jornal sbhci 2015 edição 1

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Ano XVIII | n o 1 | #57 Janeiro, Fevereiro e Março de 2015 Publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista Transmissão de casos ao vivo, por médicos de Bonn (Alemanha), será destaque no Congresso 2015 História da SBHCI vira livro Entenda o escândalo da máf ia de órteses, próteses e stents

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Entenda o Escândalo da Máfia de órteses, próteses e stents

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SBHCI – Jan/Fev/Mar de 2015 – 1

Ano XVIII | no 1 | #57Janeiro, Fevereiro e Março de 2015

Publicação trimestral da Sociedade Brasileirade Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista

Transmissão de casos ao vivo, por médicos de Bonn (Alemanha), será destaque no Congresso 2015

História da SBHCI vira livro

Entenda o escândalo da máf ia de órteses, próteses e stents

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2 – SBHCI – Jan/Fev/Mar de 2015

Palavra do Presidente

Continuamos na luta para implementação do TAVI no SUS e na saúde suplementar

Muito trabalho e ótimas perspectivasCaros colegas, trazemos em nossa

reportagem de capa tema bastante preocupante. Falo da denúncia da

imprensa sobre a máfia das próteses. As-sim como uma crise moral se abate sobre toda a sociedade civil, ela também atinge a classe médica. Entretanto, a SBHCI, assim como outras sociedades médicas, não tem o poder de fiscalização relacionado a tais fatos. Por meio de sua Diretoria de Qualida-de Profissional, a SBHCI, em conjunto com a Sociedade Brasileira de Cardiologia e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovas-cular, já iniciou a elaboração de um manual de compliance. De acordo com os estatu-tos vigentes, somente podemos desligar o associado que tenha sua condenação transitada em julgado ou que tenha sido advertido pelo Conselho Regional de Me-dicina por conduta antiética. Esperamos, portanto, que o Ministério Público e a Polí-cia Federal esclareçam esses fatos e os cul-pados sejam punidos de forma exemplar.

Continuamos na luta para implementação do implante por cateter de bioprótese valvar aórtica (TAVI) no Sistema Único de Saúde (SUS) e na saúde suplementar por meio de várias articulações políticas, envolvendo o Conselho Federal de Medicina, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a Pastoral da Pessoa Idosa, e a Associação Médica Brasileira. Esperamos ver ainda este ano o método incorporado ao rol de proce-dimentos e eventos em saúde da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Conseguimos, também, graças ao apoio do senador Cássio Cunha Lima, líder do PSDB no Senado, a convocação de uma audiência pública para discutir a inclusão do TAVI no SUS, que ocorrerá na Comissão de Assuntos Sociais do Senado Federal em data a ser confirmada brevemente.

Sabemos da fundamental importância de termos um banco de dados sólido e

atualizado. O Registro Nacional de Implan-tes (RNI) vem sendo discutido há alguns anos. Em 31 de março, na sede da ANVISA, participamos de uma reunião conjunta com o Ministério da Saúde, a ANVISA, a ANS, o Departamento de Informática do SUS (DATASUS), a Universidade Federal de Santa Catarina, a Universidade Federal de Minas Gerais e a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Essa reunião foi uma sequência de outras sobre o tema, para rever o cronograma de desenvolvi-mento e implementação do registro, com o objetivo de construir um banco de da-dos sólido e garantir a rastreabilidade dos implantes no Brasil e sua qualidade, além de coibir irregularidades. Pela primeira vez o DATASUS e a ANS estavam representa-dos presencialmente. No cronograma atu-al, 50% do projeto foi concluído e estudos piloto estão previstos para maio de 2016 em 7 centros de Hemodinâmica. Assim, a extensão do RNI para todo o território na-cional se daria somente em 2017.

Sob coordenação de Fausto Feres, ire-mos realizar a atualização de nossas Diretri-zes de Intervenção Coronária Percutânea em uma grande reunião com a participa-ção de mais de 40 nomes, já confirmados, de colegas intervencionistas e clínicos da mais alta expressão e relevância científica de vários Estados da federação no dia 17 de abril, em São Paulo (SP).

Finalmente, estamos concluindo a orga-nização de nosso Congresso anual, que será realizado no Hotel Royal Tulip Brasília Alvo-rada, em Brasília (DF), de 24 a 26 de junho.

Forte abraço a todos!

Hélio Roque FigueiraPresidente da SBHCI

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Índice

Conselho editorial: SBHCI – www.sbhci.org.brHélio Roque Figueira (RJ): PresidenteSalvador André Bavaresco Cristovão (SP): Diretor administrativoAndré Gasparini Spadaro (SP): Diretor de Comunicação Luciana Constant Daher (AL): Editora Fábio Augusto Pinton (SP) e Breno Oliveira (SP): Coeditores

Equipe técnica: Acontece Comunicação e NotíciasJornalista responsável: Chico Damaso – MTB 17.358/SPDireção de arte: Giselle de Aguiar PiresTiragem: 2.000 exemplares Circulação: Em todo o território nacional

AconteceAconteceFone: (11) 3871-0894 | [email protected]

Jornal da SBHCI é uma publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista – SBHCI. Os textos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores ou fontes consultadas e não refl etem necessariamente a opinião da SBHCI.

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ENCONTRO

CONGRESSO SBHCIExpoentes internacionais da especialidade têm presenças confi rmadas

PROGRESSO

IMPLANTAÇÃO DA MELODY™Valva pulmonar em aprovação pelo CFM

MEMÓRIA

LIVRO SBHCIObra conta a trajetória da Sociedade e será lançada no Congresso

NOVIDADE

ENQUETE MUNDIAL WRITTENSaiba com enviar dados sobre o TAVI para pesquisa

GRATIFICAÇÃO

CARLOS GOTTSCHALL RECEBE PRÊMIO CARLOS DA SILVA LACAZ Condecoração incentiva produção científi ca histórica

REGULAMENTAÇÃO

REUNIÃO NA ANVISANovas discussões sobre a implantação do Registro Nacional de Implantes (RNI)

IMPACTO

ESCÂNDALO DA MÁFIA DE ÓRTESES, PRÓTESES E STENTSCenário atual e medidas cabíveis

RECONHECIMENTO

ACADEMIA NACIONAL DE MEDICINAFábio Jatene tomou posse em março

SOLENIDADE PARAIBANAMarcelo Queiroga na Academia de Medicina

SOLENIDADE

CICE 2015SBHCI apoia Congresso Internacional

de Cirurgia Endovascular

SOCIEDADE

CORAÇÃO ALERTA EM SÃO PAULOCampanha Coração Alerta apoia ação no

Dia Internacional da Mulher em shopping

IMPOSTO DE RENDA

IRPF 2015 – DICASComo fazer o preenchimento

correto da declaração

MUDANÇA

ELEIÇÕES PARA O BIÊNIO 2016-2017Votação entre 12 e 18 de junho

OPINIÃO

CRISE NO ENSINO MÉDICOArtigo de Bráulio Luna Filho,

presidente do CREMESP

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4 – SBHCI – Jan/Fev/Mar de 20154 – SBHCI – Jan/Fev/Mar de 2015

De 24 a 26 de junho, o Hotel Royal Tulip Brasília Alvorada, em Brasília (DF), recebe o Congresso SBHCI 2015. São es-perados mais de mil congressistas, entre médicos e en-

fermeiros, para apresentação dos temas mais atuais e importan-tes da Cardiologia Intervencionista, nas áreas de coronariopatias, cardiopatias congênitas e doenças estruturais, entre outras.

Entre as inúmeras novidades, está a apresentação de 10 casos clínicos editados, tratados em três hospitais diferentes, com mé-dicos convidados. Segundo o presidente do Congresso, Edmur Carlos de Araújo, a edição permite maior objetividade na dis-cussão e na condução da aula, de acordo com a programação científica: “Dessa forma, teremos mais tempo para o debate com a plateia, o que, sem dúvida, é proveitoso”.

Além da mudança no formato de apresentação, o Congres-so contará com a participação de convidados internacionais, médicos de referência e expoentes na especialidade, com vasta experiência em procedimentos complexos. Haverá, também, a transmissão de casos ao vivo, realizados por médi-cos de Bonn (Alemanha).

