resenha de estudos espiritas 09

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 1  RESENHA  spíritas  DE ESTUDOS E  março 2015 N O . 9 ESPIRITISMO ESTUDADO semeando conhecimento iluminativo descortinando novos horizontes às criaturas humanas estimulando a prática incondicional do bem enaltecendo Jesus especialmente ao principiante espírita

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Estudos espíritas dedicados especialmente ao principiante espírita, descortinando novos horizontes à criatura humana, semeando conhecimento iluminativo, estimulando a prática incondicional do bem, enaltecendo Jesus.

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    RESENHA spritasDE ESTUDOSEmaro2015NO. 9

    ESPIRITISMO ESTUDADOsemeando conhecimento iluminativo descortinando novos horizontes s criaturas humanasestimulando a prtica incondicional do bemenaltecendo Jesus

    especialmente ao principiante esprita

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    A rbtrioo livreA liberdade a condio necessria da alma humana que, sem ela, no poderia construir seu destino. Em vo os filsofos e os telogos tm argumentado longamente a respeito dessa questo. porfia tm-na obscurecido com suas teorias e sofismas, votando a humanidade servido em vez de gui-la para a luz libertadora. A noo simples e clara. Os druidas haviam-na formulado desde os

    primeiros tempos de nossa Histria. Est expressa nas Trades por estes termos: H trs unidades primitivas Deus, a luz e a liberdade.

    primeira vista, a liberdade do homem parece muito limitada no crculo de fatalidades que o encerra: necessidades fsicas, condies sociais, interesses ou instintos. Mas, considerando a questo

    Continuando o temrio de nosso nmero anterior (8), iniciamos este fascculo com mensagem de Lon Denis, cujo ttulo o acima indicado, que extramos do livro: O problema do ser, do destino e da dor, de modo a poder trazer ao estudo outros aspectos sobre o assunto, e alongarmos entendimentos. Tambm estudarmos aqui a respeito da Fatalidade e da Escolha de Provas por parte do Esprito, por serem temas interligados entre si, fazendo por donde o bom entendimento de um, exije saber sobre os demais.

    Outrossim, necessrio trazermos consideraes sobre a Verdade, pois o seu conhecimento e vivncia que nos far livres, no seu melhor sentido.

    Acompanhemos, inicialmente, esse clssico autor esprita: Lon Denis.

    mais de perto, v-se que essa liberdade sempre suficiente para permitir que a alma quebre esse crculo e escape s foras opressoras.

    A liberdade e a responsabilidade so correlativas no ser e aumentam com sua elevao; a responsabilidade do homem que faz sua dignidade e moralidade. Sem ela, no seria ele mais do que um autmato, um joguete das foras ambientes; a noo de moralidade inseparvel da de liberdade.

    A responsabilidade estabelecida pelo testemunho da conscincia, que nos aprova ou censura segundo a natureza de nossos atos. A sensao do remorso uma prova mais demonstrativa que todos os argumentos filosficos. Para todo Esprito, por pequeno que seja o seu grau de evoluo, a lei do dever brilha como um farol, atravs da nvoa das paixes e interesses. Por isso, vemos todos os dias homens nas posies mais humildes e difceis preferirem aceitar provaes duras a se rebaixarem e cometer atos indignos.

    Se a liberdade humana restrita, est pelo menos em via de perfeito desenvolvimento, porque o progresso no outra coisa seno a extenso do livre-arbtrio no indivduo e na coletividade. A luta entre a matria e o esprito tem precisamente como objetivo libertar este ltimo cada vez mais do jugo das foras cegas. A inteligncia e a vontade chegam, pouco a pouco, a predominar sobre o que a nossos olhos representa a fatalidade. O livre-arbtrio , pois, a expanso da personalidade e da conscincia. Para sermos livres necessrio querer s-lo e

    fazer esforo para vir a s-lo, libertando-nos da escravido da ignorncia e das paixes inferiores, substituindo o imprio das sensaes e dos instintos pelo da razo.

    Isto s se pode obter por uma educao e uma preparao prolongada das faculdades humanas: libertao fsica pela limitao dos apetites; libertao intelectual pela conquista da verdade; libertao moral pela procura da virtude. essa a obra dos sculos. Mas, em todos os graus de sua ascenso, na repartio dos bens e dos males da vida, ao lado da concatenao das coisas, sem prejuzo dos destinos que nosso passado nos inflige, h sempre lugar para a livre vontade do homem.

    *

    Como conciliar nosso livre-arbtrio com a prescincia divina? Perante o conhecimento antecipado que Deus tem de todas as coisas, pode-se verdadeiramente afirmar a liberdade humana? Questo complexa e rdua na aparncia, que fez correr rios de tinta e cuja soluo , contudo, das mais simples. Mas o homem no gosta das coisas simples; prefere o obscuro, o complicado, e no aceita a verdade seno depois de ter esgotado todas as formas do erro.

    Deus, cuja cincia infinita abrange todas as coisas, conhece a natureza de cada homem e as impulses, as tendncias, de acordo com as quais poder determinar-se. Ns mesmos, conhecendo o carter de uma pessoa, poderamos facilmente prever o sentido em que, numa dada

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    renascimentos. Assim, cada ser conquista a prpria liberdade no decurso da evoluo que tem de perfazer.

    Suprida, a princpio, pelo instinto, que pouco a pouco desaparece para dar lugar razo, nossa liberdade muito escassa nos graus inferiores e em todo o perodo de nossa educao primria. Toma extenso considervel, desde que o Esprito adquire a compreenso da lei. E sempre, em todos os graus de sua ascenso, na hora das resolues importantes, ser assistido, guiado, aconselhado por Inteligncias superiores, por Espritos evoludos e mais esclarecidos do que ele.

    O livre-arbtrio, a livre vontade do Esprito exerce-se principalmente na hora das reencarnaes. Escolhendo tal famlia, certo meio social, ele sabe de antemo quais so as provaes que o aguardam, mas compreende, igualmente, a necessidade dessas provaes para desenvolver suas qualidades, curar seus defeitos, despir seus preconceitos e vcios. Essas provaes podem ser tambm consequncia de um passado nefasto, que preciso reparar, e ele aceita-as com resignao e confiana, porque sabe que seus grandes irmos do espao no o abandonaro nas horas difceis.

    O futuro aparece-lhe ento, no em seus pormenores, mas em seus traos mais salientes, isto , na medida em que esse futuro a resultante de atos anteriores. Esses atos representam a parte de fatalidade ou a predestinao que certos homens so levados a ver em todas as vidas. So simplesmente, como vimos, efeitos ou reaes de causas remotas.

    Na realidade, nada h de fatal e, qualquer que seja o peso das responsabilidades em que se tenha incorrido, pode-se sempre atenuar, modificar a sorte com obras de dedicao, de bondade, de caridade, por um longo sacrifcio ao dever.

    *

    A questo do livre-arbtrio tem, dizamos, grande importncia sob o ponto de vista jurdico. Tendo, no obstante, em conta o direito de represso e preservao social, muito difcil precisar, em todos os casos que dependem dos tribunais, a extenso das responsabilidades individuais. No possvel faz-lo seno estabelecendo o grau de evoluo dos criminosos. O neo-espiritualismo fornecer-nos-ia talvez os meios; mas, a justia humana, pouco versada nessas matrias, continua a ser cega e imperfeita em suas decises e sentenas.

