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Objetivo é incentivar o uso e a valorização dos parques públicos. Página 7 Projeto Educação pelos Parques Especialista em Língua Portuguesa e Redação, o professor Carlos André fala sobre a importância do domínio da escrita e do conhecimento linguístico como fonte de poder. Páginas 4 e 5 Mais 10 escolas da rede estadual serão geridas pela PM Em 2018, quando o Estado completa 20 anos de experiência nessa área, rede estadual terá 46 colégios administrados pela Polícia Militar. Página 6 22 A 28 DE OUTUBRO 2017 Nº 809 ENTREVISTA ESTADO PREFEITURA DE GOÂNIA Carlos Andre ESCOLA ESCOLA www.tribunadoplanalto.com.br/escola Nobel vai para o escritor da memória Página 6 LITERATURA Não existe educação salutar sem hierarquia Foto: Divulgação Concurso incentiva debate sobre alimentação Página 3

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Objetivo é incentivar o uso e a valorização dos

parques públicos.Página 7

Projeto Educação

pelos Parques

Especialista em Língua Portuguesa e Redação, o professor Carlos André fala sobre a importância do domínio da escrita e do conhecimento linguístico como fonte de poder. Páginas 4 e 5

Mais 10 escolas da rede estadual serão

geridas pela PMEm 2018, quando o Estado completa

20 anos de experiência nessa área, rede estadual terá 46 colégios

administrados pela Polícia Militar. Página 6

22 A 28 DE OUTUBRO 2017Nº 809

ENTREVISTA

ESTAdo

PREfEITuRA dE goâNIA

Carlos Andre

E S C O L AE S C O L Awww.tribunadoplanalto.com.br/escola

Nobel vai para o escritor da

memóriaPágina 6

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Não existe educação salutar sem hierarquia

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Página 3

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Goiânia, Trindade e Aparecida de Goiânia sediam, de 18 a 29 de outubro, a 65ª edição dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs), que conta com mais de 4,5 mil atletas e paratletas de 26 estados e do Distrito Federal. Goiás será representado por 170 atletas alunos de oito universidades públicas e privadas. Serão 19 modalidades esportivas individuais e coletivas em disputa. Os palcos das disputas são o Centro de Excelência do Esporte, Ginásio Goiânia Arena, Clube Ferreira Pacheco e espaços esportivos de universidades parceiras, além do Ginásio Municipal de Trindade. Os Jogos são uma realização da Confederação Brasileira de Desporto Universitário e da Federação Goiana do Desporto Universitário, com apoio do Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte de Goiás. Esta é a quarta vez que o Estado de Goiás sedia o maior evento esportivo da América Latina em âmbito universitário. As outras ocasiões foram em 1969, 1985 e em 2013.

GOIÂNIA, 22 A 28 DE OUTUBRO DE 2017 / www.tribunadoplanalto.com.br/escola2 E S C O L AE S C O L A

O programa Goiás sem Fronteiras, do Governo estadual, pretende investir R$ 8 milhões anuais na concessão de até 450 bolsas de estudo. Já está definido que 125 estudantes do ensino médio de escolas públicas serão contemplados com um curso de quatro semanas em universidade norte-americana, com aulas de inglês intensivo e competências globais (liderança, empreendedorismo, governança e negociação). “Tentaremos aumentar essa disponibilidade”, diz o secretário estadual de Governo, Tayrone Di Martino.

10 anos de pluralidade Voltado para a pluralidade de ideias, o caderno

ESCOLA chega aos seus dez anos reafirmando os ideais presentes no momento de sua criação. Aqui a educação é o foco. Mostrar o que se faz, discutir os problemas e apontar soluções, ouvindo especialistas, educadores, estudantes e a comunidade em geral. Esta é a meta. É nosso objetivo e de nossos colaboradores.

Muito se tem falado sobre a decadência dos tradicionais meios de comunicação e é fato o encolhimento dos veículos impressos de modo geral. Mas também no período há consolidação daqueles meios que apostam na informação qualificada, no debate sadio e aprofundado de temas que interessam seu público.

Educação é um bem indisponível, basilar de qualquer sociedade. Por isso, sempre será motivo de interesse social. As gerações mudam e o que vemos é a necessidade de uma educação mais ampla, plural e dinâmica, capaz de entender os novos tempos, as tecnologias emergentes e conseguir formar pessoas com verdadeiro conhecimento técnico e humano.

Esta edição que inaugura uma nova era no caderno ESCOLA traz como destaque as ideias do professor Carlos André, especialista em Língua Portuguesa e redação, que avalia o ensino brasileiro da forma direta, o que lhe é peculiar.

Caro leitor, aguarde outros capítulos desta história. E mais, faça parte dessa transformação: envie sugestões de pautas, críticas, artigos e textos para serem avaliados e publicados. Ajude-nos a fazer o caderno ESCOLA em sintonia com a educação em Goiás, em sintonia com você.

Manoel Messias - Editor

Goiás sedia os Jogos Universitários Brasileiros

Com objetivo de promover o sentimento de cidadania e conscientizar as crianças e adolescentes a respeito de trotes e primeiros socorros, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Goiânia, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e Esporte, está levando às escolas o Projeto Samuzinho. A ação percorrerá até o fim do ano todas as escolas e Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis) da região Leste. A primeira foi a Escola Municipal Marechal Ribas Júnior, na Vila Redenção.

O diretor geral do Samu, André Braga, explica que os cidadãos precisam ter noções de primeiros socorros. “Nosso objetivo é que essas noções sejam repassadas de forma sistematizada para os alunos e que eles se tornam disseminadores de informações na comunidade”, salienta. Durante o Projeto Samuzinho, os socorristas do Samu também explicam aos alunos 1º ao 9º ano os prejuízos causados pelos trotes telefônicos.

