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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

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PRODUÇÃO DE VÍDEOS COMO POSSIBILIDADE DE DEBATE E REFLEXÀO

SOBRE A INDISCIPLINA ESCOLAR: RELATO DA IMPLEMENTAÇÃO

PEDAGÓGICA

Autora: Evanilde Ceolim Lachi1

Orientadora: Divania Luiza Rodrigues2

Resumo: Este artigo apresenta os resultados do trabalho de implementação

pedagógica, desenvolvido no programa de formação continuada para professores da

rede pública estadual do Paraná, o Programa de Desenvolvimento Educacional

(PDE), no ano de 2010. A implementação pedagógica objetivou contribuir na

formação de professores e de alunos, do Ensino Fundamental de uma escola

pública da rede estadual de ensino. Partimos da perspectiva de que o uso e a

produção de vídeos constituem-se em possibilidade de reflexão e de orientar

possíveis ações para minimizar o quadro de indisciplina escolar. Além dos estudos

sobre a metodologia do trabalho com o cinema, os professores e os alunos foram

orientados a desenvolver seus próprios vídeos e animações, a partir de suas

próprias experiências. Neste artigo, mostramos que cinema e educação,

asseguradas as suas especificidades, podem se apresentar como parceiros na

formação de alunos e de professores.

Palavras-chave: Educação Básica. Produção de Vídeo. Indisciplina escolar.

Introdução

O presente texto apresenta o trabalho de formação pedagógica com

professores e alunos, de uma escola pública, acerca do uso e da produção de

vídeos, como possibilidade de reflexão e de ações para minimizar o quadro de

indisciplina na escola.

1 Professora Pedagoga da Rede Estadual de Ensino, integrante da turma do Programa de

Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná – PDE: 2009/2011.

² Professora Mestre orientadora, lotada no Departamento de Pedagogia, da Faculdade Estadual de

Ciências e Letras de Campo Mourão – FECILCAM.

2

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Esta pesquisa, que envolveu sete professores e alunos de três séries do

Ensino Fundamental e uma série do Ensino Médio, se originou a partir da atuação

na Equipe Pedagógica, em uma escola da rede estadual pública. As reflexões foram

fomentadas a partir da realidade escolar, especialmente, com a situação de

indisciplina e a organização pedagógica dos recursos tecnológicos em uma turma de

alunos da 5ª série do Ensino Fundamental, matriculados no ano de 2009.

Atualmente, esta turma, cujos professores e alunos foram participantes deste

trabalho, cursa a 6ª série do Ensino Fundamental.

Entendemos que a situação escolar dos alunos dessas séries requer dos

professores, da equipe pedagógica, dos pais e dos próprios alunos um espaço de

reflexão sobre a necessidade de uma mudança no fazer escolar, distanciando-se da

linearidade das atividades de sala de aula e da rotina escolar. Neste caso, percebeu-

se a necessidade de refletir com os sujeitos da escola, sobre o papel do educador, o

uso de novas tecnologias e as possibilidades de minimizar a indisciplina escolar.

Destacamos a importância da presente proposta de intervenção na escola,

partindo do pressuposto de que os problemas presentes nas escolas demandam a

participação, a reflexão e ação dos sujeitos da escola. Assim, a produção de vídeos

pelos alunos e com o envolvimento dos professores, a partir de problemas da

própria realidade escolar, pode também contribuir para o acervo da história da

escola, visto que as formas audiovisuais se constituem em um modo significativo de

registrar a história escolar, ainda pouco utilizado nas escolas.

Acreditamos que o trabalho com o cinema pode contribuir no processo de

formação cultural das pessoas. A produção fílmica é arte e pode ser elemento de

reflexão, de análise e de crítica e não é apenas entretenimento (DUARTE, 2009).

Nesta perspectiva, além dos estudos sobre a metodologia do trabalho com o

cinema, professores e os alunos foram orientados a desenvolver seus próprios

vídeos e animações, a partir de suas próprias experiências sobre o tema indisciplina

escolar.

Não desconhecendo os limites de uso e de inserção de tecnologias no ensino,

nesta proposta, procuramos envolver professores e alunos no debate sobre

indisciplina escolar a partir da utilização e da produção de vídeo. Neste sentido, a

principal problematização que se levantou foi a seguinte: qual a contribuição da

utilização e da criação de vídeos por professores e por alunos no debate sobre o

tema indisciplina escolar? E outras questões secundárias somaram-se a esta, tais

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como: o uso de vídeos em sala de aula favorece o processo de ensino e de

aprendizagem? Os alunos sentem-se mais estimulados para a aprendizagem com o

uso do vídeo na preparação das aulas? A produção de vídeo no estudo da

indisciplina poderá subsidiar a prática pedagógica do professor em sala de aula? A

produção de vídeo pode suscitar a reflexão e orientar possíveis ações para

minimizar o quadro de indisciplina na escola?

Vale destacar que para o desenvolvimento de ações junto aos professores e

alunos adotamos a metodologia, amparada na abordagem qualitativa (LÜDKE;

ANDRÉ, 1986; ANDRÉ, 1995), que objetiva, inicialmente, investigar, por exemplo, a

questão da indisciplina escolar (BOARINI, 1992; OLIVEIRA, 2005;

VASCONCELLOS, 2002) com professores, alunos e pais, por meio de questionários

e entrevistas semi-estruturadas. A partir da análise, discussão e problematização da

realidade escolar, propomos o estudo e a produção de vídeos sobre o tema

indisciplina com professores e alunos. A partir de dados coletados junto aos

professores e alunos sobre o gosto sobre filmes, organizamos oficinas para os

professores sobre o uso e a produção de vídeos, para que os mesmos pudessem

programar experiências nesta abordagem com os alunos.

Deste modo, dentre os objetivos que orientaram a implementação deste

trabalho, destacam-se os seguintes: analisar a proposta de uso de tecnologias

educacionais presente no Projeto Político-Pedagógico (PPP) da escola; investigar os

argumentos, os fundamentos e o planejamento de gestores e de professores sobre o

uso do cinema, por meio de instrumentos de coleta de dados; conhecer os gostos

dos alunos sobre filmes, por meio de questionários; identificar dificuldades, limites,

desafios e avanços no uso do cinema no processo de ensino e de aprendizagem;

organizar a coleta de dados e analisar dados sobre atitudes indisciplinares na

escola, com professores, alunos; propor e analisar a realidade escolar a partir de

referenciais teóricos; possibilitar a reflexão sobre a indisciplina escolar com os

professores e alunos; realizar estudos, planejar e produzir vídeos com os

professores e os alunos sobre indisciplina escolar. Estas ações foram necessárias

na organização e implementação dos momentos de formação dos professores e dos

alunos sobre o uso e a produção de filmes na sala de aula.

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A partir da Unidade Temática3, organizamos uma proposta de trabalho com os

professores, enfatizando o estudo de temáticas sobre indisciplina escolar e uso de

tecnologias educacionais, especificamente o vídeo, amparada em leituras e no uso

de recursos tecnológicos disponíveis na escola. O trabalho de formação dos

professores, que ocorreu no período de agosto a dezembro de 2010, foi distribuído

em seis encontros, totalizando 32 horas. Vale destacar que os encontros com os

professores constituíram em um curso de extensão, certificado pela Faculdade

Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (FECILCAM). Os encontros com

os professores - ou grupos de estudo - ocorreram em quatro encontros de quatro

horas e dois encontros de três horas; com os alunos realizamos mais dez horas de

atividades, perfazendo um total de trinta e duas horas presenciais, além de

atividades extras tais como: leituras e atividades complementares. É importante

destacar que investimos inicialmente na formação dos professores, pois

alimentamos a expectativa de que os mesmos pudessem empreender iniciativas de

produção de vídeos com os alunos, na sequência. Os alunos foram levados a

pensar a temática em estudo a partir de filmes, discussões e produções de seus

próprios vídeos, com a orientação de professores que participaram da

implementação pedagógica.

Para o desenvolvimento das ações com os professores interessou-nos indicar

leituras de textos que subsidiassem a discussão dos temas propostos, bem como,

trabalhar com o recorte de novelas exibidas em canal aberto, como possibilidade de

discussão e problematização do tema indisciplina escolar. Além destes, pareceu-nos

importante a indicação e a pesquisa em sites que complementassem as atividades

de pesquisa sobre o cinema, especialmente. Entendemos que o trabalho com o filme

precisa articular-se com outras leituras e com obras da literatura, o que pode ser

realizado em trabalhos de formação não apenas com os professores, mas também

com os alunos. Neste sentido Duarte (2009, p. 74), contribui ao afirmar que: “Cruzar

textos fílmicos e textos acadêmicos é uma excelente estratégia para trabalhar

temáticas complexas com estudantes de ensino médio e superior. Esse recurso

permite abordar o problema sob diversos aspectos e perspectivas”.

