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Uni ANHANGUERA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS CURSO DE AGRONOMIA SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA PECUÁRIA FLORESTA ALEXANDRE MARTINS DE PAULA SILVA GOIÂNIA NOVEMBRO/2013

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Uni – ANHANGUERA – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS

CURSO DE AGRONOMIA

SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA – PECUÁRIA – FLORESTA

ALEXANDRE MARTINS DE PAULA SILVA

GOIÂNIA

NOVEMBRO/2013

ALEXANDRE MARTINS DE PAULA SILVA

SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA – PECUÁRIA – FLORESTA

Trabalho apresentado ao curso de Agronomia do

Centro Universitário de Goiás, Uni-anhanguera,

sob orientação do Prof.º Msc Rafael Carvalho

Pupe, como requisito parcial para obtenção do

título de Bacharel em Agronomia.

Goiânia

Novembro/2013

Dedico a Deus primeiramente, minha

família que sempre esteve ao meu lado durante

toda minha jornada, meus amigos que

estiveram unidos e auxiliando uns aos outros

para melhor aprendizado.

Aos meus Mestres, que deram todo

conhecimento e ajuda para me propiciar

sabedoria e conhecimento profissional na área

de Agronomia.

AGRADECIMENTOS

Aos meus professores, que se dedicaram a me

orientar, me entusiasmando e despertando meu interesse

para melhor aproveitamento do tema.

A meus amigos, minha família e todos que me

acompanharam em todos os momentos me incentivando e

apoiando.

“Que os vossos esforços desafiem as

impossibilidades, lembrai–vos de que as grandes coisas do

homem foram conquistadas do que parecia impossível”.

(Charles Chaplin)

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi analisar os benefícios e as perspectivas potenciais de sistemas de

integração lavoura-pecuária-floresta no processo de intensificação de uso das áreas em

exploração pela agropecuária, e apontar as principais lacunas de informação sobre o sistema.

Os principais benefícios da integração lavoura-pecuária-floresta são: melhoria das

propriedades químicas, físicas e biológicas do solo; redução da ocorrência de doenças, insetos

‑pragas e plantas daninhas; maior produtividade das plantas e dos animais; e redução de

riscos pela diversificação de atividades. No entanto, a adoção do sistema de integração

lavoura- pecuária-floresta ainda é pequena em relação ao monocultivo, provavelmente em

virtude da maior complexidade desse sistema e falta de informação, por ser um sistema

relativamente novo. Concentrar esforços nos fatores que limitam a adoção desse sistema

parece ser um ponto estratégico para novos estudos. A busca por melhoria na qualidade de

cobertura de solo para o sistema plantio direto, por meio de gramíneas forrageiras, pode

auxiliar na adoção da integração lavoura – pecuária – floresta. A expectativa é de que a

adoção de sistemas de integração lavoura – pecuária – floresta resulte em melhorias

significativas na sustentabilidade socioeconômica e ambiental das propriedades e da sua

região de influência.

PALAVRAS-CHAVE: Agrossilvipastoril. Consórcio de culturas com forrageiras. Matéria

orgânica do solo. Plantio direto.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 11

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 13

2.1 Sistemas de Integração 13

2.1.1 As principais vantagens dos sistemas de integração 16

2.1.2 Os principais desafios dos sistemas de integração 18

2.2 Culturas agrícolas em sistema de produção em integração 18

2.3 ILP: alternativa para recuperação de pastagens degradadas 22

2.4. Forrageiras em sistemas de produção em integração 28

2.4.1 Uso de forrageiras em ILP 30

2.4.2 Uso de forrageiras em ILPF 32

2.5 Espécies Florestais em sistemas de produção em integração 34

2.5.1 Espécies Nativas 36

2.5.2 Espécies Exóticas 40

2.6 O componente animal em sistemas de produção em integração 53

2.7 Benefícios e contribuições dos sistemas de produção em integração 59

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 69

REFERÊNCIAS 70

11

1 INTRODUÇÃO

A busca por sistemas agropecuários que sejam, ao mesmo tempo, produtivos,

econômicos, intensivos e sustentáveis vem aumentando a cada ano. Nesse sentido, a proposta

do Sistema Integração lavoura–pecuária–floresta (ILPF) vem ganhando adeptos interessados

na diversificação de atividades e intensificação no uso da terra, como forma de reduzir custos

e aumentar a renda (ALVARENGA et al., 2010).

Soma–se a esses objetivos a possibilidade de agregar sustentabilidade aos

empreendimentos agropecuários. Para isso, o produtor e o técnico devem planejar de tal modo

que seja possível, ao mesmo tempo, maximizar o uso da terra, levando em consideração sua

aptidão agrícola, a diversificação das culturas e o aumento da produtividade. Com isso,

podem–se reduzir os custos de produção, aumentar a renda e conservar o meio ambiente

(SILVA, 2006).

Neste contexto, a integração das atividades de cultivos de lavouras e árvores com a

pecuária surge como um caminho tecnicamente indicado para fazer essa mudança, deixando o

conceito de propriedade tradicional para inseri-la no patamar de propriedade integrada e

sustentável (SILVA, 2006).

O Sistema ILPF vem ganhando importância dentro da propriedade agrícola, pois

permite a continuidade na produção de alimentos num patamar mais eficiente. O componente

florestal representa uma poupança para o agropecuarista, pois os custos podem ser menores

em razão das outras atividades associadas, sejam lavouras, sejam pastagens. Não é demais

lembrar que cada um dos componentes da ILPF deve ser considerado como uma cultura e,

portanto, conduzido dentro de princípios técnicos que permitam a maximização da

produtividade sem perder de vista a sustentabilidade (ALVARENGA et al., 2010).

As possibilidades de combinação entre os componentes do sistema são muitas e os

ajustes fazem-se necessários, dependendo do interesse do produtor e dos aspectos

edafoclimáticos e mercadológicos. Para energia (carvão), madeira para escoras, postes ou

toras para serrarias, o número de árvores por unidade de área irá diminuindo, respectivamente,

bem como aumentando os espaçamentos. Havendo maior interesse pela produção agrícola

deve-se adotar maior espaçamento entre as linhas de árvores, como forma de diminuir o

sombreamento nas faixas de plantios das lavouras (REIS et al., 2007).

12

Segundo Alvarenga et al. (2010), o componente animal é o que apresenta maior

flexibilidade dentro do sistema, porque as pastagens ajustam-se bem a diferentes arranjos das

árvores. Entretanto, essas diferentes possibilidades não modificam a essência das tecnologias,

podendo apenas interferir no período de ocupação de cada componente em particular dentro

do conjunto das atividades agrossilvipastoris.

Neste contexto, o componente lavoura, dentro da ILPF, desempenha papel importante,

pois é aquele com maior exigência quanto ao manejo de solos. Portanto, os condicionamentos

físico e químico iniciais do solo devem atender às exigências das lavouras. É importante

procurar assistência técnica para o planejamento de todas as etapas desde o condicionamento

da área (SILVA et al., 2009).

Dentre estas, quais as condições das terras para receber o empreendimento, quais

investimentos deverão ser realizados (correções química e física do solo, máquinas e

equipamentos), escolha da lavoura ou lavouras a implantar no primeiro ano e nos anos

subsequentes (SILVA, 2006).

Portanto, a associação do componente arbóreo às pastagens e às lavouras adquire

importância, que tende a ser maior quando utilizada em regiões agropastoris com grande

fragmentação e insulamento de remanescentes florestais naturais ou com pastagens

degradadas (SILVA, 2006).

O Objetivo deste trabalho foi analisar as perspectivas potenciais do sistema de integração

lavoura–pecuária–floresta no processo de intensificação do uso de áreas em exploração pela

agropecuária.

13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Sistemas de Integração

O setor agropecuário vem sofrendo grandes transformações motivadas pelo aumento

nos custos de produção e mercado mais competitivo, exigindo aumento na produtividade,

qualidade e rentabilidade, sem comprometer o meio ambiente. Para atingir tais objetivos, uma

alternativa que nos últimos anos tem – se destacado é o uso de sistemas de integração que

incorporam atividades de produção agrícola, pecuária e florestal, em dimensão espacial e ou

temporal, buscando efeitos sinérgicos entre os componentes do agroecossitema para a

sustentabilidade da unidade de produção, contemplando sua adequação ambiental e a

valorização do capital natural (BALBINO et al.,2011).

A concepção sistêmica dessa estratégia incorpora, também, outros atributos desejáveis

ao agroecossistema no que diz respeito à sua adequação ambiental, como a manutenção das

Áreas de Preservação Permanente (APPs) e de Reserva Legal (RL), reconhecendo os

benefícios dos serviços ambientais por elas prestados aos sistemas de produção (KICHEL et

al., 2012).

Os sistemas de integração estão se expandindo, especialmente para produção de grãos,

fibra, energia, florestas e bovinos de corte e leite, além de ovinos e caprinos, dependendo da

região. A utilização desses sistemas, nas situações em que é possível a sua adoção, passa a

ser de grande importância para a recuperação de áreas degradadas, tanto de pastagens como

de lavouras (KICHEL et al., 2012).

Segundo Balbino et al. (2011) , os sistemas de integração podem ser classificados e

definidos , basicamente , em quatro grandes grupos :

Integração Lavoura–Pecuária (ILP) ou Agropastoril: sistema de produção que integra o

componente agrícola e pecuário em rotação, consórcio ou sucessão, na mesma área e em um

mesmo ano agrícola ou por vários anos, em sequência ou intercalados.

Integração Pecuária–Floresta (IPF) ou Sîlvipastoril: sistema de produção que integra o

componente pecuário (pastagem e animal) e florestal, em consórcio. Este sistema de produção

é mais direcionado para áreas com dificuldade de implantação de lavouras, por isso, inclui

apenas os componentes florestal e pecuário na mesma área.

14

Integração Lavour –Floresta (ILF) ou Silviagrícola: sistema de produção que integra o

componente florestal e agrícola pela consorciação de espécies arbóreas com cultivos agrícolas

anuais ou perenes.

Integração Lavoura–Pecuária–Floresta (ILPF) ou Agrossilvipastoril: sistema de produção que

integra os componentes agrícola e pecuário em rotação, consórcio ou sucessão, incluindo

também o componente florestal, na mesma área. O componente “lavoura” restringe – se ou

não à fase inicial de implantação do componente florestal.

Na implantação desses sistemas, são identificadas quatro situações distintas: aquela

em que a agricultura é introduzida nas áreas de pastagens; aquela em que a pastagem é

introduzida nas áreas de lavouras de grãos e aquelas em que o componente florestal é

introduzido nas áreas de pastagens ou de lavouras, seguindo–se com uso da área para

pastagem (KICHEL et al., 2012).

O tempo de utilização da lavoura, da pecuária ou da floresta vai depender do sistema

adotado, podendo–se utilizar a pecuária por períodos de um mês a cinco anos e retornar

novamente com a lavoura, que por sua vez pode ser utilizada por apenas cinco meses,

chegando até cinco anos. O componente florestal pode ser utilizado para um ou mais cortes,

dependendo da espécie utilizada (VILELA et al., 2011).

Segundo Balbino et al. (2011) em regiões com clima e solo favoráveis à culturas de

grãos , pode–se utilizar , por exemplo , a pecuária por períodos de 6 a 18 meses e a lavoura

por dois a cinco anos. Os principais objetivos do uso da pastagem em sistemas predominante

agrícolas são rotação de culturas, aumento da produção de palhada para plantio direto,

reestruturação física do solo e redução de pragas, doenças e plantas daninhas.

Em regiões sem infraestrutura, com clima desfavorável e solos marginais, de pouca

tradição agrícola e com restrições para uso de lavouras de grãos, deve–se verificar o

zoneamento agrícola e restringir os cultivos a culturas mais rústicas, como o sorgo. Nesses

casos, a pecuária permanece por períodos mais prolongados. Nesses sistemas, as lavouras de

grãos têm como objetivo principal a recuperação das pastagens degradadas ou em degradação

(BALBINO et al.,2011).

A nova pastagem é implantada na sequência, aproveitando a maior fertilidade do solo,

resultando em maior produtividade e qualidade das forrageiras, principalmente nos períodos

mais críticos do ano, que na maioria das regiões brasileiras é entre os meses de maio e

outubro (ALVARENGA et al., 2012).

Esses modelos de sistemas de integração são definidos em função dos aspectos

socioeconômicos e ambientais dos diferentes agroecossistemas como ilustrado na figura 1 e

15

contemplam as diferentes alternativas e soluções para os principais problemas dos sistemas de

produção , especialmente , dentro da unidade de produção. Os resultados esperados traduzem

a expectativa imediata do empreendedor rural e estão orientados para o desenvolvimento de

uma agricultura sustentável (BALBINO et al.,2011).

Figura 1: Objetivos Imediatos e reflexos na adoção de sistemas de integração nos agroecossistemas.

Fonte: Adaptado de BALBINO et al. (2011).

Com a introdução dos sistemas de ILPF, além da intensificação e maior eficiência do

uso da terra, são gerados, também outros benefícios ao ambiente, tais como: maior sequestro

de carbono, aumento da matéria orgânica do solo, redução da erosão, melhoria das condições

microclimáticas e do bem–estar animal. Quanto aos benefícios econômicos gerados pela

diversificação do sistema de produção, destacam–se: redução dos custos de produção,

aumento de produtividade e diminuição do risco inerente à agropecuária, especialmente por

variações climáticas e oscilações de mercado (VILELA et al., 2011).

No âmbito da pesquisa e desenvolvimento para a produção sustentável de alimentos,

fibras, energia e serviços ambientais, segundo Balbino et al. (2011), os sistemas de integração

têm papel preponderante e o trabalho é pautado nos eixos de atuação voltados para o

desenvolvimento de sistemas agrícolas que utilizem especialmente os seguintes itens:

sistemas de produção economicamente viáveis, com garantia de segurança alimentar; insumos

16

alternativo, ambientalmente seguros e que reduzam contaminantes; tecnologias de alta

precisão, que reduzam desperdícios de insumos.

De acordo com Balbino et al. (2011), tem–se também os seguintes itens que são

práticas de manejo ambiental e novos equipamentos , que melhorem a eficiência dos sistemas

de produção e seu monitoramento; sistemas que aumentem a diversidade biológica e o

sinergismo interno; tecnologias de regeneração, que viabilizem a recuperação de ambientes

degradados; ordenamento territorial, seus instrumentos e o monitoramento, que otimizem o

uso dos recursos naturais;

Segundo Balbino et al. (2011), tem–se também os seguintes itens que são fontes

alternativas de energia (álcool, madeira, fibra e biodiesel); sistemas de gestão e certificação

ambiental, que fortaleçam a competitividade a partir de estratégias preventivas e de

antecipação de problemas ambientais; formas de produção e de gestão como componentes da

competitividade no mercado; valorização dos serviços ambientais que os sistemas

agropecuários e o seu contorno prestam à humanidade.

Os principais benefícios e desafios, citados por Balbino et al. (2011) e Kichel et al.

(2011), estão listados neste trabalho, sem, todavia estarem agrupados em ordem crescente ou

decrescente de importância ou por componente do sistema.

2.1.1 As principais vantagens dos sistemas de integração

De acordo com Balbino et al. (2011), as principais vantagens ou benefícios dos

sistemas de integração são: possibilidade de aplicação dos sistemas para grandes, médias e

pequenas propriedades rurais; controle mais eficiente de insetos – pragas, doenças e plantas

daninhas, com a possibilidade de diminuição no uso de agrotóxicos; melhoria de condições

microclimáticas, pela contribuição do componente arbóreo: redução da amplitude térmica,

aumento da umidade relativa do ar, diminuição da intensidade dos ventos; aumento do bem –

estar animal, em decorrência do maior conforto térmico.

