revista babel n.º 3

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REVISTA BABEL - DEZEMBRO DE 2007 babel LEPROSÁRIO DE ITAPUÃ CLÁUDIA TAJES CRISTIANE DIAS BICHO AMIGO CASA DE 50 ANOS babel DEZEMBRO DE 2007 ANO 2 NÚMERO 3 Eliane Brum O gosto pelas histórias PEQUENAS Eliane Brum O gosto pelas histórias PEQUENAS

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Revista produzida pelos alunos da disciplina de Produção Jornalística II. Dezembro de 2007. Caroline Conceição, Cristiane Viegas, Fernanda Balestro, Priscila Pinto, Ricardo Rodrigues. Fotografia: Leonardo Lenskij.

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REVISTA BABEL - DEZEMBRO DE 2007

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babelDEZEMBRO DE 2007 ANO 2 NÚMERO 3

Eliane BrumO gosto pelashistóriasPEQUENAS

Eliane BrumO gosto pelashistóriasPEQUENAS

REVISTA BABEL - DEZEMBRO DE 2007

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EDITORIALEDITORIALEDITORIALEDITORIALEDITORIAL

Lições para toda a vida

Boas reportagens são feitas de boas histórias. Foi atrás

de boas histórias que os alunos de Jornalismo saíram neste

semestre e construíram narrativas a partir de depoimentos

de profissionais tarimbados, do nível da premiada repórter-

escritora Eliane Brum e da apresentadora do Esporte

Espetacular Cristiane Dias. O resultado dessas entrevistas

são verdadeiras lições dirigidas aos alunos que almejam

ingressar no mercado de trabalho.

Na edição deste semestre, a revista Babel também

reconstrói a trajetória de um profissional recém-saído dos

bancos da Ulbra. O jornalista Marcus Reis deu seus

primeiros passos no mercado de trabalho na Ulbra TV e

revela sua paixão pela profissão.

A cada edição, Babel coloca os alunos de Jornalismo da

Ulbra diante de profissionais de diferentes áreas e de

situações de vida real. Espera-se que deste convívio, os

repórteres recebam lições para toda a vida. Lições que

cabem não só no campo profissional, mas principalmente

que ajudem a construir um ser humano melhor, mais

cidadão, mais responsável e sensível com relação às histórias

alheias. Cidadãos que exercitem o respeito à vida, para que

no futuro não mais se cometam crimes de exclusão e

preconceito, como os que levaram no passado à criação do

Hospital Colônia Itapuã, cuja história é resgatada nesta

edição.

Espera-se que fiquem para toda a vida e que ajudem a

moldar o comportamento dos futuros profissionais não só

os exemplos de dedicação, garra e paixão pela profissão,

mas exemplos de cidadania, como tem dado a Pop Rock

com o seu projeto beneficente Quarta Solidária, dedicado

aos animais sem teto.

Reitor Ruben Eugen Becker

Vice-reitor Leandro Eugênio

Becker Pró-reitor de Administra-

ção Pedro Menegat Pró-reitor

de Graduação da Unidade

Canoas Nestor Luiz João Beck

Pró-reitor de Graduação das

Unidades Externas Osmar

Rufatto Pró-reitor de Pesquisa e

Pós-graduação Edmundo Kanan

Marques Capelão Geral Pastor

Gerhard Grasel Ouvidoria Geral

Eurilda Dias Roman Diretora de

Comunicação Social Sirlei Dias

Gomes Coordenador de Impren-

sa Rosa Ignácio Leite Diretor da

área de Ciências Humanas e

Sociais Aplicadas Sérgio

Roberto Lima Lorenz (RPMT/

RS 9250) Coordenador do curso

de Jornalismo Douglas Flor

(RPMT/RS 7384 ) Jornalista

responsável Rosane Torres

(RPMT/RS 5141) Projeto

Gráfico Jorge Gallina (RPMT/

RS 4043) Fale conosco:

[email protected]

Revista produzida pelos

alunos da disciplina de

Produção Jornalística II.

Caroline Conceição, Cristiane

Viegas, Fernanda Balestro,

Priscila Pinto, Ricardo

Rodrigues. Fotografia:

Leonardo Lenskij. Revisão:

Astomiro Romais (RPMT/RS

7947).

EDITORIALEDITORIALEDITORIALEDITORIALEDITORIAL

e

REVISTA BABEL - DEZEMBRO DE 2007

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ÍNDICEÍNDICEÍNDICEÍNDICEÍNDICEÍNDICEÍNDICEÍNDICEÍNDICEÍNDICE2

editorialLições para toda a vida

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entrevistaEliane Brum: histórias da vida comum

históriaAs marcas indissolúveis do Hospital de Itapuã

pesquisaFortunas que não param de crescer

mercadoMarcus Reis transforma sonho em realidadeliteraturaO lado B de Cláudia TajesperfilA graça e o talento de Cristiane Dias você vê na Globo

reportagemBichinhos de rua mobilizam Pop Rock e ONG

livrosDica de mestre

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REVISTA BABEL - DEZEMBRO DE 2007

jornalista e

escritora Eliane

Brum, 41 anos,

recebeu em

setembro o Prêmio Jabuti, um dos

mais importantes prêmios

brasileiro de literatura, pela obra A

Vida que Ninguém Vê, da

Arquipélago Editorial. O livro

reúne 21 crônicas de personagens

da vida real que foram publicadas

no jornal Zero Hora em 1999.

Gente comum, como diz a escritora

que gosta das histórias pequenas.

Eliane descobriu a paixão pela

escrita cedo. Aos oito anos já

escrevia suas dores e alegrias em

guardanapos ou pedaços de papel,

que eram recolhidos por seus pais.

Três anos depois, esses

guardanapos e pedaços de papel

com os seus primeiros textos

resultaram em seu primeiro livro

de poesias, Gotas da Infância.

Quando criança, Eliane olhava

para as luzes acessas

dentro das casas da

sua cidade natal,

Ijuí, e gostava de

imaginar o que

acontecia lá dentro.

A curiosidade pelos

detalhes persiste até

hoje expressa em seus

textos. Durante uma de suas

passagens por Porto Alegre, a

jornalista-escritora concedeu a

Priscila Pinto esta entrevista.

a TecendoHISTÓRIAS devidas comuns

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REVISTA BABEL - DEZEMBRO DE 2007

O que na sua infância motivou o

gosto pela escrita?

Aprender a ler foi uma grande descoberta. Eu era uma criança triste, emboraaprontasse muito. Lembro que desde muito cedo olhava para as pessoas,olhava para as coisas e percebia as diferenças. Eram coisas que eu nãoconseguia elaborar com cinco anos, como a desigualdade, como a tristezadas pessoas. Eu achava o mundo um lugar triste. Tinha uma sensação deconfinamento. Eu sempre fui muito literal. Percebo as coisas muitofisicamente. E ler foi descobrir que eu poderia viver outras vidas, ir paraoutros lugares, era uma libertação. Então, me trancava no quarto com ummonte de livros e não saia de lá, era uma briga. Passava o dia inteiro lendoaté terminar aqueles livros. Até hoje sou assim, posso chegar tarde emcasa, depois do trabalho, eu preciso ler, nem que sejam duas páginas. É omeu jeito de viver outras coisas, por que o mundo, às vezes, fica muitoinsuportável.

