parte da revista

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“Flexibilização das leis trabalhistas” Entrevista: Ministro Joaquim Barbosa fala sobre racismo E mais: As lições do Primeiro de Maio Espanha em GREVE GERAL Grito dos Excluídos ecoa pelo Brasil Perfil: Roberto Kalil Filho, cardiologista do poder brasileiro História e atualidade do sindicalismo Entenda o que o Novo Acordo Coletivo traz aos trabalhadores A voz do trabalhador sindicalizado

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Page 1: Parte da Revista

“Flexibilização das leis trabalhistas”

Entrevista: Ministro Joaquim Barbosa fala sobre racismo

E mais: As lições do Primeiro de Maio ● ● Espanha em GREVE GERAL ●Grito dos Excluídos ecoa pelo Brasil●

Perfil: Roberto Kalil Filho, cardiologista do poder brasileiro

História e atualidade do sindicalismo● ●●●

Entenda o que o Novo Acordo Coletivo traz aos trabalhadores

A voz do trabalhador sindicalizado

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Page 3: Parte da Revista

Expediente e Editoria

Page 4: Parte da Revista

Sumario

Page 5: Parte da Revista

Sumario

Page 6: Parte da Revista

Espaço do Leitor

Page 7: Parte da Revista
Page 8: Parte da Revista

Anuncio

Page 9: Parte da Revista

O Cavaleiro Negro da moralidade

Entrevista

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Relator do mensalão revela voto em Lula e Dilma, diz que a imprensa trata escândalos

com dois pesos e duas medidas e que o racismo está

estampado na TV

Foto: Alfredo Job

Page 10: Parte da Revista

Ministro da Corte Suprema do Brasil desde 2003, Joaquim Barbosa foi designado em agosto

de 2005 como relator do caso “mensalão”. Reconhecido por sua independência, esse especialista do direito público, titular de um doutorado na universidade de Assas em Paris, é o primeiro negro a integrar a instituição. Aos 58 anos, ele será, em novembro, o presidente da mais alta jurisdição do país.

Porque esse processo é histórico?

As acusações referem-se ao maior escândalo de corrupção e desvio de verbas públicas visto no Brasil. É a primeira vez que tantas personalidades poderosas são chamadas a depor em um processo. Imaginem: há antigos responsáveis por altos cargos políticos, empresários, mesmo o ex-presidente de um banco. No Brasil, há essa tradição arraigada de longa data de que os ricos não se apresentem perante os juízes.

Nisso, o processo vai provocar uma conscientização. Ele marcará a ruptura de um modelo de corrupção nesse país. Por isso, é necessário o julgamento mais claro e mais justo possível. Eu acrescento que a Corte Suprema não tem o hábito de fazer esse tipo de julgamento. Será o terceiro em toda sua história. A propósito, os meios políticos pensavam que os autos morreriam na gaveta de um juiz...

Enquanto ministro-relator desde o princípio do caso em 2005, quais dificuldades o senhor teve ao relatar a Ação Penal?

Isso não foi tão difícil do ponto de vista jurídico. Até essa data, os homens políticos estavam completamente convencidos de sua impunidade. Nenhum caso tinha êxito. Eu utilizei a quebra do sigilo bancário efetuada pela comissão parlamentar de inquérito da época e pelo ex-presidente da Corte, Nelson Jobim.

Por que levar tanto tempo?

A justiça no Brasil é lenta. Após a

acusação apresentada em abril de 2006, o procedimento exige que o caso seja reexaminado em sua totalidade para evitar eventuais falhas antes de ser aceito pelo Supremo Tribunal Federal. Cabe ao relator tomar conhecimento da opinião de todas as testemunhas e réus. Ora, neste caso, a defesa apresentou 660 testemunhas!

Então eu organizei e preparei um cronograma preciso de audiências que enviei aos juízes federais de 22 estados, dando-lhes dois meses para ouvir uma média de trinta testemunhas. Assim, me levou um ano e oito meses para construir o arquivo. Coloquei tudo on-line, de modo seguro, afim que todos os participantes possam acessar os dados em tempo real. Depois de um ano de discussões com a defesa, eu tomei a decisão de anunciar o fim da instrução do processo, em junho de 2011.

A sombra do ex-presidente Lula paira sobre o processo. Por que não o chamaram a depor, ainda que apenas como mera testemunha?

Porque não há nada sobre ele, seu dossiê está vazio. Além disso, não cabe a nós dizer quem o Ministério Público deve colocar na lista dos acusados. No Direito Penal brasileiro, a responsabilidade é pessoal, não é política. E nós não somos um tribunal político. Três vezes o Partido Trabalhista Brasileiro expressou o desejo de fazê-lo depor. Em todas as vezes votamos contra.

Em caso de condenação por lavagem de dinheiro e corrupção, as penas podem ser de até dez ou doze anos de prisão. Veremos os culpados atrás das grades?

No Brasil, mesmo com uma sentença de três a quatro anos de prisão, o acusado cumpre uma pena alternativa, como um trabalho comunitário. A lei é feita assim.

“Eu organizei e preparei um cronograma de audiências que enviei aos juízes federais de 22 estados”

Entrevista

Page 11: Parte da Revista

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O impacto deste caso vem do fato mesmo de que uma decisão pode ser tomada.

Por que, para lutar contra a corrup-ção, nenhum grande partido pro-põe reforma eleitoral ou uma mu-dança nas regras de financiamento dos partidos reforçando o controle sobre os donativos de empresas?

Este é um dos pon-tos que eu pretendo discutir com a pre-sidente Dilma Rou-sseff, quando eu for o presidente do Supremo Tribunal Federal. É necessá-

rio ajudá-la a assumir um grande papel de liderança para realizar uma mudança verdadeira.

Porque esse processo é histórico?

As acusações referem-se ao maior escândalo de corrupção e desvio de verbas públicas visto no Brasil. É a primeira vez que tantas personalidades poderosas são chamadas a depor em um processo. Imaginem: há antigos responsáveis por altos cargos políticos, empresários, mesmo o ex-presidente de um banco. No Brasil, há essa tradição arraigada de longa data de que os ricos não se apresentem perante os juízes.

Nisso, o processo vai provocar uma conscientização. Ele marcará a ruptura de um modelo de corrupção nesse país. Por isso, é necessário o julgamento mais claro e mais justo possível. Eu acrescento que a Corte Suprema não tem o hábito de fazer esse tipo de julgamento. Será o terceiro em toda sua história. A propósito, os meios políticos pensavam que os autos morreriam na gaveta de um juiz...

Enquanto ministro-relator desde o princípio do caso em 2005, quais dificuldades o senhor teve ao relatar a Ação Penal?

Isso não foi tão difícil do ponto de vista jurídico. Até essa data, os homens

políticos estavam completamente convencidos de sua impunidade. Nenhum caso tinha êxito. Eu utilizei a quebra do sigilo bancário efetuada pela comissão parlamentar de inquérito da época e pelo ex-presidente da Corte, Nelson Jobim.

Por que levar tanto tempo?

A justiça no Brasil é lenta. Após a acusação apresentada em abril de 2006, o procedimento exige que o caso seja reexaminado em sua totalidade para evitar eventuais falhas antes de ser aceito pelo Supremo Tribunal Federal. Cabe ao relator tomar conhecimento da opinião de todas as testemunhas e réus. Ora, neste caso, a defesa apresentou 660 testemunhas!

Então eu organizei e preparei um cronograma preciso de audiências que enviei aos juízes federais de 22 estados, dando-lhes dois meses para ouvir uma média de trinta testemunhas. Assim, me levou um ano e oito meses para construir o arquivo. Coloquei tudo on-line, de modo seguro, afim que todos os participantes possam acessar os dados em tempo real. Depois de um ano de discussões com a defesa, eu tomei a decisão de anunciar o fim da instrução do processo, em junho de 2011.

