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Resumos daXXIII Semana Acadêmica de Biologia

Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE15 a 19 de Setembro de 2014

Editado por:

Neucir Szinwelski

Realização

Cascavel, PR2014

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XXIII Semana Acadêmica de Biologia, Cascavel, PR, 2014

Coordenação Geral

Neucir SzinwelskiAna Tereza Bittencourt Guimarães

Comissão Científica

Celso Aparecido PolinarskiJosé Flávio Cândido Jr.

Comissão de Avaliação

Eliseu Vieira DiasCelso Aparecido Polinarski

Roberto Laridondo Lui

Comissão Organizadora

Luciano Lazzarini WolffShirley Martins SilvaAna Maria Macagnan

Amanda PugensBruno Popik

Inaê de Araújo RochinskiMara Cristina BaldassoNatani Ribeiro Demarco

Walkiria Alves dos SantosWellington de Almeida

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Os resumos contidos nesta publicação são de inteiraresponsabilidade de seus autores.

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SUMÁRIO

1 ANATOMIA VEGETAL 1

1.1 Estratégias adaptativas de espécies de Cyperaceae e Poaceae ao ambi-ente de dunas litorâneas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1.2 Anatomia foliar de espécies de Eudicotiledôneas Psamófitas - Halófi-tas do Parque Estadual da Ilha do Mel - PR . . . . . . . . . . . . . . . . 7

1.3 Anatomia de órgãos vegetativos aéreos de Dioscorea L. (Dioscoreaceae) 12

2 BOTÂNICA 18

2.1 Novos registros para o gênero Cosmarium corda ex Ralfs (Desmidia-ceae, Zygnemaphyceae) associado à Eleocharis minima Kunth, do ri-acho Tenente Gualberto, município de São Miguel do Iguaçu, Paraná . 19

2.2 Micrasterias C. Agardh ex Ralfs (Zygnematophyceae) de dois ambi-entes lóticos da bacia do baixo Iguaçu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

2.3 Alelopatia de Poincianella pluviosa (DC.) L.P. Queiroz sobre a germi-nação de espécies nativas de matas ciliares . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

3 ECOLOGIA 34

3.1 Pequenas centrais hidrelétricas no estado do Paraná: uma visão sobreas atuais e futuras instalações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

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3.2 Levantamento de aves do Rio Baía . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

3.3 Efeito da regeneração florestal sobre a dinâmica predador - presa . . . 47

3.4 Autoecologia das espécies do genêro Placoneis Mereschkowsky (Ba-cillariophyta) encontradas no baixo Rio Iguaçu, Paraná, Brasil . . . . . 53

3.5 Uso dos recursos alimentares por Piabina argentea Reinhardt, 1867,(Teleostei: Characidae) em dois rios da bacia do alto Rio Paraná, MatoGrosso do Sul, Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

3.6 Variações espaciais e sazonais na dieta de Astyanax paris, Azpelicu-eta, Almirón & Casciotta, 2002 (Teleostei: Characidae) na bacia do RioPelotas, SC/RS, Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

3.7 Consumo de ave morta por Saracura-do-mato Aramides saracura, Spix,1825) (Gruiformes: Rallidae): Um novo relato de comportamento ali-mentar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

3.8 Análise microbiológica da água do córrego Danilo Galafassi - ParqueMunicipal Danilo Galafassi, Cascavel – PR . . . . . . . . . . . . . . . . 75

4 EDUCAÇÃO 80

4.1 O estágio supervisionado no curso de licenciatura sob a perspectivado docente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

5 ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA 86

5.1 A relação entre a falta de profissionais da área da saúde nas escolaspúblicas estaduais e o mal estar docente . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

5.2 Princípios da prevenção e precaução e normas de biossegurança noambiente de trabalho laboratorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92

5.3 Análise da conduta procedimental da descoberta da estrutura do DNAsob o olhar da Escola Kantiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97

5.4 As possíveis contribuições do ensino por investigação na formaçãodos alunos da educação básica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

5.5 Os motivos que levam os jovens a optarem ou não pela docência . . . 108

5.6 Percepções dos alunos sobre as avaliações de biologia . . . . . . . . . . 113

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6 ESTATÍSTICA 119

6.1 Avaliação da proporção de parto cesáreo e parto vaginal ao longo daimplantação do programa Rede Mãe Paranaense nos municípios da10a Regional de Saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120

7 IMUNOLOGIA E MICROBIOLOGIA 125

7.1 Monitoramento do funcionamento da autoclave de um abrigo paraidosos do município de Cascavel - PR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126

8 FISIOLOGIA HUMANA 130

8.1 Parâmetros biométricos de ratos submetidos ao abuso maternal pós-natal isolado ou associado à ingestão de dieta de cafeteria . . . . . . . . 131

8.2 Efeito antinociceptivo da apocinina no teste da formalina . . . . . . . . 137

9 GENÉTICA 142

9.1 Blueberry: antimutagenicidade no ensaio de Allium cepa . . . . . . . . 143

10 GESTÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL 148

10.1 Práticas de educação ambiental desenvolvidas pelo projeto Ambien-tação no CEEP Pedro Boaretto Neto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149

11 PALEONTOLOGIA 155

11.1 Avaliação de vertebrados fósseis em níveis de acumulação de ossos daFormação Rio do Rasto (Permiano) a partir da análise microestruturalde cortes seriados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156

11.2 Amostra de pavimento de conchas monoespecífico da Formação PontaGrossa (Devoniano Superior), Bacia do Paraná, Brasil . . . . . . . . . . 162

12 SISTEMÁTICA E TAXONOMIA 168

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12.1 Estudo taxonômico das Cymbellales (Bacillariophyceae) no ParqueDiva Paim Bart, Toledo – PR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169

12.2 Bacillariophyceae: taxonomia e dinâmica do gênero Cocconeis Ehren-berg, no Rio Iguaçu, Paraná, Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174

13 ZOOLOGIA 180

13.1 Análise do comportamento animal do Gato-mourisco (Puma yagoua-roundi) no zoológico Parque Municipal Danilo Galafassi no munici-pio de Cascavel - PR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181

13.2 Identificação dos fatores de risco que promovem a sindrome ascíticaem frangos de corte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185

13.3 Pressão de predação de sementes de Araucaria angustifolia por Sapa-jus nigritus (Goldfuss, 1809) (Primates, Cebidae) em ambiente flores-tal fragmentado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192

14 RELATOS DE EXPERIÊNCIA 197

14.1 A inclusão da educação infantil na educação ambiental: Práticas noespaço sala verde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198

14.2 Modelo didático simulador do movimento aparente do sol: Uma pro-posta para a formação de professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 202

14.3 Modelos didáticos para o ensino de astronomia com deficientes visuais208

14.4 O teatro no ensino de ciências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 214

14.5 Aulas de reforço: Uma experiência no contexto do PIBID . . . . . . . . 220

14.6 Confecção de apostila de aulas práticas para o laboratório de ciênciase biologia em um colégio estadual de Cascavel - PR . . . . . . . . . . . 226

14.7 A cronobiologia articulada ao ensino por investigação no PIBID . . . . 232

14.8 Os recursos didáticos e o processo de ensino aprendizagem . . . . . . . 238

14.9 Astronomia no interior da sala de aula a partir da contação de história 244

14.10Astronomia: Uma abordagem alternativa no ensino fundamental . . . 249

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15 Index 255

Palavras-chave . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 256

Índice de autores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 258

16 Patrocinadores 260

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CAPÍTULO 1

ANATOMIA VEGETAL

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1.1 Estratégias adaptativas de espécies de Cyperaceae e Po-aceae ao ambiente de dunas litorâneas

Aline Viana1 & Shirley Martins Silva1

RESUMO: A vegetação litorânea é classificada como formação vegetal de influência marinha ocorrenteem praias e dunas. Incluída nessa vegetação, ocorrem as plantas conhecidas como halófitas-psamófitas,caracterizadas pelo crescimento e desenvolvimento em condições de estresse salino, hídrico, elevadaluminosidade e temperatura, além de fortes ventos. Diante da importância e particularidade desse tipode vegetação, principalmente em áreas de conservação, este estudo teve como objetivo caracterizar aanatomia foliar de espécies halófitas-psamófitas de Cyperaceae e Poaceae, buscando identificar cara-cteres adaptativos às condições de influência marinha. Foram estudadas cinco espécies de Poaceae ecinco de Cyperaceae ocorrentes em dunas litorâneas do Parque Estadual da Ilha do Mel – PR. Por meioda análise da anatomia foliar, observam-se como principais caracteres que podem constituir estratégiasadaptativas à ocorrência de células epidérmicas com paredes espessadas, estômatos restritos à face aba-xial ou em sulcos, a presença de células buliformes, cordões de fibras e anatomia Kranz.

Palavras Chave: Folha, Psamófila-halófitas, Adaptação ao ambiente, Anatomia Kranz.

INTRODUÇÃO

As dunas litorâneas são uma das paisagens que mais se destacam dentro dos ecos-sistemas brasileiros, pois possuem uma grande variedade de vegetações, formandomosaicos de comunidades vegetais diretamente relacionados à geomorfologia, as con-dições ambientais e físicas, além da estreita relação com o mar (FREIRE, 1993; MENEZES-SILVA, 1999; CORDEIRO, 2005; IBGE, 2012)

A vegetação litorânea, classificada como formação pioneira com influencia mari-nha, ocorre em praias e dunas frontais que são geralmente atingidas por "spray deágua salgada, sendo geralmente constituída por plantas herbáceas, podendo ocorrertambém pequenos arbustos e árvores (BRAGA, 2014). O ambiente onde há ocorrênciadessa vegetação se caracteriza pela drenagem rápida da água, ação de fortes ventos,elevada luminosidade e temperatura, grande concentração de sais, e baixa concentra-ção de nutrientes (ARRUDA; VIGLIO; BARROS, 2009).

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

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Na vegetação litorânea encontram-se plantas denominadas halófitas, que são aque-las capazes de tolerar ambiente salino, e as denominadas psamófitas, capazes de tole-rar a alta mobilidade do solo arenoso (BOEGER; GLUZEZAK, 2006). Plantas psamófitas-halófitas geralmente apresentam adaptações morfológicas e fisiológicas para conse-guir sobreviver nesse tipo de ambiente (DONATO; MORRETES, 2007). Nesse con-texto, o presente estudo tem como objetivo analisar a anatomia foliar de cinco espéciesde Poaceae e cinco espécies de Cyperaceae psamófilas-halófitas ocorrentes no ParqueEstadual da Ilha do Mel, PR, buscando identificar possíveis caracteres adaptativos aoambiente de dunas litorâneas, fornecendo subsídios para melhor caracterização dessavegetação e consequentemente o manejo e conservação desse ecossistema. .

MATERIAIS E MÉTODOS

Foi estudada a anatomia foliar de dez espécies de Monocotiledôneas, sendo cincoda família Cyperaceae (Cyperus ligularis L., Fimbristylis spadicea (L.) Vahl, Fimbristyliscymosa R.Br., Kyllinga brevifolia Rottb., Pycreus polystachyos P.Beauv.) e cinco de Poaceae(Cenchrus echinatus L., Imperata brasiliensis Trin., Ischaemum minus J. Presl, Spartina ci-liata Kunth, Sporobolus virginicus (L.) Kunth) ocorrentes na faixa de dunas em praiasdo Parque Estadual da Ilha do Mel, no litoral paranaense. Para a análise anatômicaforam coletadas folhas com lâminas totalmente expandidas. O material coletado foifixado com FAA50 (JOHANSEN, 1940) e posteriormente conservado em etanol 70%(SASS, 1951). Foram realizadas secções transversais (ST) à mão livre com o auxílio delâmina de barbear, da região mediana da lâmina foliar, coradas com azul de Astra esafranina (KRAUS; ARDUIN, 1997) e montadas em meio semipermanente em gela-tina glicerinada. As imagens das ST obtidas foram capturadas com auxílio de câmeradigital Leica DFC 290 acoplada ao microscópio Leica DM LB.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As folhas, em ST, apresentam epiderme uniestratificada em ambas às faces nas es-pécies de Poaceae e apenas na abaxial nas espécies de Cyperaceae, sendo multiestrati-ficada na face adaxial das espécies desta última família. A parede periclinal externa daepiderme varia de levemente espessada a espessada. Os estômatos também possuem

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paredes espessadas e na maioria das espécies ocorrem no mesmo nível das demaiscélulas epidérmicas e estão restritos à face abaxial, ocorrendo em ambas às faces emSporobolus virginicus e Imperata brasilensis e em sulcos na face adaxial em Spartina ci-liata. Tricomas (macro e/ou micropelos) só foram observados em Cenchrus equinatus,Spatartina ciliata e Sporobolus virginicus. Já papilas só foram observadas na face ada-xial de Spartina ciliata. Ainda com relação à epiderme, células buliformes ocorremem todas as espécies estudadas, podendo ser restritas à região da nervura central oudistribuídas por todo limbo foliar, ocorrendo entre os feixes vasculares.

Cordões de fibras subepidérmicos ocorrem em todas as espécies, geralmente naface abaxial e associados aos feixes vasculares. O parênquima clorofiliano em todasas espécies é do tipo radiado, circundando todos os feixes vasculares. Essa caracterís-tica, junto à ocorrência da bainha vascular com cloroplasto, caracteriza a presença deanatomia Kranz nas espécies. A distribuição dos feixes vasculares varia entre as espé-cies, ocorrendo em um único nível (maioria das espécies), em dois níveis (Fimbristylisspadicea e Fimbristylis cymosa) ou em círculos (Cyperus liguralis).

Muitas das características anatômicas das folhas observadas são indicadas comoestratégias adaptativas às condições ambientais presentes nas dunas litorâneas. Célu-las epidérmicas com paredes espessadas são indicadas como características adaptati-vas importantes na resistência contra a perda excessiva de água e resistência á desse-cação (MARTINS; MACHADO; ALVES, 2008; REZENDE, 2003).

A restrição dos estômatos a ocorrência da face abaxial ou em sulcos como em Spar-tina ciliata, pode estar associado com a proteção dos estômatos contra elevadas taxasde evaporação e tal proteção pode ser também realizada pela presença de células-guarda com paredes espessadas, papilas e tricomas (MARTINS; MACHADO; ALVES,2008). Esses mecanismos que atuam na proteção estomática são comuns às plantasque se desenvolvem sob estresses salino e hídrico, pois diminui a perda evaporativada água e mantendo a capitação de CO2 (SAGE, 2004).

A ocorrência de células buliformes está relacionada com o enrolamento da folhaem situações de estresse hídrico e pode ter potencial função de reserva de água (AR-RUDA; VIGLIO; BARROS, 2009), assim como a epiderme multiestratificada (MAR-TINS; MACHADO; ALVES, 2008).

Quanto à anatomia Kranz, observada em todas as espécies analisadas, sabe-se quesua ocorrência é geralmente associada ao metabolismo fotossintético C4 (SAGE, 2004),

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conferindo a essas espécies menor necessidade de abertura dos estômatos com altastaxas fotossintéticas, reduzindo assim a transpiração.

As características anatômicas foliares mencionadas acima são, aparentemente, es-tratégias das plantas estudadas para diminuir as consequências do estresse hídrico esalino que são submetidas no ambiente de dunas litorâneas. Essas estratégias permi-tem a redução da perda de água, diminuição dos danos que podem ser causados pelaelevada radiação e temperatura conferindo também uma maior eficiência nos proces-sos fisiológicos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARRUDA, R. D. C. D. O.; VIGLIO, N. S. F.; BARROS, A. A. M. DE. Anatomia foliarde halófitas Na restinga e psamófitas reptantes ocorrentes na Restinga de Ipitangas,Saquarema, Rio De Janeiro, Brasil. Rodriguésia, v.60, n.2, p.333–352, 2009.

BOEGER, M. R. T.; GLUZEZAK, R. M. Adaptações estruturais de sete espécies deplantas para as condições ambientais da área de dunas de Santa Catarina, Brasil.Iheringia Serie Botânica, v.61, n.1/2, p.73–82, 2006.

BRAGA, L. G. Riqueza e estrutura de uma comunidade halófila-psamófila de res-tinga no município de Presidente Kennedy, ES. 2014. 40p. Monografia — Univer-sidade Federal do Espírito Santo.

CORDEIRO, S. Z. Composição e distribuição da vegetação herbácea em três áreas comfisionomias distintas na Praia do Peró, Cabo Frio, RJ, Brasil. Acta Botanica Brasilica,v.19, n.4, p.679–693, 2005.

DONATO, A. M.; MORRETES, B. L. D. Anatomia foliar de Eugenia brasiliensis Lam.(Myrtaceae) proveniente de áreas de restinga e de floresta. Revista Brasileira deFarmacognosia, v.17, n.3, p.426–443, 2007.

FREIRE, M. C. C. C. Florística das praias da Ilha de São Luís, Estado do Maranhão(Brasil): diversidade de espécies e suas ocorrências no litoral brasileiro. Acta Ama-zonica, v.23, n.2-3, p.125–140, 1993.

IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira. Rio de Janeiro: DEDIT/CDDI, 2012.276p.

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JOHANSEN, D. A. Plant microtechnique. New York - USA: Mac Graw-Hill BookCompany Inc, 1940. 523p.

KRAUS, J. E.; ARDUIN, M. Manual básico de métodos em morfologia vegetal. Riode Janeiro: EDUR, 1997. 198p.

MARTINS, S.; MACHADO, S. R.; ALVES, M. Anatomia e ultra-estrutura foliar deCyperus maritimus Poir. (Cyperaceae): estratégias adaptativas ao ambiente de dunaslitorâneas. Acta Botanica Brasilica, v.22, p.493–503, 2008.

MENEZES-SILVA, S. Diagnóstico das restingas no Brasil. In: FUNDAÇÃO BIO RIO,WORKSHOP AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADE NA ZONA COSTEIRA E MARINHA, 1999, Porto Seguro.Anais. . . , 1999. p.2008.

REZENDE, M. H. Anatomia foliar em plantas jovens de Solanum lycocarpum A. St.-Hil.(Solanaceae). Revista Brasileira de Botânica, v.26, n.2, p.169–174, 2003.

SAGE, R. The evolution of C4 photosynthesis. New Phytologist, v.161, p.341–370,2004.

SASS, J. E. Botanical microtechnique: The Iowa State College Press, Ames, 1951. 221p.

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1.2 Anatomia foliar de espécies de Eudicotiledôneas Psa-mófitas - Halófitas do Parque Estadual da Ilha do Mel- PR

Mariane Zelinski1 & Shirley Martins Silva1

RESUMO: As plantas ocorrentes em cordões arenosos são chamadas halófitas pela tolerância à sali-nidade e psamófilas pela tolerância à alta mobilidade do solo. Diante dessas condições ambientaisparticulares, o objetivo deste estudo foi caracterizar a anatomia foliar de espécies eudicotiledôneasocorrentes nos cordões litorâneos do Parque Estadual da Ilha do Mel, buscando identificar caracteresadaptativos ao ambiente halófito-psamófito. Por meio da análise realizada se observou que as espéciesapresentam como caracteres adaptativos epiderme com células de parede espessadas ou levemente es-pessadas, folhas anfiestomáticas na maioria, mesofilo compacto e algumas possuem também tricomastectores ou glandulares, drusas e anatomia Kranz.

Palavras Chave: Estresse hídrico, Estresse salino, Dunas litorâneas, Adaptação.

INTRODUÇÃO

O litoral brasileiro apresenta ampla variedade de tipos de relevo e de ecossistemasque influencia nos tipos de formações vegetais litorâneas (TESSLER; GOYA, 2005).A vegetação litorânea é frequentemente chamada de restinga, sendo constituída porum mosaico de comunidades vegetais, dentre as quais a ocorrente nas dunas litorâ-neas recebe influência fluvio-marinha direta e é formada principalmente por plantasherbáceas e arbustivas (IBGE, 2012). Essa vegetação cresce e se desenvolve em solosalobro e, por isso, tende a apresentar especializações à salinidade (IBGE, 2012). Asplantas presentes em ambientes com estas características são chamadas halófitas pelatolerância à salinidade e psamófilas pela tolerância à alta mobilidade do substrato are-noso (BOEGER; GLUZEZAK, 2006).

A vegetação litorânea também enfrenta outras adversidades além dos altos teoresde salinidade do solo, como: alta insolação, fortes ventos, baixa quantidade de matériaorgânica, excesso de absorção de sais, diminuição da disponibilidade de água e defi-ciência ou inibição no crescimento da vegetação (ANDRADE, 1966; DIAS; BLANCO,

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

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2010). Para resistir aos fatores limitantes as plantas psamófitas-halófitas necessitamde mecanismos tanto fisiológicos quanto morfológicos que favoreçam sua ocorrên-cia e crescimento nos cordões litorâneos. Assim, o objetivo do presente estudo foicaracterizar a anatomia foliar de espécies de diferentes famílias de eudicotiledôneasocorrentes nas praias do Parque Estadual da Ilha do Mel – PR, a fim de levantar cara-cteres adaptativos ao ambiente e fornecer subsídios para o manejo e conservação dasespécies existentes nessa unidade de conservação.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram coletadas folhas com lâmina totalmente expandida de oito espécies ocor-rentes nas praias do Parque Estadual da Ilha do Mel – PR, sendo elas: Blutaparonportulacoides (A.St.-Hil.) Mears (Amaranthaceae), Hidrocotyle bonariensis Lam. (Ara-liaceae), Ipomoea littoralis (L.) Boiss e Ipomoea pes-caprae (L.) R.Br. (Convolvulaceae),Melissa officinalis L. (Lamiaceae), Mikania diversifolia DC. (Asteraceae), Polygala panicu-lata L. (Polygalaceae) e Vigna longifolia (Benth) Verdc. (Fabaceae).

O material coletado foi fixado em FAA50% (JOHANSEN, 1940) e conservado emetanol 70% (SASS, 1951). Foram realizadas secções transversais da região medianadas folhas à mão livre com auxílio de lâmina de barbear, coradas com Azul de Alciane Fucsina básica (KRAUS; ARDUIN, 1997) e montadas em glicerina 50%. As imagensdas secções elaboradas foram capturadas com auxílio do Fotomicroscópio OlympusBx70, utilizando-se o programa DP Controller.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Das características anatômicas observadas nas espécies estudadas, muitas são in-dicadas como estratégias adaptativas ao estresse hídrico, estresse salino, alta lumi-nosidade e mobilidade do substrato (BOEGER; GLUZEZAK, 2006; MARTINS; MA-CHADO; ALVES, 2008). Em análise da anatomia foliar das espécies estudadas, em ST,observa-se que a cutícula é levemente espessada ou espessada (Tabela 1) e até mesmoestriada em Ipomoea pes-caprae e Hidrocotyle bonariensis. A parede periclinal externa dascélulas epidérmicas é levemente espessada na maioria das espécies, sendo espessadaapenas em Ipomoea pes-caprae e Polygala paniculata. Nestas duas últimas espécies, a

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parede periclinal interna também é espessada. A ocorrência de cutícula espessada eestriada, assim como epiderme com paredes espessadas são indicadas como respon-sáveis pela proteção contra a perda de água e reflexão do excesso de radiação solar(ALQUINI et al., 2003).

Tabela 1: Caracteres anatômicos das folhas das oito espécies eudicotiledôneas. 1 =Blutaparon portulacoides; 2 = Hidrocotyle bonariensis; 3 = Ipomoea littoralis; 4 = Ipomoeapes-caprae; 5 = Melissa officinalis; 6 = Mikania diversifolia; 7 = Polygala paniculata; 8 =Vigna longifolia.

Características/Espécies 1 2 3 4 5 6 7 8

Nervura central evidente - + + + + + - +Cutícula espessada - - - - - + - -Cutícula estriada - + - + - - - -Folhas hipoestomáticas + - - - - - - -Folhas anfiestomáticas - + + + + + + +Tricomas tectores - - - - + + - -Tricomas glandulares - - + - + - - -Parênquima aquífero + + - - + - - +Drusas + - + + + - - -Canais secretores - + - - - + - -Mesofilo dorsiventral - + - - - + - +Mesofilo isobilateral - - + + + - + -Parênquima radiado + - - - - - - -Bainha Kranz + - - - - - - -

Nas espécies estudadas, os estômatos ocorrem em ambas às faces da epiderme,exceto por Blutaparon portulacoides que possuiu folha hipoestomática (Tabela 1). Aposição dos estômatos é geralmente relacionada com as condições ambientais e ge-ralmente são localizados em posição estratégica para menor transpiração da planta(AOYAMA; VIVEIROS, 2006). Ainda na epiderme foram observados tricomas tecto-res apenas em Melissa officinalis e Mikania diversifolia e tricomas glandulares em Ipomoealittoralis e Melissa officinalis. A presença de tricomas tectores e glandulares observadosnas espécies, além de protegerem as plantas contra predadores, podem auxiliar na re-dução da perda de água e umidade, secretando diversas substâncias, até mesmo o sal,como ocorre nas espécies psamófilas-halófitas (CARDOSO, 2001).

Em Blutaparon portulacoides, Hidrocotyle bonariensis, Melissa officinalis e Vigna longi-

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folia, ocorre hipoderme, constituída por células de parênquima aquífero (Tabela 1).Para as espécies que vivem em ambiente xerofítico, como o de dunas, é importantea reserva de água para a manutenção do metabolismo sem prejuízos para a planta(PROENÇA; SAJO, 2004).

O mesofilo nas espécies estudadas é compacto, sendo dorsiventral em Hidrocotylebonariensis, Mikania diversifolia e Vigna longifolia, radiado em Blutaparon portulacoides eisobilateral nas demais espécies (Tabela 1). Em todas as espécies analisadas os feixesvasculares são do tipo colateral e apenas em Blutaparon portulacoides foi observadabainha Kranz (Tabela 1).

Drusas ocorrem em Blutaparon portulacoides, Ipomoea littoralis, Ipomoea pes-caprae eMelissa officinalis, não estando presentes nas demais espécies. Em Hidrocotyle bonarien-sis e Mikania diversifolia canais secretores acompanham os feixes vasculares, não sendoobservados nas demais.

As espécies de eudicotiledôneas estudadas diferem quanto à anatomia foliar, po-rém apresentam caracteres considerados adaptativos às condições de estresse salino ehídrico. Dessa forma, ao seu modo, cada planta desenvolve estratégias para tolerar esobreviver em condições consideradas adversas para muitas espécies vegetais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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AOYAMA, E. M.; VIVEIROS, S. C. M. Adaptações estruturais das plantas ao ambi-ente. São Paulo - Brasil: Instituto de Botânica, 2006. 17p.

BOEGER, M. R. T.; GLUZEZAK, R. M. Adaptações estruturais de sete espécies deplantas para as condições ambientais da área de dunas de Santa Catarina, Brasil.Iheringia Serie Botânica, v.61, n.1/2, p.73–82, 2006.

CARDOSO, P. R. Estruturas secretoras em plantas. São Paulo: Instituto de Botânica,2001. 16p.

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DIAS, N. S.; BLANCO, F. F. Efeitos dos sais no solo e na planta. In: GREYI, H. R.;LACERDA, C. F. (Ed.). Manejo da salinidade na agricultura: Estudos básicos eaplicados. Fortaleza - CE: INCT Sal, 2010. p.133–144.

IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira. Rio de Janeiro: DEDIT/CDDI, 2012.276p.

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KRAUS, J. E.; ARDUIN, M. Manual básico de métodos em morfologia vegetal. Riode Janeiro: EDUR, 1997. 198p.

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PROENÇA, S. L.; SAJO, M. d. G. Estrutura foliar de espécies de Aechmea Ruiz & Pav.(Bromeliaceae) do Estado de São Paulo, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v.18, n.2,p.319–331, 2004.

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1.3 Anatomia de órgãos vegetativos aéreos de Dioscorea L.(Dioscoreaceae)

Paula Emanuele Bello Kosloski1 & Shirley Martins Silva1

RESUMO: Dioscorea é o gênero mais diverso da família Diocoreaceae com cerca de 450 espécies, sendodividido em dois subgêneros: Helmia e Eudioscorea. A filogenia do gênero está incompleta e numero-sas espécies se encontram em seções distintas àquelas que possivelmente pertencem, assim, o objetivodeste trabalho foi caracterizar anatomicamente o caule e a folha de espécies do gênero para fornecersubsídios para a taxonomia e filogenia do gênero. Dentre os caracteres que são comuns ao gênero estãopresença de hipoderme com colênquima ou esclerênquima e feixes vasculares compostos. Os repre-sentantes do subgênero Eudioscorea compartilham o formato circular do caule e do subgênero Helmiaa presença de ráfides na folha. Também foram observados caracteres diagnósticos para algumas es-pécies que podem contribuir com sua identificação. Em geral, estrutura caulinar e foliar difere entrerepresentantes da mesma seção, o que reforça a necessidade de revisão na classificação infragenéricade Dioscorea.

Palavras Chave: Caule, Folha, Taxonomia, Dioscoreaceae.

INTRODUÇÃO

O gênero Dioscorea L. é o único da família Dioscoreaceae ocorrente no Brasil, sendoindicadas cerca de 130 espécies do gênero, das quais mais de 70% são endêmicas dopaís (HUBER, 1998). Apesar dessa representatividade, poucos são os estudos que sereferem ao gênero no Brasil. A classificação vigente para Dioscorea é a de KNUTH(1924), que segue critérios de Uline, baseando–se inteiramente nas sementes. Entre-tanto, com a identificação e descrição de novas espécies foram surgindo muitas obje-ções em relação à classificação taxonômica de Dioscoreaceae, que é mencionada comoincerta, principalmente a nível infragenérico (WILKIN et al., 2005; HUBER, 1998).

Diante das incertezas da classificação taxonômica e escassez de estudos anatômicoscom táxons brasileiros de Dioscorea, o objetivo deste trabalho foi levantar dados quepossam subsidiar a taxonomia e filogenia do gênero, contribuindo com evidênciaspara a formação de um arranjo mais natural de Dioscorea e de Dioscoreaceae, além deampliar o conhecimento sobre as espécies Neotropicais do gênero.

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

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MATERIAIS E MÉTODOS

Foram estudadas 16 espécies de Dioscorea (Tabela 1 e 2), coletadas em diferentesformações vegetais do Brasil. Para as análises anatômicas foram estudados o cauleaéreo e a região mediana da lâmina folha totalmente expandida. O material coletadofoi fixado com FAA50 (JOHANSEN, 1940) e posteriormente conservado em etanol70% (SASS, 1951). Foram realizadas secções transversais à mão livre com o auxílio delâmina de barbear (JOHANSEN, 1940), coradas com azul de Astra (1%) e Safranina(0,5%) (BUKATSCH, 1972) e montadas em gelatina glicerinada. As imagens obtidasforam capturadascom auxílio de câmera digital Leica DFC 290 acoplada ao microscó-pio Leica DM LB.Com os dados obtidos foi construída uma tabela comparativa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As principais características anatômicas que podem ser utilizadas na diferenciaçãodas espécies de Dioscorea estão destacadas nas tabelas 1 e 2.

O caule em ST é circular, exceto em D. altissima e D. mollis que é quadrangular.A epiderme é uniestratificada com células de paredes delgadas na maioria das espé-cies, sendo espessada somente em D. marginata, D altissima, D. mollis e D. stenophylla,e nestas a hipoderme possui esclerênquima, já as outras, com células epidérmicas del-gadas, possuem colênquima. A região cortical é geralmente estreita com 4-6 camadas(Tabela 1), sendo ampla apenas em D. cinamomifolia e D. stenophylla com 14 a 16 cama-das (Tabela 1). O sistema vascular é constituído de feixes vasculares compostos (maiorcalibre) distribuídos geralmente entre os feixes vasculares simples (menor calibre). Onúmero de feixes vasculares também varia entre as espécies, sendo que em muitas onúmero de feixes maiores é igual ao número de feixes menores (Tabela 1).

As folhas, em ST, apresentam epiderme uniestratificada com paredes geralmentelevemente espessadas, sendo delgadas em D. piperifolia, D. rumicoides, D. altissima eD. stenophylla. Na maioria das espécies, as células da face adaxial são maiores emlargura que as células da face abaxial, sendo semelhantes apenas em D. marginata,D. multiflora e D. orthogoneura. Quanto a presença de ráfides, quase todas possuem,exceto D. dodecaneura, D. leptostachya e D. laxiflora (Tabela 2). Somente D. dodecaneuraapresenta papilas, além de tricomas, estes também estão presentes em D. monadelpha

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(Tabela 2).Com relação ao caule, para o subgênero Eudioscorea observa-se que os representan-

tes de todas as seções compartilham o formato circular e exceto por D. marginata (seçãoApodostemon), todas as espécies estudadas deste subgênero também compartilhamcélulas epidérmicas de paredes delgadas e colênquima. Para Helmia apenas a ocor-rência de ráfides nas folhas é comum para todos os representantes deste subgênero.Quanto à seção Chondrocarpa, D. altissima e D. mollis compartilham o mesmo formatodo caule e a presença de epiderme e hipoderme com células de paredes espessadas.Já D. cinamomifolia, que também pertence à Chondrocarpa, compartilha mais caracte-res as espécies da D. sincorensis e D. campestris da seção Dematostemon (Tabela 1). Ascélulas da hipoderme possuem colênquima e esclerênquima apenas em D. mollis, estaespécie também compartilha um grande número de camadas do córtex com a espécieD. stenophylla, da seção Dematostemon.

Com relação à folha, no subgênero Eudioscorea apenas D. dodecaneura da seçãoLasiogyne possui papilas e tricomas, este último é um caráter compartilhado com D.hassleriana da seção Cryptantha. No subgênero Helmia o caráter diagnóstico é a pre-sença de drusas em D. monadelpha da seção Monadelpha, que também possui ráfides,a qual é compartilhada por todas as seções. Os dados obtidos reforçam a necessi-dade de revisão da classificação infragenérica, principalmente ao nível de seção, comodestacado por HUBER (1998) e WILKIN et al. (2005). Os caracteres diagnósticos ob-servados podem ser úteis para identificação das espécies, principalmente na ausênciade estruturas reprodutivas.

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IIISemana

Acadêm

icade

Biologia,Cascavel,PR

,2014

Tabela 1: Caracteres anatômicos do caule de espécies de Dioscorea. Apo = Apodostemon; Cen = Centrostemon; Cin= Cincinnorhachis; Cry = Cryptantha; Las = Lasiogyne; Lyc = Lychnostemon; Sph = Sphaerantha; Str = Strutantha; Cho= Chondrocarpa; Dem = Dematostemon; Mon = Monadelpha. Col = colênquima; Esc = esclerênquima; Fxv = feixesvasculares; Mac = maior calibre; Mec = menor calibre.

Espécies/caracteres Formato do Células da Células da Cortex - N� N� Fxv N� Fxvcaule em ST epiderme hipoderme de camadas Mac Mec

Subgen. EudioscoreaD. marginata (Apo) circular espessada Esc 3-6 6 6D. piperifolia (Cen) circular delgada Col 5-8 8 8D. rumicoides (Cin) circular delgada Col 3-6 4 4D. hassleriana (Cry) circular delgada Col 5-6 8 8D. dodecaneura (Las) circular delgada Col 4-7 3 5D. leptostachya (Lyc) circular delgada Col 4-6 5 5D. multiflora (Sph) circular delgada Col 5-6 5 5D. orthogoneura (Str) circular delgada Col 4-6 5 5D. laxiflora (Str) circular delgada Col 4-6 5 7Subgen. Helmia D. altissima (Cho) quadrangular espessada Esc 5-7 8 8D. cinamomifolia (Cho) circular delgada Col 4-7 6 6D. mollis (Cho) quadrangular espessada Esc/Col 15-16 16 34D. sincorensis (Dem) circular delgada Col 4-5 5 5D. campestres (Dem) circular delgada Col 4-5 5 4D. stenophylla (Dem) circular espessada Esc 14-16 9 6D. monadelpha (Mon) circular delgada Col 4-6 5 5

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IIISemana

Acadêm

icade

Biologia,Cascavel,PR

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Tabela 2: Caracteres anatômicos de folhas de espécies de Dioscorea. Apo = Apodostemon; Cen = Centrostemon; Cin= Cincinnorhachis; Cry = Cryptantha; Las = Lasiogyne; Lyc = Lychnostemon; Sph = Sphaerantha; Str = Strutantha; Cho= Chondrocarpa; Dem = Dematostemon; Mon = Monadelpha. Aba = abaxial; Ada = adaxial.

Espécies/caracteres Células da Relação da Ocorrência e Papilas Tricomasepiderme proporção ada/aba tipos de cristais

Subgen. EudioscoreaD. marginata (Apo) Espessada Semelhante Ráfides Ausente AusenteD. piperifolia (Cen) Delgada 3 vezes maior Ráfides Ausente AusenteD. rumicoides (Cin) Delgada 2 vezes maior Ráfides Ausente AusenteD. hassleriana (Cry) Delgada Semelhante Ráfides Ausente AusenteD. dodecaneura (Las) Espessada 2 vezes maior Ausente Presente PresenteD. leptostachya (Lyc) Espessada 3 vezes maior Ausente Ausente AusenteD. multiflora (Sph) Espessada Semelhante Ráfides Ausente AusenteD. orthogoneura (Str) Espessada Semelhante Ráfides Ausente AusenteD. laxiflora (Str) Espessada 2 vezes maior Ausente Ausente AusenteSubgen. HelmiaD. altissima (Cho) Delgada Semelhante Ráfides Ausente AusenteD. cinamomifolia (Cho) Espessada 3 vezes maior Ráfides Ausente AusenteD. mollis (Cho) Espessada Semelhante Ráfides Ausente PresenteD. sincorensis (Dem) Espessada 3 vezes maior Ráfides Ausente AusenteD. campestres (Dem) Espessada 2 vezes maior Ráfides Ausente AusenteD. stenophylla (Dem) Delgada 2 vezes maior Ráfides Ausente AusenteD. monadelpha (Mon) Espessada 3 vezes maior Ráfides/Drusas Ausente Presente

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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WILKIN, P.; SCHOLS, P.; CHASE, M. W.; CHAYMARIT, K.; FURNESS, C. A.; HUYS-MANS, S.; RAKOTONASOLO, F.; SMETS, E.; THAPYAI, C. A plastid gene phylo-geny of the Yam genus, Dioscorea: roots, fruits and Madagascar. Systematic Botany,v.30, n.4, p.736–749, 2005.

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CAPÍTULO 2

BOTÂNICA

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2.1 Novos registros para o gênero Cosmarium corda ex Ralfs(Desmidiaceae, Zygnemaphyceae) associado à Eleocha-ris minima Kunth, do riacho Tenente Gualberto, muni-cípio de São Miguel do Iguaçu, Paraná

Camila Akemy Nabeshima Aquino1, Liliane Caroline Servat1 & Norma CatarinaBueno1

RESUMO: O trabalho objetivou realizar um levantamento taxonômico das algas perifíticas do gêneroCosmarium do riacho Tenente Gualberto, importante afluente da Bacia hidrográfica do baixo Iguaçu.As coletas foram realizadas mensalmente durante o período de agosto a julho de 2013, totalizando 12amostras. A comunidade perifítica foi coletada a partir da macrófita aquática Eleocharis minima Kunthe a identificação do material biológico realizada, de acordo com literatura especializada e trabalhoscientíficos da área. Os resultados obtidos possibilitaram a identificação de 19 táxons, sendo 2 destes,primeira citação para o Estado do Paraná.

Palavras Chave: Desmídias, Macrófita-aquática, Microalgas, Perifíton.

INTRODUÇÃO

A ordem Desmidiales (desmídias placodérmicas) é constituída por organismosque, de uma maneira geral, possuem padrões de distribuição cosmopolita (COESEL,1996), com elevada diversidade nos mais variados cenários ambientais (BARBOSA;BARBOSA; BICUDO, 2013). Desenvolvem-se em grandes populações (BROOK, 1981;COESEL, 1982; ESTEVES, 2011) e apresentam uma morfologia externa bastante diver-sificada, bem como um complexo padrão de simetria celular (BARBOSA; BARBOSA;BICUDO, 2013), cujas paredes são constituídas por uma dupla camada (BROOK, 1981),na qual a externa pode apresentar ornamentações tais como: poros, grânulos, espinhose processos (HOEK; MANN; JAHNS, 1995).

Cosmarium Corda ex Ralfs é um dos gêneros mais antigos e com maior número detáxons descritos pertencentes à Ordem Desmidiales, totalizando aproximadamente1.500 espécies de água doce (HOEK; MANN; JAHNS, 1995; BICUDO; MENEZES,2006; FRANCESCHINI et al., 2010).

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

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As características que delimitam este gênero são pouco definidas, tornando a iden-tificação das espécies ainda mais difícil, já que nunca houve a realização de uma re-visão taxonômica completa para o gênero Cosmarium. Desta forma, característicascomo a relação comprimento/ largura, a morfologia celular, parede lisa ou granu-lada e ainda suas vistas apical e lateral, são importantes para permitir uma corretaidentificação (FELISBERTO; RODRIGUES, 2004; BICUDO; MENEZES, 2006).

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo

O Riacho Tenente Gualberto, importante afluente da Bacia hidrográfica do baixoIguaçu esta localizado no município de São Miguel do Iguaçu, Paraná, possui suanascente e a maior parte de seu curso entre campos de cultivo agrícola, desembocandoposteriormente no rio Índio, e terminando no rio Iguaçu. A estação de coleta possuitrecho estreito, com aproximadamente 3,4 m de largura entre margens; raso, com cercade 20 cm de profundidade e com fluxo de água de velocidade média. A área apresentaaproximadamente 2m de vegetação ripária em seu entorno.

Metodologia de Campo

Foi coletado material perifítico a partir da macrófita aquática Eleocharis minimaKunth, durante 12 meses, totalizando 12 amostras. Este material foi, removido poste-riormente com o auxílio de um pincel e jatos de água destilada. As amostras foramacondicionadas em frascos de polietileno com capacidade de 300 mL e preservadascom solução Transeau, na proporção de 1:1, segundo BICUDO; MENEZES (2006). Omaterial biológico foi depositado no Herbário da Universidade Estadual do Oeste doParaná (UNIOESTE), campus Cascavel (UNOP).

Metodologia de Laboratório

Para as análises qualitativas foram preparadas em média 15 lâminas temporáriaspor amostra ou até não ocorrerem táxons diferentes. A análise morfométrica e fotogra-fia das microalgas foram realizadas em microscópio trinocular com ótica de correção

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infinita, marca Olympus, modelo CX31, com câmera fotográfica acoplada, sempre nosaumentos de 400 e 1.000 x. O enquadramento sistemático das microalgas seguiu BI-CUDO; MENEZES (2006), sendo a identificação dos mesmos realizada com base naliteratura clássica especializada, bem como com trabalhos científicos da área.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O inventário taxonômico para o gênero Cosmarium contribuiu com 2 novas ocor-rências para o Estado do Paraná: Cosmarium ordinatum (Börges) West & West var. de-pressum West & West e C. ornatum Ralfs var. ornatum f. ornatum.

Os demais táxons encontrados para o gênero foram: Cosmarium candianum Del-ponte var. candianum; C. decoratum West & West; C. dispersum L.N.Johnson f. dispersumL.N. Johnson; C. excavatum Nordst. var. excavatum, Vidensk, C. granatum Bréb. exRalfs var. granatum Bréb.; C. laeve Rabenhorst var. laeve; C. lagoense Nordst. var. amo-ebum Förster & Eckert; C. mamilliferum var. mamilliferum Nordst.; C. margaritatum var.margaritatum f. margaritatum (Lund.) Roy & Bisset; C. margaritatum (Lund.) Roy &Bisset var. margaritatum f. minor (Boldt) West & West; C. moniliforme var. moniliforme(Turpin) Ralfs; C. pachydermum Lundell var. pachydermum f. pachydermum; C. protrac-tum (Nägeli) De Bary var. protractum; C. pseudoconnatum Nordst. var. pseudoconnatum;C. pseudopyramidatum Lund. var. pseudopyramidatum; C. pseudoretusum F. Ducell. var.africanum (Fritsch) West & G. S.West; C. quadrum Lundell var. minus Nordst.; C. sphag-nicolum var. sphagnicolum West & G.S.West, C. subspeciosum var. subspeciosum Nordst.

Diante dos resultados encontrados, podemos afirmar que a ocorrência das des-mídias esta relacionado com algumas características do ambiente de coleta, como apouca correnteza, a baixa profundidade do riacho, ou ainda pela presença de macrófi-tas aquáticas. As desmídias apresentam morfologia muito diversificada e são cosmo-politas, além de serem consideradas indicadoras de ambientes não poluídos (BROOK,1981; GERRATH, 2003; WEHR; SHEATH, 2003; LEE, 2008).

Cosmarium Corda ex Ralfs pode ser considerado um gênero com uma vasta gamade formas taxonomicas, sendo também muito encontrado no perifíton de rios (BIGGS;KILROY, 2000; BICUDO; MENEZES, 2006; FRANCESCHINI et al., 2010).

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CONCLUSÕES

O presente trabalho contribuiu para o conhecimento da diversidade da flora fico-lógica do Estado do Paraná, auxiliando pesquisas futuras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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WEHR, J. D.; SHEATH, R. G. Freshwater algae of North America: ecology and clas-sification. New York - USA: Elsevier, 2003. 918p.

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2.2 Micrasterias C. Agardh ex Ralfs (Zygnematophyceae)de dois ambientes lóticos da bacia do baixo Iguaçu

Liliane Caroline Servat1, Camila Akemy Nabeshima Aquino1 & Norma CatarinaBueno1

RESUMO: Considerando a elevada representatividade do gênero e a escassez de estudos em ambienteslóticos, este trabalho teve como objetivo inventariar o gênero Micrasterias na zona de amortecimento doParque Nacional do Iguaçu - PNI e contribuir com o registro biogeográfico do grupo. Foram estudadas24 amostras provenientes de dois riachos: Apepu e Tenente Gualberto. As amostras foram coletadasatravés do arrasto horizontal da rede de plâncton à subsuperfície da água e fixadas com solução Tran-seau na proporção de 1:1. O levantamento registrou a ocorrência de sete táxons: Micrasterias laticeps var.laticeps, M. laticeps var. acuminada, M. furcata, M. rotata, M. mahabuleshwarensis, M. radiosa e M. abrupta.A maior riqueza foi registrada no riacho Tenente João Gualberto, no inverno. Micrasterias laticeps e M.radiosa foram comuns aos dois locais amostrados. Micrasterias furcata e M. abrupta apresentaram maiorfrequência, presentes em 25,5% e 16,6% respectivamente, das amostras analisadas.

Palavras Chave: Desmídias, Rios, Lótico, Taxonomia.

INTRODUÇÃO

A classe Zygnematophyceae representa o maior e mais diversificado grupo de al-gas Streptophyta. Até hoje são conhecidos cerca de 60 gêneros e aproximadamente6000 espécies, sendo que 70% deste total de espécies é representado pela família Des-midiaceae (GONTCHAROV; MELKONIAN, 2005). O grupo é composto atualmentepor 36 gêneros, marcados pela elevada diversidade morfológica e complexa simetria(ARAÚJO, 2006).

Entre as desmídias, o gênero Micrasterias C. Agardh ex Ralfs se destaca pela grandediversidade de formas, tamanhos e ornamentação. São em geral algas unicelulares, so-litárias, de contorno elíptico à circular, achatadas frontalmente e com constrição medi-ana profunda. A parede celular pode ser lisa,pontuada ou ornamentada com espinhose protuberâncias (OLIVEIRA, 2008).

Para a bacia do baixo rio Iguaçu, o estudo da desmidioflórula em ambientes lóti-cos se resume a apenas um trabalho de cunho taxonômico: BORTOLINI; MEURER;

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

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BUENO (2010), desenvolvido no Rio São João. Provavelmente esta escassez estejarelacionada com a grande complexidade dos ambientes lóticos e a constante instabi-lidade, o que dificulta o estabelecimento da comunidade nestes ambientes (BORGES;TRAIN; RODRIGUES, 2008). Para os riachos foco deste estudo, inexistem trabalhosaté o momento. Além de ser o primeiro estudo taxonômico no local, o ambiente emquestão apresenta elevada importância a nível nacional, por se encontrar dentro doslimites da Zona de Amortecimento do Parque Nacional do Iguaçu – PNI, um impor-tante fragmento florestal preservado da Mata Atlântica do Sul do Brasil.

Considerando a elevada diversidade de espécies deste gênero e a importância doregistro biogeográfico para a taxonomia e até mesmo para a compreensão de sua au-toecologia, este estudo teve como objetivo específico realizar o inventário taxonômicodo gênero Micrasterias em ambientes lótico na zona de amortecimento do PNI e, deforma mais ampla, contribuir com o conhecimento da desmidioflórula da Bacia doRio Iguaçu e registro biogeográfico do grupo.

MATERIAIS E MÉTODOS

Área de estudo

Foram estudadas 24 amostras provenientes de dois riachos (Figura 1) inseridos nazona de amortecimento do Parque Nacional do Iguaçu: riacho Apepu, cujo curso estáprotegido pelo Corredor de Biodiversidade Santa Maria e riacho Tenente Gualberto,que corre no entorno do Corredor. O clima local, segundo a classificação de Köppen édo tipo Cfa ou subtropical úmido, com chuvas distribuídas durante o ano e tendênciade concentração nos meses de verão, contudo sem estação seca definida CAVIGLIONEet al. (2000).

Metodologia de coleta

As coletas foram realizadas mensalmente entre setembro de 2012 e agosto de 2013.As amostras foram coletadas através do arrasto horizontal da rede de plâncton (ma-lha de 25 µm de abertura) à subsuperfície da água e fixadas com solução Transeau naproporção de 1:1 (BICUDO; MENEZES, 2006). O material foi observado em fotomi-croscópio, sempre com aumentos de 400 e 1000x. Os indivíduos encontrados foram

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Figura 1: Localização dos pontos de coleta.

fotografados, medidos e identificados até a menor categoria taxonômica possível. As-sim, foram consideradas todas as medidas morfológicas diacríticas e métricas da fasevegetativa, sendo realizadas sempre em nível populacional. Dentre as característicasmensuradas, destacam-se a forma, o comprimento e a largura máxima das células e se-micélulas (com e sem as projeções angulares), o comprimento das projeções angularese espinhos, quando presentes, as decorações faciais e a textura e ornamentação da pa-rede celular. O enquadramento sistemático dos táxons seguiu a bibliografia sugeridapor BICUDO; MENEZES (2006).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O levantamento florístico do gênero Micrasterias nos dois riachos avaliados regis-trou a ocorrência de sete táxons em 45,8% das amostras analisadas: Micrasterias abruptaWest & G. S. West, M. furcata C. Agardh ex Ralfs M. laticeps Nordstedt var. laticeps, M.laticeps Nordstedt var. acuminada Willikrieg. M. mahabuleshwarensis J. Hobson, M. radi-osa Ralfs e M. rotata (Grev.). Ralfs.

Comparando as amostras dos dois ambientes coletadas ao longo dos meses, maiorriqueza de espécies foi registrada no inverno e menor riqueza na primavera. Já entre

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os diferentes riachos, maior riqueza foi registrada no riacho Tenente João Gualberto emenor no riacho Apepu.

Micrasterias laticeps var. laticeps e M. radiosa foram comuns aos dois locais amos-trados. Micrasterias furcata, M. abrupta, e M. mahabuleshwarensis foram exclusivas aoriacho Tenente João Gualberto. Micrasterias laticeps var. acuminada e M. rotata foramexclusivas do riacho Apepu.

Micrasterias furcata e M. abrupta foram as espécies de ocorrência mais frequentedurante o atual estudo, por estarem presentes em 25,5% e 16,6% respectivamente, dasamostras analisadas.

Estudos limnológicos relacionam a presença de Desmidiaceae a ambientes oligo-tróficos e distróficos, com baixos valores de condutividade e alcalinidade, como é ocaso dos ambientes em questão (OLIVEIRA, 2008).

Mesmo apresentando propriedades da água semelhantes, os riachos apresentaramvalores diferentes de riquezas, onde o maior valor foi registrado no riacho TenenteJoão Gualberto, em que foram registradas todas as espécies e o menor valor no riachoApepu, em que foi registrado apenas duas espécies.

Provavelmente a maior riqueza encontrada no riacho Tenente João Gualberto deve-se a presença de macrófitas nas margens deste riacho, já que a grande maioria dasdesmídias apresenta hábito perifítico (ESTEVES, 2011) e poucas apresentam hábitoverdadeiramente planctônico (HOEK; MANN; JAHNS, 1995). Ainda, considerandoos fatores (como a correnteza) que dificultam o estabelecimento da comunidade nestesambientes, o fato de o riacho Apepu apresentar correnteza levemente maior, poderepresentar um aumento na dificuldade de estabelecimento destas comunidades.

CONCLUSÕES

Tendo em conta a grande riqueza de espécies do grupo e o elevado grau de poli-morfismo, é importante reforçar a necessidade de embasar a identificação taxonômicaem análises populacionais, aumentando a confiabilidade do resultado.

Ainda, levando em consideração o fato de que os estudos taxonômicos e biogeo-gráficos para o grupo neste tipo de ambiente são escassos, cabe ressaltar a grande im-portância da pesquisa em ambientes lóticos, visando produzir dados científicos quepossam subsidiar a biologia da conservação e manejo dos ecossistemas aquáticos sub-

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tropicais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO, A. Diversidade específica e de habitat dos Cosmarium de parede lisa (Zyg-nemaphyceae) do Estado de São Paulo. 2006. 150p. Tese de Doutorado — Univer-sidade Estadual Paulista - Rio Claro.

BICUDO, C.; MENEZES, M. Gêneros de algas de águas continentais do Brasil:(chave para identificação e descrições). São Carlos: RiMa, 2006. 489p.

