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Parar por quê ANO 31 - Nº 1.617 - R$ 2 GOIÂNIA, 1º A 7 DE ABRIL DE 2018 Linha Direta - Página 3 Páginas 4 e 5 Página 2 Classe policial apresenta seus nomes ELEIÇÕES 2018 ENTREVISTA FRANCISCO JR Lugar de aluno no Dia Nacional do Circo é no circo. Dia 27, cerca de 800 estudantes de Goiânia foram ao Circo Laheto para ver o espetáculo “Circo, Magia e estripulias”. Sobre o Dia Mundial de Conscientização do Autismo Montovani Fernandes EX-GOVERNADORES DE GOIÁS PROVAM QUE IDADE NÃO É EMPECILHO PARA VOLTAR À ATIVA OU MANTER-SE NO PODER. DISPUTANDO CARGOS OU NOS BASTIDORES, MOSTRAM COMO O NOVO E O VELHO SÃO DISCURSOS QUE SOBREVIVEM ÀS CAMPANHAS. Páginas 6, 7 e 8 e Carta ao Leitor C ESCOLA ESCOLA candidato majoritário “PSD decidirá mais à frente” ARTIGO Você não tem culpa Irapuan Costa Júnior, Marconi Perillo, Iris Rezende e Maguito Vilela em frente ao Palácio das Esmeraldas

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Parar por quêANO 31 - Nº 1.617 - R$ 2

GOIÂNIA, 1º A 7 DE ABRIL DE 2018

Linha Direta - Página 3Páginas 4 e 5

Página 2

Classe policial apresenta

seus nomes

ELEIÇÕES 2018

ENTREVISTA FRANCISCO JR

Lugar de aluno no Dia Nacional do Circo é no circo. Dia 27, cerca de 800 estudantes de Goiânia foram ao Circo Laheto para ver o espetáculo “Circo, Magia e estripulias”.

Sobre o Dia Mundial de Conscientização do Autismo

Montovani Fernandes

EX-GOVERNADORES DE GOIÁS PROVAM QUE IDADE NÃO É EMPECILHO PARA VOLTAR À ATIVA OU MANTER-SE NO PODER. DISPUTANDO CARGOS OU NOS BASTIDORES, MOSTRAM COMO O NOVO E O VELHO SÃO DISCURSOS QUE SOBREVIVEM ÀS CAMPANHAS. Páginas 6, 7 e 8 e Carta ao Leitor

CE S C O L AE S C O L A

candidatomajoritário

“PSD decidirá

mais à frente”

ARTIGO

Você não tem culpa

Irapuan Costa Júnior, Marconi Perillo, Iris Rezende e Maguito Vilela em

frente ao Palácio das Esmeraldas

Carla LacerdaUma francesa descreveu em 2012 algo que eu

nunca sonhei que vivenciaria, ainda que anos mais tarde do que ela. No documentário “O cére-bro de Hugo”, Brigitte Et Cyril foi direta. “É muito difícil não estar em uma relação com o seu pró-prio fi lho. Nós nos sentimos julgadas e defi cien-tes no nosso papel de mãe”.

Ela tinha razão e era, exatamente assim, que eu me sentia: impotente, perdida, e não raras ve-zes, culpada. Por que eu não conseguia brincar com meu fi lho de 2 anos? Por que ele não se inte-ressava pelas fi guras de animais que eu mostrava e colava na parede da nossa sala? Por que ele não atendia quando eu o chamava pelo nome?

Olhares alheios, enviesados, serviam como resposta silenciosa que se tenta esconder, mas que não se furta de vir à tona. Abruptamente ex-clamadas. “Vocês, pais, o mimam demais!” “Vocês não estão dando oportunidade para ele pedir as coisas!” “Isso é superproteção!”. E, em meio a tan-tas suposições e poucas certezas, meu coração se angustiava ainda mais. Só. Extremamente só.

O período que antecede um diagnóstico de autismo é realmente confuso. Muitas desconfi an-ças, comparações, a vontade de negar o que se vê, a busca incessante por informações. Mas creio que é exatamente neste momento, quando se está ávi-do por desbravar a realidade que se insinua - seja por meio de livros, de sites, fi lmes e, claro, consul-tas com profi ssionais da área de Saúde - que co-meçamos a deixar a solidão para trás. Sim, é mui-to provável que o luto ainda esteja presente nesta fase. Na verdade, pode ser que ele demore a fi ndar – cada um tem o seu tempo; não vamos aqui en-trar neste mérito. Mas o “compartilhar experiên-cias” tem um trunfo poderoso: ressignifi ca nossa dor e nos faz caminhar de mãos dadas.

Brigitte Et Cyril não está só. Nunca esteve. Na época em que foi lançado “O cérebro de Hugo”, obra que mistura fi cção a depoimentos reais de pais e pessoas com a Síndrome de Asperger (con-siderado um grau mais leve do autismo), a estima-tiva era de que existiam 600 mil autistas na Fran-ça, dos quais 100 mil crianças. No documentário de 97 minutos há várias dúvidas que pululam de

mentes diferentes. Temas como peregrinação por um diagnóstico correto, inclusão escolar, tipos de tratamento, relações interpessoais, amizade, na-moro, trabalho. E tudo isso cruza fronteiras, paí-ses, oceanos. Chegou ao Brasil. Chegou até mim.

Assim como Brigitte, também não estou só. Seja durante um café da tarde com a Amanda ou numa gravação de vídeo animada com a Bruna - todos esses compromissos marcados, claro, du-rante o momento em que nossos fi lhos estão em terapia. Não estamos só. Dividimos as mesmas angústias e inquietações, alegrias e tristezas, e até perdas de cabelos, horas de sono, mas também sorrisos arrancados de uma proeza inusitada do rebento. Experiências semelhantes à de outras milhares de famílias brasileiras – em nosso País, não existem dados ofi ciais, mas trabalha-se com o número, sabe-se que subestimado, de 2 milhões de autistas.

Sim, creio que é muito mais do que você ima-ginava, e, acredite, as estatísticas têm aumentado cada vez mais. Recentes estudos do Center of Di-seases Control and Prevention (CDC) – órgão nor-te-americano próximo ao que representa nosso Ministério da Saúde – apontam que para cada grupo de 68 pessoas, uma é autista.

