jornal da sbhci - ed. 45 - 04/2009

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1 Publicação Trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista Curso de Revisão 2009 SBHCI realizou em novembro seu curso anual, que foi ampliado e renovado SBC, ANS E CFM Os presidentes das três entidades falaram com exclusividade ao Jornal da SBHCI BALANÇO DE GESTÃO Diretoria que esteve à frente da Sociedade de 2006 a 2009 avalia os resultados de três anos de trabalho Ano XII • Número 4 Outubro a Dezembro de 2009

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Publicação trimestral da SBHCI - Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista - ed. 45 - 04/2009

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Publicação Trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista

Curso de Revisão 2009SBHCI realizou em novembro

seu curso anual, que foiampliado e renovado

SBC, ANS E CFMOs presidentes das três entidades

falaram com exclusividade ao Jornal da SBHCI

BALANÇO DE GESTÃODiretoria que esteve à frente da Sociedade de 2006 a 2009 avalia os resultados de três anos de trabalho

Ano XII • Número 4

Outubro a Dezembrode 2009

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BALANÇO DA GESTÃO 2006/2009

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ANS | FAUSTO PEREIRA DOS SANTOS

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CFM | LUIZ ROBERTO D’ÁVILA

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SBC | ANTONIO CARLOS PALANDRI CHAGAS

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índice

PALAVRA DO PRESIDENTE

4 O Último Editorial

INTERNAS | NOTíCIAS DA SBHCI

5 Destaques do Ano: Prêmio Expressão Científica 2009 6 PEC: Evento no Congresso Paraense de Cardiologia 6 Congresso 2010: Não perca o prazo 7 Gestão 2010/2011: Mãos à obra 8 Câmara Técnica: Em defesa da atuação médica 8 Câmara Técnica: Consulta encerrada 9 Ação Institucional: Audiência no CFM 9 Ação Institucional: Reunião na ANS 10 Projeto CNPq: Atualização do Projeto Registro ICP–BR 12 Jogo Rápido: Expedito E. Ribeiro 13 Curso de Revisão: Aprimorando o conhecimento 16 Prova de Título 2009: Missão cumpridaGIRO PELO BRASIL | SBHCI NO PIAUí 18 Em franco crescimentoEx-PRESIDENTE | JAMIL ABDALLA SAAD 20 Valorizando as oportunidadesPRÁTICAS MéDICAS | GILSON SOARES FEITOSA

22 Novas estratégias antiplaquetáriasSBC | ANTONIO CARLOS PALANDRI CHAGAS

25 Visão, planejamento e execuçãoBALANÇO DA GESTÃO

30 Encerramento da Administração “Novas Ideias na SBHCI” CFM | LUIZ ROBERTO D’ÁVILA

40 Continuísmo, não. ContinuidadeANS | FAUSTO PEREIRA DOS SANTOS

42 Foco na gestãoQUALIDADE PROFISSIONAL

46 Radiação ionizantePANORAMA | CIRURGIA x INTERVENÇÃO | SERGIO ALMEIDA DE OLIVEIRA

50 A eterna controvérsiaATUALIZAÇÃO CIENTíFICA

54 Revisão das diretrizes norte–americanas 2009OPINIÃO

56 Com a palavra, os editoresAGENDA

58 Eventos, contatos e expediente

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palavra do presidente

Luiz Alberto MattosPresidente da SBHCI

Prezados ColegasDirigindo a todos minhas saudações, venho nes-

te último editorial, o décimo quarto da gestão 2006/2009 da Sociedade Brasileira de Hemodi-

nâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI), agradecer a atenção dos colegas, dos leitores, que motivaram a exis-tência do Jornal da SBHCI e mantiveram o incentivo a nos-sa persistência e vontade de progredir.

Considero este espaço do Jornal como um documento dos mais relevantes entre os meios de comunicação desta Sociedade, pois a palavra escrita possibilita a eternização das ideias e das ações, além de promover o diálogo, ainda que silencioso, ora sob a forma de controvérsia ora sob a forma de concordância. O importante é não gerar apenas a indiferença, sentimento que pode resultar em afastamen-to do sócio e dos profissionais de saúde do convívio com nossa entidade.

Neste editorial de despedida e de agradecimento não pretendo revisar os 42 meses de gestão, ratificar balanços ou demonstrar resultados de auditorias, pela simples razão de acreditar na memória dos sócios, que têm, e tiveram, a oportunidade de usufruir das ações efetivadas nesse perí-odo, todas já publicadas. Espero que o senso crítico enal-tecido pelo amadurecimento seja o fundamento para a fis-calização de nós mesmos como Sociedade, identificando e comemorando as conquistas, compreendendo as derrotas e sabendo dissecá-las para progredir no futuro.

Estendo os agradecimentos, e de forma muito especial, a meus colegas diretores, meus comissionados diretos, brigada de quase 50 médicos que trabalhou diuturnamen-

te, sem os quais não teria sido possível a implementação, a manutenção e o aprimoramento dos projetos. À equipe administrativa da SBHCI envio também meu mais sincero muito obrigado.

Finalizo com uma reflexão da realidade e dos desafios fu-turos. A profissão de médico é difícil, e cada vez mais difícil nos tempos atuais brasileiros. Ser médico, um bom médico, um especialista como somos, instruído, apto, qualificado, mantendo seus preceitos morais e éticos intocados e re-cebendo devidamente o ressarcimento financeiro por tudo que realiza, dia após dia, é, sem dúvida, um desafio. Não obstante os obstáculos, despertamos, a cada novo dia, ani-mados e esperançosos, como é da alma humana, gregária e construtora. E por meio do arcabouço que cada um de nós possui, enfrentamos as dificuldades, aplicando-nos em novos projetos, melhorias, aperfeiçoamentos, entregando-nos à execução de novas ideias, para que a rotina cotidiana seja aprimorada.

Acredito que a continuidade do crescimento de uma en-tidade médica, como a nossa, estará absolutamente de-pendente da renovação qualificada de seus pares, pois, na vigência de um biênio administrativo, será necessária de-dicação cada vez mais integral, o que irá consumir tempo dos futuros gestores, retirando-os de sua vida acadêmica, assistencial e familiar. O trabalho societário é idealista e ab-negado, isento de ressarcimento objetivo, estando a única recompensa relacionada ao cumprimento do dever com os seus e o reconhecimento de que ajudamos um pouco no fortalecimento da profissão.

Por toda a responsabilidade, consumo de energia e tempo dos gestores se requer a renovação, a transito-riedade do cargo, possibilitando a germinação cons-tante de novas ideias e ações, responsabilizando ainda mais estes quanto à preparação de seus substitutos com a devida antecedência.

Sigamos em paz, com tranquilidade, sucesso e saúde em abundância hoje, em 2010 e sempre. Deixo a todos meu abraço fraternal e a meu Anjo da Guarda, que me protegeu fielmente nestes 42 meses, deixo registrado meu beijo, único.

Vamos em frente, colegas!

Da esquerda para a direita, em pé, Marcos Marino (MG), Luiz Antonio Gubolino (SP), Pedro Alves Lemos Neto (SP) e Rogério Sarmento-Leite (RS); sentados, José Antonio Marin-Neto (SP), Hélio Roque Figueira (RJ), Luiz Alberto Mattos (SP) e Marcelo Queiroga (PB).

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DESTAQUES DO ANO

Prêmio Expressão Científica 2009A SBHCI e a Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva divulgam os vencedores da edição 2009 do Prêmio Expressão Científica.

J. Ribamar Costa Jr. (SP)

Emprego do stent Supralimus® com sirolimus e polímero absorvível no tratamento de pacientes com síndrome coronária aguda submetidos a tratamento percutâneo: resultados preliminares dos registros prospectivo e multicêntrico e-series

Daniel Silva Chamié de Queiroz (SP)Eventos hemorrágicos em pacientes com síndromes coronárias agudas sem supradesnível de ST submetidos a intervenção coronária percutânea: experiência contemporânea de um centro terciário de referência

Luis Felipe Silva Smidt (RS) Eficácia e segurança dos stents farmacológicos em pacientes diabéticos: um registro com 5 anos de seguimento

Gerardo Nau (Argentina)Evolución a largo plazo de la función renal en pacientes sometidos a angioplastia renal estratificados por sexo

Matias Sztejfman (Argentina)Ablación septal percutánea en la miocardiopatía hipertrófica obstructiva: evolucion clinica a largo plazo

Carla Romina Agatiello (Argentina) Repeat aortic balloon valvuloplasty: good strategy to select patients for percutaneous aortic valve implantation

Daniel Silva Chamié de Queiroz (SP)Impacto da insuficiência renal crônica nos desfechos da intervenção coronária percutânea na era dos stents farmacológicos: análise prospectiva de pacientes não selecionados de centro terciário de referência

J. Ribamar Costa Jr. (SP)Resultados tardios (> 1 ano) do estudo Vestasync I com um stent farmacológico de terceira geração, com sirolimus e sem polímero

Denise Oliveira (RS)Segurança e eficácia dos stents farmacológicos sirolimus, paclitaxel e zotarolimus na prática clínica diária

Christian Rodrigo Hanna (Argentina)Angioplastia primaria en el infarto agudo de miocardio complicado con shock cardiogenico

Vinicius Borges Cardozo Esteves (SP)Oclusão percutânea do forame oval patente com prótese premere: resultados preliminares da primeira experiência no Brasil

Rodrigo Nieckel da Costa (SP)Valvoplastia na estenose aórtica grave do neonato e lactente jovem: resultados imediatos

Daniel Silva Chamié de Queiroz (SP)Desfechos clínicos de stents eluidores de everolimus em lesões coronárias complexas: análise prospectiva e não-randomizada de uma população do "mundo real"

Pedro Beraldo de Andrade (SP)Segurança e eficácia do acesso transradial na realização de procedimentos coronários diagnósticos e terapêuticos em mulheres e idosos

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Última edição do PEC–SBHCI 2009 foi efetivada no xIx Congresso Paraense de Cardiologia

No dia 15 de outubro, a SBHCI mar-cou presença no XIX Congresso Pa-raense de Cardiologia. Realizado em

Belém (PA), capital do Estado, nossa Socieda-de levou aos cardiologistas da Região Norte o Programa de Educação Continuada no forma-to de apresentação de casos e debates, reali-

zado ao longo de 2009.

Conheça os colegas que participaram de mais esse evento de nossa Sociedade:

Wilson A. Pimentel Filho (SP)

Heloisa Guimarães (PA)

Paulo Toscano (PA)

Marcelo Queiroga Lopes (PB)

Gederson Rossato (RO)

José Klauber Roger Carneiro (CE)

J. Ribamar Costa Jr. (SP)

Wilson A. Pimentel Filho (SP)

Coordenadores

Debatedores

Apresentadores

Palestrantes

A mesa do PEC realizado em Belém, no Pará, contou com Heloisa Guimarães (PA), Paulo Toscano (PA), Gederson

Rossato (RO) e Marcelo Queiroga Lopes (PB)

Não perca o prazo

A Coordenação de Temas Livres do Congresso da SBHCI de 2010, sob liderança de Fernan-do Stucchi Devito (SP), já definiu os prazos.

Para mais informações, consulte sempre o Portal da SBHCI (www.sbhci.org.br).

CONGRESSO 2010

Abertura do Sistema de Submissão 1 de fevereiro

Data limite para submissão 7 de março

PEC

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IExpominas

Belo HorizonteMinas Gerais

22 a 24de julho de2010 www.congressosbhci.org.br/2010

SOCIEDADE BRASILEIRA DE HEMODINÂMICA E CARDIOLOGIA INTERVENCIONISTA

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A Comissão Organizadora do Congresso 2010 se reuniu em novembro e já estabeleceu parte do programa científico do evento.

Mãos à obraIntegrantes da nova Diretoria estiveram reunidos no

fim de novembro para dar início ao planejamento e à execução dos trabalhos para a gestão 2010/2011.

No dia 24 de novembro, Fábio Sândoli de Brito Jr. (SP), futuro diretor científico, apresentou à Comissão Organi-zadora do Congresso 2010 os resultados da reunião de cotas e patrocínios e as primeiras propostas de organi-zação de temas e ações para cada sala do Expominas Belo Horizonte, local onde o evento será realizado entre os dias 22 e 24 de julho de 2010.

Após debate das propostas e possibilidade de alteração no programa, a Comissão definiu algumas mudanças im-portantes, que devem ser atrativas e manter o interesse dos congressistas durante todo o evento. A primeira novidade está na abertura oficial, que acontecerá na quinta-feira pela manhã, com apresentação de convidado internacional. O cardiologista convidado para a aula magna é Ted Feldman, diretor do Laboratório de Hemodinâmica do Evanston North Shore Hospital (Illinois, Estados Unidos), que falará sobre In-tervenção Percutânea de Valvas Aórtica e Mitral, seguido da transmissão ao vivo de implante percutâneo de valva aórti-ca direto de um renomado centro europeu. Na quinta-feira à noite, ao fim da programação científica, acontecerá a As-sembléia Geral Ordinária da Sociedade, que anteriormente acontecia no segundo dia do evento. Para a sexta-feira e o sábado estão em negociação diversos convidados interna-cionais de relevância científica mundial e casos ao vivo. A Comissão foi dividida em grupos de trabalho, que providen-ciarão temário completo, contatos e convites para todos os palestrantes. O objetivo é criar um evento de relevância científica, que manterá todos os participantes interessados e envolvidos com a programação do início ao fim.

No dia 25 de novembro, a nova Diretoria voltou a se reu-nir na sede da SBHCI. Nessa oportunidade, a pauta da reunião tratou de assuntos específicos de planejamento e execução das primeiras ações coordenadas pela Diretoria que tomará posse no dia 19 de janeiro, às 11 horas, na sede da Sociedade.

GESTÃO 2010/2011

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NOBORI PK - 20 Pacientes

NOBORI 1 - 363 Pacientes

NOBORI CORE - 107 Pacientes

NOBORI CORE - Estudo Endotelial 43 Pacientes

NOBORI Japão - 340 Pacientes

NOBORI 2 - 3074 Pacientes

COMPARE II - 2700 Pacientes

SECURITY - 4000 Pacientes

BASKET PROVE - 2300 Pacientes

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internas notícias da sbhci

Em defesa da atuação médica

Consulta encerrada

Aúltima reunião da Câmara Técnica de Implan-tes da Associação Médica Brasileira (AMB) e do Conselho Federal de Medicina (CFM), re-

alizada em 29 de outubro, foi palco de debate sobre a consulta pública da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) referente à interferência das ope-radoras dos planos de saúde na decisão da escolha de órteses e próteses nos tratamentos dos pacientes. O tema entrou em pauta por solicitação de entidades médicas, dentre elas a SBHCI, motivando a AMB a consultar seu departamento jurídico, que, por sua vez, repassou a decisão da ação à Câmara Técnica de Implantes. Na reunião foi apresentado o parecer jurí-dico da entidade, demonstrando preocupação com a restrição da atividade do médico na prescrição de sua indicação terapêutica.

Após abrir o tema para discussão, a primeira mani-festação foi minha, como diretor de Qualidade Profis-sional da SBHCI, defendendo o direito de decisão do profissional médico, podendo esta ser compartilhada, no máximo, pela operadora de planos de saúde. Após diversas participações de representantes de associa-ções médicas e da Associação Brasileira de Medici-na de Grupo (ABRAMGE), ficou decidido que a AMB enviará à ANS parecer contrário à medida e solicitará que o texto final seja enviado para apreciação dessa Câmara Técnica, a qual possui representantes de to-dos os segmentos envolvidos. Também foi solicitada apreciação do parecer pela Câmara Técnica do CFM. O parecer será enviado à ANS e, da mesma forma, encaminhado a todas as sociedades médicas.

Foi finalizada a revisão da lista geral de órte-ses e próteses de uso rotineiro das especia-lidades médicas e áreas de atuação no País.

A lista foi publicada no site da Associação Médica Brasileira (AMB) para receber, entre os dias 3 e 25 de novembro, críticas e sugestões de todas as áreas médicas envolvidas. A relação contempla nome de

materiais, tipos e subtipos existentes, especialida-des e áreas de atuação que os utilizam, e classifi-cação (órteses ou próteses implantáveis). Concluída essa etapa, a lista será oficializada e encaminhada como sugestão para o Ministério da Saúde e para a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), para que seja adotada como única no País.

[Luiz Antonio Gubolino (SP), diretor de Qualidade Profissional]

[Luiz Antonio Gubolino (SP), diretor de Qualidade Profissional]

CÂMARA TéCNICA

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Audiência no CFM

No dia 27 de outubro a Diretoria da SBHCI, representada por Marcelo Queiroga Lopes (PB), diretor administrativo, e Marcos Ma-

rino (MG), diretor de Intervenções Extracardíacas, foi recebida em audiência oficial, no Conselho Federal de Medicina (CFM), pelo presidente da entidade, Rober-to Luiz d’Ávila (SC). Recém-eleito, d’Ávila é o primeiro cardiologista a conquistar a presidência da entidade.

A pauta compreendeu assuntos de interesse institu-cional, com destaque para a possibilidade de restrição à autonomia dos médicos. A SBHCI protocolou docu-mento com teor similar ao apresentado à Agência Na-cional de Saúde Suplementar (ANS). Segundo d’Ávila, o CFM acabou de editar um novo Código de Ética Mé-dica, no qual merece ênfase especial a autonomia da relação médico-paciente. Há também que se conside-rar os possíveis conflitos de interesses que permeiam o emprego de órteses, próteses e materiais no Brasil. Todavia, adicionou a necessidade de se sopesar even-tuais conflitos éticos que circundam a matéria.

Também foram tratados aspectos relativos à forma-ção dos cardiologistas intervencionistas no âmbito da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). Atualmente, o treinamento de nossa área de atuação em residência médica é efetiva-do em um ano adicional à car-diologia, em contraposição ao preconizado pelo próprio CFM, que prevê dois anos de dura-ção. O presidente reiterou que acionará a Comissão Mista de Especialidades, integrada por representantes da Associação Médica Brasileira (AMB), do CFM e do CNRM, para unifor-mizar os critérios vigentes em sintonia com o já estabelecido em resolução própria.

Reunião na ANS

Fausto Pereira dos Santos (MG), diretor presidente da Agência Nacional de Saú-de Suplementar (ANS), recebeu a Direto-

ria da SBHCI no dia 20 de outubro. Luiz Alberto Mattos (SP), presidente da SBHCI, acompanha-do de Marcelo Queiroga Lopes (PB), diretor ad-ministrativo, e Marcos Marino (MG), diretor de Intervenções Extracardíacas, protocolou as su-gestões de nossa Sociedade acerca da redação para a seleção de órteses, próteses e material de alta complexidade no novo rol de procedi-mentos da Agência.

Da esquerda para a direita: Emílio César Zilli (RJ), diretor de Qualidade Profissional da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), que acompanhou os diretores da SBHCI à audiência; Marcelo Queiroga Lopes (PB), diretor administrativo; Marcos Marino, diretor de Intervenções Extracardíacas; e Luiz Alberto Mattos (SP), presidente da SBHCI. Na frente, Fausto Pereira dos Santos (MG), diretor presidente da ANS.

Da esquerda para a direita: Marcelo Queiroga Lopes (PB), Roberto d’Ávila (SC) e Marcos Marino (MG).

AÇÃO INSTITUCIONAL

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ABBOTT CENTER - Central de Relacionamento com o Cliente0800 7031050www.abbottbrasil.com.br

O DES mais implantado na EUROPA e nos EUA1

Superioridade clínica no maior estudo randomizado comparando dois DES que, até o momento, apresentou dados de endpoints primários.

SPIRIT IV

Resultados Superiores

Referências: 1. Baseado no market share Q2 2009. Dados em arquivo na Abbott Vascular. 2. Dr. Gregg Stone, SPIRIT IV, Apresentação dos Resultados de 1 Ano, TCT 2009.

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TAXUS 1229 1165 1137 1119 1104

TLF = Morte Cardíaca, IM do Vaso Alvo ou TLR isquêmica

XIENCE V Superior ao TAXUS na Falência da Lesão Alvo em 1 ano2

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Atualização do Projeto Registro ICP–BR

Criado em 2007, o projeto que visa à construção e implementação de um sistema para integração e gestão de dados sobre a intervenção coroná-

ria percutânea (ICP) colocou em prática a segunda etapa do processo, que é a inclusão de casos reais na base de dados. No momento, mais de 800 casos já foram adicio-nados ao sistema, alimentado com as características do procedimento, bem como da evolução clínica após a an-gioplastia.

Em uma primeira etapa, a base tecnológica do banco de dados foi implementada, juntamente com a aquisição de todos os equipamentos de infraestrutura, como com-putadores e servidores, que foram instalados na sede da SBHCI. A ideia do projeto piloto surgiu em resposta a um edital direcionado a estudos no campo da gestão de tecnologias da saúde, com o objetivo de expandir as possibilidades de coleta de dados sobre a cardiologia in-tervencionista no Brasil e captar informações sobre a evo-lução em médio prazo dos indivíduos tratados. Segundo o diretor científico da SBHCI, Pedro Alves Lemos Neto (SP), a importância do projeto está na adequação da coleta de dados a respeito do desempenho clínico e dos custos envolvidos com procedimentos de alta complexidade de acordo com as características regionais do País. Embora se conheça relativamente bem o impacto clínico da angio-plastia coronária a curto, médio e longo prazos, a maior parte da informação científica é “importada” da experiên-cia de centros estrangeiros, disponível na literatura médi-ca. “É relevante assinalar que as informações advindas de outros países podem não refletir a realidade brasileira, impondo-se a necessidade de coletar dados próprios dos

Com o objetivo de ampliar as possibilidades de coleta de dados sobre a cardiologia intervencionista no País, projeto piloto do Sistema de Gestão de Dados avança para fase de testes com casos reais

internas notícias da sbhci

Pedro Alves Lemos Neto (SP), diretor científico da SBHCI, coordena o desenvolvimento do Projeto

CNPq durante a gestão 2006/2009.

PROJETO CNPq

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Atualização do Projeto Registro ICP–BR

centros brasileiros”, afirma Lemos. Para ele, a extrapola-ção de dados externos para o panorama nacional pode trazer condições irreais para análise e/ou monitoramento da segurança e eficácia da ICP, essencialmente no que diz respeito à fidedignidade de informações.

