jornal marco - ed. 264

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nestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaedição nestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaedição marco LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas jornal Agentes de saúde fazem vistorias às residências da capital e alertam moradores quanto à necessidade de combate aos focos de dengue. Pág. 13 Polêmica envolve moradores de rua e a População do Coração Eucarístico, que reclama do comportamento dos mesmos. Pág. 4 Lideranças da Vila Sumaré estão preocupadas com o fim do único projeto que atendia a jovens carentes daquela comunidade. Pág.12 Março • 2009 Ano 37 • Edição 264 MAIARA MONTEIRO RICARDO MALLACO ANTONIO ELIZEU Estragos causados por forte enchente, que ocorreu no últi- mo dia de 2008, ainda são lem- brados por moradores e comer- ciantes do Bairro Coração Eucarístico, na Região Nordeste de Belo Horizonte. Pessoas como Paulo Morais (foto), pro- proprietário de uma conces- sionária do bairro, tomaram providências com o objetivo de evitar que os temporais possam acarretar novos prejuízos. O medo de que ocorra uma nova tempestade, entretanto, ainda faz parte do cotidiano dessas pessoas. Página 3 Moradores ainda lamentam estragos provocados pela chuva do reveillon O BRASIL QUE O POVO ESCOLHEU O BRASIL QUE O POVO ESCOLHEU Construção da rodoviária depende de estudos técnicos O movimento pela redemocratização do país, conhecido como Diretas Já, completa bodas de prata. A comemoração dos 25 anos é oportu- nidade para se relembrar detalhes de um dos prin- cipais eventos de mobilização de massa já visto no Brasil. As principais capitais brasileiras tornaram-se palco de grandes comícios, que se transformaram em verdadeiras festas cívicas. A campanha, que ultrapassou divergências par- tidárias e envolveu diferentes setores da sociedade, reuniu personalidades como Tancredo Neves, Milton Nascimento e Fernando Brant(foto). Mas, como ressalta o jornalista Ricar- do Kotscho, ex-secretário de imprensa do presi- dente Lula, o povo foi protagonista. “O povo mudou a história do Brasil”. Páginas 8 e 9 O prefeito Marcio Lacerda está aguardando um novo estudo realiza- do pela consultoria Macroplan, junta- mente com a BHTrans, que avalia os impactos sobre a região da construção da nova rodoviária no Bairro Calafate ou a viabilidade da manutenção do terminal rodoviário no hipercentro de Belo Horizonte. Antes de decidir sobre o assunto, ele quer obter “dados técnicos confiáveis” e conversar com a população local. Página15 Estudantes brasileiros que estavam na América do Norte a trabalho, por meio de programas de intercâmbio, foram obrigados a retornar ao país antes do planejado devido à crise econômica mundial. As consequên- cias da crise, que prejudicaram os intercambistas, foram a diminuição das horas de trabalho e a falta de oferta de empregos para a quantidade de estrangeiros que estavam no local. Jovens de diversos estados do Brasil viviam a espectativa de ganhar di- nheiro trabalhando durante o período de férias, em diferentes ramos. Apesar dos problemas, a procura por esses programas ainda existe. Página 16 Crise mundial traz de volta brasileiros que estavam fora ARQUIVO JORNAL MARCO MAIARA MONTEIRO MAIARA MONTEIRO

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Jornal laboratorio dos alunos do curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicacao e Artes da PUC Minas

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Page 1: Jornal Marco - Ed. 264

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Agentes de saúde fazemvistorias às residências da capital e alertammoradores quanto ànecessidade de combateaos focos de dengue. Pág. 13

Polêmica envolvemoradores de rua e aPopulação do CoraçãoEucarístico, que reclamado comportamento dosmesmos. Pág. 4

Lideranças da VilaSumaré estão preocupadascom o fim do único projetoque atendia a jovens carentes daquela comunidade. Pág.12

Março • 2009Ano 37 • Edição 264

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Estragos causados por forteenchente, que ocorreu no últi-mo dia de 2008, ainda são lem-brados por moradores e comer-ciantes do Bairro CoraçãoEucarístico, na Região Nordestede Belo Horizonte. Pessoascomo Paulo Morais (foto), pro-proprietário de uma conces-sionária do bairro, tomaramprovidências com o objetivo deevitar que os temporais possamacarretar novos prejuízos. Omedo de que ocorra uma novatempestade, entretanto, aindafaz parte do cotidiano dessaspessoas. Página 3

Moradores aindalamentam estragosprovocados pelachuva do reveillon

O BRASIL QUE O POVO ESCOLHEUO BRASIL QUE O POVO ESCOLHEU

Construção da rodoviáriadepende de estudos técnicos

O movimento pela redemocratização do país,conhecido como Diretas Já, completa bodas deprata. A comemoração dos 25 anos é oportu-nidade para se relembrar detalhes de um dos prin-cipais eventos de mobilização de massa já vistono Brasil. As principais capitais brasileirastornaram-se palco de grandes comícios, que setransformaram em verdadeiras festas cívicas. A

campanha, que ultrapassou divergências par-tidárias e envolveu diferentes setores dasociedade, reuniu personalidades como TancredoNeves, Milton Nascimento e FernandoBrant(foto). Mas, como ressalta o jornalista Ricar-do Kotscho, ex-secretário de imprensa do presi-dente Lula, o povo foi protagonista. “O povomudou a história do Brasil”. Páginas 8 e 9

O prefeito Marcio Lacerda estáaguardando um novo estudo realiza-do pela consultoria Macroplan, junta-mente com a BHTrans, que avalia osimpactos sobre a região da construçãoda nova rodoviária no Bairro Calafate

ou a viabilidade da manutenção doterminal rodoviário no hipercentro deBelo Horizonte. Antes de decidirsobre o assunto, ele quer obter “dadostécnicos confiáveis” e conversar com apopulação local. Página15

Estudantes brasileiros que estavamna América do Norte a trabalho, pormeio de programas de intercâmbio,foram obrigados a retornar ao paísantes do planejado devido à criseeconômica mundial. As consequên-cias da crise, que prejudicaram osintercambistas, foram a diminuiçãodas horas de trabalho e a falta deoferta de empregos para a quantidadede estrangeiros que estavam no local.Jovens de diversos estados do Brasilviviam a espectativa de ganhar di-nheiro trabalhando durante o períodode férias, em diferentes ramos. Apesardos problemas, a procura por essesprogramas ainda existe. Página 16

Crise mundialtraz de voltabrasileiros queestavam fora

ARQUIVO JORNAL MARCO

MAIARA MONTEIRO

MAIARA MONTEIRO

Page 2: Jornal Marco - Ed. 264

2 ComunidadeMarço • 2009jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

jornal marcoJornal Laboratório da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas www.pucminas.br . e-mail: [email protected]

Rua Dom José Gaspar, 500 . CEP 30.535-610 Bairro Coração Eucarístico Belo Horizonte Minas Gerais Tel: (31)3319-4920

Sucursal PucMinas São Gabriel: Rua Walter Ianni, 255 CEP 31.980-110 Bairro São Gabriel Belo Horizonte MG Tel:(31)3439-5286

Diretora da Faculdade de Comunicação e Artes: Profª. Ivone de Lourdes Oliveira Chefe de Departamento: Profª. Glória GomideCoordenador do Curso de Jornalismo: Profa. Maria Libia Araújo BarbosaCoordenadora do Curso de Comunicação / São Gabriel: Profª. Daniela Serra

Editor: Prof. Fernando Lacerda Subeditor: Profa. Maria Libia Araújo Barbosa Editor Gráfico: Prof. José Maria de Morais Editor de Fotografia: Prof. Eugênio Sávio

Monitores de Jornalismo: Laura Sanders, Isabella Lacerda, Camila Lam, AlineScarponi, Diana Friche, Bianca Araújo (São Gabriel) Monitores de Fotografia: Barbara Dutra e Maiara Monteiro Monitor de Diagramação: Marcelo Coelho

Fotolito e Impressão: Fumarc . Tiragem: 12.000 exemplares

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MARCELO COELHO DA FONSECA, 5º PERÍODO

Resolver os problemas de uma metrópole exigeplanejamento correto e ações eficientes. É um tra-balho que envolve, além dos principais governantesmunicipais, toda a estrutura de organização dasregionais e associações de bairro, além dos demaisrepresentantes da chamada sociedade civil. É pre-ciso um diálogo constante para buscar soluções quebeneficiem o maior número de cidadãos, uma vezque, pela variedade das questões, sempre terãoopiniões e propostas deixadas de lado.

A nova administração municipal, que teve início emjaneiro deste ano, terá pela frente muitos desafios,como por exemplo, a transferência da rodoviáriapara o Bairro Calafate, assunto que ainda seencontra longe de uma decisão e será debatido, deacordo com compromisso do prefeito MárcioLacerda, com a participação das lideranças daregião. As enchentes na cidade decorrentes daschuvas dos últimos meses também é outro proble-ma a ser enfrentado pela prefeitura. Além das in-denizações e auxílios para os afetados, os prejuízose transtornos demandam uma ação preventivamais eficiente, para que não se repitam no futuro.

A dengue é um desafio que ficou como legado para ogoverno atual. São fundamentais esforços para divul-gar as medidas necessárias para evitar a proliferaçãodo mosquito vetor, fiscalizar as condições dos locaisque possuem altos índices de ocorrência e, principal-mente, conscientizar a população da necessidade deuma vigilância permanente, com objetivo de impediro desenvolvimento de epidemias no futuro.

Em sua primeira edição de 2009, o MARCO publicamatérias que mostram essa movimentação da novaadministração municipal e das lideranças comu-nitárias, que reivindicam mais voz na interlocuçãocom a prefeitura. O diálogo entre sociedade e seusrepresentantes é o caminho para alcançarmudanças desejadas e estabelecer base de cidada-nia para toda a população.

Além de dar espaço à mobilização da comunidadeno presente, para que o futuro da capital seja melhorpara todos, o nosso jornal lembra de um movimento,que se tornou símbolo da união da sociedade emtorno de um objetivo.

Em 2009, o movimento que ficou conhecido como“Diretas Já” completa 25 anos e virou reportagemde página dupla nesta edição. Marco na história doBrasil, a campanha iniciou a trajetória democráticaque vem se aperfeiçoando ao longo dos anos. Amatéria tráz o ponto de vista de especialistas e pes-soas que viveram o dia a dia do conturbado período,que, infelizmente, como demonstra recentepesquisa do Instituto Datafolha, não é conhecido oulembrado por grande parte da população brasileira.

A cobertura do movimento pela imprensa foi funda-mental para a formação da opinião pública, atravésde enfoques variados que iam das grandes manifes-tações populares às ações dos políticos, nos basti-dores, criando uma maior identidade de algunsveículos com a população. Recordar, 25 anos depois,este momento rico da história, é contribuir para ofortalecimento da democracia em nosso país.

Participação popularé indispensável parasuperar desafios

editorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialEDITORIAL

expedienteexpedienteexpedienteexpedienteexpedienteexpedienteEXPEDIENTE

PREFEITO SE REÚNE COMLÍDERES COMUNITÁRIOSn

ISABELLA LACERDA, LAURA SANDERS, 3º E 5º PERÍODOS

“Queremos manter e apro-fundar um modelo próximo daslideranças comunitárias”, foi oque afirmou o prefeito de BeloHorizonte, Marcio Lacerda, emreunião com as lideranças comu-nitárias da Região Noroeste, emfevereiro último, na AssociaçãoSocial Padre Eustáquio (Aspe).Esse foi um dos nove encontrosque aconteceram em todas asregionais da capital , dentro doprograma “O Prefeito na Re-gional”. Segundo ele, essasreuniões visam manter e apro-fundar o modelo de gestão do ex-prefeito Fernando Pimentel.

Marcio Lacerda destacou aimportância de diversas formasde diálogo entre a prefeitura e apopulação, entre elas, os orça-mentos participativos, fóruns econselhos, que, segundo ele, sãouma oportunidade dos cidadãosexercerem seus direitos. Alémdisso, o prefeito afirmou quepretende estar de quatro a cincovezes por ano, um dia inteiro,reunido com as liderançascomunitárias de cada regionalcom o intuito de valorizar e uti-lizar realmente esses instrumen-tos de participação.

De acordo com MarcioLacerda, o papel de cada regionaltambém será reforçado e as secre-tarias devem ficar mais próximasda população, buscando umagestão mais ágil e eficiente. Oprefeito também salientou anecessidade de haver uma inte-gração entre as cidades da regiãometropolitana. “Nós não po-demos olhar Belo Horizonte iso-ladamente”, destacou.

Durante a reunião, que, segun-do a Regional Noroeste, contou

com a participação de 600 pessoas,os representantes da comunidadetiveram oportunidade de ques-tionar o prefeito quanto aos proble-mas dos seus respectivos bairros. Asprincipais dúvidas foram referentesaos atendimentos nas áreas desaúde, educação, trasporte, mora-dia, políticas sociais e obras emandamento.

O também presente, se-cretário de Administração daRegional Noroeste, Ajalmar Joséda Silva, enumerou os obras emandamento ou programadas pararegião, dentre elas a urbanizaçãoda Vila Senhor dos Passos, cons-trução da sede do posto de saúdeDom Cabral e a construção deum teatro municipal.

Além do prefeito, estavam pre-sentes vereadores como Geraldo

Félix, e secretários de governo daatual gestão de Marcio Lacerda,como Marcelo Teixeira, da saúde,além do vice-prefeito RobertoCarvalho, que foram respon-sáveis por responder os questio-namentos da comunidade.

LIDERANÇAS Para a líder comu-nitária da Vila Sumaré, RosimeirePinto, a participação do prefeitoMarcio Lacerda na reunião daRegional Noroeste foi apenassimbólica. “A gente queria muitoque abrisse um canal direto. Foimais para inglês ver”, afirma.

Na reunião do dia 12, amoradora teve a oportunidade defazer uma reivindicação a res-peito do fim do projeto AgenteJovem da Vila Sumaré. Ela alegouque o projeto social era a única

alternativa para os jovens dacomunidade que estão na faixaetária dos 15 aos 20 anos (leiamatéria sobre o assunto na página 12desta edição).

Para o líder Alexandre Tadeu,da Vila Sumaré, a reunião com oprefeito e seus secretários de go-verno foi boa à primeira vista,mas afirmou que ainda estáesperando respostas para suasreivindicações. Ele está insatis-feito com a situação da obra deurbanização da vila que foiaprovada pelo OrçamentoParticipativo, mas não foi con-cluída. “A obra teria duração deoito meses mas tem um ano enada. Lá está tudo aberto, é emuma área de risco, um perigo paraas crianças que ficam brincandonas lajes demolidas”, conta.

Marcio Lacerda participou de encontro no Bairro Padre Eustáquio para ouvir as demandas da população da Região Noroeste

Em reunião no Bairro Padre Eustáquio, Marcio Lacerda ouve propostas de líderes comunitários da Região Noroeste

Quadra do Dom Cabral oferecerisco para moradores do bairron

MARIANA CÁSSIA SANTOS,SARA CHRISTINA BRAGA LIRA, 2º E 3º PERÍODOS

Desde o ano passado, moradores reivindicam reformas na quadra

Pisos esburacados, gradesquebradas, traves enferru-jadas e sem rede, holofotesqueimados e pouca segu-rança. Este é o cenárioencontrado na quadra daPraça da Comunidade, noDom Cabral. Moradoresreclamam desde 2008 dasituação de abandono do seupatrimônio, por meio daAssociação de Moradores doBairro, que já acionou aPrefeitura de Belo Horizontepara pedir os reparos.

De acordo com AndréiaAlves de Oliveira, assistentesocial e moradora do DomCabral, a alegação oficial é defalta de verba para amanutenção do local. “Oproblema maior da quadra eda praça é o abandono. Láestá cheio de buracos edepredado, colocando emrisco as atividades físicas e delazer dos moradores. Asgrades de proteção já caíram,por isso quando há crianças eidosos passando, ficamdesprotegidos das bolas” afir-ma Andréia. “A associação jápediu a troca, mas a prefeitu-

ra não realizou isso ainda”completa. A atendenteMaria Dolores Moreira deJesus, 38 anos, sabe bem oque é isso. Há dois anos,quando estava grávida, quaselevou uma bolada na barrigaenquanto passava por lá,pela falta da grade de pro-teção.

Um dos problemas maisrecorrentes é a sujeira dolocal. “Já vi até escorpiõessaindo do lugar onde era ovestiário” conta MariaDolores, que já chegou aorganizar uma reunião coma Associação de Moradorespara eles próprios tentaremsolucionar o problema. “Aprefeitura vem limpar dedois em dois meses e mesmoassim, superficialmente. Sóisso não basta”, conclui.

Além disso, a insegurançaimpede que alguns mo-radores possam usufruir daquadra. Segundo moradores,o local se tornou ponto dedrogas, intimidando transe-untes e frequentadores. Faltailuminação – já que os holo-fotes estão danificados. Porcausa da insegurança, algu-mas mães impedem que seusfilhos frequentem a quadra”.As mães dos meus amigos

não deixam mais que eles ve-nham brincar aqui por causadesses meninos que ficamusando drogas”, diz o estu-dante Luiz Sérgio Faria daSilva, 13 anos. SegundoMaria Dolores, a praça e aquadra não têm vigilânciapolicial e nem conta comguardas municipais, o quefavorece tais práticas e colo-cam os moradores numa situ-ação desconfortável. “Temuma turma que joga futebolaos domingos, mas ninguémquer vir para a quadra devidoà falta de segurança”, comen-ta. Dentre todas as formas de

abandono sofridas pelo localos moradores consideram estaa mais urgente.

Segundo o gerente de even-tos e esporte da RegionalNoroeste, Miguel da CruzFilho, a dificuldade do local jáfoi identificada e um levanta-mento geral de custo foi feito,mas falta a liberação de recur-sos da prefeitura. Ele contaque a idéia é criar uma comis-são de moradores locais queirá ajudar na preservação doespaço, quando ele for revita-lizado. Para participar dacomissão é só se inscrever naRegional Noroeste.

MAIARA MONTEIRO

ISABELLA LACERDA

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3ComunidadeMarço • 2009 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

O QUE FICOU DEPOIS DA ENCHENTEApós estragos causados pela forte chuva da noite de 31 de dezembro, comerciantes do Bairro Coração Eucarístico buscam formas de se proteger e reconstruir o que foi atingido

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DIANA FRICHE,ISABELLA LACERDA, 4º E 3º PERÍODOS

“Ficamos sempre com me-do de acontecer de novo”,conta Paulo Morais, propri-etário da concessionáriaCamapuã Veículos, localiza-da na esquina das ruas DomJosé Antônio Santos comDom Prudêncio Gomes, noBairro Coração Eucarístico,Região Noroeste da capital.O estabelecimento, assimcomo diversas lojas e residên-cias vizinhas, foi um dosatingidos por uma fortechuva na noite de 31 dedezembro de 2008, que tevecomo consequência umaenchente que chegou aalcançar 1,40 metro dealtura. Três meses depois,pessoas atingidas tentamreconstruir suas vidas após osestragos feitos pela água, quefizeram com que o ano de2009 já começasse commuitas dívidas.

Paulo Morais conta queestava viajando para o interiorde Minas quando foi avisadodo incidente por José CalixtoNeto, morador da rua onde ficasua concessionária. “Ligueipara as pessoas da agência decarros, mas não tinha comoelas chegarem até aqui”, relem-bra. O comerciante comentaque já no dia 1º de janeiro, coma ajuda de amigos, começou atrabalhar para reconstruir partedos estragos.

Segundo Paulo Morais, oprejuízo calculado inicial-mente era em torno de R$ 50mil, só para o conserto doscarros, além de mais deR$10 mil com computadorese geladeiras. “O prejuízomaior é o lucro cessante, poisficamos em janeiro sem tra-balhar”, diz. A agência voltoua trabalhar normalmentesomente a partir da segundasemana de fevereiro. “Alémde tudo, ainda tem o danomoral”, completa. Ele aindaressalta que tem vontade de

transferir seu imóvel paraoutro local. “Muitos vizinhosdesistiram de continuar mo-rando aqui, mas eu não possosimplesmente me mudardaqui. Isso aqui é meu, nãoposso perder o imóvel”, justi-fica.

Para voltar a funcionar, oestabelecimento de Paulonecessitou passar por refor-mas, além da instalação denovas barreiras para evitar osproblemas com as enchentes.“Tinha duas opções: ou le-vantávamos o muro e fechá-vamos a visão dos carros aquidentro ou colocávamos vidro,que parece que sustenta aforça da água”, explica. Deacordo com Paulo, a soluçãoescolhida foi a instalação devidros nas grades da agência.

