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RECURSOS NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

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RECURSOS NO NOVO CÓDIGO DE

PROCESSO CIVIL

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1ª edição — 20152ª edição — 20163ª edição — 2018

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LUCAS NAIF CALURIProfessor do Curso de Direito do Centro Universitário Salesiano de São Paulo —

UNISAL — unidade Campinas — professor da FACAMP — Faculdades de Campinas e professor convidado da Escola Superior de Advocacia do Estado de São Paulo. Advogado e sócio do Escritório Zanella, Naif e Lima — Advogados Associados.

RECURSOS NO NOVO CÓDIGO DE

PROCESSO CIVIL• tabelas comparativas de todos os artigos do novo e do antigo CPC •

• tabela comparativa de toda a matéria recursal •• tabela com todos os prazos processuais no Novo CPC•

3ª edição

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R

EDITORA LTDA.

Rua Jaguaribe, 571CEP 01224-003São Paulo, SP — BrasilFone (11) 2167-1101www.ltr.com.brMaio, 2018

Produção Gráfi ca e Editoração Eletrônica: RLUXProjeto de capa: FABIO GIGLIOImpressão: FORMA CERTA

Versão impressa — LTr 5995.2 — ISBN 978-85-361-9657-2Versão digital — LTr 9373.6 — ISBN 978-85-361-9683-1

Todos os direitos reservados

Índices para catálogo sistemático:

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Caluri, Lucas Naif Recursos no novo código de processo civil / Lucas Naif Caluri. —

3. ed. — São Paulo : LTr, 2018.

Bibliografi a

1. Processo civil — Brasil 2. Processo civil — Leis e legislação — Brasil 3. Recursos (Direito) — Brasil I. Título.

18-15204 CDU-347.9(81)(094.4)

1. Brasil : Código de processo civil 347.9(81)(094.4)2. Código de processo civil : Brasil 347.9(81)(094.4)

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A DEUS, pelo dom da vida.

Aos meus pais, Sebastião e Elizabeth, fontes de inspiração e de amor ao magistério.

A minha amada esposa, Patrícia, digna e fiel parceira de meus propósitos familiares, profissionais e acadêmicos.

Aos meus filhos, Gabriel, Josué e Francisco, as razões do meu viver.

A minha inesquecível Avó Cidinha, ontem, hoje e sempre, exemplo de vida a ser seguido.

Aos meus companheiros de Escritório de Advocacia “Zanella, Naif e Lima”, Edson, Afonso, Oracina, Iria e Rafael, profissionais dedicados e talentosos que, na convivência diária, ampliaram o

meu contexto familiar.

Aos meus alunos, ex-alunos e professores, pelo respeito e pela cumplicidade na busca de nossos ideais comuns.

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Recursos no Novo Código de Processo Civil ► 7

Sumário

PREFÁCIO DA 3ª EDIÇÃO ....................................................................................... 11

PREFÁCIO DAS 1ª E 2ª EDIÇÕES ............................................................................ 13

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 15

CAPÍTULO I ............................................................................................................. 19

1. Esboço histórico .................................................................................................... 19

1.1. O desenvolvimento dos recursos no Direito brasileiro .................................... 23

1.2. Dos recursos — com base nos dispositivos do Novo Código de Processo Civil ... 25

1.3. Relevância recursal ....................................................................................... 28

1.4. Natureza jurídica dos recursos ...................................................................... 28

1.5. Fundamentos recursais .................................................................................. 30

CAPÍTULO II ............................................................................................................ 33

2. Juízo de admissibilidade no Novo Código de Processo Civil — Leis ns. 13.105/15 e 13.256/16............................................................................................................ 33

