dcv0312 - direitos reais - morato - t184-23 (2013)
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DIREITOS REAIS – PROF. ANTÔNIO CARLOS MORATO
184 – 23
Anotações: Thaís CRRS
Organização: Patricia Travassos e Caroline BollAgradecimentos: Juliana Delcó
OBS: Na turma 23 as aulas de Direitos Reais começaram no final do primeiro
semestre, por isso o caderno tem início na aula 09, em Maio de 2013.
AULA 9
16 de maio de 2013
Adota o livro de Carlos Roberto Gonçalves.
DIREITO DAS COISAS/DIREITOS REAIS
Composto por normas cogentes, de ordem pública. Só a lei cria direito real. nãocria direito real, só pessoal. Vontade bilateral/unilateral.
Poder jurídico direto e imediato sobre a coisa com exclusividade e contra todos.
Incide sobre bens corpóreos (os bens incorpóreos são regulados pelos direitosintelectuais, que são simultaneamente patrimoniais e extrapatrimoniais). No CC de
1916, tinha regulação de propriedade artística, científica e literária. Hoje, o “Livrodas coisas” no CC de 2002 não regula esse tipo de produções (artísticas, literárias ecientíficas).
o Lei n. 5988/73 (Lei de Direitos Autorais)o Lei n. 9279/96 (lei de Propriedade Intelectual)o Regulamentação da propriedade in corpore.o Diferentemente da propriedade in corpore, que não tem prazo, a
propriedade de coisa incorpórea tem um determinado prazo para ser usada.o Propriedade corpórea é diferente de Propriedade Incorpórea.
Direitos da Personalidade são imprescritíveis, e, como direitos reais, são absolutos.
Em contrapartida, eles se afastam do Direitos Reais porque os direitos dapersonalidade são extrapatrimoniais, e os direitos reais são patrimoniais.
Quanto aos Direitos Pessoais, eles são patrimoniais como os Direito Reais. Porém,os direitos pessoais são relativos, e os direitos reais são absolutos.
Obs: obrigação ilíquida a ser aprovada futuramente.Excutir executar (excussão).
DIFERENÇAS ENTRE DIREITOS REAIS E OBRIGACIONAIS
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REAIS OBRIGACIONAISNormas cogentes Normas supletivas (disponíveis pelas
partes) exceção: direitos indisponíveisno direito do trabalho/cdc.
Coisa determinada Objeto pode ser determinado
(determinável)Tende à perpetuidade São transitórios‐ Violação pode ocorrer por omissãoPode ser adquirido por usucapião Não pode ser adquirido por usucapião (ex:
não pode usucapir cargo público).É absoluto, e só encontra sujeito passivoquando é violado (sujeito passivo éindeterminado).
Transitório
ENUMERAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS REAIS
Direitos Reais sobre Coisa Própria – Propriedade Direitos Reais sobre coisa alheia:
o Superfícieo Usufrutoo Usoo Habitaçãoo Direito do promitente compradoro Penhoro Hipotecao Anticrese
o Concessão de uso especial para fins de moradiao Concessão de direito real de uso
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS REAIS
Típicos: têm tipicidade. Só a lei cria direitos reais. As partes não criam direitos reais.O importante não é o direito real estar num artigo específico. Antes de tudo, precisaque o legislador diga que é direito real.
Taxativos: ideia de que todos os direitos reais estão num só artigo. É uma questãodo CC 1916. Hoje já foi superado, porque basta que seja típico.
Absolutos: todos devem respeitar o direito real.
Perpétuos: não se extinguem pelo desuso. Exclusivos
Dotados de Sequela: o bem pode ser perseguido sempre, pode reaver o bem nãoimporta quem a detenha ou por quem passou (ex: evicção). Existem exceções,quando alguém usucape a coisa.
Publicidade: bens imóveis devem ter registro público. Em caso de penhor, precisode registro de cartório. Bens móveis também podem necessitar de registroespecífico (ex: navio, estradas de ferro). Essa publicidade gera uma presunção (ex:não pode dizer que não sabia que o imóvel que comprou era hipotecado, pois oregistro é público, e presume‐se que o consultou).
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Concedem Preferência (Direito Reais de Garantia): em situação de anticrese, ocredor pode reter o bem, mas não executá‐lo, porque há uma situação depreferência.
Podem ser Desmembrados (elasticidade e possibilidade de consolidação): nousufruto, o nu‐proprietário é despido do direito de usar e fruir.
FIGURAS HÍBRIDAS; ÁREAS CINZENTAS
Obrigações propter rem (ob rem, ou reipersecutórias): próprias da coisa. Exemplo:quem compra apartamento tem que pagar taxas pendentes do condomínio. Não édireito real porque foi previsto pelo legislador. Mas ela persegue o dono.
Ônus Real (CC, arts. 808‐813): segue a coisa. A diferença das obrigações propter rem é que o limite da dívida não pode ir além do valor do bem (na propter rem, podeultrapassar). O legislador não colocou como direito real.
Obrigações com eficácia real (Lei n. 8245/91): promessa de compra e venda. Só temeficácia real se a promessa for registrada em cartório.
DIREITOS REAIS‐POSSE
ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICAo Jus possessionis – posse formalo Jus possidendi – posse causal (fundada num título)o Posse está ligada à aparência, e fala‐se na proteção de uma aparência. Só
num segundo momento discute‐se a propriedade.
AULA 10
06 de junho de 2013
Conceito.Natureza JurídicaElementos “Corpus”/”animus” (Teoria de Savigny) Jhering foi influenciado por Savigny echegou a conclusão de que não que o animus não tivesse relevância, mas que o animus estáinserido no corpus (não temos como ingressar no animus da pessoa para saber se a pessoatem o animus daquilo como sua). Posse é aparência de propriedade, então o elementosubjetivo, relativo à intenção da pessoa, não importa.
TEORIAS PRINCIPAIS Teoria Subjetiva de Savigny Art. 1238 do CC – possuir como seu um imóvel...
Teoria Objetiva de Jhering (art. 1196 do CC – considera‐se possuidor todo aqueleque tem de fato o exercício, pleno ou não de algum dos poderes inerentes àpropriedade).
Sistema brasileiro é híbrido, utiliza‐se de ambas as teorias.
Interditos possessórios, usucapião a posse serve para adquirir ou proteger apropriedade.
A questão da posse nos direitos pessoais: a posse só envolve direitos reais.o Ruy Barbosa defendia posse dos direitos pessoais utilizando ações
possessórias para empossamento de cargos públicos. Hoje, com o Mandado
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de Segurança não se aceita o uso de ações possessória para garantia dedireitos pessoais.
Posse e detençãoo Detentor não pode alegar usucapião nem ajuizar ação possessória (detentor
é o caso do caseiro).o A detenção presume uma relação de subordinação e dependência ao
proprietário/possuidor.
O prazo máximo da usucapião de bem móvel é de 15 anos, mas há também ausucapião de servidão aparente com o prazo de 20 anos.
Teoria do desmembramento da posse: ex. contrato de comodato, locação. Só sediscute posse direta ou indireta quando o contrato separar posse e propriedade.
AS DIVERSAS ESPÉCIES DE POSSE
Posse “ad usucapionem”, posse “ad interdicta” (interditos possessórios = açõespossessórias – interdito proibitório, manutenção de posse, reintegração de posse).
Posse direta e indiretao Posse Indireta – do proprietárioo Posse direta – é daquele que tem contato direito e físico com a coisa, que fica
com o bem, que pode tocar esse bem e acessá‐lo.o Também pode ocorrer o desmembramento da posse em relação ao
possuidor (ex. o possuidor pode alugar o imóvel; sub‐locação).
