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HISTÓRIA DA LINGÜÍSTICA Rio de Janeiro / 2007 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO VICE-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO E CORPO DISCENTE COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

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HISTÓRIA DA LINGÜÍSTICA

Rio de Janeiro / 2007

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À

UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

VICE-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO E CORPO DISCENTE

COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

Todos os direitos reservados à Universidade Castelo Branco - UCB

Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, armazenada ou transmitida de qualquer forma ou porquaisquer meios - eletrônico, mecânico, fotocópia ou gravação, sem autorização da Universidade CasteloBranco - UCB.

U n3p Universidade Castelo Branco. História da Lingüística. – Rio de Janeiro: UCB, 2007.

28 p.

ISBN 978-85-86912-40-5

1. Ensino a Distância. I. Título. CDD – 371.39

Universidade Castelo Branco - UCBAvenida Santa Cruz, 1.631Rio de Janeiro - RJ21710-250Tel. (21) 2406-7700 Fax (21) 2401-9696www.castelobranco.br

Responsáveis Pela Produção do Material InstrucionalResponsáveis Pela Produção do Material InstrucionalResponsáveis Pela Produção do Material InstrucionalResponsáveis Pela Produção do Material InstrucionalResponsáveis Pela Produção do Material Instrucional

Coordenadora de Educação a DistânciaCoordenadora de Educação a DistânciaCoordenadora de Educação a DistânciaCoordenadora de Educação a DistânciaCoordenadora de Educação a DistânciaProf.ª Ziléa Baptista Nespoli

Coordenador do Curso de GraduaçãoCoordenador do Curso de GraduaçãoCoordenador do Curso de GraduaçãoCoordenador do Curso de GraduaçãoCoordenador do Curso de GraduaçãoDenilson P. Matos - Letras

ConteudistaConteudistaConteudistaConteudistaConteudistaDenilson P. Matos

Supervisor do Centro Editorial – CEDISupervisor do Centro Editorial – CEDISupervisor do Centro Editorial – CEDISupervisor do Centro Editorial – CEDISupervisor do Centro Editorial – CEDIJoselmo Botelho

HISTÓRIA DALINGÜÍSTICA

Apresentação

Prezado(a) Aluno(a):

É com grande satisfação que o(a) recebemos como integrante do corpo discente de nossos cursos de graduação,na certeza de estarmos contribuindo para sua formação acadêmica e, conseqüentemente, propiciandooportunidade para melhoria de seu desempenho profissional. Nossos funcionários e nosso corpo docenteesperam retribuir a sua escolha, reafirmando o compromisso desta Instituição com a qualidade, por meio de umaestrutura aberta e criativa, centrada nos princípios de melhoria contínua.

Esperamos que este instrucional seja-lhe de grande ajuda e contribua para ampliar o horizonte do seuconhecimento teórico e para o aperfeiçoamento da sua prática pedagógica.

Seja bem-vindo(a)!Paulo Alcantara Gomes

Reitor

Orientações para o Auto-Estudo

O presente instrucional está dividido em três unidades programáticas, cada uma com objetivos definidos econteúdos selecionados criteriosamente pelos Professores Conteudistas para que os referidos objetivos sejamatingidos com êxito.

Os conteúdos programáticos das unidades são apresentados sob a forma de leituras, tarefas e atividadescomplementares.

As Unidades 1 e 2 correspondem aos conteúdos que serão avaliados em A1.

Na A2 poderão ser objeto de avaliação os conteúdos das três unidades.

Havendo a necessidade de uma avaliação extra (A3 ou A4), esta obrigatoriamente será composta por todos osconteúdos das Unidades Programáticas.

A carga horária do material instrucional para o auto-estudo que você está recebendo agora, juntamente com oshorários destinados aos encontros com o Professor Orientador da disciplina, equivale a 30 horas-aula, que vocêadministrará de acordo com a sua disponibilidade, respeitando-se, naturalmente, as datas dos encontrospresenciais programados pelo Professor Orientador e as datas das avaliações do seu curso.

Bons Estudos!

Dicas para o Auto-Estudo

1 - Você terá total autonomia para escolher a melhor hora para estudar. Porém, seja disciplinado. Procure reservar sempre os mesmos horários para o estudo.

2 - Organize seu ambiente de estudo. Reserve todo o material necessário. Evite interrupções.

3 - Não deixe para estudar na última hora.

4 - Não acumule dúvidas. Anote-as e entre em contato com seu monitor.

5 - Não pule etapas.

6 - Faça todas as tarefas propostas.

7 - Não falte aos encontros presenciais. Eles são importantes para o melhor aproveitamento da disciplina.

8 - Não relegue a um segundo plano as atividades complementares e a auto-avaliação.

9 - Não hesite em começar de novo.

SUMÁRIO

Quadro-síntese do conteúdo programático..............................................................................................................9

Contextualização da disciplina.............................................................................................................................. 1010101010

UUUUUNIDADENIDADENIDADENIDADENIDADE I I I I I

GRAMÁTICA1.1 – Conceituação: o que é gramática?.........................................................................................................................11111111111.2 – Gramática natural................................................................................................................................................11111111111.3 – Gramática teorética................................................................................................................................................12121212121.4 – Gramática descritiva, normativa (descrição e normatização)............................................................................1313131313

UUUUUNIDADENIDADENIDADENIDADENIDADE II II II II II

LINGÜÍSTICA2.1 – Conceituação...................................................................................................................................................17171717172.2 – Lingüística e outras áreas de estudo sobre linguagem........................................................................................1717171717

UUUUUNIDADENIDADENIDADENIDADENIDADE III III III III III

HISTÓRIA DA LINGÜÍSTICA3.1 – A tese religiosa.................................................................................................................................................193.2 - Período helênico, período helenístico, a Idade Média e o Renascimento...............................................20

Glossário ......................................................................................................................................................................24

Gabarito ............................................................................................................................................................................ 2525252525

Referências bibliográficas ................................................................................................................................................27

9Quadro-síntese do conteúdoprogramático

I - GRAMÁTICA1.1 – Conceituação: o que é gramática1.2 – Gramática natural1.3 – Gramática teorética1.4 – Gramática descritiva, normativa (descrição enormatização)

UNIDADES DO PROGRAMA OBJETIVOS

II - LINGÜÍSTICA2.1 – Conceituação2.2 – Lingüística e outras áreas de estudo sobrelinguagem

III - HISTÓRIA DA LINGÜÍSTICA3.1 – A tese religiosa3.2 – Período helênico, período helenístico, a IdadeMédia e o Renascimento

• Conceituar gramática;• Distinguir gramática teorética de gramática

natural;• Apresentar algumas questões relacionadas ao

ensino de gramática, nas aulas de línguaportuguesa;

• Discutir a questão sobre o que é a língua e o quedeveria ser.

• Conceituar Lingüística;• Apresentar algumas interações da Lingüística com

outras ciências.

• Apresentar um panorama histórico dos estudoslingüísticos anteriores ao século XX.

10Contextualização da Disciplina

O estudo da lingüística é extremamente importante para qualquer pessoa que deseje enveredar-se peloscaminhos da compreensão da língua. Nela, podemos encontrar muitas respostas para as várias dúvidas que setêm desde o surgimento da escrita ou mesmo da fala.

