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1 ESTUDO REFLEXIVO DO EXERCÍCIO DA DOCÊNCIA NO PROGRAMA PIBID/ UFRN: Uma construção coletiva 1 HÉRICA PEREIRA DA SILVA 2 Dra. SORANEIDE SOARES DANTAS 3 RESUMO Este trabalho se propõe a contribuir para o debate sobre o exercício da docência no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID/UFRN), através da experiência docente vivenciada no subprojeto de Pedagogia em 2013.1. Para fins de estudo nos propomos a resgatar qual o modelo da docência foi incorporada a formação docente de estudantes de Pedagogia do PIBID/UFRN, no período letivo de 2013.1. Optamos por uma metodologia de trabalho que possibilitasse um estudo reflexivo sobre as ações desenvolvidas nas Escolas participantes do Programa em 2013.1. Iniciamos o estudo apresentando qual era a estrutura e como era o funcionamento do PIBID/ UFRN 2013.1. Entendendo a estrutura do PIBID em seu aspecto quantitativo: quantos estudantes, quantas escolas em quais os níveis de ensino, quantos professores supervisores e quantos coordenadores faziam parte do PIBID/ 2013.1. No que se refere ao funcionamento, apresentamos as ações de formação docente na UFRN e na Escola: como ocorriam as orientações de trabalho aos estudantes, por parte da coordenação e/ou por parte dos professores supervisores. Esta primeira etapa foi denominada Contextualização do PIBID/ UFRN 2013.1. A etapa seguinte tem como objetivo apresentar o resultado reflexivo do exercício da docência que foi vivenciado no PIBID/ UFRN, na perspectiva de uma estudante bolsista do programa em 2013.1. O resgate do projeto desenvolvido direciona este estudo, 1 Trabalho apresentado ao Curso de licenciatura em Pedagogia, na modalidade Artigo, como parte integrante do Trabalho de Conclusão de Curso II (PEC5046), realizado no período de 27 de julho a 12 de dezembro de 2015. 2 Aluna do Curso de licenciatura em Pedagogia em fase de conclusão do curso em 2015.2. 3 Professora do Departamento de Práticas Educacionais e Currículo do Centro de Educação da UFRN.

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1

ESTUDO REFLEXIVO DO EXERCÍCIO DA DOCÊNCIA NO PROGRAMA

PIBID/ UFRN: Uma construção coletiva1

HÉRICA PEREIRA DA SILVA2

Dra. SORANEIDE SOARES DANTAS3

RESUMO

Este trabalho se propõe a contribuir para o debate sobre o exercício da

docência no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência

(PIBID/UFRN), através da experiência docente vivenciada no subprojeto de

Pedagogia em 2013.1. Para fins de estudo nos propomos a resgatar qual o

modelo da docência foi incorporada a formação docente de estudantes de

Pedagogia do PIBID/UFRN, no período letivo de 2013.1. Optamos por uma

metodologia de trabalho que possibilitasse um estudo reflexivo sobre as ações

desenvolvidas nas Escolas participantes do Programa em 2013.1. Iniciamos o

estudo apresentando qual era a estrutura e como era o funcionamento do

PIBID/ UFRN – 2013.1. Entendendo a estrutura do PIBID em seu aspecto

quantitativo: quantos estudantes, quantas escolas em quais os níveis de

ensino, quantos professores supervisores e quantos coordenadores faziam

parte do PIBID/ 2013.1. No que se refere ao funcionamento, apresentamos as

ações de formação docente na UFRN e na Escola: como ocorriam as

orientações de trabalho aos estudantes, por parte da coordenação e/ou por

parte dos professores supervisores. Esta primeira etapa foi denominada

Contextualização do PIBID/ UFRN – 2013.1. A etapa seguinte tem como

objetivo apresentar o resultado reflexivo do exercício da docência que foi

vivenciado no PIBID/ UFRN, na perspectiva de uma estudante bolsista do

programa em 2013.1. O resgate do projeto desenvolvido direciona este estudo,

1 Trabalho apresentado ao Curso de licenciatura em Pedagogia, na modalidade Artigo, como parte integrante do Trabalho de Conclusão de Curso II (PEC5046), realizado no período de 27 de julho a 12 de dezembro de 2015. 2 Aluna do Curso de licenciatura em Pedagogia em fase de conclusão do curso em 2015.2. 3 Professora do Departamento de Práticas Educacionais e Currículo do Centro de Educação da UFRN.

2

tomando como base teórica os fundamentos do ensino fundamental I em

discussão naquele período letivo, que foram utilizados como leitura obrigatória.

PALAVRAS CHAVE: PIBID – DOCENCIA – PROJETO - ESCOLA

3

ABSTRACT

This paper aims to contribute to the debate on the practice of teaching in

the Institutional Program Initiation Grant to Teaching (PIBID / UFRN), by

teaching experience lived in the subproject of Education in 2013.1. For study we

propose the rescue which the teaching model was incorporated into teacher

training Pedagogy students PIBID / UFRN, in the school year of 2013.1. We

chose a methodology of work that would allow a reflective study of the actions

developed in the Schools Program participants in 2013.1. We started a study

showing what the structure and how was the operation of PIBID / UFRN -

2013.1. Understanding the structure of PIBID in its quantitative aspect: how

many students, how many schools in which teaching levels, how many teachers

and supervisors how many engineers were part of PIBID / 2013.1. With regard

to the operation, we present the teacher training actions in UFRN and school:

working as occurred guidance to students, by coordinating and / or by

supervisors teachers. This first stage was called Context of PIBID / UFRN -

2013.1. The next step is to present the result of reflective practice of teaching

that was experienced in PIBID / UFRN, from the perspective of a fellow student

program at 2013.1. The rescue of the projects developed directs this study,

taking as a basis the theoretical foundations of elementary school under

discussion in that school year, which were used as required reading.