Paralelamente às exibições, cardiologistas intervencionistas nacionais, de prestígio e renome em suas áreas de atuação, con-duzirão palestras e outras atividades.

“Contaremos com uma sessão de treinamento para selecionar e realizar casos de implante percutâneo de válvula aórtica, um procedimento relativamente novo, para o qual todo especialista deve estar habilitado”, ressalta Araújo.

O programa científico do Congresso contempla, com des-taque, durante três dias, temas relacionados a procedimentos percutâneos cardiovasculares. Para o último dia, está progra-mada discussão de assuntos direcionados aos cardiologistas clínicos locais.

“Em decorrência do crescimento contínuo e progressivo da especialidade, bem como da inovação tecnológica de uma série de procedimentos, trataremos questões de grande relevância para os congressistas. É uma oportunidade única de atualização, discussão, troca de experiência, e conhecimento de novas técni-cas”, conclui o presidente do Congresso.

Congresso SBHCI 2015

encontro

Instalações modernas e confortáveis para receber os congressistas

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SBHCI – Jan/Fev/Mar de 2015 – 5 SBHCI – Jan/Fev/Mar de 2015 – 5

Progresso

Avanços para implantação da Melody™ no Brasil

Representantes da SBHCI e dos Departamentos de Car-diologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Cardiolo-gia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular

se reuniram com a Câmara Técnica Extraordinária, na sede do Conselho Federal de Medicina (CFM), para discutir a aprovação da valva pulmonar transcateter Melody™, em 12 de fevereiro, em Brasília (DF).

“Trabalhamos pela liberação pelo CFM para que esta tecno-logia possa ser usada clinicamente. Esta é a segunda reunião, e para consolidar os elementos científicos já repassados ante-riormente apresentamos novos dados americanos, com a apro-vação completa do Food and Drug Administration (FDA) para o seu uso irrestrito nos Estados Unidos. Pelo teor da conversa, estamos confiantes e com uma boa expectativa”, adianta Raul Ivo Rossi Filho, diretor de Intervenções em Cardiopatias Congê-nitas da SBHCI e cardiologista intervencionista do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul.

O próximo encontro ocorrerá em breve. As Sociedades en-volvidas farão nova discussão acerca do protocolo de uso e organizarão o registro para o acompanhamento de resultados. Se aprovada, a técnica entrará na tabela de honorários da Asso-ciação Médica Brasileira e no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar.

Futuramente, pode ocupar a pauta da Comissão Nacional de In-corporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde, tornando--se disponível a toda a população. No entanto, Rossi Filho explica que este é um passo mais demorado, sem previsão para acontecer.

indicação e usoO implante percutâneo de valva pulmonar é alternativa

aos pacientes já fragilizados com dificuldades na conexão do lado direito do coração com a artéria pulmonar. Na Euro-pa e em algumas regiões da América do Norte, já beneficiou 7.500 pacientes em 190 países.

Na cirurgia convencional, coloca-se um conduto para nor-malizar a circulação. Com o tempo, ele pode se danificar, o que requer sua troca. Como sua durabilidade costuma ser in-ferior a 10 anos, o paciente é submetido a inúmeras cirurgias durante sua vida. A tecnologia de implante percutâneo de valva pulmonar permite este reparo por via percutânea, au-mentando a vida útil do conduto, ao mesmo tempo em que preserva o ventrículo direito por meio da valva de contenção, diminuindo a necessidade de substituição frequente do tubo.

As cardiopatias congênitas, doenças que mais requerem essa intervenção, afetam 8 a cada mil nascidos vivos em todo o mundo. Pouco frequente em relação às outras patologias, as crianças operadas, no entanto, chegam à vida adulta com boa qualidade de vida.

“É extremamente viável implantar a tecnologia no Brasil, pois a estimativa é de implantação de 20 a 30 válvulas anuais. O número de pacientes é relativamente pequeno, considerando que é ne-

cessária indicação muito precisa e específica para a técnica. Sabe-mos, de antemão, que apenas 15% dos cardiopatas que portam o conduto estão aptos a receber a válvula. Para estes adolescentes, a tecnologia da valva Melody™ pode ser altamente benéfica, redu-zindo a necessidade de cirurgia aberta, preservando a função do coração e melhorando sua qualidade de vida”, conclui Rossi Filho.

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6 – SBHCI – Jan/Fev/Mar de 20156 – SBHCI – Jan/Fev/Mar de 2015

MeMória

História da SBHCI vira livroEm 10 de julho 1975, a SBHCI foi criada oficialmente. Hoje,

40 anos mais tarde, além de referência, ganha uma página especial na história da Medicina do País.

Sua trajetória dá conteúdo à obra “De coração e alma: a his-tória da SBHCI”, a ser lançada durante o Congresso SBHCI 2015, que será realizado entre 24 e 26 de junho, em Brasília (DF). O livro retrata os principais acontecimentos dessas quatro décadas de atuação efetiva da Sociedade.

Jornalistas e historiadores, Oldair de Oliveira e Patricia Morga-do recuperaram, em 14 capítulos, fatos relevantes e marcantes desse processo, inclusive no que se refere à consolidação e aos avanços da Cardiologia Intervencionista no Brasil.

Com entrevistas a associados, gestores e ex-gestores da SBHCI, Oliveira e Patricia capturaram diversos documentos, jor-nais, fotos e dados sobre cada época, para, assim, remontar de forma completa cada período.

Mais que apenas a história, contada de forma organizada, detalhada e dinâmica, há fotos e arquivos raros ao público, que despertarão o interesse e a curiosidade do leitor.

O acervo resgatado ilustra, ao longo de 300 páginas, particula-ridades e detalhes que até mesmo quem acompanhou de perto o desenvolver da Sociedade irá se surpreender.

A pesquisa para construção da obra começou em abril de 2014. De acordo com Oliveira, essa é a parte que demanda mais tempo em todo o processo editorial. “Não é possível pro-duzir um bom resgate histórico sem minuciosa investigação, atentando-se a detalhes e buscando todos os dados que aju-dam a preencher lacunas preciosas.”

Esse processo envolveu mais de 30 entrevistas, além de lei-tura e análise de todo o acervo de atas, do Jornal da SBHCI, parte dos editoriais da Revista Brasileira de Cardiologia

Siguemituzo Arie (à direita), como estagiário, na Cleveland Clinic

Residentes do primeiro ano do então Instituto de Cardiologia do Estado de São Paulo (futuro Dante Pazzanese), tendo entre eles Heitor Ghissoni de Carvalho (segundo a partir da direita), presidente da SBHCI entre 1996 e 1998

Invasiva (RBCI) e publicações do Brasil e do exterior, direta-mente relacionadas à Sociedade.

“Os fatos nos foram contados a partir de diversas ópticas e nosso trabalho foi cruzar informações e transformá-las em uma narrativa atrativa”, explica Oliveira. “A história de uma instituição é a história de seus associados. Assim, tivemos o cuidado de trazer à luz, junto com a trajetória da SBHCI, a história daqueles que ajudaram a construí-la.”

“A experiência tem sido desafiadora, por um lado, mas muito gratificante, por conta de todo o apoio que temos recebido da SBHCI”, completa a jornalista Patricia. Ela ainda revela que, duran-te o processo de redação, tomaram o devido cuidado para não serem regionalistas, abrindo espaços para que personagens de diversas cidades e Estados fossem devidamente apresentados e inseridos na trajetória. “O material ainda passará por uma série de processos, incluindo primeira revisão, diagramação, aprova-ção da SBHCI, produção e aprovação da capa, nova revisão e, finalmente, envio para a gráfica”, conclui. “Temos certeza de que os leitores aprovarão e terão muitas surpresas.”