O próximo passo do processo é analisar os pormeno-res dos dados já acumulados. Para 2010, está prevista uma extensão do projeto a outros centros, ampliando-se o universo de instituições contribuintes. Dessa maneira, será possível, em futuro próximo, incorporar a experiência adquirida a sistemas generalizados de coleta de informa-ções, rastreando a totalidade dos procedimentos de car-diologia intervencionista realizados no Brasil.

O projeto é conduzido com apoio e endosso da SBHCI. As instituições participantes inicialmente são: Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Me-dicina da Universidade de São Paulo – InCor/HCFMUSP (SP), Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia – IDPC (SP), Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – FMRP-USP (SP), Hospital de Clínicas de Porto Alegre da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS (RS), Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG (MG), Hospital Moinhos de Vento (RS), Instituto de Cardiologia da Fundação Uni-versitária de Cardiologia – IC/FUC (RS), Instituto de Me-dicina Integral Professor Fernando Figueira – IMIP (PE), e Rede D’Or de Hospitais (RJ).

As telas do Sistema de Registros da Intervenção Coronária Percutânea mostram informações do cadastro de pacientes, que incluem resultados de exames e acompanhamento.

A ideia do projeto piloto surgiu em resposta a um edital direcionado a estudos no campo da gestão

de tecnologias da saúde, com o objetivo de expandir as possibilidades de coleta de dados sobre a

cardiologia intervencionista no Brasil

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Autor do livro “Hemodinâmica e Cardiologia In-tervencionista – Abordagem Clínica”, da Editora Manole, pioneiro em tratamento de pacientes in-

fartados, ex-presidente da Sociedade Latino-Americana de Cardiologia Intervencionista (SOLACI) e diretor do Serviço de Cardiologia Intervencionista do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Me-dicina da Universidade de São Paulo – InCor/HCFMUSP, Expedito E. Ribeiro (SP) inaugura a seção “Jogo Rápi-do” do Jornal da SBHCI.

Expedito E. Ribeiro

Qual foi sua maior conquista?Ter a carreira profissional consolidada e uma família fantástica.

Não fosse médico, que outra carreira teria escolhido?

Não sei se conseguiria ter outra profissão, pois meu avô era médico e meu pai, farmacêutico prático. Cresci nesse meio. Talvez pudesse me tornar professor.

Qual é a área mais promissora na medicina de hoje?A dos procedimentos minimamente invasivos.

Qual a área mais negligenciada na medicina?Saúde e educação básica.

Quem foi o professor que mais o influenciou? Por quê?

Gostaria de citar quatro. O primeiro é um irmão marista italiano, Silvio Caseri, uma das mentes brilhantes que co-nheci e a quem sucedi no Colégio Marista Diocesano, em Uberaba (MG), como professor de física, durante meu cur-so de medicina; Lineu José Miziara (MG), meu mentor em cardiologia; J. Eduardo Sousa (SP), no meu treinamento em hemodinâmica, pela sua dedicação ao trabalho e vi-são de futuro; e Spencer B. King III, da Emory University (Atlanta, Estados Unidos), meu mentor quando iniciei na angioplastia coronária com balão.

Qual o fato que teve maior efeito em sua carreira?Foi o primeiro transplante cardíaco realizado pelo profes-sor Euryclides de Jesus Zerbini.

Qual sua recomendação para médicos que estão prestes a se formar?

Que se dediquem à carreira escolhida com toda a energia possível. O sucesso profissional amplo é con-sequência disto.

Como o senhor gosta de relaxar e passar seu tempo livre?

Ouvindo música, indo para a fazenda e andando a cavalo.

Qual é seu maior arrependimento?Não me lembro de grande arrependimento.

Se o senhor escrevesse uma autobiografia, que título daria ao livro?

Não sei se conseguiria escrever uma autobiografia, seria muita pretensão de minha parte.

O que o senhor está lendo neste momento?“Uma Breve História do Mundo”, de Geoffrey Blainey (Edi-tora Fundamento).

Qual é seu pior hábito?Acordar e levantar muito cedo.

O que o deixa inspirado e de bom humor?Um belo resultado de angioplastia ou uma aula bem dada.

Como é um dia perfeito para o senhor?Com boas notícias profissionais e familiares.

JOGO RÁPIDO

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Aprimorando o conhecimentoCurso de Revisão foi renovado e ampliado com êxito, reunindo 102 participantes na edição 2009, realizada em São Paulo nos dias 13 e 14 de novembro[Luiz Alberto Mattos (SP), presidente]

CURSO DE REVISÃO

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A SBHCI renovou novamente seu Curso Anual de Revisão, realizado sempre na véspera da prova para a obtenção do Certificado de Área de Atua-

ção em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista.Com base nos comentário nas fichas de avaliação pre-

enchidas pelos participantes de 2008, foram efetivadas modificações no sentido de atender às solicitações da maioria. O foco era obter, na avaliação de 2009, uniformi-dade mais elevada na conceituação das aulas proferidas, na expectativa de serem avaliadas como “boas” ou “muito boas” pelos participantes da edição deste ano.

O curso transcorreu em dois dias integrais e foi com-posto de nove módulos. O principal ajuste foi realizado no temário relacionado a bases do exame diagnóstico hemodinâmico, cuidados dedicados à proteção contra a radiação ionizante, valorização dos temários clínico e farmacológico, aplicação das diretrizes societárias e exposição baseada em evidências obtidas de ensaios clínicos controlados. Um dos módulos foi desenvolvido

para tratar especificamente de qualidade assistencial, com palestra sobre critérios para requisição da apo-sentadoria diante do risco da insalubridade e dos en-frentamentos na saúde suplementar brasileira. Inédito na programação de nosso Curso de Revisão, o tema despertou grande interesse do público.

Para finalizar, criou-se um fórum de debate da prática intervencionista diária, naqueles cenários angiográficos mais complexos, com a coordenação de Costantino R. Costantini (PR) e com a participação de profissionais do-tados de grande experiência prática em volume de casos realizados anualmente.

Palestras magnas proferidas pelos fundadores da SBHCI também engalanaram o evento, ensinando aos mais jo-vens sobre as origens da cardiologia intervencionista. Car-los A. Mascia Gotschall (RS) levou os presentes a 15 minu-tos de uma viagem no tempo, resgatando nossa história. J. Eduardo Sousa (SP) partiu do extremo oposto, profe-rindo palestra sobre a aplicação da intervenção coronária

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A Terumo marcou presença como patrocinadora do Curso de Revisão, montando uma sala com simulador de acesso transradial.

Expedito E. Ribeiro (SP), Alexandre Abizaid (SP), Pedro A. Lemos Neto (SP), Maurício Rezende Barbosa (MG), Denizar A. Vianna (RJ) e Otávio Berwanger (SP) participaram no módulo VIII sobre Dispositivos Adjuntos e Stens Coronários.

O módulo III tratou de Intervenção Coronária Percutânea, com a participação de Pedro A. Lemos (SP) e Fábio Sândoli de Brito Jr. (SP),à mesa, e Jorge Pinto Ribeiro (RS), José Armando Mangione (SP), Anis Rassi Jr. (GO) e Luiz Alberto Mattos (SP).

O módulo V, sobre Intervenção Percutânea nos Defeitos Estruturais e Congênitos, contou com Luiz Carlos Simões (RJ), Edmundo Clarindo Oliveira (MG), Raul Ivo Rossi Filho (RS) e Carlos A. Cardoso Pedra (SP).

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percutânea na fronteira do conhecimento vigente, como nas estenoses do tronco da coronária esquerda.

No total, 48 palestrantes estiveram presentes. A maioria seguia o critério de proficiência e qualificação, com residência no Estado de São Paulo, sendo 20% dos colegas presentes originários de outros Estados. Ainda recebemos a presença de dois colegas estrangei-ros: Hugo Londero, que aceitou nosso convite e veio da Argentina para participar de dois módulos do curso, e o norte-americano Barry Balenger, gerente de Desenvol-vimento Clínico da GE, que deu aula sobre a qualidade da imagem obtida pela radiação ionizante.

Também de maneira inovadora, e utilizando a agilida-de das ferramentas eletrônicas disponíveis, a assesso-ria de informática da SBHCI (InfoWeb – Sistemas e Ser-viços Ltda., do portal WebSaúde) disponibilizou todas as aulas proferidas no Portal da SBHCI (www.sbhci.org.br), no final dos dois dias do evento. Visite nosso portal, consulte o material e revise seus conhecimentos, pois

as aulas permanecerão no site.O público presente totalizou 102 inscritos, que permane-

ceram, em sua maioria, das 8h30 do dia 13 de novembro até as 19h00 do dia 14 de novembro, no auditório onde as aulas eram realizadas. Acreditamos que essa fórmula se consolida, ofertando um curso dedicado e intenso, de dois dias integrais, utilizando um dia de semana e um do final de semana (sexta-feira e sábado, respectivamente), com a prova efetivada no dia seguinte. O balanço das fi-chas de avaliação foi muito positivo, atendendo a nossas expectativas. Porém, é fato que ainda carecerá de ajus-tes futuros para que o “padrão ouro” seja atingido, a fim de que as próximas edições do curso não se desviem do temário e respeitem o tempo disponibilizado, e que cada palestrante evoque em sua apresentação mensagens ob-jetivas e baseadas em evidências científicas robustas. Es-tas são as recomendações objetivas para os futuros ges-tores científicos da entidade, que assumem as decisões e a operacionalização em janeiro de 2010.

Marcelo Queiroga (PB) e Ibraim M. Pinto (SP) foram os coordenadores do módulo II, que teve Fernando M. Sant Anna (RJ), Luis Henrique Gowdak (SP) e J. Ribamar Costa Jr. (SP) falando sobre Métodos Adjuntos Diagnósticos e Intervencionistas.

O público participou ativamente do Curso de Revisão, fazendo perguntas relevantes ao final de cada módulo.

Fundamentos do Exame Diagnóstico Intervencionista foram tratados no módulo I por André Labrunie (PR), Carlos A. Mascia Gottschall (RS), Marinella P. Centemero (SP) e Luiz Antonio Gubolino (SP).

Costantino R. Costantini (PR), terceiro da esquerda para a direita, recebeu homenagem da SBHCI das mãos de Marcelo Queiroga (PB), Luiz Alberto Mattos (SP) e Samuel Silva da Silva (PR).

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Missãocumprida

Qual a importância que o senhor atribui às recomendações da Oficina de Planejamento Estratégico, realizada em Brasília (DF) em agosto de 2006, nas atividades desenvolvidas pela Comissão Permanente de Certificação (CPC), durante o mandato da atual Diretoria da SBHCI?

A então Comissão de Julgamento do Título de Especialis-ta em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista teve participação ativa na referida Oficina, com a presença de nove de seus membros. Procedeu a uma análise técnica da prova de 2005, identificou os pontos críticos daque-le processo de certificação e estabeleceu um rol de sete propostas a serem executadas como metas, durante o mandato da atual Diretoria. Aquele elenco de resoluções se revelou de grande valia, balizou todas as atividades da CPC, e sua execução foi plenamente factível, com 100% dos objetivos alcançados. Graças a um eficiente trabalho coletivo, a séria crise advinda da prova anterior foi supe-rada e possibilitou a efetivação de notável salto qualitativo em todo o processo de certificação da SBHCI.

No dia 15 de novembro, 60 candidatos fizeram a Prova de Título de Especialista em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, realizada pela SBHCI. As provas teórica e teórico-prática, que contemplam a primeira etapa do processo para obtenção do título, ocorreram no Mercure Grand Hotel Ibirapuera, em São Paulo, e consolidaram mudanças e melhorias que vinham sendo promovidas pela Comissão de Julgamento do Título de Especialistaem Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista desde 2006. Samuel Silva da Silva (PR), coordenador da Comissão, explica a evolução da Prova de Título e o trabalho de sua equipe ao longo dos últimos três anos.

Em 2008, a prova para obtenção do Certificado de Área de Atuação em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista foi desvinculada do Congresso, assim como o Curso de Revisão. O objetivo de fortalecer esses dois eventos foi alcançado? Por quê?

Essas duas resoluções constam das propostas do pla-nejamento estratégico, que foram implementadas com sucesso. Aqui, uma breve revisão de nossa história re-cente é pertinente. Pelo fato de o quadro associativo da SBHCI ser composto, em 2007, em sua maioria, por só-cios aspirantes, realizou-se, em dezembro daquele ano, uma segunda prova anual em Curitiba (PR). A cidade sede e a data foram escolhidas para haver simultaneida-de com o evento CardioInterv, o Simpósio Internacional de Cardiologia Intervencionista promovido pela Funda-ção Francisco Costantini e pelo Hospital Cardiológico Costantini. Essa foi a primeira prova desvinculada de um congresso da SBHCI, marcada por outros fatos re-levantes. Seu edital garantia o direito do contraditório

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PROVA DE TíTULO 2009

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aos candidatos, a divulgação do gabarito das respostas logo após seu término, a recepção de recursos contes-tatórios, o julgamento desses recursos e a promulgação da lista dos aprovados em até 48 horas. Essa sistemáti-ca, mantida até hoje, foi consolidada. Realizamos, tam-bém, uma prova piloto de caráter voluntário, para testar a viabilidade da prova teórico-prática. Essas mudanças na metodologia de avaliação, que utiliza casos editados para a formulação das questões, e no teor do Edital são duas outras propostas da Oficina de Planejamento Es-tratégico que foram implementadas. Quanto ao curso, a mudança ocorreu em 2008 e representou sua promo-ção de curso preparatório para prova para um verdadei-ro curso de atualização. Para tal, mudanças de temário, do tempo de duração – passando de um para dois dias –, da escolha dos palestrantes, da data e do local foram decisivas. Deve ser salientado que a escolha da data foi uma consequência da nova resolução da Associação Médica Brasileira (AMB), que exige dos candidatos às provas de Áreas de Atuação a titulação de especialista como pré-requisito. Assim, todos os sócios aspiran-tes da SBHCI, em condições de prestar nossa prova, poderiam fazê-lo no mesmo ano da obtenção do res-pectivo título de especialista em cardiologia. Quanto ao sucesso do Curso de Revisão, os números falam por si. Dos 185 médicos inscritos, apenas 70 eram candidatos ao processo de certificação. A decisão da Diretoria da SBHCI de transferir a responsabilidade da organização do curso para a Comissão Científica e a proibição da participação dos membros da CPC como palestrantes do curso, outra proposta da Oficina de Planejamento Estratégico implementada para prevenir conflito de in-teresses na atuação de seus membros, são duas outras ações que objetivaram garantir a independência e o for-talecimento dos dois eventos.

A Prova de Certificação de 2008 foi marcada por uma série de mudanças, algumas já apresentadas em 2007 e, agora, consolidadas. Entre elas estavam as questões baseadas na interpretação de casos. A prova deste ano continuou com essas questões? Por que elas são importantes para a avaliação do candidato?

A prova teórico-prática representou grande avanço ao incorporar meios eletrônicos a um processo de avaliação. A utilização de imagens reais, editadas, possibilita o contexto para formulação do enuncia-do da questão de qualidade pedagógica muito supe-rior ao que se obtém com a utilização de enunciado descritivo. A incorporação de novas metodologias de avaliação foi outra recomendação do planejamento estratégico da CPC. Essa iniciativa pioneira, no âm-bito da cardiologia brasileira, implementada em teste piloto realizado em 2007, representou relevante apri-moramento nos processos de certificação adotados, possibilitando avaliação mais justa e abrangente nas diversas competências julgadas.

Os resultados das provas teórica e teórico-práti-ca estão disponíveis no portal www.sbhci.org.br desde o dia 8 de dezembro. Os aprovados nes-sa primeira etapa que já concluíram o Programa de Treinamento em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista devem solicitar à secretaria da SBHCI, por escrito, a realização da prova prática, que deverá acontecer até junho de 2010. Consulte o edital no Portal da SBHCI para conhecer todos os detalhes e informações para obtenção do título.

Não perca o prazo

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Com 27 anos de história, o Serviço de Hemodinâmica do Piauí nasceu e vem crescendo sob forte influência das escolas e dos profissionais do Estado de São Paulo

giro pelo brasil sbhci no piauí

Em franco crescimento

Proporcionando um serviço de hemodinâmica de nível equivalente ao dos grandes centros do País, o Estado do Piauí tem desenvolvido padrão de

qualidade e excelência ao longo dos últimos 25 anos. Os primeiros passos foram dados no começo da década de 1980, quando Paulo Sergio Tajra Cortellazzi (PI) começou a montar uma equipe de cirurgia cardíaca no Hospital Santa Maria, em Teresina, capital do Estado. A convite de Cor-tellazzi, o cardiologista Moacir Fernandes de Godoy (SP), que até então fazia parte da equipe de hemodinamicistas da Escola Paulista de Medicina, em São Paulo, transferiu-se para a capital piauiense e organizou o primeiro Serviço de Hemodinâmica do Estado. Só depois voltou para São José do Rio Preto, no interior paulista, onde vive até hoje.

O ano era 1982. Naquela época, o Brasil passava pe-los graves problemas econômicos que marcaram toda a década de 1980. Era o período final da ditadura militar e início do endividamento externo com o Fundo Mone-tário Internacional (FMI). Os equipamentos necessários ao Serviço de Cardiologia foram encomendados e eram aguardados ansiosamente para o início das atividades. A morosidade tanto burocrática como política daquele período foi responsável pela retenção de todos os equi-pamento na alfândega por um período de dois anos. Somente em janeiro de 1984, com a conclusão da ins-talação da aparelhagem, o Serviço foi inaugurado oficial-mente. “O primeiro paciente submetido a cateterismo em Teresina foi um caso bastante grave de dissecção aórtica aguda”, lembra Godoy. “Como ainda não dispúnhamos da cirurgia cardíaca em atividade, foi necessária a trans-ferência para Salvador para que ele pudesse ser opera-

do.” Nos oito anos seguintes, cerca de 5.500 cateteris-mos foram realizados sob o comando do cardiologista, com a assistência de Angelo Amato Vicenzo de Paola (SP), Luiz de Castro Bastos (PR) e Paulo Rogério Corrêa (SP). Atualmente, quem coordena a equipe do Hospital Santa Maria é Paulo Rogério de Oliveira Monteiro (PI).

Durante os primeiros anos da especialidade na re-gião, as dificuldades eram superadas gradativamente. “Os recursos eram precários e os exames complemen-tares, como ecocardiograma e ergometria em esteira, estavam também se iniciando”, afirma Godoy. “Mas ha-via um grupo local de cardiologistas interessados em ampliar os horizontes e logo uniram esforços no sen-tido de criar a Sociedade de Cardiologia do Estado do Piauí”. O empenho daqueles profissionais rendeu frutos e a Sociedade foi concretizada em 1987. Entre eles es-tavam nomes importantes como Luiz Nodgi Nogueira Filho (PI), Francisco Luis Lima (PI) e Antenor Lages For-tes Portela (PI), responsável pela criação de mais um Serviço de Hemodinâmica no Estado.

O segundo Serviço de Hemodinâmica e Cardiologia In-tervencionista do Piauí foi criado em janeiro de 1990, no Hospital São Marcos da Associação Piauiense de Com-bate ao Câncer (APCC), sob a coordenação de Portela, também vindo de São Paulo. Ele e seu companheiro de equipe, Raldir Bastos Filho (PI), foram pioneiros em inú-meros procedimentos de cardiologia intervencionista no Piauí, como angioplastia coronária com implante de stent, valvoplastia mitral, implante de stent em carótida, e fecha-mento percutâneo de comunicação interatrial. A equipe já realizou mais de 18 mil procedimentos, incluindo cateteris-

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mos diagnósticos e terapêuticos.No final da década de 1980 e início da década de 1990,

muitos médicos cardiologistas, que haviam migrado para São Paulo para completar a formação, retornaram ao Piauí. Após esse período, outros Serviços de Hemodinâmica e de Cirurgia Cardíaca surgiram em Teresina, entre eles o do Hospital Prontomed, inaugurado em maio de 2004, sob a coordenação de João Francisco de Sousa (PI), cardiologis-ta com formação na Escola Paulista de Medicina e treinado em cardiologia intervencionista na Beneficência Portuguesa de São Paulo, que muito contribuiu para o desenvolvimento da intervenção na região. Dois anos depois, o Hospital de Terapia Intensiva (HTI) constituiu a cardiologia intervencio-nista com Paulo Márcio Sousa Nunes (PI) e Alexandre Adad Alencar (PI), ambos formados em cardiologia clínica e inter-vencionista no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo. Esse serviço já realizou 2.500 procedimentos de intervenção, sendo pioneiro no tratamento endovascular do aneurisma de aorta. Nesse hospital, também são realizadas valvoplastia mitral percutânea e eletrofisiologia invasiva. Atu-almente, há três estudos multicêntricos em cardiologia inter-vencionista em andamento.

Recentemente, o Hospital São Paulo, localizado em Teresina, conseguiu registro no Sistema Único de Saúde (SUS) para o Serviço de Hemodinâmica. Os médicos Car-laile Antônio Sarmento de Araújo Costa (PI), Luis Gustavo Marques (PI) e Thenyson Pereira Leitão (PI) já realizaram cerca de 2.700 procedimentos, desde 2006.

Em junho de 2008, foi constituído o mais novo Serviço de Hemodinâmica da cidade, no Hospital Aliança Casa-mater, sob direção de Nunes e Alencar.

Embora o Piauí possua equipes atuantes, ainda não existe uma diretoria regional da especialidade e nem hou-ve evento específico da área. De acordo com Nunes, di-retor médico de Serviço do Hospital Aliança Casamater, a cardiologia intervencionista do Estado encontra-se em franco processo de crescimento e ampliação de horizon-tes para intervenção. “Pretendemos, no próximo congres-so estadual, organizar nosso primeiro simpósio”, afirma. Com o mesmo otimismo, Portela, diretor médico dos Serviços de Emergência e Cardiologia Intervencionista do Hospital São Marcos-APCC, endossa: “A cardiologia in-tervencionista do Piauí é vibrante, competente, atualizada e, certamente, em pé de igualdade com o que há de me-lhor no Brasil”.