KEYWORDS: PIBID - Teaching - DESIGN - SCHOOL

4

I – INTRODUÇÃO

O PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência) é um

programa do Ministério da Educação, gerenciado pela CAPES (Coordenação

de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) que vem sendo

desenvolvido na cidade do Natal na Universidade Federal do Rio Grande do

Norte (UFRN). O programa visa valorizar e incentivar a formação de

professores para atuarem na rede pública de ensino no município do Natal.

Em meados de 2008, o Programa vem ofertando bolsas de iniciação à

docência aos alunos de cursos presenciais para atuarem nas escolas públicas

e, ao término da graduação, se comprometem com o exercício da docência.

Assim, antecipando o vínculo entre os futuros docentes e as salas de

aula. Com essa iniciativa, o PIBID faz uma articulação entre a educação

superior (por meio das licenciaturas), a escola e os sistemas estaduais e

municipais da cidade. Dessa forma, torna-se um programa reconhecido

nacionalmente, pelo trabalho que faz nas escolas.

Atualmente, são 21 cursos de licenciaturas presenciais e 05 cursos a

distância, 784 licenciandos, 46 coordenadores de área, 107 supervisores em

57 escolas contempladas com o Programa no Estado do Rio Grande do Norte,

além de mais de 10 mil alunos da rede básica atendidos. Os subprojetos

estarão inseridos em diversas escolas da rede pública do Rio Grande do Norte,

localizadas em Natal e interiores, assim, abrangendo as mais variadas

localidades 4.

Mas, para o Programa chegar à universidade é preciso entender como

esse processo acontece. O PIBID, só poderá ser implantado através de

Instituições de Educação Superior (IES) públicas e privadas desde que ofertem

cursos de licenciatura. E que submetam a CAPES projetos de iniciação a

docência. Dessa forma, no capitulo III, Art. 19, pode participar do PIBID a

instituição que,

I – possua curso de licenciatura legalmente constituído;

II – tenha sua sede e administração no país;

4 Regulamento Interno do PIBID-UFRN.

5

III – mantenha as condições de qualificação, habilitação e idoneidade

necessárias ao cumprimento e execução do projeto, no caso de sua

aprovação5.

Dessa maneira, a UFRN se enquadra nesses quesitos para o programa

chegar à universidade. Passando parte da responsabilidade a PROGRAD,

Vejamos no capitulo IV, Art. 7º. O programa PIBID vincula-se, na UFRN, a

Própria Reitoria de Graduação – PROGRAD; No Art. 8º compete a PROGRAD

garantir e zelar pela infraestrutura de funcionamento do PIBID na UFRN e

pelos aspectos legais da vinculação institucional do Programa, assim, como

pelo registro acadêmico das atividades de todos os membros do PIBID-UFRN6.

As instituições participantes recebem cotas para ajudar no andamento

das intervenções nas escolas através dos bolsistas que vão atuar em sala de

aula. No capitulo VI, Art. 17. Os recursos financeiros do PIBID-UFRN destinam-

se, exclusivamente, ao pagamento de bolsas para os licenciandos da

graduação da UFRN, os professores supervisores das escolas participantes, os

coordenadores das áreas, de gestão e institucional, e, ainda, para a execução

das atividades do PIBID, de acordo com as normas de utilização de recursos

estabelecidos pela CAPES. No Art. 18. Os valores das bolsas do PIBID-UFRN

serão fixados pela CAPES, de acordo com sua politica de distribuição de

recursos 7. Assim, as instituições aprovadas pela CAPES recebem cotas de

bolsas e recursos de custeio e capital para o desenvolvimento das atividades

do projeto.

É dessa maneira que o projeto chega às universidades públicas e

privadas depois de submissões de propostas de trabalhos a CAPES é que os

projetos podem ser colocados em prática. Já na instituição, a equipe do PIBID-

UFRN é distribuída da seguinte forma, de acordo com o capitulo V, Art. 9º,

I- Coordenador institucional;

II- Os coordenadores de área de gestão de processos educacionais;

III- Os coordenadores de área (coordenadores dos subprojetos);

5 Regulamento Geral do PIBID Nacional. 6 Regulamento Interno do PIBID-UFRN. 7 Regulamento Interno do PIBID-UFRN.

6

IV- Os professores supervisores das escolas públicas participantes;

V- Os professores colaboradores dos subprojetos – quando

requisitados pelos coordenadores;

VI- Os licenciados voluntários 8.

Isso quer dizer que, o programa é distribuído por sete modalidades na

qual se estrutura. Cada um exerce um papel fundamental para o sucesso de

todos. De modo geral, os participantes da iniciação a docência (que vão as

escolas) são alunos dos cursos de licenciatura, que vão conhecer a realidade

no cotidiano escolar. Eles observam, planejam e executam seus planos em

sala de aula juntamente com as equipes, em diversas áreas do conhecimento.

