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Simone Fiuza Regaçone POTENCIAIS CORTICAIS AUDITIVOS E MODULAÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA EM MULHERES SAUDÁVEIS Marília – 2015

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Simone Fiuza Regaçone

POTENCIAIS CORTICAIS AUDITIVOS E MODULAÇÃO AUTONÔMICA

CARDÍACA EM MULHERES SAUDÁVEIS

Marília – 2015

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SIMONE FIUZA REGAÇONE

POTENCIAIS CORTICAIS AUDITIVOS E MODULAÇÃO AUTONÔMICA

CARDÍACA EM MULHERES SAUDÁVEIS.

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” da Faculdade de Filosofia e Ciências - FFC/UNESP, como requisito para obtenção de título de mestre em Fonoaudiologia. Área de Concentração: Distúrbios da Comunicação Humana. Orientadora: Profa. Dra. Ana Cláudia Figueiredo Frizzo Apoio financeiro: Capes

Marília – 2015

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Regaçone, Simone Fiuza. R333p Potenciais corticais auditivos e modulação autonômica cardíaca em mulheres saudáveis / Simone Fiuza Regaçone – Marília, 2015. 88 f.; 30 cm. Orientador: Ana Cláudia Figueiredo Frizzo. Dissertação (Mestrado em Fonoaudiologia) –

Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Filosofia e Ciências, 2015. Bibliografica: f. 81-85

1. Eletofisiologia. 2. Batimento cardíaco. 3. Potenciais auditivos evocados. 4. Sistema nervoso autônomo. I. Título. CDD 617.8

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SIMONE FIUZA REGAÇONE

POTENCIAIS CORTICAIS AUDITIVOS E MODULAÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA EM MULHERES SAUDÁVEIS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia, Área de Concentração Distúrbios da Comunicação Humana, da Faculdade de Filosofia e

Ciências, Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus de Marília, para obtenção do título de Mestre em Fonoaudiologia.

BANCA EXAMINADORA

Orientador: _________________________________________________________ Profa. Dra. Ana Claudia Figueiredo Frizzo

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP Campus de Marília

2º Examinador: _______________________________________________________

Profa. Dra. Liliane Desgualdo Pereira Universidade Federal de São Paulo –UNIFESP

3º Examinador: ______________________________________________________ Prof. Dr. Vitor Engrácia Valenti

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP Campus de Marília

Marília, 16 de novembro de 2015.

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Dedico este trabalho aos meus pais, Ernesto Regaçone e Terezinha Fiuza

Regaçone, que mesmo em meio a dificuldades sempre acreditaram e

investiram em mim, vocês que me deram o bem mais precioso, a vida.

Por mais que eu tente, nunca poderei retribuir todo carinho, amor e

abnegação. Meu porto seguro! Amo vocês!

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a Deus e ao mestre Jesus Cristo por todo

amparo nos momentos de angústia e de aflições, pelas oportunidades de

aprendizado e de crescimento pessoal e espiritual que surgiram e que

ainda surgirão no decorrer da minha vida. Enfim, agradeço pela minha

saúde, por toda inspiração durante meu trabalho e por me ajudar a

manter o foco, a força e a fé!

À minha orientadora Dra. Ana Cláudia Figueiredo Frizzo, por todos os

momentos de aprendizado, por ensinar de uma maneira tão peculiar que

me fez me encantar e me apaixonar pela audiologia, em especial pela

eletrofisiologia, pelo apoio, amizade, confiança e incentivo ao longo desses

quatro anos de convivência, e por sempre estar presente em todos os

momentos do meu caminho como mestranda, especialmente nos mais

difíceis.

À professora, Dra Eliana Maria Gradim Fabron, pelo apoio, incentivo e

pelos ensinamentos transmitidos a mim durante a graduação e iniciação

científica.

As alunas de graduação da FFC que gentilmente participaram desta

pesquisa, sem as quais esse trabalho não se concretizaria.

À banca examinadora, Profa. Dra. Liliane Desgualdo Pereira e Prof. Dr.

Vitor Engrácia Valenti, por aceitarem participar desse momento tão

importante para mim, e pelas contribuições científicas.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia da

UNESP – Marília pelos ensinamentos transmitidos nas disciplinas

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cursadas, em especial ao Prof. Dr. Vitor Engrácia Valenti, pelos preciosos

ensinamentos sobre análise estatística.

Aos funcionários do Centro de Estudos da Educação e Saúde (CEES), pela

atenção e disposição em servir.

À Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior - CAPES,

pelo apoio financeiro concedido durante o segundo ano da realização

desta pesquisa.

Às estagiárias do 4º ano de Fonoaudiologia, que fizeram parte do meu

aprendizado de docência.

Aos membros do Laboratório de Avaliação Objetiva da Audição – LAOA,

pela solidariedade, troca de experiências, amizade e companherismo. Em

especial as minhas pupilinhas, Daiane Damaris Baptista de Lima e Anna

Caroline Oliveira.

À amiga Daiane Lima, pelo apoio, por conferir as referências comigo, pelo

ombro amigo, carinho e atenção principalmente nos momentos finais

para a finalização deste trabalho para qualificação.

Aos amigos, Gustavo Ferreira, Maíra Guerreiro, Nélli Bócca, Patricia Alves

Resta, e em especial à Amanda Murino Rafacho, que mesmo distantes

nunca deixaram de se preocupar e tentar fazer dos meus dias os melhores

possíveis. Amo vocês.

As amigas mestrandas Adriana Aparecida Kemp, Lídia Maurício da Silva

e Elaine Osório pelo carinho, amizade e pelas trocas de conhecimentos.

Ao Márcio Pereira pela ajuda, paciência e disposição em servir, se não

fosse por ele não teria conseguido arrumar a paginação deste trabalho.

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Ao prof. Pedro Menezes pelo desenvolvimento dos estímulos acústicos

harmônicos e desarmônicos utilizados neste estudo.

Aos meus queridos Juarez Guedes, Lucia Alves e meus sobrinhos Lucas e

Juliane, pelo apoio, pelo amor dedicado a mim, e por se fazerem

presentes mesmo a quilometros de distância, amo muito vocês.

À Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Campus de

Marília), por me proporcionar toda a estrutura necessária para o

desenvolvimento desta pesquisa.

Enfim, agradeço a todos que colaboraram direta ou indiretamente para a

concretização deste trabalho! Muito obrigada!

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“Criar é a capacidade inata de desestruturar algo e reestruturá-lo em

forma totalmente diferente e original.”

“Espírito Hammed – Livro: Os prazeres da alma”

“A mente que se abre a uma nova ideia, jamais retornará ao seu estado

original”.

Albert Einstein

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RESUMO REGAÇONE, S.R. Potenciais corticais auditivos e modulação autonômica

cardíaca em mulheres saudáveis, 2015. Dissertação (mestrado) – Pós-graduação

em Fonoaudiologia. Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”.

UNESP – FFC/Marília – SP.

Introdução: Os potenciais corticais auditivos e a variabilidade da frequência

cardíaca são temas amplamente estudados na literatura nacional e internacional.

Embora sejam escassos estudos que relacionam esses dois parâmetros de

avaliação do sistema nervoso. Objetivo: Analisar a associação entre os potenciais

corticais auditivos e a modulação autonômica cardíaca frente a diferentes estímulos

acústicos. Métodos: Participaram desta pesquisa 60 mulheres saudáveis, com idade

entre 18 e 25 anos. Os critérios de inclusão foram: ausência de distúrbios

cardiorrespiratórios, cognitivos, psiquiátricos, neurológicos e tratamento

medicamentoso que influencie a regulação autonômica cardíaca; indivíduos que não

ingeriram bebidas alcoólicas em excesso nas últimas 24 horas e que deixaram de

ser tabagistas há pelo menos um ano; audiometria tonal liminar com resultados

normais e imitânciometria com curva tipo A e reflexos ipsi e contralaterais presentes.

Antes do exame do Potencial cortical, foram mensuradas a pressão arterial e a

frequência cardíaca em repouso com auxílio de estetoscópio e esfigmomanômetro e

do cardiofrequencímetro Polar RS800CX. Após a coleta dessas medidas, foi iniciado

o exame do potencial cortical simultaneamente com a coleta da variabilidade da

frequência cardíaca. Os índices lineares nos domínios do tempo e da frequência

foram analisados através do software Kubios HRV analysis – versão 2,0. A análise

estatística descritiva foi analisada por meio da média e desvio padrão, ao passo que

para a análise inferencial foram aplicados os seguintes testes: teste de correlação de

Pearson para distribuições paramétricas e de Spearman para distribuições não-

paramétricas. Resultados: Foram observadas correlações entre os potenciais

corticais auditivos e os índices da variabilidade da frequência cardíaca. Quando

analisados no domínio do tempo, o índice SDNN correlacionou com a latência de

P3a e as amplitudes de P2 e P3a; o índice RMSSD correlacionou com as latências

de N1, P2, N2 e amplitudes de P3a e MMN e interamplitude de N2-P3a; o índice

pNN50 correlacionou com as latências de N1 e P2 e, com as amplitudes de P3a e

MMN e interamplitude N2-P3a. Já no domínio da frequência, o índice LF (ms2)

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correlacionou com a latência e amplitude de N1; o índice LF (nu) correlacionou com

a amplitude de P3a e interamplitude N2-P3a; o índice HF (ms2) correlacionou com a

latência e amplitude de P3a; o índice HF (nu) correlacionou com amplitude de P3a e

interamplitude de N2-P3a; e o índice LF/HF correlacionou com a amplitude de P3a e

interamplitude de N2-P3a. Conclusão: Houve associação entre os potenciais

corticais auditivos e a modulação autonômica cardíaca frente a diferentes estímulos

acústicos, e o sistema nervoso autônomo que obteve predomínio foi o

parassimpático.

Palavras-chave: Eletrofisiologia, Frequência Cardíaca, Potenciais Evocados

Auditivos, Sistema Nervosos Autônomo

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ABSTRACT

REGAÇONE, S.R. Potential cortical hearing and modulation autonomic heart in

healthy women, 2015. Dissertation - Master Degree in Speech and Hearing

Sciences. São Paulo State University "Júlio de Mesquita Filho". UNESP. FFC/ Marília

SP

Introduction: The auditory cortical potentials and heart rate variability are widely

studied topics in the national and international literature. Although few studies

associating these two endpoints of the nervous system. Objective: To analyze the

association between auditory cortical potentials and cardiac autonomic modulation

due to different acoustic stimuli. Methods: We analyzed 60 healthy women, aged

between 18 and 25 years. Inclusion criteria were: absence of cardiorespiratory

disorders, cognitive, psychiatric, neurological and medical treatment to influence the

cardiac autonomic regulation; individuals who did not drink alcohol in excess in the

last 24 hours and no longer in smokers for at least one year; pure tone audiometry

and impedance tests with normal results with type A curve and ipsilateral and

contralateral reflexes present. Before examining the cortical potential, were

measured blood pressure and heart rate at rest with stethoscope and

sphygmomanometer aid and heart rate monitor Polar RS800CX. After collecting

these measures, started the examination of cortical potential while the collection of

heart rate variability. Linear indices in the field of time and frequency were analyzed

using the Kubios HRV analysis software - version 2.0. Descriptive statistical analysis

was analyzed by mean and standard deviation, whereas for the inferential analysis

the following tests were applied: Pearson correlation test for parametric and

Spearman distributions to non-parametric distributions. Results: Correlations were

observed between the auditory cortical potentials and indexes of heart rate variability.

When analyzed in the time domain, SDNN index correlated with the P3a latency and

amplitude of P2, and P3a; the RMSSD index correlated with the latencies of N1, P2,

N2 and amplitudes of P3a and MLM and interamplitude of N2-P3a; pNN50 index

correlated with the latencies of N1 and P2 and with the amplitudes of P3a and MLM

and interamplitude N2-P3a. Already in the frequency domain, the LF index (ms2)

correlated with the amplitude and latency N1; LF index (nu) correlated with the

amplitude of P3a and interamplitude N2-P3a; HF index (ms2) correlated with the

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latency and amplitude of P3a; HF index (nu) correlated with amplitude of P3a and

interamplitude of N2-P3a; and the LF / HF index correlated with the amplitude of P3a

and N2-P3a of interamplitude. Conclusion: There was an association between the

auditory cortical potentials and cardiac autonomic modulation due to different

acoustic stimuli, and the autonomic nervous system which has been the

parasympathetic predominance.