A sombra do ex-presidente Lula paira sobre o processo. Por que não o chamaram a depor, ainda que apenas como mera testemunha?

Porque não há nada sobre ele, seu dossiê está vazio. Além disso, não cabe a nós dizer quem o Ministério Público deve colocar na lista dos acusados. No Direito Penal brasileiro, a responsabilidade é pessoal, não é política. E nós não somos um tribunal político. Três vezes o Partido Trabalhista Brasileiro expressou o desejo de fazê-lo depor. Em todas as vezes votamos contra.

Em caso de condenação por lavagem de dinheiro e corrupção, as penas podem ser de até dez ou doze anos de prisão. Veremos os culpados

“As acusações referen-se ao maior escândalo

de corrupção e desvio de verbas públicas visto no

Brasil”

Page 12: Parte da Revista

No Brasil, mesmo com uma sentença de três a quatro anos de prisão, o acusado cumpre uma pena alternativa, como um trabalho comunitário. A lei é feita assim.

Porque esse processo é histórico?

As acusações referem-se ao maior escândalo de corrupção e desvio de verbas públicas visto no Brasil. É a primeira vez que tantas personalidades poderosas são chamadas a depor em um processo. Imaginem: há antigos responsáveis por altos cargos políticos, empresários, mesmo o ex-presidente de um banco. No Brasil, há essa tradição arraigada de longa data de que os ricos não se apresentem perante os juízes.

Nisso, o processo vai provocar uma conscientização. Ele marcará a ruptura de um modelo de corrupção nesse país. Por isso, é necessário o julgamento mais claro e mais justo possível. Eu acrescento que a Corte Suprema não tem o hábito de fazer esse tipo de julgamento. Será o terceiro em toda sua história. A propósito, os meios políticos pensavam que os autos morreriam na gaveta de um juiz...

Enquanto ministro-relator desde o princípio do caso em 2005, quais

dificuldades o senhor teve ao relatar a Ação Penal?

Isso não foi tão difícil do ponto de vista jurídico. Até essa data, os homens políticos estavam completamente convencidos de sua impunidade. Nenhum caso tinha êxito. Eu utilizei a quebra do sigilo bancário efetuada pela comissão parlamentar de inquérito da época e pelo ex-presidente da Corte, Nelson Jobim.

Por que levar tanto tempo?

A justiça no Brasil é lenta. Após a acusação apresentada em abril de 2006, o procedimento exige que o caso seja reexaminado em sua totalidade para evitar eventuais falhas antes de ser aceito pelo Supremo Tribunal Federal. Cabe ao relator tomar conhecimento da opinião de todas as testemunhas e réus. Ora, neste caso, a defesa apresentou 660 testemunhas!

Então eu organizei e preparei um cronograma preciso de audiências que enviei aos juízes federais de 22 estados, dando-lhes

“Cabe ao relator tomar conhecimento da opinião de todas as testemunhas

e réus. Ora, nesse caso, a defesa apresentou 660

testemunhas!”

Entrevista

Page 13: Parte da Revista

dois meses para ouvir uma média de trinta testemunhas. Assim, me levou um ano e oito meses para construir o arquivo. Coloquei tudo on-line, de modo seguro, afim que todos os participantes possam acessar os dados em tempo real. Depois de um ano de discussões com a defesa, eu tomei a decisão de anunciar o fim da instrução do processo, em junho de 2011.

A sombra do ex-presidente Lula paira sobre o processo. Por que não o chamaram a depor, ainda que apenas como mera testemunha?

Porque não há nada sobre ele, seu dossiê está vazio. Além disso, não cabe a nós dizer quem o Ministério Público deve colocar na lista dos acusados. No Direito Penal brasileiro, a responsabilidade é pessoal, não é política. E nós não somos um tribunal político. Três vezes o Partido Trabalhista Brasileiro expressou o desejo de fazê-lo depor. Em todas as vezes votamos contra.

Em caso de condenação por lavagem de dinheiro e corrupção, as penas podem ser de até dez ou doze anos de prisão. Veremos os culpados atrás das grades?

No Brasil, mesmo com uma sentença de três a quatro anos de prisão, o acusado cumpre uma pena alternativa, como um trabalho comunitário. A lei é feita assim.

Porque esse processo é histórico?

As acusações referem-se ao maior escândalo de corrupção e desvio de verbas públicas visto no Brasil. É a primeira vez que tantas personalidades poderosas são chamadas a depor em um processo. Imaginem: há antigos responsáveis por altos cargos políticos, empresários, mesmo o ex-presidente de um banco. No Brasil, há essa tradição arraigada de longa data de que os ricos não se apresentem perante os juízes.

Nisso, o processo vai provocar uma conscientização. Ele marcará a ruptura de um modelo de corrupção nesse país.

Por isso, é necessário o julgamento mais claro e mais justo possível. Eu acrescento que a Corte Suprema não tem o hábito de fazer esse tipo de julgamento. Será o terceiro em toda sua história. A propósito, os meios políticos pensavam que os autos morreriam na gaveta de um juiz...

Enquanto ministro-relator desde o princípio do caso em 2005, quais dificuldades o senhor teve ao relatar a Ação Penal?

Isso não foi tão difícil do ponto de vista jurídico. Até essa data, os homens políticos estavam completamente convencidos de sua impunidade. Nenhum caso tinha êxito. Eu utilizei a quebra do sigilo bancário efetuada pela comissão parlamentar de inquérito da época e pelo ex-presidente da Corte, Nelson Jobim.

Por que levar tanto tempo?

A justiça no Brasil é lenta. Após a acusação apresentada em abril de 2006, o procedimento exige que o caso seja reexaminado em sua totalidade para evitar eventuais falhas antes de ser aceito pelo Supremo Tribunal Federal. Cabe ao relator tomar conhecimento da opinião de todas as testemunhas e réus. Ora, neste caso, a defesa apresentou 660 testemunhas!

Então eu organizei e preparei um cronograma preciso de audiências que enviei aos juízes federais de 22 estados, dando-lhes dois meses para ouvir uma média de trinta testemunhas. Assim, me levou um ano e oito meses para construir o arquivo. Coloquei os os participantes possam acessar os dados em tempo real. Depois de um ano de discussões com a defesa, eu tomei a decisão de anunciar o fim da instrução do processo, em junho de 2011.

A sombra do ex-presidente Lula paira sobre o processo. Por que não o chamaram a depor, ainda que apenas como mera testemunha?

Porque não há nada sobre ele, seu dossiê

9Foto: Alfredo Job

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Entrevista

está vazio. Além disso, não cabe a nós dizer quem o Ministério Público deve colocar na lista dos acusados. No Direito Penal brasileiro, a responsabilidade é pessoal, não é política. E nós não somos um tribunal político. Três vezes o Partido Trabalhista Brasileiro expressou o desejo de fazê-lo depor. Em todas as vezes votamos contra.

Em caso de condenação por lavagem de dinheiro e corrupção, as penas podem ser de até dez ou doze anos de prisão. Veremos os culpados atrás das grades?

No Brasil, mesmo com uma sentença de três a quatro anos de prisão, o acusado cumpre uma a pena prevista pode chegar a vários anos e blá blá mimi e aqui eu estou colocando uma linha opra quye fique certo o tamanho do text wpena alternativa, como um trabalho comunitário. A lei é feita assim. O impacto deste caso vem do fato mesmo de que uma decisão pode ser tomada.

Por que, para lutar contra a corrup-ção, nenhum grande partido propõe reforma eleitoral ou uma mudança

nas regras de fi-nanciamento dos partidos refor-çando o controle sobre os dona-tivos de empre-sas?

Este é um dos pontos que eu pretendo discutir com a presidente Dilma Rousseff, quando eu for o presidente do Supremo Tribunal Federal. É necessário ajudá-la a assumir um grande papel de liderança para realizar uma mudança verdadeira.