Posse de boa‐fé e de má‐feo Boa‐fé ‐ desconhecimento ou ignorância (ex. compra algo de uma pessoa que
não é proprietária); CDC, art. 23 (delimita a diferença entre boa‐fé objetivae subjetiva).
Posse Justa e posse injustao Posse justa – é aquela que não é injusta (sério, Morato?)o Posse injusta – clandestina é possível a usucapião
‐ violenta‐ precária (jamais gera usucapião, mas dá direito aos interditos
possessórios).o Posse clandestina é aquela adquirida às ocultas, sem que o proprietário
saiba do possuidor ali dentro.o Posse precária é a que envolve o dever de restituir
QUANDO SE ADQUIRE A POSSE?
Art. 1.204. Adquire‐se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1204. O exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes àpropriedade ideia de aparência
Poderes: uso, fruição, disposição e perseguição.
MODOS ORIGINÁRIOS DE AQUISIÇÃO DE PROPRIEDADE
Não existe relação entre a posse atual e a posse anterior Apreensão do bem: ‐ sem dono, abandonado (res derelicta)
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‐ que não foi apropriado por ninguém (res nullius)
Dificuldade com coisas de toda a comunidade (ex. rio público), por causa do dir.ambiental. Não é res nullius
Exercício de um direito (ex. servidão predial para usar o caminho); pode alegarusucapião desse direito
Disposição da coisa ou do direito: o ato de disposição revela a exteriorização dapropriedade.
MODOS DERIVADOS DE AQUISIÇÃO DA POSSE
Existe relação entre a posse atual e a posse anterior. Há manifestação de vontade dopossuidor anterior. CC, art. 1203.
Tradição: ‐ material (real, efetiva); entrega do próprio bem‐ ficta (ou simbólica); há uma indicação da transmissão, como ocorre na entrega das
chaves‐ consensual; traditio brevi manu. Era possuidor e passa a proprietário
Constituto possessório: quando o proprietário vende e passa a ser mero possuidor,por meio de um contrato de locação.
AULA 1
05 de agosto de 2013
AQUISIÇÃO DA POSSE(ver aula do semestre anterior: modos originários e modos derivados de aquisição da posse)
MODOS ORIGINÁRIOS (continuação) Aquele que tem a aparência de propriedade é aquele que tem contato físico com a
coisa.o O comportamento é muito importante para caracterizar o abandono. Quem
consegue a posse de um bem abandonado, torna‐se proprietário.o Antes peixes em rios públicos eram considerados como sem proprietário,
agora, fala‐se em titularidade difusa, em bens cuja propriedade é dacomunidade.
Direito de servidão: desde que essa servidão seja aparente, deixe marcas.o Se for uma usucapião predial, registrada em cartório, é uma servidão
voluntária. Contudo, às vezes a servidão é apenas aparente, e podeconseguir usucapi‐la.
A posse é a exteriorização da propriedade.o Possuidor é aquele que se comporta como se proprietário fosseo Savigny posse = corpus + animus o Jheryng posse = corpus (o animus já está dentro do corpus)o Moreira Alves nosso sistema é híbrido
MODOS DERIVADOS (continuação)
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende‐se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.
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CC, art. 1203 – manter a posse com o mesmo caráter com que foi adquirida
Posse justa: é aquela que não é injusta. Analisa as posses violentas, clandestinas,precárias, etc., e se não for nenhuma delas, a posse é justa.
o Se a posse for violenta ou clandestina, após 1 ano e 1 dia (tempo contadopelas colheitas), a posse deixa de ser violenta ou clandestina (são
convalidadas), e passa‐se a contar o tempo do usucapião (o usucapião passaa ser contado depois da convalidação).
o Se a posse for precária, ela não se convalidará nunca. Existe sempre o deverde restituir. Numa situação de precariedade, havia anteriormente umcontrato, com uma relação de confiança. Essa confiança foi traída. (ex.aluguel de imóvel e para de pagar aluguel/ caseiro se apossa da fazenda).
QUEM PODE ADQUIRIR POSSE?
Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:
I ‐ pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante; II ‐ por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.
PERDA DA POSSE
Pela junção dos elementos corpus e animus: ‐ abandono‐ tradição (entrega física da coisa)
Perda pelo elemento animus: ‐ ocorre no constituto possessório (ex. tem uma casa ea vende, mas continua vivendo nela como locatário. Só mudou o animus).
EFEITOS SECUNDÁRIOS DA POSSE
Quando há frutos, benfeitorias, direito de retenção e presunção de propriedade.a) O direito ao uso dos interditos possessórios (independentemente da posse ser deboa ou má‐fé).
b) A recepção dos frutos, no caso de boa‐fé.c) O direito de retenção até ser indenizado por benfeitorias, quando de boa‐fé (o
possuidor acha que é proprietário) para não haver enriquecimento ilegal porparte do proprietário.
o Quando a benfeitoria é voluptuária deve‐se ver se o possuidor pode retirá‐la ou então discutir seu valor
d) O direito de ajuizar ação de usucapião quando consumada a prescrição aquisitiva
(perda da pretensão).
PROTEÇÃO POSSESÓRIA‐ HETEROTUTELA
Os interditos de reintegração de manutenção proibitória. Outras ações possessórias.
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. § 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou
de outro direito sobre a coisa.
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CPC ‐ Art. 923. Na pendência do processo possessório, é defeso, assim ao autor como
ao réu, intentar a ação de reconhecimento do domínio. (Redação dada pela Lei nº 6.820, de 16.9.1980)
Existe a fungibilidade das ações possessórias, pois elas mudam rapidamente, assim
como as situações de fatos. O juiz não pode dizer que a petição é inepta, pois a açãopossessória a ser usada não é mais aquela. Primeiro se protege a aparência, depois se protege a essência.
INTERDITO PROIBITÓRIOCPC ‐ Art. 932. O possuidor direto ou indireto, que tenha justo receio de ser molestado na posse, poderá impetrar ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório, em que se comine ao réu determinada pena pecuniária, caso transgrida o preceito.
Possuidor direto: aquele que tem contato físico com a coisa Possuidor indireto: proprietário
AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE
CPC ‐ Art. 926. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado no de esbulho.
Já sofreu turbação, mas ainda mantém a posse (ex. invadiram um dia e saíram).
AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE
CPC ‐ Art. 929. Julgada procedente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de manutenção ou de reintegração.
AÇÃO DE NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVACPC ‐ Art. 934. Compete esta ação: I ‐ ao proprietário ou possuidor, a fim de impedir que a edificação de obra nova em imóvel vizinho Ihe prejudique o prédio, suas servidões ou fins a que é destinado; II ‐ ao condômino, para impedir que o co‐ proprietário execute alguma obra com prejuízo ou
alteração da coisa comum; III ‐ ao Município, a fim de impedir que o particular construa em contravenção da lei, do
regulamento ou de postura.
Quando se faz uma obra nova próxima ao imóvel pode ser que haja dano a estruturadeste, neste caso, tanto do proprietário, quanto o possuidor podem entrar com ação
de nunciação de obra nova para paralisar a obra (embargar a obra). Também o possuidor tem legitimidade ativa para propor a ação, pois muitas vezes
o proprietário não se incomoda. (ex. construção com cheiro ruim).
AÇÃO DE DANO INFACTO
Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a
demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo
dano iminente.
O mesmo que ação de nunciação de obra nova, mas serve para quando há reformasou demolição. Muitas vezes pagam um valor para já “indenizar” um dano iminente.