Os Câmpus Itumbiara, Porangatu e Eseffego, este em Goiânia, todos da Universidade Estadual de Goiás (UEG), passam a oferecer a partir de 2018 cursos de bacharelado em Educação Física. Dentro da Universidade já existe uma tendência de pesquisas, projetos e trabalhos de conclusão de curso direcionados para a área de atuação do bacharel e a criação dos novos cursos atenderá a essa demanda. Em todos os Câmpus, o corpo docente dos bacharelados será o mesmo que já atua nas licenciaturas.

Comandado pela diretora Silvânea Toscana de Morais Souza, o Colégio Estadual Ariston Gomes da Silva, em Iporá, foi o grande vencedor da etapa estadual do Prêmio Gestão Escolar (PGE) 2017 e receberá R$ 30 mil de prêmio do Governo de Goiás por meio da Seduce Goiás. O segundo lugar ficou com o C. E. Jalles Machado, de Goianésia, que ganhará R$ 20 mil; e o terceiro com o C. E. Santa Luzia, de Aparecida de Goiânia, que receberá R$ 10 mil. A solenidade de premiação das três escolas será realizada ainda no mês de outubro.

Em comemoração ao Dia das Crianças, alunos da rede municipal de ensino de Goiânia participaram na primeira semana de outubro da “Gincana da Diversidade: brincando e aprendendo com o meio ambiente”. Realizada na Vila Ambiental, a ação foi promovida por meio de parceria entre a Secretaria Municipal de Educação e Esporte e a Agência Municipal de Meio Ambiente da capital, com objetivo de oportunizar vivências corporais, praticar modalidades esportivas, valorizar as crianças quanto aos seus direitos e deveres, bem como conscientizá-las sobre a preservação do meio ambiente.

Jorge de Jesus Bernardo teve seu nome aprovado pela Assembleia Legislativa para ser reconduzido ao Conselho Estadual de Educação, como representante do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Educação Superior do Estado de Goiás (Semesg). A proposta de recondução foi enviada à Casa pelo Governo do Estado, via projeto de lei, aprovado em votação única durante a sessão ordinária de quarta-feira, 18.

Samu orienta crianças

UEG abre três novos bacharelados

Prêmio Gestão Escolar 2017

Alunos aprendem com o meio ambiente

Reconduzido ao Conselho de Educação

Disseminação

eEducação m FocoLCarta ao

eitor

Editado e impresso por Rede de Notícia Planalto Ltda-ME - WSC Barbosa Jornalismo - ME

Fundador e Diretor-Presidente Sebastião Barbosa da Silva

[email protected]

diretor de Produção Cleyton Ataídes Barbosa [email protected]

departamento Comercial [email protected] 62 99622-5131

Editor Manoel Messias Rodrigues [email protected]

Repórteres Daniela Martins [email protected] Fabiola Rodrigues [email protected]

diagramação Maykell Guimarães [email protected]

Site www.tribunadoplanalto.com.br facebook @TribunadoPlanalto

E-mail Redação [email protected]

Endereço e telefone Rua Antônio de Morais Neto, 330, Setor Castelo Branco, Goiânia - Goiás CEP: 74.403-070 Fone: (62) 3086-4379

Fundado em 7 de julho de 1986

Curso nos EuA

Foto: Anna Lúcia/Secom Goiânia

Foto: Divulgação

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Realizado pela Tribuna do Planalto, o concurso de redação, desenho, fotografia e vídeo Goiás na Ponta do Lápis premiará os melhores trabalhos dos alunos em di-versas categorias. Os prêmios são medalhas, certificados, smartphones, notebooks, bi-cicletas, tablets, aparelhos datashow, TVs, câmera foto-gráfica, bolsas de estudos e, pela primeira vez, os estu-dantes vencedores da final e seus respectivos professores ganharão uma viagem para Caldas Novas, com direito a acompanhante, traslado e hospedagem.

Nesta edição, os professo-res terão quase uma semana para entregar o material pro-duzido pelos alunos, entre os dias 9 e 14 de novembro.

As premiações regionais dos vencedores serão promovi-das entre os dias 27 de no-vembro e 9 de dezembro. Já a grande etapa final do certa-me será no dia 14 de dezem-bro, em Goiânia, no auditório Costa Lima da Assembleia Le-gislativa.

Participam do concurso estudantes matriculados nas redes estadual, municipal e particular de ensino. As ins-crições dos alunos foram realizadas até o dia 20 de ou-tubro no site da Tribuna do Planalto: www.tribunadopla-nalto.com.br/concurso.

Os estudantes das escolas estaduais foram inscritos pelas Coordenadorias Regio-nais da Seduce, de acordo com a distribuição de vagas por escola.

Premiação inclui viagem a Caldas Novas

Temapara debate também em casa

ALéM dE sER fundAMEntAL PARA A sAúdE, uMA ALiMEntAção EquiLibRAdA infLuEnCiA PositivAMEntE no REndiMEnto do EstudAntE

GOIÂNIA, 22 A 28 DE OUTUBRO DE 2017 / www.tribunadoplanalto.com.br/escola3 E S C O L AE S C O L A

O concurso de redação, desenho, fotografia e vídeo Goiás na Ponta

do Lápis, que este ano tem como tema “Educação ali-mentar: em busca de uma vida saudável”, deve incen-tivar debates e discussões no ambiente escolar sobre a importância de alimentar-se bem. A má alimentação tem reflexo direto na saú-de da população, por isso o ambiente escolar é local privilegiado para discutir o assunto.

