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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO - CAMPUS SÃO CARLOS TECNOLOGIA EM PROCESSOS GERENCIAIS Luiz Fernando Maluta Filho Pedro Aparecido Tavares da Costa MELHORIA DE PROCESSOS ADMINISTRATIVOS COMO FATOR DE DESENVOLVIMENTO DE UM CENTRO AUTOMOTIVO DE SÃO CARLOS São Carlos SP 2015

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE

SÃO PAULO - CAMPUS SÃO CARLOS

TECNOLOGIA EM PROCESSOS GERENCIAIS

Luiz Fernando Maluta Filho

Pedro Aparecido Tavares da Costa

MELHORIA DE PROCESSOS ADMINISTRATIVOS COMO FATOR DE

DESENVOLVIMENTO DE UM CENTRO AUTOMOTIVO DE SÃO CARLOS

São Carlos – SP

2015

LUIZ FERNANDO MALUTA FILHO

PEDRO APARECIDO TAVARES DA COSTA

MELHORIA DE PROCESSOS ADMINISTRATIVOS COMO FATOR DE

DESENVOLVIMENTO DE UM CENTRO AUTOMOTIVO DE SÃO CARLOS

Relatório de projeto experimental apresentado ao Instituto Federal de São Paulo –

campus São Carlos, como parte das exigências para a conclusão do Curso Superior de

Tecnologia em Processos Gerenciais.

Orientador(a): Prof. Dr. José Henrique de Andrade

São Carlos – SP

2015

LUIZ FERNANDO MALUTA FILHO

PEDRO APARECIDO TAVARES DA COSTA

MELHORIA DE PROCESSOS ADMINISTRATIVOS COMO FATOR DE

DESENVOLVIMENTO DE UM CENTRO AUTOMOTIVO DE SÃO CARLOS

Relatório de projeto experimental apresentado ao Instituto Federal de São Paulo –

campus São Carlos, como parte das exigências para a conclusão do Curso Superior de

Tecnologia em Processos Gerenciais.

Data de aprovação: ____________________________

__________________________________

Prof. Dr. José Henrique de Andrade

__________________________________

Profa. Dra. Rita de Cassia Arruda Fajardo

__________________________________

Profa. Ms. Claudia Andressa Cruz Affonso

RESUMO

As Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (MPE) têm assumido um papel de

destaque para a economia nacional, sobretudo quando consideramos o significativo

desenvolvimento econômico deste segmento nas últimas décadas e sua crescente proteção

em âmbito jurídico. Entretanto, a despeito do panorama favorável ao crescimento das

MPE, existe a questão da ineficiência na gestão do negócio e suas consequências. Essa

ineficiência pode estar atrelada à gestão de processos operacionais ou administrativos, à

falta de definição de uma estrutura organizacional, entre outros fatores. Inserida no

contexto das MPE brasileiras, com suas dificuldades e peculiaridades, a empresa aqui

analisada constitui um ponto de partida para fomentar a compreensão da importância dos

processos administrativos para o desenvolvimento organizacional. O escopo geral deste

projeto é a busca do aperfeiçoamento de processos administrativos e os objetivos

específicos são: discorrer sobre a estrutura da administração da organização, delineando

seus processos; verificar os métodos de controle de dados empregados nas operações

administrativas; identificar se existe necessidade de readequação, supressão ou

implementação de um processo. Como principais resultados, observou-se a falta de

planejamento formal da empresa e ausência de métodos de controle de dados para uma

gestão eficiente.

Palavras-chave: Microempresas. Gestão do negócio. Processos administrativos.

Estrutura organizacional. Desenvolvimento organizacional.

ABSTRACT

The Micro and Small Enterprises (MPE) have assumed a prominent role in the

national economy, especially when we consider the significant economic development of

this segment in recent decades and its increasing protection on legal framework.

However, despite the favorable outlook for growth of MPE, there is the issue of

inefficiency in running the business and its consequences. This inefficiency may be

linked to the management of operational or administrative proceedings, the lack of

definition of an organizational structure, among other factors. Set in the context of

Brazilian MPE, with its difficulties and peculiarities, the company analyzed here is a

starting point to foster understanding of the importance of administrative processes for

organizational development. The general scope of this project is to search for

improvement of administrative procedures and the specific objectives are to discuss the

organization's management structure, outlining its processes; to verify the methods

employed concerning data control in administrative operations; to identify whether there

is need for readjustment, removal or implementing a process.

Key-words: Micro enterprises. Small enterprises. Business management. Administrative

processes. Organizational structure. Organizational development.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 1

1.1 JUSTIFICATIVA 3

1.2 OBJETIVOS 4

1.2.1 OBJETIVO GERAL 4

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 4

1.3 UNIDADE AMOSTRAL E COLETA DE DADOS 4

2. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DO PROCESSO 7

2.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA E CONTEXTO DA PESQUISA 7

2.2 APOIO TEÓRICO 11

2.2.1 MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NO BRASIL 11

2.2.2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E PLANO DE NEGÓCIO 13

2.2.3 ANÁLISE SWOT 15

2.2.4 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO 16

2.2.5 MARKETING 17

2.3 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DO PROCESSO 18

3. PROPOSTAS DE MELHORIA 21

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 24

REFERÊNCIAS 25

APÊNDICE A 27

APÊNDICE B 31

1

1. INTRODUÇÃO

A despeito do panorama favorável ao crescimento das MPE verificado nos

últimos anos, o que se coloca em pauta neste trabalho é a questão da ineficiência na

gestão do negócio e suas consequências. Essa ineficiência pode estar atrelada à gestão

de processos operacionais ou administrativos, à falta de definição de uma estrutura

organizacional, entre outros fatores.

É importante esclarecer que o conceito de eficiência e eficácia adotado neste

trabalho é aquele definido por Maximiano (2004, p. 32), para quem “eficácia é a

palavra usada para indicar que a organização realiza seus objetivos”, já “eficiência é a

palavra usada para indicar que a organização utiliza produtivamente, ou de maneira

econômica, seus recursos. [...] Em muitos casos, isso significa usar menor quantidade

de recursos para produzir mais”.

Um elemento que prejudica as organizações e constitui um empecilho ao

planejamento é o excesso de exigências burocráticas feitas às empresas brasileiras.

Segundo Rodrigues (1999, p. 56), "estas são, em média, três vezes maiores do que a

média nos países do Primeiro Mundo. O desperdício com a burocracia desnecessária

chega a 6% da capacidade produtiva. Um outro aspecto, curioso e preocupante, é que

13,3% das pessoas que trabalham na iniciativa privada cuidam exclusivamente da

burocracia com o controle e análise dos impostos e obrigações fiscais".

No que se refere ao aspecto do planejamento, um estudo elaborado pelo

SEBRAE-SP (2014) mostra que as principais razões para a prematura mortalidade das

MPE são: levantamento incipiente de informações sobre o mercado, falta de

planejamento de itens básicos antes do início da atividade e dedicação de pouco tempo

para estudo de estratégias de inserção no mercado.