Como é que você transfere essa

sensibilidade de ver o mundo

para os textos que produz?

Não sei bem como é, eu sempre escrevi para poder colocar isso para fora,desde pequena. Eu sou uma repórter que olha mais do que fala. Se vou paraalgum lugar cobrir o que está acontecendo, primeiro olho, observo paradepois falar com alguém. Tem coisas que tu vês e elas te dizem tudo. Porexemplo, uma das crônicas da Vida Que Ninguém Vê, que não está no livro, sechama O chefe de família, foi assim. Eu não tinha nenhuma idéia do queescrever, então fui para a Esquina Democrática, no centro de Porto Alegre,com o meu bloquinho, à espera de quem fosse me procurar. Aí veio ummenino, com 12 anos, segurando o irmão pela mão, e me perguntou. “Asenhora é repórter?”. Eu respondi: Sou. A gente começou a conversar. Eraum menino muito denso, angustiado. O pai dele tinha perdido o emprego eele tinha assumido o lugar do chefe de família, de colocar dinheiro em casa.Isso era uma coisa que pesava nele. Então a gente foi tomar um sorvete noMercado Público e ele foi me contando. Era uma coisa impressionante paraa idade que ele tinha. Como era forte aquilo. Era o peso de estar assumindoo lugar do pai. Eu fui com ele até a casa da família dele, na regiãometropolitana. Era um barraco e na sala tinha só uma poltrona que era deum ônibus. Quando chegamos o pai levantou da poltrona para o meninosentar. Não era preciso falar mais nada, a cena já dizia tudo. Era aquilo. Eureparo muito nos detalhes das coisas.

Como é que você escolheu os

personagens das crônicas da

série, que foi transformado no

livro A Vida que Ninguém Vê?

Alguns eu encontrei ao acaso. Depois que a coluna ficou conhecida, osleitores escreviam para o jornal, os próprios colegas sugeriam. Escolhiapor intuição, eu sou assim. Eu acho que tem histórias bastantesurpreendentes no livro, não acho que são histórias tristes, apesar de tertristezas. Os personagens se unem pela capacidade de reinvenção que elestêm. É a história do Gaúcho com o cavalo de pau, que todo mundo diz que ele élouco. É o cara que todo mundo vê e que todo mundo já decidiu o que ele é.Ninguém falou com ele sobre isso. Mas louco não explica nada. Então tudoo que eu fiz foi me aproximar dele e perguntar: Vanderlei, tu és louco? Elerespondeu: Não. Ele sabia que o cavalo dele era um cabo de vassoura, masse ele não criasse o cavalo com um cabo de vassoura, como seria a vidadele? São todos personagens que se reinventam. Eles pegam esse caos davida que não tem sentido e dão sentido a ela com suas fantasias. É isso queme interessa nas pessoas. Como elas torcem as suas histórias.

Você tem facilidade de colocar

as histórias no papel, ou é uma

coisa que precisa de um tempo

para se elaborada?

Eu não planejo como vou abrir a matéria. Ela flui. Mas eu percebo que issoé por que eu já vinha elaborando dentro de mim há algum tempo. Quandoeu vou escrever uma matéria, eu durmo e como aquilo. Eu fico grávida damatéria. Me sinto inchada, me sinto gorda da matéria. Por que eu passoescrevendo dentro de mim. Então na hora de levar para o papel, aquilo estápraticamente pronto. Eu escrevo muito rápido e escrevo demais.

“É o meu jeito de viver outras coisas, por que o mundo, àsvezes, fica muito insuportável.

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Você consegue se manter

distante dessa realidade dos

personagens sobre o qual

escreve mesmo chegando tão

perto da vida dessas pessoas?

Eu não sei não me envolver com as histórias que eu conto eelas me acompanham pela vida toda. E na época em que estouescrevendo sobre aquilo, é a minha vida. Eu tenho insônia,eu tenho dores, mas isso me dá retorno também.

Os textos das crônicas da A

Vida que Ninguém Vê são

extremamente humanos. O

estilo de escrever é resultado da

sua forma de enxergar as

situações. Essa maneira de

escrever sempre esteve presente

nos seus textos ou é resultado de

pesquisas, estudos e leituras?

Primeiro, tem muita apuração. Até escrever eu tenho muitotrabalho. Para tu poderes escrever um bom texto é precisoapurar muitos detalhes para que nada seja à toa, para quetu não precises apelar para um adjetivo. Adjetivo é umapalavra muito difícil para ser usada. Ou é exato ou não podeser. Eu ralo muito para escrever um texto em que a pessoa sesinta lá, consiga viver junto comigo aquilo. Então tragomuitos detalhes. Eu cito um exemplo, na crônica Enterro depobre, em que eu escrevi que o sabiá parou de cantar. Eunão inventei o sabiá, não faria isso porque é muito clichê. Euobservei. Naquele momento eu fico atenta. O que eu estououvindo? O que eu estou sentindo? Tem vento? Está frio?Isso tudo eu anoto. Eu não confio na minha memória. Tenhomedo disso. Eu anoto também o que eu senti e o que eusaquei na hora. Com tudo isso fica relativamente fácilescrever. Mas acredito que para escrever bem, é preciso lermuito. Porque isso fica como um repertório dentro. Eu tiveuma fase de ler Balzac, quando li a Comédia Humana. Teveuma época que eu lia absolutamente tudo sobre vampiros.Eu adoro Edgar Alan Poe, Mario Vargas Lhosa. Hoje eu gostomuito de quatro autores contemporâneos, o Philip Roth,Koetze, Ian McEwan e o Kazuo Ishiguro.

Você falou que é importante ler

para poder escrever. Que

autores admira ou que a

influenciaram?

Eu leio absolutamente tudo. São fases. Com dez anos eu jália os livros da biblioteca dos meus pais. Na minha casa tinhamuitos livros, o que foi uma sorte. Eu comecei lendoliteratura brasileira. Li Erico Veríssimo, Josué Guimarães,Dyonélio Machado, Aloísio de Azevedo, José de Alencar. Naminha infância e adolescência, o lugar em que eu me sentiamelhor, era trancada no meu quarto lendo.

O que a inspirou a começar a

escrever tão cedo?

Eu tinha nove anos quando escrevi um romance sobre umabarata. Tinha muita barata em Ijuí, e lá em casa a gentecolocava veneno dentro de rodelas de pepino. Um diaencontrei um filhotinho de barata que não havia morridocom o veneno e eu a esmaguei. Eu matei e me senti muitoculpada. Aí eu fiquei pensando na Dona Barata, que estásaindo do trabalho, vindo para o jantar e encontra a filha alideitada, morta no meio fio. Foi uma idéia de colocar parafora a minha culpa e dar imortalidade a barata. Uma históriadramática!

“Eu tinha nove anos quando escrevi um romance sobre uma barata. Tinha muitabarata em Ijuí, e lá em casa a gente colocava veneno dentro de rodelas de pepino.

