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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
IMPACTOS DA DISLEXIA NA SOCIALIZAÇÃO DA CRIANÇA
Por: Mara Daiane Duarte Almeida
Orientador
Prof.ª Dayse Serra
Niterói
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
IMPACTOS DA DISLEXIA NA SOCIALIZAÇÃO DA CRIANÇA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Psicopedagogia.
Por: Mara Daiane Duarte Almeida
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AGRADECIMENTOS
.... a Deus por me possibilitar a
realização deste trabalho, ao meu
marido que está sempre ao meu lado,
aos familiares que torcem por mim e se
alegram a cada nova conquista, aos
amigos que fiz durante este curso que
me ajudaram muito durante todo o
período de estudo,......
4
DEDICATÓRIA
.....os meus alunos, pois sem eles a
realização deste trabalho seria
impossível, já que a partir da minha
vivência profissional surgiram dúvidas e a
necessidade de buscar novos
conhecimentos para que cada vez mais
consiga realizar meu trabalho ajudando
cada um a se desenvolver da melhor
maneira possível,.......
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RESUMO
A presente monografia tem como objetivo entender o que pode ser feito para
diminuir os efeitos psicologicamente negativos da Dislexia no desenvolvimento
humano. Encontrar uma forma de amenizar os sintomas deste distúrbio,
verificar se os alunos que apresentam este distúrbio o levam para a fase adulta
e se existe alguma forma de isto não acontecer. Com isto, entender as
necessidades de uma criança Dislexa e como ela reage quanto a isso para
podermos ajudá-la no seu desenvolvimento e aprendizagem.
Palavras-chave: Dislexia, alunos e professores.
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METODOLOGIA
A metodologia utilizada para realização deste trabalho foi uma pesquisa
bibliográfica e na internet e também os conhecimentos adquiridos durante o
curso de pós-graduação em Psicopedagogia, além da prática pedagógica.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - O que é Dislexia? 13
CAPÍTULO II - A importância do diagnóstico precoce
da Dislexia. 19
CAPÍTULO III – Como agir com crianças Dislexas. 24
CONSIDERAÇÕES FINAIS 31
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 34
BIBLIOGRAFIA CITADA 36
ÍNDICE 38
FOLHA DE AVALIAÇÃO 39
8
INTRODUÇÃO
No dia-a-dia do meu trabalho, como professora das séries iniciais do
ensino Fundamental, me deparo com diferentes formas de dificuldades de
aprendizagem e que na maioria das vezes são denominadas como Dislexia.
Por isso escolhi este tema para monografia, na tentativa de entender melhor o
que realmente acontece com as crianças que não conseguem, ou tem
dificuldades de aprender a ler e a escrever.
Conclui minha graduação em Pedagogia na Universidade Federal
Fluminense em 2009, o tema monografia foi sobre “TDA/H em Adultos”, pois
sempre me interessei por temas relacionados à educação especial, transtornos
de comportamento e inclusão.
Tenho como maior preocupação não é com o transtorno em si, mas
sim com os impactos gerados por ele na vida das crianças, em relação ao seu
convívio com os colegas e professores. Como podem conviver com suas
particularidades fazendo parte do grupo em que estão inseridos, sem serem
rejeitados ou diminuídos.
Dei início à vida profissional, trabalhando como professora de apoio de
alunos com necessidades educacionais especiais, na rede municipal da cidade
de Niterói no estado do Rio de Janeiro. Chegando a escola encontrei vários
casos de dificuldades de aprendizagem, principalmente em relação à leitura e
a escrita.
Atualmente no município de Niterói, a organização da escola é por
ciclos. Dessa maneira, os educandos dificilmente são reprovados. Assim,
muitas vezes estes que tem dificuldades de aprendizagem chegam ao fim do
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ensino fundamental com dificuldades na leitura e escrita e até mesmo sem
saber ler, ou escrever.
Crianças que não tem graves problemas de comportamento e ou
neurológicos, não tem direito a um professor de apoio e nem frequentar a sala
de recursos, devido ao grande número de alunos com graves transtornos,
síndromes e deficiências.
Com isso o aluno com dificuldades de aprendizagem, fica em sala de
aula, mesmo sem conseguir acompanhar o conteúdo e recebe a aprovação
automática no final do ano letivo.
Alguns desses alunos conseguem passar por avaliações e análises da
orientadora Pedagógica da escola, sendo diagnosticadas como Dislexas.
Então são encaminhadas para atendimento especializado fora da escola,
porém, nem sempre são levadas para esses atendimentos pelos familiares, o
que dificulta ainda mais o trabalho do professor de sal de aula e o
desenvolvimento da criança.
Atualmente trabalho em uma instituição de ensino particular, também
no município de Niterói, e, para minha surpresa, também existem vários casos
de dificuldades de aprendizagem. Porém, todas estas crianças têm professor
de apoio além do professor regente, mas nem todas têm acompanhamento
especializado fora da escola, mesmo tendo sido encaminhadas para
especialistas.
Geralmente o diagnostico destas crianças aponta alguma Dislexia ou
TODA/HI, com tratamento adequado, a criança consegue se desenvolver
satisfatoriamente, porém nem sempre consegue se livrar dos rótulos adquiridos
devido as suas particularidades.
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Dificilmente um aluno com dificuldades de aprendizagem não sofre
com o preconceito dos colegas, professores e em alguns casos até da própria
família. Muitas vezes isso faz com que o jovem se sinta inferiorizada, incapaz e
diminuída em relação ao grupo.
Essa questão deve ser trabalhada com o professor em sala de aula.
Porém, na maioria das vezes os profissionais têm dificuldades de lidar com o
aluno que não aprende com a mesma velocidade dos outros. Normalmente a
atitude do docente coloca a dificuldade do aluno em evidência na turma,
tentando incluí-lo no grupo. Em outros casos, por não saber como agir, exclui e
acreditando que ele não é capaz de aprender nada.
Os outros alunos, dependendo da idade e da dificuldade apresentada
pelo colega, podem acolhê-lo e nesse caso poupá-lo das tarefas que exijam
leitura e escrita. Mas também podem evitá-lo, por achar que ele é “burro” ou
“preguiçoso”. Em alguns casos os indivíduos acham que os alunos que
recebem alguma ajuda extra, devido as suas dificuldades, são privilegiados.
