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1 O PROGRAMA DE COLETA SELETIVA: ENQUANTO MECANISMO DE INCLUSAO SOCIAL Área: SERVIÇO SOCIAL Rennan Messias dos Santos UNIPAN, R. Otelo C. de Castilho, nº966 Coqueiral – Cascavel/PR, E-mail: rennan- [email protected] Luciane Martini UNIPAN, Rua Rubens Lopes, n.36 Bairro Jardim Universitário-Cascavel/PR. E-mail:[email protected] Resumo: Na atualidade, a sociedade modifica-se continuamente, influenciada pelas transformações econômicas, políticas e sociais. No contexto brasileiro, os resultados das mudanças no processo de acumulação capitalista, na fase de mundialização do capital e revolução tecnológica, acarretam o agravamento das expressões da questão social, principalmente no que diz respeito ao desemprego com rebatimento na organização e modo de vida das famílias, principalmente da classe trabalhadora. Porém, as ações estatais não incidem sobre o núcleo central do problema; pelo contrario, são executadas para o enfrentamento “isolado” e focalizado de (algumas das) expressões da questão social, como se fossem problemas sociais particulares e individuais, fragmentando as demandas sociais como forma de “abafar” e naturalizar qualquer possibilidade de organização contra a ordem social estabelecida. Quando direcionamos nosso olhar aos catadores, percebemos que estes passaram a se perceber enquanto sujeitos políticos, capazes de coletivamente influenciar as políticas públicas, em especial a política de assistência social e de meio ambiente, como caminho de promoção das condições de trabalho, inclusão social e desenvolvimento sustentável. Este artigo é resultado de experiências do campo de estágio realizadas numa Cooperativa de Catadores. Palavras-chaves: Meio ambiente, catadores, Serviço Social.

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O PROGRAMA DE COLETA SELETIVA: ENQUANTO MECANISMO DE

INCLUSAO SOCIAL

Área: SERVIÇO SOCIAL

Rennan Messias dos Santos

UNIPAN, R. Otelo C. de Castilho, nº966 Coqueiral – Cascavel/PR, E-mail: [email protected]

Luciane Martini

UNIPAN, Rua Rubens Lopes, n.36 Bairro Jardim Universitário-Cascavel/PR. E-mail:[email protected]

Resumo: Na atualidade, a sociedade modifica-se continuamente, influenciada pelas transformações econômicas, políticas e sociais. No contexto brasileiro, os resultados das mudanças no processo de acumulação capitalista, na fase de mundialização do capital e revolução tecnológica, acarretam o agravamento das expressões da questão social, principalmente no que diz respeito ao desemprego com rebatimento na organização e modo de vida das famílias, principalmente da classe trabalhadora. Porém, as ações estatais não incidem sobre o núcleo central do problema; pelo contrario, são executadas para o enfrentamento “isolado” e focalizado de (algumas das) expressões da questão social, como se fossem problemas sociais particulares e individuais, fragmentando as demandas sociais como forma de “abafar” e naturalizar qualquer possibilidade de organização contra a ordem social estabelecida. Quando direcionamos nosso olhar aos catadores, percebemos que estes passaram a se perceber enquanto sujeitos políticos, capazes de coletivamente influenciar as políticas públicas, em especial a política de assistência social e de meio ambiente, como caminho de promoção das condições de trabalho, inclusão social e desenvolvimento sustentável. Este artigo é resultado de experiências do campo de estágio realizadas numa Cooperativa de Catadores. Palavras-chaves: Meio ambiente, catadores, Serviço Social.

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1. INTRODUÇÃO

Atualmente, grandes problemas ambientais estão afetando nosso planeta em todos os

âmbitos: a mudança climática, o buraco da camada de ozônio, as grandes perdas de solos

cultiváveis causados pela erosão, a desertificação, o desmatamento das florestas, a

contaminação do ar e das águas etc., que podem ser observados tanto de modo geral quanto

em nível local. O desenvolvimento tecnológico excessivo resultou num ambiente em que “a

vida se tornou prejudicial para o corpo e para a mente”. Diante da analise das raízes desses

problemas observamos suas relações como os elementos que configuram a legitimam a

realidade atual, podemos deduzir que essa situação deriva de uma cosmovisão, que concebe o

mundo como uma maquina e não como um conjunto de ecossistemas onde haveria de ter

equilíbrio (BARRETO, 2009).