Com relação à postura do empreendedor, o estudo explicitou que 61% não

procuraram ajuda de pessoas ou instituições para abertura do negócio, 55% não

planejaram como a empresa funcionaria em sua ausência (p. ex.: férias), 55% não

elaboraram um plano de negócio, 50% não definiram estratégia para evitar

2

desperdícios, 50% não determinaram o valor do lucro pretendido, 42% não calcularam

o nível de vendas para cobrir custos e gerar o lucro pretendido, 38% não identificaram

necessidades atendidas pelo mercado, 24% não identificaram tarefas e os responsáveis

por realizá-las e que 21% não identificaram o público-alvo do negócio.

Outros dados alarmantes desse estudo1 dizem respeito ao planejamento da

organização antes de sua abertura: das empresas pesquisadas, 82% das que encerraram

suas atividades no período considerado haviam dedicado seis meses ou menos para um

planejamento prévio. Por outro lado, das empresas que sobreviveram por tempo

superior ao considerado pela pesquisa, apenas 31% planejaram sua abertura por mais

do que seis meses.

Essas constatações indicam que há uma relação direta entre o planejamento de

negócio (investimento inicial, capital de giro, controle de processos administrativos,

operacionais, logísticos etc.) e a sobrevivência do próprio negócio.

Dentro desse complexo panorama, optou-se por dar ênfase ao problema da

administração da empresa, em função do relato preliminar obtido em visita realizada

no mês de abril de 2015, ocasião em que foi relatada a dificuldade dos sócios em

planejar os processos e rotinas administrativas.

Segundo Chiavenato (2011, p 11), “o avanço tecnológico e o desenvolvimento

do conhecimento humano, por si apenas, não produzem efeitos se a qualidade da

administração efetuada sobre os grupos organizados de pessoas não permitir uma

aplicação efetiva dos recursos humanos e materiais”. A partir dessa constatação,

percebe-se que é necessário perscrutar os processos de maneira sistemática, a fim de

garantir que os recursos humanos e materiais produzam os resultados esperados pela

organização.

E a respeito do planejamento, segundo Maximiano (2004, p. 137), este “é ao

mesmo tempo um processo, uma habilidade e uma atitude. Assim como o contrário de

1 A pesquisa em questão foi realizada por meio de 1.846 entrevistas com sócios-proprietários e ex-

sócios proprietários, objetivando identificar os fatores que contribuem para as chances de sucesso

(sobrevivência) das empresas, do primeiro ao quinto ano de atividade, no Estado de São Paulo.

3

eficiência é desperdício, o contrário de planejamento é improvisação. O planejamento

é a mais importante das funções gerenciais”.

Então, inserida no contexto das MPE brasileiras, com suas dificuldades e

peculiaridades, a empresa aqui analisada constitui um ponto de partida para fomentar a

compreensão da importância dos processos administrativos para o desenvolvimento

organizacional.

Dessa maneira, estando o foco desta análise centrado no papel dos processos

administrativos, entende-se que houve o recurso a variadas ferramentas para responder

à seguinte questão: quais melhorias de processos administrativos podem ser aplicadas

para o aumento da capacidade de desenvolvimento da empresa estudada?

1.1 JUSTIFICATIVA

O escopo geral deste projeto é a busca do aperfeiçoamento de processos

administrativos. Uma vez que, nas configurações iniciais, eles não resultavam no

atingimento de um patamar razoável de eficiência, o alcançar deste objetivo pretendeu

trazer um benefício concreto e mensurável à empresa. Esse benefício pode se

manifestar, por exemplo, pela eliminação de uma rotina ou pela implementação de

uma menos onerosa.

Grosso modo, quando se fala em otimização da administração, fala-se em

práticas mais vantajosas no sentido econômico. No entanto, pode-se pensar também na

economia de tempo (um recurso tão caro aos empregados e empregadores) como um

fator de vantagem administrativa, organizacional e competitiva.

Com a melhoria de processos (ainda que a aplicação dessa melhoria mostre-se

factível, de modo muito restrito, a apenas um processo), este trabalho pretende

também fornecer dados para a compreensão da questão já explorada da ineficiência na

gestão de um negócio.

4

Nesse sentido, as respostas que surgiram serviram como um parâmetro para a

indicação de melhorias em processos, raciocínio que se pode estender para outras

empresas. Assim, esta iniciativa encontrou sua relevância por ter não apenas um

caráter econômico, mas também social, na medida em que seus possíveis benefícios

não devem se limitar à empresa estudada.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Este projeto de pesquisa teve por objetivo geral propor uma alternativa, em

matéria de processos, que possa atuar na melhoria do desempenho administrativo da

empresa estudada.

1.2.2 Objetivos Específicos

1) Discorrer sobre a estrutura da administração da organização, delineando

seus processos, fazendo um diagnóstico dos seus processos administrativos;

2) Verificar os métodos de controle de dados empregados nas operações

administrativas;

3) Identificar a necessidade de readequação, supressão ou implementação de

um processo.

1.3 UNIDADE AMOSTRAL E COLETA DE DADOS

O crescimento da importância econômica do segmento das micro e pequenas

empresas, associado também a sua crescente proteção jurídica e paradoxal situação de

fragilidade no que diz respeito à organização e desenvolvimento administrativos,

ensejaram a aplicação de um esforço conjunto para a compreensão de um caso

concreto.

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Assim, do universo das microempresas de São Carlos, foi selecionada, de

modo intencional, uma empresa prestadora de serviços automotivos com pouco tempo

de vida, cuja estrutura e funcionamento estavam em sintonia com os interesses de

pesquisa dos autores, isto é, apresentava os problemas relatados na introdução deste

trabalho.

Além de apresentar os problemas próprios às MPE, conforme apresentado no

capítulo introdutório, a seleção da empresa também ocorreu em função de uma

mudança de endereço - mudança esta que implicou a necessidade de esforços

administrativos e operacionais pelos sócios para suprir a demanda crescente - que

ocorreu no desenvolver deste trabalho, fato que motivou ainda mais o interesse pelo

caso específico estudado.

Os métodos escolhidos para a coleta de dados envolvem informações pessoais,

obtidos por meio de um relato preliminar, duas entrevistas, que foram conduzidas por

meio de questionários com questões abertas, e uma visita final que serviu de base para

as posteriores conclusões e análises apresentadas.

Então, os procedimentos de coleta de dados foram empregados na seguinte

ordem:

1) Relato preliminar;

2) Primeira entrevista, antes da mudança (Apêndice A);

3) Entrevista após mudança de endereço (Apêndice B);

4) Visita final.

As etapas iniciais foram compostas pela anotação de um breve relato sobre a

história e a situação da empresa naquele momento e a realização de duas entrevistas

com questões abertas, que versaram sobre as atribuições de cada um dos sócios dentro

da empresa, de modo que resultaram na identificação das atividades desempenhadas.

