controle de constitucionalidade - completo

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    DIREITO CONSTITUCIONAL CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE RICARDO S.TORQUES

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    CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

    SMRIO

    1. Introduo ao controle de constitucionalidade2. Classificao das Inconstitucionalidades

    2.1. Declarao de Inconstitucionalidade sem reduo de texto e ainterpretao conforme a Constituio

    3. Sistemas de Controle de Constitucionalidade4. Modelos de Controle de Constitucionalidade5. Vias de ao6. Momentos do controle de constitucionalidade7. Jurisdio Constitucional

    8. Fiscalizao no jurisdicional9. Controle difuso de Constitucionalidade10. Controle de constitucionalidade abstrato federal

    10.1. Ao Direta de Inconstitucionalidade ADI10.2. Ao Direta de Inconstitucionalidade por Omisso ADO10.3. Ao Declaratria de Constitucionalidade ADC10.4. Ao de Descumprimento de preceito fundamental ADPF10.5. Ao Declaratria de Inconstitucionalidade Interventiva ADI

    INTERVENTIVA

    11. Controle Abstrato Estadual

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    1. INTRODUO AO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

    A anlise do controle de constitucionalidade pressupe a hierarquia das normas:

    Duas observaes iniciais:

    1) no que tange s normas constitucionais no existe hierarquia entre elas, sejam

    originria ou derivadas, sejam prescritoras de direitos fundamentais ou no, sejam

    princpios ou regras.

    2) em relao s leis ordinrias e leis complementaras o entendimento jurisprudencial

    dominante (STJ e STF) de que tais normas possuem igual hierarquia. A diferena reside

    apenas no fato de quando for necessria lei complementar a Constituio prever

    expressamente, j as leis ordinrias so residuais, ou seja, quando no previsto lei

    complementar pode-se usar lei ordinria. Ainda neste aspecto, possvel que

    complementar venha a regulamentar matria regulamentvel por lei ordinria. Dito de outra

    forma, em relao a matria cujo texto constitucional no preveja expressamente a

    utilizao de lei complementar, portanto, matria residual, sujeita a lei ordinria poder ser

    regulamentada por lei complementar. Se isso ocorrer, entende-se que est lei

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    formalmente complementar, porm, materialmente ordinria. Em razo disso, eventual

    desta lei complementar de natureza ordinria, poder o legislador se quiser revoga-la

    valer-se de lei ordinria apenas.

    O fundamento do controle de constitucionalidade reside no princpio da supremacia

    formal da Constituio.

    Doutrina distingue supremacia formal supremacia material.

    supremacia material da Constituio relaciona-se com o contedo (com a matria)

    das normas constitucionais que, em regra, so essenciais ao funcionamento do Estado.

    Destacam os autores que esses assuntos mais importantes, por assim dizer, so:

    direitos e garantias fundamentais, estrutura do Estado e organizao dos poderes e

    supremacia formal da Constituio - existe em razo da maior dificuldade de alterao

    do texto constitucional (rigidez constitucional), comparada s leis infraconstitucionais

    que compem o ordenamento, como se denota do art. 60, CRFB.

    A supremacia material da Constituio possui pouca relevncia jurdica, mas a supremacia

    formal da Constituio decorre da rigidez constitucional.

    Somente nos ordenamentos de constituio escritae rgida possvel a realizao do

    controle de constitucionalidade. Desta forma, a Constituio impe hierarquia em relao

    ao restante do ordenamento cujas normas tero validade apenas se compatveis com textoconstitucional. A Constituio passa a ser parmetro para a elaborao de todos os

    demais atos normativos estatais.

    Decorre tambm do princpio da supremacia constitucional a necessria separao de

    poderes, que impe, pelo menos, um rgo estatal independente do rgo encarregado

    da produo normativa, para a verificao da conformidade das normas ordinrias. A

    contrrio senso, em um Estado cujas funes esto concentradas nas mos de um

    dspota no haveria que se falar em controle de constitucionalidade.

    Portanto, so dois os pressupostos iniciais da matria:

    a. constituio rgida e escrita e

    b. mecanismo de fiscalizao da validade das leis, impostos pela separao de

    poderes.

    O princpio da legalidade a base do nosso sistema, do qual decorrem os princpios

    democrtico e republicano, segundo os quais a elaborao jurdica dada ao povo. Em

    razo disso, as leis e atos normativos estatais devero ser considerados constitucionais,

    vlidos, legtimos at que venha a ser formalmente declarados inconstitucionais por rgo

    competente (princpio da presuno de constitucionalidade de leis).

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    Nesse contexto, a inconstitucionalidade, entendida em sentido amplo como

    manifestao do Poder Pblico (ou de quem exera, por delegao, atribuies pblicas),

    comissiva ou omissiva, em desrespeito Constituio, exceo.

    A doutrina e jurisprudncia possuem entendimento de que no possvel analisar aconstitucionalidade de norma constitucional originria, em razo do princpio da unidade da

    Constituio. Isso, sem considerar que h absoluta incompetncia, para qualquer rgo,

    inclusive o STF, para analisar eventual inconstitucionalidade de norma constitucional

    originria.

    Da mesma forma, no h que se falar em controle de constitucionalidade de direito pr-

    constitucional. O juzo de tais normas cinge-se recepo ou revogao conforme a

    compatibilidade material na norma pr-constitucional, em relao ao novo texto

    constitucional. Assim: se compatvel materialmente com a nova Constituio ser recepcionada ou

    se incompatvel materialmente com a nova Constituio ser revogada.

    Em suma, o controle de constitucionalidade possui como base e corolrio o Estado

    Democrtico de Direito, a separao de poderes, a proteo dos direitos fundamentais

    frente atuao estatal e a garantia da rigidez e supremacia constitucional.

    Dito isso, importante esclarecer quais so os parmetros para o controle de

    constitucionalidade. O texto constitucional parmetro bsico. Ressalte-se, todavia, que o

    prembulo constitucional no parmetro, pois entende o STF que este constitui uma

    mera carta de intenes, no integrando a parte normativa da Constituio. Alm disso,

    apenas para frisar, os Atos das Disposies Constitucionais Transitrias ADCT

    compreende a parte normativa da Constituio e, obviamente, parmetro para o controle

    de constitucionalidade.

    Reportando-se pirmide acima exposta, pode-se dizer que os tratados internacionais de

    direitos humanos aprovados com qurum qualificado, por possurem statusconstitucional,

    constituem parmetro para o controle de constitucionalidade tambm.

    H, ainda, discusso sobre a possibilidade de princpio implcito como parmetro para o

    controle. Por princpio implcito entende-se aquele criado pelo legislador que, embora no

    expresso, decorre do conjunto das normas positivadas. Isso somado entendimento

    consolidado de que os princpio possuem fora normativa conclui-se que os princpios

    implcitos constituem parmetro para eventual controle de constitucionalidade.

    A esse conjunto de normas que serve de parmetro para o controle de constitucionalidade

    o STF, valendo-se de doutrina francesa, denomina de bloco de constitucionalidade,

    perante o qual os atos supralegais e os atos normativos primrios devem buscar seufundamento de validade.

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    Portanto, o bloco de constitucionalidade compreende:

    o texto constitucional, com as respectivas emendas e os atos das disposies

    constitucionais transitrias, exceto o prembulo;

    os tratados internacionais de direitos humanos aprovados com o qurum qualificado deemenda constitucional e

    os princpios constitucionais, explcitos ou implcitos.

    2. CLASSIFICAO DAS INCONSTITUCIONALIDADES

    A inconstitucionalidade, exceo regra, decorre de ato do poder pblico, sendo

    classificada em:

    A) quanto ao tipo de conduta do poder pblico (leva em considerao o objeto):1) Inconstitucionalidade por ao (+): decorre de ato comissivo praticado por rgo estatal

    ou

    2) Inconstitucionalidade por omisso (-): ocorre por omisso legislativa a comando

    constitucional.

    Valendo da classificao das normas constitucionais quanto eficcia de Jos Afonso

    da Silva, diz-se que apenas as normas de eficcia limitadas esto sujeitas a controle de

    constitucionalidade por omisso, porque no so auto-executveis, dependendo de

    atuao superveniente do Poder Legislativo. Indo mais afundo, distinguimos as normas deeficcia limitada em: a) normas de princpio programtico e normas de princpios

    institutivos ou organizativos. Pergunta-se: ambas estariam sujeitas controle de

    constitucionalidade por omisso? Entende a doutrina majoritria que somente as normas

    constitucionais de princpio institutivos estariam sujeitas a inconstitucionalidade por

    omisso, pois as normas de eficcia limitadas programticas apenas traam princpios e

    diretrizes a serem cumpridos pelo Poder Pblico.

    Ainda, no que tange inconstitucionalidade por omisso, esta pode ser subdividida

    em:

    a) Inconstitucionalidade por omisso total - ocorrer quando a norma exigida no

    elaborada.

    b) Inconstitucionalidade por omisso parcial - ocorre quando o legislador produz a

    norma, mas o faz de modo insatisfatrio, insuficiente.

    B) quanto norma constitucional ofendida (leva em considerao o parmetro):

    1) Inconstitucionalidade material: desconformidade de contedo

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    2) Inconstitucionalidade formal: desconformidade quando ao processo de elaborao da

    norma, pode ser em razo da:

    a) Competncia inconstitucionalidade orgnica ou

    b) Procedimento legislativo em si subdivide-se em:

    i) aspecto subjetivo diz respeito fase introdutria do processo legislativo, pormeio da iniciativa, o procedimento de elaborao das espcies normativas

    (inciativa viciada).;

    ii) aspecto objetivo se d por excluso, sendo qualquer irregularidade formal no

    relacionada com a iniciativa, relativo ao procedimento em geral..

