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    REGENTE: PROF. DOUTOR Eduardo Paz Ferreira

    Programa Finanas Pblicas

    I. Aspectos gerais

    1. As Finanas Pblicas. Questes de ordem geral

    2. Fixao de terminologia (Direito Financeiro, Economia Pblica,Economia Financeira, Contabilidade Pblica, Polticas Financeiras)

    3. A tradio de ensino das finanas pblicas. Ideias gerais

    4. Questes metodolgicas

    4.1. As Finanas Pblicas na convergncia da economia pblica

    e do direito financeiro

    4.2. As cincias auxiliares

    5. Finanas Pblicas e tica Poltica

    II. As Instituies Financeiras

    1. Da noo de instituio financeira

    2. Os agentes financeiros

    2.1. O Parlamento

    2.2. O Governo

    2.3. A Administrao Pblica

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    2.4. Outros agentes financeiros

    2.4.1. Primeira aproximao aos vrios subsectores

    2.4.1.1. A Administrao Autnoma

    2.4.1.2. A Segurana Social

    2.4.1.3. As Regies Autnomas

    2.4.1.4. As Autarquias Locais

    2.4.1.5.O sector empresarial do Estado

    3. Os Tribunais financeiros

    4. As instituies de enquadramento

    4.1. O Oramento do Estado (remisso)

    4.2. O Patrimnio do Estado

    4.3. O Tesouro

    III. O Direito Financeiro

    1. Noo de direito financeiro

    2. A autonomia do direito financeiro

    3. O direito financeiro em perspectiva histrica

    4. Divises do Direito Financeiro

    5. Relaes com outros ramos do direito

    6. Direito Financeiro e Direito Fiscal

    7. Os novos rumos do Direito Financeiro

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    8. A Constituio Financeira Portuguesa

    8.1. A Constituio Financeira formal

    8.2. A Constituio Financeira material

    IV. Introduo economia pblica

    1. As origens da expresso economia pblica

    2. A interveno do Estado na Economia

    2.1. As razes da interveno do Estado segundo Musgrave

    2.1.1. A funo de afectao

    2.1.2. A funo de redistribuio

    2.1.3. A funo de estabilizao econmica

    2.1.4. Desenvolvimentos e aperfeioamentos doesquema tripartido de Musgrave

    3. Os bens pblicos como centro da atividade econmica do Estado

    3.1. Caractersticas dos bens pblicos

    3.2. Forma de proviso de bens pblicos

    3.3. As externalidades4. A public choice

    5. A nova macro-economia clssica

    V. Aspectos gerais da deciso financeira

    1. Razes da autonomizao

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    2. Os problemas econmicos da deciso financeira

    2.1. Dimenso do Estado, prioridades de atuao.Relacionamento com o sector privado

    2.2. A tentativa de racionalizao da deciso financeira

    2.3. A economia do bem-estar

    2.4. As aproximaes normativas. De Pareto a Rawls e Nozick

    3. A deciso financeira como uma deciso colectiva

    4. A impossibilidade de encontrar uma soluo atravs dosmecanismos de voto

    4.1. Wicksell e a regra da unanimidade

    4.2. A soluo Lindhal

    4.3. O teorema da impossibilidade de Arrow

    5. Problemas da deciso financeira: a public choice

    5.1. O papel dos polticos

    5.2. O papel dos burocratas

    5.3. Os grupos de interesse

    6. O constitucionalismo econmico

    7. Regras escritas versus poder discricionrio

    VI. O quadro espacial da deciso financeira

    1. Desconcentrao e Descentralizao Financeira

    1.1. O Estado agente tradicional da deciso financeira

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    3.2. As taxas

    3.3. As contribuies especiais

    3.4. Dificuldades da construo de um regime jurdico unificadodos tributos

    4. A problemtica atual das taxas

    5. A influncia comunitria na caracterizao da taxa

    6. Classificaes de impostos

    Seco II

    Sistemas Fiscais

    1. A Noo de Sistema Fiscal e suas diversas acepes

    2. Tipologia dos sistemas fiscais

    3. A ideia de Sistema Fiscal Ideal

    3.1. Princpios inspiradores do sistema fiscal

    3.2. Breve excurso histrico

    3.2.1. Justia

    3.2.2. Eficincia3.2.3. Transparncia

    4. Do princpio da justia em especial

    4.1. Diferentes concepes de justia

    4.2. O princpio do benefcio e o da capacidade contributiva

    4.3. A tributao do rendimento

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    4.4. A tributao do consumo

    4.5. A tributao do patrimnio

    4.6. A generalidade e igualdade

    4.7. As dificuldades de concretizao

    5. Do princpio da eficincia

    5.1. Eficincia na ptica da receita

    5.2. Eficincia na ptica econmica

    5.3. A curva de Laffer

    6. Eficincia na ptica social

    7. O Sistema Fiscal Portugus. Breve anlise e remisso

    Seco III

    A Constituio Fiscal

    1. A Constituio Fiscal

    2. Constituio Fiscal na teoria e na prtica

    3. A Constituio formal

    3.1. O princpio da legalidade

    3.2. Concepo inicial

    3.3. Evolues posteriores

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    4. Princpio da legalidade e eroso da soberania fiscal. Primeirasnoes

    5. Os contratos fiscais

    6. A irretroatividade fiscal

    7. A anualidade

    8. Constituio material. Aspectos essenciais

    9. Do princpio da igualdade em especial

    9.1. Igualdade horizontal e igualdade vertical

    9.2. Os benefcios fiscais

    9.3. O princpio da justia

    9.4. O princpio da eficincia

    10. A tributao do rendimento

    11. A tributao do consumo

    12. A tributao do patrimnio

    13. A fiscalidade infra-estadual

    14. A fiscalidade local

    15. A fiscalidade regional16. A Constituio Fiscal e a Constituio Fiscal Comunitria

    16.1. Harmonizao comunitria

    16.2. Concorrncia fiscal prejudicial

    17. Outras condicionantes da Constituio Fiscal

    18. Aspectos internacionais da fiscalidade

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    13. Emprstimos pblicos e valores mobilirios

    14. A evoluo da dvida pblica e a Unio Econmica e Monetria

    15. O regime de concesso de garantias pessoais pelo Estado

    Captulo IV

    Receitas Patrimoniais e outras

    1. Breves noes sobre o patrimnio do Estado

    2. O patrimnio do Estado numa perspectiva administrativista e numafinanceira

    3. O patrimnio do Estado e a satisfao de necessidades pblicas

    4. As receitas patrimoniais. Breve descrio

    5. Das receitas das privatizaes em especial

    5.1. Regime jurdico

    5.2. Efeitos

    5.3. Modalidades

    5.4. Balano do processo de privatizaes

    6. Outras receitas7. Das transferncias em especial

    7.1. Transferncias internas

    7.2. Transferncias da Unio Europeia

    Parte II

    O Oramento do Estado em Especial

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    Captulo I

    Noes Introdutrias

    1. O Oramento do Estado

    2. Oramento e figuras afins

    3. Aspectos histricos do Oramento

    3.1. A evoluo da instituio oramental em Portugal

    3.2. A disciplina jurdica do Oramento e sua evoluo

    4. A nova lei de enquadramento oramental e, em especial, aarticulao do Oramento do Estado com os restantes oramentospblicos

    5. Natureza jurdica do Oramento

    Captulo II

    Das regras oramentais em especial

    1. As regras oramentais clssicas

    2. Regras oramentais clssicas e finanas neutras

    3. A atualidade das regras oramentais

    4. Da regra da plenitude em especial

    4.1. Plenitude Versus desoramentao

    4.2. As consequncias financeiras da desoramentao

    4.3. O regresso plenitude oramental

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    4.4. Oramento do Estado e oramentos autnomos

    4.5. Breve referncia aos vrios subsectores pblicos

    5. Da regra do equilbrio oramental em especial

    5.1. Equilbrio oramental, equilbrio financeiro e equilbrioeconmico

    5.2. A evoluo dos critrios de equilbrio oramental

    5.3. O equilbrio oramental numa perspectiva histrica

    5.4. Os efeitos do dfice oramental

    5.5. Dfice oramental e compromissos externos

    6. As novas regras de estabilidade oramental

    7. A consolidao oramental

    Captulo III

    Contedo do Oramento

    1. A estrutura formal do Oramento

    1.1. O articulado

    1.2. Os mapas2. Problemas do articulado

    2.1. Em especial os cavaleiros oramentais e as autorizaesao Governo

    2.2. As medidas de poltica fiscal

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    Captulo IV

    Preparao e Aprovao do Oramento

    1. A competncia para a preparao do Oramento

    2. Critrios de preparao oramental

    3. A integrao entre Oramento e planificao

    4. O papel do Ministrio das Finanas

    5. A informao ao Parlamento

    6. A votao do Oramento

    7. Poderes da Assembleia da Repblica e procedimentos de votao

    8. O atraso na aprovao do Oramento

    9. As vinculaes externas do Oramento

    10. A Lei de Estabilidade Oramental

    Captulo V

    Execuo oramental

    1. Aspectos gerais

    2. O regime da contabilidade pblica

    3. Princpios de execuo do oramento de despesas

    4. Princpios de execuo do oramento de receitas

    5. As alteraes oramentais

    6. A Fiscalizao da execuo oramental. Remisso

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    Podemos ter um determinado perodo econmico como o que sucedecom a Frana que corresponde ao Imen, neste caso de 2 anos. Em Itlia deTreine que corresponde a 3 anos. No caso Portugus respeitada o ano, ouseja a anuidade, de acordo com o art. 4 n. 1 da Lei de EnquadramentoOramental que o ano econmico coincide com o ano civil. O ano econmicoincia-se em 1 de janeiro e termina no dia 31 de dezembro.

    Esta situao no normal, o normal seria que o ano econmico seiniciaria em Maio terminaria em Abril porque estaria associado ao anoagrcola, pois s com a recolha do produto agrcola que o estado e asautoridades pblicas teriam receitas suficientes para cobrir as despesas, no

    pressuposto que o Estado primordialmente o estado patrimonial e nofiscal, ou seja que arrecada impostos.

    O Elemento Econmico ou contabilstico o elemento quecorresponde previso das receitas e das despesas para um perodooramental. Perodo oramental que no coincide com o ano econmico.

