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II UFUMUN Conselho de Segurança das Nações Unidas Guia de Estudos 1967: As Tensões Pré-Guerra dos Seis Dias Ana Teresa Souza Manoel Alves dos Santos Neto "A diplomacia é, e sempre será a mais poderosa de todas as espadas, o mais poderoso de todos os escudos. Somente ela é capaz de proteger dois extremos em casos extremos." Eliaxe Mondarck

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Page 1: Guia de Estudos- CSNU

II UFUMUN

Conselho de Segurança das Nações Unidas

Guia de Estudos

1967: As Tensões Pré-Guerra dos Seis Dias

Ana Teresa Souza

Manoel Alves dos Santos Neto

"A diplomacia é, e sempre será a mais poderosa de todas as espadas, o mais

poderoso de todos os escudos. Somente ela é capaz de proteger dois

extremos em casos extremos."

Eliaxe Mondarck

Page 2: Guia de Estudos- CSNU

Sumário

-Carta de apresentação

- O Comitê: Funcionamento do Conselho de Segurança

-Introdução

-Cronologia

-Histórico

Pré 1º Guerra Mundial

1º Guerra Mundial

Período Entre Guerras

2º Guerra Mundial

1948: Divisão da Palestina e A Guerra da Independência de Israel

1950-1956: Novas motivações para um velho conflito

Crise de Suez

1967: Prelúdio à Guerra dos Seis Dias

-Posicionamentos

-Referências

Page 3: Guia de Estudos- CSNU

Carta de apresentação:

Bem vindos à 2ª edição do UFUMUN (Universidade Federal de

Uberlândia United Model Nations)! Primeiramente, segue uma breve

apresentação dos Diretores:

Manoel Alves dos Santos Neto, 18 anos, aluno do 3º Período de

Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia, iniciou sua

experiência com o mundo das simulações durante seu primeiro período da

faculdade, e o UFUMUN será a sua 5ª simulação. Ana Teresa Souza, 18 anos,

aluna do 3º Período de Relações Internacionais da Universidade Federal de

Uberlândia, teve como início da sua experiência no mundo das simulações o 1º

UFUMUN, e essa segunda edição será a sua 3ª simulação.

A segunda edição do UFUMUN contará com 3 comitês, e eles são: o

Conselho de Segurança das Nações Unidas, a União dos Estados Americanos,

e o Gabinete da Presidência da República Federativa do Brasil. O tema a ser

discutido no nosso comitê será “As tensões no Oriente Médio pré-guerra dos

seis dias”, será um comitê discutindo uma crise de extrema importância para a

sociedade internacional, e seguirá uma ordem cronologia que acontecerá antes

do inicio da guerra, especificamente no dia 01 de junho de 1957 (1ª reunião).

Estamos muito entusiasmados com esse comitê, não só pelo tema ser

de extremo interesse de ambos os diretores, mas também porque acreditamos

que os níveis de discussões durante o evento serão de extrema qualidade.

Gostaríamos de ressaltar também a extrema importância dessa problemática a

ser discutida, pois sem a compreensão dos fatos que aconteceram nessa

época, o entendimento da questão conflituosa que ainda se matem no Oriente

Médio é impossível.

Atenciosamente,

Ana Teresa Souza

Manoel Alves dos Santos Neto

Page 4: Guia de Estudos- CSNU

O Comitê: Funcionamento do Conselho de Segurança

O CSNU teve sua primeira reunião no dia 17 de julho de 1947. A

principal função de conselho é a manutenção da paz e da segurança

internacionais no Conselho de Segurança, que pode reunir sempre que a paz

está ameaçada. (ONU, 2013)

O conselho de segurança das nações unidas é formado por 15 países,

sendo 5 permanentes (EUA, China, URSS, Reino Unido e França) e 10

membros rotativos que na ocasião serão (Mali, Nigéria, Argentina, Brasil,

Bulgária, Canadá, Dinamarca, Etiópia, Índia, Japão). A escolha desses

membros não permanentes é feita pela Assembléia Geral das Nações Unidas,

sem direito de reeleição, e utilizando como critério de escolha a contribuição

efetiva dos países para o processo de paz e segurança internacional, bem

como da preservação dos princípios da Carta das Nações Unidas. (ONU, 2013)

O conselho tem o caráter decisório dentro das Nações Unidas, ou seja,

os membros das nações unidas devem aceitar e cumprir todas as decisões

tomadas no âmbito do conselho. Deve-se ressaltar que, de acordo a Carta das

Nações unidas, o Conselho de Segurança determina a criação, continuação e

encerramento das Missões de Paz, investiga toda situação que possa vir a se

transformar em um conflito internacional, recomenda métodos de diálogo entre

os países, elabora planos de regulamentação de armamentos, determina se

existe uma ameaça para a paz, solicita aos países que apliquem sanções

econômicas e outras medidas para impedir ou deter alguma agressão,

recomenda o ingresso de novos membros na ONU, bem como, recomenda

para a Assembleia Geral a eleição de um novo Secretário-Geral das Nações

Unidas.

Page 5: Guia de Estudos- CSNU

Introdução

Esse artigo objetiva, principalmente, esclarecer as origens e aspectos

importantes do famigerado conflito Palestino anteriores à Guerra dos Seis Dias.

Para tal, vê-se necessária a definição de alguns termos-chave, como sionismo

e anti-semitismo, tanto como o conhecimento histórico-geográfico da região.