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Houve incentivo dos pais? Meus pais sempre trabalharam muito. Eu ficava muitosozinha. Eles descobriam o que eu escrevia quando euesquecia alguma coisa pela casa. Mas eu tinha em casa oambiente da leitura e da noção de contar história é muitoimportante. Meu pai era um contador de histórias. Elerecuperava a história da família. A escrita e a leiturasempre estiveram presentes na minha casa.

Em janeiro de 2006, você

acompanhou o aventureiro Toco

Lenzi numa viagem à

Mauritânia para escrever seu

diário de viagem. Como foi a

experiência? Passou por alguma

situação inusitada?

Para mim foi um pouco difícil, porque quando estoufazendo matéria, costumo ter o controle. Eu gosto dedecidir. E nessa viagem tive que fazer o inverso. Eu nãopodia tomar decisões. Meu trabalho era acompanhar asdecisões e ver as escolhas que ele fazia. O jeito dele viajar.Então eu tive que sumir. Foi uma dificuldade interna, denão me meter. Foi uma experiência radical em termos dejornalismo. Eu não falava nem árabe, nem francês, quesão as duas línguas que falavam na Mauritânia. Não li nadasobre o lugar para me surpreender, para exercer o olhar,os sentidos e ver o que acontecia.

Como é a vida em São Paulo? A

cidade a surpreendeu?

O primeiro ano em São Paulo não foi nada fácil por umasérie de razões. Até hoje São Paulo me assusta. No começoeu tinha pesadelos. Nos sonhos eu tentava deixar São Paulode todas as maneiras e não conseguia. É tudo macro,grande. Ela é opressora nesse sentido, mas lá tem gentede todos os Estados. A periferia da cidade é uma coisa queme apaixona. Eles criam espaços de humanidade que sãoincríveis. Em São Paulo eu cheguei sem nada. Deixei minhacasa aqui em Porto Alegre e fui só com uma mala para lá.

Você engravidou jovem,

escolheu não casar, saiu de casa

cedo para se dedicar ao

jornalismo. Para cada escolha

existe uma renúncia. Nesse

caso, quais foram as suas em

função da profissão?

O que mais pesou quando saí de Ijuí foi deixar a Maíra,minha filha, com meus pais. Primeiro eu fugi de casa edeixei um bilhete. A idéia de ficar lá e me casar meapavorava. Parecia que eu sabia a vida que iria ter.Acredito que fiz certo. Foi muito duro fugir de casa. Depoistudo se ajeitou. Quando me formei trouxe a Maíra paraPorto Alegre. Nessa época tinha 22 anos e não tinha famíliaaqui. Fomos assaltadas em casa e tivemos que continuarnaquele lugar por não ter dinheiro para alugar outro. Nahora aquilo parecia muito maluco, mas era necessário.Agora eu estou num momento de me arriscar ao vazio.De parar para pensar. Porque se não tu não parar paraquestionar, acaba seguindo uma estrada que já conhece.Eu sou apaixonada pela reportagem. A cada matéria quefaço é uma entrega absoluta. Isso me alimenta, mas aomesmo tempo, eu estou com 41 anos e eu queroexperimentar outras coisas, me arriscar.

“A periferia da cidade é uma coisa que me apaixona.

Eles criam espaços de humanidade que são incríveis.

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O último lugardo MUNDO

Em um lugar que parece uma cidade perdida,

pequenas ruas, casas e pavilhões abrigam personagens

de uma história tão distante quanto o próprio local. É

neste lugar esquecido no tempo, chamado Hospital

Colônia Itapuã (HCI), o lar de ex-hansenianos. Acuados

pelo preconceito, eles optaram por continuar morando

no hospital, mesmo depois de receber alta.

Localizado às margens da Lagoa dos Patos e da

Lagoa Negra, o HCI foi uma das principais iniciativas

da campanha contra a hanseníase, em uma época que

pouco se sabia sobre a doença. Esta instituição, cercada

de histórias de vida, significava, acima de qualquer

outra coisa, o último lugar do mundo onde os doentes

poderiam viver em sociedade.

História do Hospital ColôniaItapuã revela exclusão e preconceito

RICARDO RODRIGUES

A hanseníase foi durante séculos, principalmente naIdade Média, considerada

um castigo de Deus e estigmati-zou os portadores. Acreditava-setambém que a doença alterava ocaráter das pessoas que, inconfor-madas com seu destino, levavamuma vida promíscua com o intui-to de disseminar o mal.

De uma forma geral, quem ti-vesse lepra era considerado umindivíduo morto. O doente tinhainclusive direito a um ritual: umamissa era rezada em sua intenção.Depois de receber três pás de calsobre a cabeça ou sobre os pés, odoente era obrigado a vestir ummanto negro, que lhe cobria ocorpo inteiro, e passava a carre-gar um sino pendurado no pes-coço, para que pessoas sadias sou-bessem quando o leproso se apro-ximava. Mais tarde, foram cons-truídos os leprosários, que funci-onavam como depósitos de doen-tes, já que não existia tratamentomédico.

No Brasil, os relatos iniciais so-bre a doença datam do períodocolonial, o que reforça a tese deque fôra introduzida no país pe-los colonizadores europeus. Du-rante a Primeira República foramconstruídos os primeiros leprosá-rios. O trabalho se intensificariano final do século XIX. Conferên-cias internacionais discutiram adescoberta do caráter contagiosoda doença, e recomendaram o in-ternamento compulsório comoúnica medida possível para com-batê-la. Seguindo essas orienta-ções, o Brasil implantou o concei-to dos hospitais colônia.

O primeiro governo de Getú-lio Vargas (1930-1945) marcou,entre outros setores, a saúde pú-blica brasileira. Durante a décadade 1920 foi fundado o Departa-mento Nacional de Saúde (DNS),que favoreceu o isolamento. Foiadotado definitivamente o inter-namento compulsório nos recémconstruídos hospitais asilares. NoRio Grande do Sul, a construção

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do hospital colônia começoucom a aquisição de uma fazen-da no município de Itapuã, em1936. A inauguração ocorreu em11 de maio de 1940, ainda comobras em andamento. Logo, osportadores da doença começa-ram a ser identificados por agen-tes do Serviço de Profilaxia daLepra (SPL). Uma equipe, for-mada especialmente para essatarefa, buscava os doentes emsuas residências, de onde mui-tas vezes era retirado à força. Otransporte era feito em carrosfechados, conforme Rita Came-llo, enfermeira do HCI.

– O paciente era identificadodentro de um consultório, noseu município ou na Santa Casa,independente de onde fosse, eesses médicos contatavam o car-ro da profilaxia da lepra. Eles pe-gavam aquele paciente e o leva-vam até o complexo do hospi-tal. Ao chegar, diziam: “Aqui vaisviver e aqui vais morrer”.