Observando a pertinência de discutir educação e reedu-cação alimentar, a gerente de Merenda Escolar da Seduce, Fátima Vauldimar, diz que é muito importante abordar o tema e difundi-lo ao máximo no ambiente escolar, na fa-mília e comunidade, por ser uma temática que repercute diretamente na saúde do es-tudante e de seus familiares.

“A reeducação alimentar dever ser praticada. Neste momento vai muito além de falar sobre ela, precisa tornar-se uma realidade entre jovens e adolescentes. Descobrir e aprender a consumir alimen-tos que fazem bem à saúde é extremamente necessário”, frisa a gerente.

Além disso, a alimentação influencia diretamente no rendimento do estudante, uma vez que o desenvolvi-mento escolar perpassa vá-rias questões físicas e psico-lógicas, sendo uma delas a

“Discutir reeducação alimentar entre os

adolescentes e jovens é necessário inclusive no ambiente escolar”

Fátima Vauldimar, gerente de Merenda

Escolar da SeduceAlém dos vários prêmios dados aos estudantes vencedores, este ano viagem para os primeiros

colocados é uma das novidades

Fabiola Rodrigues

forma correta de alimentar.“Tudo que ingerimos exer-

ce um impacto sobre a função cerebral, interferindo no hu-mor, pensamento, comporta-mento, memória e envelhe-cimento celular, diminuindo a capacidade de aprender, a disposição para a atividade fí-sica e retarda o desempenho intelectual”, observa Fátima Vauldimar.

Diante disso, Fátima Vaul-dimar considera muito rele-vante o tema desta edição do Goiás na Ponta do Lápis. Além de incentivar na escola a dis-cussão sobre saúde, o concur-so promove leitura e pesqui-sa sobre a qualidade de vida, tudo dentro do projeto peda-gógico da escola pública.

“Falar sobre o assunto é o primeiro passo para orientar os estudantes. Isso ocorre-rá de forma conjunta entre pais e filhos, com intermedia-ção do ambiente escolar, por meio de debates, discussões e prática vivenciada. O jornal fez uma escolha muito feliz”, diz a gerente.

Fotos: Divulgação

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Daniela Martins eManoel Messias Rodrigues

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ENTREVISTA

E S C O L AE S C O L A – O sr. é um crítico da qualidade do ensino no Brasil, de forma geral. O ensino da Língua Portuguesa recebe esse reflexo da baixa qualidade?

Carlos André – Numa escala de 1 a 10, eu da-ria no máximo dois para a qualidade do ensino. Na verdade, o ensino hoje, em termos de Língua Portuguesa, é efetivamente voltado para a prova. Não é um ensino voltado à aprendizagem. Mas quem critica diz: “Não, mas tem que fazer um ensino voltado para a prova senão o aluno não passa”. Eu digo que não! Quem ensina para que efetivamente alguém aprenda, essa aprendiza-gem dá a ele a capacidade de reflexão. Hoje, o Exa-me Nacional do Ensino Médio (Enem) não aceita mais decoreba e as escolas continuam da mesma

forma, ensinando regras que, de re-pente, não é o que o Exame quer. O Exame quer reflexão.

Principalmente com relação à Língua Portuguesa...

Sim. Veja, por exemplo, quando alguém vai aprender concordância verbal ou nominal, qual a finalidade? Primeiro é entender que o processo

de concordância é um pro-cesso sociológico. Quando alguém diz, por exemplo, “nóis vai”, eu não posso di-

zer que esse alguém está fa-lando errado. Eu preciso entender de onde esse alguém vem, ter a percepção de qual é o meio social em que ele vive para ter a percepção de que aquela concordância que ele acabou de usar é uma concordância coloquial e que vai, de certa forma, ou demonstrar a classe social dele, ou demonstrar um determinado regionalismo e enten-der, ao mesmo tempo, que isso é po-der. Que quem usa isso, por exemplo, em um tipo textual de argumentação dissertativa, esse alguém certamente será cobrado socialmente. Ensinar Língua Portuguesa não é ensinar so-mente Língua Portuguesa. Você veja

que temos livros de Filosofia, Sociolo-gia aqui, eu leio Sociologia para ensi-nar para os meus alunos. Tenho uma gramática, mas, ao lado, tenho livro de Sociologia, Literatura... O problema está aí: lê-se muito pouco. O ensino da gramática hoje é só por meio da gra-mática, e nós não aceitamos isso aqui no Instituto Carlos André. Temos que saber muita gramática, mas por meio de conceitos sociológicos, literários.

O professor é o elemento-chave ou o sistema educacional é que tem que mudar para chegar a esse novo estágio de ensino da Língua Portuguesa?

Vivemos a sociedade do espetá-culo. Guy Debord [filósofo e escritor francês autor do livro “A Sociedade do Espetáculo”] fala sobre isso. Na socie-dade do espetáculo, alguém tem que ser visto. Daí eu digo: a culpa também é do professor. É do sistema, que é caó-tico, que não dá ao professor a oportu-nidade de um trabalho digno. É fato isso. Porém, não se tem a menor dú-vida de que muitos colegas também têm certa culpa nisso. Temos, vamos colocar para nós todos. Precisamos ter a atenção dos alunos e, às vezes, in-felizmente, para ter a atenção do alu-no, o professor teoricamente é levado a ter um ensino apenas pontual. Acho

isso um problema muito sério, no sentido de que ele ensina de ma-

neira espetaculosa, sem passar o conteúdo como deveria ser pas-sado. O sistema não auxilia e o professor, me parece, se rende a um sistema que não é bom, não é eficaz.

