guia de estudos 2013

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS TECNOLOGIA DE COSMÉTICOS GUIA DE ESTUDOS Aulas: Introdução a cosmética Bases cosméticas Composição básica de formulações Produtos para higiene Revisão de pele Curso: Farmácia Professora: Camila Panzetti Alonso CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 1. Introdução à cosmética e cosmecêutica. Histórico Conceitos fundamentais Classificação de produtos cosméticos Legislação Nomenclatura internacional de ingredientes cosméticos (INCI) Referencias bibliográficas 2. Veículos cosméticos Definições Preparações oil free Soluções aquosas e alcoólicas Soluções oleosas Emulsões Xampus e condicionadores Pomadas e pastas 3. Critérios de qualidade de produtos cosméticos Físico-quimicos Potencial hidrogenionico (pH) 4. Composição básica de formulações cosméticas Conceitos Tensoativos Tensoativos emuldionantes Emolientes Umectantes Espessantes Alcalinizantes/acidificantes Agente quelante Conservantes antimicrobianos Antioxidantes Fragrâncias Corantes e pigmentos Referencias bibliográficas 5. Formulações para higienização Conceitos Sabões Sabonetes

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS

TECNOLOGIA DE COSMÉTICOS GUIA DE ESTUDOS

Aulas: Introdução a cosmética

Bases cosméticas Composição básica de formulações

Produtos para higiene Revisão de pele

Curso: Farmácia Professora: Camila Panzetti Alonso

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

1. Introdução à cosmética e cosmecêutica. • Histórico • Conceitos fundamentais • Classificação de produtos cosméticos • Legislação • Nomenclatura internacional de ingredientes cosméticos (INCI) • Referencias bibliográficas

2. Veículos cosméticos

• Definições • Preparações oil free • Soluções aquosas e alcoólicas • Soluções oleosas • Emulsões • Xampus e condicionadores • Pomadas e pastas

3. Critérios de qualidade de produtos cosméticos

• Físico-quimicos • Potencial hidrogenionico (pH)

4. Composição básica de formulações cosméticas

• Conceitos • Tensoativos • Tensoativos emuldionantes • Emolientes • Umectantes • Espessantes • Alcalinizantes/acidificantes • Agente quelante • Conservantes antimicrobianos • Antioxidantes • Fragrâncias • Corantes e pigmentos • Referencias bibliográficas

5. Formulações para higienização

• Conceitos • Sabões • Sabonetes

• Leites, soluções e lenços umedecidos • Referencias bibliográficas

6. Xampus

• Ação dos tensoativos • Tipos de xampus • pH ideal

7. Condicionadores

• Mecanismo de ação • Agentes condicionantes

8. Artigos complementares

9. Pele – revisão

• Funções • Epiderme • Derme • Hipoderme • Anexos cutâneos • Tecido conjuntivo (colágeno e elastina) • Fatores que influenciam a absorção cutanea • pH cutâneo • Tipos de pele

10. Folículo piloso, cabelos e pelos

• Ciclo de crescimento pilar • Queratina • Ligações químicas • pH ideal • Influência da água nos cabelos

11. Etapas de cuidados com a pele • Limpeza • Esfoliação • Tonificação • Hidratação • Fotoproteção

1. INTRODUÇÃO À COSMÉTICA E COSMECÊUTICA

1.1 Histórico Os cosméticos fazem parte da história da humanidade, pois desde a pré-história há registros do

uso de pigmentos extraídos de frutas (como a amora), que eram usados pelas mulheres para se embelezarem. No sarcófago de Tutankamon (1400 a.C.) foram encontrados cremes, ungüentos, incensos e óleos. Pois é, aqui já existiam os metrossexuais, pois os faraós eram muito preocupados com a aparência e acreditavam que, mesmo após a morte, poderiam parecer belos e, por isso, levavam os produtos para o sarcófago. Na Grécia, Hipócrates (pai da Medicina) já propunha regras de higiene e uso de produtos para o tratamento do corpo. A Roma Antiga desenvolveu ainda mais o uso de cosméticos aprendido com os gregos. Galeno, considerado o pai da farmácia magistral, desenvolveu o cold cream, usado até hoje. São desta época os banhos romanos, onde os freqüentadores eram recebidos com chás de ervas aromáticas e depois escolhiam o óleo para sua massagem. As mulheres gregas e romanas em busca de uma pele mais viçosa e, driblando os recursos da época, chegavam a utilizar formulas mais absurdas possíveis, como:

� Excremento de crocodilo misturado com água de flores � Pomadas compostas de gordura de pato, ungüento rosado e aranha amassada � Máscara de sopa de pão com leite de burra � Pombo triturado com pérolas em pó, mel e cânfora � Loção de sangue de avestruz misturado com orvalho fresco e urina de elefante

Cuidado! Agora chegamos ao período negro, onde o uso de cosméticos era praticamente considerado bruxaria. Estamos em meados de 1770, quando o parlamento inglês estabeleceu que qualquer mulher que se imponha, seduza ou traia no matrimonio por utilizar perfumes, pinturas, cosméticos, produtos de beleza, etc., irão incorrer nas penalidades previstas pela lei contra a bruxaria. Na Idade Média o cristianismo reprime o culto à beleza, e nesta época de repressão, o corpo não podia ser mostrado e o banho era uma raridade!

Apenas com o Renascimento que há uma retomada do desejo de se embelezar e de recuperar tudo o que a Idade Média encobriu. Apesar de toda revolução tecnológica que ocorreu na época não havia saneamento básico e a falta de higiene persiste e surgem os perfumes.

A Idade Moderna traz o uso de perucas, rostos com excesso de pó e Paris passa a ser o centro produtor de sabonetes, óleos e águas aromáticas.

Após as duas grandes guerras (século XX) começa a ocorrer uma crescente preocupação com a beleza.

Com a globalização e toda evolução tecnológica do século XXI e com as mulheres indo para o mercado de trabalho e assumindo uma posição de maior autonomia na sociedade, os cosméticos passaram a ter papel de destaque e a indústria cosmética tem crescimentos recordes.

1.2 Conceitos Fundamentais • ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária. É um órgão vinculado ao Ministério da

Saúde, responsável pela elaboração de Leis, Normas, Regulamentos, Resoluções, etc. que vão regulamentar a atividade magistral, produção de cosméticos, indústria de medicamentos, etc.

• Matéria prima ou princípio ativo: substância ativa ou inativa que se emprega na fabricação de medicamentos e demais produtos.

• Cosméticos: são definidos como um produto para uso externo, destinado à proteção ou embelezamento de diversas partes do corpo. Pode ser usado por meses ou anos (é

incorporado aos costumes do usuário) sem interagir com as funções principais da pele, sem irritar, nem sensibilizar.

• Medicamentos de uso tópico: são produtos utilizados em concentração terapêutica com a finalidade de tratar uma doença. Em sua composição freqüentemente encontramos antibióticos, corticóides, antiparasitários, entre outros. Podem ou não serem de venda sob prescrição médica.

• Cosmecêutico: termo criado na década de 60 para designar uma nova categoria de produtos de uso tópico, que se encontram entre os cosméticos e os medicamentos. Os cosmecêuticos são cosméticos comercializados sob prescrição médica e apresentam em sua formulação novos princípios ativos. Exemplos de cosmecêuticos: Tretinoína (ácido retinóico) e AHAs (alfahidroxiácidos) como o ácido glicólico. Este termo é bastante comum, mas no entanto, não existe em nossa legislação nenhuma definição para ele, assim como nos EUA o FDA também não reconhece esta palavra.

1.3 Classificação e Função dos Produtos Cosméticos Os cosméticos são definidos como uma substância ou preparação que entra em contato com as

partes externas do corpo com a função de limpar, proteger, além de mudar a aparência da pele. A ANVISA na Resolução RDC n°211 dá a definição para produtos de higiene pessoal,

cosméticos e perfumes. Segundo esta Resolução, estes produtos: “...são preparações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas, de uso externo nas

diversas partes do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas lábios, órgãos genitais externos, dentes e membranas mucosas da cavidade oral, com o objetivo exclusivo ou principal de limpá-los, perfumá-los, alterar sua aparência e/ou corrigir odores corporais e/ou protegê-los ou mantê-los em bom estado”.

De acordo com sua classe são classificados como: • Produtos de Higiene Pessoal • Perfumes • Cosméticos • Produtos Infantis E, pelo risco sanitário, são divididos em 2 categorias gerais: • Grau 1 - Produtos com risco mínimo, ou seja, são produtos de higiene pessoal, cosméticos e

perfumes cuja formulação se caracteriza por possuírem propriedades básicas ou elementares, cuja comprovação não seja inicialmente necessária e não requeiram informações detalhadas quanto ao seu modo de usar e suas restrições de uso, devido às características intrínsecas do produto.

• Grau 2 - Produtos com risco potencial, ou seja, são produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes cuja formulação possui indicações específicas, cujas características exigem comprovação de segurança e/ou eficácia, bem como informações e cuidados, modo e restrições de uso.

Os critérios para essa classificação foram definidos em função da finalidade de uso do produto, áreas do corpo abrangidas, modo de usar e cuidados a serem observados, quando de sua utilização.

Os produtos classificados como Grau 1 devem ser notificados eletronicamente para a ANVISA,

com a data prevista para inicio de sua comercialização no Brasil. Já os produtos de grau 2 só podem ser comercializados após registro na ANVISA, e precisa apresentar os resultados das avaliações de segurança e/ou eficácia.

1.4 Legislação: RDC (Resoluções de Diretoria Colegiada)

As RDC são Resoluções do Ministério da Saúde – ANVISA – que normatiza algumas áreas especificas. As mais importantes para o setor cosmético são:

• RDC 48/06: lista as substâncias proibidas em formulações cosméticas como: lidocaina, peróxido de benzoíla, ácido retinóico, entre outras.

• RDC 47/06: relação de filtros solares permitidas em formulações cosméticas. • RDC 211/06: uma das mais importantes do setor. Traz as seguintes informações

importantes: � Definição de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes. � Classificação dos produtos em Grau 1 e 2. � Lista dos produtos de Grau 1 e Grau 2 (abaixo) � Define Rotulagem obrigatória: que é aquela que todo produto deve apresentar: nome,

marca, número do lote, data de validade, conteúdo, descrição dos componentes da formulação, etc.

� Define Rotulagem Específica: informações extras, importantes para o uso correto do produto. Por exemplo, os produtos para alisar e ondular os cabelos, deve conter, além da rotulagem obrigatória: “não aplicar se o couro cabeludo estiver irritado ou lesionado”, “manter fora do alcance das crianças”.

• RDC 215/05: traz a lista de produtos que podem estar presentes em cosméticos, porém cuja concentração deve estar limitada. Por exemplo, o ácido salicílico para acne não deve ultrapassar 2%, enquanto para caspa não deve ultrapassar 3%.

• Portaria 485/04: institui a Câmara Técnica de Cosméticos (CATEC), que presta consultoria e assessoramento, além de emitir parecer técnico para os produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes.

IMPORTANTE: As restrições de matérias-primas e concentrações impostas por estas Legislações dizem respeito apenas à cosméticos, feitos em larga escala e industrializados. No caso de farmácias de manipulação, que atendem à uma prescrição médica, estes produtos podem (e são) formulados.

1.5 Nomenclatura Internacional de Ingredientes Cosméticos (INCI) INCI é a sigla para “INTERNACIONAL NOMENCLATURE OF COSMETIC

INGREDIENTS”. Em português seria, Nomenclatura Internacional de Ingredientes Cosméticos. O INCI é um sistema internacional de codificação da nomenclatura de ingredientes cosméticos, reconhecido e adotado mundialmente, criado com a finalidade de padronizar os ingredientes na rotulagem dos produtos cosméticos.