Neste caso dependendo de como esta situação é trabalhada e ou, esclarecida,
a criança pode ser aceita ou excluída do grupo.
Todas estas situações conflitantes podem gerar ainda mais
complicações para estas. No caso da exclusão, além da depressão, as
crianças ficam desmotivadas, julgando-se sempre incapazes de realizar as
mesmas tarefas dos colegas. Por outro lado, quando aceitas no grupo, podem
se conformar com a situação, achando tudo fácil e não buscando melhorar, ou
seja, acomodando-se.
No decorrer do curso deste curso de Psicopedagogia, a partir das
aulas assistidas e dos textos lidos, em contraponto com minha prática,
consegui entender melhor o que é a Dislexia e que ela não é a única causa da
dificuldade de aprendizagem e ou alfabetização, existem outros transtornos,
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como a Disgrafia, Disortografia, Limitrofia, Disllia, e o Distúrbio de formação e
sintaxe.
Comumente estes distúrbios, que possuem características próprias,
são erradamente englobados na Dislexia, como se fosse uma coisa só. Esse
fato não ocorre apenas nas escolas, alguns profissionais especializados,
também cometem este erro, mandando esses diagnósticos para as escolas.
Acreditando nos diagnósticos recebidos, as escolas buscam trabalhar
a partir deles, sendo assim, um diagnóstico incorreto pode prejudicar o
trabalho pedagógico e o desenvolvimento desta criança.
Todos esses motivos me levaram a querer entender verdadeiramente o
que é a Dislexia, para que como professora e futuramente Psicopedagoga,
possa ajudar meus alunos de forma mais eficaz, não só pedagogicamente,
como também psicologicamente, pois a criança precisa estar feliz pra
aprender, precisa de afeto e segurança, fazem parte do grupo com
importância. É necessário respeitar as diferenças, sem menosprezá-las nem
reforçá-las, lembrando sempre que todos são únicos, nem melhores e nem
piores, apenas diferentes.
O objetivo deste trabalho é entender as necessidades de uma criança
Dislexa, suas necessidades e reações, para minimizar as dificuldades geradas
por esse distúrbio, diminuindo os rótulos recebidos por estes de maneira que
isso possa gerar menos traumas possíveis para sua vida adulta.
Então sabendo que a Dislexia pode gerar outras comorbidades, ou,
estar simplesmente acompanhada por elas, busco entender como podemos
diminuir os efeitos psicologicamente negativos deste distúrbio no
desenvolvimento humano. Além de mostrar as crianças com as quais trabalho
que elas podem superar suas dificuldades e ter uma vida adulta “normal”, sem
o constante medo do erro.
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Este trabalho será realizado a partir da observação de “crianças com
diagnóstico de Dislexia”, de minha própria pratica pedagógica e demais
professores e alunos da escola. Utilizarei para isso pesquisas bibliográficas, na
internet e também os conhecimentos adquiridos durante o curso de pós-
graduação em Psicopedagogia.
Esta monografia vai se dividir em introdução, capítulo I – O que é a
Dislexia?. Que trará conceitos e definições deste distúrbio, na visão de vários
autores; Capítulo II – A importância do Diagnóstico precoce da Dislexia. Que
trará dicas de diagnósticos e de tratamentos para a dislexia, destacando a sua
importância para desenvolvimento social e cognitivo do indivíduo Dislexo;
Capítulo III – Como agir com a criança Dislexa. Que tratará da importância da
integração entre família, escola e terapia, com sugestões para pais e
professores; e as Considerações Finais.
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CAPÍTULO I
O QUE É DISLEXIA?
... O disléxico não é deficiente, é diferente.
Autor desconhecido.
Atualmente existem muitos estudos sobre a Dislexia, feitos por
profissionais de várias áreas. Ainda não existe um consenso na literatura em
relação a intervenções e remedições para Dislexos, mas com as várias
pesquisas existentes, onde cada vez se descobre mais detalhes sobre mais
detalhes sobre este transtorno podemos melhorar o atendimento a estas
crianças, cada vez mais, buscando o seu pleno desenvolvimento.
A dislexia é comumente conhecida como uma dificuldade no
desenvolvimento da linguagem, oral e escrita. Ou seja, um indivíduo Dislexo,
possui dificuldades em adquirir as ferramentas necessárias para aprender a ler
e a escrever e até mesmo a falar em alguns casos. Isso pode ocorrer devido a
vários motivos, um deles é uma disfunção cerebral.
“A Dislexia constitui um conjunto de sintomas específicos que implicam em disfunções
subcorticais e corticais frequentemente de origem constitucional, que afetam o
aprendizado da linguagem e da escrita. (DSM-IV, 1995). Não provem de um déficit
nos processos periféricos – audição e visão – nem de deficiências nos processos
verbais superiores ou inteligência.” (ZORZI e CAPELLINI, 2009, pg. 244).
Segundo a Associação Brasileira de Dislexia:
“A DISLEXIA, de causa genética e hereditária, é um transtorno ou distúrbio
neurofuncional, ou seja, o funcionamento cerebral depende da ativação integrada e
simultânea de diversas redes neuronais para decodificar as informações, no caso, as
letras do alfabeto. Quando isso não acontece adequadamente, há uma desordem no
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caminho das informações, dificultando o processo da decodificação das letras, o que
pode, muitas vezes, acarretar o comprometimento da escrita.”
(http://www.dislexia.org.br/abd/dislexia.html).
Podemos dizer então que uma criança com Dislexia tem um problema
de aprendizagem. Este processo tem várias teorias, desenvolvidas em vários
estudos. Porém de acordo com Olivier (2010), a aprendizagem é um processo
de aquisição de conhecimentos que se dá pelo resultado de observação,
estudo e raciocínio. Por isso devemos avaliar bem os sintomas da dificuldade
ou problemas da criança em questão, para que assim consigamos identificar o
distúrbio.