EMBARGOS DE TERCEIRO SENHOR POSSUIDOR
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CPC ‐ Art. 1.046. Quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho na posse de seus bens por ato de apreensão judicial, em casos como o de penhora, depósito, arresto, seqüestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento, inventário, partilha, poderá requerer Ihe sejam manutenidos ou restituídos por meio de embargos. § 1o Os embargos podem ser de terceiro senhor e possuidor, ou apenas possuidor. § 2o Equipara‐se a terceiro a parte que, posto figure no processo, defende bens que, pelo título
de sua aquisição ou pela qualidade em que os possuir, não podem ser atingidos pela apreensão
judicial. § 3o Considera‐se também terceiro o cônjuge quando defende a posse de bens dotais, próprios, reservados ou de sua meação.
Proteção possessória de autotutela Autotutela: legítima defesa da posse, desforço imediato
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no
de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. § 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter ‐se ou restituir ‐se por sua própria força,
contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
O possuidor poderá manter/ restituir sua posse por sua própria força (mas deveráser rápido).
o Ato de defesa: legitima defesa da posse não perder a posse, manutençãoo Atos de desforço: reintegração de posse
USUCAPIÃO Vem da ideia de tomar pelo uso. Pode‐se dividir em:
o Usucapião de imóveiso
Usucapião de móveiso Usucapião de outros direitos reais. (não é só de propriedade)
AULA 3
23 de setembro de 2013
ESPÉCIES DE USUCAPIÃO
USUCAPIÃO COLETIVO
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê‐
la
do
poder
de
quem
quer
que
injustamente
a
possua
ou
detenha.
§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa‐ fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante.
§ 5 o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao
proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
LEI 10.257/01 - ESTATUTO DA CIDADE - Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinqüenta metros quadrados, ocupadas por população de baixa renda para sua
moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente,
desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural.
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§ 1o O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo, acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas.
§ 2o A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo juiz, mediante sentença, a qual servirá de título para registro no cartório de registro de imóveis.
§ 3o Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão do terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo
escrito entre os condôminos, estabelecendo frações ideais diferenciadas. § 4o O condomínio especial constituído é indivisível, não sendo passível de extinção, salvo
deliberação favorável tomada por, no mínimo, dois terços dos condôminos, no caso de execução de urbanização posterior à constituição do condomínio.
§ 5 o As deliberações relativas à administração do condomínio especial serão tomadas por maioria de votos dos condôminos presentes, obrigando também os demais, discordantes ou ausentes.
CF ‐ Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento
das funções sociais da cidade e garantir o bem‐ estar de seus habitantes.
§ 1º ‐ O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.
§ 2º ‐ A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.
§ 3º ‐ As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.
§ 4º ‐ É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída
no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I ‐ parcelamento ou edificação compulsórios; II ‐ imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; III ‐ desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão
previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
Antes, só existia usucapião pro labore, na zona rural. Com o Estatuto da Cidade, surgea usucapião em zona urbana em imóveis com mais de 250m².
O Estatuto passou a tratar de um problema real: as favelas.
Propunha como solução o usucapião coletivo, destinado a um grupo depessoas. O raciocínio era semelhante ao do condomínio.
No Código Civil não se dá um número específico para o tamanho da área, fala‐se em“extensa área” (CC, art. 1.228, §4º).
Devemos passar a olhar a usucapião com novos olhos: ela não é mais individual,necessariamente. Pode ser usucapião coletiva
Também não se tem só as classificações típicas da usucapião, como a usucapiãoextraordinária e a usucapião ordinária, agora temos a usucapião coletiva.
USUCAPIÃO DE BENS MÓVEIS
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USUCAPIÃO ORDINÁRIOo Prazo de 3 anos e necessidade de justo título e boa‐fé. (ex. pessoa compra
um relógio numa loja de usados e a garantia é falsa. A pessoa tem ojusto título e a boa‐fé, podendo usucapir o relógio).
Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente durante três anos, com justo título e boa‐ fé, adquirir ‐lhe‐á a propriedade.
USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIOo Prazo de 5 anos, independentemente de justo título e boa‐fé. (ex. uma
pessoa tem um automóvel, mas com dificuldades de provar ser justo título,etc. Só que o prazo do usucapião extraordinário, de qualquer forma, jádecorreu. Por isso, encera‐se a discussão a cerca do justo título e da boa‐fé,e concede‐se o usucapião extraordinário).
o Nossa leitura pode se pautar pelo CC de 1916, mas deve‐se levar em contaque na época não se falava em abuso de direito, função social dapropriedade, etc.
Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá usucapião, independentemente de título ou boa‐ fé.
Perempção: perda do direito de ação. Prescrição: perda da pretensão. Pode ser aquisitiva (usucapião) ou extintiva.
Art. 1.262. Aplica‐se à usucapião das coisas móveis o disposto nos arts. 1.243 e 1.244.
Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que todas sejam
contínuas,
pacíficas
e,
nos
casos
do
art.
1.242,
com
justo
título
e
de
boa‐
fé.
Art. 1.244. Estende‐se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião.
AÇÃO PETITÓRIA
Possibilidade de usucapião ser arguida como matéria de defesa. STF Súmula nº 237 - 13/12/1963 - Súmula da Jurisprudência Predominante do Supremo Tribunal
Federal - Anexo ao Regimento Interno. Edição: Imprensa Nacional, 1964, p. 113. Usucapião -
Argüição em Defesa. O usucapião pode ser argüido em defesa.
O possuidor deve ser citado pessoalmente, ou seja, não cabe citação dos possuidorpor edital em ação de usucapião.
STF Súmula nº 263 - 13/12/1963 - Súmula da Jurisprudência Predominante do Supremo Tribunal
Federal - Anexo ao Regimento Interno. Edição: Imprensa Nacional, 1964, p. 121. Possuidor -
Citação - Ação de Usucapião. O possuidor deve ser citado, pessoalmente, para a ação de
usucapião.
Os confinantes também devem ser citados pessoalmente.
STF Súmula nº 391 - 03/04/1964 - DJ de 8/5/1964, p. 1239; DJ de 11/5/1964, p. 1255; DJ de
12/5/1964, p. 1279. Confinante Certo - Citação - Ação de Usucapião. O confinante certo deve ser
citado pessoalmente para a ação de usucapião.
Estas súmulas se complementam.
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Os representantes da Fazenda Pública da União, Estados e do Distrito Federal e
Municípios devem ser intimados por via postal.
CPC ‐ Art. 943. Serão intimados por via postal, para que manifestem interesse na causa, os representantes da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios. (Redação dada pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)
COMPETÊNCIA
A Justiça Federal é competente para ação de usucapião em imóvel da união,autarquias ou empresas públicas federais. Vide sumula do antigo TFR.
TFR Súmula nº 13 - 29-11-1979 - DJ 07-12-79. Competência - Ação de Usucapião - Confrontação
- Imóvel da União, Autarquias ou Empresas Públicas Federais.
A Justiça Federal é competente
para o processo e julgamento da ação de usucapião, desde que o bem usucapiendo confronte com
imóvel da União, Autarquias ou Empresas Públicas Federais.
CF ‐ Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I ‐ as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem
interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
INTERVENÇÃO DO MP
Art. 945. A sentença, que julgar procedente a ação, será transcrita, mediante mandado, no
registro de imóveis, satisfeitas as obrigações fiscais.
Por ter obrigações fiscais envolvidas é necessário a manifestação da Fazenda.
