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1. A Ginástica A ginástica é um conceito que engloba modalidades competitivas e não competitivas e envolve a prática de uma série de movimentos exigentes de força, flexibilidade e coordenação motora para fins únicos de aperfeiçoamento físico e mental. 1.1 História: surgimento e evolução Milenar, a ginástica fez parte da vida do homem pré-histórico enquanto atividade física, pois detinha um papel importante para sua sobrevivência, expressada, principalmente, na necessidade vital de atacar e defender-se. O exercício físico utilitário e sistematizado de forma rudimentar era transmitido através das gerações e fazia parte dos jogos, rituais e festividades. Mais tarde, na antiguidade, principalmente no Oriente, os exercícios físicos apareceram nas várias formas de luta, na natação, no remo, no hipismo e na arte de atirar com o arco, além de figurar nos jogos, nos rituais religiosos e na preparação militar de maneira geral. Como prática esportiva, a ginástica teve sua oficialização e regulamentação tardiamente, se comparada a seu surgimento enquanto mera condição de prática metódica de exercícios físicos, já encontrados por volta de 2 600 a.C., nas civilizações da China, da Índia e do Egito, onde valorizava-se o equilíbrio, a força, a flexibilidade e a resistência, utilizando, inclusive de materiais de apoio, como pesos e lanças. Este conceito começou a desenvolver- se pela prática grega, que o levou através do Helenismo e do Império Romano. Foram os gregos os responsáveis pelo surgimento das primeiras escolas destinadas à preparação de atletas para exibições ginásticas em público e nos ginásios. Seu estilo nascia da busca pelo corpo são, mente sã e do ideal da beleza humana, expressado em obras de arte deste período: socialmente, os homens reuniam-se para apreciar as artes desenvolvidas na época, entre pintura, escultura e música, discutiam a filosofia, também em desenvolvimento e, para divertirem-se e cultuarem seus corpos, praticavam ginástica, que, definida por Platão e Aristóteles, era uma prática que salientava a beleza através dos movimentos corporais. Foi ainda na Grécia Antiga, que a ginástica adquiriu seu status de educação física, pois esta desempenhava papel fundamental no sistema educativo grego para o equilíbrio harmônico entre as aptidões físicas e intelectuais.

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1. A Ginástica A ginástica é um conceito que engloba modalidades competitivas e não competitivas e envolve a prática de uma série de movimentos exigentes de força, flexibilidade e coordenação motora para fins únicos de aperfeiçoamento físico e mental.

1.1 História: surgimento e evolução Milenar, a ginástica fez parte da vida do homem pré-histórico enquanto atividade física, pois detinha um papel importante para sua sobrevivência, expressada, principalmente, na necessidade vital de atacar e defender-se. O exercício físico utilitário e sistematizado de forma rudimentar era transmitido através das gerações e fazia parte dos jogos, rituais e festividades. Mais tarde, na antiguidade, principalmente no Oriente, os exercícios físicos apareceram nas várias formas de luta, na natação, no remo, no hipismo e na arte de atirar com o arco, além de figurar nos jogos, nos rituais religiosos e na preparação militar de maneira geral. Como prática esportiva, a ginástica teve sua oficialização e regulamentação tardiamente, se comparada a seu surgimento enquanto mera condição de prática metódica de exercícios físicos, já encontrados por volta de 2 600 a.C., nas civilizações da China, da Índia e do Egito, onde valorizava-se o equilíbrio, a força, a flexibilidade e a resistência, utilizando, inclusive de materiais de apoio, como pesos e lanças. Este conceito começou a desenvolver-se pela prática grega, que o levou através do Helenismo e do Império Romano. Foram os gregos os responsáveis pelo surgimento das primeiras escolas destinadas à preparação de atletas para exibições ginásticas em público e nos ginásios. Seu estilo nascia da busca pelo corpo são, mente sã e do ideal da beleza humana, expressado em obras de arte deste período: socialmente, os homens reuniam-se para apreciar as artes desenvolvidas na época, entre pintura, escultura e música, discutiam a filosofia, também em desenvolvimento e, para divertirem-se e cultuarem seus corpos, praticavam ginástica, que, definida por Platão e Aristóteles, era uma prática que salientava a beleza através dos movimentos corporais. Foi ainda na Grécia Antiga, que a ginástica adquiriu seu status de educação física, pois esta desempenhava papel fundamental no sistema educativo grego para o equilíbrio harmônico entre as aptidões físicas e intelectuais.

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Já em Esparta, na mesma época, este conceito servia unicamente ao propósito militar, treinando as crianças desde os sete anos de idade para o combate. Tal pensamento fez sua participação nos Jogos diminuir com o passar dos anos. Em Atenas, todavia, só a partir dos quatorze anos, os rapazes praticavam a educação física: exercitavam-se nas palestras, que eram locais fechados e, sob os conselhos dos sábios, praticavam os exercícios. Aprovados, seguiam, ao completarem dezoito anos, para os ginásios, nos quais, tutelados pelos ginastes, formavam-se inseridos num ambiente em que se exibiam obras de arte e onde os filósofos reuniam-se para discutir sobre a união corpo e mente. Apresentado à Roma, este conceito esportivo atingiu fins estritamente militares, de prática nas palestras, para os jovens acima dos quatorze anos, e adquiriu um novo nome, o de ginástica higiênica, aplicada nas termas, já que os romanos viam o culto físico como algo satânico e, em nome de Deus e da moral, decretaram o fim dos Jogos Olímpicos antigos, nos quais estava inserida a ginástica enquanto festividade e preparação. No entanto, parte do povo manteve o culto ao corpo e a educação física como práticas secretas. Na Idade Média, a ginástica perdeu sua importância devido à rejeição do culto ao físico e à beleza do homem, ressurgindo somente na fase renascentista, influenciada pela redescoberta dos valores gregos, aparecendo assim nos teatros de rua, que motivavam os espectadores a praticarem em grupo as atividades físicas. Estruturalmente, ressurgiu o termo ginástico higiênica, voltado para a prática do exercício apenas direcionada para a manutenção da saúde do indivíduo, descrita na obra Arte Ginástica, de Jeronimus Mercurialis. Por volta do século XVIII, recuperou-se e desenvolveu-se conceituada em duas linhas, como expressão corporal e como exercício militar, após a publicação de Émile, livro do pedagogo Jean-Jacques Rousseau, que defensor da aprendizagem indutiva, definiu:

“O exercício tanto torna o homem saudável como sábio e justo (…) quanto maior sua atividade física, maior sua aprendizagem”

Desse momento em diante, inúmeros educadores voltaram-se para a prática esportiva, na busca de uma melhor elaboração de métodos especializados e escolas de educação física. Entre os destacados estiveram o espanhol Francisco Amoros, que desenvolveu um estudo voltado para a resistência física, o alemão

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Friedrich Ludwig Jahn, que desenvolveu aparelhos e deu início a sistematização da ginástica artística, o sueco Pehr Henrik Ling, que iniciou a separação da ginástica em categorias, como a de fins militares e a para a formação, e o dinamarquês Niels Bukh, que desenvolveu vestimentas, novas formas de toque na prática coletiva e envolveu o conceito, assim como Jahn, com a política. Enquanto Jahn utilizou dos conceitos da ginástica para restaurar o espírito alemão humilhado por Napoleão e desenvolver a força física e moral dos homens através da prática desta atividade para assim reunir seguidores militares contra as tropas do governantes francês, Bukh cooperou, com seus estudos, para o regime nazista, enquanto melhorias na preparação dos combatentes. Com a evolução da educação física, a ginástica especializou-se, de acordo com as finalidades com que é praticada ou então em correspondência com os movimentos que a compõem. Enquanto modalidade esportiva, não parou de se desenvolver. Dentre as provas esportivas dos Jogos Olímpicos, é uma das mais antigas. Por isso e por seu desenvolvimento, sua história é constantemente confundida com a de sua primeira ramificação, a artística, o que não fere suas individualidades. Fora das escolas e dos ginásios, a ginástica conquistou espaço por desempenhar função na sociedade industrial, apresentado-se capaz de corrigir os vícios da postura acarretados pelos esforços e repetições físicas no ambiente de trabalho. Tal capacidade mostrava sua vinculação com a medicina e isso lhe rendeu status entre os adeptos e estudiosos dessas questões, adquirindo então uma nova ramificação em sua história evolutiva. Durante o século XIX, a ginástica passou a refletir apenas o significado de prática esportiva moderna, deixando para trás a preparação militar e a preparação para e junto a outras atividades, como o atletismo praticado nos Jogos Olímpicos antigos. Nesta época, surgiram e aprimoraram-se as escolas inglesa, alemã, sueca e francesa. Exceto a inglesa, destinada unicamente a elaboração de jogos e a atividade atlética, as demais determinaram e expandiram os métodos ginásticos, passados através dos movimentos europeus que resultaram na criação das Lingiadas, festival internacional de ginástica criado em comemoração aos cem anos da morte de Ling. Estes movimentos ainda influenciaram-se e universalizaram os conceitos ginásticos, posteriormente trabalhados dentro de cada modalidade. Nesse mesmo século, surgiu a entidade que passou a regrar as práticas do desporto: a Federação Europeia de Ginástica (em

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francês: Fédération Européenne de Gymnastique), fundada por Nicolas J. Cupérus e que contou com a participação de três países - Bélgica, França e Holanda. Em 1921, a FEG tornou-se a atualmente conhecida FIG (Federação Internacional de Ginástica), quando os primeiros dezesseis países não europeus foram admitidos na entidade, sendo os Estados Unidos, o primeiro. Nos dias atuais, é considerada a organização internacional mais antiga responsável pela estruturação da ginástica. Mesmo sem carácter competitivo, a modalidade tem figurado em cerimônias de abertura de jogos, caracterizando-se como um dos pontos mais belos destes eventos, nos quais a criatividade, a plasticidade e a expressão corporal tornam-se presentes na participação sincronizada de um grande número de ginastas. Na era moderna, a ginástica, inicialmente tida como prática física passou a ser dividida e estruturada em cinco campos de atuação, que se desenvolvem unidas pelo conceito e separadas nos fins: condicionamento físico, de competições, fisioterapêuticas, de demonstração e de conscientização corporal.

1.2 Presença, popularidade e categorização A ginástica está inserida na sociedade como influência nas artes e no meio social desde a Grécia Antiga. Os artistas gregos, observadores dos exercícios físicos, eram precisos conhecedores do corpo humano. O culto ao físico era admirado por estes artistas, que esculpiam a figura humana com perfeição. Na arte grega da época, as condições físicas e espirituais variavam constantemente. Tais modificações passadas pelo homem grego acompanhavam as mudanças sofridas pela ginástica, a maneira mais comum e difundida de cultuar a forma física. Baseados nisso, estudos comprovam que na impressão corporal de uma obra de arte sobre a conformação física, está desempenhado o papel fundamental da ginástica e de outros esportes praticados. Não só na escultura a ginástica esteve presente. Na filosofia, Platão, que havia sido lutador na juventude, defendeu em seu livro, A República, que a música e a ginástica são as duas disciplinas que devem ser combinadas para alcançar a perfeição da alma e assim formar jovens equilibrados. Tal postura deu à prática um objetivo pensador oposta ao culto físico. Aristóteles já considerava a ginástica útil porque melhorava a saúde, sustentava valores e aumentava a força. Segundo suas palavras, as crianças não deviam realizar treinos duros antes da puberdade, como sustentavam os espartanos. Junto à Mitologia grega, a ginástica foi relacionada à imagem de Hermes, deus de beleza jovem e atlética, patrono dos

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esportistas, mensageiro dos Deuses e defensor dos homens perante o Olimpo. Em cada ginásio, havia dele uma figura, bem como a de seu irmão, Apolo, o deus mais venerado entre os gregos após Zeus. Era Apolo, o deus da saúde e da juventude bela e forte, da música e da poesia, que, para os gregos, compunham os objetivos da beleza plena atingida através de um sistema ético e pedagógico defendido pelos filósofos, ou seja, do físico são e da alma sábia. Mais tarde, ao entrar no Império Romano, a ginástica ligada à arte, à filosofia e às divindades religiosas gregas, perdeu totalmente seu espaço, permanecendo como conceito apenas físico, ligado ao corpo e à saúde. Com o passar dos anos, a ginástica, enquanto parte formadora do conceito da educação física como nascida na Grécia Antiga, tornou-se um campo de conhecimento e uma prática pedagógica do conjunto das manifestações corporais que ainda se fazem presentes em diferentes espaços, como escolas, academias, centros culturais e até praças de lazer. Nas escolas, deve ser aplicada de forma a mostrar os saberes, as experiências e as produções deste conjunto de manifestações do corpo, para transmitir as riquezas culturais presentes nos bens socialmente produzidos, como as esculturas dos tempos da Grécia Antiga. Enquanto aplicada ao lazer, deve oferecer referências teóricas e práticas a fim de enriquecer o olhar dos praticantes para o experimentar, sentir, tocar e relacionar-se com o próprio corpo, em meio a uma criação e recriação social de aprendizagem em intercâmbio cultural e de expressão corporal. A dança, tão abrangente significativamente quanto a ginástica, é uma outra expressão do corpo que a acompanha no mesmo significado, tanto academicamente, quanto para o lazer e para a competição, como mostradas unidas na modalidade rítmica da ginástica. Em suma, a popularização e os diferentes estudos da prática gímnica atingiu todo o mundo, presente nos mais variados grupos. Seus benefícios à saúde são reconhecidos e por isso, seus exercícios são amplamente utilizados, nas mais variadas formas e para as maiores finalidades. Presente na cultura humana desde a conhecida pré-história, a ginástica dividiu-se por diferentes ramificações, possui publicações didáticas e históricas, revistas especializadas, como a International Gymnasts, e já apareceu, inclusive, em filmes, como o Gymkata de 1985, o Little Girls in Pretty Boxes: The Making and Breaking of Elite Gymnasts and Figure Skaters de 1997, e o Stick It, de 2006, que contou com a

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participação das ginastas Nastia Liukin e Carly Patterson e dos treinadores Valeri Liukin e Bart Conner. Para os ginastas artísticos ainda existe o International Gymnastics Hall of Fame, a mais popular honraria concedida aos atletas e treinadores vitoriosos e inovadores.

1.3 As categorias Modernamente, a fim de evitar a limitação do conceito ginástica ao esportivo ou a uma de suas modalidades, a ginástica passou a ser dividida em cinco campos de atuação e desenvolvimento: condicionamento físico, de competições, fisioterapêuticas, de demonstração e de conscientização corporal. A de condicionamento físico engloba todas as modalidades que possuem o objetivo final de adquirir e manter a condição física de um praticante ou de um atleta; as de competição, como o próprio nome define, reúne todas as modalidades competitivas e abarcadas pela Federação Internacional; as ginásticas fisioterapêuticas abarcam todas aquelas práticas responsáveis pela utilização do exercício físico na prevenção ou tratamento de doenças e para reabilitação de acidentados; as de demonstração têm como principal função a interação social e o compartilhamento do aprendizado e da evolução gímnica, tendo como o maior exemplo, a Gymnaestrada; por fim, as de conscientização corporal focam-se em reunir novas propostas de abordagem do corpo na busca da solução de problemas físicos e posturais.

Modalidades: as subdivisões competitivas A ginástica moderna, regimentada pela Federação internacional de Ginástica, incorpora seis modalidades distintas, com uma delas divida em duas ramificações de importância igual, gerando assim um total de sete, de acordo com a visão da federação, que deu ainda a cada uma delas um específico Código de Pontos.

Ginástica acrobática Embora a acrobacia, enquanto prática, tenha desenvolvido-se durante o século VIII, devido ao surgimento do circo, as primeiras competições do esporte datam do século XX, com o primeira realizada em 1973. Nesse mesmo ano, fora criada Federação

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Internacional de Esportes Acrobáticos, fundada, em 1998, à FIG. Esta modalidade tem por objetivo o trabalho em grupo e a cooperação. Confiar no parceiro é habilidade imperativa para o trabalho em equipes, que consiste em beleza, dinâmica, força, equilíbrio, destreza, coordenação e flexibilidade. Suas competições possuem cinco divisões: par feminino, par masculino, par misto, trio feminino e quarteto masculino. As rotinas são executadas em um tablado de 12x12 metros, em igual medida ao da prática artística. Os acrobatas em grupo devem executar três séries: de equilíbrio, dinâmica e combinada. Uma de Equilíbrio, uma Dinâmica e outra Combinada. As séries dinâmicas são mais ativas e com elementos de lançamentos com voos do ginasta. As de equilíbrio valorizam os exercícios estáticos. Em níveis mais altos, a combinada é um misto das duas séries anteriormente citadas. Todas as apresentações são realizadas com música, a fim de enriquecer os movimentos corporais.

Ginástica aeróbica Esta modalidade - elaborada por Kenneth Cooper - foi inicialmente desenvolvida para o treinamento de astronautas. Mais tarde, a iniciativa fora continuada por Jane Fonda, que expandiu o programa técnica e comercialmente para se tornar a popular fitness aerobics. Assim, a ginástica aeróbica surgiu no final da década de 1980 como forma de praticar exercícios físicos, voltada para o público em geral. Pouco depois, tornou-se também um esporte competitivo para ginastas de alto nível. Quatorze anos mais tarde, a Federação Internacional organizou os campeonatos mundiais da modalidade, cuja primeira edição contabilizou a participação de 34 países. Esta disciplina requer do ginasta um elevado nível de força, agilidade, flexibilidade e coordenação. Piruetas e mortais, típicos da ginástica artística, não são movimentos executados pela modalidade aeróbica. Seus eventos são divididos em cinco: individual feminino e masculino, pares mistos, trios e sextetos. De acordo com a FIG, o Brasil é o país com o maior número de praticantes da ginástica aeróbica, com mais quinhentos mil praticantes. Estados Unidos, Argentina, Austrália e Espanha, são outros países de práticas destacadas.

