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FACULDADE BOA VIAGEM / DEVRY BRASIL CENTRO DE PESQUISA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO - CPPA MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL - MPGE REGIVAN TENÓRIO DE OLIVEIRA CULTURA DE INOVAÇÃO: UM ESTUDO APLICADO EM GRUPOS DE CONCESSIONÁRIAS AUTOMOTIVAS DO BRASIL RECIFE, 2017

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FACULDADE BOA VIAGEM / DEVRY BRASIL

CENTRO DE PESQUISA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO - CPPA

MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL - MPGE

REGIVAN TENÓRIO DE OLIVEIRA

CULTURA DE INOVAÇÃO: UM ESTUDO APLICADO EM GRUPOS DE

CONCESSIONÁRIAS AUTOMOTIVAS DO BRASIL

RECIFE, 2017

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REGIVAN TENÓRIO DE OLIVEIRA

CULTURA DE INOVAÇÃO: UM ESTUDO APLICADO EM GRUPOS DE

CONCESSIONÁRIAS AUTOMOTIVAS DO BRASIL

Dissertação apresentada como requisito

complementar para obtenção do grau de Mestre

em Gestão Empresarial do Centro de Pesquisa e

Pós-Graduação em Administração – CPPA da

Faculdade Boa Viagem – DeVry Brasil, sob a

orientação do Prof. James Anthony Falk, PhD.

RECIFE, 2017

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Catalogação na fonte -

Biblioteca da Faculdade Boa Viagem | DeVry, Recife/PE

O482c Oliveira, Regivan Tenório de.

Cultura de inovação: um estudo aplicado em grupos de

concessionárias automotivas do Brasil / Regivan Tenório de

Oliveira. – Recife : DeVry | FBV, 2017.

210 f. : il.

Orientador(a): James Anthony Falk.

Dissertação (Mestrado) Gestão Empresarial -- Faculdade

Boa Viagem - DeVry.

1. Inovação. 2. Cultura organizacional. 3. Cultura de

inovação. I. Título. DISS 658[17.2]

Ficha catalográfica elaborada pelo setor de processamento técnico da Biblioteca.

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AGRADECIMENTOS

Inicialmente, eu agradeço ao Criador de todos nós, inteligência suprema, causa primária de

todas as coisas, por todas as bençãos alcançadas ao longo desta e de outras experiências, mas,

em especial, pela conclusão de mais esta etapa, em minha jornada evolutiva.

Agradeço ao meu pai (in memoriam) e minha mãe pelos princípios e valores que continuam a

me guiar os passos e que estão presentes na minha mente e coração.

Agradeço a Deus pela oportunidade de compreendê-lo um pouco mais, quando me foi dada a

benção de ser pai de, até o presente momento, uma linda filha, que se chama Roberta, das quais

nutro um sentimento inenarravél e inestimável de profunda gratidão pela confiança em nós, eu

e minha admirável esposa, depositada.

Agradeço à minha companheira de jornada Patrícia pelo apoio, destreza e resiguinação com que

devotara, durante este período com que estive envolvido nas atividades do programa, que não

é só minha, nesta conquista, que não só minha, mas nossa, deste cadinho depurador que nos foi

oferessido por Deus e que temos nos abraçado e estreitado cada vez mais os laços que nos unem.

Agradeço, em especial, a D. Célia e Seu Roberto, meus sogros, que me acolheram e me

adotaram como um filho, dando o suporte e as condições necessárias para que este projeto

pudesse, de fato, ser concretizado, alicerçando o porvir. Agradeço, em tempo, aos demais

familiares que, direta ou indiretamente, se envolveram com as atividades que possibilitaram a

consecução deste projeto.

Agradeço a todos os Professores do Mestrado, pelo convívio e aprendizado adquiridos ao longo

do programa, mas um agradecimento especial faço àquele que nos incentivou, inspirou e

orientou na materialização e conclusão desta pequenina obra, o querido Profº. James Anthony

Falk, ao qual dedico meu respeito e eterna gratidão.

Agradeço aos companheiros do mestrado pelas experiências compartilhadas e ao estreitamento

dos laços, insipientes, que se avolumaram ao longo deste período. Mas, especialmente, dirijo

este agradecimento àqueles com quem tive o privilégio de conhecer e vivenciar, pessoal e

profissionalmente, as experiências proporcionadas pelo programa, aos amigos Gilberto

Augusto Pinto Ribeiro Júnior, Leonel Ferreira de Morais Neto e Cantídio de Souza Ribeiro

Neto.

Para não correr o risco de omitir o nome de alguém, agradeço, enfim, a todos que indiretamente

contribuíram para a realização deste trabalho. O meu muito obrigado.

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RESUMO

A necessidade de as empresas inovarem tem sido um tema recorrente no meio empresarial,

diante das turbulências mercadológicas com que têm sido submetidas, expondo suas qualidades

e fragilidades ante às incertezas do porvir. Mas, por que algumas empresas se adaptam mais

rapidamente que outras? O que torna algumas empresas mais destacadas na multidão? Que

elementos são determinantes para a manutenção e desenvolvimento adequado das organizações

diante deste cenário em mutação constante? A chave para estas e outras perspectivas repousa

sobre a cultura organizacional, sendo este um tema, até certo ponto, desprezado por muitos

gestores e execultivos ao redor do planeta, submetidos às respostas com que têm de apresentar

para atender às exigências e transformações do mercado. Mas, o que seria uma cultura

organizacional dirigida para o viés da inovação? Que elementos são essenciais para a sua

implantação, manutenção e melhorias? Como mensurar estes elementos e tantos outros diante

das subjetividades com que os seres humanos estão sendo submetidos? Em resposta a estes e

outros questionamentos, foi testado um instrumento de pesquisa, chamado “Innovation

Quocient”, desenvolvido por Rao e Weintruab (2013), em algumas sociedades empresariais

representantes do varejo automotivo que atuam no Brasil. Assim, por meio de uma pesquisa de

levantamento, se utilizando de estatística descritiva simples e uma amostra não probabilística,

o instrumento se mostrou aplicável na identificação e mensuração dos elementos tangíveis e

intangíveis que afetam a cultura de uma empresa estruturada para as práticas da inovação.

Apesar da sofisticação linguística presente no devido instrumento, mostrando necessidades de

adequação, o teste de confiabilidade se apresentou elevado para todos as amostras. Os

resultados deste estudo, bem como as implicações para outros pesquisadores interessados em

cultura de inovação, são apresentados, para a devida apreciação.

PALAVRAS CHAVE: Inovação; Cultura organizacional; Cultura de Inovação.

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ABSTRACT

The necessity of the companies to innovate has been a recurring theme in the business

environment, given the market turbulence with which they have been subjected, exposing their

qualities and weaknesses to the uncertainties of the future. But why do some companies adapt

more quickly than others? What makes some companies more prominent in the crowd? What

elements are decisive for the proper maintenance and development of organizations facing this

constantly changing scenario? The key to these and other perspectives rests on organizational

culture, which is to some extent overlooked by many managers and executives around the globe,

subject to the answers they have to present to meet the demands and transformations of the

market. But what would an organizational culture be for the bias of innovation? What elements

are essential for its deployment, maintenance, and improvements? How can we measure these

elements and so many others in the face of the subjectivities with which human beings are being

subjected? In response to these and other questions, a research instrument, called “Innovation

Quocient”, developed by Rao and Weintruab (2013), was tested in some of the companies that

represent automotive retailing in Brazil. Thus, through a survey, using simple descriptive

statistics and a non-probabilistic sample, the instrument was applicable in the identification and

measurement of tangible and intangible elements that affect the culture of a company structured

for innovation practices. Despite the linguistic sophistication present in the proper instrument,

showing suitability requirements, the reliability test was presented high for all samples. The

results of this study, as well as the implications for other researchers interested in innovation

culture, are presented for due consideration.

KEYWORDS: Innovation; Organizational Culture; Culture of Innovation.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Cadeia de valores, segundo Porter. 20

Figura 2 – Etapas da inovação. 29

Figura 3 – Radar da inovação. 32

Figura 4 – Pilares do plano diretor da inovação, segundo Morris. 38

Figura 5 – Os três níveis de cultura, segundo Schein. 45

Figura 6 – O diagrama de cebola: manifestações de cultura em diferentes níveis de

profundidade.

47

Figura 7 – Tipos de cultura, segundo Denison e Mishra. 53

Figura 8 – Matriz cultural de Cameron e Quinn. 54

Figura 9 – Estrutura do bloco VALORES, segundo Rao e Weintraub. 61

Figura 10 – Estrutura do fator Empreendedorismo, segundo Rao e Weintraub. 62

Figura 11 – Estrutura do fator Criatividade, segundo Rao e Weintraub. 66

Figura 12 – Estrutura do fator Aprendizado, segundo Rao e Weintraub. 68

Figura 13 – Estrutura do bloco COMPORTAMENTOS, segundo Rao e Weintraub. 72

Figura 14 – Estrutura do fator Estimular, segundo Rao e Weintraub. 74

Figura 15 – Estrutura do fator Engajar, segundo Rao e Weintraub. 77

Figura 16 – Estrutura do fator Capacitar, segundo Rao e Weintraub. 81

Figura 17 – Estrutura do bloco CLIMA, segundo Rao e Weintraub. 84

Figura 18 – Estrutura do fator Colaboração, segundo Rao e Weintraub. 85

Figura 19 – Estrutura do fator Segurança, segundo Rao e Weintraub. 90

Figura 20 – Estrutura do fator Simplicidade, segundo Rao e Weintraub. 94

Figura 21 – Estrutura do bloco RECURSOS, segundo Rao e Weintraub. 99

Figura 22 – Estrutura do fator Pessoas, segundo Rao e Weintraub. 101

Figura 23 – Estrutura do fator Sistemas, segundo Rao e Weintraub. 104

Figura 24 – Estrutura do fator Projetos, segundo Rao e Weintraub. 107

Figura 25 – Estrutura do bloco PROCESSOS, segundo Rao e Weintraub. 111

Figura 26 – Estrutura do fator Ideação, segundo Rao e Weintraub. 112

Figura 27 – Estrutura do fator Formatação, segundo Rao e Weintraub. 116

Figura 28 – Estrutura do fator Conquista, segundo Rao e Weintraub. 119

Figura 29 – Estrutura do bloco SUCESSO, segundo Rao e Weintraub. 122

Figura 30 – Estrutura do fator Externo, segundo Rao e Weintraub. 124

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Figura 31 – Estrutura do fator Empreendimento, segundo Rao e Weintraub. 127

Figura 32 – Estrutura do fator Individual, segundo Rao e Weintraub. 131

Figura 33 – Amostra de um dos blocos constituintes do modelo aplicado, obtido

com a pesquisa.

142

Figura 34 – Ranking dos “Fatores” relacionados ao total dos grupos. 156

Figura 35 – Ranking dos “Fatores” relacionados ao Grupo A. 159

Figura 36 – Ranking dos “Fatores” relacionados ao Grupo B. 166

Figura 37 – Ranking dos “Fatores” relacionados ao Grupo C. 172

Figura 38 – Ranking dos “Fatores” relacionados ao Grupo D. 177

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Quociente de inovação de todos os grupos participantes da pesquisa. 149

Gráfico 2 – QI do bloco “VALORES”, relacionado a todos os grupos. 151

Gráfico 3 – QI do bloco “COMPORTAMENTOS”, relacionado a todos os grupos. 152

Gráfico 4 – QI do bloco “CLIMA”, relacionado a todos os grupos. 154

Gráfico 5 – QI do bloco “RECURSOS”, relacionado a todos os grupos. 154

Gráfico 6 – QI do bloco “PROCESSOS”, relacionado a todos os grupos. 155

Gráfico 7 – QI do bloco “SUCESSO”, relacionado a todos os grupos. 155

Gráfico 8 – Quociente de inovação do Grupo A. 158

Gráfico 9 – QI do bloco “COMPORTAMENTOS”, relacionado ao Grupo A. 160

Gráfico 10 – QI do bloco “SUCESSO”, relacionado ao Grupo A. 161

Gráfico 11 – QI do bloco “CLIMA”, relacionado ao Grupo A. 161

Gráfico 12 – QI do bloco “PROCESSOS”, relacionado ao Grupo A. 162

Gráfico 13 – QI do bloco “RECURSOS”, relacionado ao Grupo A. 163

Gráfico 14 – Quociente de inovação do Grupo B. 165

Gráfico 15 – QI do bloco “COMPORTAMENTOS”, relacionado ao Grupo B. 167

Gráfico 16 – QI do bloco “VALORES”, relacionado ao Grupo B. 168

Gráfico 17 – QI do bloco “PROCESSOS”, relacionado ao Grupo B. 169

Gráfico 18 – QI do bloco “SUCESSO”, relacionado ao Grupo B. 169

Gráfico 19 – Quociente de inovação do Grupo C. 171

Gráfico 20 – QI do bloco “SUCESSO”, relacionado ao Grupo C. 173

Gráfico 21 – QI do bloco “VALORES”, relacionado ao Grupo C. 173

Gráfico 22 – QI do bloco “COMPORTAMENTOS”, relacionado ao Grupo C. 175

Gráfico 23 – QI do bloco “PROCESSOS”, relacionado ao Grupo C. 176

Gráfico 24 – QI do bloco “CLIMA”, relacionado ao Grupo C. 176

Gráfico 25 – Quociente de inovação do Grupo D. 178

Gráfico 26 – QI do bloco “COMPORTAMENTOS”, relacionado ao Grupo D. 179

Gráfico 27 – QI do bloco “VALORES”, relacionado ao Grupo D. 180

Gráfico 28 – QI do bloco “PROCESSOS”, relacionado ao Grupo D. 181

Gráfico 29 – QI do bloco “RECURSOS”, relacionado ao Grupo D. 183

Gráfico 30 – QI do bloco “SUCESSO”, relacionado ao Grupo D. 183

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Empresas mais inovadoras entre 2010-2015. 17

Quadro 2 – Empresas mais gastadoras com pesquisa e desenvolvimento em 2015. 18

Quadro 3 – Indústria automobilística brasileira em grandes números. 19

Quadro 4 – Autores importantes e suas percepções sobre inovação. 28

Quadro 5 – Tipos de inovação, segundo OCDE. 30

Quadro 6 – Exemplos de cada tipo de inovação, segundo OCDE. 31

Quadro 7 – As 12 dimensões da inovação, segundo Sawhney, Wolcott e Arroniz. 32

Quadro 8 – Inovação, segundo seu grau de novidade. 33

Quadro 9 – Inovação, consoante suas estratégias. 35

Quadro 10 – Princípios contrastantes da inovação fechada e aberta. 36

Quadro 11 – Conceitos de cultura organizacional. 41

Quadro 12 – Facetas básicas da cultura organizacional, segundo Schein. 44

Quadro 13 – Principais características da cultura organizacional. 44

Quadro 14 – Tipologia de cultura organizacional, segundo Handy. 49

Quadro 15 – Tipologia de cultura organizacional, segundo Deal e Kennedy. 49

Quadro 16 – Tipologias organizacionais, segundo Hofstede. 51

Quadro 17 – Dimensões culturais, segundo Hofstede. 52

Quadro 18 – Características dos quadrantes culturais de Cameron e Quinn. 55

Quadro 19 – Diferentes concepções sobre cultura de inovação. 57

Quadro 20 – Os seis blocos de inovação e seus respectivos fatores e elementos. 59

Quadro 21 – Os seis blocos de inovação e seus respectivos fatores e elementos. 137

Quadro 22 – Caracterização geral dos 4 (quatro) Grupos. 145

Quadro 23 – Caracterização geral do Grupo A. 146

Quadro 24 – Caracterização geral do Grupo B. 146

Quadro 25 – Caracterização geral do Grupo C. 147

Quadro 26 – Caracterização geral do Grupo D. 147

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Caracterização das respostas obtidas. 140

Tabela 2 – Teste de confiabilidade relacionado a cada grupo. 141

Tabela 3 – Classificação dos “Fatores”, por grupo. 184

Tabela 4 – Ranking do Quociente de inovação, por grupo. 188

Tabela 5 – Classificação dos elementos da cultura de inovação de cada grupo. 189

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANFAVEA Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores

FENABRAVE Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

GE General Eletric

IBM International Business Machines

IQ Innovation Quocient

QI Quociente de Inovação

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

P&G Procter & Gamble

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 16

1.1 Contextualização ..................................................................................................... 16

1.2 Objetivos da pesquisa ............................................................................................. 23

1.2.1 Objetivo geral ........................................................................................................ 23

1.2.2 Objetivos específicos ............................................................................................. 23

1.3 Justificativas da pesquisa ....................................................................................... 23

1.3.1 Justificativa teórica ................................................................................................ 24

1.3.2 Justificativas práticas ............................................................................................. 25

1.4 Estrutura do trabalho ............................................................................................. 25

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 27

2.1 A Inovação ............................................................................................................... 27

2.1.1 Os tipos de inovação .............................................................................................. 30

2.1.2 A importância da inovação .................................................................................... 37

2.2 Cultura organizacional ........................................................................................... 40

2.2.1 Caracterização da cultura organizacional .............................................................. 43

2.2.2 Tipologias de cultura organizacional ..................................................................... 48

2.3 Cultura de inovação ................................................................................................ 57

2.3.1 Cultura de Inovação, segundo Rao e Weintraub .................................................... 59

2.3.2 Valores ................................................................................................................... 60

2.3.2.1 Empreendedorismo ............................................................................................. 62

2.3.2.2 Criatividade ........................................................................................................ 65

2.3.2.3 Aprendizado ........................................................................................................ 68

2.3.3 Comportamentos .................................................................................................... 72

2.3.3.1 Estimular ............................................................................................................. 74

2.3.3.2 Engajar ............................................................................................................... 77

2.3.3.3 Capacitar ............................................................................................................ 81

2.3.4 Clima ...................................................................................................................... 84

2.3.4.1 Colaboração ....................................................................................................... 85

2.3.4.2 Segurança ........................................................................................................... 90

2.3.4.3 Simplicidade ....................................................................................................... 93

2.3.5 Recursos ................................................................................................................. 99

2.3.5.1 Pessoas ................................................................................................................ 101

2.3.5.2 Sistemas .............................................................................................................. 104

2.3.5.3 Projetos ............................................................................................................... 107

2.3.6 Processos ................................................................................................................ 110

2.3.6.1 Ideação ................................................................................................................ 112

2.3.6.2 Formatação ......................................................................................................... 116

2.3.6.3 Conquista ............................................................................................................ 119

2.3.7 Sucesso ................................................................................................................... 122

2.3.7.1 Externo ................................................................................................................ 123

2.3.7.2 Empreendimento ................................................................................................. 127

2.3.7.3 Individual ............................................................................................................ 131

3 METODOLOGIA DE PESQUISA .......................................................................... 135

3.1 Caracterização da pesquisa .................................................................................... 135

3.2 Locus da pesquisa ................................................................................................... 136

3.3 Universo e amostra da pesquisa ............................................................................ 136

3.4 Instrumento de coleta de dados ............................................................................. 137

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3.5 Técnica de análise de dados ................................................................................... 141

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO ........................................................................................ 144

4.1 Apresentação dos dados ......................................................................................... 144

4.2 Análise dos dados .................................................................................................... 148

4.2.1 Análise conjunta de todos os grupos participantes ............................................. 148

4.2.2 Análise dos dados inerentes ao Grupo A ............................................................ 157

4.2.3 Análise dos dados inerentes ao Grupo B ............................................................ 164

4.2.4 Análise dos dados inerentes ao Grupo C ............................................................ 170

4.2.5 Análise dos dados inerentes ao Grupo D ............................................................ 177

4.2.6 Análise dos “Fatores” por grupo ......................................................................... 184

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 185

5.1 Conclusões ............................................................................................................... 185

5.2 Críticas e sugestões ................................................................................................. 189

REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 191

APÊNDICE ................................................................................................................... 204

ANEXO ......................................................................................................................... 208

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16

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

Todas as organizações, quaisquer que sejam suas áreas de atuação, estão sujeitas às variações

econômicas que podem perdurar por algum tempo ou simplesmente esvaírem-se rapidamente

sem causarem danos à sua própria estrutura. Neste contexto, há empresas mais sensíveis a estes

movimentos que podem encerrar suas atividades num espaço de tempo menor que outras.

Entre as que sobrevivem, há as que de alguma forma se destacam e ditam o ritmo e as regras

do jogo empresarial, normalmente associadas ao viés da inovação, por, mais rapidamente, se

adequarem às necessidades mercadológicas, aonde quer que atuem. Sob este viés, George,

Works e Watson-Hemphill (2005), defendem que na atualidade somente através da distinção é

que as empresas podem sobreviver e assegurar a devida sustentabilidade no mercado atual,

sendo esta distinção alcançada através da inovação. Perel (2005, p. 15) também arguiu que a

maneira mais bem-sucedida de lidar com as dificuldades “associadas a um futuro incerto e

turbulência econômica é fazer da inovação parte integrante da organização e do gerenciamento

do DNA da empresa, da mesma forma que são as práticas contábeis e de gestão financeira”.

Para Hamersveld e Bont (2007, p. 149, grifo do autor), “o grito de batalha inovar ou morrer

nunca antes pareceu tão convincente ou urgente”. Segundo estes autores, “a inovação - a

comercialização bem-sucedida de novas ideias - está no cerne do sucesso nos negócios de hoje”.

Mas, o que seria esta visão da inovação1 que posicionam melhor algumas empresas em

detrimento de outras? Há algum item de diferenciação, sobre este viés, que sejam essenciais

para que as empresas estejam melhor posicionadas no mercado? Se a inovação tem um papel

crucial na diferenciação existencial da organização, por que não é aplicada ou, simplesmente,

não funcionam em todas elas? Se é aplicada, como podemos perceber e mensurar seus

elementos, a fim de ajustá-los, além de verificar se, de fato, estão sendo alinhados para os

objetivos organizacionais? O que é relevante, em termos de inovação, para que as empresas

possam perdurar no mercado e se adaptarem às nuances da competitividade? Estas são apenas

algumas indagações que permeiam as ações dos inúmeros executivos, gestores e líderes

organizacionais espalhados pelo mundo, quando buscam solucionar seus problemas, ao se

deparar com os inúmeros desafios, e proporcionar uma atividade sustentável e próspera à

organização e, quiçá, a todos os participantes envolvidos nas suas decisões.

1 Grifo nosso.

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17

Dentro desta perspectiva, uma pesquisa conduzida pela Mckinsey & Company2, segundo Barsh,

Capozzi e Davidson (2008), com cerca de 1.400 executivos de todo o mundo, relatou que 94%

dos entrevistados uniformemente chegaram a conclusão de que as pessoas e a cultura

organizacional foram os principais impulsionadores da inovação nas organizações. Um estudo

realizado por Tellis, Prabhu e Chandy (2009, p. 15, grifo nosso), envolvendo mais de 750

empresas multinacionais, presentes em 17 países – onde se encontravam localizadas as suas

matrizes - entre as maiores economias do mundo, conclui que “a cultura interna de uma empresa

é o mais importante direcionador para a inovação radical3, [...], e que a comercialização deste

tipo de inovação rende um melhor desempenho financeiro às organizações”.

De acordo com os dados da Bloomberg4, um estudo conduzido por Jaruzelski, Staack e

Schwartz (2015), como se vê no Quadro 1, apresentam que desde 2010 algumas empresas, tais

como: Apple, Google, Amazon, Samsung, Tesla, 3M, GE, Microsoft, IBM, Toyota, P&G e

Facebook, têm se destacado entre as 10 mais inovadoras, alcançando posição de liderança nos

mercados em que atuam. Há de ser observado que estas empresas se reinventam

continuadamente por encontrar as fontes de inovação que as possibilitam criar valor, tendo

como ponto comum, entre elas, uma cultura interna que suporte o desenvolvimento de

inovações, quer sejam em produtos, em processos, em negócios ou organizações. Sabe-se,

ainda, que novos produtos e serviços geram novas fontes de receita para as organizações,

ajudando-as a alcançar novos clientes ou a satisfazer melhor os já existentes.

Quadro 1 – Empresas mais inovadoras entre 2010-2015.

Rank 2010 2011 2012 2013 2014 2015

1 Apple Apple Apple Apple Apple Apple

2 Google Google Google Google Google Google

3 3M 3M 3M Samsung Amazon Tesla

4 GE GE Samsung Amazon Samsung Samsung

5 Toyota Microsoft GE 3M Tesla Amazon

6 Microsoft IBM Microsoft GE 3M 3M

7 P&G Samsung Toyota Microsoft GE GE

8 IBM P&G P&G IBM Microsoft Microsoft

9 Samsung Toyota IBM Tesla IBM IBM

10 Intel Facebook Amazon Facebook P&G Toyota

Fonte: Adaptado, dados da pesquisa Global Innovation 1000, Stragey& (2015, grifo nosso).

2 Empresa de consultoria empresarial americana, reconhecida como a líder mundial no mercado de consultoria

empresarial. 3 Um tipo de inovação que se caracteriza por algo completamente diferente de qualquer uma que veio antes,

como a lâmpada ou o telefone. 4 Agência de notícias financeiro-operacional que opera em todo o mundo, com sede em Nova York.

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Reforçando e ampliando posicionamento acima apresentado, Dyer, Gregersen e Christensen,

(2012, p. 3), afirmam que a inovação é “o sangue vital que corre nas veias de nossa economia

global e uma prioridade estratégica para praticamente todos os CEOs deste mundo”. No entanto,

Hamersveld e Bont (2007, p. 149) alertam para o fato de que “a inovação, raramente uma coisa

fácil de fazer, é agora ainda mais difícil”.

Num estudo global, conduzido por Jaruzelski, Loehr e Holman (2011, p. 33), os autores

afirmam que “as organizações que não encorajam a cultura interna para este viés – o da

inovação - e têm um alinhamento estratégico deficiente, apresentam, significativamente, um

desempenho inferior aos seus concorrentes”. Estes autores, complementam, em tempo,

conforme os dados do referido estudo sugerem, que

as empresas ao fecharem tanto o alinhamento estratégico como as lacunas

culturais, ganhariam força, e que não só o seu desempenho financeiro

melhoraria, como os ganhos potenciais poderiam ser grandes o suficiente para

melhorar a taxa de crescimento geral da economia no mundo.

Outro aspecto enfatizado por eles, como principal conclusão deste estudo, foi a evidência de

que não existe relação, estatisticamente significativa, entre o desempenho financeiro e os gastos

em inovação, em termos de total de unidades monetárias ou de percentual da receita em

pesquisa e desenvolvimento, como pode ser observado nos dados apresentados no Quadro 2.

Quadro 2 – Empresas mais gastadoras com pesquisa e desenvolvimento em 2015.

Rank Empresa Indústria Bilhões (US$) Intensidade (%)

1 Volkswagen Automobilística 15,3 5,7%

2 Samsung Computação e Eletrônica 14,1 7,2%

3 Intel Computação e Eletrônica 11,5 20,6%

4 Microsoft Software / Internet 11,4 13,1%

5 Roche Cuidados com a Saúde 10,8 20,8%

6 Google Software / Internet 9,8 14,9%

7 Amazon Software / Internet 9,3 10,4%

8 Toyota Automobilística 9,2 3,7%

9 Novartis Cuidados com a Saúde 9,1 17,3%

10 Johnson & Johnson Cuidados com a Saúde 8,5 11,4%

11 Pfizer Cuidados com a Saúde 8,4 16,9%

12 Daimler Automobilística 7,6 4,4%

13 General Motors Automobilística 7,4 4,7%

14 Merck Cuidados com a Saúde 7,2 17,0%

15 Ford Automobilística 6,9 4,8%

16 Sanofi Cuidados com a Saúde 6,4 14,1%

17 Cisco Computação e Eletrônica 6,3 13,4%

18 Apple Computação e Eletrônica 6,0 3.3%

19 GlaxoSmithKline Cuidados com a Saúde 5,7 15.0%

20 AstraZeneca Cuidados com a Saúde 5,6 21.4%

Fonte: Adaptado da pesquisa Global Innovation 1000, Stragey& (2015).

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Constata-se, ainda, no Quadro 1, destacado em negrito, que a indústria automobilística é um

dos setores presentes no rol das empresas mais inovadoras, segundo os dados daquela pesquisa.

Por outro lado, numa situação menos confortável, este segmento aparece entre as que mais

gastam com pesquisa e desenvolvimento voltados para inovação, em termos absolutos,

conforme se vê no Quadro 2, em sombra clara.

Observa-se que este setor – o automobilístico - tem se transformado continuamente para

atender, cada vez mais, aos interesses de seus clientes, num ambiente dinâmico, concorrente e

de abrangência global, onde nas últimas décadas, com a inclusão de novos competidores – só

no Brasil, segundo o Anuário da Indústria Automobilística Brasileira (2016), publicado pela

ANFAVEA5, há 31 fabricantes, dispostos em 65 unidades fabris, como se vê no Quadro 3 - as

montadoras foram obrigadas a se adaptarem às necessidades deste significativo mercado,

envolvendo todos os participantes da cadeia de valor6 estabelecida, buscando um alinhamento

estratégico pautado na efetividade7 dos processos, para satisfazê-las.

Quadro 3 – Indústria automobilística brasileira em grandes números.

Característica Descrição

Empresas

Fabricantes 31

Autopeças 624

Concessionárias 5.533 (2014)

Fábricas 65 unidades 11 estados 51 municípios

Capacidade Instalada Autoveículos 4,5 milhões

Máquinas agrícolas e rodoviárias 109 mil (2012)

Faturamento (2014) (Incluindo autopeças) US$ 95,5 bilhões

Investimentos (1994-2012) (Incluindo autopeças) US$ 68 bilhões

Produção acumulada Autoveículos montados 73,7 milhões (1957-2015)

Máquinas agrícolas e rodoviárias 2,5 milhões (1960-2015)

Comércio Exterior

Exportações US$ 16,9 bilhões

Importações US$ 22,4 bilhões

Saldo (-) US$ 5,5 bilhões

Emprego (Direto + Indireto) 1,5 milhão de pessoas

Participação do PIB (2014) Industrial 20,4%

Total 4,1%

Geração de tributos (2013) R$ 178,5 bilhões

Relações setoriais 200 mil empresas

Ranking mundial (2014) 8º produtor

4º mercado interno

Fonte: Adaptado do Anuário da Indústria Automobilística Brasileira (2016).

5 Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. 6 O modelo de valor mais conhecido mundialmente é o da cadeia de valor mostrado por Michael Porter em 1985. 7 Segundo Drucker (1964), se traduz na capacidade de fazer uma coisa (eficácia) da melhor maneira possível

(eficiência).

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A cadeia automotiva é considerada a mais importante da economia brasileira, no que diz

respeito à indução direta e indireta de crescimento para os demais setores, sendo, portanto, uma

característica da estrutura econômica brasileira, o que torna fortemente relevante entender a

dinâmica de inovação na cadeia automobilística (BAHIA e DOMINGUES, 2010).

Concernente à cadeia de valor, Porter (1990, p. 31) defende que ela “desagrega uma empresa

nas suas atividades de relevância estratégica para que se possa compreender o comportamento

dos custos e as fontes existentes e potenciais de diferenciação”. O referido autor, explica esta

relevância pelo fato de que “uma empresa ganha vantagem competitiva, executando estas

atividades estrategicamente importantes de uma forma mais barata ou melhor do que a

concorrência”.

Segundo o modelo de Porter (1990, p. 35), apresentado na Figura 1, os principais processos da

empresa, desde as relações com os fornecedores e ciclos de produção e de venda até à fase de

distribuição final, estão relacionados dentro de uma visão de causa e efeito, com o intuito de

entregar ao cliente seus produtos. Os demais processos da empresa dão suporte para que a

mesma seja gerenciada e controlada da melhor maneira possível.

Figura 1 - Cadeia de valores, segundo Porter

Fonte: Porter (1990, p. 35).

No entanto, a percepção dos clientes não repousa somente no produto, mas também na prestação

dos serviços a ele associados, obrigando as montadoras a dirigirem sua atenção sobre estes

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aspectos-chave, para obtenção de um melhor posicionamento no ambiente em que se

encontrem. Sob este aspecto, alguns estudos identificaram que a satisfação do cliente tem efeito

significativo nas intenções de compra (CRONIN; TAYLOR, 1992). Outros mostram que níveis

mais altos de satisfação podem ser associados à lealdade e impacto nos lucros (AAKER;

JACOBSON, 1994; ZEITHAML; BITNER, 2003). Há, ainda, estudos que mostram que exista

uma relação positiva e estatisticamente significativa entre preço e marca à qualidade percebida

(RAO; MONROE, 1989). No que tange à prestação de serviços, torna-se conveniente observar

de que forma se dá a relação entre as partes envolvidas.

Neste caso, em geral, o contato do cliente com os serviços prestados pelo fabricante automotivo

ocorre de maneira indireta, por meio de sua rede de concessionárias, podendo se desenvolver

em dois momentos distintos: no ato de venda e na utilização dos serviços da oficina. Na venda,

busca-se oferecer ao cliente um atendimento que além de convencê-lo a adquirir o produto

possa, também, estabelecer uma relação de confiança de modo a fidelizar a sua preferência. No

segundo momento, também conhecido como serviços de pós-venda, o grande desafio está-se

em provar que as concessionárias oferecem o melhor custo benefício, e assim manter o cliente

mesmo depois do término da garantia do veículo. Deste modo, a busca da satisfação do cliente,

construindo a percepção da qualidade atribuída ao produto e aos serviços, a ele agregados,

constitui-se num desafio a ser alcançado para a pretensa fidelização e lucratividade, no presente

e no futuro, das partes supracitadas.

Com isso, este estudo restringirá sua abordagem sobre os concessionários, em função desta

significativa parte da cadeia de valor associada ao setor automotivo, procurando identificar os

elementos capazes de melhor dotá-los de condições para se adaptarem aos múltiplos interesses

associados, ou seja, inovarem continuamente e criarem valor às partes envolvidas.

Nesta direção, um estudo conduzido por Jaruzelski, Loehr e Holman (2011, p. 33), aponta para

o papel desempenhado pela cultura corporativa, sendo esta mais importante que inúmeros

outros elementos, identificados na pesquisa, como sendo àqueles associados a uma empresa

verdadeiramente inovadora, tais como: “uma estratégia focada na inovação, uma estratégia

global de negócios vencedora, uma visão profunda do cliente, grandes talentos e o conjunto

adequado de capacidades para alcançar a execução bem-sucedida”.

Mas, se a cultura organizacional é o elemento principal para que os grandes talentos tenham um

conjunto adequado de habilidades para executar suas ações de maneira eficiente e eficaz,

desenvolvendo uma percepção mais aprofundada sobre os interessados em seus produtos, numa

perspectiva de negócios abrangente, estabelecida em seu plano de negócios, a fim de dirigir

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todas estas ações, o que exatamente as organizações devem ser capazes de fazer para inovar em

seus produtos ou serviços, ou transformar-se para operar em novos mercados ou linhas de

negócios? Que habilidades ou práticas são necessárias para facilitar a capacidade da

organização de gerir seus recursos – humanos e materiais - no terreno competitivo do mercado?

Diante desta preocupação, Kuczmarski (2003, p. 538) estabelece que "um sistema de medição

para avaliar a inovação é um ingrediente chave para a abordagem de sucesso de uma

organização”.

Para que tal enfoque seja uma prioridade, os líderes organizacionais devem, intencionalmente,

criar uma cultura de inovação dentro de suas organizações, bem como mensurar ou avaliar a

presença desta cultura. Devem, também, verificar como as organizações podem usar os

resultados dessas avaliações para identificar diferenças percebidas entre os múltiplos fatores,

particularmente entre líderes e funcionários e entre locais geográficos e/ou setores (RAO;

WEINTRAUB, 2013).

Na busca por orientar as organizações em tais esforços - compreender e melhorar a cultura da

inovação dentro de uma organização – inúmeros pesquisadores desenvolveram medidas para

avaliar esta construção. Nesta direção, Danks (2015) considera que um instrumento que se

tornou altamente visível no mercado, para a avaliação da cultura de inovação, foi o Quociente

de Inovação, desenvolvido por Rao e Weintraub (2013). Ela especifica que

enquanto vários pesquisadores tentaram relacionar a cultura da inovação com

outros resultados organizacionais críticos, o trabalho de Rao e Weintraub

(2013) centrou-se na construção da cultura da inovação em si, culminando em

uma teoria abrangente e multifatorial da cultura da inovação que pode ser

observada e medida nas organizações.

Sendo assim, com base nos delineamentos acima apresentados e de posse do instrumento

“Quociente de Inovação” apresentado por Rao e Weintraub (2013), este estudo procurou

responder à seguinte pergunta de pesquisa: Como está caracterizada a cultura de inovação de

grupos concessionários de veículos automotores presentes no Brasil?

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1.2 Objetivos da pesquisa

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo deste estudo consiste em analisar a disposição da cultura de inovação de 4 (quatro)

grupos empresariais, representantes de concessionárias automotivas presentes no Brasil,

consoante modelo proposto por Rao e Weintraub (2013).

1.2.2 Objetivos específicos

Para que se possa alcançar o objetivo geral, depreende-se os seguintes objetivos específicos:

a) Obter as informações pertinentes à percepção dos elementos característicos da

cultura de inovação, propostos no modelo apresentado por Rao e Weintraub (2013);

b) Calcular o índice de cultura de inovação, destacando os pontos fortes e fracos, em

relação aos indicadores constantes no modelo supracitado, parametrizada e agrupada

pelos grupos representantes das marcas automotivas, presentes na pesquisa;

c) Comparar os dados obtidos por meio dos grupos de representantes concessionários

presentes na região circunscrita.

1.3 Justificativas da pesquisa

Vários estudos concluem que a cultura da inovação influencia diretamente na capacidade da

empresa inovar, tornando-se necessário, para tal, a presença de mecanismos que possam

mensurar, diagnosticar e avaliá-la, a fim de que os executivos possam determinar quais ajustes

são importantes para o direcionamento dos recursos necessários ao alcance de seus objetivos.

De acordo com Nagano, Stefanovitz e Vick (2014), ainda existe uma grande carência em

estudos que investiguem as dificuldades enfrentadas pelas empresas para se tornarem mais

capacitadas a inovar. Uma das razões dessa carência pode estar justamente na dificuldade em

se medir e diagnosticar a cultura da inovação. O viés multidimensional desta cultura também

pode se configurar como um obstáculo (DOBNI, 2008).

Ao referir-se à cultura da inovação, Gaynor (2013, p. 5) vai um pouco mais além e afirma que

acredita “ser difícil, se não impossível, quantificar a cultura de uma organização, [...] exceto

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através de medições inferenciais, mas inclui as crenças, valores, rituais, lendas e a história

passada, que frequentemente se torna embelezada com o passar do tempo”.

Apesar de existir a dificuldade em se medir a cultura da inovação nas empresas, este problema

precisa ser enfrentado, discutido e pesquisado, avaliando sua existência e extensão, porque é

esta cultura que torna a organização mais capacitada para promover a sua adaptação às

mudanças necessárias diante das exigências do mercado, constituindo-se hoje, numa demanda

de expressiva relevância (BRUNO-FARIA e FONSECA, 2014, p. 33).

Contudo, buscar-se-á atentar ao alerta feito por Dobni (2008, p. 540) quanto à “falta de rigor

científico nos raros instrumentos que tenham a finalidade de avaliar aspectos do contexto

relacionados à inovação, especialmente aspectos da cultura”.

Sendo assim, Rao e Weintraub (2013, p. 31) estudaram o assunto – cultura de inovação, numa

pesquisa fortemente influenciada por dezenas de estudos desenvolvidos por inúmeros autores,

ao qual chegou-se ao modelo proposto, onde “foi testado em campo por mais de dois anos para

a validade estatística e aceitação dos executivos e gerentes que foram submetidos aos testes,

tanto como uma ferramenta de diagnóstico como uma ferramenta de avaliação acionável”. Os

pesquisadores supracitados, apoiam a teoria de que a cultura da inovação pode ser observada e

quantificada, que os resultados podem ser relatados por cada um dos fatores mais relevantes e

que os líderes organizacionais podem usar esses resultados para identificar pontos cegos, fazer

comparações entre grupos e, portanto, melhorar cada um dos blocos constituintes de uma

cultura de inovação, consoante modelo apresentado.

1.3.1 Justificativa teórica

Com base nos delineamentos acima, a presente pesquisa, no que tange ao campo teórico,

pautará suas ilações procurando:

• Contribuir com as abordagens teóricas acerca do tema – cultura de inovação;

• Fornecer informações relacionadas à aplicabilidade do instrumento neste segmento do

setor automotivo, tendo em vista a falta de estudos que associassem e posicionassem o

segmento referido com os aspectos pertinentes ao tema central abordado. Para tal, foram

pesquisados tanto artigos que se valem da análise da cultura de inovação como objeto

central ou como um dos focos do estudo, quanto aqueles que realizam pesquisas com o

propósito de verificar a relação entre cultura organizacional ou cultura corporativa e

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inovação. Adotaram-se as palavras-chave “cultura de inovação”, os termos conjuntos

“cultura” e “inovação” e o termo isolado “inovação”, todos associados às

“concessionárias automotivas”, para a análise em questão. A pesquisa foi realizada no

portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) -

independentemente do periódico -, na biblioteca eletrônica Scientific Periodicals

Electronic Library (SPELL) e no banco de dados da EBSCO Information Services.

1.3.2 Justificativas práticas

Tendo em vista o que foi mencionado anteriormente, procurar-se-á:

• Observar a aplicabilidade prática do instrumento – “acionável” -, proposta pelos

autores Rao e Weintraub (2013);

• Fornecer material para as diretrizes organizacionais do setor – o varejo automotivo

-, a partir da coleta e análise dos dados, tendo em vista a importância desta parte da

cadeia de valor associada ao setor automotivo;

• Estabelecer indicadores para os tomadores de decisão ligados à empresa cedente do

portfólio utilizado e associado ao setor automotivo;

• Contribuir com o aprimoramento das práticas adotadas pelo setor no atendimento

às necessidades do mercado.

1.4 Estrutura do trabalho

Este trabalho está dividido em cinco capítulos: introdução, fundamentação teórica, metodologia

científica, análise dos resultados alcançados e conclusões.

O primeiro capítulo introduz o assunto por meio da contextualização do tema da pesquisa,

correlacionando a caracterização de parte da cadeia de valor do setor automotivo – o varejo –

com a cultura de inovação. Encontrar-se-á ainda, neste capítulo, a relevância teórica e prática

da pesquisa em questão, a formulação do problema que foi proposto neste estudo e os objetivos

que se desejou alcançar com o trabalho desenvolvido.

O segundo capítulo traz as bases conceituais do trabalho, pautando-se pela inovação, pela

cultura organizacional e cultura de inovação, conforme modelo proposto por Rao e Weintraub

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(2013) e seus 6 blocos constituintes – valores, comportamentos, clima, recursos, processos e

sucesso.

O terceiro capítulo discute a metodologia científica usada para a elaboração e aplicação da

pesquisa em questão, destacando as principais características deste estudo, a amostra utilizada

e a abrangência da aplicação realizada, assim como, o instrumento adotado na pesquisa e as

técnicas aplicadas para as análises apresentadas. Enfim, esta parte do trabalho apresenta, em

detalhes, o caminho percorrido para se chegar ao diagnóstico da cultura da inovação dentro do

ambiente organizacional proposto.

No quarto capítulo são apresentados os fundamentos científicos encontrados na teoria e na

análise dos dados, a identificação do ambiente onde a ferramenta foi testada e o

desenvolvimento da ferramenta.

E, finalmente, o quinto capítulo traz a conclusão do trabalho de pesquisa, fazendo uma reflexão

sobre a cultura da inovação, as dificuldades de se medir e diagnosticá-la, e como a ferramenta

desenvolvida pode ajudar os empresários na busca de uma organização mais capacitada para

inovar.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo, serão apresentados os temas ou perspectivas teóricas que embasaram a análise

dos dados da pesquisa. Inicialmente, abordaremos o tema Inovação, discutindo os tipos de

inovação e sua importância para as organizações. Em seguida, será abordado o tema Cultura

Organizacional, buscando a análise dos elementos que caracterizam determinada organização.

Por fim, será abordado o tema Cultura de Inovação, utilizando-se como base o modelo teórico

proposto por Rao e Weintraub (2013).

2.1 A Inovação

O termo inovação, entendido no contexto atual, faz-se presente nas mais diversas situações: nos

mercados emergentes, nas tecnologias, nos diversos setores da economia e do mundo, estando,

assim, sustentada por diferentes ideologias e concepções.

Cunha (2007, p. 552) apresenta que o vocábulo em questão se origina do latim

innovatio/innovationis, tendo-se, no século XV, o primeiro registro de seu uso, por meio dos

vocábulos ennouaço e emnouaçam, que se modificaram através dos tempos, até formar o termo

innovação.

Desde então, o referido termo tem sido relacionado, ao longo da história, com o novo, conforme

descrevem Houaiss, Villar e Franco (2009, p. 424) ao defini-lo como “concepção, proposição

e/ou realização de algo novo; coisa nova; novidade – antônimo de manutenção”. Semelhante

contextualização é posto por Ferreira (2004) ao relacioná-lo com a ação ou efeito de inovar;

introdução de alguma novidade na legislação, nos costumes, na ciência, nas artes, etc.

Entretanto, no Guia Valor Econômico de Inovação nas Empresas, Simantob e Lippi (2003, p.

3) acrescentam que não basta apenas a idealização e implementação de algo novo, mas é preciso

que haja o sucesso destas, quando afirmam que “inovar é ter uma ideia que seus concorrentes

ainda não tiveram e implantá-la com sucesso”.

Conforme se observa no Quadro 4, a temática em torno da inovação tem sido alvo de muitos

autores, no Brasil e no Mundo. Entretanto, no geral, as empresas e as pessoas se apresentam

pouco confortáveis quando se fala em inovação. O próprio termo ainda desperta uma certa

desconfiança, necessitando de uma contextualização num meio prático para que haja a

compreensão do seu real significado (SIMANTOB, 2007). Na percepção de Vincentine (2009,

p. 231) “é para todas as organizações praticarem-na em sua atividade de gestão, criando

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mecanismos que podem proporcionar a elaboração de cenários estratégicos e inovadores como

um meio de vislumbrar possíveis situações futuras”. O economista Schumpeter (1975, p. 84)

complementa que “essas inovações, se bem-sucedidas, proporcionam oportunidades para a

colheita de lucros extraordinários por um período temporário”.

Observa-se assim, que ao longo da história, inúmeros teóricos se posicionaram em torno do

conteúdo em questão, concordando que inovação pode assumir outras formas de definição,

conforme pode ser visto no Quadro 4, a seguir:

Quadro 4 – Autores importantes e suas percepções sobre inovação.

Fonte: Adaptado do Guia Valor Econômico de Inovação nas Empresas (SIMANTOB; LIPPI, 2003).

Autor Conceito

Myers & Marquis

(1969)

Inovação é uma atividade complexa, que se inicia com a concepção de uma

nova ideia, passa pela solução de um problema e vai até a utilização de um

novo item de valor econômico ou social.

Joseph Schumpeter

(1971)

Inovação é uma nova combinação de meios de produção e constitui um

elemento central da economia; a invenção, se não for levada à prática, é

irrelevante do ponto de vista econômico.

Christopher

Freeman (1982)

Inovação no sentido econômico é acompanhada da primeira transação

comercial envolvendo o novo produto, processo, sistema ou dispositivo,

embora a palavra seja usada para todo o processo.

Eric Von Hipple

(1982)

Inovações são desenvolvidas por todos os envolvidos na cadeia produtiva:

usuários, empreendedores, fornecedores, clientes.

Giovanni Dosi

(1988)

Inovação é a busca, descoberta, experimentação, desenvolvimento, imitação e

adoção de novos produtos, novos processos e novas técnicas organizacionais.

Peter Drucker

(1989)

Inovação é o ato de atribuir novas capacidades aos recursos (pessoas e

processos) existentes na empresa para gerar riqueza.

C. K. Prahalad

(1990)

Inovação é adotar novas tecnologias que permitem aumentar a

competitividade da companhia.

M. Bell e K. Pavitt

(1993)

A Inovação pode ser vista como um processo de aprendizagem

organizacional.

E. M. Rogers

(1995)

A inovação é uma ideia, prática ou objeto que é percebido como novo por um

indivíduo ou um grupo.

Fritjof Capra

(1996) As organizações inovadoras são aquelas que se aproximam do limite do caos.

Slywotzky e

Morrison (1998)

A única maneira de uma empresa permanecer na zona do lucro seria por

intermédio da inovação constante.

A. H. Van de Vem

et al. (1999)

Inovação é mais abrangente do que invenção, e inclui o processo de

desenvolver e implantar uma nova ideia.

Gary Hamel (2000) Inovação é um processo estratégico de reinvenção contínua do próprio

negócio e de criação de novos conceitos de negócios.

Tom Kelley (2000) Inovação é o resultado de um esforço de time.

Ronald Jonash e

Tom Sommerlatte

(2001)

Inovação é um processo de alavancar a criatividade para criar valor de novas

maneiras, por meio de novos produtos, novos serviços e novos negócios.

Guilherme Ary

Plonski (2005)

Inovação pode ter vários significados e sua compreensão depende do

contexto em que ela for aplicada. Pode ser ao mesmo tempo resultado e

processo ou ser associado à tecnologia ou marketing.

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Ao observar as definições apresentadas no Quadro 4, nota-se suficientemente abrangente o

significado de inovação, pois pode ser vista como uma iniciativa, revolucionária ou,

simplesmente, modesta, que se apresenta como uma novidade para o micro e o macro cenário,

em que a organização se encontre, e que, aplicada na prática, causa impacto no resultado da

organização, quer estejam ligados à tecnologia, gestão, processos ou modelo de negócio.

Também é possível definir a inovação através de três etapas, conforme especifica Trott (2005,

p. 15), onde a equação a seguir, contribui para o entendimento da relação entre os termos:

“Inovação = concepção teórica + invenção técnica + exploração comercial”, ou seja, a inovação

vai além da invenção e pauta pela necessidade de sucesso ao comercializa-la. A descrição

conceitual destas etapas, pode ser melhor compreendida por meio da Figura 2.

Em alinhamento com a concepção, acima apresentada, Barbieri (2003, p. 158) declara que

“enquanto a invenção é um fato exclusivamente técnico, a inovação é simultaneamente um fato

técnico, econômico e organizacional”.

Figura 2 – Etapas da inovação.

Fonte: Adaptado de TROTT (2005).