Ainda para o autor, a maioria das cidades brasileiras de médio e grande porte convive

hoje com inúmeros problemas provocados pelas freqüentes crises econômicas e políticas. Nas

últimas décadas, com a queda na oferta de postos de trabalho, o número de pessoas que

passaram a ocupar as ruas e delas retirar seu sustento começou a crescer. A atividade de catar

papéis e material reciclável, existente nas cidades há várias décadas, começou a agregar um

número cada vez maior de homens e mulheres que passaram a fazer parte dessa população

marginalizada e em situação de vulnerabilidade social.

Assim a coleta seletiva e a reciclagem têm hoje um papel muito importante para o meio

ambiente, pois se recuperam matérias-primas que de outro modo seriam retiradas da natureza,

e as aproveitam para utilização em indústrias de reciclagem, voltando assim à comercialização

como produto final. Neste sentido, a ameaça de exaustão dos recursos naturais não-renováveis

aumenta a necessidade de reaproveitamento dos materiais recicláveis, que são separados na

coleta seletiva de lixo. Destaca ainda que vários segmentos de uma comunidade podem

participar do programa de coleta seletiva, cada um fazendo sua parte e se beneficiando dos

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resultados. Um Exemplo disso é a parceria entre os condomínios, escolas, empresas, etc. com

as cooperativas ou associações que receberão os materiais selecionados e que muitas vezes

podem se encarregar da retirada dos mesmos. (BARRETO, 2009)

Para a realização do programa de coleta seletiva, é necessária a mobilização da

população em realizar esse trabalho. É importante, desde o início e durante o processo,

informar as pessoas da comunidade envolvida sobre a realização e implementação do projeto,

e os passos que serão dados; sempre as convidando a participar, utilizando-se das formas

costumeiras de organização e comunicação daquele local (reuniões em CRAS, Centros

Comunitários, Escolas, condôminos, etc.). Considerando o grande volume de material

reciclável gerado diariamente na cidade de Cascavel, o Programa de Coleta Seletiva teve como

objetivo reduzir o impacto ambiental causado pelo lixo e ainda, geração de renda para

catadores e maior conscientização da população. (BARRETO, 2009)

Os catadores da cidade de Cascavel iniciaram suas atividades, juntamente com o

crescimento migratório e populacional, e a forma estrutural do processo de “catação” do

material consiste-se de forma coletiva, operacional, organizada. Este catadores, antes

autônomos da coleta, passam a principais protagonistas, são pessoas humildes, quase sem

nenhuma qualificação, que necessitam do mínimo, para conseguirem se orientar, este projeto

consiste em fornecer os primeiros passos, conhecer a realidade local do catador, planejar, e

desenvolver a consciência coletiva, direcionando para o engajamento profissional solidário.

Os empreendimentos solidários são fruto da organização de trabalhadores e

trabalhadoras em busca da concretização e vivência de novas relações econômicas e sociais

que, de imediato, propiciam a sobrevivência e a melhoria da qualidade de vida de milhões de

pessoas em diferentes partes do mundo. Este movimento se caracteriza por práticas fundadas

em relações de colaboração solidária, inspiradas por valores culturais que colocam o ser

humano como sujeito e finalidade da atividade econômica, em vez da acumulação privada de

riqueza em geral e de capital em particular.

Esta nova prática de produção e consumo privilegia a autogestão, a justiça social, o

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cuidado com o meio ambiente e a responsabilidade com as gerações futuras. Dentro dos

empreendimentos solidários destacam-se: grupos informais e cooperativos de produção, de

consumo solidário ou de serviços; entidades e grupos de crédito solidário e fundos rotativos;

grupos e clubes de trocas solidárias com uso de moeda social (ou comunitária); cadeias

solidárias de produção, comercialização e consumo, entre outras iniciativas. (BARRETO,

2009)

No seio destes processos, aprofundou-se uma concepção de desenvolvimento

socioeconômico que é ecologicamente sustentável, socialmente justo e economicamente

dinâmico, reorganizando os processos de produção, comercialização, consumo, financiamento

e desenvolvimento tecnológico com vistas à promoção do bem-viver das coletividades e justa

distribuição da riqueza socialmente produzida, superando a contradição entre capital e trabalho

com base na autogestão e autodeterminação dos trabalhadores.

Os empreendimentos também são uma alternativa ao mundo de desemprego crescente,

em que a grande maioria dos trabalhadores não controla nem participa da gestão dos meios e

recursos para produzir riquezas e em que um número sempre maior de trabalhadores e famílias

perde o acesso à remuneração e fica excluído do mercado capitalista.

