faculdade de direito do recife : os impactos da dívida pública na economia e nas financas...
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Os Impactos da Dívida Pública na Economia e nas Finanças do país
FDR, UFPE, 28 de março de 2016
PAULO RUBEM SANTIAGOPROFESSOR DA UFPEPRESIDENTE DA FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO
A supremacia da dívida pública por dentro da Constituinte de 1986
Referênciaswww.auditoriacidada.org.brwww.joseluisoreiro.com.brwww.dowbor.orgwww.fazenda.gov.brwww.cartamaior.com.brwww.plataformapoliticasocial.com.brwww.ipea.gov.brwww.inesc.org.brwww.akb.org.brwww.anpec.org.brwww.redefinanciamento.ufpr.br www.plataformadeesquerda.com.br www.facebook.com/paulorubemsantiago
“ Dívida Pública, Política Econômica e o financiamento das universidades federais nos governos Lula e Dilma (2003-2014) ”
Doutorado em Políticas Públicas e Formação Humana - Rio de Janeiro 2015
O que Luiz Fernando Reis investigou em sua tese?
Teses e Publicações
Paula Puliti – Doutorado em Comunicação, USP “O Juro da notícia: O jornalismo econômico pautado pelo mercado financeiro”, Editora Insular, 2014, FlorianópolisRicardo K.Iwata – Doutor em Ciências Sociais - 1999“Ordem mundial e agências de rating: o Brasil e as agências na era global, 1996-2010”, Editora SENAC, 2012, São PauloGerson Lima – Professor Doutor UFPR “Economia, Dinheiro e Poder Político”- 2012 – IBPEX-CuritibaJosé Marcelino Pinto e Silvana Aparecida de Souza ( Orgs)“Para onde vai o dinheiro ? Caminhos e descaminhos do financiamento da educação” , Editora Xamã, 2014, São Paulo.
Pergunta para Paula PulitiLuis Nassif 13/01/2014
P: JG: Você diz, no livro, que desde meados dos anos 1980 a imprensa começou a ser pautada pelo mercado financeiro. Como isso de deu? Qual a origem?
A origem foram os grandes conglomerados bancários que se formaram nos Estados Unidos. Desde antes de 1929, já havia grandes bancos.
Nos anos 1980 e início de 1990, tivemos uma série de fatos que permitiram aos bancos tomar lugar de destaque no discurso econômico, a saber: o
capitalismo venceu a Guerra Fria, Tatcher e Reagan tiveram importantes experiências com o Estado mínimo; prosperaram as escolas de economia; a
econometria ganhou status de neutralidade (os números não mentem); muita gente ficou rica da noite para o dia com ações e surgiram os yuppies.
Isso tudo junto deu força para que o discurso ortodoxo (como hoje é chamado o neoliberalismo) ganhar a posição de destaque que tem hoje. É
difícil encontrar alguém que discorde da ortodoxia. É um discurso vencedor.
Autores ImportantesMaria Lucia Fatorelli –Auditoria Cidadã - AuditoraPaulo Nakatani – Professor Doutor UFES ( http://www.alemdeeconomia.com.br/blog/?p=5850 )Maria de Lourdes Rolemberg Mollo -UnBLuiz Fernando de Paula - UERJJosé Luis Oreiro – UFPR / UnBWilson Cano –UnicampLuiz Gonzaga Belluzzo -UnicampAndré Modenesi – UFRJJoão Sicsú – UFRJFernando Ferrari - UFRS
Artigos que publiquei
http://congressoemfoco.uol.com.br/opiniao/colunistas/a-supremacia-dos-juros/
http://congressoemfoco.uol.com.br/opiniao/colunistas/brasil-o-fim-do-curto-prazo/
http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/Estabilidade-monetaria-A-fraude-dos-dogmas/7/32424
http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Cuidado-com-as-armadilhas/4/34202
Dívida Pública: Abordagens clássicas
1. É um assunto de natureza contábil. A dívida complementa a arrecadação fiscal diante dos gastos públicos;
2. O Brasil é considerado BOM PAGADOR se for capaz de manter estável a DÍVIDA PÚBLICA como proporção do PIB
3. Essa condição faz com que Agências Internacionais de Classificação de Risco nos confiram BOAS NOTAS , o que facilitaria a atração de “ investidores estrangeiros” ao país
4. Omitem-se DELIBERADAMENTE os esclarecimentos acerca da formação da DÍVIDA, sua natureza e suas alterações ao longo do tempo
5. Idem quanto às engrenagens que permitem que a DÍVIDA PÚBLICA seja alimentada, cresça, se torne a principal despesa do TESOURO NACIONAL por anos e anos e quem dela se bneneficia;
6. Por isso não se faz relação alguma entre a DÍVIDA PÚBLICA e a POLÍTICA MONETÁRIA, em especial entre a DÍVIDA e os mecanismos de COMBATE À INFLAÇÃO
Celso Furtado – Capitalismo Global, Paz e Terra, 6ª. ediçãoDesenvolvimento e Subdesenvolvimento, Contraponto ,Centro Celso Furtado, 2009 ( 1961)
“ A verdade é que sempre aparecem pessoas dispostas a
lutar por idéias novas, pondo em risco posições de prestígio e
interesses econômicos.” (p.10).