Assim como a conces-sionária de Paulo, a loja OraBolas, localizada à Rua DomJosé Antônio dos Santos, noBairro Coração Eucarístico,também sofreu com o tempo-ral da noite de reveillon. O

dono do estabelecimento,Leonardo Amaral, explica quesó ficou sabendo do aconteci-do no dia 6 de janeiro, já queestava viajando. Esta foi asegunda enchente que atingiua loja, que funciona no localhá um ano. “A água atingiu 1metro e 10 centímetros e da-nificou muitas mercadorias”,conta. “Só em mercadoriasperdi R$ 20 mil”, calcula.

Ele também necessitou deobras para a reabertura doestabelecimento.“ Tomeiprovidências como vedar avitrine e instalei um dique decontenção para quando a lojaestá fechada”, conta. A re-posição do estoque, de acordocom o comerciante, só seráfeita em abril, quando hálançamento de brinquedosem São Paulo. “Não repus oestoque porque repor agora éruim. Não compensa”, acres-centa.

De acordo com LucinéiaFerreira dos Santos, vendedo-ra da loja há dez meses, a

solução imediata encontradaapós a reabertura do esta-belecimento, em 27 de ja-neiro, foi a venda de brinque-dos a preços reduzidos.“Alguns brinquedos a genteperdeu. Os outros que tiveramas caixas estragadas, estamosvendendo pela metade dopreço”, conta. Ela acrescentaque foi necessário um mutirãoentre os funcionários paralimpar a loja, já que o seguronão cobre esse tipo de aci-dente. “Tivemos que pintar asparedes, pois ficaram commarcas”, diz.

O grupo de mulheres doProjeto Conviver, localizadoem um galpão à Rua DomJoaquim Silvério, nº 111,perdeu com a chuva todo omaterial usado na produçãode artesanato. O projeto, quetem convênio com a IgrejaCoração Eucarístico de Jesus,localizada à mesma rua, é for-mado por 25 mulheres e temcomo objetivo gerar rendapara quem está fora do mer-

A vendedora da loja Ora Bolas, Lucinéia Ferreira, afirma que a solução encontrada foi reduzir o preço dos brinquedos

cado de trabalho. “Elas vempara cá, conversam e pro-duzem trabalhos com fuxico,bordados e materiais reciclá-veis”, explica Fátima Baião,coordenadora do projeto eservidora pública.

Segundo ela, mesmo nãotendo perdido a produção,que se encontrava na igrejadevido a um bazar que haviaocorrido poucos dias antes doacontecido, o grupo só pôdevoltar a se reunir no dia 2 defevereiro, quando conse-guiram limpar e pintar a salade reunião. “As pessoas quedependiam da renda com esseartesanato ficaram muito pre-judicadas”, lamenta.

AÇÕES OFICIAIS Paulo Mo-rais afirma que a única atitudelegal que tomou foi entrarcom um pedido de isenção doImposto Predial e TerritorialUrbano (IPTU), ainda semresposta. “Não procurei aPrefeitura, pois divulgaram naimprensa que só as pessoasfísicas receberiam indeniza-ção”, alega. Dessa forma, oproprietário arcou com os pre-juízos, uma vez que a segu-radora não se responsabilizapor fenômenos naturais,como a chuva.

Assim como Paulo Morais,Leonardo Amaral explica quetambém entrou com um pedi-do de isenção do IPTU, pormeio da Regional daPrefeitura de Belo Horizonte(PBH). Ele foi informado, noentanto, que somente residên-cias teriam a isenção. “Estouaguardando o parecer daprefeitura sobre esse processo.Sei que só teve isenção quemfoi atendido pela defesa civil euma população mais carente”,conta. “Pelos meus danos aprefeitura não fez nada”,acrescenta.

Paulo Morais ainda afirmaque entrou em contato com aAssociação de Moradores doBairro Coração Eucarístico,que se prontificou a fazeruma reclamação formal em

nome dos moradores atingi-dos. “A Associação deMoradores já fez outras recla-mações, mas ninguém nuncatomou uma providência”,esclarece. O presidente daentidade, Iraci Firmino daSilva, explica que houve umcontato, mas a prefeitura nãofalou em pagar as vítimas.“Não conheço ninguém quefoi atingido pela enchenteque conseguiu a indeniza-ção”, atesta Firmino.

Já a coordenadora doProjeto Conviver, FátimaBaião, afirma não ter entradoem contato com a adminis-tração municipal. “Queremosver com a prefeitura se con-seguimos alguma verba paraajudar a reconstruir aqui, masninguém da prefeitura nosprocurou para ajudar nemnada”, pontua.

O prefeito Marcio Lacerda,em entrevista ao MARCO,em fevereiro, garantiu as-sistência aos desabrigados daschuvas da Avenida TerezaCristina. “Isso foi bemencaminhado. O pessoal teveuma assistência completa enós vamos agora distribuirum recurso financeiro paraajudar o pessoal a recomporas suas casas”, afirma oprefeito.

Segundo a Assessoria daPrefeitura de Belo Horizonte(PBH), em toda a capital3000 famílias foram atingidaspela enchente do reveillon eos 660 processos de isençãodo IPTU registrados até o dia3 de março ainda estão emanálise. Ainda de acordo coma assessoria, quem não entroucom o recurso, que pode serrequerido tanto por pessoasfísicas e jurídicas, tem até 1ºde abril para fazer o pedido deisenção na regional daprefeitura do seu bairro eaguardar a análise do proces-so. De qualquer forma, quemainda aguarda a resposta devepagar em dia o IPTU e, caso oprocesso seja deferido, rece-berá a restituição do imposto.

MAIARA MONTEIRO

Comunidade também arcoucom os prejuízos do temporal

A advogada Maria JoséXavier, 56 anos, é morado-ra de um edifício à RuaDom José Antônio Santos.Ela planejava festejar achegada do ano novo comamigos, em seu apartamen-to. Mas, a comemoraçãodo reveillon teve que serdesmarcada devido à chuvaque ocorreu na noite de 31de dezembro e que atingiuseu prédio e muitos de seusvizinhos de rua. “Eu não iasair, mas ia receber visitas.Tive que acabar ligandopara elas e desmarcando ojantar. A minha filha, queia sair para o clube Iate,quase não foi. Acabou indo,mas chegando atrasada”,lembra.

Segundo Maria José, aágua da chuva entrou noprédio e alagou a garagem,causando danos aos quatrocarros que estavam esta-cionados. “Tive um prejuí-zo de R$ 1.300 com ocarro, por enquanto”,lamenta. Ela conta que atébrigar na oficina foi

necessário, uma vez quedemorou para ter o carroconsertado de volta. “Meucarro foi para o conserto nodia 3 de janeiro e só medevolveram no dia 15 defevereiro”, desabafa. MariaJosé ainda explica que odinheiro gasto no consertofez com que o começo deano fosse mais apertadopara sua família. “Aenchente nos atingiu numaépoca muito difícil. É aépoca com mais contaspara pagar. Matrícula nafaculdade dos filhos, mate-rial, IPTU, IPVA, viagem,presentes de Natal”, diz.

De acordo com amoradora, em dois anosessa é a segunda vez queenfrenta uma enchente.“Estou até pensando emme mudar, porque quandoeu comprei o apartamentonão fui avisada desserisco”, revela. Ela contaque, no dia da enchente, osmoradores do prédiochegaram a ligar para adefesa civil, mas não con-

seguiram nenhum tipo deajuda. “Não cogitei entrarem contato com a prefeitu-ra, pois é um trabalhoquase perdido. Ninguémestá disposto a ficar nasfilas da Prefeitura ou anosna Justiça aguardando algu-ma coisa ser feita. Tambémnão procurei ninguém daassociação do bairro”.

A moradora do prédioconta que o condomínioteve que arcar com os pre-juízos. “O prejuízo do pré-dio foi com o sistema dealarme. Arrumamos e insta-lamos em um local onde aenchente não vai afetá-lonovamente”, explica.

A água também atingiuuma casa próxima ao prédioonde mora Maria José, àRua Dom Joaquim Silvério.É onde reside há 35 anosPaulo Henrique Augusto deQueiroz, produtor de even-tos. Segundo ele, esta é asegunda vez que a chuvaalaga a parte interna de suaresidência. A primeira foiem 1981. “O portão empe-

Moradora do bairro há dois anos, Maria José afirma que já pensou em se mudar devido às sucessivas enchentes

nou, a TV molhou, per-demos todo o piso, o portãoeletrônico estragou”, afir-ma. Além dos estragos, umadas consequências da umi-dade causada pela chuva foio aparecimento de perni-longos. “Agora o que maistem incomodado são osmosquitos, que aumen-taram demais”, conta.

O produtor, que moracom sua mãe de 77 anos,

Zilah Queiroz, disse que foisorte ter alguém em casa, jáque assim algumas coisasque estavam no chão foramsalvas, assim como seus trêscachorros que estavam pre-sos no quintal.

“Os cachorros estavampresos no quintal e quasemorreram afogados”, re-lembra. Paulo Henriqueafirma que não entrou emcontato com a prefeitura,

pois acredita que ela nãoarcaria seus prejuízos.

Maria José ressalta,entretanto, que os prejuízoseconômicos se tornam in-significantes quando com-parados à perda de vidas.“Só sei que a gente ficafeliz, pois não perdemosnenhuma vida, tem coisasque são piores do que isso”,observa a advogada.

BARBARA DUTRA

Page 4: Jornal Marco - Ed. 264

4 ComunidadeMarço • 2009jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

PROBLEMAS COM MORADORES DE RUAMoradores do Bairro Coração Eucarístico reclamam do comportamento da população de rua. Os conflitos se agravam porque muitos mendigos não querem ir para abrigos ou centros de referência

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GABRIEL DUARTE, LILA GAUDÊNCIO, LÍVIA ALEN, 3º PERÍODO

Muitos mendigos não permanecem em abrigos e continuam nas ruas porque recebem doações de moradores da Região

Drogas, sexo, alcoolismo,sujeira e mau cheiro. Essassão algumas das recla-mações dos moradores doCoração Eucarístico emrelação à população de ruado bairro. Segundo o presi-dente da Associação dosMoradores do CoraçãoEucarístico (Amacor), IraciFirmino da Silva, há maisde três anos a retiradadessas pessoas é reivindica-da à Prefeitura de Belo Ho-rizonte. Em março de 2008,a polêmica foi tema dereportagem do JornalMARCO e um ano depois,não houve melhora na situ-ação dos moradores de rua,segundo a entidade. Ca-pitão Firmino, como é co-nhecido, reclama da Re-gional Noroeste, que,segundo ele, não tem feitomuito pelo bairro. “Vocêformaliza a reclamação,aquilo chega lá na prefeitu-ra e eles nem tomam co-nhecimento do tema”,explica. Por outro lado, aSecretaria de AssistênciaSocial coloca que o quemantém os mendigos nobairro são as doações, prin-cipalmente de dinheiro ealimentos.

De acordo com o gerenteregional de Políticas Sociaisda Regional Noroeste,Marco Cavalcante, noCoração Eucarístico há 15adultos e três crianças mo-rando nas ruas. A Amacorestá preparando um abaixo-assinado a favor da remoçãodessas pessoas. Entretanto,Capitão Firmino reconheceque as ações a serem efetu-adas pelos órgãos respon-sáveis não podem ser

autoritárias e devem res-peitar a lei. O presidente daComissão de DireitosHumanos da OAB, CarlosVictor Muzzi, ressalta que,antigamente, mendigar eraconsiderado crime porvadiagem, porém não émais. Assim, a Prefeitura deBelo Horizonte (PBH) nãopode obrigar essas pessoas asaírem das ruas. A represen-tante da Secretaria AdjuntaMunicipal de AssistênciaSocial, Mônica Tofani,explica que isso não podeser feito sem que haja umato, por parte dos mendigos,contrário à legislação mu-nicipal, pois fere o direito deir e vir. “Não estamos naárea das ciências exatas, emque dois e dois são quatro.Estamos na área dos direitoshumanos”, justifica.

As principais queixas dosmoradores do Coração Euca-rístico são o consumo de

entorpecentes, atentados aopudor e pequenos delitos, queseriam cometidos pela popu-lação de rua - incluindo furto,de acordo com Mônica Tofani.O representante comercialWander Coutinho, que morano Coração Eucarístico há 24anos, à rua Dom PrudêncioGomes – uma das vias commaior incidência de mendigos,segundo a associação – soma aisso algazarra e sujeira. Ele rela-ta que, junto com vizinhos, jáenfrentou os moradores de ruae que, às vezes, é obrigado aagir de forma mais ríspida. Porcausa disso, está sendo indicia-do pela Justiça. “Já tivemosbrigas no meio da rua com eles.Eu me sinto constrangido evigiado 24 horas por dia”, afir-ma Coutinho. Ele constata quehá dois anos e meio o incômo-do se tornou mais frequente eacredita que há traficantes dedrogas e ladrões, entre osmoradores de rua.

A Secretaria Adjunta deAssistência Social informa queos mendigos podem serencaminhados aos centros dereferência e abrigos. En-tretanto, tal medida não surteefeito, já que os moradores derua recebem doações. “Essecasal que está aqui há anosganhou um carrinho de ummorador do bairro para catarpapel. Aí eles não aceitaramos nossos benefícios”, explicaa representante da SecretariaMunicipal Adjunta de As-sistência Social, Sandra Silar.Ela diz que apenas a atuaçãoda equipe de abordagem daPBH não soluciona o proble-ma. “O que ajuda a equipe daprefeitura é o entorno. Sem oentorno não tem jeito”. Osmoradores utilizam o medocomo justificativa, umimpulso - segundo eles -para a doação.

A rotina daquelesque não tem casa

“My name is Sandro”. Éassim que Sandro Ribeiro daSilva, 38 anos, conhecidocomo “Zoinho”, morador derua há 20 anos, se apresenta.Ele, que diz ter cursado até a5ª série, conta que a mãe eraalcoólatra e morreu emdecorrência do vício. Porisso, ele foi morar no BairroIndependência, Região Les-te da capital, com os primos,mas fugiu de casa por causadas agressões físicas quesofria e, desde então, está narua. Silva diz que, para ga-nhar dinheiro, vigia carrosnos arredores da PUC epede esmola.

O morador de rua dizque conhece os serviços daPrefeitura. “Já dormi emabrigo – o [Abrigo] SãoPaulo – mas não dá certoporque mistura muita gente.Dá confusão. Também já fuia um centro de referência noBarro Preto, era perto de umferro velho. Eu até gostei, iatodas as quartas-feiras tomarbanho, mas era perto de umponto de drogas, meioperigoso”, lembra. Sandronega problemas com osmoradores e, em relação àsqueixas da comunidade dobairro, diz que “isso é con-fusão na cabeça deles”.

BEM TRATADO Ale-xandre Rosa Pereira, 27anos, morador de rua há trêsanos no Coração Euca-rístico, diz que trabalha nobairro tomando conta decarros, a exemplo de Sandro,

e revela que em médiaganha entre R$ 60 e R$ 80por dia. Ele afirma que temfamília em Venda Nova,mas que não volta para a suacasa porque não tem docu-mentos e que leva uma vidamelhor fora de casa. Assim,fica nas ruas por opção,segundo ele, motivada pela“vagabundagem” de quererbeber muito.

Com o dinheiro queganha, Alexandre Pereiraconta que compra alimentoe roupas. “Mas tambémgosto de uma cachacinha”,conta. Ele diz que é bemtratado no bairro, que receberoupas e alimentos decomerciantes e moradores.

Segundo ele, as relações comos moradores do bairro nemsempre, no entanto, são amis-tosas. “Às vezes eles pensam quenós somos marginais e que sópor falarmos em voz alta queestamos atrapalhando eles”, con-fidencia.

Em relação à prefeitura, eleconta que os assistentes soci-ais estão sempre ajudando,mas que os abrigos para quesão levados não são con-fortáveis. “O pessoal nãopaga a gente o necessário,aqui às vezes eles pagam odobro”, afirma. Alexandreconta que para se higie-nizarem, os moradores derua utilizam uma torneira daPraça do Coração Eucarísticoe tomam banho no local comxampu e sabonetes compra-dos por eles.

Bar Itaobim atrai alunos da

PUC durante horário de aulasn

ANTONIO ELIZEU, DIEGO HENRIQUE ALVES,4º E 6º PERÍODOS

Funcionando um ano antesda chegada da PUC Minas aoSão Gabriel, o Bar Itaobim,mais conhecido como Bim,localizado à Rua Walter Ianni,248, transformou-se no “point”dos alunos daquele campus, deacordo com definição do estu-dante de Comunicação SocialIntegrada, Erlando Martins, 22anos. O movimento é tanto,especialmente às quintas esexta-feiras, até a meia-noite, eaos sábados à tarde, que boaparte da rua em frente ao esta-belecimento fica lotada pelosfrequentadores.

Moacir Inácio Pereira, 43anos, natural de Itaobim, quehomenageou a sua cidade natal,no Vale do Jequitinhonha,dando o nome ao bar, chegouem 1996 em Belo Horizonte ehá mais de nove anos é propri-etário do estabelecimento.Segundo ele, sua clientela é for-mada em 90% por univer-sitários da PUC Minas SãoGabriel. “Graças a Deus está

dando tudo certo aqui”, diz.O comerciante, que reside

com sua família em uma casaconstruída no andar de cima dobar, conta com oito fun-cionários, além do auxílio daesposa e dos filhos. MoacirPereira se diz satisfeito com suaclientela e revela que nãoenfrenta problemas com brigas,confusão. “Eu mexo com uni-versitários, têm uns poucos quedão problemas, mas, enfim,tudo que você vai mexer temisso”, observa.

Os motivos que levam osestudantes a frequentarem o barsão diversos. “É por causa dacerveja”, diz Walquíria Ro-drigues, do 7º período de Letras.Já Greyce Castilho, do 5º perío-do do mesmo curso, consideraque é pela oportunidade de“interagir com os amigos”. “Éuma reunião informal”, emendaAlex Mendonça, também do 5ºperíodo, cujo objetivo, de acor-do com a colega Carla Garcia émesmo “para relaxar”.

Os quatro estudante de Letrasgarantem que só freqüentam obar nos horários vagos e infor-mam que aos sábados, após asaulas, a presença é certa. “O me-

lhor lugar de todos os lugares doSão Gabriel é aqui”, afirma AnaCarolina Rossi, 18 anos, do 3ºperíodo de Comunicação SocialIntegrada. “Venho aqui paradivertir, ‘zoar’ a galera”, completaLeonardo Costa, estudante do 2ºperíodo de Psicologia.

Tantos jovens reunidos emum mesmo local desperta aatenção da 16ª Companhia daPolícia Militar de Minas Gerais,instalada à mesma rua. “Não temproblemas generalizados, masespecíficos, e a patrulha sempreestá presente no local. Devido aestacionamentos irregulares, jáocorreu até forma mais drásticacom estudante embriagado”, dizo comandante da Companhia,major Francisco Gomes.

Segundo o oficial, a conti-nuar da atual forma os proble-mas de trânsito serão agravados.Além disso, ele informa que jáhouve desrespeito ao Código dePosturas do Município. “Aprefeitura (Regional Nordeste)já fez várias ocorrências”, contao major Francisco Gomes,referindo-se à colocação demesas e cadeiras na via pública,atrapalhando o trânsito.

De acordo com a BHTrans,

por meio de sua assessoria decomunicação, a empresa nãotem autonomia para atuar nestecaso, cabendo à Polícia Militar.Além disso, a BHTrans informaque já entrou em contato com aRegional Nordeste da Pre-feitura, solicitando nova fisca-lização em função do desres-peito ao Código de Posturas eque acaba afetando o trânsito.

“No histórico do BarItaobim constam notificações eapreensões, devido à colocaçãode mesas e cadeiras na via públi-ca, porém, isso no período2006/2007. Não consta atual-mente notificação, o bar temalvará de funcionamento, estálegalizado. As queixas são demúsica em alto volume após às22 horas e ocupação da viapública, mas no momento nãotem notificação em curso”, re-vela Júlio César Soares, assessorde comunicação da RegionalNordeste, explicitando umacontradição nas informações.

O professor Mário Viggiano,do Curso de ComunicaçãoSocial Integrada, revela que já sesentiu prejudicado em funçãodo som em alto volume. Ele citao exemplo do dia 13 de

O Bar Itaobim é opção de divertmento para os alunos da PUC São Gabriel

fevereiro deste ano, uma sexta-feira, quando teve afetado orendimento de sua aula, nohorário entre 10h40 e 12h20.Mas ele diz que foi caso isolado.

“Eu não sou contra as mani-festações relacionadas ao lazer,mas acima de tudo acredito nobom senso. Existem horários emque não há aulas e que ele podeutilizar para fazer os seus even-tos”, afirma Viggiano, referindo-se ao proprietário Moacir InácioMoreira. “É possível conciliar adiversão com a finalidade maiorda universidade, que é o En-sino”, acrescenta.

“Nas áreas que são de usosurbanos, espaços democráticos,não há incompatibilidade, a legis-lação permite o funcionamentodo estabelecimento”, explica o

diretor de Graduação da PUCMinas, Cláudio Bahia, professorde Arquitetura Urbanística. “Oespaço está fora da universidade eo aluno tem o direito de frequen-tar”, observa.