Dadas as pequenas proporções físicas e de recursos humanos da empresa em questão,

os instrumentos selecionados foram aplicados apenas aos sócios.

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A primeira entrevista teve a finalidade de identificar as peculiaridades da

administração da empresa no momento anterior à mudança de endereço. Já a segunda,

serviu para a compreensão das alterações ocorridas após este evento.

A entrevista aberta tem a característica de permitir que o pesquisador obtenha o

maior número de informações possíveis sobre o tema estudado, permitindo também

conhecer com maior detalhamento a visão pessoal do entrevistado. Ela é utilizada

geralmente na descrição de casos individuais, na compreensão de especificidades

culturais para determinados grupos e para fins de comparação de diversos casos

(MINAYO, 1993).

Já na etapa final, a coleta de dados foi realizada por meio da técnica da

observação direta, etapa na qual não foi feita a interlocução com os entrevistados, isto

é, não foi solicitada a participação dos sócios e funcionários nesta fase conclusiva.

Esta orientação marca um distanciamento entre os pesquisadores e as pessoas dentro

da organização, de modo que o relatório final seja isento de opiniões pessoais e

forneça subsídios para a análise e conclusões sobre o objeto de estudo.

“A observação é uma das mais usadas técnicas de pesquisa em ciências

humanas e sociais diretamente ligadas à pesquisa de campo. Embora seja

uma técnica até certo ponto espontânea, é preciso, ao tomar a observação

como técnica de pesquisa, sistematizá-la para potencializar esse recurso

metodológico: o observador, munido de uma listagem de comportamento,

registra a ocorrência destes comportamentos em um determinado período

de tempo, classificando-os em categorias ou caracterizando-os por meio de

sinais”. (CHIZZOTTI, 1998, p. 53).

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2. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DO PROCESSO

2.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA E CONTEXTO DA PESQUISA

A empresa A. C. M., objeto de estudo do presente projeto, é uma microempresa

do ramo de serviços automotivos com dois anos e meio de vida que atua na cidade de

São Carlos-SP. Ela oferece os seguintes serviços: suspensão, geometria,

balanceamento e reforma de pneus usados, além de comercializar vários itens, como

lubrificantes, amortecedores, discos de freio, pastilhas, baterias, extintores, molas,

pneus e rodas.

A missão do centro automotivo é "agregar qualidade continuamente a produtos

e serviços na área de manutenção corretiva e preventiva, para o satisfatório

atendimento das necessidades dos clientes de São Carlos e região".

Sua visão é "consolidar a imagem da empresa perante um número cada vez

maior de clientes e ser referência na cidade". Nesse sentido, a empresa almeja atingir

esse objetivo pela aplicação de algumas estratégias, tais como:

Oferecer o máximo de produtos e serviços em um único local;

Expandir as vendas no segmento de peças e acessórios para veículos;

Estreitar o relacionamento com os principais fornecedores;

Desenvolver parcerias estratégicas com os fornecedores de acessórios;

Qualificar o quadro de funcionários;

Também é válido destacar que os seus valores são: "qualidade no atendimento,

crescimento, estruturação, realização e superação".

A escolha dessa empresa foi feita por se tratar de uma organização que, apesar

de pequena, encontra-se atualmente num estágio de ampliação e demanda uma

reformulação administrativa para manter a capacidade de crescimento, fato explicitado

na primeira visita, feita em caráter preliminar, quando os sócios relataram a

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dificuldade em manter as operações administrativas da empresa em função da

sobrecarga de trabalho.

Por ocasião da primeira visita, realizada no mês de abril de 2015, a sócia-

proprietária forneceu um breve relato, que pode ser sintetizado da seguinte maneira:

A empresa foi aberta em maio de 2013, tendo começado sua operação de modo

incipiente, em um galpão alugado, localizado no bairro Cruzeiro do Sul, na cidade de

São Carlos.

Foto 1: Interior da empresa antes da mudança (abril/2015)

Fonte: Fornecida pelos proprietários

Segundo relato da sócia-proprietária, apesar de contar com pequena

infraestrutura e uma equipe de apenas cinco pessoas (além dela e do sócio, havia mais

três funcionários técnicos), a empresa conseguiu, durante todo o período em que

esteve naquele local, atender à demanda que ali existia de forma suficiente.

Essa suficiência traduziu-se, naquele momento, pela capacidade de atender aos

clientes de forma rápida e compatível com suas necessidades, especialmente em

relação a prazos e formas de pagamento. Apesar das dificuldades, sobretudo

administrativas, a empresa conseguiu, dentro de pouco tempo (considerando-se a

quantidade de concorrentes já consolidados que atuavam no cenário são-carlense)

fidelizar uma quantidade de clientes que proporcionou a manutenção da empresa no

mercado.

9

Por essa razão, após um período de significativo crescimento financeiro, a

empresa mobilizou o capital acumulado desde a abertura do negócio para a compra de

um galpão próprio.

A aquisição do galpão foi realizada no início de 2015, pouco tempo antes deste

relato. Como havia necessidade de pequenas reformas internas para adequação às

necessidades de uma oficina mecânica (instalação de aparelhos e adequação do

espaço) e também de últimos detalhes em matéria de acabamentos e pintura, houve um

intervalo de alguns meses até a mudança definitiva para as novas instalações.

Além dessa conjuntura de mudança, nesse ínterim, com o volume de operações

aumentando e com a clara percepção de que havia necessidade de mais um funcionário

para atender aos procedimentos burocráticos internos, os sócios decidiram que

contratariam um funcionário para desempenhar essas atribuições após a mudança para

o novo local, que estava programada para o mês de agosto.

Localizado no bairro Vila Morumbi, esse novo espaço, com área construída de

450m², possui uma estrutura cerca de 40% maior que o galpão anterior. No novo

endereço, a empresa mantém uma equipe composta por oito membros, sendo cinco

técnicos (mecânicos), e uma funcionária administrativa, além dos dois sócios.

Também possui os seguintes equipamentos para prestação dos serviços: quatro

elevadores, duas desmontadoras, três balanceadoras (sendo uma local) e um

alinhamento.

Nessa nova localização e com essa configuração, a empresa tem conseguido

garantir um nível satisfatório de produtividade no aspecto técnico (dos serviços

mecânicos propriamente ditos) e no administrativo, em função da contratação da nova

funcionária.

10

Foto 2: Interior do novo galpão da empresa durante a mudança (agosto/2015)

Fonte: Fornecida pelos proprietários

Programada para o mês de julho, com o atraso da pintura, a mudança concluiu-

se apenas no mês de agosto de 2015. Percebe-se, pela foto número 2, que o galpão

possui uma área consideravelmente maior que o anterior. Toda a antiga equipe - os

dois sócios e os três funcionários - foi mobilizada para instalação da aparelhagem final

necessária para a reabertura da oficina.

Foto 3: Interior do novo galpão com os equipamentos e produtos (setembro/2015)

Fonte: Fornecida pelos proprietários.