Por isso, deixo meu recado fi nal a você, mãe, que acabou de receber um diagnóstico como aquele que recebi em 2015. Não é o fi m do mundo. Essa dor vai passar. E, não, você não tem culpa de nada. “Nós nos sentimos julgadas e defi cientes no nosso papel de mãe”. Você não precisa carregar a afl ição que Brigitte carregou. A ciência já provou que, a despeito do que alguns teóricos propala-ram há alguns anos, a causa do autismo é biológi-ca. B-I-O-L-Ó-G-I-C-A. Você não superprotegeu seu fi lho, não o mimou demais, não deixou de colocar limites ou o traumatizou. Não se esqueça: a pala-vrinha que faz toda a diferença nesse processo é muito mais cur-ta e simples: A-M-O-R!

Carla Lacerda é mãe do João Lucas,

jornalista e escritora

CARTA AO LEITOR

Esta edição da Tribuna acabou virando um especial sobre o novo na política. Confesso: a pauta cumprida pela Daniela Martins foi pensada, debatida e executada com cuidado e carinho. Pode conferir: ela escreve que dá gosto. Mas o resto é o resto. Veio na sequência. E por consequência, pode-se dizer.

O tema é antes de tudo um paradoxo. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Há tanto tempo cubro eleição, que até já perdi a conta de quantas reportagens, análises e outras avenças vi materializar aqui mesmo, no jornal. Mas é sempre uma novidade. Sim, estou falando sério. Não, não podia evitar o velho trocadilho. Nem este. Hábito, que é coisa... Deixa pra lá.

Houve um tempo em que impliquei com essa coisa da renovação na política. Conversa fi ada, eu pensava. E era. Mas nem tanto. Porque há um encantamento aí: se a gente parar pra pensar, em campanha é a forma, e não o conteúdo, que manda. Não deveria ser o contrário? Acho que campanha tinha que ser o contrário: valer mais o concreto, e menos, muito menos, o circunstancial. Mas quem sou eu, nos meus meros cinquenta anos, para tratar do que Maquiavel tratou há 500?

A Tribuna também é nova e é velha. É nova por se renovar toda semana. Por não se acomodar. Por buscar o olhar diferente, a perspectiva renovada, a informação precisa. Por não se conformar. E por se orgulhar da tradição que carrega, expressada nos seus mais de 30 anos de existência, em um caderno como o Escola e nos concursos de redação Goiás na Ponta do Lápis.

A Tribuna não para. Parar por quê? Se você for novo por aqui, fi que à vontade, sinta-se velho de casa. E boa leitura.

Vassil Oliveira - Editor

Assim, assim

Acho que eles estão colhendo o que plantaram”sobre o ataque a tiros sofrido pela caravana de Lula no Paraná

Geraldo Alckmin,governador de São Paulo

sFrase daemana

Editado e impresso por Rede de Notícia Planalto Ltda-ME - WSC Barbosa Jornalismo - ME

Fundador e Diretor-Presidente Sebastião Barbosa da Silva [email protected]

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Repórteres Fabiola [email protected]

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Projeto Gráfi co e DiagramaçãoMaykell Guimarã[email protected]

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Fundado em 7 de julho de 1986

ESFERA PÚBLICA

Você não tem culpa2 de abril - Dia Mundial de Conscientização do Autismo

Secretário de Educação de Goiânia e presidente da União Nacio-nal dos Dirigentes Municipais Regional Centro-Oeste, Marce-lo Ferreira da Costa (direita) participou na semana passada de evento Palácio do Planalto representando todos os secretários do Brasil no ato de liberação de recursos para o Programa Mais Alfabetização, que prevê um professor auxiliar para ajudar a alfabetização na idade certa. A alfabetização deve ser realizada até o segundo ano segundo a Base Nacional Comum Curricular.

Divulgação

GOIÂNIA, 1º A 7 DE ABRIL DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br2

TrabalhoA indicação do ex-deputado federal Armando Virgílio pelo Solidariedade como novo secretário de Trabalho de Goiás pode fazer com que o PDT de George de Morais se aproxime de vez da oposição. O partido queria a pasta.

RetomadasDepois de quase um ano paralisadas, as obras do BRT Norte/Sul foram retomadas em cerimônia ocorrida em Goiânia. O ministro Alexandre Baldy (PP), responsável pela liberação dos recursos que permitiram a volta dos trabalhos, esteve presente.

CelebrouO deputado federal Marcos Abrão comemorou a decisão da cúpula nacional do PPS, seu partido, em apoiar a candidatura do tucano Geraldo Alckmin na disputa pela presidência. Faz com que a decisão do diretório regional siga o mesmo rumo.

LamentouQuem não gostou da decisão do PPS foi o senador Cristovam Buarque (PPS-DF), que planejava sair candidato à presidência este ano. Como foi preterido por seu partido, ele afi rmou que poderá deixar a vida pública ao fi nal de seu mandato.

LimpoO Ministério Público Federal pediu na última semana o arquivamento da investigação contra o governador Marconi Perillo (PSDB) no caso da Operação Decantação. De acordo com a sindicância, não houve provas que incriminassem o tucano.

BitcoinO vereador Carlin Café (PPS) defendeu, em sessão na Câmara de Goiânia na última semana, o pagamento de tributos municipais com criptomoedas...

AlegriaA proposta do vereador da região do Parque Atheneu gerou risadas entre jornalistas e vereadores que acompanhavam a sessão.

InsatisfaçãoO veto do governador Marconi Perillo (PSDB) em relação às emendas dos deputados estaduais continua gerando reclamações dos parlamentares.

DesmerecidoUm dos que mais têm criticado o veto é o deputado Luis César Bueno (PT), que afi rma que o governador desmerece o Poder Legislativo.

BasesAs bases do deputado Daniel Vilela e do ex-governador Maguito Vilela falaram mais alto na decisão de Iris Rezende em apoiar seu nome na disputa deste ano.

Dona IrisAfi nal, ambas irão trabalhar em prol da eleição da ex-deputada Iris de Araújo, que pretende voltar à Câmara dos Deputados.