Carlos Roberto Vieira, 44anos, vizinho ao bar, diz não seincomodar com o barulho e nemcom a grande movimentação dobar. “Não vai até muito tarde enão prejudica em nada o bemestar dos moradores”, salientou.

Já o motorista de ônibus dalinha 810, Clóvis do Santos, 38anos, diz que o intenso movi-mento de pessoas na rua emfrente ao bar é prejudicial ao trân-sito. “Atrapalha a circulação deveículos, que são obrigados aentrar na contra-mão parapoderem passar”, salientou.

RICARDO MALLACO

MAIARA MONTEIRO

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5Campus Março • 2009 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

COMPLEXO DA PUCGANHA ACADEMIA

Academia PUC Minas oferece duas modalidades de exercícios físicos e pretende atender futuramente 1.200 pessoas

De portas abertas, a academia PUC Minas oferece atividades físicas para a comunidade

n

BARBARA MIRANDA CAMPOS, BARBARA CAROLINA MARTINS, ALEXANDRE DOLABELLA, MAYKO PEIXOTO DA SILVA, 1º E 3º PERÍODOS

Localizada no ComplexoEsportivo da universidade, aAcademia PUC Minas seencontra em funcionamentoe recebe, diariamente, alu-nos e moradores do BairroCoração Eucarístico. Elaoferece, inicialmente, mus-culação, caminhada e corri-da orientadas e, no futuro,deverá aumentar o númerode modalidades com aimplantação de lutas e ginás-ticas artísticas e aeróbica.

De acordo com o profes-sor Daniel MarangonDuffles Teixeira, responsávelpela gestão de esportes daPUC Minas, a implantaçãodas atividades na academia éum processo gradativo.“Demos início com a partede musculação, alongamen-tos para os grandes gruposmusculares, e corrida e ca-minhada orientada, para emseguida contemplar outrasmodalidades como lutas,dança, ginástica artística,spinning, jump, além dasatividades aquáticas como anatação”, afirma.

Sobre a quantidade devagas, Daniel informa quenum primeiro momento 200vagas foram disponibilizadaspara a musculação e 120para corrida e caminhada.Cerca de 30% das vagas sãodestinadas à comunidade doBairro Coração Eucarístico.Em função da demanda quetem se mostrado alta, pre-tende-se expandir essenúmero de vagas em breve.“Nossa meta, é somar um

total de 1.200 vagas paratodas as modalidades”, afir-ma o professor.

INSCRIÇÕES Com medo deperder sua vaga na Cami-nhada Orientada, a peda-goga aposentada HelenitaMoreira, moradora do bair-ro, contou que soube do pro-jeto por meio de sua sobri-nha, que é estudante daPUC Minas. “Assim quesoube, vim correndo fazerminha inscrição, passei pelaavaliação física e venho pelamanhã fazer minha cami-nhada”, afirma. A aposenta-da diz que se interessou tam-bém pela academia “mas jáhavia até fila de espera”.

Já a empresária SolangeAlves acompanhou o anda-mento do projeto pelo siteda PUC Minas. Ela contaque conseguiu conciliar seuhorário de trabalho com acaminhada, mas sabe de pes-soas interessadas em umaextensão da atividade noturno da noite. Além disso,Solange comenta as vanta-gens de fazer o exercício napista. “Caminhar na viaexpressa tornou-se muitoperigoso, pois o trânsito éintenso e o espaço pequenopara os pedestres. E aquiainda há a vantagem de nãohaver a poluição das ruas”,justifica.

HORÁRIOS Segundo ElderLeonardo, auxiliar adminis-trativo do ComplexoEsportivo, as aulas de mus-culação ocorrem no períodode 12h às 21h e a corrida ecaminhada orientadas, de 7has 9h; ambas tiveram iníciono dia 16 de fevereiro últi-mo. A proposta é de que

quando tudo estiver organi-zado os horários das aulassejam mais flexíveis. “Devidoàs avaliações médicas e amontagem do plano de exer-cício que são etapas indivi-duais, a academia aindaencontra-se vazia e isso nãopermite maior elaboração doquadro de horários”, Elder.

A estudante de psicologiae moradora do CoraçãoEucarístico, Marcelaine Dor-nelas, 27 anos, diz que nãofica sem os exercícios físicos,mas caminhar na Via Ex-pressa está cada vez maiscomplicado, devido ao peri-go do trânsito. Por isso, elaacha vantagem usar as insta-lações da universidade edestaca a dedicação dos pro-fessores e estagiários: “Elesestão sempre acompanhan-do nossas fichas e orientan-do sobre postura”, diz.

ORIGEM A academia, quecomporta cerca de 60alunos simultaneamente,foi construída com a finali-dade de atender a demandado curso de Educação Físicaque existe há dois anos. Aproposta era reservar umespaço para que os alunosdo curso tivessem o contatocom a prática nas disci-plinas que exigiam a utiliza-ção do ambiente. Mas parao professor Marangon, aidéia é instituir uma acade-mia corporativa. “Nossoobjetivo é contemplar tantoos alunos dos cursos deeducação física e fisiote-rapia como o público inter-no, ou seja, alunos de ou-tros cursos”, revela.

Entusiasmado com seuprimeiro dia , o estudantedo curso de física, Lucas

Complexo esportivo daPUC tem papel social

O complexo esportivopode ser visto hoje comoum diferencial para aPUC Minas, tanto doponto de vista interno,gerenciando projetos ecriando oportunidadespara alunos, quanto paraa comunidade externa,que também pode uti-lizar os recursos ofereci-dos, melhorando suaqualidade de vida, pelaprática de esportes ouutilizando somente comolazer.

Segundo o professorDaniel Marangon, é“necessário investir eapoiar qualquer projetoque beneficie de algumaforma, alunos, fun-cionários e o públicoexterno”. A ideia, de

acordo com o responsávelpela gestão de esportes daPUC Minas, é que esteespaço possa desempe-nhar sua missão social,sediando projetos desti-nados às comunidadescarentes, ao oferecer, porexemplo, atividades paracrianças de creches eaglomerados da região.

“Projetos com obje-tivos como este, têm porfinalidade incentivar aqualidade de vida e debem estar em qualquerclasse social”, completa.Além disso, Danielressalta que a estruturado complexo esportivorepresenta um espaçoimportante para a práticade estudos e desenvolvi-mento de pesquisas.

Exposição comemora o bicentenário de Darwinn

CAMILA VIEIRA, GABRIELA HADDAD, GABRIELE LANZA, MARCELLA BRAFMAM,1º PERÍODOS

Freitas, 21 anos, aprova oespaço. “A academia ofereceinfraestrutura de quali-dade, os professores e esta-giários desempenham umótimo trabalho. O projeto éexcelente para os alunosque tiverem disponibili-dade, pois, pelo primeirodia, já posso afirmar quevale a pena”, diz. Sobre oshorários de funcionamento,Lucas avalia que são ade-quados. “Permitiu que eupudesse conciliar com meuplano de estudo e o que émelhor: nem preciso medeslocar da minha casapara uma academia emoutro horário”, explica.

O projeto avalia osalunos com o objetivo desaber em que condição físi-ca eles se encontram, quaissão seus objetivos com acorrida ou caminhada, paraque, desta forma, profes-sores e estagiários da áreapossam orientá-los correta-mente, conta a professorade educação física ElidiaBraz, responsável peloProjeto Caminhada eCorrida Orientada

Em função da comemo-ração dos 200 anos do natu-ralista Charles Darwin, o estu-dante do 2º período do cursode História na PUC-Minas,Cláudio Brandão, de 21 anos,incorporou o personagem emfoco. Ele participa como guiacaracterizado na exposição“Darwin – Bicentenário”,organizada pelo Museu deCiências Naturais da PUCMinas.

Monitor do seu curso eestagiário no museu, Cláudiose diz encantado pelo trabalhoe garante que esse era o seuobjetivo ao iniciar o curso: tra-balhar com a parte pedagógi-ca. Junto com uma equipe,eles criaram encenações paradar vida ao biólogo e impres-sionar crianças e adolescentes,que são o público-alvo daexposição. Segundo o guia,essas duas gerações reagem àatração de formas diferentes.As crianças ficam muitoempolgadas e chegam até apedir autógrafos a Cláudio ao

Alunos do Colégio Neusa Rocha aproveitam excursão ao museu de Ciências Naturais para aprender sobre Darwin

final da apresentação. Já osjovens ficam mais retraídos,mas ele avalia que não deixamde aproveitar a oportunidadede aprendizado.

EVOLUÇÃO O objetivo daexposição é ensinar a evoluçãoe mostrar que ela ocorre atéhoje, usando uma linguagemapropriada para cada faixaetária e popularizando a ciên-

cia para os estudantes, infor-mou o curador Bruno Kraemer.E essa meta tem sido cumpri-da, é o que se percebe ao con-versar com os alunos do 5º anodo Colégio Neusa Rocha. Oaluno Pedro Rios de 9 anosafirma: “Visitar a exposição émais legal para aprender e paraprestar atenção na matéria”. Eo aluno Frederico Pereira, dedez anos, acrescenta que gos-

tou de ver os animais e apren-der sobre a camuflagem deles,além de achar o método deaprendizagem mais interes-sante e eficiente. A professorade matemática e ciências, SílviaRocha, também aprova o for-mato. “O estudo prático com apresença de um guia caracteri-zado contribui para facilitar oestudo e torná-lo mais fácil einteressante”, observa.

OPORTUNIDADE A expo-sição, inaugurada no dia 12de fevereiro, estará emexibição nos meses defevereiro, março e abril, pelopreço de R$ 4,00. O acervofoi cedido pela Secretaria doEstado de Ciência e Tec-nologia e Ensino Superiorde Minas Gerais e estava noano passado exposto na“Semana de Ciência doParque Municipal”, quereuniu vários centros depesquisa de diferentes insti-tuições do estado. Dentre asatrações da exposição estão,ainda: “O jogo das Bor-boletas”, “Visita aos JardinsGalápagos”, “Ilustrações deBesouros”, além do roteirodo museu relacionado aDarwin.

QUEM FOI DARWIN? Nesteano comemora-se o bicen-tenário do nascimento dobiólogo inglês CharlesDarwin. Ele foi o naturalistaresponsável pela criação daTeoria da Evolução dasEspécies, publicada na suaobra prima “A Origem dasEspécies”. Sua teoria foi ela-borada durante a viagem abordo do navio Beagle entreos anos de 1831 a 1836. Foinessa viagem que o biólogoobservou que as espécies semodificavam ao longo dotempo. Assim foi criada aTeoria da Seleção Natural,que afirma que o próprioambiente seleciona os indiví-duos pelas características queos tornam mais aptos àsobrevivência.

À Bordo do Navio BeagleCharles Darwin embarcou em 27 de dezembro de 1831

no navio do governo inglês, o Beagle. A partir dessa viagemdeu inicio às suas ideias evolucionistas. Essas surgiramatravés de minuciosas observações do naturalista acerca dadiversidade de fauna e flora dos diferentes locais por ondepassou. Vale destacar as ilhas Galápagos, que abrigavamespécies endêmicas que se assemelhavam a outras da Américado Sul. Depois do continente sul americano, Darwin conti-nuou sua expedição ao redor do mundo. E assim que retornouà Inglaterra em 1836 foi capaz de explicar a respeito da“Origem das espécies”, nome dado a sua obra.

GUSTAVO ANDRADE

BARBARA DUTRA

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6 Cultura Março • 2009jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

35ª CAMPANHA ATRAIPÚBLICO FIEL AO TEATROn

ISABELA MARTINS, NATHIELE LOBATO, 3 º PERÍODO

Mais de 300 mil pes-soas prestigiaram osdiversos espetáculos pro-porcionados pela 35ªCampanha de Popu-larização do Teatro e daDança. Mesmo commovimentadas estréias,o público manteve-se fielà peças tradicionais,levando “Acredite, umespírito baixou em mim”a mais um recorde debilheteria.

A 35ª Campanha dePopularização do Teatroe da Dança de BeloHorizonte, que duroupouco mais de doismeses e se encerrou emoito de março, contoucom 75 espetáculos deconteúdo adulto, 33infantis e 8 de dança.Peças veteranas como“Acredite, um espíritobaixou em mim”,“Mulheres de Hollanda”e “Como sobreviver afestas e recepções combuffet escasso” conti-nuaram a esgotar ingres-sos, lotar teatros e fazersucesso com o público,cada vez mais fiel.

O coordenador dacampanha e diretor doSindicato dos Pro-dutores de Artes Cênicasde Minas Gerais(Sinparc), RômuloDuque, acredita que oconstante sucesso de cer-tas peças aos longos dosanos credita-se à pro-dução, elenco e enredo.“Esses trabalhos, alémda qualidade artística,

têm elenco de primeira.O texto tange assuntosatuais e de fácil identifi-cação”, afirma Rômulo.“Acredito que, indepen-dente de ser comédia oudrama, um bom espe-táculo sempre terá umbom público”, completao administrador.

Segundo o balançofinal da campanha, di-vulgado por meio deassessoria de imprensado Sinparc, 300.608 pes-soas assistiram aosespetáculos e 37.667levaram “Acredite, umespírito baixou em mim”,dirigida por Sandra Pêrae escrita por RonaldoCiambroni, ao topo dalista dos mais vistos.

REVER O estudante deodontologia, FredericoAganetti, de 21 anos, viu

a peça há muitos anos ena época em que assistiujá havia gostado. “É amelhor! Veria de novo,com certeza!”, diz. JáLeandro Junqueira, 22anos, estudante deEngenharia Mecânicanão perdeu a oportu-nidade oferecida pelacampanha deste ano eassistiu mais uma vez. “Étão incrível a ponto devocê assistir toda semanae continuar morrendo derir”, admira o estudante.

Outra peça de grandesucesso é “Mulheres deHollanda”, escrita edirigida pelo belo hori-zontino Pedro PauloCava. Montada há dezes-sete anos e reformuladaem 2007, a peça queretrata o universo femi-nino da obra de ChicoBuarque teve seus ingres-

sos esgotados logo noprincípio de fevereiro.

A artista plásticaGabriela Silva, 31 anos,garantiu pela terceira veza entrada no espetáculoe fez recomendações.“Mulheres de Hollanda,é atemporal. É maravi-lhosa e acho que todomundo deve vê-la nemque seja por curiosi-dade”, comenta Ga-briela. “É uma peça can-tada, toda com músicasdo Chico Buarque.Mesmo quem não é fã deChico fica maravilhado”,acrescenta a artista.

PRIVILÉGIO O diretor,ator e professor de teatroe Circuitos Artísticos eCulturais da PUCMinas, Ronaldo Boschi,acredita que aCampanha de Popula-

As peças preferidasda campanha teatral

Concluída a 35ª edição, a Campanha de Popularização

do Teatro e da Dança de Belo Horizonte atrai cada vez mais

espectadores. Exemplo disso é o fato do evento ter reunido mais

de 300 mil pessoas em 53 dias de temporada. A tabela

abaixo mostra as dez peças de maior bilheteria nesta edição

da campanha.

1° Acredite um espírito baixou em mim 37.667

2° Meu tio é tia 18.542

3° 10 maneiras incríveis de destruir seu casamento 17.270

4° As barbeiras 16.232

5° Perigo, mineiros em férias! 14.427

6º Como sobreviver em festas e recepções com Buffet escasso 12.445

7° A virgem de 40 – agora ou nunca 8.864

8° Alfredo virou a mão 8.830

9° Cajú e Totonho em: Vão falar de coisa boa?! 8.475

10° Mulheres de Hollanda 6.208

*Fonte: SINPARC Belo Horizonte

rização é um privilégiopara Minas Gerais nocontexto nacional. “BeloHorizonte é a única ca-pital que permanece coma campanha tão bemestruturada”, observa.Boschi crê que o êxitodas peças e do eventodeve-se à comunicação.“O sucesso é a comunica-bilidade desses atorespelo bom trabalho quefazem e desses autores,pela linguagem conexacom a expectativa dopúblico”,pontua.

Outra peça de grandesucesso é dirigida porÊnio Reis, produzida eprotagonizada porCarlos Nunes. Em cartazhá quase nove anos,“Como sobreviver emfestas e recepções com

buffet escasso” atraiuum variado público aosteatros, atingindo amarca de 12.445 espec-tadores. A advogadaRegina Mendonça, 47anos, já assistiu a peçacinco vezes e diz se sur-preender cada vez mais.“Cada ano é uma coisadiferente. A peça se atu-aliza e é isso que a tornatão atraente”, comenta.Ela e seu marido, o pro-fessor AntônioMendonça, 52, acredi-tam que os preços popu-lares são mais um fatorque contribui para osbons resultados do even-to. “Essa campanhapodia ocorrer mais vezesao ano, pois é um ótimoincentivo à arte e à cul-tura”, sugere Antônio.

Exibição da peça “Mulheres de Hollanda”, uma das recordistas de público da 35ª Campanha de Popularização

Tecnologias favorecem preservação de arquivosn

HANNA OLIVEIRA,GLÁUCIO SARAIVA,4º PERÍODO

Ultimamente, pessoasque possuem algum acer-vo de fitas VHS, usadasnos videocassetes, têmprocurado cada vez maisserviços para convertê-lasem DVD. A vantagem éque nos meios digitais aqualidade do conteúdo épreservada e conservadapor mais tempo e a nave-gação é mais rápida. János suportes analógicos, oconteúdo é deterioradomais facilmente, deixandoimagem e áudio danifica-dos e sem nitidez.

No mercado, há diver-sos profissionais quefazem essa conversão. É ocaso de Regis Amarante,48 anos, que cobra R$ 13por fita convertida. Eleacredita que a demandapor esse tipo de serviçonão é muito grande, o queresulta em uma oferta na

Luiz Carlos precisa converter seu acervo de 300 fitas de VHS para DVD

mesma proporção, e que amaioria de seus clientes,de perfis variados, possuium acervo pouco nu-meroso e prefere serviçosde terceiros a comprarequipamentos próprios

para realizarem a transfe-rência. Os conteúdos dasfitas recebidas, segundoAmarante, são geralmentegravações de eventos pes-soais como casamentos, fes-tas e viagens.

QUALIDADE MarceloLuz, 42 anos, outroprestador desse serviço,afirma que pelo fato de osclientes imaginarem queo preço seja alto, a con-versão de vídeos analógi-cos para o meio digitalainda é raramente procu-rada. Quanto à concor-rência com os gravadoresde DVD, Marcelo Luz dizse garantir pelo seuprofissionalismo. “Exis-tem muitas marcas degravadoras de mesa nomercado. Este tipo deequipamento é maisusado pelos consumi-dores domésticos. Já oscomputadores com placade captura, por seremequipamentos que neces-sitam conhecimentos naárea de edição, estão des-tinados aos profissio-nais”, diz Luz, que ofe-rece a possibilidade deremasterização, podendomelhorar tanto o vídeoquanto o áudio.

Ele ainda declara quenão sente nenhuma espé-cie de saudosismo sobre ovideocassete por acreditarque, com os equipamen-tos digitais que existematualmente, há possibili-dades infinitas de con-seguir um resultado maisprofissional. Para Luz,"devemos acompanhar atecnologia e buscar o quede melhor ela tem a nosoferecer. Há acervos pes-soais que não têm preço".

URGÊNCIA Luiz CarlosFaria, 55 anos, é enge-nheiro, palestrante e pro-fessor de Biodança. Emtodos os seus trabalhos, omaterial audiovisual éimprescindível. As grava-ções de seus projetos dearte desde 1990 somamao seu acervo atual maisde trezentas fitas VHSque precisam urgente-mente serem convertidasem DVD. "A gente nãoestá conseguindo mais o

equipamento que toca oVHS. Utilizo e precisodesse material, por isso aurgência em querer con-vertê-lo em DVD. Temmaterial que até já estádanificado pela umi-dade", alerta ele.

Faria toma muitocuidado para não perdersua coleção, mas sabe quecom o tempo isso seriaimpossível. "Chega ummomento que fica inviá-vel. Temos que entenderque a tecnologia muda eque precisamos acompa-nha-la", declara. Ele procu-ra os serviços e considera opreço irrisório, mas ad-verte para o cliente,dependendo dos seus obje-tivos, ficar bem atentocom a qualidade dascópias digitais. E concluisobre a importância daconversão: "Isso é imagem,é conteúdo, é história e, seo material não for digita-lizado, se perderá".

MAIARA MONTEIRO

Apesar de grandes estréias, espectadores continuam prestigiando e tornando peças tradicionais um sucesso de bilheteriaMAIARA MONTEIRO

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7Comportamento Março • 2009 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

Curso ajuda a superar dificuldades de aprendizagem n

JORGE SANTOS, 2º PERÍODO

O dia começa e logo pelamanhã milhares de estu-dantes se preparam paradeixar suas casas, rumo àsescolas. Uma rotina comum emuitas vezes prazerosa paramuitos alunos, mas, paraaqueles que tem alguma difi-culdade em estudar pode serum sacrifício diário. O pro-blema de Rafael MárcioHorta, 15 anos, começou na3º série, com dificuldades naleitura e na matemática. Elechegou a se matricular emvárias escolas particulares,mas acabava saindo pornão se adaptar ao ritmo deensino.