Para expressarmos nossas ações junto aos professores e aos alunos demos

à seguinte organização ao presente texto. Em um primeiro momento, faremos o

3 A Unidade Temática, é um material didático, que foi elaborada pelas autoras deste artigo, em abril de 2011.

Constitui-se em uma das exigências do PDE e que antecipa a implementação e/ou intervenção pedagógica.

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relato da prática pedagógica com os professores, no curso de formação, articulado

aos fundamentos teóricos. Neste momento, apresentamos idéias de alguns autores,

que abordam o uso do cinema como possibilidade de reflexão ao trabalho

pedagógico. Em um segundo momento, faremos o relato da prática pedagógica

desenvolvida com os alunos de três séries do Ensino Fundamental, destacando

possibilidades e limites na produção de vídeos; e por fim, apresentaremos as

considerações finais do trabalho, em que destacaremos, os limites e as

contribuições, em relação aos objetivos propostos para este trabalho.

1. RELATO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA REALIZADA COM OS PROFESSORES

ARTICULADA AOS FUNDAMENTOS TEÓRICOS

Neste texto inicial temos como objetivo apresentar os resultados do trabalho

de formação sobre o uso e produção de vídeos, desenvolvido com os professores.

Este trabalho foi iniciado na escola durante a semana pedagógica, no mês de julho

de 2010, em que foi apresentada a nossa proposta de intervenção junto aos

professores. Após investigação sobre disponibilidade e interesse em adquirir

conhecimentos teóricos e práticos na temática, sete professores manifestaram-se

favoráveis e participaram do curso.

Para o primeiro encontro com os professores, organizamos as seguintes

ações: levantamento de dados sobre a prática pedagógica dos professores a partir

do estudo do Projeto Político-Pedagógico (PPP); organização do conteúdo em

slides; seleção prévia de texto para leitura e seleção de vídeos e imagens.

No primeiro encontro de formação com os professores, com carga horária de

4h/a, discutimos o tema Uso de tecnologias educacionais presentes no Projeto

Político-Pedagógico (PPP) da escola. Objetivamos, neste momento, debater com os

professores sobre a relação entre planejamento escolar e uso de tecnologias

educacionais. Neste ponto é importante esclarecer porque nos interessou iniciar o

trabalho, tomando as discussões expressas no próprio texto do PPP da escola sobre

o uso de tecnologias educacionais. Entendemos que o Projeto Político-Pedagógico

(PPP) constitui-se em um documento significativo para discutir, fundamentar e

planejar as práticas educativas. O Projeto Político-Pedagógico (PPP) expressa a

organização do trabalho pedagógico da escola (VEIGA, 2005; VASCONCELLOS,

2002a; VASCONCELLOS, 2002b) e é por meio do trabalho pedagógico organizado,

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pensado e refletido pelo coletivo da escola que se pode pensar mudanças

necessárias no processo educativo.

Deste modo, observamos que o PPP da escola possui um texto teórico sobre

tecnologias educacionais que afirma a necessidade da integração das mídias na

prática pedagógica.

O sentido atribuído à idéia de integração de mídias na prática pedagógica tem sido muitas vezes equivocado. O fato de utilizar diferentes mídias na prática escolar nem sempre significa integração entre as mídias e a atividade pedagógica. Integrar – no sentido de completar, de tornar inteiro – vai além de acrescentar o uso de uma mídia em uma determinada situação da prática escolar. Para que haja a integração, é necessário conhecer as especificidades dos recursos midiáticos, com vistas a incorporá-los nos objetivos didáticos do professor, de maneira que possa enriquecer com novos significados as situações de aprendizagem vivenciadas pelos alunos.

No entanto, após exposição e discussão deste trecho do PPP com os

professores, concordamos que a escola possui uma intenção de uso de tecnologias

educacionais que, no entanto, ainda carece de maiores discussões e pensar em

uma proposta que se efetive como prática educacional.

No primeiro momento, com uso de projetor multimídia, analisamos uma figura

que apresenta a evolução do homem e da tecnologia relacionando com o poema

Maquinomem4, da escritora paranaense Helena Kolody. A imagem, em forma de

linha do tempo, mostrava o homem desenvolvendo os instrumentos, que lhe

possibilitaram a sobrevivência no decorrer do processo evolutivo, desde o período

paleolítico até os dias de hoje, com o homo-sapiens.

A leitura da imagem suscitou discussões no seguinte sentido: que a

tecnologia existe desde o homem primitivo e o seu desenvolvimento altera

comportamentos, transforma o modo de pensar, comunicar e agir. No poema, a

discussão enfocou que os meios de comunicação são como extensão do homem,

que nos dias atuais facilitam o diálogo, a interação e mudam o conceito de distância,

de espaço e de tempo. No entanto, o acesso a um grande número de informações

leva a questionar de que maneira conseguimos aprender e produzir conhecimento.

Outro ponto que discutimos foi o aspecto de que a tecnologia poderia libertar o

homem, evitando horas de trabalho excessivo, porém o que se percebe é que a

4 Este poema faz parte e é discutido pelo autor do e no seguinte texto: SILVA, Ezequiel Theodoro da.

Revalorização do livro diante das novas mídias. Veículos e linguagens do mundo contemporâneo: a educação do leitor para as encruzilhadas da mídia. In: ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini; MORAN, José Manuel (Orgs.). Integração das tecnologias na educação. Brasília: Ministério da Educação/SEED, 2005. p. 32-37.

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interação no mundo virtual acaba afastando o homem do mundo real, contribuindo

para a solidão. A partir de então, buscamos relacionar a discussão acerca da

tecnologia com a educação, pontuando sobre a função da escola e a ação do

professor diante dos avanços tecnológicos; possíveis mudanças na prática

pedagógica e conhecimento e utilização dos recursos que estão disponíveis na

escola.

Para orientar nossas discussões tomamos como leitura, orientada aos

professores, o texto Reflexões em torno do uso de computadores em educação, de

autoria de Danilo Gandin5. Neste texto, o autor expõe que o uso de tecnologias

educacionais demanda a relação com os conteúdos escolares, indicando a

necessidade de planejamento e organização curricular. Assim, orienta

questionamentos no seguinte sentido:

É fundamental pensar também no conteúdo dos programas de computador que as escolas vêm usando. Muitas partem do pressuposto de que tudo que é feito em computadores é melhor do que o que é feito nas aulas tradicionais. Mas a mesma crítica que temos feito aos livros didáticos é preciso fazer aos programas de computador. Que noção de ciência traz estes programas? Que concepção de história? Por que trazem esse conteúdo e não outro? Quais as noções que ficaram de fora nesse recorte da realidade feito pelos autores do programa?"(GANDIN, 2003, p.161).

Outro material que nos auxiliou nas discussões foi o filme Tecnologia e

metodologia6. O vídeo mostra uma aula tradicional, em que o professor utiliza o

quadro e giz e exposição verbal para ensinar tabuada; e depois com a inserção das

tecnologias, como computadores e projetor multimídia, o professor ensina, o mesmo

conteúdo com a mesma metodologia. Neste caso, a inserção de tecnologias, por si,

não levam a nenhuma inovação pedagógica. Neste sentido, Gandin (2003, p. 162)

levanta os seguintes questionamentos e que nos apropriamos nesta discussão:

De que serve comprar computadores de última geração e depois reproduzir os mesmos velhos conteúdos e as mesmas velhas práticas, utilizando alta tecnologia? Modificar a aparência da apresentação de um conteúdo altera-o substancialmente? Qual o sentido de introduzir computadores se não questionamos o

5 GANDIN; Danilo; GANDIN,Luis Armando. Reflexões em torno do uso de computadores em educação. In:____.

Temas para um projeto político-pedagógico. 4.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. 6 O vídeo, que tem duração de dois minutos, está disponível no seguinte endereço eletrônico:

http://www.youtube.com/watch?v=IJY-NIhdw_4.

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conhecimento presente nas escolas? Por que não aproveitar a nova „forma‟ para repensar todo o currículo?

