jornal marco

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Edição 298

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Page 1: Jornal Marco

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Persistem as reclamaçõesde moradores residentespróximo ao AeroportoCarlos Prates quanto aobarulho provocado peloshelicópteros. Página 7

Em BH, amantes dospatins criam grupo nainternet, conseguem maisadeptos e marcam encon-tros para a prática daatividade. Página 12

Clube de Leitura emQuadrinhos reúneapaixonados e curiososduas vezes por mês embiblioteca municipal nacapital mineira. Página 9

Junho • 2013Ano 41 • Edição 298R

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O dia a dia dos profissionais de limpeza urbana não éuma tarefa fácil, o esforço é grande e o salário não é satis-fatório, além disso, sofrem com alguns cidadãos desres-peitosos. Dificuldades à parte, a maioria dos garis esbanjasimpatia e felicidade, realizando seu trabalho sempre comum sorriso no rosto. É o caso da profissional Sheila Natalí-cia de Andrade, que diz se divertir cumprindo seu trabalhono Bairro Coração Eucarístico. A casinha verde da ruaParacatu, no Bairro Santo Agostinho, Zona Sul da capital,é ponto de partida para o trabalho de 12 profissionais dalimpeza urbana. Entre esses, a família Peixoto se destacapor ter uma rotina diferente das famílias tradicionais: as7h da manhã pai, mãe e filho já estão com seus uniformeslaranjas prontos para começar a limpeza das ruas. Pág. 13

LAGOA DA PAMPULHACOMPLETA 70 ANOS SEM

MOTIVOS PARA COMEMORAR

Cine Pathé será utilizadocomo cinema novamente

Fanfics saem da internet esão publicadas em livros

A rotina dos garisque trabalham em Belo Horizonte

RAQUEL DUTRA

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ANDRÉA PRADO

Ponto turístico de BeloHorizonte e concorrendoao posto de PatrimônioCultural da Humanidade,a Pampulha guardahistórias de moradores evisitantes que veem noespelho d’água e em seuentorno um referencial dacapital mineira. Mesmocom sua importância, alagoa corre risco, por causada poluição e do assorea-mento que a atinge. Apopulação anseia pelaprometida recuperação,mas se mostra dividida emrelação a acreditar que issode fato ocorrerá. Parceriaentre Copasa e prefeiturasde Belo Horizonte e Con-tagem tenta restaurar aqualidade da água. Mas, oprojeto, que se divide emtrês partes, teve a primeiraadiada. Pág. 16

Famoso nas décadas de 1950 e 1960, o Cine Pathé acabou perdendo o seulugar e, após outras destinações, é ocupado por um estacionamento. Essa situ-ação, no entanto, está perto de ser mudada. A prefeitura da capital, juntamentecom a PHV Engenharia, elaboraram projeto de recuperação do espaço. O cineserá ‘reinventado’, mas buscando guardar sua história e os desejos da popu-lação. Um prédio de nove andares será erguido, mas preservando-se a fachadatombada. Além da sala de projeção, haverá espaço para exposições. Pág. 11

As fanfics são histórias que sebaseiam em outras histórias. Feitas porfãs, utilizam personagens, cenários eenredos de narrativas consagradas paracriar uma nova. Escritores de fanficscomo Bárbara Dewet, começaram aescrever pelo gosto às histórias fanta-siosas, mas, hoje, já tem livros publica-dos e lugar garantido nas prateleiras delivrarias ao lado de seus ídolos. A inter-net é o meio mais comum de divulgaçãoe troca de fanfics entre os fãs. Pág. 8

Page 2: Jornal Marco

2 ComunidadeJunho • 2013jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

jornal marcoJornal Laboratório da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas www.pucminas.br . e-mail: [email protected]

Rua Dom José Gaspar, 500 . CEP 30.535-610 Bairro Coração Eucarístico Belo Horizonte Minas Gerais Tel: (31)3319-4920

Sucursal Puc Minas São Gabriel: Rua Walter Ianni, 255 CEP 31.980-110 Bairro São Gabriel Belo Horizonte MG Tel:(31)3439-5286

Diretora da Faculdade de Comunicação e Artes: Prof ª. Glória Gomide Chefe de Departamento: Prof. Ércio do Carmo Sena CardosoCoordenador do Curso de Jornalismo: Prof. Francisco BragaCoordenadora do Curso de Comunicação / São Gabriel: Prof ª. Alessandra GirardiCoordenador do Curso de Jornalismo (São Gabriel): Prof. Jair Rangel

Editor: Prof. Fernando Lacerda Subeditores: Profª. Júnia Miranda e Prof. João Carlos Firpe PennaEditor Gráfico: Prof. José Maria de Morais

Monitores de Jornalismo: Ana Júlia Goulart, Carolina Sanches, Gabrielle Assis,Ígor Passarini, Joana Aragão, Letícia Carvalho, Victor RinaldiMonitora de Fotografia: Raquel Dutra, Raquel GontijoMonitor de Diagramação: Thiago AntunesMonitora de Revisão: Priscila Evangelista

CTP e Impressão: Fumarc. Tiragem: 12.000 exemplares

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GABRIELLE ASSIS3º PERÍODO

Fechar a edição de um jornal não é tarefafácil. Os envolvidos, no caso do MARCO, osmonitores, lidam com as dificuldades paraconseguir pautas e fontes, precisam entrarem contato com assessorias e órgãos oficiais,conseguir fotos e personagens, para quetudo fique pronto de acordo com o ca-lendário, e as pessoas recebam em sua casaa edição do jornal finalizada. Mas, a expe-riência do trabalho é sempre gratificante,ainda mais em jornal feito por alunos e des-tinado a toda a comunidade localizada noentorno da Universidade, porque ficamosmuito próximos de todas as etapas, desde aprimeira reunião até as páginas prontas, oque nos garante intenso aprendizado.A finalização de um jornal é a mais difícil dastarefas. Nessa edição, deparamos com o fimdo semestre letivo da Universidade, queacarretou no acúmulo de atividades para osrepórteres, monitores e editores. Mas, comotudo na vida tem solução, a equipe traba-lhou arduamente e nossos repórteres,mesmo sendo voluntários, buscaram dar omáximo de si, para você, caro leitor, receberem sua casa mais uma edição do nosso jor-nal, do nosso MARCO. Quando eu falo "nosso", quero dizer que ojornal é de toda a comunidade, de todas aspessoas que, há mais de quatro décadas,abrem suas páginas para se informar, viven-ciar realidades diferentes e fazer parte danossa história.Nesta edição mostraremos como a tecnolo-gia influencia e muda a vida das pessoas,servindo como ponte para unir gente com osmesmos gostos, como inspiração para a cria-tividade de jovens, que cada vez mais usama modernidade a seu favor, ou como formade facilitar a vida e a locomoção em temposde correria. Além disso, nas páginasseguintes retratamos a vida de pessoas quetrabalham arduamente para sustentar suafamília, falamos da relação das pessoas coma cidade, da comemoração de 70 anos doComplexo da Pampulha, tão importante eimponente em Belo Horizonte e dospreparativos para a Jornada Mundial daJuventude, mais um marco em nosso paíseste ano.O nosso trabalho é sempre levar a vocês ainformação e, mesmo com o cansaço, a cor-reria e as horas a mais de expediente, nossamaior alegria é saber que nossa atividadeestá sendo bem feita. Prova disso são ostelefonemas, os agradecimentos e, atémesmo, as reclamações, que toda a equiperecebe dos nossos leitores diariamente.Queremos continuar sendo o jornal da comu-nidade, deixando sempre a nossa marca poronde passarmos e fazendo parte da vida decada leitor!

Quando as dificuldadestornam o trabalho ainda mais gratificante

editorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialEDITORIAL

expedienteexpedienteexpedienteexpedienteexpedienteexpedienteEXPEDIENTE

MÃO ÚNICA PREJUDICATRÂNSITO NO COREU Desde que passou a ter só um sentido, Rua Dom Joaquim Silvério tem causado problemas a motoristas e moradores

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LETÍCIA CARVALHO5° PERÍODO

Desde o dia 30 de janei-ro, moradores do BairroCoração Eucarístico, co-merciantes e motoristasestão convivendo com ostranstornos que acontece-ram em consequência daalteração na Rua DomJoaquim Silvério. Antes elaera de mão dupla e agorapassou a ser única, partin-do da Praça da Federação eindo no sentido da RuaDemerval Gomes. De acor-do com a BHtrans, o obje-tivo da mudança é propor-cionar mais segurança parapedestres e veículos e me-lhorar a fluidez na circu-lação de veículos.

Para que a rua volte aser de mão dupla, algunsmoradores, comerciantes etaxistas estão realizandoabaixo assinado, já que sesentiram prejudicados coma medida que, segundoeles, foi tomada sem con-sulta prévia nenhuma. Parao comerciante MagnoGarcia Veloso, essa modifi-cação não agradou aos queutilizam a rua de algumaforma. "Somos um bairropequeno, com quatro ruasque atravessam o bairro edez ruas pequenas, de atéquatro quarteirões quecruzam essas principaisruas e como várias foramtransformadas em sentidoúnico de circulação, o bair-ro virou um verdadeirolabirinto de mão/con-tramão" , alega Magno.

A Rua Dom JoaquimSilvério é a única entradapara o Coração Eucarísticode quem vem de bairrospróximos, como JoãoPinheiro, Dom Cabral eCalifórnia e as pessoas quefrequentam diariamente oCoração Eucarístico jáestão sofrendo as conse-quências. "Perdi a facili-dade que tinha em entrarno bairro e isso tem me

desanimado um pouco deir até lá", lamenta MariaAlice Damázio, 48 anos,moradora do Bairro JoãoPinheiro, que frequenta oCoreu para utilizarserviços bancários e fazercompras no supermercado.

Os carros vindos dosbairros vizinhos pelaAvenida Delta entravamno bairro pela Rua DomJoaquim Silvério e por elaacessavam a pracinha e, apartir daí, chegavam rapi-damente a qualquerdireção que desejavam. Oscarros que antes passavampela Dom Joaquim Sil-vério tem a opção dedescer à direita pelaDemerval Gomes, quetambém é sentido único decirculação e depois virarem outra rua, que é a DomPrudêncio Gomes. Só en-tão, na Rua Coração Euca-rístico de Jesus é possívelvoltar para a Praça daFederação ou descer para aVia Expressa. "Esta mano-bra que os motoristas têmutilizado no bairro, temafunilado ainda mais otrânsito, criando conges-tionamentos ou trânsitolento na maior parte dodia, além de prejudicarmotoristas de carros deemergência como a PolíciaMilitar e o Samu que temuma unidade grande aquina Rua Dom AristidesPorto e que por causa desteobstáculo estão perdendotempo precioso", afirma otaxista Ademar PereiraVidal, 43 anos.

Segundo ele, desde que arua tornou-se de uma mãosó, um percurso que elegastava três minutos, agorademora até dez, uma vezque a saída pela CoraçãoEucarístico de Jesus reúnetodo o trânsito das pessoasque pretendem sair pelaVia Expressa. "Eu acho quequando a Prefeitura ouBHTrans forem tomar algu-ma providência para me-

lhorar o trânsito, deveria aomenos saber o que se passana região que a mediada fortomada. Foi uma arbi-trariedade essa atitude,pois o impacto não foisomente no trânsito, mashouve prejuízo também nocomércio, que deixou servisto por muitas pessoasque passavam pela DomJoaquim Silvério" , lamen-ta.

"A gente vê no dia a dia,a insatisfação dos motoris-tas e a BHTrans, com essamedida, acabou piorando otrânsito. O quarteirão daRua Dom Joaquim Silvé-rio, agora, ficou deserto.Algumas pessoas recla-mavam da batida naquelelocal. É chata essa situação,mas atendeu uma mino-ria", ressalta Magno. O co-merciante diz que procu-rou algumas pessoas daPrefeitura para analisar ocaso, mas ainda não obteveresposta. "Eles têm que

ouvir o nosso lado tam-bém, pois tomaram as pre-vidências lá na BH trans enão nos procuraram",acrescenta.

"As pessoas quando pas-savam pelo bairro, viam ocomercio da rua, e hoje,passam direto. Nós comer-ciantes perdemos muitocom isso, e o rendimentoteve uma queda sem con-tar que a rua ficouperigosa", alega MarceloGonzales Duarte, 53 anos,do restaurante A Granel,localizado na Praça da Fe-deração. Ele afirma que amovimentação do estab-elecimento, desde quehouve alteração na mão darua, reduziu em torno de25%. "Houve uma quedana movimentação dorestaurante, principalmen-te a noite. Já que não émais passagem de muitaspessoas, por isso o restau-rante deixa de ser opçãopara elas", diz.

Rua Dom Joaquim Silvério deixou de ser mão dupla e gerou reclamações

RAQUEL DUTRA

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PRISCILA EVANGELISTA1º PERÍODO

A comerciante Ana PaulaMalta Araújo, 44 anos,encontrou no material reci-clável a oportunidade decriar novos objetos e incre-mentar a própria renda.Tudo vira arte nas mãos daartesã. Um pote de sorvetedá lugar a uma linda male-tinha de bijuterias, o galão dedesinfetante vazio vira sacolade supermercado, e não é sóisso, com a caixa de papelãoa artesã faz casinha decachorro.

Ana Paula explica que

não tem o hábito de progra-mar o que vai fazer.Moradores dos arredores doCoração Eucarístico já co-nhecem o trabalho da artesãe sempre levam para elamateriais como potes desorvete, embalagens deshampoo, retalhos, latas debiscoito e tudo é reaproveita-do.

"Eu mexo com artesanatohá mais de 14 anos", diz aartesã, com satisfação. Foiandando pela Pampulha queAna Paula percebeu que pode-ria transformar resíduos emarte. "Uma vez eu estava lá naPampulha andando pela lagoa

e vi aquele tanto de lixo joga-do ali dentro. Foi então quecomecei a pegar as garrafas pete vi que tudo nessa vida setransforma", conta.

No início, Ana Paula nãotinha o intuito de fazer arte-sanato para vender. Foidepois de transformar umavelha lata de biscoito queestava indo para o lixo emuma latinha de sucata que aartesã percebeu que poderiaganhar algum lucro. "Não fiza latinha de sucata para servendida, mas uma pessoaviu, gostou e me falou: 'eu tepago o que você quiser nestalata', foi então que percebi

que poderia fazer paravender", salienta.

Atualmente, ela possuiuma lojinha onde tudo o queé produzido por ela é comer-cializado. Ana Paula possuigraduação em Cerimonial eEventos e não esconde suasatisfação pelo trabalho deartesanato que faz. A artesãexplica que outras pessoastambém podem tirar do arte-sanato uma renda. "Às vezesuma dona de casa joga algu-ma coisa fora que poderia serreaproveitada, e ser o iníciode uma renda para ela. Muitacoisa que a pessoa joga forapode virar dinheiro", conclui.

Arte com materiais recicláveis

Page 3: Jornal Marco

3ComunidadeJunho • 2013 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

REFORMA DO CAMPODO PASTORIL DEVERÁCOMEÇAR EM 2014O projeto foi aprovado em novembro pela comunidade esportiva do Dom Cabral e está em fase de elaboração executiva

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ÍGOR PASSARINI5º PERÍODO

A obra de reforma docampo do Pastoril, noBairro Dom Cabral,aprovada em novembrode 2010 pelo Orçamen-to Participativo (OP)2011/2012, ainda nãotem data de início. Naépoca a RegiãoNoroeste foi contem-plada com nove obras,entre elas a revitaliza-ção do campo de fute-bol, com direito a insta-lação de grama sintéticae construção dearquibancada e vestiá-rio.

Segundo ArmandoJosé Caldas Sandinha,64 anos, vice-presidenteda Associação de Mora-dores do Bairro DomCabral, a Superinten-dência de Desenvolvi-mento da Capital(Sudecap) apresentouum projeto para acomunidade em 17 demaio de 2012, mas quenão atendeu a expecta-tiva do pessoal dacomunidade esportiva.Um dos pontos que nãoagradou foi a dimi-nuição no tamanho docampo que já possui asdimensões mínimaspermitidas pela FIFA.

"O objetivo era colo-car uma arquibancadacom dois mil lugares e agente sabe que navárzea hoje não tempúblico acima de 70, 80pessoas. Quem querassistir o jogo vem e ficasentado na praça ou nosbares de onde tem visãopara todo o campo, queé central e de fácil aces-so. Então, nós recusa-mos a proposta", explicao líder comunitário.

Em novembro de2012 foi apresentadoum segundo projeto,com uma planilha já de

acordo com as solici-tações feitas pela comu-nidade como a cons-trução dos novos ves-tiários, sala de reuniões,área administrativa,sala de troféus, ban-heiro para o público etribuna com plataformaelevatória para porta-dores de necessidadesespeciais. "A Sudecap éo seguinte: foi aprova-do, vai para lá paraelaboração do projeto eo que ocorre é que elesfazem o projeto de acor-do com o que eles dese-jam, eles atendem osanseios deles, nãoprocuram a comu-nidade para procurar seinterar do que a comu-nidade quer", ponderaArmando Sandinha.

A Regional Noroesteinforma através da suaGerência de OrçamentoParticipativo que aRevitalização doCampo Pastoril comgrama sintética está emfase de elaboração deprojeto executivo. Apósa conclusão desta etapaacontecerá o processode licitação para a reali-zação da obra, bemcomo será dada aOrdem de Serviço paraa realização doempreendimento.

Armando Sandinhaacredita que até 2014as obras deverãocomeçar. "O orçamentoparticipativo tem prazoestipulado de mais oumenos três anos parainício de obras, que éelaboração do projetoexecutivo, licitação,ordem de serviço,aprovação pelo prefeito.Então a gente temesperança que até o iní-cio do ano que vem dêinício as obras", expõe.

João Pereira dosSantos, 68 anos, maisconhecido como JoãoBaiano, joga há 35 anos

Após revitalização o campo de futebol no Bairro Dom Cabral terá grama sintética. Atualmente ele é coberto por areia e resquícios de grama natural

RAQUEL DUTRA

Antônia Tereza reclama da atual situação do transporte público no Bairro

RAQUEL DUTRA

no campo do Pastoril etambém o administra. Éele quem cuida, corta,pinta e agenda os jogos.Para ele o atraso não éum problema. "Nãoestou sentindo falta dareforma porque pelomenos ainda temos aárea de divertimentopara brincar", afirma.

GRAMA Outro pontodiscutido pela comu-nidade esportiva doBairro foi a escolha dagrama sintética. De

acordo com ArmandoSandinha, a grama na-tural tem manutençãoque se torna cara. "Issoaqui é um patrimônioda Prefeitura, é admi-nistrado pelo clube aquido bairro, só que nãotem verba, não temnada. Então, como vaimanter jardineiro, irri-gação", argumenta.

Segundo ele, a gramasintética tem durabili-dade de sete a dez anose se tem um problemacom a placa é só tirar

fora e por outra. "Alémdisso, a manutenção ésó aquele pó da bor-racha que o pessoalreconhece como se fosseum amortecedor. Aquilovocê espalha sobre agrama para evitar oescorregão do jogador.Então, para a gente foimais prático", completa.