E S C O L AE S C O L A

aCarlosndré

A escola hoje tem muito conteudo e poucaqualidade

GOIÂNIA, 22 A 28 DE OUTUBRO DE 2017 / www.tribunadoplanalto.com.br/escola

Após passar por grandes escolas de Goiânia, o professor Carlos André e sua mulher fundaram o Instituto Carlos André, especializado em Língua

Portuguesa e Redação. Nos seus bancos, sentam aqueles que buscam o conhecimento para passar em vestibulares, concursos públicos ou atualização jurídica. Autor dos livros “A nova ortografia da Língua Portuguesa” e “Na ponta da língua”, ambos editados pela Kelps, Carlos André também é advogado e conselheiro da OAB Goiás. Na sua trajetória, ele constatou a falta de uma tradição do ensino de Língua Portuguesa, principalmente no tocante à gramática normativa e à leitura. “Em Goiânia, observamos uma propensão para Exatas e Biológicas. Por isso fundamos o Instituto, com a finalidade de fazer com que alguém efetivamente leia, para que possa escrever e saiba gramática. A minha grande luta é para que nosso estado de Goiás passe a ser um estado de leitores, leitores fervorosos. Quereria que as pessoas se voltassem mais para o estudo da língua, porque língua é poder”, diz.

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E S C O L AE S C O L A

quando a hierarquia deixa de existir, a grande tendência é o desrespeito

5GOIÂNIA, 22 A 28 DE OUTUBRO DE 2017 / www.tribunadoplanalto.com.br/escola

As diretrizes atuais do sistema de educação possibilitam a realização, naturalmente, de aulas voltadas para essa formação integral, mais completa. É preciso aplicá-las. Dentro desse contexto, a reforma do ensino médio que está em curso contribuirá para a melhoria da qualidade do ensino da Língua Portuguesa?

Eu fico impressionado com quem critica essa reforma. É claro que ela tem problemas, mas é impressionan-te como traz exatamente o que acaba-mos de falar, o aspecto da interdisci-plina, que é fundamental. Como um professor de Língua Portuguesa não tem especialidade também em Litera-tura e Arte? A primeira coisa que fui fazer como professor de Português, para que eu pudesse dar aula de pro-dução textual e redação, foi entender arte, fazer um mestrado em Crítica Literária para compreender como a Língua efetivamente está na Literatu-ra. O Enem já se adiantou à reforma. O Enem cobra, na prova de Linguagem, Códigos e suas Tecnologias, essa in-terdisciplina. Depois vem o MEC [Mi-nistério da Educação] e confirma isso com a reforma. A reforma é extraordi-nária, e acredito que se for bem apli-cada pelo governo será fundamental para que o professor veja isso. Agora, o professor tem que estudar. Nós te-mos que estudar.

A flexibilização da grade curricular, prevista no novo Ensino Médio, é positiva?

É totalmente positiva.

O excesso de conteúdo é um problema na formação do aluno?

Não quero ser desrespeitoso, mas, um aluno que tem que estudar brió-fita, pteridófita e será de Relações In-ternacionais... Ele tem que saber a ló-gica das plantas por questões de uma política de sustentabilidade. Quem tem de saber isso é alguém da área de botânica. O excesso de conteúdo é revoltante. Agora, dois assuntos que tem que aprofundar mesmo, nível de profundidade máxima: matemática e linguagem. Essas disciplinas têm que ser tratadas com profundidade e são tratadas superficialmente.

Com relação a conflitos que chegam a gerar situações de violência verbal e até física em sala de aula, o sr. declarou recentemente que a postura do professor tem gerado uma aproximação que leva à falta de respeito por parte dos alunos. No entanto, vivemos tempos de mais aproximação, inclusive por conta da internet, redes sociais. Qual deve ser a postura do professor na sala de aula?

Esse é um dos temas mais incríveis, é uma das perguntas mais interessan-tes... Saber lidar e debater esse tema resolverá os problemas do ensino no Brasil. Leandro Karnal falou uma coisa interessante: com as novas tec-nologias acabou a hierarquia de pen-samento. Isso é grave, é muito grave. Por mais que tenhamos bons alunos, que podem contribuir para determi-nada aula, o orientador, o professor, teoricamente, é aquele que tem que ter um domínio maior do conteúdo. Note, tem que haver essa divisão, por óbvio obrigatória, entre aquele que tem mais experiência em termos de conteúdo e de raciocínio e aquele que, portanto, tem que aprender, embora possa auxiliar. O que aconteceu com a sociedade do espetáculo? Como eu tenho falado, como tudo é um espe-táculo, o professor tem que cumprir um papel de gestão em sala de aula, de orientação, que é o que se quer. Essa hierarquia deixou de existir e a grande tendência é o desrespeito, a falta de disciplina. Então, surgem alu-nos que não se comportam em sala de aula, que desrespeitam o professor por meio de uma mera opinião. Veja, o professor tem cientificidade, estudou anos para aquilo e o aluno, com uma opinião, tenta mostrar que sua opi-nião é hierarquicamente mais impor-tante que a opinião do professor. Mas ele tem que refletir que existe uma hierarquia de pensamento, em tese, a opinião do professor seria mais rele-vante, pela experiência e pelo estudo que ele tem. Falar isso na era do poli-ticamente correto é complexo, mas eu reafirmo, existe uma hierarquia sim em termos de pensamento.

Muitos professores permitem isso...