Keywords: Electrophysiology, Heart Rate, Auditory Evoked Potentials, Nervous

Autonomous System

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Esquema ilustrativo da colocação dos eletrodos para captação dos PCAs..........................................................................................................................24 Figura 2. Figura representativa dos PEATE, PEAML e PCAs.................................25

Figura 3. Registro do MMN de uma adulta jovem saudável......................................32

Figura 4. Esquema ilustrativo da variação dos potenciais elétricos gerados no coração.......................................................................................................................38

Figura 5. Tacograma de uma adulta jovem saudável................................................39

Figura 6. Análise espectral de frequência de uma adulta jovem normal...................42

Figura 7. Figura ilustrativa dos estímulos harmônicos..............................................53

Figura 8. Figura ilustrativa dos estímulos desarmônicos...........................................54

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Perfil descritivo das voluntárias de acordo com as variáveis: Idade; altura, peso, índice de massa corpórea (IMC), pressão sanguínea diastólica (PSD) e sistólica (PSS)............................................................................................................58 Tabela 2. Perfil das voluntárias de acordo com os valores descritivos dos índices da VFC, no domínio de tempo e frequência em repouso................................................59 Tabela 3. Perfil das voluntárias de acordo com os valores descritivos das latências e amplitudes dos componentes do PCA na discriminação de frequência, harmônico e desarmônico...............................................................................................................60 Tabela 4. Correlação entre os PCAs e a FC..............................................................61 Tabela 5. Correlação entre os PCAs e o intervalo RR...............................................62 Tabela 6. Correlação entre os componentes dos PCAs e o índice RMSSD.............63 Tabela 7. Correlação entre os componentes dos PCAs e o índice SDNN................64 Tabela 8. Correlação entre os componentes dos PCAs e o índice pNN50...............65 Tabela 9. Correlação entre os componentes dos PCAs e o índice espectral LF (ms2)...........................................................................................................................66 Tabela 10. Correlação entre os componentes dos PCAs e o índice espectral LF (nu).............................................................................................................................67 Tabela 11. Correlação entre os componentes dos PCAs e o índice espectral HF (ms2)...........................................................................................................................68 Tabela 12. Correlação entre os componentes dos PCAs e o índice espectral HF(nu)........................................................................................................................69 Tabela 13. Correlação entre os componentes dos PCAs e o índice espectral LF/HF..........................................................................................................................70 Tabela 14. Correlação dos intervalos RR e FC em repouso e durante diferentes estímulos auditivos.....................................................................................................70

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

% Porcentagem

µV Microvolts

ºC Grau Celsius

A1 Referência - Lóbulo da orelha esquerda

A2 Referência - Lóbulo da orelha direita

AD Aferência à direita

AE Aferência à esquerda

ANSI American National Standards Institute

AVE Acidente vascular encefálico

CEES Centro de Estudos da Educação e Saúde

Cz Coronal, linha mediana

dB NA decibel nível de audição

DF Domínio de frequência

DT Domínio de tempo

FC Frequência cardíaca

Fpz Fronto-parietal, linha mediana

Fz Frontal, linha mediana

Hz Hertz

IMC Índice de massa corpórea

Kg Quilograma

kW Quilowatt

M Metro

min Minuto

MMN Mismatch Negativity

MMNdesar Mismatch Negativity com estímulo desarmonico

MMNf Mismatch Negativity com estímulo de frequência

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MMNhar Mismatch Negativity com estímulo harmônico

ms Milissegundos

ms 2 Milissegundos ao quadrado

mmHg Milímetros de mercúrio

N1 Pico negativo um do Potencial Evocado Auditivo de Longa Latência

N2 Pico negativo dois do Potencial Evocado Auditivo de Longa Latência

NSA Nódulo sinoatrial

nu Unidades normalizadas

p Nível de significância

P2 Pico positivo dois do Potencial Evocado Auditivo de Longa Latência

P3 Pico positivo três do Potencial Evocado Auditivo de Longa Latência

P3a Subcomponente do pico positivo três do Potencial Evocado Auditivo de Longa Latência

P3b Subcomponente do pico positivo três do Potencial Evocado Auditivo de Longa Latência

PEALL Potencial evocado auditivo de longa latência

PCA Potencial cortical auditivo

PCAdesar Potencial cortical auditivo com estímulo desarmônico

PCAf Potencial cortical auditivo com estímulo de frequência

PCAhar Potencial cortical auditivo com estímulo harmônico

PRE Potencial Relacionado à eventos

r Coeficiente de correlação

s Segundos

SNA Sistema nervoso autônomo

SNAC Sistema nervoso auditivo central

SNC Sistema nervoso central

SNVE Sistema nervoso visceral eferente

VFC Variabilidade da frequência cardíaca.

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SUMÁRIO

1. Introdução....................................................................................................... ....20

2. Revisão de literatura ...................................................................................... ....23

2.1 Potenciais Evocados Auditivos....................................................................... ....24

2.2 Potenciais Evocados Auditivos de Longa Latência – Potenciais Corticais

Auditivos.....................................................................................................................26

2.2.1 PCAs – Componentes N1 e P2.........................................................................27

2.2.2 PCAs – Componente N2...................................................................................29

2.2.3 PCAs – Componente P3a.................................................................................30

2.2.4 PCAs – Componente Mismatch Negativity (MMN)............................................31

2.3 Sistema nervoso autonomo..................................................................................33

2.4 Variabilidade da Frequência Cardíaca.................................................................36

2.4.1 Domínio do tempo.............................................................................................40

2.4.2 Dominio da frequência.......................................................................................41

2.5 Potenciais corticais auditivos e variabilidade da frequência cardíaca.................43

3. Objetivos...............................................................................................................45

3.1 Objetivo Geral......................................................................................................46

3.2 Objetivos Específicos ..................................................................................... ...46

4. Metodologia..........................................................................................................47

4.1 Ética em pesquisa .......................................................................................... .. 48

4.2 Tipo de estudo................................................................................................ ...48

4.3 Casuística....................................................................................................... ....48

4.4 Critérios de Seleção da Amostra..........................................................................48

4.4.1 Caracterização da amostra...............................................................................49

4.5 Material.................................................................................................................50

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4.6 Procedimentos ............................................................................................... ...50

4.6.1Procedimento inicial............................................................................................50

4.6.2 Pesquisa dos Potenciais Corticais Auditivos.................................................... 52

4.6.3 Pesquisa da variabilidade da frequência cardíaca........................................... 54

4.7 Análise Estatística .......................................................................................... ....55

5. Resultados ...................................................................................................... ....57

6. Discussão ....................................................................................................... ....71

7. Conclusão ....................................................................................................... ....78

8. Referências .................................................................................................... ....80

9. Anexos ............................................................................................................ ....86

Anexo A: Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa – UNESP – F FC......................87

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Introdução ___________________________________________________________________

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1. Introdução

No decorrer de sua história a Audiologia tem ganhado força e evoluído,

juntamente com o progresso tecnológico, cada vez mais têm sido utilizados métodos

avançados em eletrofisiologia, como os potenciais corticais auditivos, com intuito de

desvendar a forma como o processo da informação ocorre no sistema nervoso

central (MCPHERSON, 1996, HALL, 2006).

Neste sentido, os potenciais corticais auditivos – PCAs tornaram-se

imprescindíveis visto que essa técnica não é invasiva e pode ser utilizada em todas

as faixas etárias, além de suas contribuições no estudo do funcionamento cortical

auditivo normal e alterado (HALL, 2006).

Outro método de fundamental importância no meio científico tem sido a

análise da variabilidade da frequência cardíaca – VFC, uma ferramenta amplamente

difundida na literatura capaz de avaliar a modulação autonômica cardíaca, que

devido sua importância e complexidade mobilizou a Sociedade Européia e

Americana de Cardiologia a formarem uma força tarefa (TASK FORCE, 1996) com o

intuito de padronizar essa análise.

Apesar de esses dois métodos diferirem quanto à área de conhecimento,

acredita-se que eles estão relacionados, haja vista os estudos nacionais

(MARCOMINI, 2015; REGAÇONE et al, 2015) e internacionais (LAWRENCE,

BARRY, 2009; 2010; ZHAO et al, 2011) que abordam essa temática. No entanto,

esse tema ainda precisa ser esgotado no meio científico, devido sua complexidade e

também por ser uma literatura restrita.

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Estudos nessa direção contribuirão para o entendimento das diferentes

respostas fisiológicas no organismo humano, como a pressão arterial e frequência

cardíaca frente aos estímulos auditivos. Além disso, uma compreensão mais ampla

dos substratos neurofisiológicos responsáveis pelas estratégias adaptativas ligadas

ao comportamento e as emoções é essencial para que possam ser pensados

mecanismos de intervenção para distúrbios de comunicação e linguagem neste

âmbito.

Portanto, este estudo visou associar os potenciais corticais auditivos e a

variabilidade da frequência cardíaca com o intuito de construir conhecimentos

acerca da interação entre o sistema nervoso central e autonômico, para melhor

compreensão da interferência dos estímulos sonoros na modulação da frequência

cardíaca.

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Revisão de Literatura ___________________________________________________________________

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2. Revisão de literatura

Nesse capítulo foram descritos os trabalhos encontrados na literatura que

serviram de base para fundamentação teórica deste estudo. Foram abordados os

seguintes temas: potenciais evocados auditivos; potenciais evocados auditivos de

longa latência – potenciais corticais auditivos; PCAs – componentes N1 e P2; PCAs

– componente N2; PCAs – componente P3a, PCAs – componente MMN; sistema

nervoso autônomo; variabilidade da frequência cardíaca; análise no domínio do

tempo; análise no domínio da frequência; e potenciais corticais auditivos e

variabilidade da frequência cardíaca.

2.1 Potenciais evocados auditivos

A pesquisa dos potencias evocados auditivos – PEAs é um método não

invasivo de avaliar a integridade do sistema nervoso central – SNC e tem sido

utilizado com muita frequência nas pesquisas no campo da Audiologia (HALL, 2006).

A captação desses potenciais é realizada por meio de eletrodos posicionados

no couro cabeludo, fronte, lóbulos ou mastóides, além de fones de ouvido para

estimulação acústica, conforme ilustra a figura 1.

Figura 1. Esquema ilustrativo da colocação dos eletrodos para captação dos PCAs

* Cz e Fz = eletrodos ativos; Fpz = eletrodo terra; A1 e A2 = eletrodos referências

Fonte: Figura adaptada do manual do equipamento Biologic

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Os PEAs são mudanças elétricas que ocorrem nas vias auditivas centrais,

decorrentes de estímulos acústicos. Esses potenciais são classificados de acordo

com o tempo em que a via auditiva leva para reagir a um estímulo e gerar a

atividade neuroelétrica, podendo ser de curta, média ou longa latência (HALL 2006;

MCPHERSON 1996).

Os potenciais evocados auditivos de curta latência ou potencial evocado

auditivo de tronco encefálico – PEATE são eliciados entre 0 e 10 ms após o estímulo

acústico, os potenciais evocados auditivos de média latência – PEAML entre 10 e

70ms após estímulo, e os potenciais auditivos de longa latência – PEALL ou

potenciais relacionados a eventos – PRE, ou potenciais corticais auditivos – PCAs

são formados entre 80 e 600ms após estímulo (HALL 2006, MCPHERSON 1996)

(Figura 2).

Figura 2: Figura representativa dos PEATE, PEAML e PCAs.

Fonte: REGAÇONE, S.F.; GUÇÃO, A.C.B.; FRIZZO, A.C.F. Eletrofisiologia – Perspectivas

atuais de sua aplicação clínica em Fonoaudiologia. Verba Volant vol.4, n.1, 2013.

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2.2 Potenciais evocados auditivos de longa latência – Potenciais Corticais

Auditivos

Os PEALL ou PRE ou PCAs são respostas elétricas, que refletem a atividade

do córtex primário e secundário, e de regiões auditivas do tálamo (MCPHERSON,

1996; HALL, 2006).

Os PCAs consistem em uma sequência de picos com polaridade negativa e

positiva que são gerados entre 80 e 600 ms após estimulação acústica, e são

representados pelos componentes: N1 – N100 – onda negativa com latência

aproximada de 80 a 150 ms; P2 – P200 – onda positiva com latência entre 145 a

200 ms; N2 – N 200 – onda negativa com latência variando de 180 a 250 ms; P3

– P300 – onda positiva com latência aproximada de 220 a 400 ms, e MMN – onda

negativa com latência aproximada de 100 a 300 ms (MCPHERSON, 1996; HALL,

2006).

De acordo com a literatura, esses potenciais podem ser gerados por fatores

exógenos (N1, P2 e N2), que dependem das características acústicas do estímulo,

como intensidade, frequência e duração e por fatores endógenos (N2, P3 e MMN),

que representam atividades cognitivas, como a memória, atenção e discriminação.

(MCPHERSON, 1996; MARTIN, TREMBLAY, STAPELLS, 2007).

Os PCAs são investigados por meio de um paradigma oddball, um dos

estímulos é apresentado frequentemente (estímulo frequente), e o outro é

apresentado ocasionalmente e em intervalos aleatórios (estímulo raro). Para que

ocorra a formação desses potenciais é necessário que haja discriminação auditiva

dos estímulos raros, dentre os estímulos frequentes (PICTON, 1992; HALL, 2006).

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27

Segundo Polich (1989) se não houver mudança de estímulo, apenas os

potenciais evocados sensoriais ou exógenos (N1, P2 e N2) são gerados, mas se for

detectado um novo estímulo, ocorre à formação do P300.

De acordo com Hall (2006), os estímulos sensoriais utilizados na investigação

dos PCAs são eventos acústicos como tons, clique, ruído, fala entre outros, e podem

diferir quanto à frequência, intensidade, duração, e traço de sonoridade da fala.

O estudo da latência e da amplitude das ondas são parâmetros

imprescindíveis na análise dos PCAs, pois o primeiro permite mensurar a velocidade

em milissegundos e o segundo mede o tamanho em microvolts da atividade

neuroelétrica em cada sítio da via auditiva central. Esses PCAs avaliam o tempo

preciso que a informação leva para ser processada no sistema nervoso auditivo

central – SNAC (HALL, 2006).

2.2.1 PCAs – Componentes N1 e P2

De acordo com Hall (2006), os componentes N1 e P2 são potenciais auditivos

sensoriais ou exógenos, que dependem das características físicas e temporais do

estímulo, o N1 é uma onda negativa gerada por volta de 75 a 150ms após o

estímulo acústico e sua amplitude varia de 5 a 10 µV (microvolts), o P2 é uma onda

positiva eliciada entre 150 a 200ms, com amplitude de 3 a 6 µV.

As possíveis fontes geradoras neurais do N1 são o córtex auditivo primário e

secundário, partes superiores e laterais do lobo temporal (KADNER et al., 2002),

já o P2 é gerado no córtex auditivo anterior lateral do lobo temporal, no giro de

Heschl, na área de Brodman e áreas associativas (CROWLEY, COLRAIN, 2004).

Contudo alguns autores afirmam que estes dois componentes apresentam

substratos neurais comuns, sendo gerado, no córtex associativo frontal (PICTON

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et al, 1974), córtex auditivo primário (VAUGHAN, RITTER, 1970), giro cingulado

e formação reticular (NÄÄTÄNEN, PICTON, 1987).

O componente N1 reflete à atenção e decodificação inicial do processamento

sonoro, e a detecção de mudanças acústicas dentro de um som contínuo (WAGNER

et al, 2013). Segundo Näätanen (2001) o N1 é capaz de refletir o processo de

redirecionar o foco da atenção auditiva quando há um novo estímulo.