As escolas participantes do projeto 2013.1 são a Escola Estadual Luis

Antônio, Escola Municipal Juvenal Lamartine, Escola Municipal Ulisses de Góis

e Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) José Alves Sobrinho. O PIBID-

UFRN é norteado por objetivos previsto no regulamento interno. Vejamos no

capitulo II, Art. 3º,

I- Proporcionar aos futuros professores a participação em ações e

experiências didático-pedagógicas articuladas às orientações das

políticas educacionais (LDB, PCN, DCN etc.) e a realidade das

escolas, tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio da

rede pública de ensino;

II- Desenvolver experiências focadas na prática docente que se

orientem para a superação de problemas identificados no processo

ensino-aprendizagem de modo a contribuir para a melhoria da

qualidade da formação docente nas áreas de abrangência deste

Programa;

III- Contribuir para a formação continuada em serviço dos professores

das escolas públicas conveniadas, tornando-os coparticipantes do

processo de formação inicial dos licenciandos;

IV- Promover, junto aos integrantes do projeto, diálogos que oportunizem

a apreensão dos saberes da profissão nas diferentes ações das

8 Regulamento interno do PIBID-UFRN

7

práticas e das aprendizagens da docência, favorecendo, assim, a

coerência entre a formação dos professores e as finalidades das

politicas voltadas a Educação Básica;

V- Promover a aproximação entre ensino e pesquisa, compreendendo a

pratica educativa como campo de pesquisa educacional e geração

de conhecimento 9.

Esses objetivos são extremamente importantes, pois são norteadores para

os subprojetos que fazem parte do programa. Uma vez que, eles se organizam

e traçam metas significativas baseadas nessa proposta. Servindo como norte

para a condução do trabalho dos coordenadores de cada subprojeto. Com o

intuito de valorizar a educação básica e o magistério na atualidade. Busca-se

sempre identificar possíveis problemas no ensino-aprendizagem para depois

superar de forma inovadora e interdisciplinar.

Um destaque importante sobre esses objetivos é o que diz respeito a

aproximação do discente com o ensino e pesquisa como afirma o item V. Na

realidade não há uma aproximação com o ensino e a pesquisa na prática no

ano de 2013.1. O que realmente era explorado era o ensino, que era o aluno

na escola, planejando e executando sua aula. Assim, não havia uma análise

pós-aula sobre o que estava sendo feito em sala de aula, o que tornaria rica a

experiência se a pesquisa fosse incorporada de fato com o ensino. Servindo

para o discente pensar sobre sua prática pedagógica.

A partir do edital 2011, o subprojeto Pedagogia, da UFRN, tinha 72 bolsistas

e 6 supervisoras além das 2 coordenadoras10. As escolas participantes eram

quatro, nas quais contemplavam o Ensino Fundamental, Educação Infantil e

Educação de Jovens e Adultos. Assim, a equipe do PIBID-UFRN 2013.1 era

constituída pela coordenação institucional André Ferrer e Marta Maria

Castanho A. Pernambuco (edital 2009/2011), os coordenadores de área do

subprojeto Pedagogia/UFRN, Erika Gusmão de Andrade e Elda Melo.

Supervisionado pelas professoras da Escola Municipal Ulisses e Gois, Nora

9 Regulamento Interno do PIBID-UFRN. 10 Formação de professores: interação Universidade – escola no PIBID/UFRN/André Ferrer P. Martins e Marta Maria Castanho A. Pernambuco (Org.) – Natal: EDUFRN, 2012, v. 3, p.214.

8

Ney Fonseca Batista e Claudilene de Oliveira, no turno matutino, ao qual este

artigo tem como foco.

Então, este trabalho esta estruturado da seguinte maneira, no capitulo II,

será apresentado um estudo obre o exercício da docência no Programa

PIBID/UFRN: uma construção coletiva, mostrando a caracterização da escola,

o trabalho docente realizado no Ensino Fundamental I e os resultados obtidos

no exercício da docência. No capitulo seguinte, será a Base teórica do

PIBID/UFRN, onde mostrará a proposta pedagógica de iniciação à docência, o

modelo da docência incorporado à prática, onde faz-se uma revisão da

literatura tomando como referencia autores como Vasconcelos (1996), Macedo

(1994), Lajonquiere (1997), Roloff (2010) entre outros. E por ultimo as

considerações finais e referencias utilizadas.

II – O EXERCÍCIO DA DOCÊNCIA NO PROGRAMA PIBID/ UFRN: Uma

construção coletiva

1. Caracterização da Escola

Neste trabalho, pretendemos discutir o cenário de formação do aluno do

PIBID/Pedagogia com referencia na Escola Municipal Professor Ulisses de

Góis. A escola é da rede pública municipal de educação, localizada na Rua

Padre Raimundo Brasil no Bairro de Nova descoberta na zona sul de Natal-RN.

Foto 1 - Fonte: http://www.pibid.ufrn.br/matematicanatal/?tag=e-m-professor-ulisses-de-gois

9

O ensino está distribuído nos níveis de Educação Infantil, Ensino

Fundamental I e II, e Educação de Jovens e Adultos. A escola possui um amplo

espaço, com parquinho, quadra de esportes coberta, pátio descoberto,

refeitório, cozinha, despensa, banheiro para os alunos, banheiro adequado a

alunos com deficiência ou mobilidade reduzida, almoxarifado, sala de diretoria,

sala de professores, sala de secretaria, 12 salas de aulas, laboratório de

informática, sala de recursos multifuncionais para atendimento educacional

especializado (AEE), biblioteca. Percebe-se que a escola tem um espaço

amplo que consegue ser bem equipada com tecnologias, recursos

multifuncionais, acessibilidade, livros, e que recebe bolsistas do PIBID/UFRN

para complementar ainda mais a qualidade da aprendizagem com as crianças

de forma dinâmica e interdisciplinar.

Os encontros semanais para planejamento eram realizados na própria

escola todas as quintas-feiras pela manhã. Aos quais participavam todos os

professores efetivos e os bolsistas do PIBID Pedagogia/UFRN. O momento era

muito importante, pois propiciava aprendizagens únicas aos bolsistas, que

aprendiam a cada encontro. Uma vez que, as experiências dos docentes

veteranos eram compartilhadas com os mais jovens, o que demonstrava um

diálogo construtivo para a equipe. Podendo refletir sobre tudo o que ouvíamos

e adaptar o que achava mais pertinente para ser aplicado na sala de aula.

