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2011 EDUCAÇÃO CRISTÃ Prof.ª Rosiê Maximiano Carneiro 1 a Edição

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Page 1: EDUCAÇÃO CRISTÃ - UNIASSELVI

2011

Educação cristã

Prof.ª Rosiê Maximiano Carneiro

1a Edição

Page 2: EDUCAÇÃO CRISTÃ - UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2011

Elaboração:

Prof.ª Rosiê Maximiano Carneiro

Revisão, Diagramação e Produção:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri

UNIASSELVI – Indaial.

377C2895e Carneiro, Rosiê Maximiano. Educação Cristã / Rosiê Maximiano Carneiro. Indaial, Grupo UNIASSELVI, 2011.x ; 187.p.: il

ISBN 978-85-7830-312-9

1. Educação Religioso 2. Educação Cristã 3. Moral e Doutrina Cristã I. Centro Universitário Leonardo da Vinci II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título

Page 3: EDUCAÇÃO CRISTÃ - UNIASSELVI

III

aprEsEntaçãoPrezado acadêmico!

Nesta disciplina você estudará conceitos e definições que fundamentam a educação, bem como, teorias e práticas de ensino que podem ser utilizadas por qualquer que seja a pessoa que deseje seguir a Jesus, servindo-o como discípulo e fazendo novos discípulos.

O conteúdo foi elaborado de forma a atender a necessidade dos cristãos tanto no ensino bíblico informal, quanto no ensino bíblico formal na escola dominical ou na catequese.

Abordaremos pontos específicos, uma vez que seria impossível esgotar o assunto, de forma a nos levar a uma reflexão e à práxis educativa, como também à conscientização da responsabilidade de ser um cristão-educador, tanto no âmbito familiar como na igreja ou, ainda, na escola secular.

Este estudo é fundamentado na Verdade imutável, contida na Bíblia Sagrada; e como referência dos versículos aqui citados utilizamos a versão da edição Revista e Atualizada (RA), na tradução de João Ferrreira de Almeida, produzida pela SSB – Sociedade Bíblica Brasileira. Ao indicar o Livro, o capítulo e o versículo, colocamos a sigla (RA), para seu conhecimento da versão bíblica utilizada.

Desejo a você um excelente aprendizado e que seja frutífero e abundante na obra do mestre Jesus.

Abraço a cada um(a), almejando êxito!

Prof.ª Rosiê Maximiano Carneiro

Page 4: EDUCAÇÃO CRISTÃ - UNIASSELVI

IV

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos!

NOTA

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V

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VI

Page 7: EDUCAÇÃO CRISTÃ - UNIASSELVI

VII

UNIDADE 1 - JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO ...................................... 1

TÓPICO 1 - CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ ..................... 31 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 32 CONCEITOS E DEFINIÇÕES .......................................................................................................... 33 BREVE HISTÓRIA DO PENSAMENTO PEDAGÓGICO ........................................................ 5

3.1 PERÍODO PRIMITIVO – EDUCAÇÃO FAMILIAR E INFORMAL ....................................... 83.2 HISTÓRIAS DA CIVILIZAÇÃO DA ORALIDADE À IMPRENSA ..................................... 113.3 PERÍODO GREGO – CULTURA CLÁSSICA .......................................................................... 133.4 PERÍODO ROMANO – CULTURA GRECO-ROMANA, PAGÃ ......................................... 143.5 IMPÉRIO ROMANO CRISTÃO ................................................................................................ 163.6 PERÍODO MEDIEVAL – A PRIMEIRA UNIVERSIDADE .................................................... 173.7 PERÍODO MODERNO – EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E IMPRENSA ....................................... 20

4 A EDUCAÇÃO NA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL ................................................ 264.1 PERÍODO PÓS-MODERNO OU CONTEMPORÂNEO ........................................................ 264.2 BRASIL, A EDUCAÇÃO NO INÍCIO DO SÉCULO XX ........................................................ 27

5 PRINCIPAIS ESCOLAS E EDUCADORES CONTEMPORÂNEOS ...................................... 295.1 EDUCADORES QUE INFLUENCIARAM A EDUCAÇÃO NO BRASIL ........................... 29

5.1.1 Dewey (1859-1952) .............................................................................................................. 305.1.2 Vygotsky (1896-1934) ......................................................................................................... 305.1.3 Piaget (1896-1980) ............................................................................................................... 30

5.2 EDUCADORES BRASILEIROS .................................................................................................. 315.2.1 Anísio Teixeira (1900-1971) ................................................................................................ 315.2.2 Fernando de Azevedo (1894-1974) ................................................................................... 325.2.3 Paulo Freire (1921-1997) ..................................................................................................... 32

LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 34RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................... 35AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 36

TÓPICO 2 - PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO NOVO TESTAMENTO .................................. 391 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 392 JESUS, O MESTRE – EVANGELHOS ......................................................................................... 39

2.1 A FORMAÇÃO DO MESTRE JESUS ........................................................................................ 432.2 O CONTEÚDO ............................................................................................................................. 442.3 A AUTORIDADE ......................................................................................................................... 452.4 O MÉTODO .................................................................................................................................. 472.5 AS HABILIDADES ...................................................................................................................... 50

3 ENSINO CRISTÃO NAS EPÍSTOLAS......................................................................................... 543.1 PAULO, O APÓSTOLO DOS GENTIOS .................................................................................. 553.2 PEDRO, O APÓSTOLO PESCADOR ........................................................................................ 573.3 CONTEÚDO ................................................................................................................................. 573.4 MÉTODO ...................................................................................................................................... 583.5 OBJETIVO ..................................................................................................................................... 583.6 RECURSOS ................................................................................................................................... 58

sumário

Page 8: EDUCAÇÃO CRISTÃ - UNIASSELVI

VIII

RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................... 60AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 62

TÓPICO 3 - OS DESAFIOS DA AÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO CRISTÃ ............ 631 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 632 HUMANISMO, MATERIALISMO, EVOLUCIONISMO E CRIACIONISMO ................... 64

2.1 HUMANISMO ............................................................................................................................. 652.2 REFORMA E CONTRARREFORMA ........................................................................................ 662.3 MATERIALISMO ......................................................................................................................... 662.4 OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO ............................................................................................... 672.5 AS DIFERENÇAS ENTRE EVOLUCIONISMO E CRIACIONISMO ................................... 712.6 A QUEM INTERESSA SE LIVRAR DE DEUS? ....................................................................... 72

3 A FORMAÇÃO E O PERFIL DO EDUCADOR NO CONTEXTO ATUAL ........................... 763.1 A FORMAÇÃO ADEQUADA VENCE OS DESAFIOS .......................................................... 763.2 O PERFIL DO EDUCADOR CRISTÃO .................................................................................... 76

4 AS COMPETÊNCIAS E EXIGÊNCIAS TÉCNICAS DO EDUCADOR CONTEMPORÂNEO ....... 774.1 O EDUCADOR CONTEMPORÂNEO...................................................................................... 784.2 QUEM EDUCA QUEM? ............................................................................................................. 794.3 COMPETÊNCIAS E EXIGÊNCIAS TÉCNICAS ...................................................................... 80

LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 83RESUMO DO TÓPICO 3.................................................................................................................... 84AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 85

UNIDADE 2 - O CRISTÃO A SERVIÇO DO REINO: EDUCAÇÃO É A SUA FERRAMENTA ..................................................................................................................................... 87

TÓPICO 1 - O CRISTÃO COMO DISCÍPULO A SERVIÇO DO REINO DE DEUS ............. 891 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 892 A FUNÇÃO E O PAPEL DO CRISTÃO COMO EDUCADOR, SEGUNDO A BÍBLIA ...... 90

2.1 A DIFERENÇA ENTRE PAPEL E FUNÇÃO ........................................................................... 912.2 A FUNÇÃO DO CRISTÃO COMO EDUCADOR .................................................................. 912.3 O PAPEL E A RESPONSABILIDADE DO CRISTÃO EDUCADOR .................................... 93

3 A PEDAGOGIA A SERVIÇO DO REINO DE DEUS ................................................................ 95RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................. 102AUTOATIVIDADE ........................................................................................................................... 103

TÓPICO 2 - A EDUCAÇÃO COMO FERRAMENTA DE CONSTRUÇÃO DO REINO DE DEUS ....................................................................................................................... 1051 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 1052 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NA FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO ....................... 1063 OS EFEITOS DESEJÁVEIS E TRANSFORMADORES DA EDUCAÇÃO POR PRINCÍPIOS .................................................................................................... 1154 A EDUCAÇÃO LIBERTADORA, O ALICERCE DA CONSTRUÇÃO DO REINO .......... 126RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................. 132AUTOATIVIDADE ........................................................................................................................... 133

UNIDADE 3 - VIVÊNCIA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA ........................................................... 135

TÓPICO 1 - DIDÁTICA APLICADA ............................................................................................. 1371 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 1372 MUDANÇA DE PARADIGMAS NA AÇÃO DIDÁTICA ...................................................... 1373 CONCEITOS EM DIDÁTICA ...................................................................................................... 141

Page 9: EDUCAÇÃO CRISTÃ - UNIASSELVI

IX

3.1 CONCEITUANDO PLANEJAMENTO .................................................................................. 1443.2 ETAPAS DO PLANEJAMENTO .............................................................................................. 1453.3 PLANEJAMENTO DE ENSINO .............................................................................................. 1463.4 PLANO DE AULAS ................................................................................................................... 1473.5 ELEMENTOS DO PLANO DE AULAS .................................................................................. 1473.6 COMO ELABORAR UM PLANO DE AULAS OU DE ESTUDO? ..................................... 1483.7 IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ............................................................................... 1503.8 AVALIÇÃO DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM ................................................. 1513.9 O DESAFIO DA DIDÁTICA APLICADA AO PLANO DE AULAS .................................. 1523.10 COMO ELABORAR O PLANO DE AULAS ........................................................................ 153

RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................. 156AUTOATIVIDADE ........................................................................................................................... 157

TÓPICO 2 - MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO .................................................................. 1591 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 1592 CONCEITUANDO MÉTODO ..................................................................................................... 1603 A APLICAÇÃO DE MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO ................................................. 161

3.1 CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS DE ENSINO ................................................................ 1633.2 MÉTODOS DE ENSINO INDIVIDUALIZADO .................................................................... 1633.3 CUIDADOS DO EDUCADOR COM A LINGUAGEM, TEMPO E QUADRO ................ 1653.4 UMA BOA AULA EXPOSITIVA .............................................................................................. 1673.5 MÉTODO DO ENSINO SOCIALIZADO OU EM GRUPO ................................................. 1693.6 MÉTODOS DE ESTUDO SOCIOINDIVIDUALIZANTES .................................................. 1713.7 APLICANDO O MÉTODO SOCIOINDIVIDUALIZADO .................................................. 173

4 RECURSOS DIDÁTICOS ............................................................................................................. 1744.1 CONSTRUA OS RECURSOS DIDÁTICOS ............................................................................ 1754.2 CONSTRUINDO E UTILIZANDO RECURSOS DIDÁTICOS ............................................ 1754.3 DIORAMA .................................................................................................................................. 1764.4 VARAL E MURAL DIDÁTICO ................................................................................................ 1774.5 CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS DIDÁTICOS ............................................................... 1784.6 RECURSOS TECNOLÓGICOS APLICADOS À EDUCAÇÃO ........................................... 179

RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................. 182AUTOATIVIDADE ........................................................................................................................... 183REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 185

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X

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UNIDADE 1

JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta Unidade, você será capaz de:

• reconhecer em Jesus o modelo para o educador cristão;

• identificar os conceitos e definições de educação e educação cristã;

• compreender a evolução histórica do pensamento pedagógico;

• reconhecer nos Evangelhos a prática pedagógica de Jesus;

• compreender a ação pedagógica dos apóstolos através das Epístolas;

• identificar o desafio diante da diversidade de pensamento e ideologias sem o fundamento bíblico;

• compreender aspectos relevantes para o educador cristão cumprir seu papel e sua função, seguindo o modelo de Jesus;

• adquirir competências e exigências técnicas para desempenhar a ação educativa.

Esta Unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades que o levarão a aprofundar seus conhecimentos e a aplicá-los.

TÓPICO 1 – CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ

TÓPICO 2 – A BÍBLIA E OS TEXTOS QUE FUNDAMENTAM A PRÁTICA PEDAGÓGICA

TÓPICO 3 – OS DESAFIOS DA AÇÃO PEDAGÓGICA NO MODELO DE JESUS

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TÓPICO 1UNIDADE 1

CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E

EDUCAÇÃO CRISTÃ

1 INTRODUÇÃONeste tópico vamos abordar os conceitos e as definições de termos técnicos

utilizados na pedagogia, na didática e no ensino cristão. É muito importante que você entenda estes conceitos, para formular a sua concepção de educação e para que, como educador cristão, possa se expressar corretamente.

Utilizamos termos ou palavras como se fossem sinônimos, quando na realidade não são, embora a pessoa que nos ouve entenda o que estamos querendo dizer. Todavia, um dos requisitos para ser um bom educador é falar corretamente a língua, compreender e utilizar adequadamente os termos técnicos.

Um bom exemplo disto é quando alguém fala sobre educação ou sobre ensino. Pensamos tratar-se de sinônimos, não é mesmo? Mas não são! Vamos estudar mais à frente o conceito e a definição e você poderá conferir que na realidade não são sinônimos.

Neste tópico também estudaremos sobre a história da educação e a história do pensamento pedagógico, de uma forma panorâmica, para que você entenda como o pensamento e a filosofia educacional se fundamentam nos dias de hoje. Este conhecimento deverá auxiliar você a formular suas próprias ideias e construir o seu conhecimento de tal forma que venha a fundamentar a sua prática como educador cristão.

Vamos lá? Mãos à obra!

2 CONCEITOS E DEFINIÇÕESO que é um conceito? É uma ideia que fazemos a respeito de algo, de uma

pessoa, objeto, atitude ou pensamento. E tudo isto com base naquilo que ouvimos, aprendemos ou experimentamos. Temos conceitos que nos acompanham desde a infância, outros conceitos iremos adquirir ao longo da vida. Alguns são imutáveis, outros devem ser mudados, ou aprendidos corretamente.

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UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO

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O pensamento filosófico e as diferentes teorias de educação são dinâmicos e mutáveis (diferente do pensamento do Criador). Desta forma, podemos perceber que tudo poderá ser melhorado e aprimorado em educação.

No entanto, é preciso conhecer os conceitos fundamentais, para que possamos ter um ponto de partida e uma linguagem em comum com os demais educadores.

A seguir, você aprenderá alguns conceitos e definições mais comuns. No

entanto, saiba que poderá pesquisar no dicionário sempre que precisar ou tiver alguma dúvida, para aumentar seu cabedal de conhecimentos. Procure utilizar um dicionário de Pedagogia. Ou o Dicionário de Educação Cristã, que está listado no final deste caderno, na seção Referências.

NOTA

Há quem diga que a TV “educa”, deseducando o que a escola ensina... Seria esta afirmativa uma verdade?Vários autores definem educação como algo bastante complexo, que envolve conceitos subjetivos de valores, sentimentos, aspectos culturais e vivenciais. No entanto, reservam para o verbo Ensinar a definição e delimitação da ação prática exercida sobre o aprendiz.O ensino conduzido pelo mestre, ou autoridade do saber, ocorre de um modo geral em local específico, com objetivos específicos e conteúdos previamente selecionados. Seguindo este conceito, podemos dizer que as salas de aula são o local onde o aprendiz vai para ser ensinado ou conduzido pelo professor, na ótica da pedagogia tradicional.

Vejamos alguns conceitos de educação, que envolvem ensino e aprendizagem:

Aprendizagem

É o processo interior de construção do conhecimento, que pode ser manifestado de forma visível no exterior do indivíduo. Aprender não é apenas copiar, repetir ou imitar, é desenvolver seu próprio pensamento e produzir conhecimento acerca do que copiou, ouviu ou viu.

EducaçãoÉ um fenômeno mediante o qual o indivíduo se apropria em maior ou menor quantidade da cultura da sociedade onde vive.

Educação Assistemática É a que ocorre quando o aluno realiza experiências educativas sem ordenação curricular ou método.

QUADRO 1 – CONCEITOS DE EDUCAÇÃO  QUE ENVOLVEM ENSINO E APRENDIZAGEM

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TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ

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Educação Centrada no Professor

É um tipo de educação onde o professor é a figura mais importante e o responsável pelo processo ensino-aprendizagem.

Educação FormalÉ qualquer treinamento de educação convencional dirigido de maneira organizada, lógica, planejada e sistemática.

Educador

É aquele que educa, orienta e ensina. Pedagogo, professor, preceptor. Pessoa que exerce influência duradoura sobre o desenvolvimento cognitivo afetivo e psicomotor de outra, ou a ajuda em seu processo global de desenvolvimento. O professor não é necessariamente um educador, nem este será necessariamente professor.

EducandoÉ aquele que está sendo educado, que está recebendo educação; estudante, aprendiz, aluno, discente. É o sujeito e o objeto da educação.

EnsinarÉ lecionar; instruir; educar; doutrinar; levar conhecimento ao outro. Ensinar é fazer pensar. Instigar no outro a busca e aquisição de conhecimentos.

Ensino Laico

Ensino que não se fundamenta em princípios religiosos, mas sim nos ideais iluministas e no humanismo evolucionista. É o modelo de ensino adotado no Brasil, pelo Estado Laico. O ensino brasileiro passou a ser laico após a Constituição de 1934.

Ensino por Princípios

É o mesmo que Educação por Princípios, metodologia de ensino que utiliza a Bíblia para fundamentar os conhecimentos abordados no currículo oficial.Não se trata de ensino religioso, ou de aula de religião. Mas de uma metodologia baseada em princípios cristãos, bíblicos.

LDB Lei de Diretrizes e Bases são as leis que norteiam toda a ação pedagógica no Brasil.

FONTE: A autora

3 BREVE HISTÓRIA DO PENSAMENTO PEDAGÓGICO

A história do pensamento pedagógico, que vamos abordar, identifica-se com a ação educativa num dado período histórico. Nem sempre os homens pensaram em educação ou Pedagogia como fazemos hoje. As ideias se misturavam com religiosidade, política e economia.

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UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO

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Por esta razão, vamos acompanhar os registros e pesquisas realizadas sobre a história da humanidade, que pode ser dividida em pré-história e história da civilização. E em todos os momentos históricos podemos perceber que há uma ação educativa acontecendo. Promovida pela família, ou pelo Estado, ou por ambos.

O objetivo deste mergulho histórico não é aprofundar datas e acontecimentos, mas traçar um panorama histórico que nos ajude a compreender a ação pedagógica, quando a ideologia ou filosofia ou o pensamento não nos ajudam a identificar, e, compreendendo os fatos históricos, possam eles nos ajudar a promover uma ação pedagógica bem fundamentada, crítica e consciente.

O que vamos estudar a seguir compreende o pensamento humano e seus limites, às vezes contraditórios, mas que nos ajudam a compreender os movimentos da própria história, os avanços, os retrocessos e os porquês de muitas coisas que a sociedade faz ou pensa nos dias de hoje, pois em tudo vamos encontrar um legado da ação do homem, das gerações passadas, principalmente na questão educacional.

NOTA

Por que estudar a história da educação?Ora, se o que vivemos hoje é em parte reflexo do que as civilizações passadas produziram, tanto em tecnologia quanto no pensamento, não seria interessante estudarmos as suas práticas educacionais? Aprender o que pode ser repetido, e aprender com os erros do passado o que não deve ser repetido?

Portanto, o estudo da história do pensamento pedagógico deve nos levar a compreender as consequências deste pensamento na vida das pessoas, se foi benéfico ou não. Analisar e refletir são formas de construir o nosso próprio conhecimento, o qual irá nos levar a uma ação educativa com mais qualidade.

A partir deste raciocínio, você percebeu que a sua ação pedagógica e educacional praticada hoje terá consequências de imediato, e também ao longo do tempo?

Assim podemos assumir a responsabilidade de nossos atos buscando deixar um legado para nossa descendência familiar e para a próxima geração. Temos aí um grande desafio!

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TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ

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UNI

UNI

Você compreende que faz parte da história, e que está escrevendo a história da educação em nossos dias?

O pensar é próprio apenas do ser humano! PENSOU NISTO?

Em se tratando de história da Educação ou da História do Pensamento Pedagógico, é impossível imaginar o desenvolvimento humano, individual ou coletivo, sem que este tenha passado por um processo de ensino e aprendizagem.

Entre os animais, observamos a fêmea cuidando de seu filhote ao nascer e até que este aprenda, pelo exemplo, como sobreviver. O processo de ensino-aprendizagem animal termina por aí. O jovem animal não tem crises de adolescência. Pronto para reproduzir, já é considerado adulto jovem, e a mãe, literalmente, o abandona ou repele. Ele não precisa mais de sua mãe para sobreviver. Contudo, a cada nova gestação ou geração, os procedimentos da fêmea se repetem e não vão além do ensino instintivo, voltado para a sobrevivência.

Registrar seus pensamentos é uma capacidade humana. Guardá-los e transmiti-los à nova geração também é peculiar somente aos homens, de tal forma que o conhecimento acumulado pelas gerações é patrimônio cultural. O saber acumulado é transmitido, não precisamos aprender a usar o fogo ou inventar a roda a cada geração!

IMPORTANTE

PENSO! LOGO EXISTO.René Descartes

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UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO

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História da Educação e das Ideias Pedagógicas - Para melhor compreender a História da Educação é interessante acompanhar as divisões da História Geral da humanidade, a qual, para facilitar o estudo, pode ser dividida em etapas, períodos ou eras. Optamos pela divisão a seguir:

● Período Primitivo – Paleolítico e Neolítico.

● Período Oriental.

● Período Grego.

● Período Romano.

● Período Medieval.

● Período Moderno - Período do Renascimento e Iluminismo.

● Período Pós-Moderno ou Contemporâneo.

3.1 PERÍODO PRIMITIVO – EDUCAÇÃO FAMILIAR E INFORMAL

Há duas etapas que caracterizam o Período Primitivo: o Paleolítico e o Neolítico.

O primeiro período é o Paleolítico; nesta época o homem se reunia em grupos, clãs ou aldeias. Eram nômades, permaneciam em determinado local enquanto havia comida, caça, pesca ou frutos.

Paleolítico

A educação na família paleolítica era informal e doméstica. A mãe ensinava a criança, com seu exemplo, e a partir de certa idade o menino acompanhava o pai, aprendia com ele a fabricar instrumentos rudimentares de pau, pedra ou osso para caçar, pescar ou defender-se. Quando jovem passava por rituais de passagem que lhe concediam o direito de estar incluído entre os adultos. A menina aprendia com a mãe a coletar frutos e prepará-los, aprendia a confeccionar vestuário rudimentar.

O conhecimento era transmitido de pai para filho. E os ritos, as rezas, a magia, o culto à divindade, nesta cultura panteísta, eram ensinados pelos mais velhos à nova geração. Neste período, o meio de transmissão do conhecimento se dava apenas pela oralidade. Destes ensinamentos e conhecimentos dependia a sobrevivência individual e coletiva.

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TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ

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NOTA

Não havia outra tecnologia que não fosse o fabrico rudimentar de armas de caça, pesca ou guerra, e de vestuário para se proteger do clima. Quando o ambiente não proporcionava mais condições climáticas para morar ou comer, o local era abandonado, e o grupo saía em busca de uma nova morada, em local mais apropriado para a sobrevivência, onde houvesse abundância de caça e frutos.

No período Neolítico (aproximadamente 10.000 a.C), o homem passa a dominar alguma tecnologia capaz de diminuir a necessidade de sair em busca de alimento, ou de um clima melhor para o grupo.

IMPORTANTE

O homem domina as forças da natureza, construindo seu abrigo, guardando sementes para plantar, e não ter que sair em busca de frutos da época; as mulheres aprendem a tecer fios, fazendo roupas mais leves que as de pele animal. Toda esta tecnologia permite que ele se fixe na terra, deixando de ser nômade. O homem passa a ser sedentário.

A educação e o ensino da criança acontecem na família. Só os pequenos aprendem com a mãe os primeiros passos, depois o menino acompanha o pai, que o ensina nas práticas de caça, pesca, construção de ferramentas e armas. A menina fica com a mãe e aprende a confeccionar vasos de cerâmica e vestuários, e a arte de adorná-los. Tudo é feito manualmente e precisa ser ensinado aos mais novos.

Iniciam-se as trocas de sementes, produtos agrícolas e de animais, não existem ainda moedas como valor de troca. Tudo é produzido para o consumo e apenas o excedente da plantação ou da criação é trocado com outros clãs.

Os papéis são bem definidos, os guerreiros defendem o grupo, o mais forte deles e o mais corajoso é o líder. Os anciãos são encarregados de transmitir o misticismo dos rituais aos deuses para o grupo. Deuses estes que podem ser elementos naturais como sol, chuva, terra, ou animais. Os mais novos devem aprender a reverenciar os mais velhos, e aprender com eles, pois são eles que detêm o conhecimento histórico do grupo, são eles a “biblioteca” que se pode consultar quando necessário.

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UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO

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O conhecimento e o uso de remédios e ritos que curam são os mais velhos que ensinam à nova geração. O método de ensino deste período é baseado apenas na oralidade, e a aprendizagem acontece pela observação e pela prática, não existem livros ou manuais para aprender.

IMPORTANTE

Todo conhecimento vem diretamente dos pais ou dos mais velhos. Os desenhos ou os grafismos não têm a função de transmissão de conhecimento, são apenas expressão ou retrato do momento, que hoje consideramos arte, e evidências históricas da passagem do homem por aqueles locais.

A história deixa de ser pré-história e passa a ser história da civilização quando o homem passa a viver um novo tipo de relação com o líder. Na Pré-História não existe um rei, ou governante, não existem leis prescritas ainda que oralmente, o grupo tem um líder que serve a todos. Na civilização, o rei ou governante é servido.

Na Pré-História todos trabalham para o bem e sobrevivência do grupo ou famílias. Não existe acumulação de bens ou riquezas que criam a diferença de classes sociais. A produção do homem quer seja na criação de animais ou cultivo da terra, não visa ao lucro, mas sim à subsistência. Estas são as características que separam a pré-história da história da civilização.

• Grupos ou clãs – agrupamento familiar.

• O líder tem a função de servir ao grupo, protegendo-o com sua bravura.

• Não produzem o excedente, para vender, apenas o suficiente para a sobrevivência.

• A produção não visa ao lucro, não existe moeda de troca, não existe a necessidade de enriquecer.

• Não há classes sociais diferenciadas, apenas papéis bem definidos no grupo: pai, mãe, filho, filha, idoso, líder, guerreiro.

• As regras são decididas pelos anciãos. Não existe um rei, governante que domina.

Page 21: EDUCAÇÃO CRISTÃ - UNIASSELVI

TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ

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IMPORTANTE

A principal característica da civilização é a criação de um sistema de governo com leis definidas pelos governantes e classes dominantes, cuja ideologia é transmitida e perpetuada principalmente pela religião.

3.2 HISTÓRIAS DA CIVILIZAÇÃO DA ORALIDADE À IMPRENSA

A principal característica da civilização é a formação do Estado, ou Monarquia que governa. É ajuntamento de pessoas em aldeias ou cidades. A divisão do trabalho se dá por classes trabalhadoras e classes dominantes. Não havia empregado ou patrões, nem salário ou lucro. Na pré-história todos trabalham para servir sua família ou grupo, não para o enriquecimento de um senhor.

No início da civilização, os grupos se reúnem em aldeias, constroem casas, fixam-se junto às suas propriedades. A terra produz o sustento, a tecnologia de instrumentos rústicos para servir à indústria manufatureira familiar.

● No período Oriental vemos o nascer da civilização, surgem o Estado e a cidade. As culturas desta época, e que existem atualmente, estão na China, Índia e Egito.

Já vimos que a vida em clãs, tribos ou grupos era liderada pelo mais forte. Agora os homens se reúnem em grupos maiores, formam cidades e criam regras mais sofisticadas que regem o Estado.

Você sabia que o surgimento da escrita contribui para este avanço?

A transmissão do conhecimento e o ensino se dão pela oralidade, acontecem em casa; os jovens aprendem com os pais, ou com os mais velhos e sábios. Surgem sistemas de ensino voltados para a transmissão da cultura vigente e dominante; a escrita e os saberes são privilégio dos sacerdotes ou das classes governantes. A educação é politeísta e tem como objetivo reproduzir o modo de governar.

● Cultura chinesa – A cultura e ação pedagógica mais antiga de que se tem notícias é a da China. A educação chinesa tinha a finalidade de reproduzir nos jovens o sistema hierárquico, ensinava obediência e subserviência aos mandarins.

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Além da religiosidade, o homem passa a ensinar às novas gerações a obediência aos governantes de forma servil, a classe dominante ensina que deve ser obedecida e reverenciada, com o aval dos deuses. O ensino e a cultura não são mais voltados apenas para a sobrevivência do grupo, mas sim para firmar a supremacia do rei, governante, mandarim, faraó ou imperador.

As figuras míticas ou religiosas são utilizadas para confirmar o poder do governante e de sua família real, desobedecer ao governo ou governante significa arranjar encrenca com os deuses. “[...] a doutrina pedagógica mais antiga é o taoísmo (tao=razão universal), que é uma espécie de panteísmo, cujos princípios recomendam uma vida tranquila, pacífica, sossegada, quieta [...]”. (GADOTTI, 2002, p. 22)

● Cultura Hindu – Tendia para a contemplação espiritual dos milhares de deuses, exaltava o espírito em detrimento do corpo, que era repudiado.

Os párias (povo) e mulheres não tinham acesso à educação. A educação era utilizada para reproduzir um sistema de castas, ou classes hereditárias. Quem nascia em uma casta rica iria viver e morrer nesta casta, já aquele que nascia na casta pobre morreria assim. O ensino reafirmava este tipo de cultura, e também em obediência aos deuses, as pessoas aprendiam a conservar e aceitar e não questionar este tipo de vida.

● CulturaEgípcia – Eram bastante práticos, foram os primeiros a ter entendimento da importância da arte de ensinar.

Foram eles que criaram as primeiras bibliotecas e casas de instrução, onde se ensinava a ler, a escrever, a história dos cultos, a astronomia, a música e a medicina da época. (GADOTTI, 2002). A Bíblia nos traz várias informações sobre a cultura egípcia, principalmente quando o povo hebreu esteve por 400 anos no Egito. Veja o livro de Gênesis.

Embora a escrita já esteja sendo utilizada pelas classes mais nobres, a oralidade ainda é utilizada para a transmissão de saberes na formação familiar das crianças e do povo de um modo geral.

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Para pensar...Os pais, na antiguidade, não tinham escolas para onde enviar seus filhos, portanto, precisavam ensiná-los para a vida. Transmitir os saberes necessários para sobreviverem e criarem suas famílias. As mães ensinavam as lides domésticas, comportamentos sociais e religiosos, os pais ensinavam um ofício, a obediência aos superiores e aos mais velhos. Era uma educação voltada para a formação do indivíduo, e que funcionava! Isto é, era aprendida na prática vivencial do dia a dia, apenas através do exemplo e da oralidade.Diferente dos dias de hoje, quando os pais precisam trabalhar e por isto confiam à escola a formação de suas crianças: na creche, na pré-escola e, posteriormente, no ensino fundamental. Que conclusão você pode tirar deste modelo oriental de educação familiar, que poderia ser aplicado na formação da família cristã nos dias de hoje?

NOTA

3.3 PERÍODO GREGO – CULTURA CLÁSSICA

A civilização grega proporcionou à humanidade os primeiros pensadores que embasam o pensamento filosófico pós-moderno.

A educação era elitizada, somente as classes sociais altas tinham acesso à educação. As mulheres transmitiam conhecimento através da oralidade aos seus filhos enquanto pequenos. As meninas aprendiam os labores da casa, a serem mães de guerreiros. Os meninos iam para a escola levados pela mão por um escravo de confiança, cujo nome deu origem ao pedagogo.

Os meninos mais abastados, que tinham acesso às escolas (ginasium), aprendiam ginástica. Havia uma cultura para o corpo, não só para competir, mas também para a arte da guerra. Eles também aprendiam a cultura nacional, divulgada através de poemas épicos. “Nos poemas de Homero, a bíblia do mundo heleno {grego}, tudo se estudava: literatura, história, geografia, ciências, etc.” (GADOTTI, 2002, p. 30).

IMPORTANTE

As crianças aprendiam a tocar cítara para cantar os poetas, e para isto precisavam aprender a ler e a escrever. Muitos nomes contribuíram para a formação do pensamento grego e para a filosofia da Educação, porém os pensadores gregos mais conhecidos e que exerceram influência nas ideias pedagógicas atuais foram Sócrates, seu discípulo Platão; os Sofistas, os primeiros educadores que cobravam para ensinar, eles ensinavam que a importância do discurso era a de convencer pelo argumento e pela oratória, não se importavam muito com o conteúdo, valores morais e virtudes que caracterizavam até então a educação grega.

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Aristóteles, também discípulo de Platão, foi o precursor das ciências. Ele não estava tão preocupado com as virtudes. Há quem diga que em determinada ocasião ele declarou: “Sou amigo de Platão, mas sou mais amigo da verdade.” Há quem diga que ele foi o precursor da ciência moderna.

ESTUDOS FUTUROS

Você verá mais adiante, no período do Renascimento, que as ideias de Aristóteles “renasceram”, bem como as de Platão.

Neste período, o saber e o conhecimento eram sinais de status. Para os homens livres e ricos, o trabalho era considerado algo rude, que deveria ser realizado por pessoas rudes, os escravos, e as mulheres. Segundo Platão, nem os escravos, nem as mulheres possuíam alma, portanto não tinham condições nem necessidade de pensar, e nem de exercer a cidadania. O Estado de democracia era formado apenas por homens livres, aqueles que eram os donos dos escravos.

IMPORTANTE

O avanço cultural deste período fundamentou e fundamenta o pensamento filosófico atual, e influenciou as ciências no Ocidente, as quais são retomadas no período do Renascimento na Europa.

3.4 PERÍODO ROMANO – CULTURA GRECO-ROMANA, PAGÃ

Se no período grego a democracia (pelo menos entre os nobres) era valorizada, entre os romanos não havia democratização. Havia, sim, um Estado forte e militarmente dominante.

Os romanos, assim como os gregos, não valorizam o trabalho manual: separavam a direção do trabalho do exercício deste. Seus estudos são essencialmente humanistas, entendendo-se a humanitas (tradução de Paideia) como aquela cultura geral que transcende os interesses locais ou nacionais. (GADOTTI, 2002 p. 42)

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Na primeira fase do governo romano, ou na Roma Arcaica, a educação das crianças acontecia em casa. A mulher romana tinha um papel menos submisso que a mulher grega, a ela cabia a educação dos filhos em casa, ou ela delegava aos cuidados do pedagogo. O pai era a autoridade máxima dentro do lar, e a ele cabia o direito de castigos físicos para manter a disciplina, e o preparo do filho homem para ser um futuro cidadão.

Por ter dominado o território grego, os romanos passam a utilizar todo o patrimônio cultural da Grécia. E, como são mais práticos, aliam o pensamento filosófico à prática das conquistas territoriais. Ao adotar e adaptar a cultura grega, e por serem mais práticos, criam toda uma tecnologia bélica e de infraestrutura nas cidades. O Império Romano promoveu uma revolução tecnológica aliando o conhecimento à prática.

No século I a.C foi criada a primeira escola de língua latina. As escolas foram organizadas em graus e utilizavam recursos didáticos próprios.

A Escola Elementar destinava-se à formação das crianças, que aprendiam a ler, escrever e calcular. As crianças escreviam com estiletes em tabuletas de cera. Para calcular usavam os dedos ou pedrinhas.

Na Escola Secundária, o jovem aprendia música, geometria, astronomia, literatura e oratória, utilizando textos gregos e latinos. Na escola de Retórica, os alunos aprendiam sobre política, direito romano e sobre o pensamento dos filósofos, os quais eram debatidos. A educação romana mantém o estilo grego do debate inflamado e da retórica persuasiva.

Estabelecimentos de ensino superior – iniciavam com retórica (instrumento para a mais perfeita oralidade), eram seguidos pelo ensino de Direito e Filosofia. Estes estabelecimentos funcionavam como se fossem uma universidade. Todavia, o conceito que temos hoje de universidade vai surgir como instituição apenas no período medieval.

Tanto na educação grega quanto na educação romana, a transmissão do conhecimento vivencial se dá na família, através da oralidade, em todas as classes. Porém, a transmissão da cultura e dos saberes é privilégio dos indivíduos mais ricos ou importantes.

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NOTA

NOTA

A contribuição de Roma para a educação foi a preocupação do Estado com a educação, formando seus próprios quadros de educadores. A sistematização do ensino, em graus distintos, a formação de bibliotecas públicas, o reconhecimento e contratação dos mestres gregos para lecionarem nas escolas. Contribuiu também para a formação profissional de alguns escravos que serviam à elite, e também na formação de indivíduos do povo através de escolas de ofícios artesanais.

Para pensar: Como foi que Roma conseguiu se sobrepor à civilização grega, que detinha o conhecimento da época? Como foi que conseguiu dominar todo o mundo conhecido daquele período, tornando-se o grande Império Romano? E por que um império grande e poderoso como este sucumbe aos primeiros cristãos?

A educação romana era utilitária e militarista, organizada pela disciplina e pela justiça. Na escola, os castigos eram severos e os culpados açoitados com varas. Todos os lugares que o Império Romano conquistava eram submetidos aos mesmos hábitos e costumes, e à mesma administração. Isto é, eles impunham a cultura romana às cidades conquistadas. Foi desta maneira que os romanos conseguiram se tornar o maior império de todos os tempos. Israel estava sob o domínio de Roma quando Jesus nasceu, viveu e morreu.

3.5 IMPÉRIO ROMANO CRISTÃOQuando Roma adota o Cristianismo como religião oficial, as escolas

pagãs são abolidas, em seus três níveis, restando apenas as escolas cristãs de ensino superior, que formavam os líderes da Igreja.

“A decadência do Império Romano e as invasões dos chamados bárbaros determinam o limite da influência greco-romana. Uma nova força espiritual se sucedeu à cultura antiga, preservando-a, mas submetendo-a ao seu crivo ideológico: a Igreja Cristã.” (GADOTTI, 2002, p. 51).

É o caso da escola fundada em Alexandria, para a inteligência da fé e das escrituras, onde, entre outras, se estudava a filosofia, a geometria, a aritmética, com a finalidade de melhorar o conhecimento das Escrituras Sagradas. Apenas

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NOTA

Ao cair o poderio do Império Romano, só a estrutura religiosa se mantém; é ela que vai dar continuidade às escolas. Com o desaparecimento das escolas públicas pagãs, a educação passa a depender dos monges, que dão continuidade aos estudos, pois são hábeis defensores do patrimônio cultural. São eles que dão prosseguimento à cultura clássica.

uma elite tem acesso à cultura, entre eles sacerdotes e alguns nobres que recebem formação particular através de preceptores.

A educação formal e sistematizada, patrocinada pelo Estado, começa no Império Romano e termina com ele, quando então o Cristianismo passa a ser a religião oficial do Estado. O pensamento e as ideias da cultura greco-romana pagã, bem como os mestres que lecionavam nas escolas e os educadores passam a ser combatidos.

Com a legitimação político-religiosa do Cristianismo sob o Império de Constantino, os cristãos passam a depreciar a retórica e a cultura pagã e a acusar as escolas existentes, as quais dizem transmitir uma literatura contrária ao Cristianismo, pois são orientadas para valores diferentes das Sagradas Escrituras.

3.6 PERÍODO MEDIEVAL – A PRIMEIRA UNIVERSIDADE

Com a queda do Império Romano, inicia-se um novo período histórico, o do Feudalismo, que vai finalizar 1000 anos depois, com o advento do Capitalismo, o qual coincide com o Renascimento da cultura na Europa.

O pensamento do período medieval vai ser fundamentado pelo pensamento dos primeiros cristãos, considerados os pais da Igreja Católica. A Patrística, do século I ao VII, é que vai conciliar o pensamento cristão com o greco-romano, difundindo-o através das escolas catequéticas por todo o Império.

O apóstolo Paulo universaliza o Cristianismo e os pais da igreja – São Clemente, São Gregório, São Jerônimo, Santo Agostinho – impuseram a necessidade de se fixar um corpo de doutrinas, dogmas e organização do culto, necessário à disciplina da nova religião, a partir dos ensinamentos de Jesus Cristo.

Do ponto de vista pedagógico, Cristo havia sido um grande educador, popular e bem-sucedido. Seus ensinamentos ligavam-se essencialmente à vida. A Pedagogia que propunha era concreta: parábolas inventadas no calor dos fatos, motivadas pelas suas numerosas andanças pela Palestina. Ao mesmo tempo, dominava a linguagem erudita e sabia

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comunicar-se com o povo mais humilde. Essa tradição [ou método] contribuiu muito para o sucesso da Igreja e dos futuros padres. Saídos, sobretudo dos camponeses e trabalhadores, os sacerdotes católicos dominam até hoje a dupla linguagem – popular e erudita- com maior influência popular do que os intelectuais, que dominam apenas o discurso erudito. (GADOTTI, 2002, p. 52).

IMPORTANTE

Lembre-se: não havia mais acesso e promoção da educação pública, os ensinos eram apenas os ensinos religiosos, e pensamentos contrários ao Estado e ao clero eram severamente punidos. As pessoas eram constrangidas a praticarem a fé oficial, sob pena de excomunhão ou perda dos seus direitos religiosos. Para obter privilégios divinos, as indulgências eram compradas do clero, que as vendia em nome de Deus.

Todavia, ao lançar um olhar mais apurado para o passado, podemos ver que as guerras entre os senhores feudais não permitiam a formação de um sistema educacional forte. Os nobres estavam preocupados em conquistar mais terras e anexá-las ao seu território, não estavam preocupados com a sua formação, e nem tampouco a dos camponeses, que trabalhavam em suas terras e deviam-lhes impostos. Daí o nome de período das trevas. Não havia escolas públicas, porque não havia verbas do Estado ou clero, e nem havia interesse em formá-las.

Em contrapartida, os monges se afastaram das cidades, continuavam estudando, copiando documentos históricos e criando bibliotecas, resguardando o patrimônio cultural da destruição promovida pelas constantes guerras entre os senhores feudais, as quais não atingiam os mosteiros, que serviam assim de refúgio para o acervo cultural e para o ensino.

NOTA

Poderíamos afirmar que a importância do trabalho dos monges para a educação foi preservar o acervo bibliográfico e multiplicá-lo através de cópias manuscritas, e da transmissão do ensino para a formação de outros monges. Você concorda com esta afirmação?

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NOTA

Os filhos dos camponeses aprendem com a família através da oralidade, pois o povo não sabe ler, somente os religiosos, os mestres leigos ou os nobres. E quando vão à paróquia, aprendem a fé e os ritos através das explicações do pároco.No final do período medieval surgem as primeiras universidades, que ensinam Medicina, Direito e Teologia. Os mestres são doutores da Igreja, que tanto podem ser religiosos quanto leigos cultos. O ensino é ofertado e supervisionado pela Igreja, a qual tem uma jurisdição com leis próprias, e poder para julgar. Todavia, a maioria da população não tem acesso ao conhecimento, é iletrada e dominada pela religiosidade, que determina o pensamento da época.

A Igreja passa a ser a maior instituição unida neste rol de pequenos feudos. É ela quem promove a cultura e o ensino, a princípio apenas na formação cultural dos monges. A educação acontece nos mosteiros e nas paróquias, o ensino dos textos sagrados forma o currículo das escolas paroquiais na primeira metade da Idade Média.