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SBHCI – Jan/Fev/Mar de 2015 – 7 SBHCI – Jan/Fev/Mar de 2015 – 7

novidade

Participe do levantamento do TAVI no Brasil

A enquete mundial Worldwide TAVI Experience (WRITTEN), promovida por um grupo de hemodina-micistas do Canadá e da Espanha, tem como objetivo identificar as práticas atuais do implante por cateter de bioprótese valvar aórtica (TAVI) em todo o m undo. Trata-se de iniciativa individual, de ordem independente (sem patrocínio e apoio de sociedades médicas ou da in-dústria), com o objetivo de obter informações referentes a seleção de pacientes, tipos de válvula, vias de acesso, tipos de anestesia e demais questões técnicas referentes ao manejo da técnica.

“Vale ressaltar que os dados são enviados de forma anônima e apenas um questionário é respondido por centro. Quanto mais serviços do Brasil participarem, me-lhor poderemos conhecer a realidade do TAVI em nosso País”, explica Henrique Barbosa Ribeiro, médico hemodi-namicista dos hospitais TotalCor e Alemão Oswaldo Cruz e membro titular da SBHCI.

Para participar, basta acessar o site www.cardiogroup.org/TAVI

Revisão das Diretrizes de ICP

e fazer o cadastro. Mediante login e senha, é possível acessar a plataforma online e responder ao questionário, o que deve levar 10-15 minutos. As respostas devem ser enviadas até meados de abril deste ano.

“É importante a participação de todos os centros brasilei-ros, independentemente de seu volume. Com isso, podere-mos ter uma ideia mais adequada da realidade por aqui e isso, no futuro, pode propiciar uma comparação com outras experiências internacionais, aperfeiçoando sua realização”, frisa Ribeiro. Não apenas os hemodinamicistas, mas os cirur-giões que realizam a técnica estão convidados a responder, em nome dos centros que atuam.

A SBHCI realiza, em 17 de abril de 2015, importante encontro para revisar os cons ensos sobre intervenção coronária percutânea (ICP). Por meio de análise crítica, especialistas discutirão a função e as indicações do procedi-mento. Apresentarão, ainda, tópicos das condutas já consagradas e evidên-cias científi cas recentes, além de discutir os níveis de recomendação.

Segundo o organizador da reunião, responsável pela Diretriz e editor associado da Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI), Fausto Feres, as expectativas para a atualização são as melhores, graças à oportu-nidade rara de reunir os formatadores do documento e médicos de alto nível com expertise nessa área de atuação. “Com esse time de especialistas, faremos uma busca minuciosa em consensos para dar consistência aos principais pontos abordados, principalmente no que se refere às indica-ções da ICP. Todos os assuntos expressivos referidos farão parte do atesta-do fi nal da Diretriz”, declara Feres.

Desde 1977, a ICP é uma prática estabelecida na Medicina nacional, utilizada com boa frequência para revascularização do miocárdio em casos de doença arterial coronária. Diversos dispositivos foram testa-dos visando à redução de complicações imediatas e tardias. Além de proporcionar maior segurança ao paciente, a técnica contribuiu para diminuir as taxas de reestenose, sendo os stents a escolha preferencial entre os especialistas.

“O momento atual da ICP merece refl exão cuidadosa sobre a adequa-ção das prescrições e a otimização dos procedimentos, em prol da me-lhor assistência”, conclui Feres.

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gratificação

Carlos Antonio Mascia Gottschall conquista Prêmio Carlos da Silva Lacaz de História da Medicina

Carlos Antonio Mascia Gottschall, um dos fundadores e ex-presidente da SBHCI, conquistou o primeiro lugar do Prêmio Carlos da Silva Lacaz de História da Medicina.

Anualmente promovido pela Sociedade Brasileira de História da Medicina, tem como objetivo incentivar a produção de mono-grafias que promovam a compreensão da história e sua partici-pação na essência da humanização médica.

Em 20 e 21 de novembro, na cidade de Maceió (AL), aconte-ceu o XIX Congresso Brasileiro de História da Medicina. Durante o encontro, Gottschall e seu orientando, Alexandre Kreling Me-deiros, foram reconhecidos pelo trabalho ‘O Início da Eletrocar-diografia no Rio Grande do Sul’.

Mestre e aluno, representando a Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre, concorreram com 29 pesquisas de todo o Brasil.

“De um lado, realizamos revisão histórica e crítica do desenvol-vimento da eletrocardiografia, desde seus primórdios; de outro, evocamos uma época de construção da moderna Cardiologia no Rio Grande do Sul, introduzida por Rubens Maciel. Um dos funda-dores da Sociedade Brasileira de Cardiologia, em 1943, é, no meu entender, o maior educador médico brasileiro no século XX”, declara Gottschall, que é também professor emérito e diretor científico da Fundação Universitária de Cardiologia do Rio Grande do Sul.

Na Santa Casa de Porto Alegre, Maciel criou a Enfermaria 29, lo-cal que concentrava o maior número de médicos do Estado. Pos-teriormente, Rubem Rodrigues, seu assistente, trouxe do México relevantes avanços em eletrocardiografia e vectocardiografia. Tais estudos estimularam-no a desenvolver o Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul, hoje um dos mais importantes centros de tratamento, ensino e pesquisa em Cardiologia do País.

Para a realização da monografia, houve muita pesquisa históri-ca, busca em documentos e arquivos da época, entrevistas com médicos e pessoas que presenciaram muitos dos fatos, teste-munhos e, também, lembranças do orientador. Gottschall atuou por 25 anos na Enfermaria 29 e conviveu com a genialidade de Maciel e com muitos de seus discípulos, como Rodrigues, Mario

Rigatto, Nilo Medeiros, Darci Ilha, Caio Flávio Prates da Silveira e Carlos Barros, apenas para citar alguns exemplos.

Também presidente de honra da Associação Gaúcha de Histó-ria da Medicina e membro titular da Academia Nacional de Me-dicina, Gottschall reforça que trabalhar com Alexandre Medeiros, o Keko, foi uma grata surpresa, que deixou a certeza de que as gerações renovam a excelência. “Embora jovem, o neto de Nilo Medeiros, um dos maiores semiologistas que conheci, faz jus ao nome.” Adiciona, ainda, que apenas apontou caminhos e indicou artigos, contribuindo ainda com vivências e a revisão final.

“O trabalho de campo e a pesquisa rica em detalhes ressaltaram o empenho de Keko. Cumpri a parte que me coube, ao mostrar que o método histórico, como fonte de conhecimento, pode ser tão importante quanto o científico, porque, parafraseando Geor-ge Santayana, os que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo – inclusive com seus erros”, destaca.

Gottschall destaca ainda que o reconhecimento de chegar ao primeiro lugar na premiação representa a satisfação de propa-gar a verdade histórica e ensejar o reconhecimento do mérito a quem o merece – as pessoas que fazem história raramente se dão conta de que a estão fazendo: “Cito Aristóteles: somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, então, não é um modo de agir, mas um hábito.”

”“Os que não

conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo – inclusive com seus erros

Alexandre Kreling Medeiros e Carlos Antonio Mascia Gottschall reconhecidos pelo trabalho ‘O Início da Eletrocardiografia no Rio Grande do Sul

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SBHCI – Jan/Fev/Mar de 2015 – 9

regulaMentação

Novas discussões sobre a implantação do Registro Na-cional de Implantes (RNI) ocorreram na sede da Agên-cia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), em Brasília

(DF), em 31 de março. O objetivo foi o de regulamentar a prática e seu desenvolvimento. Entre as propostas debatidas, está a ga-rantia de rastreabilidade dos implantes no Brasil, sua qualidade e o controle de irregularidades, como as recentemente denuncia-das pela mídia (veja mais na página 10).

Desta vez, o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e a Agência Nacional de Saúde Suplemen-tar (ANS) contaram com representantes nos debates. Participa-ram, também, alguns departamentos do Ministério da Saúde, membros da Universidade Federal de Santa Catarina, que reali-zou a fase pré-piloto com próteses de quadril e joelho, membros da Universidade Federal de Minas Gerais, além de integrantes da SBHCI e da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.

Segundo o diretor de Comunicação da SBHCI, André Gasparini Spadaro, a expansão do RNI para todo o território nacional está prevista para 2017, englobando em torno de 250 hospitais. “No cronograma atual, 50% do projeto foi concluído. Novos estudos pilotos devem ocorrer até fevereiro de 2016, em 20 hospitais, com a realização de procedimentos ortopédicos. Para maio de 2016, espera-se que a prática chegue a sete centros de Hemodi-nâmica, com o implante de stents.”