2. Trabalho docente no Ensino Fundamental I

Dessa forma, atuava no ensino fundamental I com mais três bolsistas,

formando um trio, na 2ª serie com alunos de sete e oito anos de idade. A turma

era composta por 19 alunos, sendo 9 meninas e 10 meninos.

As atividades foram planejadas a partir de um breve diagnóstico inicial com

os alunos para identificarmos as dificuldades e potencialidades da turma. Esse

diagnóstico foi feito a partir da primeira intervenção em sala de aula.

Primeiramente foi elaborado um crachá para cada aluno escrever seu

nome, assim, percebendo inicialmente dificuldades para escrever o próprio

nome, ou seja, alguns não conheciam as letras que compunham seu nome. E

10

também, facilitando o conhecimento dos nomes de cada criança. Dessa

maneira, foi observado um pouco da escrita dos discentes através do crachá.

Foto 2: Alunos A e B com crachás Foto 3: Alunas A e B com crachás

confeccionados por eles.

Em seguida, houve conversas informais sobre a vida daqueles alunos,

com quem moravam, se moravam próximo da escola, quem era de Natal ou de

outro Estado, o que mais eles gostavam de fazer em casa, em fim, foi coletado

informações de todos, para a partir daí, ser elaborado os planos de aula.

A proposta inicial foi pensada com o propósito de dinamizar os

conteúdos. Assim, eles estariam compreendendo de forma lúdica e

apreendendo o real significado, pois é baseado na sua vida cotidiana.

Foram aproveitados alguns espaços que a escola oferecia. Já que é

bem ampla e que permite trabalhar de diversas formas, como por exemplo, a

quadra de esportes. Outro espaço foi o parquinho, foi utilizado para coleta de

mais dados iniciais. Foi feito da seguinte maneira, os bolsistas construíram

11

letras do alfabeto soltas em formato de círculo e espalharam no parquinho para

os grupos de crianças formarem palavras a partir das letras que achavam.

Depois de socializarem com o grupo, colavam em um cartaz as palavras que

achavam certas.

Foto 4: Grupo meninas achando as letras Foto 5: Grupo meninas formando as palavras

A seguir, as imagens refletem o trabalho com as palavras formadas

pelos alunos,

Foto 6: Grupo meninos achando as letras Foto 7: Grupo meninos formando as palavras

12

Foto 8: formação de palavras grupo meninas Foto 9: formação de palavras no quadro grupo meninos

Foram elaboradas algumas dinâmicas iniciais de aula, como roda de

conversa, pois despertava o interesse pela oralidade; músicas como, por

exemplo: “Bom dia!” e “Olá como vai!”. As cadeiras eram colocadas em formato

de círculo para promover melhor interação entre os alunos e maior

socialização. Em seguida, uma história infantil, o que provocava curiosidade e

imaginação das crianças.

Foto 10: Contação de história

13

Foto 11: Alunos atentos a história

Foi verificado que as crianças adoravam o momento “historinha”, pois a

maior parte da turma ficava atenta ao que a bolsista contava e alguns

elementos como a entonação da voz deixavam a história mais atrativa.

Algumas vezes eram contadas duas histórias, pois as crianças pediam. Era

algo bem receptivo por parte deles.

Foto 12: Alunos “A” e “B” lendo uma história infantil

14

Algumas construções de jogos pela bolsista foi o “Dominó Gigante

Matemático”. Foi utilizados operações de adição e subtração. Foi trabalhado

em duplas, cada um com uma peça, o que proporcionava um diálogo entre eles

(construção e desconstrução de ideias) e chegavam a um consenso final da

resposta. Algo muito bom de ser trabalhado em sala com os alunos e ao

mesmo tempo apresentar noções práticas sobre a matemática.

Foto 13: Alunos “A” e “B” conversando Foto 14: Dominó Gigante Matemático

sobre a escolha do dominó

Foto 15: finalizando a dinâmica com o Dominó Gigante Matemático

15

Também foram utilizadas atividades xerocadas quando se achava

necessário. Principalmente quando se utilizava imagens nas atividades. O uso

impresso era indispensável.

Foto 16: Atividades respondidas pelos alunos

Foto 17: Aluna respondendo cruzadinha

Foto 18: Aluna respondendo cruzadinha

Priorizavam-se sempre aulas que fossem motivadoras para os alunos.

Uma vez que, a maioria das escolas até hoje ainda utiliza o livro didático como

única solução para os alunos aprenderem a ler e escrever. Não existindo

outras maneiras que eles apreendam a leitura e escrita, nos remetendo a um

modelo Tradicional de ensino.

Muitas vezes, pela formação acadêmica já ser restrita a novas formas

didáticas de ensino. Fazendo com que o professor reproduza o que viu durante

o tempo do magistério. E transferindo a mesma metodologia de ensino na

prática em sala de aula. Sendo apenas um reprodutor de conteúdos.

16

A ludicidade é um meio de fazer as crianças se envolverem mais nos

assuntos abordados em sala. As aulas lúdicas devem transmitir os conteúdos,

combiná-los, possibilitando que o aprendente perceba que não está apenas

brincando em aula, mas que está armazenando conhecimentos. (Roloff, 2010,

p. 02).