    Muitas vezes o mau, o criminoso, no , na realidade, mais do que um Esprito novo e ignorante em que a razo no teve tempo de amadurecer. O crime diz Duclos sempre o resultado dum falso juzo. por isso que as penalidades infligidas deveriam ser estabelecidas de modo que obrigassem o condenado a refletir, a instruir-se, a esclarecer-se, a emendar-se. A sociedade deve corrigir com amor e no com dio, sem o que se torna criminosa.

    As almas, como demonstramos, so equivalentes em seu ponto de partida. So diferentes por seus graus infinitos de adiantamento: umas novas, outras velhas e, por conseguinte, diversamente

    circunstncia, ela decidir, quer segundo o interesse, quer segundo o dever. Uma resoluo no pode nascer do nada. Est forosamente ligada a uma srie de causas e efeitos anteriores das quais deriva e que a explicam. Deus, conhecendo cada alma em suas menores particularidades, pode, pois, rigorosamente, deduzir, com certeza, do conhecimento que tem dessa alma e das condies em que ela chamada a agir, as determinaes que, livremente, ela tomar.

    Notemos que no a previso de nossos atos que os provoca. Se Deus no pudesse prever nossas resolues, no deixariam elas, por isso, de seguir seu livre curso.

    assim que a liberdade humana e a previdncia divina conciliam-se e combinam, quando se considera o problema luz da razo.

    O crculo dentro do qual se exerce a vontade do homem , de mais a mais, excessivamente restrito e no pode, em caso algum, impedir a ao divina, cujos efeitos se desenrolam na imensidade sem limites. O fraco inseto, perdido num canto do jardim, no pode, desarranjando os poucos tomos ao seu alcance, lanar a perturbao na harmonia do conjunto e pr obstculos obra do Divino Jardineiro.

    *

    A questo do livre-arbtrio tem uma importncia capital e graves consequncias para toda a ordem social, por sua ao e repercusso na educao, na moralidade, na justia, na legislao, etc. Determinou duas correntes opostas de opinio: os que negam o livre-arbtrio e os

    que o admitem com restrio.

    Os argumentos dos fatalistas e deterministas resumem-se assim: O homem est submetido aos impulsos de sua natureza, que o dominam e obrigam a querer, determinar-se num sentido, de preferncia a outro; logo, no livre.

    A escola adversa, que admite a livre vontade do homem, em face desse sistema negativo, exalta a teoria das causas indeterminadas. Seu mais ilustre representante, em nossa poca, foi Ch. Renouvier.

    As vistas desse filsofo foram confirmadas, mais recentemente, pelos belos trabalhos de Wundt, sobre a percepo, de Alfred Fouille sobre a ideia-fora e de Boutroux sobre a contingncia da lei natural.

    Os elementos que a revelao neo-espiritualista nos traz, sobre a natureza e o futuro do ser, do teoria do livre-arbtrio sano definitiva. Vm arrancar a conscincia moderna influncia deletria do materialismo e orientar o pensamento para uma concepo do destino que ter por efeito, como dizia C. du Prel, recomear a vida interior da civilizao.

    At agora, tanto sob o ponto de vista teolgico como determinista, a questo tinha ficado quase insolvel. E no podia ser de outro modo, j que cada um daqueles sistemas partia do dado inexato de que o ser humano tem a percorrer uma nica existncia. A questo muda, porm, inteiramente de aspecto ao se alargar o crculo da vida e se considerar o problema luz que projeta a doutrina dos

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    desenvolvidas em moralidade e sabedoria, segundo a idade. Seria injusto pedir ao Esprito infantil mritos iguais aos que se podem esperar de um Esprito que viu e aprendeu muito. Da uma grande diferenciao nas responsabilidades.

    O Esprito s estar verdadeiramente preparado para a liberdade no dia em que as leis universais, que lhe so externas, se tornem internas e conscientes em razo de sua prpria evoluo. No dia em que ele se penetrar da lei e fizer dela a norma de suas aes, ter atingido o ponto moral em que o homem se possui, domina e governa a si mesmo.

    Da em diante j no precisar do constrangimento e da autoridade sociais para corrigir-se. E d-se com a coletividade o que se d com o indivduo. Um povo s verdadeiramente livre, digno da liberdade, se aprendeu a obedecer a essa lei interna, lei moral, eterna e universal, que no emana nem do poder de uma casta, nem da vontade das multides, mas de um Poder mais alto. Sem a disciplina moral que cada qual deve impor a si mesmo, as liberdades no passam de um logro; tem-se a aparncia, mas no os costumes de um povo livre. A sociedade fica exposta, pela violncia de suas paixes e a intensidade de seus apetites, a todas as complicaes, a todas as desordens.

    Tudo o que se eleva para a luz eleva-se para a liberdade. Esta se expande plena e inteira na vida superior. A alma sofre tanto mais o peso das fatalidades materiais quanto mais atrasada e inconsciente , tanto mais livre se torna quanto mais se

    eleva e aproxima do divino.

    No estado de ignorncia, uma felicidade para ela estar submetida a uma direo. Mas, quando sbia e perfeita, goza da sua liberdade na luz divina.

    Em tese geral, todo homem chegado ao estado de razo livre e responsvel na medida do seu adiantamento. Passo em claro os casos em que, sob o domnio de uma causa qualquer, fsica ou moral, doena ou obsesso, o homem perde o uso de suas faculdades. No se pode desconhecer que o fsico exerce, s vezes, grande influncia sobre o moral; todavia, na luta travada entre ambos, as almas fortes triunfam sempre. Scrates dizia que havia sentido germinar em si os instintos mais perversos e que os domara. Havia nesse filsofo duas correntes de foras contrrias, uma orientada para o mal, outra para o bem. Era a ltima que predominava.

    H tambm causas secretas que muitas vezes atuam sobre ns. s vezes a intuio vem combater o raciocnio, impulsos partidos da conscincia profunda nos determinam num sentido no previsto. No a negao do livre-arbtrio; a ao da alma em sua plenitude, intervindo no curso de seus destinos, ou ento ser a influncia exercida pelos nossos Guias invisveis, que nos impele em direo ao plano divino, ou ainda a interveno de uma Inteligncia que, vindo de mais longe e mais alto, procura arrancar-nos s contingncias inferiores e levar-nos para as cumeadas. Em todos esses casos, porm, somente nossa vontade que rejeita ou aceita e decide em ltima instncia.

    Em resumo, em vez de negar ou afirmar o livre-arbtrio, segundo a escola filosfica a que se pertena, seria mais exato dizer: O homem o obreiro de sua libertao. Ele atinge o estado completo de liberdade pelo cultivo ntimo e pela valorizao de suas potncias ocultas. Os obstculos acumulados em seu caminho so meramente meios de o obrigar a sair da indiferena e a utilizar suas foras latentes. Todas as dificuldades materiais podem ser vencidas.

    Somos todos solidrios e a liberdade de cada um liga-se liberdade dos outros.

    Libertando-se das paixes e da ignorncia, cada homem liberta seus semelhantes. Tudo o que contribui para dissipar da inteligncia as trevas e fazer recuar o mal torna a humanidade mais livre, mais consciente de si mesma, de seus deveres e potncias.

    Elevemo-nos, pois, conscincia de nosso papel e nosso objetivo e seremos livres. Com os nossos esforos, ensinamentos e exemplos asseguraremos a vitria da vontade, assim como do bem, e em vez de formarmos seres passivos, curvados ao jugo da matria, expostos incerteza e inrcia, teremos feito almas verdadeiramente livres, soltas das cadeias da fatalidade e pairando acima do mundo pela superioridade das qualidades conquistadas.

