educação cristã libertadora_palestra_natalino das neves

33
SEMINÁRIO PARA EDUCADORES CRISTÃOS – COLOMBO-PR EDUCAÇÃO CRISTÃ LIBERTADORA Prof. Ms. Natalino das Neves www.natalinodasneves.blogspot.com.br

Upload: natalino-da-neves-neves

Post on 21-Jun-2015

277 views

Category:

Education


2 download

DESCRIPTION

Palestra ministrada no Seminário para Educadores Cristãos de Colombo - PR 24 de maio de 2014.

TRANSCRIPT

Page 1: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

SEMINÁRIO PARA EDUCADORES

CRISTÃOS – COLOMBO-PR

EDUCAÇÃO CRISTÃ

LIBERTADORA

Prof. Ms. Natalino das Neves

www.natalinodasneves.blogspot.com.br

Page 2: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

“Aconteceu que ao terminar Jesus

essas palavras, as multidões ficaram

extasiadas com o ensinamento,

porque as ensinava com autoridade e

não como os seus escribas” ( Mt 7:28).

“[...] Pois aconheram a Palavra com

toda a prontidão, perscrutando cada

dia as Escrituras para ver se as coisas

eram mesmo assim” (At 17.11b).

Page 3: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

RESUMO

A presente pesquisa se propõe a fazer uma análise crítica do livro de Jó a partir de uma

releitura freireana da educação aplicada, contextualizando e contrastando com a

educação cristã na atualidade, com vistas identificar práticas educacionais mais adequadas

para a emancipação do ser humano.

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que dará a fundamentação teórica ao estudo.

E, com base na fundamentação teórica será construída uma reflexão sobre a relevância de

uma educação cristã que contribua para a emancipação do ser humano.

Page 4: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

INTRODUÇÃO

Page 5: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

• História da humanidade = educação como

instrumento poderoso de disseminação de

ideologias (humanização vs desumanização).

• Prática que continua acentuada para controle e

perpetuação de práticas e estruturas de poder,

pois ela interfere na consciência e formação do

indivíduo.

• Sociedade contemporânea = Teologia

consumista.

• Mercantilização da sociedade e teologia Vs

prática educacional que contribua para a

emancipação do ser humano.

INTRODUÇÃO

Page 6: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

1. A CONCEPÇÃO

FREIREANA DE EDUCAÇÃO

Page 7: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

Paulo Freire

• Nasceu em Recife em 1921

• Faleceu em 1997.

• É considerado um dos grandes pedagogos da atualidade e respeitado mundialmente.

• Existem mais textos escritos em outras línguas sobre ele, do que em nossa própria língua.

• Primeiras experiências educacionais = Angicos – RGN - em 1962: 300 trabalhadores rurais se alfabetizaram em 45 dias.

Page 8: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

Paulo Freire

• Golpe militar de 1964 – Prisão (72d).

• Exilado por 14 anos no Chile (1968 – Pedagogia

do Oprimido) e posteriormente vive como cidadão

do mundo.

• 1980 – Retorna do exílio e continua escrevendo e

debatendo assuntos sobre educação

(universidades, secretário municipal de SP – 89).

• Doutor Honoris Causa por 27 universidades,

Freire recebeu prêmios como: Educação para a

Paz (das Nações Unidas, 1986) e Educador dos

Continentes (da Organização dos Estados

Americanos, 1992).

Page 9: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

Educação

Bancária

Page 10: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

Educação bancária

• Para Paulo Freire (2005, p. 65-68) existem duas classes em nossa sociedade: opressores e oprimidos.

• Bancária = o oprimido recebe um conteúdo previamente formatado para manutenção do “status quo”.

• Nesta educação o educador é o sujeito que deposita "comunicados" no educando, que funciona como vasilha a ser enchida, que recebe, memoriza e repete os “comunicados” - relação verticalizada, verbalista e autoritária.

