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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO - CAMPUS SÃO CARLOS CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM PROCESSOS GERENCIAIS JULLIANA GRAZIELY PEREIRA DE ARAÚJO PRÁTICAS DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E PROTÓTIPOS: estudo de caso em uma empresa do Polo Cerâmico de Porto Ferreira São Carlos – SP 2017

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO - CAMPUS SÃO CARLOS

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM PROCESSOS GERENCIAIS

JULLIANA GRAZIELY PEREIRA DE ARAÚJO

PRÁTICAS DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E

PROTÓTIPOS: estudo de caso em uma empresa do Polo Cerâmico de Porto Ferreira

São Carlos – SP 2017

JULLIANA GRAZIELY PEREIRA DE ARAÚJO

PRÁTICAS DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E

PROTÓTIPOS: estudo de caso em uma empresa do Polo Cerâmico de Porto Ferreira

Monografia apresentada ao Instituto Federal de São Paulo – campus São Carlos, como parte das exigências para a conclusão do Curso Superior de Tecnologia em Processos Gerenciais.

Orientador (a): Profª Dra. Marcela Avelina Bataghin Costa

São Carlos – São Paulo 2017

A689p Araujo, Julliana Graziely Pereira de Práticas do Processo de Desenvolvimento de Produtos: estudo de caso em uma empresa do polo cerâmico de Porto Ferreira / Julliana Graziely Pereira de Araujo; orientadora, Profª. Dra. Marcela Avelina Bataghin Costa - São Carlos, SP, 2017.

60 p. : il. Monografia – Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia de São Paulo, Campus São Carlos, Curso Superior de Tecnologia em Processos Gerenciais.

Inclui referências bibliográficas 1. Processos gerenciais. 2. Gestão. 3. Processo de

Desenvolvimento de Produto (PDP). 4. Polo cerâmico. 5. Competitividade. I. Costa, Marcela Avelina Bataghin, orient. II. Instituto Federal de São Paulo. III. Título.

CDD 658

Este trabalho é dedicado a todos aqueles que se fizeram

presentes nesta etapa acadêmica e que de alguma forma

contribuíram para meu crescimento e desenvolvimento

profissional. É dedicado também a todos os ceramistas que

procuram por ferramentas e estratégias para estar à frente

dos concorrentes no quesito desenvolvimento de produtos

e inovação.

Dedico este estudo como forma de registrar gratidão pelo

apoio dos professores e principalmente de minha

orientadora, que me auxiliou durante o desenvolvimento

da pesquisa e também na conclusão do curso de

Tecnologia em Processos Gerenciais.

AGRADECIMENTOS

A Profª Dra. Marcela Avelina Bataghin Costa, que por sua experiência, paciência,

disponibilidade e paixão pelo seu trabalho tornou possível a realização desta pesquisa.

Aos demais professores, que muito me ensinaram e incentivaram ao longo do curso.

Aos colegas de curso, que contribuíram para meu aprendizado com os debates e as conversas

fora de sala de aula.

A empresa que participou desta pesquisa, pela atenção e gentileza que prestou as informações

necessárias para a conclusão deste trabalho.

Aos meus pais, que me ensinaram que tudo aquilo que sonhamos podemos conquistar com

muito esforço e vontade e que desde o início me apoiaram em todas as decisões relacionadas

com o curso.

A minha Meg, que se deitava ao meu lado por horas enquanto eu elaborava o trabalho, sempre

me alegrando com a sua companhia e carinho.

RESUMO

A habilidade de identificar e criar oportunidades de mercado auxilia as empresas a direcionarem os esforços de desenvolvimento. O presente trabalho tem como intuito mostrar que o desenvolvimento de novos produtos é crítico para a competitividade das empresas. Este fato não é diferente para a empresa estudada. O objetivo desta pesquisa foi analisar a gestão do processo de desenvolvimento de novos produtos, e a capacidade de uma empresa do setor Louças de Mesa Posta e utilitários do Polo Cerâmico de Porto Ferreira, Estado de São Paulo em reproduzir seus protótipos. Para atingir estes objetivos foi realizada uma revisão bibliográfica e documental, seguida de um estudo de caso. O estudo de caso foi conduzido por meio de visitas, entrevistas e aplicação de questionário semiestruturado a dois gerentes da empresa. Os dados coletados possibilitaram a realização de uma caracterização geral da empresa e da gestão do processo de desenvolvimento de produto (PDP) propriamente dito. De modo geral, observou-se que ainda que de forma incipiente a empresa adota um conjunto de práticas para a condução do PDP. Possui um processo formalizado com a descrição das atividades que devem ser realizadas, no entanto, estas nem sempre são registradas adequadamente. Verificou-se ainda que a empresa utiliza algumas ferramentas de apoio ao PDP além de técnicas tradicionais como brainstorming, benchmarking e software Rhinoceros

3D para o desenvolvimento de protótipos como mecanismo para nortear o desenvolvimento propriamente dito dos produtos. Entre os principais resultados observou-se que embora os produtos fabricados sejam de alta qualidade, internamente no que concerne à gestão, a empresa possui dificuldades de comunicação; de preenchimento da documentação referente às fases do processo de desenvolvimento; além de problemas com mão de obra, fatores estes que prejudicam a reprodutibilidade dos protótipos de novos produtos. Deste modo, conclui-se que estes são alguns dos desafios a serem superados nos próximos anos, visto que um melhor alinhamento de suas operações e atividades relacionadas ao PDP podem garantir a permanência da empresa no mercado.

Palavras-chave: Gestão; Desenvolvimento; Novos produtos; PDP; Cerâmica.

ABSTRACT

The ability to identify and create market opportunities helps companies to lead development efforts. The present paper aims to show that the development of new products is a critical for the competitiveness of companies. This fact is not different for the company studied. The objective of this research was to analyze the management of the process of new product development, and the capacity of a company of the tableware sector and utilities of the ceramic pole of Porto Ferreira, state of São Paulo, to reproduce its prototypes. To achieve these objectives a bibliographic and documentary review was carried out, followed by a case study. The case study was conducted through visits, interviews and application of a semi-structured questionnaire to two company managers. The collected data made possible the accomplishment of a general characterization of the company and the management of the product development process (PDP) itself. In general, it was observed that although in an incipient way the company adopts a set of practices for the conduction of the PDP. It has a formalized process with the description of the activities that must be carried out, however, these are not always registered properly. It was also verified that the company uses some tools of support to the PDP besides, traditional techniques like brainstorming, benchmarking and software Rhinoceros 3D for the development of prototypes like mechanism to guide the development itself of the products. Among the main results it was observed that although the manufactured products are of high quality, internally as far as management is concerned, the company has communication difficulties; of completing the documentation regarding the phases of the development process; in addition to labor problems, factors that hinder the reproducibility of new product prototypes. Thus, it is concluded that these are some of the challenges to be overcome in the coming years, since a better alignment of its operations and activities related to the PDP can guarantee the permanence of the company in the market. Keywords: Management; Development; New products; PDP; Ceramics.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Dimensões da Gestão de PDP ................................................................................... 19

Figura 2- Fases Processo de desenvolvimento de produto ....................................................... 24

Figura 3- Fases Processo de desenvolvimento de produto ....................................................... 26

Quadro 1- Produtos e linhas de produtos fabricados na empresa estudada .............................. 34

Figura 4- Fases processo de desenvolvimento de produtos identificados na empresa ............. 36

Figura 5- Fases do processo de desenvolvimento de produtos nomeadas pela empresa .......... 37

Figura 6- Projeto Plataforma .................................................................................................... 38

Figura 7- Projeto Incremental e Derivado ................................................................................ 39

Figura 8- Projetos Radicais....................................................................................................... 39

LISTA DE TABELAS

Tabela 1-Classificação do porte da empresa por quantidade de funcionários .......................... 33 Tabela 2- Formação dos funcionários envolvidos diretamente com o PDP ............................. 35

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

PDP Processo de Desenvolvimento de Produtos

DP Desenvolvimento de Produtos

GDP Gestão do Processo de Desenvolvimento de Produtos

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

FMEA Análise dos modos e efeitos de falhas

QFD Desdobramento da função Qualidade

DFMA Projeto para manufatura e montagem

MASP Metodologia de Análise de solução de problemas

TRIZ Teoria da Solução criativa de problemas

CAD Projeto auxiliado por computador

CAE Engenharia auxiliada por computador

CAM Manufatura auxiliada por computador

CAPP Planejamento de Processos auxiliado por computador

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12

1.1 OBJETIVOS DA PESQUISA ............................................................................................. 14 1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 14 1.1.2 Objetivos Específicos ...................................................................................................... 14 1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 14 2 CONCEITUAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS -

PDP .......................................................................................................................................... 16

2.1 TIPOS DE PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS............................. 17 2.2 DIMENSÕES DE PDP ....................................................................................................... 19 2.2.1 Dimensão Estratégica ...................................................................................................... 20 2.2.2 Dimensão Organização do Trabalho ............................................................................... 21 2.2.3 Dimensão Atividades do PDP ......................................................................................... 21 2.2.4 Dimensão da Informação ................................................................................................. 22 2.2.5 Dimensão de Recursos .................................................................................................... 22 2.3 FASES DO DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO ........................................................ 24 2.4 PROTÓTIPOS E PROTOTIPAGEM ................................................................................. 27 2.4.1 Tipos de Protótipos .......................................................................................................... 28 2.4.2 Princípios de desenvolvimento de protótipos .................................................................. 29 2.4.3 Teste de falha do produto ................................................................................................ 30 2.4.4 Análise das falhas ............................................................................................................ 30 3 METODO DE PESQUISA ................................................................................................. 31

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ................................................................................... 31 3.2 UNIVERSO E AMOSTRA ................................................................................................. 32 3.3 COLETA DE DADOS: INSTRUMENTOS PARA A COLETA ....................................... 32 4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO ...................... 33

4.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA EMPRESA ................................................................ 33 4.2 CARACTERIZAÇÃO DA GESTÃO DO PDP .................................................................. 36 4.3 TIPOS DE PROJETOS ....................................................................................................... 37 4.4 DIMENSÕES DA GESTÃO DO PDP ................................................................................ 40 4.4.1 Dimensão Recursos ......................................................................................................... 40 4.5 DESENVOLVIMENTO DOS PROTÓTIPOS ................................................................... 40 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 45

5.1 SÍNTESE E CONCLUSÕES .............................................................................................. 45 5.2 PROPOSIÇÕES DE MELHORIAS ................................................................................... 47 5.3 LIMITAÇÕES DA PESQUISA E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........ 48 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 49

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO ...................................................................................... 51

APÊNDICE B – FICHA DE DESENVOLVIMENTO – PARTE 1 ................................... 60

APÊNDICE C – FICHA DE DESENVOLVIMENTO – PARTE 2 ................................... 61

12

1 INTRODUÇÃO

De acordo com Rozenfeld et al. (2009), o Processo de Desenvolvimento de Produtos

(PDP) ocorre em três fases denominadas de: Macro fase de Pré - desenvolvimento, Macro

fase de Desenvolvimento e Macro fase de Pós – Desenvolvimento.

A importância de uma gestão eficaz e eficiente do processo de desenvolvimento de

produtos para a competitividade das empresas tornou-se evidente nas últimas décadas. A

capacidade de inovar e desenvolver produtos orientados para o mercado, além de renovar

constantemente os produtos oferecidos, mostra-se vital em diversos setores industriais

(COSTA, 2010).

Segundo Costa (2010) e Rozenfeld et al. (2009), diversos esforços e métodos têm sido

propostos para a melhoria do desempenho estratégico e operacional do processo de

desenvolvimento de produtos. Tradicionais e modernas estratégias, metodologias e

ferramentas são criadas e aplicadas na gestão do PDP buscando a redução de custos, melhoria

da capacidade de manufaturabilidade do novo produto, a qualidade do produto, rapidez no

lançamento, entre outros.