O P2 reflete o processo modulado em atenção necessária para o

desempenho de uma tarefa de discriminação auditiva (NOVAK et al, 1992). Crowley

e Colrain (2004) afirmam que o P2 está envolvido na inibição de recursos

atencionais a estímulos irrelevantes. Outros autores sugerem que o P2 é

responsável pela memória auditiva que se acumula ao longo do tempo de

experiência sonora (NORDBY et al, 1996).

Garcia-Larrea et al (1992) sugerem que a ocorrência de P2 é pré-requisito

para a geração posterior de P3, ou seja, para que ocorra a discriminação do

estímulo alvo ou raro, é necessário primeiro que o estímulo seja identificado. Sendo

assim, qualquer alteração nos componentes iniciais compromete todo o

processamento da informação.

A amplitude de N1 e P2 é influenciada pelo nível de atenção do sujeito, se o

mesmo estiver atento à mudança em algum aspecto do estímulo, a amplitude de N1

aumenta enquanto que a amplitude de P2 diminui (HALL, 2006). Esses

componentes também sofrem influência da idade, geralmente as latências são mais

longas e as amplitudes reduzidas em crianças se comparada ao adulto (MCISAAC,

POLICH, 1992).

Segundo Nordby et al (1996) durante o sono a amplitude de N1 diminui,

possivelmente devido a redução no nível de atenção do indivíduo. Kenemans et al

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(1989) e Crowley e Colrain (2004) sugerem que a redução da amplitude de N1

também pode ocorrer como um processo de habituação, ou seja, ocorre um declínio

progressivo da força de resposta com a repetição de um mesmo estímulo. Esses

autores afirmam também que o P2 não sofre o processo de habituação, uma vez

que a repetição de um mesmo estímulo acústico não causa redução na amplitude

deste componente.

Quanto à influência das variações de frequência, estudos mostraram um

aumento na latência e amplitude de N1 e P2 com estímulos acústicos graves –

frequências baixas (250-500Hz) em comparação a estímulos acústicos agudos –

frequências altas (1000-3000Hz) (SUGG, POLICH, 1995; WUNDERLICHE, CONE-

WESSON, 2001).

A amplitude e latência de N1 e P2 são maiores para estímulos de fala quando

comparados com estímulos tonais (CEPONIENE et al, 2001).

As variações de intensidade também interferem na latência e amplitude

desses componentes, à medida que a intensidade aumenta, as latências de N1 e P2

diminuem, enquanto que as amplitudes aumentam (SUGG, POLICH, 1995).

Em estudos com intensidade variando entre 30 e 70 dB SPL, a amplitude de

N1 e P2 aumentou. Contudo, para intensidades superiores a 70 dB SPL, a amplitude

de N1 diminuiu, ao passo que a do P2 continuou aumentando (ADLER, ADLER,

1989).

2.2.2 PCAs – Componente N2

O N2 é um componente misto, eliciado tanto por fatores exógenos quanto por

endógenos. O fator exógeno do N2 contribui para tarefas de discriminação física das

características acústicas dos estímulos e seu fator endógeno está relacionado ao

processamento de informações auditivas, resposta passiva e automática pré-

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atencional, que precede ao estímulo, eliciada pela discriminação do evento raro,

como em situações de competição sonora (MCPHERSON, 1996; HALL, 2006).

De acordo com Hall (2006), a latencia de N2 ocorre entre 180 a 250 ms, com

amplitude entre 3 a 6 µV. Este componente é consideravelmente influenciado pela

intensidade do estímulo, pela probabilidade do estímulo aparecer, pela dificuldade

em determinar a diferença entre dois estímulos, e pela atenção do sujeito, além

disso, sua latência é registrada na mesma região que o MMN. Segundo Duarte et al

(2009) o córtex supra-temporal é o gerador neural deste componente.

A amplitude será maior se o sujeito não estiver atento ao estímulo e será

menor se o estímulo for esperado. Há uma relação direta entre o tempo de

processamento e a latência de alguns componentes tardios, ou seja, a latência da

resposta aumenta de acordo com o tempo que o indivíduo leva para perceber e

determinar as caracteristicas de um estímulo (HALL, 2006).

Segundo Davies, Chang e Gavin (2010) a amplitude do N2 pode sofrer

influência da intensidade e frequência do estímulo, além disso, também pode ser

afetado pela idade, uma vez que as crianças apresentaram melhor distinção entre os

estímulos altos e baixos que os adultos.

2.2.3 PCAs – Componente P3a

O P3a é um subcomponente do P300 gerado por meio de tarefa passiva, com

latência por volta de 250ms, ocorre automaticamente em resposta às grandes

diferenças dos estímulos, mesmo se o indivíduo estiver ou não prestando atenção à

sequência dos estímulos (HALL 2006).

Hipotetiza-se que a discriminação entre os estímulos alvo (raro) e os

estímulos padrão (frequente) em um paradigma oddbball inicia no lobo frontal

(POSNER, 1992). O P3a pode ser gerado quando tais estímulos são processados

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(BRAZDIL ET AL 2003). Segundo Polich (2003) e Wronka, Kaiser, Coenen (2012) os

geradores neurais de P3a estão localizados no córtex frontal e giro cingulado

anterior.

Alguns autores afirmam que o P3a reflete a detecção do cérebro para novos

estímulos, independente da atenção do sujeito (HALL 2006). Este potencial está

relacionado com a atividade de alerta durante a atribuição inicial de atenção ou

reorientação de atenção e é desencadeado por estímulos distratores (FJELL,

ROSQUIST, WALHOVD, 2009; WRONKA, KAISER, COENEN, 2012,

SZALÁRDY, BOHM, BENDIXEN, WINKLER, 2013).

P3a é um potencial endógeno ou cognitivo que é influenciado principalmente

pela idade, estado de vigília, experiências e capacidades cognitivas, ou seja, fatores

intrínsecos ao indivíduo. (CEPONIERE et al, 1999; McPHERSON, 1996).

De acordo com Polich e Criado (2006), P3a está relacionado com a atenção

focal frontal e a memória de trabalho mediado pela atividade dopaminérgica. Kok

(1990) sugere que o processamento do estímulo no P3 passivo produz amplitudes

menores do que nos P300 gerados por meio de tarefas ativas.

2.2.4 PCAs – Componente Mismatch Negativity (MMN)

De acordo com Schirmer (2005), o MMN é um PEA tardio ou relacionado a

eventos, que é eliciado por meio da detecção de mudanças acústicas, relacionadas

ao processo pré atencional ocorrido na discriminação do estímulo sonoro.

O MMN é caracterizado por uma onda negativa, que reflete a discriminação

pré atencional e memória sensorial, sendo desencadeado independente da atenção

do sujeito, ou seja, é um processo automático cerebral que detecta a mudança de

estímulo auditivo discriminável (HALL, 2006).

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Segundo Hall (2006), o MMN é obtido por meio da subtração do registro do

estímulo raro menos o frequente, esse componente é visível entre 100 a 300ms,

com amplitude por volta de 3 µV. A latência do MMN é determinada de acordo com o

tempo que o estímulo raro é distinguido do estímulo frequente (NÄÄTÄNEN et al,

1978; LANG et al, 1995; NÄÄTÄNEN et al, 2001; MORR et al, 2002), e a amplitude

da resposta independe da atenção do sujeito para o estímulo raro (HALL 2006).

Figura 3. Registro do MMN de uma adulta jovem saudável

Fonte: dados da pesquisa.

Esse potencial pode ser evocado por meio de estímulo acústico simples,

assim como por padrões acústicos mais complexos, como estímulos de fala, sua

geração tem origem no córtex auditivo primário (giro de Heschl) e há contribuições

do lobo frontal (HALL 2006, ALHO 1995), hipocampo e tálamo (ALHO 1995).

De acordo a literatura o MMN sofre variações quanto à frequência, duração,

sequência, e intensidade da fonte sonora, (NÄÄTÄNEN et al., 2004). Lang et al (1995)

afirmam que quanto melhor a performance de discriminação de frequência maior a

amplitude do MMN. A amplitude do MMN pode ser influência também pelo grau de

discrepância entre o estímulo frequente e raro, ou seja, na medida em que esse grau

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aumenta a amplitude do MMN também aumenta (JARAMILLO, PAAVILAINEN,

NÄÄTÄNEN, 2000).

2.3 Sistema nervoso autônomo

O sistema nervoso visceral eferente – SNVE ou sistema nervoso autônomo –

SNA esta relacionado ao controle da vida vegetativa, como as funções responsáveis

pelas respostas reflexas que controla as musculaturas lisa, cardíaca e as glândulas

exócrinas. Desta forma, sua principal função é o controle automático do corpo frente

às diversidades do ambiente, ou seja, um mecanismo que realiza ajustes corporais

para manter a homeostase (GUYTON, HALL, 1997; NOBACK, STROMINGER,

DEMAREST, 1999).

Considerado como o gânglio principal do SNA, o hipotálamo atua como

modulador de centros autônomos no tronco encefálico e na medula espinhal, e na

regulação da maior parte das expressões funcionais do SNA. Entre elas estão às

funções fisiológicas básicas e as expressões relacionadas com o comportamento,

tais como, à regulação da temperatura, o equilíbrio hídrico, a frequência cardíaca, a

pressão sanguínea e a atividade gastrintestinal (NOBACK, STROMINGER,

DEMAREST, 1999).

Quanto à organização anatômica, o SNA é constituído por uma via motora

com dois neurônios, o primeiro chamado de pré-ganglionar e o segundo de pós-

ganglionar. O neurônio pré-ganglionar origina-se no tronco encefálico ou na medula

espinhal, e o trajeto do seu axônio termina em sinapse com um segundo neurônio

(s) fora do sistema nervoso central. O neurônio pós-ganglionar tem um axônio que

se estende para a periferia, terminando em músculos lisos, no miocárdio ou em

glândulas (NOBACK, STROMINGER, DEMAREST, 1999).

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O SNA divide-se em sistema nervoso simpático – SNS, sistema nervoso

parassimpático – SNP e, sistema nervoso entérico – SNE. O SNS e SNP, de um

modo geral interagem de forma antagônica, mas também trabalham em sinergia

(NOBACK, STROMINGER, DEMAREST, 1999). Na interação antagônica a ativação

do tônus simpático e parassimpático provoca efeito contrário, ou seja, quando a

atividade de um aumenta, a outra diminui. Por outro lado, na interação em sinergia

ambos causam o mesmo efeito (GUYTON, HALL, 2006).

O SNS é responsável pelas reações orgânicas de “luta e fuga”, considerado

como sistema de alerta. Sua ativação ocorre na parte posterior do hipotálamo que

desempenha papel de excitação simpática, cujo efeito produz aumento da

frequência cardíaca, elevação da pressão sanguínea, constrição dos vasos

sanguíneos cutâneos, diminuição da motilidade, do peristaltismo e da secreção no

tubo digestivo, dilatação das pupilas e ereção dos pêlos (GUYTON, HALL, 1997;

NOBACK, STROMINGER, DEMAREST, 1999; GUYTON, HALL, 2006).

O SNP responsável pelas reações orgânicas de restauração ou manutenção

das funções orgânicas em repouso tem sua ativação na parte anterior do hipotálamo

que desempenha papel parassimpático excitador, ou inibidor da atividade simpática.

A estimulação dessa região pode produzir diminuição na frequência cardíaca, queda

da pressão sanguínea, dilatação dos vasos sanguíneos cutâneos, aumento da

motilidade, do peristaltismo e da secreção no tubo digestivo, constrição da pupila,

aumento da sudação (GUYTON, HALL, 1997; NOBACK, STROMINGER,

DEMAREST, 1999).

Além do hipotálamo, outra estrutura anatômica que também controla diversas

funções autonômicas é o bulbo, que também é responsável pela frequência

cardíaca, respiração e pressão arterial (GUYTON, HALL, 1997).

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As fibras pré-ganglionares do SNS emergem dos segmentos toracolombares,

localizadas nos gânglios paravertebrais e pré-vertebrais próximos ao SNC, em geral,

tem um axônio curto que forma sinapses com muitos neurônios pós-ganglionares

que tem axônios longos (NOBACK, STROMINGER, DEMAREST, 1999). Ao passo

que as fibras pré-ganglionares do SNP emergem dos segmentos craniossacrais,

localizadas nos gânglios terminais próximos aos órgãos efetores, cujo longo axônio

forma sinapses com algumas fibras pós-ganglionares com axônios curtos, e o

neurotransmissor secretado nas terminações dos neurônios pré e pós-ganglionares

é a acetilcolina (NOBACK, STROMINGER, DEMAREST, 1999).

Os principais neurotransmissores utilizados pelas fibras pré-ganglionares

simpáticas é a acetilcolina e, pelas fibras pós-ganglionares é a noradrenalina. Já o

neurotransmissor utilizado pelas fibras pré e pós-ganglionares parassimpáticas é a

acetilcolina (NOBACK, STROMINGER, DEMAREST, 1999).

Uma nova conceituação do SNA é abordada pela teoria polivagal que propõe

que a evolução do SNA fornece os substratos neurofisiológicos para estratégias

comportamentais adaptativas e explica as interações com os sistemas auditivo,

visual, olfativo, gustativo e tátil, além do pulmão e do coração (PORGES, 2001).

Essa teoria aborda o SNA de uma maneira mais ampla. Segundo a teoria

polivagal o parassimpático não é um sistema único, ele se divide em dois ramos, o

vago dorsal (vago vegetativo) e ventral (vago inteligente). O vago vegetativo

promove uma regulação reflexiva passiva das funções viscerais que por meio de

fibras eferentes controlam a musculatura cardíaca e a lisa. Enquanto que o vago

ventral (vago inteligente) regula os processos ativos de atenção, movimento,

emoção, comunicação, expressão facial, mastigação, movimentos de cabeça e

nervos cranianos mistos, trigêmeo – V, facial – VII, glossofaríngeo – IX e vago – X,

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36

que contém núcleos motores e sensitivos (PORGES, 2001, PORGES, 2007;

RUSSELL, 2013).