Construído como uma mi-crocidade, o hospital contavacom casas, igrejas e praças. Estainfra-estrutura tinha o objetivode reduzir a sensação de confi-namento. Os pacientes eram dis-tribuídos em pavilhões para mu-lheres, homens e crianças. Estapseudocidade era dividida emtrês áreas: a “zona limpa”, ondeficavam as casas do médico dire-tor, administrador e funcionári-

os, usina geradora de eletricida-de, garagem e casa para o moto-rista. Na “zona intermediária”,ficavam os prédios da adminis-tração, padaria, casa das irmãs,o pavilhão de observações e acasa do capelão. Na “zona suja”ficavam os 14 pavilhões “Carvil-le”, as casas geminadas, cozinha,refeitório, hospital, lavanderia,capela, forno de incineração, ne-crotério, oficinas e o cemitério.

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12 A maioria dos moradores aindase recorda das irmãs da Ordem Fran-ciscana (foto acima) com saudade. Fo-ram elas as únicas pessoas realmentepróximas dos doentes naqueles tem-pos de confinamento compulsório.

– Na época das irmãs, era tudomuito mais movimentado – afirmadona Elma L., que ainda mora no hos-pital.

A presença das irmãs, no entanto,não agradava a todos os moradores.Durante o período em que as freiras lápermaneceram o HCI foi fortementeadministrado sob as normas do cato-licismo. Na época, foram construídasduas igrejas: uma Católica e outra Lu-terana. Atualmente, ao observar asduas construções, as marcas do tem-po são visíveis, mas apenas para a Igre-ja Luterana. Esse fato confirma as pa-lavras de Rita:

– Muitos pacientes luteranosamarguraram a vida toda o fato deserem obrigados a praticar uma reli-gião que não era sua. Eles contam quetinham que escolher entre largar areligião para se converter ao catoli-cismo e um prato de comida.

Com o objetivo de minimizar ostranstornos emocionais, os pacienteseram estimulados a se relacionarem.Quando esses relacionamentos setransformavam em namoro, as irmãs

O tempo das irmãsacompanhavam de perto os casais e,após o casamento, marido e mulherconquistavam o direito de residir emcasas geminadas, garantindo sua pri-vacidade. A união dos pacientes aca-bava gerando um outro problema,para muitos o maior deles: como osmédicos acreditavam que a hansení-ase pudesse ser transmitida de mãepara filho, logo após o parto a criançaera afastada dos pais.

– A irmã parteira mostrava a cri-ança à mãe, informava se era meninoou menina e dizia que jamais poderiatocá-lo – recorda Rita.

Paralelamente à construção doHCI, foi implantado no bairro BelémVelho, em Porto Alegre, o preventórioAmparo Santa Cruz, com o objetivode abrigar os filhos dos hansenianos.Então, longe de seus filhos e sem a pos-sibilidade de algum contato, uma vezpor mês um ônibus repleto de crian-ças parava na zona limpa, enquanto,do outro lado, os pais amontoavam-se para vê-los de longe. Anos mais tar-de, com a descoberta de um trata-mento eficaz para combater a doençae o fim do internamento compulsório,os pais puderam conviver com seusfilhos no HCI, a maioria já adolescen-te. A distância provocou ruptura noslaços familiares e muitos desses jo-vens rejeitaram os pais verdadeiros.

Apesar de toda a estrutura desegurança, que envolvia murosaltos e cercas de arame farpado,as fugas eram freqüentes. Muitospacientes inconformados em vi-ver longe da família e amigos es-capavam, seja com a ajuda de mo-radores de fora do hospital ou porconta própria. Isso os colocavadiante de suas alternativas: ouvoltavam por livre iniciativa, poisseus parentes os repudiavam, ouo carro da profilaxia iria buscá-los e conduzi-los de volta.

Com o passar dos anos, após ainclusão do medicamento Dapso-na no tratamento da hanseníase,a incidência da doença diminuiuconsideravelmente no Estado, e ointernamento compulsório foiabolido por lei em 1954. A maioriados internos teve a oportunidadepara refazer suas vidas, outros,diante da dificuldade de encontraremprego e ainda rejeitados porparentes, retornaram ao hospital.

O tempo da solidão

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Dona Maria R. relembra comdetalhes o período em que viveu como marido no HCI. Apesar do passa-do marcado pela doença, hoje seusolhos expressam alegria. No jardimda casa geminada no HCI onde ain-da vive, ela tem miniaturas dos per-sonagens da história A Branca deNeve e os Sete Anões. Ela recorda queo jardim era muito maltrado devidoà proximidade da Lagoa dos Patos eda Lagoa Negra.

- A umidade era muito grande.Freqüentemente o jardim ficavainundado - afirma.

De tantas pessoas que passarampelas dependências do HCI, 44 ex-hansenianos e 78 pacientes do SãoPedro ainda residem no local. Comparte da estrutura voltada para acomunidade, existe um ambulatóriocom atendimento 24 horas, ambu-lância para possíveis remoções atéhospitais de Viamão e Porto Alegree atendimento odontológico median-te consultas eletivas. Uma lei apro-vada em setembro de 2007 autorizao pagamento de pensão para todosos hansenianos que foram interna-dos até 31 de dezembro de 1986. Vi-tória importante, porém tardia. Aausência de uma iniciativa comoessa na época das altas hospitalaresfoi decisiva para o agravamento doestado emocional de cada pacienteque retornou ao HCI.

Guiomar da Silveira Marques,atual coordenadora do Hospital Co-lônia, não afasta a possibilidade deo hospital ser desativado futura-mente, a exemplo de outras institui-ções similares no país.

- A atual gestão está focada namanutenção do HCI, seguindo as di-retrizes da Secretaria Estadual daSaúde, e no futuro, existe uma ten-dência de tornar-se um ResidencialTerapêutico.

O tempoque nãovolta

O tempo da solidão

Com a desocupação de uma gran-de área do local o governo buscou al-ternativas para aproveitar a área ena década de 70 foi a criado o Centrode Reabilitação Agrícola (CAR), pro-jeto do Hospital Psiquiátrico São Pe-dro, que tinha como objetivo a reabi-

litação dos pacientes através dotrabalho rural. Inicialmente cer-cada de divergências entre os por-tadores da hanseníase, a iniciati-va mostrou alguns resultados po-sitivos, mas o projeto foi gradu-almente abandonado.

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CAROLINE CONCEIÇÃO

A morte não é o fim de uma car-reira, especialmente para aquelesque partiram no auge do sucesso.Muitos famosos e ricos estavam noauge da carreira quando foramsurpreendidos pela morte. Mas

eles nãoforam es-quecidospelos fãs e

Os mortos quefazem sucesso

P E S Q U I S A

As celebridades que movimentam fortunas

continuam vivos na memória doseu público.

A revista americana Forbes fezrecentemente uma lista das cele-bridades que mais faturam além-túmulo. O ranking de 2006 é o se-guinte: em primeiro lugar o ro-queiro Kurt Cobain, seguido deElvis Presley, Charles Schulz, JohnLennon e Albert Einstein

Cobain, vocalista do grupo Nir-vana, suicidou-se em 1994, e ren-

deu U$ 50 milhões paraos cofres da família( a p r o x i m a d a m e n t eR$107 milhões), tomandoo lugar de Elvis Presleycomo a celebridade mor-

ta que mais fatura nos últimosanos. Essa mudança de posiçãoocorreu porque Courtney Love,viúva do astro do rock, vendeu25% de sua participação nos ren-dimentos gerados pelo trabalhodo cantor para a companhiaPrimary Wave, que licencia o tra-balho de Cobain em series como aSix Feet Under.