Foi numa dessas escolasque a psicóloga orientou ospais de Rafael a procuraremajuda especializada e indicouuma psicopedagoga. “Antesmeu filho passou por neuro-logista, oftalmologista, neu-ropsicólogo, otorrinolaringo-logista, fonoaudiólogo”, con-ta a empresária RobertaManon Almeida Horta, 36anos.

De acordo com a mãe deRafael, a família passou poruma luta sem fim para desco-brir o real problema que oimpossibilitava de estudar. JáLuiza Miraglia Firpe, à épocana 4ª série, tinha dificuldadeem matemática e ortografia.Além disso, a desorganizaçãoe a falta de anotações do dever de casa chamaram aatenção da mãe, Márcia

Miraglia Firpe, 49 anos, pro-gramadora visual e fun-cionária na área administrati-va de uma construtora.

“Luiza vivia ligando paraas coleguinhas perguntandosobre o dever de casa porquenão dava tempo de anotartudo”, explica a mãe. Com aajuda de uma parenta peda-goga, Márcia procurou umapsicopedagoga.

O TRATAMENTO Com a devi-da orientação, as famíliasprocuraram a ClínicaAprendizagem e Cia em BeloHorizonte, que auxilia pes-soas com dislexia. Por meiode um método criado emIsrael pelo romeno ReuvenFeuerstein e que existe nacapital mineira há aproxi-madamente cinco anos, osadolescentes passaram peloPrograma de EnriquecimentoInstrumental (PEI), que pro-porciona aos indivíduos umamelhor relação com a apren-dizagem. O curso é ministra-do para pessoas com déficitde atenção, hiperativas, comesquizofrenia, ansiedade,dentre outros, e é indicadopara todas as faixas de idade.

Segundo Maria SueliMesquita Francisco, psicope-dagoga do Hospital de Olhos,professora pós-graduada pelaUniLeste de Coronel Fa-briciano e pelo Unieco doDistrito Federal além de for-mada em Construtivismo eEducação pela Universidadede Madri, ao chegar à clínica,a pessoa faz uma primeiraavaliação e, confirmado o

diagnóstico, o aluno passapelo PEI nível 1, ondeaprende funções cognitivaspara percepção da aprendiza-gem. “O PEI nível 2 maisavançado, estimula o pensa-mento hipotético referencial,ou seja, observar a personali-dade da família e questionardeterminado fator que possainfluenciá-lo, silogismo, queseria o raciocínio lógico, entreoutros”, explica Maria Sueli.

As seções duram 50 minu-tos e são realizadas uma vezpor semana podendo duraraté um ano. Cada seção custaaproximadamente R$ 80 e osinstrumentos são importados.

Um dos instrumentos, oTCAL, ensina os 3 canais daaprendizagem estimulandoas funções motora, visual e otato, já o OPB (Organizaçãode Pontos Básicos) trabalhanoções de retas, ângulos, for-mas, funções, noção depequeno e grande.

Uma vez por mês acon-tece uma reunião com ospais para acompanharem aevolução dos filhos esaberem os motivos do pro-blema como separação dospais e dificuldade de rela-cionamento. “Tem casos queuma criança passa por umtratamento multidisciplinar,em parceria com outrosmédicos”, conta a psicope-dagoga. Caso o diagnósticonão seja feito em tempo, nofuturo a pessoa pode terproblemas com repetências,insucesso no trabalho e, atémesmo, envolvimento comdrogas.

Luiza Miraglia Firpe teve dificuldades de aprendizagem mas, atualmente, apresenta grande rendimento escolar

VOLTA POR CIMA Com oauxílio de lentes corretivascoloridas que estimulam avisão facilitando a memoriza-ção e a interpretação de tex-tos tanto Luiza como Rafaeltiveram melhorias significati-vas já nas primeiras seções.“Minha filha obteve melhoranas notas e no rendimentoescolar. Melhorou sua organi-zação e seu caderno écaprichado”, comenta, em-polgada, Márcia. “Rafael

agora consegue ler e entendero assunto. Antes ele demora-va 40 minutos para ler umapágina e quando eu pergun-tava, ele já não se lembravade mais nada”, revelaRoberta Horta, emocionada.

Segundo ela, Rafael supe-rou uma série de obstáculos.“Meu filho sofreu precon-ceito de amigos e familiares,com isso ficava nos cantoschorando, teve depressão.Chegou até a apanhar do paipor tirar notas baixas. Hoje,

Rafael está feliz, dedicado emelhorou sua auto-estima”,comenta.

Para ser um mediador emultiplicar os ensinamentosdo PEI às empresas e escolasé necessário que a pessoacandidata à função tenhacurso superior e ser comu-nicativo. A pessoa vai passarpor um treinamento pormeio do Centro Brasileiro deModificabilidade (CBM),representante da Feuersteinno Brasil.

MAIARA MONTEIRO

CAMPANHAS AJUDAM

A PREVENIR ACIDENTESAções promovidas pela BHTrans visam mostrar a crianças e adultos os principais cuidados que devem ser tomados no trânsito

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MAIRON VIANA DOS SANTOS, 6º PERÍODO

Na movimentada es-tação de ônibus do Bar-reiro, uma imagem inusita-da destoa do cenário: umapessoa com uma fantasiagigante de peru, com olhospesados como se estivesseembriagado. A cena fazparte de mais uma cam-panha de educação notrânsito da Empresa deTransportes e Trânsito deBelo Horizonte S/A.

A BHTrans possui umsetor chamado Gerência deEducação no Trânsito, queé responsável pela elabo-ração e criação de campa-nhas educativas, visandoconscientizar motoristas doperigo da mistura álcool edireção, e da importânciada obediência às leis detrânsito.

Após o carnaval reco-meçou a campanha Transi-tando Legal, um projetopermanente direcionado àscrianças até a 5ª série eadolescentes até a 8ª sériedo Ensino Fundamental,mostrando por meio depalestras e simulações detrânsito como se comportar

com segurança no trânsitode Belo Hoizonte.

“Nós temos ônibus quebuscam as crianças para anossa pista de simulação.Atendemos a cerca de 300crianças por dia”, informa asupervisora do setor, RejaneCalazans. Segundo ela, ascrianças vão à sede daBHTrans, onde há um circoe a pista de simulação, e osadolescentes são visitadosem suas escolas, onde assis-tem palestras.

Já a campanha “Álcool eDireção nas Ruas” visaconscientizar motoristaspara que não bebam quan-do forem dirigir. “O nossomascote é o peru, que bebeantes de morrer”, revelaRejane, acrescentando quea idéia é mostrar às pessoasque não devem perder omelhor da festa, que é avida. “Álcool e direção nãocombinam”, explica Rejane.

Nas estações e principaisruas de BH, a equipe daBHTrans e o “peru”, dis-tribuíram copos de águamineral e porta copos dacampanha para motoristase pedestres, chamando aatenção para o fato de queo motorista bêbado se com-para ao peru embriagado

indo para a morte.Rejane afirma que após a

instituição da lei seca, onúmero de acidentes notrânsito diminuiu e a expec-tativa da BHTrans com essacampanha é que esse índiceseja ainda mais reduzido,graças à sensibilização dosmotoristas pela mesma.

Segundo Rejane, as pes-soas recebem informaçõesde como o álcool aumentaos riscos de acidentes e, porisso, pedem para levarmaterial da campanha paraamigos e parentes.“Quando uma pessoa tomatrês doses de uma bebidadestilada ou uma latinha decerveja, as chances de aci-dente aumentam em qua-tro vezes. A partir da quar-ta latinha, o risco sobe 25vezes. As pessoas vêemesses riscos e levam o mate-rial para casa, para os fi-lhos”, diz.

Além dessas campanhas,a BHTrans fez tambémuma campanha de volta àsaulas onde dirigiu aos estu-dantes e pais de alunos dasescolas de BH, palestras eorientações sobre segurançano trânsito.

A receptividade dessesprojetos, diz Rejane, é

muito boa, apesar de amudança de comportamen-to ser um processo lento.“As pessoas gostam dascampanhas, elogiam, agra-decem, pensam a respeito, agente vê nessa hora quetem mudado esse compor-tamento mesmo que lenta-mente” conclui.

E não é só a BHTransque vê essa eficiência.Motorista há 34 anos,Carlos Antônio Civius dizque as campanhas fun-cionam. “Não 'tá' 100%,mas na base de uns 80%'tá' funcionando”, pondera.

APROVAÇÃO Os jovens deBelo Horizonte tambémestão ligados nessas campa-nhas da BHTrans, e achamque elas são importantespara a prevenção de aci-dentes, embora as opiniõessejam bastante diversas.

As gêmeas Jéssica e PaulaSilva, estudantes de 17anos, afirmam achá-laspositivas e importantespara evitar acidentes. “Éuma forma a mais de se evi-tar vários tipos de aci-dentes”, comenta Paula,apoiada pela irmã. TadeuHenrique, de 16, acrescen-ta aos comentários das suas

Peru, animal que bebe antes de morrer, simboliza o perigo do álcool na direção

amigas que esse tipo decampanha desmistifica acrença que alguns motoris-tas têm de que podembeber e sair totalmente ile-sos, que não vai acontecernada.

Essa também é a visãode Isabelle Pontes, de 15anos, que afirma que podever os resultados em seubairro, onde a conscientiza-ção está fazendo com quepessoas que antes dirigiamalcoolizadas, mudem essehábito. “Os garotos do meubairro não estão maispegando o carro dos paisquando estão bêbados,ficam em casa mesmo, nasproximidades”, conta.

Já sua irmã, IstéfanePontes, 16, não partilhadessa opinião, achando queo que funciona mesmo é aaplicação de multas.“Brasileiro só se conscienti-za quando dói no bolso”,afirma taxativa. Para endos-sar essa opinião, AmandaGranato, 17, diz que tam-bém não crê nessas campa-nhas como algo que vámudar o comportamento deninguém. Ela é mais radicalquanto ao que realmentefunciona. “Eu acho quecampanha não resolve, oque funciona é teste dobafômetro e polícia pren-dendo mesmo os motoristasembriagados”.

MAIRON VIANA

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DIRETAS JÁ, MARCO NA REDEMOCRAA campanha que mobilizou artistas, políticos, imprensa, e que teve ampla participação popular, comemora, este ano, bodas de prata. Relembrar essa data contribui para que a importância desse acontecimento não seja esquecida por aqueles que não participaram do evento, mas que ainda hoje vivenciam suas consequências

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ALINE SCARPONI,ANA LUISA AMORE, GABRIEL DUARTE,ISABELLA LACERDA, STEFÂNIA AKEL, 3º PERÍODO

Há 25 anos, milhões debrasileiros reuniram-se nas pra-ças de algumas das principaiscapitais do país para reivin-dicar, em voz alta, o direito devotar para presidente da Re-pública. Conhecido por “Dire-tas Já”, o movimento mudou atrajetória recente do Brasil, deacordo com pessoas, que, dediferentes maneiras, partici-param daquele momento, con-siderado uma das reivindi-cações populares mais impor-tantes da história. "O movimen-to mostrou que a sociedade nãotoleraria mais a ditadura.Inclusive políticos que eram departidos de oposição, como oPartido Democrático Social

(PDS), acabaram se integrandoao movimento", afirma o cien-tista político Carlos Ranulfo,professor da UniversidadeFederal de Minas Gerais(UFMG). "Foi uma grandefrente ampla da sociedade civil",acrescenta.

O também cientista políticoAnanias José de Freitas, profes-sor da PUC Minas, ressalta aimportância do movimento.“Ele simbolizou e sintetizou umdesejo de democracia, de liber-dade política, que de algumamaneira expressou as maisdiversas tendências políticas dopaís”, diz.

Apesar da sua importânciahistórica, o movimento é desco-nhecido por um grande númerode brasileiros. Pesquisa doInstituto Datafolha, realizadaentre 25 e 28 de novembro de2008, com 3468 entrevistados apartir dos 16 anos, em 180municípios do Sul, Sudeste,

Nordeste e Nor-te /Centro -Oeste ,constatou que 57%das pessoas já ouvi-ram falar das DiretasJá. Entretanto, ape-nas 35% sabem dizero que ele realmentefoi, um movimentoem defesa do votodireto.

“O brasileiro tempouca afeição à suahistoria. Eu acho quea comemoração e arememoração dessasdatas são muito im-portantes para que asnovas gerações sai-bam o que custou emtermos de lutas oprocesso de transiçãopolítica dos anos 80”,comenta Freitas. Elediz que a primeiramovimentação partiudo Partido dosTrabalhadores (PT),

que lançou essa idéia em SãoPaulo, em 1983, ainda compouca gente. “Depois isso foicrescendo com o deputado doPMDB, na época, Dante deOliveira, que apresentou aocongresso uma emenda propon-do as eleições diretas para presi-dente”, explica.

A Emenda Dante de Oliveiraacabou derrotada na Câmarados Deputados, com 298 votosa favor, 65 contra, trêsabstenções e 112 parla-mentares que não comparece-ram ao Plenário. "Na verdade, oCongresso Basileiro, à época,era ainda muito mais moldadopelo período anterior, Militar,do que um Congresso demo-crático. Na verdade não houveomissão, houve posicionamen-to. O congresso votou contra aseleições diretas", analisaAnanias.

Carlos Ranulfo acredita quea não-aprovação só ocorreuporque muitos dos deputadosque votaram eram centristas eque, por isso, tinham medo sehouvesse um resultado diferentedo que realmente ocorreu. "Se aemenda fosse aprovada, asmudanças seriam naquele exatomomento, e isso é que geravamedo nessas pessoas. Com anão-aprovação, as mudanças sóocorreram em 1989", recorda ocientista político, referindo-se àeleição de Fernando Collor.

Ele ainda observa que votarcontra significava encontraruma alternativa mais moderadapara aquilo que estava aconte-cendo. "A alternativa era aeleição de Tancredo Neves peloColégio Eleitoral. Foi pensandonessa alternativa mais modera-da que os deputados fizeramcom que a Emenda perdesse",completa.

Carlos Ranulfo acredita queos cinco anos a menos dedemocracia fizeram diferençapara o país, pois acabaram cau-

sando reflexos sentidos até hoje."Acabou ocorrendo a reciclagemde muita gente da ditadura,como José Sarney, AntônioCarlos Magalhães. Isso foi umprejuízo para o país. Não ga-nhamos nada com o governo doSarney, nem com o do ACM,nem com o do Maluf", opina.

A derrota da emenda causouuma comoção em toda a popu-lação brasileira que acreditavano movimento e na volta dademocracia no país. "Para seraprovada, precisava de doisterços dos votos, mas tevemaioria simples. Os deputadosque não votaram saíram dosseus gabinetes às duas horas damadrugada, onde estavamescondidos. Eles foram escu-lhambados por jornalistas epelas pessoas, foram muito xin-gados”, revela o jornalistaRicardo Kotscho, ex-secretáriode imprensa do presidente Lula.

"O sentimento da nação erapara que fosse aprovada e, noentanto, nós perdemos navotação. Havia uma euforia tãogrande, um desejo tão intenso,que a gente tinha esperança deque fosse aprovada. Foi umafrustração muito grande", lem-bra Tilden Santiago, ex-deputa-do federal, ex-embaixador doBrasil em Cuba, ex-presidentedo Sindicato dos Jornalistas, queparticipou ativamente de váriosepisódios envolvendo as DiretasJá e presenciou o anúncio danão-aprovação da emenda.

Segundo Ricardo Kotscho,apesar da não aprovação daemenda, o movimento foi deextrema importância para opaís. "As Diretas foram ummarco na redemocratização dopaís. Aquelas pessoas não sedesmobilizaram. Foi ummomento único em que ahistória mudou nas ruas, e nãonos conchavos dos gabinetes. Opovo mudou a história doBrasil", ressalta.

Nilmário Miranda, que àépoca das Diretas era militantedo PT, concorda. "Foi impor-tantíssimo, porque derrubou aditadura. Foi uma manifestaçãopopular mais importante que ovoto, porque o voto era mani-pulado", opina.

Ele conta que chegou a fazercamisetas com os dizeres daluta: “Diretas Já” e “Eu querovotar pra Presidente”.“Produzíamos dezenas de mi-lhares de camisetas com essesdizeres", recorda.

De acordo com Ananias deFreitas, a democracia do paíscomeçou a ser conquistada com

o movimento pelas Diretas,uma vez que o resultado foi apossibilidade, ainda que derro-tada, de criar as condiçõespolíticas para que, naquelemesmo ano, no ColégioEleitoral, o candidato deoposição, à época TancredoNeves, pudesse derrotar o can-didato dos militares que eraPaulo Maluf. "Ali começou umprocesso de democratização dopaís que está em curso até hoje.A democracia não é algo que secompleta, ela é sempre umprocesso", explica.

Palanque na Praça da Ro-doviária e ruas tomadas pela mul-tidão. Comícios e passeatas quereuniam pessoas de diversos seg-mentos sociais. O sentimento,entretanto, era único: vontade deredemocratizar o Brasil. A cam-panha das Diretas Já foi o maiorevento de massa do país, e dessavez, quem deu destaque ao movi-mento não foram apenas políticose imprensa. “Os grandes nomessempre foram importantes, porquedavam solidez, mas o grande pro-tagonista era o povo”, relembra oex-deputado pelo PT, Nilmário deMiranda.

A polícia calculava 300 mil pes-soas presentes, os jornais cal-culavam 100 mil, mas na hora dedivulgar, optavam por números

otimistas, aderindo à causa dasDiretas. Afinal, o que surpreendiaera o tamanho da mobilização,jamais vista. “No final, quatro mi-lhões de brasileiros haviam saídoàs ruas em todo o Brasil. Se colo-car, pela metade, já é um grandenúmero”, comenta o jornalistaJosé de Castro, que cobriu asDiretas pelo Jornal do Brasil quan-do era o editor da sucursal em BeloHorizonte.

O jornalista Ricardo Kotscho,que cobriu o movimento para aFolha de S. Paulo, afirma que noinício das manifestações nemtodos os setores sociais estavampresentes, mas que posteriormentea campanha foi aderida fortementepelo povo. No começo, somente ossetores organizados, como estu-dantes, sindicatos e igreja se mobi-lizaram. “Porém, depois de um

determinado momento, foi a

massa”, relata.O ambientalista Renê Vilela

participou ativamente das mani-festações pelas Diretas quandotinha apenas 15 anos, por meio doMovimento Secundarista Estu-dantil. Ele era estudante doColégio Estadual Central, queorganizou manifestações deresistência a Ditadura, à época.“Eu estava anonimamente na mul-tidão”, conta.

Embora a palavra de ordemfosse mudança, Renê afirma que oclima de repressão ainda era muitopresente. Ter sua casa invadida esomente seu quarto revirado, odeixou muito impressionado. “Issofoi muito em função das Diretas,porque a gente conseguiu a para-lisação das escolas. No diaseguinte, por pura intimidação,a r r o m b a r a mm i n h a

casa”, recorda.Andrea Beatriz Salles, 57 anos,

dona de casa, também se envolveuna campanha e participou devários comícios menores na PraçaSete. Segundo ela, o que se queriaera a volta do Estado de direito, ademocracia plena e, para organizarum movimento que almejasse esseobjetivo, “muitas pessoas enfren-taram sérias conseqüências”. Elase refere às pessoas que sofrerampressões do governo militar paraabandonar a causa.

Mirtes Maria do Vale Beirão,(na foto abaixo, em primeiro plano, deóculos) à época coordenadora domovimento de mulheres da Facul-dade de Medicina da Uni-versidade Federal de MinasGerais, lembra que o movimentocomeçou pequeno, com poucaspessoas, mas foi crescendo.“Surgiu gente que a gente nuncapensou que participaria, pessoasde todos os tipos, todas as classes,todos os grupos”, diz.

MEMÓRIAS E EMOÇÃO Omédico e professor da escola demedicina da Universidade Federalde Minas Gerais (UFMG,), Ajáx

Pinto, comenta que ter par-ticipado do movi-

m e n t o

Nilmário relata bastidores políticos das Diretas

Comícios pela campanha das Diretas Já, em 1984, se tornaram grandes festas do

das Diretas foi um gesto cívico.“Eu acho que dei a minha con-tribuição. Eu não fui alienado enem omisso”, afirma.

Segundo o professor, antes dogolpe militar, havia uma crençamuito forte no erguimento doBrasil como uma grande potência,e as Diretas foram movidas pelaretomada dessa crença. “Nós so-nhávamos com um país em que sehouvesse menos desigualdadesocial, mais oportunidades erespeito. As Diretas lutavam porum tipo importante de igualdade”,argumenta.

