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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
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Projeto Pós-graduação
Curso Psicopedagogia Clínica e Institucional
Disciplina Educação Especial e Educação Inclusiva
Tema Diretrizes da Educação Especial e as ações do
educador no processo inclusivo
Professor Liliane Salles
Introdução
Vamos continuar compartilhando os avanços que a modalidade da
Educação Especial vem conquistando, assim, apresentaremos a seguinte
temática: “Diretrizes da Educação Especial e as Ações do Educador no Processo
Inclusivo”.
Serão abordados os seguintes subtemas: Política Nacional da Educação
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva; Atendimento Educacional
Especializado (AEE); As Barreiras Atitudinais constantes na sociedade; Decreto
nº 7611/2011 e a Conferência Nacional da Educação (CONAE).
Você perceberá mudanças na PNEEPEI e nas leis que regem a educação
especial, agora, acesse seu material digital e assista ao vídeo de introdução da
professora Liliane.
(vídeo disponível no material on-line)
Problematização
Você é professor em uma escola comum e no mês de maio recebe em
sua sala de aula mais um aluno, de nome Toni, que chega cheio de rótulos
trazidos da outra escola, indisciplinado e que não aprende nada. Como muitos
alunos em sala apresentam dificuldades de aprendizagem, você não se
preocupou e prosseguiu com a sua função de ensinar. Um belo dia, solicitou que
cada aluno escrevesse uma história com tema livre. Em pouco tempo, Toni lhe
entregou a tarefa pronta assim:
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A corrida
Era uma vez um coelho que ia desafiar a tartaruga numa corrida e a coruja
ia dar a largada. E os dois foram a largada e a coruja deu a largada e o coelho
saiu na frente. Quando o coelho parou na árvore ele ficou preso na corda,
quando a tartaruga chegou a onde ele estava a tartaruga cortou a corda e o
coelho se livro e o coelho agradeceu. Quando chegou a chegada eles gritaram
só viva a tartaruga. E o coelho e a tartaruga ficaram amigo para sempre e a
tartaruga recebeu o trofel.
Ligeiramente, você passa os olhos no texto e observa que quase não
existe pontuação e que as ideias são confusas. Qual seria a melhor atitude diante
da situação? Um aluno com dificuldade de aprendizagem e que
necessariamente precisa de um Atendimento Educacional Especializado?
(vídeo disponível no material on-line)
Você não precisa responder agora! Realize seus estudos sobre este tema
e escolha a melhor alternativa para a sua situação mais adiante. No final dos
estudos deste tema voltaremos a falar sobre isso. Bons estudos!
A Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva (PNEEPEI/2008)
O texto que se apresenta traz a Educação Especial entendida como
política pública, que assegura o atendimento de pessoas com deficiência,
portanto, necessário se faz compreender a Política Nacional de Educação
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, definida e divulgada pelo MEC
no ano de 2008 (BRASIL, 2008).
No referido documento, tem-se um avanço na modalidade da educação
especial, que foi construída apresentando a seguinte estrutura: Introdução,
Marcos Históricos e Normativos, Diagnóstico da Educação Especial, Objetivo da
Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva,
Alunos Atendidos pela Educação Especial, Diretrizes da Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva e Referências.
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O documento da PNEEPEI traduz da seguinte forma o alunado:
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva tem como objetivo o acesso, a participação e a aprendizagem
dos alunos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas escolas
regulares (BRASIL, 2008, IV, grifos nossos)
É neste documento que está proposto o acesso, a participação e a
aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas escolas comuns, sem
nenhuma restrição. A PNEEPEI fez uma redefinição do público da Educação
Especial, mas há um grande descompasso entre o discurso e a prática, pois a
preocupação evidenciada no referido documento é que o público com alto
comprometimento não se encontra explícito na referida política.