2.4 Variabilidade da Frequência Cardíaca

O coração possui um sistema de condução especializado, formado pelos

nodos sinusal e atrioventricular, pelo feixe de His e fibras de Purkinje, que

transmitem os estímulos elétricos que dão origem às contrações cardíacas

(GUYTON, HALL, 1997).

Devido ao fato do nodo sinusal possuir uma frequência rítmica mais rápida em

relação às outras partes do coração, seus impulsos se espalham para os átrios e

ventrículos, estimulando-os tão rapidamente, de modo que o seu ritmo torna-se o

ritmo de todo o coração, por isso é ele que determina a frequência cardíaca – FC e é

chamado de marcapasso (BURTON, 1977; GUYTON, HALL, 2006).

O impulso elétrico gerado no nodo sinusal é conduzido célula a célula pelos

átrios desencadeando a despolarização atrial (sístole), fazendo com que o átrio

direito se contraia seguido pelo átrio esquerdo, e o sangue passa para os

ventrículos. Em seguida, o impulso elétrico da despolarização, que fez uma pausa

fisiológica no nodo atrioventricular é conduzido aos ventrículos por meio do feixe de

His e fibras de Purkinje, resultando na rápida despolarização ventricular. Ao mesmo

tempo em que ocorre a despolarização ventricular, as células dos átrios estão se

repolarizando e estes voltam a relaxar (diástole). A seguir o mesmo acontece com os

ventrículos, e o ciclo cardíaco continua a cada despolarização do nodo sinusal

(BURTON, 1977; GUYTON, HALL, 1997).

O SNP exerce influência na despolarização do nodo sinusal, por meio da

liberação da acetilcolina, cuja velocidade de remoção é rápida, resultando na

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diminuição da FC. Enquanto que a atividade do SNS libera a noradrenalina, com

velocidade de remoção lenta, cujo efeito é o aumento da FC (GUYTON, HALL,

1997).

Desta forma, a variabilidade da frequência cardíaca – VFC é determinada

pela integração entre a modulação rápida e a lenta, adaptando-a as necessidades

de cada momento (GUYTON, HALL, 2006).

Todavia, é consenso na literatura que a FC de sujeitos saudáveis e em

repouso é modulada pelo equilíbrio entre o SNS e SNP, com predomínio da

modulação parassimpática, sendo assim, a amplitude da VFC reflete a modulação

vagal sobre o coração (BURTON, 1977, GUYTON, HALL, 1997).

O sinal no eletrocardiograma – ECG apresenta uma sequência de ondas (P,

Q, R, S, T) que representam a variação dos potenciais elétricos gerados durante a

despolarização e repolarização cardíaca, sendo assim, é possível analisar o instante

em que se inicia cada contração e relaxamento do coração. A onda P indica o início

da despolarização atrial, seguida pelo complexo QRS que resulta da despolarização

ventricular, a seguir a onda que aparece no traçado é a onda T que corresponde a

repolarização ventricular, conforme mostra figura 4. Contudo, a repolarização atrial

não é visível no ECG, pois é sobreposta pelo complexo QRS (JAMES, CHOISY,

HANCOX et al, 2007).

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Figura 4. Esquema ilustrativo da variação dos potenciais elétricos gerados no

coração.

* As setas indicam a pausa fisiológica no nodo atrioventricular.

Fonte: Elaborada pela autora.

Teoricamente a melhor maneira de analisar a VFC seria por meio dos

intervalos PP por representar atividade do nodo sinusal, porém, essa onda

apresenta baixa amplitude, sendo muitas vezes difícil de identificar no ECG. Já o

complexo QRS apresenta grande amplitude e pico peculiar, sendo mais fácil de ser

isolado na filtragem do ECG, por isso utilizam-se os intervalos RR para medir os

batimentos cardíacos (GUYTON, HALL, 1997).

Considerando que a resposta da FC é influenciada pelo SNA, e que a VFC

reflete as oscilações dos intervalos RR entre os batimentos cardíacos sucessivos e

de origem sinusal (PUMPRLA et al 2002, NEVES et al 2006), a análise da VFC tem

sido amplamente utilizada como um método não invasivo, de medidas quantitativas

que permite uma análise de interação entre o tônus simpático e vagal pela

modulação autonômica cardíaca (TASK FORCE, 1996).

Segundo Pumprla et al (2002) uma alta VFC é causada pelo aumento do

tônus vagal associado à inibição do simpático, que resulta na redução da FC,

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caracterizando um indivíduo saudável com mecanismos autonômicos eficientes.

Inversamente, uma baixa VFC é indicador da ação do tônus simpático com inibição

do parassimpático, resultando no aumento da FC, e está relacionado a um maior

risco de desenvolvimento de doenças cardíacas.

A VFC pode ser mensurada por meio de diversos dispositivos, tais como,

eletrocardiógrafos, conversores analógicos digitais e os cardiofrequencímetros

(RAJENDRA et al, 2006).

Dentre as medidas de análise da VFC, os métodos lineares são os mais

utilizados. Os métodos lineares são divididos em dois tipos: análise no domínio do

tempo, e análise no domínio da frequência (TASK FORCE, 1996).

Segundo a literatura, a análise da VFC por meio dos métodos lineares pode

ser obtida em curtos períodos de tempo (2, 5, 15 minutos) ou em longos períodos de

tempo (24 horas). Para análise deste registro é recomendado um mínimo de 256

intervalos RR (TASK FORCE, 1996). A figura 5 mostra um tacograma obtido a partir

da análise dos intervalos RR de uma adulta jovem saudável.

Figura 5. Tacograma de uma adulta jovem saudável

Fonte: dados da pesquisa.

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2.4.1 Domínio do tempo

A análise no domínio do tempo – DT é o método mais simples de avaliar a

VFC. Neste método, cada intervalo entre batimentos, chamado de intervalo RR, é

medido durante determinado tempo e os índices são calculados, traduzindo as

flutuações ao longo dos ciclos cardíacos (TASK FORCE, 1996).

Esta análise é obtida de um registro contínuo de eletrocardiograma – ECG,

por meio do qual se determina todos intervalos do complexo QRS normais, isto é,

resultantes da despolarização do nodo sinusal (TASK FORCE, 1996).

De acordo com as recomendações das Sociedades Européia e Americana de

Cardiologia (TASK FORCE, 1996), na análise da VFC no domínio do tempo, são

utilizados os seguintes índices extraídos dos tacogramas de intervalos RR normais:

- RR médio: Média de todos os intervalos RR normais.

- SDNN: Desvio padrão de todos os intervalos RR normais.

- SDNNi: Média dos desvios padrões dos intervalos RR normais calculados em

intervalos de 5 minutos.

- SDANN: Desvio padrão das médias dos intervalos RR normais calculados em

intervalos de 5 minutos.

- RMSSD: Raiz quadrada da soma das diferenças sucessivas entre intervalos

RR normais adjacentes ao quadrado.

- pNN50: Percentual de intervalos RR normais que diferem mais que 50

milissegundos do seu adjacente.

As unidades de medidas desses índices é o milissegundos (ms), com

exceção do índice pNN50 que é a porcentagem (%).

Os índices RMSSD e pNN50 refletem a modulação parassimpática, pois são

encontrados a partir da análise dos intervalos adjacentes, ao passo que os índices

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SDNN, SDNNi, SDANN correspondem a regulação do SNA, porém, diante de

alterações da VFC não é possível distinguir se é devido a atuação do sistema

simpático ou do parassimpático (NOVAIS et al, 2004) .

2.4.2 Domínio da frequência

O domínio da frequência – DF é um método linear utilizado para mensurar a

VFC, sendo este derivado da análise da densidade espectral, que é feita utilizando

algoritmos matemáticos, como a transformada rápida de Fourier (Fast Fourier

Transform – FFT). Esta análise decompõe a VFC em componentes oscilatórios

fundamentais (TASK FORCE, 1996), tais como:

1) Componente espectral de alta frequência – High Frequency – HF (0,15 a

0,4 Hz), que reflete à modulação respiratória (a frequência cardíaca

aumenta durante a inspiração e diminui na expiração) e é um indicador da

atuação do nervo vago – atividade parassimpática sobre o coração (TASK

FORCE, 1996, NOVAIS et al, 2004, VANDERLEI et al, 2009).

2) Componente espectral de baixa frequência – Low Frequency – LF (0,04 a

0,15 Hz), que é o reflexo da ação conjunta dos componentes vagal e

simpático sobre o coração, com predomínio do simpático (TASK FORCE,

1996, NOVAIS et al, 2004, VANDERLEI et al, 2009).

3) Componente de muito baixa frequência – Very Low Frequency – VLF (0,01

a 0,04 Hz), que pode estar relacionado ao sistema renina-angiotensina-

aldosterona, à termorregulação e ao tônus vasomotor periférico (NOVAIS

et al, 2004), porém, a explicação fisiológica deste componente ainda não

está bem definida, podendo ser questionada (TASK FORCE, 1996).

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42

A relação LF/HF reflete as alterações absolutas e relativas entre os

componentes, simpático e parassimpático do SNA, caracterizando o balanço

simpato-vagal sobre o coração (TASK FORCE, 1996, NOVAIS et al, 2004,

VANDERLEI et al, 2009).

A figura 6 mostra a análise espectral (FFT) no domínio da frequência de uma

adulta jovem saudável.

Figura 6. Análise espectral de frequência de uma adulta jovem normal

Fonte: dados da pesquisa.

Os componentes espectrais LF e HF são mensurados em unidades absolutas

de potência (ms2), ou em valores relativos á potência total subtraindo-se o

componente VLF (normalized units – n.u.) (TASK FORCE, 1996).

Os valores absolutos de potência dos componentes espectrais de frequência

HF podem ser correlacionados com os índices no domínio do tempo RMSSD e

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pNN50, já o índice SDNN correlaciona-se com a potência total do espectro (TASK

FORCE, 1996).

Segundo Novaes et al (2004) a análise espectral – domínio da frequência

apresenta uma vantagem significativa se comparada a análise no domínio do tempo,

uma vez que a análise espectral fornece informações sobre a regulação do sistema

nervoso autônomo em inúmeras situações fisiológicas.

2.5 Potenciais corticais auditivos e variabilidade da frequência cardíaca

Lawrence e Barry (2009, 2010) relacionaram os potenciais evocados

cardíacos com os Potenciais Relacionados a Eventos, e mostraram que há ligação

entre SNC e SNA na reflexão de alguns aspectos do processamento do estímulo

auditivo.

Segundo Zhao et al (2011) em estudo com PEALL e os índices da VFC

durante teste de condução simulada de fadiga mental observaram redução

significativa da amplitude do P300, indicando que quando o indivíduo estava em

fadiga mental induzida ocorria uma diminuição da atenção para a tarefa auditiva.

Marcomini (2015) em estudo realizado com adultos jovens saudáveis do

gênero masculino observou correlação moderada entre as latências e amplitudes

dos componentes dos PCAs com os índices lineares no domínio do tempo da VFC,

com predomínio em aferência à orelha esquerda no componente N2.

Um estudo recente realizado com mulheres jovens saudáveis relacionando

os PCAs e os parâmetros cardíacos mostrou que no decorrer da estimulação

acústica, quando a atividade elétrica chega ao córtex se associando à atenção e

decodificação iniciais do estímulo, o mesmo passa a ser processado na via auditiva

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através da atividade de alerta, assim os valores da FC tendem a aumentar e a

amplitude de N1 e P3a diminuir (REGAÇONE et al, 2015).

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Objetivos ___________________________________________________________________

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3. Objetivos

3.1 Objetivo Geral

Analisar a associação entre os potenciais corticais auditivos e a modulação

autonômica cardíaca frente a diferentes estímulos acústicos.

3.2 Objetivos Específicos

• Analisar a relação entre os componentes dos potenciais corticais auditivos e

os índices lineares da variabilidade da frequência cardíaca;

• Verificar qual deles tem mais influência sobre a modulação autonômica

cardíaca;

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Metodologia __________________________________________________________________

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4. Metodologia

4.1 Ética em pesquisa

O Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Filosofia e Ciências –

UNESP/Campus de Marília analisou e aprovou o parecer a ela referente, sob o

número 419/2012 (ANEXO A) e obedeceu à resolução 466/2012 do Conselho

Nacional de Saúde de dezembro de 2012. A participação dos indivíduos ocorreu

mediante autorização e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

– TCLE pelas participantes.

4.2 Tipo de Estudo

Este estudo é transversal, prospectivo, analítico, comparativo e de

delineamento quantitativo.

4.3 Casuística

Os dados desta pesquisa foram coletados no Laboratório de Avaliação

Objetiva da Audição, localizado no Centro de Estudos da Educação e Saúde (CEES)

da Faculdade de Filosofia e Ciências – UNESP/Marília SP.

Participaram deste estudo 60 mulheres saudáveis, com idade entre 18 e 25

anos. As participantes foram divididas em três grupos, composto por 20 mulheres

saudáveis cada um. Cada grupo recebeu um tipo de estímulo auditivo: a) Grupo I

(estímulo de frequência); Grupo II (estímulo harmônico); e Grupo III (estímulo

desarmônico).

4.4 Critérios de seleção da amostra

Para a composição dos grupos estudados foram estabelecidos os seguintes

critérios de inclusão:

• Gênero feminino.

• Faixa etária entre 18 e 25 anos.

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• Ausência de queixas ou histórico atual de afecções do sistema auditivo.

• Ausência de distúrbios cardiorrespiratórios, cognitivos, psiquiátricos,

neurológicos e demais comprometimentos conhecidos que impeçam o sujeito

de realizar os procedimentos, bem como o tratamento com medicamentos

que influenciem a regulação autonômica cardíaca.

• Indivíduos que não ingeriram bebidas alcoólicas, além de esporadicamente e

que deixaram de ser tabagistas há pelo menos um ano.

• Não estar no período menstrual.

