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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” DANO MORAL NA JUSTIÇA DO TRABALHO AUTOR BRUNO DA SILVA CHAGAS ORIENTADOR PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO RIO DE JANEIRO 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

DANO MORAL NA JUSTIÇA DO TRABALHO

AUTOR

BRUNO DA SILVA CHAGAS

ORIENTADOR

PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO

RIO DE JANEIRO 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

DANO MORAL NA JUSTIÇA DO TRABALHO Monografia apresentada à Universidade Candido Mendes – AVM Faculdade Integrada, como requisito parcial para a conclusão do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Direito e Processo do Trabalho. Por: Bruno da Silva Chagas.

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Dedico este trabalho a minha esposa, que por muitas vezes no pode contar com a minha presença durante o período do curso. Dedico também a minha estagiária que colaborou nos estudos para elaboração deste trabalho.

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RESUMO

O Dano Moral nas relações laborais é assunto amplamente discutido na

atualidade em relação ao qual a doutrina e jurisprudência ainda não se tornaram

pacíficas. O presente estudo enfoca a competência da Justiça do Trabalho para

processar e julgar a Ação de Reparação por Danos Morais, especificamente em

caso de Acidentes de trabalho. Apresenta critérios que podem ser utilizados para

redução ou eliminação do risco de atividade, constituídos através da Comissão

interna de prevenção de Acidentes (CIPA), como também dos equipamentos de

Proteção individual (EPI). A importância da Comunicação do Acidente de

Trabalho (CAT) em caso de acidente e o Dano Moral propriamente dito presente

na relação empregado empregador. O pleito indenizatório de Dano Moral no

Ambiente de trabalho baseia-se no Princípio da Dignidade de Pessoa Humana,

tendo em vista que, sendo o trabalhador parte mais fraca na relação de trabalho,

o mesmo necessita da proteção estatal afim de se evitar situações de trabalho

cujas atividades exercidas pelo trabalhador sejam desumanas e sem qualquer

prevenção por parte de seus empregadores. Tal intervenção estatal tem por fim

evitar que acidentes de trabalho ocorram, os quais muitas das vezes originam

lesões que modificam para sempre a vida dos trabalhadores envolvidos.

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METODOLOGIA

No presente trabalho foram utilizadas as pesquisas bibliográfica,

histórica, teórica e jurisprudencial. Deve-se dizer que o estudo foi baseado na

pesquisa de doutrinas civil e trabalhista especializadas nacionais, além do estudo

da Jurisprudência dos Tribunais especializados em matéria trabalhista.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 08

CAPÍTULO I

DANO MORAL ......................................................................................................... 10

1.1 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA ................................................................................ 10

1.2 - CONCEITOS E BASES CONSTITUCIONAIS .................................................. 12

1.3 - DO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA ............................... 14

CAPÍTULO II

DO DANO MORAL NA RELAÇÃO DE TRABALHO ............................................... 17

2.1 - DANOS REFLEXOS OU RICOCHETE ............................................................ 17

2.2 - ACIDENTES DE TRABALHO .......................................................................... 18

2.3 DA INDENIZAÇÃO EM CASO DE ACIDENTE DE TRABALHO (CAT)............. 28

2.4 - DA ESTABILIDADE ........................................................................................ 30

CAPÍTULO III

DA PREVENÇÃO ADICENTÁRIA ............................................................................ 33

3.1 - DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES ......................................................... 33

CAPÍTULO IV

DA INDENIZAÇÃO EM CASO DE ACIDENTE DE TRABALHO ............................ 35

4.1 - REQUISITOS PARA RESPONSABILIZAÇÃO EM CASO DE LESÃO ........... 35

4.2 - DO NEXO CAUSAL.......................................................................................... 40

4.3 - DA RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA E OBJETIVA DO EMPREGADOR ........................................................................................................ 41

CAPÍTULO V

DA COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR ............................................ 43

5.1 - DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO PARA O PEDIDO DE REPARAÇÃO POR DANO MORAL EM CASO DE LESÃO .................................... 43

CAPÍTULO VI

DA REPARAÇÃO DO DANO MORAL NO DIREITO DO TRABALHO .................... 47

6.1 - DAS FORMAS DE REPARAÇÃO DO DANO MORAL .................................... 47

6.2 - DOS CRITÉRIOS DE QUANTIFICAÇÃO DO DANO MORAL ......................... 47

CAPÍTULO VII

DA PRESCRIÇÃO .................................................................................................... 52

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DA PRESCRIÇÃO DA AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS ............. 52

CAPÍTULO VIII

JURISPRUDÊNCIAS ................................................................................................ 55

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 58

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 60

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por finalidade analisar o conteúdo referente ao

Dano Moral na esfera trabalhista relacionado à hipótese de Acidente de Trabalho,

uma vez que tem sido assunto muito discutido e pleiteado em lides trabalhista.

Porém, antes de adentrarmos no dano moral no ambiente do trabalho, mister se

faz o estudo de alguns tópicos que preliminarmente devem ser considerados.

Inicialmente será feita análise da evolução histórica do dano moral coma

respectiva conceituação, tomando-se como paradigma o Princípio Constitucional

da Dignidade da Pessoa Humana esculpido em nossa Carta Maior.

Em seguida serão analisados os sujeitos que podem sofrer danos

morais, sejam estes os próprios trabalhadores ou entes próximos que porventura

forem lesionados indiretamente. Analisar-se-á também os conceitos de Acidente

de Trabalho e seus tipos, com o exame dos diplomas legais pertinentes.

Assim, antes de restar configurado o Dano Moral no ambiente de

trabalho, deve ser levado em conta alguns requisitos presentes no capítulo da

Prevenção Acidentária, tal como o fornecimento de Equipamentos de Proteção

Individual (EPI) adequado aos empregados, como também a constituição

obrigatória em algumas empresas de Comissão Interna de Prevenção de

Acidentes (CIPA). Tais requisitos são de suma importância principalmente quando

se tratar de empregado exposto à atividade de risco.

A Justiça do Trabalho com o advento da Emenda Constitucional n.

45/2004 obteve sua competência estendida. Assim, a Justiça do Trabalho passou

a ser competente, também, para julgar e processar as ações de indenização por

danos morais. Tal ampliação possui algumas discussões doutrinárias que serão

apresentadas no decorrer do presente trabalho.

O aspecto da culpa pelo acidente também será analisado; importante

destacar que os acidentes no ambiente de trabalho muita das vezes não ocorrem

por culpa exclusiva do empregador. Pode-se vislumbrar a culpa do empregado

pela desobediência, descumprimento das normas e até mesmo a culpa solidária,

entre empregador e empregado. Para tal responsabilização devem ser analisados

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os requisitos e a responsabilidade civil do empregador a fim de restar configurada

a culpa exclusiva do empregador, do empregado ou a culpa solidária.

Contudo, o Dano Moral no trabalho freqüentemente tem estado

presente nos campos acadêmicos, na mídia, sendo discutidos pelos juristas e até

mesmo pelos Tribunais. Serão abordados ao longo da apresentação do conteúdo

desse trabalho assuntos referente ao direito, legitimidade, propositura da ação

para reparação por danos morais, conceitos de alguns institutos, posicionamentos

doutrinários e jurisprudenciais.

Dentro dos assuntos referentes à lesão que poderá originar ao

empregado o acidente de trabalho trataremos do acidente de trabalho sem

seqüelas e com seqüelas.

O aspecto punitivo do Dano Moral no ambiente de trabalho também

será verificada, ou seja, a finalidade de inibir o empregador para que tal ato não

volte a acontecer aos demais empregados. No entanto, em contrapartida, não

será permitido o enriquecimento ilícito por parte da vítima, assim, será levada em

conta a condição sócio-econômica da empresa (empregador) para que não haja

discrepância no julgamento e no deferimento do pedido proposto.

Assim, não há, pois, como deixar de reconhecer que as disposições

constitucionais sobre reparação do dano moral têm aplicação no Direito do

Trabalho.

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CAPÍTULO I

DO DANO MORAL

1.1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Antes de tratarmos do Dano Moral Trabalhista em caso de Acidente de

Trabalho é de suma importância fazer menção a evolução histórica do Dano

Moral e conceitos do Dano Moral propriamente dito.

A origem do Dano Moral se deu antes do Direito Romano, tendo no

Código de Hamurabi seus principais indícios. Em 1792 a.C., surgiu o sistema

codificado de lei na Mesopotâmia, através do rei da Babilônia chamado Hamurabi.

Os códigos de Manu e Hamurabi consideravam que o compromisso decorrente de

um contrato válido tinha algo de sagrado a que não podiam frustrar-se os

pactuantes. O código de Hamurabi tinha por finalidade protege a propriedade, a

família, o trabalho e a vida humana, impondo penas cruéis, “se alguém difama

uma mulher consagrada ou a mulher de um homem livre e não prova tal

difamação, se deverá arrastar esse homem perante o Juiz e tosquiar-lhe a fonte”

(Artigo 127, do Código de Hamurabi).1

Existia também a Lei de Talião, conhecida como “olho por olho, dente

por dente”, a pena era aplicada quando havia mera frustração às penalidades

pecuniárias para os casos de dano moral.

O dano moral estava presente até mesmo na Bíblia Sagrada, e já

possuía aplicação. Em Deuteronômio capítulo 22 versículos 13 aos 19, temos

que:

Se o homem tomar uma mulher por esposa, e tendo coabitado com ela, vier a desprezá-la, e lhe imputar falsamente coisas escandalosas e contra ela divulgar má-fama dizendo:

1 RAMANAUSKAS, Edson. Dano Moral no Trabalho. Disponível em: <http://www.advogado.adv.br/artigos/2001/edsonramanauskas/danomoraltraballho.htm>. Acesso em: 25 ago.2011.

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Tomei esta mulher e, quando me cheguei a ela, não achei os sinais da virgindade, então o Pai e a mãe da moça tomarão os sinais da virgindade da moça e os levarão aos anciãos da cidade; E o pai da jovem dirá aos anciãos: Eu dei minha filha para esposa a este homem, e agora ele a despreza, e eis que lhe atribuiu coisas escandalosas dizendo: Não achei na tua filha os sinais da virgindade, porém eis aqui os sinais da virgindade de minha filha. Então os anciãos daquela cidade, tomando o homem, o castigarão e, multando-o em cem ciclos de prata, os darão do pai da moça, porquanto divulgou má-fama sobre uma virgem de Israel. Ela ficará sendo sua mulher, e ele por todos os seus dias não poderá repudiá-la.

O supracitado versículo bíblico traz que o princípio geral a honra era

amplamente tutelado já no Velho Testamento. Temos, ainda, a Lei das XII Tábuas

no Direito Romano, que previa penas patrimoniais para crimes como dano, injúria

e furto.

A Constituição Federal de 1988 trouxe em alguns de seus dispositivos

legais a aplicação do Dano Moral. Contudo vale destacar, que mesmo antes da

Constituição Federal de 1988 havia autores que defendiam a existência da

reparabilidade do Dano Moral apesar da inexistência de princípios expressos na

legislação, porém, eram baseados no ordenamento jurídico em vigor.

Conforme veremos adiante, não existe conceito de Dano Moral

Trabalhista, porém seria relevante citar na evolução histórica como surgiu a visão

do Dano Moral no trabalho, tendo em vista as Leis principais que previam como,

por exemplo, Acidentes de Trabalho, benefício acidentário e outros.

Em 1918 foi aprovado o Projeto de Lei que regia os acidentes do

trabalho no Brasil. Através deste projeto surgiu o Decreto nº 3.724, do ano de

1919, que foi posteriormente modificado pelo Decreto nº 13.493, do mesmo ano,

sendo então regulamentado pelo Decreto nº 13.498, de 1919, tornando-se desta

forma, a primeira lei no Brasil que favorecia o empregado acidentado.2

No ano de 1934, surgiu o Decreto nº 24.637 que adotava a Teoria do

Risco Profissional.

2 MALTEZ, Felipe Almeida, Responsabilidade Subjetiva e a Culpa Presumida do Empregador nos casos de Acidente do Trabalho. Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/25990/1/responsabilidade-civil-nos-casos-de-acidente-do-trabalho/pagina1.html> Acesso em: 10 nov. > Acesso em: 25 ago. 2011.

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O Decreto nº 7.036 de 1944, fez a equiparação do acidente à doença

resultante das condições de trabalho; trouxe a inovação do acidente in itinere ou

de trajeto; o empregador estava obrigado a assegurar os seus empregados em

seguradora privada, contra os riscos de eventuais acidentes de trabalho e deveria

responder pelo ressarcimento acidentário; obrigou os empregadores a

proporcionar aos empregados a segurança e higiene do trabalho, dentre outras.

Em 1976 foi criada a Lei que também regulava o seguro por acidentes

de trabalho.

Em 1991, a Lei nº 8.213, que dispõe sobre Planos de Benefícios da

Previdência Social.

Após a Constituição de 1988, prevendo a respeito da responsabilidade

civil do empregador pelo acidente do trabalho, quanto este agir com dolo ou

culpa.

1.2 – CONCEITOS E BASES CONSTITUCIONAIS

Não existe conceito de Dano Moral Trabalhista, ou seja, o conceito é

um só, seja no Direito Civil ou no Direito do Trabalho.

O Dano Moral na relação de trabalho pode trazer repercussões na vida

profissional do trabalhador como também pode criar dificuldades para a sua

atividade econômica.

Para Orlando Gomes:

A expressão dano moral deve ser reservada exclusivamente para designar o agravo que não produz qualquer efeito patrimonial. Se há conseqüências de ordem patrimonial, ainda que mediante repercussão, o dano deixa de ser extrapatrimonial. (GOMES, 1976, p. 332).

Em diferentes situações na esfera trabalhista podem surgir à

necessidade de reparação do Dano Moral, tal como, a revista de modo vexatório

e humilhante, a declaração de abandono de emprego divulgado pelo jornal,

quando não se configurou o abandono, o acidente de trabalho configurando a

culpa exclusiva do empregador, entre outras situações.