Na reunião, foi apresentado o cronograma atual dos trabalhos, com destaque para as adequações nos campos de registros de

Avanços no Registro Nacional de Implantes

informações, que resultarão em um banco de dados comum para as duas áreas, contendo, ainda, campos específicos para cada procedimento, individualmente. Abordou-se a incorpora-ção futura de outros implantes nas duas especialidades (Ortope-dia e Cardiologia), como o marca-passo.

De acordo com Spadaro, estiveram em pauta definições téc-nicas sobre as características do número serial, código gerado a cada implante de prótese, tanto no SUS (a ser incorporado com-pulsoriamente na Autorização de Internação Hospitalar) como na saúde suplementar (informado à ANS), além das considera-ções sobre os dados das próteses, informados a cada implan-te, como número de referência, lote/série, data de fabricação e validade. Essas informações são importantes para garantir o rastreamento dos implantes e o uso de próteses com o devido registro na ANVISA e dentro do prazo de validade do fabricante. Para tanto, é necessária a adequação da portaria que regula o conteúdo das etiquetas dos produtos.

Por fim, os presentes levantaram pontos sobre os ajustes na nomenclatura dos procedimentos realizados, a fim de uniformi-zar a terminologia empregada na tabela do SUS e no sistema TISS/TUSS, o que também facilita a troca de informações entre as diferentes fontes pagadoras. “Compreendendo a relevância do contexto atual e propício para o avanço do RNI, vale ressaltar a importância dos esforços concentrados para melhorar o contro-le de qualidade dos implantes e coibir as irregularidades recen-temente denunciadas”, conclui Spadaro.

Cleber Ferreira, gerente da ANVISA, coordena a equipe de trabalho do RNI

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10 – SBHCI – Jan/Fev/Mar de 2015

iMPacto

Entenda o escândalo da máfia de órteses, próteses e stents

O programa Fantástico, da TV Globo, trouxe à tona, em re-portagem exibida no início de janeiro, denúncias sobre indicações arbitrárias e desnecessárias do uso de órte-

ses, próteses e stents, entre outros produtos hospitalares, obje-tivando o lucro indevido em prejuízo da saúde da população. Após investigação diligente por três meses, identificou empre-sas que vendem esses materiais, propondo sua utilização pelos médicos em troca de dinheiro.

Por meio de sua Diretoria de Qualidade Profissional, a SBHCI, em conjunto com a Sociedade Brasileira de Cardiologia e a So-ciedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, já iniciou a elabo-ração de um manual de compliance. Para comentar a respeito desses atos ilícitos, o Jornal da SBHCI conversa com Hélio José Castello Júnior, que já foi membro e coordenador da Diretoria de Qualidade Profissional da SBHCI e é o atual coordenador do Con-selho Deliberativo da Sociedade. Ele comenta as medidas cabí-

veis, como punição, e o cenário atual desse tipo de esquema.

Com a divulgação da máfia de próteses, órteses e stents, como coibir esse tipo de ação?

As entidades em si não têm o poder de coibir, mas enten-do que essa reação deve partir da sociedade como um todo. Da mesma forma que existe a corrupção em diversos setores, a Medicina não escapa a essa vulnerabilidade. Temos de agir para mudar esse cenário lamentável. Primeiro, é investir e me-lhorar a formação do profissional, especialmente no que tange ao fortalecimento dos preceitos éticos. Outro ponto é a remu-neração médica, que merece urgente reavaliação, tanto por procedimentos quanto por desempenho, conforme ocorre em outros países. Ou seja, aqueles médicos que investem em técni-cas e tecnologias devem conquistar remuneração melhor. Dessa forma, sofreria mais prejuízo ao tomar uma atitude antiética. A

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SBHCI – Jan/Fev/Mar de 2015 – 11

Nota AMB-SBHCI A Associação Médica Brasileira (AMB), representando

as sociedades de especialidades médicas, com base nas informações apresentadas pela mídia contendo denúncias graves sobre atitudes antiéticas e criminosas na indicação e utilização de materiais em procedimen-tos médicos, vem a público informar:

Repudiamos que fatos dessa natureza ocorram em nosso meio e consideramos que tais denúncias devam ser investigadas pelos órgãos competentes, com a pu-nição dos culpados dentro do rigor da Lei.

A classe médica brasileira é constituída, em grande parte, por profissionais bem formados, supervisionados e treinados pelas sociedades médicas de especialida-des, os quais conduzem suas atividades pautadas no mais rigoroso critério técnico e ético e fundamentadas nas normas de cada sociedade.

Os médicos brasileiros orientam seu trabalho com base em condutas reconhecidas internacionalmente e contrárias às apresentadas nas reportagens.

As atitudes ilícitas de alguns não podem colocar em descrédito a classe médica, cuja atuação prioriza a saú-de e a segurança do paciente, fundamentais para o su-cesso do tratamento. Temos convicção de que impren-sa e sociedade brasileira saberão fazer essa distinção.

A AMB está convocando uma força-tarefa com as entidades públicas e privadas envolvidas nesse tema, no sentido de criar e aperfeiçoar mecanismos para coibir de forma rigorosa tais práticas, e continuará tra-balhando para proporcionar formação técnica e ética aos médicos brasileiros.

divulgação mais ampla ao informar o paciente sobre o uso do material e o compartilhamento de informações sobre sua com-posição, sua utilidade e seus diferenciais são ações importantes para assegurar ao consumidor final que ele não será lesado e para sua compreensão do que utilizará. Conhecendo o produ-to, ele terá noção de valor e haverá, consequentemente, maior controle pelos órgãos competentes. Hoje, o que se faz é culpar somente o erro médico, quando, na realidade, existem muitos responsáveis. O desvio ético não compete somente ao campo da Medicina. Temos problemas em hospitais, planos de saúde e profissionais de saúde, entre outros. O que deve ficar claro é que em todos os meios há pessoas boas e também desonestas.

Uma sociedade de especialidade, como a SBHCI, pode interferir de alguma forma?

Não, mas acredito que há uma maneira positiva de atuar nesse sentido. As fontes pagadoras, principalmente o Siste-ma Único de Saúde e a saúde suplementar, utilizam segundas opiniões, que não são muito bem definidas. Em minha com-preensão, deveriam dispor dos conhecimentos das socieda-des de especialidade como referências mais embasadas. A re-novação das Diretrizes se estende por muito tempo, de dois a três anos, e a tecnologia atualmente é bem ágil. Em termos de proporção entre informação e prática, haverá sempre um delay. Uma boa opção é a entidade contar com uma mesa de especialistas contínua, que avaliaria todo novo material a en-trar no mercado, em conjunto com os órgãos competentes, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, por exemplo. Um trabalho que aliaria a validação dos órgãos de regulação e o amparo científico das sociedades poderia ajudar a reduzir esse tipo de imprudência. Em termos de ética, isso compete ao Conselho Federal de Medicina e a suas representações es-taduais, que legislam sobre esse aspecto. São instituições que podem condenar e criar algum tipo de punição àqueles que não seguem o Código de Ética.

Atos ilícitos desse porte respingam, de alguma forma, nas sociedades de especialidade?

Isso reflete negativamente em toda a saúde brasileira. Passa-mos a ser alvos da desconfiança do paciente com relação a nos-sa atividade. Existem desvios éticos em todas as especialidades. Obviamente, entre aqueles que lidam com próteses e materiais

”“Da mesma forma

que existe a corrupção em diversos setores, a Medicina não escapa a essa vulnerabilidade

de alto custo fica mais evidente, além de ser um terreno mais propício para as pessoas ganharem dinheiro de forma ilícita. É mais um ponto negativo para os brasileiros de modo geral e, em particular, para nós, médicos. Se a entidade mostrar seu papel de defensora da ética e da boa prática, expondo isso principalmen-te aos leigos e às fontes pagadoras, talvez seja possível minimi-zar esses efeitos na especialidade.

