foi possvel realizar as coletas de sedimentos devido o fundo ser

constitudo de beach rock nessa localizao. As coordenadas (UTM) desses pontos

so: (24M 250251/9681900); (24M 250751/9681500); (24M 250501/9681900).

As amostras de sedimentos foram colocadas em sacos plsticos e

identificadas de acordo com o localizao de onde foram coletadas para serem

analisadas posteriormente em laboratrio.

Figura 5- Etapas da coleta de amostras: 1- embarcao utilizada pela equipe; 2- preparao da draga VAN VEEN para a coleta; 3- draga contendo sedimentos

coletados

Fonte: Sousa, 2013.

1 2 3

40

Mapa 2- Pontos de coletas dos sedimentos em Bitupit- Cear

Fonte: Elaborado pela autora.

41

Nos perodos de 15 de dezembro de 2013 e 15 a 17 de fevereiro de 2014,

coletaram-se 6 pepinos do mar em um beach rock conhecido como Recife Trs

Bandeiras (figura 6), localizado dentro das coordenadas em UTM: 24M /248732mE

/ 9681240mN. A recolhida ocorreu em perodo de mar de sizgia, no momento em

que esta estava baixa.

Figura 6- Recife Trs Bandeiras em Bitupit- Cear

Fonte: PEPMAR, 2014.

4.2 ETAPA DE LABORATRIO

4.2.1 Dissecao Os 6 pepinos do mar coletados possuam pesos que variaram de 150 a

250g, referentes ao animal inteiro e os tamanhos constaram entre 15 a 20

centmetros, variando com a contrao e descontrao dos mesmos.

Na etapa de laboratrio, os animais passaram pelo processo de

dissecao para a retirada de sedimentos do intestino. No primeiro momento houve

a diminuio gradual da temperatura dos pepinos. Aps o relaxamento de cada

animal efetuou-se um corte longitudinal na regio ventral com um bisturi, a partir da

42

abertura da cloaca at a cavidade bucal para a retirada das vsceras e separao do

intestino (ver figura 7). Depois, realizaram-se cortes transversais nos tubos

digestivos para retirada das fezes. Nos intestinos estavam alocados os sedimentos

que foram extrados de todo o tubo digestivo do animal. Em seguida, o material

retirado foi colocado em um recipiente e mantido sob refrigerao (figura 8, imagem

1). Aps os procedimentos descritos anteriormente, os sedimentos do intestino das

holotrias passaram por anlises (figura 8, imagem 2).

Figura 7- Pepinos do mar dissecados: tegumentos, intestinos, gnada masculina madura (cor de creme) (1) e gnada feminina madura (cor rosa) (2)

Fonte: PEPMAR, 2014.

Figura 8- Sedimentos retirados do intestino do pepino: 1- amostra refrigerada; 2- amostra seca preparada para anlises

Fonte: SOUSA, 2014.

1 2

2 1

43

4.2.2 Granulometria Posteriormente a etapa de campo, as amostras foram avaliadas no

LGCO- Laboratrio de Geologia e Geomorfologia Costeira e Ocenica, da

Universidade Estadual do Cear.

Dos 80 sedimentos coletados, 1 no foi analisado (pp53) porque possua

apenas 2 seixos. Foram avaliados 61 sedimentos da plataforma continental e 18 da

praia, totalizando 79 amostras do ambiente litorneo. Tambm foram retirados

sedimentos do intestino dos pepinos para caracteriz-los.

Aps a secagem, as amostras passaram por quarteamento (figura 9,

passo 1) e pesagem (figura 9, passo 2). Foram retiradas 50 g de cada amostra da

praia e plataforma continental interna. A mesma quantidade se retirou do total de

sedimentos extrados dos intestinos dos pepinos. No foi possvel retirar 100 g de

cada amostra para anlise granulomtrica devido existncia de seixos ou rodolitos

na maioria dos sedimentos coletados do ambiente litorneo. A seguir realizou-se

lavagem das amostras (figura 9, passo 3) em uma peneira de malha de 0,062mm de

dimetros para a separao das fraes de silte e argila, do material mais grosseiro.

As fraes grossas foram colocadas em uma estufa em temperatura de 60 C (figura

9, passo 4).