Ginástica artística

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Exibição no cavalo com alças, um dos seis aparelhos masculinos da ginástica artística. Esta modalidade, por ser a mais antiga de todas, tem sua história constantemente confundida com a da própria ginástica. Enquanto cunho esportivo, a ginástica artística foi a primeira ramificação da ginástica em si, em matéria de combinação de exercícios sistemáticos, criada para diferenciar as técnicas e os movimentos criados das práticas militares. Praticada desde a Grécia antiga, se vista como ginástica, a artística evoluiu com o surgimento dos centros de treinamento, idealizados e realizados pelo alemão Friedrich Ludwig Jahn, que criou e aperfeiçoou aparelhos como conhecidos hoje. Sua inserção nos Jogos Olímpicos da era moderna, deu à ginástica o status de esporte olímpico, no qual se desenvolveram e são disputadas suas demais modalidades competitivas dentro do conceito de esporte e modalidade do Comitê Olímpico Internacional. Suas competições dividem-se em duas submodalidades, vistas pela FIG como modalidades diferentes e de igual importância às outras cinco: WAG (feminina) e MAG (masculina), com regras e aparelhos distintos. Enquanto os homens disputam oito provas - equipes, concurso geral, cavalo com alças, argolas, barras paralelas, barra fixa, solo e salto -, as mulheres disputam seis - equipes, individual geral, trave e barras assimétricas. Os ginastas devem mostrar força, equilíbrio, coordenação, flexibilidade e graça (este último, unicamente na WAG). Na competição, as notas são divididas em de partida e de execução. Na fase classificatória, os primeiros 24 colocados avançam para a prova do concurso geral, as oito primeiras nações avançam para a final coletiva e os oito melhor colocados em cada aparelho avançam para as finais individuais por aparato.

Ginástica geral A ginástica para todos traz a essência da prática para dentro da Federação Internacional, ou seja, é o conceito da própria ginástica, inserida na e para a federação. Historicamente, a origem desta modalidade não competitiva, está atrelada à trajetória da própria FIG e tem por significado a junção de todas as modalidades, que resultam em um conjunto de exercícios que visam os benefícios da prática constante. O importante é realizar os movimentos gímnicos com prazer e originalidade. Esta modalidade não é competitiva e pode ser praticada por todos independente de idade, porte ou aptidão física. Em suma, a ideia da ginástica geral é a mesma da ginástica enquanto prática física descrita por Francisco Amoros. Por mostrar-se mais interessado pelos festivais de

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ginástica e pelos benefícios da modalidade do que pelas competições, o até então presidente Nicolas Cupérus, idealizou uma Gymnaestrada calcado na filosofia da ginástica geral, que representa a ideia primeira da ginástica em si. Falecido, não chegou a vê-lo realizado, pois só em 1953, o Festival Internacional de Ginástica, inspirado nas Lingiádas, festivais de apresentação das práticas gímnicas que aconteciam na Suécia, teve sua primeira edição concretizada, em Roterdã. É durante as Gymnaestradas que os atletas e praticantes mostram a evolução do esporte e compartilham seus conhecimentos entre as nações.

Ginástica rítmica Data do século XVI o primeiro relato acerca da prática da ginástica ligada ao ritmo. A partir disso, foram mais de duzentos anos até se tornar um conjunto uniforme de dança, levado à extinta União Soviética, onde passou a ser ensinado como um novo esporte. Mais tarde, obteve sua independência da modalidade artística - para a qual deixou a musicalidade - e um sistema organizado, com aparelhos e competições próprios, criados pelo alemão Medau e incentivado pela árbitra Berthe Villancher. Em 1996, tornou-se um esporte olímpico, cem anos após a entrada da ginástica em Jogos Olímpicos. Esta modalidade envolve movimentos de corpo em dança de variados tipos e dificuldades combinadas com a manipulação de pequenos equipamentos. Em suas rotinas, são ainda permitidos certos elementos pré-acrobáticos, como os rolamentos e os espacates. As atletas, durante suas apresentações, devem mostrar coordenação, controle e movimentos de dança harmônicos e sincronizados com as companheiras e a música.

Ginástica de trampolim Ainda que seu surgimento seja impreciso, é sabido que na Idade Média os acrobatas de circo utilizavam tábuas de molas em suas apresentações e os trapezistas realizavam novos saltos a partir do impulso realizado em uma rede de segurança. Contudo, apenas no início do século XX, apareceram as performances realizadas em "camas de pular", enquanto forma de entretenimento. Na história circense, estudiosos supõem que o acrobata Du Trampolin, aproveitou a impulsão da rede de proteção como forma de decolagem. Mais tarde, o aparelho sofreu um outro tipo de

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modificação, nos Estados Unidos, para atividade de queda e mergulho. Enquanto esporte, o trampolim foi criado por George Nissen, em 1936, e institucionalizado como modalidade esportiva nos programas de Educação Física em escolas, universidades e treinamentos de militares. Popularizado, é praticado por profissionais do esporte e amadores. Como modalidade regida pela FIG, o trampolim consiste em liberdade, voo e espaço. Inúmeros mortais e piruetas são executados a oito metros de altura e requerem precisão técnica e preciso controle do corpo. As competições são individuais ou sincronizadas para os homens e para as mulheres. São usados um e dois trampolins para um ou dois atletas de performances parecidas que devem executar uma série de dez elementos. Tumbling Esta, em contraposto ao que aparenta, não é uma prática nascida do trampolim acrobático, embora pertença ao mesmo grupo. Modalidade integrante dos Jogos Olímpicos de Los Angeles - 1932, teve como primeiro campeão do mundo, o norte-americano Rolando Wolf. Nas décadas de 1960 e 1970 o tumbling atingiu maior popularidade na Europa Oriental, tendo gradualmente adquirido presença na Europa Ocidental, Estados Unidos, Ásia e Austrália. O tumbling é executado em uma pista elevada de 25 metros, que ajuda os acrobatas dando uma propulsão que os elevam até altura superior a de uma tabela de basquetebol. Durante a performance, o ginasta deve sempre demonstrar velocidade, força e habilidade, enquanto executa uma série de manobras acrobáticas. Mortais com múltiplos saltos e piruetas serão executados sempre em busca de uma performance próxima ao limite de altura e velocidade. Duplo-mini Considerado um esporte relativamente novo, o duplo-mini é um misto do trampolim acrobático e do tumbling: combina a corrida horizontal do tumbling com os saltos verticais do trampolim. Depois de uma pequena corrida, o atleta salta sobre um trampolim pequeno, duplamente nivelado, para executar um salto em um dos níveis, ressaltando no segundo, seguido imediatamente por um elemento que irá finalizar sobre o colchão de aterrissagem. O duplo-

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mini trampolim é semelhante em conceito a um trampolim de mergulho, porém usando um colchão em vez de água.

A Federação Internacional Todas as competições oficiais de ginástica e a Gymnaestrada são reguladas pela Federação Internacional de Ginástica (FIG), que estabelece normas e calendários para todos os eventos internacionais competitivos ou não. Fundada em 23 de julho de 1881, a FIG tem ainda a responsabilidade sobre o Código de Pontuação, a publicação que orienta os ginastas, técnicos e árbitros na elaboração, composição e avaliação das séries em todas as provas, e que ainda rege os resultados da modalidade, além de ser utilizado para pontuar os eventos da ginástica em nível internacional, como os Mundiais e os Jogos Olímpicos. A FIG é também responsável pela realização dos Campeonatos Mundiais de Ginástica e pela Copa do Mundo de Ginástica Artística, realizada em várias etapas. Existem ainda diversas outras competições, a nível continental, nacional e regional. Como filiadas diretas e responsáveis pelas federações nacionais, estão a União Europeia de Ginástica, a União Pan-americana, a União Asiática e a União Africana.

Modalidades não competitivas Além das modalidades regidas pela FIG, existem ainda outras, difundidas e popularizadas, cujos fins trabalham no patamar único das melhorias para o corpo e a mente, praticadas em academias, escritórios, residências, consultórios e ao ar livre; em grupos, individualmente e/ou como tratamento. Estas modalidades são aquelas que, evoluídas, assim como as modalidades competitivas, também caracterizam-se por retirar do ser humano uma capacidade que independe de posição sociocultural ou geográfica: seus movimentos naturais em benefício de si mesmos. Um exemplo desta atividade é o salto, que, estudado de forma sistemática, foi sendo aprimorado e modificado para os mais variados esportes e para as mais variadas utilidades entre as ramificações não competitivas, sejam elas para recreação, interação social ou recuperação.

Contorcionismo

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Historicamente, o contorcionismo era encontrado em ilustrações e esculturas no Egito, Grécia e Roma. O circo romano foi um dos impulsos para que esta modalidade perdurasse. Além das civilizações antigas esta arte também foi encontrada em meio aos Hindus, que realizavam diversas poses de contorção para atender ao benefício corporal e espiritual. O contorcionismo é o chamado over da flexibilidade gímnica. É nessa modalidade, que os praticantes atingem flexão acima dos ditos limites do corpo. Seus exercícios são tipicamente desempenhados em circos, como o Cirque du Soleil, ou práticas que envolvam alongamento, como a yoga e o pilates, e constitui um número de espetáculo reconhecido e admirado no mundo, desde a Antiguidade. O contorcionismo consiste em executar movimentos de flexibilidade pouco comuns, como girar a coluna até 180 graus e os braços em 360. Um dos maiores representantes desta prática é o norte-americano Daniel Browning Smith.

Ginástica laboral A ginástica laboral é definida como a realização de exercícios físicos no ambiente de trabalho, durante o horário de expediente, para promover a saúde dos funcionários e evitar lesões de esforços repetitivos e doenças ocupacionais. Além dos exercícios físicos, consiste em alongamentos, relaxamento muscular e flexibilidade das articulações. Apesar da prática da ginástica laboral ser coletiva, ela é moldada de acordo com a função exercida por cada trabalhador. Nascida em 1925, entre os operários poloneses, a ginástica laboral foi passada à Holanda, Rússia, Bulgária e Alemanha Oriental. Mais tarde, chegou ao Japão. Após a Segunda Guerra Mundial, o programa espalhou-se e evoluiu pelo mundo. Apesar de não conhecida por esta denominação, foi a ginástica laboral que deu à ginástica um elo com a Medicina, o que lhe rendeu status na sociedade enquanto âmbito a ser estudado e aprimorado.

Ginástica localizada e de academia A ginástica localizada é dita uma das formas mais tradicionais e populares de prática do exercício físico, dentre as demais modalidades não esportivas e consiste em exercícios priorizando séries para cada segmento muscular ou pelos segmentos articulares. Com duração de aproximados sessenta minutos, as

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práticas da ginástica localizada levam ao condicionamento físico, emagrecimento e fortalecimento muscular. Sua prática lembra a ginástica aeróbica A ginástica de academia, subdivide-se em categorias menores - como step, aeroboxe, body pump, tae fight e circuito -, consiste em um apanhado organizado de movimentos ginásticos, a fim de moldar o corpo e dar aos praticantes hábitos mais saudáveis. É através da repetição que a ginástica utilizada nas academias atinge resultados satisfatórios. Seus exercícios são trabalhados separadamente e para cada parte do corpo é realizada uma sequência de movimentação diferente, seja com pesos ou não, individual ou em grupo. Bem como a localizada, sua prática lembra a ginástica aeróbica, como assim também costuma ser chamada.

Ginástica natural, corretiva, de compensação e de conservação A ginástica natural possui os conceitos e fundamentos de métodos de séculos passados, fundamentada nos movimentos naturais do homem primitivo e nas atividades em contato com a natureza. No entanto, seus exercícios, para serem praticados ao ar livre e nas aulas para ambientes fechados, foram desenvolvidos e adaptados de uma forma única e com influências dos esportes praticados por Alvaro Romano, seu criador. Com uma movimentação constante e várias combinações de movimentos, a ginástica natural tem como base a movimentação no solo do jiu-jitsu, os exercícios de força com o peso do próprio corpo, técnicas de alongamento e flexibilidade de forma dinâmica, acrescidos de técnicas de respiração. É um trabalho completo que desenvolve qualidades físicas como força, flexibilidade, coordenação e técnicas de respiração, que proporcionam ao praticante uma grande evolução no seu controle motor e mental. A ginástica corretiva, por sua vez, é uma modalidade de prática individual, de uso da medicina, que visa a correção da coluna vertebral, bem como o tratamento de anomalias musculares e deformações congênitas. Entre alguns desvios posturais que a corretiva é capaz de amenizar estão a escoliose e a hiperlordose. As de compensação e de conservação possuem o mesmo caráter individual da corretiva, e visam a melhora postural do indivíduo antes da fase de correção.

Hidroginástica

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A história desta modalidade não competitiva remonta ao fim da Grécia Antiga e ao Império Romano. A chamada ginástica higiênica deu origem as práticas dos exercícios ginásticos dentro das termas e piscinas públicas, nas quais as pessoas se reuniam para uma espécie de hidroterapia. No Oriente, em relatos chineses e japoneses, esta prática também era comum em forma de massagens e movimentos corporais. Por isso, a ginástica e a hidroterapia são consideradas as precursoras da hidroginástica, que, aplicadas juntas, lhe deram a forma vista nos anos de 1950, quando esta modalidade gímnica passou a ser sistematizada para academias e grupos de praticantes. A hidroginástica tem por finalidade melhorar a capacidade aeróbica e cardiorrespiratória, a resistência e a força muscular, a flexibilidade e o bem-estar de seus praticantes. Possui a vantagem de poder ser praticada por pessoas de qualquer sexo e idade. A hidroginástica é uma opção alternativa para o programa de prática mais comum de exercícios, como a ginástica de academia. Sua eficácia vai de atletas em treinamento, gestantes, pessoas em fase de reabilitação, até as que estão acima ou abaixo do peso ou com algum tipo de deficiência. Os exercícios aquáticos são divertidos, agradáveis, eficazes, estimulantes, cômodos e seguros. A hidroginástica permite a redução no esforço articular. Referências: SOARES, Carmem Lúcia. Educação Física: raízes europeias e Brasil. Campinas-RS, Autores Associados, 1994. Site da Federação Internacional de Ginástica: http:/ / www. fig-gymnastics. com/

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HISTÓRICO DA GINÁSTICA 1

Brian Hayhurst

1 - HAYHURST, Brian Gimnasia Artística - Barcelona - España - 1a Edicion 1.983 - Parramón Ediciones, S.A – p. 10/12

HISTÓRICO DA GINÁSTICA

A ginástica, propriamente chamada ginástica artística, tem se convertido num dos desportos mais populares. Seu enorme atrativo, tanto para os jovens como para os maiores, coincide com o aumento do tempo, que as pessoas dedicam a diversão.

ser humano começou a interessar-se pela ginástica a milhares de anos. Naqueles distantes dias, os homens recorriam a exercícios como treinamento para a guerra. Na antiga Grécia, a ginástica era muito mais importante. Durante os primeiros Jogos Olímpicos, no ano de 776 AC. Os gregos descobriram o valor dos sistemas de exercícios como preparação para algo mais que a simples luta e o salto, e também fomentaram a aptidão física geral como algo vital para o desenvolvimento físico da pessoa. Os movimentos ginásticos contribuem para esta aptidão geral.

A importância da cultura física declinou com a queda dos impérios grego e romano. Durante muitos séculos, somente os acrobatas mantiveram vivas as habilidades da ginástica. No século XIX, renasceu de novo o interesse pela ginástica e outros desportos.

COMEÇO DA GINÁSTICA MODERNA

Em 1.811, um maestro de escola deBerlim, Ludwing Jahn (1.778 - 1.852), fundou uma escola de ginástica ao ar livre, criando aparelhos para usar na escola. Grande parte do atual equipamento competitivo evoluiu a partir de seus desenhos. Devido a sua imensa contribuição ao desporto, Jahn é lembrado como Turnvater Jahn, “Pai da Ginástica”.

Na mesma época, na Suíça, Pehr Henrik Ling (1.776 - 1.838) introduziu um tipo diferente de ginástica. Seu sistema, baseado no exercício coletivo, aspirava a desenvolver um ritmo perfeito do movimento. Os métodos de Ling foram adotados também para o treinamento militar. Os dois estilos , desenvolvimento muscular com o uso de aparelhos e movimento rítmico, competiram em popularidade. Nasceram Clubes de Ginástica Internacionais.

Gradualmente estes clubes estabeleceram associações nacionais para controlar os treinamentos e as competições. Mais tarde, 1m 1.881, um Belga, Nicolas Cuperus, fundou a Federação Internacional de Ginástica (F.I.G.) que unia as diversas associações nacionais.

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VOLTAM OS JOGOS OLIMPICOS

Durante quase um século a F.I.G. vinha controlando a ginástica internacional. Na década de 1.921-30, a Federação uniu os sistemas de Jahn e de Ling, combinando assim a precisão do método alemão com a fluidez do estilo sueco. Na atualidade a F.I.G. com sede principal na Suíça, agrupa setenta e quatro organizações nacionais.

Em 1.878, pouco antes da fundação da F.I.G., uns arqueólogos alemães escavaram os lugares onde se tinham celebrado os antigos Jogos Olímpicos, em Olímpia, Grécia. Este feito interessou amuitos pessoas e em 1.894, um humanista e pedagogo francês, o Barão Pierre de Coubertin, convocou representantes de 12 países para celebrar uma conferencia em Paris sobre o desporto amador.

Esta reunião teve como conseqüência o ressurgimento dos Jogos após um lapso de 1.500 anos. Os primeiros Jogos Olímpicos Modernos foram celebrados em1.896, em Atenas, tiveram lugar num estádio de pistas de mármore, construído para a ocasião, ante uma multidão de 50.000 pessoas, os 311 competidores de um total de treze países era unicamente homens. Na competição de Ginástica, a equipe alemão ganhou quase todos os troféus.

MOMENTOS DECISIVOS EM MUNIQUE

Antes de 1.972, a Ginástica era um desporto pouco “televisivo”, era considerado como algo próprio de minorias. Nos Jogos Olímpicos de 1.972, em Munique, se produziu uma explosão de interesse pela ginástica, graças a uma ginasta soviética OLGA KORBUT e a um

diretor de televisão alemão. Este diretor, a quem haviam encarregado de gerar imagens a 25 países, tinha meia hora se cobrir e a utilizou dirigindo suas câmaras para a atuação das ginastas, naquele preciso momento, Olga fazia sua apresentação, assim de forma complemente inesperada, milhões de pessoas puderam ver de perto sua etérea figura. Enquanto transcorriam os minutos, foram testemunha de seu vibrante carisma e mais tarde, depois num dramático erro nas barras assimétricas, de seu emotivo desalento. O publico se encantou com aquela menina russa e da noite para o dia o nome Olga korbut foi familiar em todos os lugares. Ao final dos Jogos, se tinha escrito sobre Olga muito mais palavras que sobre a maioria dos atletas ao longo de toda sua vida. Um sem fim de jovens queriam ser como ela. Havia chegado a hora da Ginástica Feminina.

PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES

Durante muitos anos, a idéia de que as mulheres podiam competir na Ginástica Olímpica resultou completamente inadmissível, inclusive era tabu que uma mulher exibisse algo que não fosse os braços. Porém finalmente, após uma longa espera, às ginastas foram autorizadas a participar nos Jogos. Sua primeira aparição foi em 1.928, nos Jogos Olímpicos de Amsterdã, no qual a equipe Holandesa ganhou a medalha de ouro. Gradualmente, as equipes femininas foram participando de forma habitual nas competições ginasticas.