Sabe-se que a organização da PNEEPEI foi construída por profissionais
de grande competência, onde destacamos os gestores da Secretaria de
Educação Especial do MEC (Claudia Pereira Dutra, Claudia Maffini Griboski e
Denise de Oliveira Alves), assim como professores e pesquisadores de várias
Universidades, as quais podemos cia: Antônio Carlos do N. Osório (UFMS),
Claudio Roberto Baptista (UFRGS), Denise de Souza Fleith (UnB), Eduardo José
Mazini (UNESP-Marília), Maria Amélia Almeida (UFSCAR), Maria Teresa E.
Mantoan (UNICAMP), Rita V. de Figueiredo (UFC), Ronice M. de Quadros
(UFSC) e Soraia Napoleão Freitas (UFSM). Muitos dos profissionais
apresentados são renomados autores em defesa da educação inclusiva, assim
como, nos avanços educacionais da Educação Especial.
Os discursos inclusivos continuam sendo defendidos pelo MEC com
muitos programas que demostram a necessidade da defesa dos direitos das
pessoas com deficiência, gerando com todo este movimento a construção e
publicação, sob a gestão de Claudia Pereira Dutra, de uma Política Nacional de
Educação Especial numa perspectiva de Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), a
qual tem por objetivo:
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o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas escolas regulares, orientando os sistemas de ensino para promover respostas às necessidades educacionais especiais (BRASIL, 2008, p. 8).
Assista a esta entrevista com Maria Tereza Mantoan, que fala sobre a
Política Nacional para a Educação Inclusiva: Avanços e Desafios.
http://www.youtube.com/watch?v=AUL62tZIFYY
A referida política diz que todos os alunos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação devem obter a
matrícula e as condições de aprendizagem em classes regulares dentro da
escola comum. Portanto, os sistemas educacionais de ensino e a escola, em
especial, necessitam se adaptar para receber todos os alunos,
independentemente de suas condições, assim a escola torna-se o único espaço
de aprendizagem.
Portanto, com a PNEEPEI (2008), tem-se o objetivo de garantir o
atendimento educacional a todo o aluno, independente de suas potencialidades
e/ou necessidades.
Torna-se necessário lembrar neste contexto que até o ano da publicação
da referida Política Nacional, era explícito que a concepção da Educação
Especial era voltada para a integração, onde o processo do ensinar e aprender
era defendido que ocorresse em grupos homogêneos, ou seja, organização de
turmas especiais, com atendimento excludente aos demais alunos da escola.
Com esta política reiteram-se as inúmeras legislações anteriormente
publicadas, desde a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, reforçando a
educação especial como uma modalidade de ensino perpassando todos os
níveis, etapas e modalidades, mas estabelecendo o Atendimento Educacional
Especializado (AEE) que propõe condições para a promoção da aprendizagem.
O movimento diante das Políticas Educacionais Especiais vem trazendo
à sociedade uma reconfiguração do papel da educação e também da escola
comum, que deve se adaptar às mudanças e propor novas práticas pedagógicas
inclusivas.
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O Atendimento Educacional Especializado (AEE)
A educação especial em seu histórico apresenta as fases pelas quais
socialmente foi se desencadeando, do extermínio à inclusão, onde o processo
inclusivo legitimado na política nacional ainda, no contexto prático dos dias
atuais, não se efetivou concretamente. Sobretudo, é preciso considerar que hoje
temos nítidas as ampliações decorrentes nesta modalidade, inclusive com
muitas discussões sendo fomentadas em torno da acessibilidade física, da
educação inclusiva, da escola inclusiva e de políticas educacionais, que vêm se
firmando com vários autores discutindo a temática da educação especial, seus
avanços e também seus desafios.
O caminho percorrido para chegar ao atendimento de alunos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação foi longo, conquistar a obtenção do direito à educação,
foi árduo e precisa-se pontuar que este direito é uma atitude muito recente em
nossa sociedade (MAZZOTTA, 2005).
Sabe-se que as políticas públicas de inclusão trazem a exposição do
direito de todos à educação, num movimento mundial e constante de discussões,
reflexões e construções de documentos que ainda estão legitimando a educação
inclusiva.
