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  • Direo-Geral da Administrao da Justia

    Manual de Apoio Formao de ingresso na carreira

    de Oficial de Justia

    PROCESSO CIVIL DGAJ-DF - 2013

  • 2

    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    NOES GERAIS SOBRE PROCESSO CIVIL

    Introduo

    A maioria das vezes, o processo identifica-se com o conjunto dos atos que ho-de

    praticar-se em juzo na propositura e desenvolvimento da ao.

    Numa aceo mais concreta, o processo significa ainda o mesmo que pleito, litgio,

    demanda ou causa a situao concreta resultante da pretenso de tutela jurisdicional

    deduzida por determinada pessoa com oposio ou possibilidade dela por parte duma outra.

    Num ltimo conceito, assaz vulgarizado na linguagem do foro, o processo identifica-se

    com caderno (autos) constitudo pelas peas escritas emanadas das partes, pelas decises do

    tribunal e pelo relato, mais ou menos circunstanciado, dos atos e diligncias praticados no

    desenvolvimento da ao.

    Direito Processual Civil o conjunto de regras e comandos normativos que acompanham a

    vida de uma ao em tribunal, desde a sua propositura art. 267. e 467. do CPC at ser

    proferida a deciso que lhe ponha termo, ou melhor, que transite em julgado art.s 677. e

    685. do Cdigo de Processo Civil, diploma a que pertencem as disposies adiante

    referidas sem meno de origem.

    Trata-se de um ramo de direito pblico, embora regulador de conflitos de interesse

    particular, porque tem uma funo jurisdicional, na qual o Estado aparece investido de

    soberania, impondo uma autntica subordinao s partes com carter vinculativo.

    Por outro lado, o Direito Processual Civil tambm um ramo de direito instrumental na

    medida em que se destina aplicao do Direito Civil, o qual se afigura como um direito

    substantivo ou material regulador das relaes entre os indivduos ou entre eles e o Estado

    (agora, despido do seu iure imperii, ou seja, despido do seu poder de soberania, porque

    posicionado num plano de igualdade com os demais cidados).

    Em suma, atravs do Direito Processual Civil que, na prtica, se consubstancia a

    aplicao daquele direito substantivo e abstrato.

    Os direitos e obrigaes que regulam as relaes entre os indivduos esto previstos no

    Cdigo Civil e cabe ao Direito Processual Civil definir os contornos que materializam tais

    direitos.

    O Direito Civil prev, por exemplo, sobre a compropriedade ou propriedade em comum e

    a diviso da coisa comum art.s 1403. a 1413. do Cd. Civil.

    A diviso feita amigavelmente ou nos termos da lei do processo, ou seja, no sendo

    feita amigavelmente, a diviso da coisa comum concretizar-se- pela via do Direito Processual

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    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    Civil, o mesmo dizer, por aplicao das normas prprias do Cdigo de Processo Civil art.s

    1052. a 1057..

    O direito processual civil de aplicao subsidiria, em muitos aspetos, a outros ramos

    do direito processual, ou seja, aplica-se para preencher lacunas e omisses destes ramos de

    Direito, semelhana do que sucede com o Direito Civil em relao a outros ramos do direito

    substantivo.

    O seu conhecimento condio essencial da boa aplicao prtica do Direito Civil, e,

    portanto, da justa composio dos litgios de interesses privados.

    O seu imperfeito conhecimento suscetvel de comprometer a efetivao da tutela dos

    direitos e o xito de pretenses justas.

    Assim, a ignorncia ou a deficiente conduo do processo pode ocasionar a perda da

    demanda ou da causa, por parte do litigante que teria razo luz do Direito Substantivo, mas

    que devido a essa ignorncia ou deficiente conduo no conseguiu demonstr-la em tribunal.

    A simples inobservncia dos prazos processuais pode deitar por terra, como sabemos, a mais

    cuidada e bem delineada estratgia de defesa.

    ALGUNS PRINCPIOS QUE ENFORMAM O CPC

    L-se no prembulo do Dec. Lei n. 329-A/95, de 12 de Dezembro, que os princpios

    gerais estruturantes do processo civil, em qualquer das suas fases, devero essencialmente

    representar um desenvolvimento, concretizao e densificao do princpio constitucional do

    acesso justia.

    No mbito do processo civil, vigoram, entre outros, os seguintes princpios:

    Princpio da legalidade

    A todo o direito, exceto quando a lei determine o contrrio, corresponde a ao adequada

    ... art. 2. n. 2 , o que pressupe a existncia de base legal que preveja tanto o

    direito reivindicado como a respetiva ao.

    Este princpio arrasta consigo o da adequao formal segundo o qual, quando a

    tramitao processual prevista na lei no se adequar s especificidades da causa, deve o

    juiz oficiosamente, ouvidas as partes, determinar a prtica dos atos que melhor se

    ajustem ao fim do processo, bem como as necessrias adaptaes art.s 265.-A; 31.,

    n. 3; 274., n. 3 e 470..

    Princpio do dispositivo

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    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    O tribunal s intervm na resoluo do litgio a pedido das partes, que, para o fim em

    vista, alegam, no caso do autor, os factos que integram a causa de pedir e o ru os factos

    em que suporta a defesa.

    Com base nos factos alegados o juiz profere a sua deciso art.s 3., n. 1 e 264..

    Princpio do contraditrio

    Segundo este princpio, as decises dos tribunais devem ser precedidas de audio da

    parte contrria, salvos os casos excecionais legalmente previstos art.s 3., n.s 2 a 4 -

    como acontece, por exemplo, nalguns procedimentos cautelares, em que as decises so

    tomadas sem prvia audincia da parte contrria, respeitando-se, no entanto, o princpio

    do contraditrio a posteriori - art.s 385., n. 1; 394. e 408., n. 1.

    Princpio da igualdade das partes

    luz dos art.s 13. e 20. da Constituio, que consagram, o primeiro, a igualdade de

    tratamento dos cidados perante a lei, e o segundo, o livre acesso ao direito e aos

    tribunais, no podendo ser denegada a justia por insuficincia de meios econmicos, este

    princpio traduz-se na igualdade de tratamento de ambas as partes ao longo de todo o

    processo, por parte do tribunal, nomeadamente ao nvel do exerccio de faculdades, no

    uso de meios de defesa e na aplicao de cominaes ou de sanes processuais art.s

    3.-A, 265. e 266..

    Princpio do inquisitrio

    Como veremos mais adiante, a instncia inicia-se com a propositura da ao, ou seja,

    com a apresentao da petio, sem prejuzo da data a partir da qual produza os

    correlativos efeitos.

    Prev o art. 265. o seguinte:

    1 - Iniciada a instncia, cumpre ao juiz, sem prejuzo do nus de impulso especialmente imposto pela

    lei s partes, providenciar pelo andamento regular e clere do processo, promovendo oficiosamente as

    diligncias necessrias ao normal prosseguimento da ao e recusando o que for impertinente ou

    meramente dilatrio.

    2 - O juiz providenciar mesmo oficiosamente, pelo suprimento da falta de pressupostos processuais

    suscetveis de sanao, determinando a realizao dos atos necessrios regularizao da instncia

    ou, quando estiver em causa alguma modificao subjetiva da instncia, convidando as partes a

    pratic-los.

    3 - Incumbe ao juiz realizar ou ordenar, mesmo oficiosamente, todas as diligncias necessrias ao

    apuramento da verdade e justa composio do litgio, quanto aos factos de que lhe lcito conhecer.

    Esta norma permite-nos afirmar que, atualmente, rarssimos so os casos em que o

    escrivo poder oficiosamente (sem despacho do juiz) remeter conta processos parados

    h mais de trs meses por inrcia das partes.

    A este princpio associa-se o j mencionado princpio da adequao formal.

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    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    Princpio da precluso

    Significa que, ultrapassado certo momento ou certa fase processual, esgota-se o

    direito facultado s partes destinado prtica de atos processuais art. 145., n. 3.

    Por exemplo, o decurso do prazo destinado ao oferecimento da contestao extingue

    o direito de o ru faz-lo posteriormente, salvos os casos excecionalmente previstos

    art.s 145., n.s 4 a 7 e 146..

    Princpio da cooperao, da boa f e da correo

    Poderamos design-lo, grosso modo, como o princpio da tica.

    Seno vejamos:

    Na conduo e interveno no processo, devem os magistrados, os mandatrios

    judiciais e as prprias partes cooperao entre si, concorrendo para se obter, com

    brevidade e eficcia, a justa composio do litgio art. 266., n. 1.

    As partes devem agir de boa f e observar os deveres de cooperao resultantes do

    preceituado no artigo anterior art. 266.-A.

    Todos os intervenientes no processo devem agir em conformidade com um dever de

    recproca correo, pautando-se as relaes entre advogados e magistrados por um

    especial dever de urbanidade art. 266.-B, n. 1.

    Nenhuma das partes deve usar, nos seus escritos ou alegaes orais, as expresses

    desnecessrias ou injustificadamente ofensivas da honra ou do bom nome da outra, ou do

    respeito devido s instituies - art. 266.-B, n. 2.

    Se ocorrerem justificados obstculos ao incio pontual das diligncias, deve o juiz

    comunic-los aos advogados e a secretaria s partes e demais intervenientes processuais,

    dentro dos trinta minutos subsequentes hora designada para o seu incio. A falta desta

    comunicao implica a dispensa automtica dos intervenientes processuais

    comprovadamente presentes, constando obrigatoriamente da ata tal ocorrncia.- art.

    266.-B, n.s 3 e 4.1

    1 Na sequncia de vrias queixas que se basearam na inobservncia deste preceito, aps recomendao do COJ este Centro de

    Formao, hoje Diviso de Formao da DGAJ, publicou na Habilndia, no dia 27 de Fevereiro de 2006, a seguinte informao:

    Uma das funes que faz parte do quotidiano dos Oficiais de Justia a assistncia aos Senhores Magistrados na

    realizao de diligncias.

    Quando esto marcadas vrias diligncias para o mesmo dia, os atrasos de umas diligncias implicam os atrasos das que se

    lhes seguirem.

    Um dos princpios fundamentais e estruturantes do Cdigo de Processo Civil o da cooperao, consagrado nos art.s 266.

    (princpio da cooperao), 266.-A (dever de boa f processual) e 266.-B (dever de recproca correo).

    Segundo o n. 3 deste ltimo dispositivo legal, "se ocorrerem justificados obstculos ao incio pontual das diligncias, deve

    o juiz comunic-los aos advogados e a secretaria s partes e demais intervenientes processuais, dentro dos trinta minutos

    subsequentes hora designada para o seu incio."

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    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    Nas relaes com os mandatrios judiciais, devem os funcionrios agir com especial

    correo e urbanidade art. 161., n. 3.