Olivier (2010) dá a visão Neuropsicológica da Dislexia, onde ela diz
que se encontram alterados os processamentos periféricos e centrais. O
primeiro refere-se a um comprometimento no sistema de análise visual-
perceptiva, que é subdividido em: Dislexia Atencional, onde o indivíduo lê
palavras isoladas; Dislexia por Negligência, atribuída a lesão cerebral que
causa dificuldade de leitura no campo visual; Dislexia Literal, o indivíduo lê
letras individuais, mas não consegue ler palavras.
O segundo refere-se ao comprometimento do processamento
lingüísticos dos estímulos e subdivide-se em: Dislexia de Superfície, onde o
indivíduo lê irregularmente segundo Olivier, 2010 (apud BLACK e BEHRMANN,
1994); Dislexia Fonológica, incapacidade de leituras de palavras não-reais e
leitura de palavras reais segundo Olivier, 2010 (apud BLACK e BEHRMANN,
1994); Dislexia Profunda assemelha-se com a Fonológica, porém com lesões
múltiplas no hemisfério esquerdo segundo Olivier, 2010 (apud BLACK e
BEHRMANN, 1994 e ELLIS e YOUNG, 1988).
Olivier (2010) também da à visão da Psicopedagogia e Multiterapia
para a Dislexia e afirma que esta é a mais divulgada e citada, algumas vezes
até de maneira equivocada. Ela inicia com a origem da palavra, onde: Dislexia
tem origem do grego “dis” – dificuldade e “lexia” – linguagem. Leva ainda em
conta que léxico significa um conjunto de palavras usadas em uma
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língua/idioma. Porém o distúrbio é bem mais complexo e necessita de
definições mais específicas para que possamos entendê-lo. Então ela a
subdivide em: 1. Congênita ou Inata; 2. Dislexia Adquirida; 3. Dislexia
Ocasional; 4. Conjunto de Características isoladas.
A partir destas definições podemos entender que a Dislexia não pode
ser definida simplesmente como uma troca de letras, ela é bem mais do que
isso, é um distúrbio cerebral, que pode ser causado por vários motivos e se
apresentar-se de diversas maneiras. Sendo assim um profissional que se
disponha a fazer uma avaliação de uma criança com suspeita de Dislexia
precisam estar muito atento as particularidades dos sintomas de cada um para
que não ocorra nenhum erro no tratamento indicado.
“A complexidade do entendimento do que é Dislexia, está diretamente vinculada ao
entendimento do ser humano: de quem somos; do que é Memória e Pensamento-
Pensamento e Linguagem; de como aprendemos e do por quê podemos encontrar
facilidades até geniais, mescladas de dificuldades até básicas em nosso processo
individual de aprendizado.” (http://www.dislexia.com.br/).
É fácil perceber que as diferenças humanas não estão presentes
somente nas características físicas de cada pessoa, mas também nas
características intelectuais, e não só em relação à quantidade de inteligência
de cada pessoa, mas sim na forma em que cada um entende o mundo e as
coisas ao seu redor.
“O maior problema para assimilarmos esta realidade está no conceito arcaico de que:
"quem é bom, é bom em tudo"; isto é, a pessoa, porque inteligente, tem que saber
tudo e ser habilidosa em tudo o que faz.” (http://www.dislexia.com.br/).
Embora a Dislexia seja um distúrbio neurológico de origem congênita,
aparece em crianças com potencial intelectual normal, sem déficits sensoriais
e que apresentam condições constitucionais para aprender a ler e escrever,
não consegue desempenhar tais tarefas satisfatoriamente, segundo Zorzi e
Capellini, 2009 (apud CAPELLINI e SALGADO 2004).
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Existem diferentes formas de aprendizagem, isto deve ser respeitado e
entendido tanto pelos pais quanto pelos professores para que todos possam se
desenvolver adequadamente. Quando se trata de indivíduos disléxicos essas
diferenças são ainda maiores, ou mais visíveis, já que o Dislexo tem
dificuldades em processar a memória de curto prazo em memória de longo
prazo.
Além da Dislexia existem outros distúrbios que fazem com que a
criança possua dificuldade na leitura, escrita e até mesmo em cálculos e são
facilmente confundidos com dislexia ou simplesmente nomeados como tal.
Porém, como já falado anteriormente, deve-se ter muito cuidado ao analisar os
sintomas da não aprendizagem de uma criança, para que ela tenha acesso a
um tratamento adequado.
Segundo Olivier, 2010, os distúrbios que possuem sintomas parecidos
com a Dislexia são:
ü Disgrafia: desordem de integração visual-motora onde o indivíduo fala
de forma normal, em muitos casos consegue ler, mas não consegue
transmitir informações visuais ao sistema motor, possivelmente possui
problemas motores ou de equilíbrio;
ü Disortografia: dificuldade na linguagem escrita, o indivíduo apresenta
fraseologia incorretamente constituída e/ou por palavras escritas de
forma errada;
ü Limitrofia: termo usado erroneamente para definir um grau leve de
autismo, atualmente usa-se o termo ”Limitação de Autonomia
Psicossocioambiental”, que pode ser temporária. Caracteriza-se por
dificuldade de concentração, falta de equilíbrio e/ou coordenação
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motora, problemas de articulação para a fala e dificuldades na aquisição
de leitura e por vezes difícil socialização, preferência por ficar sozinha;
ü Dislalia: má pronúncia das palavras, omitindo ou trocando fonemas ou
até sílabas. Este distúrbio pode se dar também pelo ambiente de
convívio da criança, ou seja, fala errado porque escuta as pessoas a
sua volta falando errado;
ü Distúrbio de formação e sintaxe: disposição incorreta das frases escritas
e até em um discurso, isto ocorre por falta de organização do
pensamento, ou então só grava o visual e por isso não forma frases
completas, além disso, pode formar frases no pensamento, mas com
tanta rapidez que omite palavras na hora de passar para o papel.
Todos estes distúrbios possuem não só definições distintas como
também possuem tratamentos distintos. Estas diferenças precisam ser
respeitadas para que seja ministrado um tratamento adequado e assim o
indivíduo consiga superar as suas falhas. Para isso é necessário ficar atento
aos sintomas da Dislexia que podem ou não incluir os sintomas dos
transtornos citados anteriormente.
