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Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 1 GUIA DE ESTUDOS CSNU

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Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 1

GUIA DE ESTUDOS

CSNU

Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 3

Guia CSNU

SumárioCarta aos Delegados .............................................................................................................................................5

I. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA .....................................................................................................................6

1. A Partilha da África ...........................................................................................................................................................................6

2. Independência do Sudão (1956) .................................................................................................................................................7

3. Questões Religiosas entre Sudão e Sudão do Sul ................................................................................................................. 8

3.1 Cristianismo ................................................................................................................................................................................8

3.2 Islamismo....................................................................................................................................................................................8

3.3 Conflitos religiosos no território .........................................................................................................................................9

4. Primeira Guerra Civil (1955-1972) ............................................................................................................................................... 9

4.1 Consequências ........................................................................................................................................................................10

5. Segunda Guerra Civil (1983-2005) ............................................................................................................................................10

5.1 Consequências ........................................................................................................................................................................10

6. Independência do Sudão do Sul (2011) ..................................................................................................................................11

7. Disputa pelo Petróleo ....................................................................................................................................................................11

II. CONFLITOS ÉTNICOS E SEUS DESDOBRAMENTOS NO NOVO PAÍS .............................................................12

1. O Conflito de 2013 ..........................................................................................................................................................................12

2. Precariedade das condições de vida ........................................................................................................................................13

“Conflitos no Sudão do Sul”

Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 4

2.1 Saneamento básico ...............................................................................................................................................................13

2.2 Infraestrutura ...........................................................................................................................................................................15

2.3 Escolaridade .............................................................................................................................................................................16

3. Saúde ...................................................................................................................................................................................................16

3.1 Principais doenças e seus causadores .............................................................................................................................17

3.2 Situação dos hospitais ..........................................................................................................................................................17

3.3 Motivos para os altos índices de doenças no território ............................................................................................18

3.4 Alta taxa de desnutrição e insuficiência alimentar .....................................................................................................19

3.5 Elevada mortalidade infantil e materna .........................................................................................................................20

4. Exploração .........................................................................................................................................................................................21

4.1 Exploração infantil na guerra .............................................................................................................................................21

4.2 Exploração sexual ...................................................................................................................................................................22

5. Refugiados .........................................................................................................................................................................................23

6. Tráfico de armas ...............................................................................................................................................................................24

6.1 Contrabando de armas .........................................................................................................................................................24

6.2 Influência externa ...................................................................................................................................................................25

6.3 Embargo de armas .................................................................................................................................................................26

7. Censura da imprensa .....................................................................................................................................................................27

8. Política .................................................................................................................................................................................................28

8.1 Mudança da capital nacional - Ramciel ..........................................................................................................................28

III. POSICIONAMENTOS INTERNACIONAIS ........................................................................................................29

1. Estados Unidos da América .........................................................................................................................................................29

2. China ....................................................................................................................................................................................................30

3. Israel .....................................................................................................................................................................................................30

4. Uganda ................................................................................................................................................................................................30

5. Ucrânia ................................................................................................................................................................................................30

IV. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................................31

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Carta aos DelegadosPrezados Delegados,

Nós, da Mesa Diretora do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), único órgão de caráter mandatório dentro da ONU, desejamos dar boas-vindas aos senhores à 14ª edição do PoliONU. Neste ano, os senhores discutirão acerca do conflito no Sudão do Sul, o qual se arrasta desde 2013. Apesar de terem sido discutidos, e propostos, diversos acordos de cessar-fogo entre as etnias dinka e nuer, todos eles acabaram sendo infringidos por ambas as partes.

Visando um bom andamento do debate, é necessário que os senhores leiam atentamente o Guia de Estudos e o Guia de Regras, lembrando sempre que é indispensável realizar pesquisas externas complementares a respeito do país ou Organização Não Governamental que os senhores representam. Além disso, pesquisas aprofundadas sobre os demais países e organizações do comitê, mesmo que breves, são necessárias para a dinamicidade do debate. Vale lembrar que os textos presentes neste guia podem ser utilizados em vossos discursos, porém nunca deverão ser citados como fonte de pesquisa, garantindo, assim, o respeito à soberania dos países.

Esperamos que os senhores mantenham o respeito e a cordialidade perante os outros participantes do evento, em todos os aspectos, seja com staff, jornalistas, representantes de Estado, juízes, promotores, advogados, assim como para com os diretores. Para que tenham um bom desempenho, é aconselhado que fiquem atentos aos horários das sessões e das demais atividades do PoliONU, e lembrem-se de que é necessário entregar o Documento de Posicionamento Oficial (DPO) logo na primeira sessão.

A Mesa Diretora do CSNU deseja a todos uma ótima experiência durante os quatro dias de evento e a realização de um excelente trabalho! Caso haja quaisquer dúvidas sobre o evento ou acerca do tema que será abordado no comitê, colocamo-nos à total disposição para ajudá-los!

Cordialmente,

Marília Isabel Araújo da Silva Rafaela Bergamo

Stela Scavacini Thalles Leandro dos Santos Alves

E-mail da Mesa: [email protected]

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I. Contextualização Histórica

1. Partilha da África

Com as grandes navegações, iniciadas no século XV pelas potências europeias da época, já se havia

conhecimento sobre a região Norte do continente africano. A partir disso, a África passou a ser vista como um

local de exploração, seja de recursos naturais ou da própria população, a qual foi utilizada como mão de obra

escrava por muitos séculos.

Tal situação permaneceu até meados de 1885, quando os países da Europa ainda tinham controle da soberania

local. A Partilha da África na Conferência de Berlim, convocada pelo chanceler alemão Otto Von Bismarck entre

os anos de 1884 e 1885, determinou a divisão do continente entre as potências europeias e a área de influência

destinada a cada uma delas. Também conhecido como Congresso de Berlim, teve como participantes o Império

Otomano, França, Alemanha, Bélgica, Áustria-Hungria, Dinamarca, Itália, Grã-Bretanha, Portugal, Holanda,

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Rússia, Espanha, Suécia, Noruega e Estados Unidos. A principal aspiração das nações era a conquista da maior

parte do território possível, tendo em vista que o território africano é rico em recursos naturais essenciais que

interessavam aos países europeus, os quais passavam pela Segunda Revolução Industrial e necessitavam de

matérias-primas.

Essa divisão não só provocou atritos na Europa, mas também na África, onde há uma vasta quantidade

de etnias e religiões, cujas especificidades não foram consideradas durante a partilha. Essa ação causou a

acentuação de conflitos já existentes em todo o território, que permanecem até os dias de hoje.

No território sudanês, coube à Grã-Bretanha ficar responsável pelo Sudão, que até então não havia sido

desmembrado na região Sul. Os britânicos tinham interesses no local, pois ele faz fronteira com o Rio Nilo, que

era importante nas rotas comerciais como a do Canal de Suez, um importante canal que liga o Mar Vermelho

ao Mar Mediterrâneo e é essencial para a rota dos navios comerciais. Além disso, havia a ambição por recursos

naturais, como algodão, o que era muito interessante a sua economia devido ao constante crescimento das

indústrias de maquinarias na época.

2. A Independência do Sudão (1956)

O território sudanês tem em sua história a presença de diversos reinos cristãos desde o século VI até meados

do século XII. No início do século XVI, mais precisamente em 1504, um grupo de muçulmanos negros, que

eram identificados como funjes, passaram a se fixar em Sennar, território onde se encontra hoje o Sudão do Sul.

Durante muito tempo, conquistaram grande parte da região, do século XVI ao século XIX, quando começaram a

perder influência sobre o território, o que levou, mais tarde, à conquista do local pelos egípcios, em 1821.

Porém, em 1881, um líder muçulmano, Muhammad Ahmad al-Mahdi, com o intuito de comandar a revolta

contra o Egito, assumiu o controle da região; mais tarde, o controle do movimento passou a ser de seu sucessor,

Califa Abdullahi. A revolução foi contida a partir da conquista da soberania do Sudão por parte do Egito e pela

Grã-Bretanha, após o Congresso de Berlim, quando assinaram um acordo mútuo de controle.

Pode-se dizer que no começo da colonização anglo-egípcia, a população local estava satisfeita com o

governo, que desenvolvia ações sociais de combate às epidemias em áreas afetadas, à escassez de alimentos

e à violência sofrida por meio de um regime controlado por Muhammad. Isso melhorava a qualidade de vida

da população e fazia com que houvesse uma resposta positiva às autoridades egípcias no local. Porém, com o

passar do tempo, as diferenças culturais e políticas entre os colonizadores se acirraram, já que grande parte dos

cargos políticos era designada aos britânicos, um povo majoritariamente cristão, o que acarretou a exclusão dos

egípcios, que se rebelaram em um dado momento, e fracassaram.

No ano seguinte ao fim da Segunda Guerra Mundial, em 1946, era evidente que havia problemas internos

nos governos do Egito e da Inglaterra que estavam influenciando grupos intelectuais da região a clamar por

sua independência. Assim, tiveram início as negociações, com o intuito de rever o tratado, que, inicialmente,

não cogitava a liberdade sudanesa por parte das potências. Entretanto, aos poucos, o Sudão foi se tornando

autônomo, conquistando sua independência em 1° de janeiro de 1956.

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3. Questões religiosas entre Sudão e Sudão do Sul

Para entender os motivos que levaram ao conflito, é necessário conhecer as principais diferenças entre as

duas religiões predominantes na região: o Cristianismo e o Islamismo.

3.1 Cristianismo

É uma religião baseada na vida e nos ensinamentos de Jesus Cristo, considerado o filho de Deus. Seus adeptos

leem e seguem o livro sagrado, a Bíblia. É a maior religião do mundo, com aproximadamente 2,2 bilhões de

seguidores. Os cristãos acreditam em um único Deus, na morte como meio para a vida eterna e na Santíssima

Trindade.

3.2 Islamismo

O islamismo é a mais recente religião abraâmica1 e a segunda maior religião do mundo, com aproximadamente

1,5 bilhão de seguidores, sendo aquela que mais cresce atualmente. Os muçulmanos, ou seja, todos aqueles

que seguem o islã, acreditam em um único Deus, seguem os cinco pilares do islamismo, que são: fé, oração,

caridade, jejum e peregrinação (à Meca), e o mais importante, creem em seu livro sagrado, o Alcorão.

Após a morte de Maomé, essa religião foi dividida em duas vertentes, a que coloca em debate a sucessão

do profeta e a que lidera a comunidade muçulmana. Esses dois grupos compartilham dos mesmos dogmas

da fé islâmica, porém a grande questão diz respeito à escolha do verdadeiro profeta após a morte de Maomé.

Sunita: Acreditam que o califa (chefe de Estado e sucessor de Maomé) deve ser eleito pelo próprio povo

muçulmano; essa vertente é composta pela maioria dos muçulmanos, cerca de 85% a 90%. Os sunitas são

considerados mais ortodoxos, sendo Maomé o último profeta. Seguem os preceitos da religião islâmica

segundo o Alcorão e a Sharia.

Símbolo sagrado para os cristãos, a Cruz

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Xiitas: Acreditam que o califa deve ser da linhagem de sangue do Maomé; essa vertente é composta pela

minoria dos muçulmanos, cerca de um décimo do total. Os xiitas são considerados mais tradicionalistas, sendo Ali,

o genro do profeta Maomé, seu sucessor legítimo. Seguem à risca as antigas interpretações do Alcorão e da Sharia. 1As religiões abraâmicas são monoteístas e se originaram da tradição bíblica que nos remete à figura de Abraão.

Em ordem cronológica, essas religiões são: judaísmo, cristianismo e islamismo.2O animismo é uma crença de que tudo tem alma ou espírito, como por exemplo: animais, plantas, rochas,

montanhas, rios e estrelas.

O símbolo sagrado do islamismo é a Lua Crescente com Estrela

1 As religiões abraâmicas são monoteístas e se originaram da tradição bíblica que nos remete à figura de Abraão. Em ordem cronológica, essas religiões são: judaísmo, cristianismo e islamismo.2 O animismo é uma crença de que tudo tem alma ou espírito, como por exemplo: animais, plantas, rochas, montanhas, rios e estrelas.

3.3 Conflitos religiosos no território

Os conflitos no território do Sudão começaram cedo, na Segunda Guerra Civil entre 1983 e 2005, devido às

divergências entre a região Norte, onde se encontrava a capital majoritariamente muçulmana, e a região Sul,

de maioria cristã ou de crença animista2. A tentativa do governo sudanês de impor a Sharia (leis islâmicas) na

região Sul, fez com que, ao final do conflito, o Sul conquistasse a sua independência. Atualmente, o Sudão do

Sul possui uma constituição que garante a separação entre Estado e religião e a igualdade a todos os grupos

religiosos presentes em seu território. Em geral, há um elevado grau de tolerância na sociedade desse país com

os grupos religiosos, porém a falta de liberdade de expressão e os conflitos étnicos são um grande problema.

4. Primeira Guerra Civil (1955-1972)

Desde sua independência, o Sudão não conheceu um corrente período de paz. Com a soberania de volta

às mãos sudanesas, grande parte da administração local era realizada pelo Norte do país devido à divisão

estabelecida pela Grã-Bretanha e o Egito durante o processo de libertação dos colonizadores, e as tensões e os

atritos entre os grupos do Sul e do Norte se acirraram demasiadamente.

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Esse conflito entre as duas regiões foi agravado pela ausência de um sistema federal sulista, que já havia sido

sugerido e negado anteriormente. Como resultado desse desdobramento e sob a influência dos sentimentos

de abandono e desvantagem, uma guerra civil se iniciou tendo como motivação o desejo de mais autonomia

ao Sudão do Sul, em relação ao Norte do país.

Também conhecido como Rebelião de Anya Nya, o conflito foi liderado por um grupo paramilitar formado

por um exército rebelde separatista do Sul. A Primeira Guerra Civil durou 17 anos, sendo que, em seu início, a

intensidade da força bélica era bem menor quando comparada às fases posteriores do confronto.

4.1. Consequências

Ao longo de quase duas décadas de guerra, meio milhão de baixas foram registradas pelo governo; levando

em consideração que, em 1972, a população era de 11,6 milhões de pessoas, de acordo com dados do Banco

Mundial, grande parte desta foi vitimada pelo conflito.

Em relação aos refugiados, cerca de 3,5 milhões de pessoas procuraram refúgio em países vizinhos, entre

eles Uganda, Etiópia, Eritreia, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, entre outros, o que

agravou intensamente as condições de vida nos países de refúgio.

Além desses fatores, é importante destacar os danos ambientais, como a destruição do solo e da vegetação

e a poluição que atingiu a região.

Como principal consequência, e com o objetivo de encerrar a guerra, foi assinado um acordo que levou o

nome de Tratado de Adis Abeba, que garantia a autonomia do Sudão do Sul.

5. Segunda Guerra Civil (1983-2005)

Após 11 anos da Primeira Guerra Civil, o Sudão enfrenta novamente um conflito interno, dessa vez com 22

anos de duração. A Segunda Guerra Civil Sudanesa teve início em 1983 por motivos políticos/religiosos, a

partir do momento em que o governo do Norte, de religião muçulmana, iniciou o processo de implementação

da Sharia, que seria o conjunto de leis islâmicas, em todo território do Sudão, tanto no Norte quanto no Sul. Essa

ação rompia com o Acordo de Paz, pois violava a autonomia do Sudão do Sul em relação ao Sudão.