Para Sobral (2002), são necessários investimentos em dinamização e no encurtamento

dos prazos de desenvolvimento e lançamento de produtos no mercado. Além disso, deve-se

investir em sistemas de informação integrados e capacitação de pessoal, de modo que estes

possam compartilhar informações de forma correta e transparente em todas as fases do

processo.

Essa nova realidade do ambiente competitivo atinge todos os setores industriais, não

sendo diferente, portanto, para as empresas localizadas no Polo de Cerâmica Artística de

Porto Ferreira Estado de São Paulo.

A cidade de Porto Ferreira, hoje nomeada como a “Capital Nacional da Cerâmica

Artística e da Decoração”, está localizada na microrregião de Pirassununga, centro do Estado

de São Paulo, distante 220 km da Capital. A fundação da primeira cerâmica ocorreu na década

1920. A fábrica deu origem ao processo de industrialização da cidade, que se transformou ao

longo dos anos Polo de produção nacional (TEIXEIRA, 2013).

Impulsionada pela fama dos produtos fabricados na cidade, Porto Ferreira hoje com

aproximadamente 56.000 habitantes (IBGE, 2017), encontrou na decoração outro importante

nicho para seu desenvolvimento, pois conta com mais de 70 empresas no ramo da decoração,

em especial no setor de artesanato, de decoração em madeira e moveleiro, de vidros,

13

iluminações, resinas e feldspato. Nesse contexto e de acordo com as informações obtidas

através do contato pessoal com Sindicato dos Ceramistas (SINDICER) contabilizam-se mais

de 200 lojas de decoração, as quais empregam 1800 trabalhadores diretos e mais de 1500

indiretos. Contabilizam-se também aproximadamente 75 empresas fabricantes de cerâmica

decorativa com aproximadamente 2500 colaboradores.

A cerâmica objeto de estudo desta pesquisa foi fundada em 1998 produzindo cerâmica

decorativa, no entanto a partir de 2003, mudou seu foco e iniciou a fabricação da linha de

Louças de Mesa Posta e utilitários, tais como: pratos (rasos, fundos e de sobremesa), xícaras

(chá e café), canecas, tigelas, travessas, etc.

Atualmente é considerada uma das principais referências na fabricação de faiança

feldspática 1em todo mercado nacional. Seus produtos estão presentes nas principais lojas de

Presentes Finos, E-commerces e grandes redes no país.

A cerâmica estudada trabalha com cerca de 170 linhas de produtos em seu portfólio,

além de linhas desenvolvidas exclusivamente para seus clientes (como por exemplo, grandes

redes e lojistas “presenteiros”), chegando a mais de 1.000 itens personalizados entre canecas,

copos, bowls, xícaras, entre outros.

A empresa emprega atualmente 307 colaboradores diretos na fábrica e conta com mais

74 colaboradores indiretos distribuídos em suas três lojas.

Observa-se que a empresa teve um rápido crescimento tanto em produção, quanto em

volume de vendas no mercado, no entanto, percebe-se grande dificuldade por parte da área de

produção em reproduzir em larga escala os protótipos desenvolvidos pela área de

desenvolvimento de produtos.

Visto a importância da empresa para a cidade e a necessidade de um processo de

desenvolvimento de produto mais eficiente e eficaz este estudo se propõe a investigar em qual

(is) fase do PDP ocorrem problemas e qual (is) área é responsável.

A empresa está no mercado há 14 anos, sendo considerada relativamente nova e já

concorre direta e indiretamente com as empresas mais renomadas e consolidadas no mercado

cerâmico voltado para mesa posta e aparelhos de jantar.

Convém ressaltar que a empresa possui administração familiar, e devido ao seu rápido

e não planejado crescimento apresenta aparente dificuldades na distribuição de informações e

comunicação entre seus vários setores, incluindo o setor de desenvolvimento e aqueles com

ele diretamente relacionados. Deste modo a questão orientadora desta pesquisa é: Como 1 Faiança Feldspática- Tipo de cerâmica branca. Produto intermediário à cerâmica convencional e à porcelana. O que difere essas três categorias de cerâmica são os componentes da massa, que neste caso é rica em “feldspato”.

14

aprimorar o processo de desenvolvimento de produtos de modo a possibilitar a

reprodutibilidade de protótipos na empresa estudada?

1.1 OBJETIVOS DA PESQUISA

Os objetivos que nortearam o presente trabalho são:

1.1.1 Objetivo Geral

Analisar a capacidade de uma empresa do Polo cerâmico de Porto Ferreira em

reproduzir os protótipos de produtos.

1.1.2 Objetivos Específicos

• Realizar um levantamento bibliográfico sobre o processo de desenvolvimento de

produtos, focando na fase de desenvolvimento, responsável pela fabricação dos protótipos de

novos produtos;

• Identificar quais as fases do desenvolvimento de produtos são de fato realizadas pela

empresa;

• Apontar as principais técnicas e ferramentas adotadas pela empresa para o apoio

necessário à fase de desenvolvimento;

• Propor melhorias no processo de desenvolvimento de produtos realizado pela empresa.

Esses objetivos têm a intenção de auxiliar na resolução de problemas e contribuir para

que a empresa possa melhorar seu processo de desenvolvimento de novos produtos e

consequentemente a manufaturabilidade destes.

1.2 JUSTIFICATIVA

A habilidade de identificar ou criar oportunidades de mercado auxilia as empresas a

direcionarem os esforços de desenvolvimento. Renovar frequentemente os produtos

oferecidos e levar ao mercado novos produtos é importante em quaisquer setores industriais.

Além disso, o desenvolvimento de novos produtos é crítico para a competitividade, pois

diferencia a empresa das demais e favorece se bem conduzido a introdução de novos produtos

mais rapidamente que a concorrência (CLARK e WHEELWRIGHT, 1992 apud COSTA,

2010). Sendo assim, do ponto de vista econômico, um PDP eficiente e eficaz garante à

empresa maiores possibilidades de sucesso comercial, pois é responsável por atender e ou

15

estimular a necessidade para aquisição dos produtos desenvolvidos. Ao fazer isso, pode

consequentemente aumentar o volume de vendas da empresa e ao mesmo tempo seus lucros.

Além da relevância econômica este estudo se justifica socialmente, pois será realizado

em uma cidade considerada Polo na fabricação de cerâmica artística. As empresas cerâmicas

são a principal fonte de renda da cidade. No entanto, concorrem com empresas de Polos de

outros Estados. Portanto, melhorias obtidas no desenvolvimento de produtos podem resultar

em aumento nas vendas beneficiando a cidade no que diz respeito a necessidade de

contratação de mão de obra, fazendo com que a taxa de desemprego diminua ao mesmo

tempo em que aumenta o número de turistas, visitantes e pedidos firmes de grandes varejistas.

Além dos benefícios sociais o investimento em sistemas de informação integrados e

capacitação de pessoal, faz com que estes possam compartilhar informações de forma correta

e transparente em todas as fases do processo garantindo além da eficácia, melhor qualidade de

vida no trabalho e a satisfação dos colaboradoras que o integram (SOBRAL, 2002).

Pessoalmente o estudo do desenvolvimento de novos produtos promove o

desenvolvimento profissional do pesquisador, já que este está diretamente envolvido com o

trabalho realizado na empresa estudada.

Do ponto de vista acadêmico, pode-se dizer que compreender o processo de

desenvolvimento de produtos envolve conhecer o funcionamento de todos os departamentos e

suas relações. O PDP relaciona-se diretamente com as áreas de marketing, desenvolvimento,

Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), produção, vendas e pós-vendas, ou seja, envolve

praticamente todas as áreas estudadas ao longo do curso, além de contribuir para o

conhecimento daqueles que possuem interesse no tema.

Mediante as justificativas apresentadas nota-se a relevância de se conhecer,

detalhadamente, as práticas atuais de desenvolvimento de produtos na empresa estudada, e

assim identificar a existência de problemas e as necessidades de melhoria no PDP.

16

2 CONCEITUAÇÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS -

PDP

Segundo Kaminski (2000) o processo de desenvolvimento de produtos é o conjunto de

atividades que envolve quase todos os departamentos da empresa, tendo como objetivo a

transformação das necessidades mercadológicas em produtos ou serviços que sejam

economicamente viáveis, ou seja, é o processo que engloba os consumidores, fornecedores e a

mão-de-obra de uma só vez para atender determinadas necessidades ou até mesmo criar

demanda para o produto desenvolvido.

Segundo Rozenfeld et al. (2006), o PDP pode ser divido em três grandes macro fases

denominadas: pré-desenvolvimento, desenvolvimento e pós- desenvolvimento.

A macro fase de pré-desenvolvimento de produtos, corresponde às atividades e ao

período compreendido entre a geração de uma ideia inicial para um novo produto e a decisão

da empresa de investir no desenvolvimento do produto cujo conceito foi aprovado

(BRENTANI e REID, 2012). O pré-desenvolvimento também acontece em duas fases, cada

um com um conjunto de atividades.

As atividades iniciais do pré-desenvolvimento se referem ao reconhecimento de

oportunidades, ao alinhamento estratégico do novo produto com as estratégias competitivas

da empresa, à coleta de informações de mercado e às avaliações prévias sobre o mercado e

sobre a tecnologia a ser adotada no novo produto. As atividades finais por sua vez são

relativas à definição do conceito do produto, ao planejamento do projeto e à sua análise inicial

de viabilidade técnica e comercial (REID e de BRENTANI, 2004 apud COSTA, 2014).

Para Rozenfeld et al. (2006) a macro fase de desenvolvimento é composta por cinco

subfases: Projeto Informacional, Projeto Conceitual, Projeto Detalhado, Preparação da

Produção e Lançamento do Produto, observe que é na subfase de Preparação de produtos que

ocorre a fabricação dos primeiros protótipos e as demais subfases devem garantir sua

manufaturabilidade. Importante destacar aqui, que a subfase de Preparação do Produto é o

momento no qual são criados os protótipos de produtos. No entanto é necessário compreender

as subfases anteriores, seus recursos, ferramentas e dimensões, pois estas impactam

diretamente na criação dos protótipos.

Já a macro fase de pós-desenvolvimento busca acompanhar o produto e processo e

também descobrir e entender o momento para descontinuá-lo do mercado.

17

Como já mencionado a importância da reprodutibilidade de protótipos em grandes

escalas depende das macro fases do PDP e subfases do desenvolvimento, pois elas são a base

de sua confecção e reprodução. Deste modo esta pesquisa abordará brevemente sobre todas

elas, mas seu foco será a fase de desenvolvimento, momento no qual o protótipo é

confeccionado. Estas fases serão detalhadas em tópicos posteriores.

Com base nas informações acima é possível afirmar que o desenvolvimento de

produtos é considerado o ponto crítico para a competitividade das empresas, já que devido a

internacionalização dos mercados, aumento da diversidade e variedade de produtos, e a

redução do ciclo de vida destes, faz-se necessário que o PDP esteja apto com habilidades e

competências de atuar com dinamismo e flexibilidade para atender a estas necessidades

(ROZENFELD et al. 2006).

De acordo com o mesmo autor o PDP situa-se na interface entre a empresa e o

mercado, cabendo a ele identificar as necessidades dos possíveis consumidores e propor

soluções que os atendam, daí a sua importância estratégica: identificar as necessidades e

desejos dos clientes, as possibilidades tecnológicas, desenvolver um produto que atenda as

expectativas desse mercado em tempo adequado, que seja economicamente viável e que a

empresa consiga produzir de acordo com os seus recursos.

De modo geral, desenvolver produtos consiste em muito mais do que apenas lançar o

item no mercado, pois envolve também as atividades de acompanhamento para que, se

necessário, possam ser feitas as modificações nas especificações e também o planejamento

para descontinuar o produto, seja por motivos de falta de demanda, ou até mesmo dificuldades

do processo de produção (ROZENFELD et al. 2006).

Para cada tipo de produto a empresa adota uma estratégia diferente de projeto

(COSTA, 2010). O projeto pode ser exemplificado quando a empresa recebe uma solicitação

de exclusividade ou personalização de algum item que não pertence ao seu portfólio ou então

quando os recursos disponíveis devem ser adaptados para essa realização. No próximo tópico

serão abordados os diferentes tipos de projetos que as empresas podem adotar para o

desenvolvimento de novos produtos.