Mirtes Beirão, que participoude várias passeatas e que, à época,era responsável pela mobilizaçãoda comunidade da UFMG em prolda participação no movimento,destaca a emoção de participar domovimento. “Mas a decepção dequando perdemos a emenda foimuito grande para todo mundo”,revela.

Movida pelo mesmo sentimen-to de responsabilidade perante opaís, a dona de casa Andrea Beatrizconfessa que ficava encantada coma beleza das passeatas e a movi-mentação nas ruas. “As passeataseram lindas e participar delas davaa sensação de que eu estava fazen-do alguma coisa. Além disso, o‘buzinaço’ na rua era de emocionarqualquer um. A cidade parava, erauma loucura”, relembra.

ESTUDANTES Marcado por seuengajamento, energia e criativi-dade nas manifestações, o movi-mento estudantil vestiu a camisada campanha pelo direito ao votodireto. “O movimento estudantiltanto universitário quanto secun-darista era muito contestador, e agente estava bem organizado”,afirma Renê.. Quem participouativamente de toda essa luta comcoragem e orgulho de estar fazen-

do alguma coisa, hoje, sente tris-teza de ver que os estudantes nãoconseguem se organizar e lutar poruma causa como fizeram há 25anos.. “Hoje, a juventude não écapaz de se organizar em tãogrande número, está faltando umaliderança da parte deles. DCE eDA não eram para tirar xerox enem fumar, era sério, discutiampolítica e tinham objetivos paraalcançar”, afirma a Andréa,Beatriz, ao lembrar da época emque cursava Ciências Sociais.

O jornalista Ricardo Kotscholembra que depois das Diretas Jásó houve mais uma grande mobi-lização, que foi o movimento peloimpeachment do então presidenteFernando Collor de Mello.. “Aísim, houve uma predominância deestudantes. Mas é sempre assim,os estudantes vão na frente e aívem a massa”, observa. Segundoele, isso não acontece mais pelafalta de um “inimigo comum”.“Em um era a ditadura militar e nooutro um presidente que haviaaprontado com a população.Tínhamos uma bandeira. Nos últi-mos anos não teve mais uma situ-ação assim, de um inimigocomum. Você tem crises, gente afavor e contra o governo ”, comen-ta Kotscho, lembrando que hoje aspessoas estão engajadas em váriosoutros movimentos sociaissimultâneos.

Um trecho de uma música deChico Buarque, recitado por Ájax,consegue expressar o que ele con-sidera alienação política que estápresente em muitos dos jovens dehoje. “Num tempo, página infelizda nossa história. Memória desbo-tada na memória das nossas ge-rações. Dormia a nossa pátria mãetão distraída, sem perceber que erasubtraída. Em tenebrosas tran-sações”.

História do Brasil marcada pela participação do povo

ARQUIVO JORNAL MARCO

BARBARA DUTRA

ARQUIVO JORNAL MARCO

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TIZAÇÃO DO PAÍS, COMPLETA 25 ANOSui para que a importância desse acontecimento não seja esquecida por aqueles que não participaram do evento, mas que ainda hoje vivenciam suas consequências

povo, que manifestava com faixas e cartazes, sua vontade de votar para presidente

9Especial

Devido a importância domovimento das Diretas Já,a imprensa, principalmentea escrita, tornou-se referên-cia para a opinião pública.Porém, cada veículo cobriuo evento à sua maneira.Enquanto muitos busca-vam seguir as figuras políti-cas e os artistas, outrosfocavam nos demais atoresdo movimento, como opovo. “A imprensa, de umamaneira geral, teve umpapel menos relevante. Asemissoras não focalizavamo povo, preocupavam-se emfocalizar os políticos. Opovo fez o movimentoaparecer”, afirma José deCastro, à época chefe dasucursal do Jornal doBrasil, em Belo Horizonte.

Ricardo Kotscho, que erarepórter da Folha de S.Paulo, fez a cobertura domovimento de uma ma-neira diferente. Segundoele, os repórteres, em geral,só ficavam no palanquetentando ouvir as autori-dades, um empurrando ooutro, enquanto ele ia atrásdas pessoas comuns. “Mesurpreendia com isso, nodia seguinte, ao ler o jornal.Eu procurava o outro ladoda notícia”, relata. Ele afir-ma que a Folha de S. Paulose tornou um dos maisimportantes veículos decomunicação do país após acampanha das Diretas.

O jornalista lembra que,na ocasião, faltava uma“bandeira” à Folha. Se-gundo Kotscho, o jornaltinha que ser respeitado eter credibilidade e, perce-beu que conseguiriam issofazendo uma grande cober-tura das Diretas Já. Assim,ele conversou com o donodo jornal paulista, OtávioFrias de Oliveira, queaceitou a proposta na hora.“Os outros jornais nãoentraram nessa, e a Folhasaiu na frente. A televisãoentão demorou pra caram-ba. Só quando ganhou umadimensão muito grande enão tinha mais como igno-rar, que a imprensa todaacabou entrando, mas já naparte final da campanha”,relata. Ele relembra que acobertura foi

tomando maior im-portância e que, no últimocomício, a equipe já tinhamais de 20 repórteres.

O jornalista conta que osdiscursos dos políticos serepetiam todos os dias eque, por focar em perso-nagens que estavam fora dapolítica, passou por situ-ações curiosas nesse perío-do. “Cada lugar que a genteia, tinha gente diferente,não no palanque, mas nopúblico. E eu ia atrás dessaspessoas, porque por meiodelas, dava para contarcomo vivia o povobrasileiro daquele tempo”,revela Kotscho.

Para Ricardo Kotscho, acobertura das Diretas Já foia mais importante de suavida. “Marcou a minha car-reira, porque foi uma coisaque mudou a história doBrasil e eu participei direta-mente”, ressalta.

Diferente do ex-Secre-tário de Imprensa de Lula,José de Castro diz quecobrir esse movimento foiuma grande frustração.“Estou entre os derrotados,porque eu, como jornalista,achava que iria fazer umgrande trabalho e tive quefazer uma cobertura buro-crática da campanha”, afir-ma. Ele aponta que o moti-vo dessa frustração foidecorrente do veículo emque trabalhava na época, oJornal do Brasil, que,segundo José de Castro, fezuma cobertura superficialdo evento. “Aqui na sucur-sal (do Jornal do Brasil) emMinas, a gente estava bemacostumado a fazer grandescoberturas, a gente mobi-lizava a sucursal toda.Uma das frustrações nossasfoi que, nesse período, aFolha de S. Paulo dava um“banho” na nossa cobertu-ra, investia na cobertura.Aqui, por mais que a gentefizesse a cobertura, o jornaldava pouco espaço pragente”, admite.

O jornalista afirma que aFolha de S. Paulo foi umadas mais beneficiadas coma campanha das Diretas eenumerou mais dois

benefici-ados:

A não aprovação daEmenda Dante de Oli-veira, projeto de emen-da constitucional quetinha por objetivovoltar com as eleiçõesdiretas para Presidênciada República, não fezdas Diretas Já um mo-vimento fracassado.“Mesmo não tendosido aprovada por 22votos, um sentimentopersistia: o Brasil nãotinha volta, o Brasilnão retrocede”, contaRenê Vilela.

Entretanto, após 25anos de ocorrência des-sa campanha, a análisemais profunda de seusignificado é inevitável.“Já sabemos que a nãoaprovação das Diretasretardou a democracia,e uma série de avanços.Mas, na verdade, obser-vamos hoje, que asDiretas foi um mecanis-mo de mudança impor-tante, e que as coisastêm que mudar paracontinuarem como

estão”, avalia Renê. Canalizando forças

para a Constituinte, acampanha atingiu seuobjetivo de redemocra-tização do país em1988, uma vez que“não há democraciasem uma constituiçãodemocrática, não hádemocracia com biôni-cos”, ressalta Nilmáriode Miranda, referindo-se aos senadores queeram eleitos por votoindireto. Além disso, oex-deputado afirma quesem as Diretas Já haviaa possibilidade da di-tadura permanecer so-bre formas discretas.“Sem o movimento dasDiretas, a ditadura po-deria ter continuadosobre formas mitigadas,como aconteceu noChile com a derrota doPinochet. É uma demo-cracia restrita. A velhaditadura continua tute-lando o país”, comenta.

Derrota da EmendaDante de Oliveira nãosignificou um fracasso

Lula e Tancredo Neves.Com a cobertura, de acordocom José de Castro, a Folhacomeçou a ter adesão detoda a oposição e ganhoucredibilidade. “O terceiroganhador foi a Folha de S.Paulo, que começou a teradesão de toda a esquerdabrasileira e passou a ser ojornal mais importante emtermos de influência eocupou o lugar que o Jornaldo Brasil ocupava antes”,constata. “O grande perde-dor dessa democratização

foi o Jornal do Brasil, e aFolha a grande vencedoraem termos de imprensa”,opina.

“Participei do movimentoaqui em Belo Horizonte,que foi uma coisa impressio-nante quando lotou aAfonso Pena inteira. Eu tra-balhava na sucursal do jor-nal O Globo aqui em BH etive o privilégio de participartrabalhando nesse período”,recorda o jornalista e atualpresidente do Sindicato dosJornalistas de Minas Gerais,Aloísio Morais. Ele contaque o jornal o colocou juntode Tancredo Neves e que,por isso, viajava com ele paratodos os locais onde tinhamcomícios. “Tive a sorte deacompanhar o Tancredo emoutros lugares onde essemovimento também foiforte como em São Paulo e

no Rio de Janeiro e assistirtudo isso em um lugarestratégico ao lado dos políti-cos. Isso para mim foi muitomarcante”, acrescenta.

Aloísio salienta a im-portância de se comemoraresses 25 anos de Diretas Jádevido a grandeza do movi-mento e sua importânciapara a redemocratização nopaís. “Se todos assistissemaquilo de cabeças baixas, oTancredo não teria sidoeleito nem pelo ColégioEleitoral. Mas não era só

pelas Diretas que opovo lutava, ti-nham várias ban-deiras por trás,como a liberdadedemocrática, sindi-cal. As diretas eramo guarda-chuva edebaixo dele, ti-nham outras ban-deiras sendo defen-didas”, opina.

Mesmo com adimensão do movi-mento, José deCastro afirma quenão acreditava quea emenda con-seguiria ser aprova-da. “Nunca penseique fosse ganhar

não, mesmo com a festa nasruas. O governo tinhamuita força e a oposição erafraca”, revela. Ele conta queestava na Praça da Estação,no centro de Belo Ho-rizonte, quando a votaçãoestava em andamento noCongresso. Ao divulgar arepercussão da nãoaprovação da EmendaDante de Oliveira, em BeloHorizonte, o Jornal doBrasil, segundo José deCastro, priorizou a reação dapopulação diante do fato.“Noticiamos, principal-mente, a Polícia Militar deTancredo (Neves) batendono povo que estava fazendopasseata para protestar con-tra a não aprovação daemenda”, lembra.

O jornalista José de Castro lembra sua atuação

Movimento que alterou osrumos da imprensa brasileira

BARBARA DUTRA

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10 EconomiaMarço • 2009jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

EMPRESAS MUDAM

DE ROTINA PARA

CONTORNAR CRISEIndústrias são obrigadas a tomar medidas para minimizar efeitos negativos do período

n

ANA LUÍSA AMORE, STEFÂNIA AKEL,3º PERÍODO

Mesmo com as medi-das de recuperação daeconomia adotadas pelogoverno, desde o últimotrimestre de 2008, empre-sas de diversos setores evi-tam divulgar previsõessobre o comportamentoda economia em 2009.

As medidas tomadaspelo governo visam segurarempregos e deixar o crédi-to mais acessível para pro-jetos e investimentos deempresas. “O sistemafinanceiro brasileiro travoude repente. Os bancosreduziram os empréstimose passaram a exigir maisgarantia de quem pega di-nheiro emprestado. Comesse enxugamento finan-ceiro, o mercado retraiu eas empresas ficaram enges-sadas, sem muitas possibi-lidades”, explica SérgioCavalieri, vice-presidentedo Conselho de PolíticaEconômica e Industrial daFiemg.

Em relação às previsõespara este ano, Cavalieriexplica que a Fiemg tra-balha com a expectativade que, em 2009, o ritmode vendas, faturamento eprodução das indústriasno ano de 2008 seja man-tido. Segundo ele, não hámais a expectativa decrescimento. “Os últimosdias foram turbulentospor aqui. Acharam que osefeitos da crise no Brasilnão seriam tão profundos,mas com os últimos ba-lanços percebe-se que acrise de pessimismomundial atingiu o país”,comenta.

Como é característicodas crises capitalistas,Cavalieri acredita que aatual continuará tendoseus altos e baixos.“Somente no segundotrimestre deste ano háperspectivas mais otimis-tas para as indústrias”,conclui.

Os efeitos da crise econômi-ca internacional têm modifica-do, desde o último trimestrede 2008, a rotina das indús-trias mineiras. O últimotrimestre do ano passado foiconsiderado o pior dos últimosdez anos pela Federação dasIndústrias do Estado de MinasGerais (Fiemg). Assim, quedanas vendas e na produção,demissões, férias coletivas eredução de gastos são medidasadotadas visando atenuar asituação. “No Brasil, a crise foirepentina e a redução das ven-das em alguns setores aconte-ceu muito rapidamente. Noresto do mundo, esse processovem acontecendo desde2007”, afirma Sérgio Ca-valieri, vice-presidente doConselho de Política Eco-nômica e Industrial da Fiemg.

Segundo ele, os setoresmais atingidos pela crise foramos exportadores: minério deferro, siderurgias e papel celu-lose, além das indústrias auto-mobilísticas. Nesses setores, asvendas caíram e, consequente-mente, o estoque aumentou.Como resultado, o ritmo daprodução diminuiu.

A mineradora Vale tomoumedidas em parâmetromundial para lidar com a crise.De acordo com sua assessoriade comunicação, a empresa járeduziu em 30 milhões detoneladas sua produção deminério de ferro. Até agora, jáocorreram 1.200 demissõesem todo o mundo, sendo 20%delas em Minas Gerais. Além

disso, 5.000 empregados estãoem férias coletivas, 80% delesem Minas.

A Vale ainda assinou, com15 sindicatos majoritários, umacordo de licença remunerada,que determina a garantia deempregos até 31 de maio.Durante esse período, os fun-cionários permanecem em casae têm seu salário reduzido em50%. Segundo a assessoria decomunicação, nenhum fun-cionário da empresa se encon-tra em licença remuneradaatualmente, uma vez queainda não houve necessidade.

A crise também não estápassando despercebida nasiderúrgica mineira ArcelorMittal. Segundo JulianaPaschoal, que trabalha na áreade contabilidade da empresa,os funcionários não tiveramredução de salários ou de jorna-da, mas muitos já foram demi-tidos. “Os setores que maisdemitiram foram os adminis-trativos e o comercial. O setorde produção vem sendo afeta-do também”, explica.

Juliana conta que a Arcelorcriou um programa de demis-são voluntária (PDV), queentrou em funcionamento emjaneiro deste ano. Com o pro-grama, o funcionário quedecidir se desligar da empresaganha meio salário mínimopara cada ano de trabalho naArcelor. “O programa estimu-lou a demissão voluntária prin-cipalmente de quem estavaperto de se aposentar, pois équem mais sai ganhando”, afir-ma.

A crise também afetou arotina da empresa. A Arcelortem cortado viagens, optando

na maioria das vezes porvídeo-conferências. Tambémhouve redução de office boys ede gastos com festas para osaniversariantes do mês. Alémdisso, a empresa parou depagar cursos de inglês paraseus funcionários.

Mesmo com essa situação,Juliana afirma que a estruturada empresa afasta seu medo deperder o emprego. “Não sintomuito medo de perder oemprego porque a Arcelor estáfazendo tudo para evitar opior. São medidas estruturadasque me dão mais segurança”,garante.

AUTOMÓVEIS A crise finan-ceira que veio à tona emsetembro também atingiufortemente a indústria auto-mobilística nos principais mer-cados do mundo e do Brasil.Mesmo com a forte queda devendas verificada nos últimostrês meses do ano de 2008, asvendas da indústria automo-bilística brasileira cresceram14% durante todo o ano, o queainda assim foi abaixo doesperado. Para se ter uma idéiada redução, o crescimento esti-mado até setembro de 2008era de 24%.

Com a Fiat não foi dife-rente. Segundo a assessoria decomunicação da empresa, ape-sar dos resultados positivos em2008, com recordes de pro-dução e vendas, os números dejaneiro de 2009 mostram umasensível queda em relação aoano passado. Em janeiro,foram emplacados somente43.312 automóveis e veículoscomerciais leves da Fiat, umaqueda de 13,3% em relação ao

Concessionárias usam recursos decorativos para chamar a atenção dos consumidores em período de queda de vendas

Para Fiemg, expectativanão é de crescimento

mesmo período de 2008. O desempenho de janeiro,

no entanto, foi superior em1,8% ao de dezembro, o queconfirma a expectativa derecuperação do mercado, prin-cipalmente a partir da decisãodo governo de reduzir oImposto Sobre ProdutosIndustrializados (IPI) inci-dente sobre os veículos. Essamedida foi integralmenterepassada para os consumi-dores, com redução em tornode 7% sobre os preços dosautomóveis.

Com a redução drástica domercado automobilístico,tanto no Brasil quanto nospaíses para os quais a Fiatexporta, houve também umaredução nos volumes de pro-dução. Com isso, a empresaadotou sucessivos períodos deférias coletivas a partir de ou-tubro de 2008 até janeiro de2009, sem recorrer a planos dedemissão em larga escala.

Para reduzir os gastos, aFiat iniciou uma campanhainterna intitulada MaisConsciência, com o objetivode intensificar os programasde redução de custos exis-tentes. A iniciativa visa adiminuição do consumo deágua, energia e impressos,além de despesas de viagem eoutros serviços.

BARBARA DUTRA

Tecnologia beneficia pessoasque utilizam transporte público

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MARINA SENRA, NATHÁLIA BUENO, 1º PERÍODO

O Infoponto traz informações sobre intinerário, horários e pontos de embarque

Aparelhos de GPS, alarmesanti-furto, bilhetes e painéiseletrônicos, câmeras de segu-rança. Todas essas novas tec-nologias que já são usadas emprédios, casas e empresas tam-bém podem ser encontradasnos transportes coletivos. Como objetivo de proporcionarmaior segurança e confortopara os passageiros, o Brasil teminvestido cada vez mais emaplicações que deixam osônibus e metrôs mais eficientes.

Os usuários do transportecoletivo de Belo Horizonte jápodem usufruir dessas tecnolo-gias durante as viagens. A bi-lhetagem eletrônica é um exem-plo. Ela foi implantada em2002 e encontra-se instaladaem 100% da frota de ônibus.Além disso, pode fornecerdados diários sobre as viagensrealizadas, o número de pas-sageiros transportados e utiliza-

ção de gratuidades. Alguns usuários aprovam. “A

bilhetagem eletrônica é benéfi-ca, pois possui as vantagens dameia tarifa quando se usa doiscoletivos em pequenos interva-los, da rapidez quando há superlotação nos horários de pico eainda diminui o volume de di-nheiro que carregamos na bolsa,o que contribui para a segu-rança”, diz a professora MariaTerêsa Miranda.

Apesar das inegáveis quali-dades dos aparelhos, certos pas-sageiros ainda não se familia-rizaram com eles. “Acho que ocartão eletrônico é válido, masainda não senti os efeitos dessasnovas tecnologias”, apontaMaria do Carmo, usuária deônibus.

As câmeras de segurançatambém são bem aceitas pelospassageiros. A usuária MariaTerêsa ainda comenta que “ascâmeras no ônibus só tiram aprivacidade de quem está com‘segundas intenções’. Elas sãoextremamente vantajosas”,completa.

Ainda existem outros sis-temas que estão sendo implan-tados gradativamente, entre eleso Infoponto, que foi criado pelaPrefeitura de Belo Horizonte, ebusca informar os usuários sobreos principais pontos de embar-que e desembarque, por inter-médio de mapas esquemáticos,informações sobre itinerário equadro de horários das linhas.Esses dados estarão dispostosem painéis eletrônicos em 230abrigos localizados na ÁreaCentral e arredores da Avenidado Contorno.

Fernando Chiarini, gerentede coordenação da Gestão deInformação da BHTrans, infor-mou que a opção por instalar oInfoponto nos abrigos da ÁreaCentral se deu por se tratar deuma região com enorme circu-lação de pessoas e por permitirque os usuários de diferenteslinhas possam obter infor-mações sobre outras que eleeventualmente precise usar.

Ele ainda afirma que antesda implantação do Infoponto,houve implementação de um

projeto piloto na Região daSavassi e foi feita uma pesquisade opinião com os usuários emrelação ao grau de satisfação dosmesmos. “ A imensa maioriaaprovou o projeto e só então elefoi implantado definitiva-mente”, diz.