Neste sentido, tal conteúdo é imprescindível a quaisquer estudantes da área de Letras que desejem mergulharnas questões da língua sob uma perspectiva científica, exploratória, descritiva. Assim, toda tentativa no sentidode compreender a língua perpassa pelo estudo lingüístico.

Neste material, o que se pretende apresentar, de forma panorâmica, são alguns fundamentos gerais, algunsprincípios de estudo que vão nortear todo o caminho do aluno na compreensão do que seria a lingüística e,automaticamente, a língua, porque, afinal, qualquer falante que pretenda compreender a língua, seja a línguapátria, seja qualquer língua no mundo, vai percorrer um estudo lingüístico.

A lingüística, então, é a ciência que pretende compreender e entender os movimentos que a língua faz. Oestudo pode ser feito através de um recorte no tempo, o que chamamos de sincronia, ou ao longo do tempo, oque chamamos de procedimento diacrônico.

Do mesmo modo, através da disciplina História da Lingüística, podemos apresentar, de forma sucinta, quais osestudos determinantes para a compreensão da importância do estudo lingüístico em nossa área de atuaçãoprofissional.

Esta disciplina, enfim, busca dar uma noção geral do que seria a lingüística em termos históricos, mostrandoseus conceitos fundamentais e a iniciação dos estudos lingüísticos.

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GRAMÁTICA

UNIDADE I

1.1 1.1 1.1 1.1 1.1 – Conceituação: O que é Gramática?

Antes de entrarmos no mérito da discussão sobre alingüística em si, convém que nesta primeira unidadetrabalhemos um tema extremamente recorrente namaioria dos debates sobre a língua: a gramática.

Primeiro, precisamos entender que o termo gramática,por si só, já suscita uma série de questionamentos, afinal,a partir de um falante da língua, ou mesmo de umestudioso, podemos ouvir várias definições para essetermo, inclusive aquela que está presente no dicionário:

Gra.má.ti.ca s.f. 9ª) 1. Parte do estudo da língua que tratadas formas e estruturas das palavras (morfologia), de suadisposição nas frases (sintaxe) e de cada um dos sonselementares da fala (fonologia): quem é contra a gramática,é contra a ordem, contra o bom senso. 2. Sistema de estruturae arranjo de palavras numa língua num dado tempo: agramática inglesa é diferente da gramática portuguesa. 3.Sistema de regras para falar e escrever numa dada língua,baseado no estudo da sua gramática (2): Volta e meia tenhode lhe corrigir a gramática. 4. Livro que traz essas regras:ter uma boa gramática na biblioteca (SACONNI, LuizAntonio. Dicionário Essencial, 2001).

Todavia, aqui, a nossa preocupação em abordar agramática é para entender o seguinte: o que seria agramática para um estudioso de língua portuguesa,que é o nosso caso?

A gramática, para o senso comum, é o conjunto deregras de uma determinada língua, assim, temos agramática da língua portuguesa, do alemão, doinglês, etc.

Efetivamente, ela é concebida por muitos como umaespécie de Bíblia Sagrada, como se fosse o grandelivro da linguagem. Muitos acreditam que através delasomos capazes de resolver todos os problemas quedizem respeito à língua. Esse, certamente, é o primeirogrande mito sobre a interpretação da função dagramática, que é muito mais do que um conjunto deregras. Muitos estudantes acreditam ou têm aexpectativa de encontrar na gramática todas as regrasprevistas numa língua.

No entanto, devido a todos os momentos em quenos deparamos com um fenômeno novo de nossalíngua, afirmar que todas as respostas para as nossasdúvidas sobre a língua encontram-se na gramática é,no mínimo, uma falácia, um engodo, um engano. Porquê?

Porque a gramática, pela sua própria natureza, é umlivro que traz um conjunto de regras de uma línguaconcebida estaticamente, ela não tem como dar contada língua em uso, na sua mais plena funcionalidade,ou seja, a gramática tenta registrar o que seria o usoda língua.

Vale ressaltar que a gramática a qual nos referimos éaquela que está na sala de aula, que está na tradição etraz, conforme Bechara (2001:51), “a forma eleita entreas várias formas de falar que constitui a línguahistórica”. Assim, essa gramática, que é normativa,colabora para manter o registro exemplar de uma língua,repelindo variações não previstas. Porém o uso,representado pela língua funcional, permite que acomunicação continue acontecendo – emissor ereceptor em franca interação –, independentementedo registro padrão.

Convém esclarecer que, embora questionemos agramática tradicional, não pretendemos desprezar seupapel e utilidade. Vale recordar Mattoso Câmara (1976:15), que afirma:

A gramática normativa tem o seu lugar e não se anula (...).Mas é um lugar à parte, imposto por injunções de ordemprática dentro da sociedade.

Resumindo:

Gramática é, na sua concepção primária, um livro quetraz as regras para escrever bem. A que estamosacostumados a tratar é a normativa: nela estão as regrasconcebidas, consagradas, admitidas, exemplares.

1.2 1.2 1.2 1.2 1.2 - Gramática Natural

Diante do exposto em 1.2, podemos afirmar que ofalante se relaciona e estabelece contato comunicando-se indistintamente, e nem por isso pode-se dizer queum analfabeto, por exemplo, se comunica pior do queum letrado só porque não domina as regras gramaticais.

Então, o primeiro desejo que temos aqui é o dedesmistificar essa concepção do que seria a gramática.

Vamos tentar entender a gramática sob outro prisma,entendê-la como um estudioso da língua. Inicialmente,

12Porque é da natureza do falante, o qual é capaz de produzir

textos legíveis, compreensíveis graças a sua competêncialingüística, isto é, a partir de sua gramática natural.

Para reforçar o conceito, imaginemos os exemplos:

Uma criança abre a porta de casa, ao retornar docolégio, e diz para sua mãe:

– Mamãe, eu “di” meu boneco.

Mesmo não conhecendo os paradigmas do verbo(pretérito perfeito do indicativo), a criança sabe queestá falando de algo no passado, e, certamente, suamãe vai entender que o boneco que ela comprou paraele com todo o carinho não está mais com ele, porqueele deu para algum colega de classe.

Do mesmo modo, quando uma criança diz:

- Fulano é “roubador”.

Embora tal palavra não esteja dicionarizada, mesmoassim todos vão entender que “roubador” é aqueleque rouba.

Os dois exemplos acima servem para demonstrar que:se por um lado temos um problema de correçãogramatical ou problema no uso do registro padrão, emtermos de gramática normativa, de forma alguma issose dá em termos de gramática natural.

Resumindo:

Regras de gramaticalidade, inerentes a qualquerlíngua, são dominadas pelos seus falantes e isso se dáde forma natural, logo esse conjunto de regras échamado de gramática natural.

1.3 1.3 1.3 1.3 1.3 - Gramática Teorética

Junto à gramática natural, num patamar inferior, vem oque chamamos de gramática teorética. O que seria isso?

A gramática teorética é exatamente o que o próprionome diz, é uma gramática teórica, ou seja, é umatentativa de entender o que seria a gramática natural.Assim, toda vez que tentamos, por exemplo,

compreender por que vem uma preposição antes e nãooutra, por que colocamos o verbo conjugado dessamaneira e não de outra, num modo e não em outro, éporque se está buscando teorizar o que acontece na

gramática natural. A gramática teorética seria, naverdade, o próprio procedimento teórico gerado a partirda gramática natural.