O sentido consumista e produtivista gerador de lucros para interesses privados é muito

bem colocado por Loureiro (2002):

“o problema não está na tecnologia e sim nas distorções que se faz num sistema que

exclui e marginaliza a maioria do processo produtivo e coloca a tecnologia como

aparato principal para a proliferação de bens de consumo que são supérfluos,

descartáveis e ambientalmente nocivos” (LOUREIRO, 2002, p. 38).

O fato é que no geral, a grande maioria da população não participa das formas de

organização social que vise à promoção da qualidade de vida e sim, há um individualismo e

imediatismo. O autor completa em seu texto que na problemática ambiental, a simples

percepção e sensibilização não expressa o aumento de consciência, fazendo com que se retome

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o argumento sobre cidadania: a consciência, para ser ecológica, precisa ser crítica.

Do ponto de vista social, a conscientização ambiental produz um ambiente favorável às

ações integradoras, quando a comunidade já começa a perceber que participar da coleta

seletiva produz economia nos recursos públicos, melhoria das condições ambientais e sociais,

tanto dos agentes ligados diretamente ao processo de coleta seletiva quanto para a comunidade

em geral.

Tendo em vista o cenário descrito acima, este artigo tem como objetivo principal

destacar e analisar a importância da coleta seletiva e preservação ambiental, apresentar os

benefícios do programa quando implantado numa determinada região, bem como apresentar

um novo campo de atuação para o Serviço Social.

Assim, este artigo está dividido em 4 capítulos, o 1º refere-se a introdução do tema

ora pesquisado, sendo apresentado o Referencial Teórico;

Já o segundo aborda o referencial teórico, e o terceiro apresenta os resultados e a analise dos

dados e a conclusão.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Breve concepção acerca da coleta seletiva e dos materiais recicláveis

Para a efetivação da coleta seletiva é necessário a conscientização de todos para a

busca de soluções para o grave problema. Isto é possível através de palestras, manual de

Coleta Seletiva e cartazes demonstrando as vantagens da reciclagem, da preservação dos

recursos naturais e a não poluição do meio ambiente” (BARRETO, 2009)

Na próxima fase, é importante sinalizar e disponibilizar coletores específicos para cada

tipo de material em lugar comum a todos e de fácil acesso. Hoje, além dos coletores é possível

disponibilizar sacos de lixos nas cores padrões de cada material. Na última etapa necessita-se

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ter um sistema pré-determinado para o recolhimento dos materiais selecionados e que deverão

ser encaminhados para as usinas de reciclagens.

No cotidiano de nossas cidades, são produzidas milhares de toneladas de lixo. Há

muito tempo este resíduo é um dos grandes problemas que o poder público e a sociedade têm

enfrentado, buscando soluções que nem sempre atendem as necessidades. Razão disso a

degradação do meio ambiente, tais como as contaminações de nossos rios, a poluição do ar,

ruas sujas, proliferação de insetos, ratos, etc, causando doenças (CHASSOT, 2008).

Para o autor a solução mais eficiente é a separação dos materiais recicláveis para o

reaproveitamento, transformando o problema do lixo em solução econômica e social. Para que

isto seja possível é preciso que todos participem colaborando com o programa de Coleta

Seletiva.

Para 75 latas de aço, recicladas, preserva-se uma árvore que seria usada como carvão;

Para cada tonelada de papel reciclado, evita-se a derrubada de 16 a 30 árvores adulta, em

média; A cada 100 toneladas de plástico reciclado, evita-se a extração de1 tonelada de

petróleo e a economia em torno de 90% de energia; 10% de vidro reciclado, economiza-se 4%

de energia e reduz 10% no consumo de água. As vantagens da reciclagem são muitas mas

acima de tudo, ela melhora a qualidade de vida, minimiza os efeitos da poluição no planeta,

gera empregos e rendas, além de valorizar as empresas ambientalmente corretas

(COOTACAR, 2004).

Já com relação aos materiais recicláveis são papeis, plásticos, vidro e metal. Todos

devem ser separados e colocados em coletores ou sacos plásticos de preferência na cor padrão

de cada material. Conforme orientações de próprios catadores, a identificação e classificação

correta deve ser feita da seguinte forma, segundo a (COOTACAR, 2008)

Plástico – Cor padrão VERMELHO: seriam copos descartáveis, garrafas pet, sacos e

sacolas, frascos de produtos de limpeza/higiene, tampas e potes, canos e tubos de PVC etc.,

não são considerados recicláveis tomadas, cabos de panela, adesivos, espumas e embalagens

metalizadas (biscoitos e salgadinhos).