"O campo dá muitapoeira. Quando o postoestava funcionando em-poeirava tudo. Sobemuita poeira, até osbancos da paróquia fi-

cam sujos. Teve umavez que o posto desaúde chamou um ca-minhão pipa para jogarágua e baixar a poeira,mas de um dia paraoutro voltou tudo", rela-ta o funcionário daParóquia, Adair Mari-ano dos Prazeres, 60anos. Ele acredita queapós arrumar o campo asituação irá se nor-malizar.

Moradores do Dom Cabral pedem coletivon

ÍGOR PASSARINI5º PERÍODO

Quem mora no BairroDom Cabral e precisausar o metrô enfrentalongas caminhadas ouse vê obrigado a pagar ovalor integral da pas-sagem de ônibus. In-felizmente, as reclama-ções não param por aí.Dentro do bairro otransporte público tam-bém apresenta deficiên-cia, de acordo commoradores ouvidos peloMARCO. "Eu acho queeles poderiam fazer aquium micro-ônibus paracircular no bairro, inte-grando João Pinheiro,Alto dos Pinheiros eDom Cabral, porque ascoisas aqui são umpouco longe das outras",afirma Lucas Ramon daSilva, 31 anos, fun-cionário público e coor-denador do grupo dejovens da Paróquia BomPastor, no Dom Cabral.

Adair Mariano dos

Prazeres, funcionário naParóquia, diz que o filhoque trabalha na vizinhacidade de Contagem àsvezes vai a pé para nãoter que pegar duas pas-sagens. "Ele sai daqui às4h da manhã porquepega o serviço às 6h e eufico até com medo deacontecer alguma coisacom ele. A gente ganhaum salário mínimoentão fica muito difícil",revela.

O vice-presidente daassociação de moradoresdo Dom Cabral,Armando José CaldasSandinha, 64 anos, afir-ma que as pessoas sãoobrigadas a fazer tudo nabase da caminhada. Deacordo com ele, paraquem mora no final dobairro, próximo ao anel,a caminhada é longa."Seria interessante colo-car um circular, porquemuitos jovens e adultosestudam na EscolaEstadual Cândida Cabrale quando não tem vaga

na Escola Estadual Assisda Chagas, as criançastêm que estudar naUmei Pituchinha noJoão Pinheiro, que é dooutro lado. E é uma dis-tância muito grande paracriança percorrer", pon-dera.

A BHTrans informou,por meio de sua Asse-ssoria de Comunicação,que não há um projetopara atender esse tipode demanda, que é umacobrança proporcionalao percurso percorrido.De acordo com a empre-sa, o usuário, portandoo cartão BHBus, podeter o benefício daredução de tarifa ao uti-lizar ônibus mais metrô.Ele terá desconto de50% em cima da menortarifa, ou seja. Ele pagaR$ 2,80 no ônibus e vaipagar metade de R$1,80 do metrô, no casoR$ 0,90. Sem essapolítica o usuário iriapagar R$ 2,80+ R$1,80, resultando em R$

4,60. Hoje, ele paga, R$2,80 + R$ 0,90, totali-zando R$ 3,70, usandoo cartão BHbus.

Mesmo conhecendoa opção do cartãomuitos moradores nãoutilizam o serviço. É ocaso da diaristaWanessa RodriguesVieira, 28 anos, queprefere pagar em di-nheiro já que não tememprego fixo. "Nor-malmente, quem tempatrão e ganha valetransporte é que usa.Deveria ter o circular,ajudaria bastante.Quando pego ônibus éa conta de entrar e játem que descer", relata.

Outro problema,segundo a moradoraAntônia Maria Tereza,56, técnica de enfer-magem no HospitalGalba Velozo, é que odesconto acontece nahora de colocar o di-nheiro no cartão."Quando a gente passana catraca desconta a

passagem inteira. De-veria ter desconto napassagem com certeza.Você vai aqui do DomCabral ali na Game-

leira e paga o preço deuma passagem para oCentro ou para outrobairro distante, é umabsurdo", explica.

Page 4: Jornal Marco

4 ComunidadeJunho • 2013jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

DA SALA DEAULA PARA OSMUROS DA PUCO “Beira Linha – Desenhando a sua História” é um projeto que reúne jovens da região

Nordeste de BH com o objetivo de realizar uma intervenção artística nos muros da PUC

Minas do São Gabriel e explorar o potencial de criação dos partipantes do programa

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FLÁVIA NUNES

YAN BATISTA1º PERÍODO

O 'Beira Linha –Desenhando a sua His-tória' é um projeto socialque atende crianças e ado-lescentes que moram nosarredores da PUC Minasno São Gabriel e nosdemais bairros da RegiãoNordeste de Belo Hori-zonte. Nesse projeto, érealizada uma oficina dedesenhos coordenada pelaartista plástica e professo-ra da universidade, MartaNeves.

A oficina faz parte de

um programa maior, o"Projeto Beira Linha", queé coordenado pela Pastoralna universidade, e fazparte do Programa deExtensão Universitária, oProex. O projeto oferececursos profissionalizantesem diversas áreas, comoAuxiliar Administrativo,Inglês e Informática, parajovens e adolescentes víti-mas da marginalização nosentornos da comunidadedo Beira Linha.

A ideia nasceu do dese-jo da professora de criarum projeto de envolvi-mento dos jovens da BeiraLinha com a arte, seu obje-

to de trabalho. Em entre-vista, Marta conta que seinspirou no projeto deintervenção artística dosmuros da universidade pormeio do grafite, que acon-teceu em setembro de2012, na Semana deCiência, Arte e Política, aScap. A criação da oficinade desenhos, portanto,tem como objetivo princi-pal dar continuidade aessa intervenção. "Afinalde contas, é um muroenorme que comportaainda muitas outras inter-venções e pinturas", con-clui Marta.

A estudante Luana, de

Casamento realizado entreas desocupações de famíliaspara a nova rodoviária de BH

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LORAYNNE ARAUJO BURJAILY1º PERÍODO

Seu Noberto e DonaGeralda estão juntos há 34anos. Eles sempre tiveramo sonho de se casar,porém, devido à falta derecursos financeiros, nãoconseguiram fazer a ceri-mônia. No dia 11 destemês, o casal realizou osonho com a ajuda deAmanda Marina, aluna dedireito da PUC Minas.

A ideia do casamentosurgiu a partir de um do-cumentário idealizado porAmanda e produzido peloslaboratórios de vídeo e defoto da PUC, que retratouo modo como está sendofeita a desocupação dasfamílias para a construçãoda rodoviária no BairroSão Gabriel. A aluna disseque procurou a coorde-nadora dos laboratórios,

Eliza Rezende, propôs ummemorial fotográfico dobairro e o registro emvídeo dos depoimentosdesses poucos moradoresque ainda resistem. "Asfamílias se mudando, ascrianças brincando nosescombros, e o bairro deperiferia, antes tão cheiode vida, se tornando vazio,restando apenas ratos,insetos e poucas famílias,ainda lutando por outrolugar para morar...", con-tou Amanda.

Durante a gravação dosdepoimentos, a equipeencontrou o casal e,comovida com a históriado Noberto e da donaGeralda, teve a ideia darealização do casamento etambém para ilustrar otítulo do documentário:"Sonhos Estão SendoDemolidos".

O casamento aconteceuna Rua Doutora Denise,

antigo endereço do casal, econtou com a ajuda deamigos, vizinhos e atéempresas que se comove-ram com a história dosdois. A Via TernosMariana providenciou asvestimentas, a Iluminartedisponibilizou toda a de-coração do casamento(com direito até a tapetevermelho!) e a LapidaçãoItamar e Sérgio confeccio-nou as alianças .

"Foi um ato de despedi-da, resistência e alegria.Hoje, nossos recém-casa-dos estão no bairro Bel-monte, recebendo bolsaaluguel até o famoso 'pre-dinho' ficar pronto. A anti-ga casinha da rua DoutoraDenise será demolida embreve. Mas o momento decooperação e harmoniaque se fez não será apaga-do", disse Amanda.

Participantes do projeto exibirão seus trabalhos na galeria dos laboratórios de multimídias da PUC São Gabriel

"Bota-fora" no João Pinheirotem problemas diminuídoscom ações da Prefeitura

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GABRIELLE ASSIS3º PERÍODO

A Unidade de Rece-bimento de PequenosVolumes (Urpv) da RegiãoNoroeste, popularmenteconhecida como "bota-fora", localiza-se à ruaTamandaré, número 5, noBairro João Pinheiro.Destinada ao depósito delixos e entulhos depequeno volume, causavamuitos problemas para apopulação da região, quesofria com o aparecimentode animais e de pessoasque faziam barulho equeimavam lixo à noite.Mas, atualmente, com asreformas feitas pelaPrefeitura, os incômodostêm diminuído.

O depósito, que fica noviaduto de encontro daVia Expressa com aAvenida Cícero Idelfonso,contém nove caçambasdestinadas ao depósito delixos e entulhos. As pes-soas podem depositar umapequena quantia dessesmateriais lá diariamente.Muitas vezes, elas vão de

carro e levam os resíduos,outras vezes, contratamcarroceiros para fazer oserviço. "Todos os dias aspessoas pedem para bus-car. Elas ligam e eu vou lánas casas, depois tragoaqui para o bota-fora",relata o carroceiro JoséAndrade Luís.

Um dos três fun-cionários do local, NilsonPereira, conta que aPrefeitura cercou o local,colocou portão e passou afazer a limpeza re-gularmente. Antes, onúmero de animais, comoratos e baratas, era signi-ficativo, fazendo com queos moradores da regiãosempre reclamassem. Alémdisso, a área era usada pormendigos e moradores derua, que faziam barulho ecolocavam fogo em pneuse entulhos, atrapalhando avizinhança.

Lorimar Santos Fer-reira, morador da AvenidaCícero Idelfonso, trabalhaem um restaurante próxi-mo ao depósito e afirmaque antes era a maiorbagunça. "Mas a tela de

proteção e o portão dimi-nuíram os problemas",ressalta.

O lixo depositado nascaçambas vai para umaterro em Sabará naRegião Metropolitana deBelo Horizonte, e osentulhos são levados paraáreas de reaproveitamento,para fabricar britas, tijolose brocas para construções.A URPV funciona desegunda a sexta-feira de7h30 às 16h30 e aos sába-dos de 12h às 16h30.

EM ESPERA Mesmocom as melhorias feitaspela Prefeitura, a reformada Unidade de Recebi-mento de Pequenos Volu-mes não está totalmentepronta. Os funcionáriosreclamam da demora emterminar a construção deum vestiário, que está láhá mais de um ano, semser finalizado. A placa daPrefeitura, falando dareforma na área, tambémestá no local. Mas não hánem sinal de continuaçãodo trabalho e de entregada unidade finalizada.

Com ajuda de aluna da PUC Minas, Norberto e Geralda realizaram o sonho de se casar após 34 anos juntos

ARQUIVO PESSOAL

ARQUIVO PESSOAL

12 anos, aluna do projeto,diz que o seu interesse pordesenho veio da família."Meu irmão sabe desenharbastante, é bem legal, e eutambém queria aprender",diz. Luana vem para a uni-versidade acompanhadados pais, que a incentivama participar. O mesmoocorre com Letícia, de 13anos. "Minha mãe tam-bém gosta de desenhar",conta. Duas das primeirasalunas a participar, elasficaram sabendo do proje-to a partir de uma visita daprofessora Marta à escolaem que estudam. Paraelas, a oficina de desenhoé muito importante. "Naescola, a gente não temesse contato tão grande[com a arte] como a gentetem aqui", explica Luana.

A professora Marta

explica que o objetivo doprojeto não é formarexímios desenhistas, esim, explorar o potencialde criação dos seus alunos."Não é nada de umagrandiosidade técnica tãopesada, mas é o início deum despertar para novaspossibilidades", destaca.Para ela, o maior ganho doprojeto é a liberdade deinteração com o próximoque vem sendo alcançada.Marta ainda conta quemantém contato fre-quentemente com seusalunos através das redessociais, e que com isso elapode motivar a frequênciadeles às aulas.

Para cada final desemestre do ano de 2013,a oficina fará umaexposição de seus traba-lhos. A primeira, já pre-

vista para o início dejunho, acontecerá na gale-ria dos laboratórios demultimídia da PUC Minasno São Gabriel. A segun-da, como mencionado,será a intervenção nosmuros da universidade,que ocorrerá no final doano. Os alunos estãomuito empolgados para oinício das exposições,especialmente a última.

Fazem parte da equipede apoio do projeto, junta-mente com a coordenado-ra Marta Neves, o seuesposo, também artistaplástico, Fernando Car-doso, que atua como vol-untário, e mais cincoestagiários, alunos docurso de comunicação dauniversidade.

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5ComunidadeJunho • 2013 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

FALTA DE SEGURANÇAE INFRAESTRUTURAPREOCUPA MORADORESEscada que liga Avenida Cícero Idelfonso à Rua Dom José Gaspar é motivo de problemas e preocuopações para quemprecisa passar por ali. É o caso da moradora Lúcia Alves, do Bairro João Pinheiro, que utiliza trajeto apenas durante o dia

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LETÍCIA CARVALHO5º PERÍODO

Não é de hoje quemoradores de bairrospróximos ao CampusCoração Eucarístico daPUC Minas reclamamdo medo que sentemem circular por algumasruas da região. AAvenida Vereador Cí-cero Idelfonso, localiza-da no Bairro JoãoPinheiro, traz muitainsegurança aos mora-dores que transitamdiariamente por ela.Outra reclamação daspessoas que circulamnaquela área é emrelação à continuaçãoda Rua Dom JoséGaspar, que não possuisaída, mas uma escadaque segue em direção àAvenida. "É uma Ruaem que faço uso delatodos os dias para ir àfaculdade e me sintomuito inseguro de pas-sar nela por causa daspessoas que ficam aoseu redor. São pessoasque não são de boa fé,são pessoas que rou-

bam, que usam drogas",lamenta Lucas Silva dePaula Faria, estudanteda PUC Minas.

Além dos problemasrecorrentes, como as-saltos e drogas, muitaspessoas não sabem quea Rua Dom José Gasparnão tem saída. "O pro-blema dessa rua é queninguém tem noçãoque aqui não possuicontinuação. Muitosmotoristas acham que arua não acaba aqui etêm que fazer umretorno", afirma JéssicaArantes Lima, 21 anos,também estudante daPUC Minas e moradorade um apartamentolocalizado na CíceroIdelfonso.

Pelo fato de ser umarua sem saída, o localatrai usuários de dro-gas, assaltantes que seescondem na escadariaque segue para a Aveni-da e muitos casais quese encontram no lugar.É o que conta a mora-dora e estudante daUniversidade, Cinthia

Corine Barbosa, 20anos. "Esse pedaço aquidescendo a rua DomJosé Gaspar é muitosoturno. Então, porisso, você vê muitomendigo, gente usandodrogas e casais que bus-cam um lugar escuro. Játeve situações como noinicio deste ano, queum casal de namoradosfoi assaltado aqui portrês homens. Já eratarde e acordei com osgritos da menina pedin-do ajuda", relata.

Apesar de ser umatalho para as pessoasque moram no BairroJoão Pinheiro e pre-cisam ir para o CoraçãoEucarístico constante-mente, os moradoresnão recomendam a pas-sagem por causa doperigo. "Utilizo o atalhode acesso ao bairro so-mente para ir ao traba-lho, pois na hora devoltar eu tenho medoque me assaltem ou depresenciar um assalto",conta Lucia Alves deSouza, 47 anos, que

trabalha em um prédiolocalizado na rua.

Para Rodrigo Dami-ano, 35 anos, delegadotitular do 2° DistritoNoroeste, o que faltapara a Avenida Verea-dor Cícero Idelfonso éuma atenção social eum patrulhamento os-tensivo. "Percebemosque o local tem fortepresença de mendigos eentão se faz necessáriauma política social. Onúmero de queixas naavenida é relativamentealto se formos com-parar com outras ruas,mas, muitas vezes,quando vamos fazeruma investigação, o queencontramos são mora-dores de ruas e nãopodemos deixar de re-alçar é que nem sempreos moradores de ruassão praticantes de ati-tudes ruins. Às vezes, émuito mais o precon-ceito da população comos mendigos, do queeles fazendo alguma ati-tude que não seja deboa fé", reflete Rodrigo.

Descaso na escada de acesso à Avenida Cícero Idelfonso gera problemas

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GABRIELLE ASSIS

JOANA ARAGÃO

3º E 4º PERÍODOS

Local de frequentesacidentes, a curva situa-da no encontro entre aAvenida 31 de Março ea Rua Ubiraitá, é motivode preocupação entremoradores e frequenta-dores do Bairro DomCabral. Casas à beira daAvenida já sofreram per-das físicas e seus donosprecisam arcar com pre-juízos financeiros. Asreclamações e reivindi-cações são, geralmente,as mesmas: a falta desinalização, de redutoresde velocidade e quebramolas, acaba acarretan-do acidentes.

"Na época de chuva,os ônibus sobem eabastecem lá nagaragem deles, então otanque enche, elesfazem aquela curva efica aquele óleo, quandovem a chuva é umquiabo para fazer aci-

dente", observa AgenorJacinto de Deus,aposentado de 80 anos emorador do bairro háquase 50. Ele aindaacrescenta que a Ave-nida Ressaca, localizadana divisa entre os bair-ros Minas Brasil e PadreEustáquio, enfrentou omesmo tipo de pro-blema. Porém, segundoele, lá foram instaladosdiversos redutores develocidade para ame-nizar a situação.

Antônio José deQueiroz Reis, 72 anos,também aposentado,contou que recente-mente um carro esta-cionado em frente à suacasa, situada exata-mente onde a curva selocaliza, foi atingidoduas vezes em um curtointervalo de tempo. "Aúltima vez que teve aci-dente foi há 15 dias.Tinha um carro esta-cionado aqui em frente,começou a chover, fezum barulho. Eu corri lá,

um carro bateu nessecarro estacionado, que-brou o retrovisor e foiembora. Cinco minutosdepois outro veículoveio correndo e bateuno mesmo carro, quearrebentou todo e omotorista se machucou",conta.

Além de terem presen-ciado acidentes, ambosos moradores concordamque a solução para osproblemas seria a insta-lação de quebra molas eredutores de velocidade.Mas até agora a únicamedida adotada foi apintura de sinalização develocidade. "Na Avenida31 de março, lá em cimano poste, tá escrito 'Pistaescorregadia, 30 quilô-metros', eles escreveramisso no chão também",acrescenta Agenor.