    O Elemento Poltico a necessidade de autorizao prvia paracobrana de receitas e realizao das despesas. Esta autorizao prviaser, na maior parte dos casos, por via do parlamento e da existncia de umaassembleia. Que atravs dos representantes dos contribuintes/administradosemite uma prvia autorizao para a cobrana/arrecadao de receita e arealizao das despesas. Esta autorizao prvia parlamentar denomina-sepor Auto-consentimento Parlamentar, que pode ter uma representao namaior parte dos casos fiscal.

    Este consentimento surge pela primeira vez, pelo menos do ponto devista institucional, em 1215 por via da Magna Carta. A Magna Carta identificauma reivindicao de Bares Ingleses para o Monarca de ento Joo semTerra quanto exigncia de lanamento e cobrana de impostos semautorizao dos prprios proprietrios latifundirios que, no caso concreto,

    no autorizaram. A inexistncia dessa autorizao veio reclamar um acordocom o Monarca que por sua vez veio criar, entre outras, um principio que se

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    denomina por No taxation without representation , ou seja oscontribuintes podem ser tributados mas, antes de serem tributados, tm quedar uma autorizao prvia ao executor e que essa receita ir ser arrecadadacom prvio conhecimento. No h tributao sem representao ou semautorizao. Aquilo que nos conhecemos como Auto-consentimentoParlamentar.

    A Lei do Oramento podia estar resumida a um artigo. O oramento talcomo o conhecemos est dividido em duas partes . Um articulado e mapasfundamentais contabilsticos (so 21 mapas que vem identificar as receitas eas despesas do Estado). Mas o Oramento no articulado bastaria ter apenas

    um artigo, seria o artigo que teria o seguinte contedo O governo ficaautorizado durante o ano econmico em curso a cobrar receitas e arealizar despesas . No fundo esta a expresso sacramental que utilizadano articulado, uma autorizao para a cobrana de receitas e para arealizao de despesas. Aquilo que ns conhecemos como Auto-consentimento Parlamentar que est na base do Elemento Poltico doconceito de Oramento.

    Vamos tentar dissecar este artigo. Este artigo contm a autorizao, aexpresso autorizar, contm a expresso cobrar e contm a expressorealizar. Que so expresses tcnicas que tm um contedo e umadogmtica prpria. Autorizar, cobrar e realizar.

    Autorizar:

    As gnese encontram-se na Magna Carta, mas a Magna Carta tinhaum problema, que alis foi usado e abusado at ao Sc. 17. A Magna Cartaidentificando o Principio de No taxation without representation encerrariao principio lgico de prev autorizao.

    Mas o Monarca o Governante utilizaria este Principio a seu favor daseguinte forma: quando precisasse de realizar mais despesa e mais receitaconvocaria, por sua iniciativa, todos os representantes, atravs de cortes, nos

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    momentos que considerasse adequados. No existindo nenhum perodomnimo de reunio. Se olharmos para a histria portuguesa na primeiradinastia encontramos a utilizao desse instituto por vrias vezes.

    Sendo que o rei mais rico da primeira Dinastia foi o D. Dinis. Foi quemconvocou mais cortes e no intervalo das cortes utilizava um instrumento queestava muito na moda na Europa da altura que era o Monetagio , ou seja foidos primeiros reis da Europa a utilizar aquilo que feito em PolticaMonetria, ou pelo menos os primrdios da Poltica Monetria, que seria nopressuposto que a moeda que estava em circulao tinha metais preciosos eportanto teria um valor intrnseco. D. Dinis recolhia a moeda em circulao,

    retirava os metais precioso e voltava a coloca-la em circulao mas com valormais baixo. D. Dinis fez isto 3 vezes durante o seu reinado, o que significaque conseguiu enriquecer e engrossar o seu patrimnio em grande parte. Aexpresso deste enriquecimento est hoje em dia no pinhal de Leiria, querepresenta a grandiosidade do seu patrimnio.

    Este instituto de utilizao indiscriminada da Cortes e de Monetagioeram formas de enriquecimento dos governantes, contornando o Principio deRepresentaro presente na Magna Carta.

    O Monetagio no se sente pois a moeda a mesma, no tendo valorintrnseco. No fundo seria uma forma suave de fazer poltica monetria.

    A utilizao da Magna Carta com alguma discricionariedade foiutilizada at ao Sc. 17. A partir do Sc. 17 e da Gloria Revolutioncomemos a ter um outro Principio que aparece no Bill of Rights que oPrincipio que o Parlamento rene, mas rene periodicamente. No porque oMonarca ou o Governante quer, mas porque h uma exigncia de um perodomnimo de reunio.

    Na realidade s no Bill of Rights que temos o Parlamento tal como oconhecemos nos dias de hoje. Parlamento que rene, pelo menos, uma vezpor ano e que rene para decidir sobre assuntos de despesas e receitas do

    Estado. O Parlamento surge por razes financeiras e no por outras razes.

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    Nos dias de hoje conhecemos a figura Parlamentar num Estado quefunciona como o Rei Midas em que tudo o que toca se transforma em ouro .Ou seja, neste caso, em Direito, com todos os problemas associados emtransformar tudo o que existe em Direito. Se at no Parlamento Europeu nosdias de hoje temos votaes sobre o tamanho standard do papel higinico.Isto uma demonstrao que h uma prenuncia sobre todos os assuntosquotidianos e com o objecto de votao parlamentar.

    O Parlamento surge por razes financeiras e a transposio da figuraParlamentar original ficou desfigurada nos dias de hoje.

    O Parlamento rene por direito prprio a partir doBill of Rights.Mas snas revolues liberais, nos finais do Sc. 18 que surge uma outra regracumulvel, que a exigncia das Finanas Pblicas transparentes.

    Exigncia da transparncia na divulgao de todas as matriasrespeitantes ao Oramento Pblico. At as revolues Liberais osoramentos eram secretos, a negociao entre o Parlamento e osGovernantes era secreto, no era divulgado e essa inexistncia de

    divulgao veio encerrar o perodo que termina nas revolues Liberais dasFinanas Secretas.

    A partir da revoluo liberal encontramos as Finanas Transparentes,em que pela primeira vez no Sc. 19 os oramentos so publicados edivulgados. O primeiro oramento portugus publicado e divulgado de1837. A cadeira de Finanas Pblicas foi criada em 1851 est portantoassociada s Finanas Transparentes.

    Estes primeiros oramentos esto perfeitamente identificados ecatalogados no Ministrio das Finanas e ao consultarmos verificamos quemesmo que sejam transparentes h montantes, incluindo os montantes dadivida, que contm pontos de interrogao e incgnitas. Ainda hoje estasituao se mantm.

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    Finanas Secretas e Finanas Transparentes quanto componenteautorizao.

    Elemento Cobrana.

    A expresso cobrana utilizada pelos financeiros e significa fazer pagar . Corresponde ao conjunto das operaes Administrativas queconduzem at ao pagamento do imposto, at ao acto que chega ao particularpara pagar. O acto de pagamento tecnicamente chama-se pagamento , quese distingue da cobrana. Pagar significa pagar. Cobrar fazer pagar.

    A cobrana destinta da liquidao . Liquidar significa calcular e

    associada liquidao temos ainda outra expresso que lanar . Olanamento significa identificao do sujeito ativo e sujeito passivo na relao jurdica.

    A Realizao de Despesa corresponde a trs operaes:

    - Autorizao de Despesa;

    - Autorizao de Pagamento;- Pagamento.

    Estas operaes so apenas realizadas por entidades Pblicas. Noponto de vista de execuo oramental, percebemos que estas trsoperaes que encerra a realizao de despesa tm que ser realizadas porentidades diferentes, garantido assim, o que esta previsto no art. 42/1 da Lei

    de Enquadramento Oramental que chamamos de Segregao de FunesOramental, ou seja Separao de Poderes.

    Isto quanto ao Elemento Poltico que esta consagrado nestas trsfunes Autorizar, cobrar e realizar.

    Elemento Jurdico.

    O Elemento Jurdico visa representar o limite da interveno do Estado

    no mbito oramental. Estes limites so consubstanciados no que ns

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    chamamos de Responsabilidade Financeira que est prevista na Lei deOrganizao e Processo do Tribunal de Contas aprovado pela Lei 98/97de 21 de Agosto. Esta Lei de Organizao e Processo do Tribunal de Contasprev a Responsabilidade Financeira Reintegratria e a ResponsabilidadeFinanceira Sancionatria. Sendo que a Responsabilidade FinanceiraReintegratria implica a reposio dos montantes no caso de realizao deuma infrao financeira. So quatro os tipos de ResponsabilidadeFinanceira Reintegratria.

    A Alcance;A Pagamento Indevido;

    A Desvio de dinheiro;A No arrecadao de receita Tributria.

    Se algum realiza um pagamento contra a lei que no produza EfeitosFinanceiros Pblicos, mesmo sendo funcionrio pblico ou agenteadministrativo, ter de devolver/repor o dinheiro que gastou pelo Estado, eter de repor por conta do seu prprio patrimnio.

    A Responsabilidade Financeira Sancionatria resulta da aplicaode uma Multa. Multa que distinta de Coima. A Coima pode ser aplicada poragente administrativo e pode ser objecto de recurso para Tribunal mas paga antes de ser discutida em Tribunal. A Multa deve resultar sempre deuma deciso Judicial ou pode ser paga antecipadamente. Coima Administrativa a Multa Judicial ou depende de uma deciso Judicial.

    Na Responsabilidade Financeira Sancionatria d lugar aplicaode uma Multa que resulta de um Julgamento feito por um Tribunal de Contas.

    A Multa situa-se entre 15 UC (unidade de conta) e 150 UC. Se aunidade de contas esta a 100 euros a multa situar-se- entre 1500 euros e 15000 euros.