ASPECTOS PROCESSUAIS DA USUCAPIÃO ESPECIAL URBANALEI 10.257/01 – ESTATUTO DA CIDADE ‐ Art. 11. Na pendência da ação de usucapião especial urbana, ficarão sobrestadas quaisquer outras ações, petitórias ou possessórias, que venham a
ser propostas relativamente ao imóvel usucapiendo.
Art. 12. São partes legítimas para a propositura da ação de usucapião especial urbana: I – o possuidor, isoladamente ou em litisconsórcio originário ou superveniente; II – os possuidores, em estado de composse; III – como substituto processual, a associação de moradores da comunidade, regularmente constituída, com personalidade jurídica, desde que explicitamente autorizada pelos representados.
§
1o
Na
ação
de
usucapião
especial
urbana
é
obrigatória
a
intervenção
do
Ministério
Público. § 2o O autor terá os benefícios da justiça e da assistência judiciária gratuita, inclusive
perante o cartório de registro de imóveis.
PROPRIEDADE
RELEVÂNCIA DO DIREITO DE PROPRIEDADE E SUA INSERÇÃO NAS NORMASCONSTITUCIONAIS
Antigamente a propriedade era sagrada, ela estava ligada ao culto dos antepassados.Ex. no Código Napoleônico as noções de propriedade continuam em destaque. Aterra era usada coletivamente, mas a ideia de propriedade sobre móvel sempre
existiu, até mesmo na URSS permaneceu a ideia de propriedade de bem móvel.
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ELASTICIADE DOS DIREITOS REAIS: DESMEMBRAMENTO Usar, fruir e dispor. No usufruto, por exemplo, desmembra “usar e fruir” (nes‐proprietário) “dispor”
(usufrutuário). Pode existir usufruto em favor de Pessoa Jurídica.
PROPRIEDADE PLENA PROPRIEDADE LIMITADAUsar, fruir e dispor Não tem todos os poderes
CARACTERÍSTICAS
Absolutismo
Exclusividade
o Se há vários proprietários, o proprietário tem exclusividade na sua quoaideal, sua parcela
Irrevogabilidade
o Em tese, a propriedade é perpétua, mas isso será temperado por limitaçõesà propriedade, como a função social da propriedade, outros meios deaquisição da propriedade, etc)
PODERES DO TITULAR
Jus utendi: servir‐se do bem
Jus fruendi: fruir da coisa
Jus abutendi: direito de dispor
Jus possidendi: direito de possuir a coisa (≠ jus possessionis)
Jus vindicandi: direito de reaver a coisa
Jus satisfiendi: direito de ser indenizado
TRANSMISSÃO DA PROPRIEDADE (MÓVEL E IMÓVEL)
AULA
4 07 de Outubro de 2013
1.1 Propriedade nas gerações de direitos fundamentais
1ª Geração: A propriedade como direito ilimitado em face do Estado e dos demaisparticulares (liberdade). Durante o século XIX havia o predomínio da visão liberal. Aintervenção estatal só passa a ganhar importância no final do século XIX.
2ª Geração: Abuso de direito e função social da propriedade (igualdade)
3ª Geração: Função socioambiental da propriedade (fraternidade ou solidariedade)
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4ª Geração: “direito de ser diferente”, em que temos direito ao sossego, por exemplo.
Ressalta‐se que o termo “geração” é bem controverso, uma vez que esses direitos não sesucedem, mas se sobrepõem. Por isso, também se fala em “dimensões de direito”.
Independentemente de ter um caráter liberal e um caráter mais conservador, houve umaconsolidação dessas gerações.
A propriedade é essencialmente um direito de 1ª geração, mas ela perpassa (junto com odireito ao acesso à propriedade) por todas as gerações. Na 2ª geração, discute‐se o direitode função social da propriedade. Na 3ª geração há discussões sobre a função ambiental dodireito de propriedade.
1.2 Fundamentos constitucionais da propriedade
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,garantindo‐se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País ainviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e àpropriedade, nos termos seguintes: (direito à propriedade = acesso àpropriedade)
XXII ‐ é garantido o direito de propriedade; (direito de propriedade = serproprietário, garantir o bem)
XXIII ‐ a propriedade atenderá a sua função social;
Nos anos 1990, enquanto se esperava a promulgação do Código Civil de 2002, surgiramvárias doutrinas que apontavam para um Direito Civil Constitucional, tentando adequar oCódigo Civil à CF88. O problema era que essa adequação dependia muito de cada julgador.
Duas visões divergentes:
a) Não precisamos de códigos. Temos a CF e o resto são microssistemasb) Precisamos de códigos para que eles nos deem os princípios da matéria.
Plano diretor: está vinculado à questão da mobilidade urbana. Se há adensamentoexcessivo de determinadas pessoas, estudo do impacto de vizinhança, local onde o sol batena casa, etc.
Art. 182 CF: A política de desenvolvimento urbano, executada pelo PoderPúblico municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem porobjetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade egarantir o bem‐ estar de seus habitantes.
§ 1º ‐ O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório paracidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política
de desenvolvimento e de expansão urbana.
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§ 2º ‐ A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende àsexigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no planodiretor.”
Art. 186 CF: A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos emlei, aos seguintes requisitos:
I ‐ aproveitamento racional e adequado;
II ‐ utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação domeio ambiente;
III ‐ observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV ‐ exploração que favoreça o bem‐estar dos proprietários e dostrabalhadores.”
Hoje, fala‐se em direito ambiental natural quanto direito ambiental artificial (na cidade).
Ocorre a desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária do imóvel ruralque não cumpre a sua função social:
Art. 184 CF: Compete à União desapropriar por interesse social, para fins dereforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social,mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, comcláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos,a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida emlei.”
Art. 185 CF: São insuscetíveis de desapropriação para fins de reformaagrária:
I ‐ a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seuproprietário não possua outra;
II ‐ a propriedade produtiva.
1.3 A propriedade no Código Civil
A eficácia do pagamento está vinculada com a possibilidade de transmissão da propriedade
Art. 307 CC: Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da
propriedade, quando feito por quem possa alienar o objeto em que eleconsistiu.
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Parágrafo único. Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá maisreclamar do credor que, de boa‐fé, a recebeu e consumiu, ainda que osolvente não tivesse o direito de aliená‐la.
Art. 521 CC: Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a
propriedade, até que o preço esteja integralmente pago.
A Lei nº 8.009 prevê que o bem só é impenhorável se ele estiver quitado. Caso não esteja,incide o art. 521 do CC citado acima.
São direitos reais: I ‐ a propriedade; II ‐ a superfície; III ‐ as servidões; IV ‐ o usufruto; V ‐ o uso; VI ‐ ahabitação; VII ‐ o direito do promitente comprador do imóvel; VIII ‐ o penhor; IX ‐ a hipoteca; X ‐ aanticrese. XI ‐ a concessão de uso especial para fins de moradia; XII ‐ a concessão de direito real deuso.
Art. 1.226 CC: Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, outransmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição.
Art. 1.227 CC: Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidospor atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registrode Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casosexpressos neste Código.
O caput do artigo 1.228 define a propriedade através de um conceito analítico, falando dosdireitos dos proprietários. O § 1º define os limites do direito de propriedade. Já o § 2º, emsua última parte, faz referência ao dolo de prejudicar os outros. Por fim, o § 3º faz menção adesapropriação nos casos necessidade pública (ex: uso da propriedade como abrigo de
guerra; utilidade pública (ex: transformação da propriedade em biblioteca); interesse socialou requisição.
Art. 1.228 CC: O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa,e o direito de reavê‐la do poder de quem quer que injustamente a possua oudetenha.