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Papel – Cor padrão AZUL: seriam jornais e revistas, listas telefônicas, papel

sulfite/rascunhos/papel de escritório, folhas de caderno, formulários de computador, aparas,

fotocopias, envelopes, cartazes velhos etc., e não se classificariam etiquetas adesivas, papel

carbono, celofane, fita crepe, papeis de uso sanitário, metalizados, parafinados, plastificados,

fotografias e bitucas de cigarro.

Vidro – Cor padrão VERDE: garrafas, potes de conserva, embalagens, frascos de

remédio, copos, cacos dos produtos citados. Portas de vidro, espelhos, vidros temperados,

louças cerâmicas, óculos, pirex, porcelana, tubos de TV’s são descartáveis sem reutilização.

Metal – Cor padrão AMARELO: tampinhas de Garrafas, latas em geral, panelas sem

cabo, ferragens, arames, chapas, canos, prego e etc. clipes, grampos, esponja de aço, aerossóis,

latas de tinta (com resíduos), latas de verniz (com resíduos) solventes químicos e latas de

inseticida são descartados.

Com base nestas argumentações e neste cenário é que o Serviço Social desenvolve sua

pratica junto a COOTACAR, no Município de Cascavel, sendo que esta questão será abordada

de forma mais aprofundada no próximo item.

2. 2 Serviço social e meio ambiente: a expansão da prática profissional

Um dos maiores desafios e grandes conquistas na problemática ambiental tem sido

levar a analise de todas as possibilidades apresentadas sobre o tema às diversas áreas do

conhecimento. O Serviço Social se coloca sobre novos questionamentos no que diz respeito ao

âmbito da pratica profissional, já que a profissão tem uma longa historia de intervenção,

visando atender as camadas “excluídas” e “marginalizadas”.

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Segundo Reigota (2008):

“A experiência acumulada pelos/pelas assistentes sociais com as camadas excluídas

e marginalizadas é de fundamental importância para o desenvolvimento da

perspectiva da educação ambiental como educação política, de intervenção,

participação e voltada para a construção de uma sociedade justa e sustentável”

(REIGOTA, 2008)

Desta forma, evidencia-se que a atribuição dos Assistentes Sociais não fica relegada

apenas à sua competência técnica, mas também passa a abranger principalmente o seu

crescente compromisso político.

Ainda para o autor a área de atuação do Serviço Social tem se expandido na atualidade,

considerando o fato de que as expressões da questão social ultrapassaram o “comum” – de

atender as necessidades básicas de sobrevivência, decorrentes da vulnerabilidade social na

qual o individuo se encontra – e passando a englobar problemas que afetam toda a sociedade,

que até então era responsabilidade de profissionais alheios ao âmbito das ciências sociais

estudá-los e buscara alternativas para “resolve-lo”.

Já para Gómez (1998) “as ciências sociais informam-nos que a complexidade social

não é fragmentaria nem se apresenta atomizada; ao contrario, é diferenciada multicausal,

interdependente, global e integradora”. Destaca ainda que “todos os organismos modificam

em alguma medida os ecossistemas nos quais vivem”, por esta razão, o Serviço Social tem

trabalhado junto a organizações na aplicação de Políticas voltadas, a preservação ambiental, de

maneira a intervir na realidade social.

Com a evolução tecnológica, aumento na emissão de gazes poluentes e lixo nas

grandes cidades, bem como o consumo inconsciente, necessitam-se de uma conscientização

dos profissionais da intervenção social como educadores ambientais. O Assistente Social,

através de sua formação, adquire uma “maneira de intervir socialmente” diferente das de

outros profissionais, devido a “forma de descrever, analisar e interpretar a realidade social”.

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Estas reflexões nos levam a enfatizar a figura, o papel do cientista e do Assistente

Social, como mediador entre o “ecológico” e o “social”. Poderíamos dizer que a mediação

consistiria em criar “pontes” em guiar as novas formas de relação entre o “ecológico” e o

“social”, entre o ser humano e seu meio, entre o cidadão e a sociedade.

Kisnerman (1998) propõe que “o Serviço Social ambiental teria a função de integrar e

coordenar ações destinadas a conscientizar a população sobre esse desafio para a humanidade

e intervir com seus métodos e técnica, na medida do possível, conseguir minimizar alguns

desses efeitos com a comunidade”. Argumenta ainda que compete ao profissional do Serviço

Social:

“sensibilizar os diferentes atores sociais locais em reação à problemática do meio

ambiente, articulado e coordenando grupos em torno de propostas especificas de

respeito por todas as espécies vivias e de busca da harmonia com a natureza, da

melhoria ambiental de modo a manter a higiene e a conservação do território

habitacional e obter um melhor aproveitamento dos recursos. Gerar organizações de

base para a gestão local, apoiando as tarefas dos municípios em matéria ambiental,

desenvolvendo propostas de formação e capacitação destinada a prevenir os

problemas ambientais e manter seu meio ambiente em boas condições, assim como

deter, e sempre que possível reparar os danos causados. (Kisnerman, 1998, p. 199)

