universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo ¨ … · instituto a vez do mestre dislexia...

33
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO ¨ LATO SENSU ¨ INSTITUTO A VEZ DO MESTRE DISLEXIA Por : Lidia Maria Dias de Freitas Orientador Prof. Dr. Vilson Sergio de Carvalho Rio de Janeiro 2011

Upload: doque

Post on 11-Feb-2019

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO ¨ LATO SENSU ¨

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

DISLEXIA

Por : Lidia Maria Dias de Freitas

Orientador

Prof. Dr. Vilson Sergio de Carvalho

Rio de Janeiro

2011

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO ¨ LATO SENSU ¨

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

DISLEXIA

Apresentação de monografia á Universidade Candido Mendes

como requisito parcial para obtenção do grau de especialista

em Psicopedagogia .

Por : Lidia Maria Dias de Freitas

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus , porque com sua proteção consegui

alcançar mais um objetivo em minha vida e agradeço

a minha família pelo amor , carinho e apoio .

4

DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia aos meus pais

por terem me incentivado a conquistar

mais uma vitória na trajetória da

minha vida .

5

RESUMO

A dislexia é uma dificuldade duradoura da aprendizagem da leitura e aquisição

do seu mecanismo , em crianças inteligentes , escolarizadas , sem quaisquer

perturbação sensorial e psiquica já existente .

Por transtorno especifico da aprendizagem entende-se uma importante

incapacidade para desenvolver determinada função , que no caso da dislexia diz

respeito a função da linguagem ( leitura / escrita ) . É nesse sentido um

transtorno especifico pois não se trata de um atraso geral , mas circunscrito a

uma área .

Uma avaliação diagnóstica implicará a realização de um historial pessoal do

individuo , a análise de sua ficha clinica , o seu perfil pessoal e seu percurso escolar

.

É importante também a realização de uma prova de leitura e escrita , onde se

possa avaliar a linguagem do ponto de vista fonológico , ortográfico , velocidade de

leitura , enfim a capacidade que o individuo tem na codificação e descodificação ,

processos inerentes ao processo lingüístico .

Os professores tem um papel muito importante , pois estes em conjunto com

psicopedagogos deverão diversificar mecanismos de entrada da informação .

Deverão construir e utilizar suportes que permitam reconhecer as dificuldades

apresentadas pela criança disléxica .

Enfim , quer a família , quer a escola tem um papel fundamental no processo de

reeducação , pois são estes os meios privilegiados para reeducar a criança

disléxica .

A família cabe , além de perceber que certamente algo não está bem , ser o

suporte afetivo da criança , porque é muito importante fomentar a auto estima ,

providenciar apoio especializado e estar em interação com a escola .

6

METODOLOGIA

A metodologia que será utilizada para que os objetivos da monografia sejam

alcançados englobará uma pesquisa bibliográfica ampla por textos técnicos

relacionados ao tema proposto .

Para tanto , faz-se necessário a busca minuciosa por artigos , livros , apostilas e

revistas especializadas e até mesmo paginas da web ( internet ) .

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................... 9

CAPITULO I -

DEFINIÇÃO DE DISLEXIA .............................. 10

1.1 Sintomas da Dislexia ............................................... 11

1.2 Sinais da Dislexia .................................................... 12

1.3 Tipos de Dislexia ................................................... 15

1.4 Dificuldades de Aprendizagem ............................ 15

A dislexia e a Alfabetização .................................. 17

CAPITULO II –

PRINCIPAIS CAUSAS DA DISLEXIA ............ 19

2.1 Diagnóstico da Dislexia ......................................... 20

2.2 Tratamento da Dislexia ........................................ 20

2.3 Tratamento Psicopedagógico da Dislexia .......... 22

2.4 Problemas Emocionais ....................................... 22

8

Psicopedagogia Escolar ........................................ 24

Sugestões e Recursos .......................................... 26

O Apoio do Professor ......................................... 26

CONCLUSÃO ..................................................... 29

REFERÊNCIAS ..................................................... 31

WEBGRAFIA ......................................................... 31

9

INTRODUÇÃO

A definição de dislexia , segundo alguns autores , é como sendo uma

falta de habilidade na linguagem que acaba se refletindo na leitura .

Os disléxicos processam as informações de um modo diferente , cada

um com suas características próprias .

Dizer que um individuo é disléxico é deixar claro que ele não é

deficiente mental , por isso é necessário um diagnostico onde se

possa avaliar o desenvolvimento para se diferenciar a dislexia de

outros distúrbios .