Há de ser destacado, conforme ideais acima apresentados, que ao se falar em inovação, não

necessariamente, haverá associação apenas com o lançamento de um produto novo e inédito,

mas, que este deve ser capaz de agregar valor para a empresa, no que implica na ideia de um

esforço coletivo e não individualizado, sendo estas concepções, as principais diferenças entre

uma inovação e um invento, conforme retrata Barbieri (2003, p. 45):

Inventores isolados ou individuais existem e não são poucos, como

atestam centenas de associações de inventores, e eles continuarão a

•Habilidade de produzir novos pensamentos e ideias

Criatividade

•Concepção, refino e teste da ideia criati-va, através da fabri-cação de protótipo

Invenção

•Aplicação da ideia / invenção, tornando-a um produto, processo ou serviço para o mercado

Inovação

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existir ad eternum8, pois inventar é algo essencialmente humano. Já a

inovação é um processo interpessoal. Transformar ideias em produtos,

serviços e processos requer a organização de diferentes atividades a

serem executadas por diferentes pessoas, jamais poderá ser o resultado

de um trabalho solitário. Por isso se diz que pessoas inventam e

organizações inovam.

O´Sullivan e Dooley (2009), reforça que a inovação também se tornou um dos domínios mais

importantes de estudos em negócios, tecnologia, ciência e engenharia ao longo das últimas

décadas.

Enfim, pela amplitude do termo, o conceito de Inovação que será adotado neste trabalho,

decorre daquele descrito no Manual de Oslo9 (2005, p. 55), onde se tem que:

Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou

significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de

marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na

organização do local de trabalho ou nas relações externas.

2.1.1 Os tipos de inovação

A partir do conceito apresentado pelos pesquisadores de Oslo, surgem quatro tipos de inovação:

de produto, de processo, de marketing e organizacional. Em síntese, podem-se verificar essas

variações no Quadro 5.

Quadro 5 – Tipos de inovação, segundo OCDE.

Tipo Definição

Inovação de

produto

(Bens ou

serviços)

É a introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado no

que concerne às suas características ou usos previstos. Incluem-se melhoramentos

significativos em especificações técnicas, componentes e materiais, softwares

incorporados, facilidade de uso ou outras características funcionais.

Inovação de

processo

É a implementação de um método de produção ou distribuição novo ou

significativamente melhorado. Incluem-se mudanças significativas em técnicas,

equipamentos e/ou softwares.

Inovação de

marketing

É a implementação de um novo método de marketing com mudanças

significativas na concepção do produto ou em sua embalagem, no posicionamento

do produto, em sua promoção ou na fixação de preços.

Inovação

organizacional

É a implementação de um novo método organizacional nas práticas de negócios

da empresa, na organização do seu local de trabalho ou em suas relações externas.

Fonte: Adaptada de OCDE. Manual de Oslo (2005, p. 57-61).

8 Eternamente 9 Elaborado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico – OCDE – e traduzido pela

FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos.

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Os conceitos, acima apresentados, mostram a abrangência da inovação e podem servir de

referência para a empresa compreender em que e de que forma ela pode inovar, favorecendo

também com o desenvolvimento de seu planejamento estratégico junto aos colaboradores,

deixando claro que todos os setores podem contribuir com o assunto.

Rech et al. (2015), alerta para o fato de que ao se referir à inovação, geralmente há de se pensar

em produtos, e talvez isso seja o mais comum e perceptível para os consumidores. Mas, na

atualidade, as empresas inovadoras mostram que as estratégias não estão focadas somente nos

produtos, mas, em uma variedade de possibilidades.

No Quadro 6, a seguir, encontram-se alguns exemplos de cada um dos tipos de inovação,

anteriormente apresentados: de produto, de processo, de marketing e organizacional.

Quadro 6 – Exemplos de cada tipo de inovação, segundo OCDE.

Tipo Exemplos

Inovação de

produto

(Bens ou Serviços)

• O motor à combustão;

• O transistor;

• O telefone celular;

• A fralda descartável;

• O atendimento a clientes de restaurantes fast-food por meio do drive-

thru;

• O sistema de logística reversa pré-pago pelo fabricante para coleta de

produtos com defeito;

• O atendimento bancário em terminais de autoatendimento.

Inovação de

processo

• A linha de montagem;

• A Manufatura Auxiliada por Computador (CAM);

• A Manutenção Produtiva Total (TPM).

Inovação de

marketing

• Cartões de fidelidade das companhias aéreas;

• Gerenciamento da relação com o cliente (CRM);

• Veículos com para-choque na cor da pintura da carroceria.

Inovação

organizacional

• O Custeio Baseado em Atividades (ABC);

• O sistema Balance Score Card (BSC);

• Parcerias entre empresas concorrentes para aquisição de insumos com

desconto;

• Modelo de comercialização Software as a Service (SaaS).

Fonte: Adaptado de Santos (2011, p. 11-12).

A partir dos exemplos citados acima, fica claro que inovação não é sinônimo de invenção.

Procurando ampliar a percepção quanto a existência de outras caracterizações, Sawhney et al.

(2006), apresentaram doze dimensões do negócio passíveis de inovação, ilustradas através do

Radar da Inovação, conforme pode ser visto na Figura 3.

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Figura 3 – Radar da Inovação.

Fonte: Adaptado de Sawhney, Wolcott e Arroniz (2006).

A figura, acima apresentada, demonstra que a inovação não está restrita ao desenvolvimento de

novos produtos. O Quadro 7, a seguir, apresenta as definições de cada dimensão.

Quadro 7 – As 12 dimensões da inovação, segundo Sawhney, Wolcott e Arroniz.

Tipo Definição

Oferta Criar novos produtos e serviços desejados pelos consumidores.

Plataforma Criar um conjunto de componentes, técnicas de montagem ou tecnologias

que sirvam como base para um portfólio de produtos.

Soluções Criar ofertas integradas e customizadas que solucionem problemas dos

Clientes.

Clientes Descobrir novos segmentos de clientes ou necessidades não atendidas.

Experiências do

Consumidor Aprofundar à interface de relacionamento da empresa com seus clientes.

Captura de Valor Redefinir e criar novas fontes de receita.

Processo Inovar em seus processos internos visando ganhos de eficiência, tempo de

ciclo e qualidade.

Organização Buscar novas formas de organizar a empresa internamente e com relação às

suas parcerias externas.

Cadeia de

Fornecimento

Redefinir o fluxo de informações dentro da cadeia de suprimentos, visando

mudanças na estrutura e melhoria na colaboração entre seus participantes.

Presença Redefinir os canais de distribuição e os pontos onde a empresa oferece seus

produtos ou serviços.

Relacionamento Buscar ganhos integrando clientes e parceiros

Marca Alçar a marca a novos domínios.

Fonte: Adaptado de Sawhney, Wolcott e Arroniz (2006).

Na percepção de Sawhney, Wolcott e Arroniz (2006, p. 80), “as estratégias de inovação bem-

sucedidas tendem a se concentrar em algumas dimensões de alto impacto, ao invés de buscar

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atuar sobre todas as dimensões de uma só vez”. Contudo, a atuação sobre uma das dimensões

pode vir a acarretar a necessidade de inovação sobre alguma(s) outra(s).

Uma outra dimensão que se relaciona com a inovação, está-se em analisar o grau de novidade

em que se apresentem. Neste sentido, pode-se ter: inovações incrementais e inovações radicais,

com leves variações na nomenclatura de acordo com outros autores. Nas palavras de

Schumpeter, inovações radicais provocam grandes mudanças no mundo, enquanto inovações

incrementais preenchem continuamente o processo de mudança (OECD, 2005, p. 32).

Acrescentando às afirmações acima apresentadas, Christensen, Raynor e McDonald (2015),

defendem que não há qualquer problema para a empresa fazer inovação incremental com seus

produtos e serviços. E associam, a esta defesa, que a empresa deve continuar com o que estes

autores denominam de inovação sustentável, contudo, que ela deveria desenvolver uma

estratégia complementar para o processo de inovação disruptiva, atrelando a esta percepção o

conceito de disrupção como sendo derivado ou complementar ao de inovação, sendo este, muito

confundido e que pode levar a um direcionamento inadequado das empresas.

No Quadro 8, a seguir, pode-se ver distintamente, através das definições e exemplos, as

diferentes perspectivas apresentadas.

Quadro 8 – Inovação, segundo o seu grau de novidade.

Tipo Definição Exemplos

Inovação

Incremental

Inclui a modificação,

aperfeiçoamento, simplificação,

consolidação e melhoria de produtos,

processos, serviços e atividades de

produção e distribuição existentes.

• Muitas versões do Walkman da Sony

não são o original, mas modelos

seguintes que foram construídos a

partir de uma plataforma comum;

• Muitos automóveis, com pequenas

melhorias ao longo dos anos,

forneceram benefícios substanciais

na segurança, eficiência e conforto.

Inovação

Radical

Implica introduzir novos produtos ou

serviços que se desenvolvem em

novos negócios ou se expandem em

novas indústrias, ou que causam uma

mudança significativa em toda a

indústria e que tendem a criar novos

valores de mercado.

• O ramo bancário tem passado por

uma suave metamorfose ao longo

dos anos - máquinas de multibanco,

fundos acessíveis em qualquer parte

do mundo com o cartão de plástico

apropriado.

Inovação

Disruptiva

São eventos raros, fruto de

investigação científica ou de

engenharia. São chamadas de

“disruptivas” (ou revolucionárias)

porque criam algo que a maioria das

pessoas não acreditava ser possível.

• A primeira impressora a laser EARS

da Xerox. Esta impressora consegue

imprimir 60 cópias num minuto.

Fonte: Adaptado de Innosupport ([s.d.]).

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Enquanto as empresas estabelecidas normalmente se concentram na inovação sustentável,

direcionada para os melhores e mais exigentes consumidores, e oferece produtos de maior

qualidade para serem vendidos com uma alta margem de lucros, na inovação disruptiva

comercializam-se produtos mais simples e de fácil utilização que são mais baratos e destinados

a novos consumidores ou menos exigentes. No longo prazo, a trajetória da inovação disruptiva

cruza-se com a dos consumidores mais exigentes e, por vezes, pressiona as empresas bem

estabelecidas, para fora do mercado (INNOSUPPORT, [s.d.]).

Christensen, Raynor e McDonald (2015) alertam para o fato de que a inovação disruptiva não

deve ser confundida com a inovação radical, não sendo desta forma desenvolvida por qualquer

empresa. Na visão destes autores, quando este tipo de inovação é introduzido no mercado, há

uma percepção de que ela é inicialmente inferior, em termos de desempenho, à outros produtos

já existentes, mas que agregam valor através de uma ampla variedade de novos atributos que

atraem grupos de clientes que estavam à margem daquele mercado. Este tipo de inovação ocorre

quando um novo concorrente resolve desafiar o mercado, aproveitando as oportunidades

existentes, para criar um novo produto, de baixo custo.

Outro tipo de inovação é definido por Govindarajan (2012) como sendo uma inovação reversa,

que pauta pelo fato de que ao invés de ser criada em um país desenvolvido e depois ser vendida

em um país em desenvolvimento, ela percorre o caminho inverso, alterando seu fluxo,

naturalmente estabelecido. Segundo este autor, uma grande quantidade de produtos, criados nos

países desenvolvidos, são inviabilizados quanto ao uso em países em desenvolvimento porque

não são baratos, são complexos, possuem características que não atendem às necessidades do

país menos desenvolvido e não possuem mão-de-obra especializada o suficiente para manipulá-

los, e com isso, surgem oportunidades para as empresas locais ou multinacionais

desenvolverem inovações, tomando por base os requisitos da sociedade do país em que se

encontre localizado.

Para exemplificar os posicionamentos, acima caracterizados, apresenta-se o caso do

eletrocardiograma (ECG) de alta precisão da General Electric (GE). Refere-se a um

equipamento desenvolvido nos Estados Unidos, com dimensões de difícil manuseio quanto ao

transporte, que necessita de qualidade quanto à oferta de energia elétrica, isto é, estabilidade no

fornecimento, para o seu adequado funcionamento, que possui um manual com mais de 500

páginas e tem seu valor em torno de US$ 10,000.00. A Índia, mesmo sendo um mercado

atrativo, possuía uma série de entraves para usar o respectivo equipamento, pois poucos

hospitais tinham condições de pagar a referida quantia. Há de se considerar o fato de que algo

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em torno de 90% da população vivia em áreas rurais, cuja rede de energia elétrica é instável e

o deslocamento até a cidade é praticamente inviável. Além disso, não haviam médicos

especializados e capazes de operar o equipamento (GOVINDARAJAN, 2012).

Assim, diante das circunstâncias apresentadas, a empresa poderia desconsiderar aquele país

como um mercado promissor, para seu equipamento. Acontece que uma empresa local, na

Índia, desenvolveu um produto similar, cujo valor não passava de US$ 500,00. Era portátil e de

fácil manuseio. Com isso, a empresa ganhou o mercado e passou a vender para o restante do

mundo (GOVINDARAJAN, 2012).

No que se refere às estratégias de inovação, há de se considerar os conceitos de inovação aberta,

termo criado por Chesbrough (2003), como um contraponto à inovação fechada, conforme se

vê, definido e exemplificado, no Quadro 9.

Quadro 9 – Inovação, consoante suas estratégias.

Tipo Definição Modelos

Inovação

Fechada

No modelo de inovação fechada,

uma empresa gera, desenvolve e

comercializa suas próprias ideias.

Essa filosofia de autossuficiência

dominou as operações de P & D

de muitas empresas industriais

líderes durante a maior parte do

século XX.

Inovação

Aberta

No novo modelo de inovação

aberta, uma empresa comercializa

suas próprias ideias, bem como

inovações de outras empresas e

busca maneiras de trazer suas

ideias internas ao mercado

desenvolvendo caminhos fora do

seu negócio atual. Note-se que o

limite entre a empresa e o

ambiente circundante é poroso

(representado por uma linha

tracejada) permitindo inovações

para mover-se mais facilmente

entre os dois.

Fonte: Adaptado de Chesbrough (2003).

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Há de se observar que nem todas as inovações afloram dentro das empresas. Elas podem surgir

externamente, condicionando sua comercialização e melhorias para o negócio da organização.

Neste caso, parte-se da premissa que a empresa, internamente, não provê todo o conhecimento

necessário para inovar e, deste modo, é preciso que seja explorado fora dos limites

organizacionais.

No Quadro 10, poder-se-á ver alguns princípios contrastantes entre a inovação aberta e a

inovação fechada.

Quadro 10 – Princípios contrastantes da inovação fechada e aberta.

Princípios de inovação fechada Princípios de inovação aberta

As pessoas inteligentes em nossa área de

atuação, trabalham para nós.

Nem todas as pessoas inteligentes trabalham

para nós, por isso temos de encontrar e

aproveitar o conhecimento e a experiência do

indivíduo brilhante fora de nossa empresa.

Para lucrar com pesquisa e desenvolvimento,

temos de descobrir, desenvolver e enviá-la para

nós mesmos.

A pesquisa e desenvolvimento externa pode criar

valor significativo; A interna é necessária para

reivindicar alguma parte desse valor.

Se nós mesmos descobrimos algo novo, nós

vamos colocá-lo no mercado primeiro.

Nós não temos que originar a pesquisa para

lucrar com ela.

Se somos os primeiros a comercializar uma

inovação, nós vamos ganhar.

Construir um modelo de negócio melhor é

melhor do que chegar ao mercado primeiro.

Se criarmos a maioria e melhores ideias na

indústria, nós ganharemos.

Se fizermos o melhor uso de ideias internas e

externas, vamos ganhar.

Devemos controlar nossa propriedade

intelectual (IP) para que nossos concorrentes não

lucrem com nossas ideias.

Nós devemos lucrar com o uso que os outros

fazem de nossa propriedade intelectual (IP), e

devemos comprar a propriedade intelectual dos

outros sempre ela avança o nosso próprio

modelo de negócio.

Fonte: Adaptado de Chesbrough (2003).

Uma grande diferença entre os dois modelos de inovação, acima apresentados, reside na forma

como as empresas expõem suas ideias, pois, em qualquer processo de pesquisa e

desenvolvimento, de ambos os modelos, os pesquisadores e seus gestores buscam separar as

propostas menos interessantes das mais promissoras, a fim de que possam ser descartadas as

primeiras, enquanto perseguem e comercializam as mais interessantes. Contudo, o modelo

aberto incorpora a capacidade de reavivar projetos que em sua fase inicial não pareciam ser

interessantes, para serem extremamente valiosos. Já uma empresa que se baseia no modelo de

inovação fechada, tende a perder algumas oportunidades valiosas porque muitas delas cairão

fora dos negócios atuais da organização ou precisarão ser combinadas com tecnologias externas

para desbloquear seu verdadeiro potencial (CHESBROUGH, 2003).

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Todos os tipos e modelos, acima apresentados, podem ser considerados e incorporados como

partes de uma definição mais abrangente de inovação, cujo reflexo sobre os diversos

colaboradores institucionais impactaria na forma de se enxergar o mundo, fazendo parte de um

contexto voltado para fomentar e transformar ideias em valor, dirigindo e definindo os objetivos

a serem alcançados.

Há de se considerar, no entanto, que nenhuma ferramenta ou, apenas, método de inovação

proporcionará avanços consistentes e rentáveis, muito menos uma mistura de práticas

desajustadas ou mal integradas. É necessária uma abordagem sistemática para se construir uma

capacidade sistêmica. Sendo assim, os diversos elementos que compõem uma abordagem

sistêmica, quais sejam: competências, ferramentas, métricas, processos, plataformas,

incentivos, papéis e valores, deve se agrupar em uma supermáquina de inovação (HAMEL e

TENNANT, 2015).

2.1.2 A Importância da inovação

Com o aumento crescente da concorrência local e internacional, além do ritmo acelerado das

mudanças tecnológicas que chegam ao mercado, as organizações buscam incessantemente o

desenvolvimento de novos produtos e novos negócios para um crescimento sustentável e uma

vantagem competitiva. Acrescenta-se a este viés que a crescente força e o impacto da tecnologia

ameaçam todas as empresas porque possibilitam a entrada de novos concorrentes em quase

todos os mercados, o que não ocorria com as grandes empresas, há vinte ou trinta anos atrás,

pois eram protegidas pelo seu próprio tamanho; mas, hoje este não é o caso. A vulnerabilidade

estratégica de todas as empresas, grandes e pequenas, tornou-se sem precedentes (MORRIS,

2011).

Para conseguirem sobreviver, as empresas devem ser capazes de se adaptar e mudar, e a

inovação tem sido argumentada como o motor desse crescimento (TROTT, 2005).

Nagano, Stefanovitz e Vick (2014, p. 65-66), alertam para o fato de que “a estratégia adotada

pela organização influencia a caracterização de seu sistema interno de inovação e molda os

desafios para implementar suas práticas de inovação”.

Por outro lado, Gibson e Skarzynski (2008, p. 130, grifo do autor) defendem que “o objetivo

da inovação não é apenas produzir milhares de flores, mas garantir que elas sejam plantadas de

maneira ordenada, no mesmo jardim, por assim dizer”. Ou seja, em vez de se atirar em várias

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direções, a meta é produzir mil ideias e oportunidades de alta qualidade, nas áreas escolhidas

para o foco estratégico.

Há ainda de se atentar para o fato de que o desenvolvimento e implementação de projetos de

inovação por si só não contribui para o desempenho da inovação. É necessária a gestão completa

dos diversos componentes que envolvem o processo de inovação, tais como: estratégia, gestão

e desenvolvimento das pessoas, cultura, entre outros (GLOET e SAMSON, 2014).

Segundo Morris (2011, p. 3-4), a maioria das empresas não é muito boa em inovação, o que

explica em parte por que as que são boas se destacam proeminantemente. Para cada Apple,

Google, Amazon, Nike e P&G existem 1.000 ou 10.000 empresas que não inovam de modo

algum ou inovam mal. Morris (2011, p. 4) defende a questão enfatizando dois problemas

principais que sobrecarregam as empresas que se atrasam na inovação:

A primeira é a natureza da mudança atual, o ritmo brutal que colocou tantas

organizações na defensiva enquanto se esforçam para se adaptar a tudo o que

está acontecendo com elas. E a segunda é a mentalidade que seus principais

gerentes trazem aos problemas de inovação.

Com isso, na tentativa de tratar efetivamente o amplo leque de questões que obstruem o sucesso

na inovação, e no processo para permitir que os gerentes superem a armadilha mental que a

prática empresarial moderna colocou neles, Morris (2011) propõe uma estrutura de

planejamento organizacional, Figura 4, pautada em 5 (cinco) pontos específicos, a serem

observados e trabalhados, para que as empresas possam se reinventar e criar valor.

Figura 4 – Pilares do plano diretor da inovação, segundo Morris.

Fonte – Adaptado de Morris (2011, grifo nosso).

O PLANO DIRETOR DA INOVAÇÃO

COMO?

ProcessoQUEM?

Cultura

ONDE?

Infraestrutura

POR QUE?

Estratégia

O QUE?

Portifólio

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O conteúdo abordado no plano diretor da inovação, nome da obra em questão, preza por alguns

pilares que são esmiuçados de forma a responder às cinco questões, acima representadas: Por

que inovar?10, conduzindo à observância de que a inovação é uma necessidade estratégica, e

apresentando evidências de que toda organização que não inovar, provavelmente não

permanecerá no negócio em que atua por muito tempo. Destacando, ainda, que o processo de

inovação deve ser alinhado com a estratégia de uma organização, uma vez que a inovação será

uma parte fundamental de como a estratégia será realizada. Na sequência, em função da

natureza imprevisível que as mudanças exigem, e em resposta a O que inovar?11, sugere que

sejam preparadas muitas opções de inovação para uma ampla gama de futuros possíveis, e

apresenta a importância de se construir um portfólio de investimentos – uma carteira de projetos

de inovação, a fim de satisfazer com êxito o impulso desta mudança (MORRIS, 2011).

Prosseguindo com a obra, defende uma proposta de Como inovar?12, enaltecendo que um

processo de inovação rigoroso é essencial para os objetivos organizacionais, devendo ser

conduzido pelo modo que, de fato, o próprio processo começa: com a(s) estratégia(s). Logo

após, traz uma reflexão relacionada com a questão: Quem inova?13, destacando que para uma

cultura de inovação robusta, há três papéis distintos a serem desempenhados na obtenção de

resultados amplos e consistentes: os Líderes de Inovação, que estabelecem políticas,

expectativas, metas e o tom para a cultura da inovação; os Gênios da inovação, que vêm com

as ideias grandiosas; e os Campeões da inovação, que organizam a busca da inovação e apoiam

aqueles que desenvolvem as grandes ideias, transformando-as em valor comercial (MORRIS,

2011, grifos do autor).

Caminhando para o a parte final da obra, o autor traz as considerações relacionadas com o Onde

inovar?14, defendendo a existência de quatro elementos essenciais, entre ferramentas e

infraestruturas, necessárias para dar suporte ao processo de inovação e às pessoas inovadoras,

quais sejam: os princípios da inovação aberta, que envolvem a comunidade mais ampla no

processo de inovação; a infraestrutura virtual, que suporta a comunicação e colaboração remota

eficaz; a infraestrutura física, o local de trabalho onde as pessoas se confrontam face a face; e

métodos colaborativos que trazem as melhores ideias de todos os participantes, dentro e fora

da organização (MORRIS, 2011, grifos do autor).

10 Grifo nosso. 11 Grifo nosso. 12 Grifo nosso. 13 Grifo nosso. 14 Grifo nosso.

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Morris (2011, p. 14), conclui, enfim, com uma sexta pergunta: Quando?15, sobressaltando a

estrutura proposta na Figura 4, em função da obviedade da resposta: Agora, tendo em vista a

urgência com que “o mercado, impiedosamente, exige inovação, e seus concorrentes, que estão

implacavelmente criando inovações próprias, não esperam por ninguém”.

A obra retrata mais uma bela proposta estruturada e pautada por sua celeridade, sendo este

critério uma recomendação feita também por Rao (2016), quanto à seleção, implantação e

controle dos processos organizacionais, necessários às suas reestruturações, ante os desafios

atemporais do mercado, na busca incessante pela conquista do sucesso corporativo.

Nesta reestruturação, há de se atentar para o que Teece (2010, p. 186) alertou:

A história mostra que, a menos que eles possam oferecer propostas de valor

atraentes para consumidores/usuários e criar sistemas de negócios (rentáveis)

para satisfazê-los com a qualidade necessária em termos de preço aceitáveis,

o inovador falhará, mesmo se a inovação em si for notável e for amplamente

adotada pela sociedade.

Observa-se, assim, que a inovação é um termo amplo que abrange vários aspectos dos negócios

e da vida cotidiana, através de vasto ferramental de gerenciamento e diretrizes para as melhores

práticas disponíveis aos gestores, que busca ajudar as organizações a terem sucesso. No entanto,

a fim de compreender verdadeiramente o processo de inovação, é preciso também entender

como a inovação está relacionada com a cultura organizacional.

2.2 Cultura organizacional

Na busca por um melhor entendimento acerca do que seja cultura organizacional, há de se

definir o próprio conceito de cultura e de que forma ela se relaciona com as pessoas, individual

e coletivamente, influenciando, desta forma, a cultura das organizações em geral.

Numa perspectiva filosófica, Abbagnano (2007, p. 225), explica que a cultura teria dois

significados básicos:

o primeiro, e mais antigo, significa a formação do homem, sua melhoria e seu

refinamento; o segundo, o produto dessa formação, ou seja, o conjunto dos

modos de viver e de pensar cultivados, civilizados, polidos, que também

costumam ser indicados pelo nome de civilização.

Numa perspectiva antropológica e sociológica, vamos encontrar em DaMatta (1986, p. 123):

15 Grifo nosso.

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Cultura é, [...], um mapa, um receituário, um código através do qual as pessoas

de um dado grupo pensam, classificam, estudam e modificam o mundo e a si

mesmas. É justamente porque compartilham de parcelas importantes deste

código (cultura) que um conjunto de indivíduos, com interesses e capacidades

distintas, e até mesmo opostas, transforma-se num grupo e podem viver juntos

sentindo-se parte de uma mesma totalidade. Podem, assim, desenvolver

relações entre si porque a cultura lhes forneceu normas que dizem respeito aos

modos mais (ou menos) apropriados de comportamento diante de certas

situações.

Ao caminharmos nesta direção, Hofstede (2003, p. 18, grifo nosso) faz uma caracterização da

cultura em diferentes níveis: restrito e extenso. O primeiro, como um processo de refinamento

da mente, obtido perante o resultado de uma aprendizagem contínua, associada a padrões de

pensamentos, sentimentos e comportamentos individuais, aprimorados no período da infância;

o segundo, conforme especifica Hofstede (2003, p. 210, grifo nosso), como uma programação

coletiva da mente, atribuindo uma distinção aos membros de uma organização dos de outras.

Essa relação entre indivíduos e grupos também é relatada por Schein (2009, p. 1), quando

enquadra a cultura como “um fenômeno dinâmico que nos cerca em todas as horas, sendo criada

por nossas interações com outros e moldada por um comportamento de liderança e um conjunto

de estruturas, rotinas, regras e normas que orientam e restringem o comportamento”. Schein

(2009, p. 8) justifica esta interação ao delinear que “à medida que nossa personalidade e caráter

orientam e restringem nosso comportamento, a cultura guia e restringe o comportamento dos

membros de um grupo, mediante normas compartilhadas e assumidas nesse grupo”. Por fim,

define cultura como um padrão de suposições básicas compartilhadas, que foi aprendido por

um grupo à medida que solucionava seus problemas de adaptação externa e de integração

interna, visando garantir o bom funcionamento do grupo, e ensinado para novos membros como

o modo correto de perceber, pensar e lidar com esses problemas (SCHEIN, 2009, p. 16).

Desta forma, tendo em vista a sua abrangência e diferentes concepções, e trazendo para o

contexto institucional, observa-se que não existe uma definição singular para cultura

organizacional. Contudo, há um ponto comum entre todas as que estão listadas no Quadro 11,

o fato de que ela posiciona a instituição e determina como esta irá interagir com o mundo ao

seu redor.

Quadro 11 – Conceitos de cultura organizacional.

(continua)

Autor Definição

Souza (1978) Cultura organizacional é o conjunto de fenômenos resultantes da ação

humana, visualizada dentro das fronteiras de um sistema.

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Quadro 11 – Conceitos de cultura organizacional.

(conclusão)

Pettigrew (1979)

A cultura, concebida como um conjunto de valores e crenças compartilhados

pelos membros de uma organização, deve ser consistente com outras variáveis

organizacionais como estrutura, tecnologia, estilo de liderança. Da

consistência destes vários fatores depende o sucesso da organização.

Deal e Kennedy

(1982)

A cultura organizacional seria a forma como as coisas são feitas nas

organizações.

Peters e Waterman

(1982)

A cultura organizacional é um conjunto dominante de crenças compartilhadas

comunicadas através de uma variedade de mídias simbólicas, criando

significado na vida de trabalho das pessoas.

Fleury (1987)

A cultura, concebida como um conjunto de valores e crenças compartilhados

pelos membros de uma organização, deve ser consistente com outras variáveis

organizacionais como estrutura, tecnologia, estilo de liderança. Da

consistência destes vários fatores depende o sucesso da organização.

Sackmann (1991)

A cultura é o resultado de uma construção social da realidade por atribuir

significado e dar sentido a um evento organizacional em que as percepções,

conhecimento prévio e os juízos sobre os eventos interagem para conferir

significado às manifestações de cultura.

Gordon (1991)

A cultura organizacional pode ser definida como um sistema de pressupostos

e valores compartilhados o qual permite a construção de comportamentos

típicos. Este sistema é transmitido para os novos membros da organização de

maneira formal como, por exemplo, declarações de missão, objetivos e valores

da instituição e, de maneira informal, como, por exemplo, nas conversas ente

colegas de trabalho.

Cameron e Quinn

(1999)

A cultura se refere aos valores, suposições subjacentes, expectativas e

definições presentes em uma organização. Ela representa ‘como as coisas são

feitas por aqui’. Isto reflete a ideologia dominante que o grupo carrega dentro

de si.

Mintzberg (2000)

A cultura é essencialmente composta de interpretações de um mundo e das

atividades e artefatos que refletem às mesmas. Além de cognitivas, estas

interpretações são compartilhadas coletivamente em um processo social. Para

o autor, não existem culturas particulares, pois sua essência é coletiva.

Freitas (2005)

Entende a cultura organizacional: primeiro como instrumento de poder;

segundo, como conjunto de representações imaginárias sociais que se

constroem e reconstroem nas relações cotidianas dentro da organização e que

se expressam em termos de valores, normas, significados e interpretações,

visando um sentido de direção e unidade, tornando a organização fonte de

identidade e de reconhecimento para seus membros.

Fonte: Adaptado de diversos autores.

Desta forma, percebe-se que, no contexto organizacional, a cultura é algo abstrato, que envolve

os integrantes de um grupo e permeia as ações de determinada entidade durante toda a sua

existência, não se formando de forma acidental ou espontaneamente, mas em virtude de um ou

mais indivíduos perceberem que a ação coordenada pode conduzir o grupo a alcançar objetivos

que estão fora do alcance da ação individual (HILAL, 1996, p. 22).

Schein (2009, p. 57) reforça esta ideia ao afirmar que

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a força e a estabilidade da cultura derivam do fato de ela estar baseada no grupo

– de que o indivíduo assumirá certas suposições básicas para ratificar sua

filiação ao grupo (...). Portanto, a cultura é incorporada pelos colaboradores da

organização como forma de se integrarem ao grupo e, consequentemente, terem

condições de sobreviverem nesse ambiente.

Mas, de que forma surge essa cultura primeiramente? Schein (2009, p. 15) explica que o

processo começa no momento em que o grupo é criado e começa a ter as suas primeiras

experiências compartilhadas. O fundador deste grupo possui visões, metas, crenças, valores e

suposições pessoais que tentará impor ao mesmo, ou a membros selecionados que

compartilhem esses pensamentos. Se esse comportamento for capaz de fazer o grupo ser bem-

sucedido, em lidar com os problemas que afligem a sua existência, as crenças e valores do

fundador são confirmados e reforçados, passando, esse comportamento, a ser reconhecido e

compartilhado como a forma correta de pensar, sentir e agir. Com o tempo, e confirmando o

seu sucesso, o grupo internaliza esse comportamento e passa a trata-los, cada vez mais, como

suposições não negociáveis. Se, por acaso, a visão do fundador não trouxer sucesso ao grupo,

este procurará um novo líder. Quando encontrá-lo, irá acontecer o processo descrito. Acrescenta

ainda, que um novo membro deve seguir esse comportamento, caso contrário, irá sentir

ansiedade, isolamento e, por fim, exclusão.

Sendo assim, essa aprendizagem, acumulada e compartilhada, que cobre elementos de

comportamento, emoção e cognitivo do funcionamento do grupo, forma padrões que é a sua

cultura (SCHEIN, 2009 p. 16). Atentando ao fato de que a forma como ela é passada aos novos

integrantes e à própria sociedade, se dá por meio da busca de objetivação ou concretização

daquilo que é subjetivo (BRUNO-FARIA e FONSECA, 2014).

O resultado é a criação de um mapa coletivo em cada colaborador, que define e descreve os

eventos organizacionais mais relevantes, formula expectativas sobre as práticas e

comportamentos organizacionais e procura uma explicação última para o porquê das coisas

(SACKMANN, 1991).

Porém, para que possamos melhor entender o fenômeno da cultura organizacional é preciso

compreender suas manifestações e sua profundidade.

2.2.1 Caracterização da cultura organizacional

Observa-se que qualquer conceito relacionado a uma definição de cultura é complexo e que

precisa ser analisado nos diversos níveis em que se manifeste, antes de poder ser entendido.

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Para Schein (2009, p. 34), “o maior risco em se trabalhar com a cultura é simplificá-la demais

e perder a importância de suas facetas básicas (Quadro 12) e importantes”.

Quadro 12 – Facetas básicas da cultura organizacional, segundo Schein.

Facetas Descrição

A cultura é

profunda

Se você tratar a cultura como um fenômeno superficial, e assumir que pode manipular

e alterá-la à vontade, você certamente falhará. Além disso, a cultura o controla mais

do que você controla a cultura. [...] a cultura dá sentido e previsibilidade ao seu

cotidiano. À medida que você aprende o que funciona, você desenvolve crenças e

pressuposições que, eventualmente, abandonam a consciência e se tornam regras

tácitas de como fazer coisas, como pensar sobre as coisas e como senti-las.

A cultura é

ampla

Como um grupo aprende a sobreviver em seu ambiente, ele aprende sobre todos os

aspectos de suas relações externas e internas. As crenças e os pressupostos formam-

se sobre a vida diária: como se dar bem com o chefe, que tipo de atitude se deve ter

em relação aos clientes, a natureza da carreira na organização, o que é preciso para

avançar, quais os tabus, e assim por diante. Decifrar a cultura pode, portanto, ser uma

tarefa infinita. Se você não tem um foco especifico ou um motivo para querer

entender sua cultura organizacional, você achará isso sem limites e frustrante.

A cultura é

estável

Os membros de um grupo querem manter suas suposições culturais porque a cultura

fornece o significado e torna a vida previsível. Os seres humanos não gostam de

situações caóticas e imprevisíveis e trabalham duro para se estabilizar e "normalizá-

las". Qualquer mudança prospectiva de cultura, portanto, lança enormes quantidades

de ansiedade e resistência à mudança. Se você quer mudar alguns elementos de sua

cultura, você deve reconhecer que está lidando com algumas das partes mais estáveis

da sua organização.

Fonte: Adaptado de Schein (2009, p. 34-35).

Percebe-se assim, que a cultura, de certa forma implica em relativa padronização nas atitudes

de grupo, e apesar de não se manifestar claramente, tem influência sobre todo o ambiente

organizacional. Alguns elementos característicos estão descritos e conceituados no Quadro 13.

Quadro 13 – Principais características da cultura organizacional.

Elemento Conceito

Crenças Verdades concebidas ou aceitas a partir da observação de fatos e pela convivência

em um grupo de pessoas.

Valores

Elementos que determinam a importância das coisas. [...} representam uma prede-

terminação consciente da ação das pessoas. Uma forma de identificar os valores de

um grupo se dá na observação de como as pessoas do grupo ocupam seu tempo.

Costumes Materialização dos valores e crenças através dos atos realizados de forma um tanto

ou quanto sistemática;

Ritos Operações rotineiras executadas para êxito das atividades;

Cerimônias Encontros formais e informais de um grupo social. Funcionam como meios de

reafirmar ou ratificar valores, crenças e costumes;

Rede de

comunicação

informal

Conhecida em empresas e citada em algumas publicações como rádio peão. A

rede de comunicação informal funciona como excelente meio de atualização de

crenças, valores e mitos. Através desta rede, a cultura da empresa é reciclada e

reafirmada.

Fonte: Adaptado de Crozatti (1998).

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Do mesmo modo em que não há uma singularidade na forma como a cultura é definida, também

não existe um consenso quanto aos aspectos que delineiam a cultura organizacional.

Schein (2009, p. 23) explica que:

parte da confusão em torno da definição do que cultura é realmente, é

resultado de não se diferenciar os níveis em que ela se manifesta. Esses

níveis variam de manifestações abertas, muito tangíveis, em que se

pode ver e senti-las, às suposições básicas, inconscientes e

profundamente inseridas que se define como a essência da cultura.

Entre essas camadas estão várias crenças, valores, normas e regras de

comportamento assumidas que os membros da cultura usam como meio

de retratá-la a si e aos outros.

Torna-se, então, necessário diferenciar os níveis, acima citados, em que a cultura se manifesta,

para efetivamente compreender sua definição. Schein (2009, p. 21) explicita que “os níveis de

cultura vão do muito visível ao muito tácito e invisível”, como pode ser visto na Figura 5.

Figura 5 – Os três níveis de cultura, segundo Schein.

Fonte: Adaptado de Schein, (2009, p. 21).

Segundo Schein (2009, p. 22), o nível mais superficial seria o dos artefatos, os elementos

visíveis e possíveis de serem observados, apesar da dificuldade de serem decifrados.

Equivalente à arquitetura das instalações físicas, às rotinas e os processos de trabalho, ao layout

da organização, à tecnologia empregada, aos produtos, à maneira das pessoas se vestirem e se

comunicarem, aos modelos de comportamentos visíveis e audíveis, mitos e histórias contadas

sobre a organização.

Na sequência, no nível intermediário, viriam as crenças e os valores, aquilo que os integrantes

da organização acreditam intuitivamente e que, junto com os artefatos, são as manifestações da

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cultura. Os valores concedem maior possibilidade de aprender a cultura do que no nível dos

artefatos visíveis, porém, uma vez identificados, geralmente representam apenas o conteúdo

manifesto da cultura, pois os valores expressam o que as pessoas reportam ser a razão do seu

comportamento, o que na maioria das vezes, são idealizações ou racionalizações SCHEIN,

2009, p. 23-25).

Por último, estariam as suposições fundamentais básicas, as ideias assumidas como verdadeiras

e, portanto, inquestionáveis. São suposições implícitas que orientam o comportamento dos

membros do grupo determinando, como: perceber, refletir e sentir as coisas. Esse nível de

análise permite uma compreensão mais profunda da cultura organizacional do que nos dois

níveis anteriores. Os pressupostos básicos subjacentes são formados na organização, na medida

em que certos valores, anteriormente conscientes, são compartilhados pelo grupo, conduzindo-

os a determinados comportamentos. Uma vez que esses comportamentos se mostram adequados

para solucionar problemas, o valor é gradualmente transformado em pressuposto inconsciente,

sobre como as coisas realmente são e, internalizado como verdade, passando a ser

inquestionável (SCHEIN, 2009, p. 26-27).

Embora a essência da cultura de um grupo seja seu padrão de suposições básicas,

compartilhadas e assumidas como verdadeiras, ela se manifestará no nível dos artefatos

observáveis e das crenças e valores, assumidos e compartilhados (SCHEIN, 2009, p. 26).

Para Hofstede (1991, p. 7-8, grifo do autor) “entre os muitos termos usados para descrever

manifestações da cultura, os quatro seguintes, abrangem a totalidade do conceito de forma

bastante ordenada: símbolos, heróis, rituais e valores”. Apresentados na Figura 6, estes termos

são ilustrados como as camadas de uma cebola, onde os símbolos representam a camada mais

superficial, e os valores, as manifestações mais profundas da cultura, com os termos heróis e

rituais, no meio, entre os símbolos e os valores. Os símbolos, heróis, e rituais podem ser

organizados dentro do termo práticas, porque eles são visíveis para o observador externo, no

entanto o seu significado cultural está contido na forma em como são percebidos pelas pessoas

que participam internamente na cultura organizacional. O núcleo da cultura é formado pelos

valores, no sentido de sentimentos amplos, não específicos de bem e mal, bonito e feio, normal

e anormal, racional e irracional, que são, em geral, inconscientes e raramente discutidos, não

podendo ser observados diretamente, mas se manifestam em formas diferenciadas de

comportamento (HOFSTEDE, 1991, p. 8-9, grifo do autor).

A respeito do diagrama apresentado na Figura 6, Hofstede (1991, p. 7-8, grifos do autor)

esclarece que:

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Figura 6 – O diagrama de cebola: manifestações de cultura em diferentes níveis de profundidade.

Fonte: Adaptado de Hofstede (1991, p. 9, grifo do autor).

• Símbolos são palavras, gestos, imagens ou objetos que possuem um significado

particular e que são reconhecidos apenas por aqueles que compartilham a cultura.

Foram colocados na camada mais externa, mais superficial, por serem mais

facilmente desenvolvidos e regularmente copiados por outros. As palavras em um

idioma ou jargão pertencem a esta categoria, assim como o modo de se vestir, os

penteados, Coca-Cola®, bandeiras e símbolos de status;

• Heróis são pessoas, vivas ou mortas, reais ou imaginárias, que possuem

características altamente valorizadas em uma cultura e que servem como modelos

de comportamento. Mesmo fantasia ou figuras de desenhos animados, como

Batman, Snoopy, Asterix, entre outros, pode servir como heróis culturais;

• Rituais são atividades coletivas, tecnicamente supérfluas para alcançar os fins

desejados, mas que, dentro de uma cultura, são consideradas como socialmente

essenciais: elas são, portanto, levadas a cabo por sua própria causa. Por exemplo:

Maneiras de cumprimentar e ter respeito pelos outros, cerimônias sociais e

religiosas, reuniões empresariais e políticas organizadas por razões aparentemente

racionais, muitas vezes servem principalmente de fins rituais, para permitir que os

líderes se afirmem;

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• Valores formam o núcleo da cultura, sendo este o mais profundo e intangível.

Define-os como amplas tendências para se preferir um certo estado de coisas face a

outras. Trata-se de um sentimento orientado, com um lado positivo e outro negativo.

Apesar dos autores supracitados discordarem em alguns pontos, existe concordância com o fato

de que as manifestações culturais podem ser organizadas em níveis, ordenados dos de maior

visibilidade e menor significado até os de menor visibilidade e maior significado. Entender essa

partição é essencial para compreender melhor como a cultura é formada e como ela se

desenvolve nos grupos, independentemente do tipo de instituição em que estes estejam

inseridos.

Até este, pôde-se observar que a cultura organizacional é um tema que possui diferentes

enfoques, e como consequência, apresenta diferentes construções teóricas. Assim, acredita-se

que se é necessário entender os tipos de cultura organizacional que foram caracterizados e

delineados pelos diversos autores que se propuseram a estudar o assunto, como propostas de

melhor esclarecer e enquadrar as suas manifestações.

2.2.2 Tipologias de cultura organizacional

A utilização de tipologias auxilia na compreensão da cultura organizacional, embora não

corresponda à realidade em todos os aspectos. Além disso, essas generalizações permitem

observar a cultura de forma que seja possível identificar e desenvolver mecanismos de mudança

de certas características para alcançar o tipo que melhor se alinhe aos objetivos estratégicos da

organização.

Com isso, vários autores que se debruçaram sobre o conteúdo em questão, enquadraram-na nas

organizações, sob variada tipologia, como está posto a seguir.

Segundo Handy (1976) a cultura, frequentemente, se torna visível nas instalações, escritórios,

lojas ou filiais de uma empresa. Os tipos de pessoa empregadas, o comprimento e a elevação

de suas aspirações de carreira, o status ocupado na sociedade, o grau de mobilidade, o nível de

educação, seriam reflexos da cultura. Ele afirma que as regras, procedimentos, planejamento e

organização fazem parte da cultura organizacional.

A tipologia de cultura de Handy (1976) considera os canais de poder dentro de uma determinada

estrutura e sistemas organizacionais, a partir de quatro vieses, sendo eles: cultura do poder,

cultura de papéis, cultura da tarefa e cultura da pessoa, como pode ser visto no Quadro 14.

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Quadro 14 – Tipologia de cultura organizacional, segundo Handy.

Tipos Considerações

Cultura do

Poder

Encontrada em pequenas organizações empresariais, possui a forma de teia e o poder

concentrado em um determinado ponto (fundador). As decisões são resultado de um

equilíbrio de influências e não necessariamente de avaliações lógicas. Têm poucas

regras e procedimentos definidos, tendem a ser orgulhosos e fortes, reagindo

rapidamente a ameaças e perigos.

Cultura de

Papéis

Também conhecida como burocrática, trabalha pela lógica e pela racionalidade. Esta

cultura é bem-sucedida em ambientes estáveis, ou quando a organização pode controlar

o ambiente, como nos casos de monopólios e oligopólios ou produtos de longa duração

que oferecem segurança e previsibilidade. A mudança deste tipo de cultura é lenta. A

eficiência depende mais da racionalidade da alocação de trabalho e resposta, do que

das personalidades individuais. Tampouco é exigido um desempenho extraordinário, e

um desempenho muito acima da média pode ser destrutivo. Por isso não é um ambiente

propício para pessoas ambiciosas, interessadas em resultado e não em métodos.

Cultura da

Tarefa

Representada por uma rede, com algumas malhas mais fortes que outras. É orientada

para o trabalho ou para projetos e está totalmente relacionada com desempenho,

enfatizando execução com os recursos apropriados, com autonomia e dentro do prazo

previsto. Ela prioriza velocidade de resposta. O poder do perito tem mais influência

que o poder pessoal ou o derivado da posição. O trabalho em equipe é estimulado, com

equipes de projetos para resolver problemas específicos. É uma cultura extremamente

adaptável, adequada à necessidades de flexibilidade e sensibilidade em relação ao

mercado. É encontrada na maioria das vezes em mercados competitivos, quando a vida

do produto é curta e instável.

Cultura da

Pessoa

Representada por uma galáxia de estrelas individuais com o indivíduo como o ponto

central, a companhia existe para servi-lo. A organização é subordinada aos indivíduos

e deles depende para existir. Sua estrutura é enxuta e hierarquias ou controle sobre seus

membros é praticamente impossível, a não ser que o grupo todo concorde. Não é

encontrada nas organizações como conjunto, mas nos indivíduos e seus valores.

Fonte: Adaptado de Handy (1976).

Todos os tipos culturais afetam o sucesso da organização à medida que determinam as decisões

tomadas, o uso dos recursos humanos e cortejo ao ambiente externo (HANDY, 1976).

Pelo modelo de Deal e Kennedy (1982) a cultura corporativa pode ser entendida e gerida pela

identificação de quatro tribos genéricas diferentes: Macho, trabalho duro/Divirta muito, aposte

em sua empresa e processo, conforme se vê no Quadro 15. As bases para identificar tais tribos

estão na extensão de risco associado com as atividades da empresa e a velocidade de feedback

em relação ao sucesso e ao fracasso das decisões e estratégias da empresa.

Quadro 15 – Tipologia de cultura organizacional, segundo Deal e Kennedy.

(Continua)

Tipos Considerações

Cultura Macho

(Tough guy)

Tende a ser composta por jovens, com foco na rapidez e não na duração, não se

dando valor à persistência de longo prazo. A pressão por decisões rápidas e

aceitação do risco requer muita atitude, o que leva à forte competição interna. Seus

participantes são individualistas. O objetivo é tornar-se uma estrela.

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Quadro 15 – Tipologia de cultura organizacional segundo Deal e Kennedy.

(Conclusão)

Cultura

Trabalho Duro

/ Diverte Muito

(Work hard /

Play hard)

Com baixo risco e rápido feedback, a atividade é o que importa. A persistência

traz o resultado, portanto o supervendedor aparece como herói. Os valores centrais

estão nos clientes e suas necessidades. Essa cultura vive um jogo de energia:

encontros, promoções, convenções, tudo vale para manter a motivação em alta.

Como o volume importa mais do que altas apostas, a qualidade pode ser

prejudicada. Portanto a preocupação, assim como na “macho”, é com o curto

prazo. Aqui as pessoas são jovens cronologicamente e querem provar seus

esforços.

Cultura

Apostar em sua

Companhia

(Bet your

company)

Combina alto risco com lento feedback, ou seja, ao invés de colocar sua carreira

em jogo, como ocorre na cultura “macho”, aqui os membros arriscam o futuro de

toda a firma. Seu principal ritual é a reunião de negócios, onde a participação é

extensiva à todos os membros, mas somente os mais seniores têm realmente a

palavra. As decisões vêm do topo. Os valores focam no futuro e na importância

de se investir nele. Decisões são analisadas e calculadas com cuidado, para se ter

certeza de que estão corretas. Seus membros respeitam a autoridade e competência

técnica. O tempo é contado em anos, não em dias da semana. Carreiras, produtos

e lucros não se desenvolvem rapidamente, mas quando acontecem duram longos

períodos.

Cultura de

Processo

(Process)

Os riscos são pequenos, mas praticamente não há feedback. Pessoas nestas

culturas tendem a desenvolverem uma mentalidade de se proteger, resposta natural

à falta de feedback. O mais trivial evento torna-se objeto de um memorando. Eles

descrevem os fatos nos mínimos detalhes, dando explicações para suas ações.

Depois eles “copiam” a todos. Os valores estão centrados na perfeição técnica. Se

as pessoas não sabem onde serão atacadas, tentam ter todas as situações cobertas.

Seus membros aprendem a viver neste mundo: são pontuais, se preocupam com

os detalhes e sobrevivem nas suas memórias. Presta-se muita atenção à títulos e

formalidades. A subida nas escalas de hierarquia é o melhor indicador de sucesso.

O sistema é extremamente visível. A mobília dos escritórios, o tamanho das salas,

entre outras características, revela exatamente com quem se está falando.

Fonte: Adaptado de Deal e Kennedy (1982).

Observa-se, desta forma, que enquanto Handy (1976) considera a questão do poder e seus

reflexos nas estruturas e sistemas da organização, Deal e Kennedy (1982) relacionam a questão

cultural da organização com seu ambiente externo.