Porque esse processo é histórico?

As acusações referem-se ao maior escândalo de corrupção e desvio de verbas públicas visto no Brasil. É a primeira vez que tantas personalidades poderosas são chamadas a depor em um processo. Imaginem: há antigos responsáveis por altos cargos políticos, empresários, mesmo o ex-presidente de um banco. No Brasil, há essa tradição arraigada de longa data de que os ricos não se apresentem perante os juízes.

Nisso, o processo vai provocar uma

“As acusações referen-se ao maior escândalo

de corrupção e desvio de verbas públicas visto no

Brasil”

Foto: Alfredo Job

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conscientização. Ele marcará a ruptura de um modelo de corrupção nesse país. Por isso, é necessário o julgamento mais claro e mais justo possível. Eu acrescento que a Corte Suprema não tem o hábito de fazer esse tipo de julgamento. Será o terceiro em toda sua história. A propósito, os meios políticos pensavam que os autos morreriam na gaveta de um juiz...

Enquanto ministro-relator desde o princípio do caso em 2005, quais dificuldades o senhor teve ao relatar a Ação Penal?

Isso não foi tão difícil do ponto de vista jurídico. Até essa data, os homens políticos estavam completamente convencidos de sua impunidade. Nenhum caso tinha êxito. Eu utilizei a quebra do sigilo bancário efetuada pela comissão parlamentar de inquérito da época e pelo ex-presidente da Corte, Nelson Jobim.

Por que levar tanto tempo?

A justiça no Brasil é lenta. Após a acusação apresentada em abril de 2006, o procedimento exige que o caso seja reexaminado em sua totalidade para evitar eventuais falhas antes de ser aceito pelo Supremo Tribunal Federal. Cabe ao relator tomar conhecimento da opinião de todas as testemunhas e réus. Ora, neste caso, a defesa apresentou 660 testemunhas!

Então eu organizei e preparei um cronograma preciso de audiências que enviei aos juízes federais de 22 estados, dando-lhes dois meses para ouvir uma média de trinta testemunhas. Assim, me levou um ano e oito meses para construir o arquivo. Coloquei tudo on-line, de modo seguro, afim que todos os participantes possam acessar os dados em tempo real. Depois de um ano de discussões com a defesa, eu tomei a decisão de anunciar o fim da instrução do processo, em junho de 2011. É necessário ajudá-la a assumir um grande papel de liderança para realizar uma mudança verdadeira

Em caso de condenação por lavagem

No Brasil, mesmo com uma sentew três a quatro anos de prisão, o acusado cumpre uma pena alternativa, como um trabalho comunitário. A lei é feita assim. O impacto deste caso vem do fato mesmo de que uma decisão pode ser tomada.

Por que, para lutar contra a cor-rupção, nenhum grande partido propõe reforma eleitoral ou uma mudança nas regras de financia-mento dos partidos reforçando o controle sobre os donativos de em-presas?

Este é um dos pontos que eu pretendo discutir com a presidente Dilma Rous-seff, quando eu for o presidente do Su-premo Tribunal Federal. É necessário ajudá-la a assumir um grande papel de liderança para realizar uma mudança verdadeira.

Porque esse processo é histórico?

As acusações referem-se ao maior escândalo de corrupção e desvio de verbas públicas visto no Brasil. É a primeira vez que tantas personalidades poderosas são chamadas a depor em um processo. Imaginem: há antigos responsáveis por altos cargos políticos, empresários, mesmo o ex-presidente de um banco. No Brasil, há essa tradição arraigada de longa data de que os ricos não se apresentem perante os juízes.

Por que levar tanto tempo?

A justiça no Brasil é lenta. Após a acusação apresentada em abril de 2006, o procedimento exige que o caso seja reexaminado em sua totalidade para evitar eventuais falhas antes de ser aceito pelo Supremo Tribunal Federal. Cabe ao relator tomar conhecimento da opinião de todas as testemunhas e réus. Ora, neste caso, a defesa apresentou 660 testemunhas!

Page 16: Parte da Revista
Page 17: Parte da Revista

John Monks, presidente da União dos Sindicatos Europeus (ETUC) desde maio de 2003, analisou essas e ou-tras questões em debate na União

Europeia em entrevista à DW-WORLD. Ele começou pelas metas que pretende alcançar no seu mandato de quatro anos: “Espero despertar mais crença no cami-nho europeu como o certo para garantir justiça social. As ideias econômicas ame-ricanas foram extremamente preferidas nos últimos anos entre os políticos con-

servadores, mas também entre os de cen-tro. O governo britânico de Tony Blair é um dos que acham que os mercados têm de ser desregulamentados e os sindicatos não podem mais ser fortes”. Para o líder europeus, porém, o caminho de Blair não é o certo para que os países da UE tenham bem-estar social: “Não há dúvida de que as ideias americanas fizeram estragos em 90 na Europa, mas agora temos de mos-trar que a opção europeia é a melhor na economia.

Sindicalismo em evidência

Política / Internacional

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“Sindicalismo Europeu é o caminho”

Foto: Julian Rodrigues

Monks, presidente da União dos Sindicatos Europeus defende imposição europeia sobre a americana

Page 18: Parte da Revista

Política / Internacional

A Espanha vive nesta quinta-feira (29) uma greve geral, com alguns incidentes isolados, que terminará

em uma grande manifestação em Madri contra a reforma trabalhista e as políticas de rigor decretadas, sob estreita vigilância da União Europeia (UE), pelo governo do conservador Mariano Rajoy.Esta greve foi um sucesso democrático e social indiscutível", disse Cándido Mén-dez, secretário-geral da UGT, um dos dois grandes sindicatos espanhóis responsá-veis pela convocação da mobilização, jun-to com a outra central majoritária, CCOO.Méndez informou sobre uma participação média de 77%, enquanto seu homólogo do CCOO, Ignacio Fernández Toxo, infor-mava: "a incidência é superior nos setores industriais e um pouco menor no âmbito dos serviços"."Nosso objetivo é que o governo corrija profundamente a reforma trabalhista",

insistiu Méndez.Consciente de que a Espanha volta a ser tema de preocupação para seus sócios eu-ropeus, a ministra de Emprego, Fátima Báñez, buscou passar uma imagem de fir-meza e assegurou que "a agenda reformis-ta é irrefreável"."As partes frontais da reforma (traba-lhista) não vão ser modificadas porque entendemos que são as necessárias para voltar a um crescimento econômico que se transforme o quanto antes em criação de emprego", assegurou.A ministra afirmou que a greve se desen-rolava "com absoluta normalidade e sem incidentes importantes".Algumas das ocorrências de maior des-taque ocorreram em Barcelona, onde 17 pessoas foram detidas depois que a polícia entrou em confronto no centro da cidade com grupos de jovens que incendiaram contêineres e danificaram o mobiliário

Espanha em

greve geralPopulação se articula contra política de austeridade do Primeiro Ministro Rajoy

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Foto: Julian Rodrigues

urbano.Tanto em Barcelona quanto em Madri, desde o início da manhã grevistas se reu-niram em frente às portas de mercados centrais, grandes bancos e empresas.Centenas deles se concentraram poste-riormente no centro de Madri, prelúdio da grande manifestação, que terminaria durante a tarde com a mobilização, vigia-dos de perto por um grande dispositivo policial, que ocupou a conhecida Porta do Sol."Nem um passo atrás com a reforma. Gre-ve geral", gritavam os manifestantes.Junto aos sindicatos, o movimento dos indignados também quis protestar a sua maneira com uma grande manifestação de bicicleta, atrapalhando o tráfego, e dormindo nas ruas em uma enorme "ses-ta coletiva"."Temos que enviar uma mensagem clara ao governo de que eles não podem fazer tudo o que têm vontade só por ter uma maioria", afirmou Marta Rosado, uma au-xiliar de escritório de 28 anos que utiliza-va um adesivo "Em greve".Sindicatos e indignados protestam con-tra uma reforma do mercado de trabalho, aprovada no dia 11 de fevereiro pelo go-verno de Mariano Rajoy, com o objetivo de relançar a criação de emprego, em um país com uma taxa de desemprego recor-de de 22,85%, que castiga especialmente os jovens com menos de 25 anos (48,6%).