    Portugal em 2012 arrecadou de Receitas Tributrias , que engloba

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    impostos (IRS, IRC, IVA o Imposto Selo, O Imposto Livre Circulao, ImpostoSobre Veculos, Imposto sobre as Bebidas Alcolicas, Imposto Sobre oTabaco, o Imposto Sobre os Produtos Petrolferos e Energticos, Imposto deCamionagem e Circulao que est embutido no Imposto de LivreCirculao, pelo menos nas categorias implicadas da Camionagem e daCirculao, Imposto Especial de Jogo, e outras Figuras Tributrias para almdas chamadas Receitas Fiscais, como Taxas Vrias e tambm ContribuiesEspeciais na qual encontramos as Contribuies por Encargos de MaisValias e as Contribuies por Maior Despesa. No estamos a falar de Multasnem de Penalidade) O Estado Portugus vive maioritariamente de ReceitasTributrias e arrecadou no ano de 2012, 32 mil milhes de euros. E prevarrecadar para 2013, 33 mil milhes de euros j com a subida brutal deimpostos.

    Portugal em 2012 realizou de Despesa Total na AdministraoCentral Directa (inclui Amortizao de emprstimos, Revolving Financeiro eJuros) o valor de 196 mil milhes de euros. Sendo que 145 mil milhes deeuros corresponde a Amortizaes de emprstimos e Revolving Financeiro e

    17 mil milhes de euros corresponde a juros da Divida Pblica consolidada a10 anos.

    Comparando...

    Nos EUA o Dfice Oramental em 2012 (O Oramento Federal nocoincide com o ano econmico) foi de 1 Trilio e meio de dlares. A DividaPblica consolidada a 10 anos de 15 Trilies de dlares.

    O Oramento dos EUA contempla as Responsabilidades noProvisionais , como qualquer Oramento. Como o oramento s reflete o anoeconmico no contemplando montantes dos anos seguintes. Quando oespao Norte Americano vem criar a Segurana Social ou Planos de Sadeou Educao est a representar um determinado compromisso de Despesapara alm do ano, numa lgica plurianual. Essas responsabilidade que vopara alm do ano Oramental chamam-se Responsabilidades no

    Provisionada porque ainda no foi obtida receita para isso. Ser obtida

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    algures no futuro. As Responsabilidade no Provisionadas nos EUA entocomputadas em 1096 Trilies de dlares.

    O Oramento no obstante ser uma realidade anual, peridica e

    delimitada no contempla tudo. H que olhar para os vrios compromissosque foram assumidos. A Lei do Oramento tem uma particularidade que adistingue de todas as outras. A Lei do Oramento est submetida a outrasLeis, contactos e compromissos.

    As fontes de submisso so muito diferentes das que conhecemos. Ahierarquia de normas prprias do Direito Financeiro/Oramental muitodiferente da hierarquia de normas que conhecemos nos outros campos deDireto. Os compromissos assumidos e fundamentalmente a equidade ouJustia Inter-geracional (equidade na partilha de custos e benefcios entregeraes) vm representar uma lgica de plurianualidade evidente. Masreparem quando olhamos formalisticamente para o Oramento como eu (oprofessor) o configurei anteriormente, abrindo-vos os olhos sobre nmerosconcretos, conseguimos perceber que o Ministro das Finanas portugusest preocupado, no com a partilha de encargos e benefcios entregeraes, mas sim que tenha receitas suficientes para cobrir as despesas nofinal do ano, chama-se lgica de caixa , em portugus tpico chama-sesalvar a pele.

    Na lgica de caixa h uma lgica de Tesouraria, a lgica de obterreceitas para cobrir todas as despesas. Esta lgica de arrecadao dereceitas para cobrir todas as despesas muito redutora. Significa que,

    mesmo que o Estado Portugus consiga ter as receitas para cobrir todas asdespesas num ano, pode no ter no ano seguinte, porque encontradesequilbrios financeiros que tm que ser cobertos necessariamente atravsda divida.

    A divida no um problema, o problema so os ciclos, oscompromissos que so assumidos. Porque a divida faz parte dos movimentosfinanceiros. A divida est canalizada para determinados tipos de bens.

    Por exemplo, na justia entre geraes futuras, quando se prev que

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    qualquer outro tipo de imprevisto que possa surgir. Assim, a forma decontrato de Direito Privado seria realizado seria as Tontinas.

    As Tontinas seria basicamente um grupo de pessoas uniam-sedurante um determinado perodo de tempo e durante esse tempo contribuamcom um determinado valor fixo peridico, sendo que esse valor fixo eradepositado numa conta e essa conta ou esse depsito ou esse cofre spoderia ser levantado pelo ultimo sobrevivente. Neste tipo de contrato deDireito Privado poderia haver clusulas de repdio mas seria sempre muitodifcil provar a morte dos interveniente.

    Em 1889 Bismarck com o intuito de arrecadar receita cria o primeirosistema de Segurana Social de Capitalizao. Um sistema de Capitalizaosignifica que os depsitos que seriam efectuados pelos contribuintes seriamsujeitos a resgate no momento que fosse necessrio, em que vencessem juros. Em 1889, no primeiro sistema de Segurana Social, a idade dareforma era de 65 anos em que a esperana media de vida era de 44 anos.Logo, este sistema era uma boa forma de angariar receita engenhoso e narealidade foi uma fonte de receita importante para o Estado no fosse o

    sistema ser voluntria e no obrigatria.O relatrio de Beveridge em 1942 idealizado para acesso universal,

    conceito de necessidade pblica. Ao ser criado um sistema pblico deutilizao universal pressupem que todos, mesmo os sem rendimentos,podem aceder a este sistema nos seus vrios subsistemas como o caso dosubsistema da reforma.

    Temos assim dois sistemas que funcionariam lado a lado, o SistemaPrevidencial , que o sistema normal. Previdncia significa seguro, logoseriam um sistema de seguro social em que o cidado teria uma carreiracontributiva e com base nessa carreira teria direito a receber algo quandoatingisse a idade ou outras vicissitudes que estivessem previstas no contrato. Ao lado do Sistema Previdencial funcionaria oSistema de Aco Social nocontributivo em que o acesso seria universal para aqueles que tinham

    necessidade de aceder a uma retribuio mnima ou a um rendimento de

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    insero, que permitam uma vida condigna e a uma sobrevivncia comalguma dignidade, pelo estado.

    O relatrio de Beveridge serve de fundamento para a seguranasocial e para outras reas de interveno do estado, nomeadamente aEducao, no qual se propunha o acesso universal e gratuito. O engenho doSistema de Segurana Social ser Universal no por ser baseado naobrigatoriedade por ser de repatriao e no de capitalizao. Derepartio significa que os contribuintes presentes pagam aos pensionistaspresentes. Na realidade os depsitos que eu efetuo no posso reenvindica-los no futuro? No. Se eu contribuo num valor, determinado de acordo com abase de contribuio em que eu vou pagar aos pensionistas presentes, dai ovalor ser consideravelmente mais baixo do que aquele que seria devido numregime de capitalizao. Evidentemente que podemos adoptar o modelo deSingapura que o modelo de poupana de 20 % de todos os rendimentosque auferimos de forma voluntria.

    O problema da repartio a necessidade de sustentao numa

    pirmide etria que no seja invertida, cuja base de contribuio sejasuficiente larga para pagar aos vrios pensionistas. Enquanto a base forlarga e o numero de pensionistas for inferior ao numero de contribuintes , oscontribuintes conseguem aguentar o problema quando a populaoenvelhece, problema prprio de Finanas Pblicas, e inverte a pirmide. Oque vai acontecer que, ao ver o mundo ao contrrio, seriam os pensionistasque teriam de pagar aos contribuintes, o que no faz sentido.

    prprio dos pases desenvolvidos o envelhecimento da populao,pois tornamos mais egostas e temos a tendncia para ter menos filhos, poisuma famlia de dois membros mais rica que a de cinco. O segredo dodesenvolvimento no esta s na educao mas tambm na natalidade. At maioridade das crianas estas tm que ser pagas por algum, um problemaque sai caro.

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    A Segurana Social serve de base ao que ns conhecemos comoestado social e ao que depois serve para a dita Representao Poltica. Ouseja, as deciso do estado, maior ou menor tal qual como nos conhecemos,tm que passar pelos prprios que so objecto de tributao, Principio daRepresentao Poltica. Aqueles que so objecto de tributao tm queparticipar nas decises. Sendo um Sistema de Segurana Social de acessoUniversal, s varias reas como segurana social, educao e justia, adeciso tambm deveria ser Universal, no apenas pertencente aostributrios como era prprio do estado liberal, mas a todos. Todos teriamdireito a tomar parte da deciso, todos vo beneficiar da RepresentaoPoltica.

    Cumulativamente Representao Poltica temos a ParticipaoPblica. O Direito Financeiro tem uma particularidade que o distingue doDireito Administrativo, enquanto o Direito Administrativo tem como base oGoverno, a administrao Pblica, no Direito Financeiro a base oParlamento. A deciso Financeira tem sempre base Parlamentar, noobstante o Governo ser o rgo de execuo oramental exclusivo oParlamento a que compete qualquer deciso financeira, isto que significa

    a Participao Pblica.

    Ter um ordenamento com um Parlamento fechado simboliza que oDireito Financeiro no funciona, em que no se garante o Principio daParticipao Poltica (Ex.: no final da primeira repblica temos quase doisanos de Cortes fechadas com a ditadura de Joo Franco. Que estaassociada Lei Travo, que proibia o Parlamento de se pronuncia sobre

    receitas e despesas). Esta situao a negao do prprio Parlamento. Oresultado apareceria em 1908 resultando na morte de um Rei, sendosuficientemente violento o problema do fecho do parlamento.

    A lei travo tem uma reminiscncia nos dias de hoje no art. 167/2 daCRP, que consagra, no a lei Travo, mas um dispositivo Travo, quanto ingerncia durante o ano Economico. O que facto que temos 3 episdios

    nos ltimos 10 anos, em que o prprio Governo nunca invocou a Lei Travo,por ser suficientemente forte e pelo passado violento associado.

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    Invocar a Lei Travo seria estar a negar a participao da figuraParlamentar. Nos dias de hoje o que sentimos que, com a incluso na zonaEuro, o cumprimento dos Regulamentos e dos Tratados de funcionamento daUnio Europeia permite antever que as regras de Dfice e da Divida so umexemplo de negao da deciso Financeira Parlamentar. O Parlamento hojeem dia est muito menorizado na deciso financeira e o Governo est muitofortalecido. As criticas tpicas considerar que os Tratados tm foraSupraconstitucional, assim sendo as regras da Divida e de Dfice j constampor via do art. 8 da CRP.