2.1. Requisitos de admissibilidade ........................................................................ 35

2.1.1. Cabimento .......................................................................................... 36

2.1.2. Tempestividade ................................................................................... 36

2.1.3. Preparo .............................................................................................. 37

2.1.4. Inexistência de fato impeditivo ou extintivo ......................................... 39

2.1.5. Legitimidade ....................................................................................... 40

2.1.6. Interesse que decorre da sucumbência ................................................ 41

CAPÍTULO III ........................................................................................................... 43

3. Recursos em espécies no Novo Código de Processo Civil ....................................... 43

3.1. Apelação ...................................................................................................... 43

3.1.1. Efeitos ................................................................................................ 44

3.1.2. Processamento ................................................................................... 45

3.1.3. Prazo ................................................................................................. 46

3.1.4. Poderes do relator ............................................................................... 47

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8 ◄ Lucas Naif Caluri

3.1.5. Resultado de apelação não unânime ................................................... 48

3.1.6. Súmulas do Superior Tribunal de Justiça .............................................. 50

3.1.7. Súmulas do Supremo Tribunal Federal ................................................ 50

3.2. Agravo de instrumento ................................................................................. 50

3.2.1. Processamento .................................................................................... 54

3.2.2. Poderes do relator ............................................................................... 55

3.2.3. Súmulas do Superior Tribunal de Justiça .............................................. 55

3.2.4. Súmulas do Supremo Tribunal Federal ................................................ 55

3.3. Agravo interno .............................................................................................. 55

3.3.1. Processamento .................................................................................... 56

3.3.2. Súmulas do Superior Tribunal de Justiça .............................................. 57

3.4. Embargos de declaração ............................................................................... 57

3.4.1. Processamento .................................................................................... 58

3.4.2. Efeitos ................................................................................................. 60

3.4.3. Súmulas do Superior Tribunal de Justiça .............................................. 61

3.4.4. Súmulas do Supremo Tribunal Federal ................................................ 61

3.5. Recurso ordinário .......................................................................................... 61

3.5.1. Súmulas do Supremo Tribunal Federal ................................................ 62

3.6. Recurso especial ............................................................................................ 62

3.6.1. Processamento .................................................................................... 63

3.6.2. Multiplicidade de recursos ................................................................... 65

3.6.3. Poderes do relator ............................................................................... 66

3.6.4. Origem dos poderes do relator .......................................................... 67

3.6.5. A nova ordem processual dos poderes do relator ............................... 68

3.6.6. Dos recursos apresentados em manifesto confronto com súmula ou jurisprudência dominante .................................................................... 69

3.6.7. Súmula impeditiva de recursos ........................................................... 70

3.6.8. O Código de Processo Civil modelo para os países ibero-americanos ... 73

3.6.9. Da jurisprudência dominante............................................................... 73

3.6.10. Demandas repetitivas no Novo Código de Processo Civil ................... 74

3.6.11. Súmulas do Superior Tribunal de Justiça ............................................ 75

3.7. Recurso extraordinário .................................................................................. 76

3.7.1. Repercussão geral ............................................................................... 77

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Recursos no Novo Código de Processo Civil ► 9

3.7.2. Súmulas do Supremo Tribunal Federal ................................................ 78

3.8. Do Agravo em Recurso Especial e em Recurso Extraordinário ........................ 79

3.9. Embargos de divergência .............................................................................. 81

3.9.1. Súmulas do Superior Tribunal de Justiça ............................................. 82

3.9.2. Súmulas do Supremo Tribunal Federal ................................................ 82

3.10. Recurso adesivo .......................................................................................... 82

CAPÍTULO IV ........................................................................................................... 84

4. A busca para a efetividade e razoável duração do processo .................................. 84

4.1. A ética processual ........................................................................................ 88

4.2. Recursos protelatórios ................................................................................... 89

4.3. Da lealdade processual .................................................................................. 90

CAPÍTULO V ............................................................................................................ 92