Tendo em vista que a região autônoma era de maioria animista e cristã, essa decisão não agradou a população

local, gerando assim um dos conflitos bélicos de maior duração e proporção na história dos dois países.

5.1. Consequências

Considerado o conflito mais mortífero registrado no território, levou a óbito cerca de 2 milhões de pessoas,

tanto diretamente, nas violentas lutas travadas, como indiretamente, em consequência da fome que se alastrou

pela região ou da proliferação de doenças. Além disso, a guerra gerou 4 milhões de refugiados, e 2.500 soldados

menores de idade foram utilizados no conflito, os quais, mesmo depois do encerramento do confronto, em

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2005, voltaram a participar de grupos guerrilheiros.

6. Independência do Sudão do Sul (2011)

No final da Segunda Guerra Civil foi assinado um tratado de paz conhecido como Tratado de Naivasha

(2005), entre o vice-presidente do Sudão, Ali Osman Taha, e o líder do Exército Popular de Libertação do Sudão

(SPLA), em 9 de janeiro de 2005. Neste documento era prevista uma Constituição que estabelecia autonomia

ao Sudão do Sul por seis anos. Após esse período, seria feito um referendo que definiria se a região se tornaria

independente ou não.

Conforme o tratado, em 9 de julho de 2011, o Sudão do Sul se torna independente, e cinco dias depois,

torna-se membro da Organização das Nações Unidas – o que significa que a comunidade internacional logo se

preocupou em reconhecer o Sudão do Sul como um novo Estado.

7. Disputa pelo Petróleo

Com a sua independência em 2011, o Sudão do Sul passou a possuir cerca de 75% do petróleo do anterior

território sudanês unificado. A separação acarretou em problemas na produção de petróleo para ambos os

lados: o Sudão perdeu grande parte de seus recursos energéticos e o Sudão do Sul não tinha acesso às refinarias

e oleodutos necessários, além de não possuir portos marítimos para exportar o produto. As dificuldades

encontradas pelos dois países têm gerado diversos conflitos a respeito do domínio de regiões petrolíferas, como

foi o caso da região de Heglig, localizada ao Sul, que, no entanto, foi dominada por tropas do Norte.

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Além dos conflitos externos, a guerra civil em que o país se encontra também afeta a exportação do petróleo

sul-sudanês e, consequentemente, seu principal comprador, a China. Esse fato vem chamando a atenção de

países ameaçados pela crescente economia chinesa, fazendo com que os conflitos sejam vantajosos para essas

nações. Por outro lado, também há interesse em gerar receitas com a venda de armas, compradas de potências

ocidentais com o capital da venda de petróleo.

A venda de petróleo representa 98,7% da exportação total do Sudão do Sul e a exploração desse recurso

sempre esteve sob o controle de empresas estrangeiras; a empresa estadunidense Chevron foi a pioneira;

em seguida, um consórcio dominado pela família sueca Lundin explorou a região Thar Jath sem respeitar a

população local tampouco as normas ambientais internacionais. Atualmente, o controle está nas mãos de duas

multinacionais asiáticas que agem em conjunto com uma empresa sul-sudanesa e uma companhia chinesa.

II. Conflitos Étnicos e SeusDesdobramentos no Novo País

1. O Conflito de 2013

Após a independência do Sudão do Sul, assumiram o poder do novo país Salva Kiir, o então protagonista

do sucesso da Segunda Guerra Civil Sudanesa, como presidente, e Riek Machar, no cargo de vice-presidente.

Durante os primeiros anos de governo, a nação prosperou. Contudo, em 15 de dezembro de 2013, ocorreu

o encontro do Conselho da Libertação Nacional em Nyakuron, o qual os líderes da oposição, entre eles Riek

Machar, Pagan Amum e Rebecca Garang, votaram por boicotar.

Assim, sob a iminência de um golpe de Estado, o presidente Salva ordena o desarmamento das tropas e,

concomitantemente, o armamento das tropas da etnia dinka, a qual ele pertence. Desse modo, a etnia nuer,

representada pelo vice-presidente Riek, volta a se armar e o conflito se alastra pelas ruas da capital, Juba.

Em 18 de dezembro de 2013, Machar declara que não havia planos de golpe de Estado e que Kiir arquitetou

para atacar adversários políticos; contudo, a violência já estava instaurada no território e, em 19 de dezembro,

a cidade de Bor foi atacada e tomada por milícias da etnia nuer; ao final do mesmo mês, esta teve seu controle

retomado por forças do governo.

Os combates prosseguiram durante o último mês do ano e primeiro do ano seguinte até que uma tentativa

de cessar-fogo ocorreu em 23 de janeiro de 2014. Esse acordo perdurou até meados de dezembro, quando forças

leais ao governo atacaram rebeldes da oposição. Em 20 de abril do mesmo ano, um ataque comandado por

tropas da etnia nuer eclodiu na cidade de Bentiu, deixando aproximadamente 200 civis mortos, e especulações

foram levantadas sobre as vítimas serem da etnia dinka.

Posteriormente, na Etiópia, mais um cessar-fogo tentou entrar em vigor no dia 9 de maio de 2014, porém

colapsou em questão de horas uma vez que os dois adversários na guerra acusaram um ao outro de violação. Os

rebeldes nuer foram culpados de atacar bases do governo na cidade de Bentiu. Por outro lado, os dinka foram

Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 13

acusados de ataques terrestres e artilharia nos estados de Alto Nilo e Unidade.

Novamente, em uma tentativa de apaziguar as relações entre ambos os lados da guerra civil, um novo acordo

foi firmado em 11 de junho de 2014, porém este foi destronado em 16 de junho de 2014 devido ao boicote

realizado por Salva Kiir e Riek Machar.

Diversos tratados foram firmados durante os anos de 2015 e 2017, porém todos foram infringidos, o que

resultou em milhares de mortos e em um fluxo de refugiados cada vez mais intenso. Recentemente, no dia

12 de outubro de 2018, mais um tratado foi assinado em Adis Abeba, na capital etíope. Na cerimônia estavam

presentes o líder dinka, Salva Kiir, o rebelde nuer Riek Machar, o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, e

o ex-presidente da Botsuana, Festus Mogae, que desejaram sucesso no cumprimento do acordo na república

fragilizada do Sudão do Sul.

2. Precariedade das condições de vida

A vida no Sudão do Sul nunca foi tranquila por conta das longas guerras civis, as quais só contribuíram

para piorar as condições de vida da população. Desde o nascimento do país, os sul-sudaneses enfrentam sérios

problemas de extrema pobreza, resultando em profunda precariedade do saneamento básico, alta incidência

de doenças, analfabetismo, desnutrição, mortalidade infantil e materna e escassez de escolas e hospitais com

boa infraestrutura. O país tem baixos níveis de urbanização; somente 19,6% da população é urbanizada (de

acordo com o senso de 2018).

2.1 Saneamento básico

Foto panorâmica da rua na cidade de Yei, no Sudão do Sul.

Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 14

Os índices de investimento em saneamento vêm crescendo ano após ano no Sudão do Sul, porém esse

número está bem longe de ser aceitável. Como todo o dinheiro que o governo investia durante a guerra foi em

sua capacidade bélica, o país enfrentou péssimas condições de infraestrutura, com quase a metade dos pontos

de água e saneamento atacados, danificados ou completamente destruídos.

De acordo com um censo feito no Sudão do Sul em 2012, um ano depois do país se tornar independente,

apenas 13% da população tinha acesso a água potável e 3,3% a água e esgoto encanados. Hoje em dia, de

acordo com o site chamado “Príncipes do Nada”, a população que tem acesso à água potável corresponde a 67%

do país, um número bem maior quando comparado aos dados de 2012, porém ainda bem longe do ideal.

Segundo um relatório de Assistência Oficial ao Desenvolvimento (ODA), no site da South Sudan Medical Journal (SSMJ), o país gastou 3,5 dólares americanos por pessoa em água e saneamento no ano de 2012, um

número significativamente menor comparado a outros países em desenvolvimento nas mesmas condições.

De acordo com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), atualmente 5,1 milhões de sul-sudaneses

não têm acesso à água potável, 38% da população têm de caminhar diariamente durante uma hora para recolher

água potável e pessoas que vivem em Aburoc e em vários outros lugares do país são obrigadas a sobreviver com

um litro de água por pessoa, por dia. Segundo Marc Suchet, responsável pelas atividades de água e moradia

do CICV, um número exorbitante de pessoas não consegue obter água potável suficiente para seu próprio

consumo diário.

O país enfrenta sérios problemas com a distribuição de água potável para a sua população, como é o caso do

pequeno grupo étnico Mundari que vive na região de Terekeka, a 100 km da capital Juba, que não contam com

uma fonte de água limpa na região. Era preciso beber diretamente do rio Nilo, ou cavar buracos no solo, porém

sempre corriam o risco de se infectar. Contudo, o país tem muita ajuda para lidar com serviços na área de saúde,

educação e saneamento; cerca de 80% desses serviços são realizados por ONGs em todo o Sudão do Sul.

Outro problema enfrentado são as péssimas condições dos meios sanitários de eliminação de excrementos;

cerca de 93,3% da população possui um acesso debilitado às instalações sanitárias. De acordo com estatísticas

oficiais, apenas 15% dos agregados familiares fazem uso do esgoto, podendo esse número ser ainda pior em

áreas rurais ou áreas urbanas superlotadas, e apenas 6,7% da sua população de 8,3 milhões de habitantes, no

ano de 2015, possuíam acesso a um banheiro.

O governo sul-sudanês estabeleceu uma meta a ser cumprida em até três anos a partir de 2010, que era

reduzir em 50% o número de pessoas que não têm acesso sustentável à água potável segura, e saneamento,

porém não existiu nenhuma política governamental, nem um programa de água potável seguro para permitir

que se atingisse esse alvo. Com isso, o país tem quase que total dependência de ONGs em seu território, como

é o caso da Cruz Vermelha. O CICV, em cooperação com a Cruz Vermelha do Sudão do Sul, fornece água potável

por meio de caminhões pipa, instala pontos de distribuição, e, consequentemente, quase 50 mil moradores de

Juba se beneficiam da infraestrutura hidráulica instalada nas áreas mais afetadas da capital.

Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 15

2.2 Infraestrutura

Depois de recentes confrontos, muitos civis deslocados continuam buscando segurança em diferentes localidades de Wau, no Sudão do Sul.

O Sudão do Sul também sofre com imensa precariedade em infraestrutura, visto que os governantes do país

se preocupam mais em ter hotéis, bares e restaurantes em vez de construir escolas para as suas crianças. Desde a

sua independência, em 2011, a maior fonte de energia existente, em todo o seu território, é a energia fóssil.

No que tange a estradas pavimentadas, é de extrema importância destacar que o governo federal do Sudão

nunca se preocupou em construir uma única grande estrada asfaltada que ligasse a capital Cartum à região Sul

do país, o que limitou, historicamente, qualquer perspectiva de integrar a economia das diferentes regiões do

país antes da independência. O Sudão do Sul possui apenas um total de 200 km de estradas asfaltadas, sendo

que a maior parte dos trechos se concentra nos arredores de Juba. No que se refere à energia, apenas 1% da

população tem acesso à eletricidade.

Bancos chegam pouco a pouco ao país; há três agências, porém, nenhum caixa eletrônico. As despesas da

população, de qualquer natureza, são pagas somente em dinheiro, cartões de crédito não são aceitos. Calçadas

também não existem no Sudão do Sul, e pedestres devem ser particularmente cuidadosos ao atravessar as ruas,

já que o índice de atropelamentos na capital e nas demais cidades é bem alto. Os governantes do país tentam

melhorar, tanto a economia quanto a qualidade de vida de sua população, mas isso está longe de ocorrer, visto

que o país é o mais novo do mundo.

Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 16

2.3 Escolaridade

Estudantes sul-sudaneses

O Sudão do Sul fechou vários centros educativos, o que resultou em 2,2 milhões de crianças sem acesso à

escola, número que de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) deve aumentar para 2,4 milhões nos próximos dois anos, caso nada seja realizado para melhorar a situação

atual. Além da ausência de segurança por decorrência da guerra, outro fator que contribuiu para inexistência de

estabelecimentos educacionais é a falta de educadores e de infraestrutura apropriada para a realização das aulas.

Ademais, ocorrem casos em que escolas fecham por fatores econômicos, fato presente no estado de Imatong,

região que fechou vários centros educativos uma vez que as famílias que ali habitavam fugiram da fome assumida

na área, grande parte tendo como destino acampamentos da ONU no Quênia e Uganda.

De acordo com a ONG Save the Children, o Sudão do Sul possui uma das menores taxas de escolaridade

dentre os países, cerca de 98% das crianças abandonam o ensino básico. Os níveis de analfabetismo chegam

a 73%, número que é ainda mais alarmante entre as mulheres: 84%. O investimento na educação de meninas

pode contribuir para a paralisação do crescimento populacional insustentável, entretanto, tal investimento é

algo distante para a realidade de guerras do país.

3. Saúde

O Sudão do Sul é um país que sofre muito com a falta e as péssimas condições de saúde. O que alguns países

Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 17

chamam de boa alimentação, baixa mortalidade e fácil acessibilidade aos hospitais, não existe no território

sul sudanês, por conta das guerras e do baixo investimento do governo. Gigantes jornadas até os hospitais,

altíssimos níveis de desnutrição e fácil contaminação é a realidade desse novo país.

3.1 Principais doenças e seus causadores

As doenças presentes no Sudão do Sul podem ser divididas em quatro grupos:

Doenças alimentares ou transmitidas pela água, através da alimentação ou bebida. Podendo ser elas cóle-

ra, febre tifoide, desnutrição, poliomielite[1], doença do verme-da-guiné, diarreia, Hepatite A e Hepatite E.

Doenças transmitidas por vetores, como a Malária, Dengue, Febre Amarela, Chikungunya, Zika e Leishma-

niose visceral.

Doenças do sistema respiratório, sendo elas a pneumonia e tuberculose.

Doenças de contato com animais, como a raiva.

3.2 Situação dos Hospitais

Hoje, a falta de hospitais e de profissionais da saúde faz parte dos problemas enfrentados diariamente no

Sudão do Sul. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, de 2013,

há um total de 189 médicos no país, o que equivale a um médico para cada 39.088 pessoas. Um dos principais

motivos é o baixo investimento do governo nessa área. Cerca de 3% do orçamento anual do país é encaminhado

para a saúde, um dos percentuais mais baixos do mundo.

Para a população que vive longe das cidades grandes, tirando a dificuldade de terem água limpa para beber,

a falta de saneamento básico, de estradas asfaltadas e de eletricidade e as longas jornadas para conseguirem

chegar aos hospitais é outro grande desafio. Pessoas que moram em aldeias remotas nem sempre conseguem

chegar a hospitais, principalmente as mulheres que têm complicações durante o parto, tanto devido às

distâncias, a responsabilidade de terem que ficar cuidando das crianças ou por não saberem que há tratamento

disponível para as suas condições de saúde. Para ajudar essas pessoas, em relação à proximidade de hospitais,

algumas ONGs, como Médicos Sem Fronteiras, levam seus profissionais até as casas dos pacientes, onde são

tratados e a causa da doença é identificada. Talvez haja água estagnada, buracos nas redes mosquiteiras, coisas

que não poderiam ser observadas nas clínicas médicas.