Qual a importância de a SBHCI ser signatária do docu-mento oficial da Associação Médica Brasileira (veja box), cujo conteúdo repudia fatos dessa natureza?

Acho importante a SBHCI se posicionar diante de seus asso-ciados, formalizando sua preocupação com a prática dos princí-pios éticos e estabelecer sua contrariedade a esse tipo de des-vio criminoso. Um dos caminhos é se aproximar do público, do consumidor final do nosso trabalho, que são os pacientes. Pre-cisamos divulgar o trabalho da Sociedade, que é embasado em interesses científicos e no desenvolvimento da especialidade. Se a sociedade civil (pacientes e familiares) tiver o conhecimento necessário, a chance de erros éticos diminui. Cabe à Diretoria decidir por atitudes nesse sentido e averiguar se são as melhores ações para fortalecer a entidade e a especialidade.

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12 – SBHCI – Jan/Fev/Mar de 2015

reconheciMento

Fábio Jatene toma posse na Academia Nacional de Medicina

José Antonio Marin-Neto*

Em 27 de fevereiro, em João Pessoa (PB), tive a ventu-ra e o privilégio de presenciar a posse de nosso colega e amigo, Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes, como o mais novo integrante, com todas as honras, da Academia de Medicina da Paraíba.

A sessão solene de posse, perante o colegiado acadêmico e na presença de mais de 300 pessoas entre familiares, ami-gos e, certamente, admiradores, que lotaram completamen-te as dependências do auditório, transcorreu por cerca de três horas de cerimonial.

Entre diversos momentos de grande gala devo destacar de início a saudação ao novo acadêmico, proferida por João Gonçalves de Medeiros Filho, em nome da Acade-mia. Ele ressaltou e enalteceu as muitas e proteiformes qualidades humanas e profissionais da trajetória pública de Queiroga, como médico e líder societário, com espe-cial realce para o âmbito da SBHCI.

P rofessor titular da Disciplina de Ci-rurgia Cardiovascular da Faculdade de Medicina da Universidade de São

Paulo (FMUSP), Fábio Biscegli Jatene to-mou posse como titular da Cadeira 29 da Academia Nacional de Medicina (ANM) em 10 de março, cujo patrono é Daniel de Oli-veira Barros D’Almeida.

A cerimônia foi muito concorrida e contou com a presença dos mais ilustres dirigentes da FMUSP e do Instituto do Coração, onde atua como diretor geral e preside o Conselho Diretor, além de enti-dades médicas. A SBHCI foi representada por Marcelo Queiroga, ex-presidente na gestão passada, que também participou da mesa diretora dos trabalhos, presidida pelo acadêmico Pedro Novelino.

Durante a saudação de boas-vindas ao novo imortal, o acadêmico Silvano Mário Atílio Raia enfatizou que Jatene se destaca como professor e chefe de equipe: “Como professor, não impõe dogmas, mas antes discute, estimula o de-bate entre seus alunos”.

Também marcaram presença Florentino Cardoso e Marcelo Matos Cascudo, presidentes, respectivamente, da Associação Médica Brasileira e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovas-

Uma solenidade de gala para o mestre e amigoEssa perspectiva faz jus às verdadeiras cruzadas empreendi-

das por Queiroga em prol de causas da maior relevância social e humanística, de que é expressão maior seu monumental livro intitulado ‘Atuação da SBHCI na Incorporação do Implante por Cateter de Bioprótese Valvar Aórtica no Brasil’.

Muito comovente foi o momento de condecoração do no-vel acadêmico por sua esposa, também médica, Simone de Araújo Queiroga Lopes, que, a pedido do presidente da ses-são, Ricardo Antônio Rosado Maia, e na presença dos três fi-lhos do casal, o ilustre jurista Marcelo Cartaxo Queiroga Filho, a acadêmica de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro Daniella de Araújo Cartaxo Queiroga, e o estudante colegial Antônio Cristóvão de Araújo Neto, conferiu a Queiro-ga a posse do colar acadêmico e a respectiva medalha, bem como o ornamental pelerine, símbolo tradicional de honra e distinção inerentes à Academia.

Ainda mais emocionante foi a quebra de protocolo pelo filho mais novo do casal, Antônio Cristóvão, com apenas 15 anos de idade, quando, já ao fim da cerimônia, solicitou e ob-

cular, e Emílio Zili, diretor administrativo da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Em seu discurso, Jatene descreveu de forma detalhada sua trajetória, da época de estudante até alcançar o mais alto cargo da carreira universitária, como professor titular da USP. “É um dos momentos mais impor-tantes da minha vida”, disse, emocionado.

A solenidade também ficou marcada pelas homenagens a Adib Jatene, que in-tegrou a ANM, empossado há 25 anos, o que suscitou em seu filho o mesmo sonho de fazer parte da casa. Suas contribuições à Medicina brasileira e, em especial, sua in-fluência na formação pessoal e médica do novel acadêmico estiveram em foco. “Hoje, ao ver este sonho concretizado, o destino não permitiu que pai e filho sentassem lado a lado nesta casa”, considerou Jatene.

Entidade médica mais antiga do Brasil, a ANM é a mais tra-dicional instituição cultural do País, precedendo a Academia Brasileira de Letras. Sua fundação data do primeiro império de D. Pedro I. Outros membros da ANM que representam a Cardiologia Intervencionista são os ex-presidentes e funda-dores da SBHCI, acadêmicos J. Eduardo Sousa e Carlos Anto-nio Mascia Gottschall.

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Cardiologia intervencionista na Academia Paraibana de MedicinaO ex-presidente da SBHCI, Marcelo Queiroga, acaba

de assumir a posição de número 28 da Academia Paraibana de Medicina. A cerimônia de posse acon-

teceu em 27 de fevereiro, no auditório de Conselho Regio-nal de Medicina do Estado. Vale citar que a instituição con-ta com 40 cadeiras ocupadas por médicos cujas carreiras se destacam e são de relevância para a sociedade.

Conforme Queiroga, mais de 250 pessoas de todos os setores sociais da Paraíba participaram da solenidade, in-cluindo convidados ligados a universidades, ao Conselho Regional de Medicina e a associações médicas, além de representantes do governo e de outras esferas políticas. “É uma oportunidade para divulgar a Medicina e a Cardiologia Intervencionista, apresentando projetos de interesse social, como as campanhas Coração Alerta e Jovens Corações”, afir-ma o ex-presidente da SBHCI.

Queiroga planeja trabalhar em prol do desenvolvimento das atividades culturais, na Academia Paraibana de Medicina, com a finalidade de propor a valorização da Medicina, dos médicos e de demais agentes da saúde em relação à popula-ção. “A meta é atuar continuamente para preservar a medicina no Estado e difundir a atuação da Academia na sociedade, sobretudo para os mais jovens, que têm apresentado inte-resse crescente na profissão. A política médica se traduz na disponibilização dos preceitos éticos, na história milenar e no objetivo da profissão”, explica.

teve do presidente da sessão a permissão para, da tribuna, ex-por em breves e singelas, mas tocantes, palavras o sentimen-to de intensa união e sentido de responsabilidade humana e social que Queiroga imprime a seu círculo familiar, por meio de exemplo e atuação constantes.

Mas, sem dúvida, o momento culminante de toda essa oca-sião engalanada foi o discurso de posse na Academia Paraibana de Medicina, com o qual Queiroga brindou seus pares e toda a assistência. Foram homenageados devidamente o patrono da cadeira número 28 da Academia, o médico e cientista Manuel de Arruda Câmara, também eminente botanista e naturalista de escol, além do antecessor de Queiroga nessa cadeira, o notável médico neurocirurgião José Alberto Gonçalves da Silva, recente-mente falecido após brilhante carreira.

O discurso de Queiroga foi extraordinariamente gratifi-cante para todos os agraciados com sua audição, por sua fluência, vigor de estilo e eloquência, fazendo com que o público praticamente “não visse o tempo passar”, conforme depoimento unânime de quantos se pronunciaram sobre isso na festividade que se seguiu. Entre outras característi-cas essenciais, o discurso foi lastreado no excelente livro por ele recentemente publicado, com o nome ‘Sinapse eterna’.