    No que tange inconstitucionalidade orgnica importante mencionar o teor da Smula n

    5, do STF, que assim previa: a sanso do projeto supre a falta de iniciativa do Poder

    Executivo. Atualmente, est Smula est superada, pois o STF, revendo posicionamento,

    entende que, ainda que sancionado pelo Presidente a lei que trata de matria cuja

    iniciativa privativa nos termos do art. 61, 1, da CRFB, est eivada de vcio de iniciativa,

    portanto, inconstitucional.

    C) quanto extenso da declarao

    Inconstitucionalidade total: corresponde declarao de inconstitucionalidade de todo o

    texto normativo analisado. a exceo! (ex. assunto relativo a lei complementar,

    aprovado por maioria simples) Inconstitucionalidade parcial: o caso de declarao de inconstitucionalidade de trecho

    da lei. a regra, pois a anlise da inconstitucionalidade deve ocorrer por blocos,

    matria por matria. Contudo, a declarao de inconstitucionalidade parcial de

    determinado texto no pode subverter o sentido da lei, sob pena de ofensa ao princpio

    da separao dos poderes.

    Observaes:

    Segundo o STF, o controle parcial de norma somente possvel no controle

    abstrato, quando se pode presumir que o restante do dispositivo, no impugnado,

    seria editado independentemente da parte supostamente inconstitucional (doutrina

    da indivisibilidade das leis);

    Segundo o STF, pode ocorrer situao em que a declarao de

    inconstitucionalidade pode resultar em leso ao ordenamento maior do que

    resultaria em retirar o dispositivo viciado. Nesses casos de agravamento do estado

    de inconstitucionalidade o tribunal reconhece a inconstitucionalidade, mas no a

    pronuncia;

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    No devemos confundir declarao parcial de constitucionalidade com veto parcial.

    Este, ao contrrio, incide somente texto integral do artigo, pargrafo, inciso ou

    alnea, conforme o art. 66, 2, da CRFB, sem alterar o sentido do restante do texto

    legislado;

    D) quanto ao prisma de apurao:

    1) Inconstitucionalidade Direta (ou antecedente) desconformidade verificada entre

    leis e atos normativos primrios e a Constituio.

    2) Inconstitucionalidade Indireta ocorre em situaes que o vcio decorre de violao

    indireta Constituio, p. ex., decreto regulamentar que extrapola os limites da lei

    regulamentada com violao do texto constitucional. Subdivide-se em:

    a. consequente - embora a inconstitucionalidade indireta no seja aceita peloSTF, admite-se a inconstitucionalidade por arrastamento (consequente ou por

    atrao) hiptese em que a lei, que fora regulamentada por um decreto, vem

    a ser declarada inconstitucional. Por arrastamento (por consequncia) o

    decreto regulamentador considerado inconstitucional, pois a base sob a

    qual se fundou (lei regulamentada) foi declarada inconstitucional

    b. reflexa (ou inconstitucionalidade por via oblqua) nesse caso a lei ordinria

    regulamentada constitucional, mas o decreto regulamentador contrrio

    Constituio. Entende a doutrina que nesses casos o decreto ilegal ereflexamente inconstitucional. O STF entende que nesses casos no

    possvel propor ao declaratria de inconstitucionalidade do decreto, pois a

    inconstitucionalidade reflexa, no direta.

    Observaes:

    No se deve confundir a inconstitucionalidade indireta com a

    inconstitucionalidade derivada. Neste caso, a declarao de

    inconstitucionalidade da lei regulamentada, implica a invalidade das normas

    regulamentadoras, que foram expedida em funo dela;

    E) quanto ao momento:

    1) Inconstitucionalidade originria macula o ato no momento da sua produo, em

    razo de desrespeito aos princpios e regras da Constituio ento vigente.

    2) Inconstitucionalidade superveniente a invalidade da norma resulta da sua

    incompatibilidade com o texto constitucional futuro, seja ele ordinrio ou derivado

    (emendas constitucionais). O STF no admite a inconstitucionalidade superveniente,

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    entendendo que h simples revogao do direito pretrito com ele materialmente

    incompatvel.

    2.1. Declarao de inconstitucionalidade sem reduo do texto e a interpretaoconforme a Constituio

    Declarao de inconstitucionalidade sem reduo do texto decorre de redao adotada

    pelo legislador, sendo que a excluso geraria resultado indesejado. Assim, torna-se

    inconstitucional a lei relativamente determinada circunstncia, pessoas ou

    perodos, mantendo-se, por inteiro, o dispositivo normativo.

    Outra tcnica bastante semelhante a interpretao conforme a constituio, na qual o

    Poder Judicirio atua como legislador negativo, eliminando, por serem

    incompatveis, uma ou algumas possibilidades interpretativas. Assim, o STF declara a

    lei constitucional, desde que no seja aplicada em determinada situao, porque

    inconstitucional.

    Ambos os procedimentos (declarao de inconstitucionalidade sem reduo do texto e a

    interpretao conforme a Constituio) foram positivado pela Lei n 9.868/99, no art. 28,

    nico. Embora esta lei refira-se apenas aplicao da interpretao conforme a

    Constituio para declarar inconstitucionalidade em abstrato, os tribunais vem utilizando tal

    tcnica para aes incidentais, cujos efeitos so entre as partes.

    3. SISTEMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

    No sistema judicial, a competncia para declarar a inconstitucionalidade das leis cabe ao

    Poder Judicirio.

    No sistema poltico, a competncia para a fiscalizao da validade das leis cabe a rgos

    no integrantes do Poder Judicirio.

    No controle misto, h competncia para ambos, ou seja, para o Poder Judicirio e parargos no integrantes do Poder Judicirio.

    No Brasil a regra o controle de constitucionalidade pelo Poder Judicirio, entretanto,

    segundo Marcelo Novelino e Andr Ramos Tavares. Admite, porm, a existncia de

    algumas formas pelos poderes Legislativo e Executivo. Ao contrrio, os professores

    Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo defendem que nosso sistema misto propriamente.

    Cite-se, ilustrativamente, alguns exemplos de controle no jurisdicionais de

    constitucionalidade:

    o realizado nas Casas Legislativas, pelas Comisses de Constituio e Justia e

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    o veto do Chefe do Poder Executivo a projeto de lei com fundamento em

    inconstitucionalidade da proposio legislativa (veto jurdico).

    4. MODELOS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADESo dois os modelos.

    No modelo difuso, a competncia para fiscalizar a validade das leis outorgada a todos os

    componentes do Poder Judicirio.

    No modelo concentrado, a competncia para realizar o controle de constitucionalidade

    outorgada somente a um rgo de natureza jurisdicional ou, excepcionalmente, limitado a

    um nmero restrito de rgos.

    5. VIAS DE AO

    So duas as vias de ao.

    Na via incidental, uma controvrsia concreta submetida apreciao do Poder Judicirio,

    na qual uma das partes requer, dentre outros pedidos, o reconhecimento da

    inconstitucionalidade de uma lei, com o fim de afastar a sua aplicao ao caso concreto de

    seu interesse. Neste caso, a declarao de inconstitucionalidade no o objeto principaldo pedido, mas um incidente processual (acessrio).

    O controle incidental, pela CRFB, possvel em perante qualquer juzo ou tribunal do

    Poder Judicirio.

    Na via principal, o pedido do autor da ao a prpria questo de constitucionalidade do

    ato normativo. O autor requer, por meio de uma ao judicial especial, uma deciso sobre

    a constitucionalidade, em tese, de uma lei, com a finalidade de resguardar a harmonia do

    ordenamento jurdico.

    6. MOMENTO DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

    Quanto ao momento o controle de constitucionalidade poder ser preventivo ou repressivo.

    No controle preventivo (a priori), a fiscalizao quanto constitucionalidade ocorre antes

    da norma ser promulgada. Por exemplo, o controle dos projetos e proposies exercidas

    pela Comisses de Constituio e Justia das Casas do Congresso Nacional ou o vetojurdico do Chefe do Executivo fundado em inconstitucionalidade.

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    Importante ressaltar uma possibilidade de controle preventivo que ocorre no mbito do

    Poder Judicirio. o exemplo do mandado de segurana impetrado por parlamentar com o

    objetivo de sustar a tramitao de proposta de emenda constitucional ou de projeto de lei

    ofensivo Constituio.

    No controle repressivo (a posteriori), a anlise da inconstitucionalidade se d sobre a

    norma promulgada, inserta no ordenamento jurdico.

    7. JURISDIO CONSTITUCIONAL

    Todos os rgos do Poder Judicirio exercem a jurisdio constitucional. Pela via abstrata,

    qualquer interessado, no curso de um processo judicial, pode suscitar, incidentalmente,uma controvrsia constitucional, perante qualquer rgo do Poder Judicirio.

    Pela via abstrata, a jurisdio em face da Constituio exclusiva do STF, casos em que

    os legitimados, podero propor as seguintes aes:

    1) ao direita de inconstitucionalidade genrica ADI

    2) ao direita de inconstitucionalidade por omisso ADO

    3) ao declaratria de constitucionalidade ADC

    4) arguio de descumprimento de preceito fundamental ADPF

    5) ao direta de inconstitucionalidade interventiva ADI interventiva

    Importante ressaltar que a jurisdio abstrata (concentrada) no exclusiva do STF.

    Estados e Distrito Federal exercem a fiscalizao concentrada da constitucionalidade de

    leis estaduais ou distritais em face da constituio estadual ou lei orgnica,

    respectivamente.