Hofstede (1991, p. 14), após ter notado diferenças no funcionamento de empresas com filiais

em outros países, ainda que tivessem o mesmo método de gestão que o da matriz, identificou

algumas dimensões para a cultura, associando-as a um aspecto que poderia ser mensurado em

relação a outras. Atribuindo essa diferença à cultura do país que abrigava as empresas, constatou

que não existia um método universal de gestão, mas este devia ser baseado e adaptado à cultura

local. Segundo Hofstede (1991, p. 15), uma outra maneira de representar diferenças culturais

entre os países é com o uso de tipologias em vez de dimensões. “Uma tipologia descreve uma

série de tipos ideais, cada um deles fácil de imaginar”, a exemplo da divisão estabelecida entre

países de primeiro, segundo e terceiro mundo.

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Com isso, para defender uma e outra perspectiva, Hofstede (1991, p. 15) explica que na prática,

“tipologias e modelos dimensionais de cultura podem ser considerados complementares”, onde

“as dimensões são preferíveis para respostas práticas” e as “tipologias para respostas técnicas”.

Inicialmente foram apresentadas quatro dimensões: distância do poder (de pequena a grande),

coletivismo versus individualismo, feminilidade versus masculinidade e aversão à incerteza (de

fraca a forte). Depois se identificou uma quinta dimensão a “orientação de longo prazo versus

orientação de curto prazo” (HOFSTEDE, 1991, p. 14). E mais recentemente, foi apresentada

pelo autor a dimensão indulgência versus restrição (HOFSTEDE et al, 2010).

Segundo Hofstede (1991), duas destas dimensões são particularmente importantes para as

organizações: a distância do poder e a aversão à incerteza, em função da influência que exerce

sobre as normas culturais. A combinação dessas duas dimensões, segundo este autor, resulta

em quatro diferentes tipologias organizacionais que combinam as normas culturais, quais

sejam: pirâmides, máquinas, mercados e famílias (Quadro 16).

Quadro 16 – Tipologias organizacionais, segundo Hofstede.

Tipos Considerações

Pirâmides

A organização pirâmide se adequa a uma cultura com grande distância de

poder e uma forte necessidade de se evitar a incerteza. A França e a Rússia

são exemplos. Quando você dá aos alunos de tais países um caso de uma

organização em dificuldade devido a dois gerentes que têm um conflito, o

diagnóstico deles seria levar ao gerente que se encontra num nível a resolução

do conflito, ou seja, as soluções são encontradas no topo da organização.

Máquinas

A organização máquina se adequa a uma cultura com pequena distância de

poder e uma forte necessidade de se evitar a incerteza. A Alemanha e Israel

são exemplos desse tipo. Uma boa organização funciona como uma máquina

bem oleada. No mesmo caso apresentado anteriormente, o diagnóstico seria

que as responsabilidades dos gerentes conflitantes não são propriamente

descritas. Os melhores procedimentos seriam a solução.

Mercados

A organização do mercado se adequa a uma cultura com pequena distância

de poder e uma fraca necessidade de se evitar a incerteza. A Inglaterra e a

Dinamarca são exemplos. No mesmo caso, o diagnóstico seria que existe um

problema de relações humanas. Os dois gerentes em conflito teriam que

receber uma aula para aprender como resolver esses conflitos de forma

construtiva. De preferência, eles fazem a aula juntos. Uma melhor relação é

a solução para o problema. A hierarquia ou os procedimentos não são a

resposta.

Famílias

A organização familiar se adequa a uma cultura com grande distância de

poder e fraca aversão à incerteza. China e Índia se adequam ao perfil. No

mesmo caso, o proprietário-chefe seria convidado a resolver o problema. A

tradição substitui os procedimentos e a autoridade encontra-se no topo.

Fonte: Adaptado de Hofstede (1991).

Hofstede (1991, p. 15) alerta, porém, para o seguinte fato:

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Enquanto as tipologias são mais fáceis de compreender do que as dimensões,

elas ainda são problemáticas na pesquisa empírica. Os casos reais raramente

correspondem totalmente a um único tipo ideal. A maioria dos casos são

híbridos, e regras arbitrárias devem ser feitas para classificá-los como

pertencentes a um dos tipos. Com um modelo dimensional, pelo contrário, os

casos sempre podem ser marcados inequivocamente.

O modelo dimensional supracitado, pode ser observado no Quadro 17, a seguir:

Quadro 17 – Dimensões culturais, segundo Hofstede.

Tipos Considerações

Distância do

poder

Descreve como os membros menos poderosos de uma sociedade aceitam e

esperam certa desigualdade de poder. Os membros de sociedades com alto índice

de distância do poder tendem a não questionar aqueles que estão em níveis mais

altos de poder. Além disso, eles esperam que os membros mais poderosos lhes

sirvam de guias para seu trabalho.

Coletivismo

versus

Individualismo

Em uma sociedade individualista, os membros tendem a tomar decisões de forma

independente e se preocupam consigo e com seus familiares mais próximos. Por

outro lado, nas sociedades coletivistas, os laços grupais são fortes e a família inclui

toda a extensão familiar (tios, tias, primos, etc.), onde ao longo da vida, as pessoas

continuam a protegê-los em troca de lealdade inquestionável.

Feminilidade

versus

Masculinidade

Em sociedades com alta masculinidade, as pessoas são impulsionadas pela

competição e pelos resultados. As pessoas tendem a serem assertivas e centradas

no sucesso material. Em sociedades com baixa masculinidade ou com

características de feminilidade, as pessoas estão focadas em construir boas

relações e garantir uma melhor qualidade de vida para todos. Não é tão importante

ser o melhor, desde que todos estejam felizes.

Aversão à

incerteza

Explica como os membros de uma sociedade se sentem ao lidar com situações

desconhecidas. Em culturas com forte aversão à incerteza, as pessoas tendem a

evitar riscos e situações inesperadas, pois a situação desconhecida cria grande

ansiedade e estresse. Há uma preferência elevada para o previsível ou situações

controladas. Membros de uma cultura com aversão à incerteza fraco, tendem a

serem mais tolerantes com aquilo que não podem controlar. A incerteza é aceita

como parte da vida e as pessoas são geralmente mais relaxadas e flexíveis diante

de situações desconhecidas.

Orientação de

longo prazo

versus

Orientação de

curto prazo

As sociedades com orientação em longo prazo incentivam as pessoas a investirem

e serem econômicos. Os membros da sociedade têm funções diferentes, os mais

velhos devem ser respeitados e as relações são valorizadas. As sociedades com

orientação de longo prazo também tendem a adaptar as tradições aos contextos

modernos. As sociedades que têm orientação em curto prazo respeitam as

tradições, mas incentivam a gastar e a obter lucros imediatos. O status dos

membros não é tão importante e as relações são vistas como algo importante

apenas se puder tirar proveito delas.

Indulgência

versus

Restrição

Reflete o grau de controle que as pessoas colocam em relação aos seus impulsos e

desejos. As sociedades com alto grau de indulgência têm maior tendência a

satisfação de seus impulsos e desejos, buscando a felicidade e o prazer. Entendem

que a vida deve ser vivida com prazer e alegria. Tendem a ser otimistas, e

valorizam o ócio e o lazer. As sociedades com baixo índice de indulgência são

mais conservadoras, e valorizam muito o aforisma “O trabalho enobrece e

dignifica o Homem”.

Fonte: Adaptado de Hofstede, Hofstede e Minkov (2010).

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De acordo com o que foi descrito, percebe-se que o autor apresenta cada dimensão em extremos

opostos que podem ser vistos como tipos ideais (HOFSTEDE, 1991, p. 15).

Denison e Mishra (1995), estudando a relação entre cultura e desempenho organizacional,

sendo este nomeado por efetividade, chegou à proposição de quatro categorias ou tipos de

cultura, para os quais foram encontradas evidências significativas de estarem positivamente

relacionadas, como se vê na Figura 7. As categorias são baseadas em duas dimensões: a medida

em que o ambiente externo requer flexibilidade ou estabilidade e a medida em que o foco

estratégico de uma empresa é interno ou externo.

Figura 7 – Tipos de cultura, segundo Denison e Mishra.

Fonte: Adaptado de Denison e Mishra (1995).

A Cultura de envolvimento enfatiza um foco interno no envolvimento e participação dos

funcionários para se adaptar rapidamente às mudanças das necessidades do meio ambiente. Esta

cultura atribui alto valor ao atendimento às necessidades dos funcionários e a organização pode

ser caracterizada por uma atmosfera familiar. Os gerentes enfatizam valores como cooperação,

evitando diferenças de status entre funcionários e clientes (DENISON; MISHRA,1995, p. 214).

A Cultura de consistência usa um foco interno e uma orientação para um ambiente estável.

Seguir as regras e ser econômico é valorizado, e a cultura apoia e recompensa uma maneira

metódica, racional e ordenada de fazer as coisas. Já a Cultura da adaptabilidade surge em um

ambiente que exige uma resposta rápida e uma tomada de decisão de alto risco. Os gerentes

incentivam valores que suportam a capacidade da empresa de detectar, interpretar e traduzirem

Necessidade do ambiente

Mudança e Flexibilidade Estabilidade e direção

Orientação

Externa

Integração

Interna

Cultura da adaptabilidade

Cultura da missão

Cultura de envolvimento

Cultura de consistência

Foco

est

raté

gic

o

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54

rapidamente sinais do meio ambiente para novas respostas de comportamento. Neste modelo,

os funcionários têm autonomia para tomar decisões e agir livremente para atender às novas

necessidades (DENISON; MISHRA,1995, p. 215).

A Cultura da missão é adequada às organizações preocupadas com o atendimento de clientes

específicos no ambiente externo, mas sem a intensa necessidade de flexibilidade e mudança

rápida. Esta cultura é orientada para os resultados valoriza a competitividade, a agressividade,

a iniciativa pessoal e a vontade de trabalhar longos e difíceis de obter resultados. A ênfase em

ganhar e alcançar objetivos ambiciosos específicos é a cola que mantém a organização em

conjunto (DENISON; MISHRA,1995, p. 216).

Qualquer um dos quatro tipos de cultura apresentadas, pode ser bem-sucedida. Há de ser

considerado, também, que as organizações costumam ter valores que se enquadram em mais de

uma categoria. A ênfase relativa em vários valores culturais depende das necessidades do meio

ambiente e do foco da organização.

Um outro modelo de efetividade organizacional foi estabelecido por Cameron e Quinn (2006,

p. 35-36), através de uma matriz com duas dimensões e quatro quadrantes (Figura 8) que

representam os elementos tangíveis e intangíveis, representados como um tipo de cultura

organizacional, identificados pelo que as pessoas valorizam sobre o desempenho organizacional

e definindo aquilo que é visto como “bom, certo e apropriado”, para ser aplicado nas

instituições.

Figura 8 – Matriz cultural de Cameron e Quinn.

Fonte: Adaptado de Cameron e Quinn (2006, p. 35).

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55

Em relação à matriz cultural apresentada na Figura 8, Cameron e Quinn (2006, p. 34-35),

explicam que numa das dimensões, os critérios de efetividade, que as diferenciam, enfatizam,

por um lado, “a flexibilidade, o critério e o dinamismo”, e por outro, “a estabilidade, a ordem e

o controle”, variando, noutras palavras, desde a “versatilidade e flexibilidade” até “estabilidade

e durabilidade” organizacionais. Na outra, os critérios que diferenciam vão de uma “orientação

interna”, baseadas numa “integração e unidade” até uma “orientação externa”, baseadas numa

“diferenciação e rivalidade”, ou seja, varia de uma perspectiva que vai de uma coesão e

consonância, até à “separação e independência” organizacionais. No Quadro 18, pode ser

observado as principais características relacionadas aos tipos de cultura apresentados por

Cameron e Quinn (2006).

Quadro 18 – Características dos quadrantes culturais de Cameron e Quinn.

Tipos Características

Cultura da

Hierarquia

Cultura organizacional baseada nos atributos clássicos da burocracia de Max Weber:

regras, especialização, meritocracia, hierarquia, impessoalidade e responsabilidade,

sendo caracterizada por um ambiente formal e estruturado para o trabalho. Nele, os

procedimentos governam o que as pessoas fazem. Os Líderes eficazes são bons

coordenadores e organizadores. As preocupações de longo prazo da organização ficam

a cargo da estabilidade, previsibilidade e eficiência. As regras e políticas formais

mantêm a organização em conjunto. Grandes organizações são geralmente dominadas

por uma cultura hierárquica, evidenciando um grande número de procedimentos

padronizados, múltiplos níveis hierárquicos e uma ênfase no reforço das regras.

Cultura de

Mercado

Cultura organizacional baseada nos seguintes pressupostos: o ambiente externo é

hostil; os consumidores são exigentes e interessados em valor; a organização está no

negócio para aumentar sua posição competitiva e a principal tarefa de gerenciamento

é dirigir a organização para a produtividade, os resultados e os lucros. Assume-se que

um propósito claro e uma estratégia agressiva levam a produtividade e lucratividade.

Os líderes são produtores e concorrentes difíceis de dirigir. A cola que mantém a

organização em conjunto é uma ênfase na conquista. A preocupação a longo prazo é a

ação competitiva e o alcance de objetivos e alvos alongados. O sucesso é definido em

termos de participação e penetração de mercado. A competitividade e a produtividade

são alcançadas através de uma forte ênfase no posicionamento e controle externos.

Cultura do

Clã

É tipificada por um local amigável para se trabalhar, onde as pessoas compartilham

muito de si mesmas. É como uma família extensa. Os líderes são pensados como

mentores e talvez até como figuras de pai. A organização é mantida unida pela lealdade

e tradição. O compromisso é alto. A organização enfatiza o benefício a longo prazo do

desenvolvimento individual, com grande coesão e moral sendo importantes. O sucesso

é definido em termos de clima interno e preocupação para com as pessoas.

Cultura da

Adhocracia

Também conhecida por cultura de adesão é caracterizada por um ambiente de trabalho

dinâmico, empreendedor e criativo. As pessoas colocam seus pescoços para fora e

correm riscos. A liderança efetiva é visionária, inovadora e orientada para o risco. A

cola que mantém a organização em conjunto é o compromisso com a experimentação

e a inovação. A ênfase é estar na liderança de novos conhecimentos, produtos e

serviços. A prontidão para mudar e enfrentar novos desafios são importantes. A ênfase

a longo prazo da organização é o rápido crescimento e a aquisição de novos recursos.

Sucesso significa produzir produtos e serviços únicos e originais.

Fonte: Adaptado de Cameron e Quinn (2006, p. 37-45).

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56

Nota-se que a cultura da adhocracia e a inovação estão intrinsicamente correlacionadas, sendo

uma necessidade organizacional para lidar com diversos aspectos que permeiam suas

atividades, tais como: incerteza, criatividade, visão, diferenciação, competitividade, mudanças,

desafios e riscos, entre outros.

Uma vez que a cultura é um fator crucial na efetividade das organizações, é imperativo que os

indivíduos encarregados de estudar ou gerenciar a cultura organizacional possam medir as

dimensões-chave desta cultura, desenvolver uma estratégia para mudá-la e iniciar um processo

de implementação (CAMERON; QUINN, 2006, p. 6).

Normalmente, as empresas têm como objetivo primário a obtenção do lucro, e, com isso,

buscam desenvolver novos produtos/serviços, processos e negócios, na tentativa de torná-las

mais competitivas e, consequentemente, garantir sua sobrevivência no mercado. Assim,

trabalhar a inovação neste contexto, torna-se um fator primordial para o crescimento econômico

e uma fonte sustentável e efetiva para garantir a vantagem competitiva das organizações

(DAMANPOUR; GOPALAKRISHNAN, 2001, p. 47). Para tal circunstância, a cultura

organizacional torna-se um dos fatores mais importantes para a gestão da inovação

(TUSHMAN; O’REILLY, 1997). Situação ratificada por Nagano, Stefanovitz e Vick (2014)

quando afirmam existir uma alta interdependência entre o contexto organizacional e a

consistência do processo de inovação.

Desta forma, uma cultura cunhada num modelo participativo, que dê suporte à comunicação e

ao trabalho em equipe, que tenha flexibilidade estrutural, que incentive seus funcionários a

tomarem riscos e onde as falhas ocasionais são toleradas, são uma potencial combinação para

que a inovação possa florescer (ISMAIL; ABDMAJID, 2007, p. 39). No entanto, Nagano,

Stefanovitz e Vick (2014, p. 66) alertam para o fato de que as incertezas, os riscos e o lidar com

ativos tangíveis e intangíveis tornam o panorama um verdadeiro desafio gerencial. Além de que

a falta de inovação tem sido considerada na literatura como um obstáculo ao crescimento

organizacional (YANG, 2012).

Outro aspecto a ser observado sobre a inovação, está no fato de que ela, por si só, não fará a

diferença para as empresas, mas através do processo de inovar, ou seja, da capacidade de uma

organização em ser criativa, flexível e com foco na superação dos obstáculos, assim, a mesma

poderá alcançar seus objetivos. Neste contexto, alguns estudos têm demonstrado que há

evidências de que a cultura organizacional é um elemento-chave, seja para melhorar, seja para

inibir as inovações (NARANJO-VALENCIA; JIMÉNEZ-JIMÉNEZ; SANZ-VALLE, 2010;

JARUZELSKI; LOEHR; HOLMAN, 2011).

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Mas, apesar da imensa atenção dada à inovação na literatura dos últimos anos, Nagano,

Stefanovitz e Vick (2014, p. 64) afirmam que “há uma falta de estudos investigando os desafios

enfrentados pelas empresas para aumentar sua capacidade de inovação”. Uma das razões para

tal, pode estar exatamente na dificuldade em se medir e diagnosticar a cultura da inovação,

como afirma Gaynor (2013, p. 5), por “acreditar ser difícil, se não impossível, quantificar uma

cultura organizacional”, em função de estar muito atrelada à “crenças, valores, rituais e lendas

vivas de determinada comunidade”. Assim, embora a dificuldade exista, o problema precisa ser

encarado para que este tipo de cultura possa tornar a organização mais capacitada a inovar.

Enfim, tendo em vista a cultura organizacional ser vista como um dos determinantes da

inovação, uma vez que possui elementos que podem servir para reforçar ou inibir

comportamentos que contribuam com inovações, como expõe Ahmed (1998), necessário se faz

conhecer os diversos delineamentos atrelados à cultura de inovação, já previamente

mencionada neste tópico, na busca por um contexto que explique e caracterize este ambiente

organizacional, mais adequado, e que dê suporte aos processos anteriormente citados.

2.3 Cultura de inovação

A variedade de valores e comportamentos, anteriormente caracterizados, podem ser bastante

apropriados para se criar uma cultura específica, a exemplo daquela voltada para a inovação, e

essa noção de cultura para algo, pode ajudar a reduzir a complexidade do conceito de cultura,

na teoria e na prática (SCHNEIDER; EHRHART; MACEY, 2013, p. 377).

Assim, o estudo de uma cultura de inovação pode envolver a integração das definições de

inovação e cultura organizacional, embora não tenha sido a prática da maioria dos teóricos e

pesquisadores sobre o tema (DENISON, 1996). No Quadro 19, poder-se-á ver algumas

contribuições delineadas por alguns pesquisadores concernentes à cultura de inovação.

Quadro 19 – Diferentes concepções sobre cultura de inovação.

(Continua)

Autores Concepções

Ahmed (1998)

[...] as organizações mais inovadoras são as que possuem uma cultura voltada

ao desenvolvimento da criatividade e que possibilitam aos atores

organizacionais desenvolverem sua capacidade para inovar.

Zien e Buckler

(1997, p. 275-276)

[...] líderes de todos os níveis, das empresas altamente bem-sucedidas e

maduras, contando e recontando as histórias relacionadas às experiências e

explorações inovativas.

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58

Quadro 19 – Diferentes concepções sobre cultura de inovação.

(Conclusão)

Dobni (2008, p.

540)

[...] um contexto multidimensional que inclui a intenção de ser inovativo, a

infraestrutura para apoiar a inovação, os comportamentos de nível operacional

necessários para influenciar o mercado e a orientação de valor e o ambiente

para implementar a inovação.

Serra, Fiates e

Alpersted (2007,

p. 182)

Salientam que uma postura inovadora nem sempre é fácil, pois depende de um

ambiente favorável, de pessoas criativas e sem medo de errar, de recursos para

pesquisas e uma interação muito próxima com o mercado e seus atores, de

modo a perceber as oportunidades existentes.

Rao e Weintraub

(2013)

Uma cultura inovadora repousa sobre uma base constituída por seis blocos:

recursos, processos, valores, comportamentos, clima e sucesso.

Fonte: Adaptado por diversos autores.

Nota-se, neste quadro, que uns adotam uma perspectiva antropológica cultural, na busca de

compreender como as empresas bem-sucedidas mantêm o espírito inovativo, empregando

princípios de inovação (ZIEN; BUCKLER, 1997), enquanto outros, destacam sua concepção

sobre os atores organizacionais e sua criatividade (AHMED, 1998), a importância de um

ambiente favorável às práticas inovativas (SERRA; FIATES; ALPERSTED, 2007), além dos

aspectos estruturais e comportamentais, internos e externos à organização (DOBNI, 2008).

Contudo, na concepção de Rao e Weintraub (2013) foram incorporadas cada uma das

dimensões que predizem a inovação, incluindo fatores abstraídos, dentro dos domínios

associados aos valores, comportamentos, clima, recursos, processos e sucesso, necessários,

consoante estes autores, a uma construção abrangente da cultura de inovação.

Nos estudos desenvolvidos por Rao e Weintraub (2013, p. 29-30), chega-se a afirmação de que

esses domínios – nomeados como blocos constituintes da cultura de inovação - estão

dinamicamente ligados, dando como exemplo que “os valores da empresa têm um impacto

sobre o comportamento das pessoas, sobre o clima do local de trabalho e em como o sucesso é

definido e mensurado”. Acrescentam, ainda, que quando se trata de promover a inovação “as

empresas têm, geralmente, dado atenção considerável aos recursos, processos e mensuração de

sucesso”, por serem “mais facilmente medidos”. Num contraponto a esta perspectiva, estes

autores ressaltam que “as empresas têm frequentemente dado muito menos atenção às medidas

mais difíceis de lidar: valores, comportamentos e clima, sendo elas determinantes para a

orientação das pessoas para a cultura de inovação” (RAO; WEINTRAUB, 2013, p. 30).

Assim, com base no modelo estudado e desenvolvido por Rao e Weintraub (2013), será

apresentado, a seguir, cada uma das diferentes dimensões, por eles apresentadas, para fins de

constituição das necessidades de uma cultura organizacional inovativa.

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59

2.3.1 Cultura de inovação segundo Rao e Weintraub

O modelo de cultura de inovação desenvolvido por Rao e Weintraub (2013), foi constituído

sobre dezenas de estudos feitos por diversos autores. A partir de uma revisão literária nos

campos da dinâmica organizacional, liderança, ciência comportamental, empreendedorismo

corporativo e inovação, estes autores buscaram encontrar marcos teóricos e modelos que

descrevessem a cultura organizacional e uma cultura de inovação, direcionando sua atenção

para instrumentos e ferramentas de avaliação que fossem acionáveis, sendo esta característica

“uma necessidade primária de todos os executivos na esperança de trazer alguma mudança

efetiva à gestão”. Os referidos estudos se debruçaram sobre os trabalhos de Christensen (2004)

e a importância de recursos, processos e valores em inovação; Schein (2009), que demonstrou

a importância do sucesso do passado e seu impacto sobre os valores (normas) e

comportamentos; Hofstede (1991), que clarificou a diferença e relação entre clima e cultura;

O'Reilly (1989), Denison (1996) e Tellis, Prabhu e Chandy (2009) que influenciaram o modelo

de seis blocos de inovação, com uma extensa revisão da literatura sobre o papel da cultura

corporativa e os componentes da cultura empresarial em inovação (RAO; WEINTRAUB, 2013,

p. 31).

Com isso, a estrutura do modelo em questão, desenvolvido por Rao e Weintraub (2013),

ANEXO A, repousa seu pensamento na constituição de 6 blocos de construção, onde afirmam

serem a essência de uma cultura inovadora. Acrescentam, ainda, que esses blocos cobrem

diferentes aspectos em uma cultura organizacional para a inovação e estão dinamicamente

vinculados uns aos outros. Estes blocos se desdobram em 3 fatores, cada um, compondo um

total de 18 fatores, que, por sua vez, se desdobram em 3 elementos, cada fator, totalizando 54

elementos, conforme se vê no Quadro 20.

Quadro 20 – Os seis blocos de inovação e seus respectivos fatores e elementos.

(Continua)

Blocos de

construção

Fatores Elementos

Valores

Empreendedorismo Fome, ambiguidade, foco na ação

Criatividade Imaginação, autonomia, descontração

Aprendizado Curiosidade, experimento, aceitação do erro

Comportamentos

Estimular Inspiração, desafios, modelo

Engajar Coaching, iniciativa, apoio

Capacitar Influência, adaptação, determinação

Clima

Colaboração Comunidade, diversidade, trabalho em equipe

Segurança Confiança, integridade, abertura

Simplicidade Sem burocracia, responsabilidade, tomada de decisão

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Quadro 20 – Os seis blocos de inovação e seus respectivos fatores e elementos.

(Conclusão)

Recursos

Pessoas Campeões, especialistas, talento

Sistemas Seleção, comunicação, ecossistema

Projetos Tempo, dinheiro e espaço

Processos

Ideação Gerar, filtrar, priorizar

Formatação Protótipo, iteração, erros inteligentes,

Conquista Flexibilidade, lançamento, escala

Sucesso

Externo Clientes, concorrentes, financeiro

Empreendimento Propósito, disciplina, habilidade

Individual Satisfação, crescimento, recompensa

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013).

Os blocos de construção são apresentados pelos determinantes orientados para as pessoas

(valores, comportamentos e clima) primeiro, seguidos com os blocos de construção orientados

à ferramentas (recursos, processos e sucesso). Nas seções a seguir, apresentar-se-á uma

descrição relacionada à teoria por trás de cada bloco de construção, fator e elemento na

estrutura.

2.3.2 Valores

Segundo delineamento apresentado anteriormente por Hofstede (1991, p. 9), a “cultura é

ensinada e tem diferentes níveis”, predispondo-os e comparando-os às camadas de uma cebola

(Figura 6). Este autor ressalta que, dentre as camadas, “o nível de valores é o núcleo da cultura”,

representando “o nível subconsciente mais profundo”. Atribui, também, que “níveis mais altos

consistem de práticas que expressam os valores culturais”, sendo “as práticas organizacionais

o resultado dos valores dos colaboradores”.

Christensen, Anthony e Roth (2004, p. 35), acrescentam que “os valores não se referem apenas

ao que uma empresa considera aceitável eticamente. [...] são os critérios que os funcionários

usam ao tomar decisões de priorização”. E ampliam esta consideração ao explicar que “os

valores impulsionam o processo de alocação de recursos de uma empresa, sendo este, o

mecanismo que define quais ameaças e oportunidades a empresa irá prosseguir e quais não

serão”.

Na perspectiva de Rao e Weintraub (2013, p. 30),

Os valores dirigem prioridades e decisões, que se refletem em como uma

empresa gasta seu tempo e dinheiro. As empresas verdadeiramente inovadoras

gastam generosamente para serem empreendedoras, promovendo a

criatividade e incentivando a aprendizagem contínua. Os valores de uma

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empresa são menos o que os líderes dizem ou o que escrevem nos relatórios

anuais do que o que eles fazem e investem. Os valores se manifestam em como

as pessoas se comportam e gastam, mais do que em como eles falam.

Rao e Weintraub (2013, grifo nosso) relacionam os valores organizacionais inovadores com

fatores como empreendedorismo, criatividade e aprendizado (Figura 9), e enfatizam que o

tempo e o dinheiro gasto pela administração da empresa devem mostrar que a organização

valoriza o comportamento inovador e a criatividade. Atentando ao fato de que não basta que os

valores sejam simplesmente comunicados pela alta administração; precisam ser demonstrados

na condução de suas decisões (RAO; WEINTRAUB, 2013).

Figura 9 – Estrutura do bloco VALORES, segundo Rao e Weintraub.

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013, grifo nosso).

Os valores de uma empresa são demonstrados pela forma como os membros da organização se

comportam e, portanto, também afetam o que uma organização pode e não pode fazer, tendo

implicações para os padrões pelos quais os funcionários definem suas prioridades. A

priorização das decisões em uma empresa é feita por funcionários em todos os níveis, e os

funcionários em toda a organização devem, portanto, ser treinados para tomar decisões

independentes sobre prioridades consistentes com a alta direção e o modelo de negócios da

empresa (CHRISTENSEN; OVERDORF, 2000).

Christensen (1997, p. 164) argumenta que “uma medida-chave da boa gestão, na verdade, é, se

tais valores, claros e consistentes, permearam a organização”, pois, uma inovação técnica não

se desenvolverá conforme desejado, a menos que todos os membros da organização

compartilhem valores claros e consistentes (CLAVER, et al., 1998).

Ao ser observado o perfil de valores, definido por Quinn e Rohrbaugh (1983) como um conjunto

coeso de valores organizacionais que orientam seus membros e suas expectativas, decisões e

ações, vê-se que eles são uma dimensão de valores que pode influenciar a inovação. Embora

VALORES

Empreendedorismo Criatividade Aprendizado

Fom

e

Am

big

uid

ade

Foco

na

ação

Imag

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ão

Au

ton

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Des

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Ace

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o

erro

Blocos Fatores Elementos

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62

um perfil de valor de flexibilidade aumente a criatividade, mudança e capacitação nos membros

de uma organização, um perfil de valor de controle incentiva eficiência, produtividade e

estabilidade (KHAZANCHI; LEWIS; BOYER, 2007).

Portanto, o perfil de valor que uma empresa adotar afetarão suas capacidades inovadoras. Além

disso, há de ser observado que se uma empresa procura um perfil de valor de flexibilidade para

aumentar o comportamento criativo de seus membros e melhorar a capacidade de inovação de

sua empresa, a administração precisará fornecer recursos suficientes para que as pessoas se

envolvam em um comportamento criativo.

Na sequência, apresentar-se-á diferentes perspectivas encontradas na literatura, sobre as

dimensões dos valores organizacionais, consoante modelo estrutural adotado por Rao e

Weintraub (2013), e seu impacto na inovação, e inerente aos fatores e seus respectivos

elementos apresentados, na Figura 9.

2.3.2.1 Empreendedorismo

Figura 10 – Estrutura do fator Empreendedorismo, segundo Rao e Weintraub.

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013, grifo nosso).

O fator empreendedorismo apresentado por Rao e Weintraub (2013, grifo nosso) é ainda

dividido nos seguintes elementos: fome, ambiguidade e foco na ação (Figura 10). A fome pode

ser entendida como o desejo em uma organização para explorar novas oportunidades e criar

novas coisas (RAO; WEINTRAUB, 2013, grifo nosso). Na literatura, a importância de ter

valores organizacionais que apoiem e motivem os funcionários a criar novas ideias e produtos

é enfatizada por vários autores (CHRISTENSEN; OVERDORF, 2000; KHAZANCHI; LEWIS;

BOYER, 2007; RAO; WEINTRAUB, 2013). A ambiguidade, o segundo elemento do fator

empreendedorismo, é explicada por Rao e Weintraub (2013, grifo nosso) como algo essencial

para seja implantada a cultura da inovação em uma organização. Eles argumentam que abraçar

Empreendedorismo

Fom

e

Am

big

uid

ade

Foco

na

ação

Fator Elementos

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63

e tolerar a ambiguidade é necessário para se buscar novas oportunidades. O último elemento do

fator empreendedorismo é foco na ação. Rao e Weintraub (2013, grifo nosso) têm a visão de

que uma cultura inovadora exibe uma tendência para a ação, a fim de evitar a paralisia da análise

ao se buscar novas oportunidades. Assim, a partir destes apontamentos iniciais, verificar-se-á

de que forma cada um dos elementos impacta a cultura de uma empresa inovadora, a começar,

pela cronologia apresentada, pela fome.

Rao e Weintraub (2013), Khazanchi, Lewis e Boyer (2007), enfatizam que ter valores que

fortaleçam um desejo organizacional de explorar oportunidades é essencial para uma cultura

organizacional inovadora. No entanto, há de ser observado que este desejo de inovar e mudar

pode ser difícil de se sustentar.

Uma organização enfrenta vários desafios quando tenta manter-se ávida por novas conquistas.

Levinthal e March (1993, grifo nosso) chamam isto de armadilha de sucesso, e alertam para o

fato de que, à medida que uma organização desenvolve grande competência em uma área, ela

aumenta o engajamento nessa atividade, preferindo, desse modo, não explorar novas atividades.

Nesta direção, Cohen e Levinthal (1990) argumentam que as empresas se tornam mais

insensíveis às oportunidades no ambiente externo se envolvendo em pouca atividade de

inovação, o que pode levar a um baixo nível de aspiração, em relação a estas oportunidades,

criando, assim, um ciclo de auto-reforço, que levaria a empresa a dedicar-se menos à inovação.

Outras considerações, relacionadas à forma com a qual os valores organizacionais podem criar

o sentido de fome e inovação, também foram discutidas por Christensen e Overdorf (2000).

Segundo estes autores, os valores, em última instância, definem o que uma organização é

incapaz de realizar, e afirmam que poucas empresas estabelecidas inovam com sucesso. Eles

explicam que, à medida que a empresa cresce, sua estrutura de custos e valores mudam,

tornando-a menos capaz de buscar novas oportunidades, com margens brutas menores. A

segunda questão que apresentam, refere-se ao tamanho necessário da oportunidade de negócio

para que a empresa possa perseguir as oportunidades, pois, quando as pequenas empresas lhes

acham atraentes, podem não ter a mesma representação para as grandes corporações

(CHRISTENSEN; OVERDORF, 2000).

Sendo assim, é possível que os valores possam fazer com que grandes empresas estabelecidas

pareçam menos empreendedoras e menos famintas por novas oportunidades, e, neste caso,

observa-se que a compreensão da ambiguidade e a sua gestão são essenciais para a inovação.

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Rao e Weintraub (2013) defendem que as pessoas devem possuir um apetite saudável e

tolerância por ambiguidades quando estiverem perseguindo novas oportunidades. Sætre e Brun

(2013) enfatizam o vínculo entre ambiguidade e espírito empreendedor ao afirmar que a

formação de oportunidades começa abraçando-se à ambiguidade. Estes autores argumentam

que o processo de inovação é caracterizado por ciclos de atividades exploradoras e, para

gerenciá-las, a criatividade e a restrição devem ser equilibradas com sucesso, estando todo o

processo dependente desta gestão para que a organização possa inovar bem (SÆTRE; BRUN,

2013).

Observa-se assim, que a tolerância para a ambiguidade, no próprio processo de inovação, é

apenas uma dimensão do termo em questão. Brun, Sætre e Gjelsvik (2009) descrevem que o

processo de inovação é caracterizado por consideráveis quantidades de incerteza e ambiguidade

ao longo do desenvolvimento de um projeto, e apresentam um modelo que classifica a

ambiguidade em duas dimensões: sujeito e fonte. Os sujeitos de ambiguidade incluem o

produto, o mercado, os processos e os recursos organizacionais, enquanto as fontes de

ambiguidade incluem multiplicidade, novidade, validade e confiabilidade, daquilo que está

sendo explorado.

Eisenberg (1984, p. 231) descreve a ambiguidade como meio de encorajar a criatividade,

estimulando assim a inovação. Como exemplo, este autor explica que os valores de uma

organização tendem a ser comunicados de forma ambígua, pois estes valores “são muitas vezes

implícitos em mitos, sagas e histórias [...] porque sua expressão equívoca permite múltiplas

interpretações e, ao mesmo tempo, promove um senso de unidade”. Assim, em vez de atrair as

pessoas para os mesmos pontos de vista, a ambiguidade, na comunicação de valores

fundamentais, permite interpretações individuais e um alto nível de concordância,

simultaneamente. E neste caso, necessário se ter foco na ação, a fim de diminuir a ambiguidade,

sendo este o último elemento do fator empreendedorismo, segundo a estrutura de Rao e

Weintraub (2013, grifo nosso), e implica que exibir um viés de ação é bom para uma cultura

organizacional inovadora.

Ao investigar a questão de como as empresas podem capturar novas oportunidades de negócio,

e de forma mais eficaz, Bingham, Furr e Eisenhardt (2014) enfatizam que existem dois

componentes específicos: seleção da oportunidade e execução da oportunidade. Após

entrevistarem mais de 150 executivos de várias empresas da Ásia, Europa e América do Norte,

descobriram que os líderes que agiam de forma mais flexível durante a seleção das

oportunidades tendiam a ser menos flexíveis durante a execução das mesmas. Por outro lado,

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os líderes que estavam mais focados durante a seleção das oportunidades, tenderam a ser mais

flexíveis na sua execução. Além disso, sua análise mostrou que, em geral, a seleção focada e a

execução flexível levam a melhores resultados do que a seleção flexível e a execução inflexível.

A razão para este viés relaciona-se com o fato de que quando as empresas estavam mais focadas

em sua seleção de oportunidades, as iniciais poderiam fornecer a base para as subsequentes.

Além disso, as empresas que seguiram essa estratégia tenderam a ser mais flexíveis na forma

como as executaram. O planejamento detalhado diminuiu a necessidade de justificar as escolhas

em fases posteriores e os líderes tenderam a improvisar e experimentar mais durante a fase de

execução (BINGHAM; FURR; EISENHARDT, 2014).

Neste mesmo trabalho, Bingham, Furr e Eisenhardt (2014) argumentaram que, embora o novo

ambiente competitivo ofereça mudanças e flexibilidade, a antiga ênfase estratégica no foco,

ainda, é relevante.

Assim, por um lado, ser flexível e oportunista pode levar a novos grandes negócios para uma

empresa, já que o tempo e o esforço não são desperdiçados, desenvolvendo planos detalhados

que podem arriscar serem desatualizados ou até falidos, quando finalmente forem concluídos.

Por outro lado, sendo mais disciplinado e criando planos focados a decidir quais as

oportunidades serão desenvolvidas, pode levar à possibilidade de capturar várias oportunidades,

seguidas em comparação com apenas uma (BINGHAM; FURR; EISENHARDT, 2014).

Isso conclui o fator empreendedorismo sob o bloco valores, e em seguida, ver-se-á diferentes

perspectivas relacionadas à estrutura do segundo fator pertencente ao modelo de Rao e

Weintraub (2013, grifo nosso), nomeado: criatividade.

2.3.2.2 Criatividade

Consoante propositura apresentada por Amabile et al. (1996, p. 1155) a criatividade é definida

em termos de “[...] produção de ideias novas e úteis em qualquer domínio”, e asseveram que

todas as inovações começam com ideias criativas. Nota-se, com isso, que apesar dos conceitos

serem similares, a criatividade não deve ser confundida com a inovação, conforme apresentado

na Figura 2. Observa-se, assim, que a criatividade está relacionada à produção de ideias novas

e úteis, enquanto que a inovação se relaciona com a adoção e implementação dessas ideias

(SCOTT; BRUCE, 1994; TROTT, 2005).

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Para Rao e Weintraub (2013, p. 34, grifo nosso), o fator criatividade compreende três elementos

distintos: imaginação, autonomia e descontração (Figura 11). A imaginação se refere ao

encorajamento de novas formas de pensar e buscar soluções para as questões organizacionais

de diferentes perspectivas, enquanto que a autonomia se refere ao nível de liberdade que o local

de trabalho proporciona aos funcionários para que sejam perseguidas novas oportunidades.

Descontração, por outro lado, descreve se os funcionários têm medo de rir de si mesmos e se

deleitam por serem espontâneos em seu trabalho diário (RAO; WEINTRAUB, 2013, grifo

nosso).

Figura 11 – Estrutura do fator Criatividade, segundo Rao e Weintraub.

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013, grifo nosso).

Atualmente, vê-se que as organizações colocam maior ênfase na promoção da criatividade e da

inovação, já que os mercados estão mais turbulentos e o ambiente futuro é mais incerto

(HORWITZ; HORWITZ, 2007). Consoante considerações apresentadas por Jassawalla e

Sashittal (2002), os comportamentos criativos, entre os membros de uma organização, são um

dos valores mais importantes nas culturas de apoio à inovação. Para tais circunstâncias, a

imaginação tem papel fundamental no desenvolvimento do comportamento criativo.

De acordo com Kanter (1988, p. 175-176) “a criatividade consiste em reorganizar peças já

existentes para se criar novas possibilidades”, sendo ela, composta por dois elementos: a

consciência da necessidade e a capacidade de se construir novas maneiras de atender às

necessidades, o que implica que se pode ser criativo sem ter que seja inventado algo

completamente novo. Um pré-requisito lógico para que o mundo seja visto de forma diferente,

está-se na necessidade de interação com as pessoas, que o vejam de uma perspectiva um tanto

quanto diferente, pois, ao se ter contato com aqueles que tomam novos ângulos sobre os

problemas, facilita a inovação. Disto, depreende-se que a criatividade sofre quando os membros

da organização estão separados em departamentos, sem comunicação mútua, conduzindo, em

Fator Elementos

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muitas das situações, as pessoas a perderem a esperança sobre mudanças, tornando-se cegas

para novas possibilidades.

Esta separação, também tem reflexos sobre a autonomia, não devendo serem confundidas, pois

uma cultura inovadora permite autonomia para os membros organizacionais (CLAVER et al.,

1998), no que implica o fato de uma pessoa ou um grupo de pessoas ser deixado sozinho,

permitindo concentrar-se no seu trabalho e ter o direito de tomar decisões em relação ao mesmo

(KANTER, 1988). A autonomia da liberdade, também, provou contribuir no estimular o

comportamento criativo (AMABILE et al., 1996). Kelley e Lee (2010), defendem que uma

maior autonomia deve ser dada às equipes quando há um alto nível de incerteza e inovação. No

entanto, por que a autonomia é boa para uma cultura inovadora?

Kanter (1988, p. 180) explicita que “quanto mais rotineiro e vinculado por regras é um trabalho,

mais provável será que ele foque os colaboradores em algumas variáveis já conhecidas e iniba

a atenção para novos fatores”. Desta forma, os funcionários terão menos incentivos para se

envolverem em atividades de inovação quando os empregos são restritos e rígidos, já definidos.

Por outro lado, Kelley e Lee (2010) alertam para o fato em que diferentes contextos exigem

diferentes estilos de gerenciamento, e argumentam que a autonomia completa de um projeto de

inovação afeta diretamente o papel gerencial da organização. Se um projeto de inovação é

caracterizado por um alto nível de incerteza e ambiguidade, um certo nível de envolvimento e

orientação gerencial pode estar positivamente relacionado aos resultados do mesmo. Além

disso, permitir o empoderamento do líder do projeto, enquanto este ainda analisa o devido

processo para fornecer a disciplina necessária, pode ser favorável (KELLEY; LEE, 2010).

Kanter (1988, p. 195, grifo do autor) alerta, também, que

Se alguns projetos de inovação falham porque são demasiado limitados pela

necessidade de seguir regras burocráticas e buscar aprovações constantes,

outros podem igualmente falhar porque são sobrefinanciados e subgeridos

pelos principais líderes, que podem remover o incentivo para produzir

resultados de forma eficiente.

Por fim, Kanter (1988, p. 198) argumenta que “o contexto estrutural ideal, em torno de um

projeto de inovação, então, deve oferecer autonomia processual, juntamente com múltiplos

marcos que devem ser alcançados para que o projeto continue”, o que implica no fato de que

deve haver um equilíbrio entre responsabilidade e autonomia. Além de contribuir com a

autonomia, um ambiente caracterizado pela descontração entre os funcionários, favorece a

criatividade, em si mesma.

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O Dicionário Houaiss da língua portuguesa (2009, grifo nosso), apresenta que a palavra

descontração tem como significado direto uma ação ou efeito de descontrair(-se), podendo

assumir: ausência de contração; estado de descontraído; relaxamento; falta de

constrangimento; desembaraço, desenvoltura. Na percepção de Rao e Weintraub (2013, p. 34),

o elemento em questão descreve o estado de relaxamento e desembaraço em que os funcionários

têm atrelados a si mesmos e traduzidos pela espontaneidade com que atuam no local de trabalho.

Bogers e Sproedt (2012, p. 83) defendem que um comportamento de descontração precisa de

um lugar lúdico para prosperar, sendo este “um espaço psicologicamente seguro onde a diversão

possa acontecer, porque está livre das estruturas sociais normativas que governam a nossa vida

o e comportamento real”. Nesta direção, Kanter (1988) afirma que sentir-se valorizado e seguro

ajuda as pessoas a relaxar e, portanto, serem mais criativas.

Desta forma, conforme asseveram Amabile et al. (1996), as percepções do ambiente de trabalho

influenciam o nível de comportamento criativo em uma organização e as características do

contexto organizacional podem apoiar e impedir a geração de ideias criativas.

Portanto, se os gerentes de inovação estão interessados em aumentar o nível de criatividade da

organização, e desenvolver as competências sociais dos funcionários, eles devem se concentrar

na criação de um ambiente social que encoraje um comportamento de descontração. Na

sequência, será apresentado algumas considerações encontradas na literatura, relacionadas ao

último fator que reflete os valores de uma cultura organizacional inovadora, segundo Rao e

Weintraub (2013): Aprendizado.

2.3.2.3 Aprendizado

Figura 12 – Estrutura do fator Aprendizado, segundo Rao e Weintraub.

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013, grifo nosso).

Fator Elementos

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Os valores que enfatizam a aprendizagem são, de acordo com Rao e Weintraub (2013, p. 34),

essenciais para a cultura da inovação em uma organização. Para medir o nível de ganhos, o fator

foi dividido em três elementos: curiosidade, experimento e aceitação do erro (Figura 12). A

capacidade de aprender pode ser uma fonte de vantagem competitiva sustentável e as

capacidades de aprendizado são encontradas em várias organizações bem-sucedidas. No

entanto, como o “aprender” pode ser melhor entendido?

Os processos de aprendizagem estão sujeitos a algumas limitações importantes, e esses

processos precisam ser entendidos corretamente pelos gerentes, uma vez que as limitações

afetam a capacidade de uma organização inovar com sucesso (LEVINTHAL; MARCH, 1993).

Segundo estes autores, muitos dos mesmos limites que restringem a racionalidade também

restringem a aprendizagem, argumentando que os seres humanos têm limites cognitivos que os

impedem de aprender otimamente, e alertam para o fato em que o favorecer a rentabilidade a

curto prazo pode potencialmente levar a uma diminuição da capacidade de uma organização de

se adaptar a ambientes dinâmicos.

As organizações são frequentemente vinculadas ao passado e favorecem atividades que mais

facilmente levam a ganhos incrementais. Além disso, a especialização e as armadilhas de

competências podem ter o efeito desfavorável de criar organizações que não conseguem criar

competências adaptativas e participar de novas atividades de aprendizagem. Outra circunstância

a ser observada, está-se no fato de que as organizações tendem a assumir que os desafios de

hoje são idênticos aos do passado, usando as mesmas soluções adotadas anteriormente para

resolver os problemas, em vez de buscar novas formas de visualizá-los (LEVINTHAL;

MARCH, 1993).

Assim, pode-se afirmar que as empresas anseiam para ter funcionários que estejam

verdadeiramente interessados nos desafios presentes, mas, igualmente, curiosos para encontrar

respostas aos problemas familiares e desconhecidos.

Fazer perguntas na busca do desconhecido é importante em uma cultura inovadora (RAO;

WEINTRAUB, 2013, p. 34). Assim, uma das perguntas interessantes sobre a curiosidade seria:

por que algumas empresas estão estacionadas em padrões antigos e não se reinventam?

Na tentativa de se responder a tal questionamento, Levinthal e March (1993) explicam que a

busca por novos conhecimentos e informações é diminuída pelo sucesso organizacional, e

aumentada quando a organização está com um desempenho inferior. Outro ponto apontado por

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Levinthal e March (1993), repousa sobre o fato de que as preferências são afetadas pela

experiência, pois, quando uma competência, em uma determinada atividade, aumenta, as

preferências por essas atividades são reforçadas. Assim, numa última análise, observa-se que

essa crescente preferência, por uma determinada atividade, atuará como um substituto para a

busca de mudanças nessa atividade particular e na busca de novas atividades.

Rao e Weintraub (2013, p. 34, grifo nosso) enfatizam que “experimentar constantemente em

nossos esforços de inovação” é importante para a mesma. Ao revisar a literatura existente no

campo em questão – o experimento –, encontrar-se-á uma nítida impressão de que a

experimentação nos esforços de inovação é essencial em uma cultura que valoriza a inovação.

O experimento foi reconhecido como um contribuinte importante para os processos de

aprendizagem por Huber (1991), onde argumenta que a experimentação contribui para a

aquisição de conhecimento nas organizações. Além disso, ao propor condições para a geração

de uma cultura corporativa baseada na inovação, Claver et al. (1998) afirmam que a existência

do valor da pesquisa e desenvolvimento em uma organização é um dos principais contribuintes

para a inovação ser bem-sucedida. No entanto, como exatamente a experimentação contribui

para a inovação?

De acordo com Levinthal e March (1993), a pesquisa gera novos conhecimentos e aumenta a

capacidade organizacional de absorver novos conhecimentos gerados, externamente, por

outrem. Além disso, o conhecimento externo pode ser fundamental para o processo de inovação,

mas é dependente da capacidade de absorção instalada, como afirmam Cohen e Levinthal

(1990). Para estes autores, o conhecimento prévio é a base para a capacidade de absorção de

novos conhecimentos, ao se ter acumulado uma certa quantidade de conhecimento em uma

determinada área, permitirá uma acumulação mais eficiente no próximo período.

Sendo assim, vê-se que a experimentação é importante para a inovação, pois aumenta a

aprendizagem em uma organização e sua capacidade de aproveitar o conhecimento externo.

Mas, há, também, de ser observado que a experimentação geralmente produz falhas, destacando

o fato de que a aceitação do erro é importante para explorar plenamente os efeitos positivos que

a experimentação pode ter sobre as capacidades de inovação em uma organização.

O elemento final sob o fator aprendizado, bem como do bloco de construção dos valores

organizacionais, é a aceitação do erro. Este elemento enfatiza a importância de se ter

funcionários que se sintam confortáveis com a ocorrência de falhas, e que essa falha deve ser

tratada como uma oportunidade para se aprender.

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Como já foi mencionado anteriormente, nem sempre o experimento será bem-sucedido, pois é

provável que ocorram falhas e, portanto, as organizações devem se concentrar em aprender com

elas. Ao defender este viés, Edmondson (2011) chega a argumentar que a geração de falhas,

para fins de aprendizagem e inovação, é o que descreve uma organização excepcional. Por outro

lado, na percepção desta autora, a atitude que muitos gerentes têm em relação aos erros, ao

considerar que todos são ruins, é o principal motivo para evitar que as organizações aprendam

com estes equívocos.