Receber tratamentos em Juba é fácil comparando-se com o resto do país e, mesmo assim, o único hospital

pediátrico, Al Sabbah, que se encontra na capital, em dias lotados recebem até 500 pacientes, de acordo com

o site de notícias Integrated Regional Information Networks (IRIN). A falta de hospitais no país somada às

longas jornadas até o atendimento e à falta de medicamentos e aparelhos, leva ao aumento do número de

mortes por doenças que poderiam ser facilmente tratadas. Seria muito mais seguro para as mães e para os

bebês receberem atendimento pré-natal e dar à luz nos hospitais, em vez das suas casas, que não possuem

condições adequadas para esses procedimentos.

Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 18

Atualmente, no Sudão do Sul, somente 400 das 1.900 instalações médicas estão totalmente operacionais,

segundo o IRIN, por causa dos constantes ataques sofridos ou da falta de profissionais de saúde, ou, até mesmo,

por conta da falta de equipamentos e medicamentos. Entre janeiro de 2016 e dezembro de 2017, houve pelo

menos 50 ataques a instalações médicas, e 750 recusas de acesso humanitário no território, de acordo com um

relatório publicado pela Watchlist on Children and Armed Conflict. Com a guerra civil sul-sudanesa, desde

2013 até os dias atuais, houve vários casos de roubos e ocupações clandestinas aos pontos de atendimentos

no país. Funcionários da área da saúde foram intimidados, detidos, sequestrados e mortos. E caso os hospitais

afetados fossem retomados, eles não teriam recursos necessários para fazer seus trabalhos e as cidades ainda

continuariam inseguras demais para enviar equipamentos médicos valiosos. Contudo, as clínicas e hospitais

continuam sendo a principal esperança de muitas pessoas com doenças graves ou complicações.

3.3 Motivos dos altos níveis de doenças no território

As doenças dos sul-sudaneses estão diretamente relacionadas às condições de vida inadequadas, aos

desafios relacionados à falta de acesso da população, por exemplo, à água e saneamento básico, à superlotação

e à precariedade em que vivem. Primeiro, as pessoas eram mortas em tiroteios e, agora, perdem a vida por uma

doença que poderia ter sido facilmente prevenida. Atualmente, no Sudão do Sul, a doença é uma das principais

causas de morte.

Em épocas de inverno, muitas vezes uma família possui só um cobertor para 6 pessoas, o que faz aumentar

muito o número de doenças respiratórias. As chuvas também são um grande problema na região. Em épocas de

chuva, o risco de propagação de doenças é muito maior, principalmente as doenças transmitidas por mosquitos,

que são responsáveis por 65% de todas as doenças relatadas em unidades de saúde, segundo a OMS. As chuvas

também criam enormes desafios, como a entrega de suprimentos em hospitais, que precisa ser feita por balsas

e demora dias ou até semanas. À medida que as chuvas continuam, é mais provável que algumas doenças

apareçam, incluindo a malária e a cólera; da mesma forma, o ambiente aumenta o risco de incidência de outras

infecções, como é o caso de feridas abertas expostas à água das cheias.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, em 2016, 586 casos de cólera e 21 mortes. O alto número

de óbitos e pessoas contaminadas pela doença está relacionado com o problema de acesso aos cuidados de

saúde no país. Já em 2017, outro surto atingiu a população, mas dessa vez era a diarreia aquosa, que, de acordo

com o Ministério da Saúde do Sudão do Sul, levou a 16.000 casos de pessoas afetadas e 270 mortes desde

agosto de 2016, sendo 51% dos suspeitos da doença crianças e adolescentes. O Ministro da Saúde Bahar Idris

Abu Garda, destacou que a deterioração do meio ambiente e a contaminação da água são as principais causas

da propagação da diarreia aquosa.

A falta de água segura para beber também é um grande problema no país. Como muitas aldeias não possuem

água potável, sua única opção é beber a água dos rios, que, com a época das chuvas, é facilmente contaminada,

fazendo com que os hospitais fiquem cada vez mais cheios. A água não tratada pode transmitir doenças como

diarreia, hepatite, cólera e tifo, todas transmissíveis pelas fezes humanas. A falta de banheiros em muitas áreas,

e o início das estações chuvosas, trazem como consequência a contaminação da água pelas fezes, que acabam

Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 19

chegando até os rios onde as pessoas obtêm água para beber, aumentando ainda mais o número de doenças

transmitidas por água contaminada.

O Sudão do Sul está no topo da lista dos países mais infelizes do mundo, de acordo com o Índice Global de

Felicidade das Nações Unidas, publicado pela World Happiness Report 2018, por conta das guerras civis, golpes

de Estado, casos de corrupção e extrema pobreza. Especialistas em saúde mental acreditam que o impacto

negativo na saúde mental dos civis afetados pelo conflito tem sido devastador. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) divulgou que, somente no ano de 2017, foram contabilizadas 34

tentativas de suicídio, e em 2018, houve 23 tentativas, porém apenas uma pessoa tirou efetivamente a própria

vida.

A educação e o tratamento das doenças são ações que caminham juntas. Segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), a melhor solução é ir de casa em casa, falar diretamente com a população para

que esta possa entender como melhorar sua saúde, e, talvez assim, esses números alarmantes possam um dia

começar a diminuir.

3.4 Alta taxa de desnutrição e insuficiência alimentar

Médico da ONG Médicos sem Fronteiras tratando uma criança com desnutrição

Um alerta dado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pelo Programa Alimentar Mundial (WFP) divulgou que, no

início de 2018, metade da população sul-sudanesa (5,3 milhões) se encontra em situação tida como emergencial

em insegurança alimentar (incluindo 1,3 milhões de crianças), um aumento de 40% em relação ao início do ano

anterior e um dado que aumenta a cada dia de conflito. Uma situação de fome intensa ocorre no Sudão do Sul

Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 20

desde os primeiros meses de 2017, por consequência do longo período de guerra e seca, mas também devido

ao bloqueio das estradas e aos altíssimos impostos cobrados dos transportadores de alimentos.

A população do Sudão do Sul dedica-se majoritariamente a atividades primárias, e a alimentação de milhares

de sul-sudaneses depende da agricultura, entretanto, a insegurança gerada pela guerra vem prejudicando

os resultados do plantio, o que, consequentemente, afeta a alimentação de grande parte da população. O

prolongamento das secas e enchentes somam-se aos conflitos internos e externos e, juntamente com a crise

econômica, são os principais fatores que afetam a disponibilidade de alimentos no país, principalmente em

áreas distantes dos acampamentos das Nações Unidas.

3.5 Elevada Mortalidade Infantil e Materna

Família sul-sudanesa

O índice de mortalidade infantil é frequentemente usado para indicar a qualidade do sistema de saúde de

um território. No contexto do Sudão do Sul, a mortalidade infantil altíssima, 62,5 a cada 1000 nascimentos, é um

grande indicador da situação frágil em que a saúde do país se encontra. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) inclui o Sudão do Sul na lista dos 10 países com a maior mortalidade infantil do mundo, fato

que se deve à precariedade na saúde, à ausência de saneamento básico e à desnutrição, áreas que não recebem

os investimentos necessários por conta das inúmeras dívidas que estão sendo adquiridas com a guerra travada

em seu território.

Semelhantemente à mortalidade infantil, o Sudão do Sul também possui uma taxa exorbitante de mortalidade

materna, uma a cada sete mulheres morre por problemas relacionados à gestação ou ao parto. O Fundo de População das Nações Unidas calcula que dentro do território sul-sudanês haja apenas uma parteira qualificada

para cada 30 mil habitantes, e que somente 10% dos partos foram assistidos por um profissional qualificado; no

Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 21

entanto, capacitar profissionais da área é uma tarefa árdua tendo em vista do cenário de refugiados e conflitos

armados que o país vivencia.

4. Exploração

4.1 Exploração infantil na guerra

Crianças Soldados sul-sudanesas

Alguns dos sul-sudaneses que partem em busca de melhores condições de vida em outros países ou em

outras áreas do Sul do Sudão são crianças que, pouco tempo após a fuga, eram tidas como soldados. A partir

de 2013, mais de 19.000 jovens foram aliciados a milícias, algumas alinhadas ao SPLA, de Salva Kiir, dentre eles

meninos e meninas. Os meninos recrutados serviam de guarda-costas, carregadores, limpadores e, sobretudo,

eram treinados para lutar. Por outro lado, as meninas sofriam abusos sexuais, crimes que eram cometidos pelos

soldados que as raptaram e, além disso, tornavam-se esposas de meninos que também eram soldados infantis.

Em vários relatos, essas crianças alegam que foram sequestradas quando estavam trabalhando nas POC’s,

ou, então, quando estavam indo para o colégio. A UNICEF conseguiu, em 2018, resgatar mais de 900 crianças

das milícias sul-sudanesas. Em seus relatos, esses jovens destacam que, por conta da guerra civil, sofriam de

ansiedade, depressão e diversos deles já cogitaram o suicídio. Ademais, retratam o sonho de poder voltar a

estudar; na cerimônia que celebrou a libertação das crianças, a UNICEF trocou as fardas que elas costumavam

vestir por mochilas e cadernos azuis rotulados com o nome da instituição.

Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 22

Recentemente, o porta-voz da FDSS (Força de Defesa do Sudão do Sul), Lul Ruai Kouang, ex-membro da

SPLA, alegou em uma entrevista que a política vigente é reduzir o número de crianças soldados. As milícias

estão facilitando o processo da saída desses jovens e a responsabilidade, em seguida, seria da UNICEF, devido à

fragilidade do governo.

4.2 Exploração Sexual

Por decorrência do conflito armado que o Sudão do Sul enfrenta desde 2013, inúmeras das adversidades

pelas quais passava a população foram deixadas em segundo plano. No entanto, algumas questões, além

de adiadas, foram banalizadas, como é o caso dos abusos sexuais. Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) revelou que combatentes das forças de segurança do Sudão do Sul foram autorizados a abusar

sexualmente de mulheres e meninas como forma de pagamento, e essa permissividade trouxe consigo 1,3

mil estupros num período de 5 meses, em apenas um estado do país. A Organização Não Governamental Médicos sem Fronteiras (MSF) relatou que, no período entre 19 e 29 de novembro de 2018, atenderam 125

mulheres vítimas de estupro em uma área controlada por tropas governamentais na parte Norte do território

sul-sudanês; a organização também citou que algumas vítimas teriam menos de 10 anos, outras, mais de 65.

Os atos de estupro sexual são normalmente realizados pelo Exército Popular de Libertação do Sudão, todavia,

grupos de oposição e associações criminosas vêm sendo, do mesmo modo, causadores de abusos. Contudo,

outro grupo também tem sido responsável pela violência sexual, os Capacetes Azuis. Membros das Forças de Manutenção da Paz das Nações Unidas, ou Capacetes Azuis estão sendo acusados de envolvimento em

transações sexuais, ou seja, a manutenção de relações sexuais em troca de dinheiro ou comida. Como resposta

aos atos de alguns de seus soldados, a Missão de Manutenção da Paz no Sudão do Sul possui uma política de

“tolerância zero, sem desculpas, com a exploração e o abuso sexual’.

Capacetes Azuis da ONU no Sudão do Sul

Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 23

5. Refugiados

Desde o início do conflito, mais de 4 milhões de cidadãos sul-sudaneses foram obrigados a deixar suas casas.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) aponta que até 2,4 milhões de pessoas se

encontram refugiadas em países vizinhos, tais como Sudão, Etiópia, Quênia, Uganda, República Democrática

do Congo e República Centro-Africana. Neste último país, há uma concentração de aproximadamente 4.000

refugiados na cidade de Bambouti, vivendo em condições deploráveis, com moradias rústicas feitas de folhas

de palmeira, por exemplo. A Uganda é o Estado que mais recebeu refugiados sul-sudaneses, onde os números já

chegaram a casa dos milhões; o campo que mais acolhe essas pessoas é o de Bidi Bidi, onde há cerca de 285 mil

pessoas. A confederação Caritas, fundada na Alemanha e sediada na Itália, ajuda na sobrevivência dos moradores

que vivem em Bidi Bidi, doando produtos higiênicos, incentivando a agricultura, oferecendo educação sobre

nutrição e doando mosquiteiros para o combate à maior doença presente no território, a malária. Por outro lado,

o campo de Palorinya, o segundo maior da Uganda, que abriga cerca de 165 mil refugiados, é extremamente

precário e carece de ajuda humanitária.

Enquanto isso, no Quênia, a busca por refúgio tem sido constante desde 2013; lá, os sul-sudaneses conseguem

auxílio e são alojados em Kalobeyei. Cerca de 100 mil pessoas estão no local e as expectativas do RRP (Refugee

Response Plan) é de que, em 2019 e 2020, o fluxo se torne menos contínuo, uma vez que o acordo em vigor está

sendo cumprido. A situação se repete em outros países vizinhos ao Sudão do Sul, já citados anteriormente,

como Etiópia, Sudão e República Democrática do Congo. Os deslocados internos do Sudão do Sul ultrapassam a

casa dos 2 milhões e essas pessoas vivem em zonas afastadas ou em POC’s (Protection of Civilians, em português,

Proteção aos Civis).

Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 24

6. Tráfico de Armas

Militares utilizando armas provenientes do contrabando internacional

O Sudão do Sul é um país onde as transferências de armas têm causado devastação humanitária e incapacidade

de atender às necessidades de desenvolvimento sustentável de sua população. Quando houve a separação, em

2011, estima-se que havia até 3,2 milhões de armas de pequeno porte em circulação, como diz a organização

Saferworld.

De acordo com o SUR, Revista Internacional dos Direitos Humanos, nesse conflito, foram cometidas atrocidades

com o uso de armas que passaram pelos territórios do Quénia, Uganda, e Sudão, com a autorização e, às vezes, a

participação direta de seus governos. A transferência de grande parte dessas armas era destinada originalmente

ao Sudão, como o usuário final, mas suas autoridades as transferiram para o conflito no Sudão do Sul. Os países de

origem dessas armas, Rússia, Irã e China, continuam transferindo todos os tipos de armamentos, mesmo depois de

ter sido imposto um embargo de armas pela União Europeia contra o Sudão, e da existência de um Painel de Peritos

do Conselho de Segurança para monitorar e relatar as transferências de armas para o Sudão do Sul.

O governo atualmente não atende plenamente aos padrões mínimos para a eliminação do tráfico, e não está

fazendo esforços significativos para fazê-lo, segundo o relatório do Office to Monitor and Combat Trafficking in Persons (J/TIP).

6.1 Contrabando de Armas

De acordo com o jornal internacional The Guardian, o Sudão já foi apelidado várias vezes de “armas da África

do despejo”, pois o número de armas aumentava a cada dia, em meio a um conflito entre forças governamentais,

paramilitares, rebeldes, milícias, bandidos e combatentes estrangeiros. Já no Sudão do Sul, há uma história

Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 25

bem semelhante; estima-se ter aumentado drasticamente a posse de armas de fogo e armas de pequeno porte

durante os seus três primeiros anos como nação independente. Durante esses anos, os soldados sul-sudaneses

invadiram bases militares, roubaram armas e, por fim, fugiram para a floresta, como relatado no jornal The Guardian.

Os conflitos, incluindo a guerra na Líbia e no Chade, na década de 1980, contribuíram para que o fluxo

de armas pequenas e leves chegasse ao território sudanês. Principalmente a guerra de Darfur, que devido à

dimensão de sua área e à falta de controle de ambas autoridades centrais e locais, recebiam armamento tanto

da polícia quanto das forças armadas.