"Eles puseram lá emcima uma sinalização develocidade de 30 qui-lômetros. Mas eu achoque tinha que por umquebra molas", comple-

Curva sem sinalização gera acidentesfrequentes

Segundo o delegado,muita coisa dá pra serfeita, tanto com relaçãoà Avenida VereadorCícero Idelfonso, quan-to a todos os lugaresque merecem umaatenção especial. Deacordo com o Rodrigo,muitas vezes as pessoassão vítimas de algumaviolência, mas tempreguiça ou medo derecorrer à Polícia, sejaela Militar ou Civil."Acho que, muitasvezes, a população nãosabe a diferença do

papel da Polícia Militare Polícia Civil. É ne-cessário que pessoa de-nuncie imediatamente,mesmo que tenha dúvi-das sobre onde ligar.Nós da Polícia Civilsomos responsáveis, namaior parte das vezes,pela investigação, massempre ajudamos aspessoas que nos procu-ram na hora do ato, sejapara orientar ou paraqualquer dúvida", fina-liza Rodrigo.

RAQUEL GONTIJO

RAQUEL GONTIJO

A curva fica localizada em uma descida e moradores reclamam da falta de redutores de velocidade

menta Antônio José.Os moradores dis-

seram, ainda, que foicriado e encaminhado àBHTrans um abaixo-assinado requerendo aadoção de medidas pre-ventivas contra os aci-dentes, por intermédioda instalação de quebramolas e redutores develocidade.

A equipe do MARCO

entrou em contato, tam-bém, com o presidenteda Associação de Mora-dores do Bairro DomCabral, Maurício An-tônio de Sales e o vice-presidente, ArmandoJosé Caldas Sandinha,que confirmaram que asreclamações sempre a-contecem com relaçãoao perigo do local e quemuitas pessoas já foram

atropeladas ou sofreramalgum dano.

Ambos disseram aindaque a Prefeitura já temconhecimento do proble-ma, embora não con-firmem o abaixo-assinado.Os líderes comunitáriosdisseram ainda que aPBH havia lhes informa-do que o ideal ali seria ouso de radares eletrôni-cos, o que não foi feito.

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6 ComunidadeJunho • 2013jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

FALTA DE MÉDICO AFETA ASSISTÊNCIAMoradores dos bairros Dom Cabral, Coração Eucarístico, Dom Bosco e João Pinheiro, que dependem de atendimento médico do Centro de Saúde Dom Cabral, enfrentam problemas

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VICTOR RINALDI5º PERÍODO

Falta de médico e atrasona obra da nova sede doCentro de Saúde DomCabral, à Região Noroestede Belo Horizonte, com-promete o atendimentodos moradores dos bairrosatendidos pela unidade desaúde. Usuários do serviçopúblico ainda reclamam dafalta de remédios parapacientes portadores dedoenças crônicas.

Originalmente, o Cen-tro de Saúde Dom Cabralfoi dividido por região emduas equipes de atendi-mento, azul e amarela.Mas, por causa do grandenúmero de usuários, recen-temente foi criado um ter-ceiro grupo, verde, parafacilitar o acolhimento.No entanto, mesmo com anova divisão não há médi-cos suficientes para aten-der todos os pacientes, oque acaba sobrecarregandoo único clínico que traba-lha no local.

Moradora do BairroJoão Pinheiro há mais de30 anos, a gerente de pro-dução Rita de CassiaNonato, 48 anos, estra-nhou que mesmo com afalta de médicos das outrasequipes tenha sido criadoo novo grupo de acolhi-mento. "Só tinha duasequipes, agora está apare-cendo essa equipe aí, achomeio estranho", desconfia.Para ela é necessária umamelhoria no atendimento."Quem vem aqui é porqueprecisa e que não temcondições de pagar umconvênio", diz.

O vice-presidente daAssociação de Moradoresdo Bairro Dom Cabral,Armando José Caldas San-dinha, 64 anos, é aposenta-do e depende do sistema desaúde público. “Este anoacho que já tivemos um oudois médicos. Vieram tra-balhar, ficaram um ou doismeses e sumiram, nuncamais voltaram. A minha

VICTOR RINALDI

Fachada do endereço provisório do Centro de Saúde à Rua Madre Mazarello, número 66, no Dom Cabral

equipe mesmo não temmédico. O médico queatende é o Dr. José Carlos, éantigo morador do bairro,ele vem se desdobrandopara atender as equipestodas", conta o paciente daequipe amarela.

Rita de Cassia tambémfaz parte dessa equipe ereclama que já faz aproxi-madamente quatro mesesque a equipe está sem médi-co e que apresenta dificul-dade em estabelecer umprofissional. "Quem estátratando e fazendo as coisasque a gente precisa são asenfermeiras, que dão receitae encaminham", revela.

Segundo a SecretariaMunicipal de Saúde(SMSA), a unidade deatendimento possui quatromédicos, três especialistase um clínico geral, além deuma equipe específica desaúde mental. Esses profis-sionais são responsáveispor atender uma popu-lação de 15 mil pessoas,com abrangência nos bair-ros Dom Cabral, CoraçãoEucarístico, Dom Bosco eJoão Pinheiro.

A equipe de SaúdeMental, composta porpsicólogo e psiquiatra,

também é alvo de insatis-fação de alguns usuários.Maura de Paiva Silveira,57 anos, é aposentada ecuida do irmão especialJoaquim Ferreira de Paiva,62 anos. No dia 17 dejunho, Joaquim estava compneumonia e não foi aten-dido no centro de saúde."Ele é especial, tem que seratendido, o médico da Upafalou. Se tem um médicode uma equipe, porquenossa equipe amarela estásem médico, ele teria queser atendido e eles nãoquiseram atender ele", diz.

Maura conta que seuirmão foi encaminhado pa-ra a Unidade de ProntoAtendimento (Upa) da re-gião. E que chegando lá, osfuncionários não quiseramatendê-lo sem o encami-nhamento da equipe. "Eufiquei lá de nove e meia damanhã às oito horas danoite para ele ser atendido.Aqui não tem médico não,eu fui parar na Upa com omeu irmão", relata Maura.

Para os residentes dosbairros, os problemas vãomuito além ao atendimentode enfermos. A dona decasa Maria das DoresSantos, 93 anos, é casada

com Wilson CamposTaitson, 94 anos, que éaposentado e portador domal de Parkinson. Ela dizque tenta conseguir osremédios do marido desdemeados de maio e não con-segue. "Eu vim aqui e estavaem greve, tive que voltar eperdi a viagem", lembra.

Rita de Cassia, quereclama da falta de médi-cos, também se lembra dadificuldade de obter osremédios. "Não está tendoos remédios que a genteprecisa. Eu, por exemplo,precisava de cálcio porquetenho problema na coluna,não consegui até hoje",reclama, ela ainda diz quefaz aproximadamente seismeses que vê os moradorestentando conseguir osremédios sem sucesso.

Por meio de nota daassessoria de comunicação,a Secretaria Municipal deSaúde (SMSA) informouem nota que um médicoestá em processo de con-tratação e deve começar atrabalhar nos próximosdias. Até o fechamento daedição a Gerência doCentro de Saúde DomCabral não respondeu aoMARCO.

Funcionando tem-porariamente à RuaMadre Mazarello,número 66, o Centrode Saúde Dom Cabralatende a região nesteendereço provisóriopor causa da cons-trução da nova sede,que está atrasada ecausa transtornos àcomunidade.

Em suas edições291 e 296, o MARCOnoticiou as dificul-dades causadas pelofuncionamento emendereço provisório e oatraso da obra de cons-trução do novo centrode saúde. E ostranstornos continu-am. Moradora doBairro João Pinheiro, agerente de produçãoRita de Cassia Nonato,48 anos, utiliza oCentro no DomCabral e crítica ademora da obra. "Atéquando era perto eracansativo e agora subiresse morro é muitodifícil. A distânciaprejudica demais, sin-ceramente, está muitodifícil", reclama.

A obra que era paraser iniciada em dezem-bro de 2011, e ficarpronta após um ano,passa por atrasosdesde o começo. Asatividades foram reini-ciadas em setembro de2012 e a conclusão daempreitada já foi adia-da outras duas vezes.O prazo de entrega daobra foi prorrogadopara fevereiro, depoispara maio, de maiopara junho e agorapara setembro.

"Que não tenhamais atraso estamosem fase final, acho queagora sai", torce o vice-presidente da Asso-ciação de Moradoresdo Bairro Dom Cabral,Armando José CaldasSandinha, 64 anos. Oaposentado acompa-nhou a obra e diz queestá em ritmo acelera-do.

Adriano Morato, 46anos, engenheiro su-pervisor de obras daSuperintendência deDesenvolvimento daCapital (Sudecap) ex-plica que o atraso édecorrente de umimprevisto no início daobra. "Fomos fazer afundação que estavaprojetada inicialmentee encontramos umproblema, um lençolfreático muito aflo-rado, muito acima do

nível previsto", conta.Segundo ele, como oproblema não estavaprevisto na sondagemde fundação, foinecessário fazer umprojeto de drenagemprofunda para evitarfuturos vazamentos einfiltrações na edifi-cação.

Esse projeto dedrenagem profunda,que não estava previs-to nos projetos iniciais,requer certo tempopara ser aprovado pelaPrefeitura de BeloHorizonte (Pbh) e geraum novo investimento."Para que seja realiza-do o projeto, o custotem que ser aditivadono valor da obra e issoatrasou em sete meseso início da obra", afir-ma Adriano. O enge-nheiro da Sudecapencarregado da obraainda acrescenta que aelaboração do projetoexigiu cerca de quatromeses.

Desde o início, aobra teve em média 50funcionários e uminvestimento estimadoem R$ 2 milhões. Anova sede terá noveconsultórios, sala deespera para 37 pes-soas, sala odontológicacom três cadeiras eoutros espaços para autilização de médicose pacientes.

Segundo Adriano, aobra será entregue atéo dia 18 de setembrodeste ano. "Hoje, nósestamos em fase deacabamento. Estamosassentando as esqua-drilhas, que são asjanelas, e fazendo umgesso corrido", afirmao supervisor. Alémdisso, falta a pinturainterna, rampas deacessibilidade externa,o estacionamento e ainstalação de umaplataforma de acessi-bilidade interna aoprédio, para os ca-deirantes e portadoresde necessidade especi-ais. Essa plataforma dáacessibilidade do pri-meiro para o segundopavimento, não chegaa ser um elevador. Aprevisão é que essasatividades sejam con-cluídas em 60 dias.

Nova sede doCentro de Saúdedeve ser entregueem setembro

Moradores relembram passadon

ANA JÚLIA GOULART

5º PERÍODO

O Bairro São Gabriel, naZona Nordeste da capitalmineira, ainda apresentavários traços de cidade dointerior. Um deles, járetratado em reportagempelo jornal MARCO, é aexistência de pequenoscomércios que se espalhampor todas as ruas do bairro.Outro ponto pouco obser-vado, mas que caracterizabem o local é a presença demoradores muito antigos etradicionais na região: amaior parte das famílias quemora hoje no São Gabrielveio para cá com os pais eavós e optaram por aquicriar seus filhos e netos.

Dona Helena e seu Joãoencorpam esses moradores.Vivendo no bairro há maisde 50 anos, o casal já viu osfilhos e netos crescerem

naquelas ruas e imedi-ações. E agora estão naexpectativa de conhecermais um membro dafamília para viver no bairrotão querido: o casal vaiganhar seu primeiro bisne-to no próximo mês. Opequeno ainda está na bar-riga da neta de DonaHelena, mas já é motivo demuita alegria. "Todo lugarque vou no bairro fico pen-sando em trazê-lo. Ficoimaginando onde vamospassear por aqui, as praçasonde vamos brincar. Ele vaiamar o São Gabriel", afir-ma a bisavó mais encanta-da do bairro.

As lembranças do SãoGabriel de 50 anos atrássão muitas. "O bairro lem-brava muito o local de ondeviemos, acho que por issonos apegamos tanto ao SãoGabriel", conta Seu JoãoOliveira tentando explicar

o motivo de morarem hátanto tempo no mesmobairro. O casal nasceu e secasou em Santana doRiacho, a 110 km de BeloHorizonte, e veio para acapital tentar uma vidamelhor. "Tínhamos umpouco de receio de cidadegrande, medo mesmo dascoisas diferentes que íamosencontrar por aqui. Masquando chegamos nessebairro, achamos tudomuito igual à roça, apesarde não ter tanto mato ebicho", conta Dona Helena.

Seu João logo arrumouum emprego de pedreiro.Dona Helena cuidava dacasa e dos filhos que vieramlogo depois. "Quando chega-mos aqui era só eu e ele, masfoi com pouco tempo quearrumei filho. Meus filhostodos nasceram aqui", dizHelena, orgulhosa. Quandoquestionados sobre a infra-

estrutura do bairro, o casallembra que a boa estruturade comércio demorou a seformar. "Tinha só uma ven-dinha quando chegamos.Ficava um pouco longe, mastinha", lembra. Carros? Há50 anos não eram tantos poraqui. "Carroça tinhademais", conta, bem hu-morado, seu João. "Mascarro mesmo? Isso era difícilde ver", completa.

Com o passar do tempo,a capital e o São Gabrielforam mudando. E os aresde desenvolvimento foramchegando. Mas para donaHelena e seu João, o bairrosempre será "um pedacinhoda roça" que deixaram pratrás. "Mudou muito. Veio aviolência, muitos carros.Mas todo dia que olho pelajanela vejo o mesmo bairro.As mesmas pessoas conheci-das. Isso nos faz muitobem", conta.

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INCÔMODO COMHELICÓPTEROSAINDA CONTINUABarulho causado por voos segue afetando moradores da região do Aeroporto Carlos Prates

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ÍGOR PASSARINI5º PERÍODO

Os ruídos provenientesdos helicópteros quesobrevoam a Região doAeroporto Carlos Prates,na Região Noroeste deBelo Horizonte, são fre-quentes e, segundomoradores, incomodam ca-da vez mais. A partir dematéria publicada naedição anterior, a 297,moradores contataram oMARCO, aumentando otom das reclamações.Depois de ouvir novosrelatos, a reportagem con-versou com representantesde empresas envolvidas ede órgãos responsáveis pelaquestão.

"Ano passado tinhahelicópteros também, maseles vinham de outroslugares e só passavam poraqui. O que temos este anoé um sobrevoo constantefeito pelas aeronavesmenores das escolas depilotagem", afirma o arqui-teto urbanista José

Eduardo Azevedo deCarvalho, 59 anos, mo-rador do Dom Cabral.

Ele revela que não querque as escolas acabem, poissegundo o morador, o ensi-no da pilotagem énecessário. "O que eu achoque tem que ter é umamediação e uma conscien-tização de ambos os lados.Se vamos ter que convivercom isso, então que a gentetenha, pelo menos, algumarecompensa, seja redução,isenção de IPTU ou outracoisa para compensar essapoluição sonora", reivindi-ca.

Antônio de Oliveira, 71anos, aposentado, mora há47 no Bairro Dom Cabrale diz que passou a notar obarulho neste ano. "Naparte da manhã parece queé pior, que a coisa é maisagarrada ainda. Não para.A gente não tem sossego, émuito frequente. A rotadeles é sempre a mesma:vai e volta, fazendo círcu-los", explica Antônio, quechegou a cogitar medida

mais drástica. "A coisa estámuito intensa, incomodan-do mesmo. Eu sincera-mente pensei até em colo-car minha casa a venda",revela.

Lucas Ramon da Silva,31 anos, funcionário públi-co, mora no Bairro JoãoPinheiro e diz que o piorincômodo é aos finais desemana. "É de 7h até lápelas 17h, inclusive aosdomingos. Os helicópterospequeninos são mais baru-lhentos, sem contar osaviões que circulam aquitambém dando aula devoo, o céu fica meio con-turbado", salienta.

"O avião não dá muitobarulho, inclusive nós con-seguimos voar dentro delesem usar o fone. Ohelicóptero voa mais baixoe o ruído é bem maior queo do avião. A diferençachega a quase 50 metros dealtura", explica CarlosCirilo da Silva, 42 anos,presidente do Aeroclubedo Estado de MinasGerais.

Fluxo intenso de helicópteros na região provoca constantes barulhos e se mantém como causa de reclamações

Mato gera problemas em escola no Dom Cabraln

GABRIELLE ASSIS

JOANA ARAGÃO3º E 4º PERÍODOS

A Escola Estadual Assisde Chagas, localizada naPraça da Comunidade doBairro Dom Cabral, sofredesde o começo do anocom o excesso de mato emsuas dependências. Deacordo com a direção, oproblema ocorre porque ogoverno do Estado nãoliberou verba para que oprocedimento de capinafosse realizado. Todos osanos é preciso requerercom três ofícios e orçamen-tos para que ocorra aliberação por parte daSecretaria de Educação,mas este ano a Escola nãofoi beneficiada e, desdefevereiro, não obteve res-posta sobre a disponibiliza-ção do trabalho.

Segundo a vice diretorada Escola, Maria da Con-ceição Pinto, 53 anos, todoano a escola passa pela ca-pina, normalmente emmarço ou, no mais tardar,

em abril. Neste ano,porém, a situação é dife-rente. "Enviamos váriospedidos, o colegiado tam-bém. Foi alegado que oestado não tem dinheiro,eu acredito que o dinheiroestá todo sendo gasto coma Copa. Aí quem sofre comas consequências somosnós, as crianças principal-mente né, porque o matojá invadiu até a área derecreação delas", conta.

O professor de EducaçãoFísica Leonardo Gontijoacrescenta que já foramperdidos diversos materiaisdas aulas, como bolas epetecas. "Porque a gentenão tem condição de ir lápegar no meio do mato.Sem falar a questão daquantidade de focos dedengue, porque a gentenão pode entrar no mato e,é uma questão de segu-rança, porque já achamosaranhas, pode ter escor-pião, porque tem entulholá misturado, e, além disso,as pessoas jogam lixo nolocal", reclama.

Atrás da escola há um

terreno desocupado queacaba, muitas vezes, sendoutilizado pelos própriosmoradores como depósitode materiais descartados.Maria da Conceição com-pleta a reclamação afir-mando que, durante a ca-pina, uma quantidade delixo enorme é recolhida,mas este ano, porém, nãohá como saber se a situ-ação se mantém, já que omato está cada dia maior.

Mais um agravante dasituação é a insistência dascrianças em brincar nasáreas encobertas pelomatagal. "Elas saem corren-do no meio desse matagaltodo e a gente tem queficar o tempo todochamando-as para vir paracá. O espaço de cima não éutilizado pelas criançasnão, mas é foco de bichos,o que é muito perigosopara as crianças. Imaginase sai uma cobra dessematagal aqui, o que podeacontecer?", indaga a vice-diretora.

Além de todos essesproblemas, funcionários,

professores, crianças e atéos familiares têm receioquanto aos focos dedengue que existem nolocal. "Eu, vice diretora,tive dengue, uma auxiliarde serviços gerais tevedengue, a supervisora daescola teve dengue e houvecasos de dois, três alunos.Não temos certeza, nãotem como comprovar se foicontraído aqui na escola,mas é um agravante, nãodeixa de ser, né", desabafaMaria da Conceição.