    A figura Parlamentar o cetro da deciso Financeira. A Lei doOramento, sendo aprovada pelo Parlamento, contm no s normas decontedo financeiro mas tambm normas que no tm contedo financeiro.Outra problemtica dos financistas a proibio ou no de CavaleirosOramentais, chamadas normas parasitrias oramentais. Sabemos que alei do oramento utilizada para alterar o Cdigo Civil ou o cdigo doProcesso Civil, cdigos que nada tem a ver com as finanas.

    Oramento tpica dos pases Latinos vinda do verso Orar quesignifica fazer a mdia. Nos pases como Frana e Inglaterra a expressoOramento substituda pela palavra francesa budget que significa umapequena mala vermelha que contem a previso das receitas e despesas queera levada pelo Primeiro Ministro ao Rei Ingls, com a ideia de o Rei aprovare remeter a mala ao Parlamento. A mala vermelha contem o smbolo do

    Ministro das Finanas Ingls. Os Espanhis chamam ao oramentopersupoesto que uma previso de receitas e despesas numa prespectivacontabilstica.

    Constituio Financeira e Fiscal(art. 101 a 109 da CRP)

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    Os art. 101 e 102 da CRP vem estruturar o Sistema Financeiro e o Bancode Portugal. Na realidade no o que esperaramos em Finanas comoDireito bancrio, por issono vamos estudar .

    Os art. 103 e 104 da CRP representam a Constituio Fiscal.

    O art. 103 CRP vem identificar o Sistema Fiscal. Artigo 103.

    (Sistema fiscal)

    1. O sistema fiscal visa a satisfao das necessidades financeiras do Estadoe outras entidades pblicas e uma repartio justa dos rendimentos eda riqueza.

    2. Os impostos so criados por lei, que determina a incidncia, a taxa, osbenefcios fiscais e as garantias dos contribuintes.

    Ningum pode ser obrigado a pagar impostos que no hajam sido criadosnos termos da Constituio, que tenham natureza retroactiva ou cujaliquidao e cobrana se no faam nos termos da lei.

    O art. 104 CRP identifica os Impostos. Artigo 104.

    (Impostos)

    1. O imposto sobre o rendimento pessoal visa a diminuio dasdesigualdades e ser nico e progressivo, tendo em conta asnecessidades e os rendimentos do agregado familiar.

    2. A tributao das empresas incide fundamentalmente sobre o seurendimento real.

    3. A tributao do patrimnio deve contribuir para a igualdade entre oscidados.

    A tributao do consumo visa adaptar a estrutura do consumo evoluo dasnecessidades do desenvolvimento econmico e da justia social, devendo

    onerar os consumos de luxo.

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    Na realidade o Principio da igualdade tributria que consta do art. 104da CRP. Estes dois artigos compem a Constituio Fiscal.

    Os artigos 105, 106 e 107 da CRP que representam a ConstituioFinanceira.

    O art. 105 da CRP identifica o conceito de oramento.

    Artigo 105.

    (Oramento)

    1. O Oramento do Estado contm:a) A discriminao das receitas e despesas do Estado,

    incluindo as dos fundos e servios autnomos;b) O oramento da segurana social.

    2. O Oramento elaborado de harmonia com as grandes opes em matriade planeamento e tendo em conta as obrigaes decorrentes de lei oude contrato.

    3. O Oramento unitrio e especifica as despesas segundo a respectivaclassificao orgnica e funcional, de modo a impedir a existncia dedotaes e fundos secretos, podendo ainda ser estruturado por programas.

    4. O Oramento prev as receitas necessrias para cobrir as despesas,definindo a lei as regras da sua execuo, as condies a que dever

    obedecer o recurso ao crdito pblico e os critrios que devero presidir salteraes que, durante a execuo, podero ser introduzidas pelo Governonas rubricas de classificao orgnica no mbito de cada programaoramental aprovado pela Assembleia da Repblica, tendo em vista a sua plena realizao.

    O art. 106 da CRP identifica o conceito de procedimento Oramental.

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    Artigo 106.

    (Elaborao do Oramento)

    1. A lei do Oramento elaborada, organizada, votada e executada,anualmente, de acordo com a respectiva lei de enquadramento, queincluir o regime atinente elaborao e execuo dos oramentosdos fundos e servios autnomos.

    2. A proposta de Oramento apresentada e votada nos prazos fixados nalei, a qual prev os procedimentos a adoptar quando aqueles no puderem ser cumpridos.

    3. A proposta de Oramento acompanhada de relatrios sobre:a) A previso da evoluo dos principais agregadosmacroeconmicos com influncia no Oramento, bem como daevoluo da massa monetria e suas contrapartidas;b) A justificao das variaes de previses das receitas e

    despesas relativamente ao Oramento anterior;c) A dvida pblica, as operaes de tesouraria e as contas doTesouro;d) A situao dos fundos e servios autnomos;e) As transferncias de verbas para as regies autnomas e asautarquias locais;f) As transferncias financeiras entre Portugal e o exterior comincidncia na proposta do Oramento;g) Os benefcios fiscais e a estimativa da receita cessante.

    O art. 107 da CRP identifica o conceito de Fiscalizao e Controlo. Que vemidentificar a Assembleia da Repblica e o Tribunal de Contas como rgo defiscalizao e Controlo.

    Artigo 107.

    (Fiscalizao)

    A execuo do Oramento ser fiscalizada pelo Tribunal de Contas e pela

    Assembleia da Repblica, que, precedendo parecer daquele tribunal,

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    apreciar e aprovar a Conta Geral do Estado, incluindo a da seguranasocial.

    Vamos comear a estudar primeiro a Constituio Financeira e sdepois a Fiscal.

    O art. 105 da CRP vem identificar o que Oramento de Estado nonumero 1 o que oramento do Estado que contm, de acordo com onumero 1, a descriminao das Receitas das despesas do estado incluindoos Servios Autnomos. Neste caso concreto referimo-nos aos ServiosIntegrados e Servios e Fundos Autnomos. Os Servios Integrados da Administrao Directa e Servios e Fundos Autnomos a AdministraoIndirecta e Oramento da Segurana Social . Teramos trs subsectores queso objecto de Oramentao. O art. 105/1 da CRP identifica, em primeirolugar, a necessidade de descriminao de receitas e despesas (que nsdepois estudaremos como sendo a Regra da Discriminao).

    Para alm disso idenfica-se ainda no art. 105/1 da CRP a Regra daPlenitude . Ou seja, o Oramento deve ser um s documento e deve conter

    todas as receitas e todas as despesas dos Servios Integrados, Servios eFundos Autnomos e Segurana Social. Quando se fala em Todas asreceitas e todas as Despesas, fala-se em UNIVERSALIDADE. Encontramos,no art. 105/1 da CRP, Plenitude e Discriminao, na vertente da UNIDADEe da UNIVERSALIDADE.

    O art. 105/2 CRP, est dividido em duas partes. Em primeiro lugar,que o Oramento elaborado em harmonia com as grandes opes do

    Plano. Isto era o pressuposto que ns ainda estaramos numa Economiadirigista, numa Economia Planificada, o que no o que acontece. O Plano uma reminiscncia que ainda no foi retirado da Constituio, na realidadeo Plano corresponde a um documento que apresentado pelo Governo Assembleia da Repblica, no final do ano, e que coincide com o Programa doGoverno e que, pode ser revisto anualmente pelo Governo, no final do ano.Esse Plano que a Constituio ainda se reporta apresentado com outro

    documento, tambm ele redundante, mas que resulta no da Constituio,mas sim do Tratado de Funcionamento da Unio Europeia e do Pacto de

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    A grande questo que na definio do permetro doOramento do estado. Quando falamos em Oramento Unitrio estaramos aassumir que todo o sector publico administrativo estaria contemplado noOramento do estado, o que no verdade.

    O sector publico administrativo composto por 7 entidades.

    Administrao Central:

    (A lei de Bases da Contabilidade Publica 8/90 de 20 de Fevereiro distingue osServios Integrados dos Servios e Fundos Autnomos).

    1 Servios Integrados: so dotados de autonomia administrativa. Ouseja, que tem poderes suficientes para a pratica de actos de gesto corrente(Ex. Pagamento de salrios), no tendo receitas prprias, sobrevivendo dastransferncias do Oramento do estado. Exemplo de Servios Integrados soos Ministrios e as Direes Gerais, que vivem das receitas gerais do estadoe das transferncias provenientes do Oramento do estado.

    2- Servios e Fundos Autnomos: so dotados de autonomiaadministrativa e financeira. Tem receitas prprias que cobrem pelo menos 2/3das despesas totais e esto autorizados para a pratica de actos de gestoordinria e extraordinria, desde que afetem exclusivamente as receitasprprias. Esgotadas as receitas prprias vivem das transferncias doOramento de estado, entrando no mesmo regime da autonomia

    administrativa, sendo apenas autorizado para a pratica de actos de gestocorrente. Exemplo deste tipo de servio a FDUL, no tendo oramentoprprio pois as despesas e receitas so inscritas no oramento do estado,tem autorizao e poderes para a pratica de actos de gesto ordinria eextraordinria desde que isso signifique a afectao de receitas prprias, queso as propinas. Em principio as receitas prprias devem cobrir pelo menos2/3 das despesas totais, ou sejas as propinas cobradas pela FDUL devem

    cumprir 2/3 das despesas totais.

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    Administrao Regional (Aores e Madeira):

    3 - Servios Integrados Regionais

    4 - Servios e Fundos Autnomos Regionais

    Seguem o mesmo regime aplicado Administrao Central.Administrao Local ou Autrquica:

    5 - Servios Integrados Locais: tambm so dotados de autonomiaadministrativa.

    6 - Servios e Fundos Autnomos Locais: tambm so dotados deautonomia administrativa e financeira.

    Segurana Social:

    No aplicamos a mesma dicotomia dos servios Centrais, Regionais e

    Locais, porque a Segurana Social gerida por um Servio Integrado da Administrao Central que o Ministrio da Solidariedade e da SeguranaSocial.