Trata-se do título muito evocativo de pequena obra-pri-ma, pela reconstituição criteriosa de inúmeros aspectos históricos das biografias de seu antecessor direto e do patrono da cadeira 28 da Academia Paraibana de Me-dicina, bem como por um depoimento pessoal muito relevante sobre o significado de algumas de suas con-vicções existenciais, sempre bastante iluminadoras.

Finalmente, registro que viajei de Ribeirão Preto (SP) para João Pessoa, na expectativa única de testemunhar evento em que o amigo era dignamente prestigiado no meio mé-dico-acadêmico de sua terra natal. Entretanto, vi-me, ainda que sem delegação oficial, na condição de virtual represen-tante de nossa SBHCI durante as comemorações próprias de tão faustoso acontecimento. Como bônus final de minha viagem, ainda fui cumulado com o prazer desfrutado pela conversa, durante várias horas, sempre muito erudita e pro-funda, com seu filho Marcelo Filho.

Professor titular de Cardiologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de

São Paulo, coordenador da Comissão Permanente de Certificação Profissional da SBHCI

SBHCI – Jan/Fev/Mar de 2015 – 13

Marcelo Queiroga e José Antonio Marin-Neto

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14 – SBHCI – Jan/Fev/Mar de 2015

solenidade

SBHCI e CICE: em prol da expansão do conhecimento científico

De 15 a 18 de abril, o Sheraton São Paulo WTC Hotel (São Paulo, SP) será palco do Congresso Internacional de Cirurgia Endovascular (CICE) 2015, o maior evento

de área da América Latina. Com apoio da SBHCI, apresentará formato inovador e ousado, além de um programa completo e abrangente, a fim de atender aos interesses de cerca dos 5 mil congressistas aguardados.

Um dos destaques será a exibição de casos ao vivo. Haverá apresentações de técnicas complexas com endopróteses bra-sileiras e alemãs, quadros endovasculares, endovenosos e es-téticos, e sessões exclusivas que contarão com a presença de debatedores e moderadores especialistas nos eventos expostos, assim como nas técnicas e nos materiais utilizados.

As salas estarão compostas por palestrantes nacionais e internacionais de alto nível para discutir teorias e práticas da cirurgia dentro da Cardiologia. Além disso, Fóruns de Con-senso contarão com médicos vasculares gabaritados, de di-versos segmentos, que determinarão condutas padrão aos demais profissionais.

Simultaneamente, três sessões serão destinadas a aulas internacionais. O Leipzig Interventional Course (LINC), curso anual que aborda pacientes vasculares, de característica in-terdisciplinar, promoverá a integração e a educação conti-nuada entre os que atuam com intervenção endovascular. Já o Vascular Interventional Advances (VIVA) passará conhe-cimentos globais, que reforçam o uso da tecnologia nos procedimentos. Por fim, o American Venous Forum (AVF), enorme sucesso na última edição do CICE, ganhará um dia inteiro de duração este ano.

ProgramaçãoConfira o cronograma das Sessões 47 e 49, coordenadas pela SBHCI, que ocorrerão dia 17 de abril, sexta-feira:

Sessão 47 - TAVI: Promessas e Perspectivas9h00-9h15 Seleção de Pacientes: Importância do “Heart Team”

9h16-9h31 Como Avaliar o Acesso Vascular e Utilização de Novos Dispositivos de Oclusão Femoral

9h32-9h47 Novas Válvulas e Soluções para Proteção Cerebral

9h48-10h00 Discussão

Sessão 49 - Denervação Simpática Renal11h20-11h28 HAS e Risco Cardiovascular

11h29-11h37 Racional e População Ideal para DSR

11h38-11h46 Estudos Clínicos

11h47-11h55 DSR além da HAS

11h56-12h04 Dispositivos para DSR

12h05-12h13 O Passo-a-Passo do Procedimento

12h14-12h22 Discussão

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SBHCI e CICE: em prol da expansão do conhecimento científi co Parceria Pela primeira vez na história do Congresso, a SBHCI atuará

como colaboradora científi ca, com a participação em três me-sas-redondas que abordarão Angioplastia Carotídea, Implante de Válvulas Percutâneas e Tratamento Endovascular de Hiper-tensão Arterial. “A ideia é abrir a perspectiva de trabalho e co-nhecimento do cardiologista intervencionista – não só em caro-tídea, renal e válvula, mas, também, na área de intervenção não coronária”, explica o diretor de Educação Continuada da SBHCI, Marcos Marino.

O debate contará com cardiologistas membros da entida-de e convidados internacionais de vasta atuação nos Estados Unidos e na Europa. De acordo com Marino, o intuito é de-senvolver um programa abrangente e com expoentes do ce-nário científico mundial.

Em decorrência do extenso território nacional e de sua di-versidade socioeconômica, existe uma carência maciça de profissionais que não sejam apenas coronários. O diretor de Educação Continuada defende há anos a interiorização dos efetivos da SBHCI em diversas regiões do Brasil e não apenas nos polos principais.

“Nossa parceria e a tradição do encontro possibilitarão que o leque de soluções terapêuticas se amplie. Haverá conteúdo para utilização de angioplastias periféricas e caro-tídeas, por exemplo, sempre que existir essa alternativa de tratamento. Ou seja, profissionais de todo o País terão aces-so ao melhor e mais atualizado conhecimento, para aplicar em seus locais de trabalho.”

Além de Marino, Alexandre Abizaid, diretor científico da Sociedade, participou da composição das mesas, conjunta-mente com a Comissão Científica do Congresso. “Armando Lobato, presidente do CICE 2015, sugeriu que explorásse-mos as tradições da entidade”, informa Marino. “Queremos tirar o especialista de sua zona de conforto e permitir o con-tato com diferentes tópicos.”

Trata-se de oportunidade única para os médicos expandirem sua área de atuação técnica. Em um grande acontecimento como esse, a rede que se forma é espetacular, permitindo o con-tato com fornecedores de materiais, técnicas novas e os maiores especialistas nacionais e internacionais. “O conhecimento e a in-formação científi ca completa são essenciais para ofertar a seus pacientes as corretas possibilidades”, conclui Marino.

VALORES Ética Competência técnica e cientí� ca Capacidade resolutiva Valorização pro� ssional Responsabilidade socioambiental Comprometimento Sustentabilidade Inovação tecnológica

MISSÃODesenvolver a cardiologia intervencionista, certi� car a atuação pro� ssional e representar os associados com qualidade, e� ciência e alto valor agregado em prol da comunidade

VISÃOSer reconhecida internacionalmente como referência no âmbito de Sociedade de Intervenções Cardiovasculares

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16 – SBHCI – Jan/Fev/Mar de 2015

sociedade

Coração Alerta, no Shopping Aricanduva, chama a atenção para o infarto em mulheres

Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemo-rado em 8 de março, a SBHCI promoveu ação no Shopping Aricanduva, localizado na Zona Leste da cidade de São

Paulo (SP), a fim de conscientizar a população sobre problemas cardíacos em mulheres. Músicos distribuíram rosas e um marca-dor de livros da campanha Coração Alerta.

Atualmente, um em cada três pacientes que sofrem infar-to do miocárdio é do sexo feminino. Principal causa de morte entre as brasileiras, seus índices já ultrapassam os do câncer de mama. “Na maioria dos casos, elas adiam mais a procura pelo atendimento de saúde ao apresentarem sintomas da afecção. Isso acontece, entre outras razões, pela maior tolerância à dor e pelos sinais, que se apresentam de forma adversa à dos homens”, informa o cardiologista Marcelo Cantarelli, coordenador nacio-nal da campanha Coração Alerta.

Os traços das doenças cardiovasculares são mais intensos na população masculina, sobretudo a dor no peito. Entre as mulhe-res, o que sobressai são, em geral, dores nas costas e na boca do estômago. Cantarelli explica que, muitas vezes, os indícios de um infarto iminente não recebem a atenção devida. Segundo ele, as

ocorrências secundárias e consequentes podem ser mais acentuadas, acarretando compreensão

equivocada do quadro: “Por exemplo, falta de ar é confundida com problemas no pulmão, enquanto tontura e en-joo podem ser entendidos como gastrite ou enxaqueca”.