Já Elvis, o segundo colocado, fa-turou U$ 42 milhões de dólares (R$90 milhões). Ele liderou a lista dascelebridades ausentes feita pelaForbes durante quatro anos. Ocartunista americano CharlesSchulz, criador dos personagensdas histórias em quadrinhosCharlie Brown, ficou em terceirolugar, faturando U$ 35 milhões(cerca de R$ 75 milhões). O suces-so de Schulz é ancorado nas his-tórias de seus personagens, quesão crianças e animais que desem-penham papel de adultos. As ti-ras abordam as emoções e fraque-zas humanas e um dos principaistemas é a solidão, diferencial quecativou e emocionou os fãs. Tam-bém conhecido como o pai doSnoopy, Schulz recebeu o PrêmioReuben Award por seus desenhos.Alguns anos depois seus persona-gens foram publicados em livrose, mais tarde, pularam para as

telinhas.O “desempenho”

de Lennon no mer-cado fonográficorendeu U$ 24 mi-lhões (R$ 51 mi-lhões). Longe domundo pop, o ale-mão Einstein ficouem 5° lugar, segun-do a Forbes, comfaturamento de U$20 milhões (aproxi-madamente R$ 15milhões).

107MILHÕES

90MILHÕES

75MILHÕES

51MILHÕES

15MILHÕES

KURT COBAIN ELVIS PRESLEY CHARLES SCHULZ JOHN LENNON ALBERT EINSTEIN

Valores em Reais

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M E R C A D O

CRIS VIEGAS

No mesmo dia em que o sinal daUlbra TV chegava aos lares de mi-lhares de telespectadores na Capi-tal e Região Metropolitana, em 26de novembro de 2004, um jovemestudante dava seus primeirospassos na carreira que escolheu.Marcus Reis, 23 anos, formou-seem Jornalismo pela Ulbra em 2007,e orgulha-se de ter feito parte daprimeira equipe encarregada daprogramação da emissora.

Hoje, Reis é um dos repórteres donúcleo de telejornalismo da TV eparticipa todas as noites do UlbraNotícias. O entusiasmo que o jo-vem jornalista manifesta pelo tra-balho começou na universidade,onde teve experiências que ajuda-ram a eleger a televisão como o veí-

“Sou apaixonadopelo que faço”Reis compriu com afinco cada etapa dos estudos

com outros colegas de curso e vence-dores no Gramado Cine Vídeo, 2003e 2004, além de Marçal: povão, polí-cia e... revolução, uma reportagemfeita junto com a então aluna do cur-so Giliane Greff – destaca.

Na TVE, teve a oportunidade decumprir seu terceiro estágio e fez pro-dução para as reportagens dos doistelejornais da emissora. Ali, apren-deu a trabalhar em grandes cober-turas, como no Fórum Social Mundi-al e nas eleições para Prefeitura dePorto Alegre. Quando foi chamadopara estagiar na Ulbra TV, Reis co-meçou a produzir o programa Saúdeem Fogo. Mais tarde, foi parar na ban-cada de apresentador.

– Fiquei responsável pelo progra-ma. Reportagens de saúde não erama minha área. Não dominava o assun-to, mas aprendi. Dediquei-me e apren-di o como era difícil colocar um pro-grama no “ar” – recorda.

O reconhecimento pelo bom de-sempenho veio na forma da contra-tação como assessor de Redação daTV. E com a formatura, em 2007, pas-sou a ser mais um jornalista da emis-sora.

– No início da carreira, a gentenunca conhece ninguém, e ninguémnos conhece. Temos o desafio de con-quistar as pessoas, os profissionais ede buscar o nosso espaço. Esta luta,que é diária, é emocionante. É incrí-vel a descoberta pelo jornalismo. Ébonito quando a gente se dá conta dopoder e da importância da profissão.É gratificante quando vemos que onosso trabalho mudou alguma coi-sa, nem que seja o nosso jeito de pen-sar – destaca Reis.

Reis diz que não “domina a fórmu-la” do sucesso. Apenas gosta do quefaz e afirma que iniciativa na hora deencarar o trabalho é importante di-ferencial:

Acho que estou no mercado por-que sou apaixonado pelo o que eufaço e sempre busco melhorar o meutrabalho. É fundamental ser jorna-lista 24 horas por dia. Sempre estaratento ao que está acontecendo e semanter informado.

A atividade tem seu lado massa-crante, ressalta Reis, lembrando quedificilmente descansa nos feriados, eque sábado e domingo em geral sãodias normais de trabalho.

– Folga é uma palavra rara de seouvir – brinca ele.

culo no qual buscaria a realizaçãoprofissional.

Os primeiros passos como estu-dante o levaram à oficina de TV docurso de Comunicação Social. Soba orientação do professor MarcoVillalobos, Reis fazia reportagens:

– Trabalhava com paixão e cum-pria com prazer cada pauta. Tudoera novidade. Senti que era aquiloque eu queria viver todos os diasda minha vida.

Não demorou muito para serconvidado a fazer parte do Centrode Produções Audivisuais, setorque abriga os laboratórios de rá-dio, TV e cinema do curso. É comorgulho que fala dos trabahos de-senvolvidos naquela época.

– O documentário Pedrinho Mor-reu na Primavera e Impacto faz asua festa, ambos desenvolvidos

Repóter começou a trabalhar na Ulbra TV, onde continua até hoje

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O lado Bda VIDA

As histórias do cotidiano de uma grande cidade,

apesar de fazerem parte da nova fase da literatura

gaúcha, parecem elementos já esgotados. Não para

Cláudia Tajes. Nascida em Porto Alegre, a escritora

constrói uma rede de personagens urbanos nada usuais,

inseridos em temáticas e contextos jamais explorados.

Humanizados ao extremo, Jucianara, Leonel, Jonas,

Graça e tantos outros carregam um pouco de cada

aspecto da vida real. Louca por homem – histórias de

uma doente de amor (Editora Agir), lançado na Feira do

Livro deste ano, compõe a história de uma mulher que

é o resultado de uma galeria de outras mulheres, cujo

objetivo é amar e serem amadas, e suas vidas refletem

não apenas pessoas próximas de Cláudia, mas um

pouco de cada um de nós.

Claudia Tajes costura fragmentos docotidiano com sexo e bom humor

RICARDO RODRIGUES

O gosto pela leitura começoudentro de casa, por influência do

pai, Tito, que empresta o nome paraum de seus personagens. Depois deestudar geologia durante dois anos,ela tentou jornalismo e publicidade eestreou em 1986 na MPM, agência degrande destaque no mercado. Hojeatua na DCS Comunicação, consoli-dando a carreira no mercado comoredatora publicitária. Foi em razãodeste trabalho, que Cláudia começoua escrever ficção.