    Princpio da economia processual

    Aqui tem lugar a limitao dos atos processuais forma que, nos termos mais simples,

    melhor correspondam ao fim que visam atingir, sendo proibida a prtica de atos inteis,

    alis, incorrendo em responsabilidade disciplinar os funcionrios que os praticarem art.

    137. e 138., n. 1.

    Por exemplo, a apensao de aes prevista no art. 275., tambm cabe no mbito

    deste princpio.

    Princpio da estabilidade da instncia

    Acha-se consagrado no art. 268., segundo o qual, citado o ru, a instncia deve

    manter-se a mesma quanto s pessoas, ao pedido e causa de pedir, salvas as

    possibilidades de modificao consignadas na lei cfr. art.s 268. e seguintes.

    PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS

    Noo:2 Pressupostos processuais so os elementos de cuja verificao depende o dever

    de o juiz proferir deciso sobre o pedido formulado, concedendo ou indeferindo a providncia

    requerida. Trata-se das condies mnimas consideradas indispensveis para, partida,

    garantir uma deciso idnea e uma deciso til da causa.

    No se verificando algum desses requisitos, como a legitimidade das partes, a capacidade

    judiciria de uma delas ou de ambas, o juiz ter, em princpio, que abster-se de apreciar a

    procedncia ou improcedncia do pedido, por falta de um pressuposto essencial para o efeito.

    Vamos agora estudar brevemente alguns destes pressupostos, nomeadamente aqueles que

    requerem a interveno do oficial de justia.

    ***

    Aos Oficiais de Justia compete, entre outras funes, assegurar o expediente, autuao e regular tramitao dos

    processos, no que dependem funcionalmente do juiz competente - art.s 6., n. 3 do Estatuto dos Funcionrios de Justia e

    161., n. 1 do Cdigo de Processo Civil.

    Os Senhores Oficiais de Justia no podem deixar de observar a regra de pontualidade do incio dos atos a realizar em

    juzo que est implcita no referido normativo, informando oportunamente - na linha das orientaes que forem dadas pelos

    Senhores Magistrados - os intervenientes processuais e mandatrios judiciais afetados pelos atrasos, usando de correo e

    urbanidade (cfr. art. 161., n. 3 do CPC).

    A inobservncia destes deveres pode trazer consequncias de natureza disciplinar. 2 Antunes Varela, J. Miguel Bezerra, Sampaio e Nora; Manual de Processo Civil, 2. edio, pg. 104.

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    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    Personalidade judiciria e capacidade judiciria

    A personalidade judiciria consiste na faculdade de ser parte e adquire-se no momento

    do nascimento, com vida (art.s 5. do CPC e 66. do C. Civil).

    A capacidade judiciria consiste na suscetibilidade de a parte estar, por si, em juzo,

    tendo por base e por medida a capacidade do exerccio de direitos art. 9..

    Por exemplo, os menores tm personalidade judiciria, mas, no entanto, no tm

    capacidade judiciria.

    Os menores sujeitos ao poder paternal dos pais, enquanto rus, so citados nas pessoas

    de ambos os pais (art. 10. do CPC.).

    ***

    Competncia do tribunal

    Designa-se por competncia do tribunal a medida do respetivo poder jurisdicional.3

    A competncia fixa-se no momento em que a ao se prope, sendo irrelevantes as

    modificaes de facto que ocorram posteriormente, como tambm so irrelevantes as

    modificaes de direito, exceto se for suprimido o rgo a que a causa estava afeta ou lhe for

    atribuda competncia de que inicialmente carecesse para o conhecimento da causa (art.

    21. da LOFTJ).

    Os tribunais portugueses tm competncia internacional e competncia interna ou

    nacional.

    ***

    A Competncia internacional

    Sem prejuzo do que se ache estabelecido em tratados, convenes, regulamentos

    comunitrios e leis especiais, a competncia internacional dos tribunais portugueses depende

    da verificao das circunstncias mencionadas no art. 65. (cfr. art. 61.) e tm

    competncia exclusiva para os processos constantes do art. 65.-A.

    3 Poder Jurisdicional Poder de julgar, de proferir uma deciso acerca de um litgio submetido pelas partes apreciao do

    rgo de jurisdio. Proferida a sentena, fica imediatamente esgotado o poder jurisdicional do juiz quanto matria da

    causa, pelo que a partir da, j s lhe lcito retificar erros materiais, suprir nulidades, esclarecer dvidas existentes na

    sentena e reform-la quanto a custas e multa, mas no alterar a deciso, ainda que venha a convencer-se de que ela no foi

    a mais adequada ou a mais justa. O mesmo princpio se aplica, at onde seja possvel, aos despachos. - Ana Prata,

    Dicionrio Jurdico, 3. edio, pg. 741.

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    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    A Competncia interna (art. 62. n. 2) pode ser atribuda em razo:4

    - da matria

    - do valor e da forma de processo aplicvel

    - da hierarquia

    - do territrio

    ***

    Competncia em razo da matria

    So da competncia dos tribunais judiciais as causas que no sejam atribudas a outra

    ordem jurisdicional art. 66. do C.P.C. e art. 18. n. 1 da L.O.F.T.J.5

    Os Tribunais de competncia especfica encontram-se designados no art. 96. da

    L.O.F.T.J. (Lei n. 3/99, de 13/1).

    Os tribunais de competncia especializada encontram-se designados no art. 78. da

    mesma lei (Cfr. por todos art. 67. C.P.C. e 18., n. 2 da LOFTJ)

    A infrao das regras da competncia em razo da matria determina a incompetncia

    absoluta do tribunal.

    A incompetncia absoluta uma exceo dilatria, que pode ser suscitada pelas partes

    e deve ser conhecida oficiosamente pelo tribunal em qualquer momento do processo,

    enquanto no houver sentena transitada em julgado sobre o mrito da causa (art.s 101. a

    107., 493., 494., al. a) e 495.).

    ***

    Competncia em razo do valor e da forma de processo aplicvel

    Compete ao tribunal singular julgar os processos que no devam ser julgados pelo

    tribunal coletivo. Compete ao tribunal coletivo julgar as questes de facto nas aes de valor

    superior alada dos tribunais da Relao e nos incidentes e execues que sigam os termos

    do processo de declarao e excedam a referida alada, sem prejuzo dos casos em que a lei

    de processo exclua a sua interveno ( art.s 104., n. 2 e 106. da LOFTJ e 68. do C.P.C.).

    4

    Em casos excecionais atende-se tambm qualidade do ru. Exemplo de aes em que a competncia do tribunal fixada em

    funo da qualidade do ru so as previstas no art. 89.: aes em que seja parte o juiz, seu cnjuge, descendente ou

    ascendente.

    5 Aprovada pela Lei n. 3/99, de 13 de Janeiro (alterada pela Lei n. 101/99, de 26 de Julho, pelo Decreto-Lei n. 323/2001, de

    17 de Dezembro, pelo Decreto-Lei n. 38/2003, de 8 de Maro, pela Lei n. 105/2003, de 10 de Dezembro, pelo Decreto-Lei n.

    53/2004, de 18 de Maro, e pela Lei n. 42/2005, de 18 de Maro).

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    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    A LOFTJ estabelece quais as causas que, em razo da forma de processo aplicvel,

    competem aos tribunais de competncia especfica (art. 69. CPC cfr. art.s 96. a 102. da

    LOFTJ).

    A infrao das regras de competncia do tribunal em razo do valor e da forma de

    processo aplicvel tem como consequncia a incompetncia relativa do tribunal e sempre

    de conhecimento oficioso , seja qual for a ao em que se suscite( art.s 108 e 110., n. 2).

    ***

    Competncia em razo da hierarquia

    Os tribunais judiciais encontram-se hierarquizados para efeitos de recurso das suas

    decises art. 19. da LOFTJ.

    As normas de competncia em razo da hierarquia dizem respeito fundamentalmente a

    recursos ordinrios, a conflitos de competncia e a aes de indemnizao propostas contra

    magistrados judiciais ou do Ministrio Pblico, em virtude do exerccio das suas funes.

    De um modo geral, o princpio que norteia tais normas o de que o recurso ordinrio

    deve ser interposto para o tribunal imediatamente superior quele que proferiu a deciso

    recorrida, sendo tambm o tribunal imediatamente superior quele onde exercem funes o

    competente para conhecer das aes de indemnizao contra magistrados, e igualmente o

    tribunal imediatamente superior ao tribunal ou tribunais em conflito que deve conhecer dos

    respetivos conflitos de competncia (art.s 70. a 72. e 116.).

    A infrao das regras da competncia em razo da hierarquia determina a incompetncia

    absoluta do tribunal, que pode ser suscitada pelas partes e deve ser conhecida oficiosamente

    pelo tribunal em qualquer momento do processo, enquanto no houver sentena transitada

    em julgado sobre o mrito da causa (art.s 101. a 107., 493., 494., al. a) e 495.)

    ***

    Competncia em razo do territrio

    O art. 21. da LOFTJ dispe que o Supremo Tribunal de Justia tem competncia em

    todo o territrio, as Relaes no respetivo distrito judicial e os tribunais de 1. instncia

    na rea das respetivas circunscries.

    Os art.s 73. a 95. estabelecem quais os tribunais territorialmente competentes para a

    propositura de aes, procedimentos cautelares, recursos, execues e requerimento de

    notificaes judiciais avulsas.

    A regra geral, quando a lei no determina especialmente em contrrio, a de que o

    tribunal competente para a ao o do domiclio do ru, e para a execuo o tribunal do

    domiclio do executado, podendo o exequente optar pelo tribunal em que a obrigao deva

    ser cumprida quando o executado seja pessoa coletiva ou quando, situando-se o domiclio do

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    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    exequente na rea metropolitana de Lisboa ou do Porto, o executado tenha domiclio na

    mesma rea metropolitana (art.s 85., n. 1 e 94., n. 1).6

    A infrao s regras da competncia em razo do territrio determina a incompetncia

    relativa do tribunal que pode ser arguida pelo ru no prazo fixado para a contestao,

    oposio ou resposta ou, quando a estas no haja lugar, para outro meio de defesa que tenha

    a faculdade de deduzir, ou oficiosamente pelo tribunal nos casos previstos no art. 110., n.

    1 (art. 108. e 109.).

    Julgada procedente a exceo e transitada a respetiva deciso, o processo remetido

    para o tribunal competente (art. 111., n. 3).

    PATROCNIO JUDICIRIO

    A constituio de mandatrio judicial obrigatria nos casos previstos nos art.s 32. e

    60..