A confecção de algumas atividades na sala de aula pelos alunos,

também foi algo positivo. Pois, eles confeccionavam na sala e finalizava no

mesmo local, pois havia um tempo destinado para a elaboração da proposta da

atividade. A interação entre as crianças é algo muito positivo, uma vez que, o

afeto, a atenção, o companheirismo, a amizade, são elementos que fazem a

turma se unir e se ajudarem no processo ensino aprendizagem. Para Roloff

2010,

As aulas lúdicas podem ajudar a construir saberes a partir de ações e interações com os colegas, porque corresponderão sempre a novas descobertas, novas noções. Nas aulas lúdicas, o professor deve ressaltar que brincadeira não é aspecto predominante da infância, mas sim que é um fator importante do desenvolvimento humano. (p. 06)

Dessa forma, o professor é o responsável por mediar esse processo

lúdico, pois a responsabilidade de aplicar a ludicidade na sala de aula deve

estar intrinsicamente ligada com a aprendizagem. Não deixando o aluno livre

para aprender sem orientação do educador,

E por que o professor deve proceder assim? Porque ele compreende que o aluno construirá algum conhecimento novo a partir da problematização de suas ações. O aluno precisa agir cognitivamente, assimilar o que lhe for interessante, significativo; para que o aluno responda as questões provocadas pela acomodação deste material e, por fim, se realize a reflexão, a partir de perguntas levantadas pelos

alunos e pelo professor. (Roloff, 2010, p. 03)

Promovendo também ao professor, o acompanhamento dos alunos do

inicio do processo de aprendizagem até o que ele construiu no momento.

Então, ele promove a superação de aprendizado pelo aluno durante sua vida

escolar, pois ao longo dos anos esse processo vai amadurecendo.

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A importância das datas comemorativas também era lembrada pela

escola. Esta aula iniciou-se com roda de conversa sobre o que eles sabiam

sobre a Páscoa. Em seguida, foram explicados sobre os símbolos que

compunham essa data, como o pão, o vinho, o trigo, a vela, em fim, os

elementos que fazem parte da Páscoa. E o real significado da data, pois ainda

há a concepção de que a Páscoa é sinônimo de ovos de chocolate. Houve a

pintura dos símbolos da páscoa com tinta guache e em grupo finalizava-se com

a apresentação para a turma do seu símbolo.

Foto 19: Roda de conversa sobre a temática páscoa

Foto 20: Grupo pintando símbolos da páscoa Foto 21: Aluna “A” finalizando a pintura

A festa junina também foi lembrada. Os alunos confeccionaram as

bandeirinhas para decorar a sala.

Foto 22: Aluno “A” finalizando a bandeirinha Foto 23: Aluno “B” finalizando a bandeirinha

18

Outra temática foi para o tema “Higiene Bucal” e “Alimentos Saudáveis”.

Foi confeccionada pela bolsista uma “arcada dentária” de forma reciclável,

composto de caixas de ovos e e.v.a. Esse tema foi escolhido, devido aos

alunos comerem no intervalo da escola muitos alimentos não saudáveis o que

provocavam mal estar e cáries nos dentes. Isso foi percebido quando voltavam

do intervalo, pois eles reclamavam dos dentes e as vezes que estavam

passando mal porque comeram determinado alimento no recreio.

Então, foi elaborada a aula com a finalidade de orienta-los a comerem

de forma mais saudável e escovar sempre os dentes depois das refeições e

usar o fio dental. Cada aluno se deslocava onde estava a “arcada dentária” e

usava o fio dental para aprender corretamente com orientação do professor.

Foto 24: Aprendendo a usar o fio dental Foto 25: Aprendendo a usar o fio dental

Foram confeccionados dois dentes gigantes que representavam o que

era uma boa ou má alimentação. E quais os alimentos que prejudicava os

dentes, consequentemente, provocando cáries. Os alunos iam até o quadro e

colocavam as plaquinhas coladas no dente correspondente. Vejamos algumas

fotos:

19

Foto 26: dentes gigantes confeccionados Foto 27: colando a palavra Pera no dente pela bolsista do projeto PIBID/UFRN gigante feliz

Foto 28: Aluno “B” participando Foto 29: produto final feito pelos alunos

Então, o projeto “Mergulhando no Mundo das Letras” foi pensado com o

propósito de estimular de forma mais dinâmica e dialogada os conteúdos em

sala de aula. Propondo atividades lúdicas e dinâmicas para que os alunos

gostassem mais das aulas, pois se observava que os alunos não se sentiam

motivados em ir para a escola. Partir do interesse dos alunos durante as aulas

foi fundamental para que eles demonstrassem empenho em participar das

aulas de forma espontânea, com isso, expondo suas opiniões, dúvidas a cerca

dos conteúdos trabalhados.

3. Resultados obtidos no exercício da docência

20

Os resultados foram perceptíveis ao longo do semestre 2013.1 de março

a agosto. As mudanças na sala de aula foram visíveis, como a organização das

mesas e cadeiras que sempre estavam em filas, e depois que o projeto

adentrou nesta sala de aula através dos bolsistas nesta turma do 2º ano, a

metodologia foi modificada, de forma a passarem a se organizar em círculos

em todas as intervenções realizadas. Pois, a proposta das aulas era dinâmica e

dialogada. Desta maneira, sendo ideal para ler e contar histórias e realizar

trabalhos em grupos. Que foi uma das propostas do projeto “Mergulhando no

Mundo das Letras”.

A participação dos alunos nas aulas melhorou de uma forma motivadora,

uma vez que, nas aulas iniciais eles não queriam participar das atividades que

eram propostas. A maioria se negava a participar, mas isso foi perceptível nos

alunos inicialmente nas primeiras aulas e foram feitos os planejamentos de

ensino, baseados nessa recusa inicial por parte deles.