A criança com dificuldade de aprendizagem é aquela que apresenta

bloqueios na aquisição do conhecimento , na audição , na fala , leitura ,

raciocínio ou habilidades matemáticas . Estas desordens são intrínsecas ao

sujeito , presumidamente devido a uma disfunção do sistema nervoso

central , podendo ocorrer apenas por um período na vida .

Entende-se que cada aluno apresenta sua dificuldade , alguns tem

bloqueios para escrever , expressar suas emoções , falar etc . Nesse

contexto , o professor precisa estar atento a essas dificuldades a fim de

criar mecanismo para o seu enfrentamento , reconhecendo que na fase

inicial a criança absorve o que lhe é repassado e incorpora valores que

no decorrer da vida escolar , se contemporizam com outros , podendo

gerar conflito ou dificuldades .

10

CAPÍTULO I

DEFINIÇÃO DE DISLEXIA

A dislexia é uma dificuldade acentuada que ocorre no processo da

leitura e da escrita . É uma incapacidade de ler , como as outras

crianças apesar de possuir uma inteligência normal e boa saúde e

órgãos sensoriais intactos .

A palavra dislexia é derivada do grego ¨dis ¨ - dificuldade e ¨ lexia ¨ -

linguagem , portanto dislexia é uma dificuldade de aprendizagem

caracterizada por problema na linguagem receptiva e expressiva ,

oral ou escrita . As dificuldades podem aparecer na leitura e

escrita , soletração e ortografia , fala e compreensão e em

matemática .

Problemas no processamento visual e auditivo podem aparecer ,

distinguindo os disléxicos como um grupo que apresenta dificuldade

no processamento de linguagem . Isso significa que pessoas

disléxicas tem dificuldade em traduzir a linguagem ouvida ou lida

para o pensamento , ou o pensamento para a linguagem falada ou

escrita .

Dislexia não está associada a uma baixa de inteligência . Na

verdade , há uma lacuna inesperada entre a habilidade de

aprendizagem e o sucesso escolar . O problema não é

comportamental , psicológico , de motivação ou social .

Dislexia não é uma doença é um funcionamento peculiar do

cérebro para o processamento da linguagem . Pessoas disléxicas são

11

únicas ; cada uma com suas características , habilidades e

inabilidades próprias .

Anualmente no Brasil , milhares de estudantes são considerados

como portadores de dificuldade de aprendizagem . Mesmo assim

destes casos não são corretamente diagnosticados por isto não são

devidamente orientados .

Este fato decorre da falta de informações dos profissionais das

áreas de educação e saúde , que não fazendo a identificação

precoce e o devido encaminhamento , provocam em muitos casos a

frustração e até a evasão escolar.

A dislexia faz vitimas em todas as camadas sociais , muitas vezes

impedindo o progresso e a ascenção social dos que apresentam o

problema .

1.1 - Sintomas da Dislexia

Os sintomas mais significativos de dislexia , sem ser precisa a

idade cronológica do individuo são :

1 ) Um atraso na aquisição das competências da leitura e escrita ;

2 ) Confusão entre letras, silabas ou palavras com diferenças subtis

de grafia ( a – o ; c – o ; e- c ; f-t ; h – n ...) ; confusão entre letras ,

silabas ou palavras com grafia similar , mas com diferente

orientação no espaço ( b-d ; d-p; b-q ; d-q ; ...) ; inversões parciais

ou totais de silabas ou palavras ( me-em ; sal_ las ; ... ) ;

3 ) Substituição de palavras por outras de estrutura similar , porem

com significado diferente ( saltou – salvou ; ... ) ;

4 ) Adição ou omissão de sons , silabas ou palavras ( famosa – fama;

casaco – casa . .. );

12

5 ) Leitura silábica , hesitante e com bastantes incorreções ;

6 ) ilegibilidade da escrita , letra rasurada , presença de muitos

erros ortográficos e redação com idéias desordenadas e sem

nexo ;

7 ) Leitura pode surgir em espelho ;

8 ) Baixa compreensão leitora ;

9 ) Erros ortográficos ( naturais ou arbitrários ) ;

10) Outros sintomas que podem estar associados são :

- Dificuldade de memória a curto prazo

- Problemas ao nível da motricidade fina

- Problemas na percepção Visio-espacial

- Problemas na organização espaço temporal

- Baixa atenção com ou sem hiperatividade

- Desorganização e pouco empenho no trabalho .