A URSS participou pela primeira vez nos Jogos Olímpicos em 1.952, em Helsink. Sua participação causou enorme impacto no mundo do desporte, especialmente na ginástica. Em particular, a atuação das ginastas soviéticas notável e

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marcou um ponto crucial na história da ginástica feminina. Durante quase uma década, a ginasta russa Larissa Latynina dominou os principais acontecimentos da especialidade. Ganhou mais medalhas que qualquer outra ginasta e obteve infinidade de títulos europeus, mundiais e olímpicos.

A SUPER MENINA ROMENA

Depois de Olga, veio a assombrosa menina romena Nádia Comaneci. Igual a sua predecessora, a juventude e habilidade de Nádia cativaram a atenção do público e mais tarde elevaram a popularidade da ginástica ao mais alto nível. A primeira vez que a pudemos ver no Ocidente foi no Torneio de Todos Campeões de Wembley, em 1.975. Embora só contasse treze anos, Nádia sobressaiu como indiscutível ganhadora, contra ginastas de extraordinário talento. Chegou a ser campeã da Europa e um ano depois, nos Jogos Olímpicos de Montreal, alcançou a perfeição ao obter sete pontuações máximas.

Nádia tinha mais ou menos a mesma estatura de Olga, porém sua natureza, um tanto melancólica, contrastava com a simpatia da russa. Isto motivou que os meios de comunicação criticasse os métodos de treinamento europeu que pareciam produzir robôs. É verdade que

Nádia não sorri muito e muido, porém, não é menos certo que a ginastica, a seu nível, constitui um assunto sério. No espaço de 4 anos, Nádia alcançou o máximo de 10 pontos não menos que 30 vezes e 9,9 várias vezes.

OS EE.UU. ENTRAM EM CENA

Em resposta a petição geral, países que já ocupavam um posto importante neste campo, foram chamados a competir e ensinar a outros. Os grandes da ginastica eram a URSS, Alemanha Oriental e Ocidental, Checoslováquia e Romênia. Logo chegaram os Norte Americanos, debaixo de sua poderosa Federação Ginastica (USGF), representando um certo número de jovens competidores que alcançavam com freqüência as finais e em ocasiões ganharam medalhas. Kathy Rigby foi a primeira que sobressaiu ao ganhar uma medalha de prata nos Jogos Mundiais em 1.970. Mais recentemente tem se distinguido Donna Turnbow e Kathy Johnson, com extraordinárias atuações no mais alto nível. Estimulados pelo grande interesse mostrado pela televisão, um patrocínio cada vez maior e o nascimento de novos clubes, os EE.UU. destacam como uma das principais nações ginasticas do mundo.

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A ginástica geral na Educação Física escolar e a pedagogia histórico-crítica

The general gymnastic in the school Physical Education and the historical-critic pedagogy

*Graduado em EF pela Universidade Estadual de Maringá.

**Doutora em EF pela Faculdade de Educação Física da UNICAMP. Professora do Departamento de EF da Universidade Estadual de Maringá.

***Mestranda em EF pelo Departamento de EF da UEM. Professora do CESUMAR.(Brasil)

Mozar Carlos Pereira Ricci*

Ieda Parra Barbosa-Rinaldi** Vânia de Fátima Matias de Souza***

[email protected]

Resumo Esse estudo, de caráter descritivo, objetivou analisar como a ginástica geral pode ser desenvolv ida na educação física escolar a partir da pedagogia históricocrítica. Por meio da aplicação de aulas de ginástica geral para alunos do ensino fundamental de uma instituição pública do município de Maringá-Paraná-Brasil,apresentamos encaminhamentos metodológicos para o trato com esse conhecimento. A presente pesquisa constituiu-se de quatro etapas: estudo de abordagensmetodológicas; localização de como a ginástica geral poderia ser trabalhada a partir da abordagem escolhida; elaboração e aplicação de 12 aulas de ginástica geralcom base pedagogia histórico-crítica para alunos de primeira série; e, interpretação das experiências de ensino com a ginástica geral na educação física escolar.Encontramos algumas dificuldades na ação docente com essa abordagem, sobretudo pela falta de experiência dos alunos com uma prática pedagógica quepriv ilegie a reflexão crítica. Entretanto, o estudo indica a v iabilidade da ginástica geral como conhecimento da educação física escolar e aponta a necessidade deentender sua dimensão educacional. Unitermos: Ginástica. Educação Física escolar. Pedagogia histórico-crítica. Abstract This study, of a descriptive character, had as objective the analysis of how the general gymnastic can be carried out in the physical education teaching in thehistorical-critic pedagogy. By means of the application of general gymnastic lectures to students of the fundamental schooling of a public school in the Maringácity, Paraná state, Brasil-country we present methodological management to deal with this knowledge. The present research was performed in four stages: a studyof the important methodological approaches;; the localization of the how the general gymnastic could be workpiece in the chosen methodological approach;elaboration and address of 12 lectures of general gymnastic for first grade students; and, interpretation of the teaching experiences with the gymnastic in theschooling physical education. It was verified some difficulties in the docent action with this methodological approaches, most by the absence of a pedagogicpractice that valorize the subjectiv ity and the student critical reflection. However, the experiences indicate the general gymnastic v iability, as a subject in thephysical education and point out to the need of understand it in the educational dimension. Keywords: Gymnastic. Schooling Physical Education. Historical-critic pedagogy.

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 116 - Enero de 2008

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Introdução

Nos últimos vinte anos a comunidade acadêmica brasileira tem se debruçado no sentido de repensar a área e deproduzir referenciais teóricos que contribuam para que avanços aconteçam, sobretudo relacionados ao tratometodológico com os conhecimentos da cultura de movimento, a partir de referenciais críticos. Na atualidade, osprofessores demonstram preocupação em conhecer novas possibilidades de atuação, rumo a uma práticaprogressista, comprometida com paradigmas que se diferem dos médico-biológicos, e que tem suporte teórico nasciências humanas e sociais.

Dentre os estudos desenvolvidos na área, podemos citar, dentre outros, os de Freire (1989), Grupo de TrabalhoPedagógico (1991), Betti (1991), Soares et al. (1992), Kunz (1994), que originaram abordagens metodológicas emeducação física. Soares et al. (1992) apresentam a metodologia crítico-superadora que tem como ponto de partida aconcepção histórico-crítica. Esta é idealizada por um grupo conhecido na área da educação física como Coletivo deAutores (Valter Bracht, Celi Neuza Zülke Taffarel, Carmem Lúcia Soares, Lino Castellani Filho, Maria Elizabeth Varjal eMicheli Ortega Escobar) que tem como referencial teórico o materialismo histórico-dialético. Desta forma, além deestudarmos as metodologias da área da educação física sentimos necessidade de entender se existe a viabilidade detrabalho em nossa área com a pedagogia histórico-crítica, haja vista que uma das metodologias específicas da nossaárea se embasa nesta, além de sua representatividade no setor educacional. Assim, embora a pedagogia histórico-crítica não seja específica da área da educação física apresenta-se como um importante embasamento teórico a seranalisado.

A educação física escolar abrange diversos saberes, dentre os quais encontramos a ginástica, que quandodesenvolvida no âmbito escolar, pode permitir a experimentação de possibilidades corporais, promovendo a autonomiamotora e a formação humana quando tratada por meio de uma prática educacional que leve o aluno a uma açãocrítica e significativa para seu núcleo social. Sua presença na escola pode se dar por meio de diversas manifestaçõesgímnicas, mas neste estudo escolhemos a ginástica geral porque a vemos como uma forma especial de educar. Aescolha da ginástica geral como manifestação gímnica para as experiências de ensino aconteceu por acreditarmos nasua importância como conhecimento social e histórico. Segundo Ayoub (2003), rompe com a padronização demovimentos técnicos e sugere a (re)significação dos gestos. Além disso, alguns autores como Ayoub (2003), Barbosa

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(1999), Bertoline (2005) ressaltam que devido as suas características principais, a ginástica geral, apresenta-se comosendo a ideal para o trabalho com a ginástica na escola. Esta tem como características: o acolhimento dos gestos dediferentes ginásticas, da dança, do teatro, da capoeira, dos elementos circenses e de outros elementos da culturacorporal, com ou sem utilização de materiais. Pode se dar a partir dos saberes inscritos na cultura popular, nossaberes filosóficos, nos saberes artísticos e também nos saberes científicos. Além do mais, deve permitir aparticipação de todos e o respeito aos limites individuais e coletivos.

Nas aulas de educação física escolar, a escolha do caminho metodológico torna-se crucial para que manifestaçõesgímnicas contribuam positivamente à formação do aluno, e para que não sejam tratadas apenas em sua dimensãotécnico-instrumental. A opção por uma metodologia para o trato com a ginástica na escola deu-se a partir danecessidade de buscar caminhos para que a ginástica possa estar se desenvolvendo como um saber da educaçãofísica escolar. O objetivo foi analisar como a ginástica geral pode ser desenvolvida na educação física escolar a partirda pedagogia histórico crítica, visando possibilitar a apreensão de conhecimentos gímnicos historicamente produzidos.

Com base no exposto até então, lançamos a seguinte questão norteadora deste estudo: Qual seria a viabilidade dodesenvolvimento da ginástica geral como conhecimento nas aulas curriculares de educação física, no ensinofundamental, a partir da pedagogia histórico-crítica? E, como objetivo: analisar, por meio de pesquisa em campo,como a ginástica geral pode ser desenvolvida na educação física escolar a partir da pedagogia histórico crítica.

O estudo realizado tem a pretensão de contribuir com outras investigações voltadas para o trato com asmanifestações gímnicas na educação física escolar, possibilitando novas reflexões acerca desta problemática.Procuramos demonstrar que, apesar da complexidade de movimentos desta manifestação, em seu formatodesportivizado, é possível trazê-la para as aulas, desde que de maneira estruturada e sempre amparada porreferenciais teóricos. Esse é um dos caminhos para o profissional poder entender a diversidade cultural da ginástica,em especial da ginástica geral, bem como a grandiosidade de seu trato na escola. Portanto, entendemos a urgênciade pesquisas que foquem o trato pedagógico com a ginástica como saber instituído na educação física escolar.

A ginástica geral e a pedagogia histórico crítica

A pedagogia histórico-crítica tem origem nos estudos de Dermeval Saviani, que procurou melhor delimitar apedagogia dialética entre as pedagogias críticas. Inspirou-se em Marx, fazendo uso do materialismo-histórico e dacompreensão dialética da realidade para propor uma pedagogia que avance para além das teorias da reprodução epossa contribuir no processo de transformação social.

Essa metodologia foi sistematizada/apresentada de forma a ser trabalhada pedagogicamente em aulas, porGasparin (2002) e possui como suporte epistemológico a Teoria Dialética do Conhecimento que segundo o mesmoautor apresenta para a construção do conhecimento escolar três fases sendo elas: prática, teoria, prática. Assim, "oconhecimento resulta do trabalho humano no processo histórico de transformação do mundo e da sociedade, atravésda reflexão sobre esse processo" (GASPARIN, 2002: 4).

A pedagogia que deriva da dialética apresenta como primeiro passo identificar a prática social dos sujeitos. Nessesentido, professor e alunos tomarão consciência sobre essa prática levando-os a buscar um conhecimento teóricoacerca desta realidade para que assim possam obter uma reflexão sobre a sua prática cotidiana. O segundo passoconsiste em teorizar sobre a prática social buscando um suporte teórico que desvele, explicite, descreva e expliqueessa realidade, possibilitando assim que se passe para além do senso comum, tendo uma única explicação darealidade e busque os conceitos científicos que permitirão a compreensão crítica da realidade em todas as suasdimensões. O terceiro passo consiste em retornar a prática para transformá-la, pois após utilizar-se de conceitoscientíficos no processo de teorização, o educando poderá adquirir em seu pensamento uma nova perspectiva darealidade, podendo ter uma posição diferenciada em relação a sua prática (GASPARIN, 2002: 6-8). O mesmo autorentende que

a metodologia dialética do conhecimento perpassa todo o trabalho docente-discente, estruturando edesenvolvendo o processo de construção do conhecimento escolar, tanto no que se refere a nova formade o professor estudar e preparar os conteúdos e elaborar a executar seu projeto de ensino, como arespectivas ações dos alunos (p.5).

Aliando as três fases do método dialético com a teoria histórico-cultural proposta por Vygotsky têm-se comoresultado, de acordo com Gasparin (2002), a representação e tradução para a prática docente e discente dapedagogia histórico-crítica, resultando assim em cinco fases, sendo elas: prática social inicial do conteúdo,problematização, instrumentalização, catarse e prática social final do conteúdo, que serão neste momentoevidenciados um a um para que possamos entender como cada um deles deve ser traduzido para a prática escolar.

A prática social inicial do conteúdo de acordo com Saviani (1992) deve ser o ponto de partida do trabalho docente.Este passo consiste em tornar conhecido pelo aluno o conteúdo ou tema a ser estudado/trabalhado pelo professor, ouseja, estabelecer um contato inicial. Em seguida mantém-se um diálogo com os alunos sobre o tema a ser estudado,verificando e mostrando o quanto eles já conhecem sobre o assunto, podendo também evidenciar junto aoseducandos que este tema abordado em sala de aula, já está presente na prática social, ou seja, em sua vidacotidiana.

A fase da problematização consiste na transição entre a prática e a teoria, apresentando como finalidade à seleçãodas principais questões abordadas na prática social, mas que tenham relações ao conteúdo a ser trabalhado, essa

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fase predispõe também o questionamento do conteúdo escolar relacionando-se com prática social, para que assimpossam ser selecionados os problemas que necessitam ser resolvidos no cotidiano dos indivíduos. A partir disso parte-se para a fase da instrumentalização que é o momento em que o conteúdo sistematizado e produzido historicamente élevado ao conhecimento dos alunos, esclarecendo que os conteúdos propostos estão em função das respostas aserem dadas às questões da prática social. Assim, os educandos podem apropriar-se do conhecimento historicamenteproduzido e sistematizado podendo então, responder aos problemas levantados.

A partir do momento em que os alunos têm acesso a esse saber sistematizado, é chegado o momento em que sesolicita do mesmo a participação e manifestação do que por eles foi assimilado, isto constitui o momento de Catarse,que demonstra a nova maneira do aluno de ver o conteúdo e a prática social, sendo ele capaz de entender asquestões sociais levantadas no início e trabalhadas nas demais fases, percebendo que não apenas aprendeu umconteúdo, mas algo que tem um significado para a sua vida. Por fim, a prática social final no qual se dá pelo retorno aprática social, mas que agora se modificou por meio da aprendizagem, manifestando uma nova postura e visão doconteúdo estudado em seu cotidiano (GASPARIN, 2002). De acordo com o mesmo autor esses cinco passos devemestar presentes em cada aula, sendo de fundamental importância que os alunos vivam o processo prática-teoria-prática.

Segundo os pressupostos desta metodologia, os saberes e conhecimentos escolares, devem surgir de acordo comas necessidades encontradas na prática social dos educandos, para que futuramente, por meio do estudo dosconceitos científicos e saberes sistematizados, possam compreender, de maneira mais ampla a sociedade na qualestão inseridos, a fim de assumirem uma posição crítica e reflexiva em relação aos saberes escolares e no sentido deaplicá-los em sua prática cotidiana, levando-os a transformar a realidade social em que vivem.

No que diz respeito às teorias de desenvolvimento, Gasparin (2002) afirma que esta pedagogia tem suporteepistemológico na teoria histórico-cultural de Vygotsky. O autor apresenta que esta teoria enfatiza a importância dainteração dos indivíduos entre si, como sujeitos sociais, e da relação destes com o todo social no processo deaquisição dos conhecimentos escolares. Nesse sentido, faz-se importante ressaltar como se desenvolve a apreensãodos conceitos científicos na idade escolar, que de acordo com o mesmo autor mostra-se como de grande interesseprático para professores no decorrer do ensino-aprendizagem de seus alunos. Assim, "um dos elementosfundamentais para encaminhar ações didático-pedagógicas coerentes é saber como se constrói o conhecimento namente da criança" (GASPARIN, 2002: 58).

Em nossas inserções teóricas buscamos aproximações entre a teoria de desenvolvimento proposta por Vygotsky eas características fundamentais da ginástica geral, a fim de entender como esta manifestação gímnica poderia sertratada a partir da pedagogia escolhida. Por meio dessas relações podemos destacar que a partir do momento que acriança passa a ter contado com a ginástica geral, que se apresenta como uma prática corporal diversificada em suaspossibilidades de manifestações, ela pode modificar sua concepção histórica de vida por meio das mediações citadaspor Vygotsky (1988), o meio externo colaborando para mudanças internas individuais. Para complementar Teixeira(1996 p. 72) afirma que as atividades coletivas poderão levar o aluno a refletir sobre sua própria ação (prática) ecompará-las.

Assim, a ginástica geral pode apresentar-se como uma rica forma de expressão e manifestação corporal aliada aum trabalho desenvolvido e embasado em uma teoria pedagógica crítica e progressista, destacando a possibilidade decriação e participação efetiva do educando por meio da sua experiência de vida. Também poderá contribuirsignificativamente para o desenvolvimento do aluno, pois partindo do que a criança já sabe sobre este tema, poderápropor novos conhecimentos e desafios, ou seja, sair da zona de desenvolvimento real e incidir na zona dedesenvolvimento potencial dos educandos.

Nesse sentido, à medida que a prática da ginástica geral levar os alunos a construírem um espaço em que todospossam participar e vivenciar o universo de conhecimento da ginástica possibilitará uma integração dos mesmos nãosó com os participantes, mas também com o todo social em que cada um está inserido, pois cada pessoa traz consigouma experiência diferenciada, levando-os a entrarem em contato com realidades sociais diferenciadas o quecontribuirá para o seu desenvolvimento. Essas experiências individuais podem ser socializadas numa aula de ginásticageral por meio da fala, que se apresenta como meio auxiliar no processo de desenvolvimento infantil, assim, a práticada GG possibilita a troca de experiências individuais colaborando para o desenvolvimento da aula e da produção doconhecimento.