Poderíamos dividi-la em três grandes grupos:

• Gramática descritiva

• Gramática normativa

• Gramática produtiva

precisamos saber que há uma gramática que é natural,isto é, qualquer língua possui um conjunto de regrasgerais de como estruturar as palavras para que estastenham algum sentido. Essas regras acontecem emdiversos níveis. Não podemos, em português, porexemplo, considerar possível a frase:

“Alegre comprou menino bola o”.

Do mesmo modo, não podemos terminar palavrascom a letra P.

Ou ainda dizermos, em linguagem denotativa,“Preciso por livro com estudar”, desconsiderando quetais palavras (por e com) não estão previstas na ligaçãodas outras (preciso, livro e estudar).

É provável que a maioria das pessoas corrija essacombinação estranha e diga que o correto deve ser:“Preciso de um livro para estudar”, para manter agramaticalidade. Segundo Garcia (2003: 33):

Dentro da liberdade de combinações que é própria da fala oudiscurso – liberdade que permite a cada qual expressar seupensamento de maneira pessoal, sem ter de repetir sempre,servilmente pela gramática, limites que impedem invençãode uma nova língua cada vez que se fala. Nossa liberdade deconstruir frases está, assim, condicionada a um mínimo degramaticalidade – que não significa apenas nemnecessariamente correção (há frases que, apesar de, até certoponto, incorretas, são plenamente inteligíveis). Carentes daarticulação sintática necessária, as palavras se atropelam,não fazem sentido – e, quando não há nenhum sentidopossível, não há frase mas apenas um ajuntamento depalavras. “Cada qual é livre para dizer o que quer, mas sob acondição de ser compreendido por aquele a quem se dirija. Alinguagem é comunicação, e nada é comunicado se o discursonão é compreendido. Toda mensagem deve ser inteligível”,diz Jean Conhen (Structure du langage poétique, p.105-6).

Assim, a escolha, a seleção e a combinação depalavras ocorrem de forma natural.

É natural por quê?

13Gramática Natural

Gramática Prescritiva Gramática Descritiva

Gramática Teórica

1.4 - 1.4 - 1.4 - 1.4 - 1.4 - Gramática Descritiva, Normativa (Descrição eNormatização)

Concentrar-nos-emos na gramática normativa e nagramática descritiva, que poderiam ser resumidas emduas frases básicas:

1- A gramática descritiva diz ou demonstra ouapresenta a língua como ela é.

2- A gramática normativa, também chamada deprescritiva, diz como a língua deveria ser.

Vejamos o que se pode falar e/ou exemplificar sobretais frases:

Para entender a primeira, podemos apresentar oseguinte exemplo:

Ao registrar a fala de duas pessoas que moram nointerior do Brasil, no nordeste ou sertão da Paraíba,somos capazes de perceber e identificar o registro queestá sendo usado ali. Não apenas o sotaque, mas osdiversos usos que são feitos pelos falantes,verificando que estruturas participam desta frase enão daquela, que verbos são normalmente usadosneste caso e que em outro são usados diferentemente,etc. Essa é a tarefa da gramática descritiva, ela vaidescrever efetivamente como a linguagem é produzida,não importando a questão do certo ou do errado. Epor quê? Porque o que importa é o uso, é a realidade,é o que está de fato acontecendo.

Por outro lado, nós temos a gramática prescritiva, opróprio nome já diz: prescreve, então é uma gramáticaem que se prescreve como o uso deveria ser.

Ora, essa tentativa de tentar entender a gramática,registrar e estabelecer moldes é da natureza da

gramática normativa, com a qual lidamos na sala de aula.Foi essa gramática que chegou até nós no colégio, porcausa dela disseram que não podemos fazer usos dotipo: “agente vamos”, “nois mermo” ou “houveramreclamações na assembléia”. Porque isso seria um erro,seria uma prova do desconhecimento da língua.

Todavia Evanildo Bechara (2001) diz algo muitoimportante na sua última versão da gramática, daeditora Lucerna: existe aquilo que é exemplar, aquiloque é aceito, aquilo que é admitido.

Há de distinguir-se cuidadosamente o exemplar do correto,porque pertencem a planos conceituais diferentes. Quandose fala do exemplar, fala-se de uma forma eleita entre asvárias formas de falar que constitui a língua histórica, razãopor que o eleito não é nem correto nem incorreto.(...) modoexemplar pertence à arquitetura da língua histórica, enquantoo correto (ou incorreto) se situa no plano da estrutura dalíngua funcional. Cada língua funcional tem sua própriacorreção à medida que se trata de um modo de falar queexiste historicamente (BECHARA, 2001: 51-52).

Ainda segundo Bechara (2001: 38), “o sucesso daeducação lingüística é transformar [o falante] numpoliglota dentro de sua própria língua nacional”. Essafrase expressa exatamente nossa discussão principalna introdução dos estudos da lingüística, isto é, atéque ponto importa apenas o conhecimento das regrasda gramática normativa para se viver em sociedade.

Por outro lado, nós temos uma gramática teorética,que identifica, entende, compreende, registra edescreve o que seria a gramática natural. É óbvio quequalquer exercício teórico que se faça em direção aalgo que está em pleno funcionamento e é dinâmicoficará aquém do elemento primeiro: o natural.

quem proponha uma divisão da gramát icanormativa, por incursão metodológica, a saber:teórica e pedagógica.

Finalmente, como complemento dessa última exposição,pode-se afirmar que, sobretudo no que concerne ao conceitode gramática normativa, é possível ainda arriscar umdesdobramento que resulte na ocorrência de dois outrostipos de gramática: a normativa pedagógica, que não sãosenão os célebres manuais didáticos, isto é, livros preparadoscom a clara intenção de adoção em sala de aula, por issomesmo com apresentação de exercícios após a liçãoteórica; e a normativa teórica, aquela que, sem uma explícitaintenção didática, procura registrar regras e preceitosvoltados para o uso supostamente correto de umdeterminado idioma, a partir de uma variante culta que seconstitui, assim, na norma padrão da língua (SILVA,2006:04).

Não vamos tratar da gramática produtiva agora,po i s e l a e s t á mui to vo l t ada à ques tão dagramática gerativa, a qual pertence a outrasd i scussões que fa remos em momentosposteriores, quando já tivermos aprofundadonossos conhecimentos sobre a lingüística. Há

14Por isso é ingenuidade achar que o domínio, mesmo

que pleno, de uma gramática normativa, por exemplo,possa resolver todas as nossas necessidadeslingüísticas e sociais.

Um professor desavisado, iniciante, que colocadebaixo do braço uma gramática (Celso Cunha, RochaLima ou mesmo a do Evanildo Bechara), com todas asregras decoradas, e sai pela rua ou vai para sala deaula achando que sabe tudo de língua, estáredondamente enganado. Essa consciência do enganotambém seria, entre tantas outras, uma grandecontribuição para os estudos lingüísticos. Por quê?

Porque começamos a entender que o domínio da línguanecessariamente não está associado à compreensão dodomínio de uma regra. Se você não tem consciência douso e da importância da regra de uma língua, não adiantaconhecer ou decorar essa regra, pois ela não serásuficiente para dar conta de todas as suas necessidadescomunicativas, sociais e lingüísticas. Assim, a gramáticanormativa é apenas uma tentativa de registrar, de formaestática, algo que está em pleno funcionamento: a língua.

A língua está sempre em funcionamento porqueenquanto está em uso, está funcionando e enquantoestá funcionando, é quase que impossível amarrar oseu movimento. E esse não deve ser o desejo de umprofessor de língua portuguesa.