    O homem o obreiro de sua libertao

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    FatalidadeTema correlato ao estudo do Livre-arbtrio, constante da mesma Lei

    Moral da Vida - A Lei de Liberdade -, como se l em O Livro dos Espritos, Fatalidade de aprendizado essencial ao entendimento da vida e modo de viver, que nos ajudar a compreender como conciliar nosso livre-arbtrio com a prescincia divina? Perante o conhecimento antecipado que Deus tem de todas as coisas, pode-se verdadeiramente afirmar a liberdade humana?, segundo indagaes de Lon Denis, em texto acima .

    Transcrevemos, a seguir, algumas questes constantes em O Livro dos Espritos, que tratam especificamente desse assunto.

    851. Haver fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme ao sentido que se d a este vocbulo? Quer dizer: todos os acontecimentos so predeterminados? E, neste caso, que vem a ser do livre-arbtrio?

    A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Esprito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, institui para si uma espcie de destino, que a consequncia mesma da posio em que vem a achar-se

    colocado. Falo das provas fsicas, pois, pelo que toca s provas morais e s tentaes, o Esprito, conservando o livre-arbtrio quanto ao bem e ao mal, sempre senhor de ceder ou de resistir. Ao v-lo fraquejar, um bom Esprito pode vir-lhe em auxlio, mas no pode influir sobre ele de maneira a dominar-lhe a vontade. Um Esprito mau, isto , inferior, mostrando-lhe, exagerando aos seus olhos um perigo fsico, o poder abalar e amedrontar. Nem por isso, entretanto, a vontade do Esprito encarnado deixa de se conservar livre de quaisquer peias.

    852. H pessoas que parecem perseguidas por uma fatalidade, independente da maneira por que procedem. No lhes estar no destino o infortnio?

    So, talvez, provas que lhe caiba sofrer e que elas escolheram. Porm, ainda aqui lanais conta do destino o que as mais das vezes apenas consequncia de vossas prprias faltas. Trata de ter pura a conscincia em meio dos males que te afligem e j bastante consolado te sentirs.

    As ideias exatas ou falsas que fazemos das coisas nos levam a ser bem ou mal sucedidos, de acordo com o nosso carter e a nossa posio social. Achamos mais simples e menos humilhante para o nosso amor-prprio atribuir antes sorte ou ao destino os insucessos que experimentamos, do que nossa prpria falta. certo que para isso contribui algumas vezes a influncia dos Espritos, mas tambm o que podemos sempre forrar-nos a essa influncia, repelindo as ideias que eles nos sugerem, quando ms.

    853. Algumas pessoas s escapam de um perigo mortal para cair em outro.

    Parece que no podem escapar da morte. No h nisso fatalidade?

    Fatal, no verdadeiro sentido da palavra, s o instante da morte o . Chegado esse momento, de uma forma ou doutra, a ele no podeis furtar-vos.

    a)- Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace, se a hora da morte ainda no chegou, no morreremos?

    No; no perecers e tens disso milhares de exemplos. Quando, porm, soe a hora da tua partida, nada poder impedir que partas. Deus sabe de antemo de que gnero ser a morte do homem e muitas vezes seu Esprito tambm o sabe, por lhe ter sido isso revelado, quando escolheu tal ou qual existncia.

    854. Do fato de ser infalvel a hora da morte, poder-se- deduzir que sejam inteis as precaues para evit-la?

    No, visto que as precaues que tomais vos so sugeridas com o fito de evitardes a morte que vos ameaa. So um dos meios empregados para que ela no se d.

    855. Com que fim nos faz a Providncia correr perigos que nenhuma consequncia devem ter?

    O fato de ser a tua vida posta em perigo constitui um aviso que tu mesmo desejaste, a fim de te desviares do mal e te tornares melhor. Se escapas desse perigo, quando ainda sob a impresso do risco que correste, de te melhorares, conforme seja mais ou menos forte sobre ti a influncia dos Espritos bons. Sobrevindo o mau Esprito (digo mau, subentendendo o mal que ainda existe nele), entras a pensar que do mesmo modo escapars a outros perigos e deixas que de

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    novo tuas paixes se desencadeiem. Por meio dos perigos que correis, Deus vos lembra a vossa fraqueza e a fragilidade da vossa existncia. Se examinardes a causa e a natureza do perigo, verificareis que, quase sempre, suas consequncias teriam sido a punio de uma falta cometida ou da negligncia no cumprimento de um dever. Deus, por essa forma, exorta o Esprito a cair em si e a se emendar. (526-532)

    856. Sabe o Esprito antecipadamente de que gnero ser sua morte?

    Sabe que o gnero de vida que escolheu o expe mais a morrer desta do que daquela maneira. Sabe igualmente quais a lutas que ter de sustentar para evit-lo e que, se Deus o permitir, no sucumbir.

    857. H homens que afrontam os perigos dos combates, persuadidos, de certo modo, de que a hora no lhes chegou. Haver algum fundamento para essa confiana?

    Muito amide tem o homem o pressentimento do seu fim, como pode ter o de que ainda no morrer. Esse pressentimento lhe vem dos Espritos seus protetores, que assim o advertem para que esteja pronto a partir, ou lhe fortalecem a coragem nos momentos em que mais dela necessita. Pode vir-lhe tambm da intuio que tem da existncia que escolheu, ou da misso que aceitou e que sabe ter que cumprir. (411-522)

    858. Por que razo os que pressentem a morte a temem geralmente menos do que os outros?

    Quem teme a morte o homem, no o Esprito. Aquele que a pressente pensa mais como Esprito do que como homem.

    Compreende ser ela a sua libertao e espera-a.

    859. Com todos os acidentes, que nos sobrevm no curso da vida, se d o mesmo que com a morte, que no pode ser evitada, quando tem que ocorrer?

    So de ordinrio coisas muito insignificantes, de sorte que vos podeis prevenir deles e fazer que os eviteis algumas vezes, dirigindo o vosso pensamento, pois nos desagradam os sofrimentos materiais. Isso, porm, nenhuma importncia tem na vida que escolhestes. A fatalidade, verdadeiramente, s existe quanto ao momento em que deveis aparecer e desaparecer deste mundo.

    a)- Haver fatos que forosamente devam dar-se e que os Espritos no possam conjurar, embora o queiram?

    H, mas que tu viste e pressentiste quando, no estado de Esprito, fizeste a tua escolha. No creias, entretanto, que tudo o que sucede esteja escrito, como costumam dizer. Um acontecimento qualquer pode ser a consequncia de um ato que praticaste por tua livre vontade, de tal sorte que, se no o houvesses praticado, o acontecimento no seria dado. Imagina que queimas o dedo. Isso nada mais seno resultado da tua imprudncia e efeito da matria. S as grandes dores, os fatos importantes e capazes de influir no moral, Deus os prev, porque so teis tua depurao e tua instruo.

    860. Pode o homem, pela sua vontade e por seus atos, fazer que se no deem acontecimentos que deveriam verificar-se e reciprocamente?

    Pode-o, se essa aparente mudana na ordem dos fatos tiver cabimento na

    sequncia da vida que ele escolheu. Acresce que, para fazer o bem, como lhe cumpre, pois que isso constitui o objetivo nico da vida, facultado lhe impedir o mal, sobretudo aquele que possa concorrer para a produo de um mal maior.