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Tomando por base o conceito dado por Orlando Gomes entende-se

que Dano Moral é toda ofensa ao direito personalíssimo, ou seja, os direitos

extrapatrimoniais.

Para Savatier, “dano moral é todo sofrimento humano que não é

causado por uma perda pecuniária.”3

Nas palavras de Sérgio Cavalieri4 dano corresponde:

[...] a subtração ou diminuição de um bem jurídico, qualquer que seja a sua natureza, quer se trate de um bem patrimonial, quer se trate de um bem integrante da própria personalidade da vitima, como a sua honra, a imagem, a liberdade etc. Em suma, dano é a lesão de um bem jurídico, tanto patrimonial como moral, vindo daí a conhecida divisão do dano em patrimonial e moral.

Rubens Limongi França5 traz-nos o conceito de dano moral, afirmando

ser aquele que, direta ou indiretamente, a pessoa física ou jurídica, bem assim a

coletividade, sofre no aspecto não econômico dos seus bens jurídicos.

Antes da Constituição Federal de 1988, o dano passível de indenização

era apenas o dano material. O dano moral era irreparável, salvo nos casos em

que houvesse texto legal inequívoco garantindo tal reparação. Exemplos, a Lei de

Imprensa (Lei nº 5.250/67, art. 49 e seguintes) e o Código Brasileiro de

Telecomunicações (Lei nº 4.117/ 62 e seguintes – os artigos 81 a 99 desta lei

foram posteriormente revogados pelo art. 3º do Decreto-Lei nº 236/67).

Após a Constituição Federal de 1988, tanto os Danos Materiais

(patrimoniais) quanto os Danos Morais (extrapatrimoniais), passaram a ter status

de direitos fundamentais, sendo passíveis de indenização, conforme redação dos

incisos V e X, do art. 5º, in verbis:

Art. 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos seguintes termos:

3 LEÃO apud REMÉDIOS, José Antônio; FREITAS, José Fernando Seifarth; LOZANO JÚNIOR, José Júlio, Dano Moral. São Paulo: Editora Saraiva, 2000. p.19. 4 CAVALIERI FILHO apud CASSAR,Vólia Bomfim, Direito do Trabalho. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2011. p. 906. 5 FRANÇA apud MORAES, Alexandre, Direito Constitucional. 27ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2011. p. 45.

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[...]

V – é assegurado o direito de resposta proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

[...]

X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.

Dessa forma entende-se que o Dano Patrimonial e o Dano Moral

resultam de atos ilícitos (arts. 186 e 187, ambos do Código Civil (CC) e, por isso,

o autor do ato ilícito é obrigado a indenizar a vítima (art. 927, CC), in verbis:

Art. 186 - Aquele que por ação ou omissão voluntária,

negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187 - Também comete ato ilícito o titular de um

direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Da obrigação de indenizar, o art. 927 do Código Civil, traz que: “aquele

que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-

lo”.

Portanto, vale ressaltar que o termo "indenização" expresso nos

dispositivos supracitados está em sentido lato, pois, quando falamos de

indenização, nos referimos aos danos patrimoniais. No entanto, os danos morais

também são passíveis de reparação.

1.3 – DO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

Entende-se que a dignidade possui algumas características próprias,

tais como, autoridade moral, honra, decência, respeitabilidade, honestidade, entre

outras, que podem trazer significado ao Princípio da Dignidade da Pessoa

Humana.

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Para Alexandre de Moraes6 a dignidade da pessoa humana se

conceitua da seguinte forma:

A dignidade da pessoa humana é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se em um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que apenas excepcionalmente possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos.

O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana encontra-se esculpido no

inciso III, do artigo 1º da Carta Magna de 1988, onde é declarado que a República

tem como fundamentos a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana,

os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político.

Com base no entendimento do doutrinador Nelson Nery7, a dignidade

humana “é o fundamento axiológico do Direito; é a razão de ser da proteção

fundamental do valor da pessoa e, por conseguinte, da humanidade do ser e da

responsabilidade que cada homem tem pelo outro”.

Com base no entendimento de Amauri Mascaro Nascimento8, in verbis:

A dignidade é um valor subjacente a numerosas regras de direito. A proibição de toda ofensa à dignidade da pessoa é uma questão de respeito ao ser humano, o que leva o direito positivo a protegê-la, a garanti-la e a vedar atos que podem de algum modo levar à sua violação, inclusive na esfera dos direitos sociais.

A Declaração Universal dos Direitos do homem (1948) diz que:

O reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constituem o fundamento da liberdade, da justiça e da paz mundial e que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.

6 MORAES, Alexandre, Direito Constitucional. 27ª. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2011. p.16. 7 NERY apud MORAES, Alexandre, Direito Constitucional. 27ª. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2011. p.16. 8 NASCIMENTO, Amauri Mascaro, Curso de Direito do Trabalho. 27ª. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2012. p. 410.

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Ressalte-se que o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana possui

extrema importância, haja vista sua aplicação extensiva a diversas áreas do

Direito. Os princípios são diretrizes fundamentais, que constituem idéias

estruturais que sustentam um determinado ramo do Direito. Os Princípios Gerais

do Direito são, em quase todos os sistemas jurídicos, fontes subsidiárias do

direito.

A legislação trabalhista preceitua, in verbis:

Art. 8º- As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normais gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público.

O artigo 126 do CPC dispõe que: “O juiz não se exime de sentenciar ou

despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-

lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à Analogia, aos

Costumes e aos Princípios Gerais de Direito”.

Quando o indivíduo encontra-se com sua dignidade, ou seja, sua moral

lesada por decorrência de ato ilícito praticado por alguém, tendo em vista que a

dignidade humana seria a razão de ser da proteção fundamental do valor da

pessoa, nasce à obrigação ao autor do ato, de reparar ao ofendido pelo ilícito

praticado.9

O ato ilícito praticado por outrem ferindo a dignidade da pessoa é o que

irá gerar o dano moral passível de reparação. No entanto, o dano moral na

relação de trabalho poderá ser refletido diretamente na vítima como também

indiretamente a terceiro na relação, ou seja, atingindo pessoas intercalar.

Vejamos a diante sobre o tema dano moral reflexo ou ricochete.

9 CASSAR, Vólia Bomfim, Direito do trabalho. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2011. p.906.

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CAPÍTULO II

DO DANO MORAL NA RELAÇÃO DE TRABALHO

2.1 DANOS REFLEXOS OU RICOCHETE

Antes de adentrar no assunto referente ao dano moral na relação de

trabalho, é relevante fazer menção ao Dano Reflexo ou Ricochete. O dano reflexo

tem sido um tanto discutido em todas as áreas. Contudo, na esfera trabalhista em

alguns casos tem sido admissível.

Cavalieri10 traz um conceito de dano reflexo ou ricochete como sendo:

A existência de um dano reflexo (ou ricochete), qual resta caracterizado quando os efeitos do ato ilícito repercutem não apenas diretamente sobre a vítima, mas também sobre a pessoa intercalar, titular de relação jurídica que é afetada pelo dano não na sua substância, mas na sua consistência prática.

Em se tratando de dano reflexo, entende-se que os efeitos do ato ilícito

repercutem não apenas diretamente sobre a vítima, mas também sobre a pessoa

intercalar, ou seja, aquela pessoa que indiretamente foi lesada. Por exemplo, um

empregado sofre acidente de trabalho na empresa empregadora (dano direto),

vindo a falecer em decorrência desse acidente, no entanto, deixa filhos e esposa

(dano reflexo/ricochete). No caso supracitado, há a caracterização do dano

reflexo, tendo em vista que os efeitos do ato ilícito alcançaram aos familiares do

de cujus. Da mesma forma ocorre quando o empregado, por exemplo, tiver sua

capacidade laborativa reduzida, decorrente da perda de memória. Nesse caso, o

empregado tendo dependentes, estes serão atingidos pelo ato ilícito, haja vista a

necessidade de indenização.

Vale destacar alguma Jurisprudência Trabalhista Unificada dos

Tribunais Regionais do Trabalho (TRT’s).

10 CAVALIERI FILHO apud CASSAR, Vólia Bomfim, Direito do trabalho. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2011. p. 905.

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EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL - DANO MORAL REFLEXO - REPARABILIDADE. Dano moral indireto, reflexo ou em ricochete é aquele que, sem decorrer direta e imediatamente de certo fato danoso, com este guarda um vínculo de necessariedade, de modo a manter o nexo de causalidade entre a conduta ilícita e o prejuízo. Ainda que sejam distintos os direitos da vítima imediata e da vítima mediata, a causa indireta do prejuízo está intensamente associada à causa direta, tornando perfeitamente viável a pretensão indenizatória. Nesse passo, constatando-se que o acidente do trabalho sofrido pelo marido da reclamante provocou lesão em sua coluna vertebral, limitando-lhe os movimentos de braço e perna do lado esquerdo, prejudicou sua locomoção e lhe impôs restrições na vida afetiva, não se pode negar os danos reflexos causados à sua esposa, que sofreu alteração dolorosa e drástica na vida de relação e na vida doméstica, sem falar nas repercussões emocionais de tal situação, tudo compondo um quadro fático que clama por reparação. DECISÃO: A Turma, unanimemente, conheceu de ambos os recursos; por maioria de votos, vencido, parcialmente, o Exmo. Desembargador Jales Valadão Cardoso, deu provimento parcial ao apelo da reclamada para reduzir a R$25.000,00 a indenização por danos morais, valor que sofrerá correção monetária a partir da data deste julgamento; à unanimidade, negou provimento ao recurso da reclamante. Reduzida a condenação para R$35.000,00, com custas, também reduzidas, de R$700,00 (TRT 3ª Região; 2ª Turma; Relator: Desembargador Sebastião Geraldo de Oliveira; RO - 01019-2007-042-03-00; Julgado em 21/07/2009). 11

2.2 ACIDENTES DE TRABALHO

O artigo 19 da Lei 8.213/91 dispõe sobre os planos de benefícios da

Previdência Social trazendo em seu dispositivo abaixo citado a definição do que é

acidente de trabalho, senão vejamos:

Art. 19 - Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, ou pelo exercício do trabalho do segurado especial, provocando lesão corporal ou perturbação funcional, de caráter temporário ou permanente.

A Lei 6.367 de 19 de outubro de 1976 dispõe sobre o seguro de

acidente de trabalho a cargo do INPS, além do conceito de acidentes de trabalho

traz os tipos in verbis:

11 TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO, 3ª Região - MG. Disponível em <http://brs02.tst.jus.br/cgi-bin/nph-brs?d=JR03&s1=RO+01019&u=http://www.tst.gov.br/brs/juni.html&p=1&r=1&f=G&l=0>. Acesso em 03 out. 2011.

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Art. 2º Acidente do trabalho é aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, ou perda, ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

§ 1º Equiparam-se ao acidente do trabalho, para os fins desta lei:

I - a doença profissional ou do trabalho, assim entendida a inerente ou peculiar a determinado ramo de atividade e constante de relação organizada pelo Ministério da

Previdência e Assistência Social (MPAS);

II - o acidente que, ligado ao trabalho, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte, ou a perda, ou redução da capacidade para o trabalho;

III - o acidente sofrido pelo empregado no local e no horário do trabalho, em conseqüência de:

a) ato de sabotagem ou de terrorismo praticado por terceiros, inclusive companheiro de trabalho;

b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada com o trabalho;

c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro inclusive companheiro de trabalho;

d) ato de pessoa privada do uso da razão;

e) desabamento, inundação ou incêndio;

f) outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior.

IV - a doença proveniente de contaminação acidental de pessoal de área médica, no exercício de sua atividade;

V - o acidente sofrido pelo empregado ainda que fora do local e horário de trabalho:

a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;

b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito;

c) em viagem a serviço da empresa, seja qual for o meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do empregado;

d) no percurso da residência para o trabalho ou deste para aquela.

§ 2º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado será considerado a serviço da empresa.

Insta destacar que, essa lesão pode levar o indivíduo a morte, perda ou

redução da capacidade para atividade laborativa.

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Todo acidente que se verifique no exercício do trabalho, provocando,

direta ou indiretamente, lesão corporal, perturbação funcional ou doença que

determine a morte, a perda total ou parcial, permanente ou temporária, da

capacidade para o trabalho, poderá ser considerado acidente de trabalho.

Assim, entende-se que as agressões, sabotagens ou atos de

terrorismo praticados por terceiros ou até mesmo por colegas de trabalho, se o

trabalhador no momento dos atos estiver no horário e local de trabalho, será

nesse caso considerado acidente de trabalho. Assim também como, por exemplo,

estando o trabalhador em horário de trabalho, no entanto, fora do local de

trabalho, se ele estiver executando ordens ou serviços sob subordinação e

autorização da empresa e vier sofrer acidente, será considerado acidente de

trabalho. O mesmo ocorre quando na hipótese do funcionário estiver durante

viagens a serviço, mesmo que para estudos, cursos, palestras sendo financiados

pela empresa, entende-se nesse caso acidente de trabalho.

Segue abaixo jurisprudência do TRT no que se refere à agressão no

ambiente de trabalho provocado por terceiros.