Então qual deve ser nosso principal desejo comoprofissionais de língua portuguesa?

Apresentar ao aluno a língua como ela é. Cada alunoque chega a um colégio, a uma escola, traz consigo asua realidade lingüística. Nós, professores, devemosentender que cada um tem a sua própria gramática,sua própria competência lingüística, a sua própriamaneira de se comunicar, e que o fato de usar gíria, ouuma concordância errada não faz com que o alunodeixe de ser um falante eficiente de sua língua.

O que não podemos perder de vista, e EvanildoBechara diz isso magistralmente, é que devemos serpoliglotas em nossa própria língua, ou seja, devemosser capazes de lidar com as realidades lingüísticas, sejamelas quais forem, conforme o momento social, o contextosocial. Bechara (2001), em suas palestras, exemplificadizendo que não iríamos à praia de terno e gravata paratomar banho de sol numa cadeira, numa espreguiçadeira,

Texto Complementar

Com o intuito de auxiliar a leitura do tema centraldesta unidade, segue um recorte da obra Pequenomanual de lingüística geral e aplicada, de Senna(1991, passim: 7, 8 e 9):

do mesmo modo, também não iríamos a um casamentovestidos de biquíni (pelo menos por enquanto).

Outro exemplo:

Dois amigos, andando pela rua, conversando,distraídos. A poucos metros, dois buracos daCEDAE (Companhia Estadual de Águas e Esgotos)de aproximadamente 2 metros, sem tampa. Cadaburaco na direção de cada um dos amigos. Comoestão distraídos, não percebem os buracos e caemdentro deles. O primeiro, grita:- Alguém poder-me-ia salvar!!!!O segundo grita:- Socorro!!!!!

Pergunta:

• Quem será atendido?

Provavelmente, a resposta será o segundo. E por quê?

Porque tudo depende do momento, devemos estarprontos para fazer o uso lingüístico adequado a cadasituação social. Afinal, qual a utilidade da mesóclisenuma situação como essa?

Por outro lado, numa entrevista para emprego oualgo parecido, talvez o uso da mesóclise dê mais certo.Certas situações esperam um tipo de registrolingüístico mais formal.

Num outro extremo, como um falante não nativopoderia aprender a língua de outra pátria senão atravésda modalidade padrão? Como se poderia estudar,aprender uma língua se não tivéssemos um parâmetro?Por isso em nossa perspectiva, não abandonamos agramática normativa, só não a consideramos única, amelhor, ou a forma exclusiva de se comunicar bem. Elanão trata de certas questões do discurso, certasquestões do uso, não é esse o seu papel. O erro, naverdade, não está na gramática em si, o problema estáem como é ensinada.

Resumindo:

Devemos ser poliglotas em nossa própria língua, ouseja, conhecer o registro padrão, o exemplar e ter contada importância de conhecer também a maior quantidadepossível de registros.

“Existem alguns termos que qualquer ser humanoocidental já deve ter pronunciado pelo menos umasmil vezes. Considere, por exemplo, palavras como‘coca-cola’, ‘macarronada’, ‘lâmpada’, ‘carro’,

15Outra concepção da gramática enquanto ciência

deriva de Saussure, já no início deste século. ParaSaussure, a gramática tinha uma abrangência muitomaior do que a que seus seguidores lhe concederam apartir de então.

A definição apresentada por ele é muito simples:‘estudo de uma língua examinada como sistema deexpressão’, (SAUSSURE, 1922: 156). A esta definição,que já não mais trata de ‘língua escrita’ e ‘regrasnormativas’, seguiram-se muitas outras. A maioriadelas, porém, deixa de enfatizar a relação entre realizadoe a análise da língua como ‘sistema de expressão’.Vejamos algumas:

I- ‘Estudo de uma língua, em particular das estruturasmorfológicas e sintáticas’ (DUBOIS, 1980: 581).

II- ‘... é o estudo dos morfemas, ou morfologia, e dosprocessos de estruturação do sintagma’ (CÂMARAJR., 1977: 130).

III- ‘Gramática é... o estudo das estruturas lingüísticasem plano sincrônico’ (AZEVEDO F., 1975: 16).

Nestas três definições a gramática assume que seuobjetivo são fatos gramaticais da língua (morfológico esintáticos), distanciando-se assim da amplitude designadapor Saussure quando fala de ‘sistema de expressão’.Verifica-se em (III), acima, uma proposição derivada deSaussure, acerca da impossibilidade conceitual deexistirem gramáticas históricas ipso facto. Estudosdiacrônicos são leitura de diversos estágios sincrônicosde uma mesma língua. Portanto, estas gramáticas são, narealidade, compostas por comparações de diversasgramáticas da língua, cada qual relacionada a umdeterminado estágio de seu desenvolvimento.

Seguem-se estas definições que apresentam agramática como um tipo de estudo, outras definiçõesque a tornam como um objeto em si mesmo. Nestasconcepções a gramática ganha vida própria e autônomado lingüista que a analisa, constituindo, assim, umobjeto de investigação e não o produto dela. Exemplodisto é a definição de Francisco Borba: ‘em sentidoamplo, sistema finito de regras que determina umalíngua, isto é, conjunto de princípios responsáveis pelasua organização’ (BORBA, 1976: 56).

Proponho, então, que um quarto tipo de definição degramática seja aquele em que se admitam duas dasdefinições mais comuns e sujeitas à ambigüidade. É oque se vê em ‘usamos o termo gramática com umaambigüidade sistemática. De um lado, o termo se refereà teoria explícita construída pelo lingüista e propostacomo uma descrição da competência do falante. Dooutro lado, usamos o termo para referir à própriacompetência’ (CHOMSKY et HALLE, 1968:03).”

‘sapato’. Não existe quem não saiba o que significamestas palavras ou a que o falante se refere ao empregá-las como essas outras já citadas, mas cujo significadonem sempre é igualmente transparente e comum atodos os falantes. É o caso, por exemplo, de ‘síndrome’,‘utopia’, ‘instituição’, ‘engajamento’ ou, até mesmo,‘gramática’. Experimente reunir um grupo deestudantes, professores de língua portuguesa epesquisadores de lingüística e, em seguida, perguntar-lhes o que cada um entende por ‘gramática’. Você vaiobservar tantas e tão diferentes respostas, que acabarápor concluir que se trata de alguma coisa próxima doindefinível. Mais do que isso: vai se perguntar como éque as pessoas conseguem entender quando falam degramática, já que cada uma considera um objeto tãodiferente.

Nem sempre a ambigüidade do termo ‘gramática’ éevitável e, por esta razão, achei conveniente abrir estemanual com a apresentação dos objetos que sãorepresentáveis através da mesma palavra:GRAMÁTICA. São basicamente cinco aspossibilidades de emprego desse. Vou apresentá-lascomentando algumas das definições mais comuns entrediferentes autores que representam, respectivamente,diferentes linhas de abordagem da questão gramatical.