“Assim, não apenas temos de estudar a natureza, características, tendências e

implicações dessas relações, mas temos de intervir nelas, uma vez mais através de relações, o

que nos remete de novo ao papel de mediação social dos assistentes sociais”. (Serviço Social e

Meio Ambiente, 2000)

2.3 O serviço social na cooperativa de trabalhadores catadores de material reciclável

Considera-se o Serviço Social como uma profissão decisiva para o entendimento e

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participação no processo político de transformação de problemas, de estados de coisa

naturalizados que exigem resoluções públicas ao reintegrar os que se acham à margem de um

sistema que não tem capacidade de integrá-los.

A vulnerabilidade social vivenciada pelos catadores, entendida por Almeida (2006),

que os eventos que vulnerabilizam os sujeitos não são apenas de natureza econômica, fatores

como a fragilização de vínculos afetivo-relacionais e de pertencimento social e político,

também afetam os sujeitos.

Cabe destacar que, a catação – entendemos como um indicador de desemprego,

pobreza e trabalho informal, como denota a forma como o assunto é tratado atualmente, pela

sociedade capitalista na qual a precarização do trabalho exclui grande parte da população do

trabalho formal, incentiva ao consumismo desenfreado próprio da sociedade moderna,

consumo este que resulta num enorme volume de rejeitos (lixo orgânico e materiais

recicláveis), coloca para a categoria dos catadores uma alternativa de sobrevivência na qual

este obtém renda por meio da coleta destes rejeitos (BARRETO, 2009).

Para Magera (2003) a atividade dos catadores, que “[...] reciclam o lixo que eles não

geraram, porque não têm condições econômicas de consumir. Esses trabalhadores fazem o que

a classe média e alta jamais fariam: trabalham no lixo, tornando-o sua fonte de renda e

sobrevivência”

Acreditamos que a atribuição de novos significados ao lixo, ao mesmo tempo que

mostra solução, também cria formas mais qualificadas de trabalho e comercialização, dando

uma valorização melhor ao trabalho dos catadores e ampliando sua condição de cidadão.

Chassot et al (2009) destaca o Assistente Social como um “instrumento de

intervenção”, cuja demanda exige “um profissional competente em seu desempenho, com

capacidade de inserção criativa e propositiva, no conjunto das relações sociais e no mercado

de trabalho, e estes itens estão presentes como um dos objetivos do Código de Ética”. Além

disso, como o profissional estará sempre intervindo na realidade social, este precisa conhecer a

realidade concreta em que está inserido, e então será capaz de desempenhar verdadeiramente

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sua ação consciente, reflexiva na ampliação do acesso à cidadania dos usuários, mesmo que

seja uma luta conflituosa e de enfrentamentos

Para os autores entraves e limitações sempre existirão e continuarão a existir nas

instituições de trabalho, porque a realidade social está sempre em transformações. Mas cabe

ao profissional programar, administrar e repassar os serviços sociais assegurados

institucionalmente, com Políticas Sociais que atendem as demandas da classe trabalhadora,

dos desempregados, dos desprovidos de direitos à saúde, educação, cultura, lazer, entre outros.

Tarefa que cabe ao Serviço Social, mediante a sua ética profissional que procura garantir o

maior número possível de direitos de forma inteligente e crítica, apoiando as legítimas

demandas de interesse da população usuária em toda a sua singularidade.

Visando a efetivação do código o profissional é comprometido com a questão do

usuário e utilizam como ferramenta em seu trabalho, os conhecimentos teóricos adquiridos em

sua formação. Um importante ponto a se ressaltar é que os utiliza para sair da aparência e

adentrar na essência das expressões da “Questão Social”. O Profissional age assim de maneira

crítica e busca a todo instante o conhecimento da realidade que o cerca para que seu trabalho

seja efetivado com sucesso.

É neste cenário e baseado nestas premissas que o Assistente Social executa suas

atividades na COOTACAR, atendendo diretamente os catadores e suas famílias bem como, na

mobilização e na implementação das Politicas voltadas para este segmento.

3.0 ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

3.1 Análise sócio-econômica dos catadores

Tendo como base as argumentações elaboradas no capitulo anterior que se referem ao

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referencial teórico deste trabalho, desenvolvemos e aplicamos junto a uma amostra de 08

(oito) catadores de Materiais Recicláveis pesquisa primaria com questões estruturadas

previamente.

