universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo lato … · apresentação de monografia ao instituto...

83
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PREVENÇÃO E COMBATE À LAVAGEM DE DINHEIRO Por: Daniele Carvalho de Oliveira Orientador Profª. Ana Claudia Morrissy Rio de Janeiro 2011

Upload: others

Post on 18-Jun-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PREVENÇÃO E COMBATE À LAVAGEM DE DINHEIRO

Por: Daniele Carvalho de Oliveira

Orientador

Profª. Ana Claudia Morrissy

Rio de Janeiro

2011

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PREVENÇÃO E COMBATE À LAVAGEM DE DINHEIRO

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Finanças e Gestão Corporativa

Por: Daniele Carvalho de Oliveira

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

3

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela dádiva da vida e pelo

fortalecimento, sem os quais não

seguiria adiante. Aos professores e

colegas de curso pela troca de

experiências e conhecimentos.

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha tia Elza,

pelo apoio incondicional durante a maior

parte da minha vida.

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

5

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo conceituar a lavagem de dinheiro, bem como

abordar as práticas mais comuns desse crime. Informa sobre os meios de

prevenção e combate à lavagem de dinheiro. As informações apresentadas são

totalmente baseadas em estudo bibliográfico.

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

6

METODOLOGIA

A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, através do estudo das leis

vigentes sobre a lavagem de dinheiro, de livros sobre o tema e de material

disponibilizado nos sites de órgãos relacionados com o assunto.

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

O QUE É E NO QUE IMPLICA A LAVAGEM DE DINHEIRO? 10

CAPÍTULO II

LAVAGEM DE DINHEIRO: O “BRAÇO” FINANCEIRO DO CRIME 21

CAPÍTULO III

PREVENÇÃO E COMBATE À LAVAGEM DE DINHEIRO 32

CONCLUSÃO 39

ANEXO I 40

ANEXO II 65

BIBLIOGRAFIA 79

ÍNDICE 81

FOLHA DE AVALIAÇÃO 83

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

8

INTRODUÇÃO

Em todo o mundo, as atividades criminosas - como o narcotráfico, o

contrabando de armas, a corrupção e o tráfico de pessoas – têm movimentado

expressivas somas de dinheiro.

Esses recursos criam um mercado artificial, sem qualquer

compromisso com o crescimento e o desenvolvimento, que pela volatilidade e

pela associação ao crime, pode desestabilizar economias. Por outro lado, os

recursos de origem ilícita são, também, fontes de financiamento para outras

atividades criminosas, como o terrorismo. Cria-se um ciclo que se auto-

alimenta, potencializando os efeitos negativos e os riscos à sociedade.

Seguindo o direcionamento internacional, no Brasil, foi editada a Lei nº

9.613, de 04 de março de 1998, com a finalidade de implementar um

mecanismo de repressão ao crime de "lavagem de dinheiro". Os governos de

vários países vêm-se dedicando à questão, mobilizando pessoal das mais

diversas áreas, criando órgãos e assinando acordos, numa tentativa de coibir a

circulação nos seus sistemas financeiros de capital de origem criminosa. A

união das nações interessadas nesse desafio tem provocado alterações nas

suas legislações e nos seus procedimentos institucionais, permitindo um

melhor ataque às mais diversas e audaciosas modalidades de lavagem de

dinheiro.

A melhor forma de resguardar as instituições financeiras é tomar os

devidos cuidados para coibir este risco indesejado, orientando os profissionais

que trabalham nessas instituições, que tem a responsabilidade de seguir essas

regras de prevenção, de acordo com a legislação.

Fortalecendo a cultura de prevenção e combate à lavagem de dinheiro

nas instituições financeiras, tornar-se-á mais difícil para os criminosos realizar,

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

9

através dessas instituições, operações com o fim de dar uma aparência lícita a

recursos obtidos ilegalmente. E, sendo as instituições financeiras um dos

setores mais visados para a lavagem do dinheiro, a prevenção e o combate por

elas realizado pode contribuir para a redução dessa prática criminosa e de

outras mais, como o narcotráfico, o contrabando de armas, a corrupção, vez

que a lavagem de dinheiro é um pré-requisito para que os criminosos possam

usufruir impunes, dos recursos gerados pelo crime.

O problema apresentado neste trabalho consiste em entender como

ocorre e como combater o crime de lavagem de dinheiro, para isto, torna-se

necessário estudar os impactos causados e as formas de prevenção desse

crime, tendo por objetivos conceituar a lavagem de dinheiro, bem como abordar

as práticas mais comuns e informar sobre os meios de prevenção e combate.

Especificamente, apresentar o tema e suas implicações e conscientizar as

pessoas a cumprir seu papel enquanto cidadãos.

Este estudo baseia-se na hipótese de que se o crime de lavagem de

dinheiro origina-se de outras práticas criminosas, então depende de indícios

que comprovem a existência desses crimes antecedentes. A metodologia

utilizada é a pesquisa bibliográfica, através do estudo das leis vigentes sobre a

lavagem de dinheiro, de livros sobre o tema e de material disponibilizado nos

sites de órgãos relacionados com o assunto.

O presente trabalho está estruturado da seguinte forma: O primeiro

capítulo apresenta o conceito, aborda as etapas e tipologias, assim como os

impactos negativos da lavagem de dinheiro. O capítulo seguinte expõe as

atividades criminosas que antecedem a lavagem de dinheiro e apresenta as

principais entidades, setores e atividades mais visadas no processo, Por fim, o

terceiro capítulo dedica-se aos principais organismos e entidades que atuam a

fim de inibir a prática da lavagem de dinheiro no mundo e no Brasil.

Na conclusão são apresentadas algumas considerações julgadas importantes e

que foram tratadas ao longo dos capítulos.

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

10

CAPÍTULO I

O QUE É E NO QUE IMPLICA

A LAVAGEM DE DINHEIRO?

1.1 – Conceito

A expressão “Lavagem de Dinheiro” teve sua origem nos Estados

Unidos (Money Laundering). Acredita-se que ela tenha sido criada para

caracterizar o surgimento, por volta dos anos 20, de uma rede de lavanderias

que tinham por objetivo facilitar a colocação em circulação do dinheiro oriundo

de atividades ilícitas, conferindo-lhe a aparência de lícito (CASTELLAR, 2004).

A Lavagem de dinheiro é uma expressão que se refere a práticas

econômico-financeiras que têm por finalidade dissimular ou esconder a origem

ilícita de determinados ativos financeiros ou bens patrimoniais, de forma a que

tais ativos aparentem uma origem lícita ou a que, pelo menos, a origem ilícita

seja difícil de demonstrar ou provar, isto é, transformar dinheiro ”sujo” em

dinheiro aparentemente “limpo”.

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

11

1.2 – As etapas da Lavagem de Dinheiro

Os mecanismos mais utilizados no processo de lavagem de dinheiro

envolvem teoricamente três etapas independentes que, com freqüência,

ocorrem simultaneamente:

1.2.1 – Colocação

Na primeira etapa do processo, o criminoso introduz o dinheiro “sujo” no

sistema econômico mediante depósitos, compra de instrumentos negociáveis

ou compra de bens. O fracionamento dos valores que transitam pelo sistema

financeiro e a utilização de estabelecimentos comerciais que, normalmente,

trabalham com dinheiro em espécie são alguns dos artifícios dos quais os

criminosos se valem para dificultar a identificação da procedência do dinheiro.

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

12

Ainda que a lavagem de dinheiro possa ser efetuada em qualquer lugar,

há, evidentemente, uma preferência pelos países que possuem regras mais

permissivas e/ou um sistema financeiro considerado liberal. Outro aspecto

também considerado é o empenho das autoridades no controle das operações

financeiras: quanto menor a possibilidade de identificação e incriminação dos

envolvidos, melhor. De todo o processo, esta é a etapa que oferece mais risco

para os criminosos, tendo em vista a proximidade do dinheiro com as suas

origens.

1.2.2 – Ocultação

A ocultação é a etapa em que o rastreamento contábil dos recursos

ilícitos é dificultado. Neste ponto, o objetivo é interromper a seqüência de

evidências, no caso de a origem do dinheiro vir a ser investigada. O dinheiro é

movimentado eletronicamente: os ativos são transferidos para contas anônimas

ou depositados em contas “fantasmas”. Por razões óbvias, estas operações

são preferencialmente executadas em países que adotam leis de sigilo

bancário.

1.2.3 – Integração

Na integração ocorre a incorporação formal do dinheiro ao sistema

econômico. Este objetivo é alcançado através do investimento em ativos (lícitos

ou não) que, não raro, são um meio de facilitação da atuação dos criminosos,

como é o caso de sociedades prestadoras de serviços.

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

13

1.3 – Tipologias de Lavagem de Dinheiro

É por meio da lavagem de dinheiro que o indivíduo ou organização

criminosa processa os ganhos financeiros obtidos com atividades ilegais e

transforma os recursos monetários gerados pela atividade criminosa em

recursos aparentemente lícitos.

A sequência das três etapas da lavagem de dinheiro (colocação,

ocultação e integração) forma uma cadeia que permite, com facilidade, dar

aparência legítima ao dinheiro ilegalmente obtido. As operações realizadas e

os meios utilizados nesse processo para colocar, ocultar e integrar o dinheiro

são tão variados e articulados, que passaram a ser mencionados como

“tipologias” de lavagem de dinheiro.

Todas as tipologias têm como ponto em comum, o objetivo de dificultar

a detecção da origem ilegal dos recursos. São apresentadas a seguir algumas

dessas tipologias:

Empresa de Fachada – É uma entidade legal organizada que participa do

comércio legítimo. Esse comércio, no entanto, serve principalmente como

instrumento de lavagem de recursos obtidos de forma ilícita. A empresa de

fachada pode ser uma empresa legítima que mescla recursos ilícitos com sua

própria receita.

Empresa Fictícia – A empresa fictícia é aquela que só existe no papel.

Diferentemente da empresa de fachada, a empresa fictícia não participa do

comércio e toda a receita do negócio provém da atividade criminosa.

Estruturação – Um ou mais indivíduos conduzem, com os recursos ilegais,

múltiplas transações em uma ou mais instituições financeiras. Os grandes

volumes de dinheiro vivo gerados pela atividade criminosa são “estruturados”

ou divididos em valores inferiores ao limite estabelecido para comunicação da

operação. Estes recursos podem ser depositados, transferidos eletronicamente

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

14

ou usados para adquirir outros instrumentos monetários.

Mescla – O agente de lavagem mistura seus recursos ilícitos com os recursos

legítimos de uma empresa e depois apresenta o volume total como sendo a

receita proveniente da atividade legítima da empresa. A menos que a

instituição financeira suspeite de um problema na transação, torna-se difícil

para as autoridades detectarem a mescla de recursos.

Faturas Falsas de Importação e Exportação – Faturas de importação ou de

exportação são emitidas com valor superior ao da transação. A diferença é

paga, ou recebida, com valores de origem ilícita. A suposta operação de

importação, ou de exportação acoberta os recursos de origem criminosa.

Compra de “Prêmios” de Loterias – O dinheiro proveniente de atividades

ilícitas é utilizado para “comprar” os prêmios de loterias dos beneficiários

iniciais, por um valor superior ao que os beneficiários receberiam da entidade

responsável pelo sorteio. O indivíduo ou a organização criminosa efetua o

pagamento ao beneficiário inicial, utilizando-se de recursos ilícitos, e

posteriormente recebe da entidade responsável pelo sorteio o pagamento do

prêmio (origem lícita), justificando o aumento de seu patrimônio.

Compras de Ativos ou de Instrumentos Monetários – Ativos tangíveis -

como carros, barcos, aeronaves, imóveis, metais preciosos – ou instrumentos

monetários – ordens de pagamento, vales postais, cheques administrativos,

cheques de viagem, ações – são adquiridos mediante pagamento com dinheiro

em espécie, obtido por meio de atividades criminosas.

Contrabando de Moeda – O dinheiro é transportado fisicamente para outros

países, por meio de artifícios que permitam sua ocultação como, por exemplo,

acomodação em bolsas ou compartimentos secretos no meio de transporte

utilizado; mescla com recursos transportados em carros blindados; ocultação

em bens exportados (fogões, geladeiras, fornos de microondas etc.).

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

15

Cumplicidade de Agente Interno – Funcionário de instituições financeiras ou

empresariais é aliciado para facilitar a realização de transações com recursos

de origem ilícita. Em geral, o funcionário cúmplice executa operações não

permitidas pela instituição ou, ao contrário, deixa de cumprir procedimentos de

segurança determinados pela instituição e/ou pela lei, como, por exemplo,

identificar o depositante ou comunicar o indício de lavagem de dinheiro às

autoridades competentes.

Transferências Eletrônicas – Recursos ilícitos são transferidos, dentro do

próprio país ou para o exterior, através de transações eletrônicas disponíveis

na rede bancária. As transferências eletrônicas permitem, com facilidade e

rapidez, transferir grandes somas de dinheiro para um ou para múltiplos

titulares.

“Dólar a Cabo” – Operação de transferência de recursos do e para o exterior,

com a intermediação de casas de câmbio, doleiros e empresas de

transferência de numerário, sem que o dinheiro saia fisicamente do país de

origem.

Utilização de empresas do Estado, entidades públicas ou de economia

mista, para desvio de recursos estatais e públicos – O desvio de recursos é

feito através de documentos adulterados ou através da elaboração de contratos

irregulares com empresas privadas (reais ou de fachada). Pode ocorrer

também através da constituição de empresas privadas ou organizações sem

fins lucrativos que prestam os seus serviços, elaboram e executam projetos

para as entidades públicas. Essas empresas podem ser constituídas em nome

de familiares próximos ou de testas de ferro de funcionários com posição

elevada na entidade pública, os quais solicitam o serviço das mesmas,

observando os procedimentos legais.

Venda Fraudulenta de Imóveis – Imóveis são comprados com recursos de

origem ilícita, por valores oficialmente menores que os valores efetivamente

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

16

pago. A diferença entre o valor da transação e o valor declarado oficialmente é

paga com dinheiro em espécie. Na seqüência, a propriedade é vendida pelo

valor de mercado e o lucro aparentemente gerado é utilizado para justificar a

origem do dinheiro.