A estudante IracemaReis Rosa de Melo, de 10anos, tem consciência doproblema. "Eu acho queisso não poderia acontecer,porque lá pode ter denguee se algum dos alunos for láem cima pode se machucar.E não pode subir lá. Mastem gente que sobe. Temvez que eles se machucam,ou eles podem pegardengue", diz.

Os pais e familiares tam-bém sabem do problema eaconselham os filhos aevitarem chegar perto domatagal. "Fico preocupada

ÍGOR PASSARINI

RAQUEL DUTRA

Uma das áreas encoberta pelo matagal servia como saída de alunos

com a minha filha na esco-la, por causa de bicho, porcausa da dengue, de escor-pião. A gente conversa comela pra não brincar, nãochegar perto, não tirar ossapatos, usar sempre sa-patos fechados, mas nãotem jeito", conta a mani-cure e cabelereira Sara deOliveira Silva, 43 anos,mãe de uma aluna da 5ºsérie.

Até o momento, a escolanão obteve resposta daSecretaria de Educação arespeito da liberação daverba. De acordo com adireção, outras providên-cias foram tomadas, o pes-soal da zoonose já fez noti-ficações ao Estado e aAssociação de Moradoresdo Bairro Dom Cabral jáfez denúncia sobre o pro-blema.

Carlos acredita que seriaquase impossível umamudança na rota porque aoperação não poderiadeixar de ser no AeroportoCarlos Prates. De acordocom ele, somente parte dasaulas é feita nas proximi-dades do aeroporto. "Otreinamento de manobrasnão é feito aqui em cima esim em áreas nãohabitadas. Só as aulas depouso e decolagem sãofeitas aqui, que são emmédia 15 aulas das 35obrigatórias", afirma.

Armando José CaldasSandinha, 64 anos, vice-presidente da Associaçãode Moradores do DomCabral, relata que o baru-lho dura o dia inteiro,inclusive sábados, domin-gos e feriados e que sesente prejudicado com isso."Televisão não consigo as-sistir, tem que estar comvolume alto e não adiantafechar porta e janela. Seestou falando ao telefonetem que parar de falarenquanto há um sobrevoode um helicóptero. Obarulho é ensurdecedor",esclarece. O líder comuni-tário acredita que daqui apouco a capital mineira vaise tornar uma segunda SãoPaulo por causa do grandenúmero de helicópteros."Mas como a maioria dasconstruções de Belo Ho-rizonte não têm heliportoeles terão que desembarcartudo aqui na região",expõe.

A Prefeitura de Belo

Horizonte informou, pormeio da Gerência Regionalde Fiscalização IntegradaNoroeste, que a atuação dafiscalização no local ocor-reu entre os dias 12 e 25 deabril com o objetivo deverificação do Alvará deLicença e Funcionamento emedição dos ruídos. Emnenhuma das vistorias foipossível verificar ruídosacima dos níveis permiti-dos. Em alguns casos, pornão haver ruído nomomento, em outros, porimpossibilidade de medi-ção (após a permanênciade mais de 50 minutos naresidência do reclamanteforam obtidos apenas 10valores quando são neces-sários 30 valores) e aindaem outros por não encon-trar em casa o reclamante.

Ainda segundo a Pre-feitura de Belo Horizonte,houve uma intervençãojudicial contra a ação fis-cal da administração muni-cipal encaminhada pelaInfraero. Um Termo deAjustamento de Conduta(TAC) foi firmado entreInfraero e Ministério Pú-blico Federal pelo qualficaram estabelecidas obri-gações para as partes acor-dantes. Com a intervençãojudicial, a ação fiscal daPBH contra a Infraero ficasuspensa até que sejaresolvida a questão judi-cial. Procurada peloMARCO, a Infraero nega aexistência de um TAC rela-cionado ao assunto ruídona Região do Aeroporto

Carlos Prates. A Agência Nacional de

Aviação Civil (Anac) pos-sui o Plano de Zone-amento de Ruído deAeródromos (PZR), que éum documento elaboradonos termos do Regula-mento Brasileiro de Avi-ação Civil (RBAC n°161),que tem como objetivorepresentar geografica-mente a área de impactodo ruído aeronáutico de-corrente das operações nosaeródromos e, aliado aoordenamento adequadodas atividades situadasnessas áreas, ser o instru-mento que possibilitapreservar o desenvolvimen-to dos aeródromos emharmonia com as comu-nidades localizadas em seuentorno. Todas as me-dições de ruído devem res-peitar o que consta nestedocumento.

Os cidadãos podem re-gistrar manifestação pormeio dos canais de atendi-mento da Anac que são o"Fale com a Anac" nopróprio site do órgão, oupor meio do telefone 0800-7254445, que funciona 24horas, em português, inglêse espanhol.

Procuradas pelo MARCO,as empresas Minas Heli-cópteros e Efai, escolas de for-mação de pilotos, que atuamno aeroporto Carlos Prates,não se manifestaram até ofechamento desta edição.

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8 CidadeJunho • 2013jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

Enquanto autores brasileiros buscam seu espaço no mercado literário nacional, grupo de jovens chamam a atenção de editoras e leitores por todo o país: são os autores de fanfics

ESTÓRIAS VIRTUAIS NAS PRATELEIRASn

ADRIANO VERLY

LETÍCIA GLOOR

LÍVIA MAGALHÃES

NATHÁLIA CAMPOS

OLÍVIA PILAR7º PERÍODO

"Voldemort lutou com ofamoso menino que lheprejudicara toda a vida,Harry Potter. Sem haverum vencedor e perceben-do a sua futura perda, oLord retornou ao encon-tro de outros comensaisque não tinham ido àreunião". Este trechopoderia ter sido retiradode um dos livros dafamosa saga "HarryPotter", escrito pela ingle-sa J. K. Rowling, mas é dafanfic "Comensais daMorte Parte 1", criadapela brasileira BárbaraDewet, quando tinha ape-nas 14 anos.

Bárbara Dewet, ou BabiDewet, como é conhecidapor seus leitores, atual-mente está com 26 anos emora no Rio de Janeiro,onde trabalha como pro-fessora, administradora eescritora. A última profis-são ela decidiu seguirgraças às suas experiênciascom histórias na internete, no ano passado, lançouseu primeiro livro, "Sá-bado à Noite", baseadoem sua fanfic de mesmonome.

São chamadas fanfics,ou fan fictions (em inglês,ficção de fãs) todas ashistórias que se baseiamem alguma obra (literária,cinematográfica ou televi-siva), jogo ou até mesmoem integrantes de bandasfamosas. São histórias es-critas por fãs e para fãs,que utilizam personagens,enredos e cenários já exis-tentes para contá-las deuma maneira diferente.

"A internet era meuúnico refúgio quando euqueria saber mais dashistórias, conhecer pes-soas que também gos-tavam e dividir o que euachava dos personagens.Assim comecei a ler fan-fics sobre o mundo da JKRowling e daí para asoutras foi um pulo", contaBabi.

Depois de ler muitasfanfics, ela resolveu co-meçar a escrever tambémas suas. Começando porHarry Potter, ela logo pas-sou a escrever também

A fanfic da carioca Bárbara Dewet se transformou em um livro, mais de duas mil cópias já foram vendidas

histórias inspiradas nabanda inglesa McFly - deonde surgiu "Sábado àNoite".

Foi após descobrir queleitores imprimiam a fan-fic para poder ler na esco-la, ou antes de dormir, queBabi Dewet resolveutransformar sua obra emum livro impresso e, atéhoje, mais de 2 mil exem-plares já foram vendidos.

"Achei que os pais tam-bém teriam menos precon-ceito com livro do quecom a fanfic, como costu-ma acontecer", explica. Elalançou "Sábado à Noite"de maneira independente,antes de conseguir o apoiode uma editora.

"Eu lancei indepen-dente sem pesquisar antesse alguma editora estavainteressada. Então, com otempo, as editoras co-meçaram a olhar pra mime pra SAN [Sábado àNoite]. Acho que foi ques-tão de ação e reação. Signi-ficou que eu estava fazen-do algo certo!", conta.

"Tudo foi dificuldade nocomeço. Aprender sozinhacomo se produz um livrofoi uma das coisas maisimportantes. Acho que medeixou com os pés no chãoe aprendi a dar valor atodos os setores da indús-tria literária. Fora a pro-dução, vender e divulgarforam dificuldades enor-mes que também fui des-bravando e tentando acharmeu lugar", relata.

E além da parte técnica,Babi Dewet também se

preocupou em ter maiscontato com seu públicoao organizar eventos delançamento do seu livroem livrarias de várias capi-tais do Brasil. "É de sumaimportância que o autor seenvolva mais do que só naescrita do livro. Eu estouenvolvida em todas aspartes, em todos osmomentos. Ir até o leitor émuito importante. É va-lorizar o leitor, valorizar li-vrarias e redes. É um tra-balho divertido, difícil,mas que vale muito a pe-na", conta.

Assim, como BabiDewet, Nathália Ramiro,de Belo Horizonte, tam-bém decidiu lançar umafanfic sua como livro. Au-tora de "Aposta", com ape-nas 17 anos de idade, elaacredita que o número delivros nacionais baseadosem fanfics está aumentan-do a cada ano. "Quem tra-balhou comigo na épocada publicação do meu li-vro tinha consciência deque era uma fanfic, masnunca mostrou algumaoposição a isso", explica.

Andréa Prado, 21 anos,também começou suacarreira como autora defanfics e, hoje, lança seuprimeiro livro, chamado"Insanatório". Andréa mo-ra em Curitiba e conheceuas fanfics quando tinhaapenas 14 anos, através dosite de relacionamentosOrkut, e com essa mesmaidade começou também aescrever as suas. "Acho queo fato de ler as fanfics de

outras pessoas me fez tervontade de escrever a mi-nha própria", diz.

Além de incentivar no-vos autores, para Andréaas fanfics também exercemum papel importante nohábito de leitura dos jo-vens. "Levando em con-sideração que a leitura nãoé tão praticada pelos jo-vens quanto deveria, asfanfics são uma grande o-portunidade de dissemi-nação do hábito da leitura,algo absolutamente impor-tante tanto para uma boaformação intelectualquanto cultural", conta.

Maria Júlia Lucas tem18 anos, mora em Tau-baté, interior de São Pau-lo, e passa boa parte deseus dias lendo fanfics. Elaestima que tenha lido aotodo cerca de 30 ou 40,envolvendo histórias lon-gas e curtas. "Houve umaépoca que eu lia umas trêshistórias por dia, depen-dendo da extensão delas",comenta.

Ela acredita que asfanfics desempenham umpapel fundamental naconstrução de gostos epreferências dos jovens. "Épor meio das fanfics quemuitos adquirem o inte-resse e prazer pela leitura.Além de estimular a cria-tividade e inspirar o jovema redigir uma historia",conta.

Ester Souza, 16 anos, éoutra jovem que dedicaum tempo de seu dia a lerfanfics. Enquanto estudaem Nova Iguaçu, no Rio

Por serem obras exclu-sivas da internet, asfanfics precisam tambémde um espaço para serempublicadas, divulgadas e,principalmente, lidas. Foipensando nisso que diver-sos sites especializadosem publicação de fanficsforam criados.

Fernanda Cristina Pe-reira, 23 anos, mora emRio Claro, no interior deSão Paulo, é jornalista eatualmente coordena umdos principais sites defanfics de bandas doBrasil, o Fanfic Ad-diction. Ela explica quetomar conta de um sitedesses é bastante traba-lhoso, pois é preciso estaratento a tudo que acon-

tece dentro e fora dele, énecessário checar e-mailsvárias vezes por dia, nun-ca negar ajuda a quem seinteressa pelo site e saberlidar com o público.

Para facilitar o traba-lho, a equipe que organi-za o site foi dividida emalgumas funções, sendoelas: coordenadoras, beta-readers, colunistas, capis-tas e pessoas responsáveispor organizar indicaçõesde fanfics e revisões pú-blicas.

"Temos as coordenado-ras gerais, que ajudam nas

decisões do site e organi-zação em geral, e as coor-denadoras de cada seção(coordenadoras de betas,capistas, colunistas). Asbeta-readers são meninasque ajudam as autoras,corrigindo e aconselhan-do, além de revisarem ashistorias para deixá-lasnas configurações estabe-lecidas pelo site, o quechamamos de ‘colocarscript’, para que as histo-rias se tornem interati-vas”, explica Fernanda.“Não é restrito, visto quejá tivemos meninos como

Beta. Os colunistas, comoo nome já diz, postamcolunas sobre escrita e lei-tura, de quinta a domin-go. As capistas fazem ca-pas e propagandas para asfanfics postadas no site. Etambém temos algumaspessoas responsáveis pororganizar as indicações[feitas pelos próprios lei-tores] e revisões públicasde fanfics", acrescenta.

Para Fernanda, o públi-co de fanfics tem crescidoconsideravelmente aolongo dos anos. "Dá paraperceber que a cada novo

"fandom" que se destaca,os fãs descobrem o mun-do das fanfics e se apai-xonam. Isso reflete nonúmero de acessos no si-te, já que o Fanfic Ad-diction chegou à marcade mais de um milhão devisitas", conta.

Ela também acreditaque o fato de uma his-tória ser primeiramentepublicada como fanfic,antes de se tornar umlivro, seja bastante fa-vorável. "Primeiro, porqueserve como um incentivo.Se aquela história teve

qualidade suficiente parasair do computador, a suahistória também podechegar a essa conquista.Segundo, que, apesar damodernização e inclusãodigital que vivemos nosdias de hoje, os amantesda leitura sempre prefe-rem ter o conto em mãos,assim podem folhear cadapágina e até mesmo sentiro cheiro do livro - aquelasmanias que só a paixãopor leitura pode dar. E,por último, é uma boavantagem ao autor, poisos leitores de fanfics sãoextremamente fiéis e comcerteza vão adquirir olivro", afirma.

Sites especializados em publicar fanfics

Embora as fanficsfaçam parte de umgênero voltado para osjovens, muitos adultostambém têm se inte-ressado pelas históriasescritas por fãs ultima-mente. Um grandeexemplo disso é ofamoso livro "Cin-quenta Tons de Cinza",da britânica E. L. Ja-mes, que inicialmentehavia sido publicadona internet como umafanfic do livro "Cre-púsculo", da americanaStephenie Meyer.

A grande diferençaentre esse tipo defanfics e a que con-quista jovens do mun-do inteiro está justa-mente na linguagem.Causando muita polê-mica, o livro de E. L.James apresenta cenasde sexo bastante des-critivas, o que acaboulançando uma novatendência entre os ro-mances voltados parao público feminino.

Andréa Prado, 21,também se baseou nes-te novo estilo literárioao escrever sua fanfic"Psicose", que mais tar-

de deu origem ao livro"Insanatório", lançadoeste mês, em Curitiba.

Segundo ela, o quea levou a escrever so-bre sexo de uma ma-neira mais aberta foi onúmero elevado defanfics que lia e queabordavam esse assun-to. "Foi mais ou menoscomo quando eu deci-di escrever minha pri-meira fanfic, eu pensa-va 'nossa, quero escre-ver como ela' ou 'nos-sa, eu teria escrito issode forma diferente'",conta.

Mas, embora a pri-meira pré-venda de seulivro tenha esgotadoem dois dias, com 150exemplares vendidos,Andréa não acreditaque Cinquenta Tonsde Cinza possa influ-enciar no sucesso deseu livro. "Embora am-bos tenham se origi-nado de fanfics e abor-dem temas parecidos,apresentam enredosmuitos diferentes", ex-plica.

Romances parapúblico femininotêm fórmula própria

de Janeiro, ela acredita queas fanfics permitem que osjovens vivenciem experi-ências e "visitem lugaresdiferentes".

"Creio que [a fanfic]seria um 'mundo alternati-vo', um lugar onde os jo-vens dariam asas à imagi-nação, tornariam algunssonhos realizados, porquea leitura faz isso com agente. Nos proporcionacoisas maravilhosas emsimples parágrafos", expli-ca.

Já Annie Brissow, de 18anos, encontrou nas fan-fics um ótimo passatempopara suas tardes em AltaFloresta, no Mato Grosso,onde mora. Autora de

mais de cinco fanfics jápublicadas em um únicosite, ela brinca ao dizerque não acredita ter "ca-pacidade" para se tornarautora de livros. "Não queeu ache que eu escrevamal, ou algo do tipo, sóacho que eu não levariajeito para tanta respon-sabilidade", explica.

Mas mesmo sem pre-tensão de seguir uma car-reira de escritora, ela dizque não conseguiria deixarde escrever. "Assim comoeu amo ler, eu amo escrev-er os meus romancesmelosos e não pretendoparar tão cedo", conta.

ARQUIVO PESSOAL

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9CulturaJunho • 2013 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

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VICTOR RINALDI

5º PERÍODO

Após o Festival Inter-nacional de Quadrinhos(FIQ), em 2011, a FundaçãoMunicipal de Cultura, pormeio da Gibiteca AntônioGobbo, criou o Clube deLeitura em Quadrinhos.Outras atividades das bi-bliotecas municipais já pro-moviam clubes de leiturasvoltados para a literatura,mas nenhum era voltadopara o público leitor dequadrinhos.

Afonso Andrade, coorde-nador do FIQ e mediadordo Clube de Leitura emQuadrinhos, explica que oespaço é pensado e voltadoespecificamente para quemlê quadrinhos. Ele esclareceque não é uma atividadeexclusiva para desenhistasou trabalhadores do ramo,no entanto quem trabalhana produção de quadrinhostambém é convidado a par-ticipar. "É um encontro depessoas que gostam dequadrinhos e vem para con-versar sobre isso", conta.

O encontro do clube deleitura é quinzenal e ocor-re aos sábados. "Escolhe-seum tema, um livro, ou umautor, e aí as pessoas leemesse livro e discutem sobreele", explica Afonso An-drade. Segundo ele, o clu-be é frequentado por umpúblico bem diversificado,com a participação de pro-fessores, policiais, biólo-gos, entre outros.

A idade das pessoasvaria entre 20 e 60 anos,entre homens e mulheres.

"O quadrinho já deixou deser o 'clube do bolinha', agente sabe que hoje temum número grande demulheres lendo quadri-nhos", ressalta Afonso.

Para o analista ambien-tal Flávio Túlio Gomes, 34anos, o Clube de Leituraem Quadrinhos foi umaoportunidade de conhecerpessoas que estão sempreatualizadas, que podemacrescentar informação econtribuir com o hábito daleitura. "O Clube de leiturapara mim foi um achado.Eu frequentava o FIQ, dedois em dois anos, mas eupassava rápido e não meaprofundava e agora euestou conseguindo enten-der melhor como que sãoos vários tipos de obras dequadrinho", afirma.

Como qualquer outrotipo de leitura, o local temcomo objetivo fomentar areflexão sobre questõesabordadas nos quadros ani-mados. "No quadrinho,como no cinema ou na lite-ratura, você pode ler eesquecer daí alguns dias,assim como você temquadrinhos mais reflexivosonde o autor traz um temamais pungente, onde vocêvai ficar ruminando aquilodurante algum tempo",explica.