1.2 - Sinais da Dislexia

¨ Dislexia é um dos muitos distúrbios de aprendizagem . É um distúrbio

especifico da linguagem , de origem constitucional , carecterizado pela

dificuldade de decodificar palavras simples . Mostra uma insuficiência

no processo fonológico .

Estas dificuldades de decodificar palavras simples não são esperadas

em relação a idade . Apesar de submetida a instrução convencional ,

adequada inteligência , oportunidade socio – cultural e não possuir

distúrbios cognitivos e sensoriais fundamentais , a criança falha no

processo de aquisição da linguagem .

A dislexia , apresentada em farias formas de linguagem ,

frequentemente incluídas problemas de leitura , em aquisição de

capacidade de escrever e soletrar ¨ . ( Ianhez , 2002 , pg. 23 )

13

È importante ressaltar que o autor deixa claro que a dislexia não

é um transtorno de aprendizagem , mas é um transtorno de

linguagem que faz sintonia na aprendizagem . A dislexia não é uma

doença , portanto não se pode falar em cura . Ela é congênita e

hereditária , portanto não é conseqüência de problemas emocionais

ou intelectuais .

Eu acredito que o aluno disléxico estará sempre em situação de

fracasso escolar e com isso necessita ser incluído e adaptado a uma

avaliação especial e os professores precisam elaborar um plano de

ensino buscando a inclusão deste aluno , partindo de habilidades

que ele já possui , ou seja , proteger o que este aluno aprendeu e

assimilou e trabalhar e mudar se for o caso a forma de avaliar

para que ele possa seguir sua vida escolar sem prejuizo de afetar

sua auto estima levando-o a exclusão social e a depressão .

Podemos estar atentos a alguns sinais anteriores a aquisição da

linguagem escrita que se inicia por volta dos 6 anos de idade , em

vez de unicamente considerarmos sinais de imaturidade podemos

procurar analisá-los com mais atenção :

- Antecedentes familiares - verificar se existem familiares pai , mãe

com problemas de dislexia ;

- Atraso na aquisição da linguagem oral . Dificuldade em falar com

clareza ;

- Confusão no vocabulário que diz respeito a orientação espacial ;

- Confusão na pronunciação de palavras que se assemelham

atendendo a sua fonética ;

14

- Dificuldade em nomear coisas , pois não é capaz de recordar o

nome que se lhes atribui ;

- Dificuldade em elaborar rimas .

- Desempenho escolar abaixo da media , em matérias especificas , que

dependem da linguagem escrita ;

- Melhores resultados , nas avaliações orais , do que nas escritas ;

- Dificuldade de coordenação motora fina ( para escrever , desenhar e

pintar ) e grossa ( é descoordenada ) ;

- Dificuldade de copiar as lições do quadro , ou de um livro ;

- Problema de lateralidade ( confusão entre esquerda e direita ,

ginástica ) ;

- Dificuldade de expressão : vocabulário pobre , frases curtas ,

estrutura simples , sentenças vagas ;-. Dificuldade em manusear mapas

e dicionário ;

- Esquecimento de palavras ;

- Problema de conduta : retração , timidez , excessiva e depressão ;-

- Desinteresse ou negação da necessidade de ler ;

- Leitura demorada , silabadas e com erros . Esquecimento de tudo o

que lê ;

- Salta linhas durante a leitura , acompanha a linha de leitura com o

dedo ;

- Dificuldade em matemática , desenho geométrico e em decorar

sequências ;

15

1.3 – Tipos de Dislexia

A dislexia pode ser classificada de várias formas , de acordo com os

critérios usados para classificação .

Ela divide-se em dois tipos distintos : dislexia com alterações viso

espaciais e motrizes e dislexia com alterações verbais e de ritmo .

A escrita espelhada , confusões e inversões na escrita , problema

motor e disgrafias seriam viso espaciais e motrizes .

Os transtornos de linguagem , dislalias , inversões , pobreza de

expressões , pouca fluência verbal , compreensão baixa de regras

simbólicas , dificuldades para relatar fatos , etc ... seriam características

da dislexia com alterações verbais e de ritmo .

1.4 - Dificuldade de Aprendizagem

¨ A dislexia é uma dificuldade de aprendizagem na qual a capacidade

de uma criança para ler ou escrever está por baixo de seu nível de

inteligência ¨. ( Fonseca , 1995 , pg . 68 )

A escola precisa buscar e defender o que é essencial para ajudar

estes alunos disléxicos a incorporar regras e a desenvolver suas

habilidades com diferentes métodos de aprendizagem assegurando

uma educação diferenciada e de qualidade .

