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Conselho de Segurança da ONU Ações multilaterais nos conflitos de quarta geração: estratégia de resolução de conflitos no Afeganistão e no Iraque Guia de Estudos III Modelo Universitário de Diplomacia

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guia de estudos III mundi

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Page 1: Guia de Estudos MUNDI

Conselho de Segurança da ONU

Ações multilaterais nos conflitos de quarta geração: estratégia de resolução de conflitos no Afeganistão e no Iraque

Guia de Estudos

III Modelo Universitário de Diplomacia

Page 2: Guia de Estudos MUNDI

1.O Email é [email protected].< http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=80598785 >.3.< http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=13490284855702515416 >.4.< www.twitter.com/mundiuepb >5.< http://www.facebook.com/pages/Mundi-UEPB/163376400377334>6.<http://mundiuepb.blogspot.com/>/<http://csmundi3.blogspot.com/>

Participantes do MUNDI,

O ato de simular uma Organização Internacional não se restringe, apenas, ao ensaio de uma eventualidade, mas sim a

treinamentos intensivos no âmbito das negociações internacionais. Sendo assim, ao nos colocarmos no lugar dos participantes

desse tipo de reunião, teremos a oportunidade aprimorar técnicas de negociação, oratória, redação, pesquisa, resolução de

conflitos, cooperação, dentre outras.

Em 2011, realizar-se-á a terceira edição do Modelo Universitário de Diplomacia (MUNDI), que é um evento educativo que

envolve alunos do curso de Relações Internacionais da Universidade Estadual da Paraíba. Assim como o Model United Nations –

MUN – realizado desde a época da Liga das Nações, o MUNDI tem o objetivo de estimular a liderança e o conhecimento em temas

diversos das relações internacionais, tais como o desenvolvimento sustentável, as operações de paz, o terrorismo, os direitos

humanos, a cidadania e a educação. No 3º MUNDI, realizaremos duas simulações: Conselho Permanente e Reunião de Consulta

dos Ministros das Relações Exteriores da Organização dos Estados Americanos e o Conselho de Segurança da Organização das

Nações Unidas.

Nesse contexto, há alguns pontos que precisam ser esclarecidos antes da leitura deste Guia, ou antes da preparação para

uma simulação. Primeiro, é importante saber que não é necessário ter experiências em simulações para participar do MUNDI.

Qualquer um que anseia aprender e envolver-se no trabalho em equipe pode tornar-se um participante. Segundo, lembre-se que

estarão representando a política externa de um país, e não as suas opiniões e valores pessoais. Terceiro, não deixem que suas

pretensões sejam limitadas pela escolha de determinados países, pois as melhores experiências poderão ocorrer naqueles países

de menor influência global. Quarto, atenham-se à realidade e, dessa maneira, assumam o país representado não só com uma visão

de justiça, democracia e valores, já que vocês poderão representar, entre outros, ditaduras, teocracias islâmicas e regimes

populistas. Quinto, atentem-se às diversas perspectivas políticas – países desenvolvidos ou em desenvolvimento, entre blocos

econômicos/regionais, entre diferentes formas de governo. Sexto, aprendam com as experiências e, conseqüentemente,

reconheçam os esforços dos seus companheiros de delegação. Sétimo, não fiquem preocupados com o rendimento de uma

simulação, pois muitas vezes as próprias reuniões da Organização das Nações Unidas (ONU) e/ou da Organização dos Estados

Americanos (OEA) não são produtivas. E por fim, participem do modelo e não hesitem em se comunicar conosco para quaisquer

dúvidas e esclarecimentos1.

Estão todos convidados a participar da comunidade do MUNDI no Orkut2. Estamos abertos a sugestões e

dúvidas no perfil do MUNDI, no mesmo site de relacionamentos3. Bem como, no perfil do Twitter4, Facebook5 e Blog6.

Agradecemos o empenho de todos os componentes da Comissão Organizadora, da Professora Orientadora e

dos Professores Colaboradores do MUNDI. Para concluir, agradecemos, em especial, a confiança de todos os

participantes do modelo.

Cordialmente,Vinícius Alves Marques

Secretário-Geral do III MUNDI

Jan Marcel de Almeida Freitas LacerdaSecretário-Geral Adjunto do III MUNDI

Autoria deste Guia de Estudos: Comissão Organizadora do III MUNDI

Page 3: Guia de Estudos MUNDI

progresso humano, a partir do viés social, a 1. Introduçãomelhoria nos padrões de vida e, por fim, os Direitos Humanos, são os principais objetivos Todo delegado deve estudar, dentre que são revelados no Capítulo I, Artigo 1º, da outros assuntos, a organização da qual irá Carta8 deste Organismo.simular, bem como seu funcionamento, a

questão em debate e a política externa de seu país sobre o assunto. 3. O Conselho de Segurança

Este guia contém considerações acerca dos dois primeiros itens, não pretendendo uma O Conselho de Segurança tem como exploração muito abrangente deles. Estudos responsabilidade principal a manutenção da sobre política externa devem ter como fonte segurança e da paz internacionais, pois de primária consultas ao Ministério das Relações acordo com a Carta das Nações Unidas, no Exteriores (ou equivalente) do país que será Capítulo VII, Artigo 39, apenas o Conselho representado pelo delegado. poderá determinar a existência de ameaça à

Na primeira parte do guia, descrevemos paz.9 Segundo a própria ONU, o Conselho é brevemente a Organização da qual os delegados organizado a fim de funcionar de forma contínua participarão – para que serve, como funciona, o e cada um de seus membros deve estar sempre que ela pode fazer, e suas regras específicas. Na presente no Centro de Operações das Nações segunda parte, falaremos, em linhas gerais, Unidas.sobre os tópicos em nossa agenda: analisar a Assim, relação entre segurança coletiva, resolução de O Conselho de Segurança (CS), é o conflitos e ações multilaterais nos conflitos de principal órgão político da ONU, tem quarta geração. c a r á t e r i n t e r g o v e r n a m e n t a l ,

independente, mas de participação restrita, cuja história política se 2. A ONUconfunde com a própria história das ONU, pois a carta foi negociada tendo A Organização das Nações Unidas (ONU), como pilar principal as competências fundada em 1945 e localizada em Nova Iorque, é que se dariam ao Conselho para a maior organização intergovernamental do monopolizar o uso da força contra seus mundo, sendo assim considerada um ambiente próprios membros e terceiros Estados para a negociação de normas que regem o em nome da manutenção da paz e sistema internacional. Assim, o sistema ONU é segurança internacionais. (MORE, formado por 192 Estados-membros.7 Desta 2002, p. 22)forma, a manutenção da paz e da segurança no

sistema internacional, a fomentação das relações É composto por quinze membros, sendo entre seus Estados membros, a promoção do

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Conselho de Segurança das Nações Unidas

7. Ver países membros em: < h t t p : / / w w w . o n u -brasil.org.br/conheca_paises.php > Acesso em 8 de fevereiro de 2011. 8.Disponível em: < http://unicrio.org.br/img/CartadaONU_VersoInternet.pdf > Acesso em 8 de fevereiro de 2011. 9. Segundo Herz & Hoffmann(2004), quando há uma ameaça ou quebra da paz, o Conselho tem o poder de impor resolução, l o g o a e x c e ç ã o d a jurisdição doméstica não é aceitável.

Page 4: Guia de Estudos MUNDI

cinco deles permanentes: os Estados Unidos da a p a r t i c i p a çã o d o s c i n co m e m b ro s América, a França, o Reino Unido, a Federação permanentes. Um voto negativo de um Russa e a República Popular da China. Cada um membro permanente configura um veto à destes membros tem direito de veto. Os outros resolução. A abstenção de um membro dez membros são rotativos e têm mandatos de permanente não resulta em veto.dois anos. Atualmente, os dez membros rotativos são: Alemanha, África do Sul, 5. A simulaçãoColômbia, Índia, Portugal, Brasil, Bósnia, Gabão, Líbano e Nigéria. Além disso, no MUNDI, O MUNDI simulará uma reunião do serão adotados alguns países na qualidade de Conselho de Segurança. A proposta da reunião observadores10, sendo eles Iraque, Afeganistão, é desanuviar as tensões que permeiam os Irã, Paquistão, Egito, Líbia, Iêmen, Palestina11, divergentes posicionamentos dos países do Arábia Saudita e Kuwait. Oriente Médio e do contexto ocidental, no

Se há uma queixa, no que tange à tocante aos conflitos pluralistas das guerras de presença de ameaça à paz, a primeira ação do quarta geração. O objetivo da reunião é Conselho é, geralmente, recomendar às partes promover o diálogo e a cooperação, a fim de a tentativa de alcançar um acordo. Em alguns colaborar para que a reestruturação dos países, casos, o próprio Conselho se responsabiliza que sofreram intervenções de atores estatais e pela mediação e pela investigação. Logo, o não-estatais, seja lograda com êxito, diante de apoio do Conselho de Segurança, no processo fatores que fogem ao controle das Nações de resolução de conflitos, é de suma Unidas. importância, pois faz parte da administração da A discussão será ampla, ao passo que segurança internacional. diversas pautas da agenda internacional serão