A utilização dos materiais tradicionais e não tradicionais, a partir do momento que são utilizados numa aula de GGpodem estar servindo de meios auxiliares, estimulando a brincadeira das crianças, nesse sentido, também podefavorecer no desenvolvimento, pois, a partir do que ela já conhece sobre determinado material, podemos propornovos conhecimentos, para que ela possa partir para a zona de desenvolvimento potencial por meio da brincadeira.Para complementar, a criança ao aproximar-se de conhecimentos relacionados à ginástica geral, e considerando o queela já conhece sobre esta manifestação por meio da sua história de vida, e que compartilhados com o outro no seuambiente cultural, no caso a escola, institui intervenções com o meio externo, possibilitando mudanças internas na suahistória de vida.

Experiências de ensino com a ginástica geral

Após o estudo das metodologias de ensino, a pesquisa em questão volta-se para o trato da ginástica geral naeducação física escolar, atentando para as possibilidades de trabalho com este saber a partir de referenciais deabordagem histórico-crítica proposta por Gasparin (2005) e adaptada a Educação Física. Por meio desta abordagem,

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creditamos que podemos desenvolver um trabalho diferenciado com a ginástica abordando este tema de forma quenão se evidencie a modalidade somente em seus moldes competitivos e institucionalizados, podendo levar os alunos aentrar em contato com o conhecimento a partir de suas vivências cotidianas e de sua realidade social, estandodiretamente ligado com o processo de construção dos saberes.

As experiências com a ginástica foram desenvolvidas em uma escola da rede pública/estadual na cidade deMaringá-PR-Brasil, no ano de 2006. Doze aulas de ginástica geral (organizadas de forma geminadas), trabalhadas soba ótica da pedagogia histórico-crítica, foram aplicadas para uma turma de 1ª série do ensino fundamental, conformeespaço cedido no horário regular da educação física pela direção da instituição. Essas aulas, mesmo em número deoito, atenderam ao objetivo proposto para a pesquisa, levando em consideração a realidade da educação físicabrasileira que, em sua maioria, possui 68h anuais a serem distribuídas entre os conhecimentos da área. Os momentosde intervenção foram registrados a partir de um diário de anotações elaborado ao final de cada aula, destacando ospontos principais ocorridos durante a mesma, bem como as reflexões a respeito dos conhecimentos e métodostratados na aula, buscando identificar dificuldades e possibilidades na relação com a ginástica geral, bem como seuenvolvimento com esse conhecimento gímnico. As observações voltaram-se para experiências gímnicas na pedagogiahistórico-crítica e para "comentários" realizados pelos alunos durante as aulas, sobretudo aqueles que retratassem arealidade acerca do conhecimento que tinham sobre ginástica e formas de realizá-la. Os depoimentos extraídos dosrelatórios foram aqueles que se relacionam diretamente ao entendimento de ginástica e às experiências obtidasdurante os encontros. O quadro 1 apresenta os conteúdos trabalhados e os objetivos dados às aulas.

O primeiro encontro (1ª e 2ª aulas) teve como tema _ Ginástica Geral: características gerais. Durante oprocesso inicial da aula foram utilizadas questões norteadoras para levar os alunos a refletirem sobre o que jáconheciam a respeito da ginástica, para que se pudesse então, identificar a vivência cotidiana dos alunos, poissegundo Gasparin (2002 p. 25) neste momento os alunos "são desafiados a mostrar todo o conhecimento quepossuem sobre os itens em questão, fazendo um levantamento sobre a vivência prática, cotidiana dos educandos comrelação ao conteúdo a ser ministrado". Por meio delas, foi percebido que no geral a respostas dos alunos dizemrespeito às modalidades esportivas já institucionalizadas como a ginástica artística e ginástica rítmica e também queginástica é qualquer tipo de atividade física, como fazer esportes, alongamento, corrida entre outros. Com relação àginástica geral foi unânime a resposta de que nunca tinham ouvido falar e nem sabiam o que era.

Após a reflexão realizada, passou-se ao momento de instrumentalização, que se deu por meio da apresentação devídeos e figuras destacando as características principais da ginástica geral. Nesse momento pode-se observar que osalunos se mostraram interessados pelo assunto, puderam demonstrar e vivenciar o que já conheciam sobre aginástica geral confrontando suas vivências cotidianas com conhecimentos já produzidos e sistematizadoshistoricamente. Nesse sentido, os conhecimentos individuais foram socializados por toda a turma.

O momento de catarse se deu por meio de discussões e reflexões estabelecidas no qual se percebeu que uma boa

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parcela dos alunos conseguiu fazer uma relação dos conteúdos abordados com o seu cotidiano, pois demonstraram oque já sabiam fazer de ginástica durante a aula, como relatado: "eu não sabia que cambalhota era ginástica geral";"eu já sabia fazer estrelinha, mas não sabia que era ginástica geral". O momento da prática social final ocorreu pormeio de frases e desenhos que os alunos fizeram sobre o que acharam mais interessante, sobretudo o quevivenciaram neste primeiro encontro.

O segundo encontro (3ª e 4ª aulas) teve como tema _ ginástica geral: confecção e manipulação de materiaisnão tradicionais da ginástica. O primeiro momento da aula se deu na confecção do malabares pelos alunos, apóspassamos para o momento da vivência cotidiana dos alunos, em que foi destinado um tempo para que estespudessem brincar livremente com o malabares explorando e manipulando o material. O momento deinstrumentalização ocorreu com a demonstração de algumas possibilidades de manipulação deste material, emseguida, por meio de questões norteadoras, foi pedido para que os alunos demonstrassem formas diferentes das quejá tinham sido feitas. Neste momento da aula observou-se o quanto um novo material serve de estímulo para acriatividade dos alunos. Esses traduziram isso dizendo "foi muito legal", "eu nunca tinha brincado com isso e acheilegal", "não é difícil", "só é difícil fazer com mais de uma bolinha".

O momento de catarse ocorreu por meio de discussões e reflexões sobre a aula, em que pode ser constatado que agrande maioria dos alunos nunca havia tido contado/manipulação com o malabares. O momento da prática social finaldesta aula se deu por meio de uma pesquisa em casa e com os pais se existem outros tipos de malabares.

O terceiro encontro (5ª e 6ª aulas) apresentou como tema _ ginástica geral: formas básicas de movimentos eacrobacias de solo. O seu primeiro momento se deu por meio de diálogos com a turma para a identificação davivência cotidiana dos alunos, em que foram solicitados a refletirem sobre as habilidades propostas para a aula como,formas de andar, correr, saltar, equilibrar e como elas se dão em nossas vidas cotidianas. Após isso se passou aomomento de instrumentalização que nesta aula se deu em forma de estações, nas quais os alunos eram questionadossobre como podiam realizar as tarefas com os materiais propostos (trave de equilíbrio, banco, colchões e mesabaixa). Observou-se que os alunos responderam bem quando solicitado por meio de questões problematizadoras,porém, foram encontradas dificuldades no processo de criação.

O momento de catarse também ocorreu em forma de diálogos retomando as questões propostas no momentoinicial da aula. As falas foram: "eu sempre brinquei de pular e andar em cima dos bancos, mas não sabia que isso eraginástica"; "equilibrar é importante pra gente não cair"; "eu brinco de andar no meio fio"; "quase tudo que a gente fazé ginástica". A partir dessas frases, é possível verificar que os alunos conseguiram identificar como essas habilidadespodem estar presentes na prática da ginástica geral e esta manifestação em suas vidas cotidianas. Nesse sentido,podemos perceber que os alunos avançaram no sentido de reelaborar seus conceitos cotidianos partindo para osconceitos científicos. A esse respeito Gasparin (2002 p. 128) afirma que é no momento de catarse que o aluno podemanifestar a "conclusão, o resumo, que ele faz do conteúdo aprendido recentemente. É o novo ponto teórico dechegada, a manifestação do novo conceito adquirido". Além do mais, o momento da prática social final se deu pormeio de uma exposição por parte dos alunos de figuras e possibilidades que surgiram durante a aula.

O quarto encontro (7ª e 8ª aulas) teve como tema _ ginástica geral: confecção e exploração de materiais nãotradicionais da ginástica. O desenvolvimento desta aula procedeu-se em quatro momentos: 1) confecção do materialcom a ajuda do professor; 2) manipulação do material (vivência cotidiana dos alunos); 3)problematização/instrumentalização; 4) construção e apresentação de uma coreografia com a utilização do material(catarse/prática social final). Novamente pode-se observar que a utilização de materiais que tradicionalmente nãofazem parte das aulas de educação física estimulam a participação e a criatividade dos alunos. A esse respeito Ayoub(2003) afirma que a utilização de materiais diversificados, tanto os que são tradicionais da ginástica ou característicosdos esportes, quanto materiais denominados não tradicionais promovem a descoberta de novas possibilidades de açãofavorecendo a inventividade, enriquecendo o contexto educativo. De acordo com a mesma autora, "jornais, bexigas,tábuas, revistas, garrafas de plástico, pedaços de isopor, entre tantos outros, podem tornar-se um rico materialpedagógico para o desenvolvimento das aulas de ginástica geral na escola" (p. 89-90).

O quinto encontro (9ª e 10ª aulas) teve como tema _a ginástica acrobática no contexto da ginástica geral. Odesenvolvimento desta aula se deu em dois momentos: 1) contato inicial com a modalidade de ginástica acrobática(vivência cotidiana dos alunos/prática social inicial); 2) vivenciar e criar movimentos acrobáticos(problematização/instrumentalização). No momento da identificação da prática social inicial pode-se perceber que osalunos não sabiam responder o que era a ginástica acrobática, muitos deles disseram nunca ter ouvido falar nessenome. No momento de instrumentalização em que foram demonstrados fotos e figuras a respeito desta manifestaçãogímnica os alunos conseguiram identificar essa prática dizendo que já tinham visto no circo e na televisão. À medidaque eram lançadas as questões problematizadoras, os alunos foram se sentindo estimulados, demonstrando algumasformas de movimentos acrobáticos que já faziam parte do seu cotidiano e das brincadeiras infantis como: carregar decavalinho nas costas, carriolinha, saltar sobre o amigo (pular cela).

Nesta aula foi destacada a importância do trabalho em grupo na ginástica acrobática, pois de acordo comMontenegro et al. (2005) esta modalidade quando trabalhada na escola deve oportunizar aos alunos vivências queestimulem a afetividade, honradez, valorização do sujeito, companheirismo, dentre outros aspectos ligados aformação social dos alunos. No momento de catarse durante os questionamentos finais foi muito interessante o que osalunos disseram no que diz respeito ao trabalho em grupo seguindo algumas falas: "é difícil porque tem gente que ficabagunçando"; "é importante porque se não o amigo cai"; "é legal, mas tem que todos ajudar". Nesta aula o momentoda prática social final também se deu em forma de apresentação das possibilidades criadas em grupo para toda aturma no sentido de socializar os conhecimentos produzidos.

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25/2/2014 A ginástica geral na Educação Física escolar e a pedagogia histórico-crítica

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O último encontro (11ª e 12ª aulas) se deu com o seguinte tema: ginástica geral: Manipulação de material degrande porte (Pára-quedas). O momento caracterizado como prática social inicial se deu por meio de questionamentosaos alunos se já tinham visto ou vivenciado algum tipo de atividade com esse tipo de material. As respostas foramunânimes dizendo que não. O momento de instrumentalização, diferente das anteriores, não ocorreu na forma dequestões problematizadoras, por se tratar de um material de grande porte, os alunos agiram conjuntamente para asua manipulação, utilizando sempre todos os alunos nas atividades, uma forma em que iriam descobrindo as suaspossibilidades. Nesse sentido, as atividades foram propostas por parte do professor e em seguida vivenciadas portodos os alunos ao mesmo tempo. Embora este tenha sido um dos materiais que mais chamou a atenção dos alunos,devido ao seu grande porte e visual que proporciona, muitas dificuldades foram encontradas para se trabalhar com amanipulação do mesmo, pois muitos alunos, não perceberam a importância de se trabalhar em conjunto, e queriamfazer cada um uma coisa ao mesmo tempo.

O momento de catarse desta aula se deu com os diálogos estabelecidos com a turma, com isso pudemos perceberque os alunos gostaram muito de utilizar um material como este na aula, mas as dificuldades de se trabalharcoletivamente foram as que mais atrapalharam. Porém, as discussões parecem ter despertado nos alunos algumaconsciência com relação ao trabalho em grupo como evidenciamos nas frases a seguir: "se cada menino for tentarerguer o pára-quedas não vai conseguir"; "é importante fazer junto para ficar bonito"; "se não brincar junto não vaidar certo"; "eu achei o pára-quedas legal, mas não podemos brincar de pára-quedas sozinhos". O momento da práticasocial final se deu por meio da elaboração de frases e desenhos por parte dos alunos sobre a importância de setrabalhar em grupo com o pára-quedas.

Percebemos que de forma geral os alunos tiveram uma boa participação durante as aulas, ficando evidente que oprocesso de criação utilizou sempre experiências vivenciadas no cotidiano dos alunos e de suas práticas sociais. Noentanto, para buscarmos aproximações com os saberes produzidos na escola, faz-se necessário salientar, que esteprocesso não se deu de maneira simples e sem nenhuma dificuldade. Os relatos dos alunos refletem como se deu aapropriação dos conteúdos e de como esse processo foi importante para que aprendessem criando e resolvendoproblemas, mesmo com dificuldades para dialogar no grupo.

Considerações finais

Motivamos-nos na realização desse estudo devido nossa preocupação com a intervenção na educação física,principalmente em garantir o acesso aos conhecimentos da área. Outro aspecto que justifica nosso estudo é que aescola é o espaço clássico da área e, portanto, é na educação física escolar que os conhecimentos podem ser de fatosocializados, pelo acesso garantido a todos. Entretanto, na atualidade, autores como Barbosa-Rinaldi (2003), Ayoub(2003) afirmam que, por motivos diversos, a ginástica não tem sido trabalhada na escola. O estudo em questão nospossibilitou entender como a ginástica geral pode ser visualizada na pedagogia histórico-crítica. Além do mais, nodecorrer do estudo, as experiências positivas bem como os problemas enfrentados com os alunos da 1ª série doensino fundamental foram descritos.

Sobre a metodologia apresentada para o desenvolvimento das aulas, no caso, a pedagogia histórico-crítica,percebemos que a mesma pode ser utilizada para o encaminhamento de um trabalho com a ginástica na educaçãofísica escolar, e que esta apresenta importantes fatores para que as aulas sejam trabalhadas de uma formadiferenciada das que geralmente observamos nas escolas. Assim, o conhecimento aqui produzido poderá fornecerelementos para os profissionais que estudam e trabalham com a ginástica, bem como para aqueles que se preocupamcom as questões metodológicas. A proposta metodológica abordada contribuiu no sentido de levar os alunos aaprender sobre um conhecimento que foi historicamente produzido e sistematizado, mas que puderam vivenciar deuma forma prazerosa e de acordo com suas necessidades e principalmente, com base no que já conheciam sobre omesmo. Com isso, puderam estar em contato com um conhecimento até então nunca explorado nas aulas deeducação física, puderam ampliar seus conhecimentos e identificarem como este pode estar presente em suas açõescotidianas.

Ainda no que diz respeito à metodologia, percebemos que foi interessante trabalhar com um método que leve oaluno a pensar sobre suas ações e conseqüentemente refletir sobre a implicação dos mesmos para a sua vida. Noentanto, algumas dificuldades foram encontradas no sentido de criar um ambiente de discussões, talvez porque essanão seja uma prática rotineira durante as aulas de educação física. Encontramos também, algumas dificuldades emvisualizar a abordagem de alguns conhecimentos propostos para as aulas baseados efetivamente na pedagogiahistórico-crítica. Assim, cabe ressaltar que é necessário que se faça às devidas adaptações na prática pedagógicadiária na realidade escolar.

A partir dessas considerações, entendemos que esta metodologia torna-se possível para o encaminhamento dasaulas abordando o conhecimento gímnico no ambiente escolar, oferecendo valiosos elementos e que podem serutilizados para que as aulas de educação física sejam tratadas de forma diferenciada. Neste estudo acreditamos terelucidado algumas questões metodológicas que contribuirão para possíveis encaminhamentos no sentido de levar esseuniverso de saberes até a escola de uma maneira significativa, contribuindo efetivamente para que os alunos possamrefletir sobre a prática da educação física e da ginástica de maneira diferenciada contribuindo efetivamente para assuas vidas.

Referências

AYOUB, Eliana. Ginástica Geral e Educação Física escolar. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2003.

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25/2/2014 A ginástica geral na Educação Física escolar e a pedagogia histórico-crítica

http://www.efdeportes.com/efd116/a-ginastica-geral-na-educacao-fisica-escolar.htm 7/7

BARBOSA, I. P. A ginástica nos cursos de Licenciatura em Educação Física do Estado do Paraná. Campinas, SP:[s.n.], 1999. Dissertação (Mestrado em Educação Física) Faculdade de Educação Física da UniversidadeEstadual de Campinas, Campinas.

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KUNZ. Elenor. Transformação didático-pedagógica do esporte. Ijuí: Unijuí, 1994.

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OLIVEIRA, Amauri A. Bássoli de. Metodologias emergentes no ensino da Educação Física. Revista da EducaçãoFísica/UEM, v.8, nº 1, p 21-27, 1997.

SAVIANI, Demerval. Escola e Democracia. 26 ed. Campinas, SP: Editora Autores Associados, 1992.

SAVIANE, Demerval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 6ª ed. - Campinas, SP: AutoresAssociados, 1997.

TEIXEIRA, Roseli Terezinha Selicani. A ginástica rítmica desportiva nas universidades públicas do Paraná: Umestudo de caso. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Metodista de Piracicaba, 1996.

VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. SãoPaulo: Martins Fontes, 1988.