Os promotores do protesto, por sua vez, consideram que a reforma só barateia as demissões e aumentará a destruição de emprego.O próprio executivo admitiu a destruição de 630 mil empregos em 2012 e um de-semprego de 24,3% no fim do ano.A mobilização, a sex-ta desde o restabe-lecimento das liber-dades sindicais, em 1977, ocorre um dia antes de o governo aprovar os orçamen-tos gerais para 2012, que devem ser rigo-rosamente austeros,

Ministério do Território e pela sede do Partido Popular. Mariano Rajoy foi o mais visado nas críticas.

Page 20: Parte da Revista

História e a atualidade do sindicalismoEm 1979 ficou marcado como o ano

das greves no Brasil. Fato desco-nhecido de muitos é que este ano

também foi um marco na luta entre dois caminhos no movimento sindical brasi-leiro, marcado por ziguezagues na linha das diferentes correntes da esquerda bra-sileira. Recentemente o êxito eleitoral do oportunismo fez cair por completo todo o véu de combatividade e de novo sindica-lismo surgido com a CUT, anos a fio pro-palados por seus defensores, atualmente encastelados no velho Estado reacionário.

Os holofotes do monopólio de im-prensa, desde o ABC paulista, projetaram ninguém mais ninguém menos que Luiz Inácio da Silva, sindicalista saído direta-mente dos centros de formação ianques da Ciols para a direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. No mes-mo período, em Minas Gerais, mais de

400 mil trabalha-dores, entre operá-rios, profissionais liberais, professo-res e trabalhadores de diversos outros setores, erguiam-se em um turbilhão de

greves combativas, enfrentamentos com a gendarmaria militar, exigindo salário, melhores condições de trabalho, liberda-de para os presos políticos e contra o regi-me militar-fascista.

Dois caminhos opostos, que ao longo de um complicado e tormentoso proces-so foram deslindando campos. Embora já na retomada do movimento sindical ao nível nacional (CONCLAT) se conforma-ram dois grandes grupos (CGT e CUT) e a luta entre os dois caminhos no movimen-to sindical se travou por longos anos no interior destas centrais, com novas divi-sões e reaproximações. A CUT, impulsio-

nada pela ideologia eclética do liberalis-mo radical pequeno-burguês do Partido dos Trabalhadores – PT, chegou ao seu completo apodrecimento como parte do gerenciamento de turno do velho Estado. Dela ainda desprendeu-se a atual centris-ta Conlutas (PSTU/PSOL) e mais recente-mente a governista CTB (PCdoB). A CGT, como um aglomerado de correntes, prin-cipalmente reformistas, fragmentou-se originando a Força Sindical — FS, a SDS, a UGT e a CGTB, que por final aderiram ao governismo petista sendo premiadas com sua legalização e farta verba do famigera-do imposto sindical. Este é o campo que hoje marcha unido como força auxiliar e legitimadora da política de corte de direi-tos praticada pelo gerenciamento petista. À exceção da Conlutas que, como força centrista, na disputa por arregimentar

Ministério do Território e pela sede do Partido

Popular. Mariano Rajoy foi o mais visado nas críticas.

Política / Brasil

Page 21: Parte da Revista

forças, concilia com o governismo. Agora mesmo, no dia 14 de agosto, a propósi-to de um dia nacional de protestos, todo este campo marchou unido para encenar a defesa dos direitos dos trabalhadores enquanto os apunhalam pelas costas cola-borando e apoiando o governo.

Os holofotes do monopólio de im-prensa, desde o ABC paulista, projetaram ninguém mais ninguém menos que Luiz Inácio da Silva, sindicalista saído direta-mente dos centros de formação ianques da Ciols para a direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. No mesmo período, em Minas Gerais, mais de 400 mil trabalhadores, entre operários, profis-sionais liberais, professores e trabalhado-res de diversos outros setores, erguiam-se em um turbilhão de greves combativas, enfrentamentos com a gendarmaria mili-tar, exigindo salário, melhores condições de trabalho, liberdade para os presos po-líticos e contra o regime militar-fascista.

Dois caminhos opostos, que ao longo de um complicado e tormentoso proces-so foram deslindando campos. Embora já na retomada do movimento sindical ao nível nacional (CONCLAT) se conforma-ram dois grandes grupos (CGT e CUT) e a luta entre os dois caminhos no movimen-to sindical se travou por longos anos no interior destas centrais, com novas divi-

sões e reaproximações. A CUT, impulsio-nada pela ideologia eclética do liberalis-mo radical pequeno-burguês do Partido dos Trabalhadores – PT, chegou ao seu completo apodrecimento como parte do gerenciamento de turno do velho Estado. Dela ainda desprendeu-se a atual centris-ta Conlutas (PSTU/PSOL) e mais recente-mente a governista CTB (PCdoB). A CGT, como um aglomerado de correntes, prin-cipalmente reformistas, fragmentou-se

INSTALAÇÃO DA FIAT

Instalada no município de Betim, região metropolitana de Belo Horizonte, durante a gerência do governador Ron-don Pacheco. Antes mesmo de assumir o governo, ele foi até a Itália conferenciar com Giovanni Agnelli, presidente da FIAT, em Turim. As ne-gociações culminaram com a assinatura, em 14 de março de 1973, do “Acordo de Co-munhão de Interesses para a implantação de uma indústria automobilística em Betim, Minas Gerais”. Mas a “comu-nhão de interesses” significa-

va, na prática, a subordinação aos interesses da montadora, que vieram sob a forma de isenção fiscal, exploração da força de trabalho à paga de salários miseráveis, a doação do terreno para a construção das instalações, entre outras benesses.

Também nos anos de 1970 as maiores indústrias da região, como a siderúrgica/metalúr-gica Mannesman e a Belgo Mineira, no município indus-trial de Contagem.

Foto: Julian Rodrigues

No Brasil, as chamadas centrais sindicais são representadas pela CUT e Força Sindical.

14

Page 22: Parte da Revista

As Lições do Primeiro de Maio

Uma grande comemora-ção marcou o Primeiro de Maio da CUT neste ano,

tanto no ABC paulista, palco his-tórico da manifestação, quanto na cidade de São Paulo, no Vale do Anhangabaú e na Zona Sul. Em São Bernardo, pela primeira vez, a data reuniu também outras cen-trais. E no Vale do Anhangabaú o ministro Gilberto Carvalho anun-ciou, ao grande público e impren-sa presentes, uma nova conquista: a abertura de negociação com o governo para isentar da cobrança do Imposto de Renda o recebido pelo trabalhador na Participação nos Lucros e Resultados (PLR).Os dois fatos, embora não guar-dem relação entre si, são sinto-máticos das muitas mudanças por que passa o mundo do trabalho, o sindicalismo e o País. Os brasilei-ros que viveram os tumultuados anos 70 e 80 do século passado sabem bem como tem sido longa essa caminhada e, felizmente, o quanto essa grande luta vem re-sultando em avanços inequívocos. No lugar de censura e repressão, o

anúncio de diálogo com os traba-lhadores para mais uma conquis-ta. No lugar de bandeiras contra a inflação e a recessão, a busca do fim do imposto sindical e pela qua-lidade no emprego, rumo ao traba-lho decente.São condições que igualmente permearam o seminário interna-cional inte-grante des-de Primeiro de Maio p r o m o -vido pela CUT-SP no Sesc Belen-zinho. Para os repre-s e n t a n t e s p r e s e n t e s – de paí-ses como Argentina, Paraguai e Rússia – o sindicalis-mo cutista está hoje na vanguarda do sindicalismo mundial, tanto por sua forma de organização quanto

p e l a maneira de avançar no processo de negociações e interferência na sociedade. Fazer esse recorte da história recente do País também será possível a partir do dia 16 de maio, quando a CUT-SP realizará seu 13º congresso. Nele, os par-ticipantes receberão uma revista

especial sobre os con-gressos da central. Re-ver os principais temas, discussões e abordagens e traçar com eles uma linha do tempo até che-gar a 2012 será no míni-mo, uma grande viagem ao passado e um convi-te a pensar o futuro do sindicalismo e do País. Uma viagem por mani-festações, embates, gre-ves, recuos, avanços e conquistas, catalisada a cada Primeiro de Maio, a mais expressiva data da classe trabalhadora.