O peneiramento das amostras realizou-se atravs do agitador

eletromagntico de partculas (ROT UP SIEVE SHAKER) (figura 9, passo 5) no qual

se usou 15 peneiras redondas com malhas entre 5.600mm e 0,062mm padronizadas

por Wentworth (1922). (figura 9, passo 6 e 7). Os dados granulomtricos (figura 9,

passo 8) foram processados no Sistema de Anlise Granulomtrica (SAG),

idealizado pelo Laboratrio de Geologia Marinha (LAGEMAR)/ Universidade Federal

de Fluminense (UFF). (figura 9, passo 9).

Pelos dados analisados no SAG, se obteve a classificao pela mdia,

textura de Folk (1954), o grau de seleo, grau de assimetria, a curtose e

Classificao de Larsonneur (1977) apropriado por Dias (1996) para condies

brasileiras.

44

Figura 9- Etapas da granulometria

Fonte: SOUSA, 2014.

4.2.3 Pipetagem Avaliaram-se as fraes de silte e argila segundo a metodologia da Lei

de Stokes para meio mido. Fundamentado no princpio de que uma esfera ao cair

em um fludo, est sujeita a atuao da resistncia (devido viscosidade) e da

gravidade (DIAS, 2004).

A pipetagem consistiu basicamente no depsito de fraes mais finas

em uma proveta (figura 10, passo 1) e completadas com 1000 ml de gua. Em

seguida, adicionaram-se 0,67g de oxalato de sdio (figura 10, passo 2) para a

flocular os sedimentos e por fim agitou-se tudo com um basto de vidro. Aps a

mistura iniciou-se a decantao dos sedimentos. Essa decantao foi cronometrada

para serem retirados 20 ml dos lquidos em diferentes horrios (figura 10, passo 3).

45

Os lquidos retirados foram colocados em frascos devidamente identificados (figura

10, passo 4) e antecipadamente pesados em uma balana de preciso. Aps a

evaporao da gua, os frascos foram pesados novamente e desempenharam-se os

clculos para obteno da quantidade de silte, que consistiu na subtrao do peso

do frasco vazio, com o peso do frasco contendo amostra. A quantidade de argila foi

determinada a partir da frmula seguinte:

50 - (TP + TF) = A

Onde, segundo, Gomes, vila e Pinheiro (2011):

TP = total obtido no peneiramento;

TF= total da pipetagem;

A= peso da quantidade de argila.

Figura 10- Etapas da pipetagem: 1- proveta; 2- oxalato de sdio; 3- retirada do lquido contendo silte para a colocao do fluido no frasco; 4- cadinho

Fonte: SOUSA, 2013.

4.2.4 Concentrao do teor de matria orgnica

O teor de matria orgnica foi determinado pelo mtodo de Walkley-

Black modificado, que consistiu na oxidao da matria orgnica. Em um primeiro

momento, adicionou-se se 10 ml de dicromato de potssio (figura 11, passo 2) em

um erlenmeyer com volume de 500 ml contendo 1 grama de sedimento. Para

catalisar a oxirreduo utilizou-se 20 ml de cido sulfrico concentrado (figura 11,

passo 3). A seguir adicionou-se 200 ml de gua destilada, 10 ml de cido

1 2 3 4

46

ortofosfrico, 8 gotas do indicador difenilamina e para titular com sulfato ferroso

amoniacal. O final da titulao ocorre na mudana da cor escura para verde.

(CAMARGO, 1986; EMBRAPA, 1999 apud SILVA; TORRADO; ABREU- JNIOR,

1999). (figura 11, passo 4 e 5)

O teor de matria orgnica calculado pela equao:

% M. O.= [(10- V2 x f x 0,5) x 0,4/p] x 1,725

Dos quais:

V2= volume de sulfato ferroso amoniacal gasto na titulao da amostra;

p= peso da amostra em gramas;

f= fator.

Seguiu-se a seguinte frmula para calcular o fator:

f = 10x 1/ V1 x 0,5

Figura 11- Processo para a obteno do teor de matria orgnica: 1- alguns

dos materiais utilizados; 2- adicionamento de dicromato de potssio; 3- cido sulfrico; 4- soluo pronta para a obteno da titulao; 5- viragem da cor

escura para verde

Fonte: SOUSA, 2014.

1 2 3

4 5

47

4.2.5 Concentrao do teor de carbonato de clcio

Para a determinao do teor de carbonato de clcio utilizou-se a

metodologia do calcmetro de Bernard (figura 12, imagem 1). Primeiramente,

adquiriu-se um padro com 0,5 g de carbonato de clcio (CaCO3) (figura 12,

imagem 2), equivalente a 99%. Aps esse procedimento, foram retirados 0,5 g de

cada amostra seca que foram no lavadas para coloc-las em um balo kitassato

onde reagiram com 2 ml de HCL a 10% (figura 13, imagem 3). Utilizou-se uma regra

de trs simples para o clculo.