• Avaliação audiológica básica, composta por inspeção do meato acústico

externo, audiometria tonal liminar nas frequências de 250 a 8000 Hz na via

aérea e 500 a 4000 Hz na via óssea (com limiares abaixo ou iguais a 25 dB –

LLOYD E KAPLAN, 1978), imitanciometria com curva timpanométrica do tipo

A, indicando mobilidade normal do sistema tímpano-ossicular (JERGER,

1970) e reflexos ipsi e contralaterais presentes.

4.4.1 Caracterização da amostra

Esse estudo foi realizado considerando-se a padronização do perfil descritivo

das voluntárias de acordo com a idade, altura, peso, índice de massa corpórea –

IMC, pressão sanguínea diastólica – PSD e sistólica – PSS, condições de saúde,

entre outros, com intuito de caracterizar a amostra, realizar análise comparativa

entre os índices e reduzir a variabilidade das variáveis estudadas permitindo maior

confiabilidade na interpretação fisiológica.

O perfil de características gerais das voluntárias foi definido considerando a

idade, altura, peso, índice de massa corpórea – IMC e pressão sanguínea. O IMC foi

calculado pelo peso (kg) dividido pelo quadrado da estatura (m2). Para o perfil das

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voluntárias de acordo com os valores descritivos dos índices da VFC em repouso

foram utilizadas: as médias da FC, do intervalo RR, dos índices do domínio do

tempo SDNN, RMSSD, pNN50 e, dos índices espectrais de frequência LF (ms2), LF

(nu), HF (ms2), HF (nu) e LF/HF.

4.5 Material

Os materiais utilizados nessa pesquisa foram os seguintes:

• Otoscópio Heine;

• Audiômetro de dois canais, GSI 61 Grason - Stadler;

• Analisador de Orelha Média GSI-33;

• Equipamento de potencial evocado auditivo de dois canais Biologic’s Evoked

Potencial System (EP).

• Receptor de freqüência cardíaca Polar RS800CX (Polar Electro, Finlândia)

• Estetoscópio e esfigmomanômetro.

4.6 Procedimento

4.6.1 Procedimento inicial

Após a seleção da amostra, todas as participantes da pesquisa receberam

um termo de consentimento livre e esclarecido, informando sobre o conteúdo da

pesquisa e exames que seriam realizados. A coleta teve inicio somente após a

assinatura desse documento.

Como procedimento inicial foi realizado anamnese audiológica com o intuito

de investigar a história da saúde geral e auditiva das voluntárias. Em seguida, foi

realizada a inspeção do meato auditivo externo para verificar se havia excesso de

cerúmen o que impossibilitaria a realização dos exames audiológicos, não foi

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necessário encaminhar nenhuma das participantes ao médico otorrinolaringologista

do Centro de Estudos da Educação e Saúde (CEES).

Na sequência foram realizados os exames audiológicos, tais como, a

pesquisa da audiometria tonal nas freqüências de 250 a 8000 Hz na via aérea, não

sendo necessária à investigação por via óssea, a timpanometria, e a verificação dos

reflexos acústicos nas freqüências de 500 a 4000 Hz.

Após a confirmação de normalidade do sistema auditivo periférico através

dos procedimentos descritos acima, indicando acuidade auditiva normal (limiares

menores ou iguais a 25dBNA), timpanograma do tipo A e reflexos ipsi e

contralaterais presentes, foram coletadas as medidas de pressão arterial – PA, VFC

em repouso e durante a realização do PCA.

As voluntárias foram orientadas a não ingerirem bebidas alcoólicas e cafeína

nas 24 horas que antecederam a avaliação. A coleta foi realizada de forma

individual, entre 12 e 15 horas para padronizar as interferências do ritmo circadiano,

e as voluntárias foram orientadas a manterem-se em repouso, evitando conversas

durante a coleta.

A PA foi aferida através do estetoscópio e esfigmomanômetro. Em seguida,

foi posicionada no tórax das participantes, na região do terço distal do esterno, a

cinta de captação e, próximo ao punho, o receptor de FC Polar RS800CX (Polar

Electro, Finlândia), equipamento previamente validado para captação da FC

batimento a batimento e a utilização dos seus dados para análise. Após a colocação

da cinta e do monitor, as participantes foram posicionadas em uma poltrona e

permaneceram sentadas em repouso por 10 minutos para mensuração da FC.

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Após serem mensuradas a PA e FC, foram realizadas simultaneamente as

pesquisas do PCA e da VFC em sala acusticamente tratada e temperatura

controlada em 24ºC.

4.6.2 Pesquisa dos Potenciais Corticais Auditivos

Para pesquisa do PCA foram fixados eletrodos com esparadrapo

microporoso após a limpeza da pele com pasta abrasiva, sendo usada pasta

eletrolítica para a melhora da condutividade elétrica. A impedância de cada eletrodo

não ultrapassou 5 Kohms e não excedeu 2 Kohms entre as impedâncias dos

eletrodos (HALL, 2006). Os eletrodos ativos foram posicionados em Cz e Fz, os de

referência foram posicionados nos lóbulos da orelha direita (A2) e esquerda (A1) e o

terra foi posicionado na fronte (Fpz).

As participantes foram acomodadas numa poltrona reclinável e orientadas a

permanecerem relaxadas de olhos abertos e em estado de alerta, assistindo a um

vídeo (sem som) para se distrair e não direcionar sua atenção ao estímulo sonoro

que foi apresentado num paradigma oddball (estímulo raro apresentado de forma

aleatória ao estímulo frequente).

Os componentes do PCA foram pesquisados em três varreduras, ou seja,

diferindo quanto à frequência – PCAf; harmônico – PCAhar; desarmônico –

PCAdesar.

Para varredura de frequência (PCAf), foi utilizado um estímulo frequente de

100ms, na frequência de 1000Hz, tipo tone busrt com 20ms (rise) – 60ms (plateu) –

20ms (fall) e o estímulo raro de 100ms, na frequência de 2000Hz, tipo tone burst

com 20ms(rise) – 60ms (plateu) – 20ms (fall).

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O estímulo frequente utilizado na varredura de harmônicos (PCAhar), foi um

conjunto harmônico grave de 96ms composto por 250, 500 e 1000 Hz, tipo tone

burst com 6 ciclos (rise) - 12 ciclos (plateu) - 6 ciclos (fall), ou seja, 24ms - 48ms - 24

ms e para o estímulo raro um conjunto harmônico agudo de 96ms composto por

1000, 2000 e 4000 Hz, tipo tone burst com 24 ciclos (rise) - 48 ciclos (plateu) - 24

ciclos (fall), ou seja, 24ms - 48ms - 24 ms (Figura 7).

Figura 7. Figura ilustrativa dos estímulos harmônicos

Fonte: Próprio autor – produzido no adobe audition

Já na varredura de desarmônicos (PCAdesar) foi utilizado para o estímulo

frequente um conjunto harmônico grave de 96ms composto por 250, 500 e 1000 Hz,

tipo tone burst com 6 ciclos (rise) - 12 ciclos (plateu) - 6 ciclos (fall), ou seja, 24ms -

48ms - 24 ms e para o estímulo raro um conjunto não harmônico agudo de 96ms

composto por 1000, 1493 e 3135 Hz, tipo tone burst com 24 ciclos (rise) - 48 ciclos

(plateu) – 24 ciclos (fall), ou seja, 24ms - 48ms - 24 ms (Figura 8).

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Figura 8. Figura ilustrativa dos estímulos desarmônicos

Fonte: Próprio autor – produzido no adobe audition

Os estímulos foram apresentados de forma randômica na proporção de 20%

de estímulos raros de um total de 300 estímulos, registrados numa janela de 500

ms, sensibilidade de 100 microvolts, polaridade alternada, com filtragem passa

banda de 0,5-30Hz, estímulos monoaurais e taxa de estimulação de 1.1

estímulos/segundo na intensidade de 70 dB NA (HALL, 2006).

Para análise final dos resultados foram utilizados os registros obtidos em Cz,

pois, nessa região, foi onde os registros tiveram melhor morfologia das ondas

quando comparados aos registros obtidos em Fz.

Os valores de latência e amplitude dos componentes N1, P2, N2, foram

marcados seguindo critérios estabelecidos na literatura, esse complexo foi

identificado no aparecimento das três primeiras ondas, no maior pico, em seqüência

nas polaridades negativas – positiva – negativa, respectivamente entre 60 e 300 ms

(JUNQUEIRA, 2001). Quanto ao componente P3a sua latência foi marcada entre

220 a 350 ms (POLICH, HOWARD, STARR, 1985). Para a identificação do

componente MMN, considerou-se a maior onda de polaridade negativa, entre os

valores de latência de 100 a 300 ms, visualizada na subtração do traçado do

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estímulo raro ao traçado do estímulo frequente (NÄÄTÄNEN et al, 2001; MORR et

al, 2002).

Os exames tiveram duração de aproximadamente 50 minutos. Como padrão

para manter um exame com qualidade, quando as voluntárias apresentaram

interferência miogênica foram sugeridas mudanças de posição e, quando necessário

o exame foi repetido.

4.6.3 Pesquisa da variabilidade da frequência cardíaca

Para pesquisa da VFC, foi posicionada no tórax das participantes, na região

do terço distal do esterno, a cinta de captação e, no punho, o receptor de FC Polar

RS800CX.

Para a análise dos índices da VFC foi registrado batimento a batimento da

FC durante todo o protocolo experimental com uma taxa de amostragem de 1000

Hz. Foi selecionado do período de maior estabilidade do sinal, um intervalo de cinco

minutos, e somente séries com mais de 256 intervalos RR foram utilizadas para

análise (Task Force of the European Society of Cardiology and the North American

Society of Pacing and Electrophysiology, 1996).

Para eliminar batimentos ectópicos prematuros e artefatos foram realizadas

filtragens, digital e manual, e somente as séries com mais de 95% de batimentos

sinusais foram incluídas nesse estudo (VANDERLEI et al, 2008).

A análise no domínio do tempo foi realizada por meio dos índices SDNN

(desvio-padrão da média dos intervalos RR normais), RMSSD (raiz quadrada da

média do quadrado das diferenças entre os intervalos RR normais adjacentes) e,

pNN50 (porcentagem dos intervalos RR adjacentes com diferença de duração maior

que 50 ms).

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Já para análise da VFC no domínio da frequência foram utilizados os

componentes espectrais de baixa frequência (LF: 0,04-015 Hz) e alta frequência

(HF: 0,15-0,40 Hz), em ms2 e unidades normalizadas e a razão entre esses

componentes (LF/HF). A análise espectral foi calculada usando o algoritmo da

Transformada Rápida de Fourier.

Os índices lineares nos domínios da frequência e do tempo foram analisados

através do software Kubios HRV analysis – versão 2.1 (NISKANEN et al., 2004).

4.7 Análise Estatística

Para caracterização da amostra foi utilizado teste ANOVA para comparação

quanto à idade, altura, peso, pressão sanguínea e os índices da VFC em repouso.

Quanto à análise dos resultados deste estudo, foi realizada a análise

descritiva dos dados por meio da média e o desvio padrão.

Na sequência, foi determinada a normalidade dos dados por meio do teste de

Shapiro-Wilk para comparação dos resultados entre indivíduos do mesmo grupo.

Para verificar a correlação entre as variáveis, foi aplicado o teste de

correlação de Pearson para distribuições paramétricas. Enquanto que para

distribuições não-paramétricas foi aplicado o teste de correlação de Spearman.

Valores de correlação forte foram considerados para r > 0,5, correlação moderada

foi considerada para valores de r entre 0,3 e 0,49 e correlação fraca para valores de

r < 0,3. As diferenças nos testes foram consideradas estatisticamente significantes

quando o valor de "p" foi menor ou igual a 0,05 (5%). O programa estatístico

utilizado foi o Software BioStat 2009 Professional 5.8.4®.

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Resultados _________________________________________________________________

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5. Resultados

Nesse capítulo foram apresentados os dados obtidos quanto ao perfil das

voluntárias selecionadas. Além dos valores obtidos nos testes de correlação entre os

componentes dos PCAs e os índices lineares da VFC, no domínio do tempo e no

domínio da frequência, correlação entre os intervalos RR e a FC em repouso e

durante diferentes estímulos acústicos.

A tabela 1 apresenta o perfil descritivo e inferencial das participantes deste

estudo, caracterizando a amostra de acordo com idade, altura, peso, índice de

massa corporal e pressão sanguínea.

Tabela 1. Perfil descritivo das voluntárias de acordo com as variáveis: Idade; altura, peso, índice de massa corpórea (IMC), pressão sanguínea diastólica (PSD) e sistólica (PSS).

GI: 20 mulheres - estímulo frequência; GII: 20 mulheres – estímulo harmônico; GIII: 20 mulheres – estímulo desarmônico; DP: desvio padrão, teste ANOVA - *p≤0,05

Variáveis GI GII GIII Média DP Média DP Média DP p Idade (anos) 20,40 1,56 20,95 2,01 21,00 2,00 0,56 Estatura (cm) 1,64 0,05 1,62 0,03 1,62 0,04 0,25 Massa corporal (kg) 59,50 10,42 59,70 11,39 60,35 11,12 0,99 IMC (kg/m2) 22,03 3,16 22,69 4,18 22,87 4,09 0,82 PSS (mmHg) 113,5 5,87 113,00 7,32 113,50 7,50 0,96 PSD (mmHg) 70,00 8,58 70,00 9,17 70,50 8,90 1

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A tabela 2 caracteriza a amostra de acordo com os valores dos índices da

VFC em repouso.