O processo da educação inclusiva foi delineado com objetivo de
questionar práticas e políticas educacionais, que devem atender a comunidade
escolar com qualidade e sucesso. Portanto, é necessário que exista uma escola
para atendimento a todos, que se estruture em função de cada necessidade dos
alunos que lá estão inseridos.
Tem-se neste contexto o Decreto n.º 6.571/2008 que define o lócus
privilegiado do Atendimento Educacional Especializado (AEE) e reitera a
compreensão de Educação Especial como serviço complementar e suplementar
a Educação Regular. Contudo, GARCIA (2012) nos lembra de que a Educação
Especial foi tratada como um serviço educacional especializado complementar,
suplementar ou substitutivo à educação regular a partir da Resolução CNE/CEB
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n.º 2/2001. Portanto, a partir da PNEEPEI/2008 e no Decreto n.º 6.571/08 fica
assegurado que a escolarização da demanda da Educação Especial deve se
realizar no ensino comum.
Assista ao vídeo da professora sobre o Atendimento Educacional
Especializado
(vídeo disponível no material on-line)
Surge então, com o Decreto nº 6571/08, as Salas de Recursos
Multifuncionais do Tipo I e Tipo II que receberam Kits Pedagógicos distribuídos
no Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais – 2008, que
foram assim constituídos:
Sala de Recursos – Tipo I – Para Deficiência Intelectual, Transtornos
Globais do Desenvolvimento e Altas Habilidades/ Superdotação
Nº de
Ordem
Especificação
01 Microcomputador com gravador de CD, leitor de DVD e terminal
02 Monitor de 32” LCD
03 Fones de ouvido e Microfones
04 Scanner
05 Impressora laser
06 Teclado com colméia
07 Mouse com entrada para acionador
08 Acionador de pressão
09 Bandinha Rítmica
10 Dominó
11 Material Dourado
12 Esquema Corporal
13 Memória de Numerais
14 Tapete quebra-cabeça
15 Software para comunicação alternativa
16 Sacolão Criativo
17 Quebra cabeças sobrepostos (seqüência lógica)
18 Dominó de animais em Língua de Sinais
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19 Memória de antônimos em Língua de Sinais
20 Conjunto de lupas manuais (aumento 3x, 4x e 6x)
21 Dominó com Textura
22 Plano Inclinado – Estante para Leitura
23 Mesa redonda
24 Cadeiras para computador
25 Cadeiras para mesa redonda
26 Armário de aço
27 Mesa para computador
28 Mesa para impressora
29 Quadro melamínico
Fonte: Brasil, 2008.
Sala de Recursos – Tipo II – Deficiência Visual
Nº de
Ordem
Especificação
01 Impressora Braille
02 Máquina Braille
03 Lupa Eletrônica
04 Reglete0020de Mesa
05 Punção
06 Soroban
07 Guia de Assinatura
08 Globo Terrestre Adaptado
09 Kit de Desenho Geométrico Adaptado
10 Calculadora Sonora
11 Software para Produção de Desenhos Gráficos e Táteis
Fonte: Brasil, 2008.
Os materiais acima elencados chegaram às escolas, que apresentaram
no censo escolar alunos com deficiências, para assim desenvolver um trabalho
com esses estudantes, contemplados na Política Nacional. Em continuidade, o
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AEE deve ser oferecido no contraturno da escola comum, de maneira
complementar ou suplementar à escolarização regular.
Em complementação a aplicação e desenvolvimento do AEE tem-se a
Resolução CNE/CEB nº 4/2009, que estabelece as Diretrizes Operacionais para
o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade
Educação Especial, que em seu artigo 1.º descreve:
Para a implementação do Decreto n.º 6.571/2008, os sistemas de
ensino devem matricular os alunos com deficiência, transtornos globais
do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas classes
comuns do ensino regular e no Atendimento Educacional
Especializado (AEE), ofertado em salas de recursos multifuncionais ou
em centros de Atendimento Educacional Especializado da rede pública
ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins
lucrativos.