São mais de 9 mil ingredientes usados nas formulações cosméticas e cada ingrediente pode ser descrito de diferentes maneiras. Com a INCI a identificação fica padronizada em nível mundial!

Como exemplo, temos o formol: • Nomes químicos: metanal, formaldeído, aldeído fórmico, metil aldeído, oximetileno,

oxometano, formalina • Nomes comerciais: Karsan, Ivalon, Fanoform, Lysoform • INCI: FORMALDEHYDE

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: RIBEIRO, C. Cosmetologia aplicada a dermoestética. 2. ed. Pharmabooks, 2010 OLIVEIRA, P. História da beleza. Disponível em: http://prissoliveira.blogspot.com.br/2012/04/historia-da-beleza.html SOUZA, H. C. Apostila teórica de cosmetologia. UNIPAC, Araguari, 2012

2. VEÍCULOS COSMÉTICOS A base cosmética, também definida como excipiente ou veículo, é o componente que

geralmente aparece em maior quantidade na fórmula e que tem a função de receber os outros componentes, isto é, nele são incorporadas estas outras substâncias. A escolha adequada do veículo é de fundamental importância para a estabilidade a absorção dos ativos e, consequentemente, para a eficácia do produto final. Porém, o veículo também serve para melhorar a aparência do produto final ou melhorar a sensação do produto quando aplicado na pele. A sensação agradável promovida pelo uso do cosmético é fundamental para a aceitação da fórmula e é o que definimos como sensorial do produto, sendo fator decisivo para compra do produto, bem como para melhorar a aceitação do produto pelo consumidor e garantir que faça o uso do produto todos os dias. Os veículos são classificados em:

• Preparações oil free: géis e gel-creme • Soluções aquosas e hidroalcoolicas • Soluções oleosas • Emulsões • Xampus e condicionadores

2.1 PREPARAÇÕES OIL FREE

São bases cosmetológicas adequadas para a criação de produtos que se adaptam muito bem aos consumidores de países tropicais como o Brasil, uma vez que eles dão uma sensação de frescor ao usuário. Já em países de clima frio, não têm essa preferência.

A forma cosmética gel é um sistema semi-sólido, com características coloidais, aspecto gelatinoso e é formado pela dispersão de pequenas partículas em um solvente aquoso.

São compostos formados por macromoléculas que possuem a propriedade de reter água e incorpora-las, formando dispersões viscosas. Um gel é formado de aproximadamente 80 a 90% de água e são preparações transparentes e translúcidas.

Quando aplicados na pele, produzem efeito refrescante e ocorre a evaporação da água, deixando uma película fina e pegajosa.

São destinados à peles oleosas e/ou acnéicas, pois as formulações finais são totalmente livre da fase oleosa. São as chamadas preparações oil free (livre de óleo).

Também podem ser utilizados como agentes espessantes de emulsão (auxiliar de viscosidade), reduzindo os componentes oleosos destas preparações. Os espessantes mais utilizados são:

• Derivados da celulose: hidroxietilcelulose (Natrosol®), Carboximetilcelulose (CMC) • Polímeros sintéticos: Carbômeros e Co-polímero (Carbopol® e Aristoflex®) • Formadores de gel-creme: Sepigel® e microemulsão de silicone (NET-FS®) • Auxiliares de viscosidade: goma xantana, goma adraganta, pectina

2.1.1 Derivados da celulose

Participam deste grupo o Natrosol® (Hidroxietilcelulose – HEC) e a Carboximetilcelulose (CMC), esta última sendo utilizada em formulações odontológicas (gel dental) e como agente suspensor em xaropes e soluções orais.

Os agentes formadores de gel são

conhecidos como Agentes ESPESSANTES!!!

O gel de Natrosol® é um dos géis de grande interesse para veiculação de ativos dermatológicos. Tem caráter não iônico, tolera bem pH ácidos ( 2 a 12) e substâncias reativas ou facilmente oxidáveis. Forma gel transparente, incolor ou levemente amarelado, porém com certa pegajosidade.

Exemplo:

2.1.2 Polímeros sintéticos

Pertence a este grupo os polímeros sintéticos de Carbopol®, que são polímeros ácidos (presença de grupos carboxílicos)sendo uma forma de desenvolver o completo potencial de viscosidade com a adição de uma base inorgânica (mais comum uso de hidróxido de sódio ou trietanolamina). Isto converte os grupos ácidos da cadeia para a forma de sal, causando o desenrolar da cadeia, ocorrendo a formação do gel. A figura 1, abaixo, demonstra o processo de neutralização e espessamento do polímero, após a neutralização com hidróxido de amônio Fase 1. Pré neutralização Pós neutralização (pH em torno de 3,0) (pH de 5,0 a 7,0) O polímero de carbopol, quando disperso na água, umecta e form(resina/água) com pH em torno de 2,8 e 3,2. Neste estágio a molécula de carbopol está enrolada e sua capacidade espessante é limitada. Para obter o espessamento é necessária a neutralização com bases inorgânicas (como o hidróxido de sódio) ou aminas (trietanolamina). Ao acrescentar esses agentes o polímero de carbopol estica, devido à neutralização dos grupos carboxílicos presentes. O máximo de viscosidade e transparência é conseguido com pH 6,5 a 7,0. Quantidade de base alcalina a ser acrescentada no gel:Trietanolamina: a mesma quantidade de carbopolHidróxido de sódio: a terça parte da quantidade de carbopol adicionada.Esses valores são aproximados, podendo ser mais ou menos. O ideal é acrescentar aos poucos até a formação do gel e ir verificando o pH

O gel de Natrosol® é um dos géis de grande interesse para veiculação de ativos dermatológicos. Tem caráter não iônico, tolera bem pH ácidos ( 2 a 12) e substâncias reativas ou

idáveis. Forma gel transparente, incolor ou levemente amarelado, porém com certa

Pertence a este grupo os polímeros sintéticos de Carbopol®, que são polímeros ácidos (presença de grupos carboxílicos) que dispersos em água tem poder espessante bastante limitado, sendo uma forma de desenvolver o completo potencial de viscosidade com a adição de uma base inorgânica (mais comum uso de hidróxido de sódio ou trietanolamina). Isto converte os grupos

a cadeia para a forma de sal, causando o desenrolar da cadeia, ocorrendo a formação do gel. A figura 1, abaixo, demonstra o processo de neutralização e espessamento do polímero, após a neutralização com hidróxido de amônio (NH4OH).

Fase 2. Pré neutralização Pós neutralização (pH em torno de 3,0) (pH de 5,0 a 7,0)

O polímero de carbopol, quando disperso na água, umecta e forma uma dispersão aquosa (resina/água) com pH em torno de 2,8 e 3,2. Neste estágio a molécula de carbopol está enrolada e sua capacidade espessante é limitada. Para obter o espessamento é necessária a neutralização com bases inorgânicas (como o

sódio) ou aminas (trietanolamina). Ao acrescentar esses agentes o polímero de carbopol estica, devido à neutralização dos grupos carboxílicos presentes. O máximo de viscosidade e transparência é conseguido com pH 6,5 a 7,0.

a ser acrescentada no gel: Trietanolamina: a mesma quantidade de carbopol Hidróxido de sódio: a terça parte da quantidade de carbopol adicionada. Esses valores são aproximados, podendo ser mais ou menos. O ideal é acrescentar aos

el e ir verificando o pH.

O gel de Natrosol® é um dos géis de grande interesse para veiculação de ativos dermatológicos. Tem caráter não iônico, tolera bem pH ácidos ( 2 a 12) e substâncias reativas ou

idáveis. Forma gel transparente, incolor ou levemente amarelado, porém com certa

Pertence a este grupo os polímeros sintéticos de Carbopol®, que são polímeros ácidos que dispersos em água tem poder espessante bastante limitado,

sendo uma forma de desenvolver o completo potencial de viscosidade com a adição de uma base inorgânica (mais comum uso de hidróxido de sódio ou trietanolamina). Isto converte os grupos

a cadeia para a forma de sal, causando o desenrolar da cadeia, ocorrendo a formação do gel. A figura 1, abaixo, demonstra o processo de neutralização e espessamento do polímero, após a

(pH em torno de 3,0) (pH de 5,0 a 7,0)

a uma dispersão aquosa (resina/água) com pH em torno de 2,8 e 3,2. Neste estágio a molécula de carbopol está

Para obter o espessamento é necessária a neutralização com bases inorgânicas (como o sódio) ou aminas (trietanolamina). Ao acrescentar esses agentes o polímero

de carbopol estica, devido à neutralização dos grupos carboxílicos presentes.

Esses valores são aproximados, podendo ser mais ou menos. O ideal é acrescentar aos

Os géis de carbopol são incompatíveis com ácidos e traços de ferro ou outro metal de transição podem degradar as dispersões de carbopol. O pH de estabilidade é entre 6,0 e 7,0.

Outro polímero é o Aristoflex® (INCI: Ammonium Acryloyldimethyl Taurate/VP Copolymer) pré-neutralizado que permite a formação de géis cristalinos. É um produto estável com ativos ácidos, filtros físicos, despigmentantes, entre outros.

É um gel cristalino e brilhante, toque suave e agradável, não pegajoso, de fácil espalhamento e rápida absorção. Seu modo de preparo é por dispersão em água quente e não necessita de neutralização. O pH de estabilidade varia entre 4,0 e 9,0. 2.1.3 Formadores de gel-creme

Pertence a este grupo o Sepigel® (INCI: polyacrylamide, c13-14 isoparaffinlaureth-7), gel de caráter não iônico, não pegajososo, não necessita de pré dispersão, neutralização ou umectação prévia. Ao contrário dos demais, forma gel branco leitoso e pode funcionar como gel creme. Seu pH de estabilidade varia entre 2,0 e 12,0. É compatível com ácidos, filtros solares, silicones, meios alcoólicos, etc. Incompatível com hidroquinona e filtros solares físicos (óxido de zinco e dióxido de titâneo).

Outra forma de produzir géis-creme é adicionando microemulsão de silicone (NET-FS®) ou outros silicones que deixam o gel opaco e esbranquiçado.

Também pode ser considerado gel-creme emulsões contendo alta porcentagem de fase aquosa e baixíssimo conteúdo oleoso, não contendo material graxo (oleoso) como agente de consistência e, sim, gel hidrofílico.

Os géis cremes podem ser usados em todos os tipos de pele, mas são indicados para peles normais, oleosas e mistas. 2.1.4 Auxiliares de viscosidade Geralmente são utilizados para melhorar a viscosidade de emulsões, diminuindo também a sensação de pegajosidade. Um exemplo é a utilização de goma xantana, que também é utilizado para melhorar a aderência do produto (pick up) quando em contato com o dedo (Figura 2)

2.2 SOLUÇÕES AQUOSAS E ALCOÓLICAS As soluções são preparadas pela mistura de um sólido em um líquido e de um líquido em outro

líquido, resultando em um produto final homogêneo (com uma única fase). Por serem veículos que contem grande quantidade de água necessitam também da adição de

umectantes e sistema de conservantes microbiológicos. Os veículos utilizados para preparo das soluções são soluções aquosas ou hidroalcoolicas. Um

exemplo de formulações na forma de soluções são tônicos faciais e capilares. 2.3 SOLUÇÕES OLEOSAS

São preparações que podem conter apenas uma fase, composta basicamente por substâncias emolientes (caráter lipofílico), que podem ser de origem vegetal (como os óleos vegetais) ou mineral (como o óleo mineral ou vaselina liquida). Por serem de caráter oleoso, apresentam o desconforto durante a aplicação, por não serem absorvidos pela pele, ficando a nivel epidérmico (camada córnea).