Ele parte dos acontecimentos relacionados ao tema desde o final do

século XIX e se estende até a análise dos eventos que antecederam a Guerra

dos Seis Dias, em 1967, e os posicionamentos de alguns países com relação a

questão. A Guerra dos Seis Dias é um marco para a história do Oriente Médio,

não só pela dimensão do confronto, como por seus resultados: Israel, antes

uma faixa de terra com fronteiras de dificílima defesa cercada por inimigos

Árabes hostis, transformou-se em uma potência local com o dobro de seu

território de seis dias antes. (ALONI, 2001)

Mais do que isso, é um ponto chave para compreender-se os grandes

problemas da área que repercutem até a atualidade, como os refugiados

Palestinos, a dificuldade de entendimento nas negociações e os grupos

extremistas de ambos os lados.

É possível acompanhar as relações conflituosas entre judeus e árabes

na região da Palestina por várias décadas, entretanto, a questão apenas

ganhou atenção internacional com as recomendações da ONU para divisão da

Palestina e criação do Estado de Israel, após a Segunda Grande Guerra. Com

segurança, pode-se afirmar a importância do Holocausto nesse processo,

trazendo um apelo emocional a causa dos refugiados judeus dos campos de

concentração.

Ambas as partes possuem seus argumentos históricos e religiosos que

os legitimam habitantes do local, cada qual com maior aceitação em sua

própria cultura e nenhum apresentando resposta clara sobre qual povo se

instalou primeiro. Os movimentos sionistas judeus veem-se no direito de

retornar a terra prometida por Deus, a qual foram obrigados a deixar, não

Page 6: Guia de Estudos- CSNU

considerando a possibilidade de formação de seu Estado em uma área menos

crítica. Já os Árabes palestinos consideram-se no direito de habitar o local do

qual nunca saíram, berço do seu profeta Maomé e da sua religião islâmica.

Para alguns árabes, a imigração judaica também representa uma nova forma

de imperialismo ocidental, feito por meio do povoamento com colonos judeus

advindos, principalmente, da Europa. (SCALERCIO, 2003)

Não se pode deixar de pensar, também, no contexto global da época,

sendo, em alguns momentos, crucial e fomentador dos conflitos. Em um

contexto de descolonização do chamado ''Terceiro Mundo" e de Guerra Fria, as

potências, direta ou indiretamente, financiaram a obtenção de armamentos de

guerra para ambos os lados. As pressões sociais e econômicas fizeram os

anteriormente prósperos impérios coloniais permitirem a independência dos

países árabes, lentamente retirando suas tropas. A disputa dos blocos

ideologicamente opostos por aliados favoreceu alguns líderes que souberam se

aproveitar da situação, como Nasser no Egito. (KEYLOR, 2009)

A maior parte dos Estados árabes buscavam uma política de

alinhamento com os Estados Unidos ou a Grã-Bretanha, ou de neutralidade,

que comumente resultava em acordos para obtenção de armas soviéticas. À

parte das animosidades de qualquer outra espécie, Jordânia, Egito e Síria

sempre foram considerados aliados contra Israel. (SMITH, 2009)

Outro aspecto a se ressaltar foi uso da violência como meio para atingir

interesses. Para Israel, o recurso militar sempre foi imprescindível a sua

sobrevivência. Muito antes da oficialização do Estado, as lideranças dos grupos

judeus já buscavam armamentos, considerando o confronto armado inevitável,

e planejando os melhores modos de superar suas desvantagens. Os sucessos

militares dos grupos judeus produziram uma crença de superioridades que

atrapalhou as negociações pacíficas. E também levou os esforços árabes, após

as derrotas, a substituírem as estratégias de guerra convencionais pela

guerrilha. Assim, eles chamaram atenção para sua causa com ações mais

tarde classificadas como terrorismo, pois "tudo era um alvo no território

inimigo". Tais atos levam à retaliações israelenses e, consequentemente, à

Page 7: Guia de Estudos- CSNU

instabilidade e dificuldade no estabelecimento da paz até hoje. (SCALERCIO,

2003)

Judeus e árabes não são inimigos mortais, condenados a conviver em

eterno conflito. Os principais empecilhos à estabilização da região são os

grupos extremistas, especialmente, quando esses atingem a esfera estatal:

"O problema não é religioso ou a religião, pois o homem é um ser que

busca e necessita algo transcendental, e sim a utilização que alguns

radicais político-religiosos fazem do Estado teocrático para seus próprios

fins." (COSTA, 2002).

Tendo essas questões em vista, é importante nos perguntarmos que tipo de

condições são necessárias para a resolver um conflito com tal nível de

abstração. Isso é, um conflito que envolve as noções de nação, nacionalismo,

etnia, religião e cultura, definição de Estado, independência estatal e até que

ponto esse denominado Estado é capaz de fornecer segurança, entre outras.

Buscar o entendimento profundo desses pontos configura o primeiro passo

para a real evolução no processo de paz na Palestina.

Page 8: Guia de Estudos- CSNU

Cronologia

Final do século XIX: Fundação do movimento sionista.

Até a Primeira Guerra Mundial: a região da Palestina faz parte do Império

Turco-Otomano.

Pós queda do Império Turco-Otomano: Palestina torna-se parte do Império

Britânico.

1917, Novembro: Declaração Balfour favorecendo o movimento sionista.

1922: Independência do Egito.

1936-1939: Revolta na Palestina.

1947: Grã-Bretanha anuncia sua retirada da Palestina.

1947, Novembro: A Assembleia Geral da ONU adota o Plano de Divisão da

Palestina

1948, Maio: Proclamação do Estado de Israel. As tropas britânicas deixam a

região. Os exércitos dos Estados árabes entram na Palestina.

1948: Transjordânia se torna o Reino Hashemita da Jordânia.

1948-49: Guerra na Palestina, terminando na vitória de Israel e abrindo

caminho para armistícios com os países árabes.

1949, Maio: Israel se torna membro da ONU.