Nos dias atuais em nossas escolas há um desequilíbrio muito

grande em relação ao social relacionado aos aspectos pedagógicos ,

Na minha opinião a primeira atitude a ser tomada é ter

comprometimento e acreditar que os alunos ou a criança disléxica

tem capacidade de aprender e cabe ao professor ou ao

psicopedagogo garantir que esta integração ocorra nos trabalhos

pedagógicos coletivos , promovendo encontros de pais , alunos e

16

professores para que sejam apresentadas as novas concepções de

aprendizagem .

O estudo do processo de aprendizagem humana e suas dificuldades são

desenvolvidos pela psicopedagogia , levando-se em consideração as

realidades interna e externa , utilizando-se de vários campos do

conhecimento , integrando-se e sintetizando-os . Procurando

compreender de forma global e integrada os processos cognitivos ,

emocionais , orgânicos , familiares , sociais e pedagógicos que

determinam a condição do sujeito e interferem no processo de

aprendizagem , possibilitando situações que resgatem a aprendizagem

em sua totalidade de maneira prazerosa .

A aprendizagem e a construção do conhecimento são processos

naturais e espontâneos do ser humano que desde muito cedo aprende

a mamar , falar , andar , pensar, garantindo assim , a sua

sobrevivência . Com aproximadamente três anos , as crianças são

capazes de construir as primeiras hipóteses e já começam a questionar

sobre a existência .

Atualmente , a política educacional prioriza a educação para todos e

a inclusão de alunos que há pouco tempo eram excluídos do sistema

escolar por portarem deficiências físicas ou cognitivas , porem um

grande numero de alunos que ao longo do tempo apresentaram

dificuldades de aprendizagem e que estavam fadados ao fracasso

escolar pode freqüentar as escolas e eram rotulados em geral de

alunos difíceis .

Raramente as dificuldades de aprendizagem tem origens apenas

cognitivas . Atribuir ao próprio aluno o ser fracasso , considerando

que haja algum comprometimento no seu desenvolvimento psicomotor ,

cognitivo , lingüístico ou emocional ( conversa muito , é lento e não faz

a lição de casa , não tem assimilação , entre outros ) , desestruturação

familiar , sem considerar as condições de aprendizagem que a escola

17

oferece a este aluno e outros fatores intra-escolares que favorecem a

não aprendizagem .

A relação professor/aluno torna o aluno capaz ou incapaz . Se o

professor tratá-lo como incapaz , não será bem sucedido , não

permitirá a sua aprendizagem e o seu desenvolvimento . Se o

professor , mostrar-se despreparado para lidar com o problema

apresentado , mais chances terá de transferir suas dificuldades para

o aluno .

A aprendizagem escolar também é considerada um processo natural

que resulta de uma complexa atividade mental , na qual o

pensamento , a percepção , as emoções , a memória , a motricidade e os

conhecimentos prévios estão envolvidos e onde a criança deva sentir o

prazer em aprender .

1.5 - A Dislexia e a Alfabetização

¨ Dificuldade de aprendizagem ( DA ) é um termo que se refere a um

grupo heterogêneo de desordens manifestadas por dificuldades

significativas na aquisição e utilização da compreensão auditivas da fala

, da leitura , da escrita e do reciocinio matemático . Tais desordens ,

consideradas intrincecas ao individuo , presumindo-se que sejam

devidas a um disfunção do sistema nervoso central , podem ocorrer

durante toda a vida ¨. ( Fonseca , 1995 , pg. 71 )

Muitos autores tem defendido o método fonético como o mais

adequado na alfabetização de disléxicos . Os métodos fonéticos

favorecem a aquisição e o desenvolvimento da consciência fonológica

que é a capacidade de perceber que o discurso espontâneo é uma

sequência de sentenças e que estas são uma sequência de silabas

18

( consciência silábica ) e que as silabas são uma sequência de

fonemas ( consciência fonêmica ) o que auxiliaria muito nas

dificuldades dos alunos disléxicos .

Por isso , o disléxico precisa olhar e ouvir atentamente , observar os

movimentos da mão quando escrever e prestar atenção ao movimento

da boca quando fala . Desta maneira a criança disléxica associará a

forma escrita de uma letra tanto com seu som como com os

movimentos , pois falar , ouvir , ler e escrever , são atividades da

linguagem .