“ Se o consenso se manifesta por todos os lados, pouca dúvida pode haver de que se atravessa
uma era pouco criativa ” ( p.14 )
A dívida públicaUm fenômeno aparentemente extra-fiscal e contábil, é, na verdade, um sistema que funciona há séculos, estruturada para que os estados centrais/ atores financeiros ( séculos XX / XXI ) extraiam riqueza dos estados-nacionais/ países periféricos;No século XX, a partir dos anos de 1970, passou a exercer papel preponderante no processo de acumulação do capital na esfera financeira, sustentada dos seguintes pilares:
1. Defesa da Estabilidade monetária2. Diagnóstico da inflação via IPCA 3. Controle do déficit público e responsabilidade fiscal4. Influência sobre a política monetária e as autoridades
monetárias – Representantes do mercado financeiro ocupam as funções públicas de qualquer governo
Meirelles e Levy : Dos bancos para o governo
Tese de Luiz Fernando Reis, página 25.
1999-2016 : 17 anos de um sistema dogmático, extorsivo e anti-democrático
1. A esse processo se dá um caráter “ TÉCNICO ”
2. Após décadas de inflação descontrolada, a ESTABILIDADE DA MOEDA passou a ser um VALOR essencial, “ universal ”;
3. A partir do diagnóstico ( a inflação no Brasil é de um só tipo ou tem outras características ?) adotam-se certas medidas
4. O diagnóstico presente é de que a inflação brasileira é de DEMANDA ( poder de compra MAIOR que a oferta de produtos )
5. A inflação, portanto, seria um fenômeno eminentemente MONETÁRIO. Para reprimi-lo aumenta-se a taxa de juros (SELIC)
O novo consenso macroeconômico pós 1989 (*)
“ Uma taxa de inflação baixa e estável é condição sine qua non para o crescimento de longo prazo(...) . A curto prazo, contudo, a redução da inflação exigiria aumentar a taxa de desemprego na economia.”
(*) “ O Regime de Metas de Inflação no Brasil: o que pode ser mudado? ” , Luiz Fernando de Paula e Paulo José Saraiva,CARTA MAIOR, 12 de maio de 2015
A TAXA BÁSICA: SELIC
Como o diagnóstico dominante é de que a INFLAÇÃO é um fenômeno EMINENTEMENTE MONETÁRIO, busca-se reduzir a disponibilidade de moeda circulante e para crédito via bancos;A taxa SELIC é a taxa usada para remunerar as reservas bancárias que o Banco Central adquire diariamente junto aos Bancos, dando a eles, em troca, os Títulos do Tesouro Nacional, com compromisso de recompra-los em um dia ou mais Essa taxa é fixada pelo COPOM –Comitê de Política Monetária do Banco Central (pós-fixada) e serve de referência para a remuneração de outros tipos de títulos também emitidos pelo Tesouro Nacional ( corrigidos pela variação cambial, por índice de preços... )
As determinações de 1999 ( Brasil assina acordo com o FMI )1. Inflação se combate olhando-a para frente, com um regime de metas de inflação, RMI, que no Brasil tem metas ANUAIS2. As medidas anti-inflacionárias visam trazer a inflação para a META em um ano. A META ( 4,5% ) tem intervalos ( 2 pontos ) para menos ou para mais;3. Estabeleceu-se em 1999 que ao lado do RMI se adotaria uma política de câmbio flutuante4. Estabeleceu-se também que seria contabilizada a formação do superávit primário5. A essa combinação se chamou de TRIPÉ MACROECONÔMICO
“O Estado de São Paulo”, 16 de janeiro de 2012
DOGMA: Ajuste fiscal é necessário para garantir receitas a serem aplicadas no pagamento da dívida pública
O esforço fiscal não visa recuperar a capacidade do tesouro em realizar investimentos, mas, sim, uma meta de superávit primário rigorosa;
Para isso cortam-se certos tipos de gastos públicos, mudam-se as desonerações e anuncia-se um forte contingenciamento orçamentário;
Porta-vozes dos mercados afirmam que sem isso as agências internacionais devem rebaixar a nota de risco do país, afugentando-se os “investidores”.