1949, Dezembro: Adoção da Resolução 194, garantindo o direito de retorno

aos refugiados palestinos.

1950, Abril: Egito anexa a Faixa de Gaza.

1954: Grã-Bretanha aceita ceder o controle do Canal de Suez ao Egito,

retirando suas tropas em 1956.

1955: Egito assina acordo para obtenção de armas soviéticas.

1956, Julho: Nacionalização do Canal de Suez.

1956, Outubro-Novembro: Israel, França e Grã-Bretanha atacam o Egito.

1958, Fevereiro: Egito e Síria formam a República Árabe Unida.

1959: Fundação do al-Fatah, no Kuwait.

1961: Síria declara independência da República Árabe.

1964, Janeiro: Reunião da Liga Árabe, no Cairo.

1964, Maio: Criação da OLP.

1965: Primeira ação militar do al-Fatah contra Israel.

Page 9: Guia de Estudos- CSNU

1967, Maio: As forças da ONU deixam a Península do Sinai e Egito

posiciona seus exércitos contra Israel, bloqueando o Estreito de Tiran.

1967, Junho: Israel ataca Egito, Síria e Jordânia. Nos seis dias

consecutivos, a guerra garantiu a Israel os seguintes territórios: Faixa de

Gaza, região do Sinai, Colinas de Golã e Cisjordânia.

1967, Novembro: O Conselho de Segurança adota a resolução 242.

Fonte: BBC News, 2013.

Page 10: Guia de Estudos- CSNU

Histórico do conflito

>Pré 1º Guerra Mundial

Durante a Idade Média os judeus e os árabes não eram inimigos como

são hoje. Somente após o movimento sionista essa situação se alterou, e isso

pode ser visto no trecho do livro “Colheita Amarga” de Sami Hadwai, “(Durante

a Idade Média) as cidades árabes da África do Norte e do Oriente Próximo

foram lugares que deram asilo e refúgio para os judeus (perseguidos) na

Espanha e em outras partes. Na Terra Santa... (os palestinos e a minoria

judaica) viveram juntos em harmonia, uma harmonia que só se deteriorou (no

final do século XIX) quando os sionistas começaram a afirmar que a Palestina

era uma possessão ‘justa' (e exclusiva) do ‘povo judeu', excluindo seus

habitantes muçulmanos e cristãos.” (HADWAI, 2013)

O Sionismo foi o grande precursor para os conflitos árabes-israelenses e

pode ser definido como o direito auto afirmado pelos judeus de retornar a seu

lar nacional. No fim do século XIX, esse movimento surge novamente na

Europa, difundido principalmente pela burguesia judaica e motivado pelo

crescente anti-semitismo:

"Fontette pontua que a segregação acentuada dos judeus na

Europa é caracterizada pelos sinais de humilhação como a “rodela” ou

outro distintivo que eram obrigados a usar na roupa, em vários

momentos da história. Também se fazia notar nas práticas de escárnio

público a que eram impostos. A segregação também aparece nas

expulsões parciais e temporárias com o objetivo de sangrias fiscais ou

nas tentativas de expulsões definitivas e globais, como as ocorridas na

França, na Inglaterra e na Espanha. A formação dos guetos, bairros

onde se concentravam os judeus, é outro exemplo dessa segregação.

[...] As teorias do Racismo, Darwinismo Social com Gobineau, H.S.

Chamberlain, Wagner que, ao estabelecerem uma hierarquização rígida

de raças, embasaram este tipo de anti-semitismo característico do

nazismo." (PILATI, e PIRES, 2013)

Page 11: Guia de Estudos- CSNU

Um erro cometido pelo movimento sionista, apontado por Márcio

Scalercio, foi que seus líderes se preocupavam na maioria das vezes somente

com as entidades britânicas na Palestina. Eles ignoraram o povo que habitava

aquela região mesmo com o alerta de que as populações árabes que viviam ali

não aceitariam passivamente abrir mão de uma parte de seu território para o

povo judeu recém-chegado. (SCALERCIO, 2013)

O agravamento da questão palestina também acontece devido à estima

das potências imperialistas na segunda metade do século XIX, sobretudo da

Inglaterra. Segundo Salem, a Inglaterra usou a velha estratégia de “dividir para

reinar”. Inicialmente, ela apoiava a imigração de judeus para a palestina e

diminuía esse apoio quando as tenções entre os árabes e os sionistas atingiam

níveis elevados. (SALEM, 2013)

>1º Guerra Mundial

A análise da política, interna e internacional, de uma região submetida a

dominação internacional, é evidentemente tentador atribuir tudo a forças

externas. Muitos dos debates da história moderna do Oriente Médio são devido

às preções externas, como por exemplo, as promessas contraditórias feitas

pelo Reino Unido durante a 1ª guerra mundial. Durante a primeira guerra

mundial houve planos para a partilha do oriente médio. O Reino Unido liderou

três diferentes negociações sobre a partilha do Oriente Médio, em 1915 o alto

comissário do reino unido no Egito Henry McMahon e o Sharif de Meca

Hussein ibn Ali pertencente à família Hashemite negociaram os termos para

uma revolta árabe contra as regras estabelecidas pelo império Otomano. Em

troca pela abertura dessa frente de oposição interna contra os Otomanos,

Hussein solicitou o apoio do Reino Unido para um imenso império árabe, que

se estenderia de Mersin e Adana até a pérsia no norte, ao golfo pérsico, o

oceano índico, o mar vermelho, e o mediterrâneo, excluindo apenas a colônia

Britânica de Aden. Em sua famosa carta de 24 de Outubro de 1915, McMahon

respondeu com a aceitação britânica a essas fronteiras, com a exclusão dos 2

distritos de Mersina e Alexandretta e partes da Síria situadas a oeste dos

distritos de Damasco, Homs, Hama e Alepo. Com isso Sharif Hussein iniciou a

revolta árabe em julho de 1916. (ROGAN, 2013)