5. Princípios fundamentais dos recursos cíveis ........................................................... 92

5.1. Princípio do duplo grau de jurisdição ............................................................. 94

5.1.1. Vantagens e desvantagens do duplo grau de jurisdição ..................... 95

5.2. Princípio da taxatividade ................................................................................ 95

5.2.1. Recursos existentes fora do sistema do Código de Processo Civil ......... 96

5.2.2. Supremo Tribunal Federal: recursos na ação direta de inconstitucionali-dade (ADIN) e na ação declaratória de constitucionalidade (ADC) ....... 97

5.2.3. Recurso de terceiro prejudicado .......................................................... 97

5.2.4. Decisões interlocutórias ....................................................................... 99

5.2.5. Decisão final ....................................................................................... 100

5.2.6. Os sucedâneos dos recursos ................................................................ 101

5.2.7. Remessa obrigatória ............................................................................ 102

5.2.8. Correição parcial ................................................................................ 103

5.3. Princípio da singularidade .............................................................................. 103

5.4. Princípio da fungibilidade .............................................................................. 105

5.5. Princípio da dialeticidade ............................................................................... 107

5.6. Princípio da voluntariedade ........................................................................... 108

5.7. Princípio da irrecorribilidade em separado das interlocutórias ........................ 109

5.8. Princípio da complementariedade .................................................................. 109

5.9. Princípio da proibição da reformatio in pejus ................................................. 111

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10 ◄ Lucas Naif Caluri

5.10. Princípio da consumação ............................................................................. 112

5.11. Princípio da devolutividade dos recursos ...................................................... 114

5.12. Princípio da lesividade da resolução ............................................................. 114

5.13. Princípio da pessoalidade dos meios de recurso ........................................... 115

CAPÍTULO VI ........................................................................................................... 116

6. Efeitos dos recursos .............................................................................................. 116

6.1. Efeito devolutivo ........................................................................................... 116

6.1.1. Efeito devolutivo e a reforma do Código de Processo Civil ................... 118

6.2. Efeito suspensivo ........................................................................................... 119

6.2.1. Recursos que têm efeito suspensivo .................................................... 121

6.2.2. Impugnação parcial e efeito suspensivo .............................................. 122

6.2.3. Do suprimento do efeito suspensivo .................................................. 123

6.3. Efeito obstativo ............................................................................................. 125

6.4. Efeito expansivo ............................................................................................ 125

6.5. Efeito translativo ........................................................................................... 126

6.6. Efeito substitutivo ........................................................................................ 127

6.7. Efeito regressivo ............................................................................................ 128

6.8. Efeito diferido ............................................................................................... 129

CAPÍTULO VII .......................................................................................................... 130

Quadro comparativo entre o Novo CPC/2015 e o CPC/1973 em matéria recursal .... 130

CAPÍTULO VIII ........................................................................................................ 157

Quadro comparativo entre o Novo CPC de 2015 e o CPC de 1973 ........................... 157

CAPÍTULO IX ........................................................................................................... 173

Quadro comparativo entre o CPC de 1973 e o Novo CPC de 2015 .......................... 173

CAPÍTULO X ............................................................................................................ 192

Tabela de Prazos Processuais no Novo CPC ............................................................... 192

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 205

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Recursos no Novo Código de Processo Civil ► 11

PREFÁCIO DA 3ª EDIÇÃO

A publicação desta 3ª edição de Recursos no Novo Código de Processo Civil, de autoria de Lucas Naif Caluri, por si só demonstra o vigor da obra e sua inquestionável utilidade a todos os operadores do direito. Cabe destacar que o autor não se limitou a manter apenas e tão somente o texto original da obra, pois preocupou-se em enriquecer seu conteúdo nesta 3ª edição, em especial com a inserção de uma tabela contendo todos os prazos processuais, facilmente consultáveis a partir das palavras-chave, dispostas em ordem alfabética.

Dessa forma, a obra mantém sua dupla característica original, prestando-se tanto ao estudo e à aprendizagem do tema recursal à luz do CPC vigente, quanto à sua utilização como guia prático aos profissionais que atuam efetivamente na área jurídica.