Entendemos que a relevância de uso de qualquer tecnologia de ensino está

necessariamente ligada à concepção de educação que o professor possui o que

requer planejamento. A inserção de uma tecnologia de ensino, por si só, não gera

mudanças no processo educacional. Neste sentido, entendemos que os

computadores, a TV e o vídeo se constituem em instrumentos pedagógicos, que

auxiliam na exposição de conteúdos e que podem ser de grande benefício aos

professores e alunos que pesquisam conteúdos e que se utilizam de produções das

mídias, especialmente. Desse modo, a opção pelo trabalho com filmes, por exemplo,

pode contribuir em um bom processo de formação, o que demanda repensar o

próprio currículo escolar. (RODRIGUES, 2009).

No segundo encontro, abordamos o tema Indisciplina Escolar, com duração

de três horas aula. Neste objetivamos discutir com os professores a indisciplina

escolar, problematizando-a a partir de um conteúdo televisivo. Neste ponto, vale

destacar que entendemos que o uso de conteúdo veiculado na TV na educação,

introduz a possibilidade de um outro modo de pensar e perceber o conteúdo no

espaço escolar, onde se utiliza muito o livro didático, a linguagem escrita e a falada.

Temos clareza de que, conforme Moran (2000), os meios de comunicação primam

pela audiência e para isso aperfeiçoam continuamente estratégias e fórmulas de

sedução e dependência. No caso das telenovelas usa-se de forma integradora, a

interação do público, facilitando a passagem do real para o imaginário.

Carneiro (2005, p 103), por sua vez, defende que a escola faça da TV objeto

de estudo e que a incorpore pedagogicamente; que conheça-lhe a linguagem, a

programação e as condições de produção e de recepção. Esta autora afirma que se

deve abordar a relação entre educação e televisão a partir de três perspectivas

complementares: educação com a TV; educação pela TV e; consumo seletivo e

crítico da TV. Este último, objetiva desenvolver a competência dos alunos para

analisar, ler com criticidade e criatividade os programas. Portanto, nesta perspectiva,

proposta pela autora, a educação objetiva levar o educando a compreender a

dimensão social, política e econômica que está nos bastidores dos programas

televisivos.

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Neste aspecto, enfatizamos que optamos pela inserção de um conteúdo

televisivo na discussão, por acreditar que o professor precisa vivenciar momentos

em sua formação com o uso deste conteúdo. Goméz Orozco (2005) que defende

que o professor precisa intervir e reorientar a recepção que a criança faz do que vê

na TV, esclarece que:

[...] o professor precisa estar convencido de que se ele intervir haverá um efeito, se ele não intervir haverá um efeito bem diferente, e que ele tem que intervir da maneira que for. O que temos que formar no professor é o entendimento de que a criança pode aprender qualquer linguagem, não apenas com o livro, mas em qualquer meio, em qualquer situação, dentro e fora da escola e de que ele terá maior relevância na medida em que for orientar todos as aprendizagens. Ele será mais relevante para a educação dessa criança e então tem que aproveitar qualquer situação interna ou externa para orientar, no sentido ideológico que seja.

Iniciamos o estudo apresentando uma cena gravada da novela Caminho das

Índias7, exibida no dia 13 de fevereiro de 2009. A cena8 apresenta momentos de

indisciplina escolar, envolvendo os personagens Indra9 e Zeca10, em que a

professora tenta lecionar em uma sala de aula com muita bagunça.

Ressaltamos que dois textos foram selecionados e disponibilizados por e-mail

aos professores, com antecedência, para leitura prévia ao encontro: Os desafios da

Indisciplina em sala de aula e na escola11 de Celso Vasconcellos e Indisciplina

Escolar: a queixa da atualidade de Maria Lucia Boarini12. A leitura prévia destes

textos, pelos professores, subsidiou as discussões nesse encontro.

7 A novela Caminho das Índias, de autoria de Glória Perez e direção artística de Marcos Schechtman, foi

exibida de 19 de janeiro a 14 de setembro de 2009, pelo canal de televisão Rede Globo, no horário das 21 horas. Informações disponíveis em: http://caminhodasindias.globo.com/Novela/Caminhodasindias/Bastidores/0,,AA1706613-16543,00.html. Acesso em 1 jun. 2011.

8 A cena está disponível para consulta em: http://www.youtube.com/watch?v=Th3ggC6jJjU. Acesso em: 1 jun.

2011. 9 Interpretado pelo ator André Arteche, o personagem Indra, é definido no site oficial da novela, do seguinte

modo: “Filho de Ashima e irmão de Malika, é criado no Brasil. Vive entre o direcionamento da educação indiana de Ashima, que prega o comportamento sério e respeitoso, e as questões da adolescência. Tem um blog (Blog do Indra). É perseguido pelo pitboy Zeca”. Informação disponível em: http://caminhodasindias.globo.com/Novela/Caminhodasindias/Personagens/0,,PS2311-16551,00.html. Acesso em: 02 abr. 2010.

10 O personagem Zeca, interpretado pelo ator Duda Nagle, é caracterizado no site oficial da novela, assim: “Filho

de César e Ilana, é sempre protegido pelos pais, independentemente da atrocidade que cometa. Não tem limites e, através de seu péssimo comportamento como aluno, a novela mostra a falta de respeito comum nas escolas brasileiras.” Texto Disponível em: http://caminhodasindias.globo.com/Novela/Caminhodasindias/Personagens/0,,PS2304-16551,00.html. Acesso em: 02 abr. 2010.

11 O texto está disponível no seguinte endereço eletrônico: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_28_p227-252_c.pdf.

12 BOARINI, Maria Lucia. Indisciplina escolar: a queixa da atualidade. In: Apontamentos. Universidade Estadual

de Maringá. n. 69. Maringá: EDUEM, 1998.

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Após a exibição da cena os professores foram orientados na discussão a

partir de algumas questões. Em uma das questões os professores foram convidados

a comparar as situações existentes na turma do vídeo com as da sua Escola ou da

turma em que lecionam. Nesta questão os professores evidenciaram pontos

comuns, tais como: “alunos indisciplinados, desmotivados, uns querem estudar e

outros só atrapalhar”; “falta de respeito com o ambiente da sala, com a professora,

com os colegas”, “falta de limites”. Um dos professores presentes relatou que “Os

problemas em ambos os casos são reflexos principalmente decorrentes da

educação familiar sobre os valores que devem ser respeitados entre as pessoas.

Atitudes fora de padrão acontecem em todas as camadas sociais e a escola é um

espelho deste desvio”. (Professor B).

Quanto à postura da professora apresentada no vídeo, os professores

relataram que, em alguns dias “simplesmente não consegue lecionar” (Professor C).

Uma professora relatou que: “No nosso dia-a-dia também existem muitos problemas

relacionados à indisciplina e quem quer estudar tem que suportar e ignorar os

demais”. (Professora D). Os professores observaram que assim como apresentado

na cena da novela, muitas vezes “A professora tem uma postura que se torna

impotente frente à situação. O que ocorre nos dias atuais, é que nos sentimos sem

forças e recursos para enfrentar o problema”. (Professor D).

A autora Boarini (1998) nos auxiliou na reflexão em torno da indisciplina

escolar, esclarecendo que inúmeros são os motivos apontados e soluções

apresentadas para o problema da indisciplina. No entanto, as explicações e

propostas de soluções sempre se direcionam para a escola e para a família. Para

Boarini, (1992, p. 6) é evidente que todo aluno “indisciplinado” pertence a uma

família, independente de seu nível de estruturação e que a indisciplina escolar é um

fenômeno que se concretiza na escola.

Todavia, Boarini, (1998) adverte que não se pode desconsiderar que essa

escola e essa família pertencem a uma sociedade, fazendo parte de um momento

histórico. Por essa razão, não há como discutir o problema da indisciplina sem levar

em conta o que “vem ocorrendo na sociedade em que a escola, a família e todos

nós vivemos”.

É preciso reconhecer que a questão da indisciplina está vinculada à

sociedade e ao momento histórico que vivemos. O que, por outro lado, não justifica

a não tomada de posicionamentos e decisões nas escolas. Em muitos casos, a falta

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de disciplina revela conflitos e insatisfação dos alunos com a escola atual que ainda

não se abre a uma nova didática, que não considera os aspectos históricos e sociais

presentes nos conteúdos e que não se utiliza dos novos modos de informação e

comunicação que permeiam as relações humanas, em seu currículo. Assim, a

escola atual, que parece não acompanhar o tempo histórico dos alunos, pode ser

geradora de conflitos.