De acordo com VILELA et al. (2011), tem–se também os benefícios ou vantagens a

possibilidade de redução da pressão para a abertura de novas áreas de vegetação natural;

plantas indesejadas, que normalmente ocorrem nas plantações florestais jovens, são

substituídas por culturas de grãos e ou forrageiras, tornando sua manutenção menos

dispendiosa; mitigação do efeito estufa pelo sequestro de carbono especialmente pelos

componentes forrageiro e arbóreo; intensificação da ciclagem de nutrientes; incremento da

produção regional de grãos, carne, leite, fibras, madeira e energia.

17

Alvarenga et al. (2012), destacam tem–se também os benefícios ou vantagens o

aumento da competitividade das cadeias de carne nos mercados nacional e internacional, com

a produção de carcaças de melhor qualidade, controle sanitário e melhoramento genético;

aumento da produtividade e da qualidade do leite, inclusive na entressafra (período seco),

também, em pasto, especialmente por pequenos e médios produtores; redução de riscos

operacionais e de mercado em função de melhorias nas condições de produção e da

diversificação de atividades comerciais.

Segundo Balbino et al. (2011) e Kichel et al. (2011), tem–se também os benefícios ou

vantagens a estímulo à qualificação profissional; diversificação das atividades rurais, com

melhor aproveitamento da mão–de–obra durante todo o ano; aumento da cobertura do solo

pela palhada proporcionada pelos restos das lavouras e das pastagens prevenindo as perdas

por erosão (solo, água, matéria orgânica e nutrientes), estimulando a biota e a recuperação

física do mesmo.

Alves et al. (2012), destacam também os benefícios ou vantagens a recuperação de

nutrientes lixiviados ou drenados para as camadas mais profundas do solo, especialmente

pelas raízes das árvores e das forrageiras, e incremento da matéria orgânica do solo pela

serapilheira e raízes mortas das árvores, das lavouras e das forrageiras; alternativa para o

plantio florestal comercial e lavoura de grãos, permitindo a introdução da atividade em terras

cujo potencial agropecuário é alto, não sendo deslocadas as atividades agropecuárias, ao

contrário, elas são mantidas em bases sustentáveis, o que pode reduzir a pressão para abertura

de novas áreas para plantios.

Balbino et al. (2011) e Kichel et al. (2011) destacam aumento da capacidade de

suporte das pastagens pela melhoria da fertilidade do solo e manutenção mais frequente das

mesmas; estímulo à substituição da forrageira por espécie mais produtiva; redução no custo de

reforma de pastagem pela renda oriunda dos componentes agrícola e pecuário; aceleração do

crescimento, em diâmetro, das árvores devido ao maior espaçamento; melhoria na qualidade

da madeira produzida pela maior regularidade da espessura de anéis de crescimento,

adequando – se melhor às necessidades da indústria.

Balbino et al. (2011) e Kichel et al. (2011) afirmam que dentre os benefícios tem -se

o desenvolvimento de madeira de alta qualidade, com espécies de árvores que são pouco

utilizadas nos plantios florestais tradicionais, mas que possuem elevado valor, em projetos de

ILPF em médio e longo prazos; a diversidade de espécies e rotação de culturas ajuda no

controle da erosão, no aumento da porosidade do solo e consequentemente da infiltração de

18

água para recomposição dos lençóis freáticos; benefícios diretos e indiretos gerados pela

preservação da biodiversidade, como na polinização das culturas.

2.1.2 Os principais desafios dos sistemas de integração

De acordo com Balbino et al. (2011) e Kichel et al. (2011), os principais desafios dos

sistemas de integração são: tradicionalismo e resistência de novas tecnologias por parte dos

produtores; exigência de maior qualificação e dedicação por parte dos produtores, gestores,

técnicos e colaboradores; necessidade de maior investimento financeiro na atividade; retorno

apenas em médio a longo prazo, especialmente, do componente florestal; disponibilidade do

volume de capital financeiro suficiente para o investimento ou acesso ao crédito; altos

investimentos em infraestrutura para implantação de cada um dos componentes dos sistemas

de integração;

Vilela et al,( 2011), destacam também como desafios a falta de estrutura básica

regional e mercado local para os produtos; produção depende da disponibilidade e

manutenção de máquinas e equipamentos, e também de fatores externos à unidade produtiva,

como energia, armazenamento e transporte; longas distâncias até regiões consumidoras e as

agroindústrias; algumas regiões há dificuldade de aquisição de insumos como fertilizantes,

sementes, mudas, agroquímicos e animais, bem como comercialização dos produtos;

De acordo com Balbino et al. (2011) e Aleves et al. (2012), tem–se também como

desafios a pouca disponibilidade de pessoal qualificado, principalmente de técnicos de nível

superior; a adoção de novas tecnologias exige maior agilidade na validação e na qualificação

da mão–de–obra; pouca ênfase aos sistemas de integração nas grades curriculares de cursos de

ciências agrárias; maior complexidade agregando riscos ao sistema, especialmente devido ao

componente agrícola.

2.2 Culturas agrícolas em sistema de produção em integração

No sistema de integração lavoura–pecuária–floresta (ILPF), as culturas anuais como

arroz, milho, feijão e soja, ou bianuais e perenes como a mandioca e a cana – de – açúcar, são

implantadas, normalmente durante o período de desenvolvimento inicial da espécie arbórea e

desempenham um importante papel, pois permitem o retorno mais rápido do capital investido

na implantação, ou parte dele, além de viabilizar a recuperação das características químicas do

19

solo, através da correção da fertilidade, por meio de calagem e adubações, beneficiando,

principalmente a pastagem a ser implantada posteriormente (FREITAS et al., 2010).

Além disso, as práticas culturais intensivas, como controle de pragas, doenças e

plantas daninhas nas culturas agrícolas, beneficiam as espécies florestais, que com seu

desenvolvimento inicial lento, são vulneráveis à interferência exercidas por estes organismos.

O plantio das culturas agrícolas é realizado entre as fileiras das espécies florestais, que no

sistema ILPF, são implantadas em espaçamentos maiores, de modo a permitir o trânsito de

máquinas agrícolas e principalmente a passagem de luz fotossinteticamente ativa para as

espécies agrícolas e forrageiras (FREITAS et al., 2010).

A escolha da cultura a ser implantada no sistema ILPF depende de diversos fatores

como: adaptação às condições ambientais (clima, solo e manejo); características da

propriedade (tradição de cultivo, nível tecnológico, assistência técnica, disponibilidade de

maquinários, galpões de armazenamento e mão–de–obra); mercado (escoamento da produção

e preço) e adaptação ao cultivo consorciado com espécies e com forrageias, para formação de

pastagens (FREITAS et al., 2010).

Dentre as diversas culturas anuais, o milho tem sido a espécie mais utilizada no

consórcio com cultivos arbóreos (MACEDO et al., 2006) e com forrageiras para formação de

pastagens, principalmente por sua tradição de cultivo, disponibilidade de genótipos

comerciais adaptados às diferentes regiões ecológicas do Brasil, e inúmeras utilidades na

propriedade rural (JAKELAITIS et al., 2004; FREITAS et al., 2005).

No caso da formação da pastagem realizada através da consorciação milho/forrageira,

é possível a entrada de animais para pastejo aproximadamente 60 dias após a colheita do

milho, para ensilagem, e imediatamente, no caso de milho para grãos, principalmente se a

colheita for manual, como ocorre em áreas declivosas. Entretanto no caso do consórcio milho,

forrageira e espécie florestal a liberação da área para pastejo é determinada pelo crescimento

da espécie arbórea, ou seja, os animais serão colocados no pasto quando as árvores atingirem

um tamanho suficiente para não serem prejudicadas pelos animais (FREITAS et al., 2010).

No caso do eucalipto isso acontece entre um e dois anos (Figuras 2 e 3). O ideal é

começar o pastejo com animais menores até que as árvores atinjam o tamanho ideal

(FREITAS et al., 2010).

20

Figura 2: Cultivo consorciado de milho com braquiária na entrelinha do eucalipto, por ocasião da

colheita do milho.

Foto: FREITAS et al. (2010).

Figura 3: Pastagem de braquiária, em condição de pastejo, formada através da consorciação de milho

na entrelinha do eucalipto, um ano após a implantação do sistema de ILPF.

Foto: FREITAS et al. (2010).

A soja é uma cultura promissora em sistema de ILPF, principalmente pela sua

expansão em área cultivada e adaptação a solos de baixa fertilidade, podendo anteceder a

pastagem, em sistema de rotação de culturas, uma vez que sua palhada decompõe–se

rapidamente, liberando os nutrientes no solo, em especial o nitrogênio. Seu cultivo é mais

indicado no primeiro ano de implantação do sistema, uma vez que em consorciação com

forrageiras, tem como fator limitante a dificuldade de colheita mecanizada (FREITAS et al.,

2010).

Outra leguminosa interessante, para o sistema de ILPF, é o feijão, que, assim como a

soja, pode anteceder o pasto em sistema de rotação de culturas, uma vez que seus restos

culturais decompõem–se rapidamente, liberando os nutrientes para a forrageira. No consórcio,

21

o feijão é mais indicado do que a soja, sobretudo se a colheita for manual (FERREIRA et al.,

2007).

Além das culturas mencionadas, diversas outras podem fazer parte do sistema de

ILPF, conforme adaptação às condições edafoclimáticas de cada região, do potencial de

consorciação, da plasticidade fenotípica, do interesse e poder econômico do produtor e do

mercado consumidor para os produtos, como é o caso de culturas como arroz, mandioca,

algodão, girassol e outras (FREITAS et al., 2010).

Segundo Macedo et al. (2006), nos primeiros anos, as plantas arbóreas ainda estão

pequenas e não afetam a produtividade das culturas. No entanto, para que a cultura não

prejudique o crescimento das mudas arbóreas, no primeiro ano, é necessário manter uma faixa

de pelo menos 1,0 m de cada lado das fileiras, sem implantação de culturas, a partir do

segundo ano, esta distância pode aumentar em função de projeção da copa.

Segundo Moniz (1987), a cultura do milho em associação com o eucalipto é uma

prática conveniente, por não afetar a sobrevivência da espécie florestal. Além disso, de acordo

com esse autor, o cultivo do milho na entrelinha da espécie arbórea reduziu os custos de

implantação florestal em até 80%.

A espécie arbórea é beneficiada pelos tratos culturais, mais intensivos, empregados

nas culturas anuais, como manejo de plantas daninhas, pragas e doenças, conforme pode ser

observado nas figuras 4 e 5, que ilustra o plantio de eucalipto em monocultivo e também

consorciado com a cultura do feijão, onde se verifica benefício da consorciação com a cultura

do feijão, sobre o crescimento das mudas de eucalipto (FREITAS et al., 2010).

Figura 4: Muda de eucalipto cultivado em monocultivo.

Foto: Freitas et al. (2010).

22

Figura 5: Muda de eucalipto consorciada com a cultura do feijão.

Fonte: Freitas et al. (2010).

A implantação das culturas entre as fileiras das espécies arbóreas não apresenta

grandes variações do monocultivo, no que diz respeito ao preparo do solo, adubações e tratos

culturais, no entanto, maiores cuidados devem ser dados ao manejo de plantas daninhas,

quando se faz uso de herbicidas, devido à possibilidade de intoxicação das espécies florestais

(FREITAS et al., 2010).

2.3 ILP: alternativa para recuperação de pastagens degradadas

A utilização de lavouras de grãos e pastagens anuais tem sido, há longo tempo, uma

prática cultural nos processos de recuperação ou renovação de pastagens cultivadas. A

condução eventual dessas atividades pelo produtor, ou por parceiros e arrendatários, pode ser

apenas uma estratégia para diminuir custos e retomar rapidamente para sua atividade principal

de produção animal (ZIMMER et. al., 1999).

No entanto, recentemente tem crescido uma alternativa diferenciada e muito eficiente,

porém mais complexa, de manutenção da produtividade e de recuperação ou renovação

indireta de pastagens que é a ILP, onde a introdução de lavouras não é eventual, mas parte

integrante de um sistema de produção de grãos e de produção animal que interage e se

completa biológica e economicamente. Salientando que a introdução desse sistema deve ser

baseada em diagnóstico detalhado do estabelecimento rural e sua região, para certificar–se de

sua aptidão para o sistema (MACEDO; ARAÚJO, 2012).

Este sistema permite o uso mais eficiente dos insumos, máquinas e mão–de–obra na

propriedade agrícola, além de diversificar a produção e o fluxo de caixa dos produtores.

23

Evidentemente que alguns requisitos são necessários para implementar o sistema, tais como,

máquinas e implementos agrícolas mais diversificados, infraestrutura de estradas e armazéns,

mão–de–obra qualificada, domínio da tecnologia de lavouras anuais e pecuária, além de

conhecimento mais apurado do mercado agropecuário (MACEDO; ARAÚJO, 2012).

A ILP (Integração Lavoura–Pecuária) permite sistemas de exploração em esquemas de

consórcio, em rotação ou em sucessão, onde se alternam anos ou períodos de pecuária com a

produção de grãos ou fibras, utilização de produtos e subprodutos na alimentação animal, etc.

numa mesma área (ZIMMER et al., 1999; EUCLIDES et al., 1994; MACEDO, 2009).

As principais espécies agrícolas que se adequam ao sistema de consórcio na ILP são

milho, sorgo, arroz de terras altas e girassol. No caso de recuperação de solos e pastagem

degradados deve-se ter o cuidado de escolher a espécie granífera de acordo com as

características químicas do solo. Assim, o milho, sorgo e girassol não são adequados para

solos com baixa saturação por bases ou nos casos em que a calagem tenha sido feita

imediatamente antes da implantação da cultura. Dessa forma, para essas espécies deve-se

optar por solos com saturação por bases acima de 40% ou nos quais a calagem tenha sido feita

no ano anterior. O arroz de terras altas é o mais adaptado à condição de solos ácidos e, até

mesmo, com alumínio relativamente alto (FREITAS et al., 2010).

O espaçamento e a densidade de semeadura para milho, sorgo, girassol e milheto

seguem as recomendações convencionais, que estão contidas na Tabela 1 (FREITAS et al.,

2010).

24

Tabela 1: Principais recomendações para estabelecimento do consórcio entre culturas anuais e

forrageiras em solos degradados sob pastagem degradada.

Fonte: FREITAS et al., 2010.

Cultura

Densidade de

Semeadura

(Sementes/

m²)

Profundidade

de

Semeadura

Espaçamento

(m)

Sementes (Kg/ha)

Arroz de

terras altas

60-70 3-5 0,35-0,45 45-55

Milho

4-6 3-5 08-,10 20-22

Sorgo

11-15 3-5 0,6-0,7 7-8

Milheto

12-15 3-5 0,6-0,7 4-6

B.brizantha

4-63

8-10

Entrelinha no

consórcio com

milho

5-6

Girassol

4-6

3-5

0,8-0,9

-

Do ponto de vista da agricultura, os sistemas de integração podem trazer vários

benefícios, pois o monocultivo e práticas culturais inadequadas têm também causado queda na

produtividade, degradação do solo e dos recursos naturais (MACEDO; ARAÚJO, 2012).