O autor Lucas Naif Caluri é professor do Curso de Direito do Centro Salesiano de São Paulo — UNISAL — Campinas e da FACAMP — Faculdades de Campinas e é, também, professor da Escola Superior de Advocacia do Estado de São Paulo. Além disso, o autor é advogado militante, razão pela qual buscou conciliar nesta obra objetivos não apenas acadêmicos, mas também os de natureza prática, viabilizando a rápida consulta dos leitores interessados nas questões recursais.

Tópicos de alta relevância relacionados ao tema dos recursos foram didati-camente abordados na obra, como o juízo de admissibilidade e os recursos em espécies no novo CPC. Todos os recursos — Agravo de Instrumento, Agravo In-terno, Embargos de Declaração, Recurso Ordinário, Recurso Especial e Recurso Extraordinário — mereceram abordagens específicas, sempre à luz da nova legis-lação vigente.

A busca da efetividade processual e os princípios fundamentais dos recursos cíveis mereceram capítulos específicos, considerando a importância de ambos na elaboração das razões recursais. Os efeitos devolutivo e suspensivo e os demais efeitos do recurso também são analisados em capítulo próprio, completando o estudo do tema proposto.

Não menos importante – especialmente para os que militam no contencioso cível — são os quadros comparativos tanto em matéria recursal, como entre os artigos, dispostos em tabelas diversas, abrangendo o novo CPC/2015 e o antigo CPC/1973 e vice-versa.

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12 ◄ Lucas Naif Caluri

A esses complementos comparativos, soma-se agora, nesta 3ª edição, o mencionado quadro de prazos processuais, tornando a obra ainda mais relevante e útil em matéria recursal, qualidades que certamente serão de grande proveito para os estudantes e para todos os operadores do Direito.

Afonso José Simões de LimaAdvogado — Zanella, Naif e Lima Advogados Associados

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Recursos no Novo Código de Processo Civil ► 13

PREFÁCIO DAS 1ª E 2ª EDIÇÕES

O Professor Lucas Naif Caluri escreve sobre o novo Código de Processo Civil, Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015, que entrou em vigência após um ano de sua publicação.

Suas lições abordam a “Parte Especial” do novo Código, o “Livro II”, que dispõe sobre “Recursos” (arts. 994/1.044).

Com clareza, conhecimento e profissionalismo, o trabalho expõe sobre o instituto do “inconformismo” e a “vinculação de ordem processual às normas e valores constitucionais”, ante a expressa determinação do art. 1º do novo Código de Processo Civil.

Sobre o instituto do “recurso”, narra, com propriedade, sobre suas finalidades: de “reformar”, de “invalidar”, de “esclarecer” e de “integrar” o ato malsinado. Não deixa, também, de abordar sobre as “medidas” que substituem os recursos e servem para reformar ou neutralizar pronunciamentos judiciais.

A par da exposição sobre a natureza e função do recurso, Naif expõe sobre a nova ordem processual, sua vinculação às disposições constitucionais, por determinação expressa do citado artigo, e, com boa didática, dá lições de direito processual civil sobre normas, institutos e valores constitucionais da nova ordem processual, que o novo dispositivo do código manda observar.

Ele expõe cada espécie de recurso, a natureza deles e suas finalidades, quer para invalidar o ato, quer para esclarecer ou integrar o pronunciamento judicial.

O trabalho do Professor, além de abordar, de forma específica, as espécies de recursos, ensina como a nova sistemática se apresenta no novo Código de Processo Civil, inclusive quanto à topografia das matérias.

O novo Código mostra diferente distribuição dos institutos. Foi organizado em duas “partes”, a Geral e a Especial, desdobradas em Livros e Capítulos.