A partir desta Resolução, a diversidade educacional destaca a
necessidade para que haja um posicionamento das escolas que se acham
regulamentadas pelas políticas públicas e pelo encaminhamento governamental
de maneira eficaz. Neste contexto, a referida resolução representa um destes
encaminhamentos, que torna oficial o desenvolvimento efetivo do processo de
escolaridade de todos os alunos no ensino comum (BRASIL, 2009).
De acordo com Santos (2012), o AEE se traduz em espaços, ou melhor,
salas de recursos multifuncionais, que estarão solidificados como ambientes que
agregam equipamentos de informática, mobiliários e materiais didáticos e
pedagógicos, especialmente direcionados à sua oferta na escola comum.
Entende-se que esses espaços especializados são salas de aulas pertencentes
à escola comum, e devem fornecer aditivos para suplantar as dificuldades de
aprendizagem, bem como, possibilitar a relação dos alunos deficientes com os
conhecimentos escolares e com as outras ferramentas culturais de mediação.
Veja a indicação de algumas reflexões interessantes!
Encaminhamentos pedagógicos com alunos com altas
habilidades/superdotação na Educação Básica: Cenário Brasileiro
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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
40602011000300008&lng=pt&nrm=iso
Atendimento Educacional Especializados para alunos com surdocegueira:
um estudo de caso no espaço da escola regular
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
65382013000100004&lng=pt&nrm=iso
Com certeza, esta política educacional quer assegurar a equidade,
democracia e justiça social, portanto, é preciso incluir a todos no percurso e
proporcionar condições equânimes na trajetória, dando sentido à emancipação
humana.
As diretrizes operacionais expõem a função do AEE voltada para
“identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que
eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas
necessidades específicas” (BRASIL, 2009).
O AEE, que será desenvolvido nas salas de recursos multifuncionais se
distingue por ser uma ação do sistema de ensino com o objetivo de atender a
diversidade ao longo do processo educativo. Irá organizar-se como um serviço
ofertado pela escola para apoio imprescindível às necessidades educacionais
especiais dos alunos deficientes, beneficiando seu acesso ao conhecimento.
Assim como deve ser constituído institucionalmente para dar suporte,
complementar e/ou suplementar os serviços educacionais comuns.
Com isso, este serviço especializado dará subsídios para que a sala de
aula comum possa se desenvolver com mais segurança, onde os alunos possam
lá permanecer o tempo indispensável para suplantar suas dificuldades e
conseguir êxito no processo de aprendizagem na sala de aula.
O atendimento promovido na Sala de Recursos Multifuncionais não prevê
os alunos com Transtornos Funcionais Específicos (TFE), alunos que
apresentam dislexia e também o transtorno do déficit de atenção e
hiperatividade, pois o AEE é específico aos grupos apontados na política
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nacional e desde que estejam matriculados no ensino comum. Os alunos com
TFE devem ser atendidos na sala de aula comum, sem nenhum atendimento
complementar. Também nas SRMs, o atendimento pode ser desenvolvido de
maneira individual ou em grupo.
Dessa forma, esses espaços especializados são considerados locais
que pertencem à instituição escolar, que fornecem aditivos para possibilitar a
relação dos alunos deficientes com os conhecimentos escolares e com as outras
ferramentas culturais de mediação. Diante disso, pode-se entender que esses
espaços têm por objetivo também o desenvolvimento do pensamento, do
conhecimento, da socialização e dos processos comunicativos construídos
historicamente.
Barreiras Atitudinais
Em nossa sociedade é visível que ainda existem barreiras atitudinais
presentes e eliminá-las não é tarefa fácil, mas possível, pois o contrário da
igualdade não é a diferença, mas a desigualdade, que é socialmente construída,
sobretudo numa sociedade tão marcada pela exploração classista. Observe:
Fonte: https://www.google.com.br
Agora assista ao vídeo que trata das Barreiras Atidudinais.
(vídeo disponível no material on-line)
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A proposta social é inclusiva, mas a sociedade ainda discrimina, cria
rótulos e demonstra preconceitos; não olha a pessoa como ser humano, mas a
deficiência.