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BORTOLINI, J. C.; MEURER, T.; BUENO, N. C. Desmídias (Zygnemaphyceae) do RioSão João, Parque Nacional do Iguaçu, Paraná, Brasil. Hoehnea, v.37, n.1, p.293–313,2010.

CAVIGLIONE, J. A. H.; KIIHLL, L. R. B.; CARAMORI, P. H.; OLIVEIRA, D. Cartasclimáticas do Paraná. Londrina - PR: IAPAR, 2000, CD.

ESTEVES, F. A. Fundamentos de Limnologia. Rio de Janeiro: Interciência, 2011. 790p.

GONTCHAROV, A. A.; MELKONIAN, M. Molecular phylogeny of Staurastrum maye-nex Ralfs and related genera (Zygnematophyceae, Streptophyta) based on codingand noncoding rDNA sequence comparisons. Journal of Phycology, v.41, p.887–889, 2005.

HOEK, C. Van-den; MANN, D. G.; JAHNS, H. M. Algae: an introduction to phyco-logy. Cambridge - USA: Cambridge University Press, 1995. 623p.

OLIVEIRA, I. B. A família Desmidiaceae (Zygnematophyceae) exceto Staurastrum eStaurodesmus de duas áreas de proteção ambiental, APA Rio Capivara e APA la-goas de Guarajuba, Município de Camaçari, Bahia, Brasil. 2008. 267p. Dissertaçãode Mestrado — Universidade Estadual de Feira de Santana.

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2.3 Alelopatia de Poincianella pluviosa (DC.) L.P. Queirozsobre a germinação de espécies nativas de matas cilia-res

Lorena Camargo de Mendonça1, Camila Vanessa Buturi2, Flávia Danieli Rech Cassol1

Ariane Spiassi1, Thais Regina Marcon1 & Andréa Maria Teixeira Fortes1

RESUMO: O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito alelopático do extrato de Sibipiruna sobre as espé-cies nativas de matas ciliares açoita-cavalo e Canafístula. Foram utilizados seis tratamentos com quatrorepetições. Para o extrato foi utilizado a proporção de 100g de pó para 1 L de água destilada (10 %) ediluído nas concentrações de 1; 2,5; 5; 7,5 %, comparados com testemunha, apenas com água destilada.Não houve efeito do extrato sobre a Canafístula, apenas na açoita-cavalo na maior concentração, sendonecessários estudos em campo para comprovar esse efeito. Portanto o uso da Sibipiruna juntamentecom Canafístula e Açoita-cavalo pode não ser prejudicial para o desenvolvimento dessas espécies e seruma boa alternativa para recuperação de matas ciliares.

Palavras Chave: Efeito alelopático, Sibipiruna, Recuperação.

INTRODUÇÃO

Matas ciliares são formações vegetais que se desenvolvem ao longo das margensdos rios e tem como função: preservar os recursos hídricos e impedir que ocorra ero-são. Essas matas sofrem muita ação do homem, pois possuem uma grande importân-cia paisagística e solos férteis (SCOLFORO et al., 2005).

Para realizar a recuperação de uma área é importante o uso de espécies nativas,para conservar a biodiversidade da região e no caso das matas ciliares é importanteque a espécie utilizada se adapte a ambientes alagados, para não influenciar no cres-cimento e no desenvolvimento da planta (BONA; MORRETES, 2003).

A Poincianella pluviosa, conhecida como sibipiruna, é uma boa alternativa para re-cuperação de matas ciliares, pois as sementes dessa espécie apresentam um alto índicede sobrevivência ao alagamento parcia.

A sibipiruna pertence á família Fabaceae que é muito conhecida, pois possui umimportante papel na recuperação de áreas degradadas e algumas espécies dessa fa-

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

2Universidade Federal do Paraná

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mília apresentam efeito alelopático (SPRENT, 2001). A alelopatia consiste na interfe-rência de um organismo sobre outro que podem prejudicar ou beneficiar o desenvol-vimento desses organismos. Esses efeitos são promovidos pelos aleloquímicos (AL-MEIDA, 1988).

Logo a indicação de espécies comumente utilizadas na mata ciliar, requer estudosesclarecedores dos efeitos alelopáticos.

Portanto, o objetivo deste trabalho foi verificar, em condições de laboratório, opossível efeito alelopático de Poincianella pluviosa sobre as espécies nativas de matasciliares açoita-cavalo e canafístula.

MATERIAIS E MÉTODOS

Os experimentos foram realizados no Laboratório de Fisiologia Vegetal da UNIO-ESTE. Antes da montagem e avaliação de cada experimento, os materiais foram de-sinfetados utilizando-se bactericida e fungicida, ambos na concentração de 10% (BOR-TOLINI; FORTES, 2005).

Para o extrato, as folhas de sibipiruna foram coletadas e secas à temperatura ambi-ente por 10 dias, após a secagem foram trituradas em moinho para a obtenção do pó.Foi utilizado para o extrato a proporção de 100g de pó para 1 Litro que permaneceuem repouso por 24h no escuro após foi filtrado.

Depois de filtrado o extrato foi diluídos com água destilada nas concentrações 1;2,5; 5; 7,5; 10%. As cinco concentrações foram comparadas com a testemunha consti-tuída de água destilada. Cada tratamento (T) apresentou quatro repetições.

As espécies utilizadas nos testes foram Luehea divaricata Mart. & Zucc (Açoita-cavalo) e Peltophorum dubium (Spreng) Taub. (Canafístula).

Após serem colocadas nas placas de Petri as sementes foram armazenadas em câ-mara de germinação a 25�C, com fotoperíodo de 12h.

As avaliações foram diárias, iniciando no dia seguinte à semeadura e ao final foimedido raiz e parte aérea de 5 plântulas.

O delineamento experimental foi inteiramente casualisado e após os experimen-tos foram analisados porcentagem de germinação (PG), tempo médio de germinação(TMG), velocidade média de germinação (VMG), comprimento médio de raiz (CMR)e comprimento médio de parte aérea (CMPA).

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Todos os dados foram submetidos à análise de variância (teste F), sendo as médiascomparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados apresentados na Tabela I mostram os resultados do extrato de Sibipirunasobre Açoita-cavalo, a porcentagem de germinação e o tempo médio de germinaçãodiferiram da testemunha nos extratos mais concentrados, a velocidade média apre-sentou diferença apenas no extrato 10%, mostrando que nas maiores concentrações assementes de açoita-cavalo demoraram para germinar, o comprimento médio da raizapresentou diferença estatística a partir do extrato 2,5% e o comprimento médio daparte aérea diferiu a partir do extrato 5% respectivamente, não apresentando desen-volvimento da parte aérea no extrato 10%.

Tabela 1: Resultados do efeito alelopático do extrato de Sibipiruna sobre a porcen-tagem de germinação (PG%), tempo médio de germinação (TMG), velocidade médiade germinação (VMG), comprimento médio de raiz (CMR) e comprimento médio departe aérea (CMPA) de Açoita-cavalo (Luehea divaricata Mart.), Cascavel - PR. Médiasseguidas de letra diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey, ao nível de5% de probabilidade. C.V.: Coeficiente de variação

Tratamentos PG% TMG VMG CMR CMPAdias sementes/dias cm cm

Testemunha 51a 13.04c 0.073ab 1.52a 1.34a

Extrato 1% 54a 12.41c 0.08a 1.03ab 1.02ab

Extrato 2,5% 46ab 14.06bc 0.07abc 0.77bc 0.91ab

Extrato 5% 30abc 14.88bc 0.067abc 0.3c 0.21c

Extrato 7,5% 21bc 17.08ab 0.058bc 0.49bc 0.58bc

Extrato 10% 17c 18.20a 0.054c 0.37c 0.00c

C.V. 12.06 9.46 11.27 33.18 41.96

Esses dados mostram que o extrato da Sibipiruna apresentou atraso na germinaçãodas sementes de Açoita-cavalo, indicando efeito alelopático dessa espécie. O mesmoocorreu no trabalho de SILVA et al. (2010), onde analisaram efeito do extrato etanólicodas folhas da leguminosa Senna occidentalis L., que também causou atraso na germi-nação de espécies de ipês e ainda apresentou anormalidades no sistema radicular.

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Os resultados apresentados na Tabela II mostram o efeito alelopático do extrato deSibipiruna sobre Canafístula, não houve diferença estatística na porcentagem de ger-minação, tempo médio de germinação e velocidade média de germinação, mostrandoque não houve efeito da Sibipiruna sobre essa espécie. Esses resultados são diferentesaos apresentados por SCHERER et al. (2005), onde o extrato de folha da espécie exó-tica da família Fabaceae, Leucena, afetou o parâmetro porcentagem de germinaçãodas sementes de Canafistula.

Tabela 2: Resultados do efeito alelopático do extrato de Sibipiruna sobre a porcen-tagem de germinação (PG%), tempo médio de germinação (TMG), velocidade médiade germinação (VMG), comprimento médio de raiz (CMR) e comprimento médio departe aérea (CMPA) de Canafístula (Peltophorum dubium (Spreng.) Taub.), Cascavel -PR. Médias seguidas de letra diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey,ao nível de 5% de probabilidade. C.V.: Coeficiente de variação

Tratamentos PG% TMG VMG CMR CMPAdias sementes/dias cm cm

Testemunha 65 2.99 0.335 2.20b 4.53a

Extrato 1% 82 3.03 0.330 2.18b 4.52ab

Extrato 2,5% 80 3.16 0.318 3.98a 3.69c

Extrato 5% 78 3.15 0.316 2.78b 4.16abc

Extrato 7,5% 78 3.14 0.319 1.91b 3.56c

Extrato 10% 75 3.00 0.332 1.65b 3.71bc

C.V. 2.90 9.46 6.99 21.18 8.95

A canafístula não apresentou plântulas anormais, dados que não corroboram comos resultados apresentados por NETO (2010) onde o extrato foliar de sabiá apresentouuma redução progressiva no comprimento da parte aérea com aumento da concentra-ção do extrato, evidenciando o poder inibitório.

CONCLUSÕES

Assim conclui-se que nos testes em laboratório o extrato, em concentrações maisbaixas, pode não afetar o desenvolvimento das espécies nativas, açoita-cavalo e cana-fístula, possivelmente podendo ser recomendada para utilização conjunta na recupe-ração de matas ciliares.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CAPÍTULO 3

ECOLOGIA

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3.1 Pequenas centrais hidrelétricas no estado do Paraná:uma visão sobre as atuais e futuras instalações

Bruna Caroline Kotz Kliemann1 & Rosilene Luciana Delariva1

RESUMO: O Brasil possui um elevado potencial hídrico e esse fator contribui para o fato da matrizenergética ser baseada no uso de hidrelétricas para geração de energia. A grande quantidade de Peque-nas Centrais Hidrelétricas (PCHs) no Paraná pode ser explicada pelas suas características geomorfoló-gicas que proporcionam muitos desníveis, o que as potencializam como importantes recursos hídricosaproveitáveis para geração de energia. Dessa forma, esse estudo teve como objetivo diagnosticar onúmero e a distribuição espacial das PCHs instaladas, bem como, aquelas outorgadas nas bacias hidro-gráficas e regiões do estado do Paraná. Os dados foram obtidos de órgãos oficiais de licenciamentosou outorgas (ANA, ANEEL, IAP) e tabulados em gráficos. No momento, o Paraná possui 32 PCHsconstruídas e 22 outorgadas, sendo a Bacia do Iguaçu a que possui o maior número de PCHs.

Palavras Chave: Empreendimentos hidroelétricos, Bacias hidrográficas, Paraná.

INTRODUÇÃO

O Brasil possui um elevado potencial hídrico, o que contribui para o fato da matrizenergética ser baseada no uso de hidrelétricas para geração de energia. Devido à criseenergética de 2001, ocorreram mecanismos de incentivos a construção de PequenasCentrais Hidrelétricas (PCHs), por parte do governo. A justificativa para a liberaçãodesse tipo de empreendimento foi, entre outros motivos, o de que estas causariammenores impactos ambientais, por serem aproveitamentos com potência entre 1 e 30MW e área inundada de até 3,0 km², para a períodos históricos de maior vazão (TI-AGO FILHO; GALHARDO; FERRARI, 2006). Além disso, segundo a Resolução daANEEL 394, de 04/12/98, essas centrais elétricas operam a fio d’água e não precisamnecessariamente de um reservatório de água.

Analisando o cenário energético do Paraná, este possui uma grande quantidade deusinas hidrelétricas de grande e pequeno porte em funcionamento e previstas para umfuturo próximo. Possivelmente devido ao fato dos afluentes do rio Paraná possuíremelevados potenciais para geração de energia elétrica (ANA, 2014).

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

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Os dados acima são de extrema importância e relevância, pois para a implantaçãode uma PCH, ocorrem modificações ambientais, que apesar de serem menores que deuma usina hidrelétrica, causam vários impactos ambientais como a redução dos nu-trientes disponíveis, interceptação da rota migratória dos peixes, alteração do habitatdos organismos, além de mudanças na composição ictiofaunistica do rio, afetando as-sim a sua biota e consequentemente perda da biodiversidade local (SILVA DA, 2013).

Vale ressaltar que para a aprovação de um projeto de construção de uma PCH énecessário à elaboração de um Relatório Ambiental Simplificado (RAS) que analisaos impactos ambientais de forma superficial e de forma pontual, não considerandoas outras PCHs instaladas na mesma bacia hidrográfica. Porém, isso deve ser levadoem conta porque esses impactos ambientais se somam, aumentando os danos à biotadesse ambiente e provocando alterações no ambiente equivalentes a da construção deuma usina de grande porte (HIRSCHMANN; MAJOLO; GRILLO, 2008).

Dessa forma, o presente trabalho teve o objetivo diagnosticar o número e a distri-buição espacial das PCHs instaladas, bem como, aquelas outorgadas nas bacias hidro-gráficas e regiões do estado do Paraná.

MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia empregada nessa pesquisa foi um estudo descritivo e exploratório,com análise dos dados através de uma abordagem qualitativa-quantitativa. Inicial-mente foi realizada uma pesquisa bibliográfica, através do levantamento das produ-ções científicas sobre a matriz energética brasileira, bem como de dados obtidos emórgãos oficiais de licenciamento e outorga. O número de pequenas centrais hidrelé-tricas instaladas ao longo dos rios do estado do Paraná e as futuras instalações, assimcomo, informações sobre rios, bacias, regiões, bem como a capacidade de geração deenergia, foram obtidos a partir da base de dados disponibilizados nos sites oficiaiscomo da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), ANA (Agência Nacional deÁguas), órgãos ambientais (IAP - Instituto Ambiental do Paraná), bem como produ-ções científicas a cerca desse assunto. Os dados foram tabulados em gráficos paravisualização a distribuição espacial das PCHs.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

No Paraná, foram levantadas atualmente 32 PCH’s em operação com potência to-tal instalada de 258.152 KW. Estas estão distribuídas por toda a extensão do Paranálocalizadas especificamente nas bacias do Paraná 3, Tibagi, Iguaçu, Ribeira, Litorânea,Itararé, Ivaí, Piquiri, Pirapó e Paranapanema (Figura 1). Já as PCHs previstas para ins-talação, ou seja, que foram outorgadas, totalizaram 22 empreendimentos, localizadasnas bacias Paraná 3, Tibagi, Iguaçu, Ivaí, Piquiri, Pirapó e Paranapanema (Figura 2).

1"4"

10"

3"1"

4"

9"

0"0"0"

Paraná"3" Tibagi" Iguaçu"Ribeira" Litorânea" Itararé"Ivaí" Piquiri" Pirapó"Paranapanema"

Figura 1: Números representando os valores absolutos das Pequenas Centrais Hidre-létricas construídas por bacia hidrográfica paranaense.

Em ambas as análises, a bacia do Iguaçu é que apresentou a maior quantidade dePCHs construídas e em outorga (Figuras 1 e 2). Esta liderança é explicada devido àsua alta disponibilidade hídrica (291 mil L/s), que corresponde a 25% do volume hí-drico total do estado. Além disso, destacam-se suas características geomorfológicas,principalmente na região do terceiro planalto, que apresenta elevados desníveis, o quefavorece a instalação de PCHs, as quais operam a fio d’água, ou seja, não dispõem dereservatórios de água, ou estes são de menores dimensões. Nesse sentido, os desní-veis dos rios contribuem para condução da água às turbinas e a produção de energiaelétrica. Adicionalmente, sua área territorial congrega inúmeras indústrias de papel

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1" 1"

11"

0"0"0"2"

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2"

3"

Paraná"3" Tibagi" Iguaçu" Ribeira"

Litorânea" Itararé" Ivaí" Piquiri"

Pirapó" Paranapanema"

Figura 2: Números representando os valores absolutos das Pequenas Centrais Hidre-létricas outorgadas por bacia hidrográfica paranaense.

e celulose, frigoríficos, laticínios, abatedouros, empreendimentos automobilísticos, ouseja, um polo agroindustrial, os quais demandam uma alta quantidade de energia,o que fomenta o uso de PCHs, como produtores independentes de energia, as quaisproduzem energia elétrica destinada total ou parcialmente ao comércio (PAROLIN;RIBEIRO - VOLKMER; LEANDRINI, 2010; JÚLIO JUNIOR; BONECKER; AGOSTI-NHO, 1997).

CONCLUSÕES

Os rios do Estado do Paraná estão sendo utilizados para a instalação de umagrande quantidade de empreendimentos hidrelétricos, principalmente Pequenas Cen-trais Hidrelétricas (PCHs), devido principalmente a dois fatores, (i) condições geomor-fológicas favoráveis, (ii) bem como facilidades na obtenção de outorgas para atendera demanda local de produtores independentes de energia.

Diante disso, cabe aos órgãos gestores repensarem os critérios para autorizaçõesde outorga e instalação de PCHs, bem como esses mesmos agentes e a sociedade, a

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utilização de outras fontes de energia, como a energia solar e eólica, as quais possuemabundante matéria prima em nosso estado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANA. Hidroweb: sistemas de informações hidrológicas. Agência Nacional dasÁguas. Disponível em: <http://hidroweb.ana.gov.br>. Acesso em: 16 deagosto de 2014.

HIRSCHMANN, A.; MAJOLO, M. A.; GRILLO, H. C. Z. Alterações na ictiocenose dorio Forqueta em função da instalação da pequena central hidrelétrica Salto Forqueta,Putinga, Rio Grande do Sul. Iheringia Serie Zoologia, v.98, n.4, p.481–488, 2008.

JÚLIO JUNIOR, H. F.; BONECKER, C.; AGOSTINHO, A. A. Reservatório de Segredoe sua inserção na bacia do rio Iguaçu. In: AGOSTINHO, A. A.; GOMES, L. C. (Ed.).Reservatório de Segredo: bases ecológicas para o manejo. Maringá - PR: EDUEM,1997. p.1–17.

PAROLIN, M.; RIBEIRO - VOLKMER, C.; LEANDRINI, J. A. Abordagem ambientalinterdisciplinar em bacias hidrográficas no Estado do Paraná. Campo Mourão -PR: Felcicam, 2010. 170p.

SILVA DA, R. Y. Possíveis impactos socioambientais causados pelas construções depequenas centrais hidrelétricas (PCH’S) no estado de Mato Grosso. In: ENCUEN-TRO DE GEÓGRAFOS DE AMÉRICA LATINA, 2013, Cuiabá - MT. Anais. . . UFMT,2013. p.1–13.

TIAGO FILHO, G. L.; GALHARDO, C. R.; FERRARI, J. T. A evolução histórica do con-ceito das pequenas centrais hidrelétricas no Brasil. In: V SIMPÓSIO BRASILEIROSOBRE PEQUENAS E MÉDIAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS, 2006, Florianópolis- SC. Anais. . . Universidade Federal de Itajubá, 2006. p.2–8.

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3.2 Levantamento de aves do Rio BaíaHabilene Kassiara Dresch Santana1, Michelli Gislaine Gomes1, João Carlos Barbosa

Da Silva2, Ândrea Westphal Santa Maria2 & José Flávio Cândido Junior1

RESUMO: O rio Baía é afluente da margem direita do rio Paraná, nos municípios de Bataiporã e Taqua-ruçu. O rio Paraná, principal rio da bacia do Plata, é o décimo maior do mundo em descarga, e o quartoem área de drenagem, drenando todo o centro-sul da América do Sul. Neste trabalho foi conduzido umlevantamento de espécies de aves do rio Baía entre os dias 08 e 14 de abril de 2014. Foram registradas 88espécies pertencentes a 35 famílias na planície alagável. Dessas espécies, cinco são migratórias: Cairinamoschata, Mycteria americana, Platalea ajaja, Pandion halietus e Anhima cornuta. Houve também, o registrode Ixobrychus exilis, cujo último registro na região se deu em 1994, a partir de um levantamento feitopela empresa responsável da construção da usina de Porto Primavera, antes de sua construção (CESP,1994).

Palavras Chave: Rio Baía, Rio Paraná, Avifauna.

INTRODUÇÃO

O rio Paraná, principal rio da bacia do Plata, é o décimo maior do mundo emdescarga, e o quarto em área de drenagem, drenando todo o centro-sul da América doSul, desde as encostas dos Andes até a Serra do Mar. O relevo da região é marcadopor clara assimetria entre as duas margens do rio.

A margem direita (estado do Mato Grosso do Sul) apresenta baixa elevação doterreno, contribuindo para a existência de uma ampla planície alagável, que chega a20 km de largura, onde se encontram numerosos canais secundários, lagoas e rios,como o Baía e o Ivinhema.

O rio Baía é afluente pela margem direita do rio Paraná, nos municípios de Batai-porã e Taquaruçu; correndo paralelo à margem direita do rio Paraná. O rio Baía foialagado pela barragem da Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também co-nhecida por Usina de Porto Primavera, que está instalada no Rio Paraná à altura domunicípio paulista de Rosana, tendo 80% de seu lago no estado de Mato Grosso doSul.

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

2Universidade Estadual de Maringá

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É necessário um levantamento faunístico desses locais para que se conheçam osestágios de conservação nessas áreas e se desenvolvam projetos para mitigação deimpactos e para manter ou alcançar o equilíbrio ecológico dentro dessas áreas.

MATERIAIS E MÉTODOS

Área abrangida para estudo

O levantamento foi realizado na região do rio Baía (53� 09’W a 53� 40’W) (Figura1) entre 08/04 a 14/04/2014; e as observações se deram principalmente entre as 07:00h e 11:00 h da manhã, e entre as 14:00 h e as 18:00 h.

Figura 1: Trajeto percorrido pelo barco durante os levantamentos. Além do trajetoapresentado, lagoas adjacentes também foram percorridas para registro da avifauna.

Materiais

O estudo da avifauna foi realizado principalmente durante deslocamentos porbarco, por meio de registros visuais, mas, também se utilizou de vocalização e regis-tros fotográficos. Utilizaram-se binóculos para observação, bem como luneta e câmerafotográfica.

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Para identificação das espécies, foram consultados guias de identificação e sitesespecíficos em avifauna. Os nomes científicos, bem como os nomes comuns, corres-pondem ao recomendado pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO,2014).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram registradas 88 espécies na planície alagável do rio Baía (Tabela 1). A mai-oria das espécies pertence à família Thraupidae (9 espécies), Ardeidae (7 espécies) eFluvicolinae (6 espécies). Do total, cinco espécies são migratórias: Cairina moschata,Mycteria americana, Platalea ajaja, Pandion halietus e Anhima cornuta.

Tabela 1: Aves registradas na planície alagável do rio Baía.Espécies Nome Comum Espécies Nome Comum

ANSERIFORMES NYCTIBIIFORMESANHIMIDAE NYCTIBIIDAEAnhima cornuta Anhuma Nyctibius griseus Mãe-da-luaChauna torquata Tachã CORACIIFORMESANATIDAE ALCEDINIDAEDendrocygna autumnalis Asa-branca Megaceryle torquata Martim-pescador-grandeCairina moschata Pato-do-mato Chloroceryle amazona Martim-pescador-verdeAmazonetta brasiliensis Pé-vermelho Chloroceryle americana Martim-pescador-pequenoCICONIIFORMES PICIFORMESCICONIIDAE RAMPHASTIDAEJabiru mycteria Tuiuiú Ramphastos toco TucanuçuMycteria americana Cabeça-seca PICIDAESULIFORMES Picumnus albosquamatus Pica-pau-anão-escamadoPHALACROCORACIDAE Colaptes melanochloros Pica-pau-verde-barradoPhalacrocorax brasilianus Biguá FALCONIFORMESANHINGIDAE FALCONIDAEAnhinga anhinga Biguatinga Milvago chimachima CarrapateiroPELECANIFORMES Caracara plancus CaracaráARDEIDAE PSITTACIFORMESTigrisoma lineatum Socó-boi PSITTACIDAEIxobrychus exilis Socoí-vermelho Ara ararauna Arara-canindéNycticorax nycticorax Savacu Eupsittula aurea Periquito-reiButorides striata Socozinho PASSERIFORMESArdea cocoi Garça-moura THAMNOPHILIDAEArdea alba Garça-branca-grande Thamnophilus doliatus Choca-barradaEgretta thula Garça-branca-pequena Taraba major Choro-boiTHRESKIORNITHIDAE Phacellodomus ruber GraveteiroMesembrinibis cayennensis Coró-coró Certhiaxis cinnamomeus Curutié

Continua na próxima página

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Tabela 1: Continuação

Espécies Nome Comum Espécies Nome ComumTheristicus caudatus Curiaca Synallaxis frontalis PetrimPlatalea ajaja Colhereiro RHYNCHOCYCLIDAECATHARTIFORMES Todirostrum cinereum Ferreirinho-relógioCATHARTIDAE TYRANNIDAECathartes aura Urubu-de-cabeça-vermelha Elaenia sp.Cathartes burrovianus Urubu-de-cabeça-amarela Pitangus sulphuratus Bem-te-viCoragyps atratus Urubu-de-cabeça-preta Machetornis rixosa Suiriri-cavaleiroACCIPITRIFORMES Tyrannus melancholicus SuiririPANDIONIDAE Tyrannus savana TesourinhaPandion haliaetus Águia-pescadora Fluvicola pica Lavadeira-do-norteACCIPITRIDAE Fluvicola albiventer Lavadeira-de-cara-brancaCircus buffoni Gavião-do-banhado Arundinicola leucocephala FreirinhaBusarellus nigricollis Gavião-belo Gubernetes yetapa Tesoura-do-brejoRostrhamus sociabilis Gavião-caramujeiro Satrapa icterophrys Suiriri-pequenoRupornis magnirostris Gavião-carijó Xolmis velatus Noivinha-brancaGRUIFORMES CORVIDAEARAMIDAE Cyanocorax chrysops Gralha-picaçaAramus guarauna Carão HIRUNDINIDAERALLIDAE Stelgidopteryx ruficollis Andorinha-serradoraAramides cajaneus Saracura-três-potes Tachycineta albiventer Andorinha-do-rioPorphyrio flavirostris Frango-d’água-pequeno DONACOBIIDAEHELIORNITHIDAE Donacobius atricapilla JapacanimHeliornis fulica Picaparra MIMIDAECHARADRIIFORMES Mimus saturninus Sabiá-do-campoCHARADRIIDAE MOTACILLIDAEVanellus chilensis Quero-quero Anthus lutescens Caminheiro-zumbidorJACANIDAE PARULIDAEJacana jacana Jaçanã Geothlypis aequinoctialis Pia-cobraSTERNIDAE ICTERIDAEPhaetusa simplex Trinta-réis-grande Icterus cayanensis EncontroCOLUMBIFORMES Icterus croconotus João-pintoCOLUMBIDAE Pseudoleistes guirahuro Chopim-do-brejoColumbina talpacoti Rolinha-roxa Nemosia pileata Saíra-de-chapéu-pretoPatagioenas picazuro Pombão Ramphocelus carbo Pipira-vermelhaZenaida auriculata Pomba-de-bando Tangara sayaca Sanhaçu-cinzentoCUCULIFORMES Tangara palmarum Sanhaçu-do-coqueiroCUCULIDAE Paroaria capitata CavalariaCrotophaga major Anu-coroca Sicalis flaveola Canário-da-terra-verdadeiroCrotophaga ani Anu-preto Volatinia jacarina TiziuGuira guira Anu-branco Sporophila sp. 1Tapera naevia Saci Sporophila sp. 2

No Brasil, após o período reprodutivo, algumas espécies de aves dispersam-separa áreas distantes de seus sítios reprodutivos (SICK, 1983, 1997). Este parece ser ocomportamento apresentado pelo frango-d’água-pequeno (Porphyrio flavirostris), cujos

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deslocamentos ainda são pouco conhecidos e estudados. Esta ave está estritamente re-lacionada à vegetação aquática de baías e corixos e durante os períodos de seca, seussítios de forrageio reduzem-se o obrigando a procurar áreas mais favoráveis à suasobrevivência (NUNES; TOMAS, 2008).

Os habitats selecionados pelas aves migratórias ao longo de suas rotas são diversose estão relacionados aos hábitos alimentares, disponibilidade de recursos e táticas deforrageamento. Devido à distribuição não contínua desses recursos as espécies migra-tórias frequentemente se concentram em áreas específicas. Esses locais têm importân-cia fundamental para conservação dessas aves, uma vez que, ao realizarem grandesmigrações, elas necessitam de áreas chave para trocarem as penas, se alimentarem eadquirir reservas energéticas necessárias para a continuação das longas viagens (SICK,1997).

Parte da população de águia-pescadora, fugindo do inverno no Canadá e EstadosUnidos, utiliza-se de alguns pontos de parada no interior do Brasil. Estas águias che-gam ao Brasil no final ou início do ano, e aqui permanecem até o verão de suas áreasreprodutivas na América do Norte (NUNES; TOMAS, 2008).

Das espécies registradas, destaca-se Ixobrychus exilis, que não possui ocorrêncianos levantamentos de GIMENES et al. (2007); STRAUBE; BORNSCHEIN; SCHERER-NETO (1996). O último registro dessa espécie na região se deu em 1994, a partir de umlevantamento feito pela empresa responsável pela Usina de Porto Primavera, antes desua construção.

Foram avistados juvenis de Paroaria capitata, Jacana jacana e Tigrisoma lineatum, quepossuem coloração diferenciada na fase adulta. Busarellus nigricollis foi visto com plu-magem acinzentada, onde não se pode afirmar que se trata de um jovem, já que nãoexistem registros fotográficos, ou na literatura, que descrevam a ave com esse tipo decoloração.

ANTAS (1994) relata que possivelmente a população pantaneira de Platalea ajajadesloca-se do Pantanal, no início da cheia (novembro), utilizando o rio Paraná comorota migratória até o Rio Grande do Sul e Argentina. ANJOS; GIMENES (2005) suge-rem que os picos de abundância desta espécie registrados em maio de 2003 corrobo-ram com a hipótese de que os últimos remanescentes de planícies alagáveis do altorio Paraná, servem como local de forrageamento para várias espécies de aves duranteseus movimentos migratórios.

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CONCLUSÕES

O levantamento da avifauna se faz importante, principalmente, para o conheci-mento da riqueza ecológica de determinadas áreas e posteriores trabalhos de manejo,visto que podem auxiliar no registro de espécies crípticas e/ou raras.

Com esse trabalho, observou-se a existência de determinadas aves no local pelofato da época de seca, a plumagem diferenciada por diferentes estádios de desenvol-vimento e a coexistência por diferentes espécies.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura(Nupélia), que disponibilizou transporte da base avançada da UEM em Porto Rico(PR).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANJOS, L. E.; GIMENES, M. R. Avifauna. In: VAZZOLER, A. E. A. M.; AGOSTINHO,A. A.; HAHN, N. S. (Ed.). A planície de inundação do alto rio Paraná: aspectos físi-cos, biológicos e socioeconômicos. Maringá - PR: EDUEM/NUPELIA, 2005. p.206–212.

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GIMENES, M. R.; LOPES, E. V.; LOURDES-RIBEIRO, A.; MENDONÇA, L. B.; ANJOS,L. Aves da planície alagável do alto rio Paraná. Maringá - PR: EDUEM, 2007. 281p.

NUNES, A. P.; TOMAS, W. M. Aves migratórias e nômades ocorrentes no Pantanal.Corumbá - MS: EMBRAPA-CPAP, 2008. 23–96p.

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SICK, H. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro - RJ: Nova Fronteira, 1997. 912p.

STRAUBE, F. C.; BORNSCHEIN, M. R.; SCHERER-NETO, P. Coletânea da avifaunada região Noroeste do Estado do Paraná e áreas limítrofes (Brasil). Arquivos deBiologia e Tecnologia, Curitiba, v.39, n.1, p.193–214, 1996.

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3.3 Efeito da regeneração florestal sobre a dinâmica preda-dor - presa

Karin Anne Fonseca Fredrich1 & Neucir Szinwelski1

RESUMO: Risco de predação é a probabilidade de morte devido à predação. Organismos mudam o seucomportamento, fisiologia, alimentação e morfologia quando expostos à predação. Este trabalho ava-liou se o risco de predação diminui com o tempo de regeneração florestal. Realizamos um experimentomanipulativo em sete áreas com diferentes tempos de regeneração. Em cada área foram oferecidas 50iscas de 3 gramas de sardinha enlatada e foi anotado o tempo de chegada da primeira formiga (preda-dor) na isca. A probabilidade de sobrevivência das presas (isca de sardinha) aumentou com o tempode regeneração florestal. Atacar rapidamente uma presa em uma área em início de regeneração é fun-damental para a sobrevivência do predador. A medida que avança o tempo de regeneração florestal,aumenta a biodiversidade de organismos. A implicação direta é que se o predador não capturar a presarapidamente ele, provavelmente, terá outras chances de capturar outros indivíduos.

Palavras Chave: Risco de predação, Regeneração florestal, Predadores.

INTRODUÇÃO

A fragmentação florestal compromete a capacidade do ambiente de abrigar maiorbiodiversidade pois resulta em menor heterogeneidade de recursos e condições, re-sultando em perdas significativas da diversidade e recursos gênicos, necessários paraa manutenção das populações (MYERS et al., 2000). Além disso, efeitos estocásticos,como mudanças climáticas, atingem as populações de maneira mais severa, levandoa extinção local.

Em fragmentos florestais, os mecanismos que influenciam na manutenção das es-pécies são o tamanho da área e a sua heterogeneidade. Também, interações intraespe-cíficas, interespecíficas, predação e risco de predação são acentuadas e determinam adensidade e riqueza de espécies em uma comunidade.

Algumas hipóteses foram propostas para explicar o maior ou menor risco de pre-dação em relação à complexidade do habitat (RYAL; FAHRIG, 2006). Em fragmentosflorestais em início de regeneração o risco de predação poderá ser maior visto que

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

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o ambiente é menos estruturado. Nesses ambientes os predadores tendem a ser ge-neralistas, pois precisam capturar a presa que porventura aparecer. Habitas mais re-generados e com maior complexidade podem reduzir o risco de predação devido àmaior quantidade de refúgios para as presas, retardar a busca do predador ou dimi-nuir sua velocidade para capturar presas. Alternativamente, a heterogeneidade podeaumentar a vulnerabilidade da presa caso esta esteja associada a elementos estruturaisespecíficos que os predadores utilizam para localizá-la (ANDRUSKIW et al., 2008).

O objetivo deste trabalho foi avaliar se o risco de predação diminui com o tempo deregeneração florestal. Nesse caso, a probabilidade de sobrevivência será maior quantomaior for o tempo de regeneração florestal.

MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo foi realizado no município de Foz do Iguaçu, PR (25� 32’ 52"S, 54� 35’16"W), em Outubro de 2008.

Para testar a hipótese de que o risco de predação diminui com o tempo de regene-ração florestal, amostramos sete áreas com diferentes tempos de regeneração, a saber:0, 6, 15, 35, 70, 130 e 300 anos (SZINWELSKI et al., 2012). Em cada área, distante 200metros da borda, um transecto de 100 metros foi dividido em 10 partes de 10 metroscada. Em cada parte foram colocadas cinco iscas de sardinha enlatada para simularas presas, pois formigas são atraídas pelo odor característico e são suficientes para es-tudos comparativos entre habitats em condições distintas (SCHMIDT; DIEHL, 2008).Cada isca era composta por três gramas de sardinha, dispostas em linha e distantes 1metro entre si. Nosso esforço amostral foi de 50 iscas por área, totalizando 350 amos-tras. Foram anotados os tempos de chegada da primeira formiga (predador) à isca,sendo o tempo máximo de observação de 2 minutos. Usamos as formigas como mo-delo de predador porque estes indivíduos são geralmente os primeiros a colonizarhabitats em regeneração. Além disso, as formigas apresentam ampla distribuição eabundância local, alta riqueza de espécies, são facilmente amostradas e identificadasAGOSTI et al. (2002).

Análise de sobrevivência foi usada para comparar a probabilidade de sobrevivên-cia da presa (isca de sardinha) em relação ao tempo de regeneração florestal. Ajus-tamos modelos lineares generalizados (GLM), com distribuição Weibull e lognormal,

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escolhendo o melhor modelo ajustado pelo AIC (Akaike Information Criteria), como re-comendado por CRAWLEY (2007). Para as análises estatísticas foi utilizado o software(R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2014), versão 3.1.1.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A probabilidade de sobrevivência das presas (=isca de sardinha) aumentou com otempo de regeneração florestal (modelo lognomal, �2 = 237, 48, AIC = 2719, 26, P >

0, 001, Figura 1).

Figura 1: Tempo de ataque a presa aumenta com o tempo de regeneração, aumentandoa probabilidade de sobrevivência da presa. As cores indicam a idade dos fragmentosanalisados.

Atacar rapidamente uma presa em uma área em início de regeneração pode serfundamental para garantir a sobrevivência do predador (WERNER et al., 1983). Poroutro lado, há um conflito entre a necessidade de obter alimento rapidamente e ga-rantir a própria sobrevivência, e isto pode afetar o modo de forrageio dos predadores(CREEL; CHRISTIANSON, 2008).

Em fragmentos em início de regeneração o risco de predação poderá ser maiorvisto que o ambiente é instável. Portanto, o predador que rapidamente capturar uma

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presa terá maior chance de sobrevivência em áreas com menos recursos, onde a dis-ponibilidade de presas é limitada. Em áreas fragmentadas os predadores tendem aser generalistas, pois precisam capturar a presa que porventura aparecer. Alguns es-tudos sugerem que a densidade desses predadores aumenta à medida que uma área éfragmentada (METZGER, 1999).

O aumento da taxa de predação em fragmentos vegetais pode ser atribuído à redu-ção da cobertura vegetal que usualmente é acompanhada por uma mudança na faunade predadores e às estratégias que aumentam a eficiência de forrageamento (MARINI;ROBINSON; HESKE, 1995). Estudos realizados com ninhos artificiais mostram que ataxa de predação é maior nas bordas do que no interior de fragmentos, o que segundoDUCA; GONÇALVES; MARINI (2001) é consequência da fragmentação de habitats.Assim, a predação tende a aumentar a medida que o tamanho do habitat decresce.

Habitats mais produtivos possuem maior variabilidade em termos de recursos eco-lógicos, e, do ponto de vista energético, podem suportar maiores densidades de po-pulações de predadores. Porém, o aumento na densidade de predadores não se refleteem maior risco de predação. Maior heterogeneidade ambiental pode retardar a buscado predador ou diminuir sua velocidade para captura de presas, pois nesses habitatshá mais esconderijos para a presa. Nessas áreas, os predadores podem ter que buscarmais intensamente as suas presas, e mesmo que elas ocorram em maior densidade ediversidade, o seu sucesso pode ser mais lento (MARINI; ROBINSON; HESKE, 1995).

A presença de predadores pode causar mudanças comportamentais nas presas,que podem passar a evitar determinadas áreas onde o risco de predação é maior. Mui-tos indivíduos podem detectar a proximidade de predadores e mudar seu compor-tamento para reduzir os riscos de predação e com isso, aumentar a probabilidade desobrevivência, sugerindo que as populações tendem a evitar áreas instáveis em pro-cesso de regeneração LIMA (1998).

GILMAN; TOOLSON; WOLF (2008) relatam que gafanhotos passam grandes pe-ríodos em repouso para evitar a predação. Também estudos realizados com peixesmostraram haver resposta comportamental entre o forrageamento aliado ao custo dorisco de predação (WERNER et al., 1983). Essa estratégia pode até ser útil em áreasde início de regeneração. Entretanto, o predador pode aprender a identificar a presaem relação ao substrato, visto que a diversidade de substratos é menor em áreas deinício de regeneração. Por outro lado, áreas mais regeneradas oferecem diversidade

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de substrato, possibilitando mais esconderijos à presa.Os resultados desse estudo indicam que o risco de predação está intimamente re-

lacionado com a heterogeneidade dos habitats e aumento do tempo de regeneração.Áreas com maior nível de complexidade podem suportar maior biodiversidade, fa-vorecendo as comunidades e evitando risco de extinção local, devido à instabilidadegerada pela pressão exercida pela predação.

AGRADECIMENTOS

CNPq, CAPES, FAPEMIG e SISBIOTA (Processo n� 563360/2010-0).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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GILMAN, C. A.; TOOLSON, E. C.; WOLF, B. O. Effects of temperature on behaviorof Trimerotropis pallidipennis (Orthoptera, Acrididae). The Southwestern Naturalist,v.53, n.2, p.162–168, 2008.

LIMA, S. L. Nonlethal effects in the ecology of predator-prey interactions. Bioscience,v.48, n.1, p.25–34, 1998.

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WERNER, E. E.; GILLIAM, J. F.; HALL, D. J.; MITTELBACH, G. G. An experimentaltest of the effects of predation risk on habitat use in fish. Ecology, v.64, n.1, p.1540–1548, 1983.

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3.4 Autoecologia das espécies do genêro Placoneis Meres-chkowsky (Bacillariophyta) encontradas no baixo RioIguaçu, Paraná, Brasil

Margaret Seghetto Nardelli1, Norma Catarina Bueno1 & Thelma Alvim VeigaLudwig2

RESUMO: As diatomáceas vêm extensivamente sendo usadas, em vários países, em programas de bio-monitoramento em ambiente aquático. Apresentam vantagem pelo curto ciclo de vida, são abundantes,propagam-se rapidamente, horas/dias, e são de fácil coleta, armazenamento e análise. O gênero Pla-coneis Mereschkowsky, é encontrado principalmente em ambiente de água doce, lóticas ou lênticas,aerófilo e planctônico. Para este estudo foi analisado a dinâmica do gênero Placoneis, comparando suaautoecologia e caracterizando duas estações de coleta (E1 e E2) do baixo rio Iguaçu. Foram encontrados16 táxons, indicando uma alta diversidade do gênero. As espécies analisadas apresentam uma ótimareprodução em ambiente oligohalóbio, alcalino, mas com seu ótimo em pH neutro. Em relação a nutri-entes, um total de 73,3% das espécies apresentam preferências ecológicas oligotróficas. Caracterizandoassim as duas estações de coleta, pela ecologia das espécies encontradas, como oligotrófico de pH cir-cumneutro.

Palavras Chave: Diatomáceas, Oligotrófico, Sul do Brasil.

INTRODUÇÃO

A história da civilização vem sendo agregada, até aos dias atuais, ao curso dos am-bientes de água doce. Interligada pelas necessidades básicas (alimento, água), trans-porte, energia e entretenimento, etc., e também, infelizmente, pela descarga de resí-duos (MACHADO, 2004). Estes impactos antrópicos nos ecossistemas têm provocadoum sucessivo desgaste da qualidade das águas e alterações profundas e permanentes eaté irreversíveis em ecossistemas límnicos (TUNDISI; TUNDISIS, 2008). Tal condiçãoimpõe critérios ecológicos de avaliação apropriados para detectar implicações nestesecossistemas.

Já ocorre em vários países, o uso extensivo da flora de diatomáceas, em progra-mas de biomonitoramento em ambiente aquático (LOBO et al., 2004; RIMET, 2012). O

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

2Universidade Federal do Paraná

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uso desta comunidade, apresenta vantagem pelo curto ciclo de vida e resposta rápidaàs alterações nos ecossistemas aquáticos (ROUND; CRAWFORD; MANN, 2005). Sãoabundantes, propagam-se rapidamente, horas/dias,e são facilmente coletadas, arma-zenadas e podem ser analisadas em lâminas permanentes (STOERMER; SMOL, 2010).Por estas vantagens, o seu uso no biomonitoramento se torna eficaz como organismos-chave na análise de qualidade da água (LOBO et al., 2004).

Estudos de monitoramento com gêneros não são encontrados, a maioria são reali-zados com toda a flora diatomológica ou com famílias (LOBO et al., 2004), isto podeser devido à dificuldade de encontrar uma grande variedade de espécies do mesmogênero em um mesmo local de análise.

O gênero Placoneis Mereschkowsky pertencente a classe Bacillariophyceae, e fami-lia Cymbellaceae, apresenta contorno das valvas linear-lanceoladas, com ápices ca-pitados às vezes rostrados. Estrias unisseriadas com aréolas loculadas e zona axialestreita. As extremidades proximais da rafe são retas e, ligeiramente, ampliada ex-ternamente. Podendo apresentar estigma ou não (ROUND; CRAWFORD; MANN,2005). Para este estudo foi realizado uma avaliação das tolerâncias autoecológicas dasespécies do gênero Placoneis encontradas no baixo rio Iguaçu e caracterizando comoparâmetros de avaliação ambiental da qualidade da água das estações de amostragem.

MATERIAIS E MÉTODOS

O rio Iguaçu é o maior rio do complexo hídrico do Paraná (Bacia do Iguaçu, 70.800km2) apresentando 1.275 km de comprimento, do seu eixo principal sentido leste-oeste, de sua nascente na serra do mar até a foz no rio Paraná (Paraná, 2010). O climaé subtropical úmido, com temperatura média anual de 26�C (SALAMUNI et al., 2002).A precipitação média anual sobre a bacia do rio Iguaçu é da ordem de 1.500 mm/ano.

Foram selecionadas duas estações de coleta no Baixo rio Iguaçu:

• Estação 1 (E1): localizado a montante das cataratas, entre as coordenadas 25�39’Se 54�25’W. Possui largura de 1.200 m e velocidade média 0,42 m.s�1. O nível deprofundidade varia de 0,90 m a 4,62 m nos meses de maior vazão.

• Estação 2 (E2): localizado a jusante das cataratas, entre as coordenadas 25�38’S e54�27’W. Largura média de 69,89 m e velocidade média de 6,8 m.s�1. O nível de

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profundidade varia de 4,62 m a 27,46 m nos meses de maior vazão.

As coletas foram mensais entre set/2010 à set/2011, acondicionadas em frascos depolietileno e fixadas com solução de Transeau na proporção de 1:1 (BICUDO; MENE-ZES, 2006). Em laboratório, as amostras foram oxidadas segundo a técnica propostapor Simonsen e modificada por MOREIRA-FILHO; VALENTE-MOREIRA (1981), paraconfecção de lâminas montadas com Naphrax® como meio de inclusão (IR= 1.73). Aobservação e ilustração dos espécimes foram realizadas utilizando-se microscópio óp-tico binocular Olympus® BX60 com câmera de captura DP71, e os táxons encontrados,foram identificados e analisados sua autoecologia, com auxílio de obras taxonômicasclássicas e recentes, além de artigos específicos.

O enquadramento sistemático das espécies nas classes taxonômicas seguiu prin-cipalmente a obra de ROUND; CRAWFORD; MANN (2005). As amostras líquidas erespectivas lâminas estão depositadas Herbário da Universidade Estadual do Oestedo Paraná - Campus Cascavel (UNOP).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram encontrados e analisados 14 táxons de Placoneis, dentro destes, dois em nívelgenérico (P. bicuneus Metzeltin, Lange-Bertalot, García-Rodríguez; P. disparilis (Hus-tedt) Metzeltin, Lange-Bertalot; P. exigua (Gregory) Mereschkovsky; P. clementis (Gru-now) Cox; P. elegans Metzeltin, Lange-Bertalot, García-Rodríguez; P. elegantula Met-zeltin, Lange-Bertalot, García-Rodríguez; P. humilis Metzeltin, Lange-Bertalot, García-Rodríguez; P. ignorata (Schimanski) Lange-Bertalot; P. porifera var. opportuna (Hustedt)Novelo, Tavera, Ibarra; P. ovillus Metzeltin, Lange-Bertalot, García-Rodríguez, P. rhom-belliptica Metzeltin, Lange-Bertalot, García-Rodríguez; P. symmetrica (Hustedt) Lange-Bertalot; P. serena (Frenguelli) Metzeltin; P. uruguayensis Metzeltin, Lange-Bertalot,García-Rodríguez, Placoneis sp1 e Placoneis sp2). Os dados ecológicos sobre os Placoneisencontrados foram analisados e concluídos como sendo, 6,7% das espécies suportamambientes classificados como eutróficos, 13,3% se desenvolvem em águas mesotró-ficas, e 73,3% tem seu ótimo desenvolvimento em sistemas oligotróficos. Espéciesclassificadas como indiferentes e tolerantes foram 6,7%. A espécie mais representativanas amostras foi Placoneis porifera var. opportuna com 34,8% do total da densidade, se-guido por P. symmetrica (18%), P. disparilis e P. elegans, de igual porcentagem (16,8%). A

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maioria das espécies se desenvolvem em pH compreendendo uma faixa de levementeácido a levemente alcalino (6,8 - 7,8).

Com o resultado da autoecologia das espécies que apresentaram baixa tolerânciasa eutrofização, e possível evidenciar o gradiente em relação a trofia, e caracterizar asestações como oligotróficas.

CONCLUSÕES

Pelo total de espécies encontrado (16 táxons), indica uma alta diversidade do gê-nero, que embora o rio Iguaçu possa estar sofrendo a influência da ação antrópica(Paraná, 2010), os dois locais de coleta ainda mantém a diversidade de espécies. Asespécies também foram citadas com alguma tolerância a diferentes condições ambi-entais, mas a maioria das espécies apresentam preferências por oligotrofia (LOWE,1974; DAM; MERTENS; SINKELDAM, 1994; MORO; FÜRSTENBERGER, 1997; COX,2003; RIMET, 2012), e se desenvolvem em ambiente oligohalóbio (<0,05%) e com pHcompreendendo uma faixa de levemente ácido a levemente alcalino (6,8-8), mas comseu ótimo em pH neutro (COX, 2003). Caracterizando assim as duas estações de co-leta, pela ecologia das espécies encontradas, como oligotrófico de pH circumneutro.Estes resultados são confirmados pelas análises realizadas por PARANÁ (2014) quecaracteriza o baixo rio Iguaçu como oligotrófico.

Informações ecológicas baseadas na tolerância de algumas espécies de diatomá-ceas refletem de forma integrada várias condições ambientais, como exemplo espéciesraras que podem ser indicadoras de condições de oligotrofia (KOCIOLEK; STOER-MER, 2009). Estender as práticas relativas as abordagens da autoecologia, são de totalimportância e necessárias para concentrar os esforços na conservação em vez de res-tauração em questões de qualidade da água.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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COX, E. J. Placoneis Mereschkowsky (Bacillariophyta) revisited: resolution of several

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RIMET, F. Recent views on river pollution and diatoms. Hydrobiologia, v.683, p.1–24,2012.

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3.5 Uso dos recursos alimentares por Piabina argentea Rei-nhardt, 1867, (Teleostei: Characidae) em dois rios dabacia do alto Rio Paraná, Mato Grosso do Sul, Brasil

Mayara Pereira Neves1, Jislaine Cristina da Silva2 & Rosilene Luciana Delariva1

RESUMO: Esse estudo buscou avaliar o uso dos recursos alimentares por P. argentea, nos rios Verde eSão Domingos, MS. As amostragens foram realizadas mensal e trimestralmente de nov/2010 a ago/2012,em seis pontos de coleta. Foram analisados 596 estômagos através do método volumétrico. Registrou-se 27 itens alimentares, onde os mais consumidos foram semente, vegetal terrestre, Trichoptera, insetosaquáticos e Hymenoptera. Em geral, a amplitude de nicho trófico foi baixa (Ba= 0,05). A análise Perma-nova atestou que não houve diferenças na alimentação de P. argentea entre os locais em ambos períodoshidrológicos, nem interações entre os dois fatores (p > 0,05).Resultados corroborados pela análise deordenação NMDS. Quando agrupado os recursos alimentares de acordo com a origem, os itens de ori-gem alóctone foram predominantes nos locais amostrados e nos períodos chuvoso e seco (>69%). Dessaforma, conclui-se que a espécie apresentou elevada dependência de recursos alimentares provenientesdo ambiente do entorno.

Palavras Chave: Ambiente lótico, Alimentação, Amplitude de nicho, Itens alóctones.

INTRODUÇÃO

Em estudos ecológicos o enfoque sobre a utilização dos recursos alimentares pe-las espécies de peixes é considerado um instrumento efetivo para o conhecimento dadinâmica dos ecossistemas aquáticos. Essas informações em ambientes tropicais per-mitem avaliar o comportamento alimentar dos peixes relacionados com a variaçãoespacial e sazonal na disponibilidade de alimentos. Além da influência dos fatoresabióticos e disponibilidade de recursos, os peixes neotropicais, principalmente os depequeno porte, são caracterizados pela elevada plasticidade trófica, importante estra-tégia que permite o uso de recursos alimentares abundantes (ABELHA; AGOSTINHO;GOULART, 2001). Piabina argentea é popularmente conhecida como piaba, uma espé-cie de pequeno porte que se distribui pela América do Sul, com amplo registro no do

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

2Centro Universitário Cesumar

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Alto rio Paraná. Assim, esse estudo teve como objetivo analisar os hábitos alimentaresdesta espécie nos rios Verde e em São Domingos.