O novo galpão possibilitou um volume maior de estoque de pneus, principal

componente comercializado pela empresa, além de outros produtos.

11

Foto 4: Interior do novo galpão em funcionamento (setembro/2015)

Fonte: Fornecida pelos proprietários.

2.2 APOIO TEÓRICO

Esta seção tem a finalidade de apresentar os principais conceitos acerca de

gestão de Micro e Pequenas Empresas (MPE) e das principais ferramentas

administrativas que forneceram subsídio para as propostas de melhoria.

2.2.1 Micro e Pequenas Empresas no Brasil

As Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP) têm assumido

um papel de destaque para a economia nacional, sobretudo quando consideramos o

significativo desenvolvimento econômico deste segmento nas últimas décadas e sua

crescente proteção em âmbito jurídico.

De acordo com os dados do último relatório publicado pelo Serviço Brasileiro

de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE (2014), as Micro e Pequenas

Empresas são as principais geradoras de riqueza no comércio no Brasil (53,4% do PIB

deste setor). No PIB da indústria, a participação das micro e pequenas (22,5%) já se

aproxima das médias empresas (24,5%). E no setor de Serviços, mais de um terço da

produção nacional (36,3%) têm origem nos pequenos negócios.

12

O relatório também apontou que as MPE (Micro e Pequenas Empresas)

representavam, em 2011, nas atividades de serviços e de comércio, respectivamente,

98% e 99% do total de empresas formalizadas. Também mostrou que, com relação ao

emprego, as MPE representavam 44% dos empregos formais em serviços, e

aproximadamente 70% dos empregos gerados no comércio.

Ainda de acordo com os dados do SEBRAE, as ME e EPP representam, juntas,

27% do PIB nacional. Em 1985, esse percentual era de 21% - quando se iniciou o

cálculo pelo IBGE. Em 2001, atingiu 23,2% e, finalmente, com base nos últimos

cálculos oficiais, chegou a 27%. Apesar de a variação percentual parecer pouco

expressiva, em valores absolutos, essa participação foi de R$ 144 bilhões, em 2001,

para R$ 599 bilhões, em 2011.

Esse salto na participação da composição do PIB brasileiro evidencia uma

alavancagem dessas empresas à condição não apenas de coadjuvantes no cenário

econômico, mas de extrema relevância quando colocamos em perspectiva o todo da

economia. Ou, em outros termos, como pondera Luiz Barretto, presidente do SEBRAE

(2011), "os dados demonstram a importância de incentivar e qualificar os

empreendimentos de menor porte, inclusive os Microempreendedores Individuais.

Isoladamente, uma empresa representa pouco. Mas juntas, elas são decisivas para a

economia".

Analisando a importância das MPE sob a perspectiva da lei, podemos afirmar

também que, ciente da importância dessas empresas para o desenvolvimento

econômico nacional, o legislador brasileiro soube dispor-lhes condições jurídicas para

sua manutenção e proteção no mercado. Fica clara a intenção do legislador em

favorecer o desenvolvimento desse segmento da economia, especialmente quando

considerados os avanços alcançados. Essa determinação pode ser vista na Lei

Complementar Nº 123, de 14 de dezembro de 2006 – que trata do Estatuto Nacional da

Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte – e também nos seguintes artigos da

Constituição Federal, in verbis:

Art. 146. Cabe à lei complementar:

III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,

especialmente sobre:

13

d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas

e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou

simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições

previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art.

239.

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano

e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna,

conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas

sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.

Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios

dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim

definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las

pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias,

previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio

de lei (BRASIL. Constituição Federal, 1988).

2.2.2 Planejamento Estratégico e Plano de Negócio

O planejamento estratégico é de extrema importância para as organizações,

independentemente do setor de atividade escolhido. Ele tem a finalidade de estabelecer

diretrizes de ação que visam à manutenção da empresa no longo prazo, mapeando

riscos, projetando o crescimento e a possível inserção em novos mercados.

Muito se fala em planejamento estratégico e nas organizações, de maneira

geral, ainda se pode encontrar uma série de interpretações em relação a esta

ferramenta da administração. O planejamento estratégico, que se tornou o foco de

atenção da alta administração das empresas, volta-se para as medidas positivas que

uma empresa poderá tomar para enfrentar ameaças e aproveitar as oportunidades

encontradas em seu ambiente (NASCIMENTO, 2009).

Os ambientes internos e externos de praticamente todas as empresas mudam

com surpreendente rapidez. Essas mudanças ocorrem nos aspectos econômico,

social, tecnológico e político. Pode-se dizer que a empresa somente poderá crescer e

progredir se conseguir ajustar-se à conjuntura, e o planejamento estratégico é o

método mais indicado para que tais ajustes sejam feitos.

14

KOTLER (1975), propôs a seguinte definição: “O planejamento estratégico é

uma metodologia gerencial que permite estabelecer a direção a ser seguida pela

organização, visando maior grau de interação com o ambiente”. O grau de interação

entre uma organização e o ambiente, que pode ser positivo, neutro ou negativo, é

variável dependendo do comportamento estratégico assumido pela organização

perante o contexto ambiental.

Dentro desse contexto, faz-se necessário adotar procedimentos práticos para a

realização do planejamento estratégico. Um dos procedimentos que mais servem a

esse propósito é o plano de negócio, que embora possa ser visto por muitos

empreendedores como uma mera formalidade, trata-se de uma ferramenta estratégica

utilizada para orientar a implantação de um negócio, identificar parceiros potenciais,

avaliar objetivos e metas, monitorar o desenvolvimento da empresa, além de se

caracterizar como um poderoso instrumento para captação de recursos.

Quanto ao plano de negócio, convém esclarecer que ele possui –

resumidamente – três grandes funções:

1) Durante a sua elaboração, ajudar o empreendedor a compreender as várias

vertentes do seu negócio (mercado, produto, modelo de financiamento,

modelo de negócios, fatores de crescimento e riscos do negócio);

2) Guiar o desenvolvimento da empresa a curto, médio e longo prazo,

mediante um conjunto de objetivos previamente estabelecidos e acordados;

3) Ser um apoio para apresentação da empresa a outras partes interessadas

(investidores, parceiros, ...).

Além de ser um instrumento de minimização de riscos, o plano de negócio é

um meio de comunicação que descreve a empresa e revela a concepção do

empreendedor para o futuro. Apesar de muitas empresas obterem sucesso mesmo não

conhecendo um plano de negócio, muitos insucessos podem ser evitados se os

empreendedores estiverem preparados para administrá-los.