    Com efeito, o conhecimento destas regras pelos oficiais de justia assume particular

    importncia, na medida em que os rus, ao serem citados, devero ser informados sobre a

    obrigatoriedade ou no de patrocnio judicirio na ao respetiva cfr. art. 235..

    Assim, obrigatria a constituio de mandatrio judicial nas seguintes situaes:

    Nas causas de competncia de tribunais com alada em que seja admissvel

    recurso ordinrio (v/art. 24. da Lei n. 3/99, de 13-01, e art. 678. do CPC.);

    Nas causas em que, independentemente do valor, seja sempre admissvel

    recurso (por exemplo, na ao de despejo urbano cfr. art.s 678., n. 5 e

    6 Cfr. Lei n. 10/2003, de 13 de Maio.

    A Grande rea Metropolitana de LISBOA integra os seguintes municpios: Alcochete, Almada, Amadora, Barreiro, Cascais, Lisboa,

    Loures, Mafra, Moita, Montijo, Odivelas, Oeiras, Palmela, Sesimbra, Setbal, Seixal, Sintra e Vila Franca de Xira

    (www.aml.pt).

    A Grande rea Metropolitana do PORTO integra os seguintes municpios: Arouca, Espinho, Gondomar , Maia, Matosinhos, Porto,

    Pvoa de Varzim, Santa Maria da Feira, Santo Tirso, S. Joo da Madeira, Trofa, Valongo, Vila do Conde e Vila Nova de Gaia

    (www.amp.pt).

    6 A sede da sociedade o seu domiclio, sem prejuzo de no contrato se estipular domiclio particular para determinados

    negcios art. 12., n. 2 do Cdigo das Sociedades Comerciais integralmente republicado com o Dec. Lei n. 76-A/2006, de

    29 de Maro.

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    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    692., n. 2, alnea b)) com referncia Lei n. 6/2006, de 27/2, que aprovou o

    Novo Regime do Arrendamento Urbano;

    Nos recursos e nas causas interpostos nos tribunais superiores;

    Nas execues

    de valor superior alada da Relao;

    de valor inferior mas excedente alada do tribunal de 1. Instncia,

    quando seja deduzida oposio execuo ou outro procedimento que

    siga a forma declarativa (ou seja, enquanto no for deduzida oposio

    no obrigatria a constituio);

    Nas reclamaes de crditos, quando seja reclamado crdito de valor superior

    alada do tribunal de comarca e apenas para apreciao deste crdito.

    Em matria cvel a alada dos Tribunais da Relao de 30 000,00 e a dos tribunais

    de 1. instncia de 5000,00 para os processos iniciados a partir de 1 de Janeiro de 2008

    (cfr. art. 24. - n. 1 da Lei n. 3/99, de 13 de Janeiro, na redao que lhe foi dada pelo art.

    5. do Dec. Lei n. 303/2007, de 24 de Agosto).

    Nos casos de constituio obrigatria, no tendo a parte constitudo advogado, deve ser

    notificada para o constituir, em prazo a fixar pelo juiz, sob pena de o ru ser absolvido da

    instncia, de no ter seguimento o recurso ou de ficar sem efeito a defesa. Esta notificao

    pode ser requerida pela parte contrria ou oficiosamente ordenada pelo juiz e deve conter

    expressamente a cominao supra referida (art. 33. do CPC.).

    Quando, no processo, seja requerida a renncia ou a revogao de mandato, a secretaria,

    independentemente de despacho, notifica o facto ao mandante (renncia) ou ao mandatrio

    (revogao) e em qualquer dos casos, tambm, parte contrria, com os efeitos da

    resultantes a produzirem-se somente a partir das notificaes.

    A renncia pessoalmente notificada ao mandante (cfr. art.s 39., n. 2 e 256.) e se

    for obrigatria a constituio de mandatrio, ser aquele advertido de que a no constituio

    de novo mandatrio no prazo de 20 dias implicar a suspenso da instncia, sendo autor, ou

    o prosseguimento dos autos, no caso de ser ru, aproveitando-se, embora, os atos

    anteriormente praticados pelo mandatrio renunciante.

    ***

    DOS ATOS PROCESSUAIS

    Enunciados os princpios fundamentais e tecidas breves consideraes sobre os

    pressupostos processuais, passemos ao processo propriamente dito.

  • 12

    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    A palavra processo deriva da expresso latina pro cedere, que significa avanar,

    progredir.

    So conhecidos vrios conceitos de processo e o que deles se apreende que o processo,

    alm da expresso fsica que lhe dada pelo sucessivo arquivamento dos documentos,

    encerra em si mesmo todos os atos sucessivamente praticados pelas partes e pelo tribunal

    desde a propositura da ao at deciso judicial que aprecie, com fora de caso julgado, a

    pretenso regularmente deduzida em juzo (cfr. n. 1 do art. 2.).

    O oficial de justia trabalha nos processos que lhe forem distribudos (cfr. art.s 12.

    a 24. do Dec. Lei n. 186-A/99, de 31/05)7 sempre norteado por determinadas regras de

    conduta, que deve observar para o bom desempenho e prestgio das suas funes,

    nomeadamente:

    As secretarias judiciais asseguram o expediente, autuao e regular

    tramitao dos processos pendentes, nos termos estabelecidos na respetiva

    Lei Orgnica, em conformidade com a lei de processo e na dependncia

    funcional do magistrado competente art. 161., n. 1.

    Os oficiais de justia, no exerccio das funes atravs das quais asseguram

    o expediente, autuao e regular tramitao dos processos, dependem

    funcionalmente do magistrado competente art. 6., n. 3 do Estatuto dos

    Funcionrios de Justia, aprovado pelo Dec. Lei n. 343/99, de 26/08.

    No praticar atos inteis para alm de ser uma quebra da boa ordem

    processual, ofende a economia e celeridade, podendo o oficial de justia ser

    condenado nas respetivas custas (art.s 137. e 448., n. 2 do CPC.);

    Os atos devero ser redigidos em lngua portuguesa e ter a forma que, nos

    termos mais simples, melhor corresponda ao fim que visam atingir, devendo

    o seu contedo ser claro e no deixar dvidas quanto sua autenticidade

    (art.s 138. e 139. do CPC.);

    A tramitao eletrnica dos processos cveis efetuada nos termos da

    Portaria n. 114/2008, de 6 de Fevereiro.

    A forma dos atos determinada pela lei que vigore no momento da sua

    prtica, ao passo que a lei que vigore data da propositura da ao

    determina a forma do processo (art. 142. do CPC.);

    Praticar os atos oficiosos (nomeadamente, art.s 229., 234., 237., 239.,

    240., 241. e segs. e 486.-A, n.s 5 e 6 do CPC.);

    7 o diploma regulamentar da LOFTJ.

  • 13

    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    No praticar atos judiciais nos dias em que os tribunais estiverem

    encerrados, nem durante as frias judiciais, exceo das citaes,

    notificaes e daqueles que se destinem a evitar dano irreparvel, bem

    como os atos urgentes (art. 143. do CPC.).

    Impedimentos

    Por outro lado, o oficial de justia encontra na prpria lei - art. 122., n. 1, als. a),

    b) e i), aplicvel por fora do n. 2 do art. 125. do CPC. impedimentos que lhe

    vedam o exerccio de funes em determinados processos, de modo a garantir a

    imparcialidade e iseno na tramitao processual.

    Sempre que tais situaes se verifiquem o oficial de justia que esteja investido em

    lugar de chefia, deve fazer o processo concluso e declarar as razes do seu

    impedimento para que o juiz dele tome conhecimento e, se for caso disso, designe

    outro oficial de justia para tramitar o processo (art. 125., n. 3 do CPC).

    Propositura da ao

    Importa agora saber em que momento se considera proposta a ao, atento o regime

    regra e as seguintes situaes excecionais:

    - Pedido de apoio judicirio formulado antes da apresentao em juzo da

    petio inicial (art. 33., n. 4 da Lei n. 34/2004, de 29/07);

    - Apresentao de nova petio inicial, em caso de recusa ou indeferimento

    liminar (art.s 474. , 234.-A e 476.);

    - Precedncia de procedimento cautelar relativamente respetiva ao (art.

    385., n. 7);

    - Petio enviada por correio, por telecpia ou por correio eletrnico (art.

    150.).

    Assim, a ao considera-se proposta num dos seguintes momentos:

    Na data da apresentao da petio inicial consoante a modalidade (cfr. art.

    150.):

    o Da entrega pessoal na secretaria;

    o Do registo postal, se enviada pelo correio;

    o Da expedio por telecpia;

  • 14

    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    o Do envio por transmisso eletrnica de dados;

    No data da apresentao do pedido de nomeao de patrono na Segurana

    Social art. 33., n. 4 da Lei n. 34/2004, de 29/07;

    Em caso de recusa e de apresentao de nova petio inicial, releva a data de

    apresentao da primeira art. 476.;

    Quanto s aes precedidas de procedimentos cautelares releva, em regra, a

    data de apresentao do pedido da providncia - cfr. art. 385., n. 7.

    Contudo, tal como j referimos, apesar de iniciada a instncia, a propositura da ao s

    produz efeitos em relao ao ru a partir do momento da sua citao (art. 267., n. 2).

    SUSPENSO DA INSTNCIA

    Iniciada uma ao, ela poder ser suspensa nos casos enumerados nos art.s 276. e 279.,

    no podendo, no entanto, a suspenso por acordo das partes ir alm de seis meses art.

    279., n. 4.

    Ordenada a suspenso da instncia, s podem ser praticados os atos urgentes destinados

    a evitar dano irreparvel, no obstando, no entanto, que a instncia se extinga por

    desistncia, confisso ou transao, desde que no contrariada a razo da suspenso.

    A suspenso da instncia implica a suspenso dos prazos em curso, mas, nos casos de

    falecimento ou de extino de alguma das partes e de falecimento ou impossibilidade

    absoluta do mandatrio judicial, a suspenso inutiliza a parte do prazo j decorrida (art.

    283. do CPC.).

    Exemplo:

    Admitamos que em determinada ao sumria e em consequncia do falecimento do ru,

    foi suspensa a instncia quando haviam decorrido dez dias do prazo destinado contestao.

    Depois de julgados habilitados os respetivos sucessores, o prazo para a contestao, que

    de vinte dias, volta a correr de novo e por inteiro, aps a notificao da deciso que os

    considerou habilitados, no se descontando, pois, os 10 dias que haviam decorrido

    anteriormente, em ordem a assegurar s pessoas que passaram a ocupar a posio do falecido

    exercerem o direito de defesa que quele estava reservado.

    Prazos processuais

  • 15

    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    Prazo processual o perodo de tempo estipulado para se produzir um determinado

    efeito e a sua funo consiste em cadenciar e organizar no tempo os atos processuais, ou

    seja, em regular a distncia entre os diversos atos praticados no mbito do processo.