Alguns professores ou são despre-

parados, e por ser despreparados se aproximam do aluno não no aspec-to da inteligência cognitiva, mas da inteligência emocional. Ou seja, ele não faz o papel do orientador intelec-tual, mas está com o objetivo apenas do aspecto emocional. Não quer que o aluno aprenda com ele, mas que o aluno goste dele. Isso é errado, o Bra-sil está passando por problemas por conta disso. Na Coreia não foi assim, no Japão não foi assim. E nós temos hoje uma filosofia de apenas investir na inteligência emocional, virou cer-to exagero. Então, para confirmar o que estou querendo colocar, por que a culpa é do professor? Porque ele está mal preparado, e quer ganhar o aluno apenas por meio da inteligên-cia emocional. O professor não pode esquecer que tem de passar conteú-do, além da inteligência emocional. É claro que ele tem que passar a lógica da amizade, mas se o aluno não vir no professor o indivíduo que tenha mais conhecimento do que ele, com certe-za haverá desrespeitos. Ele vai bater no professor, que é o que acontece na escola pública, vai chamar o professor de “velho”, vai enfrentar o professor. E não existe educação salutar sem hie-rarquia. Não existe. Prova disso é que, lamentavelmente – e me perdoem por usar esse advérbio –, as escolas militares estão aí tomando conta do ensino público. Por quê? Porque as es-colas não estão conseguindo respon-der nem a esse aluno que exige disci-plina. A culpa é do professor.

E os pais, onde entra a responsabilidade deles?

É engraçado, pensando em Aris-tóteles, na questão da educação pri-mária e da educação secundária, e a Constituição fala no artigo 205, a fa-mília é o primeiro passo. E o primei-ro problema são os pais que querem, como todos sabem, transferir essa lógica de disciplina para a escola. Só que, por motivos sobre os quais já fa-lei, o professor não tem nenhum com-promisso com isso, está fragilizado pela sociedade do espetáculo. Na esco-la particular principalmente, porque na particular ele é mandado embora se o aluno não gosta dele. Então, para a sobrevivência, digamos assim, ele se alia a esse sistema que é desastroso. Portanto, os pais têm tanto ou mais culpa que os professores.

Com relação aos professores e

à escola, a correção estaria na formação acadêmica do docente ou na gestão escolar?

Primeiro, a gestão. A gestão da es-cola tem que ser rígida, e humana, porque rigidez e inumanidade não têm relação, ao contrário. Gestores humanos podem ser rígidos. Aliás, é da natureza humana, quem estu-da psicologia para a lógica do início e do fim da adolescência, sabe que o adolescente precisa de disciplina, isso está provado. O gestor tem que deixar isso muito claro. E o professor, por-tanto gerido por esse gestor que dei-xa isso muito claro, tem que ratificar isso, confirmar isso em sala de aula. Isso que vai gerar efetivamente uma resolução nessa problemática toda. Há um nome que me incomoda mui-to. Estão tirando o termo “professor” e colocando o termo “facilitador”.

Na era do conhecimento, o contato excessivo com as novas tecnologias (tablets, smartphones) dificulta o aprendizado da redação?

Fernando Pessoa dizia que o ser humano é poliglota dentro da sua própria língua. Ele tem que ser. Meu filho usa muito a internet, mas tirou uma nota 956 na redação da UnB, por-que desde criança ele lê bons livros, faz redação conosco e tem por óbvio a linguagem nessa nova tônica ligada a aplicativos etc., ou seja, o que quero colocar é que [o uso das tecnologias] pode não prejudicar, mas beneficiar aqueles que entendem que em cada meio existe uma linguagem específi-ca. O grande problema é que a famí-lia não cumpre esse papel social de estimular a leitura. Quantas crianças chegam em casa e veem a mãe lendo? Eu diria que em Goiás, pouquíssimas; mas veem a mãe com o celular. Então qual a linguagem que elas aprendem ou apreendem? Essa linguagem, por exemplo, do whatsapp. Quando eu mi-nistro aula pra eles, é quase que a des-coberta de um novo mundo. E o pro-fessor sofre com isso, não sabe lidar com isso. Então ele teria que ser rígido no sentido de exigir que o estudante saiba concordância, saiba regência, mas o que o professor faz? “Não, re-almente, não é importante, não. Isso já é arcaico. Qual a importância de se colocar a vírgula depois de um vocati-vo?” Aí é que está o erro. Essa tentativa de, para ganhar o aluno, dizer aquilo que ele quer ouvir. Essa é a lógica do ensino do espetáculo, eu chamo de a sociedade do espetáculo ter um ensi-no do espetáculo. Então eu penso que quem tem família sólida linguisti-camente a tecnologia só auxilia. Mas quem não tem, e ainda tem uma es-cola que confirma isso que estamos falando, está completamente perdido. Sou presidente da Comissão de Exame de Ordem da OAB. A taxa de reprova-ção da OAB no último exame foi de 86% na segunda fase. Conclusão: os bacharéis de direito não sabem escre-ver. (Leia mais trechos da entrevista com Carlos André no nosso portal)

Por mais que tenhamos bons

alunos, que podem contribuir para determinada aula, o orientador, o professor, teoricamente, é aquele que tem que ter um domínio maior do conteúdo

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GOIÂNIA, 22 A 28 DE OUTUBRO DE 2017 / www.tribunadoplanalto.com.br/escola6 E S C O L AE S C O L A

Colégios militares: demanda crescente por vagas

O antídoto encontrado para a crescente violência no ambiente escolar e a baixa qualidade do ensino público no Brasil tem sido a militari-zação da educação. Simples assim. A implantação des-se padrão disciplinar rígido nas salas de aula não é uma exclusividade nossa – Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul, Amazonas e entre outros estados também já aderiram ao modelo. No entanto, Goiás lidera o ranking de escolas públicas geridas pela Polícia Militar. Em 2018, quando o Es-tado completa 20 anos de ex-periência nessa área, ganhará mais 10 unidades, totalizan-do 46 colégios militares em terras goianas.

Essas 10 novas unidades serão implantadas em colé-gios estaduais já construí-dos, o que poderá agilizar a sua migração para a gestão da PM. Para a transformação das 10 unidades, a Secretaria da Educação, Cultura e Espor-te (Seduce) anunciou, como previsão, um impacto orça-mentário-financeiro de cerca de R$ 1,3 milhão em 2017 e de R$ 5,4 milhões para cada um dos exercícios de 2018 e 2019.