Foram propostas atividades que chamassem a atenção deles, como por

exemplo, as pinturas, a confecção de cartazes, as colagens em cartolina, a

aula sendo feita em outro espaço da escola, a maquete da “arcada dentária”

que foi muito bem aceito, pois todos participaram, em fim, foi trabalhado nas

aulas o que eles gostavam e ao mesmo tempo estavam aprendendo

didaticamente os valores, ensinamentos e principalmente, os conceitos

atitudinais que foram internalizados por eles durantes as atividades.

Nesse processo, observou-se a maior participação deles, as produções

em sala foram feitas com mais dedicação e os questionamentos nas aulas

aumentaram. Ou seja, eles levavam perguntas sobre temas ou algo que eles

ouviam na televisão e perguntavam aos professores. A partir da curiosidade

deles já podia ser elaboradas aulas com o propósito de esclarecer e aprofundar

mais o conteúdo a ser trabalhado.

Portanto, ao final do semestre de 2013.1, foi muito perceptível o avanço

das crianças em relação ao primeiro dia de aula ao último. A dedicação deles

foi algo notável por todos da escola, na hora da aula todos dedicados ao

momento da explicação dos assuntos e das atividades que seriam feitas

posteriormente. O respeito melhorou muito a partir de algumas atividades feitas

21

para se chegar ao resultado esperado. E foi diante disso, que eles começaram

a se ajudar, principalmente nas atividades em duplas. Com destaque para roda

de conversa que era feita no inicio da aula em todas as intervenções. O que

propiciava um momento muito importante pra todo o trabalho ser reconhecido

ao final. O que permitia momentos de conhecer melhor o aluno que estava em

sala de aula, conhecendo seus medos, paixões, curiosidades, suas religiões,

em fim, tudo isso ajudou para o planejamento das aulas darem certo. Para no

final os resultados serem positivos.

III – BASE TEÓRICA DO PIBID/UFRN

1. Proposta pedagógica de iniciação à docência

O grupo que atuava em 2013.1 na Escola Municipal Ulisses de Góis era

composto por três bolsistas do projeto PIBID/UFRN que atuavam juntos uma

vez por semana, com a supervisão da professora efetiva em sala. Com a

realização deste projeto ao longo do semestre, chegamos ao nosso objetivo

principal: alfabetizar letrando através de assuntos diversos e com uma

perspectiva dinâmica e prazerosa.

Com os trabalhos realizados durante o semestre, ao final, concluímos que

os discentes adquiriram realmente o significado do que foi passado ao longo

das aulas. E que eles possam posteriormente, utilizar tudo isso que

aprenderam nas aulas de uma forma que contribua para a formação pessoal e

intelectual deles durante sua vida escolar, pois não é durante algumas aulas

que isso será internalizado pra sempre, e sim com associações ao longo da

vida junto com os conteúdos estudados. E que haja de fato continuidade na

proposta do projeto "Alfabetização no Mundo das Letras” para a realização e

consolidação plena dos conteúdos trabalhados e objetivando que os resultados

sejam alcançados com sucesso.

Enfim, o projeto “Mergulhando no Mundo das Letras” foi pensado com o

propósito de estimular de forma mais dinâmica e dialogada os conteúdos em

sala de aula. Tendo como objetivos alfabetizar letrando e direcionando

atividades que estimulem as habilidades de leitura e escrita; conscientizar os

22

alunos de que ler e escrever requer esforço e dedicação dos mesmos; provocar

a curiosidade, o gosto e o hábito pela leitura; interpretar imagens e textos;

desenvolver a linguagem oral; ler e escrever, ainda que de forma não

convencional; produção de atividades pelos alunos em sala e alguns

jogos/brincadeiras em sala de aula que ajudem no processo alfabetizar

letrando. Alguns assuntos foram abordados com algumas temáticas sociais

como bullying, o respeito ao próximo, a importância da educação em nossa

vida, violência, em fim, sempre com um fim pedagógico. Esses foram os

objetivos que nortearam a confecção das aulas no semestre letivo 2013.1.

2. Modelo da docência em Pedagogia incorporado à prática

Primeiramente, a formação do pedagogo deve possibilitar uma visão global

do fenômeno educativo, bem como o desenvolvimento de capacidades

diversificadas e mais abrangentes para atuação nos diversos contextos

educacionais. O pedagogo assume múltiplas funções no seu fazer educativo, o

que implica a construção de conhecimentos também múltiplos e

contextualizados, articulados ao cenário de transformações sociais e as novas

demandas socioeducativas.

Nessa perspectiva de uma formação abrangente para o pedagogo, alguns

fatores figuram-se como elementos a serem considerados. Esses fatores

centram-se não só em uma sólida formação teórica sobre conhecimentos

científicos, biopisíquicos, histórico-culturais, ético-políticos, lúdicos e estéticos,

mas no desenvolvimento de conhecimentos práticos, em procedimentos de

ensino e de aprendizagem que permitam uma profícua relação entre teoria e

prática na formação do pedagogo 11.

Essa perspectiva denota uma abordagem de estudos que ultrapasse a

simples preparação para o exercício de uma função específica, vindo a

concentrar-se em saberes que oferecem uma ampla capacidade de construção

e reconstrução de ações e práticas diversificadas e essenciais ao fazer

educativo. Assim, a formação do pedagogo deverá propiciar a produção de

11 Formação de professores: interação Universidade – escola no PIBID/UFRN/André Ferrer P. Martins e Marta Maria Castanho A. Pernambuco (Org.) – Natal: EDUFRN, 2012, v. 3, p.215.

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conhecimentos em educação e a intervenção competente nos processos

pedagógicos, com base em concepções de sociedade, de ser humano, de

escola, de currículo, de ensino e de aprendizagem12.