De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia são sintomas da
Dislexia:
Ocorrerá Sempre: Ocorrerá muitas vezes: Ocorrerá às vezes:
ü dificuldades com a
linguagem e escrita;
ü disgrafia (letra feia); ü dificuldades com a
linguagem falada;
ü dificuldades em
escrever;
ü discalculia, dificuldade
com a matemática,
sobretudo na
assimilação de símbolos
e de decorar tabuada;
ü dificuldade com a
percepção
espacial;
ü dificuldades com a
ortografia;
ü dificuldades com a
memória de curto prazo
ü confusão entre
direita e esquerda.
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e com a organização’;
ü lentidão na
aprendizagem da
leitura.
ü dificuldades em seguir
indicações de caminhos
e em executar
seqüências de tarefas
complexas;
ü dificuldades para
compreender textos
escritos;
ü dificuldades em
aprender uma segunda
língua.
(http://www.dislexia.org.br/abd/dislexia.html)
Já Zorzi e Capellini, 2009 classificam a Dislexia em: Disfonética ou
Fonológica, onde os indivíduos possuem dificuldade na leitura de palavras
pouco familiares, dificuldade na conversão som-letra, provavelmente devido a
uma disfunção do lóbulo temporal; Diseidética, dificuldade na leitura por um
problema de ordem visual, provavelmente causado por uma disfunção no
lóbulo occipital; Mista, apresentam as duas dificuldades citadas anteriormente
associadas, provavelmente por disfunção dos lóbulos pré-frontal, frontal,
occipital e temporal. (apud Capellini e Oliveira, 2003; Ciasca, Capellini e
Tonelotto, 2003).
O fato de um indivíduo apresentar alguns dos sintomas citados até
aqui, não quer dizer que o mesmo tenha Dislexia. Para isso é necessário um
diagnóstico multidisciplinar. Ou seja, a presença destes sintomas não confirma
a Dislexia, pois pode indicar somente um distúrbio de aprendizagem até
mesmo momentâneo, ou mesmo uma lesão cerebral ou síndromes distintas.
Assim é necessário ter acesso a um diagnóstico preciso e, caso seja
positivo para a Dislexia continuar com acompanhamento especializado, tendo
reavaliações periódicas, tanto para verificar a eficácia do tratamento quanto à
evolução do mesmo.
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CAPÍTULO II
A importância do diagnóstico precoce da Dislexia.
“... Dislexia, antes de qualquer definição, é um jeito de ser e de aprender; reflete a expressão individual de uma mente, muitas vezes arguta e até
genial, mas que aprende de maneira diferente...”
Autor desconhecido.
Sabe-se que a Dislexia tem recebido atenção especial de estudiosos
de diversas áreas de pesquisa, como psicólogos, fonoaudiólogos,
neurologistas, pedagogos, psicopedagogos, entre outros. Porém ainda é difícil
de ter um diagnóstico rápido e preciso, devido à diversidade de definições e
falta de consenso no tratamento.
De acordo com Alves, Siqueira, Lodi e Araujo, 2011, a leitura é uma
atividade mental complexa e recente na humanidade ao contrário da
linguagem oral, que é inata. Por tanto é fácil falarmos, mas é difícil
escrevermos, devido às inúmeras associações necessárias para este fim.
Essa dificuldade aumenta de acordo com o meio em que a criança
Dislexa está incluída, pois ela pode ser erroneamente classificada como tendo
pouca inteligência, ou como preguiçosa, ou ainda o professor é ruim, ou a
escola é de má qualidade. Isso fica mais visível quando temos acesso aos
altos índices de reprovação nas séries iniciais do ensino fundamental.
“Essa taxa de distorção série /idade também atinge o ensino fundamental, e, de
acordo com os dados das pesquisas do Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Básica – Saeb, 59% dos alunos brasileiros chegam a 4ª série do ensino fundamental
sem terem desenvolvido competências e Habilidades elementares de leitura.”
(ALVES, SIQUEIRA, LODI e ARAUJO, 2011, pg. 27).
20
Por isso é tão importante identificarmos a verdadeira causa da não
aprendizagem de uma criança. Quanto mais cedo uma criança com distúrbios
de desenvolvimento, seja qual for ele, tenha acesso a um diagnóstico, mais
eficiente será o tratamento e ela terá maiores chances de minimizar os seus
déficits aprendendo e se desenvolvendo de acordo com o esperado para a sua
idade e/ou série escolar.
Como a Dislexia é um transtorno do desenvolvimento, dificilmente se
apresenta sozinha, ou seja, normalmente é acompanhada de outras
comorbidades. Assim fica fácil entender que o diagnóstico deve ser realizado
por uma equipe multidisciplinar. Desta forma ele será mais preciso e facilitará o
tratamento da mesma.
A Associação Brasileira de Dislexia diz que a equipe de profissionais
deve verificar todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o
diagnóstico de dislexia chamam este processo de Avaliação Multidisciplinar e
de Exclusão. Visando assim diminuir as chances de erro em um diagnóstico,
para isso diz que:
“Outros fatores deverão ser descartados, como déficit intelectual, disfunções ou
deficiências auditivas e visuais, lesões cerebrais (congênitas e adquiridas), desordens
afetivas anteriores ao processo de fracasso escolar (com constantes fracassos
escolares o disléxico irá apresentar prejuízos emocionais, mas estes são
conseqüências, não causa da dislexia).” (http://www.dislexia.org.br/abd/dislexia.html).
Para que isso ocorra deve ser considerado o histórico familiar, o
comportamento da criança em casa e na escola, a turma em que a criança
está inserida, os professores da mesma, bem como a escola em geral. Uma
criança com suspeita de Dislexia deve primeiramente ser encaminhada a um
Psicopedagogo.
“.... um crescente número de pesquisas que mostram que os resultados de leitura de
crianças com Dislexia podem ser significativamente melhorados se estas crianças
21
forem identificadas precocemente e passarem por uma intervenção adequada.”
(CATTS, CHAN, 2011, Pg. 55).