    861. Ao escolher a sua existncia, o Esprito daquele que comete um assassnio sabia que viria a ser assassino?

    No. Escolhendo uma vida de lutas, sabe que ter ensejo de matar um de seus semelhantes, mas no sabe se o far, visto que ao crime preceder quase sempre, de sua parte, a deliberao de pratic-lo. Ora, aquele que delibera sobre uma coisa sempre livre de faz-la, ou no. Se soubesse previamente que, como homem, teria que cometer um crime, o Esprito estaria a isso predestinado. Ficai, porm, sabendo que a ningum h predestinado ao crime e que todo crime, como qualquer outro ato, resulta sempre da vontade e do livre-arbtrio.

    Demais, sempre confundis duas coisas muito distintas: os sucessos materiais e os atos da vida moral. A fatalidade, que por algumas vezes h, s existe com relao queles sucessos materiais, cuja causa reside fora de vs e que independem da vossa vontade. Quanto aos da vida moral esses emanam sempre do prprio homem que, por conseguinte, tem sempre a liberdade de escolher. No tocante, pois, a esses atos, nunca h fatalidade.

    862. Pessoas existem que nunca logram bom xito em coisa alguma, que parecem perseguidas por um mau gnio em todos os seus empreendimentos. No se pode chamar a isso fatalidade?

    Ser uma fatalidade, se lhe quiseres dar esse nome, mas que decorre do gnero

    da existncia escolhida. que essas pessoas quiseram ser provadas por uma vida de decepes, a fim de exercitarem a pacincia e a resignao. Entretanto, no creias seja absoluta essa fatalidade. Resulta muitas vezes do caminho falso que tais pessoas tomam, em discordncia com suas inteligncias e aptides. Grandes probabilidades tem de se afogar quem pretender atravessar a nada um rio, sem saber nadar. O mesmo se d relativamente maioria dos acontecimentos da vida. Quase sempre obteria o homem bom xito, se s tentasse o que estivesse em relao com as suas faculdades. O que o perde so o seu amor prprio e a sua ambio, que o desviam da senda que lhe prpria e o fazem considerar vocao o que no passa de desejo de satisfazer a certas paixes. Fracassa por sua culpa. Mas, em vez de culpar-se a si mesmo, prefere queixar-se da sua estrela. Um, por exemplo, que seria bom operrio e ganharia honestamente a vida, mete-se a ser mau poeta e morre de fome. Para todos haveria lugar no mundo, desde que cada um soubesse colocar-se no lugar que lhe compete.

    863. Os costumes sociais no obrigam muitas vezes o homem a enveredar por um caminho de preferncia a outro e no se acha ele submetido direo da opinio geral, quanto escolha de suas ocupaes? O que se chama respeito humano no constitui bice ao exerccio do livre-arbtrio?

    So os homens e no Deus quem faz os costumes sociais. Se eles a estes se submetem, porque lhes convm. Tal submisso, portanto, representa um ato de livre arbtrio, pois que, se o quisessem, poderiam libertar-se de semelhante jugo.

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    Por que, ento, se queixam? Falece-lhes razo para acusarem os costumes sociais. A culpa de tudo devem lan-la ao tolo amor-prprio de que vivem cheios e que os faz preferirem morrer de fome a infringi-los. Ningum lhes leva em conta esse sacrifcio feito opinio pblica, ao passo que Deus lhes levar em conta o sacrifcio que fizerem de suas vaidades. No quer isto dizer que o homem deva afrontar sem necessidade aquela opinio, como fazem alguns em que h mais originalidade do que verdadeira filosofia. Tanto desatino h em procurar algum ser apontado a dedo, ou considerado animal curioso, quanto acerto em descer voluntariamente e sem murmurar, desde que no possa manter-se no alto da escala.

    864. Assim como h pessoas a quem a sorte em tudo contrria, outras parecem favorecidas por ela, pois que tudo lhes sai bem. A que atribuir isso?

    De ordinrio, que essas pessoas sabem conduzir-se melhor nas suas empresas. Mas, tambm pode ser um gnero de prova. O bom xito as embriaga; fiam-se no seu destino e muitas vezes pagam mais tarde esse bom xito, mediante revezes cruis, que a prudncia as teria feito evitar.

    865. Como se explica que a boa sorte favorea a algumas pessoas em circunstncias com as quais nada tm que ver a vontade, nem a inteligncia: no jogo, por exemplo?

    Alguns Espritos ho escolhido previamente certas espcies de prazer. A fortuna que os favorece uma tentao. Aquele que, como homem, ganha; perde como Esprito. uma prova para o seu orgulho e para a sua cupidez.

    866. Ento, a faculdade que favorece presidir aos destinos materiais de nossa vida tambm resultante do nosso livre-arbtrio?

    Tu mesmo escolheste a tua prova. Quanto mais rude ela for e melhor a suportares, tanto mais te elevars. Os que passam a vida na abundncia e na ventura humana so Espritos pusilnimes, que permanecem estacionrios. Assim, o nmero dos desafortunados muito superior ao dos felizes deste mundo, atento que os Espritos, na sua maioria, procuram as provas que lhes sejam mais proveitosas. Eles veem perfeitamente bem a futilidade das vossas grandezas e gozos. Acresce que a mais ditosa existncia sempre agitada, sempre perturbada, quando mais no seja, pela ausncia da dor. (525 e seguintes)

    867. Donde vem a expresso: Nascer sob uma boa estrela?

    Antiga superstio, que prendia s estrelas os destinos dos homens. Alegoria que algumas pessoas fazem a tolice de tomar ao p da letra. P rovasescolha das

    No mesmo contexto e tambm tema correlato, Escolha das Provas nos pe diante da nossa responsabilidade perante as circunstncias da vida, uma vez haver compromisso anterior assumido livre e espontaneamente por ns mesmos perante as leis da vida.

    Leiamos com ateno, estudemos e meditemos sobre as questes que seguem, tambm coletadas em O Livro dos Espritos, de Allan Kardec.

    258. Quando na erraticidade, antes de comear nova existncia corporal, tem o Esprito conscincia e previso do que lhe suceder no curso da vida terrena?

    Ele prprio escolhe o gnero de provas por que h de passar e nisso consiste o seu livre-arbtrio.

    a)- No Deus, ento, quem lhe impe as tribulaes da vida, como castigo?

    Nada ocorre sem a permisso de Deus, porquanto foi Deus quem estabeleceu todas as leis que regem o Universo. Ide agora perguntar por que decretou Ele esta lei e no aquela. Dando ao Esprito

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    a liberdade de escolher, Deus lhe deixa a inteira responsabilidade de seus atos e das consequncias que estes tiverem. Nada lhe estorva o futuro; abertos se lhe acham, assim, o caminho do bem, como o do mal. Se vier a sucumbir, restar-lhe- a consolao de que nem tudo se lhe acabou e que a bondade divina lhe concede a liberdade de recomear o que foi mal feito. Demais, cumpre se distinga o que obra da vontade de Deus do que o da do homem. Se um perigo vos ameaa, no fostes vs quem o criou e sim Deus. Vosso, porm, foi o desejo de a ele vos expordes, por haverdes visto nisso um meio de progredirdes, e Deus o permitiu.

    259. Do fato de pertencer ao Esprito a escolha do gnero de provas que deva sofrer, seguir-se- que todas as tribulaes que experimentamos na vida ns as previmos e buscamos?