No século IV d.C., os mosteiros, com as Escolas Monásticas (seguindo o modelo educacional de São Bento, fundador da Ordem dos Beneditinos), estas escolas passam a receber não só os monges, mas também os filhos dos nobres, visando à formação monástica, e dos reis e nobres, bem como a dos leigos cultos.

DICAS

Veja o filme O Nome da Rosa, para ter uma noção da educação e cultura, bem como do acervo cultural preservado pelos monges desta época.

O conteúdo programático estudado era bastante elementar, aprendia-se a ler, escrever, conhecer a Bíblia e, se possível, decorá-la. O canto era ensinado e os fundamentos da aritmética. Com o passar do tempo o programa educacional torna-se mais completo. Os alunos aprendem latim, gramática, retórica e dialética. A base da educação é a religião cristã. O método é o da repetição e os castigos físicos são bastante utilizados para aqueles que não conseguem atingir os objetivos.

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NOTA

Supõe-se que a primeira universidade europeia tenha sido na cidade italiana de Salerno, no século XI. Além desta, antes de 1250 formou-se no Ocidente a primeira geração de unidade.Para saber mais, acesse o seguinte endereço eletrônico: <http://www.pedagogia.com.br/historia/medieval3.php>.

3.7 PERÍODO MODERNO – EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E IMPRENSA

Período Moderno – o fim da Idade Média dá início ao Período Moderno, conhecido como Renascimento. Foi quando se propagaram as ideias e ideais iluministas e humanistas. Os escritores e artistas da época se intitulavam Iluministas, porque pretendiam trazer luz ao pensamento considerado obscuro da Idade Média.

O Renascimento – pensamento pedagógico renascentista se caracteriza por uma revalorização do pensamento e da cultura greco-romana. Platão passa a ser estudado, e a filosofia de Aristóteles incentiva o pensamento científico.

A educação passa a ser influenciada por este novo modo de pensar. Passa a ser mais prática, experimental, deixa de ser religiosa ou filosófica teocêntrica, torna-se mais voltada para o antropocentrismo, ou seja, o homem no centro. Não é uma filosofia ateísta, mas passa a ser chamada de humanista, para diferenciar do teocentrismo medieval.

O ensino passa a ser mais prático, voltando a incluir a cultura do corpo, e procura educar através de novos métodos, menos castigos e formas mais agradáveis de aprender.

As invenções de Gutenberg, a imprensa, deram um grande impulso à educação, difundindo de forma mais rápida o saber. É um período de efervescência social, política e cultural, que sai do feudalismo e dá início ao capitalismo.

A Reforma – neste período, na Europa, um movimento de protesto que havia iniciado com Lutero, na Alemanha, na Idade Média, passa a se fortalecer, ficando conhecido como Reforma Protestante, e que passou a ser apoiado por alguns reis, aos quais não interessava mais dividir o poder com o clero.

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NOTA

A Reforma Protestante deu início a uma vertente do cristianismo católico, o cristianismo protestante, conhecido no Brasil como movimento evangélico. Lutero e outros dissidentes do catolicismo vão levantar as questões da compra e venda de indulgências e da salvação pela graça. Pregam que a Bíblia deve ser lida, ensinada e divulgada a todas as pessoas.

A divulgação das ideias e ideais protestantes torna-se mais fácil com a invenção da imprensa, por Gutenberg. Era a tecnologia de ponta da época sendo usada a serviço da fé. Contudo, não bastava só imprimir bíblias, era necessário ensinar o povo a ler. Desta necessidade ressurgem as escolas públicas, para ensinar o povo a ler a Bíblia. Bíblias foram traduzidas do latim para vários idiomas, a fim de que as pessoas pudessem ler e entender.

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Portanto, o Renascimento passa a ser concebido como o século das luzes. O advento do Capitalismo abre espaço para uma nova cultura, a busca da ciência, do fato, do experimento.O pensamento científico, racional, vai se delineando, há uma explosão cultural, que desperta o interesse da classe rica emergente, a burguesia, formada por comerciantes e artesãos. Esta classe estava cansada de manter o luxo dos senhores feudais, ou da realeza.As ideias de liberdade e libertação do poderio do Estado e do clero agradam aos burgueses, que não têm títulos nem nobreza, e que buscam status social através do conhecimento. Eles pagam para seus filhos estudarem e obterem seus títulos universitários, como forma de ascensão social. O conhecimento que vai sendo disseminado pelos pensadores da época, que se denominam Humanistas, promove um avanço científico e tecnológico, o qual vai aumentando o poderio econômico da classe burguesa. Este é o período em que se inicia o processo que irá desembocar na Revolução Industrial, a qual traz consigo os fundamentos da revolução econômica e, por consequência, a revolução do conhecimento e do saber. Os pensadores da época já prenunciam uma nova forma de ensinar, voltada para a aprendizagem do aluno através do experimento e da observação da natureza. Deixando de lado o sistema educacional da Idade Média, que propunha muitas leituras, método de decorar textos, e a oratória, e que impunha também castigos físicos para que os alunos aprendessem.A liberdade da aprendizagem, a alegria de aprender são as novas tendências educacionais deste período. Que ainda se utiliza da oralidade na cátedra, da leitura e da escrita, porém vai se voltando para o saber científico voltado para a pesquisa e observação. A Medicina tem um grande avanço neste período, bem como a navegação traz um movimento comercial expansionista e de descoberta de novas rotas e do Novo Mundo, que incluiria o descobrimento do Brasil.A clientela da escola desta época não muda muito, pois ainda são os mais ricos, ou poderosos, que têm acesso ao saber. O povo, constituído de camponeses, agricultores ou a massa de

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trabalhadores na indústria manufatureira, de propriedade dos burgueses, não tem acesso ao ensino. A educação no lar prepara para a vida, e vai dar continuidade ao status pobre da família. O ensino religioso continua acontecendo nas paróquias, ensinando a obediência ao Estado, ao clero e a esperar a recompensa do sofrimento e da pobreza na vida futura post mortem.A característica do pensamento deste período é o pensamento antropocentrista, que coloca o homem no centro do universo, e que se contrapõe ao pensamento teocentrista da Idade Média. Deus é deixado de lado nas questões filosóficas, e o pensamento racional, no qual prevalecem a razão e o raciocínio do homem, torna-se predominante. Isto vai influenciar permanentemente a cultura das próximas gerações. Historicamente, este período termina com a Revolução Francesa em 1789, quando são destituídos os reis da França, e a burguesia assume o poder com os ideais da revolução e declaração universal dos Direitos Humanos. A partir da Revolução Francesa inicia um novo período, intitulado Era Moderna.

Todos os homens nascem livres e iguais... é bom refletirmos nisto.Livres do que? E iguais no que?Na verdade, pouca coisa mudou para a classe pobre. Os pobres continuaram pobres e os ricos continuaram ricos, as escolas continuaram atendendo as classes ricas e dominantes. A única diferença é que, através do seu trabalho, e da acumulação de riqueza, o homem pobre poderia ascender a outra classe social, e a burguesia não precisava ser nobre ou ter títulos de nobreza para comandar. Coisa impossível na Idade Média, onde o camponês deveria permanecer, nascer e morrer, no local que determinasse o senhor feudal.

Os intelectuais eram de grande importância para a divulgação da nova ideologia liberal da Idade Moderna. Rousseau era um deles.

Jean-Jaques Rousseau (1712-1778): Acredita na natural pureza do homem. “O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe”. Suas ideias de liberdade fundamentam a Revolução Francesa.

“A única instituição que ainda se constitui natural é a família.”

“A maioria de nossos males é obra nossa e os evitaríamos, quase todos, conservando uma forma de viver simples, uniforme e solitária, que nos era prescrita pela natureza.”

“O homem nasce livre, e em toda parte é posto a ferros. Quem se julga o senhor dos outros não deixa de ser tão escravo quanto eles.”

“A meditação em locais retirados, o estudo da natureza e a contemplação do universo forçam um solitário a procurar a finalidade de tudo o que vê e a causa de tudo o que sente.”

FONTE: Disponível em: <http://wapedia.mobi/pt/Jean-Jacques_Rousseau>. Acesso em: 25 jul. 2010.

QUADRO 2 – PENSAMENTOS DE ROUSSEAU

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O Renascimento e Humanismo – o Renascimento começa por volta do Século XIV, partindo de Florença, na Itália, e percorre toda a Europa até o século XVI. Este período é chamado de Renascimento, por representar um retorno à busca do pensamento livre de dogmas, tal como havia na cultura greco-romana interrompida na Idade Média.

IMPORTANTE

O termo Renascimento sugere uma volta ao saber, e a cultura acessível às classes populares, não apenas à nobreza e ao clero. A cultura e a arte, no Renascimento, estão aliadas às ciências e à matemática, cujo fundamento greco-romano são as ideias de Aristóteles. Esta ebulição de pensamentos e a busca pelo conhecimento excluem o pensamento da escolástica e sua teoria teocêntrica.

Os Humanistas buscam a lógica e o pensamento racional, para responder aos questionamentos humanos. Os filósofos, pensadores e educadores reformulam as ideias e ideais fundamentados no conceito antropocentrista, que coloca o homem no centro de tudo; surgiu daí a referência ao nome e ao conceito do Humanismo. Este novo pensar propõe modificações significativas nos métodos de ensino e vem desenvolver as ideias do métovdo na investigação científica.

UNI

As teorias carecem de comprovação para validar seus postulados, tais como a origem da vida e dos fenômenos naturais, uma vez que não acreditam que a origem de todas as coisas provém de Deus. Os humanistas, homens cultos que vinham da burguesia rica e leiga, ou do clero, influenciaram a evolução tecnológica e as pesquisas científicas; e ainda hoje influenciam a ciência e o pensamento pós-moderno, ou contemporâneo.

Concluindo, o pensamento renascentista dá origem às manifestações artísticas e culturais da Idade Moderna, e incentiva o pensamento filosófico, baseado na razão e no método de investigação científico, o qual vai dar origem ao Humanismo.

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IMPORTANTE

A Idade Contemporânea inicia após a Revolução Francesa em 1789 - e vai terminar com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945.

A escola da Idade Moderna adota o pensamento humanista. O ensino continua sendo oferecido apenas às classes ricas e dominantes, porém, com os pensadores da Reforma Protestante, as questões educacionais da população mais pobre passam a ser vistas como uma forma de aprender a ler a Bíblia.

Para combater o pensamento anticlero da Reforma, a Igreja Católica se manifesta através do movimento Contrarreforma, e para isto cria a Companhia de Jesus, a qual vai evangelizar e catequizar os territórios conquistados no Novo Mundo, as Américas, incluindo o Brasil. A Companhia de Jesus é formada por padres jesuítas que, além de catequizar, também promovem o ensino nos locais onde se instalam.

No Brasil, o ensino formal tem início com os padres jesuítas, que oferecem ensino aos índios nas aldeias, e, para os filhos dos colonos portugueses, fundam colégios. Dois nomes são muito conhecidos entre o povo brasileiro: os educadores Padre Manuel da Nóbrega e Padre Anchieta.

NOTA

O Padre Anchieta preocupa-se em conhecer a língua e a cultura indígena para evangelizá-los. Ao contrário dos colonizadores e da Coroa Portuguesa, que só pensam em explorar os nativos do Brasil.

A educação formal no Brasil é sofrível, não tem apoio nem incentivo algum da Coroa Portuguesa. Um fato marcante na história da educação brasileira, neste período, ocorre quando o Marquês de Pombal expulsa os jesuítas do Brasil.

Influenciado pelos ideais iluministas e humanistas, Portugal repele o ensino católico, mas não investe em educação no Brasil.

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TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ

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NOTA

Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro. (D. Pedro II)

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Os filhos dos ricos fazem escola primária e ginásio nos poucos colégios católicos que permaneceram, e depois vão cursar a faculdade na Europa.

Talvez o erro do nosso imperador D. Pedro II tenha sido não determinar que o aporte de recursos fosse uma obrigação do Império, pois que, com sua expulsão do Brasil, estas instituições não receberam mais recursos. Mesmo expulso do Brasil, ele doa seu patrimônio cultural pessoal para o país. Mas, por não estar na folha de gastos da União, seus recursos cessaram.Embora fosse um homem culto e interessado por todo o tipo de conhecimento e cultura, não conseguiu promover a educação formal para a população pobre em todo o território nacional. Concentrou sua atenção ao colégio que fundara, e que ainda funciona no Rio de Janeiro, o Colégio D. Pedro II.

No Brasil, por ocasião da vinda da família real em 1808, algumas ações em favor da educação e da cultura acontecem nos centros onde a realeza se estabelece.

Com o Imperador D. Pedro II, homem de cultura, reconhecido internacionalmente pelos filósofos e cientistas da época, o qual financiava com recursos próprios instituições de ensino, houve um avanço cultural nos grandes centros.

Era reconhecido como um imperador culto e liberal, todavia não conseguiu fazer uma leitura da realidade educacional do país.

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4 A EDUCAÇÃO NA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASILA proclamação da República ocorreu em 1889, cem anos após a Revolução

Francesa ter ocorrido na Europa, a qual deu início à Idade Contemporânea.

NOTA

D. Pedro II foi expulso do Brasil e, com o fim da monarquia, inicia o período republicano, em 1889. O Brasil passou a ser a República Federativa do Brasil.

Com um atraso de cem anos, se considerarmos as propostas da Renascença, do Iluminismo, do Humanismo que vão culminar com a Revolução Francesa na Europa. Revolução esta que visava promover o indivíduo em todos os sentidos, envolvia o processo educacional, voltado para o aprendizado do aluno, não apenas para os ensinos escolásticos do professor.

4.1 PERÍODO PÓS-MODERNO OU CONTEMPORÂNEO

O Período Pós-Moderno ou Contemporâneo tem início por ocasião do fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e perdura até os dias de hoje.

Este período é bastante complexo, tal a velocidade com que ocorrem mudanças em todas as áreas da atividade humana. Toda esta aceleração é promovida pelos avanços tecnológicos sem precedentes, a ciência avança velozmente, a cada dia surgem novas descobertas que vão sepultando as anteriores. Com o advento da internet, o mundo ficou pequeno, as notícias são transmitidas em tempo real, dos lugares mais longínquos.

Do ponto de vista educacional, várias correntes de pensamento e pensadores estão produzindo novas propostas educacionais.

Os avanços científicos e a tecnologia vão interferir e deixar marcas profundas na educação formal, o abismo entre as classes se aprofunda na medida em que aqueles que detêm o conhecimento têm acesso à vida cidadã. O restante da população fica na marginalidade.

As ideias e ideais de vida se confundem com o homem e com a matéria, ou materialismo. O capitalismo selvagem dá lugar ao imperialismo econômico. O que significa que a dominação econômica determina o modo de pensar e viver do indivíduo, o qual se torna sedentário e incapaz de viver sem os aparatos tecnológicos, e a falta destes causa a insatisfação, motivo de todo o tipo de desordens. Quem tem acesso ao conhecimento tecnológico pode aspirar melhores nichos sociais, quem não detém vai ficando para trás, e desanimando de tentar acompanhar a revolução tecnológica.

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TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ

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A palavra de ordem é a “Desconstrução”. Palavra bem apropriada para a época de desagregação familiar, moral e espiritual.

ATENCAO

O homem pós-moderno consegue tirar Deus do centro de sua vida, da cultura, das instituições sociais e educacionais, e paga um alto preço por isto. A manifestação da religiosidade, a busca pela essência do Cristianismo é tida como fanatismo, falta de cultura, ou considerado fator de manipulação e dominação por parte dos líderes religiosos.

4.2 BRASIL, A EDUCAÇÃO NO INÍCIO DO SÉCULO XX

Começo do século XX. O Brasil, país continental, permanecia atrasado no processo do desenvolvimento industrial, na economia e na educação. Embora a Constituição da época abordasse a educação, o que ali estava proposto nunca saiu do papel.

Havia polos de desenvolvimento em algumas regiões do país, com escolas primárias, ginásios, que correspondem hoje ao Ensino Fundamental, e o ensino clássico ou científico, que corresponde ao atual Ensino Médio. Havia poucas universidades, somente nos grandes centros, para uma classe privilegiada que podia apenas estudar. Os que podiam cursar as primeiras séries eram alfabetizados e abandonavam os estudos, a grande maioria da população era analfabeta.

A mudança neste quadro começaria a ocorrer próximo à década de 30, quando então começa o movimento educacional conhecido por Escola Nova. Neste período, governava Getúlio Vargas, o qual permanece no governo até 1954.

UNI

Caro(a) acadêmico(a)! A seguir, apresentamos um texto que o(a) auxiliará a compreender melhor o que estamos estudando. Leia com atenção e compreenda o momento histórico educacional que vivemos!

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UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO

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AS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS E A EDUCAÇÃO NO SÉCULO XX

Em 1934, o momento é rico para a educação

Cria-se o Ministério de Educação e Saúde (1930), sua orientação para reforma do ensino superior e secundário, com os pioneiros da Escola Nova (1932), que foi um marco para a educação. A Carta de 1934 tem 17 artigos sobre a educação, mantém a estrutura anterior, cabendo à União traçar as diretrizes da educação (art. 5º, XIX). Entre as normas estabelecidas para o Plano Nacional de Educação estão o ensino primário integral e gratuito e de frequência obrigatória, extensivo aos adultos e tendências à gratuidade do ensino superior e primário.

Importante matéria é o financiamento da educação, cabendo à União e aos municípios aplicar “nunca menos de (10%) dez por cento e os Estados e o Distrito Federal nunca menos de (20%) vinte por cento da renda resultante dos impostos na manutenção e desenvolvimento educativo” (art. 156). Já em 1937 amplia-se a competência da União para “fixar as bases e determinar os quadros de educação nacional, traçando as diretrizes a que deve obedecer a formação física, intelectual e moral da infância e da juventude” (art. 15, IX). A liberdade de ensino ou, melhor dizendo, a livre iniciativa é objeto do primeiro artigo dedicado à educação no texto de 1937, que determina: “A arte, a ciência e o ensino são livres à iniciativa individual e à de associações ou pessoas coletivas públicas e particulares” (art. 28).

O ensino religioso tem uma tendência conservadora porque permite que se apresente como matéria do curso ordinário das escolas primárias, normais e secundárias (art.133).

Em janeiro de 1946 assume o poder o presidente general Eurico Gaspar Dutra, promulgando a nova constituição.

São acionados decretos-leis referentes ao ensino industrial (Lei Orgânica do Ensino Industrial – Decreto-lei nº4. 073/42), ao secundário (Lei Orgânica do Ensino Secundário-Decreto-Lei nº. 4.2144/42). Também é criado o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI - Decreto-Lei nº. 4.048/42). Ao ensino fundamental (Lei Orgânica do Ensino Primário – Decreto-Lei nº. 8.529/46), ao ensino normal (Lei Orgânica do Ensino Normal – Decreto-Lei nº. 8.530/46), ao ensino agrícola (Lei Orgânica do Ensino Agrícola – Decreto-Lei nº. 9.613/46). Também é instituído o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC – Decreto-Lei nº. 8.621/46 e 8.622/46). Com tudo isso se acentua o dualismo distinguindo a educação escolar das classes populares e da elite.

O tema chave de 1967 é a “liberdade de ensino”, que vem ligado ao ensino particular.

Define a competência da União para legislar sobre diretrizes e bases

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TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ

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da educação nacional (art. 8º, XVII, ”q”). São acrescidas atribuições relativas aos planos nacionais de educação (art. 8º, XIV). Orientações e princípios de cartas anteriores são reeditados, tais como: o ensino primário como língua nacional, a obrigatoriedade e a gratuidade do ensino primário; O ensino religioso, com matrícula, facultativo e disciplina dos horários normais das escolas de grau primário e médio. Na carta de 1967, a obrigação da União de aplicar nunca menos de dez por cento e os Estados, Distrito Federal e Municípios nunca menos de vinte por cento desaparece. (!!!!!!!)

A Constituição de 1988 propõe a incorporação de sujeitos historicamente excluídos do direito à educação

Expressa no princípio a “igualdade de condições para acesso e permanência na escola” (art. 206, I). Outras importantes conquistas, como o dever do Estado em:

● Prover creche e pré-escola às crianças de 0 a 6 anos (art. 208, IV). ● Oferta de ensino noturno regular (art.208, VI). ● Ensino Fundamental obrigatório e gratuito, inclusive aos que não tiveram

em idade própria (art. 208, I). ● Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiências

(art. 208, III).

Esta é a primeira Carta Magna a tratar da autonomia universitária, estabelecendo que as universidades gozem de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, obedecendo ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão (art. 207).

FONTE: Disponível em: <http://osimarabarros.blogspot.com/2008/09/educao-nas-constituies-brasileira.html>. Acesso em: 20 maio 2010.

5 PRINCIPAIS ESCOLAS E EDUCADORES CONTEMPORÂNEOS

A educação contemporânea é principalmente laica e fundamentada na psicologia. Estas escolas têm por expoentes nomes como Dewey, Montessori, Carl Rogers, Vygotsky, Piaget. No Brasil, os nomes que identificam a educação contemporânea são: Anísio Teixeira, Fernando Azevedo, Paulo Freire e outros que também contribuíram, e contribuem ainda, na formação do pensamento pedagógico pós-moderno.

5.1 EDUCADORES QUE INFLUENCIARAM A EDUCAÇÃO NO BRASIL

A seguir veremos alguns educadores estrangeiros que influenciaram e contribuíram para a Educação no Brasil.

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UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO

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5.1.1 Dewey (1859-1952)

Dewey - nascido nos EUA, no século XIX, desenvolveu seu pensamento, o que influenciou as escolas no século XX e continua influenciando no século XXI. Psicólogo, pedagogo e filósofo, ele propõe uma educação fundamentada nos princípios de liberdade. Considerava que as escolas que adotam um sistema de obediência e submissão não têm êxito nos seus objetivos educacionais; totalmente favorável à liberdade. Para ele, o aluno deveria ter iniciativa, ser original e trabalhar de forma cooperativa e colaborativa. Suas ideias são alinhadas com o pensamento liberal norte- americano e vão influenciar o movimento “Escola Nova” em vários países, incluindo o Brasil. Foi um grande defensor da escola pública e da legitimidade do Estado, ou poder político. Um dos seus principais conceitos em educação é a ideia da necessidade de autogoverno dos estudantes.

5.1.2 Vygotsky (1896-1934)

Psicólogo bielorrusso, não era pedagogo, nem se dizia um educador, mas suas ideias passam a influenciar o pensamento pedagógico no final do século XX.

Seu pensamento influencia a escola socioconstrutivista ou sociointeracionista, que devolve ao professor o papel de mediar o processo de ensino-aprendizagem. Ele não coloca sobre os ombros do aluno a responsabilidade de aprender de forma autodidata, ele postula que a aprendizagem acontece de forma interativa entre os grupos, de forma individual e de forma mediada pelo professor, que tem a função de facilitador.

IMPORTANTE

“A cultura concede às pessoas os sistemas simbólicos representativos da realidade que permitem a compreensão e interpretação do mundo real”. Vygotsky

5.1.3 Piaget (1896-1980)

Psicólogo suíço, e como psicólogo é que vai pesquisar os processos mentais que determinam o desenvolvimento das crianças. Ele não faz uma pesquisa da aprendizagem em si.

Seu estudo sobre o desenvolvimento descreve as etapas pelas quais a criança passa e que a levam à aquisição do conhecimento através do meio em que se desenvolve.

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TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ

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Ele postula que a criança vai aprendendo à medida que vai se desenvolvendo e interagindo com o meio ambiente, daí o nome pelo qual é conhecida a corrente pedagógica: Construtivismo.

Suas ideias são aplicáveis à educação, pois trazem para o educador a percepção de que cada indivíduo pode ser autor do seu próprio conhecimento.

5.2 EDUCADORES BRASILEIROS

Estudaremos agora alguns educadores brasileiros, que contribuíram para a Educação no Brasil.

5.2.1 Anísio Teixeira (1900-1971)

Um educador brasileiro que estudou com Dewey e incorporou as ideias dele, colocando-as em prática no Brasil. Sua formação em escola jesuíta na Bahia e de Direito no Rio de Janeiro fez dele um educador.

Sua maior contribuição à educação no Brasil não foram suas ideias, ou seus livros, mas a sua prática de vida. Aplicou na vida política as teorias educacionais quando assumiu cargos na gestão da educação, e inovou na sua prática pedagógica o que Dewey propôs na teoria.

Assimilou e praticou o conceito de Dewey de escola pública para todos, em tempo integral, da infância até a formação acadêmica e pós-graduação.

Não só escreveu, mas praticou a educação pública. Implantou o sistema educacional da infância até a pós graduação no ensino público, pois entendia que a capacitação docente era muito importante para o educador que ia trabalhar com crianças.

Remodelou o sistema municipal educacional do Rio de Janeiro, que ia do primário até a faculdade. Em 1965, perseguido pelo regime militar, foi lecionar nos Estados Unidos.

Assinou o documento do Manifesto Escola Nova em 1932, o qual pregava a escola pública universal, laica e gratuita para todos.

Embora não fosse contrário à educação religiosa e particular, entendia que o Estado deveria fazer a sua obrigação em oferecer a toda a população, de forma igualitária e democrática.

Ele foi coerente com seu discurso, pois quando esteve nos altos cargos como gestor educacional, não só falou, mas fez aquilo que pregava e acreditava. Era um homem de ação!

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UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO

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5.2.2 Fernando de Azevedo (1894-1974)

Nascido em Minas Gerais, teve sua formação em escola católica, foi seminarista, formou-se em Direito, abraçou a causa educacional do país, participando na reforma educacional da década de 30. Foi o relator do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, que, baseado nos pensamentos de Dewey, reivindicava uma reforma educacional ampla no Brasil.

Este manifesto exigia atenção do governo com relação à educação gratuita, pública e laica para todos. Exerceu vários cargos públicos e escreveu livros sobre o propósito da Escola Nova, todavia a sua contribuição maior está em lançar seu olhar para a educação como a forma de transformar a nação naquele momento histórico.

Foi um homem visionário para o seu tempo. Como educador, foi prático e coerente com suas ideias, trabalhou para implantar o modelo de Escola Nova. Embora não tenha logrado êxito em tudo o que propôs, muito ainda precisa ser feito sobre aquilo que denunciou. Deixou um legado importante para a formação do currículo das escolas, que era essencialmente tradicional, religiosa e elitista.

NOTA

“Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em importância e gravidade... ao da educação”. Trecho do Manifesto

5.2.3 Paulo Freire (1921-1997)

Paulo Freire, o educador brasileiro mais conhecido internacionalmente, principalmente pelo método de alfabetização de adultos e seu pensar pedagógico, era político. E isto ele assumiu, por entender que a educação é ferramenta de dominação e ideologia.

Entendia que o maior objetivo da educação não é depositar conteúdos na cabeça dos alunos, ao que ele chamou de “educação bancária”. Para ele, o principal objetivo era conscientizar os alunos, principalmente os mais desfavorecidos.

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TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENSINO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO CRISTÃ

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NOTA

O mundo não é, o mundo está sendo! (P. Freire)FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br /h i s to r i a /p ra t i ca-pedagog ica /mentor-educacao-consciencia-423220.shtml>. Acesso em: 25 jul. 2010.

Em seu livro A Pedagogia do Oprimido ele delineia o seu conceito e princípios de educação. Sua concepção educacional era antagônica à das escolas burguesas, onde o professor se considera o detentor de todo o conhecimento e vai doá-lo ou depositá-lo na cabeça dos alunos, que devem ser dóceis, sem senso crítico e alienados, matando nestes a curiosidade, o espírito investigador, bem como a criatividade. Ele se opunha a este tipo de educação, apresentando uma forma de educação libertadora. Dizia que a educação tem por objetivo tirar o aluno do comodismo com o mundo que o rodeia. Em sua pedagogia a proposta não era acomodá-los, mas inquietá-los.

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UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO

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APRENDIZADO CONJUNTO

Freire criticava a ideia de que ensinar é transmitir saber, porque, para ele, a missão do professor era possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos. Mas ele não comungava da concepção de que o aluno precisa apenas que lhe sejam facilitadas as condições para o autoaprendizado. Freire previa para o professor um papel diretivo e informativo – portanto, ele não pode renunciar a exercer autoridade. Segundo o pensador pernambucano, o profissional de educação deve levar os alunos a conhecer conteúdos, mas não como verdade absoluta. Freire dizia que ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também não aprendem sozinhas. “Os homens se educam entre si mediados pelo mundo”, escreveu. Isso implica um princípio fundamental para Freire: o de que o aluno, alfabetizado ou não, chega à escola levando uma cultura que não é melhor nem pior do que a do professor. Em sala de aula, os dois lados aprenderão juntos, uns com os outros – e para isso é necessário que as relações sejam afetivas e democráticas, garantindo a todos a possibilidade de se expressar. “Uma das grandes inovações da pedagogia freireana é considerar que o sujeito da criação cultural não é individual, mas coletivo”, diz José Eustáquio Romão, diretor do Instituto Paulo Freire, em São Paulo.

Seres inacabados - O método Paulo Freire não visa apenas tornar mais rápido e acessível o aprendizado, mas pretende habilitar o aluno a “ler o mundo”, na expressão famosa do educador. “Trata-se de aprender a ler a realidade (conhecê-la) para em seguida poder reescrever essa realidade (transformá-la)”, dizia Freire. A alfabetização é, para o educador, um modo de os desfavorecidos romperem o que chamou de “cultura do silêncio” e transformar a realidade, “como sujeitos da própria história”.

Deve sugerir ações para superar impasses. Para Paulo Freire, esse procedimento serve ao objetivo final do ensino, que é a conscientização do aluno.

No conjunto do pensamento de Paulo Freire encontra-se a ideia de que tudo está em permanente transformação e interação. Por isso, não há futuro a priori, como ele gostava de repetir no fim da vida, como crítica aos intelectuais de esquerda que consideravam a emancipação das classes desfavorecidas como uma inevitabilidade histórica. Esse ponto de vista implica a concepção do ser humano como “histórico e inacabado” e, consequentemente, sempre pronto a aprender. No caso particular dos professores, isso se reflete na necessidade de formação rigorosa e permanente. Freire dizia, numa frase famosa, que “o mundo não é, o mundo está sendo”.

FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/edicoes-especiais/022.shtml>. Acesso em: 22 mar. 2010.

LEITURA COMPLEMENTAR

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Neste tópico estudamos que:

● Os Conceitos e Definições servem para padronizar a linguagem dos educadores.

● No Período Primitivo – Paleolítico e Neolítico - a educação familiar e a prática informal visavam à sobrevivência individual e do grupo.

● No Período Oriental, a educação formal religiosa era para os nobres, utilizando escrita pictórica e oralidade.

● No Período Grego, a educação formal estava voltada para a formação de homens livres, para o indivíduo e deixa de ser religiosa. Pensadores influentes: Sócrates, Platão e Aristóteles.

● No Período Romano, a educação era baseada no pensamento e filosofia gregos, porém mais prática, voltada para as elites. Deixam de perseguir os cristãos no século IV, tornando a religião cristã oficial e obrigatória.

● No Período Medieval, o poder se divide entre a Igreja e o Estado. A educação era voltada para a formação de sacerdotes.

● O método de ensino é o da repetição oral e da leitura de grandes textos da Bíblia. Os castigos físicos são utilizados para manter a rígida disciplina. Neste período foram criadas as primeiras universidades.

● No Período Moderno - Período do Renascimento e Iluminismo – o pensamento teocêntrico da Idade Média é rejeitado e é substituído pelo antropocentrismo e humanismo. Com o Descobrimento do Novo Mundo e do Brasil, os Jesuítas vêm ao Brasil para ensinar os filhos dos colonos portugueses e para catequizar os índios.

● No Período Pós-Moderno ou Contemporâneo, no Brasil, a partir de 1945, estamos na era do conhecimento. A educação é voltada à formação de mão de obra especializada, para suprir o mundo do trabalho. O culto ao corpo se acentua, o hedonismo surge como alternativa para compensar a desestrutura familiar, social e espiritual. O pensamento laico, ou ateísta, é predominante na educação formal oferecida pelo Estado.

RESUMO DO TÓPICO 1

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AUTOATIVIDADE

Marque com um X a alternativa correta:

1 O que é um conceito?a) ( ) Conceito é uma forma de compreender o mundo a partir de definições

pessoais.b) ( ) Conceito é uma ideia que temos a respeito de algo que aprendemos ou

experimentamos.c) ( ) Conceito e preconceito são formas inadequadas do que ouvimos ou

experimentamos.d) ( ) Preconceito pode ser um conceito vindo através de definições

experimentais.

2 O que é educação?a) ( ) É um ação pedagógica que leva o indivíduo ao fenômeno da cultura

social em que vive.b) ( ) É um fenômeno mediante o qual o indivíduo se apropria em maior ou

menor quantidade da cultura da sociedade em que vive.c) ( ) É qualquer educação convencional dirigido de maneira organizada,

lógica, planejada e sistemática.d) ( ) É o que ocorre quando o aluno realiza experiências educativas sem

ordenação curricular ou método.

3 O que é ensino Laico?a) ( ) Ensino que não se fundamenta em princípios religiosos, mas sim nos

ideais iluministas e no humanismo evolucionista. É o modelo de ensino adotado no Brasil, pelo Estado Laico.

b) ( ) Ensino de princípios religiosos, fundamentados nos ideais iluministas e no humanismo evolucionista. É o modelo de ensino adotado no Brasil, pelo Estado Laico, desde 1972.

c) ( ) Ensino de princípios religiosos. É o modelo de ensino adotado no Brasil, pelo Estado Laico. O ensino brasileiro passou a ser laico após a Constituição de 1934.

d) ( ) É o modelo de ensino adotado no Brasil, pelo Estado Laico. O ensino brasileiro passou a ser laico após a Constituição de 1988.

4 A educação das crianças na Pré-História acontecia:a) ( ) Em pequenos grupos que seguiam um professor do clã familiar. Era

uma educação formal e sistematizada.b) ( ) Em grupos separados em faixas etárias que seguiam um professor do

clã familiar. Era uma educação formal e sistematizada.

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c) ( ) De modo informal e pessoal. A criança pequena aprendia com a mãe tudo que precisava para sobreviver. As crianças maiores acompanhavam os pais, as meninas ficavam com a mãe para aprender tarefas femininas e os meninos acompanhavam o pai, para seu aprendizado.

d) ( ) De modo formal e pessoal. As crianças pequenas ficavam com a mãe. As maiores, meninas e meninos acompanhavam o pai, para aprender a caçar e plantar.

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TÓPICO 2

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO

NOVO TESTAMENTO

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃOAgora que você já se familiarizou com os termos, conceitos e ideias

pedagógicas, e compreendeu como a educação e o modo de ensinar fizeram e fazem parte do desenvolvimento da civilização, na continuidade estudaremos, nos textos bíblicos, as propostas de Deus para nós, com relação ao ensino bíblico e à educação de Seus filhos nos dias de hoje. E é claro que tudo o que precisamos conhecer sobre Educação Cristã está baseado no modelo pedagógico de Jesus.

Fomos criados por Deus com propósitos bem claros, que estão prescritos nas Sagradas Escrituras, as quais são o nosso “manual de vida” ou “manual do fabricante”. Tudo o que diz respeito ao homem está registrado na Bíblia.

Ela orienta, em detalhes, a formação e os ensinos que devem educar os indivíduos, desde a mais tenra idade até a velhice.

Nos Evangelhos estudaremos como Jesus ensinava e, nas Epístolas, como os apóstolos Paulo e Pedro, os primeiros educadores cristãos do século I, ensinavam. A eficiência destes ensinamentos pode ser comprovada pelo fato de terem chegado até nós no século XXI.

Você quer conhecer qual a metodologia de Jesus? E qual a metodologia dos apóstolos?

Então pegue sua Bíblia e vamos estudar!

2 JESUS, O MESTRE – EVANGELHOS Jesus é o modelo que o Pai nos presenteou, para todas as áreas da nossa

vida. ELE se fez carne e habitou entre nós, passou por todas as aflições que passamos e superou os desafios. “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai”. (JOÃO, 1:14 (RA)).

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UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO

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Ele não se limitou a deixar um belo exemplo, Ele ensinou com sua vida como vencer os desafios, como proceder nas diferentes circunstâncias, e nos ensinou e comissionou para irmos mais além do que ELE mesmo foi no ministério de ensino.

Leia atentamente Suas palavras:

Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai... João, 14:12 (RA)

Ele nos comissionou para irmos pregar o Evangelho e ensinar todas as pessoas, e nos deu garantia de êxito, dizendo: “estou convosco todos os dias”. Leia atentamente este texto bíblico do evangelho de Mateus:

Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século. (MATEUS, 28:18-20 (RA)).

Compreendeu o seu chamado? Portanto, guarde em seu coração, pois nestes versículos Ele nos orienta a ensinar e como ensinar as pessoas (v.20 ensinando-as a guardar [reter o conhecimento de] todas as coisas). Jesus nos motivou a seguir o ministério de educadores, porque é Ele mesmo que estará conosco todos os dias de nossa vida, aonde formos ensinar.

Se não tivemos o privilégio de conviver com o mestre dos mestres nesta terra em sua humanidade, podemos fazê-lo na sua deidade através do Espírito Santo, que nos ensina e nos revela o que está registrado nos Evangelhos. Interessante observar que Ele fala de nós, educadores cristãos do século XXI. Quando ele ora ao Pai pelos discípulos, ele também nos incluiu na sua oração sacerdotal.

Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo [discípulos]. E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade. Não rogo somente por estes [os discípulos], mas também por aqueles [incluiu você] que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra. (JOÃO, 17:18-20 (RA)).

“Peço por aqueles, que crerão por intermédio destes!” Neste texto Jesus roga ao Pai, primeiramente pelos discípulos, que irão ensinar a Verdade, depois se refere de duas maneiras a nós como aqueles...

● que irão crer, (nós)

● e que irão continuar ensinando o que aprenderam. (nós)

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TÓPICO 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO NOVO TESTAMENTO

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Jesus se referiu aos cristãos de todos os tempos, como discípulos, que irão crer, e que crendo, ensinarão a outros, fazendo discípulos de Jesus em todo o mundo. Este é o seu chamado para ser um educador cristão, discípulo de Jesus no presente século. Dois mil anos já se passaram e os ensinos de Jesus continuam atualizadíssimos!

Você compreende a dimensão disto? Compreendeu que a responsabilidade de educar as próximas gerações passa por você?

ATENCAO

Analisando a prática de Jesus, o Mestre, podemos chegar a uma conclusão: É possível que não tenhamos soluções para os problemas da vida de todas as pessoas, contudo, é possível sim, ensinar (aquelas que cruzarem nosso caminho) a encontrarem as soluções que precisam para seus dilemas, a partir da Verdade bíblica.

UNI

Comenius, o pai da Didática moderna, afirma em seu tratado da Didática Magna que é possível ensinar tudo a todos. Aprofunde seus conhecimentos sobre Comenius no texto de Leitura Complementar ao final desta Unidade.

Homens de todas as classes e categorias, em todos os tempos, foram inabaláveis na transmissão do conhecimento da verdade bíblica. Depois de convertidos todos são capacitados por Deus a ensinar, a ser um educador cristão, um transmissor de conhecimentos bíblicos.

Ninguém que conheça a Jesus numa experiência pessoal pode se excluir da responsabilidade de transmitir o conhecimento da Verdade, que recebeu do Senhor. A tecnologia de ensino mudou os métodos, as técnicas, os recursos didáticos. Hoje temos muitos recursos que podem nos auxiliar a alcançar um grande número de pessoas.

Através da psicologia aprendemos as características de aprendizagem dos alunos. Sabemos que cada faixa etária aprende de uma forma específica. E todo

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UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO

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este conhecimento pode e deve ser usado para que tenhamos uma educação cristã eficiente, transformadora das mazelas sociais morais e espirituais que assolam a alma humana.

Todos são chamados a compartilhar aquilo que de melhor um ser humano pode obter nesta vida, a salvação em Jesus Cristo. Não apenas para ficar sentado esperando pela vida eterna, mas para viver uma vida plena e abundante aqui neste presente século. Ele disse: “eu vim para que tenham vida e vida com abundância”. (JOÃO, 10:10b (RA)).

Ah! Se a humanidade toda pudesse usufruir desta promessa, hoje ainda veríamos o paraíso na terra. Talvez não possamos levar a salvação a todas as pessoas da nossa cidade, pessoalmente, mas com certeza aqueles a quem o Senhor colocar em nosso caminho poderemos fazer a diferença na vida destes.

Certa ocasião alguém falou a madre Tereza de Calcutá que, mesmo com todo o seu trabalho e dedicação aos pobres, ela não conseguiria colocar fim aos problemas do sofrimento e da pobreza. Ao que ela respondeu: – meu trabalho é como uma gota no oceano, mas sem esta gota o oceano ficaria menor.

Sabemos que, às vezes, parece impossível pregar um evangelho que transforma nos dias de hoje, os quais se assemelham aos dias de Noé, dias de Sodoma e Gomorra. Mas não podemos desanimar nem parar, nem vacilar. O cristão não deve esmorecer nunca! Quando pararmos, o “oceano” pode ficar bem menor.

Cada pessoa na qual investimos em ensino e formação cristã será uma multiplicadora da Verdade. Quando abrimos numa igreja uma classe de ensino bíblico, certamente muitas cadeias e bares serão fechados, muitos lares que estavam destruídos poderão ser refeitos, muitas vidas que estavam perdidas, sem rumo, sem esperança, sem cura, poderão ter uma nova oportunidade de vida abundante, uma segunda chance!

Como o coração do Pai se alegra quando jovens, mulheres e homens se dispõem a pregar e ensinar a verdade que liberta, sem temor, sem pressa de colher resultados imediatos, mas ensinam como quem planta sementes de carvalho.

Hoje, temos o conhecimento de novos métodos diferenciados e mais apropriados para cada grupo, de acordo com as suas características de idade, formas de aprendizado, que nos ajudam a ensinar melhor. Alguém disse que vivemos em um mundo de constantes mudanças, mas que a palavra de Deus não muda, ela vai além, ela transforma!

Você já parou para pensar como seria sua vida se não tivessem ensinado a você a Verdade que liberta? Como você estaria hoje? Pare um minutinho para agradecer àquelas pessoas que investiram no seu crescimento para a salvação.

FONTE: A autora

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TÓPICO 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO NOVO TESTAMENTO

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2.1 A FORMAÇÃO DO MESTRE JESUS

Como foi que Maria ensinou Jesus? Com quem ele estudou? Como ele aprendeu? Muitas vezes, esta santa curiosidade nos inquieta e não encontramos resposta clara nos evangelhos. Por esta razão, vamos estudar como era a educação cristã nos tempos de Jesus. Pois, como todos os meninos de sua época e de sua classe social, ele cresceu e se desenvolveu. Sabemos muito sobre os seus três anos de ministério, mas muito pouco sobre sua biografia.

Deus nos revelou aquilo que considerou mais importante para nossa salvação. Assim, os detalhes e pormenores da educação do menino Jesus ficam por conta da pesquisa histórica sobre o povo hebreu e dos judeus na época de Jesus.

Para que você compreenda um pouco mais do sigilo bíblico sobre a vida de Jesus, analisemos os seguintes fatos. Quantas vezes Jesus foi perseguido? Muitas! Antes mesmo de nascer, Maria, sua mãe, aceitou correr o risco de ser apedrejada, e depois correu o risco de ser abandonada. E, ao nascer, Herodes queria matá-lo.

Imaginemos que se sua vida fosse conhecida e divulgada na época, como ele iria crescer com tantas perseguições? Podemos concluir que o Pai o preservou, para que se desenvolvesse naturalmente no meio do povo, sem pressões nem perseguições, que não lhe deram sossego na idade adulta. Imagine um jovenzinho em franco desenvolvimento sofrendo todo tipo de ataque e perseguições. Creio que não seria nada fácil, mesmo para o jovem Jesus, desenvolver e preparar-se para a grande missão para a qual foi enviado pelo Pai.