Quando uma questão se direciona para incorporadas às negociações deste Comitê. A o conflito, a primeira preocupação do Conselho temática acerca do processo de reconstrução é finalizá-la, o mais rápido possível. Em várias do Afeganistão e do Iraque colocará em xeque ocasiões, o Conselho emitiu diretrizes de proeminentes assuntos multifacetados e os cessar-fogo que foram de grande importância desmembrarão no estratégico jogo de xadrez na prevenção de hostilidades de maiores internacional, a exemplo do terrorismo, das proporções. crises econômicas, do fundamentalismo

O Conselho d iscute ações de religioso, da privatização da guerra, das ações peacekeeping, peacebuilding e peacemaking12, unilaterais de Estados, da questionável buscando ajudar a reduzir tensões em áreas eficiência das operações de paz, promovidas conflituosas, mantendo separadas todas as pela ONU, e das históricas divergências forças opostas, além de estimular a criação de culturais. condições favoráveis à estabilidade. As low politics e as high politics

precisam ser vislumbradas com equidade, uma 4. Regras específicas do conselho de vez que a globalização proporciona uma

segurança interdependência estatal e uma rápida difusão de questões internas para o seio internacional,

O Comitê funciona segundo algumas portanto a diplomacia deverá ser primada para regras. As sessões só poderão ser abertas que haja a solução pacífica de controvérsias.quando pelo menos 1/3 dos delegados

Resumo executivo: O Conselho de credenciados se fizerem presentes. Assim, Segurança do MUNDI discutirá, nos dias 14 e 15 serão iniciadas as discussões a partir de de abril de 2011, as nuances que permeiam os questões procedimentais, ou seja, relativas às conflitos multidimensionais, bem como o regras do próprio Comitê, ou questões comportamento dos Estados, diante das

substanciais, que se referem ao tema animosidades globalizantes exógenas ao discutido (exigindo-se, para isso, uma maioria controle da Organização das Nações Unidas.simples, ½ + um dos presentes).

Uma resolução13 do Conselho de Segurança é aprovada quando 17 dos 25 membros votarem a favor, sendo indispensável

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10.De acordo com a Carta da ONU, em seu Capítulo V, Artigo 31, qualquer Estado membro deste poderá participar das discussões internas do Conselho de Segurança, contudo será convidado, se de alguma forma estiver envolvido na tensão que será discutida, naquela reunião. Mas, sem direito a voto nas questões substanciais. 11.A Palestina é palco de um conflito histórico e está envolvida diretamente com questões do Oriente Médio, além do fato de a sua presença questionar diretamente os conceitos da ONU e do Conselho de Segurança. A Palestina é incluída no sistema ONU, portanto a sua presença na qualidade de observador é permitida. 12. O conceito de cada termo supracitado será explicado nos tópicos vindouros. 13. Ver processo de votação no Capítulo V, Artigo 27, da Carta da ONU. Contudo, como o MUNDI terá 25 Estados membros, é necessária a maioria qualificada, ou seja, 2/3, logo é indispensável o voto positivo ou a abstenção dos membros permanentes.

Page 5: Guia de Estudos MUNDI

Ações multilaterais nos conflitos de quarta geração: estratégia de resolução de conflitos no Afeganistão e no Iraque

Introdução Guerra de Quarta Geração

O processo de globalização, oriundo das A guerra é um fenômeno antigo que se Grandes Navegações, imprimiu mudanças modificou ao longo do tempo, diante da própria relevantes no sistema internacional, que ganhou contextualização histórica, bem como das suas forma, diante do Tratado de Paz de Westphalia, motivações. A violência, inerente a tais conflitos, em 1648. O aumento de interconexões entre os engendra por diversas dimensões. Estados d inamizou as suas re lações, Galtung (1969), um dos fundadores do gradualmente. Contudo, as novas regras estudo sobre Resolução de Conflitos, delimita globalizantes foram aplicadas desigualmente, seis importantes dimensões de violência que são formando déficits em níveis diferentes, por meio combináveis dentro dos conflitos. das oscilações históricas entre forças A primeira dimensão diz respeito à hegemônicas e anti-hegemônicas. distinção entre violência física e a violência

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, psicológica, sendo a primeira trabalhada no através da descolonização afro-asiática, o corpo e a segunda na alma, por meio de princípio da soberania, primado no Tratado de mentiras, lavagem cerebral, doutrinação e 1648, e da autodeterminação dos povos ameaças. universalizou-se paulatinamente. Por isso, novas A segunda aborda a influência positiva e questões substanciais foram incorporadas às negativa referente ao processo de manipulação, discussões. Trata-se, portanto, de um processo utilizado diante de punições e recompensas. complexo e multifacetado. A terceira analisa o objeto, se esse foi

A Nova Ordem Internacional, cuja aurora ferido ou não. formalizou-se com a desintegração da União A quarta aborda o ator que praticou a Soviética, no começo de 1990, incorporou, de violência, sendo esse pessoal ou estrutural. A fato, as tendências da Guerra Fria. O próprio violência é direta quando há um ator específico e contexto histórico ampliou a agenda de política a violência é indireta quando a responsabilidade externa para um âmbito pluralista. O aumento é da estrutura. Em ambos os casos, indivíduos do diálogo formal e informal entre os Estados, podem ser mortos, por isso deve-se levar em em função das agências de governo e do conta, as desigualdades de oportunidades de surgimento dos novos atores e das organizações vida, já que, sob prismas marxistas, os recursos internacionais, se fortaleceu. Todas essas são distribuídos de forma desigual, tanto no nuances refletiram-se, então, na maneira com tocante a saúde quanto ao poder. Se passar fome que os Estados conflitavam seus interesses. é evitável, então há violência, independente do

sujeito-objeto do caso. A quinta dimensão analisa se o ato de

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Page 6: Guia de Estudos MUNDI

violência foi intencional ou não. Conhecida como guerra de manobra, a doutrina Já a sexta, e última dimensão, enquadra m i l i t a r d o B l i t z k r i e g 1 6 p r i m a p e l a

os níveis de violência, sendo baseados em atos desestabilização do inimigo através de uma manifestos ou atos latentes. Atos latentes são ação rápida e eficaz que impeça a sua formas de expressão pessoal, de um chefe de reestruturação, principalmente por meio da Estado, por isso são instáveis, ao contrário dos retaguarda do oponente, por isso essa geração atos manifestos que demonstram maior foi classificada como conflitos não lineares. A estabilidade, uma vez que não são enraizados rapidez e a violência abrupta do ataque em impetuosos desejos e caprichos humanos. tornaram-se essenciais para que tais objetivos

O pensando acerca das diversas fossem logrados, portanto a iniciativa, baseada motivações da violência é concatenado com o na autodisciplina do soldado, era mais de Mary Kaldor (2001)14 que, de forma importante que a disciplina imposta pelo metodológica, classificou, então, os conflitos comandante, quebrando a cultura de ordem. em Guerras Antigas e Novas Guerras. As Guerras As Novas Guerras precisam ser

são divididas em quatro compreendidas em um contexto global, com gerações. diferentes manifestações culturais, tribais,

A primeira delas sociais, políticas e religiosas. O relacionamento diz respeito ao período entre os Estados se modificou, através do entre 1648 a 1860, em aumento de conexões e da própr ia q u e a s g u e r r a s interdependência, oriunda da globalização, por compreendiam conflitos isso os conflitos multidimensionais1 7 e formais, com campos de periféricos tornaram-se freqüentes.batalhas ordenados, a Depois da década de 1990, os conflitos exemplo das guerras entre os Estados deixaram de ser proeminentes, n a p o l e ô n i c a s . A em função dos conflitos dentro dos Estados. distinção entre o meio Anteriormente, as vítimas das Guerras Antigas

militar e civil compreende a tal período. Ao eram uma maioria militar. Nas Novas Guerras, o longo do tempo, essa estrutura do conflito quadro se inverteu. No início da década de formal foi se diluindo em função do aumento da 1990, 80% das vítimas dos conflitos era cultura militar em detrimento do ordenamento. composto por civis, demonstrando que o alvo,

A segunda geração é caracterizada pelo que outrora era militar, passou a ser ampliado realinhamento da cultura de ordem que foi para alvos não combatentes. sendo diluída, no século XIX. Desenvolvida pelo Os conflitos, de naturezas diversas, a exército francês, durante a Primeira Guerra exemplo dos culturais, religiosos, étnicos e Mundial, essa geração tem como principal f u n d a m e nta l i s ta s , n ã o d e m a n d ava m característica o intenso o uso do fogo, necessariamente que as partes fossem Estados aglutinando esforços da artilharia15 e da organizados, dessa forma os novos atores se infantaria. O uso da artilharia indireta limitou o inseriram nos conflitos, a exemplo dos grupos contato físico direto dos soldados combatentes, terroristas. Essa diretriz demonstrou, de certa através das trincheiras, no entanto o atrito forma, a perda do monopólio do uso da força tornou-se maior, por causa do aumento da por parte dos Estados. capacidade de destruição das armas. O grupo Com essa conjuntura globalizante, a militar atuava em consonância com as ordens e fronteira entre o doméstico e o internacional procedimentos, por isso as iniciativas pessoais tornou-se tênue e difusa, já que as conexões não eram bem quistas, privilegiando assim a atravessam fronteiras, ou seja, um problema disciplina militar. latente de um país pode transbordar, por meio

A terceira geração engloba a Segunda do efeito spill-over, e atingir os fronteiriços, bem Guerra Mundial. Idealizada pelo exército c o m o a q u e l e s c o m q u e m m a n t é m alemão, a velocidade e a surpresa passaram a relacionamento estratégico. ser os principais ingredientes do combate, A guerra de quarta geração, inserida no marginalizando assim o atrito e o fogo. contexto das Novas Guerras, diz respeito aos

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No início da década de 1990, 80% das vítimas dos conflitos

era composto por civis, demonstrando que o alvo,

que outrora era militar, passou a ser ampliado para

alvos não combatentes.