Adi dos Santos Lima é presidente da CUT-SP.

Foto: Julian Rodrigues

As palavras “organi-zação e luta” foram-destacadas pelo jo-vem representante russo, que afirmou tê-las aprendido com os brasileiros durante encontro internacional em 2005.

Política / Brasil

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Anuncio

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Anuncio

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Política Nacional

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Como ele está? – perguntou Roberto Kalil Filho, dispensando a formalidade do cumprimento.

– Agora, bem. Mas foi uma cirurgia delicada. Tivemos que abrir o abdome de uma ponta à outra. Essa marca no pescoço é por causa do cateter. Depois de uma operação como essa, por quanto tempo vocês deixam o cateter num ser humano?

– perguntou o veterinário, um jovem musculoso de camiseta e calça jeans.

– Depende muito, esquivou-se o sócio do Clube Hípico de Santo Amaro, virando as costas para deixar a filha a sós com o cavalo recém-operado. Isabella Kalil tem 17 anos. Ocupa o sétimo lugar na categoria Jovem Cavaleiro do Ranking Brasileiro de Hipismo.

O médico (e o) político

Como pensa, vive, trabalha e articula Roberto Kalil Filho, o cardiologista do poder brasileiro

Perfil

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Ele antende Dilma, Serra e outros figurões da política nacional. Lula, em primeiro lugar

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Duas horas antes, naquele mesmo sábado de janeiro, Kalil andava agitado pelos corredores

do Hospital Sírio-Libanês. Entre visitas a pacientes internados, tentava falar com a filha caçula, que acabara de chegar das férias na Disney. Finalmente, Rafaella, a mais velha, de 19 anos, atendeu o celular e passou à irmã. Kalil tentou convencê-la a ir com ele até a hípica, sem maiores explicações. A garota estranhou a disponibilidade do pai: “Tá com saudade dos cavalos? Fala logo, o que aconteceu?” O médico precisou contar que Willen, campeão que havia importado da Bélgica para presentear Isabella no Natal anterior, tinha passado por uma cirurgia delicada devido à obstrução da alça intestinal. “Ela percebeu que tinha alguma coisa estranha. É muito inteligente, muito sensitiva. Puxou ao pai”, disse Kalil, satisfeito, ao fim da ligação.

O avô do cardiologista foi um dos fundadores da hípica, clube que congrega cerca de 600 sócios na Zona Sul de São Paulo. O pai, Roberto Kalil, foi um montador de renome, quatro vezes campeão brasileiro por equipe, uma vez na

categoria individual. Herdeiro de uma mina de quartzo e de um poço de areia na região da Grande São Paulo, sua ocupação principal eram os cavalos. Costumava se reunir com amigos militares às quartas-feiras para treinar salto. Foi nesse ambiente que conheceu João Baptista Figueiredo, antes que este chegasse à Presidência.

Tornaram-se muito próximos. Mais tarde, já presidente, o general ficaria marcado pela declaração de que preferia o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo. Mesmo no poder, jamais deixou de frequentar a casa dos Kalil.

“Olha aqui o Beto novinho, sentado do lado do Figueiredo”,

apontou para o retrato Guiomar Kalil, uma senhora de cabelos impecavelmente arrumados e sapatos de lacinho. No 2º andar de sua residência, no Jardim Guedala, bairro rico de São Paulo, cercada de fotografias que ilustram a vida social da casa, ela falou sobre o filho. “Ele sempre gostou muito de política. Quando o Figueiredo

vinha aqui, ficava esperando no portão.” E acrescentou que o irmão mais novo, o ginecologista e obstetra Renato Kalil, nunca demonstrou o mesmo interesse pelos convidados ilustres.

Até hoje Paulo Maluf é uma presença assídua na casa de Guiomar. Ele chegou a namorar uma tia de Kalil, irmã do seu pai, antes de se casar com Sylvia Lutfalla. “Namoro platônico, coisa de antigamente”, contou Maluf. Afeiçoado desde menino ao tio postiço, Kalil foi

militante da Juventude Malufista. Em 1986, quando Maluf se candidatou ao governo do Estado, o estudante tinha camisetas e bandeiras de campanha armazenadas em casa. Os colegas de faculdade o apelidaram de “Kaluf”.

Perfil

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Kalil, em seu consultório de 200 metros quadrados: “Minha força e influência vêm de muito trabalho. Quem trabalha sobe na vida. Não existe essa de médico com sorte” (Foto: Alexandre Schneider)

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Kalil costuma acordar sozinho às 6h30, em seu apartamento, no Jardim Paulista. As gatas Sarah

e Marie – presentes do cirurgião Fabio Jatene, filho do ex-ministro Adib – são sua única companhia durante a semana. Ele e a mulher, a endocrinologista Claudia Cozer, ambos no segundo casamento, concluíram que viver em casas distintas seria a melhor maneira de evitar os conflitos da rotina familiar. Claudia tem um casal de filhos, também do primeiro casamento.

Depois de engolir um Toddynho, Kalil vai para o InCor, aonde chega por volta das 7h30. De lá, segue às 11 horas para o Hospital Sírio-Libanês, do qual é o diretor-geral do Centro de Cardiologia e membro do conselho. Até as 14 horas, visita seus pacientes – em torno de quarenta, cerca de 10% das internações do hospital, cuja capacidade é de 341 leitos. Almoça sempre que consegue no restaurante Solarium, no próprio Sírio, e só precisa atravessar a rua para chegar ao consultório. Não

costuma sair antes das 22 horas. A sala de Kalil é decorada com diplomas na parede. No início de janeiro, além de um microscópio sobre a mesa, que ele guarda desde a infância, havia um vaso de rosas brancas. No chão, a espada-de-são-jorge – a mesma planta que protege a casa da mãe.

No Sírio há um grupo de auxiliares de enfermagem que se autointitulam “kalilzetes”. Naquela mesma manhã de sábado, uma delas tinha a edição da revista Época São Paulo dobrada na página com a foto de Kalil. E corria aos gritinhos: “Ai, como o chefe é lindo!” Com desdém, o cardiologista sugeriu: “Cola a foto na parede” – ao que ela respondeu: “Vou colar no meu quarto!”

Aos 52 anos, o médico do poder, como hoje é mais conhecido, disse que prefere ser identificado como um profissional atento e firme, que não se inibe diante das credenciais de pacientes que não costumam ser contrariados. Gosta de lembrar, por exemplo, que em 2010 foi até o Aeroporto de Congonhas para receber Lula, que voltava às

pressas do Recife, depois de uma crise de hipertensão. O presidente seguiria para o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, onde seria homenageado. Kalil se orgulha de tê-lo convencido a cancelar a viagem. Em outubro passado, procurado por Marisa Letícia (também sua paciente) para que examinasse a rouquidão do marido, o cardiologista recomendou que ele fizesse um check-up urgente. Foi diagnosticado o câncer na laringe.