Para o mediador, é umaforma de ter contato comculturas variadas, poismuitas vezes o jovem acabase focando muito em deter-minado tipo de produtocultural. "O quadrinhopode contribuir para essadiversidade, ter contato

com a cultura de outrospaíses e outros locais tam-bém. Você pode ter umquadrinho sobre determi-nado personagem, mastrazer ali a vida e a culturade um país, como Itália,França ou Estados Uni-dos", diz Afonso.

O bacharel em direito

QUADRINHOS INVADEM

BIBLIOTECA MUNICIPALO Clube de Leitura em Quadrinhos é um grupo de leitores aberto ao público e que se reúne quinzenalmente, aos sábados

Leitores discutem a obra “A Piada Mortal”, publicada na revista Batman pela DC Comics em 1988, com enredo de Alan Moore

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MIRNA DE MOURA

FERNANDA PEIXOTO

2º PERÍODO

As histórias em quadri-nhos da Turma da Mônica,que acompanham desde1960 a infância de milharesde brasileiros, ganhou esteano uma nova edição, olivro "Laços". A obra, com80 páginas, lançada emjunho, foi elaborada peladupla de irmãos belo-hori-zontinos Luciana e VitorCafaggi, de 24 e 34 anos,respectivamente. Juntos,eles participaram de todasas etapas do processo de cri-ação, desde a elaboração doroteiro até o acabamentofinal. Ele é responsável pela

tirinha "Valente", publicadano jornal O Globo, e ela é aautora da tira de quadri-nhos na internet LosPantolezos.

"Laços" escapa do tradi-cional formato de periódi-co, e assume um novo mo-delo, o graphic novel, ouromance gráfico. A novamaneira de composição édefinida por uma históriaem quadrinhos de longaduração que é publicada emforma de livro. "Fazerquadrinhos é demorado,exige muita disciplina,muita paciência e perseve-rança. Quando a gente temde fazer uma história maislonga, essa exigência semultiplica. À medida que agente vai avançando na pro-

dução, você começa a duvi-dar da qualidade dahistória, começa a achar oroteiro óbvio e batido, vocêcomeça a sentir que está serepetindo demais, vocêcomeça a perceber furos noroteiro ou erros de con-tinuidade e tem de voltaratrás para alterá-los, porisso tudo tem de ser cons-truído com muita atenção",afirma Luciana.

O romance conta a jorna-da dos quatro personagensprincipais da Turma daMônica, Cascão, Mônica,Magali e Cebolinha, embusca de Floquinho, ocachorro de Cebolinha queestá sumido. Luciana eVitor contam que a inspi-ração para o quadrinho é ofilme "Conta Comigo", dodiretor Rob Reiner, quenarra às aventuras de qua-tro meninos à procura docorpo de um adolescenteque sumira na cidade. Estesquatro, assim como a turmada Mônica, descobrirão emsuas jornadas, coisas que osmarcarão para sempre.

Os irmãos procuraramressaltar nos quadrinhosoutro lado, que vai além dagula, da sujeira, da força eda fala errada, característi-cas já conhecidas. A ideia émostrar um ponto de vistamais sensível, uma amizademais profunda, revelandooutros aspectos das per-sonagens, porém sem des-caracterizá-los.

"É natural, para a gente,perceber uma séria de ou-tras características dos per-sonagens que são explo-radas de maneira mais sutilnas revistinhas mensais. Esão traços pessoais delescom os quais muita gente seidentifica. Então, semprenos pareceu uma ideiainteressante deixar isso umpouco mais evidente em

A releitura de um clássico feita por irmãos mineiros

VICTOR RINALDI

Capa da obra “Laços” lançada este ano pelos irmãos Luciana e Victor Cafaggi

REPRODUÇÃO

'Laços'", diz a irmã. Ahistória é construída a par-tir do olhar das crianças, damaneira como experimen-tam o novo.

O trabalho de Luciana eVitor faz parte da sérieGraphic MSP, juntamentecom outros três do mesmoestilo, o "Astronauta" deDanilo Beyruth, "ChicoBento" de Gustavo Duarte e"Piteco" de Shiko. Oprimeiro a ser lançado foi o"Astronauta", em Outubrode 2012. Os quatro livrossão da editora Maurício deSousa Publicações (MSP),que investe em novos talen-tos das artes visuaisbrasileiras. O convite paraparticipar do projetoGraphic MSP foi feito porSidney Gusman, editor doprojeto, que havia gostadodo primeiro trabalho de

Vitor para a MSP. QuandoSidney descobriu queLuciana era irmã de Vitorfez questão de ter o traçodela no graphic novel.

Antes de chegarem a estereconhecimento nacional, osirmãos usaram váriasmaneiras de divulgação deseu trabalho, como redessociais e blogs. Eles desta-cam também a importânciado Festival Internacional deQuadrinhos no processo decriação e concepção. "O FIQé o maior evento de quadri-nhos que temos no Brasil.Foi o FIQ que me despertouinteresse em começar a pro-duzir e publicar quadrinhos,para valer. Como eu disseanteriormente, acho muitoestimulante para um autorse manter em contato comoutros autores e outras pes-soas envolvidas em todo o

cenário dos quadrinhos. E,em festivais como o FIQ, aatmosfera é tão vibrante queesse momento de encontroacaba despertando esseimpulso para produzir seuspróprios quadrinhos tam-bém", comenta Luciana.

"Procuramos trazer o quehá de melhor no cenárionacional e internacional dashistórias em quadrinhos,trazendo quadrinistas reno-mados, como Angeli, Glaucoe Laerte, que este ano seráhomenageado no FIQ. E,além de proporcionar essecontato entre feras das artese artistas novatos, procu-ramos também revelar novostalentos, que às vezes nãosão percebidos pela falta deespaço no mercado dosquadrinhos" diz o coorde-nador geral do evento,Afonso Andrade.

André Ornelas, 35 anos,frequenta o clube desde oinício e ressalta a suaimportância como meio depromoção cultural. "Enri-quece a nossa cultura,você pega uma história evocê nota que tem maisali. Tem coisas ali quepodem ser discutidas, não

é simplesmente entreteni-mento", diz.

Júlio Ferreira, arte-fina-lista da DC Comics, indús-tria norte-americana dequadrinhos, lembra que issoera uma coisa que sua ge-ração não teve, onde ele seapegava aos poucos recursosque tinha à época. "A grande

importância é dar oportu-nidade para as pessoas quequerem trabalhar no qua-drinho ou que gostam dequadrinhos. Esses movi-mentos contribuem na for-mação de um público críticoatravés dessa experiência darelação pessoal direta, olhono olho”, salienta.

O "Spikeboy e a Ligada Natureza" é umquadrinho diferente dosdemais. Em vez de serhistória criada para opúblico infantil, ela foicriada a partir da menteimaginativa de uma cri-ança. A história surgiupor acaso, Felipe Rocha,que à época tinha 5 anos,se machucou com umafarpa, que entrou emseu dedo quando brinca-va. Assim como oSpiderman foi picadopor uma aranha, elevirou o Menino Espinho,que mais tarde foitraduzido para Spikeboy.

A Liga da Natureza

corresponde aos seusamigos reais da escola ecada um possui umpoder diferente. Nahistória imaginada porFelipe, juntos os heróisderrotam os inimigos,espalham a ideia de sus-tentabilidade e ajudam omeio ambiente. A ideiade transformar as brin-cadeiras em um gibi veiodo pai, Gustavo Rocha,42 anos, que para incen-tivar ainda mais a imagi-nação do filho mandoufazer uma roupa, queFelipe mesmo desenhou,do super herói.

Como Gustavo já pos-suía uma editora de

livros resolveu ampliar aatuação para o ramo dosgibis, e criou o "Spikeboye a Liga da Natureza", noprimeiro semestre desteano, lançando o primeiroperiódico no mês demarço. Para estender alinha de produtos,elaborou games, web-comics, e-books e aplica-tivos para tablets e celu-lares, que aliam diversãoe aprendizagem. Paraestimular a prática daleitura, criou o conceitoinovador do GameComic, uma revista digi-tal interativa que mesclahistória em quadrinhoscom videogame.

Criança cria herói que vira gibi

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10Comportamento / ReligiãoJunho • 2013jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

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RAQUEL GONTIJO

4º PERÍODO

No dia 20 de abril o show dabanda Ultraje a Rigor, que acon-teceria na casa de shows Gran-finos, no Bairro Santa Efigênia,foi adiado em razão de o vocalis-ta Roger Rocha Moreira achar oespaço inadequado para o even-to. Outro adiamento, desta vezpor razão de logística, ocorreudia 26 abril no show do cantorLulu Santos, que aconteceria noespaço Mix Garden, em NovaLima, na Região Metropolitanade Belo Horizonte. O adiamentode ambos os shows causaramtranstornos e prejuízos finan-ceiros tanto para as produtoras edemais organizadores, quantopara ao público que já havia seprogramado para os eventos.

O Diretório Central dos Es-tudantes da PUC Minas (DCE)realizaria em 26 de abril oFestival de Cultura DCE PUCMinas, que contava com as atra-ções dos djs da festa AltaFidelidade, DJ Pacato, a bandaBest Place e o cantor carioca LuluSantos. Entretanto, devido a umproblema de transporte de equi-pamento e logística por parte daprodução de Lulu, o festival teveque ser adiado a pedido dopróprio cantor. De acordo com opresidente do DCE, MichellTuler, 30 anos, Lulu participariada gravação de um programa noRio de Janeiro no sábado pelamanhã, e por esta razão não po-deria se apresentar sexta-feira ànoite na cidade de Nova Lima.

Os produtores e organizadoresdo show receberam a notícia naterça-feira pela manhã, três diasantes do evento. No mesmo dia,o cantor enviou um vídeo ao pú-blico onde se desculpou, explicouo motivo de não poder compare-cer e propôs uma nova data paraa apresentação. Michell afirmaque o adiamento trouxe uma sé-rie de contratempos para o DCE:além de divulgar o vídeo pelasredes sociais e internet, o DCE

ADIAMENTOS DE SHOWS

CAUSA TRANSTORNOS

imprevisto na sexta-feira dia 19,um dia antes do evento aconte-cer.

Cleuber disse que o diretor daprodutora Cria Cultura, respon-sável pelo evento, avisou para seupai, o proprietário Cleuber LucioSantos, que o show deveria seradiado em função, segundo oUltraje a Rigor, por causa de pro-blemas de saúde de um parentede um dos integrantes da banda.Entretanto, Cleuber confirmouque após duas semanas, a produ-tora informou que o vocalistaRoger Rocha Moreira não quistocar no local, pois acreditavaque a casa era pequena para oshow. O filho do proprietário ga-rante que a casa tem espaço paraacomodar 800 pessoas.

Para Cleuber, a mudança dedatas afetou a casa negativa-mente, pois as pessoas compra-ram ingresso com um mês deantecedência. Ele afirma que opúblico cria uma expectativa e seplaneja para estar ali naqueladata. "A desmarcação um dia an-tes foi de maneira irresponsável,no meu ponto de vista, e nãopoderia acontecer de forma algu-ma, a não ser por questões muitoextremas", afirma.

Após receber a notícia de queo show não aconteceria, Cleuberinformou no site da casa, nasredes sociais e publicou um avisona porta do Granfinos com o in-formativo. Segundo ele, algumaspessoas tiveram acesso e outrasnão, mas que todos foram com-preensivos. Apesar do imprevisto,a festa Suprassumo ocorreu, massem a presença do Ultraje a Ri-gor. Cleuber conta que isto afe-tou o número de pessoas, algunsficaram quando souberam, masoutras não. Dentre outros proble-mas, o filho do proprietário afir-mou que teve de devolver partedos ingressos e arcar com o valordas taxas de conveniência parapessoas que compraram via inter-net. Contudo, Cleuber garantiuque o contratempo pode ter gera-do certo desconforto para a casa,mas não acredita que a imagempode ter sido afetada substancial-mente. "A programação da casatem sido muito boa, as pessoastêm gostado do espaço, da quali-dade da música, do tratamento eo valor dos ingressos e bebidas ébem acessível. Já superamos estedano inicial". O show do Ultraje aRigor foi remarcado para o dia 20de julho no Music Hall.

Eventos que são adiados na capital mineira trazem transtornos para organizadores e público. Motivos como

logística, falta de espaço e datas inadequadadas foram os principais motivos apontados pelos envolvidos

Cleuber Lúcio Santos Júnior revela que cancelamento de show do Ultraje a Rigor no Granfinos foi uma irresponsabilidade

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MARIA HELENA BANDEIRA

3º PERÍODO

O Brasil foi o país escolhidopara sediar a Jornada Mundialda Juventude de 2013, o maioracontecimento da juventudecatólica que está na sua 13ª e-dição. O evento ocorrerá entre osdias 23 e 28 de Julho na cidadedo Rio de Janeiro e são esperadascerca de 2,5 milhões de pessoas,brasileiras e estrangeiras. A pre-sença do Papa Francisco é o gran-de diferencial e o principal obje-tivo é transmitir a mensagem deCristo para os fiéis reunidos ecomo consequência mostrar orosto da juventude cristã para omundo. "A gente vê a igreja comoutros olhos. A gente fica imagi-nando que a Igreja Católica é sóa nossa paróquia, a nossa peque-na comunidade e na jornada éuma oportunidade de ver deuma forma muito mais ampla ariqueza espiritual e humana daIgreja", explica Luciano Couto,36 anos, organizador do grupode peregrinos da ComunidadeCaminho Novo e da ParóquiaNossa Senhora Mãe da Igreja.

Setecentas pessoas de 12 paísesparticiparão do evento com essegrupo sendo que aproximada-mente metade serão estran-geiros.

Para que os jovens cheguem àJornada preparados, a Comuni-dade Caminho Novo propõe o"Festival Internacional" que ocor-rerá no Sítio Aguas Cantantes

em Belo Horizonte na semanaanterior à viagem para o Rio deJaneiro. Os peregrinos desse gru-po estarão em retiro durante setedias organizando músicas, te-atros, danças e métodos de evan-gelização que serão abordadosno encontro. De lá partirão dire-to para o Rio onde ficarão hos-pedados em uma escola. "Asminhas grandes expectativas sãoessas duas: a juventude do Brasilse mostrar e a presença dessePapa que é muito acolhedor", dizLuciano Couto.

O atual Papa falou em uma desuas declarações sobre suasexpectativas para o evento: "Jáestamos perto da próxima etapadesta grande peregrinação daCruz. Olho com alegria para opróximo mês de Julho, no Rio deJaneiro. Vinde! Encontramo-nosnaquela grande cidade do Brasil!Preparai-vos bem, sobretudoespiritualmente, nas vossas co-munidades, para que o referidoEncontro seja um sinal de fé parao mundo inteiro. Os jovens de-vem dizer ao mundo: é bom se-guir Jesus; é bom andar comJesus; é boa a mensagem de Je-sus; é bom sair de nós mesmos

para levar Jesus às periferias domundo e da existência".

Nesse período ocorrerão mui-tas atividades como as cateque-ses, eventos culturais, momentosde partilha, vigília, via-sacra, mis-sas e acolhida do Papa. A ins-crição do evento garante ao par-ticipante um "cartão refeição","cartão transporte" e um "kit pe-regrino". As hospedagens serãofeitas em casas de família, pa-róquias, escolas públicas e parti-culares, universidades, ginásiospoliesportivos, casas de festas ecentros comunitários.

Os jovens brasileiros estãosendo preparados e estão comuma expectativa muito boa parareceber os outros cristãos de todoo mundo e o Papa Francisco. "Pa-ra mim é indescritível a alegriade ter o Papa tão próximo. Acre-dito que vai ser um momento demuita bênção e muita conver-são", diz Amana Navarro, 18 a-nos, que participará do evento."Eu vou ver a força dessa IgrejaCatólica, que estará rezando pa-ra o mesmo Deus", completa.

País recebe a Jornada Mundial da Juventude

teve que providenciar novo mate-rial gráfico e espalhar faixas pelocampus da PUC, para informaraos alunos da nova data. O presi-dente do DCE conta também quemuitos ingressos que haviam sidovendidos tiveram que ser devolvi-dos e reembolsados, mas que oprejuízo financeiro foi da produ-tora Flowers, responsável peloevento.

Além dos contratempos ante-cipados, Michell conta que aprocura pelos ingressos foi me-nor. "Esperava que houvesse umaprocura maior faltando um oudois dias para o evento, que équando as pessoas procurammais, mas esta venda foi abaixoda expectativa. Muitas pessoasdeixaram de ir por ter sido nodomingo", observa. Ele afirmouque além do preço dos ingressosestarem acessível aos alunos daPUC, o DCE também disponibi-lizou transporte gratuito para oevento. Por outro lado, Michelldisse que a aceitação foi boa."Algumas pessoas lamentarampor que não puderam ir, mas

todo mundo absorveu bem estamudança, até mesmo pelo fatodo Lulu ter mandado o vídeoexplicando o que tinha aconteci-do", acrescenta.

O estudante de Publicidade ePropaganda da PUC Minas,Matheus Rancanti, 22 anos, foium dos afetados pelo adiamentodo show. Ele conta que recebeu anotícia por uma amiga quandoestava em sua casa. "Quandofiquei sabendo, fiquei apreensivo,por que não sabia qual seria areação do público. Tive até medodo show ser cancelado", lembra.O futuro publicitário disse quenão sabia o que esperar destasituação, mas que acreditou pelofato do Lulu Santos ser um gran-de artista. Além de espectador,Matheus também iria tocar nofestival, pois é vocalista e guitar-rista da banda Best Place. O mú-sico acredita ser normal a ocor-rência de imprevistos no meioartístico. "A parte profissionalneste ramo de música tem muitasoscilações de compromisso, gera-das até mesmo por estes. Acaba

que pelo fato de todos quereremfazer tudo calculado, sempre gerauma brecha, que eles não per-cebem e acaba acontecendo estesimprevistos”, afirma.

No novo dia do evento, o estu-dante conta que, apesar da even-tualidade, Lulu Santos foi bemrecebido pelo público. Entre umamúsica e outra o cantor cariocaparou o show, conversou com opessoal, se desculpou e agradeceua presença de todos. Na tarde dodia 28 de abril, o Mix Gardentinha por volta de 2000 pessoas,sendo que a lotação do espaço éde 2.500 pessoas.

Outro evento que tambémsofreu alteração em sua data foi oshow da banda paulista Ultraje aRigor. No dia 20 de abril, a festaSuprassumo seria realizada nacasa noturna Granfinos. Dentreoutros artistas, a festa teria comoa atração principal a banda pau-lista. O filho do proprietário doGranfinos, Cleuber Lucio SantosJunior, 25 anos, é o responsávelpela parte administrativa da casa.Ele conta que foi informado do

Luciano Couto organiza um grupo de peregrinos para a Jornada

RAQUEL GONTIJO

RAQUEL GONTIJO

Page 11: Jornal Marco

Para o cineasta HenriqueLudgero, de 25 anos, que jáparticipou da produção dealguns longa-metragens daGlobo Filmes, o retorno doCine Pathé será um grandemarco para a cidade e umavitória do cinema de rua frenteàs salas de shoppings, cada vezmais comuns em BeloHorizonte. "Não vivi aquelaépoca de efervescência culturaldos anos 50, infelizmente. Avolta do principal centro cul-tural do século XX da cidadesignifica muito mais do queapenas as exibições de filmes. Éa reaproximação do cinemacom o público. Com o surgi-mento das inúmeras salas de

cinema em shoppings, a cine-matografia virou um meroespaço de comercialização, per-dendo o seu caráter dialogadore de aproximação real com opúblico", explica.