Outro vídeo que utilizamos como problematização do tema indisciplina

escolar, trata-se de uma reportagem veiculada, no dia 11 de abril de 2010, no

programa de televisão Fantástico13. A reportagem14 mostra a indisciplina e a

violência presentes em várias cidades do Brasil e destaca, como exemplo, o modo

que medidas educacionais foram tomadas por parte do Promotor de Infância e

Juventude, de Campo Grande, capital do Estado de Mato Grosso do Sul. Após a

exibição da reportagem, os professores destacaram os pontos que mais lhes

chamaram a atenção, dentre eles: “As agressividades que são constantes nas

escolas”; “Os alunos, que são pessoas, e que necessitam ser ouvidos”; “e a resposta

por parte dos órgãos no Estado de Mato Grosso do Sul”.

Quanto à intencionalidade da reportagem os professores enfatizaram em suas

respostas que “em alguns casos de indisciplina há solução, dependendo da medida

tomada, [como foi o caso do Mato Grosso]”; “que existem respostas para diminuir a

indisciplina nas escolas”; que este tipo de reportagem é importante para “mostrar à

sociedade a realidade dos alunos nas escolas e como está a violência”.

Na opinião dos professores as consequências da indisciplina para a realidade

escolar “São as piores possíveis gerando alta violência entre todos na escola”. Para

eles, apesar das dificuldades de autonomia, é urgente a tomada de decisões,

especialmente, com a comunidade escolar. Vejamos estes relatos: “com ações

efetivadas pela sociedade”. “Com medidas adotadas se vê um maior

comprometimento dos alunos e melhoria no comportamento”. “Em conjunto com a

comunidade, pais e órgãos competentes, muita coisa pode ser melhorada”. “A

escola sempre sofre juntamente com a sua equipe, pois não se pode fazer muita

coisa”.

13

O programa Fantástico, denominado de revista eletrônica, é exibido todos os domingos, no horário das 20h 45 aproximadamente, na Rede Globo de Televisão.

14 Esta reportagem está disponível para acesso no seguinte endereço eletrônico: http://www.youtube.com/watch?v=b_9iI015lj0. Acesso em: 1 jun. 2011.

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Para os professores o quadro de crise na educação vem descaracterizando a

função da escola e do professor e gerando problemas psicológicos nos professores.

“O professor está adoecendo devido à indisciplina nas escolas. A aprendizagem

escolar está em crise”; “A função da escola está perdendo seu status educacional,

deixando de ser um ambiente de desenvolvimento intelectual para ser um local de

assistencialismo”. “Para o professor que sofre essas agressões, a consequência é o

descrédito com a profissão, muitas vezes, optando por outra”. (Professor D). Para

outra professora, a indisciplina priva o direito de estudar dos alunos: “A violência na

realidade escolar atrapalha o principal objetivo da escola que é ensinar. Os alunos

acabam perdendo de aprender os conteúdos necessários e atrapalhando os

demais”. (Professora F).

De modo geral os professores concordam que a indisciplina interfere no

ensino e na aprendizagem, que os problemas sociais interferem neste contexto e

que existe pouca discussão sobre o tema. Durante a discussão, os professores

visualizaram como possibilidade organizar um grupo permanente de discussão

sobre indisciplina, e que neste, haja a participação da comunidade escolar e da

representação das instâncias colegiadas.

Nas reflexões, os professores relatam que a mídia tem mostrado uma

desvalorização dos mesmos, como no caso da novela Caminho das Índias (2009),

que ao mesmo que abordou o tema, exibiu exemplos de desrespeito ao profissional.

Somado a este exemplo, os professores citaram a novela Malhação15 e outros

programas que são vistos por muitos na sociedade como “modelo” a ser seguido. Os

professores concordaram que o conteúdo televisivo em si, especialmente os

veiculados em canais abertos para a massa, não despertam para uma reflexão

futura, moral e crítica. Observam que muitos programas não se importam com o

peso deste conteúdo na formação, principalmente, dos adolescentes, com uma

perspectiva de futuro. Para eles, muitos adolescentes parecem absorver muito do

que a mídia “impõe e repassa”.

No terceiro encontro, com quatro horas de carga horária, desenvolvemos o

tema Uso do vídeo na reflexão sobre indisciplina escola. Objetivamos, neste

momento, orientar metodologicamente os professores para trabalhar com filmes em

sala de aula e debater sobre os seguintes temas: indisciplina escolar, desafios

15

Novela da Rede Globo de Televisão, exibida de segunda à sexta-feira, às 17h 50, direcionada ao público jovem.

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educacionais e currículo escolar. Para tanto, selecionamos e apresentamos o filme

Escritores da Liberdade16 e indicamos a leitura de um texto17 sobre o filme.

Entendemos que a opção pelo trabalho com filmes, pode contribuir em um

bom processo de formação. A produção fílmica é arte e pode ser elemento de

reflexão, de análise e de crítica, e não é apenas entretenimento. Comungando com

aspectos levantados por Duarte (2009), Napolitano (2008) acredita que trabalhar

com o cinema em sala de aula, como obra de arte, possibilita ter um conhecimento

amplo sobre estética, lazer, ideologia e valores sociais. Assim, desde um comercial

até os filmes podem ser trabalhados no cotidiano escolar. O autor ressalta que o

professor que queira trabalhar sistematicamente com o cinema deve indagar: “Qual

o uso possível deste filme? A que faixa etária e escolar ele é mais adequado? Como

vou abordar o filme dentro da minha disciplina ou num trabalho interdisciplinar? Qual

a cultura cinematográfica dos meus alunos?” (NAPOLITANO, 2008, p. 12).

Com relação à dinâmica de apresentação/projeção do filme buscamos nos

orientar ao que estudamos no site Tela Crítica18, coordenado pelo professor

Giovanni Alves, da UNESP, que orienta os seguintes passos. Primeiro, “tratar da

forma do filme, isto é, apresentar a ficha técnica do filme escolhido para discussão,

tratando dos elementos de sua estrutura estético-formal”. Neste ponto, destaca-se

que o filme seja objeto de uma reflexão sobre sua experiência fílmica. Segundo,

exibir o filme em tela grande, com qualidade de imagem e som. Terceiro, em reunião

com os participantes, discutir os sentidos do filme, fazendo a apresentação da sua

estrutura narrativa e de cenas significativas do filme. Neste caso, fazer a análise e

interpretação do filme, privilegiando uma abordagem do filme capaz de sugerir

temas sobre a indisciplina escolar. Para este grupo, objetivo é prolongar ao máximo

a experiência de reflexão sobre um determinado filme, esgotando suas sugestões.

Para discussão do filme com os professores organizamos um roteiro de

análise de filme. De acordo com Napolitano (2008) qualquer que seja o tipo de

16

Direção: Richard LaGravenese; Gênero: Drama; Origem/Ano: EUA/Alemanha/2007; Duração: 123 min.

Sinopse: “Hilary Swank é uma professora novata que tenta inspirar seus alunos problemáticos a aprender algo mais sobre tolerância, valorizar a si mesmos, investir em seus sonhos e dar continuidade a seus estudos além da escola básica. Também ela é ousada ao enfrentar os grupos formadores de gangs em sala de aula, levando-os a pensar sobre a formação e ideologia dos próprios”. Disponível em: < http://www.espacoacademico.com.br/082/82lima.htm>. Acesso em: 20 jun. 2010. 17

Leitura sobre o filme: LIMA, Raymundo de. O filme “Escritores da Liberdade” e a função do pensamento

em Hannah Arendt. Revista Espaço Acadêmico, nº 82, março de 2008. Disponível em:

<http://www.espacoacademico.com.br/082/82lima.htm>. Acesso em: 15 jul. 2010. 18

Para maiores informações sobre o Cinema como experiência formativa deve-se acessar o seguinte endereço eletrônico: http://www.telacritica.org.

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exibição escolhida pelo professor, é de fundamental importância a elaboração de um

roteiro para análise. Não se trata de limitar a criatividade dos alunos-espectadores,

mas de estabelecer alguns parâmetros de análise com base no objetivo da

atividade. O roteiro pode ser dividido em duas partes: Informativa e Interpretativa.

Napolitano (2008) explica que a intenção da análise informativa é fazer com

que o aluno busque informações sobre o filme

A parte informativa do roteiro de análise deve conter ao menos os seguintes elementos: ficha técnica (nome do diretor, nacionalidade, ano de produção, nome dos atores etc.); gênero e tema central; sinopse da história; lista dos personagens principais, suas características e funções dramáticas. No caso de filmes com tema histórico são importantes os alunos procurarem (previamente ou imediatamente após a primeira assistência do filme informações mínimas sobre o contexto/país no qual o filme) foi produzido e eventos/personagens históricos representados. (NAPOLITANO, 2008, p 82-83).