Figura 12- Carbonato de clcio (1), HCL a 10% (2) e calcmetro de Bernard (3)

Fonte: SOUSA, 1013.

4.2.6 Morfometria e morfoscopia

Segundo Suguio (1973), morfometria a anlise do formato e o

arredondamento dos gros de areia ou de seixos para descobrir histrias a respeito

de seus depsitos sedimentares. E morfoscopia conforme, Dias (2004), o estudo

da superfcie dos gros de areia em que se descobrem histrias referentes sua

origem e ciclo sedimentar.

A morfometria e a morfoscopia foram aplicadas para avaliar os processos

de eroso, transporte e deposio dos gros de quartzo atravs do grau de

arredondamento, esfericidade e textura superficial dessas partculas. O quartzo foi

empregado, devido a sua dureza e abundncia (DIAS, 2004). Ele suficientemente

resistente para indicar em sua estrutura e textura as marcas de um passado

geolgico atual ou pretrito; e tambm possui um universo amostral geralmente

abundante que contribui para a preciso dos resultados.

1 2 3

48

As amostras examinadas pela morfometria e morfoscopia foram s do

intestino da Holothuria grisea e os sedimentos coletados entre os locais de onde

foram extrados a referida espcie: estirncio e antepraia do perfil de praia (ponto 4);

PP 57, PP 58, PP 35 e PP 42 da plataforma continental interna (figura 13).

Figura 13- Locais de ocorrncia da Holothuria grisea em Bitupit- Cear

Fonte: Elaborado pela autora.

A anlise dos gros foi efetuada pelos procedimentos descritos por Dias

(2004). Em um primeiro momento, os gros com fraes entre 1,0; 1,5 e 2,0 phi ( ),

que correspondem respectivamente s malhas das peneiras de 0,500 mm, 0,355mm

e 0,250 mm; foram distribudos com o auxlio de uma esptula (figura 14, etapa 1)

em um suporte plstico contendo traos com espaamentos de 0,5 mm. (figura 14,

49

etapa 2). A seguir com uma lupa binocular eletrnica (microscpio) (figura 14, etapa

3), foi desempenhada a morfoscopia para observar o brilho das partculas. Em

sequncia se desempenhou a morfometria, onde foram contabilizados 100 gros e

se analisou o grau de esfericidade e arredondamento dos gros de quartzo,

seguindo a tabela de Power (1953); e adaptado de Power (1953) e Sherpard (1973).

Figura 14- Etapas de anlise da morfometria e morfoscopia: 1- esptula para manipulao de sedimentos; 2- suporte plstico para analisar as fraes; 3-

microscpio.

Fonte: SOUSA, 2011 e 2014.

1 2

6

3

50

5 RESULTADOS E DISCUSSES

5.1 CLASSIFICAO TEXTURAL DE FOLK (1954)

A classificao proposta por Folk (1954) constituda por um diagrama

triangular onde esto representados os percentuais de cascalho (>2 mm), areia (2

mm a 63) e lama(

51

Figure 15- Amostras caracterizadas por grande presena de cascalhos grossos e seixos

Fonte: SOUSA, 1013.

Das amostras da praia, de acordo com a Classificao de Folk (1954),

destacou-se 44% de areia e 33% de areia com cascalho esparso (grfico 2, mapa

3). Isso informa que na praia a maioria textura arenosa e minoria cascalho.

Grfico 2- Classificao textural de Folk (1954), em amostras da praia de Bitupit

Fonte: Elaborado pela autora.

No intestino da holotria, a classificao determinou areia lamosa com

cascalho, indicando material fino lamoso abrigado pelas rochas de praia.

44%

33%

11%

6% 6% AREIA

AREIA COM CASCALHO ESPARSO

AREIA COM CASCALHO

CASCALHO ARENOSO

AREIA LAMOSA COM CASCALHO ESPARSO

52

Mapa 3- Classificao textural de Folk (1954) dos sedimentos da praia e plataforma continental interna rasa de Bitupit

Fonte: Elaborado pela autora.