MATERIAIS E MÉTODOS

A área estudada pertence à Bacia do Alto rio Paraná e está inserida no Cerradobrasileiro, que é considerado o segundo maior bioma do país e um dos hotspotspara a conservação da biodiversidade mundial. As amostragens foram realizadasmensalmente em nov/2010 a mar/2012 e out/2011 a fev/2012, e trimestralmente demai/2011 a ago/2012, em seis pontos de amostragens (três localizados no rio Verde etrês no rio São Domingos), com auxílio de redes de espera, de diferentes malhagens,tresmalhos e arrasto.

Os conteúdos estomacais de 596 indivíduos foram analisados de acordo com ométodo volumétrico. Para determinar o nível relativo de especialização alimentar daespécie, foi calculado a amplitude de nicho trófico através do índice padronizado deLevins. Para sumarizar os dados sobre a alimentação de P. argentea nos locais e perío-dos hidrológicos, foi aplicada uma análise de Escalonamento Multidimensional não-Métrico (NMDS). A análise de variância permutacional multivariada (PERMANOVA)foi utilizada para testar possíveis diferenças na composição da dieta da espécie entreos grupos pré-definidos (locais em ambos os períodos hidrológicos). Em ambas asanálises utilizou-se o índice de distância de Bray-Curtis.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram identificados 27 itens alimentares, onde semente, vegetal terrestre, Trichop-tera e Hymenoptera foram os mais representativos na dieta dos peixes em ambos osrios amostrados, durante o período chuvoso. Além destes, no período seco, houve in-cremento da dieta com vegetal aquático e insetos aquáticos (Tabela 1). Quando agru-pado os recursos alimentares de acordo com a origem, os itens de origem alóctoneforam predominantes nos rios Verde e São Domingos em ambos períodos hidrológi-cos (>69%).

A análise Permanova atestou que não houve diferenças na alimentação de P. argen-tea entre os locais e entre os períodos hidrológicos, nem interações entre os dois fatores

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Tabela 1: Caracteres anatômicos do caule de espécies de Dioscorea. Apo = Apodoste-mon; Cen = Centrostemon; Cin = Cincinnorhachis; Cry = Cryptantha; Las = Lasiogyne; Lyc= Lychnostemon; Sph = Sphaerantha; Str = Strutantha; Cho = Chondrocarpa; Dem = De-matostemon; Mon = Monadelpha. Col = colênquima; Esc = esclerênquima; Fxv = feixesvasculares; Mac = maior calibre; Mec = menor calibre.

VC VS SDC SDSBa 0.06 0.09 0.06 0.12

ITENS ALIMENTARESAutóctone 13,20 19,17 21,14 31,24Tecameba * * * *Acarina *Amphipoda *Ephemeroptera 0,94 1,37 2,6 1,19Ninfa de Odonata 3,2 1,62 0,43 1,78Plecoptera 0,85 1,18 1,34 2,69Larva de Coleoptera 0,33 0,06 0,66 1,19Trichoptera 5,19 3,46 9,44 11,58Larva e Pupa de Diptera 0,55 2,28 0,82 2,75Larva de Lepidoptera 0,4 0,41 0,48Outros insetos aquáticos 1,21 5,03 3,53 9,19Escamas 0,12 0,08 1 *Resto de peixes 0,41Algas 0,39 0,02Vegetal aquático 0,01 4,09 0,49 0,4Alóctone 86,25 79,48 78,62 68,76Araneae 0,33 0,01 0,32 0,02Orthoptera 0,62 0,08 2,53Isoptera 0,01 1,7Hemiptera 2,56 0,59 0,66 0,32Homoptera 0,45 0Diptera 0,01 0,04 0Hymenoptera 4,36 5,29 4,17 0,4Coleoptera 2,18 1,58 3,09 1,03Outros insetos terrestres 1,74 3,32 1,28 3,96Sementes 68,28 57,74 61,09 52,42Vegetal terrestre 6,81 9,83 6,23 8,08INDETERMINADO 0,55 1,34 0,24Detrito 0,55 1,34 0,24

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(p > 0, 05). Este resultado foi corroborado tanto pela análise de ordenação NMDS quenão mostrou segregação na dieta entre os fatores testados (Figura 1), quanto pela am-plitude de nicho trófico de Levins, que em geral, foi baixa (Ba = 0, 05) em ambos osperíodos hidrológicos (Tabela 1).

Figura 1: Escores dos eixos (solução bidimensional) da NMDS, resultante dos padrõesalimentares de P. argentea nos rios Verde e São Domingos, bacia do alto rio Paraná, emambos períodos hidrológicos, Brasil, no período de novembro de 2010 a fevereiro de2012.

Os alimentos de origem alóctone, em ambientes tropicais, são considerados osprincipais recursos alimentares para a fauna de peixes de ambientes lóticos, especi-almente locais com presença de vegetação ciliar (SILVA, 2012). No caso de caracídeosde pequeno porte, o consumo desses itens pode ser explicado pelo fato desses pei-xes apresentarem hábitos nectônicos, comportamento que inclui a exploração de todaa coluna de água e a captura de itens alimentares na superfície, arrastados pela cor-renteza (UIEDA; PINTO, 2011). Esses itens, na maioria das vezes, são provenientesda vegetação ciliar e área do entorno, especialmente no período chuvoso, uma vezque, as inundações sazonais aumentam a disponibilidade desses itens (ABUJANRA;AGOSTINHO; HAHN, 2009). Assim, a vegetação ciliar é considerada crucial para os

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ecossistemas aquáticos, fornecendo uma diversidade de recursos alimentares para afauna de peixes (FISCHER et al., 2010).

CONCLUSÕES

Este estudo demonstrou que P. argentea apresentou dieta composta principalmentepor itens de origem alóctone (sementes, insetos terrestres e vegetal terrestre), sem vari-ações sazonais e espaciais significativas, ressaltando a importância da vegetação mar-ginal para a dieta dessa espécie.

AGRADECIMENTOS

Gerpel, Unioeste.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABELHA, M. C. F.; AGOSTINHO, A. A.; GOULART, E. Plasticidade trófica em peixesde água doce. Acta Scientiarum, v.23, n.2, p.425–434, 2001.

ABUJANRA, F.; AGOSTINHO, A. A.; HAHN, N. S. Effects of the flood regime onthe body condition of fish of different trophic guilds in the Upper Paraná Riverfloodplain, Brazil. Brazilian Journal of Biology, v.69, n.2, p.469–479, 2009.

FISCHER, J. R.; QUIST, M. C.; WIGEN, S. L.; SCHAEFER, A. J.; STEWART, T. W.; ISE-NHART, T. M. Assemblage and population-level responses of stream fish to riparianbuffers at multiple spatial scales. Transactions of the American Fisheries Society,v.139, n.1, p.185–200, 2010.

SILVA, J. C. Ecologia alimentar das espécies de peixes de pequeno porte em dife-rentes locais da bacia do rio Verde, alto rio Paraná, Brasil. 2012. 62p. Dissertaçã deMestrado — Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

UIEDA, V. S.; PINTO, T. L. F. Feeding selectivity of ichthyofauna in a tropical stream:space-time variations in trophic plasticity. Community Ecology, v.12, n.1, p.31–39,2011.

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3.6 Variações espaciais e sazonais na dieta de Astyanaxparis, Azpelicueta, Almirón & Casciotta, 2002 (Teleos-tei: Characidae) na bacia do Rio Pelotas, SC/RS, Brasil

Mayara Pereira Neves1, Ana Paula Bazzanella1 & Rosilene Luciana Delariva1

RESUMO: Esse estudo buscou avaliar a alimentação e variações espaciais e sazonais na composiçãoda dieta de Astyanax paris, uma espécie de lambari abundante no rio Pelotas e seus tributários. Asamostragens foram realizadas trimestralmente entre agosto de 2013 à maio de 2014, em sete pontos deamostragens. Foram analisados 78 conteúdos estomacais através do método volumétrico. Registrou-se19 itens alimentares, dos quais os mais consumidos foram insetos terrestres (25%), insetos aquáticos(17%), semente (19%) e vegetal (12%). Em geral, a amplitude de nicho trófico foi baixa (Ba=0,28). Oprocedimento de permutação de multiresposta (MRPP) atestou diferenças significativas na dieta tantoespacialmente como em relação aos períodos de coleta. A Análise de Valor Indicador (Indval) indicoudiferentes itens em relação aos períodos e espacialmente. Dessa forma, conclui-se que a espécie ana-lisada consumiu principalmente itens de origem alóctone, mostrando oportunismo trófico ao explorarrecursos temporariamente disponíveis.

Palavras Chave: Ambiente lótico, Alimentação, Amplitude de nicho, Itens alóctones.

INTRODUÇÃO

Characidae é um dos grupos de peixes ósseos mais bem sucedido e diversificadoentre os Teleostei de água doce. Suas características morfológicas e comportamentaislhes permitem ocupar diferentes hábitats, posições tróficas e variadas estratégias ali-mentares (MAZZONI; IGLESIAS-RIOS; SCHUBART, 2004). Astyanax paris, é conside-rada uma espécie de pequeno porte, atingindo comprimento padrão de cerca de setecentímetros. Apresenta distribuição na região Sul do Brasil (Rio Grande do Sul e SantaCatarina), Uruguai e Argentina, e está entre as espécies mais abundantes de Astyanaxno rio Pelotas e seus tributários. Embora com ampla ocorrência e abundância na re-gião, pouco se conhece ainda sobre sua biologia e ecologia. Estudos sobre os hábitosalimentares de peixes são importantes e contribuem para o entendimento das relaçõesentre a ictiofauna e os demais organismos da comunidade aquática, consistindo em

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

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uma importante ferramenta na definição de estratégias para o manejo sustentável dosecossistemas. Assim, esse trabalho teve por objetivo analisar a composição da dietadessa espécie, bem como suas variações espaciais e sazonais em um segmento do rioPelotas e tributários.

MATERIAIS E MÉTODOS

As amostragens foram realizadas trimestralmente entre agosto de 2013 a maio de2014, em sete pontos de amostragens, no rio Pelotas, em uma região que será afe-tada pela construção de uma sequência de PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas).Utilizou-se redes de espera, de diferentes malhagens (2,0 a 7,0 cm entre-nós) instala-das às 16 horas e revistadas às 22 e 8 horas. Redes de arrasto foram utilizadas somenteem áreas marginais dos mesmos locais.

Em laboratório, os peixes foram identificados e obtidas as medidas biométricas.Os conteúdos estomacais de 78 indivíduos foram analisados através do método vo-lumétrico. Para determinar o nível relativo de especialização alimentar das espécies,foi calculado a amplitude de nicho trófico através do índice padronizado de Levins.Para testar possíveis diferenças significativas na composição da dieta da espécie emrelação aos períodos e pontos de amostragem foi utilizado o método não-paramétricodo procedimento de permutação de multiresposta (MRPP) e para detectar quais itensalimentares foram indicadores na dieta nos períodos e pontos de amostragem foi uti-lizado o método de Valor Indicador (IndVal).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram identificados 19 itens alimentares, sendo que os recursos mais consumidosforam insetos terrestres (38%), insetos aquáticos (28%), semente (19%) e vegetal (12%)(Figura 1). Com exceção do mês de agosto, observaram-se nos demais períodos anali-sados o predomínio de itens alóctones na dieta dessa espécie, o que indica a ocorrênciade variações temporais nos itens mais consumidos (Figura 2). Os alimentos de origemalóctones em ambientes tropicais são considerados os principais recursos alimentarespara a fauna de peixes de ambientes lóticos, especialmente locais com presença devegetação ciliar (SILVA, 2012).

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Figura 1: Porcentagem volumétrica dos itens alimentares consumidos por A. paris,entre agosto de 2013 e maio de 2014, na bacia do rio Pelotas, SC/RS, Brasil.

O consumo de itens alóctones pelos caracídeos de pequeno porte pode ser expli-cado pelo fato desses peixes apresentarem hábitos nectônicos. Esse comportamentoinclui a exploração de toda a coluna de água e a captura de itens alimentares na su-perfície arrastados pela correnteza (UIEDA; PINTO, 2011). Esses itens, na maioria dasvezes, são provenientes da vegetação ciliar e área do entorno (GIMENES; CUNHA-SANTINO; BIANCHINI, 2010). Assim, a vegetação ciliar é considerada crucial paraos ecossistemas aquáticos, fornecendo uma grande diversidade de recursos alimentospara a fauna de peixes (FISCHER et al., 2010).

A amplitude de nicho trófico de Levins (padronizado), em geral foi baixa (Ba =

0, 28). Com relação s aos valores de amplitude de nicho trófico sazonais verificou-se também baixos valores, especialmente nos meses de fevereiro (0,09) e maio (0,12),seguidos de agosto (0,18) e novembro (0,20). Baixos valores de amplitude tambémforam observados por SILVA (2012) ao analisar caracídeos de pequeno porte, no rioVerde, bacia do Alto rio Paraná, MS, e por WOLFF; CARNIATTO; HAHN (2013) aoestudar a assembleia de peixes do rio Vermelho, Antonina, PR. A dieta da espécie aquiestudada foi composta por vários itens alimentares, embora a maioria foi utilizada deforma acessória, tendo em vista a baixa amplitude de nicho trófico. Segundo MA-CARTHUR; PIANKA (1966), em áreas ricas em recursos alimentares, geralmente asespécies exibem menor amplitude de nicho.

O procedimento de permutação de multiresposta (MRPP) atestou diferenças signi-

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ficativas na dieta tanto espacialmente (A = 0, 056, p = 0, 00007) como em relação aosperíodos de coleta (A = 0, 105, p = 0, 000). Em rios tropicais, mudanças sazonais nadisponibilidade de alimento afetam as relações tróficas da comunidade, pois alterama composição qualitativa e quantitativa na oferta de recursos ao longo do ano.

As variações temporais também foram notáveis, especialmente considerando a ori-gem dos recursos consumidos (Figura 2). Houve uma tendência de maior consumode itens alóctones durante fevereiro e maio, provavelmente relacionado com o car-reamento de insetos adultos do entorno, bem como da entrada de folhas durante ooutono, culminando em um maior aporte de itens oriundos da vegetação ciliar. Nomês de agosto (inverno), a dieta foi baseada em itens de origem autóctone (larvas eninfas de insetos).

Figura 2: Porcentagem dos itens alimentares de acordo com sua origem consumidospor A. paris, entre agosto de 2013 e maio de 2014, na bacia do rio Pelotas, SC/RS,Brasil.

A Análise de Valor Indicador (Indval) revelou que Plecoptera foi o item indicadorpara agosto, insetos terrestres e Coleoptera (adulto) para novembro, semente em feve-reiro e vegetal (folhas) e detrito em maio. Em relação aos pontos de amostragem, algasfilamentosas foi o item indicador para o ponto P02 (rio Pelotas), insetos terrestres paraP03 (rio Pelotas) e insetos aquáticos para T01 (tributário) (Tabela 1).

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Tabela 1: Análise de valor indicador, mostrando valores indicadores (Indval) dos itenspara os meses e pontos de amostragem. Apenas os itens com valores significativos p< 0,05 pelo teste de Monte Carlo são listadas.

Fator Grupo Itens alimentares IV p

Mês Agosto Plecoptera 59,8 0,0002Novembro Insetos terrestres 36,5 0,0082

Coleoptera (adulto) 21,7 0,0244Fevereiro Semente 51,5 0,0002

Maio Vegetal 45,0 0,0010Detrito 20,1 0,0202

Local P02 Algas filamentosas 39,6 0,0392P03 Insetos terrestres 45,4 0,0378T01 Insetos aquáticos 43,7 0,0366

CONCLUSÕES

Este estudo demonstrou que A. paris apresentou dieta composta principalmentepor itens de origem alóctone (insetos terrestres, vegetal e sementes), com variaçõessazonais e espaciais, o que indica a flexibilidade dessa espécie em utilizar os recursosdisponíveis, bem como uma elevada dependência de recursos alimentares provenien-tes do ambiente do entorno. Esses resultados ressaltam a importância da vegetaçãomarginal para a dieta dessa espécie.

AGRADECIMENTOS

Gerpel, Unioeste.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FISCHER, J. R.; QUIST, M. C.; WIGEN, S. L.; SCHAEFER, A. J.; STEWART, T. W.; ISE-NHART, T. M. Assemblage and population-level responses of stream fish to riparianbuffers at multiple spatial scales. Transactions of the American Fisheries Society,v.139, n.1, p.185–200, 2010.

GIMENES, K. Z.; CUNHA-SANTINO, M. B.; BIANCHINI, I. J. Decomposição de ma-

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téria orgânica alóctone e autóctone em ecossistemas aquáticos. Oecologia Australis,v.14, n.4, p.1036–1073, 2010.

MACARTHUR, R.; PIANKA, E. R. On optimal use of a patchy environment. The Ame-rican Naturalist, v.100, n.916, p.603–609, 1966.

MAZZONI, R.; IGLESIAS-RIOS, R.; SCHUBART, S. A. Longitudinal segregation ofAstyanax janeiroensis in Rio Ubatiba: a Neotropical stream of south-east Brazil. Eco-logy of Freshwater Fish, [S.l.], v.13, n.1, p.231–234, 2004.

SILVA, J. C. Ecologia alimentar das espécies de peixes de pequeno porte em diferen-tes locais da bacia do rio Verde, alto rio Paraná, Brasil. 2012. 62p. Dissertação deMestrado — Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

UIEDA, V. S.; PINTO, T. L. F. Feeding selectivity of ichthyofauna in a tropical stream:space-time variations in trophic plasticity. Community Ecology, v.12, n.1, p.31–39,2011.

WOLFF, L. L.; CARNIATTO, N.; HAHN, N. S. Longitudinal use of feeding resourcesand distribution of fish trophic guilds in a coastal Atlantic stream, southern Brazil.Neotropical Ichthyology, v.11, n.2, p.375–386, 2013.

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3.7 Consumo de ave morta por Saracura-do-mato Arami-des saracura, Spix, 1825) (Gruiformes: Rallidae): Umnovo relato de comportamento alimentar

Patricia Carlin Brenner de Souza1, José Flávio Cândido Júnior1 & Aline Luana deSouza1

RESUMO: A saracura-do-mato (Aramides saracura) é encontrada em pântanos circundados de mata,apresenta índole inquieta, razão pela qual essa ave é de difícil observação. Sua dieta é onívora, alimentando-se de brotos e capim bem como de insetos, crustáceos, desovas de anfíbios e mesmo pequenos verte-brados. Em fevereiro de 2014, foi observado uma saracura consumindo uma ave já em decomposição,bicando-a insistentemente até que seu abdome foi aberto e o conteúdo interno exposto. O comporta-mento de consumo da ave morta durou aproximadamente 16 minutos, quando sua carcaça foi aban-donada à margem. Devido ao seu comportamento críptico, informações sobre a dieta desta espéciesão escassas. Até então não havia registro da espécie consumindo outro animal morto. Esse registromostra que sua dieta não se restringe a organismos vivos, o que contribui para conhecimento do seuperfil alimentar e, também, fomenta a necessidade de mais estudos que contemplem a observação docomportamento dessa ave.

Palavras Chave: Dieta, Carnívoro, Onívoro, Parque urbano.

INTRODUÇÃO

A saracura-do-mato (Aramides saracura, Spix, 1825) (Gruiformes: Rallidae) é umaave encontrada em pântanos circundados de mata, florestas de terrenos acidentados,preferindo áreas alagadiças. Aves dessa família apresentam índole inquieta, razãopela qual são difíceis de observar. Sua dieta é onívora, alimentando-se de brotos ecapim bem como de insetos, crustáceos, desovas de anfíbios e mesmo pequenos ver-tebrados, assim como larvas de estrume de gado que estejam depositados perto deseu habitat. Espécies grandes como Aramides sp., pilham e consomem ovos de outrasespécies da mesma família (DIAS, 2014; PEREIRA, 2013; SICK, 1997).

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

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MATERIAIS E MÉTODOS

Segundo a Prefeitura Municipal de Cascavel (CASCAVEL, 2014), o Parque Eco-lógico Paulo Gorski, conhecido como o Lago Municipal de Cascavel (coordenadas24�57’36.3"S, 53�26’10.9"W) (Figura 1), é a maior reserva ecológica urbana do sul doBrasil, com área de 111,26 ha, sendo 55,35 ha de mata nativa, 38 ha de lâmina d’água(lago) e 17,91 ha que compreende o Zoológico do município. Dentro da área abrangidapelo parque, encontra-se uma pequena lagoa (coordenadas 24�57’26.1"S, 53�25’57.9"W)(Figura 2), formada na parte mais baixa de um pequeno córrego que deságua no lago,onde foi realizada a observação. Essa lagoa é em sua maioria cercada por uma estreitafaixa de vegetação que margeia o córrego.

!Figura 1: Imagem de satélite e mapa da área de estudo. Fonte:https://www.google.com.br/maps.

A observação foi realizada na manhã do dia 06 de fevereiro de 2014, a partir deum ponto fixo na margem da lagoa. As imagens foram capturadas com máquinafotográfica Nikon P520.

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!Figura 2: Imagem de satélite do Parque Ecológico Paulo Gorski, Lago de Cascavel,Paraná, Brasil. Fonte: https://www.google.com.br/maps.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram observadas duas aves da espécie A. saracura andando de um lado para ooutro na margem enquanto forrageavam. Em dado momento uma delas apresentoucomportamento singular quando encontrou outra ave, já em decomposição, e come-çou a bicá-la insistentemente e com bastante vigor (Figura 3), produzindo som altosemelhante a um tambor. Fez isso até que seu abdome foi aberto e o conteúdo in-terno exposto. Nesse momento a saracura passou a consumir avidamente as víscerasda ave morta, introduzindo o bico no seu interior e sacudindo o animal até liberaralgum pedaço que era imediatamente ingerido (Figura 4). Durante esse ato, o odor deputrefação espalhou-se pelo ambiente, confirmando que se tratava de um animal emdecomposição, ou seja, é possível que não tenha sido morto por A. saracura.

A outra saracura-do-mato não tomou parte na ação, permanecendo forrageandoexatamente como fazia antes. O comportamento de consumo da ave morta durouaproximadamente 16 minutos, quando sua carcaça foi abandonada à margem. Nasequência as saracuras-do-mato prosseguiram na atividade de forrageio, e naquela

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!Figura 3: Aramides saracura consumindo ave morta à margem de uma lagoa do ParqueEcológico Paulo Gorski, Cascavel, Paraná.

manhã não houve nova abordagem aos restos da ave morta.Algumas hipóteses podem sugerir explicação para o comportamento, tais como:

1) é um comportamento habitual, porém ainda não observado; 2) o ambiente podeser pobre em recurso alimentar; 3) territorialismo. O fato da outra saracura não haverparticipado do ato, demonstra que não houve um padrão comportamental, e isso,mais uma vez, pode sugerir algumas hipóteses.

CONCLUSÕES

Devido ao comportamento críptico de A. saracura, que torna difícil a observação econsequentemente relatos sobre seus hábitos, a informação sobre a dieta desta espécieé bastante pobre, apesar do conhecimento de serem onívoras. Até o momento não ha-via informação da espécie consumindo outro animal morto. Esse registro mostra quesua dieta não se restringe a organismos vivos, o que contribui para o conhecimento doseu perfil alimentar. As hipóteses levantadas a fim de esclarecer tal comportamento,

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!Figura 4: Aramides saracura bicando ave morta à margem de uma lagoa, no ParqueEcológico Paulo Gorski, Cascavel, Paraná.

podem ser testadas e assim, esse relato fomenta a necessidade de mais estudos quecontemplem a observação do comportamento dessa ave.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASCAVEL. Parque Ecológico Paulo Gorski. Portal do município de Cascavel. Dis-ponível em: <http://www.cascavel.pr.gov.br/secretarias/semdec/sub_pagina.php?id=219>. Acesso em: 29 de janeiro de 2014.

DIAS, J. Saracura-do-mato. Wiki Aves. Disponível em: <www.wikiaves.com.br/saracura-do-mato>. Acesso em: 07 de fevereiro de 2014.

PEREIRA, G. Rallidae. Disponível em: Wiki Aves. <www.wikiaves.com.br/rallidae>. Acesso em: 07 de fevereiro de 2014.

SICK, H. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro - RJ: Nova Fronteira, 1997. 912p.

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3.8 Análise microbiológica da água do córrego Danilo Ga-lafassi - Parque Municipal Danilo Galafassi, Cascavel– PR

Sabrina Bazanella1, Alana Marielli Teixeira1, Natalia Barrizon Gimenes1 & ThomasKehrwald Fruet1

RESUMO: As fontes de água potável estão sujeitas a contaminação por matéria fecal de diversas ori-gens. A identificação das bactérias patogênicas constitui a prova mais direta de uma contaminação,assim, fazem-se pesquisas de microrganismos denominados “indicadores” de contaminação da águapor coliformes totais e termotolerantes. Neste estudo objetivamos realizar uma análise da qualidade daágua utilizando um indicador microbiológico e aplicação do protocolo de rápida avaliação. Concluiu-se que a classificação de condição natural determinada pelo protocolo corrobora com a estadia dosparâmetros físicos, químicos e biológicos dentro dos limites legislativos vigentes.

Palavras Chave: Coliformes totais, Qualidade da água, Protocolo de avaliação rápida.

INTRODUÇÃO

A água é um recurso natural indispensável à sobrevivência do homem e demais se-res vivos do Planeta, é uma substância fundamental para os ecossistemas da natureza,caracterizado como solvente universal além de ser essencial para a absorção de nutri-entes do solo pelas plantas. Este recurso natural encontra-se cada vez mais limitado eexaurido pelas ações impactantes do homem nas bacias hidrográficas, degradando asua qualidade e prejudicando os ecossistemas (SCHUELTER, 2001).

Assim, sabe-se que o crescimento da população urbana de forma indiscriminadapróxima aos rios e nascentes, juntamente com o despejo de esgotos e lixos domés-tico/industrial, torna comprometida a qualidade dessas águas, tanto pela presença decoliformes (grupo de micro-organismos bioindicadores) quanto de resíduos industri-ais de elevada toxidade (ANDREOLI et al., 2000).

Uma das formas de verificar a saúde hídrica é a utilização de indicadores bioló-gicos da qualidade da água, como os coliformes totais e termotolerantes. Segundo

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APHA (2005), o grupo coliforme é composto por todas as bactérias aeróbias ou ana-eróbias facultativas, gram negativas, que não são esporuladas e possuem forma debastonete, as quais fermentam a lactose com formação de gás dentro de 48h a 35�CAPHA (2005).

A população microbiana aquática é um reflexo direto das condições da água emrelação às atividades exercidas ao redor dos recursos hídricos, sendo este parâmetroum dos componentes básicos que compõe o principal órgão administrativo de moni-toramento de água do país, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 2005).

Baseado neste contexto objetivou-se realizar uma análise quantitativa e qualitativado afluente do Lago municipal de Cascavel pertencente ao Parque Municipal DaniloGalafassi- Cascavel – PR, utilizando como indicadores biológicos os coliformes totais,termotolerantes (Escherichia coli) e parâmetros físicos e químicos da água.

MATERIAIS E MÉTODOS

As três estações de coletas utilizadas para a classificação da qualidade da água fo-ram distribuídas de forma aleatória ao longo do curso do Córrego Danilo Galafassi,sendo que, para a coleta das amostras, frascos estéreis foram mergulhados contra acorrenteza, de modo a coletar 150mL de agua para análise. Todas as amostras foramidentificadas com os respectivos locais de coleta e transportadas em recipiente refri-gerado a 9�C até o Laboratório de Microbiologia da Universidade Estadual do Oestedo Paraná – Campus Cascavel, para realização das análises microbiológicas. As trêsamostras foram determinados pela técnica do Número Mais Provável (NMP) descritano Standard Methods APHA (2005).

O Protocolo de Avaliação Rápida da Diversidade de Habitats em trechos de baciashidrográficas (PAR), modificado do protocolo da Agência de Proteção Ambiental deOhio (EUA) (CALLISTO et al., 2002) foi aplicado para cada estação de coleta, abran-gendo toda a área do córrego. Para o cálculo da qualidade ambiental do córrego,realizou-se a média das pontuações encontradas para cada estação de coleta, sendoesta interpretada como resposta final do Protocolo.

As análises físicas e químicas como temperatura, salinidade, condutividade elé-trica, sólidos totais dissolvidos, turbidez, oxigênio dissolvido, pH e profundidade fo-ram realizadas in loco com a sonda multiparâmetro HORIBA®. Os dados foram con-

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frontados com os parâmetros exigidos pela portaria n� 2914 do Ministério da Saúde ea resolução n� 357/0510 do CONAMA. (BRASIL, 2005).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O valor final do protocolo de avaliação foi obtido a partir do somatório dos valoresatribuídos a cada um dos parâmetros, sendo a média de 74 pontos obtida entre ospontos de coleta (P1 = 76, P2 = 72 e P 3= 74), sendo que este valor se enquadra nointervalo de 61 – 100 pontos, o que caracteriza o córrego inserido em um ambientecom condição ambiental natural.

A comparação das médias dos parâmetros físicos, químicos e biológicos da águaforam confrontados com o padrão estabelecido pela Resolução do CONAMA 357/05 e430/11 nos limites para água doce de classe 1, e observou-se que os valores mantiveram-se abaixo dos parâmetros legislativos (Tabela 1).

Tabela 1: Sumário das variáveis físicas, químicas e biológicas (media ± desvio pa-drão) da água que apresentam referências pela legislação do CONAMA 357/05 e430/11 do córrego Danilo Galafassi. TDS= sólidos totais dissolvidos, TUR= turbi-dez, DO = oxigênio dissolvido, TEM = temperatura, pH= potencial hidrogeniônico,SAL = salinidade, CEL = condutividade elétrica, PRO = profundidade, Cte= colifor-mes termotolerantes, Cto= coliformes totais, P= Pontos de coleta, L.C.1: Legislação doCONAMA 357/05 e 430/11 para rios de classe I , --"sem parâmetros legislativos bra-sileiros,"*"médias que não atendem a Legislação do CONAMA 357/05 e 430/11 pararios de classe I, "** dados transformados em log (x+1).

Parâmetros Valores L.C.1

TDS (mg/L) 0,026 ± 0,001 < 500TUR (UNT) 1,3 ± 0,0 < 100DO (mg/L) 32,6 ± 2,1 > 5TEM (�C) 19,0 ± 0,9 –pH (U. pH) 8,1 ± 0,5 >6SAL (%) 0,0 ± 0,0 < 5CEL (S/cm) 164 ± 3,0 –PRO (m) 0,1 ± 0,1 –Cte** (NMP/100ml) 2,15 ± 3,89** < 3.4Cto** (NMP/100ml) 2,93 ± 4,68** –

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Assim, a condição ambiental natural encontrada pelo PAR corrobora com a per-manência dos parâmetros avaliados abaixo dos exigidos pela legislação vigente, po-dendo inferir tal circunstância a integridade da mata ciliar do Parque Danilo Gala-fassi. Quando a composição da zona ripária compromete suas funções, tornam-seinstáveis e susceptíveis a não amenizar a alteração dos parâmetros físicos, químicos(MONAGHAN; SMITH, 2012) e biológicos (coliformes) dos recursos hídricos decor-rente do escoamento superficial causado pela precipitação (HONG; QUIU; LIANG,2010).

Portanto, pode-se inferir que a estabilidade da mata ciliar nesta pesquisa amenizao carreamento dos solos adjacentes, a perda de habitats aquáticos e o declínio da diver-sidade biológica por mitigar a ação do escoamento superficial (BERKMAN; RABENI,1987).

CONCLUSÕES

Os parâmetros físicos, químicos e biológicos da qualidade da água do rio DaniloGalafassi não ultrapassaram os limites exigidos pela legislação vigente, apresentandouma condição ambiental natural.

AGRADECIMENTOS

À Unioeste – Campus Cascavel pela estrutura fornecida para o desenvolvimentodeste trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDREOLI, C. V.; DALARMI, O.; LARA, A. I.; ANDREOLI, F. N. Limites ao desen-volvimento da região metropolitana de Curitiba, impostos pela escassez de água. In:SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 2000,Porto Seguro - BA. Anais. . . ABES, 2000. p.185–195.

APHA. Multiple tube fermentation technique for members of the coliform group. In:Standard methods for the examination of water and wastewater. Washington DC- US: APHA, 2005.

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BERKMAN, H. E.; RABENI, C. F. Effect of siltation on stream fish communities. Envi-ronmental Biology of Fishes, v.18, n.4, p.285–294, 1987.

BRASIL. CONAMA - Resolução n� 357, de 18 de março de 2005. Brasília - DF: Dispõesobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enqua-dramento, bem como estabelece as condições e padrçes de lançamento de efluentes,e dá outras providências, 2005. 58–63p.

CALLISTO, M.; FERREIRA, W.; MORENO, P.; GOULART, M. D. C.; PETRUCIO, M.Aplicação de um protocolo de avaliação rápida da diversidade de habitats em ativi-dades de ensino e pesquisa (MG-RJ). Acta Limnologica Brasiliensia, v.14, p.91–98,2002.

HONG, H.; QUIU, J.; LIANG, Y. Environmental factors influencing the distributionof total and fecal coliform bacteria in six water storage reservoirs in the Pearl RiverDelta Region, China. Journal of Environmental Sciences, v.22, n.5, p.663–668, 2010.

MONAGHAN, R. M.; SMITH, L. C. Contaminant losses in overland flow from dairyfarm laneways in southern New Zealand. Agriculture, Ecosystems and Environ-ment, v.159, n.170-175, 2012.

SCHUELTER, G. Capacitação de professores em educação ambiental: uma propostautilizando a internet. 2001. Dissertação de Mestrado — Universidade Federal deSanta Catarina.

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CAPÍTULO 4

EDUCAÇÃO

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4.1 O estágio supervisionado no curso de licenciatura soba perspectiva do docente

Tayonara Georgiane Neppel1, Mariana Bolake Cavalli1 & Camila Begui DoNascimento1

RESUMO: Este trabalho visa abordar a opinião do professor já formado, que já passou pela experiênciado estágio supervisionado e agora está em atuação quanto: o modelo de desenvolvimento do estágiosupervisionado, a contribuição do estágio para a formação do profissional e quais as implicações de terum estagiário em sua aula. Para o levantamento de dados foi realizada aplicação de um questionáriopara dez professores da rede pública de ensino e avaliado as suas respostas. Concluiu-se, após a análisedas respostas, que para os docentes o estágio supervisionado foi importante para formação e o estagiá-rio que ele recebe em sua sala aprende a prática docente, o ajuda com as atividades e diversifica a suaaula.

Palavras Chave: Estágio supervisionado, Formação inicial, Teoria e prática.

INTRODUÇÃO

O processo de formação do professor tem origem muito antes deste decidir peladocência, inicia-se nas interações com os outros que fizeram parte da sua trajetória.Tendo também uma influencia política e cultural, moldando seu modo de agir e suamaneira de pensar de acordo com o ambiente que estava inserido (PASSERINI, 2007).

Após ingressar em um curso de graduação para formação de professor, o acadê-mico aprende a parte teórica, as metodologias do ensino, os recursos que se podeutilizar, dentre outras ferramentas, que o preparam para docência. Com a conclusãode algumas destas disciplinas teóricas ele é submetido ao estágio supervisionado, queacontecerá em uma unidade de educação básica, em sua maioria pública. Neste espaçodesenvolverá as etapas do estágio iniciando pela ambientação, ou seja, observação daestrutura e funcionamento dos espaços da instituição de ensino, e assistirá a aulas dasua área de conhecimento ministradas pelo professor da escola, que é o sujeito de pes-quisa neste trabalho. Ao concluir esta etapa o acadêmico ministra algumas aulas no

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lugar do professor, sendo supervisionado pelo mesmo e pelo professor supervisor dainstituição de ensino superior na qual ele cursa a graduação.

Segundo MAFUANI (2011), a experiência do estágio na formação do docente per-mite o aluno construir seu conhecimento relacionando teoria com a prática, uma vezque, se for levado em conta somente a parte teórica abordada na graduação restringiráo desenvolvimento do aprendizado desse aluno, pois não possibilita a compreensãoda relação teoria e prática se o estudante não presenciar momentos reais.

Para ANDRADE (2005), o estágio é sentir na pele o comprometimento com a es-cola, com os alunos, com os pais desses alunos, é uma familiarização do estudantecom o meio escolar, é a primeira vez que o licenciado irá assumir a sua identidadeprofissional.

No desenvolver do estágio supervisionado o acadêmico sai da sua posição passivapara uma ativa, ou seja, antes mesmo de concluída a graduação, ele ministra algumasaulas e já adquiri uma pequena, porém indispensável experiência em sala de aula.

Com a finalização do estágio os acadêmicos desenvolverão um melhor discerni-mento acerca de quais metodologias poderão ser utilizadas no ministrar de sua aula equais as melhores condutas a serem tomadas, bem como aquelas que não são adequa-das, para elevar a aprendizagem dos alunos (SANTOS; OLIVEIRA, 2012).

Para PIMENTA; LIMA (2004), o estágio possibilita a formação do professor refle-xivo", aquele que irá observar a realidade e propor soluções e ações para resolver osproblemas. Sendo assim, um professor reflexivo baseado na sua vivência consegue en-contrar métodos que melhorem a sua prática propiciando um melhor aproveitamentoda aula pelos alunos.

O presente trabalho tem por objetivo avaliar qual a finalidade do estágio supervi-sionado, que participam os acadêmicos dos cursos de licenciatura, para os professoresque supervisionam o estagiário dentro da sala de aula, ou seja, para os professores darede publica de ensino que recebem os acadêmicos em suas turmas. Buscando saberqual a opinião dos mesmos sobre o formato que ocorre o estágio, qual aproveitamentotem o estágio para o acadêmico, seus benefícios tanto para o graduando quanto parao professor da rede publica de ensino e as contribuições que o estágio supervisionadoteve na sua formação.

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MATERIAIS E MÉTODOS

Em cumprimento com o objetivo deste, dez professores de um Colégio Estadualda cidade de Cascavel, que lecionam para o ensino fundamental e médio e já possuí-ram acadêmicos estagiando em sua classe, foram selecionados, para responder a umquestionário (abaixo) de forma anônima. Segundo LUDKE; ANDRÉ (1986), o ques-tionário é uma ferramenta de pesquisa extremamente útil e permite aprofundar ospontos buscados pelo investigador.

1. É possível o acadêmico ter acesso a todas as atividades do cotidiano pedagógicodurante o estágio?

2. O período de duração do estágio é suficiente?

3. O discente estagiário contribui com o professor?

4. É possível adquirir conhecimento legal sobre os direitos e deveres do aluno e doprofessor durante o período de estágio?

5. Quais os benefícios do estágio obrigatório para o acadêmico?

6. Qual importância o estágio, em que você foi supervisionado, teve para a suaformação?

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na análise dos dados coletados evidencia-se que todos os professores concordamque o acadêmico não terá acesso a todas as atividades do cotidiano pedagógico noperíodo de duração do estágio, obtendo este somente após algum tempo lecionando,ou seja, após se tornar um profissional da área da educação. Dos entrevistados 20%concordam que o período de duração do estágio é suficiente, 40% deles acreditam queeste nunca será suficiente, outros 20% disseram que necessita de mais tempo, e 20%garantiu ser a qualidade do estágio e não a carga horária que irá fazer a diferença.

Quanto às contribuições para o professor, 80% afirmaram que os estagiários con-tribuem, trazendo atividades diferenciadas e auxiliando o professor, destes a metadediz ocorrer uma troca de conhecimento entre ambos e 20% disseram que em alguns

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casos pode vir a contribuir. Quanto à questão sobre os direitos 40% afirmaram quesim é possível o acadêmico ter acesso ao conhecimento legal, isto é, direitos e deveresde professores e alunos, o restante diz que apenas o essencial, aquele vivenciado noperíodo, que será aproveitado.

Na questão que diz respeito aos benefícios do estágio para o acadêmico, todosenfatizaram diversos pontos positivos, cita-se familiarização com a escola, relaçãoprofessor-aluno, preparação e vivência da teoria na prática do profissional. E da ques-tão de quão importante foi o estágio para o docente na época de sua formação, asrespostas foram unanimes, todos afirmaram que o estágio foi parte fundamental daformação para desenvolver neles o instinto de professor, porque a teoria aprendida nauniversidade por si só não promove um real entendimento a cerca da profissão que seescolheu.

CONCLUSÕES

Diante dos resultados expostos percebe-se que sob a visão dos professores entre-vistados, o estágio obrigatório tem fundamental importância na moldagem do aca-dêmico até a conclusão do curso que o capacitará como docente. E que a vivênciadesta parte prática permite que não se acumule duvidas quanto à profissão, promo-vendo no aluno-acadêmico uma preparação para a regência de turma, possibilitandodesenvolver um futuro "professor-reflexivo".

Também nota-se que em alguns critérios, para os professores participantes, o está-gio acaba por deixar a desejar, seja por ser curto o período, por falta de comprome-timento do próprio estagiário, mau planejamento do estágio ou até mesmo por nãoapresentar uma supervisão satisfatória da Instituição de Ensino a qual ele pertence.No entanto, os prós do estágio se sobressaem não restando dúvida de que não é pos-sível ter uma formação profissional sem antes passar por essa etapa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, A. M. A. O estágio supervisionado e a práxis. II Seminário sobre For-mação de Professores. Disponível em: <www.uduc.ufrn.br/arnon/estagio.pdf>. Acesso em: 16 de agosto de 2014.

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LUDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. A pesquisa em educação: abordagens qualitativas.São Paulo - SP: EPU, 1986. 99p.

MAFUANI, F. Estágio e sua importância para a formação do universitário. Institutode Ensino superior de Bauru. Disponível em: <http://www.iesbpreve.com.br/base.asp?pag=noticiaintegra.asp&IDNoticia=1259>. Acesso em: 16de agosto de 2014.

PASSERINI, G. A. O estágio supervisionado na formação inicial de professores dematemática na ótica de estudantes do curso de licenciatura em matemática daUEL. 2007. Dissertaçã de Mestrado — Universidade Estadual de Londrina.

PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estágio e docência. São Paulo - SP: Cortez Editora,2004. 296p.

SANTOS, J. L. S.; OLIVEIRA, C. M. S. O estágio supervisionado – um momento defundamental importância no processo de formação profissional. In: II CONGRESSODE EDUCAÇÁO – UEG/UNU IPORÁ, 2012. Anais. . . , 2012. p.28–33.

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CAPÍTULO 5

ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA

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5.1 A relação entre a falta de profissionais da área da saúdenas escolas públicas estaduais e o mal estar docente

Cintya Fonseca Luiz1, Luciani de Oliveira1, Bárbara Grace Tobaldini de Lima1 &Celso Aparecido Polinarski1

RESUMO: O mal estar caracteriza-se pelo desconforto do profissional diante o seu ambiente de traba-lho, e nesse sentido esta pesquisa buscou analisar, perante os professores da rede estadual de ensino deduas escolas públicas estaduais da cidade de Cascavel – Pr, os fatores que podem influenciar no malestar docente. Com a análise de 12 questionários respondidos foi possível observar que os professoresatribuem certa relevância da falta de profissionais da área da saúde nas escolas, pois muitas vezes elesprecisam ser o intermediador de conflitos em sala de aula, situação que poderia ser resolvida por umpsicóloga. Assim, observou-se que para os professores a presença de um psicólogo é fundamental parao trabalho docente, e este seria um dos artifícios para a satisfação profissional, o bem estar docente e amelhoria da qualidade de ensino.

Palavras Chave: Mal estar docente, Sobrecarga de trabalho, Psicólogos, Qualidade de ensino.

INTRODUÇÃO

A partir da década de 80, com a universalização do ensino fundamental, que ele-vou a taxa de matriculas no ensino médio exigiu-se das escolas mudanças na gestãoe organização escolar, a partir de então as cobranças sociais em relação ao trabalhodocente se intensificaram. Espera-se que o professor se envolva nos problemas admi-nistrativos e disciplinares, prestem atendimento aos alunos que apresentem algumadificuldade no ritmo de aprendizagem, incluindo os de educação especial inseridosem turmas regulares, mesmo sem formação específica para tal atividade (BASTOS,2009).

CURY (1982) nos fala que a expansão do ensino é uma das causas da desvalori-zação do professor, pois a sobre carga de trabalho, baixos salários, fragmentação doconteúdo, a queda na qualidade de ensino e principalmente a falta de autonomia doprofessor, podem colaborar para o mal estar docente. PERRENOUD (1994) explicaque com essa desvalorização teve início a falta de profissionalização do professor, esse

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profissionalismo não está somente relacionado com o domínio de conteúdo, mas comtodos os conhecimentos que o professor possa utilizar nas situações envolvendo o en-sino.

GONÇALVES et al. (2008) definem que o mal estar docente é um fenômeno quesofre influências sociopolíticas, pessoais e da formação profissional e está relacionadoao comportamento que os professores expressam pela insatisfação profissional, o es-tresse, falta de comprometimento dos alunos e dos profissionais na área. Mediante aesses fatores, muitos apresentam o desejo de abandonar a profissão, o professor sente-se desgastado, sem motivação, o que pode acarretar a doenças crônicas, após tantosanos de trabalho.

REIS et al. (2006) explica que o estresse ocupacional se relaciona diretamente comas demandas do ambiente, ou seja, o ambiente de trabalho influencia no exercício daprofissão. O autor ainda expõe que a profissão docente é estressante, o professor nãotem descanso, e se depara com obstáculos todos os dias em sala de aula, entre estes,alunos desinteressados e desmotivados. COSTA (2005) salienta a falta de respeito e aviolência entre os alunos que somados a outros fatores, esgota o professor, influenci-ando na sua vontade de ministrar aulas e a criatividade na preparação das mesmas.

O trabalho docente é uma construção contínua, e que ocorre mediante as experiên-cias vividas pelo professor no decorrer do processo de aprender a ensinar e a ensinar(LANGHI; NARDI, 2012).

No início de sua profissão o professor preocupa-se em ensinar os alunos, pois querformar um aluno crítico e que pense coletivamente, e assim construir uma sociedademais justa, porém ao longo da profissão o desgaste psicológico e emocional se agravae inicia-se o mal estar docente (BASTOS, 2009).

Nesse contexto o presente trabalho propõe analisar perante os professores da redeestadual de ensino de duas escolas públicas estaduais da cidade de Cascavel – PRcomo a falta de outros profissionais da área da saúde colaboram para as causas domal estar docente.

MATERIAIS E MÉTODOS

A presente pesquisa foi realizada a partir do questionário respondido por 12 pro-fessores de várias disciplinas de duas escolas estaduais da cidade de Cascavel – Pa-

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raná, no ano de 2013. Os professores foram questionados quanto aos fatores que acar-retam ao mal estar docente, e também quanto à falta de psicólogos nas escolas públicasestaduais. Para fins metodológicos os professores serão representados por P seguidopor numeração.

A partir da constituição dos dados, os mesmos foram analisados segundo os pres-supostos teóricos de BARDIN (1977), por entender ser adequado para a análise dasdiferentes percepções que envolvem a questão. Esse tipo de análise também auxilianos procedimentos sistemáticos e descritivos do conteúdo da investigação, que podeser de natureza psicológica, sociológica, histórica e ou econômica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Entre as várias possibilidades de fatores que podem colaborar para o mal estardocente, dos entrevistados sete professores relataram que a falta do assistente social efonoaudiólogos prejudicam o seu trabalho, e todos os doze entrevistados relatam quea falta de psicólogos nas escolas aumenta a sobre carga de trabalho, ocasionando omal estar docente.

[...] falta de profissionais como: psicólogos, fonoaudiólogos, assistên-cia social, valorização do profissional e condições favoráveis ao apren-dizado. Professores substitutos na escola (P3).

Falta de pessoal para atendimento em conflitos com alunos (profes-sor/aluno e aluno/aluno).

Falta de psicólogos nas escolas para trabalhar com os professores ecom os alunos mais problemáticos. Também a necessidade de umaassistente social, para também auxiliar nos com os alunos (P4).

Falta profissionais para dar suporte à educação, como psicólogo, pro-fessor auxiliar entre outros. [...] (P8).

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Para GASPARINI; BARRETO; ASSUNÇÃO (2005), na atual forma de ensino o pa-pel do professor não é somente a mediação do conhecimento para o aluno, cabe aoprofessor estender a sua participação na escola ajudando na gestão e no planejamentode atividades para os alunos, além de aproximar as famílias e a comunidade na escola.

Para isso, o professor terá que incluir seu tempo livre para planejar essas ativida-des que vai além das capacidades físicas, cognitivas e afetivas do docente, levando auma sobre carga de trabalho, que ao longo dos anos vai desencadeando problemas desaúde que seriam resolvidos se tivesse um maior número de profissionais da área desaúde nas escolas (GASPARINI; BARRETO; ASSUNÇÃO, 2005).

CONCLUSÕES

Com este trabalho foi possível observar que para os doze professores entrevis-tados o auxílio de outros profissionais como psicólogos, fonoaudiólogos, assistentessociais no ambiente escolar reduziriam os conflitos existentes entre professor/alunoe aluno/escola, pois muitos professores desempenham funções na escola que não éde sua formação. A inserção de psicólogos na escola no intuito de mediar conflitosamenizaria os agentes estressantes na escola.

A redução desse mal estar está relacionado com o investimento por parte do Es-tado em profissionais capacitados para trabalhar no ambiente escolar como assistentesocial, fonoaudiólogo, psicólogo, entre outros, nesse caso seria uma maneira de re-duzir as causas dos agentes estressantes, porem sabemos que existem outros fatorescomo falta de autonomia, baixo salário, sobre carga de trabalho, entre outros, que le-vam ao mal estar docente que devem ser discutidos ao longo da formação inicial e aolongo de sua carreira docente.

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5.2 Princípios da prevenção e precaução e normas de bios-segurança no ambiente de trabalho laboratorial

Ellen Carolina Zawoski Gomes1, Joicimari Teixeira1, Antero Lopes Rodrigues Martinsde Araujo1, Hallisson Thiago Dias de Freitas1 & Laís Dayane Weber1

RESUMO: O princípio da prevenção e o princípio da precaução tem importante relevância no aspectotrabalhista, pois de certa forma, são inerentes para assegurar que não ocorra danos ao trabalhador, ga-rantindo a boa qualidade de vida e dos ambientes relacionados. O conhecimento desses princípios dodireito junto as normas de biossegurança conferem bons resultados no que diz respeito à execução deatividades em que são indispensáveis, diminuindo assim as possibilidades de eventuais acidentes noâmbito do trabalho, visto que o fator humano é susceptível ao erro. O presente trabalho compila osprincípios de prevenção e precaução, as técnicas de biossegurança bem como a relação de ambos a fimde assegurar a integridade do indivíduo e do ambiente.

Palavras Chave: Prevenção, Precaução, Biossegurança, Riscos.

INTRODUÇÃO

Aplica-se o princípio da prevenção nas atividades em que se conhece o risco desua execução, podendo afirmar de forma segura, ou seja, com certeza científica, quedeterminada atividade causará danos (MILARÉ, 2013).

Este princípio está diretamente relacionado ao ambiente de trabalho laboratorial,onde devem ser tomadas normas de biossegurança, que nem sempre são atendidas,porém, tem a finalidade de garantir a saúde do homem, preservação do meio ambientee qualidade dos resultados (BRASIL, 1988).

Objetiva-se com este estudo conhecer os possíveis riscos de acidentes no ambientede trabalho laboratorial quando não adotadas as medidas cabíveis de prevenção, eainda, a aplicação do princípio da precaução, em situações nas quais as informaçõescientíficas são insuficientes.

1Fundação Assis Gurgacze-mail: [email protected]

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná

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MATERIAIS E MÉTODOS

Para a elaboração desse estudo, torna-se necessário ter conhecimentos prévios so-bre dois dos princípios que norteiam o direito e ainda, os princípios e normas debiossegurança que devem ser adequados ao ambiente laboratorial, evitando assim,possíveis acidentes decorrentes do desuso de equipamentos de segurança e ainda, as-segurar a integridade do meio ambiente.

Princípio da Prevenção

O princípio da Prevenção refere-se a um conhecimento prévio dos danos a seremcausados por determinada ação, e assim, tomar as medidas de cautelas necessáriaspara que não haja degradação do meio (MILARÉ, 2013). O Art. 225, IV da Consti-tuição Federal (1988) deixa expressa a exigência, na forma de lei, que para atividadespotencialmente causadoras de significativa degradação do ambiente, deve-se realizarum estudo de impacto ambiental, antecipado à efetivação das mesmas (BRASIL, 1988).

Para MACHADO (2013) a palavra prevenir significa agir antecipadamente e, parahaver a ação, o conhecimento se torna indispensável, portanto, sem informação orga-nizada e sem pesquisa não há prevenção. Assim, o autor estipula que a aplicação doprincípio comporta pelo menos doze itens, os quais, resumidamente são: identificaçãoe inventário; planejamento; ordenamento; estudo de impacto; prestação de informa-ções; emprego de novas tecnologias; autorização ou licenciamento; monitoramento;inspeção; e sanções administrativas ou judiciais.

Conforme o Art. 225, V, o poder público assegura a efetividade do direito ao meioambiente ao controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas querepresentem risco para a vida e para o meio, concretizando assim, o princípio da pre-venção, cuja aplicação ao ambiente do trabalho, especificamente em laboratórios, temextrema importância, pois existem riscos decorrentes das atividades laboratoriais, po-rém, quando o perigo é abstrato, emprega-se o princípio da precaução (BRASIL, 1988).

Princípio da Precaução

De acordo com o Art. 225, a precaução é uma medida a ser tomada em casos ondea informação científica é insuficiente (BRASIL, 1988).