14.Mary Kaldor é professora e diretora do LSE Global Governance, na London School of Economics and Political Science 15.Ataques não frontais 16.Doutrina militar idealizada pelo general Erich von Manstein, durante a Segunda Guerra Mundial, que objetivava o ataque inesperado. 17.Os conflitos multidimensionais envolvem o âmbito terrestre, aéreo, marítimo e cibernético.

Page 7: Guia de Estudos MUNDI

conflitos ocorridos desde a segunda metade do politólogos e por chefes de Estados para século XX, que abrangem toda a conjuntura caracterizar o comportamento de alguns países.globalizante e descentralizada de novos atores e Failure States são Estados que não dimensões. É mais complexa e de difícil combate, desempenham de forma satisfatória os requisitos por isso Sebastião Velasco (2004)18 disserta que básicos de responsabilidade governamental. nos conflitos de quarta geração ninguém, por Quando há perda do controle territorial, além da mais poderoso que seja, está a salvo. incapacidade de promover os serviços públicos de

Diante dessa diversidade globalizante, os primeira necessidade e de salvaguardar a estudos sobre a paz são multidisciplinares e segurança, somada à corrupção, o Estado é requerem um conhecimento internacional, tanto representado por um governo fraco, cuja de pressupostos práticos quanto teóricos. integração com o sistema internacional é Galtung (1969) diferenciou dois tipos de paz: paz limitada. negativa e a paz positiva. A primeira significa a Os Estados Unidos enxergam o Iraque e o ausência de violência ou de guerra, já a segunda Afeganistão como Estados falidos, na medida em corresponde a um processo integrativo, mais que vislumbram insuficiência política, social e harmônico. econômica para as tomadas de decisão.

Para Galtung (1969), a paz positiva e a paz Rogue States são Estados delinqüentes negativa devem ser analisadas em dimensões que representam ameaça à paz internacional. O definidas, porque para algumas pessoas, a paz é conceito enquadra Estados que desrespeitam os uma questão de redução da violência, já para Direitos Humanos, por meio de regimes outras, os meios de violência podem existir desde autoritários que patrocinam o terrorismo e que não sejam usados ou tenham uso buscam armas de destruição em massa. A regulamentado. Por isso, um ponto relevante é expressão foi usada pelos Estados Unidos para analisar não somente qual a paz que está sendo caracterizar países, a exemplo do Irã, Iraque, mantida, mas as intenções dos tomadores de Afeganistão, Coréia do Norte, Líbia e a Sérvia.decisão em mantê-la. Esses conceitos são construídos diante de

As pesquisas sobre a paz não são visões particulares, não generalistas, portanto concebidas meramente, diante de conflitos não são imparciais, por isso sofrem críticas de internacionais. Existem outras diretrizes que alguns países, a exemplo da França, da China e da inclinam os países para o eixo da integração ou Rússia. para o do conflito, por isso enquadrar essa Os Estados Unidos, assim como o Reino pesquisa aos preceitos de atores estatais seria, de Unido, utilizaram tais conceitos para justificar as certa forma, reducionista, na medida em que suas iniciativas militares, na medida em que esses desconsideraria outras questões importantes, a Estados representariam, diante das suas exemplo dos contextos sociais, étnicos e percepções, uma estrutura de ameaça à religiosos. segurança internacional. Isso porque eles

A pesquisa sobre a paz deve ser simétrica, enxergam uma ineficiência estatal, ao passo que o preocupando-se com a redução do conflito e a governo não consegue sanar as necessidades promoção da integração, independentemente da básicas da população nem preservar os bens base organizacional, por isso outros tipos de coletivos, ou seja, as seguranças humana e conflitos entre grupos são importantes para se nacional não são efetivamente mantidas, discutir a paz. demonstrando uma desconexão entre a

sociedade e as políticas públicas. Esses ambientes são, seguindo essa lógica Estados Falidos e Estados Delinqüentes

de raciocínio, propícios para o surgimento dos grupos paramilitares e terroristas. Dessa forma, O Iraque e o Afeganistão possuem um diante da visão estadunidense, o Iraque e o problema de violência estrutural latente, por isso Afeganistão consistem em uma ameaça em muitos estudiosos o enquadram como Failure potencia l para a segurança dos EUA, State e Rogue State, conceitos trabalhados por corroborando, assim, para a iniciativa unilateral Noam Chomsky (2009) e Mohammed Ayob de defesa preventiva.(2003). Esses termos foram utilizados por

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18. Sebastião Carlos Velasco Cruz é doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo.

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Guerra Assimétrica - Terrorismo e o O Caso Afegão20

Controle de ArmasApesar do interesse pelo Afeganistão ter

sido intensificado após os ataques às Torres Segundo Karen A. Mingst (2009)19, o Gêmeas nos Estados Unidos, em 11 de setembro terrorismo, sustentado pela economia paralela, de 2001, o histórico de conflitos neste país ocorre garante a sua manutenção através da lavagem de desde meados da Guerra Fria. dinheiro, dos atos ilícitos, do contrabando, do

S e g u n d o o s i t e e s p e c i a l i z a d o tráfico ou, até mesmo, dos incentivos International Crisis Group (2010)21, o histórico do governamentais secretos. Os atos terroristas são conflito moderno afegão tem início em 1973, classificados por ações premeditadas que quando o Xá (rei), Mohammed Zahir Shah, foi objetivam semear o medo e o terror e são deposto por seu primo que instaurou uma influenciadas por causas religiosas, políticas ou República Islâmica no país. Entretanto, em 1978, econômicas, atingindo, geralmente, alvos não o novo governo foi derrubado por um golpe combatentes.militar apoiado pelo partido comunista afegão Dessa forma, Karen A. Mingst (2009) que subiu ao poder no mesmo ano, sendo este versa que o terrorismo, assim como os evento conhecido como a Revolução de Saur. movimentos guerrilheiros são manifestações de Apesar de apoiados pela União Soviética, que no guerra assimétrica, ou seja, um conflito entre as momento expandia sua área de influência para a partes, cujas forças são desiguais. A parte forte Ásia Central, essa não aceitou o líder que fora procura exercer o domínio do outro, colocado no poder por temer que suas ações demonstrando superioridade, seja bélica, afetassem o comunismo no continente. Após o tecnológica ou estratégica. A parte fraca reage seu assassinato, por parte da própria URSS, o buscando enfraquecê-la por meios diversos, exército soviético invadiu o país a fim de negando as formas tradicionais de conflito. Não estabilizá-lo.há um confronto direto entre os envolvidos, que

A invasão soviética ao Afeganistão, buscam a exaustão do adversário. entretanto, provocou a manifestação de grupos A idéia do terrorismo remonta à Idade contra a sua presença militar no país, entre os Antiga, no entanto, depois no século XX, tal quais o beligerante Mujahideen – do qual Osama denominação passou a ganhar destaque nas Bin Laden fazia parte – que, com apoio dos EUA, discussões sobre segurança internacional. Na enfrentou a URSS. década de 1990, os ataques terroristas tornaram-

A partir de então, o Afeganistão torna-se se mais freqüentes e agressivos. A visibilidade de palco da bipolaridade da Guerra Fria, em que as grupos terroristas, a exemplo do Hamas, do ideologias do capitalismo (EUA) e do comunismo Hezbollah e, principalmente, da Al-Qaeda, (URSS) enfrentaram-se de forma indireta. A tornou-se evidente depois dos ataques de 11 de queda da URSS no final dos anos 80, porém, setembro, por isso Karen A. Mingst (2009) alega levou-a a retirar suas tropas do Afeganistão, que o terrorismo concentra-se de forma notória deixando para trás um Estado desestruturado, no Oriente Médio.tanto burocraticamente quanto socialmente, já Destarte, diante das ameaças e do q u e s e u s c i d a d ã o s e n c o n t r a v a m - s e próprio ataque ao World Trade Center, a completamente divididos.estratégia de Segurança Nacional estadunidense