2.1 TIPOS DE PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

Os projetos de desenvolvimento de produtos podem ser classificados por diferentes

critérios, sendo a classificação mais comum a baseada no grau de mudanças incorporadas em

relação aos projetos anteriores. De acordo Rozenfeld et al.(2006), essa classificação pode ser

18

feita segundo o seu grau de inovação e também pelas especificidades do setor, sendo: projetos

radicais ou breakthrough; projetos plataforma ou próxima geração; projetos incrementais ou

derivados; projetos follow sources; projetos de pesquisa avançada. Abaixo é feita uma breve

descrição de cada:

• Projetos radicais ou breakthrough: são aqueles que envolvem consideráveis

modificações no projeto do produto ou no processo de produção já existente. Desta forma,

podem ser geradas novas categorias ou nova família de produtos. Geralmente requerem um

processo de manufatura inovador já que se utilizam de tecnologias e materiais diferentes dos

utilizados anteriormente.

• Projetos Plataforma ou Próxima Geração: caracterizam-se por suportar toda uma

geração de produtos ou processos mantendo ligação com gerações anteriores do produto. São

projetos intermediários aos radicais e incrementais, pois representam consideráveis alterações

no projeto do produto, porém sem a introdução de novas tecnologias ou materiais

representando assim um novo sistema de soluções para o cliente. É um caso típico na

indústria automobilística que utiliza a mesma plataforma para diferentes modelos de carros.

• Projetos Incrementais ou Derivados: por partirem de produtos ou processos já

existentes, este tipo de projeto requer menos recursos e inclui versões de redução de custos e

inovações incrementais (modificação na cor de um molde já existente, por exemplo).

Caracteriza-se por criar produtos e processos que são derivados, híbridos ou com poucas

modificações em relação aos projetos anteriores.

Na indústria de cerâmica artística projetos do tipo plataforma e incrementais são

usualmente mais desenvolvidos.

• Projetos Follow sources ou seguidores da fonte: são projetos desenvolvidos pelas

empresas matrizes. Em países como o Brasil, esse tipo de projeto chega da matriz ou de outras

unidades ou clientes, e não requer alterações relevantes da unidade brasileira que adequará o

projeto e produzirá o produto. Normalmente são realizadas atividades de desenvolvimento,

como a adaptação à realidade local, por exemplo.

• Projetos de Pesquisa Avançada: tem por objetivo criar conhecimento para projetos

futuros. Desta forma, não se trata de um projeto propriamente dito, mas sim de uma pesquisa

avançada para projetos de longo prazo.

Classificar os projetos de uma empresa é importante para atender à necessidade de

planejar estrategicamente e de forma conjunta todos os projetos de desenvolvimento de

19

maneira que estes atendam ao mercado consumidor superando suas expectativas e sendo

rentáveis à organização.

2.2 DIMENSÕES DE PDP

Segundo Toledo et al. (2008) a Gestão do Processo de Desenvolvimento de Produtos

(GDP) é complexa devido à natureza dinâmica do desenvolvimento de produtos, à interação

com as outras atividades da organização e também à quantidade de informações (econômicas,

tecnológicas e de mercado) que são processadas. Esta natureza é consequência do ciclo

“projetar-construir-testar”, o qual está presente nas atividades de desenvolvimento de produto

(DP).

A Figura 1 ilustra as cinco dimensões básicas do processo de desenvolvimento de

produtos de acordo aos autores Wheelwright e Clark (1993) e Rozenfeld et al. (2006).

Importante mencionar que todas as cinco dimensões básicas contribuem com ideias e

ferramentas que auxiliaram no desenvolvimento dos protótipos de produtos e facilitam sua

reprodutibilidade e manufaturabilidade.

Figura 1- Dimensões da Gestão de PDP

Fonte: Toledo et al. (2008)

20

2.2.1 Dimensão Estratégica

Preocupa-se estritamente com a estratégia de produtos e de mercados, a gestão do

portfólio de produtos e o planejamento agregado do conjunto de projetos (TOLEDO et al.

2008). Nesta dimensão o estudo do PDP, é caracterizado como uma permanente tentativa de

articular as necessidades do mercado, as possibilidades tecnológicas e as competências das

empresas a fim de garantir a continuidade da organização no mercado em alto nível de

competitividade (COSTA, 2010). Observa-se que esta dimensão é responsável por coletar

informações sobre as necessidades dos clientes, mas avalia-las de acordo com as capacidades

da empresa e tecnologias necessárias, a fim de garantir que os produtos por ela desenvolvidos

possam ser reproduzidos. A seguir são descritos alguns elementos desta dimensão, definidos

por Rozenfeld et al. (2006).

• Pesquisa de mercado e tecnológica: para que uma empresa possua capacidade de

atender ou criar as necessidades no mercado é importante que equipe envolvida com o

desenvolvimento de produtos organização compreenda profundamente o ambiente no qual

está inserida, as necessidades, hábitos e preferências dos consumidores além das tecnologias

disponíveis e as tendências de inovação.

• Gestão de Portfólio: envolve um dos cinco tipos de possíveis decisões com relação ao

projeto: criar um novo projeto, aprovar aquele que já está em desenvolvimento, redirecionar

um projeto (efetuar modificações), congelar um projeto provisoriamente ou cancelá-lo, já que

a empresa tem o objetivo de maximizar o valor do retorno financeiro e não deve desenvolver

apenas projetos de alto risco ou de longa duração entre outros.

• Renovação dos projetos plataforma: é comum encontrar na maioria das empresas a

divisão de produtos por famílias, isto é, que possuem uma base comum de tecnologia para o

desenvolvimento de novos produtos a fim de minimizar os custos e o lead time para o

desenvolvimento. Este é um tipo comum na indústria de cerâmica artística. Várias famílias de

produtos são desenvolvidas, tendo como base a mesma plataforma, mas com modificações

nas estampas, cores e outros detalhes.

Percebe-se, portanto, que a Dimensão Estratégica do PDP envolve a tomada de

decisões estratégicas com relação a gestão de portfólio e ao conjunto de projetos que serão

conduzidos pela empresa, baseando decisões nos resultados obtidos das pesquisas de mercado

e tecnológica.

21

2.2.2 Dimensão Organização do Trabalho

Considera como diferentes funções e departamentos podem ser envolvidos e

integrados no PDP, particularmente durante a condução dos projetos, através da formação de

equipes de desenvolvimento e da valorização de algumas formas de liderança e

comportamento (TOLEDO et al. 2008).

A integração interorganizacional para o desenvolvimento de produtos possui

benefícios quanto ao alcance de sucesso em tempo, qualidade e custo, e a mesma consiste na

integração entre os participantes da área de Marketing, P&D, Engenharia e Manufatura além

de cobrir questões culturais e da estrutura organizacional (COSTA, 2010).

Nesta dimensão é possível observar que deve existir um fluxo constante de

informações, além da integração entre todas as áreas das empresas, pois não é possível para

engenharia de produtos, por exemplo, desenvolver um produto sem as informações de

mercado e tecnológicas, informações estas coletadas pelas áreas de Marketing. Da mesma

forma para garantir a manufaturabilidade dos produtos é necessário ter material, maquinários

tecnologia e pessoal qualificado para a tarefa.

2.2.3 Dimensão Atividades do PDP

Segundo Toledo et al. (2008) a Dimensão Atividades envolve a delimitação e

gerenciamento das tarefas, sequenciais ou simultâneas, que serão realizadas ao longo do

desenvolvimento.

Vários autores descrevem e detalham as etapas ou atividades desta dimensão. De

acordo com Clark e Fujimoto (1991) apud Costa (2010), por exemplo, o desenvolvimento de

produtos se constitui basicamente de quatro etapas:

• Desenvolvimento do conceito do produto: Ocorre em dois momentos principais-

entrada de informações vindas do mercado, dos planos estratégicos e dos resultados da

engenharia avançada; e a criação do próprio conceito do produto que consiste na

determinação das suas funções e características.

• Planejamento do produto: Consiste em tornar concreto o que foi determinado na fase

anterior. Estabelece as especificações de custo, performance, e definição dos sistemas (layout,

etc).

• Engenharia de produto: consiste em detalhar os sistemas, subsistemas, e componentes

dos produtos determinados na etapa anterior, além da construção e testes dos protótipos.

22

• Engenharia de processo: equivale a conversão das informações de projeto em

informações de processo produtivo, isto é, em recursos necessários a fabricação dos produtos:

ferramentas, equipamentos, software, habilidades dos trabalhadores, etc. Finaliza com a

produção do lote piloto e a liberação para a produção comercial.

Deste modo percebe-se que a dimensão das atividades de PDP envolve todas as etapas

do desenvolvimento de produtos apontando quais os caminhos, técnicas e ferramentas devem

ser utilizados ao longo desse processo.

2.2.4 Dimensão da Informação

Preocupa-se com o conteúdo, a forma e com a gestão das informações, as necessárias e

as criadas nesse processo e em particular na condução de suas tarefas (TOLEDO, 2008).

De acordo com Silva e Rozenfeld (2007) na execução das atividades anteriores várias

informações (que são apresentadas na forma de desenhos, relatórios, fichas, listas,

formulários, instruções etc.) são manuseadas (utilizadas e geradas). Em termos de conteúdo,

estas informações relacionam-se com as atividades (são estas que utilizam e geram o conteúdo

de informações), porém, em termos de forma, as informações relacionam-se com os recursos

que é a próxima dimensão a ser apontada (são estes que dão a forma ou o formato com que a

informação é apresentada).

2.2.5 Dimensão de Recursos

Os recursos são formados por métodos, técnicas, ferramentas e sistema que podem ser

aplicados como apoio às dimensões anteriores especialmente nas atividade e informações do

PDP (SILVA e ROZENFELD, 2007).

Analisando o estudo desses três autores, Rozenfeld et al. (2000), Silva e Rozenfeld,

(2007), e Costa (2010) pode-se apontar que existem doze ferramentas e métodos de PDP mais

difundidas, e que podem quando usadas corretamente garantir bons protótipos de produtos e

sua reprodução adequada sendo elas: Análise dos Modos e Efeitos de Falhas (FMEA),

Desdobramento da Função Qualidade (QFD), Engenharia Simultânea, Benchmarking, Análise

e Engenharia de Valor, Projeto para Manufatura e Montagem (DFMA), Metodologia de

Análise de Solução de Problemas (MASP), Método Taguchi/ Projeto Robusto, As Sete

Ferramentas do Controle de Qualidade, Teoria da Solução Criativa de Problemas (TRIZ),

Projeto Auxiliado por Computador (CAD), Engenharia Auxiliada por Computador (CAE).

23

A seguir serão listadas algumas dessas ferramentas e métodos de apoio ao PDP com

suas respectivas definições.

• QFD – Método que identifica e traduz as necessidades dos clientes em parâmetros de

produto quanto aos seus componentes, processos e métodos de controle da produção e

qualidade. Esta ferramenta também é conhecida como a “voz do cliente”.

• Benchmarking – Processo contínuo de medição de produtos quanto aos concorrentes e

às empresas líderes em seu segmento. Por meio desta ferramenta identifica-se e adapta-se as

melhores práticas para o desenvolvimento do produto de acordo com a realidade da empresa.

• Análise e engenharia de valor – Consiste em identificar as funções de determinado

produto, avalia-lo e propor alternativas de desenvolve-lo a um custo menor que o da maneira

conhecida sem detrimento da qualidade.

• FMEA – Esta ferramenta concentra-se em identificar possíveis falhas antes de se

reproduzir uma peça ou um produto, a qual é estritamente importante considerando o objetivo

geral deste trabalho que é analisar a capacidade da empresa estudada em reproduzir os seus

protótipos. O FMEA identifica e estabelece parâmetros para a adoção de medidas preventivas

e corretivas.