Sistemas contínuos e de monocultivos, entretanto, aceleram o aumento e a ocorrência

de pragas e doenças, tais como percevejo castanho da soja, o cancro da haste, o nematóide das

galhas e o nematóide do cisto, com inúmeros prejuízos à sojicultora (YORONORI et al.,

1993; MENDES, 1993).

Por outro lado, a ILP já é praticada há anos em muitos países. A utilização de resíduos

de culturas na alimentação dos animais ou o pastejo das restevas de lavouras também são

práticas frequentes em uso em varias regiões do Brasil. Do ponto de vista das propriedades

físicas e químicas do solo, nesses sistemas há uma melhoria na fertilidade pela ciclagem dos

nutrientes e eficiência no uso de fertilizantes, em função das diferentes necessidades das

culturas em rotação. As melhorias nas propriedades físicas são, por exemplo, aumento dos

agregados, diminuição da densidade aparente, da compactação, e no aumento da taxa de

infiltração de água (VILELA et al., 2011).

Vilela et al. (2001) apresentaram resultados positivos de produção animal e de

melhoria de propriedades do solo quando utilizaram a ILP na fazenda Santa Terezinha, em

Uberlândia, MG. Estes avaliaram a evolução do uso do solo, lotação e produção animal entre

1983 e 1996, com a introdução da ILP. Alguns resultados são apresentados na tabela 1.

25

Tabela 2: Evolução da produção animal, área de pastagens e lavouras em um sistema integrado de

lavoura – pecuária.

NÚMERO

ANIMAIS

LOTAÇÃO

ANIMAL

PASTAGEM

APÓS

CERRADO

LAVOURA PASTAGEM

APÓS

LAVOURA

ANOS Nº

CABEÇAS

ANIMAL/HA % DA ÁREA TOTAL

1983 1094 1,1 100 0 0

1988 821 1,9 58 13 29

1992 1150 2,3 0 59 41

1996 1200 3,2 0 64 36

Fonte: Adaptado de VILELA et al., 2011.

Os mesmos autores destacaram a melhoria das propriedades físicas do solo, como a

estabilidade de agregados. Pastagens plantadas em sequencia a lavouras de soja aumentaram

rapidamente a estabilidade de agregados, superando inclusive a vegetação natural,

comprovando o importante papel do extenso e profundo sistema radicular das gramíneas

forrageiras na agregação de partículas do solo (tabela 2). O teor de matéria orgânica do solo

na rotação também evoluiu, passando de 0,84 – 0,94% nas áreas de exploração contínua de

lavouras para 1,23% na sequência lavoura – pastagem (VILELA et al., 2011).

Figura 6: Porcentagem de estabilidade de agregados em água (> 2 mm) em diferentes sistemas de

produção e de manejo em Latossolo, textura média, Uberlândia, MG.

Fonte: VILELA et al., 2001.

26

Em um experimento de longa duração sobre SILPs (Sistemas de Integração Lavoura –

Pecuária), que está sendo realizado na Embrapa Cerrados, Planaltina, DF (VILELA et al.,

2001), Marchão (2007) efetuou estudos sobre as propriedades físicas do solo, estoque de

carbono e a macrofauna, para avaliar a qualidade do solo dos SILPs (Sistemas de Integração

Lavoura – Pecuária) comparados a sistemas tradicionais e contínuos de lavoura e pastagem,

incluindo métodos de preparo de solo e SPD (Sistema de Plantio Direto), com dois níveis de

adubação de manutenção.

Uma área de vegetação nativa foi tomada como referência. O autor constatou que os

SILPs (Sistemas de Integração Lavoura – Pecuária) alteram alguns atributos físicos – hídricos

do solo, causando incremento na resistência à penetração e na densidade do solo pelo pisoteio

dos animais durante a fase de pastagem na rotação, mas estes não foram fatores limitantes

para a produção dos cultivos anuais subsequentes. Os SILPs (Sistemas de Integração Lavoura

– Pecuária) contribuem para aumentar o armazenamento de água e a porosidade do solo,

sobretudo no SPD (Sistema de Plantio Direto) (VILELA et al., 2001).

Os sistemas de uso e preparo do solo influenciaram nos estoques de carbono e de

nitrogênio, sobretudo no SPD (Sistema de Plantio Direto), mas não se observou efeito de

nível de fertilização. Em relação à macrofauna do solo, os SILPs (Sistemas de Integração

Lavoura – Pecuária) baseados em SPD (Sistema de Plantio Direto) e na rotação com

pastagens consorciadas com leguminosas, apresentaram maior densidade e biodiversidade de

espécies, oferecendo melhores condições para a sustentabilidade da qualidade do solo. Dentre

as comunidades favorecidas pelo uso de SILPs (Sistemas de Integração Lavoura - Pecuária)

destacam – se os gêneros Oligochaeta (minhocas) e Coleoptera (besouros coprófagos) que

têm papel chave na estruturação do solo. A avaliação da macrofauna mostrou ser um bom

indicador de qualidade do solo (Tabela 3) (MARCHÃO et al., 2007).

27

Tabela 3: Densidade (indivíduos/m²), riqueza de espécies (número de morfo espécies) da macrofauna

de invertebrados em sistemas integrados de rotação lavoura – pecuária, sistemas contínuos e em

vegetação natural de Cerrado em Planaltina, DF.

SISTEMA DE USO E PREPARO

DO SOLO

ESPÉCIES

DENSIDADE (ind./m²) RIQUEZA (Nº)

Vegetação Natural 4792 51

Pastagem Contínua 1653 38

Lavoura contínua c/prep. solo 501 4

Lavoura contínua s/prep. solo 827 46

Pastagem – Lavoura c/prep. Solo 616 22

Pastagem – lavoura s/prep. solo 992 21

Lavoura – Pastagem c/prep. solo 1144 26

Lavoura – Pastagem s/prep. Solo 3456 52

Os benefícios relativos ao desempenho animal em sistemas de integração também são

expressivos. Na tabela 4, são apresentados resultados de ganho de peso animal, em

experimento de longa duração da Embrapa Gado de Corte, onde estão sendo testados

diferentes sistemas tradicionais de ILP, em um Latossolo da região do Cerrado (Macedo,

2007).

Tabela 4: Produção animal em pastagens degradada e recuperada e em pastagem de sistemas de

integração lavoura-pecuária num latossolo de Cerrado, Campo Grande, MS.

Fonte: Adaptado MACEDO (2007).

SISTEMA DE USO E PREPARO

DO SOLO

ESPÉCIES

DENSIDADE (ind./m²) RIQUEZA (Nº)

Vegetação Natural 4792 51

Pastagem Contínua 1653 38

Lavoura contínua c/prep. solo 501 4

Lavoura contínua s/prep. solo 827 46

Pastagem – Lavoura c/prep. Solo 616 22

Pastagem – lavoura s/prep. solo 992 21

Lavoura – Pastagem c/prep. solo 1144 26

Lavoura – Pastagem s/prep. Solo 3456 52

Estudos de avaliação socioeconômica precisam incorporar metodologias que

considerem a contabilidade ambiental nos SILPs (Sistemas de Integração Lavoura - Pecuária),

pois estes são alternativas para recuperação de áreas de pastagens degradadas, que somam

extensa porção do território brasileiro. Sua adoção em maior escala poderia ajudar a evitar a

abertura de novas áreas de fronteira, principalmente nas regiões do Cerrado e da Amazônia. A

ILP (Integração Lavoura–Pecuária) permite a intensificação e o aumento da eficiência do uso

28

da terra, proporcionando maiores produções, em menos tempo e em menor área, diminuindo

inclusive as taxas de emissão de gases de efeito estufa por unidade de produto (MACEDO;

ARAÚJO, 2012).

A nova tendência dos SILPs (Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária) é a

incorporação de árvores no sistemas, configurando o que se chama de sistemas de integração

lavoura–pecuária–floresta (ILPF). Trabalhos iniciais ne Embrapa Gado de Leite, efetuados

por Carvalho et al. (1997), onde o objetivo era ajustar forrageiras tropicais que melhor se

adaptassem ao sombreamento, em sistemas silvipastoris, tem evoluído para sistemas

agrossilvipastoris, onde o arranjo das linhas de árvores já leva em consideração o espaço

necessário para o plantio de culturas e seus tratos culturais (SOARES et al., 2009).

A implantação de fábricas de papel e celulose em solos de baixa fertilidade, onde

preponderava a pecuária de corte, no Nordeste do estado de Mato Grosso do Sul, por

exemplo, e outras iniciativas especialmente em Minas Gerais para fornecimento de madeira

para a siderurgia, têm incentivado o plantio de árvores (MACEDO; ARAÚJO, 2012).

Esses cultivos são realizados em fileiras duplas ou triplas, espaçadas de 8 a 14 metros,

dependendo do interesse do proprietário. É importante ressaltar que espaçamentos maiores

que 14 metros favorecem o desenvolvimento da forrageira e consequentemente a produção

animal, produzindo, todavia, menos madeira por área. Os sistemas de ILPF (Integração

Lavoura – Pecuária – Floresta) têm aumentado a possibilidade de integração de florestas com

a agricultura e a pecuária, diversificando a renda do produtor rural (ALMEIDA et al., 2012).

2.4 Forrageiras em sistemas de produção em integração

Com a crescente demanda internacional por produtos agropecuários, associada à maior

preocupação com os impactos ambientais causados pelos sistemas agropecuários, são cada

vez mais requeridas tecnologias que permitam uma melhor eficiência do uso da terra com

menores impactos negativos. O reflexo desta demanda sobre o Brasil, um dos únicos atores

mundiais com capacidade para atendê–la, é a tendência de avanço de lavouras e de florestas

plantadas sobre áreas com pastagens, principalmente, aquelas em algum estágio de

degradação (ALMEIDA et al., 2012).

Nesse sentido, apesar do indicativo de diminuição de áreas com pastagens cultivadas

no Brasil, também há uma tendência de ligeiro aumento do efetivo bovino, como

consequência do aumento na eficiência do uso das pastagens cultivadas remanescentes, por

29

meio de tecnologias mais adequadas, com destaque para os sistemas ILP (Integração

Lavoura–Pecuária) e de ILPF (Integração Lavoura–Pecuária–Floresta) (ALMEIDA et al.,

2012).

De acordo com Almeida et al. (2012), a escolha das forrageiras para o uso em sistemas

de ILPF deve se pautar, primeiramente, na sua tolerância ao sombreamento, tendo em vista

que nesta condição, as forrageiras irão priorizar o crescimento da parte aérea em detrimento

do sistema radicular e retardar o inicio do florescimento. No entanto, quando são sombreadas,

as gramíneas forrageiras tendem a apresentar melhor valor nutritivo, com maior teor de

proteína bruta e digestibilidade da matéria seca.

De modo geral, as gramíneas forrageiras são mais sensíveis ao sombreamento na fase

de estabelecimento do que na fase produtiva, sendo que, para níveis de sombreamento de 30%

a 50%, as gramíneas Brachiaria brizantha (cvs. Marandu, Xaraés e Piatã), Brachiaria

decumbens (cv. Basilisk), Pannicum maximum (cvs. Aruana, Mombaça e Tanzânia) e

Pannicum ssp. (cv. Massai) são consideradas tolerantes e com produção satisfatória em

sistemas de ILPF (Integração Lavoura–Pecuária–Floresta). Desse modo, o estabelecimento de

gramíneas forrageiras a partir do primeiro ano do plantio das árvores tende a ser mais efetivo

do que em sistemas com árvores já desenvolvidas e com maior sombreamento

(ALVARENGA et al., 2012).

A forma de distribuição das árvores é um importante elemento estrutural na ILPF, e

deve ter os seguintes critérios de planejamento: 1) finalidade de produção das árvores; 2)

declividade e face de exposição do terreno; 3) proteção dos demais componentes (cultivos

e\ou rebanhos); 4) conservação da água e do solo (SILVA, 2007).

Estas perguntas são fundamentais para o proprietário planejar bem a implantação das

árvores e considerar os objetivos atuais e futuros com o sistema de ILPF na propriedade rural.

A ILPF será facilitada pela adequada distribuição espacial das árvores no terreno,

fundamentalmente para que oportunize práticas de conservação de solo e água, favoreça o

trânsito de máquinas e atenda aos aspectos comportamentais dos animais de rebanho

(SHARROW, 1998).

Para tanto, o arranjo mais eficaz é o de aléias, onde as árvores são plantadas em faixas

ou renques (compostos de linhas simples ou múltiplas) com espaçamentos amplos entre cada

renque. Essa forma pode ser ajustada de acordo com a prioridade de produtos previamente

estabelecida (SHARROW, 1998).

Os projetos que buscam privilegiar a produção de madeira podem utilizar menor

distância entre os renques (aléias mais estreitas) ou maior número de linhas em cada renque,

30

com maior número de árvores por hectare. Os que preferem a atividade agrícola e/ou,

pecuária utilizam espaçamentos maiores, maior distância entre renques (aléias mais largas) e,

ou menor número de linhas em cada renque. Utilizando os fundamentos da prática de quebra-

ventos convencional, Porfírio-da-Silva (2006b) sugere que uma

faixa de árvores não poderá distar de outra faixa mais do que 10 vezes a sua altura (SILVA,

2007).

De forma geral, as árvores são dispostas na linha em espaçamento de 1,5 m a 4 m ou 3

m x 2 m ou 3 m x 3 m, para linhas simples ou múltiplas, respectivamente, dentro do renque.

Entre os renques, para oportunizar o trânsito de máquinas e equipamentos agrícolas, uma boa

opção é utilizar distâncias iguais às dimensões desses equipamentos acrescidas de dois metros

(Figuras 1 A,B e C)(SILVA, 2007).

Figura 7: Espaçamentos utilizados em ILPF.

Fonte: SILVA, 2006.

O manejo de forrageiras em ILPF (Integração Lavoura–Pecuária–Floresta) deve ser

mais criterioso, ou seja, deve–se evitar a todo custo manter a altura de pastejo abaixo do

recomendado para a forrageira em questão, para permitir maior acúmulo de reservas e

favorecer a rebrotação. Quanto às forrageiras leguminosas, de modo geral, elas tendem a ser

menos tolerantes ao sombreamento do que as gramíneas. Essas espécies têm baixa

persistência em períodos de sombreamento maiores que dois anos. Dentre as medianamente

tolerantes encontram–se : calopogônio (Calopogonium muconoides), centrosema (Pueraria

phaseoloides) (ALMEIDA et al., 2012).

O amendoim forrageiro (Stylosanthes sp.) é considerado como tolerante ao

sombreamento, entretanto, apresenta lento processo de estabelecimento, enquanto os

c b a

31

estilosantes (Stylosanthes sp.) e o siratro (Macroptilium atropurpureum) são considerados de

baixa tolerância ao sombreamento. Portanto, recomenda–se que as leguminosas sejam

utilizadas na fase inicial do sistema de ILPF (Integração Lavoura–Pecuária–Floresta), mesmo

que em monocultivo, visando melhoria da fertilidade do solo, ou em consórcio com

gramíneas, visando a melhoria na qualidade da dieta do rebanho (ALMEIDA et al., 2012).

2.4.1 Uso de forrageiras em ILP

A ILP (Integração Lavoura – Pecuária), com uso de lavouras para a renovação e ou

recuperação de pastagens, é uma tecnologia bem estabelecida (KLUTHCOUSKI et al., 2003).