    Importante ressaltar que a associao de controle concentrado ao controle abstrato e

    controle difuso ao controle incidental no de todo correto.Como vimos, a regra que o controle concentrado realizado pelo STF seja realizado

    em abstrato anlise da lei, em tese, objeto principal da ao. Da mesma forma, a regra

    que o controle difuso realizado por todos os rgos do Judicirio seja realizado

    concretamente diante de uma ao, na qual se discute, incidentalmente, a

    constitucionalidade do ato normativo. Porm, existem mitigaes, so elas:

    competncia exclusiva outorgada ao STF para processar e julgar o mandado de

    segurana (na hiptese do art. 102, I, d, CRFB), na qual, incidentalmente, analisada

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    questo constitucional. hiptese de controle concentrado realizado pelo rgo

    exclusivo, o STF realizado incidentalmente num caso concreto;

    controle judicial das leis e emendas em que o STF admite a impetrao de mandado de

    segurana por parlamentar com o fim de sustar o andamento da proposio legislativa.

    hiptese de controle concentrado realizado pelo rgo exclusivo, o STF demaneira incidental num caso concreto e

    controle de constitucionalidade de lei estadual ou municipal impugnada em abstrato

    perante o Tribunal de Justia por violar dispositivo da constituio estadual que seja

    mera reproduo da Constituio da Repblica. Desta deciso cabe recurso

    extraordinrio para o STF. Note que hiptese de controle abstrato realizado de forma

    difusa.

    8. FISCALIZAO NO JURISDICIONAL

    Embora a regra seja a jurisdio constitucional, existem situaes em que a fiscalizao de

    constitucionalidade poder ocorrer pelos poderes Executivo e Legislativo, inclusive pelo

    Tribunal de Contas.

    Pelo Poder Legislativo:

    trabalhos da Comisso de Constituio e Justia CCJ, no mbito das Casas doCongresso Nacional;

    sustao de ato normativo do Poder Executivo pelo Congresso Nacional que exorbite o

    poder regulamentar ou ultrapasse os limites da delegao legislativa (veto legislativo,

    conforme o art. 46, V, CRFB) e

    apreciao das medidas provisrias, na qual o Poder Legislativo poder rejeitar

    totalmente a medida, por no atender os pressupostos constitucionais de relevncia e

    urgncia ou at mesmo por entender que a Constituio contraria materialmente a

    Constituio.

    Embora tais prerrogativas sejam conferidas ao Poder Legislativo deve-se ressaltar que a

    ele no dado o poder de suspender deciso judicial que tenha declarado a

    inconstitucionalidade de ato normativo. Alm disso, no poder declarar por meio de lei

    nova, a nulidade de lei anterior, sob a alegao de incompatibilidade desta com a

    Constituio. Eventual ato legislativo nesse sentido ser interpretado como ato de mera

    revogao da lei anterior, com eficcia prospectiva (ex nunc).

    Pelo Poder Executivo:

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    veto jurdico com fundamento em inconstitucionalidade do projeto (art. 66, 1, CRFB).

    Trata-se de hiptese de controle preventivo de constitucionalidade, que poder ser

    exercida pelos chefes do executivo dos estados-membros, Distrito Federal e

    municpios.

    inexecuo de lei por considera-la inconstitucional. Trata-se de poder de autodefesaque somente poder ser exercido se no houver manifestao definitiva e vinculante do

    Poder Judicirio sobre a constitucionalidade da lei.

    processo de interveno, como meio excepcional de controle, medida ltima para o

    restabelecimento da observncia da Constituio por um ente federado.

    Pelo Tribunal de Contas:

    competncia para realizar controle de constitucionalidade das leis e atos normativos do

    Poder Pblico, podendo afastar a aplicao daqueles que entendereminconstitucionais, por maioria de votos, segundo Sm n 97, STF. Isso no afasta,

    todavia, a possibilidade de apreciao judicial.

    9. CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE

    Legitimao ativa

    So legitimados:

    1) partes2) terceiros interessados

    3) representante do Ministrio Pblico (como custos legis)

    4) juzo ou tribunal, de ofcio.

    Espcies de aes judiciais

    Poder ser iniciado em toda ao submetida apreciao do Poder Judicirio, qualquer

    que seja a natureza da ao (cvel, criminal, trabalhista), no interessando nem sequer aespcie a espcie de processo (conhecimento, execuo ou cautelar).

    Importante ressaltar que o STF entendeu que a ao civil pblica ACP pode ser

    utilizada para o controle de constitucionalidade, desde que com feio de controle

    incidental, isto , desde que tenha como pedido principal certa e concreta pretenso e,

    apenas como fundamento desse pedido, seja suscitada a inconstitucionalidade da lei em

    que se funda o ato cuja anulao pleiteada. No poder a ACP.ser utilizada ocmo

    sucedneo da ao direita de inconstitucionalidade por usurpao de competncia do STF.

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    Competncia

    Qualquer rgo do Poder Judicirio, juzo ou tribunal, poder declarar a

    inconstitucionalidade de uma lei, devendo, tal deciso, ser fundamentada conforme

    exigncia do art. 93, IX, CRFB.Com relao aos tribunais h uma ressalva importante. Eles s podem declara a

    inconstitucionalidade pelo voto da maioria absoluta dos seus membros, seja para o

    plenrio, seja para os casos em que h rgo especial. A regra de reserva de plenrio,

    positivada no art. 97, CRFB, garante maior segurana jurdica, maior estabilidade ao

    ordenamento jurdico, realando o princpio da presuno de constitucionalidade das leis.

    No caso de demanda a ser decidida por rgo fracionrio do tribunal, caso haja arguio

    de inconstitucionalidade, dever o rgo fracionrio submeter a questo, aps deciso por

    maioria absoluta de seus membros, ao rgo plenrio ou especial para que estes decidam,definitivamente, sobre o incidente de constitucionalidade. Decidida esta questo, os autos

    retornam para o rgo fracionrio que passar deciso do objeto principal, observando,

    obviamente, a deciso do plenrio ou rgo especial.

    A reserva de plenrio aplica-se a todos os tribunal, inclusive aos tribunais de contas (TCEs

    e TCU).

    Conforme, SV n 10, STF, a deciso de rgo fracionrio de tribunal que, embora no

    declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Pblico,

    afasta a sua incidncia, no todo ou em parte, viola a regra de reversa de plenrio, sendo tal

    deciso nula.

    Entende o STF, que por razo de economia e celeridade processual, existindo declarao

    anterior de inconstitucionalidade promanada do rgo especial ou do plenrio do STF, no

    h necessidade, nos casos futuros, de observncia da reserva de plenrio estatuda no art.

    97, CRFB, podendo o rgo fracionrio aplicar diretamente o precedentes s novas lides,

    declarando, eles prprios, a inconstitucionalidade. Esse entendimento foi positivado no art.

    481, nico, CPC.

    Finalmente, no se submete reserva de plenrio a aferio da recepo ou da revogao

    do direito pr-constitucional, editado sob a gide de Constituies pretritas, em face a

    CRFB. Nesse caso aplica-se a revogao, sendo a reversa de plenrio adstrita aos casos

    de inconstitucionalidade.

    Parmetro de controle

    Duas situaes especiais merecem meno:

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    o controle incidental pode ser realizado em face de Constituio pretrita, j revogada,

    plenamente possvel que o Poder Judicirio declare, hoje, na vigncia da Constituio

    de 1988, a inconstitucionalidade de uma lei pr-constitucional, por ofensa

    Constituio vigente na poca dessa lei.

    a EC n 45/04 promoveu alargamento do parmetro de controle de constitucionalidadeao prever, no art. 5, 3, CRFB, que os tratados e convenes internacionais

    aprovados com o qurum de emenda constitucional, sero equivalente a estas.

    Recurso Extraordinrio - RE

    Hipteses do RE (art. 102, III, CRFB):

    contrariar dispositivo da CRFB

    declarar inconstitucionalidade de tratado ou lei federal

    julgar vlida lei ou ato de governo local contestado em face da CRFB

    julgar vlida lei local contestada em face de lei federal.

    Tambm, ao lado das hipteses acima, ser objeto de RE a aplicao do direito pr-

    constitucional pela CRFB, quando a sua revogao ou recepo.

    A ltima hiptese elencada (art. 102, III, d, CRFB) antes da EC n 48/04 era de

    competncia do STJ. Importante ressaltar que ainda permanece a competncia deste

    Tribunal quando tratar-se de ato de governo local contestado em face de lei federal.A respeito do RE, a referida emenda, trouxe a repercusso geral como novo pressuposto

    constitucional de admissibilidade, que dever ser demonstrada preliminarmente no

    recurso, nos termos do art. 1021, 3, CRFB. Assim, poder o STF negar seguimento ao

    recurso em deciso irrecorrvel pelo qurum de 2/3 dos seus membros em sesso plenria.

    Tal exigncia aplicvel a todos os RE.

    Para efeito de repercusso geral, ser considerada a existncia de questes relevantes do

    ponto de vista econmico, poltico, social ou jurdico, que ultrapassem os interesses

    subjetivos da causa. Nesse aspecto, dentre outras hipteses, sempre que a deciso do

    tribunal a quocontrariar smula ou jurisprudncia dominante do STF haver repercusso

    geral.

    Os rgos fracionrio do STF (compostos por 5 membros) podero, pelo voto de 4

    membros, decidir pela existncia da repercusso geral, sendo dispensada a remessa ao

    plenrio. Ressalte-se que as turmas no dispem de competncia para recusar o RE.

    A negativa de repercusso geral valer para todos os recursos sobre matria idntica, que

    sero indeferidos liminarmente, salvo reviso de tese.

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    Ainda, poder o relator admitir, na anlise da repercusso geral, admitir a manifestao de

    terceiro subscrito por procurador habilitado.

    Efeitos da decisoA regra que a deciso entre partes, com efeitos retroativos (ex tunc).