Kalil já era um cardiologista estabelecido quando foi chamado para atender uma paciente com angina no Jardim Guedala. Ao chegar lá, se deu conta de que era exatamente a casa onde havia crescido. No fim da consulta, não resistiu e comentou que havia vivido ali por muitos anos. A paciente respondeu que morava de aluguel, mas em breve devolveria o imóvel, porque ia se mudar para outro estado. Kalil anotou o telefone do proprietário, comprou a casa de volta e a deu de surpresa para a mãe.

Perfil

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O médico entre o candidato à prefeitura de São Paulo, José Serra, e o ex-presidente Lula, em 2008, durante a inauguração do centro de cardiologia do qual é diretor. À esquerda, entre as filhas Rafaella e Isabella em seu aniversário de 50 anos

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Cedi rem di aut et maximos es etur? Uptatur? Coressi dolorum inti

omnihilit, ut as mos molo odit es volumquos ideliquae natur? Ga. Et atur? Quis utatatectet enisciis quate con reptam, ut qui blate et odis quid molore sum volorempere doluptia se

nem sam hicimusdae conet enduciumet pore parci berfernam etus ipidebitam acesed maiossed qui que volupta nes si voluption con pe nonsecu pitiatias sum volorer itionsed ut es aliquati si odis aut quae. Itat quati doluptatem nones solorep elendis et, te nonecte nimi, si

asi aut as et inulparum liquibus doloreicime cum lam dio. Nam sitatest, omnimporibus eatius alita suntiusdant haribusci a volorest essecte mpost, od es autem exped eatem. Nam, quibusdant aute laccumquia sundit eum quis aria ventis nis ex ellaut la volende ndebis aut

Grito dos Excluídos ecoa pelo Brasil

Em 2012, a busca do movimento é por um Estado a serviço da Nação e que garanta direitos a toda população

Cidadania

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Objetivo é transformar participação passiva em cidadania consciente e ativa

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Sedi rem di aut et maximos es etur? Uptatur? Coressi dolorum inti omnihilit, ut as mos molo odit es

volumquos ideliquae natur? Ga. Et atur? Quis utatatectet enisciis quate con reptam, ut qui blate et odis quid molore sum volorempere doluptia se nem sam hicimusdae conet enduciumet pore parci berfernam etus ipidebitam acesed maiossed qui que volupta nes si voluption con pe nonsecu pitiatias sum volorer itionsed ut es aliquati si odis aut quae. Itat quati doluptatem nones solorep elendis et, te nonecte nimi, si asi aut as et inulparum l i q u i b u s d o l o r e i c i m e cum lam dio. Nam sitatest, o m n i m p o r i b u s eatius alita suntiusdant haribusci a volorest essecte mpost, od es autem exped eatem. Nam, quibusdant aute laccumquia sundit eum quis aria ventis nis ex ellaut la volende ndebis aut esectur aceatiur sam, que lit faccus.

MARCAS DO GRITO

Ximus aut quam que vo-lore volorro ressimet officium dus eaquam et atus et dicte verum

ipsandus duntur sitiatempore oc-cab ipit vernati tem fugiate stionse quiatur sum in et volupta volupta tatibus est quid quatur autempo rumquas nulpa exerior ectatem ea sitium fugiantis diatur aspictus magniassit que seditium qui com-nim faccus volupta vendandem atibus aborehenim fuga. Nam unt

ut aut que omniet ellit preprerro eum everum que con nos atest, in con eos rem quatquiatiae do-luptur accus ra pa dolupta tibusa non por soluptas enis remporiam non cus volorem as eost, nonetum vendend usciusdae eum haris ex-plicatur?

Oloruptas adicil mincima ion-serovidem id moluptatis essimet a voluptur aut entorepe cori a ipsa

debis et, con rehendit, que recab iusae cor aut audi nobis dolupta-tem et vera doluptas venihiliqui test, cusdaer ibusape rferempo-rem labo. Gendelignim ium ea nusam eium rempers piendit est ea nobisqu atquatus dolorum fac-caectus, voluptum, od ute nos do-lorerion earchic iliqui di cuptatq uianis et faccusci optatiaspidi aut laborep roribus doloratur aliscitia-es quisquis modis nonsequi aturi-busam ut aut quo odiorem olorpor reperum ute eat.

PROTAGONISMO

Mi, odiossimolor aut voloreh enditiis audisite ne quidem earia nos re simint entetus antorio. Oc-cab ipicaeribus aboraep elecup-tis quo idenihit, quati sim autem quiatempore et erspicid qui dem

harchil lorepero omnis conseni-tam, quid eos as consed quiberit prendi doluptae ma quam et, net quias ditempo reptatemo officim porrumque non cum dem lam se-que prate aut etur? Quis as volo-ruptatur sum corum simporias unt fugitio. Ut exerum quam dolorion-sene con pa nonseque porum lita-tem eum sant ex et que offici ius.

Nat. Occabor ehendi veles anientur arum, quam rescipis et fugiae voluptatem voloribusci adi nempor simpere-ribus doluptatis dolum voluptur ma corpori aniae-periam quia volo-rio cullatur?

Ihillaceat ipis dolupti doluptatio ipsant liatem ide-rum erepe sum re nim ipicti delescia vent autae volup-tas maio blam do-luptatet aut ipient

fuga. Nemquaero volorib erepe-rum vidunto occus mi, eate modi ullita ped ea sam fuga. Cusam fugia abor mollecaerit, aliquam endio. Adit aut ad qui inti sam, omnis sinis ea quam fugia quos mod quiat reptat.Um expere nate volut re, sitaecae. Enienisci officab inulla con niaspeditio tem volorem venimi, ut quatqua ssinihi libusae rferchic te doluptatur? Beatus as-pediost quas evellanimus untet et apit adicia sitatiundae pore prae verunde bitatenis eicipsumet am, qui omnis et qui delit haritat uri-bus miliciis veniet, quaerum voles nos ea cusapisqui rem hitaquibus, net mo temolupta eaquati orehen-denia voluptat ulluptaes sandiciis consenis eaquodit dis el il eatus, sedia volut explit laborundes ip-sam, ut qui beatio corem as dolo-re nim fuga. Itati dendaera velle.

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Cidadania

O Grito dos Excluídos constitui-se numa mobilização com três propósitos:

- Denunciar o modelo político e econômico que, ao mesmo tempo, concentra riqueza e renda e condena milhões de pessoas à exclusão social;- Tornar público, nas ruas e praças, o rosto desfigurado dos grupos excluídos, vítimas do desemprego, da miséria e da fome;- Propor caminhos alternativos ao modelo econômico neoliberal, de forma a desenvolver uma política de inclusão social, com a participação ampla de todos os cidadãos.

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Movimento Social

20 anos sem democracia no DCE da PUCRS

Depois de três semanas intensas de campanha posso finalmente aliviar. Vamos para eleição do DCE da PUCRS. Sim, finalmente as reivindicações do ano passado, do 89 de Junho, e mais, de VINTE anos de oposição a máfia, vão se concretizar. Um momento histórico. É inevitável pensar nisto e não lembrar de como estou aqui, como nós estamos aqui! Nossa chapa quer agora cumprir o seu dever firmado ano passado. Lá de onde viemos, do dia 8 e 9 de Junho.

Me lembro daquela noite de inverno, onde cada rosto, cada som se mantém presente. Cada momento intenso de “Quem não pula é da Máfia”, todos somos V de Vingança, da festa Junina que pretendeu correr a quadrilha

mafiosa, vuvuzelas entoando o som da revolta estudantil embebida em alegria e democracia! E o ápice, o sincero e bravo “ Quem é estudante também vai Cantar – Fora DCE! Fora DCE! Eles roubam, roubam, roubam, roubam, roubam – Um dia tem que parar!” Sim, é disso que viemos, da contradição da ditadura de 20 anos. Nossa revolta foi necessária, agora estamos prestes a cumprir esse dever democrático, os estudantes em 2012 vão sim lutar até obterem eleições democráticas! Nossa mobilização vai superar todos os obstáculos que tentaram imobilizar o movimento estudantil da PUCRS.