ReencontroCandidatos a prefeito e

vice-prefeito de Goiânia nas eleições de 2016, o ex-prefeito de Senador Canedo Vanderlan Cardoso (PSB) e o ex-vereador por Goiânia Thiago Albernaz (PSDB) se encontraram na última semana.

DiscussãoNa pauta estavam assuntos

como futuro político de ambos (Thiago deverá se candidatar a deputado estadual neste ano, enquanto que Vanderlan avalia sair a federal ou até a senador), mas também o Plano Diretor de Goiânia.

Infl uênciaAmbos notaram que o

documento, apresentado neste ano na Câmara, conta com diversas propostas de Vanderlan e Thiago, como a criação de polos industriais e polos de desenvolvimento. Ficaram satisfeitos com o reconhecimento de Iris.

Além da esperada disputa pelo novo inquilino do Palácio das Esmeraldas, as eleições deste ano reservam uma disputa peculiar em suas fi leiras: a das candidaturas ligadas às polícias civil e militar, que deverão ser de número recorde neste ano, com mais de 20 nomes. A Polícia Civil terá ao menos quatro nomes fortes disputando cadeiras na Assembleia e na Câmara Federal. Na Alego a disputa deverá ser entre os delegados Eduardo Prado (PV) e a já deputada Adriana Accorsi (PT-foto). Além deles, quem também pode se candidatar é o Delegado Marcos Martins, suplente na Casa, e a escrivã Keithe Amorim, de Jataí, que poderá pintar como surpresa. Na disputa pela Câmara dos Deputados dois nomes devem se eleger sem maiores difi culdades. São eles os delegados Waldir Soares (PSL) e João Campos (PRB). Na PM a disputa se concentrará mais na busca

por cargos na Assembleia. Pela oposição o nome mais forte será

mais uma vez o de Major Araújo (PRP), que buscará novamente a reeleição. Seu maior adversário interno na PM será Coronel

Adailton (PSDB), que tem forte ligação com o governador Marconi

Perillo (PSDB). Outro nome cotado para

concorrer pela Alego é o do tenente-coronel Alessandri da Rocha.

Polícias apresentam seus candidatos

sO deputado federal Fábio Sousa, que não garante permanência no PSDB, tem alardeado que conse-guiu mais de R$ 5 milhões em recursos para serem investidos prioritariamente na Segurança Pública do Estado. Destes, metade só para Goiânia.

Apesar do deputado federal Heuler Cruvinel (PSD) afi rmar que a relação entre ele, o deputado fede-ral Lissauer Vieira (PSB) e o ex-prefeito Juraci Mar-tins (PSD) estar indo muito bem, nos bastidores a informação não é essa.

Inglês ver

Verbas

O presidente da Câmara Municipal de Goiânia, An-drey Azeredo (MDB-foto), confi rmou que até o dia 1º de julho será publicado o edital do concurso para preenchimento de cargos da Casa. De acordo com ele, serão oferecidas mais de 70 vagas.

Com data

Já o secretário de Segurança Pública de Goiás, Irapuan Costa Júnior, anunciou novo concurso para preenchimento de 5.900 vagas na Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. O plei-to, entretanto, ainda não tem data para ocorrer.

Sem data

1 2 3

mídiasociais

O vereador Jorge Kajuru (PRP-foto) que viabilizou a construção do Centro do Diabético de Goiânia, afi rmou que ofereceram dar o nome de sua falecida mãe à unidade, como forma de homenageá-lo. Polidamente o vereador recusou. Com recursos da ordem de R$ 6 milhões repassados pelo Ministério da Saúde, o centro funcionará em prédio alugado em frente à Catedral Metropolitana de Goiânia.

Homenagem

dLinha“Não podemos nos estranhar”

Em relação às duas candidaturas lançadas por DEM e MDB na oposição

DONA IRIS,PRIMEIRA-DAMA DA CAPITAL

Fagner Pinho - [email protected]

DesavençasSegundo apurado pela coluna, apesar de estarem participando de eventos juntos e dividindo palan-que, a aproximação somente ocorreu em apoio à candidatura de Zé Eliton (PSDB). No fundo, as feri-das ainda não foram curadas.

3 GOIÂNIA, 1º A 7 DE ABRIL DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br

apoiar qual candidatura majoritária “O PSD irá decidir

Entrevista

Tribuna do Planalto Como o PSD está se organizando para a reta fi nal de fi liações, já que dia 7 de abril é a data limite? Considerando também que foram eleitos vários deputados estaduais pelo PSD em 2014 e agora, o pleito fi naliza só com o senhor no cargo pelo partido.

Francisco Jr. Olhando para o pleito de 2018, de certa forma, isso é bastante positivo. Porque o PSD é um partido grande, com tempo de televisão, com fundo eleitoral signifi cativo, diretórios em praticamente todos os municípios de Goiás, com bancada federal, com uma estrutura política respeitável, e por questões pontuais e pessoais elegeu cinco deputados estaduais e, neste momento, não tem nenhum deputado estadual com mandato para representar o partido. O que abre a possibilidade e fi ca bastante atrativo para possíveis candidatos sem mandato poderem participar das eleições de forma competitiva. Então, nós estamos recebendo diversas fi liações, estamos organizando o partido e devemos ter representantes das diversas regiões do Estado, candidatando a deputado estadual pelo PSD nestas eleições.

O PSD caminhará com a base aliada ou outros partidos e isso trará problemas sobre

Fagner Pinho

Um dos principais nomes de seu partido, o deputado estadual Francisco Júnior (PSD) afi rma, nesta entrevista concedida à Tribuna do Planalto, que, ao contrário do que muitas peças políticas pensam, sua sigla não

está indecisa. O PSD, explica, após decisão tomada internamente, irá defi nir mais para frente qual chapa majoritária irá apoiar dentre as três apresentadas até o momento, encabeçadas, por enquanto, pelo vice-governador José Eliton (PSDB), pelo senador Ronaldo Caiado (DEM) e pelo deputado federal Daniel Vilela (MDB). De acordo com ele, até o momento de tomar essa decisão, o partido permanece na base aliada, onde caminha desde sua criação. Durante a entrevista, Francisco Júnior também aborda outros pontos, como sua decisão de concorrer a uma cadeira na Câmara dos Deputados, sua ligação com a Igreja Católica, sua impressão de como José Eliton se portará quando assumir o governo estadual no próximo mês, a realidade dos deputados dentro da Assembleia Legislativa e a desfi liação do ministro da Fazenda, Henrique Meireles, do PSD, e sua consequente fi liação ao MDB para disputar a presidência da República. Confi ra a entrevista completa.