    No poderamos atomizar o servio Integrado da Segurana Socialporque j estaria integrado no Ministrio da Solidariedade e da SeguranaSocial, pois significaria que entravamos no campo dos servios autnomos,havendo um Instituto que gere os fundos da Segurana Social que o

    Instituto de Gesto Financeira da Segurana Social (IGFSS), sendocomplementar o Instituto de Gesto dos Fundos de Capitalizao daSegurana Social (agora no vamos estudar este ltimo instituto).

    O IGFSS um servio autnomo, dotado de autonomia administrativae financeira.

    Temos ento as 7 entidades que compe o sector Publico e

    Administrativo, sendo que destas 7 entidades apenas 3 constam doOramento de estado ( Servios Integrados da Administrao central,

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    Servios e Fundos Autnomos da Administrao Central e Servios deSegurana Social ) e outras 4 no constam do Oramento de estado, tmOramento Prprio (Servios Integrados da Administrao Regional eLocal e Servios e Fundos Autnomos da Administrao Regional eLocal) Instituto que chamamos de INDEPENDNCIA ORAMENTAL, que o grau mximo de autonomia.

    Temos 3 graus de Autonomia:o Administrativa;o Administrativa e Financeira;o Independncia Oramental.

    O grande problema que o calculo do dfice e da divida, para efeitosda zona Euro e para efeitos do protocolo relativo aos dfices excessivos, feito por referencia a todo o sector publico administrativo. Sendo que oOramento do estado quando discutido e aprovado no Parlamento apenascontempla trs entidades. O calculo da administrao Local e Regionalresulta de uma operao de consolidao que apesar de ter um contedo

    jurdico essencialmente uma operao Poltica.

    O montante do dfice e da divida comunicado ao Eurostat (InstitutoEuropeu de Estatstica ) duas vezes por ano, em Fevereiro e em Setembro,por via do Ministrio das Finanas, mais propriamente atravs do INE(Instituto Nacional de Estatstica). Sendo que no resto do ano, o Ministro dasFinanas fica com a capacidade de gerir discricionariamente o montante do

    dfice e da divida.O problema no s a delimitao do permetro e a poltica do

    permetro, na realidade quando se diz que o Oramento Unitrio deveriacontemplara Administrao Local e Regional, e no contempla porque oestatuto Poltico e Administrativo das Regies Autnomas vem dizer que no,que h fundamentos polticos e Administrativos para a IndependnciaOramental. Por ouro lado nas Autarquias Locais tambm h razes

    administrativas que permitem esta consagrao de IndependnciaOramental. Ou seja o legislado Interno vem permitir alguma distoro dos

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    valores dos saldos que o Ministro das Finanas tem que comunicar, duasvezes por ano, quando do reporte do dfice e da divida feito em Fevereiro eSetembro.

    Mas o problema no s este, para alm do permetro estarmanipulado, as contas tambm esto, por um lado por serem apenascomunicadas duas vezes por ano, e por outro pelo sistema de contabilidadeinterno do pais ser diferente. Ou seja, o calculo do dfice e da divida feitode acordo com um sistema harmonizado de contas nacionais e regionais.Esse sistema harmonizado chama-se Sistema Europeu de Contas 95,conhecido por SEC 95, que est a ser atualizado numa verso de 2010 e quepara 2014 devemos ter aprovado e implementado. Este novo sistemacorresponde a um sistema normalizado de contas para efeitos de calculo dodfice e da divida ( um regulamento com cerca de 1200 pginas que deforma sucinta tenta explicar qual a composio das carteiras de ativos epassivos do estado para efeitos do calculo do dfice e da divida entre outros)

    O SEC 95 veio substituir o sistema de contas nacionais que estava emvigor desde 1972, que por sua vez veio representar uma harmonizao de

    ativos e passivos que o estado dever apresentar para efeitos deharmonizao de contas. O critrio do SEC 95, que ainda est em vigor, e deregisto de receitas e despesas para o estado o critrio de compromissosque se chama Acrscimo , na expresso Inglesa que se chama Accrual . Narealidade as receitas e despesas so registadas no oramento de acordocom o SEC 95, numa lgica de compromissos, ou seriam... Uma tica decompromissos significa que as receitas que nasceriam juridicamente num

    determinado ano teriam de ser registadas nesse ano, independentemente deserem efectuadas noutro ano. O mesmo relativamente s despesas, porexemplo a receita de 2012 do IRS, numa lgica de compromissos, seriaregistada em 2012. Porque a obrigao jurdica de pagar o imposto do IRS2012 nasce em 2012. S que a receita de IRS 2012 s entra nos cofres doestado em 2013, o que significa que s depois da declarao e da liquidao,quase um ano e meio depois, que feita a sua contabilizao.

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    Oportunamente temos um sistema interno de contabilidade, tal como amaioria dos estados. Sendo que este sistema interno se baseia na lgica decaixa, ou seja, regista as despesas e receitas com base nas entradasefetivas. Temos assim dois sistemas de contabilidade opostos, um sistemade compromissos no qual se baseia o SEC 95 e o qual reportado omontante do dfice e da divida em Fevereiro e Setembro ao EUROST e outrosistema que comunicado aos portugueses no mbito da sua representaoao Parlamento, um sistema de contabilidade publica que esta em vigor desde1991 e que na realidade ainda esto em falta cerca de 35% de servios doestado para ser implementado esse sistema de contabilidade.

    O facto de termos dois sistemas gere um problema de duplacontabilidade, oportunismo. Contabilidade publica interna e contabilidadenacional que s comunicada em Fevereiro e em Setembro.

    Como exemplo de sistema rudimentar temos a entrega de receita doIVA. Algum que recolha o IVA a 31 de Dezembro de 2012 s tem queentregar em Fevereiro, o que significa que numa tica de caixa que a receitade Fevereiro seria registada em 2013 na contabilidade publica e numa tica

    de compromissos de contas nacionais seria registado em 2012. Pararesolver esta situao o governo portugus acordou com a comissoEuropeia, o EUROSTAT, que 75% da receita que arrecada no dia 15 defevereiro do ano seguinte vem ser contabilizada no ano anterior e 25% vai sercontabilizada no novo ano. Esta contabilizao totalmente rudimentar,muito grosseira e de falta de transparncia.

    O resultado de tudo isto o governo tentar minimizar esta assimetriasignificativa e f-lo de duas formas, primeiro ajudou criao, junto doParlamento, de uma Unidade Tcnica de Apoio Oramental que se chamouUTAO e que funciona junto do Parlamento, mas que at 2010 no tevenenhum membro. Por outro lado, perante a ausncia e passividade dosmembros da UTAO, que no existiam, a Lei de Enquadramento Oramentalem 2011 veio criar outro Conselho, o Conselho de Finanas Publicas, de

    acordo com a experiencia de um Professor de Finanas publicas Hngarochamado George Kopits, vogal do executivo do Conselho de Finanas

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    Publicas portugus. Este Conselho de Finanas Publicas foi criado e constada Lei de Enquadramento Oramental tem como principal intuito aFiscalizao e Monotorizao da atividade do Governo e do parlamento emmatria Oramental. Sendo que o Conselho de Finanas Publicas umaautoridade Independente, ou seja temos o Governo e o Ministrio dasFinanas que tem um Gabinete de Estudos (Gabinete de PlaneamentoEstratgia Avaliao e Relaes Internacionais - GPEARI), temos a ARcomo unidade tcnica de apoio Oramental e o Conselho de Finanas quenasceu com base numa expresso Inglesa Watchdog que significa co deguarda. Esta expresso foi utilizada pela primeira vez por George Kopits ,que permitiu a criao de um Conselho de Finanas Pblicas Hngaro em2008 e extinto em 2009, em que o professor George Kopits era o presidente.O Conselho foi extinto porque o Governo achou incmodo a sua manutenoe resolveu cortar as verbas. Este organismo fiscalizador no passa de ser umPolicia que fiscaliza outro Policia de forma a que todos sejam Fiscalizados eMonitorizados uns pelos outros.

    2- Especificao das Despesas seguir a classificao Orgnica e

    Funcional

    O art. 105/3 CRP diz que as despesas devem ser especificadas deacordo com uma Classificao Orgnica e Funcional . O que facto queas despesas so Classificadas de acordo com 3 especificaes e no 2 quedai resulta.

    A Classificao Orgnica : significa que as despesas devem serapresentadas no Oramento de Estado em Mapa prprio, porMinistrio, por Direco Geral, Mapa 2.

    A Classificao Funcional : significa que as despesas devem serapresentadas por funes do Estado. Devemos ter um Mapa queidentifica as funes do estado e as despesas. Mais concretamente,

    dentro dos Servios Integrados ao Mapa 3.

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    A Classificao Econmica (sendo que esta classificao no obrigatria do ponto de vista Constitucional).

    3- Proibio dos Fundos Secretos

    De facto a Constituio prev no art. 105/3 a Proibio de FundosSecretos. Proibio meramente excepcional porque ns podemos ter, porrazes de segurana Nacional, Fundos Secretos, que podem ser aprovadosno Parlamento, desde que haja fundamento.

    Estruturao por Programas.

    O art. 105/3 diz ... podendo ainda ser estruturado por programas. .Isto no bem assim, o legislador em 2011 alterou o paradigma e veio dizerque temos duas formas de Oramentao, por Atividades e por Programas .

    A Oramentao por Atividades aquela que conhecemos e que

    resulta do Oramento que est em vigor. Os Mapas so por classificaoOrgnica, Funcional e Econmica. Ou seja, o Governo apresenta asdespesas e executa-as com base nos rgos, nas Funes e na Naturezados Prprios Atos (Classificao Econmica).

    Mas o que facto que h outro paradigma, a Oramentao porProgramas .

    A Oramentao por Programas . Significa que o programa oconjunto de medidas e de atividades. Em vez de apresentarmos despesaspor Ministrio apresentamos programas que poderiam ser seguidos porvrios Ministrios: Programa Sade, Programa Justia, Programa Defesa,etc. Seguindo o paradigma espanhol que apresentado por Programas e nopor Atividades desde 2011. Em Portugal no existe Oramentao por

    Programas. Dos 21 Mapas que esto em vigor e que constam da Lei doOramento de estado apenas 1 um Mapa por Programas (Mapa 15). At ao

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    Mapa 14 so Mapas por Atividade, quer isto significar que o paradigma ainda Mapas por Atividades, com a complementaridade dos Programas. Noobstante a Lei de Enquadramento de Estado dizer que o Paradigma porPrograma, no havendo correspondncia na prtica.