Quanto ao roteiro de análise interpretativa, Napolitano (2008, p. 83) explica

que tem a idéia de provocar no educando perceber e assimilar questões básicas e,

[...] pode ser elaborada na forma de um conjunto de questões (assertivas ou interrogativas) que dirija o olhar do aluno para os aspectos mais importantes do filme, baseado nos princípios, no conteúdo disciplinar e nos objetivos da atividade proposta. Não é necessário um grande número de questões, mas é de fundamental que elas sejam bem direcionadas e provocativas, estimulando a assimilação e o raciocínio crítico do aluno em torno

do material cinematográfico selecionado.

Posteriormente, com base nos relatórios elaborados a partir da sugestão

prevista no roteiro, Napolitano (2008) nos orienta a formar grupos de discussão, em

que os alunos devem expor a análise do filme assistido, cabendo ao professor

conduzir a discussão de forma provocativa, porém respeitando a exposição do

aluno. Tendo em vista estes esclarecimentos e inspiradas na sugestão de roteiro do

autor, destacamos as questões elaboradas e as respostas emitidas pelos

professores. Com relação à questão: O que os realizadores do filme tentaram nos

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contar? As respostas foram estas: “A vida e a crise na adolescência”; “Muitas vezes

a maneira tradicional de ensinar não tem efeito com determinados grupos de alunos,

tendo que se criar uma ação pedagógica inovadora, que desperte a motivação dos

mesmos para expressar seus sentimentos, ler, pensar, escrever, e mudar do

reconhecimento como sujeito-de-sua-história, mas sempre cobrando

responsabilidade‟‟ (Professora D) ; “ A importância da persistência e da mudança de

estratégias‟‟ (Professora E); “Que é possível obter mudanças quando há perspectiva

de luta‟‟ (Professora A).

Com relação à pergunta “Você assimilou/aprendeu alguma coisa com este

filme? O quê? ‟‟, as respostas foram: “Sim, pois como professores devemos ouvir e

dar atenção especial aos alunos‟‟ (Professora B); „‟ O respeito pelo próximo e o valor

de si mesmo‟‟ (Professora E); „”Durante o filme fui fazendo algumas reflexões e

percebi que os alunos com problemas de indisciplina, precisam ser ouvidos,

valorizados e ajudados‟‟ (Professora A); “Sim, porque nós professores devemos

assistir ao filme “Escritores da Liberdade” por várias razões: para que possamos

inovar o ato de ensinar adequando à realidade cultural dos alunos; para que, além

de ensinar, também possa adotar uma atitude de pesquisa e ação com os grupos

que se formam em sala de aula e na escola‟‟ (Professora D).

Quanto ao personagem favorito no filme, os professores escolheram a

personagem principal Erin Gruwell, interpretada pela atriz Hilary Swank, a

professora. Estes relatos afirmam os motivos da escolha: “A professora [do filme]

nos mostra a responsabilidade de não apenas educar e sim, de amar” (Professora

B); “A professora porque ela deu exemplo de coragem e amor” (Professora A).

De modo geral, os professores participantes expressaram que acreditam que

a autoridade do professor se faz pelo domínio do conteúdo, pela sua postura frente

ao aluno e sua ação em situação de conflitos. Os professores destacaram que no

filme “Escritores da Liberdade” viram que os conhecimentos ampliam a importância

que a Educação tem e dos seus mecanismos de transformações individuais na vida

de cada ser humano. O ponto chave neste filme, segundo os professores, é a

persistência e adaptação, ao mostrar que a realidade pode ser modificada quando

se age com firmeza e coerência nos conflitos e indisciplinas. A professora

demonstrou interesse pelos alunos, ao mesmo tempo em que cobrou a disciplina,

deu abertura para que eles expusessem seus problemas.

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No quarto encontro o Uso do vídeo na sala de aula, com carga horária de

4h/a, desenvolvemos questões teórico-metodológicas para trabalhar filme em sala

de aula, percorrendo os seguintes tópicos: pensar o cinema como possibilidade

formativa; uso do cinema na sala de aula; avaliar sites sobre cinema. Neste

encontro, no primeiro momento, os professores foram organizados em três grupos e

cada grupo realizou o estudo de um dos seguintes textos: O vídeo em sala de aula19

de José Manuel Moran, Como usar o cinema na sala de aula20 de Marcos Napolitano

e Cinema & Educação21 de Rosália Duarte.

Realizamos com os professores um levantamento de dados, por meio de

questionários, sobre o acesso, os gostos e os usos de tecnologias audiovisuais em

casa e na escola. Todos possuem aparelho de TV em casa. Desse grupo um

professor não possui aparelho de DVD em casa, e quatro possuem vídeo cassete e

dois não. Todos assistem TV, principalmente no horário de almoço e nos finais de

semana. Dentre os programas favoritos estão os telejornais e as telenovelas. O

estilo de filme preferido é comedia. Os locais que costumam ver filmes são em casa,

no cinema e na escola.

Na pergunta “Você considera importante o uso de filmes nas aulas?”, todos os

professores consideram importante o uso de filmes nas aulas. Vejamos os

argumentos: “Desde que tenha objetivo e seja considerada aula e não tempo para

corrigir provas”. “Chama atenção dos alunos e desperta o interesse no conteúdo”

(Professora E); “Para que os alunos tenham outra visão do filme” (Professora D);

“Para vivenciarem outras histórias de vida real ou fictícia e fazer com que reflitam

sobre aspectos da realidade e das múltiplas linguagens” (Professora C).

Após a leitura dos textos propostos os professores apresentaram os principais

aspectos dos textos em estudo e que auxiliam na compreensão das respostas

emitidas para o questionário.

Observa-se que hoje, o acesso a computadores, aparelhos de televisão,

videocassete e DVDs facilita o acesso de professores e de alunos aos filmes, dentro

da própria casa e da escola. Napolitano (2008, p. 11), no livro Como usar o cinema

na sala de aula, destaca que: “Obras que foram produzidas para a chamada

19

MORAN, José Manuel. O vídeo na sala de aula. Comunicação & Educação. São Paulo, ECA-Ed. Moderna,

[2]: 27 a 35, jan./abr. de 1995. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/moran/vidsal.htm>. Acesso em: 10 maio 2010.

20 NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2003.

21 DUARTE, Rosália. Cinema & educação. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.

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„película‟ de filme e depois convertidas para o formato VHS ou DVD [...] tem

permitido o seu uso escolar com maior agilidade, bastando possuir uma TV e um

videocassete ou aparelho de DVD”. O fato de “Praticamente todas as escolas têm ao

menos um aparelho de televisão acoplado a um videocassete”. (NAPOLITANO,

2008, p. 17) facilita o uso de filmes por professores nas escolas. Vale lembrar, que

no caso das escolas paranaenses, cada sala de aula possui uma TV Pendrive22, que

facilita o uso de filmes e imagens nas aulas.

Abud (2003, p. 183), no texto intitulado A construção de uma didática para a

história: algumas idéias sobre a utilização de filmes no ensino, ao enfatizar os

fatores que tem influenciado o interesse de professores na utilização do cinema

como recurso didático, destaca os seguintes:

[...] a enorme atração que a produção fílmica ainda exerce, a disseminação e a acessibilidade das fitas de vídeo, tanto em locadoras como nas videotecas de instituições educativas e nas próprias escolas. Por outro lado, a utilização de filmes tem sido facilitada pelas políticas públicas [...] e tem fornecido às escolas os aparelhos para a projeção de programas ligados ao projeto: televisão e vídeocassete, utilizáveis também para a exibição de filmes em fitas de vídeo.

Percebe-se também que a presença desses recursos, de algum modo, gera

mudanças na rotina das escolas. No entanto, mudanças importantes no currículo

escolar, na prática pedagógica e na relação professores e alunos ainda requerem

estudos. Neste sentido, Moran (1995, s/p ) afirma:

O vídeo ajuda a um bom professor, atrai os alunos, mas não modifica substancialmente a relação pedagógica. Aproxima a sala de aula do cotidiano, das linguagens de aprendizagem e comunicação da sociedade urbana, mas também introduz novas questões no processo educacional.