Assim, o primeiro questionamento refere-se ao fato de que se o material advindo de

convênios firmados com condomínios e empresas, se estes agregariam valor significativo na

renda mensal de cada trabalhador. Observou-se que 100% da amostra afirmou que estes

materiais contribuem diretamente com a renda familiar. E conforme relatos abaixo, alguns

justificaram suas respostas. Observando a opinião do entrevistado 01 sobre importância deste

material: “Isto ainda é relevante, pois contribui com 30% da renda do catador”.

O entrevistado 02 que justificou sua resposta também concorda com a complementação

da renda através destes materiais, acrescentando:

“é um lucro a mais para meus familiares, que precisam. Esta quantidade juntada todo

o final de mês dá pra sustentar uma família. O material que vem de outros lugares

não importa, desde que ele venha limpo”.

O entrevistado 03 coloca a importância deste material vir para o espaço

disponibilizado: “porque o trabalho é realizado todo aqui dentro, não precisamos sair na rua com o

carrinho, o material chega no caminhão, nós separamos, vendemos e dividimos o

dinheiro”.

A próxima questão diz respeito a conscientização dos condôminos referente a

separação dos materiais e também das pessoas que passam estes para a cooperativa. Percebe-

se que 50% dos entrevistados consideram “razoável” a conscientização dos condôminos,

enquanto 25% consideram “boa” e 25% “ótima”.

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Neste sentindo entendemos a importância da conscientização da população em geral sobre esta

questão, pois envolve não somente o meio ambiente, mas também a saúde e o meio social.

Quando questionados sobre a efetividade da separação dos materiais em

especificidades (plástico, papel, vidro, etc.) repassados a cooperativa ,pelos moradores,

observou-se que 75% dos entrevistados considera esta conscientização “razoável”, já 12,5%

“boa”, e a mesma porcentagem considera “ótima”.

A sociedade possuía uma visão do catador como “risco” a sua segurança na execução

da atividade de recolhimento, a próxima questão buscou entender se tal visão mudou no

decorrer do trabalho. Assim 87,5% dos pesquisados acreditam que a visão de

“marginalização” para com o trabalhador mudou, conforme alguns relatos:

“Atualmente sim, hoje os catadores são respeitados e valorizados pelo trabalho que

executam favorecendo o bem estar do planeta”

“Com certeza, se é uma pessoa que precisa trabalhar, uma pessoa séria. Somos

considerados como trabalhadores igual qualquer um.”

E 12,5% dos entrevistados não responderam tal questão. Uma das questões falava

sobre as condições de coleta, considerando o local de armazenamento, os rejeitos que

acabavam se misturando com o material reciclável dentre outras situações que pudessem

dificultar a realização do trabalho. Sobre isso, conclui-se que 25% dos entrevistados

consideram “razoável” a condição de coleta, 37,5% “boa”, 25% avaliam “ruim” e 12,5

“ótima”.

Atualmente, considerando a quantidade de condomínios na cidade de Cascavel, um

numero pouco significativo faz a coleta seletiva e repassa o material reciclável para catadores.

Quando questionados sobre “estratégias” para efetivar convênios com novos condomínios para

repasse, 100% acredita ser pouco os condomínios que tem consciência em promover a

responsabilidade social e ambiental, acrescentando:

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“os moradores dos condomínios deveriam conhecer mais sobre os trabalhadores da

cooperativa, assim eles mesmo poderiam usar uma estratégia que ajudasse as

residências a aumentar o repasse.” (entrevistado 01)

“bom seria que os síndicos se conscientizassem e viessem falar com a cooperativa

para que houvesse mais lugares para os catadores coletarem.”(entrevistado 02)

“Deveria existir uma conscientização melhor para o bem comum de todos, visando

saúde, sustentabilidade e o amparo social, tendo assim respeito para com o meio

ambiente.” (entrevistado 04)

“Acho que nós poderíamos fazer reuniões com os síndicos e assim conseguir mais

materiais recicláveis.” (entrevistado 06)

Assim com base nestas argumentações observa-se ainda a pouca participação efetiva

dos condomínios neste processo, assim no item seguinte apresentamos a analise referente a

concepção dos síndicos e bem como dos moradores.

3.2 Análise e avaliação do programa de coleta seletiva no condominio

Após aplicação de pesquisa junto aos catadores, organizamos um questionário para

aplicar a alguns condôminos e ao sindico do “Terra Nova Cascavel”, com o objetivo de

analisar os resultados da implantação do programa de coleta seletiva. Obtivemos a amostra de

4 entrevistados.