53

5.2 GRAU DE SELEO

O grau de seleo a medida do tamanho da partcula. Essa medida

pode ser obtida pelo desvio-padro segundo Folk e Ward atravs do clculo a

seguir:

1= 84 16 /4 + 95-5/ 6,6

Folk e Ward (apud SUGUIO, 1973), sugeriram uma escala qualitativa

usada para descrever o grau de seleo:

1 menor que 0,35= muito bem selecionado;

0,35 a 0,50= bem selecionado;

0,50 a 1,00=moderadamente selecionado;

1,00 a 2,00= pobremente selecionado;

2,00 a 4,00= muito pobremente selecionado;

1 maior que 4,00= extremamente mal selecionado;

O grau de seleo (grfico 3) desdobrou-se em sedimentos muito

pobremente selecionados (85%) na plataforma interna rasa. Os materiais retirados

do intestino dos equinodermos estudados, tambm apresentaram seleo muito

pobremente selecionada. Portanto, tanto as amostras da plataforma como os

sedimentos do intestino do pepino do mar, apresentaram diferentes tamanhos.

Grfico 3- Amostras da plataforma continental, classificadas segundo o grau de seleo determinado por Folk e Ward

Fonte: Elaborado pela autora.

85%

10%

3% 2%

MUITO POBREMENTE SELECIONADA

POBREMENTE SELECIONADA

EXTREMAMENTE MAL SELECIONADA

MODERADAMENTE SELECIONADA

54

Porm os sedimentos da praia apresentaram variao no grau de

seleo (grfico 4): 28% extremamente mal selecionado; 28% moderadamente

selecionado; 22% pobremente selecionado; e 22% muito bem selecionado. O

resultado extremamente mal selecionado e pobremente selecionado indicam que

ocorreu pouco transporte de sedimentos e que as partculas apresentam tamanhos

variados. J os sedimentos moderadamente selecionados e muito bem selecionados

sofreram ao hidrodinmica intensa; e as partculas apresentam tamanhos mais

selecionados.

Grfico 4- Amostras da praia classificadas segundo o grau de seleo de Folk e Ward

Fonte: Elaborado pela autora.

5.3 GRAU DE ASSIMETRIA

O grau de assimetria sugerido por Folk e Ward, o obtido pelo

afastamento do dimetro mdio da mediana obtido nesta equao:

Sk1 =16 + 84 - 2 50 /2( 84 - 16)+ 5 + 95 - 2 50 / 2( 95 5)

Onde Folk e Ward, sugerem uma escala qualitativa (SUGUIO, 1973):

Sk1 entre -1,00 e -0,30= assimetria muito negativa;

-0,30 e -0,10= assimetria negativa;

28%

28%

22%

22% EXTREMAMENTE MAL SELECIONADA

MODERADAMENTE SELECIONADA

POBREMENTE SELECIONADA

MUITO BEM SELECIONADA

55

-0,10 e + 0,10=aproximadamente simtrica;

+0,10 e +0,30= assimetria positiva;

+0,30 e +1,00= assimetria muito positiva.

Essa escala aponta valores negativos para as partculas grosseiras e

valores positivos para partculas mais finas. O grau de assimetria das amostras da

plataforma determinou que as amostras apresentaram 25% assimetria negativa,

24% assimetria muito negativa, 25% partculas aproximadamente simtricas, 21%

assimetria positiva e 5% de assimetria muito positiva. (grfico 5).

Grfico 5- Grau de assimetria dos sedimentos da plataforma

Fonte: Elaborado pela autora.

Os sedimentos da praia se caracterizaram com 45% assimetria negativa,

11% assimetria muito negativa, 22% fraes aproximadamente simtricas, 11%

assimetria muito positiva e 11% assimetria positiva. (grfico 6)

25%

25% 24%

21%

5%

ASSIMETRIA NEGATIVA

APROXIMADAMENTE SIMETRICA

ASSIMETRIA MUITO NEGATIVA

ASSIMETRIA POSITIVA

ASSIMETRIA MUITO POSITIVA

56

Grfico 6- Grau de assimetria dos sedimentos da praia

Fonte: Elaborado pela autora.

Assimetria muito negativa a negativa indica que as partculas grosseiras

que passaram por aes erosivas. A assimetria muito positiva e positiva revela

partculas finas que foram retidas no local devido presena de beach rocks. O

resultado, aproximadamente simtrico demonstra a existncia de partculas finas e

grosseiras em quantidades semelhantes. Os sedimentos retirados dos pepinos

mostraram assimetria muito positiva que equivale a sedimentos muito finos (lama).

5.4 CURTOSE

A curtose indica o grau de agudez dos picos nas curvas de distribuio de

frequncia e pode ser medida atravs da frmula proposta por Folk e Ward.