    Todas, no, porque no escolhestes e previstes tudo o que vos sucede no mundo, at s mnimas coisas. Escolhestes apenas o gnero das provaes. As particularidades correm por conta da posio em que vos achais; so, muitas vezes, consequncias das vossas prprias aes. Escolhendo, por exemplo, nascer entre malfeitores, sabia o Esprito a que arrastamentos se expunha; ignorava, porm, quais os atos que viria a praticar. Esses atos resultam do exerccio da sua vontade, ou do seu livre-arbtrio. Sabe o Esprito que, escolhendo tal caminho, ter que sustentar lutas de determinada espcie; sabe, portanto, de que natureza sero as vicissitudes que se lhe depararo, mas ignora se se verificar este ou aquele xito. Os acontecimentos secundrios se originam das circunstncias e da fora mesma das coisas. Previstos s so

    os fatos principais, os que influem no destino. Se tomares uma estrada cheia de sulcos profundos, sabes que ters de andar cautelosamente, porque h muitas probabilidades de cares; ignoras, contudo, em que ponto cairs e bem pode suceder que no caias, se fores bastante prudente. Se, ao percorreres uma rua, uma telha te cair na cabea, no creias que estava escrito, segundo vulgarmente se diz.

    260. Como pode o Esprito desejar nascer entre gente de m vida?

    Foroso que seja posto num meio onde possa sofrer a prova que pediu. Pois bem! necessrio que haja analogia. Para lutar contra o instinto do roubo, preciso que se ache em contacto com gente dada prtica de roubar.

    a) - Assim, se no houvesse na Terra gente de maus costumes, o Esprito no encontraria a meio apropriado ao sofrimento de certas provas?

    E seria isso de lastimar-se? o que ocorre nos mundos superiores, onde o mal no penetra. Eis por que nesses mundos, s h Espritos bons. Fazei que em breve o mesmo se d na Terra.

    261. Nas provaes por que lhe cumpre passar para atingir a perfeio, tem o Esprito que sofrer tentaes de todas as naturezas? Tem que se achar em todas as circunstncias que possam excitar-lhe o orgulho, a inveja, a avareza, a sensualidade, etc.?

    Certo que no, pois bem sabeis haver Espritos que desde o comeo tomam um caminho que os exime de muitas provas. Aquele, porm, que se deixa arrastar para o mau caminho, corre todos os perigos que o inam. Pode um Esprito, por exemplo, pedir a riqueza e ser-lhe esta

    concedida. Ento, conforme o seu carter, poder tornar-se avaro ou prdigo, egosta ou generoso, ou ainda lanar-se a todos os gozos da sensualidade. Da no se segue, entretanto, que haja de forosamente passar por todas estas tendncias.

    262. Como pode o Esprito, que, em sua origem, simples, ignorante e carecido de experincia, escolher uma existncia com conhecimento de causa e ser responsvel por essa escolha?

    Deus lhe supre a inexperincia, traando-lhe o caminho que deve seguir, como fazeis com a criancinha. Deixa-o, porm, pouco a pouco, medida que o seu livre-arbtrio se desenvolve, senhor de proceder escolha e s ento que muitas vezes lhe acontece extraviar-se, tomando o mau caminho, por desatender os conselhos dos bons Espritos. A isso que se pode chamar a queda do homem.

    a) - Quando o Esprito goza do livre-arbtrio, a escolha da existncia corporal depender sempre exclusivamente de sua vontade, ou essa existncia lhe pode ser imposta, como expiao, pela vontade de Deus?

    Deus sabe esperar, no apressa a expiao. Todavia, pode impor certa existncia a um Esprito, quando este, pela sua inferioridade ou m vontade, no se mostra apto a compreender o que lhe seria mais til, e quando v que tal existncia servir para a purificao e o progresso do Esprito, ao mesmo tempo que lhe sirva de expiao.

    263. O Esprito faz a sua escolha logo depois da morte?

    No, muitos acreditam na eternidade das penas, o que, como j se vos disse, um castigo.

    264. Que o que dirige o Esprito na escolha das provas que queira sofrer?

    Ele escolhe, de acordo com a natureza de suas faltas, as que o levem expiao destas e a progredir mais depressa. Uns, portanto, impem a si mesmos uma vida de misrias e privaes, objetivando suport-las com coragem; outros preferem experimentar as tentaes da riqueza e do poder, muito mais perigosas, pelos abusos e m aplicao a que podem dar lugar, pelas paixes inferiores que uma e outros desenvolvem; muitos, finalmente, se decidem a experimentar suas foras nas lutas que tero de sustentar em contato com o vcio.

    265. Havendo Espritos que, por provao, escolhem o contato do vcio, outros no haver que o busquem por simpatia e pelo desejo de viverem num meio conforme aos seus gostos, ou para poderem entregar-se materialmente a seus pendores materiais?

    H, sem dvida, mas to-somente entre aqueles cujo senso moral ainda est pouco desenvolvido. A prova vem por si mesma e eles a sofrem mais demoradamente. Cedo ou tarde, compreendem que a satisfao de suas paixes brutais lhes acarretou deplorveis consequncias, que eles sofrero durante um tempo que lhes parecer eterno. E Deus os deixar nessa persuaso, at que se tornem conscientes da falta em que incorreram e peam, por impulso prprio, lhes seja concedido resgat-la, mediante teis provaes.

    266. No parece natural que se escolham as provas menos dolorosas?

    Pode parecer-vos a vs; ao Esprito, no. Logo que este se desliga da matria, cessa toda iluso e outra passa a ser a sua

  • 16 17

    maneira de pensar.

    Sob a influncia das ideias carnais, o homem, na Terra, s v das provas o lado penoso. Tal a razo de lhe parecer natural sejam escolhidas as que, do seu ponto de vista, podem coexistir com os gozos materiais. Na vida espiritual, porm, compara esses gozos fugazes e grosseiros com a inaltervel felicidade que lhe dado entrever e desde logo nenhuma impresso mais lhe causam os passageiros sofrimentos terrenos. Assim, pois, o Esprito pode escolher prova muito rude e, conseguintemente, uma angustiada existncia, na esperana de alcanar depressa um estado melhor, como o doente escolhe muitas vezes o remdio mais desagradvel para se curar de pronto. Aquele que intenta ligar seu nome descoberta de um pas desconhecido no procura trilhar estrada florida. Conhece os perigos a que se arrisca, mas tambm sabe que o espera a glria, se lograr bom xito.

    A doutrina da liberdade que temos de escolher as nossas existncias e as provas que devamos sofrer deixa de parecer singular, desde que se atenda a que os Espritos, uma vez desprendidos da matria, apreciam as coisas de modo diverso da nossa maneira de apreci-los. Divisam a meta, que bem diferente para eles dos gozos fugitivos do mundo. Aps cada existncia, veem o passo que deram e compreendem o que ainda lhes falta em pureza para atingirem aquela meta. Da o se submeterem voluntariamente a todas as vicissitudes da vida corprea, solicitando as que possam fazer que a alcancem mais presto. No h, pois, motivo de espanto no fato de o Esprito no preferir a existncia mais suave. No lhe possvel, no estado de imperfeio em que se encontra, gozar de uma vida isenta de amarguras. Ele o percebe e, precisamente para chegar a fru-la, que trata de se melhorar.