Por outro lado, o AEE é uma política pública do Governo Federal que tem
como objetivo maior a eliminação de todas as barreiras, sejam elas
preconceituosas no convívio ou nas atitudes. Assim, o AEE deverá ocorrer na
escola comum para que seja possível assegurar a todos os alunos que compõem
os grupos estabelecidos na PNEEPEI, o acesso ao ensino regular com
participação, aprendizagem e continuidade em sua trajetória educacional, da
educação infantil ao ensino superior.
Para que sejam atendidos, os grupos da educação especial precisam que
exista na instituição escolar um envolvimento participativo, com a criação de
ações conscientes de interesses coletivos, sem propostas somente de efeitos, e
que possam estar abertas para novas colaborações durante todo o seu
desenvolvimento, assim sendo, a inclusão não se acaba, mas está em
crescimento constante.
Decreto Presidencial nº 7611/2011
O Decreto nº 6571/08 que garante a presença da criança em idade de
escolarização, compulsoriamente na classe comum, foi revogado pelo Decreto
nº 7.611 de 2011 que aponta que:
Art. 14. Admitir-se-á, para efeito da distribuição dos recursos do
FUNDEB, o cômputo0020das matrículas efetivadas na educação especial
oferecida por instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins
lucrativos, com atuação exclusiva na educação especial, conveniadas com o
Poder Executivo competente.
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§ 1o Serão consideradas, para a educação especial, as matrículas na
rede regular de ensino, em classes comuns ou em classes especiais de escolas
regulares, e em escolas especiais ou especializadas.
O decreto não significa um retrocesso aos preceitos trazidos na Política
Nacional de Educação Especial, mas reconhece o direito daqueles alunos que
necessitam de atendimento em contextos escolares diferenciados, o direito a um
sistema educacional inclusivo em todos os níveis de educação. E este direito se
encontra garantido na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, sancionada no Brasil como Emenda Constitucional, por meio dos
Decretos nº 186 de 2008.
Voltando à análise do Decreto Presidencial nº 7.611/2011, destaca-se
em atendimento aos pressupostos trazidos pela CONAE/2010, a confirmação
das orientações para o desenvolvimento de sistemas educacionais inclusivos,
que assegurem aos alunos com deficiência o ingresso no sistema regular de
ensino dispondo a efetivação do direito inalienável à educação.
Contudo, o citado decreto não retoma o conceito anterior de educação
especial substitutiva à escolarização no ensino regular, sustentando a
característica de complementaridade, suplementaridade e transversalidade
desta modalidade, ao posicioná-la na esfera dos serviços de apoio à
escolarização, como bem mostra seu artigo 2º:
Art. 2o A educação especial deve garantir os serviços de apoio
especializado voltado a eliminar as barreiras que possam obstruir o
processo de escolarização de estudantes com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.
§ 1º Para fins deste Decreto, os serviços de que trata o caput serão
denominados atendimento educacional especializado, compreendido
como o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e
pedagógicos organizados institucional e continuamente, prestado das
seguintes formas:
I - complementar à formação dos estudantes com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento, como apoio permanente e
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limitado no tempo e na frequência dos estudantes às salas de recursos
multifuncionais; ou
II - suplementar à formação de estudantes com altas habilidades ou
superdotação.
§ 2o O atendimento educacional especializado deve integrar a
proposta pedagógica da escola, envolver a participação da família para
garantir pleno acesso e participação dos estudantes, atender às
necessidades específicas das pessoas público-alvo da educação
especial, e ser realizado em articulação com as demais políticas
públicas (BRASIL, 2011).
Pode-se então inferir que a partir da visão proposta no documento, a
modalidade de Educação Especial integra o sistema de ensino regular e não se
estabelece em um sistema paralelo de educação.
Conferência Nacional de Educação
A perspectiva inclusiva da educação especial vem sendo debatida na
Conferência Nacional de Educação – CONAE, cujas conclusões contidas em seu
documento final (CONAE/2010) destacam que a educação especial possui a
finalidade de garantir a inclusão escolar de alunos com deficiência em salas de
ensino comum. Neste documento, existem orientações sobre a necessidade dos
sistemas de ensino que garantam o acesso ao ensino comum, à participação, à
aprendizagem e ao prosseguimento nos níveis superiores de ensino.