    Pressupe-se necessariamente que j est proposta a ao, que j existe um determinado

    processo, e destina-se ou a marcar o perodo dentro do qual h-de praticar-se um

    determinado ato processual (prazo perentrio), ou a fixar a durao de uma certa pausa ou

    duma certa dilao que o processo tem de sofrer (prazo dilatrio) (Prof. Alberto dos Reis no

    Comentrio II, pgs. 57).

    Esse prazo tanto marcado por lei como pode ser fixado pelo juiz (art. 144. n. 1).

    Em todos os processos necessrio respeitar os prazos fixados por lei ou pelo juiz.

    Os prazos processuais so marcados por lei ou fixados pelo juiz e a sua contagem

    obedece conjugao dos art.s 279. e 296. do Cdigo Civil e 144. do Cdigo de Processo

    Civil, determinando este ltimo que os prazos so contnuos, interrompendo-se, no

    entanto, durante as frias judiciais, exceto se forem iguais ou superiores a seis meses.

    No mais, como se articulam estas normas?

    Em tudo quanto no estiver expressamente previsto no art. 144. e no que tange ao

    cmputo do termo dos prazos, aplicam-se as regras do art. 279. do Cdigo Civil, por via

    do art. 296. do mesmo Cdigo.

    o Modalidades de prazos processuais

    Os prazos processuais so perentrios ou dilatrios - art. 145., n. 1 CPC.

    Dilatrio o prazo que difere para certo momento a realizao de um ato ou incio da

    contagem de um outro prazo (dilatrio ou perentrio).

    Exemplo dum prazo dilatrio o vulgarmente designado prazo dos ditos, que tantas e

    tantas vezes referido no nosso meio profissional. Afixando-se editais e anncios para citao

    de certa pessoa para contestar uma ao no prazo de 15 dias, este prazo perentrio no se

    inicia com a publicao dos anncios.

    Se o prazo dilatrio (o tal prazo dos ditos) for de 30 dias, este sim, inicia-se a partir da

    data da publicao do ltimo anncio, logo seguido do prazo perentrio de 15 dias, contando-

    se como um nico - art. 148. do CPC. Ou seja, o prazo de 15 dias para a parte contestar

    (perentrio) atirado para momento imediatamente subsequente ao termo do prazo

    dilatrio de 30 dias.

  • 16

    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    O prazo perentrio destina-se efetivamente prtica do ato processual e com a sua

    extino esgota-se o direito de a parte praticar o ato, salvos os casos previstos nos art. 145.

    e 146. do CPC.

    O art. 146. prev a possibilidade de a parte praticar o ato para alm do limite do prazo

    pr-fixado se o juiz reconhecer verificado o justo impedimento invocado pela parte.

    Se o justo impedimento carece de requerimento da parte a invoc-lo, o mesmo se no

    passa na situao prevista no art. 145., em que se afigura como que uma prorrogao

    automtica do prazo perentrio em curso, permitindo-se parte a prtica do ato, validado,

    porm, com o pagamento duma multa, como veremos mais adiante.

    Quando um prazo perentrio precedido de um dilatrio, adicionam-

    se ambos e contam-se como um nico prazo - art. 148. CPC.

    Cumulando-se dois ou mais prazos dilatrios na precedncia de um

    prazo perentrio, aplica-se a mesma regra de contagem, ou seja, soma-se

    todos os prazos para serem contados como prazo nico - cfr. art. 252.-A

    do Cd. Proc. Civil.

    o Prorrogao de prazos

    Como vimos, o prazo est delimitado a montante pela data da ocorrncia do facto que

    lhe d incio e a jusante pela data limite.

    De notar que, se o prazo original for prorrogado, seja por acordo das partes nos termos

    previstos no art. 147. do CPC, seja a pedido de uma das partes (cfr. por exemplo o art.

    486., n. 5), o prazo da prorrogao acresce ao inicial e conta-se como um nico reportado

    ao incio do prazo original.

    Exemplo:

    Se um prazo de 10 dias for

    prorrogado por mais 10 dias, o prazo

    final de 20 dias contado a partir do

    incio do prazo inicial.

  • 17

    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    o Contagem dos prazos

    Como j se disse atrs, os prazos processuais destinam-se prtica de atos

    processuais, facto que torna indissociveis estes dois elementos na perspetiva global da

    tramitao processual, pelo que importa atentar nas disposies conjugadas dos art.s 143. a

    150. do Cd. Proc. Civil, sem que, antes, se deva conhecer as regras contidas no art. 279.

    do Cdigo Civil para o cmputo dos prazos em geral, com aplicao estendida aos tribunais

    pelo art. 296. do mesmo diploma.

    DO CDIGO CIVIL

    ARTIGO 296.

    (Contagem dos prazos)

    As regras constantes do artigo 279. so aplicveis, na falta de

    disposio especial em contrrio, aos prazos e termos fixados por lei, pelos

    tribunais ou por qualquer outra autoridade.

    ARTIGO 279.

    (Cmputo do termo)

    fixao do termo so aplicveis, em caso de dvida, as seguintes

    regras:

    a)- Se o termo se referir ao princpio, meio ou fim do ms, entende-se

    como tal, respetivamente, o primeiro dia, o dia 15 e o ltimo dia do ms; se

    for fixado no princpio, meio ou fim do ano, entende-se, respetivamente, o

    primeiro dia do ano, o dia 30 de Junho e o dia 31 de Dezembro;

  • 18

    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    b)- Na contagem de qualquer prazo no se inclui o dia, nem a hora, se o

    prazo for de horas, em que ocorrer o evento a partir do qual o prazo comea

    a correr;

    c)- O prazo fixado em semanas, meses ou anos, a contar de certa data,

    termina s 24 horas do dia que corresponda, dentro da ltima semana, ms

    ou ano, a essa data; mas, se no ltimo ms no existir dia correspondente, o

    prazo finda no ltimo dia desse ms;

    d)- havido, respetivamente, como prazo de uma ou duas semanas o

    designado por oito ou quinze dias, sendo havido como prazo de um ou dois

    dias o designado por 24 ou 48 horas;

    ANOSMESESSEMANAS

    terminam s 24,00 horas

    do dia correspondente

    dentro do/a ltimo/a

    semana ms ano

    PRAZOS FIXADOS EM

  • 19

    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    e)- O prazo que termine em domingo ou dia feriado transfere-se para o

    primeiro dia til; aos domingos e dias feriados so equiparadas as frias

    judiciais, se o ato sujeito a prazo tiver de ser praticado em juzo8.

    ***

    o A continuidade dos prazos

    Estabelece o art. 144. do CPC que os prazos processuais so contnuos e suspendem-se

    nas frias judiciais9, exceo dos que tiverem durao igual ou superior a 6 meses e dos que

    se destinem prtica de atos em processos que a lei considere urgentes, como caso das

    aes cautelares comuns, a que faremos referncia mais adiante.

    8 O disposto nesta alnea est refletido no n. 2 do art. 144. do CPC em conjugao com o art. 143. n.s 1 e 2

    do mesmo diploma.

    9 As frias judiciais decorrem de 22 de Dezembro a 3 de Janeiro, do domingo de Ramos segunda-feira de Pscoa

    e de 16 de Julho a 31 de Agosto - art. 12. da Lei n. 3/99, de 13 de Janeiro.

    O prazo processual

    suspende-se

    nas frias judiciais

    - Igual a 6 meses

    - Superior a 6 meses

    - Qualquer durao em processos urgentes

    - Inferior a 6 mesesSIM

    NO

  • 20

    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    Prazo geral das partes

    Quando o prazo destinado prtica de atos processuais pelas partes no estiver

    fixado por disposio legal ou por despacho judicial, ele tem-se por fixado em 10 dias

    (art. 153., n. 1 do CPC.).

    Expirado o prazo destinado prtica de ato processual, permite-se parte o exerccio

    do direito processual em causa em qualquer dos primeiros trs dias teis seguintes, mediante

    o pagamento imediato, de uma multa prevista no art. 145., n. 5.

    Terminado o prazo inicialmente destinado prtica do ato, ele automaticamente

    prorrogado, ficando a validade do ato entretanto praticado num dos primeiros trs dias teis

    apenas dependente do pagamento da multa devida, sem prejuzo da invocao do justo

    impedimento nos termos do art. 146..

    No sendo paga a multa devida, a secretaria toma a iniciativa de liquid-la, desta feita,

    de valor igual a 25% do valor da multa prevista no n. 5 do art. 145. acrescida de 25%

    deste valor, e notifica a parte para efetuar o pagamento voluntrio da multa no prazo de 10

    dias, para o que lhe envia as guias respetivas (n. 6 do art. 145.), desde que se trate de ato

    praticado por mandatrio.

    Se o ato for praticado diretamente pela parte, desde que a ao no seja de

    constituio obrigatria de mandatrio, tal pagamento s devido aps notificao efetuada

    pela secretaria, para, no prazo de 10 dias, proceder ao pagamento da multa (n. 7 do art.

    145.).

    S o pagamento desta multa valida o ato assim praticado (de imediato ou em

    alternativa no prazo indicado nas guias).

  • 21

    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    Exemplo10

    :

    Observao:

    Atente-se o disposto na alnea b) do n. 1 do art. 150. do CPC., no

    que concerne s peas processuais que as partes remetem por

    correio sob registo, caso em que, o ato considerado praticado na

    data da efetivao do respetivo registo postal.

    Por tal motivo, afigura-se-nos que o processo no deve ser

    impulsionado nos trs dias seguintes ao termo do prazo, hiato

    considerado como margem de segurana razovel em ordem a

    prevenir a eventual receo na secretaria de qualquer articulado,

    requerimento, alegaes, etc. porventura tempestivamente

    remetido pelas partes atravs dos servios postais.

    10

    Com este exemplo pretende-se apenas ilustrar a liquidao da multa, sendo certo que o impresso tipo consta da aplicao

    informtica instalada nas secretarias.

    LIQUIDAO

    Responsvel:

    Processo: n

    VALOR (do processo ou parte dele)

    TAXA DE JUSTIA INICIAL

    - IGFEJ -

    Pagamento imediato

    Art. 145, n 5 CPC

    DIA

    Multa

    1 10% da taxa de justia Mximo = 0,5 UC

    2 25% da taxa de justia Mximo = 3 UC

    3 40% da taxa de justia Mximo = 7 UC

    Pagamento no efectuado

    Art. 145, n 6 CPC (25% de penalizao so bre o valo r da mult a)

    DIA

  • 22

    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    A observar:

    ...por forma a que a data do registo possa ser determinada,

    solicita-se aos senhores funcionrios que procedam sempre

    juno aos autos dos respetivos envelopes. extrado do ofcio-

    circular n. 11, de 98/07/01 / GATJ.

