financas para empreendedores de primeira viagem

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1 Finanças para empreendedores de primeira viagem 1 Introdução ................................................................................................................................. 2 2 As principais partes de um Plano Financeiro ...................................................................... 3 2.1. Premissas ........................................................................................................................................ 4 2.2. O Modelo Financeiro .................................................................................................................... 4 2.2.1. Fluxo de Caixa ..................................................................................................................................... 5 2.2.1.1. SAÍDAS................................................................................................................................................................. 7 a) Despesas pré-operacionais .......................................................................................................................................... 7 b) Custos e Despesas Variáveis ........................................................................................................................................ 9 c) Custos e Despesas Fixos ............................................................................................................................................. 10 d) Pagamento de empréstimos .................................................................................................................................... 10 e) Outros custos e despesas .......................................................................................................................................... 10 2.2.1.2. ENTRADAS....................................................................................................................................................... 10 f) Investimento Inicial....................................................................................................................................................... 10 g) Receitas de Vendas ...................................................................................................................................................... 12 h) Entrada de empréstimos ........................................................................................................................................... 13 i) Outras receitas ................................................................................................................................................................ 13 j) Rentabilidade de aplicações ................................................................................................................................... 13 2.2.1.3. INFLAÇÃO NO MODELO FINANCEIRO ................................................................................................... 13 2.3. Análises financeiras ................................................................................................................... 14 2.3.1. Ponto de Equilíbrio ......................................................................................................................... 14 2.3.2. Payback .............................................................................................................................................. 14 2.3.3. Taxa Interna de Retorno............................................................................................................... 14 3 Como apresentar suas conclusões sobre a parte financeira no plano de negócio ... 15 4 Fiz o Planejamento Financeiro, e daí? ............................................................................... 16

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Page 1: Financas Para Empreendedores de Primeira Viagem

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Finanças para empreendedores de primeira viagem

1 Introdução ................................................................................................................................. 2

2 As principais partes de um Plano Financeiro ...................................................................... 3

2.1. Premissas ........................................................................................................................................ 4

2.2. O Modelo Financeiro .................................................................................................................... 4

2.2.1. Fluxo de Caixa ..................................................................................................................................... 5

2.2.1.1. SAÍDAS ................................................................................................................................................................. 7

a) Despesas pré-operacionais .......................................................................................................................................... 7

b) Custos e Despesas Variáveis ........................................................................................................................................ 9

c) Custos e Despesas Fixos ............................................................................................................................................. 10

d) Pagamento de empréstimos .................................................................................................................................... 10

e) Outros custos e despesas .......................................................................................................................................... 10

2.2.1.2. ENTRADAS....................................................................................................................................................... 10

f) Investimento Inicial....................................................................................................................................................... 10

g) Receitas de Vendas ...................................................................................................................................................... 12

h) Entrada de empréstimos ........................................................................................................................................... 13

i) Outras receitas ................................................................................................................................................................ 13

j) Rentabilidade de aplicações ................................................................................................................................... 13 2.2.1.3. INFLAÇÃO NO MODELO FINANCEIRO ................................................................................................... 13

2.3. Análises financeiras ................................................................................................................... 14

2.3.1. Ponto de Equilíbrio ......................................................................................................................... 14

2.3.2. Payback .............................................................................................................................................. 14

2.3.3. Taxa Interna de Retorno ............................................................................................................... 14

3 Como apresentar suas conclusões sobre a parte financeira no plano de negócio ... 15

4 Fiz o Planejamento Financeiro, e daí? ............................................................................... 16

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1 Introdução

Empreendedores de primeira viagem que não tenham familiaridade com contabilidade ou finanças não devem encarar o Planejamento Financeiro do seu negócio como algo impossível de ser feito. Com um pouco de esforço, qualquer pessoa pode fazer um bom Planejamento Financeiro. Além disso, como donos de um negócio, empreendedores precisam acompanhar o que está acontecendo na sua empresa, pois finanças são vitais para o sucesso do negócio, e não podem ser simplesmente delegadas para um contador ou gerente financeiro. Quando falamos de finanças para empreendedores de primeira viagem, é preciso entender que há dois processos principais. O primeiro é o Planejamento Financeiro. Isto é feito pela primeira vez quando o plano de negócio está sendo escrito e depois, periodicamente, quando o negócio já estiver em operação. O segundo processo é a Gestão Financeira, algo que passa a ocorrer diariamente a partir do momento em que o empreendedor começa a gastar dinheiro para a estruturação do negócio, e continua enquanto o empreendimento estiver funcionando. Enquanto o Planejamento Financeiro aponta estratégias de curto, médio e longo prazo, a Gestão Financeira cuida da situação das entradas e saídas de dinheiro no curto, médio e longo prazos. No plano de negócio você deve apresentar o Planejamento Financeiro. O objetivo deste capítulo é apresentar alguns conceitos que ajudarão você a preparar um bom Planejamento Financeiro para seu negócio, considerando que você conheça nada ou muito pouco sobre finanças e contabilidade. Para que fazer um plano financeiro?

1. É quando nossos sonhos passam pela “prova de fogo”, pois por meio da análise financeira

verificamos se o negócio é viável e se pode ser lucrativo.

2. Para descobrir qual é o investimento necessário para criar o negócio, pois precisamos

identificar com precisão se temos os recursos necessários para iniciar o negócio.

3. Para tentar prever quando o negócio poderá gerar lucro, pois a maior parte dos negócios

começam a gerar lucro após certo tempo de funcionamento, e até isso acontecer é preciso

investir recursos próprios para o negócio poder funcionar.

4. Para compartilharmos informações de nosso plano com outras pessoas para obter crédito

ou buscar sócios para o negócio.

Para fazer um bom Planejamento Financeiro, você vai precisar saber estimar:

Quanto você vai precisar gastar para o negócio começar a funcionar (despesas pré-operacionais);

Quais serão as receitas e despesas (entradas e saídas de caixa) mensais e anuais;

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Quanto você vai ganhar com o negócio (rentabilidade do capital investido). Essas informações são organizadas em planilhas que permitem-nos tirar conclusões sobre as questões acima mencionadas e compartilhar essas informações de forma que outras pessoas compreendam. Isto não é tão difícil, como você verá nas próximas páginas, mas dá um certo trabalho, principalmente de coleta de dados e raciocínio lógico. Se você se der ao trabalho de coletar os dados e organizá-los numa planilha de cálculos, você terá feito o Planejamento Financeiro da sua futura empresa. Mas antes de você partir para a criação do negócio, o ideal é que você mostre o seu Planejamento Financeiro para um bom contador. Como você vai precisar de um para cuidar da sua contabilidade, aproveite para testar se o contador é bom e se ele é o profissional ideal para ajudá-lo agora e no futuro. Ele pode apontar uma série de melhorias a fazer no seu Planejamento Financeiro. Aproveite a oportunidade!

2 As principais partes de um Plano Financeiro

O Plano Financeiro simples é composto, essencialmente, por três partes:

1 As premissas: informações financeiras que vão compor o plano

2 O modelo financeiro: planilhas que processam as premissas

3 As análises financeiras: quando tiramos conclusões sobre rentabilidade e outras.

A figura abaixo ilustra como esses itens se relacionam:

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2.1. Premissas Premissas são basicamente as informações pré-determinadas pelo mercado ou pela legislação, e as estimadas pelos empreendedores sobre o futuro.

Tipos de premissas Descrição Exemplos

Pré-determinadas São fatos que você considera que são ou serão verdades.

- Alíquotas de impostos (ICMS, ISS, IPI, IR, etc.) - Taxa de comissão sobre vendas - Preço(s) do produto(s)/serviço(s) - Salários por cargo/função

Estimadas São fatos que você acredita que vão acontecer, que têm grandes chances de se tornarem realidade.

- Valor dos itens do investimento inicial - Evolução das unidades que serão vendidas - Sazonalidade das vendas durante o ano - Evolução dos preços dos insumos - Evolução do número de funcionários - Evolução do valor da retirada dos sócios

Se você preparou adequadamente as outras partes do plano de negócio, uma boa parcela dessas premissas já está pronta. Mesmo que ainda não tenha estipulado todas as premissas que vai necessitar no Planejamento Financeiro, não se preocupe: isto pode ser feito agora. Boas premissas são fundamentais para um plano financeiro, pois elas influenciam as conclusões sobre se o negócio é promissor ou não, se vale a pena investir tempo e dinheiro nele ou não.

2.2. O Modelo Financeiro Um modelo financeiro é um conjunto de planilhas financeiras que representa o que acontece nas finanças da sua empresa. Em geral, o modelo financeiro é feito com a ajuda de uma planilha financeira, como o Excel da Microsoft, o Numbers da Apple ou o Calc do OpenOffice. Esse conjunto de planilhas pode ser extremamente sofisticado, com centenas de linhas e colunas, como as preparadas por analistas financeiros profissionais, principalmente aqueles que trabalham em bancos de investimento ou firmas de capital de risco; ou pode ser bem simples, bem no estilo “conta de padeiro”. Para o empreendedor de primeira viagem, o desafio a ser vencido neste capítulo é preparar um Planejamento Financeiro por meio de “contas de padeiro”. É claro que, se você tiver conhecimentos mais avançados de finanças, você pode e deve sofisticar seu modelo financeiro. Criamos um modelo financeiro básico em Excel para você usar se quiser. Se preferir, pode alterá-lo para atender sua forma de raciocínio ou ainda criar outra planilha para processar suas premissas. O que importa é que você consiga processar suas premissas e fazer boas análises sobre o futuro do negócio.

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Você poderá escolher utilizar os modelos financeiros com 20 linhas para produtos ou de 100 linhas para produtos. Eles diferem-se apenas no número de linhas disponíveis para você adicionar produtos e serviços. Se o seu negócio possui muitos produtos, por exemplo um mercado, é melhor usar o modelo de 100 linhas. Caso seu negócio tenha poucos produtos/serviço, use o modelo de 20 linhas, pois por ter menos linhas facilita a visualização. As planilhas dos modelos estão protegidas, ou seja, as fórmulas não podem ser alteradas. Entretanto, se você quiser alterar as formulas, basta desproteger as planilhas, usando o botão direito do mouse sobre a aba da planilha que quer mudar e clique em “desproteger”.

Nesse breve texto nos concentraremos na elaboração do Fluxo de Caixa e Análises Financeiras.

Caso você possua conhecimentos de contabilidade e queira apresentar um Planejamento

Financeiro mais sofisticado, com demonstrações contábeis como Balanço e Demonstrações de

Resultados, você pode e deve fazê-lo. Mas para esse exercício nos concentraremos

exclusivamente no Fluxo de Caixa e Análises Financeiras Básicas.

2.2.1. Fluxo de Caixa O Fluxo de Caixa é a principal ferramenta do modelo financeiro, por meio da qual testamos nossas

ideias. Ele nada mais é do que uma forma de organizar as entradas e saídas de dinheiro da

empresa, e é estruturado da seguinte maneira:

Saldo no início do mês1 + Entradas de recursos – Saídas de recursos = Saldo de caixa.

Simples assim. Para brincarmos um pouco com essa ideia faça o exercício de elaborar o seu o fluxo

de caixa pessoal mensal. O exemplo abaixo mostra como pode ser o fluxo de caixa de uma pessoa:

Jan Fev Mar

SALDO NO INÍCIO DO MÊS 0,00 200,00 400,00

Entradas

. Salário 1.400,00 1.400,00 1.400,00 TOTAL DE ENTRADAS 1.400,00 1.400,00 1.400,00

Saídas . Alimentação -320,00 -320,00 -320,00

. Transporte -80,00 -80,00 -80,00

. Água / Luz/ Gás -200,00 -200,00 -200,00

. Aluguel -600,00 -600,00 -600,00

TOTAL DE SAÍDAS -1.200,00 -1.200,00 -1.200,00

SALDO NO FINAL DO MÊS 200,00 400,00 600,00

1 SALDO NO INÍCIO DO MÊS é igual zero no primeiro mês e é igual ao saldo final do mês anterior nos demais meses.

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(Total de entradas - Total de saídas)

Observe que o saldo no final do mês é a soma do Saldo inicial mais o Total de Entradas do mês

menos o Total de Saídas. Nesse exemplo podemos ver que no saldo do final do mês sobram 200

reais a cada mês que passa.

Se o resultado de um Fluxo de Caixa é negativo em algum momento, significa que a pessoa ou a

empresa não tem dinheiro para pagar suas contas naquele momento e, portanto terá que

conseguir novos recursos financeiros por meio de crédito, novos aportes de capital dos sócios, ou

terá de reorganizar sua vida financeira para equilibrar suas contas. No caso de pessoa física

geralmente significa que entramos no limite do cheque especial ou do cartão de crédito. Mas no

Plano Financeiro não pode haver nenhum mês em que o Fluxo de Caixa fica negativo, pois é o

momento em que estamos planejando as contas para evitarmos isso.

No caso de um Fluxo de Caixa de um empreendimento a lógica é a mesma, porém com alguns

elementos a mais, como podemos ver no quadro abaixo. Os elementos da tabela serão detalhados

mais abaixo.

Mês 1 Mês 2 ... Mês 60

Saldo Inicial de Caixa R$ 4.310,00 ... R$ 54.970,00

ENTRADAS

( + ) Investimento inicial R$ 33.000,00 R$ 0,00 ... R$ 0,00

( + ) Receita de Vendas R$ 41.000,00 R$ 96.000,00 ... R$ 144.000,00

( + ) Empréstimo R$ 0,00 R$ 0,00 ... R$ 0,00

( + ) Outras entradas R$ 0,00 R$ 0,00 ... R$ 0,00

( + ) Rentabilidade de aplicações R$ 0,00 R$ 0,00 ... R$ 0,00

TOTAL DE ENTRADAS (A) R$ 74.000,00 R$ 100.310,00 ... R$ 198.970,00

SAÍDAS

( - ) Despesas pré-operacionais -R$ 13.000,00

( - ) Custos e Despesas Variáveis -R$ 20.090,00 -R$ 47.040,00 ... -R$ 70.560,00

( - ) Custos e Despesas Fixas -R$ 36.000,00 -R$ 36.000,00 ... -R$ 24.000,00

( - ) Pagamento de empréstimos R$ 0,00 R$ 0,00 ... R$ 0,00

( - ) Outras saídas -R$ 600,00 R$ 0,00 ... R$ 0,00

TOTAL DE SAÍDAS (B) -R$ 69.690,00 -R$ 83.040,00 ... -R$ 94.560,00

SALDO FINAL DO MÊS EM CAIXA (A - B)

R$ 4.310,00 R$ 17.270,00 ... R$ 104.410,00

O que mudou do fluxo de caixa pessoal? Talvez você imagine que, em um primeiro momento, as

mudanças são mínimas. Foi preciso acrescentar novas linhas na planilha e, talvez, fazer um ajuste

nas fórmulas para incluir estas novas linhas. Se você entendeu dessa forma, não deixa de ter

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razão, mas a mudança está no número de novas linhas e também de novas colunas. Entenda o que

muda da sua planilha pessoal para a planilha de uma empresa:

Novas linhas: Como há mais formas de entradas e saídas de caixa, é preciso considerá-las na planilha. Por exemplo, na parte das Entradas, ao invés do Item Salário, há cinco itens: Investimento Inicial, Receita de Vendas, Empréstimos, Outras Entradas e Rentabilidade de aplicações.

Novas colunas: As colunas representam meses. Em um plano de negócio, a projeção de resultados é feita, em geral, para três ou cinco anos. Assim, uma planilha típica de Fluxo de Caixa de uma empresa para cinco anos deve ter 60 colunas referentes aos meses (12 meses x 5 anos = 60).

Novas planilhas: Além de novas colunas e novas linhas no Fluxo de Caixa, é preciso criar planilhas complementares para calcular cada uma das entradas e saídas da planilha de Fluxo de Caixa. Por exemplo, observe que na segunda linha das Entradas aparecem as “Receitas de Vendas”. Os valores que aparecem nessa linha devem ser trazidos, preferencialmente, de outra planilha de apoio criada só para calcular o valor das vendas totais em cada mês. Essa mesma lógica deve ser utilizada para todas as demais contas de entrada e saída da planilha que calcula o Fluxo de Caixa da empresa. Ou seja, cada linha do Fluxo de Caixa está conectada a outra planilha para calcular esses valores nos sessenta meses.

A seguir vamos falar de cada um dos itens do Fluxo de Caixa e dar exemplos, de como poderiam

ser as planilhas de apoio ao Fluxo de Caixa.

2.2.1.1. SAÍDAS

São todos os itens do Fluxo de Caixa que demonstram gastos de dinheiro. Apresentamos abaixo

uma explicação de cada item de saída bem como um exemplo de planilha de cada tipo de saída,

com base na planilha que estamos deixando disponível para os participantes do Empreenda!

a) Despesas pré-operacionais

São as despesas necessárias para viabilizar o início do empreendimento. Criamos uma planilha de

Despesas Pré-Operacionais e o seu valor total será um dos itens de Saída do Fluxo de Caixa.

Para ajudá-lo a entender como as Despesas pré-operacionais podem ser calculadas, vamos imaginar que você vai abrir uma distribuidora de água engarrafada. Em outras palavras, você vai

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abrir uma loja para vender aqueles garrafões azuis de 20 litros. Será uma loja muito pequena, com apenas dois entregadores e um atendente. Seu público-alvo serão as empresas e as residências de um bairro de classe média alta da cidade de São Paulo. Quais os investimentos iniciais que você deveria fazer antes de abrir seu negócio?

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Exemplo de Despesas Pré-Operacionais

Itens de Despesas Pré-Operacionais Valor do item

Reforma R$5.000,00

Computador e impressora R$3.000,00

Galões de água R$2.000,00

Móveis R$1.000,00

Custo de estoque R$1.000,00

Licenças de funcionamento R$1.000,00

Total das Despesas Pré-Operacionais R$13.000,00

É importante prever dentro das despesas pré-operacionais o Custo de Estoque, que será uma quantidade média de produtos que ficam disponível para venda.

b) Custos e Despesas2 Variáveis

Os custos ou despesas variáveis são aqueles que variam proporcionalmente ao volume de

produção e de vendas. Ou seja, quanto mais seu negócio vende ou produz, maiores são os custos

variáveis. É caso dos de impostos de venda, como o ICMS3, COFINS4 e CPP5, que variam com o

volume de vendas.

IRPJ CSLL COFINS PIS/

PASEP CPP ICMS ISS IPI Aliquota

Total

Ano 1 2,75% 1,25% 4,00%

Ano 2 2,75% 1,25% 4,00%

Ano 3 2,75% 1,25% 4,00%

Ano 4 2,75% 1,25% 4,00%

Ano 5 0,86% 2,75% 1,86% 5,47%

Outros custos variáveis importantes no negócio dos galões de água são os de refis dos galões e o

de transportes, que nesse é pago por entrega. Quanto mais galões a empresa vender, maior serão

os custos com o refil e o transporte. A tabela abaixo mostra outros custos unitários variável de

cada venda, além dos impostos.

Outros Custos Variáveis por Unidade (ex. mão de obra,

2 Nesse exercício não estamos fazendo distinções entre os termos custos e despesas. 3 Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços 4 Contribuição para financiamento da seguridade social 5 Contribuição previdenciária patronal

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matéria prima, insumos) em reais

Nome do Produto/Serviço Total de Outros Custos

Variáveis por Unidade (B) Refil Transporte

Galão de água R$9,00 R$5,00 R$4,00

Vamos supor que o galão de água seja vendido por 20 reais. Considerando o exemplo acima, o

custo variável seria no primeiro ano de 20 reais (preço de venda) x 4% (impostos) = 0,80 reais mais

os outros custos variáveis que são de 9 reais. O custo total variável seria no primeiro ano de 9,80

reais por galão vendido, e aumentaria no quinto ano para 10,09 (20 reais x 5,47% + 9 reais) devido

ao aumento dos impostos no quinto ano.

c) Custos e Despesas Fixos

Os custos ou despesas fixos são os gastos que não têm uma relação direta com o número de

produtos vendidos ou produzidos. Ou seja, são constantes, independentemente das vendas.

Vamos pensar em alguns exemplos: o aluguel, os custos administrativos, o IPTU, etc. É preciso

pensar quais dos custos mensais do seu negócio são fixos. Isso varia de negócio para negócio.

d) Pagamento de empréstimos

Caso o empreendedor tenha obtido um empréstimo, o pagamento do mesmo deve constar nas

saídas do fluxo de caixa.

e) Outros custos e despesas

Nesse item do Fluxo de Caixa colocamos todos os custos que são eventuais, pois não são custos

variáveis, (relacionados ao volume de venda ou de produção) e também não são custos fixos, que

ocorrem todo mês. Um exemplo é quando uma empresa precisa trocar uma impressora, pois esse

gasto não acontecerá mensalmente, e também não tem relação com o volume de venda.

2.2.1.2. ENTRADAS

Entradas são recursos financeiros que entram no caixa do empreendimento: o investimento inicial dos sócios, as receitas de vendas e outras receitas.

f) Investimento Inicial

O primeiro recurso que entra no caixa do empreendimento geralmente é o Investimento Inicial,

que é o dinheiro que os sócios investem para começar o negócio, que é composto pelo valor que

cobrirá as despesas pré-operacionais e o capital de giro necessário para iniciar o negócio.

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Qual é o total que você vai precisar investir para criar o seu negócio? A resposta à esta pergunta é a primeira etapa do Planejamento Financeiro para empreendedores de primeira viagem. Como você responderia a esta pergunta? Em geral, empreendedores de primeira viagem trabalham com duas abordagens para responder a esta questão:

Quanto será necessário investir para criar o negócio? Ou;

O que posso fazer com o dinheiro que tenho disponível para criar o negócio? A primeira abordagem ilustra uma situação ideal, em que o empreendedor precisa pensar em todos os investimentos prévios que terá que fazer antes da empresa começar a funcionar. Isto envolve a reforma ou compra do imóvel onde funcionará o negócio, a aquisição ou aluguel de

máquinas, equipamentos, móveis, veículos, insumos de produção/serviço6, utensílios, o

pagamento de alvarás, o pagamento de despesas pré-operacionais7 etc. A segunda abordagem ocorre quando o empreendedor não pensa na situação ideal, mas na situação possível considerando o recurso financeiro que ele tem em mãos. Esta abordagem é a mais praticada por todos os que abrem seus negócios. Em geral, são pessoas que têm alguma economia, ou que venderam algum bem como um imóvel ou veículo, ou, ainda, que foram demitidas e receberam seus fundos de garantia e decidiram partir para um negócio próprio. Para o empreendedor de primeira viagem que acredita na importância do planejamento prévio do negócio, o cálculo do capital inicial deve levar em consideração as duas abordagens. Para que ocorra desta forma, é preciso pensar em qual seria o investimento mínimo ideal para a empresa começar a funcionar. Existe uma diferença entre o mínimo “ideal” e o mínimo “necessário”! O mínimo necessário é o investimento para criar um negócio genérico gastando-se o mínimo possível. É o empreendedor que pensa em abrir um restaurante e tenta encontrar o imóvel mais barato possível na região. No investimento mínimo ideal, as questões de inovação ou diferenciação do negócio são plenamente preservadas. Nesta situação, a preocupação do empreendedor é como investir o mínimo possível e, ainda assim, criar um negócio diferenciado do genérico. No exemplo do restaurante, o empreendedor buscaria todos os imóveis que poderiam oferecer uma experiência diferenciada ou inovadora para o cliente e, entre as alternativas que encontrasse, decidiria pela mais barata. Enquanto o dono do restaurante genérico pensa só no custo (mínimo necessário), o empreendedor do restaurante diferenciado ou inovador pensa na relação custo/benefício (mínimo ideal).

6 Depende do tipo de negócio. Insumos para uma fábrica incluiriam matéria-prima; para um salão de beleza seriam os cosméticos, as

toalhas, etc.; para uma empresa de consultoria, material de escritório.

7 Também depende do negócio. Poderia incluir despesas com advogados (contratos), contadores, criação e registro de marcas, etc

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Para calcular o investimento mínimo ideal ou necessário para abrir seu negócio, considere todos os pagamentos que você fará antes de a empresa abrir suas portas. Considere o investimento em imóveis (compra, reforma/adequação), os móveis, as máquinas e os equipamentos, os veículos, as despesas burocráticas para você formalizar seu negócio (advogados, contadores, consultores, taxas e impostos) e os alvarás (vai depender do tipo de negócio). Faça uma lista com os valores que você estima que vai desembolsar. Além desses valores, será necessário prever o quanto de dinheiro será necessário investir até que o negócio comece a dar um fluxo de caixa positivo, ou seja, até que o valor das receitas com vendas supere os valores de despesas do negócio. Chamamos esse dinheiro a ser investido de Capital de Giro. A forma mais fácil de estimá-lo é fazer o Fluxo de Caixa completo e depois ir testando quanto de capital de giro terá que ser investido, uma vez que essa definição depende das projeções de receitas e despesas. Constitui o Investimento Inicial o valor necessário para cobrir as despesas pré-operacionais mais o

valor de capital de giro necessário para o funcionamento do negócio até que as vendas superem

as despesas.

Exemplo de Investimento inicial

Itens do investimento inicial Mês 1

Despesas pré-operacionais (vem da planilha 1) R$ 13.000,00

Capital de Giro R$ 20.000,00

TOTAL DOS INVESTIMENTOS DOS SÓCIOS R$ 33.000,00

g) Receitas de Vendas

As receitas de vendas são a previsão de quanto dinheiro o empreendimento conseguirá obter com

a venda dos produtos mês a mês. Essa informação depende de sua análise de mercado e suas

estimativas de quanto conseguirá vender de seu produto ou serviço, mês a mês.

Ao projetar suas vendas, é importante considerar duas questões.

O início das vendas: geralmente os novos empreendimentos não começam a vender

muito desde o início, pois demora um tempo até que consigam divulgar seus produtos ou

serviços e conquistar clientes. Por isso, em geral é razoável pensar em um aumento

progressivo de vendas. Alguns negócios demoram alguns meses para fazer a primeira

venda, e precisam realizar reformas da loja e divulgação.

A sazonalidade das vendas: muitos tipos de negócio têm uma variação na quantidade de

produtos ou serviços vendidos ao longo do ano. Por exemplo, uma sorveteria venderá

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mais no verão do que no inverno. Uma papelaria que vende material escolar tem seu pico

de venda próximo ao mês de início das aulas. Analise, no seu negócio, quais serão os

melhores e os piores meses de venda de acordo com o período do ano.

h) Entrada de empréstimos

Uma possível entrada de recursos é obter um empréstimo ao invés de colocar dinheiro próprio no

negócio.

i) Outras receitas

Nesse item de receitas consideramos as receitas que não provêm das vendas de produtos e

serviços. Alguns exemplos são as receitas que vêm de aplicações financeiras ou ainda da venda de

um imóvel.

j) Rentabilidade de aplicações

Nesse item consideramos os rendimento dos recursos de sobram em caixa em cada mês e que

podem ser aplicados de forma a obter alguma remuneração. A boa gestão do dinheiro que fica no

caixa pode aumentar a lucratividade do negócio.

2.2.1.3. INFLAÇÃO NO MODELO FINANCEIRO

A inflação é o aumento generalizado de preços, que no Brasil está em torno de 4 a 5% ao ano. No

plano de negócios, a melhor forma de lidar com a inflação é considerá-la como inexistente, pois

dessa forma podemos comparar os valores dos 5 anos. Caso contrário, não conseguiríamos

comparar um valor do quinto ano com um do primeiro. Mas essa abordagem exige um cuidado: o

de considerar no plano os valores que por ventura variem acima ou abaixo da inflação.

Por exemplo, no caso da rentabilidade das aplicações financeiras deve ser considerada apenas a

remuneração que for acima da inflação. Na planilha de modelo financeiro que você pode obter por

download isso é possível de ser ajustado.

Com essas informações já é possível construir o Fluxo de Caixa do seu negócio. O primeiro passo é

reunir todas as informações de entradas e saídas. Então crie ou adapte um modelo financeiro para

processar as informações.

Junto a esse material didático você pode fazer o download de planilhas de modelo financeiro de

fluxo de caixa para processar os dados do seu negócio. É fundamental que você compreenda

como as informações do modelo estão relacionadas.

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2.3. Análises financeiras Ao terminar de preencher o modelo financeiro do negócio é possível fazer análises financeiras.

Veja a seguir três importantes indicadores do sucesso ou fracasso do negócio.

2.3.1. Ponto de Equilíbrio O ponto de equilíbrio é um indicador sobre o tempo que um negócio demora para que as Receitas

de Vendas se igualem as Despesas. Enquanto isso não acontece os sócios precisam colocar

dinheiro no caixa para que a empresa possa funcionar (faz parte do Investimento Inicial, como

vimos anteriormente).

Assim, dizemos que no mês em que as Receitas de Vendas Mensais se igualam às Despesas, a

empresa atingiu o ponto de equilíbrio.

2.3.2. Payback Outra análise financeira muito importante para empreendedores de primeira viagem é o payback. Não há uma tradução popular para a análise de payback, por isso utilizamos o termo em inglês mesmo. Na análise de payback, calcula-se o período de tempo (em meses) no qual o empreendedor e os sócios poderiam conseguir recuperar o capital inicial investido, se optassem por “sacar” todo o fluxo líquido de caixa mensal (a partir do momento em que este ficasse positivo, é claro). Seguindo esta lógica, é preciso somar os fluxos líquidos mensais de caixa.

2.3.3. Taxa Interna de Retorno Esse é um conceito financeiro que mede a rentabilidade do dinheiro investido no negócio.

É uma comparação entre o dinheiro investido inicialmente com o dinheiro produzido pelo negócio. Nesta perspectiva, você deve encarar seu novo negócio como se fosse um investimento financeiro. No fundo, o novo negócio é, de fato, um investimento financeiro, pois é necessário fazer investimentos (iniciais) e, depois, aguardar se este investimento dará retornos que o empreendedor poderá “sacar”. Assim, o empreendedor deve entender o investimento em seu novo negócio como se fosse um investimento em uma aplicação financeira, como uma poupança, um fundo de renda fixa, a aquisição de um imóvel para aluguel etc. Neste contexto, o empreendedor precisa saber calcular a taxa de retorno de investimento (em finanças, isto é conhecido como taxa interna de retorno ou, apenas, TIR). Para calcular a taxa de retorno do seu investimento, você precisa ter em mãos o Capital Inicial total e a estimativa de fluxo líquido de caixa para os primeiros cinco anos. Com estes dados, utilize a lógica apresentada na planilha abaixo.

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A B

1 Dados Descrição

2 -70.000 Investimento inicial do negócio

3 12.000 A receita líquida do primeiro ano

4 15.000 A receita líquida do segundo ano

5 18.000 A receita líquida do terceiro ano

6 21.000 A receita líquida do quarto ano

7 26.000 A receita líquida do quinto ano

Fórmula Descrição (resultado)

=TIR(A2:A6) A taxa interna de retorno do investimento após quatro anos (-2%)

=TIR(A2:A7) A taxa interna de retorno após cinco anos (9%)

Essa taxa faz mais sentido se a compararmos com outras taxas de rentabilidade, tais como a SELIC (Taxa de Juros dos Títulos Brasileiros) ou ainda fundos de aplicação.

3 Como apresentar suas conclusões sobre a parte financeira no plano de

negócio

Ao terminar de fazer suas planilhas com o modelo financeiro, é preciso apresentá-las no plano de

negócio, descrevendo aos leitores como você chegou às suas conclusões sobre a parte financeira

do negócio.

Dessa forma, devem constar no capítulo Finanças do seu Plano de Negócio:

1) As premissas, tais como:

a. Despesas pré-operacionais

b. Custos Fixos Anuais

c. Custos Variáveis Anuais

d. Outras entradas e saídas Anuais

e. Impostos Anuais

f. Investimento inicial

2) O Fluxo de Caixa Anual

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3) Análise Financeira (TIR, Payback e Ponto de Equilíbrio).

4 Fiz o Planejamento Financeiro, e daí?

Neste momento, o plano de negócio estará quase finalizado. Após o término do Planejamento Financeiro, é preciso ajustar o texto inicial da apresentação da oportunidade de negócio. Para que a apresentação da oportunidade seja sustentável (defensável) é preciso que traga as mesmas conclusões do Planejamento Financeiro. Depois de atualizar a apresentação da oportunidade, faça uma nova leitura de todo o plano de negócio e peça para que outras pessoas também façam a mesma coisa. O objetivo é coletar sugestões de melhorias.