A primeira pergunta referiu-se a maneira como os entrevistados tomaram

conhecimento do trabalho realizado pela cooperativa. 25% dos entrevistados já possuíam

conhecimento sobre esta pratica, porém aprimoraram seus conhecimentos através de

informativos, folders e de indicações por outras pessoas, enquanto 75% conhecerão o

processo somente após a implantação do convenio, através de uma reunião de conscientização

que a Cooperativa realizou junto aos moradores. Os entrevistados acrescentaram:

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“Os moradores do condomínio já tinham conhecimento do programa de coleta

seletiva através de informativos ou de pessoas que já repassavam o material. Um dia

um condômino me procurou e sugeriu a solicitação de informações para um possível

convenio.” (entrevistado 01)

“A sindica tomou conhecimento através de indicações e nos passou a informação.”

(entrevistado 02)

“A sindica trouxe a nosso conhecimento”. (entrevistado 03)

“Eu não conhecia o trabalho da Cootacar, mas a sindica nos apresentou.”

(entrevistado 04)

Quando questionados sobre a iniciativa de procurar a cooperativa e tentar implantar o

programa de coleta seletiva, 50% dos entrevistados dizem ter sido iniciativa de um morador,

enquanto 50% diz ter partido do sindico o interesse na implantação do processo.

Ao avaliar os resultados do programa de coleta seletiva no condomínio, 100% dos

entrevistados afirmam estar satisfeitos. A sindica acrescenta:

“É sim, pois a cooperativa cumpre com o compromisso expresso no termo de

convenio. Recolhe o material regularmente, sempre por pessoas identificadas,

fornecem-nos informações mensais com relação ao material repassado. Excelente”

A conscientização dos outros moradores no sentido de separação correta de materiais, é

avaliada “razoável” por 75% dos entrevistados, enquanto 25% consideram “ruim”. E 100%

dos entrevistados consideram satisfatório o compromisso assumido pela cooperativa na

realização da coleta seletiva.

Quando questionados sobre o fato dos condôminos ter idéia do papel social o qual estavam

desenvolvendo ao separar este material e auxiliar no desenvolvimento sustentável, bem como

o auxilio na complementação de renda destas famílias, 75% dos entrevistados dizem não ter

conhecimento do que realmente é feito com o material repassado; 25% diz já ter um

conhecimento considerável sobre o trabalho, porém ficou mais claro após a realização da

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reunião durante o processo de implantação do programa de coleta.

Uma das questões aplicadas refere-se a parte de “conscientização ambiental” realizada pelos

órgãos responsáveis, e 100% dos entrevistados consideram “ruim” , acrescentando que:

“Por que se não fosse por informativos ou por indicações de pessoas que conhecem o

trabalho da cooperativa, os moradores não teria tomado conhecimento do processo.”

Quando colocada a relação entre os condôminos e os catadores responsáveis pela coleta no

condomínio, 100% dos entrevistados consideram “boa” a relação.

Por mais que a equipe técnica da cooperativa realize reuniões com o objetivo de sanar as

duvidas com relação a separação de materiais, ainda existe “desinteresse” por parte destas

pessoas no sentido de separar corretamente. Através da pesquisa, observou-se que 100%

considera que existe uma certa “negligencia” na separação, e citam:

“Com certeza, a população de um modo geral ainda não se deu conta da importância

dessa separação, mas aqui no condomínio, trabalhamos para mudar essa visão.”

(entrevistado 01)

“Acho que ainda tem muito desinteresse por parte das pessoas em relação a

preservação.” (entrevistado 02)

“Acreditamos que existe sim falta de vontade por parte de um grupo de pessoas, mas

também tem aquelas que fazem o que está ao seu alcance pra ajudar.” (entrevistada

03)

“A conscientização hoje existe, porem ainda não atingiu um grau de satisfação

suficiente para tirar de nossas vidas a preocupação com a preservação.” (entrevistado

04)

A pesquisa questiona sobre o papel da COOTACAR enquanto instrumento de Inclusão Social,

100% dos entrevistados acham importante as atividades realizadas, ainda colocam:

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“Muito importante e louvável a iniciativa de ajudar essas famílias, pois se cada um

fizer a sua parte, conseguiremos num futuro não muito distante, termos uma

qualidade de vida melhor e ainda ajudar a quem precisa, pode parecer utopia, mas

ainda ha salvação tanto para o planeta como para a humanidade.” (entrevistado 01)

4 . CONCLUSÕES

O processo de mudança que tem ocorrido nos últimos anos devido às catástrofes

naturais resultantes da agressão ao meio ambiente causadas pela sociedade, nos remete a

analisar nossas atitudes, reformular nosso modo de vida e rever alguns conceitos.