Page 11: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

Educação bancária

Page 12: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

Educação bancária

• Características da relação educador-educando – ver (NEVES, 2013, P. 49).

• Esta prática educacional não é novidade, pois em todas as épocas, dominadores em defesa da manutenção do poder, sempre monopolizaram a classe dominada, não permitindo que esta pensasse (FREIRE, 2005, P. 150).

• Educação necrófila que provoca revolta – ver (NEVES, 2013, P. 49).

Page 13: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

Educação bancária

• Esta educação conduz à “morte” do ser humano, como afirma Freire (2005, p. 74) “A opressão é um controle esmagador, é necrófila. Nutre-se do amor à morte e não do amor à vida”.

• Medo da mudança.

• Educação antidialógica que gera o hospedeiro opressor.

Page 14: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

Hospedeiro opressor - sugestão:

Page 15: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

Educação

Libertadora

Page 16: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

Educação Libertadora

• O educador deve ter o educando como seu companheiro, a serviço da libertação e contra a educação que serve à opressão e a morte do ser humano (FREIRE, 2005, p. 71).

• Ao contrário da bancária, na educação problematizadora a função do educador não é mais de apenas educar, mas também receber educação enquanto ensina, educador e educando simultaneamente sujeitos do processo educacional.

Page 17: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

Educação Libertadora

• O educador deve impor um caráter altamente reflexivo, fazendo emergir no educando, levando-o desvendar a realidade do mundo em que vive de forma crítica com vistas à transformação criadora.

• Entretanto, isso não é possível no isolamento e individualidade, mas na solidariedade dos existires dos seres humanos conscientes de sua inconclusão e na luta pela sua humanização.

Page 18: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

Educação Libertadora

• Esta educação não serve ao sistema de dominação, pois “nenhuma ‘ordem’ opressora suportaria que os oprimidos todos passassem a dizer: ‘por quê?’” (FREIRE, 2005, p. 83-87).

• A essência desta educação como prática da liberdade está na sua prática dialógica, o que Paulo Freire chama de "dialogicidade”.

• Este diálogo deve ser um ato de criação de conquista dos sujeitos dialógicos, nunca para a dominação de um ser humano por outro (FREIRE, 2005, p. 89-91).

Page 19: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

Educação Libertadora

• “consciência real ou efetiva” Vs “consciência máxima possível”.

“A conscientização e a dialogicidade possibilitam uma postura profética e de esperança para as pessoas envolvidas no processo de transformação. Uma

transformação coletiva e pela humanização” (NEVES, 2013, P.74).

Page 20: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

4. UMA RELEITURA

FREIREANA DO LIVRO DE

Page 21: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

Onde está a educação

no livro de Jó?

Page 22: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

Uma releitura freireana do livro de Jó

• A antieducação (teologia da retribuição) dos

tempos de Jó servia como instrumento de uma

ideologia de dominação, semelhante à educação

bancária apresentada por Paulo Freire.

• Ideologia de dominação, que segundo SANTOS

(p. 34), serve como um sistema de pensamento

que legitima, justifica e contribui para manutenção

do “status quo” vigente, impedindo a mudança

social.

Page 23: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

Uma releitura freireana do livro de Jó

• Por isso, a teologia oficial não podia dar respostas à situação de Jó, pois ela não havia sido instituída para esse fim e, como afirma Freire, cedo ou tarde o oprimido irá se rebelar contra a educação bancária, isso ocorreu com Jó quando foi em busca de respostas.

• Esta era a condição dos três amigos, em defesa da religião e oprimindo o “amigo” sofredor e doente. Para eles, por conta da educação recebida, o injusto estava devidamente sendo punido.

Page 24: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

Uma releitura freireana do livro de Jó

• Semelhante ao que Freire (2005, p. 24-25) chama de “medo da liberdade” e “perigo da conscientização”, devido às incertezas das conseqüências.