Os recursos estão previstos no “Livro II”, “Título II”, do art. 994 ao 1.044. Não se pode afastar do controle difuso ou concreto da classe de recursos os atos do poder normal do Juiz, de não aplicar soluções jurídicas anulando atos que, in casu, forem contrários à Constituição Federal (art. 1º do Código de Processo Civil). A inconstitucionalidade pode ser incidental, na hipótese de prática de um ato coarctado por lei, contrário à Constituição. O efeito dessa decisão é só incidental, porque o Juiz não revoga a lei.

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14 ◄ Lucas Naif Caluri

O titular de direitos não deve ser confundido como portador de privilégios. Ao Juiz cabe distinguir essas situações para preservar a ordem pública.

A abordagem feita neste livro coteja, inclusive, com quadros comparativos trazidos ao final, os novos dispositivos com os existentes no código de 1973, trabalho de inestimável valia. É texto de excelência, que serve tanto ao profissional quanto ao estudante, ao acadêmico e ao pesquisador.

O trabalho jurídico do Professor Naif, além da exposição específica sobre “recursos” e sua “vinculação às normas constitucionais”, empresta, em suas lições, o sentido do processo servir ao homem.

Sem dúvida, esse livro garantirá uma boa leitura e um grande proveito para o exercício da nobre missão dos operadores do Direito.

Jorge Luiz de AlmeidaMestre e Doutor em Direito Processual Civil pela Universidade de São Paulo. Desembargador Aposentado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Professor de Direito Processual Civil.

José Luiz Gavião de AlmeidaProfessor titular do curso de Pós-graduação da UNIMEP.

Professor titular do Departamento de Direito Civil da USP. Professor de Direito Civil da UNASP. Desembargador do

Tribunal de Justiça de São Paulo.

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Recursos no Novo Código de Processo Civil ► 15

INTRODUÇÃO

Diante da nova legislação processual, advinda da Lei 13.105, de 16 de marco de 2015 e suas alterações oriundas da Lei 13.256/2016, surge uma nova era na sistemática recursal do processo civil, cuja aplicação e vigência ocorreram a partir de 18 de março de 2016.

A temática recursal mostra-se relevante na nova regra processual que introduz modificações estudadas na presente obra, tais como:

— O juízo de admissibilidade;

— O agravo retido e a sua extinção. Agora, as eventuais questões definidas em decisões interlocutórias na fase de conhecimento deverão ser apresentadas e suscitadas como preliminares do recurso de apelação, uma vez que, pelo novo CPC, não se opera a preclusão das interlocutórias;

— O agravo de instrumento com um rol taxativo das possibilidades de cabimento;

— O extinção dos embargos infringentes e o nascimento de uma nova técnica processual;

— O cabimento dos embargos de declaração contra qualquer decisão;

— O unificação dos prazos recursais, ou seja, quinze dias para todos os recursos, com exceção para os embargos de declaração (cinco dias);

— As demandas repetitivas com a possibilidade de reduzir os recursos, pois o julgador que identificar as demandas idênticas provocará, junto aos tribunais superiores, a semelhança do resultado perante as demandas pendentes de julgamento, entre outras questões que serão abordadas.

O sistema processual civil é reiteradamente criticado por ser um dos fatores determinantes da morosidade e ineficácia da prestação jurisdicional. À medida que as sociedades evoluem, as necessidades multiplicam-se e as modificações processuais — sobretudo com a nova legislação — são contributivas para a celeridade e eficácia da prestação jurisdicional.

A proposta do presente estudo é apresentar reflexões sobre o sistema recursal. No campo das ciências jurídicas, as modificações processuais hodiernas são intensas e incessantes, obrigando os operadores do ramo a modificarem seus padrões tradicionais.

O Direito Processual luta para implementar no Judiciário processos que possam ser céleres, eficazes e aptos a propiciar a defesa e a realização do direito material.