• Engenharia Simultânea – Também conhecida como Engenharia Paralela, é a maneira

estruturada do desenvolvimento de produto e seu processo através de times de projeto.

• DFM/DFA – Conjunto estruturado de regras que tem o objetivo de assegurar a

concepção, manufaturabilidade e a qualidade do produto. Esta ferramenta paralela à FMEA

auxilia na reprodução dos protótipos desenvolvidos.

• MASP – Baseada em fatos e dados, essa ferramenta que é uma sequência lógica de

procedimentos, visa localizar a causa dos problemas de um processo, e implantar melhorias.

• Teoria da solução criativa de problemas (TRIZ) – Baseada no conhecimento e leis da

evolução dos sistemas técnicos, esta ferramenta é composta por métodos para a formulação e

a solução de problemas.

Deste modo, todas as ferramentas e métodos apresentados neste tópico devem ser

aplicadas desde o planejamento até a produção do produto piloto, sendo que a escolha do

método a ser utilizado dependerá do tipo de projeto e produto a ser desenvolvido, e também

da estrutura da empresa (COSTA, 2010).

24

2.3 FASES DO DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO

O processo de desenvolvimento de produtos dá-se a partir da coleta de informações

sobre as necessidades e deficiências de mercado, informações estas que são transformadas em

ideias e posteriormente em projetos e protótipos necessários para a produção de um produto

(CLARK e FUJIMOTO, 1991 apud ARAUJO, 2006). Segundo Rozenfeld et al. (2006) o PDP

é subdividido em três macro fases: Macro fase de pré-desenvolvimento; de desenvolvimento e

de pós-desenvolvimento, conforme Figura 2.

Figura 2- Fases do Processo de Desenvolvimento de Produto

Fonte: Adaptado de Rozenfeld et al. (2006)

De acordo com o Rozenfeld et al. (2006), o pré-desenvolvimento deve estar alinhado a

estratégia da empresa e deve garantir que ideias de todos os envolvidos com os produtos

(clientes internos e externos e demais responsáveis pelo PDP na empresa como engenharia de

produto, marketing, etc), oportunidades e restrições sejam sistematicamente transformados em

um conjunto de possíveis projetos, ou seja, o portfólio dos produtos que deverão ser

desenvolvidos. Esta macro fase ainda se subdivide em: Fase de Planejamento Estratégico dos

produtos e Fase de Planejamento do Processo.

Conclui-se que o pré-desenvolvimento que se faz a ponte entre o objetivo da empresa

e os produtos desenvolvidos.

Após a definição do portfólio e o planejamento dos projetos tem-se a macro fase de

desenvolvimento. É nesta macro fase que se encontram os dois principais assuntos tratados

25

nesta pesquisa, uma vez que em suas subdivisões são explicitados quanto ao desenvolvimento

dos protótipos.

A macro fase de desenvolvimento é formada por cinco fases: Projeto informacional;

Projeto conceitual; Projeto detalhado; Preparação para a produção e Lançamento do Produto

(ROZENFELD et a. 2006 apud COSTA, 2010).

• Projeto Informacional: a partir das informações coletadas na macro fase anterior (pré-

desenvolvimento) são desenvolvidas as especificações-meta do produto, isto é, as

características técnicas que o produto deverá possuir para atender a necessidade do

consumidor. Após estabelecer as especificações-meta são determinados os critérios de

avaliação para a tomada de decisões das fases seguintes do desenvolvimento.

• Projeto conceitual: relaciona-se com a busca, criação, representação e seleção de

informações tendo início na atualização das especificações-meta. A busca consiste em

benchmarking. A criação é direcionada pelas necessidades e requisitos do produto. A

representação por sua vez, ocorre junto à criação e é feita por meio de desenhos ou esquemas

podendo ser manuais ou com auxílio computacional. Por fim, é realizada a seleção de

informações baseada em métodos adequados às necessidades previamente definidas. Desta

forma, esta fase elabora e define o conceito do produto, o qual é composto por: integração dos

princípios de solução; arquitetura, layout, estilo de produto, etc.

• Projeto Detalhado: desenvolve e finaliza todas as especificações do produto ou

processo, que posteriormente serão encaminhados à manufatura e demais fases do

desenvolvimento. É nesta fase que se obtém as especificações finais do produto quanto aos

desenhos, tolerância, plano de processo, material de suporte ao produto, projeto das

embalagens e seu término de vida. Vale ressaltar que é nesta subfase do desenvolvimento que

é garantido o sucesso do produto, uma vez que aqui são detalhadas todas as especificações

para o desenvolvimento do protótipo e na fase seguinte é testada a sua manufaturabilidade, ou

seja, capacidade de ser fabricado e reproduzido. Conforme Figura a 3, nas fases de projeto

detalhado e preparação da produção se encontram o desenvolvimento de protótipo.

• Preparação para Produção: inicia os produtos no mercado nas condições de

manufatura atendendo aos requisitos definidos nas fases anteriores. Envolve a obtenção de

recursos de fabricação, produção piloto (protótipo), otimização da produção, especificação

dos processos e manutenção, e capacitação de pessoal. Os protótipos são produzidos e

testados e posteriormente homologados. Homologar é o mesmo que verificar se estes

protótipos atendem todos os requisitos anteriormente definidos e/ou padrões específicos da

26

indústria (ROZENFELD et al. 2006). Porém, falta saber se a empresa (na verdade toda a

cadeia de suprimentos) consegue produzir os produtos com a mesma qualidade do produto

piloto atendendo às mesmas necessidades e requisitos dos clientes ao longo do seu ciclo de

vida. Este é o ponto abordado pela pesquisa que será explicitado no estudo de caso.

Figura 3- Fases do Processo de Desenvolvimento de Produto

Fonte: Adaptado de Rozenfeld et al. (2006)

• Lançamento do produto: Insere o produto no mercado garantindo os serviços de

atendimento ao cliente e assistência técnica, levando em consideração também as campanhas

de marketing.

Após a conclusão das duas primeiras macro fases têm-se a macro fase de Pós-

desenvolvimento, na qual a empresa visa alcançar suas metas de desempenho. Envolve duas

fases: Acompanhar o produto e processo e descontinuar o produto (ROZENFELD et al. 2006

apud COSTA, 2010).

27

2.4 PROTÓTIPOS E PROTOTIPAGEM

Segundo Kaminski e Da Silva (2015) os protótipos podem ser considerados como uma

versão preliminar de um novo produto. A palavra protótipo é derivada do grego, sendo

Prótos, primeiro e Typos, tipo. Deste modo uma tradução adequada seria que protótipo é o

primeiro modelo, que está em fase de testes, estudo ou planejamento. Os protótipos são

especialmente úteis nas fases de Projeto Detalhado e Preparação para Produção, fases nas

quais ocorrem diversos testes que se bem realizados podem garantir a manufaturabilidade dos

produtos em larga escala. Neste momento problemas podem ser encontrados e discutidos com

as equipes de produção que buscarão soluções evitando que um produto de má qualidade saia

da empresa e afete negativamente seus lucros e sua reputação.

Além de testes, protótipos podem também ser úteis na etapa de concepção e

enriquecendo da comunicação entre equipes de desenvolvimento de novos produtos

(ELVERUM et al.2015).

Segundo Mayhew (1999), são quatro as dimensões que definem a fidelidade de um

modelo:

1. Detalhamento: a quantidade de detalhes que o modelo suporta;

2. Grau de funcionalidade: a extensão na qual os detalhes de operação são completos

3. Similaridade de interação: o quão similar as interações com o modelo serão com o

produto final

4. Refinamento estético: o quão realístico o modelo é.

Quanto mais próximo do real esperado melhores são as probabilidades de sucesso

tanto para encontrar falhas quanto para aperfeiçoamento. A partir dessas dimensões, podem

ser considerados os seguintes níveis de prototipagem: baixa fidelidade, média fidelidade e alta

fidelidade. Petrie (2006) afirma que em cada um desses três níveis de fidelidade existem

benefícios singulares importantes de serem incluídos no processo de projeto de interface.

O primeiro nível de prototipagem a ser discutido é o de baixa fidelidade. Ou seja,

possui baixo grau de detalhamento, pois apresenta apenas visualmente a funcionalidade, e não

a possui. Podem ser apresentados em papel para serem avaliados, por exemplo, pelos clientes.

De acordo com Petrie (2006) o segundo nível de prototipagem é o de média fidelidade.

Em relação a um protótipo de baixa fidelidade, ele é mais próximo do definitivo, o que o torna

mais real, além de poder ser apresentados em meios computacionais. Já o terceiro nível de

prototipagem, conhecido como de alta fidelidade, representa um protótipo de alta fidelidade

com o produto final em termos de aparência visual, além de possuir nível razoável de

28

funcionalidade implementada e conter alguma amostra do conteúdo. Os protótipos de alta

fidelidade são desenvolvidos e apresentados no computador e buscam atender, o mais

fielmente possível, às quatro dimensões de fidelidade de modelo definidas por Mayhew

(1999) e descritas acima: detalhamento; grau de funcionalidade; similaridade de interação;

refinamento estético.

2.4.1 Tipos de Protótipos

Segundo Kaminski e Da Silva (2015) existem diversas razões para se fazer um

protótipo, destacando-se: a possibilidade de apresentar um conceito na prática; demonstrar

capacidade de entrega da equipe além de testar e validar o produto antes de implementação.

Abaixo são apresentadas algumas das principais vantagens da utilização dos protótipos

(PETRIE, 2006):

• Facilitam o entendimento e o feedback dos usuários (que podem ser clientes internos);

• Cumprem o desejo de mostrar resultados rápidos para o cliente (clientes internos,

externos, não necessariamente finais e parceiros);

• Tornam as discussões mais produtivas e sob controle nas sessões com os usuários;

• Facilitam a discussão entre projetistas e usuários, além de promover melhor acordo

entre os membros de equipes multidisciplinares de projetos;

• Possibilitam testes de usabilidade no início do processo de desenvolvimento;

• Incitam a experimentação por terem baixo custo para alterar;

• Possibilitam obter uma aprovação formal do projeto antes de se prosseguir para o

desenvolvimento.

Segundo Ulrich e Eppinger (2000) os protótipos podem ser classificados em físicos e

analíticos. Os protótipos físicos constituem-se de elementos tangíveis criados para a

aproximação do produto, já os analíticos caracterizam-se pela representação intangível, isto é,

a representação virtual construída por meio de recursos computacionais. Deste modo, a

maioria das empresas utilizam os dois tipos de protótipos destacados por Rozenfeld et al.

(2006) e Ulrich e Eppinger (2000) - protótipos reais e os virtuais. Os protótipos reais são

utilizados na fase de projeto detalhado empregando-se SSCs similares ao produto final. Já os

protótipos virtuais são utilizados desde as fases anteriores (softwares CAD/CAE).

Os protótipos virtuais quando aplicados exaustivamente durante o PDP, podem reduzir

o escopo e a quantidade de alterações de engenharia, mas não podem ser a única fonte de

29

avaliação, pois alguns atributos não podem ser ponderados virtualmente, como a ergonomia e

a estabilidade, por exemplo. Enquanto os protótipos físicos são mais caros e demorados, o

emprego dos protótipos virtuais permite a execução de alguns testes inviáveis de serem

realizados com os protótipos físicos, o que reduz a quantidade destes (ULRICH e

EPPINGER, 2000). Contudo, vale ressaltar que por tratar-se de um estudo em uma empresa

do Polo Cerâmico, todos os protótipos desenvolvidos utilizam-se dos dois tipos destacados

por Rozenfeld et al. (2006), uma vez que independente dos custos e da demora para o seu

desenvolvimento, o protótipo físico faz-se necessário neste segmento para a averiguação da

peça e também a mensuração de sua qualidade, além disso, quando são solicitadas

personalizações ou desenvolvimentos exclusivos para grandes redes, estes protótipos devem

ser apresentados ao cliente não apenas de modo digital.