O diagnóstico psicopedagógico é composto dos aspectos do passado,
do presente (diagnóstico) e do futuro (prognóstico) e o psicopedagogo se
utiliza de variados meios para analisar cada uma dessas esferas, de acordo
com a necessidade. O essencial é a descrição e a localização contextual do
caso investigado. Diz WEISS (2008) que “Todo diagnóstico psicopedagógico é,
em si, uma investigação” e esta visa ao esclarecimento de uma queixa, que
pode, por sua vez, incluir muitas outras questões, não percebidas ou relatadas
por quem sinalizou o problema.
O Psicopedagogo poderá se utilizar para realizar o diagnóstico de
entrevistas, com a própria criança, com os pais, professores e colegas. Pode
também realizar Provas Operatórias, Anamnese, observação da criança no
espaço escolar, entre outros.
Também é indicada a utilização da E.O.C.A. (Entrevista Operativa
Centrada na Aprendizagem), elaborada por VISCA (1987). Segundo SAMPAIO
(2010), a E.O.C.A. “tem como objetivo investigar os vínculos que ela (a criança)
possui com os objetos e os conteúdos de aprendizagem escolar, observar suas
defesas, condutas evitativas e como enfrenta novos desafios”. A seqüência
proposta pelo autor não é uma fórmula rígida, pois pode variar segundo as
circunstâncias. É um instrumento simples, mais rico em seus resultados.
Subsequentemente é apresentada pelo Psicopedagógico a Devolução,
que indicará um tratamento, bem como um caminho a seguir, seja com
medicamentos, treinamentos ou com profissionais específicos. Embora
existam muitas pesquisas sobre este distúrbio, ainda não existe um tratamento
específico, ou seja, cada caso é um caso e deve ser olhado com atenção e
cuidado, sem generalizações.
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“Este tratamento será proveitoso desde que não se arraste indefinidamente com a
desculpa de que deve haver acompanhamento medicamentoso ou com equipamento
específico.” (OLIVIER, 2010, pg. 59).
Sendo assim temos que ficar atentos aos resultados do tratamento
aderido, pois o mesmo precisa apresentar resultado positivo, caso contrário
terá que ser questionado e dependendo do caso até mesmo substituído. Para
isso é necessário ter claro em mente o objetivo que se deseja alcançar,
evitando assim a perda de tempo e também de confiança dos pais e
principalmente da criança.
“O psicopedagogo avaliará o paciente encaminhado, para detectar distúrbios
fonoauditivos, que exigirão encaminhamento a um fonoaudiólogo e a um otorrino.
Havendo deficiência na visão, poderá ser indicado um oftalmologista. Também,
certamente, o psicopedagogo o encaminhará a um neurologista, para que exames
sejam realizados.” (OLIVIER, 2010, pg. 64).
É se suma importância que a avaliação da criança supostamente
Dislexa seja feita por profissionais adequados e que o tratamento seja
rigorosamente seguido. O indivíduo Dislexo só terá êxito se estiver com os
profissionais corretos, em um tratamento adequado, mesmo que isso inclua
uma realfabetização, realizada por outro profissional que não seja o professor
de sua turma, em um atendimento extraclasse.
Olivier 2010, também aconselha que o indivíduo Disléxico pratique
esportes, para melhorar a sua coordenação motora, seu equilíbrio e sua
lateralidade. Ela destaca entre as atividades físicas o balé clássico e o teatro,
tanto para os meninos quanto para as meninas. Além é claro da arte terapia,
que é recomendada para todos os distúrbios e transtornos.
“Os resultados irão aparecer de forma consistente e progressiva. Ao contrário do que
muitos pensam o disléxico sempre contorna suas dificuldades, encontrando seu
caminho. Ele responde bem a situações que possam ser associadas a vivências
concretas e aos múltiplos sentidos. O disléxico também tem sua própria lógica, sendo
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muito importante o bom entrosamento entre profissional e paciente.”
(http://www.dislexia.org.br/abd/dislexia.html).
A Dislexia é um transtorno muito complexo e pouco conhecido na
sociedade brasileira e, até mesmo no meio acadêmico, por isso seu
diagnóstico é tão difícil e necessita de um alto índice de detalhes. O maior
problema é que devido ao desconhecimento deste transtorno, muitas crianças
não têm acesso ao tratamento adequado e por isso são prejudicadas, muitas
vezes chegando à fase adulta ainda na condição de analfabetas.
“Dislexia é causa ainda ignorada de evasão escolar em nosso país, e uma das causas
do chamado "analfabetismo funcional" que, por permanecer envolta no
desconhecimento, na desinformação ou na informação imprecisa, não é considerada
como desencadeante de insucessos no aprendizado.” (http://www.dislexia.com.br/).
É fácil entender que um indivíduo Dislexo abandone a escola por não
conseguir aprender a ler e/ou escrever. Sem o tratamento adequado, ele será
eternamente discriminado e até mesmo isolado do grupo. Quando não se
aprende a ler e escrever, a escola torna-se ineficiente e desnecessária.
Vivemos em um mundo letrado, fazemos uso de leitura e escrita
comumente em nosso dia a dia, é inaceitável que algumas pessoas não
possam fazer parte desse mundo, que sejam privadas dele. Temos que
entender que uma pessoa Dislexa pode não escrever ou ler como uma pessoa
não Dislexa, porém não podemos excluí-la por isso.
24
CAPÍTULO III
Como agir com uma criança Dislexa?
Após se obter um diagnóstico positivo para a dislexia, os responsáveis
pela criança devem procurar uma escola que trabalhe com a inclusão. O
trabalho a ser realizado deve ser em conjunto onde cada um faz a sua parte.
Ou seja, o tratamento deve ser realizado pelos profissionais indicados ao caso
(Fonoaudiólogo, Psicólogo, entre outros), pela escola onde o indivíduo Dislexo
estuda e em casa, com o auxílio de todos os familiares.
Todos precisam estar integrados em busca de um mesmo objetivo.
Pais, professores e demais profissionais envolvidos no processo, precisam
periodicamente avaliar o avanço do indivíduo Dislexo. E assim poder decidir se
o tratamento pode ser mantido ou precisa ser trocado, ou se a mudança deve
ser na escola ou até mesmo em casa.