    No vemos, alis, todos os dias, exemplos

    de escolhas tais? Que faz o homem que passa uma parte de sua vida a trabalhar sem trgua, nem descanso, para reunir haveres que lhe assegurem o bem-estar, seno desempenhar uma tarefa que a si mesmo se imps, tendo em vista melhor futuro? O militar que se oferece para uma perigosa misso, o navegante que afronta no menores perigos, por amor da Cincia ou no seu prprio interesse, que fazem, tambm eles, seno sujeitar-se a provas voluntrias, de que lhes adviro honras e proveito, se no sucumbirem? A que se no submete ou expe o homem pelo seu interesse ou pela sua glria? E os concursos no so tambm todos provas voluntrias a que os concorrentes se sujeitam, com o fito de avanarem na carreira que escolheram? Ningum galga qualquer posio nas cincias, nas artes, na indstria, seno passando pela srie das posies inferiores, que so outras tantas provas. A vida humana , pois, cpia da vida espiritual; nela se nos deparam em ponto pequeno todas as peripcias da outra. Ora, se na vida terrena muitas vezes escolhemos duras provas, visando posio mais elevada, por que no haveria o Esprito, que enxerga mais longe que o corpo e para quem a vida corporal apenas incidente de curta durao, de escolher uma existncia rdua e laboriosa, desde que o conduza felicidade eterna? Os que dizem que pediro para ser prncipes ou milionrios, uma vez que ao homem que caiba escolher a sua existncia, se assemelham aos mopes, que apenas veem aquilo em que tocam, ou a meninos gulosos, que, a quem os interroga sobre isso, respondem que desejam ser pasteleiros ou doceiros.

    O viajante que atravessa profundo vale ensombrado por espesso nevoeiro no logra apanhar com a vista a extenso da estrada por onde vai, nem os seus pontos extremos. Chegando, porm, ao cume da montanha, abrange com o olhar quanto percorreu do caminho e quanto lhe resta dele a percorrer.

    Divisa-lhe o termo, v os obstculos que ainda ter de transpor e combina ento os meios mais seguros de atingi-lo. O Esprito encarnado qual viajante no sop da montanha. Desenleado dos liames terrenais, sua viso tudo domina, como a daquele que subiu crista da serrania. Para o viajor, no termo da sua jornada est o repouso aps a fadiga; para o Esprito, est a felicidade suprema, aps as tribulaes e as provas.

    Dizem todos os Espritos que, na erraticidade, eles se aplicam a pesquisar, estudar, observar, a fim de fazerem a sua escolha. Na vida corporal no se nos oferece um exemplo deste fato? No levamos, frequentemente, anos a procurar a carreira pela qual afinal nos decidimos, certos de ser a mais apropriada a nos facilitar o caminho da vida? Se numa o nosso intento se malogra, recorremos a outra. Cada uma das que abraamos representa uma fase, um perodo da vida. No nos ocupamos cada dia em cogitar do que faremos no dia seguinte? Ora, que so, para o Esprito as diversas existncias corporais, seno fases, perodos, dias da sua vida esprita, que , como sabemos, a vida normal, visto que a outra transitria, passageira?

    267. Pode o Esprito proceder escolha de suas provas, enquanto encarnado?

    O desejo que ento alimenta pode influir na escolha que venha a fazer, dependendo isso da inteno que o anime. D-se, porm, que, como Esprito livre, quase sempre v as coisas de modo diferente. O Esprito por si s quem faz a escolha; entretanto, ainda uma vez o dizemos, possvel lhe faz-la, mesmo na vida material, por isso que h sempre momentos em que o Esprito se torna independente da matria que lhe serve de habitao.

    a) - No decerto como expiao, ou como prova, que muita gente deseja as

    grandezas e as riquezas. Ser?

    Indubitavelmente, no. A matria deseja essa grandeza para goz-la e o Esprito para conhecer-lhe as vicissitudes.

    268. At que chegue ao estado de pureza perfeita, tem o Esprito que passar constantemente por provas?

    Sim, mas que no so como o entendeis, pois que s considerais provas as tribulaes materiais. Ora, havendo-se elevado a um certo grau, o Esprito, embora no seja ainda perfeito, j no tem que sofrer provas. Continua, porm, sujeito a deveres nada penosos, cuja satisfao lhe auxilia o aperfeioamento, mesmo que consistam apenas em auxiliar os outros a se aperfeioarem.

    269. Pode o Esprito enganar-se quanto eficincia da prova que escolheu?

    Pode escolher uma que esteja acima de suas foras e sucumbir. Pode tambm escolher alguma que nada lhe aproveite, como suceder se buscar vida ociosa e intil. Mas, ento, voltando ao mundo dos Espritos, verifica que nada ganhou e pede outra que lhe faculte recuperar o tempo perdido.

    270. A que se devem atribuir as vocaes de certas pessoas e a vontade que sentem de seguir uma carreira de preferncia a outra?

    Parece-me que vs mesmos podeis responder a esta pergunta. Pois no isso a consequncia de tudo o que acabamos de dizer sobre a escolha das provas e sobre o progresso efetuado em existncia anterior?

    271. Estudando, na erraticidade, as diversas condies em que poder progredir, como pensa o Esprito consegui-lo, nascendo, por exemplo, entre canibais?

  • 18 19

    Entre canibais no nascem Espritos j adiantados, mas Espritos da natureza dos canibais, ou ainda inferiores aos destes.

    Sabemos que os nossos antroplogos no se acham no ltimo degrau da escala espiritual e que mundos h onde a bruteza e a ferocidade no tm analogia na Terra. Os Espritos que a encarnam so, portanto, inferiores aos mais nfimos que no nosso mundo encarnam. Para eles, pois, nascer entre os nossos selvagens representa um progresso, como progresso seria, para os antropfagos terrenos, exercerem entre ns uma profisso que os obrigasse a fazer correr sangue. No podem pr mais alto suas vistas, porque sua inferioridade moral no lhes permite compreender maior progresso. O Esprito s gradativamente avana. No lhe dado transpor de um salto a distncia que da civilizao separa a barbrie e esta uma das razes que nos mostram ser necessria a reencarnao, que verdadeiramente corresponde justia de Deus. De outro modo, que seria desses milhes de criaturas que todos os dias morrem na maior degradao, se no tivessem meios de alcanar a superioridade? Por que os privaria Deus dos favores concedidos aos outros homens?

    272. Poder dar-se que Espritos vindos de um mundo inferior Terra, ou de um povo muito atrasado, como os canibais, por exemplo, nasam no seio de povos civilizados?

    Pode. Alguns h que se extraviam, por quererem subir muito alto. Mas, nesse caso, ficam deslocados no meio em que nasceram, por estarem seus costumes e instintos em conflito com os dos outros homens.

    Tais seres nos oferecem o triste espetculo da ferocidade dentro da civilizao. Voltando para o meio dos canibais, no sofrem uma degradao; apenas volvem ao lugar que lhes prprio e com isso talvez at ganhem.

    273. Ser possvel que um homem de raa civilizada reencarne, por exemplo, numa raa de selvagens?

    ; mas depende do gnero da expiao. Um senhor, que tenha sido de grande crueldade para os seus escravos, poder, por sua vez, tornar-se escravo e sofrer os maus tratos que infligiu a seus semelhantes. Um, que em certa poca exerceu o mando, pode, em nova existncia, ter que obedecer aos que se curvaram ante a sua vontade. Ser-lhe- isso uma expiao, que Deus lhe imponha, se ele abusou do seu poder. Tambm um bom Esprito pode querer encarnar no seio daquelas raas, ocupando posio influente, para faz-las progredir. Em tal caso, desempenha uma misso.