15

2.2.3 Análise SWOT

O termo SWOT é uma sigla formada pelas palavras inglesas: strengths,

weaknesses, opportunities e threats (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças,

respectivamente). Esta ferramenta é um aparato gerencial que estrutura a análise dos

ambientes interno e externo de uma instituição. Ela é composta dos seguintes

elementos:

Forças: são características internas ou ativos que dão à empresa uma vantagem

competitiva sobre seus concorrentes ou uma facilidade para o alcance

dos objetivos (que podem incluir rentabilidade);

Fraquezas: são características internas ou limitações em ativos que colocam a

empresa em situação de desvantagem em relação aos seus

concorrentes ou provocam dificuldades para o alcance dos objetivos;

Oportunidades: são situações externas que conferem à empresa a possibilidade

de facilitar o alcance dos objetivos ou de melhorar sua posição competitiva e/ou sua

rentabilidade;

Ameaças: são situações externas que colocam a empresa diante de dificuldades

para o alcance dos objetivos ou que ocasionam perda de mercado e/ou redução de

rentabilidade.

Além de possibilitar à empresa identificar de antemão oportunidades e

ameaças no mercado, permitindo o maior entendimento do ambiente externo, a análise

SWOT auxilia o reconhecimento de suas forças e fraquezas, fazendo com que os

pontos fortes possam ser realçados e os fracos, minimizados (CARRILHO, 2009). Esta

ferramenta é, portanto, de extrema relevância para qualquer negócio, seja antes de sua

fundação ou durante sua operacionalização, sendo sua elaboração parte fundamental

do plano de negócio.

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2.2.4 Tecnologias da Informação

Não há mais dúvidas de que, para a execução dos propósitos da administração,

são de suma importância os sistemas que fornecem informações aos gestores. Segundo

STONER (1999), somente com informações precisas e na hora certa os

administradores podem monitorar o progresso na direção de seus objetivos e

transformar os planos em realidade. Segundo o mesmo autor, as informações devem

ser avaliadas de acordo com quatro aspectos:

Qualidade: quanto mais precisa a informação, maior sua qualidade e com mais

segurança os administradores podem contar com ela no momento de tomar

decisões;

Oportunidade: para um controle eficaz, a ação corretiva deve ser aplicada antes de

ocorrer um desvio muito grande do plano ou do padrão; portanto as informações

devem estar disponíveis para a pessoa certa no momento certo;

Quantidade: dificilmente os administradores podem tomar decisões precisas e

oportunas sem informações suficientes; contudo é importante que não haja uma

“inundação” de informações, de modo a esconder as coisas importantes;

Relevância: de modo semelhante, a informação que os administradores recebem

deve ter relevância para suas responsabilidades e tarefas (STONER, 1999).

A tecnologia da informação abrange uma gama de produtos de hardware e

software capazes de coletar, armazenar, processar e acessar números e imagens, que

são usados para controlar equipamentos e processos de trabalho e conectar pessoas,

funções e escritórios dentro das empresas e entre elas (WALTON, 1993). A tecnologia

da informação corresponde a objetos (hardware) e veículos (software) destinados a

criar sistemas de informações que, por sua vez, resultam da implementação da TI

através do uso de computadores e da telecomunicação (BALARINE, 2002).

17

O propósito básico da informação, dentro do contexto organizacional, de acordo

com Oliveira (1996), é o de habilitar a empresa a alcançar seus objetivos por meio do

uso eficiente dos recursos disponíveis (pessoas, materiais, equipamentos, tecnologia,

dinheiro, além da própria informação). Neste sentido, a teoria da informação provê

recursos para solucionar os problemas enfrentados pelos tomadores de decisão.

2.2.5 Marketing

Apesar da relevância das MPE, já exaustivamente explorada nos capítulos

anteriores, as micro e pequenas empresas apresentam um alto índice de mortalidade,

ocasionado, muitas vezes, pela ausência de cuidados básicos na administração, como a

falta de planejamento inicial.

Para que dificuldades como essas sejam evitadas, é ideal que se faça, desde o

início, ainda na etapa do planejamento do negócio, um bom planejamento de

marketing. Para que todas as áreas de uma empresa tenham um correto direcionamento

é de suma importância que o marketing esteja inserido no cotidiano das empresas.

Segundo Kotler (2006) “[...] finanças, operações, contabilidade e outras funções de

negócios não terão sentido se não houver uma demanda para produtos e serviços

suficiente para que a empresa obtenha lucro.”

Entretanto, as empresas de pequeno porte têm menor gama de recursos e, por

consequência, maior dificuldade em satisfazer seus clientes, tendo, assim, que ser

ponderadas para continuar no mercado sem que haja demasiada disparidade em

relação às grandes organizações. O marketing, então, desempenha um importante

papel, contribuindo para aquelas empresas em que há escassez de recursos financeiros,

representando um valioso instrumento para otimização dos resultados.

Em função dessa grande importância do marketing para o sucesso do

empreendimento e considerando o fato de que as MPE são maioria no mercado

nacional e grandes propulsoras da economia brasileira, torna-se evidente que o estudo

do marketing para as MPE é de extrema importância, devendo suas ferramentas serem

utilizadas para a consecução dos objetivos da empresa.

18

2.3 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DO PROCESSO

Quando da realização das entrevistas, foram colhidos os seguintes dados, que

explicitam as situações encontradas na empresa, nos cenários pré-mudança e pós-

mudança:

Antes da mudança, as características de destaque obtidas pela entrevista foram:

Não houve um planejamento formal no início da empresa, nem mesmo foram

procuradas pessoas ou instituições para auxílio no início das atividades;

Não existia organização de funcionários para substituições em casos de

ausências;

Não havia políticas formais de racionalização de recursos ou economia de

materiais;

Não havia políticas de marketing e a empresa não sabia aferir a aceitação do

cliente;

Não existia uma política de precificação e vendas;

Não havia nenhum tipo de controle de dados informatizado (software);

Apesar de não existir uma classificação funcional escrita, porém, todos

estavam cientes das suas atribuições na empresa de modo informal;

Os sócios tinham relativo conhecimento sobre o que estava causando os

problemas administrativos da empresa: a falta de mão-de-obra para esta área;

19

Mas, em contrapartida, não sabiam mensurar como isso impactava a empresa

de modo objetivo, nem viam de modo claro quais eram as ameaças à empresa

ou riscos associados aos problemas apresentados.

Já a segunda entrevista, realizada após as mudanças, com base no questionário

constante no Apêndice B, forneceu dados que são discriminados a seguir:

Na primeira questão, os sócios indicam as maiores dificuldades enfrentadas

durante a transição para o novo galpão: a mudança por si só, segundo eles, foi

responsável pelas maiores dificuldades encontradas à época;

A segunda informação de destaque, obtida após a mudança, foi o

preenchimento do necessário posto na administração da empresa por uma

funcionária com muitos anos de experiência profissional;

Com relação ao acréscimo de gastos decorrentes da mudança, os proprietários

indicaram que houve um aumento nas contas de água, energia elétrica, telefone

e materiais de limpeza, porém a situação ameniza-se pelo fato de terem

deixado de pagar aluguel do galpão.

Outra informação apresentada diz respeito ao acréscimo (de 5%, segundo os

entrevistados) do aumento do número de clientes.

Neste ponto, porém, resta evidente que a empresa não fez nenhum esforço para

um registro cuidadoso dos dados, provendo, desse modo, informações baseadas no

empirismo e não na exatidão matemática, especialmente por não terem um sistema

para controle desses dados.