    A Oramentao por Programas a nica que apresenta uma formaque garante a transparncia e clareza financeira.

    O art. 105/4 est divido em 4 partes:

    1. O Oramento prev as receitas necessrias para cobrir todas asdespesas: isto no um equilbrio oramental um equilbrioContabilstico, chamado de equilbrio Formal. Se o Governo adeterminada altura no tem receitas para cobrir as despesas, no sechama dfice Oramental, chama-se Banca rota ou Default . Altima Banca Rota portuguesa foi em 1891/1892 e ficou resolvida em2002.

    2. O Oramento deve definir as regras de execuo; ao Governo quecompete exclusivamente a execuo do Oramento sem interfernciado Parlamento. H um dispositivo que se chama DispositivoTravo, que vem dizer no art. 167/2 da Constituio, que oParlamento no pode interferir em termos de diminuio de receitas ede aumento de despesas.

    3. O Oramento deve definir as condies que dever obedecer orecurso ao crdito pblico; esta a remeter ao art. 161 alnea h) daConstituio, que diz que compete AR aprovar todas as operaesde crdito que estejam para alm do ano Oramental, no quechamamos Operaes de Divida Pblica Flutuante. O contrario soas Operaes de Divida Pblica Fundada que tem o impacto no anosubsequente.

    O Parlamento tem que aprovar expressamente Operaes deDivida Publica Fundada para alm do ano, porque a AR s autorizou

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    Compete Assembleia da Repblica:

    !

    g) Aprovar as leis das grandes opes dos planos nacionais e oOramento do Estado, sob proposta do Governo;

    Temos a terceira fase que a fase de execuo do Oramento deEstado (que j foi aprovado). A execuo do Oramento de Estado pertenceao Governo, previsto no art. 199 alnea g) da Constituio:

    Artigo 199.

    (Competncia administrativa)

    Compete ao Governo, no exerccio de funes administrativas:

    ! b) Fazer executar o Oramento do Estado;

    Durante a fase de execuo Oramental podem ser realizadasalteraes ao Oramento. Vimos nos art 52. e ss de quem a competnciapara proceder alteraes ao Oramento. Algumas alteraes sero dacompetncia do Governo e outras da competncias da AR, sendo que estasultimas devero ser desencadeadas pelo Governo, nomeadamente face chamada Lei Travo, que determina que durante o Oramento de Estadonenhum deputado pode apresentar propostas que representem o aumento dadespesa ou a diminuio da receita.

    Depois temos na quarta fase a Fiscalizao , em que o Oramento jfoi executado e que d origem chamada Conta Geral do Estado, que oresultado do apuramento posteriori do que foi a execuo de Oramento deEstado e que essa Conta Geral do Estado dever ser aprovada pela ARnomeadamente nos termos do art. 107 da Constituio. A Conta Geral doEstado Fiscalizada pela AR e Tribunal de Contas:

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    Artigo 107.

    (Fiscalizao)

    A execuo do Oramento ser fiscalizada pelo Tribunal de Contas epela Assembleia da Repblica, que, precedendo parecer daquele tribunal,apreciar e aprovar a Conta Geral do Estado, incluindo a da seguranasocial.

    O tribunal de Contas neste caso procede emisso de um parecersobre a Conta Geral do Estado. Este parecer apesar de no ser vinculativo entregue AR, e a AR, de acordo com o resultado do parecer, aprova ou noa Conta Geral do Estado. Numa quarta e ultima fase Oramental.

    Na preparao e elaborao do Oramento o Governo no pode teruma atitude discricionria, ou seja, no pode decidir a seu belo prazer o quequer ou no colocar no Oramento. Desde logo o Governo est subordinados vinculaes Internas e Externas que resultam do art. 105/2 parte final daConstituio:

    Artigo 105.

    (Oramento)

    2. O Oramento elaborado de harmonia com as grandes opes emmatria de planeamento e tendo em conta as obrigaes decorrentes delei ou de contrato.

    A elaborao do Oramento deve ter em conta as obrigaesdecorrentes de lei ou de contrato. por isso que os vencimentos dosfuncionrios pblicos devem ser contemplados no Oramento de Estado

    (Obrigao decorrente de Lei), pois uma despesa corrente.

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    Alguns dos princpios e regras previstos na Constituio Financeira,tambm se encontra previsto na Lei de Enquadramento Oramental. Estasobrigaes e vinculaes Externas e internas, que assume a Constituio,esto tambm presentes nos artigos 16 e 17 da LEOE (Lei deEnquadramento de Oramento de Estado). Mas encontramos tambm outrosprincpios e regras na Constituio, como por exemplo o Principio ou Regrada Anualidade :

    Artigo 106.

    (Elaborao do Oramento)

    1. A lei do Oramento elaborada, organizada, votada e executada,anualmente , de acordo com a respectiva lei de enquadramento, que incluiro regime atinente elaborao e execuo dos oramentos dos fundos eservios autnomos.

    O Oramento tem uma base e dimenso anual, em que o ano Economicocoincide com o ano Civil, comeando a 1 de janeiro e terminando a 31 deDezembro. H pases em que isso no acontece. O facto de ser aprovadoanualmente pode pr alguns entraves ao nvel da programao plurianual dadespesa, ou seja, o Estado muitas vezes realiza despesa que no seconsome num ano mas sim em vrios. Como por exemplo a construo deuma ponte. Assim, o Oramento prev a necessidade de se antecipar o quevenha a ser a despesas futura. A forma como a LEOE tenta resolver oproblema atravs do art. 14.

    Como sabemos o Estado tem necessidade de obter receitas para fazerface s despesas que tem. no Oramento de Estado que vo sercontempladas as receitas e despesas que o Estado pretende efetuar. Note-seque no entanto, as receitas que o Estado obtm no esto directamenteligadas a determinadas despesas, isto resulta do Principio ou Regra da NoConsignao , previsto no artigo 7 da LEOE. Este principio significa que

    nenhuma receita pode ser afectada a determinada despesas. Por exemplo o

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    (Reserva relativa de competncia legislativa)i) Criao de impostos e sistema fiscal e regime geral das taxas e demaiscontribuies financeiras a favor das entidades pblicas;

    Taxas: h uma relao sinalagmtica e bilateral que envolve umaprestao e uma contraprestao. No fixada por lei. A AR no precisa dese pronunciar sobre a criao de uma Taxa Especifica.

    O estado socorre-se de Taxas para se financiar cobrando pelosservios que presta em detrimento da obteno de impostos, nos impostosno h uma relao bilateral. Por vezes podem existir problemas na fronteiraentre a Taxa e os impostos. H por vezes Taxas que so verdadeiramenteimpostos e como tal tm que ser aprovados pela AR e no pela entidade queos cria (entidade reguladora). Caso das taxas que um Municpio cobra paracolocao de anncios num prdio. Essa Taxa pode ser uma taxadesmesurada para aquele que o retorno do anuncio publicitrio, no huma relao bilateral, logo, no uma taxa mas sim um imposto cobradopelo Municpio. Logo a taxa inconstitucional porque viola a Reserva

    Relativa da AR no artigo 165 alnea i) da CRP.

    No Oramento de Estado encontramos receitas que vem da cobranade impostos. Mas o estado atravs da cobrana de impostos no visa apenasobter receita, a sua finalidade no apenas a obteno de receita tambma redistribuio da riqueza ao nvel do imposto sobre o rendimento singular(IRS) presente no artigo 104/1 CRP:

    Artigo 104.

    (Impostos)

    O imposto sobre o rendimento pessoal visa a diminuio dasdesigualdades e ser nico e progressivo, tendo em conta as necessidades eos rendimentos do agregado familiar.

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    que essa taxa incide sobre bens essenciais cujo consumo necessrio atodos.

    Sendo o nosso estado o estado fiscal, ou seja, esteja alicerado naobteno de recitas tributarias, porque no temos ainda os custos dopetrleo dos Emiratos rabes Unidos que nos permite alimentar oramentode estado, nesses pases quase no se fala em direito fiscal e receitastributarias. nas receitas tributarias que o estado vai biscar grande parte dassuas receitas.

    Esta matria esta no mbito da AR, chamada matria da reservarelativa da AR, nos termos do art. 165/1 alnea i). O que significa que sendoa matria da reserva relativa AR pode ser concedida uma autorizaolegislativa ao Governo em matria tributria e pode alis a Lei do Oramentode Estado prever autorizaes Legislativas ao Governo em matria tributaria,no entanto relativamente a essas autorizaes legislativas a durao dasmesmas vigora apenas durante o perodo que vigora a lei do oramento, ouseja, durante o ano econmico para o qual vigora o Oramento, nos termosdo art. 165/5 da CRP ,

    Artigo 165.

    (Reserva relativa de competncia legislativa)

    da exclusiva competncia da Assembleia da Repblica legislar sobreas seguintes matrias, salvo autorizao ao Governo:

    !

    5. As autorizaes concedidas ao Governo na lei do Oramentoobservam o disposto no presente artigo e, quando incidam sobrematria fiscal, s caducam no termo do ano econmico a querespeitam.

    h uma especificidade relativamente s autorizaes legislativas dematria fiscal, caducam no termo do ano econmico a que respeitam. Porltimo relativamente a matria fiscal assinalar que existe uma proibio dereferendo nos termos do art. 115/4 alnea b) da CRP So excludas do

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    mbito do referendo: b) As questes e os actos de contedooramental, tributrio ou financeiro ; , justamente porque as matrias denatureza financeira e oramental interferem com os irredutveis da soberaniado Estado, ou seja, esta em causa a soberania do Estado, por outro lado asmatrias de natureza tributaria so aptas a alguma demagogia poltica(exemplo da Dinamarca em 1989 em que surgiu um partido que s tinha amedida de acabar com os impostos e tiveram 30% de votos na primeiraeleio e no conseguindo acabar com os impostos foram extintos nasegunda eleio). A constituio proibiu referendos em matria fiscal,financeira e oramental.

    O oramento de estado luz da constituio subordina-se regra daunidade oramental, s h um nico oramento de estado, art. 105/3 CRP. Podemos afirmar a existncia de uma regra que engloba esta sub-regra daunidade que a regra da Plenitude Oramental:

    Artigo 105.