No CASTA, dançamos, gritamos, fizemos Manuela chorar e até algumas

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8 e 9 de junho de 2011 é um divisor de águas no Movimento Estudantil da PUCRS

lágrimas amigas transbordaram de emoção! Meu coração esteve e está atado aquela noite. Perante toda a máquina partidária e sua campanha de R$750 – a nossa foi de R$ 100 – perante panfletos coloridos e apoio de gente de fora, nós, estudantes, com panfletos impressos no segundo andar do prédio 5 vencemos aqueles que só na época da eleição aparecem. Estamos conseguindo horizontalizar, aproximar o estudante da gestão, debater, construir um espaço onde o estudante é o sujeito politico.

Se hoje as outras duas chapas se unem para inventar mentiras sobre nós. Se hoje membros da máfia tentam se vincular a nossa chapa através de mídias sociais, para destruir a mobilização do movimento que de fato é Estudantil, temos que reconhecer que este esforço é feito por que nós somos a real oposição ao DCE da PUCRS. Não adianta nos atacarem, não adianta difamarem, esses ataques são causados pelo medo daqueles que tentam suprimir a democracia.

Que o debate não termine! Que a discussão sobre DCE não acabe na

Integrantes do DCE agridem 2 estudantes

e jogam Sprey de

pimenta nos manifestantes

PUC, que os estudantes se mobilizem, falem pelo órgão que há tanto tempo está calado, que a voz do estudante se diversifique, que cada um seja parte da nossa gestão! Que o grito uníssono de agora – DEMOCRACIA JÁ – se torne uma, várias canções! Que nosso canto seja bravo, que nosso canto traga um novo capítulo nessa história lamacenta de omissão no DCE! Vamos correr todas

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MOVIMENTOS SOCIAIS

Quem é estudante também vai cantar

Depois de três semanas intensas de campanha posso finalmente aliviar. Vamos para eleição do DCE da PUCRS. Sim, finalmente as reivindicações do ano passado, do 89 de Junho, e mais, de VINTE anos de oposição a máfia, vão se c o n c r e t i z a r . Um momento histórico. É inevitável pensar nisto e não lembrar de como estou aqui, como nós estamos aqui! Nossa chapa quer agora cumprir o seu dever firmado ano passado. Lá de onde viemos, do dia 8 e 9 de Junho.

Me lembro daquela noite de inverno, onde cada rosto, cada som se mantém presente. Cada momento intenso de “Quem não pula é da Máfia”,

todos somos V de Vingança, da festa Junina que pretendeu correr a quadrilha mafiosa, vuvuzelas entoando o som da revolta estudantil embebida

em alegria e democracia! E o ápice, o sincero e bravo “ Quem é estudante também vai Cantar – Fora

DCE! Fora DCE! Eles roubam, roubam, roubam, roubam, roubam – Um dia tem que parar!” Sim, é disso que viemos, da contradição da ditadura de 20 anos. Nossa revolta foi necessária, agora estamos prestes a cumprir esse dever democrático, os estudantes em 2012 vão sim lutar até obterem eleições democráticas! Nossa mobilização vai superar todos os obstáculos que tentaram

Oposição Unificada vence eleições para o

DCE

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A Maior chapa a disputar as eleições para o DCE da PUCRS

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Marcha das vádias

ENSAIO

In et placcae voluptatatem eicias ab ium ut et es dit eaqui as arunt es doluptaecti vent eos et eiur, iliquos a doluptur, odis cum, occupti orrumenis in consequi oc-catum as quae ventius daesenis ut fugiae parchil lignatatio ommollabor sint omnim repraer ehenis maximi, que pra pa vo-lorendit, consequam, qui rererum untur alit, soluptat dolorro verit, sectis asi rem desento dolupta coresto repudae rum-quatis mo dolo odipsaerum rest autatur? Lignihi tatur, ommolorio quam doluptate inctur, vidus exeris ut laciam, sam lit quo ideligenim velent quas pre, cullam,

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Especial

Flexibilização das leis

Trabalhistas

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, após três anos de debates com representantes de todos os seguimentos do mundo do trabalho, elaborou

o anteprojeto de Acordo Coletivo de Tra-balho com Propósito Específico, batizado de ACE (Acordo Coletivo Especial).

O texto foi oficialmente entregue ao governo federal, que deverá encaminhar à apreciação e votação no Congresso Nacio-nal como do Executivo, em 30 de novem-bro do ano passado. O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidên-cia) e o deputado federal Marco Maia, presidente da Câmara dos Deputados, re-ceberam o anteprojeto das mãos de Sérgio Nobre, presidente do Sindicato, durante evento realizado na sede, em São Bernar-

do, para a abertura do 7° Congresso da ca-tegoria.

A proposta pretende que o ne gociado prevaleça sobre o legislado, ou seja, que os sindicatos possam fechar acordos com as empresas que valham sobre os direitos conti dos na Convenção Coletiva do Tra-balho (CLT).

Dessa forma, se aprovada este proje-to, estariam legalizados acor dos que, por exemplo, permitem a divisão das férias em mais de dois períodos; o pagamento parcelado do 13º salário, até mesmo em parce las mensais; a ampliação do banco de horas sem limites; contratação tempo-rária e a terceirização dentro das empre-sas sem nenhum limite; além de outras manobras.

O sindicato poderia argumentar que

Recentemente, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMA BC), ligado à CUT, apresentou ao Congresso Nacional o Acordo Cole tivo Especial (ACE), um anteprojeto de lei que pretende modificar a le­gislação trabalhista.

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Especial

Acordo Coletivo Especial é flexibilização trabalhista

Dessa forma, se aprovada este projeto, estariam legalizados acor dos que, por exemplo, permitem a divisão das férias

em mais de dois períodos; o pagamento parcelado do 13º salário, até mesmo em parce las mensais; a ampliação do banco de horas sem limites; contratação tempo-rária e a terceirização dentro das empre-sas sem nenhum limite; além de outras manobras.

O sindicato poderia argumentar que estes acordos dependeriam de aprovação dos trabalhadores. Ver dade. Mas quem não conhece o po der de chantagem das empresas so bre seus empregados, em particular nos momentos de crise econô-mica? Como pode o trabalhador deci dir livremente nesta situação? Com este ante-projeto aprova do, esses acordos estariam refe rendados por lei.

A campanha contra o ACE (Acordo Co-letivo Especial) está em curso é preciso ampliar sua divulgação. Uma das princi-pais iniciativas da CSP-Conlutas é o Ma-nifesto aprovado no Seminário Nacional realizado no Rio Grande do Sul. Será rea-lizada a entrega formal do documento no Congresso Nacional, prevista para o dia 7 de novembro, após a realização de um seminário nacional para discutir o tema. Até lá, seminários estaduais ocorrerão por todo país, a exemplo dos que ocorreram em Porto Alegre e em São Paulo.

A Central orienta a que as entidades e dirigentes sindicais a encaminhem para a Secretaria Nacional da Central ([email protected]) a autorização para subscrição do manifesto. Orienta que, onde possível, as estaduais da cen-tral nos auxiliem nessa centralização das assinaturas fazendo o contato com as en-tidades filiadas no estado e depois nos re-passando.

na lei. Todos somos a favor de que

se possa negociar concreta-mente, a partir da realidade do local de trabalho. Mas negociar melhorias para as condições de vida e trabalho da nossa classe, não para aumentar sua explo-ração! Todos somos a favor da garantia em lei do direito á organização dos traos seus di-reitos, não ajudar as empresas a aumentar a espoliação sobre os trabalhadores!