Hospital Santa MariaResponsável: Paulo Rogério de Oliveira MonteiroSite: www.hsmaria.com.brTelefone: (86) 3194-5100

Hospital São Marcos-APCCResponsável: Antenor Lages Fortes PortelaSite: www.saomarcos.org.brTelefone: (86) 2106-8000

Hospital Prontomed AdultoResponsável: João Francisco de SousaSite: www.medimagem.comTelefone: (86) 3223-2650

Hospital de Terapia Intensiva (HTI)Responsável: Alexandre Adad AlencarSite: em desenvolvimentoTelefone: (89) 4009-1111

Hospital São PauloResponsável: Carlaile Antônio Sarmento de Araújo CostaSite: www.hsp.com.brTelefone: (86) 3216-9300

Hospital Aliança CasamaterResponsáveis: Paulo Márcio Sousa Nunes e Alexandre Adad AlencarSite: não possuiTelefones: (86) 3215-6700 e 3222-5617

Todos os seis Serviços de Hemodinâmica do Piauí estão em Teresina, capital do Estado

Só na capital

Da esquerda para a direita, Antenor Portela (PI) e Paulo Márcio Sousa Nunes (PI).

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Valorizando as oportunidades

J amil Abdalla Saad é mineiro de Uberaba, cida-de de onde saiu somente depois de se formar em medicina pela Faculdade de Medicina do Tri-

ângulo Mineiro. Seu pai era imigrante libanês. Sua mãe, descendente de libaneses. Saad era o caçula de cinco irmãos criados em um ambiente familiar de amor, respeito, sem imposições e muita dedicação aos estudos. “Creio que esse ambiente muito contri-buiu para minha formação e personalidade, da qual citarei duas características, mais pela importância que possam ter em relação ao cargo que ocupei”, afirma Saad. “São elas: o respeito ao argumento ra-cional na busca da melhor decisão e a valorização

das oportunidades, herança provavelmente atávica aos descendentes de imigrantes.”

Desde garoto, Saad afirmava a todos que seria médico. Talvez tenha sido influência de Edson e Miguel Saad, seus primos doutores, muito admira-dos por toda a família. A decisão precoce também foi estimulada durante o tratamento de Guillan-Barré – síndrome autoimune caracterizada por inflamação aguda com perda da mielina dos nervos periféricos, raízes nervosas proximais e nervos cranianos –, pelo qual passou aos 14 anos de idade e o fez conviver com muitos médicos. “Mas quem confirmou essa decisão foi Mário José Abdalla Saad – endocrinologista e pro-fessor da Faculdade de Ciências Médicas da Univer-sidade Estadual de Campinas (FCM/Unicamp) –, meu irmão três anos mais velho, a quem sempre fui muito ligado”, conta Saad, que optou pela especialização em cardiologia por admiração a um quarto persona-gem. “A escolha pela cardiologia foi consequência do fascínio exercido por um grande mestre, filósofo e humanista de inteligência singular, o professor Li-neu José Miziara (MG)”, afirma nosso ex-presidente mineiro. “Ele havia feito residência em cardiologia clínica no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC), em São Paulo, em 1967, e, desde que retor-nou a Uberaba, exerceu forte influência em várias gerações de cardiologistas.”

Saad terminou a residência em hemodinâmica no IDPC em 1986. Naquele momento, muitas capitais brasileiras já realizavam cateterismo. Os hemodina-micistas que chegavam ao mercado de trabalho já não eram de uma geração de pioneiros, mas tinham à disposição as oportunidades promovidas pela transformação da especialidade de diagnóstica em terapêutica. Com a abertura de novas oportunidades em locais onde o serviço de hemodinâmica já estava constituído, surgiam alguns convites. Saad aceitou a proposta de se transferir para Belo Horizonte (MG), onde, após algumas experiências, iniciou o Serviço de Hemodinâmica do Hospital SOCOR e assumiu a coordenação do serviço do Hospital Felício Rocho. “Nesses locais, onde continuo trabalhando até hoje,

Presidente da gestão 1998/2002, o mineiro Jamil Abdalla Saadrelembrou seus quatro anos à frente da SBHCI e contou um poucode sua trajetória pessoal e profissional

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Valorizando as oportunidadesestabeleci ótimos laços profissionais e de amiza-de”, ele afirma. “O mais intenso foi com Ari Mandil (MG), parceiro de primeira hora no enfrentamento das maiores dificuldades e nas principais conquis-tas.” Essa dupla, sempre trabalhando em harmonia e procurando corresponder ao papel de liderança que a cardiologia intervencionista deve ter em qualquer instituição, iniciou o programa de treinamento e resi-dência, contando ao menos 20 profissionais forma-dos, em atividade e ligados à SBHCI.

Em 1997, a SBHCI planejava seu primeiro con-gresso em Minas Gerais. A convite do então presi-dente Heitor Ghissoni de Carvalho (BA), Saad assu-miu a presidência do evento. “Estabeleci um contato muito estreito com a Diretoria da SBHCI”, diz Saad. “Aparentemente, as coisas foram bem e conquistei a confiança de muitas lideranças, especialmente es-timulado por Heitor, um amigo e profissional de es-pírito grandioso.”

Após essa experiência, Saad considerou-se habi-litado e apoiado para o desafio de se tornar presi-dente da SBHCI. “Convidei André Labrunie (PR) para ser tesoureiro e Claudia Maria Rodrigues Alves (SP) para ser secretária”, recorda. “É interessante porque não nos conhecíamos o suficiente, mas havia uma visível empatia entre nós que foi progressivamen-te se ampliando e se transformando em amizade e confiança.” Diferentemente de anos anteriores, pela primeira vez haveria disputa entre duas chapas para eleição da Sociedade. Saad conta que muitos reco-nheciam, naquela ocasião, o prenúncio de uma nova dimensão à SBHCI.

Eleição vencida, a missão do presidente e sua equipe era adequar a Sociedade à realidade profis-sional da época, tanto em relação a sua estrutura interna como na demanda fora de suas fronteiras. Durante aquela gestão, a SBHCI ampliou a represen-tação regional e elevou de quatro para dez o núme-ro de membros do Conselho Deliberativo. Também foi sob sua presidência que a entidade aprovou, em assembleia, a inclusão do cardiologista intervencio-nista pediátrico como membro da Sociedade e criou a pasta de Intervenção Extracardíaca. É da autoria de sua Diretoria a criação das cotas e categorias de patrocínio para a indústria, dando início ao modelo

de organização dos congressos, que evoluiu para os padrões atuais. “Ainda iniciamos a publicação do Jornal da SBHCI, bem mais modesto que o atual, mas com o intuito de melhorar a comunicação en-tre os sócios e aproximá-los da Diretoria, facilitan-do o debate de questões polêmicas em assembleia, quando necessário”, afirma o ex-presidente.

Em relação às questões externas à Sociedade, a maior conquista da gestão foi a publicação da porta-ria do Sistema Único de Saúde (SUS) autorizando o implante de stents, obtida com o apoio e o auxílio de J. Eduardo Sousa (SP) e Amanda M. R. Sousa (SP). “Outra conquista foi o reconhecimento da cardiolo-gia intervencionista pela Associação Médica Bra-sileira (AMB), como área de atuação”, conta Saad, lembrando que, na época, havia resistências a essa decisão. “Felizmente, ao longo do tempo, isso foi bem compreendido e creio que esteja consolidado.”

“iniciamos a publicação do Jornal da SBHCI, bem mais modesto que o atual, mas com o intuito de melhorar

a comunicação entre os sócios e aproximá-los da Diretoria”

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Estudo recente apresenta informação complementar sobre regime posológico intensificado de clopidogrel em pacientes na vigência de síndrome coronária aguda submetidos a intervenção coronária percutânea

práticas médicas gilson soares feitosa

Novas estratégias antiplaquetárias

O soteropolitano Gilson Soares Feitosa falou sobre as recomendações de prescrição de clopidogrel e AAS após avaliar estudo recente.

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Em setembro, durante o Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, em Barcelona, na Espa-nha, foram anunciados os resultados preliminares

do CURRENT-OASIS 7. Esse ensaio clínico, o maior rea-lizado para avaliar diferentes doses de aplicações de clo-pidogrel em associação com ácido acetilsalicílico (AAS), incluiu 25.087 doentes com síndrome coronária aguda (SCA), a maioria sem supradesnivelamento do segmento ST (29,2% com infarto agudo do miocárdio com supra-desnivelamento). O objetivo do estudo foi avaliar a eficácia e a segurança de um regime posológico intensificado de clopidogrel versus a dose padrão em doentes tratados previamente por pro-cesso invasivo e elegíveis para intervenção coronária per-cutânea (ICP). Conversamos com Gilson Soares Feitosa (BA), cardiologista intervencionista e sócio-honorário da SBHCI desde 2007, que falou sobre as recomendações de prescrição de clopidogrel e de AAS, após os resultados do estudo. Feitosa é formado, desde 1970, pela Univer-sidade Federal da Bahia. Fez residência em medicina e fellowship em cardiologia, de 1971 a 1975, na Filadélfia (Pensilvânia, Estados Unidos). É professor titular da Escola

de Medicina e Saúde Pública, diretor de Ensino e Pesqui-sa do Hospital Santa Izabel da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, e diretor científico do Hospital Aliança da Bahia. Gilson Feitosa foi presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia durante o biênio 1999-2001.

Qual a dose de ataque do clopidogrel: 600 mg para todos?

O estudo CURRENT-OASIS 7 testou, em um modelo fato-rial 2x2, duas maneiras de uso do clopidogrel e duas ma-neiras de uso do AAS em uma população de portadores de SCA. Havia a decisão de se fazer cinecoronariografia em todos e ICP, exceto se houvesse contraindicação. Cerca de 70% dos pacientes realizaram ICP e os demais foram en-caminhados para cirurgia de revascularização, tratamento clínico ou não apresentavam aterosclerose significante. Em uma comparação entre os que fizeram ou não ICP, ve-rifica-se que a diferença favorecendo o esquema de maior dosagem de clopidogrel (dose de carga de 600 mg, 150 mg do segundo ao sétimo dias e 75 mg do oitavo ao trigésimo dias), em comparação com o esquema habitual (dose de carga de 300 mg e 75 mg do segundo ao trigésimo dias), foi registrado apenas nos pacientes submetidos a ICP.

Essa estratégia de doses mais elevadas nos pacientes submetidos a ICP reduziu, de forma significante, os des-fechos primários combinados de morte cardiovascular, acidente vascular cerebral e infarto agudo do miocárdio: redução de 15% no período de 30 dias, em comparação ao uso padrão do clopidogrel.No grupo submetido a ICP – um total de 17.232 pacien-tes –, foi observado desfecho de eficácia de trombose confirmada intrastent reduzido em 42% com a dose maior em comparação à dose padrão, tanto nos pacien-tes de baixo risco como nos de alto risco. Tais benefí-cios foram contrapostos por aumento do risco de san-gramento da ordem de 44% para sangramentos maiores e de 39% para sangramentos graves pelos critérios do estudo, embora não houvesse diferença em mortalidade atribuída ao sangramento ou de sangramento pelo cri-tério Thrombolysis in Myocardial Infarction (TIMI). O ta-manho da diferença obtida é, no entanto, relativamente modesto, considerando-se outras maneiras de medi-la, que não a redução de risco relativo. Por isso, acredito que, embora a tendência seja passar a aplicar a dose maior de clopidogrel de forma geral naqueles pacientes

que previsivelmente tenham maior probabilidade de san-gramento, a estratégia de dosagem padrão ainda deva ser considerada até que surjam outras evidências.

Qual a dose de AAS: 100-200 mg ou 325-500 mg?Não houve demonstração de vantagens de doses maio-res de AAS. Portanto, a dose de 75 mg a 100 mg, como bem testada no estudo CURRENT-OASIS 7, deverá ser o padrão estabelecido.

Qual a dose de manutenção do clopidogrel pós-angioplastia: 75 mg ou 150 mg por via oral?

O esquema sugerido pelo estudo é o de 150 mg por dia durante os sete primeiros dias após o procedimento e, de-pois, 75 mg diariamente.

Por quanto tempo o clopidogrel deverá ser prescrito?Não se tem uma definição estabelecida em relação aos stents com eluição de medicamentos, sugerindo-se que seja usado ao menos por um ano e, talvez, indefinidamente, nesses casos. Nos stents convencionais, seu uso por um mês encontra as maiores evidências de benefícios e evi-dência menor é observada com sua extensão por um ano.

“Há muito se espera um substituto mais conveniente ao emprego de anticoagulantes. No estudo RE-LY, o dabigatran ofereceu resultados

animadores quando comparado à varfarina na fibrilação atrial.”

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O prasugrel deverá ser lançado até julho de 2010. Ele será incorporado à prática clínica brasileira e suplantará o clopidogrel?

No estudo TRITON-TIMI 38, o prasugrel mostrou-se mais eficaz que o clopidogrel. Convém lembrar que a dose de ataque de clopidogrel foi a padrão, precisan-do ainda ser demonstrado se a mesma superioridade se compararia às doses mais elevadas do clopidogrel, como testado no estudo CURRENT-OASIS 7.

Ticagrelor vs. clopidogrel: os resultados do ensaio PLATO são convincentes?

O estudo PLATO fornece evidências razoáveis de que ticagrelor, em duas tomadas por dia, tem eficácia supe-rior e o mesmo risco de sangramento que o clopidogrel com dose padrão. Mais uma vez fica a indagação de como seria a comparação do ticagrelor a doses maio-res de clopidogrel. Nota-se que o ticagrelor promete se associar a menor risco de sangramento em pacientes que venham, porventura, a se submeter a cirurgia cardí-aca por conta de sua ação mais prontamente reversível com sua suspensão. Mas é curioso notar que, no es-tudo PLATO, não houve significativa diferença de san-gramento maior entre os dois medicamentos quando a cirurgia de revascularização foi realizada, situando-se, respectivamente, em 5,3% e 5,8%.

Dabigatran vs. varfarina: finalmente teremos um anticoagulante de farmacodinâmica e controle mais eficazes?

Há muito se espera um substituto mais conveniente ao emprego de anticoagulantes. No estudo RE-LY, o dabiga-tran ofereceu resultados animadores quando comparado à varfarina na fibrilação atrial. Com base em experiências prévias, instigantes de início e frustrantes depois, como a experiência com o ximelagatran, que se revelou mais hepatotóxico que o inicialmente previsto, é recomendável que se observem os resultados do dabigatran em outras condições que não a fibrilação atrial, assim como seu per-fil de segurança a longo prazo.

Qual sua recomendação relacionada à prescrição da terapia tríplice (AAS + clopidogrel + cilostazol) para reduzir taxas de trombose tardia dos stents farmacológicos?

Acho que, mesmo que relativamente empírica, ela deve ser empregada quando houver indícios de resistência plaquetária.

Qual sua recomendação para a suspensão da terapia antiplaquetária e a necessidade de realizar cirurgia não-cardíaca em pacientes submetidos a implante de stents farmacológicos?

Em cirurgias eletivas de baixo risco de sangramento, a te-rapia dupla antiplaquetária deverá ser mantida. Naquelas de risco aumentado, o clopidogrel deverá ser suspenso, mantendo-se, se possível, o uso da aspirina. Observe que, quando da escolha do stent a ser empregado, a perspec-tiva de cirurgia de maior porte em futuro próximo deverá favorecer a escolha do stent metálico.

Em sua prática clínica, em quais casos prescreve o tienopiridínico por período inferior a um ano após implante de stents farmacológicos?

Em stents farmacológicos, recomendo o uso por um ano. Nos casos de stents em artérias coronárias mais relevantes e com maior risco de trombose tardia, uso clopidogrel e AAS, indefinidamente.

“quando da escolha do stent a ser empregado, a perspectiva de cirurgia de maior porte em

futuro próximo deverá favorecer a escolha do stent metálico.”

práticas médicas gilson soares feitosa

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Visão, planejamento e execução

Como surgiu a oportunidade para se candidatar à presidência da SBC?Eu acredito que a oportunidade tenha sido observa-

da pela nossa gestão na Sociedade de Cardiologia do Esta-do de São Paulo (SOCESP). Ali pudemos realizar, com toda a Diretoria, um trabalho expressivo, principalmente do ponto de vista científico, elevando a qualidade de uma sociedade que é muito dinâmica. Acredito que esse trabalho possibili-tou minha indicação para disputar a presidência da SBC.

Ao assumir a presidência, qual era seu grande projeto para a SBC?

A cardiologia brasileira tem uma história de conquistas, de realizações. Veja a história de nossa cardiologia cirúrgica, que foi responsável pela formação dos principais cirurgiões em toda a América Latina e tem influenciado profissionais no mundo todo. Também temos a história da hemodinâ-mica, que se iniciou logo após a criação da especialidade nos Estados Unidos, com o envio de um grupo do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC), de São Paulo, e outro da Faculdade de Medicina da Universidade de São

Paulo (FMUSP). Aqueles profissionais fizeram o treina-mento de todos os grandes hemodinamicistas do Brasil. Depois, criou-se outra grande área, a cardiologia pediá-trica, com o Instituto do Coração do Hospital das Clíni-cas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – InCor/HCFMUSP, sob a liderança inconteste do professor Luiz Venere Décourt, e outros médicos do IDPC. Assim começou a grande escola da cardiologia brasileira, que formou os grandes cardiologistas da América Latina, com mestres e mais mestres em uma longa sequência de grandes nomes e grandes profissionais. Então, hoje, quan-do encontramos a cardiologia cirúrgica forte, a hemodinâ-mica forte e a cardiologia clínica forte, formados em cima da superação das dificuldades econômicas e do sistema de saúde brasileiro, entendemos que estamos diante de uma SBC que tem um alicerce muito forte. Hoje, não é tão diferente. Temos contribuições brasileiras do ponto de vista científico que vão de cardiopatia congênita, passando por doenças do miocárdio, doença de Chagas, doenças coro-nárias e transplantes até chegar à alta ciência em biologia molecular. Então, quando assumi a SBC, eu vislumbrava

Em janeiro de 2010, Antonio Carlos Palandri Chagas (SP) encerra sua gestão de dois anos à frente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). A dois meses de deixar o cargo, o presidente da entidade nos concedeu entrevista exclusiva, na qual fez um balanço do trabalho realizado por sua Diretoria e falou de projetos, avanços e do momento histórico que a cardiologia brasileira vive, assumindo posições importantes no cenário público nacional e no ambiente científico mundial

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que essa sociedade poderia ir mais adiante e levar a quali-dade da cardiologia brasileira à internacionalização.

A SBC não recebia os devidos reconhecimentos internacionais ou não era bem vista fora do Brasil?

Ela era reconhecida, mas eu via que era um momento muito oportuno para o Brasil ocupar posição de destaque. E essa foi uma das grandes metas de nossa gestão.

Quais os resultados desse projeto de internacionalização?

Agora, ao encerrar minha gestão, criamos oficialmente o capítulo brasileiro no American College of Cardiology (ACC). Agora nós somos verdadeiramente uma federação do ACC, com números expressivo de colegas brasileiros e com um capítulo dedicado exclusivamente ao Brasil. Esse fato vai aumentar não só o relacionamento entre instituições, mas o reconhecimento da cardiologia brasileira. Outro passo mui-to importante foi a filiação da SBC como membro efetivo da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC). Não somos Europa, mas temos grande ligação com esse continente. Assim, o sócio da SBC passa a ter reconhecimento inter-

nacional e pode se beneficiar dos inúmeros programas da ESC e concorrer a bolsas de pesquisa que eles oferecem.

Acompanhando um pouco da trajetória dos Departamentos e Sociedades ligados à SBC, percebemos que houve uma aproximação com grupos de cardiologistas europeus. A SBHCI promoveu ações com médicos portugueses e franceses, por exemplo. Já é um reflexo desse trabalho de internacionalização da SBC ou é esforço individual desses grupos?

Sim, é um resultado do nosso trabalho. E não é só com a SBHCI. A Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas tem feito regularmente encontros para pro-mover projetos entre Europa e Brasil. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, este ano, du-rante o Congresso Europeu de Cardiologia, fez um joint symposium entre as duas sociedades. Isso tudo é resultado de uma dinâmica que começou no Con-gresso do ACC realizado em Chicago, nos Estados Unidos, em 2008. Foi quando teve início essa grande virada da internacionalização da SBC para ocupar o

lugar que merece por sua qualidade científica. Outro ponto muito importante que pudemos desenvol-

ver foi a questão da pesquisa. Uma sociedade médica como a nossa não tem a obrigação de realizar pesquisas. Ela deve ser uma facilitadora dos projetos de pesquisa. Nós atuamos nos Ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia, fazendo com que a SBC funcionasse como um grande catalisador para desenvolvimento de pesqui-sas. Hoje, por exemplo, temos alguns projetos nas mãos da Sociedade nos quais ela faz a interface entre hospitais universitários e órgãos governamentais. O corolário dessa ação é a Bolsa Harvard. A partir de 2010, dois brasileiros ficarão por dois anos na Harvard University (Boston, Es-tados Unidos). Esse projeto tem a chancela da SBC, da Harvard Medical School e do patrocinador, Jorge Paulo Lemann – empresário brasileiro que viabilizou o projeto por meio de doação à universidade americana. O primeiro processo de seleção já está completo, e estamos aguar-dando o julgamento por parte de Harvard.Mais recentemente, inclusive, e com o processo de sele-ção a ser iniciado, teremos um projeto copatrocinado pela Sociedade Interamericana de Cardiologia, Sociedad Su-damericana de Cardiologia e SBC, o qual oferecerá uma

bolsa para um programa de reabilitação cardiopulmar na Mayo Clinic (Rochester, Estados Unidos).

Como esse crescimento internacional da SBC foi possível em apenas dois anos?

A Sociedade cresceu muito do ponto de vista interna-cional porque ela se solidificou aqui dentro. Nós tive-mos alto grau de reconhecimento pela imprensa fala-da, escrita e televisiva, de tal maneira que a população brasileira entendeu o movimento da SBC no sentido de lutar por melhores condições de saúde para todos. Nós conseguimos fazer com que várias sociedades médicas se associassem a nós para desenvolver uma diretriz de doenças reumáticas. Conseguimos envol-vimento dos órgãos governamentais e, certamente, temos um projeto para trabalhar na prevenção e na erradicação da doença reumática. Ainda, vamos en-cerrar o ano realizando uma diretriz latino-americana sobre doença de Chagas e, o que é mais importante, o Ministério da Saúde não só abraçou nosso projeto como o ministro da Saúde vai tornar oficial as reco-mendações da diretriz proposta pela SBC.