Poucos gerentes conseguem aprender com o erro, em parte porque falham em sua

responsabilidade para criar uma cultura que torne seguro para os membros da organização

admitir os erros. As organizações aprendem com as falhas, a partir das atividades essenciais de:

detecção, análise e experimentação. Assim, numa cultura em que os funcionários são culpados

por cada erro cometido, como consequência infeliz, ocorrerá que as diversas falhas cometidas

acabarão não sendo relatadas, o que significa que não haverá oportunidade para a organização

aprender com elas (EDMONDSON, 2011).

No entanto, a análise do fracasso não é uma atividade sem desafios. Levinthal e March (1993)

através do conceito inerente à miopia da falha, referindo-se ao impacto que uma representação

tendenciosa da realidade passada pode ter sobre a aprendizagem, relata, em linhas gerais que se

um indivíduo ou uma organização alcançaram o sucesso, eles estarão mais propensos a pensar

que irão experimentar o sucesso, e se tiverem vivenciado uma grande quantidade de falhas, eles

estarão mais propensos a pensar que irão falhar no futuro. Isso tem implicações para a maneira

como aprendemos com o fracasso, pois as pessoas bem-sucedidas tenderão a explicar que seu

sucesso é causado pela habilidade e seu fracasso com a má sorte.

Por fim, nesta parte do trabalho, a partir da sistematização do modelo de cultura de inovação

apresentado por Rao e Weintraub (2013), ao revisar alguns posicionamentos apresentados na

literatura, pode-se observar que, de forma evidenciada, os valores são essenciais para o

desempenho da inovação. Viu-se que os comportamentos das pessoas, em todos os níveis,

refletem os verdadeiros valores de uma organização, mas também que a alocação de recursos,

além do sucesso passado, pode reforçar os valores de uma organização. Além disso, a

criatividade é um dos valores mais importantes de uma cultura que apoia a inovação.

Finalmente, para alcançar uma fonte de vantagem competitiva sustentável, uma organização

deve ter capacidade para aprender continuamente. Na próxima seção, mergulhar-se-á, mais

profundamente na literatura sobre a dimensão comportamental da cultura da inovação e

procurar descobrir como esse bloco complementa os valores organizacionais.

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2.3.3 Comportamentos

Comportamentos é um dos seis blocos de construção, no modelo de Rao e Weintraub (2013), e

é composto pelos três fatores que estimulam, engajam e capacitam os membros de uma

organização à inovação (Figura 13). Os comportamentos, em geral, podem ser entendidos

através da forma como as pessoas agem, conforme apresenta Dobni (2008, p. 540) ao realçar

que “em um ambiente organizacional, inovação é frequentemente expressa através de

comportamentos ou atividades que são em última análise ligados a uma ação ou resultado

tangíveis”. Assim, no contexto deste trabalho, os comportamentos serão entendidos quanto à

forma “como as pessoas atuam na causa da inovação”, como afirmam Rao e Weintraub (2013,

p. 30).

Figura 13 – Estrutura do bloco COMPORTAMENTOS, segundo Rao e Weintraub.

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013, grifo nosso).

Há de ser considerado, segundo McLean (2005, p. 241), que “a cultura cria os parâmetros para

qual comportamento é desejável e será encorajado, e qual comportamento é inaceitável e será

censurado”. Desta forma, a sustentação de uma organização inovadora se dá por sua cultura

organizacional, uma vez que a capacidade de inovar está nas habilidades e atitudes das pessoas

que nela trabalham (KNOX, 2002).

Hofstede (1998) estabelece uma linha divisória e esclarece que a cultura é uma característica

da organização, não dos indivíduos, mas se manifesta e é medida a partir do comportamento

verbal e/ou não-verbal deles.

De acordo com Bessant, Caffin e Gallagher (2001) os padrões comportamentais entre os

funcionários foram sugeridos para estarem intimamente relacionados aos desafios de

implementação ou novas sugestões nas organizações.

COMPORTAMENTOS

Estimular Engajar Capacitar

Insp

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Des

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Blocos Fatores Elementos

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73

Rao e Weintraub (2013, p. 30, grifo do autor) distinguem estas manifestações, na perspectiva

dos líderes e dos demais colaboradores, da seguinte forma:

Para os líderes, esses atos incluem uma disposição: para matar produtos

existentes com novos e melhores, para energizar os funcionários com uma

vívida descrição do futuro e para cortar a burocracia. Para os funcionários,

ações de apoio à inovação incluem: perseverança na superação de barreiras

técnicas, “batalhando” recursos quando os orçamentos são curtos e ouvindo

os clientes.

Como se tornará evidente, os elementos - que acumulam os três fatores do bloco de construção

comportamentos - estão principalmente relacionados aos comportamentos dos líderes. Assim,

ter uma liderança e estilos de gestão adequados para inovação é visto como essencial em uma

cultura de inovação.

Segundo De Jong e Den Hartog (2007, p. 44), a liderança pode ser entendida como “o processo

de influenciar os outros para alcançar algum tipo de resultado desejado”, e é importante quando

se engaja em atividades inovadoras. Os comportamentos de liderança destinam-se a resultar em

comportamentos desejados de subordinados na organização e a forma como os líderes se

comportam pode afetar grandemente o comportamento inovador individual do empregado (DE

JONG; DEN HARTOG, 2007).

Edmondson (2004, p. 249) declara que “em suma, o comportamento do líder define um exemplo

saliente de como se comportar [...]”, o que implica que membros de diferentes níveis em uma

organização podem copiar os comportamentos de seus líderes conforme eles estabelecem os

padrões. Portanto, se os líderes estão continuamente procurando maneiras de melhorar as coisas

e melhorar os resultados, os funcionários farão o mesmo.

Os vários elementos apresentados por Rao e Weintraub (2013) visam representar diferentes

aspectos do comportamento inovador, mas, principalmente, capturar o comportamento dos

líderes, o que não deve ser entendido como se eles fossem os únicos que são desejados ou

responsáveis por apresentar comportamentos inovadores.

Nesta concepção, Edmondson (2004, p. 259) define o comportamento inovador como “fazer

coisas novas ou diferentes inteligentemente, produzir resultados finais”, e como a própria

definição implica, o comportamento inovador não é algo reservado apenas para os gerentes

intermediários. Assim, pode-se assumir que todos em uma organização são capazes de mostrar

comportamentos inovadores.

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Portanto, embora a abordagem de alguns aspectos do comportamento inovador dos funcionários

em outros blocos de construção, usar-se-á esta seção, para investigar os elementos dados para

o comportamento dos líderes, da forma como apresentado por Rao e Weintraub (2013), bem

como descrevendo certos aspectos dos comportamentos inovadores de membros

organizacionais em todos os níveis. Com isso, conforme apresentado anteriormente, o primeiro

fator que define o comportamento das pessoas é o estímulo.

2.3.3.1 Estimular

Figura 14 – Estrutura do fator Estimular, segundo Rao e Weintraub.

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013, grifo nosso).

Entender-se-á o fator comportamental estimular a partir do comportamento da liderança que

causa entusiasmo e vitalidade aos subordinados na busca pela inovação. Consoante Rao e

Weintraub (2013, p. 34, grifo nosso), estimular pode ser descrito com os elementos inspiração,

desafio e modelo (Figura 14).

Esses elementos são explicados por Rao e Weintraub (2013, p. 34) como líderes que: inspiram

funcionários “com uma visão do futuro e articulação de oportunidades para a organização”;

desafiam os funcionários a “pensar e agir de forma empreendedora”; e modelam os

“comportamentos de inovação corretos para que outros possam seguir”. Assim, necessário se

faz compreender como cada um destes elementos beneficiam a cultura de uma empresa

inovadora e como isto pode ser realizado.

Uma das formas que os líderes organizacionais podem inspirar seus subordinados a se

envolverem em atividades de inovação é através de declarações inspiradoras. Estas declarações

têm o objetivo de criar a unidade em um grupo, e uma dessas afirmações poderia ser a

articulação dos líderes sobre a visão da empresa para o futuro (EISENBERG, 1984; DE JONG;

DEN HARTOG, 2007). Com isso, poder-se-ia criar uma visão coletiva para o futuro, que seja

Fator Elementos

Estimular

Insp

iraç

ão

Des

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Mo

del

o

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acordada por todos ou a maioria dos funcionários, criando assim um senso de direção e

propósito.

Tais declarações, não precisam necessariamente ser muito precisas e concretas para ter um

efeito no comportamento inovador dos funcionários, pois sempre haverá múltiplas

interpretações nos sistemas sociais. O processo de edificar significados para os seguidores e

inspirar os funcionários com valores e propósitos é uma responsabilidade do líder, sendo menos

uma tomada de consenso e mais uma expressão dos valores em um nível de abstração em que

um acordo pode ocorrer (EISENBERG, 1984).

De acordo com De Jong e Den Hartog (2007, p. 49), ao comportamento da liderança recai a

responsabilidade por “comunicar uma visão explícita sobre o papel e os referidos tipos de

inovação que fornecem direção para as atividades futuras”. Outra maneira às quais os

funcionários podem se inspirar em seus esforços de inovação é se existe uma cultura

organizacional onde todos os funcionários são conhecedores do potencial de atividades

inovadoras, e onde a comunicação e o compartilhamento de conhecimento estão bem

estabelecidos.

Uma vez que a inovação pode ser um recurso para uma vantagem competitiva, o pessoal deve

ser treinado para tomar consciência de qual vantagem competitiva é precisamente a inovação.

Se esse conhecimento é compartilhado por todos os membros da empresa, ele pode criar um

ciclo de auto reforço, onde uma forte cultura organizacional facilita a partilha deste

conhecimento, que novamente inspiram funcionários e fortalecem a cultura (CLAVER et al.,

1998).

Por isso, conforme pode ser apresentado, a inspiração não exige necessariamente que um

gerente ou líder forneça declarações completas e visionárias para o futuro, pois colegas e

processos de trabalho bem estabelecidos podem ser considerados como um papel importante.

No entanto, a liderança desempenha um papel essencial no desenvolvimento das pessoas e dos

processos organizacionais. Uma maneira de inspirar é desafiar os funcionários, sendo este o

segundo elemento do fator comportamental estimular.

Numa empresa de cultura inovadora, Rao e Weintraub (2013, p. 34) sugerem que os líderes

devem desafiar os funcionários a pensar e a agir de forma empreendedora. Assim, surge

rapidamente uma pergunta: como fazer os líderes melhor desafiar os funcionários?

Um caminho para tal circunstância, está-se em fazer os líderes comunicarem suas expectativas

aos seus subordinados. Scott e Bruce (1994, p. 585) argumentam que “o grau de expectativa de

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um supervisor para que um subordinado seja inovador está positivamente relacionado ao

comportamento inovador deste subordinado”. Assim, ao expectar que um empregado pense e

aja de forma empreendedora, o gerente desafia implicitamente essa pessoa a comportar-se de

tal maneira, o que novamente aumenta o esforço de inovação do empregado.

Outro caminho em que os líderes podem desafiar os funcionários é identificada por De Jong e

Den Hartog (2007, p. 49, grifo do autor), ao nomear de estimulação intelectual – em que

consiste em “provocar, diretamente, os subordinados para alavancar ideias e avaliar práticas

atuais”.

Amabile et al. (1996, p. 1162) identificaram o desafio como uma fonte de criatividade, e

alertaram para a existência de duas formas diferentes de pressão sobre a carga de trabalho, que

eles chamaram de pressão excessiva da carga de trabalho e desafio. Embora o primeiro se espere

para minar a criatividade, o segundo “pode aumentar a percepção do desafio no trabalho que se

correlaciona positivamente com a motivação intrínseca e a criatividade”. Por isso, uma

quantidade suficiente de pressão é desafiadora e motivadora, enquanto muita pressão pode

prejudicar a criatividade. Isso implica que os gerentes que desejam desafiar seus funcionários

a alcançar níveis mais altos de criatividade devem equilibrar a pressão da carga de trabalho

imposta aos seus funcionários.

O terceiro elemento que estimula as pessoas, consoante plataforma utilizada neste trabalho, é o

modelo. Rao e Weintraub (2013) incluem este elemento em sua estrutura visando capturar se

os líderes modelam ou não os comportamentos desejados e necessários para as práticas em

torno da inovação, o que levaria às seguintes perguntas: por que isto é tão importante para se

ter sucesso com atividades inovadoras? Não deveria ser suficiente para os líderes simplesmente

comunicar quais comportamentos e atividades querem que os membros da organização se

envolvam, e esperarem que os subordinados exibam comportamentos depois disso?

Infelizmente, é improvável que seja tão fácil assim.

Os líderes estabelecem exemplos de como se comportar, nos quais os funcionários tendem a

seguir (EDMONDSON, 2004). A visão desta autora é apoiada pelos resultados de De Jong e

Den Hartog (2007, p. 49), ao descobrirem que a modelagem do papel inovador é um dos

comportamentos da liderança ligados ao comportamento inovador individual. Segundo eles, o

comportamento modelador dos papéis que se voltam para a inovação consiste em “ser um

exemplo de comportamento inovador, explorando oportunidades, gerando ideias, defendendo e

colocando os esforços em desenvolvimento”, atentando para o fato de que os comportamentos

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dos funcionários também podem ser bastante afetados pelos comportamentos de outras pessoas

com as quais se envolvem.

Também, poder-se-á ver que o clima organizacional, quando orientado para um resultado

específico, terá impacto sobre os comportamentos dos empregados em relação a esse resultado

(KLEIN; SORRA, 1996). Assim, se é provável que as pessoas se comportem de maneiras

semelhantes aos seus líderes, é importante que os líderes exibam e modelem os comportamentos

corretos para os outros seguirem, provocando o engajamento necessário às mudanças

expectadas pela organização ao lidar com suas necessidades, sendo este o segundo fator

estruturado por Rao e Weintraub (2013).

2.3.3.2 Engajar

Figura 15 – Estrutura do fator engajar, segundo Rao e Weintraub.

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013, grifo nosso).

Como todos os outros fatores que descrevem os diversos blocos de construção de uma cultura

organizacional inovadora, segundo a percepção de Rao e Weintraub (2013, p. 34, grifo nosso),

engajar tem três elementos em sua composição: coaching, iniciativa e apoio (Figura 15).

Engajar significa participar ou se envolver em algo, e no que tange à cultura da inovação, pode-

se entender o termo em questão com a pretensão de descrever comportamentos entre os líderes

que ajudam a promover uma força de trabalho motivada e produtiva.

O primeiro elemento, coaching, descreve os comportamentos da liderança relacionados ao

tempo gasto por eles para treinar e fornecer feedback sobre os esforços de inovação dos

funcionários. O segundo elemento, iniciativa, descreve os comportamentos das pessoas, em

todos os níveis, em torno de suas iniciativas para a inovação. E finalmente, o apoio descreve a

capacidade dos líderes de fornecer apoio aos membros das equipes envolvidas em projetos de

inovação, tanto nos sucessos, quanto nas falhas (RAO; WEINTRAUB, 2013, p. 34, grifo

nosso).

Fator Elementos

Engajar

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Há de ser esclarecido que, embora os elementos coaching e apoio tenham conceitos similares,

uma vez que ambos os constructos incluem o aspecto de fornecer feedback e ajudar os

funcionários, eles são distintos. Segundo Rao e Weintraub (2013, grifo nosso), os conceitos se

distinguem da seguinte maneira: o elemento coaching é interpretado como a melhoria das

habilidades do empregado, enquanto que o elemento apoio é mais sobre o fornecimento de

apoio emocional, a exemplo da manutenção em torno da motivação de um membro de uma

equipe em uma situação particular. Além disso, o elemento apoio também pode implicar sobre

alguém com poder endossando um projeto, o que significa que este elemento é mais ambíguo

do que o outro. No entanto, como os termos são altamente interligados, muitos padrões

comportamentais nas organizações são simultaneamente relacionados a ambos os conceitos.

Assim, na sequência, ver-se-á algumas considerações encontradas na revisão da literatura, em

torno de cada um destes elementos, a começar pelo coaching.

É uma das responsabilidades do líder fornecer adequado apoio e treinamento para os

funcionários, mas, também é uma responsabilidade dos funcionários estarem dispostos a

tornarem-se vulneráveis aos comentários dos outros (JASSAWALLA; SASHITTAL, 2002).

Para facilitar o processo que busca fornecer um treinamento útil, Jassawalla e Sashittal (2002)

descobriram, em seus estudos sobre os processos de desenvolvimento de novos produtos, que

os funcionários das culturas que eram altamente apoiadoras da inovação, muitas vezes

expressavam o senso de controle que eles sentiam por seu próprio envolvimento no processo

de desenvolvimento. Ao comunicar aos seus líderes como eles encontraram as tarefas do

trabalho e realizações próprias, os líderes poderiam, assim, fornecer o treinamento necessário.

Deve-se enfatizar, no entanto, que o coaching não é, de modo algum, uma simples

responsabilidade do líder. Os desentendimentos na comunicação e as diferentes interpretações

estão no caminho entre o resultado pretendido desse processo e o resultado real. Muitas vezes,

quando um líder treina um funcionário, ou fornece suporte aos membros da equipe de um

projeto, o funcionário irá projetar o significado da mensagem de forma consistente com suas

próprias crenças (EISENBERG, 1984). Com base nisso, como o objetivo do coaching deveria

ser a manutenção da criatividade do funcionário, alguém poderia argumentar que este elemento

deve se concentrar em desafiar e inspirar o empregado, ao contrário de instruções diretas sobre

como resolver problemas.

Edmondson (1999, p. 351, grifo nosso) descreve o que ela chama de aprendizagem do

comportamento como “atividades realizadas por membros de uma equipe, através das quais

obtém e processa dados que lhe permitem se adaptar e melhorar”. Se uma equipe deve descobrir

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lacunas em seus planos e fazer os ajustes de correção, os membros devem testar suposições e

discutir suas diferenças abertamente, em oposição a um grupo particular ou externo. Para os

gerentes, isso implica facilitar um ambiente psicologicamente seguro através do treinamento e

apoio aos membros da equipe. Ao fazer isso, os líderes podem facilitar o surgimento de um

clima em que pessoas de todos os níveis se envolvam em atividades de aprendizagem e tomem

a iniciativa nos projetos, sendo este – iniciativa – o segundo elemento do fator engajar, ao qual

preceitua que todos os membros de uma organização deveriam ter iniciativa para inovar.

Jassawalla e Sashittal (2002) argumentam que tomar a iniciativa, além de exibir criatividade e

assumir riscos, é importante e esperado dos participantes em culturas favoráveis à inovação. Se

as pessoas em uma organização geralmente tomam a iniciativa, a organização tem o que Baer

e Frese (2003, p. 46) se referem como um ambiente propício à iniciativa, e enfatizam que o

“ambiente organizacional deve apoiar uma abordagem ativa em relação ao trabalho”. Estes

autores descobriram em sua pesquisa que “as empresas com alto grau de inovação em

processos, mas com baixos níveis de iniciativa e segurança psicológica, estavam em pior

situação do que se não tivessem inovado” (BAER; FRESE, 2003, p. 61). Assim, parece que um

ambiente em que a iniciativa individual flui combinado com um ambiente caracterizado por

uma segurança psicológica são um pré-requisito natural para a implementação de um processo

de inovação bem sucedido.

Outro dado associado ao ponto em questão é o de que existem vários resultados positivos e

possíveis em se ter indivíduos que apresentam iniciativa em uma organização. “A evidência

sugere que a iniciativa de nível individual está relacionada a um melhor desempenho” (BAER;

FRESE, 2003, p. 49).

A longo prazo, a iniciativa pessoal pode levar a novas ideias, processos de produção e serviço

mais suaves, maior qualidade e facilidade de implementação e, finalmente, melhor

desempenho. No entanto, como tomar a iniciativa interrompe rotinas, pode não ser bem-vinda

a uma organização no curto prazo (BAER; FRESE, 2003).

Desta forma, é importante que os gestores estejam cientes destas ponderações e trate as ideias

e outros resultados advindos das iniciativas pessoais de forma minuciosa. Caso contrário, pode-

se correr o risco de perder as grandes oportunidades, bem como os funcionários, que podem

deixar de propor novas ideias se não sentirem que suas sugestões possam ser levadas a sério,

caracterizando a falta de apoio necessário para o engajamento dos funcionários nos projetos

atuais e futuros, sendo este – apoio – o último elemento do fator em questão, consoante modelo

apresentado por Rao e Weintraub (2013, p. 34, grifo nosso).

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Conforme descrito anteriormente, os elementos apoio e coaching possuem conceitos cujos

significados são semelhantes, porém são diferenciados um do outro, uma vez que o apoio se

concentra mais nas emoções dos indivíduos, enquanto o coaching se concentra mais nas

orientações relacionadas às tarefas.

De acordo com De Jong e Den Hartog (2007, p. 49), o fornecimento de apoio às práticas de

inovação consiste em “agir amigavelmente para os funcionários inovadores, sendo paciente e

útil, ouvindo e cuidando dos interesses de alguém, caso surjam problemas”. É sugerido por

estes autores, que seja relacionado ao comportamento de geração de ideias e ao comportamento

de sua aplicação entre os funcionários.

Uma forma concreta em que os líderes podem se comportar de maneira solidária com os

subordinados, envolvidos em esforços de inovação, é garantir que as pessoas vejam seu próprio

progresso, sendo este o impulso mais importante durante um dia de trabalho (AMABILE;

KRAMER, 2011). Desta forma, o apoio dos líderes pode aumentar a motivação e a

produtividade de seus funcionários.

A discussão do em torno do apoio à inovação é ampliada ao considerar o significado endossado

pelo próprio conceito e vinculando-o à realização de objetivos. De acordo com Kanter (1988,

grifo nosso), quando um inovador gera uma ideia com potencial para implementação na

organização, ele ou ela precisa construir uma coalizão, na tentativa de adquirir poder vendendo

o projeto a aliados potenciais. Assim, tal como os líderes têm a responsabilidade de fornecer

apoio aos seus colegas de trabalho, os que tomam iniciativas devem igualmente procurar obter

apoio para suas ideias. Por isso, é necessário o apoio de colegas de trabalho - bem como dos

líderes - para que os inovadores tenham sucesso (KANTER, 1988).

Um outro viés foi tecido por Kelley e Lee (2010, p. 1008) ao declararem que a participação do

gestor em atividades de inovação não é apenas uma questão de envolvimento, mas também do

tipo de envolvimento, detalhando que quando os projetos exibem altos níveis de inovação e

estão estrategicamente relacionados à organização, o gestor tende a capacitar o líder do projeto

e atuar mais como um patrocinador que oferece suporte ao líder do projeto. Por outro lado,

quando os projetos divergem estrategicamente da organização e exigem grandes quantidades

de recursos, o gestor pode assumir mais o controle diretivo.

No entanto, o apoio não é apenas necessário para triunfar ideias através do processo de

inovação, também o é quando as ideias são assassinadas, pois a inovação é arriscada e a maioria

dos projetos acabam em algum momento (COOPER, 1990; LEVINTHAL; MARCH, 1993).

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Quando os projetos falham é importante tirar algo positivo da experiência. Por isso, o apoio é

necessário para se manter um fluxo de ideias criativas e iniciativas individuais. Isso também foi

enfatizado por De Jong e Den Hartog (2007), onde afirmaram que, de acordo com seus

entrevistados, a forma como os líderes lidavam com os erros parecia ser o ponto principal na

fase de implementação do processo de inovação.

Desta forma, observou-se que o apoio dos líderes, mesmo durante as falhas, é muito importante

para o comportamento inovador dos funcionários, promovendo o seu envolvimento nos projetos

de inovação. O último fator do bloco comportamentos, segundo Rao e Weintraub (2013, p. 34,

grifo nosso) é capacitar, e mostra a importância do fazer as coisas, ou, mais precisamente,

proporcionar que as pessoas façam as coisas.

2.3.3.3 Capacitar

Alguém que capacita, dá meios ou autoridade a outra pessoa para fazer algo. De acordo com

Rao e Weintraub (2013, p. 34, grifo nosso), os três elementos que descrevem os

comportamentos do fator capacitar são: influência, adaptação e determinação (Figura 16).

Esses elementos são explicados, respectivamente, como: líderes que usam estratégias de

influência apropriadas para ajudar a superar os obstáculos organizacionais; líderes que

modificam e alteram o curso de ação quando necessário; e líderes que persistem em seguir as

oportunidades, mesmo em dificuldades (RAO; WEINTRAUB, 2013, p. 34).

Figura 16 – Estrutura do fator Capacitar, segundo Rao e Weintraub.

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013, grifo nosso).

Em função de sua autoridade natural, os líderes estão em posição de criar as estratégias

necessárias para lidar com os inúmeros obstáculos que surgem no seu cotidiano. Eles podem

usar sua posição e poder formais para persuadir outros, a fim de poderem avançar com um

projeto (KANTER, 1988). Estes projetos, em especial, os estrategicamente não relacionados,

podem ser passivos de resistência da alta administração, e a novidade - ao menos, como

Fator Elementos

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percebida pela empresa - pode exigir várias mudanças ao longo do caminho (KELLEY; LEE,

2010). Assim, os gestores que apoiam estes tipos de projetos precisam de determinação para

superar a resistência na organização, se adaptar aos novos conhecimentos que emergem e ter

influência suficiente para garantir que o projeto progrida como pretendido.

Consultar funcionários e perguntar aos subordinados por sua opinião, antes de iniciar as

mudanças, também é uma estratégia que os líderes podem usar. Esta estratégia visa aumentar a

motivação entre eles para se envolverem nas mudanças em curso, ao qual as inovações podem

exigir, uma vez que os funcionários tendem a sentir maior posse sobre uma determinada

atividade se estiverem envolvidos em sua formação (DE JONG; DEN HARTOG, 2007).

Há de se considerar que capacitar algo ou alguém significa mais do que simplesmente usar

influência na organização. É também sobre a adaptação às mudanças no ambiente, sendo este

– adaptação – o próximo elemento que capacitam os comportamentos dos funcionários na

cultura de uma empresa inovadora, segundo Rao e Weintraub (2013).

Como já enfatizado anteriormente, os ambientes estão sempre em mutação. Para sobreviverem,

as empresas se esforçam, continuadamente, para manter seu alinhamento com a mudança das

condições externas. Neste ínterim, em quase todas as organizações, há uma tensão constante

entre a necessidade de estabilidade para realizar suas tarefas diárias, eficientemente, e uma

necessidade por criatividade e exploração, a fim de se obter melhorias nos produtos e processos

à medida que os ambientes mudam. Portanto, os líderes devem concentrar sua a atenção no

desenvolvimento da empresa, para se tornarem uma organização capaz de lidar com as

mudanças, e para tal, devem ser capazes de tomar decisões, o que permitiria que a empresa

mantenha seu alinhamento ao ambiente externo.

Kanter (1988) afirma que a flexibilidade é um requisito para a realização de ideias, uma vez

que as inovações, em muitas das situações, enfrentam obstáculos inesperados que exigem

replanejamento e redirecionamento. Se alguém detecta e relata falhas críticas com um projeto,

o líder tem a responsabilidade de se adaptar às novas circunstâncias.

Sendo assim, ser adaptável, em muitos casos, inclui permitir que os subordinados tomem

decisões às quais considerem melhor. Este aspecto, pode ser conectado ao comportamento de

delegação, conforme descrito por De Jong e Den Hartog (2007, p. 49, grifo nosso): “dar aos

subordinados liberdade suficiente para se determinar, de forma relativamente independente,

como um trabalho deve ser feito”, o que, por sua vez, exige compromisso e determinação para

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lidar com os obstáculos que surgem, sendo este – determinação – o último elemento do fator

em curso.

Os líderes que persistem em perseguir as oportunidades que surgem, podem ser considerados

especialmente importantes em projetos inovadores, devido aos demais níveis de incerteza,

presentes no ambiente.

Um líder que enfrenta adversidades em um projeto de inovação pode vir a considerar a redução

das novidades do trabalho em questão. Ao reduzir estas novidades, a incerteza também é

reduzida, facilitando a exploração da oportunidade presente. No entanto, se muita incerteza for

removida, dificilmente haverá alguma novidade. Afinal, conforme especifica Brun, Sætre e

Gjelsvik (2009, p. 81), “a inovação sem novidade é autocontraditória”. Para estes autores, é

preferível aceitar a incerteza e lidar com a novidade. Eles apontam, também, que o

enfrentamento pode, em algumas ocasiões, significar a redução ou a sustentação da incerteza

para manter um projeto vivo.

Portanto, independentemente da decisão tomada pelo líder, há a necessidade de muita

determinação por parte dos envolvidos nos projetos. Sem isso, a empresa corre o risco de

termina-los precocemente, sem ninguém para defender e explorar as oportunidades correlatas.

Assim, em linhas gerais, ficou evidenciado que o comportamento do líder tem o potencial de

afetar a cultura de inovação, em uma empresa, de várias maneiras. Além de ter potenciais efeitos

diretos sobre a capacidade de inovação de uma cultura organizacional ao remover possíveis

obstáculos por inspirar e desafiar os funcionários, observou-se que os comportamentos dos

líderes, também, afetam, positivamente, as pessoas, ao fornecer-lhes, abertamente, apoio,

orientação e um comportamento modelo perante os demais.

Esses comportamentos são importantes para facilitar um ambiente em que seja possível explorar

novas oportunidades. Como o líder se comporta pode afetar o grau de dificuldade percebido

pelos funcionários. Por exemplo: através de treinamento acompanhado de apoio, um líder pode

ensinar um funcionário a ser inovador em seu trabalho. E ao final, viu-se que a adaptação é um

elemento para o qual a exploração de novas oportunidades é particularmente relevante.

De um jeito ou de outro, todas as características, anteriormente apresentadas, são afetadas

também pelo clima organizacional, sendo este o tema do próximo bloco, conceituado na

estrutura desenvolvida por Rao e Weintraub (2013), a ser apresentado.

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2.3.4 Clima

O clima é um dos principais blocos de construção de uma empresa de cultura inovadora, sendo

composto, segundo Rao e Weintraub (2013, p. 34, grifo nosso), por três fatores: colaboração,

segurança e simplicidade (Figura 17). Afirma-se que o clima de uma organização afeta

grandemente suas capacidades inovadoras. De acordo com Rao e Weintraub (2013, p. 30), “um

clima inovador cultiva o engajamento e o entusiasmo, desafia as pessoas a assumir riscos dentro

de um ambiente seguro, promove o aprendizado e incentiva o pensamento independente”.

Figura 17 – Estrutura do bloco CLIMA, segundo Rao e Weintraub.

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013).

Ahmed (1998, p. 32), ressalta a importância de se analisar o clima e a cultura organizacional

para inovação. “O clima pode ser observado nas práticas e políticas organizacionais, enquanto

que as crenças e valores, que representam a cultura, não podem ser assim notados por serem

mais profundos”. Algo semelhante foi apontado por Baer e Frese (2003, p. 48), ao explicar que

“[...] a cultura pode ser entendida com mais precisão como existente em um nível mais alto de

abstração do que o clima, pois este, geralmente, está ligado às atividades que produzem

resultados visíveis e tangíveis”.

Muitos autores enfatizaram a importância do clima para a inovação, pois, ter o clima certo para

este viés é visto como um dos elementos mais importantes para o desenvolvimento bem-

sucedido de novos produtos (COOPER; KLEINSCHMIDT, 1995).

Não é difícil ver por que o clima desempenha um papel fundamental ao participar de atividades

inovadoras, pois os funcionários precisam: sentirem-se seguros o suficiente para falarem o que

pensam, oferecendo diferentes pontos de vista; envolverem-se em debates sem se sentirem

ameaçados ou inseguros; confiarem em seus colegas o suficiente para assumirem riscos; e

ousarem participar ativamente ao trabalharem em equipe. Se uma equipe deseja descobrir

lacunas em seus planos e fazer as mudanças necessárias, os membros da equipe devem testar

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Blocos Fatores Elementos

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suposições e discutir abertamente mais do que privativamente ou fora do grupo. Este conjunto

de atividades é referenciado como um comportamento de aprendizagem, não sendo possível

alcançá-lo sem uma certa confiança. Esta confiança é uma parte essencial do clima de trabalho

e também envolve percepções de risco ou vulnerabilidade, afetando significativamente os riscos

que os funcionários estão dispostos a tomar quando se envolvem em atividades no ambiente de

trabalho (EDMONDSON, 1999, grifo nosso).

No entanto, alcançar um clima inovador, onde as ideias criativas florescem e as pessoas

realmente se envolvem na tomada de riscos, não é possível sem pessoas motivadas. A

criatividade será otimizada quando as pessoas são primariamente motivadas intrinsecamente, o

que significa que elas são motivadas pelo interesse, prazer, satisfação e desafio do trabalho em

si (AMABILE et al., 1996).

Portanto, concentrar-se na criação de um desejável clima para a inovação pode ser visto como

uma tarefa de gerenciamento crítico, essencial. Com isso, na sequência, apresentar-se-á

algumas considerações relacionadas ao primeiro fator do bloco em questão: colaboração.

2.3.4.1 Colaboração

O fator colaboração, assim como os demais, é, segundo Rao e Weintraub (2013, p. 34, grifo

nosso), dividido em três elementos: comunidade, diversidade e trabalho em equipe (Figura 18).

Figura 18 – Estrutura do fator Colaboração, segundo Rao e Weintraub.

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013, grifo nosso).

O elemento comunidade pode ser entendido como a uniformidade das percepções que os

membros da organização têm de como a inovação é e deveria ser conduzida em seu local de

trabalho. Como o nível de diversidade pode afetar muito o resultado do trabalho em uma

organização, Rao e Weintraub (2013, grifo nosso) sugerem, em sua estrutura, que ter apreciação

e respeito pelas diferenças existentes na organização, afeta positivamente a cultura da inovação.

Fator Elementos

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No entanto, é claro que a apreciação e o respeito não são suficientes; é preciso alavancar essas

diferenças e usá-las para criar vantagem competitiva (RAO; WEINTRAUB, 2013, grifo nosso).

Além disso, o trabalho em equipe implica ser importante para uma cultura inovadora, uma vez

que uma equipe em bom funcionamento, mais facilmente poderá ser capaz de capturar novas

oportunidades (RAO; WEINTRAUB, 2013, grifo nosso).

Na sequência, apresentar-se-á cada um dos elementos apresentados como parte integrante deste

fator, e os seus efeitos potenciais sobre a cultura da inovação.

Rao e Weintraub (2013, p. 34) acham a uniformidade das percepções que os membros têm sobre

o que a inovação é e como deve ser conduzida na organização, como sendo muito importante

em uma cultura inovadora, o que levanta as seguintes questões: por que é essencial falar uma

linguagem comum a respeito da inovação e, além disso, o que significa realmente falar uma

linguagem comum sobre a inovação?

Para falar uma linguagem comum sobre a inovação, os indivíduos devem entender a intenção

estratégica da empresa, e neste aspecto, Schilling (2013, p. 121) especifica que é “um objetivo

de longo prazo ambicioso, desenvolve e alonga as competências básicas existentes da empresa

e desenha todos os níveis da organização”. Em alguns aspectos, decidir a intenção estratégica

da empresa pode ser paradoxal. Por um lado, a empresa deve garantir que as novas iniciativas

influenciem as competências básicas existentes, enquanto que, por outro lado, à medida que os

ambientes mudam constantemente, as novas iniciativas devem ser diferenciadas do que já

existe. E assim, ao se ter uma visão comum dentro da organização, em que todos os funcionários

conhecem e entendem a intenção estratégica da empresa, as pessoas saberão quais projetos de

inovação serão suportados e até que ponto as ideias teriam que estar relacionadas às operações

atuais para serem aprovadas.

No entanto, como é possível alcançar uma linguagem comum quando cada indivíduo interpreta

e compara mensagens com seus próprios valores, às quais, pelo menos até certo ponto, devem

diferir entre os indivíduos?

Eisenberg (1984, p. 10, grifo do autor), num estudo relacionado com a ambiguidade como

estratégia organizacional, apresenta que

A força organizadora de qualquer metáfora central reside na forma

como ela promove a diversidade unificada; os indivíduos acreditam que

eles concordam sobre o que significa ser parte de uma “família”, mas

suas interpretações reais podem permanecer bastante diferentes.

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Ao se comunicarem, as pessoas podem usar a incerteza estratégica para permitir sua projeção,

de modo que aqueles que atendem à mensagem podem preencher um significado consistente

com suas próprias crenças (EISENBERG, 1984). O resultado é que as pessoas percebem

maiores semelhanças entre si, fortalecendo ainda mais o elemento em questão – comunicação

– dentro da organização.

Falar uma linguagem comum em torno da inovação, implicaria ter membros organizacionais

que confiem nas sugestões e ideias uns dos outros. Confiar em colegas e suas ideias para

projetos pode ser benéfico e devastador para a inovação em uma organização. A transferência

de conhecimento de um colega confiável pode mudar o mapa cognitivo do receptor e, em última

instância, direcionar a atenção e procurar a área do conhecimento transferido, o que pode ser

positivo para a inovação, pois: “esses atalhos na aquisição de conhecimento podem acelerar a

aprendizagem organizacional, o estado de alerta e a capacidade de resposta” (MCEVILY,

PERRONE E ZAHEER, 2003, p. 97).

No entanto, concordar nas decisões e se mover rapidamente no terreno não é necessariamente

sempre benéfico. Cohen e Levinthal (1990) enfatizam que uma comunicação efetiva poderia,

de fato, acabar por diminuir a capacidade de um membro organizacional de explorar

informações provenientes de diversas fontes de conhecimento externo, possivelmente levando

a “[...] a síndrome não inventada aqui em que ideias, conhecimentos e invenções, desenvolvidos

fora de seu próprio grupo, são rejeitados” (HANSEN; NOHRIA, 2004, p. 24).

Para que uma linguagem comum em torno da inovação seja implantada ou desenvolvida numa

organização, necessário se faz estabelecer um clima onde haja o respeito mútuo, encorajando a

diversidade de ideais presentes na organização, sendo este – diversidade – o próximo elemento

caracterizado na estrutura desenvolvida por Rao e Weintraub (2013).

Ao se investigar o efeito que a diversidade de membros em uma organização ou grupo pode ter

nos resultados da inovação, certas questões aumentam rapidamente, tais como: qual tipo de

diversidade: Profissional ou demográfica? Como a diversidade afeta a inovação? Além disso,

pode haver muita diversidade? A diversidade dentro da organização é boa ou ruim para a

inovação? Tentando responder a essas perguntas, Kelley et al. (2011) especifica que como as

equipes tendem a ser a estrutura organizacional mais comum para a realização de projetos de

inovação, pode-se começar por investigar a relação entre a diversidade da equipe e os resultados

da equipe.

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Os defensores de equipes heterogêneas argumentam que ter uma diversidade cognitiva dentro

de um grupo promove: criatividade, inovação e resolução de problemas. Os contrários, no

entanto, argumentam que as equipes homogêneas são melhores, já que têm características

compartilhadas que afetam positivamente a coesão e o desempenho da equipe (HORWITZ;

HORWITZ, 2007).

Ao se investigar como a diversidade pode afetar os resultados da inovação, o efeito positivo de

ter diversas origens profissionais para a inovação foi enfatizado por Cohen e Levinthal (1990).

Notavelmente, possuir habilidades excepcionais de resolução de problemas é bom para a

inovação, e se uma boa solução de problemas é o que se procura alcançar, Cohen e Levinthal

(1990) declaram que “a capacidade de absorção e as habilidades de resolução de problemas dos

indivíduos dentro de um grupo aumentarão se os indivíduos tiverem diferentes origens

educacionais, pois isso afeta as estruturas de conhecimento dos indivíduos.

Além disso, anteriormente fora apresentado que a criatividade é importante para a inovação, e

neste sentido, Amabile et al. (1996) enfatizam que a diversidade dos membros da equipe,

combinada com a abertura mútua às ideias, acabará por expor os membros do grupo a novas

ideias, afetando assim, positivamente, o pensamento criativo. Esta visão é compartilhada por

Kanter (1988) que argumenta que a diversidade e a amplitude da experiência facilitam a geração

de novas ideias e traz novas perspectivas à mesa, estimulando assim a criatividade.

Evidentemente, a diversidade dentro de um grupo ou organização é benéfica para a inovação

da cultura, mas a diversidade é sempre boa? Quais os desafios que a diversidade traz? Embora

enfatizando a importância de ter diferentes contextos educacionais, Cohen e Levinthal (1990,

p. 113) também afirmam:

Supondo que um nível suficiente de conhecimento se sobrepõe para garantir

uma comunicação eficaz, as interações entre indivíduos que possuem

estruturas de conhecimento diversas e diferentes irão aumentar a capacidade

da organização de criar novas ligações e associações - inovadoras - para além

do que qualquer indivíduo pode alcançar.

Assim, pode-se argumentar que, embora a inovação possa se beneficiar da diversidade

profissional, é necessário algum grau de sobreposição de conhecimento, pois, em última análise,

isso afetará a comunicação dentro de um grupo ou organização. Além disso, Kanter (1988)

enfatiza que, embora a diversidade em uma organização dê uma descoberta mais individual, a

diversidade dos membros também pode tornar mais difícil acordar em que projetos de inovação

implementar em grande escala. Horwitz e Horwitz (2007) explicam ainda que, se uma pessoa

é mais conhecedora em uma área, a boa comunicação e a troca de conhecimento podem ser

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afetadas negativamente pelo uso de linguagem especializada, ao se discutir uma questão ou

oportunidade, ilustrando assim a possível dificuldade que a diversidade pode ser para uma

efetiva comunicação.

Observa-se, deste modo, que há opiniões contraditórias na literatura sobre se a diversidade tem

efeitos positivos ou negativos sobre os resultados da equipe e, portanto, sobre a inovação. Como

último ponto, a diversidade também pode ser pensada como abrangendo o aspecto da posição

hierárquica dentro da empresa. Evidentemente, o respeito mútuo em uma organização, apesar

do contexto demográfico diversificado e da posição formal, é essencial para um bom clima

organizacional. O respeito mútuo através dos limites hierárquicos é importante para a

participação entre os funcionários, e a participação dos funcionários é reivindicada para

melhorar a aprendizagem, reduzir a resistência às mudanças organizacionais e aumentar a

capacidade de melhorar continuamente os processos dentro de uma organização (KLEV;

LEVIN, 2012).

Por conseguinte, vemos o respeito pela diversidade como um elemento muito importante da

cultura da inovação, ligado ao clima organizacional, aprendizagem, mudança e trabalho em

equipe bem-realizado, sendo este o último elemento que explica o fator colaboração.

As equipes que funcionam bem são vistas como um elemento importante para a inovação, em

parte porque os projetos de inovação são geralmente realizados em equipes (KELLEY et al.,

2011). Segundo Kanter (1988), o trabalho em equipe pode estimular os resultados de projetos

criativos e inovadores.

Alguns sistemas para os esforços de inovação de novos produtos realmente exigem uma

abordagem de projeto em equipe, tal como uma estrutura organizacional, para organizar com

sucesso os projetos de novos produtos (COOPER, 1990). Desta forma, a razão do por que Rao

e Weintraub (2013, p. 34) incluem trabalhar “bem, juntos em equipes, para capturar

oportunidades”, como elemento de uma cultura inovadora, deveria ser evidente. No entanto,

quais tipos de equipes são mais eficazes para a inovação? O que caracteriza uma equipe

inovadora de boa performance?

As equipes multifuncionais são frequentemente mencionadas na literatura como o

aprimoramento das equipes de inovação, e Kanter (1988) argumenta que a inovação, em geral,

é aumentada ao incentivar a integração estrutural entre os campos de uma organização. Além

disso, caracterizando uma equipe de inovação bem-sucedida, Cooper e Kleinschmidt (1995)

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identificaram que ter um líder dedicado, comunicações frequentes e ter desenvolvido métodos

eficazes para tomar decisões era benéfico para a inovação.

No entanto, com base no que fora apresentado até este ponto, deve ser óbvio que ter um líder

dedicado ou métodos eficazes, para a tomada de decisões, não é suficiente para garantir um

bom trabalho em equipe para a inovação. O trabalho em equipe envolve processos sociais e

psicológicos que afetam a capacidade da equipe de inovar, conforme afirmam Baer e Frese

(2003, p. 47): “A cooperação bem-sucedida requer a existência de um clima no qual os

funcionários se sintam seguros ao exibir comportamentos proativos em um contexto social ou

um clima de segurança psicológica”. Observa-se, assim, que o clima da equipe pode afetar

significativamente o desempenho geral desta, e se a inovação é um dos critérios pelos quais o

desempenho é julgado, o clima também pode afetar, consequentemente, a inovação.

Por fim, viu-se que uma boa colaboração requer uma equipe diversificada e uma linguagem

comum coerente, para tornar efetivo o trabalho em equipe. No entanto, as equipes não poderão

colaborar efetivamente, a menos que haja um clima de trabalho seguro, sendo este – segurança

– o próximo fator considerado como importante para o clima de empresa de cultura inovadora.

2.3.4.2 Segurança

Figura 19 – Estrutura do fator Segurança, segundo Rao e Weintraub.

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013, grifo nosso).

A segurança é o segundo fator do bloco de construção do clima e consiste em três elementos

distintos: confiança, integridade e abertura (Figura 19). Segundo Rao e Weintraub (2013, p.

34, grifo nosso), o nível de confiança é caracterizado pelos membros da organização como

“realmente fazendo as coisas que dizemos que valorizamos”. A integridade está ligada à questão

de reagir quando as ações são inconsistentes com os valores organizacionais, enquanto que a

abertura descreve se os membros organizacionais expressam suas opiniões e se atrevem a

apresentar ideias novas e incomuns (RAO; WEINTRAUB, 2013, p. 34).

Fator Elementos

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Conforme observado anteriormente, a inovação é um empreendimento de alto risco e muitas

vezes exige que os funcionários se desafiem e respondam rapidamente a incidentes em

condições adversas, e, em muitas vezes, ambíguas. Muitas tentativas de implementação,

tecnicamente orientadas, falham, e uma das razões sugeridas por Baer e Frese (2003), repousa

sobre o fato de que os líderes negligenciam o desenvolvimento de climas organizacionais em

que as pessoas, participantes de um processo de mudança, se sintam seguras em tomar riscos

interpessoais, discutam problemas abertamente, abordam pro-ativamente o trabalho e são

incentivadas a propor novas ideias.

Sendo assim, a importância de ter um ambiente seguro, onde as pessoas não têm medo de

admitir erros para aprender com o fracasso, ser criativo e se sentir confortável com a tomada de

iniciativas será abordado nos elementos, subsequentemente apresentados.

McEvily, Perrone e Zaheer (2003, p. 92-93, grifo do autor) definem a confiança como uma

“vontade de aceitar a vulnerabilidade com base em expectativas positivas sobre as intenções ou

comportamentos dos outros”. Para estes autores, a confiança reflete uma expectativa sobre

outras intenções ou comportamentos e, portanto, separam o termo em uma distinção entre

“intenções reais versus intenções percebidas, motivações e competências de um administrador

[...]”. Além disso, afirmam que, como a confiança simplifica tanto a aquisição como a

interpretação da informação, também torna a tomada de decisão mais eficiente, gerando

benefícios para as organizações e seus membros.

Ainda em função das considerações trazidas por McEvily, Perrone e Zaheer (2003, p. 93),

existem duas vias causais principais nas quais a confiança influencia a organização: a

estruturação e a mobilização. Segundo eles, a estruturação é entendida como o

desenvolvimento, manutenção e modificação de um sistema, que consiste em posições relativas

e ligações entre pessoas em um espaço social. Como resultado, constitui-se uma rede de padrões

de interação contínuos e estáveis, tanto formal, como as rotinas, como informal, como os

clichês. Assim, vendo a confiança a partir de uma perspectiva estrutural, McEvily, Perrone e

Zaheer (2003, p. 94) afirmam que ela “molda padrões de interação relativamente estáveis e

duradouros, em e entre organizações”.

Por outro lado, McEvily, Perrone e Zaheer (2003, p. 97) explicitam que a mobilização é

entendida como “o processo de conversão de recursos em atividades finalizadas, realizadas por

atores interdependentes”. Segundo eles, envolve motivar as pessoas a compartilharem seus

recursos e combinar, coordenar e usá-los em atividades conjuntas. Além de que, esses recursos

devem ser direcionados para alcançar objetivos organizacionais.

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Há, também, de se considerar que é difícil de se confiar se houver incerteza quanto às intenções,

motivos e competências das outras pessoas. Os membros organizacionais analisam ativamente

os seus homólogos, a fim de ver se seu nível de confiança pode ser mantido ou aumentado, e

de acordo com McEvily, Perrone e Zaheer (2003, p. 99), “é essa fragilidade, em se confiar, que

lhe confere sua qualidade heurística16, ao invés de ser algo que pode ser decidido com precisão

de uma vez por todas”. De certa forma, a confiança sobre algo ou alguém, aumenta em função

da integridade com que esse algo ou alguém é caracterizado, sendo este – integridade – o

segundo elemento que reflete segurança sobre o clima organizacional.

Os membros organizacionais que possuem integridade pessoal podem ser um dos antecedentes

de um ambiente de trabalho seguro. A segurança psicológica pode ser importante para manter

uma integridade comportamental, o que garante que as pessoas realmente possam fazer o que

consideram importante de forma consistente, seja ela demostrando crenças controversas ou, até

mesmo, seguindo os procedimentos de segurança.

Além disso, de acordo com Jassawalla e Sashittal (2002, p. 51),

“[...] líderes efetivos promovem um ambiente social de integridade e

confiança onde os participantes se sentem confortáveis buscando

esclarecimentos, testando seu entendimento, propondo ideias

arriscadas, oferecendo opiniões divergentes e tornando-se vulneráveis

ao feedback dos outros”.

Assim, para que o clima organizacional reflita a integridade e confiança dos funcionários, a

liderança deve promover relativa abertura junto a estes, na construção de ideias e opiniões

diversas, sendo este – abertura – o último elemento que enseja segurança para o clima

organizacional.

Ouvindo opiniões e contribuindo com ideias não convencionais, é sugerido por Rao e

Weintraub (2013) por contribuir positivamente para uma cultura inovadora. Neste ínterim,

Edmondson (2004) enfatiza que, ao modelar a abertura e a falibilidade, os líderes podem

melhorar a atmosfera da segurança psicológica no local de trabalho. Isso implica que, se os

líderes modelarem determinados comportamentos, em que certos assuntos sejam melhor

exemplificados que sem serem ditos, os funcionários seguirão esse exemplo. Em geral, se um

líder está orientado para treinar e convida para perguntas e comentários, há uma grande chance

de que os membros da equipe se sintam seguros em seu local de trabalho.