A primeira e mais concreta das definições de‘gramática’ é a que a tomo como ‘livro onde se expõemas regras da linguagem,’ (FERREIRA, 1986: 862). Todosnós temos esta interpretação de gramáticainternalizada no léxico e a manifestamos através desentenças como ‘comprei uma gramática nova’ ou‘preciso encapar esta gramática, porque ela está todadespencada’. Nem todo livro que trata de fatos dalíngua ou de sua descrição é chamado de gramática.Este livro, por exemplo, trata destes assuntos, masnem eu nem ninguém mais o chamaria de gramática,porque ele não apresenta certas característicasespecíficas. É muito vaga a consciência que temosacerca destas características. Talvez, o próprio AurélioBuarque de Holanda Ferreira nos esclareça estascaracterísticas em uma segunda definição, que diz:‘estudo ou tratado dos fatos da linguagem falada eescrita, e das leis naturais que regulam’ (FERREIRA,Id: Ibd). Esta definição já introduz um argumento novoà gramática: a noção de que se refere a um tipo deestudo ou ciência.

A gramática enquanto ciência tem duas leituras possíveis,que não devem se confundir. A primeira delas foipredominante durante séculos e, ainda hoje, pode serencontrada na fala de muitos professores. Enéas de Barrosassim a resume: ‘considerados os seus étimos, gramática éa ciência da escrita que abrange, com suas regras, todos osque usam as letras para ler e escrever’ (BARROS, 1985: 24).Esta definição coloca em evidência o caráter prescritivo,dominante nas gramáticas destinadas ao ensino.

16Desta feita, esta unidade pretendeu acabar com o

mito de que a gramática não deve ser ensinada, muitopelo contrário, a gramática deve ser ensinada, o quenão se pode é achar que o domínio de uma regra

Exercícios

1 - Defina o que é gramática natural.

2 - Defina o que é gramática teorética.

3 - Distinga, em poucas palavras, a gramática descritiva da gramática normativa.

4 - O que fazer com um aluno que chega à sala de aula cometendo vários erros de ortografia, de concordância,de vocabulário? A partir do que foi exposto nesta unidade, devemos entender que esse aluno fala errado, queesse aluno precisa aprender a falar corretamente ou que sugestão você daria como professor de língua portuguesa?

Atividade Complementar

Fazer uma pesquisa na Internet ou em bibliotecas e escolher um dos livros sugeridos a seguir. Escolhida a obra,fazer fichamento.

Sugestões bibliográficas para o fichamento:SENNA, Luís A. G. Pequeno manual de lingüística geral e aplicada. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1991.ROBINS, R. H. Pequena história da lingüística. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1979.CÂMARA JR., Joaquim Mattoso. Princípios de lingüística geral. Rio de Janeiro: Acadêmica, 1973.COSERIU, Eugênio. Lições de lingüística geral. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1980.Ou quaisquer obras que versem sobre a “história da lingüística” ou “a evolução do pensamento lingüístico.”

gramatical vá determinar o domínio de uma língua, ouseja, domínio da capacidade de se comunicareficientemente em sociedade.

17UNIDADE II

LINGÜÍSTICA

2.12.12.12.12.1 – Conceituação

Pode-se defini-la como:• Ciência da linguagem verbal que tem no lingüista

aquele que se dedica a esse estudo.

Podemos dizer que a lingüística é uma ciência novaque data do século XX, mais precisamente com osurgimento dos estudos de Ferdinand Saussure. Foinesse período que a lingüística passou a serreconhecida como uma ciência, principalmente a partirda obra Curso da Lingüística Geral que data do anode 1916.

Diz-se que essa obra foi, na verdade, resultado deuma série de anotações dos alunos de FerdinandSaussure, conforme Pimenta-Bueno (2004:113), “oCours de Linguistic Générale não foi escrito depróprio punho, mas sim por três ex-alunos seus: AlbertRiedlinge (1870-1946), Albert Sechehaye (1865-1947) eCharles Bally (1865-1947).”

Há uma discussão a respeito dessa afirmação, váriosestudos têm sido feitos e há algumas contestações.Certos estudiosos concordam, outros não, masindependente da autoria em si, a motivação veio deFerdinand Saussure, e isso não se discute. O que sediscute, às vezes, é: até que ponto Saussure participouou não de tudo o que está escrito no Curso deLingüística Geral. Todavia isso realmente não temmuita importância para nossos estudos, pois o queimporta é o valor científico de tudo que se gerou apartir dele, “nas palavras de Lepschy (1998:01) foitalvez o texto mais influente em lingüística, pelo menosaté a publicação da obra de Chomsky (1967)”( PIMENTA-BUENO, 2004:119).

Assim, estabeleceu-se a lingüística como ciência,mas, conforme veremos na unidade III, os estudoslingüísticos já aconteciam há muito tempo, bemanterior à sua consagração como ciência.

2.22.22.22.22.2 – Lingüística e Outras Áreas de Estudo SobreLinguagem

De fato, a lingüística, logo após seu estabelecimentocomo ciência, começou a alçar vôos a partir de váriosestudos que foram feitos desde então. No começo,seja por uma frente européia, seja por uma frenteamericana, os estudos lingüísticos foram seguindo atéo ponto em que chegamos hoje, passando pelo pré-estruturalismo saussureano ou Escola EstruturalNorte-Americana de Bloomfield (1933), ou pelo CírculoLingüístico de Praga (CLP), ou pela teoria gerativa deChomsky, e por tantos outros estudos importantes,inclusive os mais recentes sobre o funcionalismo,demonstrando o tamanho e da importância dessaciência tão nova.

Vemos a lingüística se estabelecendo como umestudo extremamente importante, acessível,interessante e utilizado por outras ciências,como a psicolingüística, a neurolingüística, aprópr ia socio l ingüís t ica e a socio logia dalinguagem. Estas duas últimas perpassam pelaconcepção da língua em uso, da linguagem ems o c i e d a d e . E t a n t a s o u t r a s q u e j á v ê mtrabalhando com os conceitos da lingüística oudos estudos lingüísticos para a formulação das

teorias de outras ciências num processo que aPedagogia chama de interdisciplinaridade.

A pesquisa lingüística é feita por muitos especialistasque, geralmente, não concordam harmoniosamente sobreo seu conteúdo. Russ Rymer disse, ironicamente, que:

A lingüística é a parte do conhecimento mais fortementedebatida no mundo acadêmico. Ela está encharcada com osangue de poetas, teólogos, filósofos, filólogos, psicólogos,biólogos e neurologistas além de também ter um pouco desangue proveniente de gramáticos (RYMER, apudFAUCONNIER & TURNER, 2002: 353).

Podemos afirmar com tranqüilidade que a lingüísticatem papel preponderante numa série de estudos queocorrem hoje sobre língua/linguagem. Por exemplo, aspesquisas lingüísticas que vão desde o próprio estudoda forma, da palavra, do sentido e vão até as relaçõessociais através dos aspectos da conversação, dodiscurso; das questões com texto escrito e falado.

Em suma, a lingüística hoje é um espaço aberto paravários estudos sobre a linguagem, seja a partir denossa língua ou a de quaisquer nações do mundo.

18Na atualidade, um profissional das Letras não pode,em hipótese alguma, desconsiderar a importância da

lingüística para suas pesquisas e sua formaçãoprofissional.

Responda às questões a seguir:

1 - Quem foi Ferdinand Saussure?

2 - Defina o que é lingüística.

3 - Cite duas ciências que estejam relacionadas à lingüística.

4 - Em sua opinião, qual a importância da lingüística para o professor de língua portuguesa?

Exercícios

Atividade Complementar

Faça a leitura do livro Curso da Lingüística Geral, de Ferdinand Saussure, com o objetivo de começar aentender os estudos lingüísticos a partir desse autor.