    (Oramento)

    !

    3. O Oramento unitrio e especifica as despesas segundo arespectiva classificao orgnica e funcional, de modo a impedir a existnciade dotaes e fundos secretos, podendo ainda ser estruturado porprogramas.

    e que consta do art 5/1 da LEO. Este artigo 5/1 da LEO consagranovamente a regra da unidade que se encontrava presente no art. 105/3 daCRP e que nos diz que o oramento unitrio, sendo que o art. 5/1 reitera aideia de unidade oramental.

    Artigo 5.

    Unidade e universalidade

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    1 O Oramento do Estado unitrio e compreende todas as receitas edespesas dos servios integrados, dos servios e fundos autnomos e dosistema de segurana social.

    A Universidade do Oramento de Estado que significa que oOramento de estado deve englobar todas as receitas e todas as despesasdo oramento de estado, no seguimento do que est no art. 105/1 alnea a)CRP. Temos uma ideia de Plenitude Oramental, um nico oramento paratodas as receitas e todas asa despesas do Estado.

    Artigo 105.

    (Oramento)

    1. O Oramento do Estado contm:a) A discriminao das receitas e despesas do Estado, incluindo as dos

    fundos e servios autnomos;

    Os artigos 227/1 alnea i) e j) relativamente capacidade dasRegies Autnomas disporem de oramentos prprios e poderem dispor dasmatrias que a lei concede em termos fiscais, da capacidade de dispor dereceitas tributarias

    Artigo 227.

    (Poderes das regies autnomas)

    1.As regies autnomas so pessoas colectivas territoriais e tm osseguintes poderes, a definir nos respectivos estatutos:

    i) Exercer poder tributrio prprio, nos termos da lei, bem comoadaptar o sistema fiscal nacional s especificidades regionais, nostermos de lei-quadro da Assembleia da Repblica;

    j) Dispor, nos termos dos estatutos e da lei de finanas das regiesautnomas, das receitas fiscais nelas cobradas ou geradas, bem como

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    de uma participao nas receitas tributrias do Estado, estabelecidade acordo com um princpio que assegure a efectiva solidariedadenacional, e de outras receitas que lhes sejam atribudas e afect-las ssuas despesas;

    e por outro lado o art. 238 da CRP relativamente possibilidade das Autarquias Locais terem patrimnio e finanas prprias. Refiro apenas nestafase, porque vamos falar mais adiante sobre finanas locais e regionais, masestamos aqui a tratar da panormica da constituio financeira. O que nosleva aqui para ouro ponto que se relaciona com a lei de enquadramento,como saber quais so os organismos que so subordinados ao oramento deEstado.

    Artigo 238.

    (Patrimnio e finanas locais)

    1. As autarquias locais tm patrimnio e finanas prprios.

    2. O regime das finanas locais ser estabelecido por lei e visar a justarepartio dos recursos pblicos pelo Estado e pelas autarquias e anecessria correco de desigualdades entre autarquias do mesmograu.

    3. As receitas prprias das autarquias locais incluem obrigatoriamente asprovenientes da gesto do seu patrimnio e as cobradas pelautilizao dos seus servios.

    4. As autarquias locais podem dispor de poderes tributrios, nos casos enos termos previstos na lei.

    As regies Autnomas gozam de independncia Oramental, ou sejapodem dispor das recitas que por lei lhes esto afectas s despesas queentendam por conveniente e as autarquias locais tambm podem dasreceitas que por lei esto afectas s despesas que entendam porconvenientes, gozam de independncia oramental, no estado os

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    oramentos destas entidades includos no oramento de Estado ( art. 5/2 daLEO).

    Artigo 5.

    Unidade e universalidade

    2 Os oramentos das regies autnomas e das autar- quias locais soindependentes do Oramento do Estado e compreendem todas asreceitas e despesas das admi- nistraes, regional e local, incluindo asde todos os seus servios e fundos autnomos.

    Quanto ao Oramento da Segurana Social, o art. 105/1 alnea b) daCRP determina que o oramento da Segurana Social faa parte doOramento do Estado, ainda que se distinga dentro do Oramento de Estadoo Oramento da Segurana Social, porque h um subsector da SeguranaSocial que envolve diferentes subsistemas que determinam que existamreceitas prprias desse subsector da Segurana Social face necessidadede afectar, a estas, receitas prprias (pensemos nos modelos de

    capitalizao a propsito da segurana social, ou seja, os modelos nosquais descontamos para a reforma que vamos ter, numa ptica decapitalizao, ou seja, para que os descontos que estamos a fazer revertamintegramente a nosso beneficio no momento da reforma, ou em modelos derepartio em que os descontos que estamos a fazer servem para sustentaras reformas que tem que ser pagas no imediato, numa lgica desolidariedade).

    No caso da Segurana Social a obteno de receitas tem umafinalidade distinta da que se verifica no Oramento de Estado, da que ooramento da Segurana Social seja tambm ele distinto do Oramento deEstado, ainda que dele faa parte integrante. isto que nos diz o art. 2/4 daLEO, dentro do sector publico Administrativo encontramos o subsector daSegurana Social constitudo pelo conjunto dos subsistemas definidos narespectiva Lei de Bases que integra o Oramento do Estado.

    Artigo 2.

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    3 So servios e fundos autnomos os que satisfa- am, cumulativamente,os seguintes requisitos:

    a) No tenham natureza e forma de empresa, fundao ou associao

    pblicas, mesmo se submetidos ao regime de qualquer destas por outrodiploma;

    b) Tenham autonomia administrativa e financeira;

    c) Disponham de receitas prprias para cobertura das suas despesas,nos termos da lei.

    onde se verifica que o Sector Empresarial do Estado composto pelasEmpresas Publicas , empresas onde o Estado tem a maioria do capitalsocial, mais de 50% ou a possibilidade de designar a maioria dos membrosdos rgos de fiscalizao ou Administrao, esta noo de empresa publica dada pelo DL 558/99.

    Quando estamos perante uma Empresa Publica essa empresaintegra o Sector Empresarial do Estado , portanto escapa ao regime da Leide Oramento de Estado, logo esse Fundo e Servio Autnomo no ter deter uma Natureza e Forma de Empresa.

    Em primeiro lugar a Lei Quadro dos Institutos Pblicos tem Naturezaadministrativa no tem Natureza Empresarial. Um Instituto Publico pode serum exemplo de Fundo e Servios Autnomos, no tem Natureza deEmpresa, cumprindo o artigo 2/3 alnea a) da LEO .

    Em segundo lugar (artigo 2/3 alnea b ) o servio autnomo deve teruma autonomia administrativa e financeira. Relativamente a esta autonomiadevemos observar o seguinte:

    A circustantncia de ser concedida Autonomia Administrativa eFinanceira a um servio, depende da analise conjunta de dois regimes

    jurdicos,por um lado da Lei de Bases da Contabilidade Publica (Lei 8/90

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    de 20 de fevereiro), que prev no art. 6 e seguintes o regime da autnimaadministrativa e financeira. Este regime s pode ser concedido a servios queatinjam pelo menos 2/3 das despesas realizadas com receitas prprias desseservio. Se isto se verificar pode ser concedido a chamada AutonomiaFinanceira ao servio.

    Nota: Os Servios Integrados gozam do regime Regra, em termosfinanceiros, da Autonomia Administrativa . Podem realizar as despesas queentendam por convenientes ao servio e que estejam previstas noOramento desse servio (autonomia administrativa). Os Fundos e ServiosAutnomos gozam do regime excepcional que a concepo deAutonomia Administrativa e Financeira, na medida em que esses serviospodem dispor de receitas prprias, o que no acontece com os ServiosIntegrados , que no gozam de autonomia financeira, no podendo dispor dereceitas prprias. Por conseguinte, a concepo da AutonomiaAdministrativa e Financeira representa um regime excepcional no cotextodas finanas publicas. Que , o que afirma a Lei de Bases de ContabilidadePublica (8/90 de 20 de fevereiro). Concede Autnima Administrativa e

    Financeira a titulo excepcional desde que os Servios que tenham receitasprprias.

    Por outro lado , ter que ser verificada a circunstncia anteriormentedescrita e se durante mais que dois anos consecutivos se verificarcircunstncias de o servio dispor de mais de 2/3 de receitas prprias paracobrir as suas despesas, caso contrario cessar o regime de Autonomia

    Administrativa e Financeira , deixando o servio de ter Natureza de Fundoe Servio Autnomo e passa a ter Natureza de Servio Integrado .

    Observao: Por vezes a prpria Lei que concede a Natureza deFundo e Servio Autnomo a determinado servio. No passado, aPresidncia da Repblica, nos termos do artigo 164/alnea v) CRP, foiconcedida pela AR, a gozar de Autonomia Administrativa e Financeira

    (capacidade de dispor de receitas prprias e afecta-las s despesas queentenda ,dentro do seu oramento prprio) aos servios de apoio do

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    Presidente da Repblica, apesar da Presidncia da Repblica no cumprircom o requisito de ter 2/3 de receitas prprias. Entendeu-se que, atendendo especificidade daquele servio, era importante que dispusesse de Autonomia Financeira, coisa que no acontecia at reviso constitucionalde 1989.

    Pode acontecer que, a concesso da Autonomia Administrativa eFinanceira, seja feita por outras razes, que no de mera existncia dereceitas prprias que sirvam para cobrir 2/3 das recitas prprias, mas temque ser concedida por Lei (artigo 6/4 da lei de Bases da ContabilidadePublica ). Para alm desta regra geral, se um servio tiver receitas prpriaspara cobertura dessas receitas pode existir razes ponderosas que sejamdefinidas por lei. E por isso que o artigo 2/3 alnea c) se refere circunstncia, de os Fundos e Servios Autnomos, terem de dispor dereceitas prprias para cobrir todas as suas despesas, justamente tem que sefazer a ligao com o artigo 6 da Lei de Bases da Contabiidade Publica(8/90 de 20 de fevereiro ) na parte onde menciona nos termos da Lei .