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O princípio 15 da Declaração do Rio de Janeiro (1992) prevê que essa ausência decerteza científica não pode ser motivo para prorrogar a adoção de medidas eficazesque evitem a degradação do meio, já que a simples reparação é de pouca valia (UN,1992). Com isso, cabe ao interessado providenciar as provas necessárias de que suasações não danificarão o meio considerado.

Segundo MILARÉ (2013) a falta de medidas de precaução em caso de risco de danoambiental grave ou irreversível, é considerada pela Lei dos Crimes Ambientais (Lei9.605/98) critério que sujeita o infrator a sanção severa (reclusão, de um a cinco anos),assim como a do crime de poluição qualificada (Art. 54, §3�). Da mesma forma, a Leida Biossegurança (Lei 11.105/05) faz menção ao princípio da precaução, ao estabelecercomo meta "o estimulo ao avanço científico na área de Biossegurança e Biotecnologia,a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal, e a observância do princípio daprecaução para proteção do meio ambiente (Art. 1�, caput).

Princípios e Normas de Biossegurança

Compete aos membros Federais, Estaduais e Municipais legislar sobre a manipula-ção com biossegurança de organismos considerados contaminantes, além de agentesquímicos que possam afetar a segurança nacional, necessitando de controle e licençapor órgãos Federais para sua manipulação, armazenamento e transporte (HIRATA;HIRATA; MANCINI FILHO, 2012).

SANGIONI et al. (2013) relatam que a biossegurança é o emprego do conheci-mento, de técnicas e equipamentos, utilizados a fim de prevenir o profissional e o meioque o circunda da exposição aos agentes biológicos causadores de patogenias. Comisso estipulam que, para o manuseio desses agentes, sejam empregadas condições se-guras, tais como o uso de equipamentos de segurança, boas práticas laboratoriais eestrutura física adequada.

Os equipamentos de segurança são considerados barreiras primárias de contenção,classificados em: EPI (equipamentos de proteção individual) e EPC (equipamentos deproteção coletiva), tendo a função de proteger o indivíduo e o ambiente de trabalho(SIMÕES et al., 2003). Cada local deve desenvolver seu próprio manual de biossegu-rança, apresentando os riscos e procedimentos laboratoriais e, acima disso, os indiví-duos necessitam de treinamento a fim da correta execução das boas técnicas. Por fim,

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as barreiras secundárias devem atender às exigências para instalações e infraestrutura,se adaptando a cada nível de biossegurança (SANGIONI et al., 2013).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Graves danos poderão ocorrer em consequência da não utilização ou do uso incor-reto dos equipamentos de proteção, da conduta do indivíduo dentro do ambiente detrabalho e das instalações que não se enquadram nos devidos padrões.

Erros decorrentes dessa natureza ocorrem com preocupante constância, tendo emalguns casos, ferimentos de alta gravidade, como relatado por uma estudante que tevea função visual do olho esquerdo perdida quando a broca odontológica que manuse-ava se partiu (Jurisprudência n� 637.246 - CE (2003/0234104-8)). Pode-se dizer queeste acidente foi causado tanto pela falta de manutenção e fiscalização do material uti-lizado, quanto pela falta de prevenção da aluna, no que diz respeito aos equipamentosde proteção, como afirma a Universidade (BRASIL, 2014a).

Outro caso semelhante, relata uma aluna que sofreu graves queimaduras comácido sulfúrico em laboratório químico, quando um colega encostou em seu braçoum tubo de ensaio com temperatura elevada, em decorrência disso, o ácido que ma-nuseava caiu sobre seu braço, atingindo também seu rosto e colo (Jurisprudência n�

772.980 - DF (2005/0132059-0)). Conclui-se neste caso que além de ausência de atençãopor parte dos envolvidos, houve o desuso de equipamentos de proteção de contençãoprimária, os quais são necessários para o manuseio de substâncias corrosivas (BRA-SIL, 2014b).

CONCLUSÕES

Comprovou-se que os princípios de prevenção e precaução tem relação direta coma biossegurança, portanto, devem ser aplicados de maneira efetiva quando se trata damanutenção do meio ambiente e da integridade e saúde humana.

Entretanto, como apresentado nas jurisprudências, esses princípios de certa ma-neira foram violados, pois não houve levantamento seguro acerca dos possíveis da-nos que poderiam ser causados pela falta de responsabilidade quanto à conduta doindivíduo e a utilização de forma irregular de produtos tóxicos no meio.

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Constatou-se que não deve haver falha em nenhum dos âmbitos, pois o conjuntode boas práticas, os equipamentos necessários e o seguimento das normas estabeleci-das resultarão na segurança e preservação do meio ambiente e seres que dele depen-dem.

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SIMÕES, M.; LEMES-MARQUES, E. G.; CHIARINI, P. F. T.; PIRES, M. F. C. O uso deequipamentos de proteção individual (EPIs) e coletiva (EPCs) nos acidentes ocor-ridos em um laboratório de saúde pública no período de maio de 1998 a maio de2002. Revista do Instituto Adolfo Lutz, v.62, n.2, p.105–109, 2003.

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5.3 Análise da conduta procedimental da descoberta daestrutura do DNA sob o olhar da Escola Kantiana

Jéssica Ricci de Lima1, Camila Begui do Nascimento1, Leyr Sevioli SanchesRodrigues1 & Luciana Paula Grégio D’arce1

RESUMO: A história da ciência é marcada pela atividade dos cientistas em alcançar determinados co-nhecimentos. Por conseguinte, esta busca pela ciência pode acarretar em prejuízos inconcebíveis para ahistória, se produzida fora das margens da ética e da moral. A exemplo disso, o presente trabalho tem oobjetivo de revisar artigos, sites e revistas que trouxeram a tona o motivo pelo qual Rosalind Franklin,autora da fotografia 51 da estrutura do DNA, fotografia esta que ajudou Watson e Crick a propor suasteorias sobre tal estrutura, não foi incluída como contribuinte fundamental da pesquisa em questão,numa abordagem da visão da Ética Procedimental.

Palavras Chave: Rosalind Franklin, Fotografia 51, Ética procedimental.

INTRODUÇÃO

A busca para decifrar a estrutura da molécula de DNA foi marcada por intrigas efalta de ética, por parte de cientistas que concorriam na tentativa de criar um modelopara a estrutura de tal molécula. Segundo SANTOS (2010) a ética é "(...) aquela quetrata da fundamentação ou justificação de princípios ou normas morais". É uma ciência quese dedica a assuntos sobre princípios e valores sociais.

Neste trabalho foram analisadas as condutas éticas, dos principais envolvidos nadescrição da estrutura do DNA, à luz da ética procedimental, a fim de discutir o méritodas "descobertas"de Watson e Crick, baseando-se na forma como foram obtidas asinformações que levaram à publicação na Nature em 1953. CORTINA; MARTINEZ(2005) apontam que "a ética não tem como tarefa recomendar conteúdos morais concretos,mas apenas descobrir procedimentos que possam legitimar ou deslegitimar normas procedentesda vida cotidiana".

Contudo, as condutas destes vultos da ciência serviram de exemplo a toda umageração e ainda hoje são referencias para as novas gerações de cientistas de todas as

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

1Universidade Federal do Paraná

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áreas do conhecimento. CORTINA; MARTINEZ (2005), destacam que "uma coisa é agireficazmente e outra agir moralmente bem".

MATERIAIS E MÉTODOS

Para este trabalho foi definido a Ética procedimentalista, que segue o formalismode Kant, na tentativa de compreender os motivos que levaram Watson e Crick a excluirRosalind Franklin dos méritos da publicação.

Foram analisados artigos e materiais históricos a respeito da descoberta do DNAcom enfoque em Franklin, oriundos de bases de dados tais como, Pubmed, Scielo,Google Acadêmico entre outras.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pode-se perceber uma animosidade entre Maurice Wilkins e Frankin, quando Wil-kins (ambos colegas do King’s College, Londres) ao retornar ao laboratório após seuafastamento para doutorado, descobre que Franklin, ao ininvés de uma colaboradoraé a responsável pela pesquisa da estrutura da molécula de DNA, a convite de JohnRandall, que na época ocupava o cargo de diretor da unidade de pesquisa em Biofí-sica do King’s College. Tal animosidade pode ser vista, no trecho de uma carta queWilkins enviou para Crick em 1951:

(...) Espero que a fumaça da bruxaria saia logo das nossas vistas. (GANN;WITKOWSKI, 2010, tradução nossa).

Franklin, que era formada em Química e Física, fazia pesquisas com técnicas dedifração de raios-x, e também pretendia descrever a estrutura do DNA, mas não vi-sava os mesmos fins que Watson e Crick, que buscavam além de propor um modeloestrutural, também explicar como tal estrutura era capaz de se duplicar. O objetivo deFranklin era o de entender as estruturas que compõem as diversas formas de DNA.A pesquisadora, em suas analises cristalográficas, havia descoberto, em maio de 1952,que a estrutura do DNA era composta por uma forma seca que chamou de A, e umaforma mais hidratada que chamou de B, a qual estava na Fotografia 51 (figura 1). En-tretanto continuou sua experimentação com a forma A, que não apresentava padrões

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helicoidais (SILVA, 2010). Wilkins segundo consta na historia, era amigo de Crick.Após 9 meses, Wilkins, enviou a referida imagem para seu amigo, e "rival"de pes-quisa, Crick, de acordo com o trecho de carta:

Figura 1: Fotografia 51, feita por Rosalind Franklin, que demostra duas cadeias he-licoidais, onde cada uma delas é enrolada em torno do mesmo eixo (GANN; WIT-KOWSKI, 2010).

Meu caro Francis, (...) e pensar que Rosie teve todas aquelas imagensem 3D por 9 meses e não viu uma hélice. Cristo. (...) M. OBS: Achoque tenho um plano. (...) Nos iremos enviar a copia das coisas de Rosyamanhã (GANN; WITKOWSKI, 2010, tradução nossa).

Em abril de 1953, Watson e Crick publicam um artigo, na revista Nature, sobre aestrutura helicoidal do DNA, baseados nos experimentos de Chargaff e de Wyatt e dedados obtidos por raios-X:

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Os dados de raios-X sobre o acido desoxirribonucleico previamentepublicados são insuficientes para um teste rigoroso de nossa estru-tura. Até onde podemos afirmar, ela é aproximadamente compatívelcom os dados experimentais, mas isso deve ser considerado como nãocomprovado até que tenha sido verificado com dados mais precisos."(...) Fomos também estimulados pelo conhecimento da natureza ge-ral de resultados experimentais não publicados e ideias do Dr. M. H.Wilkins, Dra. R. E. Franklin e seus colaboradores no King’s College,Londres" (MOREIRA, 2003).

Franklin não desconfiou que eles tivessem utilizado dados oriundos da pesquisadela, apenas considerou o modelo helicoidal consistente com suas imagens para aforma B do DNA. Algumas cartas sugerem que Wilkins foi conivente com a publica-ção, e concordou em ter seu nome apenas no agradecimento:

Caro Maurice, (...) O objeto que enviei a você foi para obter a suaaprovação em dois pontos: a) a referencia numero 8 de seu trabalhonão publicado. B) os agradecimentos. (...) Jim foi a Paris, deseje sorte(GANN; WITKOWSKI, 2010, tradução nossa).

Este trabalho concedeu a Watson, Crick e Wilkins o Premio Nobel em 1961. Fran-klin já havia falecido de câncer e talvez não tivesse recebido o prêmio se estivesse viva,visto que sua colaboração para a descoberta da estrutura do DNA não ficou explicitano artigo publicado por Watson e Crick, pois eles apenas a colocam no agradecimentono final do artigo como pode ser visto.

Ao analisarmos a situação, descrita acima, à luz da ética procedimentalista, quese baseia na escola kantiana, perceberemos que o simples fato de Wilkins, Watson eCrick terem sido movidos por seus sentimentos e paixões macula suas reputações dehomens da ciência, pois vai contra valores basais da própria ciência, que são a isençãoperante os fatos, a universalidade das ações e a imparcialidade, uma vez que a ideiade Immanuel Kant sobre o agir ético está bem definida em seu Imperativo Categórico.

Os próprios imperativos, contudo, quando são condicionados, isto é,quando não determinam a vontade exclusivamente como vontade, massomente em vista de um efeito desejado, ou seja, quando são impera-tivos hipotéticos, constituem na verdade, preceitos práticos, mas não

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leis. É necessário que estas ultimas determinem suficientemente a von-tade como vontade, antes mesmo que eu indague se tenho realmenteo poder requerido em vista de um efeito desejado ou o que devo fazerpara produzir esse efeito; é necessário, portanto, que sejam categóri-cas, do contrário não são leis (KANT, 2006).

A ética procedimentalista baseia-se na discussão em torno do dilema moral que seencontra no meio cientifico quando o cientista se depara com situações semelhantes àde Wilkins, Watson e Crick em tais conflitos, o sujeito deve se fazer uma pergunta fun-damental desta escola de pensamento, "o que devo fazer?"e este dever, segundo Kantdeve sempre ser oriundo de uma boa vontade, ou seja, livre de paixões e intençõespessoais.

Uma acabo cumprida por dever tira seu valor moral não do fim queela deve ser alcançado, mas da máxima que a determina. (...) a acaboé produzida, sem tomar em conta nenhum dos objetos da faculdadeapetitiva (de desejar) PASCAL (2005).

E foi justamente essa firmeza moral, isenção e sentimento de universalidade queWilkins não teve ao enviar o material de sua colega para um pesquisador de um grupoque era tido como um grupo rival cientifico (que prontamente aceitaram e usarama imagem). "Ficaria eu satisfeito se minha máxima (...) devesse valer como lei universal(...)?" (PASCAL, 2005).

Tal agir por parte dos três pesquisadores contraria a responsabilidade que um pes-quisador tem para com toda uma comunidade a quem serve de referencial, segundoSANTOS (2010) há um "(...) descompasso entre a ética da tradição e os desafios (...) novosde nossa época, (...) e estes devem ser encarados com um dever fundamental que é aresponsabilidade.

CONCLUSÕES

Conclui-se, que a conduta atitudinal de Wilkins, Watson e Crick fere os preceitosbásicos da ciência, segundo a escola kantiana que estabelece valores e princípios norte-adores da conduta ética dentro de qualquer campo de pesquisa, sendo eles o respeito,a integridade e a imparcialidade, garantindo assim a lisura e idoneidade do processocientifico.

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5.4 As possíveis contribuições do ensino por investigaçãona formação dos alunos da educação básica

Kelly Mayara Poersch1, Jéssica Engel do Nascimento1, Adrieli Gorlin Toledo1, BrunaCaroline Kotz Kliemann1 & Bárbara Grace Tobaldini de Lima1

RESUMO: A metodologia do Ensino Por Investigação instiga o aluno a observar, questionar e atribuirsignificados as situações cotidianas, estimulando a autonomia e a crítica dos mesmos, possibilitandoassim um cidadão atuante na sociedade. O presente trabalho visa analisar a percepção dos alunosbolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID, subprojeto de biolo-gia que planejaram e trabalharam algumas aulas utilizando a metodologia de ensino por investigação,buscando compreender quais as contribuições para a formação do aluno da educação básica. Comoresultado da análise dos bolsistas, percebeu-se que a utilização desta abordagem de ensino otimizouo processo de aprendizagem a medida que incentivou os alunos da educação básica a refletirem sobreas situações do dia a dia e propor explicações para as mesmas, tornando o conteúdo atrativo conformeformulavam possíveis respostas, possibilitando assim a construção do conhecimento e uma aprendiza-gem mais significativa.

Palavras Chave: Ensino por investigação, Aprendizagem significativa, Construção do conhecimento,Aluno crítico.

INTRODUÇÃO

O Ensino Por Investigação (EPI) visa incentivar os alunos a questionar, planejar,recolher evidências e explicá-las, elaborar hipóteses, analisar dados, aprimorar a ha-bilidade de argumentação, aperfeiçoar a capacidade de aquisição do conhecimento e,consequentemente, refinar o raciocínio permitindo que os alunos reorganizem seusconhecimentos, desenvolvam autonomia e um pensamento crítico para a tomada dedecisões (ZOMPERO; LABURÚ, 2010, 2011).

Essa metodologia pode ser utilizada pelo professor para ampliar sua prática pe-dagógica e envolve atividades onde o aluno é o ponto central da aula e o professordesempenha o papel de orientador levando aos alunos as explicações teóricas que per-mitem a investigação e argumentação. Para isso, o professor apresenta inicialmente,situações-problema sobre o assunto que pretende trabalhar e a partir dele, os alunos

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

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iniciam a investigação, levantando hipóteses e promovendo discussões, para constru-ção de novos conhecimentos a respeito do que está sendo trabalhado. O professor dásuporte para a sistematização do conteúdo pelos alunos (ZOMPERO; LABURÚ, 2010,2011; CASTRO; MARTINS; MUNFORD, 2008).

No entanto, para trabalhar com essa metodologia, os professores precisam estardispostos a mudar a dinâmica das aulas e preparados para encarar as dificuldades edilemas dos alunos. Além disso, é muito importante que os professores trabalhem re-lacionando a resolução de problemas, a teoria e as aulas práticas de forma interligadae não separadamente para obter-se um trabalho coerente (AZEVEDO, 2004).

O EPI foi utilizado como uma orientação metodológica para desenvolver as ati-vidades do subprojeto Biologia, participante do PIBID de uma universidade públicano Paraná, no período de 2010 a 2013. Os bolsistas elaboraram um modulo didáticoprocurando desenvolver atividades na proposta do EPI, abordando assuntos de ciên-cias e biologia, que são trabalhados nas escolas, e o aplicaram nas turmas de ensinofundamental e ensino médio.

Diante do exposto, o objetivo deste trabalho é investigar as possíveis contribuiçõesdos trabalhos realizados a partir do EPI para a formação do aluno da educação básica,na percepção dos bolsistas que desenvolveram atividades de docência a partir dessaorientação metodológica.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho foi desenvolvido a partir dos relatos provenientes de um ques-tionário aplicado a 7 bolsistas do subprojeto de Biologia que desenvolveram ativida-des de docência a partir da metodologia do EPI em dois colégios públicos do Municí-pio de Cascavel/PR no ano de 2013. Os Bolsistas foram identificados a partir de códi-gos formados pela letra "B"(Bolsistas) seguida por uma sequência numérica de 01 a 07,por exemplo: B1. A análise dos dados segue a metodologia qualitativa (MARCONI;LAKATOS, 2004) que propõe a análise e interpretação da fala do sujeito procurandoapontar mudanças no comportamento e aprendizagem.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da constituição dos dados, oriundas das experiências dos bolsistas, verificou-se as possíveis contribuições do EPI na formação do aluno da educação básica. Entreelas, os bolsistas destacaram que o trabalho possibilita uma aprendizagem mais signi-ficativa aos alunos, a discussão de situações de caráter social, problematiza o cotidianodos alunos, bem como, estimula a autonomia dos mesmos frente as dificuldades en-contradas.

Com base no relato de B1 "Penso que a aprendizagem é mais significativa [...]"e de B3"[...] possibilitando a aprendizagem significativa [...]", percebe-se que o EPI possibilitou aoaluno fazer relações do seu cotidiano com o conhecimento cientifico, melhorando as-sim o processo de ensino e aprendizagem. Para MOREIRA (2009), a aprendizagemsignificativa é quando o aluno consegue relacionar o novo conhecimento com seuconhecimento subsunçor, ou seja, o conhecimento prévio do aluno e assim torná-losignificativo.

Condizente com a afirmativa de B2 "Instiga-los não só com o conteúdo, mas para asquestões da sociedade" e B4 "[...] tornando o aluno crítico e com preocupações cabíveis aosproblemas da sociedade" o EPI permite trabalhar com questões sociais, pois considerao aluno como membro atuante na sociedade que reflete sobre as diferentes culturas,buscando compreender o mundo (RODRIGUES; BORGES, 2008). Ainda nesse sen-tido, B1 discorre que "[...] a aprendizagem ocorre a partir de fatos do seu dia a dia [...]" e B7"[...] relações do conteúdo com o seu dia a dia de forma problematizadora [...]", ou seja, queo EPI permite "o aprimoramento do desempenho necessário frente as exigências impostas pelasociedade atual, auxiliando no desenvolvimento da capacidade e da autonomia dos alunos paraenfrentarem situações-problema do dia a dia" (CLEMENT; TERRAZZAN, 2012).

Além disso, o EPI permite a construção do conhecimento científico, que ocorre de-vido a relação entre a teoria, a vivência e experiência do aluno, os quais facilitarão nacompreensão dos acontecimentos cotidianos (CLEMENT; TERRAZZAN, 2012), con-forme relatado por B3: "participação efetiva do aluno na sua construção do conhecimento[...]" e B6: "[...] o aluno só vai aprender, construir seu conhecimento se, se interessar peloassunto [...]". E assim, proporcionar uma aprendizagem mais significativa, como foirelatado por B1 e B3.

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CONCLUSÕES

Com o exposto nota-se que a utilização de uma abordagem que estimula o racio-cínio a partir de observações e questionamentos sobre o mundo ao seu redor, tornaa ação de aprender mais prazerosa para o aluno, atribuindo significados a situaçõescotidianas e incentivando o saber.

Desta forma, o ensino por investigação tornou a aprendizagem mais expressiva,pois os alunos participaram efetivamente na construção do conhecimento, abordandoas questões sociais e desenvolvendo assim um senso crítico, o que possibilitou o pro-cesso de ensino e aprendizagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, M. C. P. S. Ensino por investigação: problematizando as atividades emsala de aula. In: Ensino de Ciências: unindo a pesquisa e a prática. São Paulo - SP:Thompson Reuters, 2004. p.19–33.

CASTRO, M. E. C.; MARTINS, C. M. D. C.; MUNFORD, D. Ensino de ciências porinvestigação. Belo Horizonte - MG: UFMG, 2008. 80–96p.

CLEMENT, L.; TERRAZZAN, E. A. Resolução de problemas de lápis de papel numaabordagem investigativa. Experiências em Ensino de Ciências, v.7, n.2, p.98–116,2012.

MARCONI, M. d. A.; LAKATOS, E, M. Metodologia científica. São Paulo - SP: Atlas,2004. 312p.

MOREIRA, M. A. Aprendizagem significativa: um conceito subjacente. In: ENCUEN-TRO INTERNACIONAL SOBRE EL APREDIZAJE SIGNIFICATIVO, 2009, Brugos- ES. Actas. . . , 2009. p.17–44.

RODRIGUES, B. A.; BORGES, A. T. O ensino de ciências por Investigação: recons-trução histórica. In: XI ENCONTRO DE PESQUISA EM ENSINO DE FÍSICA, 2008,Curitiba - PR. Anais. . . Sociedade Brasileira de Física, 2008. p.1–12.

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ZOMPERO, A. D. F.; LABURÚ, C. E. As atividades de investigação no ensino de ciên-cias na perspectiva da teoria da aprendizagem significativa. Revista electrónica deInvestigación en Educación en Ciencias, v.5, n.2, p.12–19, 2010.

ZOMPERO, A. D. F.; LABURÚ, C. E. Atividades investigativas no ensino de ciências:aspectos históricos e diferentes abordagens. Revista Ensaio, v.13, n.3, p.67–80, 2011.

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5.5 Os motivos que levam os jovens a optarem ou não peladocência

Luciani de Oliveira1, Cintya Fonseca Luiz1 & Bárbara Grace Tobaldini de Lima1

RESUMO: A profissão docente ao longo dos anos tem sido a menos procurada pelos jovens nos vesti-bulares com o presente trabalho analisamos a fala de 25 alunos de um colégio estadual da rede básicade ensino da cidade de Cascavel-PR, na qual observamos que mais da metade dos entrevistados nãodesejam ser professores, e que o principal motivo é a desvalorização do professor (sobre carga de tra-balho, estresse, baixa remuneração, entre outros). Foi possível verificar a mistificação da docência, poispara muitos alunos ser professor é algo como vocação, ter paciência, ser bom em transmitir o conheci-mento, devido a esse pensamento à docência não é valorizada, pois para muitas pessoas da sociedadeo indivíduo que opta pela docência, preferiu uma profissão que ganha pouco e que tem muito trabalho,é por isso, que os professores não tem apoio de muitos para a valorização de seu trabalho. Com isso,foi possível perceber que a desvalorização da docência influência na decisão dos jovens em época devestibular a optarem pela mesma.

Palavras Chave: Desvalorização docente, Mistificação da docência, Alunos, Vestibular.

INTRODUÇÃO

Dados da revista Nova Escola do mês de fevereiro de 2010 com base em uma pes-quisa com 1501 alunos do Ensino Médio, revelaram que a profissão de professor é con-siderada como desqualificada perante aos jovens. Diante desta afirmação, questiona-se: a valorização docente é uma alternativa para estimular os jovens a optarem pelaprofissão docente? Como evidenciar aos jovens a importância da docência?

A desvalorização profissional do professor é considerada por SALLA; RATIER(2010) como uma das razões para o alto índice de desistência e da baixa atratividadena carreira docente, sendo as demais: a baixa remuneração, a falta de identificaçãoprofissional, o desinteresse e o respeito dos alunos, desvalorização social da profissão,más condições de trabalho.

A escola até a década de 1960 era privilégio de poucos, essa situação começou amudar já na década de 1970, com o inicio da universalização do ensino fundamental,

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

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que foi acompanhada por outros fatores que levaram o professor perder seu valor so-cial e econômico. O aumento do número de alunos, não foi acompanho por maioresinvestimentos na educação, seja na estrutura física ou na contratação de professorescom titulação adequada, outro problema que foi desencadeado, professores sem for-mação para suprir a demanda nas escolas, com isso a profissão foi perdendo o valorde seu trabalho. Para cumprir com agilidade essa necessidade da sociedade cursoscom duração de apenas dois anos formavam professores (CANDAU, 1987; GADOTTI,1987; OLIVEIRA, 2007).

Segundo BASTOS (2012) a mídia, que tem grande poder de influência na socie-dade, vem colaborando por meio de reportagens e documentários com essa imagemdeteriorada do professor, o qual cumpre seu papel como um técnico que apenas sabe"dar aulas, como alguém que escolheu se sacrificar por ter o dom, a vocação de ensi-nar, e não como um profissional que está envolvido em todo o processo educacional.

O magistério tem perdido o valor social e a sua atratividade devido a diversosfatores apontados por VALLE (2006) como: a) incerteza do futuro da profissão; b)baixos salários; c) possibilidades limitadas de ascensão pessoal; d) precariedade dascondições de trabalho, entre outros aspectos que ficam a cargo do magistério e comisso o número de estudantes que estão no ensino médio que querem a carreira docenteestá cada vez menor.

Diante desse quadro de desvalorização docente que vem agravando o número dematriculas em cursos de nível superior na modalidade licenciatura, e este apresentaalto índice de evasão ao longo do curso, pretende-se investigar os motivos que oslevam a não optarem pela profissão docente.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho teve como natureza epistemológica a pesquisa qualitativa, poisela tem "[...] relevância ao estudo das relações sociais devido á pluralização das esferas davida." (FLICK, 2009).

Foi aplicado um total de 25 questionários com questões abertas aos alunos do ter-ceiro ano do ensino médio de uma escola de rede pública da cidade de Cascavel paraevidenciar a opção dos mesmos pela carreira docente, e os motivos os quais os leva-ram a essa decisão.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para o presente trabalho foram analisados 25 questionários de alunos do terceiroano do ensino médio de um colégio estadual da rede básica de ensino, relacionadoscom os motivos que eles apontam como causas de ser ou não professor. Para finsmetodológicos iremos chamar os alunos de A seguida de numeração.

Dos 25 alunos que responderam os questionários, 19 disseram que não gostariamde ser professor, por diversos motivos como: stress, muitas horas de trabalho, faltade respeito para o professor, profissão cansativa e que exige muita paciência, mal re-muneração, não ter vocação e a falta de valorização da profissão. Na fala dos alunosobservamos esses motivos A1 "Professor tem menos tempo de vida, devido ao stress, muitashoras de trabalho (não sendo no colégio a maioria delas). E tem que ter muita paciência, coisaque eu não tenho, enquanto A12 cita que ser professor é "muito cansativo, estressante e malrecompensado", já para A14 ela "não teria vocação e paciência, é um trabalho pouco reconhe-cimento"e A17 diz "não, porque nos últimos tempos uma profissão tão privilegiada vem sendomuito desvalorizada. Segundo KREUTZ (1986) e SILVA (2012), essa visão de docênciacomo vocação é um fator histórico, que dificulta a organização dos professores paramelhores condições de trabalho.

Para os 5 alunos que gostariam de ser professor, os motivos que levaram eles paraoptarem pela docência seria: Repassar o seu conhecimento, estar próximo aos jovens,gostar de ensinar e por gostar da profissão. Observamos na fala dos alunos que gos-tariam de ser professor para passar o seu conhecimento adiante como A20 "[...] estariasempre junto de jovens e crianças, o saber é algo muito importante e repassá-lo aos outros seriamuito gratificante", A21 e A23 "gosto de ensinar e compartilhar o meu conhecimento".

Apenas uma aluna cita que gostaria de ser professora, porem devido à desvalori-zação da profissão ela não seria professora A25 "gostaria, porém é uma profissão poucovalorizada e remunerada, por ser tão importante para a vida de toda a população. Portanto,não seguiria esta carreira, observamos nessa fala a mistificação da docência, como umavocação que não necessita de mudanças (KREUTZ, 1986; WEBER; MITCHELL, 1996).

A fala dos os alunos que não querem ser professores, remete ao que a revista NovaEscola de fevereiro de 2010 relatou sobre a atratividade da carreira docente, em que osjovens entrevistados pela revista relataram que as dificuldades da profissão e a desva-lorização do professor uns dos principais motivos por não optarem pela docência.

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CONCLUSÕES

Historicamente a sociedade vê a carreira de professor como uma profissão fácil,que qualquer um pode ensinar, ou até mesmo professores que estão ali temporaria-mente até encontrarem algo melhor. Muitas vezes, o próprio professor desvalorizasua profissão e desta forma passa a visão para seus alunos que não vale a pena traba-lhar na docência.

Com o desenvolvimento deste trabalho foi possível perceber que esta realidadeda desvalorização profissional docente influencia diretamente na decisão do jovemao escolher a futura profissão, o que ficou evidente nas motivações que os alunosderam ao justificar porque não seriam professores, poucos explicaram que é devido anão afinidade pela área, a maioria é pelo desgaste e não reconhecimento do trabalhodocente.

Portanto nota-se a relevância na sociedade atual do conhecimento da identidadedocente, e tudo que envolve a profissão. Caracterizar o profissional da educação evaloriza-lo pelo trabalhado que é desenvolvido com a maioria dos seres humanos emdiversas realidades mundiais é fundamental para o avanço da profissão, para que estaconquiste a jovens que estão em sua fase de decisão na carreira profissional, atenuandoa não atratividade pela profissão professor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BASTOS, M. L. A. A influencia da mídia na desconstituição da identidade do profes-sor: uma analise de pressupostos e subentendidos. Revista Historiador, v.5, n.5,p.163–174, 2012.

CANDAU, V. M. F. Novos rumos da licenciatura. Brasília: INEP, 1987. 93p.

FLICK, U. Introdução á pesquisa qualitativa. 3.ed. Porto Alegre - RS: Artmed, 2009.408p.

GADOTTI, M. Educação para quê e para quem? (A favor de quem, contra quem?) –Ou por um novo projeto de educação. 2.ed. São Paulo - SP: Cortez Editora, 1987.10–24p.

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KREUTZ, L. Magistério: vocação ou profissão? Educação em revista, v.3, p.12–16,1986.

OLIVEIRA, R. P. Da universalização do ensino fundamental ao desafio da qualidade:uma análise histórica. Educação & Sociedade, v.28, n.100, p.661–690, 2007.

SALLA, F.; RATIER, R. Por que tão poucos querem ser professor. Revista Nova Escola,Edição especial, p.3–14, 2010.

SILVA, L. H. Evasão, uma situação inusitada e difícil de atacar!: Oficina Regio-nal ForGRAD. Disponível em: <www.forgrad.com.br/.../apresentacao_oficina_regional_2012_regiao_sul...>, Acesso em: 15 de novembro de2012.

VALLE, I. R. Carreira do magistério: uma escolha profissional deliberada? RevistaBrasileira de Estudos Pedagógicos, v.87, n.16, p.178–187, 2006.

WEBER, S.; MITCHELL, C. Using drawings to interrogate professional identity andthe popular culture of teaching. In: GOODSON, I.; HARGREAVES, A. (Ed.). Tea-chers’ Professional Lives. Washington DC - US: Falmer Press, 1996. p.109–126.

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5.6 Percepções dos alunos sobre as avaliações de biologia

Mariana Bolake Cavalli1, Bruno Garcia Pires1 & Juliana Moreira Prudente deOliveira1

RESUMO: A avaliação é sempre um assunto que gera discussão, pelas suas implicações no processode ensino e aprendizagem. Portanto, neste trabalho foram investigadas as percepções dos alunos sobreavaliação, uma vez que eles raramente são envolvidos nas decisões acerca dessa questão. A coleta dedados foi realizada com 65 alunos de cinco turmas de terceiro ano do ensino médio de dois colégios es-taduais da região oeste do Paraná, por meio de questionários com questões objetivas e dissertativas, osquais foram analisados de forma qualitativa. A análise dos dados revelou que a maioria dos alunos tema percepção de avaliação como classificatória, punitiva e gostariam que os professores diversificassemmais os instrumentos avaliativos, pois o mais usado é a prova objetiva ou discursiva. O que evidenciaque falta diálogo entre professor e aluno no que tange a avaliação, para que haja melhoria no processode ensino e aprendizagem.

Palavras Chave: Ensino e aprendizagem, Instrumentos avaliativos, Classificatória.

INTRODUÇÃO

A avaliação da aprendizagem sempre fez parte do processo educacional. É uti-lizada constantemente pelos educadores, por meio de vários instrumentos a fim dediagnosticar a aprendizagem de cada aluno (SILVA et al., 2007).

Para LUCKESI (2002), a avaliação dever ser desenvolvida quando a escola se inte-ressa em qualificar o processo de ensino e aprendizagem, pois por meio dela o profes-sor poderá rever o que está acontecendo e poderá fazer intervenções adequadas paraa melhoria dos resultados.

Alguns docentes encaram o processo de avaliação enfatizando um caráter memo-rizador, punitivo e classificatório, ao contrário disso LUCKESI (2002), afirma que asestratégias avaliativas devem ser vivenciadas dentro do contexto escolar a partir deuma perspectiva crítica, na qual a escola qualifica seu ensino na medida em que con-templa em seu Projeto Político Pedagógico (PPP) ações inovadoras que irão influenciarna avaliação da aprendizagem.

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

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Dentro deste contexto, LUCKESI (2005) afirma que avaliar requer uma tomadade decisão na busca da qualificação do aprendizado e não a busca de resultados queestão ligados a critérios que limitam o processo educativo às aulas expositivas. Háuma linguagem incompreensiva para o aluno, que restringe a avaliação como um mo-mento de aprovação ou reprovação, tornando-se um critério classificatório, seletivoque promove os que "sabem"mais, e desconsiderando alunos que não conseguiramdemonstrar a sua real capacidade com esse tipo de avaliação.

Portanto, o professor deve buscar diferentes estratégias avaliativas que englobema diversidade dos alunos dentro da sala de aula, e que esteja comprometida com osucesso escolar. Sendo assim, avaliar exige dedicação por parte do professor, paraque não julgue o aluno apenas por suas dificuldades, mas busque meios para analisarseu potencial e qualidades. Dessa forma a avaliação se tornará uma ferramenta detroca entre professor e aluno, tornando a aprendizagem amorosa, inclusiva, dinâmicae construtiva segundo LUCKESI (2002) e SILVA et al. (2007).

Diante desses pressupostos, objetivou-se neste trabalho verificar quais tipos deavaliação estão sendo aplicadas pelos professores de biologia, ao longo do ensino mé-dio e quais as percepções dos alunos acerca da avaliação. Espera-se por meio dessetrabalho contribuir com informações a respeito das percepções dos alunos sobre ava-liação, bem como promover discussões e reflexões sobre como se utiliza a avaliação ecomo esta influencia o processo de ensino e aprendizagem.

MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa foi realizada com 65 alunos de cinco turmas do terceiro ano do ensinomédio de dois colégios estaduais da região oeste do Paraná. Foi utilizado como instru-mento de coleta de dados um questionário (Quadro 1), pela facilidade de aplicação,do baixo custo e por permitir coletar informações com relação ao tipo e ao contextoem que são realizadas as avaliações. Também por garantir uma maior liberdade derespostas em razão do anonimato, evitando propensões potenciais do entrevistador,além de se obter respostas rápidas e precisas (BONI; QUARESMA, 2005).

Para análise dos dados foi escolhida a abordagem qualitativa. Os aspectos essenci-ais da pesquisa qualitativa consistem na escolha adequada de métodos e teorias con-venientes; no reconhecimento e na análise de diferentes perspectivas; nas reflexões

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dos pesquisadores a respeito de suas pesquisas como parte do processo de produçãode conhecimento; e na variedade de abordagens e métodos (FLICK, 2009).

Tabela 1: Questionário aplicado aos alunos.

Item Descrição

Questão 1 E sua concepção o que é avaliarQuestão 2 Quais os tipos de avaliação que os professores de biologia fizeram

com mais frequência? (Pode marcar mais de uma resposta).( ) Prova objetiva (marcar x)( ) Prova discursiva (responder de forma escrita)( ) Prova prática (através de experimentos)( ) Seminários( ) Trabalhos em grupo( ) Exercícios (para responder como trabalho)( ) Outro/s. Qual/is?

Questão 3 Qual tipo de avaliação você prefere fazer?( ) Prova objetiva( ) Prova discursiva( ) Prova prática( ) Seminários( ) Trabalhos em grupoExplique por que prefere esse/s tipo/s de avaliação

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise dos dados evidenciou que a maior parte dos alunos (70%) tem a percep-ção de que avaliar é "testar, medir, analisar. Outros 20% citaram que avaliar é “dizerse a pessoa é boa no conteúdo ou não”. E 10% não responderam esta questão. Nota-seque os alunos possuem uma visão classificatória e punitiva sobre avaliação. SegundoCARVALHO (2004), o professor deve estar sempre atento às respostas dos alunos,valorizando as respostas certas, questionando as erradas, sem excluir do processo oaluno que errou, e sem achar que a sua resposta é a melhor, nem a única. Mas, quandonão se faz isso, mas sim avaliações pontuais, sempre ao final do conteúdo, o aluno tema percepção de que avaliar é "medir, ver se o aluno é bom"como a maioria afirmou nasrespostas.

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Quanto aos tipos de avaliações em biologia que os alunos realizam com maisfrequência, cerca de 90% destes assinalaram prova objetiva e exercícios, e outros 70%marcaram prova discursiva, lembrando que nessa questão poderiam marcar mais queuma alternativa. Portanto, percebe-se que a maior parte das avaliações são na formade provas, o que pode ter levado os alunos a terem a percepção de que a avaliação épara "medir". Ressalta-se que as provas também são uma forma de avaliar, mas estasdevem levar o aluno e o professor a refletirem sobre o conhecimento construído du-rante as aulas e não apenas para “medir conhecimento”. Mas sim, que seja mais umaferramenta auxiliadora na melhoria da prática docente (SCHON; LEDESMA, 2008) eno processo de ensino e aprendizagem.

Os alunos também foram questionados sobre qual tipo de avaliação preferem, lem-brando que também poderiam assinalar mais que uma resposta, a maioria revelou queprefere fazer trabalhos em grupo (85%) e justificam: "um pode ajudar o outro; "duascabeças pensam mais que uma". Também apontaram como opção os seminários (60%),com a justificativa que: "para apresentar é necessário aprofundar o estudo"; "é maisfácil explicar a matéria falando. As outras opções foram pouco assinaladas, cerca de10% (prova objetiva, discursiva ou prática). Assim, é perceptível que o tipo de provaque eles mais realizam (prova objetiva ou discursiva) é o que menos preferem. O querevela que falta diálogo entre professores e alunos acerca da avaliação, pois poderiamdiversificar mais os instrumentos avaliativos. Os alunos preferem avaliações diferen-tes, gostam de falar, pensar e refletir sobre o conteúdo, como justificaram em suasrespostas. Por isso é necessário que o professor inove na hora de decidir como avaliarseus alunos, para que consiga realmente perceber o que cada aluno compreendeu so-bre o conteúdo. Para HOFFMANN (2008), VASCONCELLOS (2005) e ZABALA (1998)o processo de avaliação deve andar junto com o processo de ensino e aprendizagem,sendo uma ferramenta que auxilie o professor a verificar o progresso do aluno e se defato está acontecendo à construção do conhecimento por ele, além de ser também ummomento de reflexão sobre seu próprio trabalho.

CONCLUSÕES

Com esta investigação nota-se que os alunos possuem uma percepção de avaliaçãocomo algo classificatório, um instrumento de medição, algo já há muito contestado

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na literatura. Ressalta-se que essa visão preocupa, pois uma vez que estão no últimoano do ensino médio e não foi rompida, indica que essa é a forma que mais viven-ciaram a avaliação, pois é o reflexo da prática pedagógica. Verifica-se também quepreferem os instrumentos avaliativos (seminários, trabalhos em grupo) que menos oprofessor utiliza. Portanto, enfatiza-se que há necessidade de maior diálogo entre alu-nos e professores no que tange a avaliação, para que os instrumentos avaliativos sejamdiversificados, não pontuais e que realmente contribuam para o processo de ensino eaprendizagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BONI, V.; QUARESMA, S. J. Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas emCiências Sociais. Revista Eletrônica dos Pós-Graduandos em Sociologia Políticada UFSC, v.2, n.1, p.68–80, 2005.

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VASCONCELLOS, C. Avaliação: concepção dialética – libertadora do processo deavaliação escolar. 10.ed. São Paulo - SP: Libertad, 2005. 112p.

ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre - RS: Artmed, 1998.224p.

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CAPÍTULO 6

ESTATÍSTICA

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6.1 Avaliação da proporção de parto cesáreo e parto vagi-nal ao longo da implantação do programa Rede MãeParanaense nos municípios da 10a Regional de Saúde

Heloisa Azevedo Brasil1, Ana Tereza Bittencourt Guimarães1, Ana Paula Moreira1,Fernanda Castro Pereira1, Bruna Bratti1 & Sebastião Caldeira1

RESUMO: Dentre as iniciativas de políticas públicas de maior impacto no Brasil, está a ampliação daAtenção Primária em Saúde (APS). No Estado do Paraná, o Programa Rede Mãe Paranaense–PRMPfoi definido como prioritário, uma vez que a saúde materna e a infantil requerem novas pesquisas quepossam analisar e avaliar a efetividade dos mesmos. Estes programas buscam a humanização do trata-mento materno e infantil, e um dos enfoques se dá no parto humanizado. O presente estudo teve porobjetivo analisar a frequência de partos cesáreos e partos vaginais nos municípios de abrangência da10° Regional de Saúde, em relação às metas preconizadas no PRMP. Os dados da pesquisa demonstra-ram um aumento do número dos partos cesáreos ao longo do período de 2010 a 2013, não sendo foipossível observar uma melhora da qualidade do parto após a implantação do PRMP.

Palavras Chave: Partos, Rede Mãe Paranaense, Humanização.

INTRODUÇÃO

Ao tratar de políticas, de programas e de avaliação em saúde, é importante desta-car que no âmbito mundial os países procuram estratégias capazes de qualificar seusserviços por meio de políticas e ações efetivas e equânimes na promoção, prevenção,assistência e reabilitação dos usuários. Dentre as iniciativas de maior impacto no Bra-sil, está a ampliação da Atenção Primária em Saúde (APS).

Quanto às propostas de políticas e programas do Ministério da Saúde voltados àsaúde materna e infantil, o Programa de Atenção Integral a Saúde da Mulher (BRA-SIL, 1983) e o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (SERRUYA; CE-CATTI; LAGO, 2004), foram precursores fundamentado nos princípios da humaniza-ção e assistência do Sistema Único de Saúde (SUS).

No Estado do Paraná, no Plano de Governo para a Saúde, 2011 a 2014, o ProgramaRede Mãe Paranaense–PRMP (PARANÁ, 2012) foi definido como prioritário, uma vez

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

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que a saúde materna e a infantil requerem políticas e programas voltados a esse pú-blico, além da necessidade de novas pesquisas que possam analisar e avaliar a efeti-vidade dos mesmos. Estes programas buscam a humanização do tratamento maternoe infantil, e um dos enfoques se dá no parto humanizado. Dispondo da política Na-cional de Humanização como eixo norteador das políticas de saúde, a humanizaçãodesses processos caminha nos princípios da construção de uma política transversal,que ultrapassa as fronteiras dos saberes e poderes ao que se refere à saúde coletiva(BRASIL, 2004)

Assim, ao idealizar esta proposta de pesquisa pensou-se que uma das prioridadesatuais no âmbito da APS em particular no Estado do Paraná é a de analisar o processode implantação e desenvolvimento do PRMP, em especial na avaliação da frequênciade partos vaginais e cesáreos.

Diante de tal fato, o presente estudo tem por objetivo analisar a frequência de par-tos cesáreos e partos vaginais em relação às metas preconizadas no PRMP.

MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo foi realizado no Estado do Paraná em municípios das áreas de abran-gência da 10a Regional de Saúde de Cascavel (RSC). Os números de partos cesáreose partos vaginais foram obtidos por meio de bases de dados do SINASC (Sistema deInformações sobre Nascidos Vivos), nos anos de 2010 (antes da implantação do pro-grama) e 2011, 2012 e 2013 (após a implantação do programa).

As frequências de partos foram analisadas por meio de representação gráfica, bemcomo pela proporção entre os dois tipos de partos. A avaliação das frequências aolongo do tempo foi avaliada por meio do teste de qui quadrado para k proporções,assumindo um nível de significância de 0,05. A comparação das frequências par a parfoi realizada por meio do teste de acompanhamento de Marascuilo.

Em relação à qualidade do parto, foram comparadas as frequências de municípiosque apresentaram 0 a 15% de partos cesáreos, e àqueles que apresentaram mais de15% deste tipo de parto, nos anos de 2010 e em 2013.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Organização Mundial de Saúde estipula 15% como a porcentagem máxima deutilização do parto cesáreo, por se tratar de um procedimento cirúrgico. Original-mente, o parto cesáreo tinha como objetivo aliviar as condições adversas do partovaginal, bem como os riscos para as mães, fetos ou ambos, porém, nos últimos 37anos temos passado por uma "epidemia mundial"de cesarianas (OLIVEIRA, 2008).

Os dados da pesquisa demonstraram uma variação de 58% a 62% dos partos ce-sáreos em relação aos partos vaginais entre os anos de 2010 a 2013, respectivamente(Figura 1). Houve uma diferença estatística significativa dos partos cesáreos ao longodos anos avaliados (�2 = 59, 3;GL = 3; p < 0, 0001), sendo que a partir de 2012 há umaelevação significativa de sua frequência (p < 0, 05), permanecendo elevado tambémem 2013 (p < 0, 05).

42%$ 43%$39%$ 38%$

58%$ 57%$61%$ 62%$

0,00$

0,20$

0,40$

0,60$

0,80$

1,00$

1,20$

1,40$

1,60$

1,80$

0%$

10%$

20%$

30%$

40%$

50%$

60%$

70%$

2010$ 2011$ 2012$ 2013$

prop

orção$cesáreo/vagital$

%$partos$

%$normal$ %$cesárea$ proporção$

Figura 1: Proporção dos partos cesáreos/vaginal entre 2010 á 2013.

No período anterior a implantação do programa, apesar de ser um número elevadode partos cesáreos, ainda havia 48% dos municípios que se enquadravam abaixo dovalor de referência desse tipo de parto, já em 2013, 100% dos municípios da 10� RSCestão acima do valor preconizado de 15% (Figura 2).

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48%$

0%$

52%$

100%$

0%$

20%$

40%$

60%$

80%$

100%$

120%$

2010$ 2013$

0$a$15%$ >$15%$

Figura 1: Frequência relativa de partos cesáreos, realizados nos municípios de abran-gência da 10a RSC, dentro (azul) e fora (laranja) do valor de referência estipulado pelaOMS, nos anos de 2010 e 2013.

CONCLUSÕES

Apesar da implantação do PRMP, é notável um aumento do número de cesáreas.Em vista desse cenário destaca-se a necessidade de ações que visem qualificar e valo-rizar a pratica humanizada da gravidez, parto e puerpério no âmbito da 10� RSC.

É do entendimento do Ministério da Saúde (BRASIL, 2001), que o parto normal éo vaginal, sendo o mais seguro para a mulher e a criança, portanto, acredita-se quecom o aumento das cesáreas, pode ocorrer também o aumento do fator risco para essepúblico.

O parto é um processo natural e singular a cada indivíduo, a humanização dosprocessos de saúde, em especial ao parto atuam de forma a diminuir os processostraumáticos, desnecessários e de risco eminentes do parto cesáreo. O papel funda-mental do programa Rede Mãe Paranaense é levar tais informações para as novasgestantes e, portanto, melhorar a qualidade de vida na relação mãe-filho que se ini-cia É nesse sentido, que a presente pesquisa buscou contribuir para reflexões sobre ahumanização da saúde dentro dos municípios abrangentes da pesquisa, almejando avalorização desses processos e a integração entre gestores, trabalhadores e usuários.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM). Mi-nistério da Saúde. Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/acoes-e-programas/saude-da-mulher/

leia-mais-saude-da-mulher>. Acesso em: 06 de abril de 2013.

BRASIL. Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher. Brasília - DF:Ministério da Saúde, 2001. 199p.

BRASIL. HumanizaSUS: Política Nacional de Humanização: A humanização comoeixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS.Brasília - DF: Ministério da Saúde, 2004. 19p.

OLIVEIRA, I. A "epidemia" do parto cesáreo. 3p. Agência Nacional de Saúde.Disponível em: <http://www.ans.gov.br/portal/upload/noticias/_Hotsite_Parto/20080201.pdf>. Acesso em: 25 de agosto de 2014.

PARANÁ. Programa Rede Mãe Paranaense. Secretaria da Saúde. Dis-ponível em: <http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/apresentacosbiipartite2012/DRedeMaeParanaense.pdf>. Acesso em:28 de agosto de 2014.

SERRUYA, S. J.; CECATTI, J. G.; LAGO, T. d. G. do. O Programa de Humanizaçãpno Pré-natal e Nascimento do Ministério da Saúde no Brasil: resultados iniciais.Cadernos de Saúde Pública, v.20, n.5, p.1281–1289, 2004.

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CAPÍTULO 7

IMUNOLOGIA E MICROBIOLOGIA

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7.1 Monitoramento do funcionamento da autoclave de umabrigo para idosos do município de Cascavel - PR

Sarah Fernanda Gonçalves1, Helena Teru Takahashi Mizuta1 & Fabiana AndréFalconi1

RESUMO: O processo de autoclavação consiste em manter o material contaminado em contato comvapor de água em temperatura elevada, por tempo suficiente para matar todos os micro-organismos.Para garantir a eficiência dos equipamentos para esterilização e evitar a transmissão de agentes micro-bianos, o monitoramento deve ser feito, visto que podem ocorrer falhas no processo de esterilizaçãodevido a erros: do operador, do equipamento, na instalação, ou falhas combinadas. Este controle visadiminuir falhas e principalmente em detectá-las. O objetivo deste trabalho foi determinar a eficácia daautoclave utilizada para esterilização de materiais em um abrigo para idosos no município de Cascavel,PR. Este equipamento é utilizado para a esterilização de materiais destinados à realização de curativos.Durante o período de abril de 2013 a março de 2014 realizaram-se 40 análises. Os resultados obtidoscomprovaram a eficiência do processo de autoclavação, garantindo assim, a esterilidade dos materiaispara uso em curativos do abrigo.

Palavras Chave: Bacillus stearothermophylus, Esterilização, Indicador biológico.

INTRODUÇÃO

O método de esterilização tem-se por finalidade remover, ou destruir todas as for-mas de vida, animal ou vegetal, macroscópica ou microscópica, saprófitos ou não,do produto considerado, sem garantir a inativação de toxinas e enzimas celulares,utilizando-se de agentes químicos ou físicos (ANVISA, 2010). 0 calor úmido destróios micro-organismos por coagulação e desnaturação irreversíveis de suas enzimas eproteínas estruturais (KALIL; COSTA, 1994). O calor úmido , em oposição ao calorseco, é mais eficaz, devido à exigência de uma temperatura mais baixa e a quantidadede tempo necessário para se garantir a esterilização pretendida (PENNA; MACHOSH-VILI, 1997). A autoclave é o equipamento utilizado para a esterilização de materiaispor calor úmido, que consiste em manter o material contaminado a uma temperaturaelevada, através do contato com vapor de água, durante um período de tempo sufi-ciente para destruir todos os agentes patogênicos. O calor seco provavelmente exerce

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a maioria de seus danos pela oxidação das moléculas, penetra nas substâncias maislentamente do que o calor úmido e é usado para esterilizar objetos de metal e vidro eé o único meio satisfatório de esterilizar óleos e pós (BLACK, 2002).

No abrigo São Vicente de Paulo a autoclave é utilizada para a esterilização de ma-teriais destinados à realização de curativos. Segundo a Agência Nacional de Vigilân-cia Sanitária (ANVISA), os artigos destinados aos procedimentos invasivos em pele emucosas adjacentes, nos tecidos subepiteliais e no sistema vascular, bem como todosos que estejam diretamente conectados com este sistema, são classificados em artigoscríticos. Estes requerem esterilização. O abrigo utiliza a esterilização de materiais evi-tando o risco biológico, compreendido como a probabilidade de contato com materialbiológico, sangue ou outro fluido orgânico, que pode transportar agentes biológicospatogênicos, micro-organismos, geneticamente modificado ou não, as culturas de cé-lulas, os parasitas, as toxinas e os príons, causadores de danos à saúde do homem(SASAMOTO et al., 2010).