Uma criança que possui um distúrbio de aprendizagem, seja qual for
ele, precisa de mais atenção. Porém isso não pode ser confundido com super
proteção. A criança não pode ser subestimada, deve ter desafios como
qualquer outra, mas com possibilidades de vencê-los, ou seja, os desafios
devem ser adequados as suas dificuldades.
Assim como qualquer outra criança, as Dislexas podem receber ajuda
para realizar as tarefas mais difíceis, mas também precisam ter tarefas que
consigam realizar sozinhas. É importante lembrar que a pessoa que auxilia a
criança, não pode realizar a tarefa pela mesma, deve apenas auxiliá-la a
realizar a mesma.
Durante minha trajetória profissional tive a oportunidade de conviver
com algumas crianças com diagnóstico de Dislexia. Percebi que mesmo tendo
25
o mesmo diagnóstico, estas crianças apresentam características diferentes em
relação ao seu distúrbio, ou seja, cada uma com suas particularidades.
Diferente também são a expectativa e o comportamento das famílias.
Posso citar dois casos de dois meninos com diagnóstico de Dislexia, e
que fazem tratamento desde as séries iniciais. Atualmente eles estão com
onze anos de idade, ambos matriculados no sexto ano do ensino fundamental
em uma escola particular. A escola possui um sistema de inclusão que oferece
aos alunos com necessidades educacionais especiais um professor de apoio
que os auxilia tanto durante as aulas quanto nas avaliações, de acordo com a
necessidade de cada criança.
Os dois meninos tinham o apoio da família, porém de maneira
diferente. No primeiro caso, a família solicitou à escola que o professor de
apoio copiasse a matéria para ele e, transcrevesse suas respostas durante a
realização dos deveres e avaliações. Em casa ele possuía um professor
particular que o ajudava a realizar as tarefas para casa.
No segundo caso, a pedido da família, o professor de apoio trabalhava
de acordo com as regras da escola, ou seja, acompanhando o aluno,
corrigindo seus erros ortográficos e organizando suas tarefas. Este também
tinha um professor particular em casa que agia da mesma maneira.
O menino do primeiro caso aproveitava o tempo livre em que o
professor copiava a matéria para ele, para conversar, arrumar o cabelo, ir ao
banheiro, entre outras coisas. O menino do segundo caso tentava melhorar a
letra e diminuir os erros pra ter menos correções e receber elogios. Durante as
avaliações, o comportamento dos mesmos era igual. Assim o menino do
segundo caso obtinha melhor desempenho e resultado do que o menino do
primeiro caso.
26
Sendo assim, destacarei a seguir qual seria a postura mais adequada
da família e da escola em relação ao tratamento da criança Dislexa, de acordo
com os estudos realizados até o presente momento.
III. 1- O Tratamento:
Como descrito no capítulo anterior, o tratamento deve ser adequado a
cada situação, respeitando as particularidades de cada indivíduo.
Independentemente dos indivíduos terem o mesmo distúrbio de aprendizagem,
o tratamento deverá ser sempre diferenciado, pois deve ser levado em conta
tanto o ambiente familiar de cada um, a escola, os professores, e
principalmente as características psicológicas e cognitivas.
De acordo com Zorzi e Capellini, (2009), é necessário que os
profissionais responsáveis pelo tratamento do indivíduo Dislexo, informe a
família o plano de trabalho e a evolução em cada etapa da terapia, além de
orientar a organização da agenda escolar e social da criança, dando destaque
as tarefas mais importantes como provas e trabalhos escolares.
Além disso, ainda segundo Zorzi e Capellini, (2009), os profissionais
devem ajudar a criança ou o adolescente a trabalhar com organização e
previsão de tempo disponível para o estudo; orientar o método de estudo que
mais o favorece, tanto para o dia a dia quanto para as provas; e ainda
organizar um horário de estudo em casa, orientando a família a supervisioná-
lo.
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III. 2- A Escola:
A escola deve oferecer um ambiente acolhedor, que propicie ao aluno
o seu desenvolvimento integral, ou seja, tanto no lado intelectual, quanto no
social. Sendo assim deve fazer a inclusão da criança com necessidades
educacionais especiais, sem julgá-la ou diferenciá-la. De maneira que não
pareça aos colegas que está criança é uma privilegiada e nem que é incapaz,
mas sim que está superando suas dificuldades.
Para isso a escola deve incluir todos neste processo, direção,
coordenação, orientação, professores, funcionários e demais alunos. Desta
maneira, com esclarecimento, todos podem ajudar e verdadeiramente incluir,
ao invés de excluir o diferente.
“O melhor é o currículo expressar o cotidiano do aprendente, o diálogo com o dia a
dia. Mesmo diante de propostas inclusivas, em algumas situações, a presença de um
mediador ou psicopedagogo, atuando para ajudar o professor, será sempre bem
vinda, mas nem sempre possível. A realidade da educação, geralmente, impõe a
prática pedagógica limites que só serão superados pelo amor e pelo preparo
profissional de quem atua.” (CUNHA, 2011, p. 27/28).
Percebe-se claramente que a escola precisa então construir um
currículo inclusivo. Ou seja, que englobe atividades de sala de aula,
extraclasse e que incluam a família, de maneira que a criança incluída tenha
atuação importante.
A criança que possui necessidades educacionais especiais não pode
ser vista por seus colegas como privilegiada, ou mais importante. Ela deve
fazer parte do grupo, para que seus colegas não se sintam preterido e então
não a excluam. Assim o indivíduo Dislexo sofrerá menos, pois sendo aceito
pelo grupo resta a ele somente superar as suas dificuldades, que já não são
poucas.
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“Isso porque indivíduos com necessidades especiais ou com características
específicas trazem a carga do isolamento por serem vistos como “diferentes”. Como
superar a dor do preconceito e da exclusão? Comumente, há relevantes alterações no
seio familiar. É primordial a atenção da escola a respeito dos impactos que alunos
com características especiais produzem na vida em família. Com efeito, o
entendimento das dificuldades de aprendizagem implica um olhar extensivo à família.”
(CUNHA, 2011, p. 125/126).