Os problemas causados pela proliferação de armas de pequeno porte têm causado sérios problemas ao

Sudão do Sul, como é o caso do aumento de assaltos à mão armada nos centros urbanos, sequestros de veículos,

centenas de mortes em invasões a fazendas de gado e várias outras mortes em ataques motivados por vinganças.

O fato de ter uma grande disponibilidade de armas facilita ainda mais a ocorrência e o aumento desses tipos de

crime no país, de acordo com o Saferworld.

Um grupo de pesquisa suíço, Small Arms Survey, relatou um “excesso de armas no Sudão do Sul”, advertindo

que o país não tem uma política para gerenciar o excesso de armas, as quais, muitas vezes, acabam nas mãos de

civis. Os pesquisadores têm destacado um excedente de armas de pequeno porte do qual tinha posse as forças

rebeldes e que agora pertence oficialmente às forças armadas do Sudão do Sul.

O país não tem sistematicamente destruído excedentes, ou armas de fogo não reparadas, desde a

independência, e o governo também deixou de registrar seus estoques de armas, fazendo com que as armas

possam ser obtidas de forma ilícita, e chegar aos civis. Soldados foram acusados de revenda de armamento

recolhido da população, após apanhado nas campanhas de desarmamento.

Apesar da falta de esforços significativos do governo para acabar ou diminuir o número de incidentes e

de armas em seu país, já foram tomadas algumas medidas para lidar com o tráfico, incluindo a cooperação

com a Comissão Nacional de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (NDDRC) e uma organização

internacional que, em 2018, libertaram 311 crianças-soldados.

6.2 Influência Externa

O Sudão, antes de sua independência, em 2011, recebia e recebe ajuda financeira para o seu arsenal bélico

de companhias petrolíferas asiáticas, uma vez que a competição por esses recursos não envolve somente

os ocidentais, mas também as economias asiáticas, como é o caso da China. Ela tem sido um dos principais

fornecedores de armas às Forças Armadas sudanesas. Segundo a Anistia Internacional, em 2008 e 2009, a

China vendeu ao Sudão mais de 23 milhões de dólares em artilharia, bem como tanques e outros veículos

blindados.

Já em 2018, houve uma das descobertas mais surpreendentes do relatório publicado pelo jornal The Washington Post, 99% das munições rastreadas pelo Conflict Armament Research (CAR) são de origem

chinesa. Parte delas foi legalmente transferida para o Sudão do Sul, mas grande parte foi entregue secretamente

à oposição, via Sudão, em 2015, e ainda está sendo utilizada.

Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 26

O CAR, também identificou uma rede de empresas com afiliadas em Israel, Uganda e Estados Unidos, que

adquiriram um jato de combate fabricado nos EUA e o transferiram para as forças armadas do Sudão do Sul, junto

com uma aeronave de vigilância fabricada na Áustria.

De acordo com a Anistia Internacional, a China e a Rússia foram consideradas os maiores fornecedores de

armas para a zona de conflito. Em 2010-11, o Exército Popular de Libertação do Sudão (SPLAN) adquiriu grandes

quantidades de armas pequenas e leves, 10 helicópteros de transporte Mi-17, todos fabricados na Rússia, segundo

dados da Small Arms Survey.

A Ucrânia tem sido o principal fornecedor de armas ao Sudão do Sul desde 2005, de acordo com o Small Arms Survey. Países como Quênia e Uganda foram usados para transferir uma grande remessa de armas, vindas

da Ucrânia para o Exército de Libertação em 2007 e 2008; estavam incluídos tanques, armamento, munições,

entre outros. Segundo a revista Veja, no ano de 2008, piratas somalis fizeram uma descoberta surpreendente, um

cargueiro ucraniano havia acabado de ser sequestrado no Golfo de Aden, e estava repleto de armamento; todo

o carregamento era destinado ao governo separatista no sul do Sudão. Porém, no momento em que o cargueiro

foi apreendido, 67 tanques já haviam sido entregues para reforçar as forças do sul do Sudão, contra o exército de

Cartum.

Empresas israelitas também têm vendido armas e equipamentos a milícias do Sudão do Sul, ignorando, na

prática, a posição dos Estados Unidos e da Europa em relação ao conflito. O Estado hebraico é suspeito de ter

fornecido armas em 2017, de forma clandestina, ao Exército e a grupos armados que desempenharam papéis em

episódios de genocídio e limpeza ética em conflitos como o de Ruanda, de acordo com o jornal Mail & Guardian.

A Anistia Internacional, em 2011, descobriu que o governo dos Estados Unidos tinha fornecido 100 milhões

de dólares de assistência militar, incluindo treinamento de armas de combate para soldados durante um ano, ao

Exército de Libertação do Sudão. Contudo, em 2018, em resposta à contínua violência e brutalidade contra civis e

trabalhadores humanitários, os Estados Unidos decretaram restrições sobre as transferências de armas ao Sudão

do Sul, como afirmou o jornal Financial Times.

Ainda segundo a Anistia, o Reino Unido deve rever com urgência os procedimentos de registros de sua

empresa, pois, atualmente, ele oferece condições perfeitas para se tornar um ponto de acesso para o tipo de

transferência de armas irresponsáveis que devastam o Sudão do Sul. Essas armas em questão fazem parte de um

contrato de 2014, não divulgado anteriormente, entre uma empresa estatal de armas ucraniana e uma empresa

sediada nos Emirados Árabes Unidos, para a obtenção de 169 milhões de dólares em armas, em nome do Sudão

do Sul. O envolvimento da empresa estatal ucraniana e da empresa privada dos Emirados Árabes Unidos contraria

as obrigações da Ucrânia e dos EAU como signatários do Tratado de Comércio de Armas.

Por mais que o Sudão do Sul tenha se separado do Sudão em 2011, o Exército de Libertação do Povo do Sudão (SPLA) e o Exército de Libertação do Povo do Sudão do Norte (SPLA-N), continuaram sua cooperação

militar e logística, de acordo com o Small Arms Survey.

6.3 Embargo de Armas

Pesquisadores britânicos que rastreiam armas e munições em zonas de guerra alegam, em um novo relatório

Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 27

da Small Arms Survey, que a Uganda foi usada como um canal para contrabando de arsenal militar para o Sudão

do Sul, ajudando o país conturbado a contornar um embargo internacional de armas imposto pelo Conselho de Segurança da ONU em 2018. O embargo de armas permitirá aos Estados-membros da ONU destruir ou neutralizar

qualquer carregamento de armas proibidas pelo embargo, até 31 de maio de 2019. Essa medida obriga todos os

países da ONU a impedir a entrada de armamentos no país africano, incluindo munições, veículos, equipamentos

militares e paramilitares. Porém, a decisão desse embargo não foi unânime, houve seis abstenções, incluindo China

e Rússia, que fazem parte do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Como diz a Anistia Internacional, o governo do Reino Unido tem sido um grande defensor do embargo de armas.

No entanto, o país tem fechado os olhos para acordos ilegais que acontecem debaixo do seu nariz. Documentos

expostos à Anistia nomeiam a empresa britânica S-Profit Ltd como sendo um dos jogadores comerciais no que

constituiria um dos maiores acordos de armas com o Sudão do Sul desde o início dos seus conflitos civis em dezembro

de 2013. O relatório também revela que o governo do Reino Unido, há mais de oito anos, tem conhecimento de

companhias britânicas que são usadas ilegalmente como veículos contratados para traficantes de armas para o

fornecimento a violadores de direitos humanos e destinos embargados, incluindo Síria, Eritreia e Sudão do Sul. A

Anistia Internacional afirma que o envolvimento das empresas britânicas nesses acordos poderá violar os controles

de exportação do Reino Unido, que proíbem o envolvimento no fornecimento de armas ao Sudão do Sul.

Como dito pela embaixadora dos Estados Unidos na ONU, “Se quisermos ajudar o povo do Sudão do Sul,

precisamos que a violência pare. E para parar com a violência, precisamos interromper o fluxo de armas para

grupos armados, que são usadas por eles para lutar uns contra os outros e aterrorizar as pessoas”. E, reforçando

essa fala, temos o que foi dito por Claire McEvoy, da Small Arms Survey: “Quanto mais armas adquirem os governos

de Cartum e Juba, mais armas vazarão das forças armadas para outros setores não estatais mediante roubo, perda,

corrupção e venda”.

7. Censura da Imprensa

Denúncia da UNESCO contra os assassinatos de jornalistas no Sudão do Sul

Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 28

A censura da imprensa é uma prática muito habitual em governos autoritários e, ainda que o Sudão do Sul

seja, na teoria, uma República, na prática, a autocracia ainda persiste de forma intensa no país. As Organizações

Nacionais e Internacionais de Jornalistas acusam o governo sul-sudanês de censura, uma vez que a autoridade

territorial condena qualquer artigo que seja considerado questionador do governo.

A Associação de Correspondentes Estrangeiros da África Oriental cita que, no mínimo, 20 membros da imprensa

estrangeira tenham sido expulsos do Sudão do Sul durante um semestre, além dos 15 jornalistas que foram presos,

detidos, espancados e ameaçados num espaço de 4 meses. A censura vem sendo imposta também a partir do

bloqueio de sites, o fechamento de casas de imprensa e a suspensão de artigos e jornais considerados críticos do

governo e prejudiciais para a reputação do país.

O relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), Direito de Liberdade de Opinião e Expressão no Sudão do

Sul, explana que a restrição à liberdade de expressão está tendo um “efeito inibidor”, além de estar encolhendo o

espaço para debate no território sul-sudanês. O período de combate vem sendo danoso não só para a população,

mas também para a imprensa e para a economia nacional. Entretanto, tendo em vista que os últimos acordos para

o fim do conflito fracassaram, a paz aparenta ser utópica e distante.

8. Política

O Sudão do Sul, desde sua independência em 2011, é uma República Presidencialista, porém a democracia

está muito longe de se tornar realidade; há fraudes nas eleições, processos políticos corruptos e a imprensa não

tem liberdade. Por mais que o país seja considerado uma República, ele não é uma democracia visto que todas as

decisões políticas importantes não são votadas pelo povo e não existe a principal função da democracia, que é a

proteção dos direitos humanos fundamentais, como a liberdade de expressão e a proteção legal dos civis.

O melhor termo para caracterizar esse tipo de governo é autocracia, o qual é um regime político em que as

leis e decisões são controladas por apenas uma representação como detentora do poder. No caso do Sudão do

Sul, o presidente que possui poder absoluto e que tem o controle de todos os níveis governamentais, sendo o

consentimento de outros membros de governo ignorado ou inexistente.

8.1 Mudança da Capital Nacional - Ramciel

Ramciel, também grafada com Ramchiel ou Ramshiel, está localizada na região Laos, no centro do país. Essa

palavra não é uma palavra qualquer, ela vem do idioma dinka: “ram” que significa encontro e “ciel” no meio, e este

local está sendo planejado para que, no futuro, constitua a nova capital do país.

O primeiro presidente do Sudão do Sul, John Garang, tinha a ideia de tornar Ramchiel a nova capital do recém-

criado país, porém ele faleceu antes de conseguir a mudança e, em seu lugar, a maior cidade, Juba, tornou-se a

capital. Contudo, quando o território conquistou oficialmente a independência, foi decidido que a capital e sede

do governo seria Juba. No entanto, a constituição informa que uma nova capital deve ser construída mais tarde.

Ramshiel fica a 200 km ao norte de Juba e está desabitada, pois carece de infraestrutura básica, como estradas

Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 29

e eletricidade, porém é ali que se encontra o melhor terreno. Em 2012, o projeto começou a ser feito por uma

companhia coreana e, em fevereiro de 2017, o Sudão do Sul e o rei de Marrocos assinaram um acordo para a

construção da cidade.

III. Posicionamentos Internacionais

1. Estados Unidos da América

Devido ao fato do Sudão já ter abrigado Osama bin Laden em seu território, durante um período significativo,

o país passou a sofrer sanções dos Estados Unidos. Tais atos seriam barreiras comerciais, financeiras e econômicas

contra a nação africana. No entanto, mais tarde, foi oferecida em troca de ajuda humanitária, a entrega do ex-

líder da Al-Qaeda.

A partir do governo do Barack Obama, houve uma flexibilização do embargo econômico anteriormente

imposto, em 1997, pelo Estados Unidos sobre o território sudanês. Atualmente, presidente estadunidense,

Donald Trump, ainda está em processo de decisão de cancelamento total ou não da seção. O governo americano

ainda mantém o Sudão em sua lista de “Estados patrocinadores do terrorismo”; todavia, da mesma forma que o

embargo, estão em negociação para que isso mude.

Após quatro anos do conflito interno no Sudão do Sul, os Estados Unidos vêm se posicionando contra o

tráfico de armas, solicitando um embargo internacional a fim de acabar com a guerra. Entretanto, apesar do

apoio da ONU contra o contrabando de armamentos, o pedido vem sendo ignorado pelas outras nações.

Ibrahim Abboud, presidente sudanês ao lado de John Kennedy, na Casa Branca, em 1961, antes do embargo econômico em 1997.

Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 30

2. China

Tendo 80% do petróleo produzido exportado para a China, segundo o próprio governo chinês, grande parte

da economia do Sudão do Sul provém dessa relação. Porém, com o agravamento do conflito no território, as

relações comerciais com os chineses podem ser afetadas, pois há uma queda na extração de petróleo e na

exportação à medida que a guerra se prolonga.

Houve, e ainda há, várias tentativas por parte da China para conter a situação no Sudão do Sul. Anteriormente,

o governo chinês enviou agentes pacificadores em 2014 e, hoje em dia, de acordo com a ONU, cerca de 800

militares chineses estão em território sudanês em missão de paz. Além disso, solicitou que seja firmado um

acordo de paz entre o governo do Sudão do Sul e os insurgentes.

3. Israel

Durante mais de 20 anos acompanhada por uma série de rompimentos diplomáticos, aos poucos Israel está

criando novamente relações com os países africanos, incluindo o Sudão do Sul. Porém, tais relações recentes

não vêm favorecendo todos os sul-sudaneses, pois existe tráfico de armas provenientes de Israel para o exército

dinka, etnia que apoia Salva Kiir.

4. Uganda

Por serem vizinhos, a Uganda e o Sudão do Sul possuem várias semelhanças culturais, políticas e econômicas.

Em virtude de grande parte da população sul-sudanesa não ter acesso à escolaridade e a um ensino superior de

qualidade, há um grande fluxo de alunos sudaneses para as escolas e universidades ugandesas.

Outro fator em comum entre os dois países é que o presidente ugandês, Yoweri Museveni, e o líder do

Exército Popular de Libertação do Sudão (SPLA), John Garand, eram próximos. Isso fazia com que Uganda

apoiasse a independência do Sudão do Sul durante a Segunda Guerra Civil Sudanesa.

5. Ucrânia

A Ucrânia tem uma influência de extrema importância no conflito, uma vez que é o maior fornecedor

de armas para o conflito, as quais se destinam às mãos do Exército Popular de Libertação do Sudão (SPLA).

Segundo uma investigação feita pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, U$ 42,8 milhões de dólares são

destinados à compra de helicópteros ucranianos para o conflito no Sudão do Sul. Os financiamentos militares

e financeiros feitos pela Ucrânia estão presentes desde o início do conflito e, de acordo com um relatório da

Anistia Internacional, aproximadamente U$ 169 milhões foram destinados ao governo sul-sudanês.

Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 31

Além desse investimento ter sido usado contra os grupos paramilitares, também são utilizados em oposição

à população civil. Um exemplo disso ocorreu quando as armas foram utilizadas contra o hospital do Comitê

Internacional da Cruz Vermelha. Apesar de todos esses fatores, o porta-voz da Comissão Europeia afirma que o

fornecimento de armas ao Sudão do Sul não acontece desde 2016.

IV. Bibliografia

1. História

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https://www.google.com/publicdata/explore?ds=d5bncppjof8f9_&met_y=sp_pop_totl&hl=pt&dl=pt

Helicóptero de origem ucraniana, modelo MI-24, utilizado para ataques pelo exército do Presidente Salva Kiir.

Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 32

2. Religião

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https://www.acn.org.br/relatorio-liberdade-religiosa/sudao-do-sul/

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Animismo

3. Questão do Petróleo

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4. Precariedade das condições de vida

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5. Infraestrutura

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6. Escolaridade

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10. Mortalidade

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11. Exploração infantil na guerra

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12. Abusos sexuais

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15. Perseguição aos Jornalistas

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https://www.dn.pt/lusa/interior/jornalistas-acusam-o-governo-do-sudao-do-sul-de-censura-8591607.html

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16. Posicionamentos Internacionais

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o-obtem-acordo-sobre-armas-norte-coreanas-21920981.html

Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 38

17. Imagens

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Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 39

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Guia de Estudos CSNU - POLIONU 2019 40

Guia de Regras - POLIONU 2019 1

GUIA DE ESTUDOS

GUIA DE REGRAS

Guia de Regras - POLIONU 2019 3

Guia de Regras

SumárioIntrodução ......................................................................................................................................................................................................5

I. Institucional .......................................................................................................................................................6

1. Histórico ...............................................................................................................................................................................................6

2. Organização e comitês ....................................................................................................................................................................6

3. Deveres da organização ..................................................................................................................................................................7

II. Preparando-se para Simular ............................................................................................................................7

1. Pesquisa ................................................................................................................................................................................................7

2. Oratória ...............................................................................................................................................................................................10

3. Negociação diplomática ...............................................................................................................................................................10

4. Códigos ...............................................................................................................................................................................................11

4.1. Código de conduta ................................................................................................................................................................11

4.2. Código de vestimenta ..........................................................................................................................................................11

5. Documento de Posição Oficial (DPO) ......................................................................................................................................12

III. Regras Gerais de Simulação..........................................................................................................................15

1. Quórum e maiorias .........................................................................................................................................................................16

2. Discursos ............................................................................................................................................................................................16

3. Questões procedimentais ............................................................................................................................................................17

3.1. Questões ...................................................................................................................................................................................17

3.2. Moções .......................................................................................................................................................................................18

Guia de Regras - POLIONU 2019 4

4. Questões substanciais ...................................................................................................................................................................19

5. Tabela de precedência de questões e moções .....................................................................................................................20

IV. Documentos ...................................................................................................................................................22

1. Documento de Posição Oficial (DPO) ......................................................................................................................................22

2. Documento de trabalho ...............................................................................................................................................................23

3. Carta Oficial .......................................................................................................................................................................................24

4. Correio diplomático .......................................................................................................................................................................25

5. Press Releases e notícias da imprensa .....................................................................................................................................25

6. Proposta de resolução ...................................................................................................................................................................25

6.1. Introdução da proposta de resolução ............................................................................................................................29

7. Processo de votação de propostas de resolução e emenda............................................................................................30

Guia de Regras - POLIONU 2019 5

Carta aos Delegados

Introdução

Prezadas Senhoras e Senhores participantes do PoliONU. Sejam bem-vindos à décima quarta edição do

evento. Nesses quatro dias os senhores se encontrarão em um ambiente propício para o desenvolvimento de

opiniões, questionamentos e principalmente de um cidadão engajado e com o conhecimento preambular para

se pensar em como mudar sua realidade.

Ao longo da simulação é necessário um comportamento diplomático dos participantes, pois dessa maneira

será possível um ambiente verossímil com o das Nações Unidas. Deve-se enfatizar o empenho para em seguir a

política externa de sua representação dentro do comitê e respeitar os participantes e responsáveis pelo evento.

Para compreensão íntegra do evento e seu decorrer, é imprescindível a leitura deste guia de regras, uma vez

que contém todas as informações procedimentais das sessões, além de orientações a respeito do regimento de

diversos documentos necessários durante a simulação. Reintegra-se que este documento deve ser lido por todos

os participantes, mesmo os que já tiveram experiência prévia com o PoliONU, já que o guia sofreu alterações em

relação à edição anterior.

Desejamos a todos uma ótima simulação!

Cordialmente,

Ayrton Gusson

Secretário-Geral Executivo

Gabriela Pestana Gomes da Silva

Secretária-Geral Administrativa

Lara Cigagna de Godoy

Secretária-Geral Acadêmica

Guia de Regras - POLIONU 2019 6

I. Institucional

1. Histórico

A primeira edição do PoliONU aconteceu em 2006, e vem, desde então, despontando como a maior simulação interna do Brasil. Com quatro dias de evento, evoluiu de, aproximadamente, cem delegados e cinco comitês na primeira edição para mais de setecentos em sua décima quarta edição. Ao longo desses dias, discutimos e buscamos soluções para problemas atuais e de relevância mundial.

O evento visa, a partir do debate, do discurso e da pesquisa, complementar a formação do participante aguçando seu senso crítico e sua visão de mundo. O PoliONU ajuda na criação de uma juventude consciente de sua cidadania e de seu protagonismo nas mudanças da sociedade.

2. Organização e comitês

A equipe do evento é alterada anualmente, com escolha direta entre os membros da organização.

Secretariado: é formado por secretário-geral executivo, secretário-geral acadêmico e secretário-geral administrativo.

O secretário-geral executivo e o secretário-geral acadêmico são responsáveis por comandar os trabalhos, como exemplo a confecção dos guias dos comitês, e supervisionar o evento como um todo, sendo peças-chave para a integração de toda a organização.

O secretário-geral administrativo é encarregado de toda a execução administrativa, por exemplo, da festa, e planejamento necessários para um bom evento. É também responsável pelas esferas logística e financeira da simulação, juntamente com a coordenação do Colégio Poliedro.

Os três secretários, independente da função, estarão disponíveis para sanar possíveis dúvidas, e auxiliar os participantes antes e durante o evento. São responsáveis pela elaboração do Guia de Regras e auxiliam desde a organização das atividades até a preparação dos diretores e delegados. Durante o evento, supervisionam o andamento e os acontecimentos nos comitês e também acompanham a avaliação dos alunos ao final das conferências.

Diretoria: são os alunos que coordenam os comitês. É da responsabilidade dos diretores a formulação do tema e a produção dos guias de estudo. Nos dias do evento, atuarão como mesa diretora moderando os debates. Ademais, são responsáveis pelo contato mais próximo com os delegados de forma a garantir o desenvolvimento dos alunos e auxiliar em suas dificuldades dentro das sessões dos comitês.

Observação: Durante as sessões, os diretores representam a neutralidade no tema debatido, devendo iniciar e encerrar cada sessão; conferir o quórum; abrir espaço para questões ou moções; manter o decoro; conceder o direito de voz; decidir acatar ou não determinadas questões e moções; moderar o debate imparcialmente (a escolha da delegação ou juiz que irá se pronunciar será uma decisão a ser tomada pela Mesa, de acordo com a relevância para o debate no momento, porém todos terão direito de voz) e apresentar questões e moções à votação.

Guia de Regras - POLIONU 2019 7

3. Deveres da organização

Tratar a todos cordialmente, mantendo o comportamento diplomático e dedicação máxima em todas as suas atividades, sendo responsável pelas consequências de suas decisões.

Observar o cronograma das atividades, buscando a pontualidade.

Zelar pela conservação do local do evento.

Atender aos delegados com simpatia, eficiência e imparcialidade.

Não abusar de sua posição de soberania.

Ser transparente quanto às suas funções e realizar todos os seus compromissos.

Estar ciente de todas as regras do evento.

Estar disponível para atender aos participantes em qualquer situação, mantendo-se imparcial.

II. Preparando-se para SimularPara tornar a experiência de simular em um Modelo ONU ainda mais especial, é preciso estar preparado.

Portanto, seguem algumas dicas:

Leitura do Guia de Estudos.

Estudo aprofundado do tema: é interessante que os delegados procurem reportagens, filmes, sites e livros que tratem do assunto – quanto maior a sua quantidade de informações extra, melhor será sua atuação dentro do comitê.

Não hesitar em contatar os diretores de seu comitê, uma vez que são eles os idealizadores do Guia de Estudos. Seguindo essas dicas, teremos debates mais ricos, evitando discussões tediosas e circulares.

1. Pesquisa

A pesquisa é fundamental para garantir que sua participação no comitê seja a melhor possível – delegados bem preparados tornam a simulação mais rica e dinâmica.

Visando sua boa participação, os senhores devem conhecer o funcionamento, funções, atribuições do comitê e o histórico de sua representação nele.

Avalie a situação política, econômica e social do seu país, tente relacionar as condições atuais de sua nação com a temática do comitê e das discussões. Isso inclui o conhecimento de tradicionais aliados e de seus antagonistas conhecidos, além de todas as questões que orbitam ao redor do tema a ser debatido e à política externa atual oficial de seu país em relação ao problema.

Verifique a área de atuação e atribuições de seu comitê, evitando dessa forma resoluções que, por mais efetivas que sejam, não podem ser realizadas devido ao órgão que foram propostas.

No caso de comitês históricos, é preciso saber bem a época que os senhores estarão simulando. Afinal, dias

Guia de Regras - POLIONU 2019 8

ou meses podem ser cruciais para determinar o posicionamento dos países nos comitês, além de saber o que pode ser discutido para evitar anacronismos.

O Guia de Estudos auxilia em muitos desses aspectos e, após a conclusão de sua leitura, quaisquer dúvidas sobre o conteúdo devem ser encaminhadas aos diretores (e-mails no site). Lê-lo na sua completude, por mais extenso que seja, é fundamental para que se consiga debater conscientemente o tema. O guia, nos estudos dos senhores, é exatamente o que o nome sugere: uma introdução ao tema, na atualidade e em uma visão histórica, aos conceitos fundamentais e às regras do comitê, um norteamento para os estudos ainda por vir.

Uma vez lido o guia, as pesquisas devem começar. De início, é importante salientar que conhecimento básico ou médio de línguas estrangeiras (como inglês e espanhol, por exemplo) é de grande utilidade para aumentar o alcance e qualidade da pesquisa – no entanto, qualquer ajuda é válida, inclusive tradutores on-line, apesar da imprecisão. Além da bibliografia indicada nos guias de estudos, os senhores devem também se aventurar na internet por conta própria – algum site interessante pode sempre escapar do crivo dos diretores. Contudo, navegar em vão ou por páginas não confiáveis pode comprometer as discussões do comitê. Por isso, elaboramos uma lista de sites que podem ajudá-los substancialmente em suas pesquisas on-line:

Sites das organizações: ajudam no trabalho de conhecer as funções e atribuições do órgão e instância que serão simulados, assim como o papel do delegado em seu comitê, sendo representante de um país. Algumas organizações também possuem notícias, discursos, pronunciamentos e press releases que ajudam muito a ter maior noção do tema. Saber as funções e atribuições dos senhores e do comitê, enquanto representantes, significa estar ciente do que pode ser discutido e de quais compromissos podem ser tomados dependendo de seu nível diplomático (embaixador, diplomata, ministro, presidente etc.) quanto à celebração das discussões, de tratados ou acordos de paz perante a comunidade internacional. Normalmente, os sites das organizações são suficientes para solucionar as questões quanto ao comitê. É fundamental que você localize os acordos e resoluções já ratificados pertinentes ao tema, para compreender melhor o posicionamento de seu país.

Sites oficiais dos países: quanto às representações, pode-se consultar sites de governos, consulados ou embaixadas que também podem ajudar a ter uma noção consciente de seu país – saber se é uma república, monarquia, democracia ou ditadura, bem como a situação econômica em linhas gerais, o que faz diferença na discussão e nos compromissos que os senhores poderão firmar no comitê. Os sites oficiais dos governos normalmente possuem links para suas políticas de relações exteriores, nos quais se pode entender quais são os posicionamentos oficiais do país frente a questões relevantes, que podem ser futuramente citados dentro das sessões. Pesquise também nos sites específicos dos Ministérios de Relações Exteriores dos países.

www.consulados.com.br (site com endereço e telefone de embaixadas e consulados no Brasil).

ww.cia.gov/library/publications/the-world-factbook (The World Factbook, o livro de fatos da CIA – Central de Inteligência Americana – com diversos dados sobre os países do mundo).

Sites das missões oficiais: é a fonte primária de discursos oficiais e pronunciamentos dos representantes do país nas organizações por meio de missões diplomáticas. No entanto, nem todos os países possuem tais sites ou, se possuem, a maioria não é atualizada frequentemente.

Guia de Regras - POLIONU 2019 9

Dag Hammarskjöld Library e un.org: a Biblioteca Virtual da ONU, apesar de não atender a todos os comitês da simulação, é simplesmente a maior fonte de documentos, discursos, pronunciamentos, relatórios oficiais e resoluções da internet. Para os comitês fora das Nações Unidas, ela ainda é útil, pois seus documentos possibilitam o estabelecimento de ligações temáticas, encontrando o posicionamento de seu país em relação a outras questões que podem interferir no andamento do comitê. O site da ONU oferece informações, resoluções e pronunciamentos oficiais em relação aos comitês sob a sua instância – nada que, no entanto, não possa ser encontrado pela biblioteca. Além disso, o site do PoliONU possui o tópico ‘’pesquisa’’, contendo vários sites oficiais dos órgãos da ONU.

- www.un.org/depts/dhl (Dag Hammarskjöld Library). www.un.org (ONU).

Sites de comunidades de nações: sites como o Mercosul, União Africana, União Europeia e outros ajudam a entender políticas regionais adotadas por grupos de países.

- www.mercosur.int (Mercosul).

- www.au.int/en (União Africana).

- www.europa.eu/index_pt.htm.

ONGs (Organizações Não Governamentais): algumas ONGs, atuantes em crises internacionais ou de refugiados, fazem relatórios detalhados, ainda melhores que os próprios governos locais, que são base para diversas discussões e até resoluções em órgãos importantes como o Conselho de Segurança da ONU. Temos como principais exemplos a Anistia Internacional (Direitos Humanos), a MSF (Médicos sem Fronteira) em saúde, a Oxfam, o HRW (Human Rights Watch) e a Cruz Vermelha.

- www.br.amnesty.org

- www.oxfam.org

- www.msf.org

- www.hrw.org

- www.cruzvermelha.org.br

- www.icrc.org

Agências de notícias: como fontes extra oficiais de informação, podem ser menos confiáveis, porém não passam pelo “filtro político” das fontes oficiais das organizações, postando notícias polêmicas ou com boas análises políticas e de política externa. Muitas informações relevantes podem estar exclusivamente disponíveis em outros idiomas, como o inglês ou o espanhol, por isso recomenda-se que sejam consultadas outras agências, além das brasileiras. Procurem também fugir das mais comuns (BBC, CNN), e aventurar-se nas agências orientais para noticiar eventos ou detalhes ignorados pelos ocidentais. Também é fundamental pesquisar em alguma agência de notícia do país que os senhores representam e de alguma do local onde está concentrado o comitê. É importante frisar ainda que as agências de notícias divergem em suas análises. Isso se dá pois várias das agências adotam uma corrente política, fato ao qual os participantes, em especial os jornalistas, devem se

Guia de Regras - POLIONU 2019 10

atentar. Por isso é preciso estar ciente da orientação política de suas fontes e estudar a partir de textos de mídias orientadas a partir das mais diversas posições do espectro político.