    Exemplo:

    Numa ao sumarssima com o valor de 4.000,00, o ru apresentou a contestao no

    1. dia til seguinte ao termo do prazo, pagando imediatamente a multa devida.

    Tal multa, neste caso, teria o valor correspondente a 10% da taxa de justia devida

    pelo ato (10% x 204,00), ou seja, 20,40.

    Se o ru no solicitasse as guias ou no pagasse a multa at ao 1. dia til posterior ao

    da prtica do ato, a secretaria, independentemente de despacho, notific-lo-ia para, no

    prazo de dez dias (art. 28 do R.C.P.), pagar a multa acrescida de uma penalizao de 25%

    do valor da multa, tudo no valor de 25,50 (20,40+5,10), enviando-lhe, para o efeito, as

    respetivas guias (Portaria n. 419-A/2009 de 17 de Abril).

    No se praticam atos processuais nos dias em que os tribunais estiverem encerrados,

    nem durante as frias judiciais, excetuados os casos de citao, notificao e atos que se

    destinem a evitar dano irreparvel art. 143., n.s 1 e 2.

    Quando o prazo para a prtica do ato processual terminar em dia em que os tribunais

    estiverem encerrados, transfere-se o seu termo para o primeiro dia til seguinte art.

    144., n. 2.

    As secretarias funcionam nos dias teis e no horrio fixado no art. 122. da L.OF.T.J. e

    mantm-se encerradas nos sbados, domingos, feriados e tolerncias de ponto.

    Da conjugao dos preceitos atrs indicados resulta claramente que o ato processual

    que se pretender praticar em qualquer dos trs primeiros dias teis subsequentes ao termo do

    prazo a que se refere o n. 5 do art. 145., pode s-lo aps o decurso das frias judiciais,

    uma vez que, excetuados os casos de urgncia, cujos prazos correm tambm em frias, no

    se praticam atos processuais durante as frias judiciais.

  • 23

    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    Ilustremos com o seguinte caso prtico:

    O prazo para o ru apresentar a sua contestao termina no dia 13/7/2012 (sexta-

    feira-ltimo dia til antes das frias judicias).

    Pode apresentar a contestao nos dias:

    3/9/2012 (2. Feira), 1. dia til aps o termo do prazo (aps frias) .

    4/9/2012, (3. feira) 2. dia til aps o termo do prazo.

    5/9/2012 (4.feira), 3. dia til aps o termo do prazo.

    Sempre mediante o pagamento das multas previstas nos n.s 5 e 6 do art. 145..

    ATOS EM GERAL

    ATOS DAS PARTES

    o ENTREGA OU REMESSA A JUZO DAS PEAS PROCESSUAIS ART. 150.

    Com as alteraes produzidas nos artigos 150. e 152., pelo Decreto-Lei n.

    303/2007, de 24 de Agosto, a apresentao dos atos processuais podem ser efetuadas em

    juzo, por uma das seguintes formas:

    Art.150. Forma de apresentao Data da prtica do ato

    A Entrega (direta) na secretaria Da entrega

    B Remessa por correio registado Do registo postal (carimbo)

    C Telecpia Da expedio

    D Transmisso eletrnica de

    dados Da expedio

    ENTREGA NA SECRETARIA

    REMESSA POR CORREIO REGISTADO

  • 24

    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    Quanto a estas duas formas de entrega das peas processuais, nada h a registar que

    possamos considerar como novidade, exceto no que diz respeito abolio da expressa

    referncia exigncia da prova da identidade dos apresentantes no conhecidos em tribunal

    (cfr. art. 150. n. 1, alnea a)).11

    A petio inicial deve ser recusada se, no ato da entrega (diretamente na secretaria ou

    atravs da via postal), no se mostrar acompanhada do comprovativo do prvio pagamento da

    taxa de justia inicial ou da concesso do benefcio do apoio judicirio ou ainda do

    comprovativo da apresentao do pedido do apoio judicirio (somente nos casos

    expressamente consignados no n. 4 do art. 467.) - art. 474., al. f).

    Se o documento em falta for o comprovativo do pagamento da taxa de justia inicial, o

    autor poder apresentar o documento em falta no prazo de dez dias a contar da recusa de

    recebimento (art. 476.) ou, no caso de a falta ser detetada antes da distribuio, da recusa

    de distribuio (art. 213., n. 2) ou ainda, no caso de haver reclamao para o juiz do ato

    de recusa, da notificao do despacho judicial que confirmar a recusa de recebimento por

    parte da secretaria.

    As peas processuais e documentos apresentados pelas partes desta forma so

    incorporados no respetivo processo fsico.

    TELECPIA

    De acordo com a verso anterior do n. 3 do art. 150., as partes que praticassem os atos

    processuais por meio de telecpia deveriam enviar ao tribunal, no prazo de cinco dias, o

    respetivo original e bem assim os documentos que no tivessem sido enviados, fixando-se, no

    entanto, em dez dias o prazo para apresentao do comprovativo do pagamento da taxa de

    justia ou da concesso do apoio judicirio, naturalmente, sem prejuzo das regras prprias

    da petio inicial.

    Ora, o desaparecimento de especial referncia telecpia nos preceitos do Cdigo de

    Processo Civil alterados pelo Decreto-Lei n. 324/2003 reintroduziu, quase na plenitude, o

    regime da telecpia institudo nos tribunais por via do Decreto-Lei n. 28/92, de 27 de

    Fevereiro, cujos artigos 2. e 4., para maior comodidade do leitor, se transcrevem a seguir:

    11 Redao anterior ao D.L. n. 324/2003, de 27/12: Art. 150., n. 2, al. a) Entregues na secretaria judicial, sendo exigida a

    prova da identidade dos apresentantes no conhecidos em tribunal e, a solicitao destes, passado recibo de entrega.

  • 25

    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    Artigo 2.

    Recurso telecpia na prtica de atos

    das partes ou intervenientes processuais

    1. As partes ou intervenientes no processo e respetivos mandatrios podem utilizar, para a

    prtica de quaisquer atos processuais:

    a) Servio pblico e telecpia;

    b) Equipamento de telecpia do advogado ou solicitador, constante da lista a que se

    refere o nmero seguinte.

    2. A Ordem dos Advogados e a Cmara dos Solicitadores organizaro listas oficiais dos

    advogados que pretendam utilizar, na comunicao e receo das mensagens com os servios

    judiciais, telecpia, donde constaro os respetivos nmeros.

    3. A Ordem dos Advogados e a Cmara dos Solicitadores remetero as listas referidas no

    nmero anterior Direco-Geral dos Servios Judicirios, que as far circular por todos os

    tribunais.

    4. A Direco-Geral dos Servios Judicirios informar a Ordem dos Advogados e a Cmara

    dos Solicitadores da remessa aos tribunais das listas a que se referem os nmeros anteriores.

    Artigo 4.

    Fora probatria

    1. As telecpias dos articulados, alegaes, requerimentos e respostas, assinados pelo

    advogado ou solicitador, os respetivos duplicados e os demais documentos que os acompanhem,

    quando provenientes do aparelho com o nmero constante da lista oficial, presumem-se

    verdadeiros e exatos, salvo prova em contrrio.

    2. Tratando-se de atos praticados atravs do servio pblico de telecpia, aplica-se o disposto

    no artigo 3. do Decreto-Lei n. 54/90, de 13 de Fevereiro.

    3. Os originais dos articulados, bem como quaisquer documentos autnticos ou autenticados12

    apresentados pela parte, devem ser remetidos ou entregues na secretaria judicial no prazo de

    sete dias (atualmente so 10 dias)13 contado do envio por telecpia, incorporando-se nos prprios

    autos.

    12 Artigo 363. do Cdigo Civil - Modalidades dos documentos escritos - 1 ... 2 - Autnticos so os documentos exarados, com as

    formalidades legais, pelas autoridades pblicas nos limites da sua competncia ou, dentro do crculo de atividades que lhe

    atribudo, pelo notrio ou outro oficial pblico provido de f pblica; todos os outros documentos so particulares. 3 - Os

    documentos particulares so havidos por autenticados, quando confirmados pelas partes, perante notrio, nos termos

    prescritos nas leis notariais. Cfr. tb. art. 35. do Cdigo do Notariado - "Espcies de documentos".

    13 Determina o artigo 6. do Dec. Lei n. 329-A/95, de 12 de Dezembro, na redao dada pelo art. 4. do Dec. Lei n. 180/96, de

    25 de Setembro, que os prazos de natureza processual estabelecidos em quaisquer diplomas a que seja subsidiariamente

    aplicvel o disposto no art. 144. do Cdigo de Processo Civil consideram-se adaptados regra da continuidade, pelo que, em

    tais circunstncias, o prazo de sete dias fixado nesta disposio passou a ser de 10 dias.

    Este regime estendeu-se ao processo penal a partir de 01/01/1999, data em que entrou em vigor a Lei n. 59/98, de

    25/08, cujo art. 8. al. a) revogou o n. 3 do art. 6. do citado DL 329-A/95.

  • 26

    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    4. Incumbe s partes conservarem at ao trnsito em julgado da deciso os originais de

    quaisquer outras peas processuais ou documentos remetidos por telecpia, podendo o juiz, a

    todo o tempo, determinar a respetiva apresentao.

    5. No aproveita parte o ato praticado atravs de telecpia quando aquela, apesar de

    notificada para exibir os originais, o no fizer, inviabilizando culposamente a incorporao nos

    autos ou o confronto a que alude o artigo 385. do cdigo Civil.

    6. A data que figura na telecpia recebida no tribunal fixa, at prova em contrrio, o dia e

    hora14 em que a mensagem foi efetivamente recebida na secretaria judicial.

    Por conseguinte, quando as partes praticarem atos processuais por meio de telecpia,

    devem apresentar no tribunal, no prazo de 10 dias a contar do envio da telecpia, apenas os

    originais das peas que sejam articulados (petio inicial, contestao, resposta ou rplica,

    trplica, articulado superveniente) e bem assim dos documentos autnticos ou

    autenticados (cfr. art.s 363. e seguintes do Cdigo Civil), incorporando-se nos autos.

    Quanto s demais peas processuais e documentos particulares que as devam acompanhar

    (ex. alegaes, requerimentos), incumbe s partes conservarem em seu poder os respetivos

    O mesmo aconteceu com os processos regulados pelo CPEREF, visto que o n. 2 do seu art. 14. foi alterado pelo Dec. Lei n.

    315/98, de 20 de Outubro.

    14 Artigo 143., n. 4 do Cdigo de Processo Civil As partes podem praticar os atos processuais atravs de telecpia ou por

    correio eletrnico, em qualquer dia e independentemente da hora da abertura e do encerramento dos tribunais.