Os usuários estão realmentemuito satisfeitos com a novatecnologia. A estudante defisioterapia e acupunturistaCarina Amaral conta que oInfoponto facilita o passageiro achegar ao seu destino. “Informapontos de referência, como porexemplo no cruzamento dasAvenidas Amazonas e AfonsoPena onde se escreve Praça Sete.Além disso, evita ter que pedirinformação ao trocador e aomotorista e depender da boavontade deles e se localiza commais facilidade”, diz.

“A vida dos usuários dotransporte coletivo melhoroubastante, porque quem vaipagar determinada linha deônibus pela primeira vez e nãoconhece o itinerário, pode termais certeza de onde o ônibus

passa, onde não passa e dos oshorários”, opina a estudanteDayse Cândida.

Muitas pessoas tambémacreditam que essa inovação tec-nológica estaria visando a Copade 2014, que será realizada noBrasil. Mas Chiarini esclareceque a intenção não é essa. “Essesprojetos não foram instaladosespecificamente para a Copa doMundo, mas já ajudam. Existeuma comissão específica, da quala BHTrans faz parte, para tratardas questões relacionadas aoMundial, mas ainda não houve a

formatação de um projetoespecífico para 2014”, diz.

No final do ano passado, aPBH, em parceria com o Google,também passou a oferecer aousuário um serviço de infor-mação sobre alternativas de rotasentre dois endereços, utilizandoônibus ou metrô.

Segundo a assessoria deimprensa da BHTrans, o projeto“Como Chegar” permite que ousuário faça seus deslocamentosde forma planejada. O serviçoestá disponível no portal da insti-tuição: www.bhtrans.pbh.gov.br

MAIARA MONTEIRO

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11Saúde Março • 2009 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

POSSIBILIDADE DE EXERCÍCIO GRATUITOAcademias da Cidade têm atraído cada vez mais belorizontinos, oferecendo atividades físicas a quem não tem condições de pagá-las. Cerca de 400 alunos são atendidos em cada unidade

nunca descobriam nada.Depois que comecei a fa-zer os exercícios, melhoreidemais. Estava acima dopeso e agora faço cami-nhada e me sinto bem.Essa Academia é o meuremédio”, conclui.

PÚBLICO Ainda que amaioria dos alunos sejammulheres acima dos 40anos, vale lembrar que

qualquer pessoa a partirdos 18 anos pode procu-rar a Academia da Cidademais próxima de suaresidência.

De acordo com LuanaReginato Moreira, umadas professoras de edu-cação física da academiada Cidade do BairroMinaslândia, na RegionalNorte, a grande maioriados alunos não tinha o

hábito de se exercitar re-gularmente e nem sequerhavia entrado em umaacademia antes. “Daí anecessidade de se fazerum trabalho de conscien-tização da melhoria daqualidade de vida, da ali-mentação e do sono des-ses alunos. É como umaacademia normal, masnosso objetivo não é tra-balhar a parte estética, ela

pode vir como consequên-cia. O principal pontoaqui é a redução dadosagem de medicamen-tos, diminuição do per-centual de gordura eaumento do condiciona-mento físico. Não esta-mos trabalhando para queos alunos fiquem sarados,mas sim saudáveis”, expli-ca.

Basta conversar com

qualquer aluno para verque o objetivo vem sendoalcançado.

AVALIAÇÃO Para par-ticipar da Academia daCidade o indivíduo é sub-metido à uma avaliaçãofísica criteriosa e, umavez classificado comoapto, é encaminhado aogrupo A, se não possuirnenhum tipo de limitaçãofísica, ou ao grupo B,onde a intensidade dosexercícios é mais branda.Existem ainda os horáriosespeciais onde são atendi-das pessoas que requeremmaiores cuidados comogestantes, cardíacos edeficientes físicos.

As aulas consistem emtrinta minutos de cami-nhada e mais trinta mi-nutos de exercícios deforça – step, ginásticaaeróbica, exercícios compesos e aulas de dança –três vezes por semana.

A PBH pretendeampliar o projeto, im-plantando cerca de 40novas unidades nos pró-ximos três anos. Talcrescimento é impulsion-ado por dados favoráveis,como a sobra de medica-mentos anti-inflamató-rios na farmácia do postode saúde do BairroMariano de Abreu, ondefoi instalada a primeiraAcademia da Cidade.

Luana Reginato Moreira, professora e coordenadora de uma das Academias da Cidade, auxilia aluno nos exercícios

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NATHÁLIA DE OLIVEIRA, 6º PERÍODO

Desde dezembro de2006 estão funcionandoas Academias da Cidade,desenvolvidas pela Prefei-tura Municipal por meiodo Projeto BH Saúde emparceria com instituiçõesde ensino superior. Apossibilidade de praticarexercícios físicos e receberorientação nutricionalgratuitamente tem atraí-do cada vez mais belo-horizontinos que lotamas nove academias jáimplantadas – cada umapossui cerca de 400alunos – além dos quetentam uma vaga na listade espera.

Maria de Fátima San-tos de 53 anos, frequen-tadora da Academia hádois, atribui à atividadefísica a diminuição dasdores que sentia. “Eu tiveparalisia infantil e sempresofri com dores nosbraços, além de não terfirmeza para segurarcoisas pesadas. Agora euconsigo, melhorei bas-tante. Já indiquei a Aca-demia da Cidade paravárias pessoas”, conta.

Para a aposentada Ma-ria Lúcia de Almeida, de68 anos, a academia valemais que remédio. “Eusempre ia ao médico, sen-tia muitas dores mas

Grupo teatral ensina espectadores a prevenir doenças n

RAFAEL OLIVEIRA, 1º PERIODO

O grupo de teatro“Saúde em Cena”, quecompletou em marçodois anos, conquistacada vez mais umaposição de destaque nocenário artístico esocial mineiro. Criadopela Secretaria deEstado de Saúde deMinas Gerais (SES), oobjetivo do grupo éconscientizar a popu-lação quanto a doençasque trazem sériosriscos à saúde, mascom um diferencial: obom humor e a habili-dade de interação como público.

Com vários traba-lhos de prevenção járealizados, como porexemplo no combate àdengue e ao tabagismo,o grupo esteve recente-mente em cartaz nocolégio Sagrado Cora-ção de Jesus ante-cedendo a peça “Meutio é tia”, com umarápida apresentaçãoque teve como foco,mais uma vez, a lutacontra a dengue.

Susan Prado, forma-da em Psicologia e vo-luntária do projeto,revelou a importânciado teatro no combate a

Grupo “Saúde em Cena” em uma de suas intervenções, ensinando cuidados necessários para o combate à dengue

doenças graves. “Asinformações todo mun-do sabe, como porexemplo não deixarágua parada, mas oteatro traz de umaforma lúdica, de umaforma que as pessoasse identificam, absor-vendo as informaçõesmais facilmente”, diz.

Sobre os objetivosdo grupo, Susan de-monstrou o desejo deexpansão das ativi-dades do “Saúde emCena”, buscando aampliação das ativi-dades e do público aser atingido, destacan-do, também, a buscapelos ideais sociais quecaracteriza o grupo.“Promovemos a saúdeatravés do teatro comamor e carinho, e nos-so objetivo é obtercada vez mais visibili-dade, mostrar quetemos um sentido notrabalho e passar a cor-rente pra frente”, afir-ma.

HISTÓRIA O diretorartístico do grupo, Jo-ney Fonseca, formadoem Jornalismo e ArtesCênicas e também atorda peça “Meu tio étia”, revela que ogrupo surgiu com aintenção de utilizar aforça de trabalho para

levar a mensagem desaúde para a popu-lação. Segundo ele, hátambém o objetivo deservir de modelo paraque outros grupos deteatro sejam criadostomando como referên-cia o “Saúde emCena”. “A idéia é es-timular também asregionais de saúde doestado de Minas Geraise os próprios municí-pios para iniciativasartísticas de carátersocial como a nossa”,conta.

PARCERIAS Ao fa larsobre o diferencial dogrupo, Joney destacouum conjunto de parce-r ias como pr incipalmotivo do sucesso doprojeto: “O diferencialdo nosso grupo são asparcer ias que rea-l izamos como, porexemplo, com a Asma-re (Associação dosCatadores de Papel ,Papelão e Mater ia lReciclável) sendo nos-so cenário completa-mente reciclável.

Outra peça chaveem nossa empreitada éo f igur inista FlávioCarvalho, que é vo-luntário, e nos ajudacom todo o figurino emaquiagem do projetoSaúde em Cena.

MAIARA MONTEIRO

Quanto mais parceriaspuderem existir, maiora mobi l ização quepodemos alcançar”.

PÚBLICO A reação daplaté ia durante aapresentação do grupoé imediata. Muitas ri-sadas e olhares aten-tos podem ser obser-vados. “Achei legal ,eles deram o recado de

que precisamos sermais conscientes ,tomar mais cuidadoem nosso cotidiano, eainda através do bomhumor, o que torna oprocesso de entendi-mento mais fác i la inda”, aprova asuper visora de ca l lcenter Helen Peçanha.

O grupo “Saúde emCena”, que já passou

por diversas c idadesmineiras como Ube-raba, Caeté, Diaman-tina, Confins e Car-mópol is , atualmentese apresenta em aero-portos, rodoviárias, narua e em eventos emgeral. Para conhecer oprojeto, acesse : htt -p : / / t e a t ro s audeemce -na.zip.net/

MAIARA MONTEIRO

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12 Cidade Março • 2009jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

POPULAÇÃO QUER SALVAR PROJETOAgente Jovem, único programa que atendia jovens na Vila Sumaré, não funciona desde dezembro do ano passado. Para retomá-lo é indispensável a implantação do BH Cidadania no local

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ALINE LEITE, ANTONIO ELIZEU, 4º PERÍODO

Nayara Cristina Frede-rico, 17 anos, desemprega-da, duas filhas, uma de umano e oito meses e outra detrês anos, mora com a mãe,que foi acometida de der-rame cerebral (AVC) e maisdois irmãos, ambos tambémsem ocupações. A adoles-cente, que estudou somenteaté a 5ª série do EnsinoFundamental, era uma dasparticipantes do ProjetoAgente Jovem, na VilaSumaré, Região Noroestede Belo Horizonte, e usavaa bolsa que recebia no pro-grama para ajudar no sus-tento da família, que temum ganho mensal de R$102 através do BolsaFamília. “O programa émuito bom, aprendia mui-tas coisas. Ficamos tristesquando soubemos que iaacabar”, relembra Nayara,que aprendeu grafite, infor-mática e os cursos de te-mática, além do esporte.

O Projeto Agente Jovem,que atendia jovens em situ-ação de risco social, teve seutérmino decretado, na VilaSumaré, em dezembro de2008. “Fomos avisados pelaCoordenação Social daPBH (Prefeitura de BeloHorizonte) desde o iníciodo ano passado, que asatividades do projeto encer-rariam em dezembro daque-le ano”, conta AbediasPereira de Souza, o Bida, 57anos, líder comunitário,presidente da creche e

Rosemeire e Abedias lutam pela implantação do Cras na Vila Sumaré, o que possibilitaria a volta do Agente Jovem

responsável pela adminis-tração do projeto naquelelocal.

Segundo o gerente re-gional de Políticas Sociais daSecretaria de Administraçãoda Regional Noroeste, Mar-co Cavalcante, o projetopassou por uma reformu-lação em instância nacional,passando a chamar-se Pró-Jovem-Adolescente e con-templar adolescentes entre15 e 17 anos e, um dos re-quisitos básicos, é que sópoderá ser ofertado emlocais onde se tenha implan-tado o Centro de Referênciada Assistência Social (Cras)– também conhecido comoBH Cidadania, localizado

em áreas com maioresíndices de vulnerabilidade erisco social. E apesar dereconhecer que a VilaSumaré esteja nesse en-quadramento, ele declarouque a prefeitura ainda nãodispõe de recursos para aimplantação do Cras naque-le local.

Na Vila Sumaré, oslíderes, inconformados como fim do programa que aten-dia aos jovens, mobilizarama comunidade para lutarcontra o fim do AgenteJovem, fizeram abaixo-assi-nado, reuniram com o anti-go gerente regional dePolíticas Sociais, AlfredoAnanias e enviaram um ofí-

cio ao atual secretário,Marco Cavalcante. Na últi-ma terça-feira, 10 de março,conseguiram uma reuniãopara discutir essas questõescom o secretário adjunto dePolíticas Urbanas e Sociais,Nildo Taroni, além dosecretário da RegionalNoroeste, Ajalmar José daSilva.

Na reunião, os líderescomunitários RosemeirePinto, Bida e José Cupertinosugeriram destinar três salasda Unidade Municipal deEducação Infantil (Umei),que teve sua construçãoaprovada pelo orçamentoparticipativo, ou o antigoCentro de Saúde, que hoje

só funciona como sede dazoonose, para abrigar oCras. Dessa forma, seriapossível atender às exigên-cias do governo, possibili-tando a volta do AgenteJovem.

“Era o único projetodessa natureza que atendiaessa comunidade”, declarouBida, e disse que o próximopasso é lutar para a implan-tação do BH Cidadania naVila Sumaré. “Ganhamosum novo prédio no OP(Orçamento Participativo)onde funciona hoje oCentro de Saúde. Fizemosreunião e disponibilizamoso antigo prédio onde fun-cionava o Centro de Saúde,para implantar o Cras, énecessário manter o projetopara os jovens aqui”, revelaRosemeire.

No encontro com ossecretários da RegionalNoroeste, além da entregade um documento com asreivindicações da VilaSumaré, ficou decididoque a prefeitura tentarábuscar soluções para oproblema, mesmo que sejaa implantação de um novoprojeto. “Vou levantar oporquê ele acabou. Porqueele (Agente Jovem) é fede-ral. E se tem como retornar,a gente vai brigar. E vamospensar outra alternativa”,afirmou Ajalmar.

“Não depende só de nós,dependemos do MDS(Ministério de Desenvol-vimento Social e Combatea Fome). Estamos preocu-pados com a comunidademas com a posse do novo

prefeito, estamos em tran-sição, mudança estrutural”,ressalta Marco Cavalcante.

O Agente Jovem foi umprojeto criado em 2001,numa parceria do GovernoFederal e as PrefeiturasMunicipais e atendiajovens entre 15 e 18 anos,proporcionando-lhes aoportunidade de se reinte-grarem à sociedade pormeio de esporte, lazer ecursos, além de uma bolsade R$ 65. Implantado naVila Sumaré com a ajudada Agente Comunitária deSaúde Rosimeire Pinto, 40anos – e que juntamentecom outros sete compa-nheiros faz parte da lide-rança da comunidade – oprojeto contemplava 50jovens daquela comu-nidade.

De acordo com Bida, oprojeto capacitava e remu-nerava os educadores,mantinha os “oficineiros”,que ministravam aulas decapoeira, artes plásticas evárias modalidades esporti-vas, tendo a parte pedagó-gica mantida pela Se-cretaria Municipal deEducação. Os jovens eraminseridos nas modalidades,permanecendo em cadauma durante seis meses.“Construímos juntos o pro-grama, criamos bonsalicerces, trabalhando aquestão da identidade dosjovens, dando a elesautonomia para serem osprotagonistas da suaprópria história e vem aPBH tirar o que construí-mos?”, reclama Rosemeire.

ANTONIO ELIZEU

Altos preços de alimentos nos aeroportos da capitaln

JULIA LERY, ISABELA CORDEIRO, LAURA ZSCHABER,

1º PERÍODO

O Movimento das Donasde Casa (MDC-MG) dis-ponibilizou em seu site(www.mdcmg.com.br) umapesquisa em que constata agrande diferença entre preçospraticados em cafés e restau-rantes dos aeroportos deConfins e Pampulha emcomparação com estabeleci-mentos dos mesmos ramoslocalizados no Terminal Ro-doviário e no centro de BeloHorizonte. “Com a demandacrescente de consumidoresnos aeroportos, a disparidadedos preços foi percebida”, diza diretora de pesquisa doMDC-MG, Teresinha Tei-xeira. Ela esclarece que oestudo foi feito com base emreclamações de alguns con-sumidores.

A pesquisa apurou, porexemplo, que um café comleite pequeno pode custar atéR$ 5 no aeroporto TancredoNeves, em Confins, contraR$ 1,80 na rodoviária e R$0,80 no centro. A variação,nesse caso, de acordo com oMovimento das Donas deCasa é de mais de 500%.

O supervisor da cafeteriaBlackCoffee no aeroporto daPampulha, Fábio AntônioRibeiro, justifica a discrepân-

cia dos preços com base nosvalores dos aluguéis.Segundo ele, o aluguel deuma lanchonete no centrocusta, em média, R$ 4 milpor mês, preço que sobe paraR$ 7 mil na rodoviária e R$18 mil no aeroporto. AInfraero, por meio de suaassessoria de comunicaçãosocial, informou que oprocesso de licitação é regidopor lei, e pode ser feito portomada de preços.

Além da disparidade nospreços dos aluguéis, o gerenteFábio Ribeiro responsabilizatambém a transferência damaioria dos voos daPampulha para o Aeroportode Confins, acarretando sig-nificativa redução no movi-mento diário. “Se houvesseequilíbrio na divisão de voosentre os aeroportos, o movi-mento ajudaria a abaixar ocusto dos produtos”, acres-centa.

Alex Cortílio, de 34 anos,quando questionado noAeroporto de Confins sobre adiferença de preços afirmouque já havia observado queprodutos e serviços nos aero-portos de Belo Horizonte sãomais caros do que em outrospelos quais já passou, atémesmo os internacionais.Ângela Cordeiro, de 43 anos,entrevistada no aeroporto daPampulha, também observouessa diferença. “Nos aero-portos de São Paulo, o movi-

mento é bem maior e ospreços não sofrem grandesvariações se comparados comos de lanchonetes comuns”,diz.

Há ainda um agravante, avariação de preços não selimita aos lanches. Parachegar até o Aeroporto deConfins, o passageiro contacom poucas opções viáveis.Ao optar por um ônibus con-vencional, pagaria R$ 7,65,além do transporte até arodoviária, mas nessa opção,precisaria carregar a própriabagagem. O serviço deônibus executivo custa R$16,90, além do transporteaté o centro, de onde sai oônibus. Há ainda a possibili-dade de ir de táxi, que podecustar até R$ 95 de algunsbairros de Zona Sul atéConfins. A diária no únicoestacionamento do aeroportoTancredo Neves, por sua vez,custa R$ 30. Evandro daCunha, 39 anos, afirma:“Fiquei dez minutos paradono estacionamento e tive quepagar R$ 4”. Ele diz aindaque encaminhou a denúnciaa um jornal local, mas nãoresolveu o problema.

Teresinha Teixeira acreditaque a situação é de difícilsolução, pois a Infraero nãodetém controle sobre ospreços, apenas sobre o gênerodo estabelecimento, o que foiconfirmado pela assessoriade comunicação da empresa. No Aeroporto da Pampulha, onde fica localizada a cafeteria Black, um café pequeno pode custar até R$ 5

Comparação de preços:

Produtos : Aeroporto * Rodoviária ** Centro ***

Água MIneral sem gás R$3,00 R$1,50 R$1,20

Pão de queijo R$2,50 R$1,20 R$1,00

Coxinha com catupiry R$4,10 R$2,30 R$2,50

Refrigerante lata R$4,40 R$2,20 R$1,80

*Cafeteria Black Coffe-Aeroporto de Confins**Fritas e Cia-Estação Rodoviária ***Lanchonete Ki-delícia

MAIARA MONTEIRO

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13CidadeMarço • 2009 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

MARCELO COELHO

AÇÕES CONJUNTAS NALUTA CONTRA A DENGUEPrefeitura de Belo Horizonte faz pacto com cidades da Região Metropolitana visando o conter a proliferação do mosquito

n

DIANA FRICHE,LAURA SANDERS,4º E 5º PERÍODOS

Maria do NascimentoOliveira Silva, ajudantede cozinha do restau-rante Macau, no Bairrode Lourdes, não pensavaque a dengue pudessedeixá-la tão mal. Quandoficou doente, ela diz quenunca passou nada igual.Sentia febre, dor nocorpo, tremura e “aquelafraqueza”. “O meu corpodoía tanto que pareciaque eu tinha levado umasurra”, conta. Maria pas-sou nove dias doente.Tentou trabalhar mas oestado de saúde não per-mitiu. Durante esse tem-po, ela esteve no hospitalpor três vezes com dor nocorpo. “A gente tem queter muito cuidado porqueé perigoso. Eu não queroque ninguém sofra comoeu sofri“, alerta a traba-lhadora, que diz cuidarpara não deixar águaparada em sua residência.

O secretário de saúdeda Prefeitura de BeloHorizonte, Marcelo Tei-xeira, afirmou que todo ovetor norte da capital éuma área de maior pre-

ocupação, já que apresen-ta grande índice de infes-tação da dengue. Paraeste ano, o secretárioconta que o prefeitoMarcio Lacerda elaborouuma ação conjunta comparticipação de váriasáreas da administraçãomunicipal, além da saúde:limpeza urbana, comuni-cação, educação, planeja-mento e área de regulaçãourbana da capital.