Certamente ele aprendeu com sua mãe, desde a tenra idade, o ensino da época. E com José ele aprendeu o ofício de carpinteiro. Como os meninos de sua idade, ele deve ter frequentado a escola da sinagoga local. Os meninos aprendiam a ler os textos sagrados.

Porém, não avançou nos estudos formais frequentando a escola rabínica, escola superior. Podemos compreender isto lendo o texto de João:

Corria já em meio a festa, e Jesus subiu ao templo e ensinava. Então, os judeus se maravilhavam e diziam: Como sabe estas letras, sem ter estudado? (JOÃO, 7:15 (RA)).

O estudo a que eles se referiam era o ensino formal da escola dos Rabinos. Era considerado o ensino superior oferecido para os mais ricos, ou sacerdotes. Ao que Jesus lhes responde qual a origem de seu aprendizado. “Respondeu-lhes Jesus: O meu ensino não é meu, e sim daquele que me enviou”. (JOÃO, 7:16 (RA)).

E ele continua explicando que qualquer um que quiser fazer a vontade de Deus buscará o conhecimento Dele, através da doutrina. “Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina,...” (JOÃO, 7:17 (RA)).

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Embora não tivesse a educação formal superior, como Paulo, ele causaria espanto aos líderes judeus com sua sabedoria, ainda menino.

Em Lucas, 2:42 (RA) está registrado que Jesus, aos 12 anos, se encontrava assentado no templo entre os doutores da lei (v.46), ouvindo-os e interrogando-os. (v. 47) E todos os que o ouviam muito se admiravam da sua inteligência e das suas respostas. (v. 48) Logo que seus pais o viram, ficaram maravilhados...

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Ora, anualmente iam seus pais a Jerusalém, para a Festa da Páscoa. Quando ele atingiu os 12 anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume da festa. Terminados os dias da festa, ao regressarem, permaneceu o menino Jesus em Jerusalém, sem que seus pais o soubessem. Pensando, porém, estar ele entre os companheiros de viagem, foram caminho de um dia e, então, passaram a procurá-lo entre os parentes e os conhecidos; e, não o tendo encontrado, voltaram a Jerusalém à sua procura. Três dias depois, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. E todos os que o ouviam muito se admiravam da sua inteligência e das suas respostas. Logo que seus pais o viram, ficaram maravilhados. (LUCAS, 2: 41-47 (RA)).

Jesus, com 12 anos, já tinha conhecimento do Pai, suficiente para argumentar com os doutores da lei. Seu conhecimento das escrituras era amplo e geral, e isto o habilitava a ensinar. Não temos como avaliar seu conhecimento, pois ele é Deus Filho. Seu conhecimento não dependia de recursos acadêmicos, o que o difere de nós, que precisamos nos dedicar ao estudo das Sagradas Escrituras. (Champlin, 2004)Ainda criança, Jesus possuía conhecimento a ponto de causar admiração, ele estava entre os doutores ouvindo e questionando-os, surpreendendo a todos, inclusive seus pais.Para ensinarmos como Jesus, precisamos de duas coisas importantes: estudar a palavra e conhecer técnicas de como ensinar bem. Os conhecimentos de didática e pedagogia podem nos ajudar a ter qualidade na hora de transmitir aquilo que desejamos ensinar.E é desta forma que seremos genuínos discípulos do mestre Jesus, discípulos desta geração!

2.2 O CONTEÚDO

O conteúdo dos ensinos de Jesus era bem específico. Ele falava sobre o Pai, ele veio ao mundo para que este conhecesse o Pai. Todavia, a partir deste conteúdo principal, ele aborda vários temas que despertavam o interesse das pessoas, tais como a qualidade de vida terrena e sobre a vida eterna.

Ele não ficava divagando com sofismas, ou com filosofia, seus ensinos são práticos e objetivos. Os principais temas abordados por Jesus:

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● Deus.● Sua própria pessoa.● Espírito Santo.● As Escrituras.● A Vida Cristã.● O Reino de Deus.● A Igreja.● Escatologia.

Certamente, no estudo de outras disciplinas você aprofundará seus conhecimentos sobre estes conteúdos abordados por Jesus.

2.3 A AUTORIDADE

O educador cristão precisa aprender com o Mestre Jesus a usar a autoridade que lhe foi concedida para ensinar, tomar posse daquilo para o qual todos que O aceitarem têm direito – a autoridade de Jesus - e o dever de praticar, que é o compartilhar o conhecimento que tem das Escrituras e da pessoa de Jesus.

O aspecto do ministério terreno de Jesus que mais fica evidente é o ministério de ensino. No Evangelho de João, 3:2, diz: Ele é o mestre vindo da parte de Deus.

Questões como a pregação e os milagres envolviam, necessariamente, o ato de ensinar. Podemos concluir que tudo quanto Jesus dizia e fazia tinha por finalidade dar-lhe oportunidade de apresentar o seu ensino. Jesus se apresentava de forma humilde, mas com a autoridade concedida por Deus, o Pai que lhe enviara, e as pessoas reconheciam nele esta autoridade, mesmo os que lhe eram ou são contrários até hoje. (MATEUS, 7:28 (RA)).

Veja que a sua postura de educador serviu de modelo para os educadores cristãos de todos os tempos, inclusive os de hoje. Analisemos como esta autoridade é manifesta ou reconhecida:

● Mestre – cuja palavra no grego é didaskalos e tem para o hebraico o mesmo sentido que Rabi. Podemos verificar este termo em Mateus, 12:38; 22:16,24,36; Marcos, 4:38; 10:17. Este termo, mestre, aparece nos Evangelhos muitas vezes, e vem exprimir extrema deferência, ainda que nem sempre seja sincera.

● Rabi – esta palavra vem do hebraico e significa “grande”. Nos evangelhos, encontramos esta palavra sendo utilizada pelos discípulos (MATEUS, 26:25,49; MARCOS, 9:5; 11:21; JOÃO, 1:38,49; 4:31; 9-2; 11:8), e por outras pessoas (JOÃO, 3:2; 6:25).

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●Senhor - a palavra senhor é traduzida no grego como kurios, e sua autoridade para ensinar não vem só do fato de ser Rabi, Mestre ou Profeta, mas pelo fato concreto de ser ele o Senhor de quem e com quem nós aprendemos como ensinar com autoridade.

● Em Mateus, 3:3; 22:44,45; Marcos, 1:2,3; Lucas, 3:4; 20:42-44; João, 1:23; Atos, 2:34; I Coríntios, 1:31; Romanos, 10:13; Hebreus, 1:10; I Pedro, 2-3 e 3:15, encontramos o vocábulo “senhor”, referindo-se ao senhorio de Jesus, e ele mesmo se intitula Senhor em Mateus, 21:3 e Marcos, 11:3. Senhor Jesus em Atos, 7:59; 19:5,13,17), e ainda, Senhor Jesus Cristo em Romanos, 1:3; 5:1; 15:30.

● Se entendermos e assimilarmos a importância do senhorio de Jesus em nossas vidas fica muito mais fácil entendermos a grandiosidade de nossa missão como educadores, educadores cristãos que ensinam a Palavra da Verdade às almas que sofrem neste mundo decaído. Esta autoridade para ensinar nos foi delegada através do senhorio de Jesus.

● FilhodeDeus – todo ensinamento cristão está fundamentado nesta verdade. Jesus é o filho de Deus! Para ensinar sobre o cristianismo, é importante entender que Ele veio de Deus, Ele é Deus encarnado, e que nós somos feitos seus filhos somente a partir do momento em que confessamos com a nossa boca que o aceitamos.

Observe o texto do Evangelho de Mateus, 7:28-29: Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque Ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.

A forma de Jesus ensinar atraía mais as multidões do que a dos escribas, embora também esses ensinassem o povo. Jesus ensinava com que autoridade? Podemos entender que ele o fazia com autoridade espiritual e autoridade pessoal?

IMPORTANTE

Assim como Jesus dominava muito bem o conteúdo que ensinava, o educador cristão também deve dominar o conteúdo, estudando e examinando as escrituras. O educador cristão deve conhecer bem o texto bíblico que vai ensinar; e, principalmente, praticar aquilo que sabe e aquilo que ensina. “Saber e não fazer é o mesmo que não saber”.

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2.4 O MÉTODO

Jesus sabia que conteúdo ia ensinar, por isto utilizava métodos adequados para transmitir estes conteúdos ou temas. E precisava fazê-lo de forma que todas as pessoas que o ouviam entendessem. Ele não usava textos. Muitos não sabiam ler, ou se sabiam ler as escrituras do Velho Testamento, não sabiam escrever e nem tinham como fazer anotações para lerem depois. Os escritos ficavam guardados nas sinagogas, ninguém tinha uma bíblia em casa. Portanto, Ele precisava falar-lhes de forma clara, as ideias deveriam ser aprendidas através da oralidade, e deviam ficar gravadas em suas mentes.

Ele escolhia o método aliado à técnica mais adequada para o momento, de acordo com o tipo de pessoas que O ouviam. Como o método era a oralidade, a técnica deveria incrementar este método. Não havia tecnologia disponível para os pregadores e ensinadores.

Ao falar Jesus utilizava: parábolas, provérbios, poesias, indagações, discursos. De forma que estas técnicas de oratória levavam seus ouvintes a aprenderem e gravarem o que o mestre estava ensinando. Vamos estudar o método e as técnicas de ensino de Jesus, a fim de incorporarmos em nossa prática de educação cristã:

● Parábolas - A parábola é uma técnica ou recurso literário ou da oratória. Conhecemos nos evangelhos verdades profundas, que aprendemos através da leitura das parábolas de Jesus, em nossas bíblias nos dias de hoje. É fácil transmitir seus ensinos através de suas parábolas, tanto às crianças, como a jovens e adultos. Assim como Jesus, conseguimos cativar a atenção destes contando suas parábolas.

“Um dos métodos mais notáveis usados por Jesus em seu ensino era o das parábolas. Uma parábola podia ser uma história longa ou uma declaração de grande sabedoria; mas sempre trans mite alguma verdade espiritual por meio de alguma comparação com fatos familiares. Alguns estudiosos têm contado cerca de 28 breves comparações, e talvez 25 narrativas diferentes, nas palavras de Jesus, registradas nos evangelhos.” (CHAMPLIN, 2004, p. 394).

As pessoas lhe ouviam atentamente e seguiam pensando no que Ele lhes havia falado. Comparavam suas vidas e realidades com o que lhes fora transmitido por Jesus. “Dessa forma, era possível dizer coisas, nas entrelinhas, sob a capa de uma figura simbólica, como não se poderia fazê-lo em um discurso mais direto. (Ver MATEUS, 22:1).” (CHAMPLIN, 2004, p. 394).

Em algumas ocasiões Jesus não contou apenas uma história, mas realizou um milagre para tornar efetivo seu ensino. Era uma ilustração bem real do que ele desejava que seus ouvintes compreendessem. (JOÃO, 6:11,27,35,63 (RA)).

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●Provérbios – Quem de nós nunca pronunciou algum dito popular como estes? “De grão em grão a galinha enche o papo”... “Devagar se vai ao longe” ou, ainda, “Errar é humano”. Quem não os conhece? E outros mais que você pode relacionar com seus colegas.

Estes ditos populares chamam-se provérbios. São pensamentos de fácil assimilação, seu conteúdo é curto, pequeno, mas alguns contêm verdades profundas. Tem um sentido lógico. Por esta razão, Jesus utilizava provérbios para ensinar seus ouvintes e fixar o conteúdo de sua mensagem.

Por ser uma frase de fácil assimilação e de fácil compreensão, o provérbio produz na mente uma série de encadeamento de ideias, as quais levam à memorização e incorporação do seu conteúdo. Imagine, naquela época sem recursos, para registrar um volume muito grande de pensamentos transmitidos oralmente, era muito importante se valer de provérbios, para que as pessoas, rápida e facilmente, gravassem o que estava sendo dito.

A técnica do provérbio precisa ainda hoje ser utilizada, para que, mesmo na pressa, as pessoas aprendam a verdade imutável. As crianças aprendem facilmente através de provérbios ou pequenas porções de textos, ou mesmo um versículo, pela repetição, principalmente aqueles que ainda não estão alfabetizados.

●Poesias – Alguns ensinos de Jesus são poesias que nos tocam a alma, têm uma técnica rítmica peculiar à poesia, e estes ritmos poéticos facilitam a memorização e tocam a emoção, que são capacidades mentais exigidas para acontecer o aprendizado.

Jesus apresenta textos poéticos aos discípulos, provavelmente para que estes gravassem seu conteúdo. O Sermão da Montanha é um belo exemplo de poesia. Outro exemplo está em Lucas 6:27.

É mais fácil memorizar um texto em forma de poesia do que um texto em forma de dissertação. Certamente Jesus recorreu a esta forma poética para facilitar a memorização do conteúdo.

● Indagações – Indagações são perguntas que instigam o ouvinte a buscar respostas ou aguardá-las do próprio orador. De um modo geral, esta técnica faz com que haja maior participação dos ouvintes. Desta forma era possível trazer uma análise crítica, ou mesmo desviar uma crítica agressiva, respondendo ao ataque com uma pergunta. Jesus costumava responder desta forma a seus opositores, lançando-lhes dúvidas e questionamentos.

As perguntas fazem com que as pessoas fiquem atentas e pensativas a respeito do que foi perguntado. Despertam o interesse, motivam, mexem com as emoções, trazem ideias das profundezas do ser.

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Muitas perguntas de Jesus faziam calar seus opositores, como lemos em Mateus, 22:46. Quando lemos a pergunta de Jesus à mulher pega em adultério... “Mulher onde estão os que te acusavam?”, nos remete a uma identificação com esta criatura pecadora..., e sua resposta nos consola e nos incentiva a prosseguir vivendo em santidade... “Nem eu te condeno, vai e não peques mais”.

É muito profundo este diálogo, que inicia com uma pergunta depois de um longo período de silêncio.

Pois o silêncio na oralidade também tem o seu lugar. Nem só as palavras de Jesus ensinavam, seu silêncio também. Quando Ele se cala diante de... O qual lhe pergunta: mas o que é a verdade?

●Jesus não responde. Embora ele lhe ameace, tente intimidar, porque realmente tinha interesse em ouvir Jesus, saber de Jesus. Mas o mestre não lhe responde. Seu silêncio nos mostra que o calar, muitas vezes, é mais profundo do que o falar. O silêncio promove uma melhor acuidade auditiva da alma.

●Citações - Jesus usava as citações do Velho Testamento e afirmava que veio para cumprir a Lei: Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. Mateus, 5:18; e através dos textos das Sagradas Escrituras ele explicava sua missão. Ele fundamentava seus ensinos com base nas Escrituras da época.

●Projetos – Jesus dava oportunidade para que seus discípulos fossem a campo aprender como ministrar as pessoas; na volta ele recebia o relatório do trabalho destes. Aprendia fazendo, isto é, ensinando e discutindo os assuntos que iriam ensinar.

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A Pedagogia de Projetos de JesusTendo Jesus convocado os 12, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e para efetuarem curas.Também os enviou a pregar o reino de Deus e a curar os enfermos. [...]Então, saindo, percorriam todas as aldeias, anunciando o Evangelho e efetuando curas por toda parte.[...]... Ao regressarem, os apóstolos relataram a Jesus tudo o que tinham feito. E, levando-os consigo, retirou-se à parte [...]FONTE: Lucas, 9:1-2,6,10 (RA)

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●Símbolos – A Santa Ceia e o Batismo nas águas constituem símbolos que Jesus utilizou para se fazer lembrado e compreendido pelas pessoas, têm um significado real e um significado espiritual. Ao lavar os pés dos discípulos, Ele também ensina através de símbolos.

●Seu exemplo – Jesus ensinava com seu exemplo de vida. Santificava-se para que seus seguidores também se santificassem. Ele dá o exemplo de humildade lavando os pés dos discípulos. Embora não escrevesse ou mandasse alguém anotar o que falava, Ele não ficava só em palavras, Ele agia, dando o exemplo de como seus seguidores deveriam agir. (JOÃO, 13:15 (RA)).

●Discursos – é uma forma de ensinar por meio das técnicas de oratória, que envolve emoção e uma tonalidade de voz vibrante, dado à extensão do conteúdo. O Novo Testamento registra que Jesus discursou diversas vezes. Esta técnica foi utilizada por ele para transmitir a verdade de forma organizada e sistemática. Um conteúdo profundo e mais longo só poderia ser transmitido através de um discurso objetivo, o qual poderia ser relembrado e examinado outras vezes. Jesus discursou no sermão do monte, no Monte das Oliveiras, e no cenáculo.

2.5 AS HABILIDADES

As figuras que Jesus utilizava faziam parte do ambiente em que estavam as pessoas... Olhai os lírios do campo... Ele utilizava quadros mentais como recursos didáticos, falava de coisas que eram comuns no dia a dia, falava de pesca, de semeadura, de criação de ovelhas. Sua linguagem transmitia coisas do cotidiano das pessoas, como exemplos do que estava ensinando.

Como o método era a oralidade, Ele usava quadros mentais para ilustrar a sua fala, através de fatos ou objetos bem simples e de fácil compreensão dos que lhe ouviam. Ao falar Ele se referia a objetos, animais, plantas, que iam ilustrando no pensamento das pessoas o significado das suas palavras.

Outro recurso era a demonstração prática do que estava ensinando. Ele demonstrava, muitas vezes com sua atitude, ou fazendo milagres e curas.

Seu alvo era apresentar a salvação aos judeus. Ele era o messias enviado por Deus para a salvação deste povo, portanto, pregou para eles. Mas, como está escrito: “Ele veio para os seus, mas estes não o receberam”. Jesus já sabia que eles não aceitariam sua pessoa como o Messias, e que os gentios seriam alcançados e os povos dos séculos vindouros também, pelo testemunho de seus discípulos, por isto pregava às multidões.

Seu objetivo e sua missão se identificam, Ele é o salvador, que tira os pecados do mundo. Ele é o filho de Deus que veio nos resgatar, e nos trazer uma vida nova nesta terra. Toda a sua mensagem traz este conteúdo.

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O objetivo de Jesus é bem claro nos seus ensinos. Ele veio para trazer a salvação à humanidade. E para isto ensinava as pessoas a transmitirem seus ensinos umas às outras. Pela oralidade, ensinou multidões, mas foi específico no seu objetivo de ensinar àqueles que dariam continuidade ao seu ministério terreno. Por isto Ele preparou discípulos, que viessem a ser discipuladores.

Seu objetivo geral: Trazer salvação à humanidade.

Seus objetivos específicos:

● Ensinar o povo simples, manifestando a sua divindade, para que eles testemunhassem.

●Ensinar e formar discípulos, pessoas de diferentes níveis socioculturais, a fim de que dessem continuidade ao seu ministério terreno.

●Preparar seus discípulos para que fossem eles o discipuladores de outros, para que houvesse a multiplicação dos seus ensinos.

Perceba que, na época, o ensino se baseava na transmissão oral dos conteúdos. Sabemos que a oratória foi muito difundida pela escola grega. E na época de Jesus não era diferente. Ele precisa ensinar as pessoas de forma efetiva. Ele conhecia os seus corações, sabia das suas capacidades e dificuldades. Para isto, precisa de habilidades e capacidades, as quais, como o filho de Deus, não lhe representavam nenhum empecilho. Todavia, lembre-se de que ele ensinava como o homem de Deus, como profeta, como rabi, como messias, para homens comuns.

IMPORTANTE

Ele não pedia que as pessoas anotassem o que estava falando para estudarem depois, Ele falava aquilo que as pessoas poderiam refletir e aplicar de imediato em suas vidas. Vejamos como suas habilidades eram utilizadas:

● Aptidãoparaoensino - é algo nato nas pessoas, elas nascem com determinada inclinação natural para realizar bem alguma atividade. Contudo, pessoas que não nascem com a aptidão de ensinar podem ser capacitadas e desenvolver as habilidades necessárias para ensinar. Jesus tinha a aptidão natural para o ensino. Mas aqueles que não nasceram com uma inclinação natural para ensinar podem ser capacitados e assim desenvolver a habilidade de ensinar.

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●Conheceraspessoas,conhecerosalunos- Jesus tinha uma visão global de toda a humanidade, nós temos que ter esta compreensão de todos aqueles que o Senhor nos confiou e confiará. Ele conhece profundamente o coração humano, portanto, precisamos nos aproximar das pessoas a ponto de conhecer seu coração, e poder ensiná-las.

●Habilitar-se adominarbemo conteúdo - Jesus conhecia tudo sobre o que deveria ensinar às pessoas. O domínio de conteúdos pode não ser sua aptidão natural, mas você poderá ser capacitado e desenvolver esta habilidade em sua missão de educador, planejando suas aulas, estudando, lendo e examinando diariamente e profundamente as Escrituras.

●Habilidades pessoais e espirituais -Uma aptidão importante em Jesus é o viver diário os seus ensinos. Ele deixou a sua deidade para viver a nossa humanidade, Ele deu o exemplo: podendo escolher a glória, escolheu habitar entre os homens. Jesus vivia o que pregava, mostrando na sua humanidade que é possível aos homens viver os seus ensinos mesmo sendo nós seres frágeis na carne e duros em espiritualidade. Podemos aprender, com o exemplo de Jesus, a cultivar uma vida espiritual de qualidade.

●Visão -Todo educador deve ter uma visão de seu trabalho missionário, como educador cristão, e compreender que o ensino ultrapassa os limites do tempo. Como a planta que vemos crescer lentamente, assim são as pessoas, que levam algum tempo para processar e aplicar o que aprenderam com nossos ensinos. Mas isto não deve ser empecilho para um educador que tem a visão do reino de Deus. Jesus semeou por três anos no coração das pessoas, e foi por elas crucificado. Digamos que em sua vida terrena não viu os resultados, mas na sua deidade Ele sabia que ultrapassariam todos os limites do tempo.

●Perseverança - O educador cristão deve ter esta habilidade visionária, semear a palavra da verdade, ensinar a Bíblia Sagrada. Mesmo que não veja os frutos na sua geração, certamente irá colhê-los na eternidade. A visão que Jesus tinha do ensino e que transmitiu aos seus discípulos era intensiva e extensiva. Os aprendizes deveriam partir da teoria para a prática.

●“ensinando-as a guardar todas as coisas...” (MATEUS, 28:20 (RA)).

●O reforço das palavras acima, “todas as coisas”, evidencia que nada do que Jesus ensinou deve ser omitido, é a palavra toda, a Verdade toda! E por todo o tempo! Até a consumação dos séculos. A tarefa, por vezes árdua, de ensinar a Verdade a uma geração corrompida deve continuar até a sua volta. Depois de comissionar os discípulos, Ele lhes diz: eis que estou convosco até a consumação dos séculos. Isto está registrado no Evangelho de Mateus 28, para que todas as gerações futuras sigam esta ordem de Jesus.

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●Atenção - Jesus chamava e chama atenção até hoje, as multidões se atropelavam para ouvi-lo, chamava a atenção dos discípulos, dos líderes religiosos, dos romanos. Hoje ainda as pessoas o admiram e o seguem ou o criticam, mas nunca ficam indiferentes.

●Ensino atraente - As pessoas de sua época sentiam-se atraídas por Ele. Seguindo o modelo de Jesus, hoje o educador cristão precisa saber atrair a atenção dos seus ouvintes; pela sua forma cativante de apresentar-se, bem como pela forma como transmite os conteúdos. Um professor que não atrair atenção de forma positiva e contínua, não conseguirá êxito em transmitir o conhecimento aos seus alunos.

●Motivação - Jesus compreendia perfeitamente bem as profundas motivações da alma e do coração. Os apelos de Jesus eram saudáveis; apelos instigantes, poderosos e compelidores. Jesus apelava aos homens quanto ao autointeresse e ao altruísmo, e também a motivos interiores da alma humana, e também motivos sociais ou naturais, como matar a fome das pessoas multiplicando pães e peixes.

●Ele conhecia os motivos mais íntimos e obscuros, também os mais claros que as pessoas deixavam transparecer e, através destes, buscava a melhor forma de motivá-los, fazendo de suas necessidades ou mazelas razão para que aprendessem o que Ele tinha a lhes ensinar. No entanto, para Ele, o valor espiritual e moral definitivo vê o amor que devemos devotar a Deus e aos nossos semelhantes. (MARCOS, 12:30-31(RA)).

●Participação - Jesus sabia que só ouvir palavras profundas e tocantes nem sempre é o suficiente para que o ensino produza seus efeitos. Mais que isto, é preciso que os ouvintes participem. Esta é uma forma de fixar a aprendizagem. E os interesses de cada indivíduo precisam ser despertados, de tal modo que ele chegue ao ponto de querer participar.

●Incentivar a interação - É preciso incentivá-las a interagirem, é preciso ensiná-las a pedir, a bater e a buscar. Precisam participar ativamente, tomando iniciativas em busca da vontade do Senhor. Esse princípio subjaz a toda a sua metodologia. Jesus apreciava iniciar debates, ques tões, projetos, exemplos concretos e tarefas.

●Recursos ou Quadros Mentais - Jesus não usava formas abstratas na sua linguagem, para exemplificar pensamentos ou atitudes, Ele usava metáforas que ilustrassem o que Ele pretendia que fosse compreendido. Ele fala da cegueira espiritual como uma trave ou como um cisco no olho. (MATEUS, 7:4-5 (RA)). Figuras como cidades, rios e céus, sementes, árvores, lírios, sal e luz eram comuns na sua metodologia.

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●Senso artístico - Jesus usava a beleza das figuras, das imagens e das palavras para tocar a emoção e a sensibilidade dos seus ouvintes. Ele fala da beleza da criação, fala da beleza dos lírios. Augusto Cury, em sua literatura, aborda, muitas vezes, a metodologia de ensinar tocando a emoção, e Ruben Alves vai além, ele fala da alegria no aprender. Jesus não só falava sobre isto, como praticava este tipo de ensino.

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Nem todos nascem com habilidades naturais para ensinar, mas todos que são chamados pelo Senhor e comissionados por Ele podem desenvolver esta habilidade. Não fora assim, Jesus não teria dito: Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho ensinando a toda a criatura... Mateus, 28 (RA). Assim, podemos compreender que a pessoa mais simples e humilde poderá ser um instrumento poderoso nas mãos do Senhor.

3 ENSINO CRISTÃO NAS EPÍSTOLASNo Novo Testamento, as Epístolas fazem parte do livro de ensinos

universais e pastorais. Era através de Epístolas ou cartas que os apóstolos se comunicavam com os demais cristãos em diferentes localidades. Neste período, vemos que, além da oralidade na transmissão dos conhecimentos, era utilizada também a escrita. Um avanço para o crescimento do Cristianismo. Não havia imprensa, nem correio, mas havia os copistas e os mensageiros. O correio utilizado pelo Império Romano não estava disponível para o povo.

Através das Epístolas, os apóstolos de Jesus iniciaram um grande trabalho evangelístico e de ensino da sã doutrina. Os que mais influenciaram o crescimento da igreja cristã no seu nascedouro foram Pedro e Paulo. Pedro conviveu com Jesus e escreveu Epístolas universais, para a igreja primitiva formada por judeus. Os escritos de Paulo são mais voltados para os gentios, por isto é conhecido como o apóstolo dos gentios. Ele também escreve cartas pessoais contendo ensinos para o desenvolvimento de ministério do discípulo. É de consenso que os autores das Epístolas do NT foram: Paulo, Pedro, João, Tiago e Judas.

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A diferença entre carta e epístola está no fato de que uma carta tem um conteúdo mais informal. Já uma epístola, além da linguagem mais formal, tem um caráter de documento, ensino ou lei. Ela tem uma melhor qualidade literária. Podia ser escrita em folhas de papiro, com pena feita de junco e tinta. Eram dobradas ou enroladas, e seladas. A selagem era feita para garantir autenticidade e privacidade. As Epístolas eram transportadas por alguém de confiança do autor, que as entregava pessoalmente. O correio romano, ou sistema postal, bem organizado na época, era intitulado cursos publicus, e servia ao Império, não ao povo.(ATOS, 1:22; II CORÍNTIOS, 8:16-23; FILIPENSES, 2:25 e COLOSSENSES, 4:7,8 (RA)).

Os ensinos contidos nas Epístolas são um legado de grande importância para a expansão da Igreja, e são elas que dão continuidade aos ensinamentos de Jesus, permitindo que seu conteúdo ensine os cristãos da nossa era.

Paulo era um homem bastante culto. Sua formação infantil aconteceu como os demais meninos da sua época, em casa e na sinagoga. Depois continuou seus estudos superiores fora de casa, e ele mesmo fala que estudou aos pés de um rabino importante, Gamaliel. Ele falava vários idiomas, era um excelente comunicador, utilizava adequadamente as técnicas de oratória da escola grega, de forma a impressionar seus ouvintes. Diferente de Pedro, o pescador, homem rude.

Temos no exemplo de Paulo uma motivação para nos preparar para servir ao reino de Deus. Observando o apóstolo Pedro, temos um alento. Jesus não nos exclui, nem nos discrimina, conta conosco do jeito que somos e estamos.

ATENCAO

3.1 PAULO, O APÓSTOLO DOS GENTIOS

O apóstolo dos gentios - Sua cultura foi colocada totalmente a serviço do reino. Ele mesmo diz: aquele que se gloria, glorie-se no Senhor. É interessante observar que ele usava os recursos da cultura greco-romana nos seus discursos. O que ele ensina nas viagens, nas suas Epístolas, é fundamental para o avanço do cristianismo.

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Ele se lança no ministério de ensino valendo-se de tudo o que aprendeu. É nele que temos um bom exemplo para os educadores cristãos estudarem, capacitarem-se, e buscarem ser os melhores professores de seu tempo.

Ele não tinha uma falsa modéstia, falava claramente: procurem ser meus seguidores como eu sou de Cristo. Leia o que Paulo fala de seu ministério de ensino, em Atos, 20:18-20 (RA):

... Vós bem sabeis como foi que me conduzi entre vós em todo o tempo, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia, servindo ao Senhor com toda a humildade, lágrimas e provações que, pelas ciladas dos judeus, me sobrevieram, jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo-la ensinar publicamente e também de casa em casa...

PAULO, o pregador - Deus usou para a expansão do seu reino toda a cultura de Paulo, e o mesmo deve acontecer conosco. Devemos nos preparar cada vez mais para que o nome do Senhor seja conhecido e o seu reino seja expandido até os confins da Terra. No início do seu ministério, ele ensinava nas sinagogas. Depois, perseguido pelos judeus, foi ensinar nos lugares públicos, no templo e nos templos pagãos. Usava da sua excelente capacidade de oratória. Posteriormente foi preso, mas não deixou de ensinar, apenas usou a metodologia disponível, a escrita.

PAULO, o escritor - A tecnologia que Paulo dispunha era a que dispomos hoje, “caneta e papel”, para escrever orientações para os crentes da igreja primitiva, e se valia de pessoas que levassem as cartas, pois não havia malotes ou correio. E mesmo estando preso, não se intimidou, nem desfaleceu. Impedido de viajar para pregar nas igrejas, continuou ensinando através de suas cartas.

UNI

Para refletir...Hoje, a Igreja dispõe da internet para alcançar crentes do outro lado do mundo. Pode apoiar, ensinar e evangelizar povos, tribos, línguas e nações com muita rapidez e facilidade. O caminho de evangelizar da Igreja hoje é bem mais fácil do que o caminho que Paulo trilhou. O conteúdo dos escritos de Paulo nos ensina muito acerca da Verdade, mas o exemplo dele nos instiga a seguir seu modelo de educador cristão. Que recursos tecnológicos você tem utilizado para expandir os ensinos de Jesus?

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TÓPICO 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO NOVO TESTAMENTO

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3.2 PEDRO, O APÓSTOLO PESCADOR

Outro belo exemplo de educador cristão é o do apóstolo Pedro. Este homem rude, a princípio sem cultura, um pescador, também contribui para o crescimento e expansão da Igreja, deixando claro que Deus não faz acepção de pessoas. Todos nós temos um chamado, para servir de testemunhas do evangelho do reino. Pedro certamente teve oportunidade de continuar seus estudos, e até onde ele foi, e a sua qualificação, não sabemos. Sabemos que, como todo filho de judeu, ele aprendeu a lei e os profetas na escola da sinagoga.

PEDRO, o pregador – Mas, de imediato, após a ascensão do Senhor Jesus, ele é tomado pelo Espírito Santo e fala de forma que pessoas de várias línguas o entendem, embora não fosse um exímio orador, preparado nas escolas greco-romanas como foi Paulo. Ele, que negara a Jesus, fala às multidões e causa um grande impacto, tanto pelo conteúdo da mensagem como pela forma esplêndida como se expressa.

PEDRO, o escritor - Este homem rude, cheio do Espírito de Deus, foi usado com poder e autoridade para converter de uma só vez milhares de pessoas, ao pregar em Jerusalém. Isto é precioso, para que saibamos que, ninguém que esteja com o coração inclinado e disponível para falar do amor de Deus, será rejeitado por falta de instrução ou diplomas. Há quem diga que Deus não escolhe os capacitados, mas Ele capacita os escolhidos. Este homem rude, sem muita instrução, mas com íntima comunhão com o Senhor, deixou-nos um legado de duas Epístolas, com ensinos profundos.

Vamos analisar as epístolas como recurso didático?

3.3 CONTEÚDO

Os conteúdos das Epístolas envolvem os ensinamentos de Jesus e contêm explicações mais claras para determinada igreja ou região, a fim de estruturá-la, como a Igreja, a partir da seita conhecida como O Caminho. Os temas abordados envolvem doutrinas, ensino prático para o relacionamento do genuíno cristão, a praticidade dos ensinamentos. Envolve temas como relacionamento interpessoal, intimidade com Deus, evangelismo, relacionamento com os opositores e falsos mestres. Todo o conteúdo das Epístolas vem fundamentado na Lei, nos Profetas, que era a Bíblia conhecida, VT, mas sob a ótica da Verdade que Jesus ensinou, sem o peso da Lei e da antiga aliança. Agora sob a liberdade da Nova Aliança. (GÁLATAS, 5:1 (RA)).

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UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO

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3.4 MÉTODO

As Epístolas eram cartas manuscritas, algumas foram escritas pelos discípulos ou pelos seus auxiliares. O apóstolo ditava a mensagem para seu auxiliar (escriba), depois assinava a carta e a selava. O selo significava a autoria de quem havia elaborado o conteúdo, não necessariamente escrito de próprio punho.

O método de ensino utilizado nas Epístolas consistia em fornecer o conteúdo escrito para o líder da congregação, o qual deveria ler e explicar o conteúdo às pessoas. Portanto, podemos dizer que o método utilizado através das Epístolas era o da escrita e, posteriormente, da oralidade. Não seria este o primeiro modelo de ensino a distância?

3.5 OBJETIVO

O objetivo de ensino dos apóstolos era transmitir conhecimentos que fortalecessem a fé cristã. Ensinamentos doutrinários ou pastorais à comunidade cristã que começava a se organizar como representante do corpo de Cristo na Terra. O objetivo de aprendizagem era que, ao serem ensinados, os indivíduos soubessem que Jesus era o messias esperado. E que haveria de voltar para levar consigo os salvos para o reino dos céus e morar com ele e com o Pai para toda a eternidade. Viver para sempre no descanso eterno, na Canaã celestial, a Nova Jerusalém.

As epístolas tinham um sentido prático de formar o caráter, ou disciplinar. Não eram escritas com uma finalidade filosófica, a ser questionada. Seu conteúdo é doutrinário e, às vezes, era impactante, pois seu objetivo principal era transmitir conhecimentos aplicáveis e transformadores.

3.6 RECURSOS

A linguagem escrita, em si, era uma forma de recurso do qual se valiam seus autores para auxiliar o ensino dos primeiros cristãos. Alguns textos do VT eram explicados à luz da mensagem de Jesus. O livro ou carta aos Hebreus é um exemplo disto, pois apresenta conteúdos do VT de forma a explicar os significados da superioridade de Jesus diante dos ensinos da Lei, e dos personagens do passado, os heróis da fé. (HEBREUS, 13 (RA)).

Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus. (I CORÍNTIOS, 10:31 (RA)). Ao analisarmos a ação pedagógica destes dois grandes homens, vemos que eles se valeram dos recursos pessoais e tecnológicos de que dispunham, adequando o método de ensino à realidade em que viviam, com a intenção de nos educar para a vida cristã.

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TÓPICO 2 | PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO NOVO TESTAMENTO

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Fizeram com que o ensino das Sagradas Escrituras varasse os séculos e nos beneficiasse com a Salvação eterna em Jesus Cristo. Sua ação pedagógica teve um alto preço: custou-lhes a vida terrena, mas ganharam a vida eterna e nos mostraram o caminho, deram o exemplo e nos deixaram um grande desafio.

Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo. 1Coríntios, 11:1 (RA)

ATENCAO

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RESUMO DO TÓPICO 2Neste tópico estudamos:

● Jesus, na sua forma humana, recebeu a educação familiar e aprendeu a ler na sinagoga. Aos 12 anos já debatia no templo, com os doutores da lei, o que havia aprendido do Pai.

● Diferente do autoritarismo, Jesus era humilde, mas usava sua autoridade, por esta razão era chamado de: Mestre, Rabi, Senhor, Filho de Deus.

● Método – Jesus não deixou escritos, ele falava com as pessoas usando o método da oralidade e diferentes técnicas, quais sejam: ◦ Parábolas – histórias que ilustram uma verdade que deve ser aprendida.◦ Provérbios - ditos populares, de fácil memorização.◦ Poesias – têm técnica rítmica e tocam o emocional, facilitando a memorização.◦ Indagações – ensinos a partir de uma pergunta levam o ouvinte a pensar

numa resposta.◦ Discurso – preleção com um conteúdo mais longo, muitas vezes emocional

e acalorado.◦ Recursos didáticos - figuras comuns ao dia a dia das pessoas.◦ Símbolos.◦ Projetos.◦ Seu exemplo pessoal.

● Habilidades de Jesus para ensinar: Aptidão, Conhecer as pessoas, Domínio de conteúdo. Habilidades pessoais e espirituais, Visão, Atenção, Ensino atraente.

● Motivação – Jesus compreendia perfeitamente bem as profundas motivações da alma e do coração.

● Participação - Jesus sabia que os interesses de cada indivíduo precisam ser despertados, de tal modo que ele chegue ao ponto de querer participar.

● Incentivar a interação - Jesus apreciava iniciar debates, ques tões, projetos, exemplos concretos e tarefas. As pessoas participavam de seus debates.

● Recursos ou Quadros Mentais - Jesus não usava formas abstratas. Figuras como cidades, rios e céus, sementes, árvores, lírios, sal e luz eram comuns na sua metodologia.

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● Senso artístico - Jesus usava a beleza das figuras, das imagens e das palavras para tocar a emoção e a sensibilidade dos seus ouvintes. Ele fala da beleza da criação, fala da beleza dos lírios.

● O ensino através das Epístolas - Os apóstolos utilizaram as Epístolas para transmitir os ensinos de Jesus aos discípulos e aos novos convertidos da Igreja Primitiva.

● No NT encontra-se registrado que os apóstolos ensinavam publicamente, de casa em casa, e também ensinavam através de correspondência, desta forma alcançaram o mundo conhecido na época.

● Paulo foi muito bem instruído, falava vários idiomas, perseguiu os cristãos até render-se ao Senhor, e de perseguidor passou a ser perseguido.

● Pedro era um homem simples, um pescador, andou com Jesus. Impetuoso, atacou um soldado, cortando-lhe a orelha, para defender Jesus; porém, medroso, negou-O por três vezes. Também foi impetuoso ao pregar para as multidões depois que Jesus subiu aos céus.

● Analisando seus ensinos, podemos concluir que todos podem ensinar e servir ao Senhor como estão, onde estão e com o que têm disponível em suas mãos.

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1 Quem é considerado o pai da Didática Moderna e afirmou que é possível ensinar tudo a todos?

a) ( ) Paulo Freire.b) ( ) Jean Jacques Rosseau.c) ( ) João Amós Comenius.d) ( ) Aristóteles.

2 A Bíblia não explica claramente qual foi a formação escolar de Jesus, mas o que os teológos afirmam com base no estudo das Escrituras?

a) ( ) Jesus estudou numa escola judaica e recebeu educação formal como todo o jovem da sua época.

b) ( ) Jesus não estudou, Ele aprendeu tudo com o Pai. Não havia escolas na sua época.

c) ( ) Jesus aprendeu ler as Escrituras como as demais crianças, provavelmente com os rabinos na sinagoga.

d) ( ) Jesus aprendeu ler as Escrituras como as demais crianças, provavelmente com os apóstolos na sinagoga

3 Marque C para a afirmativa correta e E para a afirmativa errada:

Jesus não ficava divagando com sofismas, ou com filosofia, seus ensinos são práticos e objetivos. Os principais temas abordados por Jesus:

( ) Escatologia. ( ) Viagens. ( ) Sociologia. ( ) As Escrituras.( ) Materialismo. ( ) A Vida Cristã. ( ) O Reino de Deus.( ) Teologia sistemática.( ) Política Romana.

AUTOATIVIDADE

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TÓPICO 3

OS DESAFIOS DA AÇÃO PEDAGÓGICA NA

EDUCAÇÃO CRISTÃ

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃOOs desafios encontrados pelo educador no século XXI são muitos, e em

se tratando de um educador cristão podemos ter certeza de que são maiores ainda. As diferentes culturas e subculturas das quais se originam os alunos numa mesma sala de aula, e a diversidade religiosa, ou ainda o ateísmo, constituem grandes desafios.

Mais desafiadora ainda será a ação pedagógica na Igreja, pois, se por um lado o dogmatismo opressor não combina com o Cristianismo do mestre Jesus, por outro lado o educador não pode fugir aos princípios imutáveis da Verdade bíblica, sem ter que confrontar as meias verdades propostas pela ciência dos homens.

Por estão razão, vamos estudar o pensamento científico filosófico da atualidade, o qual norteia os padrões educacionais escolares, e os conteúdos que são passados à sociedade, nem sempre de forma subliminar, porém efetiva, dada a forma intensiva com que os indivíduos são submetidos diariamente aos meios de comunicação através da TV, rádio, internet. E tudo com grande investimento para que o visual seja atraente. Designers, recursos musicais e textos são produzidos em linguagem direta e objetiva, de forma a não necessitar muita leitura ou reflexão, para transmitir não o que interessa ao povo, mas à classe governante e aos interesses da mídia. Tudo é apresentado de forma fascinante, de maneira a atrair sem levar à reflexão, para que o indivíduo seja conduzido e rapidamente encaminhado para os fins que deseja a ideologia dominante.

Você já se perguntou por que, literalmente, o país para por ocasião do Carnaval? Por que é comum ouvirmos dizer que o Brasil só funciona depois do Carnaval?

Qual a força que move uma nação do tamanho da nossa a agir em função de datas comemorativas, de evento em evento? Por que somos acionados a nos mover e nos unir como nação apenas em função de Copa do Mundo?

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UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO

Fique ligado! Você está sendo guiado por quem? Quais são os princípios e valores que o motivam a fazer as suas escolhas? Quem influencia você?O que você assiste na TV? Ou ouve no rádio, no seu MP3? Quem você encontra e convive na internet, por quais sites você anda navegando?A interatividade promovida por estes meios leva você a agir, proagir ou a reagir? Saiba que não tem como você ficar neutro ou indiferente: ou você se amolda à cultura transmitida pelo mundo, ou você adota as palavras de Paulo: Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele. (ROMANOS, 12:2 NTLH-RC (Edição do Novo Testamento na Linguagem de Hoje – Revista e Corrigida)).