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revista digital · Año 12 · N° 116 | Buenos Aires, Enero 2008

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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ

Ginástica Artística: brincar e aprender

Cristiane T. A. Camargo

Professora do Curso de Educação Física

Unaerp – Universidade de Ribeirão Preto – Campus Guarujá

[email protected]

Andréa Rubens de Freitas

Professora de Educação Física

[email protected]

Denise Veiga Casanova

Graduanda de Educação Física [email protected]

Resumo: O objetivo deste trabalho é mostrar a importância da oficina de Ginástica Artística desenvolvida no do Projeto Incluir, promovido pela

UNAERP- Solidária, realizado na cidade do Guarujá, com o apoio da Universidade de Ribeirão Preto- UNAERP, que visa propor ações que objetivem a inclusão, cada vez maior, da população excluída do município. A

oficina de GA, através da prática dos movimentos ginásticos, busca contribuir para o desenvolvimento físico e psicomotor, tais como: força,

flexibilidade, agilidade, velocidade, coordenação motora, equilíbrio, noção espaço-temporal, lateralidade e percepção, de maneira a desenvolver o educando em todos os seus aspectos de crescimento, bem como seu

desenvolvimento afetivo-social e cognitivo, por meio de uma aprendizagem integral. O presente estudo aborda temas relacionados a ao desenvolvimento

da GA, com a metodologia adequada ao processo de iniciação, que deve ser usada pelos professores e voluntários, por meio da utilização de materiais alternativos e auxiliares de baixo custo, sem a necessidade de grandes

espaços, para poder aplicar os movimentos fundamentais específicos da modalidade, de forma a respeitar as etapas de desenvolvimento da criança. Palavras-chave: Ginástica Artística, Desenvolvimento Motor,

Psicomotricidade Seção 5 - Curso de Educação Física –

Apresentação: oral 1. Introdução

A UNAERP instalou-se no ano de 1999, na cidade do Guarujá com o objetivo de oferecer cursos de formação profissional que implementam, de

maneira objetiva e eficaz, a comunidade do Município. Por meio da Unaerp –Solidária, sistematiza ações educativas, culturais e sociais, tendo por finalidade a defesa dos direitos humanos, em seus desdobramentos, junto à

comunidade guarujaense, das quais faz parte o Projeto Incluir, que oferece oficinas com variadas atividades, dentre elas a de Ginástica Artística, composta por três universitárias voluntárias orientadas pela coordenadora.

A Ginástica Artística - GA - é um esporte olímpico que evoluiu através dos anos, para ter como resultado toda graça e beleza que vemos nos

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ginastas que a praticam. No Brasil, é uma modalidade que conquista seu espaço, cresce a cada competição, aumenta o número de participantes e

encanta cada vez mais os espectadores. O início da prática da Ginástica ocorreu na antiga Grécia. Sweeney

(1975, p.1) relata que os gregos “eram adeptos a teoria de que o homem, ao

desenvolver suas potencialidades físicas e intelectuais, como um todo, tornava-se mais apto ao desempenho de seus deveres de cidadão”. Nesse

período, os gregos denominaram a ginástica como o sistema de treinamento físico. Este, talvez, tenha sido o salto da Educação Física na História. Surge, então, uma analogia entre corpo e mente, conhecida até hoje.

Com o passar dos anos a Ginástica Artística aprimorou-se tornando-se um dos esportes mais admirados no mundo pela graça, beleza e agilidade dos ginastas que a praticam. No Brasil, a Ginástica Artística surgiu no

século XIX, e conta,.atualmente, com uma das melhores ginastas do mundo no aparelho solo.

O objetivo deste estudo é apresentar a Ginástica Artística como uma modalidade esportiva que pode ser trabalhada de forma a proporcionar o desenvolvimento físico e psicomotor da criança, de suas características

afetivo-social e cognitiva. Esta revisão de literatura vem abordar os fatores contribuintes à formação global das crianças que a praticam, justificar a importância de aplicá-la na faixa etária entre sete e quatorze anos de idade e

ainda, ressaltar os benefícios sócio-culturais e educacionais, como também, .detalhar o por que de aplicá-la durante esta fase da vida da criança. A

preocupação e o cuidado que se tem é da utilização das atividades com objetivos e metas bem definidos e não o “fazer por fazer”, com o intuito de que as aulas não percam o sentido educativo da proposta apresentada.

Os trabalhos ginásticos com acrobacias nos aparelhos podem ser um fator contribuinte para o crescimento e desenvolvimento global da criança,

além de proporcionar autoconfiança e prepará-la para ser um cidadão seguro e ativo em sua sociedade.

A proposta da educação global pela educação do movimento pode ser desenvolvida

de forma natural através tanto das acrobacias como dos saltos, giros, passos e outros

elementos ginásticos que, por serem básicos, são importantes para a formação da

criança. (PICCOLO, 1995, p.65)

Contudo, este estudo pretende promover, por meio de um programa de atividades físicas, direcionado à GA, o enriquecimento do repertório motor,

alcançar o objetivo educacional e preparar a criança para as diversas etapas da vida, através da aprendizagem dos seus elementos básicos - rotações, saltos, aterrissagens, deslocamentos, balanços - e do desenvolvimento das

suas ações motoras específicas.

2. Panorama Geral da Ginástica Artística É um esporte olímpico com normas oficiais de competição. Sua prática

explora, do ginasta, as capacidades físicas básicas, sobretudo a força, a

agilidade, a flexibilidade e o equilíbrio. Desenvolve a coordenação motora, expressão corporal, o uso do intelecto na criatividade, disciplina, organização e suas implicações sociais, elementos indispensáveis à formação da criança.

(SANTOS, 2002, on-line)

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Esta modalidade pode ser trabalhada em escolas, clubes, academias e centros comunitários. A sua prática, por desenvolver a criança nos campos

físico, cognitivo, afetivo e social, proporciona uma ampla vivência motora, devido a variedade de exercícios que podem ser criados em seus aparelhos, pelo professor. Os aparelhos variam para a categoria masculina e feminina,

para o masculino são seis: solo sem acompanhamento musical, cavalo com arções, argolas, salto sobre o cavalo ou mesa de saltos, barras paralelas

simétricas e barra fixa, para o feminino são quatro: solo com acompanhamento musical, salto sobre o cavalo ou mesa de saltos, barras paralelas assimétricas e trave de equilíbrio.

O código de pontuação, elaborado pela FIG, é o documento que rege suas competições e é diferenciado para o masculino e o feminino. Para cada aparelho há uma série de exigências que, se forem cumpridas, podem levar

ao valor máximo de dez pontos. (NUNOMURA, 2004)

3. Materiais Alternativos e Auxiliares para Ginástica Artística A Ginástica Artística, por utilizar materiais de grande porte e alto

custo, torna-se inviável para a maioria das escolas, clubes e academias

adquirirem e desenvolverem a modalidade em seu meio educacional. Para a proposta de trabalho, promovida pelo Projeto Incluir, utiliza-se materiais alternativos, como corda e arco, banco do refeitório substituindo o banco

sueco, materiais confeccionados em madeira ou ferro, que oferecem maior facilidade de aquisição nas instituições de ensino e proporcionam um

resultado similar ao dos aparelhos oficiais e dos aparelhos auxiliares, como plinto e banco sueco, eficientes durante a aplicação do processo pedagógico de determinados exercícios.

Por este motivo SANTOS (2002, on-line) indica a necessidade de adaptação dos equipamentos oficiais, ou seja, a construção de aparelhos

simplificados, de baixo custo, com materiais alternativos que atendam aos objetivos do trabalho.

SCHIAVON (2005, p.170), corrobora a indicação de Santos, quando

afirma que:

Em muitos ginásios de academia e de clubes a aquisição de

materiais de Ginástica Artística é uma prática comum. Mas, em

outras instituições, como as escolas, os aparelhos alternativos são,

muitas vezes, elaborados pelos próprios profissionais de Educação

Física e Esporte. Neste caso, não é em virtude de especificidade que

esses materiais apresentam para determinados movimentos, mas pela maior possibilidade de inserção da Ginástica Artística em

diferentes contextos.

A utilização de aparelhos alternativos e auxiliares tem como objetivo facilitar a prática da GA e incentivar professores de Educação Física a

trabalharem com seus alunos, facilitando o acesso a esta modalidade a um maior número de crianças.

De acordo com SCHIAVON (2005, p.170), “isto proporcionará um

conhecimento a mais dentro da diversidade da cultura corporal inserida no currículo de Educação Física”.

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As ausências de material oficial da modalidade e de espaço podem ser solucionadas com a utilização dos alternativos, que têm a possibilidade de

serem confeccionados sem descaracterizar a prática dos aparelhos oficiais da GA, como os: de salto, solo, suspensão e equilíbrio.

4. A Atividade Ginástica A atividade ginástica contribui para o desenvolvimento motor dos que

a praticam. Portanto, antes de enfocar qualquer outro tema relacionado com a Ginástica Artística, recorreu-se a LEGUET (1987, p.1), que ressalta que “é importante lembrar as dimensões múltiplas das atividades ginásticas e o

impacto que elas podem ter sobre a conduta motora, no momento em que descobrimos e desejamos explorá-la em toda sua amplitude”.

O indivíduo pode ser capaz de agir, criar, mostrar, ajudar, avaliar e

organizar, a partir da prática da GA e suas múltiplas dimensões. (LEGUET, 1987)

O “agir” aparece antes mesmo de possuir a habilidade da atividade. É pelo interesse sobre novas dimensões e devido ao contado com um novo ambiente, que surge uma ação. A partir desta ação o indivíduo, sozinho ou

com seus colegas, explora as diferentes dimensões, utilizando-se da criatividade e empenha-se em desfrutar a alegria comum de agir.

As atividades ginásticas, depois de descobertas e exploradas, fazem

com que os alunos comecem a “criar” ou “recriar”, expressando sua personalidade no grupo. Sua originalidade aparece na escolha das ações, na

forma de coordená-las e solucioná-las. Estas possibilidades de criação e de originalidade são importantes para a combinação de movimentos ginásticos e coreográficos na montagem de apresentações.

Durante a aprendizagem das atividades ginásticas, cada movimento aprendido e aperfeiçoado, faz com que o aluno tenha o desejo de “mostrar”

sua obra para os colegas de grupo. Segundo LEGUET (1987, p.5), o fato da criança querer mostrar sua

capacidade para os demais faz com que ela seja estimulada em diversos

aspectos: a. Correr riscos de realizar “seu” mais alto nível de dificuldade possível

compatível com o êxito;

b. Dominar sempre perfeitamente suas ações, das mais simples as mais difíceis, para ir em direção ao virtuosismo, cujo domínio assegura a

beleza; c. Personalizar, inventar e criar em busca da originalidade.

A Ginástica Artística não é somente aprender e realizar atividades

ginásticas. Entre o aprender e realizar, pode-se encaixar o termo “ajudar”, como a colaboração mútua entre colegas para a tentativa de realização de

uma atividade ginástica durante sua aprendizagem motora. Nas atividades ginásticas a criança aprende a “avaliar” a sua conduta e a de seus colegas, vivenciando situações onde terá que apreciar, como

espectador, observador, membro de um júri. Segundo LEGUET (1987, p.6), “isto pressupõe um conhecimento cada vez mais preciso de critérios, que poderão aproximar-se aos códigos de pontuação da atividade”.

O autor menciona que “organizar” também faz parte do dia-a-dia da Ginástica Artística. Junto com seus colegas o ginasta pode ser organizador,

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tomar decisões, distribuir tarefas, participar da escolha de um júri e do material; com isso ganha autonomia.

5. Desenvolvimento Motor

Na oficina de GA desenvolvida na UNAERP-Campus Guarujá, as professoras envolvidas nas oficinas procuram trabalhar de acordo com a

visão desenvolvimentista, com respeito às fases de desenvolvimento motor, para poder montar seu plano de aula específico para cada faixa etária e visar um eficaz processo de ensino-aprendizagem.

GALLAHUE e OZMUN (2003, p.3) definem desenvolvimento motor como “a contínua alteração no comportamento do ciclo da vida, realizado pela interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo e as

condições do ambiente”. Os autores dividem este desenvolvimento em quatro fases e cada uma

com seus determinados estágios. São elas: fase motora reflexiva, com estágios de decodificação e de codificação de informações; fase motora rudimentar, com estágios de pré-controle e de inibição de reflexos; fase

motora fundamental, com estágios inicial, elementar e maduro; e fase motora especializada, com estágio de utilização permanente, de aplicação e transitório.

Estas são as etapas pela qual a criança deve passar durante o seu desenvolvimento motor, desde sua vida intra-uterina até seus 14 anos de

idade, continuando a partir daí, o aperfeiçoamento das habilidades aprendidas.

As “habilidades motoras fundamentais” (que abrangem os estágios

inicial –2 a 3 anos de idade, elementar – 4 a 5 anos de idade e maduro dos 6 a 7 anos de idade), são decorrentes da fase de movimentos rudimentares do

período neo-natal. Neste momento as crianças estão envolvidas na exploração e na experimentação das suas capacidades motoras, começam a descobrir como exercer movimentos estabilizadores (andar com firmeza e

equilibrar-se em um dos pés), locomotores (correr e pular) e manipulativos (arremessar e apanhar), aprendem a responder com controle e competência motora a vários estímulos oferecidos. (GALLAHUE e OZMUN, 2003)

Durante o estágio Maduro, os movimentos são caracterizados como, mecanicamente eficientes, coordenados e controlados.

Embora algumas crianças possam atingir esse estágio basicamente

pela maturação e com um mínimo de influências ambientais, a

grande maioria precisa de oportunidades para a prática, o encorajamento e a instrução em um ambiente que promova o

aprendizado. (GALLAHUE E OZMUN, 2003, p.105)

O ambiente das aulas de GA oferece estas oportunidades à criança, por meio dos exercícios ginásticos e da utilização dos aparelhos oficiais e

alternativos, desafia o educando a executar movimentos coordenados e controlados, promove a cada aula um novo aprendizado ou o aperfeiçoamento do mesmo, até chegar a um estágio maduro, que resultará

em uma passagem eficaz para a fase posterior.

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Conforme os autores, a próxima fase é a dos “movimentos especializados”. Nesta etapa, “o movimento torna-se uma ferramenta que se

aplica a muitas atividades motoras complexas, presentes na vida diária, na recreação e nos objetivos esportivos”.

É neste momento que acontece o refinamento das habilidades

estabilizadoras, locomotoras e manipulativas, que podem ser combinadas e utilizadas em atividades mais complexas, como as da Ginástica Artística,

onde o “pular” dos movimentos fundamentais já poderá ser aplicado como forma de impulsão para um salto sobre o plinto, para os saltos ginásticos e para os elementos acrobáticos.

Descrevem ainda, que esta fase apresenta três estágios: o transitório, o de aplicação e o de utilização permanente. Estágio Transitório: É neste estágio, entre 7 e 8 anos de idade, que a

criança começa a aplicar as habilidades motoras fundamentais à execução das habilidades especializadas no esporte em atividades recreativas. O

“andar” na trave de equilíbrio é um exemplo de atividade transitória, diferenciada do estágio anterior pela sua forma, precisão e controle maiores. Estágio de Aplicação: Dos 11 aos 13 anos de idade, a criança apresenta-

se com uma sofisticação cognitiva crescente, base de experiências ampliada, que a tornam mais decisiva e participativa na escolha das tarefas.

O indivíduo começa a tomar decisões conscientes a favor ou contra

sua participação em certas atividades. Essas decisões fundamentam-

se, em larga escala, no modo pelo qual a criança percebe até que ponto os fatores inerentes à tarefa, a ela mesma e ao ambiente

aumentam ou inibem a probabilidade de ela obter satisfação ou

sucesso. (GALLAHUE E OZMUN, 2003, p.106)

No estágio de aplicação é o momento em que a criança vai buscar ou evitar a participação em atividades específicas. Por este motivo, o professor deve fazer com que aulas de GA se tornem prazerosas, incentivando o aluno

à sua prática. Estágio de Utilização Permanente: Este estágio tem seu início aos 14

anos de idade e segue até vida adulta. Representa o auge do desenvolvimento motor, por ser a fase onde são utilizados os movimentos motores adquiridos pelo indivíduo até o resto de sua vida.

É importante ressaltar que o desenvolvimento continua através de um processo permanente, fundamental para a vida da criança após os 14 anos de idade, onde ela poderá optar em se especializar em uma determinada

habilidade. Cabe ao professor de Educação Física destacar os benefícios que a GA oferece para o seu desenvolvimento, para que este continue sua prática

após o término deste estágio. 6. Conceitos de Psicomotricidade

A corrente educativa em psicomotricidade nasce das insuficiências na Educação Física em corresponder às necessidades de uma educação real do corpo.

“Psicomotricidade é a realização do pensamento, através do ato motor, coeso, organizado, exato, integrado e econômico. Seria o pensar e realizar”

(AJURRIAGUERRA, 1992, citado por PANTIGA, 2002, p. 2)

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COSTE (1981, p. 9) conceitua psicomotricidade como “a ciência encruzilhada onde se encontram múltiplos pontos de vista: sociais, afetivos,

biológicos, psicológicos,psicanalíticos, educacionais, neurológicos e motrizes”.

Um trabalho baseado na psicomotricidade contribui

significativamente para o desenvolvimento da criança, unindo em uma só atividade, aspectos afetivos, cognitivos e motrizes.

A psicomotricidade, aliada às aulas de Ginástica Artística, favorece à criança a descoberta de suas potencialidades e assim, transforma simples movimentos em grandes habilidades.

Portanto, essa vivência psicomotora proporcionada pela GA, oferece à criança experiências que possibilitarão à criança um estilo de vida saudável, confiante de si próprio, com auto-estima elevada e um vasto repertório motor

que irá permanecer pelo resto de sua vida.

7. Educação Psicomotora Quando se pensa em educação psicomotora, deve-se lembrar que os

desenvolvimentos, afetivo, motor e intelectual são indissociáveis e que a

motricidade e o psiquismo estão intimamente interligados na infância.

A educação psicomotora concerne uma formação de base

indispensável a toda criança que seja normal ou com problemas.

Responde a uma dupla finalidade: assegurar o desenvolvimento

funcional, tendo em conta as possibilidades da criança e ajudar sua

afetividade a expandir-se e a equilibrar-se através do intercâmbio

com o ambiente humano. (LE BOULCH, 1982, p.13)

Durante as aulas os movimentos devem ser apresentados conforme o grau de complexidade, ou seja, do mais simples para o mais complexo, do

mais suave para o mais intenso. Conforme a visão de BARRETO (1998, p.21) “são etapas vencidas progressivamente, dando à criança um tempo para adaptação e aumento gradual do seu acervo motor e de sua memória

muscular”. A Educação Psicomotora preconiza a aplicação dos conteúdos psicomotores básicos – esquema corporal, imagem corporal, coordenação da dinâmica global, equilíbrio, coordenação viso-motora, dominância lateral e

lateralidade, para o desenvolvimento global da criança. Os conteúdos psicomotores básicos são de vital importância para o

desenvolvimento dos seres humanos. No ponto de vista da psicomotricidade, a relação corpo e espírito, intelectualidade e motricidade, são aspectos inseparáveis, interdependentes e caminham juntos.

Baseado neste princípio, o trabalho tem como objetivo, beneficiar a evolução e maturação das crianças e adolescentes, além de torná-los aptos

às conquistas educacionais. (PANTIGA, 1995) Através da GA esta educação pode ser ressaltada por meio da prática

de movimentos ginásticos em aparelhos específicos da modalidade.