Entendo que José Eliton tem

uma oportunidade muito especial, a partir de 7 de abril, como governador do Estado, demonstrar seu jeito de governar e conseguir ganhar musculatura para disputar essa eleição

Deputado estadualJFrancisco

unior

uma possível indefi nição do partido na captação de novos nomes para substituição dos deputados estaduais que saíram da sigla?

Não, o PSD não está indeciso. O PSD irá decidir qual candidatura majoritá-ria apoiar mais à frente. Isso foi uma decisão interna do partido. Eu não percebo que isso esteja prejudicando o partido. Ao contrário, dá uma liber-dade muito grande a quem busca o PSD para poder se candidatar. É um processo o qual qualquer partido que disser que está plenamente defi nido pode incorrer em ter que voltar atrás. Então, na verdade, o PSD, a posição dos deputados, a posição do presidente, a posição dos membros do diretório é

conhecida e tem o acordo de democra-ticamente decidir qual candidato ma-joritário vamos apoiar um pouco mais à frente. O deputado Heuler Cruvinel afi rmou que existe uma diferença entre os deputados com mandato e a direção partidária. Existe essa diferença ou liberdade?

Existe uma liberdade e uma decisão interna, de tomar a decisão lá na fren-te no momento apropriado, que é no momento das eleições. Agora, há uma tendência natural de o partido per-manecer na base. O partido compõe a base de sustentação do governo, par-ticipou da base nas eleições passadas, compôs o governo todo este mandato, então, é natural que continue. Agora, o que não está acontecendo ainda é fa-zer esse apoio de forma plena, de papel passado, porque não tem como fazer isso, não aconteceram as convenções ainda. Agora, respeitamos, respeita-se a posição de cada membro do partido.

Entende-se que o PSD já está fechado com o vice-governador José Eliton, uma vez que na reforma administrativa o partido continuou com a pasta da Secima. O PSD decidiu por apoiar a base aliada ou não?

Como eu disse, o PSD só vai decidir mais à frente. O que o deputado Heuler disse à entrevista é que há uma pres-são para que essa decisão seja toma-

da agora. Vai sair agora no próximo sábado, então, ainda não foi tomada essa decisão, se acontecer isso em uma reunião – que pode acontecer na pró-xima semana – pode ser que a decisão seja tomada este mês. Por enquanto, o acordo interno é de só tomar a decisão fi nal mais à frente, em junho ou julho.

O que o senhor espera de José Eliton a partir de abril?

Entendo que José Eliton tem uma oportunidade muito especial, a partir de 7 de abril, como governador do Es-tado, demonstrar seu jeito de governar e conseguir ganhar musculatura para disputar essa eleição de forma vito-riosa. Então, ele vai ter uma grande oportunidade de ganhar musculatura, de conquistar apoios, demonstrando sua forma de governar governando. Nenhum outro pré-candidato vai ter essa oportunidade, todos vão dizer o que farão. Ele terá oportunidade de fazer. Então, eu penso que é uma opor-tunidade muito especial que hoje o vi-ce-governador, e daqui a pouco gover-nador, José Eliton terá para desfazer qualquer dúvida que paire em torno do seu jeito de governador.

José Eliton está decidido como nome do PSDB há mais de um ano. Durante esse tempo ele já conseguiu fazer um caminho de articulação e interlocução com deputados estaduais e federais, com toda a base do atual governo?

mais à frente”

4 GOIÂNIA, 1º A 7 DE ABRIL DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br

A Igreja (Católica) não tem candidato,

a igreja não é partido. Agora, eu sou católico, mas eu faço uma discussão muito tranquila com pessoas de outras religiões e de outra fé

essa discussão?Infelizmente, no passado, enxer-

garam a articulação para aprovar as emendas impositivas na Assembleia como se fosse algo contra o governo, e não é. É algo pró-Assembleia, é algo pró-poder legislativo. Hoje está claro, então percebe-se que existe a necessi-dade, o poder Legislativo tem que bus-car sua autonomia, suas condições de trabalho e não é nada, nenhum tipo de afronta ao Executivo. Ao contrário, na democracia nós desenvolvemos essa parceria com tranquilidade e acredi-to que deve ser aprovada agora e será muito bom para a próxima legislatura.

O ministro [da Fazenda] Henrique Meirelles anunciou a desfi liação do PSD e entrada no MDB a partir de abril. É um nome forte na disputa eleitoral para a Presidência da República?

Eu tenho uma grande admiração pelo ministro Henrique Meirelles. Com certeza, é um nome qualifi cado. Agora, para ser um nome forte eleito-ralmente vai depender muito do mo-mento político que o Brasil está, como a população vai entender, receber o nome dele. Acho que é difícil mensu-rar isso. Agora, é um nome qualifi cado, com certeza. Muito preparado, muito qualifi cado, um grande nome de re-percussão internacional que o Brasil tem hoje.

A chapa da base aliada tem José Eliton, Marconi Perillo para o Senado, Lúcia Vânia também. A outra vaga é do PSD?

Eu não sei se essa outra vaga, que está sobrando aí, é a de vice. O PSD plei-teia uma vaga na chapa majoritária, acredito que tem tamanho e impor-tância para isso, tem grandes quadros, mas eu entendo que tudo isso é um processo. Nós temos hoje ainda, como principal indicação nossa para majori-

tária, a vaga de candidatura ao Senado para Vilmar Rocha. Mas eu penso que está tudo aberto ainda, essa discussão. Todo esse diálogo – seja para o Sena-do, seja para vice, seja para ajudar no processo eleitoral sem compor a cha-

pa –, tudo ainda está por discutir. Eu penso que mais do que nomes, nós va-mos conversar sobre projetos. Qual é o projeto que nós queremos apresentar para Goiás nos próximos quatro anos? Eu, particularmente, acho isso muito mais importante do que dizer quem vai fi car na cadeira A, B ou C. Nós va-mos querer ser eleitos para que, para fazer o que pelo nosso estado?

