febre reumática (davyson sampaio braga)
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Caso Clínico da Enfermaria14/06/2012
DAVYSON SAMPAIO BRAGA
Identificação
Nome: M.F.S Idade: 13 anos Sexo: feminino Natural e Procedente de Juazeiro do
Norte Estudante
QP e HDA
“Tosse, Dispnéia e Taquipnéia” Paciente com dispnéia, tosse produtiva
com expectoração amarelada associada a febre.
Refere perda de peso de 4kg no último mês
Refere episódios de síncopes ao exercício físico
Paciente encaminhada por apresentar palidez intensa e taquicardia
Exame físico
EGR , Anictérica, Acianótica, Hipocorada 2+/4+
Resp = MV +, com presença de sibilos em ambas as bases. FR= 54irpm
Acv = RCR, 3T, BNF, presença de sopro sistólico em FM 3+/6+, ritmo galope, protusão do mesocárdio, ictus cordis em LMA no 7° EICE; PA=130x60 FC=120
Abd = plano, indolor, depressível, s/ vmg ou massas palpáveis, RHA+
Exames da Admissão
Hemograma (24/05/12): Ht = 38.9% Hb = 11.6g% Hem = 4.59 milhões/mm³ Leucócitos = 8.900 /mm³▪ B 0%; E 1%; Bastões 1%; Segmentados 75%;
L 20%; M 3% Plaquetas = 260.000 /mm³
Hipóteses Diagnósticas??? PNEUMONIA
CARDIOPATIA
ICC
Conduta na Admissão
Dieta Livre Venóclise por Holliday Sintomáticos Cuidados Gerais e Sinais Vitais
Evolução Plantonista
Dia 25/05/12 – 2º DIH HDA: Paciente evoluindo com tosse, dispnéia
e taquipnéia. ACV: Sopro Cardíaco PA: 140x60mmhg AR: Sibilos e Creptos difusos Solicitado Rx de Tórax, PCR, VHS e ASLO Conduta: Venóclise por Holliday, Digoxina
0.25mg/d, Furosemida 40mg/d, Aldactone 50mg/d e Captopril 25mg 8/8h, Hidrocortisona 20mg/kg/d. Ceftriaxona 2g/d. CH 300ml.
Exames
Radiografia de tórax
Exames
VHS : 69mm UREIA: 25mg/dl CREATININA: 0.83mg/dl ASLO: 166 UI/ml Sumário de Urina: Normal
Exames
Ecocardiograma: Dopplerfluxometria:
Refluxo Mitral moderado Refluxo Aórtico importante
Conclusões: Insuficiência Mitral moderada Insuficiência Aórtica Importante Dilatação importante de AE e VE Etiologia Reumática
Evolução Plantonista
Dia 26/05/12 – 3º DIHMelhora do quadro clínicoEx. Físico: Estável, acianótica, afebril, dispnéica e taquicárdica.AR: Estertores difusosAC: RCR, 3T, (B3), SS em FM (+++/6+) PA: 120x80Conduta: Dieta Hipossódica. Conduta Mantida
Evolução Plantonista
Dia 27/05/12 – 4º DIH Paciente com melhora clínica
significativa. PA: 130x80 Conduta: MANTIDA
Evolução Enfermaria
Dia 28/05 a 30/05 Paciente evolui com EGB referindo melhora da dispnéia,
relatando tosse cheia de aspecto amarelado, sem outras queixas clínicas.
▪ ECT: EGB, A, A, A, Hidratado, Normocorado▪ ACV: RCR, 3T, B3, sopro sistólico em FM (+++/6+) FC: 82bpm PA=
130x80mmHg▪ AR: MV +, com presença de creptos em Base de AHT, FR= 32irpm▪ ABD: plano, indolor à palpação, sem VCM, RHA+▪ MMII: Presença de eczema em ambos os pés
Conduta: Furosemida 2mg/kg/dia. Digoxina 0.25mg/d, Aldactone 50mg/d e Captopril 25mg 8/8h, Hidrocortisona 20mg/kg/d + Aerosol com B2. Ceftriaxona 2g/d. Cabeceira elevada.