Dentre as questões que foram apresentadas no documento final da
CONAE (BRASIL, 2011), estão: a questão da transversalidade da educação
especial; a oferta do atendimento educacional especializado; a formação
direcionada de professores e profissionais da educação para o atendimento
educacional especializado visando à inclusão; o estímulo e a participação da
família e da sociedade em geral, além de questões de acessibilidade
arquitetônica, dos transportes, dos mobiliários, das comunicações e informações
e a articulação intersetorial na definição e implementação das políticas públicas.
Leia mais sobre o Documento Final da CONAE/2010 no site a seguir.
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http://conae.mec.gov.br/images/stories/pdf/pdf/documetos/documento_fi
nal_sl.pdf
A CONAE 2014 em seu eixo II, traz Educação e Diversidade: Justiça
Social, Inclusão e Direitos Humanos. Leia mais sobre isso em:
http://conae2014.mec.gov.br/images/pdf/coloquios_conae2014_1104.pdf
Finalizando, ressalto que ainda são poucas as discussões na CONAE,
diante da Educação Especial, mas como contraponto, é preciso enxergar a
importância do AEE, que vem atendendo às deficiências, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas salas de recursos
multifuncionais, embora os níveis de comprometimento deste grupo não estejam
explícitos na Política Nacional.
Revendo a problematização
Agora que você já estudou e tem base teórica sobre a política de inclusão,
escolha a alternativa apropriada para responder à problematização que vimos
no início deste tema. Escolha a melhor alternativa!
a. Como o aluno não consegue articular bem suas ideias, será preciso enviar
mais tarefas para casa, para que o mesmo possa desenvolver a escrita.
b. Como o aluno já chegou à escola com histórico de que não aprende nada,
irei encaminhá-lo ao AEE.
c. Como professor e observando o texto apresentado, devo dialogar com o
aluno sobre a estória que ele escreveu e tentar entendê-la, para assim,
poder auxiliá-lo em sala de aula.
Para consultar o feedback de cada uma das alternativas, acesse o
material on-line.
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Síntese
A temática foi elaborada para que você aluno consiga, a partir de agora,
saiba quais são as diretrizes da educação especial e que possa entender como
caminha o atendimento junto às pessoas com deficiências, transtornos globais
do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.
A temática mostrou que existem avanços, mas também muitas
fragilidades, como o fato de que os alunos com alto comprometimento não estão
contemplado na PNEEPEI e nem nas demais legislações pertinentes.
A inclusão precisa sim ser abraçada pela escola, mas ainda existem
lacunas no processo que dificultam o atendimento junto aos deficientes
intelectuais altamente comprometidos, pois nossas escolas ainda têm
fragilidades quanto ao atendimento deste público. As discussões e reflexões
diante da educação inclusiva continuam crescendo e muitos olhares se voltam
para as possibilidades de um trabalho efetivo e de qualidade.
(vídeo disponível no material on-line)
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Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política
Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.
Brasília: MEC/SEESP, 2008.
______. Decreto n.º 6.571, de 17 de setembro de 2008. Dispõe sobre o
atendimento educacional especializado, regulamenta o parágrafo único do art.
60 da Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e acrescenta dispositivo ao
Decreto n.º 6.253, de 13 de novembro de 2007. Diário Oficial da União, Brasília,
DF, 2008c. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2008/Decreto/D6571.htm>. Acesso em: 12/12/2013.
______. Decreto n.º 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a
Educação Especial, o atendimento educacional especializado e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 nov. 2011b. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011
2014/2011/Decreto/D7611.htm>. Acesso em: 10/12/2013.