Pensando como pré-candidato a deputado federal, o caminho a seguir seria na base aliada ou um alternativo?

O caminho natural é dentro da base. Eu imagino que toda essa discus-são vai começar a acontecer de forma mais objetiva em pouco tempo, não só com o PSD, mas com todos os parti-

dos. Mas o caminho natural é dentro da base aliada, no governo que nós já compomos há bastante tempo. A in-tenção é poder contribuir, colaborar nessa candidatura a deputado federal com o que a gente tem, com nossa his-tória, nosso trabalho, tudo aquilo que eu consegui reunir em todo esse tem-po participando da política. Nós vive-mos um processo político no Brasil hoje muito sofrido, muito doloroso, e tudo aquilo que eu defendo enquanto valores, neste momento, será discuti-do no Congresso Nacional. Então, se eu estou em um processo político que-rendo dar a minha contribuição, eu entendo hoje que o lugar apropriado é na Câmara. Todas as circunstâncias, as reformas que o Brasil precisa passar, a discussão que precisa acontecer está em Brasília. Então, se eu me acovar-dasse e não tentasse participar desse processo agora, nem eu nem minhas bases me perdoariam.

Qual a motivação para tentar se eleger deputado federal?

Então, a minha motivação de ir para o Congresso Nacional é para fa-zer uma discussão que eu considero a mais importante da história do país. O Brasil teve momentos muito impor-tantes de democratização, mas agora vamos chegar na maturidade. Então, vamos viver um momento profundo para discutir a maturidade da demo-cracia brasileira, com as reformas ne-cessárias, com as discussões necessá-rias, e eu quero participar disso.

O senhor é o candidato da Igreja Católica?

A igreja não tem candidato, a igre-ja não é partido. Agora, eu sou católi-co, mas eu faço uma discussão mui-to tranquila com pessoas de outra religião, de outra fé. A fé católica, a fé cristã me faz uma melhor pessoa e eu acredito que também me faz um me-lhor político, um melhor deputado.

Entrevista

O PSD pleiteia uma vaga na

chapa majoritária. Eu acredito que tem tamanho e importância para isso, tem grandes quadros

Política é muito dinâmica, mas eu penso que sim, tanto é que ninguém não o considera como candidato natu-ral. Quer dizer, então ele é considerado como candidato natural por todos que compõem a base, pelos deputados, pe-los partidos, e tem conseguido manter a base de sustentação do governo aglu-tinada. Considero isso como um ponto muito positivo.

Em relação à Assembleia Legislativa, este ano será complicado para votações importantes, visto que o quórum em ano eleitoral sempre é mais reduzido?

Esse é um problema histórico, mas precisa ser superado. Os deputados têm que separar a atividade parla-mentar do processo político-eleitoral, de campanha, que tem o tempo certo para acontecer, de acordo com a legis-lação. Então, nós temos, antes de tudo, que cumprir com nossos compromis-sos, e o eleitor também está atento. Eu penso que hoje existe muita oportuni-dade de saber o que cada deputado faz, redes sociais, imprensa. Então, eu te-nho certeza que o eleitor estará muito atento, acompanhando as atividades do seu deputado. Então, teremos quó-rum e as atividades da Assembleia vão acontecer normalmente.

O senhor encampou um grupo de deputados estaduais que tentou implementar as emendas impositivas em 2017. Neste ano, o presidente da Casa, José Vitti, já deu declarações de que estuda implementar esse projeto, depois que o governo estadual vetou todas as emendas apresentadas pelos deputados. Como o senhor vê

O PSD não está indeciso. O PSD irá decidir qual

candidatura majoritária apoiar mais à frente. Isso

foi uma decisão interna. Isso dá uma liberdade

muito grande para o PSD

5 GOIÂNIA, 1º A 7 DE ABRIL DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br

6 GOIÂNIA, 1º A 7 DE ABRIL DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br

Eles não param

Práticas enraizadas

NOVO & VELHO

EXPERIÊNCIA NÃO FALTA NO CENÁRIO POLÍTICO GOIANO. CONSAGRADOSNOMES PERMANECEM COMO PROTAGONISTAS. E AS NOVAS LIDERANÇAS?

LADO A LADO Registro histórico de Irapuan, Marconi, Iris e Maguito juntos, nos jardins do Palácio das Esmeraldas

PAULO FARIA “Pessoas com ideias devem ser resgatadas pelas gestões”

ADEMIR LIMA Saber a regra do jogo facilita manter o protagonismo na política

Daniela Martins

Ela não é muito de falar sobre política. Vê o recém-empossado Irapuan Cos-

ta Júnior confi denciar, na tevê, que aceitou o convite ao cargo de secretário da Segurança Pú-blica do Estado pelo ‘sentimento de dever’, e puxa pela memória:

– Ele foi governador quando eu era criança.

O tom é de surpresa. Aquele nome... Walquíria Brito, 40 anos, confeiteira, de repente volta no tempo. Quando Irapuan era go-vernador de Goiás, entre 1975 e 1979.

Mas os tempos não são ou-tros?

Iris Rezende Machado, 84 anos, prefeito de Goiânia. Ira-puan Costa Júnior, 80, secretário de Segurança Pública do Estado. Agenor Rezende, 74, anos, prefei-to de Mineiros. Maguito Vilela, 69, recém-saído da prefeitura de Aparecida de Goiânia. Qua-tro nomes. Quatro destinos que se encontram na dobra dos úl-timos anos na política goiana. Cinco, se acrescentarmos aí Mar-coni Perillo, 55, atual governador que está prestes a deixar o cargo, dia 7, para ser candidato a sena-dor. Seis, se consideramos que Alcides Rodrigues, 68, se prepara para disputar mandato este ano.

Em comum, todos já estive-ram – Marconi ainda está – na cadeira do mais alto cargo do Executivo goiano. Todos percor-reram uma longa trajetória na vida pública, deixaram legados, e permanecem na ativa, como protagonistas da vida política em Goiás. Quando a palavra da vez é ‘renovação’, em Goiás a ex-periência segue com força, ocu-pando espaço de destaque na política. Caminhamos por aqui na direção oposta?