Com relação à economia de recursos materiais, indicou-se que a situação não

teve mudanças perceptíveis;

Um outro aspecto de destaque que foi explicitado na segunda entrevista foi a

percepção de que houve uma melhora significativa na distribuição das tarefas

administrativas, fato resultante da contratação da funcionária, com destaque

20

para a divisão das tarefas de gestão de estoques e atendimento ao cliente nas

etapas de pagamento e cobranças;

O investimento no período resumiu-se à compra do galpão, mas a sócia S.T.C.

também atribuiu grande importância à contratação da funcionária como fator

de desenvolvimento administrativo;

Outras mudanças citadas foram a entrega mais rápida dos serviços, com menos

filas de espera, diminuição do estresse e de efeitos na vida particular dos

sócios.

De maneira sintética, portanto, pode-se afirmar que as mudanças efetuadas não

abarcaram a utilização de ferramentas concretas de apoio administrativo ou

estratégico. O investimento na aquisição do galpão não veio acompanhado por uma

mudança significativa na organização formal da empresa, fato que é evidenciado pelas

informações de caráter impreciso e generalista fornecidas pelos proprietários,

especialmente no que tange aos dados sobre o impacto financeiro causado pelas

mudanças aplicadas.

Tais informações, porém, forneceram um arcabouço teórico para a indicação de

alternativas, em matéria de processos administrativos e em matéria de ferramentas de

planejamento, que são elencadas no capítulo subsequente.

21

3. PROPOSTAS DE MELHORIA

Analisando as atividades praticadas pela organização, em contraposição com a

teoria estudada por meio do referencial teórico pesquisado, é possível concluir que a

empresa está muito preocupada com a obtenção de um bom atendimento e também em

melhorar a execução de seus serviços.

Verificou-se, por meio da entrevista dos sócios, que a empresa está preocupada

em não conseguir futuramente atender ao aumento da demanda de clientes, os quais

foram classificados pelos sócios como pertencentes à classe média. Não obstante as

dificuldades apresentadas, os próprios sócios já haviam identificado a necessidade de

efetuar melhorias no sentido de resolver essas dificuldades. Demonstraram, então,

algumas intenções de melhoria, como a mudança para um galpão maior e a

contratação de outros profissionais para agregar valor aos serviços prestados pela

empresa.

De uma forma geral, foi possível observar que a empresa está consciente da

importância do cliente e dos benefícios que um atendimento com qualidade poderá

trazer para a empresa. Entretanto, a empresa não faz uso de nenhuma ferramenta

formal de controle administrativo, nem mesmo de ferramentas da qualidade, sendo

interessante observar que a inserção de algumas destas ferramentas poderia implicar

melhorias significantes no desempenho geral da empresa.

Dentro desse contexto, apesar de analisar alguns fatores positivos quanto ao

relacionamento com o cliente, verificaram-se alguns pontos que necessitam ser

melhorados pela empresa, especialmente na questão da melhoria dos processos

administrativos.

O primeiro aspecto, sobre o qual este trabalho se sustenta, advém do

crescimento da empresa, traduzido pela ampliação do espaço físico e da melhoria das

condições financeiras proporcionada pelo expressivo e constante aumento de clientes

desde a criação da empresa.

22

O segundo aspecto analisado é a carência de mão de obra, tanto na área técnica

(mecânicos) quanto na área administrativa. Essa necessidade já havia sido identificada

antes da pesquisa e as vagas foram preenchidas (uma funcionária administrativa e dois

mecânicos) no decorrer deste projeto.

O terceiro aspecto, que fundamenta as propostas de intervenção explicitadas

adiante, é a evidente falta de planejamento formal da empresa. Essa deficiência traduz-

se pela ausência de um modelo ou plano de negócio, de delimitação de metas ou

objetivos para o futuro e, por fim, de métodos eficientes de controle de dados.

Diante do exposto acima, e para além das iniciativas tomadas pelos próprios

sócios, foram apresentadas algumas sugestões, julgadas cruciais para o bom

funcionamento da empresa: a contratação de um software para melhor manipulação e

controle de dados no gerenciamento do fluxo de informações gerenciais, e também a

elaboração de um plano de negócio formal.

A primeira sugestão justifica-se porque, no atual cenário de crescente

competitividade, e considerando que o aumento da organização acarreta uma gestão

mais complexa dos recursos humanos, econômicos e materiais, não é viável o emprego

de métodos arcaicos de controle de dados.

Para Moraes (2007), “pode-se dizer que a TI (Tecnologia da Informação) tem

participação efetiva no processo produtivo da organização, tornando-se peça

fundamental inclusive dos processos de distribuição, transporte, comunicação,

comércio e finanças. A TI eleva e potencializa o processo de criação e

desenvolvimento de capacitação tecnológica, pois a partir da evolução e,

principalmente, da integração dos componentes em que a TI está fundamentada, houve

uma revolução significativa no modo de viver e pensar das pessoas, de comunicação e

de como fazer negócios”.

Segundo Mañas (2005):

“Numa época em que as mudanças ocorrem em

grande velocidade, é indispensável que as pessoas que dirigem

organizações tenham ferramentas que lhes permitam ter uma velocidade de

resposta igual ou maior àquela que existe à sua volta”.

23

Apesar de a empresa não ter adotado um planejamento formal desde o início de

sua operação, subsiste o caráter imprescindível da confecção de um plano de negócio

estruturado. E ainda que haja a preocupação em buscar melhores resultados por meio

da melhoria nos processos, ela precisa utilizar variadas ferramentas para a busca desse

objetivo. Porém, todas as ferramentas sugeridas devem encontrar suporte em um plano

de negócio que traduza as especificidades da empresa. Sugere-se, portanto, que os

proprietários contratem um consultor ou especialista para esse fim.

Outro ponto de destaque, é a percepção de que o nível de satisfação do cliente é

alto. Porém, alguns pontos devem ser vistos com um cuidado maior, para que, assim, a

empresa chegue à almejada excelência. Diante disso, foram propostas as seguintes

técnicas ou ferramentas de gestão:

a) Utilizar um fluxograma para padronizar o fluxo do atendimento e da

prestação de serviços, permitindo que se possam fazer análises mais detalhadas de

possíveis falhas nesses atendimentos;

b) Providenciar um pós-venda, como um diferencial para a empresa, através da

criação de um banco de dados da clientela. Desse modo, ao entrar em contato com o

cliente, será possível demonstrar preocupação com a satisfação de suas necessidades

não somente no momento da venda. Nesse aspecto, verifica-se também se o serviço

prestado atingiu as expectativas desse cliente;

c) Desenvolver uma análise SWOT como ferramenta estratégica, para que haja

um posicionamento mais preciso da situação atual da empresa, bem como das suas

necessidades e oportunidades. Embora pareça uma técnica simples, esse método

mostra-se bastante eficaz na identificação dos fatores que influenciam no

funcionamento da organização, fornecendo informações muito relevantes no processo

de planejamento estratégico.

d) Por fim, a última proposta é o investimento em propaganda e marketing,

para alcançar um número maior de clientes e consolidar a marca no mercado.