ATENCAO

Talvez o caminho seja conhecer os conteúdos que querem nos alienar, produzidos pelas ideias (ideologias) dominantes, e autorizadas e “comprovadas” pela ciência, que é respeitada como lei imutável até que outra pesquisa conteste a última afirmação científica.

Por isto vamos abordar aqui a importância da formação, o perfil de competências e conhecimentos técnicos, didático-pedagógicos, que serão de bom proveito para o educador cristão. Para que tenha bases sólidas para ensinar a sã doutrina, que forma e educa para a vida.

Vamos identificar os desafios filosóficos e ideológicos de nosso tempo? Quer saber como o educador cristão deve preparar-se para encarar tais desafios?

Vamos em frente! Pegue sua Bíblia e vamos caminhando juntos. Você está preparado?

2 HUMANISMO, MATERIALISMO, EVOLUCIONISMO E CRIACIONISMO

Você estudou a história das ideias pedagógicas. E aprendeu que a cada período os homens têm características diferenciadas no modo de pensar, de ler o mundo, de educar seus filhos e de ensiná-los para a vida em sociedade.

Estes ensinos tinham por objetivo promover leis, cultura ou políticas que formassem, já na criança, pensamentos, profissões e atitudes que perpetuassem o sistema ou classe dominante (governo). Os pensadores, filósofos, escritores e artistas eram os indivíduos que geralmente denunciavam o comportamento de dominação dos governantes. É mais fácil moldar as mentes jovens e alienar e conduzir as menos cultas ou esclarecidas.

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TÓPICO 3 | OS DESAFIOS DA AÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO CRISTÃ

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Todo educador encontra dificuldade de abrir os olhos de seus alunos, porque nem todos gostam de pensar. Preferem ser guiados (ou teleguiados pela TV). Nem todas as pessoas gostam de estudar, ou ler, porque não lhes foi ensinado desde pequenas este hábito libertador.

Aprenderam, sim, a ligar o botão da TV desde pequeninas, e hoje não conseguem viver, nem pensar, sem a TV. Esta geração não sabe ler o mundo, não avança um milímetro se não for através de um telejornal. Se a notícia saiu no telejornal, “então é verdade!”

Todavia, veja que Jesus ensinou a todos, mas sabia que nem todos aprenderiam, e nem por isto desanimou ou deixou de ensinar a Verdade. O educador cristão, que deseja seguir o modelo de Jesus, tem que estar comprometido com a Verdade e com a realidade, denunciando e confrontando aquilo que aprisiona e oprime a vida humana.

O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos... (LUCAS, 4:18 (RA)).

Você percebe a importância de ensinar a Verdade às crianças?

Você percebe o quanto é importante que os indivíduos, em qualquer idade, tenham uma formação cultural adequada, que os levem a pensar com “suas próprias cabeças”, que saibam ler e interpretar o mundo e a sociedade em que vivem? Vamos nos deter em algumas ideologias, ou filosofias contemporâneas, que determinam não só o modo de pensar ou ler o mundo, mas também definem a ação pedagógica na atualidade.

2.1 HUMANISMO

Estudamos o humanismo no período do Renascimento, e que continua fundamentando o pensamento atual. Lembre-se de que antes do Renascimento o pensamento era teocêntrico e passou a ser antropocêntrico, ou seja, o homem no centro de tudo. E Deus? Bem, no humanismo, Deus fica “lá em cima”. E de que forma isto influencia na educação?

Há várias correntes dentro da filosofia humanista: humanismo científico, humanismo secular, humanismo cristão. Dentre os humanistas cristãos estão Lutero, o ícone da reforma protestante, do século XV, e Erasmo de Roterdan, que continuou católico, mas lutava por uma reforma interna na Igreja Católica. Eles entendiam que o pensamento não podia mais ser teocêntrico, em oposição ao dogma da Igreja Católica Medieval, e a partir do pensamento antropocentrista, adotam o humanismo cristão como o modelo filosófico mais adequado às ideias e ideologias modernas.

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UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO

São estas ideias que vão influenciar a cultura, a ciência e a educação. São as ideias liberais, que descartam o dogma, a disciplina rígida. Não aceitam mais a teologia para explicar os fatos. Inicia-se uma nova etapa, na qual as explicações são buscadas a partir da pesquisa científica. Isto vai trazer para a educação uma nova forma de ensinar e de aprender, deixando de lado o ensino religioso e os métodos clássicos de leitura, cópia e extensos textos decorados para serem recitados, promovidos por uma disciplina inflexível de castigos físicos para os alunos menos estudiosos ou interessados.

2.2 REFORMA E CONTRARREFORMA

Do humanismo surge o pensamento reformista, ou protestante de Lutero, e a Contrarreforma, movimento da Igreja Católica. A educação protestante propõe que o povo (na Europa) tenha acesso à educação formal para poder ler a Bíblia. E a Contrarreforma Católica envia padres jesuítas para ensinar e catequizar, assegurando a hegemonia política e religiosa nas colônias do Novo Mundo. Ambos contribuem para um tipo de educação humanista cristã, tanto católicos como protestantes.

Mas isto não impede que surjam humanistas ateus, cuja ideia antropocêntrica não prevê, de forma alguma, a presença ou intervenção de um ser superior, que intervém na ação humana. Estes humanistas não creem que o ser humano tenha alma, ou espírito.

Mas não são apenas os humanistas ateus que descreem da intervenção divina. Também os materialistas que seguem uma doutrina filosófica que admite como realidade apenas a matéria. Este pensamento materialista vem desde o período grego.

Para os gregos, os fenômenos devem ser explicados não por mitos religiosos, mas pela observação da realidade. A matéria é a substância de todas as coisas. A geração e a degeneração do que existe obedecem a leis físicas. A matéria encontra-se em permanente metamorfose. A alma faz parte da natureza e obedece às suas leis. Essas teses são a base de todo o materialismo posterior.

2.3 MATERIALISMO

Com o Renascimento, as ideias gregas ressurgem, bem como o pensamento materialista, que fazia oposição ao politeísmo da cultura grega. É da natureza do homem crer em Deus, mas também é da natureza decaída optar por se rebelar contra o Criador. Assim, o materialismo ressurge no século XVI.

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TÓPICO 3 | OS DESAFIOS DA AÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO CRISTÃ

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O materialismo tem várias correntes, que o dividem em: materialismo dialético, materialismo histórico e materialismo científico. Um dos nomes mais conhecidos entre os filósofos materialistas é o de Karl Marx, que deu origem ao pensamento marxista, que fundamentou a ideologia marxista nos países comunistas, entre eles a Rússia e a China.

Como uma doutrina filosófica, sua influência na educação também se fez sentir no Brasil. Vários educadores ainda são adeptos das doutrinas filosóficas de Karl Marx, que propõem um modo de estudo dialético sobre a sociedade, na qual o homem é apenas o resultado da produção da sua vida material. Para Marx, o homem é produto do meio e reproduz as ideias de acordo com o modo como é doutrinado, ou seja, reproduz as ideias das classes dominantes.

Marx faz uma leitura até certo ponto correta da domesticação pela educação, todavia se perde ao se afastar do pensamento cristocêntrico, não apenas como filosofia, mas como modelo de vida bem-sucedida. Seus pensamentos excluem a possibilidade de existir algo além da matéria, ou de o homem ter uma alma, espírito. Embora filho de pais judeus, ele não acreditava totalmente na existência de vida após a morte, a matéria é um fim em si mesma. Para Marx, “a religião é o ópio do povo”. (SAYÃO, 2001, p.58).

2.4 OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO

A partir desta breve exposição do pensamento humanista e materialista, podemos perceber a influência no pensamento na ação pedagógica, e entender os desafios que temos pela frente na educação cristã:

● A ciência passa a ser a autoridade para validar os fatos. A revelação bíblica, bem como sua autoridade, é negada.

● A educação passa a ser mais liberal e voltada para a formação integral do indivíduo, porém, não consegue fazer dele um ser social mais humano e mais feliz.

● Tanto o materialismo como o humanismo apregoam a educação pública como uma forma de disseminar a ideologia em que acreditam.

● Desdenham dos dogmas da Igreja, ridicularizando a fé.

● Também adotam a doutrinação na transmissão dos conhecimentos como uma forma de reproduzir suas ideias.

● Na educação contemporânea, a educação liberal vai migrando para uma educação materialista.

● Pensamento que domina a sociedade: apego ao consumo de bens e objetos tecnológicos de última geração.

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● Busca desmedida de prazeres instantâneos.

● Relacionamentos egoístas, sexualidade pervertida e sem amor, resultando em gravidez na adolescência, AIDS e doenças venéreas (DST).

● Educação é laica, mas sem exigências de disciplina, valores morais ou éticos, e sem princípios que fundamentam uma formação cristocêntrica.

● A liberdade concedida tanto na escola como na sociedade, muitas vezes, chega a impedir a ação educativa, preventiva e formadora dos pais, dos educadores e da justiça.

● A lei é confusa quando se trata de coibir e penalizar atos que poderão levar uma criança indisciplinada de vir a ser um jovem delinquente e, posteriormente, um adulto transgressor.

● O uso e abuso de drogas altera o perfil e os valores morais e éticos dos alunos, isto reflete na sociedade como um todo.

● Os limites entre a ação disciplinar e o direito à liberdade ficam confusos.

● Justiça e direito confusos, a ação da polícia é reprimida por conta da liberdade e dos direitos humanos exigidos na ação policial e nas penitenciárias.

● A sociedade, a família e as instituições não sabem como resolver os conflitos que advêm da falta de princípios.

● Os pensamentos materialistas permeiam os conteúdos escolares, juntamente com uma religiosidade sincretista e multifacetada.

● Há um retorno ao misticismo esotérico, que movimenta um grande mercado financeiro.

● Supervalorização do conhecimento tecnológico de última geração.

● Rapidez na comunicação e na informação, embora o acesso aos meios seja elitista.

● Surgimento de doenças novas e psicossomáticas, que tornam a sociedade fragilizada e os indivíduos ansiosos e temerosos.

Desconhecimento dos direitos e deveres prescritos na Constituição do País, por parte do educador, do educando e da família.

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Vamos aprofundar um pouco mais este último item, que aborda os desafios da Educação Cristã. Conhecer direitos e deveres assegurados na Constituição é um desafio para o educador cristão, porque também é um cidadão comum.

Como cristãos, muitas vezes, nos sentimos oprimidos ou discriminados pela nossa fé/crença, deixamos de exercer e usufruir do nosso direito de praticar e compartilhar o Evangelho, apenas por falta de conhecimento dos nossos direitos individuais.

Considero um grande desafio para os educadores cristãos ensinarem a seus alunos, discípulos ou familiares que devemos viver o que Paulo fala em sua Epístola aos Gálatas 5:1(RA) “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão.”

É preciso conhecer a Lei do País e viver a liberdade de forma idônea, fazendo a diferença em nossa Nação, cumprindo as Leis Civis e Espirituais.

Para cumprir o mandato cultural é preciso conhecer sobre os direitos individuais do cidadão brasileiro, veja o que diz a Constituição no artigo 5º.

FONTE: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>.

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I-homensemulheressãoiguaisemdireitoseobrigações,nostermosdesta Constituição;

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa [...]. (Saiba mais. Leia na íntegra)

Entenda: O cidadão cristão é livre para praticar a sua fé/crença.

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

Entenda: O cidadão cristão é livre para comunicar seus pensamentos a respeito da fé e dos princípios cristãos.

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e às suas liturgias;

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UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO

Entenda: O cidadão cristão é livre para escolher sua crença/fé. Exercer, praticar ou manifestar sua crença/fé nos locais de culto. Os locais do culto e as suas liturgias são assegurados e protegidos por lei.

VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;

Entenda: atividades de capelania em escolas, hospitais, quartéis etc.

VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa [...]. (Saiba mais. Leia na íntegra)

Entenda: O cidadão cristão não poderá ser tolhido (proibido, ou discriminado) de exercer seus direitos de cidadão, por causa da sua crença/fé. (Saiba mais. Leia na íntegra)

XVI-todospodemreunir-sepacificamente,semarmas,emlocaisabertosaopúblico,independentementedeautorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente.

Entenda: O cidadão cristão poderá reunir grupos de cristãos para compartilhar a sua fé em locais abertos ao público, de forma ordeira e respeitosa, em manifestações de fé, tais como evangelismo, pregação, que podem ser também na forma cultural, ou artística. Todavia, a autoridade competente deve ser comunicada com antecedência!

Eis aí um desafio contemporâneo para os educadores cristãos: conhecer a lei do País, com o intuito de conhecer seus direitos e deveres, a fim de que possam obedecer ou usufruir dos direitos nos termos da lei.

Conhecer as leis do País é um dever e um direito do cidadão, do educador cristão. Mas não basta conhecer. É preciso praticar e ensinar isto aos alunos, levá-los a conhecer também as leis para obedecê-las, e assim usufruir dos direitos de cidadão.

O cristão é cidadão nato do Reino dos Céus, mas precisa saber viver de forma ordeira e disciplinada nesta terra, dando um bom testemunho com sua vida e atitudes cristãs cidadãs. É um desafio diário dar um bom testemunho, tanto para educadores como para os educandos.

Nosso País é uma benção! Somos privilegiados, por ter liberdade de crença/fé e prática religiosa. É preciso valorizar muito isto, e não deixar passar está oportunidade de usufruir da liberdade com que Cristo nos libertou, com sabedoria, muito amor e respeito ao próximo. Isto é um grande desafio para todo educador desta geração!

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NOTA

Visite o site da Missão Portas Abertas e conheça a realidade hoje, nos países socialistas, comunistas e do radicalismo religioso que tranca o povo na ignorância da ideologia e da religiosidade fanática e obrigatória.<http://www.portasabertas.org.br/paises/default.asp?OrderBy=WWL> e veja os países onde o comunismo, o socialismo, e nos países onde a religião e o Estado se confundem, como no Oriente Médio, na China, Coreia e outros. E perceba como as ideias que são cultuadas e ensinadas pelos líderes políticos e religiosos determinam a condição de vida do povo. Veja quais são os países que mais perseguem os cristãos e como o Cristianismo, com seu poder libertador, é impedido de chegar, por conta destas ideologias materialistas e religiosidade fanática. Podemos trabalhar para o Senhor com liberdade neste país maravilhoso que é o Brasil, podemos ensinar a Verdade. Embora tenhamos listado alguns desafios acima, existem outros. É muito importante que você esteja atento às movimentações políticas e religiosas em nosso país. A história recente nos mostrou como governos passam a ser totalitários e opressores com os cristãos. Não estamos livres de perder os direitos que temos agora. É preciso saber aproveitá-los e saber cultivá-los de forma que as novas gerações possam receber os ensinamentos do Evangelho de Cristo.Toda a ação discriminatória para com os cristãos, ou para com os princípios bíblicos, deve ser repudiada e denunciada. E como corpo de Cristo devemos reagir, quando irmãos que confessam Jesus como seu salvador independente de denominação são perseguidos por ensinarem a Verdade, em nosso país. Missionários católicos e evangélicos devem ser alvo constante das nossas orações. É preciso ficar atento às movimentações políticas que desejam modificar a lei e interferir na liberdade religiosa, nas práticas bíblicas, no ensino e na pregação da Verdade, bom como no evangelismo.Analisar de forma crítica as informações que são veiculadas na mídia e rejeitar toda informação que resulte em calúnia, perseguição ou discriminação aos cristãos e à fé cristã. A mídia está a serviço da ideologia dominante, do príncipe deste século, o qual prega um humanismo materialista e ateísta, com um objetivo: desmoralizar os líderes religiosos e o povo cristão.Toda a ação contrária e discriminatória aos cristãos e ao Cristianismo deve ser denunciada e repudiada pelas igrejas, comunidades e ONGs. Não fique calado, nem parado. Engaje-se em um grupo e participe deste desafio em defesa da fé!E nisto conhecerão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros. (JOÃO, 13:35 (RA)).

2.5 AS DIFERENÇAS ENTRE EVOLUCIONISMO E CRIACIONISMO

O pensamento criacionista explica os fatos à luz da palavra de Deus e aceita a revelação como a Verdade. De forma diferente pensa o evolucionismo.

Em que acredita o evolucionismo?

O EVOLUCIONISTA acredita no estado eterno do universo material, porque acreditar de outra maneira significaria que tudo teve um começo; e se tudo começou abruptamente, alguém ou alguma coisa começou isto. Todo o pro pósito de se acreditar em evolução é filosófico. A aceitação da evolução per mite à pessoa negar a existência de um criador. Se não existe um Deus, então todas as coisas são permitidas,

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liberadas. A evolução poderia ser definida como uma religião na qual “se isto não é conveniente, isto não serve para minha religião. (MCMURTRY, 2009, p. 10)

No evolucionismo há uma crença de que todas as coisas tiveram um começo abrupto, casual. Num determinado momento, a vida surgiu. É uma crença baseada na hipótese de que milhões e milhões de anos explicam o mundo complexo em que estamos rodeados. O cosmos, a Terra, os seres minúsculos, os seres mais complexos foram surgindo ao longo do tempo, por transformação espontânea de sua genética (fato que a ciência sabe não ser possível).

2.6 A QUEM INTERESSA SE LIVRAR DE DEUS?

A partir da Idade Moderna, com as ideias iluministas do Renascimento, os homens se voltam para pesquisar os fenômenos naturais, a natureza e as leis que a regem, buscando o conhecimento através da pesquisa científica. Buscam respostas nas ciências e não nas Sagradas Escrituras, como forma de contestar o dogma da religião católica medieval. Rejeitam as revelações da Bíblia sobre o ato criador de Deus e buscam, na teoria da evolução das espécies, formulada por Darwin, uma resposta para que a ideia da criação, tal como está no capítulo 1 de Gênesis, viesse a ser contestada e posteriormente desacreditada.

Ora, se o homem não foi criado à imagem e semelhança de Deus, não tem porque obedecê-lo. Rejeitar o Criador é uma forma de gritar independência de Deus. É da natureza do homem decaído ser rebelde. Para o Materialismo e para o Ateísmo, o Evolucionismo cai como uma luva! Serve para dar suporte aos pensamentos que excluem a fé, a certeza da existência do Criador.

Deus não está mais no centro, nem “lá em cima”. Deus está fora, ELE não existe! Porque, se a teoria de Darwin estivesse certa, logo, um ser formado por uma célula única em um dado momento histórico teria dado origem às demais espécies existentes, através de um longo processo evolutivo.

A célula primeira, através da geração espontânea, sem intervenção alguma, modificou-se e formou um ser mais complexo, e este, por sua vez, deu origem a outros seres mais complexos; e assim, no estágio mais evoluído, um longo tempo depois encontramos o ser humano (tal como Deus o criou?!).

ATENCAO

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TÓPICO 3 | OS DESAFIOS DA AÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO CRISTÃ

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Esta é a contribuição do Evolucionismo: sustentar as ideias materialistas e ateístas com uma pretensa verdade científica. Contudo, o evolucionismo é ensinado nas escolas para as crianças!? Você sabe por quê?

ATENCAO

Há controvérsias entre os próprios cientistas evolucionistas. E esta discussão ainda vai muito longe, pois carece de “provas científicas” para que as ideias e teorias sejam comprovadas.

A ciência exige a apresentação de provas materiais. Achados arqueológicos de pedaços de ossos não dão sustentação a esta teoria. Faltam provas e dados mais concretos para que a teoria darwinista seja comprovada. Todavia, o homem decaído, rebelde e separado de Deus, precisa se sustentar em alguma coisa para negar a existência do Criador. E assim, este homem, em sua rebeldia, grita para convencer a si mesmo de que Deus não existe, e que não é obra das Suas mãos, mas sim obra do acaso, da geração espontânea.

Bem, conforme estudamos, é o modo de pensar e ler o mundo, ou o pensamento filosófico, que embasa a produção cultural e científica de uma sociedade, e também a ação pedagógica.

No momento em que os pensadores querem excluir todo o pensamento teocêntrico, o evolucionismo, com seu caráter de “teoria científica irrefutável”, proporciona a opção que pode embasar um novo modo de pensar e ler o mundo, tal como o ponto de vista antropocêntrico. O homem não veio de Deus, não tem a imagem e semelhança de Deus, ele não precisou de Deus para existir. Toda ação divina é negada pelo evolucionismo, e assim o marxismo e o humanismo ateísta podem ser estender nos meios socioculturais.

A desconstrução da fé em Deus exalta a Fé no homem, tornando-o egocêntrico, materialista e ateu. E se Deus não existe, seus princípios não têm razão de ser, não precisam ser ensinados. E a partir daí a ação pedagógica passa a ser embasada em pensamentos evolucionistas, materialistas e ateus, sob a égide de um ensino laico. O ensino cristão é banido das escolas. Era o começo do fim!

Grande é o desafio para o educador cristão contemporâneo!

As escolas têm em seus currículos conteúdos que ensinam sobre as ciências, sobre a tecnologia, conhecimentos para formar mão de obra para o mundo do trabalho. Mas valores e princípios imutáveis revelados por Deus

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UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO

não são ensinados às crianças em sala de aula, e muito menos ainda nos lares, local onde o mandato bíblico estabelece que os pais sejam os responsáveis pela educação de seus filhos e que a Igreja deve complementar.

Ora, se as crianças não aprendem em casa com os pais, e na escola são ensinadas a descrerem do que a Igreja ensina, que sociedade teremos? Não poderia ser diferente do caos que já vivemos.

Note bem o que diz a Constituição Brasileira:Art. 229 – Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.FONTE: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>.

ATENCAO

Aquilo que o homem plantar, certamente colherá... (GÁLATAS, 6:7 (RA)).

A indisciplina, a rebeldia, a delinquência, a violência, o uso de drogas, a sexualidade infantil incentivada pela mídia, a perversão sexual e a prostituição entre jovens (desconsiderando os adultos com tais comportamentos inadequados), são o produto deste tipo de educação antropocêntrica, materialista e ateísta. E é neste contexto que o Senhor nos chama para ensinar a palavra da Verdade e implantar nos corações o seu reino.

Primeiro Deus comissiona os pais para educarem os pequeninos, e estes podem delegar a educadores cristãos da sua confiança para darem a continuidade da educação formal e espiritual de seus filhos. Todavia, mesmo assim os pais são ainda responsáveis pela educação de seus filhos, Tal como está prescrito nas Escrituras Sagradas e como está na Constituição do País, artigo 229.

IMPORTANTE

Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Gálatas, 6:7 (RA)

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TÓPICO 3 | OS DESAFIOS DA AÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO CRISTÃ

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E o que pensam os criacionistas? Os cientistas criacionistas acreditam que uma mente inteligente e superior criou todas as coisas.

OS CRIACIONISTAS acreditam que a massa e a energia não são eternas. Um criacionista diz que Deus criou a massa e a ener gia; e delas fez as pessoas; não precisa de tempo para fazer nada; e nada é por acaso, mas sim, por um propósito instantâneo em todas as coisas que Ele faz. (MCMURTRY, 2009, p. 10)

EVOLUÇÃO CRIAÇÃO

As galáxias continuam se alterando. As galáxias são constantes.

A vida evolui de seres não viventes. A vida somente deriva de seres viventes.

Novos tipos aparecendo. Sem aparecimento de novos tipos.

Processo criativo contínuo de espécies. Processo conservativo das espécies.

A Terra tem bilhões de anos. Maior parte de dados indicam uma Terra jovem.

O homem macaco serve como elo. Não existe elo homem macaco.

O homem é quantitativamente superior aos animais.

O homem é qualitativamente distinto dos animais.

FONTE: McMurtry (2009, p. 13)

QUADRO 3 – EVOLUÇÃO X CRIAÇÃO

Este quadro comparativo nos auxilia a entendermos as diferenças entre o pensamento evolucionista e o criacionista. Ambos carecem de provas materiais. E precisam ser comprovados reproduzindo o experimento, e isto é impossível para ambos. Logo, tanto o criacionismo como o evolucionismo podem ser considerados como filosofia, ou resultado de fé. Ou se crê ou não se crê. Ou se aceita ou não se aceita.

DICAS

Para complementar os seus estudos, caro(a) acadêmico(a), acesse o site das Associações nacional e internacional de escolas cristãs que trabalham numa filosofia de EDUCAÇÃO POR PRINCÍPIOS. <http://www.aecep.org.br/institucional/institucional_principios.asp>; <http://www.acsibrasil.org/>.

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UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO

3 A FORMAÇÃO E O PERFIL DO EDUCADOR NO CONTEXTO ATUAL

O educador cristão que irá exercer o seu mandato cultural em família ou na Igreja deve ter um perfil baseado no texto bíblico, deve ter um caráter segundo o caráter de Deus, e precisa possuir características pessoais, técnicas e espirituais para ser um mestre, discípulo e discipulador.

3.1 A FORMAÇÃO ADEQUADA VENCE OS DESAFIOS

Para vencer os desafios que nos estão propostos, a formação do educador cristão deve ser fundamentada nos princípios da Bíblia, sua filosofia de vida deve ser cristocêntrica. Seu caráter deve ser segundo o caráter de Jesus, e para que seja delineado o perfil do educador cristão é necessário formá-lo primeiramente. Não podemos ensinar aos outros o que ainda não aprendemos.

Cada dia em comunhão com a palavra nos faz mais íntimos do salvador Jesus Cristo, que é o nosso refúgio, lugar secreto em Deus. Esta é a base para a formação do educador cristão. Alguns hábitos devem ser aprendidos e outros evitados, para que possamos permitir que o Senhor forme em nós o seu caráter, e a partir de então poderemos perceber de forma concreta o perfil de educador cristão. Eis algumas sugestões para começar a formação de um educador genuinamente cristão.

3.2 O PERFIL DO EDUCADOR CRISTÃO

Para formar o educador cristão é preciso:

● Cultivar uma vida de oração e comunhão com Jesus, se aprende vivendo.

● Cultivar uma vida de comunhão com a Igreja, se aprende frequentando a igreja.

● Disciplinar-se a viver uma vida cristocêntrica, se aprende melhorando a cada dia.

● Estudar a Bíblia com método e planejamento, é um aprendizado diário.

● Frequentar cursos de atualização e capacitação, promovem o crescimento espiritual.

● Andar sozinho, nunca mais! Peça sempre a companhia de Jesus; e a presença do Espírito Santo.

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● Rejeitar e evitar toda a aparência do mal, lugares, eventos, companhias e hábitos que não combinam com o modelo de Jesus, não servem para o educador cristão.

● Aprender a não contar meias verdades, seja o seu falar sim, sim, não, não.

● Desafiar o seu “velho homem” no lugar mais complicado, a família. Exercite sua vida cristocêntrica passando pelo crivo familiar.

● Ser sal e luz - seja sal e seja luz, deixe a luz brilhar em você, deixe sua vida salgar a vida dos outros, peça ajuda do Pai para que isto aconteça em você diariamente.

● Aprender a ouvir as pessoas e a demonstrar seu interesse pelo bem delas.

● Demonstrar compaixão, perdoar, pedir perdão e consolar devem fazer parte de sua vida, de tal forma que tais atitudes façam parte de sua personalidade.

● Desenvolver uma paixão genuína pelas almas, se aprende com o Senhor Jesus em momentos íntimos com o salvador.

À medida que você vai desenvolvendo o seu relacionamento com o Pai e passa a vivenciar aquilo que aprende diariamente em sua Bíblia, seu caráter vai se identificando com o de Jesus, algo novo vai sendo formado em você a cada dia. Jesus diz: eis que faço novas todas as coisas.

O perfil do Mestre vai sendo construído em você, o seu chamado e a sua atuação como educador cristão vão se delineado cada vez mais, e os resultados serão visíveis, pois são os frutos que você verá na vida daqueles com quem compartilhar a Verdade.

IMPORTANTE

É um grande desafio se deixar moldar totalmente, e diariamente, pela palavra de Deus, pois é isto que realmente dá a formação completa ao educador cristão, bem como determina o perfil ideal daquele que tem o chamado para ensinar os princípios das Sagradas Escrituras.

4 AS COMPETÊNCIAS E EXIGÊNCIAS TÉCNICAS DO EDUCADOR CONTEMPORÂNEO

Você estudou, nos conteúdos anteriores, que cada período da história tem suas peculiaridades. Da mesma forma que outras áreas da vida humana,

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UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO

a educação também tem peculiaridades em cada momento histórico. Hoje, a educação globalizada e relativizada pelas informações instantâneas não permite ao educador apropriar-se de todos os conhecimentos gerados pela era da informação, disponibilizada na rede mundial, a internet.

IMPORTANTE

Esta profusão de conhecimentos de teor e valores duvidosos consiste num grande desafio para a família cristã e também para os educadores do ensino bíblico. É preciso ter competência e muita intimidade com Deus para poder ensinar a Verdade à nova geração.

4.1 O EDUCADOR CONTEMPORÂNEO

O Período Contemporâneo, como já dissemos, tem suas peculiaridades. Vivemos o tempo do relativismo moral e ético, tudo é permitido, é proibido proibir. A busca do prazer num flash!

A cultura ao corpo, que deve estar num padrão de beleza e estética ditado pela mídia. Andar na moda não significa se vestir bem ou com bom gosto, significa estar dentro de uma tribo urbana, viver a sua filosofia de vida.

Os meios de comunicação a serviço de seus patrocinadores oferecem aquilo que vende melhor, e em maior quantidade possível. Qualidade não significa que algo passe pelo crivo do bom, bonito, barato e útil. Qualidade está atrelada ao preço do objeto ou do serviço, que quanto mais caro é porque deve ser melhor, não importa se só vai servir por curto espaço de tempo.

Vivemos o tempo do relativismo cultural, social e espiritual:O pensamento vigente - Tudo é relativo, não existe nada absoluto. Nada está absolutamente certo, e nem absolutamente errado. O que era certo ontem, poderá não ser mais o certo hoje. E quem sabe? Poderá voltar a ser certo amanhã. Tempo de incertezas!Assim, por via das dúvidas, fica estabelecido que é proibido proibir!!!!

ATENCAO

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TÓPICO 3 | OS DESAFIOS DA AÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO CRISTÃ

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E por falar em tempo, este ficou curtíssimo. Assim como a comunicação se tornou veloz, o tempo disponível para viver momentos agradáveis no lazer, com a família, este tempo maravilhoso, sumiu!

Aliás, a família também sumiu, desagregou-se, cada um vai para o seu quarto ver sua TV, ou lidar no computador, e quando estão juntos os fones de ouvido impedem a comunicação. É grande o número de lares desfeitos, e tentativas de refazer a família nem sempre são bem-sucedidas, deixando uma herança de solidão e ausência para os filhos de cada união.

Também sumiu o tempo para gastar em comunhão com Deus. Como Jesus no monte passava as madrugadas, resume-se agora a minutos semanais nas igrejas. O mandato cultural da Igreja não está sendo cumprido integralmente, (MATEUS, 28:19 (RA)), há aquelas que se esforçam para manter a qualidade de ensino bíblico.

Mas há aquelas que já desistiram de fazer a escola bíblica, porque o povo não vem, não se interessa e, portanto, não aprende a essência do Evangelho, ouve apenas os sermões. Não examina a Palavra nem participa de grupos de discipulados ou de estudos bíblicos.

4.2 QUEM EDUCA QUEM?

Conhecimentos e conceitos vivenciais são transmitidos principalmente pela televisão, que fica ligada o dia todo, semeando o tempo todo padrões de comportamentos que são assimilados pelas crianças. Os conteúdos transmitidos versam sobre violência, sexualidade pervertida, relacionamentos destruídos, prostituição, egoísmo, vaidade; não têm a ética de evitar expor cenas que exploram a miséria humana, tragédias, crimes, sofrimentos e toda a sorte de desgraças, não oferecem nada que se pareça com o que a Bíblia ensina, para que se tenha uma vida feliz.

Sabemos, contudo, que a própria Bíblia contém relatos de guerras e violências cometidas pelo ser humano. Tais relatos têm como objetivo mostrar a fragilidade do ser humano decaído e revelar o caráter de Deus com seus absoltos que são o amor e a justiça, os quais Ele estende a todos sem fazer acepção de pessoas. Mesmo em relatos beligerantes, a Bíblia fala da justiça de Deus e de seu amor disponível a todo que Dele se aproximar.

Ao contrário das informações que recebemos através da mídia, que deprimem, promovem a revolta e ensinam atitudes reprováveis, estimulando e premiando os maus exemplos em seus conteúdos.

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UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO

IMPORTANTE

Este é o momento sociocultural que vivemos!E para o educador cristão contemporâneo, que tem como o grande desafio preparar esta geração para morar com Jesus na eternidade, fica uma pergunta: é possível vencer este desafio? E ensinar a esta geração a ser feliz vivendo os princípios bíblicos e desfrutar de uma vida plena de felicidade? Parece difícil? Talvez. No entanto, se fosse impossível o Senhor não teria nos comissionado. Perceba que para vencer estes desafios e exercer a ação pedagógica nos moldes do Senhor Jesus, algumas coisas precisam ser demonstradas através de atitudes. Não são palavras, ou conteúdos lidos ou copiados, que vão ensinar esta geração. O educador contemporâneo precisa, muito mais do que nunca, ensinar com atitude, com a vivência. Ele tem que ser cristocêntrico 24 horas, adotar o modelo de Jesus como modelo de vida, e assim vencerá, um a um, todos os desafios contemporâneos.

4.3 COMPETÊNCIAS E EXIGÊNCIAS TÉCNICAS

Quais as competências que o educador deve TER?

Quais as exigências técnicas para SER um educador?

O que é preciso FAZER para praticar um ensino de qualidade?

Você sabe quais as competências e as exigências técnicas que são necessárias para um educador e, principalmente, um educador cristão? São perguntas instigantes, que surgem de um desejo profundo de compreender como se adquire competência e habilidade técnica para ensinar. Não somente dar aulas, mas educar para a vida, e vida abundante, como Jesus falou, quando nos disse ao que veio em João, 10:10b (RA).

Jesus foi competente em todas as áreas do seu ministério terreno, e seguindo o seu modelo podemos elencar algumas competências desejáveis ao educador cristão, as quais são facilmente observadas através de comportamentos e atitudes.

Competência tem esta característica, ela é observável. Caso você deseje ampliar a lista de competências, você poderá fazê-lo, em seu caderno. Para melhor compreensão, dividimos em três áreas, que seguem:

● Competências com relação aos alunos.

● Competências com relação a si mesmo.

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TÓPICO 3 | OS DESAFIOS DA AÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO CRISTÃ

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● Competências com relação a Deus.

● Competências técnicas.

Vamos aprofundar um pouco mais estes pontos para que você possa compreender o que deve ser feito para que as competências desejáveis venham a fazer parte do perfil do educador cristão.

● Competências com relação aos alunos:◦ o professor deve ser competente para ensinar alunos de diferentes

origens e de forma igualitária, demonstrando o mesmo interesse por todos, incluindo os menos hábeis ou capacitados;

◦ deve gostar das pessoas, gostar de estar entre as pessoas, mesmo tendo que exercer a sua liderança;

◦ tem que ter autoridade no que vai ensinar e se sentir confortável no meio dos alunos;

◦ amor ao próximo é algo que deve ser parte do caráter do professor, não deixar transparecer preferências, se estas existirem;

◦ não basta ser um modelo para os alunos, é preciso que eles desejem segui-lo;

◦ o professor deve surpreender seus alunos a cada aula;◦ deve entender que a disciplina faz parte do amor, e que a indisciplina

não traz bons resultados para a vida do aluno.

● Competências com relação a si mesmo:◦ ele deve reconhecer suas qualidades, seu potencial e seus limites,

valorizando suas habilidades e investindo nas áreas em que tem menor eficiência;

◦ educar para a vida inteira, aprender a vida inteira;◦ autoavaliar constantemente, sabendo que cada novo dia é uma nova

conquista;◦ compreender que os seus erros ou fracassos não são definitivos; não

desanime, Deus nos dará uma nova oportunidade de acertar;◦ deve ser disciplinado, metódico e organizado.

● Competências com relação a Deus: ◦ ter vida com Deus é a principal competência que o professor deve

apresentar para ser mestre;◦ adotar um estilo de vida cristocêntrica.

● Competências técnicas: ◦ ser competente no exercício da prática pedagógica; suas aulas devem ser

bem elaboradas, bem planejadas, com bastante antecedência;◦ ter um conteúdo profundo acerca daquilo que vai ensinar; precisa ser um

eterno aprendiz, curioso, pesquisador, interessado por temas variados, ávido por leitura;

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UNIDADE 1 | JESUS, O MODELO PARA O EDUCADOR CRISTÃO

NOTA

Agora que você concluiu o estudo da Unidade 1, é importante que você aprofunde seus conhecimentos. Leia o texto a seguir, o qual faz parte do Livro de João Amós Comenius, o pai da Didática Moderna. Se desejar ler o livro, você poderá baixá-lo da Internet no link: <http://www.4shared.com/file/244142267/d579f9da/didatica_magna.html>. Boa leitura!

◦ ser estudioso, buscar aperfeiçoamento constante, investir no seu perfil de educador, melhorando sempre;

◦ ser coerente com o que ensina e com o que pratica;◦ aperfeiçoamento constante tanto na técnica pedagógica e acadêmica,

quanto no seu perfil educacional. É sempre bom participar de cursos, congressos, simpósios etc.

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TÓPICO 3 | OS DESAFIOS DA AÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO CRISTÃ

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LEITURA COMPLEMENTAR

DIDÁTICA MAGNA - COMENIUS

Introdução

Tratado da Arte Universal de Ensinar Tudo a Todos

ou

Processo seguro e excelente de instituir, em todas as comunidades de qualquer Reino cristão, cidades e aldeias, escolas tais que toda a juventude de um e de outro sexo, sem excetuar ninguém em parte alguma, possa ser formada nos estudos, educada nos bons costumes, impregnada de piedade, e, desta maneira, possa ser, nos anos da puberdade, instruída em tudo o que diz respeito à vida presente e à futura, com economia de tempo e de fadiga, com agrado e com solidez.

Onde os fundamentos de todas as coisas que se aconselham são tirados da própria natureza das coisas; a sua verdade é demonstrada com exemplos paralelos das artes mecânicas; o curso dos estudos é distribuído por anos, meses, dias e horas; e, enfim, é indicado um caminho fácil e seguro de pôr estas coisas em prática com bom resultado.

A proa e a popa da nossa Didática será investigar e descobrir o método segundo o qual os professores ensinem menos e os estudantes aprendam mais; nas escolas, haja menos barulho, menos enfado, menos trabalho inútil, e, ao contrário, haja mais recolhimento, mais atrativo e mais sólido progresso; na Cristandade, haja menos trevas, menos confusão, menos dissídios, e mais luz, mais ordem, mais paz e mais tranquilidade.

Que Deus tenha piedade de nós e nos abençoe! Faça brilhar sobre nós a luz da sua face e tenha piedade de nós! Para que sobre esta terra possamos conhecer o teu caminho, ó Senhor, e a tua ajuda salutar a todas as gentes (SALMO 66, 1-2).

FONTE: <http://didaticaaplicada.blogspot.com/2008/02/didtica-magna-introduo.html>.

Para saber mais sobre conteúdos de Didática e Cristianismo.

Leitura sugerida: Comenius, o Pai da Didática Moderna - Revista Nova Escola<http: / / rev is taescola .abr i l .com.br /h is tor ia /prat ica-pedagogica/pa i-d idat ica-moderna-423273.shtml>.

ATENCAO

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico estudamos:

● Humanismo – filosofia renascentista do Período Moderno, que se baseia nos princípios do antropocentrismo, em oposição ao pensamento teocêntrico da era medieval.

● Materialismo – pensamento filosófico que tem como centro e origem de tudo a matéria.

● Evolucionismo – afirma que a matéria deu origem à vida, a partir de uma célula que foi se modificando ao longo de milhões de anos, transformando-se em seres vivos complexos.

● Criacionismo científico – afirma que a origem das espécies aconteceu de forma abrupta, e da forma como existem atualmente; não crê na evolução das espécies, pois estas foram criadas completas por um ser superior e uma mente inteligente, num dado momento histórico mais recente.

● Criacionismo na educação – o pensamento criacionista, sobre a origem das espécies, é fundamentado na Bíblia, que tem em Deus o único ser responsável pela Criação.

● Deve ser ensinado às criancinhas em casa pelos pais, e nas escolinhas bíblicas na Igreja, posteriormente nas escolas que adotam o modelo e a filosofia de Ensino por Princípios.

● A formação adequada vence os desafios – formação cristocêntrica.

● O perfil do educador cristão - alguns hábitos devem ser aprendidos e outros evitados, para que possamos permitir que o Senhor forme em nós o seu caráter.

● O educador contemporâneo - tempo de relativismo sociocultural e espiritual, antibíblico.

● O educador cristão contemporâneo deve SER (ter o caráter de Deus), SABER (conhecer as Escrituras), FAZER (aplicar os conhecimentos em sua vida e ensinar conhecimentos bíblicos vivenciais).

● Competências e exigências - a competência é observável:◦ Competências com relação aos alunos – lei do amor.◦ Competências com relação a si mesmo – eterno aprendiz.◦ Competências com relação a Deus – vida com Deus. ◦ Competências técnicas – estudar e capacitar-se sempre.

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1 Marque V para a alternativa verdadeira e F, para a alternativa falsa, identificando, nas afirmativas a seguir, quais correspondem aos desafios do educador cristão contemporâneo.

A cada período histórico o cristão teve desafios a superar, não é diferente nos dias de hoje. Identifique nas afirmativas a seguir quais correspondem aos desafios do educador cristão contemporâneo.

( ) A ciência passou a ser a autoridade para validar os fatos. A revelação bíblica, bem como sua autoridade, é negada.

( ) A educação passou a ser mais liberal e voltada para a formação social e espiritual do indivíduo, para fazer dele um ser humano feliz.

( ) Tanto o materialismo como o humanismo apregoam na educação pública uma forma de disseminar a ideologia marxista juntamente com o cristianismo.

( ) As doutrinas da Igreja e a fé são desdenhadas e comparadas a mitos. ( ) Na educação contemporânea, a educação liberal vai migrando para uma

educação materialista. ( ) Busca desmedida de prazeres instantâneos. ( ) Relacionamentos egoístas, sexualidade pervertida e sem amor, resultando

em gravidez na adolescência, AIDS e doenças venéreas (DST), fazem parte da educação por princípios.

( ) Os limites entre a ação disciplinar e o direito à liberdade ficam confusos. ( ) A sociedade, a família e as instituições não sabem como resolver os

conflitos que advêm da falta de princípios.( ) Há um retorno ao misticismo esotérico, que movimenta um grande

mercado financeiro. Isto faz com que os alunos desejem ler mais a Bíblia. ( ) Desconhecimento dos direitos e deveres prescritos na Constituição

do País, por parte do educador, do educando e da família. Pessoas que desconhecem seus direitos e deveres são mais disciplinadas.

2 Questões dissertativas: a) Escreva, em um parágrafo apenas, sua opinião sobre EVOLUCIONISMO.b) Escreva, em um parágrafo apenas, sua opinião sobre CRIACIONISMO.

AUTOATIVIDADE

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UNIDADE 2

O CRISTÃO A SERVIÇO DO REINO: EDUCAÇÃO É A SUA FERRAMENTA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

Nessa Unidade vamos:

• compreender seu papel como educador cristão;

• utilizar conceitos de educação e pedagogia a serviço do Reino de Deus;

• refletir sobre a importância da educação na formação do indivíduo;

• identificar os efeitos desejáveis da Educação por Princípios;

• compreender a educação libertadora como alicerce da construção do reino de Deus.

Esta Unidade está dividida em dois tópicos. Ao final de cada um deles, você encontrará atividades que o auxiliarão no aprofundamento dos conhecimentos e na reflexão sobre o conteúdo.