16 Arte de inventar, de fazer descobertas; ciência que tem por objeto a descoberta dos fatos.

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Rao e Weintraub (2013) enfatizam que o valor de sua pesquisa aumenta à medida que o número

de entrevistados aumenta e, em particular, quando os entrevistados vêm de diferentes níveis

hierárquicos corporativos. Os funcionários em todos os níveis hierárquicos podem estar levando

ideias novas e controversas, e essas ideias devem ser ouvidas. Como já mencionado, os

membros de uma organização têm habilidades, conhecimentos e acesso a informações

diferentes, o que afeta suas opiniões sobre as mudanças que uma organização deve fazer ou as

oportunidades que a organização deve seguir (KLEV; LEVIN, 2012). Encorajar os funcionários

a expressar suas opiniões sobre assuntos organizacionais e participar ativamente de um

ambiente seguro deve ser visto como um foco importante para o gerenciamento efetivo.

Jassawalla e Sashittal (2002) destacam o fato de que ter membros organizacionais que

demonstram vontade de se tornarem vulneráveis aos comentários de outros é essencial em uma

cultura inovadora. Os comentários negativos também incluem o possível encerramento de um

projeto de inovação, que um empregado pode achar desmotivador, ou talvez até embaraçoso.

No entanto, conforme explicitado por Daly, Sætre e Brun (2012, p. 22): “A acessibilidade e a

abertura percebidas pelos tomadores de decisão, de acordo com os informantes, tornam as

decisões de rescisão mais palatáveis para os inovadores”, o que implica que a abertura percebida

de um tomador de decisão pode aumentar a tolerabilidade de um projeto morto.

Finalmente, considerando a competência da armadilha introduzida por Levinthal e March

(1993), pode-se argumentar que quanto mais uma organização se torna especializada em um

nicho, mais importante, pode se tornar, a necessidade de novas ideias não convencionais e um

ambiente aberto.

Desta forma, como isso conclui o fator de segurança, passo agora para o último fator presente

no bloco de construção clima: simplicidade, segundo modelo de Rao e Weintraub (2013, grifo

nosso).

2.3.4.3 Simplicidade

O último fator do bloco de construção do clima é a simplicidade, que é dividida em três

elementos distintos: sem burocracia, responsabilidade e tomada de decisões (Figura 20). Por

meio do primeiro desses elementos - sem burocracia - Rao e Weintraub (2013, p. 34, grifo

nosso) explicam, em sua estrutura, que uma minimização de regras, políticas e rigidez

simplifica o local de trabalho. Uma questão interessante a se perguntar, em relação à inovação

e à burocracia, é se a burocracia, apenas atua como uma limitação para a inovação? Quais são

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as consequências, se houver, para os esforços de inovação de uma empresa, se não houver

burocracia suficiente?

Figura 20 – Estrutura do fator Simplicidade, segundo Rao e Weintraub.

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013, grifo nosso).

O segundo elemento - a responsabilidade - aborda a questão das pessoas em uma organização

que não se responsabilizam por suas próprias ações, atribuindo culpa aos outros. Como já

enfatizado, a inovação não é um processo assustador, e muitos projetos de inovação se tornam

falhos (COOPER, 1990). Para aprender com as falhas e garantir o futuro trabalho em equipe,

bem-sucedido, admitir erros e evitar culpar os outros é essencial.

A importância do terceiro elemento - a tomada de decisão - foi abordada anteriormente, uma

vez que se relaciona com a questão de quem tem a autoridade necessária para tomar decisões

em projetos de inovação em uma organização, bem como relaciona-se com a facilidade de

mover iniciativas para frente. Ter uma rota bem conhecida, para iniciativas em uma

organização, afeta positivamente a cultura da inovação (RAO; WEINTRAUB, 2013).

Assim, com base na estrutura desenvolvida por Rao e Weintraub (2013), apresentar-se-á

algumas elucidações e contribuições contidas na literatura, relacionada a cada um dos

elementos propostos, e dispostos, cronologicamente, acima.

Sempre recai uma tensão sobre os gerentes quando, estrategicamente, têm de decidir quando

exercer controle sobre o desenvolvimento da organização e quando deixar de lado (DE WIT;

MEYER, 2010). Segundo estes autores, este paradoxo decorre da necessidade de ambos terem

uma demanda por controle da alta administração, tanto quanto de se ter uma demanda do que

eles se referem por caos organizacional.

De acordo com De Wit e Meyer (2010, p. 486), o controle é definido como “o poder de

direcionar e impor a ordem”, onde seus defensores são os componentes da alta administração,

e que têm uma estreita visão associado ao fato de que é responsabilidade destes garantir que a

organização esteja sempre alinhada com o ambiente organizacional. Na outra ponta, eles

Fator Elementos

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definem o caos como uma “desordem ou falta de organização”, e explicam que a demanda por

caos organizacional é, frequentemente, desejável, pois a experimentação, os trabalhos em

pequenas equipes, os projetos piloto e as novas iniciativas poderiam eventualmente ter êxito

em termos de inovações organizacionais. Nesta perspectiva, também argumentam que ao se ter

muito controle gerencial, pode acabar destruindo a capacidade de uma organização de aprender

e inovar (DE WIT; MEYER, 2010). Assim, a partir destas duas visões conflitantes, perguntar-

se-á: como os líderes devem organizar a inovação?

Para Kanter (1988), flexibilidade e pouca rigidez em uma organização são alguns dos requisitos

para a realização de ideias bem-sucedidas. Ela argumenta que muitos esforços em inovação

enfrentam obstáculos imprevistos, tendo, muitas vezes, que necessariamente reorganizar e

redireciona-los. Evidentemente, essa incerteza e ambiguidade, no processo de

desenvolvimento, exigem uma maior flexibilidade em projetos de inovação. Além disso, os

defensores da perspectiva do caos organizacional argumentam que, à medida que a inovação e

a aprendizagem, em uma organização, são amplamente iniciadas pelos seus membros, dar-lhes

uma certa liberdade é essencial para que estas perspectivas sejam adequadamente integradas na

organização (DE WIT; MEYER, 2010).

Por outro lado, De Wit e Meyer (2010) também alertam para o fato de que a ausência de

estruturas, processos e rotinas pode causar desconforto às pessoas na organização. Esta visão é

compartilhada por McEvily, Perrone e Zaheer (2003), quando afirmam que a adoção de

procedimentos e controles burocráticos criam uma sensação de confiabilidade em uma

organização. Sendo assim, observa-se que regras e procedimentos bem compreendidos podem

desempenhar um papel importante no desenvolvimento organizacional.

Evidentemente, ao se tentar obter sucesso com a inovação, não há uma receita para qual nível

de burocracia deve ser mais apropriado. Projetos de inovação pobres não devem ser deixados

para si mesmos e para não drenarem os recursos valiosos da organização (DALY, SÆTRE E

BRUN, 2012). Contudo, as oportunidades precisam ser perseguidas no tempo certo, os

funcionários devem estar motivados para participar dos projetos e os gerentes devem projetar a

organização, o suficiente para provocar criatividade e novas formas de se fazer as coisas

(KANTER, 1988).

Naturalmente, todos os aspectos apresentados devem ser dotados de responsabilidades por parte

de todos os envolvidos, sendo este o próximo elemento considerado por Rao e Weintraub (2013,

grifo nosso), como importante para a simplicidade do clima organizacional.

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Assim, consoante entendimento de Rao e Weintraub (2013, p. 34, grifo nosso),

responsabilidade é o segundo elemento que compõe o fator simplicidade, sendo atribuído ao

grau em que os funcionários assumem a responsabilidade por suas ações e evitam culpar os

outros, o que pode parecer trivial no início, pois, é preciso evitar culpar os outros por seus

próprios erros. No entanto, por que isso é particularmente importante para a cultura da

inovação?

Primeiramente, observa-se que existe uma conexão entre a responsabilidade e a aprendizagem

com o fracasso, onde as organizações aprendem através de três atividades específicas, quais

sejam: detecção, análise e experimentação. Obviamente, para analisar falhas, as mesmas devem

ser, primeiramente, detectadas. Como os pequenos erros são muitas vezes ocultos, sempre que

possível, dever-se-á analisá-los e, assim, aprender com eles (EDMONDSON, 2011). Desta

forma, admitir falhas, mesmo pequenas, e assumir a responsabilidade por elas, aumenta a

capacidade da organização de aprender com o fracasso.

Em segundo lugar, como a inovação requer recursos, admitir falhas e assumir a

responsabilidade por resultados ruins pode acabar economizando grandes quantidades de

capital para a empresa. Isto, também, acontece através do surgimento de falhas no início dos

projetos de inovação, de modo que os erros podem ser tratados antes de se expandirem em

desastres custosos (EDMONDSON, 2011), ou podem ser interrompidos em estágio inicial,

liberando recursos para outros projetos de inovação, potencialmente bem-sucedidos (DALY;

SÆTRE; BRUN, 2012). Portanto a responsabilidade pode contribuir para o sucesso global da

empresa, evitando que recursos valiosos sejam desperdiçados.

Em terceiro lugar, a confiança entre os funcionários pode ser afetada negativamente se os

membros culparem uns aos outros por seus próprios erros. Se um líder quiser que os

funcionários assumam a responsabilidade por seus próprios erros, ele deve desenvolver, de

forma consistente e precocemente, um relato de como eles deveriam portar-se. Isto é um pré-

requisito natural para que a mentalidade esteja em sintonia com a solução do problema, ao

contrário de desperdiçar energia com o, nada produtivo, jogo de culpa (EDMONDSON, 2011).

Com isso, observa-se que a confiança entre os funcionários é algo que se desenvolve ao longo

do tempo, e requer uma consistência em como os líderes lidam com os erros, de modo que haja

uma consistência nas consequências percebidas por seus responsáveis.

Desta forma, assumir a responsabilidade por suas próprias ações é benéfico para o clima

organizacional. No entanto, há de se considerar que a admissão de falhas leva a uma análise

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potencial do seu erro, e analisar os erros é emocionalmente desagradável, particularmente, para

a pessoa que o admite (EDMONDSON, 2011).

Assim, assumir a responsabilidade por suas ações requer um ambiente onde é seguro fazê-lo.

Logo, a administração pode desempenhar um papel importante no estabelecimento de um clima

onde a responsabilidade desempenha um papel fundamental, o que contribuiria para todo o

processo decisório, sendo este o tema explorado no próximo elemento, segundo o quadro

desenhado por Rao e Weintraub (2013).

Saber como dar início e continuidade às iniciativas de inovação, através de uma organização, é

proposto por Rao e Weintraub (2013, p. 34, grifo nosso), através do elemento tomada de

decisão, para aumentar a simplicidade na execução dos trabalhos, no tocante à inovação.

Observa-se que alguns estudos, relacionados ao desenvolvimento de novos produtos, abordam

os processos inerentes às iniciativas de inovação através da organização (COOPER, 1990;

COOPER; KLEINSCHMIDT, 1995; BRUN; SÆTRE; GJELSVIK, 2009).

Cooper (1990) defende o uso de sistemas de stage-gate17 como uma das formas de orientar e

monitorar o processo de inovação. Segundo Cooper (1990, p. 44), esses sistemas são ao mesmo

tempo “um modelo conceitual e operacional para pôr em movimento uma ideia até o

lançamento de um novo produto, consistindo num plano para melhorar o gerenciamento deste

processo com eficácia e eficiência”. De acordo com este autor, por meio desta abordagem, os

funcionários sempre saberão o que precisa ser feito em uma determinada etapa, pois

informações detalhadas, sobre metas, para cada uma delas, são dadas e comunicadas

abertamente. Neste processo, os gestores atuam como ‘porteiros’ e decidem quais projetos

podem entrar na próxima etapa do processo, o que garante seu envolvimento e compromisso

nos esforços de inovação (COOPER, 1990, grifo nosso).

Contudo, ao relacionar este processo com as questões burocráticas, Cooper (1990) chama

atenção para o fato de que este sistema, não é adequado para a realização de projetos radicais

de inovação.

Cooper e Kleinschmidt (1995) argumentam que a qualidade de execução das atividades

associadas ao processo de um novo produto tem um grande impacto no resultado do projeto.

Depois de terem investigado os sucessos no desenvolvimento de novos produtos nos diversos

níveis organizacionais, estes autores afirmam que enfocar as atividades de pré-desenvolvimento

17 Método de gestão que consiste em dividir o processo de inovação em um conjunto predeterminado de estágios,

sendo compostos por um grupo de atividades prescritas, relacionadas e muitas vezes paralelas (COOPER, 1990,

p. 46).

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de produtos e ter procedimentos bem estabelecidos para os novos processos formais, são

importantes para que a inovação tenha sucesso. Ainda segundo estes autores, ao se manipular

decisões de forma rápida e eficiente, foi-se provado, em seu estudo - o desenvolvimento de

novos produtos em 135 empresas em toda a Europa e América do Norte – que há um efeito

positivo nas atividades de desenvolvimento de novos produtos.

Brun, Sætre e Gjelsvik (2009) também abordam a questão estabelecida e destacam as

desvantagens que esses sistemas – stage-gate – trazem para os estágios iniciais em projetos de

desenvolvimento de novos produtos. Esses estágios, em projetos de inovação radical, são

muitas vezes caracterizados por incerteza e ambiguidade consideráveis, no que podem ser

cortados muito cedo ou arriscar-se a perder a janela de oportunidade, já que os sistemas de

stage-gate não são devidamente projetados para lidar com a ambiguidade (BRUN; SÆTRE;

GJELSVIK, 2009).

Desta forma, pondera-se, com base nos argumentos acima apresentados, que sistemas bem

estabelecidos para projetos de inovação podem, por um lado, contribuir para a simplicidade e a

tomada de decisões eficientes, mas, por outro lado, também levam a uma maior burocracia, da

qual a inovação radical sofre.

Por fim, conclui-se que o clima é essencial para a inovação, mas estabelecer equipes que

colaborem efetivamente em projetos de inovação não é uma tarefa fácil sem se concentrar no

clima de trabalho, pois as pessoas, de acordo com a literatura apresentada, se envolvem mais,

em comportamentos inovadores, quando percebem que o clima de trabalho é seguro. Observou-

se que o clima interpessoal entre funcionários é central, e que os líderes devem concentrar

esforços em como as pessoas percebem isso na organização. Ficou caracterizado que a

diversidade entre os funcionários é benéfica em uma organização, pois há necessidade de

diversas competências e opiniões. No entanto, é preciso estar ciente de como muita diversidade

pode afetar negativamente o trabalho em equipe e o clima. Além disso, um clima percebido

pelos funcionários como aberto e com um alto nível de confiança aumenta a segurança

psicológica percebida, o que é importante para o bom funcionamento do trabalho em equipe e

a inovação nas empresas.

Esta parte do trabalho descreveu, de forma sistematizada, como o clima afeta a cultura de

inovação, de acordo com a estrutura de Rao e Weintraub (2013, grifo nosso). Na sequência,

será apresentado as devidas considerações relacionadas com a dimensão recursos, e seus

respectivos fatores e elementos.

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2.3.5 Recursos

Recursos é o quarto bloco de construção da cultura de inovação de uma empresa, sendo

composto, segundo Rao e Weintraub (2013, grifo nosso), por três fatores: pessoas, sistemas e

projetos (Figura 21). Eles enfatizam que “destes, as pessoas - especialmente os campeões da

inovação - são os mais críticos, porque eles têm um forte impacto sobre os valores e o clima da

organização”. Rao e Weintraub (2013, p. 31), reforçam este ideal, ao especificar que “um

quadro de especialistas em inovação que conhece, ensina e implementa práticas inovadoras é

um dos recursos de inovação mais importantes que uma empresa pode ter.”

Figura 21 – Estrutura do bloco RECURSOS, segundo Rao e Weintraub.

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013).

Os recursos e as capacidades de uma empresa podem ser vistos como pacotes de ativos tangíveis

e intangíveis que são heterogênicos para os concorrentes e podem ajudar a explicar o

desempenho de uma empresa em um ambiente competitivo em mudança (BARNEY, 1991;

BARNEY; WRIGHT; KETCHEN, 2001; COLLIS; MONTGOMERY, 2008).

Os ativos tangíveis, supracitados, compreendem ativos físicos e financeiros. Os físicos podem

ser: tecnologia, estruturas e equipamentos da empresa, localização geográfica e acesso à

matéria-prima (BARNEY, 1991). Os ativos financeiros, segundo Chatterjee e Wernerfelt

(1991, p. 35), podem ser, “fundos internos, que consiste em liquidez em mãos e capacidade de

dívida não utilizada para empréstimos a taxas normais, [...] e fundos externos, que consiste em

novas dívidas de capital próprio e possivelmente de alto risco”. Os ativos intangíveis, de acordo

com Bessant, Caffyn e Gallagher (2001, p. 67), são constituídos “por ativos de conhecimento -

o que uma empresa conhece (suas tecnologias principais, seu conhecimento de mercado, etc.) -

e padrões comportamentais - como ele se organiza e opera”.

Estes pacotes de ativos tangíveis e intangíveis podem ajudar a gerar uma estratégia de criação

de valor, permitindo que uma empresa atinja maior eficiência e melhores resultados que seus

RECURSOS

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concorrentes, constituindo-se assim, numa fonte de vantagem competitiva (BARNEY, 1991;

COLLIS; MONTGOMERY, 2008).

Neste ínterim, Christensen (1995) comenta que a vantagem competitiva, geralmente, consiste

do resultado de uma combinação de diferentes ativos. Se os ativos tangíveis são vistos como

entradas, os ativos intangíveis tornam-se a capacidade de processar, coordenar e dar forma às

entradas para determinados objetivos estratégicos (CHRISTENSEN, 1995; COLLIS, 1994).

Os ativos intangíveis estão diretamente relacionados à eficiência e eficácia com que uma

empresa implementa e escolhe as atividades que agregam valor aos seus produtos e serviços, e

que, com isso, podem ser determinantes para a eficiência do processo que converte as entradas

em resultados (COLLIS, 1994).

Embora os ativos tangíveis sejam importantes e fundamentais como entradas para se alcançar

a vantagem competitiva, os ativos intangíveis são frequentemente vistos como fatores cruciais

para obter uma vantagem competitiva sustentável (GRIMALDI; CRICELLI; ROGO, 2012).

Além disso, os ativos intangíveis têm o potencial de serem valiosos, raros, inimitáveis e não

substituíveis (BARNEY, 1991, p. 112).

Até aqui, observou-se que os recursos intangíveis, em particular, estão intimamente ligados à

capacidade de inovação de uma empresa (GRIMALDI; CRICELLI; ROGO, 2012). Eles

argumentam que a inovação é o principal catalisador dos componentes intangíveis, vantagem

competitiva e criação de valor nas empresas. Ou seja, quando uma empresa gera resultados

inovadores, a mesma adquire um fluxo de novos conhecimentos e habilidades que são

acrescidos ao portfólio de ativos intangíveis da empresa, que vão se acumulando ao longo do

tempo. A inovação, portanto, gerará ativos intangíveis valiosos, raros, inimitáveis e não

substituíveis (BARNEY, 1991, p. 112). Há de ser considerado ainda que, devido à natureza dos

mercados em mudança, os ativos são temporariamente uma fonte de vantagem competitiva

(BARNEY, 1991; COLLIS; MONTGOMERY, 2008). Portanto, as empresas precisam inovar

continuamente para garantir um fluxo de novos ativos, tangíveis e intangíveis, no futuro, para

que possam sustentar sua vantagem competitiva (GRIMALDI; CRICELLI; ROGO, 2012).

Na sequência, apresentar-se-á algumas considerações, encontradas na literatura, sobre projetos,

pessoas e sistemas de inovação, por serem os três fatores que abrangem os recursos, segundo a

estrutura utilizada por Rao e Weintraub (2013).

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2.3.5.1 Pessoas

Vários autores concluem que o desempenho da inovação nas empresas depende do seu capital

humano (AMABILE, 1998; BROWN, 2008; KANTER, 2006; KELLEY; LEE, 2010; KELLEY

et al., 2011), onde cada indivíduo contribui para o conhecimento coletivo da empresa, tornando-

os uma parte dos ativos intangíveis da empresa (KELLEY; LEE, 2010; KELLEY et al. 2011).

Na perspectiva de Rao e Weintraub (2013), as pessoas - vistas como um recurso - são

constituídas pelos: campeões de inovação, que podem atuar como líderes comprometidos com

a inovação, especialistas em inovação, que podem apoiar os diversos projetos de inovação e os

talentos internos, que possibilitam o sucesso com os projetos de inovação. Esses tipos de

pessoas são rotuladas como: campeões, especialistas e talento (Figura 22), e são os elementos

que compõem o fator pessoas (Rao e Weintraub, 2013, grifo nosso).

Figura 22 – Estrutura do fator Pessoas, segundo Rao e Weintraub.

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013, grifo nosso).

Quinn (1985) afirma que as empresas inovadoras tentam modelar as práticas das pequenas

empresas com o uso de grupos que funcionam em um estilo que têm permissão para operar fora

dos procedimentos e sistemas normais da empresa para que tenha a liberdade de desenvolver

novas ideias, produtos, etc. Desta forma, pessoas com diferentes competências funcionam sem

intervenção de barreiras organizacionais ou físicas ao desenvolvimento de uma ideia. Em outras

palavras, esse estilo permite que as equipes explorem novas ideias sem a pressão de interrupção

das operações do cotidiano.

Com isso, espera-se que as equipes sejam compostas por um equilíbrio cuidadoso de talentosos

colaboradores de diversos setores da organização, porém, segundo Quinn (1985), poucos

grupos usam essa forma clássica. Em vez disso, ele usa a analogia da educação de uma criança

para explicar a introdução de novos produtos e processos para o mundo: a “mãe” é a campeã

da ideia – o campeão de inovação, enquanto que o “pai” é a figura da autoridade que apoia a

ideia – o especialista em inovação. Finalmente, os “pediatras” – os especialistas ou talentos da

Fator Elementos

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organização - são os que adquirem o novo produto ou o processo nos momentos difíceis

(QUINN, 1985).

Assim, vejamos algumas considerações encontradas na literatura relacionadas ao primeiro

elemento – campeões – e subsequentemente, os demais, pertencentes ao fator pessoas,

consoante a estrutura de Rao e Weintraub (2013).

Os indivíduos rotulados como campeões da inovação são fundamentais para o sucesso na

inovação (KELLEY; LEE, 2010; SHANE, 1994). Shane (1994, p. 397) define os campeões da

inovação como indivíduos “que assumem um risco pessoal para superar os obstáculos

organizacionais à inovação”, sendo assim, valiosos para um processo de inovação porque atuam

dificultando a distração sobre o negócio estabelecido. Kelley e Lee (2010), ressaltam que em

alguns aspectos, os campeões de inovação dirigem uma organização para enxergarem além de

seus negócios correntes e das inovações incrementais, se envolvendo não apenas com inovações

radicais, mas com inovações em múltiplos níveis.

Os campeões da inovação se comportam mostrando um interesse convincente para o projeto,

de tal forma que envolvem outros e criam suporte duradouro para a inovação trabalhada

(HOWELL; SHEA, 2001). Um campeão de inovação, portanto, precisa dominar uma variedade

de habilidades, especialmente as colaborativas; estas, ajudam a manter intactas as equipes de

inovação, criam metas comuns e compartilham conhecimento (KANTER, 2006).

Os campeões da inovação precisam se relacionar com pessoas de diferentes áreas da

organização, em toda a hierarquia organizacional. Assim, as habilidades colaborativas

desempenham um papel importante para criar laços interprofissionais eficientes, o que não

caracteriza ser de fácil realização (SHANE, 1994).

Howell e Shea (2001) afirmam, ainda, que se a organização rejeitar um projeto de inovação,

um campeão de inovação precisa persistir sob adversidade e nunca desistir. Assim, este sempre

atuará como combustível para o desenvolvimento da inovação.

Sob uma outra perspectiva, porém complementar à caracterizada acima, Rao e Weintraub

(2013, p. 31), especifica que “um quadro de especialistas em inovação, que conhecem, ensinam

e implementam práticas inovadoras é um dos recursos de inovação mais importantes que uma

empresa pode ter”. Entre os fatores críticos para a inovação bem-sucedida em pequenas

empresas, Quinn (1985, grifo nosso) usa especialistas e fanáticos como um rótulo. Essas

pessoas geralmente são fundadoras de uma empresa que tendem a ser pioneiras em seu campo

tecnológico e fanáticas em relação à resolução de problemas. Sendo especialistas e fanáticas,

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essas pessoas percebem a probabilidade de sucesso ser maior do que outras. Além disso, esse

compromisso permite que essas pessoas continuem apesar das frustrações, ambiguidades e

contratempos que se seguem à grandes inovações (QUINN, 1985).

As visões de uma empresa inovadora estão ligadas às realidades do mercado em que está

inserida. As empresas inovadoras sempre têm uma forte orientação de mercado no topo da

hierarquia, e também possuem mecanismos que garantem a interação entre as pessoas nos níveis

inferiores (QUINN, 1985). Outro ponto destacado por Quinn (1985) é que as empresas

inovadoras devem manter certa flexibilidade em seus programas o maior tempo possível. Sendo

assim, os especialistas em inovação precisam implementar e manter mecanismos de interação

com os diversos níveis hierárquicos, além de manterem sua orientação para o mercado,

atentando-se para uma flexibilização aos processos de forma duradoura.

O terceiro e último elemento do fator pessoas é o talento, na perspectiva de Rao e Weintraub

(2013). Neste ínterim, observa-se que os talentos são importantes para desenvolver

oportunidades de negócios e liberar o potencial de crescimento (NAGJI; TUFF, 2012; READY;

CONGER, 2007). Isso ocorre porque, na evolução das empresas, os talentos podem usar suas

habilidades para preencher algumas posições-chave, que são cruciais para o sucesso. O

principal motivo para a falta de talento interno é que suas práticas não correspondem às

necessidades da empresa, canalizando-as de maneira inadequada. De acordo com Ready e

Conger (2007), as empresas de sucesso conseguem adaptar um processo de talentos que está

altamente enraizado nos objetivos estratégicos e culturais da empresa. Isso os torna capazes de

não só produzir talentos, mas também o tipo certo de talentos. Então, como as empresas podem

se tornar melhores na produção de talentos?

Toterhi e Recardo (2013, grifo nosso) sugerem um método que eles chamam de “funil de

talento”. O primeiro passo é criar uma estratégia de talento e alinhá-la com a estratégia

organizacional. Isso suporta a visão da Ready e Conger (2007) ao combinar os processos de

talentos com os requisitos da empresa. Quando concluído, o próximo passo é a aquisição de

talentos. O foco, argumentam eles, é definir as necessidades e o conjunto de habilidades

necessárias para preenche-las. Isso ocorre porque o conjunto de habilidades necessárias para

uma inovação pode diferir completamente para outra (Nagji; Tuff, 2012, grifo nosso). O terceiro

passo é o desenvolvimento do talento - o processo de orientação dos talentos através do funil.

O resultado deste processo depende de quão bem a organização integra os talentos adquiridos,

e quão bem motiva, ainda mais, e cria clareza para o trabalho. Finalmente, o último passo

relaciona-se com a forma como a organização pode reter talentos. Se você tem pessoas

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altamente criativas e ambiciosas que se sentem presas a empresas moribundas, elas vão sair”

(HAMEL, 1999, p. 82). A chave é, portanto, desafiar continuamente e dar aos talentos liberdade

para alcançar seu potencial. No final, as organizações devem perceber que as pessoas são os

ativos mais importantes.

O segundo fator pertencente ao bloco de construção, segundo Rao e Weintraub (2013, grifo

nosso), recursos e o tópico da próxima seção é sistemas.

2.3.5.2 Sistemas

Figura 23 – Estrutura do fator Sistemas, segundo Rao e Weintraub.

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013, grifo nosso).

De acordo com Rao e Weintraub (2013, p. 35), os sistemas de inovação exigem sistemas

adequados de “recrutamento e contratação para apoiar” a inovação, ferramentas de colaboração

que apoiem iniciativas de inovação e que as empresas devem ser boas em alavancar “[...]

relações com fornecedores e vendedores” para prosseguir a inovação. Essas declarações

culminam em três elementos que compõem os sistemas de inovação, na perspectiva de Rao e

Weintraub (2013), a saber: seleção, comunicação e ecossistema (Figura 23). No que se segue,

encontra-se uma análise sobre cada um dos três elementos, na sequência apresentada.

Ao contratar e atribuir pessoal às tarefas, é importante buscar motivação intrínseca, além de

habilidades, pois as pessoas qualificadas que estão pessoalmente intrigadas e desafiadas pela

tarefa são mais propensas a produzir trabalho criativo do que as pessoas não motivadas

(AMABILE, 1988). Neste ínterim, Christensen e Overdorf (2000) argumentam que os gerentes

devem considerar cuidadosamente qual o tipo de equipe que deve funcionar em um projeto e

qual a estrutura organizacional em que a equipe precisa trabalhar internamente.

Assim, as ferramentas e os sistemas que permitem a uma empresa colocar as pessoas certas

com as habilidades certas no lugar certo no momento certo são componentes essenciais do

gerenciamento de talentos de uma organização. Isso é possível através de um bom design,

Fator Elementos

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excelência técnica e com ligações claras entre os processos e os objetivos da empresa. Se esses

sistemas forem combinados com vitalidade, o gerenciamento de talentos pode ser uma arma

secreta em um ambiente competitivo (READY; CONGER, 2007).

Para otimizar o sistema de gerenciamento de talentos, Toterhi e Recardo (2013) sugerem a

aplicação do funil de talento, anteriormente mencionado, que é uma forma adaptada do funil de

vendas. Eles argumentam que o funil de talentos pode suportar a estratégia corporativa criando

uma estratégia de talento, definindo e preenchendo as necessidades, desenvolvendo talentos e

incorporando disciplina. Sendo assim, os líderes organizacionais que desejam identificar, atrair

e reter talentos de primeira linha devem, portanto, usar a abordagem do funil de talento para

gerenciar seu portfólio de capital humano, onde o objetivo final é um funcionário para toda a

vida (TOTERHI; RECARDO, 2013).

A chave para o sucesso em ambos os tipos de inovação, quer seja incremental e/ou radical,

reside na comunicação e coordenação entre as unidades de negócios, onde a coordenação

garante que cada unidade obtenha o que precisa, sendo protegida contra interferências de outras

unidades de negócios (GILBERT; EYRING; FOSTER, 2012; GOVINDARAJAN; TRIMBLE,

2010). Ainda assim, as empresas não podem prejudicar a importância de promover o

aprendizado mútuo e a inovação através da colaboração e da comunicação transversais, pois o

fato de não conseguir isso mata os esforços de inovação (KANTER, 2006). Portanto, a questão

é: como coordenar os negócios separados para que eles criem sinergias sobre o caos?

As empresas devem ter ferramentas de colaboração adequadas para que seja dado o apoio

necessário aos esforços de inovação (RAO; WEINTRAUB, 2013). O grande detalhe é que as

questões relacionadas com a inovação são que as empresas geralmente não possuem

infraestrutura e processos de apoio e, em maior nível, possuem barreiras técnicas e

organizacionais (SWINK, 2006). Além disso, este autor afirma que a chave para inovar com

sucesso seria a integração do desenvolvimento de novos produtos com a inovação da cadeia de

suprimentos, definida como inovação colaborativa, ao qual pode ser organizada como um

processo estruturado, onde as diretrizes são definidas, tendo seu foco pautado na eficiência dos

processos. Alternativamente, este tipo de inovação é organizado como um processo não

estruturado, sem diretrizes, com foco na criatividade (SWINK, 2006).

Por fim, o referido autor sugere usar uma combinação, adotando uma abordagem desestruturada

na fase inicial do desenvolvimento de novos produtos quando a demanda por criatividade é

maior, e depois mudar lentamente para um processo estruturado, a fim de que seja garantida a

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eficiência processual. Desta forma, os gerentes podem reduzir a tensão entre as unidades

criando um sentimento de interdependência e constantemente motivando a colaboração.

O ecossistema - no contexto das culturas para a inovação - significa as relações que uma

organização possui com seus fornecedores e vendedores (RAO; WEINTRAUB, 2013).

Enquanto algumas empresas inovam internamente, usando seus fornecedores para produzir de

acordo com as especificações e acreditando que o cliente ainda não sabe o que quer, outros

aproveitam seus relacionamentos para acessar todas as fontes de informações disponíveis.

Assim, enquanto os fornecedores, por exemplo, podem contribuir com ideias para melhorias no

design do produto ou até mesmo impactar a eficiência de todo o processo de fabricação, o

feedback dos clientes pode influenciar quais recursos podem ser adicionados ou removidos em

uma oferta e, de forma mais ampla, quais partes do design do produto ou serviço trazem valor

ou não, sendo, consequentemente, redundantes.

Normann e Ramírez (1993, p. 65) afirmam que “cada vez mais, as empresas de sucesso não

apenas agregam valor, elas o reinventam”. Além disso, eles consideram que “seu foco de análise

estratégica não é a empresa ou mesmo a indústria, mas o próprio sistema de criação de valor”.

Nesse sistema, “diferentes atores econômicos - fornecedores, parceiros de negócios, aliados e

clientes - trabalham juntos para coproduzirem valor” (NORMANN; RAMÍREZ, 1993, p. 65).

Nos mercados globais de hoje, estabelecer e manter um ecossistema que inclua atores externos,

torna-se cada vez mais importante. Um dos motivos, na concepção de Normann e Ramírez

(1993, p. 69), é que “esse valor se tornou mais denso”. Essa densidade é explicada por eles

como sendo “uma medida da quantidade de informação, conhecimento e outros recursos que

um ator econômico tem em mãos a qualquer momento no tempo para aproveitar sua própria

criação de valor”.

Segundo Normann e Ramírez (1993, p. 69), a estratégia de se criar valor e o aumento de sua

densidade, tem três implicações estratégicas: primeiro, “o objetivo de uma empresa é menos

sobre fazer algo de valor para o cliente e mais sobre ter o cliente, aproveitando o aumento da

densidade e criando valor para si”. Até certo ponto, “as empresas já não estão mais concorrendo

umas com as outras. Em vez disso, são as ofertas que estão competindo pelo tempo, atenção e

dinheiro do cliente”; em segundo lugar, “à medida que as ofertas se tornam mais complexas, os

relacionamentos necessários para fazê-los, também se tornam”. Com isso, “a principal tarefa

estratégica da organização passa a ser a reconfiguração de seus relacionamentos e sistemas de

negócios”. Finalmente, “[...] se a chave para criar valor é coproduzir ofertas que mobilizem

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clientes, a única verdadeira fonte de vantagem competitiva é a capacidade de conceber todo o

sistema de criação de valor e fazê-lo funcionar” (NORMANN; RAMÍREZ, 1993, p. 69).

Na sequência, serão apresentadas algumas considerações contidas na literatura, relacionadas ao

último fator, nomeado de projetos, segundo Rao e Weintraub (2013, grifo nosso), como um

recurso final para a cultura de uma empresa inovadora.

2.3.5.3 Projetos

Figura 24 – Estrutura do fator projetos, segundo Rao e Weintraub.

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013, grifo nosso).

De acordo com Rao e Weintraub (2013), os projetos exigem tempo dedicado, finanças e espaço

físico e/ou virtual para se buscar novas oportunidades. Assim, o tempo, o dinheiro e o espaço

(Figura 24) são os elementos que compõem os projetos. Conforme ocorrera anteriormente, esta

seção começará examinando o primeiro elemento, o tempo, antes de passar para os demais.

Rao e Weintraub (2013) enfatizam a importância de dar às pessoas tempo suficiente para

buscarem oportunidades. Na verdade, o tempo é uma necessidade para a inovação ter sucesso.

Ele é um dos nove fatores mais importantes para a inovação, pois os gerentes que desejam ver

a inovação em sua empresa devem deixar um pouco de experimentação - tanto em termos de

tempo, quanto de dinheiro - caso contrário, as ideias nunca serão desenvolvidas (KANTER,

2013).

Diversas empresas inovadoras agendam um tempo, exclusivamente, dedicado ao

desenvolvimento da inovação, a exemplo do “20% de tempo” do Google e do “10% de tempo”

do W. L. Gore (RAO, 2012; SCHRAGE, 2013, grifo do autor). Este tempo livre, para iniciativas

de inovação, permite que os funcionários trabalhem em qualquer projeto que eles gostem, o que

resultou em dezenas de projetos significativos para as empresas mencionadas. Este tipo de

iniciativa pode criar inúmeras inovações bem-sucedidas em uma empresa que valoriza a

inovação.

Fator Elementos

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No entanto, tenha em mente que esta não é uma solução rápida, e que esses tipos de iniciativa,

não funcionam para todas as empresas. O fracasso é sempre uma opção, pois a maioria das

inovações sequer acontecem, são postas em espera ou simplesmente não existe mercado para

tal (COOPER, 1990). Kanter (2013) argumenta que deve haver uma alta tolerância ao fracasso

e que os gerentes devem deixar de lado suas atitudes conservadoras e apoiar as novas ideias. Se

estes dois aspectos estiverem presentes no ambiente de trabalho, um tempo especialmente

dedicado para se buscar projetos inovadores pode criar oportunidades frutíferas para as

empresas.

O segundo elemento abordado por Rao e Weintraub (2013), neste fator – projetos – é o dinheiro,

pois os projetos de inovação são altamente limitados pelo seu dinheiro, ou por ativos financeiros

(BROWN, 2008). Não dedicar uma quantidade adequada de recursos financeiros às inovações

acabará por estrangulá-las (KANTER, 2006). Normalmente, as empresas que possuem um

portfólio de projetos de inovação enfrentam um grande dilema quanto ao financiamento destes

projetos, pois quais deles devem ser financiados e quais não deveriam?

Uma solução é usar cálculos financeiros como o valor presente líquido (VPL)18. O principal

problema, no entanto, é que os ganhos futuros não são necessariamente possíveis de calcular

para inovações radicais, por terem um potencial desconhecido para o futuro (CHRISTENSEN;

KAUFMAN; SHIH, 2008). Por outro lado, as inovações incrementais se relacionam com a

atividade diária da empresa e, portanto, são mais fáceis de quantifica-las, tanto em relação ao

risco quanto às contribuições financeiras. O resultado é que muitas vezes as empresas preferem

financiar inovações incrementais, ao invés das radicais, desde que apresentem menor risco e

deem resultados mais rápidos (CHRISTENSEN; KAUFMAN; SHIH, 2008). Na prática, as

empresas estão escolhendo renda de curto prazo em longo prazo.

Outro aspecto a ser observado, concentra-se no fato de que os mercados podem mudar de

repente, criando uma necessidade urgente de inovações. Isso implica que a necessidade de

recursos financeiros, que financiem essas inovações, também pode surgir repentinamente,

tornando a disponibilidade de ativos financeiros importante (BROWN, 2008; KANTER, 2006).

Brown (2008, p. 91) argumenta que, para poder responder a essas rápidas mudanças de

18 Também conhecido como valor atual líquido (VAL) ou método do valor atual, é a fórmula matemático-

financeira capaz de determinar o valor presente de pagamentos futuros descontados a uma taxa de juros apropriada,

menos o custo do investimento inicial. Basicamente, é o cálculo de quanto os futuros pagamentos somados a um

custo inicial estariam valendo atualmente.

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mercado, as empresas precisam ter orçamentos que levem em consideração essas mudanças, de

modo que o dinheiro esteja disponível quando houver necessidade de inovação.

Outro ponto destacado por Amabile (1998), nesta questão, é que a falta de recursos financeiros

resulta em indivíduos que canalizam sua criatividade para encontrar recursos adicionais, o que

interrompe o foco necessário para que o ato de inovar obtenha sucesso (O'REILLY;

TUSHMAN, 2004). Desta forma, a falta de ativos financeiros, certamente, irá inibir a

capacidade de uma empresa responder às mudanças do mercado e, ao mesmo tempo, reduzir a

probabilidade de obter sucesso com a inovação.

O último elemento, retratado por Rao e Weintraub (2013, grifo nosso), na constituição do fator

em análise é o espaço. Eles definem este elemento como o espaço físico ou virtual que as

empresas têm para se buscar novas oportunidades ou inovações. Na perspectiva de Moultrie et

al. (2007, p. 55), o ambiente físico de uma empresa - incluindo espaço virtual e físico - está

conectado a dois tipos de processos: o processo de alinhamento do ambiente físico com os

objetivos estratégicos da empresa e o processo de utilização do ambiente físico para alcançar

estes objetivos. Assim, tão logo a inovação seja um objetivo estratégico, o ambiente físico afeta

e contribui para o seu desenvolvimento. Neste sentido, Moultrie et al. (2007) argumentam que

o ambiente físico pode contribuir para a inovação, aumentando a produtividade e a eficácia da

inovação, e que afeta a rapidez com que uma empresa é capaz de reconfigurar seus recursos

para atender às demandas em mudança.

No entanto, apenas dedicar espaço à inovação não é suficiente; este precisa corresponder às

estratégias de inovação. Portanto, as empresas precisam continuamente avaliar o espaço

disponível para garantir que as intenções estratégicas e realizadas sejam iguais, alinhando-as,

se necessário (MOULTRIE et al., 2007).

Oksanen e Ståhle (2013) também abordam a questão, argumentando que o vínculo entre

inovação e espaço é um processo social e centrado no ser humano. Ao criar condições

favoráveis para a criatividade e a aprendizagem entre os indivíduos, o ambiente físico pode

contribuir para melhorar a inovação (OKSANEN; STÅHLE, 2013). Uma vez que o espaço

exige que os indivíduos estejam fisicamente presentes, a experiência e o conhecimento

adquiridos são específicos de cada indivíduo e, portanto, específicos da empresa. Assim, o

espaço pode realmente contribuir para as vantagens competitivas das empresas.

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Por fim, Oksanen e Ståhle (2013, p. 820) descobriram que os espaços que contribuem para a

inovação possuem cinco características: aprimoram a comunicação, são fáceis de modificar,

atuam como ecossistemas sócio técnicos, refletem o valor e atraem talentos criativos.

Conclui-se, então, que os recursos – como um conjunto de ativos tangíveis e intangíveis – são

indispensáveis para o sucesso da inovação. No entanto, a literatura considera os ativos

intangíveis como mais cruciais que os ativos tangíveis, pois refletem as capacidades da

empresa. As pessoas - como um recurso - são de grande importância para o desempenho da

inovação de uma empresa. Isso, no entanto, deve ser intuitivo, pois as pessoas são os principais

componentes de qualquer empresa. Além disso, os gerentes enfrentam um desafio ao adquirir

e desenvolver recursos, a fim de criar ajustes entre os mesmos e os objetivos organizacionais.

Assim, determinar como os ativos complementam uma inovação é, portanto, essencial para o

seu sucesso.

O tema em questão é extremamente dependente dos processos organizacionais, principalmente,

de como eles proporcionam que os recursos sejam combinados e direcionados para o alcance

dos objetivos estratégicos das empresas. Assim, os processos são o próximo tópico abordado.

2.3.6 Processos

Esta seção abrange os processos de inovação e representa o quinto elemento fundamental para

a cultura de uma empresa inovadora, consoante a estrutura apresentada por Rao e Weintraub,

(2013). Por definição, Christensen, Anthony e Roth (2004, p. 33-34) consideram os processos

como sendo “os padrões de interação, coordenação, comunicação e tomada de decisão que os

funcionários utilizam para transformar as entradas de recursos em produtos, serviços e outros

recursos de maior valor”. Numa perspectiva relacionada à inovação, Kline e Rosenberg (1986,

p. 275), consideram que “o processo de inovação deve ser visto como uma série de mudanças

em um sistema completo não só de hardware, mas também do ambiente de mercado, das

instalações de produção e conhecimento e os conteúdos sociais da inovação organizacional”.

Ou seja, há de ser considerado como uma série de atividades inter-relacionadas, onde novos

conhecimentos são criados e utilizados através dessas atividades.

Na visão de Rao e Weintraub (2013, p. 30, grifo do autor) e no contexto do bloco em questão,

“os processos são a rota que as inovações seguem enquanto são desenvolvidas. Estas podem

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incluir o familiar funil de inovação19, usado para capturar e peneirar ideias ou sistemas de stage-

gate20 para a revisão e priorização de projetos e protótipos”.

Para Rao e Weintraub (2013), este bloco compreende os fatores: ideação, formatação e

conquista, que são divididos em nove elementos distintos, conforme se vê na figura abaixo.

Figura 25 – Estrutura do bloco PROCESSOS, segundo Rao e Weintraub.

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013).

A divisão das atividades em etapas menores, tende a simplificar a gestão do processo de

inovação, por proporcionar foco e orientação a estas atividades, a exemplo da geração e coleta

de informações. O processo de inovação, em si mesmo, é importante, pois a qualidade da

inovação - seja um produto físico ou um processo - depende fortemente da qualidade do

processo utilizado para desenvolver e implementar a inovação (Du Preez; Louw, 2008).

Nas discursões, relacionadas a novos processos de desenvolvimento de produtos, vários

modelos foram ou são criados como resposta ao aumento da pressão para se reduzir o tempo de

ciclo e a probabilidade de sucesso do produto. Neste sentido, alguns modelos tendem a ver um

processo de inovação como sequencial e linear, enquanto outros tendem a adotar uma

abordagem mais dinâmica e iterativa. Du Preez e Louw (2008) ilustram este aspecto ao

apresentar que a devida teoria foi desenvolvida através de seis gerações: desde simples

estratégias de mercado puxado ou empurrado até processos iterativos e dinâmicos, onde todas

as etapas estão ligadas ao ambiente externo.

19 Foi desenvolvido por Clark e Wheelwright (1993) como uma ferramenta para pensar sobre a geração de ideias

alternativas para o desenvolvimento, a fim de chegar à convergência em torno de um conceito e design específicos

para o mercado. 20 Desenvolvido por Robert G. Cooper em 1986, é uma metodologia de projeto separada por etapas claramente

definidas e ao final de cada estágio de desenvolvimento é necessário submeter o projeto a uma tomada de decisão,

objetivando evitar gastos desnecessários com a condução de projetos que não são mais relevantes (podendo gerar

cancelamento formal) ou até mesmo a alterações e ajustes necessárias para o sucesso do projeto, garantindo os

custos.

PROCESSOS

Ideação Formatação Conquista

Ger

ar

Filt

rar

Pri

ori

zar

Pro

tóti

po

Iter

ação

Erro

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inte

lige

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Blocos Fatores Elementos

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112

Cooper (1990, p. 51-53) argumenta que, em linhas gerais, um modelo sequencial e linear – um

modelo stage-gate – oferece uma melhor visualização e acrescenta disciplina ao processo de

inovação. Os sistemas de stage-gate tem funcionado melhor com inovações incrementais, onde

uma das suas características está relacionada a baixos níveis de incerteza, quando comparada à

inovação radical. Contudo, deve ser observado algumas limitações quanto à sua aplicabilidade,

processos inflexíveis, provavelmente, terão uma influência negativa sobre a inovação

(KANTER, 2006), uma vez que uma disciplina e controle apertados minam a criatividade

(AMABILE, 1998).

Para aumentar a criatividade, uma empresa pode assumir uma abordagem iterativa e dinâmica

(BROWN, 2008). Nesta direção, observa-se que modelos dinâmicos e iterativos são mais

adequados para lidar com inovações radicais (MILLER, 2006; BRUN; SÆTRE; GJELVISK,

2009). Isso significa que as empresas podem escolher, deliberadamente, implementar processos

de inovação mais adequados às suas inovações, quer se concentrem em processos incrementais

ou radicais. Na sequência, ver-se-á a descrição e algumas considerações relacionadas aos três

fatores que compõem o bloco processos, além dos respectivos elementos que os caracterizam,

na visão de Rao e Weintraub (2013).

2.3.6.1 Ideação

Figura 26 – Estrutura do fator Ideação, segundo Rao e Weintraub.

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013, grifo nosso).

Compreende-se o processo do fator ideação, a partir da geração e seleção de ideias como parte

do processo de inovação. Neste sentido, Rao e Weintraub (2013, p. 35, grifo nosso) enfatizam

que o processo de ideação deve “gerar ideias de forma sistemática” e que as mesmas devem vir

de “[...] um vasto e diversificado conjunto de fontes”. Além disso, a ideação inclui uma

abordagem metodológica de filtragem e refinamento das ideias “para identificar as

oportunidades mais promissoras”. Finalmente, a ideação inclui a “seleção das oportunidades

Fator Elementos

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com base em um portfólio de risco claramente expresso”. Essas três instruções compõem os

elementos da ideação: gerar, filtrar e priorizar (RAO; WEINTRAUB, 2013, p. 35, grifo

nosso), dispostos na Figura 26.

Cada inovação começa com uma ou mais ideias criativas. Essas ideias estão intimamente

ligadas à criatividade dos indivíduos (AMABILE, 1988). Esta autora, defende que as sementes

da inovação bem-sucedida são semeadas pela criatividade, sendo esta, assim, essencial para o

desenvolvimento da inovação. A criatividade, nos indivíduos, é dependente de três fatores:

experiência dos funcionários, habilidades do pensamento criativo e motivação intrínseca para

realização das tarefas (AMABILE, 1998). A experiência abrange os conhecimentos e as

habilidades que os indivíduos da empresa possuem, enquanto as habilidades de pensamento

criativo se referem a como os indivíduos abordam problemas e soluções, com ênfase na forma

como eles conectam ideias existentes em novas combinações. A motivação intrínseca emerge

do trabalho em si e incentiva os indivíduos a trabalhar para o desafio, com interesse, prazer e

satisfação de realizar uma tarefa. Embora a experiência dos indivíduos e as habilidades de

pensamento criativo determinem o que os indivíduos são capazes de fazer, a motivação

intrínseca determinará o que o indivíduo realmente faz, sendo esta, de longe, o elemento mais

facilmente influenciado (AMABILE, 1998). Esta autora percebeu, também, que os gerentes

podem aumentar a motivação intrínseca - e, assim, indiretamente, a criatividade e a inovação -

em um ambiente de trabalho ao incluir desafios, liberdade, recursos, características do grupo de

trabalho adequadas, incentivo fiscal e apoio organizacional.

Muitas ideias se desenvolvem internamente, dentro de uma unidade organizacional, mas as

grandes sacadas são, na maioria das vezes, criadas quando fragmentos de ideias se juntam

(BROWN, 2008; HANSEN; BIRKINSHAW, 2007). Com relação a isso, Hansen e Birkinshaw

(2007, p. 3) afirmam que as ideias podem vir de três fontes: de dentro de uma unidade da

empresa; da colaboração entre as unidades; ou através da colaboração de fora da empresa. Eles

enfatizam ainda a importância de ter diversos conjuntos de fontes para informações e ideias,

em oposição a um grande número de fontes similares.