Na década de 1980 foi desenvolvida uma tecnologia para a recuperação de pastagens

degradadas na região dos cerrados, denominada Sistema Barreirão, que consiste no preparo do

total do solo, com correção e adubação, antes da implantação de culturas de grãos, como

arroz, milho, milheto ou sorgo, em consórcio com gramínes forrageiras perenes,

principalmente, braquiárias e andropógon (ALMEIDA et al., 2012).

Esta tecnologia permite o estabelecimento da pastagem logo após a colheita dos grãos

e a amortização parcial ou total dos investimentos empregados no processo de recuperação,

com a receita proveniente da comercialização dos grãos, culturas com maior custo de

implantação, como milho, possibilitam menor amortização com a recuperação, entretanto, em

decorrência do maior efetivo residual dos fertilizantes, tendem a proporcionar maior

produtividade da pastagem em sequência (ALMEIDA et al., 2012).

Na década de 1990, foi desenvolvida a tecnologia denominada Sistema Santa Fé com

uso de gramíneas forrageiras tropicais em consórcio com culturas anuais, em sistema de

plantio direto ou convencional. Essa tecnologia foi desenvolvida com o objetivo de produzir

forragem na entressafra e ou palhada para o sistema plantio direto no ano agrícola

subsequente. Entretanto, a mesma pode ser utilizada também na recuperação ou renovação de

pastagens (KLUTHCOUSKI et al., 2003).

Tais sistemas são mais intensivos e especializados, tendo usualmente, a lavoura como

objetivo principal, e demandando também forrageiras mais produtivas, como as do gênero

Pannicum. Todavia, gramíneas desse gênero são mais suscetíveis a erros de manejo. Por isso,

geralmente, os produtores preferem forrageiras do gênero Brachiaria, devido à sua maior

facilidade de manejo, tais como: limites mais amplos de alutura de pastejo, maior capacidade

de rebrotação e de cobertura do solo, além de menor formação de touceiras e maior facilidade

de dessecação (KLUTHCOUSKI et al., 2003).

32

Para manter o sistema em condições ótimas, é importante utilizar taxas de semeadura

mais elavadas e combinações de alta intensidade e frequência de pastejo, visando alterar a

densidade populacional de perfilhos, modificando a estrutura das touceiras e favorecendo uma

maior cobertura do solo (KLUTHCOUSKI et al., 2003).

Segundo Almeida et al., 2012, para o uso em sistemas de integração, que apresentam

maior complexidade, nível de intensificação e valor agregado do produto, deve – se fazer,

inicialmente, um diagnóstico das condições do sistema de produção e adotar técnicas

adequadas para estabelecimento e manejo das forrageiras selecionadas, para a obtenção de

resultados compatíveis com o potencial esperado. No estabelecimento, deve ser dada muita

atenção para a escolha da espécie ou cultivar, qualidade da semente, taxa de semeadura, época

e método de semeadura.

Segundo Almeida et al. (2012), na recuperação ou renovação de pastagens degradadas

com uso da agricultura, as culturas podem ser utilizadas apenas no momento inicial, em

monocultivo ou em consórcio com a forrageira que se pretende implantar, ou podem ser

utilizadas em ciclos de dois ou mais anos, de acordo com os objetivos do sistema de

produção, retornando, posteriormente, com a implantação da pastagem.

Durante a fase produtiva ou de manutenção da pastagem, estima – se que, no primeiro

ano do estabelecimento, a produção forrageira e animal sejam, em média, de 30% a 40%

superiores em relação aos três ou quatro anos subsequentes, quando o potencial produtivo não

é limitado por problemas de clima, solo ou manejo animal inadequado. Neste período,

também, são indicados sistemas de integração com lavouras intercalares, para melhorar o

condicionamento da fertilidade do solo e manter a capacidade produtiva da pastagem em

sucessão à cultura (MACEDO, 2001; ZIMMER et al., 2004).

Um aspecto importante que alicerça o cultivo consorciado de culturas anuais e

gramíneas forrageiras perenes é o fato de que as forrageiras apresentam lento acúmulo de

biomassa durante o período em que as culturas anuais sofrem maior interferência por

competição. Em condições favoráveis de solo e clima, entretanto, as gramíneas forrageiras

perenes podem competir com as culturas anuais, diminuindo ou inviabilizando a produção de

grãos e, neste contexto, como forma de amenizar a competição das forrageiras, pode – se

fazer o uso de estratégias como aplicação de subdoses de herbicidas em estágios iniciais de

desenvolvimento da forrageira; realização de semeadura mais profunda da forrageira,

juntamente com o fertilizante; ou semeadura da forrageira após a cultura de grãos estar

estabelecida (ALMEIDA et al., 2012).

33

Estudos realizados em Embrapa Gado de Corte, com várias gramíneas forrageiras

perenes em consórcio com as culturas do milho e do sorgo, implantadas na safra e na safrinha

para a produção de grãos, têm demonstrado que os capins Piatã e Massai apresentam menor

competição com estas culturas, enquanto o capim – Mombaça apresenta maior

competitividade, necessitando do uso de herbicidas em subdosagem (KICHEL et al., 2009).

Nas condições de Cerrado, o consórcio de milho safrinha com braquiárias permite

manter a produção de grãos de milho safrinha e aumentar a produção de palha, buscando

viabilizar o plantio direto de qualidade, em sistemas que adotam a sucessão soja – milho

safrinha. Além disso, têm sido observados, incrementos na produtividade da soja, variando de

3 a 12 sacas/ha, em áreas anteriormente cultivadas com milho e gramíneas forrageiras perenes

(KICHEL et al., 2012).

De acordo com Macedo (2009), sistemas de ILP (Integração Lavoura – Pecuária) que

utilizam a pastagem em sucessão a lavouras, em ciclos de três anos de pastagem após um ano

de lavoura ou de quatro anos de pastagem após quatro anos de lavoura, apresentam maior

produção animal, com o adicional da produção de grãos, além dos efeitos positivos na

qualidade do solo, demonstrando maior eficiência econômica do que sistemas pecuários

extensivos ou que fazem uso de adubação de manutenção e ou de leguminosas.

2.4.2 Uso de forrageiras em ILPF

O Componente arbóreo, por mais tempo de permanência no sistema, e por ter grande

influência na produtividade dos demais componentes (lavoura, forrageira e animal), deve ser

escolhido com muito cuidado, a partir do diagnóstico das condições e dos objetivos do

sistema de produção, assim como a definição da orientação e do arranjo espacial das árvores

(ALMEIDA et al., 2012).

A orientação de árvores deve seguir o nível do terreno, para favorecer a conservação

do solo e da água e, no caso de terrenos com terraceamento, as fileiras de árvores devem ser

implantadas no terço inferior dos terraços. Entretanto, em terrenos planos a suavemente

ondulados, a orientação das fileiras de árvores deve seguir o sentido Leste – Oeste, que

permite maior incidência luminosa no sub–bosque. No caso da necessidade de orientação das

fileiras no sentido Norte–Sul, recomendam – se espaçamentos mais amplos entre fileiras

(ALMEIDA et al., 2012).

Espaçamentos entre fileiras ou renques de árvores podem variar de 9 a 50 metros,

sendo que espaçamentos menores limitam a produção dos demais componentes. Durante o

34

primeiro ano do estabelecimento das árvores, deve–se deixar uma faixa sem vegetação, de um

metro para cada lado da fileira de árvores, por meio de capina manual, mecânica ou química.

Na execução dessas ações, deve–se ter cuidado com a proteção das árvores, para evitar

injúrias. Na fase inicial de desenvolvimento, o efeito das árvores sobre as culturas e

forrageiras é pequeno (ALMEIDA et al., 2012).

A escolha de plantas forrageiras para o uso nestes sistemas está focada na sua

capacidade de adaptação às condições de sombreamento que podem modificar sua

morfofisiologia. A baixa luminosidade promove alterações morfológicas no dossel forrageiro

por meio do aumento da área foliar específica (PACIULLO et al., 2007).

O componente arbóreo pode trazer vantagens aos sistemas de integração pelo

incremento no conteúdo de nitrogênio da gramínea forrageira sombreada, permitindo maiores

ganhos por animal. Entretanto, o crescimento da forrageira pode ser limitado não somente

pela condição de sombreamento excessivo, mas também, como nos sistemas tradicionais, pela

baixa umidade do solo e disponibilidade de nutrientes, principalmente o nitrogênio

(ALMEIDA, 2010).

As principais forrageias cultivadas no Brasil podem ser utilizadas em sistemas de

ILPF, embora não tenham sido selecionadas para esta finalidade específica. Além disso, os

fundamentos do comportamento de forrageiras sob condições de sombreamento são bem

conhecidos, mas estudos sobre interações com outros componentes em sistemas de ILPF são

ainda limitados. Sistemas de ILPF para recuperação e intensificação do uso de pastagens têm

grande potencial de viabilidade, do ponto de vista técnico, ambiental e socioeconômico, frente

às demandas atuais. Estes sistemas, por serem mais complexos, exigem a interação de várias

áreas do conhecimento para estudos mais aprofundados e de longa duração fase inicial de

desenvolvimento, o efeito das árvores sobre as culturas e forrageiras é pequeno (ALMEIDA

et al., 2012).

2.5 Espécies florestais em sistemas de produção em integração

O Brasil apresenta grande potencial para aplicação de sistemas agroflorestais, que

combinam a produção de árvores com outras culturas, bem como os sistemas silvipastoris,

onde se integra a criação de animais com a produção florestal. Ambos os sistemas fazem parte

do conceito abrangente de sistemas de produção agrícola em integração, sendo que os

princípios e as tecnologias aplicadas aos mesmos são perfeitamente aplicáveis aos sistemas

mais complexos de integração lavoura–pecuária–floresta (MELOTTO et al., 2012).

35

Os SAFs e SPPs têm grande variedade de aplicações, servindo tanto para a

recuperação de pastagens em solos de baixa fertilidade para criação extensiva de bovinos de

corte até para produção de forrageiras de inverno em bacias leiteiras de alta produtividade.

Outras formas de uso são, por exemplo, a formação de cercas vivas, banco de proteínas,

sombreamento para os animais em qualquer tipo de estabelecimento rural (MELOTTO et al.,

2012).

Sistemas silvipastoris e agrosilvipastoris são substancialmente mais complexos do que

a pecuária convencional. Neles, o produtor deverá planejar e manejar simultaneamente três

componentes: o gado, as pastagens e as árvores. Além da maior complexidade do sistema, um

dos maiores problemas encontrados nesses empreendimentos é escolha de espécies florestais.

Deve – se buscar aquelas que se adaptem às condições locais, bem como deve ser feito

planejamento cuidadoso para implantação das mesmas, especialmente com relação à sua

distribuição espacial, para otimizar a produção de madeira e o uso da área para pastagem.

(MELOTTO et al., 2012).

De acordo com Melotto (2012), a escolha de espécies florestais adequadas, a utilização

de mudas de boa qualidade e o planejamento criterioso de acordo com os objetivos da

produção e das demandas de mercado, são fatores fundamentais para o sucesso com SAFs

(sistemas agroflorestais) e SSPs (sistema silvipastoris).

As espécies arbóreas podem desempenhar diferentes funções em um sistema ILPF, tais

como produção de madeira, frutos, sementes, resina, látex, óleos e também promover o

incremento da diversidade, da ciclagem de nutrientes, melhoria do microclima para criação

animal, proteção do solo, entre outros serviços ambientais. Entretanto, a produção de madeira,

na maioria das vezes, tem sido a principal justificativa para o plantio de árvores nas

propriedades rurais (NETO; PAIVA, 2010).

A escolha das espécies, as formas de implantação de SAFs (sistemas agroflorestais) e

SSPs (sistema silvipastoris), especialmente relacionadas com o componente florestal e sua

disposição na área e manejo, devem ser feitas de acordo com os objetivos do sistema. No caso

de exploração de madeira, a distribuição das árvores pode afetar grandemente a qualidade da

mesma. Para se aumentar o crescimento em diâmetro de árvores selecionadas, a competição

entre árvores próximas deve ser reduzida à medida que as mesmas crescem (MELOTTO et

al., 2012).

As árvores podem estar distribuídas de modo aleatório ou em espaçamento pré-

determinados, sendo oriundas de novo plantio ou do manejo da regeneração natural. As

árvores podem ser plantadas em uma única linha, ou em linhas com duas ou mais fileiras. O

36

plantio em linhas deve facilitar a entrada de implementos agrícolas. Recomenda–se que

árvores sejam podadas e raleadas à medida que se desenvolvem, para maximizar sua produção

e para manter o desenvolvimento do pasto (MONTOYA et al., 2000).

Para composição de barreiras quebra–vento, naturalmente, as árvores selecionadas

devem ser resistentes aos ventos, às pragas e às doenças, além de terem raízes profundas,

serem de rápido desenvolvimento e frondosas. No delineamento de barreiras quebra–vento, a

estrutura e distribuição espacial dos mesmos devem ser bem planejados para que se alcance o

máximo de benefícios. De modo geral, consider–se que as barreiras quebra–vento protejam

dos ventos até uma distância de cerca de 10 a 20 vezes sua altura. Os quebra ventos devem ser

longos, estendendo–se por pelo menos 20 vezes sua altura e, preferencialmente, estar

conectados a matas e áreas protegidas adjacentes (ABEL et al., 1997; MEDRADO, 2000;

WILKISON; ELEVICH, 2000).

Além da forma de implantação dos sistemas de integração, a escolha das espécies

arbóreas que irão compor os mesmos é um ponto crítico do planejamento de SAFs (sistemas

agroflorestais) e SSPs (sistema silvipastoris). Nessa fase, é imprescindível considerar a

suscetibilidade a doenças e pragas, o potencial invasivo e o efeito deletério que as árvores

poderiam ter sobre a pastagem. Entre os efeitos deletérios, citam–se o excesso de

sombreamento, a deposição excessiva de serapilheira e o efeito alelopático. (MELOTTO et

al., 2012).

A adoção do sistema ILPF promove o sombreamento em áreas de pastagem,

agregando benefícios ao sistema de produção. A esse respeito é importante destacar uma

possível incompatibilidade temporária entre a disponibilidade de pastagem, prioritária para

pecuaristas, e o rápido crescimento inicial das árvores, uma vez que a entrada dos animais na

área está associada à resistência destas contra possíveis danos causados pelos animais (NETO;

PAIVA, 2010).

De acordo com Melotto (2012), existe ainda o risco associado ao plantio de espécies

que possam se tornar economicamente desinteressantes com o passar do tempo. Isso pode

ocorrer com eventuais mudanças no potencial de comercialização de produtos ou até mesmo

devido a eventuais restrições ambientais para exploração dessas espécies.

Visando atender tais demandas, estudos com espécies florestais nativas plantadas em

pastagem vêm sendo conduzidos desde 2004 e já apontaram espécies do Centro – Oeste com

potencial para uso em sistemas silvipastoris, tais como canafístula, cedro rosa, ipês, chico

magro, paricá, baru e louro pardo. Um aspecto positivo da exploração de madeira integrada

com a pecuária é a possibilidade de colheita de acordo com a rentabilidade da floresta em

37

picos de mercado. Nos sistemas agrossilvipastoris, a idade ótima de rotação, intensidade de

desbaste ou escalonamento do corte por talhões pode ser variável, ao contrário das culturas

agrícolas cujas épocas de colheita não podem ser flexibilizadas (MELOTTO et al., 2007).