Por enquanto, para o iní-cio do ano letivo de 2018, os Colégios Estaduais da Polícia Militar de Goiás (CPMGs) ofe-

recem um total de 5.694 va-gas para o ingresso de novos alunos nos ensinos médio e fundamental nos colégios já em funcionamento. Meta-de das vagas é destinada aos dependentes de militares. A outra metade é definida por sorteio.

As inscrições, inclusive, fo-ram encerradas na sexta-fei-ra, 20. Até a véspera do encer-ramento, dia 19, o número de inscritos já chegava a quase 15 mil, o que deixa claro que há um forte interesse popu-lar nesse tipo de ensino mais rígido que, acredita-se, ser por consequência de mais quali-dade. O sorteio das vagas para ingresso de novos alunos está previsto para esta quinta-fei-ra, dia 26.

Comandante da Divisão de Ensino da Polícia Militar, o coronel Anésio Barbosa da Cruz Júnior avalia que o en-sino militar em Goiás tem “muito a festejar”. Como for-ma de comemorar “o sucesso do projeto”, Anésio pretende identificar as melhores prá-ticas pedagógicas realizadas nesses 20 anos. “Vamos in-tensificar a prática das ações que vem dando certo e im-plantar atividades que con-tribuam cada vez mais para o desenvolvimento e aprimo-ramento do ensino militar em Goiás”. (Com informações da Seduce)

Kazuo Ishiguro nasceu em Nagasaki e se mudou para a Inglaterra quando tinha 5 anos. Cresceu falando japonês em casa

e pensando que retornaria à terra natal a qual-quer momento, mas só voltou a visitá-la três dé-cadas mais tarde. Este parece ter sido o elemento que moldou sua literatura. Seus dois primeiros livros se passam em um Japão construído com recordações afetivas mais do que com lembran-ças factuais, e o tema da memória, sua obsessão, está presente em todas as suas obras.

Apesar de afirmar que seu trabalho tem pou-ca semelhança com a ficção japonesa, ele expli-cou em entrevista ao jornalista Charlie Rose: “Eu tenho esse mundo dentro da minha cabeça. É uma mistura de imaginação, especulação e me-mória. Só eu tenho acesso a ele, mas com o tem-po as impressões desvanecem. Queria registrá-lo de alguma forma. Foi assim que comecei a escre-ver e nunca perdi essa ideia fundamental”. Sara Danius, secretária permanente da Academia Sueca, capturou essa característica de Ishiguro em sua justificativa para a entrega do Nobel de Literatura: “Ele, que em romances de grande força emocional, descobriu o abismo sob nosso ilusório senso de conexão com o mundo”.

Sua última obra, O Gigante Enterrado (lan-çada aqui pela Companhia das Letras em 2015), talvez seja a que melhor explora esse abismo. Ambientada em uma Inglaterra medieval fanta-siosa, a obra retrata um país onde os habitantes sofrem de uma misteriosa amnésia seletiva. Essa doença é, às vezes, uma benção, pois há metafó-ricos gigantes enterrados naquela nação: culpa, dor e ressentimento que devem ser esquecidos para que se siga adiante. Na entrevista a Rose, Ishiguro ilustra: “Como na França, onde houve certa colaboração com os nazistas no início, com a extradição de judeus franceses. Como eles se-guem adiante sabendo disso? Por mais que seja revoltante, Charles de Gaulle tomou a decisão de dizer ‘vamos todos fingir que somos heróis da re-sistência e não pensar nisso por umas décadas, até que sejamos fortes o suficiente’”. A investiga-ção do tema vai até o nível pessoal, pois também nos relacionamentos há episódios horríveis. As questões são: o amor sobreviveria com essas lembranças? E caso se escolha esquecer, é amor genuíno ou estará baseado em algo falso?

Dono de uma estética própria descrita por Sara Danius como uma mistura de Jane Austen, Franz Kafka e Marcel Proust, Ishiguro é um es-critor meticuloso. Começou a escrever O Gigante Enterrado na década de 1990 e diz ter a impres-são de estar sempre reescrevendo o mesmo livro. Descrito por amigos como um homem reservado e desprovido de ego, pode-se notar sua perple-xidade nas entrevistas que deu minutos depois da notícia do Prêmio, após ser retirado de seu confinamento solitário em uma manhã de tra-balho. Kazuo Ishiguro disse ao jornal britânico The Guardian que pensou tratar-se de um boato ou Fake News.

A escolha de Ishiguro é uma aproximação da Academia Sueca com a cultura popular, já que este é um autor com sucesso de público e com três trabalhos para o cinema, incluindo o indicado a oscar Vestígios do Dia, com Anthony Hopkins. É ainda um artista fluente em diversos meios: ele

compõe canções, é letrista, e está se preparando para trabalhar em uma graphic novel.

Outra marca da aceitação da cultura popu-lar é que dois de seus livros – Não Me Abando-ne Jamais (2005) e O Gigante Enterrado – são influenciados por ficção científica e fantasia. É verdade que as obras têm seus detratores, como a autora americana Ursula Le Guin, que o acu-sou de utilizar os clichês do gênero da fantasia (dragões, orcs e fadas) sem se comprometer com-pletamente com eles, usando-os apenas como pano de fundo. Ela classificou a leitura do Gi-gante como “dolorosa”. Talvez Ursula Le Guin tenha razão quando diz que Ishiguro não está dentro da tradição; sua obra tem muito pouco a ver com O Senhor dos Anéis ou Game of Thro-nes. Em vez disso, o uso da fantasia e ficção cien-tífica parece ser uma estratégia para alcançar efeitos estilísticos e filosóficos que o realismo franco e direto não atinge.