Duarte (2009, p. 70), no livro Cinema & Educação, reafirma esta idéia,

esclarecendo que “[...] o consumo mais ou menos regular de filmes por parte de

alunos e professores e a existência de aparatos técnicos para exibi-los não

determinam o modo como eles são utilizados”. Para esta autora, cinema e escola

ainda não se reconhecem como parceiros na formação das pessoas e, que as

22

TV Pendrive é um projeto do Estado do Paraná que prevê a instalação de um televisor 29‟, aclopadas a portas USB para Pen Drive, em cada sala de aula da rede estadual de ensino.

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escolas não percebem o cinema como fonte de conhecimento. “Sabemos que arte é

conhecimento, mas temos dificuldade em reconhecer o cinema como arte [...], pois

estamos impregnados da idéia de que cinema é diversão e entretenimento,

principalmente se comparado a artes „mais nobres‟”. (DUARTE, 2009, p. 71).

Compartilhando desse argumento Moran (1995) destaca que o uso do vídeo

na sala de aula está ligado à televisão, a um contexto de lazer, e entretenimento.

“Vídeo, na cabeça dos alunos, significa descanso e não „aula‟, o que modifica a

postura, as expectativas em relação ao seu uso”. O autor enfatiza que “Precisamos

aproveitar essa expectativa positiva para atrair o aluno para os assuntos do nosso

planejamento pedagógico”. (MORAN, 1995).

Duarte (2009, p. 71) enfatiza que a maioria dos professores que entendem a

produção audiovisual como espetáculo e diversão, “[...] faz uso dos filmes apenas

como recurso didático de segunda ordem, ou seja, para „ilustrar‟, de forma lúdica e

atraente, o saber que acreditamos estar contido em fontes mais confiáveis”.

Todavia, é necessário reconhecer que o cinema está no universo escolar,

uma vez que, como prática social, desempenha papel importante na formação

cultural das pessoas. Vale destacar que o gosto pelo cinema deve ser tomado pela

escola como possibilidade não só de tratar os conteúdos escolares, mas de

compreender o valor e a importância do cinema “para o patrimônio artístico e cultural

da humanidade“. (DUARTE, 2009).

Abud (2003, p. 191), indica que além de recurso didático, o cinema possibilita

a construção do conhecimento histórico escolar, visto que o filme promove

[...] o uso da percepção, uma atividade cognitiva que desenvolve estratégias de exploração, busca de informação e estabelece relações. Ela é orientada por operações intelectuais, como observar, identificar, extrair, comparar, articular, estabelecer relações, sucessões e causalidade, entre outras. Por esses motivos, a análise de um documento fílmico, qualquer que seja seu tema, produz efeitos na aprendizagem de História, sem contar que tais operações são também imprescindíveis para a inteligibilidade do próprio filme.

Duarte (2009, p. 71) pontua que os professores ao usarem o cinema nas

aulas, assim como o fazem com os textos literários, precisam dispor de

conhecimentos que orientem as escolhas, o modo de apresentação e a definição de

objetivos. Destaca que a escolha de filmes pelos professores, nas escolas,

dificilmente se orientam pelo que “se sabe sobre cinema, mas, sim, pelo conteúdo

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programático que se deseja desenvolver a partir ou por meio deles. [grifo do autor].

Esta atitude indica uma visão utilitarista do cinema, do que podemos fazer com ele

em nossas aulas e, o desconhecimento do significado e da produção da obra

cinematográfica. Nesse sentido, a autora complementa que um mesmo filmes pode

ser utilizado para discutir os mais variados assuntos. O professor deve definir os

objetivos e conteúdos que se deseja desenvolver, porém, o mais “importante é que

os professores tenham algum conhecimento de cinema orientando suas escolhas”

(DUARTE, 2009, p. 75).

No terceiro momento do quarto encontro, com o intuito de ampliar as fontes

de consulta junto aos professores selecionamos cinco endereços eletrônicos

relacionados ao tema cinema. Para Silva (2005, p. 63) Quando o professor convida

o aprendiz a um site, ele não apenas lança mão da nova mídia para potencializar a

aprendizagem de um conteúdo curricular, mas contribui pedagogicamente para a

inclusão desse aprendiz na cibercultura. Cibercultura, é entendida pelo autor, como

[...] modos de vida e de comportamentos assimilados e transmitidos na vivência

histórica e cotidiana marcada pelas tecnologias informáticas, mediando a

comunicação e a informação via Internet. (Idem).

Articulada a apresentação dos sites orientamos aos professores como

proceder a uma avaliação destes sites, a partir dos seguintes critérios de

avaliação23: autoria, credibilidade, intencionalidade/viés, conteúdo, contexto,

navegabilidade, continuidade. Os sites propostos para consulta e avaliação foram os

seguintes: www.cineuem.br, www.telacritica.org.br, http://www.usp.br/cinusp/,

http://www.adorocinema.com/ e http://www.portacurtas.com.br/. Dos sete

professores que participaram dos encontros, apenas dois sabiam avaliar os sites.

Vale destacar que estes professores participaram de vários cursos sobre tecnologias

e trabalham na CRTE24 e contribuíram em muitos momentos para implementação

deste trabalho. Na apresentação e avaliação dos sites destacamos a reflexão feita

pelos professores sobre a importância de se trabalhar com o cinema. Para eles o

trabalho foi importante, pois os levou a pensar no desenvolvimento do senso crítico

23

Fonte: CENPEC. Ensinar com Internet: como enfrentar o desafio. São Paulo: CENPEC, 2006, 5 v. (Coleção EducaRede: Internet na escola; v.2). Disponível em: <http://www.educarede.org.br/educa/index.cfm?pg=internet_e_cia.informatica_principal&id_inf_escola=646. Acesso em: 08 set. 2008.

24 CRTE é uma Coordenação Regional de Tecnologia na Educação. Esta Coordenação é vinculada à Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED) e está distribuída nos 32 Núcleos Regionais de Ensino (NREs). (RODRIGUES, 2009).

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do aluno quanto aos conteúdos publicados na internet, apresentando os critérios de

avaliação para seleção e análise da fonte de pesquisa.

No quinto encontro, de denominamos Oficina I: Roteiro, Direção e Gravação

das cenas por se tratar de um tema que não temos experiência, convidamos um

profissional da área de jornalismo de uma TV local para ministrar a temática. O

nosso objetivo era orientar os professores na produção de vídeos, como organizar

um roteiro de ações, como entrevistar e como lidar com equipamentos de gravação.

Para esta oficina foram convidados alguns alunos das séries – em que foram

desenvolvidas a produção de vídeo, sendo que os mesmos foram atores e diretores

e coadjuvantes desse trabalho. O ministrante da oficina senhor Deodato de

Oliveira25, tem experiência na área e valoriza muito o trabalho dos educadores,

assim iniciou falando sobre a importância da leitura e da educação na vida escolar e

familiar. Relatou sobre o seu trabalho na TV e descreveu como as ações são

organizadas no seu programa. Demonstrou na prática como funciona a técnica de

entrevista, entrevistando professoras e alunos participantes da oficina, enfatizando a

posição da câmera e da luz. O profissional Deodato conseguiu passar sua

experiência sobre produção de vídeo, e o que mais chamou a nossa atenção, foi a

bela mensagem que pronunciou valorizando a educação e a leitura, o que veio ao

encontro dos nossos objetivos quanto ao tema indisciplina escolar. Os alunos

participaram fazendo algumas perguntas, mas pudemos observar que quando o

assunto envolve a mídia ainda deixa as pessoas pouco à vontade.

A leitura indicada aos professores, para este momento, foi o capítulo O uso do

vídeo em sala de aula como metodologia participativa de Maria Izabel Orofino26.

Neste encontro não foi possível fazer a discussão dessa leitura. Esta autora foi

importante na proposta de produção de vídeos, pois ela defende que os alunos [e

professores] podem ser orientados a desenvolver seus próprios vídeos e animações,

a partir de suas próprias experiências, sem necessariamente ficar presos ao

consumo de materiais produzidos pela indústria cultural (OROFINO, 2005). Para a

autora a discussão e reflexão sobre o uso das novas tecnologias e suas

25

O senhor Deodato de Oliveira é um autodidata, amante dos livros e da leitura, estudou até o terceiro ano do antigo Ensino Primário (hoje Ensino Fundamental). É idealizador do projeto Leitura em Destaque, de leitura itinerante, em que em um ônibus com 3.000 exemplares livros, visita escolas do município de Campo Mourão. Deste projeto, originou-se o segundo intitulado Viva a Leitura, com proposta de implantação em todas as regiões do país.