As atividades desenvolvidas na educação psicomotora visam a

propiciar a ativação dos seguintes processos: vivenciar estímulos

sensoriais para discriminar partes do próprio corpo e exercer um

controle adequado sobre elas; vivenciar o corpo como um todo, pois este é o referencial primeiro e nossa relação conosco, com os outros,

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com os objetos e o meio; vivenciar através do próprio corpo e da

interação com o mundo e com os objetos, a organização espaço-temporal; vivenciar situações que levem à aquisição dos pré-

requisitos básicos necessários a uma boa iniciação ao cálculo, à

leitura e à escrita (noções de espaço e tempo, boa linguagem oral,

bom controle da respiração, um bom ajuste do tônus, boa

coordenação motora, etc.). (BARRETO, 1997, p.21)

Pode ser trabalhada e relacionada com as outras disciplinas, devido aos benefícios já relatados nesta revisão que vêm favorecer a aprendizagem das estruturas motoras básicas, evitando dificuldades como má

concentração, confusão de letras e sílabas, de leitura, letra ilegível e dificuldades de passagem do plano vertical para o plano horizontal.

9. As Ações Motoras da Ginástica Artística

Durante as situações de execução de movimentos ginásticos, o corpo

da criança apresenta diversas formas de ações motoras, podendo ser isolada ou combinada uma à outra, com a utilização ou não de aparelhos.

As situações são apresentadas numa ordem sensivelmente crescente

de dificuldade (mais velocidade, mais amplitude a ser procurada, mais força a ser desenvolvida) ou de complexidade (informações mais

finas para serem controladas, mais ações para serem

coordenadas...). Entretanto, é conveniente lembrar que o progresso

deve ser buscado nos comportamentos executados e não somente na

progressão das situações; é sobre a base de sua própria observação e

interpretação que o praticante poderá escolher, colocar na ordem, inventar as situações pertinentes que convêm ao problema que lhes é

apresentado. (LEGUET, 1987, p.63)

As ações motoras mais utilizadas na GA, segundo o mesmo autor são:

girar sobre si mesmo, executar abertura e fechamento, passar pelo apoio invertido, aterrissar, saltar, manter-se em equilíbrio, deslocar-se em bipedia,

passagem pelo solo ou trave, balancear no apoio, balancear em suspensão, passar em suspensão invertida e volteio.

A classificação das ações ginásticas é algo somente para orientar

quanto ao planejamento e alcance dos objetivos das aulas, mostrando que, ao se treinar a parada de mãos, o ginasta beneficia outras aprendizagens que utilizem as mesmas ações motoras. (SANTOS, 2002, on-line)

Um mesmo elemento técnico pode conter diferentes ações motoras. Um exemplo é a realização da parada em dois apoios, que apresenta meia-

rotação para frente, passando pelo apoio invertido, uma abertura e fechamento combinados.

A passagem de uma ação para a outra é o que caracteriza a GA, pois

estas combinações originam as seqüências de movimentos acrobáticos que prendem a atenção dos espectadores.

Segundo NUNOMURA (2005, p.47) “um salto mortal é a transição de uma ação de saltar para girar e aterrissar e, a intersecção, é o ponto de sobreposição de uma ação sobre a outra, o momento da coordenação”.

As ações motoras devem ser apresentadas para o ginasta iniciante de forma gradativa, partindo de elementos simples, que utilizem menos ações motoras, para aqueles mais complexos, por exemplo: a aprendizagem da

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parada em dois apoios, que é a união de três ações coordenadas, deve ser apresentada ao aluno anteriormente ao salto mortal para frente, que possui

cinco ações coordenadas (saltar, abertura e fechamento, girar sobre si mesmo e aterrissar); desta forma a aprendizagem ocorrerá com mais êxito. (SANTOS, 2002, on-line)

O ensino destas ações cria uma situação-problema, que o ginasta deverá tentar solucionar. Esta solução virá através de adaptações corporais,

que também são gradativas. Um exemplo que podemos citar, segundo LEGUET (1987), é durante o passar pelo apoio invertido, onde a situação-problema proposta será o aluno não deixar que a massa das pernas acentue

a curvatura lombar, conduzindo o quadril. Neste caso o ginasta construirá uma imagem corporal de todos os segmentos, como também, desenvolverá força muscular, coordenação motora, equilíbrio, noção espaço-temporal,

agilidade, velocidade e flexibilidade. As ações motoras da Ginástica Artística visam o desenvolvimento

completo do educando, proporcionando um maior repertório motor, no entanto, as atividades propostas devem estar de acordo com a faixa etária dos alunos de cada série, respeitando ao máximo as etapas do

desenvolvimento motor.

10. Pedagogia da Ginástica Artística

O conhecimento de práticas pedagógicas da Ginástica Artística é imprescindível para o desenvolvimento da modalidade. PICCOLO (2005,

p.33), enfatiza que “estabelecer diretrizes para uma pedagogia da Ginástica é antes de tudo preocupar-se com o ser que a prática e, portanto, atentar-se para os potenciais e para as diferenças que caracterizam cada indivíduo”.

Os educadores devem se preocupar com as diferenças individuais entre os estudantes e moldar seu plano de ensino com uma educação que

possa ser alcançada por todos, para evitar a influência desta desigualdade no decorrer das aulas.

A autora relata que, para ensinar algo que a criança ainda não saiba,

deve-se seguir alguns fatores como; partir do que ela já sabe, descobrir o que já faz com mais facilidade, perceber o nível de motivação para execução daquela tarefa, estar num ambiente apropriado para estimulá-lo a essa

aprendizagem e saber quais são os meios facilitadores par ensinar tais fundamentos. (PICCOLO, 2005).

A autora também recorda que é interessante trabalhar com o lúdico;

Desenvolver atividades numa perspectiva lúdica garante uma

participação do aluno com prazer naquilo que está fazendo. De certo

modo, uma prática lúdica estimula a auto-motivação dos alunos,

permitindo uma participação mais eficaz. Toda atividade realizada

com o significado para quem executa, permite uma vivência mais prazerosa. E é a partir do prazer que se tem pelo que se faz que o

individuo torna-se mais interessado, mais envolvido com a busca do

sucesso de sua realização. (PICCOLO, 2005, p.35)

As aulas de Ginástica Artística devem sempre motivar a criança envolvida. A diversidade de atividades e informações favorece aos alunos o

acesso ao conhecimento, levando-os inicialmente à compreensão passo a passo do exercício, para depois executá-lo por inteiro.

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Outra forma pedagógica para trabalhar a Ginástica Artística é colocar a criança frente a situações-problemas que exijam uma resposta global. Esta

visão é proposta por HOSTAL (1982, p.13), quando afirma que “a situção-problema, melhor do que qualquer outro processo, faz com que a criança descubra sensações ligadas a uma resposta motora exata”, ou seja, a criança

deve ser capaz de dominar a situação para poder dar uma resposta. As situações-problema têm como objetivo a descoberta, a análise, o

aperfeiçoamento, o enriquecimento e a combinação. Para tanto, durante as aulas de GA as professoras devem utilizar um

vocabulário preciso e adequado, assim como, nomes corretos para os

exercícios. De acordo com HOSTAL (1982, p.13) isto é preciso para “evitar a confusão entre a desejável não-direção e um perigoso deixar à vontade”. Contudo, para que a GA atue de modo educacional, é preciso inovar,

integrar a prática da modalidade com a realidade e a necessidade social, para assim, contribuir para formação dos jovens como indivíduos e

cidadãos. Segundo KORSAKAS (2002, p. 42) “A possibilidade de o esporte atuar como meio de educação está estreitamente relacionado às concepções que os adultos envolvidos em sua organização possuem sobre a criança e a

educação, das quais depende sua prática , sendo o professor ou técnico – daqui em diante educador –quem assume papel de destaque por seu contato direto e constante com os praticantes”.

11. A Ginástica Artística como fator sócio-educativo

A prática da GA pode fazer com que as crianças fiquem mais disciplinadas, tornando-as mais responsáveis, conscientes de seus compromissos e deveres, e criem hábitos alimentares, higiênicos e de

atividades físicas melhorados. Favorece também o conhecimento e o respeito ao seu próprio corpo, aos seus limites, às suas diferenças com os colegas,

sem discriminação por características pessoal, física, sexual ou social. Ao adotar atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade,

aprende também a controlar suas emoções, como raiva, ansiedade e choro,

passa a ter autoconfiança, sendo perseverante diante de diversas situações. Desta forma atua corretamente dentro da sociedade, criando ações positivas para um mundo melhor.

O professor deve usar de sua influência sobre seu aluno para estimulá-lo de maneira positiva e produtiva, a fazer com o que foi aprendido

durante as aulas passe a ser praticado em seu convívio social. (KOSAKAS, 2002).

13. Projeto de Ginástica Artística: brincar e aprender Esta proposta iniciou em agosto de 2004 com as universitárias

voluntárias, Andréa Rubens de Freitas, Denise Veiga Casanova e Érica Gleise, sob a orientação da Prof. Ms. Cristiane T. A. Camargo. Teve por finalidade proporcionar às crianças da cidade do Guarujá, que não têm

oportunidade de freqüentar clubes e academias, por sua condição sócio-econômica menos favorecida, atividades que permitam o seu desenvolvimento integral.

Para isso ofereceu aulas de GA, duas vezes por semana, para crianças entre 7 e 10 anos de idade. Este esporte, embora seja uma modalidade

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competitiva que visa a performance do atleta, foi trabalhado nesta proposta com aulas estruturadas de forma educacional e formativa, por meio de

atividades lúdicas, com o intuito de desenvolver as capacidades físicas básicas, autoconfiança e a elevação da auto-estima das crianças envolvidas.

14. Considerações Finais Por meio desta proposta, pode-se observar que houve grande evolução

no desenvolvimento das crianças envolvidas. As experiências por elas vivenciadas, favoreceram momentos agradáveis e diferenciados em suas vidas, e ainda, proporcionaram situações em que elas puderam demonstrar

sua capacidade de agir, criar, mostrar, ajudar, avaliar e organizar, elevando sua auto-estima e tornado-as mais confiantes de suas possibilidades.

A utilização dos materiais alternativos facilitou o desenvolvimento das

aulas, além de tê-las tornado mais agradáveis e prazerosas. O trabalho apresentado demonstrou que “o importante é acreditar que sempre vale a

pena arriscar um novo desafio”. 13. Referencias Bibliográficas

BARRETO, S. Psicomotricidade: Educação e Reeducação. Blumenau: Odorozzi, 1998 COSTE, J.C. A Psicomotricidade. São Paulo: Manole, 1981.

GALLAHUE, D.L.; OZMUN, J.C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. [tradução Maurício Leal

Rocha] São Paulo: Atheneu, 2003. HOSTAL, P. Pedagogia da Ginástica Olímpica. São Paulo: Manole,1982. LE BOULCH, J. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento até os 6

anos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1982. LEGUET, J. As ações motoras em ginástica esportiva. São Paulo:

Manole,1987. NUNOMURA, M. Fundamentos das modalidades esportivas ginásticas. São Paulo: USP, 2004.

PANTIGA JR, G. Ginástica Olímpica na Educação Infantil e no Ensino Fundamental: metodologia e abordagem em psicomotricidade. In: Extensão Universitária, São Paulo, 2002.

PICCOLO, V. L. N. Educação Física escolar: ser ou não ter? Campinas: Unicamp, 1995.

PICCOLO, V. L. N. Pedagogia da Ginástica Artística. In: Nunomura, M; Piccolo, V. L. N. Compreendendo a Ginástica Artística. São Paulo: Phorte, 2005, p.27-36.

SANTOS, F. Sala de aula.Ginástica Olímpica Virtual. Minas Gerais, 01. fev. 2002. Disponível em: <

http://www.virtual.unilestemg.br/Flavia/salas_de_aula2.htm > Acesso em 15. jun. 2004. SHIAVON, L.M. Materiais alternativos para Ginástica Artística. In:

Nunomura, M; Piccolo, V. L. N. Compreendendo a Ginástica Artística. São Paulo: Phorte, 2005, p.169-181. SWEENEY, J.M. Ginástica Olímpica. São Paulo:DIEFEL, 1975

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educación física educacion fisica deportes deporte sport futbol fútbol entrenamiento deportivo discapacidad aventura pokerjackpot bet apuesta dados dice casino naturaleza lesión lesion deportiva psicologia sociologia estudios sociales culturalesphysical juegos game gambling education sports sciences education physique gimnasia fitness natacion atletismo velocidadresistencia flexibilidad fuerza potencia aerobico habilidad motora recuperacion pilates fatiga frecuencia cardiaca violencia

Oficinas de ginástica geral como atividade extra-classe emuma escola estadual na região de Campinas, SP.

Universo de possibilidades e descobertas

na Escola Estadual Campo Grande IITalleres de gimnasia general como actividad extraescolar en una escuela estatal de la región de Campinas, SP. Universo de posibilidades y descubrimientos en la Escuela Estatal Campo Grande II

*Profissional de Educação Físicagraduada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)nas modalidades Licenciatura Plena e Bacharelado em Lazer

**Bacharel e Licenciado em Educação Física pelaUniversidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Mestre e Estudante de Pós-Graduação (Doutorando) daFaculdade de Educação Física da Unicamp / FEF-Unicamp

Docente das Faculdades Metropolitanas de Campinas (Metrocamp-IBTA),UniAnchieta (Jundiaí-SP) e Universidade Adventista de São Paulo (UNASP)

Andreza Chiquetto Venditti*[email protected]

Rubens Venditti Júnior**[email protected]

(Brasil)

Resumo Inserida no programa social “Ame a Vida sem Drogas – FEAC” em Campinas-SP, a Escola Estadual Campo Grande II ofereceu oficinas gratuitas de GinásticaGeral (G.G.) aos alunos(as) do ensino fundamental, v isando o aproveitamento do tempo livre destes. Estas intervenções proporcionam o contato com elementosdo universo da Ginástica e da Cultura Corporal. A expressão corporal é estimulada nas composições coreográficas desenvolv idas pelos próprios participantes.Percebem-se diversas possibilidades da G.G. na escola; sua necessidade e importância no processo educacional, resultando em: inclusão; práticas físicas regulares;desenvolv imento motor; lazer e satisfação; valores humanos; integração social e relacionamento comunitário. Unitermos: Ginástica geral escolar. Prevenção às drogas. Formação humana. Desenvolv imento social

Abstract Inserted in a social program of drugs prevention in Campinas-SP-Brazil, in ‘Campo Grande II State School’, Assistencial Entities Federation of Campinas hadoffer free General Gymnastics’ workshops(G.G) to its students try ing to optimize their free time. G.G. interventions make possible a contact with elements fromGymnastic and Body Culture universes. Body expression is stimulated in the choreography compositions developed by the own participants. It demonstratesdiverse possibilities of G.G.: its needs and importance within educational process, beyond resulting in: inclusion; regular physical activ ities; motor development;leisure and satisfaction; human values; social integration and community relationships. Keywords: School general gymnastics. Drugs prevention. Human values. Social development

http://www.efdeportes.com/ Rev ista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 134 - Julio de 2009

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Grupo de alunos da Escola Estadual Campo Grande II, participantes das oficinas de Ginástica Geral. Momento final da aula sobre poses acrobáticas e

criação

pelos próprios alunos de poses utilizando os elementos aprendidos em aula, suas experiências corporais e novos elementos do universo gímnico (Acervo

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Pessoal).

Introdução

A escolha desta pesquisa se deve ao nosso particular interesse no tema ginástica geral (GG) e suas possibilidades

de trabalho no âmbito escolar – área de nossa atuação profissional. A problemática consiste em verificar a

aplicabilidade1 da Ginástica Geral (GG) para a Pedagogia do Movimento, dentro do contexto escolar, para o público do

ensino fundamental.

Esta aplicabilidade foi verificada através da viabilização e utilidades práticas da GG como possibilidades de

intervenção pedagógica. Caracterizada como um trabalho teórico-prático voltado à pedagogia do movimento e

desenvolvimento humano integral dos indivíduos (social, cognitivo, comportamental e sensorial-motor); busca-se

trabalhar os contextos próprios da Motricidade Humana e da Cultura Corporal, dentro do conteúdo abrangente

oferecido pela Ginástica Geral.

Desde o segundo semestre de 2002 até meados de 2007, atuamos na Escola Estadual Campo Grande II2,

oferecendo oficinas de Ginástica Geral extra-curriculares, regulares (dois encontros semanais), como atividade

opcional e gratuita, em período extra-classe, para alunos(as) do ensino fundamental (1.ª fase), entre 07 e 11 anos de

idade.

Ativ idades extra-classe de Ginástica Geral na Escola Estadual Campo Grande II. Participantes das oficinas de Ginástica Geral,

realizando alongamentos e roda de conversa inicial, na quadra externa da escola em que realizamos o projeto. (Acervo Pessoal).

O programa social

As oficinas se inseriam num programa de ação social no contexto escolar, voltado à prevenção ao uso de drogas

por crianças e adolescentes, que tinham como foco de atuação as escolas da rede pública estadual do município de

Campinas-SP: o “Programa Ame a Vida sem Drogas”, promovido e gerido pela Federação das Entidades

Assistenciais de Campinas (FEAC), através de parcerias com setor privado, público e outras associações (MARTINS,

2005).

As experiências positivas deste trabalho social- principalmente a GG, considerada uma das frentes de atuação social

dentro do programa geral3 - faziam do “Ame a Vida sem Drogas/FEAC” um programa plural com diversas formas de

abordagens e oportunidades4 a esse público carente.

As possibilidades da Ginástica Geral (GG)

AYOUB (1998) discorre que a GG pode ser a representação pedagógica da ginástica. No programa, esta surge como

possibilidade de intervenção pedagógica além de ser uma das frentes no combate e à prevenção primária ao uso de

drogas dentro do programa.

Em outra obra (AYOUB, 2003, p. 72), ainda destaca que a GG “[...] não quer abandonar o prazer, o artístico, a

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inteireza lúdica da gestualidade, o riso, o divertimento, a festa; ao contrário, ela abre oportunidade para a

reconstrução do lúdico e suas possibilidades de ruptura com a rigidez apregoada pela ginástica científica”.

Por estas características, as oficinas podem contribuir pedagogicamente na formação destes participantes,

considerando seus contextos, experiências e realidade social.

As possibilidades neste trabalho com GG permitem a estimulação de criatividade, trazendo a Ginástica para a

realidade e contexto sócio-cultural dos alunos, o que permite um trabalho coletivo que estimula a cooperação,

solidariedade e distribuição de funções, contribuindo para a formação humana e do ser humano global (PEREZ-

GALLARDO, 1998).