TÓPICO 1 – O CRISTÃO COMO DISCÍPULO A SERVIÇO DO REINO DE DEUS

TÓPICO 2 – A EDUCAÇÃO COMO FERRAMENTA DE CONSTRUÇÃO DO REINO DE DEUS

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TÓPICO 1

O CRISTÃO COMO DISCÍPULO A SERVIÇO

DO REINO DE DEUS

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃOTodos que somos amados de Deus, porque ELE nos amou primeiro,

escolheu e vocacionou, fomos comissionados a ser discípulos de Jesus. Já falamos sobre o mandato cultural que ELE nos deixou: ide por todo o mundo e fazei discípulos, ensinando e evangelizando. (MATEUS, 28:19 (RA)). O seu amor nos constrange a tal ponto que nossa alma imortal sente necessidade de transmitir as boas novas ao mundo. Porém, muitas vezes ficamos travados, sem saber como levar as maravilhas do Evangelho “a toda a criatura”. Nem sempre somos culpados de tal negligência, é falta de saber o que, e como proceder.

Ouvimos falar em discipulado, em discipular pessoas, mas, muitas vezes, não sabemos nem por onde começar, não é mesmo? E quando, vez por outra, ouvimos alguém disposto a ensinar, fica mais difícil ainda, porque o que nos ensinaram nem sempre funciona, não combina com o nosso estilo de vida. Enfim! Ficamos diante de tal impasse que, para sossegar nossa consciência, escapulimos do assunto.

Vamos retomar este assunto, porque é importante que o educador cristão se perceba como um discipulador! Estudaremos nesta unidade como ser um cristão-educador, professor ou discipulador. Embora o termo educador possa definir a ação e o termo cristão subentenda discípulo, ou seguidor de Jesus, é necessário que detalhemos o que vem a ser, fazer e compreender, o que é um professor discipulador e um cristão-educador.

ESTUDOS FUTUROS

No segundo tópico desta unidade vamos abordar as ferramentas pedagógicas disponíveis que o educador cristão, na ótica de professor discipulador, poderá utilizar e realizar seu serviço como discípulo de Jesus e que está disposto a servir ao Reino de Deus, implantando-o e expandindo-o.

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2 A FUNÇÃO E O PAPEL DO CRISTÃO COMO EDUCADOR, SEGUNDO A BÍBLIA

A função e o papel do cristão como educador, segundo a Bíblia, podem ser vistos, como já falamos, a partir do mandato cultural dado à família primeiramente (Dt, 6:20-22), e à Igreja posteriormente (Mt, 28:19). Cada indivíduo cristão é chamado para ser um educador, não tem como fugir desta responsabilidade. Tudo o que fazemos é cultura, é ensinamento para alguém que está nos vendo. Por mais que não estejamos atentos, as pessoas nos olham e aprendem conosco, ou desaprendem.

FONTE: Disponível em: <http://flashrede.blogspot.com/2010/02/curso-de-especializacao-em- proteccao.html>. Acesso em: 25 jul. 2010.

FIGURA 1 – CRIANÇAS

As crianças e os jovens que nos observam são nossos alunos em potencial, embora não tenhamos parado para pensar nisto, mas as nossas atitudes são recheadas de informações que estamos emitindo, mesmo sem sequer abrir a boca para falar algo. É a linguagem corporal à qual se referem os comunicadores. Então, podemos ver como é grande a nossa responsabilidade como cristãos. Não temos como impedir este processo de educação informal.

IMPORTANTE

Mesmo em silêncio, somos educadores!

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2.1 A DIFERENÇA ENTRE PAPEL E FUNÇÃO

A função é caracterizada por um conjunto de atividades que devem ser desempenhadas pelo indivíduo. No caso do educador cristão, sua função é a de educar pessoas, através de princípios bíblicos. A função está ligada ao Saber-saber e ao Saber-fazer.

E o papel do educador caracteriza-se pelas atitudes desenvolvidas para realizar a sua função. Logo, função é atividade, e papel é atitude.

UNI

Um exemplo disto seria a função da mãe: entre várias funções, a mamãe deve alimentar o seu bebê, e ela o faz amamentando-o. Porém, o seu papel de mãe vai além disto, ela demonstra isto através de atitudes específicas: enquanto amamenta, ela acaricia seu bebê, fala com ele, uma atitude de afeto espontânea, ninguém estabeleceu que a função de amamentar deva ser envolta em atitudes de afeto, carinho e amor. Embora amor de mãe não se explique, através das funções que ela executa, compreendemos bem o seu papel.

Agora que você compreendeu o que é papel e o que é função, vamos identificar a função e o papel do cristão, que deseja servir ao reino de Deus como educador. Qual a função do cristão como educador? Qual seu papel na sociedade e no reino de Deus? Vamos lá! Com sua Bíblia, vamos juntos sem perder o pique!

2.2 A FUNÇÃO DO CRISTÃO COMO EDUCADOR

Como já vimos anteriormente, a função é identificada através de um conjunto de atividades. E as atividades de um educador são várias, mas podemos resumi-las em: educar; ou desenvolver um conjunto de ações pedagógicas, que culminam com o ato educativo.

Todos nós somos potencialmente educadores, no sentido de que sempre teremos alguém em volta nos observando, e para quem, mesmo em silêncio, estaremos passando informações, muito embora isto não seja intencional, acontece a toda hora.

As crianças aprendem mais nos observando do que quando estamos a corrigi-las, tentando demovê-las de algum comportamento inadequado, o qual certamente aprenderam com alguém.

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Você já ouviu os pais censurarem seus filhos pequenos quando estes falam palavrões? Com quem será que eles aprenderam?

ATENCAO

No entanto, os pais se esforçam para corrigir coisas que eles não ensinaram intencionalmente, mas que as crianças ou jovens aprenderam com a convivência com adultos e com a observação de atitudes.

Um bom lugar para servir ao reino como educador cristão é no lar. A família é o lugar certo para que o reino de Deus seja implantado. E para educar os filhos, é certo que os pais devem ser os primeiros a receber educação cristã adequada. Isto é uma longa corrente.

Se ainda não ocorreu, podemos começar hoje! A primeira coisa para o cristão vir a ser um educador é aprender, com o mestre Jesus, a viver os princípios bíblicos. E não precisa esperar para concluir seu aprendizado, pois todo conhecimento bíblico é imediatamente aplicável e ensinável. Aprende-se fazendo, e aprende-se praticando e ensinando.

O reino de Deus é simples assim, ele vai acontecendo em nossas vidas e se estende pela família e pela sociedade, é só dar a partida. Muitas vezes nem percebemos o como somos influentes na vida das pessoas. Interessante observar que quando uma pessoa da família tem problemas e vai ao psicólogo, este pede que a família também venha participar da terapia. Bem, o que diz a psicologia é que não tem apenas uma pessoa com problemas na família, certamente as outras também estão ou sofrerão com o problema do outro. Por esta razão, todos devem estar envolvidos no tratamento, porque certamente de alguma forma serão afetados. Família é um elo muito forte, não tem como não sentir a dor do irmão. Da mesma forma, porém noutro nível, a Igreja, corpo de Cristo, não tem como não sentir a dor que Jesus sente, junto com o irmão.

Toda atitude influencia de alguma forma o outro. Se a influência negativa aparece rapidamente, a positiva também irá aparecer. Podemos ter certeza de que ensinamos com a nossa vida, e se ela estiver firmada nos princípios e fundamentos da palavra de Deus, então tudo o que fizermos servirá como exemplo e estímulo para as pessoas com quem convivemos.

O cristão também pode exercer a função de educador de forma intencional, se ele se dispuser a ensinar conteúdos bíblicos às pessoas, ou transmitir conhecimentos de forma sistemática e formal.

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O que estamos querendo dizer é que o cristão, mesmo sem ser um profissional da educação, poderá ser útil ao reino de Deus quando se dispuser a dar aulas planejadas ou estudos programados, em grupos familiares, em grupos na igreja ou na comunidade, nos lares, ou em qualquer lugar onde surja a oportunidade de realizar um estudo bíblico.

UNI

Jesus era um mestre informal, suas aulas não tinham currículo, carga horária, chamada, etc. Mas eram bem planejadas. Veja que Ele primeiro selecionou os discípulos, se preparou antes de iniciar seu ministério, batizando-se, foi para o deserto para ser preparado; Ele estava dentro do plano de Deus!

Hoje Deus conta com você! Ele conta com aqueles que estão disponíveis e desejam ser capacitados; e esta capacitação é algo que deve ser buscado continuamente pelo cristão-educador. Sabemos que a pedagogia fornece os instrumentos que farão da educação a ferramenta para construir o reino de Deus. Para exercer a função de cristão-educador é preciso estar continuamente sendo preparado e capacitado. Para o cristão servir ao reino de Deus, utilizando a educação como ferramenta, não é preciso que tenha curso e diploma de professor.

É preciso, sim, ser um aprendiz sempre! É claro que quanto mais preparados estivermos, mais úteis e abençoados seremos.

2.3 O PAPEL E A RESPONSABILIDADE DO CRISTÃO EDUCADOR

Quando falamos em papel, ficou claro para você que o papel tem a ver com atitudes? Ao desempenhar a função de educador, deve estar claro que as atitudes falarão primeiro que as palavras. As pessoas vão perceber, em suas atitudes, que você é um cristão e, mais do que isto, você é um educador-cristão.

Não temos responsabilidade para com a geração passada, nem seremos cobrados por não ensinar às gerações no futuro, com as quais não conviveremos, pois certamente nesta época futura já estaremos com Jesus no céu.

Todavia, temos responsabilidade, sim, de ensinar e discipular a geração mais jovem, com a qual convivemos e compartilhamos o mesmo período da história. E estes, por sua vez, irão conviver no futuro com as novas gerações as quais não alcançaremos. Os jovens que ensinamos hoje é que darão continuidade à Grande Comissão e ao mandato cultural bíblico.

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A nossa responsabilidade, hoje, se resume nisto: ensiná-los para que deem continuidade ao ministério terreno de Jesus. Que sejam eles discípulos e discipuladores. Nisto consiste o papel e a função do cristão-educador.

UNI

Observe os muçulmanos, seu afinco, perseverança e modo de vida teocêntrico. Eles creem no deus Alá, são obstinados em realizar sua missão, morrem e matam por ela. Oram muitas vezes ao dia, têm reverência para com o seu deus e para com a “sua bíblia”, o Alcorão, e nisto temos que concordar, que são fiéis e coerentes com aquilo em que acreditam.Não entro nos méritos da questão religiosa, não apoio radicalismos, e tampouco digo que estão certos ou errados, não fui chamada para julgá-los, Jesus Cristo é o nosso salvador e juiz. Falo apenas na atitude. Na disciplina com que vivem aquilo que prega o Alcorão e seu líder espiritual Maomé. Se cristãos genuínos desenvolvessem uma atitude de fé e amor radical no ensino da Palavra de Deus, que é a Verdade, certamente os resultados gritariam nas estatísticas aqui da Terra, e haveria muita festa no céu!

É função de qualquer educador transmitir conhecimentos e desenvolver o processo ensino-aprendizagem. O cristão-educador vai mais além, ele transmite os ensinos cristãos e acompanha seu aluno como facilitador no processo de ensino-aprendizagem.

Ele incentiva o aluno a desenvolver-se, a construir-se como pessoa cristocêntrica, através da leitura e meditação da palavra de Deus, da oração e do exercício diário para desenvolver uma fé genuína.

ESTUDOS FUTUROS

Não se trata apenas de ensinar religião, mas levar o aluno a compreender os conteúdos do ponto de vista cristão. Trataremos mais deste assunto quando abordarmos a educação por princípios.

O cristão-educador cumpre sua função no ato de ensinar e desenvolve seu papel quando acompanha os primeiros passos dos alunos recém-chegados à fé, como também caminha junto com aqueles mais maduros na caminhada com Jesus.

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O educador-cristão, muitas vezes, é um professor leigo, não conhece todo o potencial da Pedagogia como instrumento a ser utilizado para fazer com que a educação seja uma das ferramentas mais úteis na formação dos indivíduos e do reino de Deus. Por esta razão, vamos fazer aqui uma breve abordagem de como a Pedagogia pode ser utilizada.

3 A PEDAGOGIA A SERVIÇO DO REINO DE DEUSAgora que você compreendeu o papel e a função do educador, fica mais

fácil abordarmos os conteúdos que tratam da pedagogia ou da ação pedagógica a serviço do reino de Deus, nos dias de hoje.

Somos responsáveis pelo ensino do Evangelho às nossas famílias, à nossa descendência e à nossa geração, nesta sociedade materialista e ateísta. Lembra-se que estudamos o pensamento vigente na nossa era? O que pensam os educadores e filósofos contemporâneos? Quem está no centro de tudo, segundo o pensamento humanista? E Deus, onde está?

O humanismo ateísta que fundamenta a educação laica, no Brasil, adota um ensino voltado para o Antropocentrismo, isto é, coloca o homem no centro do universo, e descarta totalmente a ideia de uma educação cristocêntrica.

IMPORTANTE

É bom lembrar que a teoria de Darwin, ensinada nas escolas, A Teoria da Evolução das Espécies, é totalmente antagônica à Teoria Criacionista.

Assim como o Antropocentrismo coloca o homem no centro das ideias, da cultura, do pensamento e da ciência, o Evolucionismo coloca o homem no mesmo patamar dos demais seres viventes.

Segundo o Evolucionismo, uma única célula, em dado momento, modificou-se e, ao longo de muitos e muitos anos, foi se modificando e se adaptando e se transformando, e evoluindo a ponto de hoje existir esta variedade de espécies diferentes de seres vivos, inclusive o homem. Contrariando o que ensina a Bíblia a respeito da origem das espécies. (GÊNESIS, (RA)). Por que teorias sem comprovação científica, contrárias à Bíblia, são difundidas? A quem serve este tipo de teoria? Quem irá se beneficiar com isto?

ATENCAO

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Arrazoemos: quando deslocamos Deus do centro de tudo, inclusive do nosso pensamento, não temos com o que nos preocupar, ou a quem nos reportar, somos livres para relativizar tudo, podemos buscar apenas o que nos dá prazer (isto se chama hedonismo), sem ter preocupação alguma com o outro. Se o que pratico me faz feliz, pronto! É o que basta!

UNI

Vamos refletir... Não tendo Deus para me orientar no que é certo ou errado, posso fazer o que eu quiser, do jeito que eu quiser, sem a menor censura ou dor na consciência (pois ela estará cauterizada). Caem por terra os absolutos de Deus, os princípios imutáveis da Bíblia, tais como amor, ética, moral. Tudo passa a ser relativo.

Embora Deus sempre tenha respeitado o livre arbítrio das pessoas, Ele não obriga ninguém a segui-lo ou a obedecê-lo. Todavia, ainda assim o homem, na sua decadência pós-Éden, não suporta a presença de Deus. Lembra-se onde foram parar o homem e sua mulher depois de desobedecerem a Deus no Jardim do Éden? (GÊNESIS, 3). Ele teve medo de Deus, não suportou a sua presença e foi se esconder.

A raça humana decaída continuaria decaída sem conhecimento da Verdade, sem conhecer a Jesus. Lembra-se do mandato cultural? Pois foi desta forma que o Senhor preparou para nós um caminho, para retornarmos à sua presença sem medo. Acheguemo-nos a ele confiadamente.

O homem decaído tem medo de Deus, tem medo de ser prisioneiro Dele, que engano! E pensando ser livre, cai numa grande prisão e cilada, perdendo sua vida eterna com ELE, e sua alma imortal, ficando longe DELE para sempre. É mais um engano, que se perpetua do Éden até os dias de hoje.

No período contemporâneo o engano se dissemina através de manifestações culturais, das ideias, filosofias veiculadas nas diferentes mídias. Pensamentos filosóficos são divulgados como verdade científica. Lembre-se do que disse o pai do Marxismo, ou Materialismo Científico, Karl Marx: “A religião é o ópio do povo”.

São ideias como estas que vão impregnando de tal forma a cultura reinante, que isto faz com que as pessoas enxerguem o mundo pela ótica secular e passem a viver de forma materialista, se afastando a cada dia mais da Verdade genuína do Criador amoroso, que é o nosso Deus e Pai.

Em todo o tempo o homem pode fazer suas escolhas e retornar a Deus,

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e conquistar o direito à vida eterna, com ELE. E foi por esta razão que fomos comissionados por Jesus. Veja que isto é graça. Graça libertadora, não tem jugo, o homem é livre para aceitá-LO ou rejeitá-LO.

E mesmo após caminhar com Ele, experimentá-lo, a qualquer momento o homem é livre para exercer seu livre arbítrio, e se desejar seguir sem Ele, poderá fazê-lo. Ninguém é obrigado a amar a Deus sobre todas as coisas.

IMPORTANTE

Podemos escolher a qualquer momento segui-Lo ou deixar de segui-Lo, é uma decisão pessoal e intransferível. Cada um é responsável pela sua alma imortal, diante de Deus. Esta é a grande diferença entre o radicalismo religioso, o fanatismo ou o totalitarismo. Não há liberdade de escolhas. Não existe respeito ao livre arbítrio que Deus concedeu ao homem.

Contudo, é bom lembrar que a mesma voz que agiu no Éden, e logrou êxito em tirar o homem da presença do Criador, ainda não desistiu de agir na humanidade como um todo, buscando tirá-la da presença de Deus. Somente as ferramentas e instrumentos utilizados hoje são mais complexos e elaborados. Mas o método - o engano - e as meias verdades são os mesmos.

O objetivo final é tirar o homem da presença de Deus, e tirar a soberania de Deus do centro da vida do homem, colocando neste um ego estufado no centro de si mesmo. E sabe como isto acontece? Semeando dúvidas! Disseminando ideias, sofismas, meias verdades, evocando o ego humano, sua natureza carnal, voltada para os prazeres passageiros, e nem sempre éticos. Divulgando sistematicamente e insistentemente a mentira, ensinando-a várias vezes até que se torne conhecida como uma verdade.

Segundo o filósofo Hegel, é o mundo das ideias que determina o comportamento humano. Porém, se considerarmos o texto bíblico, assim como o homem pensa em sua alma assim ele é, fica mais fácil compreender a importância de identificarmos o pensamento que está por trás de um ensino, e o resultado que este pensamento trará na formação do indivíduo.

O cristão precisa compreender a intencionalidade do que está sendo transmitido. Que motivação está por trás de um conteúdo transmitido na escola, na TV, na internet, no rádio, na revista?

Faz-se preciso ter um pensamento e postura críticos. É sempre bom questionar... Aonde estão me levando estes ensinamentos? Ou onde estou levando meus alunos? Que direcionamento estou dando aos discípulos ou educandos que

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ensino? Jesus foi muito claro nas suas intenções, não deixou dúvidas, falou a que veio, porque veio e quem o enviou.

Desta forma é que vamos nos apropriar da instrumentalidade da Pedagogia para apresentar a Verdade bíblica, e todas as consequências que ela trará na vida das pessoas a quem ensinarmos esta bendita Palavra da Verdade.

A pedagogia é a arte de ensinar. O ato pedagógico é uma arte, mas nem por isto é neutro, ou sem ideologia, sempre terá uma direção, uma intenção.

Por isso, se não fizermos uso deste instrumento para mobilizar a ação educativa cristã, baseada na Santa Palavra de Deus para formar indivíduos saudáveis de mente, corpo e alma, certamente alguma outra ideologia o fará, com base em fundamentos que não são cristocêntricos.

Ideias transmitidas geram pensamentos.Pensamentos transformam-se em atitudes.Atitudes SEMPRE têm consequências! Boas ou más.

ATENCAO

Ideias, ideologias, pensamentos, filosofias que fundamentam a ação humana, não são neutros. A própria ciência não apresenta a neutralidade que gostaríamos que tivesse, há sempre uma intencionalidade.

Razão pela qual precisamos nos dedicar ao ensino da Verdade, pautada na Bíblia, com princípios e valores imutáveis que buscam uma direção única e conhecida, que são os absolutos de Deus: justiça, verdade, amor, Sua Onipresença, Onipotência e Onisciência.

E para que o mundo conheça estes absolutos e tenha paz, e viva de forma próspera e verdadeiramente feliz, é que ele, o Criador, conta com os cristãos para anunciarem a Verdade à humanidade decaída, a fim de que esta possa escolher, por vontade própria, aceitá-Lo, amá-Lo e servi-Lo. É puro livre arbítrio!

Mas como crerão que não há quem ensine? Ora estamos nós aqui, prontos para ensinar, e aprender a usar as armas da nossa fé, e os instrumentos de sabedoria que Ele mesmo nos deu.

Apercebidos de que há uma intencionalidade na educação, nos projetos políticos educacionais, precisamos compreender que somos comissionados para tomar uma atitude. É preciso que nos posicionemos como responsáveis por esta geração.

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É somente sobre esta geração que iremos prestar contas diante do nosso Pai celestial. Voltemos ao mandato cultural para a família, Deuteronômio, 6:19 (RA), e ao mandato cultural para a Igreja, Mateus, 28:18 (RA) – somos responsáveis pela formação cristã de nossos filhos, das crianças de nossa igreja, bem como jovens e adultos.

Para realizarmos o nosso mandato cultural é necessário saber algo sobre a pedagogia, e as práticas pedagógicas que levam o educador a obter êxito na transmissão do conhecimento. Já sabemos que a função do professor ou educador é desempenhar atividades que levem o indivíduo a aprender. Precisamos então saber como realizar estas atividades. O que o educador-cristão precisa saber-conhecer, saber-fazer? A seguir listamos algumas atividades que definem a ação pedagógica, ou como o educador procederá para ensinar:

● pesquisar e estudar o assunto que irá ensinar;

● selecionar os conteúdos mais importantes para o aluno;

● conhecer seus alunos e identificar as características destes;

● planejar a aula de acordo com as características dos alunos (idade, nível cultural, etc.)

● utilizar recursos didáticos disponíveis para ilustrar o que está sendo ensinado. Jesus usava várias figuras conhecidas do povo para ensiná-los;

● criar e confeccionar recursos auxiliares, disponíveis no momento (sucata, revistas, canetas e lápis coloridos, etc.);

● procurar locais adequados para ensinar, uma sala confortável é muito bom, mas sair com os alunos e ensiná-los ao ar livre é melhor ainda. Jesus ensinava no templo, na sinagoga, nas casas e ao ar livre;

● lembre-se de que seus alunos são seus discípulos e aprendem mais no convívio com você do que com ensinos de conteúdos teóricos sobre vida cristã e Bíblia;

● é muito importante que seus alunos conheçam as escrituras e a Verdade que elas ensinam, porém mais importante do que isto é saber o que fazer com este conhecimento, como aplicá-lo na vida diária;

● o professor deve trazer os conhecimentos bíblicos de forma a contextualizar a realidade socioeconômica e cultural de seus alunos, para fazer com que seu ensino seja significativo.

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NOTA

Lembrando Vygotsky e Piaget, e seu pensamento interacionista-construtivista, podemos utilizar sua linha de pensamento e transformá-la em ação pedagógica, a qual vai promover a interação entre aluno e professor.

Ensino significativo é aquele que faz sentido para os alunos, que desperta o interesse. Muitas vezes, o professor deverá deixar os alunos pesquisarem, trocarem ideias, e desta forma estarão construindo o seu conhecimento. Este tipo de aprendizagem é mais duradouro, por ser mais significativo do que ficar lendo textos e mais textos, ouvindo apenas, sem participar.

Não podemos esquecer que a nossa geração está acostumada com games interativos, com internet, e com a TV, que tem uma dinâmica atraente para hipnotizar seus “telealunos”.

A metodologia de Jesus era cativante, pela sua autoridade, simplicidade, por ser significativa para os que o ouviam; porque supria necessidades físicas, emocionais e espirituais. Ele ilustrava o que falava com parábolas, figuras do meio ambiente, personagens comuns, bem realistas; isto dá um significado à mensagem. E seus ouvintes podiam trocar ideias e perguntar. Seu método era interativo. As pessoas se maravilhavam de ver Jesus ensinar, porque ele ensinava de forma diferente dos escribas. Talvez estes usassem um método meio chatinho e sonolento, não é mesmo?

O cristão-educador também tem que ter um diferencial para ensinar, não pode se limitar a repetir modelos a partir do ensino secular, nem fazer da sua aula uma pregação, um sermão.

A Igreja é a voz profética da sociedade!!!O altar é o lugar de ensino e profecia. Lugar de ensinar o amor de Deus, mas também de ensinar a justiça, que confronta o erro e o pecado. É somente este o caminho para desfrutar a vida abundante que o Senhor Jesus veio para nos dar.

ATENCAO

Porém, sendo o altar um lugar formal de ensino, não há lugar para a interatividade ou diálogo. Por esta razão a educação que forma o indivíduo de forma integral deve ocorrer num momento descontraído, de trocas de informações

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É preciso que o cristão-educador tenha conhecimento da realidade contemporânea, pois é sua função levar o aluno, ou discípulo, a compreender os desafios que o Cristianismo enfrenta na atualidade, e qual a implicação disto na vida cristocêntrica.

ATENCAO

O pensamento secular, a economia baseada em enriquecimento a qualquer custo, as relações de trabalho baseadas em exploração, num modelo onde o patrão não paga o que é de direito, e o empregado, por sua vez, não trabalha direito - estes são apenas alguns aspectos das dificuldades existenciais que o cristão deve conhecer e aprender na Bíblia, como superar, e ter paz, justiça e alegria, que é o que caracteriza o reino de Deus. (I TIMÓTEO, 5:17 (RA)).

Concluindo, o cristão-educador tem a função de ir e ensinar a todas as pessoas, e seu papel é fazer discípulos de todas as nações. Veja que o objetivo de Jesus, ao nos dar um mandato cultural, é fazê-lo de forma universal: Ir, ensinar todas as pessoas, fazendo discípulos em todas as nações, isto é, no mundo inteiro, e por todo o tempo. Não era um mandato exclusivo para os apóstolos e discípulos daquela época, é um mandato cultural inclusivo, para a Igreja que começava a nascer naquele momento. (MATEUS, 28:18-20 (RA)). Esta é a forma pela qual o cristão se torna um genuíno discípulo de Jesus, a serviço do reino de Deus.

e saberes, entre alunos-alunos e professor-aluno. E é esta dinâmica interativa, participativa, que vai cativar o aluno e arrancá-lo da frente da TV, ou dos games. Não tem como você ser um astro global em sala de aula, mas você pode ser muito mais que isto, pode ser um modelo para seus alunos-discípulos.

Surpreenda-os de forma que eles desejem ardentemente ser como você, desejem viver a vida com Deus como você. O cristão tem muito mais a oferecer que programas televisivos; games ou a navegação na internet; as pessoas estão solitárias e carentes, precisando de alguém que as ame, que se interesse por elas, que promova momentos de descontração e diálogo, que as ouça. Assim o cristão-educador irá suprir esta carência do nosso tempo, discipulando-as e ensinado-as a serem discipuladoras.

O vazio de Deus que cada indivíduo tem só pode ser preenchido por Ele, e a necessidade de calor humano só poder ser suprida pelo verdadeiro amor. A Pedagogia no modelo de Jesus não é um instrumento de alienação, como dizem alguns, pelo contrário, ela deve trazer o indivíduo para a realidade.

É papel do educador cristão ajudar seu aluno a viver a simplicidade do Evangelho e aplicar os princípios de vida cristã em casa, na escola, no trabalho, na sua comunidade, no bairro. Sem que para isto ele tenha que se desligar do mundo e tornar-se um monge recluso, ou eremita.

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RESUMO DO TÓPICO 1Neste tópico estudamos:

● A função do cristão como educador é desenvolver atividades que levem o ensino cristocêntrico a toda a criatura, conforme Mateus, 28:19 (RA).

● O cristão-educador tem como papel principal ser um discípulo de Jesus. E neste papel deve ser um multiplicador que faz novos discípulos; leva os novos a guardar todas as coisas que Jesus ensinou. (MATEUS, 28:20 (RA)).

● A pedagogia é a arte e o instrumental que norteiam o processo ensino-aprendizagem.

● A filosofia, as ideias e as ideologias fornecem os fundamentos para a prática pedagógica, nenhuma ação político-pedagógica é neutra.

● A Pedagogia poderá ser valiosa no ensino cristão, desde que fundamentada com coerência e fidelidade aos princípios bíblicos contidos nas Sagradas Escrituras.

● A pedagogia a serviço do reino de Deus deverá ter uma abordagem cristocêntrica, como eixo principal que interliga todos os conteúdos.

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AUTOATIVIDADE

Marque com um X a alternativa correta:

1 O que caracteriza a função do educador cristão?a) ( ) No caso do educador cristão, sua função é demonstrar com atitudes

bíblicas a sua educação. A função está ligada ao Saber-saber e ao Saber-fazer.

b) ( ) A função do educador faz dele o líder em sala de aula para ensinar princípios bíblicos aos adolescentes .

c) ( ) É função do educador cristão dar aulas, e atuar na sociedade como professor e evangelista cristão.

d) ( ) No caso do educador cristão, sua função é a de educar pessoas, através de princípios bíblicos. A função está ligada ao Saber-Saber e ao Saber-Fazer.

2 A diferença entre o papel e a função do educador consiste em...a) ( ) A função é o conjunto de atitudes, pensamentos e palavras que o

professor desempenha, o papel diz respeito a atitudes demonstradas como educador cristão.

b) ( ) A função é o conjunto de papéis que o professor desempenha, e suas atitudes que o demonstram como educador cristão.

c) ( ) A função é o conjunto de atividades que o professor desempenha, e, o papel diz respeito às atitudes que o professor demonstra como educador cristão.

d) ( ) É a função do professor dar aulas, mas seu papel principal é avaliar seus alunos continuamente.

3 Marque V para verdadeiro e F para falso nas afirmativas que seguem. Quais atividades a seguir definem a ação pedagógica do educador cristão?

( ) Pesquisar e estudar o assunto que irá ensinar.( ) Decorar os conteúdos é a melhor forma de aprender, é muito importante

que seus alunos decorem as Escrituras , senão não conseguirão aplicá-las na vida diária.

( ) Planejar a aula de acordo com as características dos alunos (idade, nível cultural etc.).

( ) Não utilizar muitos recursos didáticos. Jesus usava figuras conhecidas do povo para ensiná-los.

( ) Selecionar os conteúdos mais importantes para ensinar os alunos.( ) Conhecer seus alunos e identificar suas características.( ) Procurar locais adequados para ensinar, uma sala precisa ser muito

confortável para que os alunos consigam aprender. ( ) Lembre-se de que seus alunos são seus discípulos e aprendem somente

com boas explicações e teorias sobre vida cristã e Bíblia.

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4 Marque C para a afirmativa correta e marque E para a afirmativa errada:( ) A pedagogia a serviço do reino de Deus deverá ter uma abordagem

acadêmica, como eixo principal que interliga todos os conteúdos bíblicos.( ) A Pedagogia poderá ser valiosa no ensino cristão, desde que fundamentada

com coerência e fidelidade aos princípios bíblicos contidos nas Sagradas Escrituras.

( ) A Pedagogia só poderá ser valiosa no ensino cristão, desde que fundamentada com ciência e tecnologia, contidos nas Sagradas Escrituras.

( ) A pedagogia a serviço do reino de Deus deverá ter uma abordagem cristocêntrica, como eixo principal que interliga todos os conteúdos.

( ) A filosofia, as ideias e as ideologias fornecem os fundamentos para o cristianismo e para a prática pedagógica, nenhuma ação político-pedagógica cristã é neutra.

5 Descreva, em um parágrafo apenas, qual a sua opinião sobre as questões a seguir. Depois, discuta com seu grupo suas ideias e ouça com atenção a opinião dos colegas.

a) Como é que deve agir diariamente um discípulo a serviço do Reino de Deus?

b) É possível ser cristão sem ser discípulo de Jesus? Por quê? (Justifique sua resposta.)

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TÓPICO 2

A EDUCAÇÃO COMO FERRAMENTA DE

CONSTRUÇÃO DO REINO DE DEUS

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃONa sua Carta aos Romanos, o apóstolo Paulo explica o que é o reino de

Deus “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo”. (ROMANOS, 14:17 (RA)).

Sabemos, através dos relatos bíblicos, da influência do apóstolo Paulo para que o Evangelho chegasse aos gentios e até nós. Ele foi incansável, inabalável, ensinou até os últimos dias de sua vida, que certamente não foram os melhores, nem os mais fáceis. Ele não desanimou, sabia da importância do ensino para fortalecer seus discípulos. No texto do livro Atos, que lemos a seguir, podemos compreender um pouco mais sobre a dedicação deste mestre, genuíno cristão:

Por dois anos, permaneceu Paulo na sua própria casa, que alugara, onde recebia todos que o procuravam, pregando o reino de Deus, e, com toda a intrepidez, sem impedimento algum, ensinava as coisas referentes ao Senhor Jesus Cristo. (ATOS, 28:30-31 (RA)).

Estes são os últimos relatos do livro de Atos, provavelmente Paulo foi morto logo em seguida. E o livro de Atos continuará sendo escrito por nós, com nossas vidas e nosso testemunho. Nos próximos assuntos abordaremos como é possível construir o reino de Deus com alicerces sólidos. Podemos utilizar as mesmas ferramentas de Paulo, o ensino, através da educação cristã baseada em princípios bíblicos. Interessante observar como Jesus define o reino de Deus, quando questionado pelos fariseus:

Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós. (LUCAS, 17: 20-21 (RA)).

Esta explicação baseada na fé nos faz entender que o reino de Deus está dentro de nós. E isto significa que o reino do príncipe deste mundo vai continuar existindo, e governando a vida daqueles que não têm dentro de si o reino de Deus.

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UNIDADE 2 | O CRISTÃO A SERVIÇO DO REINO: EDUCAÇÃO É A SUA FERRAMENTA

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É esta afirmação de Jesus que nos permite entender que não estamos debaixo da lei do mundo, e que por ele não seremos subjugados. Vivemos como embaixadores, que mesmo estando num país como estrangeiros, dentro da embaixada o que prevalece são as leis do país do embaixador.

Assim, somos nós embaixadores do reino de Deus aqui na Terra e carregamos dentro de nós não apenas as leis deste reino, com seus direitos e deveres, mas o próprio reino de Deus. E por estar em nós é que podemos levá-lo a outros através das boas novas do Evangelho da paz.

Ao se referir às crianças, Jesus fala que elas são cidadãs do reino de Deus. É muito importante compreendermos isto porque, à medida que a criança cresce e se desenvolve, ela precisa manter esta condição, e o reino de Deus deve continuar dentro dela.

ESTUDOS FUTUROS

O que vamos ver nos estudos a seguir é como o cristão deve atuar para que esta condição da criança cidadã do reino dos céus possa se desenvolver numa sociedade totalmente desconstruída na moral e na ética cristã. A nossa abordagem não se limita apenas à criança, mas à sua família e aos indivíduos que compõem a sociedade na qual estamos inseridos.

“Deixai vir a mim os pequeninos e não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus”. (LUCAS, 18:16 (RA)).

2 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NA FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO

Em nossos estudos anteriores observamos aspectos filosóficos da educação, aspectos históricos e bíblicos. Agora vamos abordar o aspecto prático da educação no dia a dia das pessoas.

No contexto atual a educação é a porta de acesso que os indivíduos têm para se posicionarem socialmente. Aqueles que não têm acesso à educação formal, à cultura, ou aos meios de informação, estão excluídos do contexto social. A educação que a escola oferece às crianças e adultos tem por objetivo promover, através do ensino, o desenvolvimento social e intelectual, preparando o indivíduo para exercer sua cidadania e o ingresso no mundo do trabalho.

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Não podemos esquecer que vivemos num mundo onde o homem precisa sobreviver à custa do seu trabalho individual, e daquilo que ele consegue ganhar através do que produz profissionalmente. Para sobreviver não caçamos mais, ou plantamos, apenas vamos ao supermercado, basta que se tenha um emprego, ou seja, o patrão.

Com a sua renda o trabalhador sustenta sua família, vivendo num padrão socioeconômico de acordo com o seu salário. E quem ganha os melhores salários? Ora, ganham os melhores salários aqueles que têm os melhores empregos e, de um modo geral, os que cursaram as melhores escolas e faculdades. É um assunto muito complexo, existem outras implicações que poderiam aprofundar esta discussão, todavia, vamos seguir nesta linha de raciocínio.

A partir desta análise, embora simplista, é possível perceber que a educação formal é importante para o indivíduo exercer a sua cidadania. Frequentar uma escola, concluir os estudos e conseguir um diploma pode ser o único caminho para algumas pessoas ascenderem socialmente e financeiramente.

No entanto, a falta de escolaridade pode também ser o motivo decisivo da exclusão social e do mundo do trabalho. Certamente você acompanha as notícias que falam do desemprego, ou da falta de mão de obra qualificada. Estes problemas estão relacionados diretamente à questão escolar.

Quando, muitas vezes, a mídia fala de avanços educacionais, saiba, são dados isolados. Existe qualidade de ensino, sim, em nosso país, mas infelizmente isto não acontece em todas as regiões. A educação ainda é um privilégio que nem todos podem desfrutar, a matrícula nas séries iniciais não significa que o aluno irá concluir seu curso.

Dados publicados na “Síntese de Indicadores Sociais 2008”, disponível em pdf no site do IBGE, nos dão uma visão panorâmica da educação no Brasil. Num comparativo com um grupo de cinco países, entre eles Rússia, África do Sul, China e Índia, podemos dizer que estamos numa boa colocação. Mas, longe de nos acomodarmos, precisamos entender que ainda não nos encontramos no nível ideal, ou próximo aos níveis de países de primeiro mundo.

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NOTA

Dados do IBGE

Apesar dos esforços que vêm sendo feitos no país para a melhoria da situação educacional da população, o Brasil ainda conta, em 2007, com um contingente de analfabetos da ordem de 14,1 milhões de pessoas de 15 anos ou mais de idade, o que corresponde a uma taxa de 10,0%.

FONTE: Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2008/indic_sociais2008.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2010.

Nem todos os brasileiros têm acesso à educação de qualidade. Na ótica cristocêntrica, se apenas um brasileiro ficasse sem acesso à educação, isto já seria muito injusto, você concorda? Mas saiba que são muitos os que não têm acesso nem à educação, informação ou saúde. E este tratamento injusto, que inclui alguns e exclui outros, não pode passar desapercebido pelo cristão. O cristão-educador pode fazer a diferença.

A educação é de suma importância para qualquer povo ou nação. É preciso que todos tenham acesso à escolaridade, para que a nação possa se desenvolver de forma igualitária e justa. Veja que em Efésios 4, ao falar sobre dons espirituais, Paulo fala que tais dons devem servir para que a Igreja, corpo de Cristo, cresça como um todo, ou seja, edificada até que todos atinjam um padrão, qual seja, a estatura de varão perfeito. Este deve ser o nosso objetivo como Igreja, mas também podemos interpretar como uma forma justa de ver a nação crescer de forma igualitária pela via da educação formal.

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Bom seria se voltássemos à prática judaica, ou dos catequistas da Idade Média, ou ainda dos protestantes, quando a escola estava ao lado da sinagoga, paróquia ou igreja, para que todos pudessem ter acesso à educação e à cultura religiosa.

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Vamos fazer uma análise da educação contemporânea no Brasil na ótica da mídia voltada para o setor empresarial e de negócios; os trechos foram extraídos do texto “Falhas na educação assombram economia brasileira”.FONTE: Disponível em: <http://portalexame.abril.com.br/agencias/reuters/reuters-negocios/detail/2008-08-25-91462.shtml>. Acesso em: 20 jun. 2010.

Além do mandato cultural, a Igreja estabelecida deve promover educação formal para que os indivíduos tenham acesso ao ensino dos saberes culturais e científicos; e também tenham acesso às tecnologias de informação e possam ser incluídos de uma forma mais igualitária ao mundo do trabalho.

Veja que a importância da educação, no contexto do ensino cristão, não consiste em formar indivíduos fanáticos religiosos, mas sim homens e mulheres que cumprem seu papel social de forma cristã e cidadã.

A Constituição brasileira prevê a obrigatoriedade do Estado em promover educação a toda população, contudo existe uma grande lacuna não preenchida, a qual poderá ser muito bem utilizada pela Igreja para desenvolver o seu mandato cultural. Oferecer educação de qualidade poderá fazer a diferença em nossa geração, não só do ponto de vista espiritual, mas social, incluindo também aqueles que creem diferente do que nós cristão cremos. Uma educação de qualidade inclui princípios éticos e valores imutáveis que estão incluídos na Bíblia, sem a intencionalidade denominacional.

O que mais ouvimos falar em nossos dias é que sem educação não haverá progresso, ou desenvolvimento. Ouve-se todo o tempo sobre a importância da educação, todos sabem disto, porém a execução de projetos educacionais esbarra em dificuldades maiores que em qualquer outro segmento social. Por que isto acontece?

A quem interessa que somente alguns tenham acesso à educação? Releia sobre a educação na Grécia antiga e veja que somente os homens livres, ou seus filhos, tinham acesso ao ensino, à cultura e à educação; os soldados guerreiros, mulheres e escravos deveriam servir à classe de homens livres, portanto não precisavam de cultura e nem de educação formal.

BRASÍLIA (Reuters) - O boom das commodities e a expansão da classe média estão ajudando o Brasil a se equiparar a potências econômicas, mas o sistema educacional fraco mina sua capacidade de competir no longo prazo... Na América do Sul, somente Peru e Bolívia possuem taxas de alfabetização inferiores à do Brasil.

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Números e taxas parecem apenas dados frios, mas observe a declaração de uma mulher que vive a realidade da falta de estudos, observe a importância da educação e a falta que ela faz na vida de uma pessoa; ela se refere ao fato de que na idade escolar não havia oferta de escolas como existem agora:

... “Atrasou demais. Porque, se eu tivesse tido chance na vida, tivesse tido educação como eu vejo outros que tiveram por aí, eu jamais estava nessa vida em que estou”, disse... Soares, que aos 60 anos é analfabeta e trabalha como doméstica por cerca de 350 dólares por mês. “Eu lamento muito pelo que eu não tive. A minha educação foi só trabalhar.”

“O sistema educacional brasileiro possui uma extensa lista de problemas, incluindo professores mal pagos e mal preparados e muitos estudantes vivendo em condições sociais e econômicas paupérrimas.”

Ainda que exista a possibilidade desta pessoa voltar aos estudos, certamente não poderá recuperar o prejuízo de uma vida toda. Como vamos nos posicionar diante de tal realidade, comum a mais de 14 milhões de brasileiros?

Prosseguindo na nossa análise da situação educacional brasileira, veja como a reportagem aborda as questões que envolvem a realidade escolar em nosso país, e que mesmo com o aumento da oferta de escolas, ainda assim muitos vão ficar excluídos:

Os índices nos apontam para uma situação de injustiça social. A Bíblia diz que todo trabalhador é digno de seu salário, e que os que ensinam devem ter a paga em dobro. (I TIMÓTEO, 5:17 (RA)). E quanto aos alunos, por mais que a oferta de ensino seja gratuita, fica impossível frequentar a escola e concluir os estudos sem recursos para o transporte, alimento, material escolar e outras necessidade que envolvem a vida do estudante e sua família.

Observe, no trecho a seguir, a expectativa para com as crianças que se matricularam no primeiro ano escolar: quase a metade não irá concluir. Isto é muito sério para a construção de uma sociedade que se propõe a ser justa e almeja o progresso.

Uma pesquisa do governo em 2005 apontou que a expectativa era de que apenas 54 por cento das crianças que iniciariam o Ensino Fundamental naquele ano iriam completá-lo. Desde então, a ajuda do governo para famílias com crianças na escola melhorou a frequência escolar, mas muitas ainda trabalham para ajudar no sustento da família ou são arrastadas para o mundo das drogas e do crime.