26 Leitura complementar: OROFINO, Maria Izabel. Mídias e mediação escolar: pedagogia dos meios,

participação e visibilidade. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2005.

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possibilidades de produção de vídeos, vão além do sentido instrumental. Segundo

Orofino (2005, p. 30):

[...] a proposta para uma educação tecnológica vê na tecnologia não um fim em si mesma, mas sim um meio para a ressignificação do mundo através da produção de conhecimento para o investimento na autoria das crianças e adolescentes. Enfim, como um meio coadjuvante que contribua para uma pedagogia de ampliação de vozes, de construção de visibilidade, da esperança e do re-encantamento do espaço escolar.

A autora defende que é cada vez mais necessário ampliarmos as mediações

escolares por meio de novos enfoques pedagógicos que visem um consumo cultural

crítico e que possibilitem a criação de estratégias de uso destes meios no contexto

da comunidade, na qual a escola se insere.

Nesta perspectiva organizamos o sexto e último encontro, de quatro horas-

aula, intitulado Oficina II: Roteiro, Direção e Gravação das cenas. Objetivamos ainda

a orientação sobre a produção de vídeos e para isso contamos com a colaboração

do senhor Idevalci Ferreira Maia27 e da professora Isolde Silveira Tonet28, que

também atuam na área de telejornalismo de uma TV local. Estes profissionais

falaram sobre a necessidade de aperfeiçoamento profissional na área e destacaram

a importância do roteiro no planejamento do que se quer enfocar no programa.

Enfatizaram o papel da direção de um programa na seleção e organização de

materiais para as reportagens. Os profissionais fizeram orientações quanto ao local

das gravações, uso de câmera iluminação, som, imagem e música na produção de

vídeos; destacaram que o material produzido não pode passar de 12 minutos, pois

fica cansativo para as pessoas que o assistem. Este encontro foi produtivo, pois

tivemos algumas noções de como realizar uma produção fílmica. Neste encontro

organizamos também a distribuição dos grupos de trabalhos entre professores e

alunos.

Observamos que os temas tratados durante o nossa proposta de formação

com os professores, foi importante para a reflexão do grupo acerca da indisciplina

27

Licenciado em Educação Física; Pós graduado em Educação Especial; Trabalhou 36 anos e 6 meses como professor de Educação Física. Atuou em dois programas de TV Local e hoje atua apresentando um programa de rádio.

28 Professora. É formada no curso de Administração de Empresas (FECILCAM); é Pós Graduada em

Turismo e Meio Ambiente (FECILCAM) E Comunicação e Publicidade (CESUMAR); já participou de programa de rádio.

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escolar e na percepção da possibilidade de uso de tecnologias para o tratamento

desta temática na escola. Tivemos a participação de sete professores, os quais

participaram efetivamente de todas as atividades propostas. No entanto, quanto ao

momento de implementar a proposta de produção de vídeos com os alunos, quatro

professores do grupo permaneceram na continuidade do trabalho. Na sequência

explicitaremos o trabalho encaminhado com os alunos.

2. RELATO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA REALIZADA COM OS ALUNOS

Para a concretização deste trabalho envolvemos alunos de uma 5ª série, uma

6ª série e de uma 8ª série do Ensino Fundamental e do Ensino Médio uma turma do

1º ano. Organizamos dez horas de trabalho com os alunos em sala, e do qual

participaram quatro professores, nas seguintes ações: aplicação de questionários,

exibição de filmes e vídeos e discussões e produção de vídeos. Todas estas

atividades foram encaminhadas pelos professores e acompanhadas pela

proponente; objetivaram levar a reflexão sobre a indisciplina escolar, a partir de

produções fílmicas e investigações com os alunos. Não detalharemos o trabalho

com os alunos, pois seguiu as orientações metodológicas semelhantes a do trabalho

desenvolvido com os professores, salvo as especificidades do público.

Consideramos a necessidade de detalhar o trabalho com os alunos em outro

momento, pois os limites deste texto não o permitem fazê-lo.

Vale destacar que iniciamos o trabalho com os alunos a partir da exibição de

produções fílmicas como a cena da novela Caminho das Índias e o filme Escritores

da Liberdade. Usamos os filmes como “sensibilização” para discutir a indisciplina

escolar. Sobre o uso de filmes como “sensibilização” Moran (1995, p. 13) afirma:

É do meu ponto de vista , o uso mais importante na escola. Um bom vídeo é interessantíssimo para introduzir um novo assunto, pra despertar a curiosidade, a motivação para novos temas. Isso facilitará o desejo de pesquisa nos alunos para aprofundar o assunto

do vídeo e da matéria.

Após a exibição dos filmes e de comentários pelos alunos, adaptamos roteiros

de análise, sugerido por Napolitano (2009), que organizam a análise do filme como:

principais cenas do filme, intenções do autor, pontos marcantes, etc. Neste

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momento, os alunos expressaram verbalmente e por escrito suas impressões sobre

os filmes. Vale destacar que para a turma da 6ª série foi a primeira vez que

assistiram filme, projetado em projetor multimídia. Roteiros foram organizados

também para investigar o que pensam os alunos sobre indisciplina escolar e a

programação e reportagens exibidos na mídia.

Quanto à indisciplina escolar os alunos a identificam como problema gerado

pelo mau comportamento dos próprios alunos e como solução para este problema

os alunos sugerem as seguintes medidas “Transferência dos alunos‟‟; “expulsão‟‟;

“punindo os alunos com regras rígidas‟‟, „‟dar muitas tarefas no quadro e no livro‟‟,

„‟mandar para a orientação‟‟; “chamando os pais e conversando com eles junto com

o aluno se não transfere o aluno para outra escola‟‟. Analisando as respostas dos

questionários notamos que os alunos têm clareza quanto à necessidade de

disciplina, pois relata a importância da mesma, desejando uma escola bem

organizada, disciplinada, um ambiente propício para a aprendizagem. Este tema

gerou o interesse dos alunos em entrevistar a diretora e equipe pedagógica da

escola.

Sabe-se que a indisciplina hoje é um dos principais problemas reclamados

pelos professores, no ambiente escolar. Boarini (1998) afirma que independente de

classe social, seja em escola pública ou privada, com maior ou menor poder

aquisitivo, as queixas de indisciplina ocorrem. A mesma autora, referenciando

Estrela (1994), destaca que, hoje a indisciplina constitui, juntamente com o

insucesso escolar, no “[...] problema mais grave que a escola de hoje enfrenta em

todos os países industrializados”. (BOARINI, 1998, p.5).

Quanto a assistência de filmes Duarte (2009) orienta que é importante, em

primeira instância, observar e estudar as práticas adotadas pelas crianças para ver

filmes, quais são os gostos e as experiências dos alunos sobre o cinema. A autora

sugere como possíveis questões a serem investigadas com os alunos: “[...] como

eles veem filmes, quantos veem, quando, com quem, do que gostam, do que não

gostam e por que; como analisam e compreendem os filmes, que critérios utilizam

para avaliar a qualidade desses filmes e assim por diante.” (DUARTE, 2009, p. 78).

Nesta perspectiva, no presente trabalho, abordamos as seguintes questões

com os alunos: Você possui aparelho de TV em casa? Possui aparelho de DVD em

casa? Possui aparelho de vídeo cassete em casa? Assiste TV? Em quais horários?

Qual o programa de TV preferido? Assiste a filmes? Qual é o seu estilo de filme

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preferido? Qual o local onde você costuma ver filmes? Quantos filmes você assistiu

neste ano? Qual é o melhor filme que já assistiu? Já assistiu algum filme nacional?

Já assistiu algum filme na escola? Em qual/is disciplina/s? Dos filmes assistidos na

escola, qual o filme que mais lhe interessou? Por quê? Você considera importante

que os professores usem filmes nas aulas? Você tem interesse em participar de um

projeto sobre cinema, na escola? Acreditamos que a análise dos dados coletados

nesta pesquisa serão permitentes na orientação de futuras ações com os alunos e

com os professores.