Utilização de Produtos de Seguradoras – Uma pessoa adquire bens com

dinheiro ilícito e faz o seguro por um determinado valor, pagando normalmente

os prêmios (mensalidades) do seguro. Às vezes, o valor segurado é

aumentado por meio de endosso à apólice. Posteriormente é simulado um

sinistro e a seguradora paga o valor pelo qual foi segurado o bem. O

beneficiário do seguro recebe o pagamento da seguradora (origem lícita),

mescla esse valor com outros recursos de origem ilícita e justifica a origem do

dinheiro como recebimento de sinistro.

1.4 – Os impactos negativos

A lavagem de dinheiro acarreta perdas sob vários aspectos, como os

seguintes.

1.4.1– Distorções econômicas

Em geral, quem “lava” dinheiro não visa, primordialmente, ao lucro.

Quando realiza algum investimento, seu interesse é o de proteger os

rendimentos da atividade criminosa e disfarçar sua origem ilícita. Por isso, os

fundos podem ser colocados em atividades ineficientes, o que prejudica o

crescimento da economia como um todo (mesmo que não seja raro encontrar,

entre os vários negócios de quem “lava” dinheiro, atividades legítimas que se

sustentam a si próprias).

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

17

O prejuízo ao desenvolvimento do setor privado decorre do fato de as

decisões de investimento não decorrerem de uma motivação econômica

normal, visando apenas misturar o rendimento da atividade ilícita com dinheiro

legítimo. Em razão disso, quem lava dinheiro oferece produtos a preços

inferiores aos de mercado, ou até mesmo inferiores ao custo de fabricação,

prejudicando enormemente a concorrência (em especial, os negócios que

cumprem com suas obrigações tributárias, trabalhistas e sociais).

O crescimento de atividades criminalmente organizadas no setor privado

apresenta efeitos macroeconômicos negativos em longo prazo. Essa

instabilidade monetária pode causar um deslocamento irremediável de

recursos pela distorção dos preços dos ativos e das mercadorias.

Mais ainda: a lavagem de dinheiro pode trazer modificações

inexplicáveis na demanda de dinheiro, e uma maior volatilidade dos fluxos de

capital internacional, das taxas de juros e das taxas de câmbio, devidas às

movimentações transfronteiriças inesperadas de moeda.

Ou seja, a lavagem de dinheiro pode resultar em instabilidade, perda do

controle e distorção econômica, tornando mais difícil a implementação das

políticas econômicas dos Estados.

1.4.2 – Risco à integridade e à reputação do sistema financeiro

Problemas de liquidez e de corrida aos bancos podem ocorrer quando

grandes somas de dinheiro “lavado” chegam às instituições financeiras ou

delas rapidamente desaparecem. Esses movimentos, é claro, não são

determinados por fatores de mercado. Em realidade, a lavagem de dinheiro

pode provocar a quebra de bancos ou de outras instituições, além de crises

financeiras.

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

18

Além disso, a lavagem de dinheiro pode manchar a reputação e a

confiabilidade de uma instituição financeira (como ocorre, por exemplo, quando

se torna público que um determinado banco se presta a grandes operações de

lavagem de dinheiro). Os prejuízos são perfeitamente mensuráveis quando, em

razão do envolvimento com esse tipo de atividade, a instituição vem a sofrer

penalidades, tais como a imposição de pesadas multas, a inabilitação

temporária ou a cassação de autorização para operação ou funcionamento.

A partir do momento em que isso acontece, os efeitos prolongam-se para

além do setor, afetando advogados, contadores e outros profissionais. Essa

reputação negativa pode provocar a diminuição das oportunidades profissionais

lícitas e a atração das atividades criminosas, resultando em efeitos negativos

para o desenvolvimento econômico de um país na economia global.

O Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, apesar de terem

missões fundamentalmente diferentes, trabalham em conjunto em todas as

suas iniciativas relativas à prevenção e à repressão da lavagem de dinheiro e

do financiamento do terrorismo. As Direções Executivas dessas instituições

reconheceram, em abril de 2001, que a lavagem de dinheiro é um problema

que preocupa o mundo inteiro e afeta tanto os principais mercados financeiros

quanto aqueles de menor expressão.

O Banco Mundial identifica, na lavagem de dinheiro, efeitos econômicos,

sociais e políticos potencialmente devastadores para os países em vias de

desenvolverem as economias nacionais.

O Fundo Monetário Internacional, por seu turno, considera que a

lavagem de dinheiro apresenta uma vasta gama de conseqüências

macroeconômicas. Essa instituição afirma que a comunidade internacional

tornou prioritária a luta contra a lavagem de dinheiro e o financiamento do

terrorismo.

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

19

Entre os objetivos de seus esforços estão a proteção da integridade do

sistema financeiro internacional, o corte dos recursos disponíveis para os

terroristas e o aumento da dificuldade para os criminosos lucrarem com seus

crimes. O FMI está especialmente preocupado com as possíveis

conseqüências da lavagem de dinheiro na economia dos países em razão dos

riscos à saúde e à estabilidade das instituições financeiras e dos sistemas

financeiros; do aumento da volatilidade dos fluxos de capital internacional; das

mudanças imprevisíveis na procura de dinheiro; e do aumento das taxas de

câmbio como conseqüência do volume imprevisto de transferências

transnacionais.

1.4.3 – Diminuição dos recursos governamentais

A normal fonte de recursos governamentais é a arrecadação de

impostos - a lavagem de dinheiro e a sonegação fiscal estão intimamente

relacionadas, mas seus processos diferem. A sonegação fiscal, normalmente,

significa a ocultação de receita legal, ao passo que a lavagem de dinheiro faz

exatamente o oposto: oculta receita ilegal. Na verdade, quem “lava dinheiro”

pode chegar a declarar receita maior do que a efetivamente havida por um

negócio legítimo, a fim de adicionar a esta os rendimentos de uma atividade

criminosa, mesmo que, em razão disso, pague mais impostos. Normalmente,

contudo, a lavagem de dinheiro dificulta a arrecadação de impostos e diminui a

receita tributária porque as transações a ela relacionadas ocorrem na economia

informal (ou ilegal), o que, em último caso, prejudica a quem paga

corretamente seus tributos.

1.4.4 – Repercussões socioeconômicas

Se não for satisfatoriamente enfrentada, a lavagem de dinheiro

possibilita o crescimento do crime em geral, o que traz maiores problemas

sociais e aumenta os custos implícitos e explícitos do sistema penal como um

todo (abrangendo, inclusive, os órgãos de polícia e de segurança pública).

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

20

A lavagem de dinheiro reforça a impunidade, pois permite àquele que

praticou um delito usufruir do proveito ilicitamente obtido, ao mesmo tempo em

que se capitaliza para refinanciar novas atividades criminosas. Reprimir a

lavagem de dinheiro significa, portanto, atacar as conseqüências do crime que

gera lucros.

Existe um claro elo entre a lavagem de dinheiro e a corrupção:

freqüentemente, funcionários de bancos, de seguradoras e de outras

instituições financeiras são cooptados para possibilitarem a prática das

operações que instrumentalizam o delito. Essa corrupção afeta a confiança do

mercado financeiro e se estende a outras formas de criminalidade, como a

fraude e a extorsão. Mas a corrupção não se limita à esfera privada: grande

parte do dinheiro público, necessário para a economia de países em

desenvolvimento, acaba parando em contas bancárias, localizadas em

importantes centros financeiros do mundo todo. Assim, a lavagem de dinheiro

pode ser responsável pelo aumento dos níveis de pobreza da população de um

país.

Considerando que os países mais pobres são mais vulneráveis ao

crime organizado, pode-se afirmar que os efeitos socioeconômicos da lavagem

de dinheiro são potencializados nos mercados emergentes.

Quando se tem em conta a altíssima rentabilidade de crimes como, por

exemplo, o tráfico de drogas (que lucra com a miséria humana - a dependência

química de jovens cidadãos); as fraudes praticadas contra os cofres da

Previdência e da Assistência Social (em prejuízo de milhares de beneficiados e

de segurados); os desvios de recursos públicos, destinados a programas

sociais, obtidos por meio da corrupção de agentes públicos; os crimes contra o

sistema financeiro (erodindo instituições bancárias, os investimentos e a

poupança popular); e tantos outros efeitos deletérios dessa criminalidade -

aumento da violência urbana, descrédito das instituições públicas - não parece

difícil relacionar o dinheiro obtido com esses crimes ao indivíduo e à sociedade.

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

21

CAPÍTULO II

LAVAGEM DE DINHEIRO:

O “BRAÇO” FINANCEIRO DO CRIME

2.1 – Atividades criminosas

A lavagem de dinheiro é sempre precedida de alguma atividade ilícita,

por meio da qual os recursos foram obtidos. É uma etapa no processo de

atividades criminosas, na medida em que viabiliza a utilização dos recursos

obtidos ilicitamente. Ao mesmo tempo, retroalimenta um ciclo criminoso, vez

que oferece possibilidades para movimentar os recursos necessários para

financiar outras atividades ilícitas, como é o caso, por exemplo, do crime

organizado.

A prevenção e o combate o crime de lavagem de dinheiro podem auxiliar

no combate aos crimes de tráfico de armas, tráfico de drogas, extorsão

mediante sequestro, corrupção e outros, na medida em que dificultam a

movimentação dos recursos obtidos com as atividades criminosas.

As atividades criminosas, que mantêm estreita relação entre o crime de

lavagem de dinheiro, são as seguintes:

2.1.1 – Tráfico de Armas

Após o advento da Convenção de Viena, que em 1988 marcou o início

da articulação mundial contra a lavagem do dinheiro oriundos das drogas

ilícitas no sistema financeiro, percebeu-se que as máfias, além do ganho com

as drogas ilícitas, “lavavam”, por meio de instituições financeiras, capitais de

outras origens ilícitas, como por exemplo, o obtido com o tráfico de armas de

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

22

fogo.

Armas pequenas ilegais em circulação podem ter entrado no mercado

legalmente, num primeiro momento. No mundo inteiro, há tantas armas leves

ou pequenas nas mãos de civis, quanto nas mãos dos Estados. Estima-se que,

a cada ano, centenas de milhares destas armas são roubadas, ingressando

assim em mercados ilegais.

São quatro os principais caminhos para que as armas saiam da

ilegalidade e alimentem o mundo do crime: o roubo, o desvio feito por membros

de forças policiais e militares, o grande tráfico e o chamado tráfico “formiga”

(em pequenas quantidades).

Há similaridades e diferenças entre o mercado ilícito de armas e o

mercado ilícito de drogas. Ambos, traficantes de armas e de drogas, usam uma

variedade de rotas e métodos para transportar o contrabando através de

fronteiras internacionais. Nas duas situações, os contrabandistas envolvidos

são sofisticados empreendedores internacionais que se tornaram peritos em

frustrar as tentativas de controle estatal.

Entretanto, diferentemente do tráfico de drogas, onde todo o processo é

ilegal, incluindo a produção, transporte, venda, compra e consumação, o

comércio de armas pode realizar-se em situação legalizada. Este fato permite a

muitos comerciantes de armas trabalharem nos dois lados da lei, vendendo

armas no mercado legal, quando possível, e partindo para rotas ilegais, quando

as normas do Estado tornam as vendas legais difíceis ou impossíveis.

2.1.2 – Tráfico de Drogas Ilícitas

A discussão sobre drogas ilícitas é complexa e envolve dimensões

geopolíticas. Do ponto de vista das Nações Unidas, um importante marco foi a

convenção realizada em Viena, no ano de 1988, quando os Estados Membros

concordaram em compartilhar a responsabilidade de buscar soluções efetivas

para o crescente problema de produção, tráfico e uso de substâncias ilícitas.

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

23

Para o Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime – UNODC,

alguns aspectos precisam ser ressaltados ao se relacionar a indústria da droga

ilícita com a violência:

• O narcotráfico representa uma violência para o Estado

democrático, pois a indústria da droga tem a habilidade de

financiar campanhas eleitorais e a corrupção, assim como o

terrorismo e o crime organizado. O narcotráfico também distorce o

clima favorável a investimentos e as bases de todas e qualquer

política macroeconômica. A desestabilização do Estado é

normalmente a mais séria conseqüência da existência de uma

indústria da droga significativa em um país;

• A sociedade civil também é desestabilizada com a violência

gerada pelo narcotráfico. Esta situação está associada ao

crescimento no nível de criminalidade, à corrupção e à falta de

compromisso com a lei;

• O uso abusivo de drogas ilícitas, seja em países desenvolvidos ou

em desenvolvimento, cria problemas adicionais para a sociedade,

afetando a saúde, a produtividade e a educação das

comunidades, além de promover o aumento da violência e a

desintegração familiar.

De maneira geral, o narcotráfico está distribuído em três níveis,

considerando parâmetros de criminalidade e violência associados:

• Nível inferior: gangues que compram, estocam e distribuem

drogas. Essas gangues são compostas, principalmente, por

jovens entre 10 e 24 anos de idade, e dominam seus territórios

porque estão fortemente armadas. Seus integrantes são

normalmente da própria comunidade e por isso acabam sendo

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

24

protegidos pela chamada “lei do silêncio”.

• Nível médio: empresários da economia informal que trocam bens

roubados por drogas, armas e contrabando. A maioria dessas

operações não envolve dinheiro vivo. Nessa categoria também

estão incluídos o desmonte de carros e a venda de peças de

segunda mão roubadas, CDs e passaportes falsificados, entre

outros;

• Nível sofisticado: criminosos e parceiros influentes em nível

nacional, regional e internacional que negociam grandes

quantidades de drogas e armas e desviam produtos químicos

para fabricar substâncias ilícitas. Também envolve corrupção de

políticos e funcionários públicos graduados e lavagem de dinheiro

(reciclam o dinheiro obtido com a venda de drogas por meio de

técnicas diversas).

2.1.3 – Extorsão mediante Sequestro

O sequestro é um crime praticado mediante emprego obrigatório de

violência. Não há sequestro sem violência, nem extorsão mediante sequestro

sem que a integridade física e a própria vida do seqüestrado corram sério

perigo.

Na modalidade clássica, o sequestrado fica mantido em cativeiro por

tempo variável até o pagamento do resgate. Nessa modalidade, pessoas

próximas à vítima, geralmente familiares, são contatadas pelos criminosos para

viabilizar o pagamento do resgate.

Na modalidade de sequestro-relâmpago, a vítima é rendida e obrigada

a fornecer as senhas de cartões bancários, por exemplo, para efetuarem

saques em caixas eletrônicos; condição para a libertação da vítima. A vítima

fica em poder dos criminosos por algumas horas, durante a ação dos

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

25

criminosos nos caixas eletrônicos dos bancos.