A evasão ou o abandono escolar representa não só para o indivíduo uma perda, mas para toda a nação. Além das questões financeiras, a desestrutura

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familiar também contribui para que as crianças não tenham condições adequadas para ir à escola e estudar em casa. Perceba a diferença que poderia fazer para estes alunos se em seus lares houvesse um estrutura familiar de acordo com os padrões bíblicos:

“É muito difícil ter apoio da família em geral. Na verdade, a família aqui se constitui, às vezes, de avó, de tia, de irmão mais velho. A grande maioria não tem pai,” afirmou... diretora da escola com a pior classificação do Distrito Federal em avaliação feita pelo governo federal.

E é a partir desta realidade socioeconômica e cultural que vamos nos posicionando no cenário internacional.

Mesmo aqueles que frequentam a escola aprendem menos que seus pares em outros países. A última pesquisa educacional publicada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) coloca o estudante brasileiro do Ensino Médio em 53o e 51o num total de 57 países nas avaliações de matemática e capacidade de leitura, respectivamente.

Mas entenda que estes dados não significam que estamos competindo com os outros, concorrendo para ver quem vai ficar para trás. O que na realidade queremos e precisamos é resolver as questões do nosso país, colocando cada criança na escola, e possibilitando que ela só saia de lá ao concluir seus estudos. Ou ainda, desenvolvendo projetos para jovens e adultos que estão fora da escola, para que estes retomem seus estudos. Nunca é tarde para voltar!

Embora a situação educacional do Brasil não seja das melhores, podemos ter esperanças, podemos nos engajar na luta para que este quadro se reverta. Se agirmos de forma cristã e cidadã, cobrando de nossos representantes eleitos por novas políticas educacionais que promovam acesso à educação de qualidade em todas as regiões do país, não só nos grandes centros.

...O Brasil possui boas escolas, mas elas frequentemente são localizadas em áreas mais privilegiadas. Na escola que recebeu a melhor classificação do Distrito Federal, em um bairro de classe média alta em Brasília, as crianças sentam no pátio, uma vez por semana, para ler livros ao som de música clássica. O objetivo é despertar nos alunos o prazer da leitura.

Temos excelentes escolas nas capitais, mas este é um privilégio para poucas famílias. É claro que isto é uma questão histórica, ou melhor, um problema histórico, que já poderia estar equacionado se a sociedade, e os cristãos em especial, se mobilizassem, não só exigindo políticas públicas para a educação, mas também se comprometessem na implantação de mais escolas. Tal como no período da Idade Moderna onde as escolas bíblicas se transformavam em centro de ensino, para que o povo aprendesse a ler a Bíblia e também receber educação formal.

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Os grandes templos da atualidade têm salas que oferecem ensino bíblico de qualidade. Nestes locais o espaço poderá ser otimizado para aumentar a oferta de ensino formal, cristão, por princípios. Vamos abordar este assunto mais para frente. Todavia, precisamos compreender que aumentar e embelezar templos é importante, mas eles devem ser mais úteis à sociedade e à família cristã.

Podemos reclamar das políticas públicas que são falhas no atendimento à demanda nacional de educação, sim, mas o que não podemos é ficar apenas olhando e criticando, apontando erros, quando muitas vezes está ao nosso alcance fazer a diferença, lembrando que a Igreja detém o mandato cultural para ensinar o povo.

O Brasil negligenciou a educação por séculos e inaugurou sua primeira universidade somente em 1934, quase três séculos depois que outros países do hemisfério. E o Estado investiu quase sempre nas elites e não nos pobres, para manter um bom número de mão de obra barata.

Esta também é uma questão histórica que herdamos. Alguém precisa trabalhar, para que o patrão obtenha lucro; o salário deve ser o mais baixo possível, para que o lucro seja maior. Assim, não interessa ao patrão um trabalhador intelectual, e sim braçal, quando muito com um preparo técnico, profissionalizante, razoável para movimentar os negócios, maquinários e ferramentas.

Empregados com muito estudo são mais questionadores, conhecem melhor as leis, exigem seus direitos e dão mais problemas trabalhistas. Qual é o patrão ou empresa que quer funcionários que vão dar problemas? Para que contratar uma pessoa com uma formação completa se uma pessoa com menos estudo pode render o mesmo e ganhar menos?

Qual a importância de uma boa formação e de educação de qualidade, se o que importa é mão de obra barata, lucro maior, e gente com menos questionamentos e exigências? É claro que ao empregador, ou aos grandes impérios econômicos no cenário mundial, onde o capital não tem pátria, nem bandeira.

Nossas leis ainda são frágeis, não temos um sistema protecionista comercial como os Estados Unidos, a nossa mão de obra ainda é barata no cenário mundial. O que um brasileiro ganha para fazer limpeza e lavar pratos no Brasil não é tão vantajoso quanto fazê-lo na Europa, ou nos EUA. Haja vista a alta taxa de emigração de brasileiros que se aventuram no exterior para realizar trabalhos braçais.

ATENCAO

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Podemos perceber nas estatísticas que houve um avanço na oferta e democratização do ensino em todos os níveis, mas estamos correndo atrás de um período de atraso educacional muito grande. Observe que a primeira universidade brasileira ocorreu apenas na era contemporânea.

Temos muita coisa para fazer em termos de educação no país, pois precisamos melhorar muito nossos índices. Mas não podemos desanimar nem nos conformar. Isto é um processo que precisa ser construído continuamente, e não depende somente do presidente, depende da sociedade como um todo. Nenhum segmento social pode ficar isento de contribuir. E aquela que foi comissionado por Jesus e detém o mandato cultural bíblico deve ser a primeira a se apresentar e retomar seu lugar no cenário educacional desta nação. O processo precisa ser retomado e acelerado, diante da realidade que se apresenta.

“Mas os críticos afirmam que a educação ainda não se tornou prioridade nacional e, mesmo com políticas de primeiro nível, as melhorias não serão visíveis por pelo menos mais uma geração.”

Não temos porque desanimar, a análise destas questões deve servir como uma mola propulsora na vida da Igreja e do cristão. Se há uma coisa que o povo de Deus sabe fazer, e faz bem feito, é trazer pela fé à realidade aquilo que não existe. (HEBREUS, 11:3 (RA)).

“Temo que continuaremos muito atrasados daqui a dez anos. Porque a correção desse processo é lenta e eu ainda não estou vendo - tanto no setor público quanto na própria sociedade - uma prioridade, uma ênfase na educação como grande desafio da sociedade brasileira”, lamentou Eduardo..., professor de economia no IBMEC, em São Paulo.

O desabafo deste professor é pertinente. Os dados estatísticos confirmam sua preocupação. Todavia, o cristão educador, que compreendeu a importância da educação na formação dos indivíduos, sabe que pode contar com outro fator fundamental para revertermos esta situação.

Façamos um exercício mental. Imagine que a partir de hoje todas as crianças brasileiras terão escola de qualidade!!! Aprenderão a ler, a ter o hábito de leitura, da boa leitura; receberão ensino integral com bons professores, bem pagos, bem formados. Cada escola terá seu laboratório, biblioteca e recursos para os alunos estudarem no contraturno. Todas as crianças receberão a educação formal com valores morais e princípios éticos espirituais, aprenderão com os professores a discernir o erro e a denunciar a injustiça. Consegue imaginar? Todas estas crianças passando pela adolescência neste modelo de escola?

Agora visualize o resultado. Que tipo de jovens a sociedade terá daqui a alguns anos? Você consegue imaginar o resultado deste tipo de educação? Sendo oferecido a todos, sem deixar nenhuma criança de fora? Se você está dizendo

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impossível! É utopia! Tenho que concordar com você... hoje, talvez seja utopia, mas não precisa continuar assim para sempre.

Talvez não seja possível que isto aconteça hoje, com todas as crianças, mas se a educação neste modelo começar a ser promovida pela Igreja, de forma paulatina, mas contínua, certamente conheceremos esta geração que imaginamos e tanto desejamos.

Não preciso elencar itens sobre a importância da educação na formação do indivíduo, certamente você já percebeu como fica a vida de uma pessoa que não foi alfabetizada. Pense nesta pessoa, quando precisa pegar um ônibus, ir ao mercado e ler o rótulo de um produto, ou ler a bula de um remédio. Pense na vida de um adolescente que estudou apenas as primeiras séries e parou porque precisava trabalhar para ajudar os pais na manutenção da família, que tipo de emprego ele irá conseguir?

Certamente você percebe a importância da educação como fator determinante na qualidade de vida de uma pessoa. E o reflexo disto na sociedade como um todo. Você concorda que se fosse dada a devida importância à educação, não apenas com ideias ou propostas demagógicas, mas sim, com um aporte significativo de recursos, os quais fossem investidos de tal forma que a cada dia o número de instituições de ensino viesse a se multiplicar, seria preciso gastar tanto com segurança, prevenção ao crime, ou com a saúde da população?

A importância dada à educação promove:

● qualidade de vida individual e social;

● segurança às famílias;

● alavanca o desenvolvimento socioeconômico;

● justiça em todos os níveis sociais;

● relacionamentos sociais permeados de valores éticos e morais;

● cidadania, o indivíduo não aceita se deixar corromper.

Para concluir este assunto sobre a importância da educação na formação do indivíduo, quero levá-lo à seguinte reflexão: O que é preciso acontecer para que as coisas continuem como estão?

ATENCAO

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É através da educação formal ou escolar que a criança adentra o mundo adulto através do letramento, ou da alfabetização. Depois que aprende a ler, a criança pode se relacionar com a sociedade de uma forma mais intensiva, ela pode ler sozinha seus livrinhos, cartazes, textos, propagandas, é um novo universo que se abre para ela. É uma nova etapa na vida do indivíduo, quando ele se apropria do saber contido na literatura, ou mesmo quando, já adulto, aprende a ler para poder pegar um ônibus, fazer compras no mercado ou na farmácia, sem ter que pedir ajuda aos outros para que leia o que está escrito no rótulo ou na bula do remédio. Para quem está acostumado a ler isto parece tão insignificante... Mas para a pessoa que não tem o letramento, é um jugo de servidão estar sempre dependendo do outro.

A Constituição brasileira diz que a União, o Estado e as prefeituras são responsáveis pela educação e alfabetização das pessoas. Diz também que o ensino e a educação de qualidade devem ser gratuitos a todos. Mas, de fato isto não acontece na vida dos quase 190 milhões de habitantes, não fosse assim nem precisaríamos do ensino privado, não é mesmo?

3 OS EFEITOS DESEJÁVEIS E TRANSFORMADORES DA EDUCAÇÃO POR PRINCÍPIOS

A Educação por princípios é uma metodologia de ensino cristão. Toda a matriz curricular do Ensino Fundamental e Médio é apresentada de forma diferenciada, fundamentada no ensino cristão. Não se trata apenas de colocar mais uma disciplina no currículo, falando sobre Educação Religiosa ou Religião para os alunos. A metodologia da educação por princípios é elaborada para abordar toda a matriz curricular, onde cada disciplina é trabalhada com o fundamento cristocêntrico, diferenciando da abordagem humanista antropocêntrica.

NOTA

Educação por Princípios Cristãos:Este método começou a ser estudado nos EUA em 1940. Trata-se de “método cristão histórico de raciocínio bíblico, que faz das verdades da Palavra de Deus a base de cada assunto no currículo escolar”. Conforme definição da AECEP, citando Rosalie J. Slater (The Principle Aproach – F.A.C.E - Foundation for American Cristian Education, EUA)FONTE: Disponível em: <http://www.aecep.com.br>. Acesso em: 20 jun. 2010

O objetivo desta metodologia é formar indivíduos que possam exercer sua cidadania de forma ética, com valores; alunos que sabem respeitar e acolher o outro, e se posicionam na sociedade agregando valor a esta, através de uma conduta exemplar, pautada na Verdade e na Justiça. Pessoas disciplinadas que sabem cumprir e fazer cumprir as leis do país.

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O respeito ao outro norteia o processo. Alunos aprendem a respeitar os colegas, o professor e os educadores. A disciplina em sala e no ambiente escolar não é apenas uma atitude opcional, ela é ensinada, e deve ser uma prática diária, pois ela integra o currículo de forma transversal. Consta no Regimento Escolar. Os alunos aprendem sobre as regras, e aprendem que elas são iguais para todos.

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Seria possível ensinar o aluno a respeitar o outro, respeitar as leis do país, fazendo com que este leia e decore o Código Civil, ou a Constituição Brasileira? Dificilmente! Isto se aprende nos primeiros anos escolares, obedecendo às regrinhas básicas de boa convivência, as quais devem estar descritas no Regimento da Escola, e devem ser ensinadas aos pequeninos de forma lúdica e prazerosa. O exercício de cidadania saudável inicia nos primeiros anos escolares.

A metodologia da educação por princípios dá continuidade ao que o aluno aprendeu em casa nos primeiros anos de vida, com seus pais. Não há dicotomia entre a escola e a família cristã. Na educação por princípios, ambos falam a mesma linguagem. Entretanto, alunos de famílias não cristãs também são aceitos, não há discriminação nem preferências, todos são bem vindos e respeitados. Muitos pais não cristãos fazem a opção de uma escola que ofereça educação por princípios, eles entendem que é desta forma que seus filhos receberão educação de qualidade e formação de valores para a vida cidadã.

Quero levá-los à reflexão sobre esta metodologia educacional. Arrazoemos: Para que serve a educação por princípios? Qual a diferença entre a educação por princípios e a educação secular laica?

Ora, esta metodologia serve para preparar os alunos para exercer sua cidadania e contribuir para a formação de uma sociedade mais ética, disciplinada e respeitosa. Este aluno, através de suas atitudes, representará o Cristianismo genuíno, em qualquer segmento social. Longe de ser um fanático religioso, ele deverá ser um cidadão exemplar.

Com relação à escola laica, esta tem por autoridade a ciência, os pressupostos da filosofia educacional são o humanismo ateísta e o materialismo. Uma das diferenças consiste em que na educação laica o ensino é fundamentado no humanismo científico, antropocêntrico. Na educação por princípios, a educação é fundamentada no pensamento cristocêntrico, ou seja, adota o pensamento criacionista científico do qual deriva o humanismo cristão.

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Faça uma pesquisa nos sites de busca na internet e procure por educação cristã ou educação por princípios. Você vai se surpreender como esta proposta metodológica tem se expandido na ultima década. Existem várias escolas cristãs adotando esta metodologia. Veja se tem uma escola por princípios em sua cidade. Que tal implantar uma?

Quais os resultados desejáveis na educação por princípios? O que tem de transformador nesta metodologia? A educação no contexto contemporâneo visa à formação do indivíduo no campo do saber científico e acadêmico, a formação cultural e social, e promove a aquisição de conhecimentos que podem dar acesso ao mundo do trabalho. Pouco se ensina sobre ética e valores.

Em se tratando da metodologia da educação por princípios, estes saberes e aprendizagens são também contemplados, não como fim último, mas como um meio para que o indivíduo se desenvolva no aspecto espiritual. E o resultado desejável é que os anos escolares formem uma base sólida para a cidadania responsável, acolhedora, na convivência com a sociedade, família e com o outro.

A procura por escolas que ofereçam mais que saber acadêmico tem se multiplicado, diante das questões familiares, onde os pais ainda buscam respostas para seus próprios questionamentos. A escola que tem um projeto metodológico de educação cristã também faz esta abordagem, e vem ao encontro da necessidade da família. Daí o aumento da demanda de escolas por princípios.

A indisciplina em casa não é mais uma questão de choque cultural de gerações, pois ela tem sido, muitas vezes, estimulada pela sociedade de consumo. Propagandas onde crianças mal educadas fazem exigências servem de modelo para o comportamento infantil do pequeno telespectador. A aparente ingenuidade de uma criança batendo o pezinho exigindo algo, a princípio pode parecer engraçadinho, mas tem um fundo de verdade. Crianças pequenas manipulam seus pais com exigências, os quais nem sempre estão preparados para tratar estas questões. Convenhamos, depois de um dia exaustivo de trabalho, um trânsito insuportável, quem quer se estressar com uma criança exigente? Não fica mais fácil ceder do que arranjar um tumulto e um berreiro? A Super Nani que o diga...

Todavia, não são apenas estas questões que a família encontra para educar seus filhos, que muitas vezes aprendem em casa e desaprendem com os colegas na escola, com a mídia, com os amigos do bairro. É preciso um mutirão entre família, escola, Igreja e sociedade, agindo constantemente e de comum acordo para que as coisas mudem.

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E o que dizer da liberdade, a qual todos almejamos, mas que é apregoada e exigida mesmo que para isto tenha que se destruir valores e princípios? Exterminar com a exigência saudável da disciplina nas atitudes das crianças e jovens não é o caminho mais saudável para se manter os ideais de liberdade. A escola contemporânea está aturdida diante de tais questões, somente uma volta completa aos fundamentos bíblicos poderá ser a saída.

Diante de propostas metodológicas que confundem a liberdade de aprender, a interatividade entre professor e alunos, colocando-os erroneamente como pares, tem atrapalhado o processo educacional. Razão pela qual, infelizmente, professores têm deixado a rede oficial de ensino; se sentem desmotivados com baixos salários, e por se sentirem desautorizados diante da agressividade e desrespeito de seus alunos.

Isto é muito ruim para todos. O professor precisa ser valorizado como aquele que detém conhecimento, sim. Porque esperamos que ele tenha se preparado para isto, estudou para isto; e pode então compartilhar com seus alunos o que aprendeu primeiro.

IMPORTANTE

IMPORTANTE

A função do professor é orientar a caminhada do aprendiz. Como? Caminhando junto no processo de ensino-aprendizagem, levando o aluno a aprender a aprender. E isto exige uma hierarquia para que as coisas funcionem. E esta é uma parte no processo bem delicada, mas que precisa ser observada e preservada.

Você se lembra de seus professores? Pense naquele (a) que mais lhe impactou. Que tipo de professor era? Era bonzinho, “molenga”, dava nota para todos passarem? Ou era um professor que era exigente, mas ensinava muito bem?

O professor precisa ser um modelo, um líder, uma autoridade na vida do aluno. Mas ele precisa saber se colocar como um líder entre seus alunos, ele não pode ter a postura de um chefe, ou de um líder que lidera do alto do pedestal. Mas também não pode ser apenas mais um colega de seus alunos.

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Geralmente lembramo-nos dos professores bravos, por se tornarem folclóricos na escola, mas a tendência é lembrarmos com carinho e apreço daqueles que realmente nos ensinavam, e aprendíamos em suas aulas. Lembramos com carinho deles, mesmo quando éramos obrigados a estudar muito, em casa, para não reprovar.

Isto acontece por quê? Porque pessoas que nos fazem bem ficam registradas em nossa memória. A dedicação de professores que nos ensinaram, e nos fizeram estudar de fato, nos faz sentir importantes e amados. Vamos precisar a vida inteira de pessoas que nos amem, se interessem por nós e nos ensinem.

Buscamos nelas um modelo a ser seguido, e estas precisam ter algum tipo de autoridade para despertar nossa atenção. É o natural no ser humano. Transformar o professor em mais um colega de sala não ajudará o aluno a se desenvolver integralmente. Esta parceria professor-aluno deve ser bem dosada, para que não venhamos a perder o foco do processo de ensino-aprendizagem.

Consideremos a educação à luz da Palavra de Deus. É importante que tenhamos uma escola onde nossos filhos, crianças ou jovens, possam receber educação e conhecimentos, a partir do que a família crê?

Sim. Pois é ela que tem o mandato cultural de Deus para formação de seus filhos, e ao delegá-lo à escola, é importante que esta o faça da forma a dar continuidade ao que a família já começou no coração de seus pequenos. A escola como instituição que forma o indivíduo deve prestar-se ao modelo familiar. O que tem ocorrido é que as famílias cristãs é que têm que se ajustar ao modelo laico de ensino, quando não têm condições financeiras para pagar uma escola particular.

Que tipo de escola queremos para nossos filhos? O cidadão crítico precisa saber o que é melhor para si e para a sua família. Precisamos saber o que queremos da escola.

Estes questionamentos devem partir dos pais, e não apenas dos políticos ou do Estado, são os cidadãos que devem fazer as escolhas. Os pais devem se envolver, se interessar em saber o que querem para seus filhos, que tipo de educação querem que estes recebam, a fim de terem um caráter moldado nos ideais e princípios cristãos.

Vivemos em um país democrático, onde a participação ativa nas decisões, de um modo geral, fica a cargo da militância política. O cidadão mantém-se alheio aos fatos e decisões, e nem sempre isto é culpa dos líderes políticos. Participar das decisões políticas da nação não é opção, e nem apenas um direito, é mais que isto, é um dever!

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UNI

Reclamar de tudo e de todos é muito mais fácil. Mover-se, agir politicamente nos limites e liberdade da lei, às vezes é mais trabalhoso. E é bem verdade que muitos nem sequer estão pensando nisto. Os tais a que me refiro são os próprios cristãos.

Sempre se ouviu dizer que oferecer ensino e escola gratuita é obrigação do Estado, não é mesmo? Sim, é obrigação do Estado. Pagamos impostos para que o governo administre nosso dinheiro e retorne com ensino de qualidade para nossos filhos. Quanto a isto não podemos reclamar. Bem ou mal, as escolas estão aí, e estatísticas do IBGE dão conta de que o acesso ao ensino e a oferta ainda não são ideais, mas vêm num crescendo contínuo.

Taxa de analfabetismo

Na última década do século XX - 1991/2000, a taxa de analfabetismo de pessoas de 15 anos ou mais de idade caiu de 20,1% para 13,6%.

Confira na tabela abaixo.

Essa queda continua sendo percebida ao longo dos primeiros anos do século XXI, chegando a 11,8% em 2002. No entanto, apesar dessa redução, o país ainda tem um total de 14,6 milhões de pessoas analfabetas.

Alem do mais, a redução na taxa de analfabetismo não foi a mesma nas grandes regiões do país. No gráfico abaixo podemos identificar essas desigualdades:

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TÓPICO 2 | A EDUCAÇÃO COMO FERRAMENTA DE CONSTRUÇÃO DO REINO DE DEUS

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59,7

81,5

72,4

56,3

79,9

63,2

83,8

52,4

78,8

61,6

80,381,9

Gráfico 3.5 - Taxa de escolarização das pessoas de 15 a 17 anos de idadeBrasil e Grandes Regiões - 1992/2002

%

1992 2002

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisa, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa

Nacional por Amostra de Domicílios 1992/2002

Brasil Norte Nordeste Sudeste Centro-OesteSul

FONTE: <http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/pesquisas/educacao.html>.

O Brasil tem uma população de aproximadamente 190 milhões de habitantes, você sabe que 10% de 190 milhões são 19 milhões. Portanto quando observar as estatísticas procure transformá-las em número de pessoas. Ficará mais fácil compreender o que os dados estão nos informando.

ATENCAO

Analfabetismo Funcional

Analfabetismo funcional é a pessoa que possui menos de quatro anos de estudos completos

Na América Latina, a UNESCO ressalta que o processo de alfabetização só se consolida de fato para as pessoas que completaram a 4ª série. Entre aquelas que não concluíram esse ciclo de ensino, se tem verificado elevadas taxas de volta ao analfabetismo (Boletim: Projecto Principal de Educação em America Latina e El Caribe, 1993).

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UNIDADE 2 | O CRISTÃO A SERVIÇO DO REINO: EDUCAÇÃO É A SUA FERRAMENTA

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De acordo com essa definição, em 2002 o Brasil apresentava um total de 32,1 milhões de analfabetos funcionais, o que representava 26% da população de 15 anos ou mais de idade.

Confira na tabela as diferenças das taxas de analfabetismo funcional entre as Grandes Regiões.

FONTE: <http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/pesquisas/educacao.html>.

Os números indicam que ainda falta muito a fazer, mas indicam também que o Estado tem procurado ampliar a rede oficial de ensino e o acesso à educação. Porém, aumentar o número de escolas não significa que o País terá educação de qualidade, é preciso investir na formação do educador, elaborar currículos saudáveis para a sociedade. O currículo oficial do MEC decide o que a criança ou o adolescente vai aprender.

O currículo é elaborado por técnicos do MEC, todo o sistema nacional de educação passa pelo MEC, todavia o que deve constar no currículo é decidido pelo legislativo, isto é, a partir de leis votadas pelos nossos representantes políticos.

Votamos neles para que decidam em nosso lugar o que é melhor para nossa família, e depois nos esquecemos deles e eles de nós. E quando não concordamos com algo por razões éticas, valores ou princípios de um modo geral calamos. Não temos o costume de acompanhar o que está acontecendo “por lá”, em Brasília. Todavia, existem muitos mecanismos para que a família se posicione com relação às leis que estão sendo votadas, que irão interferir na educação de seus filhos.

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UNI

Um professor cristão foi demitido e dois alunos foram suspensos de um colégio na província de Punjab (Paquistão). Sob as alegações de “humilhação ao islã” e “abençoar descendentes judeus” de Abraão, o patriarca bíblico de Israel. Javed Raza, também evangelista, disse que foi demitido porque o diretor do instituto e os “alunos muçulmanos radicais” opuseram-se à interpretação que ele fez da Bíblia. Raza deixou claro que continuará a pregar o Evangelho.

FONTE: Disponível em: <http://silviasaron.wordpress.com/2009/03/23/professor-e-demitido-e-alunos-sao-suspensos-por-discutir-a-biblia/>. Acesso em: 25 jul. 2010.

Vivemos num País onde há liberdade, e onde a Cidadania passa pela Educação. A qualidade de vida do cidadão é responsabilidade dele mesmo. As leis são o instrumento para promover a qualidade de vida. No caso específico do nosso assunto: a educação. É da responsabilidade de cada um acompanhar o que está acontecendo na escola, e porque está acontecendo.

Se precisar melhorar algo, é importante fazer valer a lei, com os instrumentos e recursos da própria lei. Com respeito, sabedoria, aplicando os princípios cristãos do amor, e com muita determinação devemos fazer valer nossos direitos. Não vamos aprofundar este assunto, mas fica aqui um alerta!

A vida do cristão cidadão passa pelo joelho: nas orações, e nas urnas, nas eleições. Votou? Acompanhe! Interaja, cobrando atitudes dos candidatos eleitos.

Podemos exigir algo se não participamos? Podemos reclamar se não nos posicionamos?

ATENCAO

Em quem você votou na última eleição para deputado estadual ou federal, você se lembra? O que seu representante vem fazendo lá na Câmara Federal, ou na Assembleia Legislativa, em favor da família cristã? Como ele tem votado as questões da educação? Você sabe?

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UNIDADE 2 | O CRISTÃO A SERVIÇO DO REINO: EDUCAÇÃO É A SUA FERRAMENTA

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Será que a sociedade, e os cristãos especificamente, têm acompanhado o trabalho deles como deveriam? A Câmara Federal disponibiliza no seu site um contato direto com o ouvidor; segundo informações que constam no próprio site, eles recebem em torno de 800 contatos por mês. Você sabe o que significa isto diante do número de eleitores no Brasil?

Acompanhamos os trabalhos dos nossos representantes de forma a influir nas políticas educacionais?

ATENCAO

Bem, estes são apenas alguns questionamentos para nos fazer lembrar de que temos uma grande responsabilidade com o que nossos filhos aprendem, e que isto não se resume em matriculá-los numa escola e levá-los até lá todos os dias. Este assunto é de interesse de toda a sociedade, não apenas daqueles que têm filhos em idade escolar. O preparo de uma geração deve acontecer 20 anos antes, para que ela possa vir a atuar. As crianças da pré-escola hoje poderão estar votando por nós no Congresso, na Câmara, na Assembleia, daqui a aproximadamente duas décadas. Você já se deu conta disto? Será que o garotinho que está no parquinho hoje não poderá ser seu presidente amanhã?

Você percebeu que resultados desejáveis e transformadores na vida das pessoas só podem vir a partir de uma educação de qualidade? Educação esta que deve ser cristã, bíblica, que venha formar indivíduos preparados para serem discípulos multiplicadores do reino de Deus. Cidadãos tementes a Deus que buscam fazer a Sua Santa vontade, e não buscam seus próprios interesses, não se deixam levar por pensamentos egoístas, são incorruptíveis. Para que ele venha a proceder desta forma é preciso que estes conceitos estejam amalgamados no caráter do indivíduo desde pequeno.

A educação sempre será transformadora. Nunca ficamos do mesmo jeito depois de passarmos por um processo educacional, a educação nos move para um estado de conhecimento diferente. Outro nível, outro patamar. Assimilamos conteúdos, assimilamos exemplos, experiências, vivências. Tudo o que nos toca os sentidos ou o intelecto promove algum tipo de ensino e de educação para a vida. Os efeitos transformadores do que é aprendido sempre acontecerão, e a percepção destes efeitos será manifesta em atitudes.

O efeito desejável e transformador da educação por princípios deve ser percebido a cada dia na vida dos alunos, na escola, na família, na igreja, com os colegas do bairro e, sobretudo, na sociedade, através de atitudes.

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A constatação de atitudes corretas, nobres e dignas na vida do aluno pode nos dar pistas de que houve, e continuará acontecendo, a transformação desejável que todos almejamos.

Precisamos constatar o que houve de benéfico, desejável e transformador na aprendizagem do indivíduo que está na escola, para poder concluir que tipo de educação ele está recebendo. Com isto concluímos este assunto, afirmando que a proposta metodológica de educação por princípios tem nos dado oportunidade de perceber a diferença de comportamento e atitudes nas crianças e jovens que têm o privilégio de estudar numa escola cristã. A educação que não ensina e aplica as práticas da ética, de princípios e valores morais e espirituais não pode formar indivíduos socialmente saudáveis. Ela pode dar apenas um diploma de conclusão, ou um certificado de passagem e aprovação nos saberes curriculares ou acadêmicos, não mais que isto.

O PAPEL DA EDUCAÇÃO FAMILIAR NA PERSPECTIVA BÍBLICA

O contexto familiar é o ambiente propício para educar uma geração no caminho de Deus para todas as dimensões da vida. A Bíblia nos diz, consistentemente, que os pais têm papel essencial como principais educadores de seus filhos.

Antes da Lei, Deus tinha escolhido Abraão porque Ele sabia que este pai iria ensinar os seus filhos e a sua casa a guardarem o caminho do Senhor, a praticarem a justiça e o juízo (Gn, 18:19).

Ao receberem a Lei, todo o povo de Israel foi exortado a guardá-la no coração e os pais foram incumbidos de inculcá-la nos seus filhos (Dt, 6:7). No Novo Testamento, Paulo deixa bem claro que a responsabilidade de criar os filhos na admoestação e disciplina do Senhor pertence aos pais (Ef, 6:4). Portanto, o contexto familiar é o ambiente propício para conhecer a Deus e todos os seus caminhos para todas as dimensões da vida.

Mesmo que uma família frequente uma igreja e seus filhos estudem em uma escola cristã, os pais permanecem sendo os modelos de vida e a fonte primária de todas as instruções que os filhos necessitam receber. Estas instruções se tornarão os princípios sob os quais seus filhos conduzirão suas próprias vidas. (Pv, 26:2.) O interesse genuíno manifestado por todas as atividades do filho, seja no lar, igreja, escola ou em outros ambientes, demonstra o compromisso dos pais pela educação

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e contribui para o desenvolvimento saudável dos filhos.

No contexto da educação escolar o interesse dos pais pelas atividades escolares dos filhos, pelas descobertas e as aquisições de conhecimento mantém o entusiasmo e o engajamento da criança pelos estudos, da mesma forma que a falta de interesse dos pais pelos estudos do filho contribui para o desinteresse da criança pela vida escolar. Por isto o desenvolvimento intelectual da criança depende em grande parte do apoio que ela encontra em seus pais.

[...] Deus se importa com seus filhos e a escola deles! “O contexto familiar é responsável por 70% do desempenho escolar de um estudante, restando à escola e suas condições interferirem, positiva ou negativamente, nos 30% restantes”. Pesquisas internacionais e nacionais mostram que, quando a família participa da educação de suas crianças e jovens, eles apresentam os seguintes resultados:

● melhor desempenho na leitura;

● maior desenvolvimento da linguagem;

● mais motivação;

● comportamentos pró-sociais;

● hábitos de qualidade nos trabalhos.

Há diversas maneiras de acompanhar e ajudar no desempenho da vida escolar de seus filhos, e isto, com certeza, produzirá melhores resultados!

FONTE: Disponível em: <http://www.aecep.org.br/_downloads/CCBHcriacao2.indd.pdf1>. Acesso em: 20 jun. 2010.

4 A EDUCAÇÃO LIBERTADORA, O ALICERCE DA CONSTRUÇÃO DO REINO

A educação libertadora é educação que serve não apenas como ferramenta, mas também como fundamento, alicerce ou base sólida para que se possa construir o reino de Deus na face da Terra.

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TÓPICO 2 | A EDUCAÇÃO COMO FERRAMENTA DE CONSTRUÇÃO DO REINO DE DEUS

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IMPORTANTE

IMPORTANTE

Jesus diz: O reino de Deus não é comida nem bebida, mas é justiça, paz e alegria. Mateus, 7:21(RA).Ele não descarta a importância da comida e da bebida, não fosse assim não teria dito Eu sou o pão vivo que desceu dos céus, ou não teria falado à samaritana diante do poço que ele era a água que sacia a sede para sempre.

Uma forma de nos desviar da Verdade é o aprisionamento da mente através de ideologias e vãs filosofias, meias verdades. Isto contraria o projeto de Deus; a promessa bíblica é esta: devemos nos apropriar do conhecimento da Verdade, porque é somente ela que poderá nos libertar.

E para que isto aconteça é preciso que se tenha em mente o conceito de educação que liberta das garras da opressão em todos os níveis: físico, mental/emocional e espiritual. É isto que o Senhor tem para nós e para os nossos filhos, para os nossos alunos ou discípulos. Jesus nos diz: Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará. João, 8:32 (RA).

É por esta razão que a educação como fonte de conhecimento, informação e transmissão de saberes tem sido manipulada em todas as sociedades desde o Éden, quando a primeira mentira, a distorção da Verdade levou o homem à queda, e junto levou ao aprisionamento toda a humanidade. Ele deixou de ser imortal, passou à condição de ser decaído, prisioneiro do tempo, refém da morte.

Se houvesse ficado com a Verdade ensinada pelo Criador, e não tivesse procurado um atalho através da árvore do conhecimento do bem e do mal, certamente não teríamos hoje que passar pelos umbrais da morte para chegar à condição de imortalidade na eternidade.

E em que consiste uma educação libertadora? Ela pode libertar não só das mazelas espirituais em que o homem se encontra, mas também das mazelas éticas, morais e falta de princípios que os leva ao estado de coisas, que muito bem retrata a mídia. Pais contra filhos. Filhos contra pais. E isto não se trata apenas de diversidade de opiniões, ou conflito entre gerações, trata-se de violência, de homicídio.

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UNIDADE 2 | O CRISTÃO A SERVIÇO DO REINO: EDUCAÇÃO É A SUA FERRAMENTA

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Temos sido sobressaltados com notícias na mídia de fatos verídicos que nos deixam horrorizados, ficamos perplexos diante de cenas reais de violência seguida de morte. A que ponto a humanidade chegou!

Quando pensávamos estar no alto cume do processo civilizatório, nos deparamos com a barbárie. Estas coisas já deveriam ou não deveriam estar superadas? Todavia, percebe-se um retrocesso nas relações tanto sociais como familiares. Na verdade, há um projeto de desconstrução tanto para a sociedade como para a família, e este vem sendo levado a cabo com maestria pelo próprio ser humano.

Um indivíduo cuja formação lhe permite ter uma ética e moral relativas, bem como princípios relativos, pode ser capaz de quase tudo, sem que isto lhe cause constrangimento ou peso na consciência. Basta que o que faz lhe traga alguma forma de prazer. Lembram que já falamos sobre o hedonismo?

De um modo geral, a desordem social vem sendo atribuída à miséria, à fome, à pobreza; mas observe na própria mídia como os atores deste caos não são pessoas miseráveis, ou esfomeadas. E é isto que nos deixa confusos. Não há um motivo aparente, não há uma explicação que justifique a violência paterna, filial ou social.

Quando percebemos uma atitude hedionda, pensamos logo em uso e abuso de drogas, mas seguidamente não tem sido este o motivo para explicar uma ação bárbara. E isto nos deixa mais assustados, saber que de uma hora para outra um pai mata a filha, ou a filha mata os pais. Sem que se explique ou justifique os motivos. É tudo muito insano. Podemos pensar em loucura social?

A que podemos atribuir isto? É uma pergunta que não tem resposta científica, e que não quer se calar. A ciência não dá conta, a psicologia social tenta explicar, mas não apresenta soluções. E o que precisamos nestes momentos caóticos não são apenas respostas ou explicações, precisamos mais que isto, precisamos de novos caminhos e soluções.

E é retomando a leitura do Livro Sagrado que vamos encontrar alento. Na Bíblia podemos encontrar resposta, Jesus nos lembra que nos últimos dias as coisas seriam assim, caóticas, inexplicáveis, violentas, o amor de muitos esfriando.

No entanto, Ele não nos deixa sem expectativas ou sem esperança. Ele nos pacifica a alma ao dizer: conhecereis a Verdade, pois é só ela que pode nos libertar. Entenda que não vamos ficar imunes às mazelas deste mundo, mas educação cristã é fonte de libertação, é ela que, sendo ferramenta, é também alicerce para o reino de Deus.

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IMPORTANTE

Bom é ter esperança e aguardar o Senhor em silêncio... Lamentações, 3:23 (RA).

Tendo, pois, tal esperança, usamos de muita ousadia para falar. (II CORÍNTIOS, 3:12 (RA)).

É gratificante ler na Bíblia a oração sacerdotal de Jesus, intercedendo por nós. Jesus roga ao Pai: não peço que os livres do mundo, mas que os livres do mal. João, 17:15 (RA). E esta petição é para aqueles que o seguem, que obedecem à sua palavra, que são discípulos dos discípulos de Jesus.

E para que esta oração nos alcançasse foi que Ele ordenou pessoalmente aos seus discípulos: ide por todo o mundo e pregai o Evangelho [das boas novas] a todas as pessoas, ensinando-as. (MARCOS, 16:15-16 (RA)).

Esta é a forma, ou o método pelo qual a educação tem o seu papel de ferramenta e também de fundamento ou alicerce para que o reino de Deus esteja em nós e se estabeleça numa sociedade mais humana e humanitária. E possamos ser livres para amar, para crer, para viver, sair às ruas, às praças, sem o pavor de ser mais uma vítima de violência.

A palavra liberdade, na sua definição mais profunda, nasce com cada ser vivo, ela não é inerente só ao homem, mas a todo ser vivente. Os animais lutam até a morte para escapulir de seu predador, lutam pela vida contra os caçadores. Da mesma forma, o ser humano tem uma luta interior consigo mesmo para ser livre, e nesta busca, às vezes, segue trilhas enganosas na busca da liberdade. É a fuga para a liberdade ou a fuga do jugo do mundo e do caos social, no desespero ele toma qualquer trilha, ou o primeiro atalho. Atalhos que não são o verdadeiro caminho, pois conduzem à morte, que tanto pode ser moral, espiritual e até mesmo física.

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Quem pode promover a educação libertadora? Quem tem o mandato cultural. A família, a Igreja ou escola, quando lhe é confiada pelos pais esta missão.

Ora, a família que deseja ver construído o reino de Deus na sociedade e no lar certamente acompanhará a formação de seus filhos, e fará escolhas corretas na hora de decidir a quem confiar sua descendência.

E quanto à Igreja? Esta tem por obrigação promover o ensino bíblico contextualizado, que oriente as pessoas a permanecerem na liberdade com que Cristo nos libertou. GÁLATAS, 5:1 (RA). O ensino na Igreja deve ser fundamentado na Bíblia através das escolas bíblicas ou catequese, contudo é possível que a maioria das igrejas possa se engajar em promover educação formal pelo menos para a pré-escola ou séries iniciais do Ciclo Básico, a fim de que as famílias possam usufruir de uma escola onde a educação cristã por princípios está sendo desenvolvida.

A educação que vai alicerçar o reino de Deus deve ser priorizada pela Igreja desde as séries iniciais. São os pequeninos e os jovens de hoje que irão promover o reino de Deus na Terra e trazer a Verdade e a liberdade que tanto precisamos.

IMPORTANTE

A educação cristã é a ferramenta que poderá ser instrumento libertador para a sociedade que estiver alicerçada em fundamentos ensinados por Jesus na sua santa Palavra.

Aonde pode o ser humano encontrar o que mais almeja: justiça, paz e alegria, se não for no reino de Deus? E é desta forma que podemos entender a educação como a ferramenta de uso diário, pessoal e individual, e podemos entendê-la também como alicerce para que venha o reino de Deus sobre a família e sobre a sociedade.

UNI

Só existe um Caminho, uma Verdade que leva plenitude à vida humana. Não tem outro. Não se trata de dogma ou de uma religião, mas da Verdade absoluta, comprovada na vivência do dia a dia, experimentando a companhia segura e serena do Senhor passo a passo.

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TÓPICO 2 | A EDUCAÇÃO COMO FERRAMENTA DE CONSTRUÇÃO DO REINO DE DEUS

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Serão eles que irão governar o país nas próximas décadas. A Igreja não pode mais se permitir ficar de lado, olhando os movimentos sociais e cuidando de erguer e embelezar templos. Ela tem a obrigação de cumprir o seu mandato cultural. Tanto a Igreja quanto a família devem utilizar a ferramenta para a construção do reino de Deus, a educação cristã. E colocar profundamente, nas entranhas da sociedade, os alicerces deste reino que se fundamenta na educação libertadora.

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RESUMO DO TÓPICO 2Neste tópico estudamos:

● A educação oferecida na escola formal tem sua importância porque proporciona aos indivíduos o crescimento pessoal e social.

● É a educação que dá condições de cidadania ao indivíduo, capacitando-o para a vida em sociedade; e a falta desta faz com que este fique à margem da sociedade.

● Através da educação o indivíduo pode concorrer em nível de igualdade com seus semelhantes; pode conquistar melhores empregos, quando capacitado para o mundo do trabalho.

● A educação por princípios promove a educação integral do aluno.

● É uma metodologia onde os fundamentos bíblicos são apresentados em todas as disciplinas da matriz curricular, como conteúdo transversal.

● Não se trata de ensino religioso e de aulas de religião, mas de abordagens fundamentadas no pensamento cristocêntrico.

● A metodologia da educação por princípios é que faz dela um diferencial e um contraponto para o laicismo escolar.

● Educação libertadora é a educação que se traduz como ferramenta e também como alicerce para a construção do reino de Deus.

● É característica do ensino cristão a forma libertadora, baseada no que Jesus diz: é a Verdade que liberta.

● Não poderia ser diferente com a educação cristã; baseada nesta Verdade, ela será libertadora.

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AUTOATIVIDADE

1 Marque V para verdadeiro e F para falso nas afirmativas a seguir:Certamente você percebe a importância da educação como fator determinante na qualidade de vida de uma pessoa. A importância dada à educação promove:

( ) Qualidade de vida individual e social.( ) Segurança às famílias mais ricas, mais do que as pobres. ( ) Alavanca o desenvolvimento socioeconômico.( ) Promove justiça para os níveis sociais e culturais mais elevados.( ) Relacionamentos sociais permeados de valores éticos e morais.( ) Cidadania, o indivíduo não aceita se deixar corromper.

2 Responda, conforme o texto:O que é analfabetismo funcional?______________________________________________________________

3 Marque com um X as alternativas corretas:Pesquisas internacionais e nacionais mostram que, quando a família participa da educação de suas crianças e jovens, eles apresentam os seguintes resultados:

( ) Melhor desempenho na leitura.( ) Ficam mais dependentes dos pais para estudar.( ) Maior desenvolvimento da linguagem.( ) Mais motivação. ( ) Não se desvinculam emocionalmente da família.( ) Não aceitam nem acatam o que os professores ensinam.( ) Comportamentos pró-sociais. ( ) Hábitos de qualidade nos trabalhos.