Enfático, o marqueteiro po-lítico Ademir Lima afi rma que o problema é um só. Historica-mente, no Brasil, a renovação é para pior. E ele exemplifi ca: nas Assembleias, há quatro legisla-turas, as discussões, os temas, os conteúdos em pauta eram mais “palpitantes”. “ Os parlamentares eram mais bem preparados”.

O marqueteiro explica que, apesar da pulverização de facul-dades, não há uma preparação

para a vida pública. País capita-lista, aqui a formação é voltada para o lucro. Não há preparação para o pensamento político, es-tratégico.

Aliada ao despreparo está a falta de aptidão. Não é possível fazer, fabricar lideranças. Lide-rança, reforça Ademir, é nata. A consequência, diz, é a manuten-ção do poder. “Rotineiramente voltam os mesmo nomes”, ob-serva o marqueteiro.

Ademir vai de encontro ao senso comum. Não acredita na capacidade das redes sociais de mudar a política para melhor. Às vezes, salienta, nos arranjos partidários, até surgem um ou outro nome. “Mas esses nomes não são líderes. Tanto que logo desaparecem do cenário”, critica, apontando “fenômenos” como Deputado Valdir, Jorge Kajuru, “elementos alheios à política” e que, enfatiza, em “nada melho-

ram” a vida pública.Saber manter-se em campo

é outra vantagem do líder ex-periente, além, claro, do poder econômico. Assim, o sistema po-lítico brasileiro corrobora com sua permanência. Temos um sis-tema de práticas já enraizadas, conclui Ademir. “Eles [políticos experientes] jogam com a regra do jogo”. E permanecem ou re-tornam facilmente ao protago-nismo público.

A resposta para essa questão é plural. Não surgiram novas li-deranças. Não há preocupação em se formar jovens líderes. Quem sabe jogar o jogo políti-co permanece em campo e não

quer largar a bola. Especialistas e pesquisadores explicam esses porquês.

A permanência de velhos personagens na ceara política signifi ca que não surgiram lide-ranças com consistência e con-dições para substituí-los. Esse é o primeiro ponto destacado por Paulo Faria, jornalista e psicólo-go com ampla experiência em campanhas políticas.

“Eles ocupam espaço por não ter lideranças com o vi-gor necessário. E talvez a gen-te possa questionar o fato de não terem se preocupado em construir sucessores”, levanta a questão, para completar que a renovação não se faz só por pessoas. “Não faltam novas lide-ranças, faltam novas ideias, no-vos projetos de política, novos projetos de gestão”.

Há um desafi o para os ges-tores mais experientes, reforça Paulo Faria, que é aceitar mu-danças, incorporar lideranças que não alcançaram o espaço público para voar sozinhas. E podem ser lideranças, gestores, técnicos, enfi m, pessoas que têm algo a trazer para essa nova política.

Não só Goiás sofre a defi ci-ência de uma nova política. O país inteiro precisa restaurar o padrão ético capaz de preser-var o bem público, avalia Paulo. A sociedade brasileira vivencia um modelo em que a corrupção é alta e o retorno é muito baixo. Modelo de uma corrupção en-trenhada, que vem da ocupação do país, da colonização, e agora se intensifi ca. “Ultrapassamos o ‘rouba, mas faz’. A gente rouba e não faz”, ressalta.

Eles ocupam

espaço por não ter lideranças com o vigor necessário. E talvez a gente possa questionar o fato de não terem se preocupado em construir sucessores

Mantovani Fernandes

7 GOIÂNIA, 1º A 7 DE ABRIL DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br

Tribuna do Planalto — Por que velhos nomes permane-cem como protagonistas do cenário político em Goiás?

Marcos Marinho – A força política de um personagem reside, em grande parte, na sua capacidade de infl uenciar o contexto político, mobilizar e engajar a militância, e, cada vez mais, atrair a atenção do eleitorado. Estes pontos, e em especial o último, dependem da consolidação de sua imagem, o que ocorre durante sua vida política e por meio de sua atuação. Por se tratar de um jogo de poder, o ambiente político sempre contará com fi guras detentoras de imagens consolidadas, que lutarão para manter o poder; e fi guras que buscam se consolidar e conquistar o poder,. Sendo assim, o jogo político, assim como o jogo de poder, é difícil, truncado e até agressivo porque o poder nunca é cedido, mas demanda ser conquistado. Quem consegue exercer o poder sempre lutará para mantê-lo.

Fala-se muito na necessidade de renovação na política. Goiás está na contramão?

Hoje avalio este “desejo por renovação” muito mais como um slogan bem vendido do que, de fato, uma demanda clara na mente dos eleitores. E isso ocorre não só em Goiás. O conceito de renovação que está alojado na mente dos eleitores ainda é mui-to difuso e opaco. Querem pessoas novas, novas posturas, novas formas de participação política ou o quê? Há aí um paradoxo, que é a vontade do novo em oposição ao medo da novidade, do dife-rente. Esta questão é ainda bastante complexa, na minha visão, porque a maioria do eleitorado não tem clareza sobre a política e seus processos, sobre a inseparabilidade do acompanhamento constante dos eleitos em relação ao momento da decisão do voto, e mais uma série de coisas. Para que a política seja renovada é preciso que as pessoas, de fato, entendam o que ela é, saibam o que ela poderia ser, e, aí, escolham o modelo que acreditam ser o melhor. Não há escolha certa quando as referências são ruins ou inexistentes. Atualmente, o embate está entre a rejeição do que se tem e o medo daquilo que poderá o substituir. Tal situação pode tendenciar o votante a optar por manter o ‘mal’ que ele já conhe-ce para evitar um pior.

Lideranças experientes e jovens lideranças devem estar juntos no cenário político?