Apesar da boa notícia, ocineasta salienta que os jovensde hoje vão precisar readquirireste hábito de frequentarlugares como o Cine Pathé.Para Ludgero, as salas de cine-ma atuais fabricaram um novotipo de entretenimento. "Nãoadianta querer que as pessoastroquem os filmes comerciaisexibidos nos shoppings pelosclássicos, sem antes construiruma mudança de mentalidade.O cinema de rua precisa voltar

a ser popular, senão espaçoscomo este ficarão restritos paraum grupo fechado de cinéfi-los", completa.

Para o estudante EduardoGarcia, 16 anos, a restauraçãodo cinema será uma oportu-nidade para uma mudança dacultura dos jovens, acostuma-dos com as salas apenas emshoppings. "Com a revitaliza-ção da Savassi e a restauraçãodo Cine Pathé vamos ter umacesso ao cinema muito maisfácil e agradável, sem precisarir ao shopping para assistir aum filme", observa.

A geóloga Ana Cláudia, 25anos, também está animadacom a reabertura do Cine Pathé.

"Acho interessante essa oportu-nidade das pessoas terem maisacesso ao cinema e a filmes não

comerciais, que não sãoexibidos em cinemas conven-cionais", declara.

Retorno poderá mudar hábitos

11MemóriaJunho • 2013 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

CINE PATHÉ SERÁ

REATIVADO EM 2015Após funcionar como espaço de intensa movimentação cultural, área que abrigou galeria de lojas, igreja

evangélica e, atualmente, estacionamento, passará por reforma para recuperar sua destinação inicial

Ocupado atualmente por um estacionamento, imóvel na Savassi se transformará em prédio, mas com a recuperação do Cine Pathé

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ALANA FERNANDES

ANA LUIZA PERDIGÃO

JÚLIA MARTINS

LUIZA SALLES

GABRIEL GAMA7º PERÍODO

De reduto cultural maisinfluente de Belo Horizontenas décadas de 50 e 60, ondeartistas, formadores de opi-nião e pensadores se reuniampara dialogar as múltiplas for-mas de conhecimento, asdependências do Cine Pathése transformaram em esta-cionamento de veículos. En-tretanto, mais de uma décadae meia após o seu fechamen-to, o local vai voltar às origense dar lugar a um novo cinema.O investimento de R$ 20 mi-lhões na restauração do CinePathé será feito por intermé-dio da Prefeitura de BeloHorizonte, em parceria com aPHV Engenharia, que vaientregar toda a estrutura doantigo cinema recuperada,incluindo novo piso e reformaacústica. A Fundação Mu-nicipal de Cultura (FMC)

ficará responsável por todo omobiliário, incluindo o telão eos equipamentos de som.

A área vai se tornar umedifício comercial de novepavimentos, com a fachada eo hall, tombados peloConselho Deliberativo doPatrimônio Cultural, e funcio-nando como a entrada para onovo espaço multiuso para aexibição de filmes e ex-posições. Um espaço para oacervo permanente do Centrode Referência Audiovisual(CRAV) também está previstopara ser instalado no local. Deacordo com a FundaçãoMunicipal de Cultura, porintermédio de sua assessoriade imprensa, o projeto derestauração do Cine Pathé jáfoi aprovado pela SecretariaMunicipal Adjunta deRegulação Urbana e está pas-sando por uma etapa final deanálise. A expectativa é que asobras comecem ainda esteano, com previsão de términopara 2015.

Para o arquiteto responsá-vel pelo projeto, Bernardo

Farkasvölgyi, é o retorno doCine Pathé como um en-dereço de cultura. "Sobretudo,como um espaço de manu-tenção da memória individu-al, coletiva e urbana", ressalta.O espaço ainda contará comum mezanino de 144 m² eserá contemplado pelo novocinema, que terá 252poltronas, incluindo espaçospara pessoas com necessi-dades especiais. A entrada doedifício comercial será pelaRua Alagoas, enquanto a anti-ga entrada do Pathé, pelaAvenida Cristóvão Colombo,será exclusiva para essa novaárea cultural.

Segundo Farkasvölgyi, oespaço será reinventado,porém, levando em conta ocaráter histórico e o desejo dapopulação. "A ideia é reabili-tar aquele espaço, dando umnovo grau de eficiência, poisnão basta manter a estruturaexistente. Queremos resgatara identidade do Pathé, crian-do também novas possibili-dades", completa o arquiteto.

A relação dos belo-hori-zontinos com cinema de ruajá vinha bem antes da fun-dação do Cine Pathé. A ca-pital mineira recebeu seuprimeiro local público paraa exibição de filmes em1909. Ele foi instalado naavenida Santos Dumont, noCentro. Com o tempo, ou-tros foram inaugurados,como o Cine Brasil, o Me-trópole e o Acaiaca. Logodepois, outros bairros aderi-ram à moda vigente, comoPrado e Santa Tereza, eabriram seus espaços.Porém, à época, as salas debairro eram apenas umaespécie de copiadoras doslançamentos exibidos peloscinemas do centro dacidade.

Em 1920, o grupoCinemas S.A inaugurouuma sala no Centro de BeloHorizonte, na AvenidaAfonso Pena, em alusão aofrancês e industrial da séti-ma arte Charles Pathé.Treze anos depois, as portasdo cinema são fechadas emdefinitivo, pelo menosnaquele local. "Quase trêsdécadas depois do lança-mento da sala na AvenidaAfonso Pena, em 1948, paraatender a demanda dosmoradores do Bairro Fun-cionários, são abertas asportas do novo Cine Pathé,só que dessa vez na Avenida

Cristóvão Colombo. Come-çava uma história de amorde gerações de belo-hori-zontinos com um cinema debairro", revela a doutora emsociologia Celina Albano,que já ocupou os cargos desecretária estadual e muni-cipal de Cultura.

Na abertura da sala, quese tornou um ícone daSavassi, o filme escolhidofoi Devoção, dirigido porCurtis Bernhardt. "Devoçãoé um típico melodrama deHollywood, produzido pelaWarner Brothers. Nessaprimeira exibição, o públicojá ficou encantando com ocharme e conforto das insta-lações, que era o que dife-renciava o Pathé dos outroscinemas de bairro", dizCelina Albano.

O aposentado Hugo Mir-ra, 80 anos, foi à inaugu-ração do cinema, e lembraaté hoje de ter assistido aofilme com a sua primeiranamorada. "Eu me lembroda primeira vez que vim aocinema, logo na abertura dasala. Naquela época eu erabem jovem e estavacomeçando a sair com umagarota", conta. "O CinePathé faz parte da históriada cidade e acho importanteesse resgate da cultura belo-horizontina", completaMirra.

Cinema de rua é ‘rico’ em histórias

Antes do Cine Pathé, a capital mineira contou com vários espaços para exibição de filmes

Após mais de uma década fechado, projeto das salas de cinema é elaborado

RAQUEL GONTIJO

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Page 12: Jornal Marco

12ComportamentoJunho • 2013jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

O professor univer-sitário Marc Henry, 60anos, voltou a andar depatins com o incentivo

da Isabela Ciarlini. "Tempouco tempo que ando,tentei com 35, 40 anos enão evoluí. Eu trabalhopróximo a Isabela, queme reincentivou há trêsmeses", argumenta. Eleconta ainda que seucondicionamento físicomelhorou nos últimosmeses. "O músculo doosso lombar puxa, mas já

está melhorando", obser-va. Marc Henry tambémfala sobre o equilíbrio:"Não tenho as reações deum jovem. O controle e ocondicionamento corpo-ral mudam. Foi um estí-mulo para voltar e reporos circuitos neurológi-cos", relata.

O professor anda depatins, em média, duas

vezes por semana."Depende do horário detrabalho e agora com oMineirão fechado estásendo difícil", observa. Oprofessor ministra aulasna Universidade Federalde Minas Gerais(UFMG), localizada pró-xima ao local. O estádio ea esplanada estão fecha-dos por causa da realiza-

ção da Copa dasConfederações, torneioteste para a Copa doMundo de 2014 e a con-cessão agora está com aFifa e só voltará para aMinas Arena no começode julho. De acordo comos patinadores, o local éum dos melhores parapatinação devido à segu-rança e ao piso.

Ele tenta convencerseu filho Marco Antônio,8 anos, a andar. "Gostariamuito, pois qualqueresporte é interessante",justifica. Ainda ressaltapara aqueles que têmvontade de andar: "É gos-toso, deve ser estimula-do. O lazer é uma coisaque devemos cultivar",acrescenta.

Atividade é

recomendada e

leva benefícios a

todas as idades

n

ANA LUÍSA PERDIGÃO

CLARA BERNARDES

MATEUS TEIXEIRA2º PERÍODO

Um grupo no Facebookreúne pessoas que andamde patins em BeloHorizonte. A ideia surgiuem outubro de 2012, apósum encontro marcado pelarede social. O grupocresceu e, se no inicio eram12 pessoas, hoje já sãomais de 700. Eles sereúnem à noite durante asemana, todos os sábadose domingos em diversoslocais da capital mineira ede cidades da RegiãoMetropolitana da capital.

A ideia de criar o grupo"BH Roller – Patinaçãoonline em Belo Horizonte"na rede social partiu daveterinária Isabela Ciarlinide Azevedo, 32 anos, quetambém é patinadora artís-tica. Ela conta comosurgiu: "No começo, crieium evento e chamei algunsamigos. O primeiro encon-tro foi na igrejinha daPampulha em outubro doano passado, 12 pessoasparticiparam e adoraram.Criamos um grupo, umchamando ao outro", afir-ma.

Nos primeiros meseseram feitas votações entreos participantes paradecidir o local do próximofinal de semana, mas,como a ideia não deucerto, o grupo escolheualguns locais que setornaram fixos, como aCiclovia da Avenida dosAndradas na Região Lesteda capital e o Mineirão.Esse foi escolhido devidoao piso, visto que a pavi-mentação de BeloHorizonte não é favorávelpara a prática do esporte.Os encontros aos sábadose domingos reúnem cercade 30 pessoas. "Não ima-ginei que o grupo fossecrescer em pouco tempo, éimpressionante. Amo pati-nação", afirma Isabela.

Outro administrador dogrupo no Facebook,Patrick de OliveiraBonnereau afirma que ainteração interpessoal nãose restringe ao espaço belo-horizontino. Segundo oprofessor de física e depatinação há grande inter-atividade. “Vem gente doRio e de Brasília", afirma.Ele disse também que ofato de a comunicação sermantida pela internetfacilita dar continuidade

REDE SOCIAL UNE PATINADORES EM BHGrupo BH-Roller reúne patinadores de Belo Horizonte

e ganha espaço através do Facebook. Com a ajuda de

redes sociais, a equipe, que antes possuia somente 12

integrantes, hoje ultrapassa setecentas pessoas

ao grupo, mantendo o sen-timento de união e com-pletou contando quemuitas de suas tentativasanteriores de formar umgrupo de patinadores, emBelo Horizonte, nãoderam certo devido à difi-culdade de manter contatoatravés de telefonemas.

Patrick falou que o usode patins é muito margina-lizado em Belo Horizontee que um dos objetivos dogrupo é abrir espaço epedir permissão para queos patinadores possam ir evir livremente em lugaresdiferentes, como os shop-pings. Ele é enfático aodizer que é necessária aescolha consciente porlugares com espaço e evi-tar acidentes, tomandocuidado nas vias urbanas."Procuramos não estragarmeio fio e evitamos adegradação. Nos diverti-mos com saúde, mas éclaro que os tombos fazemparte", diz. Ainda arespeito de possíveis tom-bos, Isabela relata quealguns cuidados devem sertomados. "Utilizar oequipamento de segurançae o lado certo da cicloviadurante o passeio na orlada lagoa. Procurar tambémdividir o espaço com opedestre", salienta.

Alexandre de OliveiraKrabbe, 19, estudante deEngenharia da Computação

em Buffalo, Estado de NovaIorque, é um dos primeirosmembros do BH- Roller. Eleé o encarregado de criar ologo do grupo e disse estar àprocura de algo que possarepresentá-los e a ideia deproduzirem uma camisaainda não foi posta emprática.

Patrick conta ainda queo grupo é heterogêneo.Engenheiros, professores,crianças de 6 anos de idadeaté senhores de 60: "O BH-Roller tem um perfil aco-lhedor e não tem uma pes-soa que se apro-xime dogrupo que não sinta algumtipo de identificação. Não

existem ‘panelas’, não temgrupo fechado, até mesmoporque o grupo não é deninguém. O grupo nãocriou uma identidade deorganismo unitário, agente criou a identidadetotal de patinação e pron-to. Então quem chega já éautomaticamente dogrupo", afirma.

Jairo Boulevard é umexemplo de que o ingressono grupo é algo espontâ-neo e que os patinadoressão acolhedores. Ele afirmaque começou a praticar hásomente seis meses e foiincentivado por Isabela."Eu estava aqui na lagoa e

vi o pessoal andando depatins. A Isabela me abor-dou e perguntou se eu que-ria andar de patins e eupensei 'por que não?'. Nomesmo dia, eu fui no sho-pping, comprei os patins ecomecei a andar junto comela", conta. Ele lembra queencontrou dificuldade ape-nas no começo, mas todosdo grupo tentam ajudar eisso facilita na superação.Jairo fala que a parceria vaialém dos encontros e quetodos vão sempre ao cine-ma, parques e restaurantes.

A importância de orientar as crianças no uso da internetn

MAURO F. DOS SANTOS JÚNIOR2º PERÍODO

A tecnologia entra cadavez mais cedo na vida decrianças deste século.Computadores, smart-phones, video games e aprópria internet represen-tam apenas uma parcelados inúmeros aparatosmidiáticos aos quais opúblico infantil tem aces-so. Em um mundo onde oavanço da tecnologia écada vez maior, especialis-tas advertem que énecessário saber como ori-entar as crianças ausufruirem dos inúmerosrecursos disponíveis.

Segundo dados doIbope Media coletados emdezembro de 2012, oBrasil é o quinto país maisconectado do mundo,somando 94,2 milhões deinternautas. Maria

Eduarda, de oito anos, éuma das crianças que seenquadram nesse grupo.Estudante do 3º ano doensino fundamental, elaafirma que a internet é uminstrumento importanteque a auxilia a desenvolverprojetos escolares e a seconectar com os amigos."A vantagem é que quandoa gente quiser fazer algumtrabalho ou saber algumanotícia de alguém ou algo,nós podemos ver na inter-net", afirma.

Porém, é necessário tercautela. Como explica opsicólogo Bruno Márcio, ouso em excesso dessasnovas tecnologias e mídiaspode impedir ou limitaroutras formas de interaçãoe construção de conheci-mentos importantesdurante a infância e toda avida humana.

"Há também os

riscos envolvidos com asexposições de fotos, ououtras informações pes-soais de modo pouco aten-to, bem como os perigosde se manterem e se fazercontatos com pessoasdesconhecidas ou mesmoconhecidas que podemestar mal intencionadas eapresentar diversos riscosà proteção e mesmo àsegurança da criança e dafamília", explica o profis-sional.

Os pais de MariaEduarda procuram semprezelar por sua segurança."Há os riscos de acessos asites proibidos, de conver-sas com pessoas estranhas,conversas indesejadas comadultos", explica o pai,Alexandre Aurélio. Ele e amãe garantem que o aces-so da filha à internet ésempre monitorado. "Temque monitorar, acompa-

nhar e ensinar a ter maiscuidado. Acho que isso é obásico", afirma Aurélio.

Márcio também acredi-ta que o acompanhamentoé necessário. "A importân-cia da instrução e orien-tação é porque a criançapode ter acesso a essamídia em diferentes situ-ações e lugares, e é impen-sável que alguém vá con-seguir monitorar e contro-lar esse acesso o tempotodo e em todos oslugares", destaca.

A pedagoga LíviaCasasanta explica que ocontato que as criançastêm com a tecnologia deveser orientado para gerarbons resultados. "O serhumano necessita de estí-mulos distintos à medidaque cresce. O mundocibernético não é dife-rente. Cabe aos familiarese educadores delimitar otipo de estímulo e o graude contato dessa criançacom o mundo da infor-mação, com a mídia e osartefatos digitais", explica.

Gustavo Aurélio, 13anos, irmão de Maria

Eduarda, mostra casos emque a internet é utilizadade forma positiva. "Naminha escola, a gente fazgrupos em cada sala.Questões de tarefas esco-lares, o que é dado na salade aula, a gente debateisso em um grupo fechadono facebook", conta.

Livia Casasanta acreditaque o método mais eficazde conscientizar o públicoinfantil dos riscos é o diá-logo. "Da mesma maneiraque ensinamos as criançasa não abrirem a porta dacasa para estranhos, éimportante que permita-mos que entendam o riscode conversar com desco-nhecidos ou registrarinformações pessoais emsites públicos", diz.

A pedagoga sugereainda que haja uma orien-tação mais participativana vida das crianças. "Faz-se cada vez mais urgente apreocupação em ir além dosimples monitoramento:pesquisar quais são e ofe-recer jogos, softwares, sis-temas e aplicativos quefavoreçam o aprendizado e

uma interação saudávelcom o mundo virtual aolongo de seu desenvolvi-mento", pontua.

O psicólogo BrunoMárcio acredita que nãohá uma idade ou formaideal para que as criançasse insiram no mundo tec-nológico. "Ao invés defalarmos em forma ideal,penso que seria bomreafirmar a importância doacompanhamento, da ori-entação e do diálogo, bemcomo a importância domaior acesso à internetacontecer de forma gra-dual", afirma.

Em meio a tantas possi-bilidades apresentadas nomundo tecnológico, eleafirma que o melhor méto-do para proteger o públicoinfantil é a conscientiza-ção. "Possibilitar à criança,desde cedo, um aprendiza-do baseado na confiança,autonomia e responsabili-dade parece ser a melhormedida de proteção", con-clui.

Grupo de patinadores, que se conheceu pela internet, se reúne para praticar a atividade

RAQUEL GONTIJO

Page 13: Jornal Marco

13CidadeJunho • 2013 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

FAMÍLIA SEGUE

CARREIRA NA

LIMPEZA URBANADiferentemente das famílias tradicionais, nas quais os pais trabalham e o filhos estudam,

os integrantes da família Peixoto vão às ruas diariamente para trabalharem como garis

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RAQUEL DUTRA

MARINA NEVES

LUIS FELIPE SALGADO

5º PERÍODO

Os pais acordam cedopara trabalhar e os filhospara estudar. Essa é a roti-na da maioria das famíliastradicionais, mas nãoacontece da mesma formana família Peixoto. Logode manhã, às 6 horas,todos já estão a caminhoda casinha verde, localiza-da na rua Paracatu, bairroSanto Agostinho, na ZonaSul de Belo Horizonte. Olocal é ponto de partidapara a jornada diária delimpeza urbana dos trêsmembros dessa família.