Tabela 2. Perfil das voluntárias de acordo com os valores descritivos e inferenciais dos índices da VFC, no domínio de tempo e frequência em repouso. Índices VFC Média Mediana DP p

GI 81,61 80,41 9,30 GII 81,94 82,20 10,55

FC (bbp)

GIII 81,93 82,19 10,60

0,99

GI 746,37 750,35 80,86 GII 751,77 738,40 108,26

RR (ms)

GIII 751,80 738,39 108,30

0,98

GI 51,66 48,90 21,96 GII 56,94 54,70 14,77

SDNN (ms)

GIII 56,93 54,70 14,77

0,54

GI 39,43 37,55 19,41 GII 38,13 38,95 12,46

RMSSD (ms)

GIII 38,13 38,94 12,45

0,95

GI 19,74 19,55 16,07 GII 16,77 16,35 10,94

pNN50 (%)

GIII 16,76 16,35 10,94 0,70

GI 1051 731,00 1019 GII 957,05 961,50 421,68

LF (ms2)

GIII 957,05 961,50 421,69

0,88

GI 57,49 61,30 16,21 GII 62,97 64,85 10,38

LF (n.u.)

GIII 62,98 64,84 10,39

0,29

GI 693,55 523,50 679,38 GII 561,60 601,50 264,44

HF (ms2)

GIII 562,00 601,51 264,50 0,56

GI 42,31 38,30 16,16 GII 36,91 35,10 10,35

HF (n.u.)

GIII 36,90 35,10 10,34

0,30

GI 1,68 1,60 0,94 GII 1,89 1,85 0,71

LF/HF

GIII 1,88 1,84 0,71 0,62

GI: 20 mulheres - estímulo frequência; GII: 20 mulheres – estímulo harmônico; GIII: 20 mulheres – estímulo desarmônico; DP: desvio padrão, teste ANOVA - *p≤0,05

Os resultados de latência e amplitude dos PCAs – N1, P2, N2, P3a e MMN

das 60 mulheres saudáveis foram analisados por meio dos valores de média e

desvio padrão, diferindo quanto ao estimulo de frequência, harmônico e

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desarmônico, e aferição à direita e esquerda. Esses resultados foram descritos na

tabela 3 como intuito de caracterizar a amostra quanto ao perfil auditivo.

Tabela 3. Perfil das voluntárias de acordo com os valores descritivos e inferenciais das latências e amplitudes dos componentes dos PCAs na discriminação de frequência, harmônico e desarmônico. Componentes Frequência Harmônico Desarmônico Media DP Média DP Média DP AD Lat N1 98,41 12,41 97,68 10,55 100,59 20,63 Lat P2 182,68 36,86 182,16 30,43 180,91 35,37 Lat N2 235,09 34,98 254,67 37,03 234,73 38,57 Lat P3a 298,49 39,54 323,42 42,51 304,37 41,56 Lat MMN 227,49 40,80 261,95 38,60 253,94 39,36 Amp N1 -5,27 1,94 -6,67 1,99 -4,95 1,65 Amp P2 2,62 2,07 3,80 1,61 2,03 1,97 Amp N2 -1,88 1,56 -3,16 1,40 -1,96 1,14 Amp P3a 2,81 1,29 2,80 1,83 2,99 1,50 Int N2-P3a -4,69 2,49 -5,96 1,58 -4,95 1,96 Amp MMN -2,12 1,36 -2,32 1,24 -1,55 1,29 AE Lat N1 96,43 15,20 89,44 13,72 103,72 19,84 Lat P2 180,18 29,66 183,82 28,83 194,91 39,35 Lat N2 231,82 40,06 251,95 38,92 239,00 46,22 Lat P3a 294,33 42,19 317,75 38,94 300,05 38,99 Lat MMN 222,13 46,80 254,67 41,86 249,98 47,85 Amp N1 -5,09 1,91 -6,10 2,17 -4,92 1,52 Amp P2 3,26 2,16 4,00 2,28 1,87 1,52 Amp N2 -1,85 1,08 -2,62 2,13 -1,66 1,24 Amp P3a 2,87 1,97 2,39 1,19 3,07 1,74 Int N2-P3a -4,72 2,40 -5,01 1,90 -4,73 2,44 Amp MMN -1,93 1,45 -1,93 1,95 -1,20 1,42 AD: aferência à direita; AE: aferência à esquerda; Lat: latência; Amp: amplitude; Int: interamplitude; DP: desvio padrão

Conforme mostra a tabela 4, houve correlação positiva forte com a latência de

N2 em aferência à direita no harmônico, e latência de N1 e N2 em aferência à

esquerda no desarmônico, correlação negativa forte com a latência de N1 em

aferência à direita no desarmônico, com a amplitude P3a em aferência à direita no

harmônico, correlação moderada positiva com a interamplitude de N2-P3a em

aferência à direita no harmônico, com a latência de P2 em aferência à esquerda no

harmônico, e com a latência de P3a em aferencia à esquerda no desarmônico.

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Tabela 4. Correlação entre os componentes dos PCAs e a FC Componentes Frequência Harmônico Desarmônico r p r p r p AD Lat N1 -0,04 0,84 -0,17 0,45 -0,50 0,02*

Lat P2 0,35 0,12 0,31 0,17 0,12 0,59 Lat N2 0,36 0,11 0,55 0,01** 0,18 0,42 Lat P3a 0,21 0,35 0,38 0,09 0,01 0,93 Lat MMN 0,40 0,07 0,34 0,13 0,01 0,94 Amp N1 -0,25 0,28 0,32 0,16 0,07 0,74 Amp P2 0,17 0,46 0,39 0,08 0,37 0,10 Amp N2 0,08 0,73 -0,20 0,37 0,06 0,77 Amp P3a -0,03 0,86 -0,54 0,01* -0,27 0,24 Int N2-P3a 0,07 0,74 0,44 0,04* 0,24 0,29 Amp MMN 0,27 0,24 -0,37 0,10 0,15 0,51 AE Lat N1 -0,24 0,28 0,04 0,83 0,57 0,00*

Lat P2 0,16 0,47 0,43 0,05* 0,24 0,30 Lat N2 0,18 0,42 0,22 0,34 0,50 0,02**

Lat P3a 0,12 0,59 0,39 0,08 0,44 0,05*

Lat MMN 0,14 0,55 0,17 0,46 0,16 0,49 Amp N1 -0,26 0,25 0,10 0,66 0,16 0,49 Amp P2 0,07 0,74 0,02 0,92 0,11 0,64 Amp N2 -0,07 0,74 -0,05 0,81 -0,06 0,77 Amp P3a -0,35 0,12 -0,33 0,15 -0,02 0,90 Int N2-P3a 0,13 0,55 0,14 0,54 -0,01 0,95 Amp MMN 0,02 0,90 -0,19 0,41 0,11 0,64 AD: aferência à direita; AE: aferência à esquerda; Lat: latência; Amp: amplitude; Int: interamplitude; valor de p ≤ 0,05 *correlação de Pearson; **correlação de Spearman. FC: Frequência cardíaca

Com relação aos componentes dos PCAs e o intervalo RR, houve correlação

forte negativa na latência de N2 em aferência à direita no harmônico, latências de

N1 e N2 em aferência à esquerda no desarmônico. E uma correlação forte positiva

na amplitude do MMN no harmônico. Foi observada durante apresentação do

estímulo desarmônico uma correlação moderada negativa na amplitude de P2 em

aferência à direita e, na latência de P3a em aferência à esquerda. Porém durante

estimulação de frequência não foi observado correlação entre os componentes

PCAs e o intervalo RR (Tabela 5).

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Tabela 5. Correlação entre os componentes dos PCAs e o intervalo RR Componentes Frequência Harmônico Desarmônico r p r p r p AD Lat N1 0,05 0,83 0,23 0,32 0,38 0,09 Lat P2 -0,35 0,12 -0,32 0,16 -0,24 0,29 Lat N2 -0,37 0,10 -0,55 0,01** -0,18 0,42 Lat P3a -0,22 0,33 -0,30 0,18 0,02 0,92 Lat MMN -0,40 0,07 -0,26 0,25 -0,08 0,70 Amp N1 0,23 0,31 -0,35 0,12 -0,11 0,62 Amp P2 -0,19 0,40 -0,39 0,08 -0,43 0,05**

Amp N2 -0,08 0,73 0,09 0,69 -0,12 0,60 Amp P3a 0,03 0,86 0,41 0,06 0,33 0,15 Int N2-P3a -0,06 0,78 -0,34 0,14 -0,31 0,17 Amp MMN -0,25 0,26 0,52 0,01** -0,10 0,66 AE Lat N1 0,27 0,23 -0,07 0,75 -0,60 0,00**

Lat P2 -0,17 0,46 -0,28 0,22 -0,33 0,15 Lat N2 -0,16 0,47 -0,20 0,38 -0,50 0,02**

Lat P3a -0,07 0,74 -0,33 0,14 -0,47 0,03**

Lat MMN -0,10 0,64 -0,15 0,51 -0,13 0,58 Amp N1 0,28 0,21 -0,05 0,82 -0,15 0,51 Amp P2 -0,08 0,72 0,06 0,78 -0,27 0,23 Amp N2 0,09 0,69 -0,04 0,84 -0,05 0,81 Amp P3a 0,36 0,11 0,36 0,11 0,07 0,75 Int N2-P3a -0,12 0,61 -0,2 0,39 -0,02 0,92 Amp MMN -0,05 0,81 0,22 0,34 -0,14 0,53 AD: aferência à direita; AE: aferência à esquerda; Lat: latência; Amp: amplitude; Int: interamplitude; valor de p ≤ 0,05 *correlação de Pearson; **correlação de Spearman. Intervalo RR: Média de todos os intervalos RR normais.

A tabela 6 mostra a correlação entre os componentes dos PCAs e o índice

RMSSD, sendo possível observar correlação forte positiva das amplitudes de P3a e

MMN em aferência à direita no harmônico e, na amplitude de P3a em aferência á

esquerda no desarmônico, correlação moderada negativa na latência de N2 e

interamplitude de N2-P3a em aferência à direita no harmônico, e na latência de P2

em aferência á esquerda no harmônico, na latência de N1 em aferência á direita no

desarmônico, e correlação moderada positiva na amplitude de P3a em aferência à

direita no desarmônico.

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Tabela 6. Correlação entre os componentes dos PCAs e o índice RMSSD Componentes Frequência Harmônico Desarmônico r p r p r p AD Lat N1 0,22 0,34 0,23 0,32 0,40 0,07 Lat P2 -0,23 0,31 -0,36 0,11 0,06 0,79 Lat N2 -0,26 0,26 -0,49 0,02** 0,19 0,41 Lat P3a -0,04 0,85 -0,25 0,28 0,38 0,09 Lat MMN -0,31 0,17 -0,34 0,13 0,10 0,65 Amp N1 0,13 0,55 -0,29 0,20 -0,02 0,91 Amp P2 -0,26 0,25 -0,22 0,33 -0,34 0,13 Amp N2 -0,16 0,48 0,14 0,53 -0,18 0,44 Amp P3a 0,40 0,07 0,56 0,00** 0,44 0,04**

Int N2-P3a -0,27 0,24 -0,43 0,05** -0,37 0,10 Amp MMN -0,31 0,17 0,51 0,02** -0,07 0,75 AE Lat N1 0,23 0,31 -0,24 0,30 -0,46 0,03**

Lat P2 0,05 0,81 -0,45 0,04** -0,26 0,25 Lat N2 -0,02 0,92 -0,37 0,10 -0,36 0,11 Lat P3a 0,06 0,78 -0,29 0,20 -0,29 0,20 Lat MMN -0,02 0,90 -0,30 0,19 -0,04 0,85 Amp N1 0,31 0,17 0,06 0,79 -0,29 0,20 Amp P2 -0,23 0,31 0,03 0,86 -0,24 0,29 Amp N2 -0,14 0,53 -0,00 0,98 -0,04 0,84 Amp P3a 0,51 0,01** 0,30 0,19 0,27 0,24 Int N2-P3a -0,38 0,09 -0,07 0,75 -0,11 0,63 Amp MMN -0,09 0,69 0,21 0,37 -0,21 0,35 AD: aferência à direita; AE: aferência à esquerda; Lat: latência; Amp: amplitude; Int: interamplitude; valor de p ≤ 0,05 *correlação de Pearson; **correlação de Spearman. RMSSD: Raiz quadrada da soma das diferenças sucessivas entre intervalos RR normais adjacentes ao quadrado.

Com relação aos componentes dos PCAs e o índice SDNN da VFC, houve

correlação forte negativa da latência de P3a em aferência à esquerda no

desarmônico, correlação moderada positiva da latência de P3a no desarmônico, e

na amplitude de P3a no harmônico em aferência à direita, e correlação negativa

moderada na amplitude de P2 em aferência à esquerda (Tabela 7).

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Tabela 7. Correlação entre os componentes dos PCAs e o índice SDNN Componentes Frequência Harmônico Desarmônico r p r p r p AD Lat N1 0,37 0,10 0,04 0,83 0,25 0,28 Lat P2 -0,31 0,18 -0,33 0,14 0,20 0,38 Lat N2 -0,32 0,16 -0,41 0,06 0,42 0,06 Lat P3a -0,20 0,37 -0,34 0,14 0,49 0,02**

Lat MMN -0,42 0,06 -0,26 0,26 0,16 0,48 Amp N1 0,07 0,75 -0,08 0,73 -0,03 0,89 Amp P2 -0,26 0,26 -0,14 0,54 -0,07 0,76 Amp N2 0,01 0,95 0,35 0,12 0,09 0,69 Amp P3a 0,39 0,08 0,45 0,04* 0,06 0,79 Int N2-P3a -0,19 0,40 -0,21 0,37 0,04 0,84 Amp MMN -0,24 0,29 0,31 0,17 0,02 0,91 AE Lat N1 -0,05 0,82 0,05 0,82 -0,32 0,15 Lat P2 0,19 0,41 -0,45 0,04** -0,22 0,35 Lat N2 0,13 0,57 -0,21 0,37 -0,39 0,08 Lat P3a 0,11 0,64 0,10 0,64 -0,57 0,00**

Lat MMN 0,09 0,69 -0,18 0,42 -0,20 0,39 Amp N1 0,04 0,86 0,20 0,38 -0,33 0,15 Amp P2 -0,07 0,74 -0,26 0,25 -0,23 0,32 Amp N2 -0,22 0,34 0,23 0,32 -0,05 0,82 Amp P3a 0,29 0,20 0,16 0,48 0,08 0,71 Int N2-P3a -0,29 0,21 0,33 0,14 -0,00 0,99 Amp MMN 0,00 0,97 0,15 0,50 -0,28 0,22 AD: aferência à direita; AE: aferência à esquerda; Lat: latência; Amp: amplitude; Int: interamplitude; valor de p ≤ 0,05 *correlação de Pearson; **correlação de Spearman. SDNN: Desvio padrão de todos os intervalos RR normais.