2.5.1 Espécies nativas

A espécie Canafístula (Peltophorum dubium), também conhecida por Acácia-amarela

ou Cambuí, pode atingir até 20 m de altura e 90 cm de diâmetro à altura do peito (DAP). Uma

grande vantagem econômica da espécie, assemelhando–se ao eucalipto, é que apresenta boa

rebrota do toco pós–corte, permitindo formação de um novo povoamento sem a utilização de

mudas (CARVALHO, 1994). Martins et al. (2007) indicaram a Canafístula para sistemas

silvipastoris, especialmente, pelo rápido crescimento e por ter apresentado índice de

sobrevivência de 100%, em Santa Catarina.

Esta espécie pode ser utilizada tanto para plantios puros quanto em sistemas

silvipastoris, pois a planta apresenta crescimento rápido, atingindo os quatro metros de altura

e cinco centímetros de diâmetro à altura do peito (DAP) aos dez meses de idade, permitindo a

entrada de ovinos na área neste período, uma vez que a canafísula não é palatável para esses

animais (DIAS et al., 2006).

Sua copa pouco densa, seu crescimento retilíneo juntamente com as desramas e os

desbastes planejados permitem que haja bom desenvolvimento de braquiária sob sua copa,

podendo o sistema silvipastoril ser mantido até o momento do corte, com pastejo de gado a

partir do 15º dia mês após o plantio (MELOTTO et al., 2012).

Outro fator positivo apresentado pela canafísula, em sistemas integrados, é a sua

capacidade de fixação de nitrogênio e, consequentemente, incrementar a macrofauna do solo,

aumentando a densidade de insetos sob sua copa (DIAS et al., 2007). Essa espécie pode ser

implantada em pastagens via semeadura direta, ou por mudas (Figura 6), que podem ser

encontradas facilmente devido à grande produção de sementes nas matrizes, fácil germinação

e rápido desenvolvimento em viveiros comerciais (MATTEL e ROSENTHAL, 2002).

38

Figura 8: Muda de canafístula com 30 dias de plantio.

Fonte: MELOTTO (2012).

A espécie Paricá (Schizolobium amazonicum Ducke), também conhecido como pinho

– cuiabano, a árvore pode alcançar entre 15 e 40 m de altura, 0,5 a 1,0 m de DAP e fuste de

até 25 metros. Não tolera baixas temperaturas e prefere regiões de chuvas regulares,

tolerando, porém, secas de até cinco meses (SOUZA et al., 2005; CARVALHO, 2006).

A madeira, por ser considerada mole, apresenta processamento fácil, boa

trabalhabilidade e recebe bom acabamento, mas possui baixa durabilidade natural (COSTA et

al., 2005).

Tonini et al. (2005) verificaram, aos cinco anos de implantação, um incremento médio

anual de 31,3 m³ / hectare / ano, sendo a espécie altamente indicada para SSPs devido às suas

ótimas características silviculturais. Além disso, o paricá apresenta rebrota no toco pós –

corte e índice de sobrevivência no campo de até 97,8% (MARQUES, 1990).

Em sistema silvipastoril com Brachiaria humidicola no Pará, o Paricá atingiu, aos

cinco anos de idade, altura total de 18 m, altura comercial de 13 m e DAP de 0,18 m,

confirmando ser espécie altamente indicada para SSPs. Para tanto, recomenda – se utilizar

densidades de até 700 árvores por hectare (espaçamento 4 m x 4 m), com entrada dos animais

em torno de 15 meses após o plantio, desbastes ao 7º e 11º anos e corte final com 15 anos

(LIMA et al., 2003).

Azevedo et al. (2009) enfatizaram uma combinação promissora para SSPs entre

Schizolobium amazonicum e Brachiaria brizantha cv. Marandu, tanto do ponto de vista

florestal (bom crescimento da espécie) quanto pastoril (alta produtividade e qualidade da

forrageira), com densidades de 600 árvores por hectare e pastejo iniciando–se no segundo ano

da implantação.

39

A espécie Cedro rosa (Cedrella fissilis Vell.), popularmente conhecida com cedro,

cedro rosa e cedro verdadeiro, é uma árvore de porte alto e frondosa. Atinge grande diâmetro

(acima dos 0,5 m) com rápido crescimento, alcançando facilmente 3 m de altura no primeiro

ano (SOUZA et al., 2005).

Há, no entanto, uma restrição aos plantios de cedro, por ser suscetível à broca do

ponteiro (Hypsiphylla grandella), que é de difícil controle e causa danos que resultam na

perda da qualidade da madeira. Para uso em SSPs, recomenda – se que os consórcios sejam

feitos com espécies com potencial repelente de insetos, ou que não permitam a eclosão de

ovos da mariposa, como é o caso do cedro australiano (Toona ciliata), ambas com grande

potencial madeireiro (SOUZA et al., 2005).

De acordo com Melotto et al. (2007), no plantio em pastagens, observaram

crescimento de 0,6 m no primeiro ano. Este crescimento pode ser acelerado se as plantas

forem sombreadas, com outras espécies florestais de crescimento mais rápido, ou seja,

compondo – se um sistema agroflorestal (PAIVA; POGGIANI, 2000).

Foi instalado em 2007, na Embrapa Gado de Corte, um sistema agroflorestal com

cedro rosa nas entrelinhas de feijão guandu em área utilizada para pastagem (Figura 7). Foram

obtidos bons resultados de sobrevivência inicial do cedro, sem registros de ataque da broca

acima citada. Este sistema apresenta a vantagem de possibilitar o uso do feijão guandu como

fonte de proteína para os animais (cortando e fornecendo no cocho) durante o período em que

o porte da espécie florestal ainda não permite a entrada dos animais na área (MELOTTO et

al., 2012).

Figura 9: Sistema agrossilvipastoril com cedro rosa, feijão guandu e pastagem.

Foto: MELOTTO (2012).

40

A espécie Baru (Dipteryx alata Vogel), popularmente conhecido com Baru, cumbaru,

coco – feijão, é uma espécie secundária encontrada no Cerrado e em florestas estacionais,

preferindo solos secos e bem drenados, sendo pouco exigente em fertilidade (CARVALHO,

1994).

Sua madeira é durável e muito pesada, compacta, resistente a fungos e cupins, própria

para construção de estruturas externas como estacas, postes, mourões, obras hidráulicas,

dormentes, bem como para construção civil e naval (ALMEIDA et al., 1998). O crescimento

do baru é de lento a moderado, apresenta boa resposta às adubações com fósforo e nitrogênio,

atingindo sobrevivência acima de 80% em campo (CARVALHO, 1994). Suas folhas, com

boa rebrota após o ramoneio, são forragem para o gado e seus frutos são utilizados na

alimentação humana (ALVARENGA; JORGE, 2008).

Tal demanda por frutos para o consumo humano tem impulsionado o extrativismo,

trazendo a necessidade de implantação de áreas para a produção de frutos. Estas podem ser

estabelecidas em pastagens com sistemas SSPs. Todavia, no momento da colheita, a área deve

ser isolada dos animais, evitando assim o consumo dos frutos. Dessa forma, ressalta–se o uso

múltiplo da espécie, característica muito desejada no componente florestal do sistema

(MELOTTO et al., 2012).

A atual demanda por frutos é suprida por árvores isoladas de baru que foram poupadas

no desmatamento devido ao robusto e profundo sistema radicular que dificultava seu

tombamento. Por isso, diversas árvores são ainda encontradas em pastagens, proporcionando

também sombra aos animais em uma forma muito simples de sistema silvipastoril

(MELOTTO et al., 2012).

Segundo pesquisa realizada por Oliveira (1999), a presença do baru na pastagem de

Brachiaria decumbens aumentou o período de tempo de umidade disponível no solo,

aumentou a disponibilidade de nutrientes para a pastagem e o conteúdo total de nutrientes na

forragem em relação à pastagem em monocultivo. As quantidades de carbono orgânico foram

significativamente maiores sob a copa das árvores (cerca de 50% mais elevadas) em relação a

área aberta. Os teores de nitrogênio no solo sob as copas foi de 18% maior que em área

aberta.

Portanto, o baru tem a posição extremamente favorável para uso em SSPs, tanto pelas

melhorias trazidas à pastagem quanto pela possibilidade de comércio de suas sementes, que

possuem alto valor de mercado e boa aceitação “in natura” ou torradas (NEPOMUCENO,

2006).

41

2.5.2 Espécies exóticas

Tradicionalmente, as espécies florestais mais plantadas no Brasil pertencem ao gênero

Eucalyptus, originário da Austrália, Indonésia e Nova Guiné ,seguidas por outras dos gêneros

Pinus, Acacia e Tectona. De forma geral, as florestas de eucalipto (Eucalyptus sp.) são de

longa duração, sendo alvo de mais de 40 anos de estudos (MELOTTO et al., 2012).

As justificativas para o maior plantio de espécies de Eucalyptus são várias, tais como

adaptação às diferentes condições edafoclimáticas, rápido crescimento, potencial para

produção de madeira para usos múltiplos, disponibilidade de mudas, conhecimento

silvicultural e existência de material genético melhorado. Para composição de sistemas ILPF

estas espécies apresentam potencial, conforme discutido por Neto et al. (2007) e Macedo et

al. (2008).

Todavia, para estes sistemas, outras características das árvores também são

importantes, tais como copa de menor tamanho e densidade, e boa desrama natural. Essas

últimas características podem favorecer a transmissão de radiação sola até o dossel inferior e,

consequentemente, o crescimento e produção das espécies agrícolas e forrageiras. O tamanho

e a densidade da copa podem variar dentro de um mesmo gênero, como do Eucalyptus (Figura

8) e juntamente com o espaçamento de plantio, podem influenciar de maneira expressiva a

cobertura do sola e a transmissão de radiação solar que chega até a sua superfície (PAIVA,

2003).

Figura 10: Vista superior da copa de plantas de E. pellita, E. urophylla e E. camaldulensis, aos 41

meses de idade, nos espaçamentos 3,0 x 1,5 m e 4,0 x 3,0 m, em Três Marias, Minas Gerais.

42

Fonte: Bernardo, 1995.

Os (sistemas silvipastoris) SSPs com eucalipto podem, por exemplo, ter por finalidade

o fornecimento de madeira sólida para fabricação de móveis que, apesar de ser um uso mais

nobre da madeira e por isso ter melhores preços, ainda é pouco explorado no Brasil. Para esse

fim, deve–se buscar mudas de espécies que forneçam madeira adequada, como o Corymbia

citriodora (anteriormente conhecido como E. citriodora), o E. urophyla e o eucalipto híbrido

chamado de urograndis (E. urophyla + E. grandis) (Figura 9) (MELOTTO et al., 2012).

Figura 11: Sitema de ILPF com eucalipto urograndis,em Campo Grande, MS.

Fonte: BUNGENSTAB (2012).

Em sistemas de integração, seja qual for o arranjo, a área e/ou sistema utilizado, se não

houver uma demanda direta de compradores, sugerem–se materiais que possibilitem a

multiplicidade de usos. Deve–se então dar preferência a espécies que possam ser utilizadas e

comercializadas nos mais diversos mercados, tais como madeira serrada, postes para

tratamento, vigas, tábuas. Sempre que possível, deve–se priorizar usos mais nobres, que

agreguem maior valor ao produto gerado no SSP ou ILPF, especialmente pelo fato de que tais

sistemas possuem uma densidade de plantas/hectare reduzida (entre 200 e 600

árvores/hectare) (MELOTTO et al., 2012).

Nos sistemas de integração, as árvores estão dispostas de maneira que não

prejudiquem as práticas agrícolas, além de promover melhores condições de microclima para

os animais. Assim, os arranjos mais indicados são aqueles onde as árvores são plantadas em

renques de linhas simples ou múltiplas (Figura 10 A,B e C) (SILVA, 2006).

43

Figura 12 A,B e C: Sistemas de ILPF com eucaliptos em linha simples (A), linha dupla (B) e linha

tripla (C).

Fonte: MELOTTO (2012).

Além disso, a quantidade e disposição das árvores não deve comprometer a

produtividade de nenhum dos sistemas de produção na integração, uma vez que o cultivo de

espécies agrícolas e/ou forrageiras será realizado nas entrelinhas do componente florestal

(Figuras 11 A,B e C) (FERREIRA et al., 2012).

Figuras 13 A,B e C: Cultivo de milheto (A,B) e feijão guandú (C) nas entrelinhas de eucalipto.

Fotos: BUNGENSTAB (2012).

|As forrageiras Brachiaria brizantha cvs, Marandu (Figura 11) e Piatã (Figura 12)

apresentaram excelente desenvolvimento quando plantadas em sistemas de integração. Com

densidade de até 600 árvores por hectare, obersvou – se redução de menos de 10% na

produção de matéria seca em comparação com pastagem em monocultivo, que pode ser

considerado um bom resultado. Já o capim Massai (Figura 13) (Panicum ssp. cv. Massai)

apresentou produção de matéria seca satisfatória somente em densidades abaixo de 300

árvores por hectare, exigindo maior atenção do produtor para seu uso (FERREIRA et al.,

2012).

44

Figura 14: Sistema silvipastoril experimental em Roda de Nelder com eucalipto (densidade de 150 a

1.300 plantas por hectare) e capim marandú em Ribas do Rio Pardo, MS.

Fonte: MELOTTO (2012).

Figura 15: Sistema silvipastoril experimental em Roda de Nelder com eucalipto (densidade de 150 a

1.300 plantas por hectare) e capim piatã em Ribas do Rio Pardo, MS.

Fonte: MELOTTO (2012).

Figura 16: Sistema silvipastoril experimental em Roda de Nelder com eucalipto (densidade de 150 a

1.300 plantas por hectare) e capim massai em Ribas do Rio Pardo, MS.

Fonte: MELOTTO (2012).

Com relação ao conforto animal, nas densidades entre 400 e 600 árvores por hectare,

observou – se temperaturas maiores durante a madrugada e menores durante a tarde,

amenizando portanto os extremos climáticos. Em média, a umidade relativa sombreada foi de

45

15% maior em comparação à área aberta, beneficiando os animais e a forrageira (PAIVA,

2010).

Ao escolher a espécie para produção de madeira, o produtor deve analisar as

informações acima mencionadas, além de verificar atentamente as oportunidades de marcado,

que podem ser várias, conforme apresentado no quadro 1. Vale sempre lembrar que a escolha

da espécie, preferencialmente, deve recair sobre aquelas que apresentam rápido crescimento

inicial, buscando diminuir o intervalo de tempo entre a implantação do sistema e a presença

de animais (PAIVA, 2010).

Quadro 1: Algumas espécies arbóreas potenciais para plantio em sistemas ILPF e seus principais

usos.

Fonte: PAIVA (2003).

Além do eucalipto (Eucalyptus sp.), outras espécies florestais com potencial para

produção de madeira têm sido utilizadas na composição de sistema ILPF ou sisvipastoril, no

país, conforme apresentado no quadro 2 (PAIVA, 2010).

46

Quadro 2: Espécies florestais utilizadas em sistemas ILPF e silvipastoris, em diferentes regiões do

Brasil.

Fonte: OLIVEIRA (2010).

A espécie Gravílea (Gravillea robusta Cunn), nativa de áreas costeiras subtropicais da

Austrália. Foi introduzida no Brasil ao final do século XVIII, no estado de São Paulo, para

sombreamento de cafezais. Em sistemas silivipastoris (Figura 13) de climas quentes, tem

facilidade de adaptação e rápido crescimento em diversos tipos de solo, suportando bem a

pressão exercida pelo gado (MARTINS; NEVES, 2003; NEPOMUCENO, 2007; LUSTOSA,

2008). Sua madeira é utizada na fabricação de dormentes, painéis compensados e até móveis,

como camas e cadeiras, com boa aceitação do trabalho de usinagem (MELOTTO et al.,

2012).