Page 12: Guia de Estudos- CSNU

Enquanto os representantes britânicos em Cairo negociavam com o

Sharif Hussein, o escritório de relações exteriores do reino unido iniciou

negociações com o ministério de relações exteriores francês para um acordo

de posicionamento pós-guerra para partilha dos domínios Otomanos. O acordo,

conhecido pelo nome das autoridades francesas e britânicas em questão, Mark

Sykes e Charles François Georges-Picot, foi aprovado em 4 de fevereiro de

1916 e ganhou apoio Russo em Março de 1916 em troca do apoio anglo-

francês às demandas territoriais russas na Anatólia oriental. (ROGAN, 2013)

Em 2 de novembro de 1917, o governo britânico deu apoio formal às

aspirações da Organização para estabelecer um estado judeu na palestina. A

declaração de Balfour, transmitida em uma carta do ministro das relações

exteriores Arthur James Balfour para o Lorde Rothschild, confirmando o apoio

britânico para o estabelecimento do lar judeu na palestina. A declaração de

Balfour entrou em conflito tanto com a promessa para Sharif Houssein como

com o acordo de Sykes-Picot, e futuramente e complicou ainda mais a solução

do pós-guerra em Versalhes. (ROGAN, 2013)

> Período Entre Guerras

Page 13: Guia de Estudos- CSNU

Discussões sobre o período pós 1918 envolvem, como sempre, escolhas

analíticas; a escolha é sobre como as forças internacionais operam; o quão

longe esses fatores são para a região, até que ponto são estados regionais, o

quanto outros processos, internos e transnacionais, determinam o curso dos

eventos. (HALLIDAY, 2013)

Foi na I Guerra Mundial que acabou o longo desmembramento do

império Otomano que fundou o sistema de Estados moderno. Após a I Guerra

Mundial, com essa desintegração formaram-se os seguintes Estados: Líbano,

Síria, Iraque, Transjordânia e a Palestina. (HALLIDAY, 2013)

Nos quatro anos seguintes à retirada otomana de terras árabes, o mapa

do Oriente Médio moderno foi desenhado. O fracasso dos partidos árabes para

Page 14: Guia de Estudos- CSNU

alcançar seus objetivos nacionais em Versalhes revela a fraqueza de sua

posição de barganha na disputa interesses imperial europeus. Dada essa

gênese um pouco comprometida, é ainda mais notável o quão duradoura das

fronteiras do Oriente Médio se provaram. (ROGAN, 2013)

O Oriente Médio que emergiu das negociações do pós-guerra era quase

exclusivamente uma prerrogativa anglo-francês. Argélia era uma colônia

francesa, Marrocos e Tunísia protetorados, e Síria e Líbano foram mantidas

com mandatos da Liga das Nações. Egito ganhou Independência nominal em

1922, mas continuou sob a influência britânica durante todo um tratado

restritivo. Sudão foi como um "condomínio" governado conjuntamente pela Grã-

Bretanha e Egito. Aden, ou Iêmen do Sul, era uma colônia britânica, a

Palestina, a Transjordânia, e Iraque foram mantidos como mandatos, e os

interesses da Grã-Bretanha no Golfo Pérsio foram confirmadas através de

acordos contratuais com as famílias então vigente no Kuwait, Bahrain, Qatar e

os sheikhdoms conhecido como os estados da Trégua nos tratados

antipirataria, ou "tréguas" assinado entre eles e o Reino Unido. (ROGAN. 2013)

Page 15: Guia de Estudos- CSNU

Três estados no que hoje é chamado no Oriente Médio escaparam de

alguma forma da dominação colonial: a Turquia, o Irã e a Arábia Saudita. Para

o resto do Oriente Médio, o período entre guerras foi um período de auto

definição nacional dentro dos limites dos novos estados, e uma batalha para a

autodeterminação contra os poderes coloniais. Neste, o Oriente se identifica

com experiências comuns com aquelas partes da Ásia e da África que surgiram

na comunidade das nações através imperialismo europeu no período entre

guerras. A diferença é que no Oriente Médio foi o apelo duradouro de uma

identidade supranacional baseada em uma série de grandes nações árabes

que transcendem as fronteiras coloniais. (ROGAN, 2013)

>Segunda Guerra Mundial

Na sua promoção “da”, ou talvez “de uma” revolta árabe, no seu impacto

na península arábica e, sobretudo trazendo a tona o fim do império Otomano, a

primeira guerra mundial assentou os fundamento do Oriente Médio moderno.

No entanto, a segunda guerra mundial, mesmo com um grau menor de

influência direta e no médio prazo sobre a região teve, todavia um grande papel

transformador. Em contraste com a 1ª guerra mundial as áreas centrais do

Oriente Médio não foram diretamente envolvidas nos combates: apenas o norte

da áfrica, onde forças italianas e alemãs de um lado, e as forças aliadas de

outro, se enfrentaram entre 1939 e 1943, foi um teatro direto da guerra. Mesmo

lá, a participação dos exércitos locais e de forças policiais foi mínima. No Irã a

ocupação britânica e russa começou em agosto de 1941 e acabou em 1946. O

apoio soviético às regiões autônomas do Azerbaijão e do Curdistão foi mal

sucedida. Com a exceção da partição da palestina entre judeus e árabes no

imediato pós guerra, o mapa político da região permaneceu inalterado.