§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suasfinalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, deconformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezasnaturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem
como evitada a poluição do ar e das águas.
§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquercomodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicaroutrem.
§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação,por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no derequisição, em caso de perigo público iminente.
O subsolo pertence à União. Subsolo e espaço aéreo têm altura e profundida úteis ao seu
exercício. Linhas de transmissão, por exemplo, devem ser respeitadas:
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Art. 1.229 CC: A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolocorrespondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, nãopodendo o proprietário opor‐se a atividades que sejam realizadas, porterceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesselegítimo em impedi‐las.
Art. 1.230 CC: A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demaisrecursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentosarqueológicos e outros bens referidos por leis especiais. (Hipóteses deressalva para a utilidade do solo.)
Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursosminerais de emprego imediato na construção civil, desde que nãosubmetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial.
Art. 1.231 CC: A propriedade presume‐se plena e exclusiva, até prova em
contrário. (A propriedade é presunção relativa).
Art. 1.232 CC: Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quandoseparados, ao seu proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial,couberem a outrem.
1.4 Modos de aquisição da propriedade
Móvel: tradição
Imóvel: Por excelência, é o registro (Lei dos Registros Públicos)
REGISTRO DOMINUS: única presunção absoluta de propriedade.
Necessidade de juntada de documentos. Se o tabelião não souber se um documento podeser juntado, ele suscita a dúvida. Esta última vai então para o judiciário (suscitação dedúvida). Caso o tabelião simplesmente se recuse a registrar, a própria parte que quiserregistrar pode ir ao judiciário para “suscitação de dúvida inversa”. Deve‐se lembrar que estaúltima não é admitida no Rio de Janeiro.
Art. 1.245 CC: Transfere‐se entre vivos a propriedade mediante o registro dotítulo translativo no Registro de Imóveis.
§ 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a serhavido como dono do imóvel.
§ 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação deinvalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua aser havido como dono do imóvel.
Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o títuloao oficial do registro, e este o prenotar no protocolo.
Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessadoreclamar que se retifique ou anule. (É dono quem registrou primeiro).
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Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o
imóvel, independentemente da boa‐fé ou do título do terceiro adquirente.
(Pode retificar/anular o teor do registro se ele não condizer com a verdade)
AULA 5
14 de Outubro de 2013
1. Acessão
Acessão consiste na justaposição, aderência de uma coisa a outra. Divide‐se em natural e
artificial.
Art. 1.248. A acessão pode dar‐se:
I ‐ por formação de ilhas;
II ‐ por aluvião;
III ‐ por avulsão;
IV ‐ por abandono de álveo;
V ‐ por plantações ou construções.
1.1 Formação de ilhas
Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares
pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regrasseguintes:
I ‐ as que se formarem no meio do rio consideram‐se acréscimos sobrevindos
aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de
suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais;
II ‐ as que se formarem entre a referida linha e uma das margens
consideram‐se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo
lado;
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III ‐ as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio
continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se
constituíram.
1.2 Aluvião
Aluvião consiste no acréscimo sucessivo e imperceptível de terreno. Divide‐se em: próprio,
quando há acréscimo de terra (aumenta o terreno), e impróprio, quando há acréscimo do
leito do rio (diminuição do terreno). Aluvião não dá ensejo à indenização.
Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente,
por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes,
ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos
marginais, sem indenização.
Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de
prédios de proprietários diferentes, dividir‐se‐á entre eles, na
proporção da testada de cada um sobre a antiga margem.
1.5 Avulsão
A avulsão ocorre quando por força natural ou violenta, uma porção de terra se destaca e se
junta a outro terreno. O proprietário do terreno onde foi parar a terra se tornará
proprietário dela, caso: a) pague indenização ao antigo dono; b) passe 1 ano sem reclamação
do antigo dono (lembra o usucapião).
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Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terrase destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquiriráa propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, semindenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.
Parágrafo único. Recusando‐se ao pagamento de indenização, o donodo prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer a quese remova a parte acrescida.
1.6 Abandono de álveo
O abandono de álveo ocorre quando o rio seca e os terrenos vão até a metade de onde estavao rio.
Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aosproprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham
indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novocurso, entendendo‐se que os prédios marginais se estendem até omeio do álveo.
1.7 Construções e plantações
Há presunção relativa de que a construção/plantação feita num terreno foi realizada peloproprietário do terreno (ex: pode ter visto plantaram e não reclamou).
Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terrenopresume‐se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o
contrário.
Faz construção/plantação em terreno próprio com material alheio, será proprietário, masdeverá indenizar, se agiu de boa‐fé, pois caso tenha agido de má‐fé responde também porperdas e danos:
Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno própriocom sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedadedestes; mas fica obrigado a pagar‐lhes o valor, além de responder por
perdas e danos, se agiu de má‐fé.
Faz construção/plantação em terreno alheio: a propriedade será do dono do terreno, masquem construiu/plantou terá direito a indenização, caso tenha agido de boa‐fé:
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheioperde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas econstruções; se procedeu de boa‐fé, terá direito a indenização.
Parágrafo único. Se a construção ou a plantação excederconsideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa‐fé, plantou
ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento daindenização fixada judicialmente, se não houver acordo.
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Quando há uma má‐fé bilateral, o proprietário adquire a plantação/construção e ressarci ovalor das acessões:
Art. 1.256. Se de ambas as partes houve má‐fé, adquirirá oproprietário as sementes, plantas e construções, devendo ressarcir o
valor das acessões.
Parágrafo único. Presume‐se má‐fé no proprietário, quando otrabalho de construção, ou lavoura, se fez em sua presença e semimpugnação sua.
Art. 1.257. O disposto no artigo antecedente aplica‐se ao caso de nãopertencerem as sementes, plantas ou materiais a quem de boa‐fé osempregou em solo alheio.
Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas ou materiais
poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida, quandonão puder havê‐la do plantador ou construtor.
Na hipótese de invasão parcial de terreno alheio, não superior à vigésima parte, se for deboa‐fé, vira proprietário da parte invadida e paga indenização. Se agir de má‐fé, viraproprietário da parte invadida, pagando indenização em décuplo.
Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio,invade solo alheio em proporção não superior à vigésima parte deste,adquire o construtor de boa‐fé a propriedade da parte do soloinvadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e responde
por indenização que represente, também, o valor da área perdida e adesvalorização da área remanescente.
Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstosneste artigo, o construtor de má‐fé adquire a propriedade da partedo solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valorda construção exceder consideravelmente o dessa parte e não sepuder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para aconstrução.
Caso houver invasão que supere 1/20 do terreno alheio, caso esteja de boa‐fé, adquire‐se apropriedade e responde por perdas e danos. Porém, se agir de má‐fé deve demolir o queconstruiu e pagar perdas e danos em dobro:
Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa‐fé, e a invasão do solo alheioexceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte dosolo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valorque a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o dadesvalorização da área remanescente; se de má‐fé, é obrigado a
demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados,que serão devidos em dobro.
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2. Modos de aquisição da propriedade móvel2.1 Ocupação: consiste em um ato jurídico
Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lheadquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei.
a)Assenhorear de coisa sem dono ‐> exs: pesca, caçab) Não sendo essa ocupação defesa por lei ‐> exs: terreno alheio, período de pesca/caçaproibidos
2.2 Achado de tesouro
Acha algo que alguém perdeu/escondeu, mas não tem memória de quem é o proprietário. Obem deve ter utilidade e ser raro. Nessa situação, o bem deve ser divido entre o proprietáriodo terreno e quem achou o tesouro casualmente (não pode ser contratado para encontra‐lo). Caso não entregue a parte ao proprietário do terreno, constitui ilícito penal.
Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujodono não haja memória, será dividido por igual entre o proprietáriodo prédio e o que achar o tesouro casualmente.
O tesouro será todo do proprietário se: a) ele mesmo encontrá‐lo; b) ele contratar alguémpara procurar; c) encontrarem sem a sua autorização.
Art. 1.265. O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário doprédio, se for achado por ele, ou em pesquisa que ordenou, ou porterceiro não autorizado.
No caso de terreno aforado, o tesouro deverá ser dividido entre quem o encontrou e oenfiteuta:
Art. 1.266. Achando‐se em terreno aforado, o tesouro será divididopor igual entre o descobridor e o enfiteuta, ou será deste por inteiroquando ele mesmo seja o descobridor.
2.2 Tradição
A transmissão da propriedade móvel constitui‐se na entrega da coisa.
“Constituto possessório”: caso em que o proprietário vende o imóvel, mas vira locatário econtinua morando nele.
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negóciosjurídicos antes da tradição.
Parágrafo único. Subentende‐se a tradição quando o transmitentecontinua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao
adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder
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de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coisa, porocasião do negócio jurídico.
Se A vende para B, mas A não é proprietário da coisa vendida, a tradição será válida seposteriormente o proprietário vender a coisa para A, porque daí ele adquire o direito que
transmitiu.
Art. 1.268. Feita por quem não seja proprietário, a tradição não alienaa propriedade, exceto se a coisa, oferecida ao público, em leilão ouestabelecimento comercial, for transferida em circunstâncias taisque, ao adquirente de boa‐fé, como a qualquer pessoa, o alienante seafigurar dono.
§ 1o Se o adquirente estiver de boa‐fé e o alienante adquirir depois apropriedade, considera‐se realizada a transferência desde omomento em que ocorreu a tradição.
§ 2o Não transfere a propriedade a tradição, quando tiver por títuloum negócio jurídico nulo.
2.3 Especificação
Cria‐se algo novo com matéria alheia, em que o valor do trabalho é maior que o bem. Desdeque com boa fé, o especificador é dono da coisa nova, mas deve indenizar o dono da matéria.Todavia, caso se crie algo novo com material alheio, só que de má‐fé, o proprietário domaterial é o dono da coisa nova:
Art. 1.269. Aquele que, trabalhando em matéria‐prima em partealheia, obtiver espécie nova, desta será proprietário, se não se puderrestituir à forma anterior
Art. 1.270. Se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir àforma precedente, será do especificador de boa‐fé a espécie nova.
§ 1o Sendo praticável a redução, ou quando impraticável, se a espécienova se obteve de má‐fé, pertencerá ao dono da matéria‐prima.
§ 2o Em qualquer caso, inclusive o da pintura em relação à tela, daescultura, escritura e outro qualquer trabalho gráfico em relação àmatéria‐prima, a espécie nova será do especificador, se o seu valorexceder consideravelmente o da matéria‐prima.
Art. 1.271. Aos prejudicados, nas hipóteses dos arts. 1.269 e 1.270, seressarcirá o dano que sofrerem, menos ao especificador de má‐fé, nocaso do § 1o do artigo antecedente, quando irredutível aespecificação.
2.1 Confusão, comistão e adjudicação
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Comistão: No código está escrito “comissão” ao invés de “comistão”. Consiste napossibilidade de adquirir parte da propriedade alheia. Misturar.
Adjudicação: sobreposição de uma coisa a outra.
Art. 1.272. As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas,misturadas ou adjuntadas sem o consentimento deles, continuam apertencer‐lhes, sendo possível separá‐las sem deterioração.
§ 1o Não sendo possível a separação das coisas, ou exigindodispêndio excessivo, subsiste indiviso o todo, cabendo a cada um dosdonos quinhão proporcional ao valor da coisa com que entrou para amistura ou agregado.
§ 2o Se uma das coisas puder considerar‐se principal, o dono sê‐lo‐ádo todo, indenizando os outros.
Art. 1.273. Se a confusão, comissão ou adjunção se operou de má‐fé,à outra parte caberá escolher entre adquirir a propriedade do todo,pagando o que não for seu, abatida a indenização que lhe for devida,ou renunciar ao que lhe pertencer, caso em que será indenizado.
Art. 1.274. Se da união de matérias de natureza diversa se formarespécie nova, à confusão, comissão ou adjunção aplicam‐se asnormas dos arts. 1.272 e 1.273.
3. Limitações ao direito de propriedade
Dividem‐se em: a) legais: estabelecidas pelo legislador. Pode ser como proteção ao meioambiente, área de zoneamento, etc; e b) voluntárias: o proprietário concorda com alimitação. Ex: servidão predial em troca de um valor.
4. Perda do direito de propriedade
Deve‐se analisar a circunstância do bem: alienação, renúncia, abandono (circunstanciaexterna), perecimento da coisa ou desapropriação (pode ser por utilidade pública,necessidade pública ou para reforma agrária).
Requisitar o imóvel, temporariamente, é a mesma coisa que perda da propriedade? Não, apessoa não será privada da sua propriedade, e poderá até mesmo ser indenizada porpossíveis abusos.
Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde‐se apropriedade:
I ‐ por alienação;
II ‐ pela renúncia;
III ‐ por abandono;
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IV ‐ por perecimento da coisa;
V ‐ por desapropriação.
Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda dapropriedade imóvel serão subordinados ao registro do títulotransmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis.
Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com aintenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se nãoencontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bemvago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à doDistrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições.
§ 1o O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmascircunstâncias, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três
anos depois, à propriedade da União, onde quer que ele se localize.
§ 2o Presumir‐se‐á de modo absoluto a intenção a que se refere esteartigo, quando, cessados os atos de posse, deixar o proprietário desatisfazer os ônus fiscais.
AULA 6
21 de Outubro de 2013
1ª arte da aula: Seminário sobre posse
O arrendante procura o bem adquirido porque o arrendatário não efetuou o pagamento. Oarrendante teve a posse em algum momento? Segundo o monitor, o arrendante não teve aposse, pois para consegui‐la é necessária imissão de posse (provar que tem propriedade oualgo que justifique a imissão.
A relação entre o arrendante e o arrendatário é obrigacional (direito pessoal), não umarelação de direito real. Portanto, deveria ter provas do inadimplemento,
Segundo o monitor, a propriedade do carro é do arrendatário (destacando que houve muitadivergência nesse ponto!), o bem seria uma garantia do arrendamento para o arrendante
(banco). Não há propriedade do carro por parte do banco: há uma relação obrigacional entreo banco e o arrendatário. Desta relação não se pode falar em posse e muito menos emesbulho.
2ª parte da aula: Condomínio
Condomínio divide‐se em tradicional ou edilício (condomínio horizontal, com partescomuns e unidades autônomas).
Lei nº 4591/64: Uma parte entende que é vigente e outra que foi revogada (integralmenteou parcialmente). As divergências ocorrem porque o Código Civil, na parte de leis
revogadas, não menciona esta lei. Para o Profº a lei continua em vigor.1. Pluralidade de sujeitos
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É essencial ao condomínio que exista pluralidade de sujeitos. Quando há pluralidades desujeitos, há sempre conflitos, e a tendência de se centralizar a propriedade na mão de umsó.
2. Titularidade
A titularidade que se discute é a do direito de propriedade.