“A Sociedade funcionar como uma entidade que também representa a sociedade civil é um ponto muito importante e serve como catalisador de ideias, agregando conhecimento técnico.”

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Como foi o trabalho de obtenção do apoio governamental para todos esses projetos?

Foi outro longo caminho percorrido pela Sociedade. Nós caminhamos para a internacionalização, para o reconheci-mento interno, para os meios de comunicação e também para os meios governamentais. Fizemos um tratado de cooperação entre a SBC e o Ministério da Saúde e encon-tramos no ministro José Gomes Temporão extraordinária receptividade. Ele se mostrou aberto a fazer com que as questões cardiovasculares fossem discutidas pelos técni-cos do Ministério e pelos especialistas das associações. Nossa Diretoria de Relações Governamentais abriu um ca-nal de conversação. É claro que ações como esta darão resultados ao longo de décadas. Mas só de a SBC ser ouvi-da, consultada e ter um canal aberto com o principal órgão governamental da saúde é uma grande conquista. Espero que esse vínculo seja mantido pelos que vierem a suceder o ministro Temporão. Nós ainda conseguimos ter acesso à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e à Agên-cia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e passamos a funcionar como uma consultora ad hoc dessas instituições. Nesses dois anos, recomendamos que nossas sociedades regionais também buscassem o espírito de cooperação com seus governos estaduais e municipais. A diretriz da doença reumática, por exemplo, só foi possível porque o governo do Estado da Bahia participou e tornou-se parceiro do projeto. Com o evento da doença de Chagas também encontramos total apoio do governo federal e do governo do Estado de Minas Gerais, na pessoa do governador Aé-cio Neves e do secretário da Saúde, Marcos Vinícius Cae-tano Pestana da Silva.Outra participação muito importante da SBC aconteceu na promulgação da Lei Antifumo no Estado de São Paulo. A SBC foi uma grande parceira do governador José Serra e participou de todas as movimentações para promulgação da lei, inclusive na Assembleia Legislativa. A Sociedade funcionar como uma entidade que também representa a sociedade civil é um ponto muito importante e serve como verdadeiro catalisador de ideias, agregando conhecimento

técnico. Mais um exemplo disso foi o envolvimento pioneiro da Sociedade com assuntos ligados ao meio ambiente. A SBC foi a primeira sociedade médica a investir no Dia do Meio Ambiente e torná-lo um momento de alerta para o ris-co cardiovascular. Fizemos um simpósio maravilhoso que criou impacto muito grande. Conseguimos reunir, no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (MASP), sete emis-soras de televisão para cobrir o evento. Todas essas con-quistas são fruto de muito trabalho da Diretoria, que sempre atuou de maneira unida às Regionais e aos Departamentos. Como resultado, temos um fato histórico: o menor índice de inadimplência e o crescimento do número de sócios.

O senhor considera esses índices como sinais de aprovação a sua gestão?

Talvez seja um índice muito importante, que revela o grau de aprovação que os associados deram às ações promo-vidas pela SBC. O Congresso da SBC realizado este ano, em Salvador (BA), foi o maior da história da Sociedade. Maior em número de participantes, de palestrantes, de te-mas livres, de conferencistas internacionais, de sociedades internacionais presentes. A Espanha, por exemplo, nunca havia participado. Foi realmente um grande conclave. E não é algo restrito à SBC ou a nosso Congresso. O Congresso da SBHCI, no Rio de Janeiro (RJ), estava lotado. Acabamos de fazer o Congresso da Sociedade de Hipertensão em Florianópolis (SC), um sucesso. Tivemos um Congresso de Cardiogeriatria em Teresina (PI), outro sucesso. E vários ou-tros com expressiva participação de sócios, o que mostra que a sociedade médica está satisfeita com o trabalho feito, porque, em todas essas ações, existiu sempre o critério da busca por excelência.

Quando o senhor relata o sucesso dos congressos e a reaproximação de muitos sócios, representada pelo baixo índice de inadimplência e pelo crescimento do quadro social, nos parece que os cardiologistas estavam ávidos por conhecimento e conteúdo científico. É uma avaliação correta?

É isso mesmo. Não tenha dúvida. Nesses dois anos, a Sociedade inovou em diversos projetos. Tivemos o proje-to chamado SBC em Eventos Internacionais, participando com estandes e simpósios em congressos realizados em outros países. Promovemos o SBC Sempre Presente, le-vando a sociedade-mãe a vários congressos regionais, nos aproximando dos Departamentos. Dessa forma, o associa-do pôde ter contato, ver suas contas e conferir pendências com a SBC ali mesmo, em sua região de origem. O terceiro trabalho extraordinário em resultados é o Projeto Diretrizes, com o pocket, a sala de diretrizes nos congressos e os eventos itinerantes chamados Diretrizes em Debate, sem-pre com grande aproveitamento.

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Outro ponto de destaque foi o crescimento de nossa revista Arquivos Brasileiros de Cardiologia. Nós percebe-mos que os Arquivos tinham condições de acompanhar essa internacionalização. Então, transformamos todo o material em bilíngue e, depois, trilíngue, incluindo a língua hispânica, porque a comunidade latino-americana espera muito do Brasil. Aproximamos a revista de maior impacto, depois das revistas inglesa e espanhola de cardiologia, de nossos sócios e dos cursos de pós-graduação. Os mé-dicos e coordenadores perceberam que essa publicação era um dos caminhos importantes para divulgação de seus trabalhos científicos. No congresso do ACC, fomos convi-dados para falar na reunião de editores de revistas. Isso nos colocou, juntamente com Portugal e Espanha, em posição de destaque em relação a editores de língua inglesa. Como resultado, obtivemos diversas publicações tratando dessa ação conjunta entre os três países. Vejo um futuro auspicio-so para os Arquivos Brasileiros de Cardiologia com a grande colaboração dos cursos de pós-graduação.

Sua experiência acadêmica foi importante para se aproximar desse público?

Sim. Eu diria que foi muito valiosa, pelo fato de eu ser uma pessoa oriunda da universidade, que veio para uma missão de presidente na Sociedade buscando excelência. Há 32 anos estou vinculado a minha instituição acadêmica, que é a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), onde fiz toda minha especialização após ter feito a graduação na Faculdade de Medicina da Fundação Santo André, na Grande São Paulo. Acredito que essa longa vi-vência acadêmica tenha sido útil para alcançar meu sonho como presidente da SBC, que foi realizar uma gestão vol-tada à excelência, e me sinto muito realizado com as con-quistas que obtivemos. Não foi um trabalho de dois anos, mas o resultado da história de grandes realizações da SBC. Certamente, eu vejo que meus sucessores, especificamen-te o futuro presidente Jorge Ilha, que assume a presidência da SBC para o biênio 2010-2011, poderão levar nosso tra-balho adiante e condicioná-lo a seus projetos. Nós sempre governamos de forma muito unida. Desde o dia de minha posse, deixei muito claro que estávamos as-sumindo juntos. Eu fiz questão de trazer todos os presiden-tes de Regionais, todos os presidentes de Departamentos e de grupos de estudos para que todos tomassem posse jun-to comigo. A cada três ou quatro meses, eu fazia uma reu-nião regional. Reunia toda essa comunidade para, juntos, discutirmos destinos e ações. Então, sempre governamos de forma muito unida. Por essa razão devo dizer que esse sucesso não é meu, nem da minha Diretoria. É de todo o grupo, que teve, durante esses dois anos, essa responsabi-lidade. Dentro desse grupo, um parceiro indiscutivelmente importante foi a SBHCI, sob todos os aspectos.

É possível afirmar que a aproximação com a academia já começou a rejuvenescer o quadro de sócios da SBC?

Sem dúvida nenhuma. Um dos objetivos da Socieda-de é a busca de novos sócios. São dois tipos de só-cios que devemos buscar. Um é aquele indivíduo que há tempos está trabalhando, mas se mantém distante da Sociedade. Esses precisam estar próximos da SBC porque é o caminho da atualização, do aperfeiçoamen-to. Outro é o jovem médico cardiologista. Em nosso últi-mo Congresso tivemos um simpósio dedicado somente aos estudantes, participando exclusivamente com seus preceptores. As ações do Diretrizes em Debate têm participação muito grande do jovem cardiologista. E um dos passos importantes da questão do capítulo brasi-leiro do ACC é a possibilidade de favorecer a inclusão dos médicos mais novos nos programas internacionais. É uma área de grande destaque e interesse que certa-mente será ampliada nos próximos anos.

Qual sua opinião, como professor, profissional respeitado e presidente da SBC, sobre a abertura de novas escolas de medicina?

A formação é responsabilidade do Ministério da Edu-cação e Cultura. Mas nós temos participado com a Associação Médica Brasileira (AMB) na luta pela me-lhor qualidade do ensino médico. Esse é um processo que, como educador em medicina e presidente da SBC, causa preocupação muito grande. Devemos ter escolas médicas bem preparadas, com professores titulados e bem preparados, para que possamos ter um profissio-nal mais bem formado. Diria que é aí que a SBC tem atuação muito importante.

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A Sociedade tem sido muito criteriosa para que tenha-mos profissionais formados de maneira adequada. O tí-tulo de especialista é o maior valor individual que a SBC tem, é algo que a Sociedade leva muito a sério, com critérios e normas. A Sociedade procura fazer, através de seus programas de educação permanente, com que o título seja acessível a todos. Mas as pessoas devem se preparar para poder obter o título. Mesmo sem poder legislar sobre as faculdades de me-dicina, temos deixado clara, à AMB, nossa preocupação com profissionais médicos desqualificados. Esse traba-lho é feito pela Diretoria de Relações Governamentais, que atuou, ao mesmo tempo, em várias ações, como na regulamentação do diploma de médico. É claro que a AMB é muito forte, mas, nas palavras do próprio José Luiz Gomes do Amaral, presidente da AMB, nós somos um dos braços fortes da entidade.

Quais projetos o senhor entende que poderiam ter avançado mais ao longo de sua gestão?

Acredito que poderíamos ter feito mais com relação às ações ligadas aos órgãos governamentais. Só para citar um exemplo, um trabalho muito importante para a SBC e para o Ministério da Saúde é o Projeto da Saúde do Homem. A SBC, junto com as Sociedades Brasileira de Geriatria e Gerontologia e Brasileira de Urologia, já tinha terminado o projeto em agosto de 2008, pois deveria ser lançado no Dia dos Pais daquele ano. Mas, ao chegar ao Ministério da Saú-de, demorou mais de um ano para que fosse executado. O lançamento ocorreu somente em agosto de 2009, um ano depois de pronto. Eu tenho esperança de que essas ações governamentais continuem e que cada vez mais as socie-dades sejam chamadas para atuar.

Alguma meta de sua gestão não foi cumprida?Em meu discurso de posse eu falei de três assuntos como ações inovadoras que seriam compromissos da SBC: o cuidado com a doença de Chagas, o cuidado com a doença reumática e lancei a ideia da cardiolo-gia ambiental. As três foram realizadas, além de outras que nem imaginávamos naquele momento. Tudo isso foi possível porque a Sociedade tem uma estrutura ad-ministrativa fantástica. Sem isso não teria sido possí-vel, por exemplo, criar a Federação das Sociedades de Cardiologia de Língua Portuguesa. Brasil e Portugal têm uma responsabilidade enorme com as outras comuni-dades de língua portuguesa. Fizemos um evento em Cabo Verde, na África, para onde levamos conhecimen-to científico. Para o ano que vem já temos planejado um evento em Moçambique. Não é à toa que temos o ter-ceiro site mais visitado do mundo na especialidade, só perdendo para os sites da American Heart Association (www.americanheart.org) e ACC (www.acc.org). Esse site é muito útil para os cardiologistas de língua portu-guesa das regiões pobres.

É um projeto inédito na cardiologia?Não digo inédito, mas muito corajoso. Desde o início da gestão, estivemos em quase todos os congressos da Sociedade Interamericana de Cardiologia. Eu falei no México, no Chile, na Argentina, no Peru, na Venezuela, em Costa Rica. Em todas essas viagens, o que me dá mais satisfação é que o presidente da SBC, ou o repre-sentante que vai ao evento, não está lá para uma parti-cipação política. A Sociedade sempre levou informação científica, algo que eu considero uma enorme diferença. É lógico que a Sociedade deve ter uma posição políti-ca, mas precisa fazer mais. E, nesse ponto, o trabalho desenvolvido pela SBHCI em relação à SOLACI é extra-ordinário. Foi isso que tornou o Brasil líder em hemodi-nâmica na América Latina.

O que é necessário para assumir a presidência da SBC e executaressa função com excelência?

Como presidente eu procurei olhar a Sociedade como um todo e não como um grupo específico. Tenho cer-teza que, para exercer um cargo de presidente, o indiví-duo deve estar compromissado com a qualidade, com a busca da excelência. Ele deve ter muita humildade e, ao mesmo tempo, muita determinação. É necessário se de-dicar à Sociedade todos os dias, abrindo mão de coisas pessoais. Mesmo assim posso dizer que foi uma experi-ência muito gratificante.

Muitas lições aprendidas?Sim, muitas lições de vida.

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balanço da gestão

Encerramento da Administração “Novas Ideias na SBHCI”

Em 20 de julho de 2006, em Porto Alegre (RS), Luiz Alberto Mattos (SP) assumia a Presidên-cia da SBHCI ao lado de seu corpo diretivo.

A Diretoria da gestão 2006/2009 promoveu extensa reforma nos métodos administrativos da entidade, além de diversas ações realizadas, avaliadas aqui pelo presidente e seus diretores, que, em janeiro, entregam seus cargos à nova Diretoria.

Luiz Alberto Mattos (SP)Presidente

Quando o senhor tomou a decisão de disputar a eleição da Presidência da SBHCI?

Em setembro de 2005, na vigência do Congresso Brasi-leiro de Cardiologia, em Porto Alegre (RS), após conver-sar com diversos colegas, ouvi-los e captar que existia o anseio de aplicar mudanças superlativas à entidade em seus três pilares principais: certificação profissional, educação médica continuada e qualidade e assistência profissional ao médico e ao paciente. Logo após, con-versei com meu grupo de trabalho no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC), em São Paulo (SP), e, principalmente, com meu orientador e diretor, o profes-sor J. Eduardo Sousa, que também avalizaram o proje-to. Na sequência, no dia 18 de outubro de 2005, viajei de São Paulo para João Pessoa (PB) com o objetivo ex-clusivo de convidar Marcelo Queiroga Lopes (PB) para iniciarmos a caminhada. Com o recebimento do sinal positivo e do estímulo da parte dele, tudo começou a se mover.

O senhor já vislumbrava tudo o que gostaria de fazer à frente da Sociedade? Quais eram seus planos, objetivos e metas?

Posso afirmar que sim, que uma proposta de atuação intensa, comprometida com o desejo de expor aos só-cios da entidade modificações, modernizações e am-

Jornal da SBHCI entrevistou o presidente Luiz Alberto Mattos, que avalia o trabalho realizado durante os 42 meses queesteve à frente da Sociedade

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Encerramento da Administração “Novas Ideias na SBHCI”

pliação de serviços, estava traçada trinta dias após o encontro com Marcelo Queiroga Lopes. O foco era uma SBHCI para os sócios, em síntese, “do singular para o plural”, em qualidade, quantidade, assistência e bene-fício. Logo, rotulamos de “Projeto Novas Ideias”. Mas o mais significativo era a reunião de um grupo de trabalho muito consistente, os futuros diretores, que atendesse a critérios que eu considerava muito importantes. Esses critérios eram: federativo, qualificado e representativo das diversas escolas de formação e ensino em cardio-logia intervencionista que atuam na prática clínica no Brasil, todos reconhecidos como líderes em suas co-munidades regionais. As eleições estavam agendadas para julho de 2006, em Porto Alegre (RS), e seríamos um grupamento de oposição à situação vigente, que desejava mais uma sequência, com a promoção do di-retor administrativo da ocasião para a Presidência. Em

cinco meses, o grupo estava completo, com os nove diretores que atuaram nesses 42 meses em conjunto, e os convidei pessoalmente, todos, visitando-os nas cidades em que estavam radicados. O mais significa-tivo e, no meu entendimento, o motivador que nos ali-mentou nesse período todo foi a efetivação na primeira etapa, consumando os objetivos expostos acima. Nada se efetiva solitariamente. A fortaleza está localizada na atuação plural, no empenho, no comprometimento e na lealdade desse grupamento muito especial de colegas.

O senhor imaginava que tipos de dificuldade surgiriam pelo caminho?

Como tudo na vida, sempre devemos estar preparados para as surpresas. Algumas dificuldades não eram es-peradas e surgiram logo em dezembro de 2005. Porém, justamente pelo fato de já estarmos reunidos e acor-dados, logramos obter soluções para enfrentar o ines-perado. Posso afirmar que as “dificuldades esperadas” foram antecipadamente reduzidas com o devido plane-jamento, disciplina e gerenciamento pró-ativo, respeita-do por todos.

Falando em dificuldades, quais foram os maiores obstáculos encontrados ao longo do caminho?

As dificuldades estão localizadas em ações que não dependiam de nossa exclusiva capacidade laboral e in-

telectual ou das relações que todos cultivavam em seus locais de trabalho. Saliento uma delas, ao efetivarmos a reformulação completa dos colaboradores que traba-lham para a SBHCI na sede em São Paulo, justifica-da e necessária, que demandou intensa dedicação e responsabilidade de minha pessoa, pois, ao assumir tal ação, teríamos que ensinar a noviços o funcionamento de uma entidade médica, ação absolutamente artesanal e única, por mais que se apliquem modelos pré-forma-tados de gestão, sem comprometer os serviços básicos e as rotinas da Sociedade. Ao longo destes 42 meses, essa ação de formação e treinamento de um novo gru-po administrativo promoveu desafio constante, até para se adaptar às evoluções de serviços que foram sendo operacionalizadas. A equação somatória dos obstácu-los promoveu em diversos momentos, na minha pessoa e em alguns dos diretores envolvidos, cansaço extremo

e, com ele, a intolerância, em certas oportunidades. Um aprendizado para desafios futuros, certamente.

Obstáculos superados, falemos de conquistas. Quais as maiores conquistas para a SBHCI e para a área de hemodinâmica e cardiologia intervencionista promovidas pela atuação da Diretoria sob sua gestão?

Considero que todas as ações a que nos propusemos, sem exceção, foram devidamente consumadas, “negri-tando” aquelas que dependiam de nosso conhecimento e capacidade operacional exclusivos. Revendo os pila-res centrais de nossa entidade em particular, pontuo:• Educação médica continuada: publicação das novas diretrizes da prática clínica com o aval da SBC, renova-ção e ampliação dos congressos societários, e criação dos Programas de Educação Médica Continuada regio-nais, os PECs, com êxito.• Certificação profissional: criação de uma comissão federativa, centralizada na SBHCI, mas independen-te nas ações necessárias, a Comissão Permanente de Certificação (CPC); profissionalização, modernização e fortalecimento da prova exigida para obtenção do Cer-tificado de Área de Atuação; execução de até duas pro-vas anuais, em 2007 e 2009, para reduzir a demanda de colegas que aguardavam a certificação; renovação completa do Curso de Revisão anual, deslocado para

“O foco era uma SBHCI para os sócios, em síntese, ‘do singular para o plural’, em qualidade, quantidade,

assistência e benefício.”

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meses após a efetivação da prova de título de especia-lista da SBC e firmado em São Paulo, sede da entida-de; além da reaproximação venturosa e necessária com nossa sociedade de especialidade, a SBC.• Formação científica ao sócio: renovação plena e mul-tiplicada na utilização das ferramentas virtuais, que são portal eletrônico – com todos os serviços atuais, da as-sinatura de revistas internacionais ao Repórter SBHCI, e crescimento sustentado dos órgãos de comunicação tradicionais, impressos, como o Jornal da SBHCI e a Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI), quantitativo e qualitativo.• Qualidade profissional e assistencial: ampla reforma do estatuto social, a mais extensa já efetivada em 30 anos; valorização dos médicos portadores do certifica-do de atuação profissional registrados na Associação Médica Brasileira (AMB), com publicidade em área pú-blica de nosso portal eletrônico; recadastramento dos centros de treinamento em hemodinâmica e cardiologia intervencionista e sua devida divulgação também públi-ca; criação de serviço eletrônico de acesso exclusivo ao sócio (intranet); publicação da nova diretriz dedicada, também com o aval da SBC; efetivação de fóruns de qualidade profissional, em datas exclusivas e dedica-

das; e estabelecimento de ouvidoria constante com o envio de resposta aos sócios e suas solicitações diver-sas em até 48 horas.

O senhor entende que algumas ações ficaram aquém do possível ou algum objetivo não foi alcançado? Por quê?

Nós efetivamos ações governamentais diversas, cons-truindo documentos extensos, inéditos, com o amparo de profissionais da saúde aptos e reconhecidos para essas missões. Não economizamos tempo e recursos para lograr êxito com essas ações, que demandaram dedicação ímpar, como as já elencadas. Porém, a apro-vação de pleitos societários, por parte do poder públi-co, dependerá sempre de inúmeras variáveis que não somente a canalização do desejo inicial da maioria e da devida fundamentação escrita, mas sim de fatores orçamentários, políticos ou técnicos. Nunca efetivamos publicidade dos mesmos, pois consideramos incorre-to promover noticiário apenas da apresentação desses projetos, que poderiam ser captados como uma au-topromoção, sem a devida consumação finalizadora e que, no meu entendimento, sempre promovem des-gaste significativo da Diretoria com seus pares, nossos

“É premente que sigamos oferecendo aos sócios e demais profissionais da saúde avanços e serviços na fronteira do

conhecimento e da prática clínica vigentes.”

balanço da gestão

O norte-americano David R. Holmes Jr. em aula magna na abertura oficial do Congresso SOLACI & SBHCI, em 2009, no Rio de Janeiro (RJ).