A partir das respostas de 22 alunos ao questionário verificamos que todos os

alunos possuem TV em casa, e 20 alunos possuem aparelho celular. O estilo de

filme preferido é de ação (31,8%). Dentre os filmes assistidos na escola, o filme que

mais interessou a 18.18% dos alunos foi Escritores da liberdade, segundo um dos

alunos porque “ele [o filme] fala das escolas e são os alunos que sofrem com as

diferenças”. 13.65% escolheram o filme “Aquecimento global” que trata de questões

atuais relativas ao mundo de hoje. Todos consideram importante que os professores

usem filmes nas aulas. As justificativas foram: “Porque através desses filmes as

pessoas podem ficar mais educadas, ou seja, ter educação”; “Ajuda entender mais”;

“Estimula o comportamento”; “Deixa a aula mais importante”; “Os alunos ficam mais

atentos e mais espertos”; “Porque ensina mais os alunos e a educação dos alunos”.

“Porque é legal, libera a imaginação”. “Porque através de alguns filmes incentiva os

alunos a fazer coisas boas‟‟. “Porque alguns filmes ou vídeos que as professoras

passam são importantes para o nosso aprendizado e às vezes, por diversão”.

“Porque pode explicar melhor e aprendemos como uma coisa que nós não

conhecemos”; “Porque ela [a professora] pode passar e fazer um questionário ou

falar o que entendeu do filme, o que significa o filme, se ele quer dizer não brigar ou

não fumar droga”; “A gente aprende melhor e quando ela passa filme a gente sabe

como está o mundo”,

A partir da participação das crianças nesta atividade, observamos a

quantidade de filmes assistidos pelas crianças, os locais em que assistiam aos

filmes (canais abertos de televisão, em DVD, em casa), com que regularidade, os

critérios de escolha, de julgamento estético, entre outros.

Orofino (2005) também relata sua experiência de investigação com crianças

de Santa Catarina, no entanto, por meio da pesquisa etnográfica. A pesquisadora

utilizou as técnicas de observação participante, diário de campo e visitas, o que a

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permitiu, compreender a comunidade local e sua relação com a escola e com o

interesse sobre os meios.

Sobre a sondagem da cultura cinematográfica da classe, Napolitano (2008, p,

80-81) ressalta que não é necessário investir em pesquisa refinada. O professor

pode organizar uma enquete, formal ou informal, com algumas informações básicas,

que abordem questões como: a faixa socioeconômica dos alunos, da classe/escola

a que pertencem; hábitos de consumo e culturais da família; como funciona o

consumo cinematográfico dos alunos (salas de cinema, aluguel de fitas de vídeo ou

assistência de filmes na TV aberta ou a cabo); os gêneros cinematográficos

preferidos; dentre os filmes vistos, quais os preferidos.

Duarte (2009) destaca que a escola pode contribuir para a formação estética

dos espectadores, favorecendo o encontro dos jovens com filmes reconhecidos por

seu valor artístico e cultural, bem como, a participação em mostras e festivais de

cinema, o que pode desconstruir o padrão hegemônico do cinema hollywoodiano. A

autora conclui que:

O gosto pela arte cinematográfica é fruto do conhecimento e da intimidade com essa arte e se constrói ao longo de muitos anos de fruição, contato e envolvimento com filmes. Aprende-se a apreciar filmes e a desenvolver critérios de julgamento na companhia de quem já aprecia cinema, transitando por ambientes em que essa prática é estimulada e valorizada. (DUARTE, 2009, p. 83).

Ainda, para a autora, a possibilidade de produção de vídeo com os alunos,

instigando-os sobre o tipo de programa que costumam assistir, e número de horas

que passam frente à TV, com essas informações pode-se analisar, refletir, avaliar os

valores, formas de conteúdos, apontando o que é bom e o que não é adequado,

desenvolvendo capacidade de argumentar sobre os programas citados, (programas

infantis, filmes, novelas, programas de auditórios, propagandas etc.). Desse modo, a

grande contribuição da escola, está na construção do gosto e da experiência com o

cinema, favorecendo, em especial, o acesso a bons filmes.

Somado ao trabalho com filmes realizamos outras atividades que

pudessem fomentar o envolvimento dos alunos no tema e iniciar a organização de

roteiros para a produção de filmes. Dentre as atividades trabalhadas destacamos um

trabalho sobre as sete virtudes e os valores, uma dinâmica em que os alunos se

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colocavam em papéis de defesa e de crítica em relação à sociedade, família, aluno,

professor; a poesia Escola de Paulo Freire. Do trabalho com a poesia inspirou a

elaboração de um roteiro de vídeo. Os alunos da 8ª série se empenharam em

escrever uma paródia, cantá-la e gravá-la. Todos os materiais gravados e

produzidos pelos alunos acompanhados pelos professores, como as entrevistas, e

cenas inspiradas na poesia de Paulo Freire e a gravação dos alunos cantando a

paródia, foram encaminhados para edição, que está em fase de elaboração por um

aluno da escola que fará a decupagem e edição das cenas para compor um áudio

visual. Após a conclusão do trabalho, este material será doado à biblioteca e fará

parte do acervo da escola.

Como vimos anteriormente, entendemos que o uso e a produção de vídeos

pode se constituir em instrumento de reflexão, estudo e pesquisa aos professores e

aos alunos. Os professores e os alunos que buscam desenvolver seus próprios

vídeos e animações, em uma perspectiva inovadora, podem produzir materiais

significativos (OROFINO, 2005). Pode-se dizer que com as facilidades das câmeras

digitais e de softwares para edição de vídeo é possível acreditar na possibilidade de

o audiovisual ser um instrumento de expressão na escola e contribuir

significativamente para novos caminhos de integração do sensorial, do emocional,

do racional, do ético, da integração da escola, do trabalho e da vida, tornando o

aluno sujeito de sua aprendizagem. (MORAN, 2000).

Vale destacar que a boa relação dos alunos com os vídeos podem ser

tomadas como ponto favorável aos professores. O professor como mediador do

conhecimento e responsável pela organização dos conteúdos, “pode aproveitar essa

expectativa positiva para atrair o aluno para os assuntos do [...] planejamento

pedagógico”. (MORAN, 1995).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a implementação desta proposta, podemos afirmar que os professores

tiveram a oportunidade e condição de refletir sobre alguns dos aspectos da realidade

escolar, a indisciplina escolar e o uso e produção de vídeos. Vimos que para

trabalhar com a produção de vídeo é preciso estar aberto a novas discussões, a

rever conceitos e a modificá-los. Com esta implementação na escola objetivamos

orientar os professores na busca de conhecimentos acerca de metodologia do uso

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do cinema, apresentando diversos conteúdos teóricos, para possíveis iniciativas com

os alunos.

Percebemos que pensar a educação com o uso de tecnologias exige

dedicação do professor, mais apoio da equipe pedagógica, maior tempo de preparo

e, principalmente, de acompanhamento pedagógico. No término da implementação

pedagógica percebemos uma aceitação positiva dos professores, que consideraram

relevante a abordagem do tema no colégio.

Os professores integrantes desta implementação sentiram que podemos

incentivar os alunos a produzirem seus vídeos. Neste caso, destacamos Moran

(2008), que afirma que os alunos podem filmar e apresentar suas pesquisas em

vídeo, em CD ou páginas na internet. Podemos então, a partir das produções dos

alunos, ampliar a nossa reflexão teórica, ou seja, analisá-las, dominar suas

linguagens, reproduzir, e divulgar o que está sendo realizado. Desse modo,

podemos entender que a televisão e a internet não serão somente tecnologia de

apoio às aulas, mas também, um meio de comunicação.

Os resultados obtidos demonstram que o trabalho alcançou o objetivo de

propiciar aos alunos a apropriação dos elementos que compõem a produção de

vídeo, bem como o desenvolvimento das capacidades de linguagem necessárias à

sua produção. O trabalho com a produção de vídeos, a partir dos recursos

tecnológicos disponíveis na escola pública, indica possibilidades de contribuir na

formação de professores e desenvolver uma postura mais crítica no aluno, e ainda

aumentar a motivação e a participação deles nas aulas, revertendo assim, uma

possível visão negativa sobre as mídias.

Reafirmamos que a proposta de trabalho aqui apresentada revela a pouca

experiência das autoras sobre a prática de produção de vídeos e do trabalho com o

cinema. No entanto, aponta um esforço de aprendizagem de uso desses recursos,

pela sua necessidade de estudo e pertinência para pensar a realidade escolar. Por

outro lado, acreditamos que o trabalho com os professores e os alunos da escola

poderá ampliar as nossas reflexões e novas possibilidades de ação com os recursos

tecnológicos presentes nas escolas. Assim, lançamo-nos no desafio de aprender, o

que acreditamos seja o objeto principal de um curso de formação pedagógica, como

o proposto no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE).

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