    Entretanto, poder o STF, modular os efeitos da deciso, por 2/3 dos seus membros, em

    situaes excepcionais, tende em vista razes de segurana jurdica ou relevante interesse

    social, outorgando efeitos prospectivos (ex nunc) sua deciso, ou mesmo fixar um outro

    momento para o incio da eficcia de sua deciso.

    H, ainda, possibilidade de ampliao dos efeitos da deciso entre as partes, de duas

    formas:1) smula vinculante (em relao aos demais rgos do Judicirio e da Administrao

    Pblica, direta e indireta).

    Iniciativa:

    a) prpria (de ofcio)

    b) legitimados para ADI e aqueles definidos em lei (art. 3, 11.417/06):

    i) Presidente

    ii) Mesa do SF

    iii) Mesa da CD

    iv) PGR

    v) Conselho Federal da OAB

    vi) Defensor Pblico Geral da Unio (no legitimado para ADI)

    vii) partido poltico com representao no Congresso Nacional

    viii)confederao sindical ou entidade de classe nacional

    ix) Mesa da Assembleia Legislativa

    x) Governador

    xi) TS, TJ, TRF, TRT, TRE, TM (no legitimado para ADI)

    Alm desses legitimados, o municpio poder propor, incidentalmente no curso do

    processo em que seja parte, a edio, a reviso ou o cancelamento de enunciado de SV, o

    que no autoriza a suspenso do processo.

    O PGR, nos processo em que no houver formulado o pedido, dever manifestar-se

    previamente edio da SV. Alm desta participao obrigatria, o relator poder admitir,

    por deciso irrecorrvel, a manifestao de terceiros na questo.

    Requisitos da SV:

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    a) matria constitucional

    b) reiteradas decises do STF sobre a matria

    c) controvrsia atual (entre rgos jurisdicionais ou entre esses e a Adm. Pblica)

    d) grave insegurana jurdica e relevante multiplicao de processos sobre questo

    idntica.

    A deliberao da SV depende de 2/3 dos Ministros do STF (8), em sesso plenria.

    O STF, aps deliberao, ter 10 dias para publicar a SV na imprensa oficial, o que

    garantir a eficcia deste enunciado. Entretanto, admissvel a modulao dos efeitos,

    quando pelo mesmo qurum de deliberao o SFT entender que, em razo de segurana

    jurdica ou de excepcional interesse pblico, a SV passar a viger noutra data.

    No caso de descumprimento do preceito de SV, poder-se- propor reclamao, perante o

    STF, sem prejuzo dos recursos ou outros meios disponveis de impugnao. Todavia,configura-se situao de via administrativa obrigatria, sendo passvel apenas aps o

    esgotamento de todas as vias administrativas.

    Finalmente, possvel conferir efeito vinculante s sumulas do STF j publicadas, desde

    que observar o rito proposto de deliberao.

    2) resoluo do Senado Federal SFmediante a suspenso da execuo da lei.

    A deciso do STF comunicada ao SF para que este, entendendo conveniente (de formadiscricionria) suspenda, por meio de resoluo, a eficcia da lei, conforme o art. 52, IX,

    CRFB.

    A doutrinria majoritria entende que a deciso do SF produz efeitos retroativos (ex tunc).

    No h prazo para o SF se manifestar, nem sequer sano em decorrncia de eventual

    recusa, pois o SF livre para suspender ou no a execuo da lei. Porm, se decidir pela

    suspenso, dever faz-lo nos estritos termos e limites da declarao de

    inconstitucionalidade pelo SFT, no podendo, inclusive, reconsiderar eventual suspenso

    efetivada.

    Se toda a lei for declarada inconstitucional, a suspenso h de ser total, da lei inteira o

    SF no pode decidir faz-lo apenas em parte; se apenas parcela da lei foi declarada

    inconstitucional pelo SFT, no poder o SF ampliar essa deciso, suspendendo a

    execuo de toda a lei.

    Finalmente, a resoluo do SF est sujeita, ela prpria, a aferio de sua

    constitucionalidade, inclusive, mediante controle abstrato, seja quanto aos aspectos

    formais da resoluo seja com relao ao seu contedo.

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    10. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ABSTRATO FEDERAL

    O controle abstrato efetivado em tese, sem vinculao a uma situao concreta que

    tem por objetivo expelir do ordenamento jurdico lei ou ato inconstitucional.

    Desta forma, em regra, dispensvel a demonstrao de interesse jurdico especficopara agir, pois a finalidade nica: a tutela da ordem constitucional.

    Entende o STF que o controle abstrato um processo objetivo.

    A competncia originria, para o referido controle, do STF. J em relao s

    constituies estaduais, a competncia originria dos Tribunais de Justia TJs.

    Sinnimos para controle abstrato:

    controle concentrado;

    controle in abstracto; controle direto;

    controle por via de ao;

    controle pro via principal;

    controle em tese.

    O controle concentrado de constitucionalidade faz-se por meio de AES:

    ADI

    ADO

    ADC

    ADPF

    ADI Interventiva

    A anlise do controle abstrato se d essencialmente na anlise das referidas aes. Desta

    forma, passamos a anlise em especfico de cada uma das aes do controle concentrado.

    10.1. Ao direta de inconstitucionalidade ADI

    A ADI tem por FINALIDADE o reconhecimento de invalidade da lei ou ato normativo

    impugnado, tendo por FUNO PRINCIPAL a defesa da ordem constitucional.

    O autor da ADI atua na qualidade de defensor do interesse coletivo.

    Compete exclusivamente ao STF processar e julgar, originariamente, a ADI de lei ou ato

    normativo federal ou estadual em face da CRFB, nos termos do art. 102, I, a, da CRFB.

    O art. 103, da CRFB, traz rol dos legitimados ativos, quais sejam:

    Presidente

    Mesa do Senado Federal(SF);

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    Mesa da Cmara dos Deputados(CD);

    Mesa da Assembleia Legislativa(AL);

    Governador;

    Procurador Geral da Repblica(PGR);

    Conselho Federal da OAB; partido poltico com representao no Congresso Nacional e

    confederao sindicalou entidade de classe.

    Com relao ao partido poltico (com representao no CN) e a confederao sindical ou

    entidade de classe exige-se a propositura da ao por meio de advogado. Os demais

    legitimados podem propor diretamente as aes sem nenhuma representao, ainda que

    no sejam advogados habilitados, podendo praticar todos os atos ordinariamente privativos

    de advogados, como por exemplo, propor recursos. Isso no impede que esses

    legitimados optem por propor a ADI por intermdio de advogado, como no caso em que o

    Presidente por meio do AGU propor uma Ao Direta. Nessa situao, ser exigido

    procurao especfica para o AGU.

    Desta forma:

    PRECISAM DE ADVOGADO partido poltico (com representao no CN),

    confederao sindical e entidade de classe.

    NO PRECISAM DE ADVOGADO demais legitimados.

    A aferio da legitimidade ocorre no momento em que a ao proposta e a perda

    superveniente de legitimidade no o desqualifica como legitimado ativo. Seria a

    hiptese de governador, que prope a ADI enquanto ocupa o cargo, mas a deciso final

    ocorre quando j no mais governador.

    Com relao ao partido poltico com representao no CN, entende o STF que no

    necessria a manifestao do diretrio partidrio para a propositura da ADI,

    podendo faz-lo diretamente o presidente do partido.

    O STF firmou entendimento no qual possvel que associaes de pessoas jurdicas(associaes de associaes) proponham a ADI, enquadrando-se no art. 103, IX, CRFB.

    O controle abstrato, de acordo com o STF, no plano da organizao sindical, alcana

    somente as confederaes, no beneficiando os sindicatos, as federaes e as

    centrais sindicais.

    Tendo em vista o extenso rol de legitimados, a jurisprudncia do STF firmou entendimento

    de que em relao a determinados legitimados a se exigir pertinncia temtica , ou

    seja, devem comprovar o interesse de agir, em decorrncia da relao entre a lei ou ato

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    impugnado e as funes exercidas pelo rgo ou entidade. Assim, o STF dividiu o rol de

    legitimados em dois grupos:

    Legitimados UNIVERSAIS

    Podem impugnar qualquer matria,independente de comprovao de interesse

    Legitimados ESPECIAIS

    S podem impugnar a matria em relao qual comprovem interesse

    Presidente

    PGR

    Mesa do SF

    Mesa da CD

    Conselho Federal da OAB

    Partido poltico com representaono CN

    Governador

    Mesa da AL

    Confederao sindical ou entidade de

    classe de mbito nacional.

    O objeto da ADI cinge-se s LEIS e ATOS NORMATIVOS, FEDERAIS e ESTADUAIS,

    editados posteriormente promulgao da CRFB. O direito municipal (lei orgnica e atos

    normativos municipais) somente ser objeto de controle de constitucionalidade no mbito

    do controle difuso, por intermdio do RE ou da ADPF.

    Em relao s leis do Distrito Federal DF somente podero ser impugnados em ADI

    perante o STF as leis distritais editadas no desempenho de sua competncia estadual.

    Ainda assim, com relao s leis e atos normativos federais e estaduais, o STF firmou

    quatro requisitos, os quais devem ser observados cumulativamente, so eles:

    Edio na vigncia da CRFB;

    Diploma legal dotado de abstrao, generalidade e normatividade;

    Natureza autnoma e

    Estar em vigor

    Vejamos um a um.

    editado na vigncia da atual Constituio

    O direito pr-constitucional pode ter a sua validade aferida frente CRFB para o fim de

    reconhecimento de sua recepo ou revogao. Somente no mbito do controle difuso,

    diante de casos concretos, ou mediante controle abstrato, em sede de ADPF, ser possvel

    o controle de constitucionalidade de direito pr-constitucional, mas no em ADI.

    ser dotada de abstrao, generalidade e normatividade

    Se as leis ou atos forem de efeito individual e concreto no podero ser impugnados

    mediante ADI. P. ex., decreto que declare determinado imvel de utilidade pblica para ofim de desapropriao, no poder ser objeto de ADI.