47

Figura 17: Sombreamento de pastagem e quebra vento

Fonte: MELOTTO (2012).

Silva (1998) constatou que a presença de Gravillea robusta, em pastagens da região

noroeste do Paraná, exerceu influência sobre algumas variáveis microclimáticas como a

temperatura e a umidade do ar e no déficit de pressão de vapor d’ água, trazendo

consequências positivas para o desenvolvimento da pastagem, favorecendo seu crescimento

pelo aumento da sua transpiração, além do conforto térmico animal.

Os efeitos microclimáticos em SSPs com gravílea são consideráveis e foram

observados no Paraná por Silva (1998), ressaltando–se que a implantação de renques alterou

os padrões de incidência solar e de ventos, além dos padrões térmicos e de pressão de vapor

d’ água e fluxo de calor, elevando a temperatura do ar no inverno, reduzindo a degradação dos

pastos e aumentando o conforto térmico animal. À noite a temperatura do ar foi maior no

interior das faixas de árvores e durante o dia foi menor sob a sombra das árvores. Da mesma

forma, o teor de água do solo foi maior nos renques, fornecendo assim, melhores condições

tanto para a forrageira quanto para os animais (ALVARENGA et al., 2011).

Para essa espécie, prefere–se a a formação de áreas com plantio em faixas com linhas

duplas e triplas, evitando–se a utilização de árvores isoladas. Esta postura visa evitar a alta

conicidade e a formação de ramos laterais vigorosos nas árvores isoladas devido à ausência de

competição por luz, o que resulta em perdas de quantidades e qualidade da madeira no

processamento, seja pelo descarte de costaneiras ou pela presença de nós de grandes

proporções (MELOTTO et al., 2012).

Outra espécie utilizada em sistema ILPF é o Cedro australiano (Toona ciliata M.

Roem.), nativa da Austrália ,introduzido no Brasil no final da década de 1980 no sul da Bahia,

onde apresentou rápido crescimento e, desde então, tem se expandido em plantios puros em

48

todo o Brasil. Sua propagação é fácil, no entanto, as sementes são provenientes da Austrália,

de onde a espécie é nativa (ALVES et al., 2012).

Os principais motivos da rápida expansão das áreas plantadas com cedro australiano

são a similaridade da qualidade de sua madeira com o cedro rosa (Cedrella fissilis) e a

tolerância aos ataques da broca Hypsypyla grandella, praga responsável pelo insucesso de

muitos plantios de outras espécies da família Maliacea como o mogno (Swietenia

macrophylla), além do cedro rosa (PAIVA et al., 2007).

É uma espécie de crescimento rápido, sua madeira possui valor pra indústria

moveleira, de laminados e construção civil. Além disso pode ser empregado na contrução de

mobílias de luxo e embarcações, ornamentos de interior, instrumentos musicais, caixas e

engradados, entre outros usos. Relata–se, também, a extração de taninos e de componentes

utilizados na produção de inseticidas, essência para a indústria de perfumaria, cosméticos e

medicamentos (LAMB e BORCHMANN, 1998).

Cardodo (2004) indica o cedro australiano também para sistemas agroflorestais como

agente sombreante para o café. È bem aceito pelos produtores pela fácil condução, alta

rusticiadade da espécie e baixa competição com o café por água e nutrientes.

No Brasil central, plantios de cedro australiano têm sido conduzidos desde 2005 em

Campo Grande–MS (Figura 14). O desenvolvimento tem sido satisfatório, apresentando altura

de cinco metros e DAP de oitos centímetros no segundo ano, além da copa pouco densa e

crescimento extremamente retilíneo, proporcionando incremento volumétrico em torno de 15

m³/hectare/ano (MELOTTO et al., 2012).

Figura 18: Plantio de cedro australiano em Campo Grande, MS em consórcio com abacaxi.

Fonte: MELOTTO (2012).

49

Para uso em SSPs e ILPF, indica–se o plantio em faixas com com linhas duplas ou

triplas espaçadas pelo menos 15 m entre si, com desbastes programados visando redução da

competição entre plantas e melhoria da qualidade da madeira. Como a planta prefere solos

férteis, esta condição pode acelerar seu crescimento inicial, podendo o produtor conduzir

agricultura no ano de implantação e, já no segundo ano, formar a pastagem entre as faixas

(MELOTTO et al., 2012).

De acordo com Melotto et al. (2012), a espécie Acácia magium (Acacia mangium

Wild.), nativa da parte noroeste da Austrália, de Papua Nova Guiné e do oeste da Indonésia

,tem sido plantada amplamente com propósitos comerciais, no Brasil, estima–se que existam

cerca de 10.000 hectares plantados para produção de celulose e energia. A madeira é usada,

também, na produção de celulose, movelaria, adesivos, além de ser usada na silvicultura

urbana, na recuperação de áreas degradadas e como corta fogo, sendo também uma espécie

melífera. Uma vantagem silvicultural da acácia é a simbiose com bactérias do gênero

Rhizobium, que fixam o nitrogênio no solo (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1983).

Sua capacidade de fixar nitrogênio a torna uma opção de elevado potencial para

plantios consorciados, tanto com culturas perenes como com cultivos anuais, pois as plantas

ao ser redor poderão se beneficiar do nutriente. A associação com cultivos ocorre,

principalmente, nos primeiros três anos de desenvolvimento, onde a árvores, por sua vez,

aproveita parcialmente a fertilização de cultivos (MELOTTO et al., 2012).

Deve–se atentar para o fato desta espécie apresentar potencial forrageiro, com

probabilidade do gado alimentar–se de suas folhas, em especial na estação seca. Além disso,

nos esquemas de plantio onde as árvores permaneçam excessivamente expostas ao vento

poderá haver elevada incidência de árvores danificadas, pois sua copa é densa e apresenta

bifurcaçãoes, tornando–as mais suscetíveis a rachaduras e quedas (Figura 15) (MELOTTO et

al., 2012).

50

Figura 19: Plantio de Acacia mangium com árvores danificadas pela ação do vento em Campo

Grande, MS.

Fonte: MELOTTO (2012).

A espécie florestal Nim (Azadirachta indica A. Juss), também chamanda de margosa,

é uma planta de origem asiáticas natural de Burna e das regiões áridas do subcontinente

indiano. Possui crescimento rápido, atingindo normalmente 10 a 15 m de altura e alcaçando

até 2,5 m com um ano e 8 m de altura com cinco anos (NEVES et al., 2003).

A madeira do nim é dura, relativamente pesada, muito utilizada na confecção de

carretas, ferramentas e implementos agrícolas, pois apresenta resistência ao ataque de cupins e

ao apodrecimento. Seu cerne é rico em tanino e sais inorgânicos de cálcio, potássio e ferro. O

manejo adequado do estande em floresta pura pode propiciar rendimentos de madeira de alta

qualidade de até 15 m³/hectare/ano até o quarto ano de idade e 40 m³/hectare/ano aos dez anos

(NEVES et al., 2003).

O nim pode ser usado estrategicamente com quebra–vento e, em área de poucas

chuvas e ventos fortes, protege culturas da dessecação. Segundo Benge (1988), na Nigéria, o

nim é usado com quebra–vento em plantações de milho, resultando em 20% de aumento na

produção de grãos. Quanto aos produtos da árvore, a aplicação do óleo de nim a 0,6% no solo

é uma boa alternativa ao uso de inseticidas químicos (DELEITO e BORJA, 2008).

51

O clima e os solos do cerrado são adequados para o desenvolvimento e exploração

comercial da espécie (NEVES et al., 2005), sejam em plantios puros ou em sistemas

silvipastoris. A espécie pode ser plantada em áreas de agricultura com posterior formação de

pastagens, atingindo até 3 m de altura já no final do primeiro ano de plantio, dependendo dos

tratos culturais e do nível tecnológico empregado. No entanto, deve–se evitar a implantação

de árvores isoladas nas pastagens, preferindo–se as faixas puras intercaladas com outras

espécies de crescimento similar, como eucalipto citriodora (VILELA et al., 2011).

Melotto et al. (2012), recomenda o plantio em sedes, praças de alimentação,

corredores e ao lado de mangueiros, pois sua copa densa e ovalada fornece sombra de

qualidade e em abundância. (Figuras 16 e 17)

Figura 20: Plantio de Nim em forma de barreira quebra vento para confinamento no Centro–Oeste

brasileiro.

Fonte: FERREIRA (2012).

Figura 21: Plantio de Nim em forma de barreira quebra vento para confinamento no Centro – Oeste

brasileiro.

Fonte: FERREIRA (2012).

52

Nos últimos 40 anos o setor florestal brasileiro desenvolveu–se com base nas espécies

exóticas dos gêneros Pinnus e Eucalyptus. Entretanto, a Tectona grandis, nativa das zonas

úmidas do subcontinente e do sudeste Asiático, popularmente conhecida como teca (Figura

18), em algumas regiões, vêm também se destacando pela produtividade e qualidade de sua

madeira. O mercado brasileiro tem apresentado grande potencial de consumo dessa madeira

(MELOTTO et al., 2012).

Figura 22: Plantio de Teca (Tectonas grandis L.f.) na região de Cuiabá, MT.

Fonte: MELOTTO (2012).

A Teca produz madeira de excelente qualidade, valorizada pela beleza, resistência e

durabilidade. Tem grande procura no mercado mundial, podendo alcançar preções até três

vezes superiores aos do mogno (Swietenia macrophylla), sendo utilizada na produção de

móveis, decoração, esquadrias de alto padrão e embercações (ALVARENGA et al., 2011).

A Teca é indicada para sistemas ILPF na região Norte e Sudeste do Brasil (Figura 19),

especialmente pelo seu crescimento moderado e alta qualidade da madeira. Nos sistemas de

integração com pecuária, os plantios mais espaçados (12 m x 2,5 m) não demonstraram

prejuízos à produtividade e/ou qualidade da madeira, evidenciando que os pontos fortes da

espécie são mantidos quando em integração com pastagens. Neste caso, a entrada do gado

poderá ocorrer por volta do terceiro ano após o plantio, podendo permanecer na área até o

momento do corte final, que no Brasil ocorre em torno do 15º ano após o plantio (MELOTTO

et al., 2012).

53

Figura 23: Plantio de Teca (Tectonas grandis L.f.) em sistema ILPF no Mato Grosso.

Fonte: MELOTTO (2012).

Recentemente o uso de SSPs com teca foi beneficiado pela abertura de mercado para

madeiro de teca jovem, colhida entre o 5º e 9º ano após o plantio. Essa colheita é feita por

desbaste de parte das árvores da povoação (Figura 20), favorecendo a entrada de luz no

sistema e consequentemente permitindo o melhor desenvolvimento da forrageira para

pastagem (VILELA et al., 2011).

Figura 24: Madeira obtida de desbate de teca.

Fonte: MELOTTO (2012).

2.6 O componente animal em sistemas de produção em integração

O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina no mundo com

aproximadamente dois terços do rebanho bovino localizado em zona intertropical e sistemas

de produção quase que exclusivamente dependentes das pastagens (FERRAZ; FELICIO,

54

2010). A bovinocultura de corte tem grande peso na economia do país e, em muitos estados, é

a principal atividade agropecuária (GOLONI; MOITA, 2010).

Boa parte das áreas de pastagem, especialmente no Brasil central, encontram – se sob

condições climáticas que determinam estresse térmico calórico em graus mediano e severo, no

período de outubro até março (SILVA, 2003) (Figura 21). Neste cenário, como o conforto

térmico integra o conceito de bem estar animal, e este último, por sua vez, pode influenciar no

desempenho animal, o principal e mais importante fator a ser contornado em países tropicais é

o efeito do clima, evitando – se que os animais sofram com o excessivo ganho de calor

proveniente do ambiente (PIRES et al., 2010).

Figura 25: Bovinos em busca de sombra em sistema extensivo tradicional no Centro – Oeste

brasileiro.

Fonte: BUNGENSTAB, (2012).

Segundo Pires et al. (2010), em pastagens sem sombra, mudanças nos tempos de

pastejo e ruminação, movimentação excessiva do rebanho, animais deitados por longos

períodos, agrupamento nos extremos do piquete e ingestão frequente de água, podem ser

sinais de estresse calórico.

Apesar de ser considerada uma ideia inovadora, desde a antiguidade, animais em

pastagens sob bosques são mantidos em diferentes arranjos e regiões geográficas. Ao longo

dos anos, porém, os sistemas integrados caíram em desuso, principalmente os sistemas

monoespecíficos (BALBINO et al., 2011). No Brasil, a introdução dos sistemas ILPF deu–se

no início do século passado, até hoje ainda são pouco utilizados, mesmo diante de evidências

55

de que árvores são fundamentais para a melhoria da ambiência, principalmente em ambientes

tropicais (MOTA, 2010).

Assim, o uso de sistemas de produção em integração com árvores pode contribuir para

minimizar os impactos sobre os animais, sejam eles produtores de carne ou leite. Ademais,

sua importância para o chamado desenvolvimento sustentável é clara, pois combinam

produção (alimentos, madeira, lenha, forragem, fibras), conversão dos recursos naturais

(solos, água, áreas florestais, biodiversidade) e serviços ambientais (sequestro de carbono)

(DUBOC et al., 2007).

Com isso, os sistemas ILPF agregam bem estar animal à efetiva recuperação de áreas

degradadas e têm potencial para redução da exploração de áreas nativas para fins agrícolas,

que são questões de difícil solução nos sistemas de produção extensivos convencionais

(DUBOC et al., 2007).

Sob manejo adequado, os sistemas de produção em integração promovem melhorias

diretas e/ou indiretas de ordem zootécnica e ambiental. Notórias também são as melhorias na

qualidade das gramíneas em alguns destes sistemas, resultantes do sombreamento e da maior

disponibilidade de nutrientes no solo que, associadas ao maior conforto térmico dos animais,

sinalizam a possibilidade de aumento no consumo de forragem e no ganho individual (Figura

22) (ALVES, 2012).

Figura 26: Bovinos à sombra em sistema de ILPF.

Fonte: BUNGENSTAB (2012).

As árvores, por serem o componente mais longevo do sistema e definirem condições

microclimáticas no sub – bosque, são sempre alvo de atenção destacada, pouco se enfatizando

outros componentes, como o animal (SILVA; BARRO, 2005). Para este, o principal efeito da

presença de árvores é, sem dúvida, a melhoria das condições ambientais e, por consequência,

56

principalmente, da maior oferta de sombra e redução da temperatura e umidade, resultando

em aumento da produtividade e reprodução de ruminantes em ambientes tropicais

(CAMERON et al., 1989).

De fato o componente arbóreo exerce efeitos benéficos no microclima das pastagens

ao atuar diretamente na redução da incidência de radiação solar e no balanço energético do

sistema, com modificações da temperatura e umidade do ar, diretamente relacionadas com a

qualidade ambiental e com o conforto térmico (BUENO, 1998; SOUZA et al., 2010;

BALISCEI, 2011).

A região central do Brasil, também denominado “Brasil pecuário”, é a que recebe

maior incidência de radiação solar durante as estações secas, particularmente entre os meses

de julho e setembro, quando a precipitação é baixa e o número de dias com céu claro, com

poucas nuvens, é maior (MARTINS et al., 2007). Esta condição pode ser considerada uma

grande vantagem em termos do crescimento de árvores e pastagens, porém, diminui o

conforto térmico de animais criados a céu aberto, sendo necessários abrigos como medida de

proteção contra a radiação solar excessiva (SILVA, 2006; GLASER, 2008).