Exames: Solicitado Hemograma para controle pós-tranfusional
Exames
Hemograma (28/05/12): Ht = 38.9% - 47.5% Hb = 11.6g% - 14.7g% Hem = 4.59 milhões/mm³ - 5.4 Leucócitos = 8.900 /mm³ - 20.900▪ B 0%; E 1%; Bastões 1%; Segmentados 75%-
80 ; L 20% - 11; M 3% Plaquetas = 260.000 /mm³- 386.000
Evolução Enfermaria
Dia 31/05 e 01/06 Paciente evolui bem, sem outras queixas
clínicas.▪ ECT: EGB, A, A, A, Hidratado, Normocorado▪ ACV: RCR, 3T, B3, sopro sistólico em FM (+++/6+) FC:
80bpm PA= 120x60mmHg▪ AR: MV +, com presença de creptos em Base de AHT,
FR= 30irpm. Melhora da ausculta▪ ABD: plano, indolor à palpação, sem VCM, RHA▪ Conduta :Conduta: Furosemida 1mg/kg/dia. Digoxina
0.25mg/d, Aldactone 50mg ½ cp de 12/12 , Captopril 25mg ½ cp de 12/12, Hidrocortisona 20mg/kg/d + Aerosol com B2. Ceftriaxona 2g/d. Cabeceira elevada.
Diagnóstico
1) Doença Reumática com Cardite e Lesão Valvar. 2) Pneumonia
Alta Hospitalar no dia 02/06/12, com Furosemida 40mg 01 cp dia. Digoxina 0.25mg 01 cp dia, Aldactone 25mg 01 cp de 12/12h, Captopril 25mg ½ cp de 12/12h. Penicilina Benzatina 1.200.000 UI a cada 15 d conforme orientado pela cardiologista.
Prescrito: Cefalexina de 6/6h para completar 14 d. Prednisona 40mg/dia para completar 7 d e Aerosol com B2.
Desde 2006 iniciou Penicilina Benzatina a cada 3 semanas, tomou por 2 anos e passou um ano inteiro sem tomar onde veio a apresentar artralgia. Por conta desse tempo sem tomar a médica passou para ela tomar de 15 em 15 dias por 2 anos depois passar para 21 em 21 dias
FEBRE REUMÁTICA
FEBRE REUMÁTICA
DEFINIÇÃO EPIDEMIOLOGIA ETIOPATOGÊNESE MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ALTERAÇÕES LABORATORIAISDIAGNÓSTICO TRATAMENTOPROFILAXIA
FEBRE REUMÁTICA
INTRODUÇÃO: A febre reumática (FR) e a cardiopatia
reumática crônica (CRC) são complicações tardias não supurativas da faringoamigdalite causada pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A e decorrem de resposta imune tardia a esta infecção em populações geneticamente predispostas
FEBRE REUMÁTICA
INTRODUÇÃO: Comprometimento preferencial do
coração, das articulações, do tecido subcutâneo, da pele e do sistema nervoso central (gânglios da base)
A valvopatia reumática crônica é a doença cardiovascular mais frequente entre adolescentes e adultos jovens
Principal causa de óbito por doença cardíaca em menores de 40 anos
EPIDEMIOLOGIA
Idêntica a das infecções de vias respiratórias superiores por estreptococos do grupo A: Surto 5 a 15 anos Adultos – final da 2° e início da 3° década de
vida Fatores de risco epidemiológico:
Baixo padrão socioeconômico▪ AGLOMERAÇÕES
Faringite por estreptococos do grupo A▪ SOROTIPOS 1, 3, 5, 6 E 18 (MAIS ASSOCIADOS A FR)
ETIOPATOGÊNESE
Streptococcus pyogenes IVAS Mecanismo patogênico obscuro:
3 HIPÓTESES:▪ Infecção direta pelo estreptococo do
grupo A▪ Efeito tóxico de produtos extracelulares
da bactéria▪ Resposta imune anormal
ETIOPATOGÊNESE
RESPOSTA IMUNE ANORMAL: Reação auto-imune capaz de desencadear
uma inflamação não-supurativa do tecido conjuntivo e de determinados órgãos e sistemas