Do ponto de vista do desenvolvimento e da construção de

significados , só pode ser significativo para a pessoa aquilo do qual

ela possui um mínimo de experiências e de informação ¨ .

Para auxiliar o aluno disléxico em suas dificuldades , a escola deve

dar encorajamento , atender e respeitar as capacidades e os limites

da criança , estar informada , para amparar a criança em sua

dificuldade , manter o professor da classe familiarizado e

sensibilizado com a dislexia , para compreender e apoiar a criança na

sala de aula , reconhecer a necessidade de ajuda extra e desenvolver

um clima de paciência , para que as crianças possam ter tempo

suficiente para cumprir suas tarefas , ate mesmo , repeti-las varias

vezes para retê-las .

È importante também , conscientizar toda comunidade escolar que

estas facilidades dadas aos disléxicos , na verdade representam a

única forma que este tem para competir em igualdade de condições

com seus colegas ,

19

CAPITULO II

PRINCIPAIS CAUSAS DA DISLEXIA

As causas da dislexia são neurobiológicas e genéticas . A dislexia é

herdada e portanto uma criança disléxica tem algum pai , avô , tio ou

primo que também é disléxico em alguns casos .

Diferentemente de outras pessoas que não sofrem de dislexia ,

disléxicos processam informações em uma área de seu cérebro , não

obstante m os cérebros de disléxicos são perfeitamente normais . A

dislexia parece resultar de falhas nas conexões cerebrais .

Felizmente existem tratamentos que curam a dislexia . Estes

tratamentos buscam estimular a capacidade do cérebro de

relacionar letras aos sons que as representam e , posteriormente ao

significado das palavras que elas formam .

Alguns pesquisadores acreditam que quanto mais cedo é tratada a

dislexia , maior chance de corrigir falhas nas conexões cerebrais da

criança . Em outras palavras , a dislexia se tratada nos primeiros

anos de vida da criança pode ser curada por completo .

O diagnóstico da dislexia exige quase sempre uma equipe

multidisciplinar , formada por neurologista , psicólogo , psiquiatra e

psicopedagogo . Esta equipe tem a função básica de eliminar outras

causas responsáveis pelas trocas de letras e outras alterações de

linguagem .

20

2.1 Diagnóstico da Dislexia

De certa forma o diagnóstico de dislexia é feito por exclusão . Por

isso quanto a criança é levada ao consultório com a queixa que

vai mal na escola , antes de afirmar que é dislexia é preciso

descartar uma serie de distúrbios que ela não tem . Por exemplo :

deficiências visuais e auditivas interferem negativamente na

aprendizagem e podem ser tão sutis que as pessoas ao redor não

percebem .

Temos hoje possibilidade de fazer um diagnostico precoce de uma

criança potencialmente disléxica logo a partir do Jardim de Infância.

Um dos sintomas mais alarmantes nestas crianças é o seu distúrbio

psicomotor o qual permite ao técnico especializado fazer um prévio

despistamento do problema disléxico .

Especialistas também esclarecem que o diagnóstico diferencial e o

treinamento remediativo para o disléxico adulto devem seguir

orientação idêntica aquela que é adequada a criança e ao jovem

disléxico .

2.2 Tratamento da Dislexia

É importante enfatizar que a dislexia não é curada sem um

tratamento apropriado . Não se trata de um problema que é

superado com o tempo , a dislexia não pode passar despercebida .

Pais e professores devem se esforçar para identificar a

possibilidade de seus filhos ou alunos sofrerem de dislexia .

21

Crianças disléxicas que forem tratadas desde cedo superam o

problema e passam a se assemelhar aquelas que nunca tiveram

qualquer dificuldade de aprendizado .

Mas um bom tratamento certamente rende bons resultados . Alguns

estudos sugerem que um tratamento adequado administrado ainda

cedo na vida escolar de uma criança , pode corrigir as falhas nas

conexões cerebrais ao ponto que elas desapareçam por completo .

Foram desenvolvidos diversos programas para curar a dislexia . Não

há um só tratamento que seja adequado a todas as pessoas .

Contudo a maioria dos tratamentos enfatiza a assimilação de

fonemas , o desenvolvimento do vocabulário , a melhoria da

compreensão e fluência na leitura .

Esses tratamentos ajudam o disléxico a reconhecer sons , silabas ,

palavras e por fim frases . É aconselhável que a criança disléxica

leia em voz alta com um adulto para que ele possa corrigi-la . É

importante saber que ajudar disléxicos a melhorar sua leitura é

muito trabalhoso e exige muita atenção e repetição .