(HALLIDAY, 2013)

Não obstante o isolamento comparativo do Oriente Médio do contexto

global, a campanha anti-eixo contrastou com a outra, de mudanças dramáticas

nas políticas internacionais e internas da região durante o começo dos anos de

1940. Em primeiro lugar a segunda guerra mundial acelerou como fez por todo

o mundo o fim dos regimes imperiais francês e britânico. Durante a guerra o

domínio britânico foi questionado mas todas as ameaças foram suprimidas,

Page 16: Guia de Estudos- CSNU

tanto na revolta militar nacionalista no Iraque em 1941 liderada por Rashid Alid

Gaylani quanto na resistência do governo egípcio em 1940 e 1942. Embora o

poder britânico e a sua presença militar no Egito e em outros lugares tenham

aumentado durante a guerra por razões estratégicas isso marcou antes o

último suspiro antes da retirada desmoralizada do que o restabelecimento do

poder colonial duradouro. Para alguns o Reino Unido permaneceu nas suas

colônias árabes e a Franças no norte da África. Havia também a questão não

resolvida do controle britânico sobre a zona do canal de Suez no Egito da qual

Londres não se retirou até 1954. Embora uma independência formal tenha

acontecido, a independência real dos principais Estados árabes foi

definitivamente acelerada pela guerra mundial, pelo crescimento constante do

nacionalismo árabe e pelo acirramento do clima anti colonial global com o qual

a URSS contribuiria. (HALLIDAY, 2013)

Entre 1936-1939 houve uma grande insurreição palestina. Foi uma

poderosa revolta anticolonial e anti-sionista que necessitou a metade dos

efetivos do exército britânico para ser sufocada. Além dos seis meses de greve

geral da população palestina, esta foi combinada com processos de

desobediência civil. Quando os ‘notáveis' palestinos que a dirigiam (o clã dos

Housseim) abandonaram a luta, esta se manteve em forma de resistência

guerrilheira no campo. (A NOVA DEMOCRACIA, 2013)

A falta de engajamento britânica foi mais evidente no seu território mais

controverso no Oriente Médio, a Palestina, no fim da década de 30 a política

britânica oscilou entre favorecer a partição da palestina em zona judia e uma

zona árabe (em Peel Commission Report, 1937) e divisar uma Palestina

independente com uma maioria árabe dentro de 10 anos (White paper, 1939).

A mudança para o último posicionamento foi o desejo de prevenir que a

Alemanha e a Itália mobilizassem a opinião árabe contra o Reino Unido e os

seus aliados na segunda guerra mundial. Com o fim da guerra a balança

mudou dramaticamente na outra direção: Conhecimento atrasado do destino

da população judia dos territórios europeus ocupados pelos nazistas, o grande

envolvimento dos EUA e da URSS em favor do sionismo, o aparecimento de

uma campanha de guerrilha judia contra as forças britânicas em 1946, e a

preocupação geral britânica com seu império depois do fim da guerra levou ao

Page 17: Guia de Estudos- CSNU

anúncio de Londres feito em 1947 que toda e qualquer presença na palestina

seria retirada sem que fossem feitos arranjos para a configuração política

subseqüente. (HALLIDAY, 2013)

Conflitos intra-regionais e aspirações diversas que viriam a ser

alimentadas pela guerra fria, e que remontavam desde o fim do império

otomano até a emergência do estado de Israel, assentaram os fundamentos

para episódios futuros. Essa influência era tão evidente na dimensão interna do

estado da sociedade e da economia quanto nas relações inter-estatais. De

1940 em diante a guerra fria foi conduzida dentro de um contexto estratégico,

ideológico e econômico e foi determinada no tocante ao Oriente Médio a partir

de fora. No entanto nem o leste nem o oeste se encontraram em condições de

decisivamente influenciar seus aliados – sejam eles árabes, israelenses, turcos

ou iranianos. O impacto da guerra fria foi, em grande medida moldar os

estados e as sociedades que já estavam estabelecidos na região. (HALLIDAY,

2013)

>1948: A divisão da Palestina e A Guerra da Independência de Israel

Embora esse guia se ocupe de um determinado período de tempo, é

possível rastrear evidências de anti-semitismo até mesmo em tempos

anteriores ao Império Romano, tomando como anti-semitismo o preconceito,

exclusão e perseguição do povo judeu. É interessante, porém, analisar que

tanto árabes quando judeus tem origem semita. E, de fato, o povo árabe não foi

também vítima de preconceito, exclusão e perseguição ocidental nos últimos

séculos? Bom, nesse momento, nos cabe identificar o período do Holocausto

como o ápice do anti-semitismo racial judeu e enquadrá-lo como motivador da

criação do Estado de Israel em 1948, pois foi a partir desse período que a

questão ganha a atenção das potências e o conflito judeu-palestino ganha

notoriedade internacional. (PILATI & PIRES, 2013)

"O fundamentalismo judaico e palestino que tanto emperram as

negociações de paz perde consistência ao se deparar com bases

originais comuns” (ROCHA, 2004)

Page 18: Guia de Estudos- CSNU

Uma das mais problemáticas heranças da Segunda Guerra Mundial foi o

grande número de refugiados dos campos de concentração, especialmente, de

origem judia. E a comunidade internacional julgou uma compensação justa

apoiar a criação de um Estado para esse povo, que já o ansiava à décadas.

Assim, discussões no âmbito da recém formada Organização das Nações

Unidas culminaram em uma resolução com uma proposta de partilha da

Palestina.

Essa resolução propunha que 53% do território Palestino fosse

destinado ao futuro Estado judaico e 47% ao Estado independente da

Palestina. Embora o espaço destinado aos judeus fosse maior, as três faixas

territoriais Palestinas ofereciam algumas vantagens compensatórias, como o

terreno altamente fértil da Cisjordânia. A resolução também propunha a

internacionalização da cidade de Jerusalém, cidade santa para as três maiores

religiões do mundo: o Islã, o Judaísmo e o Cristianismo. (KEYLOR, 2009)

Porém, a resolução proposta não agradou ninguém. Os árabes vivendo

na região da Palestina, na época, ultrapassavam o número de judeus em mais

de duas vezes.