3. Distinção
Comunhão: por vezes é utilizada como sinônimo de condomínio, mas é utilizada geralmentecompreendendo outros direitos além da propriedade. No condomínio, permanece emabstrato a partilha
4. Classificação ( utilizada por Caio Mário e Washington de Barros)a) Quanto à origem: a) voluntária (convencional)
b) eventual (acidental)
b) Quanto ao objeto: a) universalb) particular
c) Quanto à forma/modo de ser: a) pro‐diviso (espaço pré‐determinado de separaçãoentre os condôminos)b) pro‐indiviso (não é possível fazer uma separaçãoentre o que é de cada condômino)
d) Quanto à necessidade: a) transitóriob) permanente
5.Condomínio geral (arts. 1.314 ao 1.330)
5.1 Direitos do condômino: exigir a divisão de coisa comum (não pode ajustar a indivisãopor mais de 5 anos); e preferência na venda de coisa indivisível (desde que existamcondições iguais de oferta)
5.2 Deveres do condômino: concorrer nas despesas de conservação da coisa e de suadivisão, bem como suportar os ônus e as obrigações proter rem:
Art. 1.315. O condômino é obrigado, na proporção de sua parte, aconcorrer para as despesas de conservação ou divisão da coisa, e asuportar os ônus a que estiver sujeita.
Parágrafo único. Presumem‐se iguais as partes ideais doscondôminos.
5.3 Administração do condomínio :
Escolha do administrador por maioria (calculada pelos quinhões)
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Mandato tácito para condômino que administra sem oposição dos demais (não éválido em ação judicial)
Frutos são repartidos na proporção dos quinhões, salvo disposição em contrário
Art. 1.323. Deliberando a maioria sobre a administração da coisa
comum, escolherá o administrador, que poderá ser estranho aocondomínio; resolvendo alugá‐la, preferir‐se‐á, em condições iguais,o condômino ao que não o é.
Art. 1.324. O condômino que administrar sem oposição dos outrospresume‐se representante comum.
Art. 1.325. A maioria será calculada pelo valor dos quinhões.
§ 1o As deliberações serão obrigatórias, sendo tomadas por maioria
absoluta.
§ 2o Não sendo possível alcançar maioria absoluta, decidirá o juiz, arequerimento de qualquer condômino, ouvidos os outros.
§ 3o Havendo dúvida quanto ao valor do quinhão, será este avaliadojudicialmente.
Art. 1.326. Os frutos da coisa comum, não havendo em contrárioestipulação ou disposição de última vontade, serão partilhados na
proporção dos quinhões.
5.4 Condomínio necessário: para parcedes, cercas, muros e valas.
Art. 1.327. O condomínio por meação de paredes, cercas, muros evalas regula‐se pelo disposto neste Código (arts. 1.297 e 1.298; 1.304a 1.307).
Art. 1.328. O proprietário que tiver direito a estremar um imóvel comparedes, cercas, muros, valas ou valados, tê‐lo‐á igualmente aadquirir meação na parede, muro, valado ou cerca do vizinho,embolsando‐lhe metade do que atualmente valer a obra e o terrenopor ela ocupado (art. 1.297).
Art. 1.329. Não convindo os dois no preço da obra, será este arbitradopor peritos, a expensas de ambos os confinantes.
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demais partes comuns, inclusive o acesso ao logradouro público, sãoutilizados em comum pelos condôminos, não podendo ser alienadosseparadamente, ou divididos.
§ 3o A cada unidade imobiliária caberá, como parte inseparável, uma fração
ideal no solo e nas outras partes comuns, que será identificada em formadecimal ou ordinária no instrumento de instituição do condomínio.(Redação dada pela Lei nº 10.931, de 2004)
§ 4o Nenhuma unidade imobiliária pode ser privada do acesso ao logradouropúblico.
§ 5o O terraço de cobertura é parte comum, salvo disposição contrária daescritura de constituição do condomínio.
5.9 Instituição do condomínio edilício
Constituição em 3 atos: a) ato de instituição (pode ser por testamento ou por inter vivos; b)convenção do condomínio (direitos e deveres, aprovação de 2/3, registro imobiliário,negócio jurídico plurilateral); c) regime interno (estabelecem normas, como silêncio,vedação a criança ou aos animais de estimação).
Art. 1.332. Institui‐se o condomínio edilício por ato entre vivos outestamento, registrado no Cartório de Registro de Imóveis, devendo constardaquele ato, além do disposto em lei especial:
I ‐ a discriminação e individualização das unidades de propriedade exclusiva,
estremadas uma das outras e das partes comuns;
II ‐ a determinação da fração ideal atribuída a cada unidade, relativamenteao terreno e partes comuns;
III ‐ o fim a que as unidades se destinam.
É possível a exclusão de um condômino antissocial, ele não pode mais usar as áreas comuns,mas pode fluir e dispor delas.
AULA 7
04 de Novembro de 2013
O artigo 1.335 do CC define os direitos do condômino. O inciso III deste artigo deve serinterpretado em consonância com o parágrafo 4º do artigo 24 da lei 4.591/64 que prevê asmatérias de tal assembleia: verbas para as despesas de condomínio, compreendendo as deconservação da edificação ou conjunto de edificações, manutenção de seus serviços ecorrelatas. Nestas assembleias o locatário tem direito a votar, pois ele mora no local.Todavia, nas assembleias extraordinárias quem participa é o locador, pois se discuteaumento de despesas. O locador também pode participar da assembleia ordinária,entretanto normalmente ele delega essa função ao locatário.
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Obs: O artigo 5º da lei 4591/64 estabelece que as questões relativas ao condomínio regem‐se pelo CC.
Art. 1.335. São direitos do condômino:
I ‐ usar, fruir e livremente dispor das suas unidades;
II ‐ usar das partes comuns, conforme a sua destinação, e contanto que nãoexclua a utilização dos demais compossuidores;
III ‐ votar nas deliberações da assembléia e delas participar, estando quite.
O artigo 1.336 estabelece os deveres do condômino: contribuir com as suas unidadesautônomas, não realizar obras que prejudique o condomínio, não pintar área externa,respeitar a salubridade, bons costumes, segurança, etc.
Art. 1.336. São deveres do condômino:
I ‐ Contribuir para as despesas do condomínio, na proporção de suas fraçõesideais;
I ‐ contribuir para as despesas do condomínio na proporção das suas fraçõesideais, salvo disposição em contrário na convenção; (Redação dada pela Leinº 10.931, de 2004)
II ‐ não realizar obras que comprometam a segurança da edificação;
III ‐ não alterar a forma e a cor da fachada, das partes e esquadrias externas;
IV ‐ dar às suas partes a mesma destinação que tem a edificação, e não asutilizar de maneira prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dospossuidores, ou aos bons costumes.
§ 1o O condômino que não pagar a sua contribuição ficará sujeito aos jurosmoratórios convencionados ou, não sendo previstos, os de um por cento aomês e multa de até dois por cento sobre o débito.
§ 2o O condômino, que não cumprir qualquer dos deveres estabelecidos nosincisos II a IV, pagará a multa prevista no ato constitutivo ou na convenção,
não podendo ela ser superior a cinco vezes o valor de suas contribuiçõesmensais, independentemente das perdas e danos que se apurarem; nãohavendo disposição expressa, caberá à assembléia geral, por dois terços nomínimo dos condôminos restantes, deliberar sobre a cobrança da multa.
O condômino que não cumprir os seus deveres pode pagar uma multa de até o quíntuplo dovalor das despesas condominiais. Caso a conduta antissocial seja reiterada, o condôminonão perde seu direito de propriedade, mas é sancionado com uma multa. A multa se aplicaao proprietário. Se for o locatário que ocasionar a multa, o proprietário pode cobrá‐la dolocatário, por ser uma infração contratual.