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sócios. Cria-se a expectativa e frustra-se ao não se conquistar. Mas, no final da gestão, posso salientar que entregamos para o julgamento da Comissão de Incor-poração de Tecnologias (CITEC) do Ministério da Saúde projetos para incorporação e reembolso pelo Sistema Único de Saúde (SUS) dos stents farmacológicos e das próteses oclusoras de defeitos interatriais, amparada em meta-análises e cálculos precisos de custo-efeti-vidade, no Ministério da Educação e Cultura, da regu-lamentação formal da necessidade do treinamento de dois anos em residência médica para preparação pro-fissional e, no Ministério do Trabalho, da absorção do Código Brasileiro de Ocupações (CBO) da profissão de “cardiologista intervencionista”, inexistente até hoje. As respostas formais, positiva ou negativa, não foram rece-bidas até o final deste ano de 2009.

Ao longo da gestão, registramos ações com participações de grupos internacionais. Houve aproximação com profissionais de Portugal, da França, casos ao vivo transmitidos de diversos países, o Repórter SBHCI levou notícias de grandes eventos realizados fora do Brasil aos sócios e ainda tivemos, em Congressos, diversas participações relevantes de médicos renomados em todo o mundo. Nesses três anos de trabalho, a SBHCI ganhou reconhecimento internacional? Por que esse reconhecimento e essas parcerias internacionais são importantes?

Uma sociedade de médicos se reúne e é fundada, na maioria das oportunidades, com objetivos científicos. E a SBHCI também exibe esse perfil. Valorizamos os congressos por uma questão de evolução natural de serviços, assim como inovações futuras irão ocorrer sempre. A estagnação promove marasmo e desestí-mulo ao crescimento intelectual. Os produtos ofertados

aos médicos nos congressos e eventos cada vez mais devem acompanhar os anseios da maioria, que são os serviços “que fazem a diferença”. Ninguém mais senta em um auditório ou viaja quilômetros para um evento – e se afasta de sua rotina laboral perdendo dividendos – para assistir à reprodução de conhecimentos e pro-cedimentos já consolidados. É premente que sigamos oferecendo aos sócios e demais profissionais da saúde avanços e serviços na fronteira do conhecimento e da prática clínica vigentes. Com isso, as ações de com-partilhamento com sociedades coirmãs e com interesse em nossa atuação são sempre motivadoras de novida-de e crescimento, seja com a língua irmã, em Portugal, com a França, na absorção de novos procedimentos já praticados em maior escala naquele país, ou com a Society for Cardiac Angiography and Interventions (SCAI), o grande irmão norte-americano, com toda sua plenitude, reflexo da pujança social e profissional da-quele país. A atuação do Repórter SBHCI nada mais é que cumprir nossos objetivos, como benfeitoria aos sócios, entregando, dentro do domicílio de cada um, sem necessidade de deslocamento internacional, as in-formações mais recentes e frescas, recém-liberadas ao conhecimento médico nos grandes encontros interna-cionais da especialidade.

Também foram registradas as participações ativas em câmaras técnicas do ConselhoFederal de Medicina (CFM) e da AMB e a inserção da SBHCI em debates que dizem respeito a toda a comunidade médica, e não apenas aos intervencionistas. Quais foram essas ocasiões e como o senhor avalia as participações da SBHCI?

Essas atuações são obrigatórias, marcando a presença de nossa área de atuação e da especialidade, motiva-

Público atento à programação do Congresso SBHCI 2007, realizado no Centro de Convenções do Hotel Blue Tree Park, em Brasília (DF).

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das pela renovação e uniformização do rol de proce-dimentos de alta complexidade, lideradas pela AMB e pelo CFM, que serão, posteriormente, utilizadas como ferramentas regulatórias do reembolso de procedimen-tos e honorários médicos, seja na saúde suplementar brasileira seja no SUS. Entregamos e cumprimos, com êxito, no SUS, a reformulação e a atualização da lista de procedimentos, já autorizados previamente, tanto em cardiologia intervencionista como nos procedimentos endovasculares, no ano de 2008.

O senhor também promoveu mudanças na administração e na gestão da Sociedade. A equipe de colaboradores cresceu e novos cargos foram criados. O que a SBHCI ganhou com essa nova estrutura de trabalho?

A função faz o órgão, diz o ditado da fisiologia médica. Pode ser assim também aplicado à gestão administrati-va. As mudanças eram absolutamente necessárias para fornecer serviços aos sócios. Até nossa chegada, os processos e contratos de locação de cotas de patrocí-nio, a alma da geração de recursos societários de uma entidade sem finalidade lucrativa, eram efetivados por assessoria terceirizada. A SBHCI necessitava crescer

em autonomia e controle de seus recursos e assim pro-cedemos. Em paralelo, precisávamos de colaboradores dedicados aos sócios, à certificação, aos órgãos de di-vulgação, à informática e às ações científicas. Nos úl-timos seis meses criamos o Departamento de Eventos, ainda com um núcleo composto de duas pessoas, para que, à semelhança do controle contábil e financeiro, te-nhamos autonomia de decisão nas contratações exe-cutadas. Ao final da gestão, totalizamos um grupo de sete colaboradores. Em 2006, existia apenas uma as-sessoria, a jurídica. Em três anos, evoluímos, por neces-sidade de crescimento em qualidade de serviços, para a assessoria de imprensa (Jornal da SBHCI), informá-tica (Web e portal) e de publicação (tradução, revisão e rastreamento para a RBCI). A construção de um grupo de trabalho não-médico, apto, qualificado, sincroniza-do, com gerenciamento emocional motivado e fortaleci-do, é uma das tarefas mais árduas e cansativas, e nem sempre valorizadas, pois não permite apreciação ampla de todos os associados. É uma ação diária e constan-te, que exige dose elevada de dedicação, humildade, perseverança e complacência de todos, sem perder o tônus necessário da hierarquia respeitada, sem a pro-moção da rigidez imobilizante. É um tremendo desafio,

balanço da gestão

Em 2008, cardiologistas foram até Recife (PE) para participar do XXX Congresso da SBHCI, o segundo da gestão 2006/2009.

“O futuro presidente e seus diretores efetivaram diversas reuniões preparatórias em novembro, com o devido respeito e postura elevada

que sempre devemos exercitar com nossos colegas e sócios.”

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No Congresso 2009 da SOCESP, a SBHCI realizou um dos PECs, reunindo cerca de 500 cardiologistas.

O I Simpósio de Intervenção Extracardíaca da SBHCI aconteceu em 2007 no II Core Curriculum in Carotid Stenting – SBHCI & SCAI, no Rio de Janeiro (RJ).

O I Fórum de Exercício Profissional em Cardiologia Intervencionista da SBHCI foi promovido em 2007, em São Paulo (SP).

posso assegurar, um dos maiores para a minha pessoa nestes 42 meses.

Uma nova equipe assumirá a direção da SBHCI em janeiro. Como está sendo a transição e quais suas recomendações para os colegas que estarão na próxima gestão?

A transição foi isenta de disputa, refletindo o desejo da maioria, traduzindo a pacificação societária do momen-to. O grupo futuro foi se reunindo pouco a pouco em conversação aberta e cordial com a administração vi-gente. A eleição foi consumada por aclamação. O futuro presidente e seus diretores efetivaram diversas reuniões preparatórias em novembro, com o devido respeito e postura elevada que sempre devemos exercitar com nossos colegas e sócios, mesmo quando em campos opostos de opiniões e ações futuras. Desejo-lhes mui-to boa sorte, trabalho dedicado, desprovido de perso-nalismo, e elevadas doses de humildade para que, por meio da análise crítica e ouvidoria aos colegas, seja possível evoluir sempre mais e mais. Não é uma tarefa fácil, e por isso mesmo deve ser transitória e renovável bienalmente. Desejo que efetivem ações superlativas, inovadoras e modernizadoras para nossa entidade, pois crescimento, atualização e renovação são inerentes à sociedade humana. Por essa razão, o rótulo “novas ideias” jamais perderá sua mística. Nós nos renovamos a cada dia que surge no horizonte. Essa será sempre nossa maior motivação enquanto estivermos vivos, se Deus quiser.

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Marcelo Queiroga Lopes (PB)Diretor Administrativo

Qual ação foi boa e/ou ótima?A organização administrativa da Sociedade, a co-locação de um corpo de funcionários e técnicos adequados que permitiram promover melhor aten-dimento aos associados, a institucionalização da cardiologia intervencionista, e a aproximação com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a Asso-ciação Médica Brasileira (AMB), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Ministério da Saúde, levando sempre nosso ponto de vista em defesa dos car-diologistas e dos pacientes. Outro ponto importante foi a questão da certificação profissional, que é algo que compete exclusivamente a nós. Conseguimos organizar isso de maneira muito clara e sólida.

Qual ação foi ruim ou nula?Há ações que não conseguimos o que desejamos, sobretudo aquelas que não dependem de nossa vontade, principalmente as ligadas ao governo fe-deral. Pela própria característica do serviço público, as coisas não andam e ficam lá empacadas. Nem digo que é por desinteresse, mas eles têm tantas atribuições e prioridades que, às vezes, nossas pre-tensões são apenas mais uma.

Qual fato ou ação foi mais marcante?É o contexto como um todo. O nível de aceitação da Sociedade entre sócios e não-sócios é muito alta.

Qual o fato ou ação mais adverso?As dificuldades próprias do dia a dia, mas que sem-pre procuramos superar.

O que recomenda para seu sucessor?Trabalhar. O grupo que nos sucede é formado por pessoas experientes e qualificadas, que contam com todo nosso apoio para dar continuidade às ações compreendidas.

Hélio Roque Figueira (RJ)Diretor Financeiro

Qual ação foi boa e/ou ótima?Assumimos em julho de 2006 e, apesar da crise econômica mundial que se iniciava, nossa adminis-tração conseguiu satisfatório superávit financeiro em todos os congressos que realizamos.

Qual ação foi ruim ou nula?Apesar de todos os esforços, com emissão de bole-tos de cobrança por via eletrônica e por cartas con-vencionais, ainda permanecemos com um índice desconfortável de inadimplência.

Qual fato ou ação foi mais marcante?Um ponto bastante positivo foi a informatização do sistema financeiro e contábil, com a aquisição de um software integrado ao sistema bancário, que nos permitiu melhor gerenciamento, maior agilida-de das ações e maior controle das finanças. Inicial-mente, foi implantado o sistema financeiro e esta-mos prontos para implementar o sistema contábil. Sem dúvida, foi um investimento que gerou e ainda vai gerar grande economia para nossos cofres.

Qual o fato ou ação mais adverso?A maior dificuldade ao assumirmos nossa admi-nistração foi a necessidade de reformular todo o sistema de recursos humanos e de gestão de nossa Sociedade.

O que recomenda para seu sucessor?Desejamos sucesso à próxima gestão. Certa-mente, não teremos aprovação unânime de toda a nossa Sociedade, porém temos a consciência tranquila e a convicção de que fizemos o melhor. Acredito que todos os esforços conjuntos da Di-retoria Executiva desta gestão, sem nenhuma dú-vida, transformaram profundamente e de maneira expressiva a estrutura de gerenciamento contábil e financeiro de nossa Sociedade.

balanço da gestão

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Pedro Alves Lemos Neto (SP)Diretor Científico

Qual ação foi boa e/ou ótima? Diretrizes, educação continuada, e o início do proje-to de construção de uma rede de coleta de informa-ções sobre intervenção coronária no Brasil.

Qual ação foi ruim ou nula?Iniciamos um projeto para a publicação de um livro-texto que não foi à frente em decorrência das inú-meras atividades que implementamos.

Qual fato ou ação foi mais marcante?Diretrizes.

Qual o fato ou ação mais adverso?Não houve um fato que possa ser considerado adverso.

O que recomenda para seu sucessor?Recomendo que mantenha as ações científicas implementadas e amplie o número de diretrizes/consensos pertinentes a nossa área de atuação (por exemplo, cardiopatias congênitas, documento específico para métodos diagnósticos, tratamento percutâneo de valvopatias, intervenção extracardía-ca). É preciso, também, monitorar continuadamente a necessidade de atualização da diretriz de inter-venção coronária publicada recentemente. Avançar o projeto do livro-texto também seria interessante. Por fim, considero importante a manutenção e o incremento do projeto iniciado, e atualmente em curso, da rede de coleta de informação sobre inter-venção coronária percutânea.

Rogério Sarmento–Leite (RS)Diretor de Comunicações

Qual ação foi boa e/ou ótima?Considero como boas e ótimas as completas refor-mulações e reestruturações do Jornal da SBHCI, do Portal da SBHCI e da Revista Brasileira de Car-diologia Invasiva (RBCI).

Qual ação foi ruim ou nula?Foi a tentativa de disponibilizar o portal eletrônico na íntegra também nas versões em línguas inglesa e es-panhola. O orçamento e a complexidade na forma-ção dos recursos humanos eram muito altos. Além disso, não foi possível montar uma equipe de tradu-tores que fornecesse material suficiente para dar o dinamismo alcançado na versão em português.

Qual fato ou ação foi mais marcante?O de maior destaque foi a criação e a consolidação do Repórter SBHCI. As coberturas em tempo real dos principais eventos da cardiologia intervencionis-ta mundial foram ricas, qualificadas e gratificantes. Construiu-se um modelo capaz de trazer em tempo real as principais novidades de nossa especialidade, beneficiando médicos, pacientes e toda a sociedade.

Qual o fato ou ação mais adverso?Sem dúvida, o caminho mais penoso, mas não me-nos gratificante, foi o das ações no sentido de man-ter a RBCI como opção real de principal destino de publicação científica da cardiologia intervencionista brasileira e latino-americana. A revista foi internacio-nalizada, atingiu reconhecimento e valorização, gal-gando alguns degraus indexatórios. Mas a estrada ainda é longa, acidentada, e os objetivos maiores, que são a indexação nas bases de dados Medline e ISI, continuam sendo arduamente perseguidos.

O que recomenda para seu sucessor?Recomendo que monte uma equipe qualificada e comprometida, e que saiba delegar e cobrar tarefas.

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Luiz Antonio Gubolino (SP)Diretor de Qualidade Profissional

Qual ação foi boa e/ou ótima?Nossa Diretoria foi agraciada com uma política foca-da na atenção ao associado da SBHCI. Obteve todo apoio e incentivo possíveis para a realização de um projeto voltado às necessidades do associado.

Qual ação foi ruim ou nula?A proposta de implantação de um selo de qualidade para os serviços de cardiologia intervencionista não evoluiu. A criação de um “Consentimento Esclare-cido” padrão, que fosse um documento único da SBHCI e pudesse ser adotado em todos os serviços do País, não saiu da proposta.

Qual fato ou ação foi mais marcante?A confirmação do direito da realização de procedi-mentos extracardíacos pelos cardiologistas interven-cionistas por meio de um documento publicado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

Qual o fato ou ação mais adverso?Na sugestão do novo rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), surgiu a proposta que dá aos planos de saúde o direito de definir qual material (órtese e prótese) de-verá ser utilizado no procedimento terapêutico.

O que recomenda para seu sucessor?Permanência da participação na Câmara Técnica de Implantes da AMB, revisão e reedição da Diretriz de Qualidade Profissional, manutenção e aprimoramen-to do Fórum de Qualidade Profissional, reavivar o debate com relação aos honorários médicos, solidi-ficar a implantação da tabela Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) na íntegra, e lutar pela manutenção da ética em nos-sa área de atuação, tanto na indicação das órteses e próteses como na relação do profissional com em-presas de produtos médicos.

José Antonio Marin–Neto (SP)Diretor de Educação Médica Continuada

Qual ação foi boa e/ou ótima?Talvez a ação mais significativa tenha sido a con-cepção e a instalação de um cronograma de edu-cação continuada muito efetivo entre a cardiolo-gia intervencionista e os cardiologistas clínicos. Esses programas tiveram sucesso e representam um avanço no âmbito daquilo que foi criado nesta gestão, como ação que transcendeu a administra-ção do Registro de Dados da Central Nacional de Intervenções Cardiovasculares (CENIC).

Qual ação foi ruim ou nula?Foi nossa dificuldade de gerenciamento da fase de consolidação eletrônica do Registro de Dados da CENIC, que não tenha sido inteiramente satisfatório.

Qual fato ou ação foi mais marcante?Foi ter promovido a relação entre os intervencionis-tas e os cardiologistas clínicos no âmbito do Pro-grama de Educação Continuada, administrada nos grandes congressos de cardiologia e em outros am-bientes de menor proporção de público, mas muito significativos nessa possibilidade de interagir.

Qual o fato ou ação mais adverso?A perda de elementos que estavam atingindo nível de proficiência adequado para trabalhar no âmbito da CENIC, que foram afastados ou se afastaram do processo e nos “mutilou” do ponto de vista de al-cançar os objetivos propostos.

O que recomenda para seu sucessor?Recomendo promover essas ações de relacionamen-to entre intervencionistas e cardiologistas e resgatar o processo de aperfeiçoamento da CENIC, possivel-mente a partir do patrocínio conseguido no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), para que o registro de dados possa ser esten-dido a outros centros, além dos 11 já selecionados.

balanço da gestão

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Marcos Antonio Marino (MG)Diretor de Intervenções Extracardíacas

Qual ação foi boa e/ou ótima? Acredito que toda a gestão foi muito boa, principal-mente pelo grande apoio dado pelo presidente ao transformar um comitê em uma diretoria atuante, com cargos definidos e com representatividade.

Qual ação foi ruim ou nula?Não tivemos ação ruim. Posso ressaltar que o II Simpósio de Intervenção Extracardíaca, no Rio de Janeiro, junto com o Simpósio de Intervenções Co-ronárias Complexas, com o grupo francês, atraiu o público intervencionista.

Qual fato ou ação foi mais marcante?Um deles foi a realização de dois simpósios no Rio de Janeiro, em 2007 e em 2008, com foco dirigido para intervenções não-coronárias. Outra ação mui-to importante foi o documento oficial do Conselho Federal de Medicina (CFM), reconhecendo o cam-po das intervenções não-coronárias como área de atuação do cardiologista intervencionista.

Qual o fato ou ação mais adverso?A tentativa de negociar com a Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovas-cular (SOBRICE) a formulação de um congresso único ou a realização de um programa oficial de treinamento para os intervencionistas com interes-se nessa área para segurança de nossos pacientes.

O que recomenda para seu sucessor?Continuar com um programa científico dentro dos congressos da SBHCI e da SOLACI, com temas en-volvendo abordagens para aterosclerose sistêmica, coronária-carótida e coronária-renal, com mesas-redondas dirigidas, casos ao vivo, e com planos de realizar diretrizes e protocolos. Acredito que tratar outros sítios além da coronária seja o futuro de nossa especialidade.

César Augusto Esteves (SP)Diretor de Intervenções em Cardiopatias Congênitas

Qual ação foi boa e/ou ótima?A parte de cardiologia pediátrica dos congressos de hemodinâmica. Acho que nós conseguimos muitas coisas que não tínhamos antes, como maior maleabilidade para trazer convidados es-trangeiros e sala só para cardiopatias congênitas durante os congressos, quando habitualmente tí-nhamos algumas horas disponíveis. A própria Di-retoria de Intervenção em Cardiopatia Congênita foi criada nesta gestão. Mas, talvez, a principal conquista que minha Diretoria obteve foi regula-rizar o título de especialista em intervenção em cardiologia pediátrica.

Qual ação foi ruim ou nula?A única coisa que me propus a fazer e não conse-gui foi criar um cadastramento nacional de todos os procedimentos intervencionistas em cardiopa-tia congênita. Foi o ponto falho de minha atuação.

Qual fato ou ação foi mais marcante?Claro que temos diversos fatos para destacar. Foi uma Diretoria dinâmica e harmoniosa, que sempre teve o respaldo do presidente.

Qual o fato ou ação mais adverso?Foram tantos fatos bons que, se houve algum ad-verso, passou despercebido para mim.

O que recomenda para seu sucessor?Primeiramente, muita sorte. Segundo, muita pa-ciência, porque estará à frente de uma Diretoria nova, cheia de reivindicações, e não ficar aflito para atender todos, porque, infelizmente, não vai conseguir. A principal ação deve ser criar o regis-tro nacional e ter registrados os procedimentos em cardiopatia congênita.

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cfm roberto luiz d’ávila

Continuísmo, não. Continuidade

R oberto Luiz d’Ávila (SC) é cardiologista, médico do trabalho e mestre em neurociências e comporta-mento. Professor adjunto da Universidade Federal

de Santa Catarina, foi representante de seu Estado natal no Conselho Federal de Medicina (CFM) por três gestões con-secutivas, além de integrar a Diretoria da entidade como corregedor e de ter participado das comissões para revisão do código de ética médica e em defesa do ato médico e também como vice-presidente.

No dia 1o de outubro, d’Ávila, que cursa doutorado em bioética pela Universidade do Porto, em Portugal, esteve no auditório do Memorial JK, em Brasília (DF), e tomou posse como novo presidente do CFM. “Temos um grupo motiva-do e com muita disposição para realizar mudanças”, de-clarou o novo presidente durante sua posse. “Estou cheio de sonhos e esperança de uma gestão com muitas realiza-ções pelo trabalho integrado, pela valorização da medicina, do médico e da saúde do Brasil.” Um mês depois, d’Ávila concedeu ao Jornal da SBHCI uma entrevista exclusiva, na qual apresentou metas de sua gestão e opiniões que devem dar a direção a respeito de temas importantes para a sociedade médica.

O senhor já integrava a Diretoria do CFM, primeiro como corregedor e depois como vice-presidente. Agora, assume a Presidência do Conselho. Quais as principais metas de sua gestão?

Não se trata de continuísmo, mas da continuidade de um trabalho iniciado por um grupo que tem conduzido os in-teresses da corporação e da sociedade, buscando maior qualidade da assistência médica. Vamos priorizar a aprova-ção do projeto de lei que regulamenta a medicina, garantir, também em lei, um salário mínimo profissional de R$ 7.500 por quatro horas diárias, implantar, de forma integral, a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) na saúde suplementar e, posteriormen-te, no Sistema Único de Saúde (SUS), além de realizar gran-de campanha para resgatar a imagem do médico.

Nas últimas semanas, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei do ato médico. Quais os

principais avanços dessa legislação? Há vantagens para a sociedade?

Sem dúvida. A sociedade é a principal beneficiária, pois fica garantida a assistência à saúde feita por médicos na realização dos diagnósticos das doenças, nos procedi-mentos diagnósticos ou terapêuticos (invasivos ou não) e no tratamento tanto clínico como cirúrgico. Assim, outros profissionais da área da saúde não poderão fazer diag-nóstico ou tratamento de doenças, como hoje já não po-dem, pois suas respectivas leis não permitem, embora, enquanto não houvesse uma regulamentação da medici-na, poderiam avançar, como vinha ocorrendo.