Os protótipos físicos podem ser modelos de papelão, plásticos, cerâmicos entre outros

como Mock-up (exemplos: esboço de telas de como a solução funcionará), maquete ou

modelo físico (um objeto desenvolvido com prototipagem rápida, exemplo: impressão 3D,

LEGO). No entanto, existem certas dificuldades para se chegar ao protótipo e para

desenvolvê-lo de forma adequada. Para que isso ocorra todas as informações da macro fase de

desenvolvimento, bem como todas as ferramentas citadas nos tópicos acima devem ser

analisadas de modo que somente as melhores para cada tipo de projeto de novo produto seja

de fato selecionada. Tudo começa com uma ideia que passa de etapa em etapa até chegar às

fases de projeto detalhada e preparação da produção. Dificuldades podem ser encontradas

uma vez que existem muitos conflitos entre departamentos de marketing, design,

desenvolvimento de produtos e manufatura, devendo, portanto, prevalecer o bom senso e

expertise (COSTA e TOLEDO, 2015).

2.4.2 Princípios de desenvolvimento de protótipos

A construção do protótipo é importante para o desenvolvimento de produto, porém se

malconduzida toma-se muito tempo e pode desviar a atenção dos responsáveis pelo PDP, que

poderiam dedicar-se a outras atividades que agregam valor ao produto. Desta forma, a regra

geral para o desenvolvimento do protótipo resume-se a: fazer apenas se for necessário.

Segundo Baxter (2000) os protótipos devem ser simples e baratos nos estágios iniciais

do desenvolvimento, quando não se tem certeza da viabilidade comercial do produto. À

medida que este se desenvolve, as informações aumentam e os riscos tendem a diminuir,

30

surgindo também a necessidade de respostas as questões mais específicas sobre o produto

aumentando-se a sofisticação e complexidade dos protótipos.

2.4.3 Teste de falha do produto

A abordagem clássica é feita do particular para o geral, isto é, parte das falhas dos

pequenos componentes do produto e tem o objetivo de expandir as consequências para o

produto como um todo. As falhas podem partir tanto dos materiais, gerando falhas nos

componentes, como também na própria interação destes componentes (BAXTER, 2000).

Deste modo, este tipo de análise leva a várias dificuldades práticas, como por exemplo, as

falhas relacionadas com o modo de uso do produto que por vezes não correspondem às

expectativas geradas ao consumidor.

O custo desse teste pode ter um bom retorno considerando sua antecipação para

determinadas falhas que possam existir nos produtos quando cheguem ao mercado, evitando

assim os recalls e as demandas judiciais que os consumidores podem mover contra a empresa

quando consideram que esta criou uma falsa expectativa sobre o produto ou quando este não

correspondeu com o que lhe fora oferecido.

2.4.4 Análise das falhas

Esta análise indica qual é o tipo de protótipo mais indicado para testar o produto

durante o seu desenvolvimento. Para satisfazer as dificuldades descritas que podem surgir,

desenvolveu-se uma metodologia de análise de falhas que parte do geral para o particular, ou

seja, inicia com as funções valorizadas pelo consumidor. Primeiramente são identificadas as

falhas potenciais destas funções, depois são estimadas as suas ocorrências, e por fim a

gravidade destas falhas. Todas estas informações são convertidas em um indicador de risco, o

qual representa a importância de cada tipo de falha na percepção do consumidor. Sendo

assim, podem-se identificar quais as possíveis falhas e também como evita-las, aperfeiçoando

o projeto do produto.

Em resumo, a análise das falhas é realizada quando a melhor configuração for

selecionada para que as falhas potenciais do produto sejam detectadas. Posteriormente

desenvolve-se o protótipo para testar estas possíveis falhas, obtendo-se dados e informações

para o aprimoramento do projeto com o objetivo de corrigi-las antes que o produto seja

colocado em linha de produção.

31

3 MÉTODO DE PESQUISA

Segundo Gil (2002), o método científico é um conjunto de procedimentos intelectuais

e técnicos utilizados para atingir o conhecimento. Para que este seja considerado

conhecimento científico é necessário a identificação e verificação dos passos a serem

seguidos, ou seja, é necessário determinar os métodos que possibilitaram alcançar tal

conhecimento. Deste modo, neste tópico são explicitadas informações com relação ao tipo de

pesquisa; população e amostra; e coleta de dados os quais serão detalhadamente apresentados

a seguir.

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

Partindo do conceito apresentado por Gil (2002) de que a pesquisa deve ser

classificada quanto a sua natureza, abordagem, objetivos e procedimentos técnicos, o presente

trabalho classifica-se quanto a sua natureza como pesquisa aplicada. Quanto a sua abordagem

pode-se afirmar que representa uma pesquisa qualitativa. Com relação ao seu objetivo

classifica-se como pesquisa exploratória e descritiva, e do ponto de vista de seus

procedimentos classifica-se como uma pesquisa de revisão bibliográfica e documental seguida

de um estudo de caso.

De natureza aplicada esta pesquisa contribuiu para fins práticos quanto a solução de

problemas da realidade da empresa estudada (BARROS e LEHFELD, 2000). O presente

trabalho teve como principal objetivo analisar a capacidade de uma empresa do Polo cerâmico

de Porto Ferreira, Estado de São Paulo, em reproduzir seus protótipos de produtos e propor

melhorias neste processo, delimitando assim o ambiente a ser estudado e, aplicando de forma

prática, os conhecimentos adquiridos através do referencial teórico.

De abordagem qualitativa, uma vez que os resultados desta pesquisa não são passíveis

de mensuração numérica, mas sim de interpretação de fenômenos e atribuição de significados

através do referencial teórico e análise documental da empresa, dados sobre os quais o

pesquisador analisou indutivamente.

De caráter exploratório, pois inicialmente o pesquisador buscou se familiarizar com o

tema/problema a fim de torna-lo mais explícito, objetivando desta forma o aprimoramento de

ideias para a análise e solução deste (GIL, 2002). A segunda fase da pesquisa possui caráter

descritivo, pois apresenta as características do processo de desenvolvimento de produtos da

empresa estudada.

32

Quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa classifica-se como bibliográfica e

documental seguida de estudo de caso, já que no primeiro momento foram coletadas

informações retiradas de livros, artigos disponíveis em periódicos e anais de congressos, e

posteriormente foi efetuado o estudo de caso e análise de relatórios relacionados ao PDP para

a análise e aplicação das técnicas e ferramentas informadas no referencial teórico.

Segundo Yin (2005), o uso do estudo de caso é adequado quando se pretende

investigar o como e o porquê de um conjunto de eventos contemporâneos. O mesmo autor

ainda afirma que o estudo de caso se trata de investigação empírica que permite a análise de

um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os

limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos.

Bruyne, Herman e Schoutheete (1977) afirmam que o estudo de caso é relevante pois,

permite reunir numerosas e detalhadas informações que possibilitam ao pesquisador

apreender a totalidade de uma situação. A riqueza das informações auxilia o pesquisador num

maior conhecimento e numa possível resolução de problemas relacionados ao assunto

estudado, neste caso especificamente no desenvolvimento de produtos e na reprodutibilidade

de seus protótipos.

3.2 UNIVERSO E AMOSTRA

O objeto de estudo desta pesquisa é uma empresa fabricante de Louças de Mesa Posta

e utilitários do Polo Cerâmico de Porto Ferreira que tem apresentado dificuldades na

reprodutibilidade de seus protótipos em larga escala. Do universo de empresas do Polo, esta

foi selecionada de forma intencional, devido à proximidade do pesquisador com a empresa

estudada.

3.3 COLETA DE DADOS: INSTRUMENTOS PARA A COLETA

A coleta de dados foi realizada pessoalmente por meio do instrumento de entrevista

com roteiro semiestruturado (Apêndice A) com os Gerente de Produção e Gerente Comercial,

além de relatórios (análise documental) do processo.

33

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO

Este capítulo apresenta os resultados do estudo de caso realizado através de análises

documental e entrevistas com os Gerente de Produção e Gerente comercial de uma empresa

fabricante de Louças de Mesa Posta e utilitários do Polo Cerâmico de Porto Ferreira, Estado

de São Paulo.

4.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA EMPRESA

A empresa estudada foi fundada em 1998. Suas atividades iniciaram-se a partir da

fusão de duas empresas de pequeno porte fabricantes de cerâmica decorativa (vasos, adornos,

entre outros). Em 2003, passou a fabricar Linhas de Louça para Mesa Posta e utilitários.

Atualmente ocupa uma área total de 18.600m², sendo 11.500 m² de área construída.

De acordo com os dados obtidos da empresa estudada, esta é considerada de médio

porte, conforme Tabela 1, possuindo 307 funcionários diretos na fábrica e mais 74

funcionários distribuídos em suas três lojas. Do total de 381 colaboradores, 260 trabalham na

área industrial e os demais nas áreas administrativas, engenharia, laboratório e lojas de

fábrica.

Tabela 1-Classificação do porte da empresa por quantidade de funcionários

Classificação – Tamanho Indústria

Micro Até 19 empregados

Pequena De 20 a 99 empregados

Média De 100 a 499 empregados

Grande Mais de 500 empregados

Fonte: Sebrae (2015)

A empresa estudada é constituída de capital nacional e possui administração familiar,

sendo os principais gestores os filhos dos dois sócios fundadores. Devido ao seu crescimento,

tem contratado profissionais da área para o melhor gerenciamento e execução dos processos.

Os produtos fabricados são basicamente constituídos de Faiança Feldspática. Suas

principais linhas e modelos se direcionam à gastronomia e hotelaria (linhas brancas e lisas),

lojas de presentes e decoração (linhas com relevo, decalque, coloridas), e grandes redes (misto

dos modelos direcionados à decoração e gastronomia). A empresa especializou-se na

34

fabricação de pratos (rasos, fundos e sobremesa), xícaras (chá e café), bowls2, travessas,

tigelas e etagiere3 conforme apresentados no Quadro 1.

Quadro 1- Produtos e linhas de produtos fabricados na empresa estudada

Linhas

Produtos

Descrição

Gastronomia e Hotelaria Pratos; xícaras; bowls; travessas;

tigelas e etagiere.

Itens brancos e lisos que podem ser personalizados com a logo do

cliente.

Presentes e Decoração Pratos; xícaras; bowls; travessas;

tigelas e etagiere.

Itens com relevos precisos ou decalque e decoração;

Itens coloridos.

Grandes Redes Pratos; xícaras; bowls.

Misto dos itens mencionados

acima, porém disponibilizados

apenas em aparelhos de jantar.

Fonte: Empresa estudada

O faturamento médio anual da empresa nos últimos anos variou de aproximadamente

R$ 25 milhões a R$ 35 milhões. De acordo com os dados coletados na entrevista a empresa

não sabe mensurar o quanto do faturamento médio anual corresponde aos novos produtos,

uma vez que algumas linhas bem-sucedidas em vendas permanecem no mercado por mais de

4 anos, enquanto outros vendem apenas 1 ano e são descontinuados.

Atualmente a empresa exporta seus produtos para países da América do Sul e seus

principais clientes no exterior concentram-se na Bolívia e Paraguai. A contribuição média da

exportação no faturamento é inferior a 5%. Desta forma, fica evidente que o foco da empresa

é no atendimento ao mercado interno.

Como já citado o principal mercado de atuação da empresa é o mercado nacional e as

vendas se concentram nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. A empresa estuda atualmente

ampliação de seu mercado de venda de forma a atender melhor as regiões Centro-Oeste e

Norte.

Embora tenha fortes concorrentes da região Sul do país, o mercado da empresa

estudada corresponde a cerda de 1/3 de todas as vendas do setor, e isto se deve ao fato de que

2 Bowl – Termo inglês que significa “tigela” ou um tipo de prato para servir sopas, caldos ou sobremesa. É

relativamente menor do que as tigelas convencionais, pois serve porções individuais. 3 Etagiere – Termo geralmente empregado em decoração para se referir ao conjunto de pratos conectados por uma haste de metal ou cerâmica no eixo central com a finalidade de servir como objeto decorativo para dispor doces, bolos e outros petiscos.