    Livresa verdade nos farAtentos a afirmativa de Jesus: Se permanecerdes na minha palavra,

    sereis verdadeiramente meus discpulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertar, que se encontra em Joo 8 : 32, muito prprio que acompanhemos os ensinos dos Benfeitores Espirituais a respeito, com o objetivo no s do conhecimento superior, mas a fim de colhermos estmulo para nossa jornada terrena, rumo ao encontro definitivo do Caminho, da Verdade e da Vida, de vez por todas, contando com foras extras para prosseguir rumo a redeno.

    A seguir transcrevemos alguns textos que merecem nossa apurada ateno e madura reflexo.

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    ante a luz daVerdadeConhecereis a verdade e a verdade vos libertar. - Jesus. (Jo 8:32)

    Muitos, em poltica, filosofia, cincia e religio, se afeioam a certos ngulos da verdade e transformam a prpria vida numa trincheira de luta desesperada, a pretexto de defend-la, quando no passam de prisioneiros do ponto de vista.

    Muitos aceitam a verdade, estendem-lhe as lies, advogam-lhe a causa e proclamam-lhe os mritos, entretanto, a verdade libertadora aquela que conhecemos na atividade incessante do Eterno Bem. Penetr-la compreender as obrigaes que nos competem.

    Discerni-la renovar o prprio entendimento e converter a existncia num campo de responsabilidade para com o melhor. S existe verdadeira liberdade na submisso ao dever fielmente cumprido.

    Conhecer, portanto, a verdade perceber o sentido da vida. E perceber o sentido da vida crescer em servio e burilamento constantes.

    Observa, desse modo, a tua posio diante da Luz...

    Quem apenas vislumbra a glria ofuscante da realidade, fala muito e age menos. Quem, todavia, lhe penetra a grandeza indefinvel, age mais e fala menos.

    (Livro: Fonte Viva. Esprito Emmanuel. Cap. 173. Francisco C. Xavier)

    A palavra do Mestre clara e segura.

    No seremos libertados pelos aspectos da verdade ou pelas verdades provisrias de que sejamos detentores no crculo das afirmaes apaixonadas a que nos inclinemos.

    a verdadeDesveladaEm todas as pocas, a busca da verdade

    uma constante.

    Vestida de mitos e lendas, apresentada em metforas ou como a ltima palavra, a verdade sempre enigmtica e transitria, exceo a algumas das suas expresses

    imortalistas.

    Por essa razo, a verdade pode apresentar-se como a maneira de entender do observa-dor, em razo do se nvel de conscincia, do observado, em face da sua capacidade de entendimento, e aquela que a real, a que transcende a compreenso momentnea das criaturas, e manifesta-se depois, sendo, a pouco e pouco, desvelada.

    A tarefa da cincia, da religio, assim como da filosofia, tem sido a de penetrar no mistrio da verdade e, atravs da observao, da anlise, da experincia, torn-la fac-tvel no mundo das formas, aceita e aplicada como diretriz de equilbrio e de segurana moral.

    Quanto mais se desenvolvem o psiquismo e o sentimento humanos, mais ampla se tor-na a sua capacidade para entender, descobrir e vivenciar a verdade, pelo menos aquela que conquistada de momento.

    Transitria, em cada poca, o seu fundamento, entretanto, sempre o mesmo, sendo a maneira de expressar-se que varia, adquirindo legitimidade ou perdendo o significado.

    Dessa maneira, muitas das suas manifestaes, consideradas reais, por uns, no o so, por outros, tornando-se intil qualquer tentativa de as impor queles que se encon-tram na margem oposta, fortalecidos por especiais e prprias consideraes.

  • 22 23

    Mesmo Jesus, o Esprito mais nobre que esteve na Terra, quando interrogado por Pilatos sobre a verdade, silenciou, porque aquele administrador mesquinho no a podia entender. Nada obstante informara que todo aquele que da verdade ouvia-Lhe a voz. (Jo: 18 37 e 38).

    A verdade, portanto, transcende a indumentria lingustica para tornar-se um estado interior de conquista espiritual, caractersticas dos Espritos nobres e sbios.

    Ante a impossibilidade natural de conhecer-se a verdade de um para outro momento, o aventureirismo cultural veste-a de complicadas informaes que mais a desfiguram e a ocultam.

    Por outro lado, a verdade simples como o ar que se respira, a paisagem rutilante que enternece, o brilho das estrelas que fascina, o sentimento de amor que dignifica e eleva...

    A dificuldade consiste em express-la, tornando-a de fcil compreenso, o que con-seguem os sofistas, os hbeis mistificadores, que se habilitam em confundir e enganar, porque no a tm ao alcance...

    - Buscai a verdade, e a verdade vos libertar - props Jesus.

    Certamente, referia-se verdade profunda, quela que diz o ser que se , qual a finali-dade da sua existncia na Terra e as razes que explicam os sofrimentos, os desafios e as dificuldades que defronta na sua trajetria autoiluminativa.

    (...)

    O mundo est referto de pseudossbios, de ilusionistas, de pessoas brilhantes por fora, debatendo-se em sombras interiores.

    cada vez maior o nmero de portadores de verdades interesseiras em moedas e retri-buies pelos seus feitos.

    No sejas um a mais, porm, algum equilibrado que encontrou o caminho e segue-o com alegria e simplicidade de corao.

    A tua verdade muito boa para ti, vive-a, ento, permitindo que os demais realizem o seu encontro pessoal e desfrutem-lhe as bnos de que necessitam, quando assim ocorrer.

    (Vitria sobre a depresso. Esprito Joanna de ngelis, Cap. 29. Divaldo Franco)

    Sou...euEu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ningum vem ao Pai a no ser por mim. - Jesus (Jo. 14 : 6)

    Eis o roteiro celeste, seguro e definitivo.

    Jesus, na tarefa de esclarecimento da alma humana, apresentou-se ao mundo de diversas maneiras:

    Eu sou a gua viva...Eu sou o po da vida...Eu sou a luz do mundo...Eu sou a porta...Eu sou o bom pastor...

    Eu sou a ressurreio...Eu sou o Caminho...Eu sou a Verdade...Eu sou a Vida...Jesus nosso Guia e Modelo.Identificou-se perante todos e

    enfatizou seu celeste Convite:Vinde a mim todos os que estais

    cansados sob o peso do vosso fardo e eu vos darei descanso. (Mateus 11 : 28).

  • 24 25

    Em nenhum momento exigiu ou imps o aceitssemos ou aceitssemos seu convite.

    E dizia a todos: Se algum quer vir aps mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me. (Lucas 9 : 23).

    Quem quiser, Ele deixou claro.Compreensivo e amigo amoroso,

    sempre presente, nos disse Ele:Se algum ouvir minhas palavras

    e no as guardar, eu no o julgo, pois no vim para julgar o mundo, mas para salvar o mundo. (Joo 12 : 47).

    Mas no deixou de afirmar de modo incisivo: Eu sou o caminho da verdadeira vida.

    Reconhecendo-o hoje como nosso Mestre, nos damos conta que h mais de dois mil anos protelamos nossa deciso por seguir o Caminho, descobrirmos e enfrentarmos a Verdade, e nos depararmos com a Vida em seu verdadeiro sentido.

    Examinemos com ateno os textos que seguem.

    Venho, como outrora aos transviados filhos de Israel, trazer-vos a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como o fez antigamente a minha palavra, tem de lembrar aos incrdulos que acima deles reina a imutvel verdade: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinem as plantas e se levantem as ondas. Revelei a doutrina divinal. Como um ceifeiro, reuni em feixes o bem esparso no seio da Humanidade e disse: Vinde a mim, todos vs que sofreis.