Revistas especializadas: existem diversas revistas especializadas em política externa e relações internacionais que são importantes em suas análises político-econômicas dos assuntos em questão nos comitês.

Artigos acadêmicos: embora sem acesso fácil e muitas vezes mediante pagamento, os artigos acadêmicos são extensos e repletos de informações confiáveis assinadas pelos especialistas no assunto. No entanto, em questões que dependem de acontecimentos atuais, é mais difícil encontrar publicações, já que sua produção demanda tempo. Uma base de dados de acesso a diversos artigos é a JSTOR (www.jstor.org), que, além de produções acadêmicas, possui artigos de jornais especializados. Outra fonte interessante é a página Google Acadêmico (scholar.google), em que os senhores podem achar, de uma maneira mais fácil, artigos acadêmicos.

Wikipédia: É preciso muita cautela ao fazer pesquisas pela Wikipédia – em especial sobre posicionamentos e política externa de países – pois essa enciclopédia é um site de livre colaboração que pode ser alterado por qualquer pessoa, a qualquer momento. No entanto, é praticamente uma tentação utilizar essa ferramenta pela abundância e variedade de informações que ela oferece. Caso resolva consultá-la, uma possibilidade é utilizar o site em inglês (https://en.wikipedia.org/wiki/Main_Page), pois essa apresenta maior número de artigos e, muitas vezes, textos mais completos do que a versão em português. Uma boa dica é checar as fontes utilizadas no artigo (encontram-se no rodapé da página), elas trazem mais credibilidade ao artigo e podem direcionar a ótimas fontes de pesquisa sobre o tema. Ademais, é interessante utilizar a Wikipédia como um ponto de partida para as pesquisas, procurando artigos sobre definições, momentos históricos e pessoas.

2. Oratória

A oratória é tão importante quanto os outros pontos apresentados nesta seção. A qualidade de seu discurso será determinante para uma boa participação no evento – pela capacidade de convencimento e pela clareza dos pontos de vista no debate, garantindo uma negociação mais fluida e menos tediosa. É importante tomar cuidado para não se expressar mais que o essencial e não usar palavras informais. Expor suas ideias de maneira clara, em voz alta, evitar repetições, praticar o discurso antes do evento, ser coeso e coerente garantem uma boa oratória na simulação.

3. Negociação diplomática

Durante o evento, a negociação será constante e fundamental; assim, é importante estar bem preparado para ela. Um bom negociador deve ser receptivo às diversas partes, capaz de lidar com os mais diversos temperamentos psicológicos, ter firmeza no estabelecimento de sua posição ideológica e de seus limites de negociação – isto é, até quando pode ceder e o que pode garantir. É importante que o acerto final entre as partes atenda às exigências da maioria delas e não infrinja gravemente a política externa de nenhum dos lados. Para o negociador, é importante ser amistoso e criativo, uma vez que o direcionamento da negociação está sujeito a elementos subjetivos – como a cortesia, gerada na cordialidade entre negociadores.

Guia de Regras - POLIONU 2019 11

Muitas vezes, o debate pode chegar a um impasse – normalmente devido a pontos divergentes ou de difícil acordo. Quando isso acontecer, deve-se procurar qual o motivo de tal entrave. Pode-se sugerir que as partes conflitantes proponham alternativas menos prejudiciais às suas políticas externas – ou seja, que cedam, procurando uma posição intermediária ou negociando os itens críticos. Assim, a proposta apresentada poderá ser aceitável pelos governos das diversas partes.

Perguntar aos outros delegados o que os incomoda em cada uma das diferentes opções também irá ajudar os senhores a determinar os interesses e os limites de seu interlocutor. Tais limites são os pontos não negociáveis – esses tópicos geralmente são protegidos por estarem diretamente ligados a setores suscetíveis na estrutura (econômica, política ou social) dos países representados.

Os intervalos, coffee breaks ou debates não moderados são ambientes ideais e instrumentos valiosos no processo de negociação, por apresentarem menos burocracia e aproximarem os delegados. Nesses momentos, as partes podem revisar os tópicos discutidos, agendar e criar bases para novos acordos e alianças.

4. Códigos

É preciso frisar que, ao representarem diplomatas ou juízes em um ambiente como o PoliONU, os participantes devem reproduzir, da forma mais autêntica possível, a atmosfera real de negociações e debates das Nações Unidas – incluindo nos debates, além da norma culta da língua, as questões

relativas à vestimenta e à conduta.

4.1. Código de conduta

É dever dos participantes:

Tratar a todos respeitosamente, mantendo o comportamento diplomático.

Estar inteirado sobre assuntos de seu comitê, tópico e representação.

Observar o cronograma de atividades, buscando a pontualidade.

Zelar pela conservação das dependências do local do evento.

Respeitar as decisões da organização.

Advogar interesses de seu país com fidelidade máxima e manter o decoro apropriado a cada uma das formas de interação com os demais participantes.

Ter consciência de que a Mesa Diretora é soberana dentro do comitê.

Evitar sair durante as sessões.

4.2. Código de vestimenta

Durante todas as atividades, exceto nas festas e atividade programadas, serão obrigatórios os trajes sociais.

São considerados trajes sociais:

Camisa e Calça Social; Blazer; Paletó; Terno; Tailleur; Smoking; Vestidos; Saias; Sapatos Sociais; Sapatos de Salto Alto; Sapatilhas e Mocassins e Docksides.

Guia de Regras - POLIONU 2019 12

Lembrando que Vestidos e Saias devem estar, no máximo, três dedos acima do joelho.

Qualquer dúvida relacionada ao código de vestimenta pode ser enviada aos membros da organização.

5. Documento de Posição Oficial (DPO)

Todos os delegados, obrigatoriamente, terão de entregar um Documento de Posição Oficial de sua representação. Países que possuem representação dupla (dois delegados) no comitê, deverão entregar apenas um DPO. Esse documento deverá ser entregue no ato do credenciamento e deverá conter em seu texto:

No cabeçalho do texto deverá constar:

o brasão oficial do país;

o nome oficial do comitê;

o tema/ tópico do comitê;

o nome oficial da representação (exemplo: República Popular da China em vez de China);

o(s) nome(s) do(s) delegado(s) do comitê.

No corpo do texto:

a política externa de seu país, em linhas gerais;

o posicionamento do país perante o problema a ser discutido no comitê;

os principais acordos, inclusive a participação em blocos econômicos e geopolíticos, que eventualmente seu país possua com outras nações.

Ao final do texto:

a assinatura do delegado, conforme a sua representação oficial, se houver.

o(s) nome(s) do(s) delegado(s) do comitê;

representação oficial e o comitê.

Observação: não se trata da bandeira do país, e sim do brasão. Caso o país não possua um, deverá ser colocado o brasão do Ministério das Relações Exteriores. A função do documento de posição é explicar aos outros delegados do seu comitê qual a posição que seu país defende na questão discutida. Faz-se necessário determinar a política externa geral da representação (como suas prioridades e seus princípios) e relacionar a questão tratada – como ela influencia o seu país, o que tem sido feito para resolvê-la e como o problema é visto por você na função de representante – no seu país (sendo esta a parte mais importante). Fique atento para que o seu DPO disponibilize aos leitores uma visão clara e objetiva do posicionamento de seu país em relação ao tema discutido no comitê – evite inserir informações não relevantes à discussão.

Todos os Documentos de Posição Oficial estarão disponíveis para consulta de qualquer delegado ou delegação durante as sessões no comitê. Veja a seguir um exemplo de Documento de Posição Oficial que pode ser tomado como parâmetro para a construção do DPO dos senhores:

Guia de Regras - POLIONU 2019 13

Exemplo I

( Documento de posição oficial para delegação.)

Alto Comissariado das Nações Unidas

“A questão dos refugiados palestinos”

República da Áustria

(Nome do Delegado)

A República da Áustria, membro do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR),

reconhece que, desde a criação do Estado de Israel, a Questão dos Refugiados Palestinos é um tema recorrente

no cenário internacional. Por considerar a causa justa, a Áustria votou a favor do reconhecimento do Estado da

Palestina na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, pois, assim, é possível ouvir um representante

legítimo dos palestinos.

O povo austríaco, marcado dolorosamente pelo Holocausto, sabe que a intolerância é um grande mal e

acredita que a incomplacência para com os refugiados, dentro e fora de Israel, deve ser combatida. Além disso,

considera que o Artigo I da Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão – o qual declara que “Os homens

nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundamentar-se na utilidade comum.”

– deve ser sempre respeitado. Desse modo, assegura-se a não repetição dos erros cometidos por diversos

governos.

Ao ratificar a Convenção de 1951 para Refugiados, a nação austríaca provou estar interessada e engajada na

busca de uma solução para os problemas dos que vivem em exílio. Entretanto, visto que a República da Áustria

está envolvida na questão dos refugiados sírios, afegãos e paquistaneses, é improvável que possamos ofertar

condição digna aos refugiados palestinos.

Guia de Regras - POLIONU 2019 14

Tendo em vista que as populações judaica e muçulmana crescem a cada dia dentro do território da República

da Áustria, a situação atual dos refugiados palestinos preocupa diretamente uma parcela dos austríacos. Assim,

esperamos contribuir para que seja encontrada uma solução que satisfaça ambos os lados.

Visando uma solução pacífica para o problema, a Áustria pede aos países que possam oferecer condições

dignas aos refugiados para colocarem-se a disposição. Além disso, o Estado de Israel e o Estado da Palestina

devem se preocupar em trazer a paz à região, a fim que os palestinos possam retornar de forma pacífica à parte

que lhes cabe dentro do território.

O governo da Áustria, dedicando-se a assegurar sempre o cumprimento da Declaração Universal dos

Direitos Humanos, coloca-se a disposição para auxiliar, dentro do que for possível, na resolução do problema.

O povo austríaco está e sempre estará disposto a defender causas humanitárias, respeitando a soberania dos

outros países.

Atenciosamente,

(Assinatura)

Nome do delegado

Representante da Áustria no Alto Comissariado das Nações Unidas

Exemplo II:

(Documento de Posição Oficial para Organizações Não Governamentais e outros órgãos)

Anistia Internacional

UNODC - Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes“O Narcotráfico e suas Coligações em meio a Guerrilhas”

(Nome do Delegado)

Embasada no Artigo III da Declaração Universal dos Direitos Humanos — segundo o qual “Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. ” —, a Anistia Internacional compromete-se em levantar questões, fomentar o debate e continuar a luta em prol da defesa dos Direitos Humanos.

Guia de Regras - POLIONU 2019 15

Segundo os pilares de minha organização, quando o direito de um indivíduo é desrespeitado, o de todos os outros está em risco. Por isso, faz-se necessário discutir e buscar soluções para a questão do narcotráfico e suas coligações em meio a guerrilhas, uma vez que milhares de pessoas são vítimas diariamente de truculência de milícias e grupos paramilitares que sobrevivem graças à comercialização de drogas.

Além do problema da violência, é necessário que o UNODC e os respectivos membros desse comitê promovam políticas que auxiliem a população, como tratamento para dependentes químicos. Outro ponto importante é a questão do HIV, cujos casos ligados ao uso de drogas – segundo a pesquisa realizada pelo UNODC em parceria com a UNAIDS, 12, 9 milhões de pessoas utilizam narcóticos injetáveis – crescem cada vez mais.

Assim, a Anistia Internacional, reconhecida mundialmente como grande defensora da sociedade civil e guardiã dos Direitos Humanos em âmbito internacional, sente-se honrada em poder participar dessa reunião e declara-se à disposição deste comitê para debater e buscar possíveis soluções para essa questão que afeta grandemente o mundo atual.

Atenciosamente,

Representante da Anistia Internacional

III. Regras Gerais de SimulaçãoTais regras conseguintes regem todos os comitês do PoliONU, devendo ser respeitadas por todos e a todo

momento durante o evento. O português será o idioma oficial do PoliONU 2018, com exceção do comitê Disarmament and International

Security Committee (DISEC), onde os debates serão conduzidos exclusivamente em inglês.

Não será permitido o consumo ou a posse de álcool, tabaco ou substâncias ilícitas, independentemente da faixa etária do(s) participante(s).

Cada país será representado por um delegado em cada comitê, exceto o Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), o Disarmament and International Security Committee (DISEC), a Organização dos Estados Americanos (OEA), a Assembleia Geral Histórica (AGH), onde cada país será representado por dois delegados. Ressalta-se que a ausência de um delegado, em qualquer comitê, é grave e deverá ser informada com antecedência aos organizadores.

Todos os delegados terão direito de voz e voto em questões procedimentais nos comitês e todos os países membros dos órgãos simulados também terão direito a voto em questões substanciais.

Os delegados não poderão fazer uso de documentos e discursos oficiais como se fossem próprios ou escrever uma carta como chefe de Estado. Tais procedimentos não serão aceitos, pois se caracterizam como plágio.

A Mesa Diretora será soberana e imparcial perante o comitê, tendo precedência no direito à palavra sobre os delegados, e suas decisões serão inapeláveis. Os diretores poderão, no curso da discussão de qualquer tópico, propor ao comitê a limitação ou ampliação do tempo de discurso de cada delegado, o encerramento do debate do tópico em discussão, bem como a suspensão ou o adiamento da sessão.

Guia de Regras - POLIONU 2019 16

O secretariado ou os seus representantes poderão se pronunciar a qualquer momento, por escrito ou oralmente, bem como permitir o pronunciamento de alguma outra representação, sobre qualquer tópico.

Perante situações emergenciais ou de crise, o comitê deverá permanecer reunido até que as questões sejam resolvidas, não sendo permitido o contato com qualquer meio externo. Após uma resolução ser adotada sobre a situação de crise, o debate retornará ao momento em que foi interrompido.

Nenhum delegado ou representante deverá dirigir a palavra ao comitê sem antes haver sido previamente autorizado pela Mesa Diretora.

1. Quórum e maiorias

O denominado “Quórum” refere-se ao número total de delegações presentes e credenciadas dentro de um comitê. Havendo o inteiro igual ou acima de um terço das delegações credenciadas, os diretores conferirão o quórum por meio de chamada e poderão declarar aberta a sessão. Na conferência do quórum, que ocorrerá no início de cada sessão do comitê, os delegados poderão declarar-se como presente ou presente e votante – se o delegado se declarar presente e votante, ele não terá o direito de abster-se nos processos de votação realizados durante a sessão. Os delegados que se declararem somente presente poderão abster-se na votação de questões substanciais.

Durante as sessões, haverá questões procedimentais e questões substanciais que requerem aprovação das delegações; algumas são aprovadas por meio de maioria simples, outras mediante maioria qualificada. A seguir, a diferença entre as duas:

Maioria simples: correspondente ao primeiro inteiro acima da metade do quórum presente.

Maioria qualificada: corresponde ao inteiro igual ou imediatamente acima de dois terços ( ) do quórum presente.

A exceção cabe ao Conselho de Segurança (CSNU, CSH e HSC), no qual a maioria qualificada é o inteiro igual ou imediatamente acima de três quintos ( ) do quórum.