35

a empresa oferece produtos diferenciados e atende rigorosamente ao prazo de entrega

estabelecido. A localização da empresa também facilita o escoamento de seus produtos.

Para a empresa, desenvolver um novo produto significa atender e superar as

expectativas do mercado. Esta ideia vai ao encontro da definição apresentada por Kaminski

(2000) na qual o autor afirma que o processo de desenvolvimento de produtos é o conjunto de

atividades que envolvem quase todos os departamentos da empresa, tendo como objetivo a

transformação das necessidades mercadológicas em produtos ou serviços que sejam

economicamente viáveis.

De acordo com as informações coletadas o número de funcionários envolvidos

diretamente com o PDP, no entanto, é relativamente baixo totalizando apenas 7 funcionários.

Dos 7 funcionários que atuam diretamente no PDP, 6 destes são graduados e apenas 1

possui segundo grau (ensino médio), conforme Tabela 2. Ainda deste total de funcionários, 2

são os responsáveis pelo design dos produtos fabricados, 2 responsáveis pela avaliação e

desenvolvimento do protótipo (engenheiros), 1 responsável pelo desenvolvimento da Matriz

(que permite a fabricação do molde em gesso para produção em larga escala), 1 responsável

pelo laboratório (onde são efetuados os testes nos produtos), e 1 administrador de todo o

processo e responsável pela aprovação do novo produto.

Tabela 2- Formação dos funcionários envolvidos diretamente com o PDP

Número de funcionários envolvidos com o PDP Formação dos funcionários envolvidos com o PDP

02 (design) Graduados em Marketing e Comunicação

02 (avaliação e desenvolvimento) Graduados em Engenharia de Produção

01 (desenvolvimento da matriz) Segundo Grau (ensino médio)

01 (laboratório) Graduado em Engenharia Química

01 (administrador) Graduado em Administração

Fonte: Empresa estudada

No tópico seguinte é apresentada a caracterização da gestão do PDP da empresa

estudada.

36

4.2 CARACTERIZAÇÃO DA GESTÃO DO PDP

De acordo com os dados analisados em documentos da empresa e com as respostas

dos entrevistados, pode-se afirmar que a empresa possui procedimento formalizado e

documentado que define suas atividades, fases e etapas durante o processo. Observou-se que

os entrevistados desconhecem a teoria das Macro fases de desenvolvimento apontadas por

Rozenfeld et al. (2006) e consequentemente a nomenclatura das suas respectivas etapas e

atividades. Porém, após a análise das informações percebe-se que a empresa desenvolve as

atividades correspondentes às fases de pré-desenvolvimento e de desenvolvimento, conforme

Figura 4, respondendo ao segundo objetivo específico desta pesquisa que é identificar quais as

fases do desenvolvimento de produtos são de fato realizadas pela empresa.

Figura 4- Fases do Processo de Desenvolvimento de Produtos Identificados na Empresa

Fonte: Adaptado de Rozenfeld et al. (2006)

A nomenclatura própria adotada pela empresa para as fases e etapas do processo de

desenvolvimento são: fase de concepção, desenho, laboratorial e de avaliação. As fases de

concepção e desenho correspondem ao Projeto Informacional e Conceitual. As fases

laboratoriais e de Avaliação correspondem ao Projeto Detalhado e de Preparação para a

produção, e são nestas etapas que os protótipos são desenvolvidos (laboratorial) e testados

para a produção em larga escala (avaliação). Observa-se também que embora o entrevistado

tenha caracterizado as fases do PDP como subfases do Pré-Desenvolvimento e

Desenvolvimento, a análise das informações dadas correspondem apenas à Macro fase de

37

Desenvolvimento. A Figura 5 ilustra a concepção e entendimento do entrevistado quanto a

teoria.

Figura 5- Fases do Processo de Desenvolvimento de Produtos Nomeadas pela Empresa

Fonte: Elaborada pela autora

Segundo o entrevistado a empresa possui aparente dificuldade no que diz respeito a

agilidade para preenchimento da documentação e também na própria documentação do PDP,

já que esta é composta por uma ficha de cadastro elaborada em Excel, e cada ficha

corresponde apenas a um produto ou uma Linha de produtos fazendo com que em períodos de

Feiras e exposições onde são lançados aproximadamente 40 linhas de produtos diferentes, o

preenchimento das fichas não seja feito adequadamente devido à falta de tempo. Além disso,

o entrevistado afirma que esta documentação deveria ser preenchida por todos os setores

envolvidos do início da produção até a expedição do produto final. Se estes procedimentos

fossem preenchidos adequadamente, as possíveis dificuldades e alterações durante o processo

ficariam registradas, facilitando o controle, o que por vezes não é efetuado formalmente

trazendo resultados insatisfatórios que impossibilitam a reprodução em larga escala no

momento que são recebidos os primeiros pedidos, fazendo com que nesta situação o prazo de

entrega não seja respeitado e consequentemente o cliente fique insatisfeito.

O modelo de ficha de desenvolvimento de produtos utilizado pela empresa encontra-

se nos Apêndices B e C desta pesquisa.

4.3 TIPOS DE PROJETOS

Quanto aos tipos de projeto desenvolvidos pela empresa observa-se que 70% destes

correspondem ao tipo Plataforma – aqueles nas quais são mantidas a mesma base, mas com a

38

introdução de novos materiais, como por exemplo uma outra cor de esmalte, ou outro produto

diferente que impacte na aparência do produto, conforme exemplo da Figura 6. Os projetos do

tipo Incremental e Derivado correspondem a 20% do total dos produtos desenvolvidos e são

estes que apresentam pequenas modificações em relação aos já existentes com o intuito de

diminuir seu custo, melhorar seu desempenho no campo, e atender as necessidades do

mercado, o qual também é exemplificado na Figura 7. Já os projetos do tipo Radicais

(breakthrough) correspondem a 5%, uma vez que os produtos deste tipo de projeto possuem

maior valor agregado e por vezes apresentam maiores dificuldades em sua reprodutibilidade.

A Figura 8 ilustra um projeto radical que gerou uma nova família de produtos por possuir

características inovadoras quanto ao formato, e quanto a maneira como as peças são

disponibilizadas no mercado. A empresa também possui projetos do tipo Pesquisa Avançada,

porém estes correspondem apenas a 5% e também não possuem exemplares para divulgação

neste trabalho, uma vez que ainda se encontram na Macro fase de Pré-desenvolvimento.

Figura 6- Projeto Plataforma

Fonte: Empresa Estudada

39

Figura 7- Projeto Incremental e Derivado

Fonte: Empresa estudada

Figura 8- Projetos Radicais

Fonte: Empresa estudada

O tempo médio dos projetos, considerando-se o levantamento de necessidades dos

clientes até o lançamento no mercado, é significativamente maior para os projetos do tipo

Radical e Pesquisa Avançada, porém para a maioria dos projetos realizados na empresa

estudada que são os do tipo Plataforma, Incremental e Derivado o tempo médio de

desenvolvimento é de 7 a 8 meses, pois todos os anos é renovada a lista de produtos do

40

Portfólio. Porém, vale ressaltar que as linhas básicas (brancas e lisas) e aquelas que tiveram

boa aceitação no mercado continuam sendo fabricadas, e são descontinuadas apenas aquelas

que não tiveram sucesso nas vendas do ano vigente.

4.4 DIMENSÕES DA GESTÃO DO PDP

4.4.1 Dimensão Recursos

Analisando-se os métodos e ferramentas de suporte ao PDP que contribuem para a

reprodutibilidade de protótipos utilizados pela empresa estudada, e em conformidade com o

terceiro objetivo específico desta pesquisa que é apontar estas principais técnicas e

ferramentas para o apoio necessário à fase de desenvolvimento, observa-se que o

Benchmarking, CAD, Rhinoceros 3D4, e a Tecnologia de Grupo são as ferramentas utilizadas

pela empresa. Desta forma, a empresa utiliza 4 das 13 ferramentas apresentadas no

questionário (FMEA, Método Taguchi, QFD, DFM/DFA, Engenharia simultânea,

Benchmarking, TRIZ, CAD, CAM, CAPP, Engenharia de valor, As 7 ferramentas da

Administração de qualidade, Tecnologia de grupo). Vale ressaltar que as empresas não

precisam necessariamente utilizar todas as ferramentas, mas apenas aquelas que são

adequadas ou necessárias. Obviamente a adoção de ferramentas pode auxiliar na prevenção e

resolução de problemas, além de melhorar a probabilidade de maior qualidade e atendimento

nos prazos estipulados.

É importante ressaltar que mesmo a empresa afirmando não utilizar determinados

métodos e ferramentas de suporte ao PDP, na realidade, ela utiliza em alguns casos de

maneira informal. Porém, desconhecem as terminologias apresentadas na literatura da área,

como por exemplo, o Benchmarking e a Tecnologia de Grupo. Estas são utilizadas de maneira

não formalizada. Após explicação destes termos o entrevistado afirmou que estas são

realizadas.

4.5 DESENVOLVIMENTO DOS PROTÓTIPOS

Para a empresa, protótipo é “um produto conceito, algo que ninguém tem no mercado

e será reproduzido em larga escala para atender a necessidade do consumidor”. Para Kaminski

4 Rhinoceros 3D (também conhecido como Rhino3D) é um software proprietário de modelagem tridimensional

baseado na tecnologia NURBS. Desenvolvido pela Robert McNeel & Associates para o sistema operacional Windows, o programa nasceu como um plug-in para o AutoCAD, da Autodesk. É usualmente utilizado em diversos ramos de design, em arquitetura e também engenharia mecânica.

41

e Da Silva (2015) protótipos são uma versão preliminar de um novo produto. No entanto, não

significa necessariamente que ninguém tenha no mercado, pois através de Benchmarking

também utilizado pela empresa, produtos bem semelhantes podem ser disponibilizados ao

consumidor com apenas a alteração de alguns detalhes e da marca.

Atualmente a empresa utiliza os dois tipos de protótipos apontados por Rozenfeld et

al. (2006): protótipos reais e virtuais. Os protótipos virtuais que são desenvolvidos pelos

responsáveis da criação, design e dimensões das peças (protótipo 2 D – CAD, protótipo 3 D –

Rhinoceros 3D), e os protótipos reais desenvolvidos em laboratório – cerâmico.

De acordo com o entrevistado a principal dificuldade encontrada ao criar protótipos de

novos produtos é “tentar simular em larga escala de produção um produto que possua relevo

rico em detalhes”. O entrevistado ainda afirma que dependendo do relevo projetado para o

produto, pode ocorrer algum desvio com relação ao esperado principalmente se durante o

ajuste na prensa a máquina fizer uma curvatura diferente daquela que foi projetada

virtualmente. Quando isso acontece grandes danos são gerados no lote de ‘amostra’. Além

disto o processo deve ser refeito, ou seja, é necessário refazer o desenho, anotar na ficha e

tentar moldá-lo novamente na máquina, pois é através dessa alteração no projeto que será

desenvolvida a nova matriz. Não basta ajustar o produto no setor onde o problema foi

detectado, o correto seria encaminhar as informações para os responsáveis pela criação

desenharem e ajustarem novamente, pois qualquer alteração no processo sem a devida

documentação pode alterar a característica do produto.

Vale ressaltar que ambos os gerentes entrevistados apontaram a mesma dificuldade.

Segundo eles, por mais que seja solicitado que estas informações sejam documentadas, nem

todos os setores fazem o devido preenchimento das fichas de desenvolvimento, e por vezes a

comunicação entre os integrantes da equipe de PDP é falha.

Antes que o protótipo seja aprovado e reproduzido em larga escala são efetuados testes

em todos os setores de produção em escala semi-industrial, ou seja, em lotes mínimos de 20

peças e máximo de 100 peças. Para definir a quantidade de testes é necessário indicar o tipo

de trabalho e processo a ser utilizado, por exemplo, o molde de prensa dura mil batidas, ou

seja, produz mil peças, desta forma tem-se a possibilidade de testar mais vezes por menos

custo. Porém, para a fabricação do molde de uma máquina roller 5é necessário produzir no

mínimo 10 moldes, desta forma, não é viável a execução de vários testes nesse processo,

5 Máquina roller: Utilizada para fazer peças de borda arredondada, como por exemplo: pratos, pires, peças de

profundidade (bowls, xícaras, canecas). Tecnologia de ponta que precisa de apenas 1 operador para a produção

de centenas de itens.