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    Segundo o STF, em entendimento recentemente alterado, essa restrio no se aplica aos

    atos de efeitos concretos aprovados soba forma de lei em sentido estrito (lei formal) isto ,

    aos atos aprovados pelo Poder Legislativo e sancionados pelo Chefe do Poder Executivo.

    A regra : se o ato for aprovado sob a forma de lei em sentido estrito est sujeita ao

    controle abstrato, por ADI.

    Em decorrncia dessa nova orientao, o STF passou a admitir a aferio, em ADI, da

    validade da lei de diretrizes oramentrias LDO.

    possuir natureza autnoma (no meramente regulamentar)

    No se admite a impugnao em ADI de normas que afrontem a CRFB de modo indireto

    ou reflexo (como seria o exemplo de ato regulamentar contrrio CRFB).

    Assim, as espcies secundrias, chamadas de meramente regulamentares, no podem

    ser impugnadas em ADI perante o STF, haja vista que essas, em caso de vcio, no

    ofendero diretamente a CRFB, mas sim a norma em razo da qual foi editada (norma

    regulamentada).

    Porm, se o Presidente edita um decreto de natureza autnoma, para disciplinar,

    indevidamente, matrias reservada lei, esse decreto poder ser impugnado em ADI

    perante o STF, haja vista tratar-se, na realidade, de norma materialmente primria.

    Assim, sempre que, para apreciar constitucionalidade da norma que se pretenda impugnar,

    for necessrio o seu confronto com outras normas infraconstitucionais, o STF no admite asua impugnao em ADI. Nesse caso, a ofensa da lei CRFB no direta, mas sim

    meramente indireta ou reflexa.

    H situao especfica, em relao ao art. 169, 1, CRFB, em que o STF entende que,

    caso seja editada norma acarretando despesa pblica, tendo em vista a criao de

    vantagem pessoal a servidores, sem que haja prvia dotao oramentria, no est

    autorizado o STF a declarar, em ADI, a inconstitucionalidade, devendo apenas no ser

    aplicada a norma.

    estar em vigor

    Podem ser objeto de ADI leis e atos normativos que integrem o ordenamento jurdico,

    ainda que durante o prazo de vacatio legis.

    Alm disso, no se admite a impugnao em ADI de leis e atos normativos revogados,

    tampouco de normas cuja eficcia j tenha se esgotado, tais como as medidas provisrias

    rejeitadas pelo CN. Nesse caso h ausncia de objeto, no podendo ser conhecida a ADI

    perante o STF. Diferente situao em que a ADI proposta com o ato em vigor, mas

    antes do seu julgamento ocorre a revogao ou esgotamento dos seus efeitos. Nesse

    caso, a ADI prejudicada, pois embora conhecida pelo STF sem o julgamento do mrito.

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    Exemplos de normas que podem ser impugnadas em ADI:

    1) emenda CRFB (formal ou material);

    2) constituies estaduais;

    3) tratados e convenes internacionais;4) demais normas primrias federais e estaduais;

    5) medidas provisrias (MP) - sendo a MP convertida em lei antes do julgamento do STF,

    a ADI poder ter prosseguimento, em relao lei resultante;

    6) decretos autnomos;

    7) decretos legislativos do CN que suspendem a execuo dos atos normativos do Poder

    Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da delegao legislativa;

    8) regimentos internos;

    9) resolues e decises administrativas dos tribunais do Poder Judicirio;

    10) ato normativo de pessoa jurdica de direito pblico, tais como aqueles emanados de

    suas autarquias e fundaes pblicas de direito pblico;

    11) pareceres normativos do Poder Executivo aprovados pelo Presidente;

    12) pareceres da Consultoria Feral da Presidncia da Repblicas, aprovados pelo

    Presidente.

    Observaes importantes:

    As smulas, em razo da ausncia de contedo normativo, no podem ser objeto ADI.

    No mesmo sentido, as sentenas normativas da Justia do Trabalho, ConvenesColetivas e Acordos Coletivos tambm no podem ser objeto de ADI.

    So trs os parmetros de controle em sede de ADI:

    1) CRFB;

    2) emendas constitucionaise

    3) tratados internacionais de direitos humanos aprovados com qurum de emenda.

    No controle incidental, a revogao da lei impugnada ou da norma parmetro no prejudica

    o julgamento da ao em que foi suscitado o incidente de inconstitucionalidade.

    Diferentemente, em se tratando de ADI, a revogao superveniente da lei impugnada ou

    da norma constitucional parmetro implica prejuzo ao, por perda do objeto.

    O Poder Judicirio no poder exercer a fiscalizao da validade das leis em

    abstrato, sem provocao, em razo do princpio do pedido, que possui dupla

    finalidade:

    reduzir o carter poltico da fiscalizao de constitucionalidade, pois o controle de

    constitucionalidade tpico do Poder Jurisdicional e

    evitar que o Poder Judicirio termine por assumir um papel de supremacia em relaoaos outros poderes.

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    Uma vez provocado, todavia, pelo princpio da causa de pedir aberta, o STF livre para

    declarar a inconstitucionalidade da norma no apenas pelos motivos indicados pelo

    impetrante da ADI, mas tambm poder faz-lo tendo como fundamento qualquer

    outro parmetro constitucional.

    Este princpio no suprime o deve de motivar o pedido e de identificar na CRFB os

    dispositivos alegadamente violados, sob pena de no conhecimento da ADI.

    Isso ocorre porque o controle de constitucional, em ADI, geral, analisa-se se a norma

    constitucional perante o ordenamento todo, no apenas em relao a determinado

    dispositivo. Nesse sentido, na hiptese de pronunciar a constitucionalidade, o STF est

    declarando o dispositivo compatvel com todo o texto constitucional.

    A petio inicial da ADI deve ser acompanhada do instrumento de procurao, quando

    subscrita por advogado (lembre-se que no caso de partido poltico com representao noCN e no caso de confederaes sindicais e entidades de classe de mbito nacional a

    representao por advogado obrigatria), sendo apresentada em duas vias, devendo

    conter cpia da lei ou do ato normativo impugnado e dos documentos necessrios para

    comprovar a impugnao.

    Como os atos inconstitucionais no se convalidam no tempo, no h prazo prescricional

    para propor a ADI. Entretanto, possvel falar em dois limites implcitos ADI, quais

    sejam:

    somente poder envolver leis e atos normativos aps a vigncia da CRFB, ou seja,

    aps 05/10/1988 e

    pode envolver lei ou ato que esteja em vigor(ou como vimos, ao menos em vocatio

    legis).

    O papel dos legitimados , apenas, suscitar a controvrsia constitucional, provocar o STF

    para anlise da ADI. Nesse sentido, uma vez provocado, no se admite a desistncia

    do pedido da ADI, inclusive se for caso de medida cautelar.

    O relator pedir informaes aos rgos ou s autoridades dos quais emanou a leiou o ato impugnado, da seguinte forma:

    se NO houver pedido de medida cautelar: o rgo ter 30 dias para prestar as

    informaes

    se houver pedido de cautelar: o rgo ter 5 dias para manifestar e, aps decidida a

    liminar, ser 30 dias para prestar informaes.

    Em face da relevncia e urgncia da matria e de seu especial significado para a

    ordem social e segurana jurdica, poder o relator submeter o processo

    diretamente ao STF, que ter a faculdade de julgar definitivamente a ADI, aps

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    prestao de informaes, no prazo de 10 dias, com manifestaes sucessivas do

    AGU e do PGR, em cinco dias.

    Finalmente, cumpre observar que se for o prprio autor da ADI rgo ou entidade do qual

    emanou o ato, no haver pedido de informaes.Como o processo objeto, no h que se falar em suspeio no controle abstrato.

    Entretanto, possvel a alegao de impedimento de Ministro nos termos do art. 134,

    CPC.

    As intervenes de terceiro (assistncia, oposio, etc.) so tpicas de processos

    subjetivos, logo, no so possveis em sede de ADI.

    No se confunde, todavia, com interveno de terceiros, o litisconsrcio formal,

    admitido pelo STF, ocorrendo quando dois ou mais legitimados impetram a ao em

    conjunto.

    Alm disso, tambm no se confunde com a impossibilidade de interveno de terceiros, a

    possibilidade de interveno de rgos e entidades no legitimados na condio de amicus

    curiae.

    O relator, tendo em vista a relevncia da matria e a representatividade dos

    postulantes, poder, por despacho irrecorrvel, admitir a manifestao de outros

    rgos e entidades que representem interesses passveis de serem afetados pelo

    resultado do julgamento da ADI. a participao do amicus curiaena ADI. Note-se queno se trata de direito subjetivo do rgo ou entidade interessada, mas faculdade do

    relator. Entretanto, a admisso do amicus curiae aberta, tendo o STF admitido a

    participao deste em RE, no mbito do controle incidental, bem como em exame de

    repercusso geral e no procedimento de aprovao de smula vinculante.

    O STF admite a postulao oral do amicus curiaepelo prazo de 15 minutose, ainda,

    se houver litisconsortes no representados pelo mesmo advogado, pelo prazo de 30

    minutos.

    O ingresso do amicus curiae deve ocorrer at a entrada do processo na pauta dejulgamento. Entretanto, sua manifestao poder ocorrer posteriormente instruo,

    durante a fase de julgamento, tendo em vista jurisprudncia do STF.