Uma pesquisa realizada em 2006 no Instituto de Psiquiatria do Hospital

das Clínicas da FMUSP, com pessoas que tiveram alterações psíquicas após

um dos dois tipos de sequestro, revelou que praticamente em todas as pessoas

analisadas o grau de estresse foi qualificado entre moderado e severo, com a

mesma intensidade em homens e mulheres, independentemente de terem

sofrido sequestro de cativeiro ou sequestro-relâmpago.

Os efeitos das duas modalidades desse crime puderam ser verificados

não apenas no sequestrado, que é vítima primária, mas também nos familiares

e pessoas próximas.

2.1.4 – Corrupção

A corrupção é um desvio de conduta, de ordem criminosa, praticado

por agente público, que procura obter benefício indevido em detrimento do

interesse coletivo. Há estreita ligação da corrupção com o poder. O benefício

pode ser dinheiro, influência, projeção, tratamento especial.

Os recursos públicos desviados, que deveriam ser investidos em ações

sociais, traz inconvenientes sociais extremamente graves, já que a escassez

de recursos públicos, ocasionada pela ação dos corruptos, é fator determinante

no nível de desenvolvimento humano.

A corrupção possibilita que criminosos se utilizem de agentes públicos

para facilitar a prática de outros crimes, como o tráfico de drogas e de armas.

É consenso entre os especialistas que o combate à corrupção passa

pela conscientização e engajamento dos membros da sociedade, com o auxílio

de mecanismos, tais como: acompanhamento de seus representantes,

desconcentração de poder, utilização da mídia como instrumento de

fiscalização e controle, exigência de transparência em todos os procedimentos,

punição, pelas instituições competentes, com penas pesadas.

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

26

2.2 - Entidades, Setores e Atividades mais Visados no

Processo de Lavagem de Dinheiro

Tendo em vista o seu alto poder aquisitivo, as organizações criminosas

podem dispor de profissionais e serviços altamente qualificados nas mais

diversas áreas de atuação. Deste modo, conseguem ter acesso, também, ao

que há de mais moderno e sofisticado em termos de informação e tecnologia. A

combinação destes fatores lhes garante, entre outros benefícios, uma

diversidade de opções de investimentos, as quais, freqüentemente, envolvem

mais de um setor econômico.

O combate à “Lavagem de Dinheiro” tem mostrado que determinados

tipos de entidades, setores e atividades são mais visados pelos criminosos em

razão de algumas particularidades, tais como: complexidade de operações;

rapidez de decisões; controle fraco ou insuficiente de negociações, bem como

das partes envolvidas; falta de registro de operações; alto índice de liquidez;

subjetividade na avaliação de bens etc.

2.2.1- Instituições Financeiras

No Brasil, as instituições financeiras, que representam, em seu

conjunto, um dos setores mais visados pelas organizações criminosas para a

realização de operações de lavagem de dinheiro, são controladas pelo Banco

Central do Brasil (BACEN).

As novas tecnologias que não param de surgir e a globalização de

serviços financeiros viabilizam a circulação de dinheiro com velocidades até

então nunca vivenciadas, geralmente envolvendo transações complexas,

dentre as quais podemos destacar a incessante busca por taxas de juros mais

atraentes, a compra e venda de divisas e ativos, bem como as operações de

empréstimo e financiamento e operações internacionais de mútuo.

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

27

2.2.2- Paraísos Fiscais

Os chamados “paraísos fiscais” são países ou dependências que, por

não tributarem a renda, ou por tributarem-na à alíquota inferior a 20% ou,

ainda, por possuírem uma legislação que garante o sigilo relativo à composição

societária de pessoas jurídicas ou à sua titularidade, oferecem oportunidades

atraentes e vantajosas para a movimentação de recursos.

De modo análogo aos “paraísos fiscais”, os “paraísos jurídicos”

também disputam a preferência dos adeptos da lavagem de dinheiro. Trata-se

de países que: descumprem a execução de cartas rogatórias e, com isso,

impedem o envio de informações relevantes para subsidiar processos; não se

interessam por assinar ou ratificar acordos bilaterais e multilaterais facilitadores

do compartilhamento de informações relevantes; não se dispõem a assinar ou

ratificar tratados de extradição (KLINKE, 2004).

2.2.3- Centros Off-Shore

Os chamados “centros off-shore” são centros bancários extraterritoriais

não submetidos ao controle das autoridades administrativas de nenhum país,

sendo, portanto, isentos de qualquer tipo de controle.

Os centros off-shore compartilham com os paraísos fiscais a idéia de

representarem uma finalidade legítima e uma certa justificação comercial,

embora estejam envolvidos diretamente nos principais casos de lavagem de

dinheiro descobertos nos últimos anos envolvendo organizações criminosas na

execução de manobras ilegais.

2.2.4- Bolsas de Valores

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

28

O mercado de valores mobiliários compreende um conjunto de

instituições e instrumentos que possibilita a transferência de recursos entre

tomadores (empresas) e aplicadores (poupadores), visando a compatibilização

de seus objetivos. Sua função básica é proporcionar liquidez aos títulos de

emissão de companhias abertas e viabilizar seu processo de capitalização.

As operações de compra e venda de ações não se dão diretamente

nas Bolsas de Valores, mas sim por intermédio de Corretoras de Títulos e

Valores Mobiliários. A constituição e o funcionamento destas entidades

dependem de autorização do Banco Central do Brasil, a qual está condicionada

à admissão da corretora como membro de bolsa de valores e à sua aprovação

pela Comissão de Valores Mobiliários.

Em razão de, geralmente, não conhecerem seus clientes, as

Corretoras, no exercício regular das atividades que lhes são próprias, acabam,

muitas vezes, negociando títulos em prol de organizações criminosas, sem

sabê-lo.

As distribuidoras de títulos e valores mobiliários podem ser constituídas

sob a forma de sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada,

sendo obrigatório, em todos os casos, o uso da expressão “Distribuidora de

Títulos e Valores Mobiliários” em sua denominação social. De modo análogo às

corretoras, sua constituição e funcionamento dependem de autorização do

Banco Central do Brasil, mas a concessão da autorização para o exercício de

atividades no mercado de valores mobiliários compete à Comissão de Valores

Mobiliários.

As condições favoráveis à realização de operações de lavagem de

dinheiro proporcionadas pelas Bolsas de Valores envolvem: o alto índice de

liquidez dos papéis negociados, a realização das operações através de

corretores, a grande competitividade entre os corretores, a realização de

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

29

negócios com características internacionais, o curto espaço de tempo em que

as transações com os papéis podem ser realizadas.

2.2.5 - Companhias Seguradoras

Outro setor vulnerável às operações de lavagem de dinheiro é o das

Companhias Seguradoras, seja em relação aos acionistas dessas companhias,

seja em relação aos segurados, subscritores, participantes e intermediários. Os

acionistas de uma Seguradora podem deliberar pela realização de

determinados investimentos voltados para a viabilização de operações de

lavagem de dinheiro; os segurados podem apresentar avisos de sinistros falsos

ou fraudulentos visando também a lavagem de dinheiro; os subscritores e

participantes podem transferir a propriedade de títulos de capitalização,

promover a inscrição de pessoas inexistentes ou falecidas como “laranjas” em

planos de previdência privada e assim por diante.

2.2.6 - Mercado Imobiliário

A ausência de controle sobre o mercado imobiliário o torna bastante

frágil, facilitando a ação de organizações criminosas que visam a lavagem de

dinheiro. Nesse setor, sempre dando preferência para transações em espécie,

os criminosos realizam diversas operações de compra e venda de imóveis (na

maioria das vezes com valores inflacionados) e também criam falsas

especulações imobiliárias, agindo sempre de forma criativa e dinâmica,

dificultando bastante a detecção de eventuais ilegalidades.

Visando coibir a prática da lavagem de dinheiro via atividades de promoção

imobiliária ou compra e venda de imóveis, surgiu a Resolução 001 do COAF

(Conselho de Controle de Atividades Financeiras), de 13 de abril de 1999,

determinando que as pessoas jurídicas que exerçam atividades no mercado

imobiliário mantenham cadastros para a identificação de seus clientes e de

todos os participantes envolvidos em tais tipos de transações.

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

30

2.2.7- Jogos de Azar e Sorteios

As agências lotéricas, casas de bingo, cassinos e afins são entidades

que também propiciam condições para a lavagem de dinheiro por parte das

organizações criminosas, em especial por movimentarem quantias

consideráveis em suas operações. Tais organizações lançam mão de técnicas

de premiação manipulada e realizações de grandes apostas em determinadas

modalidades de jogo.

No caso das loterias, o verdadeiro ganhador da aposta é convencido

por algum integrante do esquema ou pelo próprio dono da lotérica a vender o

seu bilhete premiado por um valor maior que o anunciado. O comprador do

bilhete se apresenta para receber o dinheiro e, por ser o premiado “oficial”,

pode declarar o montante recebido na Declaração de Imposto de Renda. Deste

modo, o eventual aumento de patrimônio de uma pessoa (física ou jurídica)

oriundo de atividades ilícitas pode ser atribuído à premiação.

2.2.8- Internet e Comércio Eletrônico

A legislação brasileira, em especial a Lei 9.613/98, não incluiu as

operações efetuadas eletronicamente, em especial as operações financeiras e

o comércio eletrônico efetuados via Internet, entre os ramos da economia

considerados vulneráveis à prática da reciclagem de dinheiro.

Nem sempre a lei acompanha as mudanças da sociedade, criando,

assim, um sistema onde não se identifica a completude da norma jurídica.

Sabe-se, entretanto, que a realidade difere da teoria, e, desta forma, a falta de

regulamentação acerca de determinado assunto, provoca insegurança no

Estado de Direito, e consequentemente na sociedade, que acaba sendo a

principal vítima da lei não ser tão abrangente.

A inexistência de regulamentação específica prevendo os pormenores

das operações de comércio eletrônico, principalmente no que se refere à

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

31

responsabilidade das empresas que promovem a possibilidade de se adentrar

na Internet, gera um campo de atuação perfeito às organizações criminosas,

considerando que o anonimato é a forma preferida para a realização das

condutas injustas. O sempre crescente comércio on-line viabiliza que

determinadas empresas prestadoras de serviço atuem diretamente na Internet,

disponibilizando seus serviços e permitindo uma troca quase que anônima,

pois, geralmente, o que se requer dos usuários-compradores, para consumar

uma venda, se limita ao número do Cartão de Crédito.

2.2.9 - Alternativas para “Lavar Dinheiro”

Além dos setores, atividades e entidades mencionados nos itens

anteriores, o comércio internacional de obras de arte, antigüidades, jóias,

metais e pedras preciosas requer atenção constante e minuciosa do Estado,

pois se tem mostrado uma alternativa bastante interessante para os criminosos

lavarem dinheiro. A principal razão disso são as altas quantias envolvidas e a

relativa facilidade de comercialização desses objetos. Acrescente-se, ainda,

certa subjetividade na valoração destes e a possibilidade de utilização de

inúmeros instrumentos financeiros nas transações, os quais, em muitos casos,

asseguram o anonimato (COAF, 1999).

As empresas prestadoras de serviços também têm sido muito utilizadas

pelas organizações criminosas para lavar dinheiro, são as chamadas

“empresas de fachada”. Em parte, esta “preferência” pode ser atribuída à não

existência de estoque a ser controlado, o que facilita a justificação de entrada e

saída de recursos na empresa, ao mesmo tempo em que cria uma certa

dificuldade de controle para os fiscais.

A percepção de que há muito mais tipos de empresas, atividades e

profissionais que devem ser submetidos a uma fiscalização mais rigorosa do

Estado vem crescendo em todo o mundo.

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

32

CAPÍTULO III

PREVENÇÃO E COMBATE À LAVAGEM DE DINHEIRO

3.1 – No Mundo

A preocupação dos organismos internacionais em relação à prevenção

e ao combate à lavagem de dinheiro tem aumentado nos últimos anos devido

ao crescimento dessa prática.

Organizações internacionais, como o GAFI – Grupo de Ação Financeira

sobre a Lavagem de Dinheiro, têm desenvolvido e promovido políticas para

combater a lavagem de dinheiro. Essas organizações têm também atuado

como uma espécie de órgãos fiscalizadores, avaliando as medidas tomadas

pelos países para combater e prevenir a lavagem de dinheiro em todo o

mundo.

O tema da lavagem de dinheiro, embora conhecido desde a década

de 80, difundiu-se por intermédio de conferências internacionais quando a

preocupação com os aspectos práticos do combate a esse crime começou a se

materializar de forma mais ampla, no início dos anos 90. Desde então, diversos

países têm tipificado o crime de lavagem de dinheiro e criado agências

governamentais responsáveis pelo combate. Essas agências são conhecidas

mundialmente como Unidades Financeiras de Inteligência – FIU (Financial

Intelligence Unit), e suas ações estão em linha com os procedimentos adotados

pela Convenção de Viena.

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

33

3.1.1 - Convenção de Viena

Firmada em 1988, na Áustria, pelas Nações Unidas a “Convenção

contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e de Substâncias Psicotrópicas”. Foi o

primeiro instrumento jurídico internacional a classificar a lavagem de dinheiro

como crime. A partir de então, os países signatários da convenção de Viena se

comprometeram a tipificar o crime de lavagem de dinheiro. Por isso, a

Convenção de Viena é considerada um marco fundamental para prevenção e

combate ao crime de lavagem de dinheiro, em âmbito internacional.

3.1.2 - CICAD

Comissão Interamericana para o Controle do Abuso de Drogas. Criada

com o objetivo de desenvolver uma estratégia hemisférica de combate ao

narcotráfico. Objetiva implementar planos e programas para fortalecer os

esforços nacionais no combate ao tráfico de drogas e às atividades criminosas,

entre as quais, também a lavagem de dinheiro.

3.1.3 - UNODC

United Nations on Drugs and Crime (Escritório da Organização das

Nações Unidas sobre Drogas e Crimes) é responsável por auxiliar países

membros da ONU no combate aos crimes relacionados a drogas ilícitas, aos

crimes internacionais e ao terrorismo. O UNODC dá especial atenção ao crime

de Lavagem de Dinheiro, possuindo um programa de combate à lavagem de

dinheiro auxiliando os países na criação de mecanismos e de legislação

específica para combater esse crime.