A tabela 8 apresenta os valores de correlação entre os componentes dos

PCAs e o índice pNN50 da VFC. Nesta tabela observou-se uma correlação forte

positiva da amplitude MMN em aferência á direita no harmônico, da amplitude de

P3a em aferência á esquerda na frequência e, em aferência à direita no harmônico.

Foi observada também correlação forte negativa na latência de N1 no desarmônico

e, latência de P2 no harmônico em aferência à esquerda, correlação moderada

positiva na amplitude de P3a no desarmônico e, interamplitude de N2-P3a no

harmônico em aferência á direita.

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Tabela 8. Correlação entre os componentes dos PCAs e o índice pNN50 Componentes Frequência Harmônico Desarmônico r p r p r p AD Lat N1 0,03 0,89 0,19 0,40 0,37 0,10 Lat P2 -0,18 0,43 -0,40 0,07 0,00 0,97 Lat N2 -0,21 0,36 -0,51 0,02** 0,20 0,38 Lat P3a -0,00 0,98 -0,25 0,27 0,39 0,08 Lat MMN -0,35 0,12 -0,37 0,10 0,11 0,63 Amp N1 0,18 0,43 -0,32 0,16 -0,03 0,87 Amp P2 -0,21 0,35 -0,25 0,27 -0,30 0,18 Amp N2 -0,15 0,52 0,13 0,58 -0,18 0,44 Amp P3a 0,41 0,07 0,60 0,00** 0,42 0,05**

Int N2-P3a -0,33 0,14 -0,47 0,03** -0,36 0,11 Amp MMN -0,37 0,10 0,50 0,02** -0,13 0,57 AE Lat N1 0,16 0,48 -0,20 0,37 -0,50 0,02**

Lat P2 0,07 0,75 -0,52 0,01* -0,30 0,18 Lat N2 0,01 0,93 -0,41 0,07 -0,39 0,08 Lat P3a 0,12 0,59 -0,21 0,36 -0,34 0,13 Lat MMN 0,00 0,99 -0,44 0,04* -0,13 0,58 Amp N1 0,37 0,10 0,01 0,93 -0,23 0,31 Amp P2 -0,23 0,32 -0,05 0,82 -0,19 0,40 Amp N2 -0,21 0,36 -0,02 0,90 -0,06 0,80 Amp P3a 0,57 0,00** 0,21 0,35 0,26 0,26 Int N2-P3a -0,42 0,06 -0,16 0,47 -0,11 0,61 Amp MMN -0,02 0,91 0,11 0,64 -0,28 0,22 AD: aferência à direita; AE: aferência à esquerda; Lat: latência; Amp: amplitude; Int: interamplitude; valor de p ≤ 0,05 *correlação de Pearson; **correlação de Spearman. pNN50: Percentual de intervalos RR normais que diferem mais que 50 milisegundos do seu adjacente.

Na tabela 9 observa-se correlação positiva moderada da latência de N1 em

aferência à direita e, moderada negativa na amplitude de N1 em aferência á

esquerda na frequência, quando associado os componentes dos PCAs e o índice LF

(ms2) da VFC.

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Tabela 9. Correlação entre os componentes dos PCAs e o índice espectral LF (ms2) Componentes Frequência Harmônico Desarmônico r p r p r p AD Lat N1 0,45 0,04* -0,14 0,54 -0,06 0,79 Lat P2 -0,16 0,48 -0,07 0,76 0,19 0,41 Lat N2 -0,29 0,20 -0,24 0,29 0,19 0,40 Lat P3a -0,29 0,20 -0,31 0,18 0,18 0,44 Lat MMN -0,30 0,19 -0,04 0,83 -0,08 0,70 Amp N1 -0,02 0,91 0,07 0,76 0,17 0,46 Amp P2 -0,37 0,09 -0,04 0,86 0,08 0,73 Amp N2 0,04 0,84 0,31 0,17 0,22 0,34 Amp P3a 0,38 0,09 0,04 0,85 -0,07 0,76 Int N2-P3a -0,18 0,43 0,22 0,33 0,16 0,48 Amp MMN -0,18 0,42 0,22 0,33 0,12 0,59 AE Lat N1 -0,22 0,33 -0,04 0,84 -0,11 0,62 Lat P2 -0,22 0,33 -0,06 0,79 0,00 0,96 Lat N2 -0,01 0,95 -0,02 0,91 -0,02 0,92 Lat P3a 0,02 0,93 -0,11 0,62 -0,16 0,49 Lat MMN -0,08 0,72 -0,17 0,46 -0,07 0,75 Amp N1 -0,44 0,04** 0,16 0,49 -0,04 0,83 Amp P2 0,04 0,84 -0,01 0,94 -0,1 0,67 Amp N2 -0,09 0,69 0,24 0,29 -0,01 0,96 Amp P3a 0,04 0,86 0,17 0,46 0,09 0,69 Int N2-P3a -0,11 0,61 0,16 0,47 -0,01 0,95 Amp MMN -0,18 0,44 0,03 0,88 -0,25 0,27 AD: aferência à direita; AE: aferência à esquerda; Lat: latência; Amp: amplitude; Int: interamplitude; valor de p ≤ 0,05 *correlação de Pearson; **correlação de Spearman. LF: Componente espectral de baixa frequência – Low Frequency (0,04 a 0,15) ms2: milissegundos ao quadrado

A tabela 10 indica a correlação dos componentes dos PCAs e o índice LF (nu)

da VFC. Como pode ser observado, houve correlação forte negativa com a

amplitude de P3a em aferência à esquerda na frequência, correlação positiva

moderada com a amplitude de P3a em aferência à esquerda na frequência e, com a

interamplitude N2-P3a em aferência à direita no harmônico.

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Tabela 10. Correlação entre os componentes dos PCAs e o índice espectral LF (nu) Componentes Frequência Harmônico Desarmônico r p r p r p AD Lat N1 0,03 0,87 -0,11 0,61 -0,35 0,12 Lat P2 0,05 0,81 0,10 0,65 0,14 0,53 Lat N2 0,17 0,46 0,07 0,75 -0,07 0,73 Lat P3a -0,16 0,49 -0,20 0,37 -0,38 0,08 Lat MMN 0,27 0,24 0,04 0,83 -0,26 0,25 Amp N1 -0,22 0,33 0,32 0,16 0,08 0,71 Amp P2 0,08 0,73 -0,09 0,69 0,30 0,18 Amp N2 0,02 0,92 0,04 0,84 -0,08 0,72 Amp P3a -0,22 0,33 -0,34 0,14 -0,15 0,51 Int N2-P3a 0,18 0,43 0,43 0,05* 0,02 0,92 Amp MMN 0,27 0,24 0,02 0,91 0,05 0,82 AE Lat N1 -0,20 0,38 -0,15 0,52 0,06 0,78 Lat P2 -0,19 0,39 0,17 0,45 -0,23 0,31 Lat N2 0,04 0,86 0,32 0,16 -0,03 0,87 Lat P3a 0,17 0,46 -0,14 0,52 -0,24 0,30 Lat MMN 0,08 0,72 0,06 0,77 -0,34 0,14 Amp N1 -0,33 0,14 0,18 0,43 0,31 0,17 Amp P2 0,07 0,75 -0,04 0,84 -0,00 0,99 Amp N2 0,01 0,94 0,04 0,84 -0,21 0,37 Amp P3a -0,62 0,00** -0,11 0,62 0,13 0,57 Int N2-P3a 0,47 0,03* 0,12 0,60 -0,20 0,39 Amp MMN 0,06 0,79 -0,00 0,99 -0,04 0,83 AD: aferência à direita; AE: aferência à esquerda; Lat: latência; Amp: amplitude; Int: interamplitude; valor de p ≤ 0,05 *correlação de Pearson; **correlação de Spearman. LF: Componente espectral de baixa frequência – Low Frequency (0,04 a 0,15) n.u.: normalized units – unidade normalizada

Em relação ao índice HF (ms2) e os componentes dos PCAs, observou-se

correlação forte positiva na amplitude de P3a em aferência à esquerda na frequência

e, na latência de P3a em aferência à direita no desarmônico. Houve correlação

moderada também na amplitude de P3a em aferência à direita na frequência e no

harmônico (Tabela 11).

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Tabela 11. Correlação entre os componentes dos PCAs e o índice espectral HF (ms2) Componentes Frequência Harmônico Desarmônico r p r p r p AD Lat N1 0,15 0,52 0,13 0,58 0,20 0,38 Lat P2 -0,17 0,46 -0,23 0,31 0,07 0,75 Lat N2 -0,22 0,34 -0,29 0,21 0,32 0,16 Lat P3a -0,05 0,80 0,13 0,56 0,55 0,01**

Lat MMN -0,37 0,10 -0,15 0,51 0,15 0,51 Amp N1 0,07 0,73 -0,21 0,35 0,09 0,68 Amp P2 -0,05 0,81 -0,04 0,83 -0,29 0,21 Amp N2 0,03 0,88 0,07 0,75 0,04 0,85 Amp P3a 0,49 0,02** 0,47 0,03** 0,11 0,61 Int N2-P3a -0,28 0,22 -0,41 0,06 -0,00 0,99 Amp MMN -0,13 0,58 0,14 0,53 0,07 0,74 AE Lat N1 0,07 0,76 0,18 0,43 -0,09 0,67 Lat P2 0,24 0,30 -0,24 0,29 0,11 0,61 Lat N2 0,21 0,35 -0,40 0,07 0,00 0,96 Lat P3a 0,12 0,60 0,21 0,36 -0,02 0,90 Lat MMN 0,16 0,49 -0,10 0,65 0,15 0,50 Amp N1 0,15 0,50 0,06 0,78 -0,29 0,21 Amp P2 -0,06 0,80 -0,18 0,42 -0,08 0,72 Amp N2 -0,17 0,44 0,04 0,84 0,23 0,31 Amp P3a 0,53 0,01** 0,29 0,20 -0,05 0,83 Int N2-P3a -0,41 0,06 -0,06 0,79 0,24 0,29 Amp MMN 0,00 0,99 -0,06 0,78 -0,15 0,50 AD: aferência à direita; AE: aferência à esquerda; Lat: latência; Amp: amplitude; Int: interamplitude; valor de p ≤ 0,05 *correlação de Pearson; **correlação de Spearman. HF: Componente espectral de alta frequência – High Frequency (0,15 a 0,4) ms2: milissegundos ao quadrado

Com relação aos componentes dos PCAs e o índice HF (nu) da VFC, houve

correlação positiva forte com a amplitude de P3a e negativa moderada com a

interamplitude de N2-p3a em aferência à esquerda na frequência, além de

correlação negativa moderada na interamplitude de N2-P3a em aferência à direita

durante estímulo harmônico. Porém não foi observada correlação na estimulação do

estimulo desarmônico (Tabela 12).

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Tabela 12. Correlação entre os componentes dos PCAs e o índice espectral HF (nu) Componentes Frequência Harmônico Desarmônico r p r p r p AD Lat N1 -0,03 0,87 0,11 0,61 0,35 0,12 Lat P2 -0,05 0,81 -0,10 0,65 -0,14 0,53 Lat N2 -0,17 0,46 -0,07 0,74 0,07 0,73 Lat P3a 0,16 0,49 0,20 0,37 0,38 0,08 Lat MMN -0,27 0,24 -0,04 0,83 0,26 0,25 Amp N1 0,22 0,33 -0,31 0,17 -0,08 0,71 Amp P2 -0,08 0,73 0,09 0,69 -0,30 0,18 Amp N2 -0,02 0,92 -0,04 0,85 0,08 0,72 Amp P3a 0,22 0,34 0,34 0,13 0,15 0,51 Int N2-P3a -0,18 0,44 -0,43 0,05* -0,02 0,92 Amp MMN -0,27 0,24 -0,02 0,91 -0,05 0,82 AE Lat N1 0,20 0,38 0,15 0,52 -0,06 0,78 Lat P2 0,19 0,39 -0,17 0,44 0,24 0,29 Lat N2 -0,04 0,85 -0,34 0,14 0,06 0,79 Lat P3a -0,17 0,45 0,14 0,53 0,25 0,28 Lat MMN -0,08 0,72 -0,06 0,77 0,30 0,18 Amp N1 0,33 0,14 -0,18 0,43 -0,30 0,19 Amp P2 -0,07 0,75 0,04 0,85 0,00 0,97 Amp N2 -0,01 0,94 -0,04 0,85 0,21 0,36 Amp P3a 0,62 0,00** 0,11 0,62 -0,13 0,55 Int N2-P3a -0,47 0,03* -0,12 0,60 0,20 0,38 Amp MMN -0,06 0,79 0,00 0,99 0,01 0,95 AD: aferência à direita; AE: aferência à esquerda; Lat: latência; Amp: amplitude; Int: interamplitude; valor de p ≤ 0,05 *correlação de Pearson; **correlação de Spearman. HF: Componente espectral de alta frequência – High Frequency – HF (0,15 a 0,4) n.u.: normalized units – unidade normalizada

Foi observada correlação na amplitude de P3a no estímulo de frequência em

aferência à esquerda e, na interamplitude de N2-P3a do estímulo harmônico em

aferência à direita. No entanto, durante a estimulação dos desarmônicos não houve

correlação entre os componentes dos PCAs e a razão LF/HF (Tabela 13).