    Artigo 122. da Lei n. 3/99, de 13/01 (LEI DA ORGANIZAO E FUNCIONAMENTO DOS TRIBUNAIS) - Horrio de

    funcionamento - 1- As secretarias funcionam, nos dias teis, das 9 s 12 horas e 30 minutos e das 13 horas e 30 minutos s 17

    horas. 2- O disposto no nmero anterior no prejudica a instituio, por despacho do ministro da Justia, de horrio contnuo.

    3- As secretarias encerram ao pblico uma hora antes do termo do horrio dirio. 4- As secretarias funcionam igualmente aos

    sbados e feriados que no recaiam em domingo, quando seja necessrio assegurar servio urgente, em especial o previsto no

    Cdigo de Processo Penal e na Organizao Tutelar de Menores.

    Artigo 125. da mesma Lei - Registo de peas processuais e processos - 1 - As peas processuais e os processos

    apresentados nas secretarias so registados em livros prprios. - 2 - O diretor-geral dos Servios Judicirios pode determinar a

    substituio dos diversos livros por suportes informticos. - 3 - Depois de registados, as peas processuais e os processos s

    podem sair da secretaria nos casos expressamente previstos na lei e mediante as formalidades por ela estabelecidas,

    cobrando-se recibo e averbando-se a sada. - 4 - Ser incentivado o uso de meios eletrnicos para transmisso e tratamento

    de documentos judiciais, e para a sua divulgao, nos termos da lei, junto dos cidados.

    Artigo 28. do Dec. Lei n. 186-A/99, de 31 de Maio (diploma regulamentar da Lei n. 3/99) - Registo de entradas - O

    registo de entrada de qualquer documento fixa a data da sua entrada nos servios. Sempre que os interessados o solicitarem,

    passado recibo no duplicado do papel apresentado, e, no caso de denncia, certificado do registo, nos termos da lei de

    processo. Diariamente, hora de encerramento dos servios, o livro de registo de entrada encerrado pelo funcionrio que

    chefiar a secretaria, com um trao e rubricado no fim do ltimo registo. No caso de utilizao de aplicao informtica, esta

    deve impedir qualquer registo depois de efetuado o seu encerramento; aplicam-se s listagens informticas os procedimentos

    previstos no nmero anterior.

  • 27

    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    originais at ao trnsito em julgado da deciso final, podendo o juiz, a todo o tempo,

    determinar a respetiva apresentao (cfr. n.s 3 a 5 do citado art. 4. do Dec. Lei n. 28/92).

    Tratando-se de petio inicial enviada por telecpia, importa, antes de mais, verificar

    se ela passa no crivo do art. 474. (recusa de recebimento) e se tal acontecer, isto , se no

    houver motivo de recusa, afigura-se-nos que a ausncia dos originais no obsta distribuio

    da petio inicial recebida, independentemente do original, tendo em conta a presuno da

    fidedignidade das telecpias reconhecida pelo n. 1 do art. 4. do Dec. Lei n. 28/92.

    TRANSMISSO ELETRNICA DE DADOS

    O Decreto-Lei 303/2007, de 24 de Agosto, e a Portaria n. 114/2208, de 6 de Fevereiro,

    trouxeram um conjunto de medidas de enquadramento legal para o uso corrente dos meios

    eletrnicos nos tribunais, tendo no horizonte prximo a completa desmaterializao do

    processo.

    Assim, permite-se s partes representadas por advogados e solicitadores que apresentem

    as peas processuais e documentos por transmisso de dados, atravs do sistema Citius e a

    partir do endereo eletrnico http://citius.tribunaisnet.mj.pt (cfr. art. 4. da Portaria),

    ficando as partes dispensadas da entrega das mesmas em suporte de papel. Esta forma de

    envio por transmisso eletrnica de dados, veio substituir, definitivamente, o correio

    eletrnico como meio de entrega de peas processuais.

    A apresentao faz-se atravs do preenchimento de formulrios eletrnicos e que

    permite a anexao de ficheiros (cfr. art. 4. da Portaria), nomeadamente, documentos em

    formato pdf, dispensando-se a posterior remessa dos originais ao tribunal, tudo isto, sem

    prejuzo de o juiz solicitar a exibio das peas processuais em suporte de papel e dos

    originais dos documentos juntos pelas partes que previamente procederam ao envio atravs

    de transmisso eletrnica de dados (cfr. art. 3., n. 2 da Portaria).

    Em obedincia ao disposto no n. 4 do art. 467. CPC e no n. 2 do art. 8. da

    Portaria, a parte que enviar a petio inicial por transmisso eletrnica de dados, dever

    proceder da mesma forma apresentao do comprovativo do prvio pagamento da taxa de

    justia ou da concesso do benefcio do apoio judicirio ou somente do pedido deste

    benefcio nos casos previstos no n. 5 do art. 467..

    o Documentos

  • 28

    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    No procedendo a parte entrega de articulados atravs de transmisso eletrnica de

    dados, deve a mesma apresentar os documentos acompanhados dos duplicados e cpias

    exigidas pelo n. 2 do art. 152.. Se o no fizer, oficiosamente notificada pela secretaria

    para apresent-los no prazo de dois dias e pagar a multa fixada na primeira parte do n. 5 do

    artigo 145., multa esta que no pode exceder 1 UC. Se a parte notificada no cumprir,

    oficiosamente extrada certido dos elementos em falta, recaindo sobre a parte o nus de

    pagar, alm do respetivo custo, a multa mais elevada prevista no n. 5 do artigo 145., tal

    como determina o n. 3 do art. 152..

    o Dispensa de duplicados e cpias

    A parte que proceder apresentao da pea processual (articulados, alegaes,

    requerimentos, respostas) atravs de transmisso eletrnica de dados fica dispensada de

    oferecer os duplicados e cpias destinados s partes contrrias e ao tribunal, bem como as

    cpias dos documentos, incumbindo secretaria extrair os exemplares que se mostrarem

    necessrios, designadamente para as citaes e notificaes a efetuar, exceto nos casos em

    que estas se possam efetuar por meios eletrnicos.

    Petio inicial

    Sendo a petio inicial entregue diretamente na secretaria judicial, remetida via postal

    sob registo ou enviada atravs de telecpia, a falta do comprovativo do pagamento prvio da

    taxa de justia inicial ou da concesso do pedido de apoio judicirio ou ainda, nos casos

    previstos no n. 4 do art. 467., do pedido de apoio judicirio, constitui fundamento de

    recusa nos termos da al. f) do art. 474..

    Sendo a petio enviada atravs de transmisso eletrnica de dados, a falta do

    documento comprovativo do pagamento prvio da taxa de justia no constitui fundamento

    de recusa e no obsta a que se submeta distribuio, aguardando-se por cinco dias a

    apresentao em suporte fsico nos termos do n. 4 do art. 10. da Portaria, aps o que, caso

    se mantenha a falta, os autos seguiro conclusos para ser ordenado o desentranhamento do

    articulado.

    Se o documento em falta for o da concesso do apoio judicirio ou, nos casos previstos no

    n. 4 do art. 467., do pedido de concesso de apoio judicirio, o procedimento ser

    idntico.

    Tratando-se de outro articulado que no a petio, no h lugar a desentranhamento mas

    sim s sanes previstas nos artigos 486.-A, 512.-B e 685.-D do CPC.

  • 29

    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    Resumo:

    Consequncias da falta de pagamento da taxa de justia inicial pelo autor

    Entrega direta

    Recusa da petio inicial art. 474. al. f).

    Via postal registada

    Telecpia

    Recebimento;

    distribuio (desde que o comprovativo da taxa tenha

    sido transmitido por Telecpia - artigo 4., n. 1 do

    Decreto-Lei n. 28/92, de 27 de Fevereiro);

    Aguarda 10 dias (a contar da emisso da telecpia)

    pelos originais (artigo 4., n. 3 do Decreto-Lei n.

    28/92).

    Transmisso

    eletrnica de dados

    Recebimento e distribuio automtica*.

    * Se a petio der incio a processo que deva correr por apenso, no h lugar a

    distribuio.

    Como atrs se referiu, ressalvam-se os casos em que no h distribuio, tais como

    processos ou incidentes instaurados por apenso, procedimentos cautelares ou ainda a

    citao urgente prevista no art. 478..15

    15

    Nos casos em que no h lugar distribuio, os papis so averbados nos termos constantes do Estatuto Judicirio (Dec. Lei

    n. 44.278, de 14/04/1962) que, apesar de revogado, ainda se mantm como nica fonte justificadora, como acontece com as

    normas a seguir descritas.

    Art. 311., 1. O averbamento dos papis feito logo aps a sua apresentao e registo, e por escala, de modo que cada

    escrivo e oficial de diligncias recebam um s papel da mesma espcie, at que todos estejam preenchidos.

    2. So averbados aos oficiais de diligncias as citaes e notificaes avulsas ou por deprecada, outras comunicaes

    equivalentes e quaisquer atos da sua competncia. Os demais papis no sujeitos a distribuio sero averbados aos escrives.

  • 30

    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    o OMISSO DE DUPLICADOS E CPIAS - art. 152. do CPC

    Por cada articulado, requerimento, alegao ou documento apresentado deve a parte

    apresentar tantos duplicados e/ou cpias (dos documentos)16 quantos os interessados

    oponentes que vivam em economia separada, salvo se forem representados pelo mesmo

    mandatrio, e ainda uma cpia para o tribunal quando se trate de articulados (conceito

    definido no art. 151.).

    Sendo notada a falta de algum duplicado ou cpia, a secretaria notifica oficiosamente a

    parte respetiva para, no prazo de dois dias, suprir a falta e pagar (imediatamente) a multa

    fixada na alnea a) do n. 5 do art. 145. (10% da taxa de justia correspondente ao processo

    ou ato, certo que limitada ao mximo de 1/2 UC).

    Esta multa paga imediatamente, no momento da apresentao dos elementos em falta,

    muito embora a apresentao possa ter lugar por telecpia, atravs do correio ou ainda por

    transmisso eletrnica de dados.

    Acautelando a possibilidade do envio ser feito pelo correio e para evitar a prtica de atos

    inteis, sugere-se que se aguarde por cinco dias a contar do terceiro dia til aps a

    notificao postal (art. 254., n. 3) a receo do expediente eventualmente enviado pela

    parte, por via postal, com base no seguinte raciocnio:

    * 2 dias - prazo fixado - art. 152., n. 3;

    * 3 dias - razovel margem de segurana que previne a receo de expediente

    eventual e tempestivamente remetido atravs do correio.