3.1.4 - GAFI/FATF

Grupo de Ação Financeira sobre Lavagem de Dinheiro (GAFI) ou

Financial Action Task Force (FATF), criado em 1989 pelos 7 países mais ricos

do mundo (G7) no âmbito da Organização para a Cooperação e

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

34

Desenvolvimento Econômico (OCDE) com a finalidade de examinar,

desenvolver e promover políticas de combate à lavagem de dinheiro. Em 1990,

o GAFI/FATF publicou as “40 recomendações” com o intuito de estabelecer

ações a serem seguidas pelos países imbuídos do propósito de combater o

crime de lavagem de dinheiro. Em 1996, as 40 recomendações (ANEXO I)

foram revisadas a fim de que pudessem refletir as tendências atuais do crime

de lavagem e potenciais ameaças futuras.

3.1.5 - Grupo de Egmont

É um organismo internacional informal, criado por iniciativa da Unidade

Financeira de Inteligência belga (CTIF) e norte-americana (FINCEN) para

promover, no âmbito mundial, a troca de informações, o recebimento e o

tratamento de comunicações suspeitas relacionadas à Lavagem de Dinheiro,

provenientes dos outros organismos financeiros.

Segundo a definição do Grupo de Egmont, a Unidade Financeira de

Inteligência (FIU) é a: “agência nacional, central, responsável por receber (e

requerer), analisar e distribuir às autoridades competentes, as denúncias sobre

as informações financeiras com respeito a procedimentos criminosos conforme

legislação ou normas nacionais para impedir a lavagem de dinheiro”.

A principal função de uma FIU é estabelecer um mecanismo de

prevenção e controle do delito de lavagem de dinheiro através da proteção dos

setores financeiros e comerciais passíveis de serem utilizados em manobras

ilegais. Essas unidades podem ser de natureza judicial, policial, mista

(judicial/policial) ou administrativa.

As FIU, em sua maioria, orientam-se de acordo com as

recomendações contidas no Plano de Ação Contra Lavagem de Dinheiro:

• A adoção de legislação e programas nacionais para conter a lavagem de

dinheiro até o ano 2003;

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

35

• Adesão às diretrizes contra lavagem de dinheiro e assuntos correlatos

contidos na Convenção de Viena;

• Maior cooperação internacional e judicial em casos envolvendo lavagem

de dinheiro;

• Inclusão da lavagem de dinheiro como crime em acordos de assistência

legal mútua;

• Estabelecimento de um regime efetivo de regulação financeira que

impeça os criminosos e seus recursos ilícitos de penetrarem no sistema

financeiro;

• Criação de procedimentos de identificação e verificação que apliquem o

conceito Know Your Customer;

• Superação dos obstáculos que o sigilo bancário impõe, dificultando a

investigação e a punição da lavagem de dinheiro;

• Assistência contínua às instituições, organizações e entidades

comprometidas com o controle da lavagem de dinheiro, principalmente

por meio do oferecimento de programas de treinamento e cooperação

técnica.

O Brasil também tem sua Unidade Financeira de Inteligência (FIU) que

é o COAF – Conselho de Controle das Atividades Financeiras. O COAF optou

pelo modelo administrativo.

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

36

3.2 – No Brasil

Influenciado pelo movimento internacional em torno da prevenção e

combate à lavagem de dinheiro e em virtude de ter assumido compromisso

junto à Convenção de Viena de 1988, ratificado pelo Decreto n.º 154, de

26.06.91, o Brasil editou a Lei 9.613, em 3 de março de 1998, que: a) tipifica os

crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; b) dispõe sobre a

prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos previstos na lei; c)

cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF).

Fica evidente que, em face do tempo decorrido entre o compromisso

assumido e a edição da Lei, a postura do Brasil tem uma conotação bastante

reativa aos acontecimentos, visto que as ações para criminalizar a lavagem de

dinheiro poderiam ter sido implementadas bem antes de 1998.

3.2.1 - Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF

A Lei 9.613/98, além de tipificar o crime de “lavagem de dinheiro”,

criou, no âmbito do Ministério da Fazenda, o Conselho de Controle de

Atividades Financeiras - COAF. Sua organização e funcionamento estão

definidos em Estatuto aprovado pelo Decreto Presidencial n° 2.799, de 8 de

outubro de 1998.

Trata-se de um órgão de deliberação coletiva, com jurisdição em todo o

território nacional, sediado no Distrito Federal, autorizado a manter núcleos

descentralizados que lhe assegurem uma atuação mais eficiente em todo o

país. Suas finalidades são: disciplinar, aplicar penas administrativas, receber,

examinar e identificar as ocorrências suspeitas de atividades ilícitas previstas

na sua Lei de criação, sem prejuízo da competência de outros órgãos e

entidades.

Na falta de órgão/entidade reguladora ou fiscalizadora para tornar

exeqüíveis as determinações constantes do art. 10 da Lei 9.613/1998 -

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

37

identificação de clientes e manutenção de registros - compete ao COAF

expedir as normas e aplicar as penalidades.

Além disso, ele tem a atribuição de coordenar e propor mecanismos de

cooperação e de troca de informações que viabilizem ações rápidas e

eficientes no combate à ocultação ou dissimulação de bens, direitos e valores.

Para a consecução deste objetivo, tem competência para requerer aos órgãos

da Administração Pública as informações cadastrais bancárias e financeiras de

pessoas envolvidas em atividades suspeitas e, caso conclua pela existência de

crime previsto na “Lei de Lavagem de Dinheiro”, de fundados indícios de sua

prática, ou de qualquer outro ilícito, deve dar ciência às autoridades

competentes para que elas instaurem os procedimentos cabíveis.

Seus componentes, denominados “conselheiros”, são todos servidores

públicos efetivos da Administração Federal, de reputação ilibada e reconhecida

competência, designados pelo Ministro de Estado da Fazenda, que deve

escolher um representante de cada um dos seguintes órgãos e entidades:

Banco Central do Brasil, Comissão de Valores Mobiliários, Superintendência de

Seguros Privados, Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e Secretaria da

Receita Federal.

As informações solicitadas pelo COAF aos órgãos e entidades que o

integram têm prioridade de atendimento e vice-versa.

O compartilhamento de informações entre o Conselho e autoridades

estrangeiras e/ou organismos internacionais tem por fundamento o princípio da

reciprocidade e acordos internacionais.

Os recursos contra as decisões proferidas pelo COAF devem ser

dirigidos ao Ministro da Fazenda.

Funcionando nos moldes de uma Unidade Financeira de Inteligência -

UFI -, o COAF tem atuado em conformidade com as diretrizes internacionais

traçadas pelos organismos empenhados no combate à “lavagem de dinheiro”.

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

38

Para agilizar a troca permanente de informações entre o COAF e

esses organismos - nacionais e internacionais - bem como garantir maior

segurança a este processo, foi desenvolvido um sistema informatizado

denominado SISCOAF - Sistema de Informações COAF. Este sistema tem

importante papel nos processos internos de tomada de decisão devido à

rapidez e eficácia com que capta, trata e disponibiliza os dados. Além disso, o

SISCOAF permite que o público se comunique mais facilmente com o

Conselho (COAF, 1999).

O Ministério da Fazenda, que tem a seu encargo os gastos referentes à

instalação e funcionamento do COAF e da Secretária Executiva, tem dado a

este substancial apoio, colocando à sua disposição todos os recursos

necessários ao melhor desempenho de suas atribuições.

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

39

CONCLUSÃO

A prevenção e o combate à lavagem de dinheiro objetiva a

minimização do impacto causado por este crime, como as distorções

econômicas, o risco à integridade e à reputação do sistema financeiro, a

diminuição dos recursos governamentais e as repercussões socioeconômicas.

A eficácia desse processo depende do comprometimento ético e moral

das autoridades, das instituições financeiras e de toda sociedade, não apenas

por ser uma obrigação legal, mas para evitar o crescimento de ações

criminosas que ameaçam os poderes constituídos, lesam os interesses

coletivos e degradam a condição humana.

Além disso, os investimentos estrangeiros de longo prazo perdem

espaço para aqueles meramente especulativos, pois nenhum empresário sério

quer se arriscar num mercado tão incerto.

Ao evitar esta prática criminosa, consequentemente, se está

enfraquecendo o ciclo criminoso que a origina.

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

40

ANEXO I

As recomendações do GAFI

O GAFI é um organismo intergovernamental que estabelece padrões e

desenvolve e promove políticas de combate à lavagem de dinheiro e ao

financiamento do terrorismo.

As Quarenta Recomendações originais do GAFI surgiram em 1990

numa iniciativa para combater a utilização ilegítima dos sistemas financeiros

para fins de branqueamento de fundos provenientes do tráfico de

estupefacientes. As Recomendações foram revistas pela primeira vez em 1996,

de modo a refletir a evolução das tipologias de branqueamento de capitais. As

Quarenta Recomendações, na versão de 1996, foram adotadas por mais de

130 países e constituem o padrão internacional de combate ao branqueamento

de capitais.

Em Outubro de 2001, o GAFI alargou o seu mandato à questão do

financiamento do terrorismo e deu um passo importante ao aprovar as Oito

Recomendações Especiais sobre o Financiamento do Terrorismo. Estas

Recomendações contêm um conjunto de medidas destinadas a combater o

financiamento de atos terroristas e de organizações terroristas e são

complementares às Quarenta Recomendações.

A necessidade de acompanhamento e de avaliação dos sistemas

nacionais em relação a estes padrões internacionais é um elemento essencial

no combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo.

As avaliações mútuas conduzidas pelo GAFI e pelos organismos regionais de

tipo GAFI, bem como as avaliações conduzidas pelo FMI e pelo Banco

Mundial, constituem um mecanismo vital para assegurar a eficaz aplicação das

Recomendações do GAFI por todos os países.

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

41

As Quarenta Recomendações e as Nove Recomendações Especiais

do GAFI foram reconhecidas pelo Fundo Monetário Internacional e pelo Banco

Mundial como os padrões internacionais para o combate à lavagem de dinheiro

e ao financiamento do terrorismo.

A - Sistemas Jurídicos

1. Os países deveriam incriminar o branqueamento de capitais de acordo com

o disposto na Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico Ilícito de

Estupefacientes e de Substâncias Psicotrópicas (Convenção de Viena), de

1988, e na Convenção das Nações Unidas contra a Criminalidade Organizada

Transnacional (Convenção de Palermo), de 2000.

Os países deveriam aplicar o crime de branqueamento de capitais a

todos os crimes graves, por forma a abranger o conjunto mais alargado de

infrações subjacentes. As infrações subjacentes podem ser definidas por

referência a todos os crimes ou por referência a um limiar, ligado ou a uma

categoria de infrações graves, ou a uma moldura penal aplicável à infração

subjacente (critério do limiar), ou a uma lista de infrações subjacentes, ou ainda

a uma combinação destes critérios. Quando os países optarem pelo critério do

limiar, as infrações subjacentes deveriam incluir, pelo menos, todos os crimes

qualificados como graves pelo seu direito interno, ou incluir as infrações

puníveis com pena de duração máxima superior a um ano de prisão. Nos

países cujos sistemas jurídico-penais contemplem penas mínimas, as infrações

subjacentes deveriam incluir todas as infrações puníveis com pena de duração

mínima superior a seis meses de prisão.

Qualquer que seja o critério adotado, cada país deveria incluir, no

mínimo, um conjunto de infrações que se integrem nas categorias de infrações

designadas.

As infrações subjacentes ao branqueamento de capitais deveriam

abranger as condutas ocorridas em outro país que constituam uma infração

Page 42: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

42

nesse país e que teriam constituído uma infração subjacente se tivessem

ocorrido em território nacional. Os países podem estabelecer que o único

requisito prévio seja o de que a conduta constitua uma infração subjacente, se

o ato tivesse ocorrido em território nacional.

Os países podem determinar que o crime de branqueamento de

capitais não seja aplicável a quem cometeu a infração subjacente, quando tal

seja exigível pelos princípios fundamentais da sua ordem jurídica.

2. Os países deveriam assegurar que:

a) A intenção e o conhecimento requeridos para provar o crime de

branqueamento de capitais estão em conformidade com as normas

estabelecidas nas Convenções de Viena e de Palermo, incluindo a

possibilidade de o elemento intencional ser deduzido a partir de

circunstâncias factuais objetivas;

b) A responsabilidade criminal e, quando ela não seja possível, a

responsabilidade civil ou administrativa deveria aplicar-se às pessoas

coletivas. Tal não deve excluir os procedimentos paralelos de natureza

criminal, civil ou administrativa aplicáveis a pessoas coletivas, em

países onde tais formas de responsabilidade se encontrem previstas.

As pessoas coletivas deveriam estar sujeitas a sanções eficazes,

proporcionadas e dissuasivas. Estas medidas não deveriam prejudicar a

responsabilidade criminal das pessoas singulares.

Medidas provisórias e perda

3. Os países deveriam adotar medidas similares às previstas nas Convenções

de Viena e de Palermo, inclusive medidas legislativas, a fim de que as

autoridades competentes estejam em condições de declarar perdidos os bens

branqueados, os produtos derivados do branqueamento de capitais ou das

infrações subjacentes, bem como os instrumentos utilizados ou destinados a

Page 43: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

43

serem utilizados na prática destes crimes, ou bens de valor equivalente, sem

prejuízo dos direitos de terceiros de boa-fé.

Tais medidas deveriam permitir: (a) identificar, localizar e avaliar os

bens sujeitos a perda; (b) adotar medidas provisórias, tais como o

congelamento e a apreensão, a fim de obstar a qualquer transação,

transferência ou cessão dos referidos bens; (c) adotar medidas para prevenir

ou evitar atos que prejudiquem a capacidade do Estado para recuperar bens

sujeitos à perda; e (d) tomar todas e quaisquer medidas de investigação

apropriadas.

Os países poderão considerar a adoção de medidas que permitam a

perda de tais produtos ou instrumentos, sem que seja exigida uma condenação

criminal prévia, ou medidas que exijam que o presumível autor do crime

demonstre a origem legítima dos bens eventualmente sujeitos a perda, sempre

que estejam em conformidade com os princípios vigentes no seu direito interno.

B - Medidas a serem adotadas pelas Instituições Financeiras e pelas

atividades e profissões não financeiras para evitar a lavagem de dinheiro

e o financiamento do terrorismo

4. Os países deveriam assegurar que as normas sobre segredo profissional

das instituições financeiras não obstem à aplicação das Recomendações do

GAFI.

Dever de vigilância relativo à clientela (customer due diligence - CDD) e

de conservação de documentos

5.2 As instituições financeiras não deveriam manter contas anônimas nem

contas sob nomes manifestamente fictícios.