(SUGUIO, 1973). O clculo consiste em:

KG= 95 5 / 2,44( 75 5)

Os valores de curtose so classificados nesses limites:

45%

22%

11%

11%

11%

ASSIMETRIA NEGATIVA

APROXIMADAMENTE SIMETRICA

ASSIMETRIA MUITO NEGATIVA

ASSIMETRIA POSITIVA

ASSIMETRIA MUITO POSITIVA

57

KG menor que 0,67= muito platicrtica;

0,67 a 0,90 = platicrtica;

0,90 a 1,11 = mesocrtica;

1,11 a 1,50 = leptocrtica;

1,50 a 3,00 = muito leptocrtica;

KG maior que 3,00 = extremamente leptocrtica;

De acordo com os resultados da plataforma, 64% das amostras

apresentam curtose platicrtica. (grfico 7). Tambm houve representao, porm,

menos expressiva de 18% muito platicrtica e 15% mesocrtica.

Grfico 7- Curtose de amostras da plataforma

Fonte: Elaborado pela autora.

Os resultados da praia (grfico 8) revelaram curtose platicrtica (39%),

mesocrtica (28%), leptocrtica (28%) e muito leptocrtica(5%).

64%

18%

15%

2% 1%

PLATICURTICA

MUITO PLATICURTICA

MESOCURTICA

LEPTOCURTICA

MUITO LEPTOCURTICA

58

Grfico 8- Curtose de amostras da praia

Fonte: Elaborado pela autora.

As partculas que apresentaram curtose platicrtica so sedimentos mal

selecionados, caractersticos de um ambiente de energia moderada e com baixa

movimentao; ou ento, de acordo com Suguio (1973), ocorreu a mistura de

sedimentos vindos de ambiente de energia alta, que no sofreram muito desgaste,

para um ambiente de baixa energia. J fraes de curtose leptocrtica a muito

leptocrtica, so bem selecionadas e vindas de um ambiente de alta energia.

Os sedimentos retirados das holotrias e de algumas amostras do local

de estudo mostraram curtose mesocrtica, ou seja, indicam ambiente de energia

moderada.

5.5 CLASSIFICAO DE LARSONNEUR (DIAS/96)

A Classificao de Larsonneur (1977) adaptado por Dias (1996) para

condies brasileiras utilizada na classificao de sedimentos marinhos, terrgenos

e carbonticos (SOARES-GOMES; FIGUEIREDO, 2009).

O grfico abaixo (grfico 9) apresenta a classificao dos sedimentos da

plataforma de Bitupit pela Classificao de Larsonneur (adaptado por Dias 1996).

39%

28%

28%

5%

PLATICURTICA

MESOCURTICA

LEPTOCURTICA

MUITO LEPTOCURTICA

59

Com destaque para areia litobiocltica com cascalho (27%), cascalho litobioclstico

(26%) e cascalho biolitoclstico (22%).

Grfico 9- Classificao de Larsonneur (Dias/96), aplicada a sedimentos da plataforma continental de Bitupit

Fonte: Elaborado pela autora.

A classificao das amostras da praia revelou (grfico 10): areia

biolitoclstica fina a muito fina (33%), areia litoclstica fina a muito fina (22%), areia

litobioclstica fina a muito fina (11%) e areia litoclstica grossa a muito grossa (11%).

27%

26%

22%

5%

5%

5%

4%

2% 2%

2% AL2a Areia litobioclstica c/cascalho SL2b Cascalho litobioclstico

CB1b Cascalho biolitoclstico

AL2b Areia litobioclstica c/grnulos AL1a Areia litoclstica c/cascalho

SL1b Cascalho litoclstico

SL2a Cascalho litobioclstico

AL2e Areia litobioclstica fina a m.fina AB2e Areia bioclstica fina a m.fina CB2b Cascalho bioclstico

60

Grfico 10- Classificao de Larsonneur (Dias/96), aplicada a sedimentos da praia de Bitupit

Fonte: Elaborado pela autora.

Os resultados indicaram que os sedimentos da rea de estudo so

compostos por materiais terrgenos e marinhos.

Segundo classificao de Larsonneur (Dias/96), os sedimentos extrados

dos pepinos foram bioclsticas, referentes grande quantidade de conchas,

carapaas de animais e outros materiais carbonticos encontrados nos intestinos

desses animais.