EMENTA: AGRESSÃO FÍSICA A MOTORISTA DE EMPRESA DE TRANSPORTE URBANO POR PASSAGEIRO QUE SE RECUSARA A PAGAR A PASSAGEM - ACIDENTE DO TRABALHO - DANOS MORAIS - INDENIZAÇÃO DEVIDA. Trata-se de acidente de trabalho em que o motorista de coletivo urbano não abriu a porta da frente quando um passageiro queria descer sem pagar a passagem e, por tal motivo, foi por ele agredido fisicamente. Dados estatísticos publicados pela Fundação Oswaldo Cruz e pela Fundação Seade confirmam que o problema da segurança no transporte coletivo não é exclusivo de um ou outro Estado, mas revela o caos no setor, em patamar nacional. A "novidade" é que, além da violência, em si, os trabalhadores sofrem graves consequências em sua saúde, em face do medo, das tensões e stress a que são expostos em sua faina diuturna, a ponto de levá-los a um alto índice de licenças médicas por distúrbios psicológicos e psiquiátricos. A literatura internacional qualifica o transporte coletivo como alvo fácil e visado para assaltos, tanto pela presença de trabalhadores que manipulam dinheiro, fazem deslocamentos, atuam sozinhos (ou no máximo em duplas), em turnos da noite e em áreas dominadas pelo crime, mas ainda porque os ônibus podem ser roubados e empregados como meio de fuga. Outro dado de suma importância é que o espaço dos ônibus dificulta a ação da polícia, por colocar em risco a vida de todos que estão no seu interior. Os estudos apontam que o perfil dos agressores comumente é de jovens pobres e desempregados, que buscam dinheiro rápido para atividades de lazer, muitas vezes sequer sem antecedentes criminais. Ou seja,

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nem sempre os agressores têm o perfil "clássico" que intimida e gera a reação de proteção, o que demonstra que as agressões e assaltos independem do bairro por onde o ônibus trafegue, sendo irrelevante que sua rota inclua, necessariamente, áreas conhecidas pela criminalidade, para que os trabalhadores e usuários do coletivo estejam em risco. Diante de tal quadro, embora não se possa negar a obrigação primária do Estado em garantir a segurança pública, não é mais possível relegar unicamente a ele a responsabilidade pela segurança destes trabalhadores, até porque o art. 144 da Carta Magna estabelece que a segurança pública é dever do Estado, mas responsabilidade de todos, Estado e população. Dessarte, "o fracasso da garantia não significa a inexistência do direito: suspensão de garantias, não pode significar supressão de direitos" (Juan Carlos Rébora). Muito menos se pode utilizar a meia-hermenêutica constitucional dos direitos fundamentais para servir de argumento à exclusão dos direitos sociais. O próprio Estado Democrático de Direito tem como objetivos fundamentais constituir uma sociedade livre, justa e solidária (art. 3o., I), de tal modo que a sociedade seja participativa e responsável pelo processo de liberação da pessoa humana das formas de opressão, não apenas ante o reconhecimento formal dos direitos individuais e sociais, mas também e de forma especial - em face das desigualdades sociais, ora consubstanciada na hipossuficiência do trabalhador. A conclusão inevitável é a de que não se pode isentar o empresário de zelar pela vida de seus empregados, assim como da coletividade a que presta serviço, por força da responsabilidade social originária da sua própria capacidade financeira e criativa. Mister a busca e implantação de medidas preventivas de múltiplo alcance, objetivando melhorar a qualidade da segurança no trabalho para estes empregados, além do cumprimento eficiente da legislação trabalhista no que tange à saúde e segurança no trabalho e, principalmente, não abandonando à sua própria sorte (ou falta dela) tantos empregados e usuários de um meio de transporte simplesmente imprescindível para a vida urbana nos grandes centros. De tudo o que se expôs acima, impõe-se concluir que o setor do transporte coletivo urbano hoje é uma atividade de risco, o que deve atrair a aplicação do parágrafo único do art. 927 do novo Código Civil. Recurso a que se dá provimento. DECISÃO: A Turma, preliminarmente, à unanimidade, conheceu do recurso; no mérito, sem divergência, deu-lhe provimento para, julgando procedente a ação, condenar a reclamada a pagar ao reclamante indenização por dano moral e físico no valor de R$20.000,00 (vinte mil reais), atualizável desde a data do evento, com juros de mora na forma da Lei 8.177/91. Não incidem descontos previdenciários ou do imposto de renda, tendo em vista a natureza do crédito deferido. Fixou o valor da condenação em R$20.000,00 (vinte mil reais), com custas no importe de R$400,00 (quatrocentos reais), a cargo da reclamada. Determinou a aposição, na capa dos autos, do selo "TEMA RELEVANTE", do Centro de Memória deste Tribunal. Ato Regulamentar no. 04, de 04 de maio de 2007. (TRT 3ª Região; 1ª

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Turma; Relator: Desembargador Marcus Moura Ferreira; RO - 00490-2007-142-03-00-2; Julgado em 14/04/2008). 12

Serão considerados acidentes de trabalho aqueles de doença

profissional provocadas pelo trabalho ou pelas condições de trabalho; acidentes

que acontecem em viagens a serviço da empresa; acidentes que acontecem na

prestação de serviços por ordem da empresa, fora do local de trabalho; e aqueles

que ocorrem no trajeto entre a residência do trabalhador e o local de trabalho ou

vice versa. Será considerado acidente de trajeto cabível se o acidente de trabalho

tiver ocorrido na hipótese de horas intinere ou se o empregado estiver à

disposição da empresa.

Com base no entendimento do Ilustríssimo Sergio Pinto Martins13:

Dispõem o parágrafo 2º do art. 58 da CLT que o tempo despendido pelo empregador até o local de trabalho e para seu retorno, por qualquer meio de transporte, não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso ou não servido por transporte publico, o empregador fornecer a condução. O legislador deu respaldo à orientação da súmula 90 do TST, que esclarece que o tempo despendido pelo empregado, em condição fornecida pelo empregador, ate o local de trabalho de difícil acesso ou não servido por transporte regular publico, e para o seu retorno, é computável na jornada de trabalho. O requisito básico aqui é a condução ser fornecida pelo empregador; caso não o seja, não haverá o computo como horas in tinere.

Diante de tal entendimento, horas in tinere são aquelas em que a

condução é fornecida pelo empregador e o local tem que ser de difícil acesso e

não servido por transporte público regular. No entanto, vale ressaltar que se

acontecer acidente nesse trajeto, se considera acidente de trabalho e terá o

empregador a obrigação de reparação. Nesse mesmo entendimento segue a

jurisprudência do TRT.

EMENTA: REPARAÇÃO CIVIL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SUBJETIVA. ACIDENTE DE TRABALHO NO TRAJETO RESIDÊNCIA-TRABALHO. MEIO DE TRANSPORTE DISPONIBILIZADO PELO EMPREGADOR. DANO A PASSAGEIRO-EMPREGADO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA.

12 TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO, 3ª Região - MG. Disponível em:<http://brs02.tst.jus.br/cgi-bin/nph-brs?d=JR03&s1=RO+00490&u=http://www.tst.gov.br/brs/juni.html&p=1&r=1&f=G&l=0>. Acesso em 30 jul. 2011. 13 MARTINS, Sergio Pinto, Direito do Trabalho. 28ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2012. p. 521-522.

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SUPER LOTAÇÃO. CULPA. DEVER DE INDENIZAR. A reparação por dano é devida sempre que estiverem presentes os requisitos legais, seja com base na teoria subjetiva ou objetiva. O ordenamento jurídico vigente tem emprestado efetividade às normas condizentes com um ambiente equilibrado, mormente na relação de trabalho, visando à incolumidade física e psíquica do trabalhador. A responsabilidade civil afigura-se, assim, como dever jurídico, de natureza obrigacional, decorrente da prática de um ato ilícito imputável àquele em face de quem é postulada a reparação em decorrência do evento danoso quando caracterizados os elementos pertinentes (ex vi do art. 1º, incisos III e IV; art. 5º, incisos V e X, todos da CF e arts. 186, 187, 422, 927, 932, 933, 935 e 952 do Código Civil). Na hipótese concreta da relação jurídica posta em juízo, ainda que incida a responsabilidade objetiva em face do acidente ter ocorrido durante o transporte do empregado por meio de ônibus da Reclamada, consoante previsão nos artigos 734 a 737 do Código Civil, aplica-se, em todo caso, a responsabilidade subjetiva, haja vista que o acidente somente ocorreu por negligência do empregador na disponibilização de meio de transporte insuficiente, ocasionando super lotação aliada à desatenção do condutor, conforme relatório da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, determinando seqüelas irreversíveis e incapacidade total para o trabalho do Reclamante, restando caracterizados o nexo causal, o dano experimentado pela vítima e a culpabilidade do empregador. DANO MORAL. REQUERIMENTO DE MAJORAÇÃO. FIXAÇÃO DO QUANTUM DEBEATUR. PRUDENTE ARBITRAMENTO DO JUIZ. O dano moral, devido à sua natureza imaterial, subsume-se àqueles casos em que o juiz, inspirado pela lógica do razoável, deve prudentemente arbitrar o valor necessário à compensação do ofendido pela conduta ilícita (CC, art. 950, parágrafo único, e art. 953, parágrafo único). Entretanto, alguns critérios objetivos devem nortear essa fixação por arbitramento, tais como: a estipulação de um valor compatível com a reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade e duração do sofrimento experimentado pela vítima, a capacidade sócio-econômica e financeira das partes e outras circunstâncias específicas de cada caso concreto. Nesse contexto, o ponto ótimo a ser alcançado é aquele em que o valor arbitrado sirva como punição da conduta ilícita e cumpra o caráter pedagógico de desestimular a reincidência dessa conduta, sendo que do outro lado da balança deve-se buscar apenas a compensação do ofendido, pois o que passar disso caracterizar-se-á como fonte de enriquecimento sem causa. ESTABILIDADE PROVISÓRIA ACIDENTÁRIA. REQUISITOS. AUSÊNCIA DE PERCEPÇÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA ACIDENTÁRIO. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE. AFASTAMENTO SUPERIOR A 15 (QUINZE) DIAS. IMPOSSIBILIDADE DE PERCEPÇÃO DO BENEFÍCIO ACIDENTÁRIO EM FACE DE RECEBIMENTO DE APOSENTADORIA. FORMALIDADES SUPLANTADAS PELA DECISÃO JUDICIAL. TÉRMINO DO PERÍODO ESTABILITÁRIO. INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA DEVIDA. A regra legal para aquisição da estabilidade provisória acidentária disposta no artigo 118 da Lei nº 8.213/91 requer o preenchimento de dois requisitos irrefragáveis: afastamento do trabalhador das atividades por mais

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de 15 (quinze) dias e percepção do auxílio-doença acidentário. Contudo, a ausência de CAT ou da percepção de auxílio-doença acidentário pode ser suplantada por provas incontestes da ocorrência de acidente de trabalho e do afastamento não só prolongado como a permanência de seqüelas em face do acidente noticiado. Assim, as formalidades insculpidas na legislação e entendimento uniforme podem ser regularmente substituídas pela decisão judicial, tal qual ocorreu nestes autos, pois uma vez constatado pelo juízo o cometimento de acidente de trabalho e afastamento do trabalhador por mais de 15 (quinze) dias, a documentação de percepção de auxílio-doença acidentário fica claramente suplantada por esse decisum. O pedido de indenização do período estabilitário por trabalhador totalmente incapacitado para o trabalho que percebe aposentadoria da previdência social (tornando incompatível o auxílio-doença acidentário) e, ainda, contando com 67 (sessenta e sete) anos é plenamente cabível, quando ultrapassado o prazo de estabilidade provisória. DECISÃO:por unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto e, no mérito, dar provimento ao recurso para: a)- majorar a condenação em dano moral para o importe de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais); b)- deferir indenização para tratamento de saúde no valor de R$ 7.200,00 (sete mil e duzentos reais); e c)- deferir indenização do período estabilitário no montante de R$ 7.168,00 (sete mil, cento e sessenta e oito reais), nos termos do voto do Desembargador Relator. Todos os valores devem ser devidamente atualizados. A teor do § 3° do art. 832 da CLT, as parcelas, ora concedidas, possuem natureza indenizatória. Determinar a adoção de procedimento inscrito no artigo 71 da Lei nº 10.741/2003, com identificação na capa dos autos, em face do Autor já contar com 67 (sessenta e sete) anos. Custas no valor de R$ 1.287,36 (um mil, duzentos e oitenta e sete reais e trinta e seis centavos), calculadas sobre o valor de R$ 64.368,00 (sessenta e quatro mil, trezentos e sessenta e oito reais), provisoriamente atribuído à condenação. (TRT 23ª Região; Relator: Desembargador Edson Bueno; RO - 00291-2008-061-23-00; Julgado em 30/06/2009) 14

2.2.1 Do acidente de trabalho sem seqüelas

Denomina-se acidente de trabalho sem seqüelas segundo Vólia

Bomfim Cassar15:

Quando o acidentado retorna ao trabalho, após o período de auxílio-doença, sem qualquer seqüela, a incapacidade será considerada como temporária para o trabalho, ensejando,

14 TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO, 23ª Região – MT. Disponível em: <http://brs02.tst.jus.br/cgi-bin/nph-brs?d=JR23&s1=RO+00291-2008-061-23-00&u=http://www.tst.gov.br/brs/juni.html&p=1&r=1&f=G&l=0>. Acesso em 30 jul. 2011. 15CASSAR, Vólia Bomfim, Direito do trabalho. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2011. p.917

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apenas, o direito ao dano emergente e lucro cessante, desde que o empregador tenha agido com dolo ou culpa.

Suponhamos que o empregado sofra um acidente de trabalho e fique

pelo auxílio-doença acidentário. Decorrido o período do direito ao benefício, o

empregado é submetido à perícia médica e nessa perícia recebe alta do

benefício. Contudo, durante todo o período em que esteve sem trabalhar fazendo

tratamentos o empregador arcou com toda a despesa referente a médico,

tratamento, exames e outros. Após a perícia o empregado recebe alta estando

habilitado a exercer sua profissão sem qualquer redução na capacidade

laborativa. Nesse caso hipotético se o empregador não agiu com culpa/dolo em

decorrência do acidente de trabalho não há que se cogitar dano moral, pois o

mesmo não ocorreu, tendo em vista que o empregador arcou e cumpriu com sua

obrigação.