    O Esprito de Verdade

    (O evangelho segundo o Espiritismo. Allan Kardec, Cap. VI, item 5)

    oCaminhoEu sou o caminho... - Jesus. (Jo. 14:6.)

    H muita gente acreditando, ainda, na Terra, que o Cristianismo seja uma panaceia como tantas para a salvao das almas.

    Para essa casta de crentes, a vida humana um processo de gozar o possvel no corpo de carne, reservando-se a luz da f para as ocasies de sofrimento irremedivel.

    H decadncia na carne? Procura-se o aconchego dos templos.

    Veio a morte de pessoas amadas? Ouve-se uma ou outra pregao que auxilie a descida de lgrimas momentneas.

    H desastres? Dobram-se os joelhos, por alguns minutos, e aguarda-se a interveno celeste.

    Usa-se a orao, em momentos excepcionais, maneira de pomada miraculosa, somente aconselhvel pele, em ocasies de ferimento grave.

    A maioria dos estudantes do Evangelho parecem esquecer que o Senhor se nos revelou como sendo o caminho...

    No se compreende estrada sem proveito.

    Abraar o Cristianismo avanar para a vida melhor.

    Aceitar a tutela de Jesus e marchar, em companhia dEle, aprender sempre e servir diariamente, com renovao incessante para o bem infinito, porque o trabalho construtivo, em todos os momentos da vida, a jornada sublime da alma, no rumo do conhecimento e da virtude, da experincia e da elevao.

    Zonas sem estradas que lhes intensifiquem o servio e o transporte so regies de economia paraltica.

    Cristos que no aproveitam o caminho do Senhor para alcanarem a legtima prosperidade espiritual so criaturas voluntariamente condenadas estagnao.

    (Livro: Vinha de luz. Esprito Emmanuel. Cap. 176. Francisco C. Xavier)

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    aVerdadeEu sou o caminho e a verdade. - Jesus. (Jo. 14:6.)

    Por enquanto, ningum se atrever, em boa lgica, a exibir, na Terra, a verdade pura, ante a viso das foras coletivas.

    A profunda diversidade das mentes, com a heterogeneidade de caracteres e temperamentos, aspiraes e propsitos, impede a exposio da realidade plena ao esprito das massas comuns.

    Cada escola religiosa, em razo disso, mantm no mundo cursos diferentes da revelao gradativa. A claridade imaculada no seria, no presente estgio da evoluo humana, assimilvel por todos, de imediato.

    H que esperar pela passagem das horas. Nos crculos do tempo, a semente, com o esforo do homem, prov o celeiro; e o carvo, com o auxlio da natureza, se converte em diamante.

    Por isto, vemos verdades estagnadas nas igrejas dogmticas, verdades provisrias nas cincias, verdades progressivas nas filosofias, verdades convenientes nas lides polticas e verdades discutveis em todos os ngulos da vida civilizada.

    Semelhante imperativo, porm, para a mentalidade crist, apenas vigora quanto s massas.

    Diante de cada discpulo, no reino individual, Jesus a verdade sublime e reveladora.

    Todo aquele que lhe descobre a luz bendita, absorve-lhe os raios celestes, transformadores... E comea a observar a experincia sob outros prismas, elege mais altos padres de luta, descortina metas santificantes e identifica-se com horizontes mais largos. O reino do prprio corao passa a gravitar ao redor do novo centro vital, glorioso e eterno. E medida que se vai desvencilhando das atraes da mentira, cada discpulo do Senhor penetra mais intensivamente na rbita da Verdade, que a Pura Luz.

    (Livro: Vinha de luz. Esprito Emmanuel. Cap. 175. Francisco C. Xavier)

    Consoladoro Se me amais, observareis meus mandamentos, e rogarei ao Pai e ele vos dar outro Consolador, para que convosco permanea para sempre, o Esprito da Verdade, que o mundo no pode acolher, porque no o v nem o conhece. Vs o conheceis, porque permanece convosco. (Jo. 14 : 15 a 17).

    As religies que se fundaram no Evangelho no podem, pois, dizer-se possuidoras de toda a verdade, porquanto ele, Jesus, reservou para si a completao ulterior de seus ensinamentos. O princpio da imutabilidade, em que elas se firmam, constitui um desmentido s prprias palavras do Cristo.

    Sob o nome de Consolador e de Esprito de Verdade, Jesus anunciou a vinda daquele que havia de ensinar todas as coisas e de lembrar o que ele dissera. Logo, no estava completo o seu ensino. E, ao demais, prev no s que ficaria

    esquecido, como tambm que seria desvirtuado o que por ele fora dito, visto que o Esprito de Verdade viria tudo lembrar e, de combinao com Elias, restabelecer todas as coisas, isto , p-las de acordo com o verdadeiro pensamento de seus ensinos. (A Gnese. Allan Kardec, Cap. XVII, item 37).

    Jesus promete outro consolador: o Esprito de Verdade, que o mundo ainda no conhece, por no estar maduro para o compreender, consolador que o Pai enviar para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo h dito. Se,

  • 28 29

    portanto, o Esprito de Verdade tinha de vir mais tarde ensinar todas as coisas, que o Cristo no dissera tudo; se ele vem relembrar o que o Cristo disse, que o que este disse foi esquecido ou mal compreendido. O Espiritismo vem, na poca predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Esprito de Verdade. Ele chama os homens observncia da lei; ensina todas as coisas fazendo compreender o que Jesus s disse por parbolas. Advertiu o Cristo: Ouam os que tm ouvidos para ouvir. O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porquanto fala sem figuras, nem alegorias; levanta o vu intencionalmente lanado sobre certos mistrios. Vem, finalmente, trazer a consolao suprema aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, atribuindo causa justa e fim til a todas as dores.

    [...]

    Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que est na Terra; atrai para os verdadeiros princpios da lei de Deus e consola pela f e pela esperana. (O evangelho segundo o Espiritismo. Allan Kardec, Cap. VI, itens 3 e 4).

    ROTEIROo celeste

    Resenha de Estudos Espritas

    no 9

    5 de maro de 2015

    Unidade em estudo: Eu Sou o Caminhotema:

    abordagem:parte segunda:

    ttulo desta edio:

    Eu e Deus

    O Livre-arbtrio

    Livre-arbtrio e determinismo

    Livre arbtrio, fatalidade e a escolha das provas

    objetivo do tema abordado:

    observao:

    O objetivo deste tema aclarar que juntamente com o livre-arbtrio, h que se estudar sobre as ditas fatalidades, e assim as escolhas da provas. E se cientificar que o conhecimento e vivncia da real Verdade, nos trar liberdade.

    Alm das Notas de Referncia para as citaes contidas no texto de abordagem do assunto, ao final seguem referncias bibliogrficas, que recomendamos sejam lidas e estudadas, pois ali se encontra conhecimento que ir dar maior substncia ao que ora nos dispomos aprender neste fascculo.

    srie

  • 30

    Sugestes bibliogrficas TEIXEIRA, Raul. Quem o Cristo? Francisco de P. Vitor. Cap.: 3, 12, 19,

    21, 22 ________. Cintilao das estrelas. Camilo. Cap.: 29 FRANCO, Divaldo P. Momentos de sade. Joanna de ngelis. Cap.: 2, 10,

    17 ________. Momentos de felicidade. Joanna de ngelis. Cap.: 1, 10 ________. Vigilncia. Joanna de ngelis. Cap.: 11, 15 ________. Vitria sobre a depresso. Joanna de ngelis. Cap.: 12, 26