______________________ 2 observar a respectiva Nota Interpretativa

Page 44: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

44

As instituições financeiras deveriam adotar medidas de vigilância em

relação aos clientes, exigindo, nomeadamente, a respectiva identificação e a

verificação da identidade, sempre que:

a) Estabeleçam relações de negócio;

b) Efetuem transações ocasionais: (i) acima do limiar designado aplicável; ou

(ii) que constituam transferências eletrônicas, nas circunstâncias previstas

na Nota Interpretativa da Recomendação Especial VII;

c) Exista uma suspeita de branqueamento de capitais ou de financiamento do

terrorismo; ou

d) A instituição financeira tenha dúvidas quanto à veracidade ou adequação

dos dados de identificação do cliente previamente obtidos.

As medidas de vigilância a adotar relativas à clientela (medidas CDD) são as

seguintes:

a) Identificar o cliente e verificar a sua identidade através de documentos

(dados de identificação);

b) Identificar o beneficiário efetivo e tomar medidas adequadas para

verificar a sua identidade, de tal forma que a instituição financeira

obtenha um conhecimento satisfatório sobre a identidade do beneficiário

efetivo. No que diz respeito às pessoas coletivas e entidades sem

personalidade jurídica, as instituições financeiras deveriam tomar

medidas adequadas para compreender a estrutura de propriedade e de

controlo do cliente;

c) Obter informação sobre o objeto e a natureza da relação de negócio;

Page 45: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

45

d) Manter uma vigilância contínua sobre a relação de negócio e examinar

atentamente as operações realizadas no decurso dessa relação,

verificando se são consistentes com o conhecimento que a instituição

tem do cliente, dos seus negócios e do seu perfil de risco, incluindo, se

necessário, a origem dos fundos.

As instituições financeiras deveriam aplicar todas as medidas CDD

atrás identificadas de (a) a (d), mas podem determinar o alcance dessas

medidas, em função do nível de risco associado ao tipo de clientela, à relação

de negócio ou à operação. As medidas a adotar deverão respeitar as normas

emitidas pelas autoridades competentes. Para categorias de risco mais

elevadas, as instituições financeiras deveriam aplicar medidas de vigilância

reforçadas. Em circunstâncias determinadas, quando os riscos são menores,

os países podem autorizar as instituições financeiras a aplicar medidas

reduzidas ou simplificadas.

As instituições financeiras deveriam verificar a identidade do cliente e

do beneficiário efetivo, antes ou durante o estabelecimento de uma relação de

negócio ou quando realizam operações com clientes ocasionais. Os países

podem permitir às instituições financeiras que completem a verificação da

identidade, no mais breve espaço de tempo possível, após o estabelecimento

da relação de negócio, quando os riscos de branqueamento de capitais sejam

geridos de modo eficaz e for essencial não interromper o desenrolar normal da

relação negocial.

Quando a instituição financeira não possa dar cumprimento ao disposto

nas alíneas (a) a (c) atrás mencionadas, não deveria abrir a conta, iniciar a

relação de negócio ou efetuar a operação, ou deveria pôr termo à relação de

negócio e deveria, além disso, considerar fazer uma declaração de operação

suspeita do cliente.

Estas obrigações deveriam aplicar-se a todos os novos clientes, apesar

de as instituições financeiras deverem também aplicar esta Recomendação aos

Page 46: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

46

clientes já existentes, segundo a relevância da operação e do risco, aplicando

também as regras de vigilância às relações negociais existentes, sempre que o

considerem oportuno.

6.3 As instituições financeiras deveriam, em relação a pessoas politicamente

expostas, além de aplicaras medidas de vigilância normais:

a) Dispor de sistemas de gestão de riscos adequados a determinar se o

cliente é uma pessoa politicamente exposta;

b) Obter autorização da Direção para estabelecer relações de negócios

com tais clientes;

c) Tomar medidas razoáveis para determinar a origem do patrimônio e dos

fundos;

d) Assegurar a vigilância, de forma reforçada e contínua, da relação de

negócio.

7. As instituições financeiras, no que respeita a relações transfronteiras entre

bancos correspondentes e a outras relações semelhantes, além de aplicar as

medidas de vigilância normais, deveriam:

a) Recolher informação suficiente sobre a instituição a quem é prestado o

serviço (a instituição cliente) para compreender plenamente a natureza

da sua atividade e conhecer, a partir de informações publicamente

disponíveis, a reputação da instituição e a qualidade da sua supervisão,

nomeadamente verificar se a instituição em causa foi objeto de uma

investigação ou de uma intervenção da autoridade de supervisão,

relacionada com o branqueamento de capitais ou o financiamento do

terrorismo;

______________________ 3 observar a respectiva Nota Interpretativa

Page 47: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

47

b) Avaliar os controles postos em prática pela instituição cliente destinados

ao combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.

c) Obter aprovação da Direção antes de estabelecer novas relações de

correspondência;

d) Reduzir a escrito as responsabilidades respectivas de cada instituição;

e) Quanto às contas correspondentes de transferência (payable-through

accounts), assegurar-se de que o banco cliente verificou a identidade e

aplicou as medidas de vigilância contínua relativamente à clientela que

tem acesso direto às contas do banco correspondente, e assegurar que

aquele banco se encontra habilitado a fornecer os dados apropriados

sobre a identificação dos seus clientes, quando tal lhe for solicitado pelo

banco correspondente.

8. As instituições financeiras deveriam conceder uma particular atenção às

ameaças de branqueamento de capitais inerentes às tecnologias novas ou em

desenvolvimento que possam favorecer o anonimato e adotar medidas, se

necessário, para evitar a utilização destas tecnologias nos esquemas de

branqueamento de capitais. Em especial, as instituições financeiras deveriam

adotar políticas e procedimentos para enfrentar riscos específicos associados a

relações de negócio ou operações efetuadas sem a presença física do cliente.

9.4 Os países podem autorizar as instituições financeiras a recorrer a

intermediários ou a outros terceiros para dar cumprimento aos requisitos das

alíneas (a) a (c) das medidas CDD ou para captar negócios, desde que sejam

respeitados os critérios a seguir indicados. Quando este recurso for permitido,

a responsabilidade última pela identificação do cliente e pela verificação dos

dados recai sobre a instituição financeira que recorreu a terceiros.

______________________ 4 observar a respectiva Nota Interpretativa

Page 48: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

48

Deveriam ser respeitados os seguintes critérios:

a) Uma instituição financeira que recorra a um terceiro deveria obter, de

imediato, a necessária informação respeitante aos requisitos das alíneas

(a) a (c) das medidas CDD relativas à sua clientela. As instituições

financeiras deveriam tomar as medidas necessárias para se

assegurarem de que o terceiro está em condições de disponibilizar, após

solicitação e sem demora, cópias dos dados de identificação e outra

documentação relevante para cumprimento do dever de vigilância

aplicável à clientela;

b) A instituição financeira deveria assegurar-se de que o terceiro está

sujeito a regulamentação e a supervisão e que adotou medidas para

cumprir as obrigações de vigilância aplicáveis à clientela, nos termos

das Recomendações 5 e 10.

Cabe a cada país determinar em que países podem estar localizados

os terceiros que cumprem estes requisitos, tendo em conta as informações

disponíveis sobre os países que não aplicam, ou que aplicam

insuficientemente, as Recomendações do GAFI.

10.4 As instituições financeiras deveriam conservar, durante pelo menos cinco

anos, todos os documentos relativos às transações efetuadas, tanto internas

como internacionais, a fim de poderem responder rapidamente aos pedidos de

informação das autoridades competentes. Estes documentos deveriam permitir

reconstituir as transações individuais (inclusive os montantes e tipos de divisas

em causa, se for caso disso), de modo a fornecerem, se necessário, prova em

processos de natureza criminal.

______________________ 4 observar a respectiva Nota Interpretativa

Page 49: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

49

As instituições financeiras deveriam conservar registros dos

documentos comprovativos da identificação obtidos através das medidas de

vigilância aplicáveis à clientela (por exemplo, cópia ou registro de documentos

oficiais como passaporte, bilhete de identidade, carta de condução ou

documentos de idêntica natureza), documentação relativa às contas e

correspondência comercial durante, pelo menos cinco anos, após o termo da

relação de negócio.

Os dados de identificação e os registros das operações deveriam ser

postos à disposição das autoridades nacionais competentes para a

prossecução da sua missão.

11.5 As instituições financeiras deveriam examinar com particular atenção

todas as operações complexas, de montantes anormalmente elevados e todos

os tipos não habituais de operações que não apresentem uma causa

econômica ou lícita aparente. As circunstâncias e o objeto de tais operações

deveriam ser examinados, na medida do possível, e os resultados desse

exame deveriam ser reduzidos a escrito, ficando ao dispor das autoridades

competentes e dos auditores.

12.5 O dever de vigilância relativo à clientela e o de conservação de

documentos previstos nas Recomendações 5, 6 e 8 a 11 aplicam-se às

atividades e profissões não financeiras designadas, nas seguintes situações:

a) Cassinos – sempre que os clientes efetuem operações financeiras de

montante igual ou superior ao limiar designado aplicável;

b) Agentes imobiliários – sempre que realizem operações para os seus

clientes relativas à compra e venda de imóveis;

c) Negociantes em metais preciosos ou em pedras preciosas – sempre que

______________________ 5observar a respectiva Nota Interpretativa

Page 50: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

50

d) realizem operações em numerário com um cliente, de montante igual ou

superior ao limiar designado aplicável;

e) Advogados, notários, outras profissões jurídicas independentes e

contabilistas, sempre que reparem ou efetuem operações para os

clientes, no âmbito das seguintes atividades:

• Compra e venda de imóveis;

• Gestão de fundos, valores mobiliários ou outros ativos do cliente;

• Gestão de contas bancárias, de poupança ou de valores mobiliários;

• Organização de contribuições destinadas à criação, exploração ou

gestão de sociedades;

• Criação, exploração ou gestão de pessoas coletivas ou de entidades

sem personalidade jurídica e compra e venda de entidades comerciais;

f) Prestadores de serviços a sociedades e trusts, sempre que preparem ou

efetuem operações para um cliente, no quadro das atividades descritas

nas definições constantes do Glossário.

Declaração de operações suspeitas e cumprimento das normas

13.6 Se uma instituição financeira suspeitar ou tiver motivos razoáveis para

suspeitar que os fundos provêm de uma atividade de natureza criminal ou que

estão relacionados com o financiamento do terrorismo, deveria ser obrigada,

através de lei ou de regulamento, a apresentar de imediato uma declaração de

operação suspeita à Unidade de Informação Financeira (UIF).

Page 51: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

51

14. 6 As instituições financeiras, os seus dirigentes, funcionários e empregados

deveriam:

a) Ser protegidos, por disposições legislativas, contra qualquer

responsabilidade criminal ou civil por quebra das regras de

confidencialidade, impostas por contrato ou por qualquer disposição

legislativa, regulamentar ou administrativa, quando declararem, de boa-

fé, as suas suspeitas à UIF, ainda que desconhecessem exatamente

qual era a atividade criminal em questão e mesmo que a atividade ilegal

sob suspeita não tenha realmente ocorrido;

b) Ser proibidos, por lei, de divulgar que foi feita uma declaração de

operação suspeita (DOS) ou que foi transmitida à UIF uma informação

conexa.

15.6 As instituições financeiras deveriam elaborar programas de combate ao

branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo que

compreendessem, no mínimo:

a) Políticas, procedimentos e controles internos, inclusive dispositivos

apropriados para verificar o seu cumprimento, e procedimentos

adequados na contratação dos seus empregados, a fim de garantir que

esta se efetua de acordo com critérios exigentes;

b) Um programa contínuo de formação dos empregados;

c) Um dispositivo de controle interno para verificar a eficácia do sistema.

16.6 As obrigações decorrentes das Recomendações 13 a 15 e 21 aplicam-se

às atividades e profissões não financeiras designadas, com as seguintes

especificações:

______________________ 6 observar a respectiva Nota Interpretativa

Page 52: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

52

a) Os advogados, notários, outras profissões jurídicas independentes e

contabilistas deveriam obrigatoriamente comunicar operações suspeitas

sempre que, agindo por conta de um cliente ou para um cliente, efetuem

uma operação financeira no quadro das atividades descritas na

Recomendação 12 (d). Os países são fortemente encorajados a

estender a obrigação de declaração a todas as outras atividades

profissionais dos contabilistas, incluindo a auditoria;

b) Os negociantes em metais preciosos ou em pedras preciosas deveriam

obrigatoriamente declarar operações suspeitas quando realizem

operações em numerário com um cliente, de montante igual ou superior

ao limiar designado aplicável;

c) Os prestadores de serviços a sociedades e a trusts deveriam

obrigatoriamente declarar operações suspeitas quando, em nome de um

cliente ou para um cliente, efetuem uma operação no âmbito das

atividades referidas na Recomendação 12 (e).

Os advogados, notários, outras profissões jurídicas independentes e os

contabilistas, que trabalhem como profissionais jurídicos independentes, não

estão obrigados a declarar as operações suspeitas se as informações que

possuem tiverem sido obtidas em situações sujeitas a segredo profissional ou

cobertas por um privilégio profissional de natureza legal.

Page 53: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

53

Outras medidas preventivas da lavagem de dinheiro e do financiamento

do terrorismo

17. Os países deveriam assegurar-se de que dispõem de sanções eficazes,

proporcionadas e dissuasivas, de natureza criminal, civil ou administrativa,

aplicáveis às pessoas singulares ou coletivas sujeitas a estas Recomendações

que não cumpram as obrigações de combate ao branqueamento de capitais e

ao financiamento do terrorismo.

18. Os países não deveriam autorizar o estabelecimento de bancos de fachada

ou tolerar a continuação da sua atividade no seu território. As instituições

financeiras deveriam recusar iniciar ou manter relações de correspondência

com bancos de fachada. As instituições financeiras deveriam ainda abster-se

de estabelecer relações com instituições financeiras correspondentes

estrangeiras que permitam que as suas contas sejam usadas por bancos de

fachada.