    Aps decorrido o prazo para informaes sero ouvidos sucessivamente, cada qual com

    prazo de 15 dias, o AGU e o PGR. Vejamos um quadro distintivo de ambas as

    participaes:

    Participao do AGU Participao do PGR

    Trata-se de competncia especialna qual A finalidade a defesa da ordem

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    compete a defesa da constitucionalidade

    da lei (defensor legis). Atualmente, o STF

    tem admitido que o AGU poder deixar

    de defender a constitucionalidade da

    norma, o qual dever apresentar seuentendimento jurdico sobre a matria.

    constitucional com leis e atos

    incompatveis, podendo opinar pela

    procedncia ou improcedncia, por meio

    de parecer meramente opinativo.

    A audincia do AGU necessria to

    somente em: ADI e ADPF (no ocorre em

    ADC porque o quer-se ratificar a

    constitucionalidade do ato ou norma).

    Tem direito de manifestao em todas as

    aes do controle concentrado.

    No legitimado no controle abstrato,

    tendo atuao restrita s leis federais e

    estaduais.

    legitimado no controle abstrato. De

    acordo com o STF, mesmo quando autor

    da ADI, ter garantia a faculdade de

    opinar aps o AGU, no prazo de 15 dias,

    mediante parecer, podendo inclusive

    opinar pela improcedncia da ADI em

    que autor. Entretanto, no poder

    desistir da ADI.

    Em caso de necessidade de esclarecimento da matria ou circunstncia de fato ou denotria insuficinciadas informaes existentes nos autos, poder o relator requisitar

    informaes adicionais, no prazo de 30 dias, designar perito ou comisso de peritos

    para que emita parecer sobre a questo, ou fixar data para audincia pblica, ouvir

    depoimentos de pessoas com experincia e autoridade na matria.

    Com o vencimento dos prazos, conclui-se a fase de instruo, momento em que o relator

    lanar relatrio, com cpia a todos os Ministros do STF, e pedir data para o

    julgamento da ao.

    Caso presentes os requisitos da cautelar(fumo boni jurise periculum in mora) poder,em deciso por maioria absoluta (6 votos), o STF (desde que esteja presente ao menos

    8 Min. sesso) poder conceder medida cautelar ADI.

    Se o relator achar necessrio poder ouvir o AGU e o PGR no prazo de 3 dias, sem

    audincia dos rgos ou entidades dos quais emanou a lei ou ato normativo, em

    caso de pedido de medida liminar.

    Poder, ainda, o relator, tendo em vista a relevncia jurdica da matria e o seu

    especial significado para a ordem social e a segurana jurdica, converter ojulgamento da medida cautelar em julgamento definitivo. Nesse caso, as informaes

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    devero ser prestadas no prazo de 10 dias, depois haver manifestao sucessiva do AGU

    e PGR no prazo de 5 dias.

    A medida cautelar tem o efeito de suspender, durante o perodo de sua eficcia, o

    julgamento de todos os processos que envolvam a aplicao da lei ou ato normativoobjeto da ao. Caso haja desobedincia da cautelar, caber reclamao diretamente ao

    STF, que a julgando procedente, anular o ato administrativo ou cassar a deciso judicial

    reclamada.

    A concesso de medida cautelar em ADI torna aplicvel (provisoriamente) a legislao

    anterior caso existente, salvo manifestao do STF em sentido contrrio (efeito

    repristinatrio indesejado). Entretanto, para evitar o efeito repristinatrio indesejado

    necessrio:

    pedido manifesto do autor da declarao de inconstitucionalidade e do afastamento doefeito repristinatrio indesejado e

    manifestao expressa do STF em sua deciso.

    Para que haja deliberao a respeito da ADI necessrio a presena de pelo menos 8

    Ministros, com manifestao de pelo menos 6 delesa respeito da in/constitucionalidade

    do lei ou ato objeto da impugnao. Se no for alcanado o qurum, o julgamento ser

    suspenso at estejam presentes todos os Ministros ou, pelo menos, 6 votos todos a favor

    da constitucionalidade ou todos votantes pela inconstitucionalidade.

    Em REGRA, o Ministro Presidente do STF no obrigado a votar, mas o far sempre

    que assim decidir e, tambm, na hiptese de desempate.

    A deciso em ADI possui natureza dplice (ou ambivalente), pois proclamada a

    constitucionalidade, julgar-se- improcedente a ADI; e, proclamada a

    inconstitucionalidade, julgar-se- procedente a ao direta. A deciso sempre

    importar na inconstitucionalidade ou constitucionalidade da lei ou ato normativo. Isso

    ocorre em razo do princpio da causa aberta, visto anteriormente.

    Efeitos da deciso: eficcia contra todos (erga omnes)

    efeitos retroativos (ex tunc)

    efeito vinculante e

    efeito repristinatrio em relao legislao anterior

    Caso haja desrespeito deciso proferida em ADI, o prejudicado poder se valer da

    reclamao direta ao STF, que se entender procedente a reclamao poder anular ou

    ato ou cassar a deciso judicial reclamada. Qualquer pessoa atingida por decises

    contrrias ao entendimento firmado pelo STF considerada como parte legtima parapropositura da reclamao.

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    Com relao ao efeito vinculante, entende-se que ele NO alcana:

    o prprio STF, que, em tese, poder posteriormente mudar sua posio em uma

    outra ao. a atividade normativa do Poder Legislativo, que no fica impedido de editar nova

    lei com igual contedo.

    No que tange aoefeito repristinatrio em relao legislao anterior, como se a lei

    anteriormente revogada pela lei declarada inconstitucional em ao direta jamais

    tivesse pedido sua vigncia, no sofrendo soluo de continuidade.

    juridicamente possvel que, em ADI, o STF declare a inconstitucionalidade da

    norma revogadora e, tambm, das normas pretritas por ela revogadas, evitando-se

    assim, o efeito repristinatrio tcito. Entretanto, como vimos, para que haja essa

    pronncia necessrio que o autor requeira expressamente, e o STF manifeste-se

    expressamente a neste sentido.

    Ato que desrespeita a CRFB nulo, rrito desde o nascimento e, como tal, inapto para

    produzi efeitos jurdicos vlidos. Em que pese essa seja a regra, a Lei n 9.869/99, trouxe

    em seu art. 27, possibilidade de modulao dos efeitos da deciso em ADIdesde que

    presentes dois requisitos:

    deciso de 2/3 dos Ministros do STF (8) e presena de razes de segurana jurdica ou excepcional interesse social.

    Por modular entende-se:

    restringir os efeitos da ADI

    conferir efeitos no retroativos(ex nunc) sua deciso ou

    fixar outro momento para o incio da eficcia de sua deciso.

    Do mesmo modo, o STF poder afastar o efeito repristinatrio indesejvel de forma

    definitiva, desde que haja pedido especfico do autor da ADI e o voto de 2/3 dos

    Ministros (8).

    Nesse sentido, o STF tem possibilitado a declarao de pro futurono controle concreto

    mas, para tanto, faz-se necessrio estarem presentes os pressupostos de segurana

    jurdica ou excepcional interesse pblico qurum de 2/3 dos Ministros (8).

    Diferentemente, o STF entende no ser cabvel a modulao temporal dos efeitos da

    deciso proferida no exame do direito pr-constitucional em face da CRFB, pois no

    se trata de juzo de constitucionalidade, mas de revogao ou recepo do

    ordenamento anterior.

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    A deciso de mrito da ADI irrecorrvel, sendo passvel apenas de embargos de

    declarao.

    Importante mencionar que os atos praticados com base na lei declarada inconstitucional

    no sero automaticamente desfeitos pela deciso proferida em ao direta deinconstitucionalidade. A deciso criar condies para que a parte interessada pleiteie o

    desfazimento desses atos, se o direito ainda no houver sido alcanado pela prescrio.

    A deciso em ADI tem efeitos somente no plano normativo, sem atingir diretamente

    os atos concretos j praticados sob a gide da lei ou do ato normativo.

    O mesmo raciocnio aplica-se coisa julgada, que poder ser desfeita via ao

    rescisria no prazo decadencial de 2 anos. Aps isso, torna-se imutvel.

    Questo controversa dentro do STF a transcendncia dos motivos determinantes da

    deciso. Parte dos Ministros reconhece o fenmeno da transcendncia dos motivos que

    embasaram a deciso da Corte, em processo de fiscalizao normativa abstrata, de modo

    ao proclamar que o efeito vinculante refere-se tambm aos fundamentos determinantes

    (ratio decidendi), projetando-se, em consequncia, para alm da parte dispositiva do

    julgamento, albergando tambm a parte da fundamentao da deciso proferida. A regra a

    fora da deciso judicial limita-se parte dispositiva da sentena ou acrdo.

    Entretanto, poder sob o argumento da transcendncia dos motivos determinantes

    atingir tanto a parte dispositiva, quanto a respectiva fundamentao.

    O STF admite a inconstitucionalidade por arrastamento quando a declarao de

    inconstitucionalidade da lei estendida a outro dispositivo (ou outros), em razo da

    existncia de uma correlao, conexo ou dependncia entre eles.

    Ocorre quando as normas legais mantm entre si, vnculo de dependncia jurdica,

    formando uma incindvel unidade estrutural.

    Podem ocorrer, ainda, em situaes em que diferentes dispositivos legais tenham, em

    essncia, contedo anlogo. Se for impugnada a validade de apenas um deles,

    certamente a declarao de inconstitucionalidade deste conduzir, por arrastamento, invalidade dos demais.

    Finalmente, a respeito da ADI, cumpre observar que, em regra, os efeitos da deciso

    comeam a partir da publicao, no Dirio Oficial da Unio DOU, da ata do

    julgamento, ainda que no tenha transitado em julgado.