"Duas forças aspiravam substituir a autoridade soberana britânica na

área. A primeira eram os aproximadamente 1,3 milhões de habitantes

árabes, apoiados [...] pelos Estados vizinhos do Egito, Síria, Líbano,

Iraque e Transjordânia (mais tarde chamada Jordânia), que exigiam uma

Palestina independente e sob seu próprio controle. A segunda eram os

600 mil judeus que imigraram para Palestina da Rússia e do Leste

Europeu em cinco grandes fluxos de 1882 à 1930, alguns em um retorno

sentimental às terras de seus (ancestrais) bíblicos, outros para escapar

da perseguição anti-semita em seus países de origem." (KEYLOR, 2009)

A divisão também foi de encontro com os interesses expansionistas dos

países árabes nos arredores. A faixa de Gaza fazia parte do Egito. Jordânia

queria a Cisjordânia. Além disso, ela oferecia aos judeus fronteiras muito

difíceis de defender, com grande desvantagem estratégica, e as lideranças dos

grupos radicais exigiam Jerusalém como capital de seu futuro Estado. A

aceitação formal das recomendações da ONU configurava uma estratégia de

Page 19: Guia de Estudos- CSNU

David Ben Gurion, líder do movimento sionista, para que houvesse a criação do

Estado de Israel e sua imagem internacional frente à recusa árabe fosse

favorecida. (SCARLECIO, 2003)

Então, em maio de 1948, um dia antes da programada retirada dos

exércitos britânicos, Ben Gurion anuncia e formaliza o nascimento do Estado

de Israel. Enquanto isso, o Egito, a TransJordânia e a Síria mobilizam suas

tropas para quase concomitantemente invadir a Palestina, dando início ao que

ficou conhecido como Guerra da Independência de Israel. É importante

informar que a Trasjordânia, na ocasião, tinha interesses expansionistas contra

o território Palestino tanto quanto Israel e esperava dividi-lo com o novo

Estado. Entretanto, a vitória israelense marcou a primeira de várias

experiências as quais demonstrariam sua superioridade militar e a desunião e

desorganização das investidas árabes. (SMITH, 2009)

A partir dessa derrota, vários armistícios foram firmados entre Israel e os

países árabes durante 1949, mas o sentimento de revanchismo por Israel

permaneceu, assim como várias guerrilhas nas novas fronteiras israelenses a

serem consolidadas. O território de Israel aumentou em um quinto em relação a

área designada pela ONU em 1948, enquanto sua população alcançava a casa

dos milhões no início dos anos 50. Também, em 1950, Reino Unido, França e

Estados Unidos assinaram uma declaração se comprometendo a promover a

paz e estabilidade na região por meio do balanceamento de força militar de

Israel e dos países Árabes, para que nenhum pudesse derrotar o outro.

(KEYLOR, 2009)

>1950-1956: Novas motivações para um velho conflito

Quando o jovem coronel Gamal Abd as-Nasser assume o poder no Egito

em 1952, começa a tomar várias medidas para o fortalecimento do país. Sua

política da não alinhamento na Guerra Fria possibilitou que, inicialmente,

pudesse manipular as grandes potências para ganhar auxílio militar e

econômica, em especial, empréstimos para a construção de um barreira de

águas para irrigação. Nasser também se tornou o principal defensor dos

refugiados Palestinos, defendendo seu direito de retorno às suas casas em

diversos discursos exasperados.Outros pontos importantes de sua política

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externa foram o apoio aos rebeldes na Argélia contra o ainda vigente

imperialismo francês e às guerrilhas que eclodiam nas fronteiras árabes-

israelenses, inclusive, na Faixa de Gaza, anexada pelo Egito após a Guerra da

Independência. Com essas atitudes, Nasser começa a construir sua má

reputação com os países do Ocidente. (KEYLOR, 2009)

Em 1954, Nasser conseguiu negociar com o Reino Unido a retirada das

forças militares britânicas da Zona do Canal de Suez até 1956, permitindo a

retomada do controle egípcio sob a Península do Sinai, que faz fronteira com

Israel e terminando o mandato britânico no Oriente Médio, contanto que o Egito

garantisse a liberdade de navegação pelo Canal. E logo em 1955, também

negociou com a União Soviética um pacto para obtenção de armas, alarmando

Israel. As tensões aumentaram ainda mais quando, em 1956, os Estados

Unidos e o Reino Unido se recusam a financiar a construção da Barreira de

Aswan, e o Egito responde com a nacionalização do Canal de Suez. (SMITH,

2009)

A nacionalização da Companhia que controlava o Canal estava de

acordo com as normas do Direito Internacional, entretanto, a maior parte dos

investidores, britânicos e franceses, não ficaram nada satisfeitos. Também

existia enorme insatisfação por parte dos israelenses com o impedimento de

trânsito de navios destinas a Israel por Suez e pelo Estreito de Tiran imposto

por Nasser. (KEYLOR, 2009)

>Crise de Suez

Assim, em outubro de 1956, França, Reino Unido e Israel se aliaram

contra o Egito, por diferentes razões, configurando a Guerra de Suez.