• O opressor também precisa de libertação, mas para isso deve reconhecer sua situação de opressor e deixar de ser, transformando radicalmente a situação concreta que gera a opressão.

Page 25: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

Uma releitura freireana do livro de Jó

• As técnicas utilizadas pelos amigos de Jó (“revelações”, “superioridade” e autoridade imposta pela antieducação vigente) se assemelham com as do sistema dominante da educação bancária de Freire.

• o povo de Israel era ambíguo e hospedavam o opressor dentro de si e isso dificultava uma sociedade de igualdade.

• Atitude tomada por Jó: questiona a antieducação imposta e no enfrentamento dos opressores dominantes para a mudança da realidade.

Page 26: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

Uma releitura freireana do livro de Jó

• E hoje?

• Teologia da retribuição = Teologia da prosperidade.

Page 27: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

CONSIDERAÇÕES

FINAIS

Page 28: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

Foi identificada a similaridades entre a

concepção freireana de educação e o processo

educacional presente no livro de Jó.

Page 29: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

O educador cristão deve ser um agende de Deus

para transformação de uma realidade de

opressão para uma libertação. Mudança que não

vem sozinha, mas com a prática da solidariedade

e da consciência coletiva.

Page 30: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

Esta pesquisa provoca uma reflexão e comprova

que nem todas as igrejas “cristãs” pregam uma

religião gratuita, mas instrumentalizam a

educação para seus próprios interesses,

operacionalizando uma religião mercantil e

interesseira.

Qual educação você tem realizado?

Page 31: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOFF, Clodovis M. Teologia da Libertação e Volta ao Fundamento. Disponível em www.adital.com.br, consultado em 10/06/2009.

CERESKO, Anthony R. A sabedoria no Antigo Testamento. São Paulo: Paulus, 2004.

CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia. 5ª Edição, São Paulo: Brasiliense, 1980.

DOBBERAHN, Erich. Educação bancária ou educação libertadora. São Leopoldo: Escola Superior de Teologia – EST, 1991.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 47ª Edição, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

GRADL, Felix e STENDEBACH, Ranz Josef. Israel e seu Deus: guia de leitura para o Antigo Testamento. São Paulo: Loyola, 2001.

GRENZER, Matthias. Análise poética da sociedade: um estudo de Jó 24. São Paulo: Paulinas, 2005.

Page 32: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MENDONÇA, Nelino Azevedo de. Pedagogia da humanização: a pedagogia humanista de Paulo Freire. São Paulo: Paulus, 2008.

NEVES, Natalino das Neves. Educação Cristã Libertadora: a caminho de uma pedagogia humanizadora na Igreja. São Paulo: Fonte Editorial, 2013.

ROSSI, Luiz Alexandre Solano. A falsa religião e a amizade enganadora: o livro de Jó. São Paulo: Paulus, 2005.

ROSSI, Luiz Alexandre Solano. Jesus vai ao Mc Donald’s: Teologia e sociedade de consumo. São Paulo: Fonte Editorial, 2008.

SANTOS, Leontino Faria dos. Educação: libertação ou submissão? A Ideologia da Educação Protestante na perspectiva da APEC. São Paulo: Edições Simpósio.

Page 33: Educação Cristã Libertadora_Palestra_Natalino das neves

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SANTOS, Leontino Faria dos. Educação: libertação ou submissão? A Ideologia da Educação Protestante na perspectiva da APEC. São Paulo: Edições Simpósio.

SHREINER, J. Palavra e mensagem do Antigo Testamento. São Paulo: Teológica, 2ª Edição, 2004.

SIMIAN-YOFRE, Horácio (coord.). Metodologia do Antigo Testamento. Coleção Bíblica Loyola 28. São Paulo: Edições Loyola, 2000.

STORNIOLO, Ivo. Como ler o Livro de Jó: o desafio da verdadeira religião. São Paulo: Paulus, 5ª Edição, 2008.