Ao modificarem a superfície onde estão instalados, os sistemas ILPF alteram a

transferência de radiação solar por meio do sombreamento (restringindo a incidência de

radiação) e da reflexão de radiação pelas copas das árvores (SILVA et al., 2004). Ainda são

escassas as informações sobre o desempenho animal em sistemas de integração com árvores,

e pouco de sabe sobre os efeitos que a provisão de sombra acarreta sobre os animais (ALVES,

2012).

Souza et al., (2010), ao avaliarem novilhas aneloradas sob sistema de ILPF com

eucalipto, verificaram que os animais permaneceram, em média, 47% do tempo disponível

sob a sombra das árvores. Também, Ferreira (2010), ao avaliar as respostas fisiológicas e

comportamentais de bovinos leiteiros mestiços no Centro–Oeste brasileiro, submetidos a

diferentes ofertas de sombra, observou que os animais passaram até 57% do tempo de

permanência nos piquetes à sombra.

Leme et al., (2005) observaram que vacas mestiças Holandês x Zebu, em pastagem de

Brachiaria decumbens sob sistema silvopastoril, permaneceram 68,6% do tempo disponível

sob sombra em contrapartida a 31,4% sob sol, em situações em que o Índice de Temperatura e

Umidade (ITU), indicador de conforto térmico, atingiu valor médio (76,3) superior ao limite

de termoneutralidade. Mesmo sendo os benefícios da sombra mais aparente em Bos taurus

taurus do que em Bos taurus indicus, ambos se beneficiam da presença da mesma (Figuras 24

e 25) (ALVARENGA et al., 2011).

57

Navarini et al., (2009), ao avaliarem o conforto térmico em animais Nelore em

condições tropicais, também concluíram que animais em pastagens são submetidos a

condições de desconforto térmico e que o uso de árvores formando pequenos bosques

proporciona ambiente térmico mais confortável. Os mesmos autores ressaltam que o estresse

térmico, provavelmente, não geraria nenhum problema de ordem fisiológica em animais

saudáveis, mas poderia acarretar redução na taxa de ganho de peso dos mesmos.

Situações de maior ou menor conforto térmico alteram o comportamento animal,

principalmente o ingestivo, com vistas a maximizar a dissipação de calor (ALVES, 2012).

Ferreira (2010). Observou que o tempo de pastejo está correlacionado negativamente com a

temperatura ambiente, e que animais sem acesso à sombra diminuem o tempo de ruminação.

Oliveira et al., (2012) avaliaram o comportamento animal em três sistemas integrados (dois

com árvores), em Mato Grosso do Sul, e observaram que os animais dedicaram maior tempo

pastejando na sombra.

Em condições de Cerrado, Carvalho et al., (2011) relataram que sistemas de ILPF com

eucalipto apresentaram menor temperatura e velocidade do vento, bem como maior umidade

relativa do ar, quando comparados àqueles sem árvores, indicando melhores condições

microclimáticas para bovinos em pastejo.

A gama de espécies arbóreas com potencial de utilização no Brasil é ampla, mas

pouco ainda se sabe a respeito das características de crescimento e conformação de copas

favoráveis à integração, principalmente com enfoque na ambiência animal (CASTRO et al.,

2008). Mesmo sem informações técnicas mais detalhadas, o rápido crescimento, a vasta

diversidade de espécies além da elevada capacidade de adaptação às condições de solo e

clima das diferentes regiões fez com que as espécies arbóreas mais utilizadas no Brasil sejam

dos gêneros Eucalyptus e Corymbia (ELDRIDGE et al., 1993).

Em relação à complexidade de interações entre os componentes presentes, os sistemas

ILPF podem ser classificados em: provisórios ou eventuais, nos quais a inserção da pecuária

na exploração arbórea ou agrícola (ou vice–versa) dá–se em algum momento do processo; e

verdadeiros ou permanentes, em que a coexistência e associação de pastagem–pecuária–

floresta ou lavoura–pastagem–pecuária–floresta é prevista desde o planejamento do sistema

(VEIGA, 1991).

No primeiro caso, o foco principal concentra–se geralmente em um componente do

sistema (obtenção de madeira, por exemplo), sendo os outros tidos como componente

secundário de renda (animal, por exemplo). No segundo, a intrínseca sinergia entre

58

forrageira–animal–árvore faz com que não haja ênfase produtiva em cada um dos fatores

separadamente, mas que os mesmos se complementem (ALVES, 2012).

Em um contexto amplo, a definição do componente animal dentro do sistema deve ser

baseada na tradição e disponibilidade da região e/ou produtor, bem como seguir o manejo

nutricional, sanitário e reprodutivo recomendados em função da espécie, raça, categoria

animal, sistema de produção, taxa de lotação e modalidade de pastejo desejados (Figuras 23 e

24) (VILELA et al., 2011).

Figura 27: Animais nelores em sistema ILPF com eucalipto e capim piatã, no período chuvoso.

Fonte: BUNGENSTAB (2012).

Figura 28: Animais nelores em sistema ILPF com eucalipto e capim piatã, no período seco.

Fonte: BUNGENSTAB (2012).

Os animais são, portanto, produto e ferramenta de manejo, pois, dentro de uma visão

integrada do sistema, desempenham importante papel na manutenção de menor

competitividade do sub–bosque com o componente arbóreo, em função do consumo da

59

forragem (ALVES, 2012). Também aceleram a ciclagem de nutrientes, por meio do retorno

de fezes e urina ao solo em compostos mais facilmente mineralizáveis, e antecipam o retorno

de capital investido, quando comparados à monocultura florestal, entre outros (SILVA, 2009;

GARCIA et al., 2010).

O sistema ILPF é capaz de atender a dois conceitos muito atuais na pecuária moderna–

“agronegócio responsável” e “sustentabilidade”–, agregando características de eficiência

produtiva e econômica, boas práticas de produção e serviços ambientais. Nos sistemas com

inclusão do componente arbóreo, tem–se particularmente benefícios decorrentes do melhor

bem estar animal, fato este que pode se traduzir em maior desempenho produtivo e

reprodutivo (ALVES, 2012).

2.7 Benefícios e contribuições dos sistemas de produção em integração

O sistema ILPF é “um sistema de manejo sustentado da terra que aumenta o seu

rendimento, combinando a produção de plantas florestais com cultivos agrícolas e/ou animais,

simultânea ou consecutivamente, de forma deliberada, na mesma unidade de terreno,

envolvendo práticas de manejo em consonância com a população local” (MEDRADO, 2000).

Conforme explicam Balbino et al., (2011), a integração lavoura–pecuária–floresta

(ILPF) envolve sistemas produtivos diversificados (que contemplam a produção de alimentos,

fibras, energia, produtos madeireiros e não madeireiros), de origem vegetal e animal,

realizados para otimizar os ciclos biológicos das plantas e dos animais, bem como dos

insumos e seus respectivos resíduos.

A ILPF pode contribuir para a recuperação de áreas degradadas, manutenção e

reconstituição da cobertura florestal, promoção e geração de empregos e renda, adequação da

unidade produtiva à legislação ambiental (manutenção de Áreas de Preservação Permanente-

APP; Áreas de Reserva Legal-ARL) e valorização de serviços ambientais, tais como:

conservação dos recursos hídricos e edáficos, abrigo para os agentes polinizadores e de

controle natural de insetos–praga e doenças, fixação de carbono, redução da emissão de gases

de efeito estufa, reciclagem de nutrientes e biorremediação do solo (Balbino et al., 2011).

A intensificação da produção observada em sistemas ILPF acarreta diversos benefícios

ao produtor e ao meio ambiente, ou seja: melhora as condições físicas, químicas e biológicas

do solo, aumenta a ciclagem e a eficiência na utilização dos nutrientes, reduz custos de

produção da atividade agrícola e pecuária, diversifica e estabiliza a renda na propriedade rural

e viabiliza a recuperação de áreas com pastagens degradadas (ALVARENGA et al., 2010).

60

O desenvolvimento de agroecossitemas com características de ecossistemas naturais,

tornando–os mais estáveis e diversificados, é, portanto, de grande relevância. A ILPF é uma

estratégia promissora capaz de conciliar ecoeficiência com desenvolvimento

socioesconômico, reunindo esforços entre setores públicos e privados. Em síntese, a ILPF

compatibiliza os itens anteriormente mencionados, aliando aumento de produtividade com

conservação de recursos naturais (BALBINO et al., 2011).

Os principais benefícios são enumerados por Balbino et al. (2011): melhoria dos

atributos físicos, químicos e biológicos do solo devido ao aumento da matéria orgânica do

solo; redução de perdas de produtividade na ocorrência de veranicos, quando associado de

correção da fertilidade do solo e ao SPD; minimização da ocorrência de doenças e plantas

daninhas; aumento do bem–estar animal em decorrência do maior conforto térmico; maior

eficiência na utilização de insumos e ampliação do balanço positivo de energia e possiblidade

de aplicação em diversos sistemas e unidades de produção (grandes, médias e pequenas

propriedades rurais). Além dessas vantagens, há maior eficiência na utilização de máquinas,

equipamentos e mão de obra (KICHEL; MIRANDA, 2001).

A ILP é descrita como a diversificação, rotação, consorciação e/ou sucessão das

atividades de agricultura e de pecuária dentro da propriedade rural, de forma harmônica,

constituindo um mesmo sistema, de tal maneira que haja benefícios para ambas (VILELA et

al. 2001). A ILP possibilita que o solo seja explorado economicamente durante todo o ano,

favorecendo o aumento na oferta de grãos, de carne e de leite a um custo mais baixo, devido

ao sinergismo entre lavoura e pastagem. (ALVARENGA e NOCE, 2005).

O aumento de produtividade dos componentes lavoura e animal em sistemas de ILPF é

resultante da interação de vários fatores e, muitas vezes, de difícil separação. Além da

melhoria das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, a quebra de ciclos biológicos

deletérios (pragas e doenças) contribui para aumentar a produtividade do sistema. A redução

do uso de agroquímicos em razão da quebra dos ciclos de pragas, doenças e plantas daninhas

é outro benefício potencial ao meio ambiente dos sistemas mistos, como a ILP (VILELA et

al., 2008).

As fazendas que adotam a rotação lavoura pasto na ILPF como estratégia de produção

agrícola na região do cerrado podem se beneficiar da melhor estabilidade de produção de

forragem para alimentar o rebanho durante o ano todo. No período das chuvas, as pastagens

são mais produtivas, em virtude da melhoria da fertilidade do solo pelas lavouras. No período

da seca, além da palhada e dos subprodutos de colheita, os pastos recém–estabelecidos

permanecem verdes e com qualidade e quantidade para conferir ganhos de peso positivos, ao

61

invés de perda de peso, comum neste período do ano, na maioria das fazendas do cerrado

(VILELA et al., 2011).

Dados de Vilela et al. (2008), citados na Tabela 4, evidenciam o benefício da

pastagem no rendimento de grãos de soja depois de um ciclo de três anos de pasto de

Brachiaria brizantha cv. Marandú, que foi 17% superior ao obtido no sistema de lavoura

contínua. Ressalta – se,, ainda, que esse maior rendimento de grãos foi obtido em área que

recebeu menores quantidades de fertilizantes, em média 45% a menos, durante os 17 anos de

cultivo, com consequente economia no uso de fertilizantes e redução nos custos de produção.

Tabela 4: Rendimento de soja em dois sistemas de cultivo (lavoura contínua–LC e rotação lavoura-

pasto-lavoura- LPL) submetidos a dois sistemas de plantio em Latossolo Vermelho, textura argilosa.

Planaltina, DF.

Fonte: Vilela et al. (2008).

Safra Sistema de Plantio

2004/2005 – 2006/2007 2007/2008 Convencional Direto

Soja – sorgo – soja (LC) Soja 3.079 3.061

Brachiaria brizantha (LPL) Soja 3.540 3.571

Média 3.310 3.324

Neste mesmo experimento, avaliou–se o desempenho animal em pastagem degradada

e após o cultivo de soja (Figura 25), observando–se que, no período das chuvas, o ganho de

peso foi de 6883 kg/hectare de peso vivo (VILELA et al., 2008).

Figura 29: Ganhos de peso vivo de bovinos em recria em duas pastagens de Brachiaria brizantha cv.

Marandú, antes da semeadura da soja em 2007. Antes da semeadura do pasto a área foi cultivada com

soja e milheto nas safras de 1999 a 2003. Período de pastejo de 134 dias na estaão das chuvas de

2006/2007. Planaltina, DF.

Fonte: VILELA et al. (2008).

Estudo realizado em 1995 na região centro–sul do Paraná mostrou que o principal

entrave para a adoção do sistema ILP pode ser a compactação do solo, em virtude do pisoteio

62

animal (MORAES et al., 2002). Pesquisas conduzidas no subtrópico brasileiro indicam que,

do ponto de vista das propriedades físicas do solo, não ocorre qualquer restrição para o

desenvolvimento das culturas subsequentes, desde que não haja elevada intensidade de

pastejo (CARVALHO et al., 2010). Se a lotação da área de pastagem for moderada, em geral,

ocorre leve adensamento do solo, o que não compromete o desenvolvimento vegetal, pois a

porosidade não é afetada (MORAES; LUSTOSA, 1997).

Quanto às propriedades químicas do solo, assim como observado no SPD, o pastejo

pode causar melhoria na fertilidade do solo, em razão do acúmulo de matéria orgânica, da

alteração na ciclagem de nutrientes (FLORES et al., 2008), da melhoria na eficiência de

absorção de nutrientes (LUSTOSA, 1998; CARVALHO et al., 2010).

Para o componente pecuário, a ILPF proporciona microclima favorável ao aumento do

índice de conforto térmico com presença dos animais na sombra das árvores, ao contrátio da

exposição à insolação direta ou às baixas temperaturas do inverno. Este benefício torna–se

muito importante por produzir reflexos positivos sobre a produtividade e a reprodução anima

(SILVA et al., 2001).

Conforme afirma Nicodemo et al. (2004), os sitemas silvipastoris combinam espécies

lenhosas ao sistema de produção animal, em alguma forma de arranjo temporal ou espacial,

sendo ferramentas importantes do desenvolvimento sustentável, já que combinam produção

com a conservação dos recursos naturais. A implantação e o manejo de sistemas silvipastoris

são mais complexos, comparados aos sistemas pecuários convencionais, mas, ainda assim,

podem representar um significativo aporte de recursos, aumentando a resiliência dos sistemas

de produção.

Entretanto, a presença das árvores gera uma alteração na produção forrageira em

sistemas de ILPF. Oliveira et al. (2007) observaram que a forragem disponível de Brachiaria

brizantha foi sempre maior na entrelinha de plantio, independente do arranjo de plantio do

eucalipto em sistema agrossilvipastoril.

Destacam–se como benefícios econômicos e sociais da ILPF (BALBINO et al., 2011):

incremento da produção anual de fibras; biocombustíveis e biomassa; aumento da

competitividade das cadeias de produtos de origem vegetal e animal nos mercados nacional e

internacional; aumento da produtividade e da qualidade do leite e redução da sazonalidade de

produção; aumento da oferta de alimentos de qualidade; melhoria da imagem da produção

agropecuária e dos produtores brasileiros, pois concilia atividade produtiva e preservação do

meio ambiente; aumento da competitividade do agronegócio brasileiro; maiores vantagens

63

comparativas na inserção das questões ambientais nas discussões e negoniações da

Organização Mundial do Comércio (OMC).