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    10.2. Ao direta de inconstitucionalidade por omisso ADO

    A ADO no se restringe omisso legislativa, alcana, tambm, a omisso de rgos

    administrativos que devam editar atos administrativos em geral, necessrios

    concretizao de disposies constitucionais.AS CARACTERSTICAS E O PROCEDIMENTO ESTUDADOS NA ADI SO

    APLICVEIS ADO, com as particularidadesque sero analisadas:

    1) Legitimao ativa. Embora aplique-se o rol do art. 103, CRFB, h uma ressalta

    importante. O legitimado deve ser analisado de acordo com o caso concreto, pois,

    por exemplo, um legitimado no poder propor uma ADO se o autor a autoridade

    competente para iniciar o processo legislativo questionado.

    2) Legitimao passiva. O autor da ADO dever apontar o rgo ou autoridade que no

    cumpriu com o deverque lhe foi imposto pela CRFB, de editar a norma faltante para a

    concretizao do direito constitucional.

    3) Objeto. A ADO tem por objeto a omisso constitucional, referente a normas

    constitucionais de eficcia limitada de carter mandatrio, em que a plena

    aplicabilidade est condicionada ulterior edio dos atos requeridos pela CRFB.

    As normas constitucionais de eficcia limitada definidoras de princpio institutivos ou

    organizativos de natureza facultativa (normas programticas), por outorgarem uma simples

    faculdade, NO autorizao a propositura da uma ADO.Tal como na ADI, na ADO s podero ser impugnadas omisses normativas ESTADUAIS

    ou FEDERAIS.

    4) Procedimento. A pea inicial dever indicar a omisso inconstitucional, total ou parcial,

    quanto ao cumprimento do dever legal de legislar ou quanto adoo de providncia de

    ndole administrativa, bem como o pedido, com suas especificaes.

    5) Atuao do AGU e do PGR.

    Com relao ao AGUsua participao facultativa, a depender de solicitao do relator.Se solicitado dever o AGU, no prazo de 15 dias, encaminhar parecer.

    Com relao ao PGR sua participao obrigatria, no prazo de 15 dias, aps

    decurso do prazo de informaes. Ressalte-se que, ao contrrio da ADI, em ADO no

    haver prazo para manifestao do PGR caso ele seja autor da ADO.

    6) Efeitos da deciso de mrito. Havendo deciso ser dada cincia ao Poder

    competente para a ao da providncia necessria. Com relao a rgo

    administrativo, as providncias devero ser adotadas no prazo de 30 dias, ou em

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    prazo razovel a ser estipulado pelo Tribunal. Se a omisso foi de um dos Poderes

    da Unio, no h que se falar em fixao de prazo para a edio da norma faltante.

    7) ADO vs. mandado de injuno.

    ADO Mandado de Injuno

    Mesma finalidade: tornar efetiva norma constitucional que estaria sendo

    violada devido inria dos poderes constitudos.

    Decises com carter mandamental.

    Consequncia jurdica semelhante, qual seja, obter ordem judicial dirigida a um

    rgo do Estado.

    Controle abstrato de constitucionalidade Destina-se a proteo de direito subjetivo

    do autor, cujo exerccio fora obstado em

    razo da falta de norma

    regulamentadora.

    Processo objetivo, sem relao a um caso

    concreto.

    Processo subjetivo, relacionada a um

    caso concreto.

    So legitimados os que constam do rol doart. 103, CRFB.

    legitimado o titular do direito subjetivo.

    O julgamento da ADO da competncia

    privativa do STF.

    O julgamento do mandado de injuno de

    competncia de vrios rgos do Poder

    Judicirio.

    8) Medida cautelar. possvel medida cautelar em ADO, nos termos do art. 12-F e 12-G,

    ambos da Lei n 9.688/99.

    10.3. Ao declaratria de constitucionalidade ADC

    Tem por objetivo transferir ao STF a apreciao sobre a constitucionalidade de um

    dispositivo legal que esteja sendo objeto de grande controvrsia entre os juzes e

    demais tribunais.

    A ADC possui a mesma natureza da ADI, isto ,

    (a) so aes do controle abstrato,

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    (b) instauram processos tipicamente objetivos de fiscalizao da validade das leis e atos

    normativos, pois tm por objeto principal a controvrsia constitucional em si,

    (c) podem ser ajuizadas pelos mesmos legitimados e

    (d) so da competncia exclusiva do STF quando propostas em face da CRFB.H, entretanto, aspectos que as diferencia. Em razo disso, apresentaremos a seguir os

    aspectos particulares da ADC.

    1) Objeto. Aplicam-se todas as regras atinentes ADI, exceto pelo fato de que esto

    sujeitas a ADO apenas leis e atos normativos FEDERAIS.

    2) Relevante controvrsia judicial. Em juzo de admissibilidade o STF analisar o

    pressuposto de relevante controvrsia judicial, sob pena de no conhecimento

    perante o STF da ADC. Dever o autor indicar a existncia de aes nas quais aquesto esteja sendo ventilada, inclusive, com a indicao dos argumentos prs e

    contra constitucionalidade da lei ou ato normativo.

    Alm disso, a celeuma deve ser judicial, entre rgos do Poder Judicirio, no se admite

    como prova a discusso meramente doutrinria.

    3) Pedido de informaes aos rgos elaboradores da norma. NO h pedido de

    informaes ao rgo responsvel pela edio da norma federal, como havia em ADI.

    4) Medida cautelar. NO haver a suspenso da norma, mas consistir na determinao

    de que juzes e os tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a

    aplicao da lei ou ato normativo objeto da ao at o julgamento definitivo da ADC,

    pelo STF.

    A medida possui efeito vinculante ao PODER JUDICIRIO e ADMINISTRAO

    PBLICA como um todo.

    A deciso da cautelar ser publicada no DOU, no prazo de dez dias, com a parte

    dispositiva da deciso, devendo o STF julgar a ADC em 180 dias, sob pena de perda

    da eficcia. Na prtica, todavia, tal regra no vem sendo aplicada.5) Atuao do AGU. NO atuao do AGU em ADC.

    10.4. Ao de Descumprimento de Preceito Fundamental ADPF

    A CRFB, no art. 102, 1, prev a ADPF de forma limitada em seu texto, dependendo de

    regulamentao, que foi suprida pela Lei n 9.882/99.

    Nos termos em que foi legislada a ADPF passou a abranger questes que no esto

    sob a alada da ADI ou ADC, tais como:

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    direito municipal

    direito pr-constitucional

    atos no normativos do Poder Pblico.

    Essa a sua maior FINALIDADE, garantir eficcia erga omnes e efeito vinculantes decises proferidas pelo STF nesses casos particulares, em que no possvel valer-se da

    ADI ou da ADC.

    H duas formasde ADPF:

    autnoma: possui natureza de aoe

    incidental: pressupe a existncia de ao original em funo da qual os

    legitimados podem suscitar a arguio, levando a matria apreciao direta do

    STF.

    Somente se aceita a ADPF como processo objetivo, seja a autnoma seja a incidental.

    No h partes em sentido prprio, sem possibilidade de discusso ou tutela de interesses

    subjetivos.

    No caso da ADPF incidental, a controvrsia constitucional relevante se origina em

    processos concretos, nos quais esto sendo discutidos interesses subjetivos. Caso

    algum legitimados entender que a controvrsia constitucional suscitada nos processos

    concretos relevante poder, ento, propor a ADPF incidental, sendo-lhe facultado

    requerer liminar, que poder consistir na determinao de que juzes e tribunais

    suspendam o andamento de processo ou os efeitos de decises judiciais, ou de qualquer

    outra medida que apresente relao com a matria objeto da ADPF, salvo se decorrentes

    da coisa julgada.

    Ressalte-se que o incidente no pode ser provocado pelas partes . Mas, se entender

    necessrio o relator poder ouvir as partes nos processo que ensejaram a arguio ,

    entretanto, no ser discutido interesse subjetivo, somente travar-se- discusso em

    abstrato acerca da existncia de leso a preceito fundamental decorrente da CRFB.

    Quanto ao objeto, so duas as possibilidades:i) ato ou omisso do Poder Pblico, includo os atos no normativos que

    acarretem leso a preceito fundamental.

    ii) leis e atos normativos federais, estaduais e municipais, abrangidos os

    anteriores CRFB, desde que exista acerca de sua aplicao relevante

    controvrsia constitucional e que a aplicao ou a no aplicao desses

    atos implique leso ou ameaa de leso a preceito fundamental.

    Ressalte-se que o legislador estabeleceu a possibilidade de ADPF preventiva ao dispor

    que ser cabvel a ao para evitar leso a preceito fundamental.

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    A expresso ato do Poder Pblico abrange no s os atos dos rgos estatais e

    das entidades integrantes da Administrao Pblica, mas tambm s atos de

    particulares que estejam exercendo, por delegao, qualquer parcela de Poder

    Pblico.

    Por outro lado, ato do Poder Pblico NO inclui os atos polticos, que no podem ser

    analisados pelo Judicirio sob pena de violao da separao dos poderes, desde que tais

    atos sejam praticados dentro da esfera de competncia e nas hipteses

    constitucionalmente delineadas, observando-se as formalidades.

    Os enunciados de smulas tambm no podem ser concebidos como atos do Poder

    Pblico, logo, NO esto sujeitas a controle de constitucionalidade.

    A ADPF regida pelo princpio da subsidiariedade, que impede o seu conhecimento

    sempre que existe outro meio juridicamente apto a sanar, com efetividade real, a lesoou ameaa de leso decorrente do ato impugnado.

    Finalmente, deve-se observar que a ADPF serve tanto para a declarao de

    constitucionalidade, quanto para a declarao de inconstitucionalidade. De acordo

    com o STF, a declarao de constitucionalidade de uma norma municipal, por exemplo,

    factvel, sendo possvel, inclusive, determinao do STF que nas demais leis municipais de

    qualquer municpio do Estado, que seja editada nos mesmo moldes, estas restaram

    abrangidas pela deciso da ADPF.