5.6 MATRIA ORGNICA

A matria orgnica marinha formada primariamente de carbono,

oxignio, fsforo e enxofre, possuindo uma grande variedade de molculas, desde

hidrocarbonetos at cidos hmicos. (SOARES-GOMES; FIGUEIREDO, 2009).

Os teores de matria orgnica foram avaliados em escala de 0 a 100. As

amostram demonstraram baixos teores de matria orgnica, possuindo uma

33%

22%

11%

11%

6%

6%

6% 5%

AB1e Areia biolitoclstica fina a m.fina AL1e Areia litoclstica fina a m.fina AL2e Areia litobioclstica fina a m.fina AL1c Areia litoclstica grossa a m.grossa AB2e Areia bioclstica fina a m.fina AL1d Areia litoclstica mdia

AL2b Areia litobioclstica c/grnulos AL1b Areia litoclstica c/grnulo

61

concentrao mdia de 0,661 % na plataforma continental interna de Bitupit

(grfico 11) e de 0,546% na praia (grfico12).

Grfico 11- Teor de matria orgnica (M.O) nas amostras da plataforma rasa de Bitupit

Fonte: Elaborado pela autora.

Grfico 12- Teor de matria orgnica (M.O) nos sedimentos da praia de Bitupit

Fonte: Elaborado pela autora.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

PP

2

PP

4 P

P6

P

P8

P

P1

0

PP

12

P

P1

4

PP

16

P

P1

8

PP

20

P

P2

2

PP

24

P

P2

6

PP

28

P

P3

0

PP

33

P

P3

5

PP

37

P

P3

9

PP

41

P

P4

3

PP

45

P

P4

7

PP

49

P

P5

1

PP

54

P

P5

6

PP

58

P

P6

2

PP

64

Po

rce

nta

gem

Sedimentos da plataforma

M.O. % Linear (M.O. %)

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9

1

Po

rce

nta

gem

Amostras da praia

M.O. % Linear (M.O. %)

62

Na tabela a seguir, esto os sedimentos coletados entre os locais de

extrao do pepino do mar e o respectivo teor de matria orgnica de cada um.

Tabela 1- Concentrao de matria orgnica em sedimentos extrados dos locais de extrao do pepino

Concentrao de matria orgnica nos sedimentos

Amostra (M.O%)

P4 estirncio 0,317

P4 antepraia 0,352

PP35 0,421

PP42 0,774

PP57 1,655

PP58 0,968 Fonte: Elaborado pela autora.

A mdia da concentrao de matria orgnica dos locais de coletas das

holotrias foi de 0,748 e a mdia do teor de matria orgnica do intestino do pepino

revelou 1,821%. (grfico 13).

Grfico 13- Concentrao de matria orgnica (M.O%) em sedimentos do intestino de pepinos e teor de matria orgnica em amostras dos locais

prximos extrao dos animais

Fonte: Elaborado pela autora.

0,000

0,200

0,400

0,600

0,800

1,000

1,200

1,400

1,600

1,800

2,000

P4 estirncio

P4 Antepraia

PP35 PP42 PP57 PP58 Sed. do Intestino

do pepino

Po

rce

nta

gem

Sedimentos

M.O%

63

5.7 TEOR DE CARBONATO DE CLCIO

A quantidade do teor de carbonato de clcio das amostras da plataforma

alcanou a mdia de 46,22%. J os sedimentos da praia atingiram mdia de

38,38%. (grfico 14 e 15; e mapa 4).

Grfico 14- Concentrao de carbonato de clcio (C.A) em amostras da plataforma de Bitupit

Fonte: Elaborado pela autora.

Grfico 15- Concentrao de carbonato de clcio (C. A) nos sedimentos da praia

Fonte: Elaborado pela autora.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

PP

1

PP

4

PP

7

PP

10

PP

13

PP

16

PP

19

PP

22

PP

25

PP

28

PP

31

PP

35

PP

38

PP

41

PP

44

PP

47

PP

50

PP

54

PP

57

PP

62

PP

65

Po

rce

nta

gem

Sedimentos da plataforma

C.A Linear (C.A)

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Po

rce

nta

gem

Sedimentos da praia

C.A Linear (C.A)

64

Mapa 4- Concentraes de carbonato de clcio das amostras de Bitupit

Fonte: Elaborado pela autora.

65

Os pontos de onde foram encontrados os pepinos e os sedimentos

retirados do intestino da Holothuria grisea apresentaram concentrao acima de

50% (tabela 2; grfico 16) de carbonato de cl