19.7 Os países deveriam:

a) Tomar medidas realistas destinadas a detectar ou fiscalizar os

movimentos físicos transfronteiras de divisas e de títulos ao portador,

desde que a utilização dessa informação seja estritamente limitada e

não restrinja, por qualquer forma, a liberdade de circulação de capitais;

b) A eficácia e a utilidade de um sistema, segundo o qual os bancos e

outras instituições financeiras e intermediários declarassem todas as

transações internas e internacionais em moeda ou em divisas, acima de

certo montante, a uma agência central nacional, que dispusesse de uma

base de dados informatizada, sujeita a condições de utilização restritas

que assegurem o uso correto da informação, sendo essa informação

______________________ 7 observar a respectiva Nota Interpretativa

Page 54: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

54

c) Acessível às autoridades competentes para ser usada em casos de

branqueamento de capitais ou de financiamento do terrorismo.

20. Os países deveriam considerar a aplicação das Recomendações do GAFI

às atividades e profissões que apresentem riscos de branqueamento de

capitais ou de financiamento do terrorismo, para além das atividades e

profissões não financeiras designadas.

Os países deveriam, além disso, encorajar o desenvolvimento de

técnicas modernas e seguras de gestão de fundos que sejam menos

vulneráveis ao branqueamento de capitais.

Medidas a adotar relativamente a países que não cumprem as

Recomendações do GAFI ou que o fazem de modo insuficiente.

21. As instituições financeiras deveriam conceder particular atenção às suas

relações de negócio e às operações com pessoas singulares e coletivas,

inclusive as sociedades e instituições financeiras, situadas em países que não

aplicam as Recomendações do GAFI ou o fazem de modo insuficiente.

Quando as referidas operações não apresentem causa econômica ou

lícita aparente, as suas circunstâncias e objeto deveriam, na medida do

possível, serem examinados, os resultados desse exame deveriam ser

reduzidos a escrito e estar disponíveis para ajudar as autoridades

competentes. Sempre que um país continue a não aplicar as Recomendações

do GAFI, ou a fazê-lo de modo insuficiente, os países deveriam poder aplicar

as contramedidas adequadas.

22. As instituições financeiras deveriam assegurar que os princípios que lhe

são aplicáveis são igualmente aplicados pelas suas sucursais e filiais

majoritárias situadas no estrangeiro, especialmente em países que não

apliquem ou apliquem de modo insuficiente as Recomendações do GAFI, na

Page 55: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

55

medida em que as leis e regulamentos locais o permitam. Quando estas

mesmas leis e regulamentos não o permitam, as autoridades competentes do

país em que se situa o estabelecimento principal deveriam ser informadas

pelas instituições financeiras de que estas últimas não podem aplicar as

Recomendações do GAFI.

Regulamentação e supervisão

23.8 Os países deveriam assegurar que as instituições financeiras são sujeitas

a regulamentação e a supervisão adequadas e que aplicam, efetivamente, as

Recomendações do GAFI. As autoridades competentes deveriam adotar as

medidas legislativas ou regulamentares necessárias para evitar que os

criminosos ou os seus cúmplices adquiram ou sejam beneficiários efetivos de

participações de controlo ou de participações significativas em instituições

financeiras ou de nelas ocuparem funções de direção.

Para as instituições financeiras sujeitas aos Princípios Fundamentais

(Core Principles), as medidas de regulamentação e de supervisão aplicáveis

para fins prudenciais e que são também adequadas para prevenir o

branqueamento de capitais deveriam aplicar-se, de forma idêntica, para os fins

de combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo.

As outras instituições financeiras deveriam ser objeto de autorização

prévia ou de registro, estar sujeitas a regulamentação apropriada, bem como a

supervisão ou a acompanhamento para fins de combate ao branqueamento de

capitais, em função do risco de branqueamento de capitais ou de financiamento

do terrorismo existente no respectivo sector. No mínimo, as entidades que

prestem serviços de transferência de fundos ou de valores, ou que se

dediquem ao câmbio de moeda ou de divisas, deveriam ser objeto de

______________________ 8 observar a respectiva Nota Interpretativa

Page 56: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

56

autorização prévia ou de registro e estar sujeitas a sistemas efetivos de

acompanhamento e de controlo do cumprimento das obrigações nacionais em

matéria de combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do

terrorismo.

24. As atividades e profissões não financeiras designadas deveriam ser

sujeitas a medidas de regulamentação e de supervisão, nos seguintes termos:

a) Os cassinos deveriam ser sujeitos a um regime completo de

regulamentação e de fiscalização, destinado a assegurar que aplicam

efetivamente as medidas de combate à lavagem de dinheiro ao

financiamento do terrorismo. Pelo menos:

• Os cassinos deveriam ser objeto de autorização prévia;

• As autoridades competentes deveriam adotar as medidas necessárias,

legislativas ou regulamentares, para evitar que os criminosos ou os seus

cúmplices sejam titulares ou beneficiários efetivos de participações de

controlo ou de participações significativas em cassinos ou de neles

ocuparem funções de direção ou de exploração;

• As autoridades competentes deveriam assegurar que os cassinos sejam

objeto de uma fiscalização efetiva do cumprimento das suas obrigações

de combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo;

b) Os países deveriam assegurar que as outras categorias de atividades e

profissões não financeiras designadas estejam sujeitas a sistemas

eficazes de acompanhamento e de controle das suas obrigações em

matéria de combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento

do terrorismo. Este acompanhamento deveria efetuar-se em função da

sensibilidade ao risco e poderia ser efetuado por uma autoridade

governamental ou por uma entidade de auto-regulação apropriada,

desde que tal entidade esteja em condições de assegurar que os seus

membros cumprem as obrigações em matéria de combate ao

branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo.

Page 57: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

57

25.9 As autoridades competentes deveriam estabelecer diretivas e promover o

retorno da informação (feedback), de modo a permitir às instituições financeiras

e às atividades e profissões não financeiras designadas aplicar as medidas

nacionais de combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do

terrorismo e, em particular, a detectar e a declarar operações suspeitas.

C - Medidas institucionais e outras, necessárias aos sistemas de combate

à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo

Autoridades competentes, suas atribuições e recursos

26.9 Os países deveriam criar uma Unidade de Informação Financeira (UIF)

que sirva como centro nacional para receber (e, se permitido, requerer),

analisar e transmitir declarações de operações suspeitas (DOS) e outras

informações relativas a atos susceptíveis de constituírem branqueamento de

capitais ou financiamento do terrorismo. A UIF deveria ter acesso, direto ou

indireto e em tempo útil, às informações financeiras, administrativas e

provenientes das autoridades de aplicação da lei (Law enforcement

authorities), para desempenhar cabalmente as suas funções, incluindo a

análise das declarações de operações suspeitas.

27.9 Os países deveriam assegurar que as investigações sobre o

branqueamento de capitais e o financiamento do terrorismo são confiadas a

autoridades de aplicação da lei específicas. Os países são encorajados a

apoiar e a desenvolver, tanto quanto possível, técnicas especiais de

investigação adequadas à investigação do branqueamento de capitais, tais

como as entregas controladas, as operações encobertas e outras técnicas

pertinentes. Os países são também encorajados a usar outros mecanismos

eficazes, tais como o recurso a grupos permanentes ou temporários

______________________ 9 observar a respectiva Nota Interpretativa

Page 58: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

58

especializados em investigações sobre o patrimônio e em investigações

realizadas em colaboração com as correspondentes autoridades competentes

de outros países.

28. Ao conduzir investigações sobre o branqueamento de capitais e as

infrações subjacentes, as autoridades competentes deveriam estar em

condições de poder obter documentos e informações para utilizar nessas

investigações, nos procedimentos de natureza criminal e em ações

relacionadas. Esses poderes deveriam incluir a possibilidade de impor às

instituições financeiras e a outras entidades medidas compulsórias para a

apresentação de documentos, para a busca e a revista de pessoas e locais e

para a apreensão e obtenção de prova.

29. As autoridades de supervisão deveriam possuir os poderes necessários

para acompanhar e assegurar o cumprimento das obrigações em matéria de

combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo por

parte das instituições financeiras, incluindo a competência para realizar

inspeções. Estas autoridades deveriam ter competência para ordenar a

apresentação pelas instituições financeiras de quaisquer informações

relevantes para verificar o cumprimento das obrigações e aplicar sanções

administrativas adequadas, em caso de violação daquelas obrigações.

30. Os países deveriam dotar as suas autoridades competentes, envolvidas no

combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo, com os

recursos financeiros, humanos e técnicos adequados. Os países deveriam

dispor de procedimentos que garantam que o pessoal afeto a estas autoridades

seja da maior integridade.

31. Os países deveriam assegurar que os políticos, a UIF, as autoridades de

aplicação da lei e as autoridades de supervisão disponham de mecanismos

eficazes que lhes permitam cooperar e, quando necessário, coordenarem-se, a

nível nacional, para o desenvolvimento e a aplicação de políticas e atividades

Page 59: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

59

destinadas a combater o branqueamento de capitais e o financiamento do

terrorismo.

32. Os países deveriam assegurar que as suas autoridades competentes

possam avaliar a eficácia dos respectivos sistemas de combate ao

branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo, mantendo dados

estatísticos completos sobre aspectos ligados à eficácia e ao bom

funcionamento de tais sistemas. Essas estatísticas deveriam incidir sobre as

declarações de operações suspeitas recebidas e transmitidas, sobre as

investigações, as ações judiciais e as condenações ligadas ao branqueamento

de capitais e ao financiamento do terrorismo, sobre os bens congelados,

apreendidos e declarados perdidos, e sobre o auxílio judiciário mútuo ou outros

pedidos internacionais de cooperação.

Transparência das pessoas coletivas e outras entidades sem

personalidade jurídica (legal arrangements)

33. Os países deveriam adotar medidas para impedir a utilização ilícita das

pessoas coletivas por parte dos branqueadores de capitais. Os países

deveriam assegurar que existe informação adequada, precisa e atualizada

sobre os beneficiários efetivos da propriedade e o controlo das pessoas

coletivas, susceptível de ser obtida ou consultada, em tempo útil, pelas

autoridades competentes. Em particular, os países onde as pessoas coletivas

podem emitir ações ao portador deveriam adotar medidas apropriadas para

assegurar que essas ações não serão indevidamente usadas para branquear

capitais e estar aptos a demonstrar a adequação dessas medidas. Os países

poderiam considerar adotar medidas que facilitem às instituições financeiras o

acesso à informação sobre os beneficiários efetivos da propriedade e o

controlo das pessoas coletivas, por forma a darem cumprimento às obrigações

previstas na Recomendação 5.

34. Os países deveriam adotar medidas para impedir a utilização ilícita de

entidades sem personalidade jurídica (legal arrangements) por parte dos

Page 60: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

60

lavadores de dinheiro. Em particular, os países deveriam assegurar a

existência de informação adequada, precisa e atualizada sobre os “express

trusts”, incluindo informação sobre os fundadores, administradores e

beneficiários, susceptível de ser obtida ou consultada, em tempo útil, pelas

autoridades competentes. Os países poderiam considerar adotar medidas que

facilitem às instituições financeiras o acesso à informação sobre os

beneficiários efetivos da propriedade e do controlo das entidades sem

personalidade jurídica (legal arrangements), por forma a darem cumprimento

às obrigações previstas na Recomendação 5.

D - Cooperação Internacional

35. Os países deveriam adotar medidas imediatas para se tornarem partes e

aplicarem integralmente a Convenção de Viena, a Convenção de Palermo e a

Convenção Internacional das Nações Unidas para a Eliminação do

Financiamento do Terrorismo, de 1999. Os países são ainda encorajados a

ratificar e aplicarem outras convenções internacionais relevantes, tais como a

Convenção do Conselho da Europa sobre o Branqueamento, a Busca, a

Apreensão e a Perda dos Produtos do Crime, de 1990, e a Convenção Inter-

Americana contra o Terrorismo, de 2002.

Auxílio Judiciário Mútuo e Extradição

36. Os países deveriam, de forma rápida, construtiva e eficiente, proporcionar o

mais amplo auxílio judiciário mútuo nas investigações e procedimentos de

natureza criminal sobre o branqueamento de capitais e o financiamento do

terrorismo e em procedimentos conexos. Em especial, os países:

a) Não deveriam proibir nem colocar condições injustificadas ou

indevidamente restritivas à prestação de auxílio judiciário mútuo;

b) Deveriam assegurar-se de que dispõem de procedimentos claros e

eficazes para a execução dos pedidos de auxílio judiciário mútuo;

Page 61: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

61

c) Não deveriam recusar a execução de um pedido de auxílio judiciário

mútuo, tendo como única justificação o fato de o crime envolver também

matéria fiscal;

d) Não deveriam recusar a execução de um pedido de auxílio judiciário

mútuo, tendo como justificação o fato de o seu direito interno impor às

instituições financeiras que mantenham o segredo ou a

confidencialidade.

Os países deveriam assegurar que os poderes atribuídos às

autoridades competentes, de acordo com a Recomendação 28, podem ser

também utilizados para dar resposta a pedidos de auxílio judiciário mútuo e, se

for compatível com o seu direito interno, responder a pedidos diretos,

apresentados por autoridades judiciárias ou autoridades de aplicação da lei

estrangeira às suas homólogas nacionais.

A fim de evitar conflitos de competência, seria conveniente estudar-se

a possibilidade de elaborar e aplicar mecanismos que permitam determinar, no

interesse da justiça, a jurisdição mais adequada para o julgamento das

pessoas acusadas em casos sujeitos a processos criminais em vários países.

37. Os países deveriam prestar o mais amplo auxílio judiciário mútuo mesmo

na ausência da dupla incriminação.

Quando a dupla incriminação seja um requisito exigido para a

prestação de auxílio judiciário mútuo ou para a extradição, tal requisito deverá

considerar-se cumprido independentemente de ambos os países subsumirem o

crime na mesma categoria de crimes ou de tipificarem o crime com a mesma

terminologia, sempre que em ambos os países esteja criminalizada a conduta

subjacente à infração.

Page 62: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

62

38.10 Seria conveniente que pudessem ser tomadas medidas rápidas, em

resposta a pedidos de outros países, para identificar, congelar, apreender e

declarar a perda de bens objeto de branqueamento de capitais, de produtos

derivados do branqueamento ou das infrações subjacentes, de instrumentos

utilizados ou destinados a serem utilizados na prática daqueles crimes ou

outros bens de valor equivalente. Deveriam existir também medidas destinadas

a coordenar os procedimentos de apreensão e de perda, podendo incluir a

repartição dos bens declarados perdidos.