Segundo Balbino et al. (2011), têm–se benefícios econômicos e sócias a redução de

riscos em razão de melhorias nas condições de produção e da diversificação de atividades

comerciais; possibilidade de novos arranjos de uso da terra, com exploração das

especialidades e habilidades dos diferentes atores, tais como arrendatários e proprietários;

melhoria da qualidade de vida do produtor e da sua família; possibilidade de o sistema ser

empregado por qualquer produtor rural , independente do porte da propriedade; fixação e

ampliação da inserção social pela menor distribuição de renda e maior geração de empregos

no campo; aumento da renda do produtor rural e redução no processo migratório para cidades.

Martha Júnior et al. (2010) estudaram a dimensão econômica estudaram a dimensão

econômica de sistemas de ILP demonstrando que nos cenários testados os sistemas integrados

foram competitivos com os sistemas especializados de pecuária, mas perderam em com os

sistemas especializados em soja. Igualmente, Macedo et al. (2001) demonstraram ganhos de

eficiência agronômica e econômica, por meio de aumentos de produtividade e diminuição de

custos, em um sistema misto de ILP em experimento da Embrapa Gado de Corte, em Campo

Grande, MS.

Macedo et al. (2010) enfatizaram que para analisar a viabilidade econômica de

projetos agroflorestais, ou seja, sistemas de ILPF, são usados os indicadores Valor Presente

Líquido (VPL), Valor Esperado da Terra (VET), Benfício–custo Periódico (B - CPE), Taxa

Interna de Retorno (TIR) e relação Benefício Custo (B/C). Segundo os autores, estudos sobre

viabilidade econômica de sistemas agroflorestais ou sobre ILPF variados estão disponíveis na

literatura, denotando–se a preocupação dos pesquisadores não só com a questão social e

ecológica, mas também com relação à lucratividade.

Mais especificamente, Cordeiro (2010) avaliou dois sistemas integrados de produção,

silvipastoril e agrossilvipastoril, comparados ao monocultivo de produção florestal com

eucalipto para produção de carvão. Os sistemas integrados foram viáveis economicamente,

com destaque para a agregação de valor da madeira para serraria nos dois sistemas, quando

comparados ao monocultivo para carvão vegetal.

Conforme concluiu Rodigheri (1998), os indicadores econômicos dos cultivos

florestais solteiros e/ou em sistemas agroflorestais apresentaram maiores rentabilidades do

que as rotações anuais de feijão–milho e soja–trigo. Comparativamente aos cultivos anuais de

feijão, milho, soja e trigo solteiros, os sistemas agroflorestais, além da maior rentabilidade

64

econômica, viabilizaram a produção simultânea de madeira e alimentos e aumentam o

emprego e a renda nas propriedades rurais.

Resultados semelhantes foram apresentados por Dossa e Montoya Vilcahuaman

(2001), os quais mostram que o componente florestal na propriedade rural é viável

economicamente e que é tão competitivo quanto às atividades de grãos e pecuária. A

integração entre grãos, animais e florestas propicia menores riscos de clima e de mercado no

médio e longo prazo, tornando–se uma alternativa interessante para aumentar a renda das

propriedades rurais.

Alguns estudos avaliaram a diminuição da erosão, a contribuição econômica

(RIBEIRO et al., 2007), a viabilidade econômica (SOUZA et al., 2007) e a análise de

investimento sob situação de risco (COELHO JUNIOR et al., 2008) de um sistema

agrossilvipastoril sequencial composto por clones de eucalipto estabelecido em consórcio com

arroz no primeiro ano, seguido de soja no segundo ano.

Após a colheita da soja iniciou–se a formação de pastagem de Brachiaria brizantha,

sendo os anos consecutivos dedicados à produção de pecuária de corte. Os resultados indicam,

de maneira geral, baixo risco de investimento e alta viabilidade econômica do sistema, devido

mais à atividade florestal e à pecuária do que aos cultivos anuais (RIBEIRO et al., 2007).

Considerando–se o mercado ilimitado e potencial, nacional e internacional, para a

comercialização de madeira, o plantio de espécies arbóreas em pastagens aumentaria

consideravelmente o retorno econômico em longo prazo e justificaria incentivos e subsídios

de curto prazo que ajudariam a estabelecer pastagens melhoradas (MACEDO et al., 2010).

Souza et al. (2007) ressaltam que em sistemas integrados agroflorestais para diversos

ciclos compostos por eucalipto, culturas anuais e pecuária, a idade ótima de corte do

componente florestal foi aos 8 anos para o sítio menos produtivo e aos 6 anos para o sítio

mais produtivo. Os sítios mais produtivos proporcionaram maior lucro e menos tempo de

imobilização do capital. Neste trabalho, houve aumento significativo na viabilidade

econômica do sistema agroflorestal à medida que se agregou valor aos produtos. O sistema

agroflorestal à medida que se agregou valor aos produtos. O sistema começou a ser viável

economicamente a partir do uso de, pelo menos 16% da madeira para serraria.

As áreas consideradas impróprias para a agricultura ou pastagem em estádio inicial de

degradação podem ser utilizadas e recuperadas por meio de sistemas silvipastoris. Na região

Amazônica, por exemplo, a combinação de cultura de milho, paricá (Schizolobium

amazonicum) e Brachiaria brizantha para a recuperação de pastagens degradadas foi

65

considerada viável, e a produção de milho nos três anos iniciais de estabelecimento do sistema

reduziu os custos totais em 70% (Nicodemo et al., 2004).

Como principais benefícios ecológicos e ambientais, Balbino et al. (2011) apresentam:

redução da pressão para a abertura de novas áreas; melhoria na utilização dos recursos

naturais pela complementaridade e sinergia entre os componentes vegetais e animais;

diminuição no uso de agroquímicos para controle de insetos–praga, doenças e plantas

daninhas; redução dos riscos de erosão; melhoria da recerga e da qualidade de sequestro de

carbono; menor emissão de metano por quilograma de carne produzido; promoção da

biodiversidade e favorecimento de novos nichos e habitats para os agentes polonizadores das

culturas e inimigos naturais de insetos–praga e doenças.

Conforme Balbino et al. (2011), outros benefícios ecológicos e ambientais são:

intensificação da ciclagem de nutrientes; aumentos da capacidade de biorremediação do solo.

Reconstituição do paisagismo, possibilitando atividades de agroturismo, e melhoria da

imagem pública dos agricultores perante a sociedade, atrelada à conscientização ambiental.

Os sistemas ILPF potencializam a melhor dinâmica hídrica, principalmente com a

inserção do componente florestal, pois ocorre melhoria na distribuição de vapor de água,

estabilização da temperatura e da umidade relativa do ar e proteção da superfície do solo,

sendo considerados como ferramentas eficientes de combate ao aquecimento global e às

mudanças climáticas. Os componentes arbóreos atuam não somente como estabilizados

térmicos e formadores de nuvens interceptadoras de radiação solar, mas, como seus resíduos

vegetais sobre o solo, também atuam como interceptadores e armazenadores de águas pluviais

(PRIMAVESI, 2007).

A integração de árvores e cultivos agrícolas pode resultar em utilização mais eficiente

de água, nutriente e radiação solar, compara à obtida em monocultivos florestais e agrícolas.

Uma das razões biológicas de interesse pela adoção de sistemas integrados é a de que as

árvores aproveitam porções da biosfera que as plantas agrícolas ou os animais geralmente não

utilizam, o que resulta em maior produção de biomassa total (MACEDO et al., 2010).

Além de busca atender às várias necessidades dos produtores rurais (alimento,

madeira, lenha, forragem, plantas medicinais e fibras), o sistema ILPF pode auxiliar na

conservação dos solos, recuperação de microbacias, recomposição ordenada de áreas

florestais e manutenção da biodiversidade, entre outros (NICODEMO et al., 2004).

As principais estratégias para redução da emissão dos gases de efeito estufa (GEE)

consistem na redução da queima de combustíveis fósseis, minimização de desmatamento e

queimadas, manejo adequado do solo e maximização do sequestro de carbono no solo. No

66

contexto das duas ultimas estratégias, o manejo do solo, com uso de práticas conservacionista,

é indiscutível para sua otimização (CARVALHO et al., 2008).

Segundo Carvalho et al. (2010), a ILP vem exibindo considerável potencial de

acúmulo de carbono (C) no solo. Esses autores apresentam resultados de trabalhos na região

do Cerrado com incremento nos estoques de carbono (C) do solo em sistemas de ILP sob

sistema de plantio direto (SPD), quando comparados aos de áreas sob SPD sem a presença de

forrageira na rotação ou sucessão de cultivos. O potencial de sequestro de carbono (C) do

SPD no Brasil já havia sido comprovado pelo trabalho de Bayer et al. (2006).

A elevação de matéria orgânica do solo e a melhoria da qualidade física do solo,

obtidas com a introdução das pastagens em áreas agrícolas com níveis adequados de

fertilidade, demonstram que a ILP tem potencial para reduzir o impacto ambiental das

atividades produtivas reduzindo as emissões de gases de efeito estufa (GEE), dando maior

estabilidade à produção das culturas anuais e melhorando o aproveitamento da água e dos

nutrientes (FRANCHINI et al., 2010).

Salton (2005), avaliando as taxas de acúmulo de C em diferentes sistemas de uso e

manejo do solo no Cerrado, observou que os maiores estoques de C estão relacionados com a

presença de forrageiras, resultando na seguinte ordem decrescente de estoques de C no solo:

pastagem permanente > ILP sob SPD > lavoura em SPD > lavoura em cultivo convencional.

Esse autor observou que as taxas de acúmulo de C no solo nas áreas de ILP sob SPD, em

relação às lavouras sob SPD, foram de 0,60 Mg/hectare/ano e 0,43 Mg/hectare/ano,

respectivamente, para estudos na região de Dourados e Maracaju, MS.

Leite et al. (2008) utilizaram o simulador computacional CQESTR para estimar

estoques de carbono orgânico do solo (COS) em experimento de longa duração com SPD e

ILP. Observaram variação de 34 Mg/ ha, no solo sob SPD com rotação soja–milho e plantio

convencional com arroz, a 36 Mg/ ha, no solo sob ILP com rotação a cada 4 e 2 anos, o que

não significou redução de 26% e 22%, respectivamente, em relação ao estoque original sob

floresta nativa.

Posteriormente, os sistemas com ILP em SPD passaram a aumentar os estoques de

carbono orgânico do solo (COS) e alcançaram valores entres 49 Mg/ ha e 74 MG/ ha. Esses

resultados realçam a importância da ILP associada ao SPD na melhoria da qualidade do solo e

para sequestro de carbono. Adicionalmente, observou–se que a ILP, com rotação a cada 4 a 2

anos, sequestrou 0,4 Mg/ ha/ano e 0,34 Mg/ ha/ano, respectivamente. Os demais sistemas sem

a presença da ILP, emitiram carbono na atmosfera (0,09 Mg/ha/ano e 0,30 Mg/ha/ano)

(LEITE et al., 2008).

67

Dado o papel reconhecido das árvores no sequestro de C e na mitigação das emissões

de GEE, os sistemas de ILP que contemplam o componente arbóreo apresentam um

importante contribuição para o balanço de emissões de GEE. Nair et al. (2011) relatam um

sistema de ILPF na região do Cerrado constituído por eucalipto em combinação com as

culturas de arroz e soja nos primeiros dois anos, seguidos de pastagem de braquiária pastejada

com gado de corte a partir do terceiro ano do estabelecimento da plantação.

Estes estudos indicam que os sistemas agrossilvipastoris armazenam maior quantidade

de C em relação ao monocultivo florestal ou forrageiro, tanto na superfície como em

subsuperfície.

De acordo com os resultados de trabalho realizado por Franchini et al. (2010) na

região de transição entre Cerrado e floresta tropical Amazônica, a utilização de sistemas de

ILP que contemplem o emprego de pastagens perenes em áreas agrícolas associada ao SPD,

tem potencial para mitigar o impacto ambiental das atividades agropecuárias por meio do

sequestro de até 29,8 Mg/ ha de CO2 nos dois primeiros anis de adoção dos sistemas. A maior

parte do CO2 sequestrado é proveniente do carbono acumulado nas raízes das forrageiras

tropicais que podem produzir em torno de 10 Mg/ ha de biomassa seca.

Maia et al. (2006) recomendam o sistema ILPF para a manutenção da qualidade para a

manutenção da qualidade do solo e produção de alimentos na região do semiárido cearense.

Outro trabalho realizado por Oliveira et al. (2008), objetivando estimar a produção de

madeira, o estoque de carbono e a rentabilidade econômica, incluindo a venda de créditos de

carbono e a rentabilidade econômica, incluindo a venda de créditos de carbono de sistemas

ILPF com Eucalyptus grandis e Pinus elliottii em consórcio com pastagens, permitiu concluir

que as árvores propiciam retorno econômico em todos os sistemas testados, com rentabilidade

a partir do desbaste aos 7 anos de idade.

A venda de créditos de carbono torna o componente florestal ainda mais atrativo, em

decorrência, principalmente, da receita auferida desde o inicio do projeto. Com a criação do

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), foi gerado um amplo debate sobre o

potencial da silvicultura e do ILPF como atividades elegíveis para sequestro de carbono (C)

(Muller et al., 2009).

A atividade pecuária conduzida em sistemas de ILPF pode ter um saldo de emissões

de GEE nulo ou até negativo. Os impactos na melhoria no manejo alimentar de sistemas de

produção de gado de corte, na fase de cria em regime de pastagens, foram estudos por Barioni

et al. (2007) por meio de simulações, considerando crescimento linear, por duas décadas, dos

coeficientes técnicos da pecuária brasileira em resposta à elevação da taxa de nascimento de

68

55% para 68%, redução na idade de abate de 36 meses para 28 meses e redução de taxa de

mortalidade de 7% para 4,5%.Nesse cenário, seria possível manter praticamente estáveis as

emissões de metano ao mesmo tempo em que a produção de carne seria aumentada em mais

de 25%.

A Figura 27 ilustra a evolução de um sistema ILPF intensivo com 250 árvores por

hectare no Bioma Cerrado. Os sistemas ILPF que contemplam os componentes madeireiro e

pecuário, além de produzir madeiras e mitigar emissões de GEE, atendem à necessidade de

ambiência animal, ao proporcionar proteção contra estresse térmico, promovem a

biodiversidade em sistemas produtivos e incrementam o uso eficiente da terra, com agregação

de valor e renda para as áreas de pastagens (LEITE et al., 2010).

Figura 30: Compensação da emissão de metano (CH4) pelo gado em um sistema ILPF com 250

árvores por hectare.

Fonte: LEITE et al. (2010).

Outros estudos também apontam para a probabilidade do efeito interativo entre o

potencial de sequestro de C (pelos elevados acúmulos de biomassa forrageira, biomassa

florestal, matéria orgânica do solo e maior eficiência de fertilizantes) e a capacidade desses

sistemas compensarem as emissões de metano oriundas da fermentação entérica de bovinos

(CARVALHO et al., 2010).

69

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A integração lavoura pecuária floresta é uma alternativa economicamente viável,

ambientalmente correta e socialmente justa, para o aumento da produção, possibilitando a

diversificação de atividades juntamente com a sustentabilidade.

70

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