Qual sua opinião sobre a abertura de novas escolas médicas?

Absolutamente contrária. O Brasil não precisa de mais médicos, mas sim de bons médicos e bem distribuídos, dentro de uma política pública de interiorização de assis-tência à saúde. Não basta apenas enviar um médico para o interior com salário a título precário e submetido aos humores dos prefeitos. É preciso uma carreira de Estado, com educação continuada, promoções e estímulos, com um sistema de referência e contrarreferência. São quase 180 escolas formando cerca de 15 mil médicos por ano, com uma taxa de “natalidade médica” três vezes maior que a taxa de natalidade populacional.

O exame de ordem vem sendo citado como uma das formas de aferir a qualificação do ensino médico. A atual gestão do CFM considera discutir essa questão?

Já discutiu e continuará discutindo, porque entendemos que uma correta avaliação se faz durante todo o curso e não so-mente no fim. Além disso, o aparelho formador precisa ser também avaliado e responsabilizado no caso de resultado negativo. O egresso é apenas parte do processo de avalia-ção. O Ministério da Educação (MEC) necessita estar junto

Novo presidente do Conselho Federal de Medicina falou com exclusividade ao Jornal da SBHCI

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“Não se pode restringir a autonomia de todos os médicos porque alguns poucos

se beneficiam de esquemas comerciais.”

para poder tomar as medidas coercitivas, como suspensão de vestibular e fechamento dos cursos mal avaliados.

O CFM acaba de aprovar um novo Código de Ética Médica. Quais as principais modificações incorporadas, quais os avanços para o exercício da medicina e por que foi necessário rever o anterior?

Foram muitos os avanços: pedagógicos (Ensino da Ética Médica), diceológicos (Direitos dos Médicos) e deontológi-cos (Deveres de Conduta). A principal beneficiária das mu-danças foi a sociedade, pois o Código de Ética Médica é um verdadeiro contrato social dos médicos com o paciente (individualmente), com a sociedade (coletivamente), com a medicina (princípios fundamentais e regras de comporta-

mento) e com os médicos entre si (etiqueta social). Os pa-cientes ganharam mais autonomia, as relações comerciais dos médicos com a indústria (de medicamentos e equipa-mentos) foram balizadas, as novas tecnologias foram dis-ciplinadas e tornou-se possível morrer com dignidade, por meio dos cuidados paliativos, dentre outros avanços.

O CFM tem assumido uma posição de vanguarda em questões polêmicas, como as pesquisas com células-tronco embrionárias, o aborto de anencéfalos e a terminalidade da vida. Qual a atual posição do CFM sobre a ortotanásia?

Conseguimos incluí-la no novo código de ética. Mesmo que o poder judiciário tenha suspendido a resolução, por meio de liminar, conseguimos deixar claro, com melhor redação, sem possibilitar nenhuma dúvida, que somos contra a eutanásia (antecipação da morte) e a distanásia (prolongamento da morte), deixando de utilizar qualquer tratamento inútil, fútil, desnecessário ou desproporcional, optando pelos cuidados paliativos.

Após uma década de regulamentação da saúde suplementar, houve avanços para médicos e pacientes? Quais as principais fragilidades do sistema?

Continuamos atentos e participando ativamente de todas as câmaras setoriais da Agência Nacional de Saúde Su-plementar (ANS), evitando que decisões administrativas das operadoras de planos de saúde ponham em risco a adequada relação médico-paciente. Não vamos permitir interferências no que se refere à autonomia do médico

quanto ao tempo despendido em cada consulta, à não cobrança de retorno etc.

Hoje, assistimos a uma crescente incorporação de tecnologia em saúde. Novos dispositivos e equipamentos têm tornado menos invasivos os procedimentos médicos. Todavia, o custo elevado desses procedimentos tem criado divergências entre médicos e operadoras de planos de saúde, as quais frequentemente deságuam em ações judiciais. Como fazer para atenuar esse cenário?

Participando ativamente e interferindo publicamente com denúncias ao Ministério Público e orientação aos pacien-tes, para buscarem seus direitos no Poder Judiciário. En-

tretanto, a contrapartida dos médicos deverá ser rigorosa, impedindo-se, por meio de fiscalização, qualquer intera-ção dos médicos com a indústria de equipamentos.

A ANS, por meio de recente consulta pública como parte da nova edição do rol de procedimentos médicos e eventos em saúde, pretende restringir a autonomia dos médicos, conferindo às operadoras de planos de saúde a prerrogativa de escolher, dentre as diversas marcas comerciais disponíveis, a de sua preferência, desde que assegurada a similaridade com a solicitação do médico. É possível assegurar similaridade entre esses materiais? Quem deve fazer o juízo de valor acerca do tema?

A questão é técnica e não administrativa ou financeira. No mínimo, será exigível uma câmara técnica, formada por es-pecialistas na área, que fará a seleção dos materiais simila-res. Não se pode esquecer que a responsabilidade jurídica final será sempre do médico autor do procedimento, por ter escolhido um material deficiente (erro in eligendo). Não se pode restringir a autonomia de todos os médicos porque alguns poucos se beneficiam de esquemas comerciais.

Quais os limites da autonomia de médicos e de pacientes?

A autonomia sempre será relativa e seu limite é a consciên-cia do médico em agir em benefício do paciente. Chama-mos de obrigação fiduciária (baseada na confiança) o dever de conduta, que coloca em primeiro lugar os interesses do paciente, acima, portanto, dos interesses do médico. Sem esse princípio, a medicina passa a se chamar comércio.

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ans fausto pereira dos santos

Foco na gestão

No dia 10 de dezembro de 2008, o médico Fausto Pereira dos Santos era sabatinado pela Comissão de Assuntos Sociais do Se-

nado Federal. Aprovado por unanimidade, assumiu o posto de diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) por indicação do presiden-te da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Há um ano à frente da ANS, o médico goiano, natural da cidade de Pontalina, é formado pela Universidade Federal de Goiás e fez residência em Medicina Preventiva e So-cial na Universidade Federal de Minas Gerais, onde também obteve os créditos do Mestrado em Adminis-tração. Doutor em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Santos concedeu entrevista exclusiva ao Jornal da SBHCI.

Quais os reflexos da regulamentação da saúde suplementar para a sociedade após 10 anos de atividades da ANS? O que mudou no setor?

Em 2008, a Lei no 9.656/98, que inaugurou a regulação do setor suplementar de saúde, completou 10 anos. No próxi-mo ano, é a ANS que completa uma década de existência. Passado esse tempo, é possível afirmar que o mercado está mais competitivo, mais consolidado, com relações mais transparentes, com regras muito mais definidas tanto do ponto de vista dos players quanto de quem acessa esse mercado, seja ele consumidor individual ou coletivo. A criação do órgão regulador foi uma questão fundamental nesse processo. Antes, cada órgão diferente do governo fazia um tipo de intervenção e tinha um retorno de constru-ção da regulação – ao estruturar o órgão regulador, após o

Diretor-presidente da ANS faz um balanço dos 10 anos da Agência e fala sobre as divergências entre médicos e operadoras de planos de saúde

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Foco na gestãonecessário processo de amadurecimento, hoje há um re-torno único do processo regulatório, onde se olha desde o processo da fiscalização propriamente dito até as macro-garantias, as definições de modelos de perfis assistenciais.Além disso, a regulação do setor trouxe importantes con-tribuições tanto para a sociedade quanto para o mercado. Uma das principais foi a padronização dos planos de saú-de, o que eliminou uma série de problemas jurídicos, de atritos com os consumidores e da própria assimetria de informações. Hoje, quando se compra um plano ambula-torial ou um plano médico-hospitalar com obstetrícia, sa-be-se o que está sendo contratado, assim como no plano odontológico. Isso diminui o nível de conflitos e a assime-tria de informações. Caminhamos para uma relação mais transparente. As empresas também têm colaborado para isso, por sua livre iniciativa, com serviços de ouvidoria e centrais de informação e de autorização.Outro ponto positivo da regulação foi a interrupção da ciranda de criação e desaparecimento de empresas. Antes, havia empresas que duravam seis meses, um ano, e encerravam as atividades, deixando desatendi-dos os consumidores. Hoje, com a exigência de um pa-drão mínimo de garantias e a necessidade de manter a operação no setor, diminuiu a concorrência desleal e o número de empresas “clandestinas”. O estabelecimen-to de regras mínimas de funcionamento e o reconheci-mento das singularidades de cada uma das modalida-des foi outro ponto de sensibilidade importante.Passado o momento de criação das normas que vieram a regulamentar o setor, a Agência pôde se dedicar mais a outros aspectos também considerados essenciais, tais como a qualificação da atenção prestada pelas operadoras a seus beneficiários e a mudança do foco desse atendi-mento, que era, quase que em sua totalidade, centrado na doença, para um modelo assistencial voltado para a pro-moção da saúde e a prevenção de riscos e doenças.

Apesar da instituição do plano de referência, que prevê cobertura mais ampla, ainda persistem vigentes planos anteriores à atual legislação. Como assegurar aos usuáriosum atendimento de qualidade?

O Judiciário tem considerado que nos planos contratados anteriormente à Lei no 9.656/98, e não adaptados a ela, vale o que foi pactuado entre as partes, dentro do prin-cípio constitucional do ato jurídico perfeito. Algumas si-tuações fogem a essa regra, havendo decisões judiciais

que consideram abusivas determinadas cláusulas de con-tratos não regulamentados. De todo modo, ter um plano regulamentado pela Lei no 9.656/98 é uma garantia para o consumidor, que tem, nesse caso, seus direitos expressos em uma lei que garante cobertura mínima e veda, entre outras coisas, exclusões ao tratamento de determinadas doenças ou à cobertura de materiais, como muitas vezes acontece em contratos não regulamentados. O melhor é que o consumidor, ou entidade contratante de um plano de saúde, procure sua operadora para verificar em que condições pode ocorrer a adaptação à Lei no 9.656/98.

Como conciliar a necessidade de reajuste dos valores dos planos e a capacidade de pagamento dos usuários, em destaque as mudanças de faixa etária, em um cenário em que os custos em saúde são crescentes?

Os custos em saúde são crescentes sim, mas nos últimos anos a renda média do brasileiro também tem se elevado, ainda que não no mesmo ritmo.De qualquer forma, o desafio que está colocado é uma me-lhor gestão, tanto administrativa quanto assistencial, aos beneficiários. Em um cenário em que há aumento de novas tecnologias, há também a preocupação e a necessidade de uma gestão de saúde em que prevaleça a promoção à saúde e a prevenção de riscos e de doenças. Isso, a mé-dio prazo, reduzirá os custos da saúde, garantindo melhor qualidade de vida, já que o brasileiro a cada ano tem vivido mais. A adoção de protocolos e de diretrizes clínicas, por meio das evidências científicas, facilita esse novo cenário.

As operadoras de planos de saúde reclamam da escalada crescente de custo. Os médicos alegam a defasagem dos honorários. Quais as medidas adotadas pela ANS para assegurar o equilíbrio dessa relação?

O grande incremento nos custos relacionados à saúde é uma preocupação de gestores de sistemas públicos e privados em todo o mundo, e a ANS tem procurado lidar com essa questão e qualificar a assistência, estimulando a utilização de práticas respaldadas em evidências cientí-ficas, conforme detalharemos mais adiante. No que tange à questão dos honorários médicos, a Re-solução Normativa no 71/2004 estabelece quais são as cláusulas que obrigatoriamente devem constar dos instru-mentos jurídicos firmados entre as operadoras e os pro-fissionais de saúde para a prestação dos serviços. Entre

“Hoje, com a exigência de um padrão mínimo de garantias e a necessidade de manter a operação no setor, diminuiu

a concorrência desleal e o número de empresas ‘clandestinas’.”

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essas cláusulas obrigatórias estão as que definem os va-lores dos serviços e os critérios para reajuste, contendo forma e periodicidade. Esses valores e critérios devem ser negociados entre as partes e constar em contrato.

No Brasil, o Código de Defesa do Consumidor confere amplo direito à sociedade civil, potenciando as chances de êxito por parte de usuários nos litígios judiciais. Qual o papel da ANS na harmonização da relação entre usuários e operadoras, a fim de evitar as constantes reclamações?

A ANS, por meio de sua Central de Relacionamento (Disque ANS – 0800 701-9656 e seus 12 Núcleos Regio-nais de Atendimento e Fiscalização), recebe consultas e denúncias dos beneficiários de planos de saúde, levan-tando as informações, promovendo os esclarecimentos pertinentes e realizando a instrução e o encaminhamento necessário a suas áreas técnicas.Quanto às denúncias de irregularidades praticadas pe-las operadoras, desde 2007 vem sendo implementado um novo método de trabalho – a Reparação Voluntária e Eficaz (RVE). A RVE possibilita à operadora, por meio de uma ação comprovadamente realizada antes da la-vratura do auto de infração, o cumprimento útil de sua obrigação e o arquivamento de uma denúncia de seu beneficiário uma vez satisfeito o direito deste. Assim, o poder punitivo da ANS deixou de ser um fim em si mesmo e se tornou um meio para a busca da solução célere e efetiva dos casos de conflito nas relações entre operadoras e beneficiários de planos de saúde.Paralelamente, vem sendo implementado para a solução rápida de conflitos o procedimento da Notificação de In-vestigação Preliminar (NIP). A medida consiste em via-bilizar uma forma de aproximação e comunicação mais intensificada entre a operadora e o beneficiário, agindo o órgão de fiscalização nessa intermediação para a solu-ção do conflito. Essa medida vem demonstrando ser efi-caz para a correção de falhas e aprimoramento dos pro-cessos internos de trabalho das operadoras, em especial de seu serviço de atendimento ao cliente; como também resgata e reforça o elo de confiança entre o beneficiário e a operadora, contribuindo positivamente para a natureza cativa do contrato de assistência à saúde. Os Núcleos Regionais também vêm promovendo a me-diação ativa de conflitos recorrentes, organizando reuniões com as operadoras que apresentam um quantitativo mais

elevado de processos administrativos sancionadores, para que se busque identificar as causas operacionais que leva-ram aos conflitos e se viabilizem as correções necessárias. No campo informacional, a ANS vem promovendo aproxi-mação progressiva, por meio da celebração de Termos de Cooperação Técnica, com os órgãos e entidades de defesa de consumidores, em especial os Procons, e com Centrais Sindicais e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos/Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Traba-lho (Dieese/Diesat). Campanhas de educação sobre o con-sumo em saúde suplementar vêm sendo feitas por meio de seminários e palestras destinados ao público consumidor, com o fornecimento de uma série de materiais informativos.

A incorporação de novas tecnologias em saúde tem acarretado a elevação dos custos em saúde, em um contexto em que as demandas são crescentes e os recursos, sempre finitos. Qual a política da ANS para garantir aos usuários de planos de saúde o acesso a essas inovações?

Para garantir que os usuários de planos de saúde tenham acesso às inovações tecnológicas que trazem benefícios reais na assistência à saúde, a ANS tem investido em duas frentes. Primeiro, estabelecendo diretrizes de utilização para alguns procedimentos, ou seja, definindo critérios que devem ser observados para que a cobertura a esses procedimentos seja obrigatória, de forma a racionalizar seu uso, evitando desperdícios e indicações desnecessárias. Segundo, pelo estímulo à adoção de práticas respaldadas em evidências científicas. Para isso foi formalizado um con-vênio com a Associação Médica Brasileira (AMB), com par-ticipação do Conselho Federal de Medicina (CFM), visando à produção de diretrizes clínicas embasadas nas melhores evidências científicas disponíveis para os temas considera-dos como de maior relevância para a saúde suplementar. Essas diretrizes, que devem conter recomendações claras e implementáveis, são produzidas pelas sociedades de es-pecialidades médicas, passam por um grupo de revisores da AMB, e são validadas tecnicamente pela ANS, antes de sua publicação. A utilização de diretrizes clínicas tem sido considerada, em todo o mundo, como fator fundamental para a qualificação da prática médica, contribuindo para o aumento de sua eficiência.

Há uma agenda crescente de divergências entre operadoras e médicos no que tange a tecnologias,

“As sociedades de especialidades têm papel fundamental, orientando seus associados a comunicarem à autoridade sanitária a ocorrência

de eventos adversos com a utilização de determinadas marcas,”

ans fausto pereira dos santos

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e os stents farmacológicos empregados na cardiologia intervencionista são um exemplo. Questionam-se suas indicações, seu custo e, ‘por fim, até a marca que deve ser utilizada pelo médico assistente. Qual a visão da ANS sobre essa problemática?

As diretrizes clínicas vêm para tentar resolver parte dessas divergências, fornecendo um instrumento se-guro, e constantemente atualizado, em que o profis-sional de saúde possa se embasar para tomar suas decisões. Nos casos em que ainda persistam diver-gências quanto às indicações de procedimentos ou materiais, deve ser utilizado o mecanismo de arbitra-mento por um terceiro médico escolhido de acordo entre as partes, conforme normatização específica (Resolução Consu no 8).

Recentemente, a ANS está reformulando o Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde. Para tanto, promoveu uma consulta pública finalizada em 30 de outubro. Entre as medidas que se deseja aplicar inclui-se a restrição à autonomia dos médicos na indicação das marcas comerciais de materiais especiais, órteses e próteses, conferindo-se essa prerrogativa às operadoras, desde que assegurada a similaridade com o material indicado pelo médico assistente. Quais os objetivos dessa medida e como assegurar a similaridade entre os diversos materiais? Quem fará o juízo de valor a esse respeito?

A ANS adotou o entendimento de que cabe ao médico assistente a prerrogativa de determinar a indicação e as características do material a ser coberto – como tipo, dimensões, material de fabricação, etc. –, mas que, atendidas essas especificações, a operadora pode es-colher a marca e a procedência dentre os produtos com registro válido na Agência Nacional de Vigilância Sanitá-ria (Anvisa). Esse entendimento encontra-se em conso-nância com o Parecer CFM no 16/08, o qual estabelece, resumidamente, que “não há justificativa para o médico excluir marca comercial de produtos e/ou instrumentos para procedimentos, sendo garantido a ele o conheci-mento antecipado de cadastro destes no âmbito do seu trabalho”.A adoção desse entendimento veio para procurar sanar diversas situações de conflito que chegavam ao ente regulador, com médicos exigindo a utilização de produ-tos de determinadas marcas, em detrimento de outros devidamente registrados na Anvisa, sem que houvesse justificativa coerente para essa indicação. Em alguns casos, a exigência se estendia até mesmo à empresa em que deveria ser adquirido o material. As socieda-des de especialidades têm papel fundamental nessa questão, orientando seus associados a comunicarem à autoridade sanitária a ocorrência de eventos adver-sos com a utilização de determinadas marcas, o que pode ser feito no site da Anvisa, e também buscando e divulgando informações a respeito dos diversos mate-riais, embasadas em trabalhos científicos de qualidade, evitando que essas informações sejam fornecidas aos médicos apenas pela indústria.

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Ela não está à vista, mas pode causar consequências graves se não for levada a sério. Para especialistas em radiação, muitos médicos não dão a devida importância aos perigos que a radiação oferece aos pacientes e a eles mesmos

Radiação ionizante

Apesar de nem sempre haver tempo para pensar nos riscos da profissão e nas necessidades de proteção à própria saúde, o cardiologista inter-

vencionista deve ficar atento aos efeitos que podem sur-gir em decorrência do longo tempo de exposição à radia-ção ionizante do tipo “X”. O raio X é um tipo de radiação eletromagnética penetrante e invisível ao olho humano, com comprimento de onda menor que o da luz visível e, dependendo da quantidade da dose que é absorvida pelo organismo, pode provocar danos genéticos, como mutações e aberrações cromossômicas, e o desenvolvi-mento de neoplasia, câncer e outras doenças.

Quando o assunto é o tempo de exposição, a radio-logia intervencionista é uma das práticas médicas que fornecem as taxas mais elevadas de doses de raios X, tanto para o paciente quanto para o médico, uma vez que ele também recebe as ondas por meio da “radia-ção espalhada”, embora em proporção menor. Entretan-to, por trabalharem permanentemente em contato com o equipamento radiológico, esses profissionais estão sujeitos a risco muito superior. Enquanto a maioria dos pacientes é submetida a alguns cateterismos cardíacos durante a vida, o operador fica sujeito à exposição diária

com doses cumulativas.Isso acontece porque a questão de doses altas é ine-

rente à prática da cardiologia intervencionista, já que não seria possível realizar um exame considerado como ideal para diagnóstico e tratamento da doença coronária ou uma intervenção sem o fornecimento desses valores ele-vados. O procedimento intervencionista é mais bem apu-rado quando se trabalha com imagens mais ampliadas, ou seja, que requerem maior tempo de radiação para se obter a qualidade visual necessária, aumentando, assim, o risco de quem está exposto. Nesse momento, é im-prescindível que os profissionais que atuam diretamente com equipamentos de raio X voltem a atenção para os cuidados com a proteção radiológica.

Como otimizar a dose de radiação ionizante de modo a conseguir uma boa imagem e, ao mesmo tempo, pro-teger a saúde? Para o norte-americano Barry Balenger, gerente de Desenvolvimento Clínico da GE, que apre-sentou palestra no Curso de Revisão 2009, é de extrema importância conhecer os equipamentos. “Nem todos são iguais”, afirma Balenger. “É preciso avaliar a qualidade e as características antes de utilizar ou adquirir um equipa-mento, caso esteja montando uma sala de hemodinâmi-

Da esquerda para a direita, Luiz Antonio Gubolino (SP), Marcelo José Cantarelli (SP), Maria do Rosário Britto Leite (PE), Marcelo Queiroga (PB), Lucia Viviana Canevaro (RJ), Barry Balenger (Estados Unidos) e Gustavo de Moraes Ramalho (MG), que participaram do módulo sobre radiação ionizante durante o Curso de Revisão 2009 da SBHCI.

qualidade profissional

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Outra razão para médicos que trabalham com radiação não darem tanta importância aos cuidados com a própria

saúde é o fato de acharem que nunca serão atingidos.

ca.” Gustavo de Moraes Ramalho (MG), hemodinamicis-ta que falou aos alunos do Curso sobre como escolher um equipamento radiológico, também chamou a aten-ção para a qualidade das máquinas, que apresentam di-ferenças gritantes entre si, o que pode significar o uso de maiores índices de radiação aplicada para obtenção de boas imagens.