Enquanto Israel buscava restaurar sua saída marítimo e acabar com pontos

estratégicos da liderança das guerrilhas em território egípcio, Durante os

meses anteriores, acordos secretos entre esses países teriam sido discutidos

para lidar com as ações de Nasser. Como um ataque não justificado por parte

da França e do Reino Unidos levariam a indisposição dos países árabes contra

eles e desaprovação da comunidade internacional, o plano traçado foi: Israel

lançaria um ataque surpresa à Península do Sinai, enquanto as potências

anunciariam um ultimato de invasão caso a guerra não parasse. Israel aceitaria

Page 21: Guia de Estudos- CSNU

o ultimato, legitimando as bombas europeias. A conspiração falhou. Quando as

tropas britânicas e francesas começaram a invasão, as ofensivas israelenses e

egípcias já haviam cessado, revelando suas verdadeiras intenções de depor

Nasser. Quando franceses e britânicos conseguiram assegurar o controle de

metade do Canal de Suez, seu poder já era muito escasso para uma

negociação. Com a desaprovação americana, os exércitos europeus retornam

e as Forças de Emergência da ONU (UNEF) chegaram para supervisionar o

cessar-fogo. Israel concordou abandonar a ocupação contanto que o Egito

concordasse com a presença das força da ONU na Faixa de Gaza e em parte

do Canal, garantindo sua passagem marítima. (KEYLOR, 2009)

>1967: Prelúdio à Guerra dos Seis Dias

Em contraste com a Crise de Suez, as preliminares para Guerra de 1967

envolveram conflitos de interesses entre os países Árabes. Embora

concordassem na defesa dos mais de dois milhões de Palestinos sem Estado,

muitos refugiados em seus territórios, aos quais Israel Israel negava direito de

retorno, seu suporte não foi uni direcionado conforme diferentes facções de

lideranças Palestinas foram emergindo. (KEYLOR, 2009)

Como um reflexo da crescente ideologia do Pan-arabismo, que pregava

a união de todo o mundo árabe sob uma única autoridade política, Síria e Egito

se juntam politicamente, formando a República Árabe Unida. Desavenças entre

os dois fazem com que a Síria deixe a aliança em 1961, não obstante, o Egito

só abandona o nome dez anos depois. (DEUTSCHE WELLE)

Enquanto a Síria buscava uma atuação militar mais enfática contra

Israel, devido aos seus desentendimentos na questão do aproveitamento

hídrico do Rio Jordão no início dos anos 60, o Egito permanecia sem investidas

por conta das forças da UNEF estacionadas na região do Sinai desde 1956.

Desse modo, a Síria começou a acusar Nasser de desinteresse pela causa

Palestina e de estar se escondendo por trás das tropas da ONU. Na reunião da

Liga Árabe, em 1964, convocada para resolver as desavenças entre Egito e

Síria, o Egito apoiou a criação de uma organização oficial para representar os

Palestinos: a OLP (Organização da Libertação da Palestina). (SMITH, 2009)

Page 22: Guia de Estudos- CSNU

O primeiro líder da Organização era muito próximo de Nasser, portanto o

Egito tinha influência para restringir provocações dos Palestinos que o

arrastariam a um confronto prematuro com o Estado judeu. Com o governo

Sírio procurava confrontar Israel, seu apoio foi direcionado para uma

organização de estudantes Palestina, incluindo Yasser Arafat, al-Fatah. Criada

no Kuwait, em 1959, e a al-Fatah promovia incursões contra Israel a partir da

Cisjordânia e da Faixa de Gaza desde 1965. (KEYLOR, 2009)

Em maio de 1967, uma série de eventos podem ser identificados como

principais motivadores da guerra: as ameaças israelenses de retaliações contra

a Síria, levaram a União Soviética a falsamente avisar Nasser da presença

militar israelense maciça na fronteira com a Síria. Com alianças de defesa

mútua já firmadas com a Jordânia e a Síria, o comandante egípcio, então,

exigiu a retirada das tropas da UNEF e reposicionou suas tropas Península do

Sinai, novamente bloqueando o Estreito de Tiran para os navios direcionados a

Israel. Essa provocações culminaram, no dia 5 de junho, em um ataque

surpresa de Israel ao Egito. Com a entrada da Jordânia e da Síria na Guerra

dos Seis Dias, Israel anexou territórios dos três Estados, incluindo Jerusalém.

Desde então, as consequências de 1967 tem determinado os rumos das

negociações do conflito árabe-israelense. (SMITH, 2009)

Page 23: Guia de Estudos- CSNU

Fonte: JACOBS, 2012

Page 24: Guia de Estudos- CSNU

Posicionamentos

Argentina

A Argentina em 1967 passava por um regime militar, que começou em 1962.

Esse regime tinha grande apoio dos EUA, e segundo vários autores e

jornalistas foi financiado por esse país, portanto a política externa desse país

tende a se aproximar com a norte-americana, que se caracteriza pelo apoio à

Israel nos conflitos com os árabes

Brasil

Assim como a argentina, o Brasil também passava por um regime militar, cujo

golpe ocorreu em 1964. O regime militar que se instaurou no Brasil se

assemelha muito com os demais que ocorreram na América Latina, inclusive,

pois ele foi financiado e apoiado massivamente pelos EUA para evitar a

propagação do comunismo nas Américas, haja vista as política de Jânio

Quadros e João Goulart. Portanto devido aos acontecimentos, e a grande

afinidade do governo brasileiro com o norte-americano. O posicionamento do

Brasil em relação ao tema discutido é bastante semelhante ao dos EUA, que

defendiam Israel nos conflitos com os árabes.

Bulgária

Após o fim da segunda guerra mundial, a Bulgária se tornou uma república

popular, portanto esse país se tornou um grande aliado da URSS, e também

devido a proximidade com ela, a influência que o país soviético tinha era maior

ainda. Assim, devido à essa inclinação política, a Bulgária tinha uma política

externa muito parecida com a soviética e as reivindicações árabes tinham o

apoio búlgaro.