Contudo percebe-se que é necessário que a escola esteja preparada
para receber um aluno Dislexo, ou com qualquer outro distúrbio ou transtorno,
para que verdadeiramente possa fazer a inclusão do mesmo. Assim também é
necessário que o professor se prepare para recebê-lo, pois o professor será o
mediador entre os alunos, garantindo a verdadeira inclusão e minimizando os
conflitos.
Além disso, o professor também é responsável pela produção das
atividades de sala de aula, com isso ele pode realizá-las de acordo com as
possibilidades dos alunos incluídos, sem prejuízo pedagógico. Para que isso
ocorra sem problemas para a turma, tudo deve ser esclarecido entre os
colegas. É importante que hajam tarefas diferenciadas para os alunos
Dislexos, mas também é importante que em algum momento ele possa realizar
a mesma tarefa que seus colegas.
III. 3- A Família:
Saber qual o propósito da família é fundamental para prosseguir com o
tratamento, visando sempre o desenvolvimento da criança Dislexa. É preciso
ficar atento, pois algumas famílias procuram por especialistas para obter o
laudo do distúrbio da criança e acreditam que isso é suficiente, acomodam-se
com a situação, sem se preocupar em fazer o tratamento.
É importante ter em mente que mesmo a Dislexia não tendo cura, a
criança pode ter os seus sintomas amenizados e/ou até superadas. Nestas
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condições terá uma vida adulta tranqüila, trabalhando e estudando, longe das
dificuldades e dos traumas causados pelo distúrbio.
“Apesar da Dislexia não ter “cura” do ponto de vista neurobiológico, várias são as
estratégias terapêuticas utilizadas para a aquisição e o desenvolvimento da leitura em
nível proficiente.” (ALVES, SIQUEIRA, LODI e ARAUJO, 2011, p. 34).
De acordo com Cunha (2011), é necessário que o lar possua uma
extensão pedagógica e, para isso os pais devem se desviar da culpa e do
medo, deixando de lado o desânimo e pensando positivamente, com otimismo.
Assim a criança se sentira mais segura para superar seus obstáculos, sabendo
que terá a quem recorrer nos momentos de dificuldade.
A família deve escolher uma escola com a qual concorde com a ação
pedagógica e suas regras. Para que família e escola possam caminhar justas,
por um mesmo objetivo. E que exista entre as duas um ótimo diálogo, com
freqüentes trocas de informações. Essa relação é fundamental para o bom
funcionamento do tratamento.
“É essencial que haja unidade, pois, à família, cabe a correão dos filhos, à escola, o
ensino. Quando a família, por qualquer motivo, ainda que justificável, não consegue
cumprir a sua parte, o aluno fica desprovido de atributos que o preparam para a
aprendizagem escolar, principalmente aqueles que estabelecem os limites da
convivência social e que deságuam no comportamento em razão disso, será na
escola que ele descobrirá preceitos comportamentais imprescindíveis para a
aprendizagem.“ (CUNHA, 2011, p. 126).
Percebe-se que a família tem papel fundamental no desempenho da
criança Dislexa na escola. Tanto a criança precisa da atenção, compreensão,
acompanhamento e confiança da família, quanto à escola, precisa sentir que
tem uma parceria, que pode contar com a família.
“Percebemos que, quando a educação do aprendente é prioridade familiar, a escola
tende a acompanhar as expectativas. Em muitos casos, contratam profissionais
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especializados ou elaboram um currículo diferenciado em razão das necessidades.
Este é um grande desafio para o sucesso da educação do aluno.” (CUNHA, 2011, p.
127).
A família precisa estar preparada para ajudar o indivíduo Dislexo,
participando ativamente do seu tratamento e fazendo a ligação entre escola e
ações extraclasse (com profissionais como Neurologistas, Fonoaudiólogos,
Psicólogos, etc.), para que a criança possa se desenvolver em todos os
sentidos. A família precisa ter em mente que pode e deve ajudar a criança e
que deve esperar sempre a sua evolução. Valorizando mais os pontos
positivos, de vitórias do que os negativos.
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CONCIDERAÕES FINAIS
Este trabalho teve como principal objetivo entender quais os reflexos
da Dislexia na vida social da criança, que tipo de problemas ele pode causar, e
principalmente como se pode lidar com esses problemas.
Ao tratar de dislexia, um dos problemas enfrentados na sala de aula
com um número grande de alunos e a dificuldade em lidar com este, por parte
dos professores, surgiu à vontade de escrever esta monografia com o título
Impacto da Dislexia na Socialização da Criança.
Assim, dei início ao meu trabalho falando um pouco da dislexia, para
que nós professores, alunos e pais possamos compreender o que realmente
acontece com a criança. Seguindo para o segundo capítulo, ressaltei a
importância do diagnostico precoce. Para finalizar esta monográfica trouxe
algumas opções de como lidar com estas crianças, seguindo a proposta de
escritores conhecidos no meio acadêmico.
Durante minha prática como educadora de crianças que apresentavam
algumas necessidades e muitas delas a Dislexia senti a falta de onde me
apoiar para poder trazer a teoria que estudei durante minha vida acadêmica
para ajudar na aprendizagem destes alunos. Com isso, este trabalho servirá
como suporte para professores entenderem melhor o que acontece com seus
alunos e assim ajudarem no processo de aprendizagem dos educandos.
Ao longo da minha pesquisa bibliográfica pude perceber pontos tais
como: a dificuldade de se ter um diagnóstico para a Dislexia, a complexidade
do tratamento deste distúrbio, a importância da participação da família tanto no
tratamento quanto na vida escolar da criança e a importância de a escola
32
efetivamente fazer a inclusão deste indivíduo propiciando o seu bem estar
social e o seu desenvolvimento cognitivo.
Compreendi que indivíduos com Dislexia podem ter uma vida “normal”,
estudar, trabalhar ter amigos e tudo mais que desejarem. Porém enfrentando
uma luta diária contar si próprios para superar suas dificuldades, oprimir os
desânimos, forçar a concentração, enfrentar o preconceito, etc.
Isto tudo se torna mais fácil quando se tem o apoio principalmente da
família, além dos amigos e em todo o meio social o qual estiver inserido.