Em parceria da SBHCI com o Shopping Aricanduva, o objetivo da iniciativa foi esclarecer a popu-lação sobre as formas de preven-ção e de identificação do infarto. Com viés estratégico e ilustrativo, os marcadores de livro destacavam como cuidar de si pode fazer a dife-rença quando o assunto é saúde. Os dois modelos continham frases de destaque, como: ‘Quando o assunto é coração, todo detalhe importa’ e ‘Você, que sempre cuida de tudo, não pode descuidar da própria saúde’.

No próprio dia 8, um movimento na Praça Victor Civita, no bairro do Alto da Lapa, também em São Paulo, reuniu a população local com música, exercícios físicos e dicas para evitar doenças cardía-cas, com o apoio da Rádio Alfa FM.

A escolha da data carrega alto teor simbólico, uma vez que é um período no qual as mulheres estão mais acessíveis a receber materiais que lhes dizem respeito. A ideia é chamar a atenção para esse problema e instruir como combatê-lo, despertando grande visibilidade e interesse da mídia e da sociedade. “São ações pontuais como essa que nos permitem chegar ao público-alvo e, efetiva-mente, alertá-lo para a afecção que mais mata mulheres no Brasil e no mundo”, diz o cardiologista.

O número de casos de infarto cresce entre as mulheres, es-pecialmente naquelas com menos de 60 anos de idade, e os responsáveis por isso são, em parte, o ingresso no mercado de trabalho, que eleva a carga de estresse, o aumento do tabagis-mo, a obesidade e o sedentarismo, fatores de risco coronário expressivos, de acordo com o coordenador da campanha.

Coração Alerta é, atualmente, a campanha cardiológica de maior visibilidade do Brasil, com alcance mensal supe-rior a um milhão de pessoas em sua página do Facebook. No Brasil, aproximadamente 100 mil pessoas morrem, por ano, em decorrência de infarto, e, por isso, seu foco é claro: diminuir essa taxa em 50%.

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SBHCI – Jan/Fev/Mar de 2015 – 17

Dicas para a declaração de IRPF 2015

O prazo para declaração de imposto de renda de pessoa fí-sica (IRPF) teve início em março e termina em 30 de abril. A seguir encontram-se alguns cuidados que podem aju-

dar e facilitar o preenchimento de sua declaração.

Um novo aplicativo para auxiliar o preenchimentoO site da Receita Federal disponibiliza, desde novembro de

2014, um aplicativo que permite fazer um rascunho da decla-ração, em que o contribuinte pode ir lançando as informações.

O rascunho da declaração de IRPF não é ofi cial e as informa-ções salvas poderão, a critério do usuário, ser utilizadas na decla-ração IRPF 2015. Portanto, o objetivo desse aplicativo é apenas o de facilitar o preenchimento.

Como começar?Inicialmente separe todos os comprovantes de despesas que

podem ser utilizados para dedução na declaração completa, como despesas com saúde e educação. Importante: ao declarar uma despesa, poderá ser necessário comprová-la para a Receita; portanto, guarde todos os comprovantes, informando correta-mente os valores na declaração de IRPF.

Informações de compra ou vendaCaso você tenha comprado ou vendido um imóvel ou automó-

vel, por exemplo, informe o valor pelo qual o bem foi adquirido ou vendido. No caso da venda de um imóvel que gerou lucro, você deverá informar qual o ganho obtido. Consulte um contador para saber se há necessidade de recolher o imposto de renda.

Informações de imóveis alugadosQuem paga aluguel para moradia, consultórios, salas comer-

ciais ou outros imóveis e que no contrato de locação consta como inquilino uma pessoa física, deve observar que, apesar de o recolhimento do IR referente ao aluguel ser responsabilidade do proprietário, o inquilino tem obrigação de informar na decla-ração de IRPF o quanto pagou de aluguel e para quem no ano base (2014), pois se essa informação for omitida o inquilino esta-rá sujeito a multa. Portanto é necessário reunir todos os compro-vantes de pagamento de aluguel. Quem recebe aluguel como pessoa física deve declarar o recebimento desses aluguéis, os quais estão sujeitos a tributação do IR.

InvestimentosÉ necessário declarar as posições de seus investimentos no

dia 31 de dezembro, portanto tenha todos os informes. Fundos imobiliários negociados em bolsa de valores têm isenção de IR para os recebimentos mensais, porém o lucro obtido com a compra e venda das cotas é tributado. Quem negocia ou tem ações, opções e outros mercados deverá ter atenção ao declarar, separando as operações de day trade e de mercado à vista. Tenha todas as notas de negociação, pois deverá pre-encher o resultado mensal (lucro/prejuízo) dessas operações e os impostos que foram recolhidos. Lembre-se de que prejuízos anteriores podem ser abatidos dos lucros posteriores. Investi-mentos em outros países devem ser declarados.

Informes de rendaReúna os informes de recebimentos de todas as fontes paga-

doras, como empresas e instituições que contratam seus servi-ços. Em geral, o prazo para que essas empresas enviem as infor-mações é fevereiro.

Declaração simplifi cada ou completa?Preencha a declaração completa, inserindo todas as deduções

que você tem. No lado esquerdo, no campo “Opções”, aparecerá o imposto devido “Por Deduções Legais” e “Por Desconto Simplifi -cado”. Você deverá selecionar a opção que julgar mais vantajosa.

Como pagar menos IR?Não caia na tentação de sonegar, não informando receitas

ou inserindo despesas que não existem e que não terá como comprovar. O IR faz parte das “regras do jogo”. No caso de alguns profi ssionais, como médicos e dentistas, a constituição de uma empresa para fazer os recebimentos pode ser uma alternativa dentro da lei para recolher menos impostos. Procure um conta-dor, que poderá auxiliá-lo nos cálculos e esclarecer se essa é uma alternativa viável para seu caso.

Cuidados ao terceirizar o preenchimentoPara quem não tem disponibilidade para preencher a decla-

ração, contratar um contador pode ser uma boa opção. Confi ra, porém, todas as informações que foram colocadas; se necessá-rio, faça uma declaração retifi cadora.

iMPosto de renda

Importante: não deixe para os

últimos dias!

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18 – SBHCI – Jan/Fev/Mar de 2015

Mudança

Rua Beira Rio, 45 – cjs. 71 e 74 – Vila OlímpiaCEP 04548-050 – São Paulo – SP

Fone: (11) 3849-5034

www.sbhci.com.br

Equipe AdministrativaGerência: Norma CabralSecretaria: Layla CaitanoEventos: Roberta FonsecaFinanceiro: Kelly PeruziSócios: Jessica Rodrigues

Gestão 2014-2015Presidente: Hélio Roque Figueira (RJ) Diretor Administrativo: Salvador André Bavaresco Cristovão (SP)Diretor Financeiro: Cyro Vargues Rodrigues (RJ)Diretor Científi co: Alexandre Antonio Cunha Abizaid (SP)Diretor de Comunicação: André Gasparini Spadaro (SP)Diretor de Qualidade Profi ssional: Edgar Freitas de Quintella (RJ)Diretor de Educação Médica Continuada: Marcos Antônio Marino (MG) Diretor de Avaliação de Tecnologias em Saúde: Marcelo Queiroga (PB)Diretor de Intervenções Extracardíacas: Itamar Ribeiro de Oliveira (RN)Diretor de Intervenções em Cardiopatias Congênitas: Raul Rossi Ivo Filho (RS)

Departamento de EnfermagemPresidente: Gustavo Cortez Sacramento (SP)Vice-presidente: Luciana Lima (RJ)Primeira-secretária: Ana Flavia Finalli Balbo (SP)Segunda-secretária: Adriana Correa Lima (MS)Primeira-tesoureira: Erika Gondim (CE)Segunda-tesoureira: Maria Aparecida Carvalho Campos (SP)Coordenadora Científi ca: Jackeline Wachleski (RS)Coordenadora de Educação Continuada: Roberta Corvino (SP)Coordenadora de Titulação: Ivanise Gomes (SP)

Já estão programadas as eleições para o biênio 2016-2017 da SBHCI, entre os dias 12 e 18 de junho. A nova Presidência e sua Diretoria, membros titulares e suplentes do Conselho Fiscal esco-lhidos pelos associados, bem como a composição do Conselho Deliberativo serão anunciados em Assembleia Geral, durante o próximo Congresso SBHCI, no Hotel Royal Tulip Brasília Alvorada, na Capital Federal.