19UNIDADE III

HISTÓRIA DA LINGÜÍSTICA

A partir de todas as discussões que já foram feitas atéaqui, vamos mais pontualmente tratar da História daLingüística propriamente dita, ou seja, vamos ver desdeo surgimento das primeiras análises e pesquisas sobreo estudo da língua até o que há de mais moderno.

Convém salientar, entretanto, que nossa perspectivaé panorâmica, vamos apenas apontar os caminhospara que, posteriormente, você possa aprofundar-se no estudo.

3.1 – 3.1 – 3.1 – 3.1 – 3.1 – A Tese Religiosa

Vale dizer que um dos pontos mais interessantes desseestudo é entender que a lingüística (os estudoslingüísticos) se sustentou, inicialmente, pelo quechamamos de Tese Religiosa I.

Embora essa concepção tenha sua origem naantiguidade, ainda se vê hoje algumas conotaçõesreligiosas impregnando certas culturas, no que se refereà língua/linguagem. Por exemplo, quando se fala de BíbliaSagrada, diz-se que é a palavra de Deus, ou seja, aconcepção de que a língua está associada ao divino1 oua algo supremo maior de que o próprio homem não foitotalmente perdida.

Desde o mito até as mais elaboradas especulações filosóficas,levantou-se, sempre, o problema da origem da língua (...). Ascrenças e as religiões atribuem essa origem a uma força divina,aos animais e a seres fantásticos que o homem teria imitado(KRISTEVA,1969:61).

Vejamos especificamente a Tese Religiosa no queconsideramos interessante: esse é o período em que odomínio de uma determinada língua, a capacidade de seconhecer a língua, dava àquele que tinha esse domíniouma espécie de pureza, uma espécie de capacidadesuperior aos outros, e isso desde os Hindus.

Os indianos, muito tempo antes de Cristo, tentavamexplicar o funcionamento da sua língua – o sânscrito.Os Vedas (os quatro textos em sânscrito que formam abase do extenso sistema de escrituras sagradas dohinduísmo, que representam a mais antiga literatura dequalquer língua indo-européia) e os Bramanas(compreendem tratados que se reportam ao sacrifício ejustificam-lhe as complicadas minúcias, quer pelaetimologia, quer por lendas sobre os deuses. Devem tersido compostos entre os anos 800 e 600 antes da eracristã) são textos que confirmam como os estudoslingüísticos são antigos. Toda a cultura era repassadaoralmente de geração em geração através dossacerdotes, os quais detinham o domínio sobre taisescrituras sagradas. Todavia, com o passar dos anos,

por uma questão inerente à modalidade oral, algunssons vocais foram perdidos, o que representava umproblema, pois os religiosos acreditavam que autilização incorreta dos sons poderia provocar ainsatisfação dos deuses e toda a cerimônia seriainvalidada.

Em conseqüência, os sacerdotes, por umamotivação totalmente religiosa, começaram aestudar os sons vocais e as formas do sânscrito,objetivando reconstruir a língua desde os temposmais remotos.

Esse procedimento de tentar remontar umdeterminado dialeto ou língua, seguindo um percursoatravés do tempo, historicamente, já denunciava umprocedimento de pesquisa lingüística que se fazatualmente.

Veja o que diz Maurice Leroy (1971: 17):

Os Hindus

Foi por motivos religiosos que os antigos hindusforam inicialmente levados a estudar sua língua.

Importava, com efeito, que os textos sagrados,reunidos no Veda, não sofressem alteração algumano momento de serem cantados ou recitados duranteos sacrifícios, de onde o esforço feito para conservá-los na sua pureza primitiva. Depois, os gramáticoshindus – dos quais célebre é Pãnini (cerca do séculoIV a.C.) – dedicaram-se ao estudo do valor e doemprego das palavras e fizeram de sua língua, comprecisão e minúcia admiráveis, descrições fonéticase gramaticais que são modelares no gêneros; pormuito tempo esquecidas, foram elas descobertaspelos sábios ocidentais nos fins do século XVIII econstituíram o ponto de partida indispensável àcriação da gramática comparada.

1 É interessante conceber esse aspecto porque muito tempo se passou e muitos ainda hoje consideram a língua algo que vem deDeus. Ninguém pretende aqui estabelecer uma discussão religiosa a respeito de nossas crenças sobre a origem da língua, todaviapara uma ciência esta perspectiva seria insustentável.

20

3.2 3.2 3.2 3.2 3.2 - Período Helênico, Período Helenístico, aIdade Média e o Renascimento

Ao longo de todo o percurso dos estudos lingüísticos,passando pelos gregos, pela Idade Média, vemos que,por vezes, os estudos vão transitar pelo mote filosóficoou mesmo religioso. Entretanto, na Idade Média,conseguimos perceber uma concepção mais próximada pesquisa lingüística que temos hoje.

Não desconsideramos, é claro, que todo estudo,inclusive o do período da Tese Religiosa, é importantepara que possamos entender a evolução dopensamento lingüístico.

Assim, prosseguindo com a nossa visão panorâmicasobre os estudos lingüísticos, abordaremos o períododos estudos realizados pelos gregos. Esse períodopode ser dividido em duas fases: o período helênico eo helenístico. “Esses dois períodos são,respectivamente, associados ao apogeu e ao declínioda civilização grega” (SENNA, 1991: 16).

Podemos dizer que se avançou pouco no que dizrespeito às línguas não gregas, tidas por eles comobárbaras, sem importância. Isso fez com que os estudoslingüísticos desse período se concentrassemespecialmente na língua grega. Dessa forma, o períodohelênico caracteriza-se por privilegiar a questão dasignificação no interior da linguagem: o que ésignificativo na linguagem e como a significação se dá.

Veja o que diz Maurice Leroy (1971:18) sobre osestudos lingüísticos a partir dos gregos:

Os gregos não deixaram de sua língua nenhumadescrição comparável à dos Hindus e, por outro lado,pode parecer estranho que este povo tão amante daHistória, tão apreciador de anedotas, não nos tenhaquase legado informações válidas sobre os falaresdas populações com as quais esteve em contato;Heródoto, que nos transmitiu tantos pormenorespreciosos sobre os numerosos países por onde viajou,não achou necessário fornecer a mínima observaçãoacerca da língua de seus habitantes. E, entretanto,grande número de gregos – marinheiros, colonos,

soldados – tiveram de aprender línguas estrangeiras,mas os conhecimentos transmitidos pelos intérpretesse perderam: sobreviveram apenas algumasmesquinhas indicações, recolhidas sem ordem nemmétodo, por um outro lado escoliasta ou lexicógrafo.

É que, na realidade, os helenos, imbuídos de suastradições e convencidos, não sem razão, de suasuperioridade intelectual, consideravam comdesprezo essas línguas estrangeiras, que sóconsistiam em estudar por motivos práticos; o termo“bárbaro” – palavra imitativa que designava,originalmente, o pipilar dos pássaros –, queaplicavam indistintamente a toda língua estrangeira,por que lhes era tão inelegível quanto o gorjeio dosalados, adquiriu rapidamente, entre os gregos, valorpejorativo; a antítese heleno/bárbaro, que se tornouuma das constantes do pensamento grego, fez passardespercebidas as semelhanças evidentes que certosidiomas vizinhos apresentavam com o grego, e oexército de Alexandre Magno voltou das fronteirasda Índia sem trazer consigo a revelação do sânscrito.