A mãe, Gilda Ilza, 35anos, inicia sua rota delimpeza às 7 horas naAvenida do Contorno, naaltura do bairro CidadeJardim, e termina às14h30. Com a vassoura namão e um sorriso no rosto,Gilda percorre aproxi-

madamente 34 quar-teirões para, no final domês, ganhar pouco maisde um salário mínimo. "Sóo salário que a genteganha aqui é muito pouco,continuo no ramo porquegosto mesmo. Trabalharna rua é maravilhoso.Adoro varrer a rua, mesinto mais livre", contacom entusiasmo. Paracomplementar sua renda,a gari, aos finais de se-mana, transforma sua casaem um salão de beleza,trabalhando comocabeleireira. Ela atendeamigos e conhecidos ondemora, no bairro Ribeiro deAbreu, região Nordeste deBelo Horizonte. Com isso,ela consegue arrecadar pormês o valor extra mínimode R$100,00.

Contribuindo na rendafamiliar, Gilda conta coma ajuda de seu marido,Adão Peixoto, 45 anos,que deixou o emprego de

pizzaiolo, há dois anos, emum restaurante no Centrode BH para ingressar noramo da limpeza urbana.Ele justifica a troca deemprego por considerar arotina noturna desgas-tante e, ao constatar que oseu antigo salário equiva-leria ao de gari, optou pormudar de profissão."Suficiente não é não, ogasto em casa é muitogrande, mas dá para semanter", relata Adão. Otrabalho foi conquistadocom o auxílio de suaesposa e, atualmente, ele éresponsável pelo trecho daRua Paracatu à RuaRodrigues Caldas.

Ainda assim, os saláriosdos pais são insuficientespara realizar a vontade dofilho mais velho, RafaelPeixoto, 20 anos. "Meusonho é ser arquiteto,quem sabe um próximoOscar Niemeyer", almeja ojovem. A partir desse dese-

Os garis são agentesde limpeza urbana eessenciais para a con-servação da cidade,responsáveis pela cole-ta do lixo e pelalimpeza de ruas eavenidas da cidade,forma direta, váriasdoenças que se desen-volvem com o acúmu-lo dos resíduos, comoa dengue, por exem-plo. Os serviçosprestados por essesprofissionais vão alémda coleta domiciliar eda varrição das ruas,realizam também acoleta seletiva, coletados resíduos de saúde,limpeza de deposiçõesclandestinas, lavaçãode ruas e avenidas,limpeza das bocas delobo e limpeza de cór-regos.

Pelas ruas, muitaspessoas acham quechamar esses profis-sionais da limpezaurbana de gari, é uminsulto. "Não seriaexatamente um pre-conceito, mas acho

que é falta derespeito", afirma oestudante de adminis-tração, CarlosEduardo Alves, 21anos. Mas de pejorati-vo o apelido não temnada. Na verdade, apalavra "gari" surgiucomo uma home-nagem ao francêsPedro Aleixo Gary quefoi o primeiro a assi-nar um contrato delimpeza pública com oMinistério Imperial,em 1876, no Rio deJaneiro. Quando seucontrato terminou,em 1891, seu primoLuciano Gary entroupara substituí-lo e,assim, sucessiva-mente, outros mem-bros também pas-saram por ali. Aospoucos o nome se ge-neralizou e acaboupegando, as pessoasresponsáveis pela lim-peza urbana ficaramconhecidas como "Aturma do Gary".

Origem e históriasda turma da limpeza

Como se não bastasseo baixo retorno finan-ceiro, muitos garis aindaenfrentam outro proble-ma na luta diária pelalimpeza urbana, a faltade respeito ou de reco-nhecimento por parte dapopulação, de maneirageral. São muitos oscasos de pessoas quetratam esses profissio-nais como se fosseminferiores aos demais,cometendo insultos eatitudes negativas.

O jovem RafaelPeixoto já vivenciousituações de discrimi-nação, afirmando que amais marcante foi quan-do acabara de varrerparte de uma calçada,

quando um homem pas-sou e jogou um papelamassado no chão, bemem sua frente. Não satis-feito, e já preparado paraum possível questiona-mento do gari, o rapaznão hesitou e disse:"Você é pago para varrer!Eu estou pagando vocêpara varrer! Entãovarre!".

Scheila Natalícia éoutra gari que, assimcomo Rafael, já foi insul-tada enquanto realizavao seu trabalho pelasruas. Segunda ela, certavez estava tirando apoeira ao redor de umponto de ônibus e, aoavistar que um senhorvinha em sua direção,

interrompeu imediata-mente o serviço. Aindaassim, o homem ficouirritado com a traba-lhadora, alegando queela estava levantandopoeira e sujando todosque passavam em volta."Ele me chamou de idio-ta, macaca, palavras hor-ríveis mesmo. Só que eujá tinha parado de varrerpara ele passar", lembraScheila com desgosto.

Não só palavraspodem ferir os senti-mentos das pessoas, ati-tudes também. Essa é aconclusão da profissio-nal de limpeza urbana,Luciana de Jesus, queenfrenta uma situaçãoquase diária com um dos

moradores de umaresidência dentro de suarota de trabalho. "Temuma dona que pega olixo e joga todo parafora, de dentro da casadela, espalhando tudono chão. Então querdizer, está humilhando agente", conta a gari comtristeza.

Dificuldades à parte,o que conta para os garisé a felicidade. Amizades,distração e liberdade sãopalavras que rodeiam odia a dia desses profis-sionais. "Eu me divirtomuito nas ruas. Sou felizdemais com o que faço",conclui Scheila.

Desrespeito com os garis

jo, ele resolveu trabalharcomo gari com o intuitode juntar dinheiro parainiciar seus estudos emuma faculdade. Contudo,Rafael não deixa de ajudaros pais com as despesasem casa, repassando todomês o valor do seu ticketalimentação, que cor-responde a R$350 e acesta básica.

Os três garis da famíliaPeixoto são unânimesquanto a uma questão: osalário não conseguecobrir as despesas de umlar. O casal ainda cuida demais dois filhos, umamenina de 13 anos e umjovem de 18. SegundoAdão, o salário ideal deum trabalhador da profis-são deveria ser de pelomenos R$1.500. Alémdisso, Gilda não acreditaque trabalhar na limpezaurbana seja promissor epor isso incentiva o filhona busca por um empregomelhor. "Eu quero que elesaia daqui, ele já comple-tou o colégio e agora euquero que ele faça umcurso. Isso aqui não dáfuturo nenhum não",salienta a gari.

Histórias semelhantes àda família Peixoto podemser encontradas na mesma"casinha verde" do BairroSanto Agostinho. Umadelas é a de Luciana deJesus, 37 anos, solteira,mãe de três filhos e que,sozinha, sustenta suacasa. Gari há 4 anos, ela écolega de Rafael Peixoto,

A família Peixoto compartilha a profissão de gari, mesmo com as limitações que a carreira oferece

que juntos são respon-sáveis pelo trecho que vaido Colégio Marconi, naAvenida do Contorno, atéa Avenida Tereza Cristina,o que corresponde a cercade 60 quarteirões. Paradesenvolver este trabalho,Luciana ganha em tornode R$700 mais os benefí-cios fornecidos pelo gover-no. "São dois homens euma mulher para susten-tar. É difícil, mas o BolsaFamília ajuda bastante",revela. Além disso, a tra-balhadora reclama docartão refeição disponibi-lizado pela empresa, emfunção da dificuldade deencontrar estabelecimen-tos que o aceitem e, porisso, como solução elaopta por vendê-lo.

Perto dali, na ruaParacatu, a rotina serepete com RosileneFerreira dos Santos, 39anos. Ela vive com onamorado e é mãe de qua-tro filhos, sendo um delesdeficiente, o que exige umgasto maior com medica-

mentos. Após trabalhar naárea de limpeza de umaacademia de ginásticadurante onze anos, elapensa diferente dos cole-gas de profissão e se dizsatisfeita com o atualemprego de gari. "Paramim esse salário está bome olha que eu já trabalheiem outros lugares, seicomo é. Nunca tive maisde um salário e nesse euconsigo isso, então é sufi-ciente. Dá para sustentarlegal", afirma a gari.

Em outro ponto dacidade, no Bairro CoraçãoEucarístico, ScheilaNatalícia de Andrade, 45anos, também trabalha nalimpeza urbana e, assimcomo Rosilene dos Santos,acredita que o ganho men-sal é satisfatório. Afamília, constituída poroito pessoas, sobrevivebem, mas segundo conta amãe, é preciso saber con-trolar bastante os gastosda casa para não se endivi-dar.

RAQUEL DUTRA

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14CidadeJunho • 2013jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

A Prefeitura de Ribeirão

das Neves criou o proje-

to “Vida Saudável”, que

visa criar bons hábitos e

melhorar a qualidade de

vida de parte da popu-

lação por intermédio de

atividades físicas

Alunas em atividade durante aulas do projeto “Vida Saudável”, que leva pessoas a mudar de hábito, aumentando a disposição no dia a dia

PROJETO ELEVA QUALIDADE DE VIDA

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PRISCILA EVANGELISTA1º PERÍODO

A falta de atividadefísica associada a maushábitos tem contribuídopara o aparecimento demuitas doenças como ahipertensão, diabetes,problemas cardíacos, res-piratórios entre outros.Todos os anos asunidades de saúde e osprontos atendimentosrecebem um númerocada vez maior de pes-soas com algum malcrônico. Boa parte dessasdoenças podem ser evi-tadas ou controladas comatividades físicas e bonshábitos. Pensando nisso,a Prefeitura de Ribeirãodas Neves criou o projetoVida Saudável, com oobjetivo de estimular aprática de exercícios e umestilo adequado de vida.

O projeto é direciona-do aos hipertensos, dia-béticos e idosos. Boaparte dessas pessoasentram para o grupoapresentando algum tipode problema, comodepressão, dores muscu-lares e pressão descontro-lada. A aposentada MariaEster Almeida, 61 anos,afirma que antes de par-ticipar do grupo apresen-tava muitos problemasde saúde. "Eu sentiamuitas dores no corpo,falta de ar e pressão alta,mas graças a Deus minhapressão está normaliza-

da, meu peso diminuiu,meu astral melhorou bas-tante", conta a aposenta-da.

A fisioterapeuta Jus-sara Pimenta, responsá-vel pelo projeto VidaSaudável desenvolvidono Bairro Florença e tam-bém no Parque Ecológicode Neves, enfatiza osbenefícios encontradospor aqueles que abremmão do sedentarismo emprol das atividades físicasregulares. "Vários benefí-cios são observados,como o controle dapressão, ganho de forçamuscular, diminuição dedores na coluna e nasarticulações, além dobem estar físico e men-tal", expõe a fisioterapeu-ta.

Segundo Jussara Pi-menta, o grupo tambémrecebe apoio de umanutricionista que dádicas sobre a alimentaçãosaudável. Além disso,antes dos exercícios sãoaferidas as pressões detodos os participantescom o objetivo de contro-lar e acompanhar pos-síveis picos de pressão.

A dona de casa VilmaMaria da Silva, 45, sofriade depressão quandoresolveu, por iniciativaprópria, procurar o proje-to. "Depois que eu come-cei com essa fisioterapiaeu não tomo mais remé-dio para depressão,minha pressão está nor-mal", afirma.

O projeto está fazendosucesso entre a popu-lação. Segundo a fisiote-rapeuta, a lista de esperasó está crescendo. Atual-mente são cerca de 40pessoas esperando poruma vaga. "No momentonós estamos ocupandouma sala de odontologia

PRISCILA EVANGELISTA

n

ALESSANDRA NARDINI

GUILHERME AMÂNCIO

MARCEL BEGHINI

MARIANA VIOTTI7º PERÍODO

Notebook, celular, cha-ve de carro e até mesmocarrinho de bebê. Estessão apenas alguns dosobjetos que costumam seresquecidos no AeroportoInternacional TancredoNeves, em Confins. Ape-nas em 2012, cerca de 4,2mil objetos foram deixa-dos por seus proprietáriosnas dependências do aero-porto, sendo apenas 1,5mil devolvidos posterior-mente.

Segundo o gerente desegurança aeroportuária,Milton Siqueira, respon-sável pela área de achadose perdidos em Confins, ébem comum que pas-sageiros com pressa paraembarcar e desembarcar,esqueçam algum utensílio."É bem difícil, entretanto,achar o dono de algumobjeto quando não há ne-nhum tipo de identifi-cação. Quando tem identi-ficação, contactamos apessoa imediatamente",afirma. Ainda segundo

Siqueira, após 90 dias daperda dos objetos, eles sãoencaminhados para doa-ção após uma inspeção.

No momento em queocorria a apuração dareportagem, Maria SalimMurta, 38 anos, chegavaàs dependências doAeroporto e se encaminha-va para a sala de achados eperdidos, um ambienteapertado e repleto deestantes de ferro com obje-tos dos mais diversos,cuidadosamente embala-dos e catalogados. "Perdimeu carregador de celularna semana passada e sóhoje me dei conta de quepoderia ter ficado na salade embarque. Ainda bemque o encontrei. Ninguémmais aguentava meemprestar", conta MariaMurta, que descobriu aexistência do local poruma amiga, que trabalhano aeroporto.

Assim como ela, oeletricista Ronaldo Cunha,49 anos, também jáperdeu um objeto impor-tante, mas no TerminalRodoviário da capital. Em2011, quando viajariapara Ouro Branco ecomemoraria o aniversáriode uma tia, acabou deixan-

do o presente no terminal."Só me dei conta no meiodo caminho. Chegando lá,liguei para a rodoviária eme colocaram em contatocom o responsável peloachados e perdidos, queencontrou o presente",recorda.

Outros itens curiosostambém acabam aparecen-do na pequena – menorainda que a do aeroporto–, mas lotada sala do ter-minal, como dentadura,bola de futebol e brinque-dos. São cerca de 100 a150 objetos perdidos pormês. Entretanto, os itensmais comuns de seremencontrados são documen-tos, como RG e CPF. Após90 dias, estes são encami-nhados para os Correios,onde ficam armazenados.

DOCUMENTOS Desdeo ano de 1981, os Correiosmantêm um departamentode achados e perdidos naAgência Central de BeloHorizonte, localizada àAvenida Afonso Pena, nocentro. O serviço funcionaapenas para armazenardocumentos perdidos nacapital, e a pessoa queencontrar algum que

estiver perdido, podedepositá-lo em qualqueragência ou caixa de coletados Correios.

Para Antônio CarlosAbraão, 19 anos, quehavia perdido a permissãopara dirigir após duas se-manas de uso, o serviçoestá aprovado. "Me esfor-cei muito para tirar a

carteira de motorista efiquei sem poder dirigirnovamente, o que me cau-sou transtorno no traba-lho. Agora não preciso dasegunda via", afirma.

No ano passado,foram mais de 30 mildocumentos encontradose cadastrados para facili-tar a busca dos proprie-

tários. Degmar Gomesdos Santos, gerente daAgência Central dosCorreios, afirma que aprocura não é muitogrande. Os documentosficam disponíveis por 60dias na agência e depoissão remetidos para osórgãos emissores, quedestroem os mesmos.

Documentos e objetos lotam achados e perdidos

que ainda está vazia.Então, não cabe mais de30 pessoas por horário",explica Jussara Pimenta.

Ela salienta a im-portância do fisioterapeu-ta não cuidar somente daparte física motora, mastambém da parte mentale emocional. "Nós faze-mos festas comemorati-vas como Natal e festasjuninas com o objetivo deunir o grupo e deixá-losmais alegres. Os idososprincipalmente não têmestímulos em casa, nãotêm muita coisa parafazer, então, isso fazmuito bem para eles",conta. O projeto VidaSaudável é destinadotanto aos homens quantoàs mulheres. Mas, segun-do Jussara, os homens sãomais inibidos e, dessaforma, participam menos.

A importância de se teratividades físicas desti-nadas a esse tipo depúblico é visível. Issop o r q u e , i d o s o s e

hipertensos não podemfazer atividade física semorientação. Nas acade-mias, por exemplo, osidosos não aferem apressão antes dos exercí-cios. "Na academia, oidoso não tem essa afe-rição todas as vezes quefor fazer atividade física.Ele só vai ter isso se eletiver um personal trainnecom ele", explica afisioterapeuta. Enquantoum dos focos da acade-mia é o ganho de forçamuscular, o projeto sevolta ao bem estar de seusparticipantes. "O nossofoco não é ficar forte fisi-camente, os exercíciosque nós fazemos não temessa função", afirmaJussara. O projeto VidaSaudável focaliza mais noalongamento e no afasta-mento de dores, ou seja,no bem estar físico deseus participantes. Se-gundo a fisioterapeuta, ointuído do projeto é "darà musculatura uma flexi-

bilidade, um ganho demassa, mas de formasaudável", comenta.

MENOS DORES Aaposentada Nair Alves daSilva, 79, afirma que caíacom certa frequência,mas admite que a práticade exercícios mudou suavida. "Eu sentia muita dorno braço, não conseguianem mexer. A dor nobraço acabou apenas coma ginástica. Além disso,depois que eu comecei afazer fisioterapia não caímais", afirma.

A diarista Iris Dalva daSilva, 56, relata que me-lhorou sua qualidade devida com a prática dasatividades físicas. "Eutenho problema depressão e diabetes, masdepois que comecei a par-ticipar do grupo tudoficou controlado. Eupesava 82 quilos, hojepeso 75. Não dormiasentindo dor no ombro eno joelho. Depois que eu

entrei aqui, minha vidamudou", explica.

Para Jussara, uma dasvantagens do atendimen-to em público é atingirvárias pessoas ao mesmotempo. Formada emFisioterapia pela PUCMinas, ela passou agostar da área da pro-moção de saúde quandoainda estava cursando afaculdade. "Eu gostodessa área porque nãotrabalho com pessoas quevão ter uma lesão, eu tra-balho para prevenir essalesão. Eu trabalho pro-movendo a saúde paraque as pessoas não pre-cisem de ficar indo aoposto todos os dias", rela-ta Jussara. "É muitobacana trabalhar com apromoção da saúde, pro-mover saúde, ensinar aspessoas a cuidar dela paranão passar por problemasdepois", acrescenta.

Estante da sala de "achados e perdidos" do Terminal Rodoviário, no centro de Belo Horizonte

MARIANA VIOTTI

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15CidadeJunho • 2013 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

BARREIRAS PARA DEFICIENTES VISUAISDeficientes visuais criticam a falta de acessibilidade em seus percursos na Região Noroeste. Denúncias para regularização de espaços físicos podem ser feitas por meio do BH Resolve

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HUGO L'ABBATE

LAYSA VIEGAS

NATHÁLIA PEREIRA1º PERÍODO

Calçadas irregulares,buracos e obras malsinalizadas são con-stantes empecilhos paraos deficientes visuais queresidem em BeloHorizonte. O que para amaioria das pessoas éalgo simples de ser feito,torna-se um fardo paraaqueles que sofrem dedeficiência visual ou comgrande dificuldade delocomoção.