Art. 1337. O condômino, ou possuidor, que não cumpre reiteradamente comos seus deveres perante o condomínio poderá, por deliberação de três
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quartos dos condôminos restantes, ser constrangido a pagar multacorrespondente até ao quíntuplo do valor atribuído à contribuição para asdespesas condominiais, conforme a gravidade das faltas e a reiteração,independentemente das perdas e danos que se apurem.
Parágrafo único. O condômino ou possuidor que, por seu reiteradocomportamento anti‐social, gerar incompatibilidade de convivência com osdemais condôminos ou possuidores, poderá ser constrangido a pagar multacorrespondente ao décuplo do valor atribuído à contribuição para asdespesas condominiais, até ulterior deliberação da assembléia.
1. Regra da preferência no caso de aluguel de vaga de garagem:
Art. 1.338. Resolvendo o condômino alugar área no abrigo para veículos,preferir‐se‐á, em condições iguais, qualquer dos condôminos a estranhos, e,entre todos, os possuidores.
O direito de cada condômino às partes comuns é inseparável de sua propriedade exclusiva:
Art. 1.339. Os direitos de cada condômino às partes comuns são inseparáveisde sua propriedade exclusiva; são também inseparáveis das frações ideaiscorrespondentes as unidades imobiliárias, com as suas partes acessórias.
§ 1o Nos casos deste artigo é proibido alienar ou gravar os bens em separado.
§ 2o É permitido ao condômino alienar parte acessória de sua unidadeimobiliária a outro condômino, só podendo fazê‐lo a terceiro se essa
faculdade constar do ato constitutivo do condomínio, e se a ela não se opusera respectiva assembléia geral.
2. O proprietário da cobertura tem obrigações para sua conservação
Art. 1.344. Ao proprietário do terraço de cobertura incumbem as despesasda sua conservação, de modo que não haja danos às unidades imobiliáriasinferiores.
3. Os débitos, por serem obrigações propter rem, são transferidos ao adquirente
Art. 1.345. O adquirente de unidade responde pelos débitos do alienante, emrelação ao condomínio, inclusive multas e juros moratórios.
4. Direitos do administrador‐ síndico: O síndico pode ser também pessoa jurídica, nãoprecisa ser condômino.
Art. 1.347. A assembléia escolherá um síndico, que poderá não sercondômino, para administrar o condomínio, por prazo não superior a doisanos, o qual poderá renovar‐se.
Obs: condomínio tem CNPJ para efeitos tributário, entretanto não é pessoa jurídica. Ocondomínio é um ente despersonificado, representado ativa e passivamente pelo síndico.
Art. 1.348. Compete ao síndico:
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I ‐ convocar a assembléia dos condôminos;
II ‐ representar, ativa e passivamente, o condomínio, praticando, em juízo ou foradele, os atos necessários à defesa dos interesses comuns;
III ‐ dar imediato conhecimento à assembléia da existência de procedimento
judicial ou administrativo, de interesse do condomínio;
IV ‐ cumprir e fazer cumprir a convenção, o regimento interno e as determinaçõesda assembléia;
V ‐ diligenciar a conservação e a guarda das partes comuns e zelar pela prestaçãodos serviços que interessem aos possuidores;
VI ‐ elaborar o orçamento da receita e da despesa relativa a cada ano;
VII ‐ cobrar dos condôminos as suas contribuições, bem como impor e cobrar asmultas devidas;
VIII ‐ prestar contas à assembléia, anualmente e quando exigidas;
IX ‐ realizar o seguro da edificação.
§ 1o Poderá a assembléia investir outra pessoa, em lugar do síndico, em poderesde representação.
§ 2o O síndico pode transferir a outrem, total ou parcialmente, os poderes derepresentação ou as funções administrativas, mediante aprovação da assembléia,salvo disposição em contrário da convenção.
Art. 1.349. A assembléia, especialmente convocada para o fim estabelecido no §2o do artigo antecedente, poderá, pelo voto da maioria absoluta de seus membros,destituir o síndico que praticar irregularidades, não prestar contas, ou nãoadministrar convenientemente o condomínio.
Art. 1.350. Convocará o síndico, anualmente, reunião da assembléia doscondôminos, na forma prevista na convenção, a fim de aprovar o orçamento dasdespesas, as contribuições dos condôminos e a prestação de contas, eeventualmente eleger‐lhe o substituto e alterar o regimento interno.
§ 1o Se o síndico não convocar a assembléia, um quarto dos condôminos poderáfazê‐lo.
§ 2o Se a assembléia não se reunir, o juiz decidirá, a requerimento de qualquercondômino.
Art. 1.351. Depende da aprovação de 2/3 (dois terços) dos votos dos condôminosa alteração da convenção; a mudança da destinação do edifício, ou da unidadeimobiliária, depende da aprovação pela unanimidade dos condôminos. (Redaçãodada pela Lei nº 10.931, de 2004)
As deliberações da assembleia de devem ter a maioria de votos de condôminos presentes,representando mais de 50%. Deve‐se ressaltar que a assembleia não pode deliberar se alguém nãofor convocado.
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Art. 1.352. Salvo quando exigido quorum especial, as deliberações da assembléiaserão tomadas, em primeira convocação, por maioria de votos dos condôminospresentes que representem pelo menos metade das frações ideais.
Parágrafo único. Os votos serão proporcionais às frações ideais no solo e nasoutras partes comuns pertencentes a cada condômino, salvo disposição diversa
da convenção de constituição do condomínio.
Art. 1.353. Em segunda convocação, a assembléia poderá deliberar por maioriados votos dos presentes, salvo quando exigido quorum especial.
Art. 1.354. A assembléia não poderá deliberar se todos os condôminos não foremconvocados para a reunião.
Art. 1.355. Assembléias extraordinárias poderão ser convocadas pelo síndico oupor um quarto dos condôminos.
Art. 1.356. Poderá haver no condomínio um conselho fiscal, composto de três
membros, eleitos pela assembléia, por prazo não superior a dois anos, ao qualcompete dar parecer sobre as contas do síndico.
Conselho consultivo (consultor geral) X Conselho fiscal (mais específico)
São conselhos para ajudar o síndico. São opcionais, porque tem custos.
5. Extinção do condomínio
Ocorre a extinção do condomínio quando a edificação estiver total ou consideravelmentedestruída, ameaçar ruínas ou no caso de desapropriação. Nos dois primeiros casos, pode‐se
optar por reconstruir, sendo que o condômino não é obrigado a arcar com os custos e podetransferir seu direito a outro condômino.
Art. 1.357. Se a edificação for total ou consideravelmente destruída, ouameace ruína, os condôminos deliberarão em assembléia sobre areconstrução, ou venda, por votos que representem metade mais uma dasfrações ideais.
§ 1o Deliberada a reconstrução, poderá o condômino eximir‐se dopagamento das despesas respectivas, alienando os seus direitos a outroscondôminos, mediante avaliação judicial.
§ 2o Realizada a venda, em que se preferirá, em condições iguais de oferta, ocondômino ao estranho, será repartido o apurado entre os condôminos,proporcionalmente ao valor das suas unidades imobiliárias.
Art. 1.358. Se ocorrer desapropriação, a indenização será repartida naproporção a que se refere o § 2o do artigo antecedente.
(Ficaram faltando as aulas de reposição acerca de penhor, hipoteca a anticrese.Acredito que com os slides disponíveis no moodle seja possível estudar essestemas).