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16 ◄ Lucas Naif Caluri

Em razão do excesso de armadilhas formais, o direito material das partes vai sendo lançado de lado, como se o acessório fosse mais importante que o principal. Os recursos são tratados pelas legislações de modo a refletir, na atividade jurisdicional, a política empreendida pelo legislador, a fim de se chegar à paz social, objetivo primeiro da jurisdição.

Dessa forma, pode o legislador ampliar ou limitar os meios de impugnação das decisões judiciais, conforme sugere este ou aquele momento do desenvolvimento do País, devendo, para tanto, servir-se da manifestação legítima dos anseios dos jurisdicionados.

Para os cientistas do Direito, denota-se a ideia de que os recursos excessivos, verdadeiros vilões, são os grandes culpados por boa parte da lentidão do Poder Judiciário e impedem a efetiva busca pela Justiça. Em matéria de recursos, a legislação processual e a farta jurisprudência funcionam como um “pântano”, sujeitando os cientistas do Direito a um verdadeiro “campo minado”. Na maioria das lides, os recursos aparecem como mecanismos que dificultam a tempestividade da prestação jurisdicional. Em algumas oportunidades, os recursos retiram a eficácia das decisões monocráticas dos juízes de primeiro grau e impõem ao litigante que já obteve o êxito em sua demanda que suporte o encargo do tempo do processo.

Ocorre que não apenas os excessos de recursos são responsáveis pela lentidão do Judiciário, mas, também, o reduzido número de juízes e funcionários, bem como a estrutura precária para atender à alta demanda de processos. Com a vivência em tempos e meios modernos, faz-se necessária a desburocratização dos procedimentos para o atendimento eficiente aos cidadãos.

O Poder Judiciário moroso, como atualmente se apresenta, acarreta efeitos drásticos para a econômica nacional, diminuindo os investimentos, restringindo o crédito, entre outras ocorrências. O documento do Ministério da Fazenda, denominado “Reformas microeconômicas e crescimento de longo prazo”, produzido pela Secretaria de Política Econômica, relata a importância da Reforma do Judiciário para o fortalecimento das relações econômicas, comercias e financeiras no País.

A alta taxa de congestionamento é responsável pelo tempo de duração dos processos, visualizados em um período de dez a vinte meses em primeira instância, de vinte a quarenta meses em segunda instância, e de vinte a quarenta meses em instâncias especiais (Fonte: STJ, A Justiça em Números).

Enquanto à relação juiz-cidadão, no Brasil, a população é de 1 por 25 mil, no Uruguai é 1 por 5 mil, e na Alemanha, 1 por 4 mil.(1)

(1) ALMEIDA, Jorge Luiz de. A reforma do poder judiciário. Uma abordagem sobre a Emenda Constitucional n. 45/2004. Campinas: Millennium, 2006. p. 5.

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Recursos no Novo Código de Processo Civil ► 17

Para Jorge Luiz de Almeida, o Tribunal de Justiça de São Paulo desenvolve programa de estímulo por solução pacificadora de conflitos. Por intermédio do Provimento 783/02, instituiu o “plano piloto de conciliação”. A última estatística conhecida, do setor de conciliação do Tribunal, acusou o resultado de 40,83% de conciliações, entre os 3.004 processos que aderiram ao programa.(2)

O Novo Código de Processo Civil culmina na grande reforma infraconstitucional, que certamente é a maneira mais segura de afirmar as ideias lançadas na Emenda Constitucional n. 45/2004.

Essa reforma tentará proporcionar maior segurança à população em geral, tão descrente da eficiência na prestação jurisdicional, bem como nas relações financeiras, comercias e econômicas. Porém, Mauro Cappelletti advertiu para a necessidade de se adaptarem os espíritos, sob pena de nada valerem as reformas.(3)

Sendo a promoção da justiça e da paz social um dos objetivos primordiais do Estado, insta-se salientar que a prestação jurisdicional morosa está em desacordo e descumprimento absolutos da sua função social.