Como exemplo de soluções oleosas de uma única fase temos os óleos bronzeadores e óleos pós-banho.

Para diminuir a sensação de oleosidade destas formulações, a indústria cosmética desenvolve óleos bifásicos e trifásicos que, após serem agitados, formam uma emulsão instável, que melhora o sensorial de pegajosidade durante a aplicação, por melhorar a absorção. Outra maneira utilizada para diminuir a carga oleosa é adição de tensoativos em óleos para serem utilizados durante banho, que emulsionam com a presença de água. 2.4 EMULSÕES

As emulsões são formas de aspecto leitoso ou cremoso, resultante da mistura de dois líquidos imiscíveis (água e óleo) onde um deles está disperso no outro, devido à ação de um agente emulsionante ou emulsificante.

O agente emulsionante é um agente tensoativo, que é o responsável por fazer a junção da água com o óleo, que são substancias que não se misturam.

Em uma emulsão, uma fase sempre está dispersa em outra fase. A fase dispersa é conhecida como fase interna e o meio dispersante como fase externa. Sendo assim, as emulsões são classificadas em:

• O/A – Óleo/Água: fase interna óleo e externa água. Estas emulsões têm sensação menos

oleosa, com menor quantidade de óleo, e absorção rápida. A água é a fase externa e está em contato com a pele. São as mais adequadas para uso tópico.

• A/O – Água/Óleo: fase interna água e externa óleo. Sensação mais oleosa, por possuir maior

quantidade de óleo. O óleo é a fase externa e está em contato com pele. Exemplo: demaquilantes e cremes de massagem.

As emulsões também podem ser classificadas de acordo com sua viscosidade.

• Quanto à viscosidade, temos: - Cremes: média a alta viscosidade (acima de 10000cp) - Loções: média viscosidade (de 2000 a 8000cp) - Leites: baixa viscosidade (1000 a 2000cp) 2.5 XAMPUS E CONDICIONADORES Capítulo – Produtos para higienização 2.6 POMADAS E PASTAS

As pomadas são preparações de consistência mole, altamente oleosa e não são utilizadas como base para cosméticos.

As pastas contêm altas proporções de pós, que podem estar em veículos aquosos ou oleosos. Ex: pasta d’ água. Como cosmético, um exemplo são a mistura de argilas com água formando pastas para aplicação tópica. 3. CRITERIOS DE QUALIDADE DE PRODUTOS COSMÉTICOS Há vários critérios que devem ser considerados durante a produção de cosméticos: 3.1 Controles físico e físico-químicos:

São avaliados rotineiramente a cor, odor, viscosidade, pH e densidade de um produto cosmético. A cor é importante para adequar o produto dentro das expectativas do consumidor (ex. xampu de camomila deve ser amarelo-claro).

O odor também é importante e fator decisivo para compra do produto; geralmente as fragrâncias também são utilizadas para encobrir odores desagradáveis de certas matérias-primas utilizadas na produção; deve ser utilizado com cautela, pois alguns óleos essências (fragrâncias) estão relacionadas com processos alérgicos.

A viscosidade está relacionada, à grosso modo, com a consistência de um produto e a determinação da viscosidade auxilia na escolha da embalagem e com a maneira que um produto escoa do frasco.

A densidade também está relacionada com a escolha correta da embalagem, alterações na densidade podem sugerir presença de ar na formulação, o que contribuiria para a oxidação do produto.

pH (Potencial Hidrogeniônico)

A escala de pH (potencial hidrogeniônico) é uma escala que varia de 0 a 14 e que permite conhecer a acidez ou alcalinidade de diversas substancias.

� pH ácido: compreende valores abaixo de 7,0 na escala de pH. Ex: ácido glicólico � pH alcalino: compreende valores acima de 7,0 na escala de pH. Ex: soda � pH neutro: 7,0. Ex: pH da água

O pH da pele é determinado pela ação das glândulas sudoríparas e varia de acordo com a região. Em geral, o pH é ligeiramente ácido, em torno de 5,5, o que protege a pele contra os agentes bacterianos e outros invasores, conforme Tabela 1. Tabela 1. pH nas diferentes regiões do corpo Tornozelos 5,9 Axilas 6,5 Pés 7,2 Tronco 4,7 Coxas 6,1 Pregas mamas 6,0 Seios 6,2 Perna 4,5 Cabelo 4,1 Pregas interdigitais 7,0 Rosto 7,0 Intra vaginal 6,2 Vagina 4,5 Mãos 4,5 Costas 4,8 Nádegas 6,4 Fonte: Oliveira, A., 2002 Assim, o ajuste de pH nas formulações é obrigatório e pode ser feito levando em conta:

• Local de aplicação. Exemplo: no sabonete íntimo, o pH é ajustado em torno de 4,5, que é o pH fisiológico da vagina (externo)

• Função do produto: as axilas apresentam pH em torno de 6,5, porém os desodorantes e antiperspirantes são geralmente ajustados em torno de 4,5, o que permite a diminuição da proliferação bacteriana.

• Ativos: há alguns ativos que só exercem atividade farmacológica em um determinado pH, por exemplo, a vitamina C tópica VC-PMG® é estável em pH 7,0. Sendo assim, formulações contendo este ativo só pode possuir pH final igual a 7,0.

O uso correto de produtos cosméticos requerem alguns cuidados de uso:

• Não retirar o produto colocando as mãos dentro da embalagem. • Lavar as mãos antes de usá-los • Não deixar exposto ao calor. Manter em local seco e arejado • Algumas pessoas podem ter irritações e/ou alergias com o uso de cosméticos. Qualquer

dúvida, suspender o uso e procurar orientação • Sempre tomar medidas no sentido de prevenir contaminação microbiana ou fúngica.

4. COMPOSIÇÃO BÁSICA DE UMA FORMULAÇÃO COSMÉTICA A composição básica de uma fórmula é: • Princípio ativo: responsável pela ação • Coadjuvantes técnicos ou Adjuvantes farmacotécnicos: substâncias, em geral inertes, cuja

função é estabilizar a fórmula em nível químico, físico ou biológico. • Veículo: parte da fórmula na qual são misturados os princípios ativos.

Para o preparo de uma formulação cosmética é necessária a escolha correta das matérias-

primas que irão compor a formulação e irão fazer parte do veículo. A seleção destas substâncias dependerá da função e das características finais do produto. Estas matérias-primas são:

• Tensoativos e agente emulsionantes • Emolientes • Umectantes • Antioxidantes • Quelante ou sequestrante • Conservantes microbianos • Espessantes • Perfumes • Corantes e pigmentos • Solventes

4.1 TENSOATIVOS

Os tensoativos são substâncias com propriedades anfifílicas, ou seja, possuem afinidade pela água (hidrofílicos - polar) e por lipídios (lipofílicos - apolar) e têm a capacidade de diminuir a tensão superficial ou interfacial de um sistema. São os higienizantes, emulsificantes, condicionadores e alguns antimicrobianos.

4.1.1 Propriedades dos tensoativos

• Diminuição da tensão superficial: qualquer superfície líquida aparentemente em repouso está em constante movimento devido às forças de atração existentes entre as moléculas. Estas forças são iguais em todos os lados e se anulam. No entanto, na superfície essas forças são desequilibradas, resultando em uma força que tende a arrastar as moléculas da superfície para o interior do líquido. É a tensão superficial.

• Detergência: capacidade que o grupo polar possui de arrastar detritos e impurezas de uma superfície, que tanto pode ser uma fibra têxtil quanto capilar ou da camada córnea.

• Espumógena: pode-se definir espuma como a dispersão de um gás em um líquido. Os tensoativos aniônicos e anfoteros têm poder espumógeno maior que os demais.

• Estabilização de espuma: alguns tensoativos têm a propriedade de estabilizar, ou seja, não permitir que a espuma formada logo desapareça. Esta propriedade é importante, principalmente em xampus.

4.1.2 Estrutura molecular

4.1.3 Classificação dos tensoativos quanto à carga elétrica

• Tensoativos Aniônicos

São tensoativos que, em contato com a água adquirem carga negativa. São utilizados em

xampus, sabonetes líquidos, cremes e detergentes. São compostos iônicos e liberam o íon Na+ na solução, sendo importante a presença de

agente quelante nestas formulações. Ver figura 1. São incompatíveis com tensoativos catiônicos, pois ocorre precipitação, o que explica o

motivo pelo qual não existem xampus 2 em 1. Leia o texto do quadro 1.

Figura 1. Estrutura de tensoativo aniônico.

Propriedades de tensoativos aniônicos:

• São irritantes • Possuem pH alcalino • Possuem ação adstringente • O sabão é aniônico e é altamente irritante, porém tem baixo custo de produção • Os tensoativos aniônicos sintéticos são utilizados para fabricação de xapus e sabonetes

líquidos, permitindo ajuste de pH fisiológico nas formulações. • Também são utilizados na fabricação de emulsões aniônicas, sendo o principal exemplo a

cera Lanette®. • Tensoativos Não Iônicos

São tensoativos que não adquirem carga em contato com a água. São utilizados em xampus, sabonetes líquidos e emulsões.

Verificando a Figura 2 é possível notar a ausência de cargas. Não são irritantes e são amplamente utilizados em cosméticos.

Figura 2. Tensoativo não iônico. • Tensoativos Anfóteros São tensoativos que adquirem a carga do meio que estão: Em pH alcalino adquirem carga negativa Em pH ácido adquirem carga positiva Possuem efeito de espessamento quando em pH ácido. Melhora a estabilidade da espuma. São utilizados em xampus e sabonetes líquidos

Figura 3. Tensoativo anfótero • Tensoativos Catiônicos

São tensoativos que adquirem carga positiva em meio aquoso. São mais irritantes que os não iônicos e aniônicos São utilizados em condicionadores e amaciante de roupa Não produzem espuma e são utilizados na forma de emulsão

Figura 3. Tensoativo catiônico A tabela 1 resume os tipos de tensoativos e exemplo de substâncias utilizadas em cosméticos.

Todo condicionador, máscara

capilar, leave on, etc...

possuem tensoativos

catiônicos e são emulsões!!!

Tabela 1. Principais tensoativos utilizados na produção de xampus e sabonetes líquidos Tensoativo Função Exemplos Aplicação Tensoativos aniônicos

Boa detergencia Bom poder espumógeno Média a alta irritabilidade aos olhos

Lauril sulfato de sódio (LSS) Lauril éter sulfato de sódio; Lauril éter sulfato de amônia; Lauril éter sulfoccinato de sódio;

Loções de limpeza Sabonetes líquidos Xampus “amolecimento de comedões” O LSS é o mais irritante e o Lauril éter sulfoccinato é o menos agressivo, porém o de menor poder de detergência

Tensoativos Não – Iônicos

Não irritantes Estabilizadores de espuma Doador de viscosidade

Dietanolamida de ácido graxo de coco; Mono e diestearato de etilenoglicol (agente perolizante_

Xampus e sabonetes líquidos

Tensoativos Anfóteros

Mais suave Melhoram a estabilidade de espuma Efeito de espessamento em pH ácido

Cocoamidopropilbetaína; Betaina de coco; Cococarboxianfoglicinato de sódio; Coco anfoacetato Lauroanfoacetato

Xampus e sabonetes líquidos Xampus infantis Geis higienizantes

Tensoativos catiônicos

Irritantes Podem ser utilizados como conservantes antimicrobianos São utilizados na forma de emulsão

Cloreto de cetiltrimetil amônio Cloreto de Beheniltrimetiamônio**; Cloreto de benzalcônio (conservante)

Condicionadores Desodorantes (como antimicrobiano) ** Ele é mais suave, usado em leave on, ampolas capilares e afro-étnicos;

Fonte: Rebelo, T., 2005; Consulfarma, 2010 - adaptado

Quadro 1 – Parte do texto “ A química do cabelo”

Como agem os xampus e condicionadores?