Chesbrough (2003) argumenta que as empresas bem-sucedidas conseguem explorar ideias

externas para promover seus próprios negócios, alavancando suas ideias internas fora de suas

operações atuais. Enfim, para se ter sucesso na inovação, as empresas precisam adotar uma

abordagem interna e externa; eles têm que se concentrar na criatividade, colaboração e

diversidade, ao mesmo tempo. Esses elementos representam partes do questionário de Rao e

Weintraub (2013) e, portanto, são discutidos em suas respectivas seções.

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As ideias que se originam fora da organização permitem que as empresas explorem novos

insights e conhecimentos, e os ajudam a avançar seus próprios negócios (Hansen e Birkinshaw,

2007, p. 4). Chesbrough (2003, p. 37) sugere que as empresas usam inovação aberta para

conseguir isso. A inovação aberta é um conceito em que as fronteiras entre as empresas

tornaram-se mais porosas, e as ideias se misturam para dentro e para fora (Chesbrough, 2003,

p. 37). Birkinshaw, Bouquet e Barsoux (2011, p. 48), no entanto, argumentam que, embora a

inovação aberta seja vantajosa para resolver um intrincado problema tecnológico, os fóruns

internos de inovação têm uma maior compreensão do contexto. A inovação aberta, portanto,

oferece uma ampla gama de conhecimentos, mas os fóruns internos de inovação têm uma

compreensão do contexto que às vezes supera sua amplitude.

Dentro deste contexto, Rao e Weintraub (2013, p. 35) especificam que as empresas devem

“filtrar e refinar suas ideias para perseguir as melhores oportunidades”. As empresas deveriam,

portanto, desenvolver processos e critérios de filtragem adequados, e filtrar as ideias de acordo

com sua estratégia geral (DU PREEZ; LOUW, 2008). O desafio é filtrar ideias ruins, mantendo,

o mais baixo possível, o risco de parar as boas ideias.

A inovação pode ser um confiável direcionador para o crescimento se o mecanismo de filtragem

equilibrar o portfólio de inovações de uma empresa (NAGJI; TUFF, 2012, p. 74). Isso implica

no uso de diferentes filtros para diferentes tipos de inovação, onde o objetivo está-se em

alcançar o equilíbrio desejado no portfólio de projetos de uma empresa. Da mesma forma,

Kanter (2006) argumenta que os gerentes deveriam dividir as ideias em diferentes categorias,

baseadas no porte financeiro de cada uma e aplicar critérios de filtragem distintos para grandes,

médias e pequenas ideias. Essa abordagem pode aumentar o desenvolvimento de pequenas

ideias, pois muitas vezes, este tipo em particular, obtêm baixa prioridade se todos os projetos

tiverem os mesmos critérios de avaliação.

Há de ser observado ainda o argumento de Veryzer Jr (1998), ao especificar que as inovações

radicais e incrementais seguem caminhos diferentes antes do estágio de filtragem. Embora as

inovações incrementais geralmente comecem com pesquisa de mercado e análise de negócios

antes do desenvolvimento do produto, as inovações radicais passam pelas fases de exploração,

convergência, formação e projeto preliminares, antes de serem avaliadas pela equipe de gestão.

Com isso, verifica-se que o processo de inovação radical é, portanto, uma abordagem mais

dinâmica com fases de sobreposição, enquanto os processos lineares são mais adequados para

a inovação incremental. Embora ainda haja grande incerteza nessa fase do processo de inovação

- especialmente para inovações radicais - as análises podem dar à gerência uma ideia do

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potencial da inovação e, se ela se qualifica para um aumento significativo do financiamento e

alocação de recursos (VERYZER JR, 1998).

O último elemento pertencente a este fator – ideação – é o priorizar. Neste sentido, as empresas

devem priorizar ideias para ter sucesso com a inovação. Hansen e Birkinshaw (2007, p. 5)

alertam para o fato de que “em muitas empresas, orçamentos apertados, pensamento

convencional e critérios de financiamento rígidos, combinam-se para desligar a maioria das

ideias inovadoras. Os funcionários rapidamente obtêm a mensagem e o fluxo de ideias seca”,

fazendo com que permaneçam subdesenvolvidas.

Rao e Weintraub (2013, p. 35) enfatizam a importância de priorizar projetos “[...] com base em

um portfólio de risco claramente articulado”. Com isso, Nagji e Tuff (2012, p. 68)

desenvolveram a matriz de ambição de inovação para permitir que as empresas categorizem

suas oportunidades em relação ao risco e a recompensa. O objetivo é, afinal, alcançar o maior

retorno geral, dada a tolerância da empresa para o risco. A matriz de ambição de inovação

divide as inovações em “inovações fundamentais, inovações adjacentes e inovações

transformacionais” (NAGJI; TUFF, 2012, p. 69).

“As inovações fundamentais utilizam produtos e ativos existentes para atender aos mercados e

clientes existentes”, enquanto “as inovações transformacionais são o desenvolvimento de novos

produtos e ativos para criar novos mercados e atender às novas necessidades dos clientes”. “A

inovação adjacente é um ponto intermediário desses dois tipos, com melhorias incrementais de

produtos e ativos para entrar em mercados e clientes adjacentes”. A matriz de ambição de

inovação pode ajudar os gerentes a priorizar as iniciativas de inovação de duas maneiras:

primeiro, dá uma visão geral das iniciativas de inovação na empresa, mostrando quantas

inovações são desenvolvidas e quanto dinheiro é gasto em cada inovação. Em segundo lugar, é

um ponto de partida para os gerentes discutirem as ambições para a estratégia de inovação da

empresa; eles podem decidir como eles querem que a distribuição de inovações se pareça

(NAGJI; TUFF, 2012, p. 69).

Enfim, após tecer considerações relacionadas aos três elementos - gerar, filtrar e priorizar -

que explicam o fator ideação, de acordo com a concepção dada por Rao e Weintraub (2013,

grifo nosso), buscar-se-á explicar a teoria por trás da formatação das inovações, o segundo fator

do bloco em questão.

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2.3.6.2 Formatação

O processo do fator em questão, deve ser entendido como o estágio entre a ideia e o primeiro

resultado. Na parte da formatação do processo de inovação, Rao e Weintraub (2013, p. 35, grifo

nosso) enfatizam a rápida prototipagem de oportunidades promissoras, com um bom

funcionamento do feedback entre a empresa e seus clientes, e usando critérios predefinidos de

falhas para rapidamente parar os projetos em curso. Juntos, estes pontos compõem os elementos

do fator formatação: protótipo, iteração e erros inteligentes, como se vê na Figura 27,

respectivamente (RAO; WEINTRAUB, 2013, grifo nosso).

Figura 27 – Estrutura do fator Formatação, segundo Rao e Weintraub.

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013, grifo nosso).

O processo de formatação requer um gerenciamento adequado, para dar direção ao

desenvolvimento do projeto em si. Nesta direção, Amabille (1988) alerta para o fato de que

muitos projetos morrem no processo de formatação devido à falta de recursos. Por conseguinte,

considera-se crucial alocar recursos suficientes ao desenvolvimento de uma nova ideia

(KANTER, 2006, p. 10).

Protótipo é o primeiro elemento a justificar a teoria por trás do fator formatação, na perspectiva

de Rao e Weintraub (2013, grifo nosso). A prototipagem é uma parte importante da inovação,

já que os protótipos físicos podem persuadir os decisores muito melhor do que gráficos e

desenhos (KELLEY, 2001, p. 41). Kelley (2001, p. 36-37) afirma que qualquer coisa - como

produtos, serviços e promoções - pode ser prototipada e que nenhuma inovação é muito

complexa para ser prototipada. Na verdade, ele argumenta que “quando o projeto é

especialmente complexo, a prototipagem é uma forma de progredir quando os desafios parecem

insuperáveis”. No final, os protótipos revelarão os benefícios que os clientes serão capazes de

ver nas inovações (KELLEY, 2001, p. 37).

Esta visão é amplamente apoiada por Brown (2008, p. 87), que argumenta que os protótipos

não devem ser soluções finalizadas, mas apenas uma forma para se gerar um feedback útil e

evoluir uma ideia. Devido ao alto valor desse feedback inicial, este autor enfatiza a

Fator Elementos

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prototipagem desde as primeiras semanas até os estágios tardios da inovação, como parte de

um processo iterativo para o produto final. Por fim, Brown (2008, p. 87) esclarece que “o

objetivo da prototipagem não é para finalizar. É aprender sobre os pontos fortes e fracos da

ideia e identificar novas direções que os protótipos adicionais podem assumir”.

No que diz respeito à velocidade, a prototipagem rápida, caracterizada como rápida e barata, é

a maneira preferida de se construir objetos físicos ou virtuais para a experimentação com novas

inovações (THOMKE, 1998). Segundo este autor, as empresas com uma abordagem de

experimentação em duas etapas - ou seja, simulação seguida de prototipagem - podem reduzir

significativamente o tempo de mercado para as inovações, usando a prototipagem de tecnologia

de baixo custo, no que ajudará a reduzir o tempo necessário para desenvolver novos protótipos,

bem como permitir que os projetos se movam mais cedo para a prototipagem, o que reduz

consideravelmente o tempo das inovações ao mercado. Isso também significa que as empresas

podem precisar alterar sua estratégia de gerenciamento de conhecimento entre o departamento

de simulação e protótipo e também podem exigir mudanças nos recursos da empresa

(THOMKE, 1998).

O segundo elemento que explica o fator formatação, de acordo com o quadro teorizado e

apresentado por Rao e Weintraub (2013, grifo nosso), é a iteração. Neste contexto, Du Preez e

Louw (2008) argumentam que o desenvolvimento dos modelos do processo de inovação, mais

modernos, incluem ênfase considerável nos processos iterativos. Estes autores defendem que o

processo de inovação possui estágios distintos, mas que esses estágios podem se sobrepor, e

incluem laços iterativos, onde esses loops podem ser tanto dentro quanto entre as diversas

etapas, numa perspectiva linear ou em espiral.

Na perspectiva de Brown (2008, p. 86), o pensamento de design é um conceito que valoriza

especialmente os processos iterativos. Seu argumento perpassa pela observância do fato no qual

“[...] a inovação é alimentada por uma compreensão completa, através da observação direta, do

que as pessoas querem e precisam em suas vidas e o que eles gostam ou não gostam sobre a

forma como os produtos são feitos, embalados, comercializados, vendidos e suportados”.

Brown (2008, p. 88-89) argumenta ainda que o pensamento de design incorpora três espaços

pelo qual os projetos precisam passar: inspiração, ideação e implementação. O primeiro espaço,

a inspiração, são as “circunstâncias [...] que motivam a busca de soluções”. Em segundo lugar,

a ideação é “para o processo de geração, desenvolvimento e teste de ideias que possam levar a

soluções”. Este é o espaço onde a organização cria soluções para o problema atual. E, por fim,

a implementação é o espaço no qual a organização cria “o mapa de um caminho para o

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mercado”. Brown (2008, p. 89) destaca, em tempo, que “os projetos retornarão através desses

espaços – particularmente, os dois primeiros – mais de uma vez, pois as ideias são refinadas e

novas orientações são tomadas”, ou seja, aqueles em que ocorre a iteração.

Observou-se até aqui, que a inovação é um processo incerto que, na maioria das vezes, leva ao

fracasso, e que para se ter êxito em seu processo é preciso gerar muitas ideias, iterar de um lado

para o outro e seguir as melhores. Uma chave para esta noção é a implicação feita na

continuação com apenas as melhores ideias, no que implica na destruição das piores. Assim,

torna-se necessário saber como detectar e encerrar as ideias que não são muito boas, sendo este

o tema refletido no terceiro elemento que compõe o fator formatação, presente no bloco que

retratam os processos da cultura de uma empresa inovadora, segundo Rao e Weintraub (2013,

grifo nosso).

Daly, Sætre e Brun (2012) fazem um alerta para as más ideais. Segundo eles, encerrar as ideias

erradas, pode ser perigoso para uma organização, mas não interrompê-las, pode ter, igualmente,

consequências negativas. As demandas crescentes para se lançar os produtos certos, forçam as

empresas a criarem um processo de inovação mais efetivo. O resultado disto, é que as empresas

cada vez mais, se concentram menos na qualidade de seus programas de desenvolvimento de

inovações. Na tentativa de se evitar que isto aconteça, Cooper (1990) defende o uso do sistema

de stage-gate para gerenciamento dos processos de inovação, pois, como já mencionado

anteriormente, o sistema divide o processo em um conjunto de etapas, onde a entrada para cada

etapa é um portão onde os produtos podem passar ou serem encerrados. Estes portões, servem

como controles de qualidade, facilitando a tarefa dos gestores para escolher quais projetos

prosseguir e quais devem ser encerrados. Com isso, esse sistema, quando e se empregado

corretamente, pode aumentar a eficiência e a eficácia do processo de inovação, defende Cooper

(1990, p. 48), apesar das desvantagens retratadas anteriormente por Brun, Sætre e Gjelsvik,

(2009).

Outro ponto a ser considerado, quanto à rescisão de um projeto, repousa sobre a apreciação do

lado humano da inovação, em função dos efeitos negativos que o devido encerramento pode vir

a incidir sobre a criatividade no ambiente organizacional, ao lidar com o desligamento ou

realocação dos funcionários que surgiram com a ideia, ou que simplesmente trabalharam no

projeto encerrado (KANTER, 2013).

Nesta direção, Chesbrough (2004, p. 37, grifo do autor), ao avaliar se os projetos devem

continuar ou não, ele alerta para dois possíveis erros, nomeados por este autor de “falsos

positivos” ou “falsos negativos”. Os falsos positivos são “as ideias ruins que inicialmente

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parecem promissoras”, enquanto os falsos negativos são “os projetos que inicialmente parecem

falta de promessa, mas se tornam surpreendentemente valiosos”. A grande questão é que a

maioria das empresas limita falsos positivos, ao avaliar o potencial comercial dos projetos, e,

cada vez mais, menos empresas se concentram em limitar falsos negativos.

Para estas questões, Chesbrough (2004, p. 37) sugere que os projetos devem ser monitorados

mesmo após o seu encerramento, quer seja através do seu rastreamento ao liberar as falhas para

alguém de fora ou licenciar o projeto externamente, ou, simplesmente, criar um novo

empreendimento externo com subprodutos do mesmo. Se as empresas seguirem uma dessas

sugestões, elas poderão notar quando um projeto exceder às expectativas e serão capazes de

reavaliar o potencial comercial do mesmo.

2.3.6.3 Conquista

O último fator que descreve os processos de uma cultura organizacional inovadora, consoante

a visão de Rao e Weintraub (2013, grifo nosso), é chamado de conquista, que pode ser

compreendido através dos processos que vão desde os estágios do primeiro resultado até a

produção finalizada. Após a ideação e formatação, uma organização tem uma inovação quase

pronta para o mercado, mas como essa organização conquista os benefícios potenciais da

inovação?

Rao e Weintraub (2013, p. 35) enfatizam “processos flexíveis e baseados no contexto, em

oposição aos processos baseados em controle e burocracia”. Além disso, eles enfatizam “ir

rapidamente ao mercado com as oportunidades que se mostram mais promissoras” e,

finalmente, “a alocação rápida de recursos para aumentar as iniciativas que são promissoras”.

Segundo Rao e Weintraub (2013), essas declarações compõem os elementos do fator conquista:

flexibilidade, lançamento e escala (Figura 28).

Figura 28 – Estrutura do fator Conquista, segundo Rao e Weintraub.

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013, grifo nosso).

Fator Elementos

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Conforme fora apresentado anteriormente, na sequência, encontrar-se-á uma descrição de cada

um destes elementos, na ordem em que foram apresentados.

A inovação bem-sucedida requer um certo grau de flexibilidade nos processos de inovação da

empresa (RAO; WEINTRAUB, 2013). Embora as operações diárias possam se beneficiar de

estreitos planejamentos, orçamentos, avaliações, e gerentes com incentivos para continuar

fazendo o que fazem, esses processos geralmente são inflexíveis para a inovação (KANTER,

2006, p. 5-6). Para este autor, “a incerteza inerente ao processo de inovação faz desvios ou

voltas inesperadas, inevitáveis”. Assim, Kanter (2006, p. 10) recomenda que se “adicione

flexibilidade aos sistemas de planejamento e controle”. Para tal, sugere que os projetos

inovadores não devem ter que aguardar o próximo ciclo orçamentário, criando, por exemplo,

um fundo de inovação, “para oportunidades inesperadas”. Dessa forma, “os inovadores não

precisarão implorar recursos dos principais gerentes que sejam mensurados nas receitas e lucros

atuais” (KANTER, p. 10). Por fim, este autor, sugere recompensar pessoas por explorar

oportunidades inesperadas.

Outro alerta é feito por O'Reilly e Tushman (2004), quando enfatizam que para lidar com a

inovação incremental e radical, simultaneamente, as empresas devem possuir a flexibilidade

necessária para conseguirem conquistar o sucesso.

Rao e Weintraub (2013) descreve o lançamento como o segundo elemento que explica o fator

conquista. Para estes e outros autores, a velocidade de lançamento de produtos para o mercado

é importante, mas as empresas devem tentar evitar que os agendamentos, demasiadamente

rigorosos, afetem negativamente a sua inovação (AMABILE, 1998; KANTER, 2006; RAO;

WEINTRAUB, 2013). Semelhante alerta é descrito por Chesbrough (2004, p. 38) quando

enfatiza a importância da velocidade nos processos de inovação, e argumenta que a

administração deve se concentrar em reduzir o tempo de colocação, no mercado, tanto para

produtos desenvolvidos internamente quanto para produtos licenciados externamente.

Quanto à velocidade supracitada, vários são os elementos que podem influenciá-la. Neste

sentido, Kessler e Chakrabarti, (1999) sugerem uma abordagem de contingência para a

inovação, porque certos elementos são conflitantes para os tipos de inovação em questão,

incremental ou radical. No entanto, tentar acelerar a inovação não ocorre sem perigos, pois um

rigoroso planejamento e controle criam um risco de acabar com a criatividade e, portanto, a

inovação ao mesmo tempo (AMABILE, 1998; KANTER, 2006).

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Johnson, Christensen e Kagermann (2008) argumentam, ainda, que, para melhorar o

desempenho da inovação, as empresas devem se concentrar no desenvolvimento de um modelo

de negócios que torne a inovação rentável, em vez de entrar no mercado primeiro.

O último elemento, utilizado por Rao e Weintraub (2013, grifo nosso) para explicar o fator

conquista, é nomeado por escala. Como mencionado anteriormente, estes autores defendem a

disponibilidade de recursos, para projetos de inovação, de forma rápida, a fim de não suprimir

as ações inicialmente idealizadas e formatadas. Reforçando e acrescendo outras considerações

a esta perspectiva, Klingebiel e Rammer (2014) especificam que a gestão de carteiras de

inovação com uma combinação de financiamento amplo inicial e seleção tardia relaciona-se

positivamente com o desempenho do portfólio. Esta estratégia de amplitude e seletividade

permite que as empresas aproveitem a amplitude da alocação de recursos, enquanto a

seletividade supera algumas das desvantagens da amplitude. O maior benefício de um amplo

financiamento é que as empresas podem desenvolver vários projetos, incluindo os que podem

ser bem-sucedidos, apesar de não se qualificarem para obtenção de fundos em uma estratégia

de seleção precoce (KLINGEBIEL; RAMMER, 2014). Outro ponto abordado é que a seleção

posterior torna possível evitar a escalada de custos de amplos financiamentos. Apesar de que,

quando a seleção é feita, as iniciativas são dimensionadas e as demandas de recursos aumentam

rapidamente.

Apenas fornecer recursos para uma iniciativa de inovação não é suficiente, apontam

Christensen e Overdorf (2000). Como os recursos de uma empresa podem ser adequados em

certas situações, embora inadequados em outras situações, cada inovação deve combinar seus

recursos, para que possa ser desenvolvida com sucesso.

Por fim, ao considerar os fatores e seus respectivos elementos, pertencentes ao bloco processos,

consoante estrutura apresentada por Rao e Weintraub (2013, grifo nosso), observou-se que a

literatura sugere que boas ideias podem ser originárias de um vasto e diversificado conjunto de

fontes, tanto internas como externas à empresa. Além disso, à medida que as ideias se movem

através da cadeia de valor da inovação, o processo torna-se um ato de equilíbrio entre finalizar

ideias, para garantir processos eficientes, e fertilizar ideias, para que estas possam florescer.

Constatou-se que, por um lado, existe uma certa tensão entre flexibilidade e conquista e, por

outro lado, disciplina e priorização. Diversos sistemas - como o de stage-gate – são utilizados

para resolver problemas relacionados ao processo, mas, sabendo que nenhum sistema é perfeito,

há de ser considerado que todos eles possuem vantagens e desvantagens aos processos.

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Identificou-se que alguns dos requisitos dos processos, tais como: o fluxo e o tempo, são

danosos para a inovação incremental e radical. Revelou-se, também, na literatura que a

inovação radical é beneficiada com um maior aumento na flexibilização dos processos, um

abastecimento de conhecimento externo e um fluxo de processos dinâmicos, enquanto que a

inovação incremental é beneficiada do aprovisionamento interno de conhecimento e um fluxo

de processos lineares.

Enfim, constata-se que as empresas devem ser capazes de lidar com todos esses processos,

aparentemente incompatíveis, para lidar com os desafios mercadológicos e obter o sucesso

desejado. Na sequência, apresentar-se-á o último bloco, nomeado de sucesso, orientado à

construção da cultura de uma empresa inovadora, segundo Rao e Weintraub (2013, grifo nosso).

2.3.7 Sucesso

Em termos mais gerais, o sucesso reforça os valores, comportamentos e processos

organizacionais, que por sua vez conduzem muitas das ações e decisões subsequentes, como

por exemplo: quem será recompensado, quais pessoas vão ser contratadas e que projetos serão

aprovados (Rao; Weintraub, 2013, p. 30). Consoante este autores, o sucesso de uma inovação

pode ser capturado em três níveis: externo, empreendimento e individual (Figura 29), sendo

estes os três fatores que caracterizam o bloco sucesso, presentes na estrutura apresentada por

Rao e Weintraub (2013).

Figura 29 – Estrutura do bloco SUCESSO, segundo Rao e Weintraub.

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013).

SUCESSO

Externo Empreendimento Individual

Clie

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Dis

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Blocos Fatores Elementos

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Quando um gerente se questiona sobre como gerenciar e recompensar sua equipe, ele precisa

estar ciente do impacto das normas culturais e escolher um instrumento complementar a essas

normas, pois aumentaria, em muito, a sua chance de sucesso (HOFSTEDE, 1991).

Construir uma reserva financeira - baseada no sucesso do passado - permite que uma empresa

persiga novas oportunidades inovadoras e invista em áreas necessárias para a continuação do

sucesso já obtido. No entanto, há de ser questionado, se o sucesso é, de fato, bom para a

inovação.

Christensen e Overdorf (2000, p. 5), comentam que os líderes da indústria raramente

apresentam inovações radicais, e a inovação, em geral, tende a ser mais difícil para as empresas

estabelecidas. Levinthal e March (1993) chegam a afirmar que se uma organização alcançou

um desempenho melhor ao desenvolver novas capacidades e conhecimentos em uma

determinada área, o incentivo da organização para aprender novas tecnologias é efetivamente

reduzido. Assim, partindo da premissa que o sucesso realmente reduz as capacidades que as

organizações têm de inovar, isso seria para todos os níveis?

Para responder a tal questão, necessário se faz verificar, com maior profundidade, os três níveis

de sucesso - apresentados na Figura 29 - começando com o externo.

2.3.7.1 Externo

O entendimento relacionado ao primeiro fator do bloco sucesso, numa cultura organizacional

com ênfase nas inovações, estrutura-se em como as partes interessadas, presentes no ambiente

externo, consideram-na como inovadora, conforme enfatizam Rao e Weintraub (2013, p. 35)

ao destacar que “o reconhecimento externo mostra o quão bem a empresa é considerada como

inovadora por seus clientes e concorrentes, e se uma inovação foi recompensada

financeiramente”, no que conduz ao entendimento de que o desempenho de uma empresa

inovadora é superior ao de outras organizações, inclusive nas questões financeiras.

Assim, a partir destes três critérios, supracitados, surgem os elementos que compõem o sucesso

externo de uma organização, cujos rótulos são: clientes, concorrentes e financeiro - Figura 30

-, respectivamente (RAO; WEINTRAUB, 2013, grifo nosso). Na sequência, buscou-se revisar

cada um destes elementos, na ordem em que se encontram apresentados.

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Figura 30 – Estrutura do fator Externo, segundo Rao e Weintraub.

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013, grifo nosso).

Conforme se vê na Figura 30, clientes é o primeiro elemento a ser considerado no fator externo,

segundo o quadro pertencente à Rao e Weintraub (2013, grifo nosso). Para estes autores, a

percepção dos clientes de uma empresa como inovadora é importante. Pode-se, até certo ponto,

observar que esta concepção é autoexplicativa, pois uma empresa que é vista como inovadora,

terá um número grande de clientes prontos para comprar a próxima grande novidade, mesmo

que o produto seja inferior a um oferecido por um concorrente. Por outro lado, uma empresa

que não é vista como inovadora pode se esforçar para chamar a atenção para as suas novas e

inovadoras ofertas, mas não conseguirão o mesmo benefício, mesmo que o que está sendo

oferecido atinja tecnicamente cada concorrente.

Há de se constatar que muitas empresas são famosas por terem uma grande consideração pela

inovação, e continuam se esforçando para criar ou manter uma reputação inovadora. Neste

ínterim, alguns estudos demonstram a importância da percepção dos clientes quanto à inovação

das empresas para o desempenho do mercado.

Henard e Dacin (2010, p. 330), ao pesquisarem esse fenômeno, descobriram que a reputação de

uma empresa que possui produtos inovadores influencia, direta e positivamente, o

comportamento dos clientes de quatro maneiras distintas: através de uma maior excitação pela

empresa, através do aprimorando da imagem corporativa, aumentando a tolerância ao fracasso

e através do aumento da lealdade à empresa. Outro ponto destacado na pesquisa em questão,

debruça-se sobre o fato de que a reputação de produtos inovadores não afeta a elasticidade do

preço ao consumidor. Em outro estudo, Fuertes-Callén e Cuéllar-Fernández (2014) descobriram

que a inovação de produtos aumenta o grau de comercialização e reputação dos mesmos, o que,

por sua vez, aumenta o desempenho do mercado, sendo este, um importante fator de sucesso

para as inovações. Estes autores sugerem, então, que as empresas devem integrar as atividades

de inovação e marketing.

Fator Elementos

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Apesar da inovação parecer ter consequências meramente positivas, nem todas elas contribuem

para uma melhor reputação da perspectiva do cliente. Stock e Zacharias (2013) defendem que

os gestores devem levar em consideração as respostas positivas e negativas dos clientes, a

despeito da inovação. Eles concluem, a partir desta perspectiva, que os gestores não só devem

produzir muitas inovações, mas também garantir que os clientes as considerem significativas.

Outra questão apontada por Stock e Zacharias (2013), relaciona-se com os efeitos negativos da

novidade, sendo estes menores nas empresas que possuem uma marca forte e inovadora.

Assim, ao se buscar o sucesso organizacional, através de uma cultura inovadora, a liderança

deve ponderar e trabalhar para minimizar os efeitos negativos da inovação, dinamizando os seus

efeitos positivos, e observando o comportamento da concorrência externa, a fim de não perder

a qualidade da percepção dos clientes sobre a organização, sendo este – concorrentes – o

próximo elemento considerado no fator externo, conforme se vê na Figura 30.

Na perspectiva em questão, Rao e Weintraub (2013, p. 35) consideram a avaliação dos

concorrentes, como uma empresa de desempenho inovador, uma medida importante para o

sucesso externo da organização. Analisar a concorrência é como fazer um check-up sobre os

seus competidores e rastrear onde e o que eles estão fazendo para se destacar no mercado,

permitindo identificar oportunidades de melhoria e reforçar os pontos que já o colocam em

vantagem competitiva, cujos detalhes podem determinar o sucesso ou o fracasso de uma

empresa.

Num estudo conduzido por Iyengar, Kargar e Sundararajan (2011), chegou-se à conclusão de

que as empresas que desejam ser admiradas devem atuar melhor no mercado e ter uma forma

democrática de governança corporativa, o que pode parecer óbvio, especialmente pelo fato de

que o aumento do desempenho se correlaciona positivamente com a reputação de uma

organização. O estudo em questão, se baseou na lista das “Empresas mais admiradas da

América”, apresentadas pela revista Fortune, cujos dados referenciam as respostas de pesquisa

realizada com líderes empresariais (executivos, diretores) e analistas, para determinar a

reputação das empresas.

Um outro estudo, realizado por Safón (2009), objetivou os efeitos sobre a reputação da inovação

e da qualidade do produto em indústrias com diferentes níveis tecnológicos, mas suas

descobertas não indicaram diferenças significativas entre as indústrias de alta, média e baixa

tecnologia. No entanto, suas descobertas implicam que as empresas podem se beneficiar

relativamente mais ao se concentrar na qualidade do produto, do que ser a empresa mais

inovadora em relação à reputação da empresa.

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126

Por fim, um outro apontamento apresentado por Iyengar, Kargar e Sundararajan (2011),

relaciona-se com a constatação de que o retorno dos ativos - que é uma medida do desempenho

financeiro -, aparentemente, não é importante para conquistar a admiração dos concorrentes, ao

analisar a lista supracitada, sendo este viés – financeiro – o último elemento presente no fator

externo, consoante Rao e Weintraub (2013).

Apesar do posicionamento acima apresentado, diversos estudos têm mostrado que a inovação

se correlaciona positivamente com o desempenho financeiro. Em um grande estudo que contou

com milhares de empresas, Cainelli, Evangelista e Savona (2006) descobriram uma relação

cumulativa e auto reforçada entre inovação e produtividade das empresas; as empresas com

bons resultados têm maior capacidade de desenvolvimento de inovações e, para tal

circunstância, alocam mais recursos para tais projetos.

No que tange às inovações radicais, Xin, Yeung e Cheng (2009) descobriram que embora a

inovação radical ajude as empresas a manterem o crescimento das vendas e o retorno sobre as

mesmas, a rentabilidade da empresa, em termos de retorno sobre ativos (ROA21), não é

significativamente melhorada. E asseveram que o que de fato ocorre é que os fabricantes sofrem

com um declínio na rentabilidade após a introdução de inovações radicais no desenvolvimento

de novos produtos, circunstância, também explicitada por Cainelli, Evangelista e Savona

(2006).

Como os projetos que culminam em inovações radicais são frequentemente caros, os efeitos de

curto prazo tendem a apresentar um desempenho reduzido. Em uma perspectiva de longo prazo,

a inovação, uma vez radical, passa a integrar o portfólio da empresa e contribui para o

desempenho, enquanto novos e dispendiosos projetos com a mesma característica são

desenvolvidos. Numa outra perspectiva, observa-se que as inovações incrementais trazem

ganhos a curto prazo, e encontrar um equilíbrio entre as duas garante que as empresas possam

explorar a atual, enquanto ainda podem explorar a viabilidade futura (LEVINTHAL; MARCH,

1993). Desta forma, torna-se importante o desenvolvimento de ambos os tipos de projetos para

a manutenção das atividades organizacionais.

No tópico seguinte, será analisado o segundo fator de sucesso, conjuntamente com seus

respectivos elementos, de uma empresa de cultura inovadora, cujo nome é apresentado por:

empreendimento, segundo o quadro de Rao e Weintraub (2013).

21 O retorno sobre ativos (Return on Assets - ROA) mostra a percentagem de quão rentável os ativos toais de

uma empresa estão em geração de receita.

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2.3.7.2 Empreendimento

O segundo fator, presente no bloco de construção, de uma cultura organizacional inovadora,

cujo nome é sucesso, chama-se: empreendimento, e se relaciona com o papel que a inovação

tem na empresa. Este fator, de acordo com Rao e Weintraub (2013, p. 35, grifo nosso), incorpora

os elementos: propósito, disciplina e habilidades (Figura 31). Rao e Weintraub (2013, p. 35)

explicam cada um destes elementos, através de compreensão de que a inovação deve ser tratada

como uma estratégia de longo prazo e não como uma solução de curto prazo”, o que recai sobre

o empreendimento a necessidade de uma “[...] abordagem deliberada, abrangente e disciplinada

da inovação”. Por fim, eles consideram que “os projetos de inovação devem contribuir para o

desenvolvimento de novas habilidades na organização que não existiam três anos antes”. Na

sequência, ver-se-á algumas considerações ao primeiro elemento: propósito.

Figura 31 – Estrutura do fator Empreendimento, segundo Rao e Weintraub.

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013, grifo nosso).

Propósito, conforme descrito em Rao e Weintraub (2013, p. 35), é tratar a “[...] inovação mais

como uma estratégia de longo prazo, do que uma solução de curto prazo”. Corroborando com

esta perspectiva, Cooper e Kleinschmidt (1995, p. 384) enfatizam “uma nova estratégia, clara

e bem comunicada, de novos produtos para a empresa” como um importante direcionador de

desempenho que distingui a solidez de uma organização em relação aos seus concorrentes.

Assim, o programa de novos produtos em uma empresa deve ter um foco de longo prazo,

direcionando seus projetos para esta perspectiva, também.

Levinthal e March (1993, p. 110) fazem um alerta para a miopia temporal, como uma das

restrições ao aprendizado da inteligência nas organizações, e argumentam que “o aprendizado

organizacional tende a sacrificar o longo prazo para o curto prazo”. Acrescenta, ainda, que, “à

medida que as organizações desenvolvem competências e nichos distintos, eles também

comprometem sua capacidade de aprender fora dessas competências e nichos”. Além disso,

outro ponto destacado por Levinthal e March (1993, p. 110), aponta para o fato na qual

Fator Elementos

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uma organização não pode sobreviver a longo prazo, a menos que sobreviva

em cada uma das corridas curtas ao longo do caminho, e as estratégias que

permitem a sobrevivência de curto prazo tendem a aumentar a vulnerabilidade

de longo prazo.

Desta forma, diante das considerações acima apresentadas, a estratégia de uma organização

deve incluir um plano de longo prazo, bem como garantir a sobrevivência a curto prazo. Uma

vez que uma organização possui uma estratégia que inclua viabilidade de longo prazo e sucesso

no curto prazo, tudo o que haveria de ser feito seria executar a estratégia apresentada.

Um outro ponto a ser considerado repousa sobre o fato de que, atualmente, a maioria das

empresas possuem estratégias e visões bem articuladas, mas poucos são capazes de executá-las

adequadamente. Neste aspecto, Tushman, (1997, p. 16) argumenta que o grau em que os

gerentes são capazes de executar as estratégias e visões de uma empresa “[...] depende de como

os gerentes lidam com os processos, estruturas, recompensas, sistemas, papéis, competências e

cultura organizacional”. Há de se considerar, também, que o gerenciamento dos processos de

inovação – incrementais e/ou radicais – exigiria

[...] que os gerentes possam manter consistência e incentivar a melhoria

contínua das ofertas atuais, ao mesmo tempo que permitem a flexibilidade e a

experimentação que ajudam a empresa a criar ou responder às mudanças

radicais do meio [...]” (TUSHMAN, 1997, p. 17).

Além disso, de acordo com este mesmo autor, a estratégia, a estrutura, as pessoas e os processos

necessários para a inovação incremental são fundamentalmente diferentes da inovação radical,

exigindo dos gerentes a existência de diferentes estruturas e culturas na organização, apesar de

que todos estes elementos devem convergir para uma mesma visão e gestão organizacionais.

Conseguir isso, no entanto, exigiria que os gerentes e os funcionários pensem sobre suas ações

e decisões; eles precisam ter disciplina em seu trabalho, sendo este o tópico apresentado no

parágrafo seguinte.

De acordo com o delineamento traçado por Rao e Weintraub, (2013, p. 35, grifo nosso), a

disciplina é um dos três elementos que descrevem o fator empreendimento, e compreende ter

“[...] uma abordagem deliberada, abrangente e disciplinada da inovação”. Ter uma abordagem

disciplinada para a inovação é, obviamente, uma vantagem para uma organização. No entanto,

quais as decisões são tomadas quando confrontadas com uma inovação em particular? Além

disso, existe uma diferença na disciplina para inovações radicais e incrementais?

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Cooper (1990), defende que um sistema de stage-gate será, para muitas empresas, a resposta

para uma abordagem disciplinada da inovação, gerando melhores resultados ao processo, em si

mesmo.

A inovação de produtos sempre será um empreendimento de alto risco. O

sistema de stage-gate é apenas uma disciplina que constrói os ingredientes de

sucesso para o processo de inovação pelo design e não por acaso. Os

resultados são melhores decisões, mais foco, menos falhas e

desenvolvimentos mais rápidos (COOPER, 1990, p. 54).

No entanto, conforme fora mencionado, “para muitas empresas”, nenhum sistema é perfeito.

Brun, Sætre e Gjelsvik (2009, p. 63) especificam que embora seja adequado para indústrias

relativamente estáveis e inovações incrementais, os sistemas de stage-gate são menos

adequados para a inovação em ambientes dinâmicos e o gerenciamento de processos de

inovação radicais, sugerindo, com isto, que o desenvolvimento de novos produtos deve ser

abordado de forma não linear com ênfase em iterações e flexibilidade. Por outro lado, estas

colocações, deixa implícito que o uso de sistemas de stage-gate é eficaz apenas quando se trata

de inovações incrementais, situação refutada por Cooper (1990, p. 49) ao enfatizar que o

problema está associado à coleta de informações, em não as fazer em grau suficiente, e às

difíceis decisões de continuidade ou finalização dos projetos.

Enfim, por mais importante que seja ter uma abordagem disciplinada para a inovação, é

igualmente importante separar os tipos de inovação e compreender que diferentes tipos

requerem diferentes abordagens. Para um projeto de inovação radical, a disciplina pode

significar considerar várias ideias antes da seleção, lembrando-se de iterar entre fases e manter

a flexibilidade, apesar das tendências organizacionais de estabilidade. Por outro lado, os

projetos incrementais provavelmente terão uma abordagem mais clássica para a disciplina, onde

regras e estágios predefinidos e entregáveis podem ser benéficos. Independentemente do tipo

de inovação e processos disciplinares que recairão sobre as diferentes abordagens, as

habilidades dos colaboradores serão determinantes para a análise e execução dos processos

necessários a adequação dos projetos aos problemas e desafios organizacionais, sendo este – as

habilidades – o próximo tópico, considerado no fator empreendimento.

As habilidades, como o elemento final que compõem o fator de sucesso em questão, segundo

Rao e Weintraub (2013, p. 35) devem ser oriundas da contribuição que os projetos de inovação

efetivamente trazem para o desenvolvimento de novas habilidades que a organização não tinha

há três anos antes, pois, uma organização que se destaca no desenvolvimento de novas

habilidades tem o que a literatura de inovação se refere como capacidades dinâmicas, sendo

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estas, definidas por Teece, Pisano e Shuen (1997, p. 516) como “[...] a capacidade da empresa

de integrar, construir e reconfigurar competências internas e externas para abordar ambientes

em rápida mudança”.

A importância de desenvolver capacidades dinâmicas em uma organização dependeria, pelo

menos até certo ponto, da indústria em que a organização compete. Por exemplo, uma empresa

que concorre no setor de informática deve sempre adaptar-se a ambientes em contínuas

mudanças e estar sempre atenta à novas tecnologias que possam tornar as empresas obsoletas

em muito pouco tempo (CHRISTENSEN; OVERDORF, 2000, p. 6). No outro lado do espectro,

no entanto, os fabricantes de automóveis são conhecidos pelo seu conservadorismo. Nessa

indústria, as barreiras à entrada são altas, e as organizações geralmente não introduzem

tecnologias perturbadoras em favor de melhorias contínuas. Assim, mesmo que todas as

indústrias possam se beneficiar do desenvolvimento de novas capacidades, o ritmo em que deve

ser feito difere de indústria para indústria, pelo menos quando se considera as consequências

de curto prazo.

Atuahene-Gima (2005, p. 61), num estudo relacionado com o paradoxo gerencial que envolve

as capacidades versus rigidezes organizacionais, no que concerne à inovação de novos produtos,

afirma que “a inovação bem-sucedida de produtos exige que uma empresa deve explorar suas

competências existentes ao tentar evitar seus efeitos de rigidez disfuncionais, renovando-os e

substituindo-os inteiramente por novos”. As competências organizacionais, conforme

entendimento deste autor, “referem-se aos conhecimentos, habilidades e rotinas afins que

constituem a capacidade de uma empresa criar e oferecer um valor superior para o cliente”. Em

termos de exploração dos processos de inovação, Atuahene-Gima (2005, p. 61, grifo nosso)

sugere que

a orientação de mercado pode impedir a empresa de se tornar

operacionalmente eficiente, mas estrategicamente ineficiente por produzir

simultâneas competências de exploração, que são diferencialmente

relacionados aos resultados de inovação de produto incrementais e radicais.

Quanto às competências de exploração, Atuahene-Gima (2005, p. 62, grifo nosso) destaca duas

tendências específicas: uma alinhada ao fato “de uma empresa investir recursos para aperfeiçoar

e ampliar o conhecimento, habilidades e processos de inovação de produtos existentes”; e a

outra alinhada ao fato “de uma empresa investir recursos para adquirir conhecimentos,

habilidades e processos inteiramente novos”. Por fim, Atuahene-Gima (2005, p. 81) sugere que

“a orientação para o mercado parece ser um mecanismo fundamental pelo qual as empresas

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podem se beneficiar de suas habilidades sem incorrer nos custos associados às potenciais

rigidezes”.

Assim, faz-se necessário às organizações o desenvolvimento de múltiplas competências, para

adaptar-se às exigências de mercado, através de mecanismos ora flexíveis, ora rígidos, a

depender do tipo de produto e dos resultados delineados estrategicamente para serem

alcançados e garantirem a sustentabilidade do empreendimento.

Até este ponto, buscou-se apresentar um esboço teórico do sucesso no nível do

empreendimento. Na sequência, descrever-se-á como o sucesso é conquistado em um nível

individual.

2.3.7.3 Individual

Figura 32 – Estrutura do fator Individual, segundo Rao e Weintraub.

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013, grifo nosso).

De acordo com Rao e Weintraub (2013, p. 35), o sucesso de nível individual significa que os

funcionários estão satisfeitos com sua participação em projetos de inovação, que desenvolvem

competências participando de novas iniciativas e, finalmente, que as pessoas são

recompensadas pela participação em projetos arriscados, independentemente do resultado.

Essas declarações compõem os três elementos do sucesso individual: satisfação, crescimento e

recompensa (Figura 32), segundo perspectiva delineada por Rao e Weintraub (2013, p. 35, grifo

nosso). Vejamos, então, alguns pontos destacados por este autor e por outros, no que tange à

cada um destes elementos, a começar pela satisfação.

Rao e Weintraub (2013, p. 35) enfatizam a importância de manter os funcionários satisfeitos

através da participação em iniciativas de inovação. As empresas podem iniciar inovações de

duas maneiras: de baixo para cima ou de cima para baixo (BIRKINSHAW; BOUQUET;

BARSOUX, 2011, p. 49, grifo nosso). Na abordagem de baixo para cima, entende-se que os

gerentes não estão tão envolvidos na ação quanto outros funcionários, tornando mais fácil para

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aqueles que estão na linha de frente encontrar ideias relevantes. Ao mesmo tempo, os esforços

de inovação ascendente beneficiam altos níveis de engajamento e satisfação dos funcionários.

Por outro lado, uma abordagem de cima para baixo pode ser mais eficiente, e beneficiar o

alinhamento direto com os objetivos organizacionais. No entanto, as empresas inteligentes

usam ambas as abordagens: uma para aumentar a participação em projetos de inovação - de

baixo para cima - e outra, para dar aos projetos o patrocínio que precisam para sobreviver – de

cima para baixo. (BIRKINSHAW; BOUQUET; BARSOUX, 2011, grifo nosso).

As organizações muitas vezes falham na inovação porque dividem os funcionários em duas

unidades: os que inovam e aqueloutros que continuam fazendo o que já fazem (BROWN;

DUGUID, 2000; KANTER, 2006). A razão pela qual isso afeta, negativamente, a inovação é

que você cria um grupo associado à diversão (alimentado pela criatividade e liberdade, quanto

às regras, e sistemas rígidos) e um outro associado a atividades mais chatas e diretas (cercadas

por sistemas rígidos que prosperam pela eficiência). Como resultado, um grupo – o dos

inovadores - estará satisfeito com seu grau de envolvimento em iniciativas de inovação,

enquanto que o outro grupo não. A questão principal, no entanto, não é a separação em si, mas

sim, que ela, geralmente, promove a inveja, o que favorece ainda mais os funcionários

insatisfeitos, e neste caso, a empresa precisaria facilitar a comunicação entre o grupo de

inovação e o outro grupo que atua no negócio principal, criando uma estrutura organizacional

flexível que permitisse aos funcionários cooperarem em projetos de inovação, conforme sugere

Kanter (2006, p. 11).

Na tentativa de aumentar a participação dos funcionários e fortalecer a inovação em geral,

Buech, Michel e Sonntag (2010) sugere a utilização de um sistema de sugestões. Segundo estas

autoras, os sistemas de sugestões estão positivamente relacionados com a justiça interna e a

motivação do empregado para apresentar sugestões. Este sistema também se relaciona com a

satisfação da inovação, aumentando a possibilidade dos indivíduos de participar dos projetos

de inovação. As autoras argumentam, ainda, que existem duas razões pelas quais as

organizações usam sistemas de sugestão: para reduzir as despesas relacionadas à comunicação

e ideação, e para dirigir os esforços inovadores, feitos pelos funcionários, para os objetivos da

empresa.

De forma natural, observa-se que a satisfação dos colaboradores também está relacionada ao

crescimento daquilo com a qual esteja direta ou indiretamente envolvido, contribuindo ou não

com o desenvolvimento organizacional, sendo este – o crescimento – o segundo elemento do

fator individual de sucesso, segundo o quadro apresentado por Rao e Weintraub (2013, p. 35,

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grifo nosso), ao defender que a participação em novas iniciativas irá ampliar e desenvolver as

competências das pessoas, garantindo assim o crescimento futuro da organização.

Atualmente, diante das mutações de mercado, os ativos são, temporariamente, uma fonte de

vantagem competitiva (COLLIS; MONTGOMERY, 1995). Ainda assim, a maioria das

empresas opta por não incluir todos os seus funcionários em iniciativas de inovação e, portanto,

perdem a iniciativa que poderia resultar em ativos novos e valiosos. Ao invés disso, eles

dividem o trabalho em inovadores e aqueles que fazem o trabalho de rotina (BROWN;

DUGUID, 2000; KANTER, 2006). Todos os funcionários deveriam, idealmente, participar de

iniciativas de inovação, pois contribuiria para o conjunto de conhecimentos adquiridos pela

empresa. Além disso, todos os funcionários precisam ser inovadores para reagir e adaptar seus

processos de trabalho a uma mudança repentina no ambiente em que se encontrem inseridos

(BROWN; DUGUID, 2000, p. 74).

Na tentativa de agrupar o conjunto de conhecimentos adquiridos pela organização, Wenger e

Snyder (2000, p. 139, grifo nosso) sugerem a aplicação do que eles chamam de comunidades

de prática: “grupos de pessoas informalmente vinculados por conhecimentos compartilhados e

paixão por uma empresa comum - engenheiros engajados em perfuração em águas profundas,

por exemplo, [...]”. As comunidades de prática dão às pessoas a oportunidade de aprender com

outros trabalhadores mais experientes e, ao mesmo tempo, transferir as melhores práticas

através das fronteiras da empresa. Essa capacidade de gerar e disseminar novos conhecimentos

permite que as comunidades de prática gerem conhecimento sobre como elas estão melhor

organizadas, tornando-as capazes de se renovar. Assim, as comunidades de práticas, como

forma organizacional, dão às empresas a vantagem de, constantemente, desenvolver a forma

como elas constroem e trocam conhecimento (WENGER; SNYDER, 2000).

Rao e Weintraub (2013, p. 35, grifo nosso) enfatizam a recompensa como uma ferramenta para

aumentar a participação da inovação entre os funcionários, sendo este o terceiro elemento do

fator individual que impacta o sucesso organizacional. No entanto, a recompensa é uma faca de

dois gumes que as empresas têm de manusear cuidadosamente para garantir que ela corte do

jeito certo.

Deci, Koestner e Ryan (1999) descobriram que os ativos tangíveis, como recompensa, se

correlacionavam negativamente com a motivação, pois os ativos tangíveis tendem a minar a

motivação intrínseca entre as pessoas. Birkinshaw, Bouquet e Barsoux (2011, p. 49)

argumentam que recompensar as pessoas por suas iniciativas de inovação é um erro comum

entre as empresas, enfatizando que “o processo de inovação - de tomar a iniciativa para criar

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novas soluções - é sua própria recompensa”. Birkinshaw, Bouquet e Barsoux (2011, p. 49)

acrescentam, ainda, que “as empresas inteligentes enfatizam os fatores sociais e pessoais do

esforço discricionário, e não os fatores materiais”, sendo esta a chave para facilitar um

comportamento inovador desejado entre os funcionários, pois mostrou ser extremamente

poderoso em afetar a forma como as pessoas se motivam (DECI; KOESTNER; RYAN, 1999).

Na busca por aumentar a motivação intrínseca entre os funcionários, nas empresas, Kanter

(2013) sugere três coisas: primeiro, ajudar as pessoas a desenvolver habilidades, pois motiva as

pessoas a moldar seu futuro. Isso também tornará as pessoas capazes de fazer as coisas de forma

mais rápida e inteligente do que antes e preencher o conjunto coletivo de conhecimento da

empresa (BROWN; DUGUID, 2000); em segundo lugar, as empresas precisam estabelecer uma

cultura que honre os indivíduos que inovam. Na prática, as empresas precisam criar sistemas

de recompensa que reconheçam o trabalho das pessoas (WENGER; SNYDER, 2000), por

exemplo: através de publicidade ou outras formas de honrar, dando reconhecimento às pessoas

pelo que fizeram (BROWN; DUGUID, 2000); e, como última sugestão, que as pessoas tenham

uma visão mais ampla do por que suas ações são cruciais para a empresa, orientando os

comportamentos dos funcionários em direção a metas de longo prazo, finalizando aqui as

considerações em torno dos elementos e fatores que afetam o sucesso organizacional.

Assim, em termos gerais, observou-se que a reputação externa da inovação das empresas afeta

tanto o comportamento do cliente quanto do concorrente, bem como o desempenho financeiro.