39. Os países deveriam reconhecer o branqueamento de capitais como um

crime susceptível de permitir a extradição. Cada país deveria extraditar os seus

nacionais ou, quando não o possa fazer apenas em razão da nacionalidade,

esse país deveria, a pedido daquele que requer a extradição, submeter, sem

demoras indevidas, o caso às suas autoridades competentes para que estas

possam promover o procedimento criminal pela prática da infração indicada no

pedido. Essas autoridades deveriam tomar as suas decisões e conduzir os

seus procedimentos, tal como o fariam em relação a qualquer outro crime

grave, no quadro do seu direito interno. Os países envolvidos deveriam

cooperar entre si, em especial em aspectos processuais e probatórios, para

assegurar a eficácia de tais procedimentos criminais.

Na medida em que as suas estruturas jurídicas o permitam, os países

poderiam considerar a simplificação dos processos de extradição através da

transmissão direta de pedidos de extradição entre os ministérios competentes,

da extradição das pessoas baseada unicamente em mandados de detenção ou

de julgamento e/ou de processos simplificados de extradição de pessoas que,

livre e voluntariamente, aceitem renunciar ao processo formal de extradição.

______________________ 10

observar a respectiva Nota Interpretativa

Page 63: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

63

Outras formas de cooperação

40.11 Os países deveriam assegurar que as suas autoridades competentes

proporcionem as mais amplas possibilidades de cooperação internacional às

suas homólogas estrangeiras. Deveria existir dispositivos claros e eficazes que

facilitassem, de forma imediata e construtiva, a troca direta com as autoridades

homólogas, espontaneamente ou a pedido, de informações sobre o

branqueamento de capitais e sobre as infrações que lhe estejam subjacentes.

Essas trocas de informação deveriam ser autorizadas sem condições restritivas

indevidas. Em especial:

a) As autoridades competentes não deveriam recusar um pedido de

assistência, tendo como única justificação o fato de o pedido envolver

matéria fiscal;

b) Os países não deveriam invocar leis que obriguem as instituições

financeiras à manutenção do segredo ou da confidencialidade como

justificação para recusar a cooperação;

c) As autoridades competentes deveriam estar em condições de apresentar

pedidos de informação e, quando possível, proceder a investigações em

nome das suas homólogas estrangeiras.

Quando a possibilidade de obter informações solicitadas por uma

autoridade competente estrangeira não esteja incluída nas competências da

autoridade homóloga, os países são igualmente encorajados a permitir uma

rápida e construtiva troca de informações com outras autoridades não

homólogas. A cooperação com autoridades estrangeiras diferentes das

homólogas pode ter lugar direta ou indiretamente. Quando existirem dúvidas

sobre a opção a tomar, as autoridades competentes deveriam, em primeiro

lugar, contatar as suas homólogas estrangeiras para solicitar a assistência

pretendida.

______________________ 11

observar a respectiva Nota Interpretativa

Page 64: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

64

Os países deveriam adotar medidas de salvaguarda e de controle para

assegurar que a informação trocada pelas autoridades competentes seja

utilizada apenas para os fins autorizados, em conformidade com as suas

obrigações em matéria de proteção da vida privada e de proteção de dados.

Page 65: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

65

ANEXO II

Notas interpretativas das quarenta recomendações

Generalidades

1. Neste documento, deverá entender-se que a referência a “países” abrange

igualmente os “territórios” ou as “jurisdições”.

2. As Recomendações 5-16 e 21-22 estabelecem que as instituições

financeiras ou as atividades e profissões não financeiras designadas deveriam

adotar certas medidas. Tal implica que os países adotem medidas que

obriguem as instituições financeiras ou as atividades e profissões não

financeiras designadas a cumprir cada Recomendação. As obrigações de base

constantes nas Recomendações 5, 10 e 13 deveriam ser transpostas para a

ordem jurídica interna, por via legislativa ou regulamentar, enquanto que os

elementos mais pormenorizados dessas Recomendações, bem como as

obrigações constantes de outras Recomendações, poderiam ser transpostas

quer sob a forma de lei ou de regulamento, quer por outros meios obrigatórios,

emitidos pelas autoridades competentes.

3. Quando se faz referência a que uma instituição financeira deva ter

conhecimento satisfatório de certo assunto, essa instituição deve estar apta a

poder demonstrar às autoridades competentes as medidas adotadas para esse

fim.

4. Para dar cumprimento às Recomendações 12 e 16, não é necessário que os

países adotem leis ou regulamentos aplicáveis exclusivamente aos advogados,

notários, contabilistas e às outras atividades e profissões não financeiras

designadas, desde que tais atividades ou profissões estejam cobertas por

leis ou regulamentos que lhes sejam aplicáveis.

Page 66: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

66

5. As Notas Interpretativas aplicáveis às instituições financeiras também se

aplicam às aditividades e profissões não financeiras designadas, quando tal for

apropriado.

Recomendações 5, 12 e 16

Os limiares designados aplicáveis às operações (previstas nas

Recomendações 5, 12 e 16) são os seguintes:

· Instituições financeiras (para os clientes ocasionais, conforme previsto na

Recomendação 5) –USD / € 15 000;

· Cassinos, incluindo os cassinos na internet (conforme previsto na

Recomendação 12) – USD / € 3 000;

· Negociantes em metais preciosos ou em pedras preciosas, quando realizem

operações em numerário (conforme previsto nas Recomendações 12 e 16) –

USD / € 15 000.

As operações financeiras que ultrapassem cada um dos limiares acima

referidos incluem as situações em que é realizada uma única operação, bem

como aquelas em que ocorrem várias operações entre as quais parece existir

uma ligação.

Recomendação 5

Dever de vigilância relativo à clientela e proibição de avisar o cliente

1. Se durante o estabelecimento ou o desenrolar de uma relação de negócio ou

quando realiza uma operação ocasional uma instituição financeira suspeitar

que tal operação se relaciona com o branqueamento de capitais ou com o

financiamento do terrorismo, a instituição deveria:

Page 67: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

67

a) Em regra, procurar identificar e verificar a identidade do cliente e do

beneficiário efetivo quer seja permanente, quer ocasional,

independentemente de qualquer derrogação ou limiar que pudesse ser

aplicável;

b) Fazer uma declaração de operação suspeita (DOS) à UIF, nos termos

da Recomendação 13.

2. A Recomendação 14 proíbe às instituições financeiras, aos seus dirigentes,

funcionários e empregados divulgar que foi feita uma declaração de operação

suspeita ou enviada uma informação com ela relacionada à UIF. Existe o risco

de os clientes poderem ser involuntariamente alertados quando a instituição

financeira cumpre as suas obrigações de identificação da clientela (medidas

CDD) nestas circunstâncias. O conhecimento, por parte do cliente, de uma

possível declaração de operação suspeita ou de uma investigação em curso

poderia comprometer os esforços subsequentes para investigar a operação

suspeita de branqueamento de capitais ou de financiamento do terrorismo.

3. Assim, se as instituições financeiras suspeitarem de que as operações se

relacionam com o branqueamento de capitais ou com o financiamento do

terrorismo, deverão ter em conta o risco de o cliente ser alertado quando dão

cumprimento ao dever de vigilância da clientela. Se a instituição financeira tiver

motivos razoáveis para considerar que o cumprimento do dever de vigilância da

clientela irá alertar o cliente ou potencial cliente, poderá optar por não

completar esse procedimento e deverá fazer uma declaração de operação

suspeita (DOS). As instituições deveriam assegurar-se que os seus

empregados têm conhecimento e estão sensibilizados em relação a estas

questões quando cumprem o dever de vigilância em relação à clientela.

Page 68: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

68

Dever de vigilância da clientela: pessoas coletivas e entidades sem

personalidade jurídica

4. Ao dar cumprimento às alíneas (a) e (b) do dever de vigilância da clientela,

relativo às pessoas coletivas ou entidades sem personalidade jurídica, as

instituições financeiras deveriam:

a) Verificar se a pessoa que declara agir em nome do cliente está

habilitada para o efeito e identificar essa pessoa;

b) Identificar o cliente e verificar a sua identidade – o tipo de medidas

normalmente necessárias para cumprir satisfatoriamente esta função

implica obter prova do documento constitutivo ou similar do estatuto

jurídico da pessoa coletiva ou da entidade sem personalidade jurídica,

bem como informação respeitante a: firma ou nome do cliente,

identificação dos administradores dos “trusts”, forma jurídica, morada,

identificação dos diretores e disposições que regulam a forma de obrigar

a pessoa coletiva ou a entidade sem personalidade jurídica;

c) Identificar os beneficiários eletivos, o que implica nomeadamente

compreender a estrutura de propriedade e de controlo e tomar todas as

medidas razoáveis para verificar a identidade dessas pessoas. O tipo de

medidas normalmente necessárias para cumprir satisfatoriamente esta

função incluiria identificar as pessoas singulares detentoras de

participações de controle e as pessoas singulares que dirigem a pessoa

coletiva ou entidade sem personalidade jurídica.

Quando o cliente ou o detentor de uma participação de controlo seja

uma sociedade com o capital aberto ao investimento do público, sujeita a

deveres de informação, não é necessário procurar identificar e verificar a

identidade dos acionistas dessa sociedade.

A informação ou os dados relevantes podem ser obtidos a partir de

registros de natureza pública, do cliente ou de outras fontes idôneas.

Page 69: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

69

Remissão para a identificação e verificação já efetuadas

5. As medidas CDD previstas na Recomendação 5 não implicam que as

instituições financeiras tenham de identificar e verificar a identidade de cada

cliente sempre que este efetue uma operação. Uma instituição financeira pode

servir-se das medidas de identificação e verificação anteriormente efetuadas, a

menos que tenha dúvidas sobre a veracidade da informação obtida. Exemplos

de situações que poderão conduzir a que uma instituição financeira tenha

dúvidas desse gênero são as de existirem suspeitas de branqueamento de

capitais relacionadas com esse cliente ou quando as operações executadas na

conta do cliente se alteram significativamente, de forma anormal face ao perfil

da atividade do cliente.

Momento da verificação

6. Entre os exemplos das várias circunstâncias em que se poderia permitir

completar a verificação da identificação após o estabelecimento da relação de

negócio, por tal se mostrar necessário para não interromper o normal

desenvolvimento da operação, contam-se os seguintes:

· Operações efetuadas sem a presença física do cliente;

· Operações com valores mobiliários. No mercado de valores mobiliários as

sociedades e os intermediários podem ter de efetuar as operações muito

rapidamente, de acordo com as condições do mercado em vigor no momento

em que o cliente os constata, e pode ser necessário efetuar a operação antes

de completar a verificação da identidade do cliente;

· Atividades de seguros de vida. Em relação às operações com seguros de

vida, os países podem permitir que a identificação e verificação da identidade

do beneficiário da apólice tenha lugar após o estabelecimento da relação de

negócio com o tomador do seguro. No entanto, em todos estes casos, a

identificação e verificação deverão ocorrer no momento, ou antes, do

Page 70: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

70

pagamento das prestações do seguro ou no momento em que o beneficiário

pretender exercer os direitos conferidos pela apólice.

7. As instituições financeiras deverão também adotar procedimentos de gestão

de risco em relação às situações em que um cliente pode beneficiar da relação

de negócio antes da verificação da identidade.

Tais procedimentos deveriam incluir um conjunto de medidas, tais

como a limitação do número, do tipo e/ou do montante das operações que

podem ser efetuadas, bem como a vigilância de operações de elevado

montante ou complexas, que se afastem das normas previsíveis nesse tipo de

relação. As instituições financeiras deveriam consultar o documento do Comitê

de Basiléia sobre CDD10 (secção 2.2.6.) para colher orientação específica

quanto a exemplos de medidas de gestão de risco relativas a operações

efetuadas sem a presença física do cliente.

Obrigação de identificação de clientes existentes

8. Os princípios enunciados no documento do Comitê de Basiléia sobre CDD e

que dizem respeito à identificação de clientes existentes deveriam servir de

padrão às instituições que exercem atividades bancárias e poderiam aplicar-se

a outras instituições financeiras, quando sejam pertinentes.

Medidas simplificadas ou reduzidas do dever de vigilância relativo à

clientela

9. A regra geral é a de que a clientela deve estar sujeita ao conjunto dos

deveres de vigilância, incluindo o dever de identificar o beneficiário efetivo.

Porém, em certos casos, o risco de branqueamento de capitais ou de

financiamento do terrorismo é menor, a informação sobre a identificação do

cliente e do beneficiário efetivo é pública ou existem verificações e controles

apropriados noutras áreas dos sistemas nacionais. Nestas circunstâncias, seria

admissível que um país permitisse às suas instituições financeiras aplicar

Page 71: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

71

medidas CDD simplificadas ou reduzidas quanto à identificação e verificação

da identidade do cliente e do beneficiário efetivo.

10. Exemplos de clientes em relação aos quais poderão aplicar-se medidas

CDD simplificadas ou reduzidas, são:

· As instituições financeiras – quando estejam sujeitas às obrigações de

combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo em

conformidade com as Recomendações do GAFI e se encontrem sujeitas a

supervisão no cumprimento dessas obrigações;

· As sociedades com o capital aberto ao investimento do público, que se

encontrem sujeitas a deveres de informação;

· A administração pública e as empresas públicas.

11. As medidas CDD simplificadas ou reduzidas podem também aplicar-se aos

beneficiários efetivos de contas de grupo detidas por empresas ou profissões

não financeiras designadas, desde que tais empresas ou profissões se

encontrem sujeitas às obrigações de combate ao branqueamento de capitais e

ao financiamento do terrorismo, em conformidade com as Recomendações do

GAFI e a sistemas eficazes de acompanhamento e vigilância do cumprimento

dessas obrigações. Os bancos deveriam também seguir o disposto no

documento do Comitê de Basiléia sobre CDD (secção 2.2.4.), que estabelece

orientações específicas sobre as situações em que uma instituição detentora

de contas pode confiar a um cliente, que seja um intermediário financeiro

profissional, a execução das obrigações de vigilância sobre os clientes deste

último ou sobre os seus próprios clientes (ou seja, os beneficiários eletivos da

conta bancária). Quando necessário, o documento do Comitê de Basiléia sobre

CDD poderia também fornecer orientações quanto a contas do mesmo gênero

detidas por outros tipos de instituições financeiras.

Page 72: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

72

12. As medidas CDD simplificadas ou reduzidas poderiam também aplicar-se a

diversos tipos de produtos ou operações, tais como (enumeração meramente

exemplificativa):

· Apólices de seguros de vida, em que o prêmio anual não seja superior a USD

/ € 1000, ou quando comportem apenas um prêmio único que não seja superior

a USD / € 2500;

· Apólices de seguros de reforma, se não houver cláusula de resgate e se a

apólice não puder ser dada em garantia;

· Regimes de reforma ou semelhantes, que confiram benefícios de reforma aos

trabalhadores, quando as contribuições sejam feitas através de deduções nos

vencimentos e desde que o respectivo regime não permita a cessão dos

direitos detidos pelos respectivos membros.