O monitoramento desse processo nada mais é do que o controle de qualidade daesterilização. É indispensável, pois podem ocorrer falhas na esterilização devido aerros: do operador, do equipamento ou falhas combinadas. Este controle busca detec-tar estas falhas e principalmente diminuí-las. Para avaliar o processo de esterilização,existem vários tipos de indicadores, como por exemplo: indicador químico externo,onde se utiliza a fita crepe zebrada sobre o material acondicionado a ser esterilizado,indicadores químicos internos, que são colocados dentro dos pacotes a serem esterili-zados, além dos indicadores biológicos (SÃO PAULO, 2006). Na autoclave do AbrigoSão Vicente é utilizado o método do indicador biológico. O indicador biológico é defi-nido como uma preparação caracterizada de micro-organismo específico que forneceuma resistência definida e estável a um determinado processo de esterilização (AN-VISA, 2010). Esporos de Bacillus stearothermophilus ATCC 7953 , dada a sua resistênciaao calor, são os micro-organismos escolhidos como indicadores biológicos para os pro-cessos de esterilização por calor úmido (LETRARI; LIMA; VANIN, 2006).

Os testes por meio do indicador biológico devem ser feitos regularmente, a fim demonitorar o processo de esterilização e garantir sua eficiência. São testes feitos emtubos de ensaio juntamente com meio nutriente e indicador púrpura de bromocresol.A cor indica os resultados do processo de esterilização; nenhuma alteração indica quefoi obtido nas condições de esterilização, de outra forma, o crescimento de esporos,

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indicada pela alteração da coloração do meio de cultura para amarelo indica que oprocesso de esterilização não foi satisfeita.

MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa foi realizada, semanalmente, em um abrigo para idosos, localizado nacidade de Cascavel, Paraná. No período de abril de 2013 a março de 2014, foram reali-zadas 40 análises. Para o monitoramento do processo de esterilização, eram prepara-dos, no Laboratório de Controle Microbiológico de Água, Alimentos e Medicamentosda Universidade Estadual do Oeste do Paraná, tubos de vidro contendo meio de cul-tura Caldo Triptona Dextrose, com indicador de pH Púrpura de Bromocresol, glicose20% e o inóculo de Bacillus stearothermophylus. Os tubos eram transportados ao abrigopara autoclavação no mesmo dia, onde três tubos-teste eram introduzidos na auto-clave do abrigo e submetido à esterilização, juntamente com os demais materiais dainstituição, enquanto um outro tubo (tubo controle) permanecia fora do equipamento,à temperatura ambiente. Após o ciclo de esterilização, os controles biológicos eramacondicionados, transportados à UNIOESTE, incubados em banho-maria a 60ºC por24-48 horas. A leitura foi realizada avaliando-se visualmente e observando a varia-ção de coloração do meio, onde o tubo-controle deve apresentar coloração amarela,típico do crescimento de Bacillus stearothermophylus, devido à viragem do indicador eo tubo-teste não deve apresentar crescimento, indicando a eficiência do processo deesterilização.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após as análises de 40 semanas, observou-se que a autoclave utilizada pelo abrigoencontra-se dentro dos padrões de qualidade, porque todos os tubos-testes perma-neceram na cor púrpura depois de incubados em banho-maria, revelando assim quenão ocorreu o crescimento do micro-organismo Bacillus stearothermophylus, ou seja,indicando que os micro-organismos foram inativados pelo processo de autoclavação.Num estudo realizado por PRADO; SANTOS (2002), onde foram avaliadas 14 autocla-ves de consultórios odontológicos, empregando-se indicador biológico, constatou-setambém a eficiência deste processo de esterilização nas autoclaves testadas.

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CONCLUSÕES

Verificou-se que o processo de esterilização feito pela autoclave utilizada no abrigo,para eliminar os micro-organismos presentes nos materiais de uso diário, está ocor-rendo de maneira eficiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANVISA. Farmacopeia brasileira. Brasília - DF: ANVISA, 2010. 546p.

BLACK, J. G. Microbiologia – fundamentos e perspectivas. Rio de Janeiro - RJ: Gua-nabara Koogan, 2002. 829p.

KALIL, E. M.; COSTA, A. J. F. Desinfecção e esterilização. Acta Ortopédica Brasileira,v.2, n.4, p.1–4, 1994.

LETRARI, J.; LIMA, H. O. S.; VANIN, M. Esterilização térmica e parâmetros demorte microbiana do Bacillus stearothermophilus ATCC 7953. In: IV ENTEC E IIWORKSHOP DA UTFPR, 2006, Campo Mourão - PR. Anais. . . , 2006. p.1–5.

PENNA, T. C. V.; MACHOSHVILI, I. A. Esterilização térmica: conceitos básicos damorte microbiana. Revista Farmácia Bioquímica da Universidade de São Paulo,v.1, p.1–5, 1997.

PRADO, M. E. M.; SANTOS, S. S. F. Avaliação das condições de esterilização de mate-riais odontológicos em consultórios na cidade de Taubaté. Revista Biociências, v.8,n.1, p.61–70, 2002.

SÃO PAULO. Informe técnico XII. Esterilização à vapor saturado sob pressão. SãoPaulo - SP: Secretaria Municipal da Saúde. Vigilância em Saúde, 2006. 2p.

SASAMOTO, S. A.; TIPPLE, C. R.; LELES, E. T.; SILVA, E. M. M.; PAIVA, C. P. S.;SOUZA, L. M. Perfil de acidentes com material biológico em uma instituição deensino odontológico. Revista Odontológica do Brasil Central, v.19, n.50, p.251–257,2010.

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CAPÍTULO 8

FISIOLOGIA HUMANA

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8.1 Parâmetros biométricos de ratos submetidos ao abusomaternal pós-natal isolado ou associado à ingestão dedieta de cafeteria

Bárbara Zanardini de Andrade1, Ana Claudia Amaral1, Edson Duarte Ribeiro Paz1,Gabriela Alves Bronczek1 & Sara Cristina Sagae Schneider1

RESUMO: Estudos sugerem que crianças que possuem mães abusivas tem maior probabilidade desofrer disfunção mental e física na vida adulta. Baseado nestes estudos, consideramos um modeloexperimental de intervenção neonatal de abuso maternal em ratas caracterizado pela alteração do com-portamento materno em relação aos filhotes. Assim, este estudo teve como objetivo determinar parâ-metros biométricos em ratos submetidos ao abuso maternal associado ou não à ingestão de dieta ricaem calorias, a dieta de cafeteria. Em nosso estudo, o abuso maternal não alterou os parâmetros avalia-dos em ambos os grupos controle e cafeteria. A dieta de cafeteria, por outro lado, promoveu aumentodo peso das gorduras retroperitoneal e perigonadal dos animais, porém não alterou os pesos corporal,da gordura marrom e do pâncreas em todos os grupos avaliados.

Palavras Chave: Obesidade, Abuso, Cafeteria.

INTRODUÇÃO

Em ratos, as duas primeiras semanas após o nascimento são um período sensíveldo desenvolvimento do sistema nervoso, no qual o animal é suscetível a eventos ambi-entais, tais como estresse e qualidade do cuidado materno, os quais podem ter efeitosduradouros no indivíduo (LEVINE, 2001). Se essa alteração é permanente, é consi-derada uma "Programação e sugere que os ambientes uterinos ou neonatais adversospodem alterar permanentemente o metabolismo e as funções endócrinas e imunesdesses indivíduos na idade adulta (COTA; ALLEN, 2010), na tentativa de adaptar-sea ambientes posteriores da vida (TEICHER et al., 2003).

Um modelo experimental de intervenção neonatal é o abuso maternal, que caracteriza-se pela alteração do comportamento materno em relação aos filhotes pela retirada departe da maravalha da caixa, impedindo-a de fazer corretamente o ninho (RAINEKI;MORIACEAU; SULLIVAN, 2010). Estudos clínicos sugerem que o abuso maternal

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está associado com comprometimento da saúde física e mental da criança na idadeadulta (BREMNER, 2003). Bowlby postulou um circuito de programação biológicaem crianças submetidas ao abuso maternal, no entanto essas alterações ainda não fo-ram identificadas devido à dificuldade de realização de determinados tipos de estu-dos em humanos. Assim sendo, modelos animais podem representar uma ferramentaparticularmente útil na compreensão e na caracterização das alterações fisiológicasassociadas ao abuso maternal (SÁNCHEZ; LADD; PLOTSKY, 2001).

Considerando os estudos que sugerem que crianças que possuem mães abusivastêm maior probabilidade de sofrer disfunção mental e física, bem como problemasde saúde na vida adulta (TEICHER et al., 2003; BREMNER, 2003), e que alteraçõesmetabólicas foram observadas em outros modelos de intervenção neonatal (KIM et al.,2005), o presente estudo teve como objetivo determinar parâmetros biométricos emratos submetidos ao modelo de abuso maternal associado ou não à ingestão de dietarica em calorias, a dieta de cafeteria.

MATERIAIS E MÉTODOS

Animais Experimentais

Vinte ratas Wistar foram mantidas em caixa individuais (uma rata prenha/caixa)em ambiente com controle de ciclo claro-escuro e temperatura. No dia do nascimentofoi realizada uma padronização de quatro filhotes machos por mãe, sendo os exce-dentes eutanasiados. As fêmeas foram separadas em dois grupos (dez em cada) e apartir do terceiro dia após o nascimento dos filhotes, as ratas do primeiro grupo fica-ram em caixas com quantidade normal de maravalha (5 cm), caracterizando o grupo"Sem abuso"(SA), enquanto que as ratas do segundo grupo tinham a quantidade demaravalha reduzida em mais de 50% (1,2 cm), caracterizando o grupo "Abuso"(A).Após o oitavo dia, a quantidade de maravalha colocada nas caixas das mães do grupoA foi aumentada para 5 cm, similar à quantidade de maravalha do grupo SA. No 21�

dia, os filhotes foram desmamados e separados das mães (RAINEKI; MORIACEAU;SULLIVAN, 2010).

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Dieta

Aos filhotes desmamados, foram ofertadas a dieta de cafeteria [hipercalórica (5,42kcal/g) – grupo cafeteria (CAF)] para dois dos quatro filhotes de cada fêmea do grupoA e SA, e a dieta de ração padrão [(2,95 kcal/g) – grupo controle (CTL)] para os outrosdois filhotes também de cada fêmea de ambos os grupos (A e SA), (SAGAE et al.,2012) diariamente no mesmo horário sendo que todos os animais tiveram livre acessoa todos os componentes das respectivas dietas. Assim, os animais ficaram divididosem quatro grupos distintos, sendo estes: CAF A, CAF SA, CTL A e CTL SA.

Eutanasia, isolamento das gorduras e pesagem

No 70º dia de vida, os animais foram pesados e eutanasiados por decapitação. Ospesos das gorduras retroperitoneal, perigonadal e marrom foram mensurados e relaci-onados ao peso corporal (g/100g de peso corporal). Além das gorduras, foi realizadoo isolamento do pâncreas, que foi retirado e pesado.

Análises Estatísticas

Para análise dos dados foi utilizado o teste estatístico para análise de variânciaANOVA de uma via, seguido pelo teste de Newman-Keuls, para múltiplas compara-ções, de acordo com a característica de cada variável, no programa Instat (versão 4.0;GraphPad, Inc., San Diego, CA, USA). Em todos os casos, o nível de significância serádefinido como P < 0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A tabela 1 mostra os resultados das gorduras retroperitoneal, perigonadal e mar-rom (g/100 g de peso corporal) e peso corporal (g) aos 70 dias de idade de ratos sub-metidos ao abuso maternal associado ou não à ingestão de dieta de cafeteria.

Tem sido reportado que experiências estressantes no período neonatal em ratosinduzem aumento das concentrações de neuropeptídeo Y (NPY), o mais potente pep-tídeo orexigênico conhecido (JIMÉNEZ VASQUEZ et al., 2001; HUSUM et al., 2002),além de hiperfagia sustentada e aumento de peso corporal (RYU et al., 2008). Em

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nosso estudo, o abuso maternal não alterou os parâmetros avaliados em ambos osgrupos CTL e CAF, conforme evidenciado pela ausência de diferença entre os gruposCTL A versus CTL SA e CAF A versus CAF SA, mais especificamente, esse modelode intervenção neonatal não promove alterações de peso corporal, de gorduras e pân-creas na idade adulta dos filhotes.

Tabela 1: Efeito do abuso maternal e/ou da dieta de cafeteria sobre o peso corporal(PC), peso do pâncreas e o peso das gorduras perigonadal, retroperitoneal e marromnos ratos. Os dados são apresentados como média ± EPM. P<0,05. As letras iguaisrepresentam igualdade estatística nos grupos entre si. Número de amostra para gor-duras e peso corporal: CTL A n= 25; CTL SA n= 26; CAF A n= 22; CAF SA n= 24.Número de amostras para o pâncreas: CTL A n= 9; CTL SA n= 10; CAF A n= 7; CAFSA n= 8.

Parâmetros CTL A CTL SA CAF A CAF SA

Peso Corporal (g) 281,1±6,77a 286,8±5,23a 267,8±8,11a 274,9±6,28a

Gordura Perigonadal(g) 1,809±0,15a 1,961±0,09a 2,576±0,23b 3,029±0,21b

Gordura Retroperito-neal (g/100 de PC) 1,676±0,20a 1,772±0,14a 3,674±0,38b 3,887±0,33b

Gordura Marrom(g/100 de PC) 0,2199±0,01a 0,2900±0,046a 0,3712±0,02a 0,3890±0,02a

Pâncreas (g/100 dePC) 0,9773±0,09a 1,205±0,09a 0,8491±0,09a 1,178±0,09a

Mais de um 1,5 bilhões de pessoas no mundo apresentam sobrepeso ou são obesas(DEITEL, 2003; OGDEN; FLEGAL; CARROLL, 2007), deste modo, a dieta de cafeteriaé usada para designar a ingestão de uma variedade de itens característicos da ali-mentação ocidental (também conhecida como "Western diet") ofertados a ratos para aindução de obesidade (SCLAFANI; SPRINGER, 1976). Corroborando com estudos an-teriores em animais experimentais (SAGAE et al., 2012), neste estudo, verificou-se queessa dieta promoveu aumento do peso das gorduras retroperitoneal e perigonadal dosanimais (CAF SA versus CTL SA e CAF A versus CTL A), porém não alterou o peso

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da gordura marrom, sugerindo um efeito tecido específico desta dieta sobre a gorduracorporal. Além disso, o peso corporal e o peso do pâncreas não foram alterados peladieta em todos os grupos avaliados.

CONCLUSÕES

O abuso maternal induzido no período neonatal não promove alterações nos parâ-metros biométricos avaliados, porém, o consumo da dieta cafeteria induziu acúmulode gordura abdominal independente da associação ou não associação ao abuso mater-nal.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos à UNIOESTE – Universidade Estadual do Oeste do Paraná pelo au-xílio logístico e instrumental.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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8.2 Efeito antinociceptivo da apocinina no teste da forma-lina

Claudecir Delfino Verli1, Lidyane Castor1, Guilherme Hideaki Higuchi1 & HeloiseKienen1

RESUMO: Apesar dos avanços no conhecimento dos mecanismos moleculares envolvidos na dor e oinvestimento considerável na pesquisa farmacêutica nessa área, ainda existem poucas classes de drogasanalgésicas. Além disso, as terapias atuais são usualmente insatisfatórias por possuírem sérios efeitoscolaterais e efetividade limitada. Por esta razão, a busca por novas moléculas que sejam eficazes e commenores efeitos adversos é contínua e necessária. Neste estudo, foi utilizado o teste da formalina paracaracterizar a dor aguda e avaliar a atividade anti-inflamatória e antinociceptiva do composto orgânicoapocinina. Esse teste consiste em duas fases distintas de nocicepção: a primeira fase (neurogênica)inicia-se imediatamente após a injeção da formalina, estendendo-se pelos primeiros 5 min, enquantoa segunda fase (inflamatória) ocorre entre 15-30 min. A administração da apocinina, por via p.o., nadose de 100mg/kg, não inibiu a fase neurogênica, mas inibiu significantemente a fase inflamatória danocicepção induzida pela formalina.

Palavras Chave: Apocinina, Dor, Formalina.

INTRODUÇÃO

A dor é definida pela Associação Internacional para o Estudo da Dor como "umaexperiência emocional e sensorial desagradável relacionada com a lesão tecidual realou potencial" (MELZACK; LOESER, 1999). Em animais, avalia-se a dor de formaindireta, através da nocicepção. Os estímulos nocivos ou lesivos causam a ativaçãodos nociceptores, que traduzem tais estímulos em impulsos elétricos e são conduzidospara o corno dorsal da medula espinhal e, posteriormente, para o cérebro.

Existem três tipos de estímulos: mecânicos, térmicos ou químicos. Os nociceptoresque podem ser ativados pelos estímulos dolorosos estão localizados nas terminaçõesnervosas livres das fibras aferentes primárias (DEVOR, 1970). As fibras aferentes pri-márias nociceptivas podem ser classificadas em três tipos: fibras A�, fibras A� e fibrasC.

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A sensibilização dos nociceptores resulta da liberação local de mediadores quími-cos, tais como: bradicinina, serotonina, histamina, metabólitos do ácido araquidônico,citocinas, aminoácidos excitatórios, óxido nítrico entre outros.

Dentro deste contexto, surge a apocinina. Trata-se do composto 4 � hidroxi � 3 �

metoxiacetofenona, também conhecido como acetovanilona e que foi originalmenteisolado de uma planta nativa do Himalaia, a Picrorzia kurroa, sendo utilizada na me-dicina popular para asma, icterícia e problemas no fígado e coração. SIMON; GREEN(2005), isolaram a apocinina e observaram que ela atuava como inibidor do complexoNADPH oxidase e também possuía propriedades anti-inflamatórias.

Neste estudo, foi utilizado o teste da formalina para caracterizar a dor aguda e ava-liar a atividade anti-inflamatória e antinociceptiva do composto orgânico apocinina.

MATERIAIS E MÉTODOS

Os animais utilizados nos experimentos foram camundongos albinos suíços ma-chos de 25-35g provenientes do Biotério Central da UNIOESTE-Cascavel. Foram man-tidos sob condições controladas de temperatura, luminosidade, umidade e dieta, porum período de sete dias antes da realização dos experimentos. Todos os experimen-tos obedeceram aos protocolos experimentais aprovados, previamente pelo Comitê deÉtica Experimental de Animais.

O teste da formalina foi utilizado para caracterizar a dor aguda. Este teste con-siste na injeção intraplantar de solução de formaldeído diretamente na pata posteriordo animal, sendo conhecido por induzir intensa dor pela estimulação direta dos no-ciceptores. A dor, causada pela injeção intraplantar de formalina, é caracterizada porvigorosas lambidas, mordidas e batidas na pata injetada após a injeção do estímuloflogístico formalina. Este modelo possui uma resposta bifásica de resposta de dor, queparece envolver diferentes mediadores. A primeira fase (fase inicial) inicia-se imedi-atamente após a injeção da formalina, estendendo-se pelos primeiros 5 min, o que seacredita dever-se à estimulação química direta dos nociceptores (HUNSKAAR; HOLE,1987), predominantemente das fibras aferentes do tipo C e, em parte, as do tipo A�

(HEAPY; JAMIENSON; RUSSEL, 1987). É uma fase indicativa de dor neurogênica(mecanismocentral), a qual sofre ação principalmente de drogas tipos opióides. A se-gunda fase (fase tardia) da nocicepção observada nesse modelo ocorre entre 15-30 min

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após injeção de formalina, estando a resposta observada relacionada principalmentecom a liberação de vários mediadores químicos pró-inflamatórios (HUNSKAAR; FAS-MER; HOLE, 1985; TJOLSEN; HOLE, 1997). Esta fase é indicativa de dor inflamatóriae sofre ação de drogas do tipo AINEs (anti-inflamatórios não esteroides).

Foram utilizadas câmaras de observação, que consistem em um cilindro de vidrocom 20 cm de diâmetro sobre uma superfície transparente de acrílico. Os camundon-gos foram pré-tratados com o controle piroxicam (30 mg/kg) e na dose de 100 mg/kgde apocinina.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Segundo resultados descritos na literatura, a primeira fase está associada com aliberação de vários mediadores químicos, como: a substância P, o glutamato e a bradi-cinina (fase dor neurogênica), enquanto que, na segunda fase, os mediadores químicosdetectados foram a histamina, a serotonina, as prostaglandinas e a bradicinina (fasedor inflamatória), sendo ambas as fases induzidas pelo agente flogístico formalina(HUNSKAAR; FASMER; HOLE, 1985; TJOLSEN; HOLE, 1997; SHIBATA, 1989).

Fase Neurogênica

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Controle Piroxicam 30mg/Kg Apocinina 100mg/Kg

Tem

po (s

)

Figura 1: Avaliação do efeito antinociceptivo da apocinina (100mg/kg) no teste daformalina durante a fase neurogênica.

A apocinina, estudada neste trabalho, não apresentou atividade antinociceptiva nafase neurogênica (Figura 1), enquanto que, na fase inflamatória, ela apresentou efeito

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antinociceptivo pronunciado (Figura 2). Sendo assim, podemos inferir que este com-posto pode estar modulando e/ou inibindo os mediadores inflamatórios liberados nasegunda fase (fase inflamatória).

Fase Inflamatória

0

50

100

150

200

250

Controle Piroxicam 30mg/Kg Apocinina 100mg/Kg

Te

mp

o (

s)

∗ ∗

Figura 2: Avaliação do efeito antinociceptivo da apocinina (100mg/kg) no teste daformalina durante a fase inflamatória.

CONCLUSÕES

Perante os resultados apresentados pelo teste da formalina, podemos concluir quea apocinina possui atividade antinociceptiva. Podemos postular ainda que este efeitonociceptivo pode estar diretamente ou possivelmente envolvido com a modulação demediadores inflamatórios e outros nociceptores.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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HEAPY, C. G.; JAMIENSON, A.; RUSSEL, N. J. W. Afferent C-fibre and A delta activityin models of inflammation. British Journal of Pharmacology, v.90, p.164, 1987.

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CAPÍTULO 9

GENÉTICA

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9.1 Blueberry: antimutagenicidade no ensaio de Alliumcepa

Natani Ribeiro Demarco1, Camila Begui do Nascimento1, Sarah Castamann1 &Luciana Paula Grégio Darce1

RESUMO: O blueberry, atualmente, é considerada uma das frutas com o maior teor de antioxidantes evários outros elementos benéficos aos seres humanos. A fruta, tanto a variante norte americana quantoa europeia, é capaz de diminuir os efeitos da doença de Alzheimer e de diminuir a proliferação de cé-lulas cancerosas, além de vários outras propriedades farmacêuticas. Assim, o presente estudo teve porintuito testar a antimutagenicidade da fruta através do ensaio de Allium cepa, avaliando-se a frequên-cia de aberrações cromossômicas, de micronúcleos e o índice mitótico, a partir de tratamentos prévios,simultâneos e posteriores de blueberry e metilmetanosulfonado, um agente mutagênico. Foram ana-lisadas 5000 células do meristema das raízes por placa de petri e o teste usado para a estatística foiANOVA seguido do teste de Dunnett. Os resultados demonstraram que o blueberry apresentou anti-mutagenicidade, revertendo a frequência de aberrações cromossômicas e de micronúcleos no protocolosimultâneo.

Palavras Chave: Mal estar docente, Sobrecarga de trabalho, Psicólogos, Qualidade de ensino.

INTRODUÇÃO

A alimentação é uma das principais formas de exposição do homem a diferentesagentes químicos, dentre os quais existe uma quantidade considerável de substânciascomprovadamente mutagênicas e/ou carcinogênicos, assim como também antimuta-gênicas (ANTUNES; ARAÚJO, 2000). Porém existe também uma grande quantidadede componentes dos hábitos alimentares humanos que ainda não tiveram tais poten-ciais devidamente testados. Um exemplo é a fruta blueberry.

O mirtilo ou blueberry, em inglês, como é mais conhecido, é uma fruta originária deregiões da Europa e Estados Unidos. A sua coloração é próxima ao azul e seu tamanhoé semelhante a um grão de uva. Sua introdução no Brasil foi feita em 1983, trazidapela Embrapa Clima Temperado em Pelotas no Rio Grande do Sul e sua iniciativacomercial começou a partir de 1990, em Vacaria-RS. O estado do Rio Grande do Sulé o que mais se destaca na produção do mesmo, sendo 45 produtores rurais e uma

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ocupação de 65 hectares, e o maior mercado consumidor é o Estado de São Paulo, naqual sua comercialização é predominantemente na forma in natura (FACHINELLO,2008).

Segundo WIJK (2010), o blueberry é rico em substâncias antioxidantes, como po-lifenóis. Entretanto, não há estudos científicos sobre o potencial antimutagênico doblueberry.

Sobre a antimutagênese, há dois conceitos comumente empregados, o desmuta-gênese e a bio-antimutagênese. Na desmutagênese, a substância protetora agedireta-mente nos compostos que geram a mutação no DNA, tornando-os inativos enzima-ticamente ou quimicamente. Já na bio-antimutagênese, tais agentes atuam nos da-nos causados na molécula de DNA ou nos meios que levam a mutação (ANTUNES;ARAÚJO, 2000).

Um dos sistemas teste utilizados para protocolos de antimutagenicidade é o en-saio de Allium cepa (cebola comum, 2n = 16). Foi introduzido por Levan, em 1938,como forma de avaliar os efeitos genéticos da colchicina em células vivas, e apresentavantagens como a facilidade de manipulação e conservação, o baixo custo dos ex-perimentos e excelentes condições citológicas das células meristemáticas das raízes decebola (GRANT, 1982), as quais ficam em contato direto com a substância testada, per-mitindo a avaliação do efeito em diferentes concentrações (VICENTINI et al., 2001). Acomparação de testes vegetais in vivo, como o sistema teste de Allium cepa, com testesde animais in vitro, apresentaram uma concordância de 75 a 91,5 (BAGATINI; SILVA;TEDESCO, 2007). Assim, o presente trabalho teve por objetivo analisar a antimutage-nese da fruta de blueberry, através do teste com Allium cepa.

MATERIAIS E MÉTODOS

A solução de blueberry foi feita através da maceração da fruta inteira (125g), ren-dendo um total de 84.6g de fruta macerada. Para que esta solução ficasse mais aquosaa ponto de tratar as sementes, foram acrescentados 200 ml de agua destilada. A ger-minação das sementes de A. cepa foi realizada em placas de petri, a 26�C, e em todosos tipos de tratamentos as sementes foram germinadas com agua destilada até atingirum centímetro de comprimento e logo após se foi iniciado os tratamentos, todos emtrês repetições simultâneas. O controle negativo utilizado foi água destilada e o con-

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trole positivo foi o quimioterápico MMS (metilmetano sulfonado, na concentração de4 vezes dez a menos quatro mols, 72 h de tratamento).

Para se testar a antimutagenicidade, foram realizados três protocolos de trata-mento: No tratamento prévio as sementes foram tratadas com uma solução de blu-eberry, durante 72 horas e em seguida com o MMS por mais 72 horas. No tratamentosimultâneo, as sementes foram tratadas tanto com a solução de blueberry, quanto comMMS, durante 72 horas no total. E o tratamento posterior foi realizado primeiramentecom MMS, por 72 horas e depois com a solução de blueberry por mais 72 horas.

Após os tratamentos, a coloração se deu de acordo com o protocolo de GRANT(1982). As raízes foram fixadas em Carnoy (3 etanol: 1 acido acético) por 24 horas. Emseguida as raízes foram hidrolisadas em HCl a 60�C por oito minutos e coradas comreativo de Schiff por 40 minutos, no escuro. Para a confecção das lâminas, o meristemafoi cortado sobre a lâmina foi adicionada uma gota de Carmim acético 2%. Já com alamínula, o meristema foi macerado mecanicamente. A análise foi feita em aumentode 400x e foi analisado um total de 5000 células por placa de petri e o teste estatísticoutilizado para a comparação dos grupos foi ANOVA. Se encontrada variância (emnível de significância de 0,05 entre os grupos), foi utilizado o teste de Tukey, o qualcompara os diversos grupos entre si. A análise estatística foi realizada com o softwareSigmaplot 11.0 (Systat Software, Inc.).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos podem ser observados na tabela 1. As frequências de aber-ração cromossômica (AC) e de micronúcleo (MN) foram estatisticamente iguais aocontrole negativo e diferentes das encontradas para o controle positivo no tratamentosimultâneo. Para os outros tratamentos, o desvio padrão foi muito elevado, o quepode ter interferido na análise estatística. O índice mitótico (IM) não foi significativoem nenhum dos tratamentos.

Os MN são manifestações de dano ao material genético na fase de interfase, re-sultantes de aberrações ocorrentes nas fases de divisão celular. Surgem quando frag-mentos cromossômicos, resultantes de quebras ou mesmo cromossomos inteiros nãosegregados de forma correta pelo aparelho mitótico, não são incorporados no núcleoprincipal das células filhas após mitose, formando um pequeno núcleo separado (SAL-

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Tabela 1: Médias e desvios padrões das frequências de micronúcleos, de aberraçõescromossômicas e de divisões celulares por 5000 células analisadas. Letras diferentesna mesma coluna (a,b) referem-se às diferenças estatísticas significativas.

Tratamentos Micronúcleo Aberração cromossômica Índice Mitótico

Água 0,0000 ± 0,0000a 0,0005 ± 0,0004a 0,0216 ± 0,0113a

MMS 0,0012 ± 0,0002b 0,0041 ± 0,0022b 0,0130 ± 0,0082b

Prévio 0,0004 ± 0,0002a,b 0,0028 ± 0,0009a,b 0,0279 ± 0,0149a

Simultâneo 0,0000 ± 0,0000a 0,0009 ± 0,0006a 0,0089 ± 0,0012a

Posterior 0,0007 ± 0,0007a,b 0,0031 ± 0,0012a,b 0,0201 ± 0,0112a

VADORI; RIBEIRO; FENECH, 2003). As AC podem ser estruturais, quando partes doscromossomos se rearranjam ou numéricas, resultantes de erros na segregação dos cro-mossomos na divisão celular (SNUSTAD; SIMMONS, 2008). Tanto MN como AC sãoparâmetros de mutagenicidade. Assim, se suas frequências reduziram estaticamenteapós o tratamento com bluerberry, tal fato é indicativo de antimutagenicidade. Dessemodo, o blueberry apresentou atividade desmutagênica.

O blueberry está entre uma das frutas com maior teor de antioxidantes, rica em po-lifenóis e sua principal função está vinculada principalmente na proteção das paredescelulares. A coloração azul está relacionada às antocianinas, que é uma família dospolifenóis. Segundo pesquisas a antocianina, proantocianidonas, flavonóis e taninos,sustâncias presentes no blueberry, são capazes de inibir o desenvolvimento de célulascancerosas, além de diminuir os efeitos da doença de Alzheimer e fatores relacionadosao envelhecimento (WIJK, 2010).

Assim, sugere-se que o papel desmutagênico do blueberry relaciona-se com o efeitoprotetor dele na parede vegetal das células meristemáticas de A. cepa, inibindo a en-trada do MMS nas células, e assim, protegendo-as da mutagenicidade do mesmo.

CONCLUSÕES

Ao analisar as células meristemáticas de Allium cepa, concluímos que o blueberryapresenta atividade antimutagênica, atuando assim na redução da frequência de MNe AC no tratamento simultâneo. Entretanto, novos testes deverão ser realizados paraa comprovação dos resultados.

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CAPÍTULO 10

GESTÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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10.1 Práticas de educação ambiental desenvolvidas pelo pro-jeto Ambientação no CEEP Pedro Boaretto Neto

Eloisa Antunes Pereira1 & Sheila Cristina Santos Zini1

RESUMO: As práticas de educação ambiental tem se transformado em importantes ferramentas parao despertar da sociedade em relação as questões ambientais contemporâneas. Nessa perspectiva, oCentro Estadual de Educação Profissional Pedro Boaretto Neto, vem incentivando, através do projetoambientação, formado por alunos do curso Técnico em Meio Ambiente, atividades que ressaltam a im-portância da preservação ambiental partindo de ações locais e que visam o gerenciamento dos resíduosproduzidos na instituição. Os alunos realizam desde a estruturação física dos espaços à atividades prá-ticas de educação ambiental e os resultados obtidos são positivos, sendo observado inclusive menornúmero de evasão do curso após o início dos trabalhos.

Palavras Chave: Educação ambiental, Gestão de resíduos, Meio ambiente.

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento de uma nação pode ser demonstrado por meio do lixo produ-zido por ela, visto que, quanto mais pujante for a sua economia, mais resíduos estaproduzirá, pois isto, segundo a ótica do capitalismo, significa que o país está cres-cendo e consequentemente as pessoas estão consumindo mais. SANTOS (2006) citaque por dia o brasileiro produza em média 1 quilo de lixo domiciliar, enquanto nosEstados Unidos este número sobe para 3 quilos por pessoa.

Segundo o mesmo autor, na metade do século passado, a composição do lixo erapredominantemente de matéria orgânica, de restos de comida. Ele ainda mencionaque com o avanço da tecnologia, materiais como plástico, isopores, pilhas, baterias decelulares e lâmpadas são presença cada vez mais constante predominante na coleta dolixo.

O lixo pode ser classificado de duas maneiras: quanto à sua natureza e em relaçãoà atividade humana que o originou. A classificação visa separar os vários tipos deresíduos para que cada um tenha o tratamento adequado à sua natureza.

11Centro Estadual de Educação Profissional Pedro Boaretto Neto – CEEPe-mail: [email protected]

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A partir da correta separação dos materiais é possível determinar o destino ade-quado, sendo que existem diversos métodos de tratamento do lixo urbano. A opçãopor um ou pela combinação de dois ou mais métodos de descarte vai depender dacomposição do lixo e da política desenvolvida pelas autoridades sanitárias da região.Dentre os métodos mais utilizados destacam-se o aterro sanitário, a incineração, acompostagem e a reciclagem. Todas estas opções são consideradas terminais em rela-ção ao tratamento do lixo.

Atualmente, a reciclagem é considerada a mais adequada por razões ecológicas etambém econômicas: diminui os acúmulos de detritos na natureza e a reutilização dosmateriais, poupa em certa medida os recursos naturais não renováveis (SCARLATO;PONTIN, 1993).

Devido às práticas sociais atuais, em um contexto marcado pela degradação per-manente do meio ambiente e dos seus ecossistemas, cria-se uma necessária articulaçãocom a produção de sentidos sobre a educação ambiental.

Neste contexto o Projeto Ambientação desenvolvido pelo Centro Estadual de Edu-cação Profissional – CEEP Pedro Boaretto Neto, tem como objetivo instituir formal-mente uma política de gerenciamento de resíduos dentro da instituição através dodesenvolvimento de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), envol-vendo os alunos do curso Técnico em Meio Ambiente, e ainda proporcionando aoaluno a vivência de situações que podem ser encontradas no mundo de trabalho emrelação ao manejo de resíduos sólidos, possibilitando a interface da teoria e prática dasdisciplinas que tratam das questões de resíduos sólidos, legislação e educação ambien-tal, promovendo ações de educação ambiental que estimulem a reflexão e a mudançade atitude dos alunos, professores e funcionários da instituição de ensino, frente asquestões ambientais, implantando a coleta seletiva dos resíduos e articulando açõesque visem o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), mais es-pecificamente o Objetivo 7 "Qualidade de vida e respeito ao meio ambiente".

Para isso, nos últimos dois anos foram realizadas com a comunidade escolar, di-versas atividades práticas de educação ambiental, onde almejou-se a sensibilizaçãoquanto as questões ambientais e também uma promover uma mudança de atitude emrelação ao meio onde estão inseridas.

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MATERIAIS E MÉTODOS

O projeto foi desenvolvido no Centro Estadual de Educação Profissional-CEEP Pe-dro Boaretto Neto, localizado na Cidade de Cascavel–Paraná–Brasil. Para contemplaro objetivo geral do projeto, o desenvolvimento do plano de gerenciamento de resíduossólidos da escola, o desenvolvimento ocorreu dividido em etapas:

• ORGANIZAÇÃO DOS GRUPOS DE TRABALHO: Após a aprovação do projeto,o mesmo foi divulgado a comunidade escolar, e os alunos participantes assina-ram um termo de compromisso para a participação no projeto.

• LEVANTAMENTO QUALITATIVO E QUANTITATIVO DOS RESÍDUOS SÓLI-DOS: A caracterização dos resíduos produzidos nas dependências do CEEP foirealizada através de visitas em todos os setores internos (salas de aula, laborató-rios, departamentos administrativos, cantina, entre outros) e externos (saguão,jardins, pátio), nestas visitas foram observados os tipos de resíduos gerados e aquantidade estimada dos tipos de resíduo produzido por setor. Para a estimativade quantidade de sólidos gerados realizou-se a pesagem utilizando uma balançade plataforma marca Lider. Os dados coletados foram anotados em formulárioespecífico e analisados.

• IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA DE COLETA SELETIVA: O número e o tipode lixeiras necessárias a cada setor foi estabelecido a partir do levantamento qua-litativo e quantitativo dos resíduos sólidos.

• AÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL: 1) Formação de instrutores de educaçãoambiental: consistiu na orientação dos alunos do curso técnico de meio ambienteenvolvidos no projeto, para que os mesmos tenham subsídios para desenvolverações de educação ambiental junto ao restante da comunidade escolar e a popu-lação; 2) Houve a elaboração de cartazes, panfletos e cartilhas para a distribuição;3) Orientação e treinamento dos funcionários da limpeza. As orientações e trei-namentos foram aplicados pelos alunos do curso técnico de meio ambiente soba supervisão de professores responsáveis pelo projeto; 4) Realização de palestrase oficinas que serão oferecidas a toda a comunidade escolar.

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• DESTINAÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS: Após a coleta diária os resíduos sólidosforam destinados ao local de armazenagem temporária, segregados em recipien-tes conforme sua classe.

• REGISTRO DAS ATIVIDADES – ELABORAÇÃO DO PGRS: Todas as ativida-des, ações, dados coletados, metodologias aplicadas em todas as etapas do pro-jeto são devidamente registradas para subsidiar a elaboração do Plano de Ge-renciamento de Resíduos Sólidos do CEEP-Cascavel-PR.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resíduos gerados na Escola são apresentados na Figura 1, classificados em per-centual por setor (A), e percentual dos tipos de resíduos gerados na escola (B), osdados apresentados, são de amostragens médias mensais, levantados pelos alunos.

Figura 1: Resultados das pesagens dos resíduos gerados pela escola.

Após a quantificação dos resíduos gerados na escola foram confeccionadas as li-xeiras para uso interno, através de oficinas de reciclagem, com materiais reutilizáveiscomo monitores de computador descartados e barricas de papelão conforme Figura 2.

Essas atividades auxiliam na formação técnica dos alunos integrantes do projeto etambém contribuem como incentivadoras de novas ideias, que consigam transformaraquilo que era considerado lixo em algo novo e com alguma utilidade.

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Figura 2: Lixeiras feitas com carcaça de monitores de computador e barricas de pape-lão da construção civil.

Com a implementação da coleta seletiva na escola e através de ações que divul-garam o projeto para a comunidade externa, o CEEP tornou-se referência de coleta,inclusive como Ponto de Entrega Voluntária (PEV) de óleo de cozinha usado e lixoeletrônico, para a vizinhança local, conforme Figura 3, afim de que haja destinaçãocorreta.

Figura 3: Evento para a comunidade externa, com recolhimento de lixo eletrônico eóleo de cozinha usado.

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CONCLUSÕES

O sucesso tanto do programa de coleta seletiva quanto do plano de gerenciamentode resíduos, como um todo, depende diretamente da colaboração de todos os envol-vidos no processo de geração e destinação final dos resíduos sólidos. Neste sentido,a educação ambiental tornou-se um instrumento indispensável na implementação esustentação do projeto. As ações de educação ambiental foram desenvolvidas nãosomente na questão da sensibilização para o descarte correto dos resíduos, como tam-bém, para a diminuição da geração desses, contribuindo assim para um ambiente maissaudável.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SANTOS, W. L. P. Química e sociedade. São Paulo - SP: Editora Nova Geração, 2006.744p.

SCARLATO, F. C.; PONTIN, J. A. Do nicho ao lixo: ambiente, sociedade e educação.16.ed. São Paulo - SP: Editora Atual, 1993. 117p.

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CAPÍTULO 11

PALEONTOLOGIA

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11.1 Avaliação de vertebrados fósseis em níveis de acumu-lação de ossos da Formação Rio do Rasto (Permiano)a partir da análise microestrutural de cortes seriados

Fernando de Farias Martins1 & Eliseu Vieira Dias1

RESUMO: O estudo dos níveis de acumulação de ossos (bone-beds) teve por estratégia a confecção delâminas petrográficas, visando à análise histológica e estrutural dos restos fossilizados. Foram realiza-dos cortes seriados na rocha contendo o nível de acumulação proveniente de afloramentos da FormaçãoRio do Rasto na região de Ribeirão Claro, PR. Foram produzidas lâminas petrográficas por desgaste atéobtenção da espessura adequada para observação e fotografia em microscópio óptico. Foram encon-tradas escamas ganoides e dentes de Actinopterygii e escamas placoides associadas a Chondrichthyes.Foram encontrados também espinhos, um associado à Chondrichthyes, sendo um possível espinho deSphenacanthidae e outros associados aos Actinopterygii, sendo estes últimos inéditos para FormaçãoRio do Rasto. O método demonstrou-se efetivo, uma vez que permitiu reconhecer os componentes dapaleoictiofauna desta formação geológica na região.

Palavras Chave: Histologia, Formação Rio do Rasto, "Bone-beds", Chondrichthyes, Actinopterygii.

INTRODUÇÃO

A fauna de vertebrados da formação geológica Rio do Rasto é bastante variada,incluindo répteis, anfíbios e peixes. Nesta formação encontramos estruturas de ver-tebrados fósseis em níveis de acúmulo, que ocorreram durante a sedimentação, for-mando "bone-beds", que são definidos tecnicamente como uma concentração de partesdo corpo de vertebrados, em um nível estratigráfico. Estes acúmulos se formam prin-cipalmente devido a ação de ondas durante a sedimentação e, a intensa mineralizaçãodo esqueleto dos vertebrados proporciona alto poder de preservação (DIAS; VEGA;CANHETE, 2010).

Os principais tecidos que sofrem mineralização nos vertebrados são: dentina, os-sos e cartilagem, junto com o esmalte, que consiste em uma matriz rígida e acelular(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004). O esmalte e a dentina são encontrados em dentesda maioria dos vertebrados e nas escamas de diversos grupos de peixes. O esmalte

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

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multilamelar que recobre as escamas de Actinopterygii basais é denominado ganoína,sendo este de origem ectodérmica. Ocorre também nos peixes Osteichthyes basaisum tecido de origem composta, denominado enameloide que possui estrutura seme-lhante ao esmalte, porém apresenta túbulos semelhantes aos da dentina e pode serencontrado nas camadas externas dos dentes, escamas e ossos dérmicos de diversosgrupos de vertebrados basais.

Uma das formas de estudar estes níveis de acumulação de ossos é a preparaçãomecânica e/ou química para isolar fragmentos, visando o estudo de sua morfologia(WILSON, 1994). Uma alternativa ao processo tradicional pode ser a produção decortes seriados de um "bone-bed", os quais são preparados visando a confecção de lâ-minas petrográficas para o estudo em microscopia óptica. Sendo assim, este trabalhoteve por objetivo avaliar a variedade de vertebrados e reconhecer táxons presentesem um nível de acumulação de ossos proveniente da Formação Rio do Rasto (Permi-ano Superior), por meio de estudo dos padrões estruturais e histológicos das partesmineralizadas preservadas na camada.

MATERIAIS E MÉTODOS

O material fóssil foi coletado na região de Ribeirão Claro, norte do Paraná, às mar-gens da Rodovia José Alves Pereira, entre Ribeirão Claro e Carlópolis, em afloramen-tos na Formação Rio do Rasto (23�16,268’ S - 49� 44,131’ W).

Foram produzidos cortes seriados das amostras, que foram seccionadas seguindotécnicas tradicionais de Paleontologia de Vertebrados, descritas por WILSON (1994),e adaptada por DIAS; VEGA; CANHETE (2010). As secções foram polidas na faceque apresentava uma maior concentração de fósseis. As superfícies polidas foram co-ladas em uma lâmina de vidro, utilizando Cianoacrilato (Super Bonder®). As facesopostas foram desgastadas em um esmeril para redução da espessura. Após o des-gaste, as peças foram impregnadas com resina de poliéster, com objetivo de evitar odesmantelamento da rocha colada sobre a lâmina.

Após a secagem da resina em temperatura ambiente, as lâminas foram desgastadasmanualmente em lixas d’água, com granulação decrescente. Para o polimento finalfoi utilizado uma lixa grana 1200. Depois do polimento final as lâminas se encontramadequadas para observação em microscopia óptica.

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A confecção das lâminas ocorreu no Laboratório de Geologia e Paleontologia daUniversidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). As fotografias das estrutu-ras foram realizadas no Laboratório de Foto-Microscopia do Centro de Ciências Bio-lógicas e da Saúde, também na UNIOESTE. Para a identificação das estruturas encon-tradas foi utilizada a bibliografia especializada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram escolhidas treze lâminas petrográficas nas quais as estruturas esqueléticasforam observadas e analisadas. Os dentes foram identificados pelo formato circular,presença de cavidade pulpar e canalículos de dentina dispostos em diferentes arran-jos, em função da incidência do corte realizado na rocha, semelhante ao indicado porRICHTER (2011) e DIAS; VEGA; CANHETE (2010). Quando em corte transversal, odente apresenta canalículos de dentina dispostos de forma radial. Na figura 1A pode-se observar a cavidade pulpar reduzida (ao centro), o esmalte (perifericamente) e adentina onde os túbulos de dentina estão dispostos de forma radial.

Escamas de Actinopterygii são amplamente conhecidas na literatura, sendo umaestrutura diagnóstica clássica, chamada tecnicamente de escama ganoide (RICHTER,2011). Estas escamas são caracterizadas pela presença de um esmalte multilamelardenominado ganoína que as recobrem externamente. Internamente à ganoína, ocorreem muitos actinopterígios uma camada intermediária de dentina, e abaixo desta umacamada de osso lamelar conhecida como isopedina, que forma a parte mais basal daescama. Na figura 1B temos um corte longitudinal de uma escama, no qual podemosver a espessa camada de ganoína e tecido ósseo lamelar, chamado de isopedina. Na fi-gura 1C observa-se em detalhe as distintas camadas de ganoína na escama, que foramdepositadas pelos ameloblastos de origem ectodérmica (RICHTER, 2011). A camadaintermediária (figura 1D) entre o esmalte e a isopedina é formada por dentina, comunidades dentárias chamadas de odontodes, que organizadas lado a lado formam umodontocomplexo, padrão similar ao observado por DIAS; VEGA; CANHETE (2010).No desgaste plano de uma escama (figura 1E,) foi possível visualizar a rede de canaisvasculares que percorre a escama, formando uma galeria, bem como os osteoplastos,ou seja, as cavidades onde os osteócitos se encontravam quando o animal estava vivo(figura 1E, I).

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Figura 1: Fotografias das lâminas petrográficas de nível de acumulação de bioclastos(bone-bed) da Formação Rio do Rasto proveniente de Ribeirão Claro-PR. (A) Dentede Actinopterygii em corte transversal; (B) Escama ganoide de Actinopterygii. Setas:canais vasculares; (C) Estrutura de camadas da ganoína em detalhe; (D) Detalhe decorte transversal de escama ganoide. Setas indicando os odontodes revestidos porganoína na porção mais clara; (E) Escama de Actinopterygii com sistema de canaisvasculares em forma de galeria e cavidades das células ósseas preenchidas por mineralescuro; (F) Escama placoide de Chondrichthyes, com base óssea (acima) e canalículosde dentina (abaixo); (G) Provável espinho de Actinopterygii com serrilha; (H) Espinhode Chondrichthyes (Sphenacantidae) em corte oblíquo. (I) Detalhe das cavidades dascélulas ósseas preenchidas por mineral escuro vistas em E. Abreviações CP- cavidadepulpar, ES- esmalte, DT- dentina, IP- Isopedina ou osso lamelar.

Foram encontradas três escamas placoides. Na figura 1F observa-se canalículos dedentina, base óssea, e o formato característico destas escamas, que possuíam função

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hidrodinâmica. Estas escamas, não comumente descritas na Formação Rio do Rasto,também podem ser chamadas de dentículos dérmicos, por possuírem estrutura seme-lhante ao de um dente, além de estarem relacionados com o surgimento da dentiçãoem peixes cartilaginosos (RICHTER, 2011).

Foram encontrados dois espinhos, sendo que o primeiro (figura 1G) dispõe deforma alongada com serrilha e foi atribuído a um Actinopterygii, entretanto não pos-sui estruturas diagnósticas para uma determinação mais precisa. O outro espinhoapresenta estrutura semelhante, porém de maior calibre (figura 1H) sendo compatívelcom espinhos de Chondrichthyes descritos para a Formação Rio do Rasto por PAU-LIV; DIAS; SEDOR (2012). Tais semelhanças permitem sugerir que este pertenceria aum tubarão Sphenacanthidae.

A tafonomia dos fragmentos encontrados no "bone-beds" e aspectos da sedimenta-ção da rocha também foram estudos. A presença de estrutura sedimentar onduladaproduzida pela atuação de ondas, indica um sistema deposicional de corpo d’águadoce raso, compatível com o proposto por DIAS (2012).

CONCLUSÕES

Conclui-se que no "bone-bed" estudado foram fossilizadas escamas, dentes e espi-nhos pertencentes a peixes Actinopterygii, assim como escamas placoides e espinhosdérmicos de nadadeira de Chondrichthyes, sendo este espinho possivelmente perten-cente à Sphenacanthidae. Pela primeira vez é relatada a ocorrência de espinhos deActinopterygii na Formação Rio do Rasto e as escamas placoides de Chondrichthyesencontradas não são bem conhecidas nesta formação. Os bioclastos do "bone-bed" pas-saram por intenso transporte pela ação de ondas durante a sedimentação, como de-monstrado pela presença de fraturas e superfícies de desgaste de algumas estruturas.Estes achados podem contribuir para um conhecimento mais detalhado desta fauna.

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11.2 Amostra de pavimento de conchas monoespecífico daFormação Ponta Grossa (Devoniano Superior), Baciado Paraná, Brasil

Inaê de Araújo Rochinski1, Marilena Iva Preza1& Eliseu Vieira Dias1

RESUMO: No Brasil o Período Devoniano foi marcado por invasões marinhas nas grandes bacias se-dimentares interiores do Amazonas, Parnaíba e Paraná. Neste contexto, com intensa sedimentação,na Bacia do Paraná se desenvolveu a Formação Ponta Grossa, na qual uma diversificada fauna mari-nha extinta pode ser encontrada. Pavimentos de conchas são comuns nesta formação, como é o casodo material estudado. Trata-se de uma plataforma de fossilização monoespecífica de Australospiriferiheringi (Brachiopoda). Observa-se que diversos indivíduos de A. iheringi estão em posição de vidaenquanto uma pequena parte do conjunto está em outras posições. Estas características tafonômicasindicam tratar-se de um depósito por sufocamento (obrution deposit). O estudo do exemplar permitiua representação do ambiente e dos organismos ali presentes, relacionando-os à sua morfologia e com-portamento in vivo.

Palavras Chave: Invertebrados, Tafonomia, Brachiopoda, Depósito de sufocamento (obrution deposit).

INTRODUÇÃO

Durante o Devoniano (420 a 359 m.a.), havia essencialmente duas grandes massascontinentais, o Gondwana e a Euroamérica (Figura 1) (BLAKEY, 2004). A Bacia Se-dimentar do Paraná contendo rochas entre 458 – 66 milhões de anos (COHEN et al.,2013) abrange uma área de aproximadamente 1.700.000 km2 nos territórios do sul, su-deste e centro-oeste do Brasil, parte do Paraguai, da Argentina e do Uruguai (HOLZet al., 2010). São conhecidas quatro supersequências de sedimentação: Rio Ivaí, Pa-raná, Gondwana I e Gondwana II (MILANI, 1997).

A Formação Ponta Grossa, está contida na supersequência Paraná e é constituídaprincipalmente por folhelhos, sendo dividida em três membros: Jaguariaíva, Tibagie São Domingos. Na base da Formação Ponta Grossa está o Membro Jaguariaíva,composto de folhelhos marinhos com bioturbações que corresponde à superfície deinundação máxima do Devoniano, na qual predominam fósseis de braquiópodes do

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

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Figura 1: Reconstrução paleogeográfica das massas continentais durante o DevonianoSuperior (400 m. a). (Modificado de BLAKEY (2004)).

gênero Australospirifer (BOLZON; AZEVEDO; ASSINE, 2002), muitas vezes preserva-dos na forma de pavimentos de conchas.

Estes pavimentos representam a bioacumulação bentônica (MENDES, 1988) de in-divíduos de espécies gregárias. Desta forma, o estudo dos processos que envolvema morte, soterramento e preservação dos restos orgânicos destes fósseis (tafonomia),possibilitou compreender os eventos sedimentares e biológicos que permitiram a pre-servação desta acumulação (SIMÕES; KOWALEWSKI, 1998).