“mimetismo molecular” – semelhança química e estrutural entre alguns componentes da bactéria e do tecido envolvido
SUSCEPTIBILIDADE GENÉTICA: Membros da mesma família
IVAS streptococo B-hemolítico do grupo A
5 – 15 anos 3:100 FR 1/3 CRCIVAS• Hipertermia súbita• Adenopatia• Dor de garganta• Hiperemia da faringe• Presença de exudato• Petéquias no pálato
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
POLIARTRITE CARDITE ERITEMA MARGINATUM NÓDULOS SUBCUTÂNEOS CORÉIA DE SYDENHAM
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS POLIARTRITE (ATÉ 75%) DOR + EDEMA
Grandes articulações Assimétrica e migratória Extremamente doloroso e incapacitante Autolimitada Não deixa sequelas Boa resposta ao AINES Anticorpos específicos estão em fase de pico Líquido sinovial com leucócitos até 20.000,
com predomínio de polimorfonucleares
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS CARDITE (40 a 60%)
Principal de terminante do prognóstico da FR Única que deixa sequelas Acomete os 3 folhetos (pancardite) A inflamação aguda dura até 8 semanas Varia de leve a intensa Causas de óbito: choque cardiogênico e
EAP Tratamento: corticóide
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ERITEMA MARGINATUM (5%)
Normalmente associado a cardite Trata-se de um rash eritematoso, de centro claro e
bordas avermelhadas de caráter migratório Dura semanas/meses e não deixa sequelas Não apresenta tratamento específico
NÓDULOS SUBCUTÂNEOS (5%) Também se associam com frequência a cardite São firmes indolores, solitários ou múltiplos Duram apenas duas semanas e não deixa sequelas Não apresente tratamento específico
ERITEMA MARGINATUM E NÓDULO SUBCUTÂNEO
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS COREIA DE SYDENHAM (20%)
“Dança de São Vito” Movimentos involuntários e bruscos das
extremidades e da face devido acometimento dos núcleos da base
Normalmente aparece após a regressão das outras manifestações da FR
Causa mais comum de coreia em crianças Quadro autolimitado e não deixa sequelas Melhora no repouso e no sono e piora no estresse Síndrome autolimitada (3 a 4 meses) Tratamento: Haloperidol
COREIA DE SYDENHAM
VÍDEO 1 VÍDEO 2
ALTERAÇÕES LABORATORIAIS
Não existe exame específico para diagnósticos de FR
Reagentes de fase aguda Provas imunológicas Outros exames
REAGENTES DE FASE AGUDA Proteína C Reativa (PCR):
1º a se elevar (nas primeiras 24h) 1º a normalizar (2 semanas)
Velocidade de Hemossedimentação (VHS) 2º a se elevar e normaliza antes do término da
atividade reumática Influenciado pelo usos de AINES
Mucoproteínas Último a se alterar, mas permanece alterada
enquanto houver inflamação
PROVAS IMUNOLÓGICAS
A avaliação da infecção estreptocócica recente via de regra é positiva, além de fundamental para o diagnóstico. Deve ser feita pela dosagem dos anticorpos antienzimáticos abaixo: Antiestreptolisina O (ASLO) Anti-DNAse B Anti-Hialuronidase
CULTURA DE OROFARINGE FAN e FR = geralmente negativos
PROVAS IMUNOLÓGICAS
ASLO: Pincipal anticorpo Positivo em 80% dos casos Se eleva na 1º semana após IVAS e pode