Além disso, as empresas devem estar cientes de como o sucesso da inovação afeta a ela mesma,

tanto quanto seus indivíduos, pois existem vários aspectos que influenciam os valores,

comportamentos e processos organizacionais, de acordo com a argumentação de Rao e

Weintraub (2013). Também fora observado que a inovação radical e incremental exige

diferentes processos de inovação, e que, em relação aos indivíduos, uma separação rígida entre

uma equipe inovadora e o resto da empresa é uma abordagem ruim, pois pode diminuir a

satisfação entre os funcionários, e que o envolvimento de todos deve ser priorizado como um

caminho para aumentar a motivação intrínseca.

Isso conclui os blocos de construção orientados para o desenvolvimento da cultura de uma

empresa inovadora, conforme sistematização desenvolvida por Rao e Weintraub (2013).

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3 METODOLOGIA DE PESQUISA

Neste capítulo, será apresentada a metodologia de pesquisa utilizada para elaboração do

trabalho. A primeira seção apresenta a caracterização da pesquisa e os métodos utilizados. Em

seguida, é apresentado o locus da pesquisa e os critérios utilizados para a sua escolha, seguido

do universo e amostra alcançada. Por último, são explanados os instrumentos que foram

empregados para a coleta de dados, bem como a maneira como os dados foram analisados.

3.1 Caracterização da pesquisa

A pesquisa realizada neste trabalho tem uma abordagem quantitativa, na qual dimensões,

propriedades ou qualidades de conceitos são expressas em forma de escalas numéricas

(BRUYNE; HERMAN; SCHOUTHEETE, 1977). Quanto aos fins, pode-se dizer que é

exploratória, ou seja, “quando não se tem informação sobre determinado tema e se deseja

conhecer o fenômeno” (RICHARDSON, 1989, p. 26). É, ainda, uma pesquisa descritiva, pois

tem por finalidade descrever as características do fenômeno.

A avaliação do Quociente de Inovação (Rao e Weintraub, 2013) é uma pesquisa que usa uma

escala Likert para medir a forma como as pessoas inovadoras percebem a cultura de sua

organização. Ao escolher uma amostra aleatória ou, ainda melhor, ter todos os funcionários

respondendo o questionário, podemos agregar os resultados para uma indicação dos pontos

fortes e fracos de uma cultura organizacional em relação à inovação.

O levantamento das informações ocorreu por meio de uma pesquisa eletrônica, através de um

formulário, como se vê uma pequena amostra no Apêndice A, com o qual, buscou-se identificar

os elementos necessários para atender aos objetivos propostos. A constituição deste formulário

se desdobra na observância de 54 elementos, oriundos dos questionamentos apresentados no

trabalho realizado pelos Professores da Babson College, Jay Rao e Joseph Weintraub, e

publicados no artigo cujo título original é “How Innovative Is Your Company’s Culture?22”,

disposto de forma completa e traduzido no Apêndice B. No artigo em questão, os autores

apresentam uma ferramenta de avaliação prática de 360º23, que pode ser utilizada para avaliar

quão útil está a cultura organizacional para as práticas de inovação, através de um modelo

simples, contendo os elementos-chave de uma cultura de inovação.

22 Como está a cultura de inovação de sua empresa? (Tradução do próprio autor). 23 Denominação atribuída, pelos autores, em função do instrumento utilizado poder captar os elementos

essenciais, qualitativos e quantitativos, da cultura de inovação de uma organização.

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136

Chamada de “Innovation Quocient (IQ)24”, esta ferramenta se propõe a captar elementos

qualitativos25 e quantitativos26, presentes na organização, capazes de estruturar a dinâmica

empresarial para melhor se adaptar ao cenário em que se encontra, principalmente em tempos

de incertezas.

3.2 Locus da pesquisa

A pesquisa transcorreu em diferentes grupos de concessionárias automotivas, independente de

qual marca estavam vinculadas, ou tamanho da organização, em termos de faturamento,

presentes e distribuídas pelo país. Tal circunstância está relacionada à acessibilidade das

empresas, sendo estas fornecidas por uma consultoria especializada no setor automotivo,

atuante em todo território nacional.

3.3 Universo e amostra da pesquisa

Segundo a FENABRAVE27 (2015), no Brasil, existe algo em torno de 4.300 concessionários

automotivos. Foram convidados, por conveniência, quanto à acessibilidade dos respondentes,

8 (oito) Grupos empresarias, todos representantes do setor automotivo e atuantes na região

supracitada, a participarem da pesquisa em questão. Dentro do prazo em que a mesma fora

executada, porém, apenas 4 (quatro) Grupos consentiram em participar, equivalentes a algo em

torno de 55 unidades de negócios. Por questões relacionadas à exposição dos Grupos

participantes, seus nomes não foram divulgados, mas estão devidamente caracterizados no

início capítulo subsequente, nos quadros 22 a 26.

Esta pesquisa está caracterizada por uma amostra não probabilística, ao qual, segundo Malhotra

(2012, p. 274) “o pesquisador pode, arbitrária ou conscientemente, decidir os elementos a serem

incluídos na amostra”.

Quanto a este tipo de amostra – não probabilística – Malhotra (2012, p. 274) elucida que elas

“podem oferecer boas estimativas das características da população, mas não permitem uma

24 Quociente de Inovação (Tradução do próprio autor). 25 Orientados para as pessoas. 26 Orientados para os recursos. 27 Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores.

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137

avaliação objetiva da precisão dos resultados amostrais”, ou seja, “as estimativas obtidas não

são estatisticamente projetáveis para a população”.

Entre as técnicas de amostragem não probabilísticas comumente usadas, inclui-se a amostragem

por conveniência, em que segundo Malhotra (2012, p. 275) “procura obter uma amostra de

elementos convenientes. A seleção das unidades amostrais é deixada em grande parte a cargo

do entrevistador”.

A pesquisa foi planejada para incluir 5 respondentes por concessionária, em média, em função

dos cargos de liderança organizacional em que se encontravam, conforme orientação

estabelecida pelos autores do instrumento utilizado, Rao e Weintraub (2013). Assim, diretores,

gerentes, supervisores, chefes e encarregados foram estudados, no que se refletiu numa amostra

de 261 possibilidades de retorno, para subsequente análise.

Ao término do período estabelecido, para recepção dos formulários respondidos, contudo, a

pesquisa obteve um retorno de 167 respondentes completos, dentro do perfil delineado.

3.4 Instrumento de coleta de dados

O instrumento em questão requer que os pretensos entrevistados apresentem suas percepções

sobre o desempenho de sua organização, diante do que os Professores Jay Rao e Joseph

Weintraub definem como os seis blocos de construção de uma cultura de inovação, quais sejam:

valores, comportamentos, clima, recursos, processos e sucesso (Quadro 21).

Quadro 21 – Os seis blocos de inovação e seus respectivos fatores e elementos.

(Continua)

Blocos de

construção

Fatores Elementos

Valores

Empreendedorismo Fome, ambiguidade, foco na ação

Criatividade Imaginação, autonomia, descontração

Aprendizado Curiosidade, experimento, aceitação do erro

Comportamentos

Estimular Inspiração, desafios, modelo

Engajar Coaching, iniciativa, apoio

Capacitar Influência, adaptação, determinação

Clima

Colaboração Comunidade, diversidade, trabalho em equipe

Segurança Confiança, integridade, abertura

Simplicidade Sem burocracia, responsabilidade, tomada de decisão

Recursos

Pessoas Campeões, especialistas, talento

Sistemas Seleção, comunicação, ecossistema

Projetos Tempo, dinheiro e espaço

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138

Quadro 21 – Os seis blocos de inovação e seus respectivos fatores e elementos.

(Conclusão)

Processos

Ideação Gerar, filtrar, priorizar

Formatação Protótipo, iteração, erros inteligentes,

Conquista Flexibilidade, lançamento, escala

Sucesso

Externo Clientes, concorrentes, financeiro

Empreendimento Propósito, disciplina, habilidade

Individual Satisfação, crescimento, recompensa

Fonte – Adaptado de Rao e Weintraub, (2013).

Segundo o modelo proposto por Rao e Weintraub (2013, p. 29-30), “os blocos estão ligados

dinamicamente”, a exemplo dos valores da empresa, pois “têm impacto no comportamento das

pessoas, no clima organizacional e em como os resultados são definidos e medidos”. As

companhias dão pouca atenção aos módulos relativos às pessoas, por serem mais difíceis de

mensurar. Para eles, “o que envolve valores, comportamentos e clima organizacional é mais

intangível, e as pessoas sentem dificuldade em lidar com isso”, contudo, elas “têm o poder de

moldar a cultura de inovação e criar uma vantagem competitiva sustentável” (RAO;

WEINTRAUB, 2013, p. 30).

Os autores argumentam que os valores norteiam prioridades e decisões que refletem como a

organização gasta seu tempo e dinheiro. “Os valores são menos o que os líderes dizem ou

escrevem e mais o que fazem e investem”. Empresas inovadoras “investem no

empreendedorismo e na promoção da criatividade e encorajam o aprendizado contínuo”. Para

eles, os comportamentos descrevem como as pessoas agem em favor da inovação. Em relação

à líderes, “incluem a disposição para substituir produtos existentes por novos e melhores,

empolgar os funcionários com uma vibrante descrição do futuro e contornar entraves

burocráticos”. Entre as ações dos funcionários que favorecem a inovação estão “a obstinação

em solucionar obstáculos tecnológicos, a busca de recursos e a disposição para escutar os

clientes” (RAO; WEINTRAUB, 2013, p. 30).

Finalmente, os autores demonstraram que o clima organizacional dá o tom da convivência no

ambiente de trabalho. “Um clima organizacional voltado para a inovação cultiva entusiasmo e

comprometimento, desafia as pessoas a assumir riscos dentro de um ambiente seguro, estimula

o aprendizado e encoraja o pensamento independente” (RAO; WEINTRAUB, 2013, p. 30).

Na outra ponta, Rao e Weintraub (2013, p. 30) argumentam que quando se trata de estimular a

inovação, as companhias dão substancial atenção aos recursos, aos processos e à avaliação do

sucesso, por serem facilmente mensuráveis. Explicam que a forma que uma organização aplica

seus recursos – pessoas, sistemas e projetos - em inovação, afeta a sua capacidade para inovar.

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139

Entre eles, “as pessoas - especialmente os campeões e especialistas em inovação – são os mais

críticos, porque causam um poderoso impacto sobre os valores da empresa e o clima

organizacional”.

Na sequência, expõem que as organizações que implementam processos de inovação

específicos, como etapas para gerar e filtrar novas ideias, priorizar, desenvolver e testar projetos

e protótipos, e determinar com flexibilidade quais ideias ou produtos vão escalar, são mais

capazes de inovar em novos mercados do que as organizações que não empregam tais métodos.

Afirmam também que “o sucesso reforça valores, comportamentos e processos inovadores da

organização”. Que o êxito de uma inovação pode ser observado nos níveis externo, empresarial

e pessoal. O externo, por exemplo, mostra quanto a empresa é reconhecida como inovadora por

clientes e concorrentes e se suas inovações trazem frutos financeiros (RAO e WEINTRAUB,

2013, p. 30).

O instrumento de coleta de dados foi, inicialmente, traduzido para o Português, por se tratar de

material confeccionado em língua estrangeira. Para tal, foi-se adotado, como referência, uma

tradução publicada na revista HSM Management - informação e conhecimento para gestão

empresarial, nº 102, ano 17, volume 1, de Janeiro/Fevereiro 2014, p. 74/75. Foi efetuado,

contudo, um pequeno ajuste na pessoalidade empregada, para adaptar a forma como os

questionamentos seriam lidos e interpretados pelos respondentes, a fim de que os mesmos

pudessem melhor associa-los à sua unidade de trabalho e não à organização como um todo. Isso

foi necessário, uma vez que a pesquisa foi encaminhada para todos os que tivessem alguma

posição de liderança, nos três níveis organizacionais – Estratégico, tático, operacional -, a

exemplo da questão nº 1, relacionada ao elemento “Fome”:

• Tradução da revista: - Temos um desejo ardente de explorar oportunidades e gerar

coisas novas?;

• Tradução adotada: - A sua unidade tem um desejo ardente de explorar oportunidades e

gerar coisas novas?;

Julgou-se assim, induzir o leitor a uma maior imersão no questionamento apresentado e

delimitação quanto à existência real do elemento em questão, pois poderia ser aplicado num

determinado departamento ou numa unidade de negócio em detrimento de outra.

Considere-se que um pré-teste do questionário não foi necessário nesta pesquisa uma vez que

o mesmo foi testado e aplicado em outro trabalho realizado, durante o programa de mestrado.

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140

Na Tabela 1, apresenta-se o perfil do total das respostas obtidas nesta pesquisa, conforme opção

da escala Likert.

Tabela 1 – Caracterização de todas as respostas obtidas.

Opção Quantidade de respondentes % Interpretação

1 505 5,60

Percepção de que o elemento não existe na

cultura organizacional, ou simplesmente, não

entendeu o questionamento.

2 1.272 14,11 Percepção de que o elemento existe, porém é

pouco aplicado.

3 2.532 28,08 Percepção de que o elemento existe e sua

aplicação se dá de forma moderada.

4 2.861 31,72

Percepção de que o elemento existe e é

aplicado em grande parte das situações em

que se enquadra.

5 1.848 20,49

Percepção de que o elemento não só existe,

como também é ativamente aplicado na

maioria das situações requeridas.

Total 9.018 100,00

Fonte: Dados da pesquisa.

A coleta de dados foi operacionalizada no ambiente virtual, mediante a aplicação de um

questionário eletrônico, elaborado e disponibilizado por meio de um link na internet, contendo

54 perguntas, ao qual o respondente pôde escolher uma entre cinco opções, que variam entre 1

(um) e 5 (cinco) pontos de uma escala tipo Likert. O grau de concordância é crescente e vai

desde a não aplicação do item na organização (1 = não existe) até a aplicação sistematizada na

organização (5 = em medida muito grande), não havendo neutralidade nesta escala, onde o

ponto central representa uma aplicação moderada.

As escalas utilizadas são de natureza ordinal, que proporciona determinar se um objeto tem

mais ou menos de uma determinada característica do que um outro objeto, não permitindo,

porém, quantificar essa diferença. Para escalas ordinais é aconselhado o uso de técnicas de

análise não-paramétricas (MALHOTRA, 2012). Foram incluídas, ainda, algumas questões

nominais, abertas, para registro da informação relacionada com o respondente (empresa, marca,

função, endereço eletrônico, entre outras), conforme pode ser observado no apêndice A. Quase

todas as respostas foram categorizadas com o status de obrigatoriedade quanto ao

preenchimento da lacuna, devida conclusão e envio do formulário.

Os possíveis respondentes foram selecionados em função do cargo que ocupam nos diversos

setores das empresas participantes, sendo-lhes enviado um convite, através dos respectivos

endereços postais eletrônicos – e-mails –, contendo um link de acesso ao local onde o

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141

questionário foi armazenado virtualmente, com as devidas orientações quanto ao seu

preenchimento.

Ao realizar o teste de confiabilidade – o Alpha de Cronbach (α) – para o devido instrumento,

consoante os dados obtidos na pesquisa e inerentes a este setor específico, chegou-se à

conclusão de que o este apresentou uma confiabilidade muito alta, com os resultados alcançados

acima de 0,90, conforme classifica Freitas (2005), e pode ser visto na Tabela 2.

Tabela 2 – Teste de confiabilidade relacionado a cada Grupo.

Grupo Alpha de

Cronbach

Todos os

Grupos 0,968

Grupo A 0,981

Grupo C 0,968

Grupo B 0,973

Grupo D 0,955

Fonte: Dados da pesquisa.

3.5 Técnica de análise de dados

A técnica de análise dados se deu por meio de estatística descritiva, utilizando-se de médias

ponderadas, em função do modelo original proposto pelos autores no instrumento utilizado –

Innovation Quocient (IQ) –, no tratamento inicial dos dados, e médias aritméticas simples para

compor as informações subsequentes, pertinentes ao processo de refinamento do ferramental

acima descrito.

O exame se desdobra por uma análise sob cada um dos seis blocos constituintes do questionário

de avaliação da cultura de inovação adotado, quais sejam: VALORES, COMPORTAMENTOS,

CLIMA, RECURSOS, PROCESSOS e SUCESSO, sendo os 3 (três) primeiros, “os blocos

dotados de características eminentemente qualitativas, mais difíceis de se mensurar, e os 3 (três)

últimos, essencialmente quantitativas”, na visão de Rao e Weintraub (2013, p. 30), sendo mais

fáceis sua percepção e mensuração, a serem trabalhados na organização, como pilares essenciais

para a sustentabilidade, na acepção da palavra, organizacional, frente aos contínuos desafios

que enfrenta.

Para o tratamento inicial dos dados obtidos com a pesquisa, fora utilizado uma planilha

eletrônica, conforme se vê uma amostra apresentada na Figura 33, por se tratar de apenas 1

(um) dos pilares – qualitativo - mensurados na avaliação da cultura de inovação existente.

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Figura 33 – Amostra de um dos blocos constituintes do modelo aplicado, obtida com a pesquisa.

Fonte: Adaptado de Rao e Weintraub (2013) e elaborado pelo autor.

1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

0 0 4 5 6 0 1 3 7 4 1 1 4 6 3 0 1 2 5 7 1 0 1 6 7 3 0 8 2 2 0 4 5 4 2 0 0 6 8 1 0 3 6 2 4

3

4 4

2

4

2

Aprendizado

Curiosidade

7 - Somos bons em

fazer perguntas no

sentido de

desvendar o

desconhecido?

Experimento

8 - Estamos sempre

experimentando em

nossos esforços de

inovação?

Aceitação do erro

9 - Não temos medo

de errar e tratamos

os erros como

portunidades de

aprendizado?

3

4

2

5

3

4

4

3,72

3

3

4

2

3

3

5

2

3

2

4

5

4

4

3

5

3

4

3

1

3

3

5

3

3,80

5

4

5

4

4

5

33

4 3

3,47

3

3

4

5

4

2

3

5

5

3

3,89

5

5

5

4

4

4

3

5

5

4

1

4

5

5

4

5

5

5

4,20 4,20

5

5

2

1

3,27 3,67 3,47

Empreendedorismo

VALORES

Imaginação Autonomia Descontração

Criatividade

4 - Encorajamos

novas soluções e

formas de pensar

com base em pontos

de vista diferentes?

5 - Nosso local de

trabalho nos oferece

liberdade para correr

atrás de

oportunidades?

6 - Adoramos ser

espontâneos e não

temos medo de rir de

nós mesmos?

4

5

3

4

4

3

4

Fome

1 - Temos um desejo

ardente para

explorar

oportunidades e

criar coisas novas?

3

5

5

4

4

5

3

4

3

4

Foco na ação

3,00

5

4

3

3

3

3

4

1

5

5

3

4,13

Ambiguidade

2 - Temos um apetite

saudável e tolerância

por ambiguidades

quando perseguimos

novas oportunidades?

4

4

4

4

3

5

3

4

5

2

3

3,93

4

5

5

4

3,60

5

3 - Evitamos a paralisia

perfeccionista quando

identificamos novas

oportunidades criando

uma tendência em relação à

ação?

3

4

4

4

3

3

4

2

1

3

4

5

14

2

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143

Para a análise em questão, foram correlacionadas as informações dispostas nas células com

hachuras de mesmo tom, apresentadas nas faixas destacadas na parte superior e inferior da

tabela em questão, obtidas através de médias ponderadas, no que se refere aos elementos

(Fome, Ambiguidade, Foco na ação, [...], Aceitação do erro), e médias aritméticas, no que

tange aos fatores (Empreendedorismo, Criatividade e Aprendizado), todos do mesmo bloco

(VALORES), obtidos através do questionário aplicado, conforme orientação descrita pelos

autores no artigo anteriormente citado e apresentado originalmente, em língua estrangeira, no

ANEXO A, assim como a respectiva tradução adotada, no APÊNDICE B.

Para a interpretação da escala, obtida através do instrumento de pesquisa adotado, Rao e

Weintraub (2013) se utilizaram dos seguintes critérios:

• se a média for 1 < IQ < 2, a empresa será considerada de baixo grau de

inovação;

• se a média for 2 < IQ < 4, o grau de inovação será moderado; e

• se IQ > 4, a empresa possui um alto grau de inovação.

Segundo o modelo proposto, o mais importante para uma organização não é apenas ter

conhecimento teórico acerca do conceito de inovação e das metodologias possíveis para o

design de ideias, e sim identificar, reconhecer e aprimorar uma verdadeira “cultura da

inovação”, traduzida em projetos e ações efetivas nas diversas áreas da atuação profissional.

Através da pesquisa feita, os elementos com menores escalas de notas poderão ser

aprimorados através de plano de ação. É importante ressaltar que as respostas não são

identificadas pessoalmente e que somente os resultados globais da unidade serão considerados

para efeitos estatísticos acerca do coeficiente de inovação da empresa.

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144

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO

Neste capítulo, poder-se-á ver uma síntese dos dados coletados na pesquisa, assim como, a

análise feita com os mesmos para se chegar, através dos objetivos propostos neste trabalho,

ao objetivo geral que é o de verificar como a cultura organizacional das empresas, que atuam

na ponta da cadeia de valor do segmento automotivo, os revendedores autorizados, estão

caracterizados dentro de uma perspectiva inovadora, segundo os preceitos mercadológicos,

anteriormente supracitados, e dentro do escopo de trabalho apresentado por Rao e Weintraub

(2013).

4.1 Apresentação dos dados

A presente pesquisa foi realizada a partir da listagem de algumas concessionárias

componentes do portfólio de clientes de uma determinada empresa de consultoria

organizacional, atuante no segmento automotivo há mais de 20 anos.

A escolha dos clientes foi delimitada à alguns grupos de representantes automotivos, em

função do acesso e manutenção dos possíveis respondentes, em relação aos resultados que

poderiam proporcionar. Dos oito Grupos selecionados para a realização deste trabalho, apenas

quatro consentiram em participar, diante do prazo estabelecido.

Dentro deste delineamento, foram listadas e convidadas 243 possíveis respondentes, a

contribuírem com suas percepções, ante os questionamentos apresentados no formulário de

pesquisa enviado. Os esforços subsequentes foram centrados nestes Grupos, por diversos

motivos: em função da listagem pontuada; envio dos e-mails com o convite para acesso ao

link contendo os formulários de pesquisa; e acompanhamento de todo o processo. Os nomes

dos respondentes, por questão de sigilo, não foram identificados, sendo considerados os

Grupos de A a D em que faziam parte. O total dos respondentes está apresentado conforme

descrição, abaixo, no Quadro 22.

Segundo o Anuário (2016) da ANFAVEA – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos

Automotores –, haviam 4.389 concessionárias de veículos automotivos, no final de dezembro

de 2015. Destes, 458 revendedores eram de veículos pesados – ônibus e caminhões -, ao qual

não foram contabilizados para os fins desta pesquisa.

As revendas multimarcas que atuam apenas com veículos seminovos, também foram

excluídas da análise por não seguirem uma política específica, relacionada com os serviços

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145

prestados pelas concessionárias no período de vigência das garantias determinadas pelos

fabricantes.

Quadro 22 – Caracterização geral dos 4 (quatro) Grupos.

PORTFÓLIO

FORNECIDO

Quantidade

por Estado

Quantidade

por região

Quantidade

validada

Unidades de

negócio:

54

concessionárias

17 – PE

35 - NE 31 - NE 12 – BA

06 – CE

06 – MG 16 - SE 12 - SE

10 – ES

03 – Pará 03 – NO 02 - NO

PORTFÓLIO

FORNECIDO

Quantidade e

perfil dos

participantes:

243 líderes organizacionais e de

setor (Presidentes, Diretores,

Gerentes, Coordenadores,

Supervisores, Chefes e

Encarregados)

161 – NE 95 - NE

77 – SE 64 - NE

5 - NO 2 - NO

Quantidade

de unidades

por

fabricante:

12 – Chevrolet 9 - NE 9 - NE

3 - SE 3 - SE

08 – FCA (Fiat + Jeep) 5 - NE 5 - NE

3 - SE 3 - SE

08 – Renault 5 - NE 5 - NE

3 - SE 2 - SE

06 – Volkswagen

2 - NE 2 - NE

2 - SE 2 - SE

2 - NO 1 - NO

03 – Hyundai 3 - NE 3 - NE

04 – Nissan 4 - NE 2 - NE

03 – Toyota 1 - NE 1 - NE

2 - SE 1 - SE

03 – Ford 2 - NE 2 - NE

01 – Kia 1 - NE 1 - NE

01 – BMW / Mini 1 - NE 1 - NE

01 – Audi 1 - NO 1 - NO

02 – Volkswagen / MAN 2 - SE -

02 - Seminovos / Multimarcas 2 - NE -

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

Sendo assim, a presente pesquisa validou as respostas obtidas em 44 concessionárias, das 54

possíveis e acessadas, sendo um número não representativo para a caracterização de uma

região específica do país, mas suficiente para o delineamento das características presentes em

cada Grupo pesquisado e suas unidades de negócio, conforme o portfólio de empresas

atendidas pela consultoria organizacional. A descrição sintética é apresentada nos Quadros 23

a 26.

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146

No geral, dos 243 líderes convidados a contribuírem com o estudo em questão,

aproximadamente, 69% responderam ao propósito. Porém, em termos de validação das

respostas utilizadas nas análises subsequentes, apenas 161 corresponderam aos critérios

subjugados, o que representa algo próximo a 66% do número de participantes, tendo a região

nordeste do país, aquela com maior representação na amostra.

Quadro 23 – Caracterização do Grupo A.

GRUPO A

Matriz: Pernambuco

Unidades de negócio: 04 concessionárias 04 – Pernambuco

Quantidade e perfil

dos participantes: 17 líderes

01 – Diretor

12 – Gerentes

03 – Supervisores

01 – Encarregada

Quantidade de unidades por fabricante: 04 – Chevrolet

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

A coleta dos dados, relativos ao Grupo A (Quadro 23), ocorreu de maneira satisfatória, com

retorno de, aproximadamente, 94% do total de formulários enviados. Desse total 88% dos

participantes convidados, em função dos critérios anteriormente apresentados, foram

considerados como válidos para os fins desta pesquisa. O Grupo contribuiu com

aproximadamente 9% do total de formulários válidos na pesquisa como um todo, porém com

100% das unidades de negócios pertencentes Grupo.

Quadro 24 – Caracterização do Grupo B.

GRUPO B

Matriz: Espírito Santo

Unidades de negócio: 13 concessionárias

10 - Espírito Santo

01 - Minas Gerais

02 - Bahia

Quantidade e perfil

dos participantes: 58 líderes

04 – Diretores

34 – Gerentes

17 – Supervisores

03 – Encarregados

Quantidade de unidades por fabricante:

03 – Volkswagen

01 – Hyundai

03 – Renault

03 – Fiat

01 – Ford

02 – Volkswagen / MAN

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

Em relação ao Grupo B (Quadro 24), a coleta de dados se deu, com retorno de

aproximadamente 90% do total dos formulários enviados, contribuindo efetivamente com

74% do total dos participantes, segundo critérios anteriormente estabelecidos. O Grupo

contribuiu com 27% do total de formulários válidos, equivalentes a algo em torno de 77% das

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147

unidades de negócios pertencentes ao grupo em questão, o que representou 23% do total de

concessionárias validadas e analisadas neste trabalho.

Quadro 25 – Caracterização do Grupo C.

GRUPO C

Matriz: Bahia

Unidades de negócio: 18 concessionárias

06 – Bahia

05 – Minas Gerais

04 – Ceará

03 – Pará

Quantidade e perfil

dos participantes: 105 líderes

03 – Diretores

81 – Gerentes

02 - Coordenadores

14 – Supervisores

05 - Encarregado / Líder / Outro

Quantidade de unidades por fabricante:

08 – Chevrolet

03 – Volkswagen

02 – Hyundai

03 – Toyota

01 – BMW

01– Audi

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

No que concerne ao Grupo C (Quadro 25), a coleta de dados também ocorreu de forma

satisfatória, com retorno de 51% do total dos formulários enviados, porém, com a validação

de valores próximos a 48% do total dos participantes deste grupo. O Grupo contribuiu para os

fins desta pesquisa com 32% do total de formulários válidos, representando algo em torno de

89% das unidades de negócios pertencentes ao mesmo. O Grupo C contribuiu com algo

próximo a 36% do total de concessionárias utilizadas nas análises deste trabalho.

Quadro 26 – Caracterização do Grupo D.

GRUPO D

Matriz: Pernambuco

Unidades de negócio: 19 concessionárias

13 – Pernambuco

04 – Bahia

02 - Ceará

Quantidade e perfil

dos participantes: 63 líderes

04 – Presidentes / Diretores

40 – Gerentes

18 – Coordenadores / Auxiliar

Quantidade de unidades por fabricante:

05 - FCA (Fiat + Jeep)

05 – Renault

04 - Nissan

02 - Ford

01 – Kia

02 – Seminovos / Multimarcas

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

Por último, no que tange ao Grupo D (Quadro 26), a coleta de dados se deu de forma a atender

em torno 68% do total dos formulários enviados, e 98% de validação nas respostas obtidas,

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148

segundo critérios anteriormente estabelecidos. Para os fins desta pesquisa, o Grupo contribuiu

com algo em torno de 26% do total de respondentes válidos, representando cerca de 83% das

unidades de negócios pertencentes ao mesmo, o que acrescentou com, aproximadamente, 34%

do total de concessionárias analisadas e presentes neste trabalho.

4.2 Análise dos dados

As análises dispostas nessa parte do trabalho foram desenvolvidas com o propósito de respon-

der aos objetivos específicos propostos. Desta forma, serão apresentados o quociente de

inovação geral e específico de cada grupo, além das características da cultura de inovação de

cada um deles, seguido de suas respectivas análises.

4.2.1 Análise conjunta de todos os grupos participantes

De posse de uma amostra composta por 161 formulários válidos, segundo preceitos já

apresentados, dentre os 167 recebidos, procurou-se, inicialmente, por meio de planilha

eletrônica, analisa-los e apresenta-los de forma sintética, através de gráficos, estabelecendo

um parâmetro, em relação ao portfólio de clientes cedidos, com base nos delineamentos

especificados no instrumento de pesquisa utilizado neste trabalho – o Quociente de Inovação

(QI) -, e observando o comportamento dos “Blocos”, e seus respectivos “Fatores”, e,

conseguintemente, seus “Elementos”. Seguindo as orientações de Rao e Weintraub (2013, p.

36), depois de examinar os resultados da pesquisa, uma imagem clara deve aparecer de onde

a cultura de cada empresa é forte e fraca, bem como demonstrar as áreas específicas onde a

melhoria é mais necessária e aquelas onde é mais provável de se produzir efeito.

Assim, no parâmetro global estabelecido e apresentado no Gráfico 1, destaca-se que o grupo

possui um quociente de inovação de 3,43 – de uma escala de até 5 (cinco) pontos – o que

caracteriza o grupo como tendo um parâmetro de inovação moderado, ou seja, a cultura de

todos os grupos possui elementos que a predispõem para as práticas de inovação, mas não são

utilizados de uma maneira sistematizada para este objetivo, e conseguintemente, para

favorecer ao alcance dos objetivos organizacionais.

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Gráfico 1 – Quociente de inovação de todos os grupos participantes da pesquisa.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

14

9

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150

O Gráfico 1, expõem de maneira generalizada, a disposição de todos os “Fatores”, destacados

em azul, e os respectivos “Elementos” que os caracterizam - apresentados em azul claro. Eles

estão localizados, no gráfico, à esquerda de cada “Bloco” constituinte da cultura de inovação -

destacados em laranja -, que compõem o modelo desenvolvido por Rao e Weintraub (2013,

grifo nosso).

O gráfico em questão reflete o comportamento geral de todos os indicadores, inerentes aos

quatro grupos participantes da pesquisa. Há de ser observado, de acordo com as médias obtidas

por meio da percepção dos respondentes, que alguns destes indicadores se apresentam abaixo

do quociente médio alcançado e outros acima, não devendo ser desprezadas tais representações.

Assim, na leitura do Gráfico 1 percebe-se que pela média alcançada em cada “Bloco”, aqueles

que fazem parte da ala “qualitativa” – VALORES, COMPORTAMENTOS e CLIMA –, “mais

difíceis de serem mensurados”, segundo Rao e Weintraub (2013, p. 30), em função de aspectos

subjetivos e intangíveis, superficiais e profundos, anteriormente apresentados, foram os que

obtiveram maiores pontuações, em relação à média geral, apesar de alguns indicadores

isoladamente terem chamado a atenção para uma análise mais específica, que será apresentada

na sequência.

Em relação a ala “quantitativa” dos “Blocos” constituintes da cultura de inovação –

RECURSOS, PROCESSOS e SUCESSO –, observa-se que este último também ficou acima da

média, em função de alguns elementos pontuais, apesar do destaque para um dos elementos de

menor score alcançado na análise em questão. Por outro lado, os blocos “RECURSOS e

PROCESSOS”, no geral, obtiveram as menores pontuações, com destaque especial para este

último, indicando uma fragilidade inerente a análise do próprio setor, tendo em vista que esta

característica é refletida pontualmente em todos os Grupos, quando foram analisados,

pormenorizadamente, nos subcapítulos posteriores.

Pode-se ainda ser observado que, pontualmente, alguns indicadores, mesmo sem o propósito

específico de fomentar uma cultura voltada para suportar os processos de inovação, foram

percebidos e pontuados com scores dentro da faixa de caracterização com “alto grau de

inovação” – IQ > 4 –, sendo estes os elementos, recomendados por Rao e Weintraub (2013, p.

36), que devem ser inicialmente trabalhados para se promover melhorias sistêmicas com maior

rapidez e influenciar positivamente na melhoria de outros elementos mais.

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151

A seguir, apresenta-se uma análise detalhada de cada um dos seis “Blocos”. Essa análise

procura evidenciar os “Elementos” fortes e fracos de cada um dos “Fatores” componentes do

Quociente de Inovação desenvolvido por Rao e Weintraub (2013).

No Gráfico 2, no bloco chamado “VALORES”, há um único “Fator”, dentre os três

apresentados, nomeado de “Aprendizado”, que evidencia a necessidade de melhoria, mais

especificamente nos elementos: “Aceitação do erro” e “Curiosidade”, que estão abaixo da

média geral observada no Gráfico 1 (QI = 3,43). Com isso, as empresas devem observar a forma

como os erros estão sendo conduzidos na organização, tirando o caráter punitivo, como

normalmente acontece, e adotando uma postura em que os mesmos passem a serem vistos como

uma oportunidade de aprendizado, levando ao aperfeiçoamento das atividades, assim como, a

necessidade de se estimular os questionamentos na direção do desconhecido, fomentando

desenvolver a boa curiosidade nos colaboradores, como forma de integrá-los à organização em

si mesma, e envolve-los nas suas atividades do cotidiano.

Gráfico 2 – QI do bloco “VALORES”, relacionado a todos os grupos.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017)

O bloco “COMPORTAMENTOS”, Gráfico 3, apresenta o maior score entre os demais blocos

representados, porém, mesmo assim, há um fator específico, chamado “Engajar”, cujo elemento

“Iniciativa” enseja estímulos às iniciativas proativas em todos os níveis organizacionais. Isto

sugere que as empresas requerem uma revisão na forma de como se predispõem, desde os

4,003,65 3,54

3,73 3,884,26

3,443,86

3,20 3,46 3,25 3,303,63

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

Total dos Grupos - Bloco "VALORES"

Blocos Fatores Quociente de Inovação Elementos

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152

próprios processos seletivos, na escolha de pessoas com o perfil adequado, até a maneira como

são conduzidas estas ações internamente, para que as pessoas se sintam valorizadas e,

consequentemente, mais envolvidas com os objetivos da organização.

Gráfico 3 – QI do bloco “COMPORTAMENTOS”, relacionado a todos os grupos.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

O bloco “CLIMA”, Gráfico 4, se apresenta como atendendo na faixa do próprio quociente de

inovação que caracteriza a carteira, e, destaca um único fator, chamado “Simplicidade”, cujos

elementos “Sem burocracia” e “Responsabilidade” chamam a atenção para possíveis melhorias.

Aparentemente, há rigidez na forma como as regras e políticas organizacionais são apresentadas

ou impostas aos colaboradores. Sendo adequadas, cada um deve assumir, de forma natural, suas

responsabilidades sem a necessidade de se jogar a culpa nos outros pelas não conformidades,

que, se acontecer, favorece a um ambiente de trabalho desconfortante, além de limitar a própria

proatividade.

Em “RECURSOS”, Gráfico 5, existem 2 (dois) fatores, “Sistemas” e “Projetos”, que se

apresentam de maneira negativa mais evidenciada, em relação ao terceiro – “Pessoas”. Nestes

fatores, todos os elementos, quais sejam: “Seleção”, “Comunicação”, “Ecossistema”, “Tempo”,

“Dinheiro” e “Espaço”, respectivamente, se apresentam com pontuação abaixo da média

alcançada. Estes elementos refletem noutros elementos já citados anteriormente, que passam

pela forma como os sistemas de recrutamento e seleção estão sendo conduzidos para o

3,89 4,06 4,02 3,99

3,42

3,02

3,553,33

3,573,99

4,223,93 3,75

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

Total dos Grupos - Bloco "COMPORTAMENTOS"

Blocos Fatores Quociente de Inovação Elementos

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153

desenvolvimento de uma cultura capaz de prover ações proativas e responsáveis, em que a

comunicação flui de forma efetiva e contínua, interna e externamente, provendo os esforços

coletivos, no dinamismo de suas atividades e interações com fornecedores e clientes da

organização.

Gráfico 4 – QI do bloco “CLIMA”, relacionado a todos os grupos.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

Complementando as considerações inerentes ao bloco “RECURSOS”, Gráfico 5, evidencia, em

tempo, como as políticas organizacionais são e estão estabelecidas, no sentido de prover estas

ações inovadoras, proporcionando o tempo necessário para que os colaboradores possam

perseguir novas oportunidades de melhorias e aprimoramentos no sistema em que se encontrem

inseridas, sabendo que há recursos suficientes para as implantações necessárias, assim como, o

ambiente físico ou virtual capaz de proporcionar tais interações e alterações, tendo em vista que

cada vez mais as organizações têm tolhido este tipo de ações no cotidiano de suas atividades.

Deve-se observar, ainda, que dentro do fator “Pessoas” que o baixo indicador do elemento

“Especialistas”, evidencia a falta de pessoas com expertise suficiente e necessária para dar

suporte a todos estes projetos e sistemas inovadores destacados.

De maneira mais notabilizada, no bloco “PROCESSOS” (Gráfico 6), todos os fatores

(“Ideação”, “Formatação” e “Conquista”) e elementos (“Gerar”, “Filtrar”, “Priorizar”,

“Protótipo”, “Iteração”, “Erros inteligentes”, “Flexibilidade”, “Lançamento” e “Escala”), estão

3,29 3,563,84

3,56 3,633,44

3,71 3,59

2,57

3,37 3,45 3,13 3,43

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

Total dos Grupos - Bloco "CLIMA"

Blocos Fatores Quociente de Inovação Elementos

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154

abaixo da média geral alcançada, evidenciando ações prioritárias e emergenciais na maneira em

que estão sendo conduzidas as ideias que levam às ações empresariais. Noutras palavras, há

lugar para melhorias no design de ideias, no que tange à geração, refinamento e priorização das

mesmas, enriquecido com um conjunto vasto e diversificado de fontes que favoreçam esta

ideologia. Um esforço extra, será necessário, para identificar e selecionar as melhores

oportunidades dentro de um portfólio de riscos claramente articulados.

Gráfico 5 – QI do bloco “RECURSOS”, relacionado a todos os grupos.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

O Gráfico 6, ainda, deixa evidenciado a necessidade de atenção quanto configuração de uma

metodologia estruturada na materialização destas melhores oportunidades idealizadas, na

repetição efetiva dos processos envolvendo as organizações e a voz do consumidor, assim

como, na análise e percepção das falhas dos novos projetos com base em critérios de fracasso

bem definidos. Torna claro, também, a forma como as organizações lidam com as suas

conquistas, pois segundo o modelo em questão, os processos devem ser flexíveis o suficiente

para serem pautados mais pelo contexto funcional que pelo controle, normalmente rígido e

burocrático, procurando dispor ao mercado as oportunidades mais promissoras, e para tais

circunstâncias, as organizações devem atentar aos recursos necessários para que estas ações

possam rapidamente atender a estas promessas no mercado.

No último bloco, nomeado “SUCESSO” (Gráfico 7), surge, de maneira mais explícita, a

necessidade de se observar o fator “Individual”, especificamente os elementos “Crescimento”

e “Recompensa” que pautam pela priorização da organização em estender e construir as

3,88

2,96

3,763,53

3,32 3,26 3,37 3,32 3,22 3,16 3,30 3,23 3,36

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

Total dos Grupos - Bloco "RECURSOS"

Blocos Fatores Quociente de Inovação Elementos

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155

competências necessárias em seus colaboradores para atender às iniciativas elencadas

anteriormente, assim como, outras não especificadas como prioridades mais apresentadas no

estudo em questão.

Gráfico 6 – QI do bloco “PROCESSOS”, relacionado a todos os grupos.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

Gráfico 7 – QI do bloco “SUCESSO”, relacionado a todos os grupos.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

3,03 3,06 2,81 2,972,58 2,99 2,83 2,80 3,02

3,25 3,24 3,17

2,98

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

Total dos Grupos - Bloco "PROCESSOS"

3,58 3,75 3,66 3,66 3,62 3,27 3,57 3,48 3,573,32

2,77

3,22 3,46

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

Total dos Grupos - Bloco "SUCESSO"

Blocos Fatores Quociente de Inovação Elementos

Blocos Fatores Quociente de Inovação Elementos

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156

Outro ponto destacado, no Gráfico 7, é a da recompensa pelos riscos assumidos pelas pessoas,

independentemente dos resultados, pois, desta forma, estimulariam a assunção das

responsabilidades necessárias para a consecução de suas iniciativas, ao invés da punição pelo

fracasso, comumente adotada.

Segundo Rao e Weintraub (2013), a ocorrência de pontuações elevadas em uma ou mais

unidades podem indicar a presença de melhores práticas, aos quais os gerentes de unidades com

baixo desempenho podem seguir o exemplo. Assim, buscar-se-á direcionar os esforços para os

indicadores que de sobremaneira já se destacam, naturalmente, na cultura atual, para que

possam ser ainda mais explorados ou simplesmente aperfeiçoados diante da forma como se

apresentam estruturados ou implantados nas organizações.

Assim, para dar a direção às análises subsequentes, já que são 78 indicadores possíveis – 6

blocos; 18 fatores; e 54 elementos inerentes à forma em que cada grupo se apresenta, diante do

instrumento de pesquisa em questão, as demais análises serão efetuadas sobre os 3 (três)

“Fatores” que mais se destacam, tanto positivo como negativamente.

O resumo das práticas de inovação na cultura organizacional, consoante delineamentos do

instrumento “Quociente de Inovação”, elaborado por Rao e Weintraub (2013), pode ser visto

na Figura 34.

Figura 34 – Ranking dos fatores relacionados ao total dos grupos.

Fonte – Dados da pesquisa. Autor (2017).

Nesta figura, os 18 fatores estão relacionados aos seus respectivos blocos e classificados por

ordem do QI alcançado, conforme apresentado nas extremidades da figura em questão. Os três

fatores mais desenvolvidos e implementados estão destacados em sombra azul escuro. São eles:

“Estimular”, “Capacitar” e “Criatividade”. São percebidos como os mais praticados na cultura

geral de todos os grupos, ensejando que, se a amostra representasse todo o portfólio de clientes

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157

da empresa de consultoria, que concedeu o acesso às informações, poder-se-ia traçar um escopo

de trabalho na exploração e fortalecimento destes indicadores para impulsionar as organizações

às mudanças necessárias para a melhoria geral dos demais fatores e respectivos elementos, e

consequentemente, à toda a cultura e estrutura organizacionais. Isto prepararia as empresas para

às adversidades econômicas e competitividade geral.

Nota-se, ainda, na mesma figura, destacados de sombra vermelho escuro, os fatores menos

praticados – “Formatação”, “Ideação” e “Simplicidade” – que se encontram em processo e

oportunidade de aperfeiçoamento, segundo o instrumento utilizado, para o estabelecimento de

uma cultura inovadora nas organizações supracitadas.

Para as análises individuais, inerentes a cada Grupo participante, apresentadas a seguir,

procurar-se-á utilizar as estruturas abaixo apresentadas para delinear as ações encontradas e

sugeridas, consoante o instrumento desenvolvido por Rao e Weintraub (2013).

4.2.2 Análise dos dados inerentes ao Grupo A

No Gráfico 8 é apresentada a caracterização da cultura de inovação, referente ao Grupo A.

Observa-se que em todos os demais gráficos que serão também apresentados, o padrão se

assemelha ao ilustrado no Gráfico 1, com diminutas variações, em função de caracteres próprios

de cada estrutura organizacional pesquisada. As características deste gráfico, abaixo

apresentado, foram obtidas mediante uma amostra composta por 15 formulários válidos, dentre

os 16 recebidos.

O Grupo A alcançou um score (3,62) que está acima da média global de todas as empresas

participantes, porém dentro da mesma faixa de caracterização, anteriormente apresentada, uma

cultura moderada em termos de práticas inovadoras, apesar de possuir “Elementos” já

sistematizados pela característica delineada.

Poder-se-á observar, no gráfico abaixo apresentado, que os blocos “VALORES”,

“COMPORTAMENTOS” e “SUCESSO”, destacados na cor laranja, alcançaram uma

pontuação média acima do quociente de inovação obtido pelo Grupo, e que os blocos

“CLIMA”, “RECURSOS” e “PROCESSOS”, destacam-se com pontuação menor, abaixo do

score médio geral, apesar de alguns elementos apresentarem características distintas.

Seguindo as orientações anteriormente constituídas, verifica-se no ranking classificatório dos

“Fatores”, relacionados ao Grupo A, conforme se vê na Figura 35, que os indicadores

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Gráfico 8 – Quociente de inovação do Grupo A.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

15

8

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159

“Capacitar” e “Estimular”, ambos pertencentes ao bloco “COMPORTAMENTOS”, assim co-

mo, o “Externo”, pertencente ao bloco “SUCESSO”, obtiveram pontuação destacada, indicando

as melhores práticas organizacionais, aquelas que a conduzem diante dos desafios do cotidiano.

Por outro lado, os fatores “Simplicidade”, “Formatação”, “Sistemas” e “Engajar”,

respectivamente pertencentes aos blocos “CLIMA”, “PROCESSOS”, “RECURSOS” e

“COMPORTAMENTOS”, estão representados como os que obtiveram menor pontuação,

alertando para “possíveis” barreiras ou, simplesmente, oportunidades de melhorias diante das

escolhas pertinentes e características daqueles que dirigem o Grupo em geral. Assim, dentre os

“Fatores” destacados e supracitados, observar-se-á quais elementos se apresentam mais

característicos.

Figura 35 – Ranking dos fatores relacionados ao Grupo A.

Fonte – Dados da pesquisa. Autor (2017).

No bloco “COMPORTAMENTOS” (Gráfico 9), o fator “Capacitar” fora pontuado, em todos

os seus “Elementos”, acima da média do Grupo. Isto caracteriza a presença de uma liderança

que se utiliza de estratégias apropriadas para influenciar os demais colaboradores a contornar

problemas organizacionais, que possam surgir. Eles são capazes de corrigir e modificar o curso

de ação, se adaptando ao meio, quando necessários e possuem determinação suficiente para

garimparem novas oportunidades, mesmo diante das adversidades. Esta determinação é o

elemento de maior influência na caracterização da cultura organizacional deste Grupo.

Há, ainda, o fator “Estimular”, onde, também, possui todos os seus “Elementos” acima da média

do Grupo. Esse fator caracteriza a presença de líderes que buscam inspirar seus colaboradores

com uma visão de futuro, articulando oportunidades para a organização; que os desafiam, com

frequência, a refletir e agir de modo empreendedor. Essa é outra característica que deve ser

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160

bastante explorada pela organização, segundo a pesquisa, através de um comportamento

inovador correto a ser seguido. Neste mesmo “Bloco”, sob uma outra perspectiva, conforme

caracterizado no Gráfico 9, há de se atentar para o fator “Engajar”, em especial para o elemento

“Iniciativa”, em função de seu distanciamento quanto aos demais elementos, ao qual deve-se

verificar se a ausência de um comportamento mais proativo, por parte de todos os colaboradores

da organização, não estaria impedindo que determinadas ações inovadoras fluíssem de maneira

natural e intensa.

Gráfico 9 – QI do bloco “COMPORTAMENTOS”, relacionado ao Grupo A.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

No bloco “SUCESSO” (Gráfico 10), sendo o segundo bloco de maior pontuação do Grupo,

temos no fator “Externo”, composto por 3 (três) elementos - “Clientes”, “Concorrentes” e

“Financeiro” – que também alcançaram pontuação maior que a média geral do Grupo, com

ênfase para o elemento “Concorrentes”, ao qual implica à empresa a percepção de que o seu

desempenho inovador é muito melhor que o de outras organizações.

Nota-se, ainda, e de maneira isolada, não destacado na Figura 35 como algo relevante para os

trabalhos iniciais, mediante apontamentos do próprio instrumento, que o elemento

“Recompensa”, que pauta por analisar se as pessoas são recompensadas por participarem de

oportunidades potencialmente arriscadas, independentemente do resultado, apesar de ter

alcançado a menor pontuação do bloco no Grupo em questão, não estabelece, necessariamente

3,93 4,073,81 3,94

3,53

3,13

3,40 3,35 3,734,13 4,25

4,043,78

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

Grupo A - Bloco "COMPORTAMENTOS"

Blocos Fatores Quociente de Inovação Elementos

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161

uma barreira às melhores práticas organizacionais em termos de “Sucesso”, porém há de ser

observado e investigado se numa reação cruzada, pode estar impactando no comportamento

proativo dos colaboradores da organização, apontado na análise do Gráfico 9.

Gráfico 10 – QI do bloco “SUCESSO”, relacionado ao Grupo A.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

Gráfico 11 – QI do bloco “CLIMA”, relacionado ao Grupo A.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

3,734,20

3,88 3,943,63 3,47

4,133,74

4,003,71

3,13

3,61 3,76

0,000,501,001,502,002,503,003,504,004,505,00

Grupo A - Bloco "SUCESSO"

3,60 3,804,13

3,84 3,75 3,60 3,61 3,65

2,47

3,50 3,533,17

3,55

0,000,501,001,502,002,503,003,504,004,505,00

Grupo A - Bloco "CLIMA"

Blocos Fatores Quociente de Inovação Elementos

Blocos Fatores Quociente de Inovação Elementos

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162

Tomando-se por base a sequência apontada na Figura 35, ao ser analisado os fatores com

menores scores alcançados, poder-se-á ver que no bloco “CLIMA” (Gráfico 11), o fator

“Simplicidade” destaca-se negativamente dos demais, notoriamente, em função de um

elemento específico, o “Sem burocracia”.