No tratamento do disléxico , há ao nível da clinica medica , neste

âmbito da correção das perturbações posturais e proprioceptivas ,

três processos que se complementam : reprogramação postural e

psicomotricidade , modificação da informação visual através de

lentes prismáticas de pequena potencia e apoio psicopedagogico

especializado .

22

2.3 - Tratamento Psicopedagógico

A tarefa clinica psicopedagógica é ajudar essa pessoa a descobrir

modos compensatórios de aprender , jogos leituras compartilhadas ,

atividades especificas para desenvolver a escrita e habilidades de

memória e atenção fazem parte do processo de intervenção .

A medida que o disléxico se percebe capaz de produzir poderá

avançar no seu processo de aprendizagem e iniciar o resgate de

sua auto – estima .

Além disso , cabe destacar a importância dos professores

compreenderem o problema da criança disléxica para que não seja

taxada de preguiçosa ou estúpidas e da participação dos pais como

defensores , facilitadores de intervenções apropriadas e fonte de

apoio emocional .

2.4 – Problemas Emocionais

A criança disléxica é geralmente triste e deprimida , pelo repetido

fracasso em seus esforços para superar suas dificuldades , outras vezes

mostra-se agressiva e angustiada . Estes intensos sentimentos de

inferioridade , provocam frustrações , como a reprovação e a evasão

que são ocorrências comuns na vida escolar do disléxico .

Existem , também , conseqüências mais profundas , no nível emocional

como diminuição do auto conceito , reações rebeldes e delinqüências .

23

Em geral , a criança é considerada relapsa , desatenta , preguiçosa e

sem vontade de aprender , o que cria uma situação emocional que

tende a se agravar , especialmente em função da injustiça que possa

vir , a sofrer . Seu esforço de lutar contra as dificuldades , a

censura e a decepção , as vezes leva a criança disléxica a manifestar

sintomas como dores abdominais , de cabeça ou transtornos do

comportamento .

Os problemas emocionais surgem como uma reação secundaria aos

problemas de rendimento escolar . As crianças disléxicas tendem a

exibir um quadro mais ou menos típico , com variações de criança

para criança , cujas características são a reduzida motivação e

empenho pelas atividades , recusa de situações e atividades que

exigem leitura e escrita , sintomatologia ansiosa , perante avaliações

ou atividades de leitura e escrita , sentimentos de tristeza e de

culpabilização , reduzida auto estima , insegurança , vergonha ,

incapacidade m inferioridade e frustração , comportamento de

oposição e desobediência perante pais , professores , enurese noturna

e pertubação do sono .

Não saber ler ou escrever tem um desapreço social muito grande e

a pessoa traz este sentimento consigo . Esta tensão e esta visão de si

mesmo como não aprendiz estão presentes quando a pessoa se

senta para escrever , e se manifesta muitas vezes na rigidez do braço

e mão , muitas vezes anulando o movimento do pulso ( necessário

para escrever )¨ .

A experiência emocional da escrita também se manifesta em

verbalizações como ¨ não gosto de escrever ¨ não quero aprender a

escrever ou ¨não sou bom para escrever ¨ , ela só se modificará

quando a criança se vir efetivamente realizando o ato de escrever .

www.arletefonoaudiologia.com.br/a.profissional/dislexia/

24

2,5 Psicopedagogia Escolar

A atuação da Psicopedagogia tem como base o pensar , a forma

como a criança pensa e não propriamente o que aprende . Ter um

olhar psicopedagogico de um processo de aprendizagem é buscar

compreender como eles utilizam os elementos do seu sistema

cognitivo e emocional para aprender .

O processo de construção do conhecimento se dá em base sólida de

acordo com a afetividade que se tem perante o objeto de estudo e o

desconhecido , pressupondo-se que todo desconhecido é novo e o novo

tem que associar-se ao já aprendido , modificando e aumentando-o .

Contribuir para o crescimento dos processos da aprendizagem e

auxiliar no que diz respeito a qualquer dificuldade , em relação ao

rendimento escolar , também é do âmbito da psicopedagogia , bem

como de educadores em geral .

Ter conhecimento de como o aluno constrói seu conhecimento ,

compreender as dimensões das relações com a escola , com os

professores , com o conteúdo e relacioná-los aos aspectos afetivos e

cognitivos , permite uma atuação mais segura e eficiente .