O ex-garçom CiroPaula Campos, 39 anos,é um deficiente visualque sofre de uveíte, umadoença que causa a infla-mação do trato uveal eque pode levar àcegueira. Suas principaisqueixas são sobre a baixaqualidade das calçadaspor onde passa, a dificul-dade para pegar ônibus ea sujeira deixada porcães nas ruas, que acabacausando constrangi-mentos aos que nãopodem enxergá-la.

Emerson Augusto Ro-sa, 33, é guia de corre-dores com deficiência

visual e enfrenta compli-cações ao treinar comseus alunos. "Para elestudo é difícil. O trans-porte público é ruim, osônibus andam muitocheios, as pessoas nãorespeitam", conta.

Cássio Henrique Da-mião, 39, treinador decorrida para deficientes,relata problemas encon-trados no entorno doCampus da PUC Minasno Coração Eucarístico."Há muitos degraus,pequena largura do pas-seio e descaso das obras,onde a sinalização não éfeita da forma correta eos cegos podem cair emburacos. Já tivemosproblemas como esse! Opróprio piso tátil, queprocura ajudar [os cegos]na locomoção, é muitodifícil de ser percebido,dependendo do calçadoutilizado", afirma.

"No bairro CoraçãoEucarístico os buracossão antigos, os passeiossão muito acidentados",diz Herivelton deOliveira Ferraz, 36 anos,auxiliar de adminis-tração na PUC Minas.Mesmo tendo visãoresidual, encontra difi-

culdades pelo caminhodo metrô ao campus dauniversidade, principal-mente na calçada da RuaCoração Eucarístico deJesus, no quarteirão maispróximo à universidade.

"Se for dar uma notade zero a dez para a aces-sibilidade no CoraçãoEucarístico sentidometrô - PUC, minhanota seria cinco e meio.Já o acesso pela passarelado Dom Cabral é aindapior. Na verdade, sãopoucos os passeios emBelo Horizonte que têmboa acessibilidade. Nãoconsidero o piso tátiluma referência porque jávi alguns terminarem emorelhões e bancas derevistas", conclui Heri-velton.

A Prefeitura de BeloHorizonte disponibiliza,em seu portal na inter-net, a Cartilha deConstrução e Manu-tenção de Passeios, cominstruções para a cons-trução de calçadas aces-síveis a todos. Segundo acartilha, as calçadasdevem ter piso único,antiderrapante e semobstruções, como raízesde árvores e mesas de

bar, e com devidas sinal-izações em casos deobras.

Na Rua Itamarati,próxima à Avenida Res-saca, um condomíniocumpriu o seu dever efez o passeio adequadopara os portadores denecessidades especiais. Acalçada e os acessos aoprédio possuem pisotátil e antiderrapante,com rampas nos locaisirregulares e grades aoredor das árvores recém-plantadas.

De acordo com aassessoria da Prefeiturade Belo Horizonte asdenúncias de irregulari-dades nas calçadaspodem ser feitas atravésdo BH Resolve, pelotelefone 156 ou dirigin-do-se à Avenida SantosDumont, 363, no centrode Belo Horizonte. Feitaa denúncia, um fiscal iráao local e fará umaavaliação que será, maistarde, transmitida a umresponsável. Este, porsua vez, tratará da refor-ma e correção dos prob-lemas encontrados.

Fidelidade facilita utilização de táxis em Belo Horizonte

Ciro Paula Campos,após ter de abandonaro emprego de garçomdevido às dificuldadesgeradas por suadoença, passou a sededicar ao ramo es-portivo. Ciro praticacorridas regularmentee treina no clube daPUC, localizado nocampus do BairroCoração Eucarístico.

Os treinos o aju-daram a perder peso eobter uma vida sau-dável, com a práticade exercícios físicos.Seus esforços lhe ren-deram a segunda mel-hor marca brasileiranas modalidades de

800 e 1500 metros.Agora, está focado nasOlimpíadas de 2016.

Ciro ressalta aquestão da carência deguias como a maiordificuldade enfrentadapelos deficientes vi-suais na prática es-portiva e queixa-se dapouca atenção dadapelo governo ao pro-grama "bolsa guia".Sem o devido auxílio,muitos atletas comdeficiência não têmcondições de pagarum guia e acabamsendo obrigados aparar de praticaresportes.

Falta investimento

em auxílio para

deficientes

pode estar ocupado, aten-dendo outros clientes. Emsituações como essa,muitos fazem uso deaplicativos para smart-phones, que permitemlocalizar, com rapidez,táxis próximos ao local emque a pessoa se encontra.

A estudante LarissaFreitas, de 18 anos, queenfrenta dificuldades parapegar táxis, principal-mente, em dias de grandeseventos, como shows ejogos à noite e, também,em dias de chuva, encon-trou solução no aplicativoway táxi, que afirmanunca ter falhado para ela."Costumo dizer queencontramos aplicativospra quase tudo nos celu-lares e computadores. Sãoprogramas criados parafacilitar nossas vidas. Os

aplicativos de táxi são óti-mos exemplos disso. Nãodiria que são solução paraa falta de táxis em BeloHorizonte, mas ajudam aencontrar automóveis dis-poníveis em cada região dacidade", comenta. Ela citaum caso em que o aplicati-vo foi a solução. "Eu estavaatrasada em casa poucashoras antes da virada deano 2012/2013, procura-do um táxi para ir à umafesta. Liguei para todos ospontos da região e nãoencontrei nenhum dispo-nível. Foi quando me lem-brei do aplicativo quetinha baixado uma semanaantes por indicação dosamigos. Resultado: encon-trei um táxi em poucosminutos. Salvou minhanoite!", conta.

Taxistas e clientes con-

cordam com o fato de quehaveria mais corridas, casoa dificuldade para se con-seguir um táxi fossemenor. Havendo maiorfacilidade, tanto Elizabetequanto Larissa declararamque utilizariam mais oserviço.

Segundo Sílvio Macedo,a frota de táxis não épequena, considera-a co-mo ideal. O principalproblema apontado porele é o trânsito, que fazcom que se gaste muitomais tempo para chegar aodestino do cliente, além deresultar na perda demuitas corridas. "Noshorários de movimento agente está gastando três,quatro vezes mais o tempopara fazer uma corrida. Àsvezes, em uma que vocêgastaria 15 minutos, acaba

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HUGO L'ABBATE

LAYSA VIEGAS

NATHÁLIA PEREIRA1º PERÍODO

A população de BeloHorizonte sofre com adificuldade para conseguirtáxis, problema frequenteem todos os horários, masque se torna ainda piordurante a noite, em diasde chuva e nos finais desemana. Na tentativa dedriblar essa dificuldade,muitas pessoas utilizam osprogramas de fidelidade,nos quais o cliente conta-ta e utiliza os serviços deum mesmo taxista, sempreque necessário.

Com 23 anos de expe-riência em sua profissão, otaxista Sílvio Macedo, 41,trabalha com fidelizaçãode passageiros e diz queseus clientes costumamligar e marcar o dia ehorário para a corrida. Aadvogada Elizabete Rodri-gues Pereira Chaves, 62,conta com o serviço defidelização. "Devido à difi-culdade para se conseguirum táxi em horário depico, a ligação direta parao taxista, por diversasvezes, foi uma excelentealternativa encontrada",afirma.

São muitas as ocasiões,porém, em que é ne-cessário um táxi nummomento não previa-mente esperado, nãosendo possível marcar acorrida com antecedência.Mesmo com a ligaçãodireta para o taxista, este

Rua Dom João Pimenta apresenta obstáculos para deficientes visuais

Programas de fidelidade são opção para pessoas que utilizam serviço de táxis e garantem agilidade no serviço

RAQUEL DUTRA

LAYSLA VIEGAS

gastando uma hora, entãosão, pelo menos, duas cor-ridas que você deixa defazer".

Sílvio ainda ressalta aquestão da Lei Seca comoresponsável pelo aumentoda procura por táxis emBelo Horizonte e a conse-quente dificuldade emconsegui-los. Apesar de serum ponto negativo para opassageiro, é positivo parao taxista, que realiza umnúmero consideravelmen-te maior de corridas.

Ramon Victor Cesar,diretor-presidente daBHTRANS, revela quehaverá novas licitações. "O

aumento das permissõesvisa equilibrar a oferta doserviço com a demanda.Mas não é só isso. Com aexigência de maior nú-mero de horas do carroempenhado no serviço,também estamos garantin-do maior oferta de corri-das, para atender a umpúblico que está crescen-do", afirma.

De acordo com a asses-soria de comunicação daBHTrans, atualmente afrota de táxis em BeloHorizonte é de 6.109 car-ros, sendo por dia 96 milusuários em um total de68 mil viagens.

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Junho • 2013 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

LAGOA DA PAMPULHA CHEGAAOS 70 ANOS EM SITUAÇÃO PRECÁRIA Local de encontros, caminhadas e turismo, região faz aniversário, mas população anseia por conservação e melhorias

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ADILSON BRAGA

MATEUS TEIXEIRA

1º E 2º PERÍODOS

Mais tradicional cartãopostal de Belo Horizonte, aLagoa da Pampulha com-pletou 70 anos de existên-cia no último dia 16 demaio, sem motivo paracomemorações. Às vésperasda Copa do Mundo, queserá disputada em 2014 eque tem o vizinho Mineirãocomo uma das sedes, oespelho d'água e seuentorno sofrem com adegradação e a recuperaçãoambiental continua comopromessa. Apesar dessecenário, o local continuaatraindo um grandenúmero de turistas emoradores da RegiãoMetropolitana de BeloHorizonte, que visitam ecurtem momentosagradáveis.

Com sete décadas dehistória, a Pampulha estáem análise da Organizaçãodas Nações Unidas para aEducação (Unesco), quepoderá lhe conceder o títu-lo de Patrimônio Culturalda Humanidade. Além dalagoa, o complexo paisa-gístico e arquitetônico daPampulha abriga diversospontos turísticos, tais comoIgreja de São Francisco deAssis, Museu de Arte daPampulha, Casa do Baile,Iate Tênis Clube, EstádioGovernador MagalhãesPinto (Mineirão), GinásioMineirinho, Parque Promo-tor Lins do Rego, JardimBotânico e Jardim Zoo-lógico, além de diversosimóveis residenciais.

"O conjunto arqui-tetônico da Pampulha éincrível, além do oferecer apossibilidade de contatocom um ambiente belo earborizado", comentaLourdes Nascimento, quehá 30 anos veio do interiordo estado para morar emBelo Horizonte.

A região atrai, diaria-mente, pessoas em busca decontato com a natureza ede um espaço público paraconvivência. Nos fins desemana, o local se tornaainda mais movimentadocom a presença de turistas epessoas que buscam ativi-dades físicas na orla daLagoa. "Sempre venho napraça em busca de exercí-

cios físicos. É um excelentelocal para caminhadas",revela Pedro Cecatti,morador de Ribeirão dasNeves.

O ambiente tranquilo éressaltado como um atrati-vo para a população quefrequenta a Pampulha. "Atranquilidade e o lazer sãoincríveis. É bem diferentede outros lugares a queestamos acostumados,como o Parque Municipal,por exemplo", diz MariaAparecida, de Curvelo. Aregião atrai famílias, comcrianças que brincam naspraças, nos arredores dalagoa. "É um local incrível etranquilo para trazer as cri-anças", salienta a empre-sária e mãe Nueli Mendes."Só acho que poderia sermais democrático, commais opções para elas. Masnão é algo grave. É umexcelente lugar para afamília", completa.

A região terá todo seuconjunto arquitetônicoreformado e a FundaçãoMunicipal de Culturainveste cerca de R$ 32 mi-lhões para a recuperação deespaços na região, como osJardins Burle Marx na orlada Lagoa, a Casa do Baile eo Museu de Arte. O objeti-vo é conseguir levar o títulode patrimônio histórico dahumanidade e deve recebera resposta da aprovação até2016.

DESPOLUIÇÃO Apesarde ser um dos locais maisprocurados pela populaçãobelo-horizontina, o Com-plexo da Lagoa da Pam-pulha tem na poluição doespelho d'água um dosfatores ameaçadores dofuturo da região. "O localparece estar desleixado",observa o técnico emestradas, que se identificouapenas como Márcio. Eleacredita que não haveráfuturo no complexo se alagoa continuar "poluídacomo está".

Em maio de 2012, emparceria com a Companhiade Saneamento de MinasGerais (Copasa), as pre-feituras de Belo Horizontee de Contagem iniciaramum programa de despo-luição da Bacia da Lagoa daPampulha, que recebe esgo-to de ambas as cidades. "Alagoa é o que mais atrai apopulação para a Pam-

Inaugurada em1943, a Lagoa daPampulha representouum marco para a mo-dernização da cidadede Belo Horizonte. Aideia foi do entãoprefeito Otacílio Ne-grão de Lima, que dá onome da avenida quecontorna a lagoa. Masfoi somente na admi-nistração de JuscelinoKubitschek, maior de-fensor do desenvolvi-mento da capital, quenovos bairros foramsendo criados, como aPampulha. Com umdesign arrojado para aépoca, largas avenidase com obras que apre-sentavam arquiteturamoderna, a Região daPampulha se tornoureferência em quali-dade de vida e turis-mo.

Foi pensando nissoque Juscelino compôsuma equipe de grandesartistas para adaptarseu projeto aos pa-drões internacionais,contando com a ajudade artistas como OscarNiemeyer, Portinari eBurle Marx.

Em 1936, a lagoaera vista como umaalternativa para con-tribuir para o abasteci-mento de água da ca-pital e para amortecerenchentes. Entretanto,após sua inauguração eao longo dos anos, éhoje um dos pontosque atraem populaçãoe turistas para ativi-dades físicas, manifes-tações artísticas, movi-mentos urbanos e con-vivência. "É um exce-lente local para a con-vivência", diz FlávioDias, mecânico de

manutenções, de Be-tim.

Os frequentadoresda região notam mu-danças expressivas aolongo do tempo. "APampulha já foi muitomais do que é hoje.Quem conheceu elaantigamente não acre-dita como está agora.Podíamos ver iates ebarcos no seu interiore a água não era tãopoluída", afirma Ever-ton, morador de SantaLuzia.

A gerente emfinanças Clara Mene-zes revela que temmuitas histórias daregião. "Venho aquidesde minha épocacomo adolescente. Tra-go meus filhos hoje epercebo que a lagoanão é mais a mesma",comenta. Entretanto,ela destaca melhorasna estrutura da Pam-pulha. "A iluminaçãomelhorou muito. Háopções de lazer, nãotemos prédios e é umlocal maravilhoso parase visitar, admirar efrequentar. E caminhar(risos)", completa.

A Lagoa da Pam-pulha acumula umasérie de histórias."Sempre que venhoaqui caminhar, saiocom um novo amigo.O local é rejuvenesce-dor e nos cria possibi-lidades de convivênciae é simplesmenteincrível", diz o admi-nistrador Márcio San-tos. "Cada vez queentro aqui, saio comuma nova história pracontar", completa.

Apesar de poluídas,

águas da Pampulha

guardam histórias

População e turistas aproveitam o calçadãopara praticar exercícios e passear; númerode pessoas é maior nos finais de semana

especialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecialespecial

Especial •Cidade

A população que fre-quenta a orla da Pampulhatem opiniões divergentesem relação aos anunciadosprogramas de despoluição.Há aqueles que acreditamna revitalização, como JoãoPaulo Senra, de Ribeirãodas Neves, que frequenta olocal todo domingo. "Soumineiro. Desses que acredi-ta que tudo vai dar certo. Agente de Minas nãodesiste", brinca.

Outros se revelamdescrentes. "Não acreditoem revitalização. É algoimpossível. Parece o Tietê,em São Paulo. Sem solu-ção", disse Paula Tenório,de Contagem. Há aindaquem prefira levar na brin-cadeira o assunto e não teruma opinião definida sobreo caso. "Não sei se acreditona despoluição, mas tenhomedo que acabe virando opiscinão de Ramos", disseTerezinha, que trabalha noramo de confecção naGrande BH.

O movimento ‘SomosPampulha’, que visa a con-tribuição por meio dapreservação da lagoa juntocom a sustentabilidade,disponibiliza um site, quepermite ao internauta queacessá-lo, participar de umabaixo-assinado em favordo desassoreamento dalagoa. O documento seráenviado para a Prefeiturade Belo Horizonte e pre-tende preservar as nascen-tes, eliminar o mau cheiro egarantir água limpa e trans-parente, dentre outros pon-tos.

A Copasa assumiu, em2002, o compromisso demelhorar a qualidade da

água da Lagoa daPampulha. No total, jáforam investidos cerca deR$ 430 milhões em obras,como a construção daEstação de Tratamento deEfluentes (Etaf Pampulha)e a implantação de mais de100 quilômetros de redescoletoras nas nove estaçõeselevatórias. Mais seisdevem ser construídas emBelo Horizonte e Con-tagem, dentro do ProgramaCaça Esgoto em convêniocom a prefeitura da últimacidade.

Para a despoluição dalagoa, a Prefeitura de BeloHorizonte deverá contarcom um empréstimo de R$140 milhões no BancoInteramericano de Desen-volvimento (BID), paradesassoreamento da bar-ragem e retirada de resíduose lixo da região. A previsão éque as obras estejamprontas ainda em 2014,durante a Copa do Mundo,quando a expectativa é deatingir os padrões de quali-dade, que devem chegar aograu três, onde é possível aprática de esportes náuticos.

A Prefeitura deContagem participa junta-mente com a Prefeitura deBelo Horizonte, da Copasae do Programa deRecuperação e Desen-volvimento Ambiental daBacia da Pampulha(Propam), da revitalizaçãoda Lagoa, já que 56% dabacia da lagoa está nacidade. Conforme infor-mações da Prefeitura, oobjetivo é que a lagoa fiquelivre de 95% de lançamen-tos de esgoto e lixo, até2014.

pulha. Sem ela, isto seriaum espaço como outroqualquer. Portanto, o proje-to de revitalização edespoluição tem que acon-tecer", disse Lenira, umadas frequentadoras daregião.

É esperado que a recu-peração da lagoa beneficie450 mil pessoas, além dedar mais conforto paraquem caminha no local eque, hoje, tem de convivercom o mau cheiro, que se

torna, muitas vezes, "insu-portável", como descreve,enfaticamente, a estudanteLaís Rodrigues. A expectati-va é que as obras estejamconcluídas em dezembrodeste ano.

Porém, o projeto queconta com três etapas játeve a primeira fase com-prometida por atrasos. Naprimeira parte seriam feitoso bloqueio do esgoto e adrenagem dos córregos.

População se dividesobre êxito dos projetos

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