Em geral a obra foi bem recebida pela críti-ca e pelo público, e com seu último livro Kazuo Ishiguro foi colocado na nova geração de escri-tores cuja característica é a destruição das bar-reiras entre gêneros literários, entre mídias, e entre erudito e popular. Essa é uma das razões pelas quais vale a pena a leitura do mais novo Nobel de Literatura. Outra razão, especial para nós brasileiros, é que é impossível não pensar em quais são os nossos gigantes enterrados. O que buscamos ativamente ignorar e o que seria melhor explorar para evitar erros futuros. Neste tempo de incerteza, de polarização política, de demonização de compatrio-tas, o convite a lembrar o que nos une e esquecer o que nos separa chega em boa hora.

Italo Wolff é jornalista e escreve sobre literatura, música e cinema.

Nobel vai para o escritor da memória

REdE ESTAduAl

literatura - ítalo Wolf

Daniela Martins

Mais 10 escolas serão geridas pela PM

“Uma pálida visão dos montes” (1982) “Um artista do mundo flutuante” (1986) “Os vestígios do dia” (1989) “O desconsolado” (1995) “Quando éramos órfãos” (2000) “Não me abandone jamais” (2005) “O gigante enterrado” (2015) Noturnos: Histórias de música e

anoitecer” (2009)Cinema:

“Vestígios do dia” (1993) “A condessa branca” (2005) “Não me abandone jamais” (2010)

lIVRoS

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

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Prefeitura lança projeto Educação pelos Parques

SECRETARIA MuNICIPAl dE EduCAção E ESPoRTE

Projeto incentiva valorização dos parques públicos de GoiâniaDaniela RezendeEspecial para a Tribuna

Ação no MACAMbiRA AniCuns Contou CoM A PREsEnçA do PREfEito iRis REzEndE E ALunos dA REdE MuniCiPAL dE Ensino

Aqui os alunos têm

a oportunidade de conhecer o Parque e depois virem com os pais, numa experiência gratificante e rica

Educação pelos Parques foi lançado pelo prefeito Iris Rezende

A Prefeitura de Goiâ-nia, por meio da Se-cretaria Municipal

de Educação e Esporte (SME) e Agência Municipal de Meio Ambiente (AMMA), lan-çou dia 10 o projeto “Educa-ção pelos Parques”. A ação ocorreu no Parque Macam-bira Anicuns e contou com a presença do prefeito Iris Rezende, autoridades, edu-cadores ambientais, alunos e professores da rede muni-cipal.

Incentivar o uso e a valo-rização dos parques públicos é um dos objetivos do Projeto, que busca por meio de ati-vidades educativas abordar com os alunos temas como sustentabilidade, biodiver-sidade, solidariedade e pro-teção ao meio ambiente. Na ocasião, os alunos assistiram a Contação de Histórias e Brinquedos Cantados da du-pla Alexandre Rocha e Ome-lete, integraram as trilhas, Jogos de Estafeta, Slackline, Plantio de mudas, Mural Interativo e Estação da Ali-mentação, modelo que será desenvolvido nas edições do Projeto.

Para o prefeito Iris Rezen-de, a população pode aprovei-tar as áreas verdes e ajudar a preservar.

“Em 2005, Goiânia tinha cinco parques e hoje tem mais de 20. Temos outras áreas que podem ser apro-veitadas para serem parques, de forma que aumenta mais a admiração da população brasileira por Goiânia, pela quantidade de áreas verdes que a cidade tem. No projeto,

as crianças recebem orienta-ção em relação da natureza e se tornam defensores dela. Elas compreendem sobre as nascentes e sua preservação, veem a semente nascer e vi-rar uma árvore. Vão usufruir

da natureza e sentir gratifica-da por isso”, ressaltou o pre-feito.

De acordo com o secre-tário de Educação e Esporte, Marcelo Costa, o projeto Edu-cação pelos Parques é uma extensão da sala de aula. “Não se faz educação apenas com quadro e giz. Temos o foco de formar cidadão para o futuro e isso depende da formação das crianças, com uma esco-la boa, divertida e que tenha muitos projetos. Dessa forma, preparamos Goiânia para o próximo século, com o papel de fazer uma cidade grande e com qualidade”, destacou.

“Aqui os alunos têm a oportunidade de conhecer o Parque e depois virem com

os pais, numa experiência gratificante e rica. É perto da escola, podemos ter aulas de ciências, conhecer as nascen-tes, as árvores e os pássaros, fazer piqueniques e outras ações. Os alunos estão ado-rando”, afirma a coordenado-ra da Escola Municipal Pedro Xavier Teixeira, Maria Helena da Silva.

Sophia Cândido, 12 anos, aluna do 6º ano da Escola Municipal Professor Percival Xavier Rebelo, no Setor Novo Horizonte, veio com a sua turma no lançamento do Pro-jeto.

“É a primeira vez que ve-nho no Parque Macambira Anicuns e estou gostando. Traz uma paz e aqui apren-demos a respeitar o meio am-biente, com menos poluição, uso adequado da água, não desmatando e reaproveitan-do sempre”, contou a estu-dante.