persistir elevado por 1-6 meses após a FRA ASLO + anti-DNAse B = 90% ASLO + anti-DNAse B + anti-
hialuronidase = 95%
OUTROS EXAMES
HEMOGRAMA = leucocitose neutrofílica, anemia normocítica hipocrômica
RADIOGRAFIA = cardiomegalia ELETROCARDIOGRAMA = alargamento
do intervalo PR ECOCARDIOGRAMA = dilatação de
cavidades, valvulopatias e desempenho do coração
BIÓPSIA MIOCÁRDICA = “nódulos de Aschoff”
DIAGNÓSTICO
Pelo fato da FRA se manifestar com sinais e sintomas inespecíficos e de não existir nenhum exame diagnóstico, o diagnóstico deve ser dado pela associação de critérios clínicos + critérios laboratoriais
CRITÉRIOS DE JONES
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
2 CRITÉRIOS MAIORES OU 1 MAIOR E 2 MENORES + CO EXCEÇÃO: CORÉIA DE SYDENHAM
Critérios de Jones para diagnóstico de Febre Reumática
Critérios maiores
Critérios menores
1. Cardite(valvulite,miocardite ou pericardite 1. Febre 2. Poliatrite 2. Artralgia 3. Coréia de Sydenham 3. Alterações de provas de fase aguda 4. Nódulos subcutâneos 4. Alargamento de P-R no ECG 5. Eritema marginatum 5. História prévia de FR ou CRC
CRITÉRIO OBRIGATÓRIO Evidência de infecção estreptocócica prévia
1. Cultura de orofaringe positiva para Streptococcus ß-hemolítico do grupo A 2. Aumento dos títulos de anticorpos anti-estreptocócicos (ASLO, antiestreptoquinase, etc.)
TRATAMENTO
ERRADICAÇÃO DO ESTREPTOCOCO TRATAMENTO DE ARTRITE TRATAMENTO DE CARDITE TRATAMENTO DA COREIA
ERRADICAÇÃO DO S. PYOGENES
PENICILINA G BENZATINA 1.200.000U IM DOSE ÚNICA SE > 25 Kg
600.000U IM DOSE ÚNICA SE < 25 Kg
PRIMEIRA CONDUTA
TRATAMENTO DA ARTRITE
AAS 100 mg/kg/dia Dose máxima 4g ao dia Doses divididas 6/6 horas por 2 semanas Redução gradual (1/6 da dose inicial) a
cada sete dias até completar 8 semanas OBS: Paracetamol
TRATAMENTO DA CARDITE
PREDNISONA 1 a 2 mg/kg/dia (dose máxima 60 mg) Doses divididas em 3-4 tomadas diárias
por 2-3 semanas Iniciar desmame reduzindo 20-25% da
dose por semana Terapia mantida por 2-3 meses
OBS: ARTRITE + CARDITE
TRATAMENTO DA COREIA
HALOPERIDOL: Dose inicial 1mg/dia de 12/12 horas Se não houver resposta aumentar 1mg a
cada 3 dias, até haver resposta Dose máxima 4–6mg/dia Dose terapêutica por 10 a 15 dias,
iniciando então desmame até completar 8 a 12 semanas
PROFILAXIA
PRIMÁRIA: Consiste no tratamento adequado das
faringites streptocócicas. Quanto mais precoce o tratamento (até 9 dias) maior prevenção
1° ESCOLHA: Penicilina G Benzatina SE > 25 kg – 1.200.000U IM D.U. SE < 25 kg – 600.000U IM D.U.
2° ESCOLHA: Penicilina V oral, Azitromicina, Eritromicina ou Cefalexina
PROFILAXIA
SECUNDÁRIA: Prevenção de novas infecções
estreptocócicas, para prevenir novos surtos de FR, iniciar após diagnóstico firmado
PENICILINA G BENZATINA (1.200.000U IM OU 600.000U IM) A CADA 21 DIAS
POR QUANTO TEMPO?
PACIENTES QUE NÃO APRESENTAM CARDITE: Até os 18 anos ou por 5 anos após último
episódio (a opção que durar mais) PACIENTE COM CARDITE MAS SEM
LESÃO VALVAR: por 10 anos ou até os 25 anos (a opção que
durar mais) PACIENTES COM CARDITE E LESÃO
VALVAR: Até os 40 anos ou por toda vida
OBRIGADO!