4 Questões dissertativas: Responda às questões a seguir, com suas próprias ideias ou opiniões. Utilize apenas um parágrafo para responder a cada pergunta, depois discuta com os colegas em grupo. Avalie a resposta dos colegas.

a) Como você acha que a Igreja poderia contribuir para erradicar o analfabetismo?b) Como podemos realizar, na prática do dia a dia, atitudes cidadãs cristãs?

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UNIDADE 3

VIVÊNCIA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta Unidade você será capaz de:

• identificar aspectos da didática aplicáveis à educação cristã;

• compreender a estrutura de um plano de ensino e plano de aulas;

• elaborar e aplicar um plano de aulas;

• conceituar plano de aulas;

• compreender a aplicação do plano de estudo ou de aulas;

• compreender a utilização adequada dos recursos didáticos e tecnológicos.

Esta Unidade está dividida em dois tópicos e no final de cada um deles você encontrará atividades que o auxiliarão na compreensão, fixação e aplicação dos conteúdos estudados.

TÓPICO 1 – DIDÁTICA APLICADA

TÓPICO 2 – MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO NA PRÁTICA

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TÓPICO 1

DIDÁTICA APLICADA

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃONesta Unidade vamos aplicar os conteúdos estudados nas unidades

anteriores. Estudamos sobre história e filosofia da educação para fundamentar nossa prática educativa do ensino cristão, refletimos sobre a função e papel do educador cristão contemporâneo.

Apresentamos uma proposta metodológica para o ensino que se baseia numa educação cristã por princípios bíblicos. Agora vamos estudar outras áreas do conhecimento que norteiam a teoria aliada à prática educativa. Nesta última unidade faremos uma abordagem da prática pedagógica que se fundamenta na didática do ensino.

Vamos lá! Sem perder o pique!

2 MUDANÇA DE PARADIGMAS NA AÇÃO DIDÁTICANo início do século XX os educadores começam a utilizar estudos e

pesquisas realizadas no campo da psicologia para fundamentar a prática pedagógica. Veja que a filosofia deixa de ser o fundamento principal, dando lugar às ciências biomédicas. Isto vai contribuir para a mudança no enfoque do movimento Escola Nova que inicia na Europa e se estende para a América e o Brasil.

A educação que era voltada para os métodos de ensino, centrada na atuação do professor, passa a contemplar o aluno e o seu processo de aprendizagem. A educação deixa de olhar o professor como centro de tudo e volta-se para o processo ensino-aprendizagem, tendo esta última como a meta do processo.

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UNIDADE 3 | VIVÊNCIA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

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UNI

Atualmente o que se deseja da educação não é que o aluno decore o que lhe foi ensinado, reproduzindo uma cópia exata do que aprendeu, mas sim, que seja ator e autor do seu processo de aprendizagem, a fim de que venha contribuir com a sociedade de forma cidadã e participativa.

FIGURA 2 – A VIVÊNCIA E A CONVIVÊNCIA NOS ENSINAM MAIS DO QUE MIL PALAVRAS OU LETRAS

FONTE: Disponível em: <http://www.nossolegado.com.br/wp-content/uploads/2009/11/Pai-e-Filho-orandojpg1-189x300.jpg>. Acesso em: 25 jul. 2010.

Veja que a mudança de paradigmas e o acréscimo de novos saberes, como a psicologia, biologia e sociologia, proporcionam uma reviravolta na educação. A educação sempre foi dinâmica, é uma das características do processo educativo e formativo do indivíduo. Todavia, a mudança de paradigmas leva a educação para novos horizontes e novas possibilidade. O professor deixa de filosofar, apenas, para adotar uma atitude mais prática, mas não menos crítica e reflexiva, partindo de análises mais detalhadas de todo o processo educacional, que vai desde o planejamento de ensino, passa pela execução deste e por avaliações periódicas de cada etapa, até a avaliação final.

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No modelo educacional contemporâneo, a educação não é um fim em si mesma, mas é processo contínuo, em que todos os envolvidos devem ter sua parcela de contribuição. Embora focalize a aprendizagem do aluno, a participação da família, dos colegas e da escola é tão importante e significativa como a do professor.

Embora o foco não esteja mais no professor e no método de ensino, ainda assim seu papel e função continuam sendo definitivos no processo. Por esta razão, os estudos de teoria e prática são muito importantes para uma educação de qualidade. Estes conhecimentos são sistematizados no estudo da Didática do Ensino e na Prática de Ensino.

A psicologia do desenvolvimento, bem como a psicologia da aprendizagem, vêm contribuir para o estudo da Didática e da Prática do Ensino. E ainda dentro desta nova concepção educacional, a responsabilidade com educação e formação do indivíduo não é só da instituição de ensino. Assim sendo, todos podem e devem se apropriar destes saberes didático-pedagógicos para contribuírem com a formação das crianças, jovens e adultos.

Em vários momentos vamos nos referir ao papel e ação do professor, perceber que estamos nos referindo aos educadores de um modo geral, não apenas àqueles que desempenham atividades profissionais na rede oficial de ensino. É para estes, que são educadores em potencial, que dedicaremos as próximas páginas deste estudo.

NOTA

Quem são os educadores na sociedade contemporânea? [...] diria que educador é todo ser humano envolvido em sua prática historicamente formadora... todos somos educadores e educandos, ao mesmo tempo. Ensinamos e somos ensinados em todos os instantes de nossas vidas. (LUCKESI apud HAYDT 2003, p. 82).

O educador Luckesi faz uma análise da educação como ação e prática comum na vida diária das pessoas. Temos motivos para concordar com ele, pois no Velho Testamento, quando Moisés fala ao povo para ensinar seus filhos, a orientação é que o façam em todo o tempo, assentados ou andando. Em Deuteronômio, 6:6-7 (RA), Deus nos orienta a ensinar as crianças da seguinte forma:

“Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.”

Percebemos que, ao longo de nossas vidas, temos ensinado na medida em que aprendemos, no próprio convívio social e em família, na caminhada da vida. Percebemos que as crianças, com sua simplicidade, também ensinam adultos.

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FONTE: Disponível em: <http://ecosdocoracao.blogspot.com/2009_02_01_archive.html>. Acesso em: 25 jul. 2010.

FIGURA 3 – CONVÍVIO SOCIAL EM FAMÍLIA

Ao afirmar que todos nós somos educadores, certamente que já assimilamos isto, sabemos que estamos autorizados e comissionados por Jesus para ensinar. Quanto à outra afirmação, de que ensinamos e somos ensinados em todo o tempo, é confortador relembrar as palavras do Mestre. Ele disse que o Espírito Santo viria sobre nós e habitaria conosco, nos guiaria a toda a Verdade, e nos faria lembrar todas as coisas que Jesus nos ensinou.

IMPORTANTE

Porque entendemos que somos tanto ensinados como ensinadores, é que vamos, neste tópico, buscar mais subsídios para praticar a ação educativa onde preciso for. Não necessitamos de títulos acadêmicos, mas o saber técnico e científico nos ajudará, facilitando a transmissão dos saberes bíblicos.

Aprendemos a cada dia com a nossa experiência junto aos nossos alunos e/ou discípulos, enquanto vamos ensinando, mas podemos aprender também com a literatura disponível sobre didática, pedagogia e outras leituras acadêmicas, através de pesquisas e estudos que viabilizam e possibilitam uma ação educativa mais eficiente. O fato de não sermos profissionais da educação não impede que sejamos educadores. Pais são educadores, tios são educadores, os demais familiares são educadores, e os cristãos também são educadores tanto na Igreja, quanto no bairro onde residem ou trabalham. Somos chamados por Jesus para ensinar.

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FONTE: Disponível em: <http://www.vidaeaprendizado.com.br/img/image/pai%20e%20filho.jpg>. Acesso em: 25 jul. 2010.

FIGURA 4 – A FAMÍLIA E A EDUCAÇÃO

3 CONCEITOS EM DIDÁTICAA didática, como área do conhecimento, trata dos assuntos relativos à ação

educativa. Segundo a educadora Haydt (2003, p. 13), “A didática é uma seção ou ramo específico da Pedagogia e se refere aos conteúdos do ensino e aos processos próprios para a construção do conhecimento”.

Se a Pedagogia pode ser considerada como a arte ou ciência da educação, a didática pode ser considerada como a arte do ensino. Você percebe como a Didática é mais específica? Ela é voltada para a ação do educador. Vai lhe fornecer elementos para a prática pedagógica em suas três etapas: planejamento de ensino, execução do planejamento e avaliação da aula.

Relembrando... A didática do passado era centrada apenas no professor e na metodologia utilizada para levar o aluno a decorar conteúdos. O ato de aprender consistia em repetir os conteúdos memorizados. O professor valia-se dos seguintes métodos: explanava ou lia o conteúdo em sala, preparava um ditado ou solicitava cópia de uma leitura. O aluno deveria recitar conteúdos decorados, comprovando que havia aprendido.

A prova oral era muito utilizada como instrumento de avaliação. O aluno recebia um questionário com uma lista de perguntas com as respostas corretas, para ser avaliado; deveria decorar o questionário para realizar a prova. Ao preparar a prova, o professor selecionava algumas perguntas do questionário, cujas respostas deveriam ser reproduzidas pelo aluno. Este método de avaliar beneficia a aptidão mnemônica do aluno, mas não leva à reflexão e compreensão do todo. É certo que alguns conteúdos precisam ser memorizados, mas isto não funciona para uma aprendizagem mais complexa. Este tipo de método didático estava fundamentado em uma visão filosófica e teórica de educação.

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IMPORTANTE

“Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.” (Rubem Alves)FONTE: <http://www.projetospedagogicosdinamicos.com/frases.htm>.

Atualmente a didática fundamenta-se na psicologia, na sociologia e na biologia para desenvolver métodos e técnicas de ensino que visam à aprendizagem do aluno a partir de suas potencialidades.

O aluno é visto como um indivíduo ativo no processo ensino-aprendizagem, ele vai se desenvolvendo e construindo seu conhecimento a partir de leituras, pesquisas, diálogo com seus colegas e com o professor, que é o facilitador do processo educativo.

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“A escola é um edifício com quatro paredes e o amanhã dentro dele”. (George Bernard Shaw, dramaturgo irlandês)FONTE: <http://www.projetospedagogicosdinamicos.com/frases.htm>.

A sala de aula não é mais o lugar com cadeiras enfileiradas e um tablado mais alto, como se fosse um pedestal com a mesa do professor. A sala de aula pode nem ser sala, pode ser a sombra de uma árvore, uma biblioteca ou laboratório, enfim, o local onde o aprendiz pode aprender de tudo. As aulas podem acontecer em lugares diversos.

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Faça uma enquete em sua família com as pessoas mais velhas. Pergunte se lembram das provas. Pergunte como eram as provas orais, e do “branco” que dava quando o professor fazia alguma pergunta mais difícil. Talvez você tenha tido alguma experiência mais “tradicional” na sua vida escolar, e poderá contar aos seus colegas suas impressões.

Você lembra que estudamos o movimento Escola Nova, que ocorreu na primeira metade do século XX? Pois bem, foi a partir deste movimento que as propostas metodológicas começam a se encaminhar para a sociologia, biologia e psicologia, com o objetivo de buscar subsídios para a prática pedagógica e para a ação didática. Antes eram os pensamentos filosóficos e o empirismo que orientavam a ação educativa.

Experimentos realizados por Pavlov, Skinner, Piaget, Vygotsky, bem como outros cientistas e pesquisadores, vão dar subsídios para a educação contemporânea e para a aplicação da didática do ensino. A pedagogia fundamenta-se na psicologia do desenvolvimento infantil, psicologia da aprendizagem, pesquisas sociológicas, conceitos de biologia que envolvem o processo mental, de desenvolvimento ou de comportamento do indivíduo.

A didática focada no método de ensino, na ação do professor, ficou para trás, pelo menos nas teorias, porém ainda há quem adote a leitura de páginas e páginas de uma apostila em sala de aula para ensinar seus alunos.

ATENCAO

Como afirma Haydt (2003), “a didática é o estudo da situação instrucional”. Com este conceito de estudo, a didática não vem impor ao professor o que ele vai fazer, mas sim um estudo sobre todo o processo educativo levando em conta a situação instrucional, ou seja, o contexto sociocultural onde a educação está acontecendo, os atores e o cenário da aula. A didática tornou-se mais complexa? Sim, porém mais efetiva, o aluno aprende a aprender e não mais a decorar.

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3.1 CONCEITUANDO PLANEJAMENTO

O que é planejamento, para você? De um modo geral, temos dificuldade de elaborar e redigir um conceito teórico, mas entendemos muito bem quando ele surge, da explicação prática do que fazemos.

IMPORTANTE

Podemos definir planejamento como uma previsão calculada de ações, que permitem alcançar determinados objetivos.

Por exemplo, quando você vai ao mercado fazer compras, você já sabe o que vai comprar? Ou chega às prateleiras e vai olhando tudo, tentando lembrar-se do que está faltando? Você costuma fazer um planejamento de compras, levando a lista com os produtos que está precisando? Ou vai chegando ao mercado e vai direto aos estandes com ofertas atraentes? Cada um tem seu modo de consumir.

Diríamos que o fazer as listas é um tipo de planejamento, cujo objetivo é suprir as necessidades reais de sua casa, gastando o mínimo necessário. O correto é planejar tudo, inclusive a compra. Levar uma lista de casa para não comprar o que não precisa e comprar o que realmente é necessário, é planejamento!

No segundo caso, ir ao mercado sem levar uma lista, poderíamos dizer que é improvisar. Correr o risco de não alcançar os objetivos; ou seja, perder tempo procurando, não comprar o que é preciso, gastar mais, ou não ter o dinheiro suficiente para pagar tudo o que apressadamente pegou na prateleira. São possibilidades que podem ocorrer, porque não houve uma previsão. Ir ao mercado sem a lista de compras é improviso, ou falta de planejamento? Esta falta de planejamento pode custar caro!

Vamos analisar as duas ações. Planejar vai requerer um tempo em casa, conferindo a geladeira e prateleiras, ver o que falta e o que já está terminando. Depois você calculará as quantidades necessárias de produtos e avaliar o quanto você dispõe de dinheiro para gastar na compra.

O bom planejamento é aquele que faz uma avaliação diagnóstica da situação antes de listar o que precisa ser feito. No caso da sua lista de compras, uma olhadinha nas prateleiras é uma avaliação diagnóstica.

Depois da avaliação diagnóstica começamos a listar os produtos que faltam. Inicia-se o planejamento com a lista de compras ou a previsão do que fazer, do que comprar, do quanto gastar; é um rol de atividades e recursos que compõem o planejamento ou a lista de compras.

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Planejar é um ato que demanda análise, reflexão e previsão.

Muito bem, vamos agora para a sala de aula. Você vai dar aula hoje. Ok? Está preparado(a)? ( ) Sim ou ( ) não? Bem, se você ainda não está preparado para dar uma aula hoje, ou até mesmo semana que vem, vamos auxiliá-lo! Adotaremos um roteiro para que você não precise ficar inventando o que fazer em sua aula, ou improvisando o tempo todo, o que é muito desconfortável para o professor e, na maioria das vezes, motivo de riso para os alunos.

Como estamos utilizando o exemplo de compras no mercado para visualizar mentalmente um bom planejamento, vamos seguir nesta linha. Veja que, depois de sua avaliação diagnóstica nas prateleiras, você elaborou a lista de produtos que vai precisar comprar. Agora você precisará agir, começa a execução do planejamento, que inclui não só as compras, mas a ida ao mercado, o transporte que nos levará, o estacionamento, a fila da carne, a fila do pão, a fila do caixa, etc. É uma maratona, que deve ser planejada em função da necessidade, dos recursos e do tempo disponível.

3.2 ETAPAS DO PLANEJAMENTO

Abastecer a despensa com alimentos é uma tarefa que requer planejamento. E antes de fazer o planejamento é preciso fazer uma avaliação diagnóstica das necessidades reais, e dos recursos e de tempo disponível. Ficou claro para você que todos os planejamentos devem seguir estes procedimentos?

● Analisar.● Refletir.● Prever.

Na ação educativa do cristão-educador, muitas vezes, o ensino é informal, não há necessidade de registros nos livros de chamada, não tem muita formalidade, e por esta razão o educador imagina que não há necessidade de fazer um planejamento. É um engano.

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Toda ação humana passa por um planejamento, mesmo que despercebido, quase como um reflexo. Paramos, pensamos e decidimos o que fazer várias vezes ao dia, ou nem paramos, vamos fazendo e pensando no passo seguinte, é uma forma de prever as próximas ações. Planejamento é previsão. Diferente do improviso, quando fazemos algo como que por impulso.

IMPORTANTE

Se eu quero alcançar meus objetivos, devo me programar, planejar, preparar. O preparo, como já dissemos, consiste em analisar a situação, refletir e prever ações que devem ser realizadas e os recursos e o tempo que serão necessários para concluir tudo o que foi planejado.

No caso de uma aula, ou num discipulado, que são maneiras de ensino informal, cabe um bom planejamento, para que os objetivos de ensino sejam alcançados. Veja que Jesus se planejava. Ele se preparava na madrugada em oração, para depois ir ao templo ensinar. Embora seu método fosse a oralidade e não havia provas ou escritos, nem registros de frequência, ainda assim ele se preparava.

Entre vários exemplos bíblicos de planejamento divino, podemos encontrar em Gênesis, 3:15 (RA), quando Deus planeja a salvação para a raça humana. Ele provê, através de Jesus, a salvação que viria numa outra dispensação.

Outro exemplo são as orientações sobre a primeira Páscoa antes do êxodo. Deus fala em detalhes como deveriam se planejar para preparar os alimentos, como comer, o que fazer com as sobras. Detalhes que deveriam ser planejados com antecedência. Será que alguém deixaria para fazer as coisas em cima da hora, na base do improviso, mesmo sabendo que o anjo da morte passaria por ali? Poderíamos discorrer sobre a organização e planejamento com vários exemplos bíblicos, todavia você poderá fazê-lo oportunamente.

3.3 PLANEJAMENTO DE ENSINO

Passemos para a abordagem do planejamento de ensino. Primeiramente, vamos definir o que é plano e planejamento. O planejamento de ensino pode ser elaborado para um sistema ou metodologia de ensino, como, por exemplo, a metodologia de educação por princípios. Pode servir também para uma escola durante o ano letivo e também para uma disciplina do currículo. Veja que o planejamento de ensino é bem amplo e abrangente.

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3.4 PLANO DE AULAS

O plano de aulas é mais específico, o educador vai preparar uma aula em cada plano. Um conjunto de planos de aulas vai formar um plano de ensino ou planejamento de ensino. Observe que o plano de aulas se restringe a um momento em sala. O planejamento de ensino nem sempre tem esta limitação. Quando você planeja as atividades educacionais de uma instituição, o tempo deve ser bem mais amplo para o desenvolvimento da ação pedagógica.

É importante que estejamos prontos para ensinar sobre nossa fé. O preparo pessoal é o mais importante, ele vem da leitura diária da Bíblia e da meditação nos textos sagrados, da comunhão com o Senhor. Isto inclui planejamento do estudo bíblico pessoal, e a partir do estudo profundo, da meditação e da reflexão é possível preparar uma aula, um estudo bíblico, a catequese, ou um discipulado. Os resultados serão de qualidade se as práticas de ensino forem regadas com oração, e com a realização prévia de um caprichado planejamento.

3.5 ELEMENTOS DO PLANO DE AULAS

As abordagens que vamos estudar têm como objetivo levar você a elaborar um plano de aulas bem simples, elementar, que poderá ser utilizado em qualquer situação de ensino-aprendizagem.

Como vimos anteriormente, o planejamento de ensino pode ser composto de vários planos de aula. Tanto o planejamento quanto o plano de aulas, ou de ensino, deve ser pensado a partir de seus elementos estruturais, que são:

● Conteúdo.● Objetivos.● Estratégias. ● Recursos.

Cada um destes elementos compõe um plano de aulas bem fácil de ser elaborado, e pode ser muito eficaz para quem está iniciando como educador.

Os conteúdos que trabalhamos na educação cristã têm sua fundamentação na palavra de Deus, assim fica fácil você buscar temas para sua aula, catequese ou discipulado. Comece selecionando um tema que interesse aos seus aprendizes. Dê um título à sua aula ou estudo bíblico. Depois pesquise este tema em várias bíblias, comentários e dicionários bíblicos, e também em autores que tratam do assunto. O conteúdo que você pesquisa e estuda é que trará segurança para ensinar. Lembra que Jesus chamava atenção porque ensinava com autoridade? Bem, Ele sabia do que estava falando. Conosco não é diferente, precisamos saber bem o que queremos ensinar.

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Depois que você domina o assunto, deverá fazer um resumo bem objetivo. Geralmente, quando estudamos um assunto queremos ensinar tudo aos alunos. Não funciona!

É preciso selecionar os conteúdos mais importantes. Fazer um resumo em forma de esquema e apresentar aos nossos aprendizes. Cada um vai ter seu nível de interesse diferente. Uns querem saber mais, outros acham que o que você ensinou é muito profundo e precisam de um tempo para elaborar. O bom professor respeita a característica de seus alunos.

Voltando ao tema escolhido, você vai elaborar o objetivo de ensino, e, a partir daquilo que você espera que seus alunos aprendam, poderá escolher de que forma dará sua aula ou estudo. É preciso ter uma estratégia para ensinar, um método que funcione. Não precisa ser sofisticado, moderno, exagerado. A estratégia deve funcionar em sua aula, sabe como? Levando conhecimento aos seus educandos. Vamos aprofundar cada um destes elementos do planejamento de ensino ou plano de aulas mais detalhadamente, a seguir.

3.6 COMO ELABORAR UM PLANO DE AULAS OU DE ESTUDO?

As perguntas que fazemos para elaborar um planejamento são as seguintes: O que ensinar? O que aprender? Como ensinar? Com o que ensinar? Estas perguntas estão relacionadas com os elementos do plano de aulas ou planejamento de ensino:

Conteúdo o que ensinar?Objetivos o que o aluno deve aprender?Estratégias como ensinar?Recursos com o que ensinar?

● Conteúdos - O que ensinar? Quais conteúdos são mais importantes? Muito, contudo, deixa o aprendiz confuso. O que eu vou ensinar que é relevante? O conteúdo necessário, importante e suficiente para que os meus alunos ou discípulos aprendam. Selecionar conteúdos é uma tarefa delicada, requer critério do educador. Não podemos despejar tudo o que achamos importante na cabeça dos alunos. Jesus disse em determinada ocasião, aos discípulos, que eles não estavam prontos para aprender tudo.

● Objetivo - O que o aluno deve aprender? É preciso definir o que o aluno deverá saber ou fazer após o ensino. Objetivos que orientam o ensino são formulados com verbos de ação. APRENDER A...; SABER QUE...; COMPREENDER COMO...; IDENTIFICAR...; DIFERENCIAR...

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DICAS

DICAS

Ao descrever os objetivos, façam-se estas perguntas:O QUE MEU ALUNO PRECISA SABER AO FINAL DESTA AULA? ENTÃO EU DEVO ENSINÁ-LO?

Conhecer as características dos grupos de alunos ajuda no planejamento de estratégias. As estratégias devem ser adequadas ao tipo de alunos. Idade, nível sociocultural, escolaridade, grau de envolvimento com a igreja, conhecimento bíblico.

● Estratégias – A pergunta é Como ensinar este conteúdo? Ora, você quer que o aluno aprenda a.........................., use sua criatividade e elabore a atividade que você vai realizar em sala, para que seu aluno aprenda.

E não se esqueça de elaborar também a lista de atividades que o aluno vai realizar em sala enquanto você ensina.

Estratégias de ensino devem ser bem pensadas, bem dosadas. É preciso dominar o conteúdo para ensinar bem, não basta saber para si mesmo. Professores que sabem o conteúdo nem sempre sabem ensiná-lo, por isto é bom planejar com antecedência as estratégias de ensino.

As estratégias devem ser adequadas aos alunos e adequadas para o tipo de conteúdo e de ambiente de ensino. Isto precisa ser previsto com antecedência. Em psicologia educacional estudamos como acontece a aprendizagem em cada faixa etária e que tipo de atividades é mais adequado. Crianças aprendem de forma diferente dos adolescentes, adultos e jovens também aprendem de forma diferenciada. O que diferencia o plano de aulas é exatamente a metodologia ou estratégias. Aprofundaremos isto nos próximos assuntos.

● Recursos - Com o que ensinar? Quais os recursos vão ser utilizados para dar a aula? Giz, quadro, etc. E as crianças? Com o que vão aprender? Figuras, cartazes, desenhos para colorir, lápis, tinta, etc.

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DICAS

Imagine que sua aula hoje será para um grupo de crianças, e elas irão aprender sobre obediência, e o texto selecionado foi o de Jonas e o peixe.

Tema: Jonas e o peixe

Objetivo de ensino: ensinar sobre a importância da obediência.A partir do objetivo de ensino, o professor planeja a sua ação didática, selecionandométodos e técnicas para ensinar.

Objetivo de aprendizagem: aprender sobre os benefícios de obedecer.A partir do objetivo de aprendizagem, o professor escolhe e prepara estratégias erecursos para os alunos compreenderem e fixarem os conteúdos ensinados sobre o tema.

Estratégias: ação do professor, atividades dos alunos.Nas estratégias você deve descrever o que você vai fazer para ensinar este conteúdo.Em seguida você deve descrever o que as crianças vão fazer enquanto você ensina.

Recursos: objetos, materiais, audiovisuais, equipamentos de som.O que você vai precisar para ensinar?E as crianças, o que vão precisar para desenvolver as atividades em sala?

3.7 IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO

Podemos listar alguns itens que nos fazem compreender a importância do planejamento de ensino, o qual, muitas vezes, deixa de ser elaborado pelo professor por imaginar que é muito complicado, ou que vai demorar muito. Lembre-se de que planejar pode torná-lo mais seguro na hora de ensinar, e certamente trará mais qualidade ao ato pedagógico. Segundo Haidt (2003), o planejamento é importante e necessário porque:

● evita a improvisação; ● ajuda a prever e superar dificuldades; ● torna mais fácil alcançar os objetivos; ● promove a economia de tempo e a eficácia.

Para a autora, as principais características de um bom plano de aula são:

● coerência e unidade;● continuidade e sequência;● flexibilidade; ● objetividade e funcionalidade; ● clareza e precisão.

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Ao selecionar estratégias e recursos necessários para executá-las, é preciso buscar coerência entre todos os elementos do plano. As estratégias devem ser coerentescomoconteúdo. Elaborar estratégias para “animar” a aula não significa que o conteúdo vai ser aprendido. É a coerência entre os elementos estruturais do planejamento de ensino que lhe dá unidade.

Nem sempre o ensino informal no ensino bíblico adota estes critérios ou características para um bom planejamento. Todavia, se pretendemos que haja um crescimento qualitativo no aprendizado do aluno, o ensino de conteúdos precisa ter uma sequência lógica, e deve ser didaticamente dividido em etapas, as quais devem ser sequenciais e devem ter continuidade.

Como o planejamento é uma previsão de ações e recursos que visam um objetivo pedagógico, ele deve ser flexível para atender à realidade da sala de aula, que, muitas vezes, traz algo não esperado. Neste momento o educador deve ser criativo, para dar continuidade à aula e alcançar o objetivo.

Um planejamento confuso, cheio de detalhes e sobrecarregado de informações, de recursos e estratégias inadequadas, perde sua objetividade e sua funcionalidade. É importante que o planejamento seja claro, específico e objetivo, para que venha a ser prático e funcional, portanto preciso.

Lembrando que o planejamento é apenas uma previsão da ação pedagógica, ele não é uma regra imutável, deve ser flexível o suficiente para permitir que o professor tenha liberdade de adequá-lo à realidade que se apresenta no momento da aula.

ATENCAO

Embora tenhamos um planejamento pronto em cada aula em que este vier a ser utilizado, teremos situações diferentes de ensino e de aprendizagem. Cada grupo e cada indivíduo tem suas características, e isto não será possível prever no planejamento. É preciso ser sensível e criativo ao adentrar o espaço mágico da sala de aula, ou no encontro com o aprendiz.

3.8 AVALIAÇÃO DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

O último elemento de um planejamento que não listamos acima é a avaliação. Na educação formal ela é necessária para que se tenha o controle de registros acadêmicos e para a emissão de diplomas e certificados. Todavia, na educação cristã informal estes registros não têm muito sentido.

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Porém, a avaliação do processo educativo pode ser importante para conhecermos onde estamos indo, se conseguimos alcançar os objetivos que desejávamos em ensinar a Bíblia, atitudes, valores, comportamentos.

Uma análise crítica deve nos levar à reflexão e avaliação do processo educativo informal de ensino bíblico. Mesmo que seja um pequeno grupo de estudos bíblicos em uma comunidade, ou em uma residência, é importante que o dirigente avalie o processo ensino-aprendizagem. Isto pode ser feito através da observação, do diálogo com as pessoas, ou crianças, para compreender de que modo o ensino está acontecendo.

Avaliar e exercer juízo de valor não é necessariamente aplicar provas ou testes, avaliar é provar no sentido de experimentar para ver se serve. Quando o educador faz uma avaliação do que ele está ensinando e do que realmente os educandos estão aprendendo, podem surgir dados interessantes, que possivelmente auxiliarão na melhoria em algum elemento do planejamento.

A avaliação serve para refinar o processo ensino-aprendizagem. No caso do ensino informal ela deve ser mais voltada para a ação do educador e da sua prática, no sentido de verificar se as práticas de ensino, o conteúdo, os métodos e recursos estão atendendo à necessidade dos educandos, a ponto de alcançar os objetivos e alvos desejados.

3.9 O DESAFIO DA DIDÁTICA APLICADA AO PLANO DE AULAS

E agora vamos para a prática de um plano de aulas. É preciso que você aprenda fazendo, não foi o que falamos até agora? Que o aluno deve aprender a aprender, e aprender construindo seu próprio conhecimento? Então, mãos à obra!

Imagine que você foi convidado(a) em uma escola para dar um estudo bíblico para crianças em torno de 10 anos, que não conhecem muito sobre Jesus. Os pais não se importam com religião, Bíblia ou cristianismo, embora não sejam contra os ensinamentos bíblicos.

São 18 crianças, e todas estudam, leem e escrevem bem. Embora seja um grupo de crianças alegres, elas têm problema de relacionamento, há discórdias e inimizades, grupinhos de meninos e panelinhas rivais de meninas.

A professora convidou você para falar sobre o amor de Deus, porque acredita que isto vá contribuir para o relacionamento interpessoal das crianças. Você terá uma hora com as crianças para dar o seu estudo.

A escola tem disponível uma sala ampla, com quadro de giz, mesinhas e cadeiras, uma boa biblioteca, com áudio e vídeo, e material para atividades manuais. Observe os passos a seguir para compreender melhor como elaborar o seu plano de aulas.

Como você irá preparar esta aula?

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3.10 COMO ELABORAR O PLANO DE AULAS

Planejamento é previsão. O plano de aulas bem caprichado traz segurança ao professor, e levará ao aluno mais confiança e interesse na aula. Para aqueles que ainda não têm muita prática para elaborar um planejamento, este roteiro poderá ser um bom começo. Procure responder os questionamentos a seguir, antes de preparar o formulário do plano de aulas para cada capítulo.

Desenvolvendo um roteiro de aula:

1 Preencha os dados do Plano de Aula, individualmente, para cada capítulo.

2 Faça um esquema do conteúdo e elabore o objetivo para cada tópico.

Capítulo x

1º.ConteúdoO que vou ensinar neste tópico? | |

2º. ObjetivoO aluno deve aprender a... neste tópico?

Introdução Introdução

Tópico 1 Tópico 1

Tópico 2 Tópico 2

Tópico 3 Tópico 3

FONTE: A autora

QUADRO 4 – CONTEÚDOS E OBJETIVOS DE UM PLANO DE AULA

3 Elabore as estratégias de ensino-aprendizagem e os recursos didáticos necessários para realizar as estratégias.

Capítulo x

3º. Estratégia ou Método de EnsinoComo vou fazer para ensinar estes tópicos?

O que o aluno vai fazer nesta aula para aprender enquanto ensino?

4º. Recursos DidáticosCom o que vou ensinar estes tópicos?

Relacione tudo o que vocês vão precisar durante a aula, para realizar todas as atividades descritas

na estratégia.

Introdução | | Introdução

Tópico 1 | | Tópico 1

Tópico 2 | | Tópico 2

Tópico 3 | | Tópico 3

FONTE: A autora

QUADRO 5 – ESTRATÉGIAS DE ENSINO E RECURSOS DIDÁTICOS

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4 Revisão da aula deve durar apenas cinco minutos.

● O professor revisa rapidamente os tópicos em forma de esquema, de acordo com os objetivos, que devem ter sido compreendidos, aprendidos ou aplicados pelos alunos.

● Dicas: Este é o momento de passar “dicas” para o aluno. Aonde ele poderá aprofundar seus conhecimentos? Em que local poderá aplicá-los? Ou, onde poderá observar alguém praticando o que foi ensinado? Dê dicas de:◦ Pesquisas na internet. Filme ou livro que trate do tema da aula. ◦ Visitar um museu, uma empresa, uma instituição onde os conhecimentos são

praticados.◦ Sugestões de lugares para as práticas e aplicação do conteúdo.

Capítulo x

5º. Revisão da AulaO que meu aluno aprendeu a ser/saber/fazer? Quais as dicas para esta aula?

Reserve cinco minutos antes do fim da aula para revisar tópicos.

Introdução: Faça uma breve explanação de cada tópico.• Explique o que o aluno deve ser/saber/fazer após o ensino de cada um dos tópicos.• Conclua com um objetivo geral. O que o aluno deve sair da aula sabendo/sendo/fazendo (aplicando)?Passe “dicas” para o aluno aprofundar ou aplicar os conhecimentos.

Tópico 1

Tópico 2

Tópico 3

Procedimentos: Revisar todos os tópicos rapidamente; apresentar dicas interessantes para complementar a aula. Criar expectativas para a próxima aula.

FONTE: A autora

Quando precisar dar uma aula ou palestra, utilize este roteiro até que você tenha adquirido a habilidade suficiente para planejar cada aula do seu jeito. Para elaborar o planejamento de uma palestra você poderá adaptar o modelo de plano a seguir.

QUADRO 6 – REVISÃO DA AULA

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TÓPICO 1 | DIDÁTICA APLICADA

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QUADRO 7 – PLANO DE AULA

PLANO DE AULA DO CAPÍTULO __________

Introdução - _______________________________________________________________TÓPICO 1 - _______________________________________________________________TÓPICO 2 - _______________________________________________________________TÓPICO 3 - _______________________________________________________________

Disciplina - ___________________Data - ______/ _____/ ______Dia da semana - _______________Início - ______h até _______h

Responda as perguntas e descreva nos espaços a seguir as etapas do plano de aula, conforme o Livro Texto.

1º.Conteúdo

O quê vou ensinar?

Qual a matéria?

2º. Objetivo

Por que vou ensinar?

Vou ensinar para levar o aluno a

aprender a _____?

3º. Estratégia

Como vou ensinar?

Vou: explicar, ler, demonstrar, etc.?

E nesta aula o aluno irá: Ouvir, ler, recortar, refletir,

etc.? (em grupo/individualmente)

4º. Recursos Didáticos

Com o quê vou ensinar?

Quais os objetos, materiais ou equipamentos nós (professores e alunos) vamos precisar nesta

estratégia?

5º. Revisão

Ensinei a(o)?Aprenderam?

Revisar tópicos. Passar

“dicas”.

Introdução: Introdução: Introdução: Introdução: Nos 5 minutos antes do final você deve aproveitar para conversar com os alunos sobre a aula.Este deve ser um momento de descontração e interação:Aluno-aluno, e professor-aluno.

Tópico 1 Tópico 1 Tópico 1 Tópico1

Tópico 2 Tópico 2 Tópico 2 Tópico 2

Tópico 3 Tópico 3 Tópico 3 Tópico 3

FONTE: A autora

Este modelo de planejamento ou plano de aulas serve como roteiro para auxiliar aqueles que não sabem como começar um plano. É uma forma bem simplificada para os primeiros passos. Você pode melhorar a cada experiência pedagógica. Crie o seu modelo ou formulário pessoal para planejar. O importante é que você tenha o hábito de se preparar para ensinar não só de forma didática, mas com muita oração e leitura bíblica.

Uma boa aula começa com um bom planejamento!

ATENCAO

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RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico estudamos:

● Conceitos em didática: a didática pode ser considerada a arte e técnica de ensinar.

● O cristão-educador poderá se utilizar dos conhecimentos didáticos para trazer qualidade e bons resultados ao ensino bíblico.

● Os elementos básicos de um plano de aulas simplificado devem ser: tema, conteúdo, objetivo, estratégia, recursos e avaliação.

● Importância e necessidade do planejamento:◦ evitar a improvisação; ◦ prever e superar dificuldades; ◦ atingir os objetivos com mais facilidade e eficiência;◦ promover economia de tempo e a eficácia.

● Principais características de um bom plano de aulas:◦ coerência e unidade;◦ continuidade e sequência;◦ flexibilidade; ◦ objetividade e funcionalidade; ◦ clareza e precisão.

● A melhor forma de aprender é praticando sempre.

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1 Quais as principais características de um bom plano de aulas?

2 Comente sobre a frase: “A melhor forma de aprender é praticando sempre.”

AUTOATIVIDADE

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TÓPICO 2

MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃOVocê aprendeu, no tópico anterior, aspectos práticos da didática, tais

como elaborar um planejamento de aula bem simplificado. Agora vamos aprofundar um pouco mais a questão de COMO dar aula. A pergunta que sempre se faz quando somos chamados a dar uma aula na escola bíblica, na catequese, ou no discipulado é:

- Como vou ensinar isto?

Geralmente, nossos líderes colocam em nossas mãos – além de uma grande responsabilidade é claro –, apenas uma revista, apostila, texto, ou, às vezes, nem isto. Simplesmente nos delegam o ensino de determinado grupo, deixando tudo a nosso critério.

É um misto de emoções! Sentimo-nos alegres pela confiança depositada, por outro lado, ficamos assustados, sem saber bem o que fazer. Ou como fazer. Bem, penso que em algum momento nos deparamos com uma situação destas. Se ainda não lhe aconteceu, prepare-se! Logo você estará sendo como um vaso a derramar as palavras que geram vida, e vida com abundância!

A maioria dos colegas está preparada para encarar o desafio. Todavia, é importante detalhar aspectos do planejamento com relação à aplicação da metodologia de ensino (estratégias) e à utilização dos recursos didáticos (materiais, equipamentos, instrumentos, etc.).

Já estamos chegando ao final da nossa jornada de estudos e iniciando uma nova etapa, que compreende a vivência didático-pedagógica, traduzida como práticas de ensino.

Vamos lá? Sem perder o pique e com muita garra!

Afinal de contas, chegamos até aqui. E quem nos espera logo ali é a linha de chegada!!!

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UNIDADE 3 | VIVÊNCIA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

2 CONCEITUANDO MÉTODOVocê sabe qual o significado da palavra método? Método vem do grego

méthodos e significa caminho para chegar a um fim. Também pode ser definido como um conjunto de estratégias, técnicas e recursos, que serão utilizados como ferramentas para aprender.

Vamos conceituar métodos, técnicas e recursos, que são objeto do nosso estudo?

● Podemos conceituar recursos didáticos como sendo objetos, materiais, equipamentos e tecnologia educacional quando estes servem de meios auxiliares no processo ensino-aprendizagem.

● Quanto às técnicas de ensino, são definidas como as atividades desenvolvidas pelos alunos e professor, as quais irão promover o ensino e a aprendizagem, desde a aquisição e retenção do conteúdo até a avaliação em sala. As técnicas de ensino também podem ser consideradas como a operacionalização do método de ensino.

● O termo estratégia de ensino é empregado para designar o conjunto de procedimentos e recursos didáticos que serão utilizados para atingir os objetivos educacionais que constam no plano de aulas.

● Quanto ao processo educacional, podemos conceituar assim: é tudo o que envolve a ação pedagógica de ensino por parte do professor, e da ação de aprendizagem por parte do aluno.

FONTE: Haydt (2003), Bellan (2009), Piletti (1996)

NOTA

[...] considera-se a expressão “estratégias de ensino-aprendizagem” num sentido amplo, que inclui métodos, técnicas, meios e procedimentos de ensino.FONTE: (GIL, 1994)

Segundo Bellan (2009, p.100), “o processo educacional é todo o esforço e trabalho empregados para que a aprendizagem se torne efetiva, o que inclui a definição de conteúdo, dos objetivos, da metodologia e o tipo de avaliação”.

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TÓPICO 2 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO

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Quando falamos em processo ensino-aprendizagem estamos nos referindo ao processo educacional, o qual, além da seleção de conteúdos, objetivos, metodologia e tipo de avaliação, inclui também a seleção de estratégias adequadas a cada um destes elementos, bem como os recursos que serão necessários para auxiliar na aprendizagem.

No caso dos cristãos educadores, que exercem seu mandato cultural, quando transmitem a palavra ensinando a Verdade, também podem fazer uso de métodos ou estratégias para que o seu ensino seja mais produtivo. O método da oralidade que Jesus utilizava ainda é e será bastante utilizado, porque depende apenas do educador e seu potencial, sua disponibilidade para servir o reino. Trataremos dele mais à frente.

3 A APLICAÇÃO DE MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINONo modelo de planejamento de aulas que utilizamos anteriormente você

encontra a coluna para listar as estratégias, e é nesta coluna que iremos registrar os métodos e técnicas de ensino selecionados em forma de ação pedagógica, tanto do professor como do aluno.

Estratégia é uma palavra utilizada pelos militares, quando elaboram um plano de ataque para alcançar seus alvos ou territórios. Você já viu em filmes de guerra o general traçando a estratégia para os soldados avançarem e conquistarem o alvo?

Pois bem, no plano de aulas vamos traçar a estratégia para alcançar os objetivos de ensino. É preciso calcular o tempo de aula, conhecer as características dos alunos para definir um método e técnica adequados. Depois de definido o método e as técnicas, será preciso fazer uma lista dos recursos que vamos precisar.

Selecionado o método, as técnicas e rol de recursos, teremos definida a estratégia!

Considerando todo o contexto em que irá acontecer a aula e seus atores, o professor precisará decidir o que fazer, ou como fazer para dar sua aula; então ele se pergunta:

- Qual a melhor estratégia para este grupo aprender?

O educador precisará resolver o que é mais adequado. Se uma aula com trabalhos em grupo, estudo dirigido individual, a leitura e interpretação de um texto, ou se os alunos farão uma dramatização com os conteúdos.

São várias as possibilidades!

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UNIDADE 3 | VIVÊNCIA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

Porém, o mais importante é que a estratégia seja adequada às características do grupo, para que os objetivos de ensino possam realmente ser alcançados. A melhor estratégia é aquela que funciona! Ou seja, aquela em que o aluno participa e aprende!

Veja que interessante este fato: um professor realizou uma pesquisa em uma escola pública de ensino médio. A pergunta da pesquisa feita aos alunos era: “como é a aula ideal para você?”

Os alunos responderam que uma boa aula seria aquela em que o professor e os alunos participam conjuntamente das explicações, ou ainda, que uma boa aula seria aquela que é bem explicada, bem elaborada, bem dirigida.