A previsão legal do acidente de Trabalho sem seqüelas está no artigo

949 e 950 do Código Civil, in verbis:

Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até o fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.

Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até o fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.

Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.

O artigo 949 do CC prevê que se o trabalhador sofreu acidente de

trabalho estando configurada a culpa ou dolo do empregador, ele terá direito a

perceber a indenização das despesas do tratamento, gorjetas, gratificações e

outros, até a convalescença. Faz jus ao direito de receber do empregador o valor

equivalente ao salário e vantagens que o empregado ganhava quando do

acidente, enquanto perdurar o afastamento do trabalhador, ou seja, o empregador

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terá que pagar os salários do período de afastamento até a alta médica, pelo valor

do último salário, sem dedução do valor pago pela Previdência.

Entretanto, essa posição não é unânime, existem discussões

doutrinárias acerca desse entendimento, senão vejamos: “Há corrente tímida (que

serve para as três hipóteses de incapacidade para o trabalho) que defende que o

empregador só deve pagar a diferença entre o valor pago pela previdência e

aquele que o empregado teria direito se trabalhando estivesse”16. Essa primeira

corrente tem por base a teoria da responsabilidade civil, tendo em vista que a

mesma não pode enriquecer e nem empobrecer a vítima. Diante desse

entendimento, o acúmulo de indenização com o benefício previdenciário iria

proporcionar à vítima ganhos superior ao que percebia antes do acidente de

trabalho.

A segunda corrente (majoritária), adotada pela doutrina17 e

jurisprudência, tem o entendimento oposto ao acima citado, pois defende que o

valor pago pelo empregador a título de lucros cessantes será o do salário, mesmo

após o 16º dia da doença, sem qualquer dedução do valor pago pela Previdência.

Essa corrente adota ainda que além desses valores, também caberá reparação

por danos morais.

2.2.2 Do acidente de trabalho com seqüelas

Consideram-se acidentes de trabalho com seqüelas aqueles em que o

empregado tem sua capacidade laborativa reduzida de forma parcial ou total.

De acordo com o artigo 950 do CC, in verbis:

Art. 950 - Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até o fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.

16 CASSAR, Vólia Bomfim, Direito do trabalho. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2011. p.917 17 CAVALIERI FILHO apud CASSAR, Vólia Bomfim, Direito do trabalho. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2011. p.918.

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Parágrafo único - O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.

Nessa modalidade de acidentes de trabalho com seqüelas o

empregado além de seus direitos patrimoniais, faz jus ao direito à pensão,

podendo a mesma ser paga conforme o descrito no artigo 950 do CC, requerendo

o pagamento de uma só vez. Nesse caso, o Juiz deverá multiplicar o valor da

pensão mensal, incluindo o 13º salário, pelo número de meses da expectativa de

vida do trabalhador (tabela do IBGE sobre expectativa de vida)18.

Insta destacar, na hipótese de Acidente de Trabalho com seqüelas

restando o empregado à sua capacidade reduzida ou havendo até mesmo a

caracterização do dano reflexo por culpa do empregador, pode ensejar a

reparação danos extrapatrimoniais. No entanto, deve ser analisado caso a caso e

levado em consideração os tipos de invalidez e a conseqüência que trouxe o

acidente ao empregado.

Uma lesão deformante por Acidente de Trabalho em empresa que não

cumpriu os preceitos de segurança e medicina de trabalho, desde que

comprovada a culpa ou o dolo do empregador, são motivos para a

responsabilização da empresa por danos morais e danos materiais19.

2.2.2.1 Dos tipos de invalidez

Faz parte da indenização em caso de invalidez: o dano emergente e

lucros cessantes; pensão correspondente, proporcional em caso de incapacidade

relativa e parcial; vitalícia e integral em caso de incapacidade definitiva e total;

pagamento mensal de empregado para aquele que necessitarem

permanentemente do auxílio de outra pessoa; indenização pelos ganhos extras

(gorjetas, comissões etc.); e, indenização por dano moral e/ou estético.

Os tipos de invalidez são:

18 INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/paisesat/main.php>Acesso em 11 de set. de 2011. 19 NASCIMENTO, Amauri Mascaro, Curso de Direito do Trabalho. 27ª. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2012. p.536.

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1- Inabilitação para a profissão, com possibilidade de reparação para o

trabalho em outra função;

2- Incapacidade para o exercício de qualquer profissão ou atividade;

3- Incapacidade total para qualquer atividade e com necessidade

permanente do auxílio de outra pessoa para os atos normais da vida (grande

invalidez).

Cabe ao empregador arcar com a totalidade da indenização,

pagamento de gastos extras relacionados com a doença, bem como os efeitos

acessórios do contrato, como as gorjetas que o empregado deixou de receber, o

plano de saúde que a empresa concedia, dentre outros. Além do dano moral e

estético.

Com base no Enunciado 192 do Centro de Estudos Judiciários do

Conselho da Justiça Federal (CEJ), “Os danos oriundos das situações previstas

nos artigos 949 e 950 do Código Civil de 2002 devem ser analisados em conjunto,

para o feito de atribuir indenização por perdas e danos materiais, cumulada com

dano moral e estético”. Contudo o valor dado à indenização deve ser calculado

levando-se em consideração todas as circunstancias do fato, da incapacidade,

além da culpa; previsão legal artigo 950 do CC. c/c Enunciado 192 do CEJ.20

2.3 DA COMUNICAÇÃO DE ACIDENTES DE TRABALHO (CAT)

Quando da ocorrência do acidente de trabalho, a empresa contratante

tem o dever de fazer uma comunicação do acidente de trabalho até o primeiro dia

útil após o acontecimento, independentemente se o trabalhador foi ou não

afastado do trabalho. Em caso de morte, essa comunicação deve ser imediata.

A comunicação deve ser realizada mediante a emissão de um

documento especial, chamado de "Comunicação de Acidentes de Trabalho"

(CAT). A CAT pode ser emitida pela empresa ou pelo próprio trabalhador, seus

dependentes, entidade sindical, médico ou autoridade competente e o formulário

20 CASSAR, Vólia Bomfim, Direito do trabalho. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2011. p.919.

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preenchido tem que ser entregue em uma Agência da Previdência Social. O não

cumprimento dessas determinações pode levar à punição da empresa mediante o

pagamento de multa, art. 22 da Lei 8213/91.

Nesse sentido já tem posição do Tribunal Regional do Trabalho (TRT)

favorável ao empregado, tendo em vista que o empregador agiu com omissão em

se tratando da emissão da CAT.

EMENTA: ACIDENTE DE TRABALHO – OMISSÃO DO EMPREGADOR EM EMITIR A CAT, SEGUIDA DE DISPENSA IMOTIVADA – RESPONSABILIDADE CIVIL E INDENIZAÇÃO – ENTRE O ACIDENTE DE TRABALHO SOFRIDO PELO AUTOR – CAUSADOR DE SEQÜELAS QUE EXIGIRAM ATENÇÃO MÉDICA PARA A DEVIDA E LONGA RECUPERAÇÃO -, AS SESSÕES DE FISIOTERAPIA, A CIRURGIA (NO CURSO DO AVISO PRÉVIO) E O PÓS-OPERATÓRIO, EXISTIU UM NEXO CAUSAL, CONFIGURADO PELA EVOLUÇÃO DO TRAUMATISMO QUE SE REVELOU CRÔNICO, CONSOANTE ESCLARECIMENTOS DO MÉDICO ORTOPEDISTA – A reclamada devia, desde logo, ter emitido a CAT, mas não o fez e com este non facere, impediu ao reclamante obter a percepção do auxílio-doença, seguido do auxílio-acidente e, por fim, a garantia de emprego prescrita no art. 118, da Lei nº 8.213/91. A ré, portanto, praticou omissão voluntária e anti-jurídica (non facere), causando prejuízo ao reclamante, que se tornou ainda maior e mais grave, ao dispensá-lo injustamente (facere), no mesmo dia em que foi comunicada, pelo autor, que este se submeteria à cirurgia acima mencionada. A dispensa imotivada, ocorrida em momento imediatamente anterior à aquisição da estabilidade prevista no art. 118, da Lei nº 8.213/91, presume-se obstativa desse direito. Configurada a dispensa obstativa, incide, com pleno vigor, esse dispositivo legal assegurador da estabilidade acidentária, gerando o dever de indenizar salários vencidos e vincendos. Isso porque, da prática de ato ilícito decorre o dever de indenizar (CC, art. 159), pois o princípio informador de toda a teoria da responsabilidade é aquele que impõe a quem causa um dano a obrigação de repará-lo. A conduta humana relevante para essa responsabilização apresenta-se como ação ou como omissão. Viola-se a norma jurídica, ou através de um facere (ação), ou de um non facere (omissão), ensina Frederico Marques. Quem, por ação ou omissão voluntária, causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano, diz a Lei Civil (art. 159). (TRT 15ª Região; 4ª Turma; Relator: Renato Buratto; Proc. 25005/00 – (15144/02); Julgado em 22/04/2002). 21

21 TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO, 15ª Região – Campinas/SP. Disponível em: < http://www.trt15.jus.br/consulta/owa/wPesquisaJurisprudencia>. Acesso em 08 jan. 2012.

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30

A concessão do benefício auxílio-acidente, não necessita que o

trabalhador tenha algum tempo determinado de contribuição, basta estar inscrito

no Ministério da Previdência Social ou devidamente registrado na empresa

contratante. Esse benefício é de caráter indenizatório, podendo ser acumulado

com outros benefícios que não a aposentadoria. Quando o trabalhador se

aposenta, o benefício deixa de ser pago.

Quando houver retomadas de tratamentos ou afastamentos por

agravamento de lesão decorrentes de acidente de trabalho ou doença profissional

também devem ser comunicados à Previdência Social através da CAT, mas,

neste caso, deverão constar as informações da época do acidente e os dados

atualizados do novo afastamento (último dia trabalhado, atestado médico e data

da emissão).

Se ficar caracterizado que o acidente ocorreu por culpa do empregador

ele deve indenizar o trabalhador por danos materiais, físicos e morais.

O tempo máximo para solicitar indenização por acidente de trabalho é

de 5 anos. O período é contado a partir da data em que foi caracterizado o

acidente ou a doença ocupacional.

2.4 DA ESTABILIDADE

Com fulcro no artigo 118 da Lei nº 8.213/91, o segurado que sofreu

acidente de trabalho tem garantida, pelo prazo de 12 meses, a manutenção de

seu contrato de trabalho na empresa após a cessação do auxílio-doença

acidentário, independente de percepção de auxílio-acidente. Nesse caso tem

garantido o emprego o empregado que recebeu alta médica, após o retorno do

benefício previdenciário.

Se o empregado tiver sofrido acidente de trabalho no decurso do

cumprimento de aviso prévio, não há que se falar em dispensa, pois, o curso do

aviso prévio deverá ser suspenso, tendo em vista que o empregado não o pode

cumprir, e se encontra impossibilitado de procurar um novo emprego ou trabalhar

em um novo serviço, e desta forma, estaria descaracterizada a finalidade do

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31

instituto. Assim, o aviso prévio só poderá ser concedido quando do retorno do

empregado.

Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino e Glaucia Barreto22, entendem que:

Nem todo acidentado no trabalho tem direito a estabilidade, uma vez que a legislação exige, para o beneficio da estabilidade, a percepção de auxílio-doença pelo empregado. Logo, se o trabalhador acidentado se afasta da empresa por um período de ate 15 dias, no retorno ao trabalho não terá direito a estabilidade, pois esse período é custeado pela empresa. O direito ao auxílio-doença, a cargo do INSS, só começa a partir do 16º dia de afastamento.

Portanto, com fulcro na redação da súmula 378, do TST, consideram-

se pressupostos para a concessão da estabilidade: o afastamento superior a 15

dias e a conseqüente percepção do auxílio doença acidentário, salvo se

constatada, após a despedida, doença profissional que guarde relação de

causalidade com a execução do contrato de emprego.

2.4.1 DA DEMISSÃO DENTRO DA ESTABILIDADE

O empregado, vítima de acidente de trabalho goza de algumas

prerrogativas, uma vez que, pode-se dizer, adquire a estabilidade. Entende-se

cabível a propositura de Ação indenizatória por danos morais se, no período de

estabilidade do empregado a empresa contratante demitir o mesmo. Se agir com

culpa, o empregador, no que se refere ao acidente de trabalho, se não prestar

todas as obrigações decorrentes do contrato de trabalho, tal como, falta de

registro no livro de empregados, dentre outras hipóteses que serão vistas a

seguir, podem dar ensejo ao empregado pleitear a reparação por danos morais.

Segundo o Tribunal Superior do Trabalho, acidente de trabalho não

gera estabilidade em contrato por tempo determinado. Segue anexa a decisão do

TST:23

22 BARRETO, Glaucia; ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente; Direito do Trabalho. 9ª ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2006. p. 325.

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EMENTA: RECURSO DE REVISTA - CONTRATO DE EXPERIÊNCIA ESTABILIDADE PROVISÓRIA - ACIDENTE DO TRABALHO - ARTIGO 118 DA LEI N° 8.213/91 A natureza do contrato de trabalho por prazo determinado (modalidade contratual na qual se insere o contrato de experiência) pressupõe o direito de o empregador rescindi-lo quando atingido o seu termo. Trata-se, pois, de modalidade contratual em que as partes já conhecem, de antemão, a data do término do ajuste. A ocorrência de um acidente do trabalho, nessa hipótese, só tem o condão de i) prorrogar o final do contrato à data da extinção do auxílio-doença (Súmula nº 371 do TST; ou, ii) caso o retorno ao trabalho seja anterior, garantir a estabilidade no emprego até o final do prazo ajustado no contrato. Assim, salvo disposição contratual em sentido diverso, o prazo estabilitário previsto no artigo 118 da Lei nº 8.213/91 (no que ultrapassar o termo ajustado) não é compatível com a prestação de serviços mediante contratação por prazo determinado. Precedentes. Recurso de Revista conhecido e desprovido. (TST; 3ª Turma; Relator: Maria Cristina Irigoyen Peduzzy; RR - 570/2005-655-09-00; Julgado em 21/03/2007).