De acordo com Lucia Viviana Canevaro (RJ), pesquisa-dora física do Instituto de Radioproteção e Dosimetria da Comissão Nacional de Energia Nuclear e especialista em Física Médica, com ênfase nas aplicações das técnicas fluoroscópicas em radiologia diagnóstica e intervencionista e dos sistemas digitais de imagem, a maneira de otimizar essa prática é ter consciência do controle correto da dosa-gem utilizada de acordo com cada atividade. “Dependendo do procedimento, não é preciso ter a imagem mais mara-vilhosa e brilhante, mas sim com uma qualidade suficien-te para aquilo que se quer fazer”, ela afirma. “Para isso, o médico precisa conhecer, principalmente, as opções que o equipamento de raio X oferece.” Lucia exemplifica que, se o médico pretende introduzir o cateter no paciente, ele não precisa de uma altíssima qualidade de imagem naquele momento para observar o processo, então coloca-se uma taxa baixa. Mesmo que a imagem não seja muito boa, será suficiente para o objetivo do profissional. Ao manusear um stent ou algo que precise de maior definição de imagem, aí pode-se aumentar a taxa. “Esse jogo de saber quando usar ou não um recurso é fundamental”, diz a pesquisadora, rei-terando a importância de o médico ter conhecimento pleno das ferramentas que o equipamento coloca à disposição.

Tão importante quanto outros fatores é a manutenção dos equipamentos, um serviço que, muitas vezes, não é tão levado a sé-rio. Para os especialistas, o ideal é que as equipes que trabalham na conservação da aparelhagem também tenham consciência de quais as doses indicadas para cada pro-cedimento, uma vez que o trabalho, embora meramente técnico, influencia diretamente o resultado do processo. “Se o médico pede uma imagem muito boa, o técnico vai ampliar a imagem, que ficará linda”, afirma Lucia. “Só que também aumentará o risco de aciden-

tes.” Entre as ocorrências mais comuns estão vermelhi-dão da pele, descamação, perda definitiva ou temporária do cabelo, úlcera ou necrose da pele. São consequên-cias de efeitos que normalmente são vistos depois do procedimento, e que ocorrem por problemas como falta de calibração do equipamento, ausência de mecanismos de proteção (por exemplo, colocação de filtros), controle equivocado das taxas, doses demasiadamente altas ou exames longos demais.

Para a pesquisadora, a presença de um físico nos serviços de hemodinâmica, que hoje possuem equipa-mentos extremamente sofisticados, também é de suma importância. Sua função seria manter um controle de qualidade e, com periodicidade, deixar o equipamento em ordem, como trabalho de prevenção, evitando que problemas operacionais venham a causar danos. “É uma função diferente do pessoal da manutenção, que apenas verifica a parte mecânica”, diz Lucia. De acordo com a especialista, isso seria um benefício inclusive financeiro, uma vez que o diretor da clínica ou da instituição con-seguiria diminuir alguns gastos e despesas, já que os equipamentos passariam frequentemente por ajustes e não precisariam de peças novas por causa de desgas-te. Esse profissional ainda pode se tornar o responsável pela proteção do ambiente de trabalho. “O físico pode conferir se os aventais não estão rasgados, se há prote-ção necessária e se estão sendo utilizados de maneira adequada.” Outra colaboração interessante vinda desse profissional seria a intermediação de cursos de treina-mento para os médicos, que, embora atuem com exce-

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lência dentro de sua especialidade, não possuem conheci-mento aprofundado sobre equipamentos e riscos relativos à radiação ionizante, pois não são radiologistas. Sendo as-sim, os profissionais sujeitos a doses maiores, sobretudo na prática intervencionista, estariam sempre atualizados sobre os princípios físicos da radiação ionizante e as reco-mendações para controle da dose.

A falta de conhecimento específico não só põe em risco a correta utilização dos aparelhos, como também pode prejudicar eventos posteriores. Um exemplo é a habitual ausência de comunicação por parte de alguns médicos depois de notarem que seu paciente pode ter sido vítima de algum acidente, como alterações na pele e catarata, devido ao contato com a radiação durante o procedimento. A física Lucia Canevaro alerta que não há motivos para essa omissão de informação e reforça ainda que o objetivo de se ter acesso a esses dados é investigar quais as causas e evitar que o problema volte a acontecer. “O profissional acha que vai ser julgado ou punido, mas a ideia não é essa. A gente tenta incen-tivar que o fato, caso aconteça em alguma clínica ou laboratório de hemodinâmica, seja comunicado”, afirma. “Mesmo porque, na maioria das vezes, não é imperícia do operador, e sim algum mau funcionamento do equi-pamento ou sensibilidade maior do paciente.”

Outra razão para médicos que trabalham com radiação não darem tanta importância aos cuidados com a própria saúde é o fato de acharem que nunca serão atingidos. Mas os especialistas acreditam que, mesmo não tendo nenhum artigo nacional publicado a respeito do tema, já houve ca-sos de efeitos comprovados em cardiologistas intervencio-nistas, como a catarata. “Observamos também que alguns já não têm pelos nas mãos e nem nas pernas, pois é uma área que fica bem perto da radiação”, diz Lucia. Ela explica que, no processo de radiação, existem os efeitos determi-nísticos, como alterações na pele e catarata, que apare-cem algumas semanas após a aplicação de doses muito altas. E existem os efeitos estocásticos ou cumulativos, que aumentam a probabilidade de aparecer por meio da frequência do número de procedimentos realizados. “Um exemplo que sempre dou é que se você atravessa uma vez por ano a Avenida Paulista, o risco de morrer atropela-do é bem menor do que se você a atravessasse todos os dias”, afirma a especialista. “Pode ser que você atravesse uma única vez na vida e seja atropelado, mas com certe-za são probabilidades muito maiores na medida em que você atravessa mais vezes.” Logo, não é porque o médico

trabalha há décadas com radiação que ele vai ter alguma doença, mas a probabilidade torna-se bem maior, uma vez que as células ficam mais sensíveis.

O primeiro passo para começar a agir corretamente é aceitar a ideia dos riscos que se corre. Após isso, os me-canismos de proteção à disposição do profissional pas-sam a ser ferramentas de trabalho habituais. Uma forma de segurança que, atualmente, é obrigatória na Europa é que os equipamentos apresentem o valor da dose minis-trada em tempo real, no monitor do médico, possibilitan-do que ele tenha o controle da situação e o conduza a ser mais cuidadoso. “No Brasil, ainda é necessário que as pessoas comprem a ideia, entendam e aceitem a im-portância de a dose ser medida”, afirma Lucia. “É uma ferramenta de proteção tanto para o médico quanto para o paciente.”

O cardiologista intervencionista atua em uma especia-lidade em que os riscos para a própria saúde são mais elevados pela exposição constante à radiação ionizante. Embora o efeito de uma determinada radiação seja dife-rente de um organismo para outro, é importante conhecer a dose de radiação que é absorvida, pois pode provocar danos irreversíveis. Para se ter ideia da repercussão em um ser humano, uma dose maciça de aproximadamente 100 rem (unidade de radiação) após três horas provoca aspecto de embriaguez, caracterizada por insônia, can-saço, fraqueza geral, falta de apetite, enjoo, instabilidade psíquica, vômitos, dores de cabeça, diminuição da pres-são sanguínea, diarreia, leucemia. A dose de 500 rem é fatal. Em dois dias ocorre a morte de 100% dos submeti-dos, por destruição total da mucosa intestinal. Para o car-diologista intervencionista, a soma é 20 vezes maior que a exposição de radiação a um ambiente normal. Ele recebe uma dose de aproximadamente 20 rem no final do proce-dimento diagnóstico. Considerando a dose mencionada, esse profissional deve realizar, no máximo, 250 procedi-mentos por ano, para não superar a dose de segurança. No Brasil, o método mais simples e prático de verificar se o profissional está sendo prudente é a utilização dos dosímetros individuais. Pela complexidade do ritual de proteção pré-exame, os profissionais acabam deixando esse aspecto importante de lado. Mas o fato é que essa é uma das melhores formas de o médico quantificar a dose que ele mesmo recebe. É um segurança para o presente e para o futuro, pois os dosímetros serão úteis quando o intervencionista solicitar sua aposentadoria especial por trabalho em ambiente insalubre.

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Existem os efeitos estocásticos ou cumulativos, que aumentam a probabilidade de aparecer por meio da frequência do número de procedimentos realizados.

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Ao profissional médico, em regra, sobra pouco tempo para adquirir informações que não se-jam científicas e específicas da profissão e da

prática médica. O consumo de tempo integral inicia na formação e progride com o exercício profissional. A preocupação sobre a aposentadoria, muitas vezes, é colocada pelos profissionais das seguradoras e estes demonstram, matematicamente, que, se pensamos cedo no recompensado descanso remunerado, o in-vestimento será mais fácil e menos dispendioso.

O ordenamento jurídico brasileiro prevê o adicional de insalubridade e o consequente direito à aposenta-doria especial para os trabalhadores expostos à radia-ção ionizante, empregados e servidores que atuem no ambiente insalubre por período mínimo de 12 horas semanais. Ou seja, pela atividade em ambiente insa-lubre, além da compensação por adicional de salários e férias diferenciadas, existe a previsão de uma previ-dência especial, que gera benefício e compensação da aposentadoria especial.

É considerada preocupação e dever do Estado a promoção de ambiente de trabalho saudável. Diante dessa impossibilidade, cumpre-se o dever ou assume-se a penalidade do pagamento de adicional de insalu-bridade e da aposentadoria precoce como forma de compensação. Contudo, nem todos os intervencionis-tas terão direito à aposentadoria especial e, mesmo aos que têm esse direito, não se efetiva automaticamente.

A previsão legislativa federal veda o recolhimento para previdência especial e consequente aposenta-doria especial aos profissionais liberais autônomos. É

necessário que haja vínculo trabalhista como empre-gado ou como servidor público. Os que trabalham sob o regime da Consolidação das Leis de Trabalho têm a previsão bem estabelecida, para os quais o direito à aposentadoria especial é devidamente regulamentado. Também os servidores federais têm regulamentação específica, mas, ainda assim, precisam requerer ad-ministrativamente, comprovando sua atuação em am-biente insalubre específico.

O maior problema fica para os servidores estaduais, uma vez que a maioria dos Estados ainda não regula-mentou a lei federal que prevê o direito ao tipo de apo-sentadoria em discussão. Os que conseguiram esse direito precisaram recorrer à via judicial, pois a via ad-ministrativa não respondeu de forma positiva. Recen-temente, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu em julgamento o direito a um requerente que acessou a Justiça por meio do remédio constitucional, o Man-dado de Injunção, utilizado para requerer que se regu-lamente uma lei que já deveria ter sido regulamentada.

Como se pode entender pelo aqui exposto, o direito à compensação de uma aposentadoria especial, que deveria ser automático, muitas vezes, é complexo, exigindo que o interessado fique alerta para não ver seus direitos perecerem. É recomendável, portanto, que os profissionais tenham relatórios dos dosímetros de radiação, saibam requerer a insalubridade por ra-diação X desde o início de seu vínculo como empre-gado ou servidor e requeiram sua contagem para ob-tenção da aposentadoria especial a partir do décimo nono ano de trabalho.

Aposentadoria especial para intervencionistasPor que falar em aposentadoria para quem está apenas iniciando uma carreira médica?

[Maria do Rosário Britto Leite (PE), Diretoria de Qualidade Profissional, Cardiologista Intervencionista e Advogada]

Apresentado no Curso de Revisão 2009 por Maria do Rosário Britto Leite (PE), o tema sobre aposentadoria

especial gerou interesse e debate entre os médicos presentes. Da esquerda para a direita, Maria do Rosário Britto Leite (PE),

Marcelo Queiroga (PB), Lucia Viviana Canevaro (RJ), Barry Balenger (Estados Unidos) e Gustavo de Moraes Ramalho (MG).

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Cirurgia cardíaca ou angioplastia coronária em pacientes multiarteriais? Para colocar essa questão polêmica em pauta, convidamos um dos mais importantes cirurgiões cardíacos do Brasil para um bate-papo

panorama cirurgia x intervenção | sergio almeida de oliveira

A eterna controvérsia

Sergio Almeida de Oliveira (SP) é um dos maiores ci-rurgiões brasileiros de cardiologia. Professor emé-rito da Faculdade de Medicina da Universidade de

São Paulo (FMUSP), ele trabalha no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – InCor/HCFMUSP (SP) des-de sua fundação, treinou especialistas espalhados por toda a América Latina e foi eleito, pela Sociedade Bra-sileira de Cardiologia (SBC), um dos 11 profissionais da área que mais se destacaram no século XX. Ao saber do tema da entrevista, Oliveira se antecipa a qualquer per-gunta. “Não existe verdade absoluta na medicina”, afir-ma. “Não é possível chegar a um consenso sobre o que é certo ou errado na cardiologia quando se trata das deci-sões sobre qual o procedimento ideal para o tratamento dos pacientes.” Consciente da evolução tecnológica da cardiologia intervencionista e defensor da liberdade de escolha do paciente mediante informações claras e ob-jetivas, Oliveira é declaradamente a favor da cirurgia e enriquece o debate sobre essa eterna controvérsia, ana-lisando resultados dos estudos SYNTAX e BARI 2D.

Quando o senhor considera a prescrição de angioplastia ou de cirurgia sem hesitar em relação à doença arterial coronária e à revascularização do miocárdio?

Atualmente, há um razoável consenso para a indicação do tratamento intervencionista, por cirurgia de revasculariza-ção miocárdica ou por angioplastia em algumas situações especiais na doença coronária. A cirurgia de revasculari-zação é o método preferível para pacientes com lesões coronárias múltiplas e/ou complexas, enquanto a angio-plastia tem sua melhor indicação em casos com lesões

mais simples ou em pacientes que apresentam alto risco de lesão culpada para a cirurgia, em decorrência, princi-palmente, das comorbidades.Para o tratamento da lesão culpada no infarto agudo do miocárdio, em que a precocidade do tratamento é essen-cial para obtenção de bons resultados, a desobstrução coronária pela angioplastia é preferível pela agilidade na sua aplicação. Após essa intervenção de salvamento, ha-vendo outras lesões de maior significância, o paciente de-verá ser reavaliado para uma nova decisão quanto ao tipo de tratamento a ser indicado.

Qual sua análise a respeito dos resultados e avanços da angioplastia coronária em pacientes portadores de doença arterial complexa múltipla e em diabéticos?

A intervenção percutânea coronária (IPC) tem progredido consideravelmente nos últimos anos, sendo capaz de tra-tar lesões mais complexas com sucesso. Entretanto, na doença coronária, a avaliação dos resultados não pode ser restrita ao curto prazo, pois trata-se de doença de lon-

ga duração, que deve ser acompanhada por décadas.Dois grandes estudos controlados, de grande importân-cia, tiveram seus resultados iniciais (SYNTAX) ou finais (BARI 2D) publicados recentemente, trazendo importantes informações.O estudo SYNTAX comparou a IPC com stents farmaco-lógicos versus a cirurgia de revascularização miocárdica (CRM) em pacientes com lesões triarteriais ou de tronco da artéria coronária esquerda, isolada ou associada a le-sões uni, bi ou triarteriais. Os resultados finais serão co-nhecidos após cinco anos. Entretanto, na análise de um e

“Embora o SYNTAX tenha sido mais abrangente que estudos anteriores, continua sendo uma amostra muito reduzida”

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panorama cirurgia x intervenção | sergio almeida de oliveira

dois anos, a conclusão foi de que a CRM continua sendo o tratamento padrão, com menor mortalidade e menor ocorrência de eventos cardíacos adversos maiores (morte, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e reinter-venções). Esse estudo, embora um dos mais abrangentes já realizados, continua sendo muito seletivo. Basta ver a publicação do Steering Committee do estudo SYNTAX (Insights from the SYNTAX run-in phase), que informa so-bre os requerimentos para participação no SYNTAX, em que todos os investigadores do estudo foram solicitados a informar, anonimamente, quantos procedimentos em pacientes com lesões de tronco da artéria coronária es-querda ou triarteriais foram realizados em cada serviço, durante o período de três meses. Os resultados demons-traram a média de 30 pacientes por serviço para a IPC e de 86 pacientes por serviço para a CRM. Isso visou, na fase de seleção das equipes, a permitir apenas a entrada de grupos bem treinados no tratamento de pacientes com esses tipos de lesão coronária. Esses dados contrastam muito com os dados do estudo SYNTAX, randomizado, avaliados durante dois anos – tempo de recrutamento dos pacientes, em que a média por serviço foi de aproximada-mente 10 pacientes em cada braço do estudo. Embora o SYNTAX tenha sido mais abrangente que estudos ante-

riores, continua sendo uma amostra muito reduzida, não permitindo a transferência automática dos resultados para a população em geral. O SYNTAX trouxe também outras importantes contribuições, como ressaltar a necessidade de que as decisões quanto ao tratamento inicial resultem do consenso de um grupo multidisciplinar, composto pelo cardiologista clínico, pelo intervencionista e pelo cirurgião. É necessário também que o paciente seja informado so-bre opções, riscos e benefícios do tratamento a ser ins-tituído. Outra contribuição importante foi a utilização de uma tabela de complexidade das lesões (escore SYNTAX). Quando os pacientes foram agrupados de acordo com a complexidade das lesões coronárias, demonstrou-se que, no grupo com lesões de menor complexidade, os resul-tados da IPC e da CRM nessa fase inicial do seguimento pós-procedimento foram semelhantes. Os resultados, nos próximos cinco anos, trarão novas informações. Ainda no estudo SYNTAX, além dos 1.800 pacientes aceitos tan-to pelos cirurgiões como pelos hemodinamicistas e que constituíram o grupo randomizado da investigação, ou-tros dois grupos foram tratados e acompanhados, cons-tituindo os denominados registros. O registro da cirurgia foi composto por 1.077 pacientes recusados pelos inter-vencionistas, mas aceitos pelos cirurgiões. Ainda há 198

O cirurgião Sergio Almeida de Oliveira foi entrevistado para falar da eterna controvérsia entre a cirurgia e a intervenção.

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pacientes recusados pelos cirurgiões, mas aceitos pelos intervencionistas. É interessante observar que os pacientes tratados cirurgicamente evoluíram até melhor que os operados no grupo randomizado, en-quanto os pacientes tratados com angioplastia não evoluíram tão bem.Outro grande estudo cujos resultados foram conhecidos recentemente é o BARI 2D, realizado para comparar, em pacientes diabéticos, o tratamento clínico isolado com o tratamento intervencionista por angioplastia ou CRM como forma inicial de tratamento. Nesse estudo, a ran-domização foi realizada entre tratamento clínico e IPC ou tratamento clínico e cirurgia. Não houve randomização en-tre cirurgia e angioplastia. Os pacientes com lesões mais complexas foram encaminhados para cirurgia. Após cin-co anos de seguimento, as conclusões foram de que a CRM como tratamento inicial reduz significativamente a ocorrência de eventos cardiovasculares maiores, quando comparada com o tratamento clínico. Essa redução não foi observada quando o tratamento clínico foi comparado à angioplastia como tratamento inicial. Entretanto, quando tratados inicialmente com terapia medicamentosa otimi-zada, a metade dos pacientes precisou ser revasculariza-da ao final de cinco anos de seguimento.

Tronco da coronária esquerda não protegido já é passível de tratamentointervencionista em potenciais candidatos a cirurgia de revascularização?

É passível e tem sido realizado em casos selecionados. Entretanto, o acompanhamento a longo prazo é essen-cial. Um dos pontos críticos da IPC, e que precisa ser lembrado, é que, em casos de reestenose ou oclusão dos stents, as consequências poderão ser muito gra-ves. Por outro lado, o tratamento cirúrgico utiliza uma estratégia, que é a colocação de “pontes” distalmen-te às lesões em segmento normal ou menos lesado da artéria coronária. Desse modo, a oclusão da lesão proximal não acarretará prejuízo ao paciente durante a evolução da doença.

Como o senhor observa o crescimento da cirurgia cardíaca no Brasil e no mundo? Quais as novas técnicas e perspectivas?

Mudanças na cirurgia cardíaca têm sido constantes.

No Brasil, especificamente, a cirurgia tem crescido de modo consistente, tendo sido realizadas, em 2008, 102.300 cirurgias cardíacas em 381 centros cardioló-gicos. Somos, hoje, 1.129 cirurgiões cardiovascula-res em atividade. Como se sabe, o Sistema Único de Saúde (SUS) encontra dificuldades para a aplicação desse direito constitucional em sua plenitude. Entre as mudanças ocorridas, ficando apenas no tema desta entrevista, o progresso no tratamento clínico, assim como o desenvolvimento de novos procedimentos menos invasivos, contribui para alterar o perfil do pa-ciente operado. A cirurgia tem progredido constante-mente e, assim mesmo, os procedimentos tradicionais se beneficiam de novos conhecimentos e de recursos tecnológicos. Na revascularização miocárdica, a ci-rurgia sem circulação extracorpórea está muito bem sistematizada, podendo ser aplicada a grande núme-ro de pacientes. Nas doenças da aorta, aneurismas e dissecções, houve igualmente grande avanço nas técnicas convencionais, mas sobretudo pelo desen-volvimento das endopróteses aórticas para utilização isolada ou em procedimentos combinados.Mais recentemente, foram desenvolvidas novas pró-teses valvares para colocação através de artérias periféricas ou pela ponta do ventrículo esquerdo por minitoracotomia, sem necessidade de circulação ex-tracorpórea. Esses procedimentos se tornam muito atrativos, especialmente considerando que a cres-cente população idosa apresenta comorbidades que aumentam o risco para uma intervenção conven-cional. A utilização dessas próteses vem crescen-do muito nos dois últimos anos, principalmente em alguns países da Comunidade Europeia. A técnica já foi iniciada também no Brasil, inclusive em nosso Serviço. Entretanto, o método convencional perma-nece como “padrão ouro” para a cirurgia das valvas aórtica e mitral.Outro grande avanço foi observado na utilização dos ventrículos auxiliares, como suporte temporário ou mesmo como terapêutica de destino. Os custos são muito elevados, mas certamente tenderão a cair com a maior utilização. O contínuo avanço tecnológico nos dispositivos de assistência mecânica da circulação e a melhor seleção dos pacientes deverão aprimorar a evolução tardia dos receptores.