42

sendo o ideal a identificação de problemas no protótipo antes de encaminhá-lo à produção

semi-industrial.

Quando ocorrem falhas no processo de prototipagem tais falhas geralmente partem dos

pequenos componentes e atingem o produto como um todo. A maior parte dos problemas

detectados pela empresa estão relacionados com a conformação: conformar, destacar, e

disponibilizar a peça no forno sem trincar.

De modo geral a empresa acredita não possuir dificuldades para a reprodução dos

itens em larga escala, pois consegue reproduzir todos os protótipos aprovados, no entanto pelo

descrito acima, não é exatamente correta esta afirmação. O que geralmente acontece com o

desenvolvimento de novos produtos é que existe uma variação de perda de material, a qual é

compensada no preço do produto no ato da venda. O entrevistado ainda afirma que os projetos

que possuem maior volume de perda são os do tipo Radicais, em contrapartida são estes que

possuem maior valor agregado. Cada item pode apresentar uma dificuldade e perda diferentes,

por isso não há um motivo específico pela dificuldade na reprodutibilidade dos protótipos.

Vale ressaltar que embora a empresa acredite não possuir tais dificuldades, todas as

vezes em que um produto é lançado e é encontrado algum problema em sua reprodução,

mesmo sendo posteriormente solucionado isso acaba alterando o fluxo normal de produção

pois, por exemplo, estes erros geram atrasos que acabam afetando o ritmo produtivo. Como o

prazo na entrega é alterado, passam a existir os gargalos nas linhas de produção e geração de

estoque intermediário. Além disso, os pedidos acabam sendo faturados parcialmente (gerando

maior custo de pedido e processamento) e a empresa acaba não entregando esses itens no

prazo acordado com o cliente ocasionando em posteriores cancelamentos devido ao frete que

será pago duas vezes.

Desta forma, fica claro que mesmo sendo um processo trabalhoso e que necessita de

tempo hábil, o preenchimento adequado da documentação (ficha de desenvolvimento) se faz

necessário para que o processo seja bem conduzido e atinja os objetivos da empresa que são,

além de lançar produtos inovadores no mercado, fazer com que estes saiam da empresa e

atendam as reais expectativas dos clientes.

Quanto as ferramentas de apoio ao PDP, verificou-se que estas são subtilizadas. O

entrevistado afirma que este fato está diretamente relacionado com a cultura da empresa,

(empresa familiar). Este tipo de empresa possui receio em mudar o que já deu certo no

passado e criar problemas futuros. É necessária, portanto, uma mudança cultural e gerencial

por parte da diretoria, modernizando seu PDP, confiando e dando mais autonomia

43

(empowemwent) para a equipe de desenvolvimento. Na visão do entrevistado o problema é

cultural, pois - “profissionalizar o projeto e ter disciplina é uma dificuldade que a maioria das

empresas em crescimento enfrenta, pois não é um caso exclusivo da empresa estudada, mas

sim de todas aquelas que estão passando pelo processo acelerado de crescimento”.

Quando o produto é lançado e a sua reprodução não é bem-sucedida, seja por um

problema na máquina, materiais, testes insuficientes, mão de obra não qualificada, entre

outros, o responsável pelo PDP e os engenheiros verificam em qual setor/área estão sendo

detectadas estas falhas e a partir deste momento são feitas as avaliações para correção, mas

isso gera retrabalho e consequentemente custos. Após detectar o problema, esta informação

deve ser registrada na ficha de desenvolvimento. O produto nunca é descontinuado antes de

um ano de mercado, e por mais que apresente dificuldades em sua reprodução, tais

dificuldades devem ser eliminadas, e se necessário alterar o valor do produto, para que este

possa cobrir os seus custos.

Os entrevistados afirmam que estas dificuldades no PDP estão relacionadas à

capacidade da empresa que por estar em um processo de crescimento, ainda está na transição

de um trabalho que antes era totalmente manual para utilização de tecnologia de ponta como

robôs para o setor de esmaltação, e máquinas em que operam apenas dois funcionários, um

para abastecer com a matéria prima e o segundo para a retirada do material já pronto.

Outra consideração importante apontada pelos entrevistados é que como a linha de

produtos anteriormente era totalmente manual, a empresa possuía mão de obra especializada.

A automação tornou muito difícil e caro treinar e especializar um funcionário. Desta forma,

ambos acreditam que isso contribuiu para dificuldades no momento de desenvolver produtos

sob a solicitação de clientes e também para o ajuste em máquinas e robôs para que estes

atuem o mais próximo possível do trabalho humano.

Sendo assim lista-se resumidamente os principais problemas encontrados na

reprodução em larga escala:

• Documentação e formalização das alterações efetuadas no projeto;

• Agilidade para preenchimento da ficha de desenvolvimento;

• Falta de preenchimento da ficha de desenvolvimento por todos os setores envolvidos;

• Falha na comunicação;

• Baixa utilização das ferramentas de apoio ao PDP;

• Rápido crescimento da empresa que está passando pela profissionalização dos

processos;

44

• Substituição de mão de obra qualificada por tecnologia de ponta, que por vezes atende

à quantidade estimada de produção, mas não à qualidade.

45

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 SÍNTESE E CONCLUSÕES

O processo de desenvolvimento de produtos (PDP) é um importante indicador de

competitividade da empresa. Quando bem conduzido pode assegurar a sobrevivência da

organização no futuro, já que é o responsável por inserir e manter a empresa no mercado ao

desenvolver e aperfeiçoar os produtos oferecidos.

Deste modo, o presente trabalho identificou e analisou as práticas da Gestão do

Processo de Desenvolvimento de Produtos em uma empresa produtora de linhas de Louças

para Mesa Posta e utilitários localizada no Polo Cerâmico de Porto Ferreira Estado de São

Paulo.

Observou-se, a partir dos dados coletados em entrevistas e documentos, que a empresa

está iniciando um processo de transição de uma empresa de administração familiar para uma

empresa de administração profissional. Isto acontece num momento em que a empresa cresce

no mercado e sente a necessidade de pessoal capacitado principalmente nas áreas de gestão,

engenharia, marketing e vendas. É também uma empresa de médio porte e de capital

essencialmente nacional.

A empresa possui apenas 14 anos no mercado, exporta para países da América do Sul,

como Bolívia e Paraguai, mas seu foco é de fato o mercado nacional.

Após a análise das informações coletadas, observou-se que a empresa realiza duas das

três macro fases de desenvolvimento propostas por Rozenfeld, et al. (2006) - Macro fase de

Pré-desenvolvimento e Macro fase de Desenvolvimento. A empresa adota nomenclaturas

próprias, que são semelhantes a estas fases, mas não realizam todas as atividades que a

literatura sugere.

A empresa estudada apresenta aparente dificuldade no que diz respeito à agilidade

para preenchimento da documentação que formaliza o Processo de Desenvolvimento de

Produtos, e também na própria documentação do PDP, que por possuir métodos altamente

burocráticos não permite a agilidade no registro e na obtenção de informações.

Quanto aos tipos de projeto desenvolvidos pela empresa observou-se que 70% destes

são do tipo Plataforma contra 20% que correspondem aos projetos do tipo Incremental e

Derivado. Os 10% restantes correspondem aos do tipo Radicais e de Pesquisa Avançada. A

empresa leva aproximadamente 8 meses para lançar um novo produto – desde o seu

46

planejamento até a produção do protótipo real, e em todos os anos são lançados produtos de

acordo com tendência do mercado.

Das ferramentas de suporte ao PDP pertencentes à Dimensão recursos a empresa

desconhece as terminologias apresentadas na literatura da área, como por exemplo o

Benchmarking e a Tecnologia de Grupo. Porém, utilizam estes dois exemplos de ferramentas

de maneira informal. A empresa informa não utilizar outras ferramentas de suporte por

questões culturais e falta de capacitação. A partir do momento em que a diretoria optar por

trabalhar com tais recursos todo o Processo de Desenvolvimento será readequado.

Verificou-se que a empresa trabalha com os dois tipos de protótipos apontados por

Rozenfeld et al. (2006) – protótipos virtuais e reais. Após o desenvolvimento destes, a

empresa afirma não possuir dificuldades para a sua reprodução em larga escala, pois consegue

reproduzir todos os protótipos aprovados. No entanto, esta é a colocação da empresa, pois foi

observado, a partir de análises documentais e entrevistas que grande parte dos novos produtos

apresentam problemas ainda na etapa de prototipagem. Isso gera maiores custos e até

cancelamentos de pedidos (com perda de clientes) para a empresa.

A empresa ainda justifica não possuir dificuldades para a reprodução dos itens em

larga escala, pois segundo o entrevistado é normal acontecer durante o desenvolvimento de

novos produtos uma variação de perda de material, a qual é compensada no preço do produto

no ato da venda. Porém, quando o produto é encarecido devido a problemas de

desenvolvimento, produtos similares e substitutos dos concorrentes diretos chegam aos

consumidores com maior rapidez e a um preço mais adequado às necessidades dos

consumidores. Um exemplo disso ocorre quando produtos constituídos de Faiança

Feldspática ou Porcelana são trazidos da região Sul e comercializados no Estado de São

Paulo por preços menores do que o da própria fábrica em Porto Ferreira. Uma das

justificativas para tal fator seria que provavelmente os concorrentes diretos não possuam a

mesma dificuldade para a reprodução dos protótipos em larga escala.

De uma maneira geral, observou-se que ainda que de forma incipiente as principais

práticas adotadas pela empresa para a condução do PDP são: um processo formalizado com a

descrição das atividades que devem ser realizadas; adoção de algumas ferramentas de apoio

ao PDP; utilização de técnicas tradicionais como brainstorming e benchmarking e software

Rhinoceros 3D; e a utilização de alguns tipos de protótipos para nortear o desenvolvimento

propriamente dito dos produtos.

47

5.2 PROPOSIÇÕES DE MELHORIAS

Considerando a revisão bibliográfica e os resultados do estudo de caso são

apresentados a seguir algumas proposições gerais para a melhoria do PDP na empresa

estudada.

Proposição 1: O processo de desenvolvimento de produtos necessita ser formalizado

para que toda e qualquer alteração no protótipo seja registrada e de fácil acesso.

Em períodos de Feiras de exposição e venda dos novos produtos a empresa estudada

chega a desenvolver aproximadamente 40 linhas diferentes de novos produtos, e para cada

linha é criada uma ficha de desenvolvimento contendo todos os dados que devem ser

preenchidos por todos os envolvidos com o PDP. Porém, foi constatado que devido à falta de

tempo hábil para os lançamentos, esta ficha não é devidamente preenchida dificultando o

controle e a solução das possíveis dificuldades e alterações no processo. Deste modo, como a

empresa leva aproximadamente 8 meses para o desenvolvimento de novos produtos (desde a

sua concepção, até o lançamento), o ideal seria uma melhor programação neste período, ou

que os designers antecipem o seu trabalho para que este prazo seja estendido permitindo o

preenchimento da ficha com todas as informação e alterações realizadas. Esta antecipação já é

realizada, por exemplo, pelas empresas do setor calçadista e são chamadas de Preview.

Proposição 2: A documentação do processo de desenvolvimento de produtos

necessita ser preenchida por todos os envolvidos diretos com o PDP e a ficha de

desenvolvimento deve ser simplificada.