No TST, a Ministra Maria Cristina Peduzzi destacou na decisão acima

citada que o contrato por prazo determinado, disciplinado pelo artigo 443 da CLT,

não gera a estabilidade provisória concedida ao empregado acidentado, valendo

somente para os contratos por prazo indeterminado.

A pessoa em benefício pelo auxílio-acidente, após ficar afastada e

receber alta médica, tem estabilidade por 12 meses, contados a partir do

encerramento do auxílio-acidente.

Portanto, se o contrato de trabalho vigora no prazo determinado há

quem entenda não ser cabível a estabilidade como, por exemplo, o Tribunal

Superior do Trabalho em seu entendimento acima transcrito.

23 TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. Disponível em: < http://brs02.tst.jus.br/cgi-bin/nph-brs?d=ITRE&s1=contrato+e+trabalho+determinado+n%E3o+gera+estabilidade&sect1=1&s2=&s3=&s4=&s5=&s6=&s9=GMMCP&s10=&s11=&s12=&s20=&s21=&s7=&s24=&s8=&s13=&s14=&s15=&s16=&s17=&s18=&s19=&s25=&s22=&s23=&s26=&pg1=ALL&pg2=NUMT&pg3=ANOT&pg4=&pg5=&pg6=&pg7=&pg8=TIPT&pg9=GABT&pg10=GABT&pg11=GABT&pg12=GABT&pg13=&pg14=VART&pg15=TRIT&pg16=SEQT&pg17=COOJ&pg18=&pg19=&pg20=&pg21=&pg22=&pg23=&pg24=EMEN&sect2=1&u=http://www.tst.jus.br/www.tst.jus.br/jurisprudencia/n_brs/n_nspit/n_nspitgen_un.html&p=7&r=0&f=S&l=0>. Acesso em: 10 jan. 2012.

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33

CAPÍTULO III

DA PREVENÇÃO ACIDENTÁRIA

3.1 – DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL - EPI E COMISSÃO

INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES – CIPA

Os funcionários que exercem funções perceptivas de periculosidade e

insalubridade são obrigados a fazer uso dos Equipamentos de Proteção Individual

(EPI).

O conceito de EPI está previsto na Norma Regulamentadora NR-6,

item 6.1, [...] “considera-se Equipamento de Proteção Individual – EPI todo

dispositivo ou produto de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado a

proteção de risco suscetíveis de ameaçar a segurança no trabalho.”

A empresa empregadora é obrigada a fornecer o EPI de forma gratuita,

adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento. Artigo

da CLT 166 in verbis:

A empresa e obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os ricos de acidentes e danos a saúde dos empregados.

A NR-6 traz em seus anexos todo o tipo de EPI adequado, ou seja,

para cada tipo de função que o empregado esteja a exercer, existe um EPI

previsto em Norma Regulamentadora. A função do EPI é proteger a saúde e a

integridade física do trabalhador.

De acordo com o entendimento de Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino

e Glaucia Barreto, Equipamento de Proteção Individual, é “todo dispositivo ou

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produto, de uso individual pelo trabalhador, destinado a proteção de riscos

suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho” 24.

A CIPA tem como objetivo: “A prevenção de acidentes e doenças

decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanente o trabalho com

a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.” 25

Com base no disposto citado, a CIPA busca observar e relatar as

condições de risco nos ambientes de trabalho. Solicitando medidas para reduzir

ou até eliminar os riscos existentes ou neutralizar os mesmos. A Comissão

Interna de Prevenção é regida pela Lei 6.514/77 e regulamentada pela NR-5.

As empresas que possuírem a partir de 20 empregados tem o dever de

constituir Comissão Interna de Prevenção (CIPA), art. 163 da CLT.

O EPI e a CIPA trata da Segurança e Medicina do Trabalho e suas

finalidades estão voltadas para a Prevenção de Acidentes de Trabalho. O

empregador que adota as medidas impostas através das Normas

Regulamentadoras NR-6 e NR-5 e cumpre todas as exigências, não responderá

pelo dano causado decorrente de acidente de trabalho ao empregado. Agora, se

o empregador descumprir as Normas ou Legislação e agir com culpa ou dolo,

esse será responsabilizado pelo dano decorrente de acidente de trabalho.Seu

Capítulo N, isto é, seu último Capítulo, é, na maioria das vezes, em linhas gerais,

o resultado do estudo que você realizou acerca da questão-central que você

levantou no campo Problema do seu Plano de Pesquisa. É, enfim, as respostas

que você encontrou para a sua questão-central, com todo o desenvolvimento do

raciocínio que levou a essas respostas, e com toda a fundamentação teórica

respectiva.

24 BARRETO, Glaucia; ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente; Direito do Trabalho. 9ª ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2006. p. 281. 25 MANUAIS DE LEGISLAÇÃO, Segurança e Medicina do Trabalho. 67ª ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 50.

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CAPÍTULO IV

DA INDENIZAÇÃO EM CASO DE LESÃO DECORRENTE DO

ACIDENTE DE TRABALHO

4.1 – REQUISITOS PARA A RESPONSABILIZAÇÃO POR DANO EM CASO DE

LESÃO

Os procedimentos a serem aplicados na Ação Reparatória ao Dano

Extrapatrimonial Trabalhista serão os estabelecidos pelo Código Civil e pelo

Código de Processo Civil, que serão utilizados de forma subsidiária ao

procedimento da Ação Reparatória Trabalhista. Para ser proposta a Ação de

Reparação por Danos Morais deverão estar presente os três requisitos:

Legitimidade, a Possibilidade jurídica do pedido e o Interesse de agir. Quanto à

legitimidade para ingressar com a ação é da própria vítima, não há o que se

questionar. No entanto, quando há o falecimento da vítima? Entende-se que

serão legitimados para propor Ação de Reparação por Danos Morais os

sucessores, ou dependentes do empregado, e também a parte contrária, artigo

1.056, do Código de Processo Civil.

Insta destacar que, além da vítima do ato ilícito, o terceiro

indiretamente atingido e que possua grau de intimidade e afetividade, em

específico, também é considerado lesado mesmo que seja indiretamente. Esta

seria a hipótese de dano reflexo.

Para que haja a indenização tem que ocorrer o dano, pois se houver a

indenização sem que tenha ocorrido o dano estaríamos diante de enriquecimento

ilícito. Nesse sentido entende-se que o prejuízo ou dano não é apenas fato

gerador, mas sim determinante do dever de indenizar.

No entendimento doutrinário de Vólia26:

26CASSAR, Vólia Bomfim, Direito do trabalho. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2011. p.906.

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O dano é o fato gerador da responsabilidade de pagamento de indenização ou de reparação. Pode haver responsabilidade sem culpa, mas não pode haver responsabilidade sem dano. Mesmo que o agente pratique conduta culposa ou dolosa, viole a lei ou abuse direito, se não causar dano não há que se cogitar em responsabilidade de reparação.

Com fulcro no artigo 927, do Código Civil in verbis.

Art. 927 – Aquele que, por ato ilícito ( art, 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único - Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

O artigo supracitado traz a teoria da responsabilidade sem culpa ou da

culpa presumida, trazendo assim a obrigação de reparar o dano causado,

priorizando sempre o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, tendo em vista

que a incolumidade física e mental do trabalhador é interesse digno de tutela

jurídica que quando feridos devem ser reparados ou indenizados. Ademais

entende Vólia27, que:

A boa-fé objetiva faz presumir que todos devem se comportar socialmente de forma a não causar prejuízo ao outro. Mesmo que a conduta, sob o ponto de vista do direito positivo, seja lícita, não violando qualquer lei, se afetar direitos fundamentais do trabalhador, dentre eles sua saúde física e mental, bens que fazem parte da dignidade humana, terá direito a reparação e indenização pelos danos causados.

Sendo assim, ficará caracterizada a culpa presumida do empregador

que explora ou trabalhador que execute atividade de risco.

Consideram-se Atividades de Risco aquelas em que o empregado

percebe percentual acrescido no salário. Seria o caso, por exemplo, do frentista

de posto de gasolina, que uma vez registrado para exercer função de frentista, ele

deverá receber o percentual de 30% (trinta por cento) referente à periculosidade

da função, artigo 193 da CLT. Considera-se também às atividades de risco aquele

27 CASSAR, Vólia Bomfim, Direito do trabalho. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2011. p.911.

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exercidas pelo empregado que recebe percentual de insalubridade artigo 192 da

CLT.

Além de receber tais percentuais, esses empregados em determinadas

funções possui a obrigação de portar equipamentos de segurança, tal como o

lavador de auto que trabalhe com pulverização e lubrificação, deve estar munido

de equipamentos de segurança como, botas, vestimentas apropriadas para a

função, máscara, luvas, capacete, enfim. A ausência do uso desses

equipamentos, que devem ser fornecidos pela empresa empregadora, pode

ensejar culpa exclusiva do empregador em caso de acidente, pois a empresa tem

o dever de fornecer tais equipamentos de forma gratuita e da mesma forma

supervisionar os empregados a fim de assegurar o uso contínuo.

Nos equipamentos de proteção devem constar o Certificado de

Aprovação do Ministério do Trabalho e Emprego (CLT, art. 167).

O empregador tem o dever de orientar os empregados quanto ao

manuseio e utilização de equipamentos, tendo em vista que se o empregado for

contratado para operar determinado equipamento e o mesmo não for orientado

quanto ao uso e manuseio, se ocorrer acidente de trabalho o empregador sofrerá

a responsabilidade exclusiva de indenizar o empregado por tal acidente.

No caso de atividades insalubres e perigosas, além do adicional

previsto em lei, se forem o caso de estabilidade decorrente da Lei, terá o direito à

Reparação Material (Dano Patrimonial) bem como os Danos Morais (Dano

Extrapatrimonial).

Vale ressaltar, o enunciado 38 do CEJ:

A responsabilidade fundada no risco da atividade, como prevista na segunda parte do parágrafo único do art. 927 do Código Civil, configura-se quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano causar a pessoa determinada um ônus maior que aos demais membros da coletividade.

Podem ser legítimas para figurar no pólo passivo, nas ações

indenizatórias por acidente de trabalho, pessoas físicas (capazes) e pessoas

jurídicas. As pessoas físicas, se relativamente incapazes, serão representadas ou

assistidas, quando demandadas, pelos seus responsáveis legais. O Código Civil

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Brasileiro de 2002, no artigo 928, faz menção acerca da responsabilidade do

incapaz pelos prejuízos que causar a terceiros, in verbis:

Art. 928 - O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.

Parágrafo único - A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.

A responsabilidade pela reparação do dano extrapatrimonial é

individual, porém se no caso duas ou mais pessoas contribuírem para a

ocorrência do dano, responderão de forma solidária, conforme previsto no artigo

942, parágrafo único do CC, in verbis:

Art. 942- Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos a reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação.

Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co autores e as pessoas designadas no art. 932.

Importante ressaltar que na esfera trabalhista aplica-se

subsidiariamente o previsto no Código Civil. Se o empregador agir com culpa, no

tocante ao Acidente de Trabalho, deverá indenizar, ao empregado que sofreu

diretamente o dano. Se for configurado o dano reflexo, ou seja, aquele o qual

alcança ao terceiro ligado por laços afetivos à vítima do Acidente de Trabalho,

deverá ser comprovado o grau de afetividade e ligação direta, tal como também a

dependência, seja essa financeira, ou outras. Tal indenização será cabível tanto

na hipótese de quem sofreu o dano vier a falecer ou não. No entanto, deverão ser

comprovados os laços de ligação e dependência.

4.1.1 Do ato ilícito

De acordo com o código civil, artigo 927, parágrafo único, in verbis:

Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

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Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Significa dizer que, não haverá obrigação de reparação se houver dano

sem que o ofensor tenha praticado ato ilícito ou abuso de direito, ressalvado o

parágrafo único, do artigo 927 do código civil, ou seja, quando o autor do dano

independente de culpa trouxer riscos para os direitos de outrem.

Se o empregador demitir o empregado, sem justa causa, estará

causando dano ao empregado, pois este ficará sem renda para sua mantença e

de sua família. Porém, neste caso a despedida é direito potestativo do

empregador, estando o empregado sem direito a requerer qualquer direito seja

patrimonial ou extrapatrimonial, fazendo jus somente ao direito de receber as

verbas decorrentes da dispensa.

Com base no entendimento de Volia Bomfim Cassar, “se, todavia, os

dois concorrerem com culpa ou dolo, a reparação deve ser reduzida e

proporcional à culpa de cada um”.28

Insta destacar, que não haverá culpa presumida do empregador

quando o acidente ocorrer fora do local de trabalho ou quando a função exercida

não sugerir a doença profissional adquirida.

Diante do entendimento acima citado, há de se analisar um exemplo

descrito por Vólia29:

O frentista que, por exemplo, espontaneamente pegou uma escada para soltar uma pipa que ficou presa na ponta superior do telhado do posto de gasolina que trabalhava, se desequilibra e cai, sofre acidente de trabalho. Todavia, a culpa foi exclusivamente sua, não tendo direito a postular nenhuma reparação de seu empregador. Se entrementes, foi o empregador quem pediu para que ele subisse para pegar a pipa, abusou do direito, pois esta não era atribuição do empregado frentista. Logo, o dano patrimonial e moral, decorrente do acidente, serão de responsabilidade exclusiva do patrão, salvo se comprovar que o empregado também agiu com culpa (embriaguez pulou sem a escada etc.).

28 CASSAR,Vólia Bomfim, Direito do trabalho. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2011. p.908. 29 CASSAR,Vólia Bomfim, Direito do trabalho. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2011. p. 908.