– Parte-se do princípio que, na pu-blicidade atual, ninguém está inte-ressado em ler, por isso comecei a es-crever quando chegava em casa, de-pois do trabalho. Além de o texto pu-blicitário ter perdido o romantismo,por que tudo tem que ser objetivo, oelemento visual está muito presente– afirma.

Seu primeiro romance, Dez quaseamores, lançado em 2000 pela editoraL&PM, explorou os caminhos dos re-lacionamentos amorosos, tema que serepetiria nos livros seguintes. Mistu-rando sexo e bom humor, rapidamen-te Claudia tornou-se uma das escri-toras mais populares da nova safraliterária gaúcha. Mas foi A vida sexualda mulher feia, lançado em 2005 pelaEditora Agir, que a projetou nacional-mente, ao mesmo tempo em que a ro-tulou como escritora de auto-ajuda.O livro ficou em primeiro lugar nalista dos mais vendidos do JB e da re-vista Época, ambos na lista de não-ficção. Claudia relembra com bomhumor de uma situação vivida recen-temente, na Bienal do Livro do Rio deJaneiro.

– Os organizadores me colocaramem uma mesa redonda sobre sexo,não sobre literatura, com um caraque faz auto-ajuda sobre sexo e umamulher que escreveu sobre sexo nosanos 80. Eu não tinha conhecimentocientífico para isso – diverte-se.

O romance nasceu a partir de umconto para uma coletânea erótica, erapidamente ganhou proporçõesmaiores. Com o sucesso crescente dolivro, diretores de TV e cinema ma-nifestaram interesse em adquirir osdireitos de adaptação, que foramvendidos para a carioca Conspira-ção Filmes. Com tratamento de ro-teiro adiantado, a série televisivadeve estrear em breve, assim como apeça de teatro, adaptada por Heloí-sa Perissé.

Além de ser classificada como es-critora de auto-ajuda, seus roman-ces são, freqüentemente, confundi-

Louca por Homem – histórias de uma doente de amor

Novo livro de Cláudia Tajes

Editora Agir

119 páginas

Preço sugerido: R$ 29,00

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dos com auto-biografia. Claudia dis-corda, e afirma que a única caracte-rística que apresenta em comum comseus personagens é a capacidade denão se deixar abater diante das difi-culdades.

– Eu gosto mais do lado B da vida,muito mais do que as coisas certi-nhas. Eu gosto de escrever sobre gen-te que sofre, mas não se en-trega – disse.

O resultado do trabalhocomo escritora já rendeuconvites para roteirizar ca-pítulos de duas séries,Antônia, da Rede Globo, eMandrake, na HBO, canal porassinatura. O convite paraAntônia veio através doamigo Jorge Furtado, cine-asta gaúcho. Foram escritos três epi-sódios para a primeira temporada eparticipou de todos na segunda, des-sa vez em um grupo formado porcinco roteiristas.

– Era tudo muito diferente de nos-sa realidade. Éramos cinco brancosda classe média porto-alegrense es-crevendo sobre o universo do rappaulista. Mas ao mesmo tempo emque o ambiente era estranho, os con-flitos eram universais – afirma.

Se por um lado Claudia encontroualgumas limitações para escreverAntônia, ao roteirizar Mandrake suaadmiração por Rubens Fonseca foifundamental, facilitando o processode criação. Com supervisão de JoséHenrique Fonseca, filho de Rubens edono de sua propriedade intelectu-al, cada diálogo foi cuidadosamenteavaliado, garantindo a essência dopersonagem original.

Louca por homem é uma curiosaconstrução literária em torno dapersonagem Graça, uma mulherque, a cada relacionamento amoro-so, assimila características, gostose manias de seus parceiros. Os ca-pítulos representam cada um deseus romances, e são divididos emantes, durante e depois. Claudiaconfessa que se inspirou em umaconhecida para escrever a história.

– Uma pessoa próxima inspirou olivro, e um dia desses ela me per-guntou: vem cá, isso tem algumacoisa a ver comigo? Ai eu respondi:Ah, levemente! Todo mundo é um

Histórias deloucas por amor

pouco assim, ao menos durante aconquista, depois volta a ser o queera.

Ao final do livro uma série de de-poimentos de mulheres loucas poramor finalizam o romance em gran-de estilo, todas de convívio com aescritora, o que garante um dospontos fortes do trabalho. Todassão mulheres bem sucedidas e bo-

nitas, pois, segundo a autora, nemmesmo as mais lindas escapam desofrer por amor ou rejeição. A úni-ca coisa que espanta Claudia é ofato de Louca por homem estar, as-sim como seu antecessor, entre oslivros de auto-ajuda, o que acabase tornando muito mais uma his-tória divertida do que de aborre-cimento.

“Gosto deescreversobre genteque sofre,mas não seentrega”

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Cristiane Diasfaz golaço naGLOBO

os 18

anos,

Cristiane

Dias

(fotos),

nascida em Porto Alegre,

deixou o Estado para estudar

no Rio de Janeiro. Formada

em jornalismo desde 2002 pela

Faculdade Hélio Alonso

(Facha), a gaúcha é hoje

apresentadora de um dos

programas mais assistidos da

TV Globo, o Esporte

Espetacular. Nesta entrevista

a Fernanda Balestro, ela conta

como foi sua trajetória

profissional:

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Como você começou a fazer

coberturas de esporte, foi uma

coisa planejada?

No início, na faculdade, pensei em seguir na contramão. Via todos osmeus colegas querendo entrar na editoria de esportes, e achava que lá aconcorrência seria grande. Então estagiei em assessoria de imprensa,Internet, até que iniciei um estágio em produção na TV Educativa. Depoispassei pelo estágio na editoria Rio do jornalismo da TVE e acabei sendocontratada nessa área. Mas na TVE também fiz um programa voltadoao público jovem, ao vivo, chamado Atitude.com. (foi ótimo para medar tranqüilidade para enfrentar o Esporte Espetacular, que é ao vivo etem três horas de duração!). Algum tempo depois, o editor chefe doprograma de esportes de lá achou que eu tinha perfil para o esporte e mechamou para fazer umas matérias. Acabei ganhando um quadro deesportes radicais e depois virei apresentadora do programa. O pessoalda Globo me viu nesse programa e acabou me chamando para um pilotopara o Esporte Espetacular, em 2006. E aqui estou até hoje! Mas foi assim,bem ao acaso mesmo, até porque quando eu estava na faculdade, queriamesmo era escrever para jornal.

Como é feito o Esporte

Espetacular?

É quase todo ao vivo. Gravamos chamadas e algumas cabeças durantea semana. Mas como o programa é grande e tem as notícias bematualizadas, fazemos a maior parte ao vivo. Temos reuniões de pauta etoda a equipe participa, sugere. Eu, geralmente, quando sugiro, costumoproduzir e ser a repórter da matéria!

Dá para dizer que um grupo de

gaúchas está monopolizando a

apresentação de programas de

esporte. Como é a receptividade

fora de casa e como é trabalhada

a questão do sotaque?