Sobre o risco de umaepidemia, Marcelo Teixei-ra conta que existe essapossibilidade, já que aúltima ocorreu há umadécada e que o EspíritoSanto, estado bastantefrequentado pelos minei-ros, tem circulação dotipo dois, que é letal.“Estamos em situação derisco. A última epidemiade dengue já foi há dezanos, então nós temosuma grande populaçãosuscetível, ou seja, quenão teve contato com ovírus”, adverte.

Marcelo disse que asações de rotina foramintensificadas para o con-trole da doença. “Nósestamos mobilizando1.200 agentes de controlede epidemias que estão

fazendo ciclos de visitasnas casas”, informa. Alémdisso, o secretário desaúde conta que estãosendo feitos mutirõescom agentes comu-nitários, de controle daendemia e de limpezaurbana. Segundo ele, oresultado têm sido satis-fatório. Em três semanas,do final de janeiro ao iní-cio de fevereiro, já ti-nham sido recolhidaspraticamente 200 tone-ladas de lixo nas áreasonde foram percorridosos mutirões, priorizandoas áreas com maiorincidência, com maiorinfestação e com a ocor-rência maior de casos dedengue.

Além de todas as medi-das tomadas para acabarcom a dengue na capitalmineira, foi iniciado esteano um trabalho de pre-venção conjunta com oitomunicípios próximos àBelo Horizonte: Ribeirãodas Neves, Vespasiano,Santa Luzia, Sabará,Nova Lima, Ibirité,Contagem e Betim. Se-gundo Marcelo Teixeira,essa ação foi tomada porhaver um grande númerode pessoas que circula

diariamente em mais deuma cidade da RegiãoMetropolitana de BeloHorizonte. “Temos umaárea conurbada, em quehá uma circulação de pes-soas. A pessoa mora numlugar, trabalha em outro,estuda em outro. Há umcidadão que é metropoli-tano e há uma área derisco que é metropoli-tana”, explica.

PROXIMIDADES EmContagem, já foramfeitos seis mutirões delimpeza nos bairros domunicípio. A prefeituraestá investindo namobilização educativa,por meio da panfle-tagem, na educaçãosanitária e no bloqueioquímico, mais conheci-do como “fumacê”.Segundo José RenatoRezende Costa, gerentede zoonoses de Con-tagem, a ação conjuntaentre os municípios daRegião Metropolitanafoi uma espécie depacto contra a dengue,em que cada municípioficou responsável porcampanhas e açõespara evitar a prolife-ração da doença.

Marcelo Teixeira afirma que o vetor norte da capital é o mais preocupante

No município de NovaLima, a pedagoga doSetor de Educação eSaúde da Prefeitura,Denia Aparecida Ferreirado Carmo, conta queentre as ações para contera doença estão o “BotaFora” e o LIRA (Levan-tamento de Índice Rá-pido), que indica a pre-sença do mosquito. Elaexplica que o “BotaFora”, que antes era umaação regional, agora vaiabranger toda a cidade.Neste evento, agentes daadministração municipalidentificam os depósitos

mais comuns do mosqui-to e recolhem esses obje-tos nas residências e lotesvagos.

Além dessas ações dire-tas, a Prefeitura de NovaLima está elaborando umcomitê externo que iráintegrar as secretarias deEducação, Meio-ambi-ente, Obras, Comunica-ção e Assistência social.Denia do carmo esclareceque além do comitê inter-no, formado pela Se-cretaria de Saúde, é im-portante a ação conjuntadessas secretarias.

Região Noroeste da capital em situação de alertaApesar do Centro de

Saúde do Dom Cabralter notificado apenasum caso de dengue esteano, a agente dezoonoses Maria Apa-recida Valadares afirmaque o período é de aler-ta, já que o mês demarço costuma apre-sentar altos índices dadoença e os agentes desaúde têm notificado apresença do mosquitona região.

A moradora do bair-ro, Jacira Alves deSouza, de 75 anos, játeve dengue há cinco,quando fez uma viagemao litoral do EspíritoSanto. Atualmente, seumaior medo é de pegar adoença novamente. “Eusó tenho medo de pegaroutra vez porque corre orisco de ser hemorrági-ca”, revela. Jacira contaque teve muitas doresde cabeça, enjoo e umasensação de tremor.Como estava doente elanão aproveitou o pas-seio. A moradora se dizmuito apreensiva com aproliferação do mosqui-to. “Eu tenho muitocuidado com minhacasa, mas tem os vizi-nhos”, ressalta.

Agentes de saúde realizam mutirões para identificar os focos do mosquito nas residências da Região do Dom Cabral

Para Maria AparecidaValadares, a dengue éuma doença muito com-plexa. “A dengue é umproblema social, dacomunidade. Você achaos focos nas moradias”,afirma. Mesmo com todacampanha, ela se mostrapreocupada porque nãohá uma mudança de ati-tude por parte da popu-

lação. “Esse olhar dife-renciado para dengue opovo não criou. Comoutras coisas eles se pre-ocupam. Quando vai via-jar lembram de nãodeixar um fogo ligado,uma coisa que podepegar fogo, por exemplo,mas se tem uma vasilhade planta que pode pro-liferar o mosquito eles

não lembram”, constata.Segundo a agente, o

problema ainda se con-centra nos lotes vagos,que só são limpos quan-do a prefeitura mandauma notificação; nascaixas d’água que nãoestão bem vedadas comoacreditam os moradores;nas calhas e até em pisci-nas que não recebem um

tratamento adequado.A fiscalização, segundoela, deve ser feita naspróprias casas, mastambém observando oslotes vizinhos. “Cadaum é um agente quedeve estar informandoà zoonose para trazer aresponsabilidade dosvizinhos”, observa Ma-ria Aparecida.

AÇÕES Para controlaros focos de mosquito naregião, os agentes dezoonoses do Dom Ca-bral visitam as moradiascinco vezes ao ano,numa atividade quechamam tratamento fo-cal. Além disso, a cada15 dias eles controlam ospontos estratégicos, oschamados PE’s, que sãolocais de maior risco. Ocampus Coração Euca-rístico da PUC está entreeles.

Maria Aparecida con-ta que a universidade éum local onde circulampessoas de todas asregiões da cidade e tam-bém vindas do interiorde Minas. Ela afirmaque, com o retorno dasférias e do Carnaval,quando muitos alunosviajam para municípios

que apresentam a doen-ça, há um risco de proli-feração. “As pessoasvoltam de áreas que tema presença da doença esão contaminadas.Quando voltam, trans-mitem a doença aqui”,explica.

A PUC Minas estámobilizando suas diversasunidades para combater adengue. No campusBetim, alunos do curso defisioterapia criaram o pro-jeto “Todos Contra aDengue”, com o apoio doComitê Municipal Inter-setorial de Combate àDengue e em parceria coma Secretaria Municipal deSaúde de Betim. Desde 18de março e durante cincosemanas, cerca de 50alunos estão orientandomoradores quanto aoscuidados necessários.

Alunos do 4º e 5º perío-dos de enfermagem daunidade Barreiro estãorealizando encenaçõesteatrais e distribuição depanfletos para conscienti-zar a comunidade aca-dêmica sobre as ações pre-ventivas. O projetoabrange ainda o campusCoração Eucarístico e asunidades São Gabriel,Betim e Contagem.

MAIARA MONTEIRO

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14 CidadeMarço • 2009jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

SÃO JOÃO, A TERRA DE TIRADENTESJustiça decide que o herói da Inconfidência nasceu no município de São João del Rei, mas ainda não há um registro civil

n

TATIANA LAGÔA, 7° PERÍODO

O impasse judicial quanto anaturalidade de Joaquim Joséda Silva Xavier, o Tiradentes,que envolvia três municípiosmineiros – São João del Rei,Tiradentes e Ritápolis –, aindanão chegou ao fim apesar de játer saído a sentença judicial.Mesmo sem cessar o embate, asentença trouxe um dadonovo para a história do país: oherói nacional é sanjoanense.Apesar desta vitória alcança-da, os representantes doInstituto Histórico eGeográfico (IHG) de São Joãodel Rei recorreram àProcuradoria Geral do Estadopara buscar o registro civil deTiradentes, já que o juiz julgoudesnecessário. “Queremos oregistro ainda que tardioporque estamos na Repúblicae o que vale é esse documentoagora”, explica o presidente dainstituição, José Antônio deÁvila Sacramento.

O juiz responsável pelocaso, Hélio Martins da Costa,confirmou a naturalidade san-jonense de Tiradentes, masnão acatou a tese de concederum registro civil tardio para oherói. “É de se concluir, ante oque restou evidenciado nosautos, que Joaquim José daSilva Xavier, o Tiradentes, énatural de São João del Rei”,afirma a setença judicial.Quanto à questão do registro,no mesmo documento, o juizquestiona: ”Se Joaquim daSilva Xavier já tem registro,realizado dentro dos preceitoslegais regentes ao tempo deseu nascimento, assinalando asua existência jurídica, porquerealizar o registro tardio con-forme pretensão deduzidanesses autos?”.

O advogado que representaa cidade de São João del Reineste caso, Wainer CarvalhoÁvila, entende que o juizadmitir que Tiradentes é san-joanense “já é um avanço”.“Mas não o suficiente porque

queremos um registro.Entendo que Tiradentes é umapessoa sem registro, já que obatismo é uma questão reli-giosa e o Brasil agora é um paísdesvinculado dessas questões”,observa. O procurador geral doEstado que analisou o casoacatou a tese sanjoanense, maspara que a sentença judicialseja modificada é preciso que odesembargador também dê oaval necessário. “Se não con-seguirmos ganhar essa causaem Belo Horizonte, iremosrecorrer ao Supremo TribunalFederal em Brasília”, salienta.

Já o membro do InstitutoHistórico e Geográfico domunicípio de Tiradentes,Rogério de Almeida, afirma nãoconsiderar importante definir anaturalidade do herói. “Eu achotudo isso uma grande bobagem.O Instituto Histórico eGeográfico de Tiradentes nãoestá se preocupando com essaquestão judicial não. No meuponto de vista, isso é uma perda

de tempo e nada vai mudar aHistória”, afirma. Quanto aofato dos representantes de SãoJoão del Rei recorrerem a umtribunal superior ele comenta:“Essa atitude só mostra quecontinuamos esquartejando oTiradentes. Ele não pertence anenhuma das três cidades, hojeele é um herói nacional e não sóde um município”, acrescenta.

EMBATE Tudo começou em2005, quando José AntônioSacramento recorreu à Justiçaem busca do registro civil tardiode Tiradentes, que nasceu emum período anterior a esse tipode documento. À época, o presi-dente do IHG de São João delRei afirmou estar em busca deuma comprovação da naturali-dade do alferes motivado pelapreocupação com o que as cri-anças aprendem na escola sobrea história do país, pela falta deuma biografia bem detalhada deuma personalidade histórica epor acreditar que Tiradentes é

um patrimônio imaterial dacidade na qual nasceu. Essa ati-tude, porém, desagradou repre-sentantes das cidades mineirasde Tiradentes e Ritápolis queapresentaram ao MinistérioPúblico contestações ao proces-so. O promotor de Justiçaresponsável pelo caso, Adalbertode Paula Christo Leite, acatou atese de São João del Rei, no iní-cio de 2008, e a sentença saiuainda ano passado.

HISTÓRIA Para entender adisputa e o tipo de registroque Tiradentes possui é pre-ciso voltar ao passado, em 12de novembro de 1746, quan-do ele nasceu. Naquele perío-do, quem registrava os nasci-mentos era a Igreja Católica, oque valeu até o primeiro diade 1889. Consta no livro deassentamentos de batizados,que Tiradentes foi registradona Capela de São Sebastiãodo Rio Abaixo que pertencia àfreguesia de Nossa Senhora

Mesmo antes de comprovar que Tiradentes é natural de São João Del Rei, a cidade já mostrava seu orgulho pelo herói

Apesar de, no papel, anaturalidade de JoaquimJosé da Silva Xavier já estardefinida, na prática poucacoisa mudou. As três cidadespossuem monumentos empraças dedicadas ao herói,considerado em todas um“filho famoso”, e pelo que seconstata essa realidade nãovai ser alterada por causa dasentença judicial. Antesmesmo de sair a sentençajudicial, o membro doInstituto Histórico eGeográfico de Tiradentes,Rogério Almeida, classificavaa ação como uma atitudesensacionalista e já questio-nava: “São João vai deixar dechamar São João e vaichamar Tiradentes? Não vaimudar nada. Ninguém vaireescrever a História”.

Para se ter idéia do quan-to os moradores dessascidades levam a sério essa fi-liação do herói, Ritápolis,por exemplo, recebe os visi-tantes com uma placa naentrada da cidade com osdizeres: “Ritápolis, terranatal de Tiradentes”. São

João del Rei compartilhadesse orgulho e o demonstraatravés da praça Tiradentesque tem em seu centro umaestátua do herói e que selocaliza na AvenidaTiradentes, no centro dacidade.

O município de Tira-dentes também não faz ne-nhuma questão de escondera simpatia pelo herói, hajavisto que estampa isso logono seu nome, sem contarque também tem uma praçaonde fica o busto do alferes.

O próprio advogado querepresenta São João del Reino embate, Wainer CarvalhoÁvila, afirma não esperarmudanças mais visíveis,como a retirada do busto doherói da cidade deTiradentes ou da placa naentrada de Ritápolis. “Paranós, o valor é a repercussãonacional que essa sentençavai alcançar. Acredito queTiradentes é um herói esque-cido fora de Minas Gerais,essa é uma oportunidade devalorizá-lo”, defende.

TATIANA LAGÔA

Associação apresenta artes cênicas à comunidaden

KAROLINA LIMA COELHO, 1º PERÍODO

deveria ensinar às crianças eaos jovens as primeiras noçõesde teatro e de cidadania. AAssociação Cultural CênicoPaternon reúne o grupo teatral,projeto social e, segundo infor-mações da diretoria, em breve,a cooperativa Paternon.

Dez anos após seu surgi-mento, o espaço se tornoupequeno. Atualmente, o local é

denominado centro comu-nitário. Por isso, além daAssociação Paternon, que o uti-liza para ensaiar, guardarcenários e figurinos, funcionamno mesmo endereço: o“Programa Fica Vivo” daPrefeitura de Belo Horizonte,um pré-vestibular e a Acolus(Associação de Partes dosBairros São Lucas e Serra).

No Paternon as crianças têm contato com as primeiras noções de teatro

Mas se o projeto socialnasceu do excesso, a escassezde espaço certamente não lhecausará a morte. “Temos con-vicção de que nosso trabalhoestá só no início e quepodemos ir mais longe”, anun-cia Hérlen Romão. No ano de2008, o projeto atendeu a 125pessoas, entre crianças, adoles-centes e jovens. E, apesar denão haver estatísticas oficiais, afundadora estima que desde osurgimento da associação, todaa Vila Aparecida e 80% da VilaConceição, que compõem oaglomerado, já foram assisti-das.

ATIVIDADES No início, o proje-to se dedicava inteira e exclusi-vamente às artes cênicas. Anosmais tarde, percebeu-se a neces-sidade de preparar os jovenspara o ingresso no mercado detrabalho. “Desde 2003, intro-duzimos então aprendizadosrelacionados ao mercado de tra-balho e parcerias como a CruzVermelha”, conta Hérlen.Atualmente, o Projeto SocialPaternon se divide em duas eta-pas: o Programa Luzes deMinas, que atende a crianças de6 a 12 anos, e oferece aulas de

informática, reforço escolar,aulas de dança e de teatro, queinclui interpretação e produçãode figurinos e de cenários; oPrograma GAI (Grupo deAcompanhamento Intensivo),que assiste adolescentes e jovensde 12 a 23 anos com debatessobre sexologia, comportamen-to humano e ética, além depreparação profissional.

Além disso, a associaçãoexerce para muitos adoles-centes a função de desmitificara profissão de ator, conscienti-zando-os das dificuldadesdessa atividade. “Os jovens”acreditam somente no gla-mour. Pensam que é só aquelemomento da apresentação,cheio de abraços e cumprimen-tos. Temos que os fazer com-preender que a vida de ator nãoé fácil, precisa muitapreparação e dedicação”, expli-ca Hérlen.

Os participantes frequen-tam o projeto duas vezes porsemana de manhã ou à tarde,período em que não estão naescola regular. Mas a fundado-ra do grupo ressalta que, emcasos especiais, em que, porexemplo, os responsáveis pelascrianças não têm com quem

deixá-las, elas são atendidastodos os dias.

FINANÇAS A AssociaçãoCultural Cênico Paternon nãorecebe qualquer apoio gover-namental. Para se manter ogrupo conta com formas dife-rentes de auxílio. O espaçoonde funciona a associação foicedido por uma entidadecatólica, os parceiros do proje-to financiam algumas ativi-dades e pagam os salários dealguns funcionários. As cri-anças e jovens também colabo-ram com mensalidades quevariam de R$ 5 a R$ 10, geran-do, aproximadamente, R$ 500para cobrir despesas, tais comoa compra de equipamentos emateriais e pagamento admi-nistrativo.

A fundadora esclarece quequalquer pessoa pode se tornarparceira do grupo. “É muitodifícil encontrar pessoas e enti-dades que queiram trabalharcom o nosso público alvo, dizHerlen. “Este ano, devido àcrise mundial, foram encer-radas várias parcerias, aindanão conseguimos solução paraisso”, acrescenta.

Fundada em 13 de marçode 1999, a Associação CulturalCênico Paternon surgiu de umsentimento comum a HérlenRomão e Juliano Magalhães: oamor pelo teatro. Nessa época,Juliano frequentava asprimeiras aulas de interpre-tação e Hérlen, professora deinformática, estava afastadados palcos após três anos comointegrante do grupo teatral“Raízes”. Os dois moradoresdo Aglomerado da Serra tro-caram experiências e decidirammontar um grupo teatral, cujosobjetivos eram incluir a comu-nidade no mundo das artescênicas e retratar o cotidianona periferia. Hérlen e Julianoconvidaram alguns amigos eestava fundado o GrupoTeatral Paternon.

Logo após seu nascimento,o grupo contava com dez inte-grantes reunidos num espaçomuito maior que o necessário.Os fundadores do grupo perce-beram que podiam fazer aindamais pela comunidade e a par-tir dessa avaliação surgiu oProjeto Social Paternon, que

MAIARA MONTEIRO

Decisão não muda avalorização do herói

do Pilar. Como essa igreja per-tencia a então Vila de SãoJoão del Rei, o juiz concluiuque ele era sanjoanense e queos documentos daquela igrejajá eram o bastante, nãohavendo necessidade de umregistro civil.

Mas o debate entre as trêscidades passava pela Fazendado Pombal, onde nasceu oinconfidente e que já per-tenceu a todas elas, em perío-dos distintos. Por essa razão,um dos esforços dos envolvi-dos foi o de comprovar naJustiça a quem pertencia o

local na data do nascimentode Tiradentes. Os municípiode Tiradentes e São João delRei sempre disputaram essasterras. Entre 1718 e 1955,elas estavam em posse sanjoa-nense. Ritápolis fazia parte deSão João del Rei e ainda nãoera uma cidade nessa época,só em 30 de dezembro de1962, quando foi emancipa-da. O que a credenciou a par-ticipar do embate judicial foio fato de ser o atual endereçoda Fazenda do Pombal, quehoje são ruínas preservadaspelo município.

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15Cidade Março • 2009 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

Cem anos da morte do ex-presidente Afonso Pena n

LARA PONTES, BRUNA ALVES AGUIAR, 1º PERÍODO

Em 2009, comemora-se ocentenário da morte de umapersonalidade de destaque nocenário político brasileiro.Afonso Augusto MoreiraPena nasceu na cidade deSanta Bárbara do MatoDentro, em 30 de novembrode 1847, foi deputado e pre-sidente do Brasil, contribuin-do para o desenvolvimentodo estado e do país. Fundadorda “Faculdade de LivreDireito”, que originou aFaculdade de Direito daUniversidade Federal deMinas Gerais (UFMG),Afonso Pena exerceu ainda oscargos cobiçados de gover-nador e relator da constitu-ição estadual. Coube tambéma ele transferir a capital deOuro Preto para BeloHorizonte. "Filho deestrangeiro, sempre defendeua nacionalização dos imi-grantes e, além disso, apoiava

o movimento migratório.Tinha como lema a frase ‘go-vernar é povoar’”, conta ahistoriadora Sayonara Faria.

Assumiu a Presidência daRepública, em 1905, e deuênfase a empreendimentos fer-roviários e programas de sanea-mento. Além disso, durante seugoverno, segundo Sayonara,investiu na modernização dosportos. Teve seu terceiromandato interrompido, em1909, devido a uma crise depneumonia que resultou emseu falecimento.

Uma grande referência àimportância de Afonso Penaem Belo Horizonte é a aveni-da que recebe seu nome. Com4,3 quilômetros de extensão,a via de sentido norte-sul,corta o Centro e os bairrosFuncionários, Serra, Cruzeiroe Mangabeiras além de reuniralguns dos principais prédiose serviços da capital. Ini-ciando-se no centro da ca-pital, na Praça Rio Branco,mais conhecida como Praçada Rodoviária, a avenida corta

a Praça Sete e serve deendereço para as sedes daprefeitura, do Correio, para oPalácio das Artes e o ParqueMunicipal, indo até a Praçada Bandeira.

A tradicional “Feira deArte, Artesanato e Produtoresde Variedades”, conhecidapopularmente como “FeiraHippie”, também aconteceali, em um comércio organiza-do de maneira a comportar2.379 expositores e um públi-co aproximado de 70 milpessoas rotativas. É divididaem 12 setores que possuem osmais diversos artigos, incluin-do, não só roupas e acessórios,como também esculturas,arranjos e peças de decoração.

Por ser uma das principaisavenidas da cidade, o trânsitoda Afonso Pena é intenso. “Otráfego tornou-se insuportá-vel. A avenida parece nãocomportar, além do grandenúmero de veículos, o signi-ficativo número de pe-destres”, salienta o encarrega-do da recepção Amarildo

Marques, 28 anos. Fun-cionário do edifício Acaiaca,considerado o primeiro arra-nha céu da capital, Amarildodestaca a necessidade delimpar os móveis diariamente,devido a poeira causada pelaelevada taxa de poluição doar. Isso, apesar de a avenidapossuir uma grade de limpezaespecial. São feitas quatro var-rições por dia e uma lavaçãopor semana. A coleta de lixo érealizada diariamente e oscanteiros são capinados cincovezes ao ano.

A violência é outro pontofrequentemente abordadopelos que ali residem ou tra-balham. “É difícil passar umdia sem presenciar assaltos ouroubos aqui. E eles geral-mente ocorrem com mu-lheres, já que são conside-radas mais indefesas. As víti-mas na maioria dos casosestão desatentas, falando aocelular”, declara o porteiro doedifício Camila Balbina deAraújo, Clemente Liberatos,de 64 anos.

Há 30 anos, carteiro percorrediariamente trajeto da avenida

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ALINE SCARPONI, 3° PERÍODO

Carteiro há 30 anos, JorgeMarques da Silva, 54 anos, é umdos quatro responsáveis por efetu-ar diariamente a distribuição de cor-respondências ao longo da AvenidaAfonso Pena. “Acompanhei asmudanças da avenida. Vi muitosprédios serem reformados, outrosconstruídos”, comenta.

De acordo com Jorge, quandoele começou a trabalhar na agência

dos Correios na Afonso Pena, aavenida ainda possuía casarões eárvores em seu entorno. Entretanto,com o passar do tempo, a cidadetoda se verticalizou e o volume detroca de informações e serviçosaumentou muito, o que contribuiupara que a quantidade de encomen-das a serem entregues, tambémaumentasse. Assim, a atividade dedistribuição de cartas teve queacompanhar o crescimento daavenida. “Antes o volume de serviçoera menor. Só se precisava de umcarteiro de cada lado da avenida.

Hoje em dia ela é dividida em qua-tro partes, logo são necessários qua-tro carteiros”, explica.

Na avenida que recebe seunome em homenagem ao ex-presi-dente Afonso Pena, são distribuídas12 mil correspondências diaria-mente, média de 4 mil entregas rea-lizada por cada carteiro. “O carteironão atravessa a avenida. Umcarteiro pega, por exemplo, um ladoda avenida desde a praça darodoviária e vai até o número 1.500,e o outro continua. Cada lado daavenida é dividido para dois

carteiros”, afirma Jorge.Para facilitar as entregas, cada

carteiro escolhe locais estratégicospara deixar caixas de correspondên-cias, que são distribuídas por carrosde apoio, logo de manhã. Dessamaneira, o carteiro não sai da agên-cia de correio com sua bolsa muitopesada, e vai ao longo de seu trajeto,repondo cartas a medida que passapor bancas, prédios e até mesmofrigoríficos que guardam as caixaslacradas. “Isso também evita que ocarteiro tenha que retornar à agênciaquando sua bolsa esvazia”, diz o

Jorge Marques da Silva afirma que acompanha o crescimento da avenida

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STEFÂNIA AKEL,3 PERÍODO

A polêmica mudança doTerminal Rodoviário Gover-nador Israel Pinheiro (Ter-gip), localizado no hiper-centro de Belo Horizonte,para o Bairro Calafate,Região Oeste da capital, con-tinua sem definição. Oprefeito Marcio Lacerda con-tratou a empresa de consulto-ria Macroplan ProspectivaEstratégica & Gestão Ltda,para, juntamente com aBHTrans, analisar a viabili-dade da manutenção do ter-minal, além de estudar osimpactos financeiros e estru-turais da transferência para oCalafate. A conclusão doestudo está prevista paramaio, quando o prefeito pre-tende reiniciar as discussõescom a população, incluindo aCâmara Municipal nosdebates. A prefeitura já con-sidera a hipótese de manter arodoviária onde está.

Em novembro passado, oprefeito Marcio Lacerda afir-mou ao MARCO que a trans-ferência seria amplamentediscutida com a população eas lideranças comunitárias.De acordo com ele, essapromessa ainda vale e serácumprida assim que o estudofor encerrado. “Vamos con-

Prefeitura proteme ouvir população antes de decidir sobre a Rodoviária de BH

versar com a populaçãodepois desse estudo para verse realmente terá um impactotão grande quanto elestemem no Calafate”, dizMarcio, em nova entrevistaao MARCO.

Segundo o prefeito, antesde conversar com a comu-nidade local é preciso ter emmãos “dados técnicos muitoconfiáveis” com relação aopossível impacto do trânsitona região. “Os estudos estãosendo refeitos para que, emprimeiro lugar, eu possa meconvencer de que não haveráesse impacto no trânsito que apopulação teme, para depois agente conversar”, observa.

OPÇÕES Mesmo se o estudo

concluir que a manutençãoda rodoviária na região cen-tral é inviável, a construçãodo prédio no Calafate não égarantida. Segundo Marcio, oestudo técnico em andamen-to vai indicar as principaisalternativas para o tema.

Outro local já consideradopela prefeitura é o limite dacapital com Contagem, mas oprefeito, em entrevista aoMARCO no mês de fevereiro,afirmou que não há chancedessa nova rodoviária serconstruída nesse local. “Istonão está em análise nomomento”, garante Marcio.

“É importante frisar que oprojeto de lei de transferênciada rodoviária do ex-prefeitoFernando Pimentel não indi-

Iniciativa do prefeito agrada lideranças

O adiamento da transferên-cia da rodoviária e a realizaçãode estudos técnicos para anali-sar os impactos de uma possí-vel mudança do terminal parao Calafate agradaram os líderescomunitários da Região Oesteda capital. “A nossa expectativasempre foi de que o MarcioLacerda fosse um prefeito maispopular, que escutasse a popu-lação. O ex-prefeito FernandoPimentel não abria diálogos,batia logo o martelo”, comparaGuilherme Neves, presidentedo SOS Bairros.

Ele acredita que o prefeitotambém deve fazer com que oterminal opere com 100% desua capacidade, o que não é ocaso do Tergip, que opera com70%. Guilherme lembra,ainda, que Marcio Lacerdanão deve deixar de atualizar,junto à população, o PlanoDiretor de Belo Horizonte,que atualmente se encontravencido, antes de iniciar umapossível transferência. A Leido Plano Diretor de Belo

Horizonte é formada atravésde consultas populares, respei-tando sempre os interessescoletivos, e vence a cada dezanos.

Ernani Ferreira Leandro,representante da Comissão deMoradores dos BairrosGameleira e Nova Suíça, tam-bém considera que o novoprefeito está no caminho cor-reto. “Ele está levando emconsideração o entendimentoda comunidade sobre o assun-to, o que é o mínimo que umrepresentante tem que fazer”,analisa.

Segundo ele, o posiciona-mento da comunidade contrao projeto da rodoviária noCalafate foi fundamental paraque a prefeitura considerassemelhor o que fazer. “A comu-nidade evitou um transtorno,uma idéia estapafúrdia. Oestudo que o Marcio Lacerdaencomendou à Macroplancom certeza indicará a imper-tinência da rodoviária noCalafate”, conclui.

PBH REAVALIA NOVA RODOVIÁRIAcava a mudança para oCalafate, somente definia oprocesso de licitação”, lem-bra Guilherme Neves, presi-dente do SOS Bairros, enti-dade representante dosmoradores dos Bairros Prado,Calafate, Gutierrez e Bar-roca.

Guilherme acredita que amanutenção da rodoviária nocentro é a melhor opção, masque são necessárias reformasnas vias ao redor do Tergippara a melhora do trânsito daregião. Segundo ele, amudança do terminal para oCalafate é inviável. “A regiãodo Tergip fica saturadasomente em feriados prolon-gados, como o Carnaval. Já otrânsito do Calafate é caóticonaturalmente”, argumenta.

Esse também é o pensa-mento de Ernani FerreiraLeandro, representante daComissão de Moradores dosBairros Gameleira e NovaSuiça. “Um trabalho deadaptação no centro pode sera solução para manter arodoviária onde está”, acredi-ta. De acordo com ele, se amudança for realmentenecessária, é preciso umamplo estudo que leve emconsideração o impacto deum terminal rodoviário emdiferentes regiões da capital.

carteiro. Segundo Jorge, as pessoasem geral são muito receptivas comos carteiros. “Por exemplo, no CaféNice sempre nos dão café 0800”,conta sorrindo, ao se referir a gratu-

idade do café oferecido por umatradicional cafeteria do centro dacidade, marcada por ser um lugar dediscussão da política mineira ebrasileira.

MAIARA MONTEIRO

MAIARA MONTEIRO

BARBARA DUTRA

MAIARA MONTEIRO

O prefeito Marcio Lacerda afirma que é preciso ter dados técnicos muito confiáveis para então se convencer que a trasferência do terminal rodoviário da capital é a solução mais viável

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16Viagem Março• 2009jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

CRISE ANTECIPA VOLTA DE ESTUDANTESAlunos universitários, que estavam em intercâmbio, se veêm obrigados a retornar mais cedo para casa devido a recessão e falta de empregos, causados pelos problemas econômicos mundiais

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CAMILA LAM,MARIANA ZANATTA,THIAGO TRISTÁO, 5º, 6º E 1º PERÍODOS

A crise econômica mundialnão atingiu apenas os investi-dores da bolsa de valores.Estudantes universitários queembarcaram para a América doNorte em busca de novas expe-riências sentiram na pele as con-sequências da recessão. Muitosdeles retornaram mais cedo aoBrasil. O estudante de Ciênciada Computação e DesignGráfico, Juarez Tanure, nãosabia o que estava por vir quan-do decidiu fazer intercâmbionos Estados Unidos pela segun-da vez. “Na temporada de inver-no de 2006/2007, eu fiz esteprograma em South LakeTahoe, Califórnia, e foi a melhorexperiência da minha vida.Tinha esperanças de que destavez fosse tão bom quanto daprimeira”, conta Juarez, queembarcou com a namorada em14 de dezembro de 2008 comdestino a Breckenridge, Co-lorado.

Juarez teve que retornar aoBrasil um mês antes do planeja-do devido às consequências dacrise econômica na cidade emque morava, cuja economia erabaseada nas temporadas deinverno. O estudante foi pormeio de um programa de traba-

lho remunerado (Work &Travel) e demorou em torno deum mês para começar a traba-lhar. Em três semanas ele somouapenas 35 horas trabalhadas.“Para mim não compensavacontinuar perdendo aula deduas faculdades para trabalhartão pouco e, consequentemente,não ganhar o suficiente para mesustentar”, lamenta.

Segundo ele, as agências comas quais tinha contrato (umabrasileira e uma estado-unidense) não deram o suporteprometido e não puderamgarantir um aumento de horasde trabalho. O contrato do estu-dante com a agência garantia adocumentação para o visto des-tinado a estudantes partici-pantes de programas de trabalhoremunerado; um emprego nosEstados Unidos com média de35 horas semanais; e assistênciaao intercambista durante todo oprograma.

Aluízio Quintão, diretor exe-cutivo da agência que foi respon-sável pela viagem de Juarez, expli-ca que inglês e dinheiro são con-sequências do trabalho no exteri-or e que cada intercambistavivencia uma experiência dife-rente. “O problema é que osamericanos estão viajandomenos, e isso afeta diretamentenas horas de trabalho”, completa.

A recessão da economia atra-palhou os planos de mais de 200

brasileiros que estavam noSummit County, (condado for-mado pelas cidadesBreckenridge, Silverthorne,Keystone e Frisco), segundo ojornal local, Summit DailyNews. “Nós demoramos muitopara receber a oferta de trabalhoe quando chegamos lá ficamossabendo que existiam centenasde brasileiros a procura deemprego no condado”, relataJuarez.

SEM EMPREGO O estudantecarioca, Eduardo Neves dePinho, de 22 anos, também nãoteve sucesso em sua viagem.“Minha maior dificuldade foiconseguir um emprego. Nestesentido a minha experiência foinula”, conta Eduardo, que tinhaum contrato diferente com suaagência. Ele foi para os EstadosUnidos sem um emprego garan-tido, o que é conhecido como“self placement”. Neste caso, osestudantes devem encontrar umemprego por conta própria emum mês com possibilidade deextensão por mais 15 dias.“Apesar de ter ficado poucotempo, a experiência foi válidapor ter conseguido melhorarmeu inglês e, principalmente,pelos amigos que fiz lá”, analisaEduardo. “Me senti totalmenteperdido e confuso nos EstadosUnidos em recessão”, acrescenta.

André Justo Stivanin mora

em São Paulo e é estudante deadministração, e em vez de trêsmeses que tinha planejado, ficouapenas um nos Estados Unidos.Inicialmente, ele ficou somentedurante uma semana na regiãode Aspen, no Colorado e sentiuque a oferta de trabalho não iriaatender a demanda debrasileiros, argentinos e chilenosque estavam por lá. Como aregião tem como base o turismo,ele preferiu não perder tempo epartiu para San Diego, naCalifórnia. “Alguns dos meusamigos insistiram, e a grandemaioria, ficou mais de um mêssem trabalho. Outros só foramconseguir mais tarde ouvoltaram para o Brasil semnada”, explica. Depois de procu-rar bastante, André conseguiudois empregos, um fantasiado deestátua da liberdade para umaempresa de serviços financeirose outro de assistente em umrestaurante chinês. A média dehoras trabalhadas foi baixa, 20horas somente. “Falando comum pessoal que já tinha ido emoutros anos, deu pra ver que,sem dúvida, não foi o melhorano pra se fazer esse programa”,afirma.

PROCURA Isabel Franco é ge-rente de uma agência de redenacional de viagens e relata queapesar da crise, por enquanto, aspessoas ainda estão fazendo

Intercâmbio auxilia jovens a vivenciar a independênciaDe acordo com a psicólo-

ga Sônia Maria de AraújoCouto, o intercâmbio é omomento do adolescentelidar com suas experiênciassem intervenção dos pais,tanto no sentido financeiroquanto em relação ao auto-conhecimento. Para ela,jovens com 17 e 18 anos car-regam um desejo de setornarem adultos, e muitasvezes para se tornar adulto, épreciso estar fora de casa.“Desde a infância eles con-vivem com a idéia de que sãodependentes dos pais, não sófinanceiramente, mas tam-bém emocionalmente”,explica. Para adquirir essaautonomia e liberdade, elesquerem sair de casa e vêemno intercâmbio uma oportu-nidade de conseguir isso.

Ficar longe dos pais podeser uma tarefa difícil. Alémda falta emocional, outroproblema pode prejudicar aviagem. “Muitas vezes ojovem não se dá conta deque vai pra fora, mas levaconsigo as dificuldades. Elenão deixa as dificuldadescom os pais”. Mas se afastarde casa também tem seuspontos positivos, e não sãopoucos. “Na infância, todoconhecimento que a criançatem dela mesma é baseadonos pais. A criança é o que opai vê. A adolescência é o

momento de deixar de lado aopinião dos pais e procurarencontrar pelas suas própriasexperiências o que ele é defato. O jovem vai descobrir seé ou não capaz de fazer tudosozinho, e mais, vai sedeparar com os próprios li-mites. Ele, com certeza, teráum impacto com a liberdade,o que vai fazer com que ele setorne uma pessoa maisautônoma e madura”.

Pedro Britto, de 17 anos,está há quase um mês em

Vancouver, no Canadá, umdos destinos mais procuradospor brasileiros. Para ele sairdo país é uma grande expe-riência de vida, e acreditaque conviver com diferentesculturas, além de ser muitointeressante, pode ser desafi-ador. “O primeiro impactoque tive foi a diferença dopovo canadense com osbrasileiros, o que é bempercebível”, revela. Muitosjovens ao se afastarem decasa descobrem que a vida

que tinham era bem menoscomplicada”, diz. Esse é olado ruim do intercâmbio.Algumas horas você se sentesozinho, e ficar longe dequem você gosta é difícil.Mas acredito que seja essen-cial pra mim e pra minhavida profissional esse curso,pois além de estar conhecen-do lugares novos estou apren-dendo não só inglês, mastambém a me relacionar compessoas completamentediferentes”, diz Pedro.

O estudante Juarez Tanure em frente a sua casa em Silverthone

orçamentos em busca de novasexperiências no exterior. “Osmeses de dezembro e janeiro sãoperíodos de baixa temporadapara o nosso mercado de turis-mo educacional. Nestes meses, aqueda pela procura de programasde intercâmbio e viagens no exte-

rior já é reduzido. Não podemosafirmar que foi devido somente aoaumento do dólar. O que possodizer é que já no mês de fevereiro omovimento das lojas iniciou aretomada da alta temporada devendas, como normalmente acon-tece todos os anos. ”, explica.

Histórico da crise econômica que atinge o mundo Em 2005, os Estados Unidos viveram um

“boom” do mercado imobiliário. Com isso,pessoas de renda considerada baixa para estetipo de investimento começaram a comprarimóveis. Entretanto, nem todos conseguiramarcar com suas despesas, o que faz o mercadoter medo de emprestar dinheiro a estespequenos investidores ou comprar seus títulosde alto risco, os chamados “subprime”. O

receio do mercado gerou uma crise de li-quidez, o que nada mais é que a retenção decrédito.

Em setembro de 2008, o banco BNPParibas Investment Partners congelou cerca dedois bilhões de euros dos seus fundos, fato jus-tificado com suas preocupações com o créditodestinado ao “subprime” nos Estados Unidos.Logo após esta medida, o mercado imobiliário

começou a sofrer as conseqüências do pânicogerado com a contração.

As duas maiores empresas hipotecáriasamericanas, a Fannie Mae e a Freddie Mac,são as vítimas mais recentes da crise e anun-ciaram perdas e prejuízos bilionários. A falên-cia de qualquer uma delas provocaria umaenorme turbulência no sistema financeiroestadounidense e no restante do mundo por

serem detentoras de quase a metade dos US$12 trilhões em empréstimos para habitaçãonos Estados Unidos. Foi anunciada uma ajudade até US$ 200 bilhões para estas duasempresas. O banco de investimentos LehmanBrothers não teve tanta sorte. Sua concordatafoi anunciada em setembro de 2008 após ten-tativas frustradas de vender parte das ações daempresa.

Atividade queatrai todas as idades

O casal Wilson deCastro Júnior, 50 anos, eMaria Lúcia Missagia deMattos Castro, 44 anos,não viajaram para Torontoa procura de independên-cia e autoconhecimento.Eles estão há duas se-manas fora do país paraestudar inglês em umaescola que recebe estu-dantes do mundo inteiro.Wilson é procurador fe-deral e no seu trabalhoprecisa lidar com con-tratos e documentos eminglês, e apesar de ter umconhecimento básico dalíngua, faltava a fluência.“Tenho tradutores e intér-pretes para me ajudar, masnão me queria contentarcom isso”, resume.

Eles alugaram umapartamento, pois não sesentiram à vontade com apossibilidade de morar emuma casa de família, comoé comum nos programas

de intercâmbio. E alémdos estudos na escola,todas as atividades diáriasestão ajudando o casal apegar fluência na língua,apesar do começo ser bemdifícil. “Aos poucos vocêvai se soltando e para deimportar se você estáfalando errado”, dizMaria Lúcia.

Ela revela que nocomeço sentiu insegura deacompanhar o marido edeixar suas duas filhas e aneta em Brasília. Ela contaque achou o desafio de irpara um lugar em queteria que falar inglês nahora de fazer compras epedir informações, belíssi-mo. “A experiência estásendo maravilhosa, estouconvivendo muito compessoas da idade das(minhas) meninas e issotambém esta me ajudandoa entendê-las melhor”,destaca.

A psicóloga Sônia Maria de Araújo comenta que o intercâmbio favorece o processo de autoconhecimento dos jovens

MARIANA ZANATTA

BARBARA DUTRA