O afastamento dos “ investidores ” pode comprometer o crescimento econômico, a geração de novos negócios, prejudicando o balanço de pagamentos, considerando-se o déficit da balança comercial ;
Contraditoriamente ( ? ), se de um lado há um esforço de corte de gastos, do outro, liderado pelo COPOM, mantem-se elevadas as despesas de caráter continuado com a altíssima taxa básica, a SELIC;
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Onde está a crise?
A necessidade do diagnóstico correto: Para além da leitura conjuntural do déficit público
O capitalismo consolidou nas últimas quatro décadas um modo peculiar de acumulação de riquezas sobre a economia e as nações periféricas: - A financeirização da economia
Com isso, progressivamente, a maior taxa de retorno sobre o capital aplicado deixou de vir da atividade produtiva (D-M-D) para sair da esfera financeira, com transações assentadas em papéis públicos ( DÍVIDA PÚBLICA ) privados, variações cambiais e novos produtos financeiros
Lembram-se de como se afere a elevação dos preços ? IPCA, decifra-me ou te devoro.
A manipulação do índice e a elevação dos juros
Preços administrados/monitorados e comercializáveis são insensíveis às taxas de juros ( +/- 60% do IPCA )
ÁguaLuzTelefoniaIPTUIPVA PassagensSubmetidos a outras regras/contratos
Gêneros e Produtos agrícolas com desempenho tanto no mercado interno quanto externo
Gêneros e Produtos sensíveis às enchentes, às secas, pragas, deficiências de logística
Ambos sujeitos aos choques de oferta
Ainda assim, adota-se a inflação “cheia ” ao se combate-la, com a elevação dos juros, que alimentam a dívida pública. Quem tem interesse na dívida pública ?
Estratégia pró-acumulação : Pressão pelo aumento do percentual de papéis no estoque
O controle de fachada : Juros “contra” a inflação Juros para a acumulação
A mesma SELIC usada contra a inflação é a SELIC que remunera títulos públicos ...
O Presidente do Banco Central ...
O risco da extinção das fontes de financiamento do estado
A elevação da taxa de juros e seus encargos diretos, o encurtamento dos prazos de vencimento dos estoques, o aumento da dívida com transformação dos juros não pagos em novas dívidas sangram cada vez mais as receitas fiscais
Isso joga o PIB para baixo, gera desemprego, reduzindo o consumo e a receita, já em queda por força das desonerações tributárias anti-cíclicas durante o auge da crise
Dívida Pública 1. Razões da dívida
2. Suas taxas de juros
3. Seu estoque e prazo médio
4. Como % do PIB
Tese de Luiz Fernando Reisp.167
Tese de Luiz Fernando Reisp.181
Tese de Luiz Fernando Reisp.197
Tese de Luiz Fernando Reisp.188
Estratégias 1. Pautar o debate da macroeconomia, do sistema financeiro e
da política monetária na universidade e nos movimentos sociais
2. Forjar a construção do Núcleo da Auditoria Cidadã da Dívida Pública em Pernambuco e em todos os estados
3. Forjar políticas de formação, produção de textos, vídeos, centradas nessa agenda, com atos e mobilizações
4. Construir uma nova hegemonia. Não basta denunciar. Há que se promover “ um debate intelectual e político sobre o significado do momento atual. Sem informação e sem debate não há conhecimento profundo sobre a realidade“
5. Por uma nova plataforma ética, democrática e econômica. 6. Podemos sair da crise, mas a manutenção do atual modelo
impedirá a expansão das conquistas e transformações sociais mais profundas ( emprego e renda, mídia, tributária, reforma política, finanças públicas etc ).