A receptividade, pelo menos comigo, sempre foi maravilhosa aqui noRio. Não sei se porque aqui na Globo só tem gaúchos, mas me sinto emcasa por aqui. Sobre o sotaque, como vim morar bem nova aqui, acabeiperdendo os traços mais marcantes, e consigo não falar expressõesregionais quando estou no ar. Mas eu sou muito a favor de ouvir todotipo de sotaque na TV, desde que não seja algo exagerado. A gente aquifaz fonoaudiologia também, não para perder o sotaque, mas para entrarnum padrão da empresa.

Confirmada a Copa de 2014 no

Brasil, o que deve ser feito para

que o país esteja preparado para

um evento deste porte?

Temos ainda bastante tempo para pensar em tudo que precisa sermelhorado. E o trabalho vai ser grande. Mas sediar a Copa certamentetrará uma série de benefícios ao país. Além do incremento ao turismo econstrução de estádios – e estruturas diretamente ligadas ao evento –,outros setores também precisarão de manutenção, melhorias, como,por exemplo, segurança e transporte e isso será muito bom para nós.Além disso, assim como o Pan, o país se envolve com o tema, isso é umincentivo à prática de esportes, um hábito tão saudável imagine paraas nossas crianças como vai ser bacana assistir a uma Copa do Mundoem casa. E para os adultos também, claro.

Que personalidade do esporte

você ainda não entrevistou e

gostaria muito de entrevistar?

Não entrevistei o Pelé. Não entrevistei ainda um monte de gente que eugostaria, mas aos pouquinhos a gente vai realizando essas vontades.

Que mensagem você poderia

deixar aos alunos que estão

prestes a sair da faculdade para o

mercado?

Desejo a todos boa sorte e muita força de vontade. Nosso mercado éapertado, saturado, e você precisa realmente estar determinado parachegar onde quer. A minha dica é estar sempre estudando, se atualizando,por dentro das coisas. E corram atrás, porque quem planta colhe!

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Hora de ajudaros eternosAMIGOS

Quem não se sensibiliza ao ver um cãozinho

maltratado, doente ou abandonado? Pois a rádio Pop

Rock, emissora da Ulbra, em conjunto com a Organização

Não-Governamental (ONG) Bicho de Rua, realizou uma

ação para ajudar cães e gatos sem-teto e vítimas de maus-

tratos. A ação ganhou o nome de “Quarta Solidária” e

ocorreu em agosto, na Praça da Encol.

Cães e gatos sem-teto recebem atençãoda Pop Rock e da ONG Bicho de Rua

FERNANDA BALESTRO

O ônibus da emissora, conhecido como Magic Bus, ficou es-

tacionado durante quatro horasnas proximidades da praça (fotosabaixo). Durante este tempo arre-cadou as mais diversas doações,como ração, roupinha, coleiras, re-médios e caminhas. Esta foi a se-gunda vez que a rádio Pop Rockfaz parceria com a Bicho de Rua.

A ONG ofereceu para a comuni-dade os filhotes SRD (sem raça de-finida) Nikita, Pantufa e Fred. Elesestavam com três meses e vivendoem lares temporários, que são ascasas de voluntários onde os cãesrecebem todo o atendimento ne-cessário ao seu desenvolvimentoaté a sua adoção.

O Projeto Bicho de Rua foi fun-dado em 10 de maio de 2004, porum grupo de amigos que, já tra-balhando voluntariamente na cau-sa de proteção, apoio e promoçãodo bem-estar animal, decidiu jun-tar forças e expandir essa ativida-de, que já era exercida individual-mente ou em pequenos grupos. Oprojeto tem cinco objetivosinstitucionais: esterilização de ani-mais abandonados e/ou carentes;adoção sem preconceito; guardaresponsável; programas assisten-ciais e educacionais.

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Em uma tentativa de amparar osanimais abandonados, a ONGtambém oferece outra alternativapara quem quer ajudar, mas nãopode adotar. Trata-se do PadrinhoVirtual. Neste caso, o voluntáriodoa uma quantia em dinheiro, oucomida, remédios e roupas paramanter o animal em condições fa-voráveis, recebendo atendimentosclínicos e médicos adequados.

A ajuda em dinheiro é tambémusada para a compra de utensíli-os, para esterilização, vacinação ehospedagem. A ONG Bicho deRua se compromete a in-formar sempre quais

PRA QUEM QUISER AJUDAR

Ong Bicho de RuaE-mail:[email protected]: www.bichoderua.org.brTelefone:8162.8000 (Márcia)Informações Jurídicas ProjetoBicho de Rua:CNPJ: 07.143.473/0001-97Banco do Brasilbanco 001Agência: 3876-8Conta corrente: 7982-0Banrisulbanco 041Agência: 0070Conta corrente: 0685591902

são as condições do cão ou gatoadotado. Outra iniciativa que osvoluntários podem ter, filiando-seao Projeto Bicho de Rua é o Trans-porte Solidário. A ajuda consisteem transportar os animais queprecisam ir ao veterinário, quan-do seus donos não tiverem carropróprio para levá-los.

Mensalmente, a ONG ainda rea-liza Brechós de Rua, oferecendoroupas e acessórios, em praças eruas movimentadas de Porto Ale-gre. O lucro é revertido para a

compra de alimentos.Na ação em parceria com a RádioPop Rock foram arrecadados 90,3quilos de ração canina e 1quilo de

ração para gatos, além de medica-mentos, roupinhas, caminhas

e coleiras. E ainda uma ces-ta completa, com vários

produtos da Pedigree.Ali foi feita mais umaparceria com a marcade rações.

Através do site daONG é possível se ca-dastrar como voluntá-

rio, ver as fotos dos bi-chinhos que estão dispo-

níveis para adoção, conhecer osprojetos que a ONG desenvolve eainda se cadastrar para receber oenvio da newsletter com novidadestoda semana.

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LIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROS

CARLOS NUNES

Se alguém espera indicação de uma leitura no ní-vel de obras como a Divina Comédia, ou Vidas Secasou Em Busca do Tempo Perdido, ou ainda A ComédiaHumana, não encontrará aqui. O livro que recomendohoje não está em tão ilustre bancada, mas não faz feio.Trata-se de Quando Nietzsche Chorou, de Irvin Yalom,editora Ediouro, 2005, 412 páginas.

O livro, de ficção (que fique bem claro), faz asso-ciações livres de fatos e circunstâncias, mas com bomgosto e sem cometer nenhum exagero. Assim, o leitormenos exigente encontrará uma trama normal comtodos os elementos de um bom romance: emoção,suspense, tensão dramática. Por outro lado, o leitormais afeito a leituras filosóficas e reflexivas tambémterá seu alento: a obra apresenta uma polêmica rela-ção entre Nietszche, o filósofo alemão, tido como ummarco na filosofia moderna, mais propriamente umprecursor do pós-modernismo, e um médico alemão,um dos precursores da psicanálise, o Dr. Josef Breuer.Neste fabuloso encontro, que tem como pano de fundoa Viena do século XIX, grandes pinceladas de pensa-mento filosófico vão buscar respostas e, o mais im-portante, as sugerem, para questões como o sentidode viver, o sofrimento e as perspectivas para a vidahumana num mundo que se “desmancha”. Este é ocaso, por exemplo, de uma de suas idéias mais impor-tantes, a do eterno retorno, cujo foco principal está napossibilidade de podermos escolher sempre as me-lhores experiências para repetir na vida.