Em seu livro Curso de Didática Geral, a educadora, Regina Célia Haydt, relata uma pesquisa interessante. Conta ela, que Newton Cesar Balzan, professor de uma escola pública de ensino médio, realizou uma pesquisa com seus alunos, realizando a seguinte pergunta: “Como é a aula ideal para você”? Na conclusão ele analisa que “de todo o conjunto de respostas coletadas não havia uma só referência à alteração no processo de ensino”. Ele afirma que em nenhuma resposta dos alunos consta um pedido de utilização de melhores recursos didáticos, ou de recursos mais modernos. Mas pediam que as aulas fossem mais bem explicadas. A conclusão da pesquisa, a partir das respostas dos alunos, é esta: alunos precisam de quem saiba ensinar. Eles desejam um educador que explique bem os conteúdos, só isto! (HAYDT, 2003, p.145-146)

UNI

O que você pensa deste pedido dos alunos?Professores: Expliquem melhor os conteúdos!

Esta pesquisa nos leva a uma reflexão. Alunos precisam que tipo de professor?

Apenas de um bom professor, que saiba os conteúdos, e saiba ensinar bem, ainda que seja no método mais antigo, o método da oralidade.

Pois, com toda a riqueza de métodos que podemos utilizar, este sempre deve estar disponível a todos. E como sabemos, foi o método utilizado pelo mestre Jesus. Todavia, isto não significa que os educadores contemporâneos não devam utilizar toda a técnica e tecnologia que estiver disponível.

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TÓPICO 2 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO

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3.1 CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS DE ENSINO

O aluno poderá aprender sozinho se for autodidata, ou poderá ser mediado pelo professor e pelo grupo. Porém, a sua aprendizagem acontecerá de forma individual, sempre. Ensinamos a outros, porém, ninguém aprende pelo outro!

NOTA

A aprendizagem é sempre uma atividade pessoal, embora muitas vezes se realize em situação social. (HAYDT, 2003, p.147).

Segundo Carvalho (apud HAIDT, 2003, p. 147), os métodos de ensino podem ser classificados da seguinte forma:

● Métodos individualizados de ensino - como o nome já diz, é um método de ensino onde o aluno é levado a desenvolver as atividades tais como pesquisa, leitura, estudo dirigido, redação de um texto, individualmente. Este método valoriza o atendimento pessoal, as diferenças e características individuais do aluno, tais como seu ritmo de aprendizagem, maturidade e capacidade intelectual.

● Métodos socializados de ensino - conhecido como método de estudos em grupo, o qual valoriza a interatividade e socialização entre os alunos. Técnicas utilizadas a partir deste método podem ser a dramatização ou a apresentação de um trabalho pelo grupo, por exemplo.

● Métodos socioindividualizados - estes métodos combinam atividades individualizadas e socializadas, alternando-as na mesma estratégia.

3.2 MÉTODOS DE ENSINO INDIVIDUALIZADO

Aula expositiva, o método mais antigo e eficiente. Sócrates, Platão e Aristóteles, pensadores gregos, e os apóstolos Paulo e Pedro, tal como Jesus, utilizavam este método. Uma aula expositiva é aquela em que o educador fala expondo aos alunos o conteúdo.

Sabemos que Paulo estava a expor seus ensinos durante um longo tempo, quando um jovem que o ouvia caiu da janela do terceiro andar. Ainda assim Paulo continuou sua explicação, depois do episódio resolvido, e as pessoas

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UNIDADE 3 | VIVÊNCIA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

continuaram a ouvi-lo. Eles deviam gostar muito do que lhes era explicado. Já era tão tarde! (ATOS, 7:12 (RA)).

No livro de Neemias, no capítulo 8, vemos que o povo ouvia em pé desde o amanhecer até o meio-dia os ensinos das escrituras. O escriba Esdras lia para todos ouvirem, enquanto os levitas auxiliavam a compreensão do que estava sendo lido, caminhando entre eles. Eles haviam esquecido a língua de seus pais durante o tempo em que estiveram no exílio babilônico, e estavam emocionados ao saberem do teor das Escrituras.

IMPORTANTE

Neemias, que era o governador, e Esdras, sacerdote e escriba, e os levitas que ensinavam todo o povo, lhe disseram: Este dia é consagrado ao SENHOR, vosso Deus, pelo que não pranteeis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da Lei. (NEEMIAS, 8:9 (RA)).

Jesus, no mais belo sermão que conhecemos, falou por muito tempo ao povo e aos discípulos sobre o reino de Deus, através de parábolas e recursos visuais disponíveis na paisagem, ou na mente de seus ouvintes, utilizando figuras comuns às pessoas.

As pessoas ficavam a ouvi-lo por muito tempo até sentirem fome, e ele multiplicou os peixes e os pães para saciar sua fome. Entendemos que eles estavam ali a ouvi-lo por muito tempo.

Perceba que o método da oralidade, ou da aula expositiva, sempre será utilizado. Por esta razão, vamos estudar formas de variar, dinamizar e enriquecê-lo, pois, como vimos na pesquisa do professor dos alunos do 2º grau, estes desejam apenas que o educador explique melhor.

NOTA

O método expositivo consiste na apresentação oral de um tema logicamente estruturado. O emprego do método expositivo requer bastante preparo no assunto a ser tratado e certa capacidade pessoal de expressão e de captar a atenção do auditório. (NERICI, 1992, p. 69)

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O educador que utilizar o método de aula expositiva precisa conhecer os educandos, ou seu auditório, para utilizar uma linguagem adequada. É função do educador explicar conteúdos, de forma que sejam compreendidos por todos, independente da diversidade de ouvintes.

3.3 CUIDADOS DO EDUCADOR COM A LINGUAGEM, TEMPO E QUADRO

Alguns cuidados devem ser tomados por parte do educador ao utilizar uma aula expositiva, os quais podem ser resumidos quanto à linguagem, ao uso do tempo e ao uso do quadro de giz.

Cuidados com a linguagem:

● A pronúncia precisa ser correta, sem “assassinar” os erres e os esses. A pronúncia correta permite a compreensão do que se quer falar. Palavras mal acabadas, ou mastigadas, confundem e desinteressam o ouvinte. É bom ensaiar em casa antes de dar a aula ou o estudo, pronunciando cada palavra até o final, sem pressa.

● O ritmo da fala, que não deve ser nem disparado feito metralhadora, nem sonolento e hipnotizante. A colocação correta das palavras evita duplo sentido. Não use palavras deselegantes!

● A altura da voz deve alcançar todos os ouvintes e deve ser variada, para ativar a atenção e espantar o sono. Uma linguagem emocional ou teatral bem colocada auxilia em muito a exposição das ideias.

● Ritmo da voz humana tem um efeito poderoso nas pessoas. Acelerado demais ou arrastado, não ajuda a exposição das ideias. Podemos dar um “efeito especial” na fala em determinado momento, mas o ritmo deve ser pensado e treinado, para não tornar nossa aula algo chato para o ouvinte.

Cuidados com o tempo

● O tempo é crucial na aula expositiva. Pode nos ajudar ou acabar com a nossa apresentação. Não extrapole o tempo combinado. Se precisar se estender, libere o grupo, permita que saiam na hora combinada, e se disponha a ficar com aqueles que desejam dar continuidade, e podem ficar até mais tarde.

● O tempo da exposição continuada de um determinado assunto não deve ser superior a cinco minutos. Passados cinco minutos de explicação, o professor deve interromper a fala e utilizar algum recurso pertinente para dar um descanso aos ouvintes e atrair novamente sua atenção para dar continuidade à fala.

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UNIDADE 3 | VIVÊNCIA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

● O tempo da aula deve ser dividido em tópicos, que não devem ser mais do que quatro.

● Alternar as dinâmicas a cada 20 minutos. Passado este tempo as pessoas tendem a se distrair ou “viajar” para bem longe da aula, mentalmente.

● O tempo total de 40-50 minutos deve ser o limite para uma aula. Após este período é necessário um breve intervalo.

● Longos discursos não funcionam. Mesmo num grupo de adultos é difícil mantê-los continuamente atentos há mais de uma hora. É natural que a atenção diminua e a concentração fique mais difícil. Se for uma jornada ou um simpósio, é preciso mais de um professor ou apresentador para explicar o conteúdo, ou fazer algum tipo de intervenção, para que o trabalho não seja perdido.

Cuidados com o uso do quadro de giz:

● O quadro de giz é um excelente auxiliar na aula expositiva. Requer uso adequado e planejado, para que seu poder didático seja otimizado.

● O quadro serve de pausa e descanso mental para os ouvintes. É uma mudança de estratégia que auxilia na direção de aprendizagem.

● O que o educador não deve fazer no quadro: nunca rabiscar de um lado para outro sem ordem ou sequência, bagunçando o visual do quadro; nunca escrever e apagar com a mão, utilizar o apagador; nunca ficar na frente do texto escrito no quadro, falando, sem dar tempo para os ouvintes anotarem. Nunca escrever em cima do que já está escrito.

● O correto é utilizar o quadro como se utiliza um caderno ao escrever. Dividir o quadro em três ou quatro partes. Iniciando da esquerda para a direita. E de cima para baixo.

● Evite começar a escrever no meio, depois ir escrevendo de um lado e de outro, desordenadamente.

● Colocar na primeira divisão do quadro os dados da aula em tópicos. Avisos. Lembretes.

● É permitido colocar cartazes sobre o quadro, painéis, letreiros, mapas ou gravuras, desde que se tenha cuidado de não danificar o quadro com adesivos.

● Estes cuidados servem também para a utilização de outros recursos visuais, tais como: retroprojetor, ou cavalete onde são fixadas grandes folhas de papel, e outros recursos onde o apresentador poderá escrever durante a aula.

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Cuidadoscomaflutuaçãodeatenção:

● É comum os momentos “críticos” da apresentação. Há um desinteresse normal ou desatenção pelo que está sendo falado. E é nestes momentos que a criatividade e a versatilidade do educador são postas à prova.

● O educador ou expositor deve utilizar recursos e técnicas para cativar novamente a atenção dos seus ouvintes. É preciso criar algo, tal como perguntas que provoquem os ouvintes. Pode ser uma história interessante e pertinente ao assunto, ou demonstrar através de mapas, gravuras, apresentações multimídia, ou no retroprojetor, ou objetos pertinentes ao conteúdo.

NOTA

NOTA

A educação está tomando consciência do educando como realidade única, com suas possibilidades e limitações biopsicossociais próprias, a fim de incentivá-lo a melhor realizar-se para melhor poder integrar-se na socie dade, não como elemento passivo, mas como elemento ativo. (NERICI, 1992 p. 208).

As estratégias de ensino são em grande número. Entretanto, muitos são os professores universitários que dominam uma única estratégia, que é a da exposição. Também há muitos professores que, embora conhecendo outras estratégias, não as aplicam por não se sentirem seguros para aplicá-las. E há ainda os professores que diversificam [tanto] suas estratégias unicamente pelo desejo de diversificar, sem saber se são ou não adequadas aos seus propósitos. (GIL, 1994, p. 64).

3.4 UMA BOA AULA EXPOSITIVA

Uma aula expositiva promove o ensino coletivo. Sabemos, no entanto, que a aprendizagem é individual. Cada ouvinte vai memorizar e reter a aprendizagem dentro de suas capacidades físicas, emocionais ou intelectuais. Por esta razão é interessante utilizar recursos variados, estratégias que envolvem participação para tornar a aula interessante e significativa para os diferentes tipos de alunos que nos ouvem.

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Utilizar técnicas que levem ao diálogo, à reflexão, com perguntas que provoquem a participação do aluno, poderá tornar uma aula expositiva em uma ferramenta de ensino bastante significativa. Neste tópico você deverá aprender a aplicar adequadamente os métodos de ensino.

Por esta razão selecionamos o método da aula expositiva, pela sua simplicidade e utilidade comprovada. E com ele você poderá facilmente preparar suas aulas, estudos, discipulados, sermões ou pregações mais informais, enfim, você poderá ser um excelente educador e expositor dos ensinos da Bíblia Sagrada. Listamos alguns passos que devem ser seguidos no preparo, execução e avaliação de uma apresentação expositiva:

● comece com a apresentação geral do assunto;

● promova um clima de interesse e expectativa;

● relacione os assuntos com algo que os alunos conheçam, ou que faça parte de sua realidade;

● seja organizado e lógico na apresentação do conteúdo;

● use sempre a linguagem clara! Evite rodeios;

● seja bem objetivo, fale apenas o necessário em cada abordagem;

● observe os alunos, se não estão atentos, mude o tom ou o ritmo de sua voz;

● planeje dinâmicas para ir alternando a sua exposição a cada 20 minutos, para evitar a “aula sonífera”;

● registre no quadro o tópico com a ideia principal de cada assunto, à medida que vai explicando;

● utilize exemplos significativos e interessantes para os alunos;

● dinamize a aula expositiva fazendo perguntas;

● incentive o diálogo e a interatividade, proponha questões para debate;

● deixe um clima aberto para sanar dúvidas, responda a todas as perguntas;

● recapitule com os alunos o que foi explicado;

● peça aos alunos para que façam uma síntese de tudo o que foi tratado na aula. (Isto é uma forma de avaliar sua exposição!).

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TÓPICO 2 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO

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São estes apenas alguns dos procedimentos para uma aula expositiva. Você pode criar em cada aula várias maneiras de dinamizá-la. Com relação à atuação do educador, vamos reforçar o que já foi dito: sua linguagem deve ser simples, para um ensino eficiente!

Educador, explique o significado das palavras mais difíceis. Coloque “cor” e emoção na sua fala. Passe entusiasmo para seus alunos. Adentre o espaço de aula carregando não apenas os recursos didáticos, mas carregue também uma dose maciça de bom humor.

Existem outros métodos de ensino individualizado além da aula expositiva, que podem levar o educando a aprofundar seus conhecimentos, no seu ritmo, desenvolvendo seu potencial. São eles: estudo dirigido, leitura e interpretação de textos, questionários, pesquisa, relatos, construção de modelos, maquetes, trabalhos manuais, artesanais ou artísticos, assistir a um filme e redigir uma síntese, observação com redação de argumento pessoal, etc.

São muitas as possibilidades de utilizar o método de ensino individualizado. É a principal característica pedagógica deste método, que é poder observar e avaliar o desenvolvimento do aluno, auxiliando nas suas dificuldades pessoais. O educando precisa aprender a estudar sozinho, pensar, analisar criticamente e refletir sobre o que estudou, construindo assim seu aprendizado. Para que depois possa socializar o que aprendeu.

No ensino bíblico é importante que o aluno desenvolva o hábito da leitura, da pesquisa e da reflexão individual, para que tenha subsídios para compartilhar o que aprendeu.

3.5 MÉTODO DO ENSINO SOCIALIZADO OU EM GRUPO

Este método é mais conhecido por trabalho em grupo, independente das estratégias ou atividades que vão ser desenvolvidas pelos alunos. O objetivo é promover a construção do conhecimento; permitir as trocas tanto de conhecimentos já adquiridos, de ideias e opiniões diversas, como reelaborar novas aquisições, provocar a prática da cooperação e desenvolver atividades colaborativas.

A proposta da metodologia de ensino em grupo é socializar os saberes. Reelaborando e construindo o novo saber a partir do grupo, desenvolvendo nos alunos atitudes de convívio social. Veja que toda a prática de educação cristã deve ser inclusiva e acolhedora. Após uma atividade individual, o educador deve propor a socialização do que foi aprendido, criando no aluno o hábito de partilhar e também de exercer liderança cultural.

O Cristianismo promove a socialização. No ensino das práticas vivenciais bíblicas, o crescer junto fica explícito em Efésios 4. O apóstolo Paulo nos fala que o corpo de Cristo, a Igreja, deve crescer em unidade, até a estatura de varão perfeito.

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Considere o significado da palavra corpo, ela nos remete a um ser, com um corpo, no sentido de unidade, e nos remete também ao significado de diversidade, pois um corpo tem diferentes partes, cada uma com uma função.

Assim deve ser o processo educativo, onde formamos um corpo em Cristo. Contribuímos com as nossas características pessoais ao corpo todo.

Trazendo esta comparação ou reflexão para a ação pedagógica, entendemos que professores e alunos formam um todo de partes diferenciadas, que caminham juntos para um único objetivo, o qual ficou estabelecido por Jesus, na Grande Comissão. Trazer unidade à diversidade é próprio do Cristianismo.

O método socializado, ou socializante, promove alguns hábitos e atitudes desejáveis para o indivíduo e para o grupo, tais como:

● cooperação e união de esforços para alcançar o objetivo;● participação de todos no planejamento, na divisão de tarefas;● aprender a ouvir com atenção e esperar a vez de falar;● respeitar a opinião do outro;● acatar a decisão da maioria, mesmo que seja diferente da sua.

NOTA

“A classe está deixando de ser vista e tratada como um todo uniforme, para ser vista e tratada como um conjunto de pessoas diferentes a exigirem tratamento individualizado.” (NERICI, 1992, p. 208).

Ao planejar o trabalho em grupo, o educador deve ter em mente qual o objetivo da aprendizagem. O trabalho em grupo não é apenas mais um método para movimentar a turma, mas para que eles aprendam conteúdos e socializem o conhecimento.

Definir o número de pessoas em cada grupo torna mais fácil planejar as estratégias. A escolha dos elementos do grupo também deve ser planejada. Ficará a critério dos alunos a formação da equipe?

De um modo geral, os alunos se dividem em grupos por afinidade pessoal. É possível manter esta formação se isto não interferir no objetivo de aprendizagem. Todavia, se o professor pretende definir os grupos e não os alunos, é bom levar a divisão de grupos já preparada para a aula. Se o objetivo é socializar a turma, uma boa maneira é utilizar o sorteio dos nomes, caso o objetivo seja incluir alunos que ficam isolados.

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O professor pode escolher os elementos de equipes se desejar evitar “panelinhas” ou se desejar que os alunos se integrem melhor na turma, diversificando e alterando os elementos dos grupos. Todavia, o critério de escolha do professor deve ser estabelecido e informado aos alunos já no início da aula.

ATENCAO

As técnicas utilizadas na metodologia de estudo socializado são muitas. O professor Imidieo Nerice faz uma abordagem de aproximadamente 80 itens contendo os mais variados métodos e técnicas de ensino, no seu livro Metodologia do Ensino, uma Introdução.

Em seu livro Métodos de Ensino - Uma Introdução, 1992, o professor Imídeo Nerici apresenta uma lista de 80 métodos de ensino e como aplicá-los na prática pedagógica. Listamos apenas alguns métodos de ensino socializantes e técnicas de ensino, descritos pelo professor Nerici, que podem ser realizados em atividades de grupos:

● discussão em pequenos grupos;● simpósio;● painel;● dramatização;● jogos; ● seminário;● estudo de caso;● estudo do meio;● pesquisa; ● estágio.

3.6 MÉTODOS DE ESTUDO SOCIOINDIVIDUALIZANTES

São métodos que mesclam os dois métodos anteriores, e em cujo planejamento há a previsão de um tempo para atividades individuais, e um tempo para atividades em equipe. O método socioindividualizante traz um enfoque diferente do educando, nos faz vê-lo não apenas como um elemento a mais no grupo, mas sim um componente deste, que é capaz de contribuir para melhorá-lo, com a ressalva de que o educando seja levado em conta nas suas características e realidade. Leia atentamente o que o texto a seguir diz:

Assim, o ensino socializado-individualizante tenta fazer uma síntese entre estudo em grupo, ótimo veículo de socialização, e o estudo individua lizado, veículo eficiente para o educando tomar consciência de si mesmo e assumir atitudes pessoais com relação ao que esteja sendo estudado ou rea lizado.

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UNIDADE 3 | VIVÊNCIA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

E o estímulo para que o educando assuma atitudes pessoais com rela ção ao que esteja sendo tratado é ótimo veículo para levá-lo a crescer espi ritualmente, a fim de que possa resplender dentro dele a luz que o torna realmente humano, para que possa, dentro de suas reais possibilidades, agir na sociedade e na vida em geral, de maneira consciente, eficiente e respon sável.

O método socializado-individualizante tenta fugir do exclusivo ângulo instrucional, como, infelizmente, está ocorrendo com as demais formas de estudo. Para visar a um maior desenvolvimento da personalidade do educan-do. Notadamente no aspecto sociomoral, para que ele possa desenvolver dentro de si todo o seu potencial de reflexão, de solidariedade, de indepen dência e de responsabilidade, capazes de dar significado humano e transcen dental aos conhecimentos e às técnicas assimilados. (NERICI, 1993, p. 208).

A ideia é que o estudo individual não seja apenas uma estratégia, que faça o aluno ficar quieto, mas sim um hábito que faça do aluno um ser responsável pela construção do seu conhecimento. É preciso que ele aprenda a aprender, e goste disto!

Após o estudo individual do conteúdo, o aluno é estimulado a compartilhar do que aprendeu, socializando seu conhecimento. É uma oportunidade de valorização daquilo que ele pode realizar como sujeito de sua própria ação pedagógica.

Desta maneira, estaremos formando indivíduos que são “cabeças pensantes”, que contribuem na ação educativa entre seus pares, e ao mesmo tempo estão sendo preparados para o Ide, compartilhando com outros o que estão aprendendo. É preciso socializar os saberes bíblicos aprendidos. Isto é ir e ensinar o que Jesus nos ensinou. O estudo individual da Bíblia promove o crescimento pessoal, nas atividades em grupo estes conhecimentos são socializados e aprofundados.

O grupo traz para o indivíduo um novo olhar sobre o que está sendo estudado. Os métodos de ensino socioindividualizados promovem:

● Oportunidades de trabalhar em grupo - para socializar o conhecimento e aprender a relacionar-se no grupo respeitando o outro e exercitando a sua liderança.

● Oportunidades de trabalho individual - aprender a estudar, aprender a aprender, e refletir sobre os conteúdos.

● Condições para que o aluno as suma uma posição pessoal a respeito do tema em estudo, defendendo seu pensamento.

● Atitude de responsabilidade total quanto ao estudo de um tema.

● Atendimento individualizado a cada educando, em função de seu nível de aprendizado - o professor pode avaliar o processo de aprendizagem de cada aluno, o que muitas vezes é difícil a partir de atividades em grupo.

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TÓPICO 2 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO

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3.7 APLICANDO O MÉTODO SOCIOINDIVIDUALIZADO

A aplicação deste método consiste em alternar atividades individuais e coletivas. Num momento o aluno estuda e aprende sozinho, noutro momento estuda e aprende com o grupo. Existem várias maneiras de combinar as atividades individuais e socializadas.

Podemos iniciar a estratégia com uma atividade individual, tal como leitura; depois, discutir em grupo pequeno o texto lido. Após o grupo pequeno chegar a uma única conclusão, esta pode ser apresentada para a classe ou grupo maior.

Também é possível começar por uma atividade em grupo, tal como uma apresentação de um tema, onde a equipe se apresenta para a classe toda; depois da apresentação o aluno vai elaborar individualmente a sua conclusão.

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Veja que estamos falando em método, de um modo geral. Não estamos apresentando as muitas possibilidades que um único método pode proporcionar ao variarmos tanto as técnicas quanto os recursos didáticos. Um mesmo método e uma mesma técnica podem ser trabalhados de diversas maneiras, basta que utilizemos recursos didáticos diferentes. O mesmo método e a mesma técnica podem ser aplicados de uma maneira com recursos visuais, e de outra maneira se utilizarmos recursos audiovisuais.

Estas variáveis nos abrem um leque de possibilidades tão numerosas quanto a nossa criatividade de educador. Porém, as possibilidades de variação criativa de métodos, técnicas e recursos não são um fim em si mesmas, são os meios para atingirmos o objetivo de ensino.

Qual método, ou técnica, utilizar para que meus alunos aprendam o conteúdo e alcancem os objetivos de aprendizagem?

A partir da resposta a esta pergunta, o educador poderá pensar em selecionar métodos, técnicas e recursos, que podem ser pesquisados na literatura e aplicados de forma adaptada à necessidade e realidade do grupo. Selecionamos dois exemplos de métodos de ensino socioindividualizado, a dramatização e o método de discussão em grupos pequenos:

● A dramatização é uma estratégia de ensino que pode ser utilizada para o estudo de textos bíblicos. Os alunos estudam o texto bíblico individualmente, depois distribuem os papéis e fazem a encenação. Ao término, o educador poderá solicitar uma conclusão do que foi aprendido.

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4 RECURSOS DIDÁTICOSRecursos didáticos podemos dizer que é tudo o que o professor ou os

alunos utilizam para realizar as atividades propostas na estratégia de ensino. No entanto, é preciso que o educador saiba que o recurso em si não deve atrair a atenção dos alunos, mas deve proporcionar aprendizagem e retenção do conhecimento. Materiais atraentes devem incentivar o estudo, a descoberta; não devem dispersar ou distrair os alunos.

Se a estratégia prevê a leitura de um texto, o educador deve providenciar que os educandos tenham em mãos o texto. Para uma aula onde a estratégia é a dramatização, o educador deve relacionar o que vai ser preciso para encenar, e providenciar antecipadamente, ou pedir que os alunos levem para o local do estudo o que é necessário.

Observe, no esquema a seguir, que para cada estratégia foram relacionados os recursos necessários:

ESTRATÉGIA RECURSOS

1. Leitura individual de texto bíblico do Evangelho de Mateus, 28. Uma cópia do texto bíblico para cada aluno.

2. Dramatização - José e seus irmãos

Uma cópia do texto bíblico para cada aluno.Lençóis coloridos, faixas coloridas, vasos cerâmicos, objetos para decorar os personagens e o cenário. Aparelho de som.CDs para o fundo musical.

Jogral - Salmos Uma cópia do texto bíblico para cada aluno.Um CD com música orquestrada - para o fundo musical.Equipamento portátil de som.

FONTE: A autora

QUADRO 8 – ESTRATÉGIAS E RECURSOS

● O professor seleciona um texto bíblico para os alunos lerem individualmente. Após a leitura, os alunos meditam na passagem bíblica e descrevem o que entenderam. A seguir, reúnem-se em pequenos grupos e comparam seu texto. Elaboram um texto do grupo com base nos textos individuais. Concluída esta etapa em grupo, cada aluno volta a estudar individualmente o texto elaborado pelo grupo, comparando com o seu.

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4.1 CONSTRUA OS RECURSOS DIDÁTICOS

A utilização de recursos didáticos deve ser pensada e planejada, mas isto não significa que os recursos devem vir prontos para a aula. É possível que, ao produzir ou confeccionar recursos, os alunos aprendam o conteúdo. Um exemplo disto é a confecção de cartazes que abordem o tema da aula.

Podemos prever, no planejamento, a utilização de sucata para confeccionar personagens bíblicos. De um modo geral, entendemos que adultos não gostam de trabalhar em sala com atividades manuais, ou artísticas. Engano!

Há quem não goste mesmo, mas são pouquíssimas pessoas que não gostam de produzir algo com criatividade. Todos nós gostamos de elaborar algo e ver o resultado de nossa produção. Numa época onde quase tudo é comprado pronto, vamos perdendo as habilidades manuais. E ao ver o trabalho concluído, isto resulta numa grande satisfação.

Embora alguns nunca tenham realizado atividades manuais ou artísticas e se sintam inibidos ou desajeitados para realizar tais atividades, cabe ao professor auxiliá-los neste processo. A arte é uma das formas mais propícias para a aprendizagem. E explorar o potencial criativo de seus alunos é função do educador.

Alguns têm dom musical, outros lidam bem com a plasticidade, outros com as cores. O fato é que a expressão criativa de Deus está impregnada no ser humano. Cabe a nós, educadores, incentivar os alunos para que este potencial aflore. E no processo de construção do recurso a aprendizagem vai acontecendo.

4.2 CONSTRUINDO E UTILIZANDO RECURSOS DIDÁTICOS

O educador nem sempre tem recursos didáticos disponíveis, prontos para usar, ou acessíveis para comprar. O jeito é construí-los em sua casa, ou em sala, com os alunos; ou, ainda, orientar os alunos para que eles mesmos produzam este material didático. Será uma forma lúdica de aprender determinado conteúdo.

Aprender fazendo é uma ótima oportunidade para os alunos!

Selecionamos recursos bem simples de serem feitos e fáceis de serem utilizados. Estes recursos podem ser adaptados ao conteúdo e à faixa etária dos alunos, desde as crianças até a melhor idade. Vamos aprender a construir e a utilizar estes recursos:

● Diorama.● Varal didático.● Mural didático.

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NOTA

O material didático é, no ensino, a ligação entre a palavra e a realidade. (...) o material didático tem por fim substituir a realidade, representando-a da melhor forma possível, de maneira a facilitar a intuição do aluno. (NERICI, 1993, p. 100)

4.3 DIORAMA

Um diorama muito conhecido de todos nós é o presépio de Natal. No presépio está reproduzido o cenário do nascimento de Jesus, com os animais, anjos, as pessoas e Jesus. De um modo geral é uma reprodução fiel do texto bíblico. Tanto crianças como adultos ficam atentos quando ouvem uma história bíblica ilustrada com painéis, figuras, e mais ainda com um recurso tridimensional, como é o diorama.

Podemos confeccionar um diorama para contar uma história bíblica, ou qualquer outro tipo de história. Também podemos pedir que os alunos construam um diorama de determinado trecho bíblico. O diorama pode ser feito em grupo, ou por um único aluno, e a sucata é a matéria-prima para este recurso didático.

O suporte para o cenário do diorama pode ser de caixa de papelão ou de madeira. E os personagens e objetos podem ser feitos de rolinhos de papel toalha, ou de tubinhos de linha de costura. Latas de ervilhas, ou massa de tomate, ou ainda de embalagens de detergente. Enfim, qualquer sucata de forma cilíndrica transforma-se em personagem, tanto de animais como de pessoas. É só vesti-los com retalhos de pano, papel ou plástico e desenhar as carinhas com canetinhas coloridas. Colocar cabelos de lã, corda ou tiras de papel.

O cenário pode ser feito com qualquer material disponível: pano, plástico, papel, palitos, madeira, algodão, areia, galhos secos, folhas, pedrinhas, etc.

Desenhe num papel como você imagina que devem ser o cenário e os personagens, faça uma lista do material necessário, e construa você mesmo o seu recurso didático. Ou então, peça para seus alunos construírem. Sem esquecer-se do objetivo da aprendizagem. O que eles devem aprender através deste recurso? Qual o conteúdo bíblico que eles devem aprender?

Comoconstruirumdioramacomcaixadepapelão,rolinhosdepapel-toalhaesucatas:

● Selecione um texto bíblico, desenhe o rascunho do cenário e dos personagens.

● Faça uma lista do que vai ser preciso para construir o cenário. Pedrinhas, areia,

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algodão para nuvens, galhos, etc.

● Faça uma lista do que vai ser preciso para fazer os personagens. Um rolinho de papel para cada personagem, fios de lã, ou algodão, para cabelo e barba, retalhos de tecido para as roupas. Canetinhas para desenhar a carinha.

● Reúna todo o material e mãos à obra!

● Comece montando o cenário de seu diorama.

● Recorte em diagonal as duas laterais menores da caixa de papelão (a caixa pode ser de madeira).

● Decore o cenário com o material que você selecionou. Primeiro o chão, depois o fundo.

● Prepare os personagens, de acordo com o texto bíblico. Utilize o material, produza-os e enfeite-os de acordo com a história bíblica.

● Pronto o cenário e prontos os personagens, prepare o texto para contar a história bíblica.

● Agora ensaie várias vezes com seus personagens, antes de apresentá-los aos seus alunos.

● Prepare-se para avaliar o que seus alunos aprenderam com a história.Este recurso pode ser utilizado várias vezes, e os personagens podem

servir para outras histórias. Todavia, se você preferir que o recurso fique na sala, fixe os personagens com cola no cenário e deixe seu diorama em exposição.

DICAS

Sugestão de histórias bíblicas - A Criação; Adão e Eva; Abrão e Isaque; Davi e Golias; José e seus irmãos; Jesus e a mulher samaritana, entre outras. Além de histórias bíblicas, você pode criar histórias e personagens para ensinar sobre princípios, valores e virtudes.

4.4 VARAL E MURAL DIDÁTICO

O varal e o mural didático são recursos que podem ser utilizados em função de um determinado conteúdo, bem como podem ficar no local da aula para manter os alunos informados.

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Para cada método ou técnica podemos selecionar uma variedade de recursos, mas também a confecção do recurso por parte do educando poderá ser uma interessante estratégia de aprendizagem.

4.5 CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS DIDÁTICOS

Os recursos didáticos podem ser classificados de acordo com a forma como despertam os nossos sentidos: Visão, audição ou o conjunto dos dois que formam os recursos audiovisuais.

Recursos visuais

● Quadro de giz, diorama, cartazes, painéis.● Gravuras, flanelógrafo, imanógrafo, gravuras.● Álbum seriado, mural didático, mapas, transparências, etc.

Para utilizar o varal didático você irá precisar de corda, cordão ou arame, fixado nas laterais do quadro. Prepare folhas de papel com gravuras, desenhos ou letreiros e vá pendurando (com prendedores ou ganchos) à medida que vai explicando o conteúdo. Outra variação do varal didático é transformá-lo em atividade em grupo. Os alunos devem elaborar letreiros, ou palavras com gravuras, para apresentarem determinado conteúdo para a turma.

A vantagem do varal é sua facilidade para montar e desmontar, o custo mínimo do material, e a facilidade de construí-lo; não requer habilidades especiais, nem experiência, e dinamiza bastante a aula expositiva ou o trabalho em grupo.

Mural didático - pode ser feito de papelão, cartolina, isopor, madeira, quadro de feltro, cortiça ou outros materiais disponíveis, que possam ser fixados na parede, ou sobre o quadro de giz.

Ao colocá-lo sobre o quadro de giz (temporariamente), ele servirá como base para fixar gravuras com personagens bíblicos de determinada história. Também pode ser utilizado para fixar palavras ou frases de um versículo, para ilustrar uma aula expositiva.

São muitas as possibilidades de utilizar o mural como recurso didático. Os alunos podem ser desafiados a produzirem um mural didático em grupo ou individualmente, para assimilar determinado conteúdo. Este recurso não está limitado a uma sala de aula, pode ser utilizado em auditório pelo palestrante, bem como ao ar livre, para uma reunião com um grupo pequeno.

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Recursos de áudio

● Rádio, CD, gravador, MP3, etc.

Recursos audiovisuais

● Teatro, fantoches, TV, vídeo, DVD, cinema, etc.

Recursos midiáticos ou tecnológicos

● Internet: chat, blog, correio eletrônico.● Multimídia: apresentação de slides, vídeos direto da internet, ou por meio de

DVD.

Além destes recursos, há uma infinidade de outros que poderiam ser listados. Sugiro que você pesquise sobre este assunto para aprofundá-lo e conhecer as novas tecnologias que vão surgindo a cada dia e que podem ser utilizadas a serviço da educação, ou como meio de comunicação para ensinar os princípios que fundamentam o Cristianismo.

4.6 RECURSOS TECNOLÓGICOS APLICADOS À EDUCAÇÃO

As TICs, Tecnologias da Informação e da Comunicação, têm sido utilizadas por pessoas, escolas, empresas e ONGs e outras instituições para a divulgação de seus interesses, ou para ensinar algum tipo de conteúdo.

Por tecnologia compreendemos que é tudo o que foi fabricado pelo homem, e não veio pronto da natureza. Todavia, no contexto das TICs - tecnologias da informação e comunicação - entendemos tecnologia como ferramentas, instrumentos e equipamentos eletrônicos, digitais ou virtuais, que podem ser utilizados para transmitir informações.

ATENCAO

Nesta última década tem sido acelerado o processo educacional utilizando TICs, pela facilidade de alcance em grande número de pessoas, mesmo em outro continente. A internet tem facilitado o acesso à informação e à educação através da modalidade EAD (ensino a distância).

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DICAS

DICAS

É possível criar uma sala de bate papo para tratar de assuntos do interesse de nossos educandos e instruí-los com princípios e valores. É uma ótima idéia, se queremos alcançá-los e acompanhá-los mais de perto, mesmo que virtualmente. Muitos professores utilizam o correio eletrônico ou e-mail para fazer um contato mais frequente com seus alunos.

O site do Google oferece uma ferramenta wiki para que tenha um correio eletrônico no Gmail, é o Google Docs. <https://www.google.com.br>.

O educador cristão pode formar um grupo virtual na internet com seus discípulos. Através de sites gratuitos que oferecem estes recursos. No grupo é possível discutir assuntos, colocar fotos, vídeos ou textos. O grupo on-line pode ser considerado uma continuação da sala de aula, no mundo virtual.

Não podemos desconsiderar a influência que as TICs têm sobre a nova geração, sobre as crianças e os jovenzinhos. Por esta razão é imprescindível que o educador cristão esteja muito bem familiarizado com a nova linguagem da internet, e com o uso das ferramentas que ela disponibiliza para a comunicação em redes sociais.

É através destas ferramentas que, principalmente os jovens, têm tido acesso a todo tipo de informações, sem fundamento bíblico ou princípios éticos e morais, que são veiculadas na rede web todos os dias.

Não temos como reverter este processo, mas podemos controlar e produzir conhecimento verdadeiro para a sociedade, e principalmente para os mais jovens, disponibilizando-o na internet.

O professor não visita a casa de seus alunos, por motivos óbvios, mas ele pode manter contato diário com eles e acompanhar o seu dia a dia através de um blog, ou de um chat, criado para este fim. É muito simples acessar a rede e criar um espaço para compartilhar com seus alunos, ou discípulos.

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Existem muitas ferramentas virtuais que são oferecidas gratuitamente na internet: o blog, o chat, os grupos onde podem ser realizados fóruns de discussão, e ferramenta wiki.

A ferramenta wiki é uma ferramenta colaborativa, em que várias pessoas podem escrever ao mesmo tempo um documento através da internet. Esta ferramenta é utilizada pela Wikipédia, todos podem escrever ali, por isto ela não serve como informação científica ou acadêmica.

A ferramenta wiki, no contexto de ensino bíblico, pode servir como um quadro de giz, onde o professor escreve uma frase, outro aluno continua, depois outro e outro, enfim todos podem escrever on-line. É uma forma de ensinar e aprender em conjunto.

Embora pareça ficção para os adultos, para crianças e adolescentes o mundo virtual muitas vezes é mais concreto que o real. E isto pode ser utilizado de forma positiva, ou pode ser um grande perigo para os mais jovens.

ATENCAO

A facilidade de acessar qualquer espaço virtual é preocupante, quando o caráter cristão ainda não está formado. Negar o acesso à rede aos mais jovens é impossível, o correto é que os mais maduros acompanhem e assumam a frente, guiando os educandos pelos caminhos virtuais que possam produzir frutos para a vida eterna.

Os cristãos devem se apropriar dos recursos tecnológicos como ferramenta educacional para a construção do reino de Deus na Terra. Adentrar a rede de internet e semear ali a Verdade.

UNI

Muito bem! Chegamos ao final de nossos estudos.Espero que os conteúdos estudados possam ser úteis à sua prática de educador cristão, em sua família e em sua igreja. Desejo êxito para você.Até a próxima, pessoal!

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RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico estudamos:

● Estratégia de ensino é o conjunto de procedimentos e recursos didáticos que serão utilizados para o professor dar sua aula.

● Método é o caminho para se chegar a um fim. É também um conjunto de técnicas de ensino que visa à aprendizagem.

● Técnica de ensino é o modo como o educador vai desenvolver sua aula e com que recursos. As técnicas, muitas vezes, se confundem com o próprio método.

● Aula expositiva utiliza o método da oralidade, o mais antigo, mais acessível e ainda o mais utilizado pelos educadores.

● Recursos didáticos são os meios que o educador utiliza para trazer realidade à sua fala. Podem ser objetos, cartazes, figuras, painéis, diorama, varal didático, mural didático, etc.

● Recursos tecnológicos, recursos disponibilizados na rede da internet, podem ser o correio eletrônico (e-mail), a sala de bate-papo (chat), blogs, grupos virtuais, ferramenta wiki.

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AUTOATIVIDADE

ETAPA I

1 Vamos utilizar as TICs, Tecnologias de Informação e Comunicação, nesta atividade.

● Anote o e-mail de seus colegas de turma.● Durante esta semana vocês devem discutir por e-mail sobre as tecnologias

da educação.● Envie para um de seus colegas pelo menos a sua opinião sobre um dos

temas a seguir, e peça que lhe responda, em poucas palavras, se concorda ou não. E por que concorda (ou não).

● Imprima ou copie a resposta e traga para a sala de aula.

Temas para o seu e-mail:● A internet pode ser útil para a educação cristã? Por quê?● Qual é o tipo da aula ideal? Explique a sua opinião.

2 Vamos construir um diorama.

Nesta atividade você vai aplicar os conteúdos aprendidos neste tópico. O diorama é um recurso que pode ser construído em grupo, se constituindo em técnica ou estratégia de aprendizagem, podendo ser aplicado através dos métodos individualizado, socializado e socioindividualizado. ● Releia as instruções para elaborar um diorama - método individualizado.● Reúna-se com seus colegas e planeje a construção do diorama, divida

as tarefas (método socializado). Grupo de no máximo seis pessoas, e no mínimo quatro.

● Selecionem o texto bíblico para contar a história com o diorama.● Desenhem o cenário (fazer a lista de material necessário).● Definam os personagens e o material necessário para produzi-los.● Dividam as tarefas para cada elemento do grupo.● Agende horário para ensaiar a apresentação antes da aula.● Utilizem os textos bíblicos sugeridos no estudo sobre Recursos Didáticos.

ETAPA II

Prepare a sua tarefa em casa (pode ser o cenário, ou um personagem) e traga para a sala de aula para apresentar à sua turma. Estude o texto e cumpra sua tarefa, o grupo depende de você.

Boa apresentação!

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3 Esta atividade utiliza o método socioindividualizado, procure desenvolvê-la de acordo com as etapas listadas a seguir:

ETAPA I

Assista primeiro ao vídeo na internet (e depois observe atentamente a seguinte gravura).

Vídeo de divulgação do MEC, veiculado na televisão para incentivar a profissão de educadores - Valorização do Professor em 26/06/2009: <http://centraldemidia.mec.gov.br/play.php?vid=459>.

ETAPA II

Observe a charge do blog, ela foi desenhada em função do vídeo do MEC que você assistiu:

FONTE: Disponível em: <http://grooeland.blogspot.com/search/label/educa%C3%A7%C3%A3o%20brasileira>. Acesso em: 20 jun. 2010.

ETAPA III

Após assistir ao vídeo do MEC e observar a charge do blog, escreva um texto pequeno contendo os seus argumentos sobre a figura do profissional da educação - o professor - no contexto atual. Inclua no seu argumento sugestões para melhorias na educação. (Método Individualizado)

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REFERÊNCIAS

BELLAN, Zezina. Heutagogia, aprenda a aprender melhor. São Paulo: Socep, 2009.

CHAMPLIN, Russel Norman PHd. Enciclopédia da Bíblia, Teologia e Filosofia. 7. ed. São Paulo: Hagnos, 2004. v. 2.

GADOTI, Moacir. História das Ideias Pedagógicas. São Paulo: Ática, 2002.

GIL, Antonio Carlos. Metodologia do Ensino Superior. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1994.

HAYDT, Regina Célia Cazaux. Curso de Didática Geral. 7. ed. São Paulo: Ática, 2003.

MCMURTRY, Dr. Grady S. Criação X Evolução – Onde está a verdade científica? 2. ed. Curitiba: A.D. Santos, 2009.

NERICI, Imídeo Giuseppe. Metodologia do Ensino - Uma Introdução. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1992.

PILETTI, Nelson Piletti. História da Educação no Brasil. 6. ed. São Paulo: Ática, 1996.

SAYÃO, Luiz alberto Teixeira. Cabeças Feitas: Filosofia Prática Para Cristãos. 3. ed. São Paulo: Hagnos, 2001.

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ANOTAÇÕES

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