2. Discursos

Os delegados terão duas formas de pronunciarem seus discursos em momentos e com objetivos diferentes.

Discurso inicial: O discurso inicial será realizado no início da primeira sessão dos comitês, com o tempo máximo definido em três minutos, e terá como objetivo dar a oportunidade para as delegações apresentarem suas posições, a fim de complementar o DPO (Documento de Posição Oficial). O discurso inicial pode ser apenas a leitura do DPO, a leitura de um texto previamente escrito, ou até mesmo um discurso decorado ou proferido a partir de anotações tomadas anteriormente, contanto que cumpra seu papel de complementar o DPO, reforçando a posição da delegação. É imprescindível que o discurso esteja de acordo com a norma culta da língua portuguesa, utilizando de vocabulário formal.

Discurso à grega: O discurso à grega é uma forma de debate moderado. As delegações que desejarem se

23

35

Guia de Regras - POLIONU 2019 17

pronunciar têm de deixar suas placas na posição vertical e esperar pelo reconhecimento da Mesa Diretora, que é livre para escolher a próxima delegação a se pronunciar, mesmo que fora de ordem, de acordo com a relevância para o debate naquele momento, porém sempre mantendo a imparcialidade.

O tempo de discurso será determinado pela Mesa Diretora, todavia os delegados podem propor sua alteração por meio de uma moção. Os diretores indicarão o final do tempo de um discurso com o uso do martelo da Mesa – com uma batida, faltam dez segundos para o fim do tempo; com duas, o tempo estará encerrado e a voz passa para a Mesa.

A Mesa concederá a palavra ao delegado subsequente à sua escolha, após tratar de acatar ou pôr à votação questões ou moções com precedência propostas pelos delegados, dar recomendações gerais aos delegados, ou reconhecer novos delegados ou membros do secretariado. No discurso à grega todos devem ser reconhecidos pela mesa antes de iniciarem seu discurso ou apresentar uma moção ou questão.

Se o delegado tiver concluído seu discurso e restar-lhe tempo, é necessário que esse seja cedido, podendo fazê-lo de três maneiras:

Para a Mesa: o delegado encerra seu discurso, passando o tempo restante para as pronunciações da Mesa Diretora. É uma maneira polida de encerrar o discurso.

Para outro delegado: caso o último aceite, ele terá o tempo restante do discurso do primeiro delegado para proferir seu discurso, após ser identificado pela Mesa.

Não há cessão de cessão, isto é, não serão permitidas duas ou mais sessões de tempo durante apenas um tempo de discurso. Também não é possível ceder seu tempo quando lhe faltarem dez segundos ou menos de discurso.

3. Questões procedimentais

São classificadas como procedimentais as questões ou moções que tratam de interferências ou modificações no debate em si, sem modificar as decisões do comitê.

Para questões procedimentais que exigem votação, é obrigatório votar “a favor” (favorável) ou “contra” (contrário), ou seja, todas as delegações presentes ou presentes votantes, devem votar. A mesa, visando uma melhor utilização do tempo, pode aprovar ou reprovar uma moção por contraste visual, ou seja, quando a maioria visível dos delegados concorda.

3.1. Questões

As questões são pontos levantados pelos delegados e que são submetidos apenas à apreciação da Mesa, sem processo de votação.

Questão de privilégio pessoal: será empregada quando o delegado experimentar qualquer desconforto físico ou for pessoalmente ofendido. É essencial empregar o bom senso e a ética ao fazer uso dessa questão, pois ela é o único procedimento que pode interromper um discurso. O delegado pronunciará sobre seu desconforto ou a ofensa à sua pessoa após ser reconhecido pela Mesa, que decidirá os procedimentos a serem tomados. Em

Guia de Regras - POLIONU 2019 18

caso de desconforto físico, a Mesa deverá tomar as medidas cabíveis para repará-lo – por exemplo, desligar o ar-condicionado; se algum delegado não concordar com essa questão, deverá levantar outra questão de privilégio pessoal, e o resultado será definido pelos diretores. No caso de uma ofensa, a Mesa decidirá como agir, reconhecendo a ofensa e repreendendo o acusado da forma que julgar necessária ou não reconhecendo a acusação e repreendendo a delegação que empregou a moção fora de contexto ou desrespeitosamente, da forma que julgar necessária.

Questão de ordem: essa questão deve ser levantada quando qualquer um dos delegados notar equívoco da Mesa Diretora em relação às regras e procedimentos estabelecidos neste guia ou à condução dos debates. Caso a questão proceda, os erros devem ser imediatamente reparados pela Mesa.

Questão de dúvida: deve ser levantada caso algum delegado queira obter quaisquer informações da Mesa Diretora em relação aos trabalhos do comitê ou às regras e procedimentos de debate.

3.2. Moções

As moções são pontos levantados pelos delegados em relação a alguma modificação no curso normal dos debates, podendo ser submetidas à apreciação da Mesa e/ou à votação.

Moção para debate não moderado: propõe que o debate à grega seja temporariamente suspenso para que os delegados possam negociar e redigir documentos sem a articulação dos diretores. É preciso apresentar uma justificativa para a não moderação e o tempo total de tal debate. Para sua aprovação, é necessário o voto favorável da maioria simples e a aprovação da Mesa, que poderá propor tempos de debate mais razoáveis. No entanto, apesar da não moderação, esse modelo de debate requer responsabilidade e bons modos, uma vez que haverá outros comitês no local do evento e o barulho excessivo poderá atrapalhar as negociações, tanto do próprio comitê quanto de outros.

Moção para alteração do tempo de discurso: o tempo de discurso poderá ser alterado por uma moção levantada por qualquer delegado; tal moção será submetida primeiro à Mesa Diretora, mediante justificativa do delegado requerente, e depois à votação. É necessária maioria simples para aprovar tal moção. A Mesa pode propor uma alteração caso observe que o tempo não está sendo aproveitado por completo pelos delegados.

Moção para leitura de documento: qualquer delegado poderá propor uma moção para leitura de um documento que esteja em posse de todos os delegados, ou seja, documentos de trabalho, cartas oficiais e press releases. Essa moção não é votada, cabendo apenas à Mesa Diretora aprová-la ou não, após a justificativa do delegado que requereu essa moção e o anúncio da duração de tal leitura. Os Diretores podem propor a observância de um tempo para leitura de documento e também alterar o tempo requerido.

Moção para consulta geral: é proposta por um delegado que deseja conhecer a opinião dos demais delegados acerca de um tema, sem a burocracia dos discursos à grega. O delegado que fizer uso dessa moção deverá apresentar a pergunta primeiramente a mesa, que julgará se acata ou não a moção. Uma vez acatada, o delegado deve repetir a pergunta e os delegados deverão responder levantando suas placas, todos ao mesmo tempo. A pergunta proposta deve poder ser respondida pelo levantamento de placas, portanto, deve ser relativa a quantos delegados concordam com determinada afirmação ou uma pergunta de “sim ou não”.

Moção para introdução de proposta de resolução: é proposta pelos signatários de tal documento,

Guia de Regras - POLIONU 2019 19

sendo necessário que todos os delegados possuam conhecimento do conteúdo da proposta de resolução. Essa moção é automaticamente aprovada e, a seguir, é preciso que um dos signatários a leia em voz alta para o comitê. Em sequência, inicia-se o debate paralelo acerca a proposta.

Moção para introdução de proposta de emenda: pode ser proposta por qualquer delegado e a partir do momento em que cada delegado tiver conhecimento do conteúdo da proposta de emenda, é acatada automaticamente pela Mesa. Então, a proposta será lida e a Mesa estará aberta somente para questões substanciais.

Observação: após a introdução de uma proposta de resolução ou emenda, são permitidas modificações de caráter ortográfico e gramatical no texto do documento ou ainda modificações substanciais,por meio de uma emenda. O novo texto, modificado, deverá ser lido para o comitê novamente, ou apenas as partes modificadas.

Moção para adiamento da sessão: essa moção, se aprovada, implica na suspensão temporária dos debates, que serão retomados no horário agendado para a próxima sessão. Essa moção não procede antes de quinze minutos do término da sessão e requer o voto favorável da maioria qualificada para ser aprovada.

Moção para encerramento do debate: na última sessão, essa moção propõe o definitivo e imediato encerramento dos debates, não sendo permitido nenhum pronunciamento oficial após sua aprovação. É preciso que a proposta de resolução final já esteja aprovada para essa moção entrar em ordem.

4. Questões substanciais

São moções que tratam de decisões do comitê, especialmente ligadas ao processo de votação para algum documento de caráter substantivo. É necessário o quórum mínimo correspondente ao primeiro inteiro acima da metade das delegações credenciadas para a procedência de tais questões.

Cada delegação terá direito a um voto nos processos de votação, podendo votar “a favor” (favorável), “contra” (contrário) ou, para as delegações que se declararam somente “presente” no início da sessão, também “abster-se” (voto de neutralidade, sem opinião favorável ou contrária). As delegações que se declararam presentes e votantes não poderão abster-se. Representantes observadores não votarão em questões substanciais, mas têm o direito de observar o processo.

Moção para votação da proposta de resolução: a proposta de resolução, caso essa moção seja aprovada, deverá seguir à votação definitiva. É necessário que a maioria simples dos delegados seja favorável ao início do processo de votação do documento – e não necessariamente ao documento em si – para que o processo de votação se inicie. É necessário, ainda, um discurso contrário antes de votar a moção para a votação da proposta de resolução. Se aprovada, essa moção desencadeia o processo de votação por chamada.

Moção para votação de proposta de emenda: moção para dar início ao processo de votação da proposta; aprovada pela maioria simples dos delegados. Caso aprovada, essa moção é sequenciada por debate paralelo acerca da emenda.

Moção para divisão da proposta: essa moção, aprovada mediante maioria simples, é a via pela qual um delegado propõe que as cláusulas operativas de uma proposta de resolução ou emenda sejam votadas em grupos separados, a serem definidos por cada parte requerente da moção. Caso haja mais de uma moção para divisão em ordem, aquela que tiver o maior número de divisões terá precedência para a votação para aprovar ou não a moção – e não o documento em questão. Se aprovada a moção para divisão da proposta,

Guia de Regras - POLIONU 2019 20

as cláusulas do projeto serão votadas grupo a grupo (ou uma por uma), exigindo maioria qualificada para cada grupo ser aprovado. Após as cláusulas terem sido votadas em separado, de acordo com a divisão da proposta, o documento modificado será lido novamente e haverá uma votação final com o conjunto de todos os grupos de cláusulas aprovados, exigindo maioria qualificada para a aprovação da proposta. Não será permitida a reconsideração de propostas que já tiverem sido votadas. Caso o documento final contenha cláusulas que se referem ou que dependem de outras que foram excluídas do projeto, poder-se-á ser feita uma revisão da proposta com o consentimento de todos os signatários e favoráveis ao projeto, antes da votação do documento por inteiro.

Observação: veja os processos de votação dos diversos documentos na seção “Documentos”.

5. Tabela de precedência de questões e moções

No caso de mais de uma moção e/ou questão serem levantadas aos diretores ao mesmo tempo (no mesmo intervalo entre os discursos), estabelecer-se-á a precedência em sua apreciação ou votação de acordo com a tabela a seguir. Uma vez aprovada uma moção ou questão precedente, as demais que a seguiriam devem ser feitas após o processo de efetuação desta.

Precedência Questão/ moção Maioria necessária Condições

1 Questão de privilégio pessoal N/A —

2 Questão de ordem N/A —

3 Questão de dúvida N/A —

4 Moção para introdução de proposta de resolução N/A

Seis signatários; todas as delegações com conhecimento do

conteúdo da proposta

5 Moção para leitura de documento N/A —

Guia de Regras - POLIONU 2019 21

6 Moção para adiamento da sessão QualificadaNão antes de quinze minutos do término previsto da sessão.

7 Moção para debate não moderado Simples —

8 Moção para consulta geral Simples —

9 Moção para alteração do tempo de discurso Simples —

10 Moção para introdução de proposta de emenda N/A

Três signatários; todas as delegações com conhecimento da

proposta de emenda

11 Moção para votação de proposta de emenda Simples —

12 Moção para votação de proposta de resolução Simples Dois discursos contrários

13 Moção para divisão da proposta Simples —

14 Moção para votação por chamada Simples —

15 Moção para encerramento do debate Qualificada —

Guia de Regras - POLIONU 2019 22

IV. Documentos

Todos os documentos distribuídos aos delegados deverão ser previamente aprovados pela Mesa Diretora. Um signatário de um documento, que não seja documento de posição oficial (DPO) ou carta oficial, não é obrigado a concordar com seu conteúdo, apenas suporta que ele seja discutido.

1. Documento de Posição Oficial (DPO)

Todos os delegados, obrigatoriamente, terão de entregar um Documento de Posição Oficial de sua representação. Países que possuem representação dupla (dois delegados) no comitê, deverão entregar apenas um DPO. Este documento deverá ser entregue no ato do credenciamento e deverá conter em seu texto:

No cabeçalho do texto deverá constar:

o brasão do país;

o nome oficial do comitê;

o tema/ tópico do comitê;

o nome oficial da representação (exemplo: República Popular da China em vez de China);

o(s) nome(s) do(s) delegado(s) do comitê.

No corpo do texto:

a política externa de seu país, em linhas gerais;

o posicionamento do país perante o problema a ser discutido no comitê;

os principais acordos, inclusive a participação em blocos econômicos e geopolíticos, que eventualmente seu país possua com outras nações.

Ao final do texto:

a assinatura do delegado, conforme a sua representação oficial, se houver;

o(s) nome(s) do(s) delegado(s) do comitê;

representação oficial e o comitê.

Observação: não se trata da bandeira do país, e sim do brasão. Caso o país não possua um, deverá ser colocado o brasão do Ministério das Relações Exteriores. A função do documento de posição é explicar aos outros delegados do seu comitê qual a posição que seu país defende na questão discutida. Faz-se necessário determinar a política externa geral da representação (como suas prioridades e seus princípios) e relacionar a questão tratada – como ela influencia o seu país, o que tem sido feito para resolvê-la e como o problema é visto por você na função de representante – no seu país (sendo esta a parte mais importante). Fique atento para que o seu DPO disponibilize aos leitores uma visão clara e objetiva do posicionamento de seu país em relação ao tema discutido no comitê – evite inserir informações não relevantes à discussão.

Todos os Documentos de Posição Oficial estarão disponíveis para consulta de qualquer delegado ou delegação durante as sessões no comitê. Veja alguns exemplos em: “Preparando-se para Simular.”

Guia de Regras - POLIONU 2019 23

2. Documento de trabalho

O Documento de Trabalho é a forma oficial para introduzir um material no comitê, pois qualquer informação que um delegado queira dividir com todos os membros do comitê, ou qualquer resolução advinda dos debates entre os delegados, deve ser escrita para distribuição entre os participantes. Nesse contexto, os documentos de trabalho podem ser comunicados, declarações, cartas oficiais, discursos dos líderes, artigos de jornal e outros que possam servir para subsidiar os debates e reforçar a posição dos países signatários, pois só poderão ser mencionados em debate os documentos que já estiverem à disposição de todos os delegados.

A Mesa avaliará o conteúdo destes “Documentos de Trabalho” antes de enviá-los para distribuição. É necessário que um documento de trabalho possua pelo menos um signatário.