Desse modo, de acordo com a prática vivida na Escola Municipal Ulisses de

Góis, o seguimento que se aproximou mais dos objetivos e da prática vivida

através do trabalho que foi feito durante as intervenções, foi o modelo

construtivista, vejamos,

Uma das teorias mais importantes na educação, a Teoria Construtivista, surgiu no século XX, a partir das experiências do biólogo, filósofo e epistemólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), o qual observando crianças desde o nascimento até a adolescência - como um recém-nascido passava do estado de não reconhecimento de sua individualidade frente ao mundo que o cerca indo até a idade de adolescentes, onde já tem-se o início de operações de raciocínio mais complexas - percebeu que o conhecimento se constrói na interação do sujeito com o meio em que ele vive (NIEMANN, Flávia A; BRANDOLI, Fernanda. 2012, p. 02.)

E ainda,

A especificidade do construtivismo de Piaget está no fato de que essa construção do conhecimento (ativa por parte do sujeito, mas possibilitada por sua inserção no mundo) é o que permite a construção de estruturas de compreensão (no sujeito) cada vez mais equilibradas, ao mesmo tempo em que uma estruturação (em termos de significado) cada vez mais abrangente do mundo. Um construtivismo em que gênese/estrutura e sujeito/objeto se relacionam permanentemente. Além disso, a construção é, na verdade, sempre uma reconstrução, indissociável da interação: o sujeito reconstrói o conhecimento, “tanto no sentido de construir sobre uma construção anterior [pois o faz a partir de uma estrutura prévia] quanto de construir o já construído por outros [pois o faz dentro de um contexto social/cultural]” (SANCHIS, MAHFOUD, apud, LAJONQUIÈRE, 1997, p.21).

Assim, o construtivismo diz respeito ao modo como o indivíduo constrói

o conhecimento através da interação com o meio. Mas, existem muitos

estudiosos que criticam e outros que concordam.

12 Formação de professores: interação Universidade – escola no PIBID/UFRN/André Ferrer P. Martins e Marta Maria Castanho A. Pernambuco (Org.) – Natal: EDUFRN, 2012, v. 3, p.215.

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A teoria construtivista tem sido fonte de críticas, mas também de

motivação e de pesquisa para vários estudiosos. Segundo Vasconcelos (1996),

a divulgação das ideias de Piaget no Brasil tem início no final da década de

vinte, no contexto do Movimento da Escola Nova, sendo que a crença liberal

escolanovista de que a escola seria o instrumento adequado à criação de uma

sociedade solidária e fraterna levou os educadores progressistas do início do

século a acreditarem na proposta de que a realização de inovações

pedagógicas poderia mostrar melhores resultados do que os obtidos pela

escola tradicional, que não consolidara objetivos sociais e democráticos 13.

Entretanto, é preciso ter muito cuidado na aplicação do modelo construtivista

na escola.

Nesse contexto, Macedo (1994) alerta para a importância de uma

análise cuidadosa relativa à aplicação pedagógica da obra de Piaget. O autor

destaca as semelhanças e diferenças entre os objetivos de Piaget e os

objetivos da escola. Embora o interesse comum seja o desenvolvimento da

criança, as orientações de ambos são diferentes. Assim, enquanto para Piaget

o interesse maior sobre os níveis de desenvolvimento é teórico e

epistemológico, para a escola o interesse é prático, ou seja, o enfoque está nos

resultados das práticas pedagógicas desenvolvidas em sala de aula no

aprendizado da criança 14.

O construtivismo propõe que o aluno participe ativamente do próprio

aprendizado, mediante a experimentação, a pesquisa em grupo, o estimulo a

dúvida e o desenvolvimento do raciocínio, entre outros procedimentos. A partir

de sua ação, vai estabelecendo as propriedades dos objetos e construindo as

características do mundo. As noções sobre os assuntos abordados em aula

são adquiridas na própria interação da criança com o meio em que vive. Vão

sendo formados esquemas que lhe permitem agir sobre a realidade de um

modo muito mais complexo do que podia fazer com seus reflexos iniciais, e sua

conduta vai enriquecendo-se constantemente. Assim, constrói um mundo de

objetos e de pessoas onde começa a ser capaz de fazer antecipações sobre o

que irá acontecer.

13 NIEMANN, Flávia A; BRANDOLI, Fernanda. 2012, p. 02. 14 NIEMANN, Flávia A; BRANDOLI, Fernanda. 2012, p. 05.

25

Portanto, os principais pressupostos da teoria epistemológica de Jean

Piaget revolucionaram a maneira de conceber o desenvolvimento humano e

contribuíram na construção de novas teorias pedagógicas na medida em que o

sujeito passa a ser visto como capaz de construir o conhecimento na interação

com o meio físico e social. Assim, de acordo com a proposta do projeto

“Mergulhando no Mundo das Letras” o modelo que mais se aproximou com a

prática realizada na sala de aula no ano de 2013.1 foi a construtivista.

3. Uma construção coletiva

O PIBID/UFRN proporcionou muitos momentos reflexivos para a prática

pedagógica. Através dos eventos que foram criados ao longo do semestre

2013.1, percebe-se a importância na formação docente, pois é através das

experiências e vivencias adquirida pelos professores que já estão nas escolas,

que os graduandos aprendem.

As trocas com os colegas do grupo também foram essenciais para tomadas

de decisão e de (re) elaboração de novos pensamentos, pois a partir do diálogo

com o outro,

Quando se pensa em educação, agir pedagógico ou processo ensino-aprendizagem, percebe-se que todos estes conceitos remetem necessariamente a existência de relações entre seres humanos que, por meio das trocas, mediados pela linguagem, caminham em busca de novos conhecimentos e do aprimoramento daqueles já existentes. Deste modo, a prática educativa se concretiza através das interações e para tal o diálogo se constitui em elemento essencial. Não é possível conceber um crescimento cognitivo, intelectual e humano que não seja fruto destas interações entre pessoas. (CÁRDIAS, 2012, p.05).