Além de uma previa identificação de todos estes problemas, este trabalho teve como

objeto a investigação da pratica do Serviço Social no âmbito do meio ambiente, bem como a

situação de vulnerabilidade e exclusão social enfrentada pelos catadores da Cooperativa de

Trabalhadores Catadores de Material Reciclável, na cidade de Cascavel – PR, frente às

suas condições precárias de trabalho e diversas expressões da questão social trazidas por estes.

Teve como objetivo geral analisar a atuação do Assistente Social junto ao trabalho dos

catadores de materiais recicláveis de Cascavel – PR, quanto às formas de organização das

relações de trabalho coletivo para o enfrentamento da situação de vulnerabilidade social em

que se encontram.

Através deste artigo, conclui-se que hoje a pratica profissional do Assistente Social

esta em constante modificação no que diz respeito ao “publico alvo”, pois a demanda de

atuação vem se expandindo. No meio ambiente o profissional intervém como educador e

conscientizador, estabelecendo mediações entre a sociedade e a preservação. Trata-se de ver o

Serviço Social como um processo que “transforma” as relações sociais, na qual todos nos

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tornamos educandos e educadores em todas as facetas e âmbitos de nossa vida. Nota-se que

precisamos tomar consciência da importância do efeito multiplicador de nosso compromisso,

não obstante a desvalorização que nossos usuários sofrem pela consolidação dos valores pós-

modernos, auxiliando na superação do efeito negativo que os valores individualistas vão

gerando nas consciências traduzidas depois em atos concretos de falta de solidariedade,

consumismo etc.

Com relação as formas de organização das relações de trabalho coletivo, a pesquisa

demonstrou que a renda utilizada proveniente dos materiais recicláveis contribuem

diretamente com a renda familiar. E que a maior parte da amostra acredita que a sociedade

mudou a visão sobre esta atividade, sendo que hoje sente-se valorizados e respeitados pelo

trabalho que executam, e que a execução deste serviço na atualidade é a única opção devido ao

grau de vulnerabilidade em que estas famílias se encontram e principalmente a falta de

instrução.

Conclui-se também que com relação a falta de conscientização por parte dos

condôminos da importância da coleta seletiva. Percebe-se assim com a pesquisa a importância

da conscientização da população em geral sobre esta questão, pois envolve não somente o

meio ambiente, mas também a saúde e o meio social.

A pesquisa demonstrou que a coleta seletiva ainda não se efetivou, pois a grande

maioria dos entrevistados consideraram razoável as condições dos materiais encontrados no

momento da coleta, ou seja, não ocorreu a efetiva separação destes materiais.

Percebeu-se através da pesquisa que a grande maioria dos moradores tiveram acesso

aos trabalhos desenvolvidos pela Cooperativa através de informativos, folders e também da

indicação de outras pessoas. E a sua totalidade conheceram o processo somente após a

implantação do convenio,

Outro fator importante refere-se ao fato de que a iniciativa da implementação do

programa partiu dos moradores e também do sindico; e percebeu-se que 100% dos

entrevistados estão satisfeitos com o programa de Coleta Seletiva implementado em seu

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condomínio. Conclui-se também que ocorre uma ótima relação entre os catadores e os

condôminos; e também que consideram a COOTACAR enquanto instrumento de inclusão

social.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARRETO, J. S. Catadores de materiais recicláveis. Acamar, Cascavel, 2007. LOUREIRO, C. F. B. Teoria Social e Questão Ambiental: Pressupostos para uma práxis crítica em educação ambiental. Sociedade e meio ambiente: a educação ambiental em debate. Cortez, São Paulo, 2002. MAGERA, M. Os empresários do lixo: um paradoxo da modernidade, análise interdisciplinar dos cooperativistas de Reciclagem de lixo. Átorno, Campinas, 2003. CHASSOT, N. M. Construção Aproximativa com o campo de estágio supervisionado em Serviço Social - I Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Conjunto Habitacional Julieta Bueno. Cascavel, 2005. BRASIL. Contextualização de Estágio e Análise Institucional. COOTACAR. 2010 BRASIL. Dossiê de Estágio Supervisionado em Serviço Social II. Toledo, 2007. ALMEIDA, L. M. P. Vulnerabilidade social. Desenvolvimento Humano no Recife. Atlas Municipal, Recife, 2006. BRASIL. Cooperativa de Trabalhadores Catadores de Material Reciclável, arsenal de arquivos. COOTACAR, 2011.