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Para Sebastião Geraldo de Oliveira30, a presunção de culpa do

empregador está presente em todo acidente de trabalho. Contudo, Vólia Bonfim

Cassar31, entende que a inversão do ônus da prova depende da causa de pedir

apontada na peça inaugural, da atividade do empregado, do local de execução

dos serviços, do local do acidente, da atividade do empregador etc.

4.1.2 Do abuso de direito

Não se confunde ato ilícito com abuso de direito. Nesse sentido,

Heloísa Carpena32 distingue o ato ilícito do abuso de direito:

O ilícito, sendo resultante da violação de limites formais, pressupõe a existência de concretas proibições normativas, ou seja, é a própria lei que irá fixar limites para o exercício do direito. No abuso não há limites definidos e fixados aprioristicamente, pois este serão dados pelos princípios que regem o ordenamento, os quais contêm seus valores fundamentais.

Para Vólia33 o conceito de abuso de direito é:

O exercício de um direito subjetivo ou de prerrogativas individuais de forma exacerbada, fora dos limites normais que são baseados em princípios de comportamento e de direito, que importe em atos que violem a ética, a moral, a boa-fé, os bons costumes, o bem comum e a função social do direito.

Portanto, se for o autor do dano causador de prejuízo, o ato ilícito ou o

abuso de direito traz o dever de indenizar.

4.2 DO NEXO CAUSAL

30 OLIVEIRA apud CASSAR, Vólia Bomfim, Direito do trabalho. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2011. p.909 31 CASSAR, Vólia Bomfim, Direito do trabalho. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2011. p.909. 32 CARPENA apud CASSAR, Vólia Bomfim, Direito do trabalho. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2011. p.910 33 CASSAR, Vólia Bomfim, Direito do trabalho. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2011. p.909.

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O conceito de nexo causal “é o vínculo existente entre o dano e o ato

praticado pelo empregador ou pela atividade de risco”.34

O empregador terá o dever de indenizar quando existir uma relação de

causa e efeito entre a conduta por ele praticada ou a atividade desenvolvida pela

empresa ou por seu empregado e o resultado. Causa seria a ação ou omissão, se

não houver a causa não há que se falar em resultado, logo, poderá haver a

prática do ato lesivo ou abusivo, mas não existir o dano. Sem o dano não haverá

dever de indenizar.

4.3 DA RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA E OBJETIVA DO

EMPREGADOR

A Responsabilidade Civil Subjetiva do empregador restara quando o

Acidente de Trabalho decorrendo lesão se assentar na idéia de culpa, ou seja, o

empregador agir com culpa contribuindo assim para o resultado. A

Responsabilidade Subjetiva tem ligação com a ação ou omissão voluntária,

negligência e imprudência, ficando caracterizado quem foi o agente causador do

ato lesivo, art. 186 CC.35

Na Responsabilidade Civil Objetiva tem que estar presente a ação, o

dano e a relação existente entre ambos.

Mesmo não havendo configurada a culpa, existe a obrigação de

reparação, basta que fique configurado o risco a outrem. Na hipótese de

responsabilidade civil objetiva, necessário será provar a relação de causa e efeito

entre o comportamento do agente e o dano sofrido pela vítima, art. 927 CC.

A teoria adotada atualmente nas jurisprudências pelos Tribunais seria a

da Responsabilidade Civil Subjetiva, ou seja, existe a necessidade de provar o

dano causado, estando caracterizada a culpa por parte do empregador.

34 CASSAR, Vólia Bomfim, Direito do trabalho. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2011. p.914. 35 MALTEZ, Felipe Almeida, Responsabilidade Subjetiva e a Culpa Presumida do Empregador nos casos de Acidentes de Trabalho. Disponível em: http://www.webartigos.com/articles/25990/1/responsabilidade-civil-nos-casos-de-acidente-do-trabalho/pagina1.html. Acesso em 12 de fev. de 2012.

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EMENTA: INDENIZAÇÃO POR ACIDENTE OU DOENÇA DO TRABALHO - RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR - NECESSIDADE DE SE DEMONSTRAR A CULPA. A Constituição Federal, no inciso XXVIII do art. 7º, garante ao trabalhador seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, QUANDO INCORRER EM DOLO OU CULPA. Esta culpa decorre, necessariamente, de uma responsabilidade subjetiva, pois se fosse objetiva, não haveria razão para a Constituição ressaltá-la. Daí se conclui que a regra do § único do art. 927 do Código Civil, que obriga à reparação de dano, independentemente de culpa, não se aplica aos casos de acidente do trabalho e somente quando o empregador age com culpa ou dolo é que se lhe impõe o dever de indenizar além do que o seguro social pagar. Portanto, para julgar o pedido de indenização é necessário averiguar se o empregador agiu com culpa ou dolo. DECISÃO Por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DA RECLAMANTE. (TRT 2ª Região, 7ª Turma; Relator: Des. Jomar Luz de Vassimon Freitas; RO 01 - 02270-2001-020-02-00; Julgado em 08/03/2007) grifo nosso. 36

36 TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO, 2ª Região – SP. Disponível em: < http://brs02.tst.jus.br/cgi-bin/nph-brs?d=JR02&s1=responsabilidade+subjetiva&u=http://www.tst.gov.br/brs/juni.html&p=1&r=142&f=G&l=0>. Acesso em 09 fev. 2012.

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CAPÍTULO V

DA COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR

5.1 – DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO PARA O PEDIDO DE

REPARAÇÃO POR DANO MORAL EM CASO DE LESÃO

O procedimento da Ação Indenizatória por Danos Morais respeita as

regras processuais civis, devendo o autor, na petição inicial, formular pedido certo

e determinado relativo aos Danos Morais, por força do disposto no art. 286 do

Código de Processo Civil. Como comprovar o dano moral? Muitos doutrinadores

defendem que não é necessário provar o dano moral, por tratar-se de uma lesão

ao patrimônio imaterial, que repercute na esfera íntima da pessoa. No entanto, de

maneira contrária entende o Superior Tribunal de Justiça:

Já assentou a Corte que não há que falar em prova do dano moral, mas, sim, na prova do fato que gerou a dor, o sofrimento, sentimentos íntimos que o ensejam. Provado assim o fato, impõe-se a condenação, sob pena de violação do art. 334 do Código de Processo Civil. (STJ, REsp 318099 / SP - Terceira Turma - Rel. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito - DJ 08.04.2002). (grifo nosso)

Dessa forma, o que deve ser levado em conta à prova é o sentimento

médio do cidadão comum, e quais atos ilícitos causariam ofensas à esfera íntima

da pessoa. Assim, qualquer agressão aos bens ditos personalíssimos será

passível de reparação.

O Juiz do Trabalho não decide apenas questões trabalhistas. Embora

seja especializado para a área trabalhista, ele pode atuar como juiz decidindo

matérias de direito constitucional e de direito comum.

O Juiz do Trabalho é competente para decidir relações de trabalho

regidas pelo Código Civil (Emenda Constitucional (E/C) n. 45/2004, que alterou a

redação do art. 114 da CF de 1988). A E/C n. 45/2004 ampliou a competência da

Justiça do Trabalho que anteriormente julgava apenas relações de emprego. Hoje

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a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de

indenização por dano moral, decorrentes da relação de trabalho, senão vejamos:

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:

VI – as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho. As relações de trabalho para que sejam apreciadas pela Justiça do Trabalho, deverão obedecer alguns requisitos, tais como: a pessoalidade (intransferibilidade ou infungibilidade), trata-se o contrato de trabalho como sendo um contrato intuito personae, no entanto, tal requisito não é exclusividade do direito do trabalho, tendo em vista que no direito civil é exigência de alguns contratos; a personalidade, o trabalhador deve ter a proteção legal de direitos básicos que defendam a sua esfera mais íntima, do seu próprio ser, a sua moral e a sua dignidade; a indissociabilidade, o que destaca a singularidade da relação de emprego; o espírito de colaboração, se o trabalhador depende da empresa para a sua subsistência e se está inserido em sua organização, não pode deixar de cumprir um dever ético-jurídico de lealdade ao beneficiado pelo seu serviço; e a profissionalidade, a atuação remunerada para fins de profissão.

Importante citar a súmula 392 do TST, in verbis:

“SÚMULA 392 do TST – DANO MORAL – COMPETÊNCIA DA JUSTICA DO TRABALHO. Nos termos do art. 114 da CF/1988, a Justiça do Trabalho é competente para dirimir controvérsias referentes à indenização por dano moral, quando decorrente da relação de trabalho”.

Hodiernamente, em relação às ações acidentárias, ou seja, lides

previdenciárias derivadas de acidente de trabalho promovidas pelo trabalhador

segurado em face da seguradora Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a

competência será da Justiça Comum e não da Justiça do Trabalho.

O artigo 120 da Lei 8.213/1991 determina que se o acidente de

trabalho for causado por negligência do empregador pelo descumprimento das

normas de segurança e saúde no trabalho, a Previdência Social poderá propor

Ação Regressiva em face do responsável (empregador) perante a Justiça

Federal. Tal hipótese possui previsão no artigo 109 da CF/1988.

Quando o empregado ajuíza ação de indenização por Danos Morais

em face de seu empregador, por causa de acidente de trabalho, o STF entende

que tais ações devem ser processadas e julgadas pela Justiça do Trabalho, uma

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vez que decorrem da relação de trabalho existente entre empregado e

empregador.

O STF e o STJ entendem que antes de entrar em vigor a E/C 45/2004

aqueles processos que ainda não tiveram sua sentença prolatada, seja de mérito

ou não, serão remetidos à Justiça do Trabalho para serem julgados pela mesma.

No entanto, o mesmo não vai ocorrer com aqueles que já tiverem sua sentença

prolatada, neste caso estes processos prosseguem pela antiga competência, ou

seja, a competência da Justiça Estadual, inclusive em fase recursal será aplicada

a mesma regra. Tal entendimento já está firmado pelo STF e STJ.

EMENTA: AÇÃO. INDENIZAÇÃO. ACIDENTE. TRABALHO. COMPETÊNCIA. JUSTIÇA DO TRABALHO. Conforme o entendimento deste Superior Tribunal, compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações de indenização por dano moral decorrentes de acidente de trabalho, desde que ainda não prolatada sentença na Justiça comum (art. 114 da CF/1988 com nova redação a partir da EC n. 45/2004). (STJ; Rel. Min. Nancy Andrighi; AgRg no CC 53.744-SP, julgado em 23/11/2005). 37

EMENTA: COMPETÊNCIA. EC N. 45/2004. INDENIZAÇÃO. ACIDENTE. TRABALHO. Em conformidade com recente julgado do STF, o qual alterou seu entendimento sobre o tema em questão (vide Informativo do STF n. 394), a Seção firmou, por maioria, que somente serão remetidos à Justiça do Trabalho os feitos relativos à indenização de danos morais e/ou patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho (nova redação do art. 114, VI, da CF/1988) que, no advento da EC n. 45/2004, ainda se encontravam sem sentença prolatada, seja de mérito ou não. Aqueles já com sentença prosseguem regidos pela antiga competência da Justiça comum estadual, inclusive recursal. Decidiu-se adotar jurisprudência do STF no sentido de que a alteração superveniente de competência, mesmo que determinada por regra constitucional, não atinge a validade de sentença anteriormente proferida. A Min. Nancy Andrighi, voto vencido, entendia que só as ações ajuizadas após a referida emenda teriam seus autos enviados à Justiça trabalhista, enquanto o Min. Humberto Gomes de Barros e o Min. Cesar Asfor Rocha foram vencidos apenas na fundamentação, pois defendiam que, desde aquela data, todas as causas pendentes a respeito do tema deveriam seguir para as varas e tribunais trabalhistas correlatos, de acordo com precedentes. (STJ, 2ª Seção, Informativo n. 0255 Período: 8 a 12 de agosto de 2005. Precedentes citados do STF: CC 7.204-MG, DJ 3/8/2005; CC 6.967-RJ, DJ 26/9/1997, e RTJ

37 SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/infojur/toc.jsp?livre=dano+moral+e+acidente+de+trabalho&&b=INFJ&p=true&t=JURIDICO&1=10&i=11>. Acesso em: 20 jan. 2012.

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60/855. CC 51.712-SP, Rel. Min. Barros Monteiro, julgado em 10/8/2005). 38

Vale ressaltar que com o advento da E/C 45/04, houve deslocamento

da competência da Justiça Estadual para a Justiça do Trabalho, modificando

regra processual e não regras de direito material.

38 SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/infojur/toc.jsp?livre=dano+moral+e+acidente+de+trabalho&&b=INFJ&p=true&t=JURIDICO&1=10&i=11>. Acesso em: 03 mar. 2012.

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CAPÍTULO VI

DA REPARAÇÃO DO DANO MORAL NO DIREITO DO TRABALHO

6.1 – DAS FORMAS DE REPARAÇÃO DO DANO MORAL

José Antônio dos Remédios entende que:

“Com a lesão a um bem jurídico protegido, surge a obrigação de indenizar, que deverá corresponder a reparação integral do dano39. Através da restitutio in integrum retorna-se ao statu quo ante, refazendo-se a ordem jurídica lesada” 40.

Em regra, a reparação do Dano Moral mais utilizada é o pagamento da

quantia estabelecida em dinheiro. A dificuldade está na fixação do valor da

indenização quanto ao dano moral. Esse valor é definido judicialmente, tendo em

vista uma função satisfatória compensatória pela lesão sofrida, objetivando

compensar o sofrimento à que foi submetido o lesado.

A reparação por Danos Morais tem o objetivo de amenizar, pois uma

vez violada a honra, intimidade, dignidade, não há a possibilidade de restabelecer

a conjuntura em que se encontrava anteriormente. Não se considera a

indenização o preço da ofensa sofrida, mas uma forma de amenizar a ofensa ou

suas conseqüências.