_______. Resolução CNE/CEB nº 04/2009. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/pceb004_09.pdf. Acesso feito em
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_______. Decreto Legislativo nº 186, de 2008 (a) – aprova a Convenção sobre
os direitos das pessoas com deficiência. Disponível em:
http://www2.senado.gov.br/bdsf/bitstream/id/99423/8/Decreto186_2008_aprova
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_______. Conferência Nacional de Educação. Construindo o Sistema
Educacional Articulado de Educação: O Plano Nacional de Educação, Diretrizes
e Planos de Ação. Brasília, DF, 2010. Disponível em:
<http://conae.mec.gov.br/images/stories/pdf/pdf/documetos/documento_final.pd
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______. Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência. ONU.
2008. Disponível em:
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os-direitos-das-pessoas-com-deficiencia>. Acesso em: 22/11/2013.
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Atividades
1. O Atendimento Educacional Especializado tem como função organizar-
se como um serviço ofertado pela escola para disponibilizar o apoio
imprescindível às necessidades educacionais especiais dos alunos com
deficiências, transtornos globais do desenvolvimento a altas
habilidades/superdotação beneficiando seu acesso ao conhecimento,
assim como deve ser constituído institucionalmente para dar suporte,
complementar e ou suplementar nos serviços educacionais comuns.
Agora responda: Considerando o trabalho desenvolvido numa sala de
recursos multifuncional como deve ser este atendimento?
a. Este atendimento educacional especializado deve manter o trabalho
nas salas de recursos multifuncionais como reforço escolar para que
os alunos especiais possam ser aprovados na escola.
b. O trabalho nas salas de recursos multifuncionais, precisa estabelecer
junto ao aluno um vínculo positivo de aprendizagem e o trabalho a ser
desenvolvido precisa ser criativo, comprometido e com diálogo
constante com os professores da escola.
c. O AEE é somente mais um espaço para segregar alunos que se
encontram com dificuldades de aprendizagem.
d. O atendimento nas salas de recursos multifuncionais é destinado para
a realização das tarefas escolares.
2. Qual é o documento que defende o acesso à participação e à
aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas escolas comuns,
sem nenhuma restrição?
a. O documento é o Decreto nº 6571/2008.
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b. É o Decreto Presidencial nº 7611/2011.
c. O documento é a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva
da Educação Inclusiva, legitimada no ano de 2008.
d. A Resolução nº 04/2008.
3. Algumas barreiras atitudinais ainda são comuns em nossa sociedade, qual
deve ser a postura de um professor diante de preconceitos frente a
pessoas com deficiências?
a. Como Professor a primeira atitude deve ser sensibilizar as pessoas para
que olhem o ser humano e não a deficiência.
b. O professor deve fingir que não está observando preconceitos, pois
assim, não causa nenhum tumulto na escola.
c. O professor deve pactuar das barreiras atitudinais, para que assim os
deficientes fiquem fora do contexto educacional.
d. O professor não precisa ter nenhuma atitude diferenciada, pois não
existem barreiras diante dos deficientes e a sociedade é inclusiva.
4. O que é o Atendimento Educacional Especializado (AEE)?
a. O AEE é uma ação do sistema de ensino com o objetivo de atender a
diversidade ao longo do processo educativo, organizando-se como um
serviço ofertado pela escola para disponibilizar o apoio imprescindível às
necessidades educacionais especiais dos alunos deficientes.
b. O AEE firma-se como uma proposta pedagógica para atender os
deficientes no mesmo período de suas aulas.
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c. O AEE é simplesmente uma regência suplementar junto aos professores
do ensino comum.
d. O atendimento que recebe o nome de AEE ainda não está oficializado,
portanto, é uma política que não se aplica nas escolas.
5. Ao analisar a Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva (2008), esta clarifica que o seu objetivo é?
a. Assegurar a participação e a aprendizagem aos alunos com deficiência,
transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação
nas escolas comuns de ensino regular, atendendo o princípio
constitucional da igualdade de condições de acesso e permanência na
escola.
b. A Política Nacional traz o processo de inclusão, mas não define quem
pode ser atendido na escola comum.
c. A Política Nacional não traz objetivos estabelecidos, e sim a redefinição
dos grupos para atendimento diante da educação especial.
d. A Política Nacional foi escrita simplesmente para manter o direito a
educação a todos.