É neste contexto atual que o Psicopedagogo conquista espaço . Uma

observação minuciosa e uma escuta atenta sem pré conceitos assinalada

pela imparcialidade , pode detectar a real problemática da instituição

escolar . Esse é o papel do psicopedagogo nas instituições : olhar em

detalhe numa relação de proximidade , porem não de cumplicidade ,

facilitando o processo de aprendizagem .

25

Afinal , a Psicopedagogia nasceu da necessidade de uma melhor

compreensão do processo da aprendizagem humana e assim estar

resolvendo as dificuldades da mesma , ou mesmo prevenindo-as ,

visando o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo processo de

ensinar e aprender , garantindo o sucesso escolar para todos .

( www.dislexia.org.br )

2.6- O Apoio do Professor

O papel do professor é dirigir um olhar flexível para cada aluno que

tenha dificuldade , é compreender a natureza dessas dificuldades ,

buscar um diagnóstico especializado , uma orientação para melhorar

o dia a dia da criança e se instrumentalizar , pois há muitos

professores que lecionam e não sabem o que é dislexia .

A primeira tarefa do professor é resgatar a autoconfiança do aluno.

Descobrir suas habilidades para que possa acreditar em si mesmo

ao se destacar em outras áreas .

O professor que deseja ajudar seus alunos , sabe que é necessário

encaminhá-lo para tratamento e colaborar nesse tratamento . Mas

ele sabe também que o atendimento gratuito é sujeito a grande

espera e que o nível econômico da maioria dos escolares não permite

tratamento particular . Só através de um trabalho paciente e

constante , poderá prestar a ajuda que a criança tanto necessita .

O ideal é trabalhar a autonomia da criança para que ela não

comece a sentir-se dependente em tudo . O professor deve acolher e

respeitá-lo em suas diferenças sem cair no sentimento de pena .

26

Cabe ao professor recorrer a diversas atividades e técnicas de ensino

e descobrir qual delas se adapta a cada estudante e cada situação .

É importante que o professor explique a criança o seu problema ,

sente ao lado dela , não a pressione com o tempo , não estabeleça

competições com os outros , que seja flexível quanto ao conteúdo das

lições , que faça criticas construtivas , estimule o aluno a escrever

em linhas alternadas , certifique-se que a tarefa de casa foi entendida

pela criança , peça aos pais que releiam com ela as instruções ,

evite anotar todos os erros na correção , não corrija com lápis

vermelho e procure descobrir os interesses e leituras que prendam

a atenção da criança .

É de grande importância ressaltar que a manutenção de turmas

pequenas , com no máximo 20 alunos , ou menos é de extrema

relevância para que o professor tenha oportunidade de observar de

maneira adequada a todos os educandos como também dispor de

tempo para auxiliá-los .

2.7- Sugestões e Recursos

A motivação é muito importante para a criança disléxica , pois ao

se sentir limitada e inferiorizada , ela pode se revoltar e assumir

uma atitude de negativismo . Por outro lado , quando se vê

compreendida e amparada , ganha segurança e vontade de colaborar.

Existem também alguns recursos e alternativas para que a criança

consiga acompanhar a turma , entre eles :

- Dar a ele um resumo , do programa a ser desenvolvido ;

27

- Iniciar cada novo conteúdo , com um esquema mostrando o que

será apresentado no período . No final , resumir os pontos chaves ;

- Usar vários recursos de apoio para apresentar a lição a classe

alem do quadro negro , projetor de slides , retroprojetor , vídeos e

outros recursos multimídia ;

- Introduzir vocabulário novo ou técnico de forma contextualizada ;

- Evitar dar instruções orais e escritas ao mesmo tempo ;

- Avisar com antecedência quando houver trabalhos que envolvam

leitura para que o aluno encontre outras formas de realizá-lo como

gravar o livro , por exemplo ;

- Fazer revisões com tempo disponível para responder as possíveis

duvidas ;

- Autorizar o uso de tabuadas , calculadoras simples , rascunhos e

dicionários , durante as atividades e avaliações ;

- Aumentar o limite do tempo para atividades escritas ;

- Ler enunciados em voz alta e verificar se todos entenderam o que

está sendo pedido ;

- Usar gravador ;

- Confecção do próprio material para alfabetização como desenhar

e montar uma cartilha ;

- Uso de gravuras e fotografias ( a imagem é essencial ) ;

28

- Material dourado ;

- Folhas quadriculadas para matemática ;

- Não deve ser forçada a ler em voz alta , em classe , a menos que

demonstre desejo em faze-lo ;

- Uso de informática , como corretor ortográfico .