Ambos possuem, em sua formulação, moléculas de surfactantes. Os xampus e condicionadores diferem, basicamente, na carga do surfactante: os xampus contém surfactantes aniônicos, enquanto que os condicionadores têm surfactantes catiônicos. Quando o cabelo está sujo, ele contém óleo em excesso e uma série de partículas de poeira e outras sujeiras que aderem à superfície do cabelo. Esta mistura é, geralmente, insolúvel em água - daí a necessidade de um xampu para o banho. O surfactante ajuda a solubilizar as sujeiras, e lava o cabelo.

Um problema surge do fato de que surfactantes aniônicos formam complexos estáveis com polímeros neutros ou proteínas, como é o caso da queratina. O

cabelo, após o uso do xampu, fica carregado eletrostaticamente, devido a repulsão entre as moléculas de surfactantes (negativas) "ligadas" à queratina. É aí que entra o

condicionador: os surfactantes catiônicos interagem fracamente com polímeros e proteínas neutras, e são capazes de se agregar e arrastar as moléculas de xampu que ainda estão no cabelo. Nos frascos de condicionadores existem, ainda, alguns produtos oleosos, para repor a oleosidade ao cabelo, que foi extraída com o xampu. O cabelo, após o condicionador, fica menos carregado e, ainda, com mais oleosidade. Segundo este critério, não existe xampu "2 em 1", ou seja, uma formulação capaz de conter tanto um surfactante aniônico como um catiônico. Os produtos

encontrados no mercado que se dizem ser "xampu 2 em 1" são, na verdade, xampus com surfactantes neutros ou, ainda, surfactantes aniônicos com compostos oleosos, que minimizam o efeito eletrostático criado pelo xampu normal.

Fonte: A química do cabelo. Revista eletrônica de Quimica da UFSC, Ano 4

4. 2 TENSOATIVOS EMULSIFICANTES Desempenham papel importantíssimo na formação (emulsificação) e estabilidade da emulsão.

Eles conseguem diminuir a tensão superficial entre a água e o óleo, formando um filme imediato ao redor de cada gotícula da fase dispersa, evitando que elas se aglomerassem novamente, o que quebraria a estabilidade das fases. Todo agente emulsivo possui dupla polaridade: um radical hidrófilo (que tem afinidade pela água e é polar) e um radical lipófilico (que tem afinidade pelo óleo e é apolar). Isto faz com que se liguem a cada fase, quebrando a força de repulsão e caracterizando uma emulsão. Assim, o agente emulsivo deve possuir características que o tornem mais solúveis na água ou no óleo. Ao equilíbrio entre a fase oleosa e aquosa chamamos EHL (Equilíbrio Hidrófilo-Lipófilo), que varia de 1 a 50. Quanto maior o EHL, maior sua capacidade de dissolução em água. A emulsão A/O deve ter uma EHL entre 3 e 8, enquanto a O/A entre 8 e 16. Também são classificados como não iônicos, aniônicos e catiônicos; possuem propriedade de emulsificação, porém baixo poder de espuma. Quadro 2 – Ceras emulsionantes não ionicas

Notar nos quadros abaixo a presença de ÁLCOOL

CETOESTEARÍLICO (álcool de cadeia longa, com

propriedades lipofílicas, emolientes e de consistência). É

encontrado tanto em emulsões aniônicas como em não

iônicas!!!!!!!!

Fonte: Souza, 2012

Fonte: Souza, 2012

4.3 EMOLIENTES

Emoliente vem do grego emoliens: amolecer. Os emolientes são substâncias capazes de formar uma película sobre a pele, evitando a evaporação de água da pele, ajudando a manter seu conteúdo hídrico (de água), ou seja, hidratando.

Os emolientes são lipofílicos e estão presentes em formulações que contenham fase oleosa, como as emulsões, ou soluções oleosas e óleos bi e trifásicos.

Os emolientes exercem várias funções em uma formulação, dentre elas podemos citar: • Hidratante • Lubrificante • Modificador de sensorial • Espessantes de emulsões (agentes de consistência) • Melhoram a aparência da formulação

Quadro 3 – Emolientes utilizados em cosmetologia

Normalmente emulsões não iônicas trazem em sua

composição CETEARETH-20, que são emulsionantes não

iônicos escritos na nomenclatura internacional (INCI)

Categoria

Exemplos

Aplicação

Hidrocarbonetos oleosos

Óleo mineral, vaselina, parafina, esqualeno

Emulsões A/O e O/A Preparações anidras (batom, bastões) Demaquilantes Leites de limpeza

Ácidos carboxílicos graxos

Acido esteárico Acido Cetílico (ou palmítico) Acido linoleico e linolênico

Agentes de consistência em emulsão

Álcool graxos

Álcool cetílico Álcool cetoestearílico Álcool estearilico

Agentes de consistência em emulsão

Ésteres de álcoois graxos

Miristato de isopropila Palmitato de isopropila Miristato de miristila Palmitato de cetila Lactato de cetila Oleato de isodecila Triglicérides de ácido caprico/caprilico

Tem ação emoliente e sua ausência na emulsão dificulta o espalhamento e pode deixar efeito esbranquiçado quando aplicado na pele. Melhoraram o toque e espalhabilidade da emulsão

Ésteres de glicerila

Monoestearato de glicerila Monoestearato de proprilenoglicol

Co-emulsionantes

Ceras

Cera de abelhas Cera de carnaúba Cera de candelila (vegetal)

Batons e outros bastões

Silicones oleosos

Dimeticone Ciclometicone

Melhoram a aparência e espalhabilidade de emulsões, óleos bi e trifásicos Condicionadores, reparador de pontas

Manteigas

Manteiga de cacau Manteiga de manga Manteiga de karite

Protetor labial Condicionadores e máscaras capilares

Óleos vegetais

Amêndoas, semente de uva, castanha do Pará, girassol, abacate, maracujá, cereja, framboesa, rosa mosqueta, etc.

Para identificá-los nas formulações: nome científico da planta + OIL

4.4 UMECTANTES

São compostos que, além de reter água, tem afinidade por ela e tem ação umectante. São substâncias higroscópicas, cuja função é reter água no creme evitando a perda da mesma. Na pele, retém água aumentando o seu teor e promovendo hidratação. Categoria

Exemplos

Aplicação

Umectantes

Propilenoglicol (INCI: Propylene Glycol) Glicerina (INCI: Glycerin) Sorbitol (INCI: Sorbitol) Butilenoglicol (INCI: Butylene Glycol)

Praticamente em todas as formas cosméticas: emulsões, géis, loções, xampus, etc... Ou seja, em todas as formulações que contenham água

4.5 ESPESSANTES

Substâncias responsáveis por aumentar a viscosidade das formulações. Os espessantes podem ser orgânicos e inorgânicos. Os espessantes orgânicos dividem-se por sua vez em 2 classes:

Agentes orgânicos (1) De fase oleosa São espessantes de fase oleosa, que são insolúveis em água e solúveis em óleo. São empregados

em cremes, loções e condicionadores. Exemplos: Álcoois graxos; Monoestearato de gliceríla; Ésteres de álcoois e ácidos graxos; Ceras naturais e minerais, óleos e gorduras.

(2) De fase aquosa Conferem viscosidade à fase aquosa. São normalmente insolúveis na fase oleosa. Exemplos:

CMC – carboximetilcelulose; HEC - hidroxietilcelulose – Natrosol®; Vinílicos: Carbômero - Carbopol®, PVP, álcool polivinílico; Gomas e alginatos

Agentes Inorgânicos (eletrólitos) – em geral, espessam os xampus e sabonetes líquidos Cloreto de sódio Citrato de sódio Fosfato de sódio ou amônio

4. 6 ALCALINIZANTES E ACIDIFICANTES Os agentes alcalinizantes são utilizados para aumentar (alcalinizar) o pH do meio com o

objetivo de fornecer estabilidade ao produto. Exemplo: hidróxidos de sódio, potássio, borato de sódio (bórax), trietanolamina, AMP 95 (Amino metil propanol)

Os agentes acidificantes, por sua vez, diminuem o pH (acidificam) também para dar estabilidade ao produto. Ex: ácido cítrico

Ambos podem elevar ou diminuir deixando o pH neutro. Desta forma eles podem ser chamados de agentes neutralizantes.

4.7 SEQUESTRANTE OU AGENTE QUELANTE

Forma complexo (quelato) estável com metais. São utilizados para quelar metais pesados, os quais podem promover instabilidade em algumas formulações. O agente quelante conhecido é o EDTA (dissódico, tetrassódico, ácido).

Obrigatório em xampus e sabonetes líquidos. Está presente em formulações que contenham água, porém não são obrigatórios; sua utilização depende da presença de íons livres na formulação, assim pode ou não estar presente.

4.8 CONSERVANTES ANTIMICROBIANOS

Podem ter ação antimicrobiana e antifúngica. São utilizados em preparações líquidas e semi-sólidas (pomadas, cremes,...) para evitar a contaminação das mesmas por fungos, leveduras e bactérias.

A contaminação de um produto quase sempre ocorre durante o processo de fabricação, através de equipamentos e o manipulador. A origem das contaminações microbianas são as matérias-primas, manuseio, equipamento, embalagens, processos de fabricação e a higiene pessoal.

Uma contaminação microbiana pode acarretar várias mudanças no produto, que podem ser: • Mudança na coloração e odor do produto • Opacificação de líquidos • Fermentação e deformação das embalagens • Floculação, aeração ou separação das fases • Alteração de pH • Mudança na viscosidade do produto. O conservante ideal é aquele que, em pequenas concentrações, consegue maior efeito

preservante, não possui cheiro, nem cor, tem boa solubilidade em água e óleo, não é irritante ou sensibilizante e deve possuir amplo espectro de ação.

Conservantes

INCI

Aplicação

Parabenos Metilparabenos Propilparabeno Etilparabeno Butilparabeno

Methylparaben Propylparaben Ethylparaben Butylparaben

Potente ação antifúngica e fraca ação contra bactérias Gram Negativas

Fenoxietanol

Phenoxyetanol OBS: Nome comercial: Phenonip® ou Phenova® - combinação de fenoxietanol e parabenos

Possui boa atividade contra bactérias Gram negativas, média atividade contra bactérias Gram positivas e pouca ação contra leveduras e fungos.

DMDM hidantoina

DMDM Hydantoin

É ativo contra bactérias

Formol

Formaldehyde

Ativo contra bactérias e fungos. É irritante

Imidazolidinyl Urea

Idem Nome comercial: Germall 115

Muito ativo contra bactérias, porém não possui atividade contra fungos.

Methylcloroisothiazolinone

Idem

Possui amplo espectro contra microrganismos

Iodopropynyl Butylcarbamate

Idem

Ativo contra fungos e pouca atividade contra bactérias.

Methyldibromo Glutaronitrile

Idem

Possui ação contra bactérias, porém não é potente contra fungos.

Sodium Hydroxymethylglycinate

Idem

Derivado do aminoácido glicina. Potente contra fungos e bactérias. Fraca ação contra leveduras

4.9 ANTIOXIDANTES

São substâncias que preservam a formulação de qualquer processo oxidativo. São capazes de impedir a deteriorização oxidativa (destruição por ação do oxigênio) de produtos fármacos-cosméticos, com conseqüente desenvolvimento de ranço oxidativo em óleos e gorduras ou inativação de medicamentos. Como antioxidantes de formulações temos:

4.10. FRAGRANCIAS

Substâncias que geram odores agradáveis aos produtos; São as essências. Em geral, são usadas de 0,5 a 1%. A quantidade de essência na formulação pode variar dependendo do fabricante e da fixação da mesma, mas o importante é que dê um aroma característico ao produto.

Sua escolha deve ser baseada em um consenso entre os corantes, a finalidade e o tipo do produto. Deve estar harmonizada com atributos do produto e expectativas do consumidor;

A constituição de uma fragrância é identificada através das notas (odor): notas de cabeça ou saída, notas de corpo, notas de fundo. A fragrância é uma sucessão de impressões olfativas e não um conjunto homogêneo de todas elas;

Cada tipo de fragrância é uma mistura de diferentes funções químicas e estas matérias primas podem ser de origem natural (animal ou vegetal) e sintética.

4.11. CORANTES E PIGMENTOS

Substâncias responsáveis por conferir cor a um produto. De acordo com sua solubilidade podem ser nomeados de corantes ou pigmentos.

A vitamina E (Tocoferol) também é bastante utilizada como

antioxidante lipossolúvel.

INCI: Tocopheryl Acetate; Tocopherol Acetate

a. Corantes: substâncias que desenvolvem seu poder de colorir quando são dissolvidas no meio em que são utilizadas. b. Pigmentos: substâncias que desenvolvem seu poder de colorir quando são dispersas no meio em que são utilizadas. Estes produtos são classificados segundo 2 modos, um europeu (Colour Index - CI) e um norte americano (D&C, FD&C, External D&C). Para a escolha do colorante deve ser consultada a lista da ANVISA que os classifica através do Colour Index, indica quais são permitidos em diversas situações e suas limitações. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS RIBEIRO, C. Cosmetologia aplicada a dermoestética. 2. ed. Pharmabooks, 2010 SOUZA, H. C. Apostila teórica de cosmetologia. UNIPAC, Araguari, 2012 LEONARDI, G. R. Cosmetologia Aplicada. 2. ed. Santa Isabel. 2008 REBELLO, T. Guia de produtos cosméticos. 6. ed. SENAC, 2005 OLIVEIRA, A. Guia prático da farmácia magistral. 2. ed. Juiz de Fora, 2002 OLIVEIRA, A. Guia prático da farmácia magistral. 3. ed. Pharmabooks, 2008 PUPO, M. In Cosmeto em vídeo. Módulo shampoos e emulsões, 2010. A química do cabelo. Revista eletrônica do Departamento de Quimica da UFSC, Ano 4. Disponível em: http://cienciasexatasaqui.blogspot.com.br/2010/02/quimica-do-cabelo.html

5. FORMULAÇÕES PARA LIMPEZA E HIGIENIZAÇÃO

5.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES A limpeza da pele é o primeiro passo fundamental para o sucesso de qualquer tratamento

dermocosmético. A limpeza retira as sujidades acumuladas na pele, provenientes de poluição, resíduos cosméticos, secreções naturais e células córneas em descamação. Também reduz a carga microbiana e prepara a pele para receber os passos posteriores do tratamento. Sem dúvida alguma o produto mais popular usado para esta finalidade é o sabão, cujas primeiras evidencias datam de cerca de 2800 a.C.

A limpeza feita só com água é menos eficiente porque na superfície da pele encontram-se as secreções das glândulas sebáceas, resíduos de poeira, entre outras substancias, que por não terem afinidade com a água não saem facilmente. Para facilitar o processo de remoção é necessário o uso de um tensoativo, encontrado nos sabões e sabonetes.

Há 3 métodos utilizados para limpeza:

• Uso de solventes orgânicos: • Uso de álcool e acetona • O seu uso mais comum é no procedimento pré peeling • Removem as sujidades por solubilização. • Auxilio de algodão, tecido ou papel • Irritantes e desidratante. Álcool provoca efeito rebote • A ação irritante é amenizada com associação de água = soluções hidroalcoolicas

• Uso de substâncias lipofílicas: • Baseado no princíoio de “semelhante dissolve semelhante” – a secreção sebácea e a sujeira

são solubilizadas por um produto oleoso e removidas com algodão, gaze ou lenço de papel. • Desvantagem: filme residual oleoso – incômodo • Exemplos: Leite de limpeza, emulsão com fase oleosa, demaquilantes, óleos bifásicos ou

trifásicos

• Uso de tensoativos (sabonetes, sabonetes líquidos, xampus e condicionadores) • Utilização de sabonete (obtido a partir do sabão alcalino – reação de esterificação) • Utilização de tensoativos sintéticos: possibilita obtenção de sabonetes líquidos, xampus

(aniônicos) e condicionadores (catiônicos) • Revisar item tensoativos. • Esquema de limpeza com tensoativos:

Figura 1. Ação do tensoativo. Disnponível em: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-do-sabao/historia-do-sabao-7.php

Figura 2. Mecanismo de limpeza utilizando sabão. Disponível em: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-do-sabao/historia-do-sabao-7.php

5.2 SABÕES

É o tensoativo de limpeza mais antigo usado ainda nos dias de hoje. É obtido por uma reação

química de saponificação1 de óleos e gorduras por adição de um alcalinizante (hidróxido de sódio, potássio ou trietanolamina).

O material graxo utilizado pode ser de origem animal (gordura) ou vegetal (óleo). A gordura animal permite a obtenção dos sabões em barras com alta dureza e menos solúveis que os obtidos com óleos vegetais.

Atualmente, há uma tendência de abandonar o uso de material graxo proveniente de fonte animal, dando lugar ao uso de óleos vegetais.

1. Saponificação:reação química entre os ácidos graxos presentes em óleos e gorduras com uma base forte através do processo de fervura. Desta reação é que resulta o sabão

Esquema de saponificação: glicerídeo (óleos e gorduras) liga-se ao hidróxido de sódio (base alcalina forte), ocorrendo a formação do sabão (produto sólido) e glicerina A reação é exotérmica: ocorre liberação de calor!!!!! Disponivel em: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-do-sabao/historia-do-sabao-7.php

5.3 SABONETES O produto mais conhecido e difundido entre os brasileiros é o sabonete em barra, elaborado,

principalmente com sabão. Dependendo do tensoativo ou mistura que compõe a formulação do sabonete, o mesmo pode ser classificado em:

� Sabonete em barra Os sabonetes tradicionais consistem em uma mistura de sabões elaboradas com gordura animal

e óleo vegetal. Todavia, como mencionamos, alguns fabricantes preferem formular apenas com óleo vegetal, sendo o mais utilizado o óleo de palma, que fornece sabões mais consistentes. A estes são acrescentados corantes, ligantes, substancias que aumentam a dureza da barra, antioxidantes, quelantes, entre outros.

Em geral os sabões alcalinos correspondem a cerca de 80% da formulação. A alta detergência associada à alcalinidade destes produtos os tornam mais irritantes para a pele, sendo desaconselhados para uso em peles secas e sensíveis.

O pH destes sabonetes estão entre 9 e 10 (alcalino).

� Sabonete Glicerinado Os sabonetes glicerinados são exemplos de formulações onde se tem uma diminuição da

quantidade de sabão na fórmula. Neste tipo de produto o sabão corresponde por cerca de 30% da fórmula e a composição restante é formada por solubilizantes (glicerina, álcool, propilenoglicol), corante, fragrância e açúcar, para aumentar a transparência.

A espuma dos sabonetes glicerinados não é tão abundante quanto à espuma dos sabonetes comuns ou líquidos, mas pode ser melhorada com a adição de detergentes sintéticos. Este tipo de sabonete é mais suave e a glicerina ameniza a aspereza deixada na pele pelos sabões.

Apesar disto, o pH destes sabonetes também é bastante alcalino (9-10).

� Sabonetes Combars Associação de sabão com detergente sintético, o que fornece um sabonete mais suave.

Sabonetes Syndet Usa menos de 10% de sabão em sua composição com associação de tensoativos sintéticos, que os deixa com sensorial mais agradável e melhora sua textura. São indicados especialmente para peles com problemas dermatológicos como acne, rosácea e dermatite atópica

� Sabonete Líquido Os sabonetes líquidos, em geral, são elaborados sem sabão, apenas utilizando detergentes

(tensoativos) sintéticos ou derivados de produtos naturais. Apresentam como vantagem o ajuste do pH para o fisiológico e incorporação de princípios

ativos associados. Composição básica de Sabonete líquido Características gerais: veículo aquoso espessado pela associação de tensoativos e uso de espessantes. Possui características hidrofílicas. Componentes Função e exemplo Associação de Tensoativos aniônicos Tensoativos anfóteros Tensoativos aniônicos

A associação de tensoativos favorece a detergência, estabilização de espuma e poder espumógeno dos tensoativos, além de diminuir a irritabilidade, ardência aos olhos. Exemplos: ver tabela de tensoativos – capitulo 4

Agente quelante Impede a deteriorização do produto pela ação de íons Na+. Exemplo: EDTA

Conservantes antimicrobianos Evita contaminação por fungos e bactérias. Ver capítulo 4

Espessantes O mais utilizado é o cloreto de sódio (NaCl) Acidificante Utilização de ácido cítrico para ajuste de pH Solvente Água

5.4 LEITES DE LIMPEZA, SOLUÇÕES DE LIMPEZA E LENÇOS UMEDECIDOS

As emulsões utilizadas para limpeza da pele são elaboradas como qualquer outra, ou seja, possuem uma fase aquosa, uma oleosa e um ou mais agentes emulsionantes. A limpeza promovida por este tipo de produto pode ser realizada por componentes oleosos ou pode conter detergentes sintéticos suaves.

Normalmente são utilizadas para remoção de maquiagem, limpeza diária da face ou em clínicas de estética antes de algum procedimento. São conhecidos como Leites de Limpeza.

As soluções de limpeza são soluções aquosas, com pH fisiológico, contendo tensoativo suave para ajudar na remoção da sujeira. São especialmente indicadas para peles oleosas e/ou acnéicas, para a qual a limpeza com produtos oleosos é incômoda.

Os lenços umedecidos são elaborados pela associação de material com fibras sintéticas e naturais (algodão, celulose) embebidos em solução composta por água, tensoativos, fragrância, entre outros. A conservação é importante para evitar a evaporação do sistema solvente e secagem dos lenços.

Tanto as emulsões quanto as soluções de limpeza podem conter ativos cosméticos, tornando-as multifuncionais, ou seja, ao mesmo tempo em que limpam tratam a pele.

5.5 INCORPORAÇÃO DE ATIVOS PARA OS DIFERENTES TIPOS DE PELE Os ativos utilizados nos produtos de limpeza são diferentes, dependendo do tipo de pele:

� Pele Normal A limpeza deste tipo de pele pode ser feita com sabonetes líquidos de pH neutro ou emulsões do

tipo O/A (cremes e loções de limpeza), que absorvem impurezas lipossolúveis na fase oleosa e impurezas hidrossolúveis na fase aquosa. Devem ser utilizados à noite.