O contato nas oficinas de GG com as mais variadas experimentações motoras possibilita também o enriquecimento

motor e desenvolvimento de habilidades e gestos motores que podem ser redefinidos, reinventados, alterados e

reutilizados nos contextos destes indivíduos.

De acordo com GALLARDO e SOUZA (1996, [s.p.]), a GG:

“... reúne diferentes interpretações das ginásticas [...], integradas com outras formas de expressão

corporal (dança, folclore, jogos, teatro, mímica, etc.) de forma livre e criativa.”

Assim, ao oferecermos estas oficinas gratuitas dentro do programa social no qual está inserida, trabalhamos os

conteúdos da Educação Física, de forma diversificada, aplicada e direcionada ao público alvo desta pesquisa: alunos de

ensino fundamental, no primeiro ciclo (da 1.ª à 4.ª séries) da Escola Estadual Campo Grande II, sem se perder a

especificidade e contextos próprios de nossa área de atuação profissional, bem como as peculiaridades do programa

social ao qual fizemos parte, que visava especialmente a prevenção primária ao uso de drogas pelos alunos da rede

pública das escolas inseridas no programa.

O universo das Ginásticas – origens metodológicas da Educação Física

A ginástica tem suas raízes na Europa, sendo seu repertório constituído de exercícios físicos em geral como

corridas, saltos, lutas, lançamentos, esgrima, equitação, entre outros. Surgem suas primeiras sistematizações na

sociedade européia, através dos Métodos Ginásticos:

“(...) o termo Ginástica englobava uma enorme gama de práticas corporais, tais como jogos

populares e da nobreza, acrobacias, saltos, corridas, exercícios militares de preparação para a guerra,

esgrima, equitação, danças e canto” (Soares apud Ayoub, 1998, p. 37).

Por todo o século XIX, o Movimento Ginástico Europeu, baseado na abordagem científica disponível, delimitada

pelas ciências biológicas e físicas, encarregou-se de construir estes métodos ginásticos (SOARES, 1994), que podem

ser considerados como as primeiras sistematizações metodológicas e origem da Educação Física enquanto ciência e

área de estudo.

Estes métodos se caracterizavam como formas de representação de uma cultura, uma linguagem voltada ao

entretenimento e à diversão. A França, a Alemanha e a Suécia foram as principais representantes do Movimento

Ginástico Europeu.

Seus métodos vieram ao Brasil no final do século XIX e início do XX. Os princípios destes métodos eram

perfeitamente cabíveis ao que nosso país necessitava na época: saúde, fortalecimento da raça e unificação pátria

através do fortalecimento dos corpos brasileiros. Inicialmente aplicados no exército, ganharam força e passaram então

a compor o contexto escolar. E o Brasil passa então a ensinar Ginásticas nas escolas.

Graner (2001) discorre sobre a existência da ginástica na história, afirmando que ela constitui um conjunto de

movimentos (repertório) acompanhados de regras de combinação e de uso em que seres humanos- a partir dos

princípios que regem o contexto em que estão inseridos- criam, reúnem, organizam e os praticam. Desta forma, a

Ginástica foi se constituindo um conjunto de manifestações que, de alguma maneira, fazem parte do cotidiano das

pessoas.

Essas, por experiências, constroem então idéias e noções sobre essa prática corporal, ressignificando as mesmas,

os símbolos e os valores nelas introjetados.

Partindo desta ótica, a Ginástica deve ser ensinada na escola por meio de um confronto entre o tradicionalismo e as

novas formas de exercitação (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 77). Daí as possibilidades da Ginástica Geral.

Este confronto (ruptura e conflitos - entre o conhecido e desconhecido, o novo e o usual) possibilita o aprendizado

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da ginástica, considerando as suas primeiras formas de manifestação e as formas contemporâneas, acrescido de

devida constatação, interpretação, compreensão e comparação entre os princípios e as finalidades que as faz existir.

Os alunos podem então compreender que as exercitações atuais herdam vários princípios com valores e significados

históricos e culturais.

Percebem que cada uma dessas manifestações é composta por um conjunto de gestos, revelam significações e

compõem diferentes formas de linguagem. Compreendendo assim esta dinâmica, os alunos podem ter melhores

condições de escolha, crítica e re-significações desta praxis.

Conceituando a Ginástica Geral

Esquema da proposta metodológica dos grupos GGU e GGFEF/ Unicamp (SOUZA, 2001, p. 27).

As possibilidades da GG e os diversos conteúdos que pertencem a este universo.

A Ginástica Geral abrange diversas manifestações da ginástica e até mesmo da cultura corporal (COLETIVO DE

AUTORES, 1992), sem destituir-se de seu caráter lúdico, prazeroso e criativo.

AYOUB (1998, p. 94) afirma que a Ginástica Geral pede ser:

“(...) visualizada como uma prática corporal que promove uma síntese entre elementos do núcleo

primordial da Ginástica, da Ginástica científica e das diversas manifestações gímnicas contemporâneas.

Sob essa ótica, a GG representa, em nossos dias, uma síntese entre o que foi e o que é a Ginástica; uma

síntese em transformação, inserida no contexto da dinâmica histórico-cultural”.

GRANER (2001, p. 47-48) define a Ginástica Geral (G.G.) como:

“(...) uma manifestação gímnica realizada principalmente pelos países da Europa. Não se caracteriza

como uma modalidade da ginástica, mas sim como uma síntese entre diferentes expressões gímnicas. A

GG não possui regras rígidas pré-estabelecidas, podendo ser praticada por pessoas de qualquer idade,

característica corporal, condição física e/ou técnica, gênero ou restrição quanto ao número de

participantes, não possuindo fins competitivos. Sua prática é voltada ao prazer. (...) Em seus momentos

de prática, podem utilizar o corpo como forma de linguagem, como expressão!”

De acordo com AYOUB (1998), a ginástica com estas características já é realizada há muitos anos - tanto no

continente europeu quanto no Brasil.

Pelas suas características, por não possuir regras pré-estabelecidas, critérios e padrões, como no caso das

ginásticas competitivas, além da liberdade de expressão por meio das tantas formas de ginástica, a Ginástica Geral é

tida como uma atividade que pode estimular a criatividade. A seguir, inserimos um quadro de Ayoub (2003, p.62), que

descreve as principais características e diferenças entre as Ginásticas de Competição e a Ginástica Geral.

Eis a riqueza em trabalhá-la na escola como uma síntese didática e pedagógica (GRANER, 2001, p. 49) das

ginásticas, sendo então uma “representante” deste conteúdo.

Permite, pelas características que possui, ser ensinada e praticada por todos os alunos da escola, sem exclusões ou

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seleção, não há também restrições de idade, características corporais, habilidades físicas e materiais específicos.

Quadro comparativo entre a Ginástica Geral e as Ginásticas Competitivas. Fonte: AYOUB (2003, p. 68).

Características e principais diferenças conceituais entre os tipos de Ginásticas.

Comum também é o fato que os grupos de trabalhos em GG reúnam suas experiências vividas em forma de

composições coreográficas, para apresentação a públicos em grande, média e pequena escala.

O local destas também não é pré-definido: podem ser feitas em clubes, praças, ginásios, campos, palcos, teatros e

até mesmo salas de aula. As reuniões de várias coreografias resultam em festivais de GG, uma vez que não existe a

competição, tendo estes festivais apenas caráter de exposição (CHIQUETTO, 2004).

Devido a todos estes aspectos, surgiu o interesse em buscar referenciais teórico-metodológicos que ofereçam

caminhos para estes direcionamentos, possibilitando práticas inovadoras e re-significando assim também a EF Escolar,

com conteúdos, especificidade e reconhecimento enquanto ciência, disciplina e sua importância na formação do ser

humano global (PEREZ-GALLARDO, 1998).

Justificativa

A relevância social da pesquisa consiste em permitir que se trabalhe com as possibilidades, contextualizando as

práticas de GG com os interesses, participação, olhar crítico e ativo dos participantes e da comunidade (pais, mães,

familiares, escola e professores), colaborando entre outros aspectos com a prevenção ao uso de drogas (uma

problemática social do programa) e dando oportunidades de práticas físicas orientadas e regulares a pessoas carentes

e com restritas práticas de ampliação da cultura corporal (oportunidades individuais).

Ao criar oportunidades e contato com as atividades de Ginástica Geral, abre-se um universo de possibilidades

futuras e presentes para colaborar com a formação humana destes alunos e também suas atuações no mundo em que

vivem. Daí sua integração efetiva no Programa “Ame a Vida sem drogas”, pois além da prevenção, trabalha-se

ativamente o exercício da cidadania, do convívio e da criticidade – uma vez que os alunos participam e contribuem

para o processo.

Possibilita-se assim que o profissional da Educação Física se utilize da GG como uma ferramenta pedagógica para o

desenvolvimento de seus conteúdos e o aprendizado de seus alunos.

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Ativ idade lúdica, envolvendo elementos gímnicos (parada de mãos e formações), dentro de um jogo elaborado pelos próprios participantes. A ativ idade

contempla tanto as questões específicas da ginástica e seus elementos, como permite o desenvolv imento de valores, atitudes e convivência entre os

participantes. (Acervo Pessoal).

Objetivos

O presente trabalho tem como objetivos relatar nossa experiência pedagógica no programa nos aspectos que se

elencam abaixo:

Contato com o universo da Ginástica e da cultura corporal, pela promoção de atividades dirigidas, orientadas e

regulares de GG para o público alvo da pesquisa;

Estímulo à prática de GG escolar, oportunidades de expressão corporal e composições coreográficas

desenvolvidas pelos próprios alunos;

Colaborar na prevenção ao uso de drogas e integração social-comunitária na problemática das drogas, com

aproveitamento do tempo livre e ocioso dos praticantes de GG;

Possibilidades de inclusão, lazer e satisfação através das oficinas dirigidas;

Trabalho com valores humanos, cidadania, integração social e relacionamento comunitário.

Público alvo – alunos de ensino fundamental da E. E. Campo Grande II

total 90 alunos/ 2 turmas de 45 alunos (1.ª a 4.ª séries)

Local - Escola Estadual Campo Grande II / Campinas-SP

Metodologia

Período de intervenção: 12 meses

Tipo de pesquisa: Qualitativa/ CASE (estudo de caso)

Dados: análise dos relatórios e diário de campo; questionários dirigidos; tarefas extra-classe; observação

sistemática; entrevistas com alunos, pais e professores; revisão literatura e avaliações conjuntas(metas

atingidas e reestruturações).

Matriz metodológica: Destaca-se aqui a constante influência que os autores obtiveram em suas formações

acadêmicas e experiências de vida; através das metodologias de nossa própria instituição, principalmente o

Grupo Ginástico Unicamp (GGU), do qual fizeram parte e que muito contribuíram para seus enriquecimentos

profissionais e pessoais.

Baseando-se nesta metodologia, ocorre uma fase de exploração e diversificação das possibilidades de movimento,

materiais e criação. Em seguida, surge o direcionamento e algumas pistas ou orientações técnicas com intervenção

dos agentes pedagógicos.

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Finalmente, surge a síntese e a assimilação com a partilha de informações e seleção das opções motoras (gestos)

para depois direcionar os conteúdos a uma composição coreográfica montada e estruturada pelos alunos, estimulando

criatividade, criticidade e relações de convívio e cooperação.

Dentro da metodologia proposta, os encontros sistematizados semestralmente seguem um planejamento

organizado em tópicos que abordam os principais conteúdos da cultura corporal e formas de expressão corporal

(exploração de gestos, movimentos e materiais tradicionais e alternativos).

Associados à questão exploratória, surgem atividades que proporcionam o relacionamento, a formação humana e a

vivência de diversos valores humanos.

Estabelece-se uma harmônica combinação de elementos do “núcleo primordial” (AYOUB, 1998) da G.G., utilizando

elementos da dança, música, rítmica, folclore, circo, artes cênicas, lutas, jogos, esportes, ginásticas e expressão

corporal.

As aulas são registradas em relatórios sistematizados e também ocorrem anotações em diário de campo.

Fotografias, depoimentos e filmagens fazem parte do banco de dados para o fechamento da pesquisa, que se

encontram em Chiquetto (2004).

Uma vez analisada e desenvolvida a metodologia, visa-se contribuir para a capacitação do profissional de educação

física, tornando a G.G. uma ferramenta auxiliar para os futuros e atuais educadores; oferecendo experiências e

práticas corporais-motoras dentro do ambiente escolar.

Considerações finais

Iniciamos as considerações com um trecho na nova obra de Souza (2008, p.34), que sintetiza praticamente toda a

importância da GG em trabalhos sociais e na ressignificação da EF escolar:

[...] o trabalho com a Ginástica Geral deve ser orientado para que todas as pessoas, em todas as

idades, possam participar principalmente pelo prazer que sua prática proporciona. Podemos dizer ainda

que se deve buscar promover o respeito aos limites de cada um, privilegiando as potencialidades

individuais e coletivas e a subjetividade presente no movimento de todos. Portanto, não sendo

excludente, o trabalho com a Ginástica Geral pode facilitar que todos venham a vivenciá-la e, com isso,

mergulhem no universo de conhecimento da Ginástica. Os futuros professores poderão, assim, refletir

com seus alunos, sobre várias questões (...)”

As possibilidades no trabalho com Ginástica Geral permitem a estimulação de criatividade, contextualização da

Ginástica para as realidades dos alunos, enfocando suas possibilidades e não limitações ou deficiências, o que permite

um trabalho coletivo. Também estimula a cooperação, solidariedade e distribuição de funções (formação humana), em

contraposição à ordem vigente das configurações de Educação Física Escolar, que apenas hegemonizam e

“vangloriam” os moldes competitivos de esporte e rendimento.

O contato com as mais variadas experimentações motoras possibilita também o enriquecimento motor e

desenvolvimento de habilidades e gestos motores que podem ser redefinidos, reinventados, alterados e reutilizados

para as mais diversas atividades do cotidiano.

Ao possibilitar oportunidades e contato com as atividades de Ginástica Geral, abre-se um universo de possibilidades

futuras e presentes para colaborar com a formação humana destes alunos e também suas atuações no mundo em que

vivem. Daí sua atuação no Programa “Ame a Vida sem drogas”.

Inclusive, há poucos meses, nos encontramos com dois ex-alunos do projeto, das primeiras turmas. Um deles

chega a afirmar que as aulas de GG foram o estímulo inicial para que buscasse outras atividades e práticas corporais.

Atualmente, o mesmo se encontra praticando ginástica e aulas de dança. Isto mostra as possibilidades de

transformação e a abrangência de um programa social, no que condiz a oferecer oportunidades e novas perspectivas.

Talvez, se o aluno que encontramos não tivesse participado, nunca tivesse contato com a dança, como o próprio

aluno afirma.

Outros encontros também ocorreram: um aluno relatou que agora entendia que EF não era apenas jogar futebol e

esportes, havia outros conteúdos como o circo e a ginástica que deveriam ser ensinados na escola.

Souza (2008) enfatiza a necessidade de se trabalhar a GG de maneira inclusiva, democrática, permitindo reflexões

e ações sociais. Foram diversas as temáticas abordadas, de maneira direta ou indireta nas aulas: sexismos e

preconceitos (raça, gênero e classe social); questões relacionadas à sexualidade e adolescência; conflitos e conteúdos

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atitudinais; imagem corporal e estética; além é claro da temática das drogas e criminalidade.

Por estes fatores, e principalmente pelas diversas experiências positivas,5 além de frutos já coletados com estas

metodologias, pretendemos sistematizá-las e torná-las de domínio público, apropriando de conceitos da Ginástica

Geral, contextualizando-os com o ambiente educacional escolar e usufruindo desta harmoniosa sinfonia de gestos,

relacionamentos e descobertas, possibilitando ao profissional da “Pedagogia do Movimento” que se utilize da G.G.

como uma ferramenta de utilidade real e proveitosa para o desenvolvimento de seus conteúdos e o aprendizado de

seus alunos - seres em movimento, transcendendo e transformando... seus corpos, suas identidades, o coletivo e sua

comunidade, suas vidas e sua cultura.

Ativ idades de solo, na quadra externa, utilizando elementos básicos da Ginástica Artística. Além das questões técnicas, os alunos aprendiam o convív io, o

respeito

às normas, o cuidado com os materiais e os elementos lúdicos (artes cênicas, aterrissagens, respeito às diferenças e estímulo às potencialidades - Acervo

Pessoal).

Notas

1. Faz-se pertinente citar as experiências positivas obtidas com essas formas de trabalho, principalmente com o projeto “Ame a Vida sem Drogas”,

v inculado à FEAC (Federação das Entidades Assistenciais de Campinas), a qual inclusive será objeto de estudo e análise neste trabalho

científico. Inclusive, os dois autores fizeram parte deste projeto nas funções de estagiários e depois oficineiros (professores de turmas de GG).

2. Situada no município de Campinas-SP, localizada em uma região periférica da cidade. Endereço: Av. John Boyd Dunlop, s/n – Bairro Campo

Grande.

3. Além das oficinas de GG, podemos encontrar dentro do programa outras frentes de atuação tais como a Cartilha de Prevenção ao consumo e

adicção de drogas, trabalhada dentro das salas de aula; oficinas de Dança de Salão; oficinas de Circo; capacitação de professores; palestras

técnicas e abordagens temáticas ao assunto de prevenção às drogas. Estas oficinas são oferecidas em diversas escolas da rede pública estadual

na região de Campinas-SP, principalmente as mais carentes e com maior incidência de consumo de drogas, apontados em estudos e pesquisas

na região. Para maiores detalhes, recomendamos a obra de Martins (2005, p. 207-224).

4. Criando-se possibilidades de aproveitamento do tempo livre com ativ idades orientadas e dirigidas gratuitamente aos alunos das escolas inseridas

no programa, surgem momentos de convív io e lazer dentro da estrutura escolar, retirando os alunos da ociosidade e, direta ou indiretamente

diminuindo os riscos de contato com drogas fora do ambiente escolar.

5. Destaca-se aqui a constante influência que os autores - Andreza Chiquetto Venditti e Rubens Venditti Jr.- obtiveram na própria formação

acadêmica e experiências de v ida no universo gímnico; através das metodologias v ivenciadas principalmente com o Grupo Ginástico Unicamp

(G.G.U.), grupo do qual ambos fizeram parte e que muito contribuiu para o enriquecimento profissional e pessoal.

Referências bibliográficas

AYOUB, E. A ginástica geral na sociedade contemporânea: perspectivas para a Educação Física escolar.

Campinas. Tese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Física, 1998.