O que se espera do novo CPC é uma segura contribuição para resolver as controvérsias da população de forma segura, dentro de um prazo razoável e sem ferir os preceitos constitucionais.

Parte da presente obra é fruto da dissertação apresentada à banca examina-dora do Programa de Pós-Graduação em Mestrado, como exigência parcial para a obtenção do título de mestre em Direito.(4)

Com as considerações expostas, iniciou-se o estudo apresentando o esboço histórico e o desenvolvimento dos recursos no Direito Brasileiro. Destacou-se capítulo próprio para o cerne das alterações introduzidas pela nova sistemática, ou seja, os recursos em espécies com base nos dispositivos do novo Código de Processo Civil e as principais súmulas vigentes perante o STJ e STF, referentes à temática em estudo, perpassando pelos princípios gerais recursais e efeitos.

No final da obra, constam quatro quadros comparativos: o primeiro apenas no que tange à matéria recursal; o segundo com uma comparação sequencial de todos os artigos do atual CPC e a sua respectiva correspondência com o CPC

(2) Ibid., p. 6.(3) DINAMARCO, Cândido Rangel. Nasce um novo processo civil. In: TEIXEIRA, Sálvio de Figueiredo (coord.). Reforma do código de processo civil. São Paulo: Saraiva, 1996. p. 4.(4) Dissertação apresentada como exigência ao Programa de Pós-Graduação em Mestrado da Faculdade de Direito — UNIMEP, sob o tema “O novo sistema recursal no processo civil e sua contribuição para a celeridade processual”, defendida em 2006, tendo obtido a nota máxima perante a banca examinadora. <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=42418>

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revogado; o terceiro quadro é comparativo com todos os artigos do CPC revogado e sua correspondência com o novo CPC; o quarto contém todos os prazos processuais no novo CPC.

Por oportuno, importante frisar que, para melhor aproveitamento da leitura, procurou-se no decorrer da obra tratar o Código de Processo Civil de 1973 como “antigo”, e a nova sistemática, introduzida pela Lei 13.105/2015, como “novo” Código de Processo Civil.

Boa leitura!

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Recursos no Novo Código de Processo Civil ► 19

CAPÍTULO I

1. ESBOÇO HISTÓRICO

A violação de direito ou lesão a um determinado bem da vida gera para a parte ofendida a possibilidade de recorrer ao órgão judiciário competente para a satisfação de sua pretensão resistida, por meio de uma lide. A lide, portanto, é o primeiro recurso de que se vale o interessado para a defesa do que é seu.

Bem por isso, a tendência natural do ser humano é reagir contra tudo que lhe desagrada. No que tange a julgamento, sempre se insurge contra uma decisão judicial única, vez que, envolvido nesse sentimento de inconformismo, culmina por acreditar na possibilidade de erro ou má-fé ou ainda em interpretação diversa do julgador sobre determinada situação jurídica, de sorte a abrir-se uma nova oportunidade de rediscutir a questão já assentada em uma decisão ou, mais tecnicamente, em uma sentença.

Assim sendo, afastando-se da conceituação mais abrangente no sentido de ser o recurso “todo meio empregado pela parte litigante a fim de defender o seu direito através das medidas judiciais cabíveis” (ação, contestação, exceção, reconvenção — pedido contraposto — medidas preventivas), na “acepção técnica e restrita, recurso é o meio de provocar, na mesma ou na superior instância, a reforma ou a modificação de uma sentença desfavorável”(5).

A noção e a extensão desse inconformismo, porém, sofreram variações ao passar dos séculos.

Uma decisão que não esteja sujeita a reexame, que não possa ser apreciada por outrem, constitui uma mal, por que é confiar-se demais na pessoa que a proferiu, olvidando-se a precariedade dos conhecimentos humanos, o erro que é próprio do indivíduo, já não se falando no poder enorme confiado a quem proferiu, facilitando--se, dessarte, seu arbítrio ou desmando(6).