    No que tange expresso preceito fundamental, decorrente da Constituio entende-se

    que abrange tanto normas quanto princpios, sejam IMPLCITOS ou EXPLCITOS.

    Cabe ao STF a anlise no caso concreto se caso ou no de violao a preceito

    fundamental decorrente da CRFB.

    Quanto subsidiariedade da ADPF, a posio dominante no STF, atualmente, pelo no

    cabimento da ADPF, em princpio, quando a lesividade da situao que se pretenda

    afastar possa ser efetivamente sanada mediante alguma das demais aes

    integrantes do controle abstrato de normas. Entretanto, mesmo que no exista umaao do controle abstrato de constitucionalidade apta a neutralizar, com verdadeira

    eficcia, a situao de alegada leso a preceito fundamental, o STF no conhecer a

    ADPF se constar que, para aquele caso concreto, existe algum outro meio processual apto

    a sanar, com efetividade real, o estado de lesividade.

    Ainda, h possibilidade, em razo do princpio em comento, de que uma ao ajuizada

    perante o STF como ADPF venha a ser conhecida no como ADPF, mas como

    alguma outra ao integrante do sistema de controle objetivo, como a ADI, por

    exemplo.

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    No que tange competnciapara processar e julgar a ADPF, ela originria do STF.

    Quanto legitimao, em razo do veto presidencial disposio da Lei n 9.882/99, que

    estendia a legitimao sociedade, hoje, tem-se firme na jurisprudncia do STF, que

    somente so legitimados aqueles constantes do art. 103, CRFB.H, entretanto, possibilidade de o interessado no legitimado mediante

    representao, solicitar a propositura da ADPF ao PGR, que, examinando os

    fundamentos jurdicos do pedido, decidir acercado cabimento do seu ingresso em

    juzo.

    A petio inicial ser elaborada em duas vias, com a indicao do preceito constitucional

    violado, respectiva prova, pedido e especificaes. Alm disso, dever conter a

    comprovao da existncia de controvrsia judicial relevante sobre a aplicao do preceito

    fundamental que se considera violado.

    Nos casos de ADPF proposta por partido poltico com representao no CN e

    confederao sindical ou entidade e classe de mbito nacional dever, a petio, ser

    acompanhada de instrumento de mandato.

    A ADPF NO est sujeita a prazos prescricional ou decadencial , no importando se o

    ato violador tenha sido praticado.

    A petio inicial poder ser indeferida liminarmente caso falte algum requisito, for

    inepta ou no seja hiptese de ADPF. Do indeferimento liminar da petio caberagravo de instrumento, no prazo de 5 dias.

    Apreciada eventual liminar, o relator solicitar informaes das autoridades

    responsveis pela prtica do ato questionado, no prazo de 10 dias. Aps este prazo

    haver remessa dos autos ao Ministrio Pblico. Retornando os autos, ser dada

    audincia ao PGR e, posteriormente, ao AGU. Embora a participao seja a

    FACULTATIVA do AGU, de acordo com a lei, o STF, tem sempre exigido a participao

    deste.

    possvel o pedido de medida cautelarem ADPF que observar, nesse caso, as regrasda ADI quanto ao procedimento.

    No que tange deciso, a ADPF segue basicamente as regras da ADI, com as seguintes

    particularidades:

    no caso do objeto da ADPF tratar-se de direito pr-constitucional a deciso

    cingir-se- revogao ou recepo do diploma.

    a deciso produz efeitos imediatos, independentemente de publicao (difere da

    Adi que produz efeitos com a publicao da ata de julgamento no DOU).

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    10. 5. Ao declaratria de inconstitucionalidade interventiva ADI INTERVENTIVA

    Haver representao interventiva:

    No caso de ofensa aos princpios sensveisADI INTERVENTIVAPGRSTF

    No caso de descumprimento de lei federal ao de executoriedade de lei federal PGR STF

    No mbito estadual, para o fim de interveno municipal PGJ TJ.

    A ns interessa a primeira hiptese, na qual, h o excepcional e drstico afastamento

    da autonomia poltica diante do interesse maior de preservao da prpria unidade

    federativa, por meio da interveno da Unio em estado-membro da federao por

    violao dos princpios sensveis, arrolados no art. 34, CRFB.

    So considerados princpios sensveis:

    forma republicana, sistema representativoe regime democrtico;

    direitos da pessoa humana;

    autonomia municipal;

    prestao de contas da administrao pblica, direta e indireta;

    aplicao do mnimo exigido da receita resultante de impostos estaduais

    compreendida a proveniente de transferncias, na manuteno e desenvolvimento

    do ensino e nas aes e servios pblicos de sade.

    A ADI INTERVENTIVA trata-se de interveno provocada, mediante representao doPGR ao STF.

    Na esfera federal, a representao interventiva cabe, exclusivamente, ao PGR, que, em

    razo de sua independncia funcional, no est obrigado a ajuizar a representao quando

    entender que no configura alguma das hipteses constitucionais autorizadoras.

    O STF no decreta a interveno por meio da ADI INTERVENTIVA, pois esta

    exclusiva do Poder Executivo, conforme art. 84, X, CRFB. A deciso judicial limita-se

    a constatar e declarar que o ente federado desrespeitou algum dos princpios

    sensveis estabelecidos na CRFB.

    Julgada procedente, o STF comunicar o Poder Executivo a fim de que este possa

    decidir sobre a execuo do processo de interveno e, se for o caso, empreender as

    medidas necessrias sua efetivao. Nesse sentido, o Poder Executivo poder limitar-se

    suspenso do ato impugnado, entretanto, se no gerar efeitos, proceder interveno

    propriamente dita.

    11. CONTROLE ABSTRATO ESTADUAL

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    DIREITO CONSTITUCIONAL CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE RICARDO S.TORQUES

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    Conforme, o art. 125,3 2, CRFB, os estados-membros dispem de competncia para

    realizar o controle abstrato de leis e atos normativos estaduais e municipais, sempre

    em face da constituio estadual, podendo valer-se de quaisquer das aes : ADI,

    ADC, ADO, ADPF e ADI Interventiva.

    A competncia para julgamento ser do Tribunal de Justia do respectivo estado-

    membro.

    A legitimao foi dada como tarefa, pela CRFB, ao legislador estadual. Embora no

    seja obrigado, na prtica, os estados-membros esto adotando a tcnica da simetria em

    relao ao art. 103, CRFB.

    O parmetro de controle ser a constituio estadual.

    Pode ocorrer de o Tribunal de Justia considerar inconstitucional o parmetro de controle

    estadual, por ofensa CRFB. Nesse caso, dever o TJ, incidentalmente, declarar tal

    inconstitucionalidade (se for o caso), e, em consequncia, extinguir o processo de ao

    direta, por impossibilidade jurdica do pedido (no juridicamente possvel aferir a validade

    de lei em face de parmetro estadual que desrespeita a CRFB). Da deciso, caber RE

    para o STF, que poder confirmar ou rever a deciso.

    As leis e atos normativos estaduais esto sujeitos a um duplo controle de

    constitucionalidade, um perante o STF, em confronto com a CRFB; outro perante o

    TJ, ante a constituio estadual.

    Uma constituio estadualpossui duas ordens de normas:

    normas de natureza autnomae

    normas de reproduo obrigatria da CRFB (como, p. ex., direito eleitoral,

    imunidade, remunerao, perda de mandato, etc.).

    No ltimo caso, caso haja processo abstrato pendente no TJ e for instaurado

    processo abstrato no STF, este suspender aquele. Como a deciso do STF de

    efeito vinculante, no poder o TJ divergir, considerando o dispositivo

    inconstitucional.

    No caso de normas de natureza autnoma, as normas so aferidas sob parmetros

    distintos. No STF, afere-se a constitucionalidade diante da CRFB. No TJ, afere-se a

    constitucionalidade diante da constituio estadual. Ressalte-se, que no haver

    qualquer tipo de suspenso do processo pendente no TJ. Assim, temos duas

    possibilidades. Caso o STF entenda constitucional a lei ou ato normativo estadual, o

    TJ prosseguir seu exame e decidir pela in/constitucionalidade perante a

    constituio estadual. Por outro lado, caso STF declare inconstitucional perante a

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    CRFB, resta prejudicada a anlise de constitucionalidade da lei perante a

    constituio estadual.

    Em regra, a deciso do TJ, em controle abstrato, irrecorrvel, no estando sujeita a

    outros tribunais. Porm, h situao em que possvel RE da deciso do TJ, para oSTF. Na hiptese de ajuizamento de ao direta perante o TJ na qual se alegue

    ofensa a dispositivo da constituio estadual que reproduza norma da CRFB, de

    observncia obrigatria pelos estados-membros, contra a deciso do TJ caber RE

    para o STF.

    Neste caso, a deciso do STF, que observar o qurum do RE (e no o de maioria

    absoluta, conforme o art. 97, CRFB) a eficcia da deciso erga omnes. Na doutrina a

    esta situaes especial, em que o controle abstrato ocorre com a conjugao de rgos

    jurisdicionais, tpico do controle difuso, denomina-se de controle abstrato no modelodifuso.

    Conforme o art. 22, XVII, e art. 48, IX, ambos da CRFB, a Unio competente para dispor

    sobre a organizao judiciria do Distrito Federal DF. Nesse caso, a Unio possui

    competncia para a instituio de ADI de leis e atos normativos editados pelo DF em

    confronto com sua Lei Orgnica, cujo julgamento ficar a cargo do STF.

    Finalmente, possvel a ADI Interventiva em sede de controle de constitucionalidade

    estadual, cuja propositura exclusiva do PGJ, nos casos de violao a princpio

    sensvel da CRFB, no sendo cabvel, da deciso do TJ, recurso algum para o STF.