Acredito que o processo político evolui em fl uxos e refl uxos, acertos e erros, e por isso a troca de experiências sempre é posi-tiva. Há na política, em relação aos atores políticos, um ciclo de vida que precisa ser entendido por todos que participam desta seara. O problema que percebo como o mais grave reside nas es-truturas partidárias que, francamente, são, na sua maior parte, nada democráticas internamente. São poucas as siglas que se dedicam à preparação de suas lideranças, que investem na reno-vação e capacitação de seus quadros. Desta forma, também por se tratar, como disse anteriormente, de um complexo jogo de poder, a ascensão das novas lideranças acabam por perpassar a derrocada das anti-gas, o que torna o partido, ao invés de um ambiente sau-dável e unifi cado em prol de um projeto comum, num espaço de luta e fragmenta-ção interna.

Por onde andam os ex-governadores

Marcos Marinho, especialista

em Marketing Politíco

FORA DE CAMPO

Agenor Rezende (MDB)Atual prefeito de Mineiros, cidade em que iniciou sua vida política como vereador pelo PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), em 1983. Foi deputado estadual por duas gestões. Em 1993, presidia a Assembleia Legislativa, quando o governador Iris Rezende e seu vice, Maguito Vilela, se desincompatibilizaram e ele assumiu o governo por nove meses. Em 2008, candidatou-se à Prefeitura de Mineiros e perdeu. Na disputa de 2012, elegeu-se prefeito da cidade, sendo reeleito em 2016.

Alcides Rodrigues Filho (PRP)Hoje é pré-candidato a deputado federal. Foi deputado estadual pelo PDC (Partido Democrata Cristão), em 1990, prefeito de Santa Helena de Goiás, já pelo PP (Partido Progressista), de 1991 a 1996. Em 1998, elegeu-se vice-governador com Marconi Perillo, sendo reeleito em 2002, com Marconi. Nesse ano, quando a Câmara de Anápolis afastou o prefeito, Alcides ocupou a Prefeitura de Anápolis. Marconi deixou o governo em abril de 2006, quando Alcides assumiu, sendo reeleito em 2007.

Irapuan Costa JúniorAssumiu a Secretaria de Segurança Pública de Goiás em fevereiro último. Foi governador do Estado de 1975 a 1979, durante a ditadura militar, eleito indiretamente pela Assembleia Legislativa de Goiás. Foi prefeito de Anápolis, deputado federal e senador pelo PMDB. Empresário da construção civil, foi professor de engenharia.

Iris Rezende (MDB)Aos 84 anos, Iris é, pela quarta vez, prefeito de Goiânia. Iniciou sua carreira política em 1958, eleito vereador da Capital pelo PSD (Partido Social Democrático). Foi também deputado estadual, senador e ministro da Agricultura. Durante a ditadura, participou da criação da Arena (Aliança Renovadora Nacional e, posteriormente, do PMDB. Em 1982, foi eleito pela primeira vez governador, cargo que ocuparia novamente em 1990.

Maguito Vilela (MDB)Em 1976, foi eleito vereador em Jataí pela Arena. Foi deputado estadual, deputado federal constituinte já pelo PMDB, foi vice-governador no governo de Iris Rezende, governador de Goiás, senador e prefeito de Aparecida de Goiânia por duas gestões, cargo que deixou em 2016. Neste ano, tem sido personagem importante para a eleição de seu fi lho Daniel Vilela, pré-candidato a governador.

Almir Turisco de AraújoFoi vereador e prefeito de Anicuns, subprefeito de Hidrolândia e Trindade na década de 1940. Eleito como suplente, assumiu mandato na Assembleia pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), em 1956, sendo reeleito duas vezes, já pelo PSD. Em 1963, como presidente da Assembleia, assumiu interinamente o governo. Na intervenção militar, em 1965, foi vice do marechal Emílio Ribas Júnior, que assumiu o governo, eleito pela Assembleia. Em 1979, fi liou-se ao PMDB e em 1995 deixou a vida pública.

Ary Ribeiro ValadãoIniciou a vida política pela UDN (União Democrática Nacional), em 1946. Foi prefeito de Anicuns por dois mandatos e deputado estadual por duas gestões. Durante a ditadura militar, migrou para a Arena e foi eleito deputado federal por três mandatos. Em 1977, assumiu a secretária de Justiça, no governo Irapuan Costa Júnior. Em 1979, chegou ao Palácio das Esmeraldas, cargo que exerceu até março de 1983. Hoje, prestes a completar 100 anos (nasceu em novembro de 1918), está fora da política.

Leonino Di Ramos CaiadoDescendente de tradicional família goiana. Foi prefeito de Goiânia, pela Arena, de 1969 a 1970, quando foi eleito pela Assembleia Legislativa governador de Goiás. Governou o Estado de março de 1971 a março de 1975, quando transferiu o governo a Irapuan Costa Júnior e retirou-se da vida pública. Foi responsável por obras históricas em Goiás, como a construção do estádio Serra Dourada.

Naphtali Alves de SouzaApós quase 20 anos fora da política, foi visto nos últimos dias ao lado de Daniel Vilela, pré-candidato ao governo pelo PMDB. Iniciou a carreira política como prefeito de Morrinhos, de 1977 a 1983. Em 1986, foi deputado federal constituinte. Em 1994 foi eleito vice-governador pelo PMDB. Esteve no PSD e na Arena. Assumiu como governador de 4 de maio a 3 de novembro de 1998. Nesse mesmo ano foi nomeado conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Goiás, até 2010, quando se aposentou.

Helenês CândidoNão tem cargo eletivo, embora continue atuando nos bastidores da política. Ingressou pela Arena, como prefeito de Morrinhos (1973 a 1977). Foi deputado estadual por três vezes. Na última gestão, quando era presidente da Assembleia, afastou-se para assumir o governo do Estado. Tem comparecido a encontros do senador Ronaldo Caiado, pré-candidato pelo DEM (Democratas), ao qual tem declarado apoio na disputa pelo governo estadual.

Rejeição e

medo do

Especialista em marketing eleitoral, Marcos Marinho responde à Tribuna três questões sobre a permanência de fi guras consagradas na política goiana. Marinho é goiano e está em Portugal, onde faz doutorado em Ciências da Comunicação, com pesquisa em Comunicação Política.