Vale ressaltar a importância de Aristóteles, pois suaspesquisas dariam margem a reflexões sobre alinguagem, na direção da constituição da gramática.

Durante muito tempo se concebeu que a linguagemou a língua grega era uma marca de poder, uma marcade identidade2, o que hoje não é muito diferente, masnaquela época isso era levado às últimasconseqüências. Qualquer realização da língua gregaque representasse uma variação era tida comodeformação, principalmente no período helenístico.

Para o grego, no período helenístico, que é o períodomais expressivo para representar esse momentohistórico, em que a língua grega deveria ser perfeita,correta, de acordo com os cânones da Grécia, podemosafirmar que a noção de correto é tão forte que qualqueruso diferente, qualquer variação, qualquer mudançaera tida como defeito, como algo que deveria serexpurgado, expelido do convívio social.

2 Um país que respeita a língua e entende que ela é marca da sua identidade constrói uma cultura muito mais forte. Por isso, talvezno nosso país a língua portuguesa, cada vez menos prestigiada, demonstre o valor e a importância da identidade do nosso país.Se observarmos os norte-americanos, veremos que o inglês é uma língua respeitada e talvez seja isso esteja faltando para o nossopovo. Não é por acaso que a dificuldade com a língua portuguesa tem sido para nós algo crônico, algo que está sempre presentenas nossas aulas, sejam elas para alunos de Letras, para alunos da área da saúde, para área de ciências sociais, etc.

Mas eram estudos puramente estáticos, relativosapenas ao sânscrito, efetuados, ademais, porhomens totalmente desprovidos de senso histórico,

de acordo com o gênero próprio da Índia, pelo quese limitavam a classificar os fatos sem procurar-lhesa explicação.

21Essa característica, que a nossa gramática normativa

herdou, ainda hoje pode ser verificada, pois o que écorreto sempre é aquilo que está previsto noscânones, desvalorizando o aspecto da variação, queé com certeza a forma mais produtiva de observar alíngua e suas mudanças.

No que diz respeito à Idade Média e aoRenascimento, Pimenta–Bueno (2004) resume deforma bastante eficiente o que de mais urgenteprecisamos saber sobre esses dois momentos, no quediz respeito aos estudos lingüísticos:

Ao longo da Idade Média, os estudos lingüísticoscontinuam a ser realizados sob a dominância dasconcepções da Antigüidade Clássica.

A influência do alexandrino Dionysius da Trácia edo quadro gramatical por ele elaborado perdura nosestudos acerca da linguagem, não apenas por toda aIdade Média, mas também durante a Renascença(séculos XIV a XVI) e até mesmo depois desta.

Contudo, a influência de Dionysius da Trácia sefaz sentir não diretamente, mas sim por meio dasgramáticas didáticas elaboradas pelos latinosDonatus e Priscianus, que retomaram os estudos deDionysius da Trácia como modelo. As gramáticaselaboradas na Idade Média, via de regra, seguiramas gramáticas de Donatus e Priscianus, emboratenha havido, na época, a elaboração degramáticas simplificadas, especificamentedestinadas a facilitar o aprendizado do latim porparte de principiantes.

Ao longo de toda a Idade Média, o latim clássico,mesmo sendo uma língua estrangeira, a seraprendida como segunda língua na escola, era alíngua do ensino, da erudição, além de ser a línguadas relações diplomáticas e a língua usada pelaIgreja em suas atividades, no que concerne à EuropaOcidental. Já na Europa Oriental, a influência dalíngua grega era absolutamente dominante.

O contato travado pelo cristianismo com povos delínguas bárbaras não conduziu a um interesse peloestudo destas, visto que os evangelizadores asencarnavam como meros instrumentos depropaganda, e não como objetos dignos de estudo.(PIMENTA-BUENO, 2004: 45 - 46).

Ainda em Pimenta–Bueno:

Os estudos lingüísticos realizados na Renascença eramnitidamente subsidiários ao propósito pragmático maiorque se tinha, na época, de tornar a literatura clássicaacessível, o que, novamente, dava um cunho utilitarista,didático às gramáticas então elaboradas. Seu objetivoera o de facilitar o aprendizado do latim clássico, demodo a possibilitar o acesso à leitura clássica.

Sob esse aspecto, então, vemos repetir-se, aí, o quejá havia dado com o grego na fase alexandrina dosestudos lingüísticos: a elaboração da gramática dolatim não visava tanto o conhecimento científico daestrutura dessa língua, mas sim a facilitação de seuaprendizado, como uma segunda língua, de modo apossibilitar o acesso à literatura clássica a não-falantes nativos do latim (na Idade Média), comoocorrera antes com o grego (na época helênica).

Contudo, há uma novidade marcante nos estudoslingüísticos empreendidos na Renascença: o interesse eo nacionalismo emergente, decorrente da recenteformação dos estados monárquicos de cunho nacionale, ainda, entre tal interesse e o deslocamento daspretensões imperiais das elites dominantes européiaspara o âmbito das colônias recém-descobertas, sobretudono novo mundo, com sua riqueza lingüística própria (...).

No que tange ao português, a primeira gramáticapublicada foi a de Fernão de Oliveira, entituladaGramática de Linguagem Portuguesa (1536). Logoapós, publicou-se a gramática de João de Barros(1540) (IBIDEM: passim 52 - 54).

Com efeito, o fervor religioso estimulado pela ReformaProtestante provoca a tradução de livros sagrados paravários dialetos, aliás, deve-se salientar a própriaimpulsão nos estudos sobre a língua, provocada pelainvenção da imprensa e seu desenvolvimento. Por contadisso, os estudos lingüísticos começam a transcendero limite do latim, tendo fim o período de desvalorizaçãodas chamadas línguas bárbaras.

O surgimento de gramáticas em outras línguas foidecisivo para os estudos lingüísticos.

Agora, temos uma noção da importância dos estudoslingüísticos realizados na Idade Média e noRenascimento.

Exercícios

1- Explique a Tese Religiosa.

2 - Em que podemos aproximar o período helenístico de algumas concepções que se tem de gramática normativaatualmente?

223 - Quem elaborou o quadro gramatical que perdura nos estudos acerca da linguagem, não apenas por toda aIdade Média, mas também, durante a Renascença (séculos XIV a XVI) e até mesmo depois desta?

4 - Há uma ampliação de abrangência dos estudos lingüísticos na Renascença. Explique essa afirmação.

5 - Cite a primeira gramática da língua portuguesa, seu autor e o ano da publicação.

Atividade Complementar

Construa um texto que resuma toda a unidade III.

23

Se você:

1) concluiu o estudo deste guia;2) participou dos encontros;3) fez contato com seu tutor;4) realizou as atividades previstas;

Então, você está preparado para asavaliações.

Parabéns!

24Glossário

Escoliasta: s.m. e s.f. Comentarista e exegeta de textos antigos.Exegeta: pessoa que se dedica a exegese.Exegese: s.f. Interpretação, explicação ou comentário (gramatical, histórico, jurídico etc.) de textos, principalmente

da Bíblia.Grego: A língua grega (em grego ) deriva do ramo indo-europeu e conta com mais de três mil

anos de história documentada.Hindu: Que provém da Índia. A forma Hindustão (ou Indostão) deriva do vocábulo persa para “Terra dos

hindus”, embora alguns apliquem esse termo apenas ao norte da Índia.Indo-européia: uma ampla família lingüística que engloba a maior parte das línguas européias antigas e atuais.