Entendo que o bem estar emocional influencia o aprendizado, principalmente
em uma pessoa que possua Dislexia, devido a sua tendência a auto-exclusão
e ao complexo de inferioridade.
A escola tem um papel fundamental para o desenvolvimento de uma
criança com Dislexia, pois é na escola que os pais vão buscar apoio e
conhecimento para lidar com seu filho. Provavelmente a escola que identificará
o distúrbio e solicitará a família uma avaliação Psicopedagógica da criança.
Durante a construção desta monografia entendi que não é possível
determinar quantas crianças que possuem Dislexia se tornarão capazes de ler
e escrever dentro dos padrões da normalidade (impostos pela sociedade) e
quantos terão problemas e serão excluídos por ela.
Porém acredito que um ambiente estável e seguro possibilitam
condições que facilitarão o desenvolvimento intelectual de uma criança
Dislexa. Com os adultos funciona da mesma forma, um indivíduo Dislexo
necessita de estímulos positivos, pois os desafios podem gerar neles a falsa
impressão de que não são capazes.
Contudo é difícil chegar a uma conclusão já que Dislexia é um tema
tão complexo. Acredito que em outra oportunidade possa aprofundar meus
33
estudos e assim então entender melhor como se da à evolução dos sintomas
da Dislexia durante a vida de uma pessoa em uma análise mais profunda.
O que acredito é que professores de crianças com necessidades
educacionais especiais precisam entender que o afeto e a aprendizagem
andam juntos, como professora e futura Psicopedagoga pretendo continuar
estudando e aprofundando meus conhecimentos, para que possa cada vez
mais aperfeiçoar minha prática pedagógica.
34
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ALMEIDA, Geraldo Peçanha de. Dificuldades de aprendizagem em leitura e
escrita: método fônico para tratamento/Geraldo Peçanha de Almeida. - Rio de
Janeiro: Wak ed., 2010.
CUNHA, Antonio Eugênio. Afeto e Aprendizagem: amorosidade e saber na
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CUNHA, Antonio Eugênio. Práticas pedagógicas para a inclusão e
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OLIVIER, Lou. Distúrbios de Aprendizagem e de Comportamento/ Lou de
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D639. Dislexia: novos temas, novas perspectivas/ Luciana Mendonça Alves,
Renata Mousinho, Simone Capellini (organizadoras) - Rio de Janeiro: Wak
Editora, 2011. 344 p; 23 cm.
SAMPAIO, Simaia. Manual prático do diagnóstico psicopedagógico clínico. Rio
de Janeiro: Wak editora, 2010. 2ª edição.
VISCA, Jorge. Clínica Psicopedagógica. Epistemologia Convergente. Porto
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WEISS, Maria Lucia Lemme. Psicopedagogia clínica: Uma visão diagnóstica
da aprendizagem. Rio de Janeiro: Lamparina, 2008. 13ª edição ampliada.
ZORZI, Jaime e CAPELLINI, Simone. Dislexia e outros distúrbios da Leitura-
Escrita. Pulso, 2009. 2ª edição.
35
ABD – Associação Brasileira de Dislexia. Dislexia - Definição, Sinais e
Avaliação: <http://www.dislexia.org.br/abd/dislexia.html>. Acesso em: 19 de
janeiro de 2012.
O que é a Dislexia? <http://www.dislexia.com.br/> acesso em 19 de janeiro de
2012.
LAROSA, Marco Antonio; AYRES, Fernando Arduini. Como Produzir uma
Monografia: passo a passo..., ...siga o mapa da mina. Rio de Janeiro. AVM,
2008. 7ª edição.
36
BIBLIOGRAFIA CITADA
1. CUNHA, Antonio Eugênio. Práticas pedagógicas para a inclusão e
diversidade/Antonio Eugênio Cunha. - Rio de Janeiro: Wak ed., 2011.
2. OLIVIER, Lou. Distúrbios de Aprendizagem e de Comportamento/ Lou
de Olivier. - Rio de Janeiro: Wak ed., 2010.
3. ALVES, L. M.; SIQUEIRA, C. M.; LODI, D. F.; ARAÚJO, M. C. F..
Capítulo 1. Introdução à Dislexia do Desenvolvimento. (in.: Dislexia:
Novos Temas, Novas Perspectivas; Organizadoras: Luciana Mendonça
Alves; Renata Mousinho; Simone Aparecida Capellini). Rio de Janeiro:
Wak Editora, 2011. 344 p; 23 cm.
4. CATTS, Hugh W; CHAN, Y-Chih. Capítulo 3. Identificação Precoce da
Dislexia. (in.: Dislexia: Novos Temas, Novas Perspectivas;
Organizadoras: Luciana Mendonça Alves; Renata Mousinho; Simone
Aparecida Capellini). Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011. 344 p; 23 cm.
5. SAMPAIO, Simaia. Manual prático do diagnóstico psicopedagógico
clínico. Rio de Janeiro: Wak editora, 2010. 2ª edição.
6. VISCA, Jorge. Clínica Psicopedagógica. Epistemologia
Convergente. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.
7. WEISS, Maria Lucia Lemme. Psicopedagogia clínica: Uma visão
diagnóstica da aprendizagem. Rio de Janeiro: Lamparina, 2008. 13ª
edição ampliada.
37
8. ZORZI, Jaime e CAPELLINI, Simone. Dislexia e outros distúrbios da
Leitura-Escrita. Pulso, 2009. 2ª edição.
9. ABD – Associação Brasileira de Dislexia. Dislexia - Definição, Sinais e
Avaliação: <http://www.dislexia.org.br/abd/dislexia.html>. Acesso em: 19
de janeiro de 2012.
10. O que é a Dislexia? <http://www.dislexia.com.br/> acesso em 19 de
janeiro de 2012.
38
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
O que é Dislexia? 13
CAPÍTULO II
A Importância do Diagnóstico Precoce da Dislexia. 19
CAPÍTULO III
Como Agir com uma Criança Dislexa? 24
III. 1- Tratamento: 26
III. 2- Escola: 27
III. 3- Família: 28
CONCIDERAÇÕES FINAIS 31
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 34
BIBLIOGRAFIA CITADA 36
ÍNDICE 38
39
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: