apostila economia e financas

Upload: camilaac82

Post on 18-Oct-2015

104 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

  • ECONOMIA E FINANAS

  • S1. Economia ............................................................................................................................. 11 1.1. De que trata a economia .................................................................................................... 13 1.2. Escassez e fatores de produo ........................................................................................ 13 1.3. Custo de oportunidade ....................................................................................................... 13 1.4. Curva de possibilidade de produo .................................................................................. 14 1.5. Campos da economia ........................................................................................................ 182. Mercado ................................................................................................................................. 19 2.1. Conceito de mercado ......................................................................................................... 21 2.2. Oferta e demanda .............................................................................................................. 21 Curva de demanda ............................................................................................................ 23 Curva de oferta .................................................................................................................. 26 Oferta, demanda e equilbrio em um mercado competitivo ............................................... 28 Custos e decises de produo......................................................................................... 32 Custo de oportunidade e custo afundado .......................................................................... 35 2.3. Elasticidade ........................................................................................................................ 36 Elasticidade-preo da demanda ........................................................................................ 36 Receita total das empresas e elasticidade-preo da demanda ......................................... 40 Elasticidade-renda da demanda ........................................................................................ 42 Elasticidade-preo da oferta .............................................................................................. 43 2.4. Estrutura de mercado ......................................................................................................... 44 Concorrncia perfeita ......................................................................................................... 45 Monoplio e monopsnio ................................................................................................... 45 Oligoplio e oligopsnio ..................................................................................................... 47

    3. Teoria de determinao da renda e do produto .................................................... 49 3.1. Fluxo circular de renda ....................................................................................................... 51 3.2. A identidade produto = renda = despesa ............................................................................ 52 3.3. Sistema de contas nacionais .............................................................................................. 54 Produto bruto e produto lquido .......................................................................................... 55 Produto interno e produto nacional .................................................................................... 55 Preo de mercado e custo de fatores ................................................................................ 56 Indicadores das contas nacionais ...................................................................................... 57 Interpretao das identidades das contas nacionais ......................................................... 60 O sistema de contas nacionais no Brasil (SCN 2000) ....................................................... 60 3.4 Oferta e demanda agregada ............................................................................................... 61 Curvas da oferta e demanda agregada ............................................................................. 62

    4. O setor externo da economia ....................................................................................... 63 4.1. O balano de pagamentos ................................................................................................. 65 4.2. A taxa de cmbio ................................................................................................................ 73

    Sumrio

  • 5. Teoria monetria ................................................................................................................ 77 5.1. A moeda: conceito e funes ............................................................................................. 79 5.2. Os agregados monetrios .................................................................................................. 80 5.3. O Banco Central ................................................................................................................. 84 5.4.Oscoeficientesdecomportamentoeomultiplicadordosmeiosdepagamento ............... 86

    6. Inflao .................................................................................................................................. 89 6.1. Conceito ............................................................................................................................. 91 6.2.Tiposdeinflao ................................................................................................................ 91 6.3. Principais ndices de preos no Brasil ................................................................................ 91 InstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatstica .................................................................... 92 Fundao Getlio Vargas .................................................................................................. 93 6.4.Asdistoreseasconseqnciasdasaltastaxasdeinflao .......................................... 94

    7. Polticas econmicas ....................................................................................................... 97 7.1. Poltica monetria ............................................................................................................... 99 Conceito ............................................................................................................................. 99 Depsitos compulsrios ..................................................................................................... 101 Operaes de mercado aberto .......................................................................................... 101 Redesconto bancrio ......................................................................................................... 104 Regimedemetasparainflao ......................................................................................... 105 Comit de poltica monetria (Copom) .............................................................................. 106 Formao da taxa de juros ................................................................................................ 107 7.2.Polticafiscal ...................................................................................................................... 107 Conceito ............................................................................................................................. 107 Necessidadesdefinanciamentodosetorpblico(NFSP) ................................................. 110 7.3. Poltica externa ................................................................................................................... 111 Poltica cambial .................................................................................................................. 111 Poltica comercial ............................................................................................................... 113 7.4.Cmbiofixo,cmbioflutuanteecurrency board ................................................................ 114 Taxadecmbiofixa ........................................................................................................... 114 Taxadecmbioflutuante ................................................................................................... 114 Currency board .................................................................................................................. 115

    8. Economia regional e urbana ......................................................................................... 117 8.1. Conceito de espaos em economia ................................................................................... 119 8.2.Espaogeogrficoeespaoemeconomia ...................................................................... 119 8.3. Espacialidade e regionalismo ............................................................................................. 120 8.4. Espao mundial .................................................................................................................. 120 8.5. Formao e tendncias contemporneas da organizao urbano-regional do Brasil ....... 121 8.6. Nova diviso internacional do trabalho .............................................................................. 122 8.7. Cidades globais .................................................................................................................. 122 8.8.Novageografiaeconmica ................................................................................................. 123 8.9 Indstria motriz e plo econmico ....................................................................................... 123 8.10. Desenvolvimento sustentvel ........................................................................................... 123

  • 9. Sistema financeiro nacional .......................................................................................... 125 9.1.Estruturadosistemafinanceironacional .......................................................................... 127 rgos normativos ............................................................................................................. 127 Entidades supervisoras ...................................................................................................... 130 Operadores ........................................................................................................................ 13210. Conceitos bsicos de finanas ................................................................................. 135 10.1. Juros ................................................................................................................................ 137 10.2. Capitalizao simples e capitalizao composta ............................................................. 138 Conceito ............................................................................................................................ 138 Equivalncia e Proporcionalidade .................................................................................... 143 Taxa Nominal e Taxa Efetiva............................................................................................. 144 Desconto ........................................................................................................................... 148 10.3. Fluxo de caixa .................................................................................................................. 154 10.4. Fluxos de pagamentos ..................................................................................................... 155 Conceito ............................................................................................................................ 155 Classificao ..................................................................................................................... 155 Valor presente e valor futuro das rendas .......................................................................... 156 10.5. Sistemas de amortizao ................................................................................................. 159 Sistema de amortizao francs ...................................................................................... 160 Sistema de amortizao constante ................................................................................... 164 10.6. Taxa interna de retorno (TIR) e valor presente lquido (VPL) ........................................... 166 Taxa mnima de atratividade TMA.................................................................................. 168 10.7. Contabilidade de custos ................................................................................................... 169 Terminologia de custos ..................................................................................................... 170 10.8. Anlise de custo-volume-lucro ......................................................................................... 173 Margem de contribuio ................................................................................................... 173 Ponto de equilbrio ............................................................................................................ 174 Custos e tomada de deciso ............................................................................................ 176 10.9. Rentabilidade ................................................................................................................... 176 10.10. Spread ............................................................................................................................ 178

    11. Investimento no mercado financeiro ...................................................................... 181 11.1.Mercadoderendafixa ...................................................................................................... 183 Ttulospblicoseprivadosderendafixa ......................................................................... 183 11.2. Mercado de renda varivel ............................................................................................... 185 Mercado primrio e secundrio para os ativos de renda varivel .................................... 185 11.3. Derivativos ........................................................................................................................ 186 Tipos de contrato .............................................................................................................. 186 11.4. Bolsa e balco .................................................................................................................. 187 Principais caractersticas do balco e da bolsa ................................................................ 188 11.5. Operaes de hedge, arbitragem e especulao ............................................................. 188 11.6. Fundos e clubes de investimentos ................................................................................... 190 Classificaodefundosdeinvestimentos ........................................................................ 190 Classificaodeclubesdeinvestimentos ........................................................................ 191

  • 11.7. Financiamento via mercado de capitais ........................................................................... 191 Conceito de mercado de capitais ...................................................................................... 191 Objetivosdabuscadefinanciamentonomercadodecapitais ......................................... 191 Formas de acesso e produtos ........................................................................................... 192

    12. Project finance ................................................................................................................. 197

    13. Teoria de carteiras e avaliao de risco ................................................................ 201 13.1. Tipos de risco ................................................................................................................... 203 Risco de ativos ................................................................................................................. 207 Relao risco e retorno .................................................................................................... 209 Conceito da teoria de carteira de Markowitz .................................................................... 210 Medidas de risco .............................................................................................................. 211

    14. Referncias ........................................................................................................................ 217

  • O objetivo geral

    Reconhecer conceitos fundamentais de economiaefinanas,necessriosaopleno

    exercciodasfunesdoprofissionalbancrio.

  • Espera-sequeaofinaldoestudodestetemavocpossa:

    DescreverosobjetivosdasCinciasEconmicas.

    Identificarosfatoresdeproduo.

    Descrevercustodeoportunidade.

    Identificarocomportamentodacurvadepossibilidadedeproduoeseus deslocamentos.

    DistinguiroscamposdeestudodasCinciasEconmicas.

    1economia

  • Economia E Finanas 13

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    1.1. DE quE TRaTa a EcOnOMia

    Economia o estudo de como a sociedade decide empregar recursos escas-sos, que poderiam ter utilizaes alternativas, para produzir bens variados e distribu-los para consumo, agora ou no futuro, entre os vrios indivduos e grupos da sociedade.

    Envolve as seguintes questes: que bens sero produzidos e em que quantidades; como os bens sero produzidos; e para quem os bens sero produzidos.

    1.2. EscassEz E faTOREs DE PRODuO

    Diz-se que os recursos so escassos porque a sociedade possui desejos ili-mitados, enquanto os recursos disponveis no o so. Dessa forma, preciso queosrecursossejamutilizadoscomeficincia,isto,tenhamamelhorutili-zao possvel dada a tecnologia disponvel para a produo dos bens que a sociedade demanda.

    Os recursos utilizados para a produo de bens e servios que iro satisfazer os desejos da sociedade so chamados de fatores de produo e podem ser classificadoscomo:

    naturais - so obtidos diretamente da natureza como, por exemplo, a terra;

    trabalho - representam o esforo humano necessrio para a execuo da tarefa como, por exemplo, o empacotamento de mercadorias; e

    capital - podem ser divididos em capital fsico e humano. O capital fsico formado pelos recursos manufaturados utilizados na produo, como, por exemplo, mquinas e equipamentos. O capital humano representa a educao e o conhecimento que esto incorporados na fora de trabalho.

    1.3. cusTO DE OPORTuniDaDE

    Diante da escassez de recursos, a sociedade precisa fazer escolhas que iro direcionar a alocao dos fatores de produo. Por isso, toda escolha implica custo de algo em termos da oportunidade no escolhida. A escolha de uma

  • Programa cErtiFicao intErna Em conhEcimEntos14

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    determinada opo impede o usufruto dos benefcios que as outras opes poderiam proporcionar. O custo de alguma coisa o que voc desiste para obt-la. A isso chamamos de custo de oportunidade. Por exemplo, o custo deoportunidadedeumahoradedicando-seaoestudodeeconomiaefinan-as o que voc deixou de usufruir em lazer. Percebam que a noo de custo de oportunidade ligeiramente diferente dos custos monetrios que estamos acostumados. No exemplo acima, ele no envolve necessariamente despen-der recursos monetrios.

    Vejamosumoutroexemploparafixaroconceito.Considereumaagnciaban-cria que utilizava a totalidade de seus recursos (fsicos e humanos) para a venda de seguros e conseguia vender dez aplices por ms em um mercado que absorvia totalmente essa produo. Diante de uma nova oportunidade de negcios (expanso do crdito, por exemplo), essa agncia resolveu iniciar avendadecrditoconsignado.Porm,aoalocarosrecursosparatalfim,des-cobriu que ter de deixar de vender algumas aplices de seguro para atender nova demanda por crdito. Esse o custo de oportunidade das operaes com o crdito consignado1.

    Aescolhausualmentefeitaentrealternativaspossveiseeficientesrelacio-nadas produo de bens e servios, considerado um dado estoque de fato-res de produo e a tecnologia disponvel. No exemplo da agncia bancria, podemosconsiderar,demaneirasimplificada,os funcionrioseaestruturafsica da agncia como os fatores de produo e os aplicativos no SISBB como a tecnologia.

    1.4. cuRva DE POssiBiliDaDE DE PRODuO

    Em cada dia til, seja nas fbricas, nos escritrios ou nas agncias banc-rias, os trabalhadores produzem uma variedade de bens e servios, cuja quantidade est limitada pela disponibilidade de recursos (fatores de pro-duo) e pela tecnologia que dominamos. Essas duas restries limitam as possibilidades de produo de um pas, de modo que escolhas devem ser feitas. Esse limite descrito pela curva (ou fronteira) de possibilidades de produo (CPP). Em termos um pouco mais formais, a CPP pode ser representadaporumgrficoquedelimitatodasascombinaesdebenseservios que podem ser produzidas (tambm denominada de produo po-tencial ou de pleno emprego dos fatores).1Neste exemplo, estamos desconsiderando a possibilidade de venda conjunta dos dois bens para um mesmo cliente.

  • Economia E Finanas 15

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    Considerando, por simplicidade, uma economia que produza somente m-quinas e alimentos2,oquadroeogrficoumapresentamalgumascombi-naes para as quantidades de mquinas e alimentos a serem produzidas simultaneamente.

    Quadro 1Possibilidades de Produo

    alternativas de Produo Mquinas (milhares) alimentos (toneladas) A 25 0 B 20 30,0 C 15 47,5 D 10 60,0

    E 0 70,0

    Os pontos localizados sobre a curva (pontos A, B, C, D e E) representam a mximaeficinciadeproduo,considerandoatecnologiaeaquantidadedefatores de produo disponveis. De outra forma, os pontos sobre qualquer CPP representam uma economia operando no pleno emprego (no limite da capacidade produtiva), utilizando todos os fatores de produo com a melhor tcnica disponvel. Pontos no interior da fronteira de produo seriam produ-esfactveis,masnoeficientes,poisseriapossvelaumentaraproduo

    Grfico1Possibilidades de produo

    Alimento (toneladas)

    70

    60

    40

    A

    C

    D

    B

    5 10 25 Mquinas (milhares)

    50

    30

    20

    10

    15 20

    G

    E

    F

    2Exemplo adaptado de Vasconcellos e Garcia (2006).

  • Programa cErtiFicao intErna Em conhEcimEntos16

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    de ambos os bens (mquinas e alimentos) com a utilizao da mesma quan-tidade de fatores (ponto F, por exemplo). J os localizados fora da CPP, como o ponto G, estariam alm das possibilidades de produo da economia e no seriam atingidos com os recursos correntes.

    Aoobservaroquadroeogrficoum,percebemosqueparaaumentarapro-duo de alimentos de zero para 30 toneladas (passar do ponto A para o pon-toBnogrficoum),ocustodeoportunidadeemtermosdemquinasigualacincomil.Essaaquantidadesacrificada(custodeoportunidade)dessebem para se produzir 30 toneladas de alimentos. J na passagem do ponto B para o ponto C (produo de 47,5 toneladas de alimentos), embora a quan-tidadeadicionalsacrificadademquinassejaamesma(cincomilunidades),o volume acrescido de alimentos menor do que anteriormente (17,5 tonela-das). Percebam que medida que nos deslocamos do ponto A em direo ao ponto E, o custo de oportunidade se eleva (cada vez mais a reduo da mes-ma quantidade de mquinas resulta em menores quantidades adicionais de alimento). Ou seja, os custos de oportunidade so cada vez maiores quando deslocamos fatores de produo de uma atividade produtiva para outra. Mas qual a racionalidade econmica para essa observao?

    de se esperar que os custos de oportunidade sejam crescentes, j que, quando elevamos a produo de um bem em detrimento de outros, os fato-res de produo transferidos tornam-se cada vez menos aptos para a nova finalidade.Isto,atransfernciavaificandocadavezmaisdifcileonerosaeo grau de sacrifcio vai aumentando (tanto os equipamentos como os traba-lhadores que produziam mquinas agora so alocados para a produo de alimentos).

    Isso resulta do fato de que, em geral, os fatores de produo so especia-lizados em determinadas linhas de produo e no so completamente ou facilmente adaptveis, no curto prazo, a outros usos. Ento, a ocorrncia de custosdeoportunidadecrescentesquejustificaoformatocncavo(oucur-vado para baixo)3 da curva de possibilidade de produo: acrscimos iguais na produo de alimentos implicam decrscimos cada vez maiores na produ-odemquinas,comorealadonogrficodois.

    3 Se os custos de oportunidade fossem constantes, a CPP seria uma reta.

  • Economia E Finanas 17

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    Grfico2curva de possibilidades de produo

    Alimento (toneladas)

    Mquinas (milhares)

    Acrscimo iguais na produo de alimentos...

    ... levam a quedas cada vez maiores na produo de mquinas.

    Fazendo analogia com o exemplo da agncia bancria, ao se redirecionar funcionrios especialistas na venda de seguros para a venda de crdito con-signado, at que eles estejam treinados para a venda do novo produto e do-minem as instrues e os sistemas, o custo de oportunidade em termos de vendas de seguro ser crescente.

    Vale lembrar que a situao mostrada acima deve ser entendida como de curto prazo4: perodo em que tanto o estoque de fatores de produo como a tecnologia so constantes.

    Voc consegue imaginar qual seria o efeito de um avano tecnolgico (melhor aproveitamento dos recursos existentes) na CPP? Ele deslocaria a possibili-dadeproduoparacimaeparadireita(Grficotrs),permitindoqueaecono-mia produzisse mais de ambos os bens (alimento e mquinas) com a mesma quantidade de fatores. Movimento semelhante aconteceria na CPP caso os estoques dos fatores de produo tambm fossem aumentados, mesmo que a tecnologia se mantivesse a mesma.

    Nocasodosistemafinanceiro,ficafcilimaginaroqueaconteceucomaCPPdos bancos com a implantao do sistema on-line e dos terminais de auto-atendimento.

    4Emgeral,define-securtoprazoemmicroeconomiacomooperodoemquepelomenosumdosfatoresdeproduoou a tecnologia no podem ser alterados. J no longo prazo todos os fatores (inclusive a tecnologia) podem ser alterados. Portanto, curto e longo prazo no esto necessariamente ligados a quantidades de dias, meses ou anos do calendrio gregoriano.

  • Programa cErtiFicao intErna Em conhEcimEntos18

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    Grfico3curva de possibilidades de produo

    Alimento (toneladas)

    Mquinas (milhares)

    1.5. caMPOs Da EcOnOMia

    A anlise (ou teoria) econmica normalmente dividida em duas grandes re-as de estudo: a micro e a macroeconomia.

    A microeconomia ocupa-se do estudo de como famlias e empresas tomam decises e de como interagem no mercado. Dito de outro modo, ela cuida, individualmente, do comportamento de consumidores e produtores com vistas compreenso do funcionamento do sistema econmico5.

    A macroeconomia estuda os fenmenos da economia (ou do sistema eco-nmico) como um todo. Trata, por exemplo, do estudo do comportamento dos grandes agregados econmicos, como o comportamento do nvel geral de preos(inflao),dodesemprego,docrescimentoeconmico,entreoutros.

    Vale ressaltar que essas duas reas do conhecimento econmico no podem ser tomadas como mutuamente excludentes. Ao contrrio, a anlise microeco-nmica tem sido cada vez mais utilizada para um melhor entendimento de im-portantes questes macroeconmicas (PINHO e VASCONCELLOS, 2006).

    5 Segundo Mendes (2007), sistema econmico engloba os mtodos pelos quais os recursos produtivos so alocados e os bens so produzidos e distribudos. Os dois sistemas econmicos mais conhecidos so o capitalismo e o socialismo.

  • Espera-sequeaofinaldoestudodestetemavocpossa:

    Representargraficamenteodeslocamentodascurvasdedemandaeoferta.

    Descreverosconceitosdeelasticidadeerestriooramentria.

    Conceituarmercado.

    Descreverasprincipaisestruturasdemercado.

    Descreverasteoriasdaofertaedademanda.

    Explicarcurvadedemandaedeoferta.

    Relacionarfatoresquepodemprovocardeslocamentosnascurvasde oferta e de demanda.

    Caracterizarmercadocompetitivo.

    Descreveroprocessodeequilbriodomercadocompetitivo.

    Relacionarcustosedecisesdeproduo.

    2mercado

  • Economia E Finanas 21

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    2.1. cOncEiTO

    Mercado o encontro entre vendedores e compradores. Um mercado pode estar em qualquer lugar: na esquina de uma rua, no outro lado do mundo ou bemperto, comoo telefone ou os classificados do jornal.Noprecisa sernecessariamente um lugar fsico. Nele esto presentes os fundamentos da procura e da oferta, que so as foras que movem as economias de mercado e representam os interesses de consumidores (ou compradores) e produtores (ou vendedores).

    Para saber como um fato ou medida de poltica econmica afetar a economia, preciso prever seu impacto sobre a oferta e a demanda. Por isso, conhe-cimento, previsibilidade e expectativas adequadas com relao ao compor-tamentodomercadopodemdeterminaraeficciadaspolticaseconmicas.

    2.2. OfERTa E DEManDa

    As anlises nesta seo valem-se da hiptese de que, ao se avaliar o compor-tamentodeumavariveleconmicaespecfica,tudoomaispermanececons-tante. Assim, por exemplo, ao se estudar a relao entre preo e demanda (consumo), assume-se por hiptese que, excluindo o preo, todas as demais variveis que afetam as decises de consumo so mantidas constantes. A expresso em latim ceteris paribus ser utilizada nesta apostila sempre que for necessrio frisar o aspecto de que estamos considerando somente as al-teraes em um dos componentes que afetam a varivel em estudo.

    Em termos conceituais, costuma-se definir a demanda (individual) como aquantidade de bens e servios que o consumidor deseja adquirir em determi-nadoperododetempo.Nessadefinioprecisodestacardoiselementos:

    ademandarepresentaodesejo(aaspirao)deadquirirumbemenoa sua efetiva realizao. No devemos confundir demanda com compra, tampouco oferta com venda; e

  • Programa cErtiFicao intErna Em conhEcimEntos22

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    ademandadeveserestabelecidaemumespaodetempoespecfico.No faz sentido dizer que o Joo deseja cinco unidades de um determi-nado produto. Deve-se pontuar qual a periodicidade desse desejo (se-mana, ms, ano).

    Mas,afinal,doquedependeodesejodeadquirirbenseservios?Quaissoas variveis que afetam as decises de consumo?

    A teoria da demanda parte da hiptese de que os consumidores so racionais6 e faro as melhores escolhas (aquelas que do ponto de vista individual lhes proporcionaro a maior satisfao), restritas s possibilidades oramentrias. Assim, devemos considerar que os gostos prprios de cada um (prefern-cias), as limitaes oramentrias (restrio oramentria), os custos de aquisio dos bens (preo), entre outros, so fatores que afetam os desejos de consumo das pessoas.

    Domesmomodoqueparaademanda,conceitualmentedefine-seoferta(indi-vidual) como a quantidade de um bem ou servio que os produtores desejam vender em um determinado espao de tempo. Assim como no caso dos con-sumidores (demandantes), as empresas (ofertantes) fazem consideraes econmicasesuasdecisessotambminfluenciadasporvriosfatores:

    emprimeirolugar,aofertadependedopreodoproduto.Tudoomaisconstante (inclusive os custos), quanto maior o preo de venda, mais lucrativo ser produzi-lo e maior ser o desejo das empresas de ofertar o produto; e

    emsegundolugar,aofertadependetambmdospreosdosfatoresdeproduo utilizados (custos). Se houver aumento nos preos dos fatores (elevao dos salrios, por exemplo), tudo o mais permanecendo cons-tante, a lucratividade da empresa ser reduzida e o desejo de produzir e ofertar bens poder ser menor.

    Portanto, o comportamento econmico implica escolhas racionais: onde hou-ver espao para melhorar os benefcios, empresas e consumidores agiro no sentido de alcanar o maior nvel de lucro ou de satisfao.

    6Racionalidadeeconmicasignificaqueosagenteseconmicos(compradoresevendedores)ponderamosbenef-cios e os custos de sua deciso de forma a obterem vantagem mxima.

  • Economia E Finanas 23

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    Grfico4a curva de demanda

    Preo

    Quantidade

    curva de demanda

    Comoestudarainflunciadoconjuntodefatoressobreademandaseriabastan-tecomplexo,emgeral,oseconomistasfazemumasimplificao.Essasimplifi-cao consiste em considerar cada efeito separadamente (a chamada condio ceteres paribus). Por exemplo, dizemos que se tudo o mais estiver constante, a demanda tende a variar inversamente em relao aos preos. A representa-ogrficadessarelaoinversachamadadecurvadedemanda.Deoutromodo, as diferentes quantidades de um bem ou servio que os consumidores compram e seus respectivos preos - de acordo com a sua preferncia, renda e outrosmotivos-podemserrepresentadasnacurvadedemanda(Grfico4).

    a existncia da relao inversa entre preo e quantidade que d o formato negativo na curva de demanda. Desse modo, medida que o preo sobe, a quantidade demandada diminui e, contrariamente, uma queda no preo gera um aumento da quantidade demandada.

    Nessarelaoentrepreoequantidadedemandada,doiselementosdefinemconjuntamente as mudanas nas quantidades demandadas em decorrncia das mudanas de preo:

    efeito substituio - retrata o fato de que sempre trocaremos bens caros por bens mais baratos. Portanto, ceteres paribus, a uma elevao dos preos (do bem A, por exemplo) decorrer um menor desejo em consumir esse bem, se houver um substituto para ele (o bem B, por exemplo) que satisfaa s mesmas necessidades. Assim, quando o preo do bem A au-menta, o consumidor passa a adquirir o substituto (bem B), reduzindo a demanda pelo bem A e aumentando a procura pelo bem B;

  • Programa cErtiFicao intErna Em conhEcimEntos24

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    efeito renda - retrata que mudanas nos preos alteram o poder de compra dos consumidores. Por exemplo, supondo que a renda nomi-nal dos consumidores permanea constante, a elevao do preo do cinemafarcomqueelesfiquemmaispobresemtermosdeentradasde cinema e a demanda por esse bem tender a diminuir. Complemen-tarmente, para continuar consumindo a mesma quantidade de cinema, ter que abrir mo do consumo de outros bens. Ento, mesmo que no exista um substituto prximo, se o bem no for estritamente essencial, a elevao do preo pode reduzir a demanda como resultado da ao do efeito-renda.

    Vale adicionar dois elementos na discusso da curva de demanda. A curva de demanda nos mostra o conjunto de todas as combinaes possveis en-tre preo e quantidade demandada (ou desejada). Portanto, quando falamos em demanda, estamos nos referindo curva como um todo. Por outro lado, quando nos referimos a uma certa quantidade demandada, estamos nos re-portandoaumpontoespecfico(certacombinaodepreoequantidade)aolongo da curva de demanda.

    Efetivamente,aprocuraporumamercadorianoinfluenciadaapenasporseu preo. Como dissemos anteriormente, uma srie de outras variveis (ren-da, preferncias, entre outros) tambm pode afetar a demanda. Quando essas variveis esto em ao, mantendo-se constante o preo do bem desejado, observamos um deslocamento da curva de demanda (para a direita ou para a esquerda,dependendodoefeito).Osgrficoscincoaebabaixoilustramdeslocamentos da curva de demanda.

    Grfico5a Grfico5b

    Preo

    Quantidade

    curva de demanda

    D1

    D2

    Aumento de demanda

    Preo

    Quantidade

    curva de demanda

    D1

    D2

    Reduo de demanda

  • Economia E Finanas 25

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    Ogrfico cinco a exemplifica o deslocamento da curva da demanda porameixas como resultado, por exemplo, do aumento da renda dos indivduos. Como existem mais recursos para serem gastos no mercado, a cada nvel de preos haver um desejo dos consumidores em demandar uma maior quan-tidadedeameixas.Issoserretratadograficamentecomoumdeslocamentopara a direita e para cima da curva de demanda por ameixas.

    Ogrfico cinco b exemplifica o deslocamento da curva da demanda porameixas em resposta, por exemplo, a variaes dos preos de bens substitu-tos. Suponha que o preo do morango (considerado, por hiptese, um substi-tuto da ameixa) diminua. Nesse caso, os consumidores tendero a substituir o consumo do bem mais caro (ameixa) pelo mais barato (morango). A demanda por morangos ser maior e por ameixas reduzir. Esse efeito registrado como um deslocamento para a esquerda da curva de demanda por ameixas.

    Jogrficoseismostraummovimentoaolongodacurvadedemandaere-trata o fato de que, em geral, quando o preo de um bem aumenta, menor o seu consumo/demanda.

    A esse movimento ao longo da curva d-se o nome de mudana na quanti-dade demandada.

    Para o deslocamento da curva, reserva-se o termo mudana na demanda.

    Preo das ameixas

    Quantidade de ameixas

    Grfico6curva de demanda

    6

    3

    15 23

    A

    B

    O aumento do preo reduz a demanda

  • Programa cErtiFicao intErna Em conhEcimEntos26

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    curva de oferta

    Do mesmo modo que a demanda, a oferta de um bem depende de inmeros fatores.Novamente,parasimplificao,vamosanalisarosefeitosdosdiver-sos fatores separadamente. Nesse sentido, uma curva de oferta representa as diferentes quantidades de bens ou servios que os vendedores esto dis-postos a ofertar a cada nvel de preo.

    Diferentemente da demanda, a curva de oferta mostra uma relao direta (na mesma direo) entre os preos e o desejo de produzir bens. Essa relao direta(quedoformatodacurvaapresentadanogrficosete)deve-seaofatode que, ceteres paribus, um aumento no preo de mercado do bem tende a aumentar a lucratividade das empresas, estimulando-as, portanto, a elevar a produo.

    Preo

    Quantidade

    Grfico7curva de oferta

    Assim como no caso da demanda, devemos distinguir entre oferta e quanti-dade ofertada de um bem. No primeiro caso, estamos nos referindo curva comoumtodoe,nosegundo,estamosfocandoumpontoespecficodacurvade oferta. Assim, um aumento no preo tende a provocar alterao na quanti-dade ofertada, enquanto que alteraes em outras variveis (que no o preo do bem produzido) desloca a curva de oferta.

    A curva de oferta pode deslocar-se para a direita ou esquerda, a partir da in-flunciadevriosfatores,taiscomo:

  • Economia E Finanas 27

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    mudanas no preo dos insumos - o aumento do preo dos insumos podefazercomqueosvendedoresfiquemmenosdispostosaproduzir,reduzindoassimaofertaedeslocandoacurvaparaaesquerda(Grfico8 a). A cada patamar de preo, o desejo das empresas em ofertar o produto menor do que antes;

    alteraes tecnolgicas - o surgimento de uma nova tecnologia que per-mita a menor utilizao de insumos e, portanto, reduza os custos de pro-duo, incentiva os produtores a aumentar sua produo. Dessa forma, a ofertaaumentaeacurvasedeslocaparaadireita(Grfico8b);e

    mudanas nas expectativas - a expectativa de elevao futura do pre-o de um bem pode fazer com que, j no presente, a oferta seja redu-zida. E uma expectativa da reduo futura do preo de um bem pode ensejar, em antecipao, um aumento na oferta.

    Preo

    Quantidade

    Grfico8a

    curva de oferta

    S1

    S2

    Reduo da oferta

    Preo

    Quantidade

    Grfico8b

    curva de oferta

    Aumento da oferta

    S1

    S2

    Um exemplo do fator mudana de tecnologia ocorreu com a Coca-Cola. Na dcada de 80, o preo do acar, proveniente da cana-de-acar, sofreu se-guidos aumentos no mercado internacional. Diante desse panorama, a Coca-Cola desenvolveu uma tecnologia de produo em que o acar oriundo da cana poderia ser substitudo, sem mudana de paladar, por acar produzido a partir do milho. O resultado dessa mudana na tecnologia foi uma diminui-o dos custos de produo, de forma que a um determinado preo, a Coca-Cola desejaria produzir uma maior quantidade de seu produto. A alterao na tecnologia equivale a dizer que a curva de oferta da Coca-Cola deslocou-se

  • Programa cErtiFicao intErna Em conhEcimEntos28

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    para a direita. A mesma quantidade produzida anteriormente poderia, agora, ser produzida a um custo menor. Ou, de outra forma, ao mesmo custo a em-presa estaria disposta a produzir uma maior quantidade.

    Oferta, demanda e equilbrio em um mercado competitivo

    Em primeiro lugar, necessrio caracterizar o que um mercado competiti-vo. Para ser considerado competitivo (ou perfeito), um determinado mercado (o de ameixas, por exemplo) deve apresentar as seguintes caractersticas. Deve existir um grande nmero de compradores e vendedores, de modo que nenhumdeles,individualmente,podeinfluenciaropreoaodecidircomprarou vender um produto. lgico que esse raciocnio no vale caso um gran-de nmero de participantes do mercado tome essa deciso conjuntamente. Alm disso, estamos falando de um mercado cujo produto homogneo (sem diferenciao).Nessecaso,oprodutodeumafirma,essencialmente,umsubstitutoperfeitodoprodutodeoutrafirma.Sehdiferenciaoentreospro-dutos, no estamos falando de um mercado de concorrncia perfeita (como ser visto mais tarde).

    Adicionalmente,nohbarreirasentradadenovasfirmasnessemercado(mobilidade de recursos e produtos), de tal forma que novos concorrentes podem entrar no mercado e os recursos podem ser facilmente transferidos parausosmaiseficientes.Porfim,supe-sequehperfeitainformaonessemercado. Ou seja, demandantes e ofertantes detm perfeito conhecimento das informaes necessrias sobre preos, processos de produo etc. Isso garante que consumidores no paguem um preo mais alto do que o de equi-lbrio de mercado e nem empresas vendam a um preo mais baixo.

    Percebam que pelo tamanho das hipteses, no fcil encontrar em nosso cotidiano um mercado que atenda simultaneamente a todos esses requisitos. Questes subjetivas como atendimento ou preferncia por uma determinada marca podem resultar em diferenciaes que afetam as decises dos consu-midores, ainda que, objetivamente, estejamos falando de um mesmo produto. Essepodeserocasodeumprodutofinanceirocomoumsegurodeautomvel.

    Mercados competitivos, ento, podem ser vistos como uma situao ideal que, em geral, tornam as anlises econmicas mais simples, visto que, nes-se caso, os agentes (empresas e consumidores) consideram os preos dos

  • Economia E Finanas 29

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    Preo

    Quantidade

    Grfico9

    Equilbrio do mercado competitivo

    Preo de equilbrio

    Quantidade de equilbrio

    Equilbrio

    Oferta

    Demanda

    Reforando o conceito: em um mercado competitivo, quem determina o pre-o de equilbrio so as condies de oferta e demanda. Todos os vendedores recebem o mesmo preo pela venda do produto (denominado preo de mer-cado). Os compradores no iro adquirir um produto mais caro, sabendo que

    bens e servios como dados (no so afetados por suas decises individu-ais). Como veremos mais tarde, quando algumas dessas condies no so verificadas,observamosoutrasestruturasdemercado(monoplio,oligoplio,entre outras) e as decises de empresas e consumidores tornam-se um pou-co mais complexas.

    Tendo em mente as caractersticas de um mercado competitivo, estamos ago-ra em condies de analisar a formao do preo de equilbrio (ou equilbrio de mercado). O equilbrio no mercado se origina da interao entre oferta e demanda. Dessa ao conjunta resultar um determinado preo, chamado de preo de equilbrio, ao qual corresponder uma igualdade entre as quan-tidadesofertadaedemandada(Grfico9).Humacoincidnciadedesejos.Assim, ao preo de equilbrio, quantidade de um bem desejada pelos con-sumidores corresponder uma quantidade ofertada pelas empresas. De outro modo, o preo de equilbrio garante que cada comprador disposto a pagar aquele preo encontre um vendedor disposto a vender ao mesmo preo. Per-cebam que esse fato talvez no fosse possvel caso os agentes no possus-sem perfeita informao sobre o mercado.

    p1

    q1

  • Programa cErtiFicao intErna Em conhEcimEntos30

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    podero adquiri-lo a um preo menor. Por seu lado, os vendedores no ven-dero mais barato, sabendo que podero vend-lo a um preo maior. Dessa forma, uma vez alcanado o preo de equilbrio, h uma tendncia natural de que esse preo no se altere, pois no existem motivos para isso. A no ser que ocorram mudanas nas condies de oferta e/ou demanda (deslocamen-tos das curvas).

    Mas como se daria essa tendncia natural dos preos se movimentarem ao ponto de equilbrio?

    Suponhaasituaorepresentadanogrficodezemque,aopreoP0, os de-sejos das empresas em ofertar produtos (QO0) superam os desejos dos con-sumidores em adquiri-los (QD0). Nesse ponto, no h coincidncia de desejos e, portanto, P0 no pode ser um preo de equilbrio (o mercado no est em equilbrio). Tecnicamente, h um excesso de oferta de produto (a distncia en-treospontosAeBnogrfico).Emtalsituao,asforasdemercado(ofertae demanda) agiro para reconduzir esse mercado ao ponto de equilbrio. Os vendedores percebero que no conseguem vender tudo que desejam e caso produzam essa quantidade, seus estoques aumentaro. Assim, como h per-feita informao, os consumidores percebem o excesso de oferta (diferena entre QO0 e QD0) e passam a negociar o preo, motivo pelo qual as empresas oferecem o produto a um preo menor.

    Esse menor preo resultar em incentivos distintos para consumidores e pro-dutores. Os primeiros desejaro mais produtos e os ltimos no sero incen-tivados a produzir a mesma quantidade de antes (setas indicativas ao longo das curvas). Esse movimento de reduo nos preos e na quantidade produ-zida e de elevao no desejo dos consumidores em adquirir o bem acontecer at que oferta e demanda se igualem novamente. Isso acontecer quando o preo alcanar PEnogrficodez.Portanto,emmercadoscompetitivos,opre-o de um bem sempre cai quando h um excesso de oferta (deslocamento do preo de P0 para PE ).

  • Economia E Finanas 31

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    Preo

    Quantidade

    Grfico10Excesso de oferta

    PE

    QD0

    Demanda

    P0

    QE QO0

    A

    E

    BExcesso de oferta

    QD = QO

    Situao inversa ocorre quando o preo est abaixo do nvel de equilbrio (ponto P0dogrfico11).Nessecaso,osconsumidoressoincapazesdecom-prar tudo que desejam (excesso de demanda) ao preo existente e se dis-pem a pagar mais. Os vendedores, observando a escassez, percebem que podem elevar os preos sem reduzir as vendas. E no s isso. So tambm incentivados a produzir mais. Desse modo, o movimento de elevao dos preos conduzir a uma elevao da oferta e a uma reduo do desejo dos compradores em adquirir o bem (conforme as setas indicativas ao longo das curvas). Esse movimento continuar at que o preo de equilbrio (PE) seja alcanado.

    Preo

    Quantidade

    Grfico11

    Excesso de demanda

    PE

    QD0

    Demanda

    P0

    QEQO0

    A

    E

    B

    Excesso de demanda

    Oferta

  • Programa cErtiFicao intErna Em conhEcimEntos32

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    RetomandooexemplodaCoca-Cola(Grfico12):amudanadatecnologiagerou queda no preo e um aumento na quantidade de Coca-Cola negociada no mercado. Houve um deslocamento da oferta da esquerda (O1) para a direita (O2). Como a demanda pelo produto negativamente inclinada (diminuies do preo geram aumento da quantidade demandada) e como houve aumento na produtividade, a Coca-Cola pde diminuir seu preo de P1 para P2, ge-rando um novo equilbrio de mercado com maiores quantidades negociadas (aumento de Q1 para Q2). O resultado foi uma melhoria para consumidores e produtores. Estes pela obteno de maiores lucros e aqueles por comprarem mais a preos menores.

    custos e decises de produo

    Nas consideraes sobre mercado, estabelecemos as decises das empre-sas em termos do preo de mercado dos produtos. Estava implcito na anlise da curva de oferta que o desejo de produzir mais quando o preo aumentava ocorria porque o custo unitrio do produto (ou custo mdio) se mantinha cons-tante. Entretanto isso no verdade sempre e, desse modo, um preo maior no necessariamente levar a uma maior produo. Nossa tarefa agora ser olhar mais de perto o comportamento dos custos e como eles afetam as deci-ses das empresas em produzir ou mesmo encerrar suas operaes.

    Para iniciar a discusso, pense em uma empresa cujo preo de mercado est to baixo que a receita total (preo multiplicado pela quantidade) inferior ao custo total. A pergunta que deve se fazer a essa empresa e se ela deve conti-nuar a operar, mesmo com prejuzo, ou deve fechar as portas. primeira vista essapareceumaperguntanomuito inteligente.Afinaldecontas,porque

    Preo

    Quantidade

    Grfico12

    Mercado competitivo

    P2

    P1

    Q1 Q2

    E1

    E2

    O1

    O2

    D

  • Economia E Finanas 33

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    uma empresa que opera com prejuzo deveria continuar produzindo?

    Antes de respondermos questo acima, importante estabelecermos al-guns conceitos sobre custos, visto que a tomada de decises econmicas , em grande parte, um processo de comparar custos e benefcios:

    Custo fixo (CF) no dependem da quantidade produzida. Custo varivel (CV) como as quantidades produzidas variam diretamen-

    te com o uso dos insumos produtivos (fatores de produo), tais custos se alteram proporcionalmente produo. No limite, quando a produo zero,aocontrriodocustofixo,ocustovariveldeveriasernulo.

    Custo total (CT) soma do CF e CV. Custo mdio (Cme) custo total dividido pela quantidade produzida. Custo varivel mdio (Cvm) custo varivel dividido pela quantidade pro-

    duzida. Custo marginal (Cmg) custo de uma unidade adicional de produto. Como

    ocustofixonomudacomaproduo,pode-sedizerqueocustomarginal o acrscimo do custo varivel necessrio para se produzir uma unidade a mais de produto.

    ilustrando os conceitos

    Imagine uma pequena fbrica (Compre Bem) que produza calas. Para o em-presrio produzir calas, ele aluga uma mquina ou faz um leasing pagando R$20,00 por semana. Esse ser o custo da mquina independente da inten-sidadedeseuuso(custofixo).Amquinaoperadaapenasporumtrabalha-dor, cujo salrio-hora de R$1,00 durante a semana. A mquina operada pelo trabalhador produz uma cala por hora. Assumindo que a empresa contratou o trabalhador durante cinco dias da semana trabalhando oito horas por dia, o produto corrente ser de 40 calas semanais e os custos, tambm por sema-na,seroosespecificadosnoquadrodois:

    Quadro 2custos da fbrica compre Bem, por semana

    cusTOs DaDO POR: EM R$ Fixo Aluguel da mquina CF = 20,00 Varivel 40 calas x uma hora por cala x 1 salrio-hora CV = 40,00 Total Custofixo+Custovarivel CT=60,00

    Mdio Custo total dividido pela quantidade produzida Cme = 1,50

    Varivel Mdio Custo varivel dividido pela quantidade produzida Cvm = 1,00

  • Programa cErtiFicao intErna Em conhEcimEntos34

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    Para entendermos a importncia desses conceitos, bem como a sua aplicabi-lidade para a tomada de deciso correta da empresa, suponha que a fbrica Compre Bem receba uma encomenda de 41 calas semanais ao preo de R$ 1,80 cada. Para produzir a cala adicional, alm das 40 costumeiras, a empresa est pensando na possibilidade de solicitar ao seu funcionrio que faa hora-extra. No entanto, pela legislao vigente, a hora de trabalho adicional custaria empresa R$ 2,00. Deveria a fbrica aceitar a encomenda em sua totalidade?

    A produo da fbrica est em 40 peas semanais e o custo mdio dado por R$1,50,oquesignificaqueaempresaestobtendolucros.Seaumentasseasua produo para 41 unidades olhando apenas o custo mdio (que agora se-ria de R$ 1,51), o empresrio estaria tomando a deciso errada. Isso porque o que relevante para decises na margem (produo adicional) o custo marginal, no o mdio.

    Como o custo marginal para se produzir mais uma unidade (alm das 40) de R$ 2,00, contratar a hora adicional de trabalho reduzir o lucro. Isso porque a receita adicional de vender mais uma cala (receita marginal) menor do que o custo adicional (marginal) incorrido pela empresa para produzir essa unida-de. Em outros termos, o lucro adicional (ou marginal) negativo (Quadro 3).

    Quadro 3lucro marginal

    lucro = Receita Total custo Total

    Receita Total Custo Total Lucro

    Produo de 40 calas (40 x R$ 1,80 = R$72,00) (R$ 60,00) = R$12,00

    Produo de 41 calas (41 x R$ 1,80 = R$73,80) (R$ 62,00) = R$11,80

    O lucro marginal (acrscimo do lucro decorrente da produo adicional de uma unidade) igual diferena entre a receita marginal e o custo marginal. Portanto, o custo marginal deve ser o indicador para a empresa decidir se vale a pena produzir unidades adicionais de produto.

    Agora, suponha que devido concorrncia de produtos chineses, o preo de mercado das calas no Brasil caia para R$1,30. Aqui, voltamos pergunta fei-ta no incio da discusso sobre custos: deveria a fbrica Compre Bem encer-rar as atividades? primeira vista, a resposta positiva, visto que produzindo as 40 calas semanais ela estaria trabalhando com prejuzo: receita total de R$ 52,00 e custo total de R$ 60,00.

  • Economia E Finanas 35

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    O prejuzo advm do fato de que a receita total no est cobrindo o custo total ou, em outros termos, o custo mdio supera a receita mdia (receita total dividida pela quantidade). Apesar disso, se a receita total estiver cobrindo o custovarivel,emboranosuficienteparacobrirtambmocustofixo,aCom-pre Bem deveria continuar a operar pois, enquanto no puder eliminar o custo fixo,oprejuzosermenordoqueseelaencerrarasatividades.Faamososclculos.

    Resultado com a produo de 40 calas: (40 x R$1,30) (R$60,00) = - R$12,00 (prejuzo)

    Resultado sem produo: (0 x R$1,30) (R$20,00) = - R$20,00 (prejuzo)

    Portanto, sensato que a empresa continue suas operaes, pois pelo me-nosumapartedocustofixoestsendorecuperado.Detodaadiscusso,no curto prazo, enquantoos custos fixosnopodemsereliminados,o custovarivel mdio em comparao ao preo deve ser a varivel de deciso entre continuar operando ou no.

    custo de oportunidade e custo afundado

    Jvimos,noinciodestaapostila,oquesignificacustodeoportunidadeobenefcio perdido pelo fato de se aplicar o recurso em uso alternativo. Assim, os custos de oportunidade devem ser levados em considerao na tomada de decises econmicas. Entretanto, existe um outro custo, que se assemelha aoscustosfixos,quenodeveriamser levadosemcontanas tomadasdedecises econmicas. Eles so chamados de custos afundados.

    Emgeral,eledefinidocomoumdeterminadoinvestimentoquenoapresen-ta nenhum uso alternativo, ou seja, um ativo sem custo de oportunidade. Su-ponha que voc seja recm-formado em economia e esteja avaliando a pos-sibilidade de pedir demisso do seu emprego para abrir uma consultoria. No seuclculo,oscustosfixosevariveisenvolvidosnofuncionamentodoseuescritrio, bem como o custo de oportunidade de deixar de receber o salrio do emprego devem ser levados em considerao. No entanto, as despesas efetuadas durante a sua formao (livros, mensalidade escolar etc.) no de-veriam ser ponderadas em sua deciso, pois representam custos afundados.

    Portanto, as decises econmicas devem ser baseadas em custos econmi-cos (que incluem os custos de oportunidade) e no nos dispndios j realiza-dos, pois, muitas vezes, tais dispndios incluem os custos afundados.

  • Programa cErtiFicao intErna Em conhEcimEntos36

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    2.3. ElasTiciDaDE

    Elasticidade-preo da demanda

    Sabemos que mudanas nos preos dos bens, ceteres paribus, provocam alteraes nas quantidades demandadas. Uma questo prtica e de interesse o grau em que a quantidade demandada responde a uma variao nos pre-os. Essa uma considerao importante pois, de um lado, afeta as despesas do consumidor e, de outro, a receita dos produtores. O conceito de elasticida-de-preo da demanda permite determinar o quanto a quantidade demandada depende (ou responde) dos preos, sem que nos preocupemos com as uni-dades de medida do bem produzido.

    Um exemplo pode ajudar a entender esse ponto. Imagine duas curvas de de-manda de bens diferentes que mostrem o seguinte: uma variao de R$ 5,00 nos preos provoca uma alterao de 80 unidades na demanda para ambos os bens. Voc seria capaz de dizer, com a informao acima, qual dos dois bens mais sensvel aos preos? Certamente que no. Imagine que os bens em questo sejam TVs de LCD e feijo. O aumento de R$ 5,00 no preo da TV de LCD representa muito pouco em relao ao preo total do bem. Con-tudo,foisuficienteparaalteraraquantidadedemandadaoquenospermiteafirmarqueademandaporTVdeLCDrelativamentesensvelaalteraesnos preos. J para o feijo no se pode dizer que a alterao na quantidade evidencie uma alta sensibilidade da sua demanda em relao ao preo, uma vezqueavariaodeR$5,00bastantesignificativaemrelaoaopreocorrente do feijo. Por isso precisamos de uma medida diferente para mensu-rar a sensibilidade da demanda a alteraes nos preos.

    A forma utilizada em economia para medir essa sensibilidade a elasticida-de-preo da demanda, na qual se relaciona a variao percentual da quan-tidade demandada com a variao percentual nos preos. O resultado dessa conta nos indicar quantos pontos percentuais a demanda pelo bem x varia quando observamos uma alterao de 1% no seu preo e pode ser represen-tada pela seguinte frmula:

    Elasticidade-preo da demanda = eD= Variao % da quantidade demandada

    Variao % no preo

  • Economia E Finanas 37

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    Onde:

    Variao % na =

    Quant.demandadafinalQuant.demandadainicialx 100

    quant. demandada Quantidade demandada inicial

    e

    Variao % no preo = PreofinalPreoinicial

    x 100 Preo inicial

    Como a relao entre preo e quantidade demandada inversa (negativa), o valor encontrado para a elasticidade-preo da demanda ser sempre negati-vo. No entanto, mais usual represent-la em termos absolutos, porque j est implcito que o sinal negativo. Observem que o conceito de elasticidade fornece um nmero puro, pois no depende da unidade de medida utiliza-da, j que se refere a uma razo entre duas percentagens, de modo que indiferente a unidade de medida da quantidade demanda estar em quilos ou unidades. Essa caracterstica nos permite comparar a sensibilidade de res-posta da demanda a variaes nos preos de produtos e setores diferentes (automveis, celulares, feijo etc.).

    Em valor absoluto, aelasticidadevariaentre zeroe infinito.Assim,preci-samosdefiniralgunsconceitosadicionaisparadizersedeterminadobempouco ou muito sensvel s variaes nos preos.

    Dizemos que a demanda por um bem preo-elstica se a variao de 1% nos preos causar uma variao percentual maior do que 1% na quantidade demandada (ed>1). Por outro lado, uma demanda preo-inelstica ocorre quando diante de uma variao de 1% nos preos, a variao na quantidade demandada menor do que 1% (ed

  • Programa cErtiFicao intErna Em conhEcimEntos38

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    Um exemplo nos ajudar a entender esse ponto. Suponha que os valores apresentados no quadro quatro representem combinaes de preo e quanti-dades da uma curva de demanda por ameixas.

    Quadro 4Demanda por ameixa

    Pontos na curva de demanda quantidades demandadas nveis de preo A 10 0,0 B 9 0,5 C 8 1,0 D 7 1,5 E 6 2,0 F 5 2,5 G 4 3,0 H 3 3,5 I 2 4,0 J 1 4,5 L 0 5,0

    0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

    5,50

    5,00

    4,50

    4,00

    3,50

    3,00

    2,50

    2,00

    1,50

    1,00

    0,50

    0,00A

    B

    C

    D

    E

    F

    G

    H

    I

    JL

    Pre

    o

    Quantidade demandada

    eD = 4,0

    eD = 0,111

    Grfico13curva de demanda por ameixa

    Calculemos ento a elasticidade-preo da demanda para um aumento do pre-o a partir do ponto B para o ponto C e do ponto I ao ponto J.

    No primeiro caso, utilizando a frmula, a elasticidade seria:

    De acordo com esses dados, a curva de demanda por ameixas a constante dogrfico13.

  • Economia E Finanas 39

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    eD (ponto B) = (8 9) x 100

    = 11,11 = 0,111 9

    (1,0 0,5) x 100

    0,5

    Portanto, no ponto B, a elevao de 1,0% nos preos provoca uma reduo de aproximadamente 0,111% na demanda, sugerindo uma demanda inelsti-ca ao preo.

    J para o ponto i, teramos:

    eD (ponto I) = (1 2) x 100

    = 50 = 4,0 2

    (4,5 4,0) x 100 12,5

    4,0

    Esse resultado sugere que no ponto I a demanda seja elstica ao preo.

    Como mostrado nos clculos acima, a elasticidade-preo varia ao longo da curva de demanda, de modo que podemos observar, na mesma curva, regies em que a demanda elstica ao preo e regies em que ela inelstica.

    Vejamosumoutroexemploparanosajudarafixaroconceito.Suponhaqueumasituaodeequilbriosejamodificadaporumaumentodaoferta,comomostradanosgrficos14ae14b.Emambososcasos,ascurvasdeofertaso as mesmas, assim como o preo e a quantidade inicial de equilbrio, mas ascurvasdedemandasodistintas.Nasituaoexpressapelogrfico14a,a partir do equilbrio inicial, h um grande aumento na quantidade demandada epequenavariaonopreo.Jnogrfico14b,ocorreocontrrio.Ento,poderamossertentadosadizerqueademandadoprimeirogrficoelsticaao preo e, do segundo, inelstica.

    Px

    P0

    P1

    Q0 Q1 Qx

    OO

    D

    Gra

    nde

    varia

    o

    no p

    reo

    Pequena variao na quantidade

    Px

    P0P1

    Q0 Q1 Qx

    OO

    D

    Peq

    uena

    var

    ia

    o no

    pre

    o

    Grande variao na quantidade

    Grfico14aElasticidade - preo da demanda

    Grfico14binclinao da curva da demanda

  • Programa cErtiFicao intErna Em conhEcimEntos40

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    Mas, como realadoanteriormente, essa seria umaafirmaoequivocada,visto que elasticidade um conceito pontual e, ao longo da mesma curva de demanda, podemos encontrar situaes de elasticidades maiores e menores doqueaunidade.Portanto,ocorreto,nocasodecurvas,umaafirmaorelativa:ademandarepresentadanogrfico14amaiselsticadoquearepresentadanogrfico14b.Enoqueaprimeiraelsticaeasegundainelstica.

    Receita total das empresas e elasticidade-preo da demanda

    Conhecer a magnitude da elasticidade-preo da demanda em determinado ponto da curva de demanda importante, pois a partir dela podemos inferir se um aumento de preos elevar ou reduzir a receita total do vendedor.

    A receita total de uma empresa igual quantidade vendida multiplicada pelo preo da mercadoria. Sendo assim, como uma elevao nos preos reduz a quantidade demandada, qual deve ser o efeito lquido dessa mudana nos preos?

    A elasticidade-preo da demanda se encarrega de nos responder essa questo:

    seademandaporumbempreo-elstica,umaumentodepreoreduza receita total; se h uma queda de preo, a receita total aumenta. Isso acontece no caso de uma demanda preo-elstica, pois a variao na quantidade mais do que compensa a variao nos preos;

    seademandadeumbempreo-inelstica (elasticidademenorque1), um preo mais alto aumenta a receita e uma queda de preo reduz a receita total; e

    seademandaporumbemtemelasticidadeunitria,oaumentodepreono muda a receita total visto que as variaes no preo e na quantidade se compensam.

    Considere o seguinte exemplo sobre a venda de anncios veiculados em uma revistaespecializadaemmercadofinanceiro.Noperodo1,foramvendidosoito anncios no valor de R$ 7 mil cada. Portanto, a receita publicitria no pe-rodo 1 corresponde a R$ 56 mil. Suponha que houve um reajuste no perodo 2 e o preo do anncio passou a valer R$ 9 mil. Com o novo preo, a revista conquistou apenas cinco anunciantes. Desse modo, a receita publicitria pas-sou de R$ 56 mil para R$ 45 mil.

  • Economia E Finanas 41

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    Calculando a elasticidade-preo da demanda:

    Elasticidade-preo da demanda = Variao % da quantidade demandada

    Variao % no preo

    Variao % na quantidade demandada = 5 8

    x 100 = 37,5

    8

    Variao % no preo = 9.000 7.000

    x 100 = 28,6

    7.000

    Elasticidade-preo da demanda = 37,5

    = 1,3

    28,6

    Como na combinao de preo e quantidade do exemplo (um ponto espe-cficodacurva)ademandapreo-elstica(elasticidademaiorque1),umaumento de preo contribui para a reduo da receita total.

    A reduo da receita ocorre porque o aumento do preo gera dois efeitos:

    efeitopreo-oaumentodepreotendeaaumentarareceita;

    efeitoquantidade-oaumentodopreogeraareduodaquantidadedemandada (lei da demanda), o que tende a diminuir a receita.

    Considerandooexemplo,pode-seafirmarqueoefeitoquantidadefoisuperiorao efeito preo.

    Os exemplos acima nos mostraram a importncia da elasticidade para a deter-minao da receita das empresas diante de uma alterao nos preos. Ento, torna-se relevante relacionar alguns elementos que nos ajudem a entender por-que determinados bens possuem uma elasticidade-preo maior do que outros.

    Como diversos fatores afetam a demanda, no fcil precisar o que efetiva-mente determina a elasticidade-preo da demanda. Contudo, com base na experincia, possvel relacionar algumas regras relativas aos fatores que a influenciam:

    necessidades versus suprfluos - os bens necessrios tendem a ser menos elsticos ao preo. A demanda por um remdio de uso contnuo tende a ser menos elstica ao preo do que a demanda por sorvetes;

    disponibilidades de substitutos prximos - bens que dispem de substitutos prximos tendem a ter uma demanda mais elstica;

  • Programa cErtiFicao intErna Em conhEcimEntos42

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    horizonte temporal em geral, a demanda mais elstica ao preo quanto maior o horizonte temporal em considerao. Isso ocorre porque ao longo do tempo podemos adaptar nosso consumo ou pode surgir um maior nmero de substitutos aos bens, de modo que a demanda tender a ser mais sensvel a elevaes nos preos. A demanda por petrleo um bom exemplo. provvel que daqui a algumas dcadas, com o surgimento de fontes alternativas de energia, a demanda por petrleo se torne muito mais sensvel aos preos do que atualmente.

    Uma ltima nota sobre elasticidade-preo da demanda refere-se a dois casos extremosmostradosnosgrficos15ae15b.Noprimeiro,temosumasitua-o de total insensibilidade aos preos (demanda perfeitamente inelstica). J, no segundo, observamos o outro extremo (demanda perfeitamente elstica).

    Preo

    Quantidade

    Grfico15aDemanda perfeitamente inelstica

    D1

    Um aumento de preo...

    Preo

    Quantidade

    Grfico15bDemanda perfeitamente elstica

    P1

    P2

    elasticidade-preo da demanda = 0

    P1

    variao mnima no preo causa enorme variao na quantidade demandada

    P = P1Os consu-midores compram qualquer quantidade

    P > P1 = ademanda zero

    P < P1 = ademandainfinita

    Elasticidade-renda da demanda

    a medida de quanto a demanda por um bem afetada por mudanas na renda dos consumidores.

    Elasticidade-renda da demanda = Variao % na quantidade demandada

    Variao % na renda

    ...no altera a demanda.

  • Economia E Finanas 43

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    O sinal da elasticidade-renda da demanda depende do tipo de bem envolvido. Quando envolve bens normais a demanda aumenta diante de um aumento da renda e a elasticidade-renda da demanda positiva. Por outro lado, quando envolve os chamados bens inferiores, a demanda diminui quando a renda aumenta e a elasticidade-renda da demanda negativa. Os bens inferiores normalmente so caracterizados por bens de pior qualidade e baixo preo, de modo que quando os consumidores percebem uma elevao de sua renda tendem a substituir o consumo desses bens por outros de melhor qualidade. Podemos citar como exemplo de um bem inferior os refrigerantes no tradicionais (as chamadas tubanas) ou mesmo carne de segunda.

    Em relao aos bens normais (os mais comuns), podem ocorrer duas circuns-tncias em relao elasticidade-renda:

    elasticidade-renda da demanda maior que 1: a demanda elstica em relao renda, ou seja, o aumento da demanda superior ao au-mento da renda. Os economistas costumam rotular os bens com essa caracterstica como bens superiores. Exemplo: artigos de luxo.

    elasticidade-renda da demanda inferior a 1: a demanda inelstica. Nesse caso, em termos proporcionais, a demanda aumenta menos do que o aumento da renda. Exemplo: gneros de primeira necessidade.

    Em termos gerais, produtos bsicos tm elasticidade-renda baixa e os bens suprfluostmelasticidade-rendaalta.

    Elasticidade-preo da oferta

    a medida de quanto a oferta de um bem afetada por mudanas no preo dos produtos.

    Corresponde a: Variao % na quantidade ofertada

    Variao % no preo

    Nosgrficosaseguir(16ae16b),vocencontraoscasosextremosdeelasticidade-preo da oferta. Os casos intermedirios so anlogos ao estu-dado no caso da elasticidade-preo da demanda. No entanto, vale lembrar que, ao contrrio da demanda, a elasticidade-preo da oferta positiva. Isso decorre do fato de que, na curva de oferta, preo e quantidade variam na mesma direo.

  • Programa cErtiFicao intErna Em conhEcimEntos44

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    Grfico16aOferta perfeitamente inelstica

    Preo

    Quantidade

    S1

    Um aumento de preo...

    Preo

    Quantidade

    P1

    P2

    elasticidade preo da oferta = 0

    P1

    variao mnima no preo causa enorme variao na quantidade ofertada

    P = P1Os produtores ofertaro qualquer quantidade

    P > P1 = aofertainfinita

    P < P1 = aoferta igual a zero...no altera

    a quantidade ofertada.

    Fatores que determinam a elasticidade-preo da oferta:

    disponibilidade de insumos - a elasticidade-preo da oferta tende a ser alta quando no h problema de disponibilidade de insumos e baixa quando os insumos so difceis de serem obtidos.

    tempo - a elasticidade-preo da oferta tende a tornar-se maior medida que os produtores tm mais tempo para responder s mudanas de preo.

    2.4. EsTRuTuRas DE MERcaDO

    O termo estrutura de mercado refere-se s caractersticas organizacionais de um mercado, as quais determinam as relaes entre compradores e vende-dores. As vrias formas ou estruturas de mercado dependem fundamental-mente de trs caractersticas principais: nmero de empresas que compem esse mercado, tipo de produto (idnticos ou diferenciados) e se existem ou no barreiras ao acesso de novas empresas a esses mercados. As principais estruturaspodemserclassificadascomo:

    Concorrnciaperfeita

    Monoplio(mercadovendedor)emonopsnio(mercadocomprador)

    Oligoplio(mercadovendedor)eoligopsnio(mercadocomprador)

    Grfico16bOferta perfeitamente elstica

  • Economia E Finanas 45

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    concorrncia perfeita

    Vimos nas sees anteriores quais variveis afetam a demanda e a oferta de bens e servios, e como so determinados os preos, tendo por hiptese que o mercado automaticamente encontra seu equilbrio. Explcita ou implici-tamente,naquelasanlisesestvamossupondoumaestruturaespecficademercado, qual seja, a de concorrncia perfeita.

    As caractersticas da concorrncia perfeita foram detalhadas no item oferta, demanda e equilbrio em um mercado competitivoe, portanto, no sero re-tomadas aqui.

    Monoplio e monopsnio

    O monoplio ocorre no mercado vendedor quando esto presentes as seguin-tes circunstncias:

    presenadeumanicaempresaatuando;

    inexistncia de substitutos prximos para os bens que omonopolistaproduz; e

    existnciadeelevadasbarreirasentradadenovasempresasdecor-rentes dos seguintes fatores:

    controle de um insumo ou recurso escasso; domnio tecnolgico; e economias de escala.

    As economias de escala surgem, por exemplo, a partir da presena de eleva-doscustosfixos,demodoqueoprocessoprodutivossetornavivelquandoa empresa consegue produzir grandes quantidades. Na presena de econo-mias de escala, s as companhias maiores conseguem obter lucros. Alm disso, as empresas existentes apresentam vantagem de custos sobre as em-presasqueentramnomercado. Issosignificaqueaseconomiasdeescalapodemimpediraentradanovasfirmase,porisso,tmopoderdesustentarum monoplio.

    J o monopsnio ocorre no mercado comprador quando h apenas uma ni-ca empresa compradora de um determinado produto e, nesse caso, o preo acaba sendo por ela determinado. Por exemplo, uma fbrica de cigarros em relao aquisio de fumo em determinadas localidades.

  • Programa cErtiFicao intErna Em conhEcimEntos46

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    No caso do monoplio, como ele no toma o preo como dado pelo mercado (elecapazdeinfluenci-lo),noexisteumacurvadeofertadomonopolista.Aquantidadeproduzidadependerunicamentedesuacapacidadedeinfluen-ciar os preos, que limitada pela curva de demanda. Nesse sentido, a curva de demanda do monopolista corresponde curva de demanda do mercado.

    Como a demanda do monopolista a prpria demanda de mercado, tudo o mais constante, alteraes nas quantidades vendidas acontecem somente em resposta a redues nos preos. Ou seja, equivocada a idia de que um monopolistapodeatuarconjuntamentesobrepreoequantidade.Seelefixao preo, o mercado quem determinar a quantidade demandada. Por outro lado, se ele estipular a quantidade a ser vendida, a resposta do mercado vir em termos do preo a que estaria disposto a pagar para absorver a quantida-de ofertada. Portanto, o aumento da produo no monoplio gera dois efeitos sobre a receita do monopolista:

    efeitoquantidade-oaumentodasvendasaumentaareceita;e

    efeitopreo-paravenderunidadesadicionais,omonopolistadeveredu-zir o preo de todas as unidades vendidas, o que provoca uma reduo na receita comparativamente quela obtida com as quantidades vendi-das anteriormente.

    Assim,oresultadofinalsobreareceita totaldeummonopolistadecorrentede variaes nos preos depender da magnitude da elasticidade-preo da demanda. Para nveis de produo pequenos, onde, em geral, a demanda mais elstica, o efeito quantidade tende a superar o efeito preo, elevando a receita total do monopolista em resposta a uma reduo no preo. Por outro lado, para nveis de demanda maiores, a elasticidade-preo tende a ser me-nor, de modo que o efeito preo tende a superar o efeito quantidade. Nessa situao, uma reduo de preo na tentativa de vender mais pode ocasionar uma perda de receita total para o monopolista. Se voc teve dvidas sobre essa seqncia, releia a seo sobre elasticidade-preo da demanda.

    No freqente encontrarmos algum mercado estruturado sob a forma de monoplio puro, exceto quando promovido pelo prprio Estado (em geral no caso de servios pblicos). No entanto, muitos mercados apresentam estrutu-ras prximas ao de monoplio, o que torna o modelo importante para a extra-o de concluses sobre o funcionamento do mundo real.

    Uma ltima nota sobre monoplio refere-se ao poder de mercado do mono-

  • Economia E Finanas 47

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    polista. Abstraindo as formulaes matemticas utilizadas pelos economis-tas, vale uma regra prtica: o poder de mercado de um monopolista (poder de elevar preos, receitas e lucros simultaneamente) est diretamente ligado elasticidade-preo da demanda. Quando menos elstica for a demanda, maior ser esse poder.

    Oligoplio e oligopsnio

    O oligoplio representa uma estrutura de mercado intermediria entre a con-corrncia perfeita e o monoplio. formado por poucos vendedores que com-petem entre si e que detm algum poder de mercado, ou seja, capacidade de afetar o preo por meio de aes individuais.

    resultado dos mesmos fatores responsveis pela formao do monoplio, s que de forma um pouco mais branda. As economias de escala e as dife-renciaes de produtos representam os fatores mais importantes para a for-mao de um oligoplio.

    anicaestruturademercadoemqueasfirmaslevamemcontaasaesdos concorrentes na tomada de decises. Isso acontece porque h uma re-lao de interdependncia entre elas: o lucro no depende somente das pr-prias aes, mas tambm das aes dos concorrentes.

    Empresas oligopolistas podem competir via preos ou quantidades.

    Na concorrncia pelo mercado, quando no existem limitaes da capacidade de produo, a empresa oligopolista pode adotar produtos diferenciados, o quepermiteumconjuntofieldeclientesepossibilitaaprticadopreosupe-rior ao custo marginal.

    Uma outra soluo o comportamento cooperativo. Firmas oligopolistas sa-bemquepodeminfluenciarospreosdemercadoe,portanto,queumaumen-to da produo reduz o preo. Desse modo, elas podem formar um acordo cooperativoparafixarpreos,quantidadesoudividirgeograficamenteomer-cado com o objetivo de maximizar os lucros conjuntos da indstria. O resulta-do de um acordo cooperativo assemelha-se ao monoplio.

    Um acordo cooperativo difcil de ser praticado e, quando feito, geralmente ocorre em desrespeito s leis, em forma de cartel.

    Apesardoacordo,asfirmastmgrandesincentivosparatrairocartel.Apro-duo de uma quantidade superior fixada pelo acordo diminui os lucros

  • Programa cErtiFicao intErna Em conhEcimEntos48

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    conjuntosdaindstria,masaumentaolucroindividualdafirma.Issoaconteceporque o efeito preo gerado pelo aumento da produo menor do que o efeito quantidade (o oligopolista com menor preo tem suas vendas acrescidas consideravelmente). Desse modo, a receita marginal do oligopolista (receita adicional obtida com a estratgia de reduzir os preos) ser mais alta que os custos marginais da operao, e ele pensar que o aumento da produo lucrativo, mesmo que isso reduza os lucros da indstria. Esse comportamento no-cooperativo-ondecadafirmatomasuadecisoestimandoareaodosconcorrentes - gera lucros menores se comparados ao comportamento coo-perativo.Issoporque,nolimite,setodasasfirmasreagiremindividualmenteda mesma forma, nos aproximaremos de uma concorrncia perfeita.

    Algunsfatoresdificultamaformaoeamanutenodocomportamentoco-operativo, entre eles:

    grandenmerodeempresas;

    complexidadedoprodutoedaestruturadepreo;

    diferenadeinteresses;e

    poder de barganha dos compradores, dificultando o cumprimento doacordo.

    O oligopsnio ocorre no mercado comprador. Caracteriza-se pela existncia de poucas empresas compradoras, determinao dos preos por essas em-presasegrandedificuldadedeentradadenovoscompradoresnomercado.Como exemplo, temos a indstria automobilstica e as agroindstrias.

    O quadro trs resume as caractersticas das principais estruturas de mercado estudadas:

    Quadro 3Principais estruturas de mercado

    Tipos de mercado

    Concorrnciaperfeita

    Oligoplio

    Monoplio

    Monopsnio

    Oligopsnio

    n vende-doresmuitos

    poucos

    um

    __

    __

    n compra-

    doresmuitos

    __

    __

    um

    poucos

    Dificuldade de entrada

    no mercadonenhuma

    grande

    total

    total

    grande

    Grau de diferenciao do

    produtonenhum

    padronizado ou diferenciado

    no h substitutos satisfatrios

    __

    padronizado ou diferenciado

    quem determina

    o preomercado

    vendedor

    vendedor

    comprador

    comprador

    Exemplos

    feira livre

    cimento, cerveja, automveis

    cia. de gua e esgotos em determinadas localidades

    setor pblico na aquisio deprodutosespecficos

    agroindstrias

  • Espera-sequeaofinaldoestudodestetemavocpossa:

    Explicarofluxocirculardarenda.

    Descreverofuncionamentodoscomponentesdaidentidademacroeconmica.

    Conceituarosistemadecontasnacionais.

    Descrevercomoseefetuaamensuraodosprodutosagregadosdeuma economia.

    Explicarofertaedemandaagregada.

    3 teoria de determinao da renda e do produto

  • Economia E Finanas 51

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    A macroeconomia, como vimos, o estudo da economia como um todo. Na macroeconomia, a preocupao saber quais as razes para o crescimento, qual o efeito de instituies em nossas vidas ou at mesmo por que pagamos tantos impostos.

    Assim, o primeiro passo a construo de modelos e variveis que possam captar a essncia desses problemas.

    3.1 fluXO ciRculaR DE REnDa

    ummodelosimplificadodofluxodebenseserviosedarendadeumaeco-nomia em determinado perodo.

    Os bens e servios so produzidos e consumidos pela sociedade. Quando os membros de uma sociedade participam do processo produtivo empregando seus fatores de produo, exercem o papel de produtores. Quando conso-mem o que produziram, exercem a funo de consumidores.

    Nofluxocircularderenda,osprodutoressorepresentadospelasempresaseos consumidores pelas famlias. As empresas produzem para que as famlias possam consumir. Os bens e servios so consumidos pelas famlias porque estas obtiveram uma remunerao por meio do emprego de seus fatores de produo no processo produtivo (Figura 1).

    Figura 1fluxo circular de renda

    Empresas Famlias

    (2) Salrios e lucros

    (3)Benseserviosfinais

    (1) Trabalho e Capital

    (4) Renda despendida

    Legenda:1. As famlias empregam os seus fatores de produo (trabalho e capital).2. As famlias recebem uma remunerao na forma de salrios e lucros.3. As empresas utilizam os fatores de produo e disponibilizam bens e servios.4. As famlias adquirem os bens e servios utilizando o rendimento recebido.

  • Programa cErtiFicao intErna Em conhEcimEntos52

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    Nesseprocesso,soidentificadosdoisfluxos:

    de produtos de bens e servios; e

    de renda de salrios e lucros (inclui tambm aluguis e juros).

    Isso o que ocorre no dia-a-dia da economia.

    3.2 a iDEnTiDaDE PRODuTO = REnDa = DEsPEsa

    Utilizandoomodelodofluxocircularderenda,possvelmediroprodutodaeconomiaquerpelasdespesas,querpelarenda.Nomodelodefluxocircularda renda, do ponto de vista das famlias, a despesa para a aquisio de bens e servios igual soma das rendas (salrios, lucros, juros e aluguis). Do ngulo das empresas, o valor despendido para a produo (despesas) equi-valente ao valor recebido pela venda dos bens e servios (renda).

    Assim, produto = renda = despesa.

    valor adicionado

    Considere as informaes do quadro cinco referentes a uma economia hipo-ttica, onde cada setor formado por uma nica empresa.

    Quadro 5

    Produo de uma economia hipottica

    Setor 1 Produo de sementes. O total produzido vendido para o setor 2 R$ 700,00

    Setor 2 Produo de trigo. O total produzido vendido para o setor 3. R$ 1.800,00

    Setor 3 Produo de farinha de trigo. O total produzido vendido para o setor 4. R$ 2.500,00

    Setor 4 Produo de pes. Ototalproduzidovendidoparaosconsumidoresfinais. R$2.900,00

    Total valor bruto da produo R$ 7.900,00

    O valor bruto da produo corresponde ao valor de tudo que foi produzido, isto , ao somatrio da produo de sementes, trigo, farinha de trigo e pes.

  • Economia E Finanas 53

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    Contudo, as sementes, o trigo e a farinha de trigo foram consumidos em di-ferentes estgios da cadeia produtiva dos pes, ou seja, desempenharam a funo de consumo intermedirio. So denominados insumos e representam os bens que so produzidos e utilizados na produo de outros bens.

    Se os insumos fossem considerados no clculo do produto da economia, ocorreria o chamado erro de dupla ou mltipla contagem.

    Usandooexemploacima:ovalordaproduodepes(produtofinal)jlevaem considerao as despesas com a farinha de trigo. O valor da farinha, por sua vez, leva em conta o valor do trigo e assim sucessivamente.

    Para evitar o erro de dupla contagem, uma das formas de calcular o produto deumaeconomiatomarporbaseapenasoprodutofinal.Nocasodoexem-plo, o valor correspondente aos pes produzidos, isto , R$ 2.900,00.

    Se a empresa do setor 2 tivesse vendido empresa do setor 3 apenas o equi-valenteaR$1.000,00emtrigo(insumo)etivesseficadocomosR$800,00res-tantes(produofinalparavendadiretaaoconsumidor),ovalordeR$800,00passaria a integrar o produto da economia que seria, ento, R$3.700,00 (R$2.900,00+R$800,00).

    Outra forma de calcular o produto da economia evitando a dupla contagem, computar na sua apurao apenas os valores adicionados a cada etapa do processo produtivo (Quadro 6).

    Quadro 6Produto de uma economia pelo valor adicionado

    valor bruto da produo insumos valor adicionado Setor 1 R$ 700,00 R$ 700,00

    Setor 2 R$ 1.800,00 R$ 700,00 R$ 1.100,00

    Setor 3 R$ 2.500,00 R$ 1.800,00 R$ 700,00

    Setor 4 R$ 2.900,00 R$ 2.500,00 R$ 400,00

    Total R$ 7.900,00 R$ 5.000,00 R$ 2.900,00

    O somatrio do valor adicionado de cada setor representa o produto da eco-nomia. No exemplo citado, corresponde a R$ 2.900,00.

  • Programa cErtiFicao intErna Em conhEcimEntos54

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    3.3 sisTEMa DE cOnTas naciOnais

    o registro contbil da realidade econmica num determinado perodo.

    Congrega instrumentos de mensurao capazes de aferir o movi-

    mento da economia de um pas num determinado perodo de tem-

    po: quanto se produziu, quanto se consumiu, quanto se investiu,

    quanto se vendeu para o exterior e quanto se comprou do exterior.

    PAULANI e BRAGA, 2001)

    Mensuraroprodutoagregadosignificamedirotamanhodaeconomia,permi-tindo que se avalie o desempenho econmico em relao aos anos anteriores e tambm em relao aos outros pases.

    Os agregados consideram a diferena entre o valor das vendas do produto e o valor de compra dos insumos. Lembre-se de que o valor dos insumos j est embutidonovalordoprodutofinale,portanto,consider-loimplicariaduplacontagem, superestimando o indicador.

    Sob a tica da despesa, corresponde a:

    Y=C+I+G+XM

    Sendo:Y = produto agregado que se quer mensurar;C = consumo das famlias (atendimento das necessidades dos indivduos); I = investimento, composto por dois componentes:

    variao de estoques - representa os bens que no foram consumidos no presente e que sero consumidos no futuro de uma nica vez. Exem-plo: roupas de frio que no foram vendidas no inverno;

    formaobrutadecapitalfixo-representaosbensquenodesapare-cemdepoisdeumanicautilizao.Issosignificaqueparticipamdopro-cesso produtivo ao longo de um determinado perodo de tempo. Exem-plo: mquinas e equipamentos;

    G = compras do governo (bens e servios);X=exportaesdemercadoriaseserviosnorelacionadosaosfatoresdeproduo;

  • Economia E Finanas 55

    Fundao Getlio VarGas - uniVersidade CorporatiVa BB

    M = importaes (so deduzidas para evitar dupla contagem, visto que parte do consumo, dos investimentos e dos gastos do governo realizada em bens e servios importados).

    A partir desses agregados os economistas constroem modelos que permitem fazer previses sobre o andamento da economia.

    Produto bruto e produto lquido

    Osbensincludosnacategoriaformaobrutadecapitalfixo(componentedoitem I na frmula anterior) se desgastam ao longo do tempo, de modo que, aps um determinado perodo, seus valores so inteiramente absorvidos pelo fluxodeproduo.

    Veja um exemplo.

    Uma empresa de confeco de roupas tem um estoque de capital de dez mquinas de costura, com vida til