13. Os países poderiam também decidir se as instituições financeiras devem

aplicar este procedimento simplificado apenas a clientes estabelecidos na sua

jurisdição ou também a clientes estabelecidos em outras jurisdições que esses

países considerem que cumprem e aplicam efetivamente as Recomendações

do GAFI.

As medidas CDD simplificadas não poderão aplicar-se se houver

suspeitas de branqueamento de capitais ou de financiamento do terrorismo ou

em situações específicas que apresentem um risco elevado.

Page 73: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

73

Recomendação 6

Os países são encorajados a estender a aplicação das obrigações da

Recomendação 6 aos indivíduos que exerçam funções públicas de relevo no

seu próprio país.

Recomendação 9

Esta Recomendação não se aplica à subcontratação nem ao mandato.

Esta Recomendação também não se aplica às relações, contas ou

operações entre instituições financeiras, por conta dos seus clientes. Tais

relações são reguladas pelas Recomendações 5 e 7.

Recomendações 10 e 11

Quanto à atividade seguradora, a expressão “operações” deverá ser entendida

como abrangendo o objeto do seguro, o pagamento do prêmio e as prestações.

Recomendação 13

1. A referência à atividade criminosa na Recomendação 13 reporta-se:

a) A todos os atos criminosos que num país constituem um infração

subjacente para efeitos de branqueamento de capitais; ou

b) No mínimo, àquelas infrações que constituem uma infração subjacente

nos termos da Recomendação 1.

Os países são vivamente encorajados a adotar a alternativa (a). Todas

as operações suspeitas, incluindo as tentativas de efetuar uma operação,

deveriam ser declaradas independentemente do seu montante.

Page 74: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

74

2. Ao aplicar a Recomendação 13, as operações suspeitas deveriam ser

declaradas pelas instituições financeiras, independentemente de envolverem

questões de natureza fiscal. Os países deveriam considerar que, com o

objetivo de dissuadir as instituições financeiras de comunicarem operações

suspeitas, os lavadores de dinheiro poderão tentar alegar que, inter alia, as

suas operações se encontram relacionadas com questões fiscais.

Recomendação 14 (Alerta ao cliente)

Quando os advogados, notários, outros profissionais jurídicos liberais e

contabilistas que trabalhem por conta própria tentarem dissuadir um cliente de

prosseguir uma atividade ilícita, isso não constitui um alerta ao cliente (tipping-

off).

Recomendação 15

O tipo e o alcance das medidas a adotar relativamente a cada uma das

obrigações previstas nesta Recomendação devem ser apropriados ao risco de

branqueamento de capitais e de financiamento do terrorismo, bem como à

dimensão da atividade comercial em questão.

No caso das instituições financeiras, os dispositivos de controlo do

cumprimento deveriam incluir a designação de um responsável ao nível da

Direção

.

Recomendação 16

1. Compete a cada país determinar as matérias sujeitas a segredo profissional

ou cobertas por um privilégio profissional de natureza legal. Normalmente tais

matérias abrangeriam as informações que os advogados, notários ou outras

profissões jurídicas independentes recebem ou obtém dos seus clientes: (a)

quando apreciam a situação jurídica do seu cliente, ou (b) quando defendem ou

representam o cliente, no âmbito de processos judiciais, administrativos, de

Page 75: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

75

arbitragem ou de mediação. Se os contabilistas estiverem sujeitos a deveres

semelhantes de segredo profissional também não são obrigados a declarar

operações suspeitas.

2. Os países podem autorizar que os advogados, notários, outras profissões

jurídicas independentes e contabilistas transmitam as suas declarações de

operações suspeitas às respectivas ordens profissionais, desde que tenham

sido estabelecidas formas de cooperação apropriadas entre estes organismos

e a UIF.

Recomendação 19

1. A fim de facilitar a detecção e a vigilância de operações em numerário, sem

impedir por qualquer forma a liberdade de circulação de capitais, os países

poderiam ponderar a exequibilidade de submeter todas as transferências

transfronteiras acima de determinado limiar a requisitos de verificação,

vigilância administrativa, declaração ou conservação de documentos.

2. Se um país detectar uma remessa internacional anormal de divisas, de

moeda, de metais preciosos ou pedras preciosas, etc., deveria avisar as

autoridades alfandegárias ou outras autoridades competentes dos países de

onde a remessa é originária e/ou daqueles para onde ela se destina, e deveria

cooperar no sentido de determinar a fonte, o destino e o propósito de tal

remessa e de adotar todas as ações apropriadas.

Recomendação 23

A Recomendação 23 não deveria ser interpretada no sentido de exigir

a introdução de um sistema de revisão periódica das autorizações concedidas

à tomada de controlo do capital em instituições financeiras simplesmente para

fins de combate ao branqueamento de capitais, mas para sublinhar, na

perspectiva do GAFI, o caráter desejável e conveniente de reexaminar se o

controlo acionista nas instituições financeiras (bancárias e não bancárias, em

Page 76: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

76

especial) é adequado. Por conseguinte, quando existirem critérios de

competência e integridade (fit and proper) dos acionistas, a atenção dos

supervisores deverá dirigir-se para a sua relevância em termos de combate ao

branqueamento de capitais.

Recomendação 25

Quando considerarem o retorno da informação que deve ser facultado

às entidades que comunicam operações suspeitas (feedback), os países

deveriam tomar em consideração o documento “Melhores Práticas do GAFI

para o Retorno da Informação às Instituições Financeiras e outras Pessoas que

Comunicam Operações Suspeitas” (FATF Best Practices Guidelines on

Providing Feedback to Reporting Financial Institutions and other Persons).

Recomendação 26

Se um país tiver criado uma UIF, deveria considerar a sua candidatura

ao Grupo Egmont. Os países deveriam aderir à “Declaração de Propósitos do

Grupo Egmont” (Egmont Group Statement of Purpose) e aos seus “Princípios

para a Troca de Informações entre Unidades de Informação Financeira, em

Matéria de Branqueamento de Capitais” (Principles for Information Exchange

Between Financial Intelligence Units for Money Laundering Cases). Estes

documentos estabelecem orientações importantes sobre as atribuições e

competências das UIF e sobre os mecanismos a observar na troca de

informações entre estas Unidades.

Recomendação 27

Os países deveriam considerar a adoção de medidas a nível nacional,

incluindo legislativas, que permitam às suas autoridades competentes que

investigam casos de branqueamento de capitais, diferir a detenção de

suspeitos e/ou a apreensão de bens, ou não proceder a tais detenções ou

apreensões, com o propósito de identificar as pessoas envolvidas nessas

Page 77: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

77

atividades ou de recolher prova. Sem essas medidas, torna-se inviável a

adoção de certos procedimentos como as entregas controladas e as operações

encobertas.

Recomendação 38

Os países deveriam considerar:

a) Criar um fundo com os ativos declarados perdidos no seu país, onde

fossem depositados a totalidade ou parte dos bens declarados perdidos,

e usá-lo para fins de dotação das autoridades de aplicação da lei, de

saúde, de educação ou para outros fins apropriados;

b) Adotar as medidas necessárias para permitir a repartição, com ou entre

outros países, dos bens declarados perdidos, em particular sempre que

a perda tenha resultado, direta ou indiretamente, de ações coordenadas

das autoridades de aplicação da lei.

Recomendação 40

1. Para os efeitos desta Recomendação:

· “Homólogas” refere-se às autoridades com atribuições e funções

equivalentes;

· “Autoridade competente” refere-se a todas as autoridades administrativas e

autoridades de aplicação da lei com responsabilidades no combate ao

branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo, incluindo as UIF

e as autoridades de supervisão.

2. Diferentes canais podem ser adequados para a troca de informação,

consoante o tipo de autoridade competente envolvida e a natureza e fins da

Page 78: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

78

cooperação. Entre os mecanismos ou canais utilizados para a troca de

informação, podem citar-se, a título de exemplo: acordos e convenções

bilaterais ou multilaterais, memorandos de entendimento, trocas de informação

com base na reciprocidade ou através das organizações internacionais ou

regionais apropriadas. No entanto, esta Recomendação não abrange a

cooperação relativa ao auxílio judiciário mútuo nem à extradição.

3. A referência à troca indireta de informações com autoridades estrangeiras,

que não as homólogas, abrange a situação em que a informação solicitada é

transmitida pela autoridade estrangeira, por intermédio de uma ou mais

autoridades nacionais ou estrangeiras, antes de ser recebida pela autoridade

que a solicitou. A autoridade competente que solicita a informação deverá

sempre indicar claramente a finalidade do pedido, bem como em nome de

quem essa informação é solicitada.

4. As UIF deveriam ter competência para apresentar pedidos de informação em

nome das suas homólogas estrangeiras sempre que tal possa ser relevante

para uma análise de certas operações financeiras. No mínimo, os pedidos de

informação deveriam incluir:

· Pesquisas na sua própria base de dados, que deveriam incluir informações

relativas a declarações de operações suspeitas;

· Pesquisas noutras bases de dados, às quais tenham acesso direto ou

indireto, incluindo bases de dados das autoridades de aplicação da lei, bases

de dados públicas ou administrativas e bases de dados sujeitas a exploração

comercial, que estejam disponíveis.

Sempre que lhes seja permitido, as UIF deveriam também contatar

outras autoridades competentes e instituições financeiras para obter

informações relevantes.

Page 79: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

79

BIBLIOGRAFIA

BANCO DO BRASIL. Mecanismos utilizados no processo do Crime de

Lavagem de Dinheiro Tipologias do Crime de Lavagem de Dinheiro.

Disponível em: <http://www.bb.com.br>. Acessado em 02 abr. 2011.

BANCO DO BRASIL. Mecanismos utilizados no processo do Crime de

Lavagem de Dinheiro. Disponível em: <http://www.bb.com.br>. Acessado em

02 abr. 2011.

Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998. Dispõe sobre os crimes de “lavagem”

ou ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do

sistema financeiro para os ilícitos previstos nesta Lei; cria o Conselho de

Controle de Atividades Financeiras – COAF, e dá outras providências.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 02 abr. 2011.

LILLEY, Peter. Lavagem de dinheiro – negócios ilícitos transformados em

atividades legais. São Paulo: Futura, 2001.

MINK, Gisele F. Cardoso, Lavagem de Dinheiro, monografia, disponível em:

<http://www.cvm.gov.br>. Acessado em: 02 abr. 11.

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. Grupo de Trabalho em Lavagem de

Dinheiro e Crimes Financeiros. Disponível em: <http://gtld.pgr.mpf.gov.br>.

Acesso em: 02 abr. 2011.

GAFI. As Quarenta Recomendações. Disponível em:

<http://www.coaf.fazenda.gov.br> .Acessado em 02 abr. 11.

Page 80: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

80

BIBLIOGRAFIA

BRASIL. Conselho de Controle de Atividades Financeiras – COAF. Lavagem

de Dinheiro. Legislação Brasileira. Brasília: UNDCP, 1999

CASTELLAR, João Carlos. Lavagem de dinheiro: a questão do bem

jurídico. Rio de Janeiro: Revan, 2004. Tese de mestrado.

KLINKE, Márcia. Lavagem de dinheiro: a florescente economia do mal. Rio

de Janeiro: Rumos, 2004.

Page 81: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

81

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

O QUE É E NO QUE IMPLICA A LAVAGEM DE DINHEIRO? 10

1.1 – CONCEITO 10

1.2 - AS ETAPAS DA LAVAGEM DE DINHEIRO 11

1.2.1 – COLOCAÇÃO 11

1.2.2 – OCULTAÇÃO 12

1.2.3 – INTEGRAÇÃO 12

1.3 – TIPOLOGIAS DE LAVAGEM DE DINHEIRO 13

1.4 – OS IMPACTOS NEGATIVOS 16

1.4.1– DISTORÇÕES ECONÔMICAS 16

1.4.2 – RISCO À INTEGRIDADE E À REPUTAÇÃO DO SISTEMA

FINANCEIRO 17

1.4.3 – DIMINUIÇÃO DOS RECURSOS GOVERNAMENTAIS 19

1.4.4 – REPERCUSSÕES SOCIOECONÔMICAS 19

CAPÍTULO II

LAVAGEM DE DINHEIRO: O “BRAÇO” FINANCEIRO DO CRIME

2.1 – ATIVIDADES CRIMINOSAS 21

2.1.1 – TRÁFICO DE ARMAS 21

2.1.2 – TRÁFICO DE DROGAS ILÍCITAS 22

2.1.3 – EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO 24

2.1.4 – CORRUPÇÃO 25

Page 82: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

82

2.2 - ENTIDADES, SETORES E ATIVIDADES MAIS VISADOS NO

PROCESSO DE LAVAGEM DE DINHEIRO 26

2.2.1- INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS 26

2.2.2- PARAÍSOS FISCAIS 27

2.2.3- CENTROS OFF-SHORE 27

2.2.4- BOLSAS DE VALORES 28

2.2.5 - COMPANHIAS SEGURADORAS 29

2.2.6 - MERCADO IMOBILIÁRIO 29

2.2.7- JOGOS DE AZAR E SORTEIOS 30

2.2.8- INTERNET E COMÉRCIO ELETRÔNICO 30

2.2.9 - OUTRAS ALTERNATIVAS PARA “LAVAR DINHEIRO” 31

CAPÍTULO III

PREVENÇÃO E COMBATE À LAVAGEM DE DINHEIRO 32

3.1 – NO MUNDO 32

3.1.1 - CONVENÇÃO DE VIENA 33

3.1.2 – CICAD 33

3.1.3 – UNODC 33

3.1.4 - GAFI/FATF 33

3.1.5 - GRUPO DE EGMONT 34

3.2 – NO BRASIL 36

3.2.1 - CONSELHO DE CONTROLE DE ATIVIDADES

FINANCEIRAS - COAF 36

CONCLUSÃO 39

ANEXO I 40

ANEXO II 65

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 79

BIBLIOGRAFIA CITADA 80

ÍNDICE 81

Page 83: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção

83

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: Prevenção e Combate à Lavagem de Dinheiro

Autor: Daniele Carvalho de Oliveira

Data da entrega: 05 de junho de 2011

Avaliado por: Conceito: