jornal da sbhci - ed. 46 - 2/2012

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Alexandre Padilha, ministro da Saúde, recebe diretoria da SBHCI Alexandre Padilha, ministro da Saúde, recebe diretoria da SBHCI Ano XV | n o 2 | #46 abril, maio e junho de 2012 Publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista E mais: A visão do estagiário | EuroPCR 2012 | CFM e a nova resolução Da esquerda para a direita, Pedro Lemos (SP), diretor administrativo da SBHCI; André Spadaro (SP), coordenador da CENIC; Alexandre Padilha (DF), ministro da Saúde; Marcelo Queiroga (PB), presidente da SBHCI; Hugo Motta (PB), deputado federal.

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Publicação institucional trimestral da Sociedade Brasileira de Cardiologia Intervencionista - SBHCI. Edição 46, 2/2012 - www.sbhci.org.br

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Page 1: Jornal da SBHCI - ed. 46 - 2/2012

Alexandre Padilha, ministro da Saúde,

recebe diretoria da SBHCI

Alexandre Padilha, ministro da Saúde,

recebe diretoria da SBHCI

Ano XV | no 2 | #46abril, maio e junho de 2012

Publicação trimestral da Sociedade Brasileirade Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista

E mais: A visão do estagiário | EuroPCR 2012 | CFM e a nova resolução

Da esquerda para a direita, Pedro Lemos (SP), diretor administrativo da SBHCI; André Spadaro (SP), coordenador da CENIC; Alexandre Padilha (DF), ministro da Saúde; Marcelo Queiroga (PB), presidente da SBHCI; Hugo Motta (PB), deputado federal.

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PAlAvrA do PreSIdente

Já percorremos ¼ de nossa gestão. Foram seis meses de atuação quase que exclu-siva nos bastidores de nossa Sociedade,

traçando projetos, desenvolvendo ações e cumprindo agenda de contatos nacionais e internacionais. Permanecemos trabalhan-do insistente e persistentemente focados em todos os propósitos que nos levaram à presidência da Sociedade Brasileira de He-modinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI). O Planejamento Estratégico con-tinua em pleno desenvolvimento, apresen-tando os caminhos que iremos percorrer nos próximos meses e anos em busca da internacionalização, profissionalização de gestão e qualificação dos conteúdos ine-rentes à nossa área de atuação, desde a formação profissional dos futuros hemodi-namicistas até a gestão administrativa dos serviços que dirigimos e onde atuamos, instituições privadas ou públicas.

E é do âmbito público e governamental que vem a notícia mais importante deste primeiro semestre. A diretoria da SBHCI, representada por mim, pelo diretor ad-ministrativo Pedro Lemos (SP) e André Spadaro (SP), coordenador do Registro Central Nacional de Intervenções Car-diovasculares (CENIC), esteve em audi-ência com o ministro da Saúde Alexan-dre Padilha. Entre diversas demandas, a missão deste grupo foi apresentar ao mi-nistro o novo formulário eletrônico para remessa de dados referentes às interven-ções coronárias percutâneas realizadas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) ao Ministério da Saúde. Esta nova ferramenta propiciará agilidade na re-messa e rastreabilidade dos dados das in-tervenções coronárias percutâneas. Ima-gine que todos poderão acessar o sistema não só de computadores, mas também de

tablets e smartphones. Mais do que rele-vante, foi uma audiência de importância histórica e política, colocando nossa So-ciedade em destaque junto às mais altas instâncias da saúde pública nacional. Os detalhes dos projetos apresentados e desta reunião estão descritos na página 8 desta edição.

Fora do âmbito político, mantivemos nossas ações focadas no relacionamento com profissionais de outras especialidades e áreas de atuação e na defesa da prática médica e do desenvolvimento de novas tecnologias. É um trabalho que vem sendo desenvolvido por nossa Sociedade há pelo menos quatro anos e tem apresentado fru-tos interessantes de médio e longo prazos. É o caso de nossa presença na cobertura do American College of Cardiology (ACC) e do EuroPCR, e a parceria com o The So-ciety for Cardiac Angiography and Inter-ventions (SCAI) durante o GI² – Global Summit on Innovations in Interventions.

Estas ações foram realizadas enquanto preparávamos, junto à equipe adminis-trativa e à diretoria científica, o XXXIV Congresso da SBHCI. Dedicamos um auditório do nosso congresso para aulas voltadas ao cardiologista clínico, ofere-cendo conteúdo de atualização científica que promoverá a aproximação destes co-legas do universo da hemodinâmica, sem perder de vista que os maiores benefici-ários destas ações são, única e exclusiva-mente, os pacientes.

Marcelo Queiroga

Presidente

Caros colegas,

Mais do que relevante, foi uma audiência de importância histórica e política, colocando nossa Sociedade em destaque junto às mais altas instâncias da saúde pública nacional.

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Conselho editorial | SBHCI | www.sbhci.org.brMarcelo Queiroga (PB) | presidentePedro Alves Lemos Neto (SP) | diretor administrativoJosé Ary Boechat (RJ) | diretor de comunicação Luciana Constant Daher (GO) | editora Cesar Medeiros (RJ) e Breno Oliveira (SP) | coeditores

Equipe técnica | take-a-coffee ComunicaçãoJornalista responsável | André Ciasca, mtb 31.963, [email protected] | Carla Ciasca, [email protected]ão | Christina G. DomeneTradução | Ruth GialuccaProjeto gráfico e direção de arte | Vagner SimonettiFotografia e tratamento de imagens | Gis Ciasca | www.gisciasca.com.brImpressão | xxxxxxx | www.xxxxxx.com.brTiragem | 2.000 exemplares Circulação | em todo o território nacional

Jornal da SBHCI é uma publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista – SBHCI. Os textos assina dos são de responsabilidade exclusiva de seus autores ou fontes consultadas e não refletem neces sariamente a opinião da SBHCI.

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fone: (11) [email protected] skype: take.a.coffeetwitter: @take_a_coffee

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rePÓrter InternACIonAl | ACC 2012

Inovação em busca do tratamento idealEquipe da SBHCI promoveu a cobertura ao vivo do Annual Scientific Sessions do American College of Cardiology

rePÓrter InternACIonAl | eUroPCr 2012

Um olhar para o futuro da cardiologiaConheça os principais destaques do conteúdo científico apresentado no congresso europeu

AtUAlIZAÇÃo CIentÍFICA

EXCELLA BD Trial: novolimus vs. zotarolimusAlexandre Abizaid (SP) responde perguntas sobre o estado atual dos stents bioabsorvíveis

CAPACItAÇÃo ProFISSIonAl

A visão do estagiário de HCIA pesquisa científica sob o foco de quem passou meses estagiando em instituições estrangeiras mundialmente reconhecidas

JoGo rÁPIdo | leSlIe de AlBUQUerQUe AloAn

Escrevendo a sua históriaSócio-fundador da SBHCI responde 14 perguntas durante um bate-papo descontraído

AGendA

Nacional e internacionalPrograme-se e participe dos congressos, cursos e eventos científicos

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InternAS

Notas e notícias da SBHCIPlanejamento estratégico | SCAI 2012 Scientific Sessions | SCAI Fall Fellows Course | Eleição no CFM | Ponte aérea

CAPA

Audiência com o ministroAlexandre Padilha, ministro da Saúde, recebeu a diretoria da SBHCI em Brasilía

CFM

Novas regras para novos procedimentosConselheira do Conselho Federal de Medicina afirma que as sociedades científicas são essenciais no fornecimento de subsídios técnicos que permitam a análise dos procedimentos

GI2

O futuro da cardiologia intervencionistaEm parceria com SCAI, SBHCI promoveu sessão concorrida durante o GI2 2012

entrevIStA | GUIlHerMe SIlvA

Células-tronco na cardiologiaGuilherme Silva é um dos brasileiros do Centro de Células-Tronco do Instituto do Coração do Texas, nos Estados Unidos

entrevIStA | rAUl Moreno

Plataforma bioabsorvívelConversa exclusiva com diretor do serviço de cardiologia intervencionista do Hospital Universitário La Paz, em Madri, na Espanha.

ÍndICe

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O processo de criação da nova logomarca da SBHCI envolveu um amplo estudo sobre as logomarcas da mesma área de atuação e de outras que relacionam algum elemento que remete ao coração. Outro levantamento feito foi o de rastrear o público e suas características para o qual a logomarca se direciona e algumas particularidades comuns que pudessem ser representadas

O novo logo da SBHCI passa a representar a instituição a partir do congresso da SBHCI de 2012.

A evolução da marca representa, com traços mais leves que o antigo, diversos elementos que envolvem o comprometimento da instituição com a cardiologia, sua especificidade e o público ao qual é direcionado. As cores que remetem à bandeira brasileira, o coração ao qual se pode associar um “stent” implantado e a possibilidade de modificação do logo sem a perda de identidade da logomarca, garantem ao novo modelo uma memorização fácil, duradoura e marcante pelo seu significado.

A SBHCI MUDA DE LOGO

Um coração Um cateter Um stentimplantado

Um procedimento Umimplan

Abrindo caminho para a vida

O PROCESSO

desde 1975

nela, criando assim uma identidade expressiva. De posse dessas informações, foi possível criar uma imagem que reune não somente o nome da sociedade e sua sigla com traços leves que simbolizam o propósito de uma sociedade, como também, vários elementos de fácil associação à sua área de atuação, país e público.

MISSÃO VISÃO VALORESDesenvolver a cardiologia intervencionista, certificar a atuação profissional e representar os associados com qualidade, eficiência e alto valor agregado em prol da comunidade.

Ser reconhecida internacionalmente como referência no âmbito de sociedades de intervenções cardiovasculares.

ÉticaCompetência técnica e científicaCapacidade resolutivaValorização profissionalResponsabilidade socioambientalComprometimentoSustentabilidadeInovação tecnológica

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InternAS | notAS e notÍCIAS dA SBHCI

no últIMo SeMeStre de 2011, as duas diretorias presididas, respectivamente, por Maurício Rezende de Barbosa (MG) e Marcelo Queiroga (PB) trabalharam em união na formatação do Planejamento Estratégico da SBHCI.

Esta foi uma ação que mostrou maturidade e profissionalismo de nossa Sociedade na busca pela continuidade e aperfeiçoamento dos bons projetos e criação de novas frentes de trabalho, tendo como objetivo principal o nosso fortalecimento como área de atuação na medicina cardiovascular.

Partimos de um questionário encaminhado a 50 membros da SBHCI que foram muito atuantes nas últimas gestões, com questões sobre mercado da saúde e as influências que poderiam exercer em nossa Sociedade, além de refletirmos sobre nossos pontos fortes e nossas fraquezas.

A experiência de uma diretoria em final de gestão, aliada à vontade renovada de outra, prestes a iniciar sua jornada, orientadas pela experiência já adquirida, fez com que as ideias fluíssem e criássemos nossa base estratégica, com nossa Missão (motivo pelo qual existimos), nossos principais Valores (características que determinam nossa forma de ser) e nossa Visão (onde queremos chegar).

MISSãO: “Desenvolver a cardiologia intervencionista, certificar a atuação profissional e representar os associados com qualidade, eficiência e alto valor agregado em prol da comunidade.” Ela traduz o coração de nossa Sociedade que deve estar voltada para a certificação e representação dos profissionais que trabalharão para melhorar a qualidade de vida da Comunidade.

VALORES: “Competência Técnica e Científica, Capacidade Resolutiva, Valorização Profissional, Responsabilidade Socioambiental, Comprometimento, Sustentabilidade e Inovação Tecnológica.” Embora sejam valores que pareçam básicos e normais, continuam refletindo a preocupação constante de nossa Sociedade em atendermos a comunidade dentro dos princípios éticos, com ampla capacidade técnica e resolutiva, inovando a terapêutica, mas nunca esquecendo do meio ambiente em que estamos inseridos e todas suas formas de preservação, para atuar em prol da qualidade de vida dos pacientes e dos profissionais de saúde.

VISãO: “Ser reconhecida internacionalmente como referência no âmbito de Sociedade de Intervenções Cardiovasculares.” Esta é uma meta ambiciosa, mas amplamente atingível, pois, hoje, nossos membros são atuantes no cenário internacional das intervenções cardiovasculares, restando-nos, apenas, o reconhecimento da SBHCI como referência societária fora de nossas fronteiras.

Com estes pontos definidos, mais algumas reuniões foram realizadas e criados objetivos que orientarão os caminhos que serão seguidos nos próximos dois anos. Objetivos estes definidos nos âmbitos do Desenvolvimento Humano e Tecnológico (ações de capacitação e certificação), dos Processos Internos (melhorando a forma de trabalhar da Sociedade), do Mercado (agindo na atuação do profissional da área, reconhecimento da tecnologia e buscando uma remuneração justa) e da Sustentabilidade Financeira de nossa Sociedade, para que seu trabalho seja perene para nós e o futuro que nos espera.

Caminhos a serem seguidos

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

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InternAS | notAS e notÍCIAS dA SBHCI

o SCAI 2012 Scientific Sessions comemorou 35 anos de dedicação ao “Melhor do Melhor em Educação da Cardiologia Intervencionista e Invasiva”. Realizado entre os dias 9 e 12 de maio, em Las Vegas (Estados Unidos), o congresso deu ênfase à interatividade baseada em casos, divididos nas categorias: multidisciplinares, coronária, periférica, estruturais e congênitas.Nas sessões de pôsteres apresentados, o único trabalho brasileiro presente no evento americano era de autoria de Marcelo Cantarelli (SP) e Hélio Castello (SP), entre outros colegas, sobre os resultados de um estudo realizado no Instituto de Ensino e Pesquisa do Grupo Saúde Bandeirantes.

Sob o título “Impacto da Obesidade nos Resultados Hospitalares da Intervenção Coronária Percutânea”, o estudou avaliou se pacientes obesos poderiam apresentar melhor evolução pós-intervenção coronária percutânea (ICP) quando comparados àqueles com índice de massa corporal (IMC) normal. De acordo com as evidências, em pacientes portadores de doença arterial coronária e submetidos a ICP, o IMC> 30 kg/m² não influenciou o risco de eventos clínicos hospitalares relacionados ao procedimento.Os detalhes dos métodos e resultados do estudo foram publicados na edição de dezembro (vol. 19, nº 4) da revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (rBCI).

SCAI 2012 SCIENTIFIC SESSIONS

Representando o Brasil

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A SBHCI envIoU, em parceria com a SCAI, dois residentes dos Centros de Treinamento credenciados para participar do curso 2011 SCAI Fall Fellows, em Las Vegas (Estados Unidos). Fique atento ao Portal da SBHCI para saber como concorrer. Você pode ser o próximo:

“O curso da SCAI Fall Fellows foi excelente, uma organização impecável, com aulas ministradas por grandes nomes da Cardiologia Intervencionista americana e temas em diversas áreas. Ficou claro que nós brasileiros estamos caminhando na vanguarda das inovações tecnológicas, pelo menos quanto à produção científica e à boa prática médica.” Ederlon Nogueira

“O curso da SCAI foi excelente, a programação foi bem ampla, com muitos palestrantes renomados da cardiologia intervencionista, temas importantes e atuais, muita discussão de casos clínicos e ainda tivemos a oportunidade de conversar com pessoas de diversos Serviços”. Luciano Santos

SCAI FALL FELLOWS COURSE

Você em Las Vegas

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Publicação Oficial da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista • ANO 19 - Nº 4 - VOL. 19 - DEZEMBRO 2011

ISSN

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www.rbci.org.br

REVISTA BRASILEIRA DE

EditoraÁurea Jacob ChavesEditores AssociadosAlexandre AbizaidCarlos Augusto Cardoso PedraRogério Sarmento-LeiteCoeditoresCarlos A. H. de Magalhães CamposCristiano de Oliveira CardosoDaniel ChamiéJ. Ribamar Costa Jr.

Registro BRAVO: desempenho dostent Xience em lesões complexas

Implante valvar aórtico percutâneosem pré-dilatação

Registro Madre Teresa:ICP eletiva pós-fibrinólise

Estudo PAX-A: comparação do stent eluidorde paclitaxel com e sem polímero

Registro Incor: balão intra-aórticona ICP de alto risco

Resultados da ICP em octagenários

Registro do Hospital Bandeirantes:Impacto da obesidade na ICP

Desempenho do Stent FirebirdTM

em diabéticos com doença de multiarterial

Resultados da ICP no Hospital Vera Cruz

Retirada de introdutor arterialguiada pelo TCA

Tratamento da estenose e daatresia pulmonar em neonatos

Uso da prótese ADO II emcardiopatias congênitas e estruturais

À esquerda, persistência do canal arterial do tipo E. À direita, angiografia apósliberação da prótese Amplatzer Duct Occluder II (ADO II) por via anterógrada,demonstrando artéria pulmonar livre de obstruções.

À esquerda, aneurisma roto do seio de Valsalva direito comunicando a raiz daaorta ao ventrículo direito. À direita, ADO II bem posicionada após implante porvia retrógada, sem fluxo residual.

À esquerda, comunicação interventricular muscular médio-trabecular. À direita,implante por via anterógrada, com mínimo fluxo residual, imediatamente apósa liberação da ADO II.

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ELEIÇãO NO CFM

o PlenÁrIo do Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou por unanimidade, em março, a recondução da atual diretoria da entidade, que tomou posse em abril. Na oportunidade, os conselheiros também concordaram com a permanência dos atuais membros da Comissão de Tomada de Contas em suas funções.A votação nominal confirmou os bons resultados alcançados pelo CFM – a partir da condução da atual diretoria – ao longo dos primeiros 30 meses da gestão, que se iniciou em outubro de 2009 e se encerrará em setembro de 2014. “Estamos no caminho certo. Contudo, queremos avançar mais e deixar como legado para os médicos brasileiros as bases para a real valorização da medicina”, ressaltou o presidente do CFM, Roberto Luiz d’Avila. Neste período, o Conselho Federal de Medicina atuou nos campos da defesa da ética e do exercício profissional de qualidade.

Composição da diretoria do CFM (2012 – 2014)Presidente: Roberto Luiz d’Avila (SC)1º vice-presidente: Carlos Vital Tavares Correia Lima (PE)2º vice-presidente: Aloísio Tibiriça Miranda (RJ)3º vice-presidente: Emmanuel Fortes Silveira Cavalcanti (AL)Secretário-geral: Henrique Baptista e Silva (SE)1º secretário: Desiré Carlos Callegari (SP)2º secretário: Gerson Zafalon Martins (PR)Tesoureiro: José Hiran da Silva Gallo (RO)2º tesoureiro: Frederico Henrique de Melo (TO)Corregedor: José Fernando Maia Vinagre (MT)Corregedor-adjunto: José Albertino Souza (CE)

Comissão de tomada de ContasJúlio Rufino Torres (AM)Luiz Nódgi Nogueira Filho (PI)Renato Moreira Fonsea (AC)

Diretoria reeleitaPlanalto CentralNa audiência da diretoria da SBHCI

com o ministro da Saúde Alexandre Padilha, em abril, foi discutida a incorporação de tecnologias no Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o presidente Marcelo Queiroga (PB), a SBHCI já havia submetido à Comissão de Incorporação de Tecnologias propostas para incorporação dos stents farmacológicos, dispositivos oclusores de defeitos septais (CIA e CIV), cujos pleitos foram devolvidos. O ministro sugeriu que fosse efetivada uma nova submissão com base nos novos critérios da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia (Conitec).

IntercâmbioA SBHCI foi representada pelo seu

presidente, Marcelo Queiroga (PB), durante a realização do 39º Congresso Brasileiro de Cirurgia Cardiovascular, entre os dias 12 e 14 de abril, em Maceió (AL). Sua participação reforça a política de interatividade entre as sociedades de cardiologia do País no desenvolvimento de um programa de atenção aos portadores de cardiopatias congênitas.

Câmara TécnicaO diretor de Qualidade Profissional

da SBHCI, Hélio Castello (SP), participou da reunião da Câmara Técnica de Implantes da Associação Médica Brasileira (AMB), em março, em São Paulo (SP), quando foram discutidas ética e qualidade das próteses.

PONTE AÉREA

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CAPA

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Em abril deste ano, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recebeu a diretoria da SBHCI, representada por Marcelo Queiroga (PB), presidente, Pedro Lemos (SP), diretor administrativo, e André Spadaro (SP), coordenador da Central Nacional de Intervenções Cardiovasculares (CENIC), em uma audiência oficial. O encontro é resultado dos constantes esforços para viabilizar os projetos propostos pela SBHCI em prol da expansão e consolidação de nossa área de atuação. Na ocasião da visita, foi apresentado o novo formulário eletrônico, desenvolvido pela SBHCI, para

Audiência com o ministro

Por Marcelo Queiroga (PB), presidente, eAndré Spadaro (SP), coordenador da Central Nacional de Intervenções Cardiovasculares (CENIC)

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““Este projeto marcará um novo momento na cardiologia intervencionista nacional.

Hélio Castello, diretor de qualidade profissional

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Este ano, o Registro CENIC (Central Nacional de Intervenções Cardiovasculares) da SBHCI completa 21 anos de existência, desde sua idealização em 1991. No ano seguinte, iniciaram-se

as coletas de dados e, em 1994, foi publicado o primeiro de inúmeros e relevantes relatos a partir dos dados fornecidos espontaneamente com o esforço dos associados de nossa Sociedade.

Ao atingir a maioridade, no entanto, o registro atravessa um de seus períodos mais delicados, com queda expressiva do número de notificações (veja gráfico na página 10) e da qualidade das in-formações prestadas, além de outras deficiências já reconhecidas e amplamente debatidas: relato facultativo; ausência de adjudica-ção independente; período curto de seguimento (fase hospitalar).

A atual diretoria da SBHCI, ao reconhecer este quadro, assu-miu como uma de suas maiores prioridades o resgate da CENIC, tarefa árdua e complexa. A estrutura está sendo reformulada, e uma série de medidas será implementada em etapas distintas.

Recentemente, fomos cordialmente recebidos pelo ministro da Saúde Alexandre Padilha para tratar, entre outros assuntos de interesse de nossa Sociedade, da renovação da portaria SAS/MS n° 726 de 6 de dezembro de 1999, que delega à SBHCI a prerro-gativa de gerir banco de dados de todos os implantes de stents no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), com caráter com-

remessa ao Ministério da Saúde dos dados referentes às Intervenções Coronárias Percutâneas com Stent realizadas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). O novo formulário eletrônico vai propiciar agilidade na remessa dos dados das angioplastias coronárias, constituindo importante ferramenta de auditoria e rastreabilidade, além de um banco de dados consistente e validado. O ministro Alexandre Padilha se comprometeu a reformular a portaria vigente e adotar o novo formulário eletrônico.

““Acreditamos que a nova portaria possa ser assinada pelo ministro da Saúde no segundo semestre deste ano.

André Spadaro coordenador da CENIC

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CAPA

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pulsório. Na ocasião, apresentamos a ferramenta de coleta ele-trônica de dados testada no Registro ICP-Br (sistema integra-do de Dados de Intervenção Coronária Percutânea no Brasil), conduzido em centros de excelência nacionais, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnoló-gico (CNPq), que foi recebida com entusiasmo pela equipe mi-nisterial. Foi discutida a substituição do formulário impresso original em cinco vias, defasado e incompatível com as práticas atuais da ICP, mas ainda amplamente utilizado no País, por esta moderna versão eletrônica. Acreditamos que esta nova portaria possa ser assinada no segundo semestre deste ano.

Adicionalmente, assim que implantada, a nova ferramen-ta, atualmente apenas compatível com Windows e Internet Explorer, será disponibilizada em linguagem JAVA, acessível em diferentes sistemas operacionais (Mac, Linux) e navega-dores (Google Chrome, Firefox, Safari, Opera). Esta evolu-ção permitirá também a alimentação dos dados por meio de tablets e smartphones (iOS, Android) ainda na sala de hemo-dinâmica ou à beira do leito, acrescentando agilidade e mo-bilidade ao processo. Inicialmente, o acesso a esses dispositi-vos será feito por meio do navegador de Internet e, em 2013, está previsto o lançamento de aplicativos (apps) dedicados, que poderão ser adquiridos na Apple Store e Google Market, o que alinhará o nosso registro com o que há de mais atual em termos de tecnologia.

A seguir, os esforços serão concentrados na viabilização de um formato que possibilite a adjudicação de dados por amos-tragem, com o auxílio de colaboradores, envolvendo os centros formadores e, eventualmente, por meio da contratação de em-presas independentes. Finalmente, é imperativo obter infor-mações de seguimento tardio dos pacientes, o que demanda-rá enorme esforço de centros comprometidos por todo o País.

““A estrutura da CENIC

está sendo reformulada e uma série de medidas será implementada em etapas distintas.

André Spadaro coordenador da CENIC

Nesse sentido, ainda, estamos estudando a viabilidade de par-cerias com institutos de pesquisa reconhecidos, com aplicação de metodologia baseada nas utilizadas em pesquisas eleitorais, para que possamos coletar dados de longo prazo em amostras de pacientes que representem a prática da cardiologia interven-cionista atual realizada por hospitais públicos, privados e mis-tos espalhados por todas as regiões do território nacional.

Gostaria de parabenizar a todos os colegas que se dedicaram ao Registro CENIC ao longo de seus 21 anos de história. Con-tamos com o apoio e sugestões de todos os sócios da SBHCI para que possamos fortalecer ainda mais nosso registro e nossa posição de destaque na cardiologia brasileira. ■

CoMPArAtIvo dA CAPtAÇÃo de dAdoS: CenIC vs. dAtASUS

Os números informados pelo DataSUS representam em torno de 60% do total de angioplastias realizadas a cada ano no Brasil. Em 2011, estima-se que em torno de 100 mil intervenções coronárias percutâneas tenham sido realizadas no País.

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CFM

Em fevereiro deste ano, o Conselho Federal de Medicina (CFM) elaborou uma legislação a respeito dos critérios de protocolo e avaliação para o reconhecimento de novos

procedimentos e terapias médicas no Brasil. Trata-se da Reso-lução 1.982/2012, que determina que todos os procedimentos médicos inéditos, experimentais ou considerados novos de-vem ser reconhecidos pelo CFM. De acordo com o documento, o Conselho passará a avaliar e aprovar a capacitação técnica necessária do médico que realiza novos procedimentos, bem como as condições hospitalares adequadas para sua ocorrência.

De acordo com o CFM, os novos procedimentos e terapias na medicina necessitam ser submetidos a uma avaliação quanto à segurança, conveniência e benefício aos pacientes, antes da sua utilização de forma usual, por isso a necessidade de uniformizar e estabelecer os critérios de análise e aprovação destes novos procedimentos médicos no Brasil.

A conselheira Cacilda Pedrosa de Oliveira, membro da Co-missão do Conselho Federal de Medicina, que elaborou a Reso-lução 1.982/2012, concedeu uma entrevista ao Jornal da SBHCI sobre o assunto e o papel das sociedades científicas e da indús-tria de produtos médicos neste contexto.

Conselheira do CFM afirma que as sociedades científicas são essenciais no fornecimento de subsídios técnicos que permitam uma análise científica dos procedimentos

Por Marcelo Queiroga (PB), presidente

Novas regras para novos procedimentos

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Em nome do Conselho Federal de Medicina (CFM), Cacilda Pedrosa de Oliveira responde questões envolvendo as sociedades científicas, a indústria de produtos médicos e novos procedimentos.

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“Quais os motivos que levaram o CFM a editar uma Resolução normatizando a realização dos novos procedimentos médicos no Brasil?O Conselho Federal de Medicina é responsável, por força de

lei, pela autorização de novas terapias e procedimentos no Bra-sil. Portanto, é sua função garantir à sociedade brasileira que um novo procedimento médico proposto tenha sido analisado quanto à sua segurança, riscos e potenciais benefícios, mediante pesquisas bem conduzidas do ponto de vista técnico e ético.

Como e quem deve solicitar o reconhecimento de um novo procedimento médico no Brasil?À luz do que é exigido para a aprovação de novos fármacos

no Brasil, em que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) segue critérios rigorosos. As regras para solicitação de aprovação de novos procedimentos estão claras na Resolução do CFM, porém vale lembrar que alguns documentos são es-senciais para dar entrada neste pedido como: justificativa de necessidade e aplicabilidade do procedimento; protocolo de Pesquisa Clínica com todas suas etapas concluídas; aprovação no sistema CEP/Conep; notificação de efeitos adversos; um re-latório de acompanhamento da Comissão de Ética Médica e os resultados que validam o estudo. A solicitação poderá partir dos médicos pesquisadores responsáveis, pois estamos falando de procedimento médico.

Sabemos que muitas técnicas cirúrgicas podem ter nuances técnicas que não foram devidamente investigadas em protocolos próprios de pesquisa, como fiscalizar a realização destes novos procedimentos em um país continental como o nosso?A fiscalização é tarefa dos Conselhos Regionais de Medici-

na (CRMs) e estes devem atuar no sentido de coibir quaisquer ações que possam ser danosas para a sociedade. Acredito que quando estabelecido o protocolo de pesquisa, as informações provenientes do Sistema CEP/Conep ajudarão na fiscalização.

Quais os critérios para definir a capacidade técnica de médicos e centros hospitalares na realização de novos procedimentos médicos? A capacitação técnica dos médicos poderá ser comprovada

pela proficiência adquirida por residência médica e/ou Título de Especialista, devidamente registrado no Conselho na área específica da pesquisa do “novo procedimento”. Os centros hos-pitalares liberados para a realização de novos procedimentos deverão atender às normas vigentes de funcionamento da An-visa e CRM, além de estarem adequados à complexidade que o procedimento exige, conforme análise do CFM/CRM.

Qual o papel das sociedades científicas e da indústria de produtos médicos neste contexto?As sociedades científicas são essenciais no fornecimento de

subsídios técnicos que permitam uma análise científica dos procedimentos e devem participar compondo câmaras técnicas provisórias junto ao CFM para este fim. Esta interação entre as sociedades científicas e o CFM já ocorre atualmente com óti-mos resultados. A indústria deve garantir, quando de sua par-ticipação em um protocolo de pesquisa, uma atuação ética e isenta de parcialidade. ■

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A indústria deve garantir, quando de sua participação em um protocolo de pesquisa, uma atuação ética e isenta de parcialidade.

Cacilda Pedrosa de Oliveira

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GI2

Nos dias 11, 12 e 13 de abril, grandes nomes da cardio-logia e hemodinâmica mundial estiveram na cidade de São Paulo (SP), participando da segunda edição do

GI² – Global Summit on Innovations in Interventions. O even-to, presidido por Alexandre Abizaid (SP), Carlos Pedra (SP) e Fausto Feres (SP), foi realizado em colaboração com cinco das mais importantes entidades da cardiologia: SBHCI, Transcatheter Cardiovascular Therapeutics (TCT), Sociedade Latino-Americana de Cardiologia Intervencionista (SOLACI), The Society for Car-diovascular Angiograph and Interventions (SCAI) e Pediatric and Adult Interventional Cardiac Symposium (PICS-AICS).

A SBHCI teve participação essencial ao promover, no pri-meiro dia do evento, o “Curso de Revisão em inovações em in-tervenções coronárias e estruturais”, em parceria com a SCAI. Pedro Lemos (SP), diretor administrativo da SBHCI, presidiu as primeiras mesas de discussão, que contaram com participação e aula de Antonio Colombo (Itália), Steven Bailey (Estados Uni-dos) e Martin Leon (Estados Unidos). O auditório registrava a presença de centenas de cardiologistas de todo o Brasil e re-presentantes de alguns países latino-americanos durante as ses-

sões que trataram do registro brasileiro de implante percutâneo (TAVI), apresentado por Fábio Sândoli de Brito Jr. (SP), e sobre o primeiro stent farmacológico produzido no Brasil. Este tema contou com as aulas de Pedro Lemos (SP), Alexandre Abizaid (SP) e Expedito Ribeiro (SP), acompanhados por uma plateia extremamente atenta e interessada nos resultados apresentados, desta que é uma das maiores novidades do setor, valorizando a capacidade nacional de desenvolver produtos de alta complexi-dade com evidências comparadas aos produtos importados já tradicionais no mercado.

Os segundo e terceiro dias do GI² foram marcados especial-mente pelas transmissões de casos ao vivo, realizados do Hospital Albert Einstein, Hospital do Coração, Hospital Beneficência Por-tuguesa de São Paulo e InCor. Com o claro propósito de reunir expoentes da cardiologia nacional para a atualização em temáticas envolvendo o que há de mais recente em tratamentos e tecnologias em desenvolvimento, a programação científica ofereceu aos con-gressistas momentos de discussão e informação a respeito de stents bioabsorvíveis, polímeros biodegradáveis, novos dispositivos e os caminhos que guiarão ao futuro da cardiologia intervencionista. ■

Grandes parcerias internacionais enriqueceram o programa científico da segunda edição do GI² – Global Summit on Innovations in Interventions

O futuro da cardiologia intervenciOnista

Por André Ciasca, jornalista

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Auditório permaneceu lotado durante a sessão conjunta promovida pela SBHCI & SCAI, especialmente quando os temas tratavam das novas tecnologias desenvolvidas e produzidas em território nacional.

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O uso de células-tronco na cardiologia tem sido amplamente estudado com resultados controversos, sobretudo quando se considera seguimento de longo prazo. Gostaria que você colocasse em perspectiva a pesquisa que vocês desenvolvem no Texas Heart Institute.Os estudos clínicos com células-tronco em Cardiologia estão na

sua fase inicial. A grande maioria é classificada como estudo fase I e poucos fase 2 ou 2b. Os resultados são heterogêneos, como é esperado em estudos fase 1. Vale ressaltar que em meta-análises publicadas agrupando os estudos randomizados utilizando células apos IAM houve uma melhora significativa de FE do VE. Nos-so grupo do Texas Heart Institute tem posição de liderança no tratamento de cardiomiopatia isquêmica crônica com disfunção sistólica do VE. Os resultados iniciais continuam a ser publicados e mostram uma melhora de isquemia e capacidade funcional pelo MVO2, dependendo do tipo celular utilizado. O caminho para que células-tronco se estabeleçam como terapia ainda é longo, mas os estudos fase 3 serão iniciados em breve.

Qual a importância dos estudos pré-clínicos no desenvolvimento de novos dispositivos?Estudos pré-clinicos são essenciais para o desenvolvimen-

to de novos dispositivos. Modelos pré-clinicos confirmam a segurança de novos dispositivos, mas também ajudam a de-senvolver “insights” mecanísticos. Infelizmente, a maioria dos modelos animais não predizem com 100 % de acurácia o que ira ocorrer em seres humanos. Novos dispositivos de-senvolvidos num passado recente mostraram segurança em modelos pré-clínicos, mas quando utilizados na arena clínica, apresentaram efeitos adversos inesperados. Um bom exemplo são os stents farmacológicos que apresentam o fenômeno de trombose tardia, que não foi possível prever com base nos resultados de estudos pré-clínicos. ■

Guilherme Silva é um dos cardiologistas

intervencionistas brasileiros que ocupam

o cargo de assistente de direção médica

no Centro de Células-Tronco do

Instituto do Coração do Texas,

nos Estados Unidos

Células-tronco na cardiologia

Por Carlos Augusto Magalhães Campos (SP), editor executivo do Portal da SBHCI

entrevIStA | GUIlHerMe SIlvA

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Plataforma bioabsorvível

As plataformas bioabsorvíveis demonstraram bons resultados recentemente, especialmente com as últimas gerações. O senhor acha que estes dispositivos representam o futuro das intervenções coronárias percutâneas?Atualmente, temos excelentes dispositivos para a inter-

venção coronária percutânea, incluindo a segunda gera-ção de stents farmacológicos com índices muito baixos de reestenose, e ainda menor de trombose tardia do stent em comparação com a primeira. No entanto, o conceito de im-plantação de um dispositivo coronário que desapareça de-pois de ter cumprido a sua função é muito atraente e pode oferecer algumas vantagens em alguns pacientes. Durante os últimos anos, vários devices plenamente bioabsorvíveis têm demonstrado não serem eficazes, principalmente por terem uma taxa inaceitável de reestenose devido à hiperplasia neo--intimal e/ou encolhimento do vaso. No entanto, a última geração desta plataforma bioabsorvível parece ter resolvido o problema do encolhimento dos vasos e foi associada a bai-xos valores de perda tardia.

Ainda existem limitações destas plataformas absorvíveis? Ainda estamos no início do desenvolvimento desses dis-

positivos e, de fato, entre os stents coronarianos totalmen-te bioabsorvíveis apenas a segunda geração do Absorb têm demonstrado bons resultados clínicos e angiográficos. Com este dispositivo pode ainda haver algumas preocupações so-bre a sua mecânica de força radial, e sua avaliação em lesões complexas ainda se faz necessária. ■

Por Carlos Augusto Magalhães Campos (SP), editor executivo do Portal da SBHCI

entrevIStA | rAUl Moreno

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Raul Moreno, diretor do serviço

de cardiologia intervencionista

do hospital Universitário La Paz,

em Madri, na Espanha, fala com

exclusividade para a SBHCI acerca

dos stents absorvíveis

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INOVAÇãO em busca do tratamento IDEAL

Aulas apresentadas por renomados profissionais americanos mostram que a cardiologia intervencionista vive seu melhor momento

Por Guilherme Ferragut Attizzani (Estados Unidos), editor do Portal da SBHCI, e Rafael Cavalcante (SP), coeditor do Portal da SBHCI

Após duas semanas de calor intenso na região norte--nordeste dos Estados Unidos, incomum para a época do ano, a então chuvosa cidade de Chicago recebeu a

61ª edição do Annual Scientific Session do American College of Cardiology (ACC 2012) na Tenda Principal do McCormi-ck Place, entre os dias 24 e 27 de março. Logo na abertura do evento, o presidente do congresso David Holmes Jr. (Estados Unidos) fez um discurso entusiasmado focado principalmente na educação clínica em cardiologia, uma das grandes frentes de trabalho da atual administração. Antecedendo o discurso de Holmes Jr., Eugene Braunwald (Estados Unidos) – a lenda viva da cardiologia mundial – fez uma revisão ampla da abordagem de pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM): passado, presente e futuro.

Entre os destaques do evento, a sessão Innovators of CV Medicine apresentou uma aula verdadeiramente estimulante so-bre a pesquisa de células-tronco e genética médica. Ponto im-portante abordado foi o grande avanço desta terapia observado em laboratório, que, embora ainda não tenha sido traduzido con-sistentemente à prática clínica, pesquisas de grande importância acerca de sua manipulação e aplicação têm sido desenvolvidas.

Martin Leon (Estados Unidos), da Universidade de Colum-bia, realizou uma apresentação sobre a evolução do tratamento do IAM com redução de 80% da mortalidade desde a década de

1950. A evolução da angioplastia, iniciando-se pelo uso do ba-lão e suas limitações inerentes, passando pelos stents não far-macológicos e sua aprovação pelo Food and Drug Administration (FDA) em 1994. Entretanto, a reestenose se mostrou problemá-tica com esta tecnologia. Os stents farmacológicos de primeira geração surgiram com euforia, mas problemas relacionados à sua segurança foram descritos. Portanto teríamos de seguir inovando para buscar o tratamento ideal, novas plataformas, drogas, polí-meros (ou a ausência deles), stents bioabsorvíveis etc.

Leon comentou outro ponto importante: a crise na inovação, salientando problemas relacionados à crise econômica mundial e seu impacto no desenvolvimento contínuo de determinadas tecnologias, aumento progressivo do tempo para liberação de produtos por parte do FDA, ressaltando a dificuldade para cria-ção de novas ideias devido ao progressivo aumento no custo para aprovação de novas drogas e dispositivos. Assim, salientou que as novas tecnologias devem demonstrar um claro benefí-cio clínico, baseado em pesquisa de qualidade para que possam tentar entrar em um mercado tão complexo e competitivo. Leon finalizou comentando a importância destacada das interven-ções em cardiopatias estruturais, como implante transcateter de válvula aórtica (TAVI), oclusão do apêndice atrial esquerdo e denervação da artéria renal. Segundo ele, jamais houve melhor época na história para ser um cardiologista intervencionista! ■

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Evento realizado em Chicago, nos Estados Unidos, manteve o foco no desenvolvimento de novas tecnologias.

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Page 20: Jornal da SBHCI - ed. 46 - 2/2012

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Um novo recorde no número de participantes marcou um dos principais encontros internacionais da car-diologia intervencionista: 11.387 pessoas estiveram

presentes ao EuroPCR 2012, realizado no Palais dès Congres em Paris, na França, entre os dias 15 e 18 de maio, para dis-cutir os últimos avanços da medicina em uma vasta progra-mação científica dividida em aulas, sessões e transmissões ao vivo de 17 diferentes centros europeus.

O grande destaque da abertura do evento foi o lançamento de uma série de livros-texto sobre intervenção cardiovascular do EuroPCR/EAPCI – uma edição com quatro livros abrangendo desde a análise diagnóstica, passando pelo tratamento, até as inovações, com um olhar para o futuro da cardiologia intervencionista. Destaque também para os primeiros dez anos da intervenção percutânea no tratamento da estenose aórtica, os primeiros 20 anos das intervenções por via radial e os primeiros 30 anos do curso inicialmente realizado em Toulouse, o embrião do EuroPCR.

Novo presidente, novos estudos, novas discussões e velhos dilemas compõem a cobertura do congresso anual da Associação Europeia para Intervenções Cardiovasculares Percutâneas, em Paris

Um olhar para o futuro da cardiologia

Por Daniel Chamié (RS) e José Ary Boechat (RJ), diretor de Comunicação

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Mais de 11 mil pessoas reuniram-se no Palais dès Congres, em Paris (França), para prestigiar o congresso anual da Europa na área de cardiologia.

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Logo no primeiro dia do encontro, as atividades começaram a todo vapor, iniciando com estudos sobre balões farmacológicos nas mais diversas indicações, seguidos de discussão sobre resultados tardios de consagrados estudos acerca das novas gerações de stents eluidores de fármacos.

A sessão plenária na arena principal adotou um formato inovador para a apresentação dos tão esperados late breaking clinical trials. Indo além do “valor de p”, a organização visou uma abordagem mais prática das apresentações com claras recomendações de como e por quê os estudos poderiam ter algum impacto na nossa prática clínica. Casos clínicos que didaticamente propusessem o problema a ser abordado pelo ensaio clínico foram apresentados antes dos resultados do estudo, pavimentando uma base sólida para sua interpretação.

Sessões de First-In-Man Trials e Novel Clinical Applications abordaram temas atuais de grande relevância, como os estudos DESOLVE FIM e BIOSOLVE-I, que demonstraram resultados promissores de dois novos stents bioabsorvíveis para terapia de restauração vascular.

A apresentação de dois estudos analisando o novo método de avaliação fisiológica invasiva (iFR) apresentaram evidências antagônicas, promovendo um acalorado debate entre os apresentadores.

A seção Late Breaking Science: Novel OCT Imaging apresentou diferentes estudos por meio de imagens de alta resolução da tomografia por coerência óptica (OCT), em diferentes cenários. Como não poderia faltar, a OCT foi utilizada para avaliar a resposta vascular de diferentes stents farmacológicos nos estudos STACCATO e ISAR-TEST 6 OCT. Os estudos SMART Primary PCI e TROFI utilizaram as imagens de OCT como desfechos substitutos para avaliação da efetividade de diferentes estratégias de remoção de material trombótico em pacientes com infarto agudo do miocárdio submetidos à implante coronário percutâneo primário. Por fim, o estudo CLI-OPCI avaliou os resultados da angioplastia guiada por OCT em pacientes consecutivos da prática diária.

Tópicos de grande interesse durante o congresso europeu foram as comparações de efetividade e segurança de stents farmacológicos de nova geração, com polímeros mais biocompatíveis e bioabsorvíveis, denotando o grande esforço em busca da melhora do perfil de segurança destes dispositivos. O estudos SORT OUT V comparou os stents Nobori™ eluidores de Biolimus-A9 com polímero bioabsorvível e os stents Cypher Select+™, protótipo de primeira geração liberando sirolimus através de um polímero durável. Já no estudo EVOLUTION, foram comparados dois stents eluidores de sirolimus (Excel™ – com polímero bioabsorvível, e Cypher Select™ com polímero durável).

Uma atualização do ensaio clínico COMPARE forneceu

os resultados do seguimento de três anos da comparação randomizada entre stents eluidores de everolimus e paclitaxel. Ainda no contexto da segurança de stents farmacológicos, um subestudo do ensaio RESET representou a primeira avaliação prospectiva e randomizada da resposta vasomotora coronariana, através de testes de função endotelial, na comparação entre stents eluidores de everolimus e sirolimus.

O ensaio clínico CIBELES avaliou, pela primeira vez de forma randomizada, os resultados angiográficos dos stents eluidores de everolimus e sirolimus no tratamento das oclusões crônicas.

O tópico infarto periprocedimento após intervenção coronária percutânea voltou à pauta com a apresentação dos resultados do estudo ROMA II Reload. Este estudo é uma “continuação” do estudo ROMA, no qual, agora, pacientes portadores de angina estável e já em uso crônico de estatinas, foram randomizados para a administração de dois regimes de ataque com altas doses de rosuvastatina ou atorvastatina antes de intervenções eletivas.

Após quatro dias imersos em um dos melhores congressos já realizados no continente europeu, os participantes foram brindados com mais uma sessão de altíssimo nível e diversas novidades. Uma das apresentações do último dia de encontro abordou os estudos pré-clínicos e de fase I da injeção intracoronária de material sintético biocompatível no território infartado, buscando melhorar o processo de cicatrização e o remodelamento ventricular.

Marco Costa (Estados Unidos), um dos mais importantes cardiologistas intervencionistas no cenário internacional, apresentou um estudo First-in-Human de implante de dispositivo de partição ventricular esquerda em pacientes com insuficiência cardíaca, com resultados promissores. Ron Waksman (Estados Unidos), diretor da Divisão de Cardiologia do Washington Hospital Center, apresentou um estudo de caso-controle, com 491 casos de trombose de stents eluidores de fármacos, o maior registro mundial até o momento. Ao final do evento, foram apresentados um estudo de stent autoexpansível no cenário do IAM, com elevação do segmento ST (APPOSITION III), e outro acerca da evolução dos pacientes elegíveis para ensaios clínicos randomizados. ■

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““Foram quatro dias

imersos em um dos melhores congressos já realizados no continente europeu.

José Ary Boechat diretor de Comunicação da SBHCI

Page 22: Jornal da SBHCI - ed. 46 - 2/2012

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AtUAlIZAÇÃo CIentÍFICA

Durante o EuroPCR 2012, realizado em maio, em Paris (França), o cardiologista intervencionista brasileiro Ale-xandre Abizaid (SP), diretor do Serviço de Cardiologia In-

vasiva do Instituto Dante Pazzanese, apresentou resultados de um estudo feito com 141 pacientes randomizados em uma proporção de 3:1 para implante de stent eluidor de novolimus vs. stent eluidor de zotarolimus–Endeavor.

O estudo levou em conta o stent DESyne BD®, constituído de uma plataforma de cromo-cobalto de hastes finas (81 micra), eluidor de um análogo do sirolimus (novolimus) em dosagem inferior à contida no stent Cypher®. O polímero possui fina espessura (<3 micra) e controla a liberação total da droga no período de quatro semanas, sendo totalmente degradado em 6-9 meses. Na ocasião, foi apresentado previamente o resultado angiográfico de seis meses e o seguimento clínico dos primeiros 12 meses.

Os achados do estudo angiográfico realizado aos seis meses indicam pronunciada inibição da proliferação neointimal, traduzida pela ausência de reestenose binária nos pacientes tratados com stent eluidor de novolimus. Os resultados clínicos aos 12 meses de seguimento não evidenciaram diferença entre os stents estudados, com ausência de eventos no período entre seis meses e um ano. Nenhum caso de trombose de stent foi observado nos dois braços do estudo.

Portanto, o estudo EXCELLA BD demonstrou não-inferioridade e superioridade do stent eluidor de novolimus Elixir DESyne® BD quando comparado ao stent eluidor de zotarolimus – Endeavor acerca do desfecho primário de perda

tardia na angiografia aos seis meses. A reestenose angiográfica binária foi significativamente menor comparada ao grupo controle (0 vs 7,9%; p=0,003). O desfecho secundário de morte cardíaca, infarto relacionado ao vaso tratado e revascularização da lesão alvo permaneceram reduzidos e inalterados dos seis aos 12 meses para ambos os grupos, demonstrando a segurança clínica do stent Elixir DESyne® BD. Importante ressaltar a ausência de trombose de stent nos 12 meses iniciais de acompanhamento.

Novos dispositivos com polímero biodegradável como o Elixir DESyne® BD são promissores, devendo os seus resultados serem validados em séries maiores de pacientes, com maior complexidade clínica e angiográfica e confrontados com stents eluidores de fármacos com maior capacidade de inibição da proliferação neointimal.

Em entrevista à SBHCI, Alexandre Abizaid (SP) compartilha suas opiniões sobre o estado atual dos stents bioabsorvíveis, após as apresentações destes novos dispositivos.

O desenvolvimento dos stents bioabsorvíveis trouxe alento quanto às preocupações relacionadas à segurança tardia dos stents farmacológicos. Recuperação de diversos aspectos referentes a biologia e fisiologia vascular normais já foi demonstrada. No entanto, a eficácia antiproliferativa inicial destes dispositivos ainda era subótima. Como o senhor compara a eficácia destes novos dispositivos com a dos stents farmacológicos de estrutura metálica atualmente disponíveis?

Estudo multicêntrico prospectivo randomizado avalia o stent eluidor de novolimus com polímero bioabsorvível comparado ao stent eluidor de zotarolimus

Por Daniel Chamié (RS) e José Ary Boechat (RJ), diretor de Comunicação

eXceLLa BD trial: novolimus vs. zotarolimus

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O Scaffold Vascular Bioabsorvível (BVS) é um dispositivo polimérico farmacológico, programado para ser completamente absorvido em até 24 meses. Teria assim um efeito mecânico, mantendo o vaso patente, evitando a retração elástica e o remodelamento negativo nos primeiros meses após o seu implante, além de um efeito anti-reestenótico com liberação programada de uma droga que reduz o crescimento de tecido neointimal no local do implante.

A primeira serie de BVS testada foi denominada Coorte A, sendo composta de 30 pacientes, com excelente resultado clínico em até cinco anos, com baixa incidência de eventos cardíacos adversos (3,4%). No entanto, essa primeira geração demonstrou maior retração aguda do que o stent metálico convencional, com redução da área luminal mínima tardia. Modificação no processo de manufatura do polímero e alterações geométricas na plataforma do dispositivo melhoraram substancialmente sua performance, com a nova Coorte B apresentando resultados comparáveis aos observados com os stents farmacológicos metálicos.

As reações e transformações vasculares que ocorrem durante o processo de degradação das estruturas poliméricas ainda não são totalmente conhecidas. O senhor acha que isto pode trazer alguma preocupação quanto à segurança tardia dos stents bioabsorvíveis?O mecanismo de absorção desses dispositivos ocorre através

da hidratação do polímero com perda gradual de seu peso molecular e, por meio do ciclo de Krebs, transformando o

polímero em CO2 e água. O tempo para completa absorção do esqueleto polimérico gira em torno dos dois a três anos, apesar de haver absorção muito mais rápida de sua cobertura. O ácido polilático tem sido utilizado em inúmeras áreas da medicina, com histórico de comprovada biocompatibilidade.

Em comparação com as estruturas metálicas, as estruturas poliméricas (encontradas na maioria dos stents bioabsorvíveis) são menos resistentes às altas pressões de dilatação e mais suscetíveis a alterações estruturais e fraturas durante o procedimento de implante. Que cuidados técnicos devem ser tomados durante o procedimento de implante para prevenção destas complicações? A utilização destes dispositivos em cenários de alta complexidade (por exemplo: calcificações severas, lesões em bifurcação, overlapping etc.) deve ser evitada? O senhor acha que os métodos de imagem intravascular podem exercer um papel importante na seleção dos dispositivos e guia do procedimento?O perfil de cruzamento dos dispositivos, sua força radial e o risco

de fraturas das hastes são alguns dos desafios destes dispositivos temporários, que podem até limitar sua eficácia. Além disso, a placa aterosclerótica possui tecidos com diferentes graus de resistência, o que pode prejudicar uma expansão uniforme de dispositivos não metálicos. Desta maneira, a avaliação detalhada do tamanho do vaso, pré-dilatação mandatória, evitando a pós-dilatação vigorosa são algumas recomendações técnicas que podem evitar essas complicações. ■

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CAPACItAÇÃo ProFISSIonAl

A realização da atividade de pesquisa feita durante a formação do cardiologista intervencionista proporciona benefícios, independentemente da inclinação acadêmica do estagiário

Por Julio Flávio Marchini (RS) e André Manica (RS), do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul da Fundação Universitária de Cardiologia (IC-FUC)

a visão do estagiário de Hci

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Julio Flávio Marchini (RS) e André Manica (RS) tiveram a oportunidade de atuar no Brigham and Women’s Hospital, que pertence à Harvard Medical School, nos Estados Unidos.

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2 anos de SeguimentoClínico em 2.242 pacientes.

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De acordo com definições do ARCFonte: EuroIntervention 2012; 7 online published, January 2012-05-09

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Falha na Lesão Alvo Trombose Definida

Resultados comprovam a eficácia e segurança.

2.242 pacientes

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A prática médica é uma atividade em constante aper-feiçoamento por meio da expansão do conhecimento. Caberia ao médico em treinamento participar deste

processo? À primeira vista, exigir pesquisa do estagiário pare-ce significar apenas um aumento de sua carga de trabalho sem benefício correspondente. No entanto, outras especialidades e serviços em diversos países fazem esta exigência sem prejuízo de atividades, mas ainda com vantagens.

Mesmo para o estagiário sem intenção acadêmica, o treinamento em pesquisa serve para dotar o especialista de espírito crítico e de discernimento frente a novas publicações e evidências científicas. A inserção de pesquisa no treinamento cria um ambiente mais acadê-mico, com uma formação mais exigente. No entanto, para realização de pesquisa relevante, é fundamental a presença de apoio e recursos no centro formador, que, neste contexto, ganha transparência, pois divulga dados e desfechos de seus procedimentos.

Em centros dos Estados Unidos, como Brigham and Women’s Hos-pital e Duke University Medical Center, dentre outros, a pesquisa é fortemente encorajada durante o estágio. O sucesso desta exigência é demonstrado pelas múltiplas publicações obtidas por seus residen-tes como primeiro ou segundo autores.

Existem requisitos fundamentais para que o estagiário possa reali-zar pesquisa de maneira satisfatória durante seu treinamento. O es-tagiário precisa ter orientador com reconhecida produção científica;

precisa ainda de uma carga horária de trabalho semanal, incluindo a necessidade de trabalho externo, que permita a realização de pes-quisa. É necessário dispor de equipe de apoio, como assistentes e enfermagem dedicados à pesquisa. A necessidade de estudos atuais de corroborar observações clínicas com a fisiopatologia básica torna indispensável a colaboração com laboratório de pesquisa básico ou “translacional”.

A SBHCI promove o interesse acadêmico com a criação da bol-sa em pesquisa em medicina cardiovascular em convênio com o Brigham and Women’s Hospital e a Harvard Medical School (Ariê Fellowship). Ainda neste ano, um novo edital será publicado por estes mesmos centros, disponibilizando bolsas para cardiologistas brasileiros em geral (Lemann Fellowship).

Em resumo, a realização de pesquisa durante a formação inter-vencionista proporciona benefícios incontestes, independentemente da inclinação acadêmica do estagiário. Estrutura e recursos de apoio à pesquisa são fundamentais para realização de uma produção cien-tífica relevante e de qualidade. Exemplos de outros países demons-tram que ela não apenas é possível, mas que apresenta resultados expressivos com publicações de ótima qualidade. ■

André Manica passou 15 meses no Brigham & Women’s Hospital da Harvard Medical School como parte de seu doutorado. Julio Flávio Marchini passou dois anos nesta mesma instituição, onde concluiu seu pós-doutorado.

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Qual foi sua maior conquista?Ter atingido os 42 anos de exercício pleno da medicina com

seriedade e humildade e pronto para continuar.

Não fosse médico, que outra carreira teria escolhido?Escritor de ficção.

Qual é a área mais promissora na medicina de hoje?Acredito que são as pesquisas com células-tronco e/ou con-

fluindo com a nanotecnologia, com dispositivos extremamente pouco invasivos e resultados reproduzíveis. A duplicação do sa-ber em 2004 ocorria a cada quatro anos. Hoje a IBM divulgou em documento não oficial que esta marca ocorre a cada 72 ho-ras, apesar de pouca aplicação prática imediata deste saber, mas potencialmente aplicável a qualquer hora, por muitos segmen-tos, em situações inimagináveis. É o admirável Mundo Novo que, com beleza, se aproxima.

Qual a área mais negligenciada na medicina?Saúde da Família.

Quem foi o professor que mais o influenciou? Por quê?Hadi Dzaji, chefe do Serviço de Medicina Interna do Hospital

Mercy, de Chicago (Estados Unidos). Influenciou-me pelo seu conhecimento, atitude e trato com o paciente. Ainda exerce a medicina aos 90 anos de idade.

Qual o fato que teve maior efeito sobre sua carreira?Acredito que foi a oportunidade de fazer a minha formação

pós-graduada em Chicago no início dos anos 1970, então re-cém-formado, e continuado minha carreira pública em um úni-co hospital, o Hospital dos Servidores do Estado, onde ingressei como médico da hemodinâmica, percorrendo o caminho de chefe do Serviço de Cardiologia até diretor-geral da instituição por um longo período.

Qual sua recomendação para médicos que estão prestes a se formar?Acho a juventude o motor da inovação, mas como diria Nel-

son Rodrigues no seu conselho aos jovens: “Envelheçam!”. Mas, principalmente, diria para humanizarem profundamente cada ação médica que exerçam. O conhecimento se aprende. A hu-manidade se cultiva.

Como o senhor gosta de relaxar e passar seu tempo livre?Gosto muito de jardinagem, ver uma rosa que plantei flores-

cer, colher uma fruta que era uma semente. Escrever uma boa história também é gratificante, dando vida aos personagens, e conseguir que eles o entendam.

Qual é seu maior arrependimento?Ter deixado de fazer algumas coisas que julgava impossíveis.

Mas são poucos.

Se escrevesse uma autobiografia, que título daria ao livro?A autobiografia já está pronta. Só falta o título.

O que o senhor está lendo neste momento?“Diários de Consultório”, de Júlio Studart de Moraes.

Qual é seu pior hábito?Eu acho que não os tenho. Dizem que são tantos que eu não

saberia enumerá-los. No entanto, são todos inocentes!

O que o deixa inspirado e de bom humor?A compreensão entre as pessoas acima das eventuais diver-

gências.

Como é um dia perfeito para o senhor?Aquele que terminou e me proporcionou aprender um pouco

mais sobre as coisas da vida. ■

Sócio-fundador da SBHCI, Leslie de

Albuquerque Aloan (RJ) coleciona tantos

títulos e honrarias que uma página do Jornal

não daria conta de listá-los como merecem.

É a família que faz seus olhos brilharem.

Casado com Cristina, enche o peito para

falar sobre seus filhos: Marcio, aeronauta,

e Rafael, músico. “Meus melhores amigos e

companheiros de todas as horas.”

Por Carla Ciasca, jornalista

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Escrevendo a sua história

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Page 27: Jornal da SBHCI - ed. 46 - 2/2012

Gestão 2012-2013Presidente: Marcelo Queiroga (PB) Diretor Administrativo: Pedro Alves Lemos Neto (SP) Diretor Financeiro: Antônio Luiz Secches (SP) Diretor Científico: Rogério Sarmento-Leite (RS) Diretor de Comunicação: José Ary Boechat (RJ) Diretor de Qualidade Profissional: Hélio Castello (SP) Diretor de Edu cação Médica Continuada: Samuel Silva da Silva (PR) Diretor de Intervenções Extracardíacas: Antônio Carlos Neves Ferreira (MG) Diretor de Intervenções em Cardiopatias Congênitas: Carlos AC Pedra (SP)

Departamento de Enfermagem Presidente: Ivanise M. G. Amorim (SP)Vice-Presidente: Jacqueline Wachleski (RS)Primeira Secretária: Maria Aparecida de Carvalho Campos (SP)Segunda Secretária: Tatiane Bellia (PR)Primeira Tesoureira: Adriana Correia de Lima (MS)Segunda Tesoureira: Rosa Maria Quinzani Almeida Mendes (MG)Coordenadora Científica: Érika Gondim Gurgel Ramalho Lima (CE)Coordenadora de Educação Continuada: Luciana Cristina Lima Correia Lima (RJ)Coordenadora de Titulação: Simone Fantin (RS)

Equipe AdministrativaNorma Cabral | gerência administrativa Aline Ribeiro | científico Eleni Peixinho | financeiro Kelly Peruzi | sócios Roberta Fonseca | eventos Vânia Fernandes | secretaria

www.sbhci.org.brRua Beira Rio, 45 – cjs. 71 e 74 – Vila Olímpia

CEP 04548-050 – São Paulo – SPFone: (11) 3849-5034

JUnHodias 20 a 22XXXIV Congresso da SBHCISalvador, BAwww.sbhci.org.br

dias 22 e 23I Fórum de Cardiologia Intervencionista da SBC-MTCuiabá, MTsociedades.cardiol.br/mt

dias 28 a 30CSI 2012 Congenital & Structural InterventionsFrankfurt, Alemanhawww.csi-congress.org

dias 28 a 30XXXII Congresso Norte Nordeste de Cardiologia e VII Congresso Amazonense de CardiologiaManaus, AMwww.cardionortenordeste2012.com.br

JUlHodias 5 a 7XXII Congresso Mineiro de CardiologiaBelo Horizonte, MGsociedades.cardiol.br/sbc-mg

AGoStodias 2 a 4SOCERGS 2012 – Congresso de Cardiologia do Rio Grande do SulGramado, RSwww.socergs.org.br

dias 8 a 10XVIII Congresso Cearense de CardiologiaFortaleza, CEsociedades.cardiol.br/ce/congresso.asp

dias 8 a 10XVIII Congresso SOLACI – Sociedade Latino-Americana de Cardiologia IntervencionistaCidade do México, Méxicowww.solaci.org

dias 9 a 11XV Congresso de Cardiologia do Estado do Mato Grosso (SBC-MT)Cuiabá, MTsociedades.cardiol.br/mt

dias 16 a 1817o Congresso Paraibano de CardiologiaJoão Pessoa, PBsociedades.cardiol.br/pb

dias 25 a 29ESC Congress 2012 Sociedade Europeia de CardiologiaMunique, Alemanhawww.escardio.org

SeteMBrodias 7 e 8TAVI Summit 2012Seul, Coréia do Sulwww.taviconference.com

dias 14 a 1767º Congresso Brasileiro de CardiologiaRecife, PEeducacao.cardiol.br/eventos

dias 15 a 19CIRSE 2012 Cardiovascular and Interventional Radiological Society of EuropeLisboa, Portugalwww.cirse.org

oUtUBrodias 5 e 6Curso Avançado em AterotrombosePorto Alegre, RSwww.caat2012.com.br

dias 18 a 20XXII Congresso Goiano de Cardiologia e II Simpósio de Insuficiência CardíacaGoiânia, GOsociedades.cardiol.br/go

dias 19 a 20XVII Congresso de Cardiologia de MSCampo Grande, MSeducacao.cardiol.br/eventos

dias 22 a 26TCT 2012 Transcatheter Cardiovascular TherapeuticsMiami, Estados Unidoswww.tctconference.com

dias 25 e 26Curso Anual de Revisão em™ Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista 2012São Paulo, SPwww.sbhci.org.br

dia 27Prova de Avaliação para Obtenção do Certificado de Atuação na Área de Hemodinâmica e Cardiologia InternvencionistaSão Paulo, SPwww.sbhci.org.br

noveMBrodias 4 a 7AHA 2012 - American Heart AssociationLos Angeles, Estados Unidosscientificsessions.org

dias 30 a 1o de dezembroXII CardioInterv - Simpósio Internacional de Cardiologia IntervencionistaCuritiba, PRwww.cardiointerv.com

deZeMBrodias 5 a 8 SCAI 2012 Fall Fellows Course Las Vegas, Estados Unidos www.scai.org

2013JAneIrodias 19 a 22PICS & AICS 2013 - Pediatric & Adult Interventional SymposiumMiami, Estados Unidoswww.picsymposium.com

FevereIrodias 17 a 226th World Congress Paediatric Cardiology & Cardiac SurgeryCidade do Cabo, África do Sulwcpccs2013.co.za

JUlHodias 24 a 26XXXV Congresso da SBHCISão Paulo, SPwww.sbhci.org.br

SeteMBrodias 14 a 18CIRSE 2013 Cardiovascular and Interventional Radiological Society of EuropeBaarcelona, Espanhawww.cirse.org

oUtUBrodias 6 a 9Venice Arrhythmias 2012 Veneza, Itáliawww.venicearrhythmias.org

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24, 25 e 26 de julho

Transamérica Expo CenterInformações: (11) 3849-5034 - [email protected]

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