Conforme o delineamento, anteriormente caracterizado, na percepção da maioria dos

respondentes, as regras e políticas aplicadas à organização são dotadas de certa burocracia e

rigidez, dificultando as ações no local de trabalho. De forma cruzada, esta suposta rigidez,

somado ao apontamento dado ao elemento “Recompensa”, também pode estar afetando a

proatividade das pessoas.

Gráfico 12 – QI do bloco “PROCESSOS”, relacionado ao Grupo A.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

Como pode ser visto, destaca-se no Gráfico 12, a forma como os “Fatores” e “ Elementos”

pertencentes ao bloco “PROCESSOS” estão caracterizados. Conforme critérios estabelecidos e

apontados na Figura 35, o fator “Formatação” obteve a segunda menor pontuação neste Grupo,

onde quase todos os elementos pertencentes ao bloco, se apresentaram abaixo média geral

alcançada por este Grupo, colocando o “Bloco” em questão, em posição menos favorecida que

os demais. O “Fator” supracitado, como se vê no gráfico, é composto pelos elementos

“Protótipo”, “Iteração” e “Erros inteligentes”, onde, respectivamente, caracterizam a cultura

organizacional quanto à velocidade com que colocam em prática as ideias promissoras, à

assunção sistemática do feedback do consumidor para ajustes/melhorias dos processos

3,67 3,67

3,12

3,48

2,88

3,50 3,40

3,26

3,44 3,53 3,47 3,48 3,41

0,000,501,001,502,002,503,003,504,004,505,00

Grupo A - Bloco "PROCESSOS"

Blocos Fatores Quociente de Inovação Elementos

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organizacionais, assim como, à adoção de critérios bem definidos para interrupção de projetos

que venham a fracassar em seu desenvolvimento. Especificamente relacionado ao fator

“Formatação”, o elemento “Protótipo” enseja alguma atenção para que não seja ou possa vir a

se tornar uma barreira quanto à adoção de outras medidas, anteriormente mencionadas.

Gráfico 13 – QI do bloco “RECURSOS”, relacionado ao Grupo A.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

Por fim, seguindo os direcionamentos apresentados na Figura 35, observar-se-á que no bloco

“RECURSOS”, Gráfico 13, destaca-se o fator “Sistemas”, tendo em vista a pontuação

alcançada entre os respondentes, caracterizado pelos elementos “Seleção”, “Comunicação” e

Ecossistema”, em especial pelos dois primeiros, ao qual alerta para a sistematização de um

processo seletivo adequado que dê suporte a uma cultura de inovação, assim como, a

observância quanto a existência de ferramentas que deem apoio aos esforços em inovação. Tais

apontamentos podem estimular as proatividade dos colaboradores, assim como, possibilitar

maior autonomia para a assunção de determinadas responsabilidades e diminuir a rigidez com

que as regras e políticas organizacionais são controladas.

Outro ponto que pode ser trabalhado neste Grupo, mas não apontado pela Figura 35,

apresentando-se de maneira isolada no fator “Ideação”, como se vê no Gráfico 13, está

correlacionado com a presença de especialistas em inovação, a fim de que possam dar suporte

aos projetos inovadores que certamente surgirão, detectado pelo elemento “Especialistas”.

Apesar de não ser o objetivo principal do instrumento “Quociente de Inovação”, desenvolvido

3,94

3,00

3,73 3,56

3,24 3,19

3,63 3,35 3,53 3,38 3,60 3,50 3,47

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

Grupo A - Bloco "RECURSOS"

Blocos Fatores Quociente de Inovação Elementos

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por Rao e Weintraub (2013), o de balancear as pontuações mensuradas, mas sim, o de

diagnosticar a disposição da cultura organizacional para a prática de ações inovadoras, à medida

que os apontamentos vão sendo trabalhados e modificados, uma melhoria geral nos outros

indicadores – Blocos, fatores e elementos –, indiretamente, e até mesmo sem querer, vai sendo

produzida.

4.2.3 Análise dos dados inerentes ao Grupo B

A caracterização geral da cultura de inovação referente ao Grupo B, que tem uma atuação mais

forte voltada para a região sudeste do país, pode ser observada no Gráfico 14. Vê-se, também,

como já mencionado anteriormente, que o padrão se assemelha ao ilustrado no Gráfico 1,

contendo pequenas variações inerentes às suas próprias características organizacionais. As

representações contidas no gráfico em questão, foram obtidas mediante uma amostra composta

por 43 formulários válidos, de um total de 52 recebidos, selecionados em função dos

delineamentos utilizados neste trabalho.

O Grupo B obteve uma pontuação geral (3,34) abaixo da média global alcançada mediante

análise de todos os grupos participantes juntos, porém, e igualmente ao que já foi exposto,

dentro da mesma faixa de caracterização, “uma cultura moderada em termos de práticas

inovadoras”, o que enseja ao fato de não realizarem ações sistematizadas em torno da inovação,

ou ao menos com esta intenção, apesar de alguns “Elementos” se apresentarem já predispostos

a tal concepção, como se vê no Gráfico 14.

Poder-se-á, então, verificar, neste gráfico, que os blocos “VALORES”, “COMPORTAMEN-

TOS” e “RECURSOS”, destacados em sombra na cor laranja, alcançaram uma pontuação

média acima do quociente de inovação obtido pelo Grupo, e que os blocos “CLIMA”,

“PROCESSOS” e “SUCESSO”, destacam-se com pontuação menor, abaixo do score médio

geral, apesar de alguns elementos apresentarem características contrárias. Aparentemente, o

grupo tem nos recursos, as pessoas certas, e nos comportamentos, a capacitação adequada, mas

está falha na gestão dos processos, no clima e na experiência passada no sucesso da inovação.

De fato, pode-se verificar no ranking classificatório dos “Fatores”, relacionados ao Grupo B,

conforme se vê na Figura 36, que os indicadores “Capacitar” e “Estimular”, ambos pertencentes

ao bloco “COMPORTAMENTOS”, assim como, o fator “Criatividade”, pertencente ao bloco

“VALORES”, sobressaíram-se dos demais, evidenciando aquilo que naturalmente, e

atualmente, caracterizam os pontos fortes da organização.

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Gráfico 14 – Quociente de inovação do Grupo B.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

165

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Por outro lado, os fatores “Formatação”, “Ideação” e “Individual”, respectivamente

pertencentes aos blocos “PROCESSOS” e “SUCESSO”, estão representados, na figura, como

os que obtiveram menor pontuação, alertando para “possíveis” comprometimentos à melhoria

geral do sistema, inerentes ao Grupo em questão, quando comparado aos demais. Desta forma,

dentre os “Fatores” destacados e supracitados, observar-se-á quais elementos se apresentam

mais caracterizados pelos delineamentos apontados.

Na análise específica do bloco “COMPORTAMENTOS” (Gráfico 15), o fator “Estimular”

obteve a maior pontuação dentre todos os “Fatores”, estando caracterizado pelos elementos

“Inspiração”, “Desafio” e “Modelo”, ao qual, segundo os respondentes e delineamentos do

próprio instrumento utilizado, configura-se com a presença de líderes que buscam inspirar

seus colaboradores com uma visão voltada para o futuro e articulação de oportunidades para

a organização. Eles constantemente desafiam seus colaboradores a pensar e agir de modo

empreendedor, sendo esta a característica mais perceptível e explorada pelo Grupo na sua

estrutura atual, exercendo um comportamento inovador correto a ser seguido pelos demais

colaboradores.

Figura 36 – Ranking dos fatores relacionados ao Grupo B.

Fonte – Dados da pesquisa. Autor (2017).

Em segundo lugar, o fator “Capacitar” possui todos os seus elementos - “Influência”,

“Adaptação” e “Determinação” acima da média do Grupo. Esse fator é caracterizado como a

presença de uma liderança que se utiliza de estratégias apropriadas para influenciar os demais

colaboradores a contornar os problemas organizacionais que possam surgir. Os empregados

são capazes de corrigir e modificar a direção a ser seguida, se adaptando ao meio, quando

necessários, possuindo determinação suficiente para buscarem novas oportunidades, mesmo

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diante das adversidades, sendo esta característica última, o elemento de maior influência,

dentro deste “Fator”.

Há de se observar, contudo, numa perspectiva adversa às características apresentadas pelos

demais indicadores, que o fator “Engajar”, claramente destacado pelo elemento “Iniciativa”,

caracteriza a cultura atual com a presença de um comportamento passivo, no que tange à

inovação, envolvendo colaboradores de todos os níveis da organização. O destaque torna-se

interessante, em função dos fatos já mencionados anteriormente, quanto aos elementos

destacados no fator “Estimular”, já que os líderes “inspiram com uma visão de futuro”,

“desafiam a pensar e agir de modo empreendedor” e “são exemplos de comportamento

inovador a ser seguido”, estreitando esta percepção à massa de trabalhadores.

Gráfico 15 – QI do bloco “COMPORTAMENTOS”, relacionado ao Grupo B.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

Conforme se vê no Gráfico 16, temos a caracterização do bloco “VALORES”. Consoante

delineamentos apontados pela Figura 36, pode-se verificar no fator “Criatividade”, que o

elemento “Autonomia” se destaca dos demais, caracterizando o ambiente de trabalho com

praticamente total liberdade para se buscar novas oportunidades, tendo em vista a faixa de

pontuação em que alcançou tal “Elemento”. Este é o terceiro ponto que mais contribui para o

desenvolvimento das atividades na organização, apesar de alguns outros indicadores

contraporem tal intensidade, na mesma direção.

3,90 4,10 4,04 4,01

3,34

2,84

3,26 3,15 3,463,76

4,023,75 3,64

0,000,501,001,502,002,503,003,504,004,505,00

Grupo B - Bloco "COMPORTAMENTOS"

Blocos Fatores Quociente de Inovação Elementos

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Gráfico 16 – QI do bloco “VALORES”, relacionado ao Grupo B.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

O Gráfico 17 demonstra os fatores e elementos do bloco “PROCESSOS”, sendo este o que

obteve a menor pontuação alcançada por um bloco neste Grupo. Todos os seus “Fatores” e

“Elementos” obtiveram pontuação abaixo da média geral alcançado pelo mesmo. Segundo

delineamento apontado pela Figura 36, assim como ocorrera com o Grupo A, não

necessariamente na mesma ordem, deve-se atentar para o fator “Formatação”, composto pelos

elementos “Protótipo”, “Iteração” e “Erros inteligentes”, onde, respectivamente, caracterizam

a cultura organizacional quanto à velocidade com que colocam em prática as ideias

promissoras. Nele há, também, a sistemática do feedback do consumidor para

ajustes/melhorias dos processos organizacionais, assim como, à adoção de critérios bem

definidos para interrupção de projetos que venham a fracassar em seu desenvolvimento.

Obviamente, o primeiro elemento supracitado, é aquele que enseja mais atenção para que não

seja ou possa vir a se tornar um contraponto à adoção de outras medidas.

Ainda relacionado ao Gráfico 17, acrescentar-se-á o mesmo critério ao fator “Ideação”,

caracterizado pelos elementos “Gerar”, “Filtrar” e “Priorizar”, que pautam pela presença de

um modelo sistematizado de geração de ideias (explorando um vasto e diversificado conjunto

de fontes), pela metodologia de filtragem e refinamento destas ideias (para identificar as

melhores oportunidades, as mais promissoras), bem como, pela seleção destas oportunidades

(com base nos delineamentos dos riscos envolvidos), claramente destacados em cada situação,

sendo este último, o “Elemento” de maior observância dentro deste “Fator”.

3,923,62

3,283,61 3,76

4,10

3,283,71

3,08 3,36 3,26 3,233,52

0,000,501,001,502,002,503,003,504,004,505,00

Grupo B - Bloco "VALORES"

Blocos Fatores Quociente de Inovação Elementos

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Gráfico 17 – QI do bloco “PROCESSOS”, relacionado ao Grupo B.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

Por fim, conforme delineamento apontado na Figura 36 e como se vê no Gráfico 18, acima

apresentado, o fator “Individual”, destaca-se dos demais fatores presentes no bloco

“SUCESSO”, pela terceira menor pontuação alcançada dentro deste Grupo.

Gráfico 18 – QI do bloco “SUCESSO”, relacionado ao Grupo B.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

3,14 3,10

2,72 2,99 2,56 2,62 2,722,63

3,12 3,262,96

3,11

2,91

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

Grupo B - Bloco "PROCESSOS"

3,48 3,58 3,50 3,52 3,563,20 3,20 3,32 3,34 3,20

2,60

3,05 3,30

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

Grupo B - Bloco "SUCESSO"

Blocos Fatores Quociente de Inovação Elementos

Blocos Fatores Quociente de Inovação Elementos

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170

Este “Fator” é composto pelos elementos “Satisfação”, “Crescimento” e “Recompensa”. Eles

caracterizam uma cultura organizacional baseada na satisfação com o nível de participação

individual nas iniciativas inovadoras, na extensão e construção das competências dos

colaboradores com o envolvimento deles em novas empreitadas, e nas suas recompensas

individuais por participarem de oportunidades mais arriscadas, independentemente do

resultado.

O último “Elemento” supracitado, aparece no gráfico com maior destaque, naquele ”Fator”, e

pode estimular o engajamento das pessoas em novos projetos, projetar uma postura mais pro-

ativa, e desenvolver a assunção de maiores responsabilidades em suas iniciativas. Isso exigirá,

inevitavelmente, regras e políticas mais flexíveis e transparentes, proporcionando maior

autonomia na execução das atividades do cotidiano, mas, igualmente, refletindo numa

mudança de postura em toda a estrutura organizacional para suportar estas novas perspectivas.

Deve começar pelo próprio sistema de recrutamento e seleção, na captação, manutenção e

retenção para este perfil de colaboradores.

4.2.4 Análise dos dados inerentes ao Grupo C

O Gráfico 19 apresenta todos os indicadores inerentes à construção da cultura de inovação,

segundo o modelo aplicado, referente ao Grupo C, que tem uma atuação mais diversificada,

com concessionárias espalhadas pelo Norte/Nordeste e até no Sudeste do país. Este gráfico

foi obtido mediante uma amostra composta por 50 formulários válidos, dentre os 54

respondidos. Como há de se observar, o Grupo apresentou “Elementos” com os scores mais

destacados em toda a pesquisa, caracterizados nos elementos “Determinação”, o maior de

todos, pertencente ao bloco “COMPORTAMENTOS”, e “Sem burocracia”, o menor de todos,

pertencente ao bloco “CLIMA”.

Apesar de haverem 3 (três) blocos com pontuação abaixo do quociente médio alcançado para

este grupo, ao comparar com a média geral de todos os Grupos, apenas 1 (um) deles -

“PROCESSOS” - obteve pontuação abaixo da média geral apresentada. A faixa alcançada

caracteriza este Grupo como uma empresa de cultura moderada, em termos de práticas

inovadoras, apesar de alguns “Elementos” se apresentarem já dispostos a tal concepção.

Buscando seguir os preceitos sugeridos e adotados neste trabalho, inerentes ao instrumento de

pesquisa utilizado, poder-se-á observar, na Figura 37, as prioridades a serem trabalhadas.

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Gráfico 19 – Quociente de inovação do Grupo C.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

17

1

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172

Figura 37 – Ranking dos fatores relacionados ao Grupo C.

Fonte – Dados da pesquisa. Autor (2017).

Na Figura 37, o fator “Externo”, presente no bloco “SUCESSO”, obteve a maior pontuação

dentre todos os fatores. Este “Fator” é composto pelos elementos “Clientes”, “Concorrentes”

e “Financeiro” (Gráfico 20), cujos delineamentos estabelecem que a organização é vista como

uma empresa inovadora por seus clientes, e que, baseado nesta característica, ela consegue

um desempenho produtivo e financeiro muito melhor do que o de outras empresas do setor.

Dentre os três “Elementos” supracitados, o primeiro é o que mais se destaca, impulsionando

e motivando as atividades desenvolvidas pelo Grupo em questão. Ainda neste mesmo bloco,

pode-se observar que o elemento “Recompensa” do fator “Individual” apresenta um score

mais deficitário, quando comparado com o dos demais elementos. Isto sugere que, na cultura

atual do Grupo, há necessidade de melhorias no que se refere ao quanto as pessoas são

recompensadas por participarem de oportunidades potencialmente arriscadas,

independentemente do resultado alcançado. Esta informação não deve ser entendida como

“ausência de recompensas”, mas chama a atenção para a observância de como este

delineamento está caracterizado na perspectiva dos colaboradores, o que pode coincidir com

o rendimento de alguns outros “Elementos” que impedem, segundo instrumento utilizado, que

Grupo seja caracterizado como uma empresa culturalmente inovadora.

O segundo “Fator” melhor pontuado pelos colaboradores na pesquisa foi o

“Empreendedorismo”, pertencente ao bloco “VALORES” (Gráfico 21). Seus elementos

“Fome”, “Ambiguidade” e “Foco na ação” caracterizam a cultura organizacional quanto à

presença de um desejo ardente de explorar coisas novas. Está pautado por um apetite saudável

e tolerância por incertezas quando estas novas oportunidades são perseguidas, mas evitando a

paralisia perfeccionista quando identificadas, criando uma tendência para a ação. Dentre os

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três “Elementos”, aquele que mais influencia a cultura atual é o conhecido pelo nome “Fome”,

ou seja, um desejo quase selvagem, de investir em inovação.

Gráfico 20 – QI do bloco “SUCESSO”, relacionado ao Grupo C.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

Gráfico 21 – QI do bloco “VALORES”, relacionado ao Grupo C.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

3,98 4,12 4,10 4,07 3,96

3,483,80 3,75 3,74

3,46

2,92

3,373,73

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

Grupo C - Bloco "SUCESSO"

4,263,86 4,06 4,06 3,96

4,30

3,623,96

3,38 3,56

3,263,40

3,81

0,000,501,001,502,002,503,003,504,004,505,00

Grupo C - Bloco "VALORES"

Blocos Fatores Quociente de Inovação Elementos

Blocos Fatores Quociente de Inovação Elementos

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174

No gráfico acima e de maneira isolada, vale destacar que o elemento “Autonomia” obteve a

maior pontuação deste bloco. Aparentemente, o local de trabalho oferece liberdade para que

os colaboradores possam correr atrás de novas oportunidades, apesar de o elemento

“Aceitação do erro” chamar atenção para o medo do erro. De fato, nada adianta ter liberdade

se o tratamento dado aos erros, inevitáveis quando se lida com algo novo, é o de “punição” e

não de “oportunidades de aprendizado”.

Segundo os delineamentos apontados pela Figura 37, o terceiro “Fator” que fortalece as ações

organizacionais é “Estimular”, presente no bloco “COMPORTAMENTOS”. Consoante o que

pode ser visto no Gráfico 22, o fator se destaca por meio das pontuações obtidas através de

seus elementos “Inspiração”, “Desafio” e “Modelo”, que caracterizam a cultura com a

presença de líderes que inspiram os colaboradores com uma visão de futuro, pautados na

articulação de oportunidades para a organização, que estão frequentemente desafiando os

colaboradores a pensar e agir de modo empreendedor, e que conduzem suas ações da forma

inovadora e correta para que os demais possam copiar, sendo esta a caraterística principal

apontada pelos respondentes.

Ainda, em relação ao Gráfico 22, o elemento “Determinação”, pertencente ao fator

“Capacitar”, corrobora com o destaque dado ao elemento “Modelo”. Eles afirmam, em função

da pontuação alcançada (a maior em toda pesquisa), que os líderes correm atrás de

oportunidades mesmo diante da adversidade, apesar de o elemento “Influência” não seguir

com a mesma intensidade. Isto enseja à ideia de que os líderes usam estratégias apropriadas

de influência para ajudar os demais colaboradores a contornar os obstáculos organizacionais.

Por último, contrapondo aos demais “Fatores” deste “Bloco”, o elemento “Iniciativa” do fator

“Engajar”, apresenta-se de forma mais destacada. Ele relaciona a cultura da organização com

a ausência de uma sistematização, em todos os níveis, quanto à iniciativa de se inovar

proativamente.

Na sequência dos apontamentos apresentados na Figura 37, o fator “Formatação”, do bloco

“PROCESSOS”, apresenta a menor pontuação alcançada na pesquisa, ensejando atenção para

os elementos mais destacados negativamente, quais sejam: “Protótipo”, “Iteração” e “Erros

inteligentes” (Gráfico 23), tendo o primeiro recebido o menor score. Os respectivos elementos

refletem a ausência sistemática de suas principais caracterizações na cultura organizacional,

quais sejam: uma rápida execução entre as melhores oportunidades, uma vez definidas, e um

protótipo ou projeto; abertura à voz do consumidor, para que estes se manifestem

efetivamente, e sejam atendidos em seus feedbacks; e uma rápida intervenção nos projetos,

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com base em fracassos predefinidos, quando estes declinam. O primeiro elemento -

“Protótipo” - reclama mais atenção para que não se transforme numa barreira à implementação

e execução de outras ações na presente organização.

Gráfico 22 – QI do bloco “COMPORTAMENTOS”, relacionado ao Grupo C.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

Outro “Fator” com pontuação abaixo da média do Grupo é aquele cujo nome “Ideação”, está

caracterizado através dos elementos “Gerar”, “Filtrar” e “Priorizar”. O primeiro é aquele que

pauta pela geração de ideias de modo sistemático, a partir de um conjunto vasto e diversificado

de fontes e é o que recebeu o menor score neste “Fator”. Isso chama atenção para a

observância desta prática, buscando maior sinergia e alinhamento dos esforços coletivos,

assim como maior envolvimento, iniciativa e assunção de responsabilidades com as unidades

organizacionais.

Apesar de o terceiro “Fator” deste bloco (“Conquista”) não ter sido, prioritariamente,

apontado pelos critérios anteriormente delineados, há de se atentar para a forma como o

elemento “Flexibilidade” está caracterizado. Isto pode evidenciar a maneira como os projetos

são elaborados e desenvolvidos, baseados no contexto, sob medida para serem flexíveis, ou

no controle e na burocracia. O elemento “Escala”, apresentado no Gráfico 23 acima, é o único

elemento que tem pontuação acima da média do bloco em questão. Este elemento reflete a

3,904,10 4,14 4,05

3,44

3,16

3,643,41 3,50

4,084,40

3,99 3,82

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

Grupo C - Bloco "COMPORTAMENTOS"

Blocos Fatores Quociente de Inovação Elementos

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velocidade com que os recursos são alocados para ativar as iniciativas que demonstram

promessas ao mercado.

Gráfico 23 – QI do bloco “PROCESSOS”, relacionado ao Grupo C.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

Gráfico 24 – QI do bloco “CLIMA”, relacionado ao Grupo C.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

2,92 3,04 3,06 3,012,70

3,18 2,96 2,95 2,94

3,44 3,743,37

3,11

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

Grupo C - Bloco "PROCESSOS"

3,303,68

3,983,65

3,863,44

3,78 3,69

2,36

3,42 3,66

3,15

3,50

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

Grupo C - Bloco "CLIMA"

Blocos Fatores Quociente de Inovação Elementos

Blocos Fatores Quociente de Inovação Elementos

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177

Por último, na análise do bloco “CLIMA”, pode-se observar que o fator “Simplicidade” é o

único do bloco com pontuação (3,15) abaixo da linha média deste Grupo. Ele está

caracterizado pelos elementos “Sem burocracia”, “Responsabilidade” e “Tomada de decisão”

(Gráfico 24), que implicam, respectivamente: na ênfase dada a regras, políticas, burocracias e

rigidez para simplificar o desenvolvimento das atividades no local de trabalho; na forma como

as pessoas assumem responsabilidade por suas ações, evitando culpar os outros; e no

conhecimento de como se dá início e continuidade às iniciativas em toda a organização.

4.2.5 Análise dos dados inerentes ao Grupo D

Este Grupo possui uma atuação concentrada no nordeste do Brasil. O Gráfico 25 foi elaborado

mediante uma amostra composta por 40 formulários respondidos, dentre os 62 aguardados,

estando todos válidos.

A pontuação média alcançada – 3,33 -, ficou abaixo da média geral do portfólio de todos os

concessionários pesquisados. O Grupo D chama atenção pela exata divisão de comportamento

entre os blocos qualitativos (“VALORES”, “COMPORTAMENTOS” e “CLIMA”) e

quantitativos (“RECURSOS”, “PROCESSOS” e “SUCESSO”).

Apesar do fato de que este Grupo apresentou a menor pontuação média dentre os Grupos

participantes da pesquisa, a faixa alcançada, ainda assim, caracteriza-o como um grupo de

empresas de cultura moderada, em termos de práticas inovadoras, o que enseja ao fato de não

realizarem ações sistematizadas em torno da inovação, apesar de alguns “Elementos” se

apresentarem já dispostos a tal concepção.

Figura 38 – Ranking dos fatores relacionados ao Grupo D.

Fonte – Dados da pesquisa. Autor (2017).

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Gráfico 25 – Quociente de inovação do Grupo D.

Fonte: Dados da Pesquisa. Autor (2017).

17

8

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179

Consoante preceitos sugeridos e adotados neste trabalho, relacionados ao instrumento de

pesquisa utilizado, poder-se-á observar na Figura 38, a classificação das prioridades que serão

apontadas.

Seguindo o direcionamento apresentado no bloco “COMPORTAMENTOS”, há dois fatores

que contribuem de sobremaneira para o desenvolvimento das atividades organizacionais, no

que tange às práticas de inovação, estando inclusive muito próximos ou, até mesmo, dentro

da faixa que as caracterizam como presentes de forma sistematizada - acima de 4 pontos,

segundo o instrumento utilizado.

O primeiro deles é o fator “Capacitar”, composto pelos elementos “Influência”, “Adaptação”

e “Determinação” (Gráfico 26), caracterizando-o, conforme já descrito no Grupo A, com a

presença de uma liderança que se utiliza de estratégias apropriadas para influenciar os demais

colaboradores a contornar problemas organizacionais, que possam surgir. Eles são capazes de

corrigir e modificar o curso de ação, se adaptando ao meio, quando necessários; e possuem

determinação suficiente para garimparem novas oportunidades, mesmo diante das

adversidades, sendo este, o elemento de maior influência na caracterização da cultura

organizacional deste Grupo.

Gráfico 26 – QI do bloco “COMPORTAMENTOS”, relacionado ao Grupo D.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

3,86 3,98 3,91 3,91

3,423,09

3,813,44 3,72

4,124,21

4,02 3,79

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

Grupo D - Bloco "COMPORTAMENTOS"

Blocos Fatores Quociente de Inovação Elementos

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180

O terceiro “Fator”, apontado na Figura 38, também pertencente ao bloco

“COMPORTAMENTOS”, que mais contribui para impulsionar o desenvolvimento das

atividades organizacionais deste Grupo, é o “Estimular”, onde, também, possui todos os seus

“Elementos” acima da média do Grupo (Gráfico 26). Este fator está caracterizado com a

presença de líderes que buscam inspirar seus colaboradores com uma visão de futuro,

articulando oportunidades para a organização; e que os desafiam, com frequência, a refletir e

agir de modo empreendedor, segundo a pesquisa, através de um comportamento inovador

correto a ser seguido. Neste mesmo “Bloco”, sob outra perspectiva, mas não prioritária, há de

se atentar para o elemento “Iniciativa”, em função de seu distanciamento quanto aos demais

“Elementos” em questão, ao qual deve-se verificar se a ausência de um comportamento mais

proativo, por parte de todos os colaboradores da organização, não estaria impedindo que

determinadas ações inovadoras fluíssem de maneira mais natural e intensa.

Gráfico 27 – QI do bloco “VALORES”, relacionado ao Grupo D.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

Voltando ao direcionamento da Figura 38, o segundo fator que mais contribui com o

desenvolvimento das organizações pertencentes ao Grupo D é “Criatividade”, presente no

bloco “VALORES”. Ele se apresenta caracterizado pelos elementos “Imaginação”,

“Autonomia” e “Descontração”, cujo delineamento valoriza a importância dos diversos

pontos de vista para encorajamento de novas soluções e formas de pensar. Ele proporciona

liberdade no ambiente organizacional para se buscar novas oportunidades; e pauta suas ações

na espontaneidade, onde as pessoas não têm medo de rir delas mesmas, sendo a liberdade ou

3,743,40 3,26

3,473,86

4,37

3,583,94

3,16 3,42 3,19 3,26 3,55

0,000,501,001,502,002,503,003,504,004,505,00

Grupo D - Bloco "VALORES"

Blocos Fatores Quociente de Inovação Elementos

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181

autonomia das pessoas, o indicador de maior relevância para todo o grupo, como se vê, de

forma generalizada no Gráfico 25, e de forma pontual no Gráfico 27.

Há de ser observado, no Gráfico 27, de maneira isolada aos apontamentos classificatórios

indicados na Figura 38, que o elemento “Curiosidade” obteve a menor pontuação neste bloco.

Isto destaca o ato de os colaboradores serem “bons” em fazer perguntas no sentido de

desvendar o desconhecido, mas que não fica sistematicamente caracterizado, em consonância

com o elemento “Aceitação do erro”, por chamar atenção para o medo de se errar, pois, de

fato, de nada adianta se ter liberdade se o tratamento dado aos erros estiver relacionado,

essencialmente, ao ato de se punir, e não o de se aprender.

Gráfico 28 – QI do bloco “PROCESSOS”, relacionado ao Grupo D.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

Na outra ponta do ranking classificatório, de maneira excepcional e destacada, observar-se-á

que os três “Fatores”, indicados pelos participantes da pesquisa, que se apresentam mais

fragilizados quanto a sua utilização e sistematização, encontram-se reunidos num único bloco

- “PROCESSOS” (Figura 38). Eles são os fatores de “Ideação”, “Formatação” e “Conquista”,

cujos elementos, apresentados no Gráfico 28, se dispõem com as mesmas características.

De acordo com este gráfico, o fator mais destacado “Formatação” é composto pelos elementos

“Protótipo”, “Iteração” e “Erros inteligentes”, cujos delineamentos, descritos anteriormente,

2,84 2,86 2,56 2,752,42

3,02

2,58 2,67 2,86 2,93 2,95 2,91 2,78

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

Grupo D - Bloco "PROCESSOS"

Blocos Fatores Quociente de Inovação Elementos

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182

pautam por uma rápida execução entre as melhores oportunidades e um protótipo ou projeto;

pela abertura à voz do consumidor, para que estes se manifestem efetivamente e sejam

atendidos em seus feedbacks. Ele permite uma rápida intervenção nos projetos, com base em

fracassos predefinidos, quando estes tendem a declinar. Porém, o elemento “Protótipo” é

aquele que mais reclama atenção para que não imponha dificuldades a implementação e

execução de outras ações no Grupo em questão. Há de se atentar, também, para o terceiro

elemento “Erros inteligentes”, e suas características.

O penúltimo “Fator”, cuja pontuação se apresenta abaixo da média do Grupo, é aquele

nomeado “Ideação”, caracterizado pelos elementos “Gerar”, “Filtrar” e “Priorizar” (Gráfico

28). O último elemento é o que obteve menor score. Isto chama a atenção para a possível

ausência de um critério de seleção de oportunidades baseadas em um portfólio de riscos

claramente articulados, no que poderia refletir em menor segurança e estímulo para as

iniciativas inovadoras, além de concessão de menor autonomia para estas práticas, indicando

menor alinhamento dos esforços coletivos em suas unidades organizacionais.

Na sequência classificatória (Figura 38), destaca-se no fator “Conquista”, dentre os seus

elementos “Flexibilidade”, “Lançamento” e “Escala” (Gráfico 28). O primeiro está

caracterizado pela maneira como os projetos são elaborados e desenvolvidos: baseados no

contexto - sob medida para serem flexíveis - ou no controle e na burocracia, o que, na forma

como está caracterizado na pesquisa, leva ao entendimento de que há certos controles e

burocracias associadas que impactam na condução dos processos e, consequentemente, em

projetos nascentes por toda organização.

O Gráfico 29 chama atenção, também, para o elemento “Especialistas”, pertencente ao fator

“Pessoas”, dentro do bloco “RECURSOS”. Ele é caracterizado, pela forma que se apresenta,

pela carência de acesso à especialistas para a condução das iniciativas nos projetos.

No Gráfico 30, relacionado ao bloco “SUCESSO”, destaca-se o elemento “Recompensa”. Ele

caracteriza a forma adotada, aparentemente inadequada, de estimular os colaboradores para

que possam assumir riscos potencias, independentemente dos resultados alcançados,

incorporando o entendimento de que o erro ou falha faz parte do processo de construção e

fortalecimento do aprendizado. A recompensa estimula o sucesso individual de cada um e

favorece o desenvolvimento e a execução dos processos organizacionais como um todo, e sua

inadequação atrapalha.

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183

Gráfico 29 – QI do bloco “RECURSOS”, relacionado ao Grupo D.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

Gráfico 30 – QI do bloco “SUCESSO”, relacionado ao Grupo D.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

Na seção seguinte, buscar-se-á observar elementos comuns entre os fatores que mais se

destacaram, positiva e negativamente, na análise de cada grupo participante desta pesquisa.

3,67

2,70

3,86

3,41

3,02 2,98

3,30 3,10 3,16 3,09 3,21 3,16 3,22

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

Grupo D - Bloco "RECURSOS"

3,26 3,37 3,26 3,29 3,35 3,05 3,49 3,29 3,53 3,16

2,70

3,13 3,24

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

Grupo D - Bloco "SUCESSO"

Blocos Fatores Quociente de Inovação Elementos

Blocos Fatores Quociente de Inovação Elementos

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184

4.2.6 Análise dos “Fatores”, por grupo

Nesta parte do trabalho, poder-se-á ver os fatores que obtiveram maiores e menores

pontuações em cada Grupo pesquisado, comparado à média de todos os grupos. A tabela é

uma tentativa de se estabelecer um perfil em torno da cultura de inovação, segundo os

indicadores preceituados por Rao e Weintraub (2013), no instrumento de pesquisa utilizado –

Quociente de Inovação.

A Tabela 3 indica que os fatores “Estimular”, “Capacitar”, “Criatividade”,

“Empreendedorismo”, “Externo” e “Colaboração”, compõem os pontos mais relevantes, que

mais influenciam e conduzem as ações organizacionais do setor, no portfólio de clientes

ligados à empresa que concedera a oportunidade de desenvolvimento deste trabalho.

Tabela 3 – Classificação dos “Fatores”, por grupo.

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

Na outra ponta, com menor relevância na cultura do setor em análise, estão os fatores

“Formatação”, “Ideação”, Simplicidade”, “Conquista”, “Individual” e “Sistemas”. Eles

alertam para as necessidades de maior atenção, a fim de não se tornarem barreiras à melhoria

das atividades do setor.

Durante a prospecção dos possíveis respondentes à pesquisa em questão, observou-se a

menção de que as concessionárias apenas “seguiam as regras e políticas impostas pelos

fabricantes”, ao qual estavam devidamente vinculados.

Média de todos os grupos Grupo A Grupo B Grupo C Grupo D

Estimular 3,99 1 3,94 2 4,01 1 4,05 3 3,91 3

Capacitar 3,93 2 4,04 1 3,75 2 3,99 4 4,02 1

Criatividade 3,86 3 3,80 6 3,71 3 3,96 5 3,94 2

Empreendedorismo 3,73 4 3,89 4 3,61 4 4,06 2 3,47 6

Externo 3,66 5 3,94 2 3,52 6 4,07 1 3,29 9

Segurança 3,59 6 3,65 8 3,45 7 3,69 7 3,61 4

Colaboração 3,56 7 3,84 5 3,44 8 3,65 8 3,50 5

Pessoas 3,53 8 3,56 10 3,61 4 3,54 9 3,41 8

Empreendimento 3,48 9 3,74 7 3,32 10 3,75 6 3,29 9

Engajar 3,33 10 3,35 15 3,15 12 3,41 11 3,44 7

Sistemas 3,32 11 3,35 15 3,35 9 3,48 10 3,10 15

Aprendizado 3,30 12 3,47 14 3,23 11 3,40 12 3,26 11

Projetos 3,23 13 3,50 11 3,14 13 3,33 15 3,16 12

Individual 3,22 14 3,61 9 3,05 16 3,37 13 3,13 13

Conquista 3,17 15 3,48 12 3,11 14 3,37 13 2,91 16

Simplicidade 3,13 16 3,17 18 3,11 14 3,15 16 3,11 14

Ideação 2,97 17 3,48 12 2,99 17 3,01 17 2,75 17

Formatação 2,80 18 3,26 17 2,63 18 2,95 18 2,67 18

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185

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 Conclusões

A cultura organizacional diz muito sobre um determinado grupo: a forma como se comunicam

e se tratam, a sua interação com os recursos disponíveis, a troca de experiências, o modo como

o conhecimento é adquirido e compartilhado e a organização do ambiente são alguns dos itens

usados com o propósito de solucionar os problemas que impedem determinada organização

de alcançar seus objetivos.

A capacidade de inovar é uma das principais formas de enfrentar as dificuldades

organizacionais, ser competitivo e conquistar mercado. Assim, o desenvolvimento e fomento

de uma cultura voltada para a criação de valor, deve ser o seu condutor de crescimento.

O empresário, portanto, deve investir recursos para desenhar um ambiente organizacional que

lhe permita fazer as mudanças necessárias para conquistar clientes e vencer seus concorrentes,

e com isso, chegar aos seus objetivos. Por este motivo, ele precisa, continuamente, medir e

fazer um diagnóstico da sua cultura de inovação e saber se suas ações estão surtindo o efeito

desejado.

Este trabalho teve como objetivo geral analisar a disposição da cultura de inovação de 4

Grupos empresariais, representantes de concessionárias automotivas presentes no Brasil,

consoante modelo proposto por Rao e Weintraub (2013). Em função da diversidade e extensão

dos fatores que geram este subsídio, ficou definido como limite focar na contribuição que

possivelmente o modelo propõe e que, por meio da análise dos dados, pôde-se chegar a

algumas conclusões.

Desta forma, será apresentada, separadamente, a análise de cada objetivo específico, e, em

seguida, a conclusão final, referenciando o objetivo geral da pesquisa.

Quanto à obteção das “informações pertinentes à percepção dos elementos característicos

da cultura de inovação [...]28”, seguiu-se a orientação compartilhada por Rao e Weintraub

(2013) em seu artigo “How Innovative is your company’s culture?”, já explicitado

anteriormente, em que segundo estes autores, a “opinião de todos, conta”, pois “as pessoas no

topo da hierarquia tendem a ter uma visão mais cor-de-rosa da cultura de suas empresas do

que os gerentes e demais funcionários”. Eles elucidam, também, que “se aplicado a um grupo

28 Primeiro objetivo específico. Grifo nosso.

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186

amplo, o levantamento ajuda a corrigir esse desequilíbrio, com um feedback de 360 graus para

captar os conhecimentos de muitos e trazer à tona coisas que os chefes não veem”.

Para atender a tal circunstância, foi-se inserido no questionário eletrônico, como se vê no

APÊNDICE A, algumas seções estruturadas para a coleta de informações específicas do

respondente, que atenderiam às necessidades das análises posteriores.

Uma delas estava relacionada com a sua função na organização, tendo em vista o

conhecimento mais amplo do funcionamento e composição da estrutura organizacional,

exatamente para ser observado o viés das respostas. Neste caso, o Grupo A contou com a

participação ativa de 15 respondentes, sendo 1 diretor, 9 gerentes, 3 supervisores, 1

encarregada e 1 analista. O Grupo B contou com a participação efetiva de 49 respondentes,

distribuídos entre 4 diretores, 27 gerentes, 16 supervisores, 1 contadora e 1 promotora. O

Grupo C contou com a participação de 50 formulários válidos, sendo 3 diretores, 31 gerentes,

2 coordenadores, 12 supervisores, 1 contador e 1 pós-vendas. E, por último, o Grupo D obteve

um retorno efetivo de 43 formulários, distribuídos entre 1 diretor, 26 gerentes, 13

coordenadores, 1 líder, 1 contador e 1 assistente. Apesar da pesquisa ter sido encaminhada

para todos aqueles que ocupam algum cargo de liderança, nas organizações supracitadas, em

algumas situações, o feedback foi operacionalizado por alguém fora do perfil recomendado.

Muito provavelmente, por estar ligado a algum dos líderes.

Nota-se, neste aspecto, que todos os Grupos tiveram um relativo equilíbrio quanto aos perfis

dos respondentes, eliminando o viés para determinados blocos constituintes da pesquisa e seus

respectivos fatores e elementos, como exemplificam Rao e Weintraub (2013, p. 33), no artigo

supracitado,

muitos altos executivos dão a si próprio, elevadas pontuações quanto

às suas intenções de explorar novas oportunidades, ainda que nem

sempre forneçam aos subordinados dinheiro, tempo e espaço para que

o façam. Também dão alta pontuação a si mesmos em relação a dar

liberdade a seus funcionários para que busquem novas oportunidades,

enquanto estes descrevem o ambiente de trabalho como rígido e

burocrático.

Quanto a “calcular o índice de inovação, destacando os pontos fortes e fracos em relação

aos indicadores constantes do modelo [...]29”, ficou destacado que o Grupo A obteve o maior

score dentre os demais (Tabela 4), caracterizando-o como possuidor de uma cultura mais

29 Segundo objetivos específico proposto. Grifo nosso.

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187

propensa aos ajustes necessários, diante das complexas variáveis que atuam sobre as

preferências de mercado, apesar de não aplicar seus elementos de maneira sistematizada,

conforme especifica o modelo utilizado. Esta classificação foi seguida, pelos Grupos C, B e

D, nesta ordem, conforme apresentado de forma sintética na Tabela 4.

Tabela 4 – Ranking do Quociente de Inovação, por Grupo.

Grupo Quociente de

Inovação

Grupo A 3,62

Grupo C 3,57

Grupo B 3,34

Grupo D 3,33

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

Observou-se que os Grupos A e C possuem em seu portifólio de representação automotiva,

seja ela exclusiva ou compartilhada com outras, uma marca em comum, o que ensejaria

oportunamente, a possibilidade estudos complementares, com uma amostragem

probabilística, para verificação de associação do posicionamento da marca ao viés da

inovação, como uma vantagem competitiva em detrimento das outras.

Coincidentemente, e asseverando a possibilidade de assertividade, quanto ao que fora

transcrito acima, os dois Grupos que obtiveram pontuações menores, segundo a classificação

acima apresentada (B e D), não trabalham com a marca em destaque, sendo, ainda, ambas

dotadas de outras, em seu portfólio de representações.

O ranking estabelecido (Tabela 4) a todos os Grupos – A, B, C e D –, independente dos

compromissos assumidos com suas representadas, caracteriza os elementos culturais que

configuram os Grupos como inovadores em suas práticas, mas não os utiliza de forma

sistemática para perceberem e se anteciparem às mutações de cenário ao qual estão

submetidas, ficando à mercê dos inconvenientes econômicos.

Dando sequência ao objetivo específico supracitado, encontram-se na Tabela 5, abaixo

apresentada, de forma sintetizada e classificada, em função do ranking dos “Fatores”,

anteriormente destacados (Tabela 2), os pontos fortes e fracos, presentes no modelo utilizado.

Estes pontos estão relacionados à cada Grupo.

Eles representam os “Elementos” da cultura de cada empresa que mais contribuem, positiva

(Em sombra azul escuro) e negativamente (Em sombra vermelha escuro), para o

desenvolvimento das atividades organizacionais. Por meio destes “Elementos”, cada Grupo

poderá estruturar seus planos de ação na direção de uma cultura organizacional pautada por

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188

práticas mais inovadoras que as atuais, percebendo e adaptando-se às turbulências e

exigências do mercado.

Tabela 5 – Classificação dos elementos da cultura de inovação de cada grupo.

Grupo A Grupo B Grupo C Grupo D

Elementos R

ank

Elementos

Rank

Elementos

Rank

Elementos

Rank

Determinação 1 Desafio 1 Concorrentes 1 Determinação 1

Desafio 2 Determinação 2 Fome 2 Autonomia 2

Concorrentes 3 Autonomia 2 Modelo 3 Desafio 3

Fome 4 Fome 4 Determinação 4 Abertura 4

Trabalho em

equipe 5 Campeões 5 Autonomia 5

Trabalho em

equipe 5

... ... ... ... ... ... ... ...

Curiosidade 14 Escala 14 Recompensa /

Flexibilidade 14

Sem

burocracia 14

Comunicação 15 Sem burocracia 14 Dinheiro 15 Comunicação 15

Iniciativa 15 Recompensa 16 Sem burocracia 16 Flexibilidade 16

Protótipo 17 Priorizar 17 Gerar 17 Priorizar 17

Sem burocracia 18 Protótipo 18 Protótipo 18 Protótipo 18

Fonte: Dados da pesquisa. Autor (2017).

Quanto ao “comparar os dados obtidos por meio dos grupos de representantes

concessionários [...]30”, pode-se observar que em termos de “Elementos” pontuais, mesmo

trabalhando com as mesmas marcas, cada Grupo possui características distintas. Isto

corrobora com os apontamentos feitos pelos diversos autores estudiosos da cultura

organizacional, apresentados neste estudo no capítulo 2, em torno dos elementos mais e menos

superficiais presentes em cada agrupamento social.

Percebe-se assim, através da Tabela 5, que apenas alguns “Elementos”, destacados de forma

positiva e também negativa, na cultura do Grupo A, é comum a todos os Grupos, quais sejam:

“Determinação” (positivamente), “Sem burocracia” e “Protótipo” (negativamente). Estes

elementos sugerem, respectivamente, como característica intrínseca do setor, não mais dos

Grupos, o fato de que aqueles que exercem um papel de liderança nas organizações não

esperam as coisas acontecerem, correm atrás de oportunidades mesmo diante das

adversidades. Que os colaboradores dão muita importância às regras, políticas, burocracias e

rigidez no local de trabalho, e que há uma lentidão enorme na passagem da fase de uma

30 Terceiro objetivo específico. Grifo nosso.

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189

oportunidade promissora para a de prototipagem ou projeto, retardando o desenvolvimento

das organizações.

Observa-se também que os elementos “Desafio”, “Fome” e “Autonomia” são comuns a quase

todos os grupos, à exceção, no primeiro caso, do Grupo C, contribuindo positivamente com

os demais na forma de estímulos, onde os líderes destas organizações desafiam seus

colaboradores a pensar e agir de modo empreendedor. No segundo caso, à exceção do Grupo

D, o elemento “Fome”, denota uma característica positiva em torno de um desejo ardente para

explorar oportunidades e gerar coisas novas. Já no terceiro caso, à exceção do próprio Grupo

A, o elemento “Autonomia” contribui positivamente para os demais, proporcionando no local

de trabalho liberdade para que possam ir em busca das oportunidades.

Os demais “Elementos”, destacados na Tabela 5, aparecem quase que de maneira pontual,

caracterizando cada Grupo organizacional de maneiras diversas.

De posse destes apontamentos, cada Grupo poderá ser melhor explorado, ajustando suas

atividades do dia-a-dia para perseguir novas oportunidades de negócios e melhorias

sistêmicas, proporcionando maior segurança e confiança no porvir. Noutras palavras, a tal

sustentabilidade organizacional.

5.2 Críticas e Sugestões

Constatou-se, ao longo da pesquisa, que desenvolver ou fortalecer uma cultura voltada para a

inovação não é uma tarefa simples, não só por haver necessidade de se trabalhar em vários

fatores dentro da empresa, como também e por si só, se configurar como algo que vai requerer

o desdobramento de certa energia e em torno do desconhecido, tendo em vista a quantidade

de empresas que adotam, especificamente, este modelo organizacional para dirigir seus

esforços coletivos ao alcance dos objetivos organizacionais.

Acredita-se que a ferramenta utilizada nesta pesquisa, cumpriu o seu papel, o de mensurar a

cultura de inovação de uma organização, através dos elementos culturais estudados e

justificados como sendo inerentes a este tipo de cultura organizacional, como foi recomendado

pelos autores do instrumento em questão, baseado na sua aplicabilidade ao longo dos dois

anos nas atividades de consultoria desenvolvidas em empresas locais e globais, apresentando

um caráter versátil e multifacetado quanto às complexidades estruturais.

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190

Porém, percebe-se que apesar de o instrumento apresentar-se aplicável, algumas pessoas

relataram alguma dificuldade quanto ao entendimento aos questionamentos apresentados,

necessitando de um maior refinamento quanto à linguagem formatada, o que pode de alguma

forma ter impactado nos resultados alcançados.

Outra questão que se apresenta, está relacionada com o impacto causado ao respondente

quanto ao tamanho do formulário de pesquisa, por se tratar de 54 respostas diferentes, não

obstante ser um questionário objetivo com uma opção de concordância entre cinco

alternativas.

Apesar de não ter sido o objetivo do estudo realizado, mas este desperta o ensejo de que o

instrumento “Quociente de Inovação” poderia ser aperfeiçoado para detectar exatamente quais

“Elementos” estariam contribuindo para o desempenho organizacional como um todo,

transformando-se numa ferramenta extremamente útil ao mercado.

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191

REFERÊNCIAS

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204

APÊNDICE

APÊNDICE A - Amostra do formulário de pesquisa, na perspectiva do respondente

Fonte: Dados da pesquisa (2017).

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205

APÊNDICE B (Continua) – Tradução do Innovation Quocient

OS BLOCOS CONSTITUINTES DA PESQUISA SOBRE INOVAÇÂO

Nosso modelo de cultura de inovação tem um total de seis blocos, 18 fatores e 54 elementos. (Cada

bloco tem três fatores, e cada fator é composto por três elementos.) Os respondentes ao survey devem

avaliar a sua organização em cada um dos 54 elementos, numa escala de 1 a 5, utilizando a seguinte

escala: 1-não existe; 2-existe em pequena medida; 3-existe em medida moderada; 4=em grande

medida; 5=em medida muito grande.

Estabeleça a nota média geral de cada elemento; depois, a nota média de cada fator; em seguida, a de

cada bloco; e, por fim, encontre a nota média dos seis blocos constituintes. É o quociente de inovação.

Observe que o valor do survey aumenta à medida que o tamanho da amostra aumenta, particularmente

quando os respondentes vêm de diferentes níveis hierárquicos da corporação e de diferentes unidades

da empresa.

Fonte: Autor (2017).

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APÊNDICE B (Continuação...) – Tradução do Innovation Quocient

Fonte: Autor (2017).

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207

APÊNDICE B (Conclusão) – Tradução do Innovation Quocient

Fonte: Autor (2017).

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ANEXO

ANEXO A (Continua) – Innovation Quocient (IQ)

Fonte: Rao e Weintraub (2013).

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ANEXO A (Conclusão) - Innovation Quocient (IQ)

Fonte: Rao e Weintraub (2013).