Desta forma, a linguagem só existe no diálogo, no intercambio vivo

daqueles que falam uns como os outros, na abertura e no encontro com o

outro. O diálogo nos permite a experiência de aproximação com o outro. Assim,

percebe-se a importância do diálogo como mediador. Contribuindo com novas

experiências para formação docente.

A importância das reuniões semanais junto com as coordenadoras do

PIBID/2013.1 era de grande importância para uma boa atuação dos bolsistas

em sala de aula. Pois, comtemplava os depoimentos e experiências dos outros

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discentes que participavam do projeto nas outras escolas. Servindo de

exemplos para os demais, e assim, compartilhando as experiências positivas e

negativas. E sempre discutindo possíveis soluções e/ou melhorias que

poderiam ser feitas na metodologia das aulas.

Algumas leituras complementares eram indicadas pelas coordenadoras

para um melhor aperfeiçoamento da prática pedagógica em sala de aula. O

que contribuía de forma significativa para formação docente. Filmes também

foram utilizados nesses encontros semanais, servindo de exemplos sobre a

importância que o professor tem para os alunos.

Em 2013.1 aconteceu o VI Encontro Integrativo, nos dias 7 e 8 de junho,

esse foi um momento em que todos os bolsistas das diversas áreas da UFRN

se encontravam. Eram vários minicursos, palestras, oficinas, que os próprios

bolsistas ou os coordenadores dos subprojetos organizavam para os demais

conhecerem a área específica que atuavam. Mostrando o que estavam

estudando, mas com o intuito de levar esse conhecimento de forma

metodológica para utilizar em sala de aula com as crianças. Era um momento

muito enriquecedor, pois se compartilhava várias experiências com os

graduandos de outras áreas e níveis de ensino variados. Assim, contribuindo

na formação docente dos bolsistas.

IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho foi muito importante, pois propiciou para a aluna bolsista

do projeto PIBID/UFRN, vivencias únicas. O que mudou toda a sua trajetória de

estudos na Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN. Experiências

que todos os estudantes de graduação das licenciaturas, deveriam vivenciar

neste projeto. São experiências que transformam a visão do licenciando para o

contexto extraescolar da realidade e das dificuldades das escolas públicas

atualmente. Mesmo com uma participação breve, foi muito proveitoso e

construtivo.

Nesse percurso houve muitas dificuldades, mas a principal foi

reconhecer-se como professor. Uma vez que, é preciso fazer uma transição de

ex-aluna para futuro professor. Pois, é necessário haver essa separação para

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que não perca o respeito dos alunos. Na condição de educadora, a tarefa de

ensinar aos alunos e aconselha-los nas suas escolhas se torna uma

responsabilidade maior. Ou seja, o professor é aquele que pode transformar a

vida de um aluno através da educação ou também pode desestimular

drasticamente um aluno. Sendo ele um dos eixos principais de transformação

social. O momento sala de aula é muito desafiador, pois estamos lhe dando

com crianças e que já possuem conhecimentos prévios sobre tudo.

O projeto “Alfabetização no Mundo das Letras” promoveu resultados

positivos, principalmente, em relação à construção da formação docente. Pois,

o contato prévio com a educação nos faz refletir e repensar como caminha a

docência em seus âmbitos educacionais. O contato com a instituição no

começo da formação acadêmica nos proporciona vivencias únicas, como a

compreensão do que ocorre e como é seu funcionamento. As experiências com

o corpo docente da escola, com os gestores, as supervisoras, as

coordenadoras, e principalmente, os alunos, em fim, todos, contribuíram para

efetivação do projeto.

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REFERÊNCIAS

CÁRDIAS, Sibele Macagnan. O Diálogo como elemento mediador de práticas

educativas reflexivas. 2012.

Caracterização da Escola Municipal Ulisses de Góis. Disponível em:

<http://www.escol.as/78162-escola-municipal-prof-ulisses-de-gois>. Acesso

em: 22 de ago. de 2015.

CAPES. Regulamento interno do PIBID/UFRN. 2010.

FERRER, André P. M; PERNAMBUCO, Marta M. C. Formação de professores:

interação universidade – escola no PIBID/UFRN – Natal, RN: EDUFRN, edital

2009, v.3, 2012.

Pibid – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência. Disponível

em: <http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid/pibid>. Acesso em:

15 de ago. de 2015.

LAJONQUIERE, L. Piaget: Notas para uma Teoria Construtivista da

Inteligência. Psicologia USP, v. 8, n. 1, p. 131-142, 1997.

MACEDO, Lino. Ensaios construtivistas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994.

NIEMANN, Flávia A; BRANDOLI, Fernanda. Jean Piaget: um aporte teórico

para o construtivismo e suas contribuições para o processo ensino e

aprendizagem da Lingua portuguesa e da Matemática. 2012.

ROLOFF, Eleana Margarete. A importância do lúdico em sala de aula. Artigo

publicado nos ANAIS da PUCRS, 2010.

SANCHIS, Isabelle de Paiva; MAHFOUD, Miguel. Construtivismo:

desdobramentos teóricos e no campo da educação. Revista Eletrônica de

Educação. São Carlos, SP: UFSCar, v.4, no. 1, p. 18-33, mai. 2010. Disponível

em: <http://www.reveduc.ufscar.br>. Acesso em: 02 de nov. de 2015.

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VASCONCELOS, M. S. A difusão das ideias de Piaget no Brasil. São Paulo:

Casa do Psicólogo, 1996.