    Se os elementos em falta forem apresentados para alm do prazo estipulado no n. 3 do

    art. 152., no se aplica a regra prevista no art. 145., visto que a segunda parte do citado

    n. 3 prev sano diversa para o caso de incumprimento, qual seja a de a parte respetiva

    suportar os custos inerentes certido a extrair como veremos em seguida.

    Praticado o ato em qualquer dos dois dias teis, se, no momento da receo, no forem

    solicitadas guias para pagamento imediato da multa, a seco liquida-a e notifica a parte

    3. Efetuadas as diligncias respeitantes aos papis que lhes hajam sido averbados, os oficiais de diligncias entreg-los-o ao

    chefe da secretaria para serem devolvidos ou restitudos depois de pagas as custas, quando devidas. A devoluo ou restituio

    comunicada, nas comarcas de Lisboa e Porto, ao secretrio-geral, a fim de ser anotada.

    Art. 312. Os apensos dos processos judiciais tm sempre o nmero de entrada do processo principal na respetiva seco, mas

    sero diferenciados por letras.

    16 Note-se que no esto sujeitas apresentao de duplicados as peas apresentadas atravs de correio eletrnico ou outro meio de transmisso eletrnica de dados, nos termos do n.. 7 do art. 152., casos em que a secretaria imprimir os exemplares

    necessrios.

  • 31

    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    para proceder ao pagamento respetivo no prazo de 10 dias, enviando-lhe as respetivas guias

    (art. 28 do R.C.P. e Portaria n. 419-A/2009, de 17/04).

    ATOS DOS MAGISTRADOS

    A manuteno da ordem nos atos judiciais da competncia do magistrado que a ele

    presida- art. 154..

    A lei fundamental, enunciando o princpio da tutela jurisdicional efetiva, prev que todos

    os cidados tm direito a que uma causa em que intervenham seja objeto de deciso em

    prazo razovel e mediante processo equitativo art. 20., n. 4 do C.R.P..

    A lei estabelece, tambm, o princpio fundamental do dever de administrao da justia

    por parte dos juzes cfr. art.s 8. do Cdigo Civil e 156., n. 1 do CPC. Estes no podem

    recusar-se a cumprir essa funo a pretexto de falta ou obscuridade da lei, sua injustia ou

    imoralidade, ou ainda a pretexto de dvida insanvel sobre os factos em litgio.

    O no cumprimento deste dever implica a chamada denegao de justia que pode dar

    lugar a responsabilidade criminal e civil e, ainda, a responsabilidade disciplinar.

    Os atos dos juzes podem ser classificados como:

    DESPACHOS: de mero expediente, discricionrios e vinculados.

    SENTENAS: juiz singular.

    ACRDOS: tribunal coletivo.

    DESPACHOS:

    Despachos de mero expediente so os que o juiz profere para prover ao andamento

    regular do processo sem interferirem no conflito de interesses entre as partes, tal como o

    despacho que marca dia e hora para a audincia de julgamento art. 156., n.4.17

    No envolvem decises sobre direitos ou poderes processuais, no carecem de

    fundamentao, devem ser proferidos no prazo mximo de 2 dias (art. 160., n. 2) e so

    irrecorrveis (art. 679.).

    17 Exemplo: despacho que designa dia para a conferncia de interessados Ac. STJ de 25/11/1975 in BMJ 251-252.

  • 32

    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    Despachos proferidos no uso legal do poder discricionrio so os proferidos pelo juiz,

    no uso legal do seu prudente arbtrio (art. 156., n. 4).18

    Devem ser proferidos no prazo de dois dias e so irrecorrveis (art.s 160., n. 2 e 679.).

    Despachos vinculados so proferidos em obedincia a um comando legal, dentro dos

    limites impostos pela lei, pelo que devem ser fundamentados, com base na lei a que esto

    vinculados.

    Devem ser proferidos no prazo de 10 dias, na falta de disposio especial e podem ser ou

    no passveis de recurso consoante a matria que versem e o valor da ao, incidente ou

    recurso em que se enquadrem art. 160., n. 1

    SENTENAS E ACRDOS

    As sentenas e acrdos distinguem-se, entre si, porque a sentena proferida pelo juiz

    singular e o acrdo proveniente de um tribunal coletivo.

    As sentenas so os atos processuais pelos quais o juiz decide a causa principal ou um

    incidente do processo que apresente a estrutura de uma causa regulada pelo direito

    substantivo, conforme dispe o art. 156., n. 2.

    Todas as decises que conheam do mrito da causa so sentenas, quer o juiz o conhea

    no despacho saneador (art. 510., n. 1, al. b)) ou na sentena final (art. 660. n. 2).

    So igualmente sentenas as decises em que, mesmo no decidindo sobre o mrito da

    causa, o juiz absolve o ru da instncia (art. 660. n. 1), bem como as que homologuem

    desistncias, confisses ou transaes (art. 300., n. 3), e julguem incidentes com estrutura

    de ao.

    As decises judiciais so datadas e assinadas pelo juiz, sendo as sentenas e acrdos

    registados em livro especial art. 157., n.s 1 e 4.

    Os atos processuais presididos pelo juiz so documentados em ata, sendo a

    reproduzidos os despachos e sentenas proferidos oralmente, incumbindo a sua redao ao

    funcionrio judicial, sob direo do magistrado art.s 157., n.3 e 159., n.s 1 e 2.

    18

    Exemplos: despacho que ordena a notificao das partes para suprirem irregularidades dos seus articulados as

    insuficincias ou imprecises na exposio ou concretizao da matria de facto alegada (art. 508., n.s 2 e 3)

    ou o despacho do relator a convidar as partes a aperfeioar as concluses das respetivas alegaes (art. 700.,

    n. 1-b).

  • 33

    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    Os atos do Magistrado do Ministrio Pblico designam-se por promoes, que so

    submetidas a despacho do juiz - art. 160..

    Nos termos do disposto no art. 155. o juiz deve providenciar pela marcao das datas

    de diligncias mediante prvio acordo com os mandatrios judiciais que devam comparecer,

    para o que pode encarregar a secretaria de realizar de forma expedita os contactos prvios

    necessrios (via telefnica, fax, correio eletrnico, etc.).

    Quando a marcao no possa ser feita com o prvio acordo dos mandatrios judiciais,

    devem estes, se impedidos noutro servio judicial j marcado, comunicar o facto ao tribunal,

    no prazo de 5 dias, propondo datas alternativas, datas estas que devero ser sugeridas aps

    contacto com os restantes mandatrios interessados.

    Uma vez que o juiz pode alterar a data inicialmente fixada, o despacho que designa dia

    para a diligncia necessariamente cumprido a dois tempos, apenas se procedendo

    notificao dos demais intervenientes aps o decurso do prazo de 5 dias atrs referido, ou

    seja, depois de definitivamente fixada a data.

    Apenas podem ver adiada a audincia de julgamento os advogados que faltarem no dia e

    hora designados, quando o juiz no tiver providenciado pela marcao mediante acordo

    prvio nos termos do art. 155., n.1, ou quando os advogados tenham comunicado ao

    tribunal a impossibilidade de comparncia nos termos do n. 5 do mesmo normativo art.

    651., n. 1, al. c) e d).

    ***

    ATOS DA SECRETARIA

    As secretarias judiciais asseguram o expediente, autuao e regular tramitao dos

    processos pendentes, em conformidade com as leis de processo e na dependncia funcional

    do magistrado competente - art.s 119. da Lei n. 3/99, de 13/01; 6., n. 3 do EFJ (aprovado

    pelo DL 343/99, na redao dada pelo art. 1. do Dec. Lei n. 96/2002, de 12/04) e 161., n.

    1 do CPC.

    Incumbe-lhe, pois, realizar oficiosamente as diligncias necessrias para que o fim

    dos despachos possa ser prontamente alcanado (art. 161., n.s. 1 e 2).

  • 34

    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    proibida a prtica de atos inteis para alm de quebrar a boa ordem processual,

    ofendem os princpios da economia e da celeridade processual, podendo implicar a

    responsabilizao do oficial de justia no pagamento de custas (art.s 137. e 448., n. 2);

    Os atos processuais devem ser redigidos em lngua portuguesa e ter a forma que,

    nos termos mais simples, melhor correspondam ao fim que visam atingir, devendo o seu

    contedo ser claro e no deixar dvidas quanto sua autenticidade (art.s 139. e 138.);

    A forma dos atos determinada pela lei que vigore no momento da sua prtica

    (art. 142.);

    A forma do processo determinada pela lei que vigorar data da propositura da

    ao (art. 142.);

    H atos que so praticados oficiosamente, ou seja, independentemente de

    despacho a orden-los (ex. cfr. art. 229. do CPC);

    No se praticam atos judiciais nos dias em que os tribunais estiverem encerrados,

    nem durante as frias judiciais, exceo das citaes, notificaes e daqueles que se

    destinem a evitar dano irreparvel, bem como os atos urgentes (art. 143. do CPC.);

    Nas relaes com os mandatrios judiciais os oficiais de justia agiro com especial

    correo e urbanidade (art. 161., n. 3), prestando s partes interessadas, seus

    representantes ou mandatrios judiciais ou aos funcionrios destes, devidamente

    credenciados, informaes precisas acerca dos processos pendentes (art. 167., n. 3).

    Os autos e termos so, em regra, lavrados na secretaria e deles constaro a data e

    o lugar da prtica do ato e dos demais elementos essenciais (art. 163., n. 1).

    Os espaos em branco devem ser inutilizados e as emendas, rasuras ou

    entrelinhas devem ser devidamente ressalvadas, sendo que a ressalva de nmeros rasurados

    acompanhada da escrita por extenso (art.s 138., n. 4 e 163., n. 2).

    Os atos processuais da secretaria so, por via de regra, praticados no sistema de

    gesto processual art. 138.-A CPC e Portaria n. 114/2008, de 6 de Fevereiro.

    Nota:

    Dos atos dos funcionrios da secretaria judicial sempre

    admissvel reclamao para o juiz de que aquela depende

    funcionalmente art. 161., n.s 1 e 5;

    Os erros e omisses praticados pela secretaria judicial no

    podem, em qualquer caso, prejudicar as partes art. 161.,

    n. 6.

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    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    Os oficiais de justia devem assinar os autos e termos que elaborem, juntamente com as

    demais pessoas referidas no art. 164., exceo a esta norma, ocorre sempre que os atos

    sejam praticados por meios eletrnicos e estes atos abranjam uma comunicao interna, a

    remessa do processo ao Juiz, ao Ministrio Pblico, outra secretaria ou seco do mesmo

    tribunal (art. 19., n. 1 da Portaria).

    Para alm disso, devem rubricar as folhas que no contenham a sua assinatura, salvo

    os atos praticados por meios eletrnicos (art. 165.).