24

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No cenário competitivo atual, investir em qualidade, treinamento e

modelos de gestão mais adequados às necessidades de mercado não é uma decisão

puramente financeira. É uma decisão que deve ser pensada fundamentalmente em

função das necessidades do cliente e das estratégias que otimizam o desempenho

organizacional.

Conclui-se que a busca pela eficiência em processos, a constante inovação em

tecnologia e a estratégia da organização devem estar sempre alinhadas, de modo que

ela possa se antecipar aos concorrentes. Além disso, a maneira de alcançar essa diretriz

é a tomada de consciência por parte dos gestores de que é necessário um plano formal

de atividades de curto, médio e longo prazo, além da necessidade de que todos na

organização façam parte do desenvolvimento do processo de aplicação da qualidade.

Apesar de apresentar alguns dos defeitos típicos das MPE brasileiras, como a

falta de planejamento formal e ausência de métodos de controle de dados para uma

gestão eficiente do negócio, a empresa em questão possui uma enorme capacidade de

adaptar-se às mudanças do mercado e às necessidades dos clientes, demonstrando um

grande potencial ao desenvolvimento da qualidade, podendo conquistar um diferencial

competitivo em relação às outras organizações se utilizar as ferramentas sugeridas.

O uso dos conceitos e técnicas de melhorias de processo, então, mostra-se

capaz de auxiliar no gerenciamento dos processos organizacionais. Sendo assim, de

acordo com a pesquisa realizada, vislumbrou-se a hipótese de que a empresa,

utilizando as ferramentas de melhorias de processos sugeridas, alcançará benefícios na

prestação de serviços aumentando sua competitividade no mercado.

25

REFERÊNCIAS

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vantagem competitiva. Revista de Administração de Empresas – eletrônica, São

Paulo, v.1, n.1, jan/jun. Disponível em: <http://rae.com.br/eletrônica> Acesso em

29/11/2015.

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2009. P. 27. Monografia. Faculdade de Tecnologia e Ciências Sociais – FATECS,

2009.

CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. 8. Ed.

Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.

CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 1998.

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marketing. 12 ed. São Paulo: Prentice Hall, 2006.

KOTLER, Philip. Administração de marketing. São Paulo: Atlas, 1975.

MAÑAS, A. V. Administração de Sistemas de Informação. São Paulo: Érica, 6ª

Ed., 2005.

MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Introdução à Administração. 6. ed. São

Paulo: Atlas, 2004.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento científico: pesquisa

qualitativa em saúde. 2a edição. São Paulo/Rio de Janeiro: Hucitec-Abrasco, 1993.

MORAES, G. M. Análise da eficiência dos investimentos em Tecnologia da

Informação em lojas de supermercados de cooperativas do Rio Grande do Sul.

Dissertação de Mestrado. UFSM/ RS, 2007.

OLIVEIRA, A. C. Tecnologia de informação: competitividade e políticas

públicas. Revista de Administração de Empresas, v. 36, n. 2, p. 34-43, 1996.

RODRIGUES, Marcus Vinicius. Processos de melhorias nas organizações

brasileiras. Rio de Janeiro: Qualitymark Ed., 1999.

STONER, J. A. F. Administração. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999.

WALTON, R. Tecnologia da informação: o uso da TI pelas empresas que obtêm

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BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE,

1988. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>

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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm> Acesso em 23/03/2015.

26

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<http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/planejamento-

estrategico/35624/> Acesso em 01/12/2015.

Portal do Empreendedor. ME - Microempresa / EPP - Empresa de Pequeno Porte

Disponível em: <http://www.portaldoempreendedor.gov.br/sociedades-empresarias-

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SEBRAE. Micro e pequenas empresas geram 27% do PIB do Brasil.

<http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/mt/noticias/Micro-e-pequenas-

empresas-geram-27%25-do-PIB-do-Brasil> Acesso em 24/03/2015.

SEBRAE. Causa Mortis. O sucesso e o fracasso das empresas nos primeiros 5 anos de

vida.<http://www.sebraesp.com.br/arquivos_site/biblioteca/EstudosPesquisas/mortalid

ade/causa_mortis_2014.pdf> Acesso em 04/06/2015.

27

APÊNDICE A

A primeira entrevista foi aplicada nas dependências do antigo galpão, no dia 08

de julho de 2015, à Sra. S. T. C. e ao Sr. G. M. S., sócios-proprietários da empresa,

conforme segue abaixo:

1) Antes da abertura do negócio, foram procuradas outras pessoas ou instituições

para que fornecessem algum tipo de auxílio?

Não. Porém, o Sr. G. M. S. tem aproximadamente treze anos de experiência no

setor automotivo. Dessa forma, quando da abertura da empresa, pensamos que não

havia necessidade de procurar outras pessoas ou instituições.

2) Foi feito um planejamento prévio sobre como a empresa funcionaria na

ausência de um dos sócios por ocasião, por exemplo, de férias?

Não, pois nós nunca fizemos gozo de nenhuma de nossas férias. Este, aliás, é

um problema que afeta diretamente o desempenho, além de o estresse acabar

prejudicando a vida pessoal.

3) Existe algum plano de negócio formal na empresa?

Não, não existe nenhum plano formal de negócios na empresa. Acreditamos

que o conhecimento prático seja suficiente para alcançar bons resultados.

4) Existe algum planejamento referente a economia de recursos ou eliminação de

desperdícios?

Não, não existe um planejamento formal, mas, no quesito socioambiental a

empresa faz a doação dos descartes e produtos recicláveis aos funcionários, como

uma benevolência.

28

5) Existe uma política de lucro ou algum plano de metas de vendas definido para

alcançá-lo?

Não existe uma política definida, mas percebemos empiricamente que a

empresa tem dado lucro.

6) Foram feitos estudos ou pesquisas para identificar as necessidades dos clientes?

Não. Mas, como dito anteriormente, o sócio G. M. S. tem uma vasta

experiência na área.

7) Os sócios conseguem identificar com clareza qual é seu público-alvo?

Sim. A empresa atende principalmente a classe média (B e C).

8) Existe um modelo organizacional de cargos, isto é, um modelo que descreva as

tarefas realizadas por cada pessoa na empresa?

Não, mas existe uma definição informal (verbal) das tarefas e atividades

realizadas pelos funcionários na empresa.

9) Existe algum método de controle de dados na empresa? Existe algum software

(programa de computador) para registro de clientes, controle de estoque ou algo do

gênero?

Não, os controles são feitos de forma manual em papel mesmo. Nunca

verificamos essa possibilidade, porque achamos que o investimento deve ser muito

alto.

10) Quais são as tarefas ou atividades exercidas atualmente pelos sócios dentro da

empresa? E quais funções os sócios realizam concomitantemente?