Entre alguns exemplos de atividades e técnicas aplicáveis ao

disléxico , podemos destacar :

- Colocar o aluno na primeira classe ( para poder dar atenção

especial a ele ) ;

- Repetir só para a criança o que disse para a classe ;

- Ler novamente um trecho do livro só para ela ;

- Corrigir atividades ao lado dela ;

- Dar tempo maior para que faça o mesmo trabalho que os demais ;

- Substituir avaliações e outros trabalhos escritos por orais ;

- Utilizar programas oferecidos no mercado para montar uma

metodologia de apoio ao aprendizado .

( www.dislexia.org.br )

29

CONCLUSÃO

Dislexia é um jeito de ser e de aprender , reflete a expressão individual

de uma mente , muitas vezes arguta e até genial , mas que aprende de

maneira diferente .

A linguagem é fundamental para o sucesso escolar . Ela está presente

em todas as disciplinas e todos os professores são potencialmente

professores de linguagem , porque utilizam a língua materna como

instrumento de transmissão de informações .

Muitas vezes uma dificuldade na aprendizagem da matemática esta

mais relacionada a compreensão do enunciado do que ao processo

operatório da solução do problema . Os disléxicos em geral , sofrem

também de discalculia - dificuldade de calcular - porque encontram

dificuldade de compreender os enunciados das questões .

Uma criança disléxica encontra dificuldade para ler e as frustrações

acumuladas podem conduzir a comportamentos anti sociais , a

agressividade e a uma situação de marginalização progressiva .

Pais , professores e educadores devem estar atentos a dois

importantes indicadores para o diagnostico precoce da dislexia : a

historia pessoal do aluno e as suas manifestações lingüísticas nas

aulas de leitura e escrita .

Quando os professores se deparam com crianças inteligentes ,

saudáveis , mas com dificuldade de ler e entender o que leram , devem

investigar imediatamente se há existência de casos de dislexia na

família . Em geral , a historia pessoal de um disléxico traz traços

30

comuns , como o atraso na aquisição da linguagem , atrasos na

locomoção e problemas de dominância lateral .

O histórico de dificuldades na família e na escola poderá ser de

grande utilidade para profissionais como psicólogos , psicopedagogos

e neuropsicologos que atuam no processo de reeducação lingüística

das crianças disléxicas .

31

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MARTINS, Vicente . Dislexia e o projeto genoma humano . Site

www.prosaber.com.br Consulta em 25/04/2010.

BALLONE , GJ – Linguagem – in. PsiqWeb Psiquiatria Geral

www.psiqweb.med.br/cursos/linguag.html. Consulta em 10/05/2010

SANCHEZ, Emilio. A Aprendizagem da leitura e seus problemas. In

COLL, PALACIOS, MARCHESI ( Org.) Desenvolvimento Psicologico e

Educação . Porto Alegre , Artes Medicas : 1995

GONÇALVES, A.M.S. A criança disléxica e a clinica psicopedagógica

Site www.andislexia.org.br Consulta em 25/05/2010

IANHEZ , Maria Eugenia . NICO , Maria Ângela .

Nem Sempre é o que Parece : Como enfrentar a dislexia e os fracassos

escolares . São Paulo : Alegro , 2009.

FONSECA , Vitor da . Introdução ás dificuldades de aprendizagem . 2ª

Ed. Porto Alegre , Artes Medicas , 1995 .

ROTTA , Newra Tellecha . Transtornos de Aprendizagem – Abordagem

Neurobiológica e Multidisciplinar . Porto Alegre – 2006

32

LIMA , Elvira Souza . Quando a criança não aprende a ler e a escrever.

São Paulo - Editora Sobradinho – 2002

PINTO , Maria Alice Leite – Psicopedagogia diversas faces , múltiplos

olhares . São Paulo – Olho d Água - 2003

WEBGRAFIA

Compreendendo a Dislexia – Psicopedagogia On Line

Site : www.psicopedagogia.com.br/artigos Consulta em 27/05/2010

VARELLA , Drauzio . Dislexia . Site www.drauziovarella.com.br

Entrevistas . As maquinas ficam mais inteligentes e nós ?

Consulta em 25/05/2010

Associação Nacional de Dislexia

Site www.andislexia.org.br Consulta em 27/05/2010

www.dislexia.org.br/ material/artigos/artigo003.html

www.arletefonoaudiologia.com.br/a.profissional/dislexia/

33