“ Os procedimentos híbridos certamente farão parte do tratamento cirúrgico em cardiologia daqui para a frente.”

panorama cirurgia x intervenção | sergio almeida de oliveira

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Qual sua opinião sobre os resultados divulgados pelo SUS de mortalidade elevada (> 5%-10%) nas cirurgias cardíacas brasileiras?

Não creio que esses índices tão elevados de mortalida-de correspondam à realidade brasileira. Será necessário conhecer os escores de risco dos pacientes analisados para valorizar adequadamente o ocorrido em relação ao esperado. Certamente, em qualquer serviço brasileiro que tenha uma estrutura médico-hospitalar adequada, os riscos operatórios são bem menores.

Procedimentos híbridos mesclados à angioplastia são viáveis?

Os procedimentos híbridos certamente farão parte do tratamento cirúrgico em cardiologia daqui para a frente. A criação de salas cirúrgicas híbridas, isto é, com recur-sos para imagens, é essencial para a utilização de endo-próteses aórticas ou valvares. Na cirurgia coronária, os procedimentos híbridos (IPC e CRM) já são utilizados há muito tempo como tratamento complementar, não ne-cessariamente na mesma intervenção. Por outro lado, a combinação de CRM e IPC, no mesmo procedimento, tem sido esporadicamente utilizada. As poucas publica-ções sobre estudos controlados não foram capazes de concluir sobre os reais benefícios dessa técnica.

Duplo enxerto de artéria mamária ou simples?Os benefícios da utilização da artéria to-rácica interna esquerda (artéria mamária) já são conhecidos há muito tempo. Mais recentemente, também foi claramente de-monstrado que a utilização de ambas as artérias mamárias, nos procedimentos de revascularização miocárdica, prolonga a sobrevida dos pacientes assim como dimi-nui a necessidade de reintervenções. As ar-térias mamárias podem ser utilizadas como enxertos in situ ou como “enxertos livres”, para a realização de anastomoses isoladas ou sequenciais, aumentando a possibilida-

de de se tratar maior número de artérias com esses en-xertos. Com o desenvolvimento de recursos técnicos para exposição e imobilização segmentar do coração e a utilização desses enxertos arteriais, torna-se possível a revascularização total, sem a utilização da circulação extracorpórea e sem manipulação da aorta.

Cirurgia com esternotomia clássica ou minimamente invasiva para realização de enxerto de artéria mamária?

Primeiramente, a esternotomia clássica, que popularmen-te – ou maliciosamente – alguns chamam de “rachar o pei-to de cima a baixo”, já não existe ou não é necessária. As incisões atualmente são reduzidas, com grande benefício estético para o paciente. A anastomose da mamária com artéria descendente anterior pode ser facilmente realizada por miniacesso (miniesternotomia ou minitoracotomia).

Como o senhor analisa os resultados iniciais da substituição de valva aórtica percutânea?

Esse é um dos avanços na cirurgia valvar, atualmente realizada como tratamento de exceção para pacientes com alto risco para intervenção aberta convencional. Novos recursos estão sendo desenvolvidos para a cor-reção das valvas nativas ou de disfunção das próteses biológicas aórtica e mitral. Um modelo nacional está sendo testado em um estudo piloto, que já foi iniciado.

panorama cirurgia x intervenção | sergio almeida de oliveira

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Diretrizes norte-americanas dedicadas à intervenção coronária percutânea e infarto agudo do miocárdio foram atualizadas. Compare com a Edição 2008 da SBC & SBHCI[Guilherme Ferragut Attizzani (SP), coeditor do Portal da SBHCI]

atualização científica

Revisão das diretrizes norte–americanas 2009

As diretrizes publicadas periodicamente pelas mais diversas sociedades médicas ao redor do globo constituem-se em importantes ferramentas para

guiar a prática da medicina baseada em evidências, já que se trata de uma análise dos resultados dos mais importan-tes ensaios clínicos publicados aplicados à prática clínica diária. Dada a pujante evolução das ciências médicas, es-ses documentos científicos são submetidos a atualizações periódicas à medida que novas evidências ganham corpo.Recentemente, as duas maiores entidades médicas cardio-lógicas norte-americanas, American College of Cardiology (ACC) e American Heart Association (AHA), promoveram uma revisão em suas diretrizes de infarto agudo do miocár-dio com supradesnivelamento do segmento ST, bem como naquelas de intervenção coronária percutânea. Algumas das modificações realizadas já haviam sido antecipadas pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) em asso-ciação com a SBHCI em 2008, na publicação de suas II Diretrizes de Intervenção Coronária Percutânea e Métodos Adjuntos Diagnósticos em Cardiologia Intervencionista. Ve-jamos as principais mudanças realizadas:

1) A angioplastia de tronco de coronária esquerda não pro-tegido, após receber o aporte de uma avalanche de evi-dências, lideradas, sobretudo, pelos resultados do estudo SYNTAX, deixou de ser formalmente contraindicada (classe III) e passou a receber a classificação IIb, nível de evidência B, em indivíduos cujo risco cirúrgico for elevado e nos quais a anatomia coronária for favorável à intervenção percutâ-nea. Ressaltamos que as diretrizes da SBC & SBHCI classi-ficam esse tipo de intervenção como IIa, nível de evidência C, e naqueles em que não haja fatores promotores de risco cirúrgico a indicação do procedimento é classificada como IIb, nível de evidência B.

2) Os resultados de longo prazo de diversos estudos que avaliaram a utilização de stents farmacológicos no infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do seg-mento ST, com destaque para o seguimento de dois anos do estudo HORIZONS-AMI, deram suporte à indicação IIa, nível de evidência B, para o uso dessas endopróteses nesse cenário clínico. A avaliação da aderência à terapia antiplaquetária dupla, bem como do risco de sangramento associado a ela, além da possibilidade de uma intervenção cirúrgica precoce, deve ser obrigatória para que essa práti-ca possa atingir seus benefícios com plenitude.

3) O uso de tienopiridínicos por período de 12 meses após o implante de stent farmacológico em vigência de um infar-to agudo do miocárdio com supra de ST era formalmente indicado nas diretrizes prévias, ao passo que, após o im-plante de stent não-farmacológico, figurava como prática opcional. Após a presente atualização, a recomendação passa a vigorar para todos os pacientes submetidos a in-tervenção coronária percutânea primária com stent, inde-pendentemente de tratar-se de stent farmacológico ou não (classe I, nível de evidência B). No entanto, devemos avaliar com cautela os riscos individuais de sangramento, consi-derando sua suspensão precoce em casos selecionados. Adicionalmente, quando o implante de stent farmacológico for realizado, o prolongamento da utilização do tienopiridíni-co por período superior a 15 meses passou a se tornar uma

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* As recomendações classe I são para a utilização de tienopiridínicos por 30 dias após implante de stent não-farmacológico (nível de evidência A) e por 12 meses após implante de stent farmacológico (nível de evidência C), independentemente do cenário clínico.† Trata-se de recomendação que não existia nessa diretriz.‡ O uso dessas drogas em indivíduos que não receberam dose de ataque de clopido-grel por período superior a seis horas é considerado classe I nessas diretrizes. Não há

distinção entre diferentes inibidores da glicoproteína IIb/IIIa nessas diretrizes.§ Recomendação não incorporada a essas diretrizes.|| A recomendação classe IIa, que orientava a utilização de inibidores da glicoproteína IIb/IIIa em pacientes nos quais a administração da dose de ataque de clopidogrel fosse administrada no momento do procedimento, deixou de existir.# Nível de evidência B.** Nível de evidência A.

atualização científica

alternativa plausível (classe IIb, nível de evidência C).

4) A trombectomia emerge como uma marcante recomen-dação no infarto agudo do miocárdio com supra de ST (clas-se IIa, nível de evidência B), fincada no alicerce dos resulta-dos dos estudos TAPAS e EXPIRA. Como vimos em alguns dos tópicos previamente discutidos, as diretrizes da SBC & SBHCI de 2008 já haviam classificado essa intervenção com o mesmo nível de recomendação da presente atualização.

5) O uso do tirofiban no infarto agudo do miocárdio com supra de ST teve seu nível de recomendação elevado a classe IIa, nível de evidência B, após alguns estudos, como o MULTISTRATEGY, terem exibido bons resultados com a administração de 25 µg/kg como dose de ataque. Além disso, a infusão desse inibidor da glicoproteína IIb/IIIa antes do ingresso do paciente ao laboratório de hemo-dinâmica, de modo a promover “facilitação”, teve seu nível de evidência elevado de C para B (classe IIb), baseado em resultados de alguns ensaios clínicos, como o ON-TIME 2.

6) O prasugrel passou a ser uma opção dentre os tie-nopiridínicos, após a confirmação de sua segurança e eficácia em pacientes vítimas de síndromes coronárias agudas no estudo TRITON-TIMI 38, sobretudo naqueles de mais alto risco. Entretanto, em indivíduos com histó-ria de acidente isquêmico transitório e acidente vascu-lar encefálico prévios, seu uso é formalmente contrain-dicado (classe III). A suspensão dessa droga em caso

Tópico AHA/ACC 2007 AHA/ACC 2009 SBC & SBHCI 2008

Intervenção Coronária Percutânea com Stents Tronco Coronária Esquerdo Não Protegido

Classe III Classe IIb Classe IIb

Stent Farmacológico - Infarto Agudo do Miocárdio Classe IIb Classe IIa Classe IIa

Clopidogrel após Infarto Agudo do Miocárdio

Classe I por 12 meses

Classe I por 12 meses

Classe I*

Dispositivos de Aspiração Manual (Trombos) - Infarto Agudo do Miocárdio

---† Classe IIa Classe IIa

Tirofiban - Infarto Agudo do Miocárdio com Supra de ST

Classe IIb Classe IIa|| Classe IIa‡

Prasugrel - Intervenção Coronária Percutânea Primária (Infarto Agudo do Miocárdio)

---† Classe I ---§

Mensuração da Reserva de Fluxo Fracionada para Orientar uma Intervenção Coronária Percutânea com Stents

Classe IIa# Classe IIa** Classe IIa#

de necessidade de cirurgia de revascularização do mio-cárdio deverá ser feita com sete dias de antecedência (classe I, nível de evidência C); já no caso do clopido-grel, essa interrupção deverá ser feita idealmente com antecipação de cinco dias (classe I, nível de evidência B), salvo em caso de cirurgia de emergência, na qual o potencial benefício supera os riscos de sangramento (nível de evidência C).

7) Após os bons resultados do estudo FAME, no qual a intervenção coronária percutânea, exclusiva de lesões funcionalmente graves à avaliação pela reserva de fluxo fracionada, se mostrou vantajosa em termos de redu-ção de desfechos adversos, quando comparada ao tra-tamento guiado exclusivamente pela angiografia, esse método adjunto recebeu substrato para elevar seu nível de evidência de B para A (classe IIa).

8) A incorporação da bivalirudina na intervenção coronária percutânea primária, embasada pelos bons resultados do estudo HORIZONS-AMI, nos traz a oportunidade de lidar com uma droga cuja farmacodinâmica é sensivelmente mais previsível que a da heparina, levando à diminuição de desfechos adversos hemorrágicos e de mortalidade por todas as causas. Dadas essas características, seu uso passou a ser recomendado, de modo inédito, naqueles pacientes em que os riscos de sangramento são elevados (classe IIa, nível de evidência B).

Page 56: Jornal da SBHCI - ed. 45 - 04/2009

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Nesta última edição de 2009, os quatro editores do Jornal da SBHCI dão sua palavra

[César Rocha Medeiros (RJ), editor]

opinião

Com a palavra, os editores

Com a última edição de 2009, este corpo editorial se despede com uma boa sensa-ção, a de que participou de algo relevante,

algo que contribuiu para a maturidade e a integra-ção de nossa Sociedade. A revitalização do Jornal da SBHCI é motivo de orgulho para a Sociedade, que passou a se conhecer mais a fundo e a se mos-trar ativa e transparente aos olhos de toda a comu-nidade cardiológica brasileira.

Esses méritos devem ser divididos entre toda a Sociedade, que contribuiu com a elaboração das pautas, bem como com o compartilhamento de suas histórias e experiências; nossa Diretoria, a qual nos concedeu apoio irrestrito; e a equipe edi-torial, que lidou pacientemente com nosso excesso de vontade e, muitas vezes, falta de traquejo no que

tange a prazos, limites e formatações – detalhes que fazem a diferença entre um mero informativo societário e um jornal abrangente e dinâmico.

Tenho certeza de que as próximas gestões, da SBHCI e do Jornal, aprimorarão progressivamente esse veículo de comunicação, ao qual me afeiçoei tanto a ponto de receber exemplares em dobro*.

* Cláudia Mattos (RJ), sócia titular da SBHCI, é minha esposa

e também recebe seu exemplar do Jornal.

[Marcelo de Freitas Santos (PR), editor]

Mais um ciclo de 365 dias está por ter-minar. No ano de 2009, observamos o crescimento de nossa nação no con-

texto mundial. Refletir sobre nossas conquistas muitas vezes não é simples, pois sempre depen-de da percepção individual e global das pessoas que avaliam nossas atitudes.

Não estamos terminando somente mais um ano, mas um ciclo de três anos, nos quais tive a oportunidade de participar da gestão da SBHCI. Fazendo parte do grupo de editores, pude vivenciar e registrar a evolução e a pro-fissionalização de nossa Sociedade. Para mim, uma das grandes manchetes do Jornal foi divul-gar as atitudes da comissão responsável pela ti-tulação de novos valores profissionais formados pelos nossos membros titulares. A entrada dos novos membros titulares brinda todas as con-quistas desta Diretoria, que finda um ciclo e abre votos de sucesso aos colegas que passarão a representar esta instituição.

Estou feliz de, mais uma vez, sentir que possuo ami-gos nessa nova Diretoria. Acredito que seja um senti-mento comum a todos os representantes da SBHCI.

Caros leitores, espero que tenhamos alcança-do todos os objetivos de nosso Jornal, pois ele representa um dos meios de visibilidade da nos-sa Sociedade. Aproveito para registrar a todos o agradecimento a um grupo grande de colabora-dores que escreveram, registraram e organizaram nossas edições. A esses profissionais, meu muito obrigado. E, a todos, desejo um Natal com muita alegria, saúde e felicidade, e que em 2010 todos os nossos desejos se realizem.

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[Marcelo José Cantarelli (SP), editor]

Chegamos a mais um final de ano e à última edição do Jornal da SBHCI em 2009. Em um trabalho que se iniciou em agosto de

2006, encerramos nesta edição nossa participação no corpo editorial desta publicação.

Nesse período, vivenciamos a criação de cada uma de suas 14 edições, perfazendo um total aproximado de 560 páginas, que, se fossem agrupadas, contariam uma boa parte da histó-ria de nossa Sociedade, construída com a co-laboração de vários ex-presidentes e colegas não menos ilustres. Reportagens que poderiam estar estampadas em jornais de grande circula-ção, como a com o ministro da Saúde (edição 1/2009), estiveram nessas páginas. E foi através delas também que pudemos conhecer um pouco dos colegas e seus trabalhos de norte a sul do País. Durante esses três anos, o Jornal tornou-se um veículo de agradável leitura, que flertou ao mesmo tempo com a ciência, a vida societá-ria e o entretenimento.

Os objetivos foram alcançados. Já os de-safios... Estes permanecem presentes, fortes

e renovados. O que seria do trabalho se eles não existissem? No próximo ano, o novo cor-po editorial se deparará com outros desafios, dentre eles o de manter ou não o formato atual. A todos os colegas e colaboradores da SBHCI que me ajudaram nesta caminhada “jornalísti-ca”, e em especial aos amigos, companheiros de pauta, Marcelo de Freitas Santos (PR), César Rocha Medeiros (RJ), Luciana Constant Daher (GO), Rogério Sarmento-Leite (RS), diretor de Comunicações, e Luiz Alberto Mattos (SP), pre-sidente, meu profundo agradecimento e os vo-tos de boas festas com saúde, amor e paz junto a seus familiares.

[Luciana Constant Daher (GO), editora]

Novamente é final de ano. É hora de agrade-cer e recordar. Em 2006, os colegas César Rocha Medeiros (RJ), Marcelo José Can-

tarelli (SP) e Marcelo de Freitas Santos (PR) iniciaram suas atividades como editores deste Jornal. Juntei-me a eles no início de 2007 e posso afirmar que formamos uma equipe coesa, onde a diferença foi sempre valori-zada e acolhida. Estivemos afinados como instrumen-tos de uma orquestra em nome de um objetivo maior, a música. No caso, a informação aos nossos sócios. Para tanto, recebemos o apoio de toda a Diretoria, es-pecialmente de Luiz Alberto Mattos (SP), amigo queri-do, idealista e incansável em sua missão, e de Rogé-rio Sarmento-Leite (RS), a quem também me autorizo a chamar de um amigo que acolheu com entusiasmo nossas sugestões. Ambos foram envolvidos em todos os detalhes de cada uma das edições publicadas. Em todas elas, procuramos levar os avanços da nossa es-pecialidade, que por vezes foram vertiginosos.

Viver essa especialidade é viver no meio de uma re-volução, o que requer imenso fôlego. É também o privi-légio de viver a construção de ideias, a possibilidade de

propor paradigmas, de criar. Quanto mais nos fixamos em certezas absolutas, mais longe estamos da pos-sibilidade de descobertas. Esse é o espírito que deve permear nossa atividade, apoiada no princípio maior que é o da ética, palavra bela e fundamental em todas as ações da humanidade.

Certa vez, Gandhi afirmou: “Seja a mudança que quer ver no mundo”. Em nome de poder ser essa mu-dança, nos sentimos estimulados a buscar, a todo cus-to, a melhor qualidade em nossas atividades, quais-quer que sejam elas.

Agradeço de coração aos membros da atual Dire-toria, aos meus amigos editores, parceiros leais, e aos 977 sócios da SBHCI, razão de nosso trabalho. Boas vindas a 2010 e à nova Diretoria da SBHCI. Que ambos sejam portadores de revoluções ainda maiores.

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Gestão 2006/2009Presidente: Luiz Alberto Mattos (SP) • Diretor Admi-nistrativo: Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes (PB) • Diretor Financeiro: Hélio Roque Figueira (RJ) • Diretor Científico: Pedro Alves Lemos Neto (SP) • Di-retor de Comunicação: Rogério Sarmento-Leite (RS) • Diretor de Qualidade Profissional: Luiz Antonio Gubo-lino (SP) • Diretor de Educação Médica Continuada: José Antonio Marin-Neto (MG) • Diretor de Interven-ções Extracardíacas: Marcos Antonio Marino (MG) • Diretor de Intervenções em Cardiopatias Congênitas: César A. Esteves (SP) • Editores Jornal da SBHCI: César Rocha Medeiros (RJ), Luciana Constant Daher (GO), Marcelo de Freitas Santos (PR), Marcelo José Cantarelli (SP)Gerência Administrativa e Financeira:Norma Cabral [email protected]: Alexsandra [email protected]: Eleni [email protected]ífico: Aline [email protected] CENIC e Sócios: Kelly Cristina [email protected]: Iris Ribeiro [email protected] TI: Leandro [email protected] Beira Rio, 45 – cjs. 71 e 74 – Vila OlímpiaCEP 04548-050 – São Paulo, SPFone: (11) 3849-5034

ERRATADiferentemente do que foi publicado na reportagem “Do improviso ao reconhecimento nacional”, pá-ginas 24 e 25 da edição 02/2009, o responsável pelo São Bernardo Apart Hospital (www.saobernar-doaparthospital.com.br), na cidade de Colatina (ES), é o cardiologista João Miguel Malta Dantas e os telefones de contato são (27) 2102-2255 e (27) 2102-2254.

Jornal da SBHCI é uma publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista – SBHCI. Os textos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não re-fletem necessariamente a opinião da SBHCI.

Edição e jornalista resp.: André Ciasca, mtb 31.963Reportagem: Carla CiascaProjeto gráfico e direção de arte: Manoela TourinhoRevisão: CEV - Casa Editorial VenturaEdição de Fotos: Gislene SimonettiTiragem: 9.500 exemplares

take-a-coffee Comunicação www.take-a-coffee.com Fone: (11) 3571-5353 Email: [email protected] Skype: take.a.coffee

agenda

Mês Dia Evento Fevereiro 21 a 23

CRT 2010 – Cardiovascular Research Technologies Washington, DC, Estados Unidoswww.crtmeeting.org/

Março 14 a 16

ACC 2010 – American College of Cardiology Annual Scientific SessionAtlanta, Estados Unidosacc10.acc.org

Abril

28 a 30

29 a 1o/5

15th Angioplasty Summit – TCT Asia Pacific 2010www.summit-tctap.com/

XXXI Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São PauloSão Paulo, SPwww.congressosocesp.com.br/2010/

Maio 25 a 28EuroPCR 2010 – Paris Course of RevascularizationParis, Françawww.europcr.com

Julho 22 a 24XXXII Congresso da SBHCIBelo Horizonte, MGwww.congressosbhci.com.br/2010

Agosto

11 a 13

28 a 1o/9

XVI Congresso SOLACIXX Congresso CACIBuenos Aires, Argentinawww.solaci2010.com

ESC Congress 2010 – Sociedade Europeia de CardiologiaEstocolmo, Suéciawww.escardio.org

Setembro 21TCT 2010 – Transcatheter Cardiovascular TherapeuticsWashington, DC, Estados Unidoswww.tctconference.com

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ConviteA Diretoria da SBHCI 2006/2009 convida diretores, conselheiros, sócios, assessorias, parceiros e profissionais da saúde dedicados à cardiologia intervencionista para a cerimônia que dará posse à nova administração da entidade para o biênio 2010/2011.

Data: 19 de janeiro de 2010Horário: 11h00 às 12h00Local: Sede da SBHCIEndereço: Rua Beira Rio, 45 – cj. 71-74 – Vila Olímpia – São Paulo, SP

Dezembro de 2009

Luiz Alberto MattosPresidente

Marcelo QueirogaDiretor Administrativo

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