Eu (S. T. C.) cuido de todas as funções administrativas (compra e venda de

produtos, controle de estoque, emissão de notas fiscais, emissão de boletos,

29

pagamentos dos funcionários e de impostos e atendimento aos clientes. O G. M. S.,

por sua vez, junto com outros funcionários, realiza os serviços operacionais da

empresa (pátio, mecânica, controle da execução dos serviços), além de prestar

atendimento aos clientes. Os demais funcionários realizam apenas os serviços

técnicos.

11) Dentre as atividades mencionadas, quais apresentam mais dificuldade na sua

realização? E quais são desempenhadas mais facilmente?

Os serviços mais difíceis de executar, em função da sobrecarga de trabalho,

são administrativos, especialmente pagamentos e controle de estoques. Os que são

realizados com mais facilidade, isto é, que fluem de maneira adequada, são os

processos de compra e negociação de suprimentos, além do atendimento ao cliente.

12) Essas atividades apresentam nível de eficiência e eficácia satisfatórias?

Elas têm melhorado significativamente desde a abertura da empresa e nós

reconhecemos que será necessário um esforço de médio a longo prazo para alcançar

um alto nível de eficácia e eficiência.

13) Existe entre os sócios (ou demais membros da organização) um acúmulo

exagerado de atribuições? Em caso positivo, explique qual área, processo ou tarefa

está sobrecarregado.

Sim. O G. M. S. necessita de mais tempo para a fiscalização e auxílio à

execução dos serviços realizados pelos funcionários, pois existe um compartilhamento

das atividades de atendimento ao público comigo (S. T. C.). Eu, por outro lado,

desempenho sozinha todas as atividades administrativas, como compra, venda,

pagamentos de salários e impostos. A avaliação conjunta que fizemos é de que ambos

estamos sobrecarregados.

14) Considerando a resposta anterior, saberia medir o impacto negativo desse

possível acúmulo de atribuições na organização?

30

Com relação à vida pessoal, vemos claramente que essa situação causou um elevado

nível de estresse, além de insônia e outros problemas de saúde. Além disso, a falta de

tempo para nos dedicarmos à família, ao lazer e à saúde também trazem prejuízos de

natureza psicológica. Com relação ao desempenho financeiro da empresa, porém, não

sabemos medir o impacto que essa situação causa.

15) Os sócios têm alguma sugestão de como poderiam melhorar o processo de

execução dessas tarefas, de modo que resolvessem o problema apresentado?

Acreditamos que é necessário melhorar a distribuição das atividades entre os

sócios e investir na contratação de um profissional que conte com bastante

experiência. Nós vemos que, com o futuro aumento da empresa (espaço físico e mais

serviços) será necessário ampliar o quadro de funcionários, a começar pela área

administrativa.

16) Os sócios conseguem identificar os riscos (internos e externos) do negócio? Se

sim, qual é o maior deles? E conseguem visualizar uma solução para ele?

O maior risco que identificamos é o de não conseguir atender ao aumento da

demanda dos clientes que vem ocorrendo atualmente, mas ainda não temos um plano

concreto e bem desenhado em relação a isso.

31

APÊNDICE B

A segunda entrevista foi realizada após a mudança de galpão, dentro das novas

instalações, no dia 24 de setembro de 2015, aplicada novamente aos dois sócios,

conforme segue:

1) Qual das melhorias que a empresa já havia programado (a compra de galpão

próprio e a contratação de um novo funcionário) foi mais difícil de ser implantada?

Ambas foram difíceis, pois exigiram tempo e dinheiro para sua realização.

Mas podemos dizer que encontrar um local adequado para o novo galpão foi a mais

difícil. Com relação à segunda melhoria – a contratação da funcionária, podemos

dizer que foi relativamente fácil, pois se trata de uma pessoa que eu (S.T.C.) já

conhecia há alguns anos e que já estava em processo de desligamento de outra

empresa. Essa pessoa, portanto, já contava com muitos anos de experiência antes de

fazer parte da nossa equipe.

2) Quais os impactos financeiros dessas iniciativas? As despesas aumentaram? E

quanto ao número de clientes, houve alguma variação perceptível?

Notamos que houve um aumento de cerca de 5% no número de clientes

cadastrados nos nossos registros. Mas ainda não apuramos quanto isso representa na

diferença de faturamento. Quanto às despesas, houve alguns aumentos no consumo de

água, energia elétrica, telefone e materiais de limpeza, mas tudo isso é compensado

por termos deixado de pagar o aluguel do prédio. Além disso, com o aumento gradual

da clientela, esses aumentos acabam sendo necessários para melhorar o atendimento.

3) Os sócios identificaram mudança na economia de materiais ou suprimentos?

Em relação a economia de materiais, não percebemos muita diferença. Mas

percebemos que os estoques ficaram mais organizados porque agora dispomos de

mais espaço, além de termos uma funcionária para realizar um controle mais eficaz.

32

4) A empresa fez algum outro tipo de investimento para seu próprio crescimento

no período de transição para o novo galpão? Se sim, de que tipo?

O maior investimento que fizemos, depois da compra do galpão, foi a

contratação de uma funcionária com 24 anos de experiência administrativa. Além

disso, também tivemos que contratar mais dois mecânicos para suprir a nova

demanda.

5) Conforme a previsão inicial, a empresa conseguiu distribuir melhor as

atividades em relação aos sócios?

Sim, com a nova funcionária, as atividades que antes eram todas acumuladas

comigo (S. T. C.) passaram a ser desempenhadas por mim e por ela, de modo que

nenhuma de nós hoje está sobrecarregada.

6) Quais são as funções atuais dos sócios e as delegadas ao(à) novo(a)

funcionário(a)?

Eu (S. T. C.) hoje desempenho estas atividades: pagamentos dos funcionários e

de impostos, compra e venda de produtos e atendimento aos clientes;

Nova funcionária: compra e venda de produtos, controle de estoque, emissão

de notas fiscais e de boletos (cobrança) e atendimento aos clientes;

G. M. S.: serviços operacionais da empresa (pátio e mecânica) e,

principalmente, controle da execução dos serviços.

7) Conseguiram verificar outros resultados positivos após todas as mudanças

feitas?

Sim, após a mudança estamos conseguindo entregar um serviço mais rápido,

com menos filas de espera de clientes. Tendo uma pessoa para gerenciar os estoques,

eu (S. T. C.) consigo fazer contato com mais clientes, tanto para ajudá-la nas

cobranças quanto no dia-a-dia com agendamentos.

33

8) Na entrevista anterior, mencionou-se que o problema da empresa estava

afetando a vida pessoal dos sócios. Houve alguma melhora nesse quesito?

Sim, sem dúvida. A nossa empresa precisava há vários meses de uma outra

pessoa que cuidasse da área administrativa. Antes, o estresse era muito grande.

Agora, com esse apoio, podemos fazer as coisas funcionarem de maneira mais rápida

e eficiente.