6.2 DOS CRITÉRIOS DE QUANTIFICAÇÃO DO DANO MORAL

39 REMEDIOS, José Antônio; FREITAS, José Fernando Seifarth; LOZANO JUNIOR, José Júlio, Dano Moral São Paulo: Saraiva, 2000. p.27. 40 REMEDIOS, José Antônio; FREITAS, José Fernando Seifarth; LOZANO JUNIOR, José Júlio, Dano Moral São Paulo: Saraiva, 2000. p. 27.

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Com base no entendimento de Ripert41, o Dano Moral possui caráter

punitivo. Diante disso, busca-se no dano moral o castigo ao autor da ofensa e não

a satisfação da vítima.

Para Cavalieri42, a reparação do Dano Moral tem caráter de

compensação e de pena privada.

Vólia Bomfim Cassar43 concorda com a posição de Cavalieri, porém

entende que a nomenclatura adequada seria pena educativa.

Quanto ao critério de quantificação, temos quatro correntes, vejamos a

seguir:

A primeira corrente entende que para quantificar o Dano Moral há de

se levar em conta o tempo de serviço do trabalhador, ou seja, a indenização

consiste em uma remuneração por ano de serviço ou fração superior a 6 meses,

ou no caso do empregado com mais de 10 anos de serviço duas remunerações

por ano de serviço. Esse entendimento possui aplicação analógica e tem previsão

no artigo 478 da CLT. Adotada por parte da jurisprudência trabalhista, porém

rejeitada pela doutrina, uma vez que a intensidade do sofrimento causado pelo

patrão independe do tempo que o trabalhador tenha de serviço.

A segunda corrente consiste em uma fórmula adotada por alguns

tratadistas. Previsão legal nos artigos 953, caput, do CC c/c artigo 49 do Código

Penal. Aplicação analógica. O valor da indenização será fixado pelo juiz

equitativamente, com base nas circunstâncias do fato.

A terceira corrente utiliza a aplicação da Lei de Imprensa (Lei n.

5.250/67), faz uso dos critérios previstos nessa lei para a quantificação da

indenização, em salários mínimos. De acordo com o estabelecido nessa lei o juiz,

em casos de dano moral, poderá fixar reparação de 2 a 20 salários mínimos,

analisando a intensidade do sofrimento do ofendido.

A quarta corrente possui aplicação analógica do artigo 1.694, parágrafo

1º do CC, e da Lei de Imprensa. Essa corrente é adotada pela jurisprudência

41 CAVALIERI FILHO apud CASSAR, Vólia Bomfim, Direito do Trabalho. 5ª ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2011. p.938. 42 CAVALIERI FILHO apud CASSAR, Vólia Bomfim, Direito do Trabalho. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2011. p.939. 43CASSAR, Vólia Bomfim, Direito do trabalho. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2011. p.939.

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trabalhista. A indenização deverá ser fixada levando em conta a capacidade

econômica do empregador e as características do ato praticado, visto que a

finalidade da indenização por Dano Moral não é de enriquecer a vítima e sim punir

de forma educativa o agressor e inibir a repetição do mesmo ato no futuro.

A jurisprudência trabalhista adota a quarta corrente:

EMENTA: DANO MORAL. INDENIZAÇÃO. A natureza da indenização decorrente do dano moral é de punição educativa ao agressor, de forma a inibir a repetição do mesmo ato no futuro. Por isso, deve levar e, conta a intensidade do ato, os antecedentes e a capacidade econômica do empregador. Não tem finalidade de enriquecer a vítima. (TRT, 1ª Região; Rel. Vólia Bomfim Cassar; (RO) Proc. 02801-2001-243-01-00-8; sessão do dia 29/06/05).

EMENTA: ACIDENTE DE TRABALHO – DANO MORAL – VALOR DA INDENIZAÇÃO – A lesão em um dos olhos, com a perda da visão em 90%, fruto de acidente de trabalho, atinge profundamente a personalidade do trabalhador, ocasionando-lhe sofrimento e comprometendo, sobremaneira, a sua capacidade laborativa. A indenização fixada em sentença, no valor equivalente a 200 vezes a última remuneração do empregado, merece ser mantida, pois lastreada na idade, condição cultural e econômica do trabalhador, sem desconsiderar a força do patrimônio da empresa, uma vez que a sua finalidade é a reparação do dano e não o enriquecimento do acidentado. Recurso a que se nega provimento. (TRT; 12ª Região; 3ª Turma; Relatora: Des. Maria Regina Olivé Malhadas RO-V-A 00369-2000-015-12-00-4 (01720/20031447/2002); julgado em 31/01/2003).

Segundo Lima Teixeira44, devem estar presentes os seguintes

requisitos, para a quantificação do dano moral:

• Extensão do fato socialmente;

• Permanência temporal (demora no sofrimento);

• Intensidade do ato (venal, doloso, culposo, abusivo);

44 SUSSEKIND apud CASSAR, Vólia Bomfim, Direito do trabalho. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2011. p.940.

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• Antecedentes do agente;

• Capacidade econômica do agressor e do ofendido;

• Razoabilidade;

• Indenização não tem finalidade de enriquecer o ofendido, e sim de pena

exemplar do agressor.

Sobre o enriquecimento sem causa, nos artigos 884, 885 e 886 todos

do Código Civil in verbis:

Art. 884 Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.

Parágrafo único. [...]

Art. 885 A restituição é devida, não só quando não tenha havido causa que justifique o enriquecimento, mas também se esta deixou de existir.

Art. 886: Não caberá restituição por enriquecimento, se a lei conferir ao lesado outros meios para se ressarcir do prejuízo sofrido.

Assim, diante do dispositivo supracitado, fica evidenciado a não

permissão ao enriquecimento sem causa, sob pena de restituição do valor

recebido corrigido monetariamente. No entanto, fica vislumbrada a vedação a

análise da condição sócio econômica do ofendido, visto que estará ferindo um dos

princípios constitucionais, que são o Princípio da Igualdade e o Princípio da

Dignidade Humana.

Hodiernamente o que ocorre em muitas decisões são juízes

decretando o pagamento de Danos Morais levando em conta a condição do

ofendido, no entanto essa seria uma condenação favorável ao ofensor, pois que a

condenação por Danos Morais deve doer e ser pesado ao “bolso” do ofensor,

esperando que com isso não venha a ocorrer danos causados a outrem. Lógico

que a fixação de reparação por danos morais deve atender aos critérios de

razoabilidade.45

45 CASSAR, Vólia Bomfim, Direito do trabalho. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2011. p. 938-940.

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CAPÍTULO VII

DA PRESCRIÇÃO

7.1 – DA PRESCRIÇÃO DA AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

Todo o crédito ou direito pretendido pelo empregado em razão de lesão

causada pelo seu empregador, se submete à regra do artigo 7º, XXIX, da CR/88,

ou seja, cinco anos, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de

trabalho. A mesma regra será aplicada se o empregado propor Ação de

Reparação por Danos Morais.

Quanto à prescrição da ação de indenização por danos morais existe

discussão, no tocante à aplicação da prescrição trabalhista ou civil. Vólia46

descreve em sua doutrina, o seguinte:

O conceito de acidente de trabalho, de doença profissional, de doença do trabalho está na lei previdenciária, mas se a lesão foi praticada pelo patrão contra seu empregado, e o pedido for de reparação desta, a natureza será trabalhista. Portanto, não tem qualquer fundamento a corrente que alega que a lesão é de natureza civil, porque o conceito de dano está no código civil, e a partir daí aplicar a prescrição civil.

Antes do advento da E/C 45/04 era aplicada a prescrição trabalhista e

após o advento da E/C continua sendo correta a aplicação da prescrição

trabalhista. Nesse caso, é importante ressaltar que a E/C 45/2004 não alterou

direito material e sim processual. No entanto, existe corrente doutrinária

entendendo o oposto.

Existem duas correntes acerca da prescrição. Senão vejamos:

A primeira corrente entende que a lesão é de natureza civil, logo a

aplicação da prescrição deve ser a civil (3 anos) prevista no artigo 206, parágrafo

3º, inciso V, do CC ou quando o dano tiver ocorrido em data anterior ao novo

46CASSAR, Vólia Bomfim, Direito do trabalho. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2011. p.926.

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Código, pelo antigo art. 177 do CC/1916, nesse caso seria o prazo da prescrição

de (20 anos).

A segunda corrente confunde normas de direito material com as de

direito processual, entende ser aplicável a prescrição civil quando a lesão tiver

ocorrido antes da E/C 45/04 e trabalhista para as havidas após a Emenda

Constitucional.

As jurisprudências do Tribunal Superior do Trabalho (TST) adotam o

entendimento da segunda corrente, aplicando a prescrição civil quando a lesão

tiver ocorrido antes da E/C 45/04 e trabalhista para as havidas após a Emenda. A

seguir alguns entendimentos:

EMENTA: RECURSO DE REVISTA INDENIZAÇÃO DECORRENTE DE ACIDENTE DO TRABALHO PRAZO PRESCRICIONAL APLICÁVEL LESÃO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45/2004 A C. Subseção I Especializada em Dissídios Individuais pacificou o entendimento de que é aplicável o prazo prescricional previsto no Código Civil às pretensões de indenização por danos moral e/ou material decorrentes de acidente do trabalho ou doença profissional quando a lesão é anterior à vigência da Emenda Constitucional nº 45/2004. Precedente: TST-E-RR-99.517/2006-659-09-00.5. DANO MATERIAL Diante do quadro fático delineado pelo acórdão regional, o recurso não comporta conhecimento pelas violações apontadas nem por divergência jurisprudencial. DANO MORAL O Eg. Tribunal Regional concluiu pela presença de todos os elementos necessários à configuração do dano moral. Incide na espécie o óbice da Súmula nº 126 do TST. Recurso de Revista não conhecido. (TST; 8ª Turma; Relatora: Maria Cristina Irigoyen Peduzzi; RR - 138/2006-025-15-00.7; Julgado em 28/10/2009) 47

EMENTA: RECURSO DE REVISTA. ACIDENTE DE TRABALHO E/OU DOENÇA PROFISSIONAL. DANO MATERIAL E/OU MORAL. PRESCRIÇÃO . Tratando se de pedido de dano moral e/ou material decorrentes de acidente de trabalho e/ou doença profissional, esta Corte pacificou entendimento no sentido de que, quando a lesão for anterior à Emenda Constitucional nº 45/2004, o prazo prescricional aplicável será o previsto no Código Civil de 2002, observada a regra de transição prevista no art. 2.028 desse mesmo diploma legal, bem assim que, quando a lesão for posterior à referida emenda, o prazo prescricional aplicável será o trabalhista, previsto no art. 7º, XXIX, da CF. No caso dos autos, o acórdão recorrido não informa a data da lesão sofrida pelo autor, motivo pelo qual determina-se o retorno do autos à Corte Regional, a fim de que se proceda ao exame da

47 TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. Disponível em: <http://aplicacao.tst.jus.br/consultaunificada2/jurisSearch.do>. Acesso em: 05 mar. 2012.

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prescrição à luz do art. 2.028 do Código Civil. Recurso de revista conhecido e provido.( TST, 8ª Turma; Relator: Dora Maria da Costa; RR - 588/2005-066-24-00.5; Julgado em 28/10/2009) 48

48 TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALAHO. Disponível em: http://aplicacao.tst.jus.br/consultaunificada2/jurisSearch.do>. Acesso em: 05 mar. 2012.

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CAPÍTULO VIII

JURISPRUDÊNCIAS

Mister trazer no decorrer da apresentação desse Capítulo 8,

jurisprudências acerca do Dano Moral no Ambiente de Trabalho decorrendo

lesão. Foram apresentadas durante o esboço do conteúdo desse trabalho as

posições doutrinárias e algumas jurisprudenciais sobre o assunto, sendo

relevante neste momento tecer alguns comentários acerca do que vem

entendendo os Tribunais do Trabalho, senão vejamos:

EMENTA: 1. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – PROVA MATERIAL DA DOR MORAL – IMPOSSIBILIDADE – FORMA DE CONSTATAÇÃO. A “dor moral” não pode ser materialmente provada, nem mesmo por indícios, pois ela é de ordem subjetiva e particularizada para cada indivíduo, motivo pelo qual caberá ao julgador, utilizando-se de criterioso bom senso e tendo em conta os valores médios do cidadão de seu tempo, aquilatar se determinadas situações e fatos podem gerar “dor moral” nas suas mais variadas formas (dor, sofrimento, tristeza, desilusão, etc.). Em outras palavras: A “dor moral” não é provada, mas intuída pelo juiz à vista de sua experiência e levando em consideração os valores da sociedade e do homem médio. (TRT; 24ª Região; Turma: Tribunal Pleno; Relator: João De Deus Gomes de Souza; RO - 1393-2001-000-24-07; Julgado em 06/07/2002).

EMENTA 2: INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL – ARBITRAMENTO – VALORES A SEREM LEVADOS EM CONSIDERAÇÃO. No arbitramento do dano moral, o julgador deve considerar não apenas a dor física sentida, a extensão da lesão, o tempo de recuperação e as seqüelas deixadas pelo acidente, mas também o grau de culpabilidade do agente e o que fez ele para reparar o mal causado, pois influenciará, na fixação da indenização, o comportamento do agente antes e depois do infortúnio. Afinal, não se pode esquecer que a indenização por danos morais, além de ter natureza compensatória, possui também um caráter pedagógico para o infrator, que, punido no aspecto econômico, procurará não repetir os erros cometidos.49

Cada indivíduo tem o preço por sua moral, honra, enfim, não se pode

banalizar o Dano Moral com valores tabelados. Para conseguir o deferimento de

uma ação por Danos Morais não será necessário a prova do dano moral em si,

49 TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO, 24ª Região - MS. Disponível em: <http://brs02.tst.jus.br/cgi-bin/nph-brs?d=JR24&s1=RO+1393-2001-000-2407&u=http://www.tst.gov.br/brs/juni.html&p=1&r=1&f=G&l=0>. Acesso em: 15 mar. 2012.