Tem esse nome porque corresponde à região geográfica que se estende da Europa e Irão até a Índia setentrional.São cerca de 450 línguas, faladas na Europa e nos países colonizados pelos europeus, na Índia e em algumasoutras partes da Ásia. A sua grande expansão resulta em grande parte (mas não maioritariamente) dosempreeendimentos coloniais europeus a partir do século XV. As línguas pertencentes a essa superfamíliamostram semelhanças significativas no vocabulário, na flexão e na gramática.Julia Kristeva: nasceu na Bulgária e mora na capital francesa desde 1966. Psicanalista, professora de lingüística

na Universidade de Paris e autora de livros de sucesso no mundo acadêmico, é uma das mais respeitadasintelectuais da atualidade. Seu pensamento combina várias disciplinas: filosofia, semiologia, teoria literária epsicologia.Neurolingüística: é a ciência que estuda a elaboração cerebral da linguagem. Ocupa-se com o estudo dos

mecanismos do cérebro humano que suportam a compreensão, produção e conhecimento abstrato da língua,seja ela falada, escrita, ou assinalada. Trata tanto da elaboração da linguagem normal, como dos distúrbiosclínicos que geram suas alterações.Psicolingüística: estudo das conexões entre a linguagem e a mente.

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Unidade I

1 - Conjunto de regras inerentes ao falante de uma determinada língua, que o possibilita comunicar-se semnecessariamente dominar o conjunto de regras previstas na gramática normativa.

2 - A gramática teorética é exatamente o que próprio nome diz, é uma gramática teórica, ou seja, é uma tentativade entender o que seria a gramática natural.

3 - A gramática descritiva demonstra ou apresenta a língua como ela é, enquanto a gramática normativa, tambémchamada de prescritiva, diz como a língua deveria ser.

4 - Questão subjetiva.Pontos imprescindíveis a serem considerados na resposta:1- O fato de que o aluno deve ser respeitado, independente das diferenças dialetais, regionais, em termos de usoda língua.2- Quanto aos supostos erros de ordem gramatical, devemos explicar ao aluno que sua deficiência deve sercorrigida por questões de ascensão social, ou seja, o registro padrão é aceito socialmente como o mais importantepor questões profissionais, inclusive, precisamos ter conhecimento da gramática e de suas regras.3- A questão de ser um poliglota em sua própria língua, reconhecendo que nem sempre o pleno domínio dasregras gramaticais resolve nossas necessidades lingüísticas e sociais.

Unidade II

1 - Ferdinand Saussure, considerado um dos mais importantes nomes da lingüística, foi o motivador da obraCurso da Lingüística Geral, 1916, quando a lingüística passou a ser reconhecida como uma ciência, a partirprincipalmente dessa obra.

2 - É a ciência da linguagem.

3 - Neurolingüística e psicolingüística.

4 - Subjetiva.Pontos que não podem deixar de ser considerados na resposta:1- A questão do reconhecimento da língua como ela realmente é.2- O fato de o professor ter de ser antes de tudo um pesquisador de sua própria língua.3- A lingüística pode auxiliar em várias questões que urgem na sala de aula (escrita, fala, o social, etc.).

Unidade III

1 - Os indianos tentavam explicar o funcionamento da sua língua – o sânscrito – analisando os Vedas e o osBramanas. Toda essa cultura era repassada oralmente de geração em geração através dos sacerdotes quedetinham o domínio sobre tais escrituras sagradas. Todavia, por uma questão inerente à modalidade oral, como passar dos anos, alguns sons vocais foram perdidos, o que representava um problema, pois os religiososacreditavam que a utilização incorreta dos sons poderia provocar a insatisfação dos deuses e toda a cerimôniaseria invalidada.

Em conseqüência, os sacerdotes, por uma motivação totalmente religiosa, começaram a estudar os sonsvocais e das formas do sânscrito, objetivando reconstruir a língua desde os tempos mais remotos.

2 - Para o grego, no período helenístico, que é o período mais expressivo para representar esse momentohistórico, em que a língua grega deveria ser perfeita, correta, de acordo com os cânones da Grécia, podemosafirmar que a noção de correto é tão forte que qualquer uso diferente, qualquer variação, qualquer mudança eratida como defeito, como algo que deveria ser expurgado, expelido do convívio social. Essa característica que anossa gramática normativa herdou, ainda hoje pode ser verificada, pois o que é correto sempre é aquilo que está

Gabarito

26previsto nos cânones, desvalorizando o aspecto da variação, que é com certeza a forma mais produtiva deobservar a língua e suas mudanças.

3 - Dionísio da Tracia (Dionysius da Trácia).

4 - O fervor religioso estimulado pela Reforma Protestante provoca a tradução de livros sagrados para váriosdialetos, aliás, deve-se salientar a própria impulsão nos estudos sobre a língua, provocada pela invenção daimprensa e seu desenvolvimento. Por conta disso, os estudos lingüísticos começam a transcender o limite dolatim, tendo fim o período de desvalorização das chamadas línguas bárbaras.

O que trouxe uma conseqüência decisiva para os estudos lingüísticos foi o surgimento de gramáticas emoutras línguas.

5 - A primeira gramática publicada foi a de Fernão de Oliveira, entitulada Gramática de Linguagem Portuguesa(1536). Logo após, publicou-se a gramática de João de Barros (1540).

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BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37 ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001._____. Moderna Gramática Portuguesa. 37 ed. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 1999.CÂMARA JR., Joaquim Mattoso. Princípios de lingüística geral. Rio de Janeiro: Acadêmica, 1973._____. Estrutura da Língua Portuguesa. 7 ed. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1976.COSERIU, Eugênio. Lições de lingüística geral. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1980.FIORIN, José Luiz. Introdução à lingüística: objetivos teóricos. São Paulo: Contexto, 2005.GARCIA, Othon Moacyr. Comunicação em prosa moderna. 23 ed. Rio de Janeiro: FGV, 2003.JAKOBSON, Roman. Lingüística e comunicação. São Paulo: Cultrix, 1975.LEROY, Maurice. As grandes correntes da lingüística moderna. São Paulo: Cultrix, 1971.KRISTEVA, Julia. História da Linguagem. Coleção signos. Lisboa: Edições 70, 1969.PIMENTA-BUENO, Mariza do Nascimento Silva. A evolução do pensamento lingüístico. Parte I: Dos gregosà modernidade. 2 ed. Rio de Janeiro: Papel Virtual Editora, 2004.ROBINS, R. H. Pequena história da lingüística. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1979.RYMER, Russ. Annals of Science: A Silent Childhood - I. In FAUCONNIER, Gilles & TURNER, Mark. Blendingand the Mind’s Hidden Complexities. New York: Basic Books, 2002.SACONNI, Luiz Antonio. Dicionário Essencial. São Paulo: Escala Educacional, 2001.SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de lingüística geral. 7 ed. São Paulo: Cultrix, 1975.SENNA, Luiz A. G. Pequeno manual de lingüística geral e aplicada. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1991.SILVA, Maurício. REVISTA LETRA MAGNA – Revista Eletrônica de Divulgação Científica em Língua Portuguesa,Lingüística e Literatura - Ano 03- n.04 -1º Semestre de 2006 - ISSN 1807-5193 – A GRAMÁTICA BRASILEIRANOVECENTISTA: UMA HISTÓRIA.

Referências Bibliográficas

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