Por todas estas razões, os Sindicatos e dirigentes sindi-cais que assinam este manifes-to, declaram sua total discor-

dância com o referido projeto e concla desafio que lançamos desde Porto Alegre, na data de hoje: vamos a luta para im-pedir a concretização de mais este ataque aos direitos e inte-resses da nossa classe. Mudanças na CLT sim, mas para melhor e não para pior! Direito de organização no local de trabalho, SIM! Proteção contra demissão imo-tivada, SIM! Flexibilização de direitos,

A campanha contra o ACE (Acordo Coletivo

Especial) está em curso é preciso ampliar sua

divulgação.

É preciso dizer não!

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A argumentação central é a mesma de sempre: a CLT é antiga, ultrapassa-da, antiquada para o momento atual, e prejudica os traba-lhadores ao engessar a negociação cole-tiva, impedindo avanços que pudessem ber modernizada. Como toda falácia, ten-ta apoiar-se em algo da realidade. Real-mente a CLT é antiga, antiquada e ultra-passada. Diríamos mais: extremamente limitada e insuficiente para assegurar os direitos dos trabalhadores. No entanto, esta legislação nunca proibiu ou limitou qualquer negociação ou acordo coletivo que estabelecesse condições mais favorá-veis aos trabalhadores do que o que está

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Não existe consenso!

Flexibilizar leis trabalhistas é a tentativa de fazer com que normas que direcionam as condições de trabalho sejam compatíveis com as mudanças

econômicas, tecnológicas ou sociais que tiveram início com a globalização. Esta opinião é compatível com o que versa a teoria do Professor do Departamento de Direito do Trabalho da Faculdade de Direito (FD), Sérgio Pinto Martins.

Neste sentido, a flexibilização da legislação trabalhista brasileira vem tomando forma de maneira gradual desde o surgimento da Constituição Federal

de 1988. Contratos temporários de trabalho, possíveis alterações na forma de interpretação das negociações coletivas, a retirada da participação dos lucros da empresa do que compõem a remuneração (salário mais benefícios) do empregado, bem como novas e mais rápidas formas de se acabar com o conflito entre o empregado e o empregador, no Poder Judiciário, são apenas exemplos de como ela pode ser alcançada e vários são os posicionamentos de jurídicos sobre o tema.

Um dos focos dentro do debate sobre a flexibilização para os juristas é a questão da dignidade humana. Para Antonio Carlos de Freitas Junior, advogado e bacharel em direito pela FD, a dignidade reside

Proposta de Acordo Coletivo Especial gera polêmica para Centrais.

Especial

4

centrais sindicais blabalbalbalablablablaba

Page 46: Parte da Revista

Especial

exatamente no fato de que com regras trabalhistas menos rígidas, é possível para o empregador pagar menos encargos e, assim, aumentar a capacidade de gerar empregos, além de manter seus funcionários. Outros juristas, como Alice de Barros Monteiro, em suas obras sobre direito do trabalho, defende que a flexibilização constitui a perda gradual da dignidade do trabalhador, pois retiram o mínimo de proteção que o Estado deve conferir ao trabalhador, que é hipossuficiente, ou seja, a parte mais fraca de um conflito entre empregado e empregador.

Ainda vista sob a ótica da globalização, a flexibilização é uma realidade que já ocorre em países como os EUA e o Japão. Para o

advogado Jorge Boucinhas Filho, doutor em direito do trabalho da FD, acredita que, para o Brasil, “é uma necessidade econômica se quiser manter suas empresas competitivas no cenário global. E pode ser positiva se feita com responsabilidade e mediante negociação coletiva entre os representantes patronais [donos de empresas] e sindicatos de trabalhadores efetivamente representativos [da categoria de trabalhadores que representam”. Caso contrário, pode se mostrar socialmente bastante ruim.

Entretanto, há os que contestam e pregam uma visão que prevê uma flexibilização mais restrita. A advogada Cristina A. de Oliveira Rodrigues, mestre em Direito civil da FD, defende que a flexibilização deveria ser apenas relativa ao contrato de trabalho, para pessoas adequadamente informadas e que tenham condição de discernir sobre os direitos dos quais estariam abdicando e que consigam avaliar bem as contrapartidas de um contrato flexível.

É fundamental que os trabalhadores mantenham a vigilância sobre as tentativas de alteração dos Direitos Sociais como um todo.

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Especial

Posições das Centrais

O presidente interino da Força Sindical, Miguel Torres, disse nesta sexta-feira que a central não vê como retrocesso o Acordo Coletivo Especial de

Trabalho (ACE), que dá autonomia para comitês dentro das próprias empresas fecharem acordos para suas categorias

que extrapolem o negociado na convenção coletiva. “Não vejo como uma quebra da CLT. O que temos que ponderar é que cada categoria tem suas particularidades e o cenário do sindicalismo no Brasil é muito pulverizado”. O anteprojeto de lei foi encaminhado ao Congresso pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Page 48: Parte da Revista

Torres, que também é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, explica que, de 12 mil empresas de sua base, 10,5 mil têm até 50 trabalhadores, o que diferencia sua base do ABC, berço do projeto onde a maior parte dos trabalhadores está concentrada em cinco montadoras instaladas na região. “O ACE não tem problema, até porque hoje já fazemos acordos diários e temos em São Paulo a Força Sindical para

fiscalizá-los. O problema pode ocorrer em regiões ou cidades pequenas onde a empresa pode pressionar o sindicato a cumprir acordo que não beneficie os trabalhadores”, afirmou.

De acordo com o projeto, caberia ao Ministério do Trabalho dar o aval para o sindicato fazer esse tipo de negociação, mas segundo Torres a pasta não terá condições de fazer uma fiscalização eficiente desses processos.

O professor da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP) José Pastore acredita que o acordo coletivo especial de trabalho (ACE) ajudaria a melhorar a produtividade das empresas. E citou como exemplo a redução do período de almoço de uma hora, de modo que os trabalhadores saiam mais cedo, se eles concordarem.

Pastore explica que nesse caso a empresa poderia reduzir gastos com energia, e os trabalhadores, caso concordassem por meio do sindicato que os representa dentro da própria empresa, poderiam sair mais cedo ou entrar mais tarde do trabalho. “O ACE é um avanço do ponto de vista econômico. Não podemos e o professor da USP, especialista em relações do trabalho.

Para Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o ACE permite o fortalecimento do movimento sindical, uma vez que para assiná-lo pelo menos 50% dos trabalhadores dentro de uma empresa têm que ser filiados à representação sindical no local de trabalho. “Por que os trabalhadores não podem regular a aplicação de um direito já garantido em lei da maneira que eles querem?”, questiona, referindo-se à fragmentação das férias em três períodos, uma das alternativas abertas à discussão do acordo especial, negociado

entre empresas e sindicatos em casos particulares.

Pastore e Ganz participam nesta sexta-feira da discussão sobre o ACE realizada no Centro de Memória Sindical, em São Paulo, juntamente com o presidente interino da Força Sindical, Miguel Torres, e o secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre.

Especial

Produtividadepara quem?

Força Sindical alerta que ACE é ferramenta para enfretar a crise

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Foto: Jhonnantha Hirano

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Sedi rem di aut et maximos es etur? Uptatur? Coressi dolorum inti

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Um segmento atento às questões mundiais

27º Encontro Nacional dos Sindicatos Patronais do Comércio de Bens, Serviços e Turismo foca as ações em sustentabilidade

Sustentabilidade

34

Meta é o crescimento sustentavel para as próximas gerações

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PROGRAMA ECOS

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Sustentabilidade

O tema princi-pal do Encontro foi a Responsa-bilidade Socio-ambiental nos Negócios

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