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mas sim a prova do fato que ensejou o Dano Moral, abalando a Dignidade da

pessoa humana nesse caso o empregado.

O acidente de trabalho pode ser originado de um esgotamento físico tal

como no caso em tela o empregado teve sua carga horária estendida. Contudo o

funcionário com esgotamento físico e fadiga originou o acidente de trabalho, ou

seja, o acidente de trabalho será na maioria das vezes decorrentes de ato ilícito

praticado pelo empregador.

No que tange a quantificação no momento do juiz arbitrar o dano moral,

deve ser levado em conta vários requisitos e não somente a lesão sofrida. Deverá

ser analisado o tempo de recuperação do empregado, as seqüelas deixadas pelo

acidente, à dor física e a dor moral tal como também o que o empregador fez para

tentar reparar o dano causado e o grau de culpabilidade do ofensor. Diante desse

entendimento a quantificação deve ser arbitrada de maneira a onerar o financeiro

do empregador para que ele não volte a cometer o mesmo indício.

EMENTA: ESTABILIDADE PROVISÓRIA - AUSÊNCIA DE PROVA ACERCA DO NEXO ENTRE A DOENÇA ADQUIRIDA PELO TRABALHADOR E SUAS ATIVIDADES LABORAIS. A doença profissional é equiparada ao acidente de trabalho pela Previdência Social, quando enquadrada no art. 132 do Decreto nº 2.172/97. Para a aquisição da estabilidade decorrente de acidente de trabalho ou doença profissional, a lei prevê dois requisitos básicos: a ocorrência de acidente do trabalho ou doença laboral e a percepção do auxílio-doença acidentário (exegese do art. 118 da Lei nº 8.213/91). Assim, não constatada a presença do nexo de causalidade entre a doença adquirida e as atividades laborais, não faz jus o Reclamante à garantia de emprego, via de conseqüência, à indenização substitutiva postulada. Recurso a que se nega provimento, no particular. (TRT; 23 Região, 1ª Turma; Relator: Juíza Convocada Rosana Caldas; RO - 00243.2007.041.23.00-2; Julgado em 03/04/08).50

Deve ser comprovado o nexo de causalidade entre o acidente de

trabalho e as atividades laborais, ou seja, se o funcionário for pleitear danos

morais por acidente de trabalho decorrente de jornada de trabalho estendida, por

50 TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO, 23ª Região – MT. Disponível em: <http://brs02.tst.jus.br/cgi-bin/np-hbrs?d=JR23&s1=Estabilidade+provisoria+ausencia+de+prova+acerca+do+nexo+entre+a+doen%E7a+adquirida+pelo+trabalhador+e+suas+atividades+laborais&u=http://www.tst.gov.br/brs/juni.html&p=1&r=1&f=G&l=0>. Acesso em: 16 mar. 2012.

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exemplo, terá o empregado de comprovar o nexo de causalidade para que se

vislumbre a ligação entre ambos.

EMENTA: 1. RECURSO. Agravo. Regimental. Acidente de trabalho. Indenização. Competência. Decisão mantida. Agravo regimental não provido. É competente a Justiça Comum para julgar ações de indenização de acidente de trabalho que tramitam perante a Justiça comum dos Estados, com sentença de mérito anterior à promulgação da EC 45/04. 2. RECURSO. Agravo. Regimental. Jurisprudência assentada sobre a matéria. Caráter meramente abusivo. Litigância de má-fé. Imposição de multa. Aplicação do art. 557, § 2º, c.c. arts. 14, II e III, e 17, VII, do CPC. Quando abusiva a interposição de agravo, manifestamente inadmissível ou infundado, deve o Tribunal condenar o agravante a pagar multa ao agravado. Indenização – Acidente do Trabalho – Ausência de dolo ou culpa do empregador – Reparação de danos improcedente - A lei previdenciária considera acidente do trabalho o sinistro que acomete o empregado, no trajeto, entre a sua residência e o local de trabalho, e vice-versa, conferindo ao trabalhador o mesmo benefício conferido ao vitimado, pelo acidente do trabalho ocorrido, no exercício de suas atividades. Entretanto, há uma enorme distinção acerca das conseqüências jurídicas daí advindas - já que, para efeito de indenização, necessária se faz a demonstração da existência de culpa ou dolo. Não havendo demonstração da existência de culpa ou dolo do empregador, no acidente que vitimou o Recorrente, não se verifica a ocorrência de ato ilícito, capaz de ensejar a reparação de danos morais ou patrimoniais. (STF; 2ª Turma; Relator: Min. Cezar Peluso; RE 490169 AgR; Julgado em 01/04/2008). 51

Tem que ser demonstrada a existência de culpa ou dolo do

empregador no acidente que vitimou o empregado. Quando não verificado a

ocorrência do ato ilícito não há que se falar em dano moral.

51 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=(RE%20490169.NUME.%20OU%20RE%20490169.ACMS.)(%22CEZAR%20PELUSO%22.NORL.%20OU%20%22CEZAR%20PELUSO%22.NORV.%20OU%20%22CEZAR%20PELUSO%22.NORA.%20OU%20%22CEZAR%20PELUSO%22.ACMS.)(@JULG%20%3E=%2020080401)&base=baseAcordaos>. Acesso em 20 mar. 2012.

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CONCLUSÃO

Por todo o exposto o tema escolhido neste trabalho identifica-se com a

crescente evolução da Consolidação das Leis do Trabalho e justifica-se pela atual

política- social, e da abrangência das relações de trabalho.

Ao findar o presente trabalho monográfico, em face do ordenamento

jurídico em vigor e das inúmeras pesquisas realizadas, foram examinadas a

Consolidação das Leis do Trabalho (C.L.T), Constituição Federal da República,

livros e Internet.

O objetivo foi alertar da importância de estabelecer uma forma

(pecuniária) para que se crie um impacto social, impedindo a prática de novos

atentados, com intuito de compensar a dor, mas, em especial, estabelecer uma

forma de respeito ao acervo de bens morais, visto que o Direito do Trabalho

confere especial dimensão à tutela da personalidade do trabalhador empregado,

em virtude do caráter pessoal, subordinado e duradouro da prestação de trabalho.

Dano Moral é um tema que vem se confirmando na doutrina trabalhista,

repercutindo, assim, gradativamente, na jurisprudência, conforme se verifica pelas

decisões examinadas neste trabalho, que rumam à adoção da reparabilidade

desse dano, na relação de trabalho.

Como foi pesquisado, no que tange à reparação por danos morais, a

Carta Magna retrata a parte que concernente aos direitos e garantias

fundamentais da pessoa humana, as quais devem ser levadas em consideração

nas relações laborais.

É mister concluir que desde que o dano moral alegado tenha ocorrido

derivado de uma relação de trabalho não há como afastar a competência da

Justiça do Trabalho para apreciar a lide.

De acordo com todo o exposto no trabalho, legitima a Justiça

Trabalhista, para conhecer e julgar o dissídio trabalhista, incluindo-se aí a

indenização pelo dano moral.

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De toda essa discussão pode ser deduzido que, conquanto a

indenização de dano moral pertença ao âmbito do Direito Civil, se o pedido

decorrer ou tiver como origem um relação laboral ou até mesmo num contrato de

trabalho típico, a competência para julgar o caso será da Justiça do Trabalho e

não da Justiça Comum.

Sabendo-se que caberá ao Juiz a difícil tarefa de melhor adequar essa

reparação, e ninguém melhor do que os Tribunais trabalhistas, impregnados de

sentimento de Justiça social, para saber usar da medida adequada ao

ressarcimento devido.

Por derradeiro é imprescindível concluir, após a realização do presente

estudo que não apenas em casos de dolo ou culpa do empregador é que será

devida a indenização por danos morais, apesar da doutrina e jurisprudência, em

sua maioria assim se posicionarem. Deve-se dizer que seguindo o entendimento

minoritário, a reparação dos danos sofridos pelo trabalhador devem ocorrer até

em circunstâncias que não as citadas, sendo aplicada a teoria cível do risco do

empreendimento na ceara trabalhista.

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BIBLIOGRAFIA

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INSTITUDO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/paisesat/main.php. Acesso em 11 de setembro de 2011. MALTEZ, Felipe Almeida, Responsabilidade Subjetiva e a Culpa Presumida do Empregador nos casos de Acidentes de Trabalho. Disponível em: http://www.webartigos.com/articles/25990/1/responsabilidade-civil-nos-casos-de-acidente-do-trabalho/pagina1.html. Acesso em 26 de Jan. de 2012. MARTINS, Sérgio Pinto, Direito do Trabalho – 28ª Edição. São Paulo: Ed. Jurídico Atlas, 2012.

MORAES, Alexandre. Direito Constitucional - 27ª Edição. São Paulo: Ed. Atlas, 2011. NASCIMENTO, Amauri Mascaro, Curso de Direito do Trabalho. 27ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2012.

RAMANAUSKAS, Edson. Dano Moral no Trabalho. Disponível em: <http://www.advogado.adv.br/artigos/2001/edsonramanauskas/danomoraltraballho.htm>. Acesso em: 22 Dez. 2011. REMÉDIO, José Antonio; FREITAS, José Fernando Seifarth; LOZANO JÚNIOR, José Julio, Dano Moral. São Paulo: Ed. Saraiva, 2000.

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SARAIVA, Renato. Curso de Direito Processual do Trabalho - 8ª Edição. São Paulo: Ed. Método, 2011. SEGAL, Marcelo. CLT Anotada - 2ª Edição. Nacional: Ed. Impetus, 2008. STF. www.stf.jus.br. Link: Consultas/Jurisprudências. Acesso em 20 de março de 2012. STJ. http://www.stj.gov.br/. Link: Consultas/Jurisprudências. Acesso em 20 de janeiro de 2012. STJ. http://www.stj.gov.br/. Link: Consultas/Jurisprudências. Acesso em 03 de março de 2012. TRT 2ª Região. http://www.trt2.gov.br/. Link: Consultas/Jurisprudências. Acesso em 09 de fevereiro de 2012. TRT 3ª Região. http://www.trt3.jus.br/. Link: Consultas/Jurisprudências. Acesso em 03 de outubro de 2011. TRT 3ª Região. http://www.trt3.jus.br/. Link: Consultas/Jurisprudências. Acesso em 30 de julho de 2011. TRT 23ª Região. http://portal.trt23.jus.br/ecmdemo/public/trt23. Link Consultas/Jurisprudências. Acesso em 30 de julho de 2011. TRT 24ª Região. http://www.trt24.jus.br. Link Consultas/Jurisprudências. Acesso em 15 de março de 2012. TRT 15ª Região http://www.trt15.jus.br/. Link Consultas/Jurisprudências. Acesso em 08 de janeiro de 2012. TST. http://www.tst.gov.br/. Link: Consultas/Jurisprudências. Acesso em 10 de janeiro de 2012. TST. http://www.tst.gov.br/. Link: Consultas/Jurisprudências. Acesso em 05 de março de 2012.

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ÍNDICE

RESUMO .................................................................................................................. 04

METODOLOGIA ....................................................................................................... 05

SUMÁRIO ................................................................................................................. 06

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 08

CAPÍTULO I

DANO MORAL ......................................................................................................... 10

1.1 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA ................................................................................ 10

1.2 - CONCEITOS E BASES CONSTITUCIONAIS .................................................. 12

1.3 - DO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA ............................... 14

CAPÍTULO II

DO DANO MORAL NA RELAÇÃO DE TRABALHO ............................................... 17

2.1 - DANOS REFLEXOS OU RICOCHETE ............................................................ 17

2.2 - ACIDENTES DE TRABALHO .......................................................................... 18

2.2.1 - DO ACIDENTE DE TRABALHO SEM SEQUELAS ...................................... 24

2.2.2 - DO ACIDENTE DE TRABALHO COM SEQUELAS .................................... 26

2.2.3 - DOS TIPOS DE INVALIDEZ .......................................................................... 27

2.3 - DA INDENIZAÇÃO EM CASO DE ACIDENTE DE TRABALHO (CAT) .......... 28

2.4 - DA ESTABILIDADE ........................................................................................ 30

2.4.1 - DA DEMISSÃO DENTRO DA ESTABILIDADE ............................................ 31

CAPÍTULO III

DA PREVENÇÃO ADICENTÁRIA ............................................................................ 33

3.1 - DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES ......................................................... 33

CAPÍTULO IV

DA INDENIZAÇÃO EM CASO DE ACIDENTE DE TRABALHO ............................ 35

4.1 - REQUISITOS PARA RESPONSABILIZAÇÃO EM CASO DE LESÃO ........... 35

4.1.1 - DO ATO ILÍCITO ........................................................................................... 38

4.1.2 - DO ABUSO DE DIREITO .............................................................................. 40

4.2 - DO NEXO CAUSAL.......................................................................................... 40

4.3 - DA RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA E OBJETIVA DO EMPREGADOR ........................................................................................................ 41

CAPÍTULO V

DA COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR ............................................ 43

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5.1 - DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO PARA O PEDIDO DE REPARAÇÃO POR DANO MORAL EM CASO DE LESÃO .................................... 43

CAPÍTULO VI

DA REPARAÇÃO DO DANO MORAL NO DIREITO DO TRABALHO .................... 47

6.1 - DAS FORMAS DE REPARAÇÃO DO DANO MORAL .................................... 47

6.2 - DOS CRITÉRIOS DE QUANTIFICAÇÃO DO DANO MORAL ......................... 47

CAPÍTULO VII

DA PRESCRIÇÃO .................................................................................................... 52

DA PRESCRIÇÃO DA AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS ............. 52

CAPÍTULO VIII

JURISPRUDÊNCIAS ................................................................................................ 55

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 58

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 60