    As partes e seus mandatrios tm o direito de rubricar quaisquer folhas do processo fsico

    (art. 165., n. 2).

    o Prazos para o expediente art. 166.

    No prazo de 5 dias so praticados os atos respeitantes a concluses, vistas, exames,

    notificaes, cumprimento de despachos e sentenas, etc., ressalvados os casos urgentes, os

    quais devem ser praticados imediatamente.

    No prprio dia, sendo possvel, a secretaria deve submeter a despacho, avulsamente,

    Os requerimentos que no respeitem ao andamento de processos pendentes;

    Juntar os requerimentos, respostas, articulados e alegaes aos processos a

    que se destinam; ou

    Submeter a despacho do juiz os papis extemporaneamente apresentados ou

    cuja juno suscite dvidas.

    o Publicidade do processo

    A natureza pblica do processo civil traduz-se no direito de exame e consulta dos autos

    na secretaria e de obteno de cpias ou certides de quaisquer peas nele incorporadas,

    pelas partes ou seus representantes, por qualquer advogado ou solicitador, mesmo que no

    esteja constitudo mandatrio das partes, ou por quem revele interesse atendvel art.

    167., n. 3 e em caso de dvida, sobre este direito de acesso ao processo, a secretaria

    submet-la-, por escrito, apreciao do juiz art. 172., n. 1.

    Com a entrada em vigor do Decreto-Lei n. 303/2007, de 24/8, e da Portaria n.

    114/2008, de 6/2, o exame e consulta de processos passa tambm a ser possvel atravs do

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    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    sistema informtico Citius. Trata-se duma possibilidade de consulta aberta aos advogados,

    advogados estagirios e solicitadores registados no sistema (art. 22.).

    O processo civil pblico, salvas as restries previstas na lei, pelo que o acesso

    limitado nos casos em que a divulgao do seu contedo possa causar dano dignidade das

    pessoas, intimidade da vida privada ou familiar ou moral pblica, ou pr em causa a

    eficcia da deciso a proferir, de que so exemplos, no s os processos constantes das

    alneas a) e b) do n. 2 do art. 168., a que apenas podem ter acesso as partes e os seus

    mandatrios, bem como noutros previstos em legislao externa ao Cdigo de Processo Civil

    (ex. Regulao do Poder Paternal, suas alteraes ou incidentes, e processos de Adoo).

    Sobre a confiana de processos, ver os art.s 169. a 173. do CPC, n. 3 do art. 125. da

    Lei n. 3/99.

    Assim, apenas podem solicitar, verbalmente ou por escrito, a confiana de processos

    pendentes, os mandatrios judiciais constitudos pelas partes, os magistrados do Ministrio

    Pblico e os que exeram o patrocnio por nomeao oficiosa art. 169., n. 1.

    Tratando-se de processos findos, a possibilidade de confiana dos processos alarga-se a

    qualquer pessoa capaz de exercer o mandato judicial (advogados, advogados estagirios e

    solicitadores) art. 169., n.2.

    A secretaria confia o processo pelo prazo de cinco dias, que pode ser reduzido se causar

    embarao grave ao andamento da causa, exceto quando, por lei ou por despacho do juiz, o

    mandatrio tenha prazo para exame, casos em que lhe ser facultado o processo pelo prazo

    marcado (exemplos: alegaes por escrito dos art.s 484., n. 2, 657. e 698., n. 2) art.

    169., n. 3 e 171..

    Esta recusa fundamentada e comunicada por escrito ao interessado, que dela pode

    reclamar para o juiz nos termos do art. 172..

    A entrega e restituio do processo registada em livro especial conforme o

    preceituado no art. 173..

    Sobre a passagem de certides convm ter presente o que dispem os art.s 174. e

    175. do CPC e 24. da Portaria n. 114/2008.

    Tratando-se de processos a que alude o art. 168. (aes de divrcio, separao de

    pessoas e bens, etc.) as certides apenas sero passadas aps despacho de deferimento

    proferido sobre o requerimento escrito que justifique a sua necessidade, sendo a fixados os

    limites da certido art. 174., n. 2.

    Nos restantes casos, dever da secretaria passar as certides que lhe forem

    solicitadas, verbalmente ou por escrito, sem necessidade de despacho, pelas partes no

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    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    processo, por quem possa exercer o mandato judicial ou ainda por quem revele interesse

    atendvel em as obter art. 174., n. 1.

    Quando estas certides tenham por fim a sua juno a processo judicial pendente, so as

    mesmas efetuadas eletronicamente, devendo a secretaria envi-las, sempre que possvel

    atravs do sistema informtico, para o tribunal onde corre o referido processo, devendo

    conter a indicao do processo a que destina e de quem requereu a mesma (art. 24. da

    Portaria n. 114/2008).

    So passadas no prazo de cinco dias, salvo nos casos de urgncia ou de manifesta

    impossibilidade, caso em que se consignar o dia em que devem ser levantadas art. 175.,

    n. 1. 19

    Quanto recusa ou atraso na passagem de certides de observar o disposto nos n.s 2

    e 3 do art. 175..

    COMUNICAO DOS ATOS

    Como vimos atrs, a competncia territorial dum tribunal judicial de 1 instncia,

    circunscreve-se, em regra, rea da comarca onde ele est sediado, podendo os funcionrios

    do Supremo Tribunal de Justia, das Relaes e dos Tribunais cuja rea de jurisdio abranja

    o distrito ou o crculo judicial, praticar os atos diretamente em toda a rea de jurisdio do

    respetivo Tribunal (art. 162. do CPC. e art.s 21. e 22. da Lei n. 3/99, de 13.01).

    Porm, os atos que devam ser praticados fora da comarca so solicitados ao tribunal ou

    autoridade que exera a sua competncia nessa rea ou, em certos casos, comunicados

    diretamente pelo correio aos destinatrios (art.s 176., n. 3, 252.-A, n. 1, al. b) e 245.,

    n. 2, todos do CPC.).

    A transmisso de quaisquer mensagens entre servios judiciais e a expedio ou

    devoluo de cartas precatrias deve ser efetuada, sempre que possvel, atravs do sistema

    informtico, sem prejuzo do disposto no n. 5 do artigo 176. do Cdigo de Processo Civil

    quanto aos atos urgentes (art. 24. da Portaria).

    Contudo, no sendo possvel a comunicao nos moldes supra referidos e num mbito

    mais alargado, ou seja, a necessidade de comunicao dos atos judiciais fora do territrio

    nacional, h que distinguir as comunicaes dos atos judiciais da seguinte forma:

    19 Nos casos de manifesta impossibilidade, tais como a escassez de funcionrios e a consequente acumulao de servio, que

    inviabilizam o cumprimento dos processos nos prazos legalmente fixados, a secretaria deve indicar o dia, atendendo sua

    capacidade de resposta, em que o requerente se deve apresentar a levant-la. No so aqui de admitir respostas como a de

    v passando ou telefonando a saber se a certido est passada, por um lado, porque a parte final do n. 1 do art. 175. o

    no permite, e por outro porque, assim no se procedendo, so evitados constrangimentos e at possveis procedimentos de

    natureza disciplinar em consequncia do disposto nos n.s 2 e 3 do mesmo normativo.

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    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    a)- Dentro da rea da comarca; e

    b)- Fora da rea da comarca;

    b1)- territrio nacional;

    b2)- estrangeiro (UE);

    b3)- estrangeiro (fora UE).

    a) Dentro da rea da comarca

    Se necessrio comunicar determinados atos dentro da rea da comarca, que no

    possam ou no devam ser efetuados pelo correio ou atravs do sistema informtico (por

    exemplo, quando se mostrar mais clere a citao por contacto pessoal art. 239., n. 1),

    utiliza-se o mandado, nos termos do art. 176., n. 2.

    Trata-se de um documento elaborado pelo funcionrio da secretaria competente, que o

    assina, embora passado em nome do juiz ou relator (art. 189.). Dele apenas constam, alm

    da ordem do juiz, as indicaes indispensveis ao seu cumprimento (art. 191.).

    b) Fora da rea da comarca

    Com exceo das citaes e notificaes pelo correio, que so enviadas diretamente ao

    citando, se o ato dever ser praticado fora da comarca, solicitar-se- a sua realizao

    entidade competente com jurisdio na rea respetiva, atravs de:

    Carta precatria - quando solicitado a um tribunal ou cnsul portugus- assinada

    pelo juiz e deve ser cumprida no prazo mximo de 2 meses (art. 176.-n. 1, 178. e

    181.-n. 1);

    Carta rogatria - quando solicitado a autoridade estrangeira - assinada pelo juiz, e

    deve ser cumprida no prazo mximo de 3 meses (art.s 176., n. 1, 178. e 181., n.

    2);

    Ofcio - quando se solicite, apenas, informaes, envio de documentos, a realizao

    de atos que no exijam interveno dos servios judicirios ou a sustao do

    cumprimento de uma carta precatria expedida;

    Outros meios - na transmisso de quaisquer mensagens e na expedio ou devoluo

    de cartas precatrias, alm das vias postal, telefnica, rdio, telecpia e os meios

    telemticos (correio eletrnico e outras formas de transmisso eletrnica de dados).

    Nota:

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    Manual de apoio ao ingresso - 2013

    Na transmisso de quaisquer mensagens e na expedio ou evoluo de

    cartas precatrias podem os servios judiciais utilizar, alm da via postal, a

    telecpia 20 e os meios telemticos.

    Tratando-se de atos urgentes, pode ainda ser utilizado o telegrama, a

    comunicao telefnica ou outro meio anlogo de telecomunicaes, mas a

    comunicao no escrita fica sempre documentada nos autos por meio de

    cota e em seguida confirmada por qualquer meio escrito, dirigido pessoa

    ou entidade contatada.

    Relativamente aos sujeitos processuais, a comunicao telefnica est expressamente

    prevista no s como forma de convocao ou desconvocao para atos processuais, mas,

    tambm, para imediata notificao do despacho que aprecia o pedido de prorrogao do

    prazo para oferecimento da contestao ou de qualquer dos articulados subsequentes

    art.s 176., n.s 5 e 6, 486., n. 6 e 504..

    ATOS ESPECIAIS

    o DISTRIBUIO

    A distribuio visa repartir com igualdade o servio do tribunal. atravs dela e das

    operaes de classificao, numerao e sorteio dos papis sujeitos a distribuio, que se

    designa a seco e a vara ou juzo em que o processo vai correr termos ou o juiz que vai

    exercer as funes de relator art.s 209., 215. e 216..

    Hoje em dia todos os tribunais dispem de aplicaes informticas que procedem

    distribuio automtica dos papis a coberto do disposto no art. 209.-A.