MATERIAIS E MÉTODOS

A peça foi coletada em meio ao rejeito das obras de pavimentação da rodovia BR153, Km 211,5 no município de Tibagi - PR; coordenadas geográficas W 50� 27’, 14,4"eS 24� 33’ 46,08" (Figura 2), no ano de 2013, durante saída de campo da disciplina dePaleontologia do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Oeste doParaná (Campus Cascavel).

Empreendeu-se um processo de preparação laboratorial da peça para estudo e pos-terior exposição. As partes da peça foram reunidas em uma base construída com arga-massa C3 reforçada com hastes de ferro e alguns espaços maiores foram preenchidoscom rejunte colorido. A reunião das partes menores foi realizada com resina poliés-

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Figura 2: Distribuição da Formação Ponta Grossa e localização do afloramento estu-dado. (Modificado de Bosetti et al, 2010).

ter cristal. Nesta etapa procurou-se posicionar as partes, reconstituindo a disposiçãooriginal.

A preparação do pavimento de conchas se deu por meio de minuciosos proces-sos de limpeza mecânica com sonda ortodôntica; mandril com pontas de aço vídea;gravador Dremel®; martelo e talhadeiras finas. Para colar fragmentos mais delica-dos dos fósseis utilizou-se cola instantânea multiuso a base de cianoacrilato. Para ofortalecimento dos fósseis e do sedimento, aplicou-se com pincel n� 10, Paraloid B72(metilmetacrilato) diluído em acetona.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A identificação dos fósseis do pavimento de conchas estudado revelou a predo-minância da espécie Australospirifer iheringi (Brachiopoda) e um único indivíduo deOrbiculoidea sp., componentes da parte da fauna marinha Devoniana do Paraná. Co-mumente encontrados na Formação Ponta Grossa, os braquiópodes da espécie Aus-tralospirifer iheringi, apresentavam duas valvas biconvexas articuladas em charneirareta e, em vida possuiam um pedículo muscular flexível para fixação do animal aosubstrato. Eram filtradores que se alimentavam por meio de uma estrutura interna

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oblonga composta por diversos tentáculos e um sulco com células ciliares, o lofóforo,que por sua vez era sustentado pelo braquídeo espiralado (FONSECA, 2004) típicodos Spiriferidae (Figura 3 C) e apresentavam comportamento gregário.

Figura 3: (A) Foto do pavimento de conchas estudado. (B) Detalhe dos indivíduos emposição de vida. (C) Detalhe do braquídeo espiralado no indivíduo à esquerda. Escala10 cm. Fotos: Eliseu V. Dias e Inaê A. Rochinski.

A peça (Figura 3 A) apresenta alta seletividade (predominância de uma única es-pécie), com indivíduos autóctones (sepultados no próprio ambiente), a maior parteobservada em posição de vida (Figura 3 B), o que indica um tipo de morte rápida,com baixo grau de perturbação. Após o soterramento final dos indivíduos houvepreenchimento das cavidades internas por sedimento, formando moldes internos das

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conchas e apenas um braquiópode contém a valva preservada.Interpreta-se que, a partir do momento que um evento geológico, tal como uma

corrente de turbidez os atingiu, estes organismos não tiveram tempo nem oportuni-dade de fuga, resultando na morte e soterramento imediato de cerca de quarenta ecinco indivíduos de A. iheringi, sendo preservados em sua posição de vida. As carac-terísticas tafonômicas descritas acima configuram um processo chamado de "depósitode sufocamento", também conhecido pelo termo em inglês obrution deposit.

CONCLUSÕES

Sendo o pavimento de conchas praticamente monoespecífico (Australospirifer ihe-ringi), com indivíduos preservados em posição de vida, conclui-se que se trata de umdepósito de sufocamento (obrution deposit) provavelmente ocasionado por uma cor-rente de turbidez relativamente veloz. A aglomeração de muitos indivíduos de A.iheringi corrobora o padrão de distribuição em agrupamentos destes braquiópodesSperiferidae.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BLAKEY, R. Global paleogeography. Mollewide Plate Tectonic Maps. The Early De-vonian World. Disponível em: <https://www2.nau.edu/rcb7/mollglobe.html>. Acesso em: 09 de agosto de 2014.

BOLZON, R. T.; AZEVEDO, I.; ASSINE, M. L. Sítio Jaguariaíva, PR: Invertebradosdevonianos de grande importância paleobiogeográfica. In: SCHOBBENHAUS, C.;CAMPOS, D. A. (Ed.). Sítios geológicos e paleontológicos do Brasil. Brasília - DF:SIGEP 65. DNPM-CPRM, 2002. p.33–37.

COHEN, K. M.; FINNEY, S. C.; GIBBARD, P. L.; FAN, J. X. The ICS - InternationalChronostratigraphic Chart. Episodes 36, p.199–204, 2013.

FONSECA, V. M. M. Braquiópodes. In: CARVALHO, I. S. (Ed.). Paleontologia. 2.ed.Rio de Janeiro - RJ: Interciência, 2004. p.651–672.

HOLZ, M.; FRANÇA, A. B.; SOUZA, P. A.; IANNUZZI, R.; ROHN, R. A stratigraphicchart of the Late Carboniferous/Permian succession of the eastern border of the

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Paraná Basin, Brazil, South America. Journal of South American Earth Sciences,v.29, p.381–399, 2010.

MENDES, J. C. Paleontologia básica. São Paulo - SP: Editora da Universidade de SãoPaulo, 1988. 347p.

MILANI, E. J. Evolução tectono-estratigráfica da Bacia do Paraná e seu relaciona-mento com a geodinâmica fanerozóica do Gonduana Sul-Ocidental. 1997. 225p.Tese de Doutorado — Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

SIMÕES, M. G.; KOWALEWSKI, M. Shell beds as paleoecological puzzles: a casestudy from the Upper Permian of the Paraná Basin, Brazil. Facies, v.38, p.176–196,1998.

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CAPÍTULO 12

SISTEMÁTICA E TAXONOMIA

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12.1 Estudo taxonômico das Cymbellales (Bacillariophy-ceae) no Parque Diva Paim Bart, Toledo – PR

Felipe Hoffmann1, Norma Catarina Bueno1, Margaret Seghetto Nardelli1 &Bartolomeu Tavares1

RESUMO: Diatomáceas da ordem Cymbelalles (D. G. Mann) são comumente encontradas em ambien-tes de águas continentais brasileiras, sendo caracterizadas por possuírem valvas frequentemente dorsi-ventrais. O estudo teve como objetivo realizar o levantamento das diatomáceas da ordem Cymbellales(Bacilariophyceae) em dois ambientes lênticos no parque Diva Paim Bart, município de Toledo, Paraná.Foram definidas cinco estações de coleta, sendo coletadas as diatomáceas fitoplanctônicas e perifíticasno intervalo entre março de 2011 a janeiro de 2012. Foram determinados nove táxons, sendo oito delesem nível específico e um táxon identificado em nível de gênero. O gênero Encyonema (Kutzing) tevemaior representatividade e maior abundância, com quatro espécies identificadas e 148 indivíduos con-tabilizados. Foram observadas espécies exclusivas aos dois ambientes. O lago Municipal apresentoumaior diversidade de espécies, demonstrando que a falta de vegetação ciliar não determina menor bi-odiversidade de diatomáceas da ordem estudada.

Palavras Chave: Taxonomia, Diatomáceas, Ambiente lêntico, Urbanizado, Cymbelalles.

INTRODUÇÃO

Cymbellales são abundantes em ambientes aquáticos continentais brasileiros, e po-dem ser encontradas desde condições ambientais prístinas até altamente impactan-tes. A ordem Cymbellales classificada de acordo com ROUND; CRAWFORD; MANN(2005) e MEDLIN; KACZMASKA (2004), está inserida na classe Bacillariophyceae,maior classe da divisão Bacillariophyta, atualmente é composta por quatro famílias e26 gêneros. As frústulas dessas algas apresentam formas muito diversificadas, com di-ferentes simetrias nos eixos apical e transapical (KEREMARREC et al., 2011). Podemser encontradas células coloniais ou solitárias, valvas frequentemente dorsiventral,mas também simetria bilateral, bem como isopolares ou heteropolares. Valvas rafí-deas, com estrias seriadas e bisseriadas, alveoladas ou não (ROUND; CRAWFORD;MANN, 2005).

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

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Dentre os trabalhos no Brasil que contribuíram significativamente para o conheci-mento das Cymbellales destacam-se: Moreira (1990) que estudou três estações de co-leta no rio Pirapós (município de Maringá, Paraná); LUDWIG (1996) que realizou umadas maiores contribuições ao conhecimento das Cymbellales, no estado de São Paulo,identificando 33 espécies dos gêneros Cymbella e Gomphonema e Marquardt (2014) queapresentou o levantamento da flora de Cymbellales do estado de São Paulo, com 130unidades amostrais coletadas de 75 municípios, identificando seis gêneros e um totalde 82 táxons.

Os trabalhos acima citados contribuem significativamente para o conhecimentoda diversidade de Cymbelalles brasileiras, porém, considerando-se a amplitude darede hidrográfica paranaense, ainda são necessários estudos para que o conhecimentoda biodiversidade e a localização geográfica desses organismos sejam expandidos(BRASSAC; LUDWIG, 2006). Diante do exposto, este estudo teve como objetivo re-alizar um inventário florístico das diatomáceas da ordem Cymbellales (Bacilariophy-ceae) no parque Diva Paim Bart, município de Toledo, Paraná, comparando as espéciesocorrentes no lago Municipal de Toledo e a sanga Panambi.

MATERIAIS E MÉTODOS

Área de estudo

A sanga Panambi abastece o lago Municipal de Toledo através de um sistema deescoamento por tubulação, sendo um dos principais afluentes do arroio Marreco, eeste, do rio Toledo. A sanga está localizada à montante da tubulação de escoamentoe foi caracterizada como área protegida, porque possui vegetação arbórea e arbustivachegando até a sua margem. O lago Municipal possui uma profundidade média apro-ximada de 1,80 m, máxima de 2,50 m e uma área estimada de 45.000 m2 (BRASSAC;LUDWIG, 2006); foi caracterizado como ambiente exposto, pois não possui vegetaçãoarbórea nem arbustiva em seu perímetro, apresentando apenas gramíneas. Foram de-finidas cinco estações de coleta, as quais estão dispostas da seguinte maneira: Estações1 e 2 localizadas na sanga Panambi (SP1 e SP2) e estações 3, 4 e 5 localizadas no lagoMunicipal de Toledo (LM3, LM4 e LM5).

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Análise das diatomáceas

As amostras foram coletadas no intervalo entre março de 2011 a janeiro de 2012,depositadas e registradas no herbário da Universidade Estadual do Oeste do Paraná– UNIOESTE, Campus Cascavel. As amostras planctônicas foram obtidas através dapassagem de frasco com capacidade para 500 mL na profundidade de 20 cm da su-perfície da água, e para as diatomáceas perifíticas foi realizada a raspagem de rochase da macrófita Salvinia auriculata (Aublet). As amostras de perifíton e fitoplânctonforam agrupadas, sendo em seguida fixadas em solução Transeau na proporção 1:1,de acordo com BICUDO; MENEZES (2006). A análise do material, após confecção delâminas permanentes, foi feita em microscópio óptico modelo Olympus BX60 com câ-mera de captura DP 71 acoplada. Foi realizada uma análise de ocorrência, conformeproposto por DAJOZ (2005). O enquadramento sistemático seguiu ROUND; CRAW-FORD; MANN (2005).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estudo taxonômico das diatomáceas Cymbelalles do parque Diva Paim Barth re-sultou na identificação de nove táxons, sendo oito deles em nível específico e um táxonidentificado em nível de gênero (tabela 1). Os táxons inventariados estão distribuídosem quatro gêneros (Cymbella Agardh, Cymbopleura (Krammer) Krammer, EncyonemaKutzing e Encyonopsis Krammer), pertencentes à família Cymbellaceae (Greville). Ogênero Encyonema teve maior representatividade e maior abundância, com quatro es-pécies identificadas e 148 indivíduos contabilizados.

Os táxons mais comuns na área estudada foram Cymbopleura naviculiformis, Encyo-nema neogracile, E. neomesianum e E. angustecapitatum, senco flassificados como fre-quentes (DAJOZ, 2005). Cymbella turgidula, Encyonopsis sp.1 e E. difficilis estiverampresentes em menos de 10% das amostras, sendo classificadas como táxons ocasio-nais.

Encyonopsis sp.1 é descrita em nível generico por possuir valvas lanceoladas comdorsiventralidade pouco pronunciada; extremidades sub-capitadas; esterno da rafelinear a estreitamente lanceolado; área central lanceolada; rafe filiforme; estrias leve-mente radiais. Eixo apical: 37,5-41,2 µm; eixo transapical: 8-8,9 µm; estrias dorsais: 8

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Tabela 1: Táxons identificados. SP (Sanga Panambi); LM (Lago Municipal); A. R.(Abundância Relativa).

Espécies encontradas Estações de coleta A.

SP1 PS2 LM1 LM2 LM3 R.

Cymbella turgidula Grunow x x x 3Cymbopleura naviculiformis (Auerswald) Krammer x x x x 25Encyonema neogracile Krammer x x x x 47Encyonema neomesianum Krammer x x x x x 47Encyonema silesiacum (Bleisch) Mann x x x x x 26Encyonema angustecapitatum Krammer x x x 28Encyonopsis difficilis (Krasske) Krammer x x 3Encyonopsis subminuta Krammer e E. Reichardt x x 8Encyonopsis sp.1 x x 6

em 10 µm; estrias ventrais: 7-8 em 10 µm. O táxon se assemelha à Encyonema angus-tecapitatum (Krammer), espécie já registrada em estudos no Estado do Paraná. Estadifere de Encyonopsis sp.1 por apresentar valores maiores tanto no eixo apical (17-24µm) como no transapical (4,1-5,1 µm). Além disso, E. angustecapitatum possui dorsi-ventralidade acentuada, diferindo de Encyonopsis sp.1, que é dorsiventralmente poucoacentuada.

Quatro espécies foram comuns aos dois ambientes em estudo, quatro foram ex-clusivas do lago Municipal e apenas uma exclusiva da sanga Panambi, demonstrandoque o ambiente exposto não determina uma menor diversidade de espécies. Conformeafirma Malabarba (2012), a maior incidência de luz e o carreamento de matéria orgâ-nica decorrentes da falta de vegetação ciliar podem permitem maior desenvolvimentodas espécies de diatomáceas no ambiente.

CONCLUSÕES

Ao comparar as diatomáceas Cymbelalles ocorrentes no lago Municipal de Toledo(ambiente exposto) e na sanga Panambi (ambiente protegido), foi verificado que aexposição à um ambiente urbanizado não teve influência negativa na biodiversidadedo ambiente. O estudo contribuiu para o melhor conhecimento das espécies da ordemCymbelalles e a sua distribuição geográfica no estado do Paraná.

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AGRDECIMENTOS

À Universidade Estadual do Oeste do Paraná pela bolsa de iniciação científica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BICUDO, C.; MENEZES, M. Gêneros de algas de águas continentais do Brasil:(chave para identificação e descrições). São Carlos: RiMa, 2006. 489p.

BRASSAC, N. M.; LUDWIG, T. A. V. Diatomáceas de rios da bacia do rio Iguaçu,Paraná, Brasil: Pinnularia e Caloneis. Hoehnea, v.33, n.2, p.127–142, 2006.

DAJOZ, R. Princípios de ecologia. Porto Alegre - RS: Artmed, 2005. 320p.

KEREMARREC, L.; ECTOR, L.; BOUCHEZ, A.; RIMET, F.; HOFFMANN, L. A preli-minary phylogenetic analysis of Cymbellales based on 18S rDNA gene sequencing.Diatom Research, v.26, n.3, p.305–315, 2011.

LUDWIG, T. A. Levantamento florístico das diatomáceas (Bacillariophyceae) dos gê-neros Cymbella e Gomphonema do Estado de São Paulo. 1996. 236p. Tese de Dou-torado — Universidade Estadual Paulista.

MEDLIN, L. K.; KACZMASKA, I. Evolution of diatoms: V. Morphological and cyto-logical support for the majos clades and a taxonomic revision. Phycologia, v.43, n.3,p.245–270, 2004.

ROUND, F. E.; CRAWFORD, R. M.; MANN, D. G. The diatoms: biology and morpho-logy of the genera. Cambridge - US: Cambridge University Press, 2005. 747p.

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12.2 Bacillariophyceae: taxonomia e dinâmica do gêneroCocconeis Ehrenberg, no Rio Iguaçu, Paraná, Brasil

Margaret Seghetto Nardelli1, Norma Catarina Bueno1, Priscila Izabel Tremarin1 &Thelma Alvim Veiga Ludwig2

RESUMO: Diatomáceas do gênero Cocconeis são heterovalvares, possuem uma das valvas com externosem rafe, e outra com externo-rafe, característica padrão deste gênero. Para este estudo foram anali-sadas espécies encontradas do gênero Cocconeis durante o período de setembro de 2010 a setembro de2011, em duas estações de coleta no rio Iguaçu, correlacionado com as condições hidrológicas. Foramencontrados seis táxons: C. placentula var. placentula, C. placentula var. euglypta, C. placentula var. lineata,C. placentula var. acuta, C. fluviatilis, Cocconeis sp1. Cocconeis placentula var. lineata foi a que apresentou asmaiores densidades. Mesmo sendo um gênero perifítico, Cocconeis apresentou grande abundância noplâncton, especialmente em meses de baixos níveis de pluviosidade. Esta decorrencia pode ser compro-vada, neste período, por apresentar maior área para a colonização na zona fótica, e ainda a influência dacorrenteza, mesmo com menor intensidade, ainda é um fator importante, causando a remoção destasalgas do substrato.

Palavras Chave: Diatomáceas, Ecologia, Taxonomia.

INTRODUÇÃO

Em seu livro, EHRENBERG (1838) descreveu o gênero Cocconeis em latim e fran-cês, e ofereceu uma grande quantidade de informações sobre a morfologia, hábito ehabitat desta diatomácea monorafidea. Pelo hábito de desenvolvimento, anexada aosubstrato, e pelo formato de escudo, Ehrenberg nomeou o gênero baseado em um in-seto Coccus L. (cochonilhas). Também em pesquisas sobre a taxonomia, GREGORY(1855) contribuiu amplamente para o conhecimento do gênero Cocconeis Ehrenberg,descrevendo várias espécies novas para a ciência.

Da classe Bacillariophyceae, o gênero Cocconeis é cosmopolita, encontrado de águasdoce à marinha. Células perifíticas individuais, que vivem aderidas a vários substra-tos, outras algas, plantas ou animais aquáticos (ROUND; CRAWFORD; MANN, 2005).As células são por vezes encontradas no plâncton, geralmente, como resultado de ter

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

2Universidade Federal do Paraná

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sido fisicamente separada de seu substrato, pela dinâmica do ambiente (PATRICK;REIMER, 1966). São diatomáceas heterovalvares, com uma das valvas apresentandouma rafe-esterno e a outra apenas um esterno sem rafe (rapheless). Valvas são rasasem vista do cíngulo (vista pleural), de modo que as células se encontram quase sem-pre em vista valvar (ROUND; CRAWFORD; MANN, 2005). As estrias da valva comrafe são, geralmente, puntiformes e em ambas as valvas tendem a se tornar mais oumenos, e distintamente, radiadas para as extremidades. A valva com rafe é menosconvexa que a valva sem rafe.

As diatomáceas há muito tempo vem sendo alvo de pesquisas devido a sua sen-sibilidade a eutrofização, refletindo de forma integrada várias condições ambientais.Um dos sucessos ecológico das diatomáceas perante as outras algas é a sua capaci-dade para reagir às alterações ambientais, podendo controlar a flexibilidade das ca-racterísticas morfológicas das suas frústulas. Um exemplo é que as diatomáceas po-dem absorver quantidade similares de nutrientes em difentes níveis de salinidade doambiente. LETERME et al. (2010) verificaram que a diminuição da camada difusora,compensada pelas alterações no tamanho dos poros, aumenta sua competitividadeecológica em ambientes flutuantes em relação a outras algas. Por exemplo, a espécieCocconeis placentula Ehrenberg foi observada com uma redução no tamanho dos poroscom a diminuição da salinidade e este processo varia com a flutuação dos níveis desalinidade.

Neste artigo, apresentamos um fragmento da pesquisa de diatomáceas encontra-das no plâncton do rio Iguaçu, analisando a dinâmica e a taxonomia das espéciesencontradas do gênero Cocconeis em duas estações de coleta do rio Iguaçu, e correlaci-onando com as condições hidrológicas, com o aumento ou a redução do fluxo fluvial.

MATERIAIS E MÉTODOS

O rio Iguaçu é o maior rio do complexo hídrico do Paraná (Bacia do Iguaçu, 70.800km2) apresentando 1.275 km de comprimento desde sua nascente na serra do mar atéa foz no rio Paraná (PARANÁ, 2010). A precipitação média anual sobre a bacia do rioIguaçu é da ordem de 1.500 mm/ano. Foram selecionadas duas estações de coleta noBaixo rio Iguaçu:

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• Estação 1 (E1): localizado a montante das cataratas, entre as coordenadas 25�39’Se 54�25’W. Possui largura de 1.200 m e velocidade média 0,42 m.s�1. O nível deprofundidade varia de 0,90 m a 4,62 m nos meses de maior vazão.

• Estação 2 (E2): localizado a jusante das cataratas, entre as coordenadas 25�38’S e54�27’W. Largura média de 69,89 m e velocidade média de 6,8 m.s�1. O nível deprofundidade varia de 4,62 m a 27,46 m nos meses de maior vazão.

As coletas foram mensais entre set/2010 a set/2011, acondicionadas em frascos efixadas com solução de Transeau (Bicudo e Menezes, 2006). As amostras foram oxi-dadas (MOREIRA-FILHO; VALENTE-MOREIRA, 1981), para confecção de lâminasmontadas com Naphrax®. A observação dos espécimes foi realizada em microscópioóptico binocular Olympus®BX60 com câmera de captura DP71. O enquadramentosistemático seguiu a obra de ROUND; CRAWFORD; MANN (2005). Para todos ostáxons foram providenciados dados de dimensão (EA: Eixo apical; ET: eixo transapi-cal; E: estrias; A: aréolas). Para a análise da precipitação foram usados dados semanaisacumulados anteriores a coleta, fornecidos pelo Instituto Meteorológico do Paraná (Si-mepar/Curitiba), sendo este o período que interfere na população (Patrick e Reimer,1966). As amostras estão depositadas no Herbário da Universidade Estadual do Oestedo Paraná (UNOP) - Campus Cascavel (Tabela 1).

Tabela 1: Data de coleta de setembro de 2010 a setembro de 2011, número do UNOP(número do registro no Herbário da Universidade do Oeste do Paraná), estação 1 (ju-sante das Cataratas do rio Iguaçu) e estação 2 (montante das Cataratas do rio Iguaçu)Coletores: Margaret S. Nardelli e Norma C. Bueno.

Data de coleta Estação 1 Estação 2 Data de coleta Estação 1 Estação 2UNOP UNOP UNOP UNOP

15/IX/2010 3159 3154 27/IV/2011 3606 360119/X/2010 3225 3213 31/V/2011 3680 367022/XII/2010 3342 3338 29/VI/2011 3714 370926/I/2011 3412 3408 28/VII/2011 3758 375323/II/2011 3471 3467 24/VIII/2011 3779 377523/III/2011 3536 3534 28/IX/2011 3788 3784

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Tabela 2: Espécie (táxons encontradas nas duas estações do rio Iguaçu), dimensão(dados de eixo apical (EA), eixo transapical (ET), número de estrias (E) e aréolas (A) em10 µm) e frequência da espécie relacionada ao UNOP (número do registro no herbárioda Universidade do Oeste do Paraná).

Espécie Dimensões (µm) estrias earéolas (10 µm)

UNOP

C. fluviatilis Wallace EA: 27,2 - 34,8; ET: 15,6 - 20,5:E: 9 - 11; A: 7

3534; 3606; 3680;3714; 3753; 3759

C. placentula var.placentula, Ehrenberg

EA:30 - 49:; ET: 17 - 21,8; E:17- 20; A: 10 - 13

3154; 3213; 3225;3338; 3342; 3408;3412; 3534; 3536;3601; 3606; 3670;3709; 3714; 3753; 3758

C. placentula var. acutaMeister

EA: 36,9 - 61,1; ET: 20.2 -32,6; E: 11 - 14; A: 4 - 6 (7)

3154; 3159; 3213;3338; 3342; 3408;3471; 3534; 3601;3709; 3714; 3753;3758; 3775; 3779; 3784

C. placentula var. euglyptaEhrenberg

EA: 12 - 22; ET: 8 - 14; E:18 -19; A:10 - 11 3342; 3606; 3753

C. placentula var. lineata(Ehrenberg) Van Heurck

EA: 24 - 39; ET: 14 - 23,7; E: 18- 19; A: 12 - 14

3154; 3159; 3213;3225; 3338; 3342;3408; 3412; 3467;3534; 3536; 3601;3606; 3670; 3680;3709; 3714; 3758

Cocconeis sp1. EA: 44,4; ET: 25,3; E: 14 3534

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram encontrados e analisados seis táxons de Cocconeis: C. fluviatilis, C. placentulavar. placentula, C. placentula var. acuta, C. placentula var. euglypta, C. placentula var.lineata e Cocconeis sp1 (Tabela 2). C. placentula var. lineata foi frequente na maioriados meses, mas apresentou as maiores densidades nos meses de março e maio/11,sendo estes os registros de menor pluviosidade e período de elevada transparênciapela baixa ocorrência de chuvas. Os dados de precipitação pluvial revelaram queos mais altos valores de precipitação ocorreram no mês de agosto e setembro e osmenores em outubro/10, março e maio/11 (Figura 1).

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

140,0

Set/10

Out/10

Dez/10

Jan/11

Fev/11

Mar/11

Abr/11

Mai/11

Jun/11

Jul/11

Ago/11

Set/11

Prec

ipita

ção

(mm

)

Semanal

Figura 1: Variação acumulada de precipitação pluviométrica semanal, registrado nomunicípio de Foz do Iguaçu.

CONCLUSÕES

Mesmo sendo um gênero perifítico, Cocconeis foi encontrado em grande abundân-cia no plâncton, especialmente em meses de baixos níveis de pluviosidade.

Tal situação pode ter decorrência da região do entorno das estações, pela baixa dorio, maior transparência, apresentando mais substrato na zona fótica e maior área paraa colonização (Pratrick e Reimer, 1966). E ainda a influência da correnteza, mesmo commenor intensidade, ainda é um fator importante, causando a remoção destas algas do

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substrato (RIMET; BOUCHEZ, 2012). Como visto também por PATRICK; REIMER(1966), particularidades naturais de ambientes lóticos, como características físicas, sãoestruturadores da comunidade potamoplanctônica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EHRENBERG, C. G. Die Infusionsthierchen als vollkommene organismen. Einblick in das tiefere organische leben der natur. Leipzig - Germany: Akademie derWissenschaften, 1838. 548p.

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MOREIRA-FILHO, H.; VALENTE-MOREIRA, I. M. Avaliação taxonômica e ecológicadas diatomáceas (Bacillariophyceae) epífitas em algas pluricelulares obtidas nos li-torais dos Estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Boletim do Museu Botâ-nico Municipal, v.47, p.1–17, 1981.

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RIMET, F.; BOUCHEZ, A. Life-forms, cell-sizes and ecological guilds of diatoms inEuropean rivers. Aquatic Ecosystems, v.406, p.1–12, 2012.

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CAPÍTULO 13

ZOOLOGIA

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13.1 Análise do comportamento animal do Gato-mourisco(Puma yagouaroundi) no zoológico Parque MunicipalDanilo Galafassi no municipio de Cascavel - PR

Antero Lopes Rodrigues Martins de Araujo1, Hallisson Thiago Dias de Freitas 1

Joicimari Teixeira1, Ellen Carolina Zawoski Gomes1 & Carlos Eduardo Alessio1

RESUMO: A ação antrópica influência diretamente na degradação de habitats naturais, com isso osZoológicos têm assumido a responsabilidade de abrigar esses animais selvagens e ainda a importantetarefa de aproximar o seu cativeiro o mais próximo possível de sua habitualidade, porém, devido àscondições de confinamento, os animais acabam alterando seus comportamentos para que haja melhoradaptação ao ambiente artificial. Diante isso, a obrigatoriedade de adaptação implica aos animais odesenvolvimento de comportamentos estereotipados, o que torna necessário a elaboração de um eto-grama, a fim de analisar e providenciar medidas de enriquecimento ambiental ao cativeiro. Objetiva-secom este estudo observar o comportamento do Gato-Mourisco (Puma yagouaroundi) residente de umZoológico localizado em Cascavel – PR, e quantificar os atos comportamentais considerados anormais,com a finalidade de melhorias em cativeiro, preocupando-se inteiramente com a saúde e bem estar ani-mal.

Palavras Chave: Comportamento animal, Etograma, Cativeiro, Gato-mourisco.

INTRODUÇÃO

A degradação dos habitats naturais é o problema que os animais selvagens têmenfrentado nos dias atuais, com isso, os zoológicos têm ganhado um destaque porser a última forma de abrigo e também a possibilidade de desenvolver programas dereprodução e reintrodução. A realização de um estudo de comportamento animal emambientes artificiais torna-se necessário devido as condições restritas de um recintoinfluenciar diretamente em seu comportamento para a sobrevivência em vida cativa(PEIXOTO, 1998).

No Brasil conhecido como gato-mourisco, o Puma yagouaroundi é um felino encon-trado desde o sul dos Estados Unidos (muito raro) e se estende até uma região centralda Argentina, seu habitat é variado, pode ser encontrado em florestas arbustivas aber-tas ou até em florestas de dossel fechado e possui hábitos solitários e diurnos crepus-

1Fundação Assis Gurgacze-mail: [email protected]

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culares. Sua alimentação baseia-se em mamíferos de pequeno porte, aves terrestres erepteis, podendo até alimentar-se de animais de porte superior a 1kg (TOFOLI; ROHE;SETZ, 2009).

Sua coloração varia do preto ou castanho escuro ao avermelhado, os indivíduosque possuem uma coloração mais escura estão comumente relacionados as cores dafloresta enquanto os mais claros se encontram em ambientes mais secos. Tem como ca-racterísticas morfológicas um corpo delgado e alongado, cabeça pequena e achatada eorelhas arredondadas, pernas curtas porem a calda é bem alongada. Para União Inter-nacional para a Conservação da Natureza (IUCN) o Puma yagouaroundi e classificadocomo "pouco preocupante"porem a destruição de hábitats se torna a principal causade ameaça (CASO et al., 2008).

O animal estudado se encontra em ex-situ e em exposição ao público no Zoológico -Parque Municipal Danilo Galafassi localizado no município de Cascavel - PR onde foirealizado a confecção de um etograma para fins de análise do comportamento animal.

Objetiva-se com este estudo realizar a confecção de um etograma para fins de aná-lise comportamental do Puma yagouaroundi a fim de identificar comportamentos este-reotipados ou anormais.

MATERIAIS E MÉTODOS

Para a realização do etograma utiliza-se técnicas de observação, de modo que oanimal não perceba a presença do observador. Os comportamentos são registrados ea partir destes, confeccionar uma tabela com os dados apurados.

Recinto

O recinto que o animal se encontra no Zoológico – Parque Municipal Danilo Ga-lafassi localizado no município de Cascavel – PR, possui aproximadamente 18 m2, écomposto por uma área em aberto, contendo caixa de areia, um local destinado parauma pequena vegetação, uma piscina no centro e 5 troncos de madeira para estimularo animal a caminhar.

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Observação do Animal

Para a confecção do etograma foi utilizado o método "todas as ocorrências (ad libi-tum), em 4 dias diferentes com o intervalo de 1 hora de observação totalizando 4 horasde observação nos meses de março e abril de 2014.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram registrados um total de 14 eventos comportamentais os quais são divididosnas seguintes categorias: Alimentação, estereotipia, manutenção, vocalizar, marca-ção/limpeza, exploração, locomoção e descanso, como relacionados na tabela (Tabela1).

Tabela 1: Análise Comportamental.

Ato comportamental Data observação22/Fev 15/Mar 17/Mar 03/Abr TOTAL

AlimentaçãoComer (CM) 0 0 0 1 1Beber (BB) 0 0 0 1 1EstereotipiaPacing (PC) 9 4 3 119 135ManutençãoTossir (TO) 3 0 1 0 4VocalizarEsturar (ES) 0 0 0 43 43Marcação e limpezaLamber (LA) 4 5 1 0 10Espojar-se (EJ) 0 0 0 1 1ExploraçãoFarejar (FA) 0 2 0 0 2LocomoçãoAndar (AN) 3 3 1 18 25Escalar (EC) 5 3 0 0 8Pular (PU) 0 2 0 2 4DescansoEstar deitado (DE) 3 5 3 2 13Estar sentado (SE) 0 2 2 0 4

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CONCLUSÕES

Justificam-se dados mais significativos no dia 03 de abril de 2014 pelo fato do ani-mal estar esperando seu alimento onde reage com um comportamento mais agitadoem relação aos outros dias.

Foi possível constatar a partir do processo de observação, onde foi notado bastantebarulho consequente do recinto estar próximo a uma construção e também a uma ruacom bastante fluxo de carros. Outra influência é o tamanho do recinto por ser umanimal com hábitos de caminhada torna-se inviável a locação do indivíduo nesse es-paço e ainda está sendo dividido com uma piscina e uma região de vegetação e sendoesses podendo gerar algum comportamento estereotipado do animal, porém o tempode observação foi muito curto onde não é possível concluir se realmente esses fatoresinfluenciam diretamente no comportamento do animal, mas servem de indicadoresque ressaltam a importância dessa pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASO, A.; LOPEZ-GONZALEZ, C.; PAYAN, E.; EIZIRIK, E.; DE OLIVEIRA, T.;LEITE-PITMAN, R.; KELLY, M.; VALDERRAMA, C. Puma yagouaroundi. IUCNRed List of Threatened Species. Disponível em: <http://www.iucnredlist.org/details/9948/0>. Acesso em: 10 de julho de 2014.

PEIXOTO, K. E. V. S. Comportamento social dos Quatis (Nasua nasua, Procyonidae).1998. Dissertação de Mestrado — Universidade Federal da Paraíba.

TOFOLI, C. F.; ROHE, F.; SETZ, E. Z. F. Jaguarundi (Puma yagouaroundi) (Geoffroy,1803) (Carnivora, Felidae) food habits in a mosaic of Atlantic Rainforest and eu-calypt plantations of southeastern Brazil. Brazilian Journal of Biology, v.69, p.873–877, 2009.

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13.2 Identificação dos fatores de risco que promovem a sin-drome ascítica em frangos de corte

Luana Caroline Wagner1 & Ana Tereza Bittencourt Guimarães1

RESUMO: A demanda de consumo da carne de frango fez com que o Brasil investisse em tecnologiaspara aumentar a produtividade e o bem estar animal. Quando as aves não se encontram nas condiçõesadequadas de conforto podem vir a desenvolver doenças. O objetivo deste trabalho foi identificar asvariáveis que influenciam no desenvolvimento da síndrome ascítica em frangos de corte. Esta pesquisafoi realizada por meio de dados de cultivo de aves obtidos em um aviário localizado em Cascavel-PR,durante o período de 2005 a 2013. Variáveis ambientais e ocorrência de casos de ascite foram tabuladaspara posterior aplicação de modelo de regressão logística. Foi possível identificar que as variáveis demaior influência sobre a doença estudada foram a umidade máxima, temperatura máxima e mínima.Verifica-se, portanto, que a variação destes fatores afeta diretamente o conforto térmico das aves, o queindiretamente aumenta a probabilidade de ocorrer a ascite.

Palavras Chave: Ascite, Regressão logística, Fatores ambientais.

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, o Brasil passou a investir na avicultura em função da grandeprocura de carne de frango pelo consumidor, levando o país a ser um grande expor-tador desta carne. Segundo PONCIANO et al. (2001), a adequação das instalações,controle da temperatura e melhorias no ambiente foram avanços alcançados recente-mente na avicultura brasileira, resultando em aumento da produtividade por meio dobem-estar animal.

A partir destas investigações, verificou-se que os animais quando expostos a umafaixa de conforto térmico passam a expressar melhor suas características. Esta zona deconforto térmico é dependente de fatores ligados diretamente ao animal, como peso,idade, densidade, alimentação, a própria genética e outros fatores ligados ao ambientecomo umidade, temperatura, ventos e o próprio local de alojamento (BRIDI, 2006;FURLAN, 2006). Em relação as variações abruptas da temperatura podem resultarem alterações do metabolismo da ave, aumentando a incidência de doenças como aSíndrome Ascítica, ou ascite (barriga da água).

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

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Existem muitos fatores que podem influenciar ao longo dessa cadeia produtiva eo advento da modelagem computacional auxilia na tomada de decisões, pois buscatransformar os conceitos e os conhecimentos existentes na área em equações matemá-ticas, tentando com isso simular situações reais com auxilio da computação (RON-DóN; MURAKAMI; SAKAGUTI, 2002).

Diante de tal fato, verifica-se que a modelagem matemática computacional pos-sibilita a análise do efeito das variáveis ambientais sobre a ocorrência de doenças edeformidades nos frangos. Neste sentido este trabalho tem como objetivo avaliar, emprodução de frango, quais variáveis influenciam sobre a ocorrência da síndrome ascí-tica.

MATERIAIS E MÉTODOS

A realização do presente estudo foi aprovada pelo Comitê de Ética no Uso de Ani-mais – CEUA/Unioeste. As informações para o estudo foram obtidas de um aviáriolocalizado na área rural de Cascavel-Paraná, sendo tal base de dados oriunda do pe-ríodo de cultivo de janeiro de 2005 a dezembro de 2013. Esta coleta de dados nãoprejudicou o bem estar dos animais, pois eles não foram submetidos a nenhum tipode experimentação ao longo deste período.

As variáveis tabuladas foram subdividas em ciclos de produção (lotes), sendo queem média cada ano apresentava seis lotes, totalizando um n amostral equivalente a 54lotes. As variáveis estão listadas a seguir:

• peso médio inicial e densidade no momento de chegada dos animais ao aviário;

• coletas diárias de informações de temperaturas mínima e máxima;

• umidades mínima e máxima;

• pesos dos frangos ao longo das semanas;

• idade que os frangos foram abatidos.

Após os dados estarem tabulados, as variáveis foram analisadas por meio da re-gressão logística. De acordo com HAIR et al. (2009), este tipo de análise explica variá-veis que são categóricas e tem a vantagem de serem menos afetadas quando a variável

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em estudo não está em normalidade. Neste trabalho, a ocorrência de casos da Sín-drome Ascítica no lote foi classificada como a variável dependente do tipo dicotômica(0 – não ocorrência/1 – ocorrência de casos) e as demais variáveis foram classificadascomo variáveis quantitativas explicativas. Ao final do ajuste, foi calculada a sensibili-dade (proporção de verdadeiros positivos) e especificidade (proporção de verdadeirosnegativos).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Quanto aos dados obtidos, foi possível identificar um modelo ajustado significa-tivo (r� = 0, 302;AIC = 65, 97; p = 0, 003) a partir das variáveis explicativas Tempe-ratura mínima média, Temperatura máxima média e Umidade máxima média. Comeste modelo verificou-se que temperaturas mínimas médias mais elevadas ao longoda criação promovem um aumento de 2,237 vezes mais risco de ocorrer a ascite nasaves (OR = 2, 237; IC95%1, 186˘4, 222). Já ao observar a temperatura máxima média,pode-se perceber que quando esta diminui a probabilidade da doença vir a aconteceré de 1,782 vezes maior (OR = 0, 561; IC95%0, 290˘1, 082). Outra variável de importân-cia que pode vir a influenciar é a umidade máxima do ar, sendo que quando esta seeleva os frangos possuem 1,146 vezes mais chances de apresentarem síndrome ascítica(OR = 1, 146; IC95%1, 021˘1, 287) (Tabela 1).

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XX

IIISemana

Acadêm

icade

Biologia,Cascavel,PR

,2014

Tabela 1: Parâmetros da regressão logística. Avaliação das variáveis ambientais sobre a ocorrência de síndromeascítica em frangos de corte.

Parâmetros Valor Qui-quadrado Pr > Razão de Razão de Odds Razão de Oddsde Wald �2 Odds Limite inf. (95%) Limite sup. (95%)

Intercepto -13,051 1,912 0,167 - - -T�C mín 0,805 6,176 0,013 2,237 1,186 4,222T�C máx -0,579 2,974 0,085 0,561 0,290 1,082Umidade máx 0,136 5,310 0,021 1,146 1,021 1,287

0"

0,1"

0,2"

0,3"

0,4"

0,5"

0,6"

0,7"

0,8"

0,9"

1"

0" 0,2" 0,4" 0,6" 0,8" 1"

Sensibilidade

"

1"6"Especificidade"

Figura 1: Curva ROC do modelo ajustado de ocorrência de Síndrome Ascítica em frangos de corte em função devariáveis ambientais. Ponto de corte entre sensibilidade e especificidade (linha vermelha). A explicabilidade domodelo ajustado se dá pela área abaixo da curva (AUC) delimitada pela linha azul.

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O presente modelo apresentou especificidade de 89,19%, contudo sensibilidade de36,84%. Isso significa que este ajuste é melhor aplicado para predizer situações paranão ocorrer o desenvolvimento da Síndrome Ascítica em aves, tendo uma explicabili-dade de 77,2% (AUC = 0, 772) (Figura 1).

Com esses dados podemos observar que a Síndrome Ascítica apresenta maior riscoquando os frangos não estão na faixa de conforto térmico. Segundo BRITO; CARRER;VIANA (2010), a ascite ocorre quando se tem fatores que direta ou indiretamente afe-tam o suprimento de oxigênio para as aves.

Diante de tal fato, verifica-se que as aves quando são submetidas ao estresse tér-mico e necessitam produzir calor (e.g. em temperaturas mínimas mais baixas) ou per-der calor (e.g. temperaturas máximas mais elevadas), acabam utilizando o oxigêniocomo uma demanda energética. Durante este processo de termoregulação, situaçõesem que a umidade está muito elevada dificultam as aves a perderem calor por eva-poração durante a respiração. Um dos mecanismos utilizados, portanto, é diminuir aprodução de calor, e para isso, diminuem o metabolismo e consequentemente o con-sumo de oxigênio (BRIDI, 2006).

Esta estratégia utilizada em consequência a um desconforto térmico e elevada umi-dade, faz com que o sistema metabólico das aves detecte que o nível de oxigênio estáinadequado. Diante da baixa taxa de oxigênio, a ave utiliza mecanismos para ade-quar a oxigenação, elevando a frequência cardíaca, o fluxo sanguíneo e a hipertensãopulmonar. Porém, esses mecanismos promovem o aumento da pressão sanguínea noventrículo direito, fazendo com que parte do sangue venoso que sai do coração voltepara o corpo, e o fluxo sanguíneo seja interrompido, prejudicando principalmente osistema porta-hepático. A alteração do fluxo no sistema porta-hepática leva a perda delíquidos para a região abdominal, causando assim os sintomas da Síndrome Ascítica(BRITO; CARRER; VIANA, 2010).

Atualmente os frangos cultivados são oriundos de melhoramentos genéticos, quepossibilitam a ave uma maior taxa metabólica, e, portanto, um crescimento mais rá-pido. Contudo, um crescimento muscular acelerado, não garante total amadureci-mento dos demais sistemas corporais. Diante de tal fato, estas aves são mais suscetí-veis ao desenvolvimento da Síndrome Ascítica (BRITO; CARRER; VIANA, 2010).

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CONCLUSÕES

Muitas vezes técnicos avícolas mencionam que a ocorrência da doença se dá sim-plesmente por descuido do produtor, não relatando que esta tem maior chance deocorrer nas linhagens de ’frangos pesados, ou seja, aqueles com melhoramento gené-tico. A identificação de fatores que aumentam o risco do desenvolvimento da ascite ea divulgação adequada das informações se torna de extrema importância para o avi-cultor. Desta forma, o avicultor tendo este conhecimento, cuidará da variação de taisfatores independentemente da vistoria do técnico avícola, minimizando as perdas, egarantindo o máximo de lucro.

Agradecimentos

Agradecemos a Selson Inácio Wagner pelo fornecimento dos dados e auxílio nainterpretação dos resultados.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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13.3 Pressão de predação de sementes de Araucaria angus-tifolia por Sapajus nigritus (Goldfuss, 1809) (Prima-tes, Cebidae) em ambiente florestal fragmentadoLuana Pagno1, José Flávio Cândido Júnior 1 & Carlos Rodrigo Brocardo12

RESUMO: Os macacos-prego exploram habitats diversos e possuem dieta generalista, o que faz comque sejam considerados animais "problema". Em épocas de escassez de frutos, ocorre um aumento noconsumo de recursos alternativos por eles indicando haver adaptações comportamentais e ecológicas.Em Cascavel, PR, foi registrado o consumo de sementes verdes de Araucaria angustifolia por Sapajusnigritus e buscou-se quantificar essa predação pré-dispersão de sementes, e assim entender melhor oimpacto deste primata na regeneração florestal. Na realização do estudo, os pinheiros fêmeas produ-tivos foram marcados e registrada a quantidade de pinhas que cada um possuía em sua copa (0 a 20),e ao longo do ano, foi acompanhado quantas pinhas os macacos predavam. Foram marcados 31 pi-nheiros e registradas 88 pinhas predadas de um total de 155 pinhas. O teste do qui-quadrado mostrouque houve diferença de eventos de predação entre as estações, demonstrando que podem influenciarnegativamente no recrutamento florestal através da predação pré-dispersão de sementes.

Palavras Chave: Sapajus nigritus, Macacos-prego, Predação, Pré-dispersão.

INTRODUÇÃO

A ocupação e alteração de habitats naturais por populações humanas têm causadoperda de biodiversidade (HANSEN; DEFRIES; TURNER, 2004), embora determina-das espécies aparentemente se beneficiem das interferências provocadas pelas ativida-des antrópicas IAP - Instituto Ambiental do Paraná (2009). Dentre essas espécies estáSapajus nigritus (Goldfuss, 1809) (Primates, Cebidae) popularmente conhecido comomacaco-prego, o qual se adapta facilmente a ambientes alterados pelo homem (RO-CHA, 2000).

Os macacos-prego exploram habitats diversos e possuem dieta onívora (LUDWIG;AGUIAR; ROCHA, 2005). Aliada a essa dieta generalista e ao seu alto poder de adap-tação, Sapajus nigritus é uma espécie considerada "problema"(ROCHA, 2000). Em épo-cas de escassez de frutos, ocorre um aumento no consumo de recursos alternativos

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

2Universidade Estadual Paulista

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provenientes de plantações localizadas no entorno dos fragmentos florestais por S. ni-gritus, que variam desde o milho, raízes de mandioca à seiva de Pinus spp., indicandohaver adaptações comportamentais e ecológicas (ROCHA, 2000; SANTOS et al., 2007).

Na cidade de Cascavel, PR, foi registrado o consumo de sementes verdes de Arau-caria angustifolia por Sapajus nigritus e então buscou-se quantificar a predação pré-dispersão de sementes (pinhões) da Araucaria angustifolia causada por Sapajus nigritus,e assim entender melhor o impacto deste primata na regeneração florestal.

MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo foi realizado no Parque Municipal Danilo Galafassi (PMDG), localizadono perímetro urbano do município de Cascavel, PR, com uma área de 17,91 ha CAS-CAVEL (2014) de Floresta Ombrófila Mista. O PMDG tem conexão funcional comoutro fragmento de mata, o Parque Ecológico Paulo Gorski (PEPG).

As observações foram iniciadas no final de março de 2013 e prosseguiram até finalde março de 2014. Inicialmente, foram marcados os pinheiros fêmeas produtivos (totalde 31 pinheiros) para verificar se o consumo pelos macacos estava ocorrendo em todoseles. Foi realizado o registro sobre a quantidade de pinhas que cada árvore possuíaem sua copa, o que variou de 0 a 20. Afim de padronização de termo foi consideradapredação todos os eventos de consumo e/ou derrubada de pinhas. Usou-se o testequi-quadrado para verificar se a frequência de predação difere entre as estações doano.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao todo, foram 71 dias de saídas de campo, totalizando 150 horas de observações.Os macacos-prego foram observados durante 21 horas, nas quais em 03h35min foramregistrados o consumo de pinhões. No maior grupo de macacos observado registrou-se 34 indivíduos. Foram contabilizadas 88 pinhas predadas e não foi registrada a pre-sença pinhas maduras, sendo o consumo pelos macacos somente de pinhões verdes.Quanto maior foi o numero de pinhas na copa dos pinheiros, maior foi o número depinhas predadas. Ao final dos eventos de consumo, restou-se a parte distal do pinhãoque foi consumido, e a pinha verde, praticamente inteira no chão, que não poderá ser

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dispersa, visto que os pinhões não estão maduros para germinação. Considerando onúmero de pinhas totais contabilizadas (n = 155), o impacto da predação dos macacos-prego foi de 56,77% sobre a capacidade reprodutiva dos pinheiros.

Aparentemente, os macacos predam as sementes antes da maturação provavel-mente pela baixa disponibilidade de pinhões maduros e falta de outros recursos dis-poníveis no ambiente, sobretudo no período do inverno (VIEIRA; IOB, 2009). Ade-mais, na área estudada, como se trata de um fragmento, é provável que ao longode todo ano haja pouca oferta de frutos TABARELLI; MANTOVANI; PERES (1999);CHIARELLO (1999). Mesmo o recurso alimentar proveniente dos pinheiros pode serconsiderado baixo. O número médio de pinhas/pinheiro contadas nesse estudo (5 pm

5,06) é inferior ao encontrado por Mantovani et al. (2004), que obtiveram em média 13pm 7,6 e 19 pm 9,4 pinhas/pinheiro, respectivamente para os anos de 2001 e 2002, noParque Estadual Campos do Jordão (SP).

Existem poucos estudos avaliando diretamente os efeitos da predação de sementespor Cebidae, sendo este o primeiro trabalho que avalia essa interação com o pinheiro-do-paraná, o que acaba limitando a comparação com outros casos. Na Amazônia, oimpacto da predação de sementes exercida por macacos-prego (I) sobre Cariniana mi-crantha pode prejudicar até 99,6% do potencial reprodutivo da espécie (PERES, 1991).

Na área de estudo, intervenções podem ser necessárias para se garantir a regene-ração do pinheiro-do-paraná, como a coleta de sementes para produção e posteriortransplantes de mudas na área. Com relação aos macacos-prego é necessária a re-alização de um estudo para saber se os parques possuem recursos suficientes paramantê-los e, talvez, seja necessário o manejo destes primatas.

Pode-se verificar que o papel ecológico de macacos-prego vai além da dispersãode sementes (influência positiva sobre o recrutamento vegetal), demonstrando que aespécie também pode influenciar negativamente no recrutamento florestal através dapredação pré-dispersão de sementes.

CONCLUSÕES

Justificam-se dados mais significativos no dia 03 de abril de 2014 pelo fato do ani-mal estar esperando seu alimento onde reage com um comportamento mais agitadoem relação aos outros dias.

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Foi possível constatar a partir do processo de observação, onde foi notado bastantebarulho consequente do recinto estar próximo a uma construção e também a uma ruacom bastante fluxo de carros. Outra influência é o tamanho do recinto por ser umanimal com hábitos de caminhada torna-se inviável a locação do indivíduo nesse es-paço e ainda está sendo dividido com uma piscina e uma região de vegetação e sendoesses podendo gerar algum comportamento estereotipado do animal, porém o tempode observação foi muito curto onde não é possível concluir se realmente esses fatoresinfluenciam diretamente no comportamento do animal, mas servem de indicadoresque ressaltam a importância dessa pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASCAVEL. Zoológico - Parque Danilo Galafassi. Portal do Município de Cas-cavel. Disponível em: <http://www.cascavel.pr.gov.br/secretarias/semdec/sub_pagina.php?id=231>. Acesso em: 01 de março de 2013.

CHIARELLO, A. G. Effects of fragmentation of the Atlantic forest on mammalcommunities in south-eastern Brazil. Biological Conservation, v.89, n.1, p.71–82,July 1999.

HANSEN, A. J.; DEFRIES, R. S.; TURNER, W. Land use change and biodiversity. LandChange Science, v.6, p.277–299, 2004.

IAP - Instituto Ambiental do Paraná. Delineamentos para o manejo do macaco-prego(Cebus nigritus) no Paraná. Projeto Paraná Biodiversidade, 2009. 32p.

LUDWIG, G.; AGUIAR, L. M.; ROCHA, V. J. Uma avaliação da dieta, da área de vida edas estimativas populacionais de Cebus nigritus (Goldfuss, 1809) em um fragmentoflorestal no norte do estado do Paraná. Neotropical Primates, v.13, n.3, p.13–18,2005.

PERES, C. A. Seed Predation of Cariniana micrantha (Lecythidaceae) by Brown Capu-chin Monkeys in Central Amazonia. Biotropica, v.23, n.3, p.262–270, 1991.

ROCHA, V. J. Macaco-prego, como controlar esta nova praga florestal? Floresta, v.30,n.1 e 2, p.95–99, 2000.

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SANTOS, C. V.; MORAIS JR, M. M. DE.; OLIVEIRA, M. M.; MIKICH, S. B.; RUIZ-MIRANDA, C. R.; MOORE, K. P. L. Ecologia, comportamento e manejo de primatasinvasores e populações-problema. A Primatologia no Brasil, v.10, p.101–118, 2007.

TABARELLI, M.; MANTOVANI, W.; PERES, C. A. Effects of habitat fragmentation onplant guild structure in the Montane Atlantic Forest of southeastern Brazil. Biologi-cal Conservation, v.91, p.119–127, 1999.