    O regime excepcional da Autonomia Administrativa e Financeira

    depois desenvolvido pelo Regime da Administrao Financeira do Estado(RAFE). O RAFE definido peloDL 155/92 de 28 de Julho e aprovou oregime da Administrao Financeira do Estado. Este regime traduz-se, querno que a Autonomia Administrativa (servios Integrados) nos artigos 2e seguintes do RAFE , quer no que se traduz pelo regime excepcional daAutonomia Administrativa e Financeira artigos 43 e seguintes do RAFE .

    Os Servios e Fundos Autnomos tm oramentos prprios e estoinscritos dentro do Oramento de Estado, porque tm receitas prprias e tma possibilidade de anexar as receitas prprias s despesas prprias nessesmesmos servios. Por isso, os Fundos e Servios Autnomos estoprevistos na Lei do Oramento de Estado mas tm contas prprias,chamadas as Contas de Ordem, onde esto registadas as suas receitas eas suas despesas. Com isto temos circunscrito o Permetro Oramental que

    engloba o SPA , os Servios Integrados (que no dispem de Autonomia Administrativa e Financeira, que at so a maior parte dos servios pblicos.

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    Artigo 105.

    (Oramento)O Oramento elaborado de harmonia com as grandes opes em

    matria de planeamento e tendo em conta as obrigaes decorrentes delei ou de contrato.

    e tendo em conta as vinculaes externas do Oramento como estaprevisto no artigo 17 da LEO.

    Artigo 17.

    Vinculaes externas

    Os oramentos que integram o Oramento do Estado so elaborados,aprovados e executados por forma que:

    a) Contenham as dotaes necessrias para a reali- zao das despesas

    obrigatrias a que se refere o artigo anterior;b) Respeitem as obrigaes decorrentes do Tratado da Unio Europeia;

    c) Tenham em conta as grandes opes em matria de planeamento e aprogramao financeira plurianual elaborada pelo Governo.

    Isso exige que se faa uma programao oramental a medio longoprazo, no sentido de antecipar as despesas que vo surgir daqui a 2/3 anos,para que no momento da elaborao do oramento essas despesas sejamrefletidas na Lei de Oramento de Estado. Por isso que, sem prejuzo dooramento ter uma dimenso anual, artigo 4/1 da LEO , o artigo 4/2 e 4/3 fazreferencia a esta lgica de se fazer uma programao plurianual dooramento e de se prever em relatrios aquilo que ser preciso executar adois ou trs anos.

    Artigo 4.

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    Anualidade e plurianualidade

    1 Os oramentos dos organismos do sector pblico administrativo soanuais.

    2 A elaborao dos oramentos enquadrada num quadro plurianual deprogramao oramental, que tem em conta os princpios estabelecidos napresente lei e as obrigaes referidas no artigo 17.

    3 Os oramentos integram os programas, medidas e projectos ouactividades que implicam encargos pluria- nuais, os quais evidenciam adespesa total prevista para cada um, as parcelas desses encargos relativas

    ao ano em causa e, com carcter indicativo, a, pelo menos, cada um dos trsanos seguintes.

    O que esta no artigo 4/2 e 4/3 refrete-se no artigo 12/D da LEO, todosos anos o Governo deve apresentar uma proposta de Lei com o quadroplurianual de programao oramental, definindo o que vai ser a despesasem termos oramentais para os 4 anos seguintes.

    Artigo 12.-D

    Quadro plurianual de programao oramental

    1 O Governo apresenta Assembleia da Repblica, de harmonia com asGrandes Opes do Plano, uma pro- posta de lei com o quadro plurianual deprogramao or- amental.

    2 A proposta referida no nmero anterior deve ser apresentada e debatidasimultaneamente com a primeira proposta de lei do Oramento do Estadoapresentada aps tomada de posse do Governo.

    3 O quadro plurianual de programao oramental actualizadoanualmente, para os quatro anos seguintes, na lei do Oramento do Estado,em consonncia com os objectivos estabelecidos no Programa deEstabilidade e Crescimento a que se refere o artigo 12.-B.

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    4 O quadro plurianual de programao oramen- tal define os limites dadespesa da administrao central financiada por receitas gerais, emconsonncia com os objectivos estabelecidos no Programa de Estabilidade eCrescimento.

    5 O quadro plurianual de programao oramental define ainda os limitesde despesa para cada programa oramental, para cada agrupamento deprogramas e para o conjunto de todos os programas, os quais sovinculativos,

    respectivamente, para o primeiro, para o segundo e para os terceiro e quartoanos econmicos seguintes.

    6 As leis de programao financeira e as transfe- rncias efectuadas nombito da lei de financiamento da segurana social ficam sujeitas aos limitesresultantes da aplicao dos n.os 4 e 5.

    7 As despesas relativas a transferncias resultantes da aplicao das leisde financiamento das regies autno- mas e das autarquias locais, astransferncias para a Unio Europeia e os encargos com a dvida pblicaesto apenas sujeitos aos limites que resultam da aplicao do n. 4.

    8 Os saldos apurados em cada ano nos programas oramentais e orespectivo financiamento, nomeadamente as autorizaes de endividamento,podem transitar para os anos seguintes, de acordo com regras a definir peloGoverno.

    9 A dotao provisional prevista no n. 5 do artigo 8. concorre para oslimites a que se refere o n. 4 e pode destinar-se a despesas de qualquerprograma.

    A autorizao que a AR concede anual, no se pense que est nestecaso a autorizar o Governo a realizar despesa aqui a 3 ou 4 anos, mas haqui um certo ajustamento e planeamento Macroeconmico que feito, no

    apenas numa optica anual mas tambm numa optica plurianual, at por

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    vinculaes externas que decorrem da vinculao de Portugal UnioEuropeia e com a necessidade de apresentar um Programa de Estabilidadee Crescimento, feito pela AR (art. 12/B da LEO). O Programa deEstabilidade e Crescimento tambm reflete a programao oramentalplurianual nos termos do art. 12/B/3 da LEO.

    Artigo 12.o-B

    Programa de Estabilidade e Crescimento

    !

    3 A reviso anual do Programa de Estabilidade e Crescimento inclui umprojecto de actualizao do quadro plurianual de programao oramental, aque se refere o artigo 12.-D, para os quatro anos seguintes.

    O art. 4/3 na parte final da LEO , refere-se justamente a estes

    encargos com carcter indicativo a pelo menos cada 1 dos 3 anosseguintes. Com carcter indicativo porque no momento em que a lei deOramento de Estado aprovada no se est a aprovar despesa para daquia 2 ou 3 anos, est-se a aprovar despesa para o ano econmico seguinte. Aexecuo das despesas ser feita numa optica anual, bem como aautorizao da AR para a realizao dessas despesas tambm numaoptica anual.

    Artigo 4.o

    Anualidade e plurianualidade

    3 Os oramentos integram os programas, medidas e projectos ouactividades que implicam encargos pluria- nuais, os quais evidenciam adespesa total prevista para cada um, as parcelas desses encargos relativasao ano em causa e, com carcter indicativo, a, pelo menos, cada um dos

    trs anos seguintes.

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    apenas para amortizao da dvida pblica e do sector empresarial doEstado, para o servio da dvida resultante de nacionalizaes ou paranovas aplicaes de capital no sector produtivo;

    c) Os trabalhadores das empresas objecto de reprivatizaomantero no processo de reprivatizao da respectiva empresa todos osdireitos e obrigaes de que forem titulares;

    d) Os trabalhadores das empresas objecto de reprivatizaoadquiriro o direito subscrio preferencial de uma percentagem dorespectivo capital social;

    e) Proceder-se- avaliao prvia dos meios de produo e outrosbens a reprivatizar, por intermdio de mais de uma entidadeindependente.

    Para evitar que as receitas que o estado obteve com asreprivatizaes fossem afectas ao pagamento a funcionrios, ou adeterminado tipo de despesas correntes que no teriam qualquer beneficiofuturo, a prpria Constituio prev que as receitas de reprivatizaes devemservir para Amortizao da Divida Publica ou para novas Aplicaes no

    Sector Produtivo ou no Sector Empresarial do Estado .

    Este um exemplo ao Principio ou Regra da No Consignao .Mas h mais, o art. 7/2 da LEO, procede a um elenco vasto de excees.

    Artigo 7.

    No consignao

    2 Exceptuam-se do disposto no nmero anterior:

    a) As receitas das reprivatizaes;

    b) As receitas relativas aos recursos prprios comuni- trios tradicionais;

    c) As receitas afectas ao financiamento da segurana social e dos seus

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    diferentes subsistemas, nos termos legais;

    d) As receitas que correspondam a transferncias prove- nientes da UnioEuropeia, de organizaes internacionais ou de oramentos de outras

    instituies do sector pblico administrativo que se destinem a financiar, totalou par-cialmente, determinadas despesas;

    e) As receitas que correspondam a subsdios, donativos ou legados departiculares, que, por vontade destes, devam ser afectados cobertura dedeterminadas despesas;

    f) As receitas que sejam, por razo especial, afectadas a determinadas

    despesas por expressa estatuio legal ou contratual;

    Determinando no art. 7/3 da LEO que possam existir outras excees ao Principio ou Regra da No Consignao quando por razoespecial seja necessrio afectar despesas por expressa estatuio legal oucontatual. Este artigo 7/3 da LEO na parte final diz que essa exceo serdefinida em legislao complementar, at hoje nunca foi determinadaqualquer legislao complementar. Isto relaciona-se com o problema doCabimento Oramental.

    Artigo 7.

    No consignao

    ...3 As normas que, nos termos da alnea f) do nmero anterior, consignemreceitas a determinadas despesas tm carcter excepcional e temporrio, emtermos a definir em legislao complementar.

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    Cabimento Oramental significa que a realizao de determinadadespesas s pode ser efectuada desde que ela caiba na respectiva DeduoOramental . Se temos previsto uma despesa de 100, a realizao daqueladespesa s pode ser efectuada at 100, porque s at ai que cabe nadotao oramental ( art. 42/6 alnea b da LEO).

    CAPTULO I

    Execuo oramental

    Artigo 42.

    Princpios

    6 Nenhuma despesa pode ser autorizada ou paga sem que,cumulativamente:

    b) A despesa em causa disponha de inscrio oramental, tenha cabimentona correspondente dotao, esteja adequadamente classificada e obedeaao princpio da execuo do oramento por duodcimos, salvas, nesta ltima

    matria, as excepes prev