“A votação será eletrônica com duração de sete dias consecuti-vos, no portal da Sociedade. Já defi nimos a Comissão Eleitoral (CE), composta pelos colegas Wilson Pimentel, coordenador e membro do Conselho Consultivo, Hélio Castello Jr., membro do Conselho Delibe-rativo, e Silvio Giopatto, membro do Conselho Fiscal. O edital, con-tendo o cronograma e as orientações para a composição das chapas para presidente e membros da Diretoria, assim como para os candida-tos ao Conselho Fiscal, está disponível em nosso site”, explica Salvador

Prepare-se: vêm aí as eleições 2015André Bavaresco Cristovão, diretor administrativo da SBHCI.

Cabe à CE, conforme disposto no Estatuto Social, redigir as ins-truções para o processo de votação, além de divulgá-las com a maior visibilidade possível; conferir a composição do quadro asso-ciativo; verifi car a adequação das chapas que se apresentam para inscrição, especialmente no que se refere à elegibilidade de seus membros; informar aos associados da SBHCI todos os aspectos re-lativos ao pleito, bem como registrar seu parecer, a pedido da Di-retoria, sobre o trâmite da votação. É de responsabilidade também da CE solicitar os representantes das diversas regiões do País para a composição do Conselho Deliberativo, conforme novo estatuto, disponível no portal.

“Vivemos o início do processo, nossa expectativa é de que tudo transcorra da melhor forma e estamos trabalhando para isso”, afirma Cristovão.

A Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI) fechou contrato com a editora Elsevier. A primeira mudança visível para o público será em seu layout. “Sou editora da RBCI desde 2007 e o design é praticamente o mesmo desde então. Contaremos com novidades tanto na capa como no miolo da Revista”, adian-ta Áurea J. Chaves.

Outra alteração importante é a publicação simultânea das ver-sões em inglês e português. Já havia o contrato para os registros das edições em outro idioma; no entanto, por motivos logísticos, ainda não ocorrera a produção.

A RBCI também passará por aperfeiçoamento nos sistemas de submissão de artigos. “Um novo procedimento facilitará, aos au-tores que submetem os artigos, o envio de imagens e do próprio texto. É um sistema testado mundialmente e já empregado em vários países”, comenta Áurea.

Desde o fi m de 2014, a publicação integra o Science Web, por-tal de visibilidade internacional. “Esperamos atrair mais artigos de outros países, principalmente da América Latina. Se conseguirmos

RBCI repaginada a indexação no MEDLINE, sistema de procura e vitrine de revistas científi cas, será mais fácil conquistar esse feito”, enfatiza Áurea.

Existe uma série de processos com esse viés, como o SciELO, com busca local para pesquisa latino-americana, e o PubMed, americano, de alcance mundial. De acordo com Áurea, uma revista publicada nesse sistema tem grande visibilidade e aumento da captação de ar-tigos, o que permite a divulgação de conteúdos cada vez melhores.

Com as mudanças, com mais experiência e com a evolução da qualidade científi ca dos estudos publicados, a RBCI tem essa pers-pectiva e fará novas tentativas a médio e longo prazos.

Parceria de sucessoA Elsevier, uma das mais antigas e conceituadas casas editoriais

do mundo e responsável pela publicação de estudos em diver-sos periódicos reconhecidos e de grande impacto, conta com infraestrutura apropriada para produção e divulgação de revistas. Por se tratar de uma empresa tradicional na área, várias de suas ferramentas disponibilizadas são apropriadas para atender às ne-cessidades da RBCI. “Antes era preciso contratar, aqui no Brasil, diversos serviços, e hoje contamos com todo o profi ssionalismo e suporte da Elsevier”, conclui Áurea.

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SBHCI – Jan/Fev/Mar de 2015 – 19

oPinião

Ensino médico em crise, pacientes em risco

Bráulio Luna Filho*

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) divulgou recentemente os resultados da dé-cima edição do Exame do Cremesp, cujas provas ocorre-

ram em outubro. O número de reprovados é alto e preocupante, refletindo a baixa qualidade do ensino de Medicina no Estado de São Paulo e, quiçá, no Brasil, já que em 468 formandos de outros Estados o resultado foi ainda pior.

Submeteram-se ao Exame 3.359 recém-formados. Dos 2.891 inscritos de São Paulo, 55% (1.589) tiveram média de acerto <60% em relação ao conteúdo apresentado. Destaque-se que o exame é composto de questões fáceis ou medianas pela análise psicométrica clássica (Índice de Facilidade e Discriminação). Já entre os novos médicos de outros Estados, a reprovação foi de 63,2%, indicativo de que a situação, já gravíssima em São Paulo, pode estar ainda pior.

O baixo aproveitamento foi desalentador, ainda mais con-siderando o despreparo dessa safra de novos doutores em áreas fundamentais como Clínica Médica, Pediatria, Gineco-logia, Obstetrícia e Cirurgia Geral. Eles mostraram ignorância em questões simples como atendimento inicial a vítima de acidente automobilístico, a vítimas de ferimento por arma branca, a casos de pneumonia na comunidade, a pancreatite aguda e a colelitíase (pedra na vesícula).

Das 42 escolas do Estado de São Paulo, 30 participaram da avaliação. As 20 piores colocações ficaram com as instituições privadas. Absurdo! Cobram mensalidades entre R$ 6 mil e R$ 9 mil, mas não oferecem em contrapartida formação adequada àqueles que investem no sonho de ser médico. Isso é preo-cupante porque a maioria desses novos graduados em breve estará na linha de frente da assistência médica em pronto-

-socorro e pronto atendimento. Houve curso cujos alunos não ultrapassaram 13% de acertos.

Como o Exame do Cremesp não pode, por força da legisla-ção, impedir ninguém de ser médico, por mais desqualificado que seja esse profissional, o ônus da formação deficiente recai sobre os cidadãos. Somos nós, nossos filhos, pais, parentes e amigos que estaremos correndo riscos ao sermos atendidos por um desses médicos.

O Conselho Regional de Medicina fará sua parte dentro do que lhe é possível. Os resultados são entregues individualmente e em caráter confidencial aos novos médicos. As escolas tam-bém receberão relatório detalhado sobre o desempenho de seus alunos, para que tenham a possibilidade de aperfeiçoar seus cursos. Os dados ainda serão disponibilizados aos Ministé-rios da Educação e da Saúde, ao Conselho Federal de Medicina, à Câmara dos Deputados, ao Senado Federal, ao Ministério Públi-co e aos Conselhos Nacionais de Saúde e Educação.

Esperamos que cada uma dessas instâncias cumpra seu papel, intervindo e envidando esforços para mudar o atual panorama do ensino da Medicina. O Exame do Cremesp deixa escancarado que é inadequada a maneira como o governo avalia as esco-las médicas. A título de exemplo, a já citada escola médica que teve apenas 13% de aprovação na última avaliação do Exame do Cremesp possui resultado satisfatório no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, exame utilizado pelo Ministério da Educação para avaliação.

Evidentemente há pouca disposição de mudança em boa parte das escolas médicas privadas. Elas, inclusive, não esbo-çam interesse em ser avaliadas, pois isso significaria mais in-vestimento no corpo docente, em laboratórios e biblioteca médica. Hoje, mais de 80% dos cursos privados do Estado de São Paulo não têm hospitais-escola.

Finalizando, da mesma forma que existe avaliação obriga-tória para exercer as profissões de advogado e contador, pro-pugnamos por haver também uma prova obrigatória para os recém-graduados em Medicina. Ou planilhas e processos são mais importantes que a saúde e a vida? Não, a resposta só pode ser um rotundo não!

*Presidente do CremespOsm

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Page 20: Jornal SBHCI 2015 Edição 1