Os ativos podem ser os mais variados e aqueles utilizados para os demais tipos de pele. Podem conter ativos antienvelhecimento (para prevenção), ativos calmantes, entre outros.

� Pele Oleosa Os agentes de limpeza devem neutros, evitando substâncias alcalinas pela irritabilidade que podem causar. Podem-se usar leites e loções de limpeza, mas a melhor opção seria os sabonetes líquidos ou soluções de limpeza, por serem menos oleosos. Os ativos devem controlar o excesso de oleosidade e, no caso de oleosidade associada à acne, usar ativos para o tratamento da acne. Exemplos: Própolis, Hamamélis, Algas Marinhas, àcido salicílico, Biosulphur, entre outros. O desengorduramento excessivo pode provocar o chamado efeito rebote não desejado na produção de sebo. Portanto, a limpeza deve ser suave, evitando-se esfoliações e abrasões em excesso.

� Pele Seca Para limpeza da pele seca, podemos usar leites e loções de limpeza, assim como sabonetes líquidos. Estes produtos devem conter ativos hidratantes, como óleos vegetais, hidroviton (NMF), PCA-Na, entre outros.

� Peles Sensíveis Para este tipo de pele, as loções e sabonetes devem possuir sempre pH fisiológico, com baixo poder de detergência. Os ativos são substâncias calmantes e antiinflamatórias, como camomila, calendula, ácido glicirrizico, sensiline, entre outros REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: RIBEIRO, C. Cosmetologia aplicada a dermoestética. 2. ed. Pharmabooks, 2010

6. XAMPUS Para melhor compreender este capítulo, é necessário ler o capítulo 5 sobre Pele – item Queratina. Revisar as suas ligações e sua estrutura. Revisar item da influência do pH nas ligações de queratina e no cabelo – no mesmo capítulo.

Os xampus são formulações cosméticas destinadas á limpeza do cabelo, produzidos com tensoativos sintéticos. Devem possuir boa viscosidade, cor e perfume agradáveis Composição básica de Xampus Características gerais: veículo aquoso espessado pela associação de tensoativos e uso de espessantes. Possui características hidrofílicas. Componentes Função e exemplo Associação de Tensoativos aniônicos Tensoativos anfóteros Tensoativos aniônicos

A associação de tensoativos favorece a detergência, estabilização de espuma e poder espumógeno dos tensoativos, além de diminuir a irritabilidade, ardência aos olhos. Exemplos: ver tabela de tensoativos – capitulo 4

Agente quelante Impede a deteriorização do produto pela ação de íons Na+. Exemplo: EDTA

Conservantes antimicrobianos Evita contaminação por fungos e bactérias. Ver capítulo 4

Espessantes O mais utilizado é o cloreto de sódio (NaCl) Acidificante Utilização de ácido cítrico para ajuste de pH Solvente Água Aditivos ADITIVOS “COSMIÁTRICOS”: silicones,

hidrolisados de proteínas, trigo, queratina, colágeno. ADITIVOS FITOTERÁPICOS: extratos glicólicos de jaborandi, hamamelis, camomila, algas. ATIVOS MEDICAMENTOSOS: anticaspa, seborréia, antiqueda, anti-psoríase.

6.1 Ação dos tensoativos no cabelo

A extremidade apolar do tensoativo liga-se ao sebo do couro cabeludo. A água liga-se à parte hidrofílica e retira a sujeira. Porém, pode haver “sobra” de tensoativo no processo, que ficam no cabelo conferindo CARGA NEGATIVA.

Um xampu, para ser bem aceito pelo consumidor, deve

formar espuma abundante e consistente, limpar, ter

viscosidade adequada, ter perfume e cor agradáveis.

6.2 Diferentes tipos de xampus • Para cabelos normais: possui combinação balanceada de tensoativos e agentes

condicionantes*. • Cabelos oleosos: possuem maior quantidade de tensoativos para limpar a oleosidade e

pouco ou nenhum agente condicionante. Em geral, contem substâncias de ação adstringente para ajudar no controle da oleosidade.

• Cabelos secos: menor quantidade de tensoativos e maior efeito condicionante. O objetivo é não ressecar muito o cabelo, retirando sua oleosidade natural.

• Infantis e extra-suaves: deve ter baixo potencial irritante e não agredir o couro cabeludo. Os tensoativos geralmente utilizados são lauril éter sulfoccinato de sódio, lauril e cocoil sarcosinatos, alquil poliglicosídeos.

• Anti-resíduos: possuem tensoativos, com praticamente nenhum agente condicionante. * Agentes condicionantes são substâncias que deixam o cabelo macio e sem efeito de frizz. Porém, NÃO são tensoativos catiônicos, cuja carga positiva não é compatível com xampus. 6.2 pH ideal de um xampu O pH de um xampu é ajustado de acordo com sua indicação, porém, em geral são ajustados na faixa de 5,5 a 6,5, pois neste pH promovem a limpeza desejada.

• pH ideal para cabelos secos ou danificados: em torno de 5,5 • pH para cabelos oleosos: em torno de 6,5 • pH anti – resíduos: em torno de 8,0 (podemos encontrar anti-resíduos de pH menor, quando

eles são indicados para cabelos secos ou ressecados) • Xampu pós escova: ácido, em torno de 3,0 • Xampu anti-caspa: varia de 6,5 a 7,5.

7. CONDICIONADORES Os condicionadores foram desenvolvidos com a finalidade de neutralizar a carga negativa deixada pelos tensoativos aniônicos do xampu e normalizar o pH dos cabelos. Possuem, em sua composição, tensoativos catiônicos, com carga positiva. São preparados na forma de emulsão e, em geral, podem ser ecncontrados em sua composição, agentes espessantes como o álcool cetoestearilico, álcool cetilico e estearílico. As principais funções do condicionador são:

• Facilitar o penteado • Suavizar e reparar áreas danificadas • Aumentar o brilho • Proporcionar toque sedoso • Hidratar • Eliminar eletricidade estática

7.1 Agentes condicionantes

Os agentes condicionantes geralmente utilizados em condicionadores estão as proteínas, ceramidas, os silicones, os quaterniuns, os poliquaterniuns, as vitaminas, entre outros.

• Proteínas: como são moléculas grandes, elas são “quebradas” para serem utilizadas originando as chamadas proteínas hidrolisadas e também os peptídeos. As proteínas mais importantes são queratina, colágeno e as proteínas do trigo. Cabelos coloridos, alisados e com permanete adsorvem muito mais proteínas que o cabelo virgem. Os aminoácidos (unidade formadora de proteína) penetram a cutícula e possuem efeito de hidratação, pois ao higroscópicos (absorvem água).

• Silicones: apresentam grande capacidade de se ligar ao cabelo e melhoram a penteabilidade,

principalmente a seco. Há uma diversidade de silicones diferentes utilizados em xampus: Silicone Função Dimeticone Toque macio e sedoso

Formador de barreira contra a saída e entrada de água Dimeticone copoliol Efeito macio e sedoso

Umectante Ciclometicone Lubrificante e auxiliar de espalhamento

Melhora efeito sensorial a úmido Ciclometicone e dimeticone (associados)

Atua como lubrificante e condicionante, facilitando o penteado a seco e a úmido. São bastante encontrados em reparadores de ponta

Fenil trimeticone Brilho aos cabelos Reduz pegajosidade

• Quaterniuns e poliquaterniuns: são adicionados em xampus e condicionadores, conferem

maciez ao cabelo sem deixá-los pesados. São responsáveis pelos efeitos anti-estático (ver figura 1) e há diversas aplicações: Poliquaterniun 4 Usados em mousses

Promove excelente penteabilidade no cabelo molhado Poliquaternium 6 Melhora a penteabilidade e maleabilidade

Agente condicionante Poliquaternium 7

Idem acima

Poliquaternium 10 Bom condicionante Poder espessante Diminui irritabilidade de tensoativos

Poliquaternium 11 Formador de filmes claros e não-pegajosos Facilita o penteado Proporciona volume e maleabilidade

Goma guar quaternizada INCI: Guar Hydroxypropyl Trimonium Chloride

Excelente poder condicionante É um dos mais utilizados em xampus Proporciona maleabilidade

OBS: INCI poliquatérnios: Poliquaternium

Figura 1. Ação do poliquatérnio no cabelo (CONSULFARMA, 2010)

Figura 2. Ação do xampu e condicionador na haste capilar. Disponívem em: http://progressivasemformol.wordpress.com/2011/11/ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: GOMES, A. L. O uso da tecnologia cosmética no trabalho do profissional cabelereiro. SENAC, São Paulo, 1999 CONSULFARMA. In cometo in vídeo. Modulos 6 e 8, 2010. Leitura complementar: Xampus. Quimica Nova, 1995

Leitura complementar: Xampu sem sal. Disponivel em: http://www.bolsademulher.com/cabelos/xampu-sem-sal-1/

Os xampus sem sal viraram moda. Os cabeleireiros recomendam, principalmente para os

fios danificados por processos químicos ou colorações, com a justificativa de que são

menos agressivos. Esse tipo de produto deixou de ser vendido apenas em salões de

beleza e ganhou as prateleiras das lojas de cosméticos e até dos supermercados.

Realmente funciona?

De um lado, cabeleireiros acreditam que sim, ajuda a manter a saúde dos fios. De

outro, farmacêuticos afirmam que o que importa mesmo é a acidez (pH) e não a

salinidade. Descubra o que é fato e o que é boato nessa história.

Afinal, para que serve o sal no xampu?

Antes de descobrirmos quais os benefícios do xampu sem sal, precisamos conhecer o

outro lado. Conforme explica Evelin Egedy, engenheira química responsável pelo

controle de qualidade Schraiber, a função do sal (cloreto de sódio) é fazer espuma e

encorpar o produto. Também é usado para tirar os resíduos que os outros componentes

não conseguem.

O produto com sal é prejudicial?

De acordo com Evelin, o sal pode causar ressecamento do couro cabeludo e dos cabelos.

Por esse motivo, xampus com a substância são indicados para cabelos oleosos. Em

cabelos coloridos, pode acarretar em desbotamento. A engenheira química revela que

nas concentrações usadas o cloreto de sódio não causa danos aos fios.

Para Flávia Glasser, gerente de Produto Hair Care da L'Oréal, a má fama do sal não se

comprova cientificamente. Ela explica: "Os sais provocam a formação de uma espuma

mais viscosa, enquanto o agente de limpeza é o lauril sulfato de sódio. Nenhum

malefício está comprovado, já que os sais utilizados são usados em quantidades

pequenas e se diluem em água, o que significa que são facilmente eliminados durante o

processo de enxágue, não interferindo nos fios".

Segundo a executiva, um estudo independente desenvolvido pela Universidade de São

Paulo, o Instituto Schulman de Investigação Científica, a Universidade Anhembi Morumbi

e a International Specialty Products conclui que não existem diferenças relevantes ao

comparar a performance de xampus com cloreto de sódio e aqueles que não possuem

esse ingrediente em sua fórmula.

Água do mar é diferente de xampu

Verão chegando, a reclamação é comum: ao tomarem banho de mar, as pessoas

associam a sensação de "ressecamento" dos cabelos à ação da água salgada. Mas não

deve haver comparação com o efeito dos xampus, já que as concentrações de cloreto

de sódio no mar são muito maiores. Além disso, a água da praia contém outras

substâncias que vão provocar embaraço e ressecamento, sem falar nas agressões

provocadas pela exposição ao sol, ao vento e à areia.

Existe xampu livre de sal?

Depende do sal. Se for o cloreto de sódio, a resposta é sim. Mas a farmacêutica

responsável pela Biotropic Cosmética, Liliany Jann Zampiroli, esclarece que xampu com

zero sal não existe: "O conceito trata necessariamente da ausência do cloreto de sódio

na composição. Podemos sim fabricar produtos sem esse sal, mas para isso é preciso

trabalhar com outro tipo de agente espessante".

Rafaela Gomes, gerente de Marketing de Produtos, e Adelaide Botelho, coordenadora

de Pesquisa e Desenvolvimento, ambas da rede Beleza Natural reforçam que o cloreto

de sódio vem sendo substituído por espessantes que agregam outros benefícios aos

produtos e não apenas o incremento da viscosidade. A cabeleireira e diretora técnica da

Mac Paul Cosméticos, Rosana Leite, ratifica que o "sem sal" que encontramos nas

embalagens refere-se apenas ao cloreto de sódio, o sal de cozinha que todos

conhecemos.

Especialistas da Natura são enfáticos: todo xampu tem sal. A empresa, claro, não foge à

regra: seus produtos contêm o cloreto de sódio, porém em concentrações muito baixas,

somente para conferir a consistência ideal. Marcos Coraza, do Gilberto Cabeleireiros,

complementa: "O principal ingrediente de um xampu são os tensoativos, sendo os mais

comuns o lauril sulfato de sódio ou o lauril éter sulfato de sódio. Na produção desses

elementos acontece uma reação química cujo produto secundário é o cloreto de sódio".

Coraza complementa: "Mesmo que o fabricante, a princípio, não utilize o cloreto,

quando se lança mão de qualquer tensoativo cujo nome termina em ‘de sódio', acaba-se

gerando o sal no produto. Além disto, a própria betaína, utilizada como agente de

espessamento, contém sal em sua composição.

8. PELE E ANEXOS – REVISÃO

8.1 A PELE A pele (figura 1) é o maior órgão do corpo humano e é considerado um órgão de comunicação

com o mundo exterior. Além de suas inúmeras funções, a pele também é responsável pela sensação de frio, calor e dor. Também transparece através dela sentimentos e emoções, como vergonha, medo e ansiedade.

Figura 1. Estruturas da pele 8.2 FUNÇÕES DA PELE

• Proteção – protege órgãos internos de traumatismos mecânicos, físicos e químicos, pois atua absorvendo a radiação ultravioleta, impede a entrada de agentes químicos através de seu epitélio compacto, da mesma forma que impede perdas internas de água e eletrólitos.

• Termo –regulação: feita por vasodilatação e vasoconstrição, quando há aumento ou diminuição de temperatura.

• Percepção: tato, pressão, temperatura e prurido (coceira), feitas por receptores nervosos. • Secreção: secreta queratina, melanina, sebo e suor, que possuem funções definidas. • Excreção: elimina algumas substâncias e as glândulas sudoríparas excretam água e

eletrólitos. • Metabolização: de substâncias como testosterona, progesterona, estrógenos e vitamina D.

8.3 EPIDERME

È a camada mais externa. Não possui vasos e tem espessura variável. As células da epiderme se renovam a cada 4 semanas. A camada mais externa da epiderme á conhecida como extrato córneo.

È a camada protetora, que forma uma barreira contra a entrada de microorganismos, radiação UV, corrente elétrica e substâncias tóxicas. Também retém água e eletrólitos. Nesta camada estão presentes as células de queratina (função de impermebialização e de proteger o organismo contra as agressões do meio) e os melanócitos (sintetizam a melanina, responsável pela pigmentação da pele).

A figura 2, abaixo, mostra que esta camada externa da pele é subdividida em cinco camadas (de dentro para fora). Estas camadas são formadas pela diferenciação seqüencial de 25 células migrando da camada basal para a superfície. A epiderme se renova a cada 20 a 30 dias dependendo

da região da pele. A epiderme é composta por 4 tipos celulares: Queratinócitos, Melanócitos, Células de Merkel, Células de Langerhans.

Figura 2. Camadas da epiderme

• A camada basal (stratum basale) ou camada germinativa é a mais profunda da epiderme e fica repousada sobre a derme. É a camada com a maior atividade mitótica, pois contêm células-fonte da epiderme, onde há constante renovação celular

• A camada espinosa (stratum spinosum), nome este dado às suas características poligonais cubóides. É importante por conferir à epiderme coesão nas células e resistência ao atrito.

• A camada granulosa (stratum granulosum). As células possuem grânulos que são expulsos para o meio extracelular, e que confere à epiderme impermeabilidade à água e a outras moléculas.

• A camada lúcida (stratum lucidum). É pouco representativa, onde representa uma transição entre a camada granulosa e a camada córnea.

A camada córnea (stratum corneum) tem espessura muito variável e é constituída por células

achatadas, mortas e sem núcleo. O citoplasma destas células apresenta-se repleto de uma escleroproteína dura chamada de QUERATINA, rica em ligações dissulfeto (S-S), que confere força e integridade.

Esta camada fornece 98% de habilidade de retenção de água da epiderme. A membrana plasmática se torna grossa devido à deposição e ligação cruzada de proteínas, como a involucrina, ao longo da superfície interna para formar o envelope córneo. 8.4 DERME

Na derme já estão presentes os vasos sanguíneos e o tecido conjuntivo, onde estão presentes as fibras de colágeno e elastina, que são substâncias responsáveis pela elasticidade da pele e que conferem à ela sustentação e firmeza. Também estão presentes na derme células de defesa e as glândulas sudoríparas e sebáceas (órgãos anexos).

A derme é o elemento de sustentação e nutrição da epiderme e seus anexos. Contém entre 20% a 40% de água total do corpo graças, em parte, às propriedades hidrofílicas. A sua espessura aumenta no decorrer da infância e da adolescência, para estacionar e diminuir depois dos 50 anos.

Outros componentes da DERME • Substância Fundamental: Responsável pelo volume da derme. Substância semelhante a gel

em íntima relação com os componentes fibrosos, é a substância de preenchimento. • Vasos Sanguíneos Cutâneos: Plexo vascular profundo: na interface entre derme e gordura

subcutânea. Plexo vascular superficial: nas porções superficiais da derme reticular. • Nervos Cutâneos: A pele recebe sistema eferente (controle vascular cutâneo) e sistema

aferente (apreciação das sensações cutâneas).

• Células Fibroblastos: São produtores de colágeno e elastina; • Células Migratórias de Defesa: Linfócitos e mastócitos; • Matriz Extracelular: Rede complexa de macromoleculares (é o conjunto de tudo)

Figura 3. Derme e suas estruturas

8.5 HIPODERME É o tecido subcutâneo que une a derme aos ógãos profundos, formada pelo tecido adiposo,

que possui propriedades protetoras contra traumatismos e variações térmicas. Também conhecida como camada subcutânea ou endoderme, nela se encontra a rede vascular profunda e os nervos.

Figura 4. Tecido subcutâneo

8.6 ANEXOS CUTÂNEOS Compreende as glândulas sudoríparas e sebáceas. As glândulas sudoríparas são responsáveis pela secreção de um líquido leitoso formado por proteínas e lipídeos. O odor das regiões onde estão localizados ocorre devido à decomposição do material secretado por enzimas bacterianas. O suor é responsável pela regulação do pH da pele. As glândulas sebáceas estão localizadas aderidas à bainha do folículo piloso e é por esta bainha que escoa o sebo secretado pela glândula. O sebo tem função antimicrobiana, emulsificante de substâncias e atua como componente da barreira protetora. 8.7 TECIDO CONJUNTIVO

• FIBRAS DE COLÁGENO

As fibras de colágeno conferem resistência à tração, extensibilidade e estabilidade estrutural. Estas são fibras finas na derme papilar e são agrupamentos na derme reticular; Formado por 3 cadeias polipeptídicas, cada uma helicoidal e entrcaracteristicamente os aminoácidos hidroxiprolinas e hidroxilisinas; São produzidos pelos fibroblastos.

Figura 5. Estrutura do colágeno

• FIBRAS DE ELASTINA

Estão intimamente ligadas ao colágeno. Na derme paperpendiculares à superfície da pele. Na derme reticular: as fibras são mais grossas e tendem a permanecer paralelos à superfície da pele. São produzidos pelos fibrobastos. É constituído pela elastina onde conferem as propriedades de estiramento e retração elástica.

A elastina é sintetizada por fibroblastos em uma forma precursora conhecida como tropoelastina, que sofre polimerização no ambiente extracelular. A deposição de elastina na forma de fibras requer a presença de microfibrilas da glicoproteína estrutural fibrilina, que são incorporadas à estrutura.

Figura 6. Estrutura da elastina

AS DE COLÁGENO

As fibras de colágeno conferem resistência à tração, extensibilidade e estabilidade estrutural. Estas são fibras finas na derme papilar e são agrupamentos na derme reticular; Formado por 3 cadeias polipeptídicas, cada uma helicoidal e entrelaçadas entre si (supercaracteristicamente os aminoácidos hidroxiprolinas e hidroxilisinas; São produzidos pelos

FIBRAS DE ELASTINA

Estão intimamente ligadas ao colágeno. Na derme papilar: fibras finas que tendem a correr perpendiculares à superfície da pele. Na derme reticular: as fibras são mais grossas e tendem a permanecer paralelos à superfície da pele. São produzidos pelos fibrobastos. É constituído pela

s propriedades de estiramento e retração elástica. A elastina é sintetizada por fibroblastos em uma forma precursora conhecida como

tropoelastina, que sofre polimerização no ambiente extracelular. A deposição de elastina na forma ça de microfibrilas da glicoproteína estrutural fibrilina, que são

Estrutura da elastina

As fibras de colágeno conferem resistência à tração, extensibilidade e estabilidade estrutural. Estas são fibras finas na derme papilar e são agrupamentos na derme reticular; Formado por 3

elaçadas entre si (super-helicoidal); Contém caracteristicamente os aminoácidos hidroxiprolinas e hidroxilisinas; São produzidos pelos

pilar: fibras finas que tendem a correr perpendiculares à superfície da pele. Na derme reticular: as fibras são mais grossas e tendem a permanecer paralelos à superfície da pele. São produzidos pelos fibrobastos. É constituído pela

A elastina é sintetizada por fibroblastos em uma forma precursora conhecida como tropoelastina, que sofre polimerização no ambiente extracelular. A deposição de elastina na forma

ça de microfibrilas da glicoproteína estrutural fibrilina, que são

8.8 FATORES QUE INFLUENCIAM A ABSORÇÃO CUTÂNEA E pH DA PELE São 3 fatores que atuam na absorção cutânea: a pele, a natureza das substâncias e o veículo

destas substâncias. • A pele: a absorção de substâncias depende das mesmas atravessarem ou não as camadas da

pele. Algumas substâncias hidrossolúveis atravessam a camada córnea por osmose. O uso de sabonetes, substâncias alcalinas e queratolíticas aumenta a absorção de várias substâncias.

• A natureza das substâncias: quanto maior a solubilidade em água, maior sua absorção pela pele.

• O veículo: o veículo ou excipiente (ou seja, a base onde estão os princípios ativos) pode ou não penetrar através das camadas da epiderme.

• pH Cutâneo O pH da pele é regulado pela secreção das glândulas sudoríparas e situa-se em torno de 4,5 até

7,2, dependendo do local. Em geral, o pH é ligeiramente ácido, em torno de 5,5, o que protege a pele contra os agentes

bacterianos e outros invasores. Este pH é considerado de uma pele equilibrada, pHs abaixo de 5,5 estão presentes em peles mais secas (menos produção sebácea, peles alipídicas) e acima de 5,5 em peles oleosas (que tem mais produção sebácea, peles lipídicas).

A importância do ajuste do pH na formulação é: � Favorecer a dissolução do princípio ativo � Manutenção da estabilidade da formulação � Evitar a irritação da pele por alguns princípios ativos � Obter efeito terapêutico desejado.

Quadro 1. pH nas diferentes regiões da pele Tornozelos 5,9 Axilas 6,5 Pés 7,2 Tronco 4,7 Coxas 6,1 Pregas mamas 6,0 Seios 6,2 Perna 4,5 Cabelo 4,1 Pregas interdigitais 7,0 Rosto 7,0 Intra vaginal 6,2 Vagina 4,5 Mãos 4,5 Costas 4,8 Nádegas 6,4 8.9 TIPOS DE PELE

� Pele Normal É definida como pele sem sinais de alterações, é o equilíbrio de todo processo. É aveludada,

lisa, elástica e não brilhante.

� Pele Oleosa Elimina constantemente excesso de sebo e gorduras. É uma pele brilhante, pálida, irritável, de

poros dilatados. Pode ocorrer acne, dermatite seborréica entre outras patologias. Características clínicas:

• Pele espessa e de poros dilatados • Aparência oleosa e tendência de formar comedões • Aumento da produção de sebo • Formação tardia de rugas

� Pele Mista Alterna áreas secas e oleosas.

� Pele Sensível A pele sensível se apresenta frágil e fina, com áreas ressecadas. A principal característica é que

fica bastante avermelhada quando exposta ao sol, frio, ou alguns produtos. Para este tipo de pele é importante a escolha adequada dos princípios ativos e do veículo, assim como evitar ativos que possam piorar o quadro ou causar alergias.

� Pele Seca É uma pele desidratada, áspera, pouca elástica, opaca, facilmente irritável e vulnerável às

mudanças de temperatura e umidade. A pele pode ser seca devido à fatores externos como exposição solar, calor, frio, vento, umidade ou exposição à agentes químicos como detergentes e solventes ou medicação tópica como o ácido retinóico. Também pode ser seca devido à patologias como ictioses (descamação excessiva da pele) ou dermatite atópica (placas pruriginosas associadas à inflamação local). Características clínicas:

� Pele frágil e fina � Descamativa e com tendência à rugas � Secreção sebácea e sudorípara diminuídas

� Pele Envelhecida É ressecada, flácida, com alterações de pigmentação e apresenta rugas. Está associada ao

envelhecimento intrínseco (com o passar dos anos o colágeno III vai sendo substituído pelo I, o que leva à fragilidade cutânea) e ao fotoenvelhecimento (excesso de exposição aos raios ultravioletas).

As patologias que podem estar associadas: ictiose, fragilidade capilar, carcinoma, etc. Características clínicas:

� Perda de elasticidade � Marcas de expressão � Rugas finas � Flacidez cutânea e muscular

Diminuição da secreção sebácea e sudorípara.

9. FOLÍCULO PILOSO, CABELOS E PELOS O pêlo é um filamento de queratina morta e flexível, divididos em 2 partes: a raiz e a haste.

A raiz é a parte inferior do pêlo denominada folículo piloso. Junto ao folículo piloso estão as glândulas sebáceas e um feixe de músculos lisos denominados músculo eretor do pêlo, responsável por sua ereção.

Fazem parte do pêlo duas estruturas principais: • Haste: constituída por células mortas queratinizadas dispostas em três camadas, a cutícula,

camada mais externa e escamosa, o córtex, que dá cor ao pêlo e a medula, parte mais interna.

Medula: parte central, porosa Córtex: Células de queratina que circundam a medula e promovem força mecânica

da fibra Cutícula: parte mais externa, fina camada de escamas queratinizadas

• Raiz: é a parte inferior do pêlo, se dilatando na base para formar o bulbo piloso. É constituída por células vivas que se queratinizam e perdem seu núcleo à medida que se exteriorizam.

9.1 O CICLO DE CRESCIMENTO CAPILAR O crescimento capilar passa por 3 fases:

� Anágena: fase de crescimento. Os melanócitos fabricam sem parar a melanina para colorir a queratina. Essa fase dura em média de 2 a 4 anos e cerca de 80 a 90% dos fios estão nesta fase.

� Catágena: nesta fase o fio pára de crescer, cerca de 1% dos fios encontram-se nesta fase, que dura de 2 a 3 semanas. Os melánocitos cessam a atividade e as células deixam de se multiplicar.

� Telógena: corresponde à fase de eliminação do pêlo morto, ou seja de queda. Cerca de 10 a 20% dos fios estão nesta fase, que dura entre 3 a 4 meses, sendo que a queda de 100 fios por dia é considerada normal.

9.2 A QUERATINA Em relação à composição, o cabelo contém água, lipídios e pigmentos, mas o componente

primário é a queratina que corresponde entre 65% e 95% do peso da fibra capilar. O aminoácido cisteína, que contém enxofre em sua molécula, está presente em todo o polímero da queratina. Por oxidação, duas moléculas de cisteína podem formar fortes ligações dissulfeto e, portanto, ligar polímeros de queratina adjacentes. Essas ligações de cisteína contribuem para a força dos cabelos e são as principais responsáveis pela durabilidade e resistência. Também encontramos o aminoácido cistina.

Essa cadeia de aminoácidos é torcida em hélice e tal estrutura helicoidal é chamada alfa, estabilizada por pontes de hidrogênio que se formam entre os grupamentos –CO- e –NH- de aminoácidos vizinhos.

A água facilmente rompe essas pontes de hidrogênio, transformando a queratina α-helicoidal em queratina β-sinusoidal, alongando o cabelo. Quando o cabelo seca as pontes de hidrogênio se reestruturam e a queratina retoma sua estrutura em hélice.

Na queratina alfa, a coesão fica assegurada pelas pontes dissulfeto (-S-S-), características da queratina que são as mais fortes ligações das cadeias de aminoácidos.

Figura 8. Estrutura em alfa-hélice da queratina

• Ligações químicas do cabelo Compreendem 3 ligações:

• Ligações fracas: são as pontes de Hidrogenio, rompidas facilmente quando os cabelos estão molhados

• Ligações de força média: ligações iônicas (ou salinas), formadas pela união do grupo amino com o grupo carboxílico dos aminoácidos que formam a queratina. Podem ser rompidas em pH alcalino (acima de 10) ou ácidos (abaixo de 2,0)

• Ligações fortes: ligações dissulfeto dos aminoácidos sulfurados (que com´tem enxofre – S – em sua composição). Necessitam de pH acima de 10 – altamente alcalinos – para serem quebradas

Ligações Iônicas

(entre os aminoácidos)

Pontes de Hidrogênio (H)

• O pH e seus efeitos sobre o cabelo

O pH natural para a queratina do cabelo é o pH 4,0, onde as cutículas estã perfeitamente alinhadas e planas.

pH extremamente ácido (entre 1 e 2): quebra de pontes de hidrogênio e iônicas, com abertura da cutícula do cabelo.

pH muito alcalinos (pH acima de 10): quebra todas as ligações químicas do cabelo, também havendo abertura da cutícula do cabelo.

Porém, pH mais alcalinos ressecam mais e danificam mais os cabelos quando comparados aos pHs ácidos.

As tinturas e alisamentos permitidos possuem pH alcalino, enquanto condicionadores e produtos que contenham formol (proibido pela ANVISA) possuem pH ácido.

• A água e seus efeitos no cabelo Em condições normais, o cabelo com cerca de 10% de água retida, mas este teor varia com a

umidade relativa do ar. Quando molhado, absorve uma quantidade de água equivalente a 30% de seu peso, o que ocasiona a quebra de ligações de hidrogênio, que “incha” a cutícula e aumenta o volume do cabelo.

O cabelo mais hidratado é brilhante, macio e fácil de pentear

Uma proteína é uma sequência de amino-ácidos, um polipeptídeo. A queratina é formada por cerca de 15 amino-ácidos diferentes, que se repetem e interagem entre si. Na conformação alfa, cada cadeia polipeptídica enrola-se sobre si mesma, no formato de uma hélice (como uma escada de caracol). Na conformação beta, as cadeias ficam semi-estiradas, dispostas paralelamente. A figura ao lado ilustra a proteína G, que apresenta as duas conformações: alfa, em lilás, e beta, em amarelo. As ligações intramoleculares entre os aminoácidos da mesma cadeia é que sustentam a configuração da cadeia. Entre os tipos de interação, destacam-se as pontes de hidrogênio e as pontes cistínicas, que são as pontes formadas entre os grupos -SH do amino-ácido cistina, presente na queratina.

10. ETAPAS DE CUIDADOS COM A PELE

Os cuidados básicos para manter a pele bonita consistem em: � Limpeza, � Esfoliação � Tonificação, � Hidratação, � Fotoproteção,

Além disso, algumas peles necessitam do uso de outros produtos específicos como formulações anti-envelhecimento, anti-acne e produtos para cuidados corporais. O tratamento deve começar com a limpeza adequada da pele, para eliminação de detritos celulares e atmosféricos, restos de maquilagem, secreções e impurezas acumuladas. Para essa limpeza podem ser usados sabonetes líquidos, leites ou cremes de limpeza. Se fizer uso de cremes e loções de limpeza é interessante remover o excesso desses produtos com sabonetes ou com loções faciais de limpeza ou até mesmo com a loção tônica.

No processo de limpeza pode ou não ser usado agentes esfoliantes, cujos resquícios também devem ser removidos. A limpeza facial pode ser complementada com cosméticos denominados tônicos. Sua ação é estimulante e refrescante e, em alguns casos, anti-séptica. É importante a escolha certa para cada tipo de pele, evitando utilizar repetidas vezes tônicos que contenham álcool (adstringentes). Para hidratação, pode-se utilizar formulações em géis, géis-cremes e cremes para conservar ou melhorar a hidratação natural da pele, bem como para protegê-la das agressões externas. Quando aditivadas de vitaminas, proteínas, substâncias anti-radicais livres, etc., essas preparações têm também a finalidade de prevenção e tratamento do envelhecimento cutâneo. Para finalizar, é importante o uso diário de fotoprotetores, que protegem a pele contra os raios nocivos e previnem o envelhecimento precoce. Também é importante a identificação do tipo de pele para a escolha adequada dos produtos a serem usados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: A química do cabelo. Revista eletrônica do Departamento de Quimica da UFSC, Ano 4. Disponível em: http://cienciasexatasaqui.blogspot.com.br/2010/02/quimica-do-cabelo.html Bioquímica da beleza. Departamento de Bioquimica. Instituto de química. Edição revisada, abril, 2005. Disponivel em: www.iq.usp.br/bayardo/bioqbeleza/ CONSULFARMA. In Cosmeto em vídeo. Módulo shampoos, 2010. GOMES, A. L. O uso da tecnologia cosmética no trabalho do profissional cabelereiro. SENAC, São Paulo, 1999 LEONARDI, G. R. Cosmetologia Aplicada. 2. ed. Santa Isabel. 2008 RIBEIRO, C. Cosmetologia aplicada a dermoestética. 2. ed. Pharmabooks, 2010 SOUZA, H. C. Apostila teórica de cosmetologia. UNIPAC, Araguari, 2012 SOUZA, V. Ativos dermatológicos. Volumes 1, 2 e 3. Pharmabooks Sites da internet: ferramenta consulta de imagens do Google.

Leitura complementar: Bioquimica da beleza: a queratina