Atualmente o preenchimento da documentação (ficha de desenvolvimento) é

trabalhoso, no entanto este procedimento se faz necessário para que o processo seja bem

conduzido e atinja os objetivos da empresa que são, além de lançar produtos inovadores no

mercado, fazer com que estes atendam as reais expectativas dos clientes. Contudo, constatou-

se que ainda que a ficha esteja disponibilizada na rede e todos os envolvidos tenham acesso a

ela, esta é confusa e seu preenchimento torna-se complicado. Deste modo, o ideal seria a sua

simplificação, a adoção de uma linguagem comum e criação de uma plataforma ou

sistematização deste processo no ERP6 da empresa, dando mais praticidade no preenchimento

para todos os envolvidos além de facilitar o acesso às informações de todos os setores.

6 ERP – Sigla em inglês que significa “Enterprise Resource Planning”, ou seja, o Planejamento de Recursos da Empresa. Software responsável por administrar todas as operações da empresa.

48

Proposição 3: As empresas produtoras de linhas de Louças para Mesa Posta e

utilitários possuem necessidade de mão de obra qualificada por tratar-se de produtos

artesanais que muitas vezes precisam de acabamento manual.

No início de suas atividades a empresa estudada possuía uma linha de produtos

totalmente manual, ou seja, possuía mão de obra altamente especializada. Atualmente a

empresa investiu em tecnologia de ponta como robôs e diferentes máquinas, porém em alguns

setores estes equipamentos não garantem a qualidade do trabalho já que as pessoas não foram

adequadamente treinadas para manusearem estas novas máquinas. Constatou-se assim que

isso contribuiu para dificuldades no momento de desenvolver produtos customizados. Deste

modo, propõe-se o investimento em qualificação dos funcionários que já pertencem ao quadro

da empresa, uma vez que o entrevistado apontou dificuldades na contratação de mão de obra

já capacitada.

Capacitar funcionários é mais vantajoso que perder clientes que não puderam ser

atendidos por que a empresa não possui mão de obra capaz de atender pedidos diferenciados.

5.3 LIMITAÇÕES DA PESQUISA E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

As principais limitações desta pesquisa foram:

• A coleta de dados ser efetuada apenas por meio de acesso a alguns documentos e

entrevista com dois gerentes, já que a empresa estudada não autorizou a observação direta do

processo;

• A forma de coleta de dados utilizada faz com que algumas vezes, sem a intenção, o

entrevistador influenciasse o respondente, principalmente quando este demonstrava não ter

conhecimento da linguagem ou terminologia que foi adotada;

• Sugere-se para trabalhos futuros a realização de um survey com diversas empresas

deste setor para comparar a condução do desenvolvimento de produtos entre elas bem como

verificar semelhanças e principais diferenças entre as mesmas.

49

EFERÊNCIAS

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50

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YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. 21

51

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO

Este roteiro de pesquisa está divido em duas seções. A primeira tem o objetivo de caracterizar a empresa. A segunda objetiva mostrar a estrutura do processo de desenvolvimento de produtos e a processo de prototipagem na empresa estudada.

SEÇÃO 1 - Caracterização Geral da Empresa

1-Respondente (setor em que atua): ______________________________________________

2-Cargo do Respondente:_______________________________________________________

3-Setor da Empresa:___________________________________________________________

4-Ano de Fundação da Empresa: ________________________________________________

5- Localização da empresa: _____________________________________________________

6- Nacionalidade do capital da Empresa: __________________________________________

7- Tipo de Administração da Empresa: Familiar ( ) Profissional ( ) Misto ( )

8- Número de funcionários da área industrial: ______________________________________

9- Número de funcionários da área administrativa:___________________________________

10- Produtos Fabricados pela Empresa:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

11- Quais as principais linhas de produtos da empresa? (linha de produto são produtos com a mesma função e mesma base tecnológica).

( ) Linha Flat Lisa ( ) Linha Coup

( ) Linha Flat Decorada ( ) Linha Colorida

( ) Linha Flat com Relevo ( ) Linha Colorida com relevo

( ) Linha Square ( ) Canecas

52

12. - O tipo de sistema de produção é:

(..) Produção em Massa (..) Lotes pequenos

(..)-Lote unitário (um produto por vez) (..)-Lote unitário (encomenda)

Outro__________________________________________________________________

13- Quais os principais clientes (ou tipo de clientes) da empresa?

(..) Mercado regional

(..) Mercado nacional. Regiões?

(..) Mercado internacional

14- Se a empresa exporta, qual o percentual do faturamento da empresa é proveniente da exportação.

(..) 0 a 10%

(..) 11% a 20%

(..) 21% a 50%

(..)51% a 70%

(..) acima de 70%

15-Quais principais países-cliente.

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

16- Qual o faturamento médio anual da unidade (em reais) da empresa (se a empresa não quiser responder pode deixar em branco).

( ) Entre R$ 3 milhões e R$ 5 milhões

( ) Entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões

53

( ) Entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões

( ) Entre R$ 15 milhões e R$ 25 milhões

( ) Entre R$ 25 milhões e R$ 35 milhões

( ) Entre R$ 35 milhões e R$ 50 milhões

( ) Acima de R$ 50 milhões

SEÇÃO 2 – Estrutura do Processo de Desenvolvimento de Produtos

17 - Quais matérias primas são utilizadas para a fabricação dos produtos? (especificar)

( ) Massa (argila, feldspato)

( ) Esmalte (fritado)

( ) Decalque

( ) Outros: ____________________________________________________________.

18 -A fabricação é manual ou automatizada?

( ) Manual

( ) Automatizada

( ) Misto

19- Se automatizada, quais maquinários são utilizados?

( ) Prensa

( ) Máquina Roller Picota

( ) Máquina Roller de 5 cabeças

( ) Máquina Roller de 2 cabeças

( ) Máquina de xícaras, canecas e bowls.

( ) Cabine de aspersão

( ) Outros: ____________________________________________________________.

54

20 - Se automatizada, a empresa utiliza tecnologia da ponta? Explique.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

21- Para o (s) entrevistado (s) que significa desenvolver produtos?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

22 -Quantos funcionários da unidade estão envolvidos diretamente com o PDP?

___________________________________________________________________________

23- Quanto a escolaridade dos funcionários dedicados ao desenvolvimento de produtos, indique percentualmente as formações existentes:

Se forem poucas pessoas responder em quantidade.

a (..) segundo grau_____ b (..) segundo grau especialização_____

c (..) graduados_______ c ( ) mestres_______

d (..) doutores_______ e (..) outras_________

24. Qual a formação destes?

___________________________________________________________________________

25. Existe alguém responsável pelo design dos produtos fabricados (formatos, estampas)?

___________________________________________________________________________

26- A empresa já teve algum problema com o uso indevido de formatos ou modelos (uso sem

autorização de reprodução de imagem)? Explique? _________________________

___________________________________________________________________________

55

27- A empresa possui algum procedimento formalizado/documentado que define as atividades

de PDP?

a (..) sim b (..) não

28- Quais as principais fases/etapas/atividades realizadas durante o PDP?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

29- A empresa possui laboratório para desenvolvimento e testes de novos produtos?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

30 - Quais as dificuldades encontradas durante o PDP?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

31- Quais os tipos de projetos de desenvolvimento de novos produtos mais comumente

desenvolvidos pela empresa (pode marcar mais de uma alternativa). Se possível colocar a

porcentagem de cada tipo de projeto.

a) Radicais (breakthrough)

b) Incrementais ou Derivados

c) Desenvolvimento e Pesquisa Avançada

d) Follow Sources

e) Plataforma

32- Durante o processo de desenvolvimento de produto são utilizadas ferramentas gerenciais. Destas ferramentas como CAD, CAM, CAPP entre outras também utilizadas para a realização

56

de protótipos de produtos. A empresa utiliza alguma delas? Marque de acordo com a instrução abaixo:

Uitilização (*)

1- A unidade não conhece a respectiva ferramenta

2- A unidade conhece, mas não utiliza a ferramenta

3- A unidade conhece, não utiliza, mas pensa em futuramente utilizar.

4- A ferramenta está sendo utilizada.

Ferramentas * USO Comentários

FMEA (Análise do Efeito e Modo de Falha)*

Método Taguchi

QFD (Desdobramento da Função Qualidade)

DFM/DFA (Projeto de Manufatura e Montagem)

Engenharia Simultânea

Benchmarking

TRIZ (Teoria da Solução Criativa de Problemas)***

CAD (Computer Aided Design)

CAM (Computer Aided Manufactured)

CAPP (Computer Aided Process Planing)

Análise/Engenharia de Valor

As 7 Ferramentas das Adm. da Qualidade***

Tecnologia de Grupo

Outras

* FEMEA - Busca-se prevenir, através da análise de falhas potenciais e propostas de ações de melhoria que ocorram problemas no projeto do produto ou processo.

** TRIZ- métodos para a formulação e a solução de problemas, uma base de conhecimento e leis da evolução dos sistemas técnicos.

57

*** 7 Ferramentas da Administração: folha de verificação, estratificação, diagrama de Pareto, histograma, diagrama de causa e efeito, gráfico de controle e diagrama de correlação.

33 – O que você entende por prototipagem?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

34- A empresa possui um laboratório próprio para desenvolvimento de protótipos?

( ) Sim

( ) Não

Se não por que?

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___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

35- Quais tipos de protótipos a empresa adota?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

36- A empresa conhece e ou usa a prototipagem virtual?

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___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

37- Quais as principais dificuldades que a empresa encontra ao criar protótipos de novos

produtos?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

58

38 – Quais são os testes efetuados sobre o protótipo e quantas vezes eles acontecem antes que

o mesmo seja reproduzido em larga escala pelo setor de produção?

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___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

39 – Quanto tempo o PDP leva para desenvolver novos produtos com a garantia de que

conseguirão produzir estes itens em larga escala?

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___________________________________________________________________________

40 - Quando ocorrem falhas, geralmente estas ocorrem do particular para o geral (parte das

falhas dos pequenos componentes do produto e objetiva expandir as consequências para o produto como um

todo), ou do geral para o particular (parte do que é importante para o consumidor para alterações nos

componentes do produto)?

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___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

41- Existe algum motivo específico pelo qual a empresa acredita ter dificuldades em

reproduzir em larga escala os protótipos de novos produtos? Se sim, quais?

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___________________________________________________________________________

42- O que a empresa pretende fazer para melhorar esta situação?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

59

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

43- Quando o produto é lançado e sua reprodução não é bem-sucedida, quais os

procedimentos adotados pelo PDP para manter o produto em Linha? Esses procedimentos são

documentados?

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44 – Outras considerações:

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60

APÊNDICE B – Ficha de Desenvolvimento – Parte 1

Referencia do produto

Descrição produto

EAN DUN Peso

Comprimento da

embalagem unitária

Largura da embalagem

unitária

Altura da embalagem

unitáriaml

Número de

unidades

contidas na

Caixa INNER

Peso

Comprimento da Caixa

INNER em Centímetros

Largura da Caixa INNER

em Centímetros

Altura da Caixa INNER

em Centímetros

Número de

unidades

contidas na

Caixa INNER

Peso

Comprimento da Caixa

INNER em Centímetros

Largura da Caixa INNER

em Centímetros

Altura da Caixa INNER

em Centímetros

INFORMAÇÃO CAIXA INNER INFORMAÇÃO CAIXA MASTERINFORMAÇÕES PRODUTO

61

APÊNDICE C – Ficha de Desenvolvimento – Parte 2

Cliente N.Ficha Data inicial do projeto Data limite projeto Data Imagem virtual Custos Amostra Fisica Cadastro Produto Cadastro Cliente

0 0 0 00/01/1900 00/01/1900 Data Solic: Data Solic: Data Solic: Data Solic: Data Solic:

Data Entrega: Data Entrega: Data Entrega: Data Entrega: Data Entrega:

Resp.: Resp.: Resp.: Resp.: Resp.:

Envio p Cliente: Envio p Cliente: Envio p Cliente: Envio p Cliente: Envio p Cliente:

Data

CO

MP

RA

S

DES

.

EMB

ALA

GE

M

NÃO PREENCHER PREENCHIMENTO OBRIGATÓRIO

REGISTROS

Pedido Aprovado?Comercial

CR

IAÇ

ÃO

CA

DA

STR

O