Marconi Perillo ingressou na vida política em 1992. Está em sua quarta gestão como governador pelo PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira). Deixa o cargo em 7 de abril, quando assumirá seu vice, José Eliton, para se candidatar ao Senado Federal. Nesta gestão, alcançou destaque nacional como presidente do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento do Brasil Central, que reúne os governadores dos estados do Centro-Oeste, Distrito Federal, Rondônia e Tocantins; e como vice-presidente do PSDB nacional. Já foi deputado estadual, deputado federal e senador. Líder maior do PSDB em Goiás, começou a vida política no PMDB, na década de 1990. Passou pelo PST (Partido Social Trabalhista) e PP.

No meio do caminho...

Continua na página 8

CONTINUAM EM CAMPO

8 GOIÂNIA, 1º A 7 DE ABRIL DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br

O discurso do novo é o San-to Graal de toda eleição. Não há disputa sem que ele apareça antes, durante e depois, para explicar vitórias ou justifi car derrotas.

O novo não está no corpo. Está na alma. É o espírito da coi-sa, e não a coisa, que verdadeira-mente importa. Quem acerta o alvo, costuma levar. O exemplo mais evidente em Goiás é o de

Bom e velho discurso de campanha

Vassil Oliveira

Convidada pelo governa-dor Marconi Perillo (PSDB) para assumir a Secretaria

da Fazenda, a economista Ana Carla Abrão procurou o pai, o ex-governador Irapuan Costa Júnior, para ouvir a sua opinião. Irapuan deixou claro: era contra. No início deste ano, Irapuan foi convidado por Marconi e pelo vice, José Eliton – já na prepara-ção para assumir o governo, com a saída do titular –, para a Secre-taria de Segurança Pública. O que disse a fi lha? Que era contra.

O episódio foi relatado por Irapuan, em tom divertido, du-rante entrevista à rádio Sagres

730. Conclusão: se ela, que é fi lha, não obedeceu ao pai, não seria o pai a obedecer a fi lha. Desde que assumiu, o ex-governador tem dada muitas entrevistas. Em to-das, prevalece o tom ponderado, calmo, de alguém que está pre-ocupado em ser educado, mas principalmente ciente de que cumpre ali uma missão, um de-ver.

“Estamos convictos de que devemos fazer nossa parte, de en-frentar os males que ameaçam o poder presente, a sociedade goia-na e brasileira. Goiás, em termos de segurança, não pode se tornar um Rio de Janeiro. Como não pode o Brasil converter-se em uma Venezuela, essa nação irmã

que vive seus piores momentos”, justifi cou ele na posse.

Ana Carla tem muita história a escrever. Ser secretária foi um capítulo novo em uma biogra-fi a em construção. Já Irapuan tem uma história consolidada na vida pública. independente da idade, principalmente pelo que fez, poderia optar pelo sosse-go. Ao aceitar ser titular de uma pasta na qual sossego é algo que nunca bate continência, mostra disposição para a vida, muito mais que pelo poder.

Do prefeito de Goiânia, Iris Rezende, é fácil ouvir que está na vida pública como missão divi-na, e não como vontade pessoal. Iris não dá nem pista de que vá

se aposentar. Está ativo como prefeito de Goiânia se preparan-do, tudo indica, para buscar a reeleição. Não há limite para ele, como não há para Irapuan, que se imaginava à parte na política, e de repente aceitou o que parecia impensável: o retorno ao gover-no em um cargo subordinado ao que já ocupou. Ou para Ana Carla.

O discurso contra a presença dos chamados velhos na política é comumente pautado pela exal-tação do novo. Ao mesmo tempo, a experiência é cobrada quando o novo se apresenta, por exem-plo, em uma disputa, como em Goiás. Onde está a renovação? No DNA, ou no olhar? Na herança e no legado, ou na proposta do in-

certo? Na essência como propos-ta de governo, ou na aparência como marketing de campanha?

Isso fi ca exposto quando o jovem pré-candidato do MDB, Daniel Vilela, de 35 anos, é con-frontado com a falta de maturi-dade para administrar o Estado. E também quando é lembrado que Zé Eliton nunca ocupou car-go público, e, portanto, não es-taria preparado para tal. E no momento em que, de Ronaldo Caiado, levanta-se dúvida sobre sua capacidade para o Executivo por ele só ter, no currículo, man-datos legislativos.

O velho só é negativo quando convém. O novo, também. Deus, o que é?

Novo vai, novo vem

NOVO & VELHO

O QUE ANA CARLA ABRÃO E IRAPUAN COSTA JÚNIOR ENSINAM SOBRE A RENOVAÇÃO POLÍTICA, E COMO ISSO AFETA CAIADO, ELITON E DANIEL Cobranças a pré-candidatos ao governo estadual ocorrem também com ex-governadores

2018. O ‘tempo novo’ que hoje é defendido pelo governador Marconi Perillo como prática de governo que o defi ne, foi parte de um marketing bem feito.

Conteúdo de propaganda, e não de governo. Desde 98, Mar-coni ganha eleição renovando o discurso, sem mudar a prática de gestão. Quem não se renova é a renovação.

Nomes como Marconi, Iris

Rezende, Agenor Rezende, Ma-guito Vilela, Irapuan Costa Jú-nior, tem mais que vigor po-lítico como mérito. Eles têm disposição para a vida. Acom-panhar seu tempo, em vez de sucumbir a ele.

Estão relevantes porque vi-ver permanece decisivo, mais do que sobreviver. E é este o espíri-to, a alma vencedora. Não quer dizer que apenas eles têm isso.

Que dizer que ele têm.Nesta eleição, o novo será

discurso disputado por Zé Eli-ton (PSDB), Ronaldo Caiado (DEM), Daniel Vilela e quem sur-gir como candidato ao governo. Mas o que defi nirá tudo, em termos eleitorais, não é a cara, mas a imagem e semelhança. O conteúdo.

Quem embalar melhor a candidatura, leva vantagem.

Agora, quem mostrar isso na essência, aí, sim, terá atingido o sentimento do povo. Do povo que vota e defi ne na urna.

Goiás anseia por renovação, por algo novo. É nisso que to-dos concordam. E este é o outro ponto. O goiano entender que tipo de novidade realmente quer, e quem a representa. Votar no novo, e não de novo, eis o se-gredo. (Vassil Oliveira)

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