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AYOUB, E. Ginástica Geral e Educação Física escolar. Campinas: Ed. Unicamp, 2003.

CHIQUETTO, A. Ginástica Geral na escola: relato de uma experiência. Monografia – Universidade Estadual de

Campinas, Faculdade de Educação Física, 2004, 57p.

COLETIVO DE AUTORES. Metodologia de ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.

GALLARDO,J.S.P.; SOUZA, E.P.M. Ginástica Geral: duas visões de um fenômeno. In: Textos e sínteses do I e II

encontro de GG. Campinas: Unicamp, 1996.

GRANER, L. S. P. Expressão corporal como linguagem: sentindo na pele possíveis diálogos. Monografia –

Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Física, 2001.

MARTINS, J. P.S. FEAC: biografia de um pacto social. Campinas: Átomo, 2005.

PÉREZ-GALLARDO, J. S. et al. Educação Física: contribuições à formação profissional. Ijuí: Unijuí, 1998.

SOARES, C. L. Educação Física: raízes européias e Brasil. Campinas: Autores Associados, 1994.

SOUZA, E. P. M. Ginástica Geral: uma área do conhecimento da educação física. Tese (doutorado), Faculdade

de Educação Física, Unicamp. Campinas, 1997.

SOUZA, E.P.M. A ginástica geral e a formação universitária. In: ANAIS – Fórum Internacional de Ginástica Geral

(24 a 31 de agosto de 2001). Campinas-SP: SESC: Faculdade de Educação Física, UNICAMP, 2001, p. 25-29.

SOUZA, E.P.M. Ginástica Geral- experiências e reflexões. São Paulo: Phorte, 2008.

VENDITTI Jr., R. Trabalho de conclusão de curso apresentado à disciplina MH505 – Seminários de monografia I,

Unicamp. Ante-projeto (monografia). Campinas, SP: 1998.

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revista digital · Año 14 · N° 134 | Buenos Aires, Julio de 2009

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Ginástica enquanto conteúdo integrante da Educação Física escolar: um relato de experiência

La Gimnasia como contenido de la Educación Física escolar: relato de una experiencia

GIEF – Grupo Interdisciplinar de Educação FísicaLinha De Pesquisa Pedagogia do Movimento Humano

Escola Municipal de Tempo Integral Clemente Soltis, Guarani das MissõesUniversidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, URI

Campus Santo Ângelo (RS)

Samuel Nascimento De AraújoCinara Valency Enéas Mürmann

[email protected](Brasil)

Resumo A ginástica compreendida como elemento da cultura corporal de movimento (CCM) possibilita a construção de conhecimentos referentes aos elementosginásticos. A ginástica como conteúdo integrante das aulas de Educação Física na escola, geralmente não é trabalhada em sua totalidade, o que torna o conteúdomonótono, não despertando o interesse dos praticantes (NUNOMURA, 2005). Sabemos que esta possui um papel fundamental na formação do aluno, e, portantodeve ser trabalhada de uma forma acessível, sem exigências de alto rendimento possibilitando a todos a execução das ativ idades propostas. Neste sentido aginástica é um dos conteúdos que contribuem para ampliar o repertório de movimentos dos alunos. O objetivo deste trabalho é proporcionar a v ivencia demovimentos ginásticos através da inclusão da ginástica como conteúdo integrante do currículo de Educação Física em uma escola da rede municipal de ensino dacidade de Guarani das Missões (RS). As ativ idades iniciaram no primeiro semestre do ano letivo de 2010, onde participaram alunos do 1º ao 5º ano, envolvendo 86alunos. No primeiro momento foram confeccionados materiais alternativos de ginástica para possibilitar um melhor desenvolv imento das aulas, formas construídasduas gavetas de plinto, uma trave baixa e um mini-tramp (com pneu). As aulas acontecem no turno inverso, sendo esta escola de tempo integral e são realizadasduas vezes por semana no saguão e pátio da escola. Os alunos v ivenciaram os movimentos básicos de ginástica em/com aparelhos, partindo de uma educaçãocrítica e participativa, os conteúdos já desenvolv idos foram os seguintes: rolar, saltar, embalar, balançar, parada de mãos, parada de cabeça, saltitos e voleios eelementos acrobáticos. A metodologia utilizada nas aulas fundamenta-se na concepção de aulas abertas à experiência de HILDEBRANDT (1986) e na ginásticapedagógica de MÜRMANN (1998) e LAGING (1990). As aulas práticas são organizadas através da tematização das aulas proporcionando ativ idades que permitamdiferentes v ivências em/com aparelhos, encenação da confrontação das ativ idades, aprendizagem por problemas. Além das intervenções pedagógicas foiconstruída com os alunos a coreografia de uma Ginastrada, a qual partiu das experiências de movimento v ivenciadas por eles até o momento. Percebemos umaampliação de movimento/repertório motor além de estar neste contexto realizando inclusão e integração social dos alunos, favorecendo a construção doconhecimento e o desenvolv imento de competências para a ação/tomada de decisão, acreditamos que a ginástica deve ser tematizada e desenvolv ida na EducaçãoFísica como um conteúdo integrante do currículo escolar. Unitermos: Ginástica pedagógica. Educação Física. Currículo. Abstract Gymnastics understood as part of the culture of body movement (CCM) allows the construction of knowledge concerning the gymnastic elements.Gymnastics as an integral content of physical education classes in school is generally not worked at all, which makes the dull content, not raising the interest ofpractitioners (NUNOMURA, 2005). We know that this has a key role in student education, and therefore must be handled in an accessible way, without requiringhigh performance enabling the implementation of all proposed activ ities. In this sense, the gym is one of the contents that contribute to expanding the repertoire ofmovements of students. The objective is to provide the experience of gymnastic movements through the inclusion of gymnastics as content of the curriculum ofphysical education in a school in the municipal schools in the city of Guarani das Missões (RS). The activ ities started in the first semester of the academic year 2010,attended by students from 1st to 5th year, involv ing 86 students. At first were made of alternative materials to provide the best gymnastics development of classes,two forms built plinth drawers, a low beam and a mini-tramp (with tire). Classes are held in the opposite shift, this being a full time school and are held twice aweek in the lobby and courtyard of the school. Students experienced the basic movements of gymnastics / appliances, from a critical and participatory education,the content already developed were as follows: rolling, jumping, rocking, swinging, handstand, hang upside, bouncing volleys and elements acrobatics. Themethodology used in classes based on the concept of open classes to experience HILDEBRANDT (1986) and gymnastics pedagogic Murmann (1998) and Laging(1990). The classes are organized through the theming of classes providing activ ities that allow different experiences in / with equipment, staging the confrontationof activ ities, learning problems. In addition to the educational interventions was built with the students the choreography of a Ginastrada, which departed from theexperiences of movement experienced by them so far. We see an expansion of movement / motor repertoire in addition to being here doing social inclusion andintegration of students, enhancing the building of knowledge and skills development for the action / decision-making, we believe that gymnastics should bedeveloped thematically and Physical Education content as an integral part of school curriculum. Keywords: Educational gymnastics. Physical Education. Curriculum.

EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 159, Agosto de 2011. http://www.efdeportes.com

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Introdução

O movimento humano é utilizado para fazer relação com o mundo (sociedade), onde se educa os alunos para que

os mesmos possam adquirir competência para agir autonomamente. A concepção de aulas abertas propostas por

Hildebrandt o ensino visa à valorização da experiência e diálogo do aluno, incentivando-o a descobrir e explorar,

construindo assim a aprendizagem.

O movimento na ginástica deve atribuir diferentes significados, e reinterpretações por intermédio das interações

valorizando o grupo, onde cada indivíduo explora seu potencial contribuindo para a construção deste grupo, ampliando

as interações sociais, focando neste processo a demonstração e não a competição sendo neste ato o aluno o centro do

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processo de ensino.

Percebemos na ginástica uma forma de realizarmos um processo de socialização e construção de conhecimento, de

forma que o aluno seja o centro do processo de ensino-aprendizagem e que a ginástica constitua os currículos de

Educação Física e seja abordada no contexto escolar como um meio para a aquisição de habilidades motoras, afetivo-

sociais, mas também como meio pra construção de uma Educação Física de qualidade.

A escola de Tempo Integral

A proposta de Educação Integral visa à superação das desigualdades e a busca ao respeito e afirmação dos direitos

às diferenças, através de uma articulação intra governamental e com as comunidades envolvidas neste processo de

construção de uma proposta pedagógica que torne “... a educação como direito de todos e de cada um.” (Brasil, 2009)

A Educação Integral no Brasil surge com o intuito de disfarçar as desigualdades que constitui nossa nação,

desigualdade social como principal prioridade. “Por intermédio desta o país busca combater a pobreza pactuando de

uma agenda pela qualidade da educação...” sendo que esta deve considerar “... o valor da diferenças, [...] o

pertencimento étnico, a consciência de gênero, orientação sexual, as idades e as origens geográficas.”

Enfim busca-se com a Educação Integral construir políticas e projetos pedagógicos criativos e que combatam as

desigualdades sociais e promova a inclusão educacional, Brasil (2009) afirma que: “... a situação de vulnerabilidade e

risco social, embora não seja determinante, pode contribuir para o baixo rendimento escolar, para a defasagem

idade/série e, em última instância, para a reprovação e evasão escolares”.

Mas não basta apenas democratizar o acesso à escola, deve-se primar pela permanência do aluno na escola

sempre tornando real o direito da criança e adolescente na escola, mas com qualidade nesta educação, pois a classe

social que necessita deste atendimento de “atenção integral e Educação Integral”, cientes de que os gestores devem

articular os “... processos escolares com outras com outras políticas sociais, outros profissionais e equipamentos

públicos, na perspectiva de garantir o sucesso escolar” Brasil (2009:13).

A ginástica e a Educação Física escolar

“A Educação Física é uma disciplina que trata, pedagogicamente, na escola, do conhecimento de uma

área denominada aqui de cultura corporal. Ela está configurada com temas ou formas de atividades,

particularmente corporais, como as nomeadas anteriormente: jogo, esporte, ginástica, dança ou outras,

que constituirão seu conteúdo.” (Coletivo de Autores, 1992: 62).

Visto que também podemos observar que o conteúdo “ginástica” aparece em destaque nos PCN’s (Brasil, 1997:46)

como proposta a ser implementada dentro dos três grandes blocos de conteúdos:

Toledo (1999) apud Toledo (2004) nos sugere uma seqüência pedagógica a ser seguida, desenvolvida no universo

gímnico no ensino fundamental:

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Quadro 1. Hierarquia para o desenvolv imento dos conteúdos procedimentais na Ginástica Escolar (Toledo, 1999 apud Toledo, 2004)

Ao analisarmos os pressupostos básicos que norteiam o conteúdo de ginástica na Educação Física escolares,

percebemos inúmeras formas de intervenção sendo que esta modalidade muitas vezes é deixada de lado nas

propostas de intervenção pedagógica na escola. Estas formas ou concepções de intervenção na escola resumem-se

inúmeras vezes à calistenia, sendo realizada anterior a alguma modalidade esportiva, igualmente, percebemos a

ginástica esportiva presente neste contexto, com uma proposta baseada na repetição de movimentos estereotipados,

onde o aluno somente repete as inúmeras propostas sugeridas pelo professor.

Também podemos enumerar diversos aspectos que pode influenciar metodologicamente o ensino da ginástica,

partindo da percepção de ginástica pedagógica ou geral em comparação com a ginástica esportiva ou de competição,

como segue na tabela abaixo.

Tabela 1. Paralelo entre Ginástica Esportiva e Ginástica Pedagógica, baseado em Mürmann e Baecker (1998); Ayoub (2003)

Visto esta forma de intervenção Hildebrandt e Laging (1986) propõe a concepção de ginástica pedagógica, baseada

em aulas abertas à experiência tendo com a metodologia a aprendizagem por problemas, visando que o aluno torne-

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se apto a tomar decisões e fazer parte do processo de construção do conhecimento, planejando coletivamente e

superando os problemas impostos e conhecendo seus próprios limites e possibilidades de movimento, desta forma o

aluno é o centro do ensino.

Mürmann e Baecker (1998) apresentam quatro formas de facilitação da aprendizagem da ginástica pedagógica,

sendo:

Exploração livre;

Compreender as intenções do movimento;

Propostas de aprendizagem;

Configuração explorativa.

Esta concepção de ginástica prioriza a autonomia dos alunos onde o mesmo é o sujeito de sua história produzindo

seus conhecimentos e tomando decisões em grupo.

Segundo Mürmann (1998) a proposta metodológica deve visar o se movimentar onde o aluno possa construir seus

conhecimentos e situações de movimento, tomar decisões e participar na construção da aula, enfatizando autonomia

do movimento e não aspectos ligados à técnica de movimento.

Ao analisar os pressupostos básicos que norteiam o conteúdo da ginástica na Educação Física Escolares,

percebemos inúmeras formas de intervenção sendo que esta modalidade muitas vezes é também deixada de lado nos

currículos de E.F.E.

Estas formas ou concepções de intervenção na escola resumem-se inúmeras vezes à calistenia, sendo realizada

antes da prática de alguma modalidade esportiva, igualmente, percebemos o ginástico esportivo presente neste

contexto, com uma proposta baseada na repetição de movimentos estereotipados, onde o aluno somente repete as

inúmeras propostas sugeridas pelo professor.

Visto esta forma de intervenção, Hildebrandt e Laging (1986), propõe a concepção onde ginástica pedagógica,

baseada em aulas abertas à experiência, tendo como metodologia a aprendizagem por problemas, visando que o

aluno torne-se apto a tomar decisões e fazer parte do processo de construção do conhecimento, planejando

coletivamente e superando os problemas impostos e conhecendo seus próprios limites.

A Educação Física escolar deve proporcionar aos alunos um espaço pra exploração das inúmeras possibilidades de

“se movimentar” no contexto complexo de movimento, desta forma a ginástica na escola deve enfatizar o “se

movimentar” como proposta metodológica “... onde o aluno possa construir suas situações de movimento, tomando

decisões e participando da construção da aula, ou seja, também enfatizando os aspectos pedagógicos e não somente

os aspectos técnicos e desportivos do movimento humano.” (Mürmann e Baecker, 1998).

Desta forma ao atribuir um tema para ser desenvolvido em aula, o professor deve organizar um contexto “... onde

os educandos possam atribuir diferentes significados, reinterpretações, através de interações sociais, e que possam

perceber as diferenças e os significados...” deste tema sugerido com outras manifestações da cultura corporal de

movimento.

Ginástica e material alternativo

Um dos grandes desafios em realizar um trabalho de qualidade em Educação Física na escola nos remete a uma

constante reflexão e adaptação das situações que encontramos na escola, muitas vezes somos levados a um ambiente

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frustrante, sem espaço adequado e sem material que nos de o mínimo possível de possibilidades de realizar uma

intervenção de qualidade. Ao falar na ginástica Schiavon (2004) afirma que esta modalidade na escola contribui para

“o desenvolvimento da criança em todas as dimensões, seja física, motora, cognitiva, afetiva ou social”.

A mesma autora ainda complementa falando das dificuldades em implantar uma proposta que beneficie aos alunos

com o componente curricular de ginástica, e que este nos remete a dois grandes problemas:

“1. a falta de material específico dessa modalidade esportiva;

2. “ A falta de espaço adequado para a disposição dos aparelhos.”

Outra questão relevante é o alto custo para aquisição de materiais oficiais, o que dificulta ainda mais a inserção

deste tema na escola, uma saída é a confecção de materiais alternativos para a prática da ginástica que também é

proposto pela mesma autora.

Ressaltamos que em muitos casos o grande problema não está somente na falta de espaço ou material adequado

para a prática da ginástica, este problema vem acompanhado da desqualificação e despreparo do professor, muitas

vezes se chocando o saber o que fazer e não saber como fazer relacionado com a práxis profissional.

Metodologia

O presente trabalho é considerado estudo de caso, onde o professor também é pesquisador.

Este estudo privilegiou 86 alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental da Escola Municipal de Tempo Integral

Clemente Soltis, do município de Guarani das Missões (RS). O estudo/pesquisa realizou-se no ano letivo de 2010,

sendo realizada nas atividades em contra turno, ou turno inverso sendo que os alunos eram divididos em quatro

grupos conforme a faixa etária e cada grupo tinham dois períodos de intervenção por semana com duração de

01h30min (uma hora e trinta minutos) cada intervenção. Os dados eram relatados em diário de campo, tarefas

extraclasse, estudos dirigidos, revisão de literatura e avaliação dos trabalhos realizados.

Considerações finais

Sendo assim, com esta estrutura curricular montada de forma a privilegiar o conteúdo da Ginástica de forma

pedagógica e lúdica no contexto escolar, construindo e reconstruindo saberes com os alunos de forma que eles sejam

realmente construtores de suas aprendizagens na escola, e que os mesmos possam reconstruir a manifestação

cultural da ginástica fora dos muros escolares, bem como os valores que são construídos nestas intervenções, tais

como: a amizade, respeito mutuo, coleguismo, responsabilidade e acima de tudo o respeito ao ser humano por traz do

praticante da ginástica.

Esperamos que estas manifestações sejam implantadas e recriadas em outras instituições de nossa localidade a fim

de fazer da Ginástica um marco inicial para a construção de uma cultura corporal de movimento emancipada e crítica

que zele pela construção de valores éticos e morais, e que estes invadam toda a comunidade e sociedade que os

cerca.

Referências bibliográficas

AYOUB, E. Ginástica Geral e Educação Física escolar. Campinas: Ed. Unicamp, 2003.

BRASIL. Educação Integral: texto referência para o debate nacional. Brasília: MEC, Secad, 2009.

COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez: 1992.

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HILDEBRANDT, R. Textos pedagógicos sobre o ensino da Educação Física. Ijui: Ed. Unijui, 2001.

_____________________ & LAGING, R. Concepções abertas no ensino da Educação Física. Rio de Janeiro: Ao

Livro Técnico, 1986.

MÜRMANN, C. V. E. BAECKER, I. M. Algumas reflexões sobre ginástica pedagógica. Revista Kenesis, Santa

Maria, n. 20, 95-128, 1998.

TOLEDO, E. de. A Ginástica Rítmica e Artística no ensino fundamental: uma prática possível e enriquecedora. In:

MOREIRA, E.C. (Org.) Educação Física Escolar: desafios e propostas. Jundiaí, SP: Fontoura, 2004.

SCHIAVON, L. M. Materiais alternativos para a Ginástica artística. In: NUNOMURA, M. & NISTA-PICCOLO, V.

Compreendendo a Ginástica Artística. São Paulo: Phorte Editora Ltda. 2004.

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