ProjetoAs visitas ao longo do ano,

serão desenvolvidas com os alunos, com idade a partir de cinco anos. O atendimento tem a duração de três horas com, no máximo, 100 visi-tantes por turno, conforme agendamento. Inicialmente, as atividades socioambien-tais serão realizadas nos Par-ques Macambira Anicuns, Flamboyant Lourival Lou-za, Cascavel e Fonte Nova. O agendamento para a partici-pação das escolas é feito pelo telefone 3524-4606, ou pesso-almente no Departamento Administrativo do Parque Areião, na Vila Ambiental.

goIâNIA NA PoNTA do lÁPIS

Resultado sai em novembro

O concurso de redação Goi-ânia na Ponta do Lápis teve as datas da semifinal e final modificadas. Com a mudança no calendário, a divulgação dos resultados dos estudantes vencedores ficou para o pró-ximo mês. No dia 9 de novem-bro será promovida a entrega dos prêmios aos alunos que ficaram entre os dez melhores de cada categoria. E no dia 23 de novembro será a grande final, no Centro Cultural Goiâ-nia Ouro.

A 18ª edição do concurso premiará os estudantes que escreveram as melhores reda-ções com medalhas, certifica-dos, smartphones, notebooks, bicicletas, TVs e bolsas de estudos da Faculdade Sul-A-mericana (Fasam). Os alunos devem produzir textos abor-dando o tema “Como a inter-net tem interferido na relação entre as pessoas?”.

Realizado pela Tribuna do Planalto há quase 20 anos e desenvolvido com o apoio da Secretaria Municipal de Educação e Esporte, o concur-so é uma forma de ampliar o aprendizado do estudante, por meio de pesquisa, argu-mentação e produção de texto.

“A educação é movida por incentivos. O concurso vem ajudar o estudante a desen-volver conhecimento, am-pliar a visão futura da carrei-ra estudantil, projetar bom emprego e também estimular as relações pessoais. Acredito que muitos alunos serão pre-miados”, diz o secretário Mu-nicipal de Educação, Marcelo Ferreira da Costa.

O tema escolhido para esta edição é analisado pelo secre-tário como de alta relevância por incentivar debates nas es-colas, principalmente devido ao grande contato de crianças e adolescentes com a internet.

Secretário de Educação, Marcelo Ferreira

Fabiola RodriguesFotos: Secom

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Estudante conta suas impressões sobre a histórica cidade de Goiás

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Viagem fantásticaà antiga Vila BoaMeu nome é Égila

Eduarda Pereira de Oliveira, tenho 13

anos e sou aluna do 8º ano da Escola Estadual Homero Orlando Ribeiro, em Itum-biara. No dia 25 de agosto, via-jei, com meus colegas de tur-ma e professores, para visitar a cidade de Goiás, cuja histó-ria começou em 1726. Tam-bém conhecido como Anhan-guera, Bartolomeu Bueno da Silva descobriu ouro nas cabeceiras do Rio Vermelho, em terras habitadas pelos ín-dios Goyazes, e fundou ali o arraial de Sant’Anna, que logo depois foi elevado à condição de vila e se tornou, durante o Ciclo do Ouro, capital de Goi-ás, passando a se chamar Vila Boa de Goiás.

Goiás parece uma cidade cenográfica, parece que tudo aquilo é um filme, cenário para a história que se passou ali desde o século XVIII. As ruas preservam as casas an-tigas, pequenas, simples, típi-cas da arquitetura colonial.

Quando vi o chão daquela cidade me veio na mente um filme, sim, um filme! Fiquei emocionada em ver aquelas pedras no chão. É uma sen-sação diferente, pensar que homens que construíram aquilo sabiam que nunca

mais veriam suas famílias ou que viram seus filhos crescer no meio da escravidão, viram seus pais, em um sentido lite-ral, morrer de trabalhar.

Surpreendeu-me ver na

prática, que o capitalismo vem de muito, mas muito tempo atrás. A igreja dos brancos era no centro, en-quanto os pobres se reuniam em lugares sem importância alguma. Sem contar o fato de o Brasil naquela época não ser ainda um estado laico. Só de ver as casas, podemos ima-ginar as diferenças sociais dos antigos moradores.

O lugar que fiquei mais surpresa de conhecer foi a Casa de Cora, o maior cartão-postal da cidade. A poetisa Cora Coralina é a maior ce-lebridade da cidade e a casa onde viveu, transformada em museu, se tornou um dos pontos turísticos preferidos

eEspaço do studante

dos visitantes.Entrei em uma casa que

foi erguida há mais de sécu-lo. Quantas histórias já fo-ram vivenciadas ali! Quantas histórias Ana Lins não teria para nos contar! A certeza que tenho é que essa viagem mar-cou minha vida.

Quem sabe teremos outras oportunidades de ir lá... Na te-oria, você aprende bastante, mas na prática é outra coisa. Voltei no tempo, me imaginei em meados do século XVIII, pisei onde o Anhanguera pi-sou. Ele iniciou nossa histó-ria, sim, da forma mais triste possível, mas vamos dar con-tinuidade nela até o dia em que ela existir.

EdEAlINA

Estudantes conhecem fábrica de cimento

Estudantes de Edealina, município da região Sul de Goiás distante 150 quilôme-tros de Goiânia, conheceram de perto uma indústria de ci-mento. No início de outubro, 31 alunos do 9º ano do ensi-no fundamental da Escola Municipal Pedro José Leandro foram recebidos pela Voto-rantim Cimentos, por meio do programa “Portas Abertas”, iniciativa promovida para aproximar a comunidade da empresa, em visitas progra-madas à fábrica.

Os alunos conheceram as instalações, o processo produtivo de fabricação de cimento e tiraram dúvidas sobre o funcionamento da unidade. Além disso, a visita contribuiu para consolidar a parceria na realização de atividades em prol do meio ambiente. Profissionais da fábrica já ministraram pa-lestras na escola sobre coleta seletiva, reciclagem e consu-mo consciente dos recursos naturais, e também mobiliza-ram os alunos a participarem de um concurso de desenho com temas relacionados à preservação ambiental.

Tiago Caramuru/www.esvaziandoamochila.com/

Estudante Égila Eduarda ao lado do professor de História Adriano Giovane