Canadá

Apesar de ser vizinho dos EUA e ter diversos acordos políticos-econômicos

com este, o Canadá não defendia nenhum lado do conflito, tanto é que ele

criticou fortemente a resolução da ONU que retirou as tropas que mantinham a

Page 25: Guia de Estudos- CSNU

paz no canal de Suez. Portanto esse país defendia a resolução do conflito por

meios pacíficos.

China

A China nessa época era representada no Conselho de Segurança pela

República da China (Tawian), que era inclinada aos interesses norte-

americanos, e também recebia auxílio político desse país, pois vivia em conflito

com a República Popular da China que fazia parte do bloco soviético, para

representar a China no cenário internacional. Dessa forma, a China tem uma

política externa pró Israel.

Dinamarca

Esse país é historicamente conhecido pela sua neutralidade em relações à

conflitos no cenário internacional, e defende a resolução dos conflitos no

Oriente Médio por meio da diplomacia.

Estados Unidos da América

Deve-se lembrar que o mundo nessa época estava inserido na Guerra Fria, e

os EUA buscavam cada vez mais a propagação das suas redes de domínio. No

período que se estendeu do fim da primeira guerra mundial até o fim da

segunda guerra, o nacionalismo no Oriente Médio se tornou cada vez mais

forte, e a cada vez mais figuras como Nasser, no Egito, surgiam. Os norte-

americanos viam Israel como um canal para ter seus interesses representados

no Oriente Médio. Por isso, o apoio às reivindicações israelenses era maciço.

Etiópia

O país era um Império, que teve a sua independência em 1941 com um apoio

do Reino Unido, portanto a política externa desse país terá uma grande

semelhança com a britânica.

França

Presidida por Charles de Gaulle, a República da França, tinha uma política

antiamericana como dominante, e também uma diretriz forte de apoio aos

Page 26: Guia de Estudos- CSNU

países árabes. Por consequência, ela tinha poucas afinidades com as

reivindicações israelenses.

Israel

Criado em 1947, o Estado de Israel reivindicava o direito do povo judeu de se

estabelecer na terra que foi destinada à eles por Deus. O país acredita que

sem se proteger militarmente das pressões dos países árabes é impossível que

o estado israelense continue existindo.

Índia

A Índia enfrenta um histórico conflito com o seu vizinho Paquistão pelo domínio

da região da Caxemira, e por essa região ter uma população árabe significante,

é inviável para ela se indispor com essa população. Mas a Índia tem em seu

histórico a relação cordial com os outros países do cenário internacional, tanto

é que ela teve grande importância no Movimento não alinhado. Portanto, o país

tentará ser neutro em relação aos conflitos, mas vai ter uma tendência aos

interesses árabes devido às questões geopolíticas.

Japão

Após a segunda guerra, o Japão estava devastado. Com plano Colombo, feito

pelos EUA, o país foi capaz de se reerguer economicamente e politicamente, e

devido a essa ajuda dos EUA o Japão tornou-se um grande aliado. Assim, o

Japão tem uma política pró Israel.

Jordânia

Em 1967 a Jordânia assinou um tratado de defesa mútua com o Egito

(República Árabe Unida), e se dispôs a lutar conjuntamente com o restante dos

países árabes do Oriente Médio pelos interesses da Palestina. Apesar de ser o

menos radical dos países árabes envolvidos no conflito, a Jordânia acredita

que Israel é um obstáculo à justiça na região.

Mali

Madibo Keita, chefe de governo da Federação do Mali até a sua dissolução, foi

eleito democraticamente o primeiro presidente do Mali. Após isso, o país viu se

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estabelecer um uni partidarismo e se tornou socialista, estabelecendo fortes

laços políticos com a URSS. Desse modo, como os soviético, o Mali tem mais

afinidade com os países árabes.

Nigéria

Em 1966, a Nigéria sofrer dois golpes de estado sucessivos, assim

estabelecendo uma ditadura no país e, em 1967, os igbos, o grupo dominante

na região leste do país, declararam independência como a República de Biafra.

Esse acontecimento levou a uma sangrenta guerra civil no país. A Nigéria

recebeu apoio da URSS para lidar com esses acontecimentos, assim ela se

alinhou ao bloco socialista, buscando uma política externa similar.

Reino Unido

O Oriente Médio representa uma área de grande interesse para o Reino Unido,

que tem grande domínios naquela região desde o final do século XIX. O país

foi um dos grandes responsáveis pela criação do Estado de Israel, inclusive o

país financiava armamentos para que os israelenses pudessem se defender

das opressões árabes, e para prevenir uma possível guerra. Logo, devido ao

contexto histórico de apoio que o Reino Unido deu ao povo Judeu, ele

defenderá os interesses de Israel na região.

República Árabe Unida

A República Árabe Unida, que em 1967 era constituída somente pelo Egito,

usou essa denominação até 1971. Era o país mais radical em relação à criação

de Israel, por acreditar que sua existência era inaceitável, e que qualquer meio

seria válido para que os interesses árabes fossem atingidos.

União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

Como os regimes militares que governavam os estados do Oriente Médio

durante as décadas de 1950 e 1960 eram nacionalistas e anti-imperialistas, a

URSS viu nessas características uma forma de expandir suas linhas de

influências. A limitação do poder soviético e o maior ou menor grau de

entendimento por parte dos árabes, que não tinham a intenção de se tornarem

socialistas, explicam muito da relação inconstante entre a União Soviética e os

Page 28: Guia de Estudos- CSNU

Estados Árabes. Mesmo com esses problemas a URSS possuía grande

influência sobre os líderes árabes, e apoiava ideologicamente e militarmente

esses países.

Page 29: Guia de Estudos- CSNU

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