Os anos 1990, no Afeganistão, foram tornou-se mais agressiva, dirigindo os seus marcados pela constante luta de facções internas interesses à confluência da prevenção contra o pelo poder. A fragmentação do Mujahideen, terrorismo e a ameaça nuclear. A guerra devido principalmente a diferenças étnicas assimétrica terrorista foi incorporada ao plano da internas, faz surgir em 1994 o forte grupo guerra contra o terror, do governo George W. fundamentalista Talibã, de etnia Pashtun, que Bush, marcando a Nova Ordem Mundial com a conseguiu conquistar a maior parte do território insurgência desses novos paradigmas. afegão, impondo uma versão extremista da religião islâmica e apoiando vários grupos considerados terroristas pelas potências

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1 9 . P h . D . U n i v e r s i t y o f Wisconsina (EUA). Especialista em Relações Internacionais, no âmbito das Organizações Internacionais, do Direito Internacional e da Economia Política Internacional.20. Fragmento do artigo de FRAZÃO, Pedro. O Conflito no Afeganistão: a busca pela paz na reconstrução de um Estado, 2010.2 1 . D i s p o n í v e l e m : <http://www.crisisgroup.org/en/ k e y - i s s u e s / r e s e a r c h -r e s o u r c e s / c o n f l i c t -histories/afghanistan.aspx> Acesso em 18 outubro de 2010.

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ocidentais, entre eles a Al-Qaeda, cujo líder é Irlanda do Norte, invadiram Bagdá e instalaram Osama Bin Laden. A supremacia talibã, dentre as um governo de ocupação, seguido da posterior outras facções, foi se tornando um fato prisão de Saddam Hussein, em dezembro do praticamente incontestável, ao longo do tempo, mesmo ano. Sua história foi marcada por já que os grupos opositores internos estavam inúmeras tentativas de golpes e por conflitos sendo massacrados. internos, oriundos da diversidade étnica curda e

Em 2001, após os ataques terroristas árabe e dos interesses particulares de hegemons.contra os EUA, fomentados pela rede terrorista A região iraquiana, antiga Mesopotâmia, Al-Qaeda, os Talibãs foram acusados de acolher fazia parte do Império Turco-Otomano, porém em seu território não só um grande número de com a Primeira Guerra Mundial, o Iraque participantes deste grupo terrorista, mas, consolidou-se, após a fragmentação otomana. principalmente, seu líder, Osama Bin Laden, o Sob a tutela do Reino Unido, previamente mais novo “inimigo número 1” dos Estados determinada na Liga das Nações, o Iraque seguiu Unidos. em sua subordinação, mesmo sendo dotado de

Após o governo talibã negar-se a um monarca árabe. Em 1932, apesar de entregar os responsáveis pelos ataques, os EUA reconhecido como Estado independente e formaram uma coalizão com o intuito de invadir o incorporado ao fórum de diálogo internacional Afeganistão, retirar os talibãs do poder, prender e da Liga das Nações, continuou preso pela julgar todos os acusados pelos ataques de 11 de exploração dos tentáculos britânicos. setembro. Este foi o estopim para que o governo Saddam Hussein, nascido na cidade de Bush iniciasse a sua política de “Guerra ao Tikrit, ao norte do Iraque, enveredou na vida Terror”, cujo intuito era acabar com o terrorismo política por meio do partido Baath, que prega no mundo, destruindo as células terroristas e primordialmente o Pan-arabismo 2 3 e a destituindo governos que apoiassem de alguma intervenção estatal, principalmente, em forma estes grupos. questões relacionadas ao petróleo. Durante a

Apesar da gigantesca supremacia militar Guerra Fria, por influências socialistas, princípio dos EUA, em relação aos talibãs, e da afirmação que o partido compartilha, recebeu apoio da do ex-presidente Bush de que a invasão seria União Soviética. No Baath, Saddam exerceu o rápida e certeira22, esta continua até os dias cargo de vice-secretário. Em 1979, por meio de atuais. O Presidente Barack Obama, entretanto, um golpe de Estado, assumiu a presidência do sinalizou o início da retirada das tropas País. Dessa forma, em 1980, tornou-se americanas para meados de 2011, o que, de certa independente da Inglaterra. Desde então, o forma, aumentou as tensões nas regiões, onde governo de Saddam foi marcado por inúmeras ainda há redutos de comando talibã. A existência polêmicas impulsionadas por conflitos de de grupos beligerantes, contrários à invasão interesses bilaterais.americana, dificulta a estabilização do novo Na Guerra Irã-Iraque, findada em 1988 governo afegão e a construção de uma paz com o auxílio da ONU, o Iraque foi estimulado por positiva segundo os moldes de Galtung (1969). interesses territoriais, na região do rio Chatt-el-

Arab, que liga o Iraque ao Golfo Pérsico. Recebeu apoio dos Estados Unidos, já que o governo O Caso Iraquianoiraniano, do então líder muçulmano Aiatolá Khoemeini, consolidado pela revolução xiita, ia O Iraque, há tempos, incorpora uma de encontro aos interesses estadunidenses e de condição subordinante, na medida em que foi e outros países, a exemplo da Arábia Saudita e do ainda é limitado politicamente por domínios Egito, que temiam a difusão das idéias externos que visam primordialmente à revolucionárias iranianas pelo Oriente Médio. exploração de petróleo, uma vez que é um dos Essa relação proporcionou uma forte m a i o r e s d e t e n t o r e s d e p a t r i m ô n i o s militarização do Iraque, subsidiada por arqueológicos do mundo. Essa condição atingiu o armamentos e incentivos estadunidenses. cume no dia 9 de abril de 2003, quando os

Toda essa conjuntura já demonstra a Estados Unidos da América, aglutinando esforços tênue relação entre estadunidenses e militares com o Reino Unido da Grã-Bretanha e

22. Erro considerado comum, porém grave, pelos acadêmicos das Pesquisas de Paz. Intervenções envolvem processos de curto, médio e longo prazo, se há interesse, por parte dos interventores, no desenvolvimento e na reestruturação do território atingido. 23. Pan-arabismo é um movimento político que objetiva a união de todos os países de língua e de civilização árabe.

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iraquianos. As animosidades entre os dois países de sustentação quando George W. Bush, seguiram doravante com a Guerra do Golfo. De colocando em prática a sua doutrina, em um aliado, os Estados Unidos passaram a ser discurso em janeiro de 2002, enquadra o Irã, o inimigos do Iraque. A motivação iraquiana para Iraque e a Coréia do Norte como o “Eixo do invadir o Kuwait dizia respeito ao petróleo, Mal”24, países que supostamente produziriam porque, segundo Saddam, a super-extração feita armas de destruição em massa. “Estados como pelo país corroborou para a queda no preço do estes, e seus aliados terroristas, constituem um produto, vendendo uma quantidade superior a eixo do mal. Ao buscar armas de destruição em estipulada pela Organização de Países massa, estes regimes representam um grave e Exportadores de Petróleo (OPEP). crescente perigo” (BUSH, 2002)25. Tidos como

Sob o argumento de que o Kuwait era uma ameaça a segurança internacional, outros uma espécie de trampolim, criado pelo Reino países também foram incluídos na lista de Rogue Unido para mergulhar nas riquezas do Oriente States, a exemplo de Cuba, Líbia e Síria.Médio, o Iraque o invade. Foram 42 dias de Em 2003, Os EUA e o Reino Unido ataques aéreos da operação estadunidense, colocaram em pauta, na reunião do Conselho de al iada a aproximadamente 30 países, Segurança, a luta contra o terrorismo e a suposta denominada de “tempestade no deserto”. As fabricação iraquiana de armas de destruição em inúmeras perdas humanas i raquianas massa. Os EUA e o Reino Unido introduziram um consolidaram as críticas feitas contra Saddam. Os documento de resolução, afirmando que o curdos tencionaram a crise com rebeliões e Iraque estava descumprindo as determinações demonstrações de insatisfação. feitas pela ONU, sobre o seu desarmamento, e

A Guerra do Golfo rendeu ao Iraque propondo uma intervenção militar no País. A inúmeras sanções promovidas pela ONU. Mesmo possibilidade de invasão foi refutada pela França, reconhecendo, em 1994, a legitimidade e pela Rússia e pela Alemanha, sob o argumento de soberania do Kuwait, os embargos econômicos que deveria haver mais tempo para a inspeção. A foram decorrentes do descumprimento de resolução foi vetada e outros países, a exemplo acordos estabelecidos no cessar-fogo do conflito. do México e do Chile, votaram contra.Depois de inúmeras negociações e crises De forma ilegítima e indo de encontro às pontuais, o Iraque, em 1997, reintegra-se ao normas de Direito Internacional, a invasão à comércio para angariar recursos para a Bagdá concretizou-se no dia 9 de abril de 2003. população. No entanto, a não cooperação com Saddam Hussein fugiu com a chegada da agentes da ONU provoca contendas entre o País e coalizão. Sua estátua, localizada na Praça Firdus, os EUA. foi derrubada e, em seu lugar, foi hasteada a

Os ataques de 11 de setembro e a bandeira estadunidense. liderança de George W. Bush contribuíram de No dia 13 de dezembro de 2003, Saddam forma intensa para o enrijecimento da política Hussein foi capturado pela 4ª Divisão de externa estadunidense. Em resposta aos Infantaria dos Estados Unidos, no porão de uma ataques, os EUA bombardearam o Afeganistão, casa, em sua cidade natal, Tikrit. Aos 65 anos, não sob o argumento de que protegiam a Al-Qaeda e resistiu à prisão, mesmo estando armado. O s a m a B i n L a d e n , q u e , s e g u n d o o s Saddam foi condenado por crimes contra a estadunidenses, foram os responsáveis pelos humanidade, sendo, posteriormente, enforcado. ataques ao World Trade Center e ao Pentágono. De fato, os EUA passaram a comandar o Estado

A guerra contra o terror ganha sua base iraquiano.

24. A nomenclatura “Eixo do Mal” faz uma referência histórica às incursões da Segunda Guerra Mundial, diante do Eixo Roma-Berlim, que protagonizou o nazifascismo.25.Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL6975-5602,00-BUSH+E+O+EIXO+DO+MAL+DIZ+EMBAIXADOR+DO+IRA+NO+BRASIL.html> Acesso em 2 de fevereiro de 2011.

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A ONU surgiu do imperativo categórico de votos dos membros permanentes. Essa impedir que conflitos bélicos atingissem a conjuntura limita a imparcialidade das decisões, proporção das duas Grandes Guerras. Com o uma vez que os interesses dessa minoria são objetivo de superar os fracassos da Liga das privilegiados por meio do veto, dessa forma o Nações, a ONU tornou-se o mais importante déficit democrático torna-se notório. fórum de diálogo sobre a agenda de segurança Paulatinamente, a ONU, diante da internacional. A resolução de conflitos, por meio inoperância na resolução de conflitos a curto e do auxílio do seu terceiro Secretário Geral Dag longo prazo, como ocorreu em Ruanda e na Hammarskjöld, englobou o espírito de segurança Bósnia, começou a sofrer severas críticas. coletiva e de governança global, através das Concatenado com esse pensamento, as guerras operações de paz das denominadas Forças de de quarta geração, que aglutinaram o surgimento Manutenção da Paz das Nações Unidas (United de novos atores aos problemas da Nova Ordem, Nations Peacekeeping Forces)26. impuseram barreiras ao combate da violência

Com a instauração desse novo através da ONU, já que essa concentrava sua mecanismo para salvaguardar a paz, evitando ou atuação em conflitos estatais. amenizando conflitos latentes, o Conselho de Os casos do Afeganistão e do Iraque Segurança adquiriu relevância nas tomadas de desencadearam-se por meio da ação unilateral decisão acerca dos procedimentos de estadunidense. Essa conjuntura enfraqueceu, aos apaziguamento, no que concerne à duração, ao olhos do mundo, a envergadura política e moral da contingente, ao campo de atuação e ao mandato, ONU. Somada a essa perspectiva, a privatização efetuados pelas tropas da ONU, também da guerra chocou o mundo, diante da nova forma conhecidas como capacetes azuis. de uso da violência. As empresas de segurança, a

O primeiro contingente multinacional da exemplo da Blackwater27, da Dyncorp e da Triple ONU atuou no Oriente Médio, durante a Crise no Canopy, foram contratadas pela Secretaria de Canal de Suez, na década de 1950. Essa operação Estado dos Estados Unidos, sob o argumento de contou com a participação de contingente que essas seriam usadas para assegurar a brasileiro, denominado Batalhão de Suez da FIRST integridade de diplomatas e agentes do governo. UNITED NATIONS EMERGENCY FORCE (UNEF I). Essas empresas causaram polêmica por causa da Desde então, inúmeras foram as iniciativas ação violenta e do uso arbitrário da força.multinacionais para manter a paz. De fato, as Nenhuma Arma de Destruição em Massa operações da ONU salvaram inúmeras vidas, por (ADM) foi encontrada no Iraque. As manifestações isso tornaram-se tão importantes. No entanto, internacionais clamaram, então, pela retirada das apesar dos notáveis esforços das United Nations tropas. Depois de quase oito anos de intervenção, Peacekeeping Forces em evitar conflitos, muitas os EUA, em agosto de 2010, retiraram as tropas do das iniciativas da ONU, historicamente, combate urbano, sendo alocadas apenas para o reverberaram falhas. O Conselho de Segurança treinamento de soldados iraquianos. O possui o monopólio de decisões, concentrado nos Afeganistão ainda vive sob a promessa da retirada

O Papel da ONU na Resolução de Conflitos

26. Site da ONU sobre Peacekeeping disponível em: <http://www.un.org/en/peacekeeping/pastops.shtml> Acesso em 2 de fevereiro de 2011. 27. Blackwater é uma empresa de segurança, formada por paramilitares, que se envolveu em escândalos durante a Guerra do Iraque e do Afeganistão. O mais famoso deles foi o assassinato de 17 pessoas em uma praça de Bagdá. A empresa mudou de nome para Xe. Atualmente, não mais atua nesses dois países, contudo chocou o mundo, diante da privatização da guerra.

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das tropas em 2011. caso que ocorreu na ex-Iuguslávia. A atuação da United Nations Protection Force (UNPROFOR) foi considerada traumática e gerou controvérsias na Operações de Paz: Considerações GeraisOrganização.

“Pode-se perceber que há uso corrente do “ E n q u a n t o a s o p e ra ç õ e s d e conceito de operações de manutenção da paz para manutenção de paz tradicionais se se referir à maioria das operações, sem buscar uma centravam, sobretudo na vigilância especificação incisiva para quaisquer que sejam as dos acordos de cessar-fogo, as distinções entre elas. [...]” (JÚNIOR & GÓES, 2010, operações de paz dos nossos dias são p. 9). Desta forma, a partir de um relatório de mais complexas e muito diferentes. O Boutros Boutros-Gali29, foram apontadas cinco seu objectivo é, essencialmente, categorias de intervenção das Nações Unidas, no ajudar as partes envolvidas num que tange à segurança e à paz no Sistema conflito a defenderem os seus Internacional: a diplomacia preventiva (preventive interesses por meios políticos”. (Kofi diplomacy), operações de promoção da paz Annan, Relatório do Milénio)(peacemaking), operações de manutenção da paz (peacekeeping), operações de imposição da paz A Carta das Nações Unidas, que confere ao (peace enforcement) e operações de consolidação Conselho de Segurança da ONU a responsabilidade ou reconstrução da paz (peacebuilding). Assim, e o poder de realizar ações coletivas, é de vital deve-se saber diferenciar a idéia de missões de paz, importância no entendimento das operações de no geral, das peacekeepings operations. Mas, paz. Essa Carta preza pela manutenção da paz e essas categorias podem interagir entre si, ou seja, pela segurança internacionais, sendo assim, um em algumas missões de paz fica nítido que “[...] o meio através do qual a comunidade internacional conceito usado para legitimar o mandato da missão pode recorrer em caso de necessidade. Portanto, não necessariamente impede que haja outros tipos “as operações de paz representam a mais de missão [...].” (JÚNIOR & GÓES, 2010, p.10). Um significativa participação da ONU na administração exemplo recente foi o caso da United Nations da segurança internacional [...].” (HERZ & Satabilization Mission in Haiti (MINUSTAH), que HOFFMANN, 2004, p. 108). caracterizava-se como peace enforcement, seguido Desta forma, as operações de paz podem por um peacekeeping, e, após o terremoto de ser definidas como, janeiro de 2010, viveu um período de peacebuilding. Entretanto, as formas de [...] a prevenção, a contenção, a intervenções supracitadas não são mencionadas de m o d e r a ç ã o e o t é r m i n o d e forma específica, na Carta das Nações Unidas, hostilidades entre Estados ou no porque o princípio que rege o Conselho é a interior de Estados, pela intervenção manutenção da paz e da segurança internacionais. pacífica de terceiros, organizada e

dirigida internacionalmente, com o Há três premissas básicas em uma emprego de forças multinacionais de operação de manutenção da paz tradicional: o soldados, policiais e civis, para consentimento, a imparcialidade e o mínimo uso da restaurar e manter a paz. (HARBOTLLE força (somente em legítima defesa). O escopo é apud MATIJASCIC, 2007, p.2). contribuir para a constituição e para a manutenção

de condições propícias para a harmonia de Segundo Weiss (2010), as operações de paz interesses, diante da retomada de negociações

tem como pedra angular defender o status quo, entre as partes, em conjunção com uma mediação pois ajuda a suspender os conflitos existentes, internacional e com a implementação de uma através da negociação com os grupos beligerantes. solução a longo prazo.Porém, as operações de paz não garantem que haja Com o fim da Guerra Fria, o número de sucesso nas negociações, um exemplo é o que missões de paz cresceu consideravelmente e o uso ocorre na United Nations Pecekeeping Force in da força gerou uma série de discussões. Foram Cyprus (UNFICYP)28. levantadas alegações sobre como e quando deveria

As operações de paz têm se modificado ser usada a força. Dessa forma, de acordo com Herz intensamente, pois, a partir da década de 90, a & Hoffmann (2004), a Organização das Nações força tem sido utilizada em larga escala, como o Unidas têm que se enquadrar ao novo cenário

28. Mais informações a respeito essa operação. Disponível em: <http://www.un.org/en/peacekeeping/missions/unficyp/ > Acesso em 10 de fevereiro de 2011. 29.Sexto Secretário Geral da Organização das Nações Unidas (1992- 1995)

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internacional, uma vez que a atual a realidade a t u a ç ã o r e s t r i t a , t a n t o p e l o c a r á t e r internacional é distinta daquela em que a ONU foi predominantemente militar do corpo de fundada. funcionários engajados, quanto pelo número

O processo de consecução da paz obteve limitado de Estados que contribuíram com o envio aspectos positivos ao longo do tempo, a exemplo de tropas para o cumprimento dos mandatos. de Moçambique e de El Salvador. A operação de paz Entretanto, durante o período da Guerra Fria, as auxiliou na assistência humanitária e no divergências entre os dois membros permanentes monitoraram dos Direitos Humanos. Já no Camboja da ONU – Estados Unidos e União Soviética -, foram e no Haiti, a atuação esteve relacionada ao constantes porque eram munidos do uso do veto.desenvolvimento socioeconômico. Mesmo com a aparente facilidade das

O Brasil teve participação efetiva na operações clássicas, novos desafios surgiram operação de paz no Haiti (MINUSTAH). O Estado devido ao não cumprimento do mandato das brasileiro não participou apenas dessa operação. operações e à necessidade de consentimento do De acordo com as estatísticas das Nações Unidas, Estado ajudado, dentre outros problemas e desde 1956, o país enviou tropas para 22 operações contradições. Segundo Matijastic (2007), com o fim de paz. Em contrapartida, os Estados Unidos, a da Guerra Fria e com o surgimento da segunda partir de 1994, só participam de operações se essas geração de operações de paz, o contexto respeitarem a Diretriz da Decisão Presidencial 25 estratégico modificou-se dramaticamente. (DDP 2530), que definiu o estabelecimento das No pós Guerra Fria, para responder a novos relações EUA-ONU. desafios políticos que envolviam crises internas em

Em relação aos pontos negativos, reitera- diferentes Estados, a ONU passou a empregar as se o caso da ex-Iuguslávia que foi caracterizado pela operações de manutenção da paz em larga escala. hostilidade e pela intolerância das forças de paz Essa segunda geração das operações de paz, que estavam lá presentes. No caso da Somália, a desencadeada no fim dos anos 1980 e início dos reconciliação não foi alcançada da mesma maneira 1990, teve, segundo Fontoura (1999), três fatores que ocorreu em Ruanda31. Concomitantemente, de contribuição para o aumento das operações de ressa lva-se que, quando a autor idade paz, são eles: a distensão política das potências governamental entra em colapso, as operações de opostas, com o fim da Guerra Fria; o aumento dos paz comandadas pela ONU mostram-se limitadas. conflitos étnicos e religiosos; por fim, a crescente

universalização dos valores democráticos e dos Direitos Humanos. Com isso, vale ressaltar que essa geração é caracterizada como multidimensional ou multifuncional, devido à flexibilização das operações clássicas. Enfim, as operações de paz

As peacekeepings operations são um passaram a ser a face mais visível da atuação da instrumento único e dinâmico desenvolvido pela ONU no campo da paz e da segurança ONU com o intuito de auxiliar os Estados em internacionais. conflitos e, dessa forma, estabelecerem uma paz A terceira geração originou-se em 1995, duradoura. Segundo Herz & Hoffman( 2004), as com o Relatório de Boutros Boutros-Ghali32. Nessa missões de paz, hoje em dia, podem ser geração, o consentimento entre as partes é c o n s i d e r a d a s m u l t i d i m e n s i o n a i s , forçado. Inicia-se a relativização do principio do multidisciplinares e complexas, por meio de um “uso da força”. A característica principal da terceira processo evolutivo. geração é a persuasão para que se chegue a um

acordo entre os envolvidos na tensão, além do Bigatão(2007), assegura que as operações auxílio que é fornecido aos Estados Falidos. Outra de paz da ONU podem ser divididas em três característica é o alargamento do princípio do gerações. A primeira geração é chamada de “consentimento das partes para a autorização da “classical peacekeeping” (operações de paz missão”. Por muitas vezes, nesses conflitos, existia clássicas) e configurou-se entre 1948 e 1988. No uma gama de atores envolvidos, tornando-se difícil entanto, só conseguiram status de “Comitê distinguir os interlocutores que representavam a Especial para Operações de Manutenção da Paz”, vontade das partes e que garantiam o que fora em 1956, devido à crise do Canal de Suez. Durante pactuado. Assim, admitiu-se que o consenso e o esse período, foram realizadas treze operações de consentimento dos principais envolvidos já bastam manutenção da paz, mas apenas uma não foi para justificar as operações de paz. destinada a atuar em conflitos, oriundos da

descolonização afro-asiática. Vale salientar que essas operações de manutenção da paz tiveram sua

Um Breve Histórico das Operações de Manutenção da Paz

30.A DDP-25 preconiza que os EUA só devem participar de m i s s õ e s n a s s e g u i n t e s condições: o mandato precisa claro, com disponibilidade de tropas e de equipamentos suficientes para atingir os objetivos propostos, e a s i t u a çã o f i n a l d eve s e r c l a r a m e n t e d e f i n i d a . D i s p o n í v e l e m : < http://www.fas.org/irp/offdocs/pdd25.htm > Acesso em 10 de fevereiro de 2011. 31. Em um relatório feito pelas Nações Unidas, o Major que prestou serviço em Ruanda afirma que “O país ainda estava a tentar recuperar-se de uma guerra étnica brutal, uma guerra que viria a ceifar um milhão de vidas. Quando ela chegou, ainda eram perpetrados “assassínios esporádicos”. O seu batalhão, que era a principal força militar estrangeira que permanecia no país, tinha a tarefa de realizar inumações maciças, exumando corpos e tornando a enterrar as vítimas dos massacres. “Não era nada agradável”, observou a Major. Disponível em: <http://www.unric.org/html/portuguese/uninfo/material_pedagogico/Capacetes_Azuis.pdf > Acesso em 10 de fevereiro de 2011.32. A/50/60 – S/1995/1, Supplement to an Agenda forPeace. United Nations General Assembly, 3 January 1995. (Disponível em <http://www.un.org/Docs/SG/agsupp.html> Acesso em 20 de fevereiro de 2011).

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PEACEMAKING

São muitos os fatores que contribuem fundamentado na premissa da resolução de para o fim de um conflito e são ainda muito conflitos entre os Estados do Sistema maiores os obstáculos a este resultado. Diante Internacional, alguns conflitos podem ser das diferenças sempre existentes entre as partes resolvidos através de intervenções por parte de em litígio, forjar um acordo, que não somente alianças regionais, como o caso do fim do promova o cessar-fogo, mas que consiga, de fato, conflito entre Equador e Peru na América do Sul, reconciliar as partes e evitar a repetição da ou de resoluções uni, bi ou multilaterais que não violência, pode ser considerada uma tarefa passem pelo âmbito da Organização. hercúlea. Essa é a principal preocupação dos A resolução de um conflito não é, peacemakers: auxiliar na construção de relações obviamente, uma tarefa simples. O momento da pacíficas, frisando a negociação, seja entre as assinatura de um acordo de paz viável é partes em questão ou através dos serviços de geralmente precedido por muitas tentativas de terceiros (mediadores), para alcançar um acordo fracassadas ou por acordos tácitos, fracos objetivo específico - o fim da contenda33. e não permanentes. Portanto, o conhecimento

A preocupação com um acordo pacífico das causas geradoras do conflito é primordial. em caso de situação conflituosa é flagrante no Nem sempre, porém, suas bases fundamentais Capítulo VI, Artigo 33, da Carta das Nações serão claramente identificáveis, podendo partir Unidas34, referente à Solução Pacífica de de temas estruturais, políticos, econômicos, Controvérsias: sociais, culturais, étnicos, religiosos, entre

The parties to any dispute, the outros fatores. Para facilitar a compreensão das continuance of which is likely to causas de conflitos, Ramsbotham, Woodhouse e endanger the maintenance of Miall (2008) classificaram-nas em níveis: Global, international peace and security, Regional, Estatal, de Grupos Conflitantes e shall, first of all, seek a solution by Elite/Indivíduos. Frazão (2010) exemplifica esse negotiation, enquiry, mediation, arcabouço teórico ao analisar o caso dos conciliation, arbitration, judicial embates no Afeganistão:settlement, resort to regional Através desta c lassif icação, agencies or arrangements, or other percebe-se que o conflito no peaceful means of their own choice Afeganistão possui suas causas em (THE CHARTER OF THE UNITED todos os níveis: Global – geopolítico NATIONS, 1945). estratégico, proliferação de armas,

i d e o l o g i a , e t c ; Re g i o n a l – É importante ressaltar um ponto já intervenção da URSS, spill-over dos

previsto na Carta: ações de intervenção em problemas, tráfico de ópio, etc; questões conflituosas não se limitam a Estatal – divisão cultural e étnica, estruturas de organizações internacionais. privação de bens necessários, Embora um dos papéis da ONU esteja governança ilegítima dos talibãs,

33. RAMSBOTHAM, Oliver; WOODHOUSE, Tom; MIALL, Hugh. Contemporary Conflict Resolution. Cambridge: Polity Press, 2008. 34.O documento, Charter of the United Nations, está disponível em: <http://www.un.org/en/documents/charter/> Acesso em 02 de fevereiro de 2011.

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etc; Grupos Confl itantes – estrutura, ou seja, envolvendo o conjunto de m o b i l i z a ç ã o e d i n â m i c a atores e suas incompatibilidades, em termos de intergrupos no pós-Guerra Fria; e objetivos e relações; a mudança de atores, isto Elite/Indivíduos – exclusão de é, redefinições no quadros burocráticos, que outros grupos, interesses talibãs, levem à adoção de novas formas de liderança; etc. (FRAZÃO, 2010). mudanças nas questões, o que se dá quando as

partes modificam seu posicionamento, de O mesmo pode ser pensado ao acordo com a perda ou com o ganho de força de

observar o caso iraquiano. No nível global, as velhos e de novos temas (situação passível de razões para o conflito são as mesmas que as acontecer diante de conflitos prolongados); e, envolvidas na questão afegã, com o acréscimo por fim, individual e grupal, que põe as pessoas de um elemento específico: a suspeita, até os comuns em evidência, o que Adam Curle dias atuais não confirmada, da posse de armas (1971)37 chama de “coração da mudança”. Nem químicas e biológicas por parte do governo sempre todas essas transformações são iraquiano, uma questão que representaria necessárias, mas quanto maior for o número de grande risco para todo o mundo. Outros níveis causais atingidos mais difícil será fatores, como as divergências políticas, conseguir alcançar os pré-requisitos para uma culturais e religiosas, entre e dentro dos negociação não violenta.partidos, problemas de cunho territorial e Dada a devida atenção aos elementos econômico, a figura de um líder tempestuoso citados acima, os acordos de sucesso, portanto, (no caso, Saddam Hussein), etc., precisam ser partilham de alguns pontos específicos: devem analisados também. incluir as partes afetadas – envolvê-las no

Como já citamos anteriormente, Mary processo que as atinge; devem ser precisos, em Kaldor (2001) ressalta a complexidade dos especial no que tange detalhes de 'transição'; conflitos típicos da quarta geração, cuja precisam oferecer um equilíbrio claro entre natureza pode ser altamente destrutiva e compromissos e flexibil idade; devem expansiva. Diante de um problema tão incentivar as partes a manter o processo e a espinhoso, como conseguir o fim da violência e participar politicamente; fornecer à resolução o estabelecimento de relações pacíficas do litígio à mediação, e, se necessário, a costuradas por um acordo entre as partes renegociação em casos de desacordo; precisam litigantes? A tarefa pode ser árdua, mas não lidar com as questões centrais ao conflito e impossível. Há um histórico de conflitos que trazer uma transformação, incorporando chegaram ao fim, através da negociação, entre normas e princípios os quais as partes aceitem; eles o fim dos embates internos na Nicarágua e devem ser consistentes com os padrões do regime do Apartheid, na África do Sul, o cosmopolitanos de Direitos Humanos, justiça e acordo que findou a guerra civil no Líbano35, e as respeito aos indivíduos e aos grupos.determinações que levaram ao término das A grande função dos peacemakers é, disputas entre Moçambique e Namíbia. não somente aproveitar as oportunidades

Há, de fato, um requisito principal que dadas pelas partes, mas criar, também, l eva à co n c i l i a çã o, a i n d a , s e g u n d o condições para que a paz aconteça, mesmo em Ramsbotham, Woodhouse e Miall (2008): a situação de guerra. Galtung (2006) argumenta transformação - um ponto no qual há uma que um conflito precisa, de fato, de tempo para concordância com o método Transcend36, de gerar as transformações necessárias em suas autoria de Johan Galtung. raízes e acrescenta:

Para atender às requisições e aos interesses, usualmente distintos das partes [...] o trabalhador de conflitos divergentes, de forma a contemplar a todos, p l a n t a s e m e n t e s d e são necessárias mudanças no nível causal dos t r a n s c e n d ê n c i a p a r a a conflitos: a transformação contextual, relativa transformação do conflito, idéias ao contexto social, regional e global no qual a que podem crescer bem alto, ao contenda está embebida; a modificação na lado do conflito, e no final eclipsá-

35.Ta'if Accord. 36. O Método Trascend se trata de uma abordagem do conflito de forma não violenta. Suas bases estão na transformação das raízes dos conflitos, por meio da negociação e do diálogo.37. Adam Curle foi um acadêmico britânico e defensor do modelo Quaker de peacemaking. É conhecido pelo clássico “Making Peace” que escreveu em 1971.

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lo [...] em trabalho de conflito, a quando se atinge o cessar-fogo ou um acordo de empreitada é exatamente criar paz. Esse tipo de operação termina quando uma novas realidades.” (GALTUNG, sociedade consegue sustentar a sua transição 2006, p. 237) sem apoio externo, processo que é substituído

por um período de desenvolvimento O papel do mediador é, portanto, sustentável, academicamente denominado

relevante no que tange à negociação dos “empowerment”, ou empodeiramento.acordos de paz, embora, em alguns casos, sua No que tange o peacebuilding, é participação possa vir a não ser benigna, diante importante frisar que este processo é do fato de que ele também é falível e pode não academicamente subdivido em três partes, conseguir alcançar os objetivos planejados. O segundo Lisa Schirch40 (2008): peacebuilding auxílio de terceiros pode ser primordial, se esses político, estrutural e social ou cultural. O contribuírem para a mudança das questões em primeiro diz respeito a questões legais e jogo; se conseguirem colocar as partes em negociações formais; o segundo trata de conflito em contato, ganhando sua confiança, reconstrução de infraestrutura, o que inclui os definindo agendas, esclarecendo problemas e sistemas políticos, militares, culturais, sociais e formulando acordos; e se, fundamentalmente, econômicos, além do desarmamento das partes forem capazes de promover a abertura de um em questão; e o terceiro trata das relações e novo espaço para diálogos. sentimentos, sistemas de crenças, valores e

Vale à pena salientar que, em se atitudes imbuídos de um espírito comunitário.tratando de um conflito de quarta geração, as Existe um sistema de procedimentos tentativas de negociação envolvem diferentes para operações de peacebuilding, aceito e tipos de agências, se dirigem a grupos utilizado internacionalmente. Ramsbotham, diferentes e variam em forma, duração e Woodhouse e Miall (2008) o denomina de propósito, o que leva a uma necessidade de Intervention, Reconstruction and Withdrawal cuidado no que tange às necessidades Operations41 (IRW). Esta estratégia estaria específicas de cada conflito e à coordenação dividida em três etapas: intervenção, das ações.38 Um fator importante ocorre quando estabilização e normalização. Cedric de Coning Estados, no papel de mediadores, usam de (2006), por sua vez, nomeia as fases de tal coerção para forçar as partes a modificarem sua operação de outra forma: estabilização, posição, eles se tornam atores no conflito. A transição e consolidação. Para efeito de maior questão é se esse tipo de intervenção pode levar detalhamento das informações, será dada a um término estável do conflito e se acordos ênfase à visão dos primeiros autores, embora a impostos podem se provar duradouros. semelhança nas tarefas traçadas por ambos os

trabalhos seja inconfundível.Há ainda outro tipo de pensamento

quanto às operações de peacebuilding, PEACEBUILDING apresentado por Ramsbotham, Woodhouse e Miall: o do “Peacebuilding From Below”42. Essa Na estrutura das operações de paz, teoria tem trazido muita polêmica para o mundo como já é sabido, são três as fases para a acadêmico devido ao seu alto grau de inovação e conclusão, com sucesso, de uma ação: ao caráter ainda experimental que apresenta. A peacekeeping, peacemaking e peacebuilding. mesma será brevemente explanada nessa Embora, na prática, a fronteira entre essas três seção, visto que diante do tema explorado por fases não fique clara, na teoria, pode-se dizer este Comitê.que uma operação de peacebuilding começa

quando as hostilidades se encerram, o que, segundo Cedric de Coning39, (2006) acontece

38. RAMSBOTHAM, Oliver; WOODHOUSE, Tom; MIALL, H u g h . C o n t e m p o r a r y C o n f l i c t R e s o l u t i o n . Cambridge: Polity Press, 2008. 39.Cedric de Coning é um conselheiro do Accord e do Instituto Norueguês de Assuntos Internacionais (NUPI). Era diplomata sul-africano, em Washington DC e Adis Abeba (1988-1997). Atuou com a Administração Transitória da ONU, no Timor Leste (1999-2000 e 2001-2002), e trabalhou com o D e p a r t a m e n t o d e Operações de Paz da ONU na Formação e Avaliação de Serviços (2002).40. Schirch Lisa é professora de Peacebuilding no Center f o r J u s t i c e a n d Peacebui ld ing , Eastern U n i v e r s i t y M e n o n i t a , Harrisonburg, Virginia, EUA.41.Em português, numa tradução livre, significa “operação de Intervenção, Reconstrução e Retirada” (IRR).42.Em português, numa tradução livre, significa “peacebuilding de baixo”.

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a) Operações de Intervenção, Reconstrução e de operação. Retirada (IRR) As operações IRR são as utilizadas,

hoje, pelos Estados e por organizações Com a ação mandatária do Conselho de internacionais, como a ONU. A grande crítica às

Segurança das Nações Unidas na Namíbia43, em suas ações está no fato de terem sido criadas 1978, a Organização começou a pensar em por Estados fortes que, naturalmente, intervêm novas plataformas de ação para intervenções. naqueles que não se encontram na mesma A mudança de pensamento também ocorreu posição, no meio internaciona45l. em 1992, com o lançamento da Agenda pela Segue abaixo uma breve caracterização P a z 4 4 , r e i t e r a d a , e m 1 9 9 5 , p e l o s das etapas constituintes das operações IRR e acontecimentos da Crise na Bósnia. A análise de das tarefas específicas que os interventores Ramsbotham, Woodhouse e Miall, que levou têm buscado cumprir para alcançar o sucesso aos dados descritos a seguir, foi feita a partir das operações de paz. Vale a pena salientar que dos conflitos que assolaram o mundo entre os o processo costuma ser longo e envolve anos de 1989 e 2004, dando aos autores a iniciativas gigantescas de parte da sociedade possibilidade de criação de listas de pré- internacional. requisitos para cada uma das fases desse tipo

armadas nacionais;Intervenção (fase 1)·trabalho de eliminação de minas;·reconstrução de tribunais e prisões;É marcada pelo predomínio de ações que procuram prevenir o ·treinamento de polícia;retorno à guerra, por isso tarefas de segurança e barganha ·quebra das redes de crime organizado;política se fazem essenciais. É importante perceber a dificuldade ·promoção de Direitos Humanos e punição de abusos;de prever o comportamento dos grupos que outrora lutavam ·inspeção na nova Constituição;entre si e que, diante de custos de guerra que podem ser ·promoção de eleições e reestruturação da administração civil;altíssimos, a cautela e a vigilância constantes são primordiais para ·fornecimento de ajuda humanitária;que as ações dos peacebuilders alcancem os resultados ·restabelecimento de serviços essenciais;almejados. Suas principais características são:·limitação da exploração de recursos básicos;·promoção da superação da desconfiança entre os grupos;·controle das facções armadas;·monitoramento e uso da mídia como ferramenta de apoio ao ·supervisão de DDR (desarmamento, desmobilização e processo de paz;reabilitação);·proteção das populações vulneráveis;·auxílio na reestruturação e na integração de novas forças ·supervisão do retorno de refugiados.

imparcialidade diante da lei;Estabilização (fase 2)·credenciais democráticas adequadas para o governo eleito, com um sistema, ainda assim, aberto para diálogos com os grupos que se considerem insatisfeitos com os resultados iniciais;Começa quando já houve progresso suficiente na situação da ·uma relação razoavelmente estável entre centro e outras regiões do

política doméstica e quando há um nível de segurança razoável território;

para que o poder possa ser passado para as mãos de um governo ·uma economia formal rendendo receitas suficientes para prestação de local. É neste ponto que se dá início à primeira fase de retirada das serviços essenciais por parte do governo, com assistência internacional

continuada;forças internacionais. Sua principal característica é a ·capacidade econômica para absorção de ex-combatentes predominância nas ações de fortalecimento de governo e de ·progresso no encorajamento geral e na crença de um futuro melhor em peacebuilding estrutural. Estes são seus principais aspectos:termos de empregos;·sucesso adequado na gestão de prioridades, como paz e justiça;

·forças armadas nacionais sob o controle do governo e com força suficiente ·proteção do direito das minorias e promoção de uma mídia para sobrepujar seus desafiadores; razoavelmente independente e responsável.·capacidade local suficiente para manter a ordem em situações básicas e

·culturas de violência transformadas; Normalização (fase 3)·polícia e judiciário não politizados;·respeito pelo indivíduo e pelos direitos das minorias;Enquanto as fases um e dois tem suas bases fundamentais no ·redução do crime organizado;peacekeping, peacemaking diplomático e peacebuilding ·transição pacífica de poder, via eleições democráticas;estrutural, nessa fase, a prioridade seria o peacebuilding ·desenvolvimento de uma sociedade civil dentro de uma cultural. Isto para assegurar uma paz mais duradoura e que as comunidade política;causas de conflito anteriores não retornem. Essa é a etapa que ·despolitização de divisões sociais;costuma ser mais negligenciada e marginalizada entre as três ·cura de feridas psicológicas;partes que compoem operações IRR de peacebuilding. São esses ·progresso em direção à igualdade de gênero;os seus principais pontos:·educação que leve à reconciliação em longo prazo;·integração para estruturas globais e regionais equitativas.·política desmilitarizada;

·segurança societal;

43.O mandato foi da UNTAG e seu resultado está marcado no “Settlement Proposal in Namibia”. 44.Agenda for Peace. Está d i s p o n í v e l e m : < http://www.un.org/Docs/SG/agpeace.html> Acesso em 02 de fevereiro de 2011. 45.É a esse tipo de crítica que a teoria do “Peacebuilding F r o m B e l o w ” t e n t a responder.

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b) A Abordagem do “Peacebuilding w i s d o m , c o u r a g e a n d de baixo”. compassionate non-violence […]

a deeper transformative quest to Tenciona complementar o modelo “tame the hydra” of violence by

atual de operações IRR e de peacekeeping. understanding not only the Teve sua origem em meados dos anos 1990 e politics of conflict but the deeper coloca sua principal preocupação na mudança spiritual and philosophical de papel dos peacebuilders em uma sources of wisdom which would intervenção. Ao invés de uma abordagem favor peace (RAMSBOTHAM, neutra de um outsider,uma abordagem de WOODHOUSE, MIALL, 2008).parceria com os atores locais.

Sendo assim, após o controle da The task is to empower people of violência, o desafio estaria na reconstrução de goodwill in conflict-affected relações sociais no nível de comunidade, c o m m u n i t i e s t o r e b u i l d modificando a tendência atual de segurança democratic institutions, and the imposta por mediações diplomáticas e forças starting point for this is to help in militares em direção a uma mudança de the development of the local a t i t u d e g e r a l o u , c o m o j á c i t a d o peacemakers, inner resources of anteriormente, uma mudança “nos corações”.

O posicionamento acadêmico acerca dos O Iraque a o Afeganistão ainda têm um longo pressupostos para a resolução de conflitos latentes, caminho pela frente. A velocidade da reestruturação muitas vezes, não é reverberado na prática. Muitos irá depender de iniciativas internas, bem como do discursos liberais de estadistas maquilam as práticas auxílio internacional, através da integração regional. realistas, baseadas no interesse nacional, por isso é Um peacebui ld ing bem sucedido prec isa importante que haja um comprometimento dos necessariamente salvaguardar a segurança humana e decision makers em relação às questões substanciais estatal, no entanto há diretrizes importantes que de relevância, para que as atitudes reais não se precisam ser implementadas para que haja harmonia limitem aos discursos que confortam os ouvidos da social, por isso disseminar na população nativa o platéia internacional, nas reuniões da ONU. sentimento de pertencimento, aglutinando questões

Diante do tema em análise nessa simulação, é culturais ao planejamento público, é essencial. interessante pensar no papel dos Estados nos conflitos É preciso analisar se essas intervenções de quarta geração, não apenas como atores diretos, unilaterais no Oriente Médio, de fato, funcionaram, mas como uma terceira parte interventora, capaz de uma vez que movimentações militares dessa natureza mediar discussões que envolvem o Oriente Médio, imprimem conseqüências múltiplas. O hiato deixado procurando mudanças benéficas para a diminuição por tais ações unilaterais devem ser refletidos diante das hostilidades e para uma futura pacificação. Outra de seus objetivos: impor a paz ou manter a paz?perspectiva a ser repensada diz respeito ao papel da ONU nessa conjuntura.

Considerações Finais

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Referências Bibliográficas

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Organização dos Estados Americanos

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