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Tabela 13. Correlação entre os componentes dos PCAs e o índice espectral LF/HF Componentes Frequência Harmônico Desarmônico r p r p r p AD Lat N1 0,07 0,75 -0,04 0,85 -0,35 0,12 Lat P2 0,05 0,81 0,22 0,35 0,14 0,53 Lat N2 0,08 0,72 0,07 0,75 -0,07 0,73 Lat P3a -0,30 0,19 -0,16 0,48 -0,38 0,08 Lat MMN 0,28 0,22 0,07 0,74 -0,26 0,25 Amp N1 -0,17 0,46 0,25 0,27 0,08 0,71 Amp P2 -0,10 0,65 -0,06 0,79 0,30 0,18 Amp N2 0,02 0,92 0,11 0,63 -0,08 0,72 Amp P3a -0,30 0,19 -0,33 0,14 -0,15 0,51 Int N2-P3a 0,20 0,38 0,46 0,03** 0,02 0,92 Amp MMN 0,19 0,41 0,05 0,81 0,05 0,82 AE Lat N1 -0,20 0,39 -0,12 0,60 -0,00 0,97 Lat P2 -0,19 0,39 0,12 0,60 -0,11 0,63 Lat N2 0,01 0,96 0,32 0,16 -0,03 0,87 Lat P3a 0,17 0,46 -0,16 0,49 -0,16 0,47 Lat MMN 0,08 0,71 0,09 0,69 -0,34 0,14 Amp N1 -0,37 0,10 0,17 0,46 0,34 0,13 Amp P2 0,07 0,75 0,01 0,94 0,04 0,84 Amp N2 0,02 0,92 0,06 0,79 -0,19 0,41 Amp P3a -0,62 0,00** -0,12 0,60 0,07 0,73 Int N2-P3a 0,40 0,07 0,13 0,55 -0,24 0,29 Amp MMN -0,06 0,79 0,02 0,90 -0,04 0,83 AD: aferência à direita; AE: aferência à esquerda; Lat: latência; Amp: amplitude; Int: interamplitude; valor de p ≤ 0,05 *correlação de Pearson; **correlação de Spearman. LF/HF: razão entre os componentes espectrais de baixa e alta frequência

A tabela 14 mostra que houve uma correlação forte positiva entre os valores

da FC e intervalo RR em repouso e durante a estimulação auditiva, independente do

tipo de estímulo apresentado e da aferência.

Tabela 14. Correlação da FC em repouso e durante diferentes estímulos auditivos r p

FC rep x FC ADF 0,88 0,00*

FC rep x FC AEF 0,84 0,00*

FC rep x FC ADH 0,87 0,00*

FC rep x FC AEH 0,83 0,00*

FC rep x FC ADD 0,82 0,00*

FC rep x FC AED 0,83 0,00* FC= frequência cardíaca; rep= repouso; ADF= aferência à direita durante estímulo frequência; AEF= aferência à esquerda durante estímulo frequência; ADH= aferência à direita durante estímulo harmônico; AEH= aferência à esquerda durante estímulo harmônico; ADD= aferência à direita durante estímulo desarmônico; AED= aferência à esquerda durante estímulo desarmônico; *correlação de Pearson; **correlação de Spearman.

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Discussão ___________________________________________________________________

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6. Discussão

Nossa pesquisa foi norteada, como referimos no Capítulo 3, pelas seguintes

hipóteses: “Há associação entre o sistema auditivo e o sistema cardiovascular” e,

“Diferentes estímulos alteram a modulação autonômica cardíaca”. A fim de confirmar

essas hipóteses, elaboramos os seguintes objetivos: descrever os componentes dos

PCAs e os índices lineares da VFC, analisar a relação entre os componentes dos

PCAs e os índices lineares da VFC, comparar os índices lineares da VFC com

diferentes estímulos acústicos e, verificar qual deles tem mais influência sobre a

modulação autonômica cardíaca.

Para tal, ficou estabelecido que fossem inclusos neste estudo apenas sujeitos

do mesmo gênero, no caso o escolhido foi o feminino, com intervalo curto de idade,

entre 18 e 25 anos. Assim sendo, observou-se uma amostra homogênea, sem

diferença estatística significante em relação ao perfil descritivo das voluntárias de

acordo com a idade, altura, peso, IMC, PSD e PSS e os índices da VFC em repouso

(Tabelas 1 e 2).

Embora existam poucos estudos na literatura sobre o sistema auditivo e o

sistema cardiovascular, foi possível observar relação entre estes dois sistemas em

outros estudos (LAWRENCE, BARRY, 2009; 2010; ZHAO et al, 2011; MARCOMINI,

2015; REGAÇONE et al, 2015 ).

A geração dos componentes dos potenciais corticais auditivos, desde os

componentes mais precoces até os mais tardios, ocorre de maneira processual, um

é pré-requisito para a geração do outro. Eles se tornam mais elaborados conforme

percorrem a via auditiva, começando nos núcleos olivares superiores, eles

dependem de vários outros circuitos neurais ao longo das projeções ascendentes,

por intermédio do lemnisco lateral, chegam no colículo inferior, que recebe

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aferências binaurais, preservando a organização tonotópica complexa (GUYTON,

HALL, 2006).

A organização tonotópica encontra-se em todo sistema auditivo, desde a

membrana basilar na cóclea até o córtex auditivo. Os sons de baixa frequência

ativam a membrana basilar no ápice e os de alta frequência ativam a base da

cóclea. A seletividade frequencial da cóclea permite a discriminação de frequências

muito próximas, que enviam informações com pequenas diferenças ao SNC

(GUYTON, HALL, 2006). Seu funcionamento está ligado a processos atencionais

minuciosos dependentes das estruturas do sistema periférico, mas especialmente

dos processos modulares atencionais da formação reticular (COTILLON-WILLIAMS,

et al, 2008).

Sob a perspectiva anatômica e fisiológica fica evidente a relação entre os

sistemas auditivo e cardiovascular. A formação reticular, estrutura que ocupa toda a

região central do tronco encefálico, do bulbo ao mesencéfalo, é uma das estruturas

ligadas aos dois sistemas, responsável pela regulação do estado de alerta, subsidia

o processo atencional e controla o sistema nervoso autônomo, o ritmo cardíaco e a

pressão arterial (TEIXEIRA, GRIZ, 2013).

Na análise dos índices espectrais de frequência observou-se correlação entre

o índice LF (ms2) e o componente N1. Embora alguns dos métodos utilizados nestes

estudos tenham sido diferentes dos utilizados na presente pesquisa, observou-se

ligação entre o SNA e SNC, confirmando nossos achados também em relação ao

componente auditivo N1 (LAWRENCE, BARRY, 2009; 2010).

Já nos outros índices espectrais de frequência o componente auditivo que

mais apresentou relação foi o P3a. Esses achados nos mostram a interação entre o

sistema nervoso simpático e parassimpático durante estimulação auditiva. Desde o

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início do processamento do estímulo e detecção das características acústicas, o

sistema auditivo entra em conflito para que haja discriminação dos dois estímulos

acústicos. Nesse momento, o sistema nervoso simpático é acionado como um

sistema de alerta (GUYTON, HALL, 2006). O sistema é ativado para informar algo

novo acontecendo no sistema e é preciso identificar a informação. No entanto, no

decorrer do processamento da informação auditiva à medida que esse processo

deixa de ser apenas auditivo e passa a ser também cognitivo, o sistema nervoso se

adapta por não ser mais uma situação nova e o sistema nervoso que predomina é o

parassimpático para que todo o sistema possa ser levado à retomada de seu estado

original (PORGES, 2001). Durante a avaliação sensorial auditiva mediante o uso de

um paradigma oddball de estimulação, o sistema se mantém em alternância entre

alerta e não - alerta (NÄÄTÄNEN et al., 2004).

De acordo com a literatura (TASK FORCE, 1996), os índices do domínio do

tempo pNN50 e RMSSD, por considerarem diferenças entre intervalos RR

adjacentes, quantificam variações rápidas da FC e, por isso, correlacionam-se com o

componente espectral de frequência – HF. Essa correlação também foi observada

em nossos resultados durante a geração do componente auditivo P3a com estímulo

de frequência, indicando predomínio da modulação parassimpática (TASK FORCE,

1996; VANDERLEI et al 2009), gerados a partir da ativação do lobo frontal e giro

cingulado (POLICH 2003; WRONKA, KAISER, COENEN 2012). No processamento

deste estímulo auditivo menos complexo ocorreu um aumento da atividade

neuroelétrica na via auditiva central, consequentemente causando aumento da

modulação parassimpática.

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Verificou-se durante a estimulação auditiva com os estímulos harmônicos e

desarmônicos um predomínio da correlação forte positiva entre a FC e todos os

componentes dos PCAs, com exceção do MMN.

Além disso, na análise da FC com os sujeitos em repouso e durante

diferentes estímulos auditivos apresentados nas orelhas, direita e esquerda,

observou-se correlação forte positiva entre essa medida, independente do tipo de

estímulo apresentado (frequência, harmônico, desarmônico) e da aferência (direita e

esquerda). O aumento da FC durante a estimulação auditiva indica ação do SNS e

mostra que as estimulações acústicas interferiram na modulação do sistema nervoso

autônomo (FERREIRA et al, 2015) .

A maioria dos resultados entre o intervalo RR e os componentes dos PCAs

apresentou correlação forte negativa. Considerando que os intervalos RR

quantificam as variações da FC (TASK FORCE, 1996), quanto maior for à FC menos

esses intervalos vão variar o que mostra que essas duas medidas (FC e intervalo

RR) se relacionam de forma inversa.

O componente auditivo MMN apresentou correlação forte positiva com os

índices da VFC do domínio do tempo RMSSD, pNN50 e intervalo RR apenas no

estímulo harmônico em aferência a direita. Tal componente parece estar mais

associado aos processos ligados à distinção das características acústicas que exige

mais a participação do sistema nervoso parassimpático.

Em sua maioria as medidas de análise da VFC utilizadas neste estudo trazem

informação do sistema nervoso parassimpático o que sugere que ao longo da

estimulação auditiva o sistema acaba se adaptando provavelmente devido a

repetição do estímulo. Acredita-se que o sistema nervoso autônomo desliga o

sistema de alerta e ocorre a restauração do sistema uma vez que esse estímulo

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repetitivo não oferece riscos ao organismo. Além disso, quando o sujeito avaliado se

apresenta em estado de alerta, o padrão dos batimentos cardíacos tende a se

estabilizar (PORGES, 2001; PORGES, 2007).

Um estudo recente realizado com mulheres jovens saudáveis relacionando

os PCAs e os parâmetros cardíacos mostrou que durante a estimulação auditiva os

valores da FC tendem a aumentar e a amplitude de N1 e P3a diminuir (REGAÇONE

et al, 2015). Um outro estudo realizado com adultos jovens saudáveis do gênero

masculino também observou relação entre os componentes dos PCAs com os

índices lineares no domínio do tempo da VFC, com predomínio em aferência à

orelha esquerda no componente N2 (MARCOMINI, 2015). Contrapondo-os, os

resultados da presente pesquisa apresentou relação não apenas com os

componentes citados na literatura, mas com todos os componentes dos PCAs em

função do uso de estímulos complexos.

Com relação ao outro enfoque deste estudo, sobre as diferentes estimulações

e os efeitos nos sistemas pode-se afirmar que os estímulos harmônicos e

desarmônicos promoveram uma ativação mais ampla das estruturas auditivas, por

apresentarem diferentes espectros de frequência e exige uma organização

tonotópica maior (PUJOL, 1989). Acredita-se que estes estímulos tendem a uma

excitação maior de todo o sistema devido sua complexidade, uma vez que são

compostos por seis diferentes bandas de frequência entre graves e agudos,

diferentemente do estímulo de frequência que é composto apenas pelas frequências

de 1kHz e 2kHz. A discriminação dos estímulos, harmônico e desarmônico exige

mais do sujeito por apresentarem mais características acústicas, estimulam a cóclea

como um todo, em contrapartida o estímulo de frequência estimula uma área mais

restrita da cóclea e sistema nervoso central.

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Sendo assim, os estímulos harmônicos e desarmônicos exigem mais do

sistema auditivo o que justifica nossos resultados com maior significância estatística

nesses estímulos se comparados aos estímulos de frequência. Esses estímulos

promoveram maior ativação não apenas do sistema auditivo como também do SNA.

Vale destacar que tanto os componentes exógenos – N1 e P2, quantos os

endógenos – N2, P3a e MMN dos PCAs apresentaram correlação com os índices da

VFC, o que indica uma ação da modulação autonômica cardíaca sobre a geração

desses componentes auditivos desde a decodificação inicial do estímulo auditivo, do

processamento cortical precoce de som e características, percepção automática,

discriminação e reconhecimento de sons até a atividade de alerta durante a

atribuição inicial de atenção ou redirecionamento de atenção sensorial

desencadeada por estímulos distratores que ocorre em função do efeito do uso do

paradigma oddball e da imprevisibilidade do estímulo (MCPHERSON, 1996; HALL,

2006).

Enfim, neste estudo foi possível observar a interação entre o sistema auditivo

e sistema cardiovascular a partir da análise das medidas aqui apresentadas.

Durante o processamento da informação auditiva o sistema nervoso autônomo

participa da modulação das funções cardiovasculares, mas também das respostas

auditivas por meio da ação dos sistemas, simpático e parassimpático. Entender essa

relação e os substratos neurofisiológicos responsáveis pelas estratégias adaptativas

ligadas ao comportamento e as emoções é essencial para que possam ser

pensados mecanismos de intervenção para distúrbios de comunicação e linguagem

neste âmbito.

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Conclusão

___________________________________________________________________

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7. Conclusão

Portanto, conclui-se que há associação entre os PCAs e a modulação

autonômica cardíaca frente a diferentes estímulos acústicos, e que o SNA que

obteve predomínio foi o SNP. Dentre os estímulos acústicos utilizados neste estudo, os que mais

influenciaram a modulação autonômica cardíaca foram os harmônicos e

desarmônicos, que são estímulos mais complexos.

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Referências ___________________________________________________________________

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Anexos ___________________________________________________________________

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9. Anexos Anexo A: Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa – UNESP – FFC

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