Longe de servir apenas aos anseios das partes, os recursos estão diretamente ligados ao interesse público em que a prestação jurisdicional se faça de forma justa e adequada.(7)

Nos primórdios, as decisões eram imunes a qualquer ato impugnativo. Elas representavam a vontade infalível de um soberano ou a resolução inatacável do

(5) FILHO, Gabriel José Rodrigues de Rezende. Curso de direito processual civil. São Paulo: Saraiva, 1944. p. 85.(6) FRANÇA, R. Limongi. Enciclopédia Saraiva do Direito. V. 64. São Paulo: Saraiva, 1977. p. 1.(7) WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; JUNIOR, Fredie Didier; TALAMINI, Eduardo; DANTAS, Bruno (Coordenadores). Breves comentários ao novo código de processo civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.

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órgão prolator. Eram proferidas pelo próprio povo ou resultavam de uma jurisdição de fonte divina. Ninguém ousava atacá-las ou criticá-las.(8)

Na Antiguidade, os legisladores notaram a possibilidade de erro judiciário e criaram meios de debelá-lo. Os egípcios tinham tribunais superiores com poder de reexaminar os casos julgados por magistrados singulares. Tinham até uma Corte Suprema, integrada por trinta membros, com poder de apreciar recursos em geral, cuja escolha era levada a cabo por Tebas, Mênfis e Heliópolis.

Luiz Carlos de Azevedo enfatiza dizendo que mais caracteristicamente se denota o direito de recorrer na legislação oriunda de Moisés. Menciona a existência de uma jurisdição superior, cuja finalidade era afastar as influências da localidade nas decisões adotadas. Essa jurisdição denominava-se Sinédrio, órgão colegiado composto de setenta juízes escolhidos dentre os anciões de Israel e que, além de outras atribuições, conhecia das causas decididas por instâncias inferiores.(9)

Como se conhece na atualidade, o instituto recursal surgiu, no Direito Roma-no, na figura da appellatio, quando da cognitio extraordinaria. Naquela época, na fase do Império, o iudex era o funcionário do Estado, na qualidade de delegado responsável da soberania estatal. A appellatio constituía-se no recurso interposto contra suas decisões e era dirigida ao Imperador. A essa autoridade máxima cabia o reexame da matéria e a reforma da decisão.

Havia ação autônoma com o objetivo de neutralizar os efeitos da sentença do árbitro. Mas recurso, na feição atual de levar o caso julgado por juiz inferior ao reexame de órgão judicial superior, só surgiu com a appellatio do processo extraordinário, quando estava estruturado um sistema judiciário, com magistrados investidos do poder de julgar demandas cíveis e criminais. Primeiramente, a appellatio era dirigida ao Imperador e por ele julgada, pois se tratava da autoridade máxima a quem cabia o reexame da matéria e a reforma da decisão. Mais tarde, o julgamento desse recurso foi atribuído aos magistrados.

Com a derrocada do Império Romano e num determinado período da Idade Média, em razão da ausência de um ordenamento jurídico central, próprio do sistema feudal, prevaleceu a irrecorribilidade das decisões. Nesse contexto, as decisões dos senhores feudais — reconhecidamente autoridades máximas de seus territórios — não eram submetidas a nenhuma forma de reexame, porque acima do senhor feudal, que era o juiz, nenhuma autoridade existia, e mesmo que os recursos fossem recepcionados, eram tidos como praticamente inúteis e, até, perigosos para a parte recorrente, que estava flagrantemente enfrentando o prestígio e a forma dos prolatores das decisões.

Posteriormente, observa-se, então, o surgimento de diversos órgãos judiciais. Muitos dos antigos senhores feudais tornaram-se juízes locais, cujo cargo, comprado,

(8) ORIONE, Luiz Neto. Recursos cíveis. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 227. (9) A origem e introdução da apelação no direito lusitano. 2. ed. São Paulo: FIEO Livros, 1976. p. 32.