E, além dessa força indiscutível das personagenscentrais da obra, ocorrem na história algumas apa-rições importantes de outro que se tornaria um dosmais polêmicos psicanalistas de todos os tempos,Sigmund Freud.

Mas não pense que você trilhará por linguagemrebuscada e complexa nesse mundo da psique. O au-tor, embora psicanalista também (professor da Uni-versidade de Stanford, nos Estados Unidos), apresen-ta grande simplicidade na narrativa, que empresta aotexto um tom de conversa e deixa o leitor muito a von-tade. E para quem entender o “eterno retorno” e, porisso, desejar reviver o que é bom, o livro é no mínimointeressante e “provoca” ótimos momentos.

Uma boa leitura paraum eterno retorno

Carlos Nunes é professor mestre do curso de Comunicação

Social, habilitação em Jornalismo

QUALQUER

NOTÍCIABOA...ç

Criada em 1995,a griffe Morro daCruz caiu no gostodo público e ultra-passou as ladeirasdo morro de mes-mo nome. Foi pararnas feiras e even-tos da moda da ca-pital gaúcha. Oquadro de funcio-nários, formado por cinco costureiras “de mão cheia” só atendepedidos sob encomenda. À frente da cooperativa está DjaniraRosa Einlof. Ela explica que algumas peças têm detalhes queconsomem muito tempo para serem elaborados.

– Chegamos a produzir 300 bolsas por dia – afirma ela, enu-merando que o catálogo de criação inclui ainda saias, shorts,coletes, vestidos e casacos.

Mais de 10 anos depois de sua fundação, o atelier (foto), queopera pelo sistema de cooperativa, transformou-se em uma oficinaprofissionalizante, onde o ofício da costura é disseminado entremulheres da comunidade e de outras interessadas. (Cris Viegas)

O mercado para o profissional de Relações Pú-blicas está em expansão, afirmou o vice-presi-dente de Planejamento da Associação Brasileirade Relações Públicas, Luiz Alberto Farias, du-rante cerimônia de entrega do prêmio ABRP deMonografias.

– Na área de comunicação um dos espaçosonde mais se emprega é mesmo o organizacional, local de apli-cação das relações públicas, e para o qual muitos outros profis-sionais têm migrado em busca de melhores oportunidades. Aconscientização sobre a importância e os diferenciais de RPaumenta a cada ano. (Fernanda Balestro)

Com o trabalhointitulado A Utilizaçãodo Orkut como Instru-mento de Relações Pú-blicas com o Usuário deTransporte Coletivo emCachoeirinha, a alunada Ulbra Daniela Fo-fonka (foto) ganhou a meda-lha de prata no XXV Concur-so Universitário de Mono-grafias e Projetos Experimen-tais de Relações Públicas, re-alizado em São Paulo. No seutrabalho de conclusão de cur-so, Daniela fez um estudo decaso, utilizando o site de rela-cionamento e uma empresade transporte coletivo da

Fazendo história com agulha e linha

Aluna da Ulbra tem monografia premiada

Grande Porto Ale-gre. Segundo ela,atualmente existem15 comunidades re-lativas à empresa,todas criadas como intuito de recla-marem do atendi-

mento. Como as páginasabordam principalmente oaspecto negativo. Mostrar es-ses recados podem ser degrande utilidade para a me-lhoria dos serviços prestados,observou Daniela, que contoucom a orientação do profes-sor Gustavo Becker para de-senvolver sua pesquisa. (Fer-nanda Balestro)

Mercado favorável para RPs

dicade mestre

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PRISCILA PINTO

Inspirado nos cômodos de umacasa, a exposição No Ar – 50 anos deVida, relembrou os principais mo-mentos da história da comunicaçãono Brasil e no mundo nas últimascinco décadas. Entre setembro e no-vembro de 2007, na Usina do Gasô-metro, em Porto Alegre, os visitan-tes interagiram com a mostra insta-lada em ambientes que recriaram ahistória por meio de vídeos, fotogra-fias, transmissões radiofônicas epasseios virtuais.

O tour cultural começava com umpasseio pelo hall de uma casa, com-posto por objetos da década de 50.Uma Kombi, pertencente ao Museude Tecnologia da Ulbra, exposta emmeio a objetos antigos fazia alusãoao primeiro veículo produzido noBrasil que ganhava as ruas na se-gunda metade do século 20. Numamesa digital, o público pôde acessartodas as capas de Zero Hora. Paramanusear o jornal, folhear as pági-nas do jornal bastava colocar a mãosobre a tela. No primeiro dia da ex-posição, este foi um dos ambientesmais disputados, principalmentepor torcedores colorados e gremis-tas, que procuravam pelas capas dojornal que traziam os seus timescomo campeões.

Sentados confortavelmente numsofá, os visitantes puderam fazeruma viagem histórica através dasgrandes matérias do jornalismotelevisivo. Uma cama gigante foi ofe-recida para aqueles que optaram porrever cenas de emoção das novelasbrasileiras. Em duas telas fixadas emuma grande geladeira anti-ga, foram projetados comer-ciais que marcaram época. Agaleria dos arcos, transfor-mada em um labirinto, con-tou a história da comunica-ção no Rio Grande do Sul.Poltronas pretas com alto-falantes nas laterais repro-duziam, através de trechosde gravações radiofônicas,os principais fatos que mar-caram a história política,social, esportiva e culturaldo Estado e do país.

No ambiente denominadoCaleidoscópio, cem monito-

Numa casa, a história dos 50 anosExposição organizada pela RBS relembrou os principais fatos das últimas décadas

res foram ligados simultaneamentesintonizados em canais de TV. As la-terais do mosaico de telas, o teto, ochão e o piso revestidos de espelhosformavam um número infinito decombinações de imagens.

– A idéia foi mostrar que a históriada comunicação é também a da vidadas pessoas, as alegrias, as emoções,as lembranças, os fatos, as fotos, asimagens que marcaram o universocoletivo e o individual – explicou ocurador da exposição e tambémmembro do Conselho de Administra-ção do Grupo RBS, Pedro Sirotsky.

A direção artística foi comandadapelo responsável do Museu da Lín-gua Portuguesa de São Paulo, Mar-celo Dantas, que se inspirou em umacasa para retratar a influência da co-

municação na vida das pes-soas.

–Esses 50 anos foramvivenciados profundamentepela mídia e ela foi o motorque potencializou essa trans-formação de forma global.Essa exposição é uma reflexãosobre o quanto de televisão,rádio, jornal, internet, designe música já faz parte de nós,do quanto essas mídias en-traram em nossas casas emudaram a maneira que nosreconhecemos como socieda-de e como indivíduos – res-saltou Dantas.

Fotografias, jornais,imagens e até veículosantigos encantaram milharesde visitantes da mostra

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