VIEIRA, E. M.; IOB, G. Dispersão e predação de sementes de Araucaria angustifolia.In: RAMOS-COSTA, A. M. M.; FONSECA, C. R.; SOUZA, A. F.; DUTRA, T. L.;BACKES, A.; GANADE, G. (Ed.). Floresta com araucária: ecologia, conservação edesenvolvimento sustentável. Holos, 2009. p.85–95.

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CAPÍTULO 14

RELATOS DE EXPERIÊNCIA

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14.1 A inclusão da educação infantil na educação ambien-tal: Práticas no espaço sala verde

Camila Begui do Nascimento1 & Irene Carniatto1

RESUMO: O Projeto Espaço Sala Verde ECOCIDADANIA-UNIOESTE está vinculado ao LABHEA –Laboratório de Bacias Hidrográficas e Educação Ambiental da Unioeste, Campus de Cascavel, na qualpor mais de sete anos desenvolve atividades voltadas à formação de cidadãos comprometidos com aspráticas sustentáveis. Ações estão sendo desenvolvidas para incluir a educação infantil como uma faixaetária importante para a Educação Ambienta. Dessa forma, foi realizado um trabalho com duas turmasda educação infantil de uma escola municipal de Cascavel-Pr, e a coleta de dados ocorreu através deobservações e relatos das crianças, com o objetivo de avaliar o antes e o depois do contato com o Espaçoe Sala Verde, para desperta-las para a Educação Ambiental. Os resultados foram satisfatórios, confir-mando a importância deste espaço no trabalho de Educação Ambiental para as crianças da educaçãoinfantil.

Palavras Chave: Ecossistema, Aulas práticas, Ação ambiental.

INTRODUÇÃO

Entende-se por Espaço e Sala Verde um local dentro de uma instituição na qualpossibilita o desenvolvimento de atividades voltadas a prática ambiental. Uma vezque inscrito e integrado ao Programa Nacional coordenado pelo Departamento deEducação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (DEA/MMA), busca por ati-vidades que possibilitem a reflexão de modo a conscientizar a sociedade através dadivulgação e acesso a informação.

Dado que, a conscientização ambiental torna-se um grande desafio em pleno sé-culo XXI, devido aos avanços tecnológicos, desmatamentos, poluição do ambiente eo consumo indiscriminado fazem com que a humanidade caminhe rumo à destruiçãodo planeta. Já dizia MOTA (2004) que "nossa Terra poderá tornar-se um lugar inabitá-vel, porque a evolução biológica não está conseguindo acompanhar os desequilíbriosambientais produzidos pelas transformações socioculturais. E a Educação Ambien-tal tem seu papel articulador na reflexão para a sustentabilidade, partindo do nívelindividual para nível global de conscientização ambiental.

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

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Pensando em modos de articular este assunto, a prática se destaca como uma me-todologia fundamental no processo de ensino aprendizagem, e muitas vezes um com-ponente imprescindível na visualização do todo, ou seja, na educação ambiental po-demos compreender como funciona a dinâmica do ecossistema, seus processos vitais,e de que maneiras as atitudes indiscriminadas do homem colabora para que o planetaentre em colapso. Neste sentido, BARROS (2006), diz que a prática aliada ao lúdicoaprimora o aprendizado. Assim, o Espaço e Sala Verde Ecocidadania proporciona avivência necessária neste processo de construção do pensamento/ação ambiental.

A Política Nacional de Educação Ambiental, Lei nº 9.795 de 1999, em seu Art. 1º,define Educação Ambiental como:

O processo através do qual o indivíduo e a coletividade constroemvalores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competênciasvoltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comumdo povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade(JUNIOR, 2006).

Ao trabalhar com a Educação Ambiental e suas vertentes, o projeto Espaço e SalaVerde busca integrar diferentes níveis de conhecimento, seja para projetos de exten-são, para escolas de educação infantil, servidores públicos e para a sociedade em geral.Pois, já dizia a Declaração de Tiblisi MMA (1997), "A educação ambiental deve abran-ger pessoas de todas as idades e de todos os níveis, no âmbito do ensino formal e nãoformal. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo avaliar o conhecimento deduas turmas de alunos da educação infantil de uma escola municipal de Cascavel- PR,sobre ecossistema, antes e após a realização de uma visita ao Espaço e Sala Verde.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram desenvolvidas atividades em sala de aula com duas turmas de alunos daeducação infantil na faixa etária de 3 a 6 anos de idade de uma escola municipal deCascavel-PR, antes e depois de uma visita ao Espaço e Sala Verde, Para obtenção dosresultados buscou-se empregar duas metodologias diferentes para posterior compa-ração. Assim, primeiramente, o conteúdo de ecossistema e integração da naturezafoi exposto segundo o método tradicional, apenas usando os recursos de quadro e giz.

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Como registro do aprendizado dos alunos, em ambas as turmas ao fim da aula foi-lhessolicitado que desenvolvessem um desenho para expressar o conhecimento adquiridosobre aquele assunto. SOUZA (2012) destaca que ao desenhar, a criança expressa seussentimentos, seu pensamento e suas vivências, fazendo a interpretação do mundo,além de estimular a inteligência, desenvolver a linguagem e o pensamento lógico".

Posteriormente, o conteúdo foi aplicado baseado na metodologia sócio-interacionista,e então, as turmas foram levadas ao Espaço e Sala Verde, localizado nas dependênciasda Universidade Estadual do Oeste do Paraná – campus de Cascavel, para realiza-rem uma aula prática de vivência do funcionamento do ecossistema, e de que formacada componente interage com o outro para que eles possam estar em homeostasia.Novamente ao fim da atividade foi-lhes solicitado à confecção de um desenho paracompará-los com os realizados anteriormente e verificar o grau de conhecimento ad-quirido.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verificou-se que antes da ida ao Espaço e Sala Verde, todos os desenhos e relatosdos alunos descreviam uma visão heterogênea do conteúdo sobre Ecossistema, elesnão conseguiam visualizar o Ecossistema como um todo.

Percebe-se que o ensino tradicional dos conteúdos de Ciências ou de qualquer ou-tra disciplina, neste caso o tema "Ecossistema", não contribui para resultados satisfa-tórios. Segundo COELHO; SILVA; CAVALCANTE (2007):

"A experiência prática mostra também que o ensino direto de concei-tos é impossível e infrutífero. Um professor que tenta fazer isso geral-mente não obtém qualquer resultado, exceto o verbalismo vazio, umarepetição de palavras pela criança, semelhantemente à de um papa-gaio... (p. 104)".

Após a ida ao Espaço e Sala Verde os alunos conferiram maior compreensão doEcossistema, onde todos os relatos e desenhos expressaram que eles conseguiramvisualiza-lo funcionando como um todo, na qual um organismo depende do outro,de forma a atuarem juntos.

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CONCLUSÕES

Conforme os dados relatados pelos alunos, e análise dos desenhos feitos por eles,pode-se compreender a importância da utilização do Espaço e Sala Verde na constru-ção do conhecimento das crianças, pois este recurso potencializa o aprendizado deforma a valorizar a importância da inclusão destas práticas na Educação Infantil.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, P. C. A prática pedagógica do professor de educação física e a inserção dolúdico como um meio de aprendizagem. 2006. 115p. Dissertação de Mestrado —Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

COELHO, M. R.; SILVA, C. M.; CAVALCANTE, P. S. Ciências na Educação Infantil: daconcepção à prática. Caderno de trabalhos de conclusão do curso de Pedagogia,v.2, p.1–25, 2007.

JUNIOR, A. B. C. Gerenciamento de resíduos sólidos urbanos com ênfase na pro-teção de corpos d’água: prevenção, geração e tratamento de lixiviados de aterrossanitários. Santa Catarina - SC: ABES, 2006. 299p.

MMA. Declaração de Tbilisi. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/sdi/ea/deds/pdfs/decltbilisi.pdf>. Acessoem: 18 de agosto de 2014.

MOTA, L. L. Meio ambiente, educação e terceira idade. 2004. 61p. Dissertação deMestrado — Universidade Federal do Rio Grande.

SOUZA, S. H. V. A criança e a expressão do pensamento através do grafismo. RevistaThema, v.9, n.2, p.1–23, 2012.

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14.2 Modelo didático simulador do movimento aparentedo sol: Uma proposta para a formação de professores

Iohanna Elizabeth Beckers1, Anderson Giovani Trogello1 & Rodolfo Langhi2

RESUMO: Este trabalho apresenta a construção e as possibilidades de um objeto de aprendizagem, oSimulador do Movimento Aparente do Sol para o Hemisfério Sul (SMASHS). Estas intervenções ocor-reram em um curso de formação de professores da educação básica realizado no Polo AstronômicoCasimiro Montenegro Filho de Foz do Iguaçu, PR. Este objeto teve como objetivo principal a simulaçãodo movimento aparente do Sol para diferentes latitudes e logo contextualizar concepções alternativasclássicas sobre tais conceitos.

Palavras Chave: Ensino de Astronomia, Objetos de aprendizagem, movimento aparente do Sol.

INTRODUÇÃO

Em sala de aula abordar as questões de movimentos celestes é algo no mínimoconflitante (KAWAMURA; HOSOUME, 2003). Os alunos trazem aos bancos escola-res concepções (alternativas em sua maioria) que contradizem inúmeros conceitos de-fendidos pelo docente (LANGHI; NARDI, 2005). Até mesmo o docente da educaçãobásica possui muitas concepções errôneas (PEDROCHI; DANHONI NEVES, 2005).

Prezo a Terra e encurralado em sala de aula por teorias heliocêntricas os educandossabem que o Sol nasce e se põe diariamente, mas se surpreendem quando descobremque nasce e se põe em locais diferentes do ponto leste e oeste. Também é interessanteconsiderar os vários caminhos solares de acordo com a latitude local. E isso podeser difícil tentar explicar o fenômeno do sol da meia-noite ou do sol passando pelozênite" (ROS; GARCÍA, 2012).

Neste sentido, objetos de aprendizagem ou modelos didáticos podem contribuirpara a aprendizagem de tais conceitos, pois permitem outros pontos de vistas, maiordiscussão, ou ainda diferentes abordagens e principalmente a assimilação de parteou de um fenômeno. Desta forma, o presente trabalho vem relatar a construção doSMASHS e sua aplicação em um curso de formação de professores da educação básica.

1Polo Astronômico Casimiro Montenegro Filhoe-mail: [email protected]

2Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

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Tal mecanismo vem favorecer a assimilação da movimentação aparente do Sol paradiferentes latitudes; além de demonstrar que o Sol nasce, cruza o céu e ocasiona-se emdiferentes pontos da esfera celeste em detrimento da latitude e de cada dia do ano.

CONSTRUÇÃO DO OBJETO

A proposta de construção deste objeto é baseada em ROS; GARCÍA (2012), este foiapresentado por estes autores em curso no Polo Astronômico Casimiro MontenegroFilho em agosto de 2013. Desde então, foi utilizado em aulas com os professores daeducação básica da região oeste do Paraná (foram até o momento 7 turmas e cerca de120 professores), que procuram neste espaço aperfeiçoamento na área da astronomia.

Sua construção envolve materiais de baixo custo, como: papel cartolina, fita ade-siva e tesoura.

A primeira etapa da montagem deste projeto é a impressão do material base emuma folha cartolina, o qual é obtido no texto elaborado por (ROS; GARCÍA, 2012,pág. 66). Com auxilio de uma tesoura são recortados os, aqui denominados, discosimulador (DS) e disco horizontal (DH). Na sequência, também é recortada a áreacinza DS (Figura 1).

Figura 1: Recorte em papel cartolina do disco simulador (DS) e o disco horizontal. Aolado recorte da porção cinza de DS.

É importante salientar que estas e as demais etapas são encaminhadas aos profes-sores para sua confecção em aula. Após o recorte o DS ficará composto das seguintespartes: Arco da Eclíptica (AE); Arco das Latitudes (AL) e os quadrantes A, B e C (Fi-gura 2).

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Figura 2: Disco Simulador. 1) Arco da Eclíptica (AE); 2) Arco Latitudinal (AL); 3)quadrantes A, B e C.

Nas linhas acima das siglas PCS e PCN dobre o AE algumas vezes para ambos oslados (Figura 3A). Também dobre o quadrante A atrás do B; o B atrás do C (Figura3B). Retorne os quadrantes e o AE para as posições originais (Figura 3C). As marcasdas dobras são necessárias para as etapas futuras.

Figura 3: Dobragem do Disco Simulador. A) Dobra do Arco da Eclíptica. B) Dobrados quadrantes, A atrás de B e este atrás de C. C) Voltando as dobras para a posiçãoinicial.

No DS recorte o retângulo pontilhado abaixo da letra S, a qual simboliza o pontocardeal Sul, assim como L = Leste; O = Oeste e N = Norte.

Posicione o DH sobre DS, de modo que as linhas que apontem para os pontos O eN coincidam com os vértices do quadrante B do DS (Figura 4A), uma dica é observareste sistema contra a luz.

Em seguida fixe DS e DH já posicionados, prendendo apenas o quadrante A nascostas do DH, encerrando o processo de construção.

Para utilizar o equipamento, encaixe a canaleta abaixo do Sul no AL e incline oDH de forma perpendicular e central ao DS (Figura 5A). Deste modo, o DH pode serinclinado ao longo do AL estabelecendo assim um horizonte para cada latitude e logoos pontos cardeais para um indivíduo fictício posicionado ao centro do DH (Figura5B).

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Figura 4: Colagem do Disco Horizontal e Disco Simulador. A) Disco Horizontal po-sicionado sobre o Disco Simulador – os centros de cada disco sobrepostos; B) Fitaadesiva fixando o quadrante A às costas do DH.

Figura 5: Encerrando a montagem do SMASHS. A) DH perpendicular e centralizadoà DS. B) DS posicionado e com possibilidade de movimentação de acordo com aslatitudes do hemisfério sul.

POSSIBILIDADES

Encerrada a construção, os professores têm em mãos um objeto bastante simples,mas que serve como simulador da esfera celeste de um indivíduo e para diferenteslatitudes. Para tanto, a apresentação inicial envolve a caracterização dos elementos detais fenômenos (Figura 6):

Figura 6: SMASHS. 1) Esfera Celeste; 2) Horizonte; 3) Indivíduo Fictício; 4) AE -Posição do Sol em relação aos meses, baseado na eclíptica; 5) Polo Celeste Norte(PCN); 6) Polo Celeste Sul (PCS); 7) AL- Arco das Latitudes.

Aos professores participantes do curso é arguido sobre a movimentação do DH

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para diferentes latitudes do hemisfério Sul, contextualizando as diferentes movimen-tações do Sol em torno do globo.

Na sequência é esclarecido aos professores sobre as inscrições de meses do ano noAE. Tal representação indica a posição do Sol para uma determinada na esfera celesteem relação ao tempo. Assim, os professores podem contextualizar a movimentaçãoaparente do Sol em diferentes latitudes, para isto, basta verificar a data nas inscriçõese girar o AE do lado leste ao lado oeste.

Este é o movimento aparente do Sol para a latitude escolhida e data escolhida. Sa-bendo disso, os professores são instigados a investigarem como ocorre o movimentodo Sol em diferentes datas, estações, ou mesmo o de verificar a mesma data em dife-rentes latitudes. Também observar que o Sol nasce e se põe em diferentes pontos dohorizonte. Estas representações podem corroborar para que os educadores favoreçamuma aula com mais observações e investigações e não apenas a saliva e giz (KAWA-MURA; HOSOUME, 2003; LANGHI; NARDI, 2005; PEDROCHI; DANHONI NEVES,2005).

CONCLUSÕES

A construção deste objeto foi efetivada pelos professores, os quais se mostravam aoinício das aplicações confusos, talvez por conta de concepções alternativas ou mesmodas características dos objetos. No entanto, com o passar das explanações e orienta-ções os professores passaram a indagar questões relativas aos fenômenos assimilados,demonstrando compreensão.

AGRADECIMENTOS

Ao incentivo da Fundação Parque Tecnológico de Itaipu (PTI/FPTI-BR) e ao PoloAstronômico Casimiro Montenegro Filho de Foz do Iguaçu.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KAWAMURA, M. R. D.; HOSOUME, Y. A contribuição da Física para um novo EnsinoMédio. Física na Escola, v.4, n.2, p.22–27, 2003.

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LANGHI, R.; NARDI, R. Dificuldades interpretadas nos discursos de professores dosanos iniciais do Ensino Fundamental em relação ao ensino da Astronomia. RELEA,v.2, p.75–92, 2005.

PEDROCHI, F.; DANHONI NEVES, M. C. Concepções astronômicas de estudantes noensino superior. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v.4, n.2, p.1–9,2005.

ROS, R. M.; GARCÍA, B. 14 pasos hacia el Universo: Curso de Astronomía para pro-fesores y posgraduados de ciências. NASE - IAU: Antares, 2012. 158p.

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14.3 Modelos didáticos para o ensino de astronomia comdeficientes visuais

Iohanna Elizabeth Beckers1, Anderson Giovani Trogello1, Ana Maria Pereira1 &Rodolfo Langhi2

RESUMO: O presente trabalho é um relato de experiência, no qual foi apresentado objetos de aprendi-zagem para uma aluna deficiente visual na abordagem de conceitos astronômicos. Mais precisamente,está pesquisa abordou os conceitos relativos a estrutura da Lua e ao sistema Terra-Lua. Esta atividademostrou-se favorável ao ensino de astronomia por assimilar os conceitos abordados, fugindo da meraexposição verbalizada dos conteúdos.

Palavras Chave: Ensino de Astronomia, Objetos de aprendizagem, Inclusão, Deficiente Visual.

INTRODUÇÃO

O processo de inclusão de alunos com deficiência visual em classes regulares épapel do atual processo educativo e logo no ensino de ciências (COSTA; DANHONINEVES; BARONE, 2006). Tais conteúdos devem fomentar o entendimento e a com-preensão dos fenômenos que acontecem ao seu redor (KRASLCHIK, 2004).

Inclusive no ensino de astronomia, ciência bastante antiga que é aguardada pe-los alunos da educação básica (PARANÁ, 2008), inclusive pelos deficientes visuais(COSTA; DANHONI NEVES; BARONE, 2006). No entanto o ensino de ciências e tam-bém dos conceitos astronômicos não conseguem auxiliar o indivíduo no entendimentode seu meio (KRASLCHIK, 2004; COSTA; DANHONI NEVES; BARONE, 2006).

A demasiada utilização das aulas expositivas, que valorizam a posição do profes-sor e intensifica a comunicação entre os sujeitos por métodos verbais é apontada comoprincipal justificativa do panorama supracitado (KRASLCHIK, 2004). Tal situação éagravada quando consideramos o ensino para deficientes visuais, os quais necessitamde abordagens de assimilação, pautadas nos demais sentidos. Principalmente nos con-ceitos relacionados à astronomia que necessitam de aproximações quanto a relação deseus fenômenos (COSTA; DANHONI NEVES; BARONE, 2006).

1Polo Astronômico Casimiro Montenegro Filhoe-mail: [email protected]

2Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

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Neste sentido, as aulas de Astronomia necessitam de intervenções que favoreçama participação dos alunos deficientes visuais. Assim o presente trabalho vem propor ouso de objetos de aprendizagem (modelos didáticos) preparados e ou adaptados parao uso com alunos deficientes visuais. Estes recursos simulam um fenômeno físicoou parte dele (TAVARES, 2008) e favorecem representação de conceitos astronômicos(COSTA; DANHONI NEVES; BARONE, 2006).

RELATOS E DISCUSSÃO

Esta pesquisa é um recorte inicial de um projeto que envolve a construção de ob-jetos de aprendizagem voltados para a inclusão. Especificamente envolve o relato daabordagem destes materiais didáticos com uma aluna deficiente visual.

A aluna envolvida nesta atividade cursa o quinto ano do ensino fundamental (salaregular), possui baixa visão, faz uso do sistema Braile e participa no contra turno deatividades voltadas para o desenvolvimento de suas habilidades. Foi em um destesperíodos que ocorreram as intervenções e no decorrer da pesquisa ela será atendidapelas iniciais EP.

Para delimitação do tema foi abordado questões sobre o sistema Terra – Lua. Nestaintervenção foram utilizados alguns objetos desenvolvidos anteriormente, tais como:Lua com crateras; Globo terrestre de 10 cm de diâmetro; e Lua com 4 cm de diâmetrocom crateras e cone de sombra.

Tais objetos foram desenvolvidos com materiais acessíveis. A Lua com craterafoi confeccionada utilizando uma bola de isopor (15cm) recoberta com massa corridaPVA, na qual foram desenhadas diversas crateras (de diferentes tamanhos e profundi-dades). Mesmo processo foi utilizado para confeccionar as luas de 4cm de diâmetro,mas esta recebeu um cone de sombra formado de papel cartão escuro para a simular aprojeção da sombra. Esta lua foi posicionada com o auxílio de um palito de churrascoem uma base de papelão. Já o globo terrestre foi confeccionado utilizando uma bolade isopor (10cm), na qual foi colada uma figura do globo terrestre em gomos.

A intervenção procedeu orientada por um roteiro de questões. Após cada perguntaefetuada e o registro da mesma, o professor intervinha com a apresentação de um dosobjetos ou ambos. Além das respostas às questões, o relato desta atividade conta comas descrições das interações entre a aluna e os objetos apresentados.

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Relato das atividades

O presente projeto foi inicialmente apresentado para a equipe da escola e para aprofessora que atendem a aluna no contra turno.

No momento da intervenção foi realizado a apresentação dos pesquisadores e nasequência foi iniciada as atividades.

A primeira questão formulada para a aluna EP foi: Como é a superfície da Lua?A aluna argumentou que a Lua é um material onde se pisássemos afundaríamos.

"Algo do tipo meio mole. Tais ideias são abordadas aqui como concepções alternati-vas, as quais se distanciam da teoria cientificamente aceita. As concepções alternativasno ensino de astronomia são bastante comuns, principalmente no que diz respeito aosfenômenos envolvendo a Lua (LANGHI; NARDI, 2005).

Na sequência, foi alcançada à aluna uma maquete da Lua cheia de crateras. Aaluna tateou a maquete e verificou muitas crateras. Foi comentado que a Lua possuíamuitas crateras e que seu terreno é formado por rochas e solo semelhante ao nosso(Figura 1). Simulações como esta e outras apresentadas no decorrer deste trabalho,podem favorecer o ensino de astronomia e sobretudo, ao processo de inclusão poisfavorecem a assimilação dos fenômenos expostos (KRASLCHIK, 2004; COSTA; DA-NHONI NEVES; BARONE, 2006).

!Figura 1: Aluna EP tateando a maquete da Lua, a qual possui muitas crateras.

A aluna ficou bastante impressionada e conseguiu identificar pelo tato as inúmerascrateras do objeto.

Na sequência foi encaminhado o assunto sobre proporções do sistema Terra - Lua,para tanto, a aluna foi questionada: Se a Terra fosse deste tamanho (alcançávamos para elatatear um globo terrestre de 10cm de diâmetro) a lua teria que tamanho (alcançávamos entãoesferas de 1cm; 3cm;5cm; 10cm e 20cm de diâmetro para ela tatear)?

A aluna apalpou as diferentes esferas e concluiu que a Lua possuía um tamanhomenor que a escala proporcional, acusando a esfera de 15mm de diâmetro como cor-

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reta (Figura 2).

!Figura 2: Comparação dos volumes entre a Terra e a Lua.

A Lua possui um diâmetro próximo a 3.500km, em comparação com o da Terra decerca de 12700km, a Lua é aproximadamente 4 vezes menor. Na atividade proposta naescala com uma Terra de 10cm de diâmetro a Lua teria apenas 3cm. Esta representaçãofoi apresentada a aluna expondo as respectivas esferas.

Outra questão que ocasiona vários erros conceituais e que geralmente provoca con-cepções erradas quanto a explicação das fases da Lua é a relação da distância desteastro com a Terra. Deste modo, foi efetivada a seguinte pergunta: Se a Terra fosse destetamanho (alcançávamos para ela tatear um globo terrestre de 10cm de diâmetro) e estivesseaqui (posicionávamos o globo em frente à ela em uma mesa) a que distância a lua estaria (posi-cionávamos esferas de 3,5cm a diferentes distancias da Terra: 10cm; 30cm, 1m e 3,5m).

A aluna percorrendo as esferas sobre a mesa assinalou para resposta correta comosendo a alternativa de 1m.

Como esta aluna, muitos outros concebem que a Lua está relativamente próximaem relação a Terra. Na relação proposta a Terra estaria a uma distância aproximada deaproximadamente 3,5 metros. Ou seja, se a Terra fosse de 10cm de diâmetro a Lua teriaaproximadamente 3cm de diâmetro e estaria a uma distância média de 3,5 metros. Aesta distância e com uma inclinação de 5,2� em relação a órbita terrestre, a Lua quandopassa "atrás da Terra em relação ao Sol apresenta a fase cheia. Ao contrário de muitosalunos pensam de que nesta posição sempre ocorre eclipse lunar (Figura 3).

Assim, além da projeção da distância correta está representação também abordoujunto com a EP a questão das fases lunares. A aluna foi direcionada a verificar aprojeção da sombra (representado por um cone de papel negro) quando a Lua em seumovimento de revolução em torno da Terra assume diferentes fases devido ao brilhosolar (Figura 4).

Nesta atividade é importante mencionar que a Lua e a Terra foram simuladas pelas

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!Figura 3: Simulação da distância da Lua a Terra: varias luas foram dispostas sobreuma mesa e a distância diferentes, mas apenas uma estava na distância correta, aquelaao final da mesma posicionada a cerca de 3,5 metros.

!Figura 4: Aluna tateando a Lua e seu cone de sombra, em atividade representativadas fases da Lua.

maquetes, mas o Sol e sua iluminação foram interpretados pela própria aluna.

CONCLUSÕES

Os objetos de aprendizagem mostraram-se de baixo custo e de fácil construção,embora a orientação da montagem não tenha sido alvo desta atividade.

Os modelos didáticos apresentados à aluna mostraram-se favoráveis ao processode ensino e aprendizagem de conceitos de astronomia. Principalmente por favorecera assimilação dos conceitos abordados.

AGRADECIMENTOS

Ao incentivo da Fundação Parque Tecnológico de Itaipu (PTI/FPTI-BR) e ao PoloAstronômico Casimiro Montenegro Filho de Foz do Iguaçu.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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KRASLCHIK, M. Prática de ensino de biologia. São Paulo - Brasil: Edusp, 2004. 200p.

LANGHI, R.; NARDI, R. Dificuldades interpretadas nos discursos de professores dosanos iniciais do Ensino Fundamental em relação ao ensino da Astronomia. RELEA,v.2, p.75–92, 2005.

PARANÁ. Diretrizes curriculares da educação básica: Ciências. Curitiba - PR: Secre-taria Estadual de Educação - SEED, 2008. 87p.

TAVARES, R. Aprendizagem significativa e o ensino de ciências. Ciências e Cognição,v.13, n.1, p.94–100, 2008.

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14.4 O teatro no ensino de ciênciasJizéli Zeferino da Silva1, Juliana Sousa dos Santos1, Juliane Graziele Soares de

Santana1, Aline Bazzotti1 & Juliana Moreira Prudente de Oliveira1

RESUMO: A dificuldade de trabalhar os conteúdos de ciências de forma significativa enfatiza a ne-cessidade de encontrar estratégias didáticas e metodológicas que possam tornar o ensino agradável eeficiente. Portanto, neste trabalho se objetivou investigar, por meio da elaboração e implementaçãode um projeto que envolvia o uso do teatro no ensino de ciências, qual a contribuição deste para asaulas e quais as percepções dos alunos acerca do uso dessa estratégia. O projeto foi implementadoem uma turma do sétimo ano do ensino fundamental, com 25 alunos, durante duas semanas, em seisaulas. Os dados foram coletados por meio de questionário aberto aplicado após o término do projeto eevidenciaram que a utilização do teatro em aulas de ciências possibilita uma aprendizagem mais signi-ficativa, e permite que os alunos se envolvam com todo o desenvolvimento da atividade. E possibilitao aprendizado tanto de conceitos, como procedimentos e atitudes, configurando uma alternativa paraa diversificação das estratégias no ensino de ciências.

Palavras Chave: Ensino de ciências, Teatro, Aprendizagem significativa.

INTRODUÇÃO

A abordagem formal dos conteúdos de ciências vem desencadeando problemaspara o ensino, por ser exclusivamente teórica, deixando de lado os conhecimentosprévios dos alunos e fazendo com que a aprendizagem desses conteúdos seja centradana memorização de conceitos científicos (MEDINA; BRAGA, 2009).

A partir de todas as mudanças que a sociedade, escola e mundo vêm sofrendo énecessário entender que o trabalho do professor não se limita somente a transmissãode conteúdos prontos, pois deve envolver também a contextualização e transformaçãodo espaço escolar em um local de vivências, uma vez que não se deve separar o desen-volvimento cognitivo dos alunos, dos seus sentimentos e postura social (HERNADÉZ;VENTURA, 1998).

Nesse sentido, o lúdico é uma forma de interação entre o estudante e o mundoque o cerca, pois pode utilizar de métodos intuitivos, que promovam a imaginação,a curiosidade e interesse, permitindo maior interação entre os conteúdos abordados e

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

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o aluno, visando à construção de um conhecimento significativo. Atividades lúdicasvão desde jogos, modelos, e exemplificações até teatro e outros objetos (PARANÁ,2008).

O teatro, é um tipo de atividade lúdica, e permite que os alunos construam co-nhecimentos científicos quando trabalhado em sala de aula. Seus benefícios vão alémdo ensino, pois ajuda no desenvolvimento da criança, fazendo com que esta se sintaacolhida e reconhecida entre o grupo, ensinando disciplina, autonomia e o senso deresponsabilidade para com o todo (MEDINA; BRAGA, 2009).

Existem diversas pesquisas e relatos de experiências sobre atividades envolvendoo teatro no ensino de ciências (MACHADO; MATOS, 2012), química (MESSEDER; RÔ-ÇAS, 2010), física (GIMENEZ, 2013) e seu uso para a socialização dos conhecimentoscientíficos (SILVEIRA; ATAÍDE; FREIRE, 2009).

Este trabalho contribui neste cenário por também envolver uma proposta do usodo teatro em aulas de ciências. Portanto, se objetivou investigar por meio da elabora-ção e implementação de um projeto que envolvia o uso do teatro no ensino de ciências,qual a contribuição deste para as aulas e quais as percepções dos alunos acerca do usodessa estratégia.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O trabalho consistiu na implementação de um projeto intitulado "O uso do teatrocomo ferramenta metodológica em aulas de ciências"por quatro alunas de graduaçãoem Ciências Biológicas - Licenciatura da Universidade Estadual do Oeste do Paranáem uma escola pública da cidade de Cascavel - PR, com uma turma de sétimo ano doensino fundamental, com 25 alunos. O projeto foi desenvolvido em seis aulas, em umperíodo de duas semanas.

A partir da problemática de um ensino de ciências conteudista e descontextua-lizado surge à necessidade de alternativas que levem de fato a uma aprendizagemsignificativa. Para avaliar se os alunos conseguiram construir um conhecimento sig-nificativo a respeito dos temas tratados nos teatros, perguntou-se o que se lembravamdo teatro que haviam apresentado.

Dos vinte e cinco alunos questionados quatorze responderam a questão sobre otema do seu teatro corretamente, cinco alunos responderam de maneira incompleta.

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As respostas vagas e não respondidas somam seis. Isso demonstra que o uso do teatroauxiliou na compreensão dos temas representados.

O teatro por ser uma forma de ensino em que a criança tem uma participaçãoativa, pode ampliar a imaginação auxiliando na compreensão dos temas apresentados,construindo significados (SILVA; PIASSI, 2009).

Houve também respostas para esta questão que envolviam conteúdos procedimen-tais (saber fazer) e atitudinais (comportamentos, valores, sentimentos) (CAMPOS; NI-GRO, 1999), o que pode ser notado nas falas a seguir:

"Os alunos tem como se expressar."(aluno 18)"Que você tem que ajudar o seu amigo."(aluno 7)"Eu entendi que cada grupo faz diferente mais também fica legal."(aluno6)

Os argumentos dos alunos demonstram que o teatro não auxiliou apenas na com-preensão dos conhecimentos conceituais, mas também na construção de conteúdosprocedimentais e atitudinais. Uma vez que, aprenderam a se expressar, a ajudar (pro-cedimentos) e também a respeitar as diferenças (atitudinal), aspectos ligados ao con-teúdo e que também deve ser trabalhado em sala (CAMPOS; NIGRO, 1999), pois sãonecessários à formação de cidadãos.

Estimular o interesse dos alunos é com certeza uma forma de permitir que o alunoapreenda conhecimento, auxiliando-os assim a realizarem suas novas descobertas, de-senvolvendo e enriquecendo sua personalidade, o que leva o professor à condição decondutor, estimulador da apropriação do conhecimento (SOUZA et al., 2012)

Nos depoimentos seguintes dos alunos se percebe a necessidade da diversificaçãono ensino de ciências:

"Nós não temos aulas legais"(aluno 10)"Aqui no colégio não temos aulas desse jeito"(aluno 7)

Sobre esta necessidade de diversificação BALBINOT (2005) afirma que:

A escola precisa ser mais prazerosa, na qual o aluno tenha espaço paravivenciar o conteúdo, que possa viver o imaginário e o inesperado,

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descobrir o que existe além dos limites da sala de aula, do quadro degiz, dos livros didáticos e dos termos científicos propostos pelas mo-nótonas aulas de Ciências. (...) É preciso inovar e ousar para permitirque o aluno construa seus saberes, com alegria e prazer, possibilitandoa criatividade, o relacionamento e o pensar criticamente no que faz.

Como pode ser notado na fala dos alunos, logo abaixo, o uso de aulas expositivas(dita por eles, como "aula normal") é um fator desmotivante. Os alunos demonstramo interesse por outras estratégias:

"A aula normal é chata"(aluno 10)"Mudaria as aulas de matemática para ter teatro"(aluno 7)

Segundo TEIXEIRA (2003), na maioria das vezes as características que permeiamas disciplinas cientificas demonstram que o ensino nessa área é extremamente inter-nalista, e privilegia conteúdos específicos de cada disciplina, sem se importar comacontecimentos atuais.

Deve-se levar em consideração a natureza diferenciada da aprendizagem dos alu-nos, não existindo assim um método melhor ou pior, mas a diversidade destes méto-dos pode contribuir significativamente para o ensino (BORDENAVE; PEREIRA, 1991).

CONCLUSÕES

O trabalho demonstra que a utilização do teatro em aulas de ciências pode con-tribuir para que haja uma aprendizagem mais significativa, demonstrando que estaestratégia educacional pode ser utilizada para tornar o processo de ensino e aprendi-zagem mais dinâmico, divertido e atrativo, sem deixar de lado os conteúdos científi-cos.

A utilização de diversas formas de teatro permitiu que os alunos participassem ati-vamente tanto na elaboração e criação dos materiais, quanto na realização das apre-sentações, estimulando a criatividade, autonomia, responsabilidade, cooperação e so-cialização, promovendo não apenas a aprendizagem dos conceitos de ciências, mastambém o desenvolvimento social deles.

Portanto, a realização deste projeto envolvendo a utilização do teatro nas aulas deciências possibilitou tanto a contribuição para os alunos da educação básica, no sen-

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tido de promover uma aprendizagem mais significativa, quanto à reflexão das gra-duandas envolvidas no que tange a prática docente, além do contato com a realidadeescolar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BALBINOT, M. C. Uso de modelos, numa perspectiva lúdica, no ensino de ciências.In: ENCONTRO IBERO-AMERICANO DE COLETIVOS ESCOLARES E REDES DEPROFESSORES QUE FAZEM INVESTIGAÇÃO NA SUA ESCOLA, 2005, Lajeado -RS. Anais. . . UNIVATES, 2005. p.1–8.

BORDENAVE, J. H. D.; PEREIRA, A. M. Estratégias de ensino-aprendizagem. Petro-pólis - RJ: Vozes, 1991. 148p.

CAMPOS, M. C. C.; NIGRO, R. G. Didática de ciências: o ensino aprendizagem comoinvestigação. São Paulo - SP: FTD, 1999. 190p.

GIMENEZ, H. Teatro científico: uma ferramenta didática para o ensino de física.2013. 119p. Dissertação de Mestrado – Universidade Federal de Mato Grosso.

HERNADÉZ, F.; VENTURA, M. A organização do currículo por projetos de trabalho:o conhecimento é um caleidoscópio. Porto Alegre - RS: Artmed, 1998. 195p.

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14.5 Aulas de reforço: Uma experiência no contexto do PI-BID

Luciani de Oliveira1, Cintya Fonseca Luiz1, Kelly Mayara Poersch1, Jéssica Engel doNascimento 1, Aline Viana 1, Aline Alves da Silva 1 & Bárbara Grace Tobaldini de

Lima 1

RESUMO: A profissionalização de professores que atuam na rede de ensino inicia-se no período dagraduação e possibilita discussões e reflexões sobre as situações recorrentes ao trabalho docente. Paracontribuir nesse processo, o Pibid (Programa de Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) apro-xima alguns graduandos do contato constante com os alunos das escolas básica. O presente trabalho éresultado de relatos de bolsistas pertencentes ao subprojeto de biologia, referente ao desenvolvimentode uma atividade de reforço desenvolvida com alunos de terceiro ano de uma escola da rede pública deensino. Percebe-se que apesar das dificuldades presentes no processo de ensino e aprendizagem todaatividade desenvolvida em sala de aula corrobora para a formação do perfil profissional de futurosprofessores, além de proporcionar o contato com diferentes realidades.

Palavras Chave: Ensino de Ciência, Formação Docente, Processo de Ensino e Aprendizagem, Relação

professor e aluno.

INTRODUÇÃO

A formação de professores é uma temática muito discutida entre vários pesquisa-dores na área de ensino de ciências (PEREIRA, 2006) e alguns argumentam (MIZU-KAMI et al., 2003; LANGHI; NARDI, 2012) que a formação inicial é o suporte parao início do trabalho docente, e que assim o conhecimento profissional não se limita agraduação, ela é uma construção contínua e que ocorre mediante a prática vivida peloprofessor no decorrer do processo de aprender a ensinar e a ensinar.

A identidade e a profissionalização docente iniciam-se na graduação, para OLI-VEIRA (2013) a identidade docente está em constante transformação e consequente-mente modifica a pratica docente, quando se muda essa visão surge a profissionaliza-ção docente em que REALI; MIZUKAMI (2007) colocam como um desenvolvimentoprofissional, mediante o processo de aquisições de competências, organização do en-

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

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sino e da aprendizagem, socialização profissional, fazendo com que o ensino para oaluno da rede básica seja mais atrativo.

Entre tantas problemáticas como a falta de pratica profissional, racionalidade téc-nica e a idealização do professor (ZEICHNER, 1993; MIZUKAMI et al., 2003; JESUS;SANTOS, 2006), apontadas na formação inicial está a dicotomia entre a teoria e a prá-tica docente, uma vez que o conhecimento teórico muitas vezes não é articulado com oconhecimento prático oriundo da prática pedagógica. A integração entre esses conhe-cimentos é fundamental para a formação do futuro professor. Quanto mais ligadase próximas estão, mais sucesso para a formação acadêmica do indivíduo, pois é naprática, na vivência escolar com os desafios encontrados que o professor constrói suaformação para a atuação profissional (PEREIRA, 2006; PIMENTA; LIMA, 2011; OLI-VEIRA, 2013).

Ao encontro dessa perspectiva, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal deNível Superior – CAPES, lançou o Programa de Institucional de Bolsas de Iniciação àDocência - Pibid, o qual é desenvolvido em várias universidades do país, com a fina-lidade de "fomentar a iniciação à docência, contribuindo para o aperfeiçoamento daformação de docentes em nível superior e para a melhoria da qualidade da educaçãobásica pública brasileira"(BRASIL, 2013).

A Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, participa oficialmentedo programa desde maio de 2010. Atualmente 20 cursos de licenciatura são envol-vidos no projeto, como subprojeto (UNIOESTE, 2014). O curso de Licenciatura emCiências Biológicas, campus de Cascavel, foi contemplado pelo Pibid desde o iníciodo programa na Instituição. Atualmente, o subprojeto Biologia conta com a participa-ção de 22 bolsistas, 4 professores supervisores e 2 professores coordenadores de área, etem como orientação metodológica a perspectiva do movimento Ciência-Tecnologia-Sociedade (CTS) para o ensino de ciências e biologia.

Os subprojetos tem autonomia na articulação de seus trabalhos. No subprojetoBiologia, todos os bolsistas se encontram em uma reunião semanal com os profes-sores coordenadores (IES), e professores supervisores para discutirem as atividadesdesenvolvidas na escola, os desafios encontrados, como também estudam referenciaisteóricos para uma fundamentação no ensino de ciências e biologia. Os bolsistas sãodivididos em 4 escolas, em que desenvolvem atividades semanais e acompanham otrabalho do professor supervisor. Em uma das escolas, a qual é o espaço desse re-

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lato, entre as atividades desenvolvidas pelas bolsistas estão: acompanhar a professorasupervisora em sala de aula, colaborar na correção das atividades, atendimento indi-vidual aos alunos com dificuldade, participar dos conselhos de classe, preparar aulaspráticas, revitalização do laboratório de ciências e atividade de reforço no períodocontra turno.

A partir da atividade de reforço no período contra turno, desenvolvida nesta escolapública da cidade de Cascavel, no primeiro semestre de 2014, o grupo das bolsistas en-volvidas com a prática optaram por apresentar o relato das experiências vivenciadas,tendo como objetivo refletir sobre as dificuldades encontradas no decorrer da ativi-dade de docência.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para o presente trabalho foram analisados os relatos de quatro bolsistas do Pibid,referentes à participação dos alunos na atividade, a dificuldade na transposição didá-tica dos conteúdos e a contribuição da proposta para a formação acadêmica e profissi-onal. Para fins metodológicos, as bolsistas serão representadas pelas siglas B1, B2, B3e B4.

A proposta de trabalho surgiu da preocupação da professora em trabalhar os con-teúdos que os alunos do 3º ano do ensino médio apresentavam maior dificuldade eprepará-los para o vestibular. As aulas de reforço tiveram início no primeiro semestrede 2014, e aconteceram semanalmente no período vespertino, desenvolvidas por seisalunas bolsistas do Pibid, organizadas em duplas para ministrar as aulas. Essas sereuniam semanalmente na UNIOESTE para discutir sobre os conteúdos que seriamabordados durante o reforço, e relatar sobre as aulas anteriores para dar continuidadeàs mesmas.

Durante as aulas de reforço, foram trabalhados conteúdos selecionados pelas bol-sistas a partir das dificuldades das alunas, e, após cada explicação foram levados exer-cícios de vestibulares e do ENEM anteriores relacionados ao conteúdo trabalhado emsala, para que as alunas conseguissem ter uma ideia de como os conteúdos são cobra-dos nestas provas para que pudessem se preparar melhor.

Referente à atividade de reforço, apenas duas alunas participaram das aulas e deacordo com as bolsistas a falta de participação dos alunos pode estar relacionada com

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o fato de que muitos trabalham, e ainda, que os mesmos não apresentam interesseem realizar exames como a avaliação. A fala de B1 demonstra essa inferência: "[...]trabalham ou fazem estágio remunerado no contra turno e que não tinham a possi-bilidade de estarem participando. Outros alunos por falta de interesse, pois não teminteresse de seguir uma carreira acadêmica ou prestar vestibular". O número reduzidode alunos foi um dos pontos negativos relatados pelas bolsistas, porém, o mesmo fatopossibilitou aprofundar os conteúdos e oferecer um atendimento mais específico paraa dificuldade de cada aluna presente.

Outra dificuldade relatada pelas bolsistas está relacionada com o conteúdo da ci-ência e com as abordagens de caráter didático, como o planejamento e seleção dasatividades, bem como dos materiais a serem utilizados, como exemplificado nas falasde B2 e B3, respectivamente: "[...] em relação aos exercícios de vestibular e do ENEMque foram propostos, pois dependendo do conteúdo não era possível achar muitosexercícios relacionados", "[...] foi difícil escolher a referência (livros, apostila) e umaexemplificação de uma maneira mais apropriada para se trabalhar".

Apesar do exposto, as bolsistas apresentam as diferentes contribuições dessa ati-vidade para sua formação. B1 e B2 destacam elementos referentes a formação profis-sional. Para B1 "[...] de executar uma proposta e buscar os meios para acontecer [...],[...] pois são situações do cotidiano da escola, da futura profissão a qual escolhemos,da prática do professor” e para B2 "[...] este trabalho contribuiu para minha formaçãoacadêmica e profissional, pois foi a primeira oportunidade que eu tive de trabalharcom poucos alunos e sentir como é trabalhar nestas condições". B3 e B4 por sua vez,apontaram aspectos referentes a relação aluno, professor e conteúdo. Segundo B3 "[...]as contribuições são inúmeras, dentre ter segurança frente aos alunos e conseguir de-senvolver as atividades propostas, oportunizando um ambiente aberto a perguntas,ou seja, possibilitando o diálogo e contribuições por parte dos alunos em sala” e paraB4 “foi excelente trabalhar com poucos alunos, pois pude dar uma maior atenção eaprofundar melhor os conteúdos".

As autoras PIMENTA; LIMA (2011) explicam que os professores recém-formadoschegam às escolas na maioria das vezes sem a clareza da profissão docente. Programasinstitucionais como o Pibid trazem a oportunidade do licenciando participar da escolaem todo o seu contexto, desde a sala de aula, conselho de classe e planejamento deaulas. E segundo STANZANI; BROIETTI; PASSOS (2012) essas trocas de experiências

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com os professores de educação básica e professores de ensino superior, colaborampara a construção da identidade profissional docente do acadêmico.

Diante dessa análise, percebe-se que toda experiência em sala de aula é válida paraacadêmicos que pretendem seguir a carreira docente, pois embora surjam dificulda-des, estas podem servir de aprendizado e vir a somar para a vivência acadêmica eprofissional dos interessados.

CONCLUSÕES

A prática pedagógica das bolsistas realizada na escola colaborou para o desenvol-vimento profissional das mesmas, apesar das dificuldades encontradas. As atividadesrealizadas tiveram o intuito da formação profissional das futuras professoras e comisso, pode-se presenciar diversas situações no processo de ensino e aprendizagem quenormalmente não aconteceria. Por isso, essas aulas foram importantes na formaçãodas acadêmicas, assim como na formação das alunas que participaram do reforço,pois foram trabalhados conteúdos biológicos que as mesmas apresentavam maior di-ficuldade vindo a sanar as dúvidas do processo de ensino e aprendizagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MIZUKAMI, M. d. G. N.; REALI, A. M. M. R.; REYES, C. R.; MARTUCCI, E. M.;LIMA, E. F. de; TANCREDI, R. M. S. P.; MELLO, R. R. de. Escola e aprendizagemda docência - processos de investigação e formação. São Carlos - SP: EdUFSCAR,2003. 203p.

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PEREIRA, J. E. D. Formação de professores – pesquisa, representações e poder. 2.ed.Belo Horizonte - MG: Autêntica, 2006. 168p.

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STANZANI, E. L.; BROIETTI, F. C. D.; PASSOS, M. M. As contribuições do PIBID aoprocesso de formação inicial de professores de química. Química Nova na Escola,v.34, n.4, p.210–219, 2012.

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ZEICHNER, K. M. A formação reflexiva de professores: idéias e práticas. Lisboa -PT: EDUCA, 1993. 132p.

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14.6 Confecção de apostila de aulas práticas para o labora-tório de ciências e biologia em um colégio estadual deCascavel - PR

Lucas Frangiotti Testa1, Wellington de Almeida1 & Juliana Moreira Prudente deOliveira1

RESUMO: Atividades práticas no ensino de Ciências podem dinamizar o processo de ensino e apren-dizagem. Nesse sentido, foi proposto o desenvolvimento de um projeto que objetivou a elaboração deuma apostila de aulas práticas para ser utilizada pelos professores como ferramenta para o ensino deCiências, tanto em sala de aula quanto no laboratório. Para tanto, se realizou uma visita a um colégiopúblico estadual de Cascavel, para observação das instalações, bem como uma conversa informal comuma professora da disciplina de Ciências. A partir disso, de documentos e livros disponibilizados pelaescola e pesquisas na internet foi elaborada uma apostila para os conteúdos de Ciências-Ensino Funda-mental. Considera-se que o desenvolvimento deste material serviu de apoio aos professores, bem comopossibilitou que os acadêmicos tivessem contato com a escola, com documentos oficiais e refletissemsobre as possibilidades de realização das aulas práticas, aproximando a formação inicial das escolas deeducação básica.

Palavras Chave: Ensino de ciências, Ensino e aprendizagem, Atividades práticas.

INTRODUÇÃO

A inclusão das atividades laboratoriais no ensino de Ciências começou no iníciodo século XIX, quando as disciplinas da área das Ciências começaram a fazer partedos currículos de muitos países. O laboratório constitui-se em um ambiente de apren-dizagem que permite ao aluno visualizar a teoria da sala de aula de forma dinâmica,vivenciando a teoria por meio da experimentação. Na escola, esse espaço consiste namaterialização de uma concepção didática, em que é possível visualizar e estruturara produção dos conhecimentos científicos de forma concreta. Qualquer âmbito envol-vido na realização de experiências em ciências, como é o caso do laboratório, receberáo impacto das atividades e posições explícitas ou implícitas diante desse modo deconstruir os conhecimentos (DOURADO, 2010; WEISSMANN, 1998).

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

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O ensino de Ciências e Biologia permanece ainda, em alguns casos, restrito às aulasexpositivas com pouca participação dos alunos. A utilização de outras modalidadesdidáticas e recursos didáticos, tais como: audiovisuais, ferramentas computacionais,práticas no laboratório e na sala de aula, atividades externas, programas de estudo porprojetos e discussões, entre outros, quando ocorre, se dá por iniciativas esporádicas dealguns professores, levadas a diante por enorme esforço pessoal de tais profissionais(PEREIRA et al., 2012). Sendo assim, as aulas teóricas/expositivas ocupam boa parteda carga horária, e as aulas práticas são programadas conforme a disponibilidade defatores como laboratório com materiais disponíveis, técnicos de laboratório e espaçofísico (BEREZUK; INADA, 2010).

O aprendizado de conceitos básicos, a análise do processo de pesquisa científica edas implicações sociais da ciência e da tecnologia, são alguns dos objetivos do ensinodas disciplinas de ciências e biologia, sendo estas disciplinas relevantes e merecedorasda atenção dos alunos (KRASLCHIK, 2004). Neste contexto, as atividades experimen-tais são essenciais para o processo de ensino-aprendizagem e devem estar adequadasàs capacidades e atitudes que se pretende desenvolver nos alunos DOURADO (2010).

Além de ser um local de aprendizagem, o laboratório é um local de desenvolvi-mento do aluno. Segundo CAPELETTO (1992), existe uma fundamentação psicológicae pedagógica que sustenta a necessidade de proporcionar à criança e ao adolescente aoportunidade de, por um lado, exercitar habilidades como cooperação, concentração,organização, manipulação de equipamentos e, por outro, vivenciar o método cien-tífico, entendendo como tal a observação de fenômenos, o registro sistematizado dedados, a formulação e o teste de hipóteses e a inferência de conclusões.

Questões científicas e tecnológicas passaram a ter grande influência no cotidianode toda sociedade, o impacto destas pesquisas científicas na vida das pessoas podeser observado na sala de aula, com perguntas de alunos a respeito de questões devanguarda da biologia envolvendo temas como transgenia, células-tronco, biotecno-logia entre outros. Muitas vezes, estas perguntas incluem comentários acerca das con-sequências éticas e econômicas de tais descobertas, refletindo o impacto da atividadehumana sobre o ambiente, sendo também este questionamento influenciado pela mí-dia, o que não garante que elas estejam embasadas por conhecimento científico con-sistente (PEDRANCINI et al., 2007). Por isso, ressalta-se a importância de que sejamdiscutidas em sala de aula, a fim de que os alunos construam um conhecimento mais

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próximo do científico, o que pode ser proporcionado também pelas aulas práticas.Tendo em vista os objetivos que o ensino de Ciências e Biologia propõem aos alu-

nos, é evidente a importância das atividades experimentais tanto em sala de aula,como nos laboratórios e principalmente se houver possibilidade dos alunos utilizarmateriais, manusear equipamentos e presenciar fenômenos e organismos. Além disso,nesse tipo de aula os alunos podem exercitar o raciocínio, pois avaliam resultados,testam experimentos e, assim, solucionam problemas e são estimulados ao desafio.Mas, para que os objetivos sejam alcançados e as habilidades desenvolvidas em todaa sua potencialidade, é preciso que as atividades estejam enquadradas dentro de umaperspectiva construtivista, promovendo um aprendizado realmente significativo BE-REZUK; INADA (2010).

Embora esses fatores positivos relacionados à aula prática sejam amplamente reco-nhecidos, os professores apontam muitos outros como limitantes para sua execução,como tempo para preparação, conhecimentos para organizar a experiência, equipa-mento e instalação, entre outros (KRASILCHIK, 1996). Tendo em vista essa realidade,neste trabalho relatamos uma alternativa proposta para auxiliar os professores na rea-lização das aulas práticas, que foi a elaboração de uma apostila com práticas possíveisde serem realizadas tanto em sala de aula, como em laboratório, com materiais espe-cíficos (vidrarias, equipamentos, etc) e alternativos.

A ORGANIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

Para a realização deste trabalho foi elaborado um projeto, o qual foi apresentadoà direção da escola, que manifestou interesse. Posteriormente, realizou-se um reco-nhecimento dos laboratórios existentes na escola (Laboratório de Ciências e Biologia eLaboratório de Física) e dos materiais existentes nos mesmos. Ressalta-se que a escoladispõe de laboratórios e de vários equipamentos em condições de uso, que foram con-siderados para a elaboração da apostila. Após isso, ocorreu uma visita à biblioteca daescola, onde obtivemos livros didáticos usados pelos professores, os quais foram desuma importância para o desenvolvimento da apostila, pois, a mesma foi desenvol-vida de acordo com o material didático utilizado pela escola. Os planos de trabalhodocente (PTD) da escola também foram disponibilizados para consulta. As práticasforam elaboradas a partir da observação realizada na escola e dos materiais dispo-

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nibilizados, bem como de pesquisas a materiais disponíveis na internet. Também foipossível conversar diretamente com uma das professoras de ciências do colégio, o quelevou a direcionar a apostila apenas para essa disciplina, pelo contato obtido.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A confecção da apostila visou dar um dinamismo maior às aulas de ciências do en-sino fundamental, não contando apenas com práticas realizadas em laboratório, mastambém em espaço aberto, quadras, e até mesmo dentro da sala de aula. A apostilafoi elaborada visando acolher todos os conteúdos de ciências trabalhados no ensinofundamental-anos finais (6� ao 9� ano). O número médio de aulas práticas (15 aulaspor ano) foi sugerido pela professora, visando à carga horária da disciplina. A apostilafoi elaborada de maneira encadernada, com espiral. Apresenta um total de 60 pági-nas, com prefácio, sumário e 66 práticas, sendo 19 para o 6� ano, 17 para o 7� ano,14 para o 8� ano (esse número sem as práticas de observação em lâminas histológicaspropostas) e 16 para o 9� ano (oito de física e oito de química), além das referências.As práticas foram descritas com um texto de apoio teórico sobre o assunto, detalha-mento de toda a realização, com sugestões de questões para discussão com os alunose figuras demonstrando o processo e/ou o resultado final de algumas práticas.

A professora recebeu a apostila e destacou que este trabalho foi de grande ajuda,pois a falta de tempo e os compromissos retiram a possibilidade de que ela e os demaisprofessores pesquisem por novas práticas, e isto faz com que sejam realizadas apenasas mesmas todos os anos, e/ou ainda que as aulas se concentrem quase o ano inteirona sala de aula. Inclusive houve a sugestão da criação de uma nova apostila paraabordar os conteúdos do ensino médio, pois inicialmente se pretendia fazer apenasuma apostila para os dois níveis, porém como esta ficaria muito grande e não seria defácil manuseio, optou-se apenas pelo ensino fundamental.

Portanto, este trabalho pode ser considerado como uma alternativa para que osprofessores tenham material de apoio para a execução das aulas práticas. Assim, al-guns fatores limitantes como o tempo para planejamento e o levantamento de mate-riais necessários, apontados por (KRASILCHIK, 1996), poderão interferir menos narealização dessas aulas práticas, pois os professores já terão um ponto de partida. Oque também contribui para que as aulas práticas não fiquem tão dependentes de ini-

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ciativas esporádicas de alguns professores, conforme aponta (PEREIRA et al., 2012).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A criação de uma apostila de aulas práticas é algo útil que pode resultar em me-lhoria no processo de ensino e aprendizagem dos alunos, se for realmente utilizada.Ressalta-se, porém que se trata de um material de apoio, por isso não deve ser tratadocomo única fonte de referência, mas sim como um ponto de partida, por ser acessívele propor diferentes tipos de prática que podem ser realizadas em vários ambientes.O desenvolvimento deste projeto também possibilitou que os acadêmicos tivessemcontato com a escola, com documentos oficiais e refletissem sobre as reais possibili-dades de realização das aulas práticas, aproximando a formação inicial das escolas deeducação básica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEREZUK, P. A.; INADA, P. Avaliação dos laboratórios de ciências e biologia das esco-las públicas e particulares de Maringá, estado do Paraná. Acta Scientiarum Humanand Social Sciences, v.32, n.2, p.207–215, 2010.

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DOURADO, L. Trabalho Prático (TP), Trabalho Laboratorial (TL), Trabalho de Campo(TC) e Trabalho Experimental (TE) no ensino das ciências – contributo para umaclarificação de termos. In: VERÍSSIMO, A.; PEDROSA, A.; RIBEIRO, R. (Ed.).(Re)Pensar o Ensino das Ciências. Lisboa - Portugal: Ministério da Educação, 2010.p.13–18.

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14.7 A cronobiologia articulada ao ensino por investigaçãono PIBID

Mariana Bolake Cavalli1, Raissa Caroline Gallego1, Tayonara Georgiane Neppel1 &Fernanda Aparecida Meglhioratti 1

RESUMO: Nesse trabalho analisamos o desenvolvimento de um módulo didático vinculado ao Pro-grama Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID), subprojeto: Ensino de Ciências e Biologiapor Investigação: uma relação entre teoria e prática. Por meio da utilização do Ensino Por Investigaçãocomo enfoque metodológico, desenvolveu-se um módulo sobre cronobiologia com alunos do segundoano do Ensino Médio de um Colégio Estadual do Oeste do Paraná. O problema norteador do desenvol-vimento das aulas foi: Para que dormir? O Ensino por Investigação instiga o aluno fazendo-o pensar,criar hipóteses, para tentar solucionar o problema. Para responder este questionamento, foi trabalhadocom os alunos o ciclo sono-vigília e os fenômenos torpor, hibernação e estivação. A análise do desen-volvimento do módulo didático permitiu evidenciar a participação ativa dos alunos, a construção doraciocínio lógico e a elaboração de conhecimentos que propiciaram a resolução do problema.

Palavras Chave: Ensino Por Investigação, Cronobiologia, Ensino de Biologia.

INTRODUÇÃO

O subprojeto PIBID do curso de Ciências Biológicas - Licenciatura intitulado: En-sino de ciências e biologia por investigação: uma relação entre teoria e prática, desenvolveu-se no período de 2010 a 2013 na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, adotandocomo enfoque teórico e metodológico o Ensino Por Investigação. O ensino por investi-gação foi escolhido como eixo norteador do subprojeto por permitir a participação dosalunos, a elaboração de raciocínios lógicos e a percepção da ciência como atividade co-letiva e em construção. Como destaca CARVALHO (2004), o Ensino por Investigaçãopermite levar os alunos a construir seu conteúdo conceitual participando do processode construção e dando oportunidade de aprender a argumentar e exercitar o raciocí-nio, em vez de fornecer-lhes respostas definitivas ou impor-lhes seus próprios pontosde vista transmitindo uma visão reducionista de ciências.

Dentro do subprojeto analisado foram elaborados módulos didáticos a partir dediferentes problemas norteadores e com diferentes temáticas. Nesse trabalho apre-

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

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sentamos e analisamos o desenvolvimento do módulo didático relativo à temática"Cronobiologia". Essa temática foi escolhida por permitir a articulação de inúmerosconceitos fisiológicos. Desse modo, selecionaram-se duas situações que envolvem as-pectos da cronobiologia e que podem facilitar um ensino articulado e contextualizadorda fisiologia no ensino médio nas aulas de Biologia: o ciclo sono-vigília e os fenôme-nos torpor, hibernação e estivação.

No caso do ciclo sono-vigília, BUELA (1990) definiu o sono como um estado fun-cional, reversível e cíclico, com algumas manifestações comportamentais característi-cas, como uma imobilidade relativa e o aumento de resposta aos estímulos externos.Sendo o estado de vigília o período em que o indivíduo encontra-se ativo e consciente.Nesses dois estados, há alterações nítidas por vezes sutis e outras bastante concretasna fisiologia e comportamento do animal, um bom exemplo seriam as alterações queocorrem no sistema límbico, tais como a concentração do hormônio melatonina, ohormônio de crescimento, o cortisol, e outros (ALMONDES; ARAÚJO, 2003).

Já o comportamento de torpor, estivação e hibernação, os quais são um tipo dedormência são respostas a variações na temperatura ambiental, mostrando que os or-ganismos estão em intrínseca ligação com o ambiente em que vivem. A temperaturacorporal afeta de tal forma os parâmetros fisiológicos e bioquímicos que sua manu-tenção torna-se especialmente importante (RANDALL; BURGGREN; FRENCH, 2000).SCARPELLINI; BÍCEGO (2010) colocam que o mecanismo termorregulador compor-tamental é considerado o mais antigo na escala filogenética.

Estudos voltados a cronobiologia permitem ao aluno reconhecer que há uma es-trutura geradora de tempo no interior dos organismos, o qual é chamado de relógiobiológico e que interage constantemente com o meio externo e interno do organismo,isso possibilita uma visão mais dinâmica do funcionamento dos seres vivos, reconhe-cendo que estes possuem também uma organização temporal (ARAÚJO; MARQUES,2002). Assim, o trabalho teve o objetivo de investigar se a utilização do Ensino por In-vestigação com as temáticas relacionadas à cronobiologia permitiu aos alunos a com-preensão articulada de conceitos fisiológicos e o reconhecimento de uma organizaçãotemporal dos seres vivos a qual influencia em seu desenvolvimento e interação com omeio.

Levando em consideração esses pressupostos, o módulo didático foi organizadonos seguintes passos, segundo CLEMENT; TERRAZZAN (2012): Análise qualitativa

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do problema; Elaboração de hipóteses; Aplicação de estratégias de resolução; Análisedos Resultados; Elaboração da síntese explicativa do processo de resolução.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os sujeitos dessa pesquisa foram alunos de duas turmas do segundo ano do En-sino Médio de um Colégio Estadual do Oeste do Paraná. O módulo foi desenvolvidodurante 7 horas aula, as quais foram cedidas pela professora regente de Biologia, queacompanhou o desenvolvimento de todo o módulo. O modulo foi construído atravésde um sequenciamento didático, que foram elaborados a partir das etapas apresenta-das por CLEMENT; TERRAZZAN (2012) e são descritos a seguir.

O primeiro passo é análise qualitativa do problema elaborado pelo professor o qualmostra que, compreender os conceitos, as discussões, as relações científicas, sociais eambientais envolvidas no fenômeno em estudo. Assim elabora-se um problema realque seja motivador para o desenvolvimento investigativo da aprendizagem. Na pri-meira aula introduzimos o problema inicial: Para que dormir? Segundo POZO (1998)para que se configure um verdadeiro problema, deve ser o qual leve o aluno tomardecisões, planejar e recorrer a sua bagagem de conceitos adquiridos. A partir desteproblema, sem respondê-lo, levamos os alunos a debater sobre fatores relevantes paramostrar a importância do sono. Também foram levantados outros questionamentoscomo: Por que vocês acham que dormimos? O que nos faz dormir? Quais distúrbiosque ocorrem durante o sono? Todos os animais dormem?

O segundo passo é a emissão de hipóteses, durante o debate foi formulada variashipóteses pelos alunos como: "se não dormimos morremos", "precisamos descansar senão o corpo não funciona direito, entre outras. CARVALHO (2004) cita que o trabalhodo professor é construir com os alunos essa passagem do saber cotidiano para o sabercientífico, por meio da investigação e do próprio questionamento acerca do conheci-mento. Estas hipóteses fazem parte do conhecimento prévio do aluno, ou seja sobre oconhecimento cotidiano deles, e entender o que eles sabem a respeito do conteúdo faztoda a diferença para auxilia-lo na construção do seu conhecimento.

O próximo passo é a elaboração de estratégia(s) de resolução no qual se espera queos alunos elaborem diferentes formas de resolução da questão/problema proposta,explicitando os conhecimentos que dispõem. Os alunos escreveram suas hipóteses e

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como chegaram às respostas dos questionamentos propostos anteriormente.

Outro passo é a etapa de análise do(s) resultado(s) que tem por objetivo contras-tar e verificar as hipóteses emitidas, permitindo averiguar até que ponto a avaliaçãoqualitativa da situação (origem de todo o desenvolvimento) estava correta e/ou a es-tratégia seguida era adequada. É a etapa das explicações, os porquês se chegou aqueledeterminado resultado e suas aproximações às explicações do conceito científico rela-cionado. Na sequência foram abordadas as principais fases do sono, que são muitoimportantes na abordagem do módulo, pois identificam as principais alterações fisi-ológicas, permitindo falar também das diferenças do sono em determinadas fases davida e de algumas implicações causadas por distúrbios do sono. Foi abordada tam-bém a questão do Torpor, Hibernação, e Estivação como outros tipos de dormência,que ocorrem para estabilizar as funções fisiológicas, buscando-se sempre a homeosta-sia para o bom funcionamento da maquinaria fisiológica.

E por fim a elaboração de síntese explicativa do processo de resolução praticado esinalização de novas situações-problema. Foi feito um estudo investigativo aplicandoum questionário relacionado aos aspectos do sono aos alunos, assim esse material ser-viu como a base da pesquisa para analises com o objetivo de verificar a rotina dosalunos fazendo perguntas como: Quantas horas você dorme por dia? Você sente can-saço durante o dia? Em que período? Você pratica exercícios físicos? Você acredita teruma boa memória? Você trabalha? Qual seu horário de ir dormir? Dorme pela tarde?

Os próprios alunos analisaram os questionários, porém a turma A analisou daturma B e vice e versa os questionários não tinham nomes para evitar possíveis cons-trangimentos. Separamos os alunos de cada turma em 4 grupos para organizar a aná-lise dos dados dos questionário, em folha quadriculada na forma de gráfico de torres,para que ficasse mais fácil observarem as diferenças.

CAMPOS; NIGRO (1999) citam que após cada etapa da solução do problema énecessário que o professor faça uma discussão coletiva para esclarecer dúvidas dosalunos. Para finalizar o modulo reunimos as duas turmas e foi feita uma apresenta-ção através de slides mostrando os gráficos construídos pelos alunos e comparandoas respostas da turma A com a turma B, e também comentando sobre os principaistópicos trabalhados para a construção do conteúdo.

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CONCLUSÕES

Apesar de ser um conteúdo complexo, a cronobiologia articulada com o Ensino porInvestigação, tornou-se de melhor compreensão para os alunos. O ritmo biológico, emespecial o ciclo sono-vigília, é um fenômeno que faz parte do dia a dia do aluno e quepor isso mesmo desperta seu interesse.

O Ensino por Investigação exige que o aluno torne-se ativo durante a aula, o quefaz necessário que a aula seja atrativa para ele. A partir da situação problema os alunosmotivaram-se para solucionar o problema.

Segundo POZO (1998) uma das finalidades do sistema educacional é proporcio-nar aos cidadãos capacidades de aprender, para que sejam aprendizes mais flexíveis,eficazes e autônomos. Partindo desta premissa e, na expectativa de reverter os proble-mas que afligem a educação, acredita-se que a implementação de práticas educativasinovadoras, dentre as quais se destaca o uso de estratégias de ensino diversificadascomo o Ensino Por Investigação, possa auxiliar no cotidiano do professor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ARAÚJO, J. F.; MARQUES, N. Cronobiologia: uma multidisciplinaridade necessária.Margem, v.15, p.95–112, 2002.

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CAMPOS, M. C. C.; NIGRO, R. G. Didática de ciências: o ensino aprendizagem comoinvestigação. São Paulo - SP: FTD, 1999. 190p.

CARVALHO, A. M. P. Ensino de Ciências: unindo a pesquisa e a prática. CengageLearning Editores, 2004. 165p.

CLEMENT, L.; TERRAZZAN, E. A. Resolução de problemas de lápis de papel numa

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abordagem investigativa. Experiências em Ensino de Ciências, v.7, n.2, p.98–116,2012.

POZO, J. I. A solução de problemas: aprender a resolver, resolver para aprender. SãoPaulo - SP: Artes Médicas, 1998. 203p.

RANDALL, D.; BURGGREN, W.; FRENCH, K. Fisiologia Animal. 4.ed. Rio de Janeiro- RJ: Guanabara Koogan, 2000. 729p.

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14.8 Os recursos didáticos e o processo de ensino aprendi-zagem

Rafaela Giacomel Rauber1, Luana Caroline Wagner1, Carina Renosto1 & JulianaMoreira Prudente de Oliveira1

RESUMO: O ensino requer métodos diferenciados para que os alunos consigam assimilar da melhorforma possível o conteúdo ensinado, por isso é necessário buscar objetos de aprendizagem que fujamda abordagem tradicional. Neste contexto, a utilização de recursos didáticos é uma das alternativaspara melhorar o ensino. Sendo assim, neste trabalho objetivou-se aplicar diferentes recursos didáti-cos em aulas de Ciências durante o estágio supervisionado e verificar quais foram os mais interessan-tes/estimuladores para os alunos. O presente estudo se deu em um colégio estadual da rede pública deensino de Cascavel-Pr, por meio de questionários aplicados para alunos de 6º e 7º ano. Com a análisedos dados coletados percebeu-se que os alunos se interessam por recursos variados, evidenciando quecada um aprende de forma diferente, o que exige estimulação constante.

Palavras Chave: Objetos de Apredizagem, Ensino de Ciências, Ensino e Aprendizagem.

INTRODUÇÃO

Aprender ciências é aprender a lidar com o mundo, com seus fenômenos e atémesmo com suas novas descobertas. Levando em consideração a importância do en-sino de ciências no ensino fundamental para desenvolvimento do senso crítico doaluno, buscando a harmonia com o meio ambiente, é de elevado valor que o alunocompreenda o conteúdo. Desta forma é importante que os professores de ciências sai-bam como planejar uma aula com diferentes recursos didáticos e aplicá-los da formacompreensível, para que aluno não faça interpretações errôneas da realidade.

Conforme relata CALADO (2012), as escolas atualmente são abertas para as novastecnologias, quase todas possuem laboratórios de informática, TV, DVD players, po-rém, o que se observa é que não ocorre o uso adequado das novas tecnologias, o queprova que simplesmente disponibilizá-las na escola não é suficiente. A respeito doensino de ciência, a preocupação é ainda maior, pois como aprender a lidar com novasdescobertas se não temos contato nem com àquelas que nossa escola disponibiliza?

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

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Também "não se pode esquecer que os mais poderosos e autênticos "recursos"daaprendizagem continuam sendo o professor e o aluno que, conjunta e dialeticamente,poderão descobrir novos caminhos para a aquisição do saber (FARIA, 2004). Os re-cursos didáticos são mediadores no processo de ensino aprendizagem, sendo que suafunção é aproximar professor, aluno e conhecimento, devendo ser utilizados em mo-mentos específicos para construção do saber, sendo ótimos aliados do professor (PAIS,2000; SOUZA, 2007).

De acordo com SOUZA (2007), o docente deve estar preparado e ter competênciaao utilizar os recursos que possui em seu alcance, ter criatividade e construir algumadessas ferramentas com os alunos, pois conforme eles possuem um contato maiorcom esses objetos de aprendizagem eles passam a compreender melhor o conteúdoproposto. Para BEHAR et al. (2008), "atualmente, os objetos de aprendizagem (OA)apresentam-se como uma alternativa para disponibilização de conteúdos de formamais dinâmica e atraente".

Sendo assim, neste trabalho objetivou-se aplicar diferentes recursos didáticos emaulas de Ciências durante o estágio supervisionado e verificar quais foram os maisinteressantes/estimuladores para os alunos na visão destes.

METODOLOGIA

O presente estudo foi realizado em um colégio estadual da rede pública de en-sino da cidade de Cascavel – PR, em duas turmas de 6º ano e duas turmas de 7º ano.Ressalta-se que foi ministrado um total de 45 horas/aulas, por três estagiárias e emcada conteúdo trabalhado foi utilizado diferentes recursos didáticos, a saber: mode-los, aulas práticas, vídeos, slides, desenhos e textos.

Os instrumentos de coleta de dados foram questionários aplicados após as aulasministradas, com perguntas abertas e fechadas. Obteve-se 24 e 31 questionários res-pondidos das turmas do 6� e 7� ano, respectivamente.

Os dados foram analisados mediante o método análise de conteúdo (BARDIN,1977). Este método se baseia num conjunto de técnicas de análise das comunica-ções, que visam obter por meio de procedimentos sistemáticos e objetivos de descri-ção o conteúdo das mensagens, que agem como indicadores permitindo a verificaçãodos dados e as suas condições referentes à produção e à recepção destas mensagens.

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Utiliza-se da língua, da palavra e de todas as informações implícitas, buscando com-preender o total significado das comunicações.

Para manter o anonimato os alunos do 6� ano foram identificados pela letra A,sucedida de números arábicos (A1, A2, A3, etc.) e os do 7� ano pela letra B, tambémsucedida de números arábicos (B1, B2, B3, etc.). Ressalta-se que as descrições dosalunos foram transcritas da forma como estava nos questionários.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Sabe-se que os alunos aprendem de forma diferente e por isso é necessário queexistam diversos recursos no seu aprendizado para suprir as dificuldades e tentarabranger a maioria dos estudantes. Isso ficou evidente neste estudo, pois quando osalunos foram questionados em quais aulas eles aprenderam mais (poderiam assinalarmais do que uma resposta), as respostas foram variadas, demonstrando que não existeprevalência de um recurso sobre o outro, como pode ser observado na Tabela 1 e nasfalas abaixo, retiradas da questão que solicitava aos alunos que justificassem o porquêoptaram por aquele recurso.

Tabela 1: Recursos utilizados e apontamentos dos alunos referentes às aulas em queaprenderam mais.

Recursos didáticos utilizados nas aulas Apontamentos dos Apontamentos dosalunos do 6� ano alunos do 7� ano

Demonstração de exemplares 12 13Desenhos/esquemas no quadro 12 9Texto no quadro 10 3Fotos 7 14Modelo (vulcão) 17 Não utilizadoVídeos 14 21Lupa Não utilizado 17Visita ao pátio da escola Não utilizado 16

É perceptível nos dados da tabela que há um número maior de respostas quandoo recurso possibilita a visualização (vídeos, lupa, modelo e visita ao pátio da es-cola). Nestes inclusive houve um número maior de justificativas, como seguem algunsexemplos:

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Vídeos:"Sim (apontando que se lembra), do que ocorreria um terremoto, queos terremotos podem provocar ondas gigantes chamadas tsunamis"(A7).

"No vídeo eu gostei da parte em que nós aprendemos que o fungo é ofermento do pão" (B30).

Lupa/Demonstração de exemplares:"Lembro que as estagiárias mostraram rochas e falaram como se for-mava e eu observei as rochas" (A23).

"Observei os fungos que tem vários tipos deles como: orelha de pau,gelatinoso, folhoso etc" (B2).

"Na lupa aprendi que os fungos do pão não dá para olhar em olhonu" (B1).

Vulcão/modelo:"Eu aprendi como que acontece quando o vulcão entra em erupção" (A19).

Visita ao pátio da escola:"Eu aprendi sobre os fungos. Nós fomos e achamos (sic) ele, foi muitolegal" (B27).

"Visita no pátio da escola, observei os fungos direto do ambiente natu-ral do fungo" (B21).

Neste contexto, os recursos didáticos enquadram-se como objetos de aprendiza-gem e por isso é tão importante que o professor os utilize, pois se forem comparar osdados obtidos neste trabalho, a diferença de apontamentos é mínima entre um recursoe outro, tendo destaque maior apenas para os que possibilitam a visualização. ParaBEHAR et al. (2008) os objetos de aprendizagem (OA) configuram-se como alterna-tivas para que o professor trabalhe os conteúdos de forma mais dinâmica e atraente.Portanto, devem ser melhor explorados no ensino de ciências.

Materiais didáticos são aliados tanto dos professores quanto dos alunos, auxili-ando na compreensão dos diversos conteúdos. Segundo SENICIATO; CAVASSAN(2004) aliar os aspectos educacionais e afetivos leva a uma aprendizagem mais signi-ficativa envolvendo e motivando os alunos, o que ficou perceptível neste trabalho.

Observou-se de forma geral que a maior quantidade de apontamentos se deu nosrecursos didáticos que possibilitam a visualização e que foram trabalhados de forma

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interativa com os alunos, por exemplo, vídeos (dialogando), modelos (possibilitandoo toque), aulas práticas (possibilitando a manipulação). Embora, especificamente no 6ºano, a utilização do quadro também teve destaque. Acredita-se que por necessitaremum pouco mais da forma escrita como registro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considera-se que é um grande desafio explorar todas estas formas diferentes deensinar e de aprender, mas se o professor quiser despertar o interesse e motivar atodos para sua aula não pode deixar de lançar mão de diferentes estratégias e recursos,para que possa explorar diferentes estímulos e auxiliar os alunos a avançar em suaaprendizagem.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao colégio estadual que cedeu seu espaço para o desenvolvimentodo projeto e aos alunos que participaram do mesmo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo - SP: Edições 70, 1977. 225p.

BEHAR, P. A.; SCHNEIDER, D.; AMARAL, C. B. do; FROZI, A. P. Formação de pro-fessores de educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental: a experiênciade validação de objetos de aprendizagem. Revista Novas Tecnologias na Educação,v.6, n.1, p.1–11, 2008.

CALADO, F. M. O ensino de geografia e o uso dos recursos didáticos e tecnológicos.Revista Geosaberes, v.3, n.5, p.12–20, 2012.

FARIA, E. T. O professor e as novas tecnologias. In: Ser professor. Porto Alegre - RS:EDIPUCRS, 2004. p.57–72.

PAIS, L. C. Uma análise do significado da utilização de recursos didáticos no ensino dageometria. In: REUNIãO ANUAL DA ANPED, 23., 2000, Caxambu - MG. Anais. . . ,2000. p.1–16.

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SENICIATO, T.; CAVASSAN, O. Aulas de campo em ambientes naturais e aprendiza-gem em ciências: um estudo com alunos do ensino fundamental. Ciência & Educa-ção, v.10, n.1, p.133–147, 2004.

SOUZA, S. E. DE. O uso de recursos didáticos no ensino escolar. In: ENCONTRODE PESQUISA EM EDUCAÇÃO, 4a JORNADA DE PRÁTICA DE ENSINO, 13a

SEMANA DE PEDAGOGIA DA UEM, 2007, Maringá - PR. Anais. . . , 2007. p.110–114.

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14.9 Astronomia no interior da sala de aula a partir da con-tação de história

Vanderlize Simone Dalgalo1, Maricélia Aparecida Nurmberg1 & Marciana P.Kliemann1

RESUMO: O presente relato objetiva dispor a experiência docente realizada a partir da pratica inter-ventiva docente da disciplina de Teoria e Pratica II do curso de Pedagogia da Unioeste - Campus deCascavel. A docência foi realizada após observações colaborativas no 3� ano do Ensino Fundamen-tal anos iniciais de uma Escola da Rede Municipal de Educação de Cascavel, sendo mediado naquelemomento a disciplina de Ciências Naturais com o eixo noções de astronomia do Currículo para escolapública da cidade de Cascavel no conteúdo de Sistema Solar. Abordaremos inicialmente algumas ques-tões teóricas e metodológicas sobre a construção do conhecimento, passando em seguida a uma breveapresentação sobre Astronomia, sua história e a importância do tema no Ensino Fundamental, valeressaltar que ocorreu a explanação de metodologias de como trabalhar seus conceitos de forma maissimples e compreensível aos alunos. Os resultados são apresentados de forma sucinta.

Palavras Chave: Astronomia, Universo, Sistema Solar.

INTRODUÇÃO

A Escola tem como papel a socialização dos conteúdos aos alunos. Esse processo éum desafio porque o professor além de ter domínio dos conteúdos, precisa ter domíniode algumas metodologias para que o contato dos alunos com o mesmo seja significa-tivo e seja apreendido de forma prazerosa. Entretanto, ao se deparar com cada faixaetária de alunos surgem vários desafios, principalmente com relação à apreensão deconceitos por porte dos alunos, que nem sempre é tarefa fácil.

Segundo CARVALHO (2004), um dos grandes desafios encontrados é a distânciada pesquisa Científica e a prática do ensino nas salas de aula. É urgente uma renova-ção no Processo ensino / aprendizagem, pautado na investigação e experimentaçãoonde o aluno possa ser pesquisador, participante, argumentador, descobridor.

Para a autora, o processo de Ensinar nunca será forçar uma aprendizagem, mascontribuir para despertar a energia que possa produzi-la naturalmente.

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

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Não podemos mais continuar ingênuos sobre como se ensina, pen-sando que basta conhecer um pouco o conteúdo e ter jogo de cin-tura para mantermos os alunos nos olhando e supondo que enquantoprestam atenção eles estejam aprendendo. Temos sim, de incorporara imensa quantidade de pesquisas feitas a partir dos anos 50 sobre aaprendizagem em geral e especificamente sobre a aprendizagem dosconceitos científicos, incluindo, com destaque, as discussões de comoos trabalhos em história e filosofia das ciências podem contribuir parauma melhor compreensão dos próprios conteúdos das Ciências, fun-cionando como auxiliar em seu ensino e sua aprendizagem (CARVA-LHO, 2004).

É imprescindível que os alunos possam participar do processo de construção doconhecimento e possam argumentar, tenham a oportunidade de expor suas ideias,exercitar a razão ao invés de receber respostas prontas, definitivas e fechadas. Elestrazem para a sala de aula, noções já estruturadas, mas precisam de orientações paratestar estas noções e a partir daí construir novas perspectivas que dê sentido ás ati-vidades cotidianas. Aos Professores compete construir atividades inovadoras paraalunos evoluírem em seus conceitos, habilidades.

Para que uma atividade possa ser considerada de investigação, a açãodo aluno não deve se limitar apenas ao trabalho de manipulação e ob-servação, ela deve também conter características de um trabalho cien-tífico: o aluno deve refletir, discutir, explicar, relatar, o que dará ao seutrabalho as características de uma investigação científica. Essa investi-gação, porém, deve ser fundamentada, ou seja, é importante que umaatividade de investigação faça sentido para o aluno, de modo que elesaiba o porquê de estar investigando o fenômeno que a ele é apresen-tado. Para isso é fundamental que o professor apresente um problemasobre o que está sendo estudado. A colocação de uma questão ou pro-blema aberto como ponto de partida é ainda um aspecto fundamentalpara a criação de um novo conhecimento CARVALHO (2004).

O processo de construção do conhecimento por parte dos alunos ocorre a partirda interação entre pensar, sentir e fazer. O aluno precisa ser instigado a interagir,interferir, questionar, vindo a aprender atitudes, desenvolver habilidades, como argu-mentação, interpretação, análise. A função do Professor é acompanhar as discussões,provocar, propor novas questões e ajudar os alunos a manterem a coerência das ideias(NOGUEIRA, 2009).

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Na construção do saber e aprendizagem nas diferentes disciplinas devem estarpresentes a questão, a resposta, o lúdico, a imaginação. Quando se refere a disciplinade Ciências onde conteúdos complexos precisam ser transmitidos, estas ferramentaspodem ser de grande utilidade.

[...] As aulas de Ciências precisam ser bem elaboradas mantendo umadinâmica única com dosagens corretas de cada conteúdo, respeitandoas limitações do indivíduo e sua curiosidade. O indivíduo está no Uni-verso e ele faz parte de um pequeno corpo que chamamos Terra. Essaterra está “presa” a uma estrela chamada Sol, que pertence a uma ga-láxia chamada Via Láctea que por sua vez faz parte de um grupo localde galáxias onde está Andrômeda (LATTARI; TREVISAN, 1999).

Podemos elencar os principais objetivos dessa atividade a aquisição de conheci-mentos e conceitos de Astronomia, distinguir os componentes do Sistema Solar, carac-terizar o Universo e juntamente a produção textual a partir dos conceitos apropriadosno decorrer da explanação do conteúdo de Astronomia. Passaremos na sequencia aapresentar algumas informações sobre o conteúdo Astronomia, sua origem e buscasdo homem em explicar seus fenômenos.

ASTRONOMIA – ORIGEM OU CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

A Astronomia é uma das ciências mais antigas da humanidade. Surgiu paralela-mente na China, Mesopotâmia, Índia e Egito por volta de 5000 a. C. e 3000 a. C. Essespovos observavam os astros para criar um calendário de suas atividades rotineiras. Ospovos mesopotâmicos foram os primeiros a conceituar dia, mês e ano, organizaram osprimeiros calendários, definiram a diferença de estrelas e planetas e desenvolveramcálculos dos movimentos dos planetas e da Lua. Por volta do século IV a astrono-mia ganha caráter científico mais aprofundado com o surgimento da matemática e dafísica e da civilização grega que primeiramente afirmam que a terra é esférica e seumovimento em torno do Sol é chamado de rotação.

No início da era cristã, o astrônomo Cláudio Ptolomeu, desenvolveu o primeirosistema planetário, chamado de Sistema Geocêntrico. Ele Afirmava que a Terra era ocentro do Universo. Essa teoria foi aceita por catorze séculos, até que no século XVI,Nicolau Copérnico, astrônomo polonês, apresentou um novo modelo, o Heliocêntrico.

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Galileu Galilei, físico e matemático italiano, após muitas pesquisas afirma que a Terragira em torno do Sol. Johannes Kepler, físico alemão, desenvolveu as leis do movi-mento planetário. Isaac Newton, físico e matemático inglês, responsável pela autoriada Lei da Gravitação Universal.

Muitos pensadores propuseram explicações, erradas ou certas, pois éassim que evolui a ciência e o conhecimento humano. O estudo daastronomia é sempre um começo para retornarmos ao caminho da ex-ploração. E é por meio da educação, do contínuo exercício da reflexãoe da curiosidade, natural nos jovens e crianças, que podemos compre-ender e interagir com essa realidade que nos cerca e adquirir os instru-mentos para transformá-la para melhor. O estudo dos astros – ou seja,a astronomia – foi a atividade que abriu as portas do mundo da ciênciapara os seres humanos (NOGUEIRA, 2009).

Com o passar dos tempos outros pesquisadores publicaram novas descobertas as-tronômicas que conhecemos atualmente, fazendo-nos vislumbrar um pouco mais dosencantos do Universo. Transmitir tais conhecimentos e conceitos não é tarefa muitosimples e fácil, mas se estiver pautada em concepções teóricas confiáveis aliadas às ati-vidades práticas isso se torna mais significativo e prazeroso para o aprendizado dosalunos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Inicialmente fazendo um levantamento acerca dos conhecimentos prévios dos alu-nos, a partir dos seguintes questionamentos: O que é sistema solar? O que compõe osistema solar? Quantos planetas existem no sistema solar? Quais os movimentos queos astros do sistema solar apresentam? O que é Astronomia?

Na sequência explanamos sobre os componentes do sistema solar, os planetas, asestrelas e a organização do universo a partir da contação da história com fantoches: AEstrela Tinim em Viagem ao Sistema Solar. Adaptou-se a sala de aula para a contaçãode história, utilizando um palco de fantoches e os personagens da história. Em se-guida os alunos foram levados para fora da sala de aula, no pátio onde realizaram emgrupos de 2 ou 3 alunos a ilustração do sistema solar com tinta guache em papel Kraft.Para concluir ensinamos aos alunos um macete para memorizarem o nome dos plane-

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tas, fazendo referencia a primeira letra de cada palavra, ao nome de um dos planetas:"Minha velha traga meu Jantar: sopa, pão.....".

A atividade apresentou um resultado satisfatório, pois os alunos se mostraram ex-tremamente receptivos, participativos e concentrados durante o período da contaçãoda história.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, A. M. P. Ensino de Ciências: unindo a pesquisa e a prática. CengageLearning Editores, 2004. 165p.

LATTARI, C. J. B.; TREVISAN, R. H. Metodologia para o ensino de astronomia:uma abordagem construtivista. In: II ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EMEDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 1999. Anais. . . ABRAPEC, 1999. p.1–11.

NOGUEIRA, S. Astronomia. Brasília - DF: MEC, SEB, MCT, AEB, 2009. 232p.

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14.10 Astronomia: Uma abordagem alternativa no ensinofundamental

Vanessa Marieli Ceglarek1, Danielle Aparecida Schinemann1 & Juliana MoreiraPrudente de Oliveira1

RESUMO: A inclusão da astronomia no ensino fundamental é uma forma de incentivar o aluno àbusca pela ciência, despertando o raciocínio crítico, instigando sua imaginação e questionamento sobreos fenômenos relacionados a aspectos científicos presentes no seu cotidiano. Portanto, este trabalho é oresultado da implementação de um projeto no qual se buscou aplicar o modelo didático denominadoMaquete Terra Sol, a fim de auxiliar na apresentação de fenômenos e conceitos ligados à astronomia,como eclipse Solar e movimento de rotação e translação, por exemplo, para uma turma do sexto anodo ensino fundamental, com 24 alunos, tendo como intuito levantar a discussão dos assuntos pertinen-tes. A maquete envolveu os alunos com os assuntos, permitindo que pudessem expor suas dúvidas.Assim, foi possível perceber que astronomia é um tema que os alunos têm bastante dificuldade e hánecessidade, portanto, de um trabalho maior e contínuo por parte do professor.

Palavras Chave: Ensino de Ciências, Modelo didático, Astronomia.

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, trabalhos demonstram a crescente dificuldade por parte dosprofessores no ensino de astronomia. Dificuldade que está ligada a vários fatores docotidiano do professor, desde erros no material didático que por vezes é o maior orien-tador para o planejamento das aulas, até concepções erradas que por muito tempo sãoignoradas (LANGHI; NARDI, 2007), bem como a falta de uma formação adequada noque tange esse assunto.

Muitas vezes, com pouco conhecimento na área de astronomia para ministrar esseassunto, os professores apegam-se a livros didáticos e partem do pressuposto de quetodas as informações ali presentes são corretas. Muitas vezes, ainda criam suas pró-prias teorias, sendo que "estas visões criadas na mente das pessoas podem receber onome de noções preconcebidas, crenças não científicas, teorias ingênuas, concepçõesmistas e/ou equívocos conceituais" (MARSHALL, 2003).

1Universidade Estadual do Oeste do Paranáe-mail: [email protected]

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Tal fato é de extrema preocupação no caso da astronomia, pois como afirmam KRS-TOVIC et al. (2009), esta área "promove a curiosidade, a imaginação, e um senso decompartilhar a exploração e a descoberta"que leva professores e alunos a se interessa-rem muito por ela. KRSTOVIC et al. (2009) também expõem que "[...] os professoresde ciências precisam de mais apoio em termos de conhecimento sobre astronomia, deferramentas de ensino e de materiais disponíveis para oferecer a melhor educação aosseus alunos".

Tendo em vista a necessidade de materiais que sirvam de ferramentas auxiliares nomomento de trabalhar conteúdos de astronomia, foi desenvolvido e implementado oprojeto Astronomia: uma abordagem alternativa no ensino fundamental", cujo obje-tivo era desenvolver um trabalho alternativo, com a Maquete Terra Sol (TROGELLO,2012). Ressalta-se que a professora já havia trabalhado o conteúdo de astronomia re-ferente ao tema abordado no projeto, portanto este serviu como revisão, elucidandopossíveis dúvidas dos alunos. A implementação foi conduzida de forma expositiva edialogada, juntamente com a montagem da maquete. Com o objetivo de avaliar a re-levância da implementação desse projeto, um questionário com dez perguntas, tantode alternativas como descritivas, foi aplicado após o desenvolvimento do trabalho. Asquestões do questionário aplicado eram referentes aos assuntos trabalhados em sala,a saber: sistema solar (1 questão); astros (1); planetas (3); estações do ano (2); fases daLua (1) e movimento de rotação e translação da Terra (2).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

É natural nessa fase, os alunos ficarem apontando para o céu e perguntando desseou daquele objeto (LATTARI; TREVISAN, 1999). Portanto, há uma curiosidade na-tural dos alunos, principalmente no ensino fundamental, que deve ser explorada emsala de aula ao se trabalhar com astronomia, o que procuramos fazer neste trabalho.

Durante todo o trabalho houve interesse dos alunos, bem como envolvimento nasatividades. Porém, os dados resultantes evidenciaram que 17% dos alunos consegui-ram responder a todas as questões e 83% deixaram uma ou mais questões em branco,portanto a maioria ficou em dúvida em alguma questão. Nesse sentido, é possívelinferir que devido ao pouco tempo disponibilizado ao projeto não foi possível sanartodas as dúvidas.

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Por outro lado, observamos que de dez questões, o que soma um total de 240 ques-tões, considerando que avaliamos 24 alunos, a média de respostas corretas foi de seis,enquanto que de incorretas foi três, e de incompletas uma. Demonstrando que, emrelação às questões respondidas, a média de acertos foi maior.

Ao separarmos as questões por assunto, o número de respostas corretas foi: 17sobre planetas; 12 sobre os astros; 10 sobre as fases da Lua; 07 sobre rotação e trans-lação; 05 sobre as estações do ano e 03 sobre sistema solar. Para melhor compreensãover figura 1. O que podemos perceber é que mesmo havendo um grande entusiasmopor parte dos alunos em participar do projeto, alguns assuntos como: sistema solar;rotação e translação; fases da Lua e estações do ano; ainda geram dúvidas. Uma vezque, houve poucas respostas totalmente corretas para esses assuntos. Portanto, é per-ceptível que alguns temas/conceitos ainda são muito abstratos para os alunos, comoa dificuldade de conceituar ou definir de maneira geral o sistema solar, que pode serpercebida em um exemplo das respostas incorretas/incompletas à pergunta: O que ésistema solar? "O sol fica atrás da Terra." - Aluno A.

Ressaltando o curto período de tempo para a aplicação do projeto, percebemoso quão difícil é explicar o assunto de forma compreensiva, pois como citaram CA-NALLE; TREVISAN; LATTARI (1997) os alunos trazem informações distorcidas e con-ceitos errados daquilo que veem, ouvem ou leem criando um grande mar de dúvidas.Se não houver tempo para debater as dúvidas e explicar o conteúdo a partir delas, elesvoltarão para casa confusos e às vezes, sem compreender.

Mesmo compreendendo, há ainda a dificuldade de raciocinar espacialmente, ouseja, aplicar o que estuda em fatos relacionados à astronomia presentes no seu cotidi-ano. LIMA (2006) fala sobre a grande dificuldade dos alunos do ensino fundamental,na compreensão das dimensões espaciais e temporais dos componentes astronômicose seus respectivos movimentos, fato esse que foi observado por nós.

Sendo assim, com o auxílio da Maquete Terra Sol, os alunos conseguiram ter umamelhor percepção do espaço. Também ficou evidente que mesmo os alunos tendoalgumas noções mais pontuais como o que são planetas, por exemplo, apresentam di-ficuldade de relacioná-las e incluí-las em um todo coerente, algo também evidenciadopor LANGHI e NARDI (2007) e cabe ao professor trabalhar neste sentido.

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Figura 1: Classificação de respostas por assunto da pergunta.

CONCLUSÕES

Foi uma experiência muito boa, considerando que foi nossa primeira aula minis-trada, os alunos demonstraram curiosidade e vontade de se envolver com o que es-távamos propondo. Contudo, como era uma revisão do conteúdo, percebemos quemuitos conceitos ainda estavam confusos para os alunos e mesmo depois do traba-lho, algumas dificuldades permaneceram, evidenciando que conteúdos referentes àastronomia devem ser trabalhados de forma contínua, a fim de que o aluno avance naescolaridade e também no conhecimento sobre o assunto.

Percebe-se que muitas vezes o que falta aos alunos, é um estímulo que desperte avontade de aprender mais sobre o assunto. Sendo muito importante orientar os alunospara atividades experimentais ligadas à astronomia, assim como investir em uma boarelação aluno/professor, para que o aluno possa sentir liberdade em demonstrar suasdificuldades.

A implementação deste projeto contribuiu muito para a nossa formação, pois mos-trou a importância do preparo das aulas para se alcançar objetivos. Ressaltamos tam-bém que a confecção dessa maquete é fácil e de muita utilidade no dia-a-dia do pro-fessor e os materiais são acessíveis. O ensino de astronomia, se bem aplicado, podeoferecer grande vantagem no aprendizado de uma criança, pois como já dissemos faz

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parte da curiosidade natural do ser humano e ajuda a desenvolver percepção espa-cial. O que recomendamos aos interessados em utilizar o material como estratégia deensino, é que utilizem se possível mais tempo, para que os alunos possam explorar aomáximo o material apresentado.

Espera-se que esse trabalho suscite reflexões nos professores com relação às suasaulas, já que o ensino da astronomia pode ser usado para desenvolver e despertar acriança para o aprendizado, quando lhe damos respostas à sua curiosidade natural einstrumentos para satisfazê-la. Destacamos também a importância do professor estarbem preparado para trabalhar o tema, o que repercute na necessidade de formaçãopara este profissional.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CANALLE, J. B.; TREVISAN, R. H.; LATTARI, C. J. B. Análise do conteúdo de astro-nomia de livros de geografia de primeiro grau. Caderno Catarinense de Ensino deFísica, v.14, n.3, p.254–263, 1997.

KRSTOVIC, M.; BROWN, L.; CHACKO, M.; TRINH, B. Grade 9 astronomy study: in-terests of boys and girls studying astronomy at fletcher’s meadow secondary school.Astronomy Education Review, v.7, n.2, p.18–24, 2009.

LANGHI, R.; NARDI, R. Ensino de astronomia: erros conceituais mais comuns pre-sentes em livros didáticos de ciências. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v.24,p.87–111, 2007.

LATTARI, C. J. B.; TREVISAN, R. H. Metodologia para o ensino de astronomia:uma abordagem construtivista. In: II ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EMEDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 1999. Anais. . . ABRAPEC, 1999. p.1–11.

LIMA, E. J. M. A visão do professor de ciências sobre as estações do ano. 2006. 119p.Dissertaçã de Mestrado — Universidade Estadual de Londrina.

MARSHALL, H. A. Countering astronomy misconception in high school students.University of Texas at Dallas, p.1–14, 2003.

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TROGELLO, A. G. Maquete terra sol. Ensino de Astronomia. Disponívelem: <http://ensinodeastronomia.blogspot.com.br/2012/11/maquete-terra-sol.html>. Acesso em: 26 de setembro de 2013.

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CAPÍTULO 15

INDEX

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Palavras-chave

Ética procedimental, 97Bacillus stearothermophylus, 126Bone-beds, 156Sapajus nigritus, 192obrution deposit, 162

Ação ambiental, 198Abuso, 131Actinopterygii, 156Adaptação, 7Adaptação ao ambiente, 2Alimentação, 59, 64Aluno crítico, 103Alunos, 108Ambiente lótico, 59, 64Ambiente lêntico, 169Amplitude de nicho, 59, 64Anatomia Kranz, 02Apocinina, 137Aprendizagem significativa, 103, 214Ascite, 190Astronomia, 244, 249Atividades práticas, 226Aulas práticas, 198Avifauna, 40

Bacias hidrográficas, 35Biossegurança, 92Brachiopoda, 162

Cafeteria, 131Carnívoro, 70Cativeiro, 181Caule, 12Chondrichthyes, 156Classificatória, 113Coliformes totais, 75Comportamento animal, 181

Construção do conhecimento, 103Cronobiologia, 232Cymbelalles, 169

Deficiente Visual, 208Depósito de sufocamento, 162Desmídias, 19, 24Desvalorização docente, 108Diatomáceas, 53, 169, 174Dieta, 74Dioscoreaceae, 12Dor, 137Dunas litorâneas, 7

Ecossistema, 198Educação ambiental, 149Efeito alelopático, 29Empreendimentos hidroelétricos, 35Ensino de Astronomia, 202, 208Ensino de Biologia, 232Ensino de ciências, 214, 226, 249Ensino e aprendizagem, 113, 226Ensino Por Investigação, 103, 232Estágio supervisionado, 81Esterilização, 126Estresse hídrico, 7Estresse salino, 7Etograma, 181

Fatores ambientais, 185Folha, 2, 12Formação inicial, 81Formação Rio do Rasto, 156Formalina, 137Fotografia 51, 97

Gato-mourisco, 181Gestão de resíduos, 149

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Histologia, 156Humanização, 120

Inclusão, 208Indicador biológico, 126Instrumentos avaliativos, 113Invertebrados, 162Itens alóctones, 59, 64

Lótico, 24

Macacos-prego, 192Macrófita-aquática, 19Mal estar docente, 87, 143Meio ambiente, 149Microalgas, 19Mistificação da docência, 108Modelo didático, 249Movimento aparente do Sol, 202

Obesidade, 131Objetos de aprendizagem, 202, 208, 238Sobrecarga de trabalho, 87, 143Oligotrófico, 53Onívoro, 70

Paraná, 35Parque urbano, 70Partos, 120Perifíton, 19Pré-dispersão, 192Precaução, 92Predação, 192Predadores, 47Prevenção, 92Protocolo de avaliação rápida, 75Psamófila-halófitas, 2Psicólogos, 87, 143

Qualidade da água, 75Qualidade de ensino, 87, 143

Recuperação, 29

Rede Mãe Paranaense, 120Regeneração florestal, 47Regressão logística, 185Rio Baía, 40Rio Paraná, 40Rios, 24Risco de predação, 47Riscos, 92Rosalind Franklin, 97

Sibipiruna, 29Sistema Solar, 244Sul do Brasil, 53

Tafonomia, 162Taxonomia, 12, 24, 169Teatro, 214Teoria e prática, 81

Universo, 244Urbanizado, 169

Vestibular, 108

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Índice de autores

Ândrea Westphal Santa Maria, 40

Adrieli Gorlin Toledo, 103Alana Marielli Teixeira, 75Aline Alves da Silva, 220Aline Bazzotti, 214Aline Luana de Souza, 70Aline Viana, 2, 220Ana Claudia Amaral, 131Ana Maria Pereira, 208Ana Paula Bazzanella, 64Ana Paula Moreira, 120Ana Tereza Bittencourt Guimarães, 120,

185Anderson Giovani Trogello, 202, 208Andréa Maria Teixeira Fortes, 29Antero Lopes Rodrigues Martins de Araujo,

92, 181Ariane Spiassi, 29

Bárbara Grace Tobaldini de Lima, 87, 106,103, 220

Bárbara Zanardini de Andrade, 131Bartolomeu Tavares, 169Bruna Bratti, 120Bruna Caroline Kotz Kliemann, 35, 103Bruno Garcia Pires, 113

Camila Akemy Nabeshima Aquino, 19,24

Camila Begui Do Nascimento, 81, 97,143, 198

Camila Vanessa Buturi, 29Carina Renosto, 238Carlos Eduardo Alessio, 181Carlos Rodrigo Brocardo, 192Celso Aparecido Polinarski, 87Cintya Fonseca Luiz, 87, 108, 220

Claudecir Delfino Verli, 137

Danielle Aparecida Schinemann, 249

Edson Duarte Ribeiro Paz, 131Eliseu Vieira Dias, 156, 162Ellen Carolina Zawoski Gomes, 92, 181Eloisa Antunes Pereira, 149

Fabiana André Falconi, 126Felipe Hoffmann, 169Fernanda Aparecida Meglhioratti, 232Fernanda Castro Pereira, 120Fernando de Farias Martins, 156Flávia Danieli Rech Cassol, 29

Gabriela Alves Bronczek, 131Guilherme Hideaki Higuchi, 137

Habilene Kassiara Dresch Santana, 40Hallisson Thiago Dias de Freitas, 92, 181Helena Teru Takahashi Mizuta, 126Heloisa Azevedo Brasil, 120Heloise Kienen, 137

Inaê de Araújo Rochinski, 162Iohanna Elizabeth Beckers, 206, 208Irene Carniatto, 198

Jéssica Engel do Nascimento, 103, 220Jéssica Ricci de Lima, 97Jislaine Cristina da Silva, 59Jizéli Zeferino da Silva, 214João Carlos Barbosa Da Silva, 40Joicimari Teixeira, 96, 181José Flávio Cândido Júnior, 40, 70, 192Juliana Moreira Prudente de Oliveira,

113, 214, 226, 238, 249Juliana Sousa dos Santos, 214Juliane Graziele Soares de Santana, 214

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Karin Anne Fonseca Fredrich, 47Kelly Mayara Poersch, 103, 220

Laís Dayane Weber, 92Leyr Sevioli Sanches Rodrigues, 97Lidyane Castor, 137Liliane Caroline Servat, 19, 24Lorena Camargo de Mendonça, 29Luana Caroline Wagner, 185, 238Luana Pagno, 192Lucas Frangiotti Testa, 226Luciana Paula Grégio D’arce, 97, 143Luciani de Oliveira, 87, 108, 220

Marciana P. Kliemann, 244Margaret Seghetto Nardelli, 53, 169, 174Mariana Bolake Cavalli, 81, 113, 232Mariane Zelinski, 07Maricélia Aparecida Nurmberg, 244Marilena Iva Preza, 162Mayara Pereira Neves, 59, 64Michelli Gislaine Gomes, 40

Natalia Barrizon Gimenes, 75Natani Ribeiro Demarco, 143Neucir Szinwelski, 47Norma Catarina Bueno, 19, 24, 53, 169,

174

Patricia Carlin Brenner de Souza, 70Paula Emanuele Bello Kosloski, 12Priscila Izabel Tremarin, 174

Rafaela Giacomel Rauber, 238Raissa Caroline Gallego, 232Rodolfo Langhi, 202, 208Rosilene Luciana Delariva, 35, 59, 64

Sabrina Bazanella, 75Sara Cristina Sagae Schneider, 131Sarah Castamann, 143Sarah Fernanda Gonçalves, 126Sheila Cristina Santos Zini, 149

Shirley Martins Silva, 2, 7, 12

Tayonara Georgiane Neppel, 81, 232Thais Regina Marcon, 29Thelma Alvim Veiga Ludwig, 53, 174Thomas Kehrwald Fruet, 75

Vanderlize Simone Dalgalo, 244Vanessa Marieli Ceglarek, 249

Wellington de Almeida, 226

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CAPÍTULO 16

PATROCINADORES

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Realização

Apoio

Suporte

LATEX

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