Seguem dois exemplos de Documento de Trabalho:

Exemplo I

Os Estados Unidos da América apresentam este documento para informar a todas as nações presentes a respeito de seu crescimento econômico frente às demais regiões. As considerações a respeito do gráfico serão feitas a posteriori.

Exemplo II

Os países signatários, visando a garantia dos Direitos Humanos, comprometem-se a desenvolver uma logística especializada para o transporte de refugiados, mesmo em nações distantes geograficamente, e, assim, impedir a ação de contrabandistas no Mediterrâneo e garantir a segurança dos requerentes de asilo.

Signatários: Reino Unido, África do Sul e Estados Unidos da América.

Guia de Regras - POLIONU 2019 24

3. Carta Oficial

As Cartas Oficiais são o meio de comunicação entre o delegado e qualquer instituição ausente no comitê – entre o delegado e seu governo, ou vice-versa, para definir uma posição a ser tomada em alguma polêmica dentro do comitê, por exemplo: Os diretores intermediarão essa comunicação.

A seguir, dois exemplos de Cartas Oficiais:

Moscou 15/6/2009

Prezado senhor representante da nação russa no Conselho de Segurança das Nações Unidas,

Gostaríamos de informar-lhe que a Agência de Espionagem Militar (GRU) de nossa grandiosa nação demonstrou um excelente trabalho ao nos comunicar sobre a descoberta da continuidade dos financiamentos bélicos pela OTAN à Ossétia do Sul.

A informação acarreta-nos em considerar como países não negociáveis aqueles membros do órgão militar citado anteriormente e recomenda-se o veto de qualquer proposta apresentada por eles ou por aliados que possa incentivar tais práticas de financiamento, interferência direta da OTAN no conflito ou nossa própria participação.

Atenciosamente, Ministério das Relações Exteriores da Federação Russa

Exemplo III

NovaYork 5/7/1995

Ao Ministério da Defesa da República Federal da Alemanha, A representação alemã nas discussões do Conselho de Segurança das Nações Unidas

para a questão da guerra da Bósnia gostaria de saber a disponibilidade dos nossos órgãos competentes na participação do projeto de fiscalização das ações da Iugoslávia na Bósnia.

Ao nosso parecer, qualquer ajuda para restabelecer a estabilidade na região seria extremamente vantajosa para nossa nação politicamente e também para que as ações do Conselho de Segurança sejam efetivas.

Agradecendo a colaboração, Representantes alemães no Conselho de Segurança das Nações Unidas

Guia de Regras - POLIONU 2019 25

4. Correio diplomático

Para evitar que o barulho tome conta da sala e para manter um ambiente organizado com a moderação da Mesa, é pedido que os delegados se comuniquem por meio de bilhetes de conteúdo livre e inviolável, chamados de “correio diplomático”. Sendo de caráter informal, não é preciso signatários. Os correios diplomáticos podem ser passados de “mão em mão” entre os membros do comitê ou com a ajuda de um staff.

5. Press Releases e notícias da imprensa

Press release é uma forma das representações se comunicarem com a imprensa; caso uma ou mais delegações queiram enviar um press release em seus nomes, basta enviar à Mesa Diretora com as devidas assinaturas – deve haver ao menos um signatário. O comitê pode concordar em enviar press releases, documentos que informarão o público geral sobre os debates ocorridos no comitê. Press releases podem ser liberados para saber a aceitação de certa medida que os chefes de Estado desejam tomar, bem como apenas para informar a imprensa e o mundo das decisões tomadas pelo comitê, caso achem isso proveitoso para o debate. A Mesa Diretora deve verificar se há maioria simples que concorde em soltar o press release, o qual será também publicado em um ou mais dos jornais do comitê. Os jornais, distribuídos pela imprensa em determinados momentos do evento, serão automaticamente reconhecidos pela mesa, que estipulará um tempo para a leitura do documento. Os jornais também estarão disponíveis pela internet, o endereço será divulgado pela mesa.

6. Proposta de resolução

Propostas de resolução são documentos normativos de alta formalidade que contêm o que foi acordado nos debates, as decisões alcançadas na reunião, devendo estar compatíveis com as regulamentações do comitê. São divididas entre cláusulas preambulares – que contêm as considerações e princípios iniciais das discussões, iniciadas com verbos no gerúndio ou adjetivos em itálico e operativos – que dizem respeito às ações que o comitê decidiu tomar sobre o assunto debatido, iniciadas por verbos no presente do indicativo e sublinhadas.

As resoluções são documentos de caráter final e por isso deve-se sempre buscar o consenso entre as delegações do comitê, ou um documento de comum acordo entre vários países – sendo quase sempre necessário que as partes façam concessões para garantir que a resolução adotada tenha o respaldo da comunidade internacional e/ou que seja respeitada e seguida pelos países membros das Nações Unidas. Essa busca por um consenso é importante em especial no Conselho de Segurança (CSNU), no qual cinco países possuem poder de veto. É fundamental garantir que uma resolução proposta será aprovada – uma vez recusada por votação, uma proposta de resolução não pode ser introduzida novamente.

Normalmente, a cada reunião de cada comitê, é aprovada uma única resolução. Porém, é possível aprovar mais de uma resolução durante o evento caso o tópico seja extenso e os delegados decidam por aprovar uma resolução para cada tópico do tema da reunião; ou caso ocorra uma situação emergencial ou de crise que exija uma rápida definição do comitê para a questão.

Guia de Regras - POLIONU 2019 26

A seguir, dois exemplos de propostas de resolução que podem ser utilizados como molde na confecção de resoluções em seus comitês.

Exemplo I

Questão de graves violações de direitos humanos no Território Palestino ocupado – Conselho de Direitos Humanos (CDH)

Recordando sua resolução S-9/1 de 12 de janeiro de 2009,

Recordando também sua decisão de expedir uma missão internacional de fact-finding urgentemente, a ser apontada pelo Presidente do Conselho, para investigar todas as violações da Lei internacional dos direitos humanos e da Lei humanitária internacional pela potência ocupante, Israel, contra o povo palestino no Território Palestino ocupado, particularmente na Faixa de Gaza, devido à última agressão, e que o Conselho convoque Israel a não obstruir o processo de investigação e a cooperar inteiramente com a missão.

Exprimindo com pesar que a resolução S-9/1 ainda não foi inteiramente implementada,

1. Solicita que o Presidente do Conselho continue seus incansáveis esforços para apontar a missão internacional e independente de fact-finding;

2. Convoca a potência ocupante, Israel, a cumprir suas obrigações sob a Lei internacional, a Lei humanitária internacional e a Lei internacional de direitos humanos;

3. Exige que a potência ocupante, Israel, coopere plenamente com todos os titulares de mandatos de procedimentos especiais relevantes no exercício de seus mandatos;

4. Exige ademais que a potência ocupante, Israel, facilite e forneça livre acesso aos membros da missão internacional independente de fact-finding;

5. Decide continuar ciente do assunto.

Signatários: Reino Hachemita da Jordânia, Estado do Catar, Reino do Bahrein, República da Índia, Federação Russa, República da África do Sul, Reino da Arábia Saudita, República Árabe do Egito.

Guia de Regras - POLIONU 2019 27

Exemplo II

Consolidação da paz pós-conflitos – Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU)

O Conselho de Segurança das Nações Unidas, Recordando a resolução 1645 (2005) e em particular seu parágrafo 27, Reafirmando a importância do trabalho de consolidação da paz exercido pelas Nações

Unidas, e a necessidade de um auxílio consistente e recursos adequados a este trabalho, Reconhecendo o papel da Comissão para a Consolidação da Paz como um conselho

consultivo intergovernamental em visar às necessidades dos países emergindo de conflitos para construir uma paz sustentável,

1. Acolhe o relatório apresentado pelos co-facilitadores intitulado “A Revisão da Arquitetura da Construção da Paz das Nações Unidas”, como estabelecido no documento S/2010/393, que é baseado em consultas extensivas com os países membros e outros participantes;

2. Solicita que todos os atores internacionais das Nações Unidas levem adiante, através de seus mandatos e conforme o caso, as recomendações do relatório com o objetivo de melhorar ainda mais a eficácia da Comissão para a Consolidação da Paz;

3. Reconhece que o trabalho de consolidar a paz das Nações Unidas requer um auxílio sustentável e recursos adequados para cumprir os desafios;

4. Clama por uma revisão ainda mais abrangente cinco anos após a adoção da presente resolução seguindo o procedimento como estabelecido no parágrafo 27 da resolução 1645 (2005).

Para auxiliar os senhores na confecção das palavras iniciais das cláusulas de uma proposta de resolução, segue uma lista com os verbos mais usados para este fim e sinônimos. Lembre-se que adjetivos (como consciente, preocupado etc.) também podem ser usados para substituir os verbos nas cláusulas preambulares.

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Aclamar

Aconselhar

Acreditar

Agradecer

Almejar

Ambicionar

Apetecer

Aplaudir

Apontar

Aprovar

Aspirar (a)

Buscar

Clamar

Cobiçar

Conclamar

Condecorar

Condenar

Confiar

Congratular Considerar Contemplar

Crer

Criar

Decidir

Declarar

Deliberar

Demonstrar

Desejar

Destacar

Determinar

Efetuar

Elogiar

Encaminhar

Encorajar

Endossar

Enfatizar

Esperar

Estabelecer

Estimular

Estipular

Evidenciar

Exaltar

Exigir

Exortar

Expressar

Exprimir

Formar

Fundar

Gerar

Guiar

Incentivar

Incitar

Indicar

Instituir

Lamentar

Louvar

Manifestar

Mostrar

Nortear

Notar

Observar

Oferecer

Orientar

Parabenizar

Pedir

Perceber

Precisar

Propor

Querer

Reafirmar

Realizar

Receitar

Reclamar

Recomendar

Reconhecer

Refutar

Requerer

Ressaltar

Revelar

Salientar

Sublinhar

Sugerir

Urgir

Ver

Visar (a)

Pôr em evidência

Estar ciente de

Estar consciente

Tomar nota

Ter em vista

Ter a intenção de

Levar em conta

Levar em consideração

Partir do princípio

Notar com grande preocupaçãoVer com preocupação

Dar origem a

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6.1. Introdução da proposta de resolução

É importante frisar que só é possível dar início a tal processo caso o comitê esteja com a proposta de resolução, a ser aprovada, em mãos.

Primeiro passo: Pede-se moção para introdução de proposta de resolução, que é automaticamente aceita pela Mesa Diretora.

Segundo passo: Um signatário da proposta lerá a proposta que já estará projetada na tela.

Terceiro passo: Entra-se em debate paralelo, no qual discute-se apenas acerca da proposta.

- Dentro do debate paralelo, pode-se pedir Moção Para Introdução de Proposta de Emenda (substitutivas, excludentes, aditivas ou “amigáveis”, ou seja, a fim de consertar erros ortográficos ou gramaticais). O delegado deve enviar uma emenda para a mesa, que irá projetá-la e reconhecerá debate acerca da emenda. Algum delegado deve pedir Moção para votação de emenda – tal votação ocorrerá por levantamento de placas.

Quarto passo: Para se encerrar o Debate Paralelo e iniciar a votação da proposta, é pedida a Moção para votação de Proposta – ocorre por maioria simples e é relacionada à vontade de se votar a proposta e não sobre o teor do documento. Antes da votação desta moção, são necessários dois discursos contrários ao início da votação da proposta (delegados que desejam continuar no debate paralelo). Caso não haja discursos contrários, recomenda-se que dois delegados, mesmo que sejam favoráveis à votação, se pronunciem de forma contrária a fim de cumprir formalidades para dar início à votação.

Quinto passo: Antes do início automático da votação real da proposta, a mesa deve pedir “Alguma questão ou moção?”, esperando que possam ocorrer dois caminhos:

- Divisão da Proposta: Votação por maioria simples para ver se a proposta será dividida. Se existir mais de uma divisão, é votada primeiro aquela com maior número de divisões. A votação por grupos/cláusulas carece de maioria qualificada. Termina-se a divisão e o conjunto deve ser novamente votado.

- Votação por chamada: A Favor, Contra, A favor com direitos, Contra com direitos. Se o delegado passar, quando voltar ele perde seus “direitos”.

Sexto passo: Pede-se moção para encerramento do debate, sendo necessária maioria qualificada.

Caso surja a necessidade, por parte de alguma delegação, de alterar a proposta de resolução em debate naquele momento, ela deve submeter uma proposta de emenda para que a Mesa Diretora o acate. Reitera-se que não há emendas a propostas de emenda. Para ser introduzida e reconhecida pelos Diretores, serão necessários três signatários à proposta. Existem três tipos de emendas:

Aditiva: adiciona uma ou mais cláusulas ao texto da proposta de resolução.

Substitutiva: altera a redação de uma ou mais cláusulas.

Excludente: exclui uma ou mais cláusulas ou tópicos do texto da proposta de resolução.

As propostas de emenda, depois de distribuídas, introduzidas e lidas, poderão ser votadas após a aprovação de uma moção para votação dessa proposta por maioria simples; a emenda é aprovada mediante maioria qualificada e, então, torna-se parte da proposta de resolução. Uma proposta de emenda recusada por meio de votação não poderá ser reintroduzida.

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Uma moção para introdução da proposta de emenda só pode ser levantada antes da aprovação de uma moção para votação da proposta de resolução a qual a emenda modifica.

7. Processo de votação de propostas de resolução e emenda

Na votação, a proposta de resolução ou de emenda, por inteiro ou por grupos de cláusulas (caso uma moção para divisão da proposta seja aprovada), pode ser votada por levantamento de placas, que é o procedimento padrão, caso não haja nenhuma moção contrária. Dessa maneira, é possível votar apenas “a favor”, “contra” e “abster-se”. Porém, caso uma moção para votação por chamada seja aprovada, fica permitido: votar “a favor”, “contra”, “a favor com direitos”, “contra com direitos”, “passar” ou “abster-se”.

Seguem as definições de cada voto:

A favor: indica simplesmente que a delegação é favorável ao documento.

Contra: indica simplesmente que a delegação é contrária ao documento.

A favor com direitos: vota-se a favor, mas tem-se o direito de justificar o voto por trinta segundos; é usado quando, por exemplo, tal posicionamento não é o adotado anteriormente.

Contra com direitos: um voto contrário ao documento, porém, com uma justificativa da delegação votante por trinta segundos.

Passar: permite que a delegação não se declare no momento em que for chamada e sim quando todas as delegações já houverem votado. Caso mais de uma delegação use esse recurso, a primeira delegação a declarar “passar” será a primeira a votar. Se um delegado passar, ele não poderá votar “a favor com direitos”, “contra com direitos” ou “passar novamente”.

Abster-se: indica que a delegação não possui uma opinião favorável nem contrária ao documento, sendo o voto da neutralidade. Ao se abster da votação, o voto da delegação não é computado e o quórum que define as maiorias simples e qualificada é decrescido de um. Reitera-se que a delegação que se pronunciou “presente e votante” no início da sessão não poderá se abster da votação.

Observação I: no Conselho de Segurança (CSNU), os “P5” (Estados Unidos da América, Federação Russa, República Popular da China, República Francesa e Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte) têm poder de veto, isto é, quando qualquer um destes se declara “contra” ou “contra com direitos” em uma votação de proposta de resolução ou emenda, impede sua aprovação, não importando o placar final da votação, excluindo esses cinco.

Observação II: As demais